Março 2013 Número 111 Ano IX Tiragem 3.000 exemplares
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Memórias de Cabo Frio Edson Teixeira Rodrigues e Susana Cruz da Costa falam dos hábitos dos antigos pescadores de Cabo Frio e Búzios, no Rio de Janeiro. Págs. 4 e 5
Susana e a sola, doce feito com amendoim, mandioca e açúcar, típico de Búzios
Jorge Manoel da Silva fala das trilhas indígenas na Mata Atlântica. Pág. 7
Pescador artesanal, saiba a data de troca de sua carteira de pesca (RGP). Pág. 2
Lucio Moreira
Projeto organiza retirada de petrechos de pesca perdidos no mar no entorno da Ilha de Queimada Grande (ARIE da Queimada Grande) em Itanhaém. Pág. 3
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APAS MARINHAS Três áreas de proteção ambiental (APAS) marinhas foram criadas em outubro de 2008 a partir de decretos assinados pelo governador José Serra (PSDB). O objetivo é disciplinar o uso de recursos ambientais, ordenar a pesca, o turismo recreativo e as atividades de pesquisa. Cada uma das três unidades de conservação tem seu próprio conselho
gestor, composto por 12 representantes do governo e 12 da sociedade civil. Desde sua criação em março, as reuniões têm sido mensais para debater temas relacionados a ordenamento pesqueiro, programas de educação ambiental, pesquisa, proteção e fiscalização. Além dos conselhos foram criadas Câmaras Temáticas nas áreas de Pesca, Planeja-
mento & Pesquisa, e Educação & Comunicação. As APAS pertencem ao grupo de Unidades de Uso Sustentável do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC. Além das três APAS Marinhas também foi criado o Mosaico das Ilhas e Áreas Protegidas que reúne as três novas unidades de conservação e outras já existentes.
Câmara de Pesca discute uso de motor em arrastão de praia A proibição de uso de motor na pesca de arrastão de praia foi um dos assuntos em discussão na 37a Reunião da Câmara Temática de Pesca da Apa Marinha Litoral Centro-APAMLC. A reunião aconteceu dia 26 de fevereiro, no auditório da Unifesp na Ponta da Praia em Santos. A medida consta da Resolução SMA n° 51 de 28/06/12. Os pescadores presentes à reunião concordam com a proibição do uso de motor para a puxada de rede, que é tradicionalmente feita com tração humana. No entanto, acham difícil e perigoso lançar a rede a remo. O pescador José Mendes Jr. afirmou que hoje em dia os barcos de fibra são muito pesados para atravessar arrebentação a remo, o que acarreta falta de segurança para o profissional. O gestor da APAMLC, Marcos Campolim, acrescentou que pode ser aberta nova discussão sobre a Resolução SMA n° 51 sobre a utilização de motor para soltar a rede. A discussão sobre enquadramento das
santistas sobre regulamentação do transporte de embarcação pela praia ao Conselho Municipal de Meio Ambiente e à Câmara de Vereadores de Santos. O presidente da Federação dos Pescadores do Estado de São Paulo, Tsuneo Okida, esclareceu que a contribuição sindical para pescadores artesanais é obrigatória. Para confirmar essa informação pediu que fosse lido documento publicado pelo Supremo TriPescadores artesanais de Santos bunal Federal-STF em e Peruíbe participam da reunião 22/02/2013, que legaliza e obriga o recolhimento Santos, pois o único local permitido compulsório da contribuição sindical é a rampa do Canal 6 (leia matéria ao prevista na Consolidação das Leis do lado). Ingrid Orberg, chefe do escri- Trabalho (CLT) para os pescadores tório regional do Ibama em Santos, artesanais. Diana Gurgel, do Ministério informou que a Prefeitura de Santos tem autonomia para esta regulamen- da Pesca e Aquicultura-MPA, falou tação e se propôs a encaminhar via sobre atualização de licenças de Ibama a demanda dos pescadores pesca artesanal, que devem ser feitas atividades de emalhe e arrastão de praia entrará novamente na pauta das reuniões da CT de Pesca. Pescadores artesanais presentes falaram da dificuldade de levar suas embarcações para o mar na Baía de
Pescadores recebem carteiras de pescador profissional Em cerimônias realizadas dias 7, em São Sebastião, e 8 de março, em Ubatuba, 90 pescadores destas cidades, e também de Ilhabela, receberam suas carteiras de pescador profissional, ou carteira POP, como são popularmente conhecidas. Os alunos participaram do curso POP, promovido pela Plataforma Educativa Repsol Sinopec, graças a uma concessão especial da Marinha. “A carteira POP é a habilitação necessária para a condução de embarcações pesqueiras. A intenção da Marinha é que a pesca brasileira se
torne cada vez mais profissional, e para isso é imprescindível o investimento na qualificação dos pescadores”, explicou o capitão de fragata Alexandre Mota de Souza, delegado da Capitania dos Portos em São Sebastião. “Este documento registra todas as atividades profissionais do pescador, o que lhe garantirá acesso a aposentadoria, desde que esteja contribuindo com o INSS relativo à sua categoria”, explica Leandro Guerise, do Instituto Atlantis, organização parceira da Repsol Sinopec na Plataforma
Educativa. A Plataforma Educativa, iniciada em julho de 2009, visa promover a capacitação profissional das comunidades litorâneas e já passou por 16 cidades dos litorais de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, atendendo a mais de 10 mil pessoas. “Em 2013 daremos início a um novo ciclo com o objetivo de complementar o anterior e potencializar o processo de capacitação das comunidades visitadas”, destaca Alejandro Roig, diretor de Comunicação e Relações Externas da Repsol Sinopec Brasil.
