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IRMÃOS CORAGEM
Depois de quatro décadas a pequena borracharia vai crescer, mais uma vez.
DA REDAÇÃO
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Ahistória da família dos irmãos Souza atravessa a linha do tempo e começa numa pequena borracharia há mais de 40 anos localizada na BR-316, bem em frente ao local que hoje funciona uma agência dos Correios em Castanhal. Luís Carlos, o Carlinho e Pedro Paulo Silva Souza, se mudaram para um novo local com a família e tiveram a oportunidade de sobreviver em meio a crises e sorrisos, mas com muito trabalho e dedicação. “Estamos juntos há mais de 30 anos nessa profissão de borracheiro. Aprendemos com o papai, o Paulo Barbosa, e ele era muito rigoroso, mas aprendi muito com ele”, diz Carlinho.



No dia da entrevista, são quase sete da noite e o movimento ainda é intenso. Os carros não páram de chegar numa quarta-feira, dia considerado por eles como um dos mais calmos. É pneu de carro, caminhão e trator “só não trabalhamos com bicicleta e avião”, disse o irmão mais novo Pedro Paulo.

Contrariando os fatos das relaçõesconturbadasentreirmãos desde Cain e Abel, os irmãos de Castanhal não recebem influências de cônjuges e mesmo com ideias diferentes a aproximação entre eles é diária. “A gente precisa estar sempre com bom humor e isso é uma das qualidades que temos para sempre melhor atender os clientes . Para eles, o fato de ser irmãos não interfere no lado comercial mesmo com ideias diferentes. “A palavra confiança definenossasociedadeeestáacimade tudo. Nos encontramos todos os dias e às vezes sai uma discordância,masaíéhoradagentesentare se acertar, mas nunca brigamos”.

Os tombos na vida, são lições. Já caímos e sempre levantamos mais fortes. Pode estar devagar, mas os clientes nunca nos viram desanimados. Jamais. Deus deu perna para nós levantarmos. Se você está com algum problema em qualquer profissão, ou que esteja apertado no momento da crise, tenha muita seriedade. Seja sincero com seus funcionários e clientes, e com muito trabalho, você vai prosperar. A crise vai passar. Eu já nasci na crise, e nunca desisti assim como o Pedrinho. Sempre trabalhei e procuro não pensar em coisas negativas, senão desanda.
A vida e o tempo também ensinou muito no pensamento mútuo para eles protegerem o futuro do patrimônio construído da empresa familiar. “Não tínhamos essa estrutura com o galpão que hoje funciona a borracharia, era um local bem pequeno onde ao lado tinha a nossa casa que era feita de barro. Com muita persistência fomos trabalhando e conquistamos muita coisa. Somos irmãos e nos entendemos muito bem e procuramos estar de acordo com que o outro faz. Ao contrário da grande maioria das sociedades entre irmãos,nuncanosseparamos”,afirmaoirmãomaisvelho.

O CLIENTE SEMPRE TEM RAZÃO
As expectativas do cliente com os serviços são determinantes para que ele sinta-se satisfeito e isso é fundamental para a regra dos negócios. Para Carlinho, ter muita humildade é um dos segredos para tratar da clientela antiga, vinda de outra geração com a atual é um dos segredos. “Conseguimos atender até 300 pessoas por dia, arregaçamos a manga e vamos para a batalha e procuro sempre fazer o melhor serviço. Em algumas situações há clientes que não esperam e vão embora, fico muito triste com isso. A nossa honestidade é outro ponto chave e procuro orientar as pessoas que vem aqui, de como é queprecisaserfeitocomospneus,sem enganar. O Pedrinho fica mais na administração é o negociador. Eu já fico na operação e isso tem dado certo. Não adianta os dois fazerem a mesma coisa”.






É PRECISO INVESTIR
Paramuitaspessoasterumúnicobemenãoarriscaréomodo correto. Os sócios-irmãos da borracharia sempre investiram no negócio com recursos próprios. “Essa coragem que temos de vencer, aprendemos todos os dias no trabalho. Nosso sonhoéfazercomqueissoaquicresçaeaborrachariafaçaparte de um auto-center com os equipamentos necessários e com osfuncionáriosuniformizados”,dizCarlinhoemocionado. Mas no mundo dos negócios da família, nem tudo é um mar de rosas. A continuação da borracharia com outras gerações pode estar ameaçada. “O que me parte o coração é que acho que não haverá a continuação, meu filho não quer ser borracheiro. Ele trabalhou uns 8 meses aqui, mas num belo dia ele falou que queria ser doutor. Com muito esforço formei uma filha que é administradora e ele está terminando a faculdade para ser fisoterapêuta”.

DIFICULDADES
Com a crise que se instalou no país, o comércio foi forçado a aumentar os preços para sobreviver e como consequência, muitos acabaram fechando as portas. “Já houve situações onde estávamos apertados com a crise financeira, mas nunca pensamos em desistir. Agora a crise chegou forte e é geral, temos que ter fé em Deus e precisamos ir atrás dos nossos objetivos, é preciso chegar junto encarando de frente os problemas, sem baixar a cabeça. É preciso ter muita coragem, não se esqueça disso”, lembra Pedro.