00014
por 1
503201
320063
mariana bertolucci
d e z /ja n / fe v 2015/2016 #14 R$ 10
MARIA DUHÁ Fall in NY MODA Festas e Verão especial NY TRAMA
O gringo e a top
Lucas mendes e rose ganguzza
O jornalista brasileiro e a produtora de cinema americana dividem família, projetos e rotinas em Nova York há mais de 35 anos
CrĂŠditos: Raul Krebs
sumário
Todo mundo NY
6
Chega às bancas a última Bá do intenso e tenso 2015. 14 é a primeira de uma trilogia de revistas temáticas e comemorativas ao terceiro ano deste instigante e delicioso desafio que é fazer a Revista Bá. Os próximos números, 15 e 16, serão dedicados a personagens e histórias do Uruguai e da Serra Gaúcha, respectivamente. A Bá NY está recheada de boas surpresas. Começando pelas histórias do jornalista brasileiro Lucas Mendes e de sua mulher, Rose Ganguzza, que já morou em Porto Alegre e é a madrinha do cinema independente nova-iorquino. A foto de capa é da sensível fotógrafa e colunista da Bá Julia Ramos. Cidadã de Nova York há anos, a professora, produtora e fomentadora cultural gaúcha Maria Duhá Klinger divide seu olhar atento e bem-humorado conosco. Outra porto -alegrense radicada em NY que se junta ao time da Bá é Cristiane Cavalcante Buntin. Conheci a minha xará Mariana Coldebella no fim dos anos 90. Ela tinha pouco mais de 15 anos, era uma menina linda, amorosa e engraçada fazendo os primeiros trabalhos como modelo. Eu e a Paola Deodoro nos apaixonamos por ela à primeira vista. Fomos para Santa fotografar e tivemos a certeza de que a magrela sapeca e risonha seria muito top e nos encheria de orgulho. Me enche de orgulho e de saudade também, outro reencontro criativo desta edição. A Ola, minha parceira de bons anos de redação, outra amiga amada nossa, a Karina Steiger conheceram-se em Manhattan, e o que a Grande Maçã uniu a Revista Bá celebra e aplaude nas páginas do lindo editorial de moda clicado pelo fera Raul Krebs, com beleza da talentosa equipe de Aline Matias. Para nos encher ainda mais de orgulho, nossa revisora Daniela Damaris Neu ganhou dois prêmios Açorianos com seu ensaio O Som da Folha Quando Cai. O de Melhor Ensaio e de Livro do Ano. É muito amor e talento reunido numa só revista! Desejo que todo esse sentimento de união, carinho e paz estenda-se por todo o mundo em 2016.
Sintonia convergente
editorial
Lucas Mendes e Rose Ganguzza
Obrigada e boa leitura! Mariana Bertolucci
Foto da capa: Julia Ramos
36
62
Tricia Abensur Ti ng, 14 anos de NY
Laura Li nn em busca da emoção
Direção
Mariana Bertolucci marianaabertolucci@gmail.com Editora
VIVER BEM
EMOCIONANTE ATUAÇÃO
Mariana Bertolucci Arte e diagramação
Auracebio Pereira Revisão
Daniela Damaris Neu Comercial
Denise Dias denisebcdias@gmail.com Fone (51) 9368-4664 Editora do site da Bá
www.revistaba.com.br Letícia Heinzelmann leca_he@hotmail.com Marketing e redes sociais
Astral Consultoria de Marketing por Julia Cappellari Laks julia@astralconsultoria.com
O u niverso VIP de Fernando Tormena
38
DECIDIDA VOCAÇÃO
NA PONTE BR-NY
Colunistas
Ana Mariano Andréa Back André Ghem Angela Xavier Claudia Tajes Cristiane Cavalcante Buntin Cristie Boff Fernanda Zaffari Fernando Ernesto Corrêa Henrique Steyer Jaqueline Pegoraro Julia Ramos Ivan Mattos Ligia Nery Livia Chaves Barcellos Marco Antônio Campos Maria Duhá Orestes de Andrade Jr. Vitor Raskin Vitório Gheno
Gabrielle Fleck saiu de casa aos 14 anos para ser atriz
66
A revista Bá não se responsabiliza pelas opiniões expressas nos artigos assinados. Elas são de responsabilidade de seus autores. Todos os direitos reservados.
capa
6|
Conexão sem fronteiras Mariana Bertolucci O brasileiro Lucas Mendes Campos e a americana Rose Ganguzza cruzaram seus caminhos e vidas no final dos anos 1970. Em outubro último, ele recebeu o Maria Moors Cabot, prestigiado e mais antigo prêmio do jornalismo mundial dos Estados Unidos, com o qual foi reconhecido como um dos cinco melhores jornalistas do mundo por seu trabalho pelo diálogo e pela democracia nas Américas. Devido à importância de sua atividade como produtora de cinema, Rose foi considerada madrinha do filme independente em NY pelo Herald de Paris. Filho de pai dentista e de mãe dona de casa, Lucas nasceu numa típica família mineira, no dia 2 de maio de 1944. Como os irmãos, Juarez e Onofre, também referências em suas áreas, estudou no Colégio Militar de Belo Horizonte. Sobrinho-neto do poeta modernista Murilo Mendes, em 1965, o então estudante, já de olho no mundo, foi morar no Rio de Janeiro pensando em ser diplomata. O trabalho de repórter nas revistas Fatos & Fotos e Manchete, da Bloch Editores, mudou os planos, e ele se tornou jornalista. Em 1968, selecionado para uma bolsa de estudos de um ano, ra-
dicou-se em Nova York. Quando o curso terminou, a vaga de correspondente pela Bloch Editores na cidade que não dorme estava garantida. Foi questão de tempo para a Rede Globo colocar o olho no jovem talento, que em 1975 transferiu-se para a emissora de Roberto Marinho. Desde então, nas quatro últimas décadas, boa parte do noticiário internacional ganhou a versão desse mineiro simpático e apaixonado pela família, pelo cinema, por bons vinhos e livros e pelo tênis. Foram centenas de boas e más notícias, coberturas de crises e de conflitos nas Américas Central e |7
Família em Minas: da esquerda para a direita, Onofre, Juarez, o primo Ivan de mãos dadas com Lucas Latina, revoluções da Nicarágua, de El Salvador e Guerra das Malvinas. Foi ele também quem contou aos brasileiros sobre o Caso Watergate, a renúncia de Richard Nixon. Noticiou as posses dos presidentes americanos Jimmy Carter e Ronald Reagan e fez entrevistas exclusivas com ambos, além de uma marcante com Robert Gallo, um dos cientistas que identificou o vírus da aids. Ele também emocionou o Brasil ao relatar os dramas do assassinato de John Lennon e da explosão do ônibus espacial Challenger. Woody Allen, Muhammad Ali e o líder o palestino Yasser Arafat estão entre alguns personagens contempo8|
râneos da história que responderam às suas perguntas. Mesma época, no final da efervescente década de 1970, em que ele conheceu a segunda mulher, Rose, recém-chegada de uma temporada de três anos em Porto Alegre, onde viveu de 1975 a 1978. De volta à cidade natal, Rose faz parte da primeira geração americana de uma família de imigrantes italianos e é uma apaixonada pela sétima arte. Fez mestrado em Relações Internacionais na Universidade de Columbia e, seduzida pela criatividade e pelo ziriguidum verde e amarelo, atuou como manager da carreira norte-americana de Pelé, quando ele
jogou no Cosmos. Ela é uma referência para muitos gaúchos e brasileiros em geral que visitam ou vão morar em NY, recebendo-os com gentileza e um português com sotaque, porém impecável. No início de seu currículo, está a coprodução norte -americana e brasileira O Beijo da Mulher Aranha, em que ela desempenhou importante papel ao fomentar um novo jeito de fazer cinema no Brasil. Sobre a identificação com o sul do Brasil, Rose acredita em uma herança cultural: “Por ter origem italiana, fui criada com mais afeto e hábitos um pouco diferentes dos americanos tradicionais, e acho que o sul do Brasil tem esse lado família bem europeu”. Com mais de 30 anos de experiência na indústria do entretenimento, em 2014, ela fundou e é a CEO da Rose Pictures LLC, uma empresa especializada em cinema independente de televisão, longas e curtas-metragens, na qual ela coordena todo o processo de produção, desde a captação até a finalização. Ficou conhecida mundialmente por filmes como Kill Your Darlings (2014), As Palavras (2012), Margin Call (2011), New York, Eu te Amo (2008). Além de criar empregos, estimulando a economia cinematográfica, é uma marcante ativista da turma nova-iorquina que mantém a criatividade cinematográfica da megalópole viva e fluindo. Sua primogênita é Francesca Damato, filha que teve com o gaúcho Luiz Fernando Fuchs. Empresária bem-sucedida e vice-presidente executiva de marketing da Esteer Lauder, Francesca mora em Nova York e é mãe dos dois netos de Rose, de oito e cinco anos. A paixão pelo cinema está também no DNA do filho caçula, com Lucas, o escritor, diretor e produtor Antonio Campos. Premiado em Cannes aos 21 anos com o filme
Buy It Now, ele comanda ao lado de dois sócios uma empresa já reconhecida internacionalmente no mercado, a Borderline Films. Em Karlovy Vary, na República Checa, receberam uma retrospectiva de seus últimos 10 anos de atuação na indústria cinematográfica norte-americana, e todos os seus filmes e projetos foram exibidos e discutidos. Antonio acaba de ser selecionado para Sundance com o mais recente longa dirigido por ele, Christine. Como produtor de James White, ele está competindo no Independent Spirit Awards. Anos antes de Antonio mergulhar no sedutor universo da tela grande norte -americana, quando ainda não tinha 10 anos, em 1990, Lucas deixou o cargo na Globo NY e teve uma rápida passagem pela TV Record, até a sede nova-iorquina da emissora fechar as portas, em 1992. Foram nove meses sem emprego fixo. O tempo de uma gestação. Em 1993, veio o convite do GNT, e foi concebido por ele o Manhattan Connection, o programa mais bem-sucedido da TV a cabo brasileira. Depois de 23 anos no comando, ele hoje divide a bancada com o veterano Caio Blinder, além de Pedro Andrade, Diogo Mainardi e Ricardo Amorim. Depois de 17 anos no GNT, o Manhattan Connection agora é transmitido pela GloboNews. Mendes ainda é autor dos livros de crônicas Conexão Manhattan, de 1997, e Manhattan re-Conexões, de 2004. Se tem algum grande sonho em qualquer âmbito da vida? Ele responde mineirinho e bem pé no chão: “Nunca tive grandes sonhos. Só pequenos”. E ainda considera devolvendo-me a pergunta para a qual ele mesmo tem a resposta: “25 anos de conexão? Talvez...”. MB |9
Como despertou a paixão pelos Estados Unidos? Nunca tive paixão pelos EUA nem por qualquer país. Vim para cá com uma bolsa que escolhia pessoas críticas, em especial esquerdistas, como eu, dos EUA. O sistema judiciário, a liberdade de imprensa e a energia das grandes cidades me conquistaram, mas não foi nem é paixão. Em algum momento durante esses anos, pensaste em voltar para o Brasil? Tive atrações poderosas e instantâneas por duas cidades: Rio e Nova York. Nas duas, decidi no mesmo dia em que cheguei que moraria nelas. Nunca apareceu uma terceira cidade que me conquistasse com tanta rapidez, mas moraria em muitas cidades europeias. A pobreza, a violência, a corrupção e os políticos no Brasil me assustam e deprimem. Uma excelente jornalista que trabalha comigo outro dia chegou em casa depois da aula, quase às 23h, e teve uma crise de choro. O marido ficou perplexo, não é comum. Ela explicou que foi pelas noites em que não saía no Brasil e se saía morria de medo, sempre olhando em volta. Aqui qualquer mulher caminha à noite, entra no banco, tira dinheiro e segue o destino sem olhar para quem vem atrás nem se preocupar com quem vem na frente. Quantas casas ou apartamentos nos andares de baixo você conhece que não têm grades? Nosso país é uma imensa prisão. Por que os Estados Unidos fascinam? Quando cheguei, tinha 24 anos, e só naquele período, de 1944 a 1968, o mundo já tinha visto o fim do nazismo, do fascismo, do neocolonialismo, a chegada das armas nucleares, do antibiótico, 10 |
do avião a jato, da TV a cores, do rock and roll, da explosão de Hollywood, da pílula, do feminismo, dos conflitos raciais da década de 1960, dos assassinatos dos Kennedy e de Luther King, a Guerra Fria, a Revolução Cubana, a China comunista e capitalista, o fim da União Soviética. É claro que esqueci vários. Imagine depois dos anos 1960: a corrida espacial, mudanças climáticas, papa Francisco, o terror e as torres, a internet. Tomaria o espaço inteiro da entrevista se tentasse incluir todos os grandes eventos. E quase tudo aconteceu aqui nos Estados Unidos ou havia uma conexão com este país. Que lugar extraordinário para estar vivo e ser jornalista. Radicado nos Estados Unidos, já deves ter vivenciado, do ponto de vista dos brasileiros que moram no Exterior, várias crises envolvendo o Brasil e sua política econômica. Esta parece ser pior? Qual a tua visão do atual momento político-econômico do nosso país? O momento político é um dos piores, mas foi pior na ditadura, e a situação da economia já foi pior com a inflação disparada e a dívida externa. Do que mais sentes falta do Brasil e de Minas Gerais? Do afeto dos amigos, do tempero da comida e da paisagem do Retiro da Pedras. Já escreveste em revistas, publicaste livros, fizeste reportagens, programas ao vivo, grandes coberturas e praticamente tudo dentro no jornalismo. Existe algo como jornalista que ainda desejas realizar? Nenhuma meta no momento. Completar 25 anos na Conexão? Talvez.
Nilo Peรงanha 2577
Porto Alegre RS
51 3328.0010
imperiopersa.com.br
Qual o grande encanto de NY? Um programa delicioso para ti por aí? A diversidade cultural, étnica, arquitetônica, gastronômica, a infinidade de ofertas. Num raio de 120 minutos da minha casa, estão 56 telas de cinemas, duas das melhores livrarias, três dos melhores restaurantes e outros 40 muito bons. Conta um pouco da tua rotina em dias normais aí em NY? Às sextas são as gravações, e como são os teus outros dias? O programa toma conta das manhãs, inclusive aos domingos, em busca de pauta. Sábado é dia de café da manhã, feira e cinema com Rose e jantar com os filhos, Alice, minha primeira mulher, e pouquíssimos amigos íntimos. A Rose é uma americana que adora o Brasil e tu és um brasileiro que adora os Estados Unidos? Conta um pouco dessa sintonia de vocês? Sintonia com pouca estática. É fácil encontrar sinais positivos, convergentes. Adoras jogar tênis e praticas bastante. O que mais gostas de fazer nos momentos de lazer? O prazer e o sofrimento do tênis tomam três ou quatro finais de tarde por semana. Os outros são ocupados pela chatíssima academia, compensada por um livro no ouvido durante os exercícios, em geral biografias ou história. O que achas que a imprensa americana tem de mais interessante? A diversidade de opções. Como é a seleção de pautas em uma cidade que não para e onde tudo acontece, como é NY? Quais os 12 |
critérios de vocês? A pauta é uma troca constante de e-mails de domingo até o dia da reunião de roteiro, na quinta-feira. Mexemos também na sexta. O filme em geral é decidido com uma semana de antecedência, na própria sexta-feira, depois da gravação. Tu és um mineiro muito identificado com Minas Gerais. Na tua opinião, o Aécio Neves estaria passando por esta mesma crise? Gosto muito do Aécio, mas acho que ele não gostaria de ser presidente do Brasil e não tenho certeza se seria um grande líder. Achas que o impeachment da Presidente Dilma é uma solução? Não tenho certeza se é a melhor solução com este Congresso de malucos em Brasília. Em que momento te decepcionaste com o ex-presidente Lula? Acreditas que Dilma Rousseff é tão culpada quanto ele e os políticos e empresários envolvidos em escândalos ou está engessada no esquema? Nunca me entusiasmei com Lula nem mesmo no primeiro mandato, quando ele governou inteligentemente nas soluções do presidente FHC. Sempre desconfiei das intenções do PT e do petismo. Acho que a Dilma fazia parte do plano de mais 50 anos no poder. A imagem do Brasil fora daqui já esteve bem arranhada antigamente e melhorou bastante. Achas que esta crise que vivemos hoje coloca tudo a perder em termos de ser um país bacana de se viver e de se visitar? Ou já houve muitas crises e esta é apenas mais uma?
Leandro Justen
| 13
Esta é apenas mais uma, mas me convenceu de que o Brasil está longe do primeiro mundo. O que farias no comando de um país tão grande e tão desgovernado como o Brasil? As mesmas fórmulas que deram certo em outros países: abrir os portos, investir pesado em educação, saúde, infraestrutura, computação. O México está muito melhor do que nós. Hoje há um movimento de brasileiros buscando novamente qualidade de vida fora do Brasil. Estão desencantados e buscando lugares mais organizados e seguros, como Miami. Já viste ou lembras de essa sazonalidade ter acontecido em outros momentos? Como agora, nunca. Tens algum grande sonho, Lucas? Em qualquer âmbito da vida? Nunca tive um grande sonho. Só pequenos. Existe uma transformação do jornalismo com a crise da imprensa escrita impressa e um movimento digital crescendo exorbitantemente para todos os lados. Preocupa o jornalista de mídia impressa, como eu, por exemplo. Como acreditas que isso vai evoluir e em quanto tempo, tanto no jornalismo quanto na literatura, com o surgimento dos práticos Kindles? Acho, sem certeza absoluta, que Esta é a pior crise na mídia desde a grande depressão de 1929, quando ainda só havia jornalismo impresso e o rádio estava no começo. Hoje toda mídia, impressa, televisiva, rádio e digital, está em profunda crise. Quando entrei no jornalismo, não havia celular, internet, cartões de crédito. 14 |
Eu não tinha televisão no Rio. O jornalismo na TV estava nascendo. Escrevia para revista semanal, vivia em Ipanema com vista para a Lagoa, a dois quarteirões da praia, só comia em restaurante e andava de táxi. Tinha um vidão já no primeiro ano. Conheço jornalistas que se formaram há anos e não conseguem fazer jornalismo, e os salários iniciais hoje, não só no Brasil, são baixíssimos. Dentro dessa perspectiva, qual o papel da nova imprensa escrita e até da televisiva? Como acreditas que os jornalistas conseguirão reinventar-se para adaptarem-se à era tecnológica? Se eu soubesse a resposta, já teria criado a solução. Na minha singela opinião, o jornalista, principalmente da mídia impressa, tem uma autoestima baixa e sabe mesmo se lamentar, e também acredito que, com tanta gente ao mesmo tempo (entre esse povo todo, uma quantidade imensa de imbecis) dando opinião em rede social, nunca foi tão necessário o jornalismo de qualidade e elucidativo dos fatos. Concordas? Concordo 100%, mas não sou boa fonte para falar mal de rede social. Entrei no Facebook e saí em três horas. No Twitter, abandonei meus seguidores depois de um mês. Eu deveria investir mais nesta mídia, mas quando tento o ânimo vai embora. Então, em vez de reclamar e ficar se achando excluído e injustiçado, não seria hora de com criatividade fazer um novo jornalismo? Adaptado ao nosso tempo? Acho que há muita gente investindo nestas fórmulas, e algumas vão bem.
Leandro Justen
Quais teus autores e jornalistas prediletos? Americanos e brasileiros... Conheço mal o jornalismo brasileiro e seria injusto se desse nomes. Leio a Veja, a Folha e o Globo. Aqui leio a Economist, o Times, Time, New York Review of Books e Foreign Affairs. Consomem muito tempo. Leio quase só biografias e história. Mas estou ouvindo duas ficções: My Struggle, do norueguês Karl Over Knausgard, quatro volumes fasci-
nantes em que não acontece quase nada. Dos americanos, ouço Philip Roth. No que nosso país deve se inspirar no jornalismo norte-americano e vice-versa? É inteligente adotar fórmulas bem-sucedidas. Define Lucas Mendes em poucas palavras. 71 anos, amigo da família, dos
| 17
Lucas abraçado ao filho escritor, Paulo. Rose, Antônio e Francesca A entrevista segue com a produtora de cinema e mulher de Lucas, Rose Ganguzza Tu gostas do cinema brasileiro? Vês uma criatividade diferente e interessante na cena daqui? Gosto de certos filmes brasileiros, como Cidade de Deus e Central do Brasil. Lamento que não tenha tantos filmes do Brasil com destaque internacional como têm México e Argentina. Na tua opinião, qual é o grande problema, ou estrutural ou de processo, da realização dos filmes aqui no Brasil? Se comparado à engrenagem americana de produção, aqui ainda é muito mais difícil fazer um filme. O problema não é a falta de talento. Tem tantas pessoas criativas no Brasil. Acho que é um problema de marketing fora do Brasil. O Brasil precisa reforçar a área de Relações Públicas fora do país e não só a área de cinema. Ficamos, fora do país, acostumados a ouvir só coisas ruins. 18 |
E os Estados Unidos ainda podem melhorar em algum dos processos? Qual? Aqui nos Estados Unidos os cineastas precisam trabalhar muito. O governo não dá ajuda no custo de fazer filmes como em muitos países do Exterior. Acho que, de certa forma, sofrer pela arte é uma coisa boa. Porque os projetos que conseguem ser feitos têm uma qualidade maior por terem superado tantas barreiras antes de serem feitos. Não adianta fazer um filme só por fazer. É preciso contar uma história que os outros queiram ver. O roteiro tem que ser bom para o processo funcionar, e nos Estados Unidos temos escritores incríveis. A grande dificuldade de fazer cinema é a verba, já que mesmo uma produção modesta sai caro. Fora isso, qual a etapa mais difícil no processo todo de produção de um filme?
Hoje em dia, é preciso um bom elenco e um bom roteiro. Essa fórmula cria a verba para fazer o resto. O que te encantou nos brasileiros? Eu adorei o Brasil desde a primeira vez quando cheguei em Porto Alegre, aos 19 anos. Os gaúchos, amigos até hoje, são pessoas muito importantes na minha vida. Mas o Brasil mudou muito nesses anos e a alegria do povo não é a mesma de antes. Ator e atriz que são marcantes para ti? E com quais é mais prazeroso de trabalhar e por quê? O mais interessante tem sido o Daniel Radcliffe, pois ele veio para mim logo depois do Harry Potter e entrou no sistema de filmes independentes com muito ânimo e alegria. Quando, desde a infância dele, percebeste o interesse do Antônio pelo cinema? Já dava sinais quando pequeno? O Antônio começou a fazer cinema aos 13 anos e desde aí ele faz filmes sem parar. Desde criança ele se mostrava fascinado com filmes e diretores. Muitas vezes, via o filme várias vezes, estudava os processos.
Existe algum roteiro ou história que tenhas vontade de contar no cinema? Sempre quis contar a história de um imigrante italiano na América. O Antônio tem esse assunto em mente agora e estamos desenvolvendo. Conta em poucas palavras quem é Rose Ganguzza. É uma pessoa que agradece por cada dia que tem na terra com o amor da família e de grandes amigos. Um projeto pessoal ou profissional que ainda desejas realizar? Estou preparando agora um filme sobre a vida de Mary Shelley, a jovem escritora que criou Frankenstein. Como é a Rose avó? Meus netos são adoráveis e estão sendo educados nas línguas inglesa e portuguesa. Adoro que eles tenham duas culturas de referência na vida deles.
Tens algum ídolo? Qual e por quê? Meu ídolo era o meu pai, uma pessoa que viveu cada dia como uma grande aventura de grandes possibilidades. Quais as qualidades que mais admiras no Lucas e qual a chave de uma relação de tantos anos? Eu e o Lucas temos personalidades muito fortes. Em nossas famílias, somos cada um o filho mais velho. Temos uma curiosidade intelectual muito forte e damos muito valor à família, já que temos, os dois, famílias muito grandes. | 19
FernandaZaffari jornalista
A coluna era para ser sobre Londres, afinal, esta colunista mora na terra da Rainha. Mas quando a Mari anunciou que a Bá sairia da gráfica recheada com um especial sobre Nova York, também quis pegar carona. Até porque tinha acabado de passar dias maravilhosos batendo perna por Londres com uma moradora muito especial de Nova York. Então decidi reunir as duas cidades no olhar requintado e muito antenado da artista plástica brasileira Heloisa Maia. Moradora de Nova York há oito anos, onde comanda com sucesso a grife Osklen nos Estados Unidos como diretora de varejo e marketing, Heloisa retoma com entusiasmo agora sua carreira de pintora. Nesta coluna, ela fala sobre sua arte e também sobre a paixão por estas duas incríveis cidades: Nova York e Londres. Heloisa é nascida em João Pessoa, cresceu em Caxias do Sul, viveu em Porto Alegre e morou nos Estados Unidos quando o Vale do Silício engatinhava. De volta a João Pessoa, onde abriu a primeira loja Osklen na região, recebeu o convite do amigo Oskar Metsavaht para desbravar os Estados Unidos mais uma vez: 20 |
– Vim para abrir a Osklen em Nova York e não voltei mais. Hoje Heloisa comanda ainda a loja de Miami, e, com a venda da grife para a Alpargatas, os planos de expansão no Exterior são ambiciosos, com showroom próprio em Nova York e a abertura de outros pontos de venda. A vida de executiva da moda fez Heloisa dar uma pausa na carreira artística profissionalmente, mas não criativamente. – Estar em contato com as coleções, comprar para as lojas, fazer esta curadoria, de alguma maneira, também me manteve conectada criativamente. Neste ano, a artista decidiu que era hora de voltar à ativa, montou um atelier no apartamento que comprou em Miami e retomou suas pinturas figurativas em grandes dimensões e colorido original. Os trabalhos mais recentes estão na Galeria Bolsa de Arte, em Porto Alegre. – Este é um momento feliz, de grande produção e também de um reencontro – conta direto de Miami, onde em dezembro visitou a Art Basel, uma das maiores feiras de arte contemporânea. Se Miami tem sido sua sede para a retomada das pinturas, Heloisa não pensa em deixar Nova York, onde se instalou em 2007 com as filhas, Muriel e Jessica, que atuam no mercado de Cinema e de Moda. – Tenho também um caso de amor por Londres, que visitei pela primeira vez em 1975. Foi a cidade que me abriu as portas para o mundo e mudou a minha visão – resume empolgada. Para esta coluna, Heloisa Maia fez uma seleção de seus locais preferidos em Nova York e em Londres. Anote as dicas para sua próxima viagem.
Nova York, por Heloisa
Londres, por Heloisa
Museu – O novo Whitney Museum. Uma pequena joia é a Neue Galerie, de arte expressionista alemã, pertinho do Guggenheim. Galeria – Gagosian, Gladstone, Pace, Matthew Marks, ótimo programa para sábado! Restaurante – Sant Ambroeus, no meio do West Village, com as mesinhas do lado de fora. Também o Locanda Verde, em Tribeca, e o Lure, no SoHo. Bater perna – Adoro perambular no West Village e acabo a tarde no Meatpacking para andar pelo High Line, incrível parque suspenso. Depois um drinque no Boom Boom Room do Hotel Standard, onde a vista é belíssima. Lojas – SoHo! Vale a pena dar uma passada na loja conceitual Open Ceremony, na Celine, na Osklen e na Stella McCartney. Lugar especial – Grand Central Station.
Museu – Apesar de amar a Tate Modern, tenho um “soft spot” (fraco) pela Tate Britain. William Turner touches my soul (toca minha alma)… Galeria – Saatchi, sempre coisas interessantes. Restaurante – Chiltern Firehouse, uma experiência bacana. O bar também é super cool. E O Ivy, em Chelsea, especial para almoçar. Descoladíssimo. Bater perna – Adoro passear pelos parques: Hyde Park, Green Park, Saint James. Lojas – Adoro bisbilhotar na Conran Shop. Lugar especial – Bater perna em Chelsea e South Kensington. Gosto das lojas, dos restaurantes e de admirar as casas e as mews (antigos estábulos transformados em casas). | 21
22 |
FOTO: RAUL KREBS • ESTÚDIO MUTANTE
espaço de eventos rua dinarte ribeiro, 155 • lá nos fundos do puppi baggio • www.lanosfundos.com.br
Bá, que delícia
Rainha do caldeirão Instalado há 18 anos numa charmosa esquina de Greenwich Village, o Casa nasceu do desejo da brasileira Jupira Lee de fazer e comer comidinha caseira com o sabor e o tempero brasileiro da casa da gente. O nome Jupira é tupi-gurani e sempre gerou curiosidade na pequena brasileirinha da família Lee, da primeira geração coreano -brasileira. Pensava ela significar rainha das flores, mas descobriu tempos atrás que Jupira é a aquela que alimenta: “Não lembro o que queria ser, mas estava escrito o que eu seria com o nome que me deram”, brinca bem-humorada. Ela queria ser oceanógrafa quando terminou o colégio em São Paulo. Com poucas opções de curso no Brasil, ela escolheu cursar Marine Biology na Universidade de Miami: “Não terminei porque me apaixonei pela gastronomia quando cheguei aos Estados Unidos, experimentei culinária de países que nem sabia que existiam”. O que a encantou foi justamente o fascinante melting pot (caldeirão cultural) que é New York City, como ela explica: “Você pega um metrô e vê gente com cicatriz nas bochechas, de quem um dia fez parte de uma tribo da África. Entra em um táxi com um motorista sikh da Índia, come em um restaurante burmês onde o garçom não fala um A em inglês. Assim você nota que o mundo está aqui. Todo mundo de todo o mundo no mesmo lugar”. Foi nesse mesmo lugar que a paulistana decidiu viver com a família, que ela define como um mini melting pot: “Sou casada com um americano negro de Baltimore, tenho um filho de sete anos que é uma misturinha de Maryland Crabcake, churrasquinho coreano com farofa de banana”, volta a brincar. 26 |
Atenta à falta que sentia da praia e da comida brasileira, assim que deixou a faculdade, abriu as portas do Casa. “A comida eu resolvi, mas a praia brasileira ainda me faz falta. Só achava uma comida com gosto de exército, feita em grandes quantidades, sem gosto de casa! Daí vem o nome”, conta ela, que visita todo ano o Brasil e a mãe, que mora em São Paulo. Terminando a Parsons School of Design em Marketing, ela acabara de imprimir um projeto de graduação sobre como abrir um restaurante brasileiro em NYC. O sócio recém-chegado do Brasil em NY leu, fechou o business plan e disse que queria ser sócio. O DNA do Casa é o cardápio caseiro, simples e saboroso. Segundo sua criadora, o charmoso restaurante do West Village nunca pretendeu ser da moda. Aconteceu naturalmente: “Somos tão down to earth (volta à realidade) que as pessoas mais cool da cidade sentem-se confortáveis aqui. Nosso país é popular com pessoas do mundo inteiro. Quem nunca foi ao Brasil sonha em um dia ir. Meus clientes ou já foram ao Brasil e comeram uma feijoada, já visitaram a Bahia e amam nosso tempero, ou querem provar o sabor da nossa comida porque ainda não conseguiram visitar”. No entanto, para Jupira, o mais importante de tudo é satisfazer os brasileiros de NY, porque o boca a boca de gente que sabe o que está falando é a melhor propaganda. Ela reconhece que estar
numa esquina escondidinha no West Village, entre macieiras e as townhouses dos famosos, ajuda: “Mas ter uma comida caseira limpa, simples e saborosa, onde Sarah Jessica Parker ou Gisele Bündchen são tão importantes quanto eu e você, também é o nosso diferencial”. Queridinho de músicos, artistas plásticos, fotógrafos, cineastas e de boa parte da leva de brasileiros que veio para NY nos anos 1990, o Casa está na 72 Bedford com Commerce Street, é um pequeno sobrado em estilo colonial que abriga, além de astral e boa comida, artesanato de Parati, toalhinhas de renda, lampiões de fazenda e menu em português. Mas a alma do lugar são o
cheirinho que vem da cozinha e o carisma e talento da proprietária, Jupira Lee. “Tudo que está no menu veio do barulho do meu estômago. Amo coxinha, pastel de feira, moqueca, feijoada, empadinha, bolinho de bacalhau, e aí vai”, bem brasileira, conta a risonha Jupira. Se o tema exige seriedade, como os ataques terroristas dos últimos tempos ou o 11 de Setembro, que ela viveu na cidade, a querida rainha do caldeirão cultural e empresária de sucesso reflete com o equilíbrio dos vencedores: “Como a morte de alguma pessoa querida. Nesse caso, a morte da paz e da liberdade de ir e vir. Triste demais, mas a vida continua”. MB | 27
Sonhar é preciso FernandoErnesto Corrêa
A pessoa só envelhece quando as lembranças do passado são mais fortes do que os sonhos.
A autoria dessa máxima me foi conferida pelo Gasparotto em sua saudosa coluna jornalística e pelo Lucchese em um dos seus excelentes livros sobre saúde e bem-estar. É claro que foi uma demasia dos dois amigos, porque essa assertiva, por tão simples e direta, não tem autoria, ela é do senso comum. Não há dúvida, porém, de que esse aforismo contém uma grande verdade. Você pode ser um velho aos 50 anos ou um jovem aos 80. Tudo depende de como a pessoa encara o que lhe resta nesta efêmera passagem pela terra. Sabemos que a legislação previdenciária brasileira, até poucos anos, era uma vergonha. Estimulava a aposentadoria precoce. Com apenas 35 anos de serviço, se fosse homem, e com 30 anos, se fosse mulher, qualquer um poderia encerrar sua carreira profissional, fosse pelo INSS com o teto baixo ou pela previdência oficial com vencimentos integrais, no caso de ter sido funcionário público. Hoje, melhorou um pouco com a regra dos 85/95, soma da idade mais tempo de contribuição, dependendo do sexo. Mas ainda é possível aposentar-se com pouca idade, se comparado ao aumento da expectativa de vida útil. Aliás, não sei a razão para que a mulher possa jubilar-se, em princípio, 10 anos mais moça que o homem. Elas estão em todas, desenvolvem todas as atividades e exercem todo tipo de trabalho. E ainda vivem mais do que nós. Eu conheço muito mais viúvas do que viúvos... Parece contradição que eu, que venero o futuro, esteja usando as antigas normas previdenciárias ora parcialmente alteradas para falar sobre aposentado28 |
ria. Conheço muitos que se valeram dessa faculdade e foram e ainda vão para casa sem mais nada fazer ou produzir com não muito mais do que 50 anos. Só saem de seu preguiçoso conforto para ir ao banco pagar as contas de luz, telefone e Net. O resto de seu tempo é desperdiçado na frente da televisão. Ficam procurando doenças, pois ir ao médico e à farmácia é uma forma pobre de passar o tempo. Exercício físico, nem pensar. Esses, certamente, envelheceram moços e só vivem das lembranças do passado. Felizmente, há os que, formalmente jubilados ou não, persistem trabalhando, produzindo e sonhando. Não envelheceram, mesmo que tenham ultrapassado a barreira dos 70 ou 80 anos. Quando me encontro com os primeiros, dá-me pena. Só falam abobrinhas, do muito que fizeram no passado; contam reminiscências sem parar. O mundo deixou de girar quando se aposentaram. Os segundos, cheios de tesão pela vida, conversam sobre seus planos, seus projetos para o futuro. O passado para eles passou. O futuro é o seu objetivo principal. Os que não sonham são uns chatos. Os que sonham são seres humanos bons de papo, agradáveis, divertidos, cuja convivência agrega valor. A idade para aqueles é um fardo pesado. Para esses não passa de um mero detalhe. Sem autoelogio, incluo-me entre os que, embora tenham sido guris na metade do século passado, dão prioridade ao porvir. Eu, por exemplo, ainda trabalho bastante e corro 50 quilômetros por semana. Já estou fazendo planos para o ano 2020 e pretendo ser bisavô. Sonhem, meus amigos e minhas amigas, sonhem muito e sonhem grande. Vocês serão mais felizes e farão felizes as pessoas que os cercam. Como disse o Paulo Sergio Guedes em um de seus notáveis livros: “É preciso morrer antes que a vida acabe”. Parafraseando a assertiva do meu gênio amigo, concluo para dizer que é preciso viver antes que a morte chegue.
AnaMariano escritora
Meu amor por ny
Quando ainda não existiam no Brasil cartões de crédito internacionais, meu marido e eu chegamos a NY e o cara do hotel nos pediu o número do nosso cartão. Prontamente demos o único que tínhamos, que, apesar de não ser tão regional quanto o Banricompras, era brasileiro e, portanto, válido só no Brasil. Como lá até prova em contrário ninguém duvida da verdade, ele foi aceito. Dois dias depois, veio a cartinha: tínhamos que depositar as diárias adiantadas. Tudo bem, podíamos pagar: nas bolsinhas de pano que levávamos amarradas à cintura, havia o suficiente. Digo isso para esclarecer que meu amor por NY é de uma época na qual as japonesas ainda não faziam fila em frente à Louis Vuitton e nem detonavam (no bom sentido) a Bloomingdale’s – situação que, diga-se de passagem, me afetava diretamente: tenho um metro e cinquenta e nove e, antes das japonesas, numa terra de mulheres gigantes, ninguém nunca pensou em fabricar algo em tamanho zero. Embora agora eu consiga – ou conseguia, quando o dólar não era R$ 4 – comprar com facilidade naquelas lojas maravilhosas, o que mais gosto em NY não é das lojas: além dos restaurantes, do Metropolitan, do MoMA, da High Line, do Eataly, do SoHo, do... enfim, além de todo o resto, o que mais gosto em NY é do Central Park. 30 |
Não, ele não é um parque perfeito, perfeitos são os parques de Londres – sempre que vejo a CEEE podando de qualquer jeito os nossos jacarandás porque o importante são os fios de luz, que, aliás, nem deviam estar lá, deviam ser subterrâneos, penso nas podas impecáveis dos parques londrinos e me convenço, mais uma vez, de que o olho do dono engorda o boi: os parques pertencem à rainha e, vai que... Enfim, mesmo não sendo perfeito, o Central Park – rochas, lagos, pontes, reservatório, Lennon e Strawberry Fields – é meu lugar predileto em Nova York, e a consequência disso é que minha estação predileta por lá é o outono, de preferência a semana da maratona, quando as árvores estão douradas no ponto certo. Isso é a regra, mas o meu amor por NY é imune a regras. Já enlouqueci pela cidade em pleno fevereiro, com temperatura de menos vinte, as árvores todas nuas e uma instalação de Christo e Jeanne-Claude chamada The Gates passeando no parque feito um infindável dragão cor de laranja. Convenhamos: não é fácil enlouquecer por alguma coisa num frio de menos vinte e sensação térmica de menos trinta, o que me leva a uma última conclusão: NY é tão especial e apaixonante quanto minha neta, que, antes de papai, mamãe ou vovó, aprendeu a dizer Lourdes, Pablo e barco, que, mais uma vez convenhamos, não são palavras fáceis.
Réveillon 2016
"Uma festa com história, energia e alto astral de uma década. La Fiesta Punta Ano 11!" Mariana Bertolucci
Playa de Solanas | Punta del Este | Uruguay
www.lafiestapunta.com
objetosedesejos
HenriqueSteyer
Grife Baccarat aterrissa em Nova York Tradição e imponência francesas na Big Apple
No início de 2015, a lendária grife francesa de cristais Baccarat inaugurou seu primeiro hotel em Nova York, em uma estonteante torre de 50 andares repleta de detalhes que vão além da imaginação de um turista comum da Big Apple. O hotel possui 114 quartos com detalhes primorosos de acabamentos, inclusive nos banheiros, revestidos com mármore digno de palácios. Roupas de cama com toque de seda, toalhas mais macias do que algodão e camas adornadas com dossel fazem parte do sonho de fadas oferecido pela poderosa marca francesa. Os espaços de convivência têm iluminação carregada de lustres que podem custar mais do que R$ 3 milhões cada, destacando-se em meio a uma decoração sóbria em tons de branco, cinza e toques de negro. A área da piscina térmica possui cabanas enriquecidas com dossel cromado que tornam qualquer simples mergulho um verdadeiro acontecimento. Um restaurante com carta assinada pelo estrelado chefe no guia Michelin Shea Gallante parece quase uma reinvenção das tradicionais brasseries francesas e promete sacudir o jet set internacional que circula frequentemente pela cidade que nunca dorme. A fábrica da Baccarat foi fundada em 1764, no interior da França, produzindo aqueles que são considerados os cristais 34 |
mais puros e de mais alta qualidade no planeta, adornando palácios e residências oficiais no mundo todo por séculos e séculos. Suas taças serviram reis e rainhas, papas e chefes de Estado desde que começaram a ser fabricadas, há muitos anos. Agora, imagine hospedar-se em um hotel onde taças tão lendárias são encontradas rotineiramente sobre a bancada do banheiro... Welcome to Baccarat Hotel and Residences.
| 35
ping
Viver bem Alegre, decidida e dona de beleza e charme marcantes desde sempre, Tricia Abensur Ting cresceu em Porto Alegre pela vizinhança com uma turma de amigos que cultiva até hoje. Os verões eram ainda mais divertidos em Capão da Canoa. Única menina entre os irmãos, Fábio e Renato, desde que emigrou para os Estados Unidos, há 14 anos, o que sente falta é do convívio com as pessoas daqui. Pequenina, de olhos brilhantes e puxados – como os de seus dois filhos com o marido, Stanley Ting, Max e Alex –, ela já sabia que gostava de trabalhar com negócios. Tanto que aos 23 anos, ainda cidadã brasileira, montou o seu próprio. A chegada em NY exigiu adaptação: “Imigrar não é fácil, mesmo sendo uma escolha, com apoio emocional e boas condições financeiras. Imagine os imigrantes de guerra, então. Me reinventei”. Três anos depois, nasceu Max, e a dedicação a ele foi integral. Quando o caçula Alex completou quatro anos, Tricia desejou colocar energias em algo mais. Amigos e conhecidos começaram a procurá-la para saber do mercado imobiliário: “Minha sogra trabalha com sucesso nisso há anos. Há mais de 10 anos, ela é considerada a melhor corretora de Manhattan. Peguei carona com ela e sou corretora de imóveis em NYC”. O que ocupa boa parte de seus dias. Ela acorda, leva os filhos para a escola e volta para casa fazendo cooper. Vai para o escritório e no final do dia encontra o marido e os filhos, quando eles jantam juntos. “Eles dormem e vemos um filme ou saímos com amigos, ou um cinema, um show”. Os finais de semana também são sempre em família, em função dos esportes das crianças, atividades culturais ou nos 36 Hamptons. | Pode ser melhor? Em NY? MB
A ideia de morar aí foi do Stanley. Qual foi tua primeira reação? Quando o conheci, ele já morava em NY havia 15 anos. Sabia que se ficássemos juntos teria que me mudar para NY. Ideia que me assustava um pouco. Que hábitos tens que são a cara de Nova York? Faço quase tudo a pé. Caminho para o escritório, para a escola com as crianças. Criar os filhos em um lugar mais seguro do que o Brasil faz a diferença? Acho que sim. Max e Alex nasceram nos EUA. Quando vamos ao Brasil é de férias, e mesmo assim fico insegura e preocupada. Deve ser estressante viver pensando que o pior pode acontecer a qualquer momento. Do que sentes saudade em Porto Alegre? Da família e dos amigos, dos domingos de churrasco, de passar tardes inteiras na casa dos amigos ou recebendo. Tricia em poucas palavras? Deixo a vida me levar e depois corro atrás para dar tudo certo! Algum desejo pessoal ou profissional que ainda queres realizar? Quero realizar a arte de viver bem e melhor todos os dias. O que mais vale a pena na vida? Os vínculos afetivos. | 37
pong Depois do intercâmbio na Califórnia, aos 16 anos, Fernando Tormena voltou para Maringá já com vontade de sair. O desejo do paranaense de ganhar o mundo só começava, e ele foi estudar Relações Internacionais na PUC-SP. Estagiar na área de exportações de um banco mostrou que sua vocação não estava no mundo corporativo. De férias em Miami, em 2001, conheceu Jayma Cardoso, brasileira poderosa que comanda o hotel The Surf Lodge, nos Hamptons, e que na época promovia badaladas festas em Miami. Mailings, listas vip, produções e eventos entraram em seu universo. Nas férias da PUC, trabalhou no verão dos Hamptons e foi fisgado pela agitação de NY. Depois de cogitar morar em Miami, onde moram os irmãos, em 2003, desembarcou em Nova York para iniciar sua bem-sucedida carreira de VIP Host. Em 2011, foi escolhido o melhor promoter da Big Apple pela revista Paper e no ano seguinte abriu a própria empresa de eventos, a Top of the List Entertainment, que faz eventos sociais, shows de artistas brasileiros, inaugurações, lançamentos e festas. O link entre negócios e pessoas dos dois países é o grande mote do seu trabalho. Entre os desafios para 2016, estão mais eventos corporativos e produções para televisão. A agenda social do moço é frenética de terça a sábado, quando ele recebe a turma da cidade que não dorme em lugares como PH-D Rooftop, Beautique Lounge e Lavo Pub. De dia, ele agiliza as festas e vai à academia. MB 38 |
na ponte
br – NY
O que te fascinou em NY? A intensidade. Sempre tem algo acontecendo, pessoas visitando, lugares novos. Mesmo morando aqui, sempre descubro algo. A cidade tem muita vida e está em constante movimento. É apaixonante. Que caraterísticas um promoter precisar ter? Saber receber as pessoas para que elas se sintam bem-vindas. Saber quais são as festas com que seus convidados se identificarão mais e estar atualizado e envolvido com as melhores festas da cidade. Lugar eterno em NY? Central Park sem dúvida é o coração da cidade. Lugar da moda? 5th Avenue, e durante o Fashion Week a cidade toda. O que amas fazer em NY? Correr pelo West Side com vista do Rio Hudson. Sentes falta do Brasil? Quando e do quê? Da família, dos amigos e da praia. Quem é Fernando Tormena? Sou uma pessoa da paz, bem-resolvida, dou muito valor a meus amigos e família. Se não fosse promoter, seria... Diplomata, mas na verdade eu não escolhi ser promoter. Essa carreira que me escolheu. O que é luxo para ti? Luxo é ter liberdade de fazer escolhas sem depender da aprovação de ninguém. Que tipo de postura comum na noite é cafona? Reclamar de tudo e de todos para se autoafirmar. A única preocupação que você tem que ter na noite é se divertir. Uma pessoa que te inspira? Madeleine Albright, uma imigrante que se tornou secretária de Estado nos Estados Unidos. Um lugar em NY que te inspira? Brooklyn | 39Bridge.
arte
IvanMattos jornalista
Nova York é logo ali
A arte de decorar e circular pelo mundo
O decorador Marcelo Gonçalves é um esteta por natureza. Enxerga a vida por uma lente privilegiada, capaz de vislumbrar a melhor face das coisas e de como deixar tudo a sua volta em harmonia. O reconhecido trabalho como decorador de ambientes foi posterior ao da moda. O ingresso no mundo fashion veio através do tio, o estilista Xico Gonçalves, que ao lado de César Vargas revolucionou a moda gaúcha nos anos 1980 com a confecção X&C. Marcelo estava lá, ao lado dos dois criadores, sempre envolvido com os desfiles, as novidades e o trabalho na fábrica, como se chamava na época. Viajantes inveterados, Xico e César rodavam o mundo em busca de lançamentos, no mínimo quatro vezes ao ano, circulando pelo chamado circuito Elizabeth Arden – Londres, Paris e Nova York –, onde, segundo ele, sempre estiveram as grandes tendências, incluindo Milão nesta lista atualmente. “Foi quando iniciei meu próprio circuito”, confessa. Verdadeiro globetrotter, Marcelo adora viajar, informar-se de tudo, saber do que está despontando e, por vezes, serve de referência até mesmo para os amigos moradores dos próprios locais, quando estes querem dicas dos melhores points. Nova York é um de seus destinos preferidos no mundo, e não é de hoje. Há mais de 30 anos na conexão, o decorador, que facilmente pode ser confundido com um personal trip, já deixou 40 |
amigos impressionados com seus conhecimentos da Big Apple. “Uma vez estava em casa, quando tocou o telefone e era uma amiga de Nova York ligando para pedir uma sugestão de um restaurante novo e badalado para levar seus amigos de Porto Alegre que estavam por lá, não acreditei”, conta às gargalhadas. Em outra ocasião, ao chegar na casa de um grande amigo para um drink antes de sair para jantar, havia um personagem muito esquisito, e quando foi interrogar o anfitrião sobre quem era a figura, ouviu dele: “Finalmente te surpreendi com algo que nunca viste aqui em Nova York”. E, convenhamos, estar informado sobre uma cidade como Nova York, onde tudo pode mudar com a mesma rapidez com que surgiu, não é tarefa das mais fáceis. Incansável, é o parceiro ideal para qualquer pessoa que queira viajar e ficar por dentro de tudo. “Só posso dizer que quero viajar com ele sempre! Me senti uma princesa, sendo levada por alguém com a segurança com que um lord conduz uma dama... Ele conhece tudo! Dos bons restaurantes aos locais pitorescos de cada cidade, do tradicional e antigo ao mais moderno dos locais, ele não só nos indicava como acompanhava, contando histórias e a História, com um humor inteligente e tiradas excepcionais. Sempre bem disposto, nos fazia caminhar para conhecer as ruazinhas e meios de transporte
Fotos Vini Dalla Rosa
disponíveis, resolvendo todos os problemas, comprando tickets, definindo os roteiros, otimizando nosso tempo e percurso. Espetacular estar em companhia assim. Quero repetir muitas e muitas vezes!”, afirma Làura Schirmer sobre o amigo, com quem viajou recentemente pela Turquia. Com tanta facilidade para desenhar roteiros, Marcelo poderia dedicar-se facilmente ao turismo. Mas é na decoração que ele costuma surpreender seus clientes e amigos com as soluções mais criativas e apropriadas. Quando o assunto é seu trabalho, o decorador é capaz de fazer um circuito só de lugares que interessam para os profissionais. “Acho Nova York o máximo, pois tudo que se imaginar com certeza se encontra por lá, em todos os sentidos. Para decoração, tem o D & D Building e o Lexington 500. Ali encontram-se todas as marcas mundiais de decoração, mobiliários, tecidos, luminárias. Tem também uma feira que acontece em maio com um resumo dos lançamentos da Feira de Design, de Milão”. Quando o assunto é cultura, exposições, galerias e museus, Marcelo puxa suas anotações e discorre sobre melhores dias para visitar, conforme a época, e alguns detalhes de alguém que conhece bem a cidade que não
nio. Ali, encontra a métrica e o ar que moldam as frases do bardo gaúcho, como ela própria já se referiu a ele. Ao conversar por e-mail com a revista Bá, Adriana explica de onde veio a inspiração para esta Loucura. Neste espetáculo, vê-se uma atuação performática muito forte tua, algo muito presente em diversos momentos da tua carreira. Aqui, com as letras de Lupicínio, sentes um apelo mais forte em ratificar tua porção de atriz, de uma cantora intérprete? Não especialmente. Trabalho com teatro dentro dos meus espetáculos, às vezes com cenas mais explicitamente teatrais. Internamente, sempre trabalho com teatro, interpretar canções é interpretar. De quem foi a ideia de situar o espetáculo em um espaço de um bar, local tão significativo e premente na obra do Lupicínio? Foi tua? Foi minha. Contei ainda com as belas correntes penduradas que já faziam parte, era o cenário do projeto todo, para todos os artistas participantes. Pensei em Lupicínio e em Pina Bausch no Café Müller, cada um a seu modo, falando do mesmo assunto, do humano. Há uma similaridade no | 41
dorme. “No Metropolitan, por exemplo, o valor sugerido é de US$ 20, mas a maioria das pessoas desavisadas não se dá conta e paga integral, quando podem pagar apenas US$ 1”. E ainda diz: “Na Broadway, já fui de todas as maneiras, desde dependurado no lustre até nas primeiras filas, e uma dica é comprar no dia do espetáculo, mas vai da sorte. Quando quero muito assistir a um show e não tenho muito tempo na cidade, já compro pela internet, pois nos dias de hoje cada minuto conta, vale a pena”. Apesar de ser um dos lugares mais caros e sofisticados dos Estados Unidos, o decorador sempre que pode costuma frequentar os Hamptons, como ele afirma. “Os Hamptons são várias praias que ficam ao longo de Long Island, a duas horas de distância de Nova York, e são frequentadas pelos milionários de lá. East Hampton é o mais sofisticado dos balneários, e Montauk, a última das praias da península, a mais alternativa, onde Andy Warhol tinha uma cabana. Os Hamptons ficaram famosos por aqui com o seriado Sex and the City”, comenta. “Nunca 42 |
me considerei um turista em NY, pois sempre tive muitos amigos morando lá e pude frequentar vários círculos, como o ultrassofisticado Greenwich em Connecticut, onde só moram os muito ricos, e com eles percebi como dão muito valor para dinheiro, não é a toa que são a primeira economia do mundo”. Entre os tantos amigos que moram lá, Suzana Blanck é quase sua alma gêmea, também decoradora, o que facilita uma circulação ainda mais abrangente entre as novidades. “Sua casa é sempre um open house. No segundo casamento dela, eu decorei todo o salão e o terraço onde aconteceu a cerimônia com direito a pôr do sol no Hudson, pista de dança, bar, DJ. O Marlus Lisboa penteou e maquiou a noiva, outro amigo que mora lá e trabalha no fashion business deu de presente o vestido, foi uma festa local”, arremata. Há quase 30 anos indo e vindo de Nova York, apenas uma vez cancelou uma viagem para lá, quando estava chegando de Paris e um cliente solicitou que iniciasse um trabalho urgente. Era o 11 de setembro de 2001.
trama
O gringo e a top
Filha única, Cristiane Cavalcante foi uma criança e adolescente alegre ao lado dos pais em Porto Alegre, cidade em que nasceu. Até que, aos 21 anos, decidiu que seria modelo da agência Elite, em Paris. Sabe aquelas listas de sonhos ou projetos de vida que meninas românticas escrevem em papeizinhos dobrados ou páginas de agendas velhas a cada fim de ano? Organizando, no início de 2015, a mudança de Nova York para Nova Jersey com o marido, Brent Buntin, e os filhos, Yasmin e Joaquim, Cristiane encontrou antigas frases suas dizendo assim: viver feliz com minha família em uma casa de campo de filme americano. Essa história começa em 1996, quando Cris, no início de sua carreira de modelo, passou por Paris e foi para a Suíça, onde morou durante cinco anos. A rotina de trabalho era desfilar e fotografar em Paris, na Alemanha e na Áustria, entre outros cantos do mundo: “No tempo livre, eu ficava fascinada turistando. Antes de ser modelo, queria ser bailarina e me formar no Royal Ballet”. Mas um tio atrapalhou e mandou fotos da linda sobrinha para o concurso The Look of the Year. Entre as finalistas regionais em 1992, no ano seguinte, no Rio de Janeiro, ela ficou com o terceiro lugar. Depois de terminar o namoro com um suíço, em 2001, decidiu deixar os projetos profissionais mais soltos e quem sabe ensaiar uma volta ao Brasil. Da Oficina de Atores da Globo e com as colegas teve a chance de fazer pequenos papéis em novelas, mas não aproveitou. Foi nesse bochincho global e tropical batizado Rio de Janeiro que Cris conheceu o americano Brent. Ele vinha de mochilão desde a América Central. Sua ideia sempre foi acabar a aventura no Brasil. O que não estava exatamente no roteiro era voltar apaixonado pelo Brasil e por uma brasileira. Bom de papo, logo se enturmou e descolou uns bicos na Globo e também dando aula de inglês. A carreira de atriz de Cris não era a mais promissora: “Não estava disposta a fazer a mulatinha brejeira, 44 |
empregadinha ou beijar velho na boca. Tinha umas aulas de Shakespeare superintensas, e eu mais preocupada com o agito da noite. Vi que não era minha praia, pois não queria fazer sacrifício nenhum pela carreira. Tava mais pela bagunça”. O reencontro dos dois foi numa madrugada quente na Pizzaria Guanabara do Leblon, e o namoro engatou. Ela na ponte área para São Paulo, onde rolavam os trabalhos como modelo. Ele seguia com seu divertido ano sabático na Favela do Vidigal, no tempo em que as pousadas ali não tinham nada de cool. Era pura vida real para gringo ver. Brent viu e adorou! Aos 28 anos, apareceu uma nova oportunidade na carreira de modelo da gaúcha. Ela foi convidada para fazer parte do casting da Madison Agency, de NY: “Aos 28 anos, eu não podia perder a oportunidade de trabalhar fora um pouco mais como modelo, que tem prazo de validade”. O convite da agência chegou em fevereiro, e em outubro Cris recebeu um ultimato. Ou comparecia para trabalhar, ou a proposta estava desfeita. “Antes de embarcar para NY, Brent pediu as informações do meu voo. Imaginei que mandaria flores, apareceria, sei lá. Qualquer coisa, menos sair do Rio de Janeiro, onde ele estava feliz. Quando chamaram o voo, ele me mostrou os bilhetes e disse: ‘tô indo junto’.” O casamento foi uma linda festa de muitas línguas em Parati, com turmas animadas gaúchas, da moda, do Vidigal e de Atlanta. Essa história ainda tem capítulos pela frente, mas a dupla já vive feliz para sempre ao lado dos filhos na tranquila Nova Jersey. Além do português e do inglês, as crianças arranham no espanhol, o idioma das babás. Uma mão na roda para quem tem papais aventureiros e viajantes como Yasmin e Joaquim. Eles já carimbaram os passaportes com destinos inusitados, como Índia, Porto Rico, Costa Rica, Bósnia, Albânia: “Queremos levar nossos filhos para o Xingu”, adianta Cris, e completa com uma dica tão bonita como ela: “Na vida é preciso inspirar-se, ou nada acontece”. MB
| 45
eutenhovisto.com
Inspiração nos resorts para 2016 JaquelinePegoraro
Personalidade em acessórios Do atelier em Porto Alegre, as peças de Bruna Heemann já são figurinhas carimbadas na caracterização e montagem de grandes personagens na Rede Globo. Foi assim com a delicada cruz no pescoço da misteriosa Angel, em Verdades Secretas, e o colar de Atena, vivida por Giovana Antonelli em A Regra do Jogo. O talento da gaúcha, que começou fazendo pulseiras para vender no colégio, também foi visto em Salve Jorge, Amor à Vida, Geração Brasil e Babilônia. Desde novembro, as criações estilosas de Bruna estão à disposição para todo o Brasil no site www.brunaheemann.com. Bruna é formada em Direito. Há três anos, decidiu criar a marca de acessórios e dar forma à imaginação que a acompanha desde menina, quando começou com os trabalhos manuais: “Era algo natural, ninguém me ensinou...”. 46 |
FOTOS papaya
O cenário dos resorts, onde a vida passa de um tempo diferente, além das estações, tornando versátil a forma de viver, vestir e se divertir, é a inspiração da designer para o alto verão 2016. A coleção Resort Collection tem peças arrojadas e brilhantes. São brincos e colares que misturam correntes, fivelas e pingentes metalizados, cristais furta-cor e pedras preciosas. Cores como dourado, grafite e prata fazem par com tons de turquesa, laranja, violeta e azul-mar. Vale a pena conferir.
FOTOS lenara petenuzzo
Eu Tenho Visto 4 anos
Jaqueline Pegoraro e Ale Karam Gerwy
Júlia Alves e Fernanda Costa Gama Thais Mallmann
Teca Sperotto Coelho e Roberta Ahrons
Vania e Miriam Amaral de Souza
Jaqueline Sant’Anna Pegoraro recebeu amigos e parceiros no Mulligan da Padre Chagas, para comemorar quatro anos do Eu Tenho Visto. O blog, sempre em busca de conteúdo, faz uma conexão entre o Rio de Janeiro e Porto Alegre, mostrando o melhor que se vê de cultura, gastronomia, festas, eventos, viagem e moda. A equipe do Eu Tenho Visto também circula pela Serra Gaúcha e por Santa Catarina. No evento, foram lançados os chopes Bohemia Jabutipa, Bela Rosa e Caa-Yari, e a turma da Jaque provou petiscos da casa, picolés Bergalli e Delícias da Lú. Os drinques ficaram sob os cuidados de Dudu das Caipiras e da Don Giovanni. As DJs Flavinha Mello e Camila Vargas animaram o pessoal, que se divertiu até as 2h da manhã. Para 2016, o ETV promete muitas novidades. Entre elas, mudanças no site e um aplicativo de dicas. | 47
ClaudiaTajes
Um passeio pelas profundezas Um final de semana de verão em uma cidade derretendo de calor. Não, não é Porto Alegre: é Nova York. E se fosse possível ir de metrô a uma praia distante apenas 45 minutos do centro? Certamente, não é em Porto Alegre. Já em Nova York, uma ou no máximo duas linhas de metrô deixam o vivente acalorado em Coney Island. Uma praia que não é lá essas coisas, bem verdade, mas que tem bem mais que o básico para fazer alguém feliz: areia, água limpa (embora gelada), parque de diversões imenso com os mais modernos instrumentos de tortura para girar, virar de ponta-cabeça e tontear os masoquistas que assim o desejarem, um deck extenso fazendo as vezes de calçadão e de palco para DJs, bandas de surf music e rock, conjuntos de salsa e bolero e, claro, grupos peruanos. Regra da vida: esteja você onde estiver, sempre haverá um peruano tocando por perto. É de se perguntar: como é que uma cidade como Porto Alegre não tem metrô? Deve ser por falta da comodidade de pagar pouco e chegar rápido que porto-alegrense em viagem sempre anda de trem. Em Nova York, então, a gente se esbalda. Só uma observação: aquela cena clássica do cinema, pes48 |
soas e mais pessoas com livros na mão, não existe mais. Hoje, no metrô, todo mundo mexe no celular. Dia desses, uma única moça lia no vagão. O livro? The Alchimist, o nosso popular O Alquimista, do Paulo Coelho. Já o que se vê muito no metrô de Nova York são ratos. Ratos entre os trilhos, aproveitando-se do intervalo entre um trem e outro para um pequeno passeio. Existem nove ratos para cada habitante de Manhattan – e eles, os habitantes, são um milhão e seiscentos mil. Melhor nem multiplicar. Eram tantos os roedores em uma estação, que resolvi sair para a superfície. Caí na frente da Igreja da Cientologia, a da religião do Tom Cruise, onde uma multidão com máquinas fotográficas em punho esperava, quem diria, pelo Tom Cruise. Me garantiram que ele frequenta os cultos das terças quando está em Nova York. A multidão inquieta e excitada mudou meus planos e retornei à estação. A turba ou os ratos, foi minha questão. O metrô já estava partindo quando atingi as profundezas. Em compensação, um grupo peruano, com seus instrumentos recém montados, havia se instalado ali e já começava a tocar. Próximo trem: seis minutos. Seria uma longa espera.
F
design cor
ação
diferente
amor
criação
foco
arte resultado
contemporânea
www.resultacomunicacao.com.br
(51)
3062.2922
w w w.unejovem.com.br
Bá, que lugar
Palácio da areia Patrimônio nacional uruguaio, o Casino Carrasco encanta olhos e alma por sua beleza imponente e sólida e sua história quase centenária. O uruguaio Alfredo Arocena não tinha 20 anos quando, em julho de 1889, pisou pela primeira vez com a mãe, Matilde, cinco de seus 15 irmãos e quatro tios nas areias de Ostende, na costa belga do Mar do Norte, na Europa. Era a inspiração para Um Palacio em La Arena debruçado sobre o Rio da Prata, em Montevidéu. Sob a curadoria visionária de Arocena, um exímio aglutinador de pessoas interessantes, e ideias de um grupo de iluministas, anarquistas, arquitetos e artistas europeus, o prédio foi erguido em plena Belle Époque no mais rigoroso estilo Art Nouveau. Hoje funciona, desde 2013, o Casino 52 |
Carrasco Sofitel, sob a bandeira da rede de hotéis francesa, com cassino, SPA, gastronomia, restaurantes e serviços impregnados do joie de vivre parisiense. O sonho do jovem visionário tomou forma quando Arocena comprou os primeiros terrenos em Carrasco. Na época, era um bairro mais distante da cidade, quando Montevidéu era tão somente uma praça amuralhada. O primeiro dono do bairro foi Sebástian Carrasco, que dá o nome a um dos recantos mais charmosos e agradáveis da capital uruguaia, onde no início do século os uruguaios iam passar os finais de semana para curtir a praia e a tranquilidade. A primeira sacada de marketing de Arocena foi atrair os hóspedes com corridas de cavalo na praia. Trajados elegantemente, casais dançavam embalados por música ao
vivo e pela brisa fresca do Rio da Prata. Nas varandas e nos salões, a alta sociedade uruguaia comemorou casamentos, desfrutou de verões e deliciosos chás da tarde. Depois do apogeu, entre as décadas de 1930 e 1970, o edifício declarado patrimônio histórico nacional foi deteriorando-se. Passou por reformas mal planejadas e deixou de alcançar as metas da prefeitura da capital, proprietária do negócio. Foi fechado em 1997, e até 2013 ficou sob os cuidados de uma família de caseiros que lá se instalou. Rebatizado como Sofitel Montevideo Casino Carrasco & Spa, abriu suas portas após um processo de restauro estimado em US$ 70 milhões. A riqueza de detalhes arquitetônicos e das histórias do lugar é que o tornam diferente e quase mágico. Cada parede e cada cantinho têm o que contar. Uma estátua, um símbolo da mitologia grega, uma peça única. Assim como o teto do antigo cassino e atual restaurante, pintado com uma mistura de sangue de boi e cal, além de partes inteiras revestidas em ouro. O conserto dos belíssimos vitrais com mais de 100 anos é uma dessas histórias. Coincidentemente, chegaram às mãos do Sr. Freitas, que vem a ser o neto | 53
do vidreiro original que fez a obra de arte. Foram usados restos de estoque dos mesmos vidros, herança do avô. A restauração, que durou cerca de seis anos, segue até hoje com uma criteriosa equipe de conservação permanente. Mesma turma que restaurou o portenho Teatro Colón. Foi a obra de engenharia de maior expressão do Uruguai. O montante de areia aterrou e ajudou numa intervenção ambiental de uma praia uruguaia que estava ficando sem areia, tamanho o volume tirado debaixo da edificação para serem construídos o estacionamento e, o mais importante, barreiras potentes de concreto, essenciais para garantir que a água não fragilize a estrutura do prédio. Um dos edifícios mais emblemáticos da cidade, declarado Patrimônio Histórico Nacional em 1975, o Sofitel Montevideo oferece 93 quartos e 23 suítes de luxo em cinco categorias diferentes. A vista encantadora para o Rio ou a Igreja Stella Maris, os eucaliptos e as casas residenciais compõem uma imagem que parece de outros tempos. O conceito de decoração é assinado por uma renomada designer de interiores especialista em palácios, a francesa Sybille de Margerie. Ao entrar no lobby majestoso, vitrais coloridos e lustres de cristal estão em harmonia com obras de artistas contemporâneos, e as 97 relíquias históricas do tempo da inauguração maravilham com cores que se refletem no piso de mármore polido. MB 54 |
| 55
crônica
NY De todo mundo O que mais sobre Nova York depois de tudo que já foi dito, escrito, filmado, poetizado, fotografado, concebido, transformado e também lamentado... Por Mariana Bertolucci
Mais do que qualquer canto do mundo, lá dividem felizes o mesmo cenário tantos imensos contrastes. Dos prédios de aço reluzente que invadem o azul do céu aos clássicos sobrados de escadas de metal. A moça comilona e a top model longilínea. O cineasta sonhador e o executivo workaholic. O negro de mãos dadas com a ruiva. A atleta e o homeless. O progresso e o afeto. A paz e a guerra. O belo e a dor. Do verde vibrante e vital do Central Park aos tubos de cimento urbanos das estações de metrô que ligam toda a eclética e pulsante Grande Maçã, como foi batizada essa parte especial e sedutora do mundo. Mas não são suas impactantes curvas de metal que desenham o skyline estarrecedor nem seus recantos cheios de árvores, eras, cores, lojas e charme, que somente o passar do tempo e as histórias emprestam aos lugares, que fazem de Nova
York um lugar fascinante e diferente de qualquer outro. Tampouco são seus governantes poderosos e populares, que prometem com destreza e a naturalidade de super-heróis acabar com a maldade humana. O que faz qualquer lugar diferente dos outros são as pessoas que nele vivem. E a cidade americana mais famosa do planeta tem seres humanos aos borbotões. Vindos de todos os cantos com suas famílias, imigrantes, refugiados, artistas, geniais, geniosos. Todos em busca de um lugar ao sol por alguns meses ou para uma vida inteira. É tanta gente, mas tanta gente diferente e criativa dividindo o mesmo espaço, que o cidadão nova-iorquino já incorporou ao seu way of life a tolerância e a receptividade ao movimento constante de turistas e de pessoas. De um jeito tranquilo, consegue ler Dostoiévsky no
JOIAS EXCLUSIVAS QUE ATRAVESSAM GERAÇÕES.
metrô, almoçar atravessando a rua ou trocar de sapato e atender ao celular ao mesmo tempo. Todo mundo anda a pé, todo mundo canta, todo mundo dança, todo mundo compra, todo mundo entra na fila do museu, todo mundo fala, todo mundo ri, todo mundo chora, todo mundo escuta. E o mundo repercute. Nova York é um lugar onde as pessoas sentem-se livres para ir, ser, sentir, vestir e fazer o que der vontade em qualquer momento da vida e em qualquer hora do dia. E como isso é possível? Um lugar sem regras onde todo mundo pode tudo! A resposta nos parece bem simples. Desde que haja respeito, e acima de tudo educação, como é o caso da maioria das pessoas que nasceu por lá ou que na cidade escolheu viver. Assim, querido leitor brasileiro que adora Nova York, é quase possível acreditar que tudo pode ser melhor.
www.esserejoias.com.br Urban Concept Carlos Gomes Offices - Av. Carlos Gomes, 1492 - sala 1305 | 51 3388.6566 - 51 9165.2549 essere.joias | esserejoias | esserej
CristieBoff
designer e artista plástica
Fashion no Metropolitan É grande a expectativa para a exposição que se realizará em 2016 no Metropolitan Museum, em Nova York, a partir do dia 5 de maio. Manus x Machina: Fashion In the Age Of Technology é um evento já esperado pelos fashionistas e personagens do mundo da moda. A imagem símbolo da mostra vai ser o extraordinário vestido de uma das estilistas mais interessantes da última geração, Iris Van Herpen. A exposição deseja aprofundar o tema dos avanços da tecnologia e a sua relação com a moda.
MOMA Jackson Pollock e a explosão abstrata O Museu de Arte Moderna de Nova York apresenta uma exposição dedicada ao famoso artista americano Jackson Pollock (1912-1956) com obras realizadas de 1934 até 1954: os 20 anos da grande transição do artista das telas figurativas à explosão do abstrato. São 50 trabalhos, entre acrílicos, óleos e desenhos. Entre eles, provavelmente sua obra mais importante, Number 31, feita em 1950, pouco depois de ter elaborado a técnica do drip painting, derramando as tintas diretamente do tubo ou do 58 |
pote sobre a tela estendida no chão. Com dimensões de 269,5cm x 530,8cm, é o maior trabalho realizado pelo maestro americano. O restauro que foi concluído em 2013 revela que Pollock retocou o seu trabalho após ter posicionado a tela na posição vertical. Percorrendo a exposição, ao lado das telas, uma série de desenhos, serigrafias e litografias ajuda a compreender a evolução do traço na passagem da figura ao abstrato, como em Untitled, em que sobre o fundo de cor terra aparecem manchas de tinta como sombras desestruturadas de figuras que se mexem. Dá para conferir até o dia 13 de março de 2016.
Whitney Museum O famoso museu de arte moderna e contemporânea americana tem nova sede A história do museu começou na década de 1930 quando a escultora Gertrude Vanderbilt Whitney decide fundar um espaço destinado a dar visibilidade a jovens artistas emergentes. A primeira sede do museu era no bairro Greenwich Village, em Nova York.
Em 1966 se transferiu para Madison Avenue para finalmente, em 2015, inaugurar a nova sede. Projetada pelo arquiteto italiano Renzo Piano e aberta no mês de maio, surge em um outro bairro da cidade: no Meatpacking District, área de Manhattan onde se concentravam os açougues. A nova posição é importante porque o arquiteto realizou um edifício que consegue se comunicar com todo o resto da cidade, com a sua história e tradições.
| 59
AndréaBack
publicitária e jornalista
Como tu te imaginavas quando adulta? – Ha! Nunca me imaginei adulta! Espero nunca crescer!!! Senhoras e senhores, para quem não conhece, esta é Kika Bronger, caçula dos três filhos da tia Marion e do tio Lutz, que nasceu há 45 anos e (não) cresceu em Porto Alegre. Saltando
na Hípica, inventando moda no Colégio João XXIII, lagarteando no Clube Jangadeiros. A ascendência germânica não moldou essa guria para qualquer cerimônia diante da vida: arteira, corajosa, curiosa e ligada ever no 220, a gente já sabia que ela era do mundo desde sempre. E assim foi. Oportunidades que apareceram foram aproveitadas. E as que não apareceram, ela criou. Em meados dos anos 1990, depois de temporadas mochilando pela Europa, cuidando de cavalos em Hamburgo e estudando em Pelotas (“Me dei conta de que gostar de bicho não é a mesma coisa que ser ve-
Caminhos inquietos
60 |
terinária...”), ela desembarca em Vermont, nos Estados Unidos. Novamente os animais ajudando nas escolhas: trabalhar numa fazenda de criação de cavalos foi o que a levou a viver quase na fronteira com o Canadá. “Foi lá que eu descobri que -35 Fahrenheit fica bem pertinho dos -35 Celsius!”. Mas ela acabou encontrando muito mais que baixas temperaturas e outonos deslumbrantes. Uma carreira e um cara bem especiais, tá bom pra começar, né? Claro que a dona Christina não ia se contentar só com o trabalho na fazenda, e se matriculou na Faculdade de Jornalismo do Saint Michael’s College. A memória afetiva do tempo de POA, quando os pais foram dos primeiros a ter uma câmera, daquelas com fitas enoooormes VHS – que ela usava horrores –, somada ao estágio de conclusão da faculdade numa TV local presenteou Kika com a descoberta: “Aí deu. Adorei”.
NY Waterway
“Quero ser cameraman-lady”
A outra “descoberta” foi na fazenda mesmo: “O Patrick tava fazendo trabalhos de construção, tipo arrumando o que os cavalos quebravam, fazendo obstáculos, pintando a casa, essas coisas”. E tudo caminhou meio junto. “Me formei e casei no mesmo dia. Aproveitei que a family tava toda aqui e foi tudo no mesmo dia.” Hoje a cameralady trabalha na New England Cable News, que é uma mini CNN. Num dia, está na Philadelfia cobrindo a visita do Papa aos EUA. Dias antes em NY, por causa de prisioneiros que escaparam de uma prisão de segurança máxima. Essa guria, que planejou encher a caixa d’água do colégio de Ki-Suco na útima semana de aula (não tentem isso em casa, crianças!), já recebeu nominações para o Emmy, prêmios da Associated Press de Vermont e um Edward R. Murrow – prêmio superprestigiado no jornalismo americano – na categoria Melhor Documentário por From Haiti with Love, sobre um casal de Vermont que foi ao Haiti adotar a menina Gedeline. Mas imagina se quem tem uma “rotina” dessas fica parada nos momentos de lazer! Dar atenção aos filhos caninos (o Ripple, a Purple e a Chilli, uma filhotinha dinamarquês. “Sempre tive cachorros, não consigo imaginar minha vida sem cachorros!”), esqui se tem neve e velejar se tem vento são os passatempos preferido dela e do Patrick.
Por isso ela, que não é lá de escolher os caminhos convencionais na vida, decidiu passear em NY, só que chegando pelo Rio Hudson! O casal foi com seu barco – charmosão, de 1959, com 29 pés – saindo de Colchester, em Vermont. Foram cinco dias de navegacão, parando e passeando. “Também levamos duas bicis em cima do barco. Em cada cidadezinha em que a gente parava, pedalava por tudo, foi ótimo. Paramos em cidades tipo Fort Edward, Catskill e Newburgh.” Tanto chegar em NY como se hospedar pela via aquática oferece privilégios dificilmente comparáveis. “Mais ao norte no Hudson River, passamos por todas aquelas mansões dos Rockefeller, Vanderbilt, Franklin Roosevelt Home. Tudo muito lindo! Aí a gente passa por baixo de duas pontes, a Tappan Zee Bridge e a George Washington Bridge. A vista é muito bonita pela água. Na primeira noite, ancoramos atrás da Estátua da Liberdade, em New Jersey. Tem um parque que se chama Hudson River Waterfront Park, e quem chegar primeiro pode ancorar. Depois nos mudamos para uma marina em New Jersey, pois assim tínhamos a vista de NY.” A dica pra quem vai a NY é se locomover por lá da mesma forma que a Kika e o Patrick costumam fazer: de bike. “Pegamos o subway com as bicicletas, só não pode levar em horário de pico. Pedalamos por tudo: Central Park, Times Square, SoHo, Upper West Side... Hoje em dia, tem essas bicicletas que se pode pegar num lugar e deixar no outro, superfácil!”. Dá uma olhada nestes sites: www.nyctourist.com/CanalSt1.htm www.nycwalk.com https://www.citibikenyc.com/how-it-works
Agora é esperar quando a Kika vier matar a saudade de requeijão (“No primeiro dia, eu como um frasco inteiro, depois eu dou uma maneirada...”), churrasco, aipim frito, caipirinha e de montar na companhia da mãe, pra gente poder matar a saudade dela. E continuarmos sendo personagens ou testemunhas bem faceiros das suas histórias. | 61
outBá | Nova York
Emocionante atuação A gaúcha Laura Linn é uma moça emocionante. Pela gentileza com que enxerga o mundo e pela sensibilidade com que encara o ofício de atriz Filha única da relação do psicanalista Geraldo Linn com a jornalista Balala Campos, Laura sempre quis fazer cinema. Já veio ao mundo com um casal de irmãos por parte do pai e a irmã e melhor amiga, Joana, por parte da mãe. Ela cresceu entre artistas e jornalistas e desde bem cedo, além de ficar muito à vontade nesse universo, fazia aulas de teatro. Mais crescida, fez um curso de teatro no Shopping Moinhos e passou no vestibular para Cinema, quando aprendeu técnicas de assistência de direção, edição e fotografia. Seu destino estava praticamente traçado. “Toda oportunidade que encontrava em Porto Alegre para atuar, eu ia, mesmo meio nervosa. Percebi que queria aprender a atuar de verdade e tudo o que envolvesse esse aprendizado”. Em 2010, foi estudar na New York Film Academy, em Los Angeles. Era um curso intenso e intensivo de dois meses: “Era só de acting, das 8h às 18h, em frente ao Universal Studios, e Shakespeare na veia. Cada vez em que subo ao palco ou que estou fazendo alguma audição, eu tremo. Acho que isso é bom, porque é sinal de que é importante para mim”. De volta a Porto Alegre, ela fez a oficina de teatro Zé Adão Barbosa, em 2011, tempo em que também trabalhou com a mãe na sua empresa de assessoria de comunicação. Morou sozinha e, apesar de a supermamãe preferir que ela ficasse por perto, em 2013, arrumou as malas e foi fazer uma 62 |
pós-graduação no Entertainment Studios, na UCLA, em Los Angeles, na Califórnia, com aulas de produção, atuação, roteiro e edição. Ela não tinha projetos de trocar a sedutora Cidade dos Anjos pela Grande Maçã. Mas bem na época em que estava interessada em estudar no American Academy Of Dramatic Arts (AADA), com conservatórios em Los Angeles e Nova York, ela foi visitar uma amiga que mora em NY: “A escola é numa sede linda e centenária, onde estudaram Robert Redford, Grace Kelly, Danny DeVitto e Anne Hathaway. A de NY tinha 120 anos de história contra os 30 da de Los Angeles. Na audição, eu tremia, mas deu”. A nova fase da moradora de Williamsburg tem sido de plena dedicação às aulas de dança, música, interpretação, Broadway, acting, Shakespeare e de palavras. Todos os dias das 7h30min às 15h, e nas segundas até as 20h. Sem falar no Insanity Workout, quando os alunos têm de correr agachados ou fazer séries de atividades físicas que lembram mais o exército do que qualquer outra coisa. O condicionamento físico para ajudar na expressão corporal é tanto, que Laura até parou de ir à academia. No final do primeiro ano, parte dos alunos é selecionada para seguir a segunda etapa do curso. Ficam cerca de 100 alunos, a formatura é em abril próximo, e Laura Linn está entre eles. O australiano Marc Aden Gray, com quem ela segue fazendo coaching, fez a diferença nesses dois anos: “Ele foi meu mentor de acting e conseguiu tocar no meu ponto mais profundo de emoção e doação. Em um exercício de um texto que se chama Our Town, eu tinha que olhar para a parede
e dizer: I love, I miss you, but I have to go now. Eu chorava de catarse e transferia aquilo para um sentimento real meu. Na verdade, nesse exercício em específico, lembrei da Jô o tempo inteiro”, conta referindo-se à irmã. O musical que ela recomenda aos amigos que chegam a NY é Sleep no More. Com estudo e autoconhecimento, ela descobriu que, deixando o medo de falhar de lado, a conexão com a personagem acontece e atinge picos de emoção que chegam ao público. Ouvir Laura falando sobre seu amor pela arte e seu aprendizado também conecta e emociona: “Ser ator é repetir e repetir e lidar com todas as emoções de novo. Ser transparente. Conhecemos as pessoas em cena (colegas) em seus estados brutos. O trabalho do ator começa depois de decorar o texto e nunca é igual. Atingir a realidade de estar ali. O maior desafio é achar circunstâncias que nos conectem com isso e que nos façam sentir verdade e emoção”. E o que será que torna tão belo o ofício do ator? Pergunto a ela. Ela me diz que é a beleza de inspirar as vidas das pessoas e a sua própria: “Me inspira estar sempre à flor da pele, com frio na barriga, os personagens têm que te dar isso e o público te devolver energia”. Entre os planos, sonhos, personagens como Blanche do texto de Tennessee Williams Um Bonde Chamado Desejo e os frios na barriga, está também o desejo de formar uma família, conta Laura, que acaba de se tornar tia de gêmeos. Emoção em efeito cascata. MB | 63
Julia Ramos Fotógrafa
64 |
Um pouco de arte, um punhado de luzes, uma pitada de caos. Entre florestas de cimento e vidro, os gramados mais verdes. Um inesperado charme europeu herdado da antiga Nova Amsterdam. Turistas e nativos se diferenciam apenas pela pressa dos passos. Todas as origens, todos os estilos, todas as épocas, tudo junto. Pizza, kebab, hot dog, sushi, mocotó. As cores têm gosto, os sons têm cheiro e nada é o que parece. O extraordinário está presente em cada metro quadrado. Isso é Nova York — a cidade mais fotogênica que já experimentei.
| 65
outBá | Nova York
Ela decidiu que estudaria interpretação e moraria sozinha em Boston aos 14 anos. Radicada em Nova York, aos 22 anos, Gabrielle Fleck vive um momento mágico, trabalha na Rose Pictures LLC, faz algumas audições para os musicais da Broadway e faz parte de um grupo de teatro criado por ela. Gabrielle Fleck era daquelas crianças um pouco envergonhadas, mas cheia de disposição para as mil e uma atividades depois da escola. Dança, sapateado, flauta, bateria, canto, patinação. De tudo um pouco. A paixão pelas artes vem dessa época, e o incentivo dos pais foi fundamental. Sempre a levaram para assistir peças, concertos, óperas e conhecer museus. Pequena, a atividade preferida era a aula de teatro aos sábados na escola do Teatro Novo, além das aulas de ballet clássico na Escola Lenita Ruschel. Um momento muito especial, que viria a definir o rumo da sua vida, não sai da sua memória: “Lembro exatamente do momento em que recebi o e-mail dizendo que tinha sido aceita em Walnut Hill School for the Arts, o High School de Artes em Boston. Já tinha feito o programa de verão na mesma escola e me apaixonei por teatro musical”. O inglês já era fluente por ter estudado no Pan American School of Porto Alegre e nesse período, quando decidiu sair do Brasil para estudar, as pessoas perguntavam se sentia medo de se mudar e morar sozinha aos 14 anos: “Não teve muito o que pensar, pois foi uma oportunidade que não tinha como recusar. Era um sonho poder estudar o que eu amo todos os dias”. De Boston, ela mudou-se para Nova York, onde continuou estudando artes cênicas. A família, os amigos, o churrasco no domingo e o temperinho da comi-
66 |
Taylor Hooper Photography
Decidida vocação
da brasileira são a saudade que ela guarda: “Sinto muita saudade da minha família e dos meus amigos, mas sempre tem alguém me visitando”. Se Nova York é uma cidade para a vida toda, ela não sabe: “Gosto muito de viajar, então acho que ainda vou morar em outros lugares. Mas Nova York é uma cidade muito especial”. Tão especial, que já na primeira vez em que ela visitou Manhattan, com os pais, aos 11 anos, ela disse que queria morar por lá. “Pensava que NY era como a Disney, um lugar para visitar só nas férias, não para morar. E mesmo pensando assim, sempre sonhei morar aqui. Gosto de poder caminhar, tudo é perto e sempre tem algo
Emilio M.K. Visual Media
acontecendo. É fácil sentir-se em casa em NY.” Sem falar que a cidade é o verdadeiro paraíso para quem ama a arte de interpretar. Gabi é apaixonada tanto pelo drama quanto pela comédia, mas considera que se sai melhor no drama, embora ache que ensaiar comédia é sempre muito divertido. Entre seus maiores ídolos estão Meryl Streep, Johnny Depp e Natalie Portman, e ela amaria trabalhar com o compositor e ator da Broadway Lin-Manuel Miranda.
Na capital mundial dos musicais, ela já está. Fazer musicais está entre seus projetos, e ela já tem suas preferências: “Se pudesse escolher um seria a Elphaba, a protagonista do musical Wicked, na Broadway. Foi um dos primeiros a que assisti. As músicas e a história são muito bonitas”. Tão decidida como no dia em que recebeu o e-mail, que seria sua porta de entrada em uma nova vida na América, Gabrielle deixa claro que não pretende esperar sentada o sonho e as oportunidades acontecerem. Por isso, ela integra a The Joust Theatre Company, companhia que criou com 25 jovens atores e diretores, seus colegas da New York University – Tisch School of the Arts, e que já produziu três peças. A mais recente está em cartaz agora, na primeira quinzena de dezembro, e se chama Assistance, na qual Gabi atua e é uma das produtoras: “Hoje em dia é tão importante criar a própria oportunidade de trabalho e não só esperar que alguém te escolha para um papel. É isso que fazemos juntos”. Escolhas como essas reiteram a certeza da gaúcha de que é pelos palcos que será feliz. “Sempre gostei do ao vivo, é diferente de filme, uma sensação empolgante sentir a plateia e as luzes e poder contar uma história que mexe com as pessoas”. Assim como seus musicais prediletos na Broadway, Wicked e Hamilton. Como para sonhar e fazer projetos em Nova York o céu é o limite, Gabrielle seguirá atuando e, desde que começou a trabalhar para Rose Ganguzza, da Rose Pictures LLC, produzir e dirigir entraram para o seu rol de desafios dentro do universo artístico. Ah, ela ainda deseja um dia criar uma escola de artes no Brasil. Meio caminho andado para essa menina corajosa, de rosto de amêndoa e olhos de mel que bem se define assim: brasileira, atriz, ambiciosa e grata. Já merece as nossas palmas. MB | 67
Báco
OrestesdeAndradeJr. jornalista e sommelier
Cerveja com uva Uma cerveja borbulhante. Este é o novo lançamento da Petronius Beverages. A Schatz Muskat Bier foi elaborada seguindo o espírito da escola cervejeira belga, que permite o uso de diferentes cereais, especiarias e frutas na busca da elaboração das melhores cervejas. É uma legítima cerveja do estilo “fruit beer”, que chega para embalar as festas de final de ano com um sabor único. “Queremos oferecer ao mercado cervejeiro uma nova expressão regional, através de um dos grandes tesouros da Serra Gaúcha: as uvas finas de alta qualidade”, explica o diretor da empresa, Emílio Kunz Neto. A Schatz Muskat Bier traz o aroma das uvas moscatéis, que se destacam mundialmente pela qualidade de seus vinhos e espumantes. Com base em maltes de cevada e de trigo, é uma cerveja harmônica, com baixo amargor. “O bouquet é finalizado com um extrato natural de especiarias, elaborado com casca de laranja, coentro e noz moscada, na própria cervejaria”, observa Kunz Neto. Em embalagem diferenciada para as celebrações de Natal e Ano Novo, a Schatz 68 |
Muskat Bier está disponível no mercado gaúcho com preço sugerido de R$ 60,00 ao consumidor, em garrafas de 750 ml. A Muskat Bier é o terceiro lançamento da Petronius em 2015. A empresa com sede em Caxias do Sul já havia disponibilizado ao mercado cervejeiro a Am Ipa (American India Pale Ale) e a Helles (Helles München). A primeira possui alta fermentação, com quatro diferentes lúpulos (dois aromáticos e dois de amargor). Seguindo a escola americana, o produto busca a prevalência de aromas cítricos e herbáceos, e equilíbrio entre o seu amargor (45 IBUs) e teor alcoólico (6,5%). Já a segunda possui baixa fermentação, elaborada seguindo rigorosamente a Lei de Pureza alemã, que garante características marcantes de malte de cevada. Com teor alcólico de 4,6%, a Schatz Helles é extremamente refrescante.
História Projeto familiar, a Petronius Beverages resgata a história de seis gerações de produtores de bebidas no Brasil. Seu lançamento no mercado ocorreu em dezembro de 2013, com a Schatz Blond, produto ícone da empresa. Em julho, a Petronius inaugurou sua nova fábrica, na localidade de São Valentim da Segunda Légua, em Caxias do Sul. O investimento total chegou a R$ 4 milhões.
Bá, que viagem
Toda bela, Coldebella! A infância de Mariana Coldebella foi bem familiar e feliz. Visitando os avós em quase todos os finais de semana, em Arroio dos Ratos. Brincando de boneca e de casinha com a vizinha. Magrela e cheia de energia, cresceu e se interessou por esporte, quando começou a jogar futebol, nadar e entrou para a equipe de vôlei do Colégio Militar de Porto Alegre, onde completou os estudos. Ela sempre sonhou em ser médica, mas, linda e esguia, foi fisgada pela moda e hoje integra o time de modelos brasileiras que giram o mundo trabalhando no circuito fashion internacional. Sonhadora, extrovertida, apaixonada pela família, um de seus desejos é casar, ter filhos e viajar para Praga e Israel. Um sonho profissional é ser escolhida para ser o rosto de alguma marca de beleza. Logo que chegaste (há quantos anos?), o que te encantou em Nova York? Eu digo que NY é minha casa há dois anos. Antes, ficava muito na ponte aérea da moda (Paris-NY-São Paulo). Mas lembro até hoje da primeira vez em que cheguei em NY. O que me encantou e continua me encantando é a diversidade cultural. Você encontra pessoas e nacionalidades de todo o mundo, é incrível! Hoje que hábitos tens que são a cara de Nova York? Brunch aos finais de semana, andar de bicicleta pela cidade, sentar em um parque e ler um livro, correr para pegar o metrô, assoviar pra tomar um táxi, como nos filmes (brincadeira). Do que sentes saudade em Porto Alegre? Da minha família, dos meus amigos. 70 |
E também da amabilidade e da alegria que nosso povo tem. De acompanhar meus pais nos afazeres deles e da época do colégio, era muito bom! Fala do teu trabalho? O que é mais bacana na profissão de modelo? A oportunidade de viajar pelo mundo, aprender e se renovar. Aprendi três idiomas, conheci pessoas e lugares únicos. Cresci, amadureci e aprendi a valorizar muita coisa em um curto período de tempo. Tens planos para quando não fores mais modelo? Pretendes ficar em NY? Ainda não sei muito. Meu namorado é de Buenos Aires, então temos que ver onde ficaremos. Já na minha profissão, vou buscar algo relacionado com bem-estar e beleza e os cuidados com as pessoas. Quem sabe algo na medicina? O que mais vale a pena na vida? Amar e acreditar no amor! Conta um pouco de como é a tua rotina aí? Corrida. Viajo quase todos os meses para a Europa, trabalho quase toda semana. Aí tento encaixar academia, aula de dança, igreja, caridade. Vish! É uma loucura! Fala um pouco dos trabalhos marcantes e quais os planos e projetos para 2016. Todos os meus trabalhos tiveram algo especial. Nosso editorial em SC foi lindo, pois eu nunca tinha ido para lá e super me apaixonei. Mais madura, marcaram também a exclusividade que tive com a Givenchy, o
editorial para uma revista italiana na Tailândia (foi onde fotografei minha primeira capa), desfile do Cavalli na ponte de Roma, campanha da Ellus que fotografamos na água, desfile do Elle na Ponte Estaiada em SP e na pista do Aeroporto do RJ, campanha da Via Marte em uma pedreira que teve de cavalo até chuva, e uma campanha que fiz com o Nick Knight, em que eu estava em cima de uma esteira posando. Já tive muitas experiências lindas. Meu projeto para 2016 é continuar trabalhando, aprendendo, crescendo e conquistando mais clientes. O que viver independente pelo mundo te ensinou? A valorizar o esforço dos meus pais no trabalho deles, a respeitar o tempo, a aproveitar cada minuto ao lado de quem se ama, a respeitar a vida e o próximo. Farias algo diferente? Teria escutado mais meus pais. Eu pentelhei muito! (risos). Mas no bom sentido, tá?! Houve momentos difíceis? Muitos! Principalmente no início, eu não falava nenhum idioma direito, nem o português (risos). Então a comunicação era complicada, e também, como sempre fui muito apegada a minha casa e à família, cada viagem é até hoje muito difícil. Lembras de algum que marcou mais? (risos) Mari, para você ver o quão difícil era para eu viajar, eu já inventei mentirinhas para adiar a data da viagem e ficar uns dias a mais em casa. Que vergonha! | 71
LígiaNery coach
Dignidade na solidão Ilustração Graziela Andreazza
Já fiz muitas viagens, e de cada uma delas, além das imagens que capturamos, trazemos sensações únicas, singulares. Viajar é mais do que a visão de pontos turísticos, é a mudança que acontece, profunda e permanentemente, no conceito sobre o que é a vida. Os acontecimentos, as pessoas, os aromas, as paisagens, os sabores vão deixando marcas que tatuam em nós as lembranças mais incríveis. São aquelas das quais, ao fecharmos os olhos, conseguimos chamar a emoção de volta. Nova York tem reservado em mim um espaço muito especial. É uma cidade onde estive sozinha algumas vezes e de onde, diferente de outras, saí encantada com a dignidade com que a escolha pela solidão é encarada no dia a dia. Não nos sentimos como um OVNI por estarmos a qualquer tempo, de qualquer jeito, em qualquer lugar sozinhos. O respeito as suas escolhas, ao seu espaço é algo reconfortante, acolhedor, por mais paradoxal 72 |
que isto possa parecer. É uma metrópole onde pude ter um vasto e íntimo encontro comigo, ocupando todos os meus limites, desejos e espaços sem ter a sensação de que isto fosse minimamente julgado ou cerceado de alguma forma. Essa cidade cosmopolita que acolhe a diversidade, a diferença, de maneira tão intensa faz com que tudo dilua-se de forma natural, como um pantone com tantas nuanças, que nem se percebem limites. Caminhando por seus bairros, entramos pela China, saímos na Itália, cruzamos a criatividade do SoHo, a sofisticação da 5th Avenue sem credenciais ou pedágios perpétuos. Esse lugar nos permite degustar uma variação de todos esses mundos e cardápios permanecendo com nossa identidade, intactos, mas obviamente nunca mais os mesmos. A experiência é transformadora, ninguém sai de lá o mesmo que chegou. Viagens são mesmo experiências que transformam momentos em pedaços de eternidade.
Vida Yoga
CristianeCavalcante denovayork
Estrear na Bá NY é uma honra para mim, que adoro escrever sobre coisas, pessoas e a vida. Falar de Nova York, cidade que escolhi para morar e construir minha família, então. Sobre histórias, pessoas, iniciativas e lugares que acontecem e que amo por aqui. Experimentar, conhecer, viver o novo e sobreviver mundana sempre me instigou e estimulou. Nada me deixa mais feliz do que pertencer ao mundo. De todos os cantos que já visitei, Nova York ainda é o mais instigante e emocionante dos lugares. Além do trabalho e dos compromissos, não existe rotina para quem mora na Big Apple. NY é a cidade mais excitante do mundo. Aqui só fica sozinho quem quer. Tem programa todos os dias. Fui muito bem recebida. NY te faz mais humilde, mais consciente, mais alerta, mais rápida, NY é certeira. Não erra nunca, não dorme nunca e é o lugar das mil e uma possibilidades. Tão poética como cruel. Tão errática como assertiva. Uma contradição todos os dias.
Uma das minhas primeiras amizades aqui foi com a minha conterrânea Aline Fernandes. Da praia do Cassino em Rio Grande para o mundo! Éramos modelos da Wilhelmina Models, agência com um casting de grandes feras por aqui. Nos conhecemos em um dia de inverno em uma lanchonete da Bed Bath and Beyond, paraíso dos aficionados por eletrodomésticos, móveis e bazar. Ela é uma amiga para (quase) todas as horas. Nos acompanhamos há anos e tenho muito orgulho disso. Canceriana nata, com os dois pés no signo de Capricórnio, assim como eu – receita perfeita para ir atrás dos objetivos, o que vem realizando com maestria. Dona de um físico invejável, tornou-se professora de Yoga Ashtanga, morou na Índia. Cosmopolita que só, vem galgando seu caminho. Menina do mato, de pés descalços. Tinha tudo para se apaixonar pela dança, mas não! Foi cair no mundo da moda, dos saltos altos (by the way, ela detesta!) e dos holofotes. Sempre muito disciplinada, levanta-se com as galinhas, pratica sua yoga e o bem. É do mar, do rio e do sol. Quem vier a NY e quiser conhecer seus talentos de perto, praticar yoga e desopilar da loucura dessa cidade pode acessar o site www.vidayogi.com. Lá tem dicas fantásticas de vida, de alimentação, da prática de bons costumes que podem ajudar muito na correria da rotina.
| 73
Watermill
No verão passado, fui a um evento anual e megaexclusivo para os amantes da arte em geral, curiosos (como eu!), gente moderna e bemnascidos. O jantar de gala oferecido pelo Watermill Center é o verdadeiro mundo da fantasia, onde toda forma de arte e exposição é permitida. Lady Gaga foi a estrela do evento, e uma sala foi dedicada exclusivamente à sua arte. Uma série de portraits retratando o alter ego da diva. A sala era escura e, aos poucos, grupos de pessoas se enfileiravam para passar por porta uma estreitíssima e não muito alta. Uma foto mais incrível do que a outra, porém. A sensação era de que Lady Gaga se mexia dentro da moldura do quadro. Intrigante e fascinante! O espaço fantástico era muito amplo, e uma turma de vanguarda da cena da arte new-yorker se misturava às esculturas, às montagens, e a impressão era de estar em outra dimensão. Para quem gosta de arte, de gente e de uma pitada de loucura, Watermill Center é uma boa pedida na badalada Southampton Beach. Um programa que só mesmo os locais sabem que existe.
Pizza NY
Sempre achei que o Brasil era o número 2 no ranking da pizza mundial, depois da Itália, é claro. Adorava aqueles buffets gigantescos, com mais ou menos 750 sabores de pizza. Doce, salgada, apimentada, de azeitona, com ovos moles, abacaxi com brigadeiro, calabresa com pimentão e por aí vai, tamanha a criatividade desregrada dos brasileiros. Fui mudando radicalmente de ideia (por
74 |
sorte, as pessoas sensatas sabem mudar) quando fui pela primeira vez à Itália. Que maravilha comer uma boa pizza num canto qualquer de Roma ou Milão. Ainda assim, quando voltava ao Brasil, me empanturrava dessas pizzas criativas em alguma pizzaria de Porto Alegre, São Paulo ou Rio. O fato é que hoje a melhor pizza que já comi na vida foi aqui em Nova York. Para mim, as pizzas da Two Boots são as melhores
Brazil Foundation
A Brazil Foundation é uma organização sem fins lucrativos que atua desde 2000 e da qual eu orgulhosamente faço parte desde 2005. Idealizada por Leona Forman, nascida na China, de ascendência judaica russa, cuja história ganhou outro rumo no pós-guerra, quando aos 13 anos foi com a família para o Brasil. Leona é naturalizada brasileira e foi guerreira ao criar a instituição com sede em Nova York. Uma vez que pedir dinheiro para os outros não é das tarefas mais fáceis, ela graciosamente, junto com Patricia Lobaccaro, nova CEO da fundação, vem fazendo isso desde então. Goldman Sachs, Grupo Votorantin, TAM, Bloomberg, entre outros, fazem parte e nos ajudam tornando o sonho da Leona e de todos nós, membros dessa fundação, possível. Neste ano, a BF comemorou seus 15 anos em grande estilo no Cipriani da Rua 42 e contou com o apoio de muitas celebridades, incluindo o da Fernanda Lima, que majestosamente foi hostess do evento ao lado de Pedro Andrade, do Manhattan Connection. Foram arrecadados
US$ 500 mil numa noite (WOW!). Um dos pontos altos foi quando Mr. Tom Rosicky anunciou que doaria US$ 20 mil se cantássemos juntos o Samba do Avião, de Tom Jobim. Foi bonito, me emocionei, e a BF levou US$ 20 mil para o Rio de Janeiro. Desde que fui convidada pelo meu amigo e diretor da Brazil Foundation, Marcus Vinicius Ribeiro, no final de 2004, a BF já ajudou mais de 7 mil projetos espalhados pelo Brasil. Andrea Dellal foi a homenageada da noite e doou silenciosamente singelos US$ 100 mil até ser anunciada por uma das apresentadoras. A garota carioca Fernanda Abreu embalou a pista de dança. Acompanharei os projetos beneficiados pela fundação no Rio Grande do Sul de perto, vendo na prática o que o dinheiro realmente possibilita. Quem quiser saber mais sobre o que a fundação se propõe a fazer, pode acessar o site. Além de dinheiro, é possível doar tempo (esse, dinheiro nenhum paga!) ou talento ajudando nos projetos como voluntários. Espia lá no www.brazilfoundation.org.
da vida. Fui apresentada a essas delícias pelo do meu marido logo que cheguei aqui para ficar. As filiais da Two Boots vão do East Village a Downtown. Estão espalhadas por toda a cidade de New York e tem também em New Jersey. A Cleopatra Jones é de salsichas italianas, pimentões assados, cebola vermelha e mozzarella estão entre as minhas preferidas. E sempre que passo por uma das lojas não resisto. Quem vier a NY não pode deixar de experimentar. | 75
LíviaChaves Barcellos
A arte do Natal em NY Welcome, 2016! Quando menos se espera, acabou o ano. Apesar de ter sido duro, passou depressa demais. Só de pensar em Natal e Réveillon, já dá um estresse. Ainda nem deu tempo de enfeitar a casa, de comprar “lembrancinhas” e encomendar a ceia. Antes de fazer isso, bom, bom mesmo é comprar uma passagem para New York. Garanto a vocês que é a melhor opção, e talvez saia até mais barato. O inverno torna aquela cidade mais encantadora, e é lá que sentimos o espírito natalino com força total. As vitrines ficam deslumbrantes, a agitação é enorme e programa bom é o que não falta. Muito frio, é verdade, mas o calor humano compensa. Quem quiser ver bons espetáculos, tem que ir ao Lincoln Center. Na sala de ballet, nesta época, já é uma tradição ver o QuebraNozes. Na Opera House, além de visitar a belíssima sala de espetáculos, no momento estão apresentando O Barbeiro de Sevilha. E ainda tem a Phillarmonic e a sala de jazz. Assim, é possível passar pelo menos quatro noites por lá. Pode-se comprar ingressos desde Porto Alegre pelo cartão de crédito. Caso não dê tempo, não desista. É só sair do hotel mais cedo e enfrentar a Cancellation 76 |
Line, que sempre se consegue lugar. Para jantar, recomendo o Daniel, que fica ali perto e é um dos melhores restaurantes da Big Apple. Aí é absolutamente necessário fazer reserva com antecedência. Fica na 60 E 65th Street. Outro bom restaurante é o Bernardin, na 155 W 51st Street. Muito gostoso, sempre cheio e menos caro do que o Daniel. Um programa obrigatório é sentar no Rockefeller Center e ver a árvore de Natal mais famosa do mundo, com mais de 20 metros de altura. Para quem viu o filme A Dama Dourada, recomendo demais uma visita à Neue Galerie, onde hoje moram o famoso quadro de Klimt e mais alguns que Ronald Lauder comprou por uma verdadeira fortuna depois de muita disputa judicial, porque os austríacos não queriam abrir mão das obras de seu mais importante artista. A galeria fica no circuito dos museus, bem perto do Metropolitan, na Quinta Avenida, 1.048. Aos que seguirem meu conselho, que curtam muito a viagem, trazendo bons fluidos para 2016. Have a Merry Xmas and a Very Good New Year!
AndréGhem tenista profissional
Maçã número 1
Uma vez, entrou em questão qual seria a melhor cidade do mundo. Uffffhhh, fazendo um rápido pente-fino, cito Londres e Nova York. Há alguns anos, vou à capital britânica e dois meses depois vou à Big Apple. Sempre nessa mesma ordem, e cada dia em que estou numa dessas cidades, constantemente faço essa comparação. Esse vai e vem da balança parece estar com os minutos contados para sacramentar a vitória de uma delas. O Velho Continente, tantas histórias, tanta cultura, tantas tradições. Quem vai a Londres com certeza fica maravilhado pela grandeza e beleza da cidade. Tudo muito funcional, organizado, descomplicado. Aliás, se a coisa complicar, pode pedir ajuda, que o povo é simpático, ao contrário do tempo, que pode te dar banho por dias seguidos e atrapalhar qualquer passeio. Falando em passeio, nunca perca a hora por lá, do contrário, poderá perder o jantar, já que o povo janta e se recolhe cedo.
Sem hora para nada e com tempo para tudo. Assim é um dia em Nova York, a cidade que se vende sozinha. Roupas, camisetas, bonés com o logo da cidade estampado na sua cabeça e você está na moda. A cidade que nunca dorme, que tem uma população de ratos tão grande, senão maior, que a de humanos. A cidade onde os arranha-céus te englobam e asfixiam, te roubando por completo a luz solar. O maior parque do mundo está lá, com o seu mundo próprio. A cidade que não tem dono, que aceita tudo e todos. Que acolhe, mas não abraça. Que te tira, mas também dá. A beleza construída. A terra da oportunidade. Das longas caminhadas. Cosmopolita. Uma cidade que é um mundo. Um mundo que é uma cidade. Uma vez conheci um cara que nasceu em Nova York. Esse cara fala japonês em casa e foi morar na Espanha. Assim é a grande maçã. Sem paradoxos, sem paradigmas, de qualquer jeito, sempre tem um jeito para qualquer um. Nova York, tu és a número um. | 77
MarcoAntônioCampos advogado e cinéfilo
Cinema de qualidade bem perto de você
Quando a gente fala em cinema, a primeira ideia que vem à mente certamente é a da sala escura com uma tela grande e iluminada. A evolução tecnológica impressionante, rápida e sem limites vem trazendonos inúmeros outros meios de ver cinema, muito além desse tradicional e de longe ainda o mais completo e delicioso. Pela perfeição de cinco de suas produções originais e pela quantidade de opções que trouxe para nossas casas, o serviço de streaming Netflix já ganhou seu lugar de destaque e excelência. A primeira foi a inigualável House of Cards. Estrelado pelos excepcionais Kevin Spacey e Robin Wright como o casal Frank e Claire Underwood, o seriado trouxe os bastidores da Casa Branca e da política norte-americana com um detalhe e uma crueza jamais vistos em nenhuma outra produção. As três temporadas já lançadas, produzidas pelo cineasta David Fincher, contêm pelo menos uma dúzia de momentos memoráveis do cinema e frases que já fazem parte da antologia de qualquer cinéfilo, sem falar nos shakespearianos momentos em que o personagem central fala com os espectadores sobre suas maldades, intenções ou inquietações. Simplesmente genial! Depois veio Daredevil (O Demolidor). Primeira produção dos poderosos Estúdios 78 |
da Marvel para a telinha, a história do advogado cego Matt Murdock lutando contra os vilões no bairro de Hell’s Kitchen arrebatou quem viu pela excelência das filmagens, qualidade do elenco e ousadia da proposta. Seguindo a estratégia da Netflix de lançar todos os episódios na mesma data, o seriado seguiu atraindo para a telinha nomes calejados do cinema, como Vincent D’Onofrio, Scott Glenn e Rosario Dawson. O terceiro gol foi Narcos, produzida por José Padilha e estrelada por Wagner Moura no papel do megatraficante Pablo Escobar. Uma história polêmica narrada em dois idiomas e filmada em vários países, trouxe sem fugir de temas delicados todo o conflito político e econômico por trás da ascensão e queda do maior traficante do Cartel Colombiano. O passo mais ousado da Netflix foi lançar um longa-metragem simultaneamente com o cinema, visando conseguir uma indicação para o Oscar de Melhor Filme. Beasts of No Nation, de Cary Joji Fukunaga, estrelado pelo excelente ator britânico Idris Elba (candidato a ser o primeiro James Bond negro) e pelo menino Abraham Attah, é um filme excelente sobre a guerra civil em um país africano não identificado. Foi consagrado pela crítica do mundo inteiro e deve conseguir uma indicação da Academia.
E, finalmente, no final do ano, mais uma excelente série: Jessica Jones. Outra vez com a Marvel e outra vez em Hell’s Kitchen, contando a saga da mais anti -heroína de todas, uma detetive particular que luta sem recursos para salvar os pobres e oprimidos de vilões inacreditáveis. Cinema de alta qualidade. Tudo isso se encontra na sua televisão. Claro que ninguém vai deixar de ir ao cinema, porque nada se compara à tela grande. Mas que aqui também tem diversão com cinema de alto nível, isso tem.
Marvel Jessica Jones, House of Cards e Beasts of No Nation: algumas produções originais Netflix
| 79
Fall in NY
MariaDuhá
Para cair de boca
Fall in NY é a melhor época do ano para renovar-se. O velho vira novo. O esplendor do verão dá lugar a uma explosão de cores. As protagonistas deste espetáculo são as folhas, que antes de saírem de cena para enfrentar o inverno rigoroso mostram beleza e exuberância inigualáveis. Elas se retiram, mas não vão para Miami ou para o Caribe para fugir do inverno. Caem para renascer. Encerram ciclos. Sábia natureza. Show!
80 |
Feira das vaidades
Moda policromática de acordo com a natureza. Terra, terra! Vista pela Madison Avenue, parece inspirada no sul maravilha do nosso Brasil: capas, ponchos, muito couro, botas acima dos joelhos, coletes de pele, bolsas. Tudo com franjas e muito mais franjas, franjas e franjas... Como alguns chiripás dos gaúchos... Bá! Tchê! Para quem gosta de produtos orgânicos, como a quase nova-iorquina Bela Gil, o programa básico, tipo barato modesto, é um passeio pela feirinha da Union Square no sábado, com direito a brunch no Village ou até mesmo no Brooklyn, para apreciar o que há de melhor direto da fonte – ops, sorry, direto da terra.
fotos Elvira Fortuna
Peças de museu
E os museus? Depois da espetacular exposição do Costume Institute China: Through the Looking Glass, o Metropolitan, MET para os íntimos, inaugura a exposição Jacqueline de Ribes: The Art of Style. Considerada um dos maiores ícones da moda do século 20, De Ribes é uma condessa europeia – musa dos costureiros, polivalente na moda e na vida. Designer e stylist, envolvida em produções teatrais, televisivas e eventos de caridade que mobilizam famosos e rendem milhões para as instituições a que se destinam, a Condessa de Ribes agora vai virar peça de museu. O Costume Institute do MET ou o Anna Wintour Costume Center sempre apresentam a moda sob um prisma de estética, cultura e forma de expressão artística. Só para lembrar, Anna Wintour é a inglesa que comanda a Vogue nos Estados Unidos, até Gisele Bündchen sabe que, afinal, The Devil Wears Prada.
O MoMa, pequeno, mas muito sincero pela qualidade do que mostra e pela importância de seu acervo, está com a fabulosa exposição Picasso Sculpture, que não carece de maiores informações, pois o nome já diz tudo. Só até fevereiro. *** Quem ama a obra do austríaco Gustav Klimt e não quer ficar na longa fila da Neue Galerie, na Quinta Avenida com a 86th Street, para ver a exposição permanente da famosa pintura em ouro de Adele Bloch-Bauer, confiscada pelos nazistas e ressarcida legalmente para a família, pode aproveitar a ida ao MoMa, subir ao quinto andar e admirar a pintura Adele Bloch-Bauer II, feita na mesma época do Adele Bloch-Bauer Woman in Gold. Ponto para o MoMa, que tem esse quadro em exposição permanente. Outro museu que está com tudo é o Whitney. O melhor do New Whitney são a arquitetura e a localização. Projeto do italiano Renzo Piano, arquiteto preferido de nove entre 10 museus, situado entre a frenética High Line no Meatpacking District e o sereno Hudson River, continua mostrando o mesmo acervo do Old Whitney. Por falar em Old Whitney, este será uma edícula do MET, a partir de março de 2016, e mostrará trabalhos de vanguarda com artistas performáticos ao vivo que estarão exibindo-se dentro do museu, que vai se chamar Met Breuer. Breuer é o arquiteto que projetou o edifício original, em 1966. Outros menos votados (pelo menos neste fall), como o Guggenheim, ficam na geladeira… literalmente.
| 81
Pedalando sem parar
Preste atenção! Não são as pedaladas fiscais brasileiras, mas as azuizinhas, que compõem o colorido deste fall in NY. Antes que o frio chegue arrebentando, e com os dias ensolarados e amenos nesta época do ano, o negócio é pedalar aonde for. No Central Park, na Brooklyn Bridge ou mesmo como veículo urbano de locomoção, as bicicletas do Citi Bike com as luzes sempre piscando são uma delícia à parte na cidade. Citi Bike é um sistema de compartilhar bicicletas. Você pega numa “estação” e pode devolver em qualquer outra parte da cidade. Basta ter um cartão de crédito. Todas as cidades civilizadas já estão usando este tipo de serviço. O de NY tem milhares de bicicletas que podem ser usadas 24 horas por dia em todos “boroughs”. Boroughs seriam uma versão dos distritos/ subúrbios no Brasil. Nova York tem cinco boroughs: Manhattan, Brooklyn, Queens, Bronx e Staten Island. Importante para todos é saber onde estão as ciclovias. Um Google rápido no site New York Bike Paths, Bike Lanes resolve o problema. Sem esquecer de usar o capacete. Segurança. It’s the name of the game.
Os cavalinhos e os cavalões
Ralph Lauren tem o dom de transformar em moda e must tudo o que toca. Assim é o caso do Polo Bar & Lounge. Decoração tradicional com motivos equestres, como convém ao bilionário Lauren, que nasceu pobre no Bronx e ganhou fortunas com suas cavalgadas na moda. O Polo Bar foi inaugurado durante o verão e engrenou o trote no outono. Situado na Quinta Avenida, está sempre lotado de celebridades, intelectuais, figuras da moda e das artes. Beautiful people! Difícil conseguir reserva. A dica é chegar e ir para o bar, que tem um menu simpático, quase acessível e para todos os gostos. Por exemplo, ostras, tábua de queijos e frios e vegetais crus 82 |
(crudité), coquetel de camarão e até caviar são servidos para os que chegam “walk in” sem reserva. Os preços são altos, mas não exorbitantes. O Polo Bar é o lugar favorito do – abominável para alguns – Donald Trump, o controvertido candidato a presidente dos Estados Unidos. Desde que lançou sua campanha presidencial, é lá que ele vai com Melania, sua modelo de mulher, ou mulher modelo, para curtir e relaxar quando está em Nova York. Talvez pela proximidade do Trump Tower, onde vivem, o Polo Bar é como se fosse o botequim da esquina dos Trump. Como diria o consagrado poeta Manuel Bandeira no poema Rondó dos Cavalinhos, “Os cavalinhos correndo, e nós, cavalões, comendo...”. (risos)
Hot & Cool Marcos Cohen Profissional sério. Inteligente. Elegante. Chique, cheio de estilo. Essas são as palavras que definem Marcos Cohen, o mais nova-iorquino de todos os brasileiros. Conhecedor da arquitetura e do mercado imobiliário de Nova York, ele acaba de receber o prêmio Top#1 da Douglas Elliman, empresa líder de corretagem de luxo de Nova York, conhecida internacionalmente. Esta é a terceira vez em que Cohen se destaca entre os cerca de 6 mil agentes imobiliários da Douglas Elliman, onde trabalha há duas décadas. Marcos é superantenado a todos os lugares novos e antigos da Big Apple. Ele escreveu este simpático texto sobre o outono em geral e sobre a cidade e apro-
veitou no final para dar uma dica imperdível: “Nova York é um lugar animadíssimo em qualquer época do ano, mas a estação ideal para visitar é o outono. Seguindo os meses relativamente lentos de verão, o calendário cultural entra em alta velocidade com festivais de cinema, aberturas da Broadway e muito mais. Tudo e ao mesmo tempo, as árvores no Central Park aparecem com belos tons de laranja. Não é apenas a cidade à qual vale a pena uma visita no outono. Os arredores também são lindos. Desde a semana da moda até escutar música clássica no Carnegie Hall faz Nova York tornar-se ainda mais mágica no outono”.
Eis a dica “O Clock Tower Restaurant é um dos mais novos restaurantes da cidade, localizado no recentemente inaugurado NY Edition Hotel e elaborado por Stephen Starr (o mesmo do Buddakan, Morimoto, Upland e outros na cidade). O menu tem influências modernas britânicas e americanas, trazendo sabores contemporâneos de 2015. Além de ter uma decoração supertransada feita pelo Rockwell Group, tem três salões com atmosfera dos clubes de Nova York que não existem mais. O chef tem restaurantes em Londres e Austrália, três deles com estrelas do Michelin. Vale a pena conferir. Fica localizado no Madison Green Park”. Marcos Cohen | 83
de olho
Beleza com equilíbrio
MarceloBragagnolo publicitário e agente
Aline Fernandes é gaúcha de Rio Grande. Quando adolescente, recebeu um convite do conterrâneo fotógrafo de moda Eduardo Carneiro para fazer um ensaio. Topou e logo em seguida era chamada para fazer parte do casting de uma agência de modelos na Capital. Gostou da ideia e no ano seguinte mudou-se para Porto Alegre para conciliar a nova oportunidade com a conclusão dos estudos do segundo grau e emendar uma faculdade. Na sequência, aos 17 anos, foi aprovada para o casting de uma agência de Milão. Desde então, não parou mais no Brasil. Motivada pela busca da independência financeira e por desbravar o mundo, morou e passou temporadas de trabalho também em Paris, Munique, Hamburgo, Sidney, no Havaí e em Nova York, onde vive hoje. “Paris e Nova York marcaram muito, pelas oportunidades profissionais. Em Sidney trabalhei muito, fiz todas as revistas da Austrália: Elle, Vogue, Harper’s Bazaar…!” Momentos que marcaram: Aline vibrou com o primeiro trabalho realizado nos Estados Unidos, uma campanha para a Abercrombie & Fitch, fotografada pelo renomado Bruce Weber, com os desfiles para Fendi em Paris e com as fotos submarinas ao lado de tubarões nas Bahamas e no arquipélago australiano de Great Barrier Reef, para a Victoria’s Secret. 84 |
Apesar do rumo tomado no meio da moda, quando menina, não era esse o mundo em que vivia. Gostava de esportes e aventuras, de estar em contato com a natureza. O caminho em direção aos estúdios e às passarelas a fez sentir falta do equilíbrio e da paz que encontrava se exercitando e no convívio com a natureza. Nessa fase, despertou para mais uma busca, por uma prática espiritual e de autoconhecimento: “Trabalhando em um meio em que constantemente passamos por julgamentos por sermos altas ou baixas ou magras ou fortes, eu comecei a procurar por algo que me ajudasse a conhecer melhor a mim mesma e reencontrar paz e equilíbrio”. Então encontrou e escolheu a Ashtanga Yoga, por ser uma prática tradicional, ensinada da mesma forma que é na Índia, onde originou-se. É uma prática dinâmica, que usa o corpo como plataforma para trabalhar a mente, através de movimentos sincronizados, sempre respirando corretamente. Para cada movimento, uma respiração, gerando mais espaço entre os pensamentos, clareza na mente e equilíbrio físico, mental e emocional. “Inicialmente, o que me atraiu na Ashtanga Yoga foi a independência. Com o tempo, tornou-se uma prática pessoal, podendo praticá-la em qualquer lugar, a qualquer hora.” Sobre os lugares no mundo onde mais gosta de estar para se conectar através da Yoga: “O Havaí certamente está no topo da lista e adoro praticar Yoga na Índia, onde a energia é muito intensa e verdadeira. Mas todos os lugares imersos na natureza são superválidos e importantes”. Em Nova York, além de seguir trabalhando como modelo, dá aulas de Yoga diaria-
mente, ministra retiros e cursos pelo mundo e desenvolve projetos relacionados com a Yoga, entre estes um para 2016 em parceria com uma marca brasileira “ainda secreto”, faz mistério. Mas revela suas aspirações para o futuro: “Gostaria de ter a minha própria marca de produtos relacionados a Yoga e esportes e quem sabe um programa de TV no qual eu possa inspirar as pessoas a
terem uma vida mais saudável e mais conectada com a natureza, onde quer que estejam. Também gostaria de trabalhar mais com projetos sociais relacionados com a Yoga e o bem-estar, no Brasil”. *Aline compartilha mais do seu estilo de vida e inspirações no Instagram @vidayogi e também no site/blog que está lançando, o vidayogi.com. | 85
moda urbana
AngelaXavier
Milky Gabor ĂŠ puro estilo pela Lexigton Avenue
86 |
2
1
1
A brasileira Stephany Besedich, que trabalha com eventos, estaciona sua bike em Williamsburg
2 3
Cynthia Requena de pretinho básico de couro
Graciosas na Union Square, Lucie Halley e Kara Gandy são fashion designers em NY
4
5
4 5 6 7
3
Beleza e estilo: Ana Paula Luz Sheila Liotti meio riponga, meio rocker Adriana Buarque apostou no eterno preto e branco
Marcia Hartz optou pelo jeans descontraído com detalhe divertido da bolsa
6
7
| 87
moda
Verão ao melhor estilo nova-iorquino
Paola Deodoro e Karina Steiger
Nova York + street style: um dos combos que, definitivamente, mais deram certo no cenário da moda dos últimos tempos! A mistura de pessoas interessantes e megacriativas, vindas dos mais diversos lugares do mundo, faz com o que os estilos que circulam pelas ruas sejam altamente inspiradores, com grandes apostas das passarelas ganhando interferências de estilo muito pessoais. É “o” lugar para sentar e observar (… e até fotografar, vai!) o vaivém de gente incrível que ajuda a definir ideias e estilos que ainda estão por vir. Por lá – e nas próximas páginas aqui também - a ordem é misturar! Cidade com praia, moletom com couro, brilho e fosco, estampas, volumes, comprimentos e proporções diferentes. E para comemorar essa edição Big Apple, algumas das ideias da temporada com styling no capricho para você se inspirar.
88 |
| 89
Fresh!
Que tal trazer a dupla maiô & calça branca para a cidade? Aposte no corte de alfaiataria e complete o look com espadrilles de salto. Maiô: Lola C a l ç a : V i n ta g e B u t i q u e B r e c h ó E s pa d r i ll e s : C r i s t o f o l i
90 |
Alô doçura!
Para espantar o calor, traga cores calmas e doces ao seu guarda-roupa de verão. O vestido rosa blush entra para a turma dos descolados com a ajuda de uma sapatilha étnica Vestido: Lola S a pat i lh a : Z i l á Fa s h i o n S t o r e B r i n c o s : H e n r i q u e S t e y e r pa r a C o l i s e u
Calça curta
O desafio pode parecer grande, mas a pantacourt vai te conquistar, pode anotar! Para começar, experimente um macacão preto com volume médio na calça e apimente com uma flat de cor marcante M a c a c ã o : An i m a l e Fl at: Z i l á Fa s h i o n S t o r e B r a c e l e t e s : M a r i a M e ll o s
92 |
Layering
Dividir o visual em camadas ĂŠ o jeito mais cool de dar movimento para o seu visual. Mas os recortes precisam ser estratĂŠgicos, como a fenda incidental (que aqui quase se transforma em protagonista), perfeita para aplacar o volume. V e s t i d o : An i m a l e Loafer: Cristofoli B r a c e l e t e s : M a r i a M e ll o s e E s s e r e J o i a s
| 93
Casual alfaiataria
Troque o blazer de todo dia por um colete perfecto (mais fresquinho e mais up-to-date), adicione textura à saia lápis e… voilá! Seu escritório se transforma em uma passarela em segundos! C o l e t e e s a i a : An i m a l e Bolsa: Coach An e i s : H e n r i q u e S t e y e r pa r a C o l i s e u
94 |
Fotos: Raul Krebs (Estúdio Mutante) Styling: Paola Deodoro Produção: Karina Steiger Beleza: Aline Matias Modelos: Gabriela Rhein e Nicole Franzoi (Love Mgmt) Agradecimentos: NY 72 In Love It
Encontro de estampas
Ei, você aí: nem pensar em deixar o estilo em casa para malhar: uma calça de estampa gráfica, um top camuflado e um agasalho poá podem sim viver em harmonia. E para sacudir o p&b, o tênis orquídea é perfeito. T o p, l e gg i ng , a g a s a lh o e t ê n i s : Nike Store
| 95
Artsy
Seja misturando estampas intensas na mesma produção ou surpreendendo um visual monocromático com um ponto de cor, descubra o artista que existe em você!
Bermuda e camisa xadrez: Marisol Macacão floreado: Lilica Ripilica Vestido azul: Fernanda Sica C o l e t e d e p e l i c a : S t. T r o i s C o l a r : H e n r i q u e S t e y e r pa r a C o l i s e u S a pat o : Z i l á Fa s h i o n S t o r e
Encontro inusitado
Quais as chances de você usar couro e moletom em pleno verão? Todas! A blusa cropped e o short soltinho, em tom animado, dão autonomia para horas de pedalada M a lh a c r o p p e d e t ê n i s : N i k e S t o r e Sh o rt: L i z i a n e R i c h t e r pa r a Z i l á Fa s h i o n S t o r e
98 |
StreetwearBeachwear
Boné e regata, hot pants de chamois, salto agulha, minibolsa com alça de corrente. Tudo ao mesmo tempo? Só se for agora! H o t pa n t s e t o p : S t. T r o i s Ta n k t o p : F e r n a n d a S i c a B o l s a : Z i l á Fa s h i o n S t o r e Sandália: Cristófoli
| 99
Linha A
O vestido de corte evasê e manguinhas estruturadas também é cheio de texturas. Para equilibrar tanto high, tiras de couro fazem as vezes de cinto e ainda cedem espaço para mais acessórios brilhantes! V e s t i d o : Pa u l a V i a nn a S a pat o : C r i s t ó f o l i Brincos: Essere Joias B r a c e l e t e s : M a r i a M e ll o s
100 |
Oriente
Os contornos de um quimono japonês são perfeitos para criar uma silhueta contemporânea e sexy de um vestido de festa. Detalhe glam: o forro em tons alaranjados se revela nos movimentos do vestido magenta. V e s t i d o : Pa u l a V i a nn a Peep toe: Cristofoli
| 101
Brilho certo
Quer ver uma saia dourada brilhar na medida certa? Use com tons claros, como brancos, nudes ou rosÊs. A mesma peça com um top preto ou grafite resultaria em um visual bem mais pesado. Top: Zara S a i a : V i n ta g e B u t i q u e B r e c h ó An e i s : E s s e r e J o i a s
102 |
Princesa do rock
O look 茅 delicado, mas sem exagerar na ternura jamais! O tomara-que-caia com saia volumosa vazada tem a cintura marcada por um cinto de tachas. E nada de salto alto! Loafer de bico fino 茅 a ideia para surpreender. V e s t i d o : V i n ta g e B u t i q u e B r e c h 贸 Loafer: Crist贸foli Brincos: Essere Joias
| 103
deuochic.com
VitorRaskin
As irmãs Nora Teixeira e Bettina Becker no Hotel Serena em Punta del Este
104 |
deu o chic
As irmãs Laura e Victória Bartelle
Maria Alice e Martina Ritter
Fatiminha Marcondes
Marylin Kulkes festejou a abertura de seu belo espaço no Iguatemi ao lado dos filhos João Pedro e Saulo Kulkes
Irmãs cheias de charme: Fernanda e Luciana Maisonnave
Giovana Bartelle Velloso e Betina Sehbe em Punta del Este | 105
Sempre bela, Hello Campos
106 |
deu o chic
Teresa de Yustas e as filhas Karina e Silvina na abertura de seu novo endereço da Primavera Sanduicheria
Dóris Hexsel comemorou o primeiro ano de sua nova clíinica ao lado de Taciana Dini e Mariana Soirefmann MacDonald
Betinha Schultz, Barbara Pozzebon e Fernanda Obino: Brunch de Natal
Andre Vianna e Cássia Kroeff
Cynthia Requena e José Luiz Krupp | 107
BEATRÍZ OLIVERA, SOLEDAD KRASNANSKY e ELENA TEJEIRA do Casino Carrasco prestigiaram o lançamento da Bá 13 no Coletivo Central da Rossi
misturebá
GABRIELA USTÁROZ, ANA ALICE SOARES e DANIELA OPPTIZ
Por Mariana Bertolucci Fotos Lenara Petenuzzo
LUIZ ROBERTO MARTINS e ROSANE MARCHETTI
Luz e cor: LAURA BIER MOREIRA
|| 109 109
LIZIANE LEITE CRUZ PEDRO HOFFMANN e ANDRÉA MARTINS
LUIZ PAULO e ROSELE KARNIKOWSKI
GABRIELA e JANETE SCHAEFFER TROIS
SOLEDAD KRASNANSKY entre DUDU e NEUZA DURGANTE
GOIA TELLECHEA CAIROLI
MARTHA MEDEIROS e ROSANE MARCHETTI
TATIANA RIHAN, PAULO GUERRA e ANA PAULA DIXON
JOANA BACALTCHUCK e MARCIO GROBOCOPATEL
ANA CLÁUDIA DIEHL BRAZ, CARMEN DIEHL e CONSUELO GARRIDO
Loiríssima, MAÍRA FRANZ
| 111
ROBERTA AHRONS, SILVIA AHRONS e JORGE PARRAVICINI
DULCE HELFER e FRANCISCO MARSCHALL
CYR LIVONIUS e REGINA WALLAUER
ANDERSON SANTOS e VANESSA CARÚS O DJ ALFREDO CARVALHO
LUÍZ ZOTTIS e CAMILA MARCHETTI
ENIO, LAURA e TANARA MOREIRA
MITHY ZAGO e FELIPE OLIVEIRA
ALEX SANTOS e DANIELE HAHNER
ALEXANDRE PACHECO PAULA VIANNAPAULA VIANNA
ALINE MOURA e ANDRESSA RIQUELME
MARCIA PRADEL e JULIANA PRADA BERTERO
Telefone: (51) 34143108 / (51) 330 73594 / (51) 92272815 www.dududascaipiras.com.br e-mail: eduardo@dududascaipiras.com.br
VitรณrioGheno
Fotos Nรกdia Raupp
artista plรกstico
114 |
Tonico Alvares
atelier de retratos e fotografia autoral
tonico.alvares@uol.com.br (51) 9116-5686 (51) 3907-5886 rua barao de santo angelo, 299 - poa, rs