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Lana Nóbrega

Mãe da Yasmin e do Thiago. Escreve. Milita: LGBT+, antirracista e feminista. Profa de inglês e de humanas.

De mim Mulher

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Eu te escrevo hoje Mas essas linhas são antigas É de um tempo remoto em mim Em que ainda não me reconhecia

Andei todos os mares

Nadei todas as lágrimas Me lavei inteira na minha umidade

E por fim clamei de volta As cores que eram minhas As cores que são minhas.

Em todo o meu feminino

Que transborda a outros femininos Em toda a minha umidade

Que transborda em outras umidades

Meus seios querem mais. Somos quatro seios em êxtase de mulher E andamos as linhas curvas do existir

Entre coxas: lambuzadas de vida.

Não há forma Não há fôrma Há apenas a estrutura visceral de ser-se E transbordar-se E teimosamente resistir às trilhas de outros.

Pois quero minha própria trilha O desvendar de mim O desabrochar de minha própria luz Parir-me inteira Parteira de mim.

Mulher de mulheres Mulher de salto ou pochete de rosto nu ou pintado Não importa. Não há forma. Não há fôrma.

Há o inegável chamado ao feminino De boca em boca De peito em peito De cabeça que vira por ela. Ela. Ela. Ela.

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