Lautriv Mitelob - BV043

Page 1

43

Bole m Virtual lautriV miteloB

c

27|AGOSTO|16 Novo Sarau do FIC

Fundado em Junho de 2013 | Banabuyê de Esperança - Parahyba - Brasil | Nº 043 - JUL/AGO16 | Editores: Evaldo Brasil e Rau Ferreira | A Arte, a Cultura e a História da Nossa Gente |

Agosto

Esse mote, nomina vo, foi proposto por Antonio Cândido ao poeta Silvino Olavo, em desafio a sua erudição. De repente, foi recitado no Pavilhão 10 de Novembro (Bar Noite de Natal, an go Coreto), pertencente ao primo desafiante. Reapresentado por Rau Ferreira nas redes sociais, alguns internautas seguiram contando essa história de “trancoso”, inclusive ele. Surgiu a ideia de reunir os “repentes” num único cordel, antecipado aqui. Independente do resultado, é a prova de que o velho Silvino estava no me de Suassuna e Pata va.

O velho Joaquim Tomaz Era um velho de opinião, Desconhecia nesse Sertão Quem faz o que ele faz, Apagava fogo com gás Rebate bala com a mão, Tem força que só Sansão Mas um dia, estando armado, Apanhou de um aleijado E deu num cego à traição.

prossegue nas Páginas 06 e 07

PATATIVAO DO ASSARÉ em www.joaseiro.wordpress.com

ANA DÉBORA MASCARENHAS

www.asvoltasqueomundodar.blogspot.com.br/

O Velho Joaquim Tomaz ARIANO SUASSUNA em www.violadebolso.org.br

O mês de agosto chegou, trouxe neblina e frio mais intenso pra cidade. Acho esse mês tão androcêntrico, tem o dia dos pais chegando. E eu sigo observando os movimentos, deixo ele vir de mansinho, frio e cinza, mas sou eu quem escolho se vou seguir reclamando ou agradecendo pelas coisas que acontecem e pelas pessoas que me cercam. Eu prefiro o agradecimento, pois descobri que tenho mais a agradecer do que reclamar. Em uma das andanças por aí, me deparo com a frase no muro: "A história é isso. Todos somos o fio do tecido que a mão do tecelão vai compondo" (Machado de Assis, 1908). Fico pensando nessa lindeza de bordado que pode ser a vida. Prefiro me desligar um pouco dessa historicidade fermentada e seguir com o bordado do Machado. E nas voltas que o mundo dá, a vida pode ser meio gris como agosto, ou pode ser colorida como a primavera que logo, logo chegará. Ainda não encontrei o verão dentro de mim, desculpa aí, Eliot.

NAS VIAS DO ABSURDO


Bole m Virtual Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente lautriv.mitelob __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Cultura | Manhã de pé-de-serra no feriado de fundação da Paraíba www.reeditadas.blogspot.com.br

POR EVALDO BRASIL Sexta-feira, em pleno vai-e-vem das obrigações que nos acorre quando de um feriado, eis que encontramos no Calçadão Joaquim Pereira uma família fazendo um pé-de-serra. Valbeane do Acordeon, a mãe dona Neide, no triângulo e Valber no zabumba. Na graça, cantando, tocando triângulo, recolhendo contribuições em dinheiro, a irmãzinha Vitória. Na plateia, além dos transeuntes, como eu, Seu Quirino (ao lado, de camisa quadriculada), cantador, entusiasmado com a presença dos pares. Quem viu e parou para pres giar vivenciou uma manhã cultural neste feriado estadual, da fundação da 2

Paraíba. CDs e DVDs a par r de R$ 5,00 e um repertório pra ninguém botar defeito. A espera na fila de um banco me foi compensada com a surpresa ao sair dele, e por lá pude ficar por duas três músicas, dentre elas “O Canto da Ema” (Jackson do Pandeiro), a meu pedido. SAIBA MAIS (h p://g1.globo.com/pb/paraiba/saojoao/2015/no cia/2015/06/sonho-sersanfoneira-diz-crianca-que-canta-nasruas-de-campina-grande.html)


lautriv.mitelob Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente Bole m Virtual __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Arquivo Braga no Esperança de Ouro

galeria www.esperancadeouro.blogspot.com.br JAILSON ANDRADE

3


Bole m Virtual Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente lautriv.mitelob __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Escola de Economia Doméstica de Esperança www.historiaesperancense.blogspot.com.br

POR RAU FERREIRA A criação de escolas domés cas na Paraíba nos anos 50 sofreu forte influência da ANCAR, serviço de extensão rural, e da Escola de Agronomia do Nordeste (EAN). Foi a par r desta parceria que, em 27 de gosto de 1956, surge em Esperança o primeiro “Centro de Treinamento de Economia Domés ca”, ligado à Escola de Agronomia de Areia. O obje vo era propiciar às jovens esperancenses o aprendizado das prendas domés cas, como culinária e corte-costura, além de outras a vidades. A escola domés ca congregou as artesãs e formou diversos profissionais, dos quais alguns ainda laboram neste ramo. As primeiras alunas concluíram o curso em 15 de dezembro de 1957, em cuja solenidade foram entregues os cer ficados, contando com a presença do Sr. Luiz Carlos de Lira Neto, diretor da Escola de Agronomia do Estado, procedendo-se com uma exposição dos trabalhos dos formandos e um coquetel para os convidados. À noite, houve um baile ofertado pelos concluintes, festa que teve lugar na Escola Irineu Joffily, com a presença da nata da sociedade esperancense.

APOIO CULTURAL

4

Nesse primeiro ano de funcionamento, a Escola Domés ca de Esperança formou duas turmas. A primeira era assim cons tuída:

Adalcina Soares, Clo lde Valen m, Creuza Rocha, Mª de Lourdes Oliveira, Mª de Jesus Sales, Mª Nazaré Sales, Cícera Duarte, Estela Cândido, Mª Rodrigues, Lúcia Meira, Mª Coeli Firmino, Bernadete Celes no, Josefa Mª de Oliveira, Lindalva Leite, Luzia de Souza, Mª do Carmo, Mª das Neves e Terezinha San ago. Da segunda, temos: Benigna Meira, Bernadete Mª dos Santos, Carminha Cardoso, Edite da Costa, Eva Jacinto, Francisca Faus no, Hilda Farias, Isabel Fernandes, Margarida Palmeira, Mª Amaral, Mª do Socorro Melo, Mª do Socorro Araújo, Mª do Socorro Fernandes, Mª do Socorro Braga e Severina Lins. Foram paraninfos Luiz Carlos de Souza Neto, Joaquim Virgolino da Silva e Tancredo Coelho. Anos depois, ingressaram nesta escola, como professoras, as senhoras Nevinha Costa e Viva Duarte. FONTES: FERREIRA, Rau. Banaboé Cariá: Recortes da Historiografia do Município de Esperança. A União. Esperança/PB: 2016. LIMA, Braulino. Encerramento do Ano Le vo do Centro de Economia Domés ca. Correspondente jornalís co. Jornal “A União”. Edição de 15 de dezembro. João Pessoa/PB: 1957. MEDEIROS, Jailton. História de Esperança. s/d. Trabalho escolar. Produção do corpo docente.


lautriv.mitelob Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente Bole m Virtual __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Não pergunte a uma criança O que ela vai ser quando crescer Deixe que ela viva o momento Com o tempo vai amadurecer Deixe que ela sonhe Viva, brinque cante Deixe que ela sorria Deixe que ela te encante Deixe que ela descida Que cor vai pintar o sol Onde a lua vai ficar De que lado fica o farol Deixe que ela fale alto Quando for contar uma história Deixe que ela deite na sala Deixe que ela cul ve memória Fale pra ela sobre Deus Sobre Jesus, Nossa Senhora Mostre a ela a natureza As estrelas a aurora Mostre pra ela como se faz Um barquinho de papel Desperte nela a pureza Que há entre a terra e o céu Ensine ela a respeitar Papai, mamãe, vovô e vovó

A respeitar os animais Mostre na vida o que tem de melhor Incen ve ela a brincar De boneca, de bola, esconde-esconde Incen ve nela a inocência Diga onde Papai Noel se esconde Quando ela chegar da rua Toda suja, de tanto brincar Não dê bronca, ignore Você vai sen r falta quando isso passar Faça nela um carinho Um cafuné até ela dormir A trate com delicadeza Sem dela alguma coisa exigir Enquanto a criança exis r Estará pela inocência blindada De pensar em coisas ruins É só criança, mais nada Não tente apressar o tempo Para ser adulto, ainda o tempo virá Não lhe pergunte o que vai ser Não faça, nisso, ela pensar E quando você ver sozinho Pense, procure entender Depois de tudo isso, imagine: Quando ela crescer, o que vai deixar de ser.

ANGELO ROCK 26/01/2016 www.conversando123.blogspot.com.br/

Não pergunte! Não pergunte a uma criança o que ela vai ser quando crescer

Embriaguez de poesia/Sociedade dos poetas vivos (facebook)

novos poemas

5


Bole m Virtual Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente lautriv.mitelob __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

NAS VIAS DO ABSURDO, con nuamos

O Velho Joaquim Tomaz SINAIS DE ESTUDANTE O azul que paira sobre nossas cabeças, Mistura-se ao rock, pop, blues... e ao Blue do jeans desbotado que veste... O corpo... esmaga o couro suado que calça... Os pés, já cansados, sangram... e sangram em busca do sábio e árduo caminho que nos levará muito além de nós. Prof. Adriano Homero Vital Pereira (Pela passagem do Dia do Estudante, no perfil no facebook)

Silvino Ferrabrás dialogando com Silvino Olavo disse, conforme Evaldo Brasil: O Velho Joaquim Tomaz Era um famoso machão, Trazia na palma da mão, Sua enciclopédia da paz, Defende moça e rapaz Debate com precisão, Tem vigor de um Lampião... Mas um dia ouvindo um fado, Beijou-se com o delegado, E num cabaré deu plantão. Já conhecia essa, Rau Ferreira? De pronto respondido: “O velho Joaquim Tomaz, Era um velho de opinião” Desbravador do Sertão Percorreu meio mundo Em menos d'o segundo. Fez do serrote oitão Desceu mar mais profundo Inventou o avião Endireitou o “corcundo”, Quando voltava de Plutão. (RF)

6

O Velho Joaquim Tomaz Era velho de muita fé, Desconhecia em Banabuyê, Quem reza como ele reza, Curava dor de espinhela Dor de garganta e goela, Tem o apreço de quem preza, Mas um dia ouvindo a rádio, Traves u-se em pleno pá o, Com as calças de Dona Zefa. (EB) Egberto Lima Vital entrou na peleja: Dona Zefa já atordoada Já olhou com a cara de cão Disse: - Meu fi é viado? Honra teu par de cunhão Veste uma roupa de macho E vai trabalhar nos lerão. Joaquim saiu cabisbaixo Com a faca e a enxada na mão Trabalhou depois do esculacho... Dona Zefa o deixara no chão. Rau Ferreira e Egberto Lima Vital, sabiam que... O Velho Joaquim Tomaz, Opinioso feito o cão, Não se conhece na região, Quem fez como ele faz Brigou com o Satanás Rezando u'as três oração',


lautriv.mitelob Dedicado especialmente à arte, à cultura e à história da nossa gente Bole m Virtual __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

The Old Joaquin Thomas Sem contar com o sacristão... Mas um dia estando errado, Com a bíblia foi espancado, Por um crente em pregação. (EB) O velho Joaquim Tomaz Depois deu um safanão “Trabaiá é coisa de mais, Eu num aguento não!” Disse em seu sermão Passou Josefa pra trás E olha, não enverga não, Velho assim, é capataz É velho, mas de opinião, Homem de guerra e paz! (RF) Evaldo trouxe a dias mais recentes: O Velho Joaquim Tomaz Merecia, mas teve perdão Zefa gosta e provoca a tesão, Entre quatro paredes é demais Cavilando com a velha fogas Dia nasce é manhã de oração, O casal faz caminho pro Ninão Mas um dia passando por Basto, Lhe faltou o dinheiro do gasto, Apanhou de Bisqüi com uma mão.

P. S. de Dória se ajuntou: - Eu fui ao mato caçar Um bicho quase me come! É melhor morrer de fome Do que lá ir! Pelejei para subir Num malvado dum pau louro, Quase me larga o couro Do braço! Recorri a Jesus no espaço Com toda sua bonança Para me dá socorro! Dessa vez quase que morro, De medo! Por ali também passava Um moleque que caçava lagar xa! Que me disse em som ousado: “Quem mente o rabo espicha”! Qu'eu 'tava todo mijado! E antes que'le notasse… E por ali não passasse... Não sorri! Fiquei todo envergonhado, Pois 'tava todo cagado, Só por isso eu não corri!

Rau Ferreira não resis u e veio apartar a briga: O velho Joaquim Tomaz Também nha indecisão Não sabia ser contumaz Tampouco guardar razão “Tanto fez, como tanto faz” - Dizia ele de supetão Mas um dia o Ferrabrás Desafiou o mandrião Disse: Joaquim Tomaz Vamos sair na mão! O velho deu um pra trás “Brigar, queru'nãoumm!!” Joaquim é homem de Paz!» E agora, ver da pra língua inglesa: The old Joaquin Thomas He's an old wilderness man, Ignores in this back lands Who does it what he does, Put out the fire with gases Hits bullet back by hand Has big force like Samson But with a firearm, one day, Lost of a cripple in the way And was defeated his son. (Ferreira/Brasil) 7


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.