Rastros de luz 05

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rastros L um olhar na história

de

uz

abril

2017

nº 5

algo

de novo

esplende

de Seu rosto Despretensioso convite para o retorno às coisas simples, belas e profundas do Evangelho.

Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida Jovem, ao encontro de Jesus!


como

Ele está

mudado Como está mudado o jovem carpinteiro! Algo de novo esplende na sua fisionomia: na fronte límpida entreaberta sob as ondas dos cabelos; no olhar sereno e luminoso; nos lábios onde a sabedoria repousa num suave sorriso de bondade; no queixo emoldurado pela barba castanha com reflexos de ouro.


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Após dois meses de ausência, Jesus retorna ao lar paterno. Acompanham-no os moços galileus que encontrara à margem do Jordão. Adianta-se deles, detém-se no limiar da velha casa, onde passou toda a infância e adolescência. Maria corre-lhe ao encontro, com a frase que, em todos os tempos, vibra nos lábios de todas as mães: - Meu filho! Jesus beija sua mãe com a palavra que desabrocha da boca de todos os filhos, como uma flor que vem do coração: - Mãe! Como está mudado o jovem carpinteiro! Algo de novo esplende na sua fisionomia: na fronte límpida entreaberta sob as ondas dos cabelos; no olhar sereno e luminoso; nos lábios onde a sabedoria repousa num suave sorriso de bondade; no queixo emoldurado pela barba castanha com reflexos de ouro. *

Maria estivera durante tempos eram chegados. olhando melancolicamen acudiam-lhe à memória em segredo, no fundo do maravilhas: a mensagem pastores de Belém, ador

Sobre o banco da carp enxó, a plaina, a serra, o aquele aspecto festivo do as pilhas de tábuas e de gritos metálicos dos instr

Na sala de pedra, limp melancólica e gelada que oficinas de onde desertou


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e dois meses pensando em Jesus, inquieta, porque sentia, no íntimo da alma, que os Quando os fregueses da oficina se acercavam com a pergunta: “Jesus não está?”, ela nte para as ferramentas silenciosas, respondia: “Ainda não voltou”. Nesses momentos, todas as coisas extraordinárias que haviam ocorrido tinta anos atrás e que ela “guardava o seu coração” (Lucas, 2:51). Passavam-lhe pela cabeça as reminiscências das estranhas m do Arcanjo, a profecia de Isabel, o nascimento de João Batista, os cânticos proféticos dos ração dos magos, as predições de Ana e de Simeão...

pintaria, onde Jesus trabalhava como mestre de ofício desde a morte de José, dormiam a os formões, nos longos silêncios dos dias que não passavam. O chão não mais apresentava o labor quotidiano: o tom colorido das fitas de madeira, os montes de serragem rósea, cubos, de vigotes e caibros em desordem fecunda e construtora, aos rumores sonoros e rumentos profissionais.

pa e varrida, empilhavam-se as madeiras simetricamente, com aquele aspecto de ordem e parece dizer: “Já não está aqui o trabalhador”. A ordem meticulosa e taciturna das u o artífice.


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Os parentes de Maria estravam a ausência do moço. “Que faz ele por essas terras alheias?”, “Por que abandonou o trabalho?”, “Que ideias se lhe meteram na cabeça?” No fundo do seu espírito, Maria escutava a ressonância longínqua das palavras que o velho Simeão pronunciara havia trinta anos: “uma espada traspassará teu coração”... * Aquele filho era a sua alegria e a sua dor! Estranhas vozes, de lábios invisíveis, sutis como pressentimentos e adivinhações, lh diziam que se aproximavam os dias dos arrebatamentos extremos e das extremas angústias. Agora, ali estava Jesus. Como voltou diferente! Maria olha-o com amor e ao mesmo tempo com respeito. Sente-se pequena diante dele. Quando ela era jovem e ele criancinha, esquecia-se por vezes que trazia no regaço o Verbo Encarnado, a suprema força: acalentava-o, então, devaneando como toadas as mães, sentindo-se mais forte do que ele, apertando-o contra o seio, com que a defende-lo. O seu amor era feito de carinho e proteção. Agora que Jesus estava diante dela, recortando a silhueta harmoniosa no retângulo da porta, iluminada pelo ouro do poente que incendiava os cimos do Carmelo e estendia as sombras das casas e das montanhas sobre a planície, agora Maria contemplava o filho tão confusa como estivera Moisés diante das sarças ardentes em que Jeová falara. Jesus faz entrar em os seus amigos: André, Pedro, Natanael, Felipe e João. São todos moços e nos seus olhas fulgura o clarão da fé, que tem as cores da aurora na alegria da juventude. Os olhos maternais de Maria voltam-se especialmente para João, que é o mais novo e exprime, nos traços fisionômicos, a candidez da juventude. Desde esse instante, Maria estabelece especial predileção pelo rapaz, que é seu sobrinho e tem o mesmo nome do filho de sua prima Isabel, cuja fama corre por toda parte. * Entre os alvoroços da chegada e das apresentações, Maria narra aos recémvindos os preparativos para um casamento que se realizará em Caná, a cidade mais próxima de Nazaré. Os noivos dirigiram convites a Maria e sua parentela, e contam com a presença de Jesus e seus amigos. (Texto baseado no livro de Plínio Salgado, Vida de Jesus, Cap. XVII)


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festa nupcial Jesus sente-se bem, no meio do júbilo dos noivos e dos convivas de Caná. Intimamente os abençoa. Todos aqueles rapazes e aquelas moças terão o dia dos seus esponsais. Jesus compreende aqueles destinos, cujo objetivo é vida solidária e unida, a perpetuação da vida sobre a face da terra.


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As luzes estão acesas. Ardem nas piras o nardo, o açafrão, o cálamo e a canela, perfumando o ambiente onde cantam as harpas. Jesus sente-se bem, no meio do júbilo dos noivos e dos convivas de Caná. Intimamente os abençoa. Todos aqueles rapazes e aquelas moças terão o dia dos seus esponsais. Jesus compreende aqueles destinos, cujo objetivo é vida solidária e unida, a perpetuação da vida sobre a face da terra. O amor entre os esposos é uma forma de obediência aos desígnios do Altíssimo; uma obediência que se transforma em prazer e em glorificação do milagre universal da vida. A união, entre o homem e a mulher, santificada sob as bênçãos de Deus, constitui, por outro lado, um símbolo, oferecendo a imagem aproximada e sensível de uma outra união eterna, a união que Jesus veio realizar com a Humanidade. Assim são as narrativas das Escrituras, a respeito, trazidas apenas por João (2: 1-11):

No terceiro dia, houve um casame os seus discípulos também. Como nã lhe Jesus: “Que temos nós com isso, ele vos disser”. Havia ali seis talhas d lhes disse: “Enchei as talhas de água Eles levaram. Quando o mestre-sala serventes que haviam retirado a água convidados já estão embriagados ser em Caná da Galileia e manifestou a s

Considerando a passagem evangé

Maria apresenta aqui a imagem de para sempre, ensejando ser ela cons quando pedimos-lhe que interceda ju


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ento em Caná da Galileia e a mãe de Jesus estava lá. Jesus foi convidado para as bodas e ão houvesse mais vinho, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho”. Respondeumulher? Minha hora ainda não chegou”. Sua mãe disse aos serventes: “Fazei tudo o que de pedra para a purificação dos judeus, cada uma contendo de duas a três medidas. Jesus a”. Eles as encheram até à borda. Então lhes disse: “Tirai agora e levai ao mestre-sala”. provou a água transformada em vinho — ele não sabia de onde vinha, mas o sabiam os a — chamou o noivo e lhe disse: “Todo homem serve primeiro o vinho bom e, quando os rve o inferior. Tu guardaste o vinho bom até agora!” Esse princípio dos sinais, Jesus o fez sua glória e os seus discípulos creram nele.

