Ano 3 • Dezembro 2015 • nº 36
Full Time Prêmio Claudia 20 anos Homenagem especial às mulheres
Gourmet Receita de Bolo de Natal
Projeto Educação Opções em colégios da região
Conheça o MUDA Movimento Urbano de Agroecologia
Marina Ruy Barbosa Bonequinha de Luxo
Expediente
Ano 3 • Dezembro 2015 • nº 36
Publisher e Diretora
Editorial Nesta edição especial Marina Ruy Barbosa aceitou realçar nossa capa. A atriz, que está construindo uma carreira de sucesso, fala um
Regina Imperatore
pouco sobre sua vida e trabalhos, sobretudo sobre Eliza, sua perso-
regina@editoraimperatore.com.br
nagem atual.
Jornalista Responsável Juliana Martins - MTB 57.882 juliana@editoraimperatore.com.br Direção de Arte, Diagramação e Publicação Digital Cristiana Lacutissa - CLStudio design@editoraimperatore.com.br Fotografa: Giovanna Imperatore
Inauguramos nossa seção Gourmet, com o Chez Maria Restaurante, que promete trazer, a cada edição, uma deliciosa receita para agradar os mais exigentes paladares. Confira o Bolo de Natal e surpreenda seus convidados. Em mais uma edição do nosso Projeto Educação, o leitor encontrará dicas de escolas e colégios na região, para auxiliá-lo nesta busca pelas melhores instituições para seus filhos. Especialmente nesta
Fotos Complementares: Dreamstime | Google imagens
edição, entrevista exclusiva com Felipe Jacinto, um jovem professor
Capa: Marina Ruy Barbosa - Globo
que largou as comodidades da vida urbana para ensinar índios em
Assessoria Jurídica
uma tribo Xavante. O que ele aprendeu com isso? Descubra aqui.
Dra. Benicia Hiss | contato@editoraimperatore.com.br
Em uma homenagem especial para o sexo “frágil”, acompanha-
Comercial
mos o Prêmio Cláudia 20 anos, que premiou 7 mulheres extraor-
Carolini Del Gaiso
dinárias. Um evento marcado por emoção, festa e homenagem às
Atendimento ao leitor: 11-3427-7849 contato@editoraimperatore.com.br Curculação: Granja Viana, Embu das Artes, Cotia, Caucaia do Alto, Vargem Grande Paulista, Ibiúna, São Roque, Raposo Tavares. Os conceitos emitidos nos artigos assinados e dos entrevistados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não expressam necessariamente a opinião da Editora. O conteúdo dos anúncios são de inteira responsabilidade dos anunciantes. O conteúdo desta publicação não pode ser reproduzido ou utilizado para quaisquer finalidades e interesses, seja impresso, digital ou em formato de vídeo, sem a consulta e devida autorização registrada pela equipe da revista. A inclusão do nome de colaboradores não implica em vínculo empregatício. A Revista FULL TIME é uma publicação mensal da Editora Imperatore Ltda Outros Títulos da Editora
mulheres refugiadas. Ainda nesta edição, saiba mais sobre agricultura urbana e como ter sua própria horta em casa ou em seu bairro, ajudando assim sua comunidade e o planeta. Em meio a tantas notícias tristes e negativas, tragédias que permeiam nosso cotidiano, criamos uma seção com o desafio de trazer somente notícias positivas para inspirar e animar seu dia. Leia e dê sua opinião e sugestões para as próximas edições. Finalizamos esta edição com um presente para nossos leitores: um texto antigo e tão atual do poeta Carlos Drumond de Andrade. “Ah! Seria ótimo se os sonhos do poeta se transformassem em rea-
Full Time Versão Digital
lidade”. O Natal é tempo de esperança e reflexão. Que este clima permita-nos refletir o ano que se encerra renovando a esperança de novos tempos.
Feliz Natal! Regina Imperatore
revista39mais.imperatore
Comportamento
A geração que tudo idealiza e nada realiza Demorei sete anos (desde que saí da casa dos meus
que todo mundo pode viver do que ama fazer. Acreditamos
pais) para ler o saquinho do arroz que diz quanto tempo
que o sucesso é fruto das ideias, não do suor. Somos craques
ele deve ficar na panela. Comi muito arroz duro fingindo
em planejamento Canvas e medíocres em perder uma noite de
estar “al dente”, muito arroz empapado dizendo que “foi de
sono trabalhando para realizar.
propósito”. Na minha panela esteve por todos esses anos
Acreditamos piamente na co-criação, no crowdfunding e
a prova de que somos uma geração que compartilha sem
no CouchSurfing. Sabemos que existe gente bem intencionada
ler, defende sem conhecer, idolatra sem porquê. Sou da
querendo nos ajudar a crescer no mundo todo, mas ignora-
geração que sabe o que fazer, mas erra por preguiça de ler
mos os conselhos dos nossos pais, fechamos a janela do carro
o manual de instruções ou simplesmente não faz.
na cara do mendigo e nunca oferecemos o nosso sofá que
Sabemos como tornar o mundo mais justo, o planeta mais sustentável, as mulheres mais representativas, o corpo
compramos pela internet para os filhos dos nossos amigos pularem.
mais saudável. Fazemos cada vez menos política na vida (e
Nos dedicamos a escrever declarações de amor públicas
mais no Facebook), lotamos a internet de selfies em aca-
para amigos no seu aniversário que nem lembraríamos não
demias e esquecemos de comentar que, na última festa,
fosse o aviso da rede social. Não nos ligamos mais, não nos
todos os nossos amigos tomaram bala para curtir mais a
vemos mais, não nos abraçamos mais. Não conhecemos mais
noite. Ao contrário do que defendemos compartilhando o
a casa um do outro, o colo um do outro, temos vergonha de
post da cerveja artesanal do momento, bebemos mais e
chorar.
bebemos pior.
Somos a geração que se mostra feliz no Instagram e soma
Entendemos que as bicicletas podem salvar o mundo
pageviews em sites sobre as frustrações e expectativas de não
da poluição e a nossa rotina do estresse. Mas vamos de
saber lidar com o tempo, de não ter certeza sobre nada. So-
carro ao trabalho porque sua, porque chove, porque sim.
mos aqueles que escondem os aplicativos de meditação numa
Vimos todos os vídeos que mostram que os fast-foods
pasta do celular porque o chefe quer mesmo é saber de pro-
acabam com a nossa saúde – dizem até que tem minho-
dutividade.
ca na receita de uns. E mesmo assim lotamos as filas do
Sou de uma geração cheia de ideais e de ideias que vai
drive-thru porque temos preguiça de ir até a esquina
deixar para o mundo o plano perfeito de como ele deve fun-
comprar pão. Somos a geração que tem preguiça até de
cionar. Mas não vai ter feito muita coisa porque estava com
tirar a margarina da geladeira.
fome e não sabia como fazer arroz.
Preferimos escrever no computador, mesmo com a letra que lembra a velha Olivetti, porque aqui é fácil de apagar. Somos uma geração que erra sem medo porque conta com a tecla apagar, com o botão excluir. Postar é tão fácil (e apagar também) que opinamos sobre tudo, sem o peso de gastar papel, borracha, tinta ou credibilidade. Somos aqueles que acham que empreender é simples,
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Marina Melz É jornalista e trabalha com assessoria de imprensa. É meio Bridget Jones e meio Woody Allen. Não tem preconceitos com músicas, filmes e qualquer coisa que seja. Acha que toda história (boa ou não) merece ser contada. marinamelz@gmail.com
Full Time M A G A Z I N E
Gourmet
Receitas
Este bolo tem origem na Escócia e foi adaptado ao gosto brasileiro, mantendo as características de riqueza e de ser moderadamente adocicado. Fácil de fazer, pode fazer seus queridos se sentirem especialmente amados quando souberem que você foi para a cozinha para homenageá-los com uma receita tão especial.
Maria José da Silva, Chef e Proprietária do Chez Maria Restaurante, Granja Viana
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Conheça nosso site: www.chezmaria.com.br
Full Time M A G A Z I N E
& Dicas Bolo de Natal à moda do Chez Maria
Ingredientes
Modo de fazer
200 g. de farinha de trigo
Pré-aqueça o forno à temperatura de 170 graus (acima do médio).
200 g. de manteiga amolecida
Peneire a farinha com o cravo, a canela e o gengibre em pó numa
½ xícara de açúcar mascavo
tigela onde depois irão ser misturados todos os ingredientes. Reserve.
4 ovos
Numa batedeira, bata a manteiga com o açúcar até que se atinja
1 colher de café de cada um deles: cravo moído, canela, gengibre
o ponto de um creme leve. Acrescente os ovos, um a um, batendo
em pó
após cada adição. Leve esse creme à tigela de farinha, misturando
Raspas da casca de meio limão e de meia laranja
bem. Acrescente todos os outros ingredientes. Comece a usar as
1 xícara de castanhas do pará picadas
mãos para misturar. Neste ponto você tem uma massa seca. Então,
1 xícara de nozes picadas
vá colocando o leite ou o creme de leite aos poucos, mexendo
1/2 xícara de frutas cristalizadas
bem, até que a mistura readquira a consistência de um creme
1/2 xícara de passas sem caroço
levemente espesso. Agora, por fim, coloque o fermento, continuando
1/2 xícara de damasco picado grosseiramente
a misturar. A massa está finalmente pronta. Unte e farinhe uma
1/2 xícara de cerejas confitadas
forma grande sem buraco no meio e coloque a massa deixando
Leite ou, de preferência, creme de leite fresco, quantidade de até
um espaço de um centímetro na altura. Polvilhe toda a superfície
dois copos
da massa com o açúcar cristal e leve ao forno. O bolo levará de
1 colher de chá de fermento em pó
30 a 40 minutos para assar. Sinta se ele está pronto apalpando.
Açúcar cristal para polvilhar sobre a massa antes de ir para o forno
Se ele estiver firme, está pronto. Deixe esfriar e desenforme. Parabéns. Você deve ter feito um bolo delicioso.
LUGAR ONDE SE COME BEM
chez maria
RESTAURANTE
RUA JOSÉ FELIX DE OLIVEIRA 1025 GRANJA VIANA TEL: 47022306 E 47770247
ALMOÇOS TODOS OS DIAS JANTARES SEXTAS E SÁBADOS
Capa
MARINA
Bon
10
S
São muitos os olhares que a perseguem quando
Não foi muito difícil para a atriz abrir mão de sua
ela passa. Marina tornou-se uma referência de esti-
beleza para viver a personagem Eliza em “Totalmente
lo, sendo presença constante nas listas das mulhe-
Demais”. Com cabelos desgrenhados e a pele mancha-
res mais elegantes do Brasil. Os cabelos ruivos são
da, Marina reconhece que por um personagem vale
considerados a marca registrada da atriz. Sempre
tudo. Disciplinada, ela se dedica ao trabalho e tem dei-
muito bem vestida, com roupas de grife, Marina
xado, não só o público satisfeito com a sua atuação,
Ruy Barbosa mantém sua elegância em evidência,
mas também a direção da emissora. A partir de agora,
e não deixa que assuntos pessoais acabem com o
prepare-se para conhecer um pouco mais sobre a vida
seu bom humor.
desta jovem e linda atriz, nesta entrevista exclusiva.
Full Time M A G A Z I N E
Por: Ester Jacopeti
A RUY BARBOSA:
nequinha de Luxo
Fotos: Lucas Landau
Marina nasceu na Gávea, bairro da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, em 30 de junho de 1995. Filha única, é tetraneta do escritor, jurista e político baiano Ruy Barbosa. Apesar da semelhança no nome, o que faz com que muita gente se engane, não possui nenhum grau de parentesco com o novelista Benedito Ruy Barbosa.
