rastros L um olhar na história
de
uz
março
2017
nº 4
este é o
filho do
carpinteiro? Despretensioso convite para o retorno às coisas simples, belas e profundas do Evangelho.
Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida Jovem, ao encontro de Jesus!
atentação de
Jesus
A palavra demônio não implica a ideia de Espírito mau, senão na sua acepção moderna, porquanto o termo grego daimon, donde ela derivou, significa gênio, inteligência e se aplica aos seres incorpóreos, bons ou maus, indistintamente.
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RASTROS DE LUZ | ESTE É O FILHO DO CARPINTEIRO?
e
SEGUNDO MATEUS
Então Jesus foi levado pelo Espírito para o deserto, para ser tentado pelo diabo. Por quarenta dias e quarenta noites esteve jejuando. Depois teve fome. Então, aproximando-se o tentador, disse-lhe: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães”. Mas Jesus respondeu: “Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” Então o diabo o levou à Cidade Santa e o colocou sobre o pináculo do Templo e disse-lhe: “Se és Filho de Deus, atira-te para baixo, porque está escrito: Ele dará ordem a seus anjos a teu respeito, e eles te tomarão pelas mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra. “ Respondeu-lhe Jesus: “Também está escrito: Não tentarás ao Senhor teu Deus.” Tornou o diabo a levá-lo, agora para um monte muito alto. E mostrou-lhe todos os reinos do mundo com o seu esplendor e disse-lhe: “Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares”. Aí Jesus lhe disse: “Vaite, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus
Nada comeu nesses dias
Disse-lhe, então, o dia Jesus: “Está escrito: Não
O diabo, levando-o pa todo este poder com a g te prostrares diante de m só a ele prestarás culto”.
Conduziu-o depois a J te para baixo, porque es eles te tomarão pelas mã tentarás ao Senhor, teu D
Tendo acabado toda a
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adorarás e só a ele prestarás culto. “ Com isso, o diabo o deixou. E os anjos de Deus se aproximaram e puseram-se a servi-lo. (Mateus, 4:1-11) SEGUNDO MARCOS E logo o Espírito o impeliu para o deserto. E Ele esteve no deserto quarenta dias, sendo tentado por Satanás; e vivia entre as feras, e os anjos o serviam. (Marcos 1:12-13) SEGUNDO LUCAS Jesus, pleno do Espírito Santo, voltou do Jordão; era conduzido pelo Espírito através do deserto durante quarenta dias e tentado pelo diabo.
s e, passado esse tempo, teve fome.
abo: “Se és filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão”. Replicou-lhe o só de pão vive o homem”.
ara mais alto, mostrou-lhe num instante todos os reinos da terra e disse-lhe: “Eu te darei glória destes reinos, porque ela me foi entregue e eu a dou a quem eu quiser.7Por isso, se mim, toda ela será tua”. Replicou-lhe Jesus: “Está escrito: Adorarás ao Senhor teu Deus, e .
Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do Templo e disse-lhe: “Se és Filho de Deus, atirastá escrito: Ele dará ordem a seus anjos a teu respeito, para que te guardem... E ainda: E ãos, para que não tropeces em nenhuma pedra”. Mas Jesus lhe respondeu: “Foi dito: Não Deus”.
a tentação, o diabo o deixou até o tempo oportuno.”
(Lucas 4:1-15)
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Antes de mais nada, alguns apontamentos iniciais, ressaltando que o estudo das letras sagradas não pode ser feito através de uma simples leitura que nos leve a seu entendimento literal. Para sua correta interpretação, mister que se busque a essência da mensagem, contida no simbolismo de seus versículos. Nas culturas orientais, demônios seriam todas as criaturas tidas como místicas ou espirituais. Mas não necessariamente de natureza maligna, como nos casos das fadas, gnomos, etc. Um demônio, ou ainda, daimon ou daemon tipicamente é descrito como um espírito do Mal, embora originalmente, para os gregos, pudesse também ser um ser benigno. Satanás ou Satã (do hebraico adversário/acusador) é um termo originário da tradição judaico e geralmente aplicado à encarnação do Mal em religiões ditas monoteístas. Demônios, satanás, diabos não existem. Deus, ao criá-los, estaria derrogando suas leis e contradizendose, uma vez que Lhe são atribuídos os fatores divinizadores sendo um deles a BONDADE. Deus não criaria seres para perturbar a vida dos homens. Preferimos, assim, os termos “o antagonista” (satanás), “o adversário” (diabo) e “o tentador”. Os estudiosos desses termos originários do hebraico e do grego, nos trazem essa conclusão. Encontraremos, para qualquer tema que se pense na vida, posicionamentos diferentes. No contexto das religiões e filosofias, não seria diferente. Sobre a questão de Anjos e Demônios, mais ainda.
Sempre afirmaremos que todas as considerações, por mais díspares que sejam umas frente a outras, são respeitáveis e merecem ser examinadas com imparcialidade e bom-senso. É a liberdade de pensar e de se expressar. Encontramos no Bhagavad-Gita: O homem é feito de sua crença. E o que ele acredita, ele é. A crença é essa convicção que anima o homem e o arrasta para outros objetivos. Há a crença em si mesmo, numa obra material qualquer, a crença política, a crença na pátria. Para o artista, o poeta, o pensador, a crença é o sentimento de ideal, a visão desse foco sublime, iluminado pela mão divina nos píncaros eternos, para guiar a Humanidade na direção do belo e do verdadeiro. As crenças são generalizações que fazemos a nosso respeito, acerca de outras pessoas e do mundo ao nosso redor. Elas são os princípios que orientam nossas ações e efetivamente formam nosso mundo social. De modo próprio, detalhamos aqui explicações colhidas em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, sobre Anjos e Demônios, pela sua serenidade e clareza lógica, sem prejuízo de outras interpretações que sejam encontradas aqui e ali. Leiamos: 128. Os seres a que chamamos anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos? “Não; são Espíritos puros: os que se acham no mais alto grau da escala e reúnem todas as perfeições.”
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A palavra anjo desperta geralmente a ideia de perfeição moral. Entretanto, ela se aplica muitas vezes à designação de todos os seres, bons e maus, que estão fora da Humanidade. Diz-se: o anjo bom e o anjo mau; o anjo de luz e o anjo das trevas. Neste caso, o termo é sinônimo de Espírito ou de gênio. Tomamo-lo aqui na sua melhor acepção. 129. Os anjos hão percorridos todos os graus da escala? “Percorreram todos os graus, mas do modo que havemos dito: uns, aceitando sem murmurar suas missões, chegaram depressa; outros, gastaram mais ou menos tempo para chegar à perfeição.” 130. Sendo errônea a opinião dos que admitem a existência de seres criados perfeitos e superiores a todas as outras criaturas, como se explica que essa crença esteja na tradição de quase todos os povos? “Fica sabendo que o mundo onde te achas não existe de toda a eternidade e que, muito tempo antes que ele existisse, já havia Espíritos que tinham atingido o grau supremo. Acreditaram os homens que eles eram assim desde todos os tempos”. 131. Há demônios, no sentido que se dá a esta palavra? “Se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Mas, porventura, Deus seria justo e bom se houvera criado seres destinados eternamente ao mal e a permanecerem eternamente desgraçados? Se há demônios, eles se encontram no mundo inferior em que habitais e em outros semelhantes. São esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo e que julgam agradá-lo por meio das
abominações que praticam em seu nome”. A palavra demônio não implica a ideia de Espírito mau, senão na sua acepção moderna, porquanto o termo grego daimon, donde ela derivou, significa gênio, inteligência e se aplica aos seres incorpóreos, bons ou maus, indistintamente. Por demônios, segundo a acepção vulgar da palavra, se entendem seres essencialmente malfazejos. Como todas as coisas, eles teriam sido criados por Deus. Ora, Deus, que é soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres prepostos, por sua natureza, ao mal e condenados por toda a eternidade. Se não fossem obra de Deus, existiriam, como Ele, desde toda a eternidade, ou então haveria muitas potências soberanas. A primeira condição de toda doutrina é ser lógica. Ora, à dos demônios, no sentido absoluto, falta esta base essencial. Concebe-se que povos atrasados, os quais, por desconhecerem os atributos de Deus, admitem em suas crenças divindades maléficas, também admitam demônios; mas, é ilógico e contraditório que quem faz da bondade um dos atributos essenciais de Deus suponha haver Ele criado seres destinados ao mal e a praticá-lo perpetuamente, porque isso equivale a Lhe negar a bondade. Os partidários dos demônios se apoiam nas palavras do Cristo. Não seremos nós quem conteste a autoridade de seus ensinos, que desejáramos ver mais no coração do que na boca dos homens; porém, estarão aqueles partidários certos do sentido que ele dava a esse vocábulo? Não é sabido que a forma alegórica constitui um dos caracteres distintivos da sua linguagem? Dever-se-á tomar ao pé da
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letra tudo o que o Evangelho contém? Não precisamos de outra prova além da que nos fornece esta passagem: “Logo após esses dias de aflição, o Sol escurecerá e a Lua não mais dará sua luz, as estrelas cairão do céu e as potências do céu se abalarão. Em verdade vos digo que esta geração não passará, sem que todas estas coisas se tenham cumprido”. Não temos visto a Ciência contraditar a forma do texto bíblico, no tocante à Criação e ao movimento da Terra? Não se dará o mesmo com algumas figuras de que se serviu o Cristo, que tinha de falar de acordo com os tempos e os lugares? Não é possível que ele haja dito conscientemente uma falsidade. Assim, pois, se nas suas palavras há coisas que parecem chocar a razão, é que não as compreendemos bem, ou as interpretamos mal. Os homens fizeram com os demônios o que fizeram com os anjos. Como acreditaram na existência de seres perfeitos desde toda a eternidade, tomaram os Espíritos inferiores por seres perpetuamente maus. Por demônios se devem entender os Espíritos impuros, que muitas vezes não valem mais do que as entidades designadas por esse nome, mas com a diferença de ser transitório o estado deles. São Espíritos imperfeitos, que se rebelam contra as provas que lhes tocam e que, por isso, as sofrem mais longamente, porém que, a seu turno, chegarão a sair daquele estado, quando o quiserem. Poder-se-ia, pois, aceitar o termo demônio com esta restrição. Como o entendem atualmente, dando-se-lhe um sentido exclusivo, ele induziria em erro, com o fazer crer na existência de seres especiais criados para o mal.
Satanás é evidentemente a personificação do mal sob forma alegórica, visto não se poder admitir que exista um ser mau a lutar, como de potência a potência, com a Divindade e cuja única preocupação consistisse em lhe contrariar os desígnios. Como precisa de figuras e imagens que lhe impressionem a imaginação, o homem pintou os seres incorpóreos sob uma forma material, com atributos que lembram as qualidades ou os defeitos humanos. É assim que os antigos, querendo personificar o Tempo, o pintaram com a figura de um velho munido de uma foice e uma ampulheta. Representá-lo pela figura de um mancebo fora contrassenso. O mesmo se verifica com as alegorias da fortuna, da verdade, etc. Os modernos representaram os anjos, os puros Espíritos, por uma figura radiosa, de asas brancas, emblema da pureza; e Satanás com chifres, garras e os atributos da animalidade, emblema das paixões vis. O vulgo, que toma as coisas ao pé da letra, viu nesses emblemas individualidades reais, como vira outrora Saturno na alegoria do Tempo. * O notável Cairbar Schutel, em seu livro O Espírito do Cristianismo, aborda essa passagem da Boa Nova, ora em exame, apontada pelos evangelistas Mateus, Marcos e Lucas, sobre a estada de Jesus no deserto e seu encontro com o diabo. Assim comenta Cairbar: Os Evangelhos não representam mais que as narrativas dos evangelistas. Duas partes distintas neles se observa; primeira, a Doutrina de Jesus, com a reprodução
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dos ensinos do Mestre e seus feitos; segunda, as narrativas dos evangelistas contendo o seu modo de ver sobre os fatos que observavam e lhes foram contados, de acordo com a versão popular e os costumes daqueles tempos. A nossa tarefa ao escrever O Espírito do Cristianismo não compreende certamente defender opiniões pessoais, transviando a inteligência dos leitores, para encerrá-la em artigos de fé que não são sancionados pela razão e repugnam à consciência. Para tornar grande o Cristo, não é preciso revesti-lo do sobrenatural, nem elevá-lo às regiões do mistério; basta que o apresentemos tal como foi, em sua Palavra, em suas ações, nos seus feitos, durante toda a sua dolorosa existência neste mundo, em que até hoje o Espírito das Trevas parece ter maior ação que o Espírito Divino. A “tentação do Cristo” explica perfeitamente este nosso modo de ver. Planeta ainda muito inferior, em que as Potestades Inferiores têm ação mais direta que as Potestades Superiores, é bem provável que Jesus tivesse lutado contra essa poderosa “Falange dos Ares” que transvia reis e vassalos, governos e governados, sacerdotes e religiões, sábios e discípulos, do seu esforço de se encaminharem para Deus, libertando-se do orgulho e do egoísmo que se querem eternizar no mundo. Hoje sabemos que os dominadores daqui levam para o Além-túmulo a sua indisciplina e a sua maldade, bem como a ciência que aqui e em outras existências adquiriram; como os bons, os humildes, os verdadeiramente sábios, os santos, levam a ciência e santidade que são as Suas insígnias no Mundo Espiritual.
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Sabemos também que os Espíritos Superiores não permanecem chumbados à superfície da Terra, nem tampouco, na baixa atmosfera que nos circunda, mas gozam de uma vida mais suave, em mundos aéreos que, embora circundando o nosso mundo, são constituídos de matéria mais quintessenciada, de ares mais puros, em virtude do seu progresso espiritual e para com mais facilidade realizarem maior evolução, pois o progresso é constante e a perfeição infinita. Assim também os Espíritos inferiores, presos à Terra, sem poderem elevar-se acima da pesada atmosfera que respiramos, são os que estão em contato direto com o mundo corporal, em virtude do seu perispírito, ainda muito grosseiro, não lhes permitir maior surto. Cada mundo atmosférico tem, naturalmente, seu governo de acordo com a natureza da sua população. E tendo estes espíritos ação sobre o nosso meio, nossos governadores, nossa população, os “graúdos” que daqui partem agem sobre os similares que aqui estão, daí o desvairamento que tem predominado, as revoltantes injustiças, a falta de critério, de senso, de lisura, de honestidade, e a predominância do personalismo, do orgulho, do egoísmo, em detrimento das leis divinas que absolutamente não são praticadas. Esses príncipes, deste e do outro mundo, constituem a falange denominada no Evangelho pelo nome de Satanás ou Diabo. São os adversários, os inimigos da Justiça, do Bem, da Verdade. Jesus veio ao mundo para dar cumprimento à Lei para que a Justiça aparecesse, o Bem fosse a norma da vida e a Verdade a orientadora dos povos.
Ele tinha de se manifestar com todos esses predicados para ser reconhecido, porque se é verdade que, segundo narra o Evangelho, muitos espíritos obsessores o reconheciam e obedeceram, não é menos verdade que outros, talvez mais “graúdos” do que esses, não o conheciam. Esperavam a vinda do Filho de Deus e procuravam o Filho de Deus, desejando reconhecê-lo por algum sinal maravilhoso por algum milagre, por alguma obra capaz de os impressionar. Certamente o Diabo não teve por fim tentar o Filho de Deus, mas, sim, reconhecê-lo, embora os evangelistas pensassem que o escopo do Diabo era fazer o Filho de Deus prevaricar. Na vida popular de Jesus, vemos que os diabos que representavam o governo também pediam milagres, pediam sinais, para apreciarem melhor se, de fato, Jesus era o Messias; e aqueles que receberam provas demonstrativas de que Jesus, com efeito era o Cristo, se converteram. Vemos, por exemplo, a conversação de Jairo, que era chefe de sinagoga; a de Zaqueu; vamos dizer também a de Nicodemos e outras. Contudo, a maioria não teve senão provas morais, porque o Mestre não dava nem um Sinal à geração perversa. Só o “sinal de Jonas” poderia ser dado, assim como não quis dar nem um sinal a Satanás, ao Diabo, que no deserto, no pico do monte e no pináculo do templo, tentou tirar provas se de fato Jesus era o filho de Deus. Se o Mestre quisesse, Ele, que era acompanhado de um exército de Espíritos seus auxiliares, de uma milícia de anjos, podia, sem desdouro para si mesmo converter pedras em pão, como converteu a água em vinho nas Bodas de Caná; podia demonstrar ao Diabo que os reinos da Terra, Ele e
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Monte da Quarentena. Que, por tradição, é tido como o local em que Jesus teria estado por quarenta dias.
a milícia que o seguia tomariam de um jato, independente da vontade do Diabo, assim como ressuscitou contra a vontade de Satanás, que até chegou a mandar soldados lhe guardarem o túmulo; podia lançar-se do pináculo do templo, assim como andou a pés enxutos no Mar da Galileia; mas não quis satisfazer as exigências do Diabo, porque o único sinal que o Diabo precisava receber era o de ser Ele o Filho de Deus, era vê-lo cumprir a Lei de Deus. E, de fato, esse sinal foi o
bastante para que Jesus dominasse o poder do Diabo e se tornasse conhecido do Diabo; “O Diabo o deixou; e eis que vieram anjos e o serviam.” Não se conclua do que ficou dito que só os espíritos inferiores agem sobre a Humanidade. Naturalmente, sendo nosso mundo ainda muito atrasado, e seus habitantes muito apegados á matéria, esses espíritos predominam. É preciso, entretanto, não excluir do nosso nome o os Espíritos Superiores.
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Muitos deles se acham encarnados em missão na Terra, e grande número deles, desencarnados, vive em missão na baixa atmosfera, para fazer progredir aqueles que se acham preparados para receber seus ensinos, porque a missão dos Espíritos consiste em intensificar o progresso. Haja vista a tarefa de Jesus, que era seguido por uma dúzia de espíritos encarnados de certa evolução, que a acompanhavam em sua missão, assim como era também seguido por uma plêiade de espíritos que, vivendo no Espaço, corroboravam no trabalho que o mestre executava. Era a “Milícia Celestial” que acompanhou Jesus desde o seu nascimento até a sua morte e depois da sua ressurreição. Dentre estes espíritos desencarnados, dois bem se deram a conhecer como tendo vivido no mundo em eras passadas. Eram os grandes missionários da Lei e dos Profetas: Moisés e Elias. Aclarando a narração dos Evangelhos, vemos que logo depois de haver-se dado Jesus a conhecer a João Batista, que era o seu precursor, o seu “apresentador”, conhecimento que mereceu a sanção do Espírito “que desceu sobre Jesus” imediatamente o Espírito o impeliu para o deserto, diz o Apóstolo Marcos, e o Apóstolo Lucas acrescenta que “cheio do Espírito Santo voltou Jesus do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, onde permaneceu durante quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo”. O trecho dá a entender bem que quem levou Jesus ao deserto não foi o Diabo, mas sim o Espírito Santo, que com Ele se manteve durante todo o tempo em que Jesus lá estivera “com as feras, e servido pelos anjos”, como diz Marcos. O “tentador”, certamente poderoso, pois chegou a afirmar que “a autoridade
e glória dos reinos da Terra lhe havia sido entregues e que destes poderia dispor como melhor entendesse” (Lucas 4:6), o “tentador”, maravilhado ante a imponência do quadro que se desdobrava a suas vistas - um homem no deserto cercado de Espíritos de Luz - inclinou-se a saber se, de fato, seria aquele homem o Filho de Deus, o Messias esperado e prometido. Daí as provas cruciais a que quis submeter o Senhor. “O homem, para ser olhado na Terra, procurado, invejado, precisa mostrar-se pelo seu ventre, pelo seu estômago, e se Jesus fosse capaz de converter uma pedra em pão, estava dada a prova de que ele disporia de todos os manjares que regalam o estômago e intumescem o abdome: “O homem, para ser poderoso, precisa dispor do mundo, dos reinos e impérios; dos governos e das nações, e; para que assim aconteça, tem ele de “dobrar a espinha” a uns e se curvar, genuflexo, a outros; e se Jesus se submetesse aos convites do “tentador”, não haveria dúvida para este, em ser Jesus o Filho de Deus; “O homem, para se distinguir de seus semelhantes e mostrar a sua superioridade, deve ser prodigioso, porque os sinais e prodígios seguem sempre os homens extraordinários. Se aquele homem do deserto, que subiu ao cume do monte e anda acompanhado de uma milícia de gênios for o Filho de Deus, não relutará em dar provas, lançando-se daí abaixo, porque nenhum mal sofrerá; “Se a Escritura reza que o Filho de Deus será o Maravilhoso, o Deus Forte, o Pai da Eternidade, e que Ele será o Grande Príncipe para firmar e fortificar o
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zelo do Senhor dos Exércitos; “Se corre uma voz pelo mundo e pelo espaço que Ele será o dominador do mundo; “Submetamo-lo desde já à prova, examinemo-lo detidamente”. Não podia ser outro o raciocínio de Satanás, ansioso por verificar se, de fato, Jesus era o Filho de Deus, que vinha redimir, não um povo, uma nação, mas o mundo todo. Sem conhecimento do Deus Vivo que impera no universo todo, sustentando os sóis, multiplicando os mundos, criando humanidades, como poderia Satanás o Príncipe do mundo, como o chamou Jesus, reconhecer o Mestre Nazareno como sendo o Filho de Deus? Se na época atual Ele outra vez aparecesse na Terra, seria reconhecido pelos reis, pelos governadores, pelos sacerdotes, pelos papas? E os papas e os césares que se conservam no Espaço, como reis e príncipes deste mundo, reconhecê-lo-ão, porventura? Não exigirão, como o fez Satanás, que o Senhor produza a conversão da pedra em pão, que o Senhor os adore para poder andar livremente no mundo, pregando o seu mister, que o Senhor se atire dos pináculos das Catedrais e dos Vaticanos e das sacadas das Academias, para que eles possam crer que Jesus é o Filho de Deus, o Messias cujo advento todos os sacerdotes anunciam para breve, o Cristo que todas as religiões dizem estar chegando? Haja vista o martirológio de médiuns que, submetidos a tantas experiências e provas, apesar dos prodígios operados, prodígios relatados em livres que enchem hoje bibliotecas, entretanto,
não conseguiram impor sequer crença na Imortalidade, quanto mais estabelecerem a lei da Fraternidade na Terra! Jesus não podia ser tentado pelo Diabo, nem Deus podia submeter o Seu Eleito, o Seu Enviado, o Seu Escolhido, a essa humilhação. O Diabo não teve por objetivo tentar a Jesus, mas, sim, investigar, examinar, observar se Jesus era, com efeito, o Messias que se esperava. o Filho de Deus. Os nababos do Espaço que formam o “cortejo satânico” não eram oniscientes, não sabiam se o “homem do deserto”, vestido duma simples túnica e calçado de sandálias; que não carregava um pão para o seu retiro espiritual, nem sequer levava um travesseiro para reclinar sua cabeça, e mesmo assim era respeitado pelas feras e servido pelos anjos, seria o Cristo, o Filho de Deus. Eles não sabiam, mas desconfiavam, e a dúvida os encaminhou para o exame. A “tentação de Jesus” não passa dum título posto nas Escrituras por opiniões pessoais, que não interpretaram bem a tradução dos originais dos Evangelhos. Entretanto, o que se evidência nessas passagens, o que se pode auferir dessas narrativas, é que os espíritos malévolos não respeitam individualidades, por maiores que elas sejam. Todos estão sujeitos à ação das potestades invisíveis, sejam elas boas ou más. E se os maus se põem em relação conosco, com ou sem intuito de nos prejudicar, em compensação os bons vêm auxiliar-nos: “Jesus, tentado por Satanás, tinha, por outro lado, os anjos para O servirem”. Deus, quando permite o convívio dum espírito inferior conosco, é certamente para que ele progrida, e, não, para que nos prejudique; por isso envia também
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espíritos superiores para nos auxiliarem. O que é preciso é que nos tornemos inflexíveis no cumprimento da Lei. Já que “nem só de pão vive o homem”, e “só ao Senhor nosso Deus pertence o culto e a adoração”, para que tiremos bom proveito na nossa tarefa terrestre cumpramos esses mandamentos, e Satanás nos deixará, submisso ao nosso exemplo, propondo-se também, quiçá, a renunciar às suas pompas, que tanto o fazem sofrer. O Espírito do Evangelho é a Religião de Jesus Cristo, religião natural, pura, verdadeira, que dispensa retórica e sofismas, milagres e mistérios que só podem desestruturá-lo. Olhemos para Jesus e caminhemos. Sua Vida é a vida que precisamos viver. * Além dessas considerações de Cairbar, podemos ainda, para efeito de raciocínio, notar a passagem evangélica em apreço, como se fosse uma metáfora, e de modo mais filosófico, lermos no texto como o grande desafio da vivência na Terra, com os apelos das trevas e a necessidade da luz, em cuja luta devemos posicionar Jesus no comando, de quem colheremos todas as condições para a superação definitiva sobre nós mesmos e o mundo. Foi Jesus que orientou vivermos no mundo sem sermos do mundo. E o texto evangélico demonstra que, apesar de todos os desafios propostos pela vida, ou os apelos da vida mundana, com Jesus venceremos a nós mesmos. Esse ir ao deserto é o mesmo que procurar o silêncio mental onde o homem a si próprio se encara, face a face, como num espelho mágico, e onde todas as vozes interiores se erguem, para os debates supremos, em tempestuosos turbilhões.
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MAR DA GALILEIA Podemos perguntar, sem termos as respostas: que se passa entre Jesus e o deserto? Entre Jesus e o silêncio? Entre Jesus e o céu azul profundo, fulgurando nos poentes de fogo, nas auroras incendiadas, na chama azul tranquila do meio-dia e na apoteose sideral da noite? Que se passa entre Jesus e o Pai? Entre Jesus e o Espírito? Até que ponto a meditação do Homem? Onde termina Jesus de Nazaré e onde começa Jesus, o Cristo de Deus? Que pensamentos humanos povoam sua alma e que pensamentos divinos resplandecem na essência misteriosa do seu Ser? De certo modo, a missão humana circunscrita à vida privada terminara. Sua estada com João, o Batista, foi o marco divisório. Jesus, de agora em diante, já não possui um lar. Dirá que “até as raposas possuem um covil, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. O essencial é superar o “efêmero” e não perder de vista o Infinito. Manter o sentido das harmonias eternas. Assim seria e assim foi com Ele. Tudo isso, talvez, fossem os pensamentos do Homem. Nunca poderemos conceber quais os pensamentos do Cristo.
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Nesse silêncio meditativo, também se vislumbrava a presença d
E esse mal veste a roupa dos apelos do corpo humano e da fom em pães, a fim de que se despontasse a fraqueza muito comum en lançasse mão de seus poderes divinos.
E o Bom-Senso Divino responde que nem só de pão vive o hom O mal recua momentaneamente, mas não desiste da batalha. Tenta ferir Jesus na segunda fraqueza humana: a vaidade.
O mal tentador propõe que Jesus se atirasse do pináculo do Tem Enviado.
Dificilmente um homem escapa a esta cilada. Quase sempre o E admiradores.
do Mal.
me dos apetites, vestindo a imagem do desafio de que as pedras fossem transformadas ntre os homens comuns: o orgulho. No caso, que Jesus, desafiado, agisse por orgulho e
mem.
mplo, uma vez estar escrito de os Anjos de Deus nĂŁo deixariam que nada acontecesse ao
EspĂrito do Mal a prepara pela boca dos nossos mais prĂłximos: amigos, familiares,
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“Se você fosse forte, agiria assim ou assado”, “se fosse inteligente, resolveria de tal forma”, “se tivesse poder, não se sujeitaria a tais coisas”, “mostra que você não é um qualquer”, “age como homem” ... Tais são algumas das frases que cegam os homens desejosos de aparecer de modo superior e diferente aos olhos do mundo. E o Poder do Amor contrapõe: não tentará ao Senhor teu Deus. O mal não se dá por vencido. Ataca pela fraqueza da ambição, que encerra a fraqueza do orgulho e todas as fraquezas materiais. E do alto do monte se pode vislumbrar a grandeza e a opulência, a força do ouro, da volúpia, do orgulho e da brutalidade. No entanto, os Olhos de Luz, naquele mesmo alto da montanha, contempla os reinos do mundo e vê, lá em baixo, no ar trêmulo, as cidades, os vales e a maior das riquezas... a Humanidade. E o Verbo Sublime responde ao mal: retire-se, porque está escrito: adorarás ao Senhor teu Deus e só a Ele servirás. Findo o seu tempo e registrada mais esta lição para os homens, Jesus caminha vagarosamente descendo a montanha, sai do deserto do silêncio. Caminha firmemente, sem se curvar. Vai de retorno à Galileia. Reflexivamente, as marcantes imagens da passagem evangélica, se configuram para nós um teste sobre tentações, onde se destaca a dualidade do Bem e do Mal, da Treva e da Luz, convidando-nos a uma viagem à vastidão de nosso mundo íntimo, e ali nos confrontarmos conosco mesmo, a
fim de identificarmos as razões de nossa existência e firmarmos duro embate contra nossas fraquezas morais, como orgulho, egoísmo, vaidade, cobiça e outros. Considerando que nenhum dos evangelistas esteve com Jesus nesse episódio, e que o conhecimento de tal ocorrência só pode ter se dado por comentários do próprio Messias, não se incorre em erro pensar nessa passagem bíblica, como mais uma das lições de Jesus ao povo, na qual, como diante de outros tantos exemplos contidos no Novo Testamento em que o mestre por excelência, lançou mão, didaticamente, de aspectos do cotidiano e da natureza, para lecionar seus belos ensinos através de suas parábolas: figueiras, grão de mostarda, moedas e outros, também poderá ter lançado mão da figura de um deserto como cenário, onde o ser humano é o protagonista, e os anjos e demônios, a dualidade entre o bem e o mal, a fim de lecionar sobre as fraquezas e as virtudes, sobre a vida dessa centelha divina (o Homem) no planeta Terra, entre criaturas involuídas, bem como perante si próprio e suas tendências. E a passagem do Homem pela Terra tem justamente a finalidade de “ser tentado”, ou melhor, ser “experimentado” através da sua vivência no dia a dia e das suas vicissitudes. Mais tarde, os evangelistas que abordaram a lição, o fizeram ao sabor de suas lembranças e do seu estilo de escrita. Mas então, por que quarenta? É um número simbólico e cabalístico, que vemos repetido no Velho Testamento: o dilúvio dura quarenta dias (Gên. 7:17); Moisés jejua no Sinai, por duas vezes, durante quarenta dias de cada vez (Deut. 9:9 e 9:18); os israelitas ficam 40 anos a peregrinar pelo deserto
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(Núm. 14:33) ; Elias jejua 40 dias (1 Reis 19:8); David e Salomão reinam quarenta anos cada um (1 Reis, 2:11 e 11:42) e outros passos ainda. Na própria vida de Jesus temos esse jejum e mais tarde sua permanência na Terra entre a ressurreição e a ascensão, durante quarenta dias (At. 1:3). Deve haver algum significado nesse número. Além do mais, os evangelistas viveram entre povo de grande apego às tradições bíblicas e históricas. De certo modo, todos nós ainda temos esses apegos às tradições. Em vários outros momentos dos escritos sagrados, nos deparamos com Jesus se recolhendo para orar, se afastando para orar, como no Monte das Oliveiras. Eram seus momentos de recolhimento, meditação, oração, de comunhão com Deus. Buscava lugares mais isolados, onde pudesse ficar a sós. Não é de se estranhar, e nem seria ocorrência excepcional, que Jesus, na ocasião dos escritos que ora estudamos, tenha também se retirado à algum lugar mais isolado na região, a fim de meditar, tendo ali ficado um certo tempo, não necessariamente 40 dias. Lugar de silêncio, não necessariamente com as agrestias de um deserto, propriamente dito (aliás, o mais difícil seria encontrar um lugar mais habitável pelas cercanias, já que, no geral, a região ainda é pedregosa e seca). Para jejuar, meditar, sim; não necessariamente para jejuar como geralmente assim entendemos, apesar de o jejum nas Escrituras estar quase sempre relacionado à comida, mas há outras maneiras de jejuar. Tudo que você pode abrir mão temporariamente, se abster, para que
melhor se concentre em Deus pode ser considerado um jejum. Para antever o contexto de provas e expiações, de tentações e de experiências, a que a Humanidade estava e está sujeita, sim; não necessariamente para Ele próprio necessitar se submeter a tentações de qualquer espécie e modo, pois Ele é o Governador da Terra, e sobre Ele escreveu-nos João, dando-nos a ideia da grandeza desse Espírito, ainda hoje muito comentado, sobre Ele muito se escrevendo, mas ainda pouco conhecido e menos ainda vivido como guia e modelo, decorrendo de nossa identificação com Ele: “Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.” (João 1 : 10) Em outro momento, Ele mesmo se afirma muito antes de tudo e de todos nós: “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou.” (João 8 : 58) A primeira condição de toda doutrina é ser lógica, conforme dito por Allan Kardec, em seus comentários à questão 131 de O Livro dos Espíritos, como acima transcrevemos.
reflexões
sobre
e
o Bem
o Mal
Eis porque se pode afirmar que o Bem faz muito bem, enquanto que o Mal faz muito mal. A simples mudança, portanto, de atitude mental do indivíduo en-seja-lhe o encontro com o Bem que irá desenvolver-lhe os sentimentos profundos da sua semelhança com Deus.
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n
Na passagem evangélica tratada neste fascículo, nossas reflexões nos remetem à dualidade do bem e do mal. Ninguém, portador de consciência, pode peregrinar pela Terra, sem um sentido existencial que se espraie além das denominadas necessidades imediatas, que deixam de atender as exigências emocionais, logo que são vivenciadas. Por essa razão, a experiência interior torna-se de relevante significado, sem a qual todas as realizações externas perdem a significação, porque passam a ser possuídas sem atender as exigências emocionais, que, não resolvidas, desencadeiam o vazio existencial. Nessa viagem interna, que pode ser comparada a uma aventura interior, a consciência amplia-se ao infinito, portanto, indo muito além dos limites habituais adstritos aos desejos do ter e do prazer.
O Espírito tem necessidade de superar os impedimentos da matéria em que se encontra retido durante o processo da evolução, para desvelar as potências nele adormecidas, o seu deus interno. O divino em cada um luta inevitavelmente contra o humano, a força transcendente em alerta contra o poder do animal ególatra e escravizador. Em outras palavras, é o esforço imenso para emergir da escuridão da ignorância para a claridade do discernimento e da razão. Desde quando a razão e a consciência começaram a desenvolver-se no ser humano, a divisão do bem e do mal se apresentou de maneira conflitiva. No livro Em Busca da Verdade, capítulo 8, Joanna de Ângelis ensina: O que significa, porém, o bem? Tudo aquilo que contribui em favor da vida, do seu desenvolvimento ético e moral, a sua construção edificante e propiciadora de satisfações emocionais, é considerado como o bem. Necessário, no entanto, evitar confundir o de natureza física com a emoção de harmonia, de equilíbrio interior, de felicidade que se adquire por meio de pensamentos, palavras e ações dignificantes, não geradoras de culpa. O mal, por sua vez, é tudo quanto gera aflição, que se transforma em problema, que trabalha pelo prejuízo de outrem e do grupo social, levando ao desconforto moral, à destruição... Entretanto, do ponto de vista educacional, se for observada criteriosamente essa ocorrência, poder-se-á constatar que muito mal de determinado momento, administrado corretamente pode transformar-se em grande bem. Por outro lado, o que
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pode parecer um mal para determinado indivíduo, proporciona-lhe o despertar da consciência, o caminho que o levará ao autodescobrimento. Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, interrogou os Espíritos superiores, conforme questão de nº 630: Como se pode distinguir o bem do mal? E eles responderam: “O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la.” A dualidade do bem e do mal no ser humano é fenômeno natural de desenvolvimento da psique, apresentando situações antagônicos, como alto e baixo, belo e feio, claro e escuro, bom e mau, certo e errado... Sobre o bem e do mal, Jesus também utilizou-se de uma bela imagem para essa dualidade quando se referiu ao joio e ao trigo, portanto, àquilo que é danoso na seara e o que é benéfico, porque fomentador da vida. Ao mesmo tempo, propôs que não se resistisse ao mal, ao que equivale dizer, que através da ação cordial e perseverante, sem entrar em oposição ao pernicioso, consegue-se a situação ideal, a vitória sobre o que é prejudicial. Parábola do joio Mateus 13: 24-30 Propôs-lhes outra parábola: “O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio o seu
inimigo e semeou o joio no meio do trigo e foi-se embora. Quando o trigo cresceu e começou a granar, apareceu também o joio, Os servos do proprietário foram procurá-lo e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Como então está cheio de joio?’ Ao que este respondeu: ‘Um inimigo é que fez isso’. Os servos perguntaram-lhe: ‘Queres, então, que vamos arrancálo?’ Ele respondeu: ‘Não, para não acontecer que, ao arrancar o joio, com ele arranqueis também o trigo. Deixaios crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ‘Arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; quanto ao trigo, recolhei-o no meu celeiro’”. Explicação da parábola do joio Mateus 13: 36-43 Então, deixando as multidões, entrou em casa. E os discípulos chegaramse a ele, pedindo-lhe: “Explica-nos a parábola do joio no campo”. Ele respondeu: “O que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno. O inimigo que o semeou é o Diabo. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos. Da mesma forma que se junta o joio e se queima no fogo, assim será no fim do mundo: o Filho do Homem enviará seus anjos e eles apanharão do seu Reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade e os lançarão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. O que tem ouvidos, ouça!
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O bem, portanto, não é ausência do mal, assim como o mal não pode ser considerado como fora do bem, mas experiências que poder ser conduzidas criteriosamente pela consciência para a autoconquista.
DUALIDADE DO BEM E D DO LIVRO: Amor, Imbatível Amor. Joanna de Ângelis,. Divaldo Franco)
E como regra fundamental, para que ninguém tenha dúvida quanto à vigência de um ou de outro no cotidiano, asseverou Jesus com sabedoria: “Vede o que queríeis que vos fizessem ou não vos fizessem. Tudo se resume nisso. Não vos enganareis.” (O Livro dos Espíritos, resposta à questão nº 632). * Joanna de Ângelis, Benfeitora Espiritual, pela mediunidade de Divaldo Franco, no livro Amor, Imbatível Amor, apresenta-nos a mensagem que segue, trazendo-nos material precioso para reflexão amadurecida a respeito do temário que tratamos aqui. Leiamos:
Um velho koan Zen-Budista narra que um h oportunamente, a visita de um mestre.
O sábio, depois de saudá-lo, perguntou-lhe: — a abrindo nunca, como te parecerá?
O avaro respondeu-lhe sem titubear: — Defor
Muito bem, prosseguiu o interlocutor: — E se
DO MAL
homem muito avarento recebeu,
— Se eu fechar a minha mão para sempre, não
rmada.
e eu a abrir para sempre, como a verás?
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— Igualmente deformada — redarguiu, o anfitrião. O homem nobre concluiu, informando-o: — Se entenderes isso, serás um rico feliz. Depois que se foi, o anfitrião começou a meditar e, a partir daí, passou a repartir com os necessitados, aquilo que lhe parecia excedente, tornando-se generoso. Todos os opostos, afirma o antigo koan, bem e mal, ter e não ter, ganhar e perder, eu e os outros, dividem a mente. Quando são aceitos, afastam as pessoas da mente original, sucumbindo ao dualismo. A sabedoria, concluiu a narração sintética, está no meio, no Zen, que é o caminho. A dualidade sempre esteve presente no ser humano, desde o momento em que ele começou a pensar, desenvolvendo a capacidade de discernir. Os opostos têm-lhe constituído desafios para a consciência, que deve eleger o que lhe é melhor, em detrimento daquilo que lhe é pernicioso, perturbador, gerador de conflitos. Não poucas vezes, por imaturidade, toma decisões compulsivas e derrapa em estados de perturbação, demarcando fronteiras e evitando atravessálas, assim perdendo contato com as possibilidades existentes em ambos os lados, que podem auxiliar na definição de rumos. Essa definição, no entanto, não pode ser cerceadora das vivências educativas, produtoras. Devem caracterizar-se pela eleição natural do roteiro a seguir, de maneira que nenhuma forma de tormento pelo não experimentado passe a gerar frustração.
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A experiência ensina a conquistar os valores legítimos, aqueles que propiciam a evolução, facultando, na análise dos contrários, a opção pelo que constitui estímulo ao crescimento, sem que gere danos para o próprio indivíduo, para o meio onde se encontra, para outrem. Somente assim, é possível a aquisição do comportamento ideal, propiciador de paz, porque não traz, no seu bojo, qualquer proposta conflitiva. Do ponto de vista ético, definem os dicionaristas, o bem é a qualidade atribuída a ações e a obras humanas que lhes confere um caráter moral. (Esta qualidade se anuncia através de fatores subjetivos — o sentimento de aprovação, o sentimento de dever — que levam à busca e à definição de um fundamento que os possa explicar.) O mal é tudo aquilo que se apresenta negativo e de feição perniciosa, que deixa marcas perturbadoras e afligentes. Na sua origem, o ser não possui a consciência do bem nem do mal. Vivendo sob a injunção do instinto, é levado a preservar a sobrevivência, a reprodução, atuando por automatismos, que irão abrindo-lhe espaços para os diferenciados patamares do conhecimento, do pensamento, da faculdade de discernir. A seleção do que deve em relação ao que não deve realizar dá-se mediante a sensação da dor física, depois emocional, mais tarde de caráter moral, ascendendo na escala dos valores éticos. Percebe que nem tudo quanto lhe é lícito executar, pode fazê-lo, assim realizando o que lhe é de melhor, no sentido de descobrir os resultados, porquanto aquilo que lhe é facultado, não poucas vezes fere os direitos do próximo,
da vida em si mesma, quanto da sua realidade espiritual. Essa percepção torna-se a presença da capacidade de eleger o bem em detrimento do mal. Faz-se a realidade livre da sombra; o avanço psicológico sem trauma, a ausência de retentivas na retaguarda. Embora haja o bem social, o de natureza legal, aquele que muda de conceito conforme os valores éticos estabelecidos geográfica ou genericamente, paira, soberano, o Bem transcendental, que o tempo não altera, as situações políticas não modificam, as circunstâncias não confundem. É aquele que está inscrito na consciência de todos os seres pensantes que, não obstante, muitas vezes, anestesiem-no, permanece e se impõe oportunamente, convidando o infrator à recomposição do equilíbrio, ao refazimento da ação. O mal, remanescente dos instintos agressivos, predomina enquanto a razão deles não se liberta, sob a dominação arbitrária do ego, que elabora interesses hedonistas, pessoais, impondo-se em detrimento de todas as demais pessoas e circunstâncias. O seu ferrete é tão especial que, à medida que fere quantos se lhe acercam, termina por dilacerar aquele que se lhe entrega ao domínio, tombando, exaurido, pelo caminho do seu falso triunfo. O ser humano foi criado à imagem de Deus, isto é, fadado à perfeição, superando os impositivos do trânsito evolutivo, nessa marcha inexorável a que se encontra compelido. Possuindo os atributos da beleza, da harmonia, da felicidade, do amor, deve romper, a pouco e pouco, a casca
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que o envolve — herança do período primário por onde tem que passar — a fim de desenvolver as aptidões adormecidas, que lhe servem temporariamente de obstáculo a esses tesouros imarcescíveis. O Bem pode ser personificado no amor, enquanto o mal pode ser apresentado como sendo-lhe a ausência. Tudo aquilo que promove e eleva o ser, aumentando-lhe a capacidade de viver em harmonia com a vida, prolongá-la, torná-la edificante, é expressão do Bem. Entretanto, tudo quanto conspira contra a sua elevação, o seu crescimento e os valores éticos já logrados pela Humanidade, é o mal. O mal, todavia, é de duração efêmera, porque resultado de uma etapa do processo evolutivo, enquanto o Bem é a fatalidade última reservada a todos os indivíduos, que se não poderão furtar desse destino, mesmo quando o posterguem por algum tempo, jamais o conseguindo definitivamente. Eis porque o ser tem a tendência inevitável de buscar o amor, de entregar-se-
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lhe, de fruí-lo.
Encarcerado no egoísmo e acostumado às buscas externas, recorre aos expedientes do em vãs tentativas de desfrutar as benesses que dele decorrem, tombando na exaustão dos frustração dos engodos que se permite. Oportunamente um aprendiz indagou ao seu mestre: — Dize-nos o que é o amor. — E o sábio, após ligeira reflexão, redarguiu com um sorriso:
prazer pessoal, s sentidos ou na
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— Nós somos o amor. Esse sentimento que temos todos os seres viventes expressa o Supremo Bem, que nos cumpre buscar, embora estejamos na faixa da libertação da ignorância, errando, ainda praticando o mal temporário por falta da experiência evolutiva, que nos junge às sensações, em detrimento das emoções superiores que alcançaremos. Há uma tendência para a experiência do Bem, face à paz e à beleza interior que se experimenta, constituindo-se um grande desafio ao pensamento psicológico estabelecer realmente o que é de melhor para o ser humano, graças aos impositivos dos instintos que prometem gozo, enquanto que a sua libertação, às vezes, dolorosa, em catarse de lágrimas, proporciona em plenitude. A terapia do Bem — essa eleição dos valores éticos que propiciam paz de consciência — constitui proposta excelente para a área da saúde emocional e psíquica, consequentemente, também física dos seres humanos, que não deve ser desconsiderada. À medida que se amplia o desenvolvimento psicológico, seu amadurecimento, são eliminadas as distâncias entre o eu e os outros, superando o mal pelo bem natural, suas ações de fraternidade e de compreensão dos diferentes níveis de transição moral, compreendendo-se que o mal que a muitos aflige, por eles mesmos buscado, transforma-se na sua lição de vida. Eis porque é necessária a terapia da realização edificante, produzindo sempre em favor de si mesmo, do próximo e do meio ambiente, evitando qualquer tentativa de destruição, de perturbação, de desequilíbrio. Por isso, não realizar o bem é fazer-se a si mesmo um grande mal. Dificultar-se a ascensão, é forma de comprazerse na vulgaridade, na desdita, assumindo um comportamento masoquista, no qual se sente valorizado. Certamente, nem todos os indivíduos conseguem de imediato uma mudança de conduta mental, portanto, emocional, da patologia em que se encarcera, para viver a liberdade de ser feliz. Isso exige um esforço hercúleo que, normalmente, o paciente não envida. Acredita que a simples assistência psicológica irá resolver-lhe os estados interiores que o agradam, quase que a passo de mágica, transferindo para o psicoterapeuta a tarefa que lhe compete desenvolver.
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Para esse cometimento, o do reequilíbrio, a assistência especializada é indispensável, somada à contribuição de um grupo de apoio e ao interesse dele próprio para conseguir a meta a que se propõe. A religião bem orientada, pelo conteúdo psicológico de que se reveste, desempenha um papel de alta relevância em favor do equilíbrio de cada pessoa e, por extensão, do conjunto social, no qual se encontra localizada. A religião que se fundamenta, no entanto, na conduta científica de comprovação dos seus ensinamentos, que documenta a realidade do Espírito imortal e a sua transitoriedade nos acontecimentos do corpo, como é o caso do Espiritismo, melhores condições possui para auxiliá-la na escolha do caminho a trilhar com os próprios pés, propondo-lhe renovação interior e adesão natural aos princípios que promovem a vida, que a dignificam, portanto, que representam o Bem. Por outro lado, proporciona-lhe uma conduta responsável, esclarecendo-a que cada qual é responsável pelos atos que executa, sendo semeadora e colhedora de resultados, cabendolhe sempre enfrentar os desafios de superar-se, porque toda conquista valiosa é resultado do esforço daquele que a consegue. Nada existe que não haja sido resultado de laborioso esforço. Ainda mais, faculta-lhe o entendimento de como funcionam as Leis da Vida, em cuja vigência todos os seres somos participantes, sem exceção, cada qual respondendo de acordo com o seu nível de consciência, o seu grau de pensamento, as suas intenções intelecto-morais. Abre, ademais, um elenco de novas
informações que a capacitam para a luta em prol da saúde, explicando-lhe que existe um intercâmbio mental e espiritual entre as criaturas que habitam os dois planos do mundo: o espiritual ou da energia pensante e o físico ou da condensação material. A morte do corpo, não extinguindo o ser, apenas altera-lhe a compleição molecular, mantendo-lhe, não obstante, os valores intrínsecos à sua individualidade, o que faculta, muitas vezes, o intercâmbio psíquico. Quando se trata de alguém cuja existência foi pautada em ações elevadas, a influência é agradável, rica de saúde e de harmonia. Quando, porém, foi negativa, inquieta ou doentia, perturbada ou insatisfeita, transmite desarmonia, enfermidades, depressões e alucinações cruéis, que passam a constituir psicopatologias de classificação muito complexa, na área das obsessões espirituais e de libertação demorada, que exigem muito esforço e tenacidade nos propósitos em favor da recuperação da saúde. O Bem, portanto, é o grande antídoto a esse mal, como o é também para quaisquer outros estados perturbadores e traumáticos da personalidade humana. Outrossim, a experiência do Bem se dará plena após o trânsito pelas ocorrências do Mal, os insucessos, as perturbações, as reações emocionais conflitivas, que facultam o natural selecionar dos comportamentos agradáveis, tranqüilos, que validam o esforço de haver-se optado pelo que é saudável. Caso contrário, a aquisição positiva não se faz total, porque será mais o resultado de repressão aos instintos do que superação deles, graças ao que se pode adquirir virtudes —
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sentimentos bons, conquistas do Bem —, no entanto, perder-se a integridade, a naturalidade do processo de elevação. A pessoa torna-se frustrada por não haver enfrentado as lutas convencionais, evitando-as, ocasionando um sentimento de culpa, que é, por sua vez, uma oposição à proposta encetada para a vida correta.
não constritora, porque passa a ser uma diferente expressão de conduta moral e emocional, dando prosseguimento à assimilação dos valores que foram propostos no período infantil, e que constituem reminiscências agradáveis que ajudam nos procedimentos dos diferentes períodos existenciais, na juventude, na idade adulta, na velhice.
A experiência do Bem e do Mal começa na infância diante das atitudes dos pais e dos demais familiares. Por temor a criança obedece, porém, não compreende o que é certo e aquilo que é errado, que lhe querem incutir os genitores, muitas vezes por imposição sem o esclarecimento correspondente para a análise lenta e à assimilação da razão.
Em razão disso, torna-se mais difícil a assimilação e incorporação dos valores do Bem em um adulto aclimatado à agressão, às lutas, nas quais predominou o Mal, houve a sua vitória, os resultados prazerosos do ego, a vitalização dos comportamentos esmagadores, que geraram heróis e poderosos, mas que não escaparam das áreas dos conflitos por onde continuam transitando.
Se a criança não consegue entender aquilo que lhe é ministrado e exigido, passa a aceitar a informação por medo de punição, até o momento em que se liberta da imposição, transformando o sentimento em culpa, e temendo reagir pelo ódio ou pelo ressentimento, ou, noutras situações, reprimindo-se, tomba na depressão. O inconsciente, utilizando-se do mecanismo de preservação do ego, resolve aceitar o que foi ministrado, passando a insuflar a conduta reta, no entanto, em forma de máscara que oculta a realidade reprimida. A conquista paulatina do Bem produz equilíbrio e segurança, eliminando as armadilhas do ego, que mais tem interesse em promover-se do que em ser substituído pelo valor novo, inabitual no seu comportamento. Por isso mesmo, o Bem não pode ser repressor, o que é mal, porém, libertador de tudo quanto submete, se impõe, aflige. A sua dominação é suave,
Somente através da renovação de valores desde cedo é que o Bem triunfará nas criaturas. Quando adultas, o labor é mais demorado, porque terá que substituir as constrições do ego e, através da reflexão, dos exercícios de meditação e avaliação da conduta, substituir os hábitos enraizados por novos comportamentos compensadores para o eu superior. Eis porque se pode afirmar que o Bem faz muito bem, enquanto que o Mal faz muito mal. A simples mudança, portanto, de atitude mental do indivíduo enseja- lhe o encontro com o Bem que irá desenvolver-lhe os sentimentos profundos da sua semelhança com Deus.
NÃO SOMENTE Nem só de pão vive o homem...- Jesus. Mateus 4:4
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n Não somente agasalho que proteja o corpo, mas também o refúgio de conhecimentos superiores que fortaleçam a alma. Não só a beleza da máscara fisionômica, mas igualmente a formosura e nobreza dos sentimentos. Não apenas a eugenia que aprimora os músculos, mas também a educação que aperfeiçoa as maneiras. Não somente a cirurgia que extirpa o defeito orgânico, mas igualmente o esforço próprio que anula o defeito íntimo. Não só o domicílio confortável para a vida física, mas também a casa invisível dos princípios edificantes em que o espírito se faça útil, estimado e respeitável.
Não apenas os títulos honrosos que ilustram a personalidade transitória, mas igualmente as virtudes comprovadas, na luta objetiva, que enriqueçam a consciência eterna.
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Não somente claridade para os olhos mortais, mas também luz divina para o entendimento imperecível. Não só aspecto agradável, mas igualmente utilidade viva.
e d
Não apenas flores, mas também frutos. Não somente ensino continuado, mas
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igualmente demonstração ativa... Não só teoria excelente, mas também prática santificante. Não apenas nós, mas igualmente os outros. Disse o Mestre: - “Nem só de pão vive o homem”. Apliquemos o sublime conceito ao imenso campo do mundo. Bom gosto, harmonia e dignidade na vida exterior constituem dever, mas não nos esqueçamos da pureza, da elevação e dos recursos sublimes da vida interior, com que nos dirigimos para a Eternidade.1
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Emmanuel XAVIER, F. Cândido. Fonte Viva. Emmanuel, Cap. 18.
ele foi
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Cafarnaum Ali, Jesus situou o fulcro do Seu ministĂŠrio, e foi na casa de SimĂŁo Bar Jonas que Ele estabeleceu o piloti para erguer posteriormente o Seu reino.
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Sinagoga de Cafarnaum
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PRESENÇA EM CAFARN
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Ao ouvir que João tinha sido preso, ele voltou para a Galileia e, deixando Nazara, foi morar em Cafarnaum, à beira-mar, nos confins de Zabulon e Neftali, para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região além do Jordão, Galiléia das nações! O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz; aos que jaziam na região sombria da morte, surgiu uma luz. A partir desse momento, começou Jesus a pregar e a dizer: “Arrependeivos, porque está próximo o Reino dos Céus”. (Mateus, 4: 12-17)
A região escolhida para a base operaciona Seu ministério não poderia ser outra em Isra
De Jerico até às águas profundas do Gene o verde luxuriante confraternizava com o azu transparente dos céus.
A terra, sorrindo flores silvestres e recobe de árvores generosas, recebia os ventos gen entardecer e das noites agradáveis, salpicad estrelas luminíferas.
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NAUM
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Por isso, Jesus elegeu a Galileia, onde a alma simples e nobre das gentes afeiçoadas ao trabalho poderia fascinar-se com a música da Sua palavra libertadora. Em Nazaré, as dificuldades familiares e as lutas derivadas da inveja colocaram as primeiras barreiras ante o desafio de implantar nas paisagens dos corações o reino de Deus. Na Galileia bucólica, porém, beijada pelas espumas incessantes das vagas do mar, entre tamarindeiros e latadas floridas, os pescadores, os vinhateiros, os agricultores, tinham os ouvidos abertos para a mensagem
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da luz. Cafarnaum, Magdala, Dalmanuta, faziam recordar pérolas engastadas na coroa de um rei, a duzentos metros abaixo do nível do Mediterrâneo, encravadas como um diamante estelar para refletir a beleza do firmamento. Cafarnaum notabilizara-se pela sua Sinagoga, pelo movimentado comércio e pelas águas piscosas de onde se retirava o alimento diário. E pelas terras férteis que escorrem na direção das águas, atendidas por filetes de córregos velozes que se avolumavam. Ali, Jesus situou o fulcro do Seu ministério, e foi na casa de Simão Bar Jonas que Ele estabeleceu o piloti para erguer posteriormente o Seu reino. Crivado de interrogações que a ingenuidade dos pescadores arquitetava, Ele respondia mediante a linguagem florida das parábolas, enternecendolhes as almas por usar as palavras simples da boca do povo e profundas da sabedoria divina. Inquirido a respeito da política arbitrária pela governança injusta, desviava o assunto, apontando a política do amor e a governança divina em cujo bojo todas as criaturas se encontram. Observado com suspeição pela massa, e aceito sob desconfiança, Ele enriquecia as mentes com os mais belos fenômenos da Sua poderosa força, demonstrando, pelos sucessivos silêncios, ser o Messias esperado. * A doença que fere o corpo procede do espírito mutilado. O espírito enfermo tem as suas raízes nas imperfeições que o caracterizam.
Enquanto o homem não realiza o ministério da santificação interior, o corpo se abrirá em chagas purulentas e o coração ficará despedaçado de angústia. Não seja, pois, de estranhar, que o séquito das dores compunha a sinfonia trágica das necessidades humanas, onde quer que Ele aparecesse. Cantor da vida, mergulhava no barro pegajoso das inquietações e injunções dolorosas daqueles a quem veio socorrer. Consolador, via-se constrangido a descer às questiúnculas do poviléu, para dirimir conflitos e conduzir a Deus com segurança as almas ingênuas. Mensageiro da cura total, detinha-se a remendar os farrapos orgânicos que as mentes invigilantes voltavam a romper. Não se cansava nunca. Jamais se escusava.
Cafarnaum nos dias de hoje
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Subjugados em largos períodos de obsessões, foram desalgemados e colocados na claridade inefável da saúde. Portadores de tormentos profundos do ser, sob o domínio impiedoso de hostes infelizes, recuperaram a lucidez para resgatarem sob outras condições, com a mente livre das punições selvagens da treva dominadora... Por essa razão, o Seu nome foi repetido de boca em boca, enquanto o mar, em vagas sucessivas* aplaudia as homenagens que Lhe eram dirigidas em ósculos de espumas brancas nas areias ávidas. *
Em tempo algum se omitia, a ponto de entregar-se em pujança de vida para redimir todas as vidas. * Iniciando o ministério, chegou à casa de Simão e encontrou-lhe enferma a sogra que definhava sob injunção de febre, e, tocando-lhe a mão, fez que se arrefecesse a temperatura elevada. Feliz, de imediato, a veneranda mulher, recuperada nas forças, serviu ao ritmo da festa que lhe estrugia no sentimento como flores de gratidão. Porque a notícia corresse pela circunvizinhança, que Ele ali se encontrava na condição de Grande Luz, afluíram, desesperados, os enfermos, para que lhes retificassem as conjunturas orgânicas... Médiuns em aturdimento, sob injunção de obsessores vorazes, receberam a mão generosa que os libertou da alucinação alienadora.
Jesus é o ápice das aspirações humanas. Enquanto todos sorriam de júbilos, Ele compreendia quanto era célere o reconhecimento humano e fugaz a afeição daqueles amigos. Não obstante, os amou, a fim de que eles tivessem vida e vida abundante. Não foi sem razão que escolheu aquela região, especialmente Cafarnaum, para que nas noites perfumadas da Galileia ridente, em arameu Ele cantasse a epopeia do Evangelho aos corações, onde a musicalidade sublime da natureza em flor inaugurasse a era do amor para todo o sempre.
Amélia Rodrigues
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FRANCO, Divaldo. Trigo de Deus. Amélia
Rodrigues, Cap. 2.
os primeiros
raios de luz
E assim ecoava seu canto para os ouvidos do povo, que viam os primeiros raios de luz que penetravam a noite, a fim de transformรก-la em dia de festa, que viria depois.
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A TREVA E A LUZ DO LIVRO: Vivendo com Jesus. Amélia Rodrigues, Cap. 3. Divaldo Franco
a ... e, dirigindo-se para a sua pátria, pôs-se a ensinar as pessoas que estavam na sinagoga, de tal sorte que elas se maravilhavam e diziam: “De onde lhe vêm essa sabedoria e esses milagres? Não é ele o filho do carpinteiro? Não se chama a mãe dele Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem todas entre nós? Donde então lhe vêm todas essas coisas?” E se escandalizavam dele. Mas Jesus lhes disse: “Não há profeta sem honra, exceto em sua pátria e em sua casa”. E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles. (Mateus 13: 54-58)
A noite moral, aziaga e triste, dominava as pa Palestina quando brilhou a Sua luz. À semelhanç e suave de primavera, Sua irradiação emocional das almas e revitalizava-as. A apatia e a violênc periodicamente nos poderosos tanto quanto nos em razão da onda de magnetismo especial que t sentimentos humanos.
Foram tantos os profetas que vieram antes e uns, enquanto outros haviam amaldiçoado grand humana, que este, recém-apresentado, se desta das suas alocuções, sempre sustentadas pelo ex cimentadas pelo sentimento de amor.
Nunca antes se ouvira algo ou alguém igual, q
Dele se irradiava um poderoso magnetismo q conquistava aqueles que O ouviam. Sua voz era a brisa que musica o ar e murmura, ou como a fl canto e desce em soluço quase inaudível.
A treva era poderosa, mas a luz que ora clare apagaria...
As espigas de trigo dourado oscilavam ao ven mar gentil debruçado sobre as praias largas ergu açoitado pelo sopro que vinha do Norte.
Era um dia qualquer, no calendário da Galileia especial e inesquecível. Aqueles homens e mulhe convocados jamais O esqueceriam.
Encontravam-se na faina a que se acostumara o Seu chamado. Não saberiam informar o que lh Simplesmente abandonaram os quefazeres e O s felizes, mesmo sem O conhecerem. Nele havia t que nem sequer pensaram em resistir. Não houv titubeio. Aquela voz dulcificara-os e arrebatara-o sem saber para qual destino ou por que assim o
Nunca, porém, iriam arrepender-se. Ele estav
aisagens espirituais da ça de um sol morno l penetrava os poros cia, que se sucediam s infelizes, eram alteradas tomava conta dos
prometeram bênçãos de parte da mole acava pela originalidade xemplo de abnegação e
que se Lhe equiparasse.
que enlevava e meiga e forte, como flauta que alteia o seu
eava o mundo jamais se
nto brando, enquanto o uia o dorso levemente
a, porém, se tornaria eres que foram
am, quando escutaram hes acontecera. seguiram, fascinados e tanto poder de sedução, ve tempo mental nem os. E o acompanharam o faziam.
va reunindo os obreiros
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da Nova Era, a fim de que edificassem com Ele, o Reino dos Céus, sem fronteiras nas paisagens infinitas dos corações humanos. A Galileia gentil e franca, caracterizada pela simplicidade do seu povo e pela Natureza em festa constante, com o imenso espelho do mar, orlava-o do multicolorido da vegetação luxuriante e rica de espécies. O seu dia a dia estava circunscrito aos deveres comezinhos a que todos estavam acostumados. As notícias da capital do país ou de outras cidades do além-Jordão chegavam pela voz dos viajantes que lhe venciam a Casa da Passagem, demandando outras terras. Por isso mesmo, as novidades eram poucas e estavam acostumados ao labor das redes, das colheitas de frutas e do trigo maduro que bordava com ouro as terras mais baixas. Desse modo, quando Ele apareceu houve um impacto, e as Suas palavras, especialmente as Suas ações, foram tomadas com arrebatamento e viajaram com celeridade de coração a coração, de porta em porta. Ele abandonara Nazaré e fora para Cafarnaum, a cidade encantadora, nos confins de Zebulon e Naftali, onde começou a derramar a Sua taça de luz inapagável. (...) E o povo, após ouvi-lo, deixavase arrastar pelo fascínio da palavra que Ele enunciava. Parecia que todos O aguardavam, embora não soubessem conscientemente. Ele tornou-se, então, o motivo básico de todos os comentários, também de todas as esperanças e receios...
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A felicidade dos sofredores é feita de medo de perdê-la. Tão acostumados se encontram com a dor, que não sabem fruir do encantamento da alegria, malbaratando, não raro, os momentos melhores, que não sabem aproveitar. Diante dele, todos os problemas perdiam a significação e a gravidade, porque se faziam diluídos ante os esclarecimentos simples que ministrava, utilizando-se de imagens corriqueiras, conhecidas e vivenciadas. — A semente que morrer, essa viverá - dizia com encantamento na voz -, mas aquela que teimar em viver, essa morrerá. Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta... E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um cavado à sua estatura?... Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; e eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
(Mateus, 6:26-29)
Não havia nenhuma contradição, nem impossibilidade de assimilar-se esse ensinamento. Claro e belo, oferecia confiança em qualquer tribulação. Ninguém se encontra abandonado pelo Pai, que se encarrega de vestir a Natureza de cor e harmonia, cuidando-a, sem que ninguém o saiba ou o perceba, como iria abandonar os Seus filhos nas experiências de iluminação?! Era tão maravilhoso, que talvez não passasse de um sonho bom. Despertava aquela gente e, em cada manhã acorria no Seu encalço, a fim de confirmar que se tratava de realidade. A Sua presença trouxera uma
indescritível onda de alegria e toda a Galileia, de Judeia e pela jactância dos sacerdotes, doutores e da humilhação.
Ele, porém, erguia-os a altiplanos dantes nun psiquicamente o que lhes aguardava em bênção
(...) O reino dos céus é semelhante ao homem
Mateus, 13:24)
Afirmara com júbilo e simplicidade:
— O Reino dos Céus é semelhante a um home a rudeza da terra, vencendo-a pelo trabalho, a c as suas sementes no colo amigo do solo, cuidan pragas e mau tempo, quando ressurgiu em débi em vida exuberante a ornar-se de flores e frutos com todo aquele que espera a colheita de felicid a sua seara. Ou então, cantarolava com um meigo sorriso
(...) O reino dos céus é semelhante a uma red qualidade de peixes. (Mateus, 13; 47; 6:19-29)
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esconsiderada e ridicularizada pela opulenta s, saduceus, fariseus, refinados na arte da ironia
nca conquistados, de onde podiam enxergar os.
m que semeia a boa semente no seu campo;...
(
em que saiu a semear, e que experimentou canícula causticante, superando-a, e colocou ndo através de irrigação, e resguardando-a de il plântula de esperança, até que se transformou s, oferecendo sombra e apoio. Assim sucede dade, sendo convidado a plantar antes e atender nos lábios:
de lançada ao mar, e que apanha toda
O Reino de Deus é comparado a um homem que lança a sua barca nas águas calmas do mar, na expectativa de pescar para o próprio sustento, mas quando se encontra preparado para atirar as redes, as águas se encrespam açoitadas pelos ventos rudes e se tornam ameaçadoras, diante de nuvens carregadas e sombrias. Mas ele confia nos remos frágeis e nos braços fortes, insistindo sem temor, até que a tempestade passa e tudo se acalma, facultando-lhe recolher o fruto da paciência e da perseverança. Ao retornar à praia, com o barco carregado de peixes, comentando sobre as ameaças da tormenta, por mais que os outros desejem entendê-lo, somente ele sabe o que sofreu e lutou, porque somente ele foi testemunha do desafio e da provação. O mesmo se dá com aquele que sai na busca do Pai no mar traiçoeiro da humanidade, e não desanima, nem teme as ocorrências infelizes, porque sabe que, um pouco depois, chega a hora do encontro... Ninguém antes falara assim, com naturalidade, a linguagem que todos entendiam. Mas esses eram os primeiros raios de luz que penetravam a noite, a fim de transformá-la em dia de festa, que viria depois.
Amélia Rodrigues
a
revolução
ia
silenciosa
começar (...) E eles se tornaram os construtores do Novo Mundo, deram-se integralmente à causa que abraçaram, testemunharam, após as fraquezas humanas, a grandeza de que eram constituídos.
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a hora décima, aproximadamente.
n OS PRIMEIROS DISCÍPULOS Segundo João
No dia seguinte, João se achava lá de novo, com dois de seus discípulos. Ao ver Jesus que passava, disse: “Eis o Cordeiro de Deus”. Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus. Jesus voltou-se e, vendo que eles o seguiam, disse-lhes: “Que estais procurando?” Disseram-lhe: “Rabi (que, traduzido, significa Mestre), onde moras?” Disse-lhes: “Vinde e vede”. Então eles foram e viram onde morava, e permaneceram com ele aquele dia. Era
André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus. Encontrou primeiramente Simão e lhe disse: “Encontramos o Messias (que quer dizer Cristo)”. Ele o conduziu a Jesus. Fitando-o, disse-lhe Jesus: “Tu és Simão, o filho de João; chamar-te-ás Cefas” (que quer dizer Pedra). ( João 1: 35-42) * No dia seguinte, Jesus resolveu partir para a Galileia e encontrou Filipe. Jesus lhe disse: “Segue-me”. Filipe era de Betsaida, a cidade de André e de Pedro. Filipe encontrou Natanael e lhe disse: “Encontramos aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas: Jesus, filho de José, de Nazaré”. Perguntou-lhe Natanael: “De Nazaré pode sair algo de bom?” Filipe lhe disse: “Vem e vê”. Jesus viu Natanael vindo até ele e disse a seu respeito: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há fraude”. Natanael lhe disse: “De onde me conheces?” Respondeu-lhe Jesus: “Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas sob a figueira”. Então Natanael exclamou: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. Jesus lhe respondeu: “Crês, só porque te disse: ‘Eu te vi sob a figueira’? Verás coisas maiores do que essas”. E lhe disse: “Em verdade, em verdade, vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. (João 1: 43-51) * Aqui aparece pela primeira vez o título que Jesus se atribuía de Filho do Homem, já usado por alguns profetas,
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por exemplo Daniel 7:13-14. A esse respeito, em o livro Os evangelhos e o Espiritismo, que reuniu entrevistas com Divaldo Franco e Raul Teixeira, a pergunta 29 esclarece: Jesus intitula-se, em algumas passagens do Evangelho, como o “Filho do Homem”. Qual o significado dessa expressão? RAUL: Filho do Homem, na alusão do Messias, tem o sentido d indicar alguém que, embora se ache nas cumeadas do progresso espiritual – como era o Seu caso -, realizou sua evolução no sei da espécie humana, independentemente de ter sido na Terra ou em outras moradas do Pai. Mesmo tendo se desenvolvido sem máculas, ou tendo-as superado com mérito, todos os seres angélicos têm que ter atravessado os sendeiros dos aprendizes planetário, fazendo a aquisição dos mais acendrados valores da alma na vasta fieira das indispensáveis reencarnações. Todo e qualquer Espírito que já se encontre dispensado dos mergulhos reencarnatórios que hajam superados as humanas limitações, a fim de realizarem outros níveis de aprendizado em novos campos evolucionários, será chamado de Filho do Homem. Os a quem Jesus chamava de nascidos de mulher ou filhos de mulher, eram os Espíritos ainda sujeitos, por necessidade evolutiva, aos renascimentos corporais. DIVALDO: Considerando-se a tradição hebraica, Deus é o Homem – com H maiúsculo – diferindo da criatura humana pela sua majestade e grandeza. O Mestre reforça a informação de
ser o Messias, demonstrando que é Ele, o Filho de Deus por excelência, incumbido do ministério de libertação das consciências e orientação espiritual. Proibidos de pronunciar o nome de Deus, os israelitas utilizavam-se do artifício de, às vezes, chamá-lO o Homem. *
Segundo Mateus Estando ele a caminhar junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes: “Segui-me e eu vos farei pescadores de homens”. Eles, deixando imediatamente as redes, o seguiram. Continuando a caminhar, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com o pai Zebedeu, a consertar as redes. E os chamou. Eles, deixando imediatamente o barco e o pai, o seguiram. (Mateus, 4:18-22) * As narrativas dos evangelistas se deram em separado no tempo e segundo as lembranças e as informações de cada um deles. Isso nos permite entender porque, comparativamente entre cada um deles, encontraremos diferente ordem cronológica, algumas diferentes abordagens sobre certas passagens e outros aspectos pontuais.
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A figueira é um tipo de árvore bastante comum na Palestina. Essa árvore tem uma característica bastante peculiar – os seus frutos aparecem antes das folhas.
Quanto a formação do colegiado, também acontece. João apresenta os primeiros discípulos antes de Jesus voltar para a Galileia. Enquanto Marcos e Mateus relatam os primeiros convites quando Jesus já estava em Cafarnaum. Ao final, que é o incontestável e o que mais nos interessa saber, é que Jesus reuniu seus doze apóstolos e mudou o curso da História. A nossa abordagem se fixa na formação do colegiado apostólico como um todo, sem distinção das narrativas entre os evangelistas. O apóstolo João apresenta-se como testemunha ocular do que ele descreve
em João 1:35 – 42, como se deras as aproximações com Jesus dos primeiros construtores dos novos tempos. Assim, ao partir para Galileia logo depois, Jesus já contava com três dos integrantes do colégio apostólico: André, João e Simão Pedro. Voltavam os quatro para a terra natal de Jesus, quando o pequeno grupo encontra Filipe, que aderiu de imediato. Podia confiar em seus amigos e conterrâneos. E logo se encanta com o que ouve do novo mestre, tentando arranjar outro prosélito. Vai chamar Natanael (o nome de Natanael não mais aparece em o Novo Testamento; por isso os comentaristas o identificaram com Bartolomeu - filho de Tolmai -, que é sempre citado ao lado de Filipe em todas
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as listas dos apóstolos (Mat. 10:3; Marc. 3:18; Luc. 6:14). Segundo informações do próprio João (21: 2), Filipe era natural da cidade de Caná da Galileia (hoje, parece, KefrKenna), que fica a 8 quilômetros de Nazaré, a aldeia de Jesus. Temos a impressão de que Natanael já conhecia Jesus, porque Filipe, ao anunciar-lhe o encontro daquele de quem Moisés escreveu na Lei e os profetas falaram, cita o nome familiar: Jesus, filho de José, esclarecendo o de Nazaré... Esses pormenores deviam recordar algo a Natanael que com isso o identificaria. Conhecendo Jesus, um operário braçal que vivia em minúscula aldeola, Natanael indaga: e de Nazaré pode sair algo de importante? Filipe, porém, não procura fazer a apologia de Jesus: convida-o apenas a verificá-lo pessoalmente. E Natanael aceita e vai. O primeiro choque vem do primeiro contato, quando ouve Jesus anunciar ao grupo: vejam um israelita em quem não há simulação. Admirado com o elogio inesperado, Natanael indaga donde Jesus o conhece. Poderia ter tido informações. Mas o Rabbi (palavra que hebraico-talmúdico quer dizer Mestre, era o título reservado aos Doutores da Lei. Mas também se aplicava por delicadeza ou para demonstrar admiração por alguém mais sábio) quer revelar seu poder. Sabe que Natanael é pessoa íntegra, cumpridor de seus deveres religiosos, convicto de sua fé. E revela-lhe algo que o estarrece. Mas o evangelista registra apenas uma frase simples: antes que Filipe te chamasse, eu te vi debaixo da figueira.
Para nós, não faz sentido. Mas para Natanael deve ter constituído uma prova irretorquível, por aludir a algo que ele deveria estar fazendo debaixo da figueira, e a frase de Jesus deve ter tido significado profundo para ele, que exclama: Rabbi, tu és o Filho de Deus (o Enviado especial), tu és o Rei de Israel (o Messias aguardado)! A resposta de Jesus vem ampliar de muito o horizonte mental dos cinco primeiros escolhidos para participarem da campanha de transfiguração do planeta. Começa dizendo que a alusão à estada sob a figueira era de somenos importância e que muitas coisas, ainda mais extraordinárias, seriam por eles testemunhadas. Passa então a esclarecer: Em verdade, em verdade (locução típica quando um israelita afirma ‘com força de juramento’, mas sem jurar, para não tornar em vão o nome de Deus. Essa fórmula era com frequência empregada por Jesus, quando revelava fatos que desejava fossem compreendidos e lembrados por seus discípulos), vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo. Essa afirmativa é uma alusão indiscutível a Gên. 28:10-17, onde se narra o sonho de Jacob, em Bethel, quando de partida para a Mesopotâmia. Agora já em Nazaré, o grupo de reformadores já contava com João, André, Pedro, Filipe e Natanael (ou Bartolomeu).
... e Ele os fez
pescadores de almas!
Com esse grupo de galileus e, mais tarde, com um judeu de Keriot, iniciou-se a mais fantástica façanha de que a História guarda notícia.
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Uma psicosfera inusual dominava a paisagem das almas naqueles dias.
U SUBLIME ENCANTAMENTO DO LIVRO: Vivendo com Jesus. Amélia Rodrigues, Cap. 4. Divaldo Franco
A região do mar da Galileia, especialmente no lado em que repousavam próximas às suas praias as cidades movimentadas de Cafarnaum, Magdala, Dalmanuta e as aldeias humildes com o seu casario em tonalidade cinza, fruía de uma desconhecida paz. Praticamente dedicada à pesca nas águas quase sempre tranquilas do mar gentil, vivia-se naquela região um período de estranha harmonia. Suas gentes pobres, com as raras exceções dos poderosos transitórios que nunca ambicionaram sair dali ou desfrutar dos prazeres da fortuna, sem que pudessem explicar, experimentavam
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estranho bem-estar. Os pescadores estavam acostumados à sua diária labuta: conserto de redes, aventuras nas águas, movimentação na praia e discussão com os compradores dos peixes, conversas infindáveis sobre as questões modestas dos seus interesses, pagamentos dos impostos absurdos, todos descendiam de outros que se haviam dedicado ao mesmo mister.
como em toda parte. O luxo de uns humilhava a miséria de outros. Mas todos conviviam dentro dos seus padrões, acostumados que estavam às circunstâncias e às condições existentes.
A rotina era quase insuportável, o mesmo acontecendo com os agricultores, oleiros, marceneiros, construtores e comerciantes...
A política infame de César esmagava os dominados em toda parte; e a luxúria, o fausto, os constantes desafios do tetrarca, desde há muito silenciaram os ideais libertários, esmagando com os impostos exorbitantes os trabalhadores e o povo sempre reduzido à miséria.
Cafarnaum era uma cidade grandiosa, considerando-se os padrões da época, pois que ali havia uma sinagoga importante e possuía ruas calçadas, praças formosas, mansões e casebres
Nesse quase lúgubre cenário humano, soprava uma diferente brisa de paz e de espontânea alegria, como se algo estivesse acontecendo, o que, em verdade, ocorria...
MAR DA GALILEIA
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Chegara o momento em que Jesus deveria iniciar o Seu ministério. Ele havia elegido aquela região simples, de onde, por ironia, asseverava-se que nada de bom poderia sair. Seria, portanto, um paradoxo, porque os fatos iriam demonstrar o equívoco desse comentário desairoso. Num magnífico dia de sol, enquanto todos laboravam como de costume, Ele saiu a pescar homens para o Seu Reino, Vivendo com Jesus para a implantação de uma diferente Era, como jamais dantes ou depois houvera, ou se repetiria. Caminhando vagarosamente acercouse de uma barca onde os irmãos Pedro e André, os irmãos Boanerges (por Jesus apelidados como filhos do trovão) se encontravam, e, após fitálos demoradamente, produzindo nos observados certa estranheza, pois que O não conheciam, disse: — (...) Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. (Mateus, 4:19) Uma harmonia incomum penetroulhes as almas e eles ficaram extasiados. Ninguém nunca lhes falara naquele tom, daquela forma. O estranho continuou olhando-os de maneira transparente e doce, aguardando. Na acústica do ser identificaram aquela voz que parecia adormecida por muito tempo e agora ecoava suavemente. Não sabiam qual era a intenção dele, nem os recursos que possuía, nem sequer podiam identificar o a que se referia, percebendo somente que era irresistível Seu convite. Desse modo, magnetizados pela Sua
presença, deixaram o que estavam di
Ele não deu explicação nenhuma, t senhor chamando os seus servidores,
De certo, a sua rotina era cansativ dispunham, por isso, amavam o que f
Aquele foi-lhes o momento definitiv
Caminhando com alegria em silênc de aparência sonhadora, e falou-lhes
Então eles, deixando logo as redes
Eles não relutaram nada indagaram consertando caíram nas areias, e deix
No dia seguinte quis Jesus ir à Gali
iligenciando e O seguiram.
tampouco os convidados fizeram qualquer pergunta. Poder-se-ia pensar que era o , que o atenderam sem protesto, sem vacilação. (Mateus, 4:21)
va e estavam saturados, mas era aquele o único recurso de sobrevivência de que faziam.
vo da existência, que se modificaria para sempre.
cio, Jesus foi adiante e convidou outros dois pescadores, um dos quais muito jovem e com a mesma candura.
s, seguiram-no. (Mateus, 4:20)
m, como se estivessem apenas aguardando o convite, e as redes que estavam xando imediatamente o barco e o pai, O seguiram.
ileia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me. (João, 1:43)
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Ele levantou a cabeça quando O viu chegar e sorriu, enquanto ouvia a invitação: — Segue-me! A partir dali toda a região foi modificada. Os comentários tornaramse focos de controvérsias e de considerações incongruentes. Ninguém entendia o que acontecera com aqueles antigos pescadores e outros, como o cobrador de impostos, que deixou também a sua coletoria para segui-lo, apenas recebeu o chamado... Pode-se asseverar que todos haviam sido escolhidos muito antes daqueles momentos e que somente aguardavam ser convocados. O mundo, no entanto, é fascinante nas suas ilusões, e os desejos humanos em forma de ambições de poder e de gozo tem suas raízes profundamente fincadas no solo da memória por
atavismo e imposição das vivências anteriores. Trata-se de um grande risco abandonar tudo e seguir um estranho. Isso se, realmente, Ele fosse um estranho, o que não tinha fundamento, porque todos experimentavam a sensação de O conhecerem, de O amarem, de Lhe sentirem a ausência... Afinal, a vida na Terra é uma sucessão de riscos calculados ou não, de tentativas de erros e de acertos. Aquela desconhecida aventura, no entanto, era tecida pelos sonhos de um mundo melhor, um amálgama de anseios do coração e da mente anelando por melhores condições de vida, por felicidade. Jesus, porém, nada lhes ofereceu por enquanto. Somente os convidou, reunindo-os como discípulos para o
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grande empreendimento que viria depois. * Aquele chamado era aguardado por Israel, que esperava um rei ameaçador e perverso, que lhe restituísse a liberdade política, dando-lhe poderes para tornarse tão cruel quanto o Império que o estraçalhava. Com esse grupo de galileus e, mais tarde, com um judeu de Keriot, iniciouse a mais fantástica façanha de que a História guarda notícia. O primeiro encontro foi na casa de Pedro, que era casado, e certamente o mais velho de todos, embora ainda não houvesse alcançado os cinquenta anos. Todos estavam dominados pelo brilho dos Seus olhos e pela ternura da Sua presença. De alguma forma eles sonhavam com esse futuro que chegara somente que não sabiam como se apresentaria, de que era constituído, o que deveriam fazer. Tudo, porém, foi-se apresentando a seu tempo e as revelações começaram a diluir a cortina de sombras e a vitalizar a debilidade das forças. Em breve, a revolução iria começar e, para tanto, era necessário que se fortalecessem, que abandonassem os velhos hábitos do egoísmo e passassem a viver em grupo, repartindo o pão e o teto, a alegria e a tristeza, a esperança e as dúvidas que, periodicamente, os assaltavam... Eram quase todos analfabetos, com exceção de Mateus, de Judas, de Tiago, e de Pedro e João, que adquiririam o conhecimento das letras mais tarde,
deixando a grandeza de sua epístola e as narrações evangélicas assim como o Apocalipse... Judas, o mais letrado e hábil em administração, que foi encarregado de guardar as pequenas reservas monetárias do grupo, era dedicado e fiel enquanto se deslumbrava ante as promessas do Senhor, até quando começou a atormentar-se ao constatar que o Seu Reino era outro, muito diferente daquele que excogitava e tinha ânsias por fruir. Insinuando-se-lhe a dúvida, o ressentimento encontrou guarida nos seus sentimentos, e ele tornou-se vítima infeliz de si mesmo, quando se permitiu perder na ambição acalentada. O grupo humilde tinha tudo para fracassar, menos o Mestre que o guiava, que lhe trabalhava as anfractuosidades íntimas, que lhe construía a nova personalidade, modelando a pedra bruta representativa da ignorância atual, para arrancar o que se encontrava oculto, a essência sublime da vida... (...) E eles se tornaram os construtores do Novo Mundo, deram-se integralmente à causa que abraçaram, testemunharam, após as fraquezas humanas, a grandeza de que eram constituídos. Nunca mais a sociedade seria a mesma, jamais se repetiriam aqueles dias, que se transformaram no marco definidor do futuro, bem diferente do passado...
Amélia Rodrigues
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Frequentemente, era nas proximidades de Cafarnaum que o Mestre reunia a grande comunidade dos seus seguidores. Numerosas pessoas o aguardavam ao longo do caminho, ansiosas por lhe ouvirem a palavra instrutiva. Não tardou, porém, que ele compusesse o seu reduzido colégio de discípulos. Depois de uma das suas pregações do novo reino, chamou os doze companheiros que, desde então, seriam os intérpretes de suas ações e de seus ensinos. Eram eles os homens mais humildes e simples do lago de Genesaré.
OS DISCÍPULOS DO LIVRO: Boa Nova. Humberto de Campos, Cap. 5. Francisco C. Xavier
Pedro, André e Filipe eram filhos de Betsaida, de onde vinham igualmente Tiago e João, descendentes de Zebedeu. Levi, Tadeu e Tiago, filhos de Alfeu e sua esposa Cleofas, parenta de Maria, eram nazarenos e amavam a Jesus desde a infância, sendo muitas vezes chamados “os irmãos do Senhor”, à vista de suas profundas afinidades afetivas. Tomé descendia de um antigo pescador de Dalmanuta e Bartolomeu nascera de uma família laboriosa de Caná da Galileia. Simão, mais tarde denominado “o Zelote”, deixara a sua terra de Canaã para dedicar-se à pescaria, e somente um deles, Judas, destoava um pouco desse concerto, pois nascera em Iscariotes e se consagrara ao pequeno comércio em Cafarnaum, onde vendia peixes e quinquilharias. O reduzido grupo de companheiros do Messias experimentou a princípio certas dificuldades para harmonizarse. Pequeninas contendas geravam a separatividade entre eles. De vez em quando, o Mestre os surpreendia em discussões inúteis sobre qual deles seria o maior no reino de Deus; de outras vezes, desejavam saber qual, dentre todos, revelava sabedoria maior, no
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Todos os nomes em Israel têm uma significação. André significa “varão forte”; João quer dizer “cheio de graça”; e Simão, “o que escuta e obedece”. Mas Jesus, ao divisar o irmão de André, vê nele, “a pedra”. Pedro. A pedra com que se constroem os templos e as fortalezas.
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campo do Evangelho. Levi continuava nos seus trabalhos da coletoria local, enquanto Judas prosseguia nos seus pequenos negócios, embora se reunissem diariamente aos demais companheiros. Os dez outros viviam quase que constantemente com Jesus, junto às águas transparentes do Tiberíades, como se participassem de uma festa incessante de luz. Iniciando-se, entretanto, o período de trabalhos ativos pela difusão da nova doutrina, o Mestre reuniu os doze em casa de Simão Pedro e lhes ministrou as primeiras instruções referentes ao grande apostolado. * De conformidade com a narrativa de Mateus, as recomendações iniciais do Messias aclaravam as normas de
ação que os discípulos deviam seguir para as realizações que lhes competiam concretizar. — Amados — entrou Jesus a dizerlhes, com mansidão extrema —, não tomareis o caminho largo por onde anda toda gente, levada pelos interesses fáceis e inferiores; buscareis a estrada escabrosa e estreita dos sacrifícios pelo bem de todos. Também não penetrareis nos centros de discussões estéreis, à moda dos samaritanos, nos das contendas que nada aproveitam às edificações do verdadeiro reino nos corações com sincero esforço. Ide antes em busca das ovelhas perdidas da casa de nosso Pai que se encontram em aflição e voluntariamente desterradas de seu divino amor. Reuni convosco todos os que se encontram de coração angustiado e dizeilhes, de
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sejam dignos, até que vos retireis. Quando penetrardes nalguma casa, saudai-a com amor. Se essa casa merecer as bênçãos de vossa dedicação, desça sobre ela a vossa paz; se, porém, não for digna, torne essa mesma paz aos vossos corações. Se ninguém vos receber, nem desejar ouvir as vossas instruções, retirai-vos sacudindo o pó de vossos pés, isto é, sem conservardes nenhum rancor e sem vos contaminardes da alheia iniquidade. Em verdade vos digo que dia virá em que menos rigor haverá para os grandes pecadores, do que para quantos procuram a Deus com os lábios da falsa crença, sem a sinceridade do coração.
minha parte, que é chegado o reino de Deus. Trabalhai em curar os enfermos, limpar os leprosos, ressuscitar os que estão mortos nas sombras do crime ou das desilusões ingratas do mundo, esclarecei todos os espíritos que se encontram em trevas, dando de graça o que de graça vos é concedido. Não exibais ouro ou prata em vossas vestimentas, porque o reino do céu reserva os mais belos tesouros para os simples. Não ajunteis o supérfluo em alforjes, túnicas ou alpercatas para o caminho, porque digno é o operário do seu sustento. Em qualquer cidade ou aldeia onde entrardes, buscai saber quem deseje aí os bens do céu, com sinceridade e devotamento a Deus, e reparti as bênçãos do Evangelho com os que
É por essa razão que vos envio como ovelhas ao antro dos lobos, recomendando-vos a simplicidade das pombas e a prudência das serpentes. Acautelai-vos, pois, dos homens, nossos irmãos, porque sereis entregues aos seus tribunais e sereis açoitados nos seus templos suntuosos, de onde está exilada a ideia de Deus. Sereis conduzidos, como réus, à presença de governadores e reis, de tiranos e descrentes, a fim de testemunhardes a minha causa. Mas, nos dias dolorosos da humilhação, não vos dê cuidado como haveis de falar, porque minha palavra estará convosco e sereis inspirados, quanto ao que houverdes de dizer. Porque não somos nós que falamos; o espírito amoroso de Nosso Pai é que fala em todos nós. Nesses dias de sombra, em que se lutará no mundo por meu nome, o irmão
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RASTROS DE LUZ | ESTE É O FILHO DO CARPINTEIRO?
entregará à morte o próprio irmão, o pai os filhos, espalhando-se nos caminhos o rastro sinistro dos lobos da iniquidade. Os que me seguirem serão desprezados e odiados por minha causa, mas aquele que perseverar, até o fim, será salvo. Quando, pois, fordes perseguidos numa cidade, transportai-vos para outra, porque em verdade vos afirmo que jamais estareis nos caminhos humanos sem que vos acompanhe o meu pensamento.
cabeças estão contados. Não temais, pois, porque um homem vale mais que muitos passarinhos. Empregai-vos no amor do Evangelho e qualquer de vós que me confessar, diante dos homens, eu o confessarei igualmente diante de meu Pai que está nos céus. *
Se o adversário da luz vai reunir contra mim as tentações e as zombarias, o ridículo e a crueldade, que não fará aos meus discípulos?
As recomendações de Jesus foram ouvidas ainda por algum tempo e, terminada a sua alocução, no semblante de todos perpassava a nota íntima da alegria e da esperança. Os apóstolos queriam contemplar o glorioso porvir do Evangelho do Reino e estremeciam do júbilo de seus corações. Foi quando Judas Iscariotes, como que despertando, antes de todos os companheiros, daquelas profundas emoções de encantamento, se adiantou para o Messias, declarando em termos respeitosos e resolutos:
Todavia, sabeis que acima de tudo está o Nosso Pai e que, portanto, é preciso não temer, pois um dia toda a verdade será revelada e todo o bem triunfará.
— Senhor, os vossos planos são justos e preciosos; entretanto, é razoável considerarmos que nada poderemos edificar sem a contribuição de algum dinheiro.
O que vos ensino em particular, difundi-o publicamente; porque o que agora escutais aos ouvidos será o objeto de vossas pregações de cima dos telhados.
Jesus contemplou-o serenamente e redarguiu:
Se tendes de sofrer, considerai que também eu vim à Terra para dar o testemunho e não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais que o seu senhor.
Trabalhai pelo reino de Deus e não temais os que matam o corpo, mas não podem aniquilar a alma; temei antes os sentimentos malignos que mergulham o corpo e a alma no inferno da consciência. Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? Entretanto, nenhum deles cai dos seus ninhos sem a vontade do nosso Pai. Até mesmo os cabelos de nossas
— Será que Deus precisou das riquezas precárias para construir as belezas do mundo? Em mãos que saibam dominá-lo, o dinheiro é um instrumento útil, mas nunca será tudo, porque, acima dos tesouros perecíveis, está o amor com os seus infinitos recursos. Em meio da surpresa geral, Jesus, depois de uma pausa, Continuou: — No entanto, Judas, embora eu não tenha qualquer moeda do mundo, não
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— algu
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— peso
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so desprezar o primeiro alvitre dos que contribuirão comigo para a edificação do reino de u Pai no espírito das criaturas. Põe em prática a tua lembrança, mas tem cuidado com a tação das posses materiais. Organiza a tua bolsa de cooperação e guarda-a contigo; nunca, ém, procures o que ultrapasse o necessário.
Ali mesmo, pretextando a necessidade de incentivar os movimentos iniciais da grande sa, o filho de Iscariotes fez a primeira coleta entre os discípulos. Todas as Possibilidades m mínimas, mas alguns pobres denários foram recolhidos com interesse. O Mestre ervava a execução daquela primeira providência, com um sorriso cheio de apreensões, uanto Judas guardava cuidadosamente o fruto modesto de sua lembrança material. Em uida, apresentando a Jesus a bolsa minúscula, que se perdia nas dobras de sua túnica, amou, satisfeito:
— Senhor, a bolsa é pequenina, mas constitui o primeiro passo para que se possa realizar uma coisa...
esus fitou-o serenamente e retrucou em tom profético:
— Sim, Judas, a bolsa é pequenina; contudo, permita Deus que nunca sucumbas ao seu o!
Humberto de Campos
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PRÓXIMO FASCÍCULO: Algo de novo esplende de Seu rosto.
CRÉDITOS DESTE FASCÍCULO:
rastros L
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um olhar na história
de
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