Sg série senhor 02 chame me de senhor, também

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Disp. e Tradução: Rachael Revisora Inicial: Lu Avanço Revisora Final: Rachael Formatação: Rachael Logo/Arte: Dyllan

Dante sabia que Daniel era o homem para ele, no minuto em que ele disse o primeiro palavrão. Ele era tudo o que Dante poderia querer num sub: lindo, corajoso, e totalmente no estilo de vida que Dante mais gostava. Mas nada é sempre tão simples como deveria ser. Quando Dante é chamado para uma viagem de negócios, ele espera passar apenas um par de semanas fora. Ele quer reclamar Daniel quando ele chegar em casa, mas duas semanas rapidamente se transformam em seis meses. Quando Dante finalmente retorna, tudo o que ele estava procurando num companheiro se foi. Daniel foi atacado e espancado por um Dom for de controle. Ele não confia mais em ninguém, incluindo Dante. Determinado a encontrar o homem que Daniel era, Dante leva Daniel para sai casa e sua vida. Mas junto com as inseguranças de Daniel e a falta de confiança, Dante tem que lutar contra o Dom que agrediu Daniel, em primeiro lugar e uma série de mal entendidos antes que ele possa provar a Daniel que o que eles têm vale a pena lutar.

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Revisoras Comentam:

Lu Avanço: Meninas o livro é lindo, um erro que pode destruir tudo que Dante sonhou, um homem quebrado que tem medo de começar tudo de novo, um enredo muito bem escrito, e uma história para esquentar o corpo e o coração.

Rachael: É um livro muito bonito, Dante e Daniel se conhecem e surge uma atração na hora. Após uns meses de separação Dante tem que enfrentar os pesadelos de Daniel, que está abalado por um ataque que sofreu, e ajudar a recomeçar sua história, inclusive ajudar a reconquistar a confiança nos dois. Vale muito a pena ler!!!

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Prólogo “Hei Dante, vamos entrar.” “Olá, Joey. Espero não ter chegado muito cedo,” Dante disse. Entrou no apartamento, entregando sua jaqueta ao Joey. Olhou ao redor da moradia, procurando o homem do Joey, Logan, e ao jovem ao que Joey tinha convidado à reunião, mas não viu ninguém. “OH, não, Danny nem sequer chegou ainda,” respondeu Joey enquanto fechava a porta. “O mais provável é que chegue tarde. Não acredito que tenha chegado na hora a nenhum lugar nunca.” “Isso não é um incentivo, Joey,” admoestou Dante. Ele pensava que um homem se distinguia pelas regras que vivia, e a pontualidade era uma das de Dante. O homem sentia que chegar tarde, além de ser grosseiro, mostrava um caráter pobre. “O chegar permanentemente tarde é de má educação.” “E? Se sua relação com o Danny vai da maneira que eu acredito, estou seguro de que poderá treiná-lo e fazer que mude. “ Dante levantou uma sobrancelha. Joey lhe deu um sorriso nervoso e encolheu de ombros. “Agora, posso te trazer algo para beber?” Dante sorriu. “Sim. Um pouco de chá seria maravilhoso Joey.” “Chá.” Dante engoliu uma risada pelo olhar de surpresa no rosto do Joey. Sabia que era incomum para um homem que era dono de um bar não beber álcool. Mas ele tinha escolhido não fazê-lo. Passou muitos anos vendo seu pai derrubado em uma garrafa, por isso fazia muito tempo que tinha decidido que não ia seguir os passos de seu pai. Outra regra. “Eu não bebo. As pessoas tende a perder o controle quando o álcool está envolvido.” “OH,” disse Joey. “O chá é bom. Algum sabor em particular?”

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“Earl Grey 1, se o tiver, por favor.” Dante sorriu enquanto Joe se apressava. Logan tinha sorte. Seu amigo parecia ter encontrado ao submisso perfeito. Mas Dante não tinha muitas esperanças de que o amigo do Joey, Daniel, pudesse satisfazer suas necessidades da maneira em que Joey o fazia com o Logan. Ele não sabia se poderia ter tanta sorte. Dante tinha as ideias do que queria muito claras, e queria a alguém permanente, um submisso a tempo integral. Não lhe importava jogar um pouco com submissos que entravam soltos por seu clube, mas uma vez que encontrasse o ‘Único’ ele não necessitaria de ninguém mais. Seu sub cobriria todas suas necessidades. Até o momento, não tinha tido sorte em encontrar a seu casal perfeito. Talvez as coisas que queria eram muito difíceis de encontrar? Não era como se ele pedisse o impossível, ainda tinha que encontrar algo que se sentisse mais próximo. “Dante, como está?” Dante se virou para ver Logan de pé na sala. Aproximou-se e estreitou a mão do homem. “Estou bem, Logan, obrigado por perguntar. Como está?” Logan se pôs a rir e se sentou no sofá, indicando a cadeira frente a ele. “Estou estupendamente. Por favor, toma assento. Diria que fabuloso.” Logan nem sequer tinha a decência de lhe olhar envergonhado. Em todo caso, seu sorriso se fez maior. Dante franziu o cenho. Não invejava que Logan tivesse encontrado ao homem de seus sonhos. Logan o merecia. Mas tinha que estar tão alegre a respeito? “Estás positivamente repugnante, Logan.” Logan riu entre dentes. “Você também vai estar fabulosamente bem uma vez que ponha suas mãos sobre o Danny.”

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O chá Earl Grey tradicionalmente é uma mescla (blend) de chá negro aromatizado com azeite de bergamota. Entretanto, hoje em dia o termo se aplica em geral a qualquer mescla de chá aromatizada com bergamota. 5


“É muito positivo pensando que eu com o Daniel vai funcionar.” Dante cruzou as mãos em seu regaço para ocultar sua repentina agitação. Desejava ter a mesma confiança que Logan em que Daniel fosse o que ele necessitava. “Me pergunto por que.” “Já verás.” “Bom, isso é muito enigmático.” Logan se pôs a rir. Joey voltou a entrar na sala e colocou uma pequena bandeja diante dele. “Eu não estava certo se queria açúcar ou mel, assim trouxe os dois,” disse, assinalando à bandeja. “OH, está muito bem, Joey. Muito obrigado.” Viu como Joey se aproximou e se sentou no chão entre as pernas do Logan, parecendo tão feliz como se esse fosse o lugar onde preferia estar. “Estou impressionado com sua formação, Logan.” Dante sorriu. “Joey nem sequer duvidou em sentar-se a seus pés.” Logan se agachou e acariciou o lado do rosto de seu amante. “A formação não tem nada que ver com isso, Dante,” explicou Logan. “Joey tem permissão de sentar-se onde queira. Ele escolhe sentar aqui.” “Isso é verdade Joey?” Dante lhe perguntou, surpreso. A maioria dos submissos que conhecia só o faziam quando eles pensavam que podiam ganhar um prêmio. Não faziam as coisas como Joey, por eleição própria. Talvez essa era a diferença entre um bom sub e um sub medíocre. Joey assentiu com a cabeça. “Eu gosto de estar aqui.” “Posso te perguntar por quê?” perguntou-lhe Dante. “Não sei exatamente, mas... Eu gosto de estar tão perto do Logan como posso sem subir nele, suponho que desta maneira, ele está me rodeando totalmente.” Dante sorriu. “Boa resposta.” “Sim, estou de acordo,” disse Logan. “Eu vou ter que recompensá-lo mais tarde esta noite.” Joey resplandeceu, e uma vez mais, Dante sentiu uma pontada de ciúmes.

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“Assim, me diga mais a respeito do Daniel,” pediu Dante, trocando de tema. Queria aprender tudo sobre o jovem que Joey e Logan queriam lhe apresentar. Depois de conhecer o Joey, e de saber que Joey e Daniel eram melhores amigos, esperava que houvesse algumas similitudes entre os dois homens. “Só vi ao Danny um par de vezes,” disse Logan “mas Joey compartilhou o apartamento com ele até que se mudou aqui. Se deseja saber mais a respeito dele, tem que perguntar ao Joey.” “Joey?” Dante lhe perguntou. Não estava seguro de como se sentia a respeito do Joey e Daniel compartilhando um apartamento. ‘E se estiveram em uma relação?’ Esse pensamento lhe fez sentir uma pontada de ciúmes e Dante franziu o cenho. ‘ Por que sentir ciúmes por um homem que nem tinha conhecido?’ “O que quer saber?” Joey lhe perguntou. “Daniel tem um interesse específico?” Essa era a primeira pergunta que necessitava resposta. Se a resposta era não, não teria nenhum sentido sequer encontrar-se com o jovem. As sobrancelhas do Joey se juntaram. “Huh? “Acredito que Dante quer saber se Danny desfrutaria de ficar sentado a seus pés da mesma forma que você desfruta estando-o em meus,” interveio Logan. “OH, “disse Joey, assentindo com a cabeça. “Sim, bastante. Quero dizer, Danny é um pouco mais... Um... Assim. Ele é...” Joey balbuciou. Seu rosto se ruborizou e baixou o olhar ao chão. “Acredito que o que Joey está tratando de dizer é que Danny é um pouco mais de seu estilo de vida, “disse Logan.” Pelo que eu tenho entendido pelo Joey, Danny prefere o estilo de vida D/s, e tudo o que isso suporta.” Joey assentiu. “Diga.” Dante sorriu ligeiramente. “Por favor.” “Danny é…” Joey começou.

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A campainha soou. Dante olhou nessa direção. O homem ao outro lado da porta poderia ser seu futuro ou um fracasso completo. Dante não estava seguro de que perspectiva o fazia sentir-se mais ansioso. “Já está aqui.” Logan se pôs a rir. Deu uns tapinhas no ombro do Joey. “Vá abrir a porta, bebê, e deixa seu amigo entrar.” Joey ficou em pé. Dante viu que a porta se abriu para revelar o homem mais imponente que já tinha visto, se descontarmos o cabelo loiro desordenado, a boca de morango e o rosto pálido. Dante franziu o cenho. Não sabia nada sobre o Daniel, mas algo não estava bem. O homem se via muito pálido. Parecia quase frenético. Quando Logan ficou de pé e a preocupação esteve escrita em seu rosto, Dante ficou rígido. “Danny? O que é que aconteceu?” Joey perguntou, guiando ao homem para dentro da sala. “OH, querido, sinto muito,” disse Daniel rapidamente. Agarrou a mão do Joey. “Seu pai está na cidade. Passou pelo apartamento. Disse-lhe que não sabia onde estava, mas acredito que me seguiu.” “Meu pai?” Joey perguntou. Seu rosto empalideceu. “OH, Joey,”disse Daniel. “Eu sinto muito mesmo.” “Joey?” Logan cruzou a sala parando ao lado do Joey. Dante viu o Logan tomar ao Joey em seus braços. Observou aos dois homens abraçar-se e logo girou para olhar ao Daniel. Enquanto que o homem ainda parecia desesperado, seguiu lançando olhadas interessadas na direção de Dante. “Bebê? Está bem?” Logan perguntou. “O que aconteceu, Joey?” “Seu pai está na cidade, Logan,” explicou Daniel quando Joey não disse nada. “E?” Logan lhe perguntou.

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Dante podia ouvir a confusão na voz do Logan. Ele não culpava ao tipo. Sentiu-se confuso. Por que saber que o pai do Joey estivesse aqui causava que este tremesse virtualmente nos braços do Logan? Daniel negou com a cabeça. “Se seu pai estiver na cidade, é mau.” Logan tomou o queixo do Joey e levantou seu rosto. “Joey, não tem que ver seu pai se não quiser. É sua escolha, mas não vou permitir que te faça mal.” “Não sei por que ia querer me ver depois de tanto tempo. Ele me odeia e odeia tudo sobre mim,” disse Joey em voz baixa. “Todos o fazem.” “Quem se preocupa com eles, Joey?” Perguntou Daniel. Deu uns tapinhas no braço do Joey. “Nos te amamos e isso é o único que importa.” “Uma observação muito ardilosa, Daniel, “disse Dante quando se aproximou de sustentar sua mão em uma saudação, impressionado por mostrar seu apoio ao homem. “Dante Federico Antonio Lucien Giovanni, a seu serviço. É um prazer para mim te conhecer.” “Eu uh... Danny, por favor,” respondeu, estreitando a mão de Dante. Seus grandes olhos de cor verde pálida brilhavam. “Deus, é quente! Tem namorado? É que se estiver solteiro tenho que te dizer que me interessa.” Dante sentiu que seu rosto esquentava. Que jovem mais descarado! Enquanto que Dante encontrava sua franqueza intrigante, se Daniel lhe chegava a pertencer, teria que frear a língua selvagem do homem. Esse discurso em companhia de outras pessoas simplesmente não era correto, não importava quanto Dante gostasse de escutar essas palavras.

***** “Não está de acordo, Logan?” Dante lhe perguntou. Arqueou uma sobrancelha quando Logan girou para ele, um olhar de confusão total em seu rosto. 9


“Huh?” Logan lhe perguntou. “Sinto muito. Não ouvi o que dizia.” “Eu estava dizendo ao Daniel que a obediência é a base de qualquer boa relação. Se o conceito principal do Joey é a obediência, todo o resto se pode obter mediante a capacitação. O que você acha? “Dante lhe perguntou. Logan pensou nisso, então sacudiu a cabeça. “Não, o amor e a confiança devem ser o conceito central. A obediência pode ser boa, mas se Joey não me amasse ou confiasse em mim, nunca seria capaz de realmente submeterse a mim. A obediência é um subproduto.” “Meu engano,” disse Dante, inclinando a cabeça para o Logan. “Uma relação bemsucedida deve estar fundada no amor e a confiança, assumi que era um ponto que estava dado.” “Bem, assumindo que o amor e a confiança estão de mãos dadas, então sim, a obediência é o valor seguinte,” disse Logan. “Entretanto, a desobediência é um valor em si mesmo, sei que é consciente disso.” O olhar de Dante se desviou ao Joey. Ele sorriu. “Sim, em certos casos, a desobediência é também um valor.” Daniel tomou uma respiração e Logan se virou lhe dando um inquisitivo olhar. “Vocês meninos estão se divertindo,” Daniel acusou. “Não, Joey e eu nos divertimos. Dante simplesmente observou quando Joey foi castigado por desobediência.” O rosto do Daniel se voltou vermelho e sorriu. “Se for desobediente, Logan poderia ver?” Daniel perguntou a Dante. A ideia de disciplinar ao Daniel enviou um disparo direto de luxúria através de Dante que lhe tirou o fôlego. Imaginou como se veria de uma linda cor vermelha, essa bunda que havia visto envolto nesses ajustados jeans. Dante afogou um gemido. “Vai ser desobediente, Daniel?” perguntou Dante.

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Olhou ao Daniel, perguntando-se se o jovem podia ver o desejo em seus olhos. Não estava decidido a administrar nenhum castigo a um submisso frente a uma multidão. Isso seria algo que Daniel teria que aprender dele. “Poderia ser, mas teria que me prometer que me castigará por isso.” Dante inspirou fortemente e de repente seu pênis cresceu incomodamente apertado em sua calça. Daniel o olhou como se queria lambe-lo dos pés a cabeça. Uns minutos mais desta brincadeira e Dante se equilibraria sobre o homem, com público ou sem ele. “Ok, suficiente.” Logan ria. “Uma insinuação mais e vou procurar uma folha de papel e lhes dar um mapa a vocês dois. É óbvio que se querem um ao outro. Somente precisam deixar as evasivas e ir para isso.” Dante se via indignado. Daniel se via intrigado. Joey somente ria tranquilamente. Logan aplaudiu o ombro do Joey, então moveu sua perna assim ele podia levantar-se. Sacudiu a cabeça, olhando diretamente a Dante e Daniel. “Danny, se Dante quer te levar a sua casa e te treinar, você estaria disposto a ser seu submisso, incluindo ser disciplinado quando fizer algo errado e recompensado quando o fizer bem? O que lhe diria?” “Infernos, sim!” Danny disse forte. “Daniel!” Dante exclamou. “Amaldiçoar é sinal de uma mente preguiçosa. Pode retirar essa palavra de seu vocabulário imediatamente. “ “Ou o que?” Danny desafiou enquanto se deslizava de sua cadeira e ficava de joelhos aos pés de Dante. Logan afogou uma risada quando Dante simplesmente levantou uma sobrancelha para ele. Podia ver a explosão que se estava formando. Dante não ia permitir que desafiassem sua autoridade, isso era exatamente o que Daniel estava fazendo. “Logan se incomodaria se utilizar seu quarto extra?” Dante perguntou ficando de pé. Seu olhar nunca deixou o ansioso rosto do Daniel. “Acredito que este jovenzinho requer uma apropriada instrução de respeito.”

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Logan se pôs a rir. “Sim, adiante. Há alguns brinquedos sem abrir e lubrificante na cômoda, estou seguro de que lhes dará alguma utilidade.” “Vamos, Daniel,” disse Dante enquanto caminhava para o dormitório extra. Não esperou a ver se Daniel o seguia. Sabia que o homem o faria. Agora só tinha que ver se Daniel o podia seguir também uma vez que estivessem no dormitório. “Funciona todo o tempo,” riu, então ansiosamente saltou ficando de pé e seguiu ao Dante para o vestíbulo. Dante sorriu enquanto caminhava pelo corredor. Ouvia o Daniel falar com o Logan e Joey detrás dele. Daniel não tinha nem ideia do que suas palavras de desafio tinham conseguido, mas se inteiraria. “Estou esperando, Daniel,” disse Dante quando entrou no dormitório. “E não sou conhecido como um homem paciente.” Daniel apertou o passo, mas tinha um sorriso arrogante em seu rosto. ‘Não por muito tempo’, pensou Dante. ‘Quando eu terminar contigo, não haverá duvida em sua mente de quem está no comando.’ Esperou até que Daniel passou pela porta e logo a fechou detrás dele. Girou e estudou ao magnífico homem, sua mente pensando em cada pequena coisa que queria fazer com ele. “Tire a roupa, dobre, e a coloque sobre a cadeira que está ali,” disse Dante, que apontava para uma cadeira de balanço junto à parede. “Rápido, volta e se ponha diante de mim.” Dante observou com grande expectativa e com fome como Daniel ia revelando, polegada a polegada de pele branca e sedosa. Daniel tinha um ar de júbilo a seu redor enquanto dobrava a roupa e a punha na cadeira, logo voltou a parar na frente do Dante. “Qual é sua, palavra de segurança2, Daniel?” “Pecan.” “Os limites que tenho que ter em conta? Algo que você não goste de fazer?”

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Palavra escolhida antes dos jogos e que significa parar imediatamente a ação que se executa sobre os submissos. 12


Daniel se encolheu de ombros. “Fala, meu querido menino. Necessito que se comunique verbalmente comigo, não um encolhimento de ombros em resposta a minhas perguntas.” “Bom, eu não gosto da defecação,” respondeu Daniel. “Prefiro não experimentar algo que me cause uma dor duradoura e eu não gosto do abuso verbal.” “Estou bastante de acordo com tudo isso,” disse Dante. Caminhou em círculos ao redor do Daniel, chegando a acariciar pedacinhos de pele nua, aqui e lá. Daniel estremeceu em resposta. “Eu não gosto da humilhação de nenhum tipo. É degradante para os dois.” “Bem, bem,” disse Daniel. “O que…? O que gosta, senhor?” Dante riu entre dentes. “Eu gosto de Senhor.” Ele deu a volta para ficar diante do Daniel e esfregou o polegar ao longo da linha dos lábios do menino. “Eu gosto de como parece seus lábios, mas acredito que Mestre3 seria um qualificativo ainda melhor.” “Mestre.” A palavra sussurrada em voz baixa foi diretamente ao pênis de Dante como uma suave carícia. Logo que reprimiu um gemido. Não lhe daria o conhecimento ao Daniel do poder que tinha neste momento. Ele saberia logo. “Fica aqui em posição reta, Daniel,” Dante lhe ordenou e logo se encaminhou a investigar o conteúdo da cômoda. Na primeira gaveta havia lubrificante e camisinhas. Dante agarrou ambos. No seguinte havia muitas outras coisas mais interessantes. Dante escolheu uma máscara de seda negra e um, ’butt plug’4 pequeno. Rechaçou, de momento, a paleta. Queria que sua primeira vez juntos fora um pouco mais íntimo, carne contra carne. Sua mão lhe picava por querer sentir a curva da bunda do Daniel passando de estar cor rosa a vermelha, sem nada entre eles.

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Mestre: Aquele que controla um jogo sexual de dominação e submissão. Os butt plugs ou plugues anais são brinquedos sexuais para derivar prazer dentro do reto anal ou ato de masturbação anal. Nesta maneira são similares aos consoladores, mas os plugues não imitam a forma de um pênis e costumam ter ao final um plugue que não deixa que se perca no reto. 4

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Dante girou e se sentou na beirada da cama. Ele pôs seus prêmios a seu lado e indicou ao Daniel que se deitasse sobre seu colo. “Temos que fazer frente a seu comportamento desrespeitoso antes que possamos continuar.” Daniel vibrou quando se moveu rapidamente inclinando-se sobre o colo de Dante. ‘Moço ansioso!’ Dante manteve seu sorriso até que Daniel esteve de costas para ele. Teria que fazer das palmadas uma parte regular na rotina do Daniel. Obviamente, Dante não poderia as usar para castigá-lo. Daniel gostava muito. “Conta em voz alta para mim,” disse Dante quando levou a mão para baixo através do arredondada bunda do Daniel. “E não se atreva a gozar até que eu de permissão.” “Um!” “Um o que, Daniel?” Dante lhe perguntou, fazendo uma pausa com a mão no ar. “Um, mestre.” “Muito bem, Daniel.” Palmada. “Dois mestre!” Daniel se moveu ligeiramente quando a mão de Dante voltou a baixar. Por volta do quarto golpe, o traseiro começou a sentir-se um pouco quente. Dante massageava os globos de cor vermelha por um momento, desfrutando do calor sob sua mão, antes de lhe dar outro golpe com sua seguinte picada. “Cinco, mestre!”Golpe. “Seis, mestre!” Golpe. “Sete, mestre!”a voz do Daniel tremia. Dante endureceu seu coração e levantou a mão para oferecer um novo golpe. Não estava usando muita força, já que ele tampouco queria fazer mal ao Daniel, nem sequer queria lhe deixar com machas pretas, mas queria que o menino recordasse sua primeira surra. Golpe. “Oito, mestre!”

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Golpe. “Nove, mestre!” “A última, Daniel.” Dante acariciou com sua mão o traseiro do Daniel outra vez antes de dar o último golpe. Desta posição as bochechas se viam de uma cor rosa forte. “Dez, mestre!” Dante massageou o traseiro brilhante do Daniel, seus dedos apertavam fortemente a pele avermelhada até que Daniel se retorceu. Podia sentir o pênis torcido do menino contra suas pernas. “Quer gozar?” “Sim, por favor, mestre.” “Se te deixo gozar agora, poderá fazê-lo de novo? Quero seu pênis duro, enquanto eu estou em dentro de você.” Daniel se estremeceu. “Sim, Mestre!” Dante espremeu um pouco de lubrificante entre seus dedos e logo os deslizou entre as bochechas da bunda do Daniel, estendendo-a em pequenos círculos sobre o enrugado buraco. Apertou o dedo contra a estreita abertura, empurrando pouco a pouco. “Então pode gozar, Daniel.” Daniel tremia, movendo ritmicamente seus quadris. Dante adicionou um segundo dedo, e Daniel gemeu. “Goza para mim, Daniel.” Todo o corpo do Daniel ficou rígido. Gritou. Dante sentiu o quente sêmen penetrar sua calça, lhe recordando que ainda estava vestido, enquanto que o homem sobre seu colo não estava. Teria que arrumar isso. “Acredito que manchou minha calça, Daniel. Vou ter que te castigar por isso.” Embora Dante soubesse que ele tinha pedido ao Daniel que gozasse, queria saber que reação teria o homem ao ser castigado de novo. Aceitaria ou resistiria? “De acordo.”

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Dante sorriu enquanto esfregava a mão pelo traseiro vermelho do Daniel. Este parecia relaxado, fundido, em um lugar tranquilo. Por muito que Dante queria desfrutar desse momento, necessitava ajuda para si mesmo. Doía-lhe. “Se levante,”disse enquanto aplaudia o traseiro do Daniel. “Quero que me dispa.” Daniel ficou de pé, esperando a que Dante se levantasse. Dante sorriu e se levantou. Observou ao Daniel lhe desabotoar a camisa e dobrá-la com cuidado sobre a cadeira. Tremiam-lhe as mãos enquanto desabotoava a calça de Dante. Daniel se ajoelhou no chão e lhe tirou os sapatos e as meias, pôs elas de lado, e lentamente, dolorosamente lento, baixou o zíper de Dante. “Terminou Daniel?” Dante apertou os punhos para não gozar. Daniel agarrou as beiradas da calça de Dante e o boxers de seda e puxou para baixo. Dante sorriu divertido, seguro de si mesmo quando o olhar do Daniel se concentrou no forte pênis que se sobressaía da virilha do Dante. Daniel abriu os olhos como pratos e lançou um suave gemido. “Posso? posso?” Daniel se aproximou, detendo-se só a um centímetro do pênis de Dante. “Pode.” Dante sorriu. Sabia o que Daniel queria, mas não esperava que se sentisse tão bem quando os quentes lábios do homem envolveram em um úmido calor seu pênis. Dante gemeu, agarrando-se ao cabelo do Daniel quando experimentou o melhor momento que recordasse receber. Isto tinha que converter-se em uma parte habitual de sua rotina. Entre a potência de sucção da boca do Daniel e a forma em que sua língua acariciava através de sua carne, Dante esteve rapidamente perto de perder-se. Daniel era uma maravilha. “À cama, Daniel, “ ordenou-lhe com os dentes apertados. Precisava colocar seu pênis no traseiro do Daniel antes de perder o pouco controle que ficava. ‘Quando foi a última vez que se havia sentido tão quente, tão necessitado?’

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Daniel subiu à cama e se ajoelhou, colocando-se de quatro, levantando a bunda de cor rosa. As mãos de Dante cobriram os suaves globos e a visão alimentou o desejo que corria por seu corpo a uma velocidade vertiginosa. Agradecido de que Daniel tivesse a cabeça afundada entre seus braços para que não pudesse ver suas mãos tremer, Dante jogou mais lubrificante em seus dedos. Simplesmente não deixaria um sub ver sua perda de controle como Dom. Daniel grunhiu. Dante mordeu o lábio. Colocou os dedos no buraco empurrando para ele, estendendo o buraco do Daniel. Dante utilizou seus dentes para rasgar a camisinha. Tirou os dedos do Daniel e rodou a camisinha pelo dolorido pênis. Acrescentando só um pouco mais de lubrificante o estendeu por cima de seu eixo. “Está preparado para mim, tesouro?” “Sim, Senhor, por favor.” Dante gemeu pelo tom de súplica do Daniel. O desejo na voz do outro homem o esquentou, lhe deu vontade de moer ao Daniel sobre o colchão. O olhar de Dante caiu brevemente sobre o plugue anal e a máscara que tinha tirado da gaveta. Os brinquedos teriam que esperar outro dia. Não se atrevia a demorar sua liberação nem um momento mais. Dante esfregava seu pênis no orifício do Daniel e lentamente se empurrou para o interior, desfrutando da estreiteza que encontrou em seu caminho; o homem tinha um traseiro delicioso que tragou toda sua longitude. Com prazer doloroso, agarrou os quadris do Daniel em um forte apertão. Tratou de alargar a lição, mas quando Daniel começou a tremer e a gritar, Dante se impulsionou para frente, afundando-se no Daniel até que cada centímetro de seu pênis esteve encerrado na carne quente e sedosa. Dante ficou imóvel, seu corpo rígido. Tratou de distrair-se, pensar em algo, qualquer coisa que pudesse evitar que gozasse nesse mesmo instante. “Por favor, Senhor,” gemeu Daniel. “Não quero te fazer mal, mas…” “Comprometo-me a usar minha palavra de segurança se o fizer. Poderá parar.”

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“Não estou seguro de poder fazê-lo,” admitiu Dante. “Confio em você.” “Maldito seja,” gritou Dante quando viu o desejo do Daniel e começou a empurrar fortemente no canal apertado debaixo dele. Fora de controle, açoitou a bunda do Daniel, sua luxúria pelo outro homem o elevou de novo. Ele tinha que acreditar que Daniel usaria sua palavra de segurança, se fosse necessário. Os gemidos e gritos de prazer do Daniel estimularam a Dante. “Posso me tocar, Mestre?” Perguntou Daniel, sua voz sem fôlego. A mente de Dante explodiu. Rapidamente saiu do Daniel e o virou sobre ele, empurrando para seu interior antes que o grito do Daniel enchesse o quarto. Pérolas de pré sêmen se deslizavam pela cabeça do pênis do Daniel. Ele sabia que o homem estava perto. Dante levantou as pernas do Daniel sobre seus ombros, inclinando-se para trazer sua bunda o mais perto que pôde. Empurrou até esse ponto doce que se achava dentro do Daniel. O homem arqueou seu corpo, suas mãos apertando os lençóis ao lado de sua cabeça enquanto gritava. Dante cravou os dedos nas coxas do Daniel enquanto observava ao homem retorcerse na cama debaixo dele. Daniel era impressionante em seu desejo. Sua pele brilhava. Seus olhos estavam aturdidos. Tinha os lábios ligeiramente abertos. Seus pequenos gemidos eram música para os ouvidos de Dante. “Eu vou fazer você chegar, gozará sem tocar seu pênis.” Daniel abriu os olhos. Ofegava com mais dificuldade. “Depois que eu gozar na sua bunda, vou te por um plugue e vai dormir em meus braços com ele posto durante toda a noite. O plugue se moverá dentro de você cada vez que se mova. De manhã, vou foder essa bunda apertada de novo.” “Sim, por favor.” Dante moveu as mãos por debaixo dos quadris do Daniel para agarrar as bochechas de sua bunda. “E então vou esbofeteá-la de novo. Tem que ser uma palmada cada manhã. Diga o que pensa, devo te pegar cada manhã quando nos levantarmos?”

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Os olhos do Daniel estavam escuros, suas costas arqueadas. Ele soltou um gemido, e o esperma quente e branco saiu disparado de seu pênis. A boca e dentes de Dante estavam apertados. Os músculos interiores do Daniel se fecharam em torno dele com tanta força que logo que podia mover-se. ‘Celestial.’ Dante empurrou uma vez, duas vezes, logo rugiu sua liberação enquanto seu pênis se enterrava até o punho. Deixou cair a cabeça para trás, fechando os olhos quando sentiu um prazer intenso diferente a qualquer outro que tivesse imaginado seu corpo alguma vez. “Mestre.” Dante abriu os olhos e o olhou. Cuidadosamente baixou as pernas do Daniel à cama e se inclinou sobre o homem para reclamar seus lábios. Beijou-o, devorando sua boca por uns instantes antes de levantar a cabeça para olhar para baixo aos mais bonitos olhos de cor verde pálida que viu na vida. “Estou-me controlando, o plugue?” Daniel sorriu. “De acordo.”

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Capítulo 2 Seis meses mais tarde.

O porteiro era novo. Nem sequer piscou quando Dante passou por ele através das portas do Clube Refectory. No interior do bar, entretanto, nada tinha mudado. Tudo parecia igual a como o tinha deixado a última vez que esteve ali, fazia mais de seis meses. Mack ainda servia bebidas mistas detrás do bar. Os casais enchiam a pista de dança e a música alta fazia que ficasse difícil pensar. Os clientes pareciam estar tendo um grande momento. Dante deixou escapar um pequeno sorriso de seus lábios quando se dirigiu ao bar e se sentou em um dos bancos de vinil vermelho. Esperou até que Mack estivesse o suficientemente perto para chamar sua atenção e lhe pedir um Ginger ale5 com gelo. Mack começou a pôr a bebida quando de repente ficou imóvel, com um copo de gelo em uma mão e uma garrafa de Ginger ale na outra. Levantou a cabeça e voltou a olhar ao Dante. Seu rosto empalideceu um pouco. Dante franziu o cenho. Sabia que não tinha estado no clube por um tempo, mas não tinha sido tanto tempo assim para que Mack lhe olhasse como se fora um fantasma. “Mack.” Dante lhe perguntou. “Você esta bem?” “Caralho, Dante, não pode ficar aqui.” “Como diz?” “Tem que sair daqui homem, antes que Joey te veja.” Dante viu como Mack deixou seu copo de gelo na pia e partiu. Uma vez que chegou do outro lado do bar, Mack olhou para trás. O conjunto rígido de seus ombros emparelhava com a ira de seu rosto. 5

O Ginger Ale (ou Refresco de Gengibre) é uma bebida refrescante, sem álcool, de origem inglesa fabricada com gengibre, limão, água e açúcar. No século XIX, popularizou-se nos pubs ingleses bater as bebidas com gengibre. Isto teria dada origem ao que hoje conhecemos como ginger ale. 20


Mas que demônios? Por que Joey não queria vê-lo? Dante tinha estado fora do país durante quase seis meses. Até então, ele e Joey tinham sido muito bons amigos. Ou ao menos Dante pensava que eram. Confundido e um pouco aborrecido, Dante se afastou do bar e se dirigiu para a sala onde estavam as escadas que conduziam ao escritório do Logan. Estava decidido a chegar até o fundo disto, de uma maneira ou outra. Esperava que Logan tivesse algumas respostas. Na parte superior da escada, Dante fez uma pausa, batendo na porta em vez de irromper como queria. A última vez que tinha visitado o escritório do Logan, encontrou ao Joey debaixo da mesa, logo seu amigo fez que Joey terminasse o que tinha começado, com ele como espectador. Não queria encontrar-se com outro espetáculo sem aviso prévio. “Entra.” disse Logan do outro lado da porta. Dante sorriu e abriu a porta, desejoso de saudar seu amigo depois de sua ausência de seis meses. Ele tinha sentido saudades de seu amigo Logan, e inclusive ao Joey. Era bom estar em casa outra vez. “Olá, Logan.” A cabeça do Logan se elevou. Seu rosto se voltou branco pastoso e logo depois de um vermelho intenso. Dante franziu o cenho. Por que todo mundo reagia como se queria lhe dar um chute na bunda como se fora um cão ou algo assim? Com os punhos apertados sobre a mesa, Logan parecia a ponto de lhe dar um murro. “O que você crê que está fazendo aqui, Dante?” Logan lhe disse enquanto ficava de pé e caminhava ao redor de seu escritório. “Pensei em vim ver a um velho amigo,” respondeu Dante. “Estava equivocado?” “Acredito que nossa amizade terminou no mesmo instante em que usou ao Daniel para uma transa rápida e depois o deixou abandonado.” Dante perguntou ao Logan. “Do que está falando? Nunca usei Daniel.”

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“É isso um fato? Então, por que infernos não entrou em contato com ele em seis meses, Dante?” Logan sorriu, cruzando os braços sobre o peito. “Muito ocupado dando liberdade a sua veia selvagem?” “Do que está falando?” “Onde esteve durante os últimos seis meses?” Dante deu um passo atrás. Apartou a vista, incapaz de manter o intenso olhar do Logan. Essa era uma pergunta que Dante não podia responder, não com a verdade. Apertou e afrouxou suas mãos, tratando de aliviar sua tensão repentina. “Eu tinha negócios no estrangeiro aos que fazer frente.” “Negócios?” Logan se rompeu. “Você tinha assuntos que tratar? E não pôde levantar o telefone e chamar o Daniel apenas uma vez? Merda. O que? Não teve tempo em sua apertada agenda para enviar um postal, um correio eletrônico? Algo para lhe fazer saber que não só o tinha utilizado e logo esquecido dele?” Dante rapidamente voltou a olhar ao Logan. Qual era o problema? Claro, ele e Daniel tinham dormido juntos, mas Dante não tinha feito nada para ferir o outro homem. De fato, ele tinha prometido mantê-lo. Dante não pôde evitar ter sido chamado imediatamente depois, e, além disso, agora estava aqui para reclamar o que era dele. Então por que toda essa ira? “Que interesse você tem nisso?” Dante lhe perguntou “O que passou entre o Daniel e eu não é teu assunto.” Logan bufou. “Isso é o que pensa. Acredito que me demonstrou que é um homem integro, agora estou pedindo que se mantenha afastado do Daniel.” “Manter-me afastado do Daniel?” Dante lhe perguntou. “Voltei pelo Daniel. Por que, por todos os demônios eu ia querer me manter afastado dele?” “Porque eu estou pedindo que se mantenha afastado dele.” O rosto do Logan estava sério. De repente se virou e retornou a sua cadeira e se sentou. Ele o olhou carrancudo. “Daniel já sofreu suficiente por sua causa. Se você se preocupa pelo seu bem-estar, então eu lhe peço isso.”

