rodapé
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sexta-feira | 21 de agosto de 2009 | Ano 2 | nº 01
Barbara Esteves
O que é que a Aldeia tem? IV edição da Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas promove diálogo entre as linguagens artísticas |Por Thiago Sampaio
O Guerreiro é um dos vários grupos de tradição popular que irão se apresentar durante a Aldeia
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omeça hoje a IV edição da Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas, que se estenderá até o dia 29/08, encerrando-se com o Overdoze - 12h ininterruptas de apresentações artísticas. De hoje até lá, contaremos com uma programação planejada para atender não somente a quem gosta das artes cênicas, mas também aos apreciadores das demais linguagens artísticas. Essa é a novidade deste ano. A evolução tem se dado no sentido de agregar outras linguagens a um projeto que nasceu com caráter genuinamente cênico. Porém, como o conceito de aldeia engloba os bens culturais de maneira geral, repensamos ano a ano a abordagem junto aos artistas e, claro, junto ao público. Nos próximos 8 dias, viveremos uma verdadeira efervescência cultural, com atrações no Centro, em Guaxuma e no Jaraguá. Portanto, fiquem atentos e saibam o que cada linguagem trará de melhor: ARTES CÊNICAS: Apresentações de grupos locais (capital e interior); 3ª etapa
do Palco Giratório, ainda esta noite; e
Ainda nesta edição:
também espetáculos convidados. Depois de cada apresentação, haverá um bate-papo com a platéia e dessa vez também intermediado por três profissionais da área, responsáveis por levantar reflexões mais aprofundadas sobre os espetáculos. Estamos falando do diretor carioca Djalma Thürler; do diretor teatral e Coordenador de Cultura do SESC/PE, José Manoel; e do nosso conterrâneo, Flávio Rabelo, mestrando em Artes pela Unicamp. ARTES VISUAIS: enquanto o SESC Guaxuma servirá de espaço para a exposição Imaginário, dos artistas alagoanos Tonho de Dedé e Zezinho, a vila de pescadores do Jaraguá receberá a intervenção urbana De Passagem, com os grafiteiros alagoanos Alan Lima e Daniel Melro, e a participação dos alunos dos Ateliês de Lúcia Galvão e Rosivaldo Reis. AUDIOVISUAL: durante toda a semana será exibida uma mostra audiovisual diferente no Teatro SESC Jofre Soares. Já no Overdoze, uma seqüência de curtas e longasmetragens pertencentes ao acervo do SESC será exibida no restaurante. M Ú S I C A : a i n d a h o j e te re m o s o lançamento do CD Cantos Indígenas KaririXocó – Coleção Memória Musical e a
Detalhes da abertura
Conheça os debatedores
apresentação da Fanfarra Edson Bernardes, do Vergel do Lago. E no Overdoze, o teatro, o bar panorâmico e a rua servirão de palco para diversas bandas e músicos locais. MANIFESTAÇÕES DE TRADIÇÃO: Marcos Filipe Sousa vários grupos de cultura popular irão se apresentar no Centro e em Jaraguá, mostrando Coco de Roda, Toré, Guerreiro, Ciranda... Todos comandados pelos principais mestres alagoanos das danças de tradição. LITERATURA: o espaço da Livraria Livro Lido, em Jaraguá, receberá a Trupe Gogó da Ema de Contadores de Histórias do SESC Alagoas e um mini-curso sobre adaptação de texto literário para o teatro, ministrado pelo paranaense José Castello, tendo como base d a d i s c u s s ã o d e t rê s e s p e tá c u l o s apresentados no próprio Aldeia. O terreno se expande e vocês são parte dessa ocupação. Dêem as mãos e compareçam! E como a engrenagem para essa máquina chamada Aldeia produzir calor e arte requer muita atenção e cuidado, teremos uma equipe preparada para garantir o sucesso desse avanço. Nós do Rodapé, claro, estaremos sempre por perto, registrando e relatando tudo para vocês acompanharem os principais acontecimentos em primeira mão!
Fotos da equipe Rodapé
A dica de Elizandra Lucca
entrevista Fabrício Alex Barros
Cléa Costa fala da importância dos projetos sociais do SESC Alagoas
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léa Costa é Diretora de Programas Sociais do SESC/AL, mas também é formada em Biblioteconomia, é cantora e nesta entrevista ao Rodapé ela expõe sua visão enquanto artista, gestora e cidadã no que diz respeito à produção cultural local. Analisa também a responsabilidade atribuída ao SESC diante das realizações e das iniciativas culturais.
|Por Maryana Hayko
Rodapé: Qual a importância que você, como gestora, através do SESC, dá às parcerias? Existe algum programa voltado para captar e fidelizar parcerias no SESC? Cléa Costa: Nos 5 programas sociais (cultura, saúde, lazer, assistência e educação), cada um tem a sua peculiaridade. Dependendo da natureza da ação, as parcerias são muitas e elas agregam valor. Ninguém faz nada sozinho. Recebemos o reconhecimento de instituições sociais, órgãos públicos e instituições privadas. Hoje, os parceiros são grandes e em potencial. Dentro das nossas possibilidades de orçamento, buscamos firmar parcerias e somar esforços a grandes projetos que têm pertinência com as nossas propostas de atuação. Parceria é fundamental e precisamos ampliar ainda mais. R: Para vocês, até que ponto a cultura pode influenciar no meio social? CC: A cultura vai mudar o indivíduo, transformar. Dá cidadania, dá poder. Cultura e educação são coisas intrínsecas. Cultura é meio e ela está envolvida com todas as linguagens. São tantas as
potencialidades e você multiplica para os outros, contagia, mesmo que não invista na cultura enquanto profissão, mas isso lhe dá um prazer de viver, de existir. A cultura transforma totalmente o meio social. R: Dentro das atividades desenvolvidas junto ao comerciário, como você percebe as atividades culturais promovidas pelo SESC? CC: Temos um modelo de atividades, uma missão maior, um negócio. Cada um dos programas sociais tem o seu negócio, sua missão, dentro do seu foco de atuação. Focamos no nosso público e também na sociedade. Procuramos atingir esses prérequisitos e dentro deles, atingir um objetivo maior que é formar platéia e dentro das apresentações, o desenvolvimento. Então, o SESC possibilita projetos que sejam atrativos ao c o m e r c i á r i o a c u s t o z e r o. A s possibilidades existem, as linguagens estão aí, os espaços estão adaptados. A programação é efervescente. Atingimos muito bem esse público, poderia ter uma maior participação, mas a questão é
dica d’lucca
|Por Elizandra Lucca
“cultural”, educativa e é um grande desafio. Estamos buscando isso. R: Muitos artistas vêem o SESC como uma Secretaria de Cultura. Como você analisa essa responsabilidade atribuída ao SESC? CC: A gente fica feliz e acha que é um reconhecimento do nosso trabalho.São tantas as carências, que terminamos sendo um referencial pra esses artistas. A SECULT existe e ela é atuante,sabemos do potencial do nosso secretário atual, sabemos das possibilidades e das parcerias que têm sido realizadas. Já fomos parceiros da Secretaria em vários projetos. Somos parceiros da FMAC [Fundação Municipal de Ação Cultural] também. Realizamos propostas super interessantes, como o BiblioSESC e a FEMUSESC. Essa confusão é em função do trabalho do SESC. Realmente é uma conquista, um reconhecimento do que o SESC vem realizando sistematicamente, através dos seus projetos. Ficamos muito felizes por esse reconhecimento e queremos fazer cada vez mais.
enquete:
Divulgação
Vida Imunda, Cai a Bunda Segunda, dia 24/08, às 16h, na Pça. Dois Leões - Jaraguá. Aberto ao público. É inegável que o teatro pode vir a exercer a função de educar, onde lhe é colocada essa função. E é a isso que se propõem a Cia.Teatral Raízes da Terra, conscientizar para problemas sociais que fazem parte da sociedade em que vivemos. Perceber a necessidade de uma elaboração maior do espetáculo, no que diz respeito a diversos elementos que compõem a obra cênica é de suma importância para a qualidade desses.
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Com que freqüência você costuma prestigiar as ações culturais promovidas em Maceió? A pergunta foi feita para 58 pessoas, durante o lançamento do Projeto Literárias Mostras Virtuais, no último dia 24. Entre as respostas obtivemos os seguintes resultados: Não me lembro – 20% Quinzenalmente – 24% 1 vez por mês – 25% Toda semana - 31%
seu jofre falou
na boca de mateu*
Conheça os três debatedores que estarão conosco durante a Aldeia |Por Renato Medeiros
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s debates promovidos pelo SESC logo após as apresentações de seus espetáculos já se tornaram tradição. É uma particularidade que diferencia o Teatro Jofre Soares de outras casas de espetáculos de Maceió e que também demonstra preocupação em formar e suscitar o pensamento crítico de platéias. Durante a Aldeia não é diferente, mas nesta IV edição os bate-papos serão intermediados por três profissionais da área. São eles: Djalma Thüler, José Manoel e Flávio Rabelo. O trio será responsável por emitir reflexões mais aprofundadas a respeito das obras apresentadas. Divulgação
Djalma Thüler: é carioca, mas atualmente reside e trabalha em Salvador (BA). É Doutor em Letras pela Universidade Fluminense (UFF), professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), autor do livro Leituras contemporâneas do teatro antigo (2008) e diretor de teatro. Aprecia Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Peter Brook e samba de raiz. Se ele fosse um livro, seria A Paixão Segundo G.H., de Clarice Lispector.
Flávio Rabelo: é alagoano, mas reside em Campinas (SP), onde está terminando o mestrado em Artes pela Unicamp. Criou O Estranho, persona com a qual ele se apresenta em espaços públicos, galerias e até na internet. Em 2008 e 2009 esteve em Londres por conta do projeto Hotel Medea. Aprecia Chico Buarque, Caio Fernando Abreu, Brecht, Wado, Tainan Costa e Jorge Shutze. “É um homem sentado no chão. Em silêncio, buscando o vazio”. Divulgação
José Manoel: É natural de Bezerros (PE), mas atualmente mora em Recife, onde é professor, diretor de teatro e Coordenador de Cultura do SESC Pernambuco. Não é ligado diretamente a nenhum grupo de teatro, mas vive atuando e dirigindo espetáculos diversos. Acabou de escrever os textos do documentário De Barros, um coração para amar-te, de Rodolfo Araújo. Gosta de ouvir piada de be“x”ta, de fazer teatro na rua e de andar de barco no Rio São Francisco. Divulgação
Qual foi o ponto alto e o ponto baixo da Aldeia do ano passado? Fotos: Renato Medeiros
Vou começar pelo ponto negativo. Eu adoro o Overdoze, mas acho que as mudanças repentinas de horários formam uma lacuna entre uma apresentação e outra. Para mim, o melhor da Aldeia são os debates. Laís Lira atriz e professora de teatro
Teve a apresentação de um espetáculo infantil, acho que foi o do p a t i n h o fe i o . F o i fantástico. Agora, eu acho que o Aldeia foi tão legal que não teve nenhum ponto baixo. A proposta foi tão boa, o preço acessível... Fátima Farias professora e pós-graduanda em literatura
Quem lembrar do ano passado, morre. Mas uma coisa que eu acho bem legal na Aldeia foi o jornalzinho, o informativo. É massa a gente poder ver o que aconteceu no dia anterior. Agora, acho que não lembro de nada negativo. Magnum Ângelo professor de teatro *Mateu (ou Mateus) é o cara pintada que anuncia as boas novas no Guerreiro.
É hoje! Aldeia SESC tem abertura com grande estilo |Por Barbara Esteves
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úsica, tradição e folclore, além de um emocionante espetáculo teatral. Para iniciar a noite de abertura da Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas, a mistura de ingredientes foi o tempero perfeito para presentear os participantes. Primeiramente, acontece a cerimônia oficial de abertura, com o lançamento do Cd “Cantos Indígenas”, da tribo Kariri Xocó. O disco foi gravado no Estúdio de Música do SESC Alagoas, dentro do projeto Memória Musical que realiza uma pesquisa da produção popular do Estado. Esse projeto, tradicional no SESC, já gravou as produções de nomes como Nelson da Rabeca,
Naldinho e diversos pastoris e folguedos da terra. Depois do lançamento, os presentes poderão conferir o espetáculo Diário de um Louco (da companhia Lavoura - PB), que integra o Palco Giratório. A peça é um monólogo interpretado por André Morais e dirigido por Jorge Bweres. A história é sobre um funcionário público que se apaixona pela filha do seu chefe e começa sutilmente a demonstrar sinais de perda da lucidez. O Palco Giratório é um projeto do Departamento Nacional do SESC que, em parceria com os Departamentos Regionais, promove a difusão cultural das produções teatrais de todo o03Brasil. Com uma
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programação múltipla, há onze anos, diversos espetáculos circulam pelas capitais e cidades do interior do Brasil, viabilizando a troca de experiências entre grupos de teatro de todo o país. Já passaram pelo SESC Alagoas duas etapas do Palco Giratório. O espetáculo De Malas Prontas, da Cia Pé de Vento (SC) e a peça Hysteria, do grupo XIX de Teatro (SP). De volta a nossa programação, o Aldeia encerra sua noite de estréia com a degustação de comidas típicas do Estado, a apresentação da Banda de Fanfarra Edson Bernardes e o tradicional Guerreiro de Alagoas que empresta o nome à mostra de artes.
e tenho dito! Barbara Esteves
Sujeitos a interlocutores |Por Fabrício Alex Barros*
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que só consomem cultura de massa. A formação de platéia depende de incentivos governamentais, da iniciativa privada, da uma educação cultural, da construção de espaços, etc. Tudo isso promove a circulação, mas o artista é quem cria, então, a fomentação depende dele também. Não significa que padrões devem ser estabelecidos ou que toda obra tem que vir nitidamente com uma mensagem sócio-político-educacional. Isso é inerente ao fazer artístico, ser entendida não é base para arte existir, mas ela tem que ser sentida. Criatividade pressupõe a criação de algo novo, ou seja, não apresentar muito do mesmo. Uma investigação que exige dedicação na busca pela diversidade. Pensar quem é o nosso público, para quem fazemos e porquê fazemos. Antes de nos intitularmos artistas, precisamos nos perceber dentro coletivo e de quais maneiras vamos estabelecer relações. *É ator e licenciado em Artes Cênicas pela Ufal
galeria
ndependente da linguagem, uma criação é tida como obra de arte quando é fruto da expressão de sujeitos que desejam interagir, comunicar sentimentos, apresentar sua visão de mundo a interlocutores; é a triangulação – autor, obra e público que cria a relação de fluxo. Por mais que a obra surja de processos individuais, em gritos efêmeros, a arte apresenta os homens do seu tempo de maneira bem mais fiel que muitos livros de história. Sendo instrumento de idéias, experiências de vida, realidade e imaginário que está a serviço do coletivo. Mas, quem é nosso interlocutor? Resposta talvez um tanto vasta, o que vale lembrar é que o público também é um ser pensante e só quando ele recebe o que foi concebido é que se completa a triangulação. Os sujeitos criam por motivações pessoais, inquietações ou mesmo na busca de um sustento digno. E o público? Por que ele consome o fazer artístico? O que faz ele se deslocar até os centros culturais ou parar no meio da rua para acompanhar uma realização pessoal? Simplesmente pelo fato de buscar entretenimento e “achar bom ou ruim”? A postura do artista, o primeiro responsável na obra, é o que faz surgir novas respostas substanciais. Se sabemos que todos são seres pensantes, por que nos limitamos em apresentar apenas o gratuito que as pessoas estão acostumadas a ver ou construir conceitos e discursos que na verdade não tocam nossos interlocutores? Talvez por não o levarmos em consideração é que somente lá na frente nos damos conta, quando reclamos que não se tem bilheteria ou
Coordenador ArtísticoCultural: Guilherme Ramos Técnico de Teatro: Thiago Sampaio Técnico Assistente: Fabrício Alex Barros Estagiária de Teatro: Joelle Malta Informativo produzido pelo Serviço Planejamento Gráfico e Social do Comércio de Alagoas - Diagramação: Renato Medeiros SESC para o projeto Aldeia SESC Textos: Guerreiro das Alagoas 2009 Barbara Esteves MTE 1081/AL Fabrício Alex Barros Jacqueline Pinto O s t e x t o s a s s i n a d o s s ã o d e Joelle Malta responsabilidade dos autores e não Maryana Hayko refletem, necessariamente, a opinião do Renato Medeiros SESC Alagoas. Thiago Sampaio
expediente
O que vai rolar amanhã? Abertura da exposição Imaginário, de Antônio de Dedé e Zezinho. A partir das 10h, no Sesc Guaxuma. Entrada franca. Oficina de Cenografia com Jorge Bweres (PB) - 3ª etapa do Palco Giratório. De 9h às 12h e de 13h às 16h, no Sesc Centro. Entrada: 1kg de alimento. Espetáculo Bocas que Murmuram, da Cia Mestres da Graça. Às 16h, no Teatro Sesc Jofre Soares, Sesc Centro. Entrada: R$ 2,00 + 1kg de alimento ou R$ 4,00. Espetáculo Solampião, da Associação Teatral Nega Fulô. Às 19h30, no Teatro Jofre Soares, Sesc Centro. Entrada: R$ 2,00 + 1kg de alimento ou R$ 4,00.
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