14 minute read

Educación, infancia y juventud en el contexto general de acciones del NPD- Araguaia

Autores: Gilson Moraes da Costa1 Maurício da Silva Guedes2, Gabriel Dias Brito3

1. Doctor en Estudios Culturales Contemporáneos. Profesor adjunto del ICHSCUA-UFMT. Coordinador de NPD Araguaia. gilson.costa@ufmt.br

Advertisement

2. Doctor en Ciencias por la UFMG. Profesor adjunto del ICHS-CUA-UFMT. Correo electrónico: mausguedes@ufmt.br

3. Estudiante del Curso de Letras de la UFMT - Campus Universitario de Araguaia. Correo electrónico: gabriel_mitico@hotmail.com El Núcleo de Producción Digital (NPD) fue fundado en la Universidad Federal de Mato Grosso en 2014, en sociedad entre la institución y el entonces Ministerio de Cultural. Con sede en el Campus Universitario Araguaia, en el municipio de Barra do Garças-MT, el Núcleo se configuró como un parteaguas en el escenario de la producción y difusión audiovisual en la región. Como parte de sus primeras acciones, se creó el Circuito Exibidor do Araguaia, formado por 10 cineclubes distribuidos entre los municipios del medio Araguaia y que brinda una intensa cadena de exhibición de obras audiovisuales independientes y educativas, a partir de alianzas con escuelas4, secretarías municipales de cultura y educación. También se logró implementar espacios de exhibición en tres pueblos indígenas, dos de la etnia xavante y uno de la etnia boe-bororo. La acción del cineclub estuvo siempre acompañada de talleres y cursos de formación que abarcaron toda la cadena de producción audiovisual, como guión, fotografía e iluminación para cine y vídeo, edición de imagen y dirección. Por principio, el proceso de formación brindado por las acciones del NPD siempre tuvo como público objetivo a profesionales locales, estudiantes de secundaria, universitarios, artistas y amantes del séptimo arte. Por otro lado, las pro-

oportunizando uma intensa cadeia de exibição de obras audiovisuais independentes e educativas, a partir de parcerias com escolas, secretarias municipais de cultura e educação. Também foi possível a implementação dos espaços de exibição em três aldeias indígenas, sendo duas da etnia xavante e uma da etnia boe-bororo. A ação cineclubista sempre esteve acompanhada com a realização de oficinas e cursos de capacitação, perpassando toda a cadeia produtiva do audiovisual, como roteiro, fotografia e iluminação para cinema e vídeo, edição de imagens e direção. Por princípio, o processo de formação oportunizado pelas ações do NPD sempre teve como público-alvo os profissionais locais, estudantes do ensino médio, universitários, artistas e os amantes da sétima arte. Por outro lado, as produções realizadas e apoiadas pelo Núcleo compõem um diversificado portfólio com documentários que discutem a região, problematizam questões sociais e exaltam sua riqueza cultural, ambiental e étnica. A participação de profissionais e também da população local é outra forte característica dos filmes produzidos pelo NPD-Araguaia, impactando, inclusive, em aspectos econômicos, e propiciando geração de renda, qualificação profissional e empregos temporários, além de oferecer uma relevante divulgação, em telas nacionais e internacionais, da exuberância natural da região, com suas praias, serras, cachoeiras e mistérios sobrenaturais.

Nesse contexto de ações, o NPD-Araguaia vem consolidando uma trajetória de trabalho que atesta o seu

4. Alguns dos municípios que fizeram parte da formação inicial do Circuito Exibidor do Araguaia foram: General Carneiro (MT), Araguaiana (MT), Barra do Garças (MT), Pontal do Araguaia (MT) e Baliza (GO). Desde o início da pandemia, as atividades foram suspensas e estão em fase de retomada. Em muitas dessas exibições os professores vislumbram, nas obras audiovisuais, um espaço privilegiado para discussão de questões transversais que podem ser discutidas em diferentes disciplinas, como meio ambiente, diversidade étnica e cultural, questões de gênero, história da região do Araguaia, dentre outros.

En muchas de estas exposiciones, los profesores visualizan, en las obras audiovisuales, un espacio privilegiado para la discusión de temas transversales que pueden ser debatidos en diferentes disciplinas, como el medio ambiente, la diversidad étnica y cultural, las cuestiones de género, la historia de la región de Araguaia, entre otros.

ducciones realizadas y apoyadas por el Núcleo conforman un portfolio diversificado con documentales que abordan la región, problematizan cuestiones sociales y exaltan su riqueza cultural, ambiental y étnica. La participación de profesionales y pobladores locales es otro punto fuerte de las películas producidas por NPD-Araguaia, hecho que impacta incluso en aspectos económicos, propiciando generación de ingresos, calificación profesional y empleos temporales, además de la pertinente difusión en las pantallas nacionales e internacionales, de la exuberancia natural de la región, con sus playas, montañas, cascadas y misterios sobrenaturales.