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Uma onda de mal-estar substituiu a confusão de Dante. Algo estava claramente errado. Dante considerava o Logan um de seus melhores amigos, inclusive embora já não dormissem juntos, e ele o conhecia bem. Dante se aproximou para sentar-se na cadeira frente a mesa do Logan, a mesma cadeira em que se sentou quando viu o Logan administrar o castigo ao Joey por desobediência, e logo fode-lo em cima da mesa.” Entesourava essa lembrança. “Que diabos está acontecendo, Logan,” perguntou. “E quero uma resposta direta.” “Onde esteve?” Logan lhe perguntou. “Me acostumei a que entrasse e saísse de minha vida, mas nunca estivemos envolvidos. Daniel tomou o que lhe ofereceu como o começo de uma relação entre os dois. Se não o queria, nunca deveria ter dormido com ele. Você sabia o que pensava, o que esperava, e entretanto desapareceu.” Dante abriu os braços. “Quando disse que não o queria? Ele é perfeito para mim. Eu sabia desde antes que nós dormíssemos juntos.” “Então, por que diabos não entrou em contato com ele?” Logan lhe perguntou. “Passaram seis meses, Dante. Não ouvimos uma só palavra de você em todo este tempo, não o entendo.” Dante se inclinou para frente e apoiou seus braços sobre suas pernas. Suas mãos juntas e apertadas enquanto olhava para o chão. “Eu não estava em um lugar onde pudesse chegar até um telefone, Logan. Acredite em mim, teria chamado se tivesse podido. Simplesmente não era possível.” “Pode me dizer ao menos onde estava?” Dante olhou ao Logan e sacudiu a cabeça. “Não.” Teria gostado de contar tudo ao Logan, onde esteve nos últimos seis meses, tudo o que experimentou durante esse tempo, e inclusive por que. Ter a alguém com quem compartilhá-lo teria reduzido a tortura que tinha sofrido sozinho. Mas as circunstâncias lhe impediram de avisar alguém, inclusive a seu melhor amigo. “Pode me dizer algo?” Logan lhe perguntou.

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“Bom, meu amigo, como diz o refrão, ‘Eu poderia dizer isso mas logo teria que te matar.’ Terá que confiar em mim nisto, Logan. Alguma vez fui outra coisa que um homem de honra?” Logan lançou um profundo suspiro. “Não, Dante. Você nunca foste outra coisa que um homem de honra. Suponho que terei que tomar sua palavra de que não pôde te comunicar com nenhum de nós. Mas ainda assim eu não gosto.” Dante se sentou em sua cadeira. Passou a mão pelo cabelo. A tensão na sala podia cortar-se com uma faca. Logan não parecia particularmente feliz, mas ao menos parecia que já não queria matá-lo. “Sigo pensando que seria uma boa ideia que ficasse longe do Daniel, Dante.” A boca de Dante se abriu por um momento antes que ele voltasse a fechá-la. “Não acredito que isso dependa de você decidir.” “Bom, Daniel não está em posição de tomar decisões, por isso terá que aceitar minha palavra a respeito,” grunhiu Logan. “É necessário que te mantenha afastado dele. Necessita a alguém mais confiável, alguém que não apareça e desapareça de sua vida todo o tempo.” “Logan.” “Ao menos me prometa que não voltará a acontecer,” disse Logan. “Pode?” O certo é que agora Dante tinha um pouco de tempo, mas não podia prometer que não o voltariam a chamar no futuro. Mas ainda não entendia o que tinha que ver com sua relação com o Daniel. “Não, não posso a menos que…” “Basta” disse então. Dante se levantou cheio de ira. Apertou os punhos sentindo uma espetada de frustração, apertou os dentes até o ponto de lhe doer a mandíbula. “Não é suficiente, Logan. Daniel é um adulto. Você não pode mandar em pode vê-lo. Isso depende do Daniel. Ele pode decidir se quiser me ver ou não.” “Não, Dante, ele não pode.”

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As suaves palavras, depois de toda a irritação, golpearam no estômago de Dante como um murro. Deteve-se e olhou fixamente ao Logan. Algo tinha acontecido no tempo que ele tinha desaparecido, a raiva de Dante foi desaparecendo. “O que você não está me dizendo, Logan?” Dante conteve o fôlego enquanto observava ao Logan passar as mãos pelo rosto. O homem parecia cansado, esgotado. Mas sobre tudo, via-se preocupado, vê-lo assim o encheu de preocupação, lhe enviando diretamente a pensar o pior. Dante só conhecia o Daniel por uns dias, mas nesse curto tempo, Daniel tinha capturado uma parte de Dante a que pensava que ninguém chegaria. Dante perguntou ao Logan, mas o homem não disse nada. “Daniel esperava por você,” disse Logan. “Ele deixou de ver os caras, deixou de participar das cenas. Sentiu-se positivo de que os dois tinham uma relação, de que tinham algo juntos. Ele foi no Dante's Dungeon cada momento que tinha livre, te esperando. “ “E nunca cheguei.” Logan assentiu. “E nunca chegou.” “O que aconteceu?” Dante imaginou todo tipo de cenários, nenhum deles bom. Sabia que tinha razão em sua hipótese ao ver a careta no rosto do Logan. “Quando não apareceu, suas esperanças começaram a morrer,” disse Logan. “Joey e eu tratamos de lhe explicar que você tinha por costume desaparecer de vez em quando, mas que estaria de volta logo. Ao princípio, acreditou em nós, mas depois de um tempo começou a pensar que tinha feito algo que fez que fosse longe.” “Cristo. Não!” Dante começou a caminhar. “Isto era algo que tinha que fazer. Porra, se tivesse podido teria levado ele comigo, o teria feito, mas não teria estado a salvo ali.” “Bem, Daniel não estava seguro aqui.” Dante deixou de andar. Fechou os olhos quando as palavras do Logan se apoderaram dele, trazendo com isso uma angústia entristecedora. Abriu os olhos e olhou ao Logan, preparando-se para o que ia ouvir. “Diga-me.”

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“Faz seis semanas, Daniel finalmente se rendeu. Ele concordou em participar de uma cena com alguns tipos de alto nível que frequentam o clube, sempre e quando o homem entendesse que não haveria atividade sexual real.” O coração de Dante parou quando Logan se deteve. “Daniel disse a palavra de segurança.” Dante sussurrou, mas já sabia a resposta. Estava escrito rosto do Logan. “O idiota fez caso omisso de sua palavra de segurança e continuou com a cena, ignorando tudo o que Daniel tinha discutido com ele de antemão sobre seus limites.” Logan negou com a cabeça. Dante viu uma de suas mãos apertar-se em um punho. “Recebemos uma chamada depois que alguém deixou ao Daniel no hospital. Nem sequer ficou para ver se estava bem, só o deixou às portas da sala de emergência e se foi.” “Maldição.” O coração de Dante chorou pelo Daniel, pelo que o homem deve ter passado e pelo que agora sabia que tinha perdido. Daniel nunca seria o mesmo. Sem dúvida, tinha perdido sua capacidade de confiar, o aspecto mais importante de uma relação entre um Dom e seu submisso. E nesse momento, Dante se culpava. Uma chamada telefônica poderia ter evitado tudo isto. “Quero vê-lo,” disse Dante em voz baixa. “Não acredito que isso seja uma boa ideia,” disse Logan. “Daniel está bastante frágil. Ver você de novo pode fazê-lo recair em sua dor e que não volte.” “Por favor, Logan.” Dante respirou fundo e soltou o ar lentamente. Aproximou-se e se inclinou para frente para plantar suas mãos sobre o escritório do Logan. “Lhe peço isso como amigo, me deixe vê-lo.” “Não posso, Dante, embora eu quisesse. Nega-se a ver qualquer um que não seja Joey.” “Tenho que vê-lo, Logan. Ele tem que saber que isto não é culpa dele. Precisa saber que minha saída não foi por algo que fez. Eu não queria ir certamente, não quando estávamos tão perto. Era algo que tinha que fazer.”

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“Dante.” Dante se separou do escritório do Logan e se aproximou da janela para olhar o céu noturno. A cidade iluminada se estendia pacificamente diante dele, uma contradição direta ao estado de ânimo atual de Dante. “Não tem ideia do muito que quis ao Daniel do momento em que o conheci,” disse em voz baixa. Cruzou os braços sobre seu peito enquanto recordava como tinha sido enfeitiçado pelo Daniel desde o começo. “Tinha a quantidade correta de submissão mesclada com o suficiente fogo para fazer ferver meu sangue. Parecia disposto a submeter-se a tudo o que queria e, entretanto se manteve tenaz o suficiente para me fazer trabalhar por isso.” Dante olhou por cima do ombro ao Logan. “Ele era perfeito para mim.” “Então, por que foi?” “Tive que fazê-lo, Logan. Tenho obrigações, obrigações das que não posso prescindir, embora quisesse.” “Admito que eu nunca entendi por que ia embora de vez em quando, mas o aceitei.” Logan franziu o cenho. “Talvez por isso é que nunca tivemos mais do que fizemos juntos. Necessitava mais do que me podia dar.” “Não se engane, Logan,” disse Dante. “Nunca tivemos mais que sexo e amizade, já que nenhum era o indicado para o outro. Não tivesse importado se desaparecia ou não.” “Mas importava ao Daniel,” disse Logan. “Essa é a questão. Se desejas ver Daniel, vou ver se posso arrumar, mas tem que decidir o que é mais importante, sua relação com o Daniel, ou o que seja que você esteja fazendo. Não pode ter ambas as coisas.” Dante virou para olhar pela janela. Sabia o que queria, não sabia se podia sair de suas obrigações. Haveria muito que pagar, um montão de gente muito importante que se zangaria com ele. Valia a pena pelo Daniel? Dante girou. “Vou fazer algumas ligações. Quando você acha que vai saber se Daniel quer me ver?”

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Dante podia sentir a intensidade do olhar do Logan sobre ele. Sabia que o próximo par de segundos poderia decidir a direção do resto de sua vida. Conteve a respiração enquanto esperava, sentindo como se estivesse de pé na beirada de um precipício. “Vou perguntar lhe se nos podemos vê-lo amanhã pela manhã, mas quero que entenda isto,” disse Logan, assinalando com o dedo a Dante “se Daniel se negar a te ver, não vou forçá-lo. Tem que ser sua escolha.” Dante assentiu. Queria discutir, mas sabia que não tinha esse direito; já não. Tinha perdido esse direito quando pôs suas obrigações por cima da segurança do homem que tinha um pedaço de seu coração. “Vou estar no clube,” disse Dante. Caminhou para a porta do escritório. “Pode me encontrar ali.” “Você não o encontrará ali, Dante, eu já tentei.” Dante fez uma pausa. Logan o conhecia muito bem. Dante tinha toda a intenção de ir ao clube e encontrar ao homem que tinha prejudicado ao Daniel. “Daniel se negou a dar o nome de seu atacante,” disse Logan. “Ninguém sabe quem é.” “Não apresentou queixa?” Logan negou com a cabeça. “Ele não quer falar do ataque com ninguém, nem sequer com o Joey. Se alguém força ele fica histérico. Tivemos que sedá-lo mais de uma vez.” Dante deu um murro na parede junto à porta do escritório, sua ira era muito forte para contê-la. “Inferno.”

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Capítulo 3 A mão do Daniel tremia quando passou a escova através do emaranhado de seu cabelo. Fez uma careta quando seus dedos encontraram um particularmente desagradável. Apertou os dentes e puxou com seus dedos através dele, até que o nó desapareceu. Dante já estava chegando para visitá-lo. Tinha vindo todos os dias durante mais de uma semana e esperou durante horas para vê-lo. Daniel o ouviu falar com o Logan e às vezes Joey se reunia com ele, e foi este quem finalmente convenceu ao Daniel de que visse Dante, embora até agora não tinha concordado em vê-lo. Realmente queria ver Dante depois de tanto tempo? Teria a coragem? Dante tinha sido tudo o que queria na vida, mas sua vida anterior lhe tinha sido arrebatada. Daniel sabia que nunca a conseguiria de novo e nunca seria o mesmo homem que Dante tinha deixado atrás fazia tantos meses. Não tinha nada que oferecer ao homem, por isso tinha resistido a vê-lo. Qual era o ponto? Dante estaria decepcionado de ver o homem no que se converteu. Acariciou a pequena cicatriz que ia do canto de seu olho esquerdo até o queixo. Apesar de estar curada, seguia sendo sensível ao tato, e nunca esqueceria exatamente onde o recebeu ou quem o fez. Via o rosto do monstro cada vez que fechava os olhos. Daniel voltou em si quando se deu conta de que a porta do quarto se abria. Manteve o lado esquerdo de seu rosto escondido do Joey, como sempre o fazia. Não queria que ninguém visse o constante aviso de sua estupidez. “Ele está aqui, Daniel,” disse Joey em voz baixa. “Está preparado para vê-lo?” “Na realidade não, mas suponho que devo fazê-lo.” “Ele não vai te machucar Daniel, prometo-lhe isso.” “Não pode me prometer isso Joey. Ninguém pode.”

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Daniel soltou um suspiro. Sabia que soava amargurado, mas não podia evitá-lo, não depois do que experimentou nas mãos de alguém que tinha jurado que não lhe faria mal. “Dante dirá o que tenha que dizer com o fim de conseguir o que quer, como todo mundo.” “Daniel.” Daniel agitou a mão ao Joey. Estavam perdendo tempo, e já tinham estado neste caminho antes. Joey não o entenderia. Logan não o tinha traído. “Assim deixa-o entrar, assim acabarei com isto de uma vez.” Joey começou a afastar-se. “E Joey, vou ver Dante, vou permitir que fale comigo para que ele se sinta bem consigo mesmo, mas logo não quero voltar a vê-lo. Entendido?” “Sim, Daniel, escutei.” Daniel duvidava que suas palavras passassem através do Joey. Elas nunca o faziam. Ele tinha tratado de lhe advertir de que Logan ao final se converteria em outro como o que abusou dele, mas Joey se manteve obstinadamente positivo de que Logan não era como o homem que levou ao Daniel até o hospital. Daniel sabia. As pessoas como Logan e Dante diziam e faziam o que queriam e ao diabo com ninguém mais. Daniel sabia que o tinha atraído sobre si mesmo. Tinha procurado algo que não existia e pagou o preço. Nunca seria tão estúpido de novo. “Olá, Daniel.” Daniel pôde ver Dante de canto de olho quando o homem entrava no quarto. Seu pulso se acelerou quando seu coração deu um tombo doloroso. As mãos lhe tremiam. Isto seria muito mais difícil do que tinha pensado. Daniel agarrou fortemente a manta que cobria seus ombros e a apertou em torno dele, feliz de ter optado por permanecer sentado durante esta reunião. Suas pernas trementes nunca teriam aguentado seu peso. Ele se armou de coragem e limpou a garganta. “Olá, Dante.” “É bom te ver, Daniel.”

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Daniel não podia dizer o mesmo. Neste momento quase preferia estar em qualquer outro lugar. “O que quer Dante?” “Não será uma conversa agradável, então?” “Se queria uma conversa agradável deveria haver ficado falando com o Joey e Logan. Estou começando.” “Ainda lutador, já vejo.” Dante riu entre dentes. “Me alegro de que não tenha perdido toda essa faísca que eu gostava tanto.” Daniel pôs seus olhos em branco. “Dante, diga o que quer, alivia sua consciência, e logo vai embora.” “Aliviar minha consciência?” Dante lhe perguntou. “É isso o que acredita que vim fazer aqui?” Daniel girou sua cabeça para olhar ao Dante, enfrentando ele pela primeira vez desde que o homem tinha entrado no quarto. “Não é assim? Ouviu falar do que me passou e se sente culpado por me deixar. Quer se sentir melhor?” Daniel agitou a mão no ar. “Eu te eximo de toda culpa, Dante. Eu fiz isso a mim mesmo. Agora pode ir. “ “Daniel, voltei por você.” “E uma merda!” Daniel ficou de pé e tentou sair do quarto, mas Dante se interpôs. “Daniel…” “Voltou porque se sente culpado pelo que me passou. Bom, o que ocorreu foi minha maldita culpa, porque eu acreditei que uma só estúpida palavra evitaria que alguém me fizesse mal. Eu acreditava em toda a merda D/s.” Apunhalou com seu dedo no peito de Dante. “Não tinha nada que ver contigo e não necessito sua piedade. Não te necessito.” “OH, Daniel, não se supõe que deva ser dessa maneira,” disse Dante em voz baixa. “Estou seguro de que sabe...” Lágrimas de raiva e frustração picavam no canto dos olhos do Daniel. Por que ninguém podia ver o que ele tinha visto? Por que não entendiam que as pessoas diziam tudo o que tinha que dizer com o fim de sair-se com a sua, inclusive coisa que não queria dizer?

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Daniel se sobressaltou quando sentiu os dedos acariciar brandamente um lado de seu rosto. Ele se afastou para trás antes de que Dante pudesse chegar à cicatriz de sua bochecha. “Fez-te isso?” Dante lhe perguntou. Daniel se separou de Dante e se virou para a janela. “Fez-me um montão de coisas, nenhuma das quais pedi.” “Daniel, nunca pensaria que foi você quem pediu isto,” disse Dante. Daniel podia ouvi-lo aproximar-se dele, sentiu o calor do corpo do homem quando se deteve justo detrás dele. “Ninguém poderia entender o que o homem te fez.” Daniel se virou para olhar a Dante. “O que você sabe disso?” gritou. As lágrimas alagaram seus olhos deslizando-se por suas bochechas. “Nunca esteve indefeso, dependendo de outra pessoa para sua segurança, para sua própria vida. Você não tem que trocar suas opções ante outros, simplesmente faz o que quer.” A palidez do rosto de Dante não fez que Daniel se sentisse melhor. Só o fez se zangar mais. “Nunca tive que tocar a ninguém e fazer as coisas que você, inclusive quando, quando pede que se detenham.” A voz do Daniel se rompeu. Os braços de Dante se envolveram ao redor dele, mas Daniel se negou a aceitar a oferta de comodidade que lhe oferecia. Golpeou com o punho contra o peito de Dante. “Você parou.” exclamou Daniel. “Porque ele não parou?” “Não sei, lindinho,” Disse Dante em voz baixa. Dante o levantou em seus braços e o levou a cadeira grande e acolchoada de pelúcia, sentou-se com ele diante da janela. Sentou-se, mantendo ao Daniel em seu colo. Daniel frequentemente dormia na poltrona, muito cansado para ir à cama, com medo de ir à cama. Daniel fungou, as lágrimas pouco a pouco minguando. Podia sentir o calor do corpo de Dante junto ao dele, o ruído de seu coração debaixo da orelha. A mão de Dante acariciava brandamente desde suas costas até o suave cabelo de sua nuca.

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“O que aconteceu com você está errado, Daniel,” Dante disse em voz baixa depois de uns momentos de silêncio. “Eu gostaria mais que nada no mundo que nunca tivesse tido que viver algo tão horrendo. Tem que acreditar nisso.” Daniel negou com a cabeça. Não ia acreditar nisso, inclusive embora quisesse. As palavras de Dante o encheram de calor, ou talvez fosse só o som de sua voz que o tranquilizava, mas Daniel sabia a verdade. “Disse-te que não é responsável, Dante. Você não tem que me dizer estas coisas.” “Sim, as digo. E vou seguir dizendo isso até que acredite. Não só porque o homem ignorasse sua palavra de segurança, obviamente fazia as coisas que fez contra sua vontade. Não te deu outra opção.” “Como sabe?” Daniel sussurrou, deixando entrever em sua voz seu maior temor. “Como sabe que não fazia nada para indicar que queria é que me fizesse essas coisas?” E se de algum jeito tivesse pedido que abusassem dele? Tinha concordado em participar da cena? Teria aceito muitas das coisas que o homem lhe fez se tivesse perguntado mais? “Porque sei quem você é, Daniel,” disse Dante. “Se você tivesse querido as coisas que o homem te fez então você nunca teria utilizado a palavra de segurança. Sua palavra de segurança é para parar tudo imediatamente.” Dante agarrou o queixo do Daniel e lhe ergueu o rosto para cima. “Você estabelece os limites antes de começar a cena, Daniel. Ele cruzou a linha quando você não tinha escolha e não se deteve quando pediu que parasse. Isso está tudo na cabeça.” “Pedi-lhe que parasse,” exclamou Daniel enterrando seu rosto no peito de Dante. “Juro isso. Eu pedi.” “Eu sei, lindinho, eu sei.” “Pôs-me uma bola de mordaça6 na boca quando eu não parava de gritar.” Daniel soluçou. “Me disse que agora era sua puta, e que eu faria o que ele me mandasse.”

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BALLGAG / BOCADO / MORDAÇA: É uma das mais apreciadas mordaças de fetiche, consiste em uma bola de preferência vermelha, amarrada por uma correia de couro negro. Mantém a boca aberta.

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Daniel sentiu os braços de Dante apertar-se a seu redor. Por um momento, o medo o encheu. Lutou até que Dante afrouxou seu apertão, mantendo-o em um ligeiro abraço. Daniel já não podia aguentar ser restringido de maneira nenhuma. Tinha que ser capaz de liberar-se. “Shh, Daniel,” a voz de Dante era um sussurro. “Vou te deixar ir quando quiser, só tem que dizer a palavra. Sei que você não me acredita, mas você escolhe uma palavra, qualquer palavra, e no momento em que a diga, vou deixar tudo o que estou fazendo.” Dante tinha razão. Daniel não acreditava que o deixaria sem importar o que dissesse e não havia nada que Dante pudesse fazer para demonstrar o contrário. A só ideia de ceder o controle, de confiar em outros com seu corpo, provocou uma onda de pânico que lhe deu náuseas. “Por agora, por que não utilizamos como palavra, Pare. De acordo?” disse Dante. “Entretanto no futuro tem que escolher uma palavra diferente, algo que só possa utilizar se realmente o necessita. Enquanto isso, cada vez que diga a palavra, tudo para. Tudo bem, Daniel?” Daniel se encolheu de ombros. “O que seja.” Seu corpo tremeu quando Dante lhe agarrou o queixo e o levantou até que seus olhos se encontraram. “Não, o que seja, Daniel,” disse Dante, sua voz de aço e mantendo uma firme convicção. “Você é importante. Suas necessidades e desejos são importantes. Não os admite porque tem medo. Eu não farei!” Daniel se soltou do agarre e enterrou sua cabeça no pescoço de Dante, já que não podia sustentar a intensidade do homem e muito menos seu olhar. Daniel não sabia se estava disposto a deixar que Dante visse sua alma. Isso o fazia sentir-se vulnerável, algo que Daniel jurou que nunca mais ia sentir outra vez. Daniel se moveu nos braços de Dante. Não sabia se estava tratando de escapar ou de se apertar para mantê-lo mais ajustado possível. Suas emoções eram um caos, indo de um extremo ao outro em um abrir e fechar de olhos. Por um lado, desejava que Dante o esperasse até que toda a dor e a ira desaparecessem. Mas por outro lado, queria que Dante se fosse e não voltasse nunca mais.

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Sobre tudo, temia que não pudesse ter a força de vontade para rechaçar ao único homem que já tinha um pedaço de seu coração. “Shh, lindinho,” disse Dante em voz baixa, acariciando a cabeça e as costas de Daniel. “Eu cuidarei de você. Só quero que feche os olhos e descanse. Vou te manter a salvo.” Daniel duvidava das palavras de Dante, mas não podia manter os olhos abertos, o suave toque das mãos de Dante e a calidez de seu corpo o adormeceram. Dante seguiu murmurando palavras tranquilizadoras sem sentido, até que Daniel caiu em um sonho reparador. Dante soube o momento exato no que Daniel perdeu a batalha por permanecer acordado. A tensão diminuiu de seu corpo e o manteve apertado com força contra seu peito, descansou pela primeira vez desde que Dante havia entrado no quarto. Dante seguiu acariciando de novo ao Daniel até que esteve seguro de que o homem dormia profundamente. Tratou de não apertar os músculos quando os pensamentos do ataque do Daniel lhe encheram a cabeça, seguido de perto por uma raiva entristecedora e a necessidade de ter alguém em quem apoiar-se, de compartilhar suas preferências. Observou-lhe enquanto respirava. Daniel estava certo. Dante se sentia culpado, mas não pelas razões que Daniel pensava. Sentia-se culpado por não ter reclamado ao Daniel antes de ir-se, por não ter solidificado sua relação. Talvez se o tivesse feito, Daniel não teria ido em busca de algo que sentia que faltava em sua vida. Teria sido também um benefício acrescentado que todos soubessem que Daniel lhe pertencia. Ninguém haveria tocado ao homem, pelo menos ninguém que queria seguir respirando. Tinha cometido um engano deixando ao Daniel sem reclamá-lo. Sem dúvida alguma por havê-lo deixado, outro o tinha feito. Logan estava certo em sua hipótese. Dante teria tido que decidir entre o Daniel, e suas obrigações no estrangeiro. A decisão teria chegado surpreendentemente fácil. Daniel vinha em primeiro.

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Daqui em diante, só aceitaria os trabalhos que pudesse fazer de casa. Seus superiores não estiveram contentes quando o comunicou, mas era isso ou Dante renunciaria permanentemente. O bem-estar do Daniel era o primeiro. Dante só tinha que convencer ao Daniel disso. Dante girou e olhou através do quarto quando ouviu a porta abrir-se. Joey entrou, seguido de perto pelo Logan. Ambos mostraram surpresa quando viram Daniel dormindo nos braços de Dante. Dante se levou o dedo à boca. “Shh.” Começou a levantar-se, para deixar ao Daniel na cama; mas o homem em seus braços, franziu o cenho enquanto dormia. Um punho se agarrava à camisa de Dante e um pequeno gemido de protesto saiu de seus lábios. Dante se reclinou de novo na cadeira, iria ficar onde estava. Daniel se tranquilizou, com o rosto relaxado, mas sem afrouxar seu agarre sobre a camisa de Dante. Dante fez um gesto para a manta na parte inferior da cama. Joey rapidamente a recolheu e a levou. Dante pegou a manta e a estendeu sobre o Daniel, envolvendo as beiradas ao redor de seu corpo e colocando suas mãos. “Ele não parece que vai me deixar ir embora logo, amigo,” disse Dante em voz baixa enquanto seguia massageando as costas do Daniel. “Não posso acreditar que por fim dormiu,” disse Joey, “e sem nenhum tipo comprimido para dormir. Não dormiu sem ajuda desde que chegou do hospital.” Dante olhou ao rosto adormecido do Daniel, levantando a mão para acariciar com o polegar um lado da bochecha do Daniel. “Ele está cansado, mas acredito que tem medo. Necessita a alguém que cuide dele enquanto dorme, para mantê-lo a salvo.” “E você acredita que é o homem adequado para o trabalho?” Joey soltou um suspiro, sua pergunta deixou entrever uma nota de sarcasmo, demonstrando que seu aborrecimento ainda não se apagou. Dante não tratou de tomá-lo como algo pessoal. Sabia que Joey estava ferido pelo que tinha acontecido com seu amigo.

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“Eu sei que sou o homem adequado para o trabalho,” disse Dante. “Se não fosse, Daniel não dormiria em meus braços agora mesmo.” Joey o olhou como se quisesse discutir até que Logan se adiantou e pôs uma mão em seu ombro. “Ele tem razão, Joey, e você sabe.” Surpreso por estas palavras, Dante olhou ao Logan bem a tempo para ver o gesto em sua direção. “Se Daniel não o quisesse aqui não se aconchegaria no colo de Dante e para assim poder conseguir seu primeiro bom sono das últimas semanas.” “Suponho, mas…” “Joey, eu só quero o melhor para o Daniel,” começou a dizer Dante, sabendo que o convencer de suas intenções seria seu primeiro grande obstáculo. Convencer ao Daniel seria o próximo. “Ele tem que entender que o que lhe aconteceu não foi culpa dele. Também tem que aprender a confiar de novo. “ “E você acredita que pode lhe ensinar a confiar de novo?” Joey lhe perguntou com voz tranquila e sombria. Dante voltou a olhar para baixo ao homem que dormia em seus braços. “OH, sim,” sussurrou. “Tenho a intenção de ensinar ao Daniel muitas coisas.” Sorriu ao Joey e Logan. “E imagino que, uma vez que chegue a superar o medo, vai ser um estudante muito aplicado.” “Você acredita que vai superar seu medo?” Joey lhe perguntou. “Ele não falou exatamente do que lhe passou, mas vi suas feridas. Falei com o médico antes que lhe dessem alta o trouxéssemos para casa. As feridas se curam, mas emocionalmente, bom, isso não é algo que vá desaparecer a curto prazo.” “Tenho toda a fé em que Daniel vai aprender a confiar em mim outra vez,” disse Dante “mas levará tempo e atenção. Não sei tampouco exatamente o que lhe passou, e estou de acordo contigo, enquanto que as feridas físicas se podem curar, as de seu espírito são mais graves. Essas são as que precisa curar para vencer.” “Ele o fez. Disse o que aconteceu?” Joey perguntou em voz baixa. Dante negou com a cabeça. “Não, mas o fará. Algumas das coisas que Daniel disse me levam a acreditar que seu ataque não era só sexual. Não sei se este homem escolheu ao

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Daniel especificamente ou se somente era porque é um sub consumado, mas sei que queria humilhar ao Daniel físico, emocional e mentalmente.” “Acredita que foi algo pessoal?” Logan perguntou, rompendo o silêncio que tinha guardado a maior parte da conversa. O tom de aço em sua voz e a forma em que logo rodeou ao Joey, lhe disse ao Dante que ao homem não gostava dessa ideia no mínimo. “Foi muito pessoal, Logan,” disse Dante “Ainda se o homem queria que fosse ou não.” “Isso não é o que quis dizer, e você sabe,” espetou-lhe Logan. “Acredita que quem lhe fez isto o fez de propósito? Que escolheu ao Daniel especificamente? Sabe como isso parece? O que isso significa?” “Isso significa que pode ter um problema enorme,” disse Dante. “Porque, ou temos um iniciado Dom, rondando os clubes para pegar a um sub ingênuo, ou temos a alguém que está fora e o que quis foi machucar ao Daniel pessoalmente. De qualquer maneira, temos que pôr fim a essa situação antes que alguém mais saia ferido.” “Cristo.” Logan exclamou. “Meus sentimentos exatamente” respondeu Dante. “Logan” Joey lhe perguntou. “Não entendo.” Dante sorriu ao ver o Logan tranquilizar ao Joey. Apesar de seus próprios problemas com o Daniel neste momento, estava feliz de que Logan tivesse encontrado a sua alma gêmea. Dante pediu a Deus que lhe desse esperança para poder trabalhar para ele e Daniel. “Se não se tratar de um Dom que busca submissos ao azar, não é só uma ameaça para eles, é para toda nossa comunidade,” explicou Logan. “Como dar ao resto do mundo a ideia e imagem de que não somos mais que um montão de monstros que desfrutam de machucar outras pessoas.” “Mas, mas isso não é certo,” disse Joey. “Me introduziste no clube e não foi nada desagradável para mim.” “Há um outro lado das coisas que fazemos, Joey.” “Um lado mais intenso,” disse Dante.

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“Você não o experimentou com o Logan, já que não vivem o estilo de vida vinte e quatro horas sete dias à semana, mas muitos de nós sim. Há também muitos que participamos de cenas que são mais intensas do que Logan e você praticam.” “Bebê, às vezes estas cenas envolvem a administração da dor extrema.” “Você me castiga,” insistiu Joey. Logan negou com a cabeça. “Assim não, eu não. Não estou dizendo que esteja mal porque não o está. Só que é algo que não fazemos. Recorda quando te disse Daniel que ele estava um pouco mais metido em todo o assunto D/s que você?” Joey assentiu. “Ao Daniel gosta de ser açoitado com uma paleta ou sendo chicoteado. Ele pode querer o lado mais áspero das coisas. Se participou de uma cena com alguém e pediu-lhe para ser chicoteado com um látego, então foi abusado como ele foi, você acha que alguém fora da comunidade acreditaria nele quando dissesse?” Joey se afundou na beirada da cama como se suas pernas se converteram em gelatina. As emoções corriam através de seu rosto. Dante se perguntou se não deveriam tê-lo deixado fora desta discussão. O pobre menino os olhava horrorizado. “Joey?” Dante lhe perguntou com cuidado. “Está bem?” “Crê que Daniel pediu a esse tipo que lhe fizesse o que lhe fez?” “Não, Joey, não o fez” disse Dante. “Essa é uma das razões fundamentais pela que se tem uma palavra de segurança. Daniel pôde ter aceitado participar de uma cena com este homem, mas ele utilizou sua palavra de segurança. Deveria havê-lo deixado ali mesmo, mas não foi assim. De fato, quando Daniel pediu que o deixasse ir, o homem o amordaçou. Daniel não pediu isso.” “Vi as marcas nele,” disse Joey em voz baixa. “Não vejo como alguém pode pedir algo assim.” Dante apertou os dentes. Tinha as mãos apertadas ao redor do corpo do Daniel. “Que marcas, Joey?”

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“Tem marcas profundas em todo o corpo, na frente e atrás,” disse Joey. Suas mãos enlaçadas em seu colo. Seu olhar ficou cravado no chão como se estivesse muito nervoso para encontrar com os olhos de Dante. “Quando cheguei ao hospital fui o primeiro em lhe ver, sangrava tanto que pensei que nunca se curaria. Estava coberto de hematomas. As suas seu…” Joey de repente pôs-se a chorar e voltou o rosto à camisa do Logan. Ao Dante lhe doía o coração. Sentia medo pelo que Joey pudesse contar a seguir, mas para ele era necessário saber tudo se ia cuidar do Daniel. “Joey, eu sei que isto é duro para você, mas preciso saber a respeito de todas as lesões do Daniel,” disse Dante, “e eu não estou seguro de que ele se encontre em condições de me dizer isso. Necessito que me diga isso, por favor.” Tomou um momento para que Joey recuperasse a compostura, mas finalmente levantou a cabeça. Secou as lágrimas dos olhos e voltou a olhar a Dante. Dante podia ver sua agitação, e cresceu sua preocupação pelo Daniel. “Há cortes, e hematoma dentro de seu…” o rosto do Joey ardia e ele baixou o olhar até seu regaço de novo. “Quando fui pela primeira vez ao hospital havia um grande hematoma em seu pênis com a forma de uma mão. Isso já sumiu, mas necessitaram mais de 360 pontos de sutura para fechar todos os cortes que tinha em todo seu corpo. Seu rim foi golpeado, uma costela quebrada. Havia hematomas ao redor de sua garganta como se alguém tivesse tentado estrangulá-lo.” Dante engoliu o nó em sua garganta, logo que começando a ter uma visão do inferno que passou Daniel. Se o homem saía disto com apenas um problema de falta de confiança, seria um milagre. “Simplesmente não entendo como alguém pôde fazer isso ao Daniel,” disse Joey. “Ele nunca machucou a ninguém em sua vida. Não merecia isto.” “Não, Joey, não merecia” disse Dante. “Mas eu não quero que pense nem por um momento que Daniel pediu isto ou que alguém de nossa comunidade pôde fazê-lo. Não sei quem era esse homem, mas não é normal, nem sequer para nossos padrões.”

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“Mas pensei que havia dito que poderia estar passando pelo clube para encontrar pessoas?” “Joey,” disse Logan “não importa onde esteja ou o que esteja fazendo, sempre vai encontrar gente má. A maioria das pessoas de nossa comunidade compreende e respeita as normas, como o uso de uma palavra de segurança. Os que não o fazem devem sair de nossa comunidade.” “Isso quer dizer pouco, Logan,” cortou Dante. “Vocês acham que este homem poderia vir atrás do Daniel outra vez?” Joey perguntou. Dante apertou ao Daniel em torno dele ante a só ideia de que o perigo ainda pudesse estar perto “Não, se tiver algo que dizer a respeito,” disse. “Vou assegurar-me de que ninguém machuque ao Daniel outra vez.” “Como vai fazer isso?” “Vou levar o Daniel para a casa comigo.” Joey conteve a respiração. “Você acha que ele vai?” “Quem disse que vou consultá-lo?” Dante lhe perguntou. “Daniel quer que me encarregue dele neste momento, inclusive embora não saiba. Ele se dobrará e vacilará por uns instantes, mas se sentirá mais seguro e mais cuidado se me permite fazer as coisas. Necessita-me tanto como eu o necessito. “ “Como pode estar seguro?” Joey lhe perguntou. Dante sorriu. “Eu gostaria de poder te dar uma resposta concreta, Joey, mas não posso. Só sei que Daniel me necessita. Eu sou mais capaz de dar ao Daniel toda minha atenção se estivermos em nossa própria casa.” “Nossa casa?” Logan duvidou, uma sobrancelha em alto. “É obvio” respondeu Dante. “Quando disse a vocês que levaria ao Daniel a casa comigo referia de forma permanente. Estou levando ele comigo.”

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Capítulo 4 Daniel estava quente e relaxado. Ele não queria abrir os olhos e encarar a luz do dia. Preferia ficar no casulo do mundo dos sonhos no que parecia estar flutuando em uma luz brilhante, mas que o incomodava. Levantou suas pesadas pálpebras e pestanejou ante a clara luz do sol que entrava pelas janelas. Era brilhante, mais brilhante que algo que ele tivesse visto em dias. Normalmente mantinha as cortinas fechadas em seu quarto, o qual lhe expôs uma questão, Em que quarto estava agora? Nada daqui era familiar. Sentou-se e olhou a seu redor. Estava em um quarto grande, em uma cama enorme, e havia um par de pijamas de seda. Acariciou com suas mãos a parte superior do pijama verde esmeralda que cobria seu peito. Embora fora roupa de dormir, estes pareciam ser de qualidade superior e o material sedoso se sentia muito bem contra sua pele. Mas onde infernos estava? Pôs a um lado o edredom e começou a deslizar-se até o final da cama quando ouviu um ruído no quarto. Seu coração deu um tombo pelo medo durante um breve instante, antes de reconhecer a Dante que caminhava para ele do conjunto de escadas. Seu temor se foi substituído pela alegria e a antecipação, contemplando o alto e musculoso corpo de Dante. O homem era uma obra de arte, inclusive com roupa. A alegria ao ver o Daniel se desvaneceu rapidamente quando Dante se virou para olhar para ele, seus olhos profundos de cor esmeralda cintilando com uma emoção desconhecida. “Bom dia, Daniel,” disse Dante de maneira casual. “Como dormiste?” “Uh, bem.” “Estou contente de escutar isso.” Dante se agachou e agarrou um robe de seda verde que estava estendida na parte inferior da cama e a sustentou em alto para o Daniel. “Gostaria de me acompanhar e tomar o café da manhã?” 42


Daniel franziu o cenho. “Onde estou, Dante?” “Por que, meu lindinho? Está em casa.” Daniel não estava exatamente seguro do que essas palavras lhe fizeram sentir. Não foi medo, e tampouco alegria. Era algo entre as duas, talvez? Não podia estar seguro. Suas emoções se viam afetadas só com a presença de Dante. Mas sem importar seus sentimentos do momento, a ira, o medo, a amargura; Daniel não parecia poder deter-se de ver cada movimento do homem, não importava quantas vezes desviasse seu olhar. “Agora, veem,” animou-o Dante “o café da manhã vai esfriar.” Desconcertado, Daniel se levantou e deslizou seus braços pelo roupão que Dante segurava ante ele. Dante o envolveu cuidadosamente com a bata, alisando o material sedoso com suas mãos. Daniel amarrou o roupão e se virou para olhar a Dante. Esse estranho brilho nos olhos de Dante apareceu de novo. “O verde se vê muito bem em você, Daniel. Ilumina a cor de seus olhos, os faz brilhar.” Dante se virou e se inclinou para pegar os sapatos de cor verde combinando. Ele os ofereceu de um em um, e esperou enquanto Daniel deslizava seus pés. “Acredito que vamos ter que comprar mais artigos nesta cor.” Daniel deu um passo para trás e olhou ao rosto do formoso homem. A presença de Dante era forte e ao Daniel o fazia sentir-se pequeno e intimidado. Não sabia a que jogo estava jogando Dante, mas estaria condenado se tivesse que participar. O fato de estar ali, não o impressionou. “O que estou fazendo aqui, Dante?” Os lábios de Dante estavam torcidos, como se estivesse tratando de reprimir um sorriso. “Bom, se você fosse tão amável de me acompanhar, estava indo tomar o café da manhã.” Dante se dirigiu para as escadas. “Está servido na varanda esta manhã, Daniel. Vou estar te esperando ali.” Sem outra palavra, Dante se afastou, deixando ao Daniel com a boca aberta. Dante parecia tão casual, como se isto ocorresse todos os dias, como se tivessem tomado o café da

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manhã juntos todo o tempo. Não soava como um homem que tinha desaparecido durante seis meses, um homem que lhe tinha arrancado o coração e o tinha pisoteado por toda parte. Daniel não sabia o que pensar. Ele parou após recuar com a forma em que Dante o tratou. Quando ele chegou à parte superior das escadas os olhos do Daniel se abriram enormes. Caminhou lentamente para baixo, com a boca aberta quando viu pela primeira vez o enorme espaço e a vista mais linda que já tinha visto. Uma enorme sala se estendia debaixo dele, com paredes altas, brancas, tetos abobadados e pisos de madeira. Um fofo sofá negro estava situado ao outro lado da sala na frente de uma grande chaminé que ia do chão ao teto. Grandiosas estantes de madeira negra alinhadas em uma das paredes, cheias de livros e uma grande variedade de bugiganga. Quadros com brilhantes ilustrações e de vivas cores penduravam das paredes. Mas o que mais chamou a atenção do Daniel foi a parede de janelas altas situados junto à chaminé. A vista lhe tirou o fôlego. Podia ver toda a cidade. Daniel seguiu a linha de janelas até que chegou às portas duplas de cristal. Dante estava sentado em uma mesa justo ao outro lado. Tinha uma xícara em uma mão e um jornal na outra, e parecia que não tinha nenhuma preocupação no mundo. “É de má educação me fazer esperar, Daniel,” disse Dante sem levantar a cabeça. Daniel se surpreendeu ante as palavras de Dante. O que era isso, psicologia? Daniel se encolheu de ombros e saiu ao terraço, pensando que não poderia machucá-lo unir-se ao homem para o café da manhã. No momento em que Daniel se sentou, Dante dobrou o jornal e o pôs sobre a mesa. “Eu não estava muito certo se você estaria com fome, assim ordenei algumas coisas diferentes. Se preferir algo mais posso chamar à cozinha.” Daniel franziu o cenho, sentindo-se totalmente desorientado enquanto observava a Dante levantar as tampas de prata de vários pratos que continham: ovos mexidos, toucinho, salsichas, torradas, inclusive fruta fresca. Uma jarra grande de suco de laranja estava situada também na mesa. Dante tinha pensado em quase tudo.

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Daniel esperou que Dante dissesse algo, ao menos que lhe explicasse por que estava ali ou inclusive desde quando estava aqui. Mas não foi assim. Só pegou uma grande parte de dois pratos antes de servir-se um pouco de suco. “Come, Daniel,” disse Dante enquanto agarrava o garfo. “Temos uma manhã de muito trabalho pela nossa frente e terá que tomar um café da manhã nutritiva para lhe dar forças.” Daniel tragou o nó que subitamente se formou em sua garganta. “Não vou fazer sexo com você,” disse, assumindo que essa era a razão pela que Dante havia lhe trazido aqui. “Entendo,” respondeu Dante. “Eu não esperaria tal coisa de você em sua condição atual. Entretanto, esperava ter uma conversa educada na mesa. Por favor, abstenha-se de discutir as intimidades de nossa relação enquanto estejamos comendo.” A boca do Daniel se abriu. Sentia como se sua mandíbula fosse se desencaixar pelo choque, que já tinha experimentado pela segunda vez desde que despertou esta manhã. Nada do que Dante lhe dizia ou fazia tinha o mais mínimo sentido. “Se não quer sexo de mim então que demônios quer?” Daniel se rompeu. Podia sentir o grande peso do olhar de Dante quando o homem pôs seu garfo no prato sobre a mesa e o olhou. Desejava poder ter mantido a boca fechada, porque tinha a sensação de que estava a ponto de saber exatamente o que Dante queria dele. A ideia lhe assustava como o inferno. “Um pouco de civilidade seria mais que apreciado, Daniel.” “É você de verdade?” “Absolutamente.” Daniel esperou que Dante lhe dissesse algo mais, mas só pegou o garfo e seguiu comendo. Não sabendo que mais fazer, Daniel pegou seu garfo e comeu seu café da manhã. Mastigava lentamente, mantendo todo o tempo um olhar cauteloso sobre Dante. A comida parecia cair em seu estômago como um peso. Sentia um pouco de náusea, Daniel pôs seu garfo no prato e esperou que Dante terminasse de comer. Não podia tomar outro bocado, ele estava fora de curso ultimamente.

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Quase toda vez que comia se sentia doente. Por último, Dante pôs o garfo no prato e o afastou, e limpou a boca com um guardanapo de tecido. O fôlego do Daniel ficou apanhado em sua garganta quando o homem o olhou do outro lado da mesa uma vez mais. “Comeu o suficiente, Daniel?” Ele encolheu-se de ombros. “Eu não tenho muita fome.” “Posso imaginar que seus nervos estejam muito atacados.” Dante se levantou e empurrou sua cadeira. “Bom, vamos ter que fazer algo a respeito. Enquanto isso, escolhi algumas vitaminas para que possa considerar se as toma para que lhe ajudem a te manter em boas condições.” “Vitaminas?” Dante levantou uma pequena caixa da cesta situada perto e a pôs diante do Daniel. A caixa em si mesmo era de plástico transparente com quatro compartimentos separados para cada dia da semana. Cada compartimento ocupado por várias pílulas de diferentes cores. “Tome as pílulas no café da manhã, almoço, jantar e na hora de deitar-se, Daniel,” disse Dante. “A maior parte das pílulas devem ser tomada com as refeições. As últimas imediatamente antes de ir para a cama.” “O que são?” “O cálcio para fortalecer seus ossos. O ferro ajuda com seu sistema imunológico. O chá verde ajudará a que suas cicatrizes sarem mais rápido. O mel ajuda a cicatrizar mais rapidamente. Erva de São João é para sua depressão. A glucosamina e a condroitina são para manter as articulações e a valeriana te ajudará com sua insônia.” “Isso é tudo?” “Sua dieta poderia melhorar, mas as vitaminas devem ajudar com isso.” Dante abriu o primeiro compartimento para o dia e colocou as pílulas em sua mão, logo as deu ao Daniel. “Informei ao chefe de suas necessidades diárias e prepararão suas refeições em consequência.” “O chefe de cozinha?”

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“Eu tenho empregadas e várias pessoas que trabalha para mim, Daniel. O chefe, é obvio, trabalha em baixo, na cozinha principal. A menos que nós mesmos decidamos cozinhar, a comida se prepara no andar de baixa. Também tenho um serviço de limpeza que deve limpar três vezes na semana.” Dante assinalou para as pílulas que Daniel tinha na mão, logo lhe deu um copo de suco enquanto continuava falando. “Uma vez que se acabem, vou diminuir as pílulas para duas vezes por semana. Não deveríamos necessitar mais que isso. E, é obvio, tenho a intenção de contratar a um guarda-costas, e o colocarei na parte inferior das escadas que levam ao clube. Ele vai ficar ali em todo momento e só as pessoas que tenham sido convidadas poderão subir.” “Autorizadas? Vamos?” a voz do Daniel vacilou. “Do que está falando? Onde estamos?” “Este é meu lar, Daniel. Estamos em cima do Dante’s Dungeon.” Daniel se afastou da mesa tão rápido que a cadeira onde estava sentado caiu de costas, golpeando contra o chão. Dante lhe agarrou pelo braço, mas Daniel se sacudiu dele, retrocedendo uns passos. “Não,” disse Daniel, sacudindo a cabeça freneticamente. “Não, não posso estar aqui. Aqui não.” Ele se afastou da mão que Dante lhe estendia. “Daniel, tudo está bem. Ninguém pode entrar aqui. Você estará perfeitamente a salvo.” “Não, não você não entende,” lamentou-se Daniel histericamente. Olhou a seu redor ao balcão, em busca de uma rota de fuga. Tinha que escapar. “Ele está lá em baixo. Eu sei que está.” Correu para as portas duplas de cristal. “Daniel, pare!” Embora Dante não gritou, sentiu aço em sua voz. Daniel se congelou. Seu corpo ainda tremia, mas esperou a que Dante dissesse algo. Dante saiu detrás dele, pressionando seu corpo contra o gelado corpo do Daniel. Acariciou a bochecha deste com o dorso de sua mão.

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“Aqui está a salvo Daniel,” disse Dante em voz baixa. “Prometo-lhe isso. Ninguém pode entrar em nosso andar a menos que lhes deixem entrar, instalei medidas de segurança adicionais antes de te trazer aqui. Quer que lhe mostre isso?” “Nosso andar?” disse Daniel em voz baixa. “Teu e meu, Daniel.” “Eu não vivo aqui,” insistiu. “Agora mora. Trouxe todas suas coisas pessoais quando te trouxe aqui comigo da casa do Logan e Joey. Há algumas caixas embaladas com o resto de seus pertences guardados nestes momentos. Entregarão tudo ainda hoje.” “Trouxe tudo o que havia em meu apartamento?” Daniel lhe perguntou, surpreso até os ossos. Virou-se para olhar ao Dante. “Por quê? Por que faz isto?” “Porque aceitou ser meu.” Dante acariciou o lado do rosto do Daniel de novo. Daniel não pôde deixar de inclinar-se para a suave carícia. “Não se lembra quando estivemos juntos pela primeira vez? Você disse que seria meu.” “Mas foi embora.” “Sim, o fiz,” disse Dante. Seus olhos tinham certa decisão enquanto olhava para baixo ao Daniel. “Eu tinha obrigações que não podia passar por cima, mas estou de volta agora, Daniel, e não penso sair de novo. Estou aqui para ficar. Espero que você também o esteja.” “Eu não.” “Você não tem que decidir neste mesmo instante. Você necessita de um lugar para se curar, um lugar para estar a salvo. Isso é tudo. E se você se lembra de nossa conversa de ontem à noite, tudo o que tem que fazer para que eu pare é o uso de uma simples palavra. Lembra-se de qual era essa palavra, Daniel?” “Sim, parar,” disse Daniel em voz baixa. Dante assentiu. “Só diga a palavra, Daniel, e tudo para. Não duvide em usá-la em qualquer momento se sentir-se incômodo. Você pode utilizá-la se só quer atrasar as coisas, ou

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se tiver alguma pergunta, qualquer coisa.” Dante se apoderou do queixo do Daniel brandamente e inclinou a cabeça. “Vou respeitar sua palavra de segurança, Daniel.” “Você só esta falando isso para eu concordar e fazer o que você quiser.” “Não lindinho,” disse Dante, um rasgo desconhecido de tristeza cruzou seu rosto. “Vou respeitar sua palavra de segurança, Daniel, prometo-lhe isso.” “Bem,” então lhe espetou Daniel. “Para!” Daniel franziu o cenho quando Dante o soltou e imediatamente deu um passo atrás. Daniel esperava que Dante estivesse zangado. Em troca, Dante deu outro passo atrás fazendo um gesto para as portas do balcão. “Você tem liberdade em todo o lugar. Nada está fora de seu alcance. Entretanto, eu gostaria de lhe mostrar as medidas de segurança que instalei antes de te trazer aqui. Você também precisa saber o código de acesso se decide sair.” A mente do Daniel girava enquanto seguia ao Dante. O medo e a raiva mesclados com amargura por cima de sua necessidade. Queria acreditar em Dante, doía-lhe que não lhe acreditasse, e, entretanto sabia que tudo isto não era mais que uma configuração de seu jogo. Dante queria lhe fazer conhecer seu jogo, fazer que baixasse a guarda, e logo a dor começaria. Sua ira se converteu em pura fúria lhe queimando. Sua mente se nublou tornando-se de cor vermelha, Daniel pegou a coisa mais próxima a que pôde chegar, um vaso de vidro verde, e o jogou em Dante. O vaso deu contra seu ombro e se estrelou contra o chão. Os vidros voaram por toda parte. Dante se virou, com a boca aberta, os olhos muito abertos. Quando a boca de Dante se fechou, Daniel cego de ira pegou outra arma. Daniel não se deu conta de que tinha agarrado uma estátua até que foi muito tarde. O objeto de prata passou voando pela habitação e golpeou em cheio a cabeça de Dante. Um olhar de surpresa cruzou seu rosto antes de cair ao chão, seu corpo golpeando o chão com um repugnante ruído surdo.

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“Dante?” Daniel disse em voz baixa. Retorcendo-as mãos deu um passo vacilante para o corpo estendido no chão. OH, Meu deus, matei-o. Caminhou ao redor da parte de trás do sofá para ver melhor. Dante estava imóvel no chão, os olhos fechados. Parecia que estava dormido se não fosse por todo o sangue que lhe rodeava e cobria sua cabeça. O coração do Daniel se apertou. Correu para frente e caiu de joelhos a seu lado, sem saber o que fazer primeiro. “Dante?” Daniel sentiu como o sangue gelava em suas veias quando Dante não se moveu, não despertava com sua voz. Daniel respirou fundo e tratou de recuperar o controle de suas emoções. Dante o necessitava. Daniel se levantou de um salto e correu para a cozinha. Começou a abrir gavetas até encontrar o que continha as toalhas para as mãos. Molhou uma e logo agarrou um par de panos secos antes de correr de novo para Dante. “Dante,” disse Daniel, o estômago revoltado pela culpa e o remorso. Limpou o sangue do rosto de Dante. “Por favor, abre os olhos.” Daniel se inclinou para frente e apoiou a testa contra a de Dante. As lágrimas deslizando-se de seus olhos. Ele se balançou para trás e para frente. “Por favor, Dante, acorda. Eu não falava a sério. Sinto muito.” O que significava ‘Eu sinto muito’? A cabeça de Dante pulsava. A dor era imensa, quase esmagadora, mas não o suficiente como para não escutar as palavras do Daniel. Dante abriu os olhos e olhou para cima. Estendeu a mão para Daniel, com o coração dolorido no desespero na voz dele. “Não foi minha intenção te fazer mal, Dante. Estava tão zangado,” Daniel sussurrou, com a cabeça encurvada. “Abre os olhos, por favor. Vou fazer o que quiser, juro-lhe isso. Vou ser seu submisso. Chamarei você de Mestre. Não vou esquecer a palavra de segurança. Não vou a…”

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“Daniel.” Só quando a cabeça do Daniel se voltou para Dante pôde ver as lágrimas que brilhavam em suas bochechas. Dante se aproximou e as secou com os dedos antes de deslizar sua mão por um lado do rosto do Daniel. “Utiliza sempre sua palavra de segurança. Entende?” Daniel assentiu com a cabeça, logo soluçou quando enterrou seu rosto no peito de Dante. Este envolveu seu braço ao redor da cabeça do Daniel, e com delicadeza lhe acariciou o suave cabelo loiro. Com a outra mão, sondou a ferida que lhe sangrava na testa. Fez uma careta pelo tamanho da lesão. Sentia-se enorme. Por sorte, parecia estar no bordo da linha do cabelo. “Daniel,” disse Dante. “Me escute.” Daniel levantou a cabeça. Dante podia ver o medo em seus olhos, a culpa e a angústia. “Sinto muito, Dante. Nunca quis te fazer mal. Eu só queria…” “Shh, eu entendo,” murmurou Dante. “Sei que não tinha intenção de me fazer mal.” “Não, eu juro isso.” “Já sei” disse Dante “mas ainda tenho que ir ao hospital. Acredito que isto precisa de uns pares de pontos.” Hospital, Daniel ficou sem fôlego. Seu rosto empalideceu quando viu a ferida na cabeça de Dante. Dante rapidamente agarrou o pulso do Daniel, detendo-o. Ele negou com a cabeça quando Daniel o olhou. “Não o toque, lindinho. Temos que exercer pressão para deter o sangramento. De acordo? Do contrário não deixará de sangrar, não deve tocá-lo até que um médico possa vêlo.” Daniel rapidamente levantou uma toalha limpa. Dante sorriu quando Daniel dobrou a toalha e a apertou contra sua testa. Daniel usou a toalha molhada para terminar de limpar o sangue do rosto de Dante.

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Dante viu como o homem trabalhava, ele estudou as linhas de expressão cheias de frustração e preocupação gravadas em seu rosto. Seus olhos estavam vermelhos e inchados de tanto chorar. As esquinas de sua boca ressentidas. Inclusive a faísca que pelo geral brilhava em seus olhos tinha desaparecido lhe deixando ainda mais pálido que de costume. Quando Daniel deixou cair a toalha molhada no piso, Dante lhe estendeu a mão. “Vamos, me ajude a levantar. Temos que chamar o Logan e lhe dizer que venha e me leve a sala de emergências. Eu não acredito que você deva pegar ao volante neste momento.” “Posso lhe chamar.” A voz do Daniel tremia, mas não tanto como fazia sua mão quando a estendeu. Dante a pegou e ficou de pé. Cambaleou-se, enjoado pela perda de sangue. Daniel o agarrou e o ajudou a ir rapidamente a uma cadeira. Dante pegou seu telefone celular de seu bolso e o entregou ao Daniel. O pobre homem parecia que necessitava algo que fazer para estar ocupado e manter sua mente fora das lesões de Dante. Daniel chamou o Logan e lhe pediu que viesse, lhe dizendo que era uma emergência e que lhe necessitava a toda pressa. Quando Daniel desligou o telefone, Dante lhe agarrou o pulo e o puxou para ele para sentar sobre seu colo. Daniel segurava em seus braços, enterrando a cabeça no oco do pescoço de Dante. Todo o corpo do Daniel se estremeceu sorvendo as lagrimas. “Tudo vai ficar bem,” disse Dante. Deu-lhe uns tapinhas de volta ao Daniel. “O médico só vai pôr me dar alguns pontos e logo, me dará algo para minha dor de cabeça. Estarei bem.” Daniel assentiu com a cabeça, mas não a levantou. O pano que Dante tinha na mão falava por ele. Forte, quase frenético em sua natureza, e com hematomas. Dante fez caso omisso da moléstia. Pelo menos Daniel não lutava. Além disso, não parecia querer mover-se de onde estava, adaptava-se bem a Dante. Estava perfeitamente contente de poder ter ao Daniel em seus braços até que Logan chegasse. Dante agarrou a toalha em sua cabeça com uma mão e embalou ao Daniel com a outra. Uns minutos depois, ouviu a porta do apartamento abrir-se e a seguir passos

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apressados. Dante olhou para cima para ver entrar Logan seguido do Joey na casa. Ambos jogaram uma olhada ao sangue no chão e à toalha na cabeça de Dante. “Dante, o que aconteceu?” “Tive um pequeno acidente, isso é tudo. Preciso que você me leve ao hospital,” disse, assinalando a sua cabeça. “Acredito que isto pode necessitar um par de pontos.” “Sim, é obvio, mas o que aconteceu?” Dante negou com a cabeça, olhando ao Logan sutilmente. Agora não era o momento para discutir os detalhes do acontecido. Daniel não tinha a culpa. Daniel não tinha intenção de lhe fazer mal. Simplesmente não estava na personalidade do Daniel machucar a alguém de propósito. “Daniel, temos que ir,” disse Dante e lhe deu uma sacudida. Daniel levantou a cabeça, um olhar aturdido em seu rosto. Dante pensou que o incidente tinha traumatizado mais ao Daniel que a ele. Tinha o olhar devastado, o rosto branco, seus olhos muito abertos. Suas mãos retorcendo-se juntas diante dele. “Vamos, lindinho. Você pode vir comigo.” Daniel assentiu e ficou de pé. Dante sorriu quando Daniel se negou a soltar sua mão, lhe sustentando com força. Ficou de pé e se dirigiu para a porta, Daniel se arrastava detrás dele. Logan abriu o caminho para o carro, ajudando a Dante e Daniel a instalar-se no assento traseiro. Joey subiu na frente. No momento que a porta se fechou, Daniel se enroscou junto a Dante, quem o envolveu com seu braço livre, lhe dando um tapinha no ombro, e utilizando a outra mão para sustentar a toalha na testa que ainda sangrava. “Sinto muito,” Daniel sussurrou contra o pescoço de Dante. “Sei que o sente.” Dante jogou uma olhada ao Daniel. “Pode me dizer o que te fez ficar tão zangado?” Daniel se encolheu de ombros. Sem levantar a cabeça. “Quero entendê-lo, mas não posso se não falar comigo.”

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Daniel acariciava o material da camisa de Dante, onde se uniam sobre o peito. Parecia abatido, como se todo seu mundo se saiu de controle. Dante passou a mão sobre o ombro do Daniel, tratando de tranquilizá-lo. “Por favor, Daniel.” “Seguiu falando sobre o uso de minha palavra de segurança,” murmurou Daniel em um sussurro quebrado “como se fora uma opção, mas não é e não parece entender isso. As pessoas dizem o que precisa dizer para conseguir que outras pessoas façam o que querem. Eles lhe dizem que use uma palavra de segurança se as coisas saírem de controle, mas ignoram a palavra quando lhes convém.” “Alguma vez não escutei, quando você utilizou a palavra de segurança?” “Não.” “Eu não faço isso,” disse Dante. Por muito que o enfurecia sabia que tinha que pagar pelo que aconteceu com Daniel. Teria que ganhar sua confiança de novo. “Como lhe disse, sempre vou respeitar sua palavra de segurança, não importa qual seja a situação. Só espero que você acredite em mim algum dia.” “Não é que eu não confie em você, Dante, mas você nunca há…” Daniel fechou seus lábios e negou com a cabeça. “Nenhuma vez estive em uma situação em que tinha que utilizar uma palavra de segurança?” Dante lhe perguntou. “Bom, em certo modo, tem razão. Eu não. Mas estive em situações nas que tivesse querido poder sussurrar uma simples palavra e que tudo pudesse parar. Eu, entretanto não tenho uma palavra de segurança.” “Quando diz, em situações, está falando do lugar ao que foi quando desapareceu?” “Sim.” “Pode-me dizer algo a respeito?” Dante permaneceu em silêncio enquanto pensava a respeito do que podia dizer ao Daniel. Definitivamente não podia dizer-lhe tudo, mas talvez poderia lhe contar o suficiente para satisfazer sua curiosidade.

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“De vez em quando faço trabalhos de investigação. Às vezes me tira do país, às vezes posso trabalhar de casa. Dante esfregava com seus dedos com o passar do braço do Daniel. “É perigoso o que faz?” “Pode ser.” respondeu Dante. Caminhava na corda bamba neste momento. Daniel parecia estar disposto a falar com ele, discutir as coisas, mas não era só isso, era a medida do que Dante podia lhe contar. “A maioria das vezes só reúno e interpreto informação, mas às vezes pode ser que haja um pouco de perigo.” “Eu não quero que vá mais, se for perigoso,” Daniel sussurrou, como se tivesse medo de que Dante o negasse. “Você não precisa preocupar-se por isso. Chamei-os e os informei que não podia fazer nenhum trabalho mais que me levasse longe de você. Não vou a nenhuma parte de agora em diante.” “Você pode ter uma palavra de segurança em caso de que sinta a necessidade de usar uma,” disse Daniel com um tom estranho, mas suave. “Eu respeito a palavra de segurança.” O coração de Dante bateu forte. Sentiu um fluxo quente deslizar-se através dele. Ele sabia que Daniel só lhe estaria oferecendo uma palavra de segurança se estava começando a confiar de novo. Talvez conseguir derrubar as vigas de sua cabeça com uma estátua não tinha sido tão mau, não importava quanto lhe doesse. “Obrigado, eu aceito.” A voz de Dante soou rouca. Apertou seu braço ao redor do Daniel, puxando ele mais até que se inclinou e colocou um pequeno beijo na cabeça do homem. “Isso significava muito para mim.” “Tem uma palavra que você gostaria de usar?” “Por que não posso usar ‘parar’, igual a você?” Daniel se agitou por um momento e sacudiu a cabeça. “Não acredito que essa seja uma boa palavra. Usamos ela muito na linguagem cotidiana. É possível que se confunda.”

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“Então, que tal se usar vermelho?” Dante lhe perguntou. “Vermelho para parar, amarelo para reduzir a velocidade, e verde para ir em frente? Teremos que trabalhar um pouco entre nós?” “Nós?” “É obvio” respondeu Dante. “Você tem uma palavra de segurança igual a mim.” “Está certo.” “Bom, cada um de nós recebe uma palavra de segurança ou é o vermelho, ou o amarelo ou o verde.” Dante ouviu a risada afogada do Daniel. “Todas?” Perguntou Daniel, a vacilação em sua voz clara. “Todas é assim, seguro.” Os dedos do Daniel se agarraram ao material da camisa de Dante de novo. “Não está zangado comigo?” “Não, Daniel, não estou zangado contigo,” disse Dante. Sabia que tinha a necessidade de tranquilizar ao Daniel muito antes que o homem se acreditasse culpado do ocorrido. “Sei que não tinha intenção de me fazer mal. Foi um acidente.” “Não, eu lhe juro isso,” disse Daniel de novo pelo que parecia ser a centésima vez. “Sei, lindinho,” disse Dante. “E vou ficar bem. Só tenho que pedir ao médico que dê uma olhada nisto, então vamos para casa. De acordo?” “De verdade você quer que eu more com você?” Dante riu entre dentes. “De verdade? Deveria ter levado você a seis meses, mas não tive tempo antes de ir. Sinto muito por isso. Talvez nada disto teria acontecido se eu o tivesse feito.” Daniel não disse nada. Dante não estava certo se esperava ou não. Sabia que um pouco da culpa do ataque do Daniel descansava sobre seus ombros. Não o ataque em si, a não ser as razões que estavam por trás dele. Esperava poder chegar até o Daniel. “Chegamos,” disse Logan da parte dianteira do veículo, interrompendo os pensamentos de Dante.

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Dante assentiu e voltou sua atenção de novo ao Daniel. “Está pronto para entrar?” Daniel também assentiu. Mordeu o lábio, algo que Dante viu como um sinal de seu nervosismo. “Posso ficar com você?” Perguntou Daniel. “Eu não quereria nenhuma outra coisa.”

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Capítulo 5 Daniel estava do lado de fora da sala de raios X, mordendo as unhas enquanto esperava que Dante saísse. Tinha tentado ficar com ele, mas o técnico não tinha permitido. Dante finalmente teve que mandá-lo sair da sala com a promessa de que poderia voltar a entrar no momento em que o técnico tivesse terminado de fazer as radiografias. Daniel não pôde explicar sua necessidade de permanecer perto de Dante, sobre tudo depois de tudo o que aconteceu a ele e todas as coisas que lhe disse. Só sabia que o necessitava. Estar com Dante parecia a única coisa que fazia sentido para Daniel, depois da louca confusão no que sua vida se converteu. Tudo parecia estar ao reverso e de lado. Suas emoções eram um caos e os sentimentos ainda mais, e, sua ira e amargura lhe faziam difícil pensar com claridade. O instinto lhe disse que deixasse que Dante dirigisse tudo por agora. “É Daniel Ferguson?” Daniel saltou e virou-se, seu coração caindo despencando quando viu dois policiais de pé junto a ele. Um tinha o cabelo castanho escuro, o outro loiro. Ambos eram altos e musculosos, e os joelhos do Daniel começaram a tremer de medo. “Sim.” “Quer vir conosco, por favor?” Perguntou o oficial com o cabelo mais escuro. “Temos algumas pergunta que te fazer.” “Eu?” Daniel olhou para trás à sala de radiografias. “Agora?” “Sim senhor.” “Não posso!” Daniel assinalou para a porta. “Estou esperando a alguém.” “Não levara muito tempo, Sr. Ferguson. “ “É importante que falemos com você, senhor Ferguson,” disse o oficial de cabelo escuro. “Mas, eu…” “Por favor, senhor Ferguson,” disse o de cabelo loiro “só nos acompanhe por aqui.” 58


Daniel engoliu saliva quando viu o homem de azul passar a mão pelo punho de sua arma. Olhou à porta da sala de raios X pela última vez, antes de dar a volta e seguir aos policiais. Eles o levaram pelo corredor, a uma pequena sala privada de espera e o fizeram entrar. O oficial de cabelo escuro se sentou em uma cadeira, e a seguir, fez um gesto para uma cadeira vazia ao outro lado dele. O outro oficial cruzou os braços sobre o peito e ficou diante da porta. Daniel esperou seu coração batendo freneticamente. Olhou rapidamente aos dois agentes de polícia, ele desejava desesperadamente que Dante estivesse aqui. “Sou o oficial McLarren,” disse o oficial, sentado frente a ele. “O que está na porta é o oficial Jones. Entendemos que chegou esta noite à sala de emergências com o Sr. Dante Giovanni. É isso correto?” “Sim,” respondeu Daniel. “Pode nos dizer como o Sr Giovani recebeu esses ferimentos?” O rosto do Daniel ficou branco. Ele segurou as mãos firmemente e apertadas em seu colo. “Eu. Uh. Estávamos conversando e eu fiquei louco e lhe lancei uma estátua.” O Oficial McLarren levantou uma sobrancelha. “Lançou-lhe uma estátua?” “Não foi minha intenção lhe fazer mal,” disse Daniel. Seu coração caiu a seus pés quando o oficial escreveu em seu caderno de notas. “Foi um acidente.” “Sr. Ferguson, tenho que me assegurar de que entendo isto,” disse o oficial McLarren. “Você admite que jogou uma estátua no senhor Giovanni e assim é como recebeu sua lesão. É isso correto?” “Sim.” Não parecia haver nenhum ponto em mentir sobre o que aconteceu com Dante. Daniel tinha atirado a estátua. Ele era culpado de causar as lesões a Dante, puras e simples. “O que você sabe do Sr. Giovanni?”

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“Eu... Uh... Nos meio que vivemos juntos.” Daniel sabia que soava estranho quando ele dizia as palavras. Não estava absolutamente surpreso pelo desconcertado olhar que o oficial lhe deu. Ele não sabia como explicar sua relação com Dante. “Algo assim?” “Nós moramos juntos.” “Quanto faz que o Sr. Giovanni e você se conhecem?” O oficial McLarren perguntou. “Nós nos conhecemos a mais ou menos uns seis meses.” “E qual é a natureza de sua relação com o Sr. Giovanni?” “A natureza de nossa relação?” Daniel lhe perguntou confuso. “Sim, vocês são amigos? Companheiros de quarto? Amantes?” “Uh, sim.” “Não parece muito seguro, senhor Ferguson,” declarou o oficial McLarren. “Tem alguma duvida com respeito a sua relação com o Sr. Giovanni?” Agora ele fazia uma pergunta capciosa. Daniel tinha muita confusão sobre sua relação com Dante. Nem sequer tinha certeza se tinha uma relação com o homem. Se eles se conhecesse há mais tempo eles seriam considerado amigos? Dante disse que estava ficando com o Daniel, isso provavelmente os fazia companheiros de quarto. É certo que dormiram juntos uma vez faz vários meses. Embora isso na realidade não os faziam amantes. Assim, qual era sua relação? Daniel olhou para as mãos, as girando juntas em seu colo até que seus dedos se voltaram brancos. De novo quis que Dante estivesse aqui para explicar as coisas. Tudo parecia ter mais sentido quando Dante falava. “Tudo é um pouco confuso,” murmurou Daniel. “O senhor Giovanni o esta obrigando a fazer algo contra sua vontade?” Perguntou o oficial McLarren. Sua voz soou suave. Seus olhos castanhos eram amáveis. “Podemos lhe proteger.”

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O oficial que estava à frente da porta suspirou e pôs os olhos em branco. Daniel pensou que poderia não ser muito pormenorizado com a situação do Daniel, e nesse momento decidiu que não gostava do oficial Jones. Daniel rapidamente sacudiu a cabeça. “Não, Dante nunca me obrigaria a fazer nada.” “Entretanto, sentiu a necessidade de defender-se dele?” perguntou o oficial Jones. Daniel virou para lhe olhar. “Foi um acidente, já o disse.” Agitou a mão para a porta. “Pergunte ao Dante, ele vai lhe dizer.” “OH, acredite em mim, nós iremos perguntar,” disse o oficial Jones quando chegou a suas costas e tirou um jogo de algemas. “Enquanto isso, Sr. Ferguson, está preso por agredir ao Giovanni Dante.” “Senhor?”o Oficial McLarren exclamou quando ficou em pé. “Isto não é necessário. Não há razão para prendê-lo ainda.” Os olhos do Daniel se ampliaram ao ver o oficial aproximar-se, com o olhar posto nas algemas que levava em suas mãos. Levantou-se de seu assento e se afastou, o terror refletido em seus olhos. “Não!”

***** No momento em que a porta da sala de raios X abriu-se Dante esperava ver ao Daniel vir correndo. Quando ele saiu da sala com a cadeira de rodas e Dante não viu nenhum sinal do Daniel, franziu o cenho. O homem não se afastou de seu lado desde que saíram de casa. Não tinha sentido que Daniel o deixasse agora. Dante colocou a mão no bolso para agarrar o celular quando ouviu um grito que fez que um nó se formasse em seu estômago e o sangue lhe gelasse em suas veias. Ignorando o fato de que vestia uma bata de hospital em lugar da sua camisa e estava sentado em uma cadeira de rodas, Dante ficou de pé e correu pelo corredor para a voz desesperada. 61


“Daniel!”gritou enquanto se dirigia para a porta aberta em uma busca frenética. “Dante!” Dante fez uma pausa até que ouviu o grito de novo e correu pelo corredor a uma sala de espera privada. Equilibrou-se sobre a porta abrindo a de um golpe olhando a cena que tinha diante dele. Dante grunhiu ao ver um policial tratando de algemar ao Daniel. “Afaste suas mãos de merda dele!” “Dante!” gritou Daniel. Seus olhos estavam muito abertos, desesperado, preso do pânico. Ele abriu caminho pelos oficiais de polícia e correu para ele. Dante cruzou a sala, e se encontrou a metade do caminho com o Daniel. Grunhiu um pouco quando Daniel caiu pesadamente contra ele. Dante imediatamente o envolveu em seus braços e o embalou perto. “O que está acontecendo aqui?” Dante perguntou, olhando aos dois oficiais. “Querem me prender por te agredir,” Daniel sussurrou contra seu peito. “Me agredir?” Dante franziu o cenho. “Não seja ridículo. Escorreguei no piso de madeira e golpeei a cabeça quando caí.” Dante ouviu ao Daniel ofegar. Apertou-o mais forte, alertando ao Daniel a fica em silêncio para que permanecesse calado. “O que é essa história que contou, Sr. Giovanni?” Um dos oficiais perguntou. “O Sr. Ferguson admitiu que lhe atirou uma estátua.” “Toda esta situação foi bastante traumática para o Daniel,” disse Dante com cuidado. “Posso imaginar que está confuso a respeito do que aconteceu exatamente. Daniel nunca me faria mal. Ele simplesmente não se encontra bem.” “O Sr. Ferguson parece estar bastante confuso a respeito de muitas coisas, como o que é exatamente sua relação. Não parece saber se são amigos, amantes ou companheiros de quarto. Você pode esclarecer essa confusão, Sr. Giovanni? “ Dante se esticou. Não gostava do fato de que Daniel não estivesse seguro de sua relação, mas supôs que não podia esperar algo diferente, dadas as circunstâncias. “Todas as anteriores,” disse Dante. “Daniel e eu fomos amantes durante mais de seis meses. Acabamos de fazê-lo meu companheiro de quarto. Quanto à amizade, não se pode ser

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amante sem ela, não se você desejar mais que uma noite, que é o que tanto Daniel como eu queremos.” “Assim são amantes, então?” o oficial com as algemas lhe perguntou. Dante franziu o cenho. Não gostava do tom do oficial. “Sim, há algum problema com isso?” “Só temos que saber se trata-se de uma briga doméstica ou algo mais. Se o senhor Ferguson irrompeu em seu apartamento e o agrediu a seguir.” “Há alguma parte da que lhe contei que você não esteja entendendo?” Dante lhe perguntou. Podia sentir que seu nível de ira começava a aumentar. “Eu escorreguei, caí, e golpeei a cabeça. Não vou apresentar queixa contra Daniel e se persistirem em sua detenção, vou atestar na corte que Daniel nunca me fez mal. Também vou pagar ao melhor advogado, não só para defender ao Daniel, mas também para pôr uma demanda por detenção ilegal.” Um dos oficiais bufou. “Estou seguro de que pode entender nossa preocupação, Sr. Giovanni,” disse o outro oficial. “Você entrou na sala de emergências com uma lesão causada, evidentemente em uma briga. O pessoal da sala de emergências nos chamou para reportar o incidente. “ “Bom, não é óbvio para mim e nunca disse a ninguém do pessoal do hospital por que fui ferido e sobre tudo como fiz isso, nada do que você me disse agora. Não tenho nem ideia de por que lhes chamaram.” O outro oficial se abriu passo para ficar diante de seu companheiro. “Não importa por que fomos chamados, Sr. Giovanni, com em caso de briga domestica, a lei estatal ordena que alguém vá preso.” O oficial sorriu. “Assim, devemos averiguar quem é seu amante, o assaltado, ou o assaltante, já que um de vocês vai para a cadeia.” Dante empurrou ao Daniel detrás dele e lhe estendeu a mão. “Bem, eu assaltei ao Daniel. Minha lesão se fez quando entrei na sala e escorreguei no piso de madeira. Golpeei a cabeça. Daniel nunca levantou uma mão contra mim. Prenda-me.” “Não, Dante!” Daniel exclamou, agarrando seu braço. “Não o faça.”

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Dante voltou a abraçar ao Daniel forte. “Lindinho, você sabe que não pode ser preso. Não seria capaz de dirigi-lo. Ficaria louco. Só me permita fazer isto por você, você pode ir a casa com o Logan e Joey. No momento em que esteja em liberdade vou ate você.” “Entretanto, você ainda não há…” “Maldito seja, senhor, isto realmente se está começando a sair das mãos,” espetou o outro oficial. “Você sabe que não temos que deter ninguém se considerarmos que a situação não é hostil. E não é, obviamente, não há nada hostil entre os dois.” O oficial fez um gesto com a mão para Dante e Daniel. “Em todo caso, estão discutindo sobre quem é detido e quem vai sair livre.” “Um deles vai preso.” “Vou,” disse Daniel, dando um passo adiante. “Já tem o relatório no que eu disse que ataquei a Dante, junto com minha confissão. Pode-se ver que ele é o prejudicado aqui. Eu deveria ser o que vai para a cadeia.” “Daniel, não,” sustentou Dante. “Você sabe que não pode enfrentar ser imobilizado. Isto te vai trazer más lembranças.” “Está bem. Pelo menos eu estou acostumado a isso.” Daniel deu uns tapinhas no braço de Dante. “Estarei bem.” “Daniel…” “OH, ao diabo com isto,” gritou o oficial tomando um segundo par de algemas. “Ambos vão para a cadeia. McLarren, vá ver se o Sr.Giovanni pode abandonar o hospital e se os médicos lhe dão o alta.” Daniel não resistiu quando o oficial colocou as algemas, mas engoliu grandes baforadas de ar e seu rosto se voltou branco pastoso. “Daniel, está seguro de que pode fazer isto? Não tenho problema em ir sozinho. Logan e Joey podem te levar para casa.” “Estou bem.” Daniel não soava bem. Sua voz e seus lábios tremiam enquanto tentava sorrir.

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“Se lhe assustarem, só lembre-se que estarei contigo até o final, de acordo? E aconteça o que acontecer vamos estar juntos.” antes que o oficial pudesse detê-lo, Dante se inclinou e beijou ao Daniel brandamente nos lábios. “Você é um dos homens mais fortes que conheci, Daniel. sobreviveu ao impossível, agora encontrou o seu caminho de volta para mim. Não se esqueça disso.” Daniel piscou para ele, um pouco aturdido, buscando-o. “Está bem, Dante.” Dante olhou ao Daniel por um momento e logo assentiu com a cabeça. Girou e manteve seus braços nas costas. Um instante depois sentiu o clique das algemas ao fechar-se em seu lugar. O oficial leu seus direitos vinte minutos mais tarde, enquanto caminhavam pelo corredor. O médico tinha posto pontos de sutura rápida na cabeça e lhe deu um frasco de remédio para a dor. Felizmente, os médicos não pensavam que tinha que permanecer em observação, apesar de que deveriam. O oficial que algemou a Dante sorriu quando assegurou ao médico que haveria um montão de olhos para observá-lo no cárcere. Dante olhou para trás sobre seu ombro para ver ao Daniel que o olhava, com o cenho de preocupação em seu rosto. Dante sorriu, tratando de tranquilizá-lo. “Olhe, não posso fazer nada para evitar que o oficial Jones os prenda, mas vou tratar de fazer que o processo seja rápido, para que possam ir para casa.” Dante se virou para o oficial, confuso pelas palavras do homem. “Não entendo por que todo mundo está fazendo uma grande coisa a respeito disto. É uma pequena protuberância na cabeça. Daniel realmente não tinha intenção de me fazer mal. Eu confio nele com minha vida.” O oficial se encolheu de ombros. “Eu não o entendo muito bem. O oficial Jones me esperava quando cheguei. Ele é o encarregado principal no caso.” O homem riu entre dentes. “Sou novo nesta delegacia. O oficial Jones parece muito intenso.” “Não soa como se gostasse dele.”

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“Não o tinha conhecido antes desta noite, mas como lhe disse, sou novo. Não conheci todos os homens da delegada.” “Como se chama?” Dante lhe perguntou. “Oficial McLarren, Jack McLarren.” “Obrigado, oficial McLarren.” O oficial sorriu. “Não há de que.” Dante franziu os lábios e olhou ao oficial, que se aproximava já à porta principal. “Perguntava-me se poderia me fazer um favor.” O oficial pôs-se a rir. “Já tive minha cota de rosquinha para o dia, obrigado.” “Não, não, nada disso,” disse Dante. Estava começando a gostar deste oficial. Parecia um bom tipo. “Daniel acaba de sofrer uma experiência muito traumática. Foi atacado e assaltado. Pode manter um olho sobre ele? Não estou muito seguro de que vá dirigir bem ser algemado e preso.” O oficial o olhou assombrado. “É por isso que tratou de ir em seu lugar?” Dante assentiu com a cabeça. “Vou fazer o que puder, mas o oficial Jones é mais antigo que eu. Ele tem a última palavra sobre como terá que proceder neste caso até que vão ante o juiz. Só estou aqui para ajudar.” “Não estou preocupado por mim, oficial McLarren, só pelo Daniel.” O oficial McLarren abriu a porta de trás de seu carro patrulha. “Cuidado com a cabeça,” disse enquanto ajudava a Dante a entrar. Dante se acomodou no assento e olhou para onde o outro oficial ajudava ao Daniel a entrar em outro carro de patrulha. Não foi até esse momento que se deu conta de que não seriam encarcerados juntos. A ideia de estar separado do Daniel lhe gelava o coração. “Não estaremos juntos na mesma cela?” “Não, os procedimentos operativos gerais é levar a cada suspeito separado em qualquer incidente. O oficial Jones levará ao senhor Ferguson ao recinto. Nós vamos encontrá-los ali.”

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Daniel o olhou através do espaço entre os dois carros com os olhos muito abertos, evidentemente assustado. Dante sorriu e lhe lançou um beijo através da janela. Daniel lhe devolveu o sorriso, mas inclusive desta distância Dante o via cambalear. Seguiu olhando ao Daniel até que o carro se afastou, com os olhos fixos nele até que se perderam de vista. Quando já não podia ver o outro carro, Dante se reclinou em seu assento e suspirou. Daniel estava passando por um inferno nestes tempos. “Se eu não apresentar queixa contra Daniel, ele pode ainda ser imputado?” Esse pensamento chateava mais a Dante que a imposição das algemas. Como foram deter ao Daniel se não apresentou queixa? Ele nem sequer tinha chamado à Polícia. “Não, por assalto não, mas como o oficial Jones declarou, em uma briga doméstica alguém tem que ser levado a delegacia de polícia. Está principalmente desenhado para dar às pessoas tempo para acalmar-se e pensar nas coisas.” “Assim que devem deixá-lo ir, então?” “Ele ainda tem que ser detido, mas logo não vejo nenhuma razão pela qual não deva ser posto em liberdade, sobre tudo se não se apresentam queixa.” “E eu?” “Não estou seguro exatamente que queixa o oficial Jones usou para lhe deter. Terá que completar a informação particular ao chegar à delegacia e logo esperar.” Dante sabia que só tinha que esperar, mas a espera o estava matando. Ele não queria estar separado do Daniel por mais tempo de que tivesse que ser. Este era um momento crucial na vinculação entre eles, e se o perdia, Dante não sabia se poderia voltar. Daniel tinha começado a confiar nele outra vez. “A que distância estamos da delegacia de polícia?” “Só um par de ruas mais.” Dante fez uma careta. “Você fuma, Sr. Giovanni?” O oficial McLarren perguntou.

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Dante olhou para cima para ver que o oficial o olhava pelo espelho retrovisor. “Eu sei que não é exatamente o procedimento, mas não tive um descanso em várias horas,” disse o oficial “Importa de esperar uns minutos, quando chegarmos à delegacia de polícia, enquanto eu fumo um cigarro rápido?” O oficial se encolheu de ombros. “Talvez enquanto eu fumo seu amigo já tenha chegado.” Dantes sorriu. “Eu não fumo, mas estou disposto a esperar enquanto toma um descanso. Inclusive posso ficar aqui na parte traseira do carro patrulha.” Dante faria qualquer coisa para fixar seu olhar no Daniel uma vez mais. “OH, não acredito que seja necessário, Sr. Giovanni. Não acredito que você vá escapar, verdade?” “Não senhor.” Dante viu o sorriso do oficial. Dante se ocupou da polícia uma vez ou duas no Dante's Dungeon. Alguns ele gostava, outros não. Este, ele gostava. O oficial McLarren parecia entender a situação, embora tivesse trazido Dante à delegacia de polícia algemado. Dante golpeou ligeiramente os pés contra o chão quando o carro patrulha entrou no desligou o motor. Saiu, e um momento depois abriu a porta para que Dante saísse. “Assim poderá respirar um pouco de ar fresco enquanto esperamos,” disse o policial ao ajudar Dante a descer do carro. Dante aceitou com agradecimento a assistência do oficial e saiu do assento traseiro. Deu um par de passos ao redor da porta e se inclinou contra um lado do carro de polícia. O oficial McLarren colocou a mão no bolso, tirou um pacote de cigarros, e um isqueiro. “Você sabe que essa coisa vai lhe matar, não?” O oficial deu uma tragada e logo lhe sorriu. “É mais provável que alguém me pegue um tiro muito antes que eu morra pelo tabaco.” “Você diz que a violência ja chegou nesta cidade,” disse Dante, franzindo o cenho. “Sei que temos algumas zonas afetadas pela delinquência, mas eu não acreditava que fosse tão ruim.”

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O oficial McLarren riu entre dentes. “Não, mas tenho o cacoete de colocar o nariz em lugares que não devo. Por isso meu traslado a esta delegacia.” Deu outra tragada e expulsou a fumaça. “Meus superiores pensaram que seria mais adequado em uma zona com um menor índice de criminalidade em que não pudesse me colocar em problemas e envergonhar à polícia.” Dante não sabia muito bem o que dizer ante isso. O oficial McLarren parecia um bom tipo. Talvez se houvesse mais homens como ele na força policial, homens que se envolvessem na comunidade, não haveria tantos crimes. “Assim, disse-me que a experiência traumática de seu amigo foi recentemente? Você disse que tinha sido amarrado e assaltado?” Dante fez uma careta, olhando para o chão. “Alguma vez ouviu falar de um clube chamado Dante's Dungeon?” “Mais para o lado leste?” O oficial McLarren perguntou. “Sim, claro.” “É de minha propriedade.” “OH!” “Também acredito no estilo de vida D/s. Faz uns seis meses, conheci o Daniel. Começamos algo juntos, mas tive que sair de viagem de negócios. Eu fui por vários meses.” Dante respirou fundo e soltou o ar lentamente. “Embora eu não estivesse, Daniel participou de uma cena com instruções estritas sobre seus limites. Quando lhe disse ao outro homem que parasse, não o fez. No momento em que lhe deixaram no hospital Daniel se encontrava gravemente ferido.” “Merda!” O oficial McLarren atirou seu cigarro ao chão e o esmagou com a bota antes de agarrar a Dante. “Pelo menos me diga que o menino o denunciou.” Dante negou com a cabeça. “Daniel se nega a dar o nome de seu atacante. Está muito aterrorizado.” “Sabe quem é este tipo? Quer que investigue?”

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“Sei que vai ao meu clube, mas isso é tudo. Daniel não me disse nada mais que isso. Quanto a vigiar ele, não estou seguro de que tivesse muita sorte. devido à natureza de nosso estilo de vida tendem a não confiar na polícia, não pretendo lhe insultar.” O oficial McLarren agitou a mão a Dante. “Absolutamente. E o entendo, seu estilo de vida, quero dizer. Eu não o prático, mas o entendo. Sei que há meios para que parem e parece ser que este tipo não o fez.” Dante riu entre dentes, surpreso de ter encontrado um pouco de diversão na situação em que se encontrava com o Daniel. “Na verdade, havia uma palavra para que parasse Parar.” “Parar?” “A palavra de segurança do Daniel.” Dante franziu o cenho. “Embora, agora é vermelho porque parar não lhe ajudou com o tipo que o assaltou e já não confia nessa palavra.” “O que é uma palavra de segurança?” “Uma palavra de segurança é uma palavra que alguém pode utilizar para deter tudo, não importa o longe que esteja em uma cena ou situação. Uma vez que a palavra é dita, tudo se detém e não pode haver repercussões para a pessoa que diz a palavra de segurança.” O oficial McLarren parecia confuso. A testa enrugada. “E funciona isso da palavra de segurança?” “A maioria das vezes, sim. No caso do Daniel, não o fez. Seu atacante fez caso omisso de sua palavra de segurança. Quando Daniel se queixou, o homem o amordaçou para que não pudesse gritar pedindo ajuda.” Só de pensar nisso fez que o sangue de Dante começasse a ferver de novo. “A confiança do Daniel se rompeu e não sei se alguma vez vai voltar.” “É por isso que lhe bateu com uma estátua?” “Escorreguei, recorda?” Dante riu entre dentes. O oficial pôs-se a rir. “OH sim, claro. Bom, por que o fez?”

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“Daniel se zangou comigo porque eu insistia em que usasse sua palavra de segurança, uma palavra em que já não confia.” Dante se encolheu de ombros. “Ele só estava tratando de chamar minha atenção.” “Eu diria que ele conseguiu,” disse o oficial McLarren, assinalando a ferida na cabeça enfaixada de Dante. Dante pôs-se a rir, mas rapidamente ficou sério, quando quatro agentes de polícia se aproximaram deles. Endireitou-se e olhou para o chão quando se aproximaram do oficial McLarren. Não seria bom para eles saber como de amistosa era a relação a que eles tinham chegado. “Hey, McLarren, já sabe?” um oficial lhe perguntou. “Alguém roubou o carro do oficial Jones enquanto se encontrava fazendo uma chamada. Acabava de receber um aviso e alguém partiu com o veículo. Homem, o Capitão vai estar muito aborrecido quando descobrir que estava fora do carro.” O rosto de outro oficial se voltou de cor vermelha brilhante. “Eu estava fazendo uma chamada, você sabe. O tempo era essencial.” “Tinha que se assegurar de que os donuts chegassem antes que todos acabassem?” o outro oficial pôs-se a rir. Os outros oficiais se uniram nas risadas. “OH, vamos, moços.” Um dos agentes golpeou as costas do rosto vermelha. “Não se preocupe por isso, Bob. Estou seguro de que o capitão vai entender. Só tem que lhe trazer umas rosquinhas.” A risada estalou perto dele, mas Dante não escutou nada disso. Todo seu mundo se reduziu à informação que desesperadamente seu cérebro processava. A conclusão a que estava chegando lhe deu um medo de morte. “É o oficial Jones? Bob Jones?” Dante lhe perguntou. “E seu carro patrulha foi roubado esta noite?” “Sim, o que disse?” o oficial lhe perguntou, a risada a seu redor morreu. Dante sentiu que seu corpo ficava frio. Olhou ao oficial McLarren só para ver a mesma expressão de assombro que em seu rosto, estava seguro que tinha tirado as mesmas

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conclusões por sua conta. Algo estava muito mal e Dante sabia que Daniel estava no meio disso. “Sinto muito sobre o carro patrulha, Jones,” disse o oficial McLarren quando agarrou Dante pelo braço e o conduziu para a parte posterior do carro patrulha. “Vou manter um olho fora do carro se por acaso o vejo. Se tiver qualquer notícia me avise. Vou ajudar a rastrear pela zona. Eu não gostaria de ver você em problemas por causa de um idiota.” Dante não protestou quando o oficial McLarren o pôs na parte traseira do carro patrulha e fechou a porta antes de entrar no carro. Rapidamente se retirou do estacionamento da delegacia de polícia e se dirigiu à rua. “Aqui, pegue isto,” disse o oficial McLarren ao mesmo tempo que lançava um jogo de chaves ao assento traseiro. Dante agarrou as chaves e começou a abrir as algemas. No momento em que o fez, o oficial McLarren se deteve a um lado da estrada. “Passe para frente.” Dante não perdeu tempo. Passou do assento traseiro ao de frente fechando a porta detrás dele e colocou seu cinto de segurança. Olhou ao oficial. “Quão rápido pode ir este maldito automóvel, oficial McLarren?” “Devida as circunstâncias, acredito que pode me chamar de Jack, e este carro pode ir muito rápido com as luzes e a sirene.” Jack apertou o interruptor das luzes e a sirene soou a seguir, saindo ao tráfico, com os pneus chiando. Dante se aferrou a seu assento, seu coração pulsava com força. Não pelo rápido deslizamento do carro patrulha entrando e saindo do tráfico, mas sim pelo temor pelo Daniel. Suspeitava que quem pegou seu amante estava vinculado com o homem que o tinha atacado. Entretanto, não podia ser o mesmo homem, já que acabavam de se conhecer, e fosse, Dante não tinha nenhuma dúvida de que Daniel teria gritado Assassino sangrento ao lhe ver

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de novo. Ainda assim, tinha que ter alguma relação com o homem. Dante se perguntou do que se tratava. “Pode disparar uma arma?” Dante girou para o oficial. “Fala a sério? Não poderia ter problemas por isso?” Jack sorriu. “Disse-te que tinha um problema colocando o nariz onde não me chamam.” Dante riu entre dentes. “Sim, posso disparar uma arma. Acha que vou necessitar uma? “ O policial pegou dentro de sua calça e tirou uma pistola pequena, logo a entregou a Dante. “Poderia.” “Isso é tranquilizador.” “A parte difícil vai ser averiguar quem é o imbecil que sequestrou a seu amigo.” “Tenho que fazer algumas chamadas. Sei de algumas pessoas que poderiam nos ajudar,” disse Dante quando colocou a mão no bolso para tirar seu telefone celular. “Maldição. Daniel ainda tem meu celular.”

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Capítulo 6 O coração do Daniel corria a um ritmo frenético. Respirou fundo para tentar acalmar-se, mas nada parecia funcionar. Cada vez que olhava para o assento do carro patrulha e via o oficial olhar para trás através do espelho retrovisor, seu terror voltava duplamente. Começou a tremer quando as imagens de medo se construíam em sua mente. O que ia acontecer com ele? Iria ser preso? Voltaria a ver Dante outra vez? Era impossível acalmar seu pulso irregular. O pânico se amotinou através dele. Daniel não se sentiu melhor quando o carro se deteve em um beco comprido e escuro e se deteve junto a um edifício alto de tijolos. Parecia um armazém em ruínas, com janelas quebradas, escombros e tubos de metal oxidado. Um pensamento encheu a cabeça do Daniel, escrito com tinta de cor vermelha brilhante em sua mente. Aqui não é a delegacia de polícia. Ao longe, um grande pôster de néon anunciava bailarinas nuas. Daniel não reconhecia a zona, e seu coração caiu a seus pés quando o oficial saiu da parte dianteira do carro patrulha e deu um passo atrás para abrir a porta do Daniel. “Saia daí já!” Daniel negou com a cabeça. Não estavam na delegacia de polícia e não havia maneira no inferno de que saísse do carro patrulha. Não sabia o que estava acontecendo, mas não era estúpido. Tinha ouvido histórias de pessoas às que lhes disparavam enquanto escapavam. Daniel gritou quando o homem o agarrou pelo braço e o arrastou para fora do carro. Seu agarre era feroz e Daniel sabia que teria hematomas ao dia seguinte. Se estivesse vivo quando chegasse a manhã. O oficial arrastou ao Daniel ao armazém. Abriu a porta e empurrou ao Daniel. Com as mãos algemadas à costas, Daniel não tinha forma de deter os golpes contra os caixotes de madeira empilhados ao outro lado da porta.

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Gritou quando seu estômago se chocou com a madeira e sentiu uma queimação por todo seu lado. Ouviu a risada dissimulada do oficial a sua direita antes de sentir o agarre por sua mão outra vez, lhe empurrando através do quarto. Daniel tratou de frear seu progresso cravando seus calcanhares no sujo chão, mas isso somente lhe valeu uma bofetada na parte posterior de sua cabeça. Não se podia agarrar a nada. Gritou pedindo ajuda. O oficial Jones riu. O funcionário levou ao Daniel a um pequeno quarto de madeira situada na parte posterior do armazém. Provavelmente fosse um escritório, o pequeno espaço parecia que não tinha sido utilizado em anos. Havia móveis quebrados e velhos papéis pulverizados pelo chão, e telhas de aranha penduravam da luz do teto sujo. O lugar lhe pôs os cabelos de pé. No momento em que o oficial Jones abriu as algemas, Daniel começou a golpear e arranhar, morder e gritar, em um esforço inútil para liberar-se. O oficial Jones pegou o pulso que tinha algemado e conectou o outro extremo da algema de metal a um grosso tubo fixado à parede. Daniel chutou, fazendo uma careta quando seu pé deu diretamente com a tíbia do oficial Jones. Mas a dor empalideceu em comparação com a satisfação que sentiu quando o homem gritou, inclinou-se e se agarrou a perna. Instintivamente, Daniel elevou seu joelho, golpeando diretamente no rosto do tipo. Um forte rangido ressonou na sala, e o oficial Jones desabou ao chão. Daniel permaneceu imóvel, com o coração palpitante enquanto esperava que o homem se levantasse. Quando passaram vários minutos e não aconteceu nada, armou-se de coragem e lhe deu um chute ao homem com o pé, ao princípio uma tentativa e continuando mais forte. Ao não obter uma resposta, tirou de novo a perna e deu um chute no lado do oficial. Ainda nada. Daniel se deu conta com o fôlego contido. De fato, as arrumou para chamar o homem inconsciente.

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Ajoelhou-se no chão e procurou ao redor das algemas. Quando não pôde encontrar nada começou a procurar nos bolsos do oficial Jones. Onde estava a maldita chave? Uma repentina chamada fez que Daniel quase saísse de sua pele. Deslizou-se fora do inconsciente oficial até que suas costas deram contra a parede. Seu coração pulsava com força. O som continuava. Ao princípio, Daniel não sabia de onde vinha. Então se deu conta de que vinha de seu bolso. Sua mão tremia quando colocou a mão no bolso e tirou o telefone celular de Dante. Abriu-o e o aproximou de seu ouvido. “Olá?” “Daniel.” “Dante?” Daniel chorou. As lágrimas brotaram de seus olhos. “Onde está, lindinho?” Daniel olhou a seu redor. Sacudiu a cabeça até que se deu conta de que Dante não podia vê-lo. “Não sei. Algum armazém abandonado, acredito.” “Um armazém abandonado?” Gritou Dante. “Que diabos está fazendo em um armazém abandonado? Onde está o policial que estava contigo?” Daniel se estremeceu ante a indignação na voz de Dante. Olhou ao homem inconsciente no chão a um par de metros de distância. “Ele, ele está aqui. “ “Me deixe falar com ele agora.” “Não posso,” Daniel sussurrou. “De certo modo o deixei inconsciente.” “Você?” “Estava tratando de me algemar a um tubo e ele me golpeou e…” Daniel empurrou sua mão livre pelo cabelo e puxou as pontas. “Está bem, começa pelo princípio, Daniel,” disse Dante. “Preciso saber onde está, para poder ir te buscar. Só me diga onde está.” “Não sei. É um armazém em alguma parte. Não é um bom bairro, entretanto, possote dizer isso, e este edifício parece que não foi usado em anos.”

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Daniel enrugou sua testa ante a confusão de escutar a Dante falar com alguém, mas antes que pudesse perguntar quem era, Dante voltou a lhe fazer perguntas. “Viu alguns sinais de transito? Em que direção foram quando deixaram o hospital? Há algo que possa nos dar uma ideia de onde poderia estar?” “Dirigimo-nos ao sul, acredito,” respondeu Daniel. “OH, quando chegamos ao beco pelo armazém pude ver um grande pôster vermelho que dizia algo a respeito de dançar nu. Isso ajuda?” “Sim lindinho, está fazendo muito bem e se vir alguma indicação ou sinal de transito, ajudaria muito.” Uma emoção que Daniel não pôde identificar começou a brotar em seu interior pelas palavras de Dante. Tampou a boca, com a mão para não dizer nada em resposta. Não queria soar como um idiota. Nesse momento, Daniel viu uma pequena parte de metal no chão junto à mão do oficial. Seu fôlego ficou apanhado em sua garganta. Deixou cair o telefone e resolvido se agachou ao chão e recolheu a chave. ‘Sim!’ arrastou-se de novo para o tubo da parede. Suas mãos tremiam tanto que teve que fazer vários intentos antes de poder abrir as algemas e ficar livre. Ouviu-se o bloqueio de um clique, e uma parte se abriu, e Daniel deixou escapar um grande suspiro de alívio. Recostou-se contra a parede e respirou fundo. Seu olhar percorreu a sala, finalmente dirigida ao homem inconsciente no chão diante dele. Daniel o olhou fixamente durante uns momentos, muitos pensamentos lhe atravessavam a cabeça para poder concentrar-se em um. Logo sorriu. Agarrou as algemas e ficou de pé. Com cautela se aproximou do oficial, mantendo os olhos no homem agarrou o pulso e fechou as algemas a seu redor. Levou-lhe todas suas forças, mas o arrastou o suficientemente perto para fechar o outro lado ao redor do tubo a que tinha sido algemado. A seguir se afastou e deu um passo atrás para olhar ao oficial durante uns instantes. Os olhos do homem seguiam fechados, sua respiração lenta e uniforme. Viu o telefone celular

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no chão, lançou-se para frente e o agarrou antes de sair pela porta. Talvez não soubesse por que haviam lhe trazido até aqui, mas não tinha intenção de ficar ali para averiguar . Daniel correu para a parte dianteira do edifício. Separou uma greta na porta e olhou por ela. Ao não ver nada em movimento, saiu ao beco. Olhou a seu redor, vendo o anúncio de néon vermelho. Não sabendo o que fazer, dirigiu-se nessa direção o mais rápido que seus pés podiam. Enquanto corria, Daniel lembrou de repente do telefone na mão. Mentalmente cruzou os dedos esperando não ter desligado. “Dante, continua aí?” “Daniel!” Gritou Dante. “Que demônios aconteceu? Aonde foi?” Com um pouco de sorte” Daniel respondeu, “para o estúpido pôster vermelho.” “O que?” Daniel riu. “Eu te disse que nocauteei o imbecil. Encontrei a chave e consegui me soltar.” “Onde ele está agora?” Daniel tragou uma onda de risada histérica. “Algemado ao maldito tubo que me algemou.” Daniel ouviu uma gargalhada chegar através do telefone e logo Dante disse: “Estou muito orgulhoso de você, lindinho.” Daniel também estava orgulhoso de si mesmo. Ainda sentia o terror flutuando através dele, mas tampouco se sentia tão parecido a uma vítima como há uma hora. “Eu o peguei, Dante. Não me assustei. Tirei minha bunda para fora e dei-lhe um chute e agora está algemado a um tubo no armazém abandonado.” Dante riu entre dentes. “Você se assegure de chegar até esse pôster vermelho, Daniel. Se vir qualquer sinal na rua de gente ou alguma loja, faça-me saber para que eu possa ir te buscar.” Dante suspirou profundamente. “Preciso ver que está bem, lindinho.” “Estou bem, Dante.” “Já sei, mas tenho que vê-lo por mim mesmo.”

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Daniel girou os olhos. “Sim, está bem. Te peguei.” “Já me tem, Daniel.” A voz de Dante soou grosa e instável. “Desde que utilizou sua primeira maldição.”

***** O alívio que Dante sentiu não se podia expressar com palavras. Seu estado de ânimo se voltou de repente leve. Daniel ainda não estava seguro. Não estaria seguro até que Dante o tivesse em seus braços, mas ao menos não estava algemado a um tubo. “Vê algo, Daniel?” “Só um montão de armazéns cercados por cercas de arame e lixo.” Dante transmitiu esse pedacinho da informação ao Jack, esperando que o homem pudesse conhecer a localização do Daniel. “Soa familiar?” “Parece que poderia ser alguma parte da linha da costa. Há muitos armazéns abandonados por esse caminho e uns poucos bares femininos.” “Não sei.” Dante sorriu. Jack riu entre dentes. “Com certeza.” Dante olhou fixamente ao Jack. O que significava isso exatamente? Estava claro que era gay? Importava? Não, Dante decidiu. Daniel era o único homem que lhe interessava. “Dante?” Perguntou Daniel. “Com quem está falando?” “Com o Jack,” disse Dante estudado seu entorno. “Um gato?” “O oficial McLarren Jack.” “OH. Ele não vai tratar de me algemar a um tubo,verdade?” “Não Daniel, de fato, ele está me ajudando para te achar.” Dante pensou não contar ao Daniel sobre o homem que o tinha levado, mas decidiu que tinha que ser honesto. Ele ia 79


descobrir mais tarde e então não voltaria a confiar em Dante de novo. “Me escuta Daniel, o homem que o prendeu ao tubo, não sei quem é, mas não é um agente da polícia.” “Bom, isso explica muitas coisas.” “O que quer dizer explica tudo? Ele disse algo?” “Não, mas não parecia normal que um policial me levasse a um armazém abandonado e algemasse a um tubo, não a menos que fosse pedir resgate ou algo assim. E se era o que ele queria obter, por que ir atrás de mim? Não tenho nada de dinheiro e certamente não sei nada que alguém possa querer saber. Simplesmente, toda a situação não tinha sentido.” Dante podia imaginar o rosto de confusão do Daniel e desejava estar ali para tranquilizá-lo. Depois de tudo, Daniel tinha passado muitas coisas nas últimas semanas, e temia que isto encabeçasse a lista. “OH, bom, uma rua com placa.” “O que é o que diz?” Dante se agarrou ao assento debaixo dele enquanto esperava a resposta do Daniel. “Diz Avenida Adams. O outro diz Rua 17,” respondeu Daniel. “Será que conta se o sinal está no chão?” “17 e Adams,” disse Dante ao Jack, continuando, respondeu a pergunta do Daniel. “E sim, Daniel, conta. Agora, quero que espere ali. Jack e eu estamos a só umas ruas de distância.” “Pode vir depressa? É um pouco estranho estar aqui e eu… OH, não, Dante,” disse Daniel, sua voz de repente soando muito baixo e um pouco instável, “há vários homens muito grandes, de aspecto muito pobre que caminham para mim.” O coração de Dante se congelou. “Corre, Daniel, sai daí depressa,” gritou pelo telefone Dante. “Corre o mais rápido que possa. Vou te encontrar.” Dante podia ouvir a respiração agitada do Daniel. Podia ouvir seus pés golpeando contra o chão de cimento, superando ao mesmo ritmo rápido de seu próprio coração.

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Fechou os olhos por um momento e orou por tudo o que valia a pena para poder chegar com o Daniel a tempo para salvá-lo. Simplesmente não acreditava que o homem pudesse sobreviver a ser assaltado de novo. “Cristo, Jack, vamos pressa.” “Cinco minutos, homem, juro.” Dante não sabia se Daniel estaria vivo em cinco minutos. O medo e a ira se ataram em seu interior quando escutou o grito do Daniel. Várias vozes gritaram, mas Dante não podia decifrar o que diziam, então o telefone desligou. Dante marcou o número de novo. O telefone tocou e tocou e tocou, a seguir foi a caixa de mensagem. Marcou de novo. Cada vez, enviava-lhe ao caixa de mensagem, e cada possível cenário horrível passou pela mente de Dante. Agarrou o telefone e golpeou o pé com rapidez no chão. Os edifícios passavam voando, e os pneus do carro chiavam quando Jack girava dentro e fora do tráfico. “Deve estar em algum lugar na próxima rua,” disse Jack, “ao virar a esquina.” Dante olhava com avidez pela janela. Lançando-se sobre o painel quando o carro patrulha voou ao redor da esquina e de repente desacelerou. Dante escaneava a rua, os edifícios, inclusive os becos. Procurou por toda parte. Um choque de cor verde esmeralda lhe chamou a atenção. Dante olhou, procurando com mais ímpeto, continuando, assinalou. “Não!” gritou. “Está ali.” Enquanto Jack se aproximava, Dante se deu conta de que Daniel estava sentado no capô de um caminhão velho, rodeado por um grupo de homens, os quais pareciam um cruzamento entre um lenhador e um motorista. Dante saltou do carro patrulha no momento em que se deteve. Tinha as mãos apertadas em punhos enquanto se preparava para defender ao Daniel. Dirigiu-se para o grupo, quase lançando-se sobre eles. Daniel gritou. O grupo de homens fechou filas em torno dele, evitando que Dante chegasse ao lado do Daniel.

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“Dante” exclamou Daniel enquanto agitava uma mão aos homens a seu redor. “Não, não, este é Dante, o homem do que lhes falei.” Dante quase caiu em choque quando viu em vez de confusão um grande sorriso nos rostos de aspecto rude que rodeavam ao Daniel e se separaram para deixar espaço para que ele cruzasse entre eles. Um homem extremamente grande levantou o Daniel do capo do caminhão e o pôs sobre seus pés. Daniel pôs-se a correr, saltando aos braços de Dante um momento depois. Dante chamou o Daniel e envolveu seus braços ao redor dele. Enterrou sua cabeça no cabelo do Daniel e respirou fundo. Nada cheirava tão doce. “Eu sabia que ia vir,” Daniel sussurrou contra o peito de Dante. “Disse-te que não deixaria que ninguém te fizesse mal outra vez,” disse Dante. Levantou a cabeça e acariciou um lado do rosto do Daniel, e logo levantou o queixo para lhe olhar aos olhos. “Embora, acredito que esta vez se protegeu muito bem.” Daniel o olhou aturdido durante um momento e logo um amplo sorriso cruzou seus lábios. “Fiz, não?” “Sim, o fez, e estou muito orgulhoso de você.” Daniel não podia deixar de sentir alegria pelo assombro no rosto atônito de Dante. Um pouco da confiança do Daniel tinha sido restaurado, e estava um passo mais perto de obter uma recuperação completa. “Ele disse a verdade?” Perguntou o homem que levantou o Daniel e o pôs no chão. “Há alguém que quer fazer mal ao baixinho?” Daniel girou os olhos e se voltou para ele, cruzando os braços sobre o peito. “Eu não sou baixinho. Quantas vezes tenho que dizê-lo?” O homem, que estava a uns passos na frente do Dante, sorriu. “Ah, não é pessoal um nanico.” pôs-se a rir. “É muito menor que o resto de nós.” Quando Daniel começou a chispar, Dante rapidamente pôs uma mão em seu ombro para lhe acalmar.

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“Daniel foi sequestrado. O homem que o fez roubou a um oficial de polícia, roubou um carro de patrulha e logo, algemou ao Daniel a um tubo em um armazém abandonado.” O homem olhou além de Dante e Daniel. Ele assentiu com a cabeça na direção do Jack. “Ele é um policial de verdade?” “Sim, está tudo bem,” disse Dante. “Me ajudou a procurar o Daniel.” “Nós não deixamos que os policiais rondem por aqui.” O homem colocou os polegares nos bolsos e inchou o peito, balançando-se sobre os calcanhares.”Sempre estão colocando os narizes onde não lhes chamam.” Dante podia ver em que direção se dirigia esta conversa. Tinha que pôr fim a essa situação antes que chegasse mais longe. Não é que confiasse por completo no Jack ainda, mas estava perto, o homem tinha sido mais que útil. Dante lhe daria o benefício da dúvida. “Sou Dante Giovanni,” disse, lhe estendendo a mão. “Big John,” respondeu o homem, sacudindo a mão de Dante. “Você sabe onde fica o Dante’s Dungeon na Rua 5?” “Sim, ouvi falar do lugar.” Big John esfregou o queixo enquanto olhava os olhos de Dante. “Não é realmente meu estilo, se você sabe o que quero dizer.” Dante assentiu com a cabeça. “Vá ali, há um homem chamado Bert. Diga-lhe que lhe enviei, e que de toda a bebida que vocês desejem consumir.” Big John inclinou a cabeça. “Por que ia fazer isso por nós?” Dão olhou ao Daniel. Esfregou as mãos sobre os ombros do Daniel, o homem menor se enroscou contra ele. “Daniel significa para mim mais que tudo no mundo. Você o protegeu quando eu não podia, quando poderia haver acontecido muito mais a ele. Isso significa muito para mim.” Escutando-lhe, Big John assentiu. Seu rosto parecia suavizar-se um pouco quando ele olhou ao Daniel. “Um homem tem direito a proteger o que é dele.” Dante olhou ao homem de grande tamanho frente dele. Vestia como qualquer outro valentão ou vagabundo das ruas, mas parecia haver um lado mais suave nele. E Dante estaria agradecido por isso pelo resto de seus dias.

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“Tem algum trabalho nesse clube?” Big John lhe perguntou. Dante franziu o cenho. “Pode ser. Por quê? Está procurando um emprego?” Big John riu entre dentes. “Não, eu não sei fazer outra coisa que fazer o bem fora nas ruas, mas sim para meu moço.” Big John sacudiu a cabeça. “É um bom menino, não pertence a esta forma de vida. Ele vai à escola durante o dia e trabalha pelas noites em um restaurante local, mas o lugar fechou a semana passada. Acredita que poderia ter algo para ele?” Dante entendeu o que o homem lhe pedia. Os dois eram tipos parecidos, em realidade, lutavam para proteger o que era dele. “Que idade tem seu filho?” “Vai completar vinte e três anos em um par de semanas, quase terminou com a escola também.” Big John o olhou pensativo. “É um bom menino, nunca se viu envolvido na vida da rua como eu o fiz. Eu gostaria que seguisse sendo assim.” “Se for capaz de manter-se afastado da rua como você há dito, vou encontrar um trabalho para ele.” “Ele tem que continuar na escola,” advertiu Big John. “É a única forma de que se converta em alguém por si mesmo.” “Estou seguro de que posso trabalhar ao redor de seu horário. Mande ele no clube e já verei o que posso fazer.” “Eu estaria muito agradecido,” disse Big John. “Agora, este homem que reteve o nanico, que aspecto tem? Talvez eu e os meninos possamos ajudar com isso.” Dante sorriu. Não tinha dúvida de que Big John e seus meninos poderiam ajudar. Provavelmente conheciam o bairro melhor que ninguém, melhor que a polícia. “Tenho que levar ao Daniel para casa, onde estará a salvo, mas se pudesse ajudar ao Jack, o oficial McLarren, seria de grande ajuda. Esse tipo algemou ao Daniel a um tubo depois de que o nocauteasse, mas ainda temos que encontrá-lo.” “O nanico o golpeou?” Big John pôs-se a rir, mas Dante pôde ver um brilho de respeito para o Daniel cada vez maior em seus olhos. “Estou seguro de que eu teria gostado de ver isso. Posso imaginar que foi todo um espetáculo.”

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Dante sorriu sobre a cabeça do Daniel que tinha a cabeça inclinada contra seu peito. “Estou muito orgulhoso dele, mas ainda temos que encontrar ao homem que fez isto. Até que não esteja entre as grades, Daniel não estará a salvo. Nem sequer sei por que sequestraram ao Daniel.” “Entendo-lhe. Acaba de nos dizer o que devemos procurar e o encontraremos, verdade, moços?” Houve vários gestos e grunhidos de aceitação. Dante não podia acreditar que sem buscá-lo tivesse encontrado a um grupo de valentões de ruas para lhe ajudar a encontrar ao homem que sequestrou ao Daniel, mas ele não ia rechaçar sua ajuda. “Daniel, se lembra de onde te levou esse homem?” Dante lhe perguntou. “Só um pouco mais abaixo, ali no armazém,” disse Daniel, assinalando pela rua além da patrulha. “Era muito velho e sujo. Não acredito que foi utilizado em muito tempo.” Vários dos homens riram. “Há muito disso por aqui, nanico,” disse Big John. “Este bairro não é usado há muitos anos.”

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Capítulo 7 Danny se aconchegou na manta que Dante tinha colocado a seu redor e se acomodou no canto do sofá. Soprou brandamente a taça de chocolate quente que tinha nas mãos, e esperou que se esfriasse o suficiente para beber. O último dia tinha sido uma loucura. Dante chamou o Logan e Joey para lhes contar que estávamos bem e se apressou a subir com o Daniel de novo ao sótão. Daniel tomou uma ducha de água quente, Dante o vestiu com um pijama limpo e lhe deu de comer. Agora, Daniel estava sentado aconchegado no sofá frente à chaminé. “Como se sente, bebê?” Daniel inclinou sua cabeça para trás para jogar uma olhada a Dante. Uma sensação de emoção e formigamento que não tinha sentido em meses percorreu suas costas ao sentir a mão de Dante em seu ombro. “Estou bem.” “O suficientemente quente?” “Sim, Dante, estou o suficientemente quente.” Daniel quase pôs os olhos em branco, mas sabia que Dante só queria cuidar dele. Sabia que seria assim. Por essa razão, Daniel fez caso omisso do lado dominante de Dante quando este tratou de se encarregar de sua vida. Era incrível como, em tão curto período de tempo, podiam trocar as coisas. Fazia vinte e quatro horas que pensou que nunca veria de novo ao Dante. Mas pela maneira em que Dante se abatia agora sobre ele, Daniel estava bastante seguro de que não seria capaz de fazer que o homem se distanciasse embora só fosse longe do quarto. Gostava da atenção, quem não gostaria? Dante era um homem magnífico. Mas ainda não sabia o que queria dele, nem se ele poderia dar. Dante rodeou o sofá e se sentou de frente ao Daniel. Recostou-se no canto oposto do sofá, com uma perna dobrada, e a outra estendida ao lado. “Veem e sente-se comigo.” Dante fez um gesto ao Daniel para que se aproximasse. 86


Daniel vacilou durante uns segundos antes de deslizar-se pelo sofá para sentar-se ao lado de Dante. A respiração do Daniel se acelerou quando Dante o levantou e o embalou em seu colo, envolvendo-o com seus braços. Dante esfregou as costas do Daniel na parte superior da manta e brandamente lhe acariciou o cabelo. Daniel lentamente baixou a cabeça até que descansou sobre o ombro de Dante. “Você teve um dia bastante intenso, não é assim, bebê?” Dante sussurrou contra a parte superior da cabeça do Daniel. Daniel apertou seus olhos fechados e assentiu com a cabeça. Não podia recordar ter tido um dia como este. É obvio que tinha começado horrivelmente, mas parecia que estava terminando bem. Entretanto, Daniel não podia deixar de estar ansioso. Ainda ficavam várias horas para que terminasse o dia. Qualquer coisa podia acontecer. “Você quer falar de alguma coisa?” Daniel estudou suas mãos. “Como está sua cabeça?” “Não vou mentir, dói, mas não é nada que não possa suportar. Tomei algo para a dor faz um momento, e parece que já está diminuindo.” Daniel levantou os olhos para encontrar Dante olhando-o fixamente. “Sinto muito,” sussurrou. “Nunca quis te fazer mal, realmente não. Eu não faria isso.” Por um instante, uma nota de nostalgia passou pela expressão de Dante. “OH, Daniel, eu sei,” disse em um tom estranho e suave. “Somente tentava chamar minha atenção. Nunca passou por minha cabeça que estivesse tratando de me fazer mal.” Daniel olhou para baixo a suas mãos, brincando com os dedos. “Por que sempre me chama de lindinho? É uma palavra em inglês, não? Pensei que era italiano.7“ Dante sorriu levemente. “Isso pode levar algum tempo para explicar.” “Não acredito que vou a nenhum lugar por um bom tempo.” 7

Dante usa no original a palavra “poppet” que é um termo carinhoso usado para crianças e animais de estimação, lindinho, bonitinho, boneca, ...

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Dante suspirou. “Está seguro de que quer ouvir a história?” “Sim.” “Minha mãe era inglesa, meu pai italiano. Ele me criou depois que minha mãe morreu quando eu era pequeno. Era um alcoólatra, e nunca me quis, e inclusive quando se encontrava no mesmo lugar que eu me ignorava. Tratava-me como se tivesse sido uma ideia de último momento.” A mão do Daniel mudou por sua própria vontade de seu colo até cobrir a de Dante brandamente. Não lhe deu tapinhas nem a apertou, só a deixou descansar ali. O simples gesto parecia ser suficiente. Dante respirou fundo e continuou falando. “Passei minha infância na Itália com meu pai, mas ficava os verões com minha avó na Inglaterra. Essas foram as únicas vezes que me senti realmente feliz. Minha avó me encheu de amor e atenção. Ela era muito rígida, mas sempre soube que me amava e me aceitava tal e como era.” “Então, o que tem isso que ver com que me chamar de lindinho?” “Ela me chamava de lindinho.” Dante disse de maneira simples, como se com isso o explicasse tudo. Daniel se virou e o olhou confuso quando Dante permaneceu em silêncio. Dante empurrou um cacho de cabelo longe do rosto do Daniel. “Chamava-me de lindinho porque apesar de que era muito rígida comigo, dava-me todo seu amor e atenção, e me aceitava da maneira que sou, para ela eu era único.” “Mas o que, se do jeito que eu sou, você não me quiser?” disse Daniel em voz baixa. “E se não puder ser de novo seu sub outra vez? “ “Daniel, sempre será meu sub e eu sempre serei seu Dom,” respondeu Dante. “Isso é um fato. Agora, a dinâmica disso, nos podemos trabalhar.” “O que acontece se não posso voltar a fazer essas coisas?” “Está sentado em meu colo, não é assim? Em meus braços” Dante sorriu. “Acredito que não esperava estar aqui há vinte e quatro horas.” Daniel se pôs a rir. “Não.”

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“Acredito que em vinte e quatro horas mais, vamos fazer muito mais do que esperamos.” “Como você pode saber?” Dante parecia seguro de si mesmo. É verdade que Daniel nunca deveria estar sentado no colo de Dante, mas isso não significava que as coisas pudessem voltar a ser como era antes. O que acontece se essa parte de minha vida acabou para sempre? Seria tão ruim? As coisas que quis no passado não fizeram nada mais que lhe dar problemas. “Vamos tentar uma pequena experiência, de acordo?” O coração do Daniel bateu um pouco mais rápido. “Esta bem!” “Vamos tirar a manta, de acordo?” Dante lhe perguntou. Daniel deixou cair a manta que tinha sobre os ombros, logo ficou de pé. E aproximou-se entre as pernas de Dante e voltou a sentar-se. Seu corpo rígido, com medo de tocar ao Dante, por medo de que tomasse como um convite a mais do que podia dar. “Agora se encoste em mim.” Dante aplicou uma suave pressão sobre os ombros do Daniel até que ele se inclinou para trás. Apertou a mandíbula e olhou para frente, sem saber o que Dante queria provar com este pequeno ato. “Relaxe, lindinho.” Daniel respirou fundo e logo permitiu que seu corpo se recostasse sobre o peito de Dante, quando deixou escapar o ar. Estremeceu, a sensação dos músculos duros de Dante detrás dele era mais do que podia dirigir. Recordou como se sentia, como se excitava contra Dante, a quantidade de prazer que recebeu com seu simples contato. Dante esfregou as mãos para cima e abaixo dos braços do Daniel. “Esta com frio?” Daniel se encolheu de ombros.

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“Isso não é uma resposta, Daniel.” A voz de Dante soava mais firme, mais como fazia em seu papel dominante. “Lembra o que te disse ha vários meses? Preciso de comunicação verbal, não um encolhimento de ombros.” “Não estou exatamente com frio.” “Eu não vou fazer nada que você não queira que faça. Só lembre-se de sua palavra de segurança. Vermelho, recorda? Se quiser que eu pare, utiliza-a e paramos.” “De acordo.” Daniel ficou rígido quando Dante começou a esfregar as mãos desde seus braços até os ombros, e logo para baixo por cima de sua clavícula. O quente fôlego de Dante se sentia suave na sua bochecha e uma parte do pescoço. “Shh, lindinho,” disse Dante em voz baixa. “Quero que se acostume à sensação de minhas mãos outra vez. Passou muito tempo desde que fui capaz de te tocar somente pelo simples prazer de fazê-lo.” “E a culpa de quem é caralho?” Daniel se rompeu. Seus olhos aumentaram e chegou a cobrir sua boca, dando-se conta do que havia dito e como o havia dito. Um Dom nunca permitiria que um sub lhe falasse dessa maneira, não sem repercussões. “Tem razão, Daniel, é minha culpa,” disse Dante com tristeza. “Tinha que ter reclamado você antes de ir.” “Não deveria ter ido,” queixou-se Daniel. “Não, eu não deveria ter feito, mas o fiz.” A voz de Dante tremeu, como se alguma emoção o tocasse. “As coisas más que lhe aconteceram quando fui, terei que viver com elas durante o resto de minha vida.” “Você?” Daniel lhe perguntou com incredulidade. “Sim, Daniel, eu,” replicou Dante. “Eu tinha que ter reclamado você antes de ir, e te trazer para viver aqui, talvez nada disto tivesse acontecido. Pensei que só seria por um par de

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semanas no máximo. Pensei que voltaria para você e faria minha reclamação da maneira correta. Queria que tivesse toda a fanfarra que merecia. Assim esperei.” “Isso foi uma estupidez.” Dante riu entre dentes. “Retrospectiva, Daniel, retrospectiva.” O lábio inferior do Daniel saiu enquanto franzia o cenho e olhou a suas mãos de novo. “Ainda é uma estupidez.” “E algum dia vou pedir perdão por isso, mas não hoje.” “Por que vai pedir meu perdão?” Perguntou Daniel. “Você não me fez isso.” “Não é assim?” Dante inclinou o queixo do Daniel, o que lhe obrigou a fazer contato visual. “Se eu tivesse te reclamado como eu queria, você teria participado de uma cena com esse homem?” “Não.” “Por que não?” “Nunca teria permitido.” “E se tivesse ordenado que participasse? Teria feito então?” “Se você me pedisse isso, sim, mas teria estado ali para se assegurar de que nada me passasse, teria respeitado minha pal…” a voz do Daniel se apagou e olhou para outro lado. “Finaliza o que estava dizendo, Daniel,” respirou Dante. “Eu teria me assegurado que respeitasse seu o que?” “Minha palavra de segurança,” Daniel sussurrou. Apertou a mandíbula para tentar controlar o soluço em sua garganta. “Teria assegurado de que respeitasse minha palavra de segurança e não me fizesse mal.” “Portanto, se você tivesse sido reclamado como eu queria, nunca teria participado de uma cena. Se eu tivesse estado aqui e te tivesse deixado participar, você o teria feito, mas eu teria assegurado de estar aqui para te proteger. Mas, como não o fiz eu te fiz mal.” Daniel sentiu as mãos de Dante apertar sobre ele por um breve instante antes que voltasse a esfregar. “Agora, por que tenho que pedir perdão?” Dante sussurrou no cabelo do Daniel.

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Daniel virou para um lado e tirou as pernas que estavam enroscadas no colo de Dante. Envolveu uma mão na cintura do homem, e pôs a outra sobre seu peito. Apoiou a cabeça diretamente sobre o coração de Dante. “E agora o que fazemos?” “Agora vai aprender a ser de novo meu sub.” “E se não puder?” Perguntou Daniel, expressando uma de suas maiores preocupações. Dante ia me querer ainda se não pudesse fazer as coisas que fazia antes? Iria de novo? Daniel não sabia se poderia sobreviver se Dante fosse embora de novo. “Lembra o que te disse? A dinâmica de nossa relação depende de nós.” “Mas o que acontece se não puder fazer nada disso outra vez?” “Quero-te junto a mim fazendo o que eu te diga que faça.” Dante agarrou pelo cabelo ao Daniel e lhe puxou a cabeça brandamente para trás. “E também eu gosto que meu homem seja um pouco fera, como sei que pode sê-lo, e que saiba que deve ser castigado de forma frequente.” Daniel se estremeceu. Podia sentir o pênis de Dante através de sua calça, cada vez mais apertada contra sua bunda. Uma parte dele temia despertar ao Dante, mas outra parte estava também muito feliz, e isso o aterrorizava ainda mais. “Dante, eu não posso.” “Shh, lindinho” murmurou Dante. “A única coisa que você tem que fazer agora é sentir meu toque e lembrar-se de usar sua palavra de segurança se o necessitar. De acordo?” Daniel vacilou um momento e logo assentiu com a cabeça. “Bom menino,” disse Dante. “Agora, de volta a como estava antes, recostado em meu peito. Se sentir frio, faça-me saber e te cobrirei com a manta.” Daniel baixou as pernas ao chão e se deslizou até estar perto, com suas costas uma vez mais descansando contra o peito de Dante. Seu coração parecia correr a um milhão de milhas por minuto. E agora o que? O que vai fazer Dante? Daniel apertou os punhos aos flancos e esperou.

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Dante o tocou, ao princípio, ligeiramente. Seus dedos se deslizavam brandamente sobre seus ombros e clavícula, e ao longo da suave curva de seu pescoço. Logo se moveu lentamente pelo peito, fazendo saltar os botões da parte superior de seu pijama de uma vez que ia separando a malha verde de seda. Um formigamento começou na boca do estômago do Daniel quando Dante lhe tocou o peito nu. Podia sentir a respiração irregular de Dante na bochecha quando o tinha perto. Brandamente, Dante utilizou seus dedos e esboçou círculos nos mamilos do Daniel, primeiro em um e logo no outro. Com um suave e doloroso toque, Dante moveu as mãos mais abaixo por seu peito. O fôlego do Daniel ficou enganchado na garganta, a suave massagem enviava correntes de desejo através dele. Lambeu os lábios secos enquanto seu corpo zumbia de emoção. Nunca pensou que poderia sentir o desejo outra vez. “Dante,” queixou-se. O toque da mão de Dante cresceu de repente, insuportável em sua ternura. “Eu tenho você, lindinho,” cantou Dante em voz baixa. “Me deixe cuidar de você.” Daniel assentiu, sem saber se estava de acordo com o que Dante dizia ou com o que ele fazia, mas sabia que não queria que o intenso prazer parasse. Os calafrios correndo por seu corpo e fazendo que um formigamento chegasse até os dedos dos pés, era algo que não tinha sentido em seis meses, não da última vez que Dante o havia tocado. Mas à medida que as mãos de Dante avançavam para a cintura da calça do pijama do Daniel, este, de repente se esticou. A última mão que o tocou intimamente o fez com a intenção de lhe fazer mal e lhe causar dor. “Dante,” choramingou Daniel. Seu corpo ficou rígido, com as pernas retas enquanto tentava fugir do toque suave de Dante. “Lembre-se de sua palavra de segurança, Daniel,” disse Dante. “Pode utilizá-la se necessitar que eu pare.” “Eu, não…” Daniel balbuciou. “Quer que eu pare, Daniel?”

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Daniel agonizou sobre essa questão durante vários minutos. O medo o invadiu, mas, a sério quero que Dante deixe de me tocar? “Você confia em mim para te dar prazer, Daniel?” Dante lhe perguntou. Seus dedos como plumas através do abdômen do Daniel. “Não te peço nada em troca, só que confie em mim o suficiente para te dar o que necessita.” Daniel assentiu finalmente, seu corpo ainda rígido. Quando as mãos de Dante passaram sob a cintura de seu pijama, empurrando-o para baixo até que seu duro pênis e suas bolas estiveram expostas, Daniel relaxou contra Dante. Seu fôlego se moveu rapidamente dentro e fora de seu peito e fechou os olhos na confusão. Queria tanto o toque de Dante, sofria por ele. E tinha medo de necessitá-lo tanto. Depois de tudo o que tinha acontecido, não deveria fazê-lo. Deveria? Então, finalmente, de repente, a mão de Dante alcançou e roçou a cabeça do pênis do Daniel. O toque foi suave, como suaves plumas, e Daniel quase se perdeu até que aconteceu de novo e outra vez. Quando Dante finalmente cobriu com sua mão o pênis doloroso do Daniel e se apoderou ligeiramente dele, Daniel não pôde se conter por mais tempo. Ele se arqueou, conduzindo seu pênis mais profundo na mão de Dante quando o prazer estalou através dele. “Dante!” Daniel gritou. Seus dedos se cravaram nos duros músculos das coxas de Dante, seus olhos em branco. Cordas de semente brancas peroladas salpicando por cima de seu abdômen e a mão de Dante. Dante seguiu acariciando seu pênis durante um tempo, ordenhando-o até a última gota. Daniel estava ofegante, surpreso, não podia acreditar. Realmente tinha permitido que outro homem o masturbasse. E o tinha desfrutado! “Meu bebê formoso,” disse Dante em voz baixa. Daniel abriu os olhos e inclinou a cabeça para trás para olhar a Dante. Podia sentir seu pênis duro debaixo de sua bunda, e sabia que não tinha encontrado sua liberação.

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De repente, Daniel temeu que Dante quisesse mais do que podia dar. Estremeceu e se afastou, mas Dante o arrastou de novo a seus braços. “Fale comigo, Daniel. O que passa em sua mente neste momento?” “Não é assim, é que você…” “Não, eu não, e isso está bem,” respondeu Dante. Sua voz soou baixa e rouca e terrivelmente excitado. “Não é necessário. O fato de saber que te dei prazer é mais que suficiente para mim.” “ Mas…” “Não há mais,” disse Dante. “Tudo o que quero em troca, é um beijo dado livremente. Pode-me dar isso?” “Um beijo?” Daniel lhe perguntou, assombrado. “Isso é tudo o que quer?” “Há muito mais que quero lindinho, mas isso é tudo o que estou pedindo.” Dante o olhava com ternura e paixão controlada, mas uma força brilhou neles que disse ao Daniel que Dante respeitava sua escolha. Aproximando seus lábios, Daniel se levantou para dar o beijo de Dante, lhe dando livremente o que tinha negado a todos os outros. Começou lento e reflexivo, com os lábios de Dante em movimento com suavidade sobre ele, mas quando Daniel se aproximou e cavou o lado do rosto de Dante, o beijo se transformou em algo mais. A boca de Dante de repente cobriu a do Daniel com fome, com os lábios duros, procurando e exigindo. A mão de Dante apertou o material da camisa do pijama. As mãos se deslizaram para seu traseiro apertando-o em um salto, deslizando-se, lutando contra os limites de sua calça. O pânico assaltou ao Daniel e começou a lutar, empurrando os braços de Dante. “Vermelho,” Daniel chorou quando empurrou o peito de Dante. Seu coração pulsava com força, mas Dante o deixou em liberdade imediatamente e foi capaz de pensar de novo. Daniel pegou a manta e se deslizou a seu lado no sofá.

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De repente se sentiu nu e exposto. Sua camisa estava aberta, as calças abaixada ao redor de suas coxas. Agarrou a calça do pijama, o subiu e juntou as abas da blusa do pijama, uniu-os com dedos trementes e se cobriu com a manta. Dante esfregou o rosto com as mãos e logo as passou por seu cabelo. Daniel esperou. Tinha utilizado sua palavra de segurança. Dante a aceitaria, ou a deixaria passar como o último homem? Dante deixou cair as mãos em seu colo e respirou fundo várias vezes. Daniel ficou tenso, recostado contra a borda do sofá quando Dante se mudou e ajoelhou no chão junto a ele. A boca de Dante era uma careta de lábios apertados que sustentava um toque leve de tristeza. Seus olhos esmeraldas pareciam mais apagados, cheios de dor. Daniel começou a sacudir-se quando as mãos de Dante se aproximavam e se afastou delas, mas a angústia no rosto do homem lhe fez duvidar. “Peço-te desculpas, Daniel,” disse, com voz baixa e áspera com ansiedade. “Pedi um beijo dado livremente e quando me deu isso, tratei de tomar mais. Você tinha todo o direito a utilizar sua palavra de segurança e vou recordar a próxima vez não agarrar mais do que me dá.” Daniel abriu os olhos com assombro, estupefato. “Você não é…, não está zangado porque usei minha palavra de segurança?” “Não sou um abusador,” Dante sussurrou, sua voz antes autoritária agora era suave. “Te disse que respeitaria sua palavra de segurança e o farei. Sempre deve usá-la se sentir que o necessita, sem importar qual seja a situação.” “Inclusive se for só um beijo?” “Inclusive se for só um beijo,” Dante lhe assegurou. Dante se via tão triste, tão zangado com ele mesmo, que Daniel se sentiu mal por usar sua palavra de segurança.

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Tinha sido só um beijo, depois de tudo. Não era como se Dante tivesse tratado de ter relações sexuais com ele, nem nada parecido. Não tinha utilizado a força. Somente se tinha deixado levar um pouco. “Não foi tão mau,” Daniel sussurrou. “Somente senti medo no final.” encolheu-se de ombros. “Não me importa, de verdade.” Dante sorriu levemente. “Dou-te minha permissão para me dar um beijo cada vez que sinta a necessidade, lindinho.” “Sim?” “Sim.” Dante sorriu. “Agora, o que me diz de subir, se limpar um pouco, e ir para cama? Estou seguro de que poderíamos descansar um pouco depois da aventura de hoje.” Daniel, de repente, sentiu-se muito cansado, os acontecimentos das últimas vinte e quatro horas estavam fazendo estrago nele. Tampou a boca quando um bocejo tratou de escapar, e se ruborizou quando Dante riu. “Acredito que estou cansado.” “E tem razões para isso.” Dante ficou de pé e se agachou para recolher ao Daniel em seus braços, com manta e tudo. Daniel vacilou um momento e logo envolveu seus braços ao redor do pescoço de Dante e se aconchegou contra ele. De algum jeito, o homem não parecia tão aterrador como há alguns momentos. Talvez fossem as palavras de Dante, talvez fosse que Daniel se deu conta de que não estava em nenhum perigo real. E talvez fosse porque estava exatamente onde queria estar dos últimos seis meses, nos braços de Dante.

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Capítulo 8 “Então, alguma noticia sobre o babaca que te sequestrou?” Perguntou Joey enquanto agarrava uma fatia de laranja de sua bebida e a metia na boca. “Não,” respondeu Daniel. “No momento que entraram no armazém, tinha ido embora e o carro patrulha também. Tomaram as impressões digitais, mas havia tantas que ainda estão investigando se alguma é dele.” “Acha que vão pegá-lo?” Daniel se encolheu de ombros. “Não sei, talvez.” “Dante não me deixa ir sozinho a nenhuma parte até que o façam, mas…” Joey soltou um suspiro. “E tem razão. Esse homem roubou um carro de polícia e se fez passar por um oficial para chegar até você. Eu diria que ele é algo mais que um psicótico.” “Suponho que tem razão, mas isso não quer dizer que eu tenho que gostar. Sinto-me como um prisioneiro em minha própria casa. Dante trata de me manter entretido, mas tem que trabalhar de noite e se volta um pouco aborrecido às vezes.” “E como vão as coisas entre Dante e você?” Daniel se encolheu de ombros enquanto olhava para baixo a suas mãos. “Estão bem, suponho.” “Não parece muito seguro.” “Para falar a verdade, não o estou.” Daniel se pôs a rir. “Fisicamente, estou quase curado, só alguma pontada ocasional de vez em quando. Inclusive as marcas de minhas costas se desvaneceram.” “E emocionalmente? Mentalmente?” Daniel se recostou em sua cadeira e colocou os dedos juntos. “Acredito que estou muito melhor.” “Mas…” 98


“Lembra quando te contei o que aconteceu faz um par de semanas, quando Dante me puxou e me beijou? Quando utilizei minha palavra de segurança?” “Sim.” Daniel apertou os dedos até que seus nódulos se voltaram brancos. “Ele não me tocou desde esse momento. Sei que ele ficou excitado depois disso. Infernos, o homem está dotado o suficientemente bem para que se possa ver o vulto em sua calça a cinquenta passos. Mas não se dirigiu a mim. Nem sequer tentou me beijar outra vez.” “Você o quer?” Daniel franziu o cenho. “Eu acho.” “Você acha?” Joey se pôs a rir. “Daniel, isto não é ciência espacial. Trata-se de querer que te toque ou não.” “Sim.” Daniel se rompeu. “Depois desse tempo, quando, bom, pensei que podia ser que o desejasse, já sabe.” Daniel se encolheu de ombros, sua voz era baixa, inclusive enquanto seu olhar se deixou cair em suas mãos. “Mas ele não quer.” Um pensamento cruzou sua mente e olhou para cima. “Disse-me que eu não estava louco, mas você acredita que estava louco, por usar minha palavra de segurança?” “Acredito que se ele disse que não estava louco então não o estava, Daniel,” disse Joey, tomando a mão do Daniel. “Mas também acredito que não quer te pressionar. Ele leva uma grande quantidade de culpa pelo que te aconteceu, e com o tipo que te sequestrou ainda solto, Dante tem que estar estressado.” “Nem sequer tentou me beijar outra vez. Infernos dormimos na mesma cama cada noite e nunca me toca.” “E? Quem diz que tem que ser ele o que lhe de todos os beijos?” Joey lhe perguntou. “Se quiser um beijo, vá buscá-lo.” “Mas ele é o Dom, Joey. Decide o que vai acontecer.” “Daniel, sua relação com Dante é muito mais profunda que só um Dom e seu sub. Estou seguro de que sabe.” Joey agitou a mão ausente no ar. “Além disso, como é que ele

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deveria saber que quer mais dele se não o diz? A última vez que soube, é que tratou de conseguir um beijo de você e que você utilizou sua palavra de segurança. Talvez ele ache que não quer ter nada que ver com ele.” “Não é exatamente isso,” disse Daniel. “Eu estava muito afligido, sabe? A última vez que alguém me tocou me doeu muito, e logo Dante fez o que fez e…” “E tem medo,” Joey terminou por ele. Daniel assentiu com a cabeça. “E acredito que é perfeitamente aceitável, embora fosse de se esperar.” Joey apertou a mão do Daniel. “O que tem que decidir agora é exatamente o que quer de Dante.” “Disso se trata,” disse Daniel. Tirou a mão do Joey e apoiou os punhos sobre a mesa. “Não sei o que quero dele.” “Mas você lhe quer?” Daniel se pôs a rir. Seu rosto avermelhou. “Sim, quero-o.” “Pois vá atrás dele.” Joey sorriu e tomou um gole de sua bebida. “O que tem que fazer é chamar sua atenção. Eu diria que é o momento de dar uma demonstração de sua boca suja.” Daniel abriu os olhos quando ele sorriu. “Você acha?” “Ou isso, ou correr pelo lugar nu.” Joey se encolheu de ombros. “O que seja para chamar sua atenção.” “O que acontece se chamo a atenção de Dante, e não quero levá-lo mais longe do que acredito que posso dirigir?” “Você tem o poder aqui, Daniel. Diga ao Dante até onde quer ir. Trabalha as coisas que sejam necessárias. Começa pouco a pouco, talvez um beijo ou um abraço. Depois, trabalha a partir daí. Nunca vai saber o que será capaz de dirigir até que o tente.” “Acho que sim...” “Daniel, vai ter que lhe mostrar os resultados do que quer a Dante, porque eu não acredito que ele vá te perseguir até que você diga o momento de fazê-lo. Ele precisa saber que você tem a cabeça no lugar.”

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Daniel sabia que Joey estava no certo. Ele não estava seguro de como fazê-lo. A seis meses atrás, sim, ele teria se comportado mal para conseguir o que queria. Agora, entretanto, as regras do jogo tinham trocado e Daniel não estava seguro de saber quais eram. Queria a Dante. Ele não tinha nenhuma dúvida sobre isso. Da noite que se beijaram e Dante o tocou, Daniel esperou que o homem fizesse um novo movimento, que lhe desse algum sinal de que sua relação seria algo mais que ser companheiros de quarto. “O que é isto?” Joey perguntou, levantando seu copo para tomar outro gole. “Está muito bom.” “É uma bebida de fruta gelada que Dante me faz, supõe-se que é bom para mim ou algo assim.” Os olhos do Joey brilharam. “Seria melhor com um pouco de vodca.”

***** Uma hora mais tarde, Joey e Daniel estavam sentados no chão diante da chaminé, rindo histericamente, quando Dante e Logan entraram na sala. “Bom, parece que vocês dois estão lembrando os velhos tempos,” disse Logan. Joey se aproximou e agarrou a jarra de suco vazia que estava no chão entre o Daniel e ele. “Esta coisa é a bomba, Dante.” Dante franziu o cenho. Inclinou-se, recolheu a garrafa vazia de vodca e a sustentou no alto. Ele olhou do Joey ao Daniel. “Os dois acabaram com esta garrafa inteira?” Daniel se inclinou para frente e olhou o frasco. “Fizemos?” Dante voltou a garrafa de barriga para baixo. Nenhuma só gota saiu. “Eu diria que sim.” Daniel não pôde evitar rir ante o olhar assombrado no rosto de Dante. Ele não estava seguro a respeito da bebida quando Joey fez a sugestão, mas se sentia muito menos ansioso agora. 101


De fato, sentia-se encorajado. Ele ficou de pé, cambaleou-se um pouco, e logo se aproximou de Dante. Envolveu as mãos na seda suave da camisa branca do homem, e se inclinou para ele. “Eu fui mau,” murmurou Daniel ao olhar a Dante através da cortina de seu cabelo. “Talvez devesse me levar ao quarto e me castigar.” A mandíbula de Dante caiu. Daniel começou a puxar os botões da camisa de Dante, tentando abrir um de cada vez. “Então, poderíamos transar?” sugeriu. “Daniel.” Daniel cobriu a boca, por isso Dante o olhou surpreso. “OH, maldição.” Ele sorriu enquanto se dirigia de volta aos botões da camisa de Dante. “Bom, agora vai ter que me castigar.” “Daniel é suficiente. “ Daniel sentiu uma onda de alegria. Por fim tinha a atenção completa de Dante. Eles iriam para o seu quarto brincar, ele um pouco bêbado, poderia averiguar até onde chegavam seus limites, talvez tivesse que empurrar um pouco mais. Daniel acariciou com sua mão a pele quente e gloriosa revelada pela abertura da camisa de Dante. “Você acha que pode me mostrar qual foi meu engano no caminho, Dante?” Daniel fez beicinho. “Pare Daniel,” “Dante.” Dante agarrou os pulsos de Daniel duro e lhe deu uma sacudia quando ele empurrou de volta. “Vermelho Daniel, vermelho.” A cabeça do Daniel lhe fez dar-se conta do uso da palavra de segurança compartilhada com Dante. Podia ver o desespero profundo nos olhos esmeralda de Dante e um terror frio o encheu. Joey se tinha equivocado. Dante não o queria.

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Não se tinha mantido à margem porque queria lhe dar tempo. Dante ficou fora porque já não o queria. Daniel deu um passo atrás e se soltou das mãos de Dante. Ele, ausente, esfregou-se os pulsos enquanto olhava ao redor do quarto, não porque lhe doesse, mas bem porque não sabia que mais fazer. Seus pensamentos pareciam fragmentados, saltando rapidamente de um lado a outro e só se decidia por uma coisa: Tenho que ir embora. Ele não ficaria onde não o queriam. Joey, Logan e Dante, todos estavam em silêncio, como se sentissem muita vergonha de dizer uma palavra. Nenhum deles o olhavam. “Eu sou... uh... vou tomar uma ducha,” disse Daniel em voz baixa. Deu a volta e se dirigiu ao quarto que tinha compartilhado com Dante no último par de semanas. Ele quase podia escutar os argumentos enquanto fechava a porta detrás dele, mas não parecia decidir se prestava atenção. Sentia-se como se movesse em câmara lenta quando agarrou sua mochila do armário e colocou várias mudas de roupa de baixo. Agarrou a jaqueta e colocou um par de sapatos. Como em piloto automático, aproximou-se de novo da cômoda, abriu a pequena caixa de madeira onde Dante lhe disse que guardasse suas posses mais preciosas, e tirou uma pequena caixa de joias de cor vermelha. Abriu a tampa e tirou o anel que sua avó lhe tinha dado. Rompeu-lhe o coração somente em pensar em vendê-lo, mas necessitaria um pouco de dinheiro para viver onde terminasse vivendo. Empurrou o anel no bolso de sua jaqueta. Com um último olhar ao quarto em que tinha tido a esperança de ter passado o resto de sua vida, abriu a porta do quarto e saiu. Dirigiu-se à cozinha para a porta secundária para evitar a sala, onde ainda podia ouvir os homens discutir. Não parou para escutar, não podia decidir-se em prestar atenção para não sentir-se mais humilhado. Não lhe importava nada. “É um tolo, filho da puta!” “Joey!” exclamou Logan. “OH, por favor, sei que está pensando a mesma maldita coisa,” espetou Joey.

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Dante sentiu todo o peso da ira do Joey quando se virou a olhá-lo. “Tem alguma ideia de quanto tempo me levou convencer ao Daniel para que mostrasse todo o desejo que tem por você? Sua agitação era tão ruim que teve que tomar uma bebida só para acalmar seus nervos,” adicionou Joey. “Que é exatamente pelo que lhe disse que não?” respondeu Dante. “Daniel estava bêbado. Não sabia o que estava fazendo.” “Ele não estava bêbado. Tomou só uma bebida.” “Vocês passaram através de uma garrafa inteira de vodca.” “Não, a árvore de palma passou por uma garrafa inteira de vodca,” disse Joey. Aproximou-se e ergueu para cima uma folha larga e verde da palmeira que estava junto à chaminé. “Daniel só tinha tomado um coquetel porque necessitava coragem para ser capaz de aproximar de você. Mas eu só acrescentei álcool a sua primeira taça.” “O que está dizendo, Joey?” “Que parte da resposta não entende?” Joey se rompeu. “Daniel esteve esperando por teu movimento desde que o beijou faz um par de semanas. Convenci-o de que tinha que dar o primeiro passo, que você só estava esperando que ele fizesse algo. Agora se sente duplamente rechaçado, Dante. Eu, sério, não sei se terá outra oportunidade.” Dante engoliu o nó na garganta. “O que quer dizer?” “Sabe o difícil que foi converse ao Daniel para que fizesse uma peça de teatro para você? Estava totalmente convencido de que você tinha que estabelecer as regras e que se quisesse teria feito um movimento sobre ele. Convenci-o para que pensasse de maneira diferente, e então você teve que destruir tudo.” “Portanto, supõe-se que eu tenho que ignorar tudo o que aconteceu com ele e levá-lo para o quarto, bater na sua bunda e logo transar com ele?” “Sim!” Exclamou Joey. Dante jogou as mãos ao ar em um arrebatamento de desespero. “A última vez que tentei algo com o Daniel ele reagiu dizendo sua palavra de segurança.” “Bom!”

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“Bom?” “Sim, mas isso significa que Daniel confia em você o suficiente para saber que vai parar quando lhe disser isso.” Joey franziu o cenho. “Você se deteve, não?” “É obvio.” Joey levantou as mãos no ar. “Bom, aí o tem.” “Ter o que?” “Ele está confiando em você,” disse Joey “confiando em que você cuide dele e não lhe faça mal. Esta foi a primeira vez desde que foi atacado que atuou sobre os sentimentos que tem por você.” Dante desabou no sofá, sustentando sua cabeça entre suas mãos trementes. “E eu o rechacei.” “Sim,” disse Joey simplesmente. “Ele nunca vai confiar em mim outra vez.” “Não.” Dante levantou a cabeça e olhou ao Joey fixamente. “Não está ajudando.” “Por que teria que fazê-lo? Já tentei te ajudar duas vezes, uma quando te apresentei ao Daniel, e depois, falando com ele para que fizesse uma pequena peça de teatro para você. Você fudeu tudo em ambas as ocasiões. Não sei se merece minha ajuda uma vez mais. Talvez Daniel esteja melhor sem você.” “Eu o amo, Joey.” “Prova-o,” desafiou Joey, cruzando os braços sobre o peito. “Como?” “Indo ali,” disse Joey enquanto assinalava para o dormitório “e mostre ao Daniel que o quer. Domina-o, castiga-o, e transe com ele sobre o colchão. Dante e confia nele, pois ele saberá quando usar sua palavra de segurança tal como ele confia em você o suficiente para respeitar que a use.” Dante inclinou sua cabeça e murmurou: “O que acontece se ele não me perdoar?” “Então tem que trabalhar duro para voltar a obtê-lo.”

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Dante assentiu com a cabeça tristemente. Merecia tudo o que Daniel lançasse em sua direção, cada zangada palavra. Só esperava que pudesse conseguir falar com o Daniel o tempo suficiente para resolver as coisas entre eles. Dante ficou de pé e se dirigiu para o dormitório. Deteve-se ante a porta e respirou fundo, flexionando os dedos para tirar a tensão deles antes de chamar brandamente e logo abrir a porta. “Daniel” disse Dante em voz baixa quando entrou no quarto. “Lindinho?” Franziu o cenho pela confusão quando encontrou o quarto vazio, as gavetas da cômoda abertas, as portas do armário abertas. Mas o que atraiu sua atenção foi a caixa de joias de cor vermelha na parte superior da cômoda. Aproximou-se e a agarrou, embalando a pequena caixa vazia na mão. “OH, Daniel, o que você fez agora?”

***** O corretor tinha oferecido ao Daniel uns trezentos dólares pelo antigo anel de diamantes de sua avó. Daniel comprou uns cem dólares de mantimentos e comprou um bilhete de ônibus com os restantes dos duzentos dólares. O canto de sua boca se levantou um pouco ao recordar o olhar de assombro que puseram na agência de viagens, quando perguntou até que cidade poderia lhe levar no ônibus com duzentos dólares. Ele teve sorte. Com duzentos dólares poderia percorrer quase a metade do país. Sua viagem terminaria em um pequeno povoado. Daniel nem sequer podia recordar o nome, mas nesse momento, não lhe importava. Estaria longe daqui. Sentou-se em uma das cadeiras de plástico duro do terminal de ônibus, e olhou seu relógio de pulso. Quarenta e cinco minutos de espera.

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Ainda não podia acreditar quão estúpido tinha sido para fazer o que fez com o Dante. Certamente, não podia lhe jogar a culpa ao álcool. Não se sentia bêbado. Só com uma dor de cabeça forte que persistia para lhe recordar que não tinha bebido absolutamente. Mas, é obvio, também se podiam atribuir os golpes nas têmporas a tentar conter as lágrimas. Tinha vontades de se aconchegar em algum lugar e chorar Mas não podia ver a si mesmo fazendo isso em um terminal de ônibus, e o banheiro público não se via muito melhor. Possivelmente uma vez que subisse ao ônibus. “Daniel, não?” Daniel bruscamente, saltou para trás sobre a sombra que caiu sobre ele, até que reconheceu ao oficial Jack McLarren, mas por pouco. O homem esta vez vestia roupa de rua em lugar de seu uniforme. Pouco a pouco deixou escapar o fôlego que tinha apanhado em sua garganta e assentiu com a cabeça. “Olá, oficial.” “Por favor, me chame Jack.” O oficial se sentou junto ao Daniel e lhe indicou o terminal com um gesto de sua mão. “O que está fazendo aqui? Pensei que estaria com Dante.” “Sim, eu também, mas acredito que trocaram as coisas.” “Aonde vai? “ Daniel se encolheu de ombros. “Não sei, a algum lugar longe daqui.” Jack apoiou os cotovelos nos joelhos e se inclinou para diante. “Isso não parece muito divertido. Quer falar disso?” “Não há nada do que falar.” Daniel apartou o olhar dos olhos curiosos do oficial e olhou para baixo a seus sapatos. “Cometi um engano, isso é tudo.” “Um engano?” Perguntou Jack. “E é o suficientemente ruim como para querer ir embora da cidade?” “Não posso ficar aqui.” “E seus amigos? Não pode ir com eles?”

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“Não” Daniel negou com a cabeça. “Sei que só quer me ajudar, mas neste caso não há nada que possa fazer. É melhor ir embora.” “O que acontece ao homem que te sequestrou? O que acontece se o determos? Voltará para dar queixa?” “Acho que sim.” “Então, como se supõe que poderemos entrar em contato contigo se for?” “Suponho que poderíamos nos chamar cada duas semanas ou algo assim.” “Daniel…” “Não posso ficar, Jack. Já não sou querido aqui. Dante está cuidando de mim porque se sente culpado.” “Acredito que está equivocado, Daniel,” disse Jack. “Não viu como ficou preocupado quando desapareceu? Eu sim. Pensei que ia perder sua prudência. O homem se preocupa com você mais que de respirar.” Daniel queria acreditar, realmente queria, mas todas as provas diziam o contrário. Dante cuidou bem dele, assegurou-se de que comesse bem, que todas suas necessidades médicas se cumprissem. Inclusive manteve Daniel seguro de todos, o que um amigo faria por outro. Mas era flagrantemente evidente para o Daniel que Dante não queria mais dele que isso. Tinha perdido a paciência ou o interesse, e de qualquer maneira, o resultado final era o mesmo. Daniel estava sozinho. Sabia que estava danificado. Em muitos sentidos, agora era um homem quebrado. Nem sequer estava seguro se poderia ter passado pela proposta que tinha feito a Dante, mas quis tentá-lo. Ao parecer, para Dante não tinha sido suficiente. Dante não pôde ter deixado mais claro sua falta de interesse sexual sobre o Daniel, isso dizia que não o queria. Pensar nesse momento, quando Dante o rechaçou, fez-lhe tremer. Havia-se sentido tão envergonhado que tinha desejado desaparecer em um buraco no chão e perder-se nele. “Daniel!”

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A cabeça do Daniel se elevou ante o som da voz de Dante gritando seu nome. Sua boca se abriu ao ver correr ao homem através do terminal de ônibus, com o Joey e Logan detrás dele. Seu rosto se via tenso, pálido, o cabelo em desordem. Dante se deteve justo em frente ao Daniel, agarrando-o pelos braços e puxando para que ele ficasse de pé. Muito aturdido para protestar, Daniel permitiu que Dante o abraçasse. Por que está aqui?Acaso o homem não se sentia aliviado de que o tivesse deixado? “Ah, lindinho,” disse Dante em voz baixa. “Eu estava tão preocupado.” Daniel teve que olhar sem querer aos olhos de Dante, quando o homem se inclinou para trás e o olhou, com medo do que pudesse ver nas profundidades de cor verde. Não acreditava que pudesse com nenhum outro rechaço mais. Daniel franziu o cenho quando Dante lhe acariciou a bochecha e apertou os lábios contra seu cabelo. Dante não atuava como um homem que estava feliz de lhe ver pela última vez. “Dante…” “Amo você, Daniel.” “O que?” Daniel tratou de afastar-se. Como se atrevia Dante a jogar com suas emoções desta maneira? Sentia-se como se alguém lhe tivesse golpeado no estômago. Devastado, girou a cabeça para ocultar suas lágrimas. “Por favor, lindinho,” disse Dante em voz baixa. “Eu não estou mentindo. Eu te amo!” Daniel deixou de lutar e finalmente se encontrou com os olhos de Dante. “Então por quê?” Dante fechou os olhos por um momento. Quando os abriu, Daniel podia ver a miséria do homem refletida claramente ali. As sobrancelhas de Dante se juntaram. Abriu e fechou a boca várias vezes como lutando por encontrar as palavras adequadas. “Daniel, você estava bebendo,” disse Dante por fim. “Pensei que estava...” “Você pensou que eu estava bêbado?”

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Dante assentiu com a cabeça. “Por muito que queria ir ao nosso quarto, não pude quando soube que esteve bebendo. Tinha que estar seguro de que realmente desejava o que havia dito, que não estava dizendo essas coisas só porque estava bêbado.” “E se eu não tivesse estado bebendo?” disse Daniel em voz baixa. O rosto de Dante se ruborizou. “Sua bunda estaria agora de uma perfeita cor vermelha.” Daniel sentiu um comichão estranho lhe percorrer todo o corpo. “Você diz as coisas mais agradáveis, Dante.” Dante segurou um lado do rosto do Daniel e se inclinou para beijá-lo. Daniel se inclinou sobre a mão com o coração acelerado. “Você quis dizer o que você disse, Daniel?” disse Dante em voz baixa. “Está seguro que quer que te castigue? Que te faça amor?” “Você quis dizer o que você disse?” Respondeu Daniel. “Realmente me ama?” “Sim, com toda segurança o faço.” “Então eu disse a sério.” Daniel franziu o cenho. Ele tocou os botões da camisa de Dante. “Não estou seguro de até onde posso ir, mas eu gostaria de tentar. Talvez pudéssemos trabalhar até que as coisas aconteçam com normalidade?” “Não há nada eu gostaria mais.” Dante acariciou a curva da bochecha do Daniel. “Te prometo que vou tão lento como você o necessite.” “Podemos ir para casa?” “Sim, lindinho, mas primeiro temos que passar na casa de penhor e conseguir o anel de sua avó de novo.” “Como…?” “Como sei que empenhou o anel de sua avó?” Dante lhe perguntou. “Quando Jack me chamou e me disse que tinha visto você na estação de ônibus sabia que empenharia o anel para comprar uma passagem de ônibus.” “OH!”

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“Também temos que agradecer ao Jack por me chamar.” Dante olhou além do Daniel, onde o policial ficou com o Joey e Logan. “Acredito que Jack vai encaixar em nossa pequena família muito bem.” “É gay?” Dante pôs-se a rir. “Não tenho ideia.”

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Capítulo 9 Dante sentiu mariposas no estômago enquanto caminhava de volta ao apartamento com o Daniel. Seus nervos estavam desgastados. Seu mundo inteiro saiu pela porta quando Daniel se foi. Tinha que encontrar uma maneira de evitar que o fizesse de novo. “Daniel, posso falar contigo um momento?” Daniel se deteve a caminho do quarto e se virou. Parecia preocupado, as sobrancelhas unidas, a comissura da boca baixas, franzindo o cenho. “Veem aqui,” disse Dante, fazendo um gesto para que se unisse a ele. “Não é nada ruim, lindinho. Só preciso falar contigo.” Daniel deu uns passos vacilantes e logo acelerou e se lançou aos braços de Dante. Este tomou um momento para abraçá-lo, saboreando a sensação do homem menor em seus braços, antes que brandamente o liberasse e o levasse a sala. Dante se sentou no sofá e sentou ao Daniel sobre seu colo. “Eu necessito que faça algo por mim, Daniel.” “O que quiser.” Dante sorriu ante a instantânea resposta. “Obrigado, Daniel, mas tem que escutar o que quero antes de concordar com isso. “ “Não, eu não,” disse Daniel rapidamente. “Nunca me faria mal, nem me obrigaria a fazer algo que eu não quisesse.” Dante sentiu um comichão de lágrimas no canto de seus olhos pelas palavras do Daniel. Nunca pensou que seria tão rápida sua cura. Estaria mentindo se dissesse que não acreditava que se tratava de um milagre, e um pelo que sempre estaria agradecido. “Obrigado, lindinho, significa muito para mim que confie em mim.” Dante se inclinou e beijou um lado da cabeça do Daniel. “Acredito que esse tipo de entendimento é o que necessito de você. Vamos ter problemas, Daniel, duas pessoas que vivem no mesmo espaço não podem se afastar cada vez que tenham diferenças. Isso não vai se resolver assim.” 112


Daniel baixou a cabeça. Parecia estar olhando os dedos, quando ele os entrelaçou. “Sinto muito. Sei que não deveria ter fugido. Não podia pensar em nada mais que fazer. Pensei que você não me queria.” “Sempre vou te querer, Daniel.” “Não pode prometer isso,” insistiu Daniel. “Sim, posso.” Dante riu entre dentes. “Eu sabia do momento em que disse sua primeira maldição, que era meu homem. Nunca conheci a ninguém como você. Tem a quantidade justa de submissão e ferocidade mescladas entre si para que seja perfeito aos meus olhos.” Daniel inclinou sua cabeça para trás. “Minha primeira maldição? Sério?” “Daniel, eu gosto de ter um submisso. Você sabe. Mas eu não quero um tapete. Quero alguém que me faça trabalhar para obter o que quero, alguém que de vez em quando me replique. Quero a alguém com o que possa ter uma discussão decente fora de uma cena.” Dante retirou o cabelo dos olhos do Daniel e lhe sorriu. “Eu te amo.” “De acordo.” Os pálidos olhos verdes do Daniel brilharam. Os cantos dos olhos se enrugaram quando sorriu. Os batimentos do coração de Dante aumentaram quando a mão do Daniel se arrastou da clavícula até a abertura de sua camisa. “Dante, Verde.” Dante inalou fortemente, seu pênis passando de estar flácido a estar duro como uma rocha em um segundo. Daniel lhe dava permissão a um nível muito primitivo. Dante não era estúpido, ou pelo menos não o suficiente como para não tomar o que lhe oferecia. Levantou o Daniel, ficou de pé e o levou o dormitório. Dante vigiou cuidadosamente o rosto do Daniel procurando qualquer sinal de socorro enquanto o baixava até que seus pés tocaram o chão. O sereno resplendor no rosto do Daniel o surpreendeu. Ele se via bem, perfeitamente relaxado, mas Dante precisa estar seguro. “É isto realmente o que quer, Daniel?”

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Daniel assentiu com a cabeça. Seus olhos pareciam pegos ao peito de Dante. “Como disse na estação de trem, não estou seguro de até onde posso ir, mas eu gostaria de tentar, talvez trabalhando até chegar a coisas maiores.” Levantou a vista. “Mas sei que não quero estar com ninguém mais.” Isso era o suficientemente bom para Dante. Sabia que ainda tinha que avançar com cautela com o Daniel. Não estavam seguros de que coisas podia fazer, posto que Daniel não estava preparado para tudo, como ele mesmo havia dito, teria que trabalhá-lo. Dante só tinha que averiguar até onde chegar. Ele resistia a mover-se muito rápido para não assustar ao Daniel, mas o homem parecia não ter essas reservas. Dante não pôde conter um gemido de necessidade quando as mãos do Daniel se moveram sobre seu corpo, desabotoando sua camisa e empurrando-a pelos ombros. Parecia que tinha passado uma eternidade desde que havia sentido as mãos do Daniel em seu corpo. Dante olhou para baixo ao Daniel com um sorriso nos lábios apanhados entre os dentes. Perguntou-se se Daniel conhecia o poder que tinha. Só uma palavra e Dante faria tudo o que o homem quisesse. Só uma palavra e Dante não o tocaria. Tudo estava nas mãos do Daniel. Quando Daniel pareceu vacilar, como se ele não estivesse seguro do que fazer a seguir, Dante decidiu tomar o controle da situação. Só podia esperar que Daniel recordasse sua palavra de segurança se fosse necessário para parar. “Eu deixei passar as últimas semanas, Daniel, mas agora acabou. “ Dante mordeu o interior da bochecha para evitar sorrir quando os olhos do Daniel se abriram. “E me abandonar sem permissão, está definitivamente em minha lista de práticas inaceitáveis. Merece uma surra, não?”

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Daniel tragou saliva. Seus olhos se fecharam por um momento. Quando os abriu, Dante inalou fortemente ao ver o desejo que brilhava neles. Daniel, ao parecer, queria isto tanto como ele. “Tire a roupa, dobre-as, e a coloque na cadeira ali,” disse Dante, apontando a uma cadeira de balanço junto à parede. “Logo volta e se ponha diante de mim.” Dante viu o suave rubor encher o rosto do Daniel, o que indicava que recordava as palavras que usaram uma vez. Um pequeno sorriso adornou seus lábios enquanto pegava sua roupa, dobrava-a, e a colocava sobre a cadeira no canto. Rapidamente voltou e ficou diante de Dante, com as mãos dobradas detrás dele. Dante acariciou um lado do rosto do Daniel, levou a mão atrás, pelo pescoço do homem até seu peito. “Muito bem feito, lindinho.” Ele se moveu além do Daniel e se sentou na beirada da cama. “Temos que fazer frente ao meu comportamento desrespeitoso antes que possamos continuar, Daniel. Veem, deite sobre meu colo.” Dante conteve o fôlego quando Daniel duvidou por um momento. Deixou-o escapar lentamente quando Daniel fez o que lhe tinha pedido. Dante passou a mão sobre as costas do Daniel, em um esforço por lhe acalmar e lhe tranquilizar. Acariciou com suas mãos a parte inferior e as moveu sobre a bunda brandamente, sobre as arredondadas bochechas do Daniel, depois, a suas coxas. “Tem um traseiro formoso, Daniel.” “Obrigado,” disse Daniel em voz baixa. Dante deslizava sua mão pelo traseiro do Daniel, o homem tinha que acostumar-se à sensação de ser tocado tão intimamente. “Qual é sua palavra de segurança, Daniel? “ “Vermelho para parar, amarelo para reduzir a velocidade, e verde para seguir em frente.” Dante sorriu e acariciou as bochechas do Daniel. “Muito bem, Daniel. Agora, acredito que vamos começar hoje com dez. Se você dirigir isto satisfatoriamente, passaremos a mais amanhã.”

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“Agora, a contagem,” ordenou Dante quando levou a mão para baixo através do arredondada bunda do Daniel. “E não goza até que te de permissão.” “Um!” Dante fez uma pausa. “Um o que, Daniel?” “Um, am-MA-amarelo, Dante” Daniel gritou. “Está bem, está bem lindinho, tenho-te,” disse Dante, tomou o tremente corpo do Daniel em seus braços. Abraçou-o fortemente, aproximando-o e o acariciou do cabelo até o cinzento rosto. “Me conte o que está mau.” “Não posso, não posso” Daniel balbuciou. “Ele me fez que o chamasse mes…” Daniel negou com a cabeça freneticamente, as lágrimas brilhando em seus olhos. “Não posso…” “Shh, lindinho,” murmurou Dante contra a cabeça do Daniel. Seu coração lhe doía pela angústia que Daniel ainda sofria nas mãos de um monstro não identificado. “Eu te entendo, e não vou pedir que me chame de Mestre. Com muito gosto me conformaria com Senhor se te faz sentir mais cômodo.” Todo o corpo do Daniel estremeceu, depois respirou um par de vezes antes de levantar a cabeça para olhar para cima. “Senhor?” Dante sorriu, a felicidade lhe encheu o coração ante a palavra dita com a voz suave do Daniel. “Um som perfeito, lindinho.” Deu-lhe uns tapinhas no quadril. “Agora, assumirá a postura. Ainda temos uma disciplina que administrar.” Daniel se lançou tão rapidamente sobre Dante que quase o derrubou. “Lembre-se, Daniel” disse, no momento no que o corpo do Daniel se colocou. Levou a mão para baixo à bochecha da pálida bunda do homem. “Um, Senhor!” Dante observou a reação do Daniel com cuidado quando lhe deu uma palmada de novo na bunda, em busca de qualquer sinal de mal-estar, e não do tipo de palmada dolorida. Precisava saber se Daniel estava desfrutado do que estava acontecendo, de tudo o que fazia. “Dois, Senhor!”

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Quando Daniel não ofereceu nenhum protesto, Dante lhe seguiu golpeando com força. No quarto golpe, o traseiro do Daniel começou a tornar-se de cor rosa. Dante massageou as bochechas coloridas por um momento, desfrutando do calor que sentia sob sua mão, antes de Dante bater outra vez ao Daniel. “Cinco, Senhor!” Dante fez uma pausa, com a mão no ar. “Ainda está bem, Daniel?” Daniel ofegou. “Senhor, verde.” Dante levou a mão para baixo de novo, esta vez com um pouco mais de força. Sentiu mover-se ao Daniel, sentiu que seu pênis duro se apertava entre suas coxas. Dante apertou as pernas juntas, e capturando o pênis do Daniel entre ambos, golpeou-o outra vez. “Seis, Senhor!” “Só quatro mais, Daniel.” “Sim, Senhor.” No momento em que Dante dava o oitavo golpe, Daniel empurrava seus quadris com cada um deles. Normalmente se requereria que Daniel rogasse pelo seguinte açoite, e teria que fazer cumprir essa regra amanhã, mas Dante decidiu que o deixaria ir por esta vez. “Nove, Senhor!” Dante esfregou o vermelho traseiro do Daniel. Acariciou-o com um dedo para baixo entre as bochechas quentes, roçando seu apertado buraco. Daniel grunhiu, pressionando as costas contra o ligeiro toque de Dante. “O último, lindinho,” disse ao tempo que levava a mão para baixo ao traseiro do Daniel. No momento em que a mão tocou a pele quente, Dante moveu os dedos para baixo entre as bochechas da bunda do Daniel e apertou um em seu apertado buraco. Dante viu em estado de choque do rosto do Daniel quando este arqueou as costas e gritou, as bochechas de seu traseiro apertadas ao redor do dedo de Dante. Sentiu a umidade quente sobre suas coxas, quando Daniel encontrou sua liberação.

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Dante não esperava que Daniel chegasse ao clímax em sua primeira surra, mas não deveria lhe haver surpreendido. Daniel queria umas palmadas. Ele, deliberadamente, colocou-se em problemas só para receber uma. Seu recente clímax era uma recompensa maravilhosa para os dois. Dante sorriu enquanto Daniel se estremecia. Então, de repente, o corpo do Daniel se acalmou, um suave grito saiu de seus lábios. “Sinto muito, Senhor.” sussurrou Daniel, com a cabeça encurvada. Dante franziu o cenho. Levantou o Daniel e o sentou sobre seu colo, embalando ao homem contra seu peito. Daniel se escondeu no abraço, ocultando seu rosto na camisa de Dante. “Não há nada que lamentar, Daniel.” “Você me disse que eu não devia gozar até que me dissesse isso.” Dante riu. Agarrou o queixo do Daniel e inclinou a cabeça para trás, olhando aos suaves olhos de cor verde pálida. “Era de se esperar, Daniel. Faz bastante tempo que não te disciplinei. Estou seguro de que esqueceu tudo o que te ensinei.” O rosto do Daniel ficou de um vermelho intenso. “Eu lembro.” “Então só temos que fazer disto uma parte regular de nossa rotina diária, verdade?” Dante lhe perguntou. “Acredito que dez golpes cada manhã será uma boa maneira de começar o dia.” Daniel começou a sorrir, mas logo franziu o cenho, a confusão enchia seu rosto e fazia que se juntassem suas sobrancelhas. “Uma surra não se supõe que é um castigo?” “Em seu caso não, lindinho. “Dante riu.” Você gosta muito.” A risada do Daniel encheu o quarto e isso esquentou o coração de Dante. Fazia muito tempo que não ouvia o som tão doce e livremente. Dante decidiu fazer todo o possível para que Daniel sorri-se mais frequentemente. Agarrou ao Daniel e o virou para baixo e o colocou na cama antes de estirar-se a seu lado. Acariciou o peito do Daniel, e logo moveu sua mão mais abaixo, acariciando seu abdômen. “Agora, não temos um pouco de amor que desfrutar?”

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“Sim, Senhor.” A voz do Daniel parecia irregular, áspera. Dante o olhou ao rosto rapidamente, preocupado, com medo de que Daniel não tivesse superado. Tudo o que encontrou foram esses olhos verdes ardendo de desejo e de necessidade. Dante olhou para baixo para o corpo nu do Daniel, surpreso pelo que sentiu que despertava nele com somente olhar ao homem. De membros largos, as linhas de seu corpo esculpidas com formosos músculos e a pele dourada. “É tão lindo, Daniel,” disse Dante em voz baixa. “Eu adoro te olhar.” Um suave rubor cobriu o corpo do Daniel da cabeça aos pés, e fez rir ao Dante. Daniel podia ser carinhosamente tímido às vezes, uma qualidade que Dante realmente admirava. Enquanto ele gostava de ter um homem de aparência agradável em sua cama, não desejava a alguém que utilizasse sua beleza para conseguir o que queria. Daniel parecia desconhecer o poder que exercia sobre Dante e ele se ocuparia de que seguisse sendo assim. Sem dúvida, se Daniel soubesse o controle que poderia ter sobre ele se encontraria em uma merda muito mais profunda do que se encontrava agora. Com muito pouco esforço, Daniel podia envolvê-lo ao redor de seu dedo mindinho e então, onde estariam? Dante rolou para o lado da cama e se levantou. Assinalou com um gesto a sua calça. “Dispa-me, lindinho.” Daniel deu a volta com impaciência e se arrastou até a beirada da cama, sentando-se nele. Suas mãos tremiam quando chegou a calça de Dante. Desabotoou, empurrou para baixo e ajudou ao Dante a sair dela. Dante parou frente ao Daniel, seu duro pênis se sobressaindo de seu corpo. Deixou que suas mãos pendurassem livremente aos lados enquanto esperava o próximo movimento do Daniel. O homem parecia estar olhando seu pênis como se não estivesse seguro do que fazer com ele. Dante tinha algumas ideias. “Pode me tocar, lindinho.”

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Daniel se aproximou timidamente. Sua carícia se sentiu leve como plumas para Dante, que apertou os punhos e conteve o fôlego ante a pura excitação que o atravessou como uma espiral ao longo de seu corpo. Quando Daniel aplicou um pouco mais de pressão, Dante não pôde conter um gemido. O prazer que derivava do toque suave do Daniel voou a sua mente. Dante viu como Daniel se inclinava para frente como se fora a tomar seu pênis na boca. Sua boca se abriu, então fez uma pausa e a levou aos lábios. Com a boca aberta se inclinou um pouco mais e se deteve de novo. Olhou incerto e vacilante, e com um pouco de medo. Dante agarrou ao Daniel pelos braços e o levantou da cama, tirando a decisão das mãos do homem. Obviamente, Daniel não estava preparado até para o sexo oral, e isso estava bem com Dante. Ele sabia de muitas outras coisas que podiam fazer juntos. Dante subiu à cama e se acomodou entre as pernas do Daniel. Podia sentir seu pênis pressionando contra seu abdômen. Suas mãos tremiam, quando se apoderou dos ombros de Dante. Recostado, Dante exigiu a boca do Daniel em um ardente beijo. Mais que ouvi-lo, sentiu o gemido que passou através dos lábios do Daniel. Tinha medo pelo homem, e também de seu desejo. Era necessário tomar as coisas com calma. “Está-o fazendo muito bem, lindinho,” murmurou Dante contra os lábios do Daniel. “Estou muito orgulhoso de você.” “Está?” Dante sorriu. “Sim, e vou te mostrar o muito que estou agora mesmo.” Dante deslizou para baixo pelo corpo do Daniel pouco a pouco. Beijou-o, lambeu e mordiscou até que chegou a seu pênis. Levantava-se orgulhoso uma vez mais, contraindo-se cada vez que Dante dava suaves toques ao corpo do Daniel.

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Dante se inclinou e lambeu um lado do duro membro, desfrutando da reação foto instantânea do Daniel. Este se estremeceu esticando as coxas. Tinha as mãos apertadas com força no cabelo de Dante enquanto gritava. “Dante, Senhor!” Dante pôs-se a rir e retirou os dedos do Daniel de seu cabelo. Inclinou-se e agarrou uma garrafa de lubrificante da mesinha de noite antes de voltar a estar entre as pernas do Daniel de novo. Rapidamente abriu o pequeno tubo e lubrificou seus dedos antes de lançar a garrafa sobre a cama. Não queria dar ao Daniel tempo para pensar em coisas, assim abriu sua boca e se engoliu seu pênis até a raiz. Daniel empurrou seus quadris no ar, um grito forte saiu de seus lábios. Dante amou o pênis do Daniel, lambeu e chupou até que sentiu ao homem começar a retorcer-se. Dante deslizou seus dedos entre as bochechas do traseiro do Daniel e as apertou contra o estreito círculo dos músculos do ânus. Daniel se retorceu, mas não na forma que esperava Dante. Para falar a verdade, esperava que Daniel se retirasse longe, talvez inclusive que protestasse. Em troca, o homem surpreendeu a Dante separando as pernas e puxando elas para o peito. Dante gemeu. Tão fodidamente sexy. Renovou seus esforços. Queria deixar ao Daniel sem sentido quando reclamasse seu prazer. Moveu brandamente seu pênis ao mesmo tempo em que empurrava seus dedos lentamente dentro da bunda do Daniel. Líquido pré-sêmen se filtrava do pênis do Daniel e seu corpo chupou os dedos de Dante completamente, como se tivessem estado ali um milhão de vezes antes. Pequenos gemidos de necessidade saíam do Daniel estimulando a Dante para acrescentar outro dedo, e estender ao homem. “Dante, Senhor,” queixou-se Daniel “por favor, necessito-te, necessito-te…” Dante soltou o pênis do Daniel e olhou seu rosto avermelhada. Apertou outro dedo no interior, empurrando lentamente dentro e fora até que sentiu que Daniel podia tomá-lo sem nenhuma dor. Ele só queria ao Daniel e sentir a paixão quando se unissem.

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Dante liberou os dedos e agarrou a garrafa de lubrificante e uma camisinha. Rapidamente rodou o preservativo sobre seu pênis e a seguir, colocou uma generosa quantidade de lubrificante sobre a camisinha. Por último, jogou mais lubrificante na dobra da bunda do Daniel. Dante se ajoelhou entre as pernas do outro homem, seu pênis empurrando no apertado buraco. “Vou fodê-lo agora, Daniel, está preparado?” Tinha que estar seguro. Tinha que saber se Daniel e ele estavam na mesma sintonia. A paixão que brilhava nos olhos do Daniel tocou a Dante quando o olhou, sua pele ardente marcou seu coração para sempre. Queria recordar para o resto de sua vida. Dante olhou para baixo e viu seu pênis deslizar-se pelo corpo do Daniel até que o quadril se uniu com as bochechas de seu traseiro. Não havia muitos lugares no mundo nos que Dante queria estar, e este era um deles. Teve que agarrar a base de seu pênis e respirar profundamente várias vezes, para evitar gozar nesse mesmo instante. Uma vez que teve recuperado seu autocontrole, Dante se empurrou para o Daniel lentamente e logo se retirou. Olhou o rosto do Daniel procurando qualquer sinal de sofrimento enquanto repetia o movimento várias vezes. Quando não chegou, Dante aumentou a velocidade de seus impulsos. A respiração dura de Dante refletia os pequenos suspiros do Daniel. Manteve seu olhar pego ao do Daniel, seu coração dançava com entusiasmo ante o conhecimento de que não lhe trazia nenhuma lembrança dolorosa, só prazer. “Tão perfeito,” disse Dante em voz baixa. Inclinou-se sobre o corpo do Daniel e agarrou uma perna, puxando mais para cima enquanto que continuava entrando em seu doce traseiro. “Tão lindo, meu amor.” “Dante.” “Veem pra mim, lindinho, me mostre o muito que me quer.” Daniel negou com a cabeça freneticamente. “O quanto te amo!” disse Daniel com firmeza, mesmo que seu corpo ficou rígido e um úmido calor fez erupção entre seus corpos. O coração de Dante ficou pressionado e se congelou.

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Um prazer delicioso o transpassou da cabeça até os pés. Antes que ele se desse conta do que acontecia, seu orgasmo foi arrancado de seu corpo e gritou sua liberação. Estremeceu-se, caindo sobre o Daniel, e permaneceu quieto durante um momento antes de levantar e apoiar sobre seus cotovelos para aliviar ao Daniel de seu peso. Seu corpo ainda tinha espasmos, sacudidas de alegria que passavam através dele quando os músculos internos do Daniel seguiram espremendo seu pênis até tirar a última gota. Por último, para grande decepção de Dante, seu pênis deslizou livre. Levantou a cabeça para olhar para baixo a seu amor, com o cenho franzido de preocupação quando se encontrou com lágrimas deslizando-se pelas bochechas do homem. “Daniel” sussurrou, detento do pânico. “Está doendo?” E se fui muito brusco? Muito duro? Tinha reclamado ao Daniel antes que se curasse por completo? “Lindinho?” perguntou quando Daniel não respondeu imediatamente. Os olhos do Daniel pareciam aturdidos, quase muito grandes para seu rosto, quando olhou para Dante. Abriu a boca e a fechou a seguir, como um peixe fora da água. A preocupação de Dante seguiu crescendo, convertendo-se em terror absoluto. E de repente Daniel sorriu. “Fiz-o,” sussurrou “e não me assustei.” Daniel lhe olhou surpreso, tão orgulhoso de si mesmo, que Dante não pôde evitar rir. “Eu gostaria de pensar que tive algo que ver com isso também.” Dante olhou aos olhos do Daniel e viu como estes se abriram completamente. “Eu não, quero dizer, que…” “Relaxe, lindinho, sei o que queria dizer.” Dante acariciou a bochecha do Daniel. “Portanto, tomar como que está bem? Não há dor? Não muito ao menos?” Daniel sorriu, seu rosto se voltou de um vermelho brilhante. “Estou bem.” “Alegro-me.” Dante moveu seus quadris. “Então, isto é algo que deseje tentar de novo?”

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“Pode ser.” Daniel se pôs a rir. Foi bom lhe escutar. Então o rosto do Daniel ficou sério. “Eu não sabia se podia levá-lo ao final, Dante. Pensei que ficaria…” “Congelado? Teria más lembranças?” Daniel assentiu com a cabeça. “Bom, não o fez,” disse Dante. Agachou-se e passou os dedos pelo sêmen que tinha salpicado o abdômen do Daniel. Pôs a mão úmida frente a ele. “E eu diria que desfrutou tanto como eu.” “Talvez.” Dante sorriu e piscou. “Quer ver que mais pode fazer?” Daniel se ruborizou de novo. “Talvez.”

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Capítulo 10 “Você certamente parece contente.” Joey riu enquanto permanecia sentado no sofá de frente ao Daniel. “Posso supor que as coisas estão melhores do que estavam a última vez que falamos?” “Muito.” Daniel riu. “OH! Assim já tudo bem.” “Bom, sabemos que o equipamento segue funcionando,” disse Daniel, “Dante ainda tem um efeito inimaginável em mim. Inclusive estamos fazendo algumas das coisas que desfrutávamos antes, bom, antes que as coisas saíssem erradas.” Daniel tocou a barra de sua camisa de algodão. “Ainda há algumas coisas que não posso fazer, mas Dante parece pensar que é só questão de tempo.” Joey assentiu com a cabeça. “As palmadas?” “Surpreendentemente, não,” respondeu Daniel. “Dante me dá dez palmadas todas as manhãs.” “Seriamente?” Joey perguntou, olhando assombrado. “Você amaldiçoa tanto assim?” “Não, Dante parece acreditar que é uma boa maneira de começar meu dia. Ele diz que tem que encontrar outra maneira de me disciplinar, porque eu gosto muito das palmadas.” A risada do Joey encheu a sala. Ele ricocheteou no sofá e depois descansou de novo sobre as almofadas do canto. “Já vejo.” Daniel se encolheu de ombros. “É uma coisa…” Joey moveu as sobrancelhas. “É uma boa coisa, também.” “Sim.”

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“Então, quais são seus planos para esta noite?” Joey lhe perguntou. “Logan disse que os dois tinham algo grande em marcha, e Dante queria que nós estivéssemos aqui como apoio moral.” “Eu concordei em descer com o Dante.” “Lá em baixo?” Joey de repente se endireitou e se inclinou para o Daniel. “Concordou em descer no bar?” “Eu acho que já é hora. Não posso seguir me escondendo aqui para sempre.” Daniel olhou para os dedos por um momento, e os pressionou juntos. “Além disso, Dante disse que estaria ali comigo, e eu gostaria que você e Logan estivessem ali também.” Joey ficou pensativo, o lábio inferior apanhado entre os dentes. “Está seguro, Daniel?” “Porra, não!” “Daniel!” Daniel sentiu subir a cor de seu rosto quando se deu conta de que a advertência vinha de Dante que estava detrás dele. Ele inclinou a cabeça para trás para ver o homem de pé justo detrás dele, com os braços cruzados sobre o peito e um olhar furioso no rosto. “Olá Dante.” “O que te disse a respeito de amaldiçoar?” “Amaldiçoar é um sinal de uma mente preguiçosa,” resmungou Daniel. “Me escapou, Dante, juro-lhe isso.” “Isso não é desculpa para seu comportamento, Daniel, agora irei ao quarto com você.” Daniel vacilou durante uns dois segundos antes de ir para os dormitórios. Sabia pelo pequeno sorriso que aparecia no rosto de Dante enquanto foram juntos, que não estava muito zangado com ele. Não pôde evitar saltar nos últimos passos, sobre tudo quando ouviu a porta do dormitório fechar-se detrás dele, então sentiu as fortes mãos agarrar seus quadris, abraçandoo. O quente fôlego lhe roçou a nuca, lhe fazendo tremer do desejo que sentia.

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“Você foi muito mau, lindinho” disse Dante em voz baixa. “O que devo fazer contigo?” Daniel sorriu e apoiou a cabeça contra o peito de Dante. “Você poderia me dar umas palmadas.” “Ah, agora, eu poderia, mas não acredito que isso ensine a não amaldiçoar,” disse Dante. Daniel podia ouvir a risada na voz de Dante. “Eu acredito que isso não ajudaria de maneira nenhuma, mais bem acredito que te animaria a amaldiçoar ainda mais.” Daniel gemeu em sinal de protesto quando Dante se separou dele. “Não,” disse Dante. “Tenho que encontrar outro castigo para te manter centrado, manter sua mente a respeito de por que está sendo disciplinado.” Dante se aproximou de seu armário dos brinquedos e o abriu. Olhou por cima do ombro ao Daniel. “Tire a roupa e se deite sobre esse lado da cama, Daniel.” A antecipação levou ao Daniel até a borda. Suas pernas tremiam tanto, que agradeceu a sua estrela da sorte por ter que se sentar no lado da cama para tirar as meias e os sapatos. Do contrário, poderia ter caído. Daniel pegou a roupa e a pôs em uma pilha cuidadosamente dobrada na cama a seu lado. Estendeu-se de barriga para baixo e esperou, seu pênis cada vez mais duro por momentos. Toda sua atenção se centrou em escutar ao Dante; saltou quando sentiu uma mão tocar seu quadril. “Relaxe, lindinho,” disse Dante enquanto acariciava o rosto do Daniel.” Não vou te machucar.” Daniel se pôs a rir nervosamente. “Já sei. Você só me surpreendeu.” “Está preparado para mim, bebê?” Estou preparado? Preparado para que? “Uh, está bem.” Daniel estremeceu quando as mãos de Dante tocaram as bochechas de seu traseiro. Não foi até que sentiu o lubrificante contra seu buraco que se deu conta da intenção de Dante. Não podia dizer que não estava intrigado pela ideia.

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Daniel não tinha permitido que lhe pusessem um plug anal desde seu ataque. À medida que a borracha suave se empurrou dentro e fora de seu buraco, Daniel sabia que era só uma prova mais que Dante estava fazendo, lhe ajudando a superar seu medo, embora fora sob a forma de um castigo. Daniel se retorceu quando o plug anal finalmente se deslizou, Dante o moveu para que ficasse finalmente situado corretamente. Daniel gritou quando Dante golpeou sua bunda um par de vezes diretamente onde estava o plug, empurrando-o cada vez que lhe esbofeteava com a mão. “Isto é o que vai fazer,” disse Dante. “Não temos que sair para o clube em um par de horas ainda. Assim ficará com ele até que chegue o momento de trocar de roupa. Isto devera te ajudar a se concentrar em não amaldiçoar.” Daniel gemeu quando ele mesmo a se empurrar para fora da cama. Cada movimento que realizava trocava a direção do plug no interior de seu traseiro. Não era um plugue enorme, na realidade era bem pequeno em comparação aos que tinha utilizado no passado, mas tinha passado muito tempo desde que tinha tido um e Daniel o sentia com cada movimento. Tropeçou entre as pernas de Dante, e o homem o agarrou. Estabilizou-se segurando em seus ombros e o olhou. Dante tinha a testa franzida e seus lábios apertados em preocupação. “Está cômodo, lindinho?” Daniel sorriu. Sempre cuidando de mim. A preocupação de Dante se mostrava em tudo o que o homem fazia, da dieta que lhe preparava, até ser cuidadoso e atento com os estados de ânimo do Daniel cada vez que tentava fazer algo novo no quarto. Daniel passou a mão pelo lado do rosto de Dante. “Estou bem, Senhor.” Daniel queria lhe mostrar quão bom era, ser amado e seguro que se sentia com ele. Deixou-se cair de joelhos entre as pernas de Dante e procurou os botões de sua calça. “Daniel, o que…?” Dante exclamou enquanto agarrava os pulsos de Daniel.

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Daniel pressionou o dedo sobre os lábios de Dante para fazê-lo calar. “Shh, me permita fazer isto, Senhor. Tenho que fazer isto, por você e por mim.” Dante o olhou fixamente durante uns instantes antes de assentir. Deixou cair as mãos ao redor dos pulsos de Daniel e se recostou na cama, apoiando-se nos cotovelos. “Sou todo teu, lindinho.” Daniel sorriu a Dante. “Sim, assim é, não?” “Sempre, Daniel.” Daniel desabotoou as calças de Dante e lentamente baixou o zíper. Podia ver a excitação construindo-se em Dante quando o vulto de sua calça negra cresceu duro com cada segundo que passava. Apartou o material, e o pênis de Dante ricocheteou livre. Daniel passou a língua pelos lábios enquanto olhava o pênis duro diante dele. Queria cruzar agora a linha invisível que tinha desenhado entre ambos por um tempo. Ele sabia que Dante nunca o faria. Era hora de enfrentar a seus medos e dar a Dante uma chupada. Com isto em mente, Daniel se armou de coragem e se inclinou para frente para envolver seus lábios ao redor do pênis de Dante. O sabor picante do homem encheu imediatamente a boca do Daniel. Ele gemeu, com os olhos fechados ao recordar do sabor maravilhoso. Não podia acreditar que tivesse esquecido. Daniel sussurrou em voz baixa, Dante estava sem fôlego, cheio de calor e de necessidade. Daniel abriu os olhos para ver Dante olhando-o. Uma vez mais, pôde ver a preocupação em seu formoso rosto. Daniel manteve o contato com os olhos de Dante quando começou a mover sua cabeça, chupando-o e introduzindo o pênis do homem profundamente em sua boca. “Que inferno.” Dante caiu contra a cama e rapidamente sentou de novo para olhar. Daniel fez um show especial de deslizamento de língua pelo seu pênis durante um tempo. Podia sentir as coxas de Dante contrair-se e tremer sob suas mãos.

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A resposta animou ao Daniel a fazer mais, queria dar ao Dante o mesmo cuidado amoroso que estava lhe demonstrando. Esta era uma pequena maneira de poder devolverlhe Ele aumentou seus esforços, deixando a sua mente correr livre, atuando, em lugar de pensar. Daniel chupou a parte superior do pênis de Dante com a língua, correndo através da ranhura na parte superior e para baixo ao redor da cabeça do pênis. Sentia os tremores de Dante debaixo dele, escutando seus profundos gemidos de prazer. “OH lindinho,” Dante gemeu, “você não tem ideia de quão boa sua boca se sente em mim.” Daniel tinha uma boa ideia, mas ainda se sentia melhor escutando as palavras. Gostava de saber que lhe proporcionava prazer. Sim, o fazia, ele se sentia eufórico e lhe deu vontade de fazer mais. Empurrou o material ao redor da virilha de Dante, mais longe do caminho e começou a acariciar seus testículos. “OH, sim, Daniel” exclamou Dante na hora. Daniel sentiu a mão de Dante tocar seu cabelo. Ele levantou a vista rapidamente, só para ver Dante afastar-se, apertando com as mãos os lençóis. Daniel se aproximou e estreitou a mão de Dante, tratando de deixar ao homem saber quanto apreciava seu controle. Daniel precisava poder fazer isto sem ser impedido de qualquer maneira. O ser restringido, ou obrigado a executar uma felação8 lhe recordava o muito que lhe tinham obrigado a fazer. Daniel não queria que o passado invadisse o presente. Não havia lugar nesta situação íntima para ninguém, exceto para os dois. Uma vez que Dante lhe apertou a mão em troca, Daniel voltou a amar a seu homem. Momentos depois, as coxas de Dante tremeram e ficou tenso, sua respiração se fez errática enquanto ofegava pesadamente. “Daniel, lindinho, não posso…”

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11 Fellatio ou Felação é sexo oral, Quando é feito no homem normalmente é chamada felação/Fellatio e quando é feito na mulher se chama cunilíngua/Cunnilingus.. 130


Daniel sabia o que vinha e se preparou, engoliu a carga de creme quente que de repente encheu sua boca. Os quadris de Dante empurraram para cima e gritou sua liberação. Daniel passou a língua para limpar a Dante e logo apoiou a cabeça sobre a coxa. Ele sorriu quando sentiu os dedos de Dante através de seu cabelo. “Obrigado, lindinho,” Dante sussurrou, rompendo o silêncio. Daniel sabia que queria dizer obrigado por mais que o prazer físico que acabava de receber. Dante lhe dava as obrigado pela confiança. “Obrigado, Senhor.”

***** “Você tem certeza de que isto parece bem?” Daniel perguntou, enquanto se retorcia e girava frente ao espelho de corpo inteiro, olhando o traje que Dante tinha escolhido para ele, para descer pela primeira vez ao bar. “Me sinto ridículo.” “Mas te vê quente!” Dante riu. Daniel o olhou por cima do ombro. Dante estava sentado na beirada da cama, puxando suas botas negras. “Você sim que se vê quente,” disse Daniel antes de voltar sua atenção para o espelho, surpreso uma vez mais por deixar que Dante escolhe-se sua roupa. É verdade, que era de couro negro e que gostava de couro. Mas nunca pensou que chegaria a encontrar-se vestindo um par de diminutos shorts de couro negro e nada mais. Dante nem sequer queria que usasse uma camisa. “Você tem certeza que eu estou bem?” Daniel voltou a perguntar. Dante se aproximou de suas costas, as mãos apoiadas brandamente sobre os ombros do Daniel. “Vê-te perfeito, prometo-lhe isso.” “Não acha que é um muito revelador?”

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“Daniel, vai haver um montão de outros sub aí embaixo esta noite, vestidos com menos roupa que a que tem neste momento. Tem que estar preparado para isso. Não se surpreenda se vir que outros meninos levam só correias ao redor de seus pênis.” Daniel abriu os olhos. “Seriamente?” “Lindinho, sei como funciona um clube como este,” disse Dante. “É possível que veja um montão de coisas esta noite que lhe surpreendam, mas não quero que se preocupe por eles. Você me pertence e ninguém vai tocar o que é meu.” Daniel sentiu um calafrio de medo passar através dele. “Como pode estar seguro?” sussurrou. “E se ele estiver lá embaixo?” “Espero que assim seja, Daniel,” grunhiu Dante. Seu rosto se escurecendo de raiva. “Quero que saiba que você me pertence , que se alguma vez te tocar em um fio de sua cabeça vou lhe arrancar o coração e o farei comer.” “Dante!” Exclamou Daniel. Nunca lhe tinha ouvido falar dessa maneira. Durante todo o tempo que tinham estado juntos, Dante sempre falava de como nada disso tinha sido culpa do Daniel, a respeito de como o homem que o atacou estava errado. Mas Dante nunca tinha mostrado sua irritação antes de agora. “Sinto muito, Daniel.” Daniel envolveu com seus braços a Dante e pôs sua mão na bochecha do homem. “Não sei. Isto te afetou tanto como a mim. Estou contente de que algo bom saísse disso.” “Algo bom?” Daniel sorriu. Inclinou-se para frente e apoiou a testa contra o queixo de Dante. “Você e eu,” disse simplesmente. Para ele, isso dizia tudo. Um momento depois, Daniel sentiu os lábios de Dante pressionar sobre sua cabeça. “Sempre seremos você e eu, lindinho” murmurou Dante. “E acabo de recordar que terá que demonstrar a todo mundo.” Daniel viu Dante caminhar para a cômoda e tirar uma caixa ovalada de uma joia negra. Sua curiosidade alcançou seu ponto máximo quando Dante trouxe a caixa de novo e a ofereceu a ele. Daniel pegou e levantou a tampa abrindo-a, o fôlego ficou capturado em sua

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garganta quando viu no interior da caixa uma gargantilha de couro negro cravejada. Inclusive Daniel, em seu limitado contato com a D/s, sabia o que significava nesse mundo. “Dante,” sussurrou com assombro. “Sabe o que é isto, Daniel?” Dante lhe perguntou quando tirou a gargantilha da caixa. “Sabe o que significa?” “Isto significa que se eu puser isso eu estou concordando em uma relação de compromisso com você e tudo o que implica.” “Muito perspicaz, Daniel.” Dante assentiu com a cabeça, “Significa que você aceita ser meu sub e que eu estou de acordo em ser seu Dom. Isto significa que estamos juntos e ninguém pode nos separar.” Dante utilizou uma pequena chave para abrir o colar e logo a deu ao Daniel. “Em circunstâncias normais teríamos trabalhado para um encoleiramento9 formal, mas acredito que nos movemos um pouco além disso, não?” Daniel assentiu com a cabeça, incapaz de apartar os olhos da gargantilha que Dante lhe estendia. Era linda em sua simplicidade, de couro negro com pequenas tachinhas de prata. Quando Daniel jogou uma olhada mais de perto, deu-se conta de que em cada tachinha estavam gravados dois D entrelaçadas. Daniel franziu o cenho. “Seu ultimo nome é Giovanni. Por que dois D?” Dante separou o pescoço de sua camisa de seda negra para mostrar o colar de prata que levava ao redor de seu pescoço. No centro do colar se achavam dois D entrelaçados. “Dois D, um por Dante e outro pelo Daniel.” Daniel olhou a Dante com a boca aberta. Não sabia o que dizer. Embora não era algo inédito para um Dom levar um colar, era certamente incomum. É obvio, o de Dante parecia mais uma corrente, e certamente isso o apontaria como o Dom em sua relação, como se

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12 Encoleiramenteo formal é o que se denomina como um colar de posse. Ou para nós como um casamento, uma cerimônia com o que o Dom torna o sub seu diante de amigos, ou eles sozinhos. Encoleirado é quando um Dom reclama um sub como próprio. Isto pode ser literal em realidade a colocação de um colar ao redor do pescoço do submisso pode ser figurativo e tem que haver um entendimento entre as pessoas envoltas. Frequentemente, a opção escolhida é literal, porque o pescoço é reconhecido dentro da comunidade como uma marca de propriedade. Os colares são, de novo, uma marca de propriedade. O colar significa que um Dom tem direitos exclusivos para o sub que leva seu colar, e que ele ou ela faz que qualquer decisão afete a esse sub. 133


alguém tivesse alguma dúvida em saber quem era com apenas olhar ao homem seguro de si mesmo. “Você não está sozinho nisto, Daniel. Estou nisto tanto como você, e quero que todos saibam que te pertenço tanto como você me pertence.” Daniel se apoiou na mão que Dante tinha cavada sobre sua bochecha. Sentiu-se afligido, mas no bom sentido. “Como seu Mes…seu Dom, é minha responsabilidade cuidar de você, me assegurar de sua segurança em todo momento e de que todas suas necessidades sejam satisfeitas. Me assegurar de que todas suas necessidades sejam satisfeitas, independentemente do que seja.” “Está bem, pode utilizar essa palavra.” “Não, eu não acredito,” respondeu Dante. “Essa palavra já não tem um lugar em nossa relação, Daniel. Eu não sou seu Amo. O que há entre nós é muito mais que isso, não te parece? Eu quero ser seu amigo, seu amante, seu tudo, lindinho.” “Você o é,” Daniel sussurrou, tendo dificuldades para falar mais à frente do nó em sua garganta. Dante fez tudo certo, disse todas as coisas corretas. Daniel seria um idiota a sua vez se afastasse desse homem. Dante era tudo o que sempre quis ter. “Você pode por isso para mim?” perguntou Daniel, enquanto girava para o outro lado. Dante conteve a respiração. “Está certo disso, Daniel?” “Estou certo.” “Eu vou querer ter isto permanentemente soldado para que não possa tirá-lo.” Dante colocou o colar ao redor do pescoço do Daniel e pôs o fecho em seu lugar. Um momento depois Daniel ouviu a chave na fechadura. “De acordo.” Daniel teria aceito qualquer coisa que Dante quisesse, sobre tudo porque ele o queria para si mesmo. Quando Daniel se virou, Dante estava pondo a chave em seu colar. Seu coração se acelerou enquanto observava. Com a chave pendurando de sua corrente, Dante o olhou com um sorriso.

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Os dedos de Dante acariciavam o couro suave. “Você está muito lindo com ele, lindinho.” Daniel refletiu a suave carícia de Dante, movendo seus dedos pelos músculos de seu peito até o pescoço de Dante onde descansava o colar no peito. “Não é tão lindo como este parece,” disse enquanto acariciava a chave pendurada entre os dois D entrelaçados. “Eu gosto de saber que pertenço a você.” Daniel com entusiasmo se lançou aos fortes braços que Dante lhe oferecia. “Você sempre me pertenceu, Daniel, mesmo quando estávamos separados.” Os olhos do Daniel se fecharam quando ele pôs sua cabeça sobre o ombro de Dante. “Muito obrigado.” “Muito obrigado. Por quê?” “Por me querer,” murmurou Daniel, “por voltar para mim e não me deixar ir. Deus sabe que te dei toda classe de razões para fazê-lo.” Daniel se pôs a rir. “Tive que fazê-lo, lindinho. Nunca amei a ninguém como amo a você.” Dante fez uma pausa, e logo pôs a rir. Daniel levantou a cabeça com confusão. “Sinto por rir. É só que nunca esperei que alguém amaldiçoasse, com tanta impaciência como o faço contigo.” Daniel sorriu. “Sim, mas tenho que tomar cuidado com que frequência devo fazê-lo, ou é possível que se acostume a isso. Tenho que te manter sobre seus pés.” Daniel deu uns tapinhas no peito de Dante. “Acredito que você gosta de me espancar um pouco demais. “ Daniel gritou quando Dante se inclinou e lhe apertou a bunda. “Funciona bem para nós, então, não?” D ante lhe perguntou. “Eu não acredito que seja possível que você controle sua boca.” “Eu posso fazê-lo,” protestou Daniel. “Bem, me atrevo a apostar, vinte e quatro horas sem maldições.” “O que ganho se o faço? “ Dante sorriu. “O que quer?”

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“A você.” “Você já me tem, Daniel,” disse Dante. Daniel negou com a cabeça. Sabia que estava saindo de seu território, mas tinha que tentar. Isto era algo que tinha estado pensando muito nos últimos tempos. “Uh-uh, quero-te.” Daniel lhe deu uns tapinhas na bunda de Dante para enfatizar seu significado. Dante lhe olhou atentamente. Daniel abriu a boca para dizer que aceitaria outra coisa, pensando que poderia ter cruzado uma linha invisível, mas Dante não lhe deu a oportunidade de falar. “Bem, se você pude ficar vinte e quatro horas sem amaldiçoar, pode ter minha bunda,” disse Dante. “E Daniel, ninguém teve minha bunda antes, nem sequer Logan.”

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Capítulo Onze Dante se sentiu orgulhoso enquanto seguia ao Joey e ao Daniel ao bar, mas tenso, perguntou-se se inclusive poderia caminhar. Daniel não só tinha aceitado descer com ele, mas também agora levava um símbolo de sua relação rodeando sua garganta para que todos pudessem ver. Dante acreditava que não tinha visto nunca a nenhum sub tão lindo. O sorriso que seu pequeno e doce Daniel continuava lançando por cima do ombro, adicionava uma sensação de euforia ao redor de Dante, Daniel parecia ser realmente feliz e isso é tudo o que ele queria. “Ele parece bem,” comentou Logan. “Ele esta lindo.” “Ele percorreu um longo caminho desde aquele homem assustado e quebrado que trouxemos para casa do hospital, Dante, e acredito que a maior parte disso tem que ver contigo.” Logan sorriu. “Acredito que jamais lhe vi assim feliz.” “Ele percorreu um longo caminho,” coincidiu Dante. “Mas acredito que a maioria tem que ver com ele. Só necessitava a alguém que lhe mostrasse que estava bem em confiar de novo, que nem todo mundo queria lhe fazer mal.” “E você acredita que tem feito isso?” Dante saudou o homem, que estava diante dele, rindo com o Joey. “Leva o colar, não?” Logan assinalou o colar de prata ao redor do pescoço de Dante. “Você está usando um também.” “É obvio” respondeu Dante, sua voz cheia de orgulho. Ele não tinha nenhum problema em deixar que todo mundo soubesse que pertencia ao Daniel. “Eu pertenço a ele tanto como ele me pertence.” 137


“Estou feliz que você percebeu isso. Eu estava um pouco preocupado de quando vocês dois se mostrassem ante todos como Mestre e escravo.” Logan franziu o cenho. “Não sou um perito, mas não sei se a relação realmente funciona.” “Faz, mas esse tipo de relação já não é para o Daniel e para mim por mais tempo. Nem sequer posso voltar a dizer a palavra Mestre.” Dante apertou os punhos, sua felicidade de alguns minutos se ia desvanecendo. “Aparentemente, esse imbecil fez que Daniel lhe chamasse de Mestre. Decidimos que me chame Senhor, como Joey faz com você.” “Isso poderia reduzi-lo, Dante.” “Reduzir o que?” Dante lhe perguntou. Ele apartou o olhar o tempo suficiente do Daniel para olhar ao Logan com confusão. Logan seguiu olhando-o até que suas palavras se filtraram pela mente de Dante. O choque lhe fez tropeçar. “Uau, cara, você está bem?” Logan perguntou enquanto agarrava o braço de Dante. Não pretendia te assustar. Dante arrumou a roupa, tratando de sacudir o calafrio que tinha transpassado seu caminho até a coluna vertebral. “Não, não, é uma boa ideia. Nunca me ocorreu pensar que poderíamos encontrar a este tipo pelas coisas que fez ao Daniel.” “A cada Dom gosta de coisas diferentes. Você e eu somos um exemplo perfeito disso. Por que não poderíamos encontrar a este tipo pelas coisas que gosta?” Ao chegar à entrada da sala principal, Logan e Dante fizeram uma pausa. “Você conhece sua clientela. Deveria ser capaz de eliminar a maior parte deles.” Dante olhou à multidão ali congregada. Logan estava certo. Se ele utilizava o que fez ao Daniel como um padrão, poderia eliminar à maioria dos clientes do clube. Havia uns poucos dos que não sabia muito, e algumas caras novas, mas ainda ficavam um bom número de possíveis candidatos. De repente havia muito mais que tirar do que tinham há alguns minutos. “Vamos, homem, ponha um sorriso nesse rosto feio,” disse Logan quando lhe deu uns tapinhas nas costas. “Daniel está olhando sua expressão, e acredito que o está deixando

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nervoso. Esta é sua primeira noite aqui no clube. Vamos fazer que seja uma boa noite. Podemos encontrar ao tipo mais tarde.” O olhar de Dante piscou para onde Daniel estava com o Joey. Sua expressão mostrava sua preocupação, suas sobrancelhas se juntaram e suas mãos se aferraram na madeira do bar com um agarre forte, seus nódulos brancos. Dante usou sua força de vontade para pôr um sorriso sereno em seu rosto enquanto tratava de envolver sua crescente ira sob controle. Queria encontrar ao homem que o tinha atacado; mas assegurar-se de que Daniel se sentisse cômodo, era mais importante. Daniel sempre seria o mais importante. “Vamos, Logan, vamos nos unir com o Joey e Daniel e lhes mostrar como se faz em Dante’s Dungeon.” Dante não esperou ao Logan, apesar de que sabia que o homem estava detrás dele. Dirigiu-se para o Daniel. Passou através da sala, e se deu conta de vários olhares de admiração em direção a seu homem, mais de uma delas cheias de luxúria. Dante não sabia se ria ou grunhia. “Hey, lindinho,” disse Dante ao chegar ao lado do Daniel lhe passando um braço ao redor de sua cintura. “Temos uma mesa reservada só para nós. Por que não vamos sentar nos e tomamos uma bebida?” Daniel assentiu com a cabeça. “Está bem?” “Estou bem.” Dante levou ao Daniel à cabine privada reservada sempre para ele, uma das vantagens de ser o proprietário. Podia ver toda a sala dali. “Posso dançar?” “Só para mim.” Dante riu. Dante via a agitação do Daniel na forma em que seus lábios e seu olhar diluído se lançaram pelo lugar. “Não sei as regras, Senhor,” sussurrou. “Por favor, não me deixe fazer nada que possa envergonhá-lo.”

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“Ah, bebê, você nunca poderia me envergonhar,” assegurou Dante ao Daniel. Beijouo na cabeça, e fez um gesto para a cabine. “Deslize dentro.” Uma vez que Daniel esteve sentado, Dante se deslizou junto a ele. Observou ao Logan fazer o mesmo no outro lado da cabine, colocando ao Joey e ao Daniel seguros entre os dois. Ambos eram muito protetores com seus homens. “O que você gostaria de beber, Daniel?” “Nada muito forte.” Daniel franziu o nariz como amostra de desgosto. “O álcool me desagrada.” “OH, deve provar o Square cow,” disse Joey com entusiasmo. “É delicioso. Não tenho ideia do que leva.” Joey se pôs a rir. “E nunca deve bebê-lo se está sozinho. Uma taça só pode te golpear o traseiro. Mas tem um grande sabor.” “Ah, bom, então suponho que terei que provar um Square cow.” Dante fez um gesto ao garçom, e fez seu pedido, e se recostou no assento, com o braço descansando detrás da cabeça do Daniel. Logan assumiu uma pose similar junto ao Joey. Os dois homens menores conversavam entre eles. Daniel parecia animado, emocionado. Estava-se comportado cada vez de forma mais parecida como fazia no passado. Dante sabia que as coisas nem sempre seriam fáceis para eles, mas esperava mais dias como este, feliz com o Daniel por não deter-se nas coisas más que lhe tinham acontecido. “Podemos ir dançar?” Dante sorriu. Daniel parecia a ponto de saltar de seu assento. Joey não o estava fazendo muito melhor. Olhou além deles ao Logan, só para encontrar um sorriso divertido em seu rosto. Sabia como se sentia o homem. A alegria do Joey e Daniel pelas pequenas coisas da vida era contagiosa. “Suponho que sim, mas a uma distância onde possa vê-los.” Dante lhe piscou um olho.

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O rosto do Daniel ficou vermelho repentinamente, uma rápida respiração saiu de entre seus lábios. Seus olhos se abriram e então seu olhar se afastou de repente. “Talvez devesse ficar aqui.” Dante franziu o cenho. Ele se aproximou do Daniel e lhe esfregou as costas. “Daniel, se quer ir dançar, vai.” “Não posso,” Daniel sussurrou. “Por quê?” Dante sentiu tremer o corpo do Daniel. “Quer que eu vá contigo?” “Não acredito que isso fosse uma boa ideia tampouco.” A voz do Daniel soou estranha, estrangulada. “Daniel, o que está errado?” Dante lhe perguntou, cada vez mais preocupado até o momento em que Daniel tomou sua mão e a colocou sobre seu pênis duro que lutava por liberar-se de seus shorts curto e justo. “Não posso.” Dante tomou fôlego rapidamente, de repente sentindo-se tão vermelho como Daniel quando o olhou. “Inferno sangrento, de onde vem isso? Não é que me esteja queixando, mas, o que te veio à mente?” Dante quase saltou fora de suas meias quando Daniel pôs-se a rir. O som não se ecoou da diversão, mas sim da excitação, e foi direto ao pênis de Dante. “Eu queria dançar e me disse que ficaria olhando.” Daniel curvou um pouco os lábios e se encolheu de ombros. Dante via os pálidos olhos verdes do Daniel aparecendo através da cortina suave de seu cabelo loiro. Dante engoliu o nó que de repente se formou em sua garganta. “Instalaremos uma barra de strip-tease no quarto amanhã a primeira hora,” ele quase se engasgou. Uma imagem do Daniel dançando nu só para ele alagou sua cabeça de repente e alimentou o desejo que se passou pelo seu corpo. Dante sabia que ele negociaria seu bar inteiro por uma barra no quarto privado nesse instante.

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Uma tentativa de sorriso do Daniel tirou Dante fora da neblina vermelha da luxúria. Passou a mão no duro pênis encerrado no ajustado shorts de couro do Daniel, sorrindo por ouvir um pequeno gemido. Inclinou-se e lambeu a parte branda da orelha do Daniel. “Vá dançar para mim, lindinho.” Tremendo, Daniel se aproximou mais a Dante, detendo-se quando se sentou escarranchado sobre ele. “Vai me olhar?” “Duvido que seja capaz de manter meus olhos longe de você.” Daniel riu. Riu autenticamente. Dante inalou quando o desejo fluiu através dele imediatamente e lhe deixou uma sensação comovedora de completo amor e felicidade. Daniel soltou uma risadinha. Dante se inclinou para frente e o beijou rapidamente antes que Daniel desse um movimento de quadris. “Vá dançar para mim, lindinho, antes que eu o arraste a algum quarto detrás e arruíne esse lindo shorts.” Daniel desceu de Dante e foi fora da cabine. Esperou na borda da mesa ao Joey, juntos se aproximaram da pista de dança. Daniel manteve o olhar em Dante quando começou a dançar. “O inferno doce!” “Respira, homem.” Logan riu . “Não estou seguro de que possa.” Daniel se movia como um profissional, seus quadris girando de lado a lado e logo para frente e para trás. Suas mãos se moveram lentamente até seu peito nu. O vulto duro em seu apertado shorts era claramente visível. “Porra,” gemeu Dante “alguma vez viu algo tão condenadamente sexy em sua vida?” Logan se pôs a rir. “Pensei que amaldiçoar não estava permitido.” “Bom, como Daniel constantemente me recorda, às vezes terá que amaldiçoar.” Assinalou ao homem que dançava de modo sexy diante deles. “Isso exige um palavrão.”

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Dante viu o Daniel mover-se até que não pôde suportá-lo mais. Isto tinha durado ao redor de cinco minutos. Chamou um garçom e lhe sussurrou ao ouvido. O garçom assentiu e se afastou, dirigindo-se para o DJ. Dante se levantou e lentamente cobriu a distância entre ele e Daniel, cada passo cuidadosamente selecionado. Pôde ver os olhos do Daniel ampliar-se quando se aproximou. O rubor repentina da pele de Daniel lhe disse a Dante que o homem sabia que estava sendo caçado. Dante teve que lhe dar crédito, mesmo assim, Daniel não se moveu. Ele sorriu e assinalou com o dedo a Dante em seu lugar. A ação não foi muito adequada para um sub, mas ao Dante não lhe importava. Tinha ao Daniel em sua mira, e dois passos mais adiante, teria-o em seus braços. Dante grunhiu ao ouvido do Daniel. “Você deveria estar fora da lei, como uma arma letal.” “Sim?” Daniel perguntou enquanto colocava seus braços ao redor do pescoço de Dante. “Você gostou de me ver dançar?” “O que te parece?” Dante agarrou os quadris do Daniel e o puxou contra as suas, deixando que o homem sentisse a dureza em sua calça. Daniel se queixou e se fundiu contra Dante. Ele gostava de saber que tinha esse tipo de efeito sobre o Daniel, a pele corada, os olhos muito abertos, a dureza em resposta em sua calça. O desejo nos olhos do Daniel fez que Dante se sentisse capitalista como nenhuma outra coisa o fazia. “Dança comigo, lindinho?” Perguntou-lhe quando o tema lento que ele tinha pedido se ouviu nos alto-falantes. Daniel assentiu e pôs sua cabeça sobre o ombro de Dante. A diferença de altura fazia que fora fácil que a cabeça do Daniel encaixasse perfeitamente no oco do pescoço de Dante. Eles eram perfeitos um para o outro. Dante podia sentir o fôlego suave do Daniel que soprava através de seu pescoço enquanto se moviam lentamente ao redor da pista. Daniel seguia seus passos como se tivessem dançado juntos durante anos. Dante não prestou atenção aos outros bailarinos na

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pista de dança. Ele não lhes fez caso quando topou com eles, nem deu um passo atrás para olhar. Ele fixou toda sua atenção no homem sexy que estava em seus braços. O corpo sexy do Daniel teve um forte efeito sobre Dante. Mas saber que pertencia somente a ele, fazia que o efeito fora ainda mais forte. Tudo o que Dante queria fazer era arrastar ao Daniel à superfície mais próxima e plaina, rasgar seu shorts sexys e fodê-lo ate ficar sem sentido. Dante pressentiu que Daniel sentia o mesmo. Agarrava a camisa de Dante com força, para sustentar a si mesmo. Apesar do muito que gostava de dançar com o Daniel, decidiu que já era hora de mover esta pequena festa ao andar de acima antes que atuasse o louco desejo que corria por sua conta, ali mesmo na pista de dança. “É hora de ir-se, lindinho,” Dante lhe sussurrou ao ouvido. “Já?” Daniel disse. “Temos que ir?” “Podemos ficar, se realmente quiser.” Dante esfregou seu pênis duro em um movimento de ida e volta contra Daniel. “Mas acredito que poderíamos continuar lá em cima a diversão, somente nós dois.” Piscou um olho ao Daniel e agarrou uma grande parte de sua nádega. “E talvez a palma de minha mão.” Os olhos do Daniel se reduziram até que estiveram entrecerrados e cheios de uma luz sensível. “OH, isso eu gostaria,” respirou pesadamente. Dante não necessitava nenhum estímulo mais. Agarrou a mão do Daniel e puxou ele na pista de baile para as escadas que conduziam ao seu apartamento. Daniel de repente se deteve e puxou a mão de Dante. Este girou rapidamente pondo o olhar no rosto do Daniel. Seus olhos grandes, de cor verde pálida, eram a única cor no rosto cinzento. Pareciam estar olhando a algum lugar do salão. “Daniel.” A boca do Daniel se abriu, mas não saiu nenhum som. Começou a mover a cabeça, um calafrio desceu por todo seu corpo quando se deteve. “Daniel, o que esta acontecendo?” Dante olhou por cima do ombro, mas não podia ver nada do que tinha a seu homem tão assustado. Algumas pessoas estavam na sala, alguns

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que conhecia, outros que não. Dante não pôde encontrar nenhuma explicação à reação do Daniel. Dante se adiantou, e ficou na frente do Daniel, e o olhou. Agarrou-o pelos braços e lhe deu uma pequena sacudida para tirá-lo de seu estupor. Quando isso não funcionou e o homem seguiu tremendo, Dante envolveu ao Daniel de maneira segura em seus braços. “Daniel, tem que falar comigo, lindinho,” sussurrou a seu ouvido. “Não posso te proteger se não saber o que te dá tanto medo. É ele, não? O homem que te sequestrou?” “Aquele homem,” Daniel gaguejou “sim, ele está aqui.” Dante se rompeu a cabeça enquanto examinava a multidão. “Qual?” A mão do Daniel tremia enquanto assinalava. “O homem de calça de couro marrom e uma camisa branca. Ele está de pé junto ao bar falando com o Tommy.” “Esse é o homem que te sequestrou?” Dante lhe perguntou enquanto seu olhar se centrava no homem. “Está seguro?” “Nunca poderei esquecê-lo,” Daniel sussurrou. Dante começou a afastar-se do Daniel com a intenção de chegar ao homem e golpear sua cabeça contra a grosa barra de madeira até que confessasse, mas o férreo controle da mão do Daniel na sua, acompanhado de um pequeno gemido, deteve-o. “Por favor, Dante, não o faça.” Dante olhou para trás ao Daniel. A súplica em seus olhos brigava com seu desejo de golpear a merda de homem que tinha golpeado a seu lindinho. Ele queria respostas. “Dante…” A necessidade de Dante de proteger ao Daniel foi superior ao desejo de trespassar o punho no rosto do sequestrador. Envolveu-o de novo em seus braços. “Está bem Daniel.” Fez gestos ao Logan até que chamou a atenção do homem, e logo, indicou-lhe que se aproximasse mais. “O que esta acontecendo?”

