EMBASA GARANTE QUE ÁGUA DE CACHOEIRA É BOA
Rosalvo Marques
Tombamento deve aumentar o turismo em São Félix
(Pág.4)
A expectativa é da administração municipal, que este ano assinou acordo para a preservação do patrimônio cultural da Cidade Presépio. (Confira na página 5)
Maria Olívia
(pág. 9)
(paginas 6 e 7)
Conheça Zé Sapo, um filósofo debaixo da ponte (pág. 11)
Caiã Pires
Imagem de Bom Jesus da Lapa visita Mutuípe
Suely Alves
Alunos do curso de Jornalismo da UFRB visitam veículos de comunicação em Santo Antônio de Jesus
INEDITORIAL
CARTA AO LEITOR Nosso jornal laboratório Reverso chega ao seu número 41, operando como espaço privilegiado para a experimentação e para o exercício da criatividade, antenado e sintonizado com as mais recentes tendências do jornalismo e do meio midiático contemporâneo. Um dos nossos compromisso mais básicos é manter sempre uma atitude crítica sustentável, evitando conclusões que não sejam baseadas em fatos e/ou documentos, orientando-se sempre pelos princípios éticos da verdade, sem préjulgamentos ou preconceitos. Além, evidentemente, de abrir espaço para ouvir as vozes - plurais e diversas - da comunidade, como demonstra o artigo assinado pelo professor, advogado e historiador Heraldo Cachoeira, na coluna Ineditorial. Esta edição traz como destaques as boas perspectivas para o turismo em São Félix com o tombamento da cidade, segundo as expectativas da administração municipal e, por outro lado, as dificuldades enfrentadas pelo curso de Licienciatura em Música na cidade que funciona na cidade, bem como as reclamações dos moradores em relação às obras de requalificação do seu antigo porto. Tratamos também das garantias da Embasa quanto à qualidade de água consumida em Cachoeira, as ações preventivas para o controle da dengue, as tradições culturais e folcóricas de Saubara, a visita da imagem do Bom Jesus da Lapa a Mutuípe, as histórias e lendas que cercam a Fonte da Bica de Jaguaripe, o perfil do interessante cidadão Zé Sapo e um raio-x de Santo Amaro, na coluna Conheça Seu Município. Por fim, uma matéria especial registra a visita dos alunos que produzem o Reverso a alguns veículos de comunicação da progressiva Santo Antonio de Jesus. Boa leitura!
Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Reitor: Paulo Gabriel Soledad Nacif Coordenação Editorial: J. Péricles Diniz e Robério Marcelo Coordenação de Editoração Gráfica: Juliano Mascarenhas Redação e edição: Toni Caldas (página 5) e Valedice Santos (página 8) Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL) Quarteirão Leite Alves, Cachoeira/BA - CEP - 44.300-000 Tel.: (75) 3425-3189
Acesse o Reverso Online: www.ufrb.edu.br/reverso
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CuMEeIRa Do TEMPO! Há um grito ressoando na cumeeira do tempo, é a juventude ansiosa a procura do saber; são as cabeças pensantes da Cachoeira, abraçando uma ruína com o apelido de “Pompéia”; é a voz da razão mais pura, no “bate-papo” da cantina, sonhando com o desconhecido; é a bifurcação das algemas, quebradas para dar lugar, não a um Shopping Center, mas a uma fonte luminosa espargindo cultura para os garimpeiros chegados. Foi sem dúvida alguma o tilintar do aço das algemas solto no ar; o crepitar na falange da vida de um novo alvorecer: aqui, ali ou acolá, entretanto pelo emoldurado portão de um mundo obscuro, mas, a ser garimpado em busca do desconhecido! È como diria o eficiente porteiro Idemar com os amigos vigilantes, guardiões de um patrimônio predial e humano de valores incalculáveis: isso aqui é via – afirmam eles orgulhosamente – é o sangue novo de uma mocidade sonhadora e cheia de gás. São os mineradores que vêm chegando para desfolharem os segredos da linguagem muda dos livros! Podemos até afirmar: que é um barco com um timoneiro intelectual, filho adotivo desse chão energizado chamado Cachoeira, desembarcado aqui, de um país que proclamou para o mundo, o triângulo filosófico de: liberdade, igualdade e fraternidade, incorporado hoje, a nossa Sublime Ordem Maçônica, a França, com um nome brasileiro de Xavier! Chega ele, no alvorecer do vergastar do vento, despertando um povo, que já estava perdendo a sua auto estima cultural em detrimento a inércia e a ganância desenfreada pelo vil metal e bens materiais, dos que só pensam em amealhar, mais e mais, como se o cemitério, fosse um depósito de quinquilharias terrenas para ga-
Toni Caldas
