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3 ADAPTAÇÃO DE LINGUAGEM E SONORIZAÇÃO
from Calafrios
by Rede Código
3 ADAPTAÇÃO DE LINGUAGEM E SONORIZAÇÃO
A adaptação surge do conceito de trazer uma releitura, transformar algo préexistente, para uma linguagem diferente, levando em consideração a narrativa da obra original e assim adaptando para uma linguagem mais atual ou de acordo com a identidade do público que vai consumir o produto. (STAM, 2006)
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A teoria da adaptação tem à sua disposição, até aqui, um amplo arquivo de termos e conceitos para dar conta da mutação de formas entre mídias –adaptação enquanto leitura, re-escrita, crítica, tradução, transmutação, metamorfose, recriação, transvocalização, ressuscitação, transfiguração, efetivação, transmodalização, significação, performance, dialogização, canibalização, reimaginação, encarnação ou ressurreição. (STAM, 2006, p. 27)
Para adaptar uma obra deve-se pensar na contextualização daquele produto em outro tipo de linguagem, sendo em filme ou áudio. Na época de ouro da rádio brasileira, quando milhares de ouvintes consumiam radionovelas, as adaptações serviam para fazer com que diferentes públicos continuassem escutando e acompanhando os episódios.
E aqui nos deparamos com o segundo elemento conjuntivo presente na relação intertextual da adaptação: o fato de que ambos os textos presentes no processo de adaptação são narrativas (análise da forma do conteúdo), e sobre este aspecto conjuntivo deverá versar o capítulo que segue. (BALOGH, 2004, p. 54)
A adaptação de roteiros de outros países era comum, portanto, era corriqueiro trazer os mesmos para uma linguagem mais brasileira, transformando a obra, dependendo do horário e público, mais romântica, mais dramática, ou qualquer tipo de gênero mais aceito pelo público.
Em filmes as adaptações ocorrem pensando além do diálogo e de como a história é contada, deve ser levado em consideração o visual da história e como manter a atenção nos detalhes da trama, com efeitos visuais e cenas marcantes. Se ocorresse de uma obra ser adaptada para dois tipos de linguagens diferentes, áudio (podcasts, audiodramas, etc) ou visual (filmes, séries, curtas, etc), a linguagem da obra original teria que ser apresentada diferentes nos dois meios, para que o público consiga se conectar de formas diferentes e ter experiências distintas da obra.
As adaptações que são objeto deste livro se inserem precisamente nesta terceira tipologia. Este processo pressupõe a passagem de um texto caracterizado por uma substância da expressão homogênea - a palavra para um texto no qual convivem substâncias da expressão heterogêneas, tanto no que concerne ao visual, quanto no que concerne ao sonoro. (BALOGH, 2004, p. 48)
Com a ascensão dos podcasts e do mercado de produtos de linguagem radiofônica, as adaptações de obras literárias para audiolivros e podcasts semanais como séries aumentou muito. O século XX trouxe novos meios que a geração atual consome produtos audiovisuais, com a necessidade de fazer mais atividades ao mesmo tempo, o podcast abriu caminhos para que o audiolivro, que já exista como um meio de deficientes visuais pudessem consumir literatura sem o sistema braile, fosse visto de outras maneiras, como consumir mais conteúdos ao mesmo tempo enquanto praticam exercícios físicos, tarefas diárias ou trabalham.
Por meio desses elementos instituídos pelos próprios consumidores é que as mensagens veiculadas na mídia são filtradas e apreendidas, todavia esse entendimento dá-se pelo grau de (re)leitura que estes indivíduos possuem, levando em consideração suas limitações e seus horizontes sociais. (CORREIA; OLIVEIRA, 2011, p. 6)
Os audiolivros e podcasts foram apenas o começo para a expansão da linguagem radiofônica no mercado de produtos em serviços de streaming. A adaptação de roteiros originais e obras literárias para audiodramas já acontecem a longa data. A distribuição de capítulos semanais dos audiolivros, como apresentado na introdução do projeto, se assemelha ao espectador acompanhando uma série de TV, por isso a ideia de adaptar um livro já conhecido, como o de Agatha surgiu.
Em 2022, o livro Morte no Rio Nilo de Agatha foi adaptado para um roteiro de cinema, pensando também em aproveitar do interesse do público que gostou do filme, e querem saber mais sobre a autora, o audiobook pode ser uma ponte para a apresentação de tipos diferentes de adaptações e também o conhecimento de diferentes obras realizadas pela a autora.
A adaptação de linguagem seria primeiramente necessária para adaptar um texto literário para então um texto sonorizado, modificando de certos termos de linguagens que são mais comuns na linguagem textual para a linguagem sonora, e assim podendo realizar a sonorização expressiva que é o nosso objetivo com a sonorização do roteiro do livro O Misterioso Caso de Styles.
A sonorização expressiva, assim como as categorias anteriores, não prevê alterações contundentes no texto original, mas adota ferramentas sonoras de composição da informação. Assim, através de som ambiente, efeitos, silêncios, música e entonação constrói uma narrativa complexa. Além da entonação, essa categoria explora a multiplicidade de vozes para compor a interpretação e permitir o estabelecimento do diálogo entre os personagens. (LOPES; WEBER, 2012, p. 13)
Para a realização da adaptação de linguagem ser possível é preciso entender o formato da escrita do produto, por se tratar de um livro do século XX, e como adaptar em uma linguagem sonora, pensando também no palavreado atual do século XXI, e assim conseguir um diálogo mais direto com o público que consome esse tipo de mídia.
Com o nosso projeto, vamos utilizar a adaptação expressiva, visto que não mudaremos a história original, apenas o formato do livro O Misterioso Caso de Styles e do conto O Brado da Floresta, os adaptando para melhor englobar nosso público alvo.