Maio 2013 Número 113 Ano IX Tiragem 3.000 exemplares
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Caçula (à esquerda), capitão do barco atuneiro Áustria, fala da pesca em alto mar. Págs. 4 e 5
pesca oceânica Museu de Pesca foi reaberto para visitações. Págs. 4 e 5
A família do pescador Jorge Coelho dá sua especial receita de pescada. Págs. 4 e 5
Pesquisadores do instituto de Pesca estudam a viabilidade de produção de isca-viva em sistema fechado. Pág. 6
Pescador artesanal, saiba a data de troca de sua carteira de pesca (RGP). Pág. 2
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APAS MARINHAS Três áreas de proteção ambiental (APAS) marinhas foram criadas em outubro de 2008 a partir de decretos assinados pelo governador José Serra (PSDB). O objetivo é disciplinar o uso de recursos ambientais, ordenar a pesca, o turismo recreativo e as atividades de pesquisa. Cada uma das três unidades de conservação tem seu próprio conselho
gestor, composto por 12 representantes do governo e 12 da sociedade civil. Desde sua criação em março, as reuniões têm sido mensais para debater temas relacionados a ordenamento pesqueiro, programas de educação ambiental, pesquisa, proteção e fiscalização. Além dos conselhos foram criadas Câmaras Temáticas nas áreas de Pesca, Planeja-
mento & Pesquisa, e Educação & Comunicação. As APAS pertencem ao grupo de Unidades de Uso Sustentável do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC. Além das três APAS Marinhas também foi criado o Mosaico das Ilhas e Áreas Protegidas que reúne as três novas unidades de conservação e outras já existentes.
Plano de manejo é discutido em Legislação de rede de arrastão será revista reunião do Conselho Gestor
Representantes da IDOM GEOTEC ...
O primeiro plano de manejo de área marinha no Brasil já está sendo delineado na APA Marinha Litoral Centro. Dia 13 de maio, na reunião do Conselho Gestor-CG, representantes do Consórcio IDOM/GEOTEC, que participam na realização do trabalho, explicaram que o cronograma
...e da Fundação Florestal falaram sobre o Plano de Manejo da APAMLC
prevê quatro reuniões com o CG. O trabalho será feito em conjunto com representantes da Fundação Florestal e da APA Marinha Litoral Centro. A primeira reunião no dia 13 de maio foi introdutória do trabalho da empresa. Na segunda, o consórcio irá apresentar o plano de trabalho para aprovação.
Saneamento básico, não! A história é verdadeira e quem me contou foi o engenheiro de pesca José Carlos Pacheco da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Há cerca de dois anos, finalizando o diagnóstico socioeconômico da pesca artesanal do Estado de Pernambuco, teve oportunidade de ter um contato direto com estas comunidades. Durante uma reunião na cidade de Sirinhaem, os moradores que pediam saneamento básico para o local, ficaram surpresos quando um pescador de cerca de 70 anos se levantou e com voz firme e alta disse: “Saneamento básico, não!”. Todos se voltaram para o senhor, muito respeitado na comunidade, esperando uma explicação. Ele com muita firmeza, concluiu: “Eu não quero esse negócio de cano passando na porta da minha casa, para depois jogar o esgoto na praia. Eu não quero saneamento básico, não! Eu quero saneamento completo!”. Viva a sabedoria popular!
Serão propostos programas de gestão e socioeconômicos. Haverá oficinas participativas com os pescadores artesanais a partir de junho. Os representantes do consórcio explicaram que o zoneamento será a base do plano de manejo. O cronograma prevê 16 meses de trabalho.