Pescador artesanal: Procure a Colônia de Pescadores mais próxima para ter sempre sua documentação atualizada. Além de representar e defender os direitos e interesses dos pescadores artesanais relativo ao setor da pesca, as colônias podem: • Requerer ou renovar a licença de pescador profissional (RGP) • Requerer ou renovar a licença e registro de seu barco • Requerer benefícios sociais como: aposentadoria rural, auxílio-natalidade,auxílio-enfermidade, auxílio-reclusão, seguro-defeso
EXPEDIENTE www.jornalmartimpescador.com.br
Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo Presidente Tsuneo Okida
Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP CEP: 11030-350 Fone: (013) 3261-2992
até 30 dias após o aniversário do pescador. Se o documento não for regularizado dentro desse período, deve ser feito pessoalmente no escritório do MPA, num prazo extra de 30 dias. Expirado o segundo prazo a carteira será suspensa por dois anos. O presidente da Colônia de Pescadores de Itanhaém relatou problemas para conseguir inserir os dados de alguns pescadores no sistema. Nesse caso, Diana explicou que um documento relatando o fato deve ser oficializado junto ao MPA com os dados pessoais do pescador para que não haja entraves futuros na emissão da carteira. Fernanda Terra, da Fundação Florestal, explicou que o Plano de Manejo das Apas Marinhas está em fase de consultoria e ajustamento das oficinas com as comunidades do setor pesqueiro. Em breve a empresa irá entrar em contato para convocá-los para as oficinas de diagnósticos. O plano terá conclusão em 18 meses.
Pescadores querem mais acesso à Baía de Santos O pescador santista Alexandre Costa Gonçalves, 41 anos, afirma que é necessário mais acessibilidade dos barcos para o mar, em Santos. Na profissão desde 13 anos de idade, pratica a pesca de arrastão há 20 anos. Sua queixa é que não consegue mais sair com o barco para o mar na altura do Canal 1. Os guardas municipais alegam que ele deve sair da rampa do Canal 6 para seu destino. Alexandre explica que é difícil ir remando até o local e que a proibição dificulta o desempenho de seu trabalho.
Pescador Artesanal
-A partir da data de seu aniversário você tem 30 (trinta) dias para solicitar a troca de sua carteira de pescador (RGP-Registro Geral de Pesca). -Procure a Colônia de Pescadores mais próxima, ou o escritório do Ministério de Pesca Aquicultura-MPA para mais informações. -Se perder o prazo, deve com-
parecer ao escritório do MPA para fazer o registro. Se até 60 (sessenta dias) após a data de seu aniversário a solicitação de troca de carteira não tiver sido feita, sua licença ficará suspensa por 2 (dois) anos. Mais informações no escritório do MPA em Santos: (13) 3261.3278/ ou em São Paulo: (011) 3541-1380 ou 3541-1383.
