Quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
ESPECIAL REFORMA POLÍTICA
2015: PT prioriza reforma política com financiamento público de campanha O ano de 2104 chega a seu fim com uma sinalização importante para o futuro próximo. Mudanças no sistema político eleitoral do Brasil tornaram-se inadiáveis para estancar a sangria de recursos, provocados, principalmente, pelo modelo atual de financiamento das campanhas. Essa prática iguala, por baixo, todos os partidos políticos e reforça os lobbies e o atrelamento do poder público aos interesses privados empresariais. Pesquisas recentes mostram que as campanhas acabam sendo financiadas por um pequeno grupo de empresas, empreiteiras e bancos. Para o líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP) (SP), a presença do grande capital na política entrelaça-se com interesses pouco republicanos e levanta uma nuvem de suspeitas, de forma indiscriminada e nem sempre fundamentada nos fatos, sobre todo o mundo da política, em todas as instâncias. A mudança na forma de financiamento das campanhas está sendo debatida há mais de 20 anos no Congresso Nacional e por alguns poucos setores. Nem a imprensa, como aponta a própria Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), nem a sociedade civil, nem a maioria dos partidos políticos se deram conta da real importância da definição de regras claras para se fazer campanha política que diminuíssem ou acabassem de vez com o poder dos lobbies empresariais e, ao mesmo tempo, combatessem a corrupção provocada por esse modelo. Desde a virada do milênio, em 2000, o PT vem chamando a atenção para a importância deste debate. Várias propostas sobre a Reforma Política foram apresentadas pelo partido, que teve protagonismo no Congresso Nacional e em vários fóruns da sociedade. Para o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o financiamento privado exacerba o peso do poder econômico nas eleições e cria uma espécie de compromisso entre quem
financia e quem é financiado. E essa relação acaba se transformando em base para as seguidas denúncias de corrupção. Depois de mais uma sangria desvendada pela Operação Lava Jato e que trouxe novamente à tona a importância de se deliberar definitivamente sobre a transparência no financiamento das campanhas, o Diretório Nacional do partido, reunido em Fortaleza no fim de novembro, apontou para uma ampla mobilização em 2015 a fim de que se possa avançar e concluir essas mudanças antes das eleições de 2016. Somam-se ao PT, a CNBB, a OAB, a Fenaj, a CUT, o MST, além do PCdoB, PDT e PSB. Como pontapé para 2015, o PT elaborou uma proposta de mobilização, a ser realizada durante todo ano, com cronograma de atividades nos níveis nacional, estadual e municipal. O calendário terá início no dia 10 de fevereiro, quando o partido completa 35 anos. O documento propõe que os movimentos sociais que compõem o Plebiscito Popular ampliem os debates em vários seminários regionais. Ao discursar no encontro do Diretório Nacional do PT, a presidenta Dilma Rousseff defendeu e cobrou a realização da Reforma Política. “Nada nesse combate à corrupção construído nos últimos anos será efetivo se não realizarmos uma verdadeira Reforma Política”, enfatizou a presidenta. Dilma disse acreditar na participação popular para levar adiante a mudança e já pediu ao Congresso Nacional a aprovação de um plebiscito sobre o tema, especialmente sobre a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte Exclusiva para promover a reforma. Sua proposta tramita muito lentamente no Parlamento. Para o PT, entretanto, a pauta de 2015 está colocada. Chegou a hora de garantir a concretização das mudanças.