En este contexto de acciones, el NPD-Araguaia viene consolidando una trayectoria de trabajo que da fe de su compromiso con la educación, la cultura y la profesionalización, en su interfaz con el campo audiovisual, siempre priorizando grupos sociales vulnerables y económicamente desfavorecidos, como pueblos indígenas y campesinos. En lo que respecta a los niños y jóvenes, cabe mencionar que las exposiciones que se brindan en el ámbito del Circuito Exibidor do Araguaia acogen, como público mayoritario, a alumnos de enseñanza básica de las escuelas municipales, socias del Proyecto, configurándose como un importante lugar de encuentro entre la educación y el cine. En muchas de estas exposiciones, los profesores visualizan, en las obras audiovisuales, un espacio privilegiado para la discusión de temas transversales que pueden ser de-

4. Algunos de los municipios que formaron parte de la formación inicial del Circuito Exibidor do Araguaia fueron: General Carneiro (MT), Araguaiana (MT), Barra do Garças (MT), Pontal do Araguaia (MT) y Baliza (GO). Desde el inicio de la pandemia, las actividades han sido suspendidas y se encuentran en fase de reanudación.

compromisso com a educação, a cultura e a profissionalização, em sua interface com o campo do audiovisual, sempre priorizando grupos sociais vulneráveis e economicamente desfavorecidos, como povos indígenas e os moradores do campo. No que tange ao público infanto-juvenil, vale ressaltar que as exibições propiciadas no âmbito do Circuito Exibidor do Araguaia acomodam, como público majoritário, estudantes do ensino fundamental das escolas municipais parceiras no Projeto, configurando-se como um importante lugar de encontro entre a educação e o cinema. Em muitas dessas exibições os professores vislumbram, nas obras audiovisuais, um espaço privilegiado para discussão de questões transversais que podem ser discutidas em diferentes disciplinas, como meio ambiente, diversidade étnica e cultural, questões de gênero, história da região do Araguaia, dentre outros.

Como uma de nossas experiências mais recentes, executadas na dimensão da relação entre infância, juventude, educação e audiovisual, destacamos a participação do Núcleo como apoiador e parceiro de uma atividade desenvolvida no âmbito da disciplina Educação no Campo, do curso de Licenciatura em Letras da Universidade Federal de Mato Grosso - Campus Araguaia, a qual teve como uma de suas materialidades a produção de um documentário refletindo sobre a realidade educacional das crianças e jovens do Vale dos Sonhos, Distrito do município de Barra do Garças - MT, e as potencialidades do audiovisual como instrumento para conquista da cidadania.

Através da apropriação e uso das potencialidades do audiovisual, em especial da narrativa documental, a iniciativa buscou, de um lado, dar visibilidade à experiência educacional de crianças e adolescentes rurais reivindicando a dimensão da cidadania para esse grupo; de outro lado, visava possibilitar aos acadêmicos envolvidos a interação com diferentes realidades e sujeitos, ampliando o seu papel como agente social.

Para o documentário, foram entrevistados sete estudantes com idade entre 11 e 15 anos, a maioria do sexo feminino, todos residentes na zona rural (filhos de funcionários de fazendas ou de trabalhadores rurais assentados) e que utilizam diariamente o transporte escolar para estudarem no Centro Municipal de Educação Básica Castro Alves, situado no Distrito de Vale dos Sonhos. Os estudantes oriundos da zona rural representavam mais da metade dos alunos dessa escola. A jornada de muitos desses estudantes se inicia por volta de 03h30 da manhã, quando acordam para se prepararem e pegar o ônibus escolar. De fazenda em fazenda, cortando assenta-

batidos en diferentes disciplinas, como el medio ambiente, la diversidad étnica y cultural, las cuestiones de género, la historia de la región de Araguaia, entre otros.

Como una de nuestras experiencias más recientes, llevada a cabo en la dimensión de la relación infancia, juventud, educación y audiovisual, destacamos la participación del Núcleo como impulsor y colaborador de una actividad desarrollada en el ámbito de la disciplina Educación en el Campo, del curso de Licenciatura en Letras de la Universidad Federal de Mato Grosso - Campus Araguaia, que tuvo como una de sus materialidades la producción de un documental que reflexiona, no solo sobre la realidad educativa de niños y jóvenes en Vale dos Sonhos, distrito del municipio de Barra do Garças - MT, sino también sobre el potencial del audiovisual como instrumento para la conquista de la ciudadanía.