élica em si própria, dela precisamos fazer alguns destaques.

e Mediadora entre os fatores humanos e os valores divinos, que lhe marcaria a personagem stantemente requisitada em preces por todos nós os que guardamos necessidades d’alma, unto ao seu Filho por nós.


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Antes disso, no entanto, vamos encontrá-la na História, em Éfeso, para onde foi juntamente com João e ali fixou sua residência, cuja morada era muito buscada pelos caminhantes da vida, problematizados que buscavam junto dela o consolo, o auxílio, a orientação, o medicamento da compaixão. Maria, a Mãe Santíssima, semeou o amor, a caridade e o perdão, amparando e assistindo ao próximo, enquanto Roma perseguia e assassinava os discípulos do Seu Filho. Caná é o começo do evangelho dos feitos, onde Jesus deliberou falar pelos fatos, cujo feito calou fundo no coração dos convidados. No entanto, o vinho resultante era outro, e restará a dúvida se foi realmente em vinho comum no que Jesus transformou a água. Tanto era especial que, mesmo muitos sob a embriaguez do vinho alcoolizado, como dito pelo evangelista, foi possível ser notada a diferença, o que é especial acontecer num estado assim alterado, já que o paladar é neutralizado pelo efeito do álcool. Há aí, em outro destaque, a simbologia no fermento da uva, uma chama que vem dos recessos da natureza. Misteriosa centelha, marchando na seiva dos caules, como um fogo que sobe das entranhas da terra, ela tem qualquer coisa de semelhante ao fenômeno da vida do nosso corpo, a qual, em última análise, pela renovação e dispêndio de calorias, é uma lâmpada acesa na imensa nave do Infinito, onde também os sóis se consomem e as nebulosas palpitam como seiva sideral. Um dia, realizar-se-á no vinho um milagre maior, de que este milagre de Caná é apenas o anúncio...

Cairbar Schutel, no seu livro O Espírito do C que, se extrairmos o fator material da passagem depararemos com a essência de uma abordagem parábolas de Jesus, que lecionava se utilizando d que dispunha para exemplificar e comparar: óbu Eis o comentário do autor:

Convidado com os seus discípulos para assist comparecer, tanto mais que, nessa casa, nessa ocasião de ser dada profícua e substanciosa liçã demais assistentes. E, quase terminadas as saud talvez porque fosse pouco o abastecimento que convivas, Jesus resolveu dizer alguma coisa. Ma


Cristianismo, aborda o tema por um ângulo m – a transformação de água em vinho – nos m muito própria de mais uma das múltiplas das circunstâncias e dos elementos didáticos de ulo da viúva, grão de mostarda, água e vinho.

tir a um casamento, Ele não devia deixar de família de Caná da Galileia, oferecia-se-lhe ão, não só aos nubentes como também aos dações, quando já, não havia mais vinho, fizeram desse líquido e avultado o número de as a sua Palavra é diferente de todas as outras

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palavras. Os discursos são composições oratórias para deleitar, mas a Palavra do Mestre sempre foi espírito e vida. Deliberou Ele, então, falar pelo fato, ensinando e comparando as coisas materiais às coisas espirituais. Mostrou como da matéria se pode fazer a força, e transformar, assim, um ato material em um ato espiritual. O “milagre” da conversão da água em vinho obedeceu a leis químicas muito conhecidas de Jesus, que as manobrava com a máxima facilidade. É um caso de transmutação da matéria, de que o estudante espírita encontra muitos exemplos nos Anais do Espiritismo. Falando pelo fato, o Senhor quis impressionar a assistência com o fim de se dar a conhecer pelas suas obras e ao mesmo tempo deixar ver que o enlace matrimonial não consiste numa união simplesmente carnal, mas sim num ato moral e espiritual que tem por escopo principal promover o progresso de ambos. O vinho material que tinha sido oferecido pelo presidente da mesa se esgotara, assim como se acaba a amizade circunscrita ao amor carnal. A sedução pela beleza, a dedicação e o arrebatamento pela mocidade, pelo dinheiro, pela nobreza de família também se esgotam como o vinho material e, sem o vinho espiritual, que consiste na Doutrina que Ele anunciava, não podia prevalecer o verdadeiro casamento, razão por que aquele vinho, julgado pelo presidente muito superior ao primeiro, simboliza o verdadeiro amor, que faz os casais inseparáveis e mantém a união perpétua das almas. O casamento como um ato meramente físico, não é mais do que um tênue complemento do instinto, de que


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todos os animais são dotados. É preciso espiritualizar esse ato, darlhe cunho verdadeiramente cristão, mas cristão na expressão primitiva da palavra, isenta de formalismos sectários de decretos sacramentais, de preceitos ritualistas. O amor não é palavra morta, que precise de ornamentos e flores; ele encerra a benevolência, a indulgência, a bondade, a magnanimidade, o trabalho do coração, do cérebro, do entendimento, da alma, com todas as forças em benefício do ser amado, e os cônjuges, para serem casados de verdade, precisam permutar todos esses deveres. Finalmente, pelos últimos trechos se observa o efeito produzido, já não dizemos na assistência, mas nos discípulos, por aquele fato extraordinário: “e os discípulos creram nele”. Vamos concluir, considerando o casamento antes como um ato espiritual, e, não, simplesmente material. * Jesus se afasta docemente, deixando atrás de si os últimos rumores da festa nupcial, da alegria pura dos homens, no crepúsculo que acende as primeiras estrelas. Caminha, com seus discípulos e sua mãe, pela estrada que desce para o lago. Desfazem-se, ao longe, os sons das flautas, dos alaúdes e dos pífanos... Desceram a Cafarnaum e ali ficaram apenas alguns dias.