FULL TIME – Seu primeiro trabalho na televisão foi em 2004, na novela “Começar de Novo” e desde então você tem feito um trabalho seguido do outro, mas desta vez você encara a protagonista Eliza de “Totalmente Demais”. Ela é a mocinha que você gostaria de interpretar? MARINA RUY BARBOSA – Ela é diferente porque é sonhadora e, por conta do que passou, vai ficando na defensiva. Mas ainda assim é uma menina
forte, determinada que tem coragem de fugir daquele inferno que era a vida dela com o padrasto. Ela não é sofredora, até passa por algumas situações complicadas, mas é guerreira. Realmente ela não se parece em nada com a Maria Isis de “Império” (2014) e nem com a Malvina de “Amorteamo”, que foram as personagens mais recentes que eu fiz. Neste último, até a caracterização foi diferente. A Malvina tinha cabelos pretos e cheguei a usar lentes de contato também. Era uma noiva cadáver, uma morta. O bacana de ser ator é justamente a possibilidade de fazer várias personagens, através da profissão, e ter várias características e personalidades ao mesmo tempo. Essa com certeza tem sido uma oportunidade incrível na minha vida. Eu tenho muita sorte! Comecei a trabalhar quando tinha 9 anos de idade, e hoje sinto-me privilegiada de ter a oportunidade de realizar os meus sonhos. Sinto-me muito realizada, por ter descoberto, mesmo com pouca idade, o que eu queria fazer da vida. Não fico pensando em ser ou não protagonista, porque a novela é feita por um todo. Somos uma equipe. Me senti honrada com o convite da direção, justamente pela confiança no meu trabalho, e para mim cada personagem, é uma conquista. Sabemos que já tem um tempinho que você gravou a série “Amorteamo”, mas os atores costumam dizer, que é bem diferente de uma novela, que pede uma dedicação maior. Você também sentiu essas diferenças? Com certeza é outro ritmo completamente diferente, porque a gente consegue gravar com mais calma. E já sabemos o que vai acontecer do começo ao fim, o que é excelente porque temos uma noção do todo. É tudo muito diferente e bem bacana! Essa é a primeira vez que você faz uma personagem, que não tem muitas vaidades, por ser
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Foto: Ellen Soares
uma menina simples do interior do Rio de Janeiro. E as pessoas não estão acostumadas a vê-la
Full Time M A G A Z I N E
diferente. Como tem sido a caracterização para interpretá-la? Nós usamos um bronze, porque a personagem morava em beira de estrada, então ela pegava um pouco mais de sol do que eu, e por isso tem a pele manchada. No cabelo, nós colocamos água com sal, para deixá-lo um pouco mais ressecado e dar um pouco mais de volume. Também estamos usando um aplique para que ele fique um pouco mais bagunçado. Está sendo bem bacana essa caracterização. O que é muito importante para construir a personagem. A Eliza é uma menina arredia e durona, mas também muito corajosa. Por ser de uma família humilde, ela não tem vaidade e não se preocupa tanto com a aparência. Não teria como a Eliza ter um visual diferente daquele. A vaidade definitivamente não cabe nela. Antes de começarmos as gravações da novela, eu cheguei a vender flores nas ruas. Rodamos alguns sinais e bares da Lapa e algumas pessoas até me reconheceram e outras não. Cheguei a ganhar uma graninha, acho que foi uns 100 reais. Em uma das cenas da Eliza, ela apareceu de calcinha e sutiã e mostrou que estava em ótima forma. Como você procura cuidar do corpo? Pratica alguma atividade física ou até mesmo tem alguns cuidados com a alimentação? Aliás, quais são os cuidados que você procura manter com a pele? Por enquanto, não estou fazendo nenhuma atividade, mas preciso voltar. Gosto bastante de muay thai e kickboxing e também procuro praticar um pouco de natação. Aliás, faço quando dá tempo. Com a alimentação, não chego a fazer dietas, mas procuro comer algo mais leve durante a noite. Também evito tomar muito refrigerante. Eu costumo usar água termal e também protetor solar no rosto. O que normalmente não saio de casa sem, é o meu blush, porque sou muito branquinha e ele ajuda a dar uma cor. Outro item é o rímel, mas o meu nécessaire é bem aparar as pontinhas e usar bons produtos em casa. Às vezes faço hidratação durante o banho mesmo.
Foto: Luiz C. Ribeiro
pequeno. Com os cabelos, o que eu sempre faço é
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Full Time M A G A Z I N E
Ela vai entrar para este universo, não vai gostar muito, mas depois vai acabar se acostumando. A Eliza se apaixonou pelo Arthur no primeiro momento em que o viu. Como tem sido essa interação com o Fábio? Eu tenho tido muita sorte de pegar parceiros bem generosos. Eu me dava muito bem com o Nero em “Império” (2014) e agora com o Fábio tem sido incrível. Ele é divertidíssimo e eu achava que ele era mais sério. Às vezes me pego lembrando que eu o assistia em “O Rei do Gado” (1996), e em “Celebridade” (2003) e agora estou fazendo par romântico com ele. Muito louco! Os dois se envolvem na trama, mas vai demorar um pouquinho. E se surgirem boatos com o Fábio como surgiram com o Nero, é sinal de que o trabalho está dando certo. Quando o casal não tem química, as pessoas reclamam. Se tem, inventam fofoca, então... Inventam muitas coisas Quando vou à praia procuro usar um leave in.
ao meu respeito, as últimas foram piadas. Eu tenho que focar no meu trabalho, porque fofocas passam.
Quando o assunto é moda, você é referência para muitas mulheres que querem copiar o seu visual. E a Eliza também entrará neste universo na trama. Já que está sempre muito bem vestida, o que você considera importante para sentir-se bem? Gosto de usar roupas que me deixam bonita, mas também à vontade. Em casa, por exemplo, uso camiseta e shortinho, mas é claro que depende. Minhas peças preferidas são os vestidos mais curtinhos, porque mostra um pouco as pernocas (Risos), mas se for uma ocasião mais arrumada, um casamento, prefiro os longos. Hoje, por exemplo, estou com um vestido longo na cor verde. Minha personagem usa muito essa cor, vários tons. Apaixonei-me por este vestido, que tem tudo a ver com o momento que estou vivendo. Estou ficando um pouco mais velha, estou com 20 anos. Gosto muito de moda. Sobre a novela, o Arthur (Fábio Assunção) vai apostar nela como uma supermodelo.
Marina costuma fazer um trabalho como protetora dos animais, especialmente gatos abandonados. Ela abriga os gatinhos em casa, enquanto procura pessoas que queiram adotar os animais. Em dezembro de 2013, ela participou da campanha de adoção de animais “Adotei”. A atriz também participou de campanhas de entidades filantrópicas como o Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), Amigos da Infância com Câncer (AMICCA) e Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE). Durante a caracterização para a personagem Maria Isis em Império, Marina cortou 30cm de seus cabelos, que foram doados para a ONG Cabelegria, que faz perucas para doentes com câncer que perderam os seus cabelos.
Educação entrevista
Por Juliana Martins
Foto:Frederico Guizellini.
Exercício de contemplação e de valiosas lições
Assim o biólogo paulista Felipe de Olivei-
mente nisso e observar, estudar e compreender as
ra Jacinto define o “conhecer os povos indígenas”.
interações existentes nos diversos componentes nos
Ele, que desde fevereiro vive com os Xavante, na
ecossistemas relacionados à sociobiodiversidade”,
Aldeia Daritidzé, nos conta como está sendo esta
comenta nesta entrevista exclusiva.
experiência, fala sobre seu trabalho com educação
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escolar indígena e o que podemos aprender com
Vamos começar com a pergunta que muitos
os indígenas. “Nesses anos de trabalho e contato
devem te fazer: o que o motivou a morar em uma
íntimo com os povos indígenas, tenho observado e
aldeia indígena?
aprendido valiosas lições que carrego comigo para
Há algum tempo eu tenho desenvolvido ativida-
onde for. Em tempos onde a preservação ambiental
des relacionadas aos povos indígenas. Sempre me
é tão evidente e ressaltada, creio que é fundamen-
interessei por natureza e preservação ambiental e,
tal considerarmos o fator humano envolvido direta-
desde a minha graduação em Ciências Biológicas,
Full Time M A G A Z I N E
pude me envolver mais diretamente em causas e
agora. Respeitam uns aos outros, convivem harmo-
projetos que associavam essas paixões. Curiosamen-
nicamente em grandes grupos familiares, respeitam
te, fui levado a conhecer um ramo de estudos que
os ciclos da Terra e usam isso para o seu benefício na
relaciona o fator humano com as interações ambien-
obtenção de abrigo, alimento e matéria-prima para
tais – a etnobiologia – e me aproximei dos índios
artefatos que necessitem. O índio vive numa forte
com curiosidade, respeito e aberto a conhecer o seu
conexão com o ambiente, seja numa aldeia isolada
universo. Me apaixonei, pois ali poderia entender um
ou vivendo num centro urbano e, diferente do que
pouco de nós, seres humanos, ao mesmo tempo em
a maioria das pessoas pensa, possuem um complexo
que estava a todo momento imerso na natureza, no
conhecimento sobre o meio onde vivem.
seu manejo sustentável e na existência harmônica com o todo.
O que nós podemos fazer pela causa indígena?
Como é essa experiência?
O primordial e fundamental é descobrir quem
Viver em uma aldeia indígena é fantástico. É cla-
de fato é o indígena, desconstruindo os estereóti-
ro que exige muito desapego da vida urbana, tecno-
pos que nos repassam na escola, na mídia, em toda
lógica e moderna, mas ao mesmo tempo traz valio-
parte. Nem todo índio vive na floresta, nem todo ín-
sas lições e reforça valores, muitas vezes, esquecidos
dio anda pelado, nem todo índio usa penas para se
ou perdidos na nossa sociedade, como a solidarieda-
adornar, nem todo índio tem cabelo liso, nem todo
de, o compromisso e o respeito pelo próximo e pelo
índio é isolado. É preciso conhecer o indígena de
ambiente em que se vive. Desde o início me preo-
perto, para então compartilhar seus dramas e ques-
cupei em não ser mais uma influência externa na
tões pessoais e compartilhar isso, essa imagem real.
cultura dos Xavante, com quem eu vivo. Apesar de
Quem sabe assim as questões que afligem os po-
terem um contato consideravelmente recente com
vos indígenas não tocam mais e fazem sentido para
a sociedade não-indígena – foram pacificados entre
mais e mais pessoas? Creio que podemos ajudar a
as décadas de 50 e 70 –, sofreram muitas influências
fazer coro nas reivindicações dos povos indígenas
dos contatos e dos agentes pacificadores, como os
sem sensacionalismo ou modismo, respeitando as
padres Salesianos. Assim, eles incorporaram muitos
particularidades e individualidades de cada grupo,
hábitos nossos, como uso de roupas e utensílios de
etnia ou causa. Sabedoria e bom senso ajudam mui-
cozinha, casas em formato retangular ao estilo ser-
to quando se quer contribuir com a causa indígena.
tanejo, mas ao mesmo tempo conseguiram manter vivas a cultura, as tradições e as raízes que os co-
O que pensa da afirmação: “os povos indíge-
nectam com as suas origens. Penso que temos de
nas são povos com saberes e processos culturais
respeitar os momentos mútuos, mas os índios tem
sociais e históricos densamente diferenciados;
todo direito de serem, possuírem e experimentarem
não se tratam de sujeitos escolares carentes, mas
o que quiserem com o cuidado de respeitar a própria
de sujeitos étnicos diferentes”?
identidade e o que os torna filhos da terra, detentores de grande sabedoria milenar.
Há um senso comum de que o índio é o ‘selvagem’, a criatura da mata que nada sabe, nada faz e não tem produtividade no mundo. Isso é uma heran-
O que os povos indígenas têm a nos ensinar?
ça preconceituosa que origina e propaga estereóti-
O tempo para o indígena me parece muito
pos sobre os indígenas. Provavelmente, ninguém à
distinto do nosso. Ele enxerga e usa o tempo com
sua volta conhece um indígena pessoalmente (não
outros olhos, com sabedoria. Vivem o momento, o
vale só ter comprado um artesanato na viagem de
final de ano), mas com certeza absoluta, tem algu-
sociedades indígenas, o ensinar e o aprender são
ma opinião negativa sobre ele. Não conseguimos
ações mescladas, incorporadas à rotina do dia-a-
conviver com a diversidade nem mesmo nas nossas
dia, ao trabalho e ao lazer e não estão restritas
sociedades urbanas, como aceitar que existe uma
a nenhum espaço específico. A escola é todo o
multi variedade de seres, saberes, hábitos e culturas
espaço físico da comunidade”. Concorda?
vivendo em todos os cantos do Brasil e que não são
Eu concordo e penso que as experiências que te-
vistos e nem ouvidos todos os dias? Conhecer os po-
mos o tempo todo estão nos direcionando, educan-
vos indígenas é um exercício de contemplação e de
do, modificando. Especificamente numa aldeia indí-
valiosas lições. Se nos respeitássemos mais, teríamos
gena, as tarefas cotidianas são repassadas dos mais
muito o que aprender uns com os outros.
velhos aos mais jovens desde muito cedo e todos contribuem com a dinâmica doméstica e da aldeia
Você atua no campo da
em geral. Muitas vezes, interrompemos as aulas para
“Me apaixonei, pois ali
educação escolar indígena.
a colheita ou plantio de algum item alimentar culti-
poderia entender um
Fale-nos um pouco desse
vado e isso é, sem dúvida, um importante momento
seu trabalho.
de interação social onde várias gerações executam
pouco de nós, seres humanos, ao mesmo tempo em que estava a
Eu fui trabalhar com os Xavante a convite do caci-
uma tarefa ao mesmo tempo, num intenso processo de ensino-aprendizagem.
que Cleto Tsimrimhou Pariõwa. Leciono para turmas
O site da FUNAI afirma que “os povos indíge-
de Ensino Fundamental e
nas têm direito a uma educação escolar específi-
Médio, as 11 matérias con-
ca, diferenciada, intercultural, bilíngue/multilín-
vencionais, nos períodos
gue e comunitária, conforme define a legislação
matutino e vespertino. De
nacional que fundamenta a Educação Escolar In-
manhã, os meus alunos são
dígena”. Você, que trabalha com isso, consegue
crianças e adolescentes, en-
nos responder se, na prática, funciona? É possível
tre 8 e 14 anos, cada qual
um espaço que consolide a socialização do co-
num momento diferente de aprendizagem, o que
nhecimento ocidental com a tradição e cultura
exige adaptação e esforço para que todas as neces-
do povo, sem influenciá-lo?
todo momento imerso na natureza, no seu manejo sustentável e na existência harmônica com o todo.”
sidades sejam atendidas. À tarde, leciono para os
As Políticas Públicas para a educação escolar
adultos numa turma formada majoritariamente por
indígena são muito completas e bem formuladas,
mulheres. Como poucos moradores da aldeia falam
mas a prática está muito distante do almejado. Existe
português e aprender a língua materna dos Xavante
uma defasagem histórica que relega os indígenas ao
leva um certo tempo, conto com o auxílio dos cole-
segundo plano e, mesmo com apoio legal de várias
gas indígenas que também são professores. Assim,
ordens, há muito o que ser feito para que possamos
trabalhamos juntos num processo de adaptação
ver uma educação de qualidade e que respeite a
de conteúdos curriculares formais à realidade local,
cultura e as tradições dos povos indígenas aconte-
bilíngue, dentro das especificidades de cada turma
cendo.
ou aluno, respeitando o tempo da aldeia. Quais são os desafios de uma política para a Lendo estudos sobre o assunto, encontramos
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educação escolar indígena?
algumas declarações sobre o tema e, entre elas,
Os desafios estão na prática diária da educação
a da docente Terezinha Machado Maher: “nas
escolar indígena. Temos pouco ou quase nenhum
Full Time M A G A Z I N E
Foto:Frederico Guizellini.
material didático autoral, em língua materna ou
livres, completamente livres para existirem no mun-
mesmo bilíngue. Os poucos livros que recebemos
do. Valorizar a palavra, ouvir antes de falar, saber o
são os mesmos utilizados nas escolas urbanas e,
momento certo de se colocar na situação. Explorar
muitas vezes, fogem completamente do contexto
racionalmente os recursos naturais, sentir e respeitar
e realidade locais, dificultando o entendimento e
o que há de sagrado nos minerais, plantas e animais.
o processo de aprendizagem. Qualificar os professores indígenas é fundamental, fornecendo apoio
Para encerrar, justifique a sua própria frase:
e subsídios para que eles se sintam cada vez mais
“conhecer e valorizar a sabedoria tradicional é,
capacitados a educar seus jovens e adultos que bus-
sem dúvida, uma chave fundamental para o pro-
cam no conhecimento alguma oportunidade para a
cesso de reconexão do ser humano”.
vida. Observo muitos não-indígenas que trabalham
Vivemos em agrupamentos humanos completa-
na educação escolar indígena, mas não tem engaja-
mente desconectados dos valores mais simples de
mento para que a mesma deslanche e aconteça de
humanidade. Estamos caminhando para um colapso
fato e isso é triste.
ambiental que ameaça a nossa própria sobrevivência. Isso já é o bastante para que muitas pessoas se
Dessa sua experiência, quais lições aprendeu com o povo Xavante?
questionem e busquem, cada vez mais, a sua essência, a sua reconexão com os ancestrais, com a natu-
Aprendo muitas coisas o tempo todo. A mais im-
reza, com o planeta. E os povos tradicionais - não
portante é viver o agora. Na aldeia não tem tempo
só indígenas, mas também quilombolas, ribeirinhos,
para pensar no amanhã, pois o agora é muito mais
camponeses, pescadores, entre tantos atores sociais
importante, difícil e urgente do que tudo. Respeitar
- frequentemente trazem essa bagagem consigo e
e ajudar o próximo. Permitir que as crianças sejam
essa troca é maravilhosa quando acontece.
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Full Time M A G A Z I N E
Educação
Transporte escolar: segurança, qualidade e facilidade
Mas, assim como a escolha de uma ótima escola para o seu filho, o transporte escolar também é fundamental. O profissional e o veículo devem estar adequados para transportar bebês, crianças e jovens. A legislação determina as especificações dos veículos, além de requerer um treinamento especial dos motoristas encarregados que devem ter carteira de habilitação categoria D. Esse tipo de transporte ainda é regulamentado de maneira complementar pelos Detrans estaduais e fiscalizado pelos municípios. serem identificados com uma faixa horizontal amarela com a inscrição
para o seu filho. Mas nem
“escolar”. A lotação máxima de cada veículo deve ser respeitada e o
sempre a melhor escolha tem a facilidade de estar no caminho do seu trabalho. Por isso, surgiu o transporte escolar. Para facilitar e também para ajudar na diminuição do volume de veículos particulares. Logo, com a diversidade de instituições de ensino e um número enorme de
número de cintos de segurança deve obedecer ao número de passageiros. O Código Brasileiro de Trânsito determina também que, em veículos de passeio, as crianças devem ser transportadas no banco traseiro. Os bebês de até um ano de idade devem ser transportados em um assento do tipo concha, e entre 1 e 4 anos, a criança deve ser acomodada na cadeirinha. As maiores, entre 4 e 7 anos precisam utilizar o assento de elevação que já permite o uso do cinto do veículo. Já os mais crescidos, a partir de 8 anos, podem fazer uso apenas do cinto. A utilização destes equipamentos de acordo com idade, porém, é alvo de críticas por parte de alguns especialistas do setor, que os consideram insuficientes. Muitos alertam que a resolução que regulamenta o uso das cadeirinhas, ignora peso e altura, que podem variar em uma
estudantes, a quantidade desse
mesma faixa etária. Por isso, a melhor orientação é que pais e o profis-
meio de transporte coletivo
sional do transporte escolar entrem em um acordo para a segurança
aumentou ao longo dos anos.
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Também têm a obrigatoriedade de
Você escolhe a melhor escola
total da criança. Carolini Del Gaiso
Full Time M A G A Z I N E
Educação
Educando com amor
NOSSA MISSÃO a Oferecer ensino de qualidade, proporcionando ao aluno a ampliação de seu conhecimento, respeitando sua individualidade e criatividade. NOSSA VISÃO a Ser reconhecido como um colégio de educação de qualidade, uma escola acolhedora, onde a criança desenvolve seus potenciais. NOSSOS VALORES a Respeito ao próximo e à família; a Disciplina; a Honestidade; a Transparência
OBJETIVOS O COLÉGIO URBANO LEITE tem como objetivo ampliar a construção do conhecimento de metodologias, didáticas e tecnologias no atendimento às características individuais de aprendizagem, interesses, motivações ou necessidades dos alunos através de um acompanhamento pedagógico e psicopedagógico. Oferecemos uma sede própria, arejada e ampla sem degraus, construída especialmente para escola. Estamos desde 2012 no mercado de trabalho em Vargem Grande Paulista. Contamos com Mini Zoo, Quadra Coberta, Parque Coberto, Parque Descoberto, Horta, Pomar, Amplo Refeitório, Berçário Estruturado, Sala de Estimulação e Estacionamento Exclusivo para os Pais. Cursos de LIBRAS (linguagem de sinais), Karatê, Ballet, Culinária, Educação Financeira, Inglês, Informática e atendimento Psicopedagógico.
CARACTERÍSTICAS A escola tem como principal característica o estímulo à criatividade, por meio de uma programação orientada. Criam-se condições para que o conhecimento seja construído pelo aluno, respeitando-se seus interesses e motivações, seu ritmo e estilo de aprender como também encaminhá-los à descoberta das diversas possibilidades de escolha, desenvolver capacidades e qualidades para o exercício autônomo, consciente e crítico da cidadania.
Metas Para que as metas estabelecidas sejam alcançadas, o Colégio Urbano Leite mantém parceria com o Sistema Universitário de Ensino , além disso conta com profissionais competentes e comprometidos com essas metas. Educar é realizar a mais bela e complexa arte da inteligência. Educar é acreditar na vida e ter esperança no futuro. Educar é semear com sabedoria e colher com paciência.
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Eliana Urbano – Colégio Urbano Leite- www.colegiourbano.com.br
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Construindo o conhecimento
a Berçário a Educação Infantil a Educação Fundamental I a Período Integral, Meio Período e Intermediário
PROMOÇÃO - até 22/01/2016 Mensalidade R$ 450,00 (meio período Ensino Fundamental I)
Tel: (11) 4159-8061/4158-3874 (11) 9 9633-8784
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Especial
O mundo das mulheres extraordinárias O Prêmio Claudia 2015, em sua 20a edição, reconhecido como a maior premiação feminina da América Latina, homenageou mulheres que fazem a diferença no mundo. Em sua última edição, foram premiadas sete categorias: Ciências, Consultora Natura Inspira, Cultura, Negócios, Políticas Públicas, Revelação e Trabalho Social. A comissão de julgadores, composta por 10 pessoas de diversas áreas, teve a difícil missão de escolher uma vencedora. Em cada uma das categorias, três mulheres foram selecionadas, em meio a 4.200 candidatas analisadas, 354 finalistas que impactaram profundamente suas famílias, suas comunidades e, em alguns casos, todo o país.
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“Estamos reconhecendo essas mulheres extraor-
mais de 150 estudos sobre o tema em três décadas
dinárias, que rompem barreiras na ciência, ajudam a
de trabalho. Além de também ser consultora da Fun-
democratizar a cultura, fazem negócios que somam
dação Bill e Melinda Gates para projetos de FBN, que
ao lucro a valorização da pessoa e da sociedade.
visam combater a fome e a desnutrição na África.
Mulheres que movimentam comunidades, mudam
Empenhada em construir um Brasil melhor e
as políticas e fazem justiça. Que nos surpreendem
mais justo, Marinalva Dantas é auditora fiscal do tra-
e nos inspiram a buscar o extraordinário que existe
balho e tem como objetivo lutar contra o trabalho
dentro de cada um de nós”, comentou o presidente
escravo. Viajando pelo país, ela já libertou mais de
da Editora Abril, Alexandre Caldini.
2,3 mil trabalhadores rurais. Atualmente, ela fiscaliza
Emocionadas, as vencedoras não esconderam a
o uso de mão de obra infantil e o assédio moral no
satisfação em ter o trabalho reconhecido. Mariange-
trabalho em Natal. “Eu não estava esperando”, disse
la Hungria, que concorreu pela categoria Ciências,
Marinalva, quando teve seu nome anunciado como
desenvolve o trabalho de pesquisadora do Centro
vencedora da categoria Políticas Públicas. “Fomos
Nacional de Pesquisa de Soja da Embrapa, em Lon-
criados para fiscalizar homens livres. Estamos com-
drina (PR). Ela contribui de maneira significativa, não
pletando 20 anos de combate ao trabalho escravo.
só para o país, mas para o mundo. Principal estudio-
Eu choro por todos que ainda não conseguiram fu-
sa e divulgadora do assunto, a agrônoma já realizou
gir e nem serem localizados. Esse prêmio é muito
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importante, por que ele representa tudo que nós já
Naquela época, estava dando tudo errado. Eu vol-
passamos”, declarou emocionada.
tava para casa todos os dias chorando e meus pais
A solidariedade não para por aí. Mulheres de
me recebiam ali. Quero dedicar este prêmio a todos
várias idades contribuíram profundamente para mu-
os pais e professores que não limitam seus filhos e
danças que realmente fazem a diferença, como a es-
alunos. E dizer que, se você tem um sonho, não deixe
tudante Raíssa Müller, de apenas 20 anos, que levou
de acreditar, porque, no caminho, haverá pessoas di-
o prêmio Revelação. Sua história começou quando
zendo que não será possível, mas só você pode ven-
ela ainda tinha 11 anos. Aos 14, após presenciar 80
cer essas barreiras”, enfatizou Raíssa, que prometeu
toneladas de peixes mortos no Rio dos Sinos, que
não desistir nunca.
corta Novo Hamburgo (RS), onde vive, decidiu, no
São muitas as mulheres que inspiram, por de-
laboratório da escola técnica, criar algo que pudesse
monstrarem que, em sua delicadeza, existe também
solucionar o problema. Desenvolveu uma esponja
uma eterna apaixonada pela vida e pelo aprendiza-
capaz de separar água do óleo. Se produzida em lar-
do. A pesquisadora Renata Meirelles, há mais de 15
ga escala, ela pode até ser usada em casos de derra-
anos, dedica a maior parte do seu tempo a obser-
mamento de petróleo.
var meninos e meninas com suas bolas, bonecas,
Essa ideia lhe rendeu bons frutos, e ela conquis-
fantasias e brinquedos construídos com diferentes
tou uma vaga em um programa na Universidade de
tipos de material. Acompanhada pelo marido, o
Harvard, nos Estados Unidos. Agora, ela planeja de-
documentarista americano David Reeks, e dos dois
dicar-se a neurociências para estudar e curar doen-
filhos pequenos, Renata saiu pelo mundo para re-
ças neurológicas. “Há dois anos, eu estava neste
gistrar brincadeiras em diversos tipos de cultura. Foi
mesmo horário, no laboratório de pesquisa, e nunca
então que surgiu Território do Brincar. Deste projeto,
poderia imaginar que estaria recebendo este prêmio.
nasceram dois documentários, dois livros, uma série
Especial infantil para a televisão e um riquíssimo material que
pagaria com a própria vida. Foi então que ela perce-
vem sendo compartilhado com escolas e educado-
beu sua importância para o projeto. No dia seguin-
res do país todo. “A cultura do nosso país precisa se
te, retornou ao trabalho e não deixou que um seus
unir para que nós possamos continuar construindo
Zezinhos se perdesse. “Quando cheguei na ONG,
um Brasil melhor”, concluiu ela, que recebeu o prê-
o menino me aguardava com um girassol na mão.
mio na categoria Cultura.
Perguntei se ele havia me ligado no dia anterior. Ele
Algumas dessas mulheres enfrentaram pelo ca-
confirmou e contou que estava me dando a maior
minho muitos obstáculos
flor do mundo, para que eu nunca esquecesse dos
que não foram fáceis de
meus Zezinhos”, relembrou Dagmar, que concluiu
serem ultrapassados. Um
seu discurso com sábias palavras, dizendo que “edu-
bom exemplo é a histó-
car é um ato de amor”.
São muitas as mulheres que inspiram, por demonstrarem que, em
ria da pedagoga Dagmar
Apesar do anonimato, essas mulheres são pro-
sua delicadeza, existe
Garroux (Categoria Tra-
tagonistas de uma sociedade em transição. Levam
balho Social), que admi-
com elas lições de vida que as fazem guerreiras e
nistra a Casa do Zezinho e
se tornam icônicas para a história de cada ser hu-
atende cerca de 500 crian-
mano que teve sua vida modificada ao longo de
ças, todas moradoras dos
seu caminho. Para Lizandra Mazutti, ganhadora da
bairros de Santo Antônio,
categoria Consultora Natura Inspira, a importância
Capão Redondo e Jardim
de garantir educação para os filhos, fez com que se
Ângela, uma das regiões
unisse ao frei Jaime Bettega em 2009, para a criação
mais violentas de São Paulo. Há alguns anos, Dag-
do Projeto Mão Amiga, que subsidia parte da men-
mar teve o pai assassinado por um menor. Desolada
salidade de creches privadas, para crianças com até
e sem forças para voltar ao trabalho, recebeu uma
6 anos excluídas da escola pública por falta de vagas.
ligação de uma das crianças, dizendo que o infrator
O programa já beneficiou cerca de 5 mil meninos e
também uma eterna apaixonada pela vida e pelo aprendizado.
Raissa Müller
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Marinalva Dantas
Renata Meirelles
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meninas.
dia, que escolhe uma homenageada hors-concours
Longe de ser considerada sexo frágil, a empre-
pelo conjunto da obra, decidiu estender o tributo
sária Alcione Albanesi, que concorreu na categoria
não só a uma mulher, mas a milhares delas. “Que-
de Negócios, começou a trabalhar na adolescência
remos falar de novas etapas, de recomeços e de re-
como modelo. Aos 17 anos, montou uma bem-su-
siliência, essa capacidade tão feminina de sobreviver
cedida confecção de roupas. E, no final da década
a grandes adversidades, de encontrar forças onde
de 90, abriu uma loja de material elétrico na Rua
parece haver apenas vazio e reconstruir”, disse Tatia-
Santa Ifigênia, no centro de São Paulo. Foi quando
na Schibuola, diretora de redação da revista Claudia.
fez sua primeira, das 70 viagens para a China, onde
A eleita foi a nigeriana Jonathan, de 44 anos, pro-
encontrou um fornecedor de lâmpadas econômicas
fessora, mãe de quatro crianças, que fugiu do Boko
eletrônicas, que ainda não estavam disponíveis no
Haram, organização terrorista que tenta impor a lei
Brasil. A partir daí, surgiu a FLC, que se tornou uma
islâmica (Al Sharia) na região. Morando no Brasil, ela
empresa gigante nacional de iluminação. “Desde os
se considera uma mulher livre.
15 anos de idade que me sustento! Deus me deu
“Acreditamos que, este ano, nada sintetiza mais
inteligência e força! A minha mãe é minha referên-
isso do que a dolorosa e corajosa migração dos
cia. Este prêmio se tornou um estímulo e, ao mesmo
refugiados. Cidadãos de pátrias que se dissolvem.
tempo, sinto-me mais responsável. Nós, mulheres,
Testemunhas das barbáries, são homens e mulheres
fomos escolhidas por Deus para gerar a vida e temos
sem alternativa que não o recomeço num novo país,
uma sensibilidade, amor e o dom dentro de nós”,
numa nova condição”, argumentou Tatiana. “Con-
disse Alcione categoricamente e bastante conscien-
frontados com escolhas impossíveis, como se sepa-
te da importância que sua empresa tem no Brasil, já
rar de suas famílias, eles nos ensinam que somos ca-
que é responsável por 36% do mercado de lâmpadas
pazes de coisas extraordinárias para proteger nossos
econômicas no país.
valores e crenças. E que sempre podemos mais do
Para fechar com chave de ouro, o Prêmio Clau-
Dagmar Garroux
Lisandra Mazutti
que pensamos”, concluiu a diretora de redação.
Alcione Albanesi
Mariangela Hungria
Eco Caderno entrevista
Por Juliana Martins
Agricultura em áreas urbanas Ativista, sonhador, consultor de projetos socioambientais e permacultor! Este é Samuel Gabanyi, o entrevistado deste mês no Ecocaderno. Graduado em Administração Pública pela EAESP - FGV, Mestre em Desenvolvimento Sustentável pela Macquarie University - Austrália e Permacultor pelo IPEMA, ao longo de sua carreira teve oportunidade de trabalhar com projetos de cunho social e ambiental e, atualmente, se dedica à causa da agroecologia na cidade de São Paulo e é organizador do Festival do Movimento Urbano de Agroecologia. Nesta entrevista, fala sobre agricultura urbana, dá dicas do que plantar em casa e ensina que precisamos agir em conjunto com o meio ambiente e não como soberanos dele.
Conte-nos sobre sua experiência com projetos nas áreas social e ambiental.
tar em contato com essa realidade constantemente. Ali sabia que meu destino estava traçado e que iria
Logo no meu primeiro estágio, eu participei da
me dedicar para buscar uma sociedade mais justa,
equipe da ONG - Banco de Alimentos, que trabalha
igualitária e em harmonia com a natureza. Nos anos
no combate ao desperdício de alimentos, recolhen-
que seguiram, tive oportunidade de trabalhar em
do onde há sobra para entregar a quem precisa. Uma
diversos projetos em diferentes áreas, como gestão
coisa é você ler no jornal que pessoas passam (e até
de resíduos, capacitação de cooperativas, educação
morrem) de fome todos os dias; outra coisa é es-
para o desenvolvimento sustentável, responsabilidade social corporativa, e nos últimos três anos, venho me dedicando à agricultura urbana. Você faz parte do MUDA - Movimento Urbano de Agroecologia. O que é este movimento? O MUDA é um movimento que é fruto da união de indivíduos que buscam uma nova maneira de viver na cidade e de se relacionar com o campo, resgatando as conexões entre o dia-a-dia rural e o urbano. Através da criação de uma cidade mais verde, reconectada à natureza, da valorização do agricultor familiar, da construção de uma cadeia produtiva justa e solidária e da ocupação responsável e coletiva do espaço público, o MUDA se propõe a integrar todos
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os que compartilham do desejo de uma vida mais
novos aspectos, como preocupações socioecônomi-
harmônica para promover intervenções e ações de
cas, entre elas o bem-estar do agricultor, a economia
uma maneira divertida e criativa.
solidária e os mercados locais. Portanto todo cultivo que segue a agroecologia é orgânico, mas nem toda
O MUDA quer incentivar a produção de ali-
prática de agricultura orgânica é agroecológica.
mentos sem agrotóxicos na metrópole. Como vocês têm avançado nesse tema?
Fale-nos sobre agricultura urbana.
O Muda tem atuado em diversas frentes, como,
Nada mais é do que a produção agrícola ou pe-
por exemplo, políticas públicas e sensibilização do
cuária dentro dos limites da cidade. Em São Paulo,
consumidor. Atuamos junto a alguns vereadores
ela está em todas as regiões com características bem
para criar e aprovar leis que apoiem a promoção da
distintas. A maior área agrícola de nossa cidade está
agroecologia como garantir alimentação orgânica
localizada na zona sul, mais especificamente no sub-
na merenda escolar e proibir o uso e comercializa-
distrito de Parelheiros. A região, que conta com mais
ção de agrotóxicos na cidade. Ministramos palestras
de 400 agricultores, tem um caráter extremamente
e rodas de conversa, abordando principalmente a
rural e sua paisagem em nada lembra a urbanizada
importância da agroecologia para a cidade e para as
São Paulo. Atualmente, existem dois grandes focos
próprias pessoas, além de promover oficinas onde
de produção. O primeiro grupo cultiva plantas orna-
ensinamos como plantar, preparar alimentos sau-
mentais, como Tuias, Buxinho, Moréia, Azaléia, Fênix
dáveis e compostar, entre outros assuntos. O Muda,
e Ráfia. O segundo está mais focado na produção de
além de promover e apoiar a implantação de hortas
diversos tipos de hortaliças. Vale lembrar que, além
comunitárias, lançou com o Instituto Kairós o Pro-
destes principais, um pequeno grupo produz mel e
jeto BoraPlantar, que convida pessoas interessadas
frutíferas. O grande problema é que mais de 90%
em colocar a mão na massa, ou melhor na terra, a
dos agricultores praticam agricultura convencional
participar de mutirões de plantio. Temos também o
ou a hidroponia, ou seja, utilizam insumos quími-
Cidades Comestíveis, projeto de cidade que visa es-
cos como fertilizantes e agrotóxicos que penetram
timular uma rede colaborativa de compartilhamento
no solo e contaminam a água. Já a Zona Leste de
de recursos, conhecimentos e trabalho entre pessoas
São Paulo apresenta dois modelos bem distintos de
interessadas em cultivar hortas comunitárias e casei-
agricultura: o primeiro caracteriza-se pela resistência
ras. Qual a diferença entre agricultura “convencional”, orgânica e agroecologia? De forma bem resumida, a diferença entre essas três práticas é a seguinte. A agricultura “convencional” é derivada da revolução verde, baseada no uso intensivo de adubos minerais e agrotóxicos; é praticada em monoculturas e altamente mecanizada. A agricultura orgânica é utilizada para produção de alimentos, sem o uso de produtos ou insumos químicos que possam fazer mal à saúde do ser humano ou ao ambiente. A agroecologia, por sua vez, incorpora os princípios da agricultura orgânica e insere
à lógica de urbanização e
nitárias em locais públicos, a exemplo da Horta das
industrialização da região
Corujas, uma das primeiras iniciativas de ocupação
e o segundo, pela ocupa-
de praças e espaços ociosos pelos hortelões.
ção e transformação dos mais distintos espaços
Por que a agricultura urbana é importante?
ociosos em terras produ-
Por diversos motivos. A jornalista Claudia Vi-
tivas. Grande parte dos
soni listou 18 deles para se incentivar a agricultura
agricultores são idosos e
urbana: menos pressão sobre os recursos naturais,
pessoas antes em situa-
combate às ilhas de calor, permeabilização do solo,
ção de vulnerabilidade
umidificação do ar, refúgio de biodiversidade, redu-
social. As hortas então
ção da produção de lixo, adaptação às mudanças cli-
servem como uma ferramenta de inclusão social, gera-
máticas, conservação de espaços públicos, redução
ção de renda e garantia da soberania alimentar, visto que
da criminalidade, vida local, contenção da mancha
as pessoas passam a ter um emprego, se alimentar dos
urbana, renascimento da vida comunitária, lazer gra-
alimentos produzidos no local e ainda obter renda com
tuito, mais saúde, educação ambiental na prática,
a venda do excedente. Na Zona Norte, além de algumas
educação nutricional, promoção da segurança ali-
famílias de agricultores de origem portuguesa, temos os
mentar e integração agricultor/consumidor.
produtores membros da APAFA (Associação dos Pequenos Agricultores Familiares do Jardim Damasceno), que além de produzir hortaliças e frutíferas, criam galinhas,
Eu quero plantar. Por onde eu posso começar?
patos, cabritos, carneiros, gado e, principalmente, porcos.
Primeiro busque um espaço, algum lugar onde
A Zona Oeste é a menor região de São Paulo, com apenas
bata sol, ao menos, 4 horas por dia. Compre se-
128 km², entretanto é economicamente a mais valorizada
mentes ou mudas das plantas que quer cultivar e
da cidade. Contudo, se engana quem pensa que não existe
estude um pouco sobre elas: busque saber o quan-
agricultura urbana nessa região da cidade. Além de hortas
to de água e sol elas precisam. Depois, procure o
caseiras, em escolas e até em um shopping center, a Zona
recipiente ou técnica para criar o recipiente ou
Oeste é o berço do movimento dos hortelões urbanos,
canteiro onde você realizará o plantio. Ele deve
grupo que vem difundindo e implantando hortas comu-
ser adequado tanto para o tipo de crescimento da planta, quanto para o seu dia a dia e espaço. Além disso, recomendamos os grupos de trocas de experiências nas redes sociais, cursos, oficinas e os mutirões de hortas comunitárias (veja no mapa do site do muda - www.muda.org.br - qual a horta comunitária mais próxima de você). No seu vaso ou canteiro, coloque terra já adubada, ou ainda, faça seu próprio adubo e misture com uma porção de terra e/ou areia. E pronto! Cuide de sua planta e ela lhe retribuirá. O que plantar em casa? Depende de inúmeros fatores, como espaço para plantio, tempo de sol que bate em sua casa e tem-
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po que você pode se dedicar. Em geral, as pessoas costumam plantar temperos e algumas hortaliças, mas com criatividade, vontade e tempo você pode plantar muita coisa mesmo em espaços pequenos. E a horta comunitária, como fazer? Busque interessados na sua região que também queiram fazer uma horta, ou que já façam. Uma boa dica é postar no grupo dos Hortelões Urbanos, no Facebook (https://www.facebook.com/groups/horteloes), onde muitas pessoas envolvidas e/ou com hortas urbanas trocam informações. Selecione o local onde imagina que possa existir uma horta, pode
de todos se engajarem na transformação rumo a uma
ser uma praça, um quintal, a lateral de uma calça-
sociedade mais justa e em harmonia com a natureza. As
da, uma calha, um telhado ou qualquer outro lugar
pessoas tem que se emparedar das soluções e começar
onde você gostaria de plantar e que tenha acesso à
a agir. Temos aquele velho ditado: ou você é parte da
água limpa. Planeje como serão os canteiros, vasos
solução ou faz parte do problema.
ou outro formato de plantio, e faça uma boa divulgação no bairro. Marque um mutirão com pessoas
Você declarou, certa vez, que precisamos agir em
que querem trabalhar, conversar, fazer plaquinhas,
conjunto com o meio ambiente e não como sobera-
ensinar as crianças, colocar a mão na terra e conhe-
nos dele. Justifique.
cer novas pessoas. Depois, será preciso cuidar da
O meio ambiente é visto por muitos como um pro-
sua horta e definir como será o manejo dela: quem
vedor de recursos e, em alguns casos, até como um im-
irá regar e quem irá fazer a manutenção geral dos
peditivo para o tal “desenvolvimento”, isso fez com que
canteiros. Faça a colheita e compartilhe com todos a
o ser humano se colocasse acima de tudo e de todos, no
produção da sua horta. Além disso, dê uma olhada
topo de uma pirâmide que na verdade não existe. Ba-
no mapa no site do Muda, estamos sempre adicio-
seado nesse modelo, vamos consumindo e destruindo
nando novas informações sobre hortas comunitárias,
o meio ambiente de uma maneira cada vez mais voraz
divulgue a sua.
que gera (e só irá piorar) diversos problemas, como poluição, doenças, secas, desastres naturais, entre outros.
Como educar para a sustentabilidade?
Já passou da hora de entendermos que somos parte de
Tem que ser na prática e, se possível, desde
um todo e para que o todo esteja bem, todas as partes
cedo. Por exemplo, não dá mais para crianças fica-
devem estar bem. Se continuarmos destruindo as ou-
rem presas em salas de aulas desconectadas do seu
tras partes desse todo, em breve nós também estaremos
ambiente. Além disso, a sustentabilidade tem que
destruídos. Se trabalharmos em conjunto e harmonia
permear todas as matérias e não ser uma à parte. O
com as outras partes, o todo se fortalece e consequen-
professor de matemática pode falar de crescimento
temente nós seres humanos também. A lógica é simples.
populacional versus recursos, o de biologia e química trabalharem hortas e compostagem de alimentos e por aí vai... Assim como para as crianças, para o restante da população temos que criar maneiras para que elas possam ver na prática a importância
Finalizando, qual mensagem gostaria de deixar para nossos leitores? Com pequenas boas ações de muitas pessoas, transformaremos o mundo!!! Você já fez a sua hoje? www.muda.org.br
Eco Caderno
SÓ A VERDADE LIVRA HUMANOS E ANIMAIS DO SOFRIMENTO Texto e fotos por Nikolaos Argýrios Mitsiotis
FOTO 1: Apiário: Colônias em processo de europeização e multiplicação simultâneas.
O Conteúdo desse trabalho interessa a qual-
apicultores, meliponicultores e amantes de beija-flo-
quer cidadão, em particular aos apicultores, me-
res compreenderão de que as vitaminas adicionadas
liponicultores e aos amantes dos beija-flores. As
nos xaropes, para alimentarem essas sagradas cria-
abelhas sem ferrão (ASF) de todas as espécies e
turas de Deus, preparados com açúcares refinados
os beija-flores são imprescindíveis e insubstituíveis
são necessárias para curar as queimaduras internas
agentes polinizadores, para a preservação da biodi-
(esôfago, vesícula melífera e estômago das abelhas),
versidade nativa do Brasil, e nosso dever como ci-
causadas pelos resíduos de enxofre encontrados
dadãos conscientes é de protegê-los. Ilustrei o texto
nessa classe de açúcares, dos refinados. Mas antes
com foto de minha autoria (foto 6) para impactar
apresento alguns fatos do passado que tem relação
os leitores, forçando-os a revisarem suas ideias a
com o que abaixo apresento.
respeito dos açúcares refinados que consomem. Os
Foto 2: Exposição no Metrô
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Residi em Porto Alegre, RS., desde janeiro de
Foto 3. Apiário de europeias no Jaraguá, para aulas práticas.
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Foto 4: Caminhão com bombonas cheias de xarope
Foto5: Revista Plan
1970 a maio de 1975 e retornei a Jaraguá, São Paulo,
interinamente prelo Professor Guilherme Wirtz,
em casa própria e terreno amplo, com o programa
suíço nato, e discípulo direto de Rudolf Steiner,
de criar abelhas, e que de fato comecei no ano se-
o fundador da Antroposofia. Ocupei o cargo de
guinte, e as colônias de rainhas matrizes da raça cár-
diretor técnico da A.P.A.C.A.M.E. desde a funda-
nica, as alimentava, preventivamente, com xarope de
ção, até fim de 1982, praticamente, e conduzi
açúcar refinado dissolvido em chá de camomila, pois
tecnicamente como único responsável técnico,
naquela época não conhecia o açúcar Demerara.
as duas experiências realizadas na Ilha da Vitória,
No ano de 1978 com mais três companheiros
para produção de rainhas de raça (s) europeia (s)
realizamos a Exposição de Apicultura Dinâmica, na
fecundadas naturalmente e sob controle natural.
estação São Bento do Metrô de São Paulo, e a col-
Minha firma, Centro Politécnico de Apicultura
meia modelo Schirmer e os núcleos inventados por
Ltda, prestou serviços ministrando cursos teóricos
mim, os “submúltiplos”, foram expostos para o pú-
e práticos à A.P.A.C.A.M.E., AGRO DORA, Escola
blico conhecê-los. Os núcleos-submúltiplos são fer-
C.O.R.P.O. , e “Apiários Martins”, e prestou assis-
ramentas do apicultor europeísta.
tência técnica aos “Apiários Rosa”, do professor
Maio-Junho de 1979, realizei uma Exposi-
Anesio Marques de Rio Claro, SP., “Apiários Mar-
ção de Apicultura na cidade de Apucarana, PR.
tins” e a diversos europeístas, proprietários de
e ministrei um curso teórico de apicultura, na
apiários.
Faculdade de Ciências Econômicas de Apucara-
Durante os meses da primavera de 1981 e os
na. No mesmo ano, entre os meses setembro e
do verão de 1982 três alunos meus; Srs. Antônio
novembro, ministrei o primeiro curso de apicul-
Augusto Braga, João Pereira Martins, e a advoga-
tura, teórico e prático, na cidade de São Paulo.
da Maria Pia Martinelli, trabalharam comigo em
As aulas teóricas foram ministradas no salão ce-
apiários no município do Embu das Artes, SP. Eu-
dido pela Cooperativa de Consumo, São Paulo,
ropeizávamos colônias de africanas, multiplicáva-
na Rua Bela Cintra e as aulas práticas no meu
mos colônias europeizadas, povoávamos núcleos
apiário, instalado no quintal de minha casa. Du-
de fecundação de rainhas, e produzimos rainhas
rante esse curso, com meus alunos e outras
e zangões da raça cárnica, destinados à segunda
pessoas dotadas de discernimento elevado, foi
experiência de fecundação de rainhas natural e
fundada a A.P.A.C.A.M.E. original, e aquela nas-
controlada, na Ilha da Vitória, SP. (abril de 1982).
ceu com “DNA ESPIRITUAL” muito especial e foi
Após a segunda experiência na Ilha da Vitória, o
presidida pelo Dr. Mauricio Bueno de Miranda, e
Sr. João Pereira Martins proprietário de um sitio
no município de São Lourenço da Serra, SP. me
dele, que era o nosso laboratório ao ar livre, onde
propôs sociedade e acabamos decidindo asso-
europeizávamos centenas de colônias de abelhas
ciarmos esforços e objetivos até o final de 1985.
africanas as quais comprávamos do Sr. Anesio Mar-
A partir de maio de 1982, começamos a formar
ques e de outros apicultores africanistas. (Foto 1 e 4).
um grande apiário com centenas de colônias, no sítio
FOTO 6: A corrosão do esmalte da tampa do fogão, por resíduos de sulfito no açúcar refinado.
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Em Julho de 1983, foi publicado meu trabalho
tantes estímulos, por meio de xarope de açúcar, para
pela “Editora Três”, de São Paulo, intitulado API-
se desenvolverem e se manterem populosas e em
CULTURA O REINO MÁGICO DAS ABELHAS (Revista
ininterrupta construção de favos, e o consumo de
PLANETA 129-B.). Foram impressos e distribuídos
açúcar era em média 2 toneladas por mês, pois para
pelas bancas de revistas de várias capitais estaduais
a europeização de colônias de africanas necessitá-
do Brasil, 50.000 exemplares. Trata-se de verdadei-
vamos dispor de 600 favos para cada apiário de 50
ro curso o qual ensina passo a passo, os métodos
colmeias. Nós trabalhávamos com colmeias do tipo
de europeizar colônias de africanas. Essa publicação
Schirmer com 12 favos, e antes de iniciarmos a eu-
única no mundo até aquela data, esclarecedora das
ropeização de um apiario de 50 colônias de africa-
bases científicas dos métodos de europeização em
nas devíamos dispor ou produzir 600 favos com mel
estilo hermenêutico convencia leitores a investirem
operculado, originário de xarope de açúcar. Cada
em apiários, e frequentemente éramos procurados
favo operculado contem 2kg. de mel, e como nós
por empresários os quais compravam de nós, apiá-
usávamos em cada câmara incubadora seis favos de
rios de 50 colônias encabeçadas de rainhas de raça
mel operculado e seis favos de mel não operculado,
europeia (cárnica), e operárias híbridas. Quem visita-
então pesavam 1.000 kg. de mel de xarope, prepara-
va o apiário central percebia que a europeização da
do com açúcar refinado, representando consumo de
apicultura é o único caminho viável.
uns 500-600 kg de açúcar. Preparávamos o xarope
As colônias europeizadas do nosso apiário cen-
com água de fonte natural (sem cloro e sem flúor), o
tral, de setembro a março eram mantidas sob cons-
‘temperávamos’ com bastante mel de cana-de-açú-
Full Time M A G A Z I N E
car, e adicionávamos um pouco de sal de cozinha. As
apicultores vieram me buscar, para darmos conti-
abelhas sempre encontravam pólen e néctar na flora
nuidade no trabalho. Mostrei a mancha na tampa
da região, e aparentemente elas gozavam de saúde
do fogão e cada um deles passando o dedo sobre
plena, até que um acontecimento provou que nós,
ela, reconheceu que os resíduos de enxofre contidos
naqueles anos éramos auto iludidos, igualmente aos
no açúcar refinado, realmente corroem o esmalte, e
meliponicultores de hoje, os que usam açúcares refi-
eles desde aquele dia são vegetarianos. E agora nas-
nados para alimentar as suas ASF.
ce uma pergunta: O esôfago, a vesícula melífera e
Acontecimento revelador: No ano de 1996 ministrei um curso no apiario do Sr. João Pereira Martins, e um dos alunos possui um
o estômago das abelhas, quando alimentadas com xarope de açúcar refinado, não sofrem queimaduras pela ação dos resíduos de enxofre? CERTAMENTE QUE SIM.
sítio no município de Francisco Morato, SP. O proprietário do sítio possuía umas poucas colônias no
Caro leitor, a partir de agora que você sabe o
sítio e com seu colega do curso pretendiam alimentá
porquê, NUNCA USAR AÇÚCARES REFINADOS, nem
-las. Ambos trabalhavam em firmas e só dispunham
para o seu consumo e nem para alimentar abelhas
os sábados ou domingos, para lidar com as abelhas,
ou beija-flores. Para alimentar abelhas usar sempre
mas para não gastarem o tempo preparando xaro-
o açúcar DEMERARA, de preferência o DEMERARA
pe, me prontifiquei preparar o xarope por eles, na
orgânico, água de fonte natural, de poço freático, ou
sexta-feira, e passariam por minha casa e levando o
poço artesiano, isto é, água livre de cloro e de flúor,
xarope, e eu iria junto para dirigir os trabalhos. Co-
fervida em panela esmaltada (com esmalte de ága-
mecei na sexta-feira, as 20,00 horas e para preparar
ta) ou panela de aço inox, mas nunca em panela de
uns 50 litros de xarope, mesmo dispondo de fogão
alumínio.
industrial, acabei o trabalho lá pela 01,00 hora da madrugada de sábado.
Para enriquecer essa matéria com informações objetivas, solicitei do meu amigo Sr. José Carlos We-
O xarope feito de açúcar refinado, na proporção
grzinoski proprietário do ( http://josecarlosjatai.we-
de 1 litro de água fervida para 1 kg de açúcar. Na
bnode.com.br/ ), o qual cria várias espécies de ASF,
hora que enchia uma lata de boca estreita, e por meu
que alimentasse o máximo de espécies com xarope
descuido, derramou-se uma colherada de xarope so-
preparado com açúcar Demerara orgânico e ele nos
bre a tampa esmaltada do fogão e eu não vi na hora.
mercados próximos de sua casa encontrou apenas o
No dia seguinte os dois novos apicultores passaram
Demerara misturado com Stévia, e passados uns dias
por minha casa e levando o xarope, fomos ao sítio
enviou o resultado do teste, como segue:
alimentar abelhas. Voltei a minha casa, já eram 22,00 horas e fui dormir. Na manhã seguinte levantei cedo e quando
1) “NO ALIMENTADOR INTERNO, A JATAI, MANDAÇAIA, MANDURI, GUARAIPO E AS MIRIM,ACEITARAM O XAROPE”.
fui fazer um café, vi que havia um pouco de xaro-
2) “NA ALIMENTAÇÃO EXTERNA (somente três
pe sobre a tampa do fogão. Então peguei um pano
espécies localizaram o alimento) MANDAÇAIA, MI-
molhado e limpei a área onde tinha caído e perma-
RIM E A IRAPUA”. “OBS: NO ALIMENTADOR EXTER-
necido o xarope, por aproximadamente 36,00 horas.
NO COLETIVO, SERVI O ALIMENTO EM LOCAL ONDE
(Foto 6:).
AS ABELHAS (do meliponário ) JÁ ESTAVAM ACOS-
Minha surpresa! No ponto onde ficou o xarope
TUMADAS A ENCONTRAR XAROPE EXPOSTO ”
o esmalte da tampa do fogão ficou corroído. No sábado seguinte, e conforme combinado, os novos
Contatos com o autor: nikeepernik@gmail.com
Economia Continuando com nossa série de entrevistas com empresários da região sobre como estão lidando com a atual situação do país, trazemos aqui mais alguns depoimentos. João Marcos – Diretor do Colégio Cognos O Brasil está em um momento de espera, com empresários com receio de investir. O período que vivemos nos últimos anos, com grande entrada de recursos externos não foi aproveitado e agora esses mesmos recursos voltam para seus países de origem ou para mercados mais atrativos, em termos de retorno de investimentos. Dessa forma as mudanças estruturais que deveriam ser feitas no pais ao longo de quase 20 anos não foram feitas com o dinheiro externo, mas isso não significa que o dinheiro acabou. Os bancos, grandes empresas e até o governo possuem patrimônio de dezenas de trilhões de dólares que poderiam ser investidos no pais, ou seja, a crise é mais de confiança do que realmente financeira. Fazemos parte de um país que sempre viveu em crise. São poucos os momentos que não vivemos sob a influência de planos econômicos “salvadores”, inflação alta, pronunciamentos governamentais em rede nacional e etc.. Então, praticamente vivemos sempre nos reinventando, reinventando nossos negócios, nossas estratégias. Com crise ou sem crise, a estratégia é sempre gastar menos do que se ganha, manter uma certa reserva monetária, e claro inovar sempre. Você não pode pensar que atingiu um nível de excelência imbatível. Bastam, no máximo, 2 anos para que seu diferencial seja suplantado pelo concorrente; então, é necessário sempre inovar. Sem dúvida esse é um momento de oportunidades, as necessidades do ser humano precisam ser satisfeitas a qualquer momento, independentemente da situação, sai na frente, sai ileso da crise aquele que souber atender essas necessidades, mesmo no momento caótico que vivemos. Nós cremos e confiamos em Deus, e sabemos que ele está no controle de tudo, pois nada acontece sem que ele
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permita. Confiar em Deus e entregar sua vida a Ele, é
suas necessidades. O principal é manter nossa mente
100% de garantia de passar pelos momentos difíceis.
em paz e com alegria, trabalhar com determinação e
Ele nunca falhou e nunca falhará. Creia nisso.
autoconfiança. “Só coisas boas virão” para nós e para nossos irmãos. Nos momentos difíceis saímos do comodismo,
Roque Boucault – Imobiliária Boucault
da rotina e devemos trabalhar mais, inovar, estudar, O atual momento da economia brasileira é
avançar crendo sempre na vitória infalível. Quando
propício para uma reconstrução ou reorganização
nosso ideal beneficia não só a nós mesmos, mas um
de nossas vidas, nos aspectos pessoal, profissional,
número maior de pessoas ele adquire força e se ma-
empresarial, econômico, familiar, social e espiritual.
terializa para o bem de todos.
Com foco naquilo que realmente é importante, po-
Há infinitas possibilidades, sempre. Nós preci-
demos eliminar desperdícios e nos dedicarmos mais
samos de humildade para vê-las, coragem e espíri-
a trabalhos que tragam benefícios para todos.
to empreendedor para colocar em prática as boas
O Brasil sempre foi muito bem, apenas devemos
ideias. Apenas com a análise frequente dos ambien-
permanecer unidos, mais confiantes e determinados
tes interno e externo e a busca da melhoria contínua,
a fazermos as mudanças necessárias para retornar-
conseguimos identificar e aproveitar as oportunida-
mos ao caminho do desenvolvimento. “O ponto
des.
mais escuro da noite é sempre o mais próximo do alvorecer”.
A Imobiliária Boucault atua na região há 31 anos, exercendo a responsabilidade compartilhada. Já pas-
Quando passarmos a viver os Princípios Éticos
samos por muitas “crises”, porém sempre trabalhan-
e Cristãos em nosso cotidiano, o ambiente externo
do com Fé e respeito aos Princípios Cristãos. Procu-
e o nosso país também mudarão, não haverá mais
ramos inovar, atender as pessoas (clientes/amigos)
espaço para pessoas mal-intencionadas agirem em
com respeito e ética. Com base nesses valores con-
benefício próprio, causando sofrimento aos outros.
seguimos manter o progresso. Nosso momento é
A crise é uma oportunidade para reflexão e re-
bom e tende sempre a melhorar, pois estamos aptos
novação, novos ideais, mudanças no comportamen-
a servir e servir bem. Acreditamos na Região onde
to, tomada de consciência e de responsabilidade
atuamos, na Justiça Brasileira, no Brasil e em Deus,
no pensar, falar e agir. Estamos em um processo de
Pai de Todos.
aprimoramento ético. Não há dúvida de que existe uma crise política com extensões para a economia. A crise está em querer benefícios a qualquer preço a um pequeno grupo e causar prejuízos a muitos. É esse modelo antiquado que está em crise, em falência. A Lei de Gerson já foi revogada, faz tempo. Precisamos trocar a competição, que exclui e massacra, pela cooperação, que acolhe e reconhece o “valor” de cada ser humano. Mais Respeito. É na instabilidade que está à oportunidade para extrairmos a “capacidade infinita” alojada em nosso interior. A estratégia é eliminar desperdícios de todos os tipos e manter o bom relacionamento com nossos stakeholders, buscando entender e suprir
Que tenhamos saúde para trabalhar muito pela prosperidade de todos, que haja paz.
Espaço animal
Bicheiras:
uma das ameaças do Verão Sob o ponto de vista veterinário, as moscas cons-
meio rural nessa época do ano.
Com a
tituem um importante grupo de insetos causadores de
O termo bicheira ou miíase refere-se à deposi-
chegada
doenças nos animais porque são transmissoras de inúme-
ção de ovos por essas espécies de moscas em fe-
ros agentes patogênicos bacterianos, virais, protozoários
rimentos abertos ou mesmo na pele íntegra, onde
e helmínticos.
posteriormente ocorrerá o desenvolvimento de lar-
do verão aumenta o problema das bicheiras nos animais.
Seus hábitos alimentares variam bastante porque são
vas em seu interior.
inúmeras as espécies de moscas. A mosca doméstica, por
A mosca do berne, a Dermatobia hominis, é uma
exemplo, que se alimenta de diversos alimentos solúveis
espécie de mosca que acomete várias espécies de
disponíveis, transmite várias doenças com sua saliva e
animais de sangue quente e eventualmente o ho-
contamina o meio ambiente onde pousa.
mem. O berne é a larva da Dermatobia hominis que
Há outras espécies que se alimentam de sangue
parasita o tecido animal provocando dor e irritação,
como, por exemplo, as moscas dos estábulos, as mutucas
sintomas esses causados pelos movimentos e fer-
e os borrachudos. Essas espécies hematófagas causam
roadas da larva quando se alimenta dos tecidos sub-
grandes prejuízos e desconfortos aos animais provocan-
cutâneos do animal. O nódulo que a mosca da berne
do uma série de problemas, tais como pruridos, alergias
causa na pele dos animais promove várias outras
e ferimentos susceptíveis de infecções secundárias. No
complicações como infiltração bacteriana e forma-
verão, época do ano em que aumentam a temperatura e
ção de abscessos subcutâneos com a possibilidade
a umidade, é muito comum encontrarmos cães de sítios
de posturas de outras espécies de moscas no local. A
com as orelhas cobertas de crostas causadas pelas inú-
mosca do berne encontra-se amplamente distribuí-
meras picadas desses insetos.
da em nossa região preferindo locais com abundan-
Porém, as moscas que mais chamam nossa atenção
te vegetação arbustiva.
pelos sérios ferimentos que causam na pele e prejuízos
Outra espécie muito importante de mosca que
em geral, tanto aos animais quanto ao ser humano, são a
provoca a bicheira ou miíase é a mosca varejeira.
mosca do berne e a mosca da bicheira, muito comuns no
Em nosso meio a mosca Cochliomya hominivorax, é descrita como a principal causadora dessa patologia, representando uma séria ameaça para os animais e para o homem. As larvas da Cochliomya hominivorax são extremamente vorazes, formando rapidamente profundas galerias, destruindo e necrosando extensas áreas de tecidos. Animais domésticos, tais como cães, gatos, bovinos, suínos e aves, que estejam debilitados, enfraquecidos e pelagem ou penas molhadas, com sujidades de instalações onde a higiene é inadequada são os principais alvos da mosca varejeira.
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Os ferimentos dos animais não cuidados devida-
até de amputações de membros.
mente, cirurgias com assepsia precária e não prote-
Tentativas inadequadas por pessoas inexperientes de
gidas durante o período de cicatrização, tais como
extração manual de bernes e bicheiras ou a utilização de
amputações de cauda, castrações, ferimentos causa-
produtos cáusticos e larvicidas, que matam as larvas no in-
dos por arames farpados, brigas, plantas espinhosas,
terior das galerias e nódulos agravam bastante o quadro
pruridos e alergias a pulgas ou carrapatos, tudo isso
inicial da miíase, podendo provocar graves queimaduras
pode atrair posturas da Cochliomya hominivorax,
na pele, com a instalação de abscessos, fístulas profundas
com enormes perdas teciduais ingeridas pelas lar-
e também de sérias intoxicações, colocando em risco a
vas, provocando graves lesões e em alguns casos
vida do animal.
mais avançados até mesmo a morte. As lesões das
Recomenda-se sempre que a melhor opção consiste
bicheiras produzem uma secreção vermelho-acasta-
em se procurar auxílio veterinário para que o tratamento
nhada de odor fétido e característico e que jamais se
seja preconizado adequadamente e medidas preventivas
esquece quem já o sentiu.
sejam adotadas para que se evitem possíveis recidivas.
Os tratamentos das bicheiras variam muito de-
Quase sempre poderemos associar a presença da bi-
pendendo do grau de evolução da parasitose, da re-
cheira como uma negligência no manejo e tratamento dos
gião parasitada, do tamanho da lesão e do número
animais, quer pela falta de atenção a ferimentos e curati-
de larvas instaladas. Alguns animais que apresentam
vos, quer com relação à falta de higiene nas instalações.
enormes perdas teciduais necessitam de internação obrigatória para cuidados especiais com curativos
Dr. Gerson Bertoni Giantini – CRMV 5189/SP
e tratamentos sintomáticos e em casos mais graves
www.policlinicaveterinaria.com.br
Agenda
A Feira Noturna de Cotia é show Evento se transforma em ponto de encontro cultural e artístico para a população de Cotia Após completar um ano de funcionamento, a Feira Noturna de Cotia, idealizada pela Prefeitura Municipal por meio da Secretaria de Indústria e Comércio, comemora mais uma conquista junto à população. Além do importante papel de gerar oportunidades aos microempreendedores e produtores da região e movimentar a economia do município, o evento se consolida por fomentar a arte e a cultura, levando apresentações gratuitas e de qualidade à população. A Feira Noturna chega a receber cerca de 4 mil pessoas em noites mais quentes e, hoje, é uma importante fonte de renda aos feirantes e seus funcionários. Vale ressaltar que a feira gera centenas de empregos diretos e indiretos e que a qualidade dos produtos é indiscutível, já que muitos produtores colhem suas verduras e legumes no período da tarde para venderem à noite. A Feira Noturna de Cotia acontece todas as quartasfeiras, das 16 às 22 horas, em frente à Prefeitura de Cotia. Os shows começam por volta das 19 horas. Av. Prof. Manoel José Pedroso, altura do 1347, Jardim Nomura, Cotia/SP
Caucaia do Alto recebe Feira Noturna Evento terá hortifrútis, comidinhas gourmet e atrações culturais para toda a família A partir da sexta feira, dia 4/12, mais uma feira livre entra para o calendário oficial da cidade e o local escolhido para sediar este mercado ao ar livre foi a Praça dos Romeiros, ponto de encontro da região, de fácil acesso e familiar para os moradores das redondezas. Assim como em Cotia, a Feira de Caucaia passará por um ano de testes e adequações. Enquanto isso, o público poderá contar com alimentos frescos e de qualidade em horários alternativos. Quem trabalha durante o dia, poderá fazer as suas compras das 16 às 22 horas, além de curtir um happy hour com os amigos e experimentar as comidinhas gourmet que a Feira Noturna vai oferecer. A Feira Noturna de Caucaia vai acontecer todas as sextas feiras das 16 às 22 horas, na Praça dos Romeiros - Centro de Caucaia - Cotia, e será mais uma alternativa cultural de passeio para os moradores da região.
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Koshukai 2016 A ASEBEX (Associação Brasileira de ex-Bolsistas no Japão) convida todos os candidatos e interessados em bolsas de estudo e de estágio no Japão para participarem do KOSHUKAI 2016. Com um conteúdo bem diversificado, o seminário aborda diversos temas, como etiqueta japonesa, história e geografia do Japão, carreira, entre outros. As palestras são complementadas por dinâmicas e mesas-redondas, a fim de promover a integração e a troca de informações com os ex-bolsistas. Além de difundir informações que contribuirão para um melhor aproveitamento da bolsa no Japão, o KOSHUKAI promove também uma oportunidade única de integração entre os futuros bolsistas de várias modalidades. Data: de 04/01/2016 a 22/01/2016 (de segunda à sexta), mais um final de semana de integração (16 e 17 de janeiro) em um sítio Horário: das 19h às 22h Local: BUNKYO - Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social - Rua São Joaquim, 381 - Liberdade - São Paulo/SP Valor: R$ 160 (R$ 125, até o dia 18/12)
Curtas Região
Vivalen Cosméticos Chegaram as marcas que vão fazer a cabeça das mulheres: Kerastase, L’oreal, Revlon, Joico, Mediterrani, Orofluido, Keune. Tudo isso e muito mais você encontra na Vivalen. Venha conferir nossa linha de maquiagem! Produtos para cabelos, maquiagem, tratamento facial, hidratação corporal e perfumaria. Rua José Felix de Oliveira, 991 – Loja 1 – Tel. 2690-4625
Coletivo Energia na Granja Indique uma poda à Eletropaulo A AES Eletropaulo apresentou em reunião no dia 02/10/15, com o coletivo Energia na Granja, o plano de podas que a empresa irá realizar na região até o final deste ano. O objetivo é executar podas de galhos preventivas, de modo a reduzir as possibilidades de falhas no fornecimento de energia no próximo verão. Caso você tenha observado galhos em contato direto com a rede de distribuição, poderá encaminhar para este Coletivo. Esta indicação será encaminhada à Concessionária para avaliação dentro do plano de podas existente e inclusão, se necessário. É importante alertar que a AES Eletropaulo realiza apenas podas em árvores situadas em vias públicas. A Concessionária não pode executar podas em árvores situadas em propriedade particular. Estas indicações devem seguir com o Endereço, Número, Condomínio e quando possível número do poste e foto. COLABORE VOCÊ TAMBÉM. Envie o endereço da forma mais detalhada possível para o endereço no Facebook do coletivo Energia na Granja (https://goo.gl/AkTrLz) ou para o e-mail fabio@prometeu.com.br com o título “Poda”.
Grankids Centro de Recreação Infantil Um espaço totalmente inovador, planejado especialmente com foco no desenvolvimento global da criança, respeitando as particularidades da primeira infância. As atividades são elaboradas individualmente para cada faixa etária e as turmas são reduzidas para que haja um melhor aproveitamento dos espaços e das propostas. Confira: Rua Miguel Calmon, 44 – Jd. São Vicente – Cotia – tel. 4702-5527
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Trazemos para você um apanhado de notícias boas. Não estamos, com isso, fechando os olhos para os problemas do mundo, mas muitos veículos de mídia já fazem isso de maneira contundente. A Full Time quer proporcionar uma leitura que mostre o que está acontecendo de bom por aí. Boa leitura!
a Pesquisa sem uso de animais
a Mobilidade reciclada
De acordo com o site Olhar Animal, uma pes-
Reciclar, além de preservar o meio ambiente, tam-
quisadora brasileira ganhou o prêmio Lush, a maior
bém ajuda na mobilidade no Rio de Janeiro. Na Zona
premiação internacional para iniciativas al-
Oeste da capital, os cariocas podem trocar cinco em-
ternativas aos testes em animais. Bianca Ma-
balagens recicláveis no Terminal Alvorada, na Barra da
rigliani, doutoranda em biotecnologia pela
Tijuca, por uma passagem no transporte público. Então,
Unifesp (Universidade Federal de São Pau-
o que iria para o lixo vira possibilidade de transitar na
lo), foi escolhida na categoria jovem pesqui-
cidade. A iniciativa foi criada por João Guilherme Rosa
sador e vai levar 10 mil libras para estudar
no projeto piloto Mobilidade
um novo tipo de método in vitro, totalmente
Reciclada. Todo o material
sem uso de animais no processo, para ava-
depositado é recolhido
liar o risco de alergia provocado por agentes
e encaminha-
químicos.
do para a Doe Seu Lixo, instituto de coleta seletiva e reciclagem.
a Sem Reveillon para reformar escolas A Prefeitura de Guaraí (TO) cancelou a festa oficial de Ano-Novo na cidade. O dinheiro que seria destinado para a comemoração, diz a prefeitura, será usado para a reforma de duas escolas municipais. As obras custarão R$ 80 mil e começam em janeiro de 2016 nas Escolas Municipais Leôncio de Sousa Miranda e Luís de Camões, que atendem juntas 526 alunos. Apesar de cancelar a festa, a administração municipal manteve a decoração natalina nas praças da cidade. Mas, para economizar, aproveitou enfeites e demais materiais da decoração de 2014, além de adereços feitos com materiais recicláveis.
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a Banho de solidariedade Banho Solidário oferece água, shampoo, sabonete e toalha - e carinho - para sem-tetos em Vitória da Conquista. Foi a maneira que o empresário baiano Cláudio Lacerda encontrou para melhorar a qualidade de vida de quem vive nas ruas da cidade baiana. A iniciativa começou em agosto e prevê, em breve, a doação de roupas, escovas e pasta de dente aos desabrigados. Lacerda conta que já foi procurado para receber apoio financeiro, mas que precisa mesmo do apoio de voluntários.
Full Time M A G A Z I N E
a Gentileza urbana Após socorrer e enviar ao hospital mulher que estava sofrendo de sinais de hipoglicemia, policiais ficam na casa e fazem jantar para os cinco filhos dela. Os oficiais acabaram sendo flagrados enquanto lavavam a louça após o jantar e a imagem vem repercutindo na internet após ser postada no Facebook. Toda essa história aconteceu na cidade em Eindhoven, na Holanda.
a Brasileiro doa fortuna O dono da maior construtora e incorporadora do Brasil decidiu doar 60% do seu patrimônio pessoal, estimado em US$ 1 bilhão (R$ 3,9 bilhões), para causas sociais. Elie Horn, dono da Cyrela, foi o primeiro brasileiro a aderir ao The Giving Pledge (Chamada à Doação, em tradução livre), programa criado em 2010 por Bill Gates e Warren Buffett. Os americanos, que lideram o ranking mundial da filantropia, incentivam bilionários a destinar pelo menos metade de suas fortunas para investimentos sociais ao longo da vida. Em sua carta de adesão, Elie diz que se mirou no exemplo do falecido pai, que doou tudo o que tinha.
a Verdadeiro campeão O atleta espanhol Ivan Fernández Anaya, de 24 anos, não venceu a prova de cross country de Burlada, em Navarra, mas até hoje está sendo cumprimentado, elogiado, aclamado por sua atitude de honestidade durante o evento. O atleta queniano, Abel Mutai, medalha de ouro nos 3000m com obstáculos em Londres, estava prestes a ganhar a corrida. Mas parou no lugar errado, achando que tinha alcançado a linha de chegada. Ivan Fernández Anaya, o segundo colocado, se aproximou e, em vez de ultrapassá-lo, alertou o líder sobre o equívoco e o conduziu para confirmar sua vitória.
a Dificuldades superadas Um gari, que foi pai e mãe, está realizando o grande sonho de formar a filha em medicina, com o suor do seu trabalho limpando as ruas de Goiânia. Tales Pereira sempre se esforçou para garantir a melhor educação possível para a filha, Aline de Castro Pereira, de 26 anos. No convite para a formatura, a foto com o pai tem destaque especial, com uma dedicatória: “Ao meu pai, agradeço profundamente por ter vivido cada dia comigo, se desdobran-
a Peixe reduz em 75% focos de Aedes Aegypti: come larvas
do para ajudar a cumprir minhas obrigações e se preocupando com meu bem-estar e me amparando com as mais diversas formas de amor. Você é meu maior exemplo de luta e determinação para vencer
Um peixinho é a nova arma de um pequeno município brasileiro para
na vida”.
matar o Aedes Aegypti, o temido mosquito transmissor dos vírus zica, da dengue e da febre chikungunya. Riacho das Almas, cidade com 19 mil habitantes no agreste de Pernambuco, está usando o peixe guará para fazer o trabalho. Essa espécie vive em abundância em açudes da região e conseguiu reduzir os focos do mosquito em 75%. Em 37 dias, o índice de infestação predial baixou de 7,9% para 1,9%, tirando o município da situação de risco do surto. Segundo o Ministério da Saúde, quando o índice varia entre 1% e 3,9% é considerado “estado de alerta”. A partir de 4%, é classificado como “risco de surto”.
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Full Time M A G A Z I N E
Publicidade
Portal Granja Viana, o seu guia online! O Portal Granja Viana traz Informações variadas sobre saúde, nutrição, moda e ainda conta com o Guia Comercial da Região, um guia completo de serviços. Outro diferencial é o monitoramento do trânsito da Raposo Tavares, disponível 24 horas no ar e transmitido por diversas câmeras instaladas ao longo da rodovia
O
O Portal Granja Viana, que integra o conglomerado dos princi-
sites de busca que existem (Google, Yahoo, Bing).
pais portais regionais de São Paulo, está de cara nova! Os leitores
Além da administração dos portais, o Grupo G3 é especializado
podem conferir uma interface mais moderna e dinâmica, com a cre-
em otimização de sites (SEO) e posicionamento de novos produtos
dibilidade já conhecida do Portal G3. Com layout mais dinâmico e
e serviços no mercado digital. Com a ferramenta SEO é possível
moderno, o site apresenta diversos diferenciais para o fechamento
posicionar o site de uma determinada empresa para que seus pro-
de planos de publicidade e comunicação, como o banner (publici-
dutos e serviços tenham uma melhor visualização na internet.
dade) associado ao conteúdo da empresa anunciante, em formato
Outro ponto forte da empresa é o Marketing Digital Otimizado.
de reportagem ou entrevista. Segundo o seu gestor, Kleber Thomaz,
Atualmente é o que tem de melhor em publicidade avançada na in-
todos os sites do Portal G3 são otimizados para cada região.
ternet conhecido como MDO (Marketing Digital Otimizado). Com
As matérias com os anunciantes são feitas pela colaboradora, Paola Martins, responsável pela área de content marketing, comu-
essa estratégia, é possível posicionar o site da empresa na região desejada pelo anunciante.
nicação e imprensa do Grupo G3. É ela que agenda a entrevista, cria
Os Portais G3 trabalham com diagramação e conteúdo de fá-
a pauta e prepara o texto a ser publicado junto com o anúncio no
cil localização para o usuário encontrar rapidamente o que deseja,
portal. E depois disso, esse mesmo material é usado para divulgação
além de usar o mínimo de cliques possíveis em suas buscas. Ao
nas diversas fan pages de vendas e negócios no Facebook e dispa-
navegar pelo site, o leitor terá à sua disposição um ‘Menu Lateral
rado à imprensa local, como um serviço de assessoria de imprensa.
Principal’ e, logo abaixo, o mais completo ‘Guia Comercial’, com
“Novas matérias podem ser produzidas a cada mês, de acordo
diversos serviços e em ordem alfabética, que vão desde academias,
com a vigência do contrato. Então, se o cliente quiser divulgar um
agências de emprego, até papelarias, marcenarias, serviços de pet
novo produto ou serviço a cada mês e se ele fechou o plano anual,
shop, terapeutas, sapatarias, restaurantes e muito mais.
uma nova matéria poderá ser produzida e publicada todo mês”, diz Kleber.
No espaço central do site são publicadas as principais notícias sobre diversos temas como moda e suas tendências, nutrição, bem
Os serviços de comunicação, conteúdo e marketing podem ser
estar, saúde e também reportagens sobre os serviços e produtos
contratados em formato de combo, ou seja, junto com a publicidade
das empresas e dos profissionais que anunciam nos portais. O site
no Portal ou de forma independente. A profissional trabalha com
também conta com o serviço gratuito do DER (disponível 24 horas
divulgação de produtos e/ou serviços para a mídia em geral, de-
por dia) de monitoramento por câmeras, instaladas ao longo da
senvolvimento de pautas (press-releases, reportagens e entrevistas),
Rodovia Raposo Tavares.
cobertura jornalística de eventos/lançamentos, criação de conteúdo relevante para sites, mídias sociais, intranet e blogs, além da prestação de serviços em fotografia para entrevistados, produtos, estabelecimentos e eventos corporativos. Desenvolvido pelo ‘Portal G3’, os novos Portais Granja Viana, Morumbi, Embu das Artes, Alphaville, o futuro Parque dos Príncipes e Portal das Pizzas fazem parte da mesma empresa, que tem 10 anos de know-how em otimização de sites e posicionamento nos maiores
52
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Full Time M A G A Z I N E
Reflexão Carlos Drummond de Andrade
Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de
sem humilhação para ninguém.
10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que,
Com economia para os povos desaparecerão suavemente
com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses
classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras,
de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo
polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta
desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro
no dicionário: paz.
se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.
O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis tra-
Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterrup-
balhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um:
tamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a
a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem
continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas.
tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do
Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos,
amor.
bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se
Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guarda-
impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado,
vam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá
reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina
dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior,
de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo,
comunicando-se por um atalho invisível.
a betoneira com o sagui ou com o vestido de baile. E o suprarrealismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo. Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por
A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.
si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e
O mundo será administrado exclusivamente pelas crian-
elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de
ças, e elas farão o que bem entenderem das restantes institui-
cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só trans-
ções caducas, a Universidade inclusive.
portará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall,
E será Natal para sempre.
em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que
Texto extraído do livro “Cadeira de Balanço”, Livraria José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1972, pág. 52.
prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento. A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro. A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados,
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Full Time M A G A Z I N E