Seminário Pesca e Pescador Dia 14 de junho acontece o seminário Pesca e Pescador, no Terminal Pesqueiro Público de Santos-TPPS. O evento é organizado pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Afins-FNTTAA e pelo Sindicato dos Pescadores e Trabalhadores Assemelhados do Estado de São Paulo-Sinpescatraesp. O tema será Pescando com Soberania e Lutando pela Cidadania. Na coordenação do evento estão o presidente Jorge Machado e o diretor Edgar Paixão, do Sinpescatraesp. O TPPS fica na av. rei Alberto I, 450, Estuário, Santos. Mais informações nos telefones: (13)3261.2930email: sindpescadores@hotmail.com
Troca da carteira de pescador artesanal: -A partir da data de seu aniversário você tem 30 (trinta) dias para solicitar a troca de sua carteira de pescador (RGP-Registro Geral de Pesca). -Procure a Colônia de Pescadores mais próxima, ou o escritório do Ministério de Pesca Aquicultura-MPA para mais informações. -Se perder o prazo, deve comparecer ao escritório do MPA para fazer o registro. Se até 60 (sessenta dias) após a data de seu aniversário a solicitação de troca de carteira não tiver sido feita, sua licença ficará suspensa por 2 (dois) anos. Mais informações no escritório do MPA em Santos: (13) 3261.3278/ ou em São Paulo: (011) 3541-1380 ou 3541-1383.
EXPEDIENTE www.jornalmartimpescador.com.br
Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo Presidente Tsuneo Okida
Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP CEP: 11030-350 Fone: (013) 3261-2992
A resolução SMA n o 51 de 28/06/2012, que regulamenta a pesca de arrasto de praia, será revista na próxima reunião da Câmara Temática de Pesca da APA Marinha Litoral Centro em 28 de maio. Um item a ser modificado diz respeito à permissão do uso exclusivo de tração humana nesta modalidade de pesca. Existe um consenso de que o motor deve ser permitido somente no lançamento. Portanto, foi feita a sugestão durante a reunião de abril da CT Pesca, de especificar na Resolução o uso de tração humana apenas na puxada e no recolhimento da rede, sendo autorizado o uso de embarcação motorizada para o lançamento do petrecho. A Resolução no 51 também determina o uso de tamanho mínimo de malha entre nós opostos de 70 mm. Será discutida na próxima reunião da CT Pesca a possibilidade de modificar para 100 mm, um tamanho mais restritivo que pode ser uma tendência de leis futuras. Os defensores de maior restrição argumentam que a zona de arrebentação é mais produtiva e que deve ser mais preservada. Tsuneo Okida, presidente da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo, acredita que a malha de 70 mm deve ser mantida, pois consta desta maneira em outras regulamentações. Vários pescadores afirmaram
usar malha 90 mm e demonstraram preocupação no custo que a mudança acarretaria com a aquisição de novas redes. O pescador Francisco Vicente Filho, de 63 anos, 35 vividos na pesca de arrastão em Peruíbe, explicou que quando começou a pescar usava malha de 40 mm, pegando savelha, manjuba e camarão. Com a mudança para 70 mm conseguia ainda pegar pescada inglesa, pescadinha, oveva e bagre. Hoje ele usa a de 80 mm e ainda tem produção suficiente para uma atividade rentável. “Com 100 mm não vou mais conseguir pegar nem pescada e nem oveva”, se queixa. “Será que vou produzir suficiente para continuar a viver da pesca?”, questiona. Ele explica ainda que tentar outra atividade seria muito difícil, pois para exercer a pesca de arrastão tem cerca de R$100 mil reais em investimentos que cobrem o custo do barco e redes, entre outros. Na próxima reunião também será discutida proposta de regulamentação da pesca de emalhe na APA Marinha Litoral Centro, com prioridade para definição de distância de costões rochosos e barras de rio. A CT Pesca acontecerá dia 28 de maio, às 9h, no Instituto de Pesca de Santos, na av. Bartolomeu de Gusmão, 192. Representantes da pesca artesanal....
...e industrial estiveram presentes
Defesos
Camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis), camarão-branco (Litopenaeus schmitti), camarão-setebarbas (Xiphopenaeus Kroyeri), camarão-santana ou vermelho (Pleoticus muelleri), camarão-barbaruça (Artemesia longinaris) 1/03/13 a 31/05/13 Cherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2005 a 6/10/2015 Lagosta vermelha (Panulirus argus) e lagosta verde (P. laevicauda) 01/12/2012 a 31/05/2013 Mero (Epinephelus itajara) 17/10/2012 a 17/10/2015 Pesca de emalhe-de-fundo (embarcações acima de 20AB) 15/05 a 15/06 Pargo (Lutjanus purpureus) 15/12/2012 a 30/04/2013 Sardinha (Sardinella brasiliensis)-15/06 a 31/07/13 (recrutamento) - 01/11/13 a 15/02/14 (desova)
Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP christinamorim@gmail.com Fotos e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - belacarrari@hotmail.com Impressão: Impressão:Diário Diáriodo do Litoral: Litoral Fone.: Fone.:(013) (013)3226-2051 3226-2051 Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia
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COMUNICADO APA Marinha Litoral Centro Como fica a pesca com o Decreto nº 58.996, de 25 de março de 2013, que dispõe sobre o Zoneamento Ecológico-Econômico do Setor da Baixada Santista.
ZONAS MARINHAS Z2M: até aproximadamente 7 km da costa (média de distância da isóbata de 15 metros)permitidas embarcações de até 12 metros;
RESTRIÇÕES NA PESCA
Z2ME
Z2M
Figura ilustrativa sem escala real SANTOS
23°54’10”S 46°03’48”W
Z3ME
Z3M a partir da Z2M – permitida pesca com embarcações acima de 12 metros (embarcações menores podem atuar, desde que obedecendo a autonomia de navegação das mesmas);
24°04’33”S 46°24’00”W
24°21’22”S 46°55’13”W
Z2ME Z2M
Z2ME e Z3ME: até 800 metros da costa - proibido arrasto motorizado. Veja o decreto na íntegra em www. jornalmartimpescador. com.br/legislação
24°30’17”S 47°02’07”W
24°26’46”S 46°56’22”W
24°05’55”S 46°17’17”W
23°50’33”S 45°48’07”W
24°02’45”S 46°07’54”W
Não é permitido pesca de arrasto motorizado na faixa de 800m a partir da linha da costa (Z2ME e Z3ME);
Não é permitido pesca com embarcações acima de 12m de comprimento (Z2M). Faixa de aproximadamente 7Km a partir da linha de costa
Alinhamento dado por coordenadas geográficas (Datum SIRGAS-2000 ). Z2M - ZONA 2 MARINHA Z2ME - ZONA 2 MARINHA ESPECIAL Z3ME - ZONA 3 MARINHA ESPECIAL
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Coluna
Embraport tem sua primeira mulher Operadora
Casa das Fotos
Fabiana do Nascimento Almeida, primeira operadora de equipamentos pesados da Embraport Para muitas pessoas, trabalhar na operação, operando equipamentos de grande porte é atividade exclusiva para homens. Fabiana do Nascimento Almeida, operadora trainee da Embraport mostra o contrário. Ela faz parte da turma C do Programa Novos Operadores e é a única mulher em um grupo de 50 homens que estão sendo preparados para o início das operações do Terminal. Com uma rotina recheada de treinamentos, ela conta que se sente motivada e desafiada com a possibilidade de operar
equipamentos pesados, e diz que não vê a hora do Terminal iniciar as operações para colocar tudo o que aprendeu em prática. Ela destaca o aprendizado que teve em março, como ‘sombra’ no Terminal da DP World em Callao, no Peru, como algo enriquecedor e que agregou muito para a sua experiência profissional. Casada e mãe de um filho de 4 anos, diz que sempre teve vontade de fazer trabalhar como operadora, mas o mercado sempre foi muito masculino. “A Embra-
port me abriu as portas. Meu sentimento é de vitória, de que eu consegui chegar onde queria”, destaca. Fabiana acredita ter conquistado seu espaço junto aos demais integrantes homens da turma de operadores e garante que é muito respeitada na equipe por conta do seu trabalho. “A Embraport é uma empresa com grande futuro e tenho certeza que muitas mulheres querem atuar nesse ramo. Estou aqui para abrir as portas da função para o mercado feminino”, finaliza.
Ouvidoria Embraport: 0800 362-7276 faleconosco@terminalembraport.com.br www.terminalembraport.com.br
Na rota
O pescador Rosevaldo dos San A rotina de partida para o alto-mar é a mesma de sempre. Abastecer o barco, encher os porões de gelo e a alma de coragem para navegar mais de 160 milhas em direção à plataforma continental e cerca de mil milhas ao sul, muitas vezes chegando a águas fronteiriças com o Uruguai e a Argentina. Vida de pescador de oceano não é fácil não. Rosevaldo dos Santos, o Caçula, 47 anos de idade, e 28 anos de experiência nessa modalidade de pesca prepara-se para mais uma viagem. Partindo com o barco atuneiro Áustria, dia 26 de abril do Terminal Pesqueiro Público de Santos-TPPS, no litoral de São Paulo, sabe que enfrentará uma longa jornada no oceano, que pode durar cerca de 20 dias. Com Caçula, que é o capitão do Áustria, viajam mais sete pessoas: um gelador, um ajudante de gelador, um cozinheiro, um motorista de máquina e três pescadores. Como capitão, ele é encarregado da pescaria. Tem que procurar o peixe com ecossonda, e escolher onde largar o espinhel, uma linha com 1.200 anzóis que se estende por cerca de 40 milhas. A rotina da pesca oceânica ele experimentou pela primeira vez aos 19 anos, no barco Itauna, sediado no TPPS. “Enjoei na primeira viagem, depois a gente acostuma e estou aqui até hoje”, conta. Seu professor na pesca oceânica foi Jorge Machado, o Jorge Cabeção, que ocupava a posição de mestre numa das embarcações onde trabalhou 13 anos. Hoje Jorge está aposentado e é o presidente do Sindicato dos Pescadores e Trabalhadores Assemelhados do Estado de São Paulo (SINPESCATRAESP). “Cabeção me ensinou a pesca e me incentivou a seguir”, conta referindo-se a uma convivência de muitos anos. Caçula teve outros professores na cidade onde nasceu, sítio do Conde, norte da Bahia, na região da Costa dos Coqueiros.
A tripulação do atuneiro Áustria se prepara para partir
Até a idade de 18 anos ali viveu e aprendeu com o pai a pesca de camarão com covo, e a arte de rede de espera com o cunhado. A experiência da juventude ele levou para uma vida dedicada à pesca. Estar no mar é estar em casa, afinal após cerca de 20 dias pescando, três dias de preparativos em terra passam rápido para enfrentar uma nova viagem. Saindo de Santos com tempo bom, em cerca de 30 horas chegam ao pesqueiro. No dia seguinte já tem início o trabalho lançando espinhel, e depois recolhendo com o guincho, quando aparecem os atuns, dourados, cações e mecas. Os dois últimos são as maiores espécies, que podem chegar a mais de 200 quilos, e aí entra a habilidade do gelador em ajeitar os peixes eviscerados com muito cuidado no porão com gelo para chegar com qualidade em terra. Hoje uma pescaria de 5 toneladas para cima é razoável, 12 t é bom. “Se trouxer de 2,5 t a 3 t é fraco”, explica. A pesca atuneira sediada em Santos/
ta dos atuns
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Museu de Pesca de portas abertas
Santos, o Caçula, conta sua vida na pesca oceânica
A nova rampa do museu permite acessibilidade
SP floresceu da década de 70 a 90. Nos anos dourados da pesca, um atuneiro trazia cerca de 40 toneladas de peixes, que além de um salário fixo, era acrescentada algumas partes à tripulação. Hoje o salário fixo é de R$1.200,00, e se a produção for boa na divisão rende mais do que o piso. Muitos fatores influenciaram o declínio da pesca atuneira sediada em Santos/Guarujá. Além da diminuição do peixe, muitos capitães japoneses se aposentaram levando consigo anos de experiência, e a estabilidade do dólar frente ao real desestimulou a exportação de peixes cobiçados como mecas e atuns. Em suas longas viagens, Caçula passou muitas vezes por
Jorge Machado foi seu professor na pesca Rosevaldo dos Santos, o Caçula, está há 28 anos na pesca oceânica
situações difíceis, tempestades, mar bravio, em que pensou não chegar mais em terra. Num caso desses, tão longe de terra firme, ele acredita que “é só pedir a Deus e pegar o salva-vidas”. Católico, devoto de São Cosme e Damião, sempre reza a eles antes de sair. “Tenho a imagem em casa, toda viagem pago uma promessa”, conta reafirmando sua fé. Em casa, esperando sua volta estão a esposa Adenil Maciel, os filhos Roseli, 28, Arilma, 27, e Rosevaldo, 16. “Meu filho não se interessou pela pesca, eu mesmo não quis”, diz, explicando que é uma vida muito dura. Aposentar, nem pensa. “Muito tempo nesse trabalho, se ficar longe vou acabar sentindo falta”, confessa.
O Museu de Pesca de Santos, uma das grandes atrações turísticas da cidade, voltou às suas atividades normais dia 19 de abril. Durante o tempo em que ficou fechado foram realizadas reformas, entre elas, a adequação do edifício segundo um projeto de acessibilidade, que inclui rampa frontal, sanitários adaptados e elevador, que ainda não foi instalado, pois a indústria que fornece os equipamentos não tem disponibilidade para pronta-entrega. O taxidermista, Nelson Dreux, também arregaçou as mangas para dar nova vida ao acervo. Algumas das peças restauradas foram o tubarão anequim, a raia mantinha, Mobula japonica, quatro exemplares de peixes-debico, e três esqueletos de aves marinhas. Uma das realizações foi o destaque dado à concha da espécie Cassis cornuta, que exibe cena de O Triunfo de de Baco, executada por autor italiano desconhecido em 1936. A peça foi colocada numa vitrine giratória iluminada, onde é possível ver vários detalhes A concha Cassis cornuta ganhou uma vitrine
do desenho. A execução da estrutura é de Lúcio Moreira Lima Jr. Dreux confessa que a tarefa mais trabalhosa foi a pintura da ossada da baleia Fin, de 23 metros e 7 toneladas. Para isso o taxidermista usou tinta automotiva, chegando a um tom bem natural de branco. Todas as ossadas em exposição foram pintadas, para uma visão homogênea do conjunto. As peças taxidermizadas permitem que o público veja de perto animais que só conhecem através de filmes ou fotografia. A taxidermia é um processo de conservação de animais mortos, aproveitando apenas sua pele, que é tratada com formol e depois preenchida com material adequado. “Essa é a maneira de fazer com que os animais mortos virem ferramentas didáticas, permitindo que as pessoas os conheçam. A função principal da taxidermia é a educação”, conclui Dreux. O Museu de Pesca fica na av. Bartolomeu de Gusmão, 192, Ponta da Praia, Santos. Aberto de quarta a domingo, das 10 às 18 horas. Mais informações (13) 3261-5260. Dreux restaurou a raia Mobula japonica
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Pesquisadores estudam produção de camarão para isca-viva Com infraestrutura adequada e boas práticas de manejo o camarão para isca poderá ser vendido por cerca de R$0,60 a unidade
Hoje o preço do camarão para isca-viva pode chegar a R$1,20 a unidade, e é muito usado na pesca esportiva para capturar robalos e corvina, entre outros. Para conseguir custos mais baixos de produção é necessário estimar o custo de produção de isca-viva em sistema fechado. O projeto “Análise dos custos de produção da isca-viva do camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis e do camarão-branco Litopenaeus schmitti em sistema fechado de circulação de água”, financiado pela FAPESP, vem sendo desenvolvido pesquisadores científicos do Instituto de Pesca de Santos/APTA, Secretaria da Agricultura e Abastecimento de Estado de São Paulo. Participam do estudo os biólogos Oscar José Sallée Barreto e Julio Vicente Lombardi, o oceanólogo Ed-
son Barbieri, o zootecnista Marcelo Barbosa Henriques e o assistente técnico de pesquisa Pedro Mestre Ferreira Alves. A pesquisa, além de estimar o custo de produção de isca-viva em sistema fechado analisa o mercado de iscas-vivas na Baixada Santista, tema da dissertação de mestrado do biólogo Leonardo Castilho de Barros, orientado do pesquisador Marcelo Henriques no Programa de Pós-graduação do Instituto de Pesca. A infraestrutura para o estudo começou a ser adquirida em dezembro de 2011, e os trabalhos tiveram início em janeiro de 2012 e terminam em abril de 2014. Segundo Barreto, o projeto analisa tantos os dados de engorda como uma possível reprodução em cativeiro de camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis, e do camarão-branco Litopenaeus schmitti.
Em 60 dias , o camarãobranco cresceu de 2 para 7 centímetros
O estudo é feito em tanques de água salgada no Instituto de Pesca
No momento, exemplares dessas espécies foram trazidos vivos para o Laboratório de Maricultura com cerca de 2 centímetros para dar início à pesquisa. Os mesmos foram cultivados em tanques com água do mar, e em 60 dias passaram de 2 centímetros para cerca de 7 centímetros. Henriques explica que é necessário avaliar custo de produção, valor do investimento, depreciação do equipamento, juros aplicados ao equipamento, análise de sensibilidade, e a quantidade mínima de produção para obter retorno do investimento. Como exemplo, foi feita a projeção de módulos para adequação em marinas, com um investimento de R$70 mil. O custo inclui a construção de galpão com cerca de 60 m2 com 13 tanques de
fibra de 1.500 litros, 7 tanques 2 mil litros, 3 tanques de 10 mil litros, 10 tanques de 100 litros, compressores de ar, 5 bombas.A produção mensal estimada é de 13 mil indivíduos por ciclo, com seis ciclos por ano. A capacidade máxima de produção é de 100 mil iscas ao ano, com 300 camarões por m2, no sistema de engorda. O cálculo é de que o empreendimento comece a dar lucro após cerca de três anos de seu início. Uma das inovações do projeto é estudar a engorda e a reprodução de espécies nativas, como o camarãobranco e rosa. Hoje, o camarão Litopenaeus vannamei, espécie exótica oriunda do Pacífico, é o mais produzido no mundo, numa proporção de 66% dos cultivos. Por isso há mais conhecimento sobre o
vanamei, e um pacote tecnológico bem desenvolvido para seu cultivo. A carcinicultura, atividade de criação de camarões em viveiros, se desenvolveu muito nos últimos anos. Até 1985 a pesca representava 90% da produção mundial de camarão, mas em 2003 a produção de camarão provinda da carcinicultura aumentou para 35%. Atualmente, segundo dados da FAO (2012), a produção de camarão cultivado (52%) superou a do camarão pescado (48%). Ou seja, mundialmente se consome mais camarão cultivado que camarão pescado. Assim, o projeto além de avaliar os custos de produção de isca-viva em sistemas fechados, amplia os conhecimentos sobre as espécies de camarão nativas, abrindo horizontes para sua produção em cativeiro.
Como fazer a conservação doméstica do pescado - I É necessário saber as condições de higiene, manipulação e conservação do pescado, presentes da captura até a comercialização, para garantir a obtenção de um alimento seguro. Quanto mais informado é o consumidor, mais deve entender que os alimentos são diferentes e portanto necessitam também de cuidados específicos. A conservação do pescado é fundamental, assim o controle da temperatura determinará o tempo
de aproveitamento deste alimento. Quando não há respeito ao controle de temperatura, o pescado estraga muito rápido, favorecendo o surgimento de toxinfecções alimentares. É importante que as donas de casa, assim como proprietários de restaurantes, conheçam alguns princípios da conservação da carne de pescado, e as necessidades específicas para algumas das formas de apresentação do produto. A conservação do pescado fresco
em casa requer temperaturas de refrigeração de 4 a 5 graus Celsius (corresponde à temperatura da geladeira doméstica) até o momento de ser cozido, assado. Este produto é rico em proteínas e água, o que o torna altamente suscetível à contaminação bacteriana de Salmonella, Listeria e E. coli. Quando se tratar do consumo na forma crua tem que se atentar para que a temperatura esteja entre 4 a 5 graus Celsius.
A vida útil deste alimento é muito curta, e mesmo sob condições de refrigeração, deve-se cozinhar num período de 24 horas após a compra, para que o sabor, consistência, cor e odor sejam mantidos. É importante proteger a carne do contato com o ar para prevenir contaminações. Na próxima edição do jornal Martim-Pescador iremos falar sobre os procedimentos básicos para a conservação doméstica do pescado.
Augusto Pérez Montano - Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo.
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Novo diretor toma posse no Instituto de Pesca em Santos Roberto da Graça Lopes, médico veterinário, é o novo diretor do Centro APTA do Pescado Marinho do Instituto de Pesca (Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo), em Santos. O pesquisador científico tomou posse em 2 de maio, em substituição à pesquisadora Ingrid Cabral Machado. Graça Lopes obteve o título de doutor pela Unesp a partir de um estudo sobre a pesca do camarão-sete-barbas e sua fauna acompanhante. Além da diretoria do Instituto de Pesca, é também o coordenador técnico do Museu de Pesca, responsável pelo planejamento museológico e museográfico da Instituição, uma das unidades técnicas do Centro que dirige. “O Centro Apta do Pescado Marinho hoje já tem uma excelente inserção na cadeia produtiva da pesca (e aquicultura) do litoral paulista”, explica Graça Lopes. Ele acrescenta que a Instituição atende demandas de vários órgãos que solicitam orientação técnica ou que se utilizam de dados e
informações disponibilizados no site, em relatórios e em artigos científicos publicados por seus pesquisadores. Falando sobre sua gestão explica que o foco será estimular projetos, viabilizar respostas a demandas e apoiar o desenvolvimento do curso de pós-graduação (mestrado) oferecido pelo Instituto de Pesca. “Precisamos aperfeiçoar cada vez mais o pósgraduação, que no futuro poderá ser expandido com a criação do doutorado”, explica. Em relação ao Museu de Pesca, Graça Lopes diz que sua principal função é educativa, conscientizadora. “É relevante aperfeiçoá-lo como um espaço em que se possa mostrar a cadeia produtiva do pescado, sempre com ênfase na sustentabilidade dos recursos e da própria atividade”, diz. “O Museu de Pesca deve despertar na mente e no coração do visitante (especialmente a criança e o jovem) o respeito pela Natureza, por tudo de belo e útil que ela oferece”, conclui.
Roberto da Graça Lopes é o novo diretor do IP e também coordenador técnico do Museu de Pesca
Projeto Albatroz conta sua história Mais de duas décadas de trabalhos para a conservação de albatrozes e petreis estão no vídeo que será lançado em maio
Um sonho, uma história. O Projeto Albatroz que nasceu na cidade de Santos, pela iniciativa da bióloga Tatiana Neves, neste ano comemora seu sucesso, mostrando em vídeo além de sua história, suas principais atividades no trabalho de conservação de albatrozes e petréis, aves oceânicas ameaçadas de extinção principalmente pela captura não intencional por barcos de pesca. O evento também apresentará os resultados, nos últimos anos, das
principais atividades da organização, criada em Santos e atualmente com base em quatro estados. “Albatroz: um Projeto pela vida” registra o trabalho de conservação marinha da organização nos últimos anos, e será apresentado dia 16 de maio no Cine Miramar, no Miramar Shopping, em Santos. O vídeo, com aproximadamente 30 minutos de duração, foi produzido em linguagem de documentário e aborda as características das aves oceânicas, as causas
O vídeo institucional “Albatroz: Um Projeto Pela Vida” (30 minutos) será apresentado dia 16 de maio às 19h na sala 1 do Cine Miramar, no Miramar Shopping, em Santos. O evento será gratuito e os interessados em participar retirarão senhas no local a partir das 18h.
de sua mortalidade pela pesca, as medidas para evitar sua captura e as ações nacionais e internacionais de conservação desenvolvidas pelo Projeto Albatroz. Também são apresentados depoimentos de parceiros para a realização desse trabalho, a exemplo de pescadores, armadores de pesca, representantes do governo federal e da Petrobras. Essa última patrocina o Projeto Albatroz, por meio do Programa Petrobras Ambiental. Produzido pela Framewave, o
vídeo é dirigido por Raquel Pellegrini, diretora do documentário “Laje dos Sonhos”, e apresentado por Gaby Góis. “À medida que íamos a campo, entendíamos que estávamos unindo nossa experiência de produção de audiovisuais à experiência pessoal de poder transformar o mundo, por meio de um trabalho que colabora com o melhor entendimento dos problemas ambientais dos quais todos fazemos parte”, comenta Raquel.
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A receita de pescada, de pai para filho
Inspirado na receita de Jorge e Cláudia...
...o filho Luiz Fernando cria uma versão mais simples
Cláudia faz os rolinhos no capricho
O pescador Jorge Damião Martins Coelho, 41, e sua esposa Cláudia, 37, aprenderam a conviver com o pescado no dia a dia. Quando Jorge não está lançando sua rede no mar, está vendendo seu peixe no Box 1 da Boutique de Peixes, no Boqueirão da Praia Grande, litoral de São Paulo. É lógico que o pescado está sempre presente no cardápio da família, já que os filhos Luiz Fernando, 22, Jennifer, 15, e Leandro, 7, apreciam os diferentes preparos que o pai e a mãe
fazem. O enroladinho de pescado foi uma invenção do casal, atendendo à sugestão dos fregueses que pediam uma receita light. Derivado de uma receita mais complicada, em que os rolinhos de peixe eram embalados um a um no papel-alumínio, Jorge simplificou cobrindo tudo com a folha de papel-alumínio. Por sua vez o filho Luiz Fernando confessa que já criou sua própria receita com o filé de pescada. Ele define de “comida de estudante”, aquela que
fazia com pressa quando cursava o ensino médio e chegava da escola com muita fome. Aí vão as duas receitas, para quem está com muita pressa e também para quem estiver com mais tempo para elaborar o prato. Ambas são rápidas de fazer e levam pouca gordura. O BOX 1 de Jorge & Cláudia fica na Boutique de Peixe na avenida Castelo Branco, Praia Grande/SP (frente ao no 800). Tele: (13)3473.9 248/9793.5856/9707.4768.
Pescada de estudante do Luiz Fernando Ingredientes: 1 filé de pescada Sal, alho picado e limão Molho pronto ou tomate picadinho 1 fatia de mozarela
A pescada no microondas é um prato de rápido preparo
Preparo: Colocar num prato o filé de pescada temperado com sal, alho
e um pouquinho de limão. Tampar colocando um prato fundo por cima. Deixar por 2 minutos e meio no forno de microondas. Acrescentar uma colher de molho de tomate pronto e uma fatia de mozarela. Tampar colocando um prato fundo por cima e deixar por mais um minuto.
Enroladinho de pescada do Jorge e da Cláudia
O enroladinho é um prato leve
Ingredientes: 1 ½ kg de filés de pescada 4 tomates picados 1 tomate em rodelas 2 batatas cortadas em rodelas 2 dentes de alho e ½ cebola picados 1 cebola cortada em rodelas (grossura média) camarões-brancos limpos suficientes para rechear os filés (opcional) Sal Limão Óleo de soja e azeite de oliva Folha de papel-alumínio Preparo: Temperar os filés com sal, alho e um pouquinho de limão. Deixar descansar na geladeira por alguns minutos. Forrar uma forma
refratária com rodelas de batata. Preparar um molho, refogando um dente de alho e ½ cebola no óleo de soja, e acrescentar depois os tomates picados. Deixar até amolecer. Reservar. Enrolar os filés um a um colocando dentro algumas rodelas de cebola ou camarões (opcional). Ajeitá-los em pé na forma, de forma que se equilibrem. Colocar azeite por cima de cada rolinho. Espalhar algumas rodelas de cebola e de tomate. Cobrir com papelalumínio e levar ao forno por 20 minutos em fogo médio. Retirar o papel-alumínio, regar os rolinhos com o caldo que o peixe soltou. Acrescentar o molho de tomates em cima do peixe e deixar por cerca de mais 20 minutos. Servir com arroz branco
“Mãe, nunca abandone seus filhos” Dia das Mães é comemorado na Vila dos Pescadores, em Cubatão com mensagem de amor O Dia das Mães foi comemorado na Vila dos Pescadores, em Cubatão com uma festa de confraternização dia 11 de maio, no Centro Comunitário local. A mensagem transmitida no evento enfatizou que uma mãe nunca deve desistir de orientar seu filho, mesmo nas situações mais adversas. Se o filho tiver problemas, ou escolher um caminho errado na vida, a mãe deve cuidar dele com amor e carinho e sempre tentar trazê-lo para o seio da família. “Mãe, nunca
abra mão de seus filhos”, disse o presbítero José Airton da Silva, da Assembleia de Deus, durante a comemoração. O evento foi organizado pelo presidente da Associação dos Direitos da Cidadania, Ação Social, Cultura e Esportes da Vila dos Pescadores, Rogério dos Santos, com o apoio do vereador Wagner Moura (PT), Sérgio Calçados, Extrafarma, Barbearia RB, Chico do bar, Casa das Massas, LA Massas, Andrade Sr. Wilson e Dona Creuza.