Defesos Cherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2005 a 6/10/2015 Mero (Epinephelus itajara) 17/10/2012 a 17/10/2015 Bagre rosado (Genidens genidens, Genidens barbus, Cathorops agassizii) 01/01/2013 a 31/03/2013 Caranguejo guaiamum (Cardisoma guanhumi) 01/10 a 31/03 Lagosta vermelha (Panulirus argus) e lagosta verde (P. laevicauda) 01/12/2012 a 31/05/2013 Ostra – 18/12/2012 a 18/02/2013 Sardinha (Sardinella brasiliensis)-15/06 a 31/07/12 (recrutamento) - 01/11/12 a 15/02/13 (desova) Piracema na Bacia Hidrográfica do Rio Paraná (IN 25 do Ibama) de 1/11/2012 a 28/02/2013 Proteção à reprodução natural dos peixes, nas áreas de abrangência das bacias hidrográficas do Sudeste (IN 195) de 1/11/12 a 28/02/13 Pargo (Lutjanus purpureus) 15/12/2012 a 30/04/2013
Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP christinamorim@gmail.com Fotos e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - belacarrari@hotmail.com Impressão: Impressão:Diário Diáriodo do Litoral: Litoral Fone.: Fone.:(013) (013)3226-2051 3226-2051 Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia
Diretor de Pesca alavanca projetos em Peruíbe Desde que assumiu a Diretoria de Pesca de Peruíbe em janeiro, Pedro Gonçalves Ferreira trabalha para dar sequência a projetos iniciados nas gestões anteriores. Para isso conta com a experiência adquirida na Colônia de Pescadores Z-5, onde começou a participar da administração em 2006, sendo seu atual presidente. Profundo conhecedor dos problemas que afetam os pescadores da região, acredita que uma das prioridades seja fornecer infraestrutura a esses profissionais. Um dos projetos em andamento é a instalação de maquinário para descascar camarão-sete-barbas que será instalado no espaço do antigo Mercado de Peixes da cidade, no bairro do Portinho. “Para isso o Estado doou ao município o terreno, que está em fase de regulamentação”, explica. Os pescadores deverão organizar uma cooperativa para utilizar a aparelhagem. “Estamos também iniciando um projeto de criação de ostras em Barra do Una, com o incentivo do ICMbio de Iguape”, acrescenta. A produção de lambari, peixe nativo da região, também deverá ser estimulada através de projeto desenvolvido pela CATI –Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. O trabalho vem sendo desenvolvido em conjunto com a Diretoria de Agricultura, que deverá coordenar o plantio de horta orgânica no entorno.
Pedro é o novo diretor de Pesca em Peruíbe
Dia de limpeza no mar
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O pesquisador Luiz Miguel Casarini estuda e quantifica o material
Projeto organiza retirada de petrechos de pesca perdidos no mar no entorno da Ilha Queimada Grande (ARIE da Queimada Grande) em Itanhaém
Saiba mais sobre o Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar
Petrechos são retirados do mar
Um mutirão de mergulhadores e pesquisadores realizou a limpeza que recolheu cerca de 50 quilos de petrechos de pesca de vários tipos de materiais sintéticos abandonados, perdidos ou descartados no mar (PP-APD) no dia 9 de março. O evento “Mergulhando e Limpando - na Ilha Queimada Grande”, fez parte da Campanha Internacional “Clean up Dive”, promovida pelo ICMBio, com a participação do Instituto de Pesca e Fundação Florestal. Segundo as organizadoras do evento Lúcia Guaraldo e Adriana Magalhães do ICMBio e Tathiany Mottola do Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar, na ocasião aconteceram também oficinas de atividades marinhas, observação de aves e mamíferos marinhos, fotografia com Coletivo de Fotógrafos de Itanhaém e iniciação ao mergulho livre com Camila Garcia Gomes e Lúcia Guaraldo. O mergulho autônomo e livre foi realizado por pessoal habilitado para recolher do
fundo marinho os petrechos de pesca perdidos no mar, responsáveis pela ‘pesca fantasma’. Participaram 20 pessoas em duas lanchas, Conquest e Tupiniquins, e dois botes de apoio. As campanhas Clean Up Dive esclarecem os interessados que a prática de recolhimento de petrechos deve ser realizada por mergulhadores treinados para a tarefa, devido aos riscos de acidentes. No entanto, qualquer pessoa pode participar informando sobre localização e tipo de petrecho avistado durante mergulho. O evento contou também com a participação do Instituto Ernesto Zwarg (IEZ), Instituto de Biociências, Projeto trilha subaquática, COFIT, Ecosteiros, Prefeitura Municipal de Itanhaém, Associação Comercial de Itanhaém (ACAI), Marina Maitá, Corpo de Bombeiros de Itanhaém e Guarujá, Polícia Militar Ambiental de Itanhaém, Ecosurfi, AMA Ecoturismo, Instituto Dacnis, Náutico Clube e ONG Vivamar.
Uma rede de pesca descartada no mar continua prendendo e matando animais marinhos em sua malha. Por isso existe uma grande preocupação em fazer que tanto fragmentos de redes, como cabos, anzóis, chumbadas e armadilhas tenham descarte adequado, através de educação ambiental. Quando forem descartados de forma incorreta, o jeito é realizar mutirões de limpeza para recolher os petrechos. Esses são os princípios que deram origem ao Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar, iniciativa pioneira criada em parceria entre a Fundação Florestal e o Instituto de Pesca-IP da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Desde sua criação em 2010 já foram realizadas sete campanhas Clean Up Dive, retirando mais de uma tonelada de petrechos de pesca abandonados, perdidos ou descartados (PP-APD). Afinal calcula-se que as pescarias (industrial, amadora e artesanal) perdem por ano 10% de seus petrechos de pesca em todo o mundo, o que totaliza cerca de 640 mil toneladas de lixo jogado no mar. Todas as campanhas foram realizadas em Unidades de Conservação Marinha, segundo um dos criadores do projeto, Luiz Miguel Casarini, doutor em Oceanografia Biológica, e pesquisador científico do IP. “Entendemos que esses locais são os mais sensíveis em relação aos PP-APD”, acrescenta.
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Cabo Frio e o milagre da
Coluna
Cidades fluminenses abençoad tem no pescado o alimen
A nova cara da Embraport Em 2013 a Embraport começou a ganhar uma nova cara, ou melhor, muitas novas caras. A empresa, que encerrou o ano de 2012 com um time de 104 integrantes, recebeu neste início de ano mais 180 pessoas que chegaram cheias de energia para o desafio de colocar em funcionamento a operação da primeira fase do terminal, prevista para abril. Foram recrutados profissionais para as áreas de Operação, Manutenção, Compras, Contabilidade, Compliance,
Comunicação, entre outras. A contratação destes novos integrantes faz parte do desafio da companhia de fechar o ano de 2013 com um time de aproximadamente 600 pessoas; número apontado como o ideal para o pleno funcionamento das atividades. Como explica o gerente de P&O, José Antonio Ramos Filho, a chegada destas novas pessoas, somadas ao time que já faz parte da Embraport, ocorre em um momento decisivo para a consolidação da
estrutura de trabalho do terminal. “O projeto começou a ganhar forma e isso tem atraído muito gente disposta a participar do nosso crescimento”. Ele acrescenta que o mix de pessoas de diversas empresas e segmentos contribuirá de maneira significativa para a estruturação rápida da organização. “O perfil de profissional que estamos recrutando para a Embraport são pessoas com expertise, brilhos nos olhos e que queiram participar da construção deste um sonho”, destaca.
Serviço:
Se você quer fazer parte do quadro de integrantes da Embraport, acesse o site www.terminalembraport.com.br e cadastre o seu currículo.
Cabo Frio e Búzios são cidades da região dos Lagos, próximas às lagoas de Araruama e Saquarema, que tem na beleza de suas praias sua maior atração turística. Distantes a cerca de 200 quilometros da cidade do Rio de Janeiro, até a década de 60 viveram período de grande tranquilidade. Em 1964, a estadia da atriz francesa Brigitte Bardot em Búzios, atraiu para o local a atenção do mundo. A afluência de turistas na região com o passar do tempo provocou modificações, entre elas a ocupação das terras, afastando os
moradores tradicionais de suas habitações nas praias. Ainda assim, o pescador não abandonou sua tradicional profissão, e a pesca é uma das economias fortes na região. Basta observar o incessante movimento de barcos de pescadores entrando e saindo dos canais para o mar. A garantia da fartura vem do fenômeno da ressurgência, que consiste no afloramento à superfície de águas profundas e frias ricas em nutrientes que fertilizam o mar. Moradores tradicionais contam como era a vida antes do boom do turismo na região.
Ouvidoria Embraport: 0800 362-7276 faleconosco@terminalembraport.com.br www.terminalembraport.com.br A ponte Feliciano Sodré em 1940 e...
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e Búzios vivem Búzios, da pesca da ressurgência e da roça
oadas pelo fenômeno da ressurgência, mento certo para sua população
Susana lembra da sola, doce feito por sua avó
Arara, de pescador a marinheiro “Se faltar um no barco, você pode ir no lugar da pessoa”, dizia o avô Daudevino, ao menino de 12 anos, louco para ir pescar nos idos de 1968. Para Edson Teixeira Rodrigues, o Arara, nascido em Cabo Frio/RJ em 1956, sair para a pesca com os mais velhos, avô, pai e tios, era o máximo da diversão. “Parati dava o ano todo, e ainda pegavam tainha, corcoroca e robalo. A gente chegava e tinha comprador no canal que já levava o peixe”, recorda. “Cheguei a pescar um tempo com meu pai, de canoa na barra, pegando camarão de puçá”, conta. O apelido de Arara ganhou dos amigos, pois frequentava muito o bairro de São Cristovão, reduto de moradores nordestinos, assim passou a ser chamado de Pau de Arara e depois só de Arara. Mas, na realidade a sua família está há muitas gerações na região de Cabo Frio. Passou toda sua infância e ainda hoje mora no bairro da Gamboa, região central próxima à ponte Feliciano Sodré construída em 1926, em substituição à antiga ponte de ferro que caíra. Na ponte passavam também cavalos e carroças. As carroças traziam coisas da roçaque às vezes trocavam por peixe salgado. Ali, perto de onde hoje está o Costa Azul Iate Clube e a José Rodrigues Póvoa, conhecida como rua dos Bíquinis, a água do canal entrava e formava uma lagoa até estrada. “Quando tinha maré de lua, a lagoa enchia e cobria a estrada”, comenta, acrescentando que jogava bola na lagoa quando a maré secava e quando não estava pegando siri e camarão. No local onde hoje está o clube, havia uma salga de peixes, rodeada por um cordão
de pedras. Afinal, na época ainda não havia geladeira e a salga era a solução para conservar os produtos do mar. Moravam na casa do avô na Gamboa, em rua de terra, com água encanada, luz, fogão a carvão e a lenha. O lugar já era urbanizado, e contava apenas com uma horta para os produtos mais usados. Não havia roça próxima, nem casa de farinha, e o desjejum vinha acompanhado de pão com manteiga e café. “Minha infância era brincando aqui”, diz, referindo-se a uma época em que a diversão era jogar futebol, queimadinha, bola de gude, rodar pneus de carro na mão. “Brincadeira de criança boa, sadia”, relata com saudades dos tempos passados na companhia de cinco irmãos, dois homens e três mulheres. Depois de um tempo na pesca artesanal, passou a trabalhar nas fábricas de sal, Perina e Cisne, como empacotador e operador de máquinas. Aos 23 anos, casou-se com Deusaleia Maria Teixeira Rodrigues, também nascida na Gamboa, com quem teve duas filhas: Estefania, 31 anos e Priscila, 25 anos. Aos 25 anos começou a trabalhar como marinheiro de lanchas de recreio, profissão em que se aposentou aos 54 anos, por problemas no menisco e também de circulação sanguínea. De tudo que passou, ficou muitas saudades da Gamboa antiga, das brincadeiras de infância, um tempo sem violência. A arte da pesca não passou para as gerações subsequentes, filhas e os netos Stefany, 12 e Jean, 11. O moleque não aprendeu a pescar, mas pegou gosto no futebol e gosta de jogar bola como o avô fazia na juventude.
A praia de Geribá hoje é reduto de turistas
As casas de pau a pique, feitas com barro vermelho e telhado de sapé eram parte da paisagem da praia de Geribá, em Búzios, até meados dos anos 80. Essa é a imagem que Susana Cruz da Costa, 40 anos, guarda da casa dos avós paternos Jaime Francisco da Costa e Docelina Maria do Carmo. Nascida em 1972, no bairro da Gamboa, em Cabo Frio, lembrase das visitas de fim de semana a Búzios, com o pai Gelson, a mãe Elza e as duas irmãs. O avô cuidava de cavalos e plantava. “Difícil quem não tivesse uma roça perto da casa”, conta. Ali a avó Docelina plantava mandioca, milho, cana, amendoim, urucum e todo tipo de banana. O café da manhã vinha com beiju, banana figo e mandioca cozida na água, ou sola, um doce feito com amendoim, farinha de goma, açúcar, cravo e canela, assado na folha de bananeira. Tudo preparado no fogão a lenha, num tempo de muita simplicidade com água de poço e luz de lamparina.
“Antes em Geribá tinha muito pescador, agora encheu de pousada”, comenta Susana. Os dois tios pescavam tainha, parati, de rede, de tarrafa, na praia. “Minha avó salgava peixe e pendurava no varal para secar”, diz. O pai, Gelson Francisco da Costa, o Gandola, se distinguiu no mergulho e foi campeão mundial de caça submarina em 1971 no Chile e em 1975 na Itália. “Papai pegava garoupa, polvo, badejo, sargo, lagosta e tanto peixe que nem o nome eu sei”, fala com bom humor. Gandola faleceu em 2007 aos 68 anos. Susana lembra que quando morava com o pai, quase todo o dia era peixe, “Ele mesmo gostava de preparar”, lembra-se, dizendo que sua receita preferida era o peixe ensopado com pirão e a lagosta cozida na água com vinho tinto e sal. A receita do peixe ensopado era da avó Docelina, que caprichava, socando os grãos de urucum no pilão para tirar o pó que dá aquele tom bem vermelhinho. Susana é
Os segredos da terra Quem quiser conhecer o que produz a zona rural de Cabo Frio deve ir ao Mercado Sebastião Lan, também conhecido como feira municipal de fim de semana. Grande parte dos produtos vem do chamado 2º Distrito, zona afastada do centro. Algumas comunidades quilombolas vendem produtos derivados da mandioca, como tapioca e beiju, e outros produtores
...em 2013
casada com Sérgio e tem três filhas do primeiro casamento e uma do segundo. Dos hábitos do passado lembra-se que os pescadores no Geribá costumavam comer carne de tartaruga, hoje proibida. “Serviam temperada com pimentão, coentro e cebola”, recorda. Outro hábito era sair com a avó na beira da praia para catar tatuí, nome de origem indígena dada a um pequeno crustáceo que se enterra na beira da maré, parecido com um tatu, mas bem pequeno. Esse era apenas cozido na água e sal, e para comer tirava-se a carapaça. Das receitas da avó que tem mais saudades é a sola, bem difícil de fazer porque tem que ser enrolada na folha de bananeira e assada no fogão a lenha. Por isso sempre que vai ao Mercado Municipal de Cabo Frio compra uma fresquinha, vinda da zona rural do município, onde as roças ainda fornecem as mais variadas farinhas de mandioca, beijus e outros produtos que antes podiam ser encontrados na praia de Geribá.
oferecem laranja de-folha-murcha, fruta-pão, urucum, jaca, sola, vários tipos de banana, entre outros. Na peixaria é possível encontrar o bagre chamado de “mulato velho”, que no passado era preparado salgado e seco pelos pescadores artesanais. O mercado fica na Rua Inglaterra, s/nº, bairro Jardim Caiçara, Cabo Frio.
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Arte estimula o amor à natureza
Alexandre Huber (à esquerda) e Ivan Cruz, do Aquário Municipal acompanharam as crianças durante a oficina de arte
O artista plástico Alexandre Huber promove conscientização ambiental através da arte
Os participantes aprendem brincando
As crianças se entusiasmam ao receber uma tela com o desenho de um animal marinho e logo começam a escolher as cores para pintar. Cada um usa sua criatividade, sob a orientação do artista plástico santista, Alexandre Huber. Na tarde de domingo (17/02) a oficina de arte promovida pela equipe de educação ambiental do Aquário de Santos, atraiu 18 crianças e seus familiares que se alegraram ao ver o progresso dos filhos. “Estou vendo as crianças crescerem”, explica Huber, referindo-se aos progressos de alguns alunos que acompanham
seu trabalho desde o início em 2009. No mesmo dia o artista inaugurou a exposição “Do risco à arte” com 15 telas inéditas com motivos marinhos que encerra dia 30 de março. Huber já realizou várias oficinas, com uso de telas e murais externos em vários pontos da cidade de Santos e diversas partes do país. Hoje, com notoriedade nacional, o artista enfrenta uma agenda agitada. A programação de Huber teve continuidade em 10 de março com a mostra de 30 telas intitulada "Cores do Mar", cuja renda será revertida em oficinas de arte para crianças
no espaço Cultural Forte da Barra. Na semana do Meio Ambiente, em junho, estará na Bahia a convite do Instituto Baleia Jubarte, levando seu amor e conhecimento aos jovens do local. Em outubro na comemoração do dia das Crianças, o artista faz uma tour em ONGs de Santa Catarina: Projeto Lontra, Instituto Baleia Franca e Projeto Baleia Franca. O artista conta com o apoio da Eucatex, Souza Arte e Cultura e Pincéis Tigre. Saiba mais em www.huberartemarinha.com.br. O Aquário fica na praça Luiz La Scala, Ponta da Praia, Santos. Tel: (13) 3278.7830.
Festa de São Pedro ressalta cidadania
Moradores da Vila dos Pescadores se reuniram para organizar as comemorações de São Pedro
Mesmo em tempos tão difíceis em Cubatão, quando a cidade sofreu enchentes, e a dengue avança, os moradores da Vila dos Pescadores não vão desistir de louvar seu padroeiro São Pedro, dia 29 de junho. O tema da comemoração será a cidadania. Ao lado das procissões haverá estandes com representantes das Colônias de Pescadores dando instruções para que esses trabalhadores do mar
possam exercer sua profissão com dignidade e documentação em dia que dá direito aos benefícios sociais. Além das informações específicas para pescadores haverá estandes com profissionais da saúde falando sobre profilaxia da dengue e DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis), entre outros. A primeira reunião para planejar as comemorações de São Pedro foi realizada dia 12
de março nas instalações do Centro Comunitário. Estiveram presentes a coordenadora da capatazia da Colônia de Pescadores Z-1 em Cubatão, Santina Barros, Rogério dos Santos, presidente da Associação dos Direitos da Cidadania, Ação Social, Cultura e Esporte local, José Arnaldo dos Santos, o Vadinho, presidente da Associação Educativa local, professor Alberto Amorim do Instituto de
Pesca e pescadores. “A gente não pode viver só de tristeza, vamos continuar a vida”, disse Rogério animando os presentes a arregaçar as mangas para organizar a festa. A festa de São Pedro não era mais comemorada na Vila dos Pescadores, e foi retomada em 2005 pelo Programa de Apoio à Pesca, desenvolvido pela capatazia da Colonia de Pescadores Z-1, Federação dos Pescadores do
Estado de São Paulo, Instituto de Pesca, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do ESP, Prefeitura Municipal de Cubatão, e mais tarde com o apoio da Petrobras/Transpetro, Embraport, Alpina Briggs e Usiminas. A Prefeitura há três anos transformou a festa, que era só dos pescadores, num evento de grandes dimensões para toda a comunidade da Vila.
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Jorge, na trilha dos índios
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Morador de Caruara conhece as trilhas da Serra Mar como a palma de sua mão
“Eu não me perco nem no mar, nem na terra. Pode me soltar até no Amazonas que eu não me perco”, garante Jorge Manoel da Silva, nascido em 1949 numa fazenda em Caetê, na área continental de Santos. A habilidade de encontrar trilhas ele aprendeu numa vida inteira de vivência nas matas paulistas e fluminenses. Também passou alguns anos em cidades, onde foi pescador, carpinteiro naval, mecânico de diesel. “Aprendi muito com a vida. Só não aprendi a matar, a roubar e usar droga”, diz com bom humor. Com apenas um mês e 20 dias mudou-se com os pais e sete irmãos do Caetê para a Fazenda do Fundão, de Peroca Feliciano, em Paraty-RJ, e aos 20 anos voltou para o lugar de origem. Filho de Eugênio Manoel da Silva, lavrador, acostumou-se com a vida na mata e aprendeu a encontrar sozinho trilhas na Mata Atlântica. “Vou de Caetê ao topo do Morro do Sapê em Paraty em sete horas. E de lá vou para Minas”, conta orgulhoso. “Eu e Deus, com um facão na cintura e um zagaio (tipo de lança) na mão”, completa. O ponto de partida é o Caetê, próximo à estrada Rio-Santos, ou saindo da Piaçaguera, em Cubatão. Alguma coisa aprendeu, e outras descobriu sozinho, como achar a direção pelo rumo das estrelas. “Conheço qualquer trilha na Mata Atlântica”, se orgulha. “Nem a polícia florestal sabe o que eu sei”, acrescenta. A vida na mata é simples. “Vou com uma bota, se a bota lascar vou descalço”, brinca. Para dormir é só se deitar em cima da palha seca, e se cobrir com mais palha por cima. Com a faca garante a sobrevivência, descascando palmito, cavando e arrancando raízes do chão e catando muitas frutas do mato, mamão, cajá, coco, abacaxi. “Se der tempo faço uma rede de cipó”, explica com a experiência de quem faz desde barcos até covos, que são tradicionais armadilhas de pegar peixes. “Tem que ter cuidado
Jorge alimenta Palominha com alfafa silvestre
Um abacaxi silvestre da Mata Atlântica
O que restou do longo traçado das trilhas indígenas O Peabiru, trilha indigena criada antes do descobrimento das Américas, se estendia por milhares de quilômetros desde o Peru, passando por Bolívia, Paraguai, Paraná e São Paulo, termi-
nando em São Vicente, no litoral sul do Estado. Esse caminho era usado pelos índios guaranis para ligar aldeias e transportar caças. Os colonizadores brancos aproveitaram essas trilhas em busca
de metais preciosos, e também para fundar povoados e criar missões no tempo colonial. Hoje pesquisadores estudam o que resta deste maravilhoso traçado feito há muitos séculos atrás.
com cobra brava, espinho nem passo perto, e evito árvore grossa, porque a onça se esconde atrás”, explica. Jorge explica que a onça ataca por trás, cara a cara é difícil. “Onça não olha nos olhos da pessoa, se você encarar, ela olha para baixo”, garante. “Um dia, eu estava lá em cima de uma pedra, no Serrão, e o meu cachorro , Branco, chegou correndo, fugindo de uma onça”, conta. “O cachorro tremendo, chegou a urinar”, continua. “Quando deu comigo, comecei a olhar para ela, que deu um urro e foi se esconder embaixo de uma moita de guaricanga”, finaliza, acrescentando que se a coisa esquentasse ele se defendia com o facão. Jorge conta que tem de tudo um pouco na família, português, índio e africano. A família é grande, muitos parentes em Iguape, Itapema (Guarujá), Mato Grosso. Os irmãos, 13 filhos, que teve com quatro diferentes parceiras, e mais de 20 netos estão em Paraty. Jorge morou os últimos 22 anos em Bertioga e agora em Caruara. Mas a Mata Atlântica é sua casa. Ali ele busca material para seu artesanato, que inclui cestos e covos de pesca, e frutas silvestres para saborear. Até a égua Palominha, de seu amigo Ricardo, gosta de alfafa selvagem que ele busca na mata, segredo da boa aparência do animal. A mata é sempre um segredo cheio de novidades, muitas frutas com sabor especial. “Até o coco é diferente”, explica dizendo que uma espécie colhida ainda pequena tem gosto de maçã. O cambucá, do tamanho de uma goiaba, tem gosto de araçá. “O abacaxi silvestre se não estiver bem madurinho é azedo mesmo”, explica com sua sabedoria de mateiro. Assim Jorge passa seus dias, volta e meia dentro da mata, longe da poluição. O que faz Jorge correr na mata em busca das frutas silvestres? “Não tem gosto de química”, explica resumindo sua filosofia de vida sempre em comunhão com a natureza.
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Março 2013
Receitas de peixe, de mãe para filha Variar o cardápio infantil é um desafio, pois não é de tudo que a criança gosta. A introdução do pescado, que contém proteínas e é de fácil digestão, aumenta as opções de preparo. Segundo a nutricionista Uli Amorim Schnitter, é bom escolher um peixe sem espinhas, de sabor leve. No caso do Saint Peter,
peixe de água doce criado em cativeiro, as espinhas são retiradas para o preparo do filé, e um modo bom de preparo é grelhado. Alguns peixes marinhos sem espinhas são o cação e a meca. Testamos a meca para o preparo de nuggets, empanados que podem ser feitos ao forno, evitando a imersão em óleo. Uli sugere
como acompanhamento o arroz com vagem e cenoura, batatas ao forno, salada com pepino cortado em tiras e tomate cereja. A filha da nutricionista, Laura, de quatro anos, testou e aprovou! A mãe explica que Laura desde um ano de idade começou a comer peixe e hoje é um de seus alimentos prediletos.