nanciosos e avarentos, já que a cultura para eles é prejuízo e não progresso. Há de fato, um grito ressoando na cumeeira do tempo; talvez seja a sonoridade dos atabaques dando boas vindas aos Principies Orixás, desfilando pelas ruas estreitas da negra Cachoeira, atraídos que são: pelo canto da Mãe D’água despertado na Pedra da Baleia, a espera das oferendas, levadas pela Mãe Filhinha, com seus 107 anos remando na tosca canoa pelo rio Paraguassú. Pode ser também, os gritos de um povo revoltado com o mar de lama assolado pela corrupção encravada na mente atrofiada e deletéria do rouba, mas faz. Já dizia o filósofo hindu, Mahatma Ghandi: “Engana-se há muitos por muito tempo, mas não a todos por todo o tempo” Um dia o laranjal pode morrer e os plantadores algemados vendo o sol quadrado, na disputa pelas laranjas afanadas do povo. É como filosofa o artista plástico, Davi Rodrigues: “Viver bem é uma coisa, mas ser feliz é outra coisa totalmente diferente!” Esperemos por dias melhores, pois, diante de tanta pujança e do próprio grito de liberdade da juventude, podemos até dizer: que o Brasil estaria em melhores condições, se as pessoas honradas tivessem a coragem e o cinismo dos canalhas e corruptos, que
transformaram a nossa terra em uma ilha cercada de gatunos e “laranjeiros” por todos os lados. Lutemos sem medo, desfraldando a bandeira marcada com o signo da coragem e da esperança, no exemplo da Heróica Cachoeira e o seu bravo povo, que no dia 25 de junho de 1822, com a tenaz liderança de sua filha maior, Maria Quitéria, libertou o Brasil do jugo português, dando o início de nossa independência. Salve, salve “Os Ticoãs”, o trio mais harmonioso do Brasil, segundo a Academia Brasileira de Música. Se o samba nascera em Cachoeira, como afirma o escritor, Sérgio Cabral em seu livro “A História do Samba”, então o samba bem sambado é o da Boa Morte na parte profana dos festejos. Está chegando a hora de encurtar as distâncias de colher as flores frescas que plantamos no cerne das nossas imaginações no longo de tempo. Contemplemos a miscigenação de raças em torno de um alguidá, degustando um suculento caruru, com o apetite aberto pelo saboroso licor de jenipapo do Roque Pinto, em homenagem a nossa mãe África, com o grito de liberdade na voz sofrida de Nelson Mandela! O tempo passa, rumemos os “térens”, está na hora de darmos o adeus, o querer no pensamento, por a mochila às costas, ir embora e andarilhar por estradas lépidas como um viajor conseqüente, abrangendo os quatro cantos do mundo, munidos de sabedoria e recebendo os abraços sem as algemas e o grito da comeeira! *Heraldo Cachoeira é militar da reserva da marinha, advogado aposentado, historiador, palestrante, poeta e professor de enfermagem técnica
Curso de Música pode sair de São Felix antes de formar a primeira turma Hoje, estão funcionando só o auditório e o laboratório de informática. André Gustavo Cardoso
Texto de Roberval Santana Aberto em abril de 2008, o curso de licenciatura em música, que funciona na modalidade à distância, agora corre o risco de sair da cidade. As aulas eram realizadas na Rua Marechal Deodoro, no anexo da Escola Municipal Balão Mágico. Porém, o espaço não tem estrutura suficiente para comportar as necessidades que o curso exige, como, laboratório de informática, auditório, biblioteca e secretaria, sala de tutoria de violão, tutoria de teclado etc. Além do espaço reduzido onde aconteciam às aulas, o anexo estava pondo em risco
res da UFBA e a vida dos alunos da UFRGS vem e professores por ao pólo para causa do telhado a aplicação de que poderia deexames práticos sabar a qualquer e apresentações momento. Agodos trabalhos ra, as aulas estão desenvolvidos sendo realizada pelos alunos. no Infocentro, ao A prefeitura lado da biblioteca alegava não ter e do arquivo púcondições de arblico municipal, car com a próxicom 18 alunos e ma turma, pois uma tutora local e o custo que se itinerante de múO curso tem apoio dos sistemas públicos de ensino tem hoje é com a sica e também coordenadora do pólo de São musicais, com muita dificul- formação dos professores e Felix, Nara Rúbia Alves. dade em escutar as instru- pousada, além das despesas Com cerca de 12 metros ções do professor. Apesar de com zeladores, técnico em quadrados, os estudantes o curso ser de modalidade à informática e secretário, que têm que dividir este o es- distância, um dia na semana é administrado pela Secretapaço com equipamentos de acontecem as aulas práticas ria Municipal de Educação. informática e instrumentos e a cada semestre professo- A próxima turma seria de
demanda social, sendo de responsabilidade da prefeitura. O curso é financiado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com o apoio dos sistemas públicos de ensino em parcerias com as universidades federais UFRGS, UDESC, UFMT, UFES, UFBA, UFAL e UNIR, no programa de Pró - Licenciatura do MEC. Funciona em 11 municípios no Brasil, sendo que na Bahia existem quatro pólos: Salvador, Irecê, Cristópolis e São Felix. Todo o equipamento é fornecido pela UFBA e o conteúdo programático e didático pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Cachoeira faz festa para Nossa Senhora do Rosário Renata Reais
Texto de Mariana Villas Boas Todos os anos, entre o final de setembro e início de outubro, acontece a Festa da Nossa Senhora do Rosário, padroeira da cidade de Cachoeira. Com o tema Semeando a Palavra que transforma vidas, durante nove noites preparatórias, de 28 de setembro a 7 de outubro, assuntos como caridade, cura, família, libertação, entre outros, foram refletidos através de testemunhos de convidados.
No décimo dia, aconteceu a festa litúrgica dedicada à padroeira, presidida pelo bispo dom Gregório. No dia 7 de outubro, os fiéis compareceram à celebração para as crianças às 8h e missa festiva às 10 horas. Pela tarde, houve a tradicional procissão pelas ruas de Cachoeira, encerrando a festa deste ano dedicada à Virgem do Rosário. A cantora do coral da igreja Ana Cristina Soares disse ter gostado
muito da festa, pois “é uma oportunidade de congregar a comunidade com a palavra de Deus”, destacando que a noite que achou mais significativa foi aquela cujo tema era libertação, com depoimentos de dois ex-dependentes químicos Itana Mascarenhas, membro da comissão organizadora, disse que o diferencial da festa desse ano foram os testemunhos de fé. “Uma forma diferente de evangelizar, de aproximar a comunidade da igreja através de experiências reais”, concluiu. www.ufrb.edu.br/reverso
Embasa garante que a água é boa em Cachoeira Laiana Matos
Texto de Laiana Matos Considerada de boa qualidade, a água potável em Cachoeira é verificada por analises diárias e por um sistema pioneiro da região na empresa local, num processo de tratamento onde são postas em uma estufa amostras de água para analise bacteriológica, que identifica a existência de cloriforme fecal. A distribuição de água no município é gerada por dois sistemas de abastecimento local, o primeiro é através do manancial do Rio Pitanga, que atende cerca de 80% da população situada na chamada zona baixa, no centro e em alguns bairros como o Pitanga, Caquende e o distrito de Belém. O segundo vem do município de Muritiba, que abastece os 20% da porcentagem total da cidade e fica localizado numa altitude mais elevada, tendo como manancial o Rio Para-
A qualidade da água na cidade é medida por analises diárias e por um sistema pioneiro da região
guaçu, que devido à sua elevação garante a pressão do sistema de distribuição que chega aos bairros da zona alta, Ladeira da Cadeia,
Tororó, Alto do Túnel e Cucuí. Para que a água esteja ideal para consumo, ela passa por etapas da chegada na adutora - tubulação
onde passa a água bruta - até as residências. Alguns dos processos são a coagulação, ou seja, adição de produtos químicos para anulação das impurezas, filtração, que é feito por camadas de cascalho, pedra e areia e desinfecção, adição de cloro para eliminar as bactérias da água. Após passar pela estação de tratamento, a água vai para reservatórios que fazem a distribuição para as residências e são contabilizadas através do hidrômetro - máquina que contabiliza a passagem da água - instalados individualmente em cada casa. Desde 1977 a Empresa Baiana de Água e Saneamento (Embasa) atua na cidade. Antes, o procedimento era feito por um sistema municipal. Ela atesta a eficiência da qualidade da água do município, por está dentro dos padrões exigidos pelo Ministério da Saúde e conscientização sobre o consumo e prevenção contra doenças.
Cachoeira inicia ações para o controle da dengue
A população deve procurar um posto de saúde ao apresentar os primeiros sintomas Texto de Rosalvo Marques Uma equipe de 38 agentes de endemias tem realizado visitas regulares em domicílios da área urbana de Cachoeira com ações de prevenção e controle no combate à dengue. Este serviço é realizado o ano todo, principalmente nos Postos de Saúde Familiar (PSFs), com objetivo de despertar a conscientização dos moradores. “O maior problema da dengue é a falta de conscientização da população. Não www.ufrb.edu.br/reverso
adianta ter agente de endemias, educação e prevenção o tempo todo”, disse a enfermeira Marcele Deustch, que coordena a vigilância da dengue na cidade histórica. A enfermeira afirmou que a população fica à espera dos agentes para a limpeza dos lixos e entulhos em domicílio. Segundo ela, o acúmulo de água parada em recipientes (caixa d’água, garrafas, pneus, vasos de plantas etc) tem preocupado os agentes, principalmente com a temperatura elevada nos
meses de janeiro e fevereiro, que costuma acelerar o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti. Para identificar o vírus da dengue em um paciente é necessário realizar exames (sorologia para dengue ou isolamento viral) que são encaminhados para identificação no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Segundo a coordenadora de controle da dengue, os registros oficiais neste ano somam 23 casos suspeitos, confirmados através dos exames do Lacem.
A orientação é procurar um posto de saúde ao apresentar os primeiros sintomas (febre, moleza, cansaço, dores no corpo, nos olhos, muito cansaço, perda de apetite e paladar, náuseas, tonturas e vômitos e dor de cabeça). A preocupação da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia são os exames realizados em hospitais, clínicas ou laboratórios da cidade, que não estão preparados para dar resultados que possam ser comprovados para controle da vigilância epidemiológica.
Tombamento deve aumentar potencial turístico da cidade Com otimismo, chefe de gabinete comenta o tombamento do município
Texto de Mariana Vilas Bôas No último dia 4 de novembro, foi aprovada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural a proposta de tombamento da cidade de São Félix como parte do patrimônio cultural nacional, visando assim preservar o conjunto urbanístico e paisagístico da cidade. Em junho deste ano, o prefeito de São Félix, Alex Sandro Aleluia de Brito, assinou o Acordo de Preservação do Patrimônio Cultural, celebrado entre o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e a Prefeitura Municipal de São Félix, aderindo o município ao PAC das Cidades
Históricas, totalizando 36 milhões de reais em investimentos. Em entrevista, a chefe de gabinete da prefeitura, Ademira Rodrigues, dentre outros assuntos, falou sobre a destinação do PAC, a importância do tombamento de São Félix e como a verba será aplicada. Responsável pela elaboração do plano de ações levado ao IPHAN para ser aprovado, Ademira Rodrigues, diz que o tombamento foi uma justificativa para o investimento do PAC destinado a São Félix. “É necessário que haja uma justificativa plausível para ser investido tanto dinheiro em uma cidade. O tombamento veio para atestar essa importância”, declara. Segundo Ademira os 36 milhões destinados a São Félix não estão sob encargo da Prefeitura Municipal, mas sim, do IPAC –
responsável pela orientação técnica – e do IPHAN – que gere os recursos financeiros. A proposta para o tombamento teve como base o traçado urbano que permanece original, incluindo o leito da ferrovia até a antiga estação ferroviária, a ponte Dom Pedro II e a orla do rio Paraguaçu. Atualmente o principal obstáculo para o desenvolvimento de São Félix, mediante as ações do PAC, é a insatisfação da população. “As pessoas ainda não tem discernimento suficiente pra entender que isso significa um avanço enorme pra São Félix. Acreditam que isso vai torná-las dependentes, sem autoridade sob suas casas, sob sua cidade. Não entendem que é a melhor maneira de preservar um bem que é delas”, destaca a chefe de gabinete, confiante em melhorias.
Reforma no porto de São Félix provoca reclamações de moradores Rosalvo Marques
Texto de Rosalvo Marques Através do programa de recuperação do patrimônio cultural urbano brasileiro (Monumenta), São Félix foi contemplada com a obra de requalificação do seu antigo porto. Além da ampla estrutura de bancos, iluminação e jardins em arquitetura moderna, o espaço conta com dois quiosques que se encontram fechados desde a inauguração do novo porto, em junho deste ano, na presença do governador Jaques Wagner. Próxima ao antigo porto, a Praça Inácio Tosta, conhecida como Praça do Relógio, também foi incluída no plano de reformas. Contudo, moradores reclamam do de problemas com o novo calçamento, como o escoamento da chuva e a qualidade do material utilizado nas obras.
Descaracterização e baixo fluxo de pessoas põem em questão o planejamento da reforma
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Equipes do REVERSO visitam veículos de comunicação em Sto. Antônio de Jesus Cumprindo um programa que incluiu viagens de estudos a diversas localidades do Recôncavo da Bahia, Vale do Jiquiriçá e à capital argentina, Buenos Aires, os alunos-repórteres que integram a equipe do Reverso neste semestre estiveram por duas vezes na cidade de Santo Antônio de Jesus. A primeira visita foi realizada no dia 10 de novembro, com a coordenação do professor Péricles Diniz, e a segunda em primeiro de dezembro, com a professora Márcia Rocha. Em ambas, foram incluídas visitas técnicas ao portal eletrônico Infosaj, à rádio Andaiá FM e à sucursal do jornal A Tarde. Joaquim Bamberg
Conhecendo o pioneiro portal Infosaj Os alunos do curso de Jornalismo da UFRB conheceram as instalações do Infosaj, portal eletrônico de produção de material jornalístico de Santo Antônio de Jesus. Foram recebidos pelos diretores da empresa, Gildásio Cavalcante e Fernando Almeida, que mostraram as instalações e falaram sobre o histórico de pioneirismo, a dinâmica de funcionamento e perspectivas para o futuro da empresa. Como o primeiro jornal local www.ufrb.edu.br/reverso
a ser transmitido ao vivo pela web, há mais de cinco anos trata de assuntos da cidade e de localidades circunvizinhas, cobrindo também o que acontece no Brasil e no mundo. Tem seis mil acessos por dia e é alimentado por uma equipe própria e por colaboradores que desejem enviar notícias de sua região. O Infosaj tem como objetivo mostrar os fatos e as notícias do Recôncavo para o mundo através da Internet. “Nós procuramos fazer o inverso da grande mídia, que muitas vezes esquecese dessa região. Mostramos o que acontece no recôncavo da Bahia para o mundo inteiro, com essa ferramenta democrática que é a internet”, disse o chefe de redação Gildásio Cavalcante.
TV e noticiário ao vivo, apresentado pelo próprio Gildásio, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 18 horas e 20 horas. Para os espectadores que não têm acesso à internet, um telão foi colocado na Praça Padre Matheus, no centro da cidade. “No nosso último debate com os prefeituráveis de Santo Antônio, por exemplo, tivemos uma audiência de mais de quatro mil pessoas assistindo no telão. Tivemos uma aprovação excelente”, contou o apresentador. Expansão Atualmente o portal passa por um processo de expansão e pretende estabelecer um escritório em Cruz das Almas para aumentar sua área de ação, com repórteres atuJoaquim Bamberg
Texto de Joaquim Bamberg e Taiane Nazaré
Com 53 anos e uma idéia na cabeça, Gildásio decidiu, em parceria com o diretor de criação Fernando Almeida, deixar o rádio e o impresso para atuar no meio online. Trabalhou durante quatro anos em jornais de Salvador e passou a investir em um portal que pudesse falar de Santo Antônio de Jesus e todo o Recôncavo. “No começo foi muito difícil, pois como toda ideia requer riscos, mas hoje temos visibilidade com vários anunciantes nos setores do comércio e indústria, além de parceria com o estado e prefeituras da região”, comentou. Com suas instalações na cidade de Santo Antônio de Jesus, o site possui uma média mensal de 20.000 acessos e conta também com Web
Os alunos da UFRB deram entrevistas ao portal Infosaj
ando nas cidades mais próximas, como Cachoeira, São Félix e Muritiba. “Nosso objetivo é manter uma equipe mais próxima dessas cidades, para que facilite o trabalho de fazer notícia sobre a região. Como nosso pessoal é reduzido, temos dificuldade para produzir conteúdo sobre essas cidades”, explicou Fernando Almeida, designer e diretor de criação do portal. O portal se adequou bem à lógica operacional da nova era internet a da interatividade. A cada notícia, o usuário pode comentar e dar a sua sugestão. “A editoria de política é certamente a mais comentada”, afirma o designer. “Nós temos um link no site para que o público envie suas próprias notícias”, comenta ainda Fernando. A falta de profissionais qualificados na área é outra dificuldade enfrentada pela equipe do portal, mas seus sócios acreditam que, com a consolidação do curso de Jornalis-
mo da UFRB em Cachoeira haverá um grande crescimento tanto no número quanto na qualidade de profissionais. Neste sentido, o professor Péricles Diniz, à frente da disciplina de Jornalismo Impresso neste semestre, anunciou que está formalizando um intercâmbio para que os alunosrepórteres possam divulgar sua produção também através do Infosaj. Apesar da disputa acirrada do mercado de trabalho, a futura jornalista Daiane Dória está há seis meses atuando no jornal como repórter, enquanto termina o curso de jornalismo na UFRB. Ela aconselhou os estudantes de jornalismo a procurar estágios na área antes do término do curso. “O que se aprende na universidade ganha prática com mais rapidez, mesmo encontrando diferenças na vivência dentro do curso para a vida profissional”, concluiu.
Endereço na internet: http://www.infosaj.com.br
Laiana Matos
Reverso foi aos estúdios da Rádio Andaiá FM A equipe Reverso esteve também nos estúdios da Rádio Andaiá FM, acompanhando parte da sua rotina diária no rádiojornalismo. A emissora de Santo Antônio de Jesus, no ar desde 1995, se firma como líder de audiência na região, tendo grade de programação diversificada e com destaque para programas jornalísticos. Sintonizada pela freqüência FM 104,3, procura informar e entreter à população. Para tanto, um dos trunfos mais importantes é a interatividade, a participação do ouvinte. O público pode participar na maioria dos programas de sua grade, desde os musicais e de entretenimento até os jornalísticos, com discussões sobre os interesses das comunidades da região. Entre os principais programas de
jornalismo está o Andaiá Debate. O programa, que vai ao ar quinzenalmente as sextas-feiras, trata de questões de interesse da sociedade, trazendo especialistas em suas respectivas áreas para discutir os mais variados assuntos e dialogar com a população. Os ouvintes podem participar por telefone e e-mail, opinando, enviando sugestões e reclamações ao longo da programação. Atualmente a rádio conta com mais dois programas jornalísticos diários, além de pequenos blocos nos intervalos da grade de programas com as principais notícias do dia. A emissora alcança cerca de 150 cidades da região e passa por processo de crescimento na sua cobertura com a recente aquisição de novos equipamentos. Endereço na internet: http://www.radioandaiafm.com.br www.ufrb.edu.br/reverso
Conheça Santo Amaro O município de Santo Amaro está localizado no Recôncavo Baiano, a 72 Km de Salvador. Possui uma área de aproximadamente 486 km², e uma população de 58 414 habitantes, segundo o censo de 2008. O município abrange os distritos de Oliveira dos Campinhos, onde está situado o CineTeatro Caetano Veloso, Arraial da Pedra ou apenas Pedras, Cepel, Sítio de Camaçari, Itapema e Acupe. História Fundada em 1557, tem sua história ligada ao Engenho Sergipe do Conde, o “rei dos engenhos reais de cana-de-açúcar”. O nome Santo Amaro é devido aos monges beneditinos, aos quais foram doadas grandes áreas. Foi elevada à categoria de vila em 5 de janeiro de 1727, e recebeu foros de cidade em virtude da Lei Provincial n.° 43,
Personalidades ilustres O município é a terra natal de vários personagens históricos e importantes da Bahia e do Brasil. Dentre os quais, podemos destacar os cantores e irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia, filhos de uma das mulheres símbolos das mães baianas, Dona Canô, do cantor e compositor Roberto Mendes, do poeta e professor Jorge Portugal, e da historiadora Zilda Paim. Lá também nasceram Agripina de Souza Soares (Mãe Agripina de Sangó-Obá Deyi, Íàlórisà do Àsé Òpó Àfónjá-RJ) Balbino Alves Casaes (Baluarte do Arraial da Pedra), Besouro Cordão
Comunidade católica recebeu com festa a imagem do santo e comemorou os 40 anos de paróquia
de Ouro, que virou filme. Além do artista, professor e etnólogo Manuel Querino, o primeiro negro a interessar-se pela contribuição de sua raça na formação da nacionalidade brasileira. Turismo Cercada por belíssimas cascatas e cachoeiras, e procurada por muitos visitantes de todo o mundo, Santo Amaro também conserva um imponente acervo arquitetônico de edificações antigas. Entre os principais pontos turísticos estão a Igreja de Nossa Senhora da Purificação, o Teatro Dona Canô, além das cachoeiras Mãe D´água e da Vitória. Principais eventos Entre os principais eventos que acontecem na cidade de Santo Amaro, destacam-se a Festa do Senhor Santo Amaro - em janeiro, a Festa de Nossa Senhora da Purificação - em fevereiro, a Festa dos mentirosos - em abril e o Bembé do Mercado, o qual comemora a Abolição da Escravatura, em maio.
Saubara mantém ricas tradições Roberval Santana
Texto de Rogério Lacerda As Caretas do Mingau são uma manifestação cultural de Saubara existente desde a independência da Bahia. Esse grupo se formou justamente para se opor aos regimes da época, homens que se enclausuravam em um determinado lugar e só as mulheres tinham acesso ao local e levavam mingau para eles. Geralmente, eles faziam esse tipo de penitência para protestar contra a escravidão que era forte na Bahia e principalmente no Recôncavo Baiano. A igreja não era muito a favor deste tipo de protesto e às vezes, acabara por intervir nesta manifestação. Segundo Maurícia Moreira, diretora de Cultura do Município de Saubara, essa maniwww.ufrb.edu.br/reverso
As caretas são outra importante tradição regional
festação cultural acontece todo ano no Dois de Julho, em que mulheres afrodescendentes, trajadas de branco e com chapéus na cabeça, percorrem as ruas da cidade, distribuindo mingau para toda população saubarense. Dessa forma, elas relembram todo o ritual que faziam na época da peni-
tência. Saubara é a única cidade que preserva esta tradição no Brasil. Por isso, no último dia dois de agosto, foi feito um Seminário sobre essas e outras questões relacionadas à cultura da cidade. “A cultura de Saubara é lavada a sério, pois o povo deste município respira cultura”, comentou a diretora.
Careta dos Mascarados É um grupo que se veste de careta todo mês julho, seguindo a tradição, e acabam correndo atrás das pessoas. O curioso nessa manifestação secular, é que só pode participar deste grupo
cultural, quem estiver com máscaras fabricadas no município. Todos os participantes do grupo fazem questão de manter a tradição. Boi Elétrico Também é outra manifestação presente no município. É uma espécie de boi, que sai em cima de um carro de som, animando os foliões, também no mês de julho. No Dois de Julho também acontecem outros eventos no município, como a recepção do Fogo Selvagem, saída do Fogo Simbólico, levada da Cabocla do Pavilhão Cândido Mendes para Rocinha, hasteamento do Pavimento Nacional (Paço Municipal), desfile Cívico das Escolas Municipais, apresentação das Bandas Marciais e Filarmônicas. O município tem bastantes festas folclóricas voltadas para julho, pois é o mês que marca a Independência da Bahia.
Suely Alves
Bom Jesus da lapa, em concorrido cortejo que saiu do bairro Santo Antonio até a Igreja Matriz, onde foi celebrada uma missa campal. A iniciativa contou com a participação de moradores da sede e de comunidades da zona rural, além de visitantes de outras localidades. A animação ficou por conta do coOs fiéis lotaram as ruas da cidade em concorida procissão ral da igreja e o som de um mini trio elétrico. De acordo com a Polícia Militar, cerTexto de Suely Alves ca de 3 mil pessoas estiveram presente à caminhada. Na noite de 24 de novembro úlEsta foi a primeira vez que a imatimo, a cidade de Mutuípe recebeu gem do Bom Jesus visitou o Vale do a visita da imagem peregrina do Jiquiriçá, o que marcou as comemo-
rações dos 40 anos da paróquia local, que incluiu ainda celebrações à padroeira Nossa Senhora das Graças. Segundo a ministra da eucaristia Nair Oliveira, os festejos pela santa representam uma tradição que Suely Alves
Texto de Leomir Santana
de 13 de março de 1837, junto com a cidade irmã de Cachoeira. Santo Amaro desempenhou papel relevante nas lutas da Independência da Bahia. Contribuiu com alguns batalhões e até mesmo com um esquadrão de cavalaria fardado, equipado e mantido à custa de seu comandante, Antônio Joaquim de Oliveira e Almeida, para a consolidação do movimento patriótico, o qual teve o seu feliz desfecho em 2 de julho de 1823.
Bom Jesus da Lapa visita Mutuípe
A imagem do Senhor Bom Jesus da Lapa em visita a Mutuípe
começou na década de 50. A visita da imagem foi organizada por uma comissão de integrantes da igreja e trouxe romeiros de longe,
atraindo até mesmo pessoas da localidade que não tinham o hábito de vim à igreja. O padre Almiro Rezende, da Paróquia de Mutuípe, afirmou a importância do evento para a cidade, “como forma de despertar a fé e aquecer o coração para Jesus Cristo”. Ele acrescentou que tem percebido uma lacuna em relação à ausência de fiés na missa, levando em consideração o número de habitantes do município, embora durante os dias de festa esse espaço tenha sido preenchido. “A igreja ficou repleta com a visita do Bom Jesus Peregrino, o povo precisa tomar consciência e santificar o domingo, pois este é o dia do Senhor. Infelizmente muitos ainda não têm essa consideração”, concluiu.
Casa da Cultura tem programação especial de cinema de arte Gabrielle Alano
Texto de Raquel Pimentel A Casa de Cultura de Mutuípe está transmitindo um circuito de cinema que inclui documentários de diretores brasileiros e internacionais, a partir de uma agenda elaborada pela Fundação Cultural do Estado da Bahia. A programação, aberta no início do ano, exibiu no último mês de novembro filmes como Black Berlim (Sabrina Fidalgo), Passagens Estreitas (Kelson Frost), Graffiti (Lilian Santiago), Atabaque Nzinga (Octávio Bezerra), Batatinha, poeta do som (Marcio Rabelo) e Trilogia do Reggae (Volney Menezes e Jonhy Guimarães). A Casa da Cultura funciona na antiga residência do casal de políticos e ex-prefeitos Julival e Clélia Rebouças, adquirida pelo estado e reformada em 2001. Segundo a coordenadora
A Casa da Cultura de Mutuípe funciona na antiga residência da família Rebouças
Marinalva Rodrigues, “o trabalho de reforma na estrutura iniciou em 2007 e então resolveu-se que a casa serviria como museu da família, atendendo atende também à função de sede cultura, da cidade e recebendo festivais de cinema, cursos de teatro, capoeira e pintura. Infelizmente falta estrutura para fazer mais, como peças de teatro que não chegam à cidade, por falta de um espaço adequado”. No museu encontram-se cerca de 5000 livros, que pertenciam a Julival Rebouças ou foram doados pela população, todos em bom estado de conservação, organizados e devidamente distribuídos pela casa. Assim como um acervo fotográfico que reconta a história da cidade e que também pertencia aos antigos moradores. Dona Clélia faleceu em 1998, quatro anos depois que seu esposo o advogado Julival Rebouças. www.ufrb.edu.br/reverso
Barracão Cultural de Mutuípe gera oportunidades a moradores Onde antigamente funcionava um mercado de carne, hoje são oferecidos cursos como teatro, violão, pintura e culinária. Valdelice Santos
O Barracão Cultural promove variados tipos de cursos
do município e conta com o Texto de Pollyanna Macêdo apoio não só da população, mas também da prefeitura e Ao chegar à cidade de Mu- Secretaria de Educação. tuípe, próximo à prefeitura, é Há alguns anos, naquevisível uma grande casa com le mesmo ambiente, funcioduas portas e de faixada pin- nava um mercado de carne, tada, por onde circula mui- farinha, frutas e verduras, tas pessoas. Chama atenção chamado b simplesmente ainda pelo nome, Barracão de barracão, que depois foi Cultural. Não tem visitante transferido para outro ponque passe por lá e não sinta to da cidade, ficando ali um vontade de entrar, ver e ten- espaço vazio e abandonado. tar entender o que está acon- Foi então que o irmão de Notecendo. êmia, Ronaldo Cardoso, junDe acordo com Noêmia tamente com a secretária de Cardoso, atual coordenado- Educação e alguns amigos, tira do projeto, a ideia do Bar- veram a ideia de levar para a racão Cultural surgiu numa cidade um projeto educativo tentativa de valorizar a arte e cultural que trouxesse além e a cultura entre a população de lazer oportunidade para as www.ufrb.edu.br/reverso
pessoas da região. O novo espaço então passou a chamar-se Barracão Cultural, tendo ainda a referência ao antigo lugar. Com a ajuda da população e de doações, o local foi todo reformado, pintado pelos próprios moradores que receberam um curso especializado e mobiliado aos poucos. As primeiras oficinas foram surgindo, com crochê, bordado, pintura em tecido e em tela, e todo material produzido era exposto. Hoje, funcionam de segunda a sexta-feira 14 oficinas, divididas em três etapas ao ano e com cerca de 200 alunos matriculados por cada etapa. Em cada dia da semana tra-
Criatividade e pneus de bicicletas debaixo da Ponte Dom Pedro II
Ze Sapo, antigo mecânico e conhecedor das ciências, é exemplo de superação de vida Caiã Pires
Texto de Toni Caldas balham-se diferentes oficinas, que têm duração de duas horas. Segundas e quartas, por exemplo, são os dias das oficinas de corte e escova, relaxamento, mega hair, costura e pintura em tecido. Nas terças e quintas uma das turmas mais cheias é a de violão, que chega a ter cerca de 40 alunos por aula. O dia de sexta é reservado para o curso de culinária. Para se inscrever nas oficinas é necessário contribuir com R$ 20, que vão para pagamentos dos professores e manutenção geral. Ao final de cada etapa é entregue o certificado de participação, com direito a festas de encerramento, exposições das produções fei-
tas em aula e apresentação de teatro e dança. A comunidade participa ativamente no Barracão. A população mais carente é a que mais está presente nos cursos, Noêmia explica que para eles é uma grande oportunidade de aprender algo a mais, um diferencial na hora de arranjar um emprego. “Tem muita gente que sai daqui e consegue arranjar logo um emprego, um dia mesmo me ligou uma em São Paulo dizendo que estava trabalhando como manicure. Aqui tem um pessoal que já abriu até salão, tomou curso uma etapa só, mas abriu o negócio e parece que deu certo”, contou.
Projeto Tabuleiro certifica baianas do acarajé Texto de Juliana Barbosa Nos dias 4 e 5 de novembro último ocorreu no município de Santo Antônio de Jesus o projeto Tabuleiro, que cadastrou 76 baianas do acarajé, no mês comemorativo à consciência negra e as próprias baianas. Deste universo, a partir de uma seleção prévia, 41 delas foram convidadas a participar de um curso que ofertava certificado de 20 horas, com oficinas de segurança do trabalho realizadas pelo corpo de bombeiros.
A iniciativa contou com aulas de segurança alimentar e manipulação de alimentos, ministradas por técnicos da Vigilância Sanitária, além de noções sobre cultura e história. As baianas que concluíram o curso e receberam o certificado e de um kit contendo sombreiro com o selo de certificação e um tabuleiro. A coordenadora do projeto, professora de história Letícia Silva de Almeida, disse que haverá continuidade do projeto em 2011, com o apoio da Secretaria de Cultura de Santo Antonio de Jesus.
Quem transita pela ponte Dom Pedro II, em São Félix, pode admirar a paisagem do Rio Paraguaçu e o reflexo das cidades-irmãs em suas águas. Ao contrário de outras pontes, onde moradores de rua e animais disputam espaço, embaixo deste local existe vida inteligente. Refúgio de muitos gatos e depósito de bicicletas em reparo, a borracharia de Zé Sapo se revela um local agradável para um papo-cabeça enquanto os reparos mecânicos são feitos. Quando perguntado sobre o cotidiano da sua profissão, Zé Sapo responde que lida com o acaso todos os dias. Ele não se refere ao fluxo de clientes, mas aos próprios materiais com que labuta: nunca se sabe o que vai precisar e, ainda que tente estocar as peças básicas, é impossível desvendar, por exemplo, a cor que o cliente vai preferir pintar sua bicicleta. Rastros na estrada da vida Filho de uma sanfelista, charuteira e viúva que o sustentou com muito esforço, Zé Sapo conta que sua vida é cheia de altos e baixos, e a fome foi um desses picos. O apelido curioso que José Sales recebeu o acompanha desde a infância, quando era goleiro nas partidas de fim de semana. O campinho do bairro do Bariri, em São Félix, em dias chuvosos sempre alagava, e ele, enquanto defensor das redