Ano II - dezembro de 2010- 4ª ed
“Protagonistas de uma história: sua própria vida”
expediente
editorial
Não Vou Mentir
Repórteres
OS GRANDES NOMES DA HISTÓRIA Em todas as épocas surgem no cenário mundial personalidades que figuram com grande importância por seus feitos ou suas heranças deixadas nos mais diversos campos sejam eles musicais, científicos, religiosos, políticos entre outros. O ato de marcar um determinado período da história tornando-se referência para todos revela a incumbência, ou seja, a missão que muitos dos maiores nomes da história tiveram que cumprir para dar sua admirável contribuição ao mundo. Então, aqui trataremos da trajetória de alguns ícones da história e para isso passaremos pela vida e obra de inventores, músicos, cientistas, religiosos, pacifistas, enfim o intuito é levar uma visão de quem são e de porque é relevante escrever sobre tais personagens. Pensando dessa forma, a revista “Não Vou Mentir” dessa edição traz uma série de perfis que mostram a vida de Thomas Edison, Michael Jackson, Cazuza, Albert Einstein, Madre Tereza de Calcutá, Martin Luther King, Nelson Mandela, Olga Benário, Jessier Quirino e Assis Chateaubriand para explorar de forma interpretativa a essência da importância de grandes titãs do mundo. O sentimento que nos lança a pensar sobre o legado de todas essas personalidades é sem sombra de dúvidas o de veneração e admiração, pois saber a trajetória, a luta, a obstinação e o espírito de vitória de grandes referências da história causam uma enorme satisfação em lembrá-los. A revista “Não Vou Mentir” é uma produção incipiente de alunos do segundo ano do Curso de Comunicação Social da Universidade Estadual da Paraíba. Assim, imbuídos pela necessidade de experiência prática das técnicas jornalísticas idealizaram o projeto da revista em busca de entender o mundo do jornalismo de revista e ainda de divulgar a produção dos estudantes. O objetivo principal dessa edição é o de praticar as técnicas e o conhecimento sobre perfis jornalísticos adquiridos na disciplina de Jornalismo Informativo, Opinativo e Interpretativo. E ainda possui o intuito de abrir espaço para reflexões sobre como viveram personagens de relevância que fizeram história e marcaram época no conhecimento, nas artes, na vida. É sempre uma boa lição de vida e um ótimo exemplo para todos pensar sobre a vida dos que conseguiram uma existência perpétua.
Linha do Tempo Thomas Edison Albert Einstein Assis Chateaubriand Olga Madre Teresa de Calcutá Nelson Mandela Martin Luther King Jessier Quirino Cazuza Michael Jackson
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Adriana Nascimento Aluska Cordão Darcielly Medeiros Ermaela Cícera Evellyn Lima Maurício Alves Nathália de Sá Nayara Clênia Paula Freire Raylane Barros Sandra Guedes Sávio Motta
Fotos da Capa outrosngulos.blogspot.com olivosp.wikispaces.com thepetersenpage.wordpress.com
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Créditos observatoriodoagreste.blogspot.com
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Gráfica Copiadora Sertec
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Colaboração
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ciência
Um inventor iluminado Darcielly, Ermaela e Raylane
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m dos maiores inventores do mundo, Thomas Ava Edison, nasceu numa família de classe média, aos 11 de Fevereiro de 1847. Filho de Samuel Edison, canadiano de origens holandesas e de Nacy Elliot Edison, uma exprofessora também canadiana. Edison é o caçula de 7 filhos, fato esse que fez sua mãe dedicar-lhe tamanha atenção. Quando criança teve problemas na escola e era tido, pelo seu próprio professor como “um garoto confuso da cabeça, que não conseguia aprender”. Sua vida escolar durou pouco tempo. Saiu da escola e sua mãe toma a seu cargo sua educação, onde Edison passa a devorar todos os livros da mãe com temas relacionados a ciência. Chega até a montar um pequeno laboratório de química no sótão de casa, chegando algumas vezes fazer a casa tremer. Na adolscência arranja um emprego no comboio que fazia a ligação entre Port Huron e Dretoit, lá vendia jornais, sanduíches, doces e frutas.. O sucesso como jornaleiro abriu as portas do jornal “Arauto Semanal” , no qual Thomas Edison passou a ser repórter, redator, gerente, tipógrafo e distribuidor, nesse emprego, sobrava-lhe tempo para as leituras e experiências no laboratório que, sorrateiramente, havia instalado num dos vagões vazios, Certa vez, o vagão pegou fogo devido às experiências, agravando assim, os problemas auditivos, onde ficou parcialmente surdo. Ao longo da sua juventude, sem dinheiro, a inteligência ajudava Edison a arrumar e a perder empregos, pois não se conformava com a rotina. Queria sempre renovar. Invenções Graças a sua capacidade de sair da rotina e inovar, Thomas Edison conseguiu iluminar a humanidade, graças à invenção da lâmpada elétrica, que alterou significativamente os padrões de vida da sociedade de sua época. Mas não foi apenas a lâmpada incandescente que patenteou Edison como um grande inventor. Outras foram as grande invenções do
gênio que revolucionou a ciência. Tais invenções fizeram com que seu criador fosse, por muitas vezes, motivo de descrença entre as pessoas, tais como seu chefe de oficina, John Krusei que até apostou uma caixa de charutos com Thomas, como o inventor não iria conseguir fazer funcionar o que propunha: um tubo metálico com uma espécie de funil, um diafragma de pergaminho e um cilindro de aço que seria capaz de repetir o que lhe dissessem, o fonógrafo. Edison conseguiu provar a eficácia do seu invento e ganhou a caixa de charutos. Considerado um dos inventores mais prolíficos da humanidade, Edison possui registradas em seu nome, 1093 patentes, que lhe conferem, atualmente, o título de um dos maiores inventores da humanidade. Contribuição para a humanidade Poucas são as personalidades da história que merecem destaque e imensa consideração, Thomas Edison foi um benfeitor da humanidade e sua herança como inventor deve ser exaltada por todos, pois no campo das descobertas científicas seus inventos são verdadeiros avanços e também colaboraram imensamente para o progresso da humanidade. O mundo necessita de inventores capazes de marcar a história tal qual Thomas Edison. O inventor norte-americano encantou sua terra como também o mundo e com muita persistência ele conseguiu realizar suas experiências. Sempre a luz de uma lâmpada deve remeter a seu inventor Thomas Edison que quando em 1882 iluminou pela primeira vez na história a cidade de Nova Yorque tamanha é a importância desse e de outros inventos seus para a melhoria da vida da população mundial. Então, debruçar pensamentos sobre a vida e a obra dessa personalidade é também pensar em uma infinidade de benefícios para todos e de uma vida toda dedicada ao progresso da ciência. A vida de Thomas Edison esteve sempre permeada por inquietações que o levaram a se tornar um dos maiores inventores da história da humanidade do mesmo patamar que Grahm Bell e WSs.
Edison e seu fonógrafo
foto:jeffrutherford.com
foto: eltamiz.com
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ciência
Albert Einstein: Um cientista da vida Após o fim da Primeira Guerra Mundial m gênio da física. Mais que isso, (1914-1918), o mundo reconhece a Einstein destacou-se como um cientista originalidade e genialidade das observações de que via o universo além dos fragmentos Einstein sobre os fenômenos espaciais e em de átomos. De família judaica e radicado nos 1921, ele ganha o prêmio Nobel de Física. Com Estados Unidos, Albert Einstein nasceu em o apogeu do nazismo na Alemanha, refugia-se Ulm, na Alemanha, em 14 de Março de 1879 e nos Estados Unidos, sendo aluno do Instituto morreu em Princeton, no dia 18 de Abril de de Estudos Avançados de Princeton. Chocado com a notícia de que sua famosa fórmula 1955. Einstein foi um intelectual que teve E= mc² levaria os alemães a desenvolverem a dificuldades na maior parte das disciplinas, mas bomba atômica, Einstein intercede ao destacava-se em física e matemática, sendo presidente Roosevelt, dos Estados Unidos, considerado um gênio. A filosofia era outro ainda assim, o projeto Manhattan resulta no campo que despertava o interesse do jovem lançamento das bombas atômicas no Japão, Albert, que em meio as obras de Immanuel em 1945. Apesar de seus estudos terem contribuído Kant, descobriu o fascínio de desvendar e para o surgimento da bomba atômica, Einstein entender tudo que estava a sua volta. Absorvido pelo êxtase da física, começou a foi declaradamente um pacifista. Para ele, era produzir ensaios modestos, mas que necessário lutar contra a raiz da guerra e não posteriormente revolucionariam esse campo de contra seus efeitos. Além de textos científicos, estudo e nossa forma de compreender o uni- também produziu obras literárias. Em seu livro: verso. Seus conceitos de luz, espaço e tempo “Como vejo o mundo”, ele lança suas idéias e divergiam totalmente das leis da física clássica pensamentos acerca do mundo, do ser humano e sua busca pela felicidade. criadas por Newton dois séculos antes. Entre suas descobertas, Einstein demonstrou Sonhava com um mundo igualitário, onde o que não existe tempo absoluto, este se aplica dinheiro deveria ser usado para promover o apenas ao local em que está sendo medido. bem comum, não como símbolo da Uma das fórmulas clássicas da física, é fruto da desigualdade social. Acreditava no Deus refletido nas leis da nateoria da relatividade: E= mc², onde E é energia, m é massa e c é a velocidade da luz. tureza e rejeitava a idéia do Deu criado e maBem humorado, tentou explicar sua famosa nipulado através da história. Para ele, a ciência teoria da seguinte forma: “Quando você está é o motor que move o indivíduo a novas cricortejando uma moça simpática, uma hora ações, idéias e descobertas que poderiam parece um segundo. Quando você se senta ditar os rumos da humanidade. Um pacifista. sobre carvão em brasa, um segundo parece Esta é a imagem do físico mais importante do século vinte. uma hora. Isso é a relatividade” Aluska Cordão
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Curiosidades Albert Einstein não falou uma única palavra até os três anos de idade. Aos nove, ele tinha tanta dificuldade para se expressar que seus pais temeram que tivesse algum problema mental. Quando divulgou a teoria que o tornaria célebre, Einstein era um jovem de apenas 26 anos de idade. Albert Einstein foi eleito por 100 renomados físicos do mundo como o mais memorável físico de todos os tempos. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos em 1992 elegeu Thomas Edison (o inventor da lâmpada elétrica) e Albert Einstein como os maiores cientistas do milênio. Uma última curiosidade: a foto abaixo foi tirada em 14 de março de 1951, quando o cientista completava 72 anos. O autor foi um fotógrafo da agência de notícias United Press Internacional (UPI), que pediu que Einstein sorrisse. Bem-humorado, ele acabou mostrando a língua e… assim ficou! É o mais famoso registro fotográfico do gênio alemão. Aliás, Einstein gostou tanto dela que passou a distribuir cópias para os amigos em datas comemorativas.
Foto: biocookies.com
Einstein em uma das fotografias mais famosas do mundo
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Comunicação
Assis Chateaubriand,
líder dos Diários Associados fotos: Cinemabrasil.org.br / infoescola.com
Sandra Guedes
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m dos maiores jornalistas do país, Francisco Assis Chateaubriand de Melo nasceu em cinco de Outubro de1892, em Umbuzeiro, uma pequena cidade no sertão da Paraíba, e se tornou uma das personalidades mais importantes, influentes, e deixou seu nome marcado na história do país, graças a seu empreendedorismo e grande paixão pela comunicação. Assis Chateaubriand, ou Chatô, como também era conhecido, começou cedo sua carreira como jornalista aos 14 anos, escrevendo para o jornal de Recife, e para O Diário de Pernambuco. Com 15, Assis entrou para a faculdade de Direito, onde custeava seus próprios estudos, se tornou advogado, e mais tarde, professor de direito. Em 1924, o jornalista adquiriu o diário “O Jornal“, que foi o ponto de partida para o que depois viria a ser um verdadeiro império jornalístico, os Diários associados, que reunia 34 jornais, a revista semanal “O Cruzeiro”, 36 emissoras de rádio, 18 estações de televisão, e uma agência de noticias. Foi também o pioneiro da televisão no Brasil e na America Latina, criando a TV Tupi, em 1950, foi o então o responsável por trazer ao Brasil esta grande revolução para a época, a TV, que já era uma realidade algum tempo em vários outros países. O jornalista também foi muito ligado a política, sendo eleito em 1952 senador da Paraíba, e em 1955, do Maranhão. Além disso, ele apoiou o movimento revolucionário de 1930 que levou Getúlio Vargas ao poder. Assis também foi o responsável pela Campanha Nacional de Aviação que tinha o lema “Dêem asas ao Brasil”. Em 1947, fundou o Museu de Artes de São Paulo, o MASP, contendo uma grande coleção de obras adquiridas na Europa no pós-guerra. Deixou também para a Paraíba, sua terra natal, o primeiro acervo do Museu Regional de Campina Grande, que pertencia à fundação Universidade Regional do Nordeste, atual UEPB. O acervo é chamado de “Coleção Assis Chateaubriand”, e o museu leva seu nome, e contem obras de vários artistas consagrados, entre eles Anita Malfatti, Portinari, Pedro Américo,Eliseu Visconti, Antônio Dias, Juan Genovês, Djanira, entre outros. Assis Chateaubriand morreu em 1968, deixando uma imensa contribuição ao país, que se perpetua até os dias de hoje.
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Política
Olga Benário Prestes: Uma mulher que viveu e morreu bravamente Adriana Gomes
“Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo”. Essa foi a frase de despedida da ultima carta escrita por Olga dentro do ônibus que a levaria para a câmara de gás. Essas palavras revelam a força de uma mulher que sabia o legado de sua vida e luta. Olga Benário, judia, nascida em 12 de fevereiro de 1908 em Munique. Seu pai Leo Benário era advogado e membro atuante do Partido Social-Democrata de direita. Sua mãe Eugénie descendente de uma rica família judia sonhava para Olga um bom casamento com um judeu rico e de sobrenome tradicional. Mas a menina burguesa conheceu a teoria marxista e folheando os processos em que seu pai defendia os trabalhadores de Munique conheceu na pele a causa comunista “A luta de classes ia me visitar todos os dias em casa” ela brincava. O Ingresso na Militância Ao completar quinze anos entrou para o movimento juvenil comunista clandestino, o Schwabing, apelidado de “fortaleza vermelha” contrariando a vontade de Dona Eugénie que assistia histérica sua filha virar comunista. A determinada jovem participou da militância ativamente, foi às ruas, aos conflitos armados, lutava lado a lado com os proletários. Essa era a causa da relação conturbada que tinha com os pais, não agüentando mais as brigas, mudou-se para Berlim onde foi presa em um conflito com a policia. Ao sair do cárcere Olga ainda adolescente comandou a famosa operação que resgatou seu namorado e experiente militante Otto Braum da Prisão de Moabit. Em poucos anos Olga já ocupava cargos de confiança no Partido Comunista Alemão e era procurada pela polícia por toda Alemanha. E foi por causa da implacável perseguição que em 1928 a militante fugiu para Moscou. Ingressou no treinamento político- militar da Escola Lenin, Olga tinha verdadeira paixão por estratégias militares. O Romance Foi na capital russa que a revolucionária moça ouviu falar no homem que seria o grande amor de sua vida. O brasileiro Luis Carlos Prestes conhecido como o “cavaleiro da esperança” e seu grande feito comandando um batalhão de cerca de mil homens a pé por 25 mil quilômetros, enfrentando as tropas do governo ditatorial de Getúlio Vargas e vencendo todas as batalhas na Coluna Prestes. Olga ficou impressionada com o mitológico comandante daquela coluna invicta. O destino os colocou juntos quando ela foi designada para garantir a segurança de Prestes na longa viagem de volta ao Brasil. Em 29 de dezembro de 1934 partiram em direção ao Rio de Janeiro, lá Prestes organizaria um levante popular juntamente com a Aliança Nacional Libertadora (ANL). O caminho que
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fizeram não era o mais curto, sem dúvida era o mais seguro, passaram por aproximadamente sete países até chegarem a França onde começaria uma memorável história de amor. Olga e Prestes usavam passaportes de um casal português em lua de mel o que os obrigou a intimidades imprevistas e durante a viagem se conheceram e se apaixonaram. O novo relacionamento com Carlos a deixava inquieta, não gostava da idéia de misturar sentimentos com a missão que realizava. Mesmo insegura com o relacionamento durante a passagem por Nova York tiveram sua lua de mel. No Brasil, após uma lenta negociação consigo mesma Olga decide ajudar seu companheiro no levante popular mesmo tendo recebido permissão da Internacional Comunista para voltar a Moscou. O calor do Rio e o amor de Prestes haviam aquecido seu coração. A Intentona Comunista fracassa e o casal passa a ser ferozmente perseguido pelo governo Vargas. A Prisão e morte Em fevereiro de 1936, o casal Prestes foi preso numa cena dramática. Diante de muitas armas apontadas para o marido Olga pula na frente dele e grita “Não atirem, ele está desarmado”! Nessa noite eles se viram pela última vez. Na prisão descobriu a gravidez e lutou com bravura e usando todos os recursos que dispunha para dar a luz no Brasil, mas o Governo brasileiro não reconhecia o casamento de Olga com Luis Carlos Prestes. No sétimo mês de gestação, a judia foi deportada para Alemanha de Hitler, enfrentou bravamente a viagem de navio. Quando finalmente chegou ao destino estava dez quilos mais magra, apesar da viagem em péssimas condições, sua filha Anita Leocádia nasceu com boa saúde em 27 de novembro de 1936. A menina poderia ficar com a mãe até que seu leite cessasse e Olga a criou na prisão da Gestapo até dois anos de idade. Carinhosa e protetora, enquanto amamentava ela sonhava em um dia reunir sua recém formada família e apresentar orgulhosa Anita a Carlos. Mas em 21 de janeiro de 1938 Anita foi brutalmente arrancada dos braços da mãe e entregue a Dona Leocádia Prestes, avó da menina. Sem a criança começaram as torturas físicas. Da Gestapo, foi transferida para os campos de concentração onde trabalhava em regime de escravidão. Mesmo nas piores condições, não perdia sua vontade de viver, nem a esperança de ver o mundo mais justo. Olga Benário Prestes morreu no dia 23 de abril de 1942, vítima do Holocausto Nazista. O Legado Após a Segunda Grande Guerra a vida de Olga Benário Prestes inspirou várias gerações no Brasil e na Alemanha. Sete
cidades alemãs têm ruas com seu nome, sua efígie está gravada em moedas e selos, além de escolas, creches e praças. Também no Brasil, Olga Benário dá nome a ruas, praças e escolas em várias cidades, incluindo São Paulo. Sua filha Anita Leocádia vive no Rio de Janeiro. Em sua última carta escreveu: Queridos: Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora. É totalmente impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos. Quisera poder pentear-te, fazer-te as tranças - ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará muito de acordo com isso, mas logo nos entenderemos muito bem. Deves respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como o teu pai e eu fazemos. Todas as manhãs faremos ginástica... Vês? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço que esta é a minha despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a idéia de que nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte. Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? Conformar-me-ia, mesmo se não pudesse ter-te muito próximo, que teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos, tanto, tanto. E estou tão agradecida à vida, por ela haver me dado a ambos. Mas o que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz te sentes por nossa filha? Querida Anita, Meu querido marido, meu garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível. É precisamente por isso que me esforço para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nas últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas. Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã. Beijos pela última vez. Olga
Religião
A ternura tem nome: Teresa
da cidade, nas crianças famintas, nos homens ouco se sabe sobre a infância de Agnes e mulheres jogados nas sarjetas. Foi então que Gonxha Bojaxhiu. A filha mais nova de Teresa teve uma inspiração (de certo divina): Nicolau e de Rosa, irmã de Ágata e de viver no meio dos mais pobres dos pobres e Lázaro sempre teve uma grande horror em falar dar-lhes o amor. de si. Sabe-se que ainda criança tinha uma voz belíssima, que lhe rendeu o lugar de solista no coral de sua aldeia. A Santa das Sarjetas – um dos cognomes de Madre Teresa – nasceu em Skopje, Macedônia no dia 26 de Agosto de 1910. Mesmo tendo nascido no dia 26, considerava o dia 27 seu verdadeiro aniversário, pois nesta data fora batizada. Recebeu sua educação escolar em um instituto estatal não católico. Para amadurecer na Fé e aperfeiçoar sua formação cristã, ingressou na Congregação Mariana. Aos treze anos de idade, viu seu coração estremecer. Agnes gostava de ouvir os comentários das cartas dos missionários Jesuítas que estavam na índia. Um dia ouviu de um dos irmãos da congregação a seguinte frase: Cada qual em sua vida deve seguir seu próprio caminho. Estas palavras a impressionaram profundamente, dando-lhe força para galgar um novo sentido para sua vida: ser missionária junto aos pobres. Recebeu então consentimento de seus pais para adentrar na vida religiosa. Em 29 de setembro de 1928 foi enviada para a Casa Mãe das Irmãs de nossa Senhora de Loreto – o sacerdote que a orientava lhe indicou esta “Naquele trem, aos meus trinta e seis anos, instituição – em Rathfarnham, Dublim (Irlanda). percebi no meu interior uma chamada para que Mas, de tanto ouvir as histórias dos padres renunciasse tudo e seguisse Cristo nos Jesuítas, Agnes tinha um grande desejo: ser subúrbios, a fim de servi-lo entre os mais pobres dos pobres. Compreendi que Deus enviada para a Índia. E Deus a ouviu... Passados poucos meses de desejava isso de mim. É assim que Madre sua estadia em Dublin, a recém-irmã é envida Teresa de Calcutá narra a iluminação de sua para a Índia, onde as irmãs de Loreto possuíam verdadeira vocação. “Que poderei fazer por perguntava-se, pois as um colégio. Mas tudo isso era só o início do estes infelizes?”, imagens de pessoas esqueléticas, morrendo sonho de Teresa – e é claro de Deus. Em 24 de maio de 1931, a religiosa faz seus sem amparo não saiam de sua mente. primeiros votos de castidade, pobreza e Foi então que começou o trajeto da Santa da obediência, tomando para si o nome de Teresa, Pobreza. Surgiram os questionamentos: em homenagem pequena Teresa de Liseux – Deveria pedir autorização as superioras? Será Teresa também é nome de Santidade. Professa que Deus realmente estava lhe pedindo algo seus votos perpétuos no ano de 1937. Na mais?Em suas orações, madre Teresa percebia escola, a irmã Teresa ensina Geografia e até que este ideal era mais que simples anseio chega à gestão. Todos a têm com carinho, pois humano, era uma grande onda de vida, é sempre dedicada e atenta a todos os inspirada por Deus. Também suas superioras aprovaram este projeto. “Se é vontade de Deus, problemas. Mas não era a escola a grande atenção de autorizo-te de todo coração”, disse a Madre Teresa. Mesmo cercada pelas filhas das superiora... Teresa foi então ter com o Mons melhores famílias de Calcutá, a irmã não Périe que pediu ao Vaticano autorização para a parava de pensar nos bairros imundos e pobres irmão viver seu claustro no meio dos pobres. paroquiasantaritadecassia.org
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Maurício Alves
Esta foi concedida. Madre Teresa se dirigiu para as partes baixas de Calcutá, levando educação para as crianças pobres e palavras de conforto e doçura para as famílias. Logo outras se ajuntaram a ela, muitas delas suas ex-alunas. Espalhava-se por todo Calcutá uma grande onda de caridade. A bandonou o seu hábito e se vestiu com sári branco com listras azuis, com um pequena cruz no ombro. Eis seu novo hábito. “Quando descanso, descanso no amor”. Assim expressava seu esgotamento pelo trabalho junto com os miseráveis. Em dia, depois de dar voltas e voltas procurando uma casa para abrigar os pobres que encontrava nas ruas, percebeu a que ponto chegam os desabrigados que vagam sem destino por entre as vielas sujas e relembrou a segurança material que tinha no convento de Loreto. “Não, Não voltarei atrás. A minha comunidade são os pobres. A sua segurança é a minha. A sua saúde é a minha. A minha casa é a dos pobres; não apenas dos pobres, mas dos mais pobres dos pobres. Daqueles de que as pessoas já não querem aproximar-se... Dos incontáveis.”, disse num ato de renuncia de sim mesma, para cumprir sua sublime missão.Teresa não sentia gozos espirituais, ao contrário sentia-se constantemente em uma escuridão interior (noite escura, dizem os santos), provando do abandono que aqueles desfavorecidos – e que Cristo viveu na cruz – sofriam. Sua alegria era estar no meio dos cidadãos da pobreza As Irmãs da Caridade, nome da congregação de Madre Teresa cresceu e ganhou o mundo todo. Hospitais, asilos, albergues, etc, eram confiados a estas irmãs que expressava sua caridade se doando ao outro. Teresa, que tinha horror de falar de di, tornou-se mundialmente conhecida, recebeu o prêmio Nobel da Paz, tornou-se sinônimo de amor. Morreu em 5 de setembro de 1997, período em que preparava uma homenagem para sua amiga Daiana, princesa da Inglaterra que falecera uma semana antes. A Madre dos desvalidos deixou não só uma obra de caridade, mas verdadeiros ensinamentos que traduzem o amor ao próximo proposto por Cristo. Em uma de suas falas disse: “Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiracão, pois um dia você se decepciona. Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação”, palavras definitivamente comprovam que a ternura tem nome: Teresa
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Direitos Civis
O guerreiro da Liberdade Foto: limitemagazine.com
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Nathália deSá
MANDELA
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fotos: nelsonmandelapictures.com
um pequeno vilarejo chamado Qunu, no distrito de Umtata, na África do Sul, nasce um menino de etnia Xhosa, o primeiro de sua família a frequentar uma escola. Após alguns anos, este mesmo garoto torna-se estudante de Direiro, e envolve-se em movimentos estudantis. Algum tempo depois, vemos o rapaz iniciar uma luta contra o regime de segregação racial em que se encontrava seu país natal, o Apartheid. Já homem formado, depois de muito resistir ao governo, é preso duas vezes. Há alguns anos atrás, foi libertado e eleito presidente de seu país. Até hoje, é símbolo da luta pela liberdade e igualdade de direitos entre as pessoas. Seu nome? Nelson Rolihlahla Mandela, ou Madiba, como preferem os de seu povo. Para entender melhor a causa por que Mandela lutava, é preciso entender o que foi o Apartheid, contra o qual tanto lutou. Este era um regime liderado por uma minoria branca, que negava direitos políticos, sociais e econômicos aos negros, maioria, mestiços e indianos, que formavam uma enorme colônia. Um governo em que reinava o preconceito e a discriminação. Era liderado pelos afrikaners (Partido Nacional). Mandela queria paz, igualdade. Desde o começo de sua luta, foi a favor da não-violência. Mas, devido a um incidente trágico, conhecido por massacre de Sharpeville, em 1960, ele e seus colegas decidiram recorrer às armas. Nesse episódio, a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, matando 69 pessoas e ferindo 180. A partir de então, ele se tornou comandante do braço armado do CNA, o chamado Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação", ou MK), fundado por ele e outros. Comandava sabotagens contra alvos miltares. Também viajou à Argélia, a fim de receber treinamento paramilitar. Nelson foi preso pela primeira vez em 1962, e passou 5 anos na prisão. Dois anos
mais tarde, foi sentenciado à prisão perpétua, acusado de dois crimes: sabotagem, que ele admite, e conspirar para que outros países invadissem a África do Sul, o que ele nega. Passou 27 anos na prisão, nos quais tornou-se símbolo da luta contra o Apartheid em vários países. Em fevereiro de 1990, devido à pressão internacional e à campanha do CNA, foi finalmente posto em liberdade, aos 72 anos, por ordem do presidente Frederik Willem de Klerk. Os dois dividiram o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Nelson Mandela foi o primeiro presidente negro da África do Sul. Governou de 1994 a 1999. Durante esse tempo, recebeu fama e prestígio internacional, por comandar a transição do regime de minoria no comando, o apartheid, e por sua luta em prol da reconciliação interna e externa. Após o fim de seu mandato, voltou-se para causas de organizações sociais e de direitos humanos. Também recebeu algumas distinções no exterior, como a Ordem de St. John, da rainha Elizabeth 2ª., a medalha presidencial da Liberdade, de George W. Bush, o Bharat Ratna (a distinção mais alta da Índia) e a Ordem do Canadá. Em junho de 2004, aos 85 anos, Mandela anunciou que se retiraria da vida pública. Porém, fez uma exceção, devido a seu compromisso em lutar contra a AIDS. Seu aniversário de 90 anos foi comemorado através um ato público em sua homenagem, ocorrido em Londres, em julho de 2008, com diversos shows e que contou com a presença de artistas e celebridade engajadas em sua luta. Nada melhor do que concluir citando as palavras do próprio Mandela, que resume sua crença firme na possibilidade de paz entre os povos, que o moveu durante todos esses anos: “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”.
é o símbolo da liberdade diante da opressão, seu nome evoca imagens de força e paciência constante, mostrando que é possível lutar pelos direitos humanos
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Direitos Civis
I have a dream: A chama viva de um ideal
foto: africawithin.com
Paula Freire
1929, o mundo sofria uma das maiores crises da história. Num período em que a esperança e os sonhos pareciam esconder-se da sociedade, que era marcada por intensos abalos sócio-econômicos e identitários, nascia em 15 de Janeiro um homem, um futuro cidadão que concentraria em seu interior um ideal, ele possuiu um sonho que até os dias atuais é mantido vivo: o direito à igualdade. Seu nome? Martin Luther King. Personagem marcante. Figura de importante impacto na história das lutas pelos direitos civis. Filho de um pastor e uma professora foi o primogênito de sua família. Assim como seu pai, tornou-se pastor. Martin estudou teologia e mais tarde aprofundou seus estudos filosóficos na universidade de Boston. Uma de suas maiores fontes de inspiração foram os ensinamentos de um homem também chamado de “A Grande Alma”, significado etimológico daquele que é conhecido como: Mahatma Gandhi. Sua ideologia não demonstrava ser uma das mais fáceis de alcançar, afinal lutar para que os indivíduos tenham o direito de sentirem-se parte integrante de uma sociedade, sem discriminação por suas características físicas como a cor da pele, diante de comunidades marcadas historicamente por atos de segregação, não parecia ser uma tarefa fácil. Ele iniciou sua luta pelos direitos civis dos norte americanos após um fato de discriminação racial nos transportes públicos, onde uma mulher negra (Rosa Parks) se negou a dar o lugar em que estava para uma mulher branca e foi presa. Martin e outros líderes
negros organizaram um boicote em protesto a este acontecimento; neste período ele recebeu várias ameaças, teve sua casa atacada e foi preso. Entretanto não desistiu e a ação fez com que a Suprema Corte Americana considerasse ilegal a discriminação racial naqueles ambientes. Esse seria apenas o começo em busca da realização de seu ideal. Luther King liderou várias organizações contra a segregação social, a favor do direito ao voto, ao fim da discriminação no trabalho; sempre com atos que não envolvessem violência, mantendo assim uma forma íntegra de lutar pelos objetivos dos indivíduos sem denegrir a condição humana, embora as forças contrárias a sua luta atacassem aos ativistas de forma racista e violenta. Um dos momentos mais marcantes de sua trajetória ocorreu em 1963 durante o governo de John F. Kennedy numa passeata em Washington, quando Martin Luther King proferiu seu discurso mais conhecido, e também um dos mais emocionantes da história: “I have a dream (Eu tenho um sonho)”. Neste discurso, Martin ofereceu para os cidadãos americanos, para o mundo e as futuras gerações, um dos maiores alertas de conscientização pela igualdade; ele mostrou um sentimento, um sonho, ele queria apenas o direito de sentir-se igual, de viver num mundo onde o caráter, a moral e o amor prevalecessem e não confrontos por conta da cor de uma pele. Ele enxergava além, seus olhos não se restringiam as camadas que com mais ou menos melanina protegem a alma dos seres, pois a alma não tem cor. Não se contentava
com a resignação e o silêncio dos que sofriam calados. Foi símbolo de uma geração que ganhou voz ao som de seu discurso. Martin foi também a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz em 1964, onde foi reconhecido por sua luta em favor das causas de direitos humanos e à igualdade. Em um dos fragmentos de seu discurso Luther King disse: “Eu olhei de cima e vi a terra prometida. Talvez eu não chegue lá, mas quero que saibam hoje que nós, como povo, teremos uma terra prometida”. Ele parecia prever alguns fatos do futuro. A terra prometida não foi totalmente conquistada, pois a desigualdade racial ainda existe, no entanto com o desenvolvimento das sociedades a questão está mais exposta, possui mais mecanismos e liberdade para ser discutida; além de batalhas que já foram vencidas como várias mudanças em leis relacionadas à igualdade racial ou sóciocultural, o direito de brancos e negros conviverem nos mesmos espaços públicos, o racismo ser considerado como crime inafiançável, entre várias outras conquistas. Atualmente um dos acontecimentos que mais teriam encantado Martin se não tivesse sido assassinado em 1968, e o feito chegar mais próximo a terra prometida de seu discurso, foi a eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos: Barack Obama. Neste momento um de seus desejos foi realizado, a luta por este sonho e por manter vivo o legado de Martin Luther King continua, a sociedade ainda não é totalmente igual, mas se mostrou uma nação onde a cor da pele já não é mais a forma prioritária de julgar um ser humano.
dezembro 2010
Não Vou Mentir
09
Poesia
JESSIER QUIRINO, Um matuto convicto
Foto: luizberto.com
Sávio Mota
“Pra essas coisas do lado artístico, sou eu e a Torre de Pisa: sempre tive inclinação”. Foi assim que Jessier Quirino justificou sua carreira artística, em entrevista ao jornal Folha de Pernambuco no ano passado. Nascido no ano de 1954 em Campina Grande-PB e radicado em Itabaiana-PB desde 1983, a vida de Jessier prova que este ‘sangue artístico’ que corre em suas veias seria mais forte que suas próprias escolhas. Sua infância foi toda em Campina Grande, onde cursou ensino fundamental e médio. Logo passou no vestibular para o curso de Arquitetura da UFPB, em João Pessoa, capital paraibana, curso este que terminou e exerce até hoje. Jessier pode ser chamado de tudo, menos de ‘comum’: arquitetura que era profissão, virou passatempo e o dom para a poesia o transformou em representante da cultura nordestina. Jessier Quirino se auto-denomina de “matuto” e seu trabalho exalta as crenças, as histórias e as particularidades do povo nordestino em sua essência mais pura e simples. Com versos de rima e métrica apurada, as poesias de Quirino trazem também um humor inteligente, que carrega às vezes uma dose de crítica e de reflexão. Intitulado por muitos como o grande representante atual da poesia matuta, Jessier já chegou a ser comparado com nomes consagrados como Patativa do Assaré e Zé da Luz, que foram os precursores deste estilo na literatura brasileira. Embora a comparação com ‘mitos’ da literatura nordestina seja lisonjeira, Jessier Quirino se diferencia dos demais e acaba se destacando pelo seu estilo único que ao mesmo tempo exalta e satiriza o interior nordestino. “Comício em beco estreito”, “Entre o pente e o repente”, “Vou-me embora pro passado” e “Pobrema Cardíuco” são apenas alguns exemplos de poesias consagradas pelo autor, que tem em sua carreira artística a publicação de sete livros e de dezenas de cordéis. A definição final de quem é de fato Jessier Quirino? Deixo para o próprio responder: “Arquiteto por profissão, poeta por vocação e matuto por convicção”.
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Não Vou Mentir
dezembro 2010
Música
O Poeta Exagerado C
Nayara Clênia
ertamente você nunca ouviu falar do Agenor de Miranda Araújo Neto, mas era fã ou pelo menos já ouviu alguma música dele. Simplesmente Cazuza. O garoto rebelde nascido no Rio de Janeiro, no outono de 1958 e criado nas dunas de Ipanema. Passou de uma infância tranqüila a uma adolescência conturbada. Quis tudo, foi fundo... E descobriu uma infinidade de possibilidades. Cazuza terminou o ginásio e o segundo grau a prestações, e, depois de prestar vestibular para Comunicação, só porque o pai lhe prometera um carro, desistiu do curso em menos de um mês de aula. Já vivia então a boemia e o trinômio sexo, drogas e rock 'n' roll. Isso rendeu a seus pais situações nada fáceis: lidar com a bissexualidade e as prisões e fichas na polícia, por porte e uso de drogas. As tentativas no Teatro, na fotografia e o flerte com o jornalismo não o satisfez completamente, mas o ajudou. Graças a um curso de teatro Cazuza acharia o seu papel. Não seria representar, mas cantar. É que na montagem da peça "Pára-quedas do coração", conclusão do curso, tudo o que ele fez foi soltar a voz, vindo a gostar muito da experiência. Afinal, música ele já respirava desde criança, já que a veia artística da família pulsava forte: a mãe, Lucinha Araújo, cantava e gravou três discos; o pai, João Araújo, era produtor da Som Livre. Em casa mesmo, se acostumara a conviver com a presença de estrelas da MPB que seu pai produzia. Por que não se tornar também uma delas? Cazuza encontra a sua turma. Um grupo de rock, o Barão Vermelho, ponto propulsor para uma carreira de sucesso. A partir desse instante um "amor à primeira vista" ocorre. Roberto Frejat e Cazuza se entendem perfeitamente e uma parceria salutar para a música popular brasileira institui-se. Com seu próprio estilo, despojado e autêntico, encantou a todos, surpreendendo até mesmo seu pai quando o ouviu pela primeira vez na rádio, o elogiando sem saber que era seu filho. Depois de quatro anos de muito sucesso com os cinco discos gravados no Barão Vermelho, Cazuza verte para a carreira solo. Seu primeiro sucesso é "Exagerado", canção cheia de palavras escandalosamente apaixonadas, com articulações do fazer tudo pelo o amor, que se transforma numa perfeita tradução de seu intérprete. Poucos dias depois, Cazuza foi internado num hospital do Rio com 42 graus de febre. Diagnóstico: infecção bacteriana. O resultado do teste HIV, que ele exigiu fazer, deu negativo. Mas naquela época os exames ainda não eram muito precisos. Gravou o segundo álbum no último semestre de 1986. “Só Se For A Dois” acrescentou novos sucessos à sua carreira, a começar pela
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canção-título; mas a música que estourou mesmo foi "O nosso amor a gente inventa (estória romântica)". A essa época, contudo, ele já sabia que estava com AIDS. Antes da nova turnê, tinha adoecido e feito um novo exame. Prostrou-se? Que nada. Redobrou suas forças, não se entregou, continuou sonhando e entrou na fase mais sublime de sua carreira. A doença que fragilizava seu corpo não era capaz de conter a sua enorme vontade de clamar por um país decente e justo e pela vida. Mostrando respeito aos seus fãs declarou publicamente num ato de extrema coragem ser portador do HIV. Em outubro de 1987, Cazuza foi levado pelos pais para Boston, nos Estados Unidos. Lá, passou quase dois meses críticos. Ao voltar, gravou o disco "Ideologia" no início de 1988, um ano marcado pela estabilização de seu estado de saúde e pela sua definitiva consagração artística. O disco vendeu meio milhão de cópias. Na contracapa, mostrou um Cazuza mais magro por causa da doença, com um lenço disfarçando a perda de cabelo em função dos remédios. No seu conteúdo, um conjunto denso de canções expressou o processo de maturação do artista. O show, intitulado com o mesmo nome do álbum, viajou o Brasil de norte a sul, virou programa especial da TV Globo e disco. Lançado no início de 1989, "Cazuza ao vivo - o tempo não pára" chegou ao índice de 560 mil cópias vendidas. Em 1989, a doença já o fazia definhar. O seu último disco, “Burguesia”, foi gravado com o cantor numa cadeira de rodas e com a voz nitidamente mais fraca. Em outubro do mesmo ano, depois de quatro meses a base de um tratamento alternativo em São Paulo, Cazuza parte novamente para Boston, onde ficou internado até março de 1990. Seu estado já era muito delicado e, àquela altura, não havia muito mais o que fazer. Lutou! Deixou este mundo em julho de 1990 e foi pra outras bandas aprender mais. O enterro aconteceu no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Sua sepultura está localizada próxima às de astros da música brasileira como Carmen Miranda, Ary Barroso, Francisco Alves e Clara Nunes. Sua mãe hoje comanda uma Instituição que acolhe crianças com HIV oferecendo tratamento, educação, alimentação e moradia. É ela também quem distribui remédios e cestas básicas entre soropositivos adultos e carentes. Tudo isso com os direitos autorais do filho, que renasce a cada dia no sorriso de cada criança da "Sociedade Viva Cazuza". E para quem se consagrou como símbolo de sua geração, fica a gratidão dos que perceberam em Cazuza e em suas composições, a coragem de nadar contra a maré, de viver intensamente e de acreditar nos sonhos.
dezembro 2010
Não Vou Mentir
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Música
50 anos de reinado criandoacasos.wordpress.com
blogna.tv
A criança Michael no início da sua carreira
O passo do Rei
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Michael em sua terceira passagem pelo Brasil
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Não Vou Mentir
dezembro 2010
N
Evellyn Lima
o fim da década de 60, da união de cinco irmãos e da ambição de um pai, surge em Gary, o Jackson Five. Aos 11 anos, compondo esse gupo, Michael Joseph Jackson já demonstrava traços de realeza. O menino-homem, cresceu e amadureceu (talvez),mas mesmo sendo Rei, o Rei do Pop nunca abandonou a infância que talvez não teve a oportunidade de viver devido às atribuições que uma majestade possui, por isso, viveu parte de sua vida na Terra do Nunca, seu refúgio, abrigo e mundo encantado. Michael, não era um cantor, era um artista. Completo. Cantor, compositor, dançarino, ator, multiinstrumentista, produtor, empresário, filantropo e humanitário. No início da juventude já emplacava os discos mais vendidos de todos os tempos, comçando por Off the Wall (1979), e seguindo por Thriller (1982), Bad (1987), Dangerous (1991) e HIStory (1995). Além de Rei, ele era um ícone, "O maior ícone negro de todos os tempos", cumprindo através da música e do ritmo o seu papel social, de dimunir a discriminação social, romper as barreiras e ampliar as possibilidades para raça que por anos, ele foi acusado de discirmirnar (querendo tornar-se branco), quando na verdade, o vitíligo lhe atacava e o obrigava a se desfazer da sua cor natural. Artista inovador, ousado, dedicado, estes adjetivos fizeram de Michael uma inspiração eum exemplo para os artistas contemporâneos, e mesmo depois de sua morte, influencia as produções atuais, se tornando-se assim, imortal. No início dos anos 1980, tornou-se uma figura dominante na música popular[4] e o primeiro cantor afro-americano a receber exibição constante na MTV. A popularidade de seus vídeos musicais transmitidos pela MTV, como "Beat It", "Billie Jean" e "Thriller" são creditados como a causa da transformação do videoclipe em forma de promoção musical e também de ter tornado o então novo canal famoso. Vídeos como "Black or White", "Scream", "Earth Song", entre outros, mantiveram a alta rotatividade dos vídeos de Jackson durante a década de 1990. Foi o criador de um estilo totalmente novo de dança, utilizando especialmente os pés. Com suas performances no palco e clipes, Jackson popularizou uma série de complexas técnicas de dança, como o Robot, o "The Lean" (inclinação de 45º), o famoso "Moonwalk". Seu estilo diferente e único de cantar e dançar, bem como a sonoridade de suas canções influenciaram uma série de artistas nos ramos do hip hop, pop, R&B e rock. Mas não somente as habilidade na música
fizeram daquele garoto pobre e negro, e com um pai severo, um rei. Jackson também foi um notável filantropo e humanitário, doando milhões de dólares durante toda sua carreira a causas beneficentes por meio da Dangerous World Tour, compactos voltados à caridade e manutenção de 39 centros de caridades, através de sua própria fundação. A vida de Michael, como de qualquer outro persongem histórico, também foi recheada de polêmicas e controvérsias. A mudança de sua aparência, principalmente a da cor de pele devido ao vitiligo geraram controvérsia significante a ponto de prejudicar sua imagem pública. Em 1993 foi acusado de abuso infantil, mas a investigação foi arquivada devido a falta de provas e Jackson não foi a tribunal. A ligação forte com o mundo das crianças, podendo ser confundido com uma, fez de Jackson um homeme confuso e um pouco perdido. Porém, todos esses problemas trazidos da infância com relação à sua família, principalmente ao pai, não tirou de Michael o desejo de constituir uma família e de criar seus filhos. Casou-se e foi pai de três filhos, todos os quais geraram controvérsia do público. Em 2005, Jackson foi julgado e absolvido das alegações de abuso infantil. "O maior artista de todos os tempos" ,"a pessoa mais famosa do mundo". “O Rei do Pop”, vários foram os títulos dados a esse ser humano, que não deixou sua trajetória pela terra passar em branco. O que mais surpreende nesse artista é que mesmo apesar de todas as polêmicas,todos os juldamentos, todo o burburinho em torno da sua vida pessoal não conseguiu abalar a sua arte, e em 2009, seu show cehgou ao fim, sendo ele ainda, o Rei, a Majestade do Pop. O Brasil recebeu Michael por três vezes. BrasilA primeira vez foi em setembro de 1974, quando ele tinha apenas 16 anos, com os Jackson 5.A segunda vez foi em outubro de 1993: Michael fez dois shows no Estádio do Morumbi, em São Paulo. A última vez foi em fevereiro de 1996,[20] quando ele esteve novamente no Brasil para gravar um clipe da canção They Don't Care About Us, na Favela Santa Marta do Rio de Janeiro, e realizaou gravações no Pelourinho, em Salvador. O artista e o homem se confundiram nesse ser que em quase 50 anos de existência marcou e revolucionou a maneira de fazer música em todo o planeta. Se pedófilo, ou não, se renegou sua raça ou não, essa é uma discussão que não se destaca quando se analisa a imensidão de sua obra. O corpo se foi, mas a arte vive em cada artista que nasce em todo o mundo e diz: quero ser igual ao King of Pop.
Natal... É o mês de confraternização Agradecimento pela vida Bênçãos ao filho de DEUS União, amor, reflexão! Que o bom velhinho traga um saco cheinho de paz, harmonia, fraternidade Que o gesto de ternura se es tenda de várias mãos Que ao som dos sinos O amor exploda em toda di reção! FELIZ NATAL! UM ANO NOVO DE FÉ E SUCESSO http://www.belasmensagens.com.br
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1 c 1 0 ão a r 2 a l m p u m a e j t con dese z u l e e d b a o d s l u a e s u g irem u g e s Saúde, i r e p ue q s o s o d re! o t p e m e d s a a d ç i v vale e r p z a p e a u Q . s o v i jet Plano de Fundo:imotion.com.br
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