A nutricionista Uli faz pratos com peixe que a filha Laura adora O arroz colorido e a salada acompanham os nuggets e batatas assados
Arroz colorido
Nuggets de peixe Ingredientes: 500 g de meca em posta 1 ovo batido farinha de rosca ou fubá Mimoso Azeite Óleo de soja sal Preparo: Retirar a pele na lateral das postas de meca. Cortar em retângulos de cerca de 4cmx2cm. Passar azeite e sal e deixar descansar por meia hora na geladeira. Ligar o forno e deixar pré-aquecer por 15 minutos. Passar o peixe no ovo batido e em seguida na farinha de rosca ou fubá. Apertar bem e bater delicadamente com a mão para sair o excesso. Untar uma assadeira ou pirex com óleo e ajeitar os pedaços de peixe. Ajustar a temperatura do forno em 280 graus. Deixar por cerca de 20 minutos (ou até dourar o lado inferior). Virar os pedaços e deixar no fogo até que a parte de cima esteja dourada e o interior bem assado.
Ingredientes: 2 xícaras (chá) de arroz lavado e escorrido 1 cenoura ralada 5 vagens picadas ½ cebola e 1 dente de alho picados 2 xícaras (chá) de água Óleo de soja Sal Preparo: Refogar a cebola e o alho no óleo até dourar. Acrescentar o arroz. Mexer e depois acrescentar a água, sal, a vagem e a cenoura. Deixar em fogo alto até levantar fervura, depois abaixar o fogo, tampar e deixar até a água secar. Quando estiver pronto, mexer para ficar soltinho.
Batatas assadas
Filé de Saint Peter
Ingredientes: Batatas cortadas em palito ou rodelas finas Sal Óleo de soja Preparo: Cozinhar as batatas por 5 minutos, após levantar fervura, em água e sal. A batata tem que ficar cozida em ponto firme. Escorrer. Colocar em assadeira de alumínio ou pirex, untadas com óleo, em forno préaquecido. Deixar por 10 minutos em temperatura 280 graus. Virar e deixar mais 10 minutos ou até dourar.
Ingredientes: 500 g de filés de Saint Peter Azeite Óleo de soja sal Preparo: Passar azeite e sal nos filés. Deixar por meia hora na geladeira. Untar uma chapa de ferro ou panela antiaderente com óleo de soja. Grelhar o filé de um lado, e depois do outro. Virar apenas uma vez para não despedaçar. Sirva com arroz e salada.
Importância do pescado na alimentação infantil (Parte I)
Está chegando a “Semana do Peixe”, campanha realizada pelo “Ministério da Aquicultura e Pesca - MPA”, e assim esse é o momento adequado para incentivar as crianças a comerem pescado, pois elas serão os futuros consumidores. Este artigo tem como finalidade despertar pais e educadores nessa nobre missão – “Coma Peixe, Peixe é Saudável”. A maioria das crianças não aceita a carne de pescado na alimentação, entretanto, este alimen-
to pode vir a fazer parte da dieta, de diferentes maneiras, tais como triturada ou de papa salgada, cozida, grelhada, utilizando temperos suaves. Para o pescado ser inserido na alimentação infantil, deve ser feita sensibilização constante, para acostumá-la a gostar deste paladar e os pais devem estar conscientes de que este alimento fará bem ao seu filho, por ser rico em nutrientes. A proteína ajuda no crescimento e é uma fonte proteica semelhante às encontradas nas carnes bovina,
suína, aves e ovos, porém com um diferencial que a carne de pescado é de fácil digestão, por conter pouco colágeno. A gordura encontrada na matéria-prima é do tipo ômega-3, que previne doenças cardiovasculares. Além de importante na primeira infância, auxilia na acuidade visual e cerebral. Os peixes que apresentam este nutriente em maior quantidade são: bonito, sardinha, bacalhau, atum e salmão. As vitaminas e os sais minerais
promovem um bom funcionamento do nosso corpo, principalmente a vitamina “D”, que fortalece os dentes e os ossos. As vitaminas também atuam na melhoria da visão, no potencial intelectual, no desenvolvimento físico e têm a função de prevenir doenças degenerativas quando o indivíduo for adulto. O iodo é um mineral encontrado em peixes e mariscos e favorece o desenvolvimento cerebral. Leia mais sobre o assunto na próxima edição do jornal Martim-Pescador.
Augusto Pérez Montano - Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo.