INNOVATION
DISTRICTS
TERRI TÓRIOS CRIA TIVOS
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idades que conseguem criar ambientes criativos se tornam ímãs de investimentos. A interação de pessoas com referências e habilidades diversas é o motor dessas economias. Aliar capacidade inovadora, atitude empreendedora e um ambiente favorável aos negócios é o segredo de territórios que se tornaram cases mundiais. Um dos fatores comuns a todas essas comunidades é o espírito de colaboração. A ideia tradicional de “concorrência” é substituída pela consciência de que a criação conjunta e o compartilhamento de informações têm mais poder de transformação social. Outro ponto chave é o
engajamento. Esses ecossistemas despertam (e são mantidos pelo) o desejo de “fazer parte”. Incentivar à população a participar ativamente da dinâmica do espaço urbano é fundamental. Os efeitos de um território criativo não se limitam a ganhos econômicos e inovações tecnológicas. Os elementos que compõem esses ecossistemas reverberam, direta e indiretamente, nos níveis de prosperidade e bem estar social das comunidades onde se instalam. Veja alguns exemplos de territórios criativos.
MEDE LLÍN CO LÔM BIA
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m 1988, Medellín foi classificada pela revista “Time” como a cidade mais violenta do mundo. De capital do narcotráfico, ela passou a ser um dos mais bem sucedidos exemplos de transformação social da América Latina. A estruturação de políticas educacional e cultural, acompanhadas da revisão do desenho da cidade pensando nas pessoas, trouxe de volta a autoestima da população. Áreas degradadas deram lugar a bibliotecas e centros culturais. Investimentos em transporte público trouxeram mais mobilidade urbana e incentivos ao desenvolvimento tecnológico semearam uma cultura de inovação e empreendedorismo.
O ponto de virada foi a criação do Rota N, centro de desenvolvimento e inovação. Será inaugurado ainda este ano um Centro de Inovação do Professor, um espaço de 5 mil m2 voltado para experimentos e pesquisas na área de educação. Hoje, Medellín representa mais de 8% do PIB da Colômbia e, para cada mil habitantes, há 25 empresas.
PITTS BURGH ESTA DOS UNIDOS
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om uma economia baseada na produção de aço, Pittsburgh amargou uma grave recessão na década de 1980. A crise do aço forçou a cidade a se diversificar, mas a fuga das empresas deixou um cenário pouco promissor. Entre os principais problemas estavam a dificuldade em reter de mão de obra, baixo nível de inovação, ambiente pouco favorável aos negócios e desarticulação entre as lideranças. Foi realizado um profundo trabalho de mudança de cultura. A cidade foi revitalizada e hoje é referência em qualidade de vida. Para impulsionar o desenvolvimento econômico, foram lançados programas de inovação e
empreendedorismo por meio de parcerias público-privadas. Os focos de investimentos eram campos de alta tecnologia como robótica, inteligência artificial, tecnologia em saúde, manufatura avançada e indústria de software. Hoje, cerca de 80% dos empregos de altos salários na cidade estão nos setores de tecnologia e educação - e a robótica é a peça a mais visível e icônica dessa mudança econômica, por isso o apelido "Roboburgh".
A IDEIA
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iajar é uma das melhores formas de adquirir conhecimento. Ao longo de suas carreiras, Fábio Veras e Marcos Mandacaru tiveram a oportunidade de visitar dezenas de países e ver de perto a diversidade cultural que também se manifesta na forma de empreender de um povo. Ocupando cargos ligados à atração de investimentos para o Brasil e para Minas Gerais, ambos acompanharam o fenômeno dos territórios criativos e estudaram as formas como esses hubs de inovação se revelam frutíferos do ponto de vista socioeconômico. Ainda que trabalhando para órgãos e instituições diferentes, Veras e Mandacaru chegaram à uma única conclusão: Belo
Horizonte tem todos os elementos para se tornar dar corpo à sua economia criativa e se tornar referência em inovação. Com essa inquietação, a dupla iniciou o movimento de criação do P7. Elaborando o projeto, buscando parceiros e envolvendo a gestão pública, o sonho deixou de ser sonho.
O PRO JETO
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que falta para Belo Horizonte se tornar um polo de economia criativa? Esse é o questionamento por trás do projeto P7. Imagine um ecossistema alimentado por ideias inovadoras, soluções high-tech, pesquisa e experimentação em design. Em vez de dispersos, os principais atores desse zeitgeist vão trabalhar no mesmo espaço, colaborando e inspirando uns aos outros. A produção de conhecimento e cultura vai estar concentrada e fortalecida – projetando a cidade em um cenário internacional. Minas Gerais é conhecida por seu povo hospitaleiro, por sua culinária única, por suas
paisagens e tesouros históricos. É hora de explorar seu potencial criativo e se tornar sinônimo de inovação. O desenho do P7 passa pelo conceito de cidade empreendedora, dando à Belo Horizonte a oportunidade de ressignificar o centro urbano e inspirar a consolidação – e expansão - de sua comunidade criativa.
O CEN TRO
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epois de ter sido um dos principais núcleos financeiros do país, o centro de Belo Horizonte foi tomado por ares de decadência. Nos últimos 15 anos, um movimento de revitalização vem resgatando seu papel na dinâmica urbana. Ao contrário da década de 1950, a região deixa de ser caracterizada pela presença de instituições bancárias para ser palco de uma efervescente cena cultural. Nos arredores da Praça Sete, cresce o número de escritórios de design, arquitetura, grupos de teatro e coletivos de audiovisual. Além do braço artístico, a pulsão empreendedora se faz
presente com diversas startups e mais de 300 empresas de TI estabelecidas na área. Esses elementos fazem do centro o local ideal para sediar um projeto como o P7 que, ao se instalar no marco zero da cidade, se propõe a irradiar o protagonismo criativo para outras áreas da capital.
O PRÉ DIO
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entro da proposta de estar presente no epicentro da renovação cultural e da transformação empreendedora de Belo Horizonte, o P7 se instala em um edifício histórico na Praça Sete. Depois de abrigar o Bemge, o número 471 da rua Rio de Janeiro foi escolhido para receber o projeto. O prédio, assinado por Niemeyer, é um importante ícone da arquitetura brasileira e será restaurado. Além da preservação cultural, ocupação do espaço vai trazer novos fluxos de ideias e pessoas para o local. Nos 25 andares, estarão distribuídas iniciativas de todos os setores da economia
de criativa. Empresas de TI, startups, aceleradoras, escritórios de design, arquitetura, entre outros. Além disso, um café aberto ao público no térreo é um convite à troca de ideias. A proposta é que, além da circulação de conhecimento dentro do prédio, haja interação externa.
FICHA TÉCNICA: Título: Innovation Districts Idealizadores: Fábio Veras e Marcos Mandacuru Redação: Raquel Rosceli (CoolHow Lab) Design: Caio Menezes (CoolHow Lab) Edição: Tiago Belotte (CoolHow Lab)