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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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APRESENTAÇÃO

APRESENTAÇÃO

O discurso polifônico caracteriza-se dessa maneira pela presença da declaração, por meio de uma nota oficial, da Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo (SAP).

Os silêncios

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Não é falado, novamente, sobre raça na reportagem. Embora a repórter indicasse dados do Levantamento do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), exibindo os perfis das mulheres privadas de liberdade no Brasil, apenas citando números de encarceradas com doenças crônicas, gravidez e idade. Além disso, todas as fontes nomeadas para constituir a matéria são mulheres brancas.

Outros componentes

Cabe elucidar que o caso apresentado na reportagem é uma exceção ao comparar com a realidade do país. O sistema carcerário feminino no Brasil é, em sua maioria, composto de mulheres com baixo nível de escolaridade. Em contrapartida, no mercado de trabalho é exigido ensino médio completo e/ou cursos profissionalizantes, o que dificulta a reinserção de egressas no mercado de trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há 20 anos no mercado editorial, a revista Tpm foi lançada com o objetivo de contrapor as revistas femininas nacionais que existiam até então no segmento. O veículo afirma que a proposta é trazer ao público reportagens que questionam estereótipos impostos às mulheres, como a busca por padrões de beleza, além de abordar temas polêmicos e que necessitam de um debate urgente pela sociedade civil, como o encarceramento feminino. Não é possível afirmar que o público e a revista negligenciam a discussão do encarceramento feminino. No entanto, com esta análise foi possível constatar que, mesmo com esta ruptura de discursos, a Tpm ainda apresenta conceitos semelhantes ao comparar-se com as demais revistas.

A primeira reportagem analisada sobre o cárcere feminino trouxe sensibilidade a diversos assuntos, mesmo que de forma superficial, vivenciados cotidianamente por essas mulheres que sofrem repressões do Estado. Entretanto, a escolha das fontes reforça uma visão elitista da revista Tpm e a preferência pela narrativa de pessoas brancas. Como se apenas o posicionamento desses indivíduos retratasse fielmente os dilemas enfrentados na sociedade. Não é possível afirmar que o público e a revista negligenciam a discussão do encarceramento feminino. No entanto, com esta análise foi possível constatar que, mesmo com

esta ruptura de discursos, a Tpm ainda apresenta conceitos semelhantes ao comparar-se com as demais revistas.

A primeira reportagem analisada sobre o cárcere feminino trouxe sensibilidade a diversos assuntos, mesmo que de forma superficial, vivenciados cotidianamente por essas mulheres que sofrem repressões do Estado. Entretanto, a escolha das fontes reforça uma visão elitista da revista Tpm e a preferência pela narrativa de pessoas brancas. Como se apenas o posicionamento desses indivíduos retratasse fielmente os dilemas enfrentados na sociedade. Não é possível afirmar que o público e a revista negligenciam a discussão do encarceramento feminino. No entanto, com esta análise foi possível constatar que, mesmo com esta ruptura de discursos, a Tpm ainda apresenta conceitos semelhantes ao comparar-se com as demais revistas.

A primeira reportagem analisada sobre o cárcere feminino trouxe sensibilidade a diversos assuntos, mesmo que de forma superficial, vivenciados cotidianamente por essas mulheres que sofrem repressões do Estado. Entretanto, a escolha das fontes reforça uma visão elitista da revista Tpm e a preferência pela narrativa de pessoas brancas. Como se apenas o posicionamento desses indivíduos retratasse fielmente os dilemas enfrentados na sociedade. Enquanto na segunda reportagem fica mais evidente o argumento supracitado, de que a revista, apesar de propor uma interrupção aos padrões e discursos dominantes de outras revistas femininas, entra em contradição ao usar termos estereotipados que dão espaço para a objetificação das mulheres. Ademais, a escolha da fonte reforça novamente a preferência da narrativa do ponto de vista de pessoas brancas, sem considerar que justamente pela posição social, muitos problemas enfrentados por mulheres das periferias não as afetam, como a falta de assistência jurídica e à informação, por exemplo. A última notícia analisada traz um amplo panorama de como as mulheres encarceradas na Penitenciária Feminina de Sant’Ana estão vivendo durante a pandemia. Embora, ainda que publicada alguns anos depois do que as duas primeiras reportagens analisadas neste artigo, notase que a revista Tpm ainda tenha as mulheres brancas como meio de denúncia e explicação da realidade.

Conforme aponta Orlandi (2020) podemos concluir que ainda há uma relação de forças na revista Tpm, pois a sociedade foi constituída por relações hierarquizadas e, assim, ao abordar temas relevantes, como o encarceramento feminino, mas optar excessivamente pelo discurso de classes dominantes e em privilégio social, reforça que as palavras significam algo diferente do que se falasse do lugar de pessoas pretas e demais minorias sociais.

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