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“Não faça nada, vê o homem de pé perto do bar? Um com o cabelo loiro sujo que está falando com o garçom? Esse é o homem que sequestrou ao Daniel. Necessito-te para que o vigie enquanto eu levo ao Daniel ao andar de cima e chamo Jack.” “Sim homem, certo, o que necessite,” disse Logan rapidamente. “Joey e eu só vamos dançar aqui.” “Muito obrigado.” Dante se virou e acompanhou ao Daniel fora da sala, mantendo-o firmemente pego a seu corpo e posicionando-se entre o Daniel e o homem que o tinha sequestrado. Tirou seu telefone celular, e começou a subir as escadas. Marcou o número do Jack. Quanto mais tempo passava com o policial, mais gostava do homem. Jack parecia ser verdadeiramente um defensor honesto da gente do povo. Ele realmente acreditava no que fazia. Dante não podia lhe culpar. “Jack,” disse no momento em que respondeu ao telefone “aqui é Dante Giovanni. Necessito-te para que venha a meu clube logo que seja possível. Daniel reconheceu ao homem que o sequestrou, ele esta aqui, no bar.” “Já estou indo agora mesmo ai,” respondeu Jack. “Trata de mantê-lo no bar, mas Daniel não tem por que ficar ai, se for possível. Não tem por que estar exposto a isto até que o necessitemos para identificar ao tipo.” Dante fez uma careta. “Eu já estou levando ele para cima. Logan e Joey estão mantendo um olho sobre ele. Não queria que Daniel estivesse ali.” “Esta bem. Eu devo estar ai em uns dez minutos. E Dante, não faça nada estúpido. Não posso prender a este tipo se não puder falar.” “Sim, te entendo,” disse Dante. “Mas não tenho que gostar.” Jack riu. “Comprometo-me a te dar cinco minutos a sós com ele depois que o prenda. Tudo bem?” “Legal.”

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Dante fechou o telefone e se apressou a pôr seguro ao Daniel em seu lar. Cada passo parecia uma eternidade. Daniel caminhava lentamente, como se estivesse em uma espécie de transe. Dante o levou através da sala ao seu quarto e insistiu para que ele sentar-se sobre a cama. Dante se ajoelhou a seu lado e segurou as mãos geladas do Daniel entre as suas. “Sente-se bem, lindinho?” No segundo em que as palavras saíram de sua boca sabia que eram estúpidas. Obviamente, Daniel não estava bem. “Eu vou correr escada abaixo rapidamente e me assegurar que esse homem fique ali até que Jack possa chegar para detê-lo, de acordo? Voltarei. Eu quero que fique aqui, e que não se mova.” “Não, por favor, Dante,” Daniel sussurrou com voz urgente. Seus olhos adquiriram uma expressão desesperada com os olhos abertos enquanto se aferrava à mão de Dante. “Não me deixe aqui.” “Daniel, ele não pode entrar aqui. Você está totalmente seguro. Só necessito que se tranquilize.” “Não, por favor,” exclamou Daniel. Ele puxou a mão de Dante. “Vermelho, vermelho Dante. “ Dante se levantou do chão para sentar-se junto ao Daniel, envolvendo ao homem em seus braços. “Está bem, lindinho, eu fico.” Daniel se moveu mais perto, atuando como se queria meter-se dentro da pele de Dante. Levantou o Daniel e o pôs em seu colo. Daniel deixou escapar um leve suspiro, para indicar que agora se sentia um pouco mais seguro. “Tenho que fazer uma chamada telefônica, lindinho, para dizer ao Jack que não vou estar na no andar de baixo,” disse ao tempo que colocava a mão no bolso e tirava seu telefone. Abriu-o e marcou o número do Jack de novo. “Hey Jack, sou Dante.”

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“Estou entrando no estacionamento.” “Excelente. Eu vou ficar aqui em cima com o Daniel. Ele está muito inquieto.” “Talvez não seja uma má ideia,” respondeu Jack. “Só se assegure de que está seguro até que eu possa chegar. Não quero que este homem encontre a maneira de chegar perto do Daniel.” “Eu voltarei a comprovar nosso sistema de segurança, é um dos melhores. Ao menos deveria sê-lo, por isso paguei por ele.” Jack bufou. “Sim, claro, como se os sistemas de segurança não pudessem ser sabotados.” “Jack.” “Sinto muito, homem, mas vi sistemas de segurança do mais alto nível desmantelados da forma mais original que você possa pensar. Não importa quanto dinheiro se gastou neles, se alguém quer entrar, vai entrar.” “Entendo o que diz, mas não vejo nenhuma razão para que alguém entre aqui,” insistiu Dante. As palavras do Jack lhe fizeram sentir incômodo, e o pôs na defensiva. “Esse homem não sabe que Daniel está aqui, e muito menos que o viu.” “Possivelmente sim, possivelmente não,” disse Jack. “Não sabemos, e não vamos, ou seja, até que o capture e fale com ele.” Jack lhe deu uma risada profunda, misteriosa. “E ele falará.” “Escuto-te, Jack, e lhe agradeço isso. Daniel e eu vamos estar te esperando aqui acima para o que necessite.” Dante fechou seu telefone e o colocou na mesinha de noite. Levantou o Daniel de seu colo, e o pós sobre a cama, e puxou os lençóis a seu redor. Daniel ainda tremia. Dante pensou que poderia estar em choque. “Daniel, eu vou comprovar os alarmes. Já volto. Você fique aqui metido sob as mantas, e quando voltar, vou te abraçar e vamos ficar abraçados, de acordo? “

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Dante se preocupou quando Daniel nem sequer moveu a cabeça. Ele acabou de aproximar as mantas mais e se moveu embaixo delas. Dante se inclinou e beijou a testa do Daniel, logo se endireitou. “Quero-te, lindinho.” Dante tinha sua mão no cabo da porta quando ouviu as palavras mais doces do mundo proveniente da pequena figura encolhida na cama. “Amo-te, Senhor.”

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Capítulo 12 O estômago do Daniel parecia um nó. Estava assim desde o momento em que viu o homem que o tinha sequestrado. Daniel poderia ter golpeado ao homem e tirá-lo fora dele, mas a mera visão do homem ainda o fazia ter um medo de merda. De algum jeito, o homem que estava no clube, tinha-o atacado com o pretexto de uma cena. Daniel lutava por conter as lágrimas. Tinha chegado tão longe em sua recuperação, e, entretanto agora se sentia como se estivesse de novo no ponto de partida. Daniel levantou a cabeça e olhou o relógio da mesinha de noite. Dante parecia estar fora durante bastante tempo, talvez cinco ou dez minutos. Não sabia muito sobre o sistema de segurança instalado antes que fosse viver com Dante, mas sabia que não levava tanto tempo comprová-lo. Empurrou as mantas para trás e saiu da cama. Inclinando a cabeça, escutou com atenção. Nada. Embora o lugar estivesse tirado o som para manter o ruído do andar de baixo fora, este silêncio se sentia mal de algum jeito. Pesado, espantoso. Com cautela, arrastou-se para a porta do dormitório, que Dante tinha deixado aberta. Olhou e não viu nada fora do normal, mas algo fez que os pelos dos braços lhe arrepiassem. Recordando que Dante tinha deixado seu telefone celular na mesinha de noite ao lado do relógio, Daniel se apressou a voltar à cama e o agarrou. Ele o abriu e mexeu até o número do Logan, depois levou o dedo sobre o botão de ligar. Reunindo coragem, Daniel saiu do quarto e nas pontas dos pés foi para a cozinha. Seu coração pulsava freneticamente quando ouviu passos que se aproximavam da sala. Daniel deu uns passos mais e olhou a seu redor para o canto. O terror rasgou seu coração quando viu Dante imóvel no chão. Um homem se abatia sobre ele, um homem que 150


Daniel reconheceria inclusive por detrás, e o reconhecimento congelou o sangue em suas veias. Apertou o botão de ligar do telefone celular e o colocou no aparador pequeno fora da cozinha, continuando, entrou na sala de estar. Sabia que era estúpido, mas não podia deixar Dante ali, fazendo frente a esse homem sozinho. Daniel sabia o que o homem podia fazer, quanta dor podia causar em questão de minutos. Ele também sabia o muito que tinha desfrutado infligindo essa dor. Tinha cicatrizes, tanto físicas como mentais, para prová-lo. Não ia deixar que Dante averigua-se o que era. “Tem que ir, Craig.” Daniel tratou de fazer que sua voz soasse mais forte embora dentro dele tremesse de terror. “Não foi convidado a entrar aqui.” O homem se virou, a surpresa sombreou seu rosto por um breve instante antes que seus olhos se acendessem em reconhecimento. “Bem, bem, se não é minha putinha.” “Eu não sou sua puta.” Daniel deu um passo atrás quando o homem caminhou para ele. O medo fez que suas mãos tremessem e suassem. As esfregou contra a perna de sua calça, só para recordar que vestia shorts curto negros ajustados de couro. “Eu pertenço ao Dante.” “Ao Dante?” Graig se pôs a rir enquanto olhava para baixo ao corpo inconsciente a seus pés. Daniel saltou quando Craig empurrou ao Dante, golpeando-o no lado. Dante não se moveu. “É este o seu Dante, grande seu valente Dante?” “Deixa-o, Craig.” Daniel assinalou para a porta. Sabia que sua voz soava estridente. “Esta é minha casa e te digo que se vá e não volte nunca. Não convidei você a minha casa.” A dor explodiu no rosto do Daniel e lhe fez cair de joelhos. Agarrou sua bochecha e olhou para o homem que se elevava sobre ele. O medo do Daniel se duplicou quando viu o brilho de ira nos olhos do Craig. OH, Deus, isto não é bom! “Não me fale assim, moço” lhe espetou Craig. Daniel se encolheu ao ver as mãos do homem ir para o cinturão negro e grosso ao redor de sua cintura.

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“Evidentemente esqueceu quem manda aqui.” Craig desabotoou o cinturão e tirou ele de sua calça. Daniel começou a afastar-se dele. Gemeu quando seus pés se deslizaram sobre os ladrilhos escorregadios do chão da cozinha. Movendo-se de um puxão, começou a arrastar-se longe em suas mãos e joelhos. Daniel gritou, inclinando a cabeça para trás, quando uma mão grande puxou seu cabelo. Podia ver as pequenas janelas das fossas nasais do Craig. O pior das surras nas mãos deste homem, pelo geral vinha quando as janelas de seu nariz flamejavam. Daniel mordeu os lábios para manter a histeria dentro dele sem que escapasse. Não podia compreender como podia uma coisa tão pequena como o nariz do Craig lhe preocupar, quando facilmente poderia morrer nos próximos minutos. Craig deu outro duro puxão no cabelo do Daniel. Os músculos de seu pescoço se esticaram quando a cabeça foi forçada a inclinar-se para trás ainda mais. “Você é minha cadela,” grunhiu Craig em seu ouvido. “Te criei. Reclamei-te. Possuíte.” As palavras eram puas que faziam mal, com a intenção de infligir a maior quantidade de dor e angústia possível. Eram ditas para fazê-lo sentir débil e vulnerável e, nesse momento, assim era exatamente como Daniel se sentia. Seu olhar foi para Dante. Com um amargo desespero, o frio se apoderou dele. Se ele cedia, se permitia a este homem abusar dele de novo, não seria o único que sofreria. E Daniel não podia permitir que ninguém fizesse mal a Dante. Quando Craig lentamente envolveu o cinturão ao redor do pescoço do Daniel, ele reagiu. Golpeou com suas mãos e seus pés, e gritou com toda a força de seus pulmões, mesmo que sentiu o cinturão ajustar-se ao redor de sua garganta lhe cortando o ar. A dor irradiou ao longo de seu corpo quando Craig deu vários golpe de grande alcance em sua cabeça, ombros e costas. Daniel gritou em agonia, mas não deixou de resistir. Se ia morrer, morreria brigando. Craig não ia tirar o melhor dele esta vez. E ele não ia ter em suas mãos a Dante. Daniel ficou de joelhos e começou a lutar contra o agarre do Craig.

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Com o último bocado de ar que tratava de sair de seus pulmões, Daniel sentiu de repente que o agarre pelo Craig afrouxava, seu cotovelo conectou com a traqueia do homem. Sua boca se abriu quando viu o Craig com os olhos abertos enquanto caía ao chão. Daniel começou a lhe dar ponta pés, seu pé conectando com o rosto do Craig. Este tinha os olhos fechados e as mãos caídas no chão. Daniel se virou sobre ele de novo, golpeando-o no rosto igual ao que ele faz ao Dante, mas o homem não se moveu. Daniel se deslizou longe do corpo sem vida do Craig até que suas costas se chocaram contra um muro. Seu fôlego acelerado saindo de seu corpo, seu peito subia e baixava rapidamente. Tirou o cinturão ao redor de seu pescoço e o jogou pela sala. Com cuidado, rodeando o corpo do Craig, Daniel se arrastou até Dante. Ainda não se movia e tinha uma grande ferida na testa. Ajoelhou-se junto a ele, sacudindo-o brandamente. “Dante?” sussurrou. Daniel ouviu um suave gemido. Seu coração deu um tombo quando ele se voltou a olhar a ver o Craig que começava a mover-se. Com a segurança de Dante em sua mente, Daniel ficou de pé e correu para a cozinha para agarrar uma faca grande de açougueiro que se encontrava em cima do balcão. Correu de novo à sala de estar e se plantou entre Dante e Craig, com a faca em uma mão. Usou a outra para sacudir ao Dante até que ouviu um pequeno gemido e começou a obter uma resposta física. “Dante, acordada,” exclamou. “Por favor, desperta.” Daniel abriu os olhos. Sentiu o sangue drenar seu rosto. Craig foi subindo lentamente sobre seus pés. Daniel agarrou a faca mais apertada e se deslizou de novo mais perto de Dante. “Dante!” O grito se desvaneceu quando Craig se voltou para lhe olhar. Daniel tragou o nó na garganta. “Falei para ir embora, Craig. Não convidei a minha casa e a está invadindo.” Craig limpou uma pequena gota de sangue do canto da boca com a mão e logo olhou a sua palma.

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Limpou a boca de novo e levantou a vista. Daniel podia sentir o veneno nos olhos do Craig. Isto arrepiou sua pele e fez um nó em seu estômago. “OH, você vai pagar por isso, moço, assim que ele é seu inútil herói,” espetou Craig. “Ele não pôde te salvar antes, e não poderá salvar agora.” Craig avançou pela sala. Daniel, com a faca na frente dele, suas costas apoiada firmemente contra o corpo de Dante, gritou tão forte que ressonou em seus próprios ouvidos. “Mantenha-se longe de mim! “ Daniel atacou com a faca logo que Craig esteve ao seu alcance. Viu o sangue de cor vermelha brilhante com o passar da coxa do Craig e um olhar de assombro cruzou seu rosto. O rosto do Craig se voltou de cor vermelha escura. Daniel aproximou a mão de novo. Daniel gritou e empurrou a faca de novo. Ele cravou a folha no Craig uma e outra vez até que uma forma grande de repente se abateu sobre ele e lhe agarrou a faca, atirando-o fora de suas mãos. Começou a lutar até que viu o Logan de joelhos junto a ele. “OH, meu Deus, Logan,” exclamou Daniel quando se jogou contra o homem. Abraçou-o por um breve momento antes de afastar-se. “Dante está ferido. Ele…” “Shh, sei, Daniel, sei,” disse Logan, acariciando com suavidade a mão do Daniel. “Mas está bem, olhe. “ Logan assinalou detrás do Daniel. Daniel se voltou, lágrimas de alegria encheram seus olhos quando viu Dante recostado em um lado do sofá, Joey revoando a seu lado. Daniel se deslizou pelo chão até Dante. Deteve-se uma vez que esteve ao seu alcance, sem saber onde lhe tocar sem lhe fazer mal. “Veem aqui, lindinho.” Daniel se foi ao braço que Dante lhe estendia, apertou-se o mais perto que pôde conseguir fazê-lo sem subir em cima do homem. Podia ouvir um batimento do coração forte na orelha, e seu peito subindo e baixando com cada respiração.

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“Estou bem, Daniel,” disse Dante lhe acariciando o cabelo. “É só um pequeno golpe na cabeça.” “Estava tão assustado” Daniel sussurrou contra o pescoço de Dante. “Você não despertava e Craig ia a… “ “Craig?” Dante lhe perguntou. “Você conhece este homem?” Daniel se sentou lentamente. Para sua consternação, sua voz se quebrou um pouco ao falar. “Craig é o filho da puta que me espancou.” Daniel se deu conta de que tinha usado uma palavra de maldição. Rapidamente olhou a Dante. “Eu sinto muito.” “Está bem, lindinho,” disse Dante enquanto aplaudia a mão do Daniel. “Neste caso, acredito que o sentimento está justificado. Inclusive pode chamá-lo assim.” Daniel seguiu o olhar de Dante aonde Jack tinha ao Craig algemado no chão. Os paramédicos e agentes uniformizados entraram na habitação e se dirigiram ao Craig. Daniel se estremeceu. “Como chegou aqui? Como sabia sequer onde estava?” “Não sei, Daniel, mas talvez devêssemos perguntar.” Daniel ficou de pé quando Dante lhe deu uns tapinhas no quadril. Estendeu-lhe a mão e o ajudou a ficar de pé. Ele realmente não queria estar perto do Craig. E não queria Dante perto do homem nem muito menos. Quando Dante deu um passo para o Craig, Daniel tomou a mão e puxou ele para trás. “Não, Dante, não,” disse com desespero. “Por favor, eu não te quero perto dele. É um monstro.” Sua voz se quebrou com um soluço. “Ele vai te machucar.” As sobrancelhas de Dante se levantaram com surpresa em seu rosto. “Daniel, está algemado no chão. Ele não pode me fazer mal.” “Ele pode,” insistiu Daniel. ‘Por que Dante não entende? Craig tinha o mal encravado nos ossos. Gostava de machucar às pessoas.’ Mas Dante só deu ao Daniel um olhar condescendente. Daniel imaginou que estaria a seu lado lhe dando tapinhas na cabeça. “Daniel.” “Por que não me escuta?” Daniel chorou. “Ele vai fazer te machucar.” “Daniel,” disse Dante. E lhe segurou o rosto.

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“Ele não pode me fazer mal. Nem sequer pode ficar de pé agora mesmo. Incapacitouo quando o apunhalou. “ “Eu, o que? “ “Você ganhou. Ele tentou feri-lo, me machucar, mas você venceu.” Dante balançou o rosto do Daniel. “Você ganhou, lindinho.” “Ma… mas…” Daniel olhou mais à frente do ombro de Dante ao homem que estava no chão. Só então viu o atoleiro de sangue no tapete. Parecia haver várias feridas diferentes, a maioria delas em suas coxas. Ele não se movia e pequenos gemidos saíam de sua boca. Daniel franziu o cenho. “Eu fiz isso?” “Sim, lindinho,” disse Dante em um tom estranho de voz que capturou a atenção do Daniel. “Você salvou nos dois. Ninguém mais o fez, somente você.” “Como?” Dante riu. “Não tenho nem ideia, mas estou feliz de que o tenha feito. Ele poderia ter ferido aos dois, nos matar, inclusive; mas nos salvou.” “Tive que fazê-lo” Daniel disse em voz baixa. “Ia te machucar. Não podia deixar que fizesse a você o que ele me fez.” Daniel caiu contra Dante. Sentia os fortes braços de Dante envoltos ao redor dele. “Sei, lindinho.” Dante apertou seus braços ao redor do Daniel, por isso foi difícil para ele tomar fôlego. “Estou muito, muito orgulhoso de você, Daniel.” Daniel estava bastante orgulhoso de si mesmo. Não entendia como o tinha feito, mas tinha vencido ao Craig, o homem que tinha destruído quase toda sua vida. Tinha salvado ao Dante, protegeu-o. Como disse Dante, ninguém mais o fez, somente ele. “Daniel, Dante,” disse Jack “Tenho algumas perguntas que preciso lhes fazer sobre o que aconteceu aqui.” Daniel e Dante se voltaram para encontrar ao oficial que estava ao lado deles olhando-os com determinação.

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Tinha chegado o momento de que Daniel falasse abertamente de tudo o que lhe passou. Uma parte dele se sentiu aliviado, mas outra parte ainda queria ocultar o acontecido, especialmente de Dante. Ainda se sentia um pouco culpado de tudo o que tinha ocorrido. Se ele nunca fosse com o homem em primeiro lugar, não estaria passando pelo que estavam acontecendo agora. “Daniel, é este o homem que agrediu você?” Perguntou Jack enquanto assinalava ao chão, onde os paramédicos estavam trabalhando no Craig. Daniel assentiu com a cabeça. “Sim.” “Estaria disposto a testemunhar em um tribunal?” Perguntou Jack. Daniel fez uma careta. “Tenho que fazê-lo? “ “Daniel, sei que isto é difícil, mas a única maneira de manter a este homem longe e que não volte a fazer isto de novo, é pô-lo atrás das grades. “ “Mas eu estive de acordo em fazer a cena com ele,” protestou Daniel, suas mãos apertadas aos lados enquanto tratava de não ceder à vergonha que sentia. “Quem vai acreditar em mim uma vez que contar…?” “Daniel, não importa que você aceitou. Você lhe disse que parasse, verdade?” Daniel assentiu com a cabeça rapidamente. “Roguei-lhe que se detivesse. Ele só me amordaçou para que me calasse.” “Deixou claro que queria que parasse, não importa o que concordou. O que te fez não só foi errado, se não que foi contra a lei.” As sobrancelhas do Daniel se elevaram. Jack soava tão feroz, tão zangado. Seus lábios se reduziram a uma linha simples, seus olhos marrons não piscavam. Daniel sabia que Jack não tinha nem ideia de como se faziam as coisas em sua pequena comunidade, mas não parecia lhe importar. Para ele, era imprescindível parar, não importava nada mais. “Sim, lhe disse que parasse em várias ocasiões. Mas ele não o fez. Quando comecei a gritar, amordaçou-me para que não pudesse falar. Quando acabou comigo, deixou-me na frente do hospital como um pedaço de lixo que terá que jogar fora.”

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“Você vai testemunhar o que ele fez para você?” Jack voltou a perguntar. Daniel sentiu a mão de Dante apertar a sua, respirando. Daniel engoliu saliva e assentiu. “Sim, vou testemunhar.” Jack não sorriu em resposta, mas sim pareceu aliviado quando assentiu com a cabeça para trás. “Necessito que faça uma declaração por escrito sobre tudo o que aconteceu.” “Tudo!” chiou Daniel. “Temo que sim, Daniel,” respondeu Jack. Seus rasgos se suavizaram. “Sei que não será fácil para você, e vou te ajudar tanto como seja possível, mas precisamos saber com detalhe tudo o que possa lembrar.” “Dante tem que estar ali?” Daniel sussurrou, lançando um olhar rápido a seu amante. “Não, se não quiser que esteja.” “Daniel, você não quer que eu esteja lá?” Dante lhe perguntou, seu tom de voz, mostrava dor e confusão. “Não quero, não quero que você saiba o que ele me fez,” murmurou Daniel. Dante sabia muitas das coisas que aconteceram, mas havia algumas que eram tão horríveis que Daniel não queria nem pensar nelas, e muito menos que Dante soubesse. Dante parecia que queria discutir. Abriu a boca e a fechou a seguir. De repente, Daniel se sentiu empurrado aos braços de Dante, pressionado com força contra o peito do homem. A cabeça do Dante se apoiava na parte superior da sua. “Quero estar ali, para te apoiar.” Dante cavava o queixo do Daniel e inclinou a cabeça, o que lhe obrigou a olhá-lo aos olhos. “Mas se não quiser posso esperar do lado de fora, de acordo?” Daniel sentiu uma solitária lágrima descer por seu rosto. “Eu só não quero que saiba as coisas horríveis que realmente me fez,” disse Daniel em voz baixa. “Não quero que escute.”

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“Daniel, não há nada que possa dizer que me faça deixar de te amar. Tem que entender isso. E as coisas que imagino não podem ser muito melhores de que o que realmente aconteceu.” Daniel bufou. “Você poderia estar equivocado.” Dante apoiou a testa contra a do Daniel, e tomou várias respirações profundas e lentas. Acariciou-lhe a bochecha. “Bom, Daniel, o que queira. Mas insisto em que me permita esperar do lado de fora por você, em caso de que me necessite. Não preciso escutar o que aconteceu, mas tenho que estar ali para você.” “Entendo que queira saber tudo o que aconteceu, Dante, e talvez algum dia lhe conte isso, mas ainda não, por favor.” Daniel deu uma pequena sacudida de cabeça. “Não estou preparado para que saiba ainda.” “Está bem, lindinho.” Dante beijou a testa do Daniel. “O que queira.” “Sinto muito,” Daniel sussurrou. “Não sei. O que eu lamento, é que você tenha que passar por isso. Faria qualquer coisa para tomar isso dos seus ombros.” Daniel assentiu com a cabeça e se voltou para olhar ao Jack. “O que devo fazer?” “Por que não vem à delegada pela manhã?” Perguntou Jack. “Você pode fazer sua declaração a seguir. Acredito que uma noite de descanso pode ser algo bom, e amanhã chegará muito em breve.” “De acordo.” “Há uma coisa mais que necessito, Daniel,” disse Jack. Daniel arqueou uma sobrancelha para o Jack. O que mais necessitavam, além de sua declaração contra Craig? “O homem que assinalou abaixo, no bar” Perguntou Jack. “O temos em custódia. Preciso que você o identifique. Preciso saber se ele foi o homem que te sequestrou.” “Não!” Gritou Dante. “Absolutamente.” “Dante!” Daniel exclamou, surpreso pela veemência na voz de Dante, a forma em que seu rosto avermelhou.

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“Não, Daniel. Eu não te quero nem de longe perto desse homem. Nem sequer desejo que esteja no mesmo quarto que ele.” “Dante, só necessito que lhe assinale,” admoestou Jack. “O homem não tem nem sequer que saber que Daniel o identificou. Você tem câmaras de vigilância no bar. Daniel pode olhá-las.” Dante assentiu com a cabeça. “Isso estaria bem, mas não quero que Daniel esteja em qualquer lugar perto desse homem.” “Dante, posso fazê-lo,” disse Daniel. “Eu não tenho medo. Ele tentou uma vez e consegui me afastar dele. Não pode me fazer mal.” “Eu não…” “Dante,” começou Daniel, lhe dando tapinhas no peito, “está bem. Vamos descer e dar uma olhada ao homem. Inclusive pode segurar minha mão.” Daniel se pôs a rir quando Dante suspirou e pôs os olhos em branco, mas não perdeu o fato de que Dante o agarrou pela mão. Daniel lhe deu um pequeno apertão, e a seguir, voltou-se para olhar ao Jack. “Estou preparado.”

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Capítulo 13 “Lindinho?” Dante chamou enquanto caminhava para a porta principal. “Está a ponto de sair? Logan e Joey estão aqui.” “Já vou,” respondeu Daniel do quarto. Dante abriu a porta, esperando encontrar ao Logan e ao Joey de pé ali. Os quatro foram à cidade para celebrar o primeiro aniversário do Logan e Joey. Dante não podia esperar até que ele e Daniel pudessem celebrar o mesmo. Só uns meses mais. “Jack,” disse Dante, surpreso “o que está fazendo aqui? Algo vai mal com o caso?” Jack sorriu e entrou. “Não, justamente o contrário, de fato. Queria vir dar ao Daniel e a você, a notícia pessoalmente.” Dante arqueou uma sobrancelha, mas voltou a gritar ao Daniel. “Daniel, pode vir aqui, por favor? Jack está aqui e precisa falar conosco.” Dante levou ao Jack à sala de estar, e os dois homens tomaram assento. Dante apoiou os cotovelos nos joelhos, dobrando as mãos. Queria ouvir a notícia do Jack ali mesmo, mas sabia que Daniel precisava escutar o que o homem tinha que dizer, assim aguardou. Nos três meses que tinham passado, desde que Craig Dawson e Larry Barnes, o sequestrador, foram detidos e identificados pelo Daniel, um montão de coisas tinham acontecido. Daniel e Dante começaram uma terapia de casal para lhes ajudar a lutar com algumas das coisas que tinham passado. Eles estavam fazendo grandes progressos, e sua relação estava melhor que nunca. Dante não poderia estar mais feliz. Por isso estava tão nervoso quando se inteirou de que Daniel tinha que estar ali. Não queria que o que Jack chegasse a dizer interferisse no progresso que tinham feito. Virou para dizer algo ao Daniel, mas no momento que pôs os olhos nele, as palavras lhe falharam.

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Daniel Ferguson era um homem magnífico. Tomava toda a força de vontade de Dante manter-se longe cada vez que lhe olhava. Mas isto, a visão ante ele, roubou-lhe o fôlego. Daniel havia dito que tinha uma surpresa. Dante não tinha nem ideia de que seria uma tão maravilhosa. Daniel vestia uma apertada calça de couro preta que já tinha visto. Uma camisa de seda branca transparente o cobria dos ombros até sua cintura. Dante podia ver o estômago ondulado do Daniel, e os dois mamilos marrons adornados com anéis de prata. O colar que lhe tinha dado destacava contra sua pele pálida, as taxas de prata brilhavam como se Daniel as tivesse polido. Perguntou-se como o teria feito, tendo em conta que o colar seguia em seu pescoço e não podia tirá-lo. Ele quase engoliu a língua quando Daniel parou de frente a ele. Abriu a boca para dizer algo, qualquer coisa, mas não saiu nenhum som. Não havia uma maneira de descrever como ele estava sexy. “Maldito seja,” disse Jack. Assobiou, recordando a Dante que ele e Daniel não estavam sozinhos na sala. “Talvez devesse aparecer na cena. Você esta muito quente, Daniel.” O rosto do Daniel se ruborizou. “Obrigado, Jack. vamos sair com o Logan e Joey para celebrar seu primeiro aniversário.” “Isso é maravilhoso. Talvez eu possa me unir a sua celebração.” Jack fez um gesto ao Daniel para que se sentasse. Dante passou um braço ao redor do ombro do Daniel e aproximou do homem firmemente a seu flanco. Ele plantou um pequeno beijo na cabeça do Daniel antes de voltar sua atenção ao Jack. “Assim, qual é a notícia?” Jack sorriu. “Acabou tudo isso.” Dante franziu o cenho. “O que há de novo?”

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“O caso,” disse Jack. “Craig Dawson e Larry Barnes vão desaparecer durante tanto tempo que nem sequer serão capazes de voltar a fazê-lo quando saírem. Eles não vão prejudicar nunca a ninguém mais, nenhum dos dois.” “Mas, como?” Dante lhe perguntou. “Acreditei que Daniel tinha que depor, que não poderíamos contar com isso até o julgamento.” “Não,” disse Jack. Parecia muito alegre. “Depois que a história chegou aos jornais, vários jovens se apresentaram a denunciar agressões, cometidas tanto por Dawson como pelo Barnes, agressões iguais as do Daniel.” Dante sentiu Daniel tremer. Ele apertou com mais força ao homem. “O que significa isso?” “Significa que não há julgamento,” disse Jack. “Dawson e Barnes se inteiraram sobre os creditos adicionais contra eles e chegaram a um acordo com a promotoria. Ambos ficarão vinte e cinco anos de sua vida na prisão sem possibilidade de liberdade condicional. “ “Vinte e cinco anos,” Daniel sussurrou. “Não podem sair durante vinte e cinco anos?” “Não, nem sequer um dia antes que sua condenação termine,” disse Jack. “Nunca voltará a vê-los, Daniel. Uma disposição especial da pena é que não podem ter contato com suas vítimas, enquanto estejam na prisão nem quando saírem. “ “Por que?” Dante lhe perguntou. Sentiu esticar-se ao Daniel a seu lado e sabia que ele ia perguntava o mesmo. “Essa é a melhor parte. O juiz considerou que seus delitos eram tão atrozes que solicitou a prestação da pena10 por conta própria.” “Então acabou, acabou-se?” Perguntou Daniel. “É realmente certo?” “Sim.” 10

A Oitava Emenda da Constituição dos EUA, ratificado em 1791, tem três disposições. Os CRUÉIS E SANÇÕES CLÁUSULA INSOLITO restringe a severidade das penas que os governos estatais e federais poderão impor às pessoas que tenham sido condenados por um delito penal. A cláusula de multas excessivas limita a quantidade que os governos estatal e federal pode multar a uma pessoa por um delito em particular. A cláusula de liberdade sob fiança excessiva limita a discrição judicial na fixação da fiança para a liberação das pessoas acusadas de atividades delitivas durante o período posterior a sua detenção, mas anteriores a seu julgamento. Oitava Emenda - Tribunal de Justiça, castigos, penas, Insólito Entendimentos ou Penas Cruéis, e liberdade sob fiança. 163


A simples resposta do Jack significou muito. Dante sentiu ao Daniel afundar-se junto a ele. Sabia o que o homem sentia. O alívio foi enorme, quase entristecedor. Suas vidas tinham estado tão envolvidas nas coisas que tinham acontecido, durante tanto tempo, que era quase estranho pensar que tinham terminado. “Obrigado por vir nos contar Jack” disse Dante. “Você gostaria de ir com a gente esta noite?” “Não, melhor não, mas obrigado pelo convite.” Dante riu. Jack o olhou nervoso e se ruborizou. Dante nunca tinha perguntado ao Jack se preferia aos homens ou as mulheres. Não parecia importar. Mas pelo jeito que tinha olhado apreciativamente em direção ao Daniel fez expor-lhe “Quase posso garantir que você terá um bom momento,” disse Dante. “vamos fazer uma parada rápida lá em baixo, logo vamos ao bar do Logan, onde ali se celebrava uma festa para eles. Haverá um montão de homens jovens elegíveis dando voltas, prometo-lhe isso.” O rosto do Jack se ruborizou ainda mais, mas Dante pôde ver um brilho de interesse nos olhos do homem que deixou clara imediatamente, a questão da preferência sexual do Jack. “Vamos, Jack, sabe que quer. Acaba de decidir e veem conosco. Temos muito que celebrar esta noite.” “Está bem, vou.” Jack parecia resignado, mas Dante sabia que ele realmente queria ir. Somente necessitava uma desculpa. “Posso te fazer uma pergunta?” Daniel lhe perguntou, sentando-se. “Sim, claro, o que você gostaria de saber?” Perguntou Jack. “Por que Larry Barnes me sequestrou?” “Trabalhava para Dawson. Ajudou-lhe a encontrar jovens, e os levava a um lugar onde Dawson os espancava.” “Mas por quê? Quero dizer, o que ganhava ele com isso?” “A avaliação psicológica que o promotor pediu, disse que Dawson e Barnes tinham algum tipo de relação simbiótica, algo quase como você e Dante. Dawson era o sócio dominante. Barnes era seu submisso. Ele fez o que Dawson lhe ordenou que fizesse.”

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“Inclusive em meu sequestro?” “Não, isso foi obra do Barnes. Ele estava te observando já fazia algum tempo, pensando em te levar de novo a Dawson. Sabia que Dawson gostou.” Jack fez uma careta, juntando as mãos. “Quando viu você e Dante ir ao hospital, roubou um automóvel e um uniforme de polícia. Tinha que proteger a Dawson e desfazer-se do que era sua obsessão, e a única maneira em que podia fazê-lo era essa.” “Como chegou a suas mãos um uniforme de polícia?” Dante lhe perguntou. Jack riu, ao Dante lhe pareceu estranho tendo em conta as circunstâncias. “Parece que o Oficial Jones tinha uma bolsa em seu carro com um uniforme de troca nela. Planejava dormir na casa de sua noiva, e necessitava um uniforme limpo para o trabalho. Foi só uma coincidência que Barnes roubasse o carro patrulha perfeito.” “Acredito que sua sorte trocou.” Para surpresa de Dante, Daniel se pôs a rir. “Estúpido filho da puta.” “Daniel!” Exclamou Dante. “Amaldiçoar não está permitido. O que te disse sobre isso?” Daniel sorriu. Agarrou a mão de Dante e lhe beijou a palma antes de cair de joelhos, e arrastando-se, ajoelhou-se diante dele. “Suponho que terá que me castigar, Senhor.” Dante arqueou uma sobrancelha, sua mão com vontades de golpear o traseiro nu do Daniel. “Eu posso fazer isso, lindinho.” “Esperava que dissesse isso, Senhor.”

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