APÊNDICE SOBRE MILAGRES


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Os milagres no sentido teológico Na acepção etimológica, a palavra milagre (de mirari, admirar) significa: admirável, coisa extraordinária, surpreendente. A Academia definiu-a deste modo: Um ato do poder divino contrário às leis da Natureza, conhecidas. Na acepção usual, essa palavra perdeu, como tantas outras, a significação primitiva. De geral, que era, se tornou de aplicação restrita a uma ordem particular de fatos. No entender das massas, um milagre implica a ideia de um fato extranatural; no sentido teológico, é uma derrogação das leis da Natureza, por meio da qual Deus manifesta o seu poder. Tal, com efeito, a acepção vulgar, que se tornou o sentido próprio, de modo que só por comparação e por metáfora a palavra se aplica às circunstâncias ordinárias da vida. Um dos caracteres do milagre propriamente dito é o ser inexplicável, por isso mesmo que se realiza com exclusão das leis naturais. É tanto essa a ideia que se lhe associa, que, se um fato milagroso vem a encontrar explicação, se diz que já não constitui milagre, por muito espantoso que seja. O que, para a Igreja, dá valor aos milagres é, precisamente, a origem sobrenatural deles e a impossibilidade de serem explicados. Ela se firmou tão bem sobre esse ponto, que o assimilarem-se os milagres aos fenômenos da Natureza constitui para ela uma heresia, um atentado contra a fé, tanto assim que excomungou e até queimou muita gente por não ter querido crer em certos milagres. Outro caráter do milagre é o ser insólito, isolado, excepcional. Logo que um fenômeno se reproduz, quer espontânea, quer voluntariamente, é que está submetido a uma lei e, desde então, seja ou não seja conhecida a lei, já não pode haver milagres. Aos olhos dos ignorantes, a Ciência faz milagres todos os dias. Se um homem, que se ache realmente morto, for chamado à vida por intervenção divina, haverá verdadeiro milagre, por ser esse um fato contrário às leis da Natureza. Mas, se em tal homem houver apenas aparências de morte, se lhe restar uma vitalidade latente e a Ciência, ou uma ação magnética, conseguir reanimá-lo, para as pessoas esclarecidas ter-se-á dado um fenômeno natural, mas, para o vulgo ignorante, o fato passará por miraculoso. Lance um físico, do meio de certas campinas, um papagaio elétrico e faça que o raio caia sobre uma árvore e certamente esse novo Prometeu será tido por armado de diabólico poder. Houvesse, porém, Josué detido o movimento do Sol, ou, antes, da Terra e teríamos aí o verdadeiro milagre, porquanto nenhum magnetizador existe dotado de bastante poder para operar semelhante prodígio. Foram fecundos em milagres os séculos de ignorância, porque se considerava sobrenatural tudo aquilo cuja causa não se conhecia. À proporção que a Ciência revelou novas leis, o círculo do maravilhoso se foi restringindo; mas, como a Ciência ainda não explorara todo o vasto campo da Natureza, larga parte dele ficou reservada para o maravilhoso.


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Expulso do domínio da materialidade, pela Ciência, o maravilhoso se encastelou no da espiritualidade, onde encontrou o seu último refúgio. Demonstrando que o elemento espiritual é uma das forças vivas da Natureza, força que incessantemente atua em concorrência com a força material, o Espiritismo faz que voltem ao rol dos efeitos naturais os que dele haviam saído, porque, como os outros, também tais efeitos se acham sujeitos a leis. Se for expulso da espiritualidade, o maravilhoso já não terá razão de ser e só então se poderá dizer que passou o tempo dos milagres. (A Gênese, de Allan Kardec, cap. XIII, itens 1 a 3)

* Ainda no livro: A Gênese, de Allan Kardec (cap. XV, item 47), temos o seguinte comentário do autor a respeito da transformação de água em vinho: Este milagre, referido unicamente no Evangelho de S. João, é apresentado como o primeiro que Jesus operou e, nessas condições, devera ter sido um dos mais notados. Entretanto, bem fraca impressão parece haver produzido, pois que nenhum outro evangelista dele trata. Fato não extraordinário era para deixar espantados, no mais alto grau, os convivas e, sobretudo, o dono da casa, os quais, todavia, parece que não o perceberam. Considerado em si mesmo, pouca importância tem o fato, em comparação com os que, verdadeiramente, atestam as qualidades espirituais de Jesus. Admitido que as coisas hajam ocorrido, conforme foram narradas, é de notar- se seja esse, de tal gênero, o único fenômeno que se tenha produzido. Jesus era de natureza extremamente elevada, para se ater a efeitos puramente materiais, próprios apenas a aguçar a curiosidade da multidão que, então, o teria nivelado a um mágico. Ele sabia que as coisas úteis lhe conquistariam mais simpatias e lhe granjeariam mais adeptos, do que as que facilmente passariam por fruto de grande habilidade e destreza. Se bem que, a rigor, o fato se possa explicar, até certo ponto, por uma ação fluídica que houvesse, como o magnetismo oferece muitos exemplos, mudado as propriedades da água, dando-lhe o sabor do vinho, pouco provável é se tenha verificado semelhante hipótese, dado que, em tal caso, a água, tendo do vinho unicamente o sabor, houvera conservado sua coloração, o que não deixaria de ser notado. Mais racional é se reconheça aí uma daquelas parábolas tão frequentes nos ensinos de Jesus, como a do filho pródigo, a do festim de bodas, do mau rico, da figueira que secou e tantas outras que, todavia, se apresentam com caráter de fatos ocorridos. Provavelmente, durante o repasto, terá ele aludido ao vinho e à água, tirando de ambos um ensinamento. Justificam esta opinião as palavras que a respeito lhe dirige o mordomo: “Toda gente serve em primeiro lugar o vinho bom e, depois que todos o têm bebido muito, serve o menos fino; tu, porém, guardas até agora o bom vinho.” Entre duas hipóteses, deve-se preferir a mais racional e os espíritas não são


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tão crédulos que por toda parte vejam manifestações, nem tão absolutos em suas opiniões, que pretendam explicar tudo por meio dos fluidos.

No sentido teológico, o caráter essencial do milagre é o de ser uma exceção aberta nas leis da Natureza, o que, conseguintemente, o torna inexplicável mediante essas mesmas leis. Deixa de ser milagre um fato, desde que possa explicarse e que se ache ligado a uma causa conhecida. Desse modo foi que as descobertas da Ciência colocaram no domínio do natural muitos efeitos que eram qualificados de prodígios, enquanto se lhes desconheciam as causas. Mais tarde, o conhecimento do princípio espiritual, da ação dos fluidos sobre a economia geral, do mundo invisível dentro do qual vivemos, das faculdades da alma, da existência e das propriedades do perispírito, facultou a explicação dos fenômenos de ordem psíquica, provando que esses fenômenos não constituem, mais do que os outros, derrogações das leis da Natureza, que, ao contrário, decorrem quase sempre de aplicações destas leis. Todos os efeitos do magnetismo, do sonambulismo, do êxtase, da dupla vista, do hipnotismo, da catalepsia, da anestesia, da transmissão do pensamento, a presciência, as curas instantâneas, as possessões, as obsessões, as aparições e transfigurações, etc., que formam a quase totalidade dos milagres do Evangelho, pertencem àquela categoria de fenômenos. (Livro: Obras póstumas. Allan Kardec, cap. Estudo sobre a natureza do Cristo)


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pesca

maravilhosa Avanรงa para o mar e lanรงa as tuas redes de pescar...


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— Respondeu-lhe Simão: Mestre, traba lançarei a rede. — Tendo-a lançado, ap Acenaram para os companheiros que e encheram de tal modo as barcas, que p

u Um dia, estando Jesus à margem do lago de Genesaré, como a multidão de povo o comprimisse para ouvir a palavra de Deus — viu ele duas barcas atracadas à borda do lago e das quais os pescadores haviam desembarcado e lavavam suas redes. — Entrou numa dessas barcas, que era de Simão, e lhe pediu que a afastasse um pouco da margem; e, tendo-se sentado, ensinava ao povo de dentro da barca. Quando acabou de falar, disse a Simão: Avança para o mar e lança as tuas redes de pescar.


alhamos a noite toda e nada apanhamos; contudo, pois que mandas, panharam tão grande quantidade de peixes, que a rede se rompeu. — estavam na outra barca, a fim de que viessem ajudá-los. Eles vieram e por pouco estas não se submergiram. (Lucas, 5:1-7)

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SOBRE A DUPLA VISTA As faculdades, que temos visto produzirem-se naquele estado, desenvolvemse algumas vezes no estado normal em alguns indivíduos. Resulta daí, para

esses, a faculdade de ver além dos limites dos sentidos. Percebem as coisas ausentes até onde se estende a ação da alma; vêm, se assim nos podemos expressar, através da vista ordinária, e os quadros, que descrevem, bem como os fatos que relatam, se lhes apresentam como por uma miragem. É o fenômeno designado pelo nome de dupla vista. Nada apresentam de surpreendentes estes fatos, desde que se conheça o poder da dupla vista e a causa, muito natural, dessa faculdade. Jesus a possuía em grau elevado e pode dizer-se que ela constituía o seu estado normal, conforme o atesta grande número de atos da sua vida, os quais, hoje, têm a explicá-los os fenômenos magnéticos e o Espiritismo. A pesca qualificada de miraculosa igualmente se explica pela dupla vista. Jesus não produziu espontaneamente peixes onde não os havia; ele viu, com a vista da alma, como teria podido fazê-lo um lúcido vigil, o lugar onde se achavam os peixes e disse com segurança aos pescadores que lançassem aí suas redes. * Em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, extraímos informações sobre o fenômeno de dupla vista: 447. 0 fenômeno designado pelo nome de dupla vista tem relação com o sonho e o sonambulismo? — Tudo isso não é mais do que uma mesma coisa. Isso a que chamas dupla vista é ainda o Espírito em maior liberdade, embora o corpo não esteja adormecido. A dupla vista é a vista da alma. 448. A dupla vista é permanente? —A faculdade, sim; o seu exercício, não. Nos mundos menos materiais que o vosso, os Espíritos se desprendem mais facilmente e se põem em comunicação apenas pelo pensamento, sem excluir, entretanto, a linguagem articulada; também a dupla vista é para a maioria uma faculdade permanente; seu estado normal pode ser comparado ao dos vossos sonâmbulos lúcidos, e essa é também a razão por que eles se manifestam a vós mais facilmente do que os encarnados de corpos mais grosseiros. 449. A dupla vista se desenvolve espontaneamente ou pela vontade de quem a possui? — Na maioria das vezes, ela é espontânea, mas a vontade também, muitas vezes, desempenha um grande papel. Assim, podes tomar, por


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exemplo, certas pessoas chamadas leitoras da sorte, algumas das quais possuem esta faculdade de dupla vista e nisso a que chamas visão. 450. A dupla vista é suscetível de se desenvolver pelo exercício? — Sim, o trabalho sempre conduz ao progresso, e o véu que encobre as coisas se torna transparente. 450 – a) Esta faculdade se liga à organização física? — Por certo, a organização desempenha o seu papel; há organizações que se mostram refratárias 451. De onde vem que a dupla vista pareça hereditária em cenas famílias? -Similitude de organizações, que se transmite, como as outras qualidades físicas; e depois, desenvolvimento da faculdade por uma espécie de educação, que também se transmite de um para outro. 452. E verdade que certas circunstâncias desenvolvem a dupla vista? – A doença, a proximidade de um perigo, uma grande comoção podem desenvolve-la. O corpo se encontra às vezes num estado particular que permite ao Espírito ver o que não podeis ver com os olhos do corpo. Comentário de Kardec: Os tempos de crise e de calamidades, as grandes emoções todas as causas enfim, de superexcitação moral provocam às vezes o desenvolvimento da dupla vista. Parece que a Providência nos dá, em presença do perigo, o meio de conjugar. Todas as seitas e todos os partidos perseguidos oferecem numerosos exemplos a respeito. disso?

453. As pessoas dotadas de dupla vista sempre têm consciência

– Nem sempre; para elas. é coisa inteiramente natural, e muitas dessas pessoas acreditam que se todos se observassem nesse sentido, perceberiam ser como elas. 454. Poder-se-ia atribuir a uma espécie de dupla vista a perspicácia de certas pessoas que, sem nada terem de extraordinário, julgam as coisas com mais precisão do que as outras? –É sempre a alma que irradia mais livremente e julga melhor do que sob o véu da matéria. coisas?

454 – a) Esta faculdade pode, em certos casos, dar a presciência das

–-Sim; ela dá também os pressentimentos, porque há muitos graus desta faculdade e o mesmo indivíduo pode ter todos os graus ou não ter mais do que alguns. *


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Um outro exemplo do fenômeno de dupla vista que se deu com Jesus: Quando eles se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, perto do Monte das Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos, dizendo-lhes: — Ide a essa aldeia que está à vossa frente e, lá chegando, encontrareis amarrada uma jumenta e junto dela o seu jumentinho; desamarrai-a e trazei-mos. — Se alguém vos disser qualquer coisa, respondei que o Senhor precisa deles e logo deixará que os conduzais. — Ora, tudo isso se deu, a fim de que se cumprisse esta palavra do profeta: — Dizei à filha de Sião: Eis o teu rei, que vem a ti, cheio de doçura, montado numa jumenta e com o jumentinho da que está sob o jugo. (Zacarias, 9:9-10) Os discípulos então foram e fizeram o que Jesus lhes ordenara. — E, tendo trazido a jumenta e o jumentinho, a cobriram com suas vestes e o fizeram montar. (S. Mateus, 21:1-7.) * A história registra também muitos casos dessa ordem, como o ocorrido com Apolônio de Tiana, que, estando a ensinar a seus discípulos em praça pública, interrompeu-se de repente, na atitude ansiosa de quem espera alguma grave ocorrência, e em seguida anunciou o assassínio de Domiciano, morto sob o punhal de um liberto. Outro caso, a título de exemplo, foi narrado por Immanuel Kant numa carta sua para Charlotte von Knobloch, datada de Konigsberg, aos 10 de outubro de 1759 [ou depois], transcrita a seguir: “Esta ocorrência parece ser a prova cabal dos poderes paranormais de Swedenborg. Às 4 horas da tarde de um sábado de setembro, do ano de 1759, Swedenborg chegou a Gotemburgo, vindo da Inglaterra e foi convidado à casa do Sr. William Castel, junto com mais quinze pessoas. Por volta das 18 horas, Swedenborg deu uma saída e, momentos depois, retornou à sala, pálido e visivelmente alarmado. E, em voz alta, disse a todos que, naquele exato momento, um grande incêndio irrompera em Estocolmo, no bairro de Sodermalm (Gotemburgo distava 300 milhas inglesas de Estocolmo) e que o fogo se alastrava com muita rapidez. Swedenborg estava agitado e entrava e saía da sala. Disse que a casa de um de seus amigos, cujo nome declinou, estava em cinzas e que sua própria casa estava ameaçada pelo fogo. Às 20 horas, voltou à sala e exclamou exultante: ‘Graças a Deus! O fogo foi extinto a 3 portas da minha casa’. O incidente causou forte impressão nas pessoas que o presenciaram e teve ampla repercussão na cidade. E chegou ao conhecimento do Governador naquela mesma noite. Na manhã do dia seguinte, domingo, o governador convocou Swedenborg ao palácio e quis saber todos os pormenores do sinistro. Swedenborg descreveu-lhe, minuciosamente, todo o incidente; como o incêndio tinha começado; quanto tempo tinha durado e como tinha sido extinto. Naquele


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mesmo dia o episódio se espalhou pela cidade e, com o endosso do governador, a notícia causou grande consternação. Todos lamentavam a sorte de amigos e parentes que poderiam ter sido atingidos pelo incêndio. Segunda-feira à noite chegou a Gotemburgo um mensageiro enviado pela Câmara de Comércio de Gotemburgo e que havia deixado a cidade durante o incêndio. As cartas trazidas por ele descreviam o sinistro tal qual Swedenborg o descrevera. Na manhã de terça-feira, chegou ao palácio do governador um mensageiro real trazendo o trágico relato do incêndio. Tudo coincidia, exatamente, com a descrição de Swedenborg; o fogo tinha sido, efetivamente, debelado às vinte horas do domingo”. Emanuel von Swedenborg, nasceu em Estocolmo a 29 de janeiro de 1688, filho de um bispo da Igreja luterana sueca.

No fenômeno da dupla vista, por se achar a alma parcialmente liberta do envoltório material, que lhe limita as faculdades, não há duração, nem distância; visto que lhe é dado abranger o espaço e o tempo, tudo se lhe confunde no presente. Livre dos entraves da carne, ela julga dos efeitos e das causas melhor do que nós, que não podemos fazer outro tanto; vê as conseqüências das coisas presentes e pode levar-nos a pressenti-las.


e

pregando

curando Jesus percorria toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando toda e qualquer doenรงa ou enfermidade do povo.


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Marcos, 1:14-15 e 39

j Mateus, 4: 23-25 Jesus percorria toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando toda e qualquer doença ou enfermidade do povo. A sua fama espalhou-se por toda a Síria, de modo que lhe traziam todos os que eram acometidos por doenças diversas e atormentados por enfermidades, bem como endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E ele os curava. Seguiam-no multidões numerosas vindas da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judéia e da região além do Jordão.

14. (Depois que João foi aprisionado, Jesu para a Galileia)

15. anunciando a Boa-Nova e dizendo: “O tempo completou-se e o reino de Deus aprox se: reformai Vossa mente e confiai na Boa-N ...........................

39. E foi por toda a Galileia pregando nas sinagogas deles e expelindo os desencarnad (obsessores).


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s dos

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Lucas, 5:15 e 44 15. E ele ensinava nas sinagogas deles, sendo elogiado por todos. ........................... 44. E pregava nas sinagogas da JudĂŠia.


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Encontramos neste ponto um resumo das atividades de Jesus com o cerne de sua pregação. Em Marcos, afirma o Mestre que “o tempo se completou”, como se dissesse “esgotou-se o prazo” ou então “chegou a época”. A seguir esclarece que o “reino dos céus (Mateus) ou de Deus (Marcos) se “aproximou”, palavras que já haviam sido ditas pelo Batista. Devemos entender REINO no mesmo sentido que usamos reino mineral, vegetal, animal, hominal e, prosseguindo na escala, reino celestial ou reino divino.

A terceira proposição pede a reforma mental, a modificação do modo de pensar, a elevação da mente acima das coisas materiais, ilusórias e passageiras. A quarta assertiva é uma ordem, também no imperativo como a anterior: “confiai na Boa-Nova”. Neste ponto Jesus pede que os homens confiem na Boa


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Notícia que lhes traz. Essa é a síntese do que Jesus dizia aos sábados nas sinagogas de toda a Galileia. Uma das características do desempenho de Sua missão, como seria mais tarde a dos apóstolos, foi a pregação nas sinagogas. Seguindo Mateus verificamos que

circunstantes, por onde, literalmente circulava. Assinalam, ainda, que curava todas as enfermidades e expulsava os obsessores. * Reformai Vossa mente e confiai na Boa-Nova: a convocação de Jesus em suas pregações, com sua infinita sabedoria. Por Ele saber que o pensamento é dínamo gerador de energias que se exteriorizam conforme a frequência vibratória em que se movimenta; que o pensamento realiza o que você cultiva; que o pensamento é força poderosa; que o pensamento produz conforme é elaborado; que o que você pensa define a qualidade do que você é; que seus clichês mentais constituem a sua realidade, demonstrando as conquistas que lhe exornam o processo de evolução, foi que, como psicoterapeuta que era, orientava a reformulação de crenças e valores, começando com a reforma da mente. Pois que somente assim seria possível às pessoas entenderem as propostas da Boa Nova e nelas confiarem. De um modo geral, as crenças são nossos princípios orientadores. Nós agimos como se elas fossem verdade, quer elas sejam ou não. Elas são os princípios nos quais baseamos nossas ações.

Jesus estabeleceu como centro de fixação a cidade de Cafarnaum (que significa “cidade do Consolador”), irradiando de lá pelas zonas

E nossas próprias experiências pessoais demonstram que as crenças podem ser mudadas. E, com isso, mudando nossas atitudes. As crenças são reveladas pelo que você faz, não pelo que você diz.


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A boca fala o de que o coração está cheio.

que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?

Jesus conhecia o seu “rebanho”, e afirmava: Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, E compreendam com o coração, E se convertam, E eu os cure.” (Mateus 13: 15)

E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?

Assim, para auxiliar na “reforma da mente”, o Mestre se fazia incansável com seus ensinos, demonstrando, comparativamente, a nova visão da vida e do comportamento, trazida pela Boa Nova, como exemplo que segue (Mateus 5: 38-47), dentre outros muitos constantes nas Escrituras: Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam,

E, compassivamente, esclarecia todos, sempre, alimentando-lhes a mente com novos raciocínios, de modo a que pudessem entender Deus, não como Senhor dos Exércitos, mas como Pai, como Amor, buscando fortalecer-lhes a fé, como se lê em Lucas, 12: 22-32: Depois disse a seus discípulos: “Por isso vos digo: Não vos preocupeis com a vida, quanto ao que haveis de comer, nem com o corpo, quanto ao que haveis de vestir. Pois a vida é mais do que o alimento e o corpo mais do que a roupa. Olhai os corvos; eles não semeiam nem colhem, não têm celeiro nem depósito; mas Deus os alimenta. Quanto mais valeis vós do que as aves! Quem dentre vós, com as suas preocupações, pode prolongar por um pouco a duração de sua vida? Portanto, se até as coisas mínimas ultrapassam o vosso poder, por que preocupar-vos com as outras? Considerai os lírios, como não fiam, nem tecem. Contudo, eu vos asseguro que nem Salomão, com todo o seu esplendor, se vestiu como um deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que existe hoje e amanhã será lançada no forno, quanto mais a vós, homens fracos na fé! Não busqueis o que comer ou beber; e não vos inquieteis! Pois são os gentios deste mundo que estão à procura de tudo isso: vosso Pai sabe que tendes necessidade disso. Pelo contrário, buscai o seu Reino, e essas coisas vos serão acrescentadas. Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado


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do vosso Pai dar-vos o Reino!” * Pensemos um pouco mais detidamente sobre a afirmativa do Cristo: reformar nossa mente...

VIDA MENTAL Texto baixado do Blog – Projeto INOVE: www.projetoinove.com.br, com a devida licença, que aborda o tema da vida mental:

Sabemos que tudo aquilo que pensamos com insistência, que vitalizamos pelo pensamento, hoje ou mais tarde se concretiza, uma vez que os fatos se corporificam, de início, no campo mental, para depois se tornarem realidade no mundo das formas. Outrossim, conforme ensinamento colhido na Bhagavad-Gita, o homem é feito de sua crença. E o que ele acredita, ele é.

Sigmund Freud, médico neurologista criador da psicanálise.

As crenças representam uma das estruturas mais importantes do comportamento. Quando realmente acreditamos em algo, nos comportamos de acordo com essa crença. E todos temos experiência própria de que ao mudarmos certa crença, mudamos o comportamento decorrente. Sendo as crenças mutáveis, por que não se buscar reequacionar nosso sistema de crenças, de modo e atingirmos graus elevados de excelência, pela melhoria desejada? No dizer de Buda, o Iluminado, somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos. Com nossos pensamentos fazemos o nosso mundo. Em outro momento, o pai da psicanálise, Sigmund Freud, afirmou: O pensamento é o ensaio da ação. Modernamente, o conhecimento humano vem ao encontro do já citado por Mahatma Gandhi: As doenças são os resultados não só dos nossos atos, mas

Mahatma Gandhi, iderar o Movimento pela Independência da Índia, Nobel da Paz.


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Deepak Chopra, especialista em endocrinologia, autor de mais de 25 llivros.

Albert Einstein, físico teórico, desenvolveu a Teoria da Relatividade.

também dos nossos pensamentos.

contribuindo com a mudança do mundo pessoal de cada um.

Nesse sentido, corroborando tal afirmativa, vem Deepak Chopra orientando: Você quer saber como está seu corpo hoje? Lembre-se do que pensou ontem. Quer saber como estará seu corpo amanhã? Olhe seus pensamentos hoje! [...] Orientar o pensamento, esclarecêlo e sublimá-lo é garantir, num sentido amplo, a redenção do mundo, descortinando novos e ricos horizontes para nós mesmos. Ajudando a vida mental das pessoas, mais facilmente estas alcançarão a vitória sobre si mesmas, realizando seus melhores sonhos. Compartilhamos da assertiva de Albert Einstein, quando leciona: a mente que se abre a uma ideia jamais voltará a seu tamanho original. Sendo a mente um instrumento destinado a servir-nos e não a destruir-nos, trabalhamos por mudar pensamentos, sabendo que estaremos

Possuímos em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de ação que se estende muito além dos limites de nosso próprio “eu”. Assim, ensinamos a canalizar o modo de pensar para as questões agradáveis, salutares, otimistas, a fim de que se viva sob o seu reflexo, desfrutando do bem-estar que se irradiará a outros, mimetizando e produzindo paz. No dizer de Deepak Chopra: O que for teu desejo, assim será tua vontade. O que for tua vontade, assim serão teus atos. O que forem teus atos, assim será teu destino. A mente plasma tudo. Bem conduzida, de maneira inteligente, alcança o triunfo. Tornando-se um consciente criador de escolhas, assumindo o controle de si próprio, a pessoa começará a gerar ações que são evolucionárias para ela. O êxito na vida poderia ser definido como o crescimento contínuo da


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felicidade e a realização progressiva de metas dignas. O êxito é, portanto, a capacidade de transformar facilmente os desejos em realidade.

Há sim uma arte de bem pensar e uma melhor técnica para bem viver.

sem armas, sem aparências exteriores, que deveria ter sua construção acabada no coração de cada um. Qual Anjo Feito Homem, viveu a simplicidade dos aldeões, em igualdade com seus pares. Qual Mestre dos Mestres, demarcou a História com linha divisória, para Antes Dele e Depois Dele.

Passaram-se mais de dois mil anos, e a indagação, que não deixa de ser um convite a mudanças mentais profundas, trazida pelo Mestre dos mestres, que sabia o que se passava em secreto e conhecia o que cada um pensava, ainda repercute nos dias atuais: Por que você insiste com esses pensamentos perturbadores em seu coração?

Com a linguagem simples e a natureza e o povo como exemplo, emprestando um grão de mostarda ou uma simples moeda na mão de uma pobre viúva para demonstrar seus sublimes ensinos, arrebatou corações, pacificou mentes, converteu incrédulos, causou admiração aos doutos e apreensão aos usurpadores do povo.

*

Ninguém reuniu sobre a Terra tão elevadas expressões de recursos desconhecidos quanto Jesus. Aos doentes, bastava tocar-lhe as vestiduras para que se curassem de enfermidades dolorosas; suas mãos devolviam o movimento aos paralíticos, a visão aos cegos.

[...]

Todo esse labor de Jesus, se iniciara muito antes do momento em que agora tomava corpo. Fora preparado com antecedência incomum, e os planos haviam sido elaborados de forma que ocorressem no tempo próprio. Agora materializava-se a grande missão, de modo amplo e publicamente, à beira de lagos e em praças, nas residências e nas sinagogas, entre pobres e ricos, homens e mulheres, crianças ou idosos. Ao invés de um Messias vingativo e violento, como esperado pela maioria do povo, que viesse restituir o status perdido em tantas batalhas históricas, eis que se surpreendem com o Meigo Rabi, que, qual pastor, apresentava-se reunindo as ovelhas perdidas de Israel. Qual Sublime Intérprete da Divindade, catou a música da esperança com melodia abençoada feita de saúde e paz. Qual Inusitado Rei, implantou os alicerces de um novo reino, sem pedras,

Sua fama crescia. Multidões o seguiam. Era o alvorecer de uma nova era, cuja chegada da claridade do Sol das Almas não tinha como ser impedida. Do mesmo modo como não se segura o alvorecer de cada dia. * Pense e viverá dentro da esfera emocional elaborada. Pelo pensamento você pode ser feliz ou desventurado, reviver a felicidade ou voltar ao infortúnio. Pense bem e oriente-se, porque o pensamento é vida.


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(Palavras finais, de Marco Prisco, constantes do livro: Diretrizes para uma vida feliz, cap. Os pensamentos. Divaldo Franco.)

* Por sua vez, Emmanuel, em seu livro Fonte Viva, cap. 144, recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, comenta:

AJUDEMOS A VIDA MENTAL “E seguia-o uma grande multidão da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia e de além do Jordão.” - Mateus, 4:25

A multidão continua seguindo Jesus na ânsia de encontrá-lo, mobilizando todos os recursos ao seu alcance.


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Procede de todos os lugares, sequiosa de conforto e revelação. Inútil a interferência de quantos se interpõem entre ela e o Senhor, porque, de século a século, a busca e a esperança se intensificam. Não nos esqueçamos, pois, de que abençoada será sempre toda colaboração que pudermos prestar ao povo, em nossa condição de aprendizes. Ninguém precisa ser estadista ou administrador para ajudá-lo a engrandecer-se. Boa vontade e cooperação representam as duas colunas mestras no edifício da fraternidade humana. E contribuir para que a coletividade aprenda a pensar na extensão do bem é colaborar para que se efetive a sintonia da mente terrestre com a Mente Divina. Descerra-se à nossa frente, precioso programa nesse particular. Alfabetização. Leitura edificante. Palestra educativa. Exemplo contagiante na prática da bondade simples. Divulgação de páginas consoladoras e instrutivas. Exercício da meditação. Seja a nossa tarefa primordial o despertar dos valores íntimos e pessoais. Auxiliemos o companheiro a produzir quanto possa dar de melhor ao progresso comum, no plano, no ideal e na atividade em que se encontra. Orientar o pensamento, esclarecêlo e sublimá-lo é garantir a redenção do mundo, descortinando novos e ricos horizontes para nós mesmos. Ajudemos a vida mental da multidão e o povo conosco encontrará Jesus, mais facilmente, para a vitória da Vida Eterna.


o grande

restaurador Jesus é, portanto, o grande restaurador, mas cada espírito tem o dever de permitir-se o trabalho de autorrenovação em favor da própria felicidade.


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O GRA

DO LIVRO: Vive Cap. 10. Divaldo F Mateus, 4:24 e 25;

a As palavras que Ele pronunciava, emolduravam-se com os atos que Ele realizava. Identificado com Deus, Suas mãos produziam as curas mais diversas, e que nunca haviam acontecido antes. De todo lugar, portanto, particularmente da Síria, traziam doentes: paralíticos, cegos, surdos, lunáticos, infelizes de todo porte, que chegavam exibindo suas dores mais cruéis e padecimentos sem conforto. Jesus, tomado de compaixão, atendia-os, ministrando-lhes o bálsamo da misericórdia que escorria pelas mãos e alterava a tecedura orgânica desorganizada, restaurando lhes a saúde. Era natural que, à medida que libertava os enfermos das suas mazelas, que eles próprios haviam buscado através da insensatez, da perversidade e do crime, mais necessitados O buscassem com avidez e tormentos. Ele, porém, não atendia a todos quantos se Lhe apresentassem procurando a recuperação orgânica, emocional ou mental. A Sua era uma terapia de profundidade, que sempre convocava o paciente a não voltar a pecar, evitando-se novos comprometimentos

tormentosos, mediante a tra

Conhecendo percorridos pe os atos que pr como das aleg


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ANDE RESTAURADOR

endo com Jesus. Amélia Rodrigues, Franco ; João, 9:2 e 3; Mateus, 11:28

para que não acontecesse nada pior. Essa, sim, seria a cura real, a de natureza interior, ansformação moral, em razão de se encontrar no imo do ser a causa do seu padecimento.

o que todos os seres procedem de outros caminhos, os mais variados, que foram elos multifários renascimentos carnais, cada qual imprime nos tecidos delicados do espírito raticaram, fazendo jus às ocorrências de dor e sombra em que se encontravam, assim grias e da saúde que os visitavam. A criatura é a semeadora, mas também a ceifeira


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dos próprios atos, que se insculpem nos refolhos do ser, desenhando as futuras experiências humanas no corpo. Eis por que nem todos os doentes Lhe recebiam a atenção que esperavam encontrar. Não estavam em condições de ser libertados das aflições que engendraram antes para eles próprios, correndo o risco de logo que se encontrassem menos penalizados, corressem na busca de novas inquietações. A sabedoria de Jesus é inigualável, porque penetra no âmago dos acontecimentos, de onde retira o conhecimento que faculta entender o que sucede com cada qual que O procura. Aqueles homens e mulheres alienados, de membros paralisados, sem audição nem claridade ocular, procediam de abismos morais em que se atiraram espontaneamente, desde que luz em toda criatura a noção da Verdade, do dever e se encontram ínsitos os impulsos do amor e da paz. Não obstante, a teimosia rebelde despreza os sinais de perigo e impõe os caprichos da personalidade inquieta, desejando alterar os impositivos das leis universais a seu benefício, em detrimento das demais pessoas, no que resultam os dramas imediatos e futuros que sempre alcançam os infratores. Jesus não se permitia alterar os soberanos códigos, beneficiando aqueles que se encontravam incursos nos resgates não concluídos, deixando outros ao abandono. A Sua é a justiça ideal, que não privilegia, nem esquece. Temos a real demonstração no atendimento ao natocego. Aquele homem nascera cego e sofria, mas não reclamava. Quando Jesus passou próximo a ele, os amigos interrogaram: — Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Como ele era cego de nascença, não poderia ter pecado na atual existência e igualmente não poderia resgatar dívidas de seus pais, caso fossem pecadores. Jesus, que lhe penetrara a causalidade da cegueira, redarguiu, sereno: — Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus. Tratava-se de um voluntário, que se apresentava no ministério de Jesus, a fim de que se pudessem manifestar


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as obras de Deus, o poder de que se encontrava possuidor o Mestre. E, ato contínuo, curou o homem, utilizando-se de um processo especial, que pudesse impressionar os circunstantes. A Sua autoridade moral produzia vibrações que afastavam os Espíritos perversos, para os quais o verbo franco e gentil não lograva o êxito que se fazia necessário. Perdidos em si mesmo, conheciam da vida apenas o temor que experimentavam e que infligiam nas suas vítimas. Outros enfermos, no entanto, ao leve contato das Suas mãos recebiam a energia vitalizadora, que restaurava o campo vibratório onde se encontravam as matrizes geradoras das aflições, modificando-lhes as estruturas e reabilitando o equilíbrio. Dessa forma, era facultado ao endividado recuperar-se moralmente pelo Bem que pudesse fazer, pela utilidade de que se tornava portador, auxiliando outras pessoas que dele se acercassem. A humanidade ainda padece essas conjunturas aflitivas que merece. Existem muitos seres humanos que andam, porém, são paralíticos para o Bem, encontrando-se mutilados morais, dessa maneira sem interesse por movimentarem a máquina orgânica de que se utilizam para a própria como para a edificação do seu próximo. Caminham, e seus passos os dirigem para as sombras, a que se atiram com entusiasmo e expectativas de prazer, imobilizando-se nas paixões dissolventes que terão de vencer... Há outros que pensam, mas a alucinação faz parte da sua agenda mental: devaneando no gozo, asfixiando-se nos vapores entorpecentes, longe de qualquer realização enobrecedora. Intoxicados pela ilusão dos sentidos, não conseguem liberar-se das fixações perniciosas que os atraem e os dominam. (...) E quantos que têm olhos e ouvidos, mas apenas deles se utilizam para os interesses servis a que se entregam raramente direcionando a visão para o Alto e a audição para a mensagem de eterna beleza da vida? Ainda buscam Jesus nos templos de fé, a que recorrem, uma que outra vez, mantendo a fantasia de merecer privilégios, de desfrutar regalias, sem qualquer compromisso com a realidade ou expectativa ditosa para o amanhã, sem a mórbida inclinação para o vício, para a perversão. Alguns conseguem encontrá-lo, e se fascinam por breves momentos, logo O abandonando, porque não tiveram a sede de gozo atendida, nem se fizeram capazes de sacrificar a dependência tormentosa a fim de serem livres. Não são poucos aqueles que se encontram escravizados à infelicidade por simples prazer a que se acostumaram, disputando a alegria de permanecer no pantanal das viciações morais. Estão na luz do dia e deambulam nas sombras da noite. Possuem razão e discernimento, no entanto, os direcionam exclusivamente para os apetites apimentados do insaciável gozo.

en co va

tra


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Vivem iludidos e se exibem extravagantes, no palco terrestre, até quando as nfermidades dilaceradoras — de que ninguém se pode evadir —, ou a morte os dominam e onsomem. Despertam, mais tarde, desiludidos e sem glórias, sem poder, empobrecidos de alores morais, que nunca os acumularam.

Jesus é, portanto, o grande restaurador, mas cada espírito tem o dever de permitir-se o abalho de autorrenovação em favor da própria felicidade. A Sua voz continua ecoando na acústica das almas: - Vinde a mim, (...), e eu vos aliviarei! É necessário, porém, ir a Ele...

Amélia Rodrigues


O

poema de

Elias

Quem com Ele contatasse uma vez, jamais ficaria indiferente: amava-0 ou perseguia-O, porque Ele penetrava os labirintos do ser, despertando os sentimentos latentes que, bons ou maus, reagiam conforme a sua procedĂŞncia.


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O POEMA DE ELIAS

o O Semeador de bênçãos distendia Sua misericórdia por toda parte. Onde chegava, as multidões O cercavam, exibindo-Lhe as misérias que as consumiam e suplicando-Lhe socorro. Compassivo, entendendo a gênese do mal e a necessidade de apoio aos que eram suas vítimas, amparava os sofredores, retirando-lhes as mazelas, por algum tempo, ensinando como erradicá-las depois, mediante o contributo da vontade e do esforço pessoal de cada um.

DO LIVRO: O trigo de Deus. Amélia Rodrigues cap.: 6. Divaldo Franco


S

s,

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Incompreendido em todo lugar, Ele transferia-se de cidade e de aldeia, sem nunca abandonar o labor misericordioso. Não havia lugar para Ele, e quase que ainda hoje também não há. Mas, indiferente às circunstâncias e reações, que sabia procederem da ignorância, da inferioridade humana, continuava impertérrito, semeando o amor, socorrendo. Luz do mundo, onde se apresentasse era claridade.


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Pastor sublime, no lugar em que chegava arrebanhava os corações.

sentimentos latentes que, bons ou maus, reagia sua procedência.

Água viva, matava a sede com a Sua simples presença.

Por onde passava, ali se insculpiam estrelas n dos corações.

Pão do céu, nutria com ternura e palavras, esparzindo alimento com as mãos ricas de compaixão.

Nem todos O seguiam, porque, crianças espir possuíam entendimento para penetrar-Lhe as liç que o germinar das Suas palavras aconteceria n porvindouros, no suceder das reencarnações fut isso, sem pressa, semeava e regava com amor, os tempos futuros realizassem o seu mister.

Quem com Ele contatasse uma vez, jamais ficaria indiferente: amava-0 ou perseguia-O, porque Ele penetrava os labirintos do ser, despertando os

Antes, enviara Emissários fiéis, que Lhe anun


am conforme a

nas paisagens

rituais, não ções. Ele sabia nos séculos turas... Por deixando que

nciaram

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o advento, aplainaram os caminhos, prepararam os ouvintes. Agora viera Ele próprio, Senhor dos Espíritos e das Vidas. Não O podiam compreender, por enquanto, os homens imediatistas e impulsivos, venais e infantis. Mesmo a maldade de que davam mostras, iracundos e ferozes, resultava mais da ignorância, da inferioridade em que se demoravam, do que da perversidade lúcida. Por assim entender, atendia-os, desculpava-os, sendo enérgico com os desonestos e astutos fariseus, contumazes exploradores do povo e instigadores perversos das massas, que desprezavam, na razão direta que essas lhes eram mais subservientes, submissas. Não obstante demonstrasse a Sua procedência curando enfermidades, expulsando obsessores, difamavam-nO os inimigos e O expulsavam dos lugares em que se encontrava, vítimas inconscientes de Entidades malignas da Erraticidade inferior. Peregrino do amor, Ele seguia adiante, palmilhando as terras crestadas pelo Sol, no verão causticante, ou vencendo o frio cortante, no inverno rigoroso... Andarilho das estrelas, caminhava com os Seus, de lugar em lugar, acendendo luz para o entendimento da Verdade, que logo depois apresentaria. O começo do Seu ministério foram as curas dos corpos estropiados, que os olhos veem, as emoções sentem e os comentários divulgam. Em muitas ocasiões, porém, pediu que os beneficiários silenciassem os Seus feitos. Não porque temesse os inimigos, mas por desejar poupar dos maus os que se haviam recuperado. As armas dos perversos são infames e, quando não podem alcançar quem pretendem, atingem outras pessoas que são testemunhas, desmoralizando-as, afligindo-as, com a intenção de invalidar os seus depoimentos. Assim ainda são os homens e este é o seu mundo, pequeno mundo de homens-paixões perturbadores. * A dor amesquinha os fracos e engrandece os fortes.


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Arrebenta as resistências dos tímidos e aumenta as dos estóicos. Enlouquece os débeis e sublima os corajosos. Como a grande mole humana é constituída de homens e mulheres em processo de crescimento, sem segurança nem fortaleza de ânimo, os sofrimentos, que os excruciam, tornam-nos alucinados. A alguém com uma cefalalgia, não se ofereçam palavras; antes se lhe dê medicação adequada... Ao faminto e ao sedento, primeiro se lhes resolvam o problema urgente, para depois informá-los de como libertar-se das geratrizes dos males que os afligem. Jesus sabia-o. Por essa razão, atendeu as dores variadas da humanidade. A Sua visão do amor socorria o necessitado, conforme a carência de que ele se fazia portador. A cada um de acordo com o seu grau de compreensão. Agia, portanto, mais do que falava, ante os que falam mais do que agem. * Quando, outra vez, resolveu transferir-se de lugar, para que se acalmassem por um pouco os Seus adversários, Ele recomendou aos que havia curado, que não O dessem a conhecer, para se cumprir o que foi dito pelo profeta Elias: Eis aqui o meu servo que escolhi; O meu amado em quem a minha alma se agrada; Sobre ele porei o meu Espírito, E ele anunciará o juízo aos gentios. Não contenderá, nem clamará, Nem ouvirá alguém a sua voz nas ruas.


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Não esmagará a cana quebrada, Nem apagará a torcida que fumega, Até que faça triunfar o juízo. Em seu nome esperarão os gentios. (*) Eram gentios todos aqueles que não nasceram israelitas. O orgulho de raça desprezava todas as raças, por sua vez por todas também desprezada. O ódio, que gera ódio, é a resposta da loucura. O orgulho, que desdenha, é desdenhado pelas suas vítimas. São eles cipoais e espinheirais que aguardam os incautos que lhes transitam pelos caminhos escabrosos. Elias, o Anunciador, já informava que os gentios O aguardavam e fariam triunfar o juízo, a Verdade. Ele a ninguém, nem a nada esmagaria, nem a cana quebrada — o cetro vergonhoso que lhe poriam na mão posteriormente — nem apagaria a torcida que fumega — os ensinos, às vezes arbitrários e absurdos, da Lei moisaica decadente — que seria conduzida pelo azeite do amor. * Nesse tumulto e nas convulsões sociais que abalavam Israel — que esperava o Enviado, na suposição falsa de livrar o seu povo da submissão romana — Ele chegou e não foi reconhecido, por ser pacífico e pacificador, não odiento e déspota como desejavam os vingadores, sendo a Luz que liberta as consciências e jamais se apaga.

Mesmo perseguido e não aceito, Jesus fez-se o Amanhecer do Novo Dia que nunca mais se entenebrecerá. A sua claridade permanece, mesmo quando as sombras ainda não se dissiparam de todo.

Amélia Rodrigues (*) Mateus — 12 : 16 a 21. (Nota da Autora espiritual.)


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PRÓXIMO FASCÍCULO: Eles não o receberam...

CRÉDITOS DESTE FASCÍCULO:

rastros L

Imagens: acervo próprio ou baixadas da Internet: Google Imagens e The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints Livros: A Bíblia de Jerusalém, além dos citados no corpo do fascículo.

um olhar na história

de

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