Livro 14º Agrocafé

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ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE CAFÉ DA BAHIA

14° AGROCAFÉ

LIVRO DE RESUMOS

XIV SIMPÓSIO NACIONAL DO AGRONEGÓCIO CAFÉ Salvador, BA, 11 a 13 de março de 2013

Salvador, BA 2013

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Simpósio Nacional do Agronegócio Café (14. : 2013 : Salvador, BA) Resumos / XIV Simpósio Nacional do Agronegócio Café, Salvador, BA, 11 a 13 de março de 2013. Salvador, BA: Associação dos Produtores de Café da Bahia, 2013. 60p. Organização: Guilherme Augusto Vieira 1.Café – Produção. 2. Agronegócio. 3. Bahia – Congresso. I. Vieira, Guilherme Augusto II. Título. CDD: 633.73

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ORGANIZADOR

Guilherme Augusto Vieira Doutorando em História das Ciências, UFBA/UFFS Coordenador da Comissão Científica XIV AGROCAFÉ Qualyagro Consultoria & Treinamento Fone: (71) 9161-2740 E-mail: guilhermevet1@hotmail.com guilherme@farmacianafazenda.com.br

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APRESENTAÇÃO

Nesta 14° Edição do nosso Simpósio, abordamos temas atuais do maior interesse do Agronegócio e particularmente do café. As alterações climáticas que estão acontecendo no mundo têm causado preocupações e prejuízos no nosso setor, sendo importante termos a noção exata do que está, e o que poderá acontecer no futuro. Outro assunto é a comprovação do efeito benéfico do consumo de café na qualidade de vida e na longevidade do ser humano.

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SUMÁRIO

Desenvolvimento e Caracterização de Soluções Filmogênicas e Embalagens de AmiDo de Mandioca Incorporados com Extrato de Café..................................................... 8 Alterações Morfológicas de Cafeeiros Associados a Diferentes Densidades de Grevíleas ........................................................................................................................... 11 Potencial Hídrico Foliar de Cafeeiros Associados com Diferentes Densidades de Plantio de Grevíleas.................................................................................................... 14 Avaliação do Rendimento de Frutos de Café Cultivado em Sistema Arborizado Por Grevíleas em Diferentes Densidades de Plantio.................................................. 17 Determinação da Cobertura do Solo por Análises de Imagens em Áreas de Cultivo de Cafezais Arborizados em Diferentes Densidades.................................................. 20 Disposição de Serrapilheira em Área de Cafeeiros Associados com Diferentes Densidades de Grevíleas............................................................................................ 23 Indicação Geográfica para os Cafés do Planalto de Vitória da Conquista................. 26 Estudo de Caso Sobre a Participação do Crédito Rural no Funding Necessário para A Produção de Café no Brasil...................................................................................... 29 Café Solúvel Brasileiro e o Aquecimento do Mercado de Robusta............................ 32 Níveis de Gestão da Qualidade na Produção Cafeeira: Estudo Exploratório.............. 35 Comparação das Variedades de Arábica do IAC entre Regiões e Tecnologias Distintas........................................................................................................................... 38 IPR 103: Cultivar de Café Arábica Rústica mais Adaptada para Regiões Quentes e Solos Pobres..........................................................................................................

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Estudo da Produção Cafeeira em Sistemas de Gestão Familiar nas Regiões De Barra do Choça e Vitória da Conquista-BA....................................................

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Desenvolvimento Reprodutivo no Subperíodo Florescimento em Cafeeiros (Coffea arábica L.) CV. Catuaí, sob Diferentes Densidades de Grevíleas............

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Alterações Morfológicas em Grevíleas Associadas em Diferentes Densidades de Plantio com Cafezais...........................................................................................

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Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA): criando oportunidades o Brasil.................................................................................................................

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Conteúdo de Água no Solo na Projeção da Copa de Cafezais sob Diferentes Densidades de Grevíleas.......................................................................................

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DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE SOLUÇÕES FILMOGÊNICAS E EMBALAGENS DE AMIDO DE MANDIOCA INCORPORADOS COM EXTRATO DE CAFÉ Lindaiá Santos Cruz1*, Luana de Oliveira Melo Naponucena1,2, Luciana Emanuela Ferreira Saraiva1,2, Aline Silva Costa1, Wagner Barbosa Bramont1, Bruna Aparecida Souza Machado1, Janice Izabel Druzian2 1

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, Alimentos e Bebidas, Avenida Dendezeiros do Bonfim, 40015006, Salvador, Bahia, Brasil 2

Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia – UFBA, Rua Barão de Geremoabo s/n, 40170290, Salvador, Bahia, Brasil

INTRODUÇÃO A oxidação é um dos fatores que mais interferem na qualidade dos alimentos e em sua vida de prateleira. A constante preocupação em oferecer aos consumidores produtos de alta qualidade, tem levado a adoção de medidas que permitem limitar o processo de oxidação, como a utilização de embalagens ativas contendo agentes antioxidantes, como o café, que é um aditivo natural (MACHADO, 2011). A fim de se amenizar os problemas ambientais causados por embalagens sintéticas temse crescido o interesse por embalagens ativas oriundas de matrizes poliméricas naturais, como o amido. O café é um alimento rico em compostos antioxidantes, como por exemplo, compostos fenólicos, incluindo flavonoides e ácidos clorogênicos. Diante de tal problemática, esse trabalho apresenta o desenvolvimento de embalagens comestíveis de amido de mandioca adicionados de extrato de café, bem como a caracterização dos mesmos quanto às propriedades de barreira e também a caracterização das soluções filmogênicas utilizadas para a preparação das embalagens. MATERIAL E MÉTODOS Os filmes foram desenvolvidos a partir do preparo de uma solução filmogênica. Essa solução foi composta por água destilada, amido de mandioca (5%), açúcar invertido (1,4%), sacarose (0,7%) e café solúvel (0,25%, 0,5%, 0,75% e 1%). As soluções foram submetidas a aquecimento até a temperatura de gelatinização do amido (70°C), em banho-maria, sob agitação constante (VEIGA-SANTOS & SCAMPARINI, 2004). Em seguida, a mistura foi mantida em repouso até resfriamento completo. Após o resfriamento, as soluções foram caracterizadas em relação à Umidade, teor de sólidos Totais e pH. Para o desenvolvimento das embalagens, pesou-se 40 g da solução em placas de Petri de polietileno. Em seguida, as placas foram levadas à estufa com circulação de ar (35°C± 2°C) para secagem do solvente. Os mesmos foram armazenados em dessecadores contendo solução de cloreto de sódio e caracterizadas quanto as propriedades de barreira (umidade e atividade de água) e teor de sólidos totais, conforme metodologia proposta por VEIGA-SANTOS & SCAMPARINI (2004). Todas as análises foram feitas em triplicata. RESULTADOS E DISCUSSÃO As soluções filmogênicas de amido de mandioca, plastificadas sacarose e açúcar invertido e aditivadas com diferentes concentrações de extrato de café, foram preparadas de acordo com a metodologia proposta por VEIGA-SANTOS & SCAMPARINI (2004), e estão apresentadas na Figura 1. A Figura 2 apresenta as embalagens de amido e aditivadas com diferentes concentrações de extrato de café, bem como, o controle. 8


C

F1

F2

F3

F4

Figura 1. Soluções filmogênicas de amido de mandioca: C (controle), F1 (0,25% de café), F2 (0,5% de café), F3 (0,75% de café) e F4 (1% de café).

C

F1

F2

F3

F4

Figura 2. Embalagens de amido de mandioca: C (controle), F1 (0,25% de café), F2 (0,5% de café), F3 (0,75% de café) e F4 (1% de café). A partir das análises de caracterização das soluções filmogênicas, observou-se que a umidade variou de 92,49 a 93,14%, enquanto que o percentual de sólidos totais, variaram de 6,86 a 7,51%, entre a formulações aditivas com extrato de café. O pH das soluções apresentaram valores bastante semelhantes. Estes resultados encontram-se apresentados na Tabela 1. Tabela 1.: Caracterização das soluções filmogênicas: U (umidade); ST (sólidos totais); pH SOLUÇÃO C F1 F2 F3 F4

U (%) 93,33±0,04 93,14±0,03 92,99±0,03 92,81±0,02 92,49±0,04

ST (%) 6,67±0,34 6,86±0,03 7,01±0,03 7,19±0,02 7,51±0,04

pH 5,33±0 4,96±0,01 4,93±0,02 4,91±0,01 4,89±0,02

Na Tabela 2 são apresentados os valores encontrados para as determinações de sólidos totais (ST), umidade (U) e atividade de água (aw) dos filmes preparados com os diferentes concentrações do aditivo natural (extrato de café) e o controle. Tabela 2: Caracterização das embalagens de amido: U (umidade); ST (sólidos totais); aw (atividade de água). Embalagens C F1 F2 F3 F4

U (%) 12,20±0,33 11,67±0,01 13,64±0,36 13,34±0,25 15,35±0,18

ST (%) 87,80±0,33 88,33±0,01 86,64±0,36 86,66±0,25 84,65±0,18

aw 0,742±0,004 0,858±0,001 0,809±0,001 0,852±0,001 0,814±0,003

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Os valores de sólidos totais para os filmes com polpa de manga variaram de 84,65 a 88,33%. Valores inferiores aos encontrados neste estudo para o teor de sólidos totais foram relatados por SANTANA et al., (2013), que incorporaram urucum como aditivo antioxidante em embalagens biodegradáveis a base de quitosana (78,94 a 79,81%). MACHADO et al., (2012) encontrou variações de 81,22% a 84,50% nos teores de sólidos totais para filmes biodegradáveis de amido de mandioca incorporados com nanocelulose como reforço e com extrato de ervamate como aditivo antioxidante, sendo estes resultados semelhantes aos encontrados neste estudo para filmes de amido aditivados com polpa de manga e acerola. Em relação ao parâmetro de umidade, foram encontrados variações de 11,67 a 15,35% para os filmes de amido incorporados com extrato de café. Alguns trabalhos na literatura descrevem a umidade de filmes biodegradáveis de quitosana (SANTANA et al., 2013) e de amido de mandioca (MACHADO et al., 2012), os quais variam de 20,19 a 21,06% e 15,50% a 18,78%, respectivamente. É estabelecido na literatura que o principal fator na estabilidade de um alimento não é a umidade, mas sim a disponibilidade da água para o crescimento de microrganismos e reações químicas. O conceito de atividade de água (aw) é universalmente adotado por pesquisadores e especialistas da área de alimentos para quantificar a disponibilidade de água presente no alimento que permita o crescimento de microrganismos e o acontecimento de reações químicas. Neste contexto, o percentual de água presente nas embalagens biodegradáveis, medida através da aw, é um parâmetro importante na utilização de um material ou biomaterial como embalagem. Produtos com aw mais baixa geralmente estão menos sujeitos à degradação por microrganismos e à alterações químicas (MÜLLER et al., 2008). Os valores de aw variaram de 0,814 a 0,858 entre as formulações, e maiores do que o controle (0,742) sendo assim considerados produtos de umidade elevada. CONCLUSÕES Concluiu-se que a adição de café nas proporções utilizadas nos filmes mantiveram próximas as propriedades de barreira dos mesmos. Os filmes comestíveis são uma boa alternativa para se minimizar os problemas ambientais, visto que podem no futuro substituir as embalagens sintéticas. A incorporação de extrato de café é viável como um aditivo natural com propriedades antioxidantes.

REFERÊNCIAS MACHADO, B. A. S. Desenvolvimento e caracterização de filmes flexíveis de amido de mandioca com nanocelulose de coco. 2011, 151 p. Dissertação (Mestrado em Ciências de Alimentos) – Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia, Salvador – BA. MACHADO, B. A. S.; NUNES, I. L.; VARGAS, F. P.; DRUZIAN, J. I. Desenvolvimento e avaliação da eficácia de filmes biodegradáveis de amido de mandioca com nanocelulose como reforço e com extrato de erva-mate como aditivo antioxidante. Ciência Rural, 2012. MÜLLER, C. M. O.; YAMASHITA, F.; LAURINDO, J. B. Evaluation of the effects of glycerol and sorbitol concentration and water activity on the water barrier properties of cassava starch films through a solubility approach. Carbohydrate Polymers, v. 72, p. 82–87, 2008. SANTANA, Maria Cecília Castelo Branco de et al. The incorporation of annatto as antioxidant additive based biodegradable packaging chitosan. Ciência Rural, 2013. VEIGA-SANTOS, P.; SCAMPARINI, A.R.P. Indicador irreversível de temperatura utilizando carboidratos. PI0403610-7 A2, patente protocolizada no INPI, 2004. *

Lindaiá Santos Cruz – lindaias@fieb.org.br

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ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DE CAFEEIROS ASSOCIADOS A DIFERENTES DENSIDADES DE GREVÍLEAS Perla Novais de Oliveira1, Sylvana Naomi Matsumoto², Luan Santos de Oliveira5, Jerffson Lucas Santos3, Lucialdo Oliveira D´arêde4, Greice Marques Barbosa4 ¹Graduanda do Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, bolsista CNPq, perla_oliveira2@hotmail.com; ²D.Sc. Professora do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB. Estrada do Bem Querer, km 4, CEP 45.083-900 - Vitória da Conquista, Bahia; 3 Graduando do curso de Agronomia da Uesb, bolsistas Fapesb; 4 Pós-Graduando do Programa de Mestrado em Fitotecnia da UESB; 5 Graduado do Curso de Agronomia da UESB. INTRODUÇÃO Coffea arabica L., pertencente à família das Rubiaceas, é originária da Etiópia, nas áreas de maior altitude, em meio às florestas tropicais, onde se desenvolve sob sombreamento, como vegetação de sub-bosque (MORAES, 2008; BRITO, 2012; MANCUSO, 2012). Segundo Lunz (2006) e Righi et al. (2007) o café possui uma elevada adaptação fenotípica, podendo ser cultivado em ambientes a pleno sol ou sombreados. A arborização na agricultura é uma técnica muito utilizada em países equatoriais para a proteção de cafezais contra as adversidades climáticas e promoção da sustentação da cultura (LUNZ, 2006). Diversos estudos estão sendo realizados visando compreender os efeitos da arborização no comportamento dos cafeeiros. Morais et al. (2003) ao estudarem o plantas de café sob sombreamento denso com guandu (Cajanus cajan L. Millsp.) e a pleno sol, avaliando características de crescimento, observaram-se maior altura dos cafeeiros, folhas maiores e com menor quantidade de matéria seca. Assim,o objetivo deste estudo foi avaliar as alterações morfológicas das plantas de café (Coffea arabica L.) associado a grevíleas (Grevílea robusta A. Cunn.) no planalto de conquista, Bahia. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido na área experimental do campo agropecuário da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, município de Vitória da Conquista – Ba, localizada a 14º 53’ Latitude Sul e 40º 48’ Longitude Oeste de Greenwich, a uma altitude de 960 metros. O ensaio foi composto por seis campos de observação definidos por diferentes espaçamentos de grevíleas nos cafezais. Os Cafeeiros da variedade Catuaí vermelho (IAC 144) foram dispostos em espaçamento 3 x 1m e as grevíleas foram plantadas em seis diferentes espaçamentos, constituindo seis variações de densidades: (T1: 6 X 6 m, 277 plantas ha-1; T2 : 6 X 12 m, 138 plantas ha-1; T3: 9 X 9 m, 123 plantas ha-1; T4: 12 X 9 m, 69 plantas ha-1; T5: 9 X 18 m, 61 plantas ha-1; T6: 18 X 18 m, 30 plantas ha-1).

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As avaliações foram feitas em períodos de dois meses em 2011/2012, totalizando 5 avaliações: setembro, novembro, janeiro, março e maio, sendo coletados dados referentes às plantas de café. Foi determinado a altura, com uma régua graduada, colocada paralelamente ao caule da planta, medindo-se o comprimento a partir do solo até a gema apical do ramo ortotrópico, e a área foliar individual, em que foram coletadas 3 folhas de cada planta do terço médio e acondicionadas em sacos plásticos previamente identificados, sendo determinada a área foliar, por meio de um integrador de área foliar de marca LI-COR (modelo 3100) Os resultados foram submetidos à análise de variância e teste F ao nível de 5% de probabilidade e análise de variância da regressão, com teste F ao nível de 10% de probabilidade. Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas, adotou-se o procedimento do software Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas, Saeg, versão 9.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi observado para todas as avaliações que maiores densidades de grevíleas condicionaram maior altura dos cafeeiros (Figura 1 A). A maior altura das plantas pode ser explicada pela diminuição no fluxo de transporte das auxinas para as raízes em ambientes sombreados, condicionando maior acúmulo deste hormônio na parte aérea (MORELLI & RUBERTI, 2002).

A

B

FIGURA 1. Altura e área foliar de três folhas das plantas de cafés associadas a diferentes densidades de grevíleas ((30, 61, 69, 123,138 e 277), Vitória da Conquista, Bahia. Equações obtidas pela análise de regressão: (A) set: Ŷ°=2,1275+0,0022*X (r2=0,6397); nov: Ŷ*=2,1664+0,0022**X (r2=0,6368); jan: Ŷ*=2,2137+0,0022*X (r2=0,6629); mar: Ŷ°=2,2434+0,0023*X (r2=0,6295); mai: Ŷ°=2,2921+0.0021*X (r2=0,5762); (B) set: Ŷ**=148,618+0,2527**X (r2=0,9255); nov: Ŷ**=155,666+0,0661**X (r2=0,9069); jan: Ŷ°=159,37+0,1360*X (r2=0,5725); mar: Ŷ= 157,7792; mai: Ŷ= 168,9301; **,*, ° p < 0,01, p < 0,05 e p < 0,10, respectivamente.

Da mesma forma, foi verificada para os meses de setembro, novembro e janeiro, uma relação direta entre a área foliar das plantas de café e a densidade da população de grevíleas, ou seja, quanto maior a densidade do componente arbóreo, maior a área foliar das plantas de café (Figura 1 B). Segundo PAIVA et al. (2003) o aumento da área foliar pelo sombreamento é uma das maneiras de a planta aumentar a superfície fotossintetizante, promovendo um 12


aproveitamento maior das baixas intensidades luminosas. Resultados semelhantes foram observados por Lemos (2008) ao avaliar a associação de cafeeiros com abacateiros e ingazeiros no município de Barra do Choça, Bahia, observando maiores valores da altura e área foliar quando comparado ao ambiente a pleno sol. CONCLUSÃO Foi verificada forte interação entre a densidade populacional de grevíleas e o crescimento dos cafeeiros, onde as maiores densidades determinaram uma maior altura e expansão da área foliar de plantas de café. REFERÊNCIAS BOTERO, C.J. Resposta de cafeeiros ao sombreamento e à dinâmica de serrapilheira em condições de sistema agroflorestal. 2007. 72f. Tese (Doutorado em fitotecnia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2007. COELHO, R.A.; RICCI, M.S.F.; ESPÍNDOLA, J.A.A.; COSTA,J.R. Influência do sombreamento sobre a população de plantas espontâneas em área cultivada com cafeeiro (Coffea canephora) sob manejo orgânico. Agronomia, v.38, n°.2, p.23 - 28, 2004. LEMOS, C. L. Características morfo-fisiológicas e assimilação de nitrogênio em cafeeiros em sistema a pleno sol e associados com abacateiro (Persea amarecicana) e ingazeiro (Inga edulis) em Barra do Choça, Bahia. 2008. 94 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, BA, 2008. LUNZ, A. M. P. Crescimento e produtividade do cafeeiro sombreado e a pleno sol. 2006. 94f. Tese (Doutorado em Fitotecnia)- Escola superior de agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP, 2001. MORAIS,H.; MARURU, C. J., CARAMORI, P.H. RIBEIRO, A.M.A.;, J.C. Características fisiológicas e de crescimento de cafeeiro sombreado com guandu e cultivado a pleno sol. Pesquisa agropecuária. brasileira, v. 38, n. 10, p. 1131-1137, 2003. MORELLI, G.; RUBERTI, I. Light and shade in the photocontrol of Arabidopsis growth. Trends plant science., v. 7, n.9, p. 399- 404, 2002. PAIVA, L. C.; GUIMARÃES, R. J.; SOUZA, C. A. S. Influência de diferentes níveis de sombreamento sobre o crescimento de mudas de cafeeiro (Coffea arabica L.). Ciências e agrotecnologia , v.27, n.1, p.134-140, 2003. RIGHI, C. A.; BERNADES, M.S.; LUNZ, A.M.P.; PERREIRA, C. R.; NETO, D. D.; FAVARIN, J. L. Measurement and simulation of solar radiation availability in relation to the growth of coffee plants in an agroforestry system with rubber trees. Revista Árvore, v. 31, n. 2, p. 195-207, 2007.

Autora: Perla Novais de Oliveira, perla_oliveira2@hotmail.com. Contato: (77) 8829-9226.

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POTENCIAL HÍDRICO FOLIAR DE CAFEEIROS ASSOCIADOS COM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO DE GREVÍLEAS Perla Novais de Oliveira1, Sylvana Naomi Matsumoto², Jerffson Lucas Santos3, Lucialdo Oliveira D´arêde4, Luan Santos de Oliveira5, Ricardo de Andrade Silva3 ¹Graduanda do Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, bolsista CNPq, perla_oliveira2@hotmail.com; ²D.Sc. Professora do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB. Estrada do Bem Querer, km 4, CEP 45.083-900 - Vitória da Conquista, Bahia; 3Pós-Graduando do Programa de Mestrado em Fitotecnia da UESB; 4 Graduado do Curso de Agronomia da UESB; 5 Graduando do curso de Agronomia da Uesb, bolsistas Fapesb. INTRODUÇÃO Embora o Brasil predomine o cultivo do café a pleno sol, a utilização de sistemas arborizados na cafeicultura é uma técnica antiga e muito difundida em diversos países com grande potencial para o estabelecimento de sistema de produção mais sustentáveis, (SEVERINO e OLIVEIRA, 1999). A inserção do componente arbóreo nos cafezais está relacionada às alterações tanto bióticas (relacionadas à fisiologia dos cafeeiros, à ocorrência e ecologia das populações da microbiota do solo, dos microorganismos, insetos e plantas espontâneas que interagem com os cafeeiros) como abióticas (relacionadas a fatores edáficos e microclimáticos) (SOUZA, 2010). Atualmente o sombreamento tem sido protagonizado como uma alternativa para a atenuação das condições hídricas e térmicas nos plantios do café. Segundo Rena e Maestri (2000) a presença da arborização, eleva a umidade do ar, promove um eficiente controle da abertura estomática, reduzindo a transpiração e, consequentemente contribui para a otimização da utilização de água pela planta de café. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial hídrico foliar de cafezais associados com diferentes densidades de plantio de grevíleas. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido no período de setembro a março de 2011/2012, em intervalos de dois meses, no campo experimental agropecuário da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), situado no Campus de Vitória da conquista a 14º 53’ latitude Sul e 40º 48’ longitude Oeste, a uma altitude de 960 metros. A precipitação pluvial (mm) anual do local de estudo atinge índices de 750mm, ocorrendo concentração de chuvas durante o verão e início do outono, conforme observado na Figura 1.

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FIGURA 1. Médias mensais de precipitação pluviométrica no período de julho de 2011 a maio de 2012. Vitória da Conquista, Bahia, 2012. Fonte: Estação metereológica INMET/ Vitória da Conquista – BA, 2012.

O ensaio foi composto por seis campos de observação definidos por diferentes espaçamentos de grevíleas nos cafezais. Os Cafeeiros da variedade Catuaí vermelho (IAC 144) foram dispostos em espaçamento 3 x 1m e as grevíleas foram plantadas em seis diferentes espaçamentos, constituindo seis variações de densidades: (T1: 6 X 6 m, 277 plantas ha-1; T2 : 6 X 12 m, 138 plantas ha-1; T3: 9 X 9 m, 123 plantas ha-1; T4: 12 X 9 m, 69 plantas ha-1; T5: 9 X 18 m, 61 plantas ha-1; T6: 18 X 18 m, 30 plantas ha-1). O potencial hídrico foliar (Ψwf) foi determinado no período antes do amanhecer, no horário de quatro ás cinco horas, retirando duas folhas saudáveis e completamente expandidas de um ramo situado no terço médio, com o uso de uma câmara de Scholander (Modelo 1000, PMS, Inglaterra). Os resultados foram submetidos à análise de variância e teste F ao nível de 10% de probabilidade e análise de variância da regressão, com teste F ao nível de 10% de probabilidade. Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas, adotou-se o procedimento do software Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas, Saeg, versão 9.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para o potencial hídrico foliar (Ψwf), foi observado um modelo polinomial de segunda ordem entre a população de grevíleas por hectare para a primeira avaliação ocorrida em setembro de 2011, conforme a figura 2. Comportamento semelhante pode ser verificado para o mês de março de 2012, porém foram os menores valores de Ψwf obtidos, cerca de

- 4,89 e -

3,34, para as densidades de plantio de grevíleas de 30 e 277 plantas ha-1; respectivamente. Tal fato pode ser atribuído à resposta da planta ao período de estiagem (veranico) ocorrido devido ao baixo volume de precipitação nesses meses (Figura 1). Ainda, provavelmente alterações microclimáticas definidas pelos diferentes níveis de restrição de luz, resultaram em gradientes de evapotranspiração, em que ambientes mais sombreados promovem menores taxas de evapotranspiração (CÉSAR et al. 2010). Entretanto, Lemos (2008) ao avaliar cafeeiros da cv. Catuaí cultivado em sistema a pleno sol e associados com abacateiros e ingazeiros no mês de março, observou que em sistema de cultivo de café sob sombreamento o potencial hídrico foliar não diferenciou dos cultivados a pleno sol. 15


FIGURA 2. Potencial hídrico foliar (Ψwf) de plantas de café associadas com diferentes densidades de

plantio de grevíleas (30, 61, 69, 123,138 e 277), Vitória da Conquista, Bahia. Equações obtidas pela análise de regressão: set: Ŷ°=3,48041 – 0,0144193*X + 0,00003792*X (R2=0,7906); nov: Ŷ= - 0,408; jan: Ŷ=0,6078; mar: Ŷ*= 5,355429 - 0,0163168*X + 0,0000326413*X (R²=0,9416); *, p < 0,05.

Nos meses de outubro a dezembro 2011 houve um aumento no volume de precipitação (Figura 1) e consequentemente maior disponibilidade de água no sistema solo-planta-atmosfera, o que possibilitou o aumento gradativo do potencial da água na planta (Figura 2). No mês de novembro não foi possível definir modelo do Ψwf entre as diferentes densidades de plantio de grevíleas, entretanto, os maiores valores de potencial da água nas folhas foram observados neste período, possivelmente sendo influenciado pela precipitação ocorrida nesta época, disponibilizando mais água para o sistema. Mesmo comportamento pode ser observado para o mês de janeiro, sofrendo influência do final da estação chuvosa, por haver ainda disponibilidade de água. CONCLUSÃO Foi verificada forte interação entre a densidade populacional de grevíleas e o potencial hídrico foliar dos cafeeiros para os meses de setembro e março, em que durante o período de veranico, a arborização influenciou positivamente no potencial hídrico foliar, reduzindo a perda de água pela planta no processo transpiratório. REFERÊNCIAS CÉSAR, F. R. C. F.; MATSUMOTO, S. N.; VIANA, A. E. S.; SANTOS, M. A.; BONFIM, J. A. Morfofisiologia foliar de cafeeiro sob diferentes níveis de restrição luminosa. Coffee Science, v. 5, n.3, p. 262-271, 2010. SEVERINO, L. S.; OLIVEIRA, T. S. Sistema de cultivo sombreado do cafeeiro (Coffea arabica L.) na região de Baturité, Ceará. Revista Ceres, v. 46, n. 268, p.635-652, 1999. SOUZA, A. J. J. Qualidade do café arborizado e a pleno sol submetido a diferentes manejos pós-colheita em Barra do Choça, Ba. 2010. 73 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, BA. 2010. RENA, A. B.; MAESTRI, M. Relações Hídricas no Cafeeiro. ITEM, Viçosa, n. 48, p. 34 41, 2000. Autora: Perla Novais de Oliveira, perla_oliveira2@hotmail.com. Contato: (77)3422-9226. 16


AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO DE FRUTOS DE CAFÉ CULTIVADO EM SISTEMA ARBORIZADO POR GREVÍLEAS EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO Perla Novais de Oliveira1, Sylvana Naomi Matsumoto², Luan Santos de Oliveira3, Ricardo de Andrade Silva4, Mirlene Nunes de Oliveira3, Jerffson Lucas Santos4 ¹Graduanda do Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, bolsista CNPq, perla_oliveira2@hotmail.com; ²D.Sc. Professora do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB. Estrada do Bem Querer, km 4, CEP 45.083-900 - Vitória da Conquista, Bahia; 3 Graduandos do curso de Agronomia da Uesb, bolsistas Fapesb; 4 Pós-Graduando do Programa de Mestrado em Fitotecnia da UESB. INTRODUÇÃO O café é um importante comodity agrícola de exportação no mundo, e dentre os países produtores o Brasil ocupa posição de destaque, sendo o estado da Bahia segundo a CONAB (2012) o quarto maior produtor nacional de café arábica. Neste sentido, a diversificação da produção é uma importante estratégia para manter o equilíbrio econômico da propriedade e os sistemas agroflorestais, segundo Lunz (2006) podem ser uma boa alternativa. De acordo com Coelho et al. (2004), a arborização com espécies e espaçamentos adequados pode apresentar resultados satisfatórios, quando comparado ao cultivo a pleno sol, como: melhoria nos aspecto vegetativo do cafeeiro, aumento do número de ramos primários e secundários, frutos maiores, moles e açucarados (BOTERO, et al.; 2007). Ainda, o efeito positivo da arborização na qualidade de bebida foi verificado por Bebé et al. (2001) no município de Barra do Choça, Bahia. Quanto maior a proximidade dos cafeeiros às árvores, maiores teores de açúcares e ácidos clorogênicos foram observados na bebida do café. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar o rendimento de frutos de café cultivado em sistema arborizado por grevíleas em diferentes densidades de plantio. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no campo experimental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB, em Vitória da Conquista, BA, 14º 53’ latitude Sul e 40º 48’ longitude Oeste, a uma altitude de 960 metros e com solo classificado como Cambissolo Háplico Tb Distrófico. Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Aw, clima de savana com chuvas periódicas e inverno pouco chuvoso. O ensaio foi composto por seis campos de observação definidos por diferentes espaçamentos de grevíleas nos cafezais. Os Cafeeiros da variedade Catuaí vermelho (IAC 144) foram dispostos em espaçamento 3 x 1m e as grevíleas foram plantadas em seis diferentes 17


espaçamentos, constituindo seis variações de densidades: (T1: 6 X 6 m, 277 plantas ha-1; T2 : 6 X 12 m, 138 plantas ha-1; T3: 9 X 9 m, 123 plantas ha-1; T4: 12 X 9 m, 69 plantas ha-1; T5: 9 X 18 m, 61 plantas ha-1; T6: 18 X 18 m, 30 plantas ha-1). Foi realizada no ano de 2012 a colheita do café, por meio de derriça manual do café “cereja”, sendo seu rendimento determinado pelo peso. Os dados foram submetidos à testes de homogeneidade de variância (teste de Cochran e Bartlett) e teste de normalidade (Lilliefors) e os modelos para a relação entre densidade de árvores e as características avaliadas foram definidos a partir da análise de variância da regressão (p≤5%), coeficiente de determinação (R2≥ 50%) e representatividade do fenômeno biológico. Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas, adotou-se o procedimento do software Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas, Saeg, versão 9.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a produção de frutos de café cereja, em relação a densidade populacional das grevíleas, foi definido o modelo polinomial de segunda ordem (Figura 1). A estimativa de maior produção de frutos tipo cereja (7,167 ton ha-1) foi condicionada pela densidade populacional de 205 grevíleas por hectares, aproximadamente no espaçamento de 8 x 6. A partir desse índice até o máximo de 277 plantas por hectare ocorreu um decréscimo da produção dos cafeeiros.

FIGURA 1. Peso total (g) por planta de café cereja associada a diferentes densidades de grevíleas (30, 61, 69, 123,138 e 277), Vitória da Conquista, Bahia. Equação obtida pela análise de regressão: Ŷ**=0,00978+0,0209**X-0,000051**X2 (R2=0,9562); **, p < 0,01.

Conforme Lunz (2006), nas plantas sobre maior restrição luminosa a alocação de biomassa se distribuiu por diversas partes da planta, ao contrario das plantas com menor restrição luminosa em que a alocação de biomassa é direcionada para a produção de frutos em detrimento da partes vegetativas. Porém efeito contrário foi observado por Carelli et al. (2006) 18


que mesmo em condições moderadas de sombreamento, a produção das plantas foi menor do que a pleno sol. CONCLUSÃO A produção de café cereja por planta aumentou diretamente com a maior densidade de grevíleas, até 205 por hectare (espaçamento aproximado de 6 x 8m), a partir do qual o incremento da densidade ocasionou decréscimo na produção de café cereja. REFERÊNCIAS BEBÉ, F. V. PIMENTEL, C. A., RIBEIRO, M. S., MATSUMOTO, S. N., MOREIRA, M. A., FERRAZ, R. C. N. Avaliação da qualidade do café Catuaí sob condições de arborização. In: SEMINÁRIO DE INCIAÇÃO CIENTÍFICA DA UESB, 6., 2003. Vitória da Conquista, Bahia. Anais... Vitória da Conquista, Bahia: Uesb, 2002. p. 155-156. BOTERO, C. J. Resposta de cafeeiros ao sombreamento e à dinâmica de serrapilheira em condições de sistema agroflorestal. 2007. 72f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2007. CARELLI, M. L. C. ; FAHL, J. I. ; Alfonsi, E.L. . Efeitos de níveis de sombreamento no crescimento e produtividade do cafeeiro. In: II Simpósio de Pesquisa dos cafés do Brasil, 2001, Vitória. Resumos. Brasília: EMBRAPA CAFÉ, 2001. p. 16. COELHO, R. A.; RICCI, M. S. F.; ESPÍNDOLA, J. A. A.; COSTA, J. R. Influência do sombreamento sobre a população de plantas espontâneas em área cultivada com cafeeiro (Coffea canephora) sob manejo orgânico Agronomia, v.38, n°.2, p.23 - 28, 2004. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da Safra Brasileira. Café Safra 2012: quarta estimativa. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/12_12_20_16_01_51_boletimcafe_deze mbro_2012.pdf>. Acesso em: 25 de jan. 2012. LUNZ, A. M. P. Crescimento e produtividade do cafeeiro sombreado e a pleno sol, 2006. 94f. Tese (Doutorado, área de concentração em Fitotecnia) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP, 2006. MORAES, G. A. B. K. Crescimento, fotossínte e mecanismos de fotoproteção em mudas de café (Coffea arabica L.) formadas a pleno sol e à sombra. 2008. 29f. Dissertação (Mestrado em Fisiologia Vegetal) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2008.

Autora: Perla Novais de Oliveira, perla_oliveira2@hotmail.com. Contato: (77) 8829-9226

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DETERMINAÇÃO DA COBERTURA DO SOLO POR ANÁLISES DE IMAGENS EM ÁREAS DE CULTIVO DE CAFEZAIS ARBORIZADOS EM DIFERENTES DENSIDADES Luan Santos de Oliveira1, Sylvana Naomi Matsumoto², Perla Novais de Oliveira3, Ricardo de Andrade Silva4, Lucas Coutinho Fontes Cesar5, Mirlene Nunes de Oliveira3 ¹Graduando do Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, bolsista Fapesb, luanoliveirac@yahoo.com.br; ²D.Sc. Professora do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB. Estrada do Bem Querer, km 4, CEP 45.083-900 - Vitória da Conquista, Bahia; 3Graduandas do Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB, bolsista CNPq e Fapesb; 4Pós-Graduando do Programa de Mestrado em Fitotecnia da UESB; 5Graduando do Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. INTRODUÇÃO O sistema arborizado é uma técnica muito utilizada em diversos países da América Central, por oferecer um maior espectro de serviços ao ecossistema. Na região Sudeste, o principal argumento da associação de árvores aos cafezais está relacionado ao manejo orgânico, como forma de suplementação de matéria orgânica ao sistema de produção. A espécie arbórea, grevílea (Grevillea robusta A. Cunn) é predominantemente utilizada por apresentar características buscadas (BATISH et al., 2008), tais como copa pouco densa que permite a passagem de luz, alta deposição de serapilheira e não infere nas culturas adjacentes por possuir características como sistema radicular profundo (SILVA, 2008). Dessa forma, o sombreamento promove um microclima favorável à manutenção da serapilheira contribuindo para uma menor taxa de decomposição do material orgânico, equilíbrio das temperaturas e diminuição das perdas de solo por erosão estes fatores por sua vez ,induz alterações nos processos fisiológicos e nas características da cultura protegida (RADOMSKI e RIBASKI, 2012). A serapilheira depositada pelo componente arbóreo, bem como a massa verde composta pelas plantas daninhas, forma uma cobertura no solo que remota aos benefícios descritos por Radomski e Ribaski (2012) e como forma de avaliar esses benefícios busca-se metodologias que reflitam as condições do campo, para fins diversos, como controle de plantas daninhas, levantamento da eficiência da deposição de serapilheira e área de solo desnudo. Para isso, metodologias aplicadas ao campo de forma abrangente e de caráter mecânico são aplicadas. Assim, este trabalho tem como objetivo expressar a composição da cobertura de solo em diferentes densidades de sombreamento, através a metodologia de analise de imagens. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no campo experimental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em Vitória da Conquista – BA, localizada a altitude superior a 900 metros, situada a 40º50’53"W e 14º50’53" S. Em janeiro de 2002, cafeeiros da variedade Catuaí Vermelho (IAC 144) foram plantados em espaçamento de 3,0 x 1,0m, totalizando a área de 3,2ha. Simultaneamente foi realizado o plantio de grevíleas dispostas em seis diferentes espaçamentos constituindo diferentes arranjos e densidades populacionais, definindo os seguintes tratamentos: (T1: 6 X 6 m, 277 plantas ha-1; T2 : 6 X 12 m, 138 plantas ha-1; T3: 9 X 9 m, 123 plantas ha-1; T4: 12 X 9 m, 69 plantas ha-1; T5: 9 X 18 m, 61 plantas ha-1; T6: 18 X 18 m, 30 plantas ha-1). As observações foram realizadas na área interna de cada campo, determinada por 16 árvores. As análises para levantamento da cobertura vegetal foram realizadas em dezembro de 2011, a partir da metodologia de análise de imagens, como cobertura de solo foi discriminada, serapilheira (cobertura vegetal morta), presença de plantas espontâneas (cobertura vegetal verde). A área de cobertura foi mensurada a partir da avaliação fotográfica após digitalização da imagem, esta foi analisada por meio de uma escala de cores, através do programa SisCob. 1.0 (Software para Análise da Cobertura do Solo) disponibilizado pela EMBRAPA (Jorge e Silva 20


2010). Para o processo de aquisição da imagem foi utilizada uma câmera digital, DC 12327 BR, Mitsuca, China, com resolução de 12 megapixels. As dimensões da imagem gerada consistiram de 2048 pixels de largura e 1566 pixels de altura. Após digitalização da imagem, esta foi analisada por meio de uma escala de cores, através do programa SisCob. 1.0. Para a definição da área de avaliação da imagem utilizou-se um retângulo de madeira vasado de 1,0 m X 0,50 m. Este quadro foi lançado 12 vezes dentro de cada campo experimental, para que a captura das imagens abrangesse uma área representativa de cada tratamento. Para elevar o grau de definição das imagens, estas foram previamente processadas pelo programa Corel PHOTO-PAINT X5 (Fagundes e Costa Junior, 2008). Foram estabelecidos modelos de regressão entre a densidade de grevíleas e as porcentagens de cobertura de solo e solo desnudo, por meio de análise de variância da regressão, utilizando-se o programa SAEG, v. 9.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a relação entre porcentagem de cobertura de solo com serapilheira e densidade de grevíleas foi possível estabelecer um modelo linear, sendo verificada maior ocorrência e proporção da cobertura morta em função do aumento da densidade de grevílea (Grevillea robusta) (Figura 1). Estes resultados estão de acordo com Pezzato e Wisniewski (2006) ao avaliarem a produção de serrapilheira em diferentes seres sucessionais da floresta estacional semi decidual. O aumento no sombreamento atrelado a menor insolação e maior retenção de umidade em função do aumento da densidade de grevíleas ha-1 forma um microclima favorável a manutenção da serapilheira contribuindo para uma menor taxa de decomposição do material orgânico no solo (Radomski e Ribaski, 2012). Assim, tais resultados concordam com os princípios estabelecidos por Reis e Rodella (2002), Ricci et al. (2008).

■SERSISC: Ŷ**=-3,0446+0,3648**X (r2=0,9770) Figura 1. Porcentagem de serapilheira em cafezais associados a diferentes densidades de grevíleas (Grevillea robusta), avaliada pelo programa SISCOB (SERSISC).

Quanto à relação entre porcentagem de cobertura verde e densidade de grevíleas foi possível instituir modelo polinomial de segunda ordem (Figura 2). Observou-se uma diminuição da cobertura verde do solo à proporção que foi aumentada a densidade de grevílea. Este comportamento foi descrito por Staver (2001), que explica que a quantidade de biomassa de invasoras, no sistema agroflorestal de cultivo de café, é extremamente dependente da quantidade de luz filtrada pelas espécies arbóreas e pelo dossel dos cafeeiros presentes nos sistemas, fato diretamente relacionado com a densidade de arvores que compõem o sistema.

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■ MVSISC: Ŷ*=96,9139-0,528872X*+0,00064381X² (R²=0,9505) Figura 2. Porcentagem de cobertura verde em cafezais arborizados com grevíleas (Grevillea robusta) dispostas em diferentes densidades, avaliado pelo programa SISCOB (MVSISC).

CONCLUSÃO Foi possível refletir as condições do campo através da metodologia de avaliação por imagem, ao estimar a cobertura de solo. Verificou-se maior ocorrência e proporção da serapilheira em função do aumento da densidade de grevílea. Houve uma diminuição da cobertura verde do solo à proporção que foi aumentada a densidade de grevílea. REFERÊNCIAS BATISH, D. R.; KOHLI, R. K.; JOSE, S.; SINGH, H. P. Ecological basis of agroforestry. CRC Press, 400p. 2008. FAGUNDES, N. A.; COSTA JUNIOR, C. V. S. Diagnóstico ambiental e delimitação de Áreas de Preservação Permanente em um assentamento rural assentamento rural. Acta Sci. Biol. Sci. Maringá, v. 30, n. 1, p. 29-38, 2008. JORGE, L. A. DE C.; SILVA D.J. DA C. B. SisCob: manual de utilização.1.ed. São Carlos, SP: Embrapa Instrumentação Agropecuária, 2009.18 p. PEZZATTO, A. W.; WISNIEWSKI, C. Produção de serapilheira em diferentes seres sucessionais da floresta estacional semi decidual no Oeste do Paraná. Floresta, Curitiba, PR, v. 36, n. 1, 2006. RADOMSKI, M. I.; RIBASKI, J. Fertilidade do solo e produtividade da pastagem em sistema silvipastoril com Grevillea robusta. Pesq. Flor. Bras., Colombo, v. 32, n. 69, p. 53-61, 2012 . REIS, T. C.; RODELLA, A. A. Cinética de degradação da matéria orgânica e variação do pH do solo sob diferentes temperaturas. R. Bras. Ci. Solo. v. 26, p. 619-626, 2002. RICCI, M. S. F.; VIRGÍNIO FILHO, L. M.; COSTA, J. R. Diversidade da comunidade de plantas invasoras em sistemas agroflorestais com café em Turrialba, Costa Rica. Pesq. Agropec. Bras., Brasília, v.43, n.7, p.825-834, jul. 2008. SILVA, J. J. Avaliação mercadológica e de produção agrícola, visando a proposição de sistemas florestais para a Mesorregião Sudoeste de Mato Grosso do Sul. Dissertação, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, 153p. 2008. STAVER, C. Cómo tener más hierbas de cobertura y menos malezas en nuestros cafetales? Agroforestería em las Américas, v. 8, n. 29, 2001. Autor: Luan Santos de Oliveira, luanoliveirac@yahoo.com.br. Contato: (77) 8831-8930. 22


DEPOSIÇÃO DE SERRAPILHEIRA EM ÁREA DE CAFEEIROS ASSOCIADOS COM DIFERENTES DENSIDADES DE GREVÍLEAS Luan Santos de Oliveira1, Sylvana Naomi Matsumoto², Perla Novais de Oliveira3, Ricardo de Andrade Silva4, Mirlene Nunes de Oliveira3, Gabriel Netto de Paula5 ¹Graduando do Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, bolsista Fapesb, luanoliveirac@yahoo.com.br; ²D.Sc. Professora do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB. Estrada do Bem Querer, km 4, CEP 45.083-900 - Vitória da Conquista, Bahia; 3Graduandas do Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB, bolsista CNPq e Fapesb; 4Pós-Graduando do Programa de Mestrado em Fitotecnia da UESB; 5Graduando do Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. INTRODUÇÃO A utilização de sistemas agroflorestais na cafeicultura é uma técnica antiga muito difundida em diversos países, devido ao estabelecimento de sistemas de produção mais sustentáveis. A presença da arborização permite a redução de capinas, a proteção contra o excesso de insolação e ventos e o aumento na população de inimigos naturais de pragas (FREITAS, 2000). A serrapilheira, oriunda da queda de material que se deposita sobre o solo, também é um aspecto importante da associação entre árvores e cafezais. A cobertura morta reduz a evaporação das camadas superficiais do solo, aumenta a infiltração da água, e aliada ao sombreamento, contribui para a ciclagem de nutrientes (SILVA et al. 2007). Este trabalho teve por objetivo estudar a relação entre a produção de serapilheira em áreas de plantio de cafeeiros sob seis diferentes densidades de grevíleas, município de Vitória da Conquista (BA). MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi conduzido no campo experimental agropecuário da UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista (BA), situada a altitude superior a 900 metros, situada a 40º50’53"W e 14º50’53" S. Em janeiro de 2002, cafeeiros da variedade Catuaí Vermelho (IAC 144) foram plantados em espaçamento de 3,0 x 1,0m, totalizando a área de 3,2ha. Simultaneamente foi realizado o plantio de grevíleas dispostas em seis diferentes espaçamentos constituindo diferentes arranjos e densidades populacionais, definindo os seguintes tratamentos: (T1: 6 X 6 m, 277 plantas ha-1 ; T2 : 6 X 12 m, 138 plantas ha-1; T3: 9 X 9 m, 123 plantas ha-1; T4: 12 X 9 m, 69 plantas ha-1; T5: 9 X 18 m, 61 plantas ha-1; T6: 18 X 18 m, 30 plantas ha-1). Os tratamentos foram dispostos em seis campos de observação, todos contendo 36 grevíleas, determinando diferentes populações de cafeeiros, conforme as diferentes densidades de árvores. As observações foram realizadas na área interna de cada campo, determinada por 16 árvores.

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As análises para determinação da serrapilheira foram realizadas em dezembro de 2011, a partir da metodologia da “ponta do sapado” (Staver, 2001). Conrforme o método caminhou-se nas entrelinhas de cada um dos campos de observação, mantendo-se passadas de aproximadamente 1,0m e, a cada 10 passos foi observado na ponta do sapato a presença de serapilheira ou solo desnudo. Em cada tratamento foram coletados dados em 100 pontos. Os resultados foram submetidos à análise de variância e teste F ao nível de 5% de probabilidade e análise de variância da regressão, com teste F ao nível de 5% de probabilidade. Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas, adotou-se o procedimento do software Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas, Saeg, versão 9.1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a relação exposição do solo e densidades de grevílea foi observado um modelo exponencial (Figura 1). Plantas de café sob densidade populacional de 30 grevíleas por hectare apresentaram 11,39 % de solo descoberto, enquanto que o menor valor (cerca de 3,5%) foi verificado para os cafeeiros associados à 277 grevíleas por hectare. A função da grevílea no Sudoeste da Bahia é proteger os cafezais dos ventos secos. Menores populações de plantas de grevíleas sofrem maior interferência dos ventos, podendo aglomerar a cobertura vegetal na direção predominante do vento, deixando um maior percentual de solo descoberto.

♦Y°= 1/ (0,0638+0,0008*X) r2=0,61 Figura 1. Porcentagem de solo nu em cafezais arborizados com grevíleas (Grevillea robusta) dispostas em diferentes densidades, avaliada pelo método “ponta do sapato”. Vitória da Conquista, Ba.

Para a relação entre porcentagem de cobertura de solo com serapilheira e densidade de grevíleas foi possível estabelecer modelo linear (Figura 2). De modo geral, foi verificada maior ocorrência e proporção da cobertura morta em função do aumento da densidade de grevílea (Grevillea robusta).

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A maior deposição de serrapilheira, provavelmente foi devido à maior densidade de árvores de grevílias promover maior deposição de folhas, galhos e cascas dos troncos. Leite et al. (20011), avaliando o acúmulo de serrapilheira de eucalipto em diferentes densidades populacionais, em Minas Gerais, verificaram menor deposição de serrapilheira em população de eucalipto com menor densidade de plantio, corroborando com os resultados encontrados neste trabalho.

♦ Ŷ**=7,1935+0,2773**X (r2=0,9717) Figura 2. Porcentagem de deposição de serrapilheira em cafezais arborizados com grevíleas (Grevillea robusta) dispostas em diferentes densidades, avaliada pelo método “ponta do sapato”. Vitória da Conquista, Ba.

CONCLUSÃO Foi possível quantificar maiores porcentagens de solo descoberto em menores densidades de grevíleas. Verificou-se maior deposição de serrapliheira, à medida que a densidade de árvores de grevíleas foi aumentada. REFERÊNCIAS LEITE, F. P.; SILVA, I. R.; NOVAIS, R. F.; BARROS, N. F.; NEVES, J. C. L.; VILLANI, E. M. A. Nutrients relations during an Eucalyptus cycle at different population densities. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 35, p. 949-959, 2011. FREITAS, R. B. de; OLIVEIRA, L. E. M. de; SOARES, A. M.; DELÚ FILHO, N.; ALVES, D.; GUERRA NETO, E. G.; GONTIJO, P. T. G. Avaliações ecofisiológicas do consórcio de cafeeiros (Coffea arabica L.) com seringueiras (Hevea brasiliensis Muell. Arg.) na região de Patrocínio-MG. In: SIMPÓSIO DE PESQUISA DE CAFÉS DO BRASIL, 1., 2000, Poços de Caldas-MG. Anais...Brasília: Embrapa Café e Minasplan, 2000. p. 971-974. v. 2. STAVER, C. Cómo tener más hierbas de cobertura y menos malezas en nuestros cafetales? Agroforestería em las Américas, v. 8, n. 29, 2001. SILVA, C. J.; SANCHES, L.; BLEICH, M. E.; LOBO, F. A.; NOGUEIRA, J. S. Produção de serrapilheira no Cerrado e Floresta de transição Amazônica-Cerrado do Centro-Oeste brasileiro. Acta Amazônica, v. 37, n.4, 2007. Autor: Luan Santos de Oliveira, luanoliveirac@yahoo.com.br. Contato: (77) 8831-8930. 25


INDICAÇÃO GEOGRÁFICA PARA OS CAFÉS DO PLANALTO DE VITÓRIA DA CONQUISTA Pedro Bittencourt Trindade¹, Claudionor Dutra Neto², Alexandre Cristi Magalhães³, Giuliana Ribeiro da Silva¹

¹Bolsista de Inovação tecnológica – Fapesb. Graduando em Agronomia – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia ² Professor Titular pleno da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia ³ Bolsista AT2 - FAPESB , Engenheiro Agrônomo

Introdução O novo modelo no mercado de alimentos requer novas políticas e estratégias para atender uma demanda exigente em qualidade com sustentabilidade. Nessa ideia, a Indicação Geográfica “IG” regulamentada pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, o INPI. Destaca as particularidades de diferentes produtos de diferentes regiões, valorizando, então, estes territórios. Cria fator diferenciador para produto e território, que apresentam originalidade e características próprias. Essas diferenças podem estar ligadas a um gosto particular, uma história, um caráter distinto provocado por atores naturais (como clima, temperatura, umidade, solo, relevo, etc.) ou humanos (um modo de produção, um saber fazer) (MAPA). A partir daí os produtores ou agentes de produção de uma região se organizam para valorizar essas características, mobilizando um direito de propriedade intelectual: a Indicação Geográfica. Assim, a IG se torna ferramenta essencial para o desenvolvimento de uma região (INPI, 2010). No Brasil diferentes setores da economia já perceberam a importância de transformar commodity em produto diferenciado como forma de evitar falsificações e melhorar os níveis de competitividade, dessa forma a IG se encaixa perfeitamente, com essa proteção. No país existem várias Indicações Geográficas para produtos nacionais, os Vinhos Finos, do Vale dos Vinhedos (RS), o Café do Cerrado Mineiro (MG) a Carne do Pampa Gaúcho (RS), Uva e manga do vale Submédio São Francisco, a Cachaça de Paraty (RJ), Artesanato em capim dourado do Jalapão (TO) entre outros diversos produtos e serviços (Gollo, S. S., 2008). Na Bahia, o setor agropecuário tem uma participação muito pequena no PIB do estado, a região sudoeste da Bahia, também segue a mesma dinâmica do estado, e o setor que apresenta a maior produção nessa região é o “café arábica”, que é cultivado no Planalto de Vitória da Conquista por pequenos e médios produtores que somados chegam a ocupar 90% da área cultivada (Dutra, 2009). O café produzido nessa região é um produtos de alta qualidade, com uma bebida que pode expressar alta qualidade em função do tipo de clima, solo e preparo do mesmo, por as várias floradas ocorridas durante o ano permite uma colheita seletiva de cafés maduros, que nessa fase o fruto expressa uma variedade de sabores que transforma o produto dessa região em uma excelência na acidez, doçura e aromas de muito prazer, esses cafés são exportados para vários países do mundo e com um reconhecimento de origem, que inclusive é reconhecido e comercializado como “Café da Bahia”. A identificação Geográfica protege a origem e reconhece o produtos pelas suas características, melhorando a comercialização e valorização do produto, tornando importante o que já é reconhecido pelo mercado, e que o mesmo seja oficializado pelo INPI com registro da marca (INPI, 2010). O “Café do Planalto de Vitória da Conquista” sendo oficializado pelo INPI a sua IG irá contribuir para a melhoria da comercialização, consequentemente aumento da renda dos produtores, principalmente dos pequenos que não tem acesso ao mercado e ficam a margem da 26


comercialização, em muitas das vezes vendendo seu produto com preços bem abaixo do mercado, tudo isso por falta de uma padronização e reconhecimento de origem. O presente trabalho tem por objetivo divulgar o estudo que está sendo realizado para a obtenção de um selo de Indicação Geográfica para os cafés do Planalto de Vitória da Conquista. Materiais e métodos Foi realizado um estudo da área de cultivo de “café arábica” no planalto de Vitória da Conquista(tabela 1), este estudo buscou a comprovação da notoriedade do café, utilizando informações através de mapas já existentes para uma delimitação da área, inicialmente de forma abrangente, sem grande precisão das coordenadas geográficas, utilizou mapas contendo informações de solo e clima, pesquisou formas de organizações dos produtores, estudou através de bibliografias do histórico da região e da implantação do café. Buscou informações através de bibliografias das normas e regulamentações oficiais para as etapas do processo de certificação. Tabela 1 – Área com cultivo de café nos municípios baianos que fazem parte do planalto de Vitória da Conquista. Município Barra do choça Vitória da Conquista Encruzilhada Ribeirão do Largo Planalto Poções Itambé Nova Canaã Iguaí Boa Nova Caatiba Cândido Sales Total

Área em hectares 18.000 10.000 5.000 2.500 2.000 1.800 500 400 200 160 130 120 40.810

Resultados e discussões O Planalto de Vitória da Conquista é representado por áreas planas com altitude acima de 700 metros, podendo em alguns trechos, essa altitude, pode chegar a 1.100 metros. O solo predominante na região é o Latossolo Vermelho Amarelo, a predominância do clima Subúmido a seca e com pluviosidade entre 800 a 1500mm. A região do Planalto de Vitória da Conquista que cultiva café é a região de maior índice pluviométrico, cultivando café de sequeiro, desde a faixa de 1.100mm até a faixa de 1500mm, nas outras áreas o café é cultivado apenas irrigado, sendo essa prática muito pouco, devido poucos recursos hídricos da região. A qualidade do café da região é incontestável, haja visto a notoriedade no mercado interno e externo, comprovada na procura pelos mercados e tendo a presença de várias empresas exportadoras de café na cidade de Vitória da Conquista. Essa notoriedade também é comprovada pelos resultados nos concursos de qualidade de café em nível estadual e nacional, em que todos os anos os ganhadores dos primeiros colocados são da região. O café da região é ganhador de vários prêmios no Brasil em qualidade de café, na ASSOCAFÉ (Associação dos Produtores de Café da Bahia), ABIC (Associação Brasileira de Indústria) Illycafé empresa italiana que promove concursos de qualidade de café no Brasil. O tipo de café ganhador dos 27


prêmios dessa região é principalmente o “café despolpado”, pois é bastante apreciado no mercado, tanto interno como o mercado externo, principalmente EUA, Itália, França e Japão, que são grandes compradores deste produto. O café despolpado produzido na região se diferencia das demais regiões do Brasil pelas suas características, tais como: cor; corpo; sabor; doçura; acidez positiva; gosto remanescente; balanço e em média mantém um padrão de nota acima de 80 pontos. Nota muito boa que só são alcançadas por cafés de alta qualidade. O sistema de organização dos produtores voltados a cultura do café a região, basicamente são limitadas a duas entidades: COOPMAC – Cooperativa Mista Agropecuária Conquistense Ltda e a ASCCON – Associação dos Cafeicultores de Conquista. Tendo a COOPMAC como a principal representação dos produtores, pois todo o sistema de armazenagem, classificação, benefício, rebenefício e comercialização é realizado para atender a demanda do mercado, principalmente para a exportação. Considerações finais Portanto, de acordo com as informações e dados levantados pelo trabalho há indicativos fortes para se tornar possível a criação da IG para o café da região do Planalto de Vitória da Conquista, pois o produto tem notoriedade, a região não apresenta dificuldade de ser definida com a delimitação da área geográfica, há organização, é preciso criar as normas de produção, estruturar o controle do processo do produto, criar o conselho regulador, o selo distintivo, provar e classificar o produto para daí dar entrada no INPI para a certificação do produto e a criação da IG com a Indicação de Procedência. Referências ANUÁRIO BRASILEIRO DO CAFÉ 2011 \ Benno Bernado. Editora Gazeta Santa Cruz 128p. 2011. ASCENSÃO, J. de O. Questões problemáticas em sede de indicações geográficas e denominações de origem no direito português. Revista da ABPI n.°81, Mar/Abr 2006, p.63. BAHIA AGRÍCOLA – Sócio Economia: PIB do agronegócio baiano, 2004. V.7, n.2, Abr/ 2006 CARNEIRO FILHO, F. Café: o planejamento da comercialização pelo produtor. Londrina, 106p. 1989 DUTRA NETO, C. Desenvolvimento Regional e Agronegócio. Vitória da Conquista, Bahia, UESB. 2009 FERNANDES, R, H. Diagnóstico e proposta para a cadeia produtiva do café da Bahia. Secretaria de Agricultura, irrigação e reforma agrária – SEAGRI. Salvador 2011 GOLLO, S. S.; CASTRO. A. W. V. Indicações Geográficas no Brasil: as Indicações de Procedências já outorgadas e as áreas e produtos com potencial de certificação. Anais do XLVI Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2008. INDICAÇÃO GEOGRÁFICA BRASILEIRA. INPI – Instituto Nacional da Propriedade Intelectual, SEBRAE. Brasília, 2010 Jornal do Café. Brasil país do café. ABIC – Associação Brasileira de Indústria de café. Edição n°181. 2012 MAPA – Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Indicação Geográfica IG. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/desenvolvimento-sustentavel/indicacao-geografica Acesso em: 03 de mar. 2013 REVISTA DO CAFÉ. Campeões do café na Bahia. Centro de Comércio de Café do Rio de Janeiro. Ano 91. n° 842 – Junho de 2012.

Pedro Bittencourt Trindade - Tel: (77) 8817-4016 - e-maill: pb.trindade@yahoo.com.br 28


ESTUDO DE CASO SOBRE A PARTICIPAÇÃO DO CRÉDITO RURAL NO FUNDING NECESSÁRIO PARA A PRODUÇÃO DE CAFÉ NO BRASIL. Heloisa Mara de Melo – Analista de Mercado Agroconsult Consultoria e Marketing. Luca Turello – Coordenador de Projetos Illy Cafè Tullio Gregori – Professor de Economia MIB School of Management, Professor Depto. Economia Universidade de Trieste. Trabalho oriundo da Monografia de Conclusão do Curso “MASTER COURSE IN COFFEE ECONOMICS AND SCIENCE – ERNESTO ILLY” - Trieste/ Itália – Ano acadêmico 2011/2012.

Introdução A produção de café no Brasil teve seu aumento devido ao uso de inovações tecnológicas, que tem proporcionado ao produtor maior produtividade (Oxfam, 2000). Nas últimas duas décadas a área colhida teve uma redução de 2,5% e 0,5%, respectivamente, enquanto a produção, no mesmo período, teve um aumento de aproximadamente 2% e 4%, respectivamente (FAO, 2012 e Conab, 2012a). A eficiência técnica tem um papel importante no aumento da produção, e é determinada por características específicas, tais como: (i) características de produção, que dominam vantagens de competitividade na produtividade e custo de produção, e (ii) as características socioeconômicas e institucionais, que influenciam a capacidade de um agricultor a aplicar as decisões na produção agrícola, tais como a disponibilidade de crédito rural (Obwona, 2005). Descrição do Caso e Discussão A maior utilização de máquinas, agroquímicos, fertilizantes e outros insumos considerados modernos na agricultura estão associados à disponibilidade de crédito, e, neste aspecto, o Crédito Rural tem tradicionalmente desempenhado um importante papel no processo de modernização da agricultura (Figueiredo & Correa, 2006) e consequentemente no aumento da produção de café. Segundo Castro (2008), ao longo dos anos, os volumes totais dos recursos disponíveis têm diminuído. Com a redução dos recursos oficiais de crédito rural, o setor agrícola teve uma contribuição importante dos recursos próprios dos produtores, e os recursos do setor privado, para manter a sua modernização e, consequentemente, o seu crescimento de produção. Considerando as premissas acima, o presente trabalho tem como objetivo estudar a disponibilidade de Crédito Rural e verificar sua participação no funding necessário para a produção de café no Brasil. Material e Métodos O crédito rural reúne recursos designados para: (i) os custos de produção agrícolas, (ii) investimentos, (iii) a comercialização. No estudo foi considerado o recurso de Crédito Rural projetado para os custos de produção agrícola (o custo operacional efetivo), que são usados para cobrir as despesas com o ciclo produtivo, desde a compra de insumos até a época da colheita. Para calcular o funding necessário para financiar os custos de produção de café, o estudo utilizou os custos de produção referentes a 96,8% da área plantada total (considerando a média entre área plantada de 2007/08 e 2011/12). Os outros 3,2% da área plantada de café no Brasil, não serão representados no estudo por falta de informação histórica (Tabela 1). Observa-se que 99,2% dos recursos totais de crédito oferecidos para financiar a produção de café no Brasil (tabela 1) estão concentrados nos 96,8% da área plantada total com café.

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Tabela 1. Percentual de Área Plantada de Café do Brasil e Percentual de Crédito Rural de café designado para custos de produção agrícola. Fonte: ConabBanco Central, 2012. Participação da Área Plantada Participação da Área Plantada Minas Gerais Espirito Santo São Paulo Paraná Bahia Rondônia Total

de Café no Brasil 1 48,0% 22,7% 8,3% 4,1% 6,4% 7,3% 96,8%

1

Média entre 2007/08 e 2011/12.

2

Média entre 2000 e 2011.

de Café no Brasil 2 59,4% 17,8% 14,3% 3,6% 2,2% 1,9% 99,2%

Apesar da produção de café estar presente em 15 estados do Brasil, o estudo vai seguir a lógica apresentada na tabela 1, considerando os seis principais estados produtores para mostrar a disponibilidade de crédito rural. Para calcular o financiamento total (funding) necessário para financiar a produção de café no Brasil, foi necessário considerar a área total colhida (HA) com café e os custos operacionais efetivos (COE): TF = HA x COE Resultados e Discussão Mesmo com a diminuição da área colhida com café em cerca de 1,4% nos últimos 5 anos, os fundos necessários para financiar a produção de café aumentou substancialmente, em uma taxa de 12,4% ao ano. Este crescimento foi impulsionado pelo COE, que apresentou aumento de 14% nos últimos 5 anos (Tabela 2). Tabela 2. O financiamento necessário para financiar a produção de café no Brasil (US$ milhões). Fonte para área colhida e Custos de produção (Conab, 2012abc). Custo Operacional Efetivo Funding Total Café Área Colhida (ha) (US$/há) (US$ milhões) (HA) (COE) (TF) 2007/08 2.105.758 2.410,7 5.076,4 2008/09 2.104.184 2.797,2 5.885,8 2009/10 2.028.234 3.007,2 6.099,3 2010/11 2.010.362 3.664,1 7.366,2 2011/12 1.989.911 4.073,0 8.104,9 -1,4% 14,0% 12,4%

A participação do crédito rural para produção de café, considerando os custos de produção agrícola (destinados a cobrir todas as despesas com o ciclo produtivo, desde a compra de insumos até a época da colheita) é apresentada a seguir (Tabela 3). Tabela 3. Participação de Crédito Rural no Financiamento da produção de café (%). Fonte de Crédito Rural - BCN (2012).

2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12

Funding Total Café Credito Rural para Produçao Participação do credito rural (US$ milhões) Agrícola de café (US$ milhões) no funding de café (%) 5.076 1.287,9 25,4% 5.886 1.465,2 24,9% 6.099 1.675,1 27,5% 7.366 1.988,7 27,0% 8.105 2.378,9 29,4% 12,4% 16,6% 3,7%

Nos últimos 5 anos, a participação do crédito rural para financiamento de café aumentou. O funding para a produção de café aumentou substancialmente, e o Crédito Rural acompanhou este aumento, apresentando um crescimento maior nos últimos 5 anos (16,6% ao ano). Mesmo que o Crédito Rural tenha apresentado um maior crescimento nos últimos cinco anos, a sua participação no financiamento de café ainda é muito pequena, e insuficiente para cobrir os custos de produção agrícola de café no Brasil. 30


Neste caso, os produtores de café precisam encontrar outros recursos para apoiá-los com os custos de produção. A outra parte, para completar todo o funding necessário para cobrir a produção de café, provavelmente é proveniente de outras fontes de financiamento, como recursos de capital próprio, financiamentos bancários e acesso ao setor privado através de relações de trocas por insumos agrícolas. Conclusões A questão do financiamento da agricultura tem sido um dos pontos que suscitaram mais discussões na área da política agrícola. A preocupação central é a busca de novas fontes de recursos, capazes de atender às necessidades de financiamento, uma vez que o crédito rural tem uma participação abaixo de 30% no financiamento necessário para a produção de café. Se por um lado há fatores que indicam a importância do crédito rural para o cultivo do café, por outro se percebe que a produção agrícola tem crescido mesmo com a baixa participação no financiamento de café. O crescimento da produção de café, nos últimos anos, aconteceu por causa do aumento da produtividade, o que está implícito o uso de tecnologias modernas. Assim, pode-se concluir que, se a modernização agrícola continuou mesmo com uma baixa participação do crédito rural para o financiamento de café, o desenvolvimento do setor teve uma contribuição importante de recursos próprios dos agricultores e/ ou contribuição do setor privado. Referências Bibliográficas Banco Central do Brasil, Brasil (2012). Anuário Estatístico do Credito Rural, Brasília. <http://www.bcb.gov.br/pt-br/paginas/default.aspx >, 2012. Castro, E. R. (2008) Crédito Rural e Oferta Agrícola no Brasil. Ph.D. Dissertation, Universidade Federal de Viçosa, PP. 131. Companhia Nacional de Abastecimento, Brasil (2012a). Acompanhamento da Safra Brasileira Café Safra 2012 - segunda estimativa (maio/2012), Brasília. <http://www.conab.gov.br/>, 2012. Companhia Nacional de Abastecimento, Brasil (2012b). Custos de Produção – Culturas Perenes. Café Conilon Serie 2003 a 2012. Brasília. <http://www.conab.gov.br/>, 2012. Companhia Nacional de Abastecimento, Brasil (2012c). Custos de Produção – Culturas Perenes. Café Arábica Serie 2003 a 2012. Brasília. <http://www.conab.gov.br/>, 2012. European Coffee Federation (2008). Coffee Facts and Figures. <http//:www. ecf-coffee.org>, 2008. Figueiredo, N.M.S. & Correa, A.M.C.J. (2000), “Tecnologia na Agricultura Brasileira: indicadores de modernização no início dos anos 2000”, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Texto para Discussão nº 1163. Brasília. Food and Agriculture Organization of the United Nations (2012). Statistic Division. <http://www.faostat.fao.org>, 2012. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Brasil (2012b). Política Agrícola – Plano Agrícola e Pecuário 2012/13, Brasília. <http://www.agricultura.gov.br/politica-agricola/planoagricola-pecuario-2012-2013>, 2012. Obwona, M. (2005) “Determinants of Technical Efficiency Differentials among Small- and Medium-Scale Farmers in Uganda: A Case of Tobacco Growers.” Research Paper No. 152. African Economic Research Consortium, Nairobi. Oxfam (2000). “The Coffee Market – a Background Study”. International Commodity Research. Vegro, C. L. R. et al. (2000) “Sistemas de produção e competitividade da cafeicultura paulista”. Informações Econômicas, São Paulo, v. 30, n. 6.

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CAFÉ SOLÚVEL BRASILEIRO E O AQUECIMENTO DO MERCADO DE ROBUSTA Antônio Sérgio de Souza (graduando em Ciências de Alimentos - UFV CRP1); Cláudio Pagotto Ronchi (Orientador/Coordenador) (Eng. Agro. D.Sc. em Fisiologia Vegetal - UFV CRP1); Paulo Afonso Ferreira (Eng. Agro. D.Sc. em Fitopatologia UFV CRP1) e Sergio Parreiras Pereira (Eng. Agro. D.Sc. em Fitotecnia - Pesquisador IAC2). INTRODUÇÃO Para compreendermos a produção do café solúvel brasileiro, precisamos antes, fazer uma análise de seu principal componente, o café Robusta ou Conilon (Coffeea canephora). Neste estudo, faremos um apanhado do quadro atual da produção mundial do grão de café robusta, bem como uma análise do potencial dos países produtores. Abordaremos a industrialização e a exportação brasileira de café solúvel, assim como, a expansão do consumo para novos mercados mundiais. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi enfocar nas perspectivas mundiais para produção do café robusta, assim como, a evolução do consumo, o momento atual de mercado, sua imagem junto a governos e torrefadores internacionais. DESCRIÇÃO De acordo com Neto (2012), a primeira produção de café solúvel é atribuída a Satori Kato de Chicago (EUA), porém a primeira produção industrial foi feita pelo químico inglês George Constant Washington na Guatemala. Um dia, enquanto aguardava sua esposa no jardim de sua casa para tomar café, ele observou no bico do bule um pó muito fino, parecia ser a condensação do vapor dessa bebida. Isto o intrigou e levou-o a descobrir o café solúvel. Em 1906 ele iniciou alguns experimentos e já, em 1909, iniciou a primeira comercialização de café solúvel, produto que recebeu o nome de Red E Coffee. O tradicional Nescafé foi criado, em 1937, a pedido do Governo de Getúlio Vargas. Neste período, o Brasil encontrava-se com excesso de produção, graças a baixa demanda mundial provocada pela crise gerada pela quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929. Segundo Ronchi (2009), o C. canephora originou-se no Congo (África), e recebeu o nome de 'Robusta' por traduzir sua rusticidade e resistência, sobretudo à ferrugem. Com raízes mais profundas, gera árvores mais altas, tem origem em sub-bosques densos de Florestas Equatorias, altitude de até 1.200 m, temperaturas médias anuais entre 24 e 26 oC; precipitação superior a 2.000 mm, distribuídas ao longo de nove meses do ano, umidade relativa alta, próxima à saturação. "O café robusta é considerado uma bebida neutra, usado em misturas (blends) e utilizado na indústria de café solúvel e nas torrefações, pois possui uma maior concentração de sólidos solúveis, o que resulta em maior rendimento industrial" (MATIELLO, 1991). Visto como coadjuvante pela indústria de torrefação tradicional, o robusta é menosprezado pelos especialistas em cafés especiais. Segundo Josephs (2013), para Andrea Illy, presidente-executivo da illycaffè, os grãos de robusta normalmente não são cafés finos e não apresentam o sabor refinado do arábica, que é buscado pela indústria. Na matéria do The Wall Street Jornal, Josephs (2013) cita que por produzir uma bebida de sabor extremamente duro, de gosto amargo e qualidade inferior, em 1989, a Costa Rica criou uma lei proibindo o cultivo e autorizou o governo a destruir as árvores existentes de café robusta. Em 2010, os produtores de café da Nicarágua, país vizinho, tomaram as ruas exigindo uma lei similar contra robusta, mas não foram bem sucedidos.

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Universidade Federal de Viçosa - Campus Rio Paranaíba - MG, UFV CRP Instituto Agronômico de Campinas, IAC SP

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DISCUSSÃO O Brasil, que dominava o mercado mundial de café solúvel, perdeu em 2010 a liderança para a Índia (FERREIRA, 2013). O Brasil chegou a possuir 11 empresas com industrialização de café solúvel. No entanto, há mais de 40 anos não se abre uma nova. Atualmente, só sete industrializam o café solúvel em solo brasileiro (NEVES, 2008). Essas empresas têm seu foco voltado para a exportação, sendo que aproximadamente 87% do faturamento total, proveem das vendas externas (NEVES, 2009). A indústria brasileira de café solúvel amarga um processo de estagnação em suas exportações, em uma tendência que se mantém há mais de uma década em sentido inverso ao mercado global. Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) apontam que os embarques de café solúvel da indústria brasileira cresceram apenas 0,3% em 2012, sendo exportadas 3,31 milhões de sacas de 60 kg - cerca de 1 milhão de sacas a menos que a Índia. Em receita ouve uma alta de 3%, para US$ 672 milhões, puxada pela alta dos preços do café robusta (FERREIRA, 2013). Com base em projeções da LMC/Olam, Saoud (2011), estima que o consumo de solúvel no mundo cresceu a uma taxa anual de 2,95% de 2005 a 2010, a qual deverá manter em crescimento de 2,7% ao ano até 2015. Tendo o consumo de solúvel obtido um crescimento diferenciado em seis países: Brasil 3,0%, Indonésia 3,5%, Tailândia 7,0%, Filipinas 3,8%, Malásia 4,0%, Índia 3,0% e China 7,3%, as taxas de crescimento anual deveram continuar acima de 3% até 2020, o que representará um incremento de demanda em 3 milhões de sacos de robusta. Para novos consumidores, o solúvel, por ser prático e mais econômico, é apontado como a "porta de entrada" para a introdução do consumo de café em grandes mercados emergentes, como a China, Ex-repúblicas soviéticas e em toda região asiática, na qual o desempenho das exportações de café brasileiras não são boas. A produção de café robusta brasileira é insuficiente para atender a demanda das fábricas de solúvel, principalmente nos primeiros meses do ano. Segundo a Abics, a demanda total pela variedade no Brasil é de aproximadamente 15 milhões de sacas, para uma produção estimada em apenas 12,5 milhões, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para a safra 2012/13, sendo que cerca de 85% da produção brasileira de robusta é absorvido pela indústria do solúvel. Segundo estimativa de Saoud (2011), se o consumo mundial de robusta continuar crescendo no mesmo ritmo verificado nos últimos 10 anos (média anual de 3,6%), deverá saltar dos atuais 54,4 milhões para 77,6 milhões de sacas em 2020, um aumento de 23 milhões de sacas. Caso o crescimento arrefeça para uma taxa média anual de 2,5%, deverá atingir 69,74 milhões de sacas, ou 15 milhões de sacas acima do volume consumido hoje. Uma estimativa mais conservadora, que use uma taxa de crescimento baixa, de 1,75% ao ano, significaria um acréscimo de 10 milhões de sacas no consumo mundial de robusta, que chegaria a 64,8 milhões de sacas em 2020. MATERIAL E MÉTODOS Analisado as barreiras apontadas como impeditivas ao crescimento da indústria brasileira de solúvel, observa-se que essa vive uma realidade de estagnação ante uma tendência de crescimento mundial. De acordo com a consultoria P&A Marketing Internacional, especializada no mercado internacional de café, a indústria de solúvel vai seguir na inércia enquanto não resolver a questão do drawback (FERREIRA, 2013). O "Drawback" é a possibilidade de importar matéria prima, sem a cobranças de impostos, para que seja reexportado o produto industrializado. Segundo Ferreira (2013), o setor é penalizado com sobre taxa de importação de 9% pela Rússia, um grande importador de solúvel. Este cenário deve se agravar com a eliminação do Brasil do Sistema Geral de Preferências da União Europeia (SGP), no âmbito da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), que prevê tarifas mais baixas para produtos exportados por um grupo de países em desenvolvimento. 33


