Um quĂŞ de arte
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Um quĂŞ de arte
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GratidĂŁo 5
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Sumรกrio
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Contos que
Te conto
Por quê?
...Na cadeira de balanço, pequenina, uma boneca. Ao lado aquela menina...um ano e meio, talvez. Talvez brincasse sozinha...uma lembrança! Mamãe, lá dentro.
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Um quê de arte
Papai vai chegar, um espaço...Eu espero. O portão é de ferro; a cerca é bem alta; o pé de jasmim, as flores, o perfume, enfim! Um quê de saudade, um quê de sonho, uma porção de realidade... Por quê da visão? Por quê!
Por quê?
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Feliz CoincidĂŞncia? Elisa, doce menina, veste seu vestido de bolinhas, e, quanto dele gostava!
Uma bolsa do mesmo tecido a deixava fada – ah, faceira mesmo!
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Um quĂŞ de arte
Feliz Coincidência?
Ajudar à mãe, ir à escola – seu melhor momento... Ir, saltitar, pular, poder voar, muito alegre, cantar, cantava baixinho – sua voz de soprano – menina tão nova. Uma Callas, diziam uns; outros, vai acabar na Ópera! Coincidência feliz, surpresa, emoção – um homem bem posto, fino, elegante – vem ao seu pai com um convite – bolsa de estudos de música! Vai, Elisa para a Capital, que a espera! ...Não, Elisa não vai...
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Onde o Ser?
Ele era um gatinho amarelo, desses tão discretos que mal se ouvia. Grande, tímido, caminhava entre os pés de limão, daqui ou de lá. Às vezes, o viam dormindo sob a sombra do abacateiro – sabe, aqueles gigantes? Pois é, ele, pequeno, ante à grandeza do alto produtor dos abacates mais deliciosos e verdinhos do mundo.
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Um quê de arte
Onde o Ser? Charminho, o gato, ficou ainda mais quieto, talvez irritado consigo mesmo, mais especialmente, com seu nariz – ficou doente. Imagine um tempo no qual somente havia veterinários nas fazendas!
Difícil, quase impossível era trazer algum para a cidade – ah, tempos passados... Na casa, Charminho via que a vida continuava ativa. E não tinha como ser diferente. Eram muitos: pais, filhos, escola, trabalho – o café, o almoço, o jantar... Numa tarde, quando as crianças foram colocadas para dentro, um estampido levou o gato... discreto, tímido, bonito, charmoso, doente... Choro, tristeza, trabalho, escola, vida – o ser humano. 17
Aurora
Pôs-se a chorar num canto sem se mostrar. Ah, lembranças, o que fazer com elas, como viver sem elas?! Mocinha, crescendo, não vai à rua sem a mãe, não sai sozinha, não pôde ir à capital. Estudar? O que tem, o que pode! 18
Um quê de arte
Aurora
Triste Aurora, cantava baixinho ao lavar a louça todas as tardes, até que um dia, “falou a coragem”: cantou mais alto... e que dia! Vieram todos, cantaram todos! E, eis que, mais que uma surpresa, um achado – segue a vida, segue o caminho – na mágica, umas notas, umas vozes... canto orfeônico, descobriu na escola! Foi a solução, o encantamento, a sedução!
...Essa menina vive de sonho, dizia um; no mundo da lua, dizia outro... Aurora – que nome, que achado, que glória! Não poderia ser outro; nada poderia ser diferente...
E durante longo tempo viveu Aurora, sob a batuta das notas, ao tocar, ao cantar, ao se encantar; as pautas, não as pausas fizeram-lhe companhia; os pedais foram o seu suporte, – alongava o som, buscava outro, enquanto na surdina, tocava outro mais... Aurora.
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O Piano A batida na porta, 14h00.
Da entrada e varanda que a oficina circundam, ouviu o papai. ....De longe, a jovem Adalgisa avisava – o professor chegou! Alma da casa, o piano ali estava, esperando ser aberto e acarinhado, como acarinhado tinha sido momentos antes... sempre!
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Um quĂŞ de arte
O Pian
Ah! Essas aulas, fantásticas, maravilhosas!
Mamãe chegou mais tarde, com a vitamina de abacate. O abacateiro, na temporada, verdinho! O abacate lá no pé, pertinho da cozinha, só faltava pular sozinho... Uma paradinha, um delícia fresquinha, um bálsamo “carregado de mãe”, depois de tantas horas de estudo, de dedicação, de paixão, de encantamento... O piano, a porta aberta, um concerto e tanto! Ora Chopin, Beethoven, um Liszt que gostava “tanto”, todos ouviam! Ouvia, eu, igualmente, o concerto, isso porque o mestre não me deixava sem uma peça tão aguardada...Vez ou outra, pedia eu, com o coração aos pulos, o retumbante, e fenomenal...Hino Nacional! ...Quando me dava conta, dona Yolanda, minha fã, já havia chegado para o café de todas as tardes e era hora de fechar o “incrível” instrumento, grandioso, exuberante... de segunda mão! ...Lá na cozinha a prosa estava boa!... Amizade, verdade, e vida, na Rua Uru, esquina com Travessa Uru. 21
Artista
À medida que obras até então inacabadas são, finalmente, terminadas, sente o artista chegar ao seu apogeu. Nesse ápice de pessoa que fez da sua vida uma arte, percebe que outros momentos foram cruciais, relevantes, outros segmentos foram também sedimentados com coragem e garra, determinação e empreendedorismo, além do criativo.
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Um quê de arte
Concomitantemente a esse instante de reflexão, sobressai o sentimento de aceitação do seu ser diferente, deixa-se pegar pela faceta oculta, por ter vivido até ali um fascínio e que o caminhar o levará a outros, tão deslumbrantes como ou tão enigmáticos quanto! Permite-se, então, após relutantes tempos, ser nominado - artista! Um encontro com uma realidade plausível? Uma forma de encarar o seu próprio desvelo, seu deslumbramento diante do que pode ser etéreo, mas que persiste, que ganha vida e vida própria? Então - é um artista!
Artista
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Nós? Artistas? Somos simples continuadores da mágica e da Arte da Natureza – de Deus... Criamos, nós, artistas, gama enorme de materiais, todos que utilizamos em nossas obras: esculturas ou não; pinturas ou não; artesanato ou não... 24
Um quê de arte
Mais talento. Mais audácia! Muito mais astúcia! Maior habilidade? Muito mais sensibilidade! Mais visão? Algo assim? Ou a desenvoltura maior e mais ética, profissional e respeitosa, que o Senhor espera de Nós, artistas, seus auxiliares... Na Criação.
Nós? Artistas?
Uns mais que outros; com propósitos ou não; projetos ou não – “criadores de segunda mão” – tendo mais ideias e ideais; criando, uns, copiando, outros...
...Embora a Ciência – óbvio, acreditar nela como parte do todo.
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Ensaio
Naquela varanda os finais do dia eram delicados. À volta, a primavera vermelha carregava de cor o ambiente. Leão, o cachorro preto, de pelo bonito, deitado, descansava ao pé do grande e, também, vermelho banco, onde papai e mamãe sentavam.
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Um quê de arte
Ensaio
Os vasos eram bem cuidados e, na parede, um deles fora colocado em artístico suporte de ferro torcido e retorcido; iluminada e delicadamente, suas flores caíam em brancas pencas. O ar era por demais bucólico e mágico e, de lá de dentro, ouvia-se que as meninas cantavam. Lavar a louça e cantar? Sim, um ensaio duplo, às vezes, triplo, com o irmão mais novo, isso quando a voz mais firme do papai não ia a elas se juntar...
Era um final de dia, em cidade onde o interior cantarolava e a noite, aos poucos ia se mostrando, pura, sossegada e bela.
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Reinventar... - Você é bom nisso!
Nos percalços da vida, ele viu de tudo.
Todavia, o que mais surpreendia mesmo, o que mais causava gestos perplexos, era a virtude de criar... - Será?
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Um quê de arte
Reinventar... O de inventar outros materiais, outras formas de trabalhar, de... - Como? Vou estudar... - Isso não vai dar certo! - Vai, dizia ele. E tentava, e estudava e se reinventava... Experimentando, qual autêntico artista, qual artesão, qual restaurador... e eis! - Deu certo! “Pau pra toda obra”! - Sou artista, dizia ele...Era músico e tinha até a carteira da Ordem dos Músicos! E tocava numa orquestra! - Deu certo! ...Não sem mostrar uma inequívoca e incrível alegria!
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João
João nasceu artista. Tantos açoites na vida, atravancavam tempos de paz. Cresceu olhando, analisando, se surpreendendo, surpreendendo! Cantando, se viu tocando um instrumento. Escrevia? Desenhava?
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Um quê de arte
As árvores eram o tema constante, embora não as tivesse visto. Soube depois serem originárias da Turquia, as que mais o fascinavam. Seria cantor? Instrumentista? João se viu pronto a pintar...
Se fez artista!
João
À sua volta, tudo o levava a criar! O pai artista, a necessidade na escola, os colegas, as plantas, tudo o levava a trabalhar.
Mas, que vida! Faltou o mecenas que até apareceu e depois morreu; o outro que o queria, um certo dia, desapareceu – “Deus não quis”. João pensou mesmo em largar, essa vida de artista abandonar...
Ir para longe, terra distante? Outras plagas? Nem tanto às falas, Nem tanto as malas! Sim, voltar pra casa...viver – outras sagas.
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Vivia e
Vivia e Deixava Viver... Outrora distante, tomou forma.
Cuidador, transformou-se em participador de cada instante. (nĂŁo seria participante?)
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Um quĂŞ de arte
eixava Viver...
Quieto, silencioso, tomou forma... Perturbador e calado, ouve e não discute.
Sente, mas não encara. Saltitante, nato, alegre ou não... um observador. Vivia e deixava viver...
A graça da casa substituiu o infante, substituiu a si mesmo. Criou asas e tomou forma... Fala e não deixa falar. Não opina e deixa-se levar.
...Agora, calada, falam por si, exasperam-se por ele.
Presença constante, interfere, interpela, cria forma... Gigantesca é a sua voz.
Na vitória do instinto, cala-se o humano contrito.
Levanta e surta diante do calado amigo, ganha forma diante do ser convivo. ...Quietude que levou à grita. 33
O que sou? O que canto! O que conto,
O que
Como encanto!
E, no meu canto, falo de mim, conto a você, vejo que sou... Metáfora de bela, de fera... falo, talvez... 34
Um quê de arte
Sozinha... parto as partes, digo às calas... parto... sem dor. Sinto, é possível, algo que calo, esbarro, queria ser... Vem à memória, cálida, singela, faço uma volta... muda, Mudo, o quê? Vejo que o mudo, às vezes, me abala, eu me abalo, abalo você! Quer mais que pode, por vez, mente e acolhe, nem sabe por quê! Ah! Quem sou? Compartimentada, vazia... a sonhar! Valho mais nada, agora me calo, volto a sonhar! Pergunto por quê? ...o que sou?
sou?
O que canto! O que conto...
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O que sou?
Das minas e não das Minas surge o ferro, dele o aço e deles a criação! Uma mulher, dona do ferro; o homem que o domina... Da forja aprendeu-se, apreendeu-se e aprendi e daí irrompeu-se a peça, a obra, a ARTE!
Esse é o Artista...
...Que vê, que admira, que inventa, cria, que assobia, canta... se extasia, que fascina, se deslumbra! Eis que que se ilumina uma bancada, simples, de madeira cortada; uma cidade iluminada, uma vida, sua ancestralidade... sua contemporaneidade... Juca. 36
Um quê de arte
Gentil Mulher!
Leveza... Mansidão. Sutil presença. Gentil mulher! Os escravos na fazenda permaneceram felizes, gente da melhor qualidade, faziam companhia a ela... uma contadora de histórias; outra foi com ela estudar... E lá se foram a terras longínquas... Um morro inteiro poderia ter feito parte dessa, então, tão jovem! De uma riqueza estupenda a uma pobreza elegante, consciente, alçou vida... uma outra, distante, bem-vinda! Ganhou o lugarejo, nova família – pai, mãe, duas meninas – e não é que outro veio depois! Na delicadeza eis que se impôs à força, à garra e à coragem. E o barro da rua, a poeira das toras, a roupa no varal... Conviveu com artistas, ouviu muito piano – era só incentivo! Construiu vida, motivou filhos, granjeou amigos, colheu vitórias, herdou beleza – aquela que não tem fim... As flores...Ah! As flores, foram suas presenças mais singelas e companheiras... Gentil mulher! Sutil presença... Anita. 37
Vidas que Eu
Poeta Exponho
Poetar
Diante de uma euforia assaz utópica, lírica, de aspecto fugaz... Não... fuga mesmo! E, em batalha única e inversamente possível, trava-se gigantesca 40
Um quê de arte
Poetar
debandada, inevitável; angustiante, sim, necessária, igualmente. Amor fortuito?
Amor descrente,
pequeno, discreto, fremente! ...O amor é Arte, é estético, é doido, é estático! Retirar, é preciso.
Render-se, outrossim, inciso... Capitular em instante preciso. 41
Sou
Sou da paz - inda que morro, Sou gigante - inda que mouro. Vou ao entrave, visto amigo, Vou na palavra, sinto ao vivo!
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Um quĂŞ de arte
Pudera ou quisera ser flor, Borboletas voando, Enlaรงadas... Embaraรงadas em cor? Do alento, no mesmo evento, Causo pausa, movo o vento! Por que causo? Por que pasmo! Pare clima, pare estelar! Sรณ no cantinho, faรงa morada,
Sou
Sรณ do amor... longe jornada...
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Firmamento Não, nada a dizer, a escrever, a falar Posto que sou, ou não sou Há dúvidas a calar. Por força do amor Beijo encantado – encanto!
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Um quê de arte
Firmamento
Abraço o corpo, sinto,
Paz na luz – desencanto! Vivo o agora, fui e vou,
Voo e ando, busco um lugar. Como posso eu me soltar,
Se enrosco e torno a me enlevar, a sonhar... Vou ao firmamento, vou,
Sou puro deslumbramento, sou! Pare, alma de gigante
Veja o que traz, mero andante!
Disso fluem sons, notas, miragens,
Pinturas, caminhos, mais que paisagens. Vou ao longe, voo na paz.
Abrigo na torre, passagem,
Observo, absorto, a cercania
Pés de gigante, sim, alma de Maria! 45
Todo
Todo Amor Leva-me. Conduza-me
Amor! Você pode? Só você... Posso, igualmente, dizer, viver Sentir, estreitar...
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Um quê de arte
Amor
Os meus olhos cerrar, encerrar... Amor! Ou viver na luz da eternidade, Este etĂŠreo amor que me invade! Eu, escrava de mim, por instante, Nascendo em vocĂŞ... Em nota, o poema cantando: Leva-me... Encanto-me... Encante-se.
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Um Dia Um dia eu te vejo! Te conto! Te espalho! Te encanto!
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Um quĂŞ de arte
Um Dia Não, não te conto! Encontro! O que conto....
Mãe
Tantos sentimentos, Lutas, glórias, Coragem, procurou sentir... Quantos os momentos, Fortes braços, Buscou não ferir! 50
Um quê de arte
Tanto os abraços, Quanto os beijos castos, Sustentara sonhos, Acalantaram fatos. Mãe, figura tão completa, Meio meiga, meio brava, Que com doce afago, Induziu a seta, Pra viver na luta, certa, Fazer da labuta, festa Da razão incerta, Caminhar seguro... Tantas vezes, asseguro, Mãe, em sendo a vida, Assim tão bela, Como a colocou, enfim, Mesmo a ínfima mazela, Encanto a fez pra mim! Mãe, doçura tão completa, de tantos amores, Ouve o tilintar alegre de faustos clamores!
Mãe 51
Cantar Baixinho Um dia vou me expandir em flor, Vou me espalhar na cor,
Vou me confundir... e ir... Sim, todo fulgor se fez, Eu me fui e voltei, olha a tez...
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Um quĂŞ de arte
Desta vez, cantei bem baixinho, Saltitei bem leve, com carinho! Voltar! Sรณ se for a caminho...
Cantar Baixinho
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Brasil Terra encantada, Plena, acalentada; Que embala anseios E afaga sonhos De beleza e glória, Antes tão sonhados,
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Um quê de arte
Desejados mesmo, de um filho teu! Mata que sente E não mata, Ao invés acata Tanto o “bramido”, Quanto o grito alerta de um filho meu! Canta airoso o canto, Lida na peleja o campo, No esplendor – enquanto, “Viça” a palmeira Intrépida faceira, Em verde sutil, Em arrebatado êxtase, Clama: Oh! Brasil!
Brasil
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Detalhes de
Pinturas
que eu te Mostro
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