AGROPEC, 2012 – Salvador-BA
BEM-ESTAR DE VACAS NA ORDENHA Mateus J.R. Paranhos da Costa
ETCO - Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal Departamento de Zootecnia - FCAV/UNESP, 14884-900, Jaboticabal-SP. mpcosta@fcav.unesp.br
Ambiência e bem-estar das vacas leiteiras?
1. Tem efeito sobre a produção de leite 2. Tem efeito sobre a eficiência reprodutiva das vacas 3. Tem efeito sobre a saúde das vacas 4. Tem efeito sobre a qualidade do leite 5. É uma demanda do mercado (qualidade ética)
DEFINIÇÃO DE BEM-ESTAR ANIMAL Bem-estar é o estado do organismo durante suas tentativas de se ajustar ao seu ambiente (Broom, 1986). Diz respeito a qualidade de vida
INTERAÇÃO HUMANOS-BOVINOS Situações que resultam em falhas no manejo Não saber o que fazer Não saber como fazer Não ter habilidade para fazer Não ter cuidado ao fazer
Exemplo 1
Falhas na condução até a sala de ordenha Produção de leite Proteína de leite Gordura Cortisol Hemsworth et al. 2000
Cortisol
- metabolismo - atividade muscular - batimentos cardiacos MAIOR PRODUÇÃO DE CALOR
Exemplo 2
FINAIS DE SEMANA Reatividade
Gritar
Ruminação
Bater Intensidade de bater
ROSA et al. 2003
Tempo médio e respectivo desvio padrão para fixação das teteiras ( 1 = positiva e 2 = fracamente negativa). s 7 6 5 4 3 2 1 0 1
2 Tipo de ação
ANOVA: P=0,001 (Rosa, 2002)
Avaliação da relação retireiro-vaca (ROSA, 2004)
Distribuição de 23 propriedades de acordo com a qualidade da interação retireiro-vaca leiteira. Rosa, 2004. NÚMERO DE PROPRIEDADES
%
INSIGNIFICANTE
2
8,7
DESACONSELHÁVEL
4
17,4
INSTÁVEL
14
60,9
ACONSELHÁVEL
3
13,0
TOTAL
23
100,0
QUALIDADE
Efeitos dos tipos de interação no comportamento e bem-estar das vacas na ordenha
Onde: qualidade da interação retireiro-vaca leiteira ii= interação insignificante, iD= interação desaconselhável, il= interação instável e iA= interação aconselhável (Rosa, 2004)
Interação desaconselhável- Resultados Menor número de vacas ruminando Maior escore de movimentação na ordenha Maior reatividade durante a ordenha
Risco para os ordenhadores Vacas agitadas na ordenha
Aumento da quantidade de leite residual Diminuição da produção
INTERAÇÃO HOMEM-ANIMAL Determinada pelo homem e influenciada por diversos fatores: Idade Fase de vida Tipo de criação Genética Experiência prévia
Resultados esperados Vacas tranqĂźilas e fĂĄceis de manejar Melhoria do bem-estar na fazenda Aumento da quantidade do leite Melhor qualidade do leite
Aperfeiçoamento do ambiente
MELHORANDO AS INTERAÇÕES HUMANOS – BOVINOS LEITEIROS DURANTE AS ROTINAS DE MANEJO
PROGRAMA DE BEM-ESTAR DE BOVINOS LEITEIROS Treinando de produtores e trabalhadores
Desenvolvendo manuais de boas práticas de manejo
Caracterização de Processos
Boas Práticas de Manejo: Ordenha (disponível) Boas Práticas de Manejo: Bezerros Leiteiros (disponível) Boas Práticas de Manejo: Conforto das Vacas (em preparação)
…
TREINAMENTO EM BEM-ESTAR DE BOVINOS LEITEIROS
Objetivos: Sensibilização Comprometimento Capacitação
Estratégias: - Apresentação de novos conceitos - Troca de informações - Desenvolvimento de habilidades
Melhorando o bem-estar de animais de produção
ABORDAGEM POSITIVA Usando bons exemplos em lugar de críticas Abordando a associação positiva entre o bem-estar animal e bem-estar humano, e saúde animal, e produção animal, e eficiência no trabalho, e sustentabilidade...
ESTRATÉGIA ADOTADA Caracterização de processos então
Identificar um problema Buscar por uma solução Aplicar a solução
Exemplo
BOAS PRÁTICAS DE MANEJO: ORDENHA Rosa et. al, 2006
Conseqüências do manejo inapropriado durante a ordenha Redução da ruminação durante a ordenha
Positivo
Negativo
Freqüência de ruminação na sala de ordenha em função da qualidade do manejo durante a condução das vacas da sala de espera para a sala de ordenha (Rosa, 2002)
Problemas no manejo têm efeito direto na produção de leite “Gritar” reduziu a produção de leite em até 2,27 Kg de leite/vaca/ordenha
Produção de leite (Kg)
Gritou
F=2,470; GL=153; P=0,0001 (Madureira, 2006)
Não gritou
Estratégia - Identificar um problema - Buscar uma solução - Aplicar a solução
É possĂvel melhorar o manejo, mudando do manejo convencional
para o manejo racional
Oferecendo alternativas de manejo Selecionando bem as pessoas que manejam os animais Treinamento em boas prĂĄticas de manejo
e-book
www.grupoetco.org.br
Exemplo
BOAS PRÁTICAS DE MANEJO: CONFORTO VACAS EM LACTAÇÃO
Diferentes aspectos do conforto Sons e ruídos Conforto nas superfícies Conforto térmico
02/23/13
Estado de quem é confortado. CONFORTÁVEL Estar em condição que contribua aos prazeres da vida
Conforto das superfícies: os caminhos
Evite caminhos com pedras e formação de lama, que dificultam a passagem dos animais.
Conforto das superfícies: os locais de descanso
A formação de lama, comum durante a estação chuvosa, coloca em risco o conforto das vacas alojadas em piquetes.
Monitore a incidĂŞncia de problemas de casco no rebanho Escore 1 Postura normal, passos firmes, sem mancar Escore 2 Ritmo dos passos alterado, manqueira e costas arqueadas Escore 3 (*) Mais de um membro afetado, muita dificuldade para andar
Aplicação de medicamentos Estresse Dor
NÃO APLIQUE MEDICAMENTOS NAS VACA NA SALA DE ORDENHA
Acidentes de trabalho Reações nos locais de aplicação
Conforto térmico Efeitos diretos
Efeitos indiretos
Temperatura do ar
Ingestão de alimentos
Radiação
Alterações hormonais
Umidade do ar
Alterações metabólicas
QUEDA NA PRODUÇÃO DE LEITE DIMINUI NA EFICIÊNCIA REPRODUTIVA AUMENTA O RISCO DE DOENÇAS
BERTIPAGLIA et al. (2000)
Descalvado, SP 8950 coberturas e inseminações 800 vacas Holandesas 3 anos
Taxa de concepção <20% sob temperatura ambiente >26o C. Acima de 32o C praticamente não houve concepção. Correlação com: temperatura do ar = −0,545 umidade do ar = −0,717
Melhoramento genético Aperfeiçoamento ambiental EFICIÊNCIA
Depende do conhecimento da biologia das vacas leiteiras e de suas relações com o ambiente
Aperfeiçoamento do ambiente térmico
Efeito da disponibilidade de sombra, sombra + ventilação e sombra + ventilação + aspersão sobre a produção de leite de vacas holandesas TRATAMENTO (sala de espera) Kg de leite/vaca/ordenha Sombra Artificial
18,20 kg
Sombra + Ventilação
19,19 kg
Sombra + Ventilação + Aspersão
20,53 kg Nääs e Arcaro Junior, 2001
Aperfeiçoamento do ambiente térmico
Efeitos da disponibilidade de sombra e de sistema de resfriamento evaporativo sobre a produção de leite, número de serviços/concepção e taxa de descarte Sombra Produção de leite (kg) Serviços/concepção Taxa de descarte (%)
Resfriamento evaporativo
39,55
41,23
3,7
3,1
19,0
7,7
Wiersma e Armstrong, 1998
Aperfeiçoamento do ambiente térmico - Sombra - Ventiladores - Aspersão de água -Tanques, - Lama, etc.
?
?
Problemas decorrentes do uso incorreto de sistemas de climatização
Atenção para: - O dimensionamento e localização das sombras. - A manutenção dos sistemas de aspersão, evitando vazamentos ou falhas na regulagem.
A higiene das vacas como indicador de bem-estar Monitorar a higiene das vacas – Ferramenta de manejo Indicador de conforto – instalação / temperatura / densidade / ... Efeito na CCS do leite Crítico no verão
Escores de limpeza (4 pontos)
Muito limpa
Limpa
Suja
Muito suja
Escores de limpeza Porcentagem de vacas em lactação
Pesquisa em duas fazendas (Germânia e Liberdade) 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%
Muito limpa Limpa Suja Muito suja
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Jan
Escore de limpeza
N
ECS
ML
618
4,60 ± 2,33 ª
L
995
4,77 ± 2,37 b
S
518
4,97 ± 2,28 b,c
MS
269
4,94 ± 2,34 c
Fev
Mar
Para cada aumento CCS / ml de na sujidade houve leite aumento de 40 a 50 300.000 mil células 341.000 somáticas. Entre 396.000 suja (S) e muito 392.000 suja (MS) não houve diferença.
Sant’Anna e Paranhos da Costa, 2011
Apoio
Livro eletr么nico
www.grupoetco.org.br
Agradecimentos: - A todos os envolvidos nos projetos e atividades relatados nesta apresentação. - A todos os produtores e trabalhadores que abriram suas portas (e ouvidos), recebendo a equipe do Grupo ETCO em suas casas e locais de trabalho. - Aos organizadores deste evento, pela oportunidade de estar aqui. - A todos os presentes pela atenção. Mateus
WWW.GRUPOETCO.ORG.BR
Obrigado
Mateus (mpcosta@fcav.unesp.br)