No mercado interno, o café solúvel apresenta um desempenho anêmico, com faturamento em 2012 de aproximadamente R$ 450 milhões, nível esse similar ao de 2011 com volume inferior a um milhão de sacas (FERREIRA, 2013). A valorização e o aquecimento de demanda do robusta no nível internacional é um fator preocupante para a industria brasileira de solúvel. Em 2012, os papeis robusta-futuros, negociados na bolsa de Londres (NYSE Liffe) tiveram alta de 13% no ano. Por outro lado, os contratos futuros de café arábica negociados na bolsa de Nova Iorque (ICE Futures) caíram 36% no período (JOSEPHS, 2013). RESULTADOS Segundo Saoud (2011), mantendo o consumo mundial de robusta, que atualmente está em 54.475 milhões de sacas, um crescimento conservador de 1.75% ano, chegaremos em 2020 consumindo 64.825 milhões de sacas em 2020, apontando para um cenário de déficit de 10 milhões de sacas baseado-se na produção atual. O estudo de Saoud (2011), aponta que para atender está nova demanda, o Brasil poderá elevar sua produção em 3 milhões de sacas, com uso de espécies mais resistentes a doenças e mais produtivas, expansão das áreas irrigadas, melhores tratos culturais e expansão da área no sul da Bahia. O Vietnã que num período de 15 anos se transformou de um país, desconhecido por muitos consumidores, no maior produtor mundial de Robusta, não tem muito potencial para aumento na área plantada e está implantado um programa de renovação de suas lavouras, que deverá elevar a produção em 2 milhões de sacas. A Indonésia em comparação com o Vietnã, tem o dobro da área cultivada, mas com um rendimento baixo, com média de apenas 7 sacas por hectare. No entanto, melhorando a produtividade, tem grande potencial para aumentar significativamente a produção, podendo elevar em mais 3 milhões de sacas. Os demais países produtores de robusta, como Índia (300 mil sacas), África (1 milhão sacas), Ásia (750 mil sacas), entre outros, deveram produzir juntos 2 milhões de sacas, segundo projeções da LMC/Olam (SAOUD 2011). CONCLUSÕES Como o consumo de robusta e solúvel cresce a taxas superiores à produção, tem-se perspectivas reais para o aumento da produção de café conilon. Mesmo com consumo crescendo a taxas modestas, se terá um cenário de déficit, estimulado pelo o aumento do volume de robusta utilizado nos blends pelas grandes torrefações, que foi motivado pela elevação dos preços do café arábica em 2010. O café solúvel brasileiro apresenta um cenário de perda gradual de mercado, com a perspectiva de agravamento, com a indústria brasileira desmotivada e a expansão na industrialização de solúvel na Ásia, principalmente na Índia. REFERÊNCIAS FERREIRA, Carine. Indústria de café solúvel amarga mais um ano de fraqueza. Valor Econômico, São Paulo, 18 jan. 2013. Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/2974914/industria-de-cafe-soluvel-amarga-mais-umano-de-fraqueza >. Acesso em: 8 fev. 2013. JOSEPHS, Leslie. Robusta’s Moment in the Sun. The Wall Street Jornal, Nova Iorque, 8 fev. 2013. Disponível em: <http://blogs.wsj.com/marketbeat /2013/02/08/robustas-moment-in-the-sun/>. Acesso em: 12 fev. 2012. MATIELLO, José B. O Café: Do Cultivo ao Consumo. São Paulo: Editora Globo, 1991. NETO, S. L.. C. Produção de Café Solúvel Através de Secagem Spray-Drying. Universidade Regional de Blumenau – FURB. Blumenau, 2012. NEVES, Leo de A. Plataforma de exportação de café solúvel. Revista do Café, ano 84, n. 815, set. 2005. NEVES, Lincoln W. de A. Fazer ou Comprar: uma análise sob a perspectiva das teorias da Economia dos Custos de Transação e da Visão Baseada nos Recursos. Tese (Doutorado em Engenharia Industrial). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC RJ, Rio de Janeiro, 2009. RONCHI, Claudio P. A Origem do Café Conilon. Cetcaf, Vitória, 19 ago. 2009. Disponível em: <http://www.cetcaf.com.br/informacoes%20gerais/origem%20cafe%20conilon/origem_cafe_conilon.htm>. Acesso em: 12 fev. 2012. SAOUD, Raja. Café robusta não é mais um coadjuvante. Revista do Café, ano 90, n. 838, jul. 2011. SAOUD, Raja. 2011-20: The Decade of Robusta. Brasil Coffee Dinner. São Paulo, 31 Mai. 2011. Slides.

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NÍVEIS DE GESTÃO DA QUALIDADE NA PRODUÇÃO CAFEEIRA: ESTUDO EXPLORATÓRIO Antonio Bliska Jr1 ; Antonio C. O. FERRAZ1; Paulo A. M. LEAL1; Flávia M. M. BLISKA2 1

Faculdade de Engenharia Agrícola/UNICAMP; 2Centro de Café, Instituto Agronômico/IAC.

Introdução A preocupação com a gestão da qualidade cresce continuamente entre empresas dos diferentes setores econômicos. A criação de sistemas de gestão interna tornou-se essencial para manter ou aumentar a competitividade das micro e pequenas empresas em todo o mundo, visando um processo contínuo de aumento da satisfação e da confiança dos clientes, redução de custos internos, aumento da produtividade, melhoraria da imagem e dos processos e acesso a novos mercados. Para as empresas relacionadas ao agronegócio café a realidade é similar: a criação de mecanismos de gestão interna, dos processos agrícolas à colocação do produto no mercado de destino, é muito importante. A identificação do grau de gestão das atividades dessas empresas, de forma simples e rápida, de acordo com os fundamentos, normas e práticas de gestão da qualidade, contribui com a estruturação do seu negócio de forma organizada e para a obtenção de produtos acabados de qualidade superior. O objetivo desse estudo é prospectar o nível do grau de gestão da qualidade na empresa cafeeira brasileira, por meio de um método simples e rápido – o MIGG Café, para avaliar sua aplicabilidade a uma amostra que no futuro próximo permita mapear o nível de gestão das empresas do setor cafeeiro nas principais regiões produtoras. Metodologia Para avaliar o nível de gestão das empresas cafeeiras utilizou-se o MIGG – Café (Método de Investigação do Grau de Gestão), método desenvolvido na Faculdade Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas – FEAGRI/UNICAMP, com a colaboração do Centro de Café do Instituto Agronômico de Campinas – IAC. Os graus de gestão identificados pelo MIGG, de um a nove, são apresentados no quadro 1. Quadro 1. Níveis de gestão ou de maturidade das empresas e faixas de pontuação do MIGG - Café. Nível

Síntese da descrição da maturidade da Gestão

Pontuação

1

Não há refinamento e integração. Não há resultados relevantes decorrentes de enfoques implementados.

0 – 150

2

Começam a aparecer resultados relevantes decorrentes da aplicação dos 151 – 250 enfoques de qualidade.

3

Alguns resultados relevantes decorrentes da aplicação dos enfoques, avaliações e 251 – 350 melhorias são apresentados com algumas tendências favoráveis.

4

Alguns resultados apresentam tendências favoráveis. Início de uso de 351 – 450 informações comparativas

5

A maioria dos resultados apresenta tendência favorável. Nível atual é igual ou 451 – 550 superior aos referenciais pertinentes para alguns resultados

6

O nível atual igual ou superior aos referenciais pertinentes para a maioria dos 551 – 650 resultados, podendo ser considerado líder do ramo. 35


7

Nível atual superior aos referenciais pertinentes para a maioria dos resultados, 651 – 750 sendo considerado líder do ramo e referencial de excelência em algumas áreas, processos ou produtos.

8

Nível atual igual ou superior aos referenciais pertinentes para quase todos os resultados, 751 – 850 sendo referencial de excelência em muitas áreas, processos ou produtos.

9

Liderança setorial reconhecida como referencial de excelência na maioria das áreas, 851 – 1000 processos ou produtos.

Fonte: Resultados do estudo, com base em Bliska Jr. (2010).

O MIGG – Café é composto por questões objetivas, diretas e que admitem apenas dois tipos de resposta – sim ou não, o que contribui para reduzir a subjetividade que geralmente acompanha os métodos descritivos ou qualitativos. O roteiro utilizado visa à elevação contínua dos padrões de qualidade em todos os estágios do sistema agroindustrial. Os critérios avaliados são: • Estratégias e Planos: plano de negócios; documentação; plano de ação e periodicidade;

índice de ajuste de produção.

• Liderança: relacionamento (funcionários, fornecedores, consumidores); comunicação; domínio dos fatores

que afetam a organização; atitude frente à delegação de ações; solução conjunta dos pontos de atrito.

• Clientes: Definição dos preços de venda, Classificação dos grãos e da bebida, Serviço de

atendimento ao cliente (SAC), Banco de Dados do SAC, Solução das demandas do SAC, Cumprimento de prazos e de especificações.

• Sociedade: Uso de controle biológico, Tratamento de resíduos, Não utilização de mão-de-obra

infantil, Associativismo e cooperativismo, Pagamento de royalties, Código de conduta.

• Informações e Conhecimento: suporte técnico; acesso a internet; treinamento e aperfeiçoamento;

visitas e contatos com clientes; canais de distribuição; tecnologias, metodologias e processos.

• Pessoas: uso de E. P. I.; plano de saúde; treinamento; identificação de lideranças; reação

rápida a estímulos e demandas;capacidade de buscar informações.

• Processos: uso de material genético adequado; teste de novas variedades; uso de substratos;

uso de cultivo protegido na produção de mudas; certificação de sementes e mudas; análises de solo; controle de ferti-irrigação; observação do ponto de colheita; controle de parâmetros (colheita e pós-colheita); logística da colheita; instalações adequadas à pós-colheita; instalações para beneficiamento; instalações para armazenamento; manutenção preventiva; limpeza e organização; evitar re-trabalho; controle de qualidade; crédito agrícola; seguros.

• Resultados: vendas; aumento da receita; satisfação (clientes e mercado); relacionamento

(clientes e mercado); imagem da empresa; conformidade ambiental; bem estar, motivação; melhoria contínua da produtividade; conformidade do produto; eficiência operacional; qualidade dos produtos; relacionamento com fornecedores.

Foram aplicados seis questionários, três dos quais individualmente, por ocasião de reunião com cafeicultores no Sindicato Rural de Divinolândia, e os outros três durante o Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, em Caxambu, ocasiões em que os produtores foram convidados a avaliar o nível de gestão de suas empresas. Resultados e Discussão Os níveis de gestão das empresas avaliadas e a caracterização dessas empresas são apresentados no quadro 2. Embora o estudo seja exploratório, os resultados obtidos indicam que o uso de colaboradores eventuais, principalmente no processo de colheita, pode ser um aspecto limitante no desenvolvimento e crescimento das organizações, principalmente na questão de obtenção de produtos de qualidade. Uma vez que os colaboradores são pagos mediante a execução de tarefas diárias, onde o volume colhido corresponde a uma maior remuneração, 36


cuidados na seleção e no manuseio dos grãos de café são relegados. Tal prática também exclui qualquer possibilidade de capacitação da mão de obra ou incentivo de qualquer natureza para um melhor desempenho que não seja o quantitativo. Essa característica é predominante nas organizações que exploram pequenas áreas, uma vez que organizações de médio e grande porte normalmente justificam a presença de um número mínimo de colaboradores regularmente contratados. As organizações de maior porte, mesmo que atuem com ética no mercado, não possuem mecanismos para estimular a aplicação da mesma ao longo da cadeia. Tais organizações priorizam a sucessão familiar em detrimento da identificação de lideranças dentro de seu quadro de colaboradores. Ademais, as empresas analisadas, independentemente de tamanho, não exploram plenamente o potencial das ferramentas tecnológicas disponibilizadas no mercado. Conclusões Para as organizações de pequeno porte, um dos grandes desafios é elevar a qualidade do seu produto mesmo sem conseguir trabalhar com mão de obra qualificada ou que possa ser inserida em algum programa de capacitação. Independentemente do tamanho e do nível de gestão da organização, os produtores ainda não se convenceram de que a utilização de tecnologias modernas e a localização da propriedade em regiões favoráveis ao cultivo do café não são suficientes para garantir a obtenção de produtos diferenciados e a sobrevivência da organização como empresa. Com relação às organizações de grande porte, a não priorização da identificação de lideranças internas poderá comprometer sua competitividade e sustentabilidade. A percepção dos gestores de que os conceitos de ética e cidadania, se permeados ao longo da cadeia, poderão resultar em melhor remuneração para as organizações como um todo, é pouco explorada no Brasil. Em síntese, todas as premissas de boa gestão visam transformar as organizações em empresas e garantirem a continuidade de sua atividade e sua sobrevivência ao longo do tempo. Referência BLISKA JÚNIOR, A. Método de Identificação do Grau de Gestão (MIGG) nas atividades de produção de flores de corte, 2010, 188p. Tese (Doutorado), Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010. Contato: Dra. Flávia Maria de Mello Bliska, Cetro de Café, IAC, bliska@iac.sp.gov.br

37


COMPARAÇÃO DAS VARIEDADES DE ARÁBICA DO IAC ENTRE REGIÕES E TECNOLOGIAS DISTINTAS Flávia Bliska1, Patrícia Turco 2, Sérgio Tosto3, Thomaz Fronzaglia4, Celso Vegro 5 1.Instituto Agronômico (IAC); 2. Departamento de Descentralização do Desenvolvimento (DDD/APTA); 3. Embrapa Monitoramento por Satélite; 4. Instituto de Geociência (IG/UNICAMP); 5.Instituto de Economia Agrícola (IEA).

Introdução A cafeicultura brasileira se distribui por regiões com características edafoclimáticas, competitividade e custos de produção diferenciados, resultantes de fatores como o desenvolvimento e utilização de pacotes tecnológicos de níveis distintos. Dentre as principais inovações tecnológicas para a produção de café se destacam variedades adaptadas a diferentes condições de solo e clima, com características agronômicas desejáveis, além de qualidade de bebida superior e resistência a pragas e doenças. Embora sejam utilizadas em grande parte das regiões produtoras, os impactos e a contribuição das diferentes variedades, para o crescimento da cafeicultura brasileira e seu desenvolvimento regional, ainda não foram quantificados. A mensuração desses impactos é relevante tanto para o cafeicultor, pois a partir dela pode conhecer o desempenho regional das variedades disponíveis e tomar decisões sobre sua eventual utilização, como para as Instituições de Pesquisa e Desenvolvimento – P&D avaliarem e atualizarem as diretrizes dos seus respectivos programas. O objetivo central deste estudo é quantificar e comparar os impactos ambientais, sociais e econômicos das variedades de café arábica desenvolvidas pelo Instituto Agronômico – IAC, consideradas “modernas” – registradas a partir de 1992 – com as variedades registradas antes dessa data – variedades “antigas”, entre regiões onde são empregados níveis tecnológicos muito distintos. Metodologia No Brasil os avanços nos estudos de inovações tecnológicas resultam principalmente dos trabalhos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que desenvolveram respectivamente os sistemas Ambitec (Irias et al. 2004) e ESAC (Salles-Filho et al., 2007). Compararam-se esses métodos principalmente quanto à sua composição, abrangência, complexidade e custo de aplicação, e identificaram-se suas vantagens e desvantagens. Verificou-se a possibilidade de ajustá-los de forma a reduzir as desvantagens e testes de campo com os dois sistemas, indicaram que algumas características interessantes do ESAC poderiam ser incorporadas ao Ambitec. Essas incorporações foram realizadas, porém sem alterar o sistema de pontuação, os componentes de impacto e os indicadores originais do Ambitec. O Sistema é constituído por um conjunto de indicadores direcionados à avaliação ex-post da contribuição de uma inovação tecnológica para o desempenho ambiental, social e econômico de uma atividade agrícola. O Sistema envolve: 1) Coleta de dados gerais sobre a tecnologia; 2) Aplicação dos questionários, com adotantes selecionados e inserção dos dados sobre os indicadores de impacto em planilhas eletrônicas, via plataforma MS-Excel, para obtenção de resultados quantitativos dos impactos e índices parciais e agregados de impacto da tecnologia selecionada; 3) Análise e interpretação dos índices de impacto obtidos – ambiental, econômico, social e total – os quais variam de –15 a +15. O município de Divinolândia – SP foi utilizado como exemplo de baixo nível tecnológico na lavoura cafeeira. Suas condições edafoclimáticas são bastante similares àquelas observadas nas regiões cafeicultoras do Sul de Minas Gerais, como: solos férteis; altitude; temperaturas e regime pluviométricos propícios ao cultivo do cafeeiro e à obtenção de cafés de boa qualidade de bebida. Porém o nível tecnológico empregado na lavoura, bem como a produtividade e a rentabilidade médias, ainda são muito baixos em relação a outras regiões igualmente tradicionais. Como exemplos de maior emprego de tecnologia foram utilizados os resultados médios obtidos para as 38


variedades mais cultivadas nas regiões de Piraju, Garça-Marília, Mogiana Paulista, Sul e Cerrado de Minas Gerais, Planalto baiano e Norte do Paraná. As variedades (tecnologias) do Instituto Agronômico – IAC, registradas entre 1992 e 2013, consideradas “modernas”, são: Icatu vermelho, Icatu amarelo, Icatu precoce, Apoatã, Obatã IAC 1669-20, Tupi IAC 1660-33, IAC 125 RN, IAC Ouro Verde, Obatã 1669-20 e Obatã IAC4739. As variedades “antigas” são: Mundo Novo (1952) e Catuaí (1972). Em Divinolândia foram aplicados dez questionários, por meio de painel estruturado – os respondentes receberam o questionário impresso e o aplicador leu as questões uma a uma, na medida em que eram respondidas. As variedades analisadas foram: • • • •

Icatu precoce em relação ao Mundo Novo: três questionários. Obatã em relação ao Catuaí, dois questionários, e ao Mundo Novo, dois questionários. Catuaí (1972), em relação ao Mundo Novo (1952): dois questionários. Catuaí e Mundo Novo em relação à variedade Bourbon (1859): um questionário (a única diferença que o respondente vê entre as duas primeiras é quanto ao porte das plantas).

Nas demais regiões os questionários foram aplicados individualmente e foram avaliadas as variedades Tupi (14 questionários), Obatã (12 questionários) e IAC 125 RN (11 questionários), todas elas em relação ao Catuaí e o Mundo Novo. Resultados Os Índices de impacto das variedades analisadas em Divinolândia são apresentados no quadro 1 e os índices para as demais regiões são apresentados no quadro 2. A comparação entre os resultados apresentados nos dois quadros indica que: • Os índices de impactos da variedade Obatã, em Divinolândia, mesmo quando positivos, são

significativamente inferiores àqueles obtidos para a mesma variedade nas outras sete regiões. O Obatã se destaca principalmente em Garça-Marília, Piraju e Mogiana. No Cerrado, Norte do Paraná, Sul de Minas e Planalto baiano, os índices são menores, mas ainda assim mais elevados que aqueles de Divinolândia. • Os índices obtidos para as demais variedades “modernas” de café em Divinolândia também são significativamente inferiores àqueles obtidos nas outras regiões. • Os índices mais baixos ou negativos são, em geral, observados na dimensão ambiental e resultam principalmente da maior utilização de nutrientes e outros insumos agrícolas, mecanização e irrigação. Entretanto esses valores são mais do que compensados por índices elevados nas dimensões econômica e ambiental. Em Divinolândia são observados índices baixos ou negativos em todas as dimensões. • Os índices de impactos obtidos são significativos se comparados àqueles obtidos em avaliações similares realizadas pela Embrapa, por exemplo, para duas cultivares de trigo lançadas após 1986, com índices de impacto social respectivamente de 0,93 e 1,39, e de impactos ambientais de 1,91 e 0,01. As características das cafeiculturas das regiões analisadas e os resultados do estudo, ainda que preliminares, indicam que a variedade de café, isolada de tecnologias complementares, que componham um pacote tecnológico, pode não ser suficiente para gerar impactos positivos significativos local e regionalmente. Conclusões Os resultados indicam que o desenvolvimento de novas variedades, bem como seu lançamento e difusão, além de ser acompanhado de um conjunto de tecnologias complementares, precisa contar com 39


um trabalho intensivo de assistência técnica e extensão rural, para que os produtores possam usufruir integralmente do potencial genético que a tecnologia oferece. Referências IRIAS, L. J. M.; RODRIGUES, G. S.; CAMPANHOLA, C.; KITAMURA, P. C.; RODRIGUES, I.; BUSCHINELLI, C. C. Sistema de Avaliação de Impacto Ambiental de Inovações Tecnológicas nos Segmentos Agropecuário, Produção Animal e Agroindústria (SISTEMA AMBITEC). 2004, 8 p. (Embrapa Meio Ambiente. Circular Técnica, 5). SALLES-FILHO, S. L. M.; ZACKIEWICZ, M. BONACELLI, M. B.; CASTRO, P. F. D. ; BIN, A. Desenvolvimento e Aplicação de Metodologia de Avaliação de Programas de Fomento a C,T&I: o Método de Decomposição. XII Seminário Latino-Iberoamericano de Gestión Tecnológica – ALTEC, 2007.

Contato: Flávia Bliska, Centro de Café, IAC, bliska@iac.sp.gov.br, 19 32021717 Quadro 1. Índices de impacto das variedades Obatã e Icatu em relação às variedades Catuaí, Mundo Novo e Bourbon, Divinolândia – SP, 2012. Escala dos impactos: -15 a + 15. Variedades / Questionário Índices de impacto das variedades

ObatãMundo Novo 1 2

Obatã - Catuaí 1 2

Impacto Ambiental 0,07 -0,78 0,00 Impacto Econômico 0,21 0,00 -1,78 Impacto -0,14 0,15 0,00 Social Impacto 0,00 -0,19 -0,49 Total

Catuaí Mundo Novo 1 2

Catuaí e Mundo Novo - Bourbon

Icatu - Catuaí 1 2 3

1

-0,13

0,47

0,19 0,78

-0,62

-1,91

-0,80

0,00

0,03

0,05 0,00

0,00

-0,21

1,32

-0,12

0,00

0,05 -0,16

0,00

0,21

0,22

-0,11

0,30

0,15 0,16

-0,14

-0,56

0,23

Fonte: resultados do estudo.

Quadro 2. Índices de impacto das variedades “modernas” Tupi, Obatã e IAC 125 RN em relação às variedades “antigas” Catuaí e Mundo Novo, no Sul de Minas Gerais, GarçaMarília, Piraju, Mogiana, Cerrado de Minas Gerais, Planalto da Bahia e Norte do Paraná, 2012. Escala dos impactos: -15 a + 15. Índices de Variedade “modernas” em relação às variedades Catuaí e o Mundo Novo / Número de questionários impacto

Obatã

das

Tupi

IAC

Sul Garça Piraju Mogiana Cerrado Planalto Norte Sul Garça Piraju Mogiana Cerrado Planalto Norte Cerrado

variedades

1

Impacto

-

2

2

4

1

0,34 0,59

0,23

0,13

Impacto

0,92 5,13 3,12

2,17

0,89

Impacto

0,92 2,86 1,93

2,46

Impacto

0,52 2,35 1,59

1,30

1

1

2

1

1

4

4

1

1

11

-0,13 0,21 0,13 0,63 0,63

0,66

0,76

0,88

0,33

1,74

1,11

0,92 0,92 2,79 4,18

2,51

1,94

1,43

1,58

5,25

0,83

1,0

0,92 0,92 2,84 3,44

2,16

2,41

2,03

1,25

3,89

0,57

0,60

0,62 0,59 1,77 2,42

1,54

1,51

1,25

0,97

3,98

Fonte: resultados do estudo.

40


IPR 103: CULTIVAR DE CAFÉ ARÁBICA RÚSTICA MAIS ADAPTADA PARA REGIÕES QUENTES E SOLOS POBRES

Gustavo Hiroshi Sera1; Tumoru Sera1 ; Luiz Carlos Fazuoli2 1

Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR)

2

Instituto Agronômico de Campinas (IAC)

INTRODUÇÃO

Na maioria das áreas de café arábica do Brasil são utilizadas cultivares do germoplasma Catuaí. Essa cultivar apresenta alta produtividade, ampla adaptabilidade e possui maturação tardia, similar à cultivar IPR 103, porém é suscetível à ferrugem e necrose e mumificação dos frutos. ‘IPR 103’ foi derivada do cruzamento entre “Catuaí” e “Icatu”, incorporando algumas características de genes introgredidos de C. canephora do “Icatu”, como rusticidade biótica e abiótica. ‘IPR 103’ é uma cultivar de porte baixo, similar às cultivares do “Catuaí” com resistência parcial à ferrugem (Hemileia vastatrix Berk. et Br.) (Sera et al., 2010), parcialmente resistente à necrose e mumificação dos frutos jovens (Sera et al., 2005, 2007) e ciclo de maturação tardia. Essa cultivar é recomendada para regiões cafeeiras mais frias e mais quentes do estado do Paraná com temperatura média anual variando de 19 ºC a 23 ºC.

GENEALOGIA E MÉTODO DE MELHORAMENTO

‘IPR 103’ foi desenvolvida usando o método genealógico. Foi derivada do cruzamento entre plantas do “Catuaí” e “Icatu”, realizada no Instituto Agronômico de Campinas (IAC) em 1972. Em 1977, o IAPAR introduziu a geração F3 (IAC H 9878 - EP 187 c.582), denominada PR 77054. A progênie F4 PR 77054-40 foi selecionada. A planta número 10 foi selecionada e originou a progênie F5 PR LF 77054-40-10, mais tarde denominada ‘IPR 103’ e lançada no ano de 2006.

PERFORMANCE

‘IPR 103’ pode ser cultivada em regiões com temperatura média anual entre 19 ºC e 21 ºC, como nos municípios de Londrina (580 m de altitude) e Congonhinhas (750 m de altitude) e em regiões mais quentes no Arenito com temperatura média anual entre 22 ºC e 23 C, como Itaguajé (350 m de altitude) e Lupionópolis. A ‘IPR 103’ foi avaliada em três locais do estado do Paraná com 16 colheitas anuais e foi mais produtiva do que as cultivares padrões ‘IAPAR 41


59’ e ‘Catuaí Vermelho IAC 81’ (Tabela 1) devido à maior rusticidade e melhor performance para estresses bióticos e abióticos.

Tabela 1. Produção média anual por hectare (sacas beneficiadas de 60Kg) da cultivar IPR 103 em comparação com outras cultivares (Estado do Paraná, Brasil). Cultivar1

Produtividade2

Produção relativa (%)

IPR 103 (maturação tardia)

59,36

120,28

Catuaí Vermelho IAC 81 (maturação tardia)

49,35

100,00

IAPAR 59 (maturação semiprecoce)

43,14

87,42

1

Com controle químico para ferrugem alaranjada do cafeeiro.

2

Média de três locais do estado do Paraná State com 16 colheitas anuais (espaçamento 2,75 x 0,60 m).

‘IPR 103’ é uma cultivar de porte baixo de tamanho médio, similar ao “Catuaí” recomendada no espaçamento entre plantas variando de 0,50m a 0,80m, dependendo da temperatura média anual do local de cultivo e das tecnologias utilizadas como nível de adubação, irrigação e podas. Em regiões mais quentes e sem irrigação o espaçamento poderia ser mais estreito porque o diâmetro da copa da planta é menor e a ramificação é menos intensa. Em lavouras com fertirrigação, o espaçamento entre linha e entre plantas podem ser mais largos. Em lavouras onde o uso de podas é frequente, os espaçamentos podem ser menores. Usando espaçamentos entre plantas mais largos, a produção por planta será maior, por isso, será necessária mais adubação. O espaçamento entre linhas pode variar de 2,50m a 3,00m, dependendo do nível de mecanização da lavoura.

OUTRAS CARACTERÍSTICAS

‘IPR 103’ apresenta ciclo de maturação tardia, pouco mais tardia que “Catuaí”. Em regiões mais frias, com médias anuais de temperatura entre 19 ºC e 21 ºC, a maturação geralmente ocorre no final de julho ou em agosto. Em regiões mais quentes com temperatura média anual entre 22 ºC e 23 ºC, a maturação geralmente ocorre em junho. ‘IPR 103’ pode ser usado em associação com outras cultivares de café de porte baixo com diferentes ciclos de maturação dos frutos (ex: ‘IAPAR 59’ = semiprecoce, ‘IPR 98’ = mediana, ‘IPR 99’ = semitardia) visando reduzir custos com mão de obra, infraestrutura e equipamentos, além de aumentar a quantidade de frutos colhidos no ponto ideal. Utilizando ‘IPR 103’ com cultivares com outros ciclos de maturação poderá ocorrer a diminuição do risco de chuva na colheita, obtendo maior quantidade de cafés de qualidade, principalmente, em regiões do estado do Paraná com inverno mais chuvoso. ‘IPR 103’ possui rusticidade e melhor adaptação para regiões quentes e solos pobres, comparada com outras cultivares de porte baixo como “Catuaí” e ‘IAPAR 59’. ‘IPR 103’ foi 42


selecionada em região cafeeira com solos pobres e arenosos, de baixa altitude e altas temperaturas, com média anual de temperatura entre 22 ºC e 23 ºC no Estado do Paraná. Essa cultivar é mais recomendada para cultivo nas regiões oeste e noroeste do estado do Paraná (Arenito Caiuá) e em regiões de solos argilosos de baixa altitude. ‘IPR 103’ também pode ser plantada em áreas mais frias com média anual entre 19 ºC e 20 ºC no Paraná, mas deve ser plantada em áreas da propriedade com menos risco de geada porque essa cultivar é de maturação tardia. Atualmente, ‘IPR 103’ é parcialmente resistente (moderada suscetibilidade) às raças de ferrugem presentes no Paraná (Sera et al., 2010) e pode requerer controle químico, mas com menor número de aplicações de fungicidas em comparação com cultivares de café suscetíveis e altamente suscetíveis. ‘IPR 103’ apresenta um bom nível de resistência parcial (moderada resistência) aos sintomas de necrose e mumificação dos frutos (Sera et al., 2005, 2007). Esses sintomas vêm sendo associados com o ataque de Colletotrichum spp. ou Colletotrichum gloeosporioides Penz (Juliatti & Silva, 2001; Paradela-Filho et al., 2001). A qualidade da bebida do café é similar ao “Catuaí”. Essas características e outras estas descritas na Tabela 2.

Tabela 2. Características morfológicas, fisiológicas e agronômicas de ‘IPR 103’ com as respectivas descrições. Características

Descrições

Tamanho da planta

Médio (~ “Catuaí”)

Diâmetro da copa

Médio (~ “Catuaí”)

Arquitetura da copa

Cilíndrico (~ “Catuaí”)

Comprimento do internódio

Médio (~ “Catuaí”)

Ramificação plagiotrópica secundária

Alta (~ “Catuaí”)

Cor do broto Tamanho da folha Ondulação da margem da folha Cor dos frutos maduros

Bronze Médio (~ “Mundo Novo”) Ondulação média (~ “Mundo Novo”) Red

Formato do fruto

Oblongo (~ “Mundo Novo”)

Tamanho do fruto

Entre pequeno (~‘Bourbon Amarelo’) e médio (~“Mundo Novo”)

Comprimento dos grãos

Entre curto (~ “Catuaí”) e médio (~ “Mundo Novo”) 43


Largura dos grãos Ciclo de maturação dos frutos Resistência à ferrugem Resistência aos nematoides Qualidade de bebida

Entre médio (~ “Mundo Novo”) e largo (~ “Catuaí”) Pouco mais tardia que “Catuaí” Resistência parcial Ainda não identificada Similar ou superior a “Catuaí”

MANUTENÇÃO DA SEMENTE E DISTRIBUIÇÃO ‘IPR 103’ foi registrada no Brasil no Registro Nacional de Cultivares do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sob o número 09945.

REFERÊNCIAS JULIATTI, F. C.; SILVA, S. A. (2001) Antracnose: Colletotrichum gloesporioides Penz e outras espécies. In: JULIATTI, F. C.; SILVA, S. A. (ed.) Manejo integrado de doenças na cafeicultura do cerrado. Editora UFU, Uberlândia, p. 37-50. PARADELA-FILHO, O.; PARADELA, A. L.; THOMAZIELLO, R. A.; RIBEIRO, I. J. A.; SUGIMORI, M. H.; FAZUOLI, L. C. (2001) O complexo Colletotrichum do cafeeiro. Boletim Técnico IAC, Campinas, n. 191, 11p. SERA, G. H.; SERA, T.; FONSECA, I. C. B.; ITO, D. S. (2010) Resistência à ferrugem alaranjada em cultivares de café. Coffee Science 5: 59-66. SERA, G. H.; SERA, T.; ITO, D. S.; AZEVEDO, J. A.; RIBEIRO-FILHO, C.; MATA, J. S. (2007) Partial resistance to fruit necrosis associated to Colletotrichum spp. among arabic coffee genotypes. Brazilian Archives of Biology and Technology 50: 395-402. SERA, G. H.; SERA, T.; ITO, D. S.; DOI, D. S.; RIBEIRO-FILHO, C.; MATA, J. S.; AZEVEDO, J. A. (2005) Avaliação de cultivares de café arábica para resistência de campo a antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) em região quente do Paraná. SBPN Scientific Journal 9: 26-27. Gustavo Hiroshi Sera (43) 3376-2478 gustavosera@iapar.br

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ESTUDO DA PRODUÇÃO CAFEEIRA EM SISTEMAS DE GESTÃO FAMILIAR NAS REGIÕES DE BARRA DO CHOÇA E VITÓRIA DA CONQUISTA-BA Adielle Rodrigues da Silva, Alex Crizanton Lopes de Lima, Josielma Martins de Oliveira , Laís Mendes da Silva, Roberta Rodrigues Meira

Graduandos em Engenharia Agronômica pela UESB, campus de Vitória da Conquista, BA

Maíra Ferraz de Oliveira Silva

Pós-graduanda em Gestão da Cadeia Produtiva do Café com ênfase em Sustentabilidade e docente da Área de Economia Rural do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas- UESB, Vitória da Conquista, BA.

INTRODUÇÃO A agricultura moderna, evidenciada e consolidada a partir da difusão do modelo euroamericano de organização da produção agrícola a partir da década de 1950, processo também denominado de Revolução Verde, representou a transição da economia rural tradicional para uma realidade em que o campo adquiriu características urbanas, passando a adotar o modelo industrial como forma de organização dos sistemas de produção em diversos países (ROMEIRO, 1998). A presença da agricultura familiar de forma imponente foi uma das bases do desenvolvimento de áreas rurais dos países capitalistas centrais, que hoje possuem um dos melhores indicadores de desenvolvimento humano, como exemplo dos EUA e o Japão. No caso da modernização da agricultura brasileira, o cenário rural foi marcado pela dualidade, onde grandes e modernos latifúndios agroexportadores passaram a conviver com pequenas propriedades tradicionais, inseridas numa realidade de difíceis condições para a manutenção de suas atividades agropecuárias. (SILVA, 1998). O objetivo do presente trabalho foi descrever o modelo de produção do Assentamento Cangussu em Barra do Choça-BA e Comunidade Quilombola em Vitória da Conquista-BA, observado em visita técnica, a fim de discutir a importância do pequeno agricultor no cenário brasileiro, bem como a necessidade de se criar e/ou adaptar alternativas de desenvolvimento para o campo que possam evitar o êxodo rural, fenômeno que persiste nas áreas rurais brasileiras principalmente, no âmbito da pequena produção.

CARACTERIZAÇÃO DA GESTÃO FAMILIAR DE PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS NO ASSENTAMENTO CANGUSSÚ NO MUNICÍPIO DE BARRA DO CHOÇA-BA E COMUNIDADE QUILOMBOLA NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA-BA

Através de pesquisa a campo no Assentamento Cangussú, localizado no município de Barra do Choça-BA, e em Comunidade Quilombola, situada na região de Baixa Seca, Vitória da Conquista-BA, foi possível coletar dados para embasar a discussão acerca da realidade vivenciada pelo pequeno produtor do nordeste brasileiro. O Assentamento Cangussú é composto por aproximadamente 60 famílias cada uma com posse de uma área de 10 ha. Cultivam o café como produto principal com trato cultural manual. A área plantada varia entre 5 a 6 ha com espaçamento 1,20m x 3,0m, sem irrigação, com produtividade média de 40 sacas/ha/ano, utilizando apenas mão de obra familiar. Cada família mantém área de preservação ambiental de 2 ha em seu lote da área total. Existe no assentamento uma escola com 1º e 2º graus além de um curso técnico em agropecuária. Os produtores 45


possuem assistência técnica através da ATES, tendo assim recomendação na aplicação de fertilizantes. Os defensivos são adquiridos em empresas especializadas na cidade de Vitoria da Conquista com orientação de profissionais quanto ao uso destes insumos. As casas são padronizadas, construídas com recursos de repasses do governo federal com área reservada para o cultivo de hortaliças, frutíferas e outras culturas para o autoconsumo nos “quintais”. Os assentados tiveram acesso à linha de crédito PRONAF C para a aquisição de equipamentos e instalações para beneficiar o café colhido. Foi organizada uma pequena feira dentro do assentamento para comercialização de pequenos excedentes, porém o café, ainda é vendido para atravessadores. A comunidade quilombola possui cerca de 35 famílias, cada produtor cultiva áreas entre 1 a 2 ha, utilizando mão de obra familiar. O espaçamento dos cafezais varia de 4,0m x 2,0m e 3,0m x 2,0m, sem irrigação, tendo uma média de produtividade anual 30 sacas/ha/ano. Boa parte dos produtores consegue manter a área de preservação ambiental de até 1 ha de sua área total. Os produtores relataram que não possuem assistência técnica, e que realizam a aplicação de defensivos e fertilizantes por conta própria (aplicando superfosfato simples e calcário uma vez por ano além do uso de ROUNDUP quando necessário), insumos estes que são adquiridos em empresas especializadas na cidade de Vitória da Conquista. Existe na comunidade uma escola municipal com ensino básico e assistência médica uma vez por mês, oferecida e mantida pela prefeitura do município. A localidade tem sofrido com a falta de água, sendo abastecida através de carros-pipa. Alguns produtores acessaram a linha de credito PRONAF B e C para realizar o plantio e tratos culturais. A comercialização ainda depende do intermédio de atravessadores pela falta de transporte para escoar os excedentes da produção.

DISCUSSÃO

Uma gestão familiar eficiente nas pequenas propriedades, a ser viabilizada pelo poder público através da oferta de condições favoráveis à manutenção do homem no campo, contribui para a redução do abandono do campo em busca de outras atividades que, por sua vez constituem uma oportunidade para complementação da renda para as famílias que sobrevivem da atividade agrícola no interior do estado da Bahia. Este modelo de gestão caracteriza-se pela heterogeneidade congregando desde famílias com pequenas propriedades, pouca produtividade e baixa renda, até pequenos produtores com estruturas modernas, de considerável nível tecnológico, que garantem grande produtividade e melhores rendimentos. Tudo depende da forma que estas famílias se organizam para produzir e comercializar seus produtos, em alguns casos, diretamente ao consumidor final. De acordo com Buainain (2006), a diferenciação dos agricultores está associada à própria formação dos grupos ao longo da história, às heranças culturais variadas, à experiência profissional e da vida particular e, ao acesso a disponibilidade diferenciada de um conjunto de fatores, entre os quais os recursos naturais, o capital humano, o capital social e assim por diante. Nas localidades visitadas evidenciou-se a heterogeneidade quanto aos aspectos culturais e sócioeconömicos, o acesso a recursos diversos (crédito e recursos federais), bem como aos recursos naturais e estrutura de serviços básicos e específicos disponibilizados pelo poder público local. Portanto, pode-se inferir que os resultados obtidos pela gestão familiar da

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produção cafeeira nestes espaços irá diferir por reflexo das condições existentes e disponíveis para cada comunidade. MATERIAL E MÉTODOS No dia vinte e cinco de julho do ano de dois mil e doze foi realizada uma pesquisa de campo através de visita técnica ao Assentamento Cangussu, localizado no município de Barra do Choça-BA, e em Comunidade Quilombola, localizada na região de Baixa Seca no município de Vitória da Conquista-BA. A metodologia deste estudo consiste no levantamento bibliográfico de teorias e conceitos com o objetivo de fundamentar a discussão; a coleta de dados através da pesquisa de campo com a realização de entrevista para a coleta de dados; descrição e posterior análise de modelos de gestão familiar, selecionados aleatoriamente, que mantém como atividade agrícola principal o cultivo do café. (GIL 2000) A visita foi dividida em dois momentos, pela manhã no Assentamento Cangussú e a tarde na comunidade quilombola. Representantes das comunidades visitadas responderam aos questionamentos pré-elaborados pelos pesquisadores, bem como aos que surgiram a partir da observação do local. Após a coleta de dados o grupo discutiu os resultados à luz das atuais discussões acerca da viabilidade e das possibilidades do modelo da gestão familiar para a atividade cafeeira da região.

RESULTADOS A tabela abaixo indica as principais informações obtidas por intermédio da entrevista realizada no Assentamento Cangussú e na Comunidade Quilombola.

Tabela 1- Resumo das informações obtidas por meio de pesquisa a campo

Questões mais importantes do questionário Possui assistência técnica Utiliza máquinas e implementos no cultivo Utiliza defensivo químico Utiliza fonte de crédito Possui vínculo com cooperativa ou associação Utiliza adubo (fertilizante) Faz análise de solo Beneficia o café Comercializa o café por meio de atravessadores Fonte: entrevista realizada in loco

Assentamento Cangussu SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM

Comunidade Quilombola NÃO NÃO SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO SIM

Na Tabela 1 observou-se as diferenças existentes no que se refere à produção e comercialização do café em dois modelos distintos de gestão familiar da produção. No Assentamento Cangussú foram visitadas duas residências onde foi possível constatar o respeito ao padrão de organização bem como a importância aos princípios observados pela liderança local. Já na Comunidade Quilombola, constatou-se que, apesar de existirem interesses comuns

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geridos por uma liderança local, a gestão, organização da produção e comercialização do produto se dá de forma independente entre as famílias.

CONCLUSÃO A identificação das principais características da gestão familiar nas duas realidades observadas nos permitiu constatar a necessidade e relevância da intervenção do poder público no sentido de promover condições de transformação na gestão que fortaleçam a produção e comercialização agrícola. Após as analises realizadas, acredita-se que a melhor forma de potencializar os efeitos das políticas públicas voltadas para a pequena produção é promover a realização de diagnósticos locais a fim de conhecer as reais necessidades dos agricultores familiares das diversas regiões, respeitando a diversidade no que diz respeito aos aspectos culturais e socioeconômicos, para então serem planejadas ações específicas do poder público (federal, estadual e local) a fim de promover o desenvolvimento local. Em especial, destaca-se o resultado do atendimento às demandas levantadas pela liderança local, como no caso dos diversos recursos captados pelo Assentamento Cangussú, que permitiram dinamizar a capacidade de gestão, produção e comercialização dos pequenos agricultores envolvidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUAIANIN, M. A. Agricultura Familiar, Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável: Questões Para Debate. 1º edição. Brasília: IICA, 2006, V. 5, 135pág. FERREIRA, B.; SILVEIRA, F. G. & GARCIA, R. C.(2001). A agricultura familiar e o PRONAF: contexto e perspectivas in GASQUES, J. G. & CONCEIÇÃO, J. C. P. R. (orgs). Transformações da agricultura e políticas públicas. Brasília, Ed. IPEA. ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Meio Ambiente e dinâmica de inovações na agricultura. 1. ed. São Paulo, SP: Annablume: FAPESP, 1998. p: 43 à 122 SILVA, José Graziano da. A nova dinâmica da agricultura brasileira. 2. ed. Campinas, SP: Unicamp. Instituto de Economia, 1998. Josielma Martins de Oliveira / Fone: (77)8120-7333 / E-mail: Josy16martins@gmail.com

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DESENVOLVIMENTO REPRODUTIVO NO SUBPERÍODO FLORESCIMENTO EM CAFEEIROS (Coffea arabica L.) CV. CATUAÍ, SOB DIFERENTES DENSIDADES DE GREVÍLEAS Mirlene Nunes de Oliveira1, Sylvana Naomi Matsumoto², Perla Novais de Oliveira3, Jerffson Lucas Santos4, Luan Santos de Oliveira3, Lucialdo Oliveira D´arêde5 ¹Graduanda do Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, bolsista Fapesb, milanunes57@yahoo.com.br; ²D.Sc. Professora do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB. Estrada do Bem Querer, km 4, CEP 45.083-900 - Vitória da Conquista, Bahia; 3Graduandos do curso de Agronomia da Uesb, bolsistas Fapesb e Cnpq.4Pós-Graduando do Programa de Mestrado em Fitotecnia da UESB; 5Graduado do Curso de Agronomia da UESB.

INTRODUÇÃO A fenologia pode ser definida como o estudo dos eventos periódicos da vida da planta em função da sua reação às condições do ambiente (PEZZOPANE et al., 2008). O ciclo fenológico dos cafeeiros da espécie Coffea arabica L. apresenta uma sucessão de fases vegetativas e reprodutivas que ocorrem em aproximadamente dois anos (CAMARGO, 1985). O segundo ano fenológico, denominada de fase reprodutiva, inicia-se com a florada, seguida pela formação dos chumbinhos e expansão dos grãos, até seu tamanho normal. Depois, ocorre a granação dos frutos e a fase de maturação (CAMARGO & CAMARGO, 2001). Determinar as fases fenológicas do cafeeiro arábica é útil para facilitar e racionalizar as pesquisas e observações na cafeicultura. Possibilita identificar as fases que exigem água facilmente disponível no solo e aquelas nas quais torna-se conveniente ocorrer um pequeno estresse hídrico, para condicionar uma abundante florada. A esquematização facilita, entre outras coisas, o reconhecimento das melhores épocas de aplicação de tratamentos fitossanitários, a execução das diversas operações agrícolas necessárias e estimar a produção. Assim, este trabalho teve como objetivo estudar a influência de diferentes densidades de grevíleas no desenvolvimento reprodutivo de cafeeiros (Coffea arabica L.). MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi conduzido no campo experimental agropecuário da UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista (BA). O ensaio consistiu em cafeeiros da variedade Catuaí vermelho (IAC 144) dispostos em espaçamento 3 x 1m e grevíleas plantadas em seis diferentes espaçamentos, constituindo seis variações de densidades: (T1: 6 X 6 m, 277 plantas ha-1; T2 : 6 X 12 m, 138 plantas ha-1; T3: 9 X 9 m, 123 plantas ha-1; T4: 12 X 9 m, 69 plantas ha-1; T5: 9 X 18 m, 61 plantas ha-1; T6: 18 X 18 m, 30 plantas ha-1). Para a determinação do desenvolvimento reprodutivo dos cafezais, no período de setembro de 2011 foram selecionados quatro ramos plagiotrópicos localizados no terço médio das plantas de café, orientados nas direções norte, sul, leste e oeste. Nesses ramos, foi contado o número de internódios produtivos e o número de flores por internódio produtivo. Os resultados foram submetidos à análise de variância e teste F ao nível de 5% de probabilidade e análise de variância da regressão, com teste F ao nível de 5% de probabilidade. 49


Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas, adotou-se o procedimento do software Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas, Saeg, versão 9.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO O número de internódios produtivos aumentou à medida que foi elevada a densidade de plantio de grevíleas. Plantas de café sob densidade populacional de 30 grevíleas por hectare apresentaram oito internódios produtivos em um ramo situado no terço médio, enquanto que o maior valor (cerca de dezesseis internódios produtivos por ramo) foi verificado para os cafeeiros associados à 277 grevíleas por hectare (Figura 1). Porém Botero et al. (2006), ao estudar a cultivar Catuaí Vermelho CH 2077-2-5-99 observaram que o sombreamento não afetou o número de nós produtivos.

FIGURA 1. Número de internódios produtivos por ramo em planta de café associada a diferentes densidades de grevíleas (30, 61, 69, 123,138 e 277), Vitória da Conquista, Bahia. Equação obtida pela análise de regressão: Ŷ*=7,58915+0,03118*X (r2=0,03118); *, p < 0,05.

O número de flores por internódio produtivo de um ramo das plantas de café submetidas a diferentes densidades de plantio de grevíleas manteve tendência similar ao número de internódios produtivos. Para cafeeiros associados à 277 grevíleas por hectare, foi observado o maior número de flores por internódio (86 flores) (Figura 2), cerca de 55,8% a mais que nos tratamentos de 30 plantas por hectare.

FIGURA 2. Número de flores por internódio produtivo de um ramo de planta de café associada a diferentes densidades de grevíleas (30, 61, 69, 123,138 e 277), Vitória da Conquista, Bahia. Equação obtida pela análise de regressão: Ŷ*=44 +0,1536*X (r2=0,7051); *, p < 0,05. 50


O número mais elevado de botões florais, por nó produtivo verificado em cafeeiros sob densidade de 277 plantas por hectare sugere que a radiação incidente limitou a indução de gemas florais, embora haja evidências de que o sombreamento durante a etapa de iniciação floral pode reduzir o número de flores (Cannell, 1985). Jaramillo e Valencia (1980) verificaram que o cafeeiro cultivado a pleno sol e sob grande espaçamento em geral floresce abundantemente sob as condições de radiação luminosa tropicais. Tal divergência de comportamento pode estar relacionada ao intenso efeito da restrição hídrica para o florescimento dos cafeeiros. Deste modo, nas condições em que foi realizado o estudo a manutenção da disponibilidade hídrica condicionada pela arborização foi fator preponderante para o desenvolvimento dos botões florais. CONCLUSÃO Sob condição de elevada restrição hídrica foi verificada forte interação da densidade populacional de grevíleas entre o número de internódios produtivos e o número de flores por internódio produtivo, onde as maiores densidades determinaram um maior número de internódios produtivos e flores de plantas de café. REFERÊNCIAS BOTERO, C. J.; SANTOS, R. H. S.; MARTINEZ, H. E. P.; CECON, P. R.; SANTOS, C. R.; PERIN, A. Desenvolvimento reprodutivo e produção inicial de cafeeiros sob diferentes níveis de sombreamento e adubação.Ceres, v.53, n. 307, p. 343-349, 2006. CANNELL, M.G.R. (1985) Physiology of the coffee crop. In: Clifford MN, WILLSON, K.C.; (Eds.) Coffee. Botany, Biochemistry and Production of Beans and Beverage. New York. EUA. p. 108 – 134. CAMARGO, A. P.; CAMARGO, M. B. P. Definição e esquematização das fases fenológicas do cafeeiro arábica nas condições tropicais do Brasil. Bragantia, Campinas, v. 60, n. 1, p. 65-68, 2001. CAMARGO, A. P. Florescimento e frutificação do café arábica nas diferentes regiões cafeeiras do Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 20, n. 7, p. 831-839, 1985. PEZZOPANE, J. R. M.; PEDRO JÚNIOR, M. J.; CAMARGO, M. B. P.; FAZUOLI, L.C. Exigências térmicas do café arábica cv. Mundo Novo no subperíodo florescimento-colheita. Ciências e agrotecnologia, v. 32, n. 6., p. 1781-1786, 2008. Autora: Mirlene Nunes de Oliveira, milanunes57@yahoo.com.br. Contato: (77) 8854-0189.

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ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS EM GREVÍLEAS ASSOCIADAS EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO COM CAFEZAIS Mirlene Nunes de Oliveira1, Sylvana Naomi Matsumoto², Perla Novais de Oliveira3, Jerffson Lucas Santos4, Lucialdo Oliveira D´arêde5, Luan Santos de Oliveira3 ¹Graduanda do Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, bolsista Fapesb, milanunes57@yahoo.com.br; ²D.Sc. Professora do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB. Estrada do Bem Querer, km 4, CEP 45.083-900 - Vitória da Conquista, Bahia; 3Graduandos do curso de Agronomia da Uesb, bolsistas Fapesb e Cnpq.4Pós-Graduando do Programa de Mestrado em Fitotecnia da UESB; 5Graduado do Curso de Agronomia da UESB. INTRODUÇÃO O cafeeiro (Coffea arabica L.) pode ser conduzido a pleno sol e sombreado (RIGHI et al., 2007). Nos países da América Latina, é comum seu cultivo em associação com diversas espécies arbóreas, que, além de fornecerem sombra à cultura, têm outras finalidades, tais como o aumento da biodiversidade, conservação do solo, adubação verde, produção de madeira, de lenha, de frutos e de outros produtos (LUNZ, 2006). A seleção criteriosa das espécies arbóreas e das densidades de plantio adequadas às diversas condições edafo-climáticas são fatores decisivos para a otimização do sistema e, consequentemente, para o êxito na adoção do sistema agroflorestal pelos cafeicultores, pois o sucesso da arborização de cafezais depende em grande parte das características climáticas locais e do manejo da lavoura cafeeira. (LEAL et al., 2005) A grevílea (Grevílea robusta) é uma espécie utilizada em associações com cafezais por apresentar baixo nível de competição com o cafeeiro, por possuir um sistema radicular pivotante e bastante profundo, além do formato de copa que permite a passagem de luz direta, essencial para a produção de café. A madeira produzida por essa espécie possui excelente qualidade para utilização em serrarias, com potencial para aproveitamento na indústria moveleira (CARAMORI et al., 2002). Desta forma, este trabalho teve como objetivo avaliar as alterações morfológicas de árvores de grevíleas dispostas em diferentes densidades, associadas com plantas de café. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi instalado em área experimental do campo agropecuário da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus de Vitória da Conquista, Bahia, a 14º 53’ latitude Sul e 40º 48’ longitude Oeste, a uma altitude de 960 metros, em área de cultivo de cafeeiros, conduzidos em espaçamento 3x1m, associados á grevíleas dispostas em diferentes densidades de plantio, definindo seis campos experimentais: (T1: 6 X 6 m, 277 plantas ha-1 ; T2 : 6 X 12 m, 52


138 plantas ha-1; T3: 9 X 9 m, 123 plantas ha-1; T4: 12 X 9 m, 69 plantas ha-1; T5: 9 X 18 m, 61 plantas ha-1; T6: 18 X 18 m, 30 plantas ha-1). As avaliações foram feitas em períodos de dois meses em 2011/2012, totalizando 5 avaliações: setembro, novembro, janeiro, março e maio, sendo coletados dados, referentes às plantas de grevílea. Para o diâmetro do caule e da copa das grevíleas, foram utilizadas a suta, e uma trena, colocada transversalmente aos ramos, no sentido leste oeste, respectivamente. Os resultados foram submetidos à análise de variância e teste F ao nível de 5% de probabilidade e análise de variância da regressão, com teste F ao nível de 10% de probabilidade. Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas, adotou-se o procedimento do software Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas, Saeg, versão 9.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em todos os estádios de crescimento avaliados foi definido o modelo linear decrescente para a relação entre densidade e diâmetro de caule de grevíleas, ocorrendo comportamento uniforme do componente arbóreo. Os menores valores de diâmetro do caule foram verificados para as menores densidades de plantio, nas duas ultimas avaliações (Figura 1). O maior diâmetro do caule (33,09cm2) foi verificado para a densidade de 277 grevíleas ha-1 . Em associações entre cafezais e bracatinga (Mimosa scabrella Bentham), Caramori et al. (1996) verificaram comportamento semelhante, menores densidades de bracatinga associada à cafezais (50 e 250 plantas por hectare) foram relacionadas à maiores valores de diâmetro de caule.

FIGURA 1. Diâmetro do caule de plantas de grevíleas associadas com diferentes densidades de plantio (30, 61, 69, 123,138 e 277) com plantas de café, Vitória da Conquista, Bahia. Equações obtidas pela análise de regressão: set: Ŷ*=34,3699-0,0300**X (r2=0,8389); nov: Ŷ*=34,7311-0,02897**X (r2=0,8097); jan: Ŷ*=34,8295-0,0285**X (r2=0,8075); mar: Ŷ= 31,78348958; mai: Ŷ°=35,45130,0128*X (r2=0,5519); *, ° p < 0,05 e p < 0,10, respectivamente.

Para as três primeiras avaliações foi verificada que a elevação da densidade de grevíleas foi relacionada a redução do diâmetro da copa destas árvores (Figura 2). Em estudos realizados por Phillips (1975), condição de elevada restrição de luz natural favorece a dominância apical, 53


devido a decréscimo na síntese de fotoassimilados e maior concentração de auxina no ápice caulinar. Leal et al (2005) ao estudar a arborização de cafeeiros com bracatinga, afirmaram que este comportamento ocorre devido a um aumento da competição entre árvores.

B FIGURA 2. Diâmetro da copa das plantas de grevíleas associadas com diferentes densidades de plantio (30, 61, 69, 123,138 e 277) com plantas de café, Vitória da Conquista, Bahia. Equações obtidas pela análise de regressão: set: Ŷ**=85,1204-0,1186**X (r2 =0,8497); nov: Ŷ*=90,9875-0,1441**X (r2=0,7008); jan: Ŷ*=92,3628-0,1438*X (r2=0,7123); mar: Ŷ=77,80838; mai: Ŷ**=82,9271; *, ° p < 0,05 e p < 0,10, respectivamente.

CONCLUSÃO Foi verificada forte interação entre a densidade populacional de grevíleas e o seu crescimento, associadas com plantas de cafeeiro. Em que, as maiores densidades determinaram um menor diâmetro da copa e do caule. REFERÊNCIAS CARAMORI, P.H.; ANDROCIOLI FILHO, A.; LEAL, A. C. Coffe shade with Mimosa scabrella scabrella Benth. for frost protection in southern Brazil. Agroforestry Systems, v. 33, p. 205-214,1996. LEAL, A. C.; SOARES, R. V. CARAMORI, P. H.; BATISTA, A. C. Arborização de cafeeiros com bracatinga (Mimosa scabrella Bentham). Floresta, v. 35, n.1., 2005. LUNZ, A.M.P. Crescimento e produtividade do cafeeiro sombreado e a pleno sol. 2006. 94 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba,SP, 2006. PHILLIPS, I. D. J. Apical dominance. Annu. Ver. Plant Physiol., v. 26, p. 341-367, 1975. RIGHI, C. A.; BERNADES, M.S.; LUNZ, A.M.P.; PERREIRA, C. R.; NETO, D. D.; FAVARIN, J. L. Measurement and simulation of solar radiation availability in relation to the growth of coffee plants in an agroforestry system with rubber trees. Revista Árvore, v. 31, n. 2, p. 195-207, 2007. Autora: Mirlene Nunes de Oliveira, milanunes57@yahoo.com.br. Contato: (77) 8854-0189.

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ALIANÇA INTERNACIONAL DAS MULHERES DO CAFÉ (IWCA): CRIANDO OPORTUNIDADES NO BRASIL Helga Cristina Carvalho de Andrade1 Maria Brígida Salgado de Souza 2 Josiane Cotrim Macieira3 Bolsista do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café ; pós-graduanda em Cafeicultura pelo IFSULDEMINAS; Secretária da IWCA Brasil 2 Segunda Vice-Presidente da IWCA Brasil 3 Presidente da IWCA Basil 1

Introdução Nas últimas décadas, a maioria dos países latino-americanos assumiu um crescente compromisso com a igualdade de gênero. No âmbito nacional, os países têm fortalecido mecanismos de defesa dos direitos das mulheres. Apesar de avanços importantes, o Brasil não conseguiu melhorar a situação da maioria das mulheres brasileiras, especialmente das mais pobres, rurais, negras e indígenas. No sentido de se organizar e promover mudanças mais palpáveis, a mobilização de mulheres tem acontecido em diferentes instâncias da sociedade civil e dos setores econômicos. (JÁCOME E VILELA, 2012; ONU MULHERES, 2012). A principal porta de entrada para que as mulheres promovam e liderem soluções para o desenvolvimento sustentável tem sido o nível local, ou comunitário, que permite que o enfrentamento direto de problemas específicos e a maior motivação para resolvê-los. Entretanto, as próprias Nações Unidas reconhecem que estas intervenções em pequena escala não são sustentáveis por si mesmas, sendo necessária a articulação sistêmica em escala global (ONU MULHERES, 2012). As mulheres representam a grande maioria entre os cafeicultores em todo o planeta, entretanto, detêm menos de 1% dos títulos de posse de terra. As mulheres enfrentam além das dificuldades inerentes à atividade cafeicultora, desafios pela discriminação de gênero em um modelo produtivo tipicamente masculino, que dificulta o acesso de mulheres à participação na tomada de decisões sobre o futuro do negócio de suas famílias e de suas comunidades (womenincoffee.org). Fundada em 2003 por mulheres visionárias norte-americanas, a International Women In Coffee Alliance (IWCA, na sigla em inglês) foi resultado de um encontro entre mulheres da indústria do café e mulheres no mundo produtor, especificamente na Nicarágua. No decorrer dos seus 10 anos de existência, a ONG alcançou a maioria dos países produtores na América Central, e também América do Sul, África e Ásia, com o objetivo de formar uma aliança global, empenhada em reduzir as barreiras para mulheres localizadas em todas as fases da cadeia produtiva do café, promovendo o acesso a recursos e a capacitação. A participação decisiva na cafeicultura mundial e a crescente atuação feminina em toda a cadeia fizeram do Brasil uma importante esfera de atuação a ser abarcada pela IWCA. O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a aplicação da metodologia proposta pela IWCA na organização de mulheres envolvidas em toda a cadeia produtiva do café e localizadas em todas as regiões produtoras, atuando em escala local, nacional e global. Metodologia A missão da IWCA é empoderar as mulheres na comunidade internacional do café para alcançar vidas sustentáveis e significativas, e encorajar e reconhecer a participação de mulheres em todos os aspectos da cadeia produtiva do café. Diante disso, a metodologia adotada baseia-se no sucesso através das ações locais (success through localization): a partir do compartilhamento de valores, é possível criar oportunidades para impactar e expandir a esfera de influência das mulheres na cadeia do café, atingindo antecipadamente o 3º objetivo para o milênio proposto pela ONU, que é a igualdade entre sexos e a valorização da mulher (www.objetivosdomilenio.org.br/mulher/). A promoção da igualdade de gêneros e empoderamento feminino na cadeia do café pode ser alcançada, segundo a metodologia da IWCA, pelas estratégias de i) identificação de lideranças; ii) formação e suporte a capítulos nacionais; iii) desenvolvimento de habilidades pela capacitação; e iv) formação de plataformas de negócios. A criação de subdivisões da IWCA – os capítulos nacionais, gera as 55


estruturas locais e globais necessárias para construir plataformas de relacionamento, difusão de treinamentos e suporte a projetos locais pautados em uma vida produtiva e sustentável para as comunidades cafeicultoras. Descrição do caso Aparentemente, a falsa opulência transmitida pela imagem da cafeicultura brasileira no exterior distanciou a IWCA, atuante principalmente em países de menor porte e com latentes conflitos de gênero. O primeiro contato da Aliança com a realidade brasileira aconteceu por intermédio da filha de produtores mineiros e esposa do então embaixador brasileiro na Nicarágua, Josiane Cotrim Macieira. Macieira se interessou pelos trabalhos de mobilização desenvolvidos junto às cafeicultoras na Nicarágua e passou a participar dos projetos da IWCA no país, assumindo a função de Relacionamento entre Capítulos, parte do grupo internacional ativo da IWCA. Macieira reuniu em poucos meses algumas mulheres que passaram a discutir por email os princípios propostos pela IWCA. Logo o grupo identificou semelhanças entre as dificuldades vividas nas diversas regiões brasileiras, como ausência de voz nas instâncias de decisão, discriminação no mercado e acesso limitado a capacitações, principalmente em temas como gestão de propriedades e técnicas de campo, consideradas atividades masculinas. Participando dos principais eventos do setor e buscando apoio junto a organismos públicos e entidades de apoio a projetos, o grupo de mulheres conseguiu recursos do SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Este organismo custeou o acesso de cafeicultoras ao primeiro encontro promovido pela IWCA em território brasileiro, sediado em São Paulo no evento Espaço Café Brasil. O encontro reuniu mais de 70 mulheres para palestras sobre a proposta da IWCA e capacitações gratuitas. Foram atingidas mulheres produtoras, torrefadoras, baristas, membros da importação e exportação das regiões Norte do Paraná, São Paulo, Sul de Minas, Matas de Minas, Cerrado Mineiro, Espírito Santo e Bahia, além de autoridades representando instituições de peso da cafeicultura. Deste encontro, foram gerados mais debates em redes sociais e via grupos de email, que culminaram na primeira reunião de trabalho do Comitê Fundador da IWCA Brasil, em novembro do mesmo ano em Belo Horizonte. Foi eleita a Diretoria Executiva e as lideranças para os Comitês de trabalho, definindo as mulheres engajadas na concretização do capítulo brasileiro da IWCA, pela representatividade dos diferentes sotaques e setores da cadeia produtiva. Em 2012, foi realizado o segundo encontro em São Paulo, novamente no Espaço Café Brasil, com a vinda de Johanna Bot, vice-presidente da IWCA para a assinatura da Carta de Entendimento, que declara o reconhecimento do capítulo brasileiro frente à Aliança Internacional. Resultados e Discussão Desde o princípio do movimento para sua fundação, a IWCA Brasil mobilizou mulheres em todas as regiões produtoras brasileiras. Os estados onde se observaram maior impacto e inclusão de mulheres foram Minas Gerais e São Paulo, expressivos pelo volume produtivo e por centralizar grande parte dos negócios relacionados ao café no país. A localidade que mais se destacou na realização de projetos foi a Mantiqueira Paulista, em especial o município de Divinolândia, cujas entidades representativas de cafeicultores conquistaram apoio de organismos como SENAR e SEBRAE para financiamento e parceria em ações de capacitação e campanhas de conscientização sobre o uso do EPI visual na colheita. Nas Matas de Minas, foram realizadas capacitações com as produtoras locais em análise sensorial de café e intercâmbio de experiências entre baristas e produtoras. No Espírito Santo, a IWCA Brasil obteve destaque na programação da Conferência de 100 anos do Conilon no Brasil, promovendo o encontro das mulheres brasileiras com Sunalini Menon, da IWCA Índia e Margaret Swallow, uma das idealizadoras da IWCA. Na Bahia, há uma atuação crescente junto à Cooperbio em relação aos cafés orgânicos, mas espera-se promover uma maior participação das entidades regionais. No restante das regiões Nordeste e Norte do país, a atuação ainda é pontual, com articulações

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principalmente com mulheres envolvidas na pesquisa científica. No Paraná, a atuação também é pontual, contando com articulações no Norte Pioneiro. Devido ao foco na atividade produtiva, a maioria das mulheres envolvidas na IWCA Brasil são produtoras. Por meio da participação em eventos e da presença de membros de outros setores da cadeia na Diretoria e Comitês, espera-se ampliar progressivamente a inclusão da indústria e mercado consumidor na IWCA Brasil, bem como de instituições de ensino. Conclusões A partir da trajetória percorrida pela IWCA Brasil, pode-se verificar que, como propõe a metodologia de implementação dos capítulos, a articulação em nível local, nacional e internacional pode promover melhorias significativas nas vidas das mulheres na cafeicultura. É inegável o efeito multiplicador das práticas de incentivo à participação feminina na tomada de decisões, bem como sua capacitação em nível técnico e gerencial. Tal efeito é observável na progressiva melhoria também das comunidades nas quais as lideranças femininas estão envolvidas. De acordo com a IWCA Internacional, o capítulo brasileiro é entendido como um modelo em construção para a difusão da Aliança em todo o mundo produtor e consumidor, já que o Brasil assume posição de destaque em ambos. A diversidade de regiões produtoras, com realidades distintas e a inserção de mulheres nos diversos setores da cadeia produtiva também são fatores que trazem grande importância para o capítulo brasileiro da IWCA no cenário mundial. Conclui-se que a metodologia proposta pela IWCA é aplicável à realidade associativista brasileira, e que conforme observado pela ONU MULHERES (2012), as ações coletivas em nível local tornamse mais sustentáveis quando respaldadas pela articulação nos níveis nacional e global. Referências IWCA. Chapter Formation Protocol. International Women In Coffee Alliance. March 1, 2011. 43p. JÁCOME, M.L.; VILLELA, S. (org). Orçamentos Sensíveis a Gênero: Conceitos. Brasília: ONU Mulheres, 2012. 332p. ONU MULHERES. O futuro que as mulheres querem: uma visão do desenvolvimento sustentável para todos. Rio de Janeiro: ONU Mulheres, 2012. 44p. http://www.womenincoffee.org http://www.objetivosdomilenio.org.br/mulher/ Helga Cristina Carvalho de Andrade (31) 9921-2111 helga.barista@gmail.com

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CONTEÚDO DE ÁGUA NO SOLO NA PROJEÇÃO DA COPA DE CAFEZAIS SOB DIFERENTES DENSIDADES DE GREVÍLEAS Gabriel Netto de Paula1, Sylvana Naomi Matsumoto², Perla Novais de Oliveira3, Jerffson Lucas Santos4, Luan Santos de Oliveira3, Greice Marques Barbosa4 ¹Graduando do Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, gabrielnetto_hotmail.com; ²D.Sc. Professora do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB. 3

Estrada do Bem Querer, km 4, CEP 45.083-900 - Vitória da Conquista, Bahia;

Graduandos do curso de Agronomia da Uesb, bolsistas Fapesb e Cnpq.4Pós-Graduando do

Programa de Mestrado em Fitotecnia da UESB. INTRODUÇÃO Os sistemas agroflorestais é uma importante estratégia para o cultivo de cafeeiros, principalmente em condição de intensa exposição a ventos, luminosidade e restrição hídrica, durante as fases juvenil e produtiva. O componente arbóreo pode contribuir para elevar o aporte de matéria orgânica, em virtude da queda de folhas, conservar a umidade, aumentar a capacidade de absorção e infiltração de água, estimular a atividade biológica entre outros (LEMOS, 2008). Segundo Rena e Maestri (2000) a presença da arborização, elevando a umidade do ar, promove um eficiente controle da abertura estomática, reduzindo a transpiração e, consequentemente, contribuindo para a otimização da utilização de água pela planta de café. Assim, este trabalho tem como objetivo determinar o conteúdo de água do solo de cafezais associados a diferentes densidades de plantio. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período de setembro a maio 2011/2012, no campo agropecuário da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, em Vitória da Conquista, BA, situado a 14º 53’ latitude Sul e 40º 48’ longitude Oeste, a altitude de 870 metros, com temperatura média anual de 20,2ºC e precipitação anual de 960 mm. O solo da área é classificado como Cambissolo Háplico Tb Distrófico, com relevo suave ondulado, Sendo o clima do tipo Aw, segundo a classificação de Köppen, com chuvas periódicas e inverno pouco chuvoso. Na figura 1, está apresentada a precipitação pluvial (mm) obtida durante o período de avaliação do experimento.

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FIGURA 1. Médias mensais de precipitação pluviométrica no período de setembro de 2011 a maio de 2012. Vitória da Conquista, Bahia, 2012. Fonte: Estação metereológica INMET/ Vitória da Conquista – BA, 2012.

O ensaio foi composto por seis campos de observação definidos por diferentes espaçamentos de grevíleas nos cafezais. Os Cafeeiros da variedade Catuaí vermelho (IAC 144) foram dispostos em espaçamento 3 x 1m e as grevíleas foram plantadas em seis diferentes espaçamentos, constituindo seis variações de densidades: (T1: 6 X 6 m, 277 plantas ha-1; T2 : 6 X 12 m, 138 plantas ha-1; T3: 9 X 9 m, 123 plantas ha-1; T4: 12 X 9 m, 69 plantas ha-1; T5: 9 X 18 m, 61 plantas ha-1; T6: 18 X 18 m, 30 plantas ha-1). Foram coletadas durante o período de novembro de 2011 a março de 2012, em intervalos de dois meses, amostras de solo na profundidade de 0 a 20 cm, na projeção da copa do cafeeiro, com auxílio de um trado de caneco de 10 cm de diâmetro. As amostras foram acondicionadas em latinhas de alumínio previamente identificadas e levadas ao laboratório de Fisiologia Vegetal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, onde as amostras forma pesadas em balança de precisão. Posteriormente, foram colocadas em estufas de circulação forçada de ar a 105°C, até peso constante. Para a determinação da porcentagem de umidade do solo, foi utilizado a equação

, sendo U: umidade do solo (%), Mu: massa do

solo úmido (g) e Ms: massa de solo seco (g). Os resultados foram submetidos à análise de variância e teste F ao nível de 5% de probabilidade e análise de variância da regressão, com teste F ao nível de 10% de probabilidade. Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas, adotou-se o procedimento do software Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas, Saeg, versão 9.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para os seis meses em estudo, foram verificados nos meses de setembro e março, modelos lineares crescentes para a porcentagem de umidade do solo em função das diferentes densidades de grevíleas (Figura 2). De acordo com SILVA et al. (2007) a serrapilheira acumulada pelas árvores é uma barreira inibidora da perda de água pelo solo. Portanto, a presença de uma densa arborização, pode ter mantido a umidade do solo devido a uma maior deposição de serrapilheira. Matsumoto et al. (2006), verificaram que a redução da umidade do solo foi diretamente relacionada à distância entre cafeeiros e árvores de grevíleas. 59


FIGURA 2. Umidade do solo (%) em sistema arborizado com diferentes densidades de plantio de grevíleas (30, 61, 69, 123,138 e 277) e plantas de café, Vitória da Conquista, Bahia. Equações obtidas pela análise de regressão: set: Ŷ°=7,36915 + 0,009862*X (r2=0,6431); nov: Ŷ= 10,9604; jan: Ŷ=8,9983; mar: Ŷ°= 7,17421 + 0,00920142*X (r²=0,5914); *, ° p < 0,05 e p < 0,10, respectivamente.

Para a avaliação realizada nos meses de novembro e janeiro, durante e logo após o período chuvoso (Figura 1), não foram ajustados modelos significativos para a umidade do solo e a densidade do componente arbóreo (Figura 2). Resultados similares foram encontrados por Coelho et al. (2010) ao avaliarem a umidade do solo em diferentes sistemas agroflorestais. Também é possível verificar que a maior porcentagem de umidade do solo foi em novembro, devido este mês apresentar o maior índice pluviométrico nos meses que foram feitas as avaliações. CONCLUSÃO Cafezais sob maior densidade de plantio de grevíleas apresentou maior capacidade de conservação de água no solo na época de menor precipitação. REFERÊNCIAS COELHO, R. A.; MATSUMOTO, S. N.; LEMOS, C. L.; SOUZA, F. A. Nível de sombreamento, umidade do solo e morfologia do cafeeiro em sistemas agroflorestais. Ceres, v. 57, n.1, p. 95-102, 2010. MATSUMOTO, S. FARIA, G. O.; VIANA, A. E. S.; ROCHA, V. S.; NOVAES, A. B. Water relations in a coffee grove planted with grevilleas in Vitória da Conquista, Bahia, Brazil. Coffee Science, Lavras, v. 1, n. 1, p. 71-83, 2006. LEMOS, C. L. Características morfo-fisiológicas e assimilação de nitrogênio em cafeeiros em sistema a pleno sol e associados com abacateiro (Persea amarecicana) e ingazeiro (Inga edulis) em Barra do Choça, Bahia. 2008. 94 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, BA, 2008. RENA, A. B.; MAESTRI, M. Relações Hídricas no Cafeeiro. ITEM, Viçosa, n. 48, p. 34 41, 2000. SILVA, C. J.; SANCHES, L.; BLEICH, M. E.; LOBO, F. A.; NOGUEIRA, J. S. Produção de serrapilheira no Cerrado e Floresta de transição Amazônica-Cerrado do Centro-Oeste brasileiro. Acta Amazônica, v. 37, n.4, 2007. Autora: Gabriel Netto de Paula, gabrielnetto_@hotmail.com. Contato: (77) 99737257

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