A través de la apropiación y uso del potencial audiovisual, especialmente de la narrativa documental, la iniciativa buscó, por un lado, dar visibilidad a la experiencia educativa de los niños y adolescentes rurales, reivindicando la dimensión de la ciudadanía para este grupo; por otro lado, buscaba que los estudiantes involucrados interactuaran con diferentes realidades y sujetos, ampliando su rol como agentes sociales.

mentos, o ônibus leva aproximadamente 03 horas para chegar à escola, que oferece educação infantil e ensino fundamental das 7h30 às 11h45. Depois da aula, inicia o caminho de volta para casa, com a triste constatação de que os primeiros (a acordar!) serão os últimos (a chegar em casa).

O sono, o cansaço e o escasso tempo para brincar ou exercer outras atividades típicas dessa faixa etária são as consequências mais visíveis do cotidiano desses estudantes rurais. Perguntados sobre o que mais gostam dessa experiência, a maioria dos estudantes respondeu que ir para a escola é legal porque é o lugar onde eles se encontram com os amigos e onde se desenvolvem através da aprendizagem. Muitos disseram que a parte ruim dessa experiência é o fato de ter que acordar muito cedo. Mas nem todos gostariam de ter uma escola perto de casa, justamente porque não teriam a diversidade de experiências que encontram na escola do Vale dos Sonhos. No entanto, as condições materiais não permitem uma vivência plena no ambiente escolar, uma vez que parte das atividades - principalmente os "projetos da escola" - são desenvolvidos no período da tarde.

Não bastassem as limitações e os desafios consequentes das condições objetivas, há um outro fator importante que impacta a subjetividade desses estudantes: alguns relatam a presença de falas preconceituosas de outros estudantes, que aludem, de forma jocosa, ao fato de serem da zona rural. Contudo, apesar desse olhar negativo por parte dos outros estudantes, alguns entrevistados demonstraram valorizar muito a vida local.

No cenário descrito acima, o audiovisual entra com uma proposta de se constituir como um lugar de reNo cenário descrito acima, o audiovisual entra com uma proposta de se constituir como um lugar de registro desse cotidiano, construindo uma narrativa cunhada nas histórias de vidas desses meninos e meninas que vivem em uma rotina de superação.

En este escenario, el audiovisual entra con una propuesta de constituirse como lugar de registro de esa cotidianidad, construyendo una narrativa acuñada en las historias de vida de estos niños y niñas que revelan una rutina de superación.

Para el documental fueron entrevistados siete estudiantes con edades comprendidas entre los 11 y los 15 años, en su mayoría del sexo femenino, todos residentes en zonas rurales (hijos de asalariados rurales o de trabajadores rurales asentados) y que utilizan diariamente el transporte escolar para trasladarse a estudiar al Centro Municipal de Educación Básica Castro Alves, ubicado en el Distrito del Vale dos Sonhos. Los alumnos de áreas rurales representaron más de la mitad de los estudiantes de esta escuela. El viaje de muchos de estos estudiantes comienza alrededor de las 3:30 am, cuando se despiertan para prepararse y tomar el autobús escolar. De finca en finca, atravesando asentamientos, el autobús tarda aproximadamente 3 horas en llegar a la escuela, que atiende educación inicial y primaria de 7:30 am a 11:45 am. Después de clase, emprenden el mismo camino de regreso a casa, con la triste constatación de que los primeros (¡en despertarse!) serán los últimos (en llegar a casa).

El sueño, el cansancio y el poco tiempo para jugar o realizar otras actividades propias de su edad son las consecuencias más visibles de la vida cotidiana de estos estudiantes rurales. Cuando se les preguntó qué es lo que más les gusta de esta experiencia, la mayoría de los estudiantes respondió que ir a la escuela es divertido porque es el lugar donde se encuentran con sus amigos y se desarrollan a través del aprendizaje. Muchos dijeron que lo malo de esta experiencia es el hecho de tener que madrugar mucho. Pero no a todos les gustaría tener una escuela cerca de casa, precisamente porque no tendrían la diversidad de experiencias que encontraron en la escuela de Vale dos Sonhos. Sin embargo, las condiciones materiales no permiten una vivencia plena en el ambiente escolar, ya que parte de las actividades -principalmente los "proyectos escolares"- se desarrollan por la tarde.

gistro desse cotidiano, construindo uma narrativa cunhada nas histórias de vidas desses meninos e meninas que vivem em uma rotina de superação. De outra parte, o documentário tenta possibilitar que um público externo a essa realidade possa dimensionar a complexidade das práticas educacionais em regiões periféricas do país e, mais detidamente, no interior do estado de Mato Grosso.

Esse documentário, que está na fase de montagem na sede do NPD-Araguaia, traz para o primeiro plano os desafios, as angústias e esperanças dessas crianças e adolescentes, de seus familiares e agentes educacionais envolvidos no processo. Com uma linguagem sensível e cortês, o filme torna esses atores sociais protagonistas de suas próprias histórias, ao se permitir ser conduzido pelo caminho que esculpe a vida de cada personagem. Da alvorada matutina que antecede o raiar do sol, às vias improvisadas que fazem o ônibus escolar sacolejar, as histórias vão surgindo e dando corpo à narrativa. A presença da câmera e da equipe de filmagem encoraja esses jovens ao manifesto das aspirações futuras e da pretensão pelo exercício da cidadania. Se outrora estavam anônimos entre os paredões da Serra do Roncador, diante da lente apresentam-se ao mundo na aposta de um futuro promissor calcado na conquista do direito à educação.

Neste enquadramento, delineamos o audiovisual como mecanismo de empoderamento de suas personagens e instrumento capaz de problematizar a realidade educacional das crianças e jovens do Vale dos Sonhos. Desta vez, a relação desses meninos e meninas (além de outros personagens coadjuvantes) não se deu de forma passiva como no contexto em que se aprecia uma obra audiovisual. Pelo contrário, foram eles os próprios condutores da narrativa, delimitando os contornos para diegese fílmica. Essa experiência proporciona uma outra relação com as potencialidades do audiovisual, uma vez que, na possibilidade de interrogar sobre questões da realidade concreta dos estudantes, vislumbra-se um lugar de fala, um meio em que é possível se comunicar com o mundo e compartilhar, mesmo que de forma fragmentada, os desafios a serem superados na realidade educacional de uma comunidade escolar no coração do Brasil.

Como si no fuesen suficientes las limitaciones y desafíos derivados de las condiciones objetivas, existe otro factor importante que impacta en la subjetividad de estos alumnos: algunos reportan la presencia de discursos prejuiciosos por parte de otros estudiantes, que aluden, en forma de broma, al hecho de que sean de la zona rural. Sin embargo, a pesar de esta visión negativa por parte de ciertos estudiantes, algunos entrevistados mostraron valorar mucho su vida local.

En este escenario, el audiovisual entra con una propuesta de constituirse como lugar de registro de esa cotidianidad, construyendo una narrativa acuñada en las historias de vida de estos niños y niñas que revelan una rutina de superación. Por otro lado, el documental intenta que el público ajeno a esta realidad logre comprender la complejidad de las prácticas educativas en dichas regiones periféricas del país y, más específicamente, en el interior del estado de Mato Grosso.

Este documental, que se encuentra en etapa de montaje en la sede del NPD-Araguaia, trae a la luz los desafíos, las angustias y las esperanzas de estos niños y adolescentes, de sus familias y agentes educativos involucrados en el proceso. Con un lenguaje sensible y cortés, el filme convierte a estos actores sociales en protagonistas de sus propias historias al dejarse conducir por el camino que escolta la vida de cada personaje. Desde la madrugada que precede a la salida del sol, hasta los caminos improvisados que hacen tambalearse el autobús escolar, las historias emergen y dan cuerpo a la narrativa. La presencia de la cámara y del equipo de filmación anima a estos jóvenes a manifestar sus aspiraciones y pretensiones futuras de cara al ejercicio de su ciudadanía. Si otrora fueron anónimos entre los acantilados de la Serra do Roncador es, frente a la lente que se presentan al mundo en la apuesta de un futuro prometedor basado en la conquista del derecho a la educación.

En este marco, delineamos el audiovisual como mecanismo de empoderamiento de sus personajes e instrumento capaz de problematizar la realidad educativa de los niños y jóvenes de Vale dos Sonhos. Esta vez, la relación entre estos chicos y chicas (además de otros personajes secundarios) no se dio de forma pasiva, como en el contexto en el que se aprecia una obra audiovisual. Por el contrario, fueron ellos mismos los conductores de la narrativa, delimitando los contornos de la diégesis fílmica. Esta experiencia brinda otra relación con el potencial del audiovisual, ya que, en la posibilidad de interrogar sobre cuestiones de la realidad concreta de los estudiantes, se vislumbra un lugar de discurso, un medio en el que es posible comunicarse con el mundo y compartir, aunque de manera fragmentada, los desafíos a ser superados en la realidad educativa de una

This article is from: