Los Trabajos de Persiles y Sigismunda

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JosĂŠ Pedro Croft - Miguel de Cervantes

Los Trabajos de Persiles y Sigismunda

Tristan BarbarĂ editions w w w. t r i s t a n b a r b a r a . c o m








A D. PEDRO FERNÁNDES DE CASTRO, Conde de Lemos, de Andrade, de Andrade, de Villalba; Marquês de Sárria, Gentilhomem da Câmara de Sua Majestade, Presidente do Conselho Superior de Itália, Comendador da Comenda da Zarza, da Ordem de Alcântara Aquela coplas antigas, que foram celebradas no seu tempo, que começam: Posto já o pé no estribo, quisera eu que não viessem tão a propósito nesta minha epistola, porque quase com as mesmas palavras a posso começar, dizendo: Posto já o pé no estribo, já com as ânsias da morte, grande senhor, esta escrevo. Ontem deram-me a Extrema-unção e hoje escrevo esta. O tempo é pouco, as ânsias crescem, as esperanças diminuem, e, apesar de tudo isto, levo a vida sobre o desejo que tenho de viver, e queria eu pôr-lhe limite até beijar os pés de Vossa Excelência; que poderia ser fosse tanto o contentamento de ver Vossa Excelência bom em Espanha, que voltasse a dar-me vida. Mas se está decretado que eu tenha de perde-la, cumpra-se a vontade dos céus, e pelo menos saiba Vossa Excelência este meu desejo e que teve em mim um tão afeiçoado criado para o servir que quis passar ainda mais além da morte para mostrar a sua intenção. Apesar de tudo isto, como numa profecia, alegro-me com a chegada de Vossa Excelência, regozijo-me por vê-lo apontar com o dedo e realegro-me por terem saído verdadeiras as minhas esperanças, dilatadas na fama dos favores de Vossa Excelência. Ainda me restam na alma certas relíquias e sinais de “Las Semanas del Jardín” e do famoso “Bernardo”. Se felizmente, por boa sorte minha (que já não seria sorte, mas milagre), me desse o céu vida, há-de vê-las, e com elas o fim de “La Galatea”, de que sei Vossa Excelência como pode. De Madrid, dezanove de Abril de mil e seiscentos e dezasseis. Criado de Vossa Excelência, Miguel de Cervantes


Nisto chegámos à ponte de Toledo e eu entrei por ela e ele afastou-se para entrar pela de Segóvia. O que se dirá do que me acontecer, terá a fama cuidado, meus amigos a vontade de dizê-la e eu maior vontade de escutá-la. Voltei a abraçá-lo, tornou a oferecer-se-me, e esporeou a sua burra e deixou-me tão mal disposto como ele ia montado na sua burra, a quem dera excelente motivo à minha pluma para escrever uma graças, mas nem todos os tempos são iguais: tempo virá, talvez, em que, atando este fio quebrado, eu diga o que me falta aqui e que sei era conveniente. Adeus, graças; adeus, gentilezas; adeus, alegres amigos; que eu estou a morrer e a desejar ver-vos sem demora na outra vida!



Os trabalhos de Persiles e Sigismunda


Levantaram remoinhos as águas, pelejaram uns com os outros os ventos contrários, afogaram-se os bárbaros, saíram os troncos do prisioneiro atado para o mar livre, passavam-lhe as ondas por cima, não somente impedindo-o de ver o céu, mas negando-lhe o poder pedir compaixão da sua desventura.

– Sem dúvida alguma o mar está manso e a borrasca quieta, pois me chamaram para fazer de mim a desgraçada entrega. Fica com Deus, quem quer que sejas, e os céus te livrem de ser entregue para que os pós de teu abrasado coração testemunhem esta vaidade e impertinente profecia, que assim estes insolentes moradores desta ilha buscam corações para abrasar, como donzelas que guardar para o que procuram.

Pouco menos de uma milha chegava a nave à ilha, quando, disparando toda a artilharia, que ela trazia abundante e pesada, lançou o esquife à água e, entrando nele Arnaldo, Taurisa e Periandro, e outros seis marinheiros, puseram numa lança um pano branco, sinal de que vinham em paz, como é costume em quase todas as nações da terra. E o que nesta lhes sucedeu no capítulo seguinte se conta.



“Seis dias e seis noites andei desta maneira, confiando mais na benignidade dos céus que na força dos meus braços, os quais, já cansados e sem nenhum vigor do esforço continuo, abandonaram os remos, que tirei dos toletes e pus dentro do barco, para voltar a servir-me deles quando o mar o consentisse ou as forças me ajudassem. Deitei-me ao comprido de costas na barca, fechei os olhos e no segredo do meu coração não ficou santo no céu a quem eu não evocasse em minha ajuda. E no meio desta dificuldade, e no meio desta necessidade – coisa difícil de acreditar – sobreveio-me um sono tão pesado que, apagando-me o sentimento dos sentidos, adormeci (tais são as forças do que pede e precisa a nossa natureza); mas no sonho a imaginação manifestava-me mil géneros de mortes medonhas, mas todas na água, e em algumas delas parecia-me que lobos me comiam e feras me despedaçavam, de modo que, adormecido e acordado, a minha vida era uma morte adiada.



Está à espera, digo, que entrem os irmãos do seu esposo, se os tiver, e alguns dos seus parentes mais chegados, um por um, para colher as flores do seu jardim e manusear os raminhos que ela gostaria de guardar intactos para o seu marido. Costume bárbaro e maldito que vai contra todas as leis da honestidade e dos bons costumes. Porque, – que dote mais rico pode levar uma donzela do que sê-lo, ou que pureza pode ou deve agradar mais ao esposo que a que a mulher leva ao seu poder na sua virgindade? A honestidade anda sempre acompanhada pela vergonha e a vergonha pela honestidade. E se uma ou a outra começam a desmoronar-se e a perder-se, todo o edifício da formosura cairá em terra, e terá um preço baixo e asqueroso. Muitas vezes eu tinha tentado persuadir o meu povo a deixar este estranho costume; mas, mal o tentava, logo recebia na boca mil ameaças de morte, onde vim a verificar aquele antigo provérbio que vulgarmente se diz: o costume é uma outra natureza, e mudá-lo sente-se como a morte.



O que se há-de entender disto de transformar-se em lobos e que há uma doença a que os médicos chamam mania lupina, que é de qualidade tal que a quem dela padece parece-lhe que se transformou em lobo, e uiva como um lobo, e se junta com outros feridos pelo mesmo mal, e andam em manadas pelos campos e pelos montes, ora ladrando como cães, ora uivando como lobos; despedaçam as árvores, matam aqueles que encontram e comem a carne crua dos mortos, e hoje sei que há na ilha da Sicília, que é a maior do mar Mediterrâneo, pessoas deste género, a quem os sicilianos chamam lobos menor, os quais, antes que lhe dê tão pestifera doença, o sentem, e dizem a quem está perto deles que se afaste e fuja deles, ou que os amarrem ou prendam, porque se não os fecham fazem-nos em pedaços com dentadas e os retalham, se puderem, com as unhas, dando terríveis e medonhos ladridos.




Ia o sol neste momento a pôr-se nos braços de Tétis, e o mar estava com a mesma tranquilidade que até ali tivera; soprava favoravelmente o vento; em parte nenhuma se descobriam nuvens de variadas cores que perturbassem os marinheiros; o céu, o mar, o vento, todos juntos e cada um por si, prometiam uma felicíssima viagem, quando o prudente Maurício disse em voz perturbada e alta: – Sem dúvida que nos afogamos! Afogamo-nos sem dúvida!


CAPÍTULO SEGUNDO DO SEGUNDO LIVRO: Onde se conta um estranho acontecimento Parece que o virar da nave virou, ou para melhor dizer, perturbou o juízo do autor desta história, porque a este segundo capítulo ele deu quatro ou cinco princípios, quase como a duvidar que fim nele tomaria. Enfim, decidiu-se, dizendo que as ditas e as desditas costumam andar tão juntas, que talvez não haja um meio que as divida; andam o pesar e o prazer tão juntos um com o outro, que talvez não haja um meio que os separe; andam o pesar e o prazer tão juntos que é ingénuo o triste que se desespera e o alegre que confia, como o dá facilmente a entender este estranho acontecimento.



Cíntia, se desenganos não são parte para recobrar liberdade perdida, solta as rédeas à dor, liberta a vida, que não é valor nem honra o não queixar-te. E o tão nobre ardor que, parte a parte, tua livre vontade tem rendida, será de teu silêncio o homicida quando penses por ele eternizar-te. Saia já com a lânguida alma fora a enferma voz, que é força e é cordura dizer a língua o que à alma toca. Da queixa fica a gente sabedora quão alta foi de amor tua temp’ratura, pois sinais saíram da tua boca.



Estas revoluções, planos e enredos amorosos andavam no palácio de Policarpo e no peito dos perturbados amantes: Auristela ciumenta, Sinforosa enamorada, Periandro perturbado e Arnaldo obstinado; Maurício fazendo propósitos de voltar à sua terra contra a vontade de Transila, que não queria voltar à presença de gente tão inimiga dos bons costumes como a da sua terra; Ladislau, seu esposo, não ousava nem queria contradizê-la; António, o pai, morria por ver-se com seus filhos e sua mulher em Espanha, e Rutílio em Itália, sua pátria.



Uma das definições do homem é dizer que é um animal que se ri, porque somente o homem se ri, e não qualquer outro animal; e eu digo que também se pode dizer que é um animal chorão, um animal que chora; e assim como pelo muito riso se descobre a pouca inteligência, pelo muito chorar a pouca reflexão. Por três coisas é lícito que chore o varão prudente: uma, por ter pecado; a segunda para alcançar o perdão do pecado; a terceira por estar ciumento: as outras lágrimas não ficam bem num rosto grave.



Não me atrevi a fiar-me na minha língua tanto como na minha pluma, nem sequer dela fio seja o que for, pois não pode escrever nada que seja importante aquele que por momentos está à espera da morte. Agora venho conhecer que nem todos os sensatos sabem dar conselhos em todos os casos; aqueles, sim, que têm experiência nos casos em que se lhes pede conselho. Perdoa-me, que não admito o teu por parecer-me que não me conheces ou que te esqueceste de ti mesma;



Rutílio acabando de rasgar o papel que escrevera a Policarpa, e Clódio dobrando o seu para guardá-lo no peito; Rutílio, arrependido do seu louco pensamento, e Clódio satisfeito com a sua habilidade e ufano do seu atrevimento; mas o tempo passará e chegará o momento em que ele daria, para não tê-lo escrito, metade da sua vida, se é que as vidas podem dividir-se.



Ao alcanรงar terra, o marinheiro viu que um pequeno rio por uma pequena boca entrava a dar ao mar o seu tributo. Faziam-lhe sombra numa e noutra margem grande quantidade de verdes e copadas รกrvores, a que serviam de cristalinos espelhos as suas transparentes รกguas.



“Isto, senhores – prosseguiu minha irmã –, é, como eu já disse, uma ordem do céu, e uma resolução não casual, mas própria destes venturosos desposados, como mostra a alegria dos seus rostos e o sim que pronunciam as suas línguas”. Abraçaram-se os quatro, e com este gesto todos os circunstantes aprovaram a sua troca, e confirmaram, como eu disse, ser sobrenatural o entendimento e beleza de minha irmã, pois assim trocara aqueles casamentos quase celebrados com somente tê-lo mandado.



“A infeliz fortuna nunca melhorou com a ociosidade nem com a preguiça; nos ânimos enfraquecidos nunca teve lugar a boa sorte; nós mesmos fabricamos a nossa felicidade, e não há uma alma que não seja capaz de erguer-se ao seu assento; os cobardes, ainda que nasçam ricos, são sempre pobres, como os mendigos são avaros. Digo-vos isto, oh meus amigos!, para vos animar e incitar a que melhoreis a vossa sorte, e para que deixeis o pobre enxoval de umas redes e de uns frágeis barcos, e busqueis os tesouros que têm em si encerrados o generoso trabalho; chamo generoso ao trabalho que se ocupa de coisas grandes.



Chegando-nos mais perto, vi nele um dos mais estranhos espectáculos do mundo: vi que pendentes dos mastros e dos cabos, vinham mais de quarenta homens enforcados; e caso admirou-me e, abordando o navio, os meus soldados saltaram para dentro dele, sem que ninguém o impedisse. Acharam a coberta cheia de sangue e de corpos de homens semivivos, uns com as cabeças rachadas e outros com as mãos cortadas; um vomitava sangue, outro vomitava a alma; este gemendo dolorosamente e aquele gritando sem nenhuma resignação. Esta mortandade e destroço apresentava sinais de ter sido uma sobremesa, porque os manjares nadavam entre o sangue, e os copos misturados com ele ainda cheiravam a vinho.






LIVRO TERCEIRO DE OS TRABALHOS DE PERSILES E SIGISMUNDA HISTÓRIA SETENTRIONAL CAPÍTULO PRIMEIRO DO TERCEIRO LIVRO Como as nossas almas estão sempre em contínuo movimento, e não podem parar nem sossegar senão no seu centro, que é Deus, para quem foram criadas, não é maravilha que os nossos pensamentos mudem: que este se agarre, aquele se separe, um insista e outro se esqueça; e o que mais perto andar do seu sossego, esse será o melhor, quando não se enrede com um erro de inteligência.


Apesar disso, foram ao templo que dizia, e viram a capela e a pedra sobre a qual estava escrito em português este epitáfio, que leu quase em castelhano António pai, que dizia assim: AQUI JAZ VIVA A MEMÓRIA DO JÁ MORTO MANUEL DE SOUSA COUTINHO, CAVALHEIRO PORTUGUÊS, QUE SE NÃO FOSSE PORTUGUÊS, AINDA SERIA VIVO. NÃO MORREU ÀS MÃOS DE NENHUM CASTELHANO, MAS ÀS DO AMOR, QUE TUDO PODE; PROCURA SABER A SUA VIDA E INVEJARÁS A SUA MORTE, PASSAGEIRO.




Dali foram a casa de um famoso pintor, onde Periandro ordenou que, numa grande tela, lhe pintasse os principais factos da sua história: A um lado pintou a Ilha Bárbara a arder em chamas, e ali a ilha da prisão, e um pouco mais desviado a balsa ou jangada onde o achou Arnaldo quando o levou para o seu navio; noutra parte estava a ilha Nevada, onde o enamorado português perdeu a vida; depois a nave que soldados de Arnaldo furaram com um trado; ali junto pintou a separação do esquife e da barca; ali mostravase o desafio dos enamorados de Taurisa e a sua morte; aqui estavam a serrar pela quilha a nave que servira de sepultura a Auristela e aos que com ela vinham; acolá estava a agradável ilha onde em sonhos Periandro viu os dois esquadrões de virtudes e vícios; e ali, junto à nave os peixes náufragos, pescaram os dois marinheiros e deram-lhes sepultura no seu ventre. Não se esqueceu de pintar verse empedrados no mar gelado, o assalto e o combate do navio, nem o entregar-se a Cratilo; pintou também a temerária corrida do poderoso cavalo, cujo susto o transformou de leão em cordeiro; que os tais com um assombro se amansam; pintou, como num esboço e num estreito espaço, as festas de Policarpo, coroando-se a si mesmo como vencedor; com decisão, não ficou uma passagem importante que não concorresse para a sua história, que ali não pintasse, até pôr a cidade de Lisboa e o seu desembarque no mesmo trajo em que tinham vindo; também se viu no mesmo quadro arder a ilha de Policarpo, Clódio traspassado com a seta de António e Cenótia pendurada num mastro; pintou-se também a ilha das Ermitas e Rutílio com aparências de santo.


– A minha peregrinação é a que costumam fazer alguns peregrinos, quero dizer, que sempre é a que mais perto lhes convém contar para desculpar a sua ociosidade; e assim parece-me que será bem dizer-vos que agora vou à grande cidade de Toledo, visitar a devota imagem do Sacrário, e dali irei ao Menino da Guarda, e desviando-me como um falcão norueguês me entreterei com a santa Verónica de Jaén, até fazer tempo para chegar ao último domingo de Abril, em cujo dia se celebra nas entranhas da Serra Morena, a três léguas da cidade de Andújar, a festa de Nossa Senhora da Cabeça, que é uma das festas que em todo o espaço conhecido da terra se celebra.



Ao que respondeu Cobeño: – O delito já se vê, pois sendo varão anda vestido de mulher; e não de uma mulher qualquer, mas de criada de sua Majestade, em suas festas; para que vejais, alcaide Tozuelo, se é insignificante a culpa. Receio que minha filha Cobeña ande metida nisto, porque estes vestidos de vosso filho me parecem seus, e não gostaria que o diabo fizesse das suas, e, sem o nosso conhecimento, os juntasse sem as bênçãos da Igreja; que já sabeis que estes casórios feitos sem que ninguém o saiba, na sua maior parte deram naquilo que nós sabemos, e dão de comer aos do tribunal clerical, que leva os olhos da cara.




A história, a poesia e a pintura simbolizam entre si e parecem-me tanto, que quando escreves histórias, pintas, e quando pintas, compões. Nem sempre vai num mesmo peso a história, nem a pintura pinta coisas grandes e magníficas, nem a poesia conversa sempre pelos céus. Baixezas admite a história; a pintura, ervas e giestas nos seus quadros, e a poesia talvez se engrandeça ao cantar coisas humildes.


Longe nos encontramos de nossas terras, não conhecidos de ninguém nas alheias, sem apoio que sustente a hora dos nossos desgostos. Não digo isto porque me falte o ânimo para suportar todas as do mundo, como se estou contigo, mas digo-o porque qualquer necessidade tua me há-de tirar a vida. Até aqui, ou pouco menos que até aqui, padecia a minha alma em si só; mas daqui em diante padecerei nela e na tua, embora eu tenha dito mal em separar estas duas almas, pois não são mais que uma.



Com efeito, em frente do templo de S. Paulo, a meio da do campo raso, a feia morte saiu ao encontro do galhardo Persiles e fê-lo cair em terra, e enterrou Magsimino, o qual, ao ver-se prestes a morrer, com a mão direita pegou na esquerda de seu irmão e aproximou-a dos olhos, e com a sua esquerda pegou-lhe na direita e juntou-a com a de Sigismunda, e com voz perturbada e respiração mortal e cansada disse: – Da vossa honestidade, verdadeiros filhos e meus irmãos, creio que entre vós está isto por saber. Aperta, oh irmão!, estas pálpebras e fecha-me estes olhos num sono perpétuo, e com essoutra mão aperta a de Sigismunda, e sela-a com o sim que quero que lhe dês de esposo, e sejam testemunhas deste casamento o sangue que estás a derramar e os amigos que te rodeiam. O reino de teus pais te resta; herdas o de Sigismunda; procura ter saúde e goza-os anos infinitos. Estas palavras, tão ternas, tão alegres e tão tristes, avivaram os espíritos de Persiles, e, obedecendo à ordem de seu irmão, estreitando-o a morte, com a mão fechou-lhe os olhos, e com a língua, entre triste e alegre, pronunciou o sim e a Sigismunda deu-lhe o de ser seu esposo. Fez o sofrimento da imprevista e dolorosa morte nos presentes o seu efeito e começaram a ocupar o ar os suspiros e a regar o solo as lágrimas.



Persiles depositou seu irmão na igreja de S. Paulo, recolheu todos os seus criados, voltou a visitar os templos de Roma, acarinhou Constança, a quem Sigismunda deu a cruz de diamantes e acompanhou-a até deixá-la casada com o conde seu cunhado. E tendo beijado os pés do Pontífice, sossegou o seu espírito e cumpriu o seu voto, e viveu na companhia de seu esposo Persiles até que bisnetos lhe prolongaram os dias, pois os viu na sua longa e feliz posteridade. FIM





Los párrafos del libro y la compaginación los han escogido Manuel Rosa y José Pedro Croft. Los grabados en aguafuerte, punta seca y fotograbado los realizó el artista en los Talleres Calcográficos Joan Barbarà y su estampación por Toni Alvarez y Virgilio Barbarà. Oriol Treserras y Xavier Todó estamparon en serigrafia los textos en su Taller artesanal Vallirana en Adobe Garamond, cuerpo 22. Todo ello en papel Michel de Arches, de 260 gr Además un estuche en tela hecho expresamente recoge el libro y fué elaborado por Bindertécnica. También se ha estampado una suite de cada uno de los grabados de una edición de 15 ejemplares de los que 12 ejemplares se numeran del 1/12 al 12/12 y 3 ejemplares Hors Commerce se numeran del H.C.1/3 al H.C. 3/3. Cada uno de ellos va firmado por el autor. Todo ello siguiendo una antigua tradición. Barcelona, 2013.


De los Cuatro Libros de la novela de Miguel de Cervantes Los Trabajos de Persiles y Sigismunda, se han escogidos unos párrafos para ilustrarlos José Pedro Croft con 12 grabados originales y 9 fotograbados. Se ha realizado una edición limitada a 39 ejemplares, de los que 36 libros van numerados del 1/36 al 36/36 y 3 libros van numerados del H.C. 1/3 al H.C. 3/3. Cada uno de los libros van numerados y firmados por el artista en la justificación de tiraje y en el grabado número cinco y el fotograbado número diecisiete. Tristan Barbarà editions, Barcelona, 2013.

Este libro de bibliófil nace del proyecto de Manuel Rosa en editar para las Ediciones Sistema Solar, del libro de Cervantes traducido al portugués por la autoría de José Bento y va acompañado con imágenes de los grabados originales de Josè Pedro Croft.




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Los Trabajos de Persiles y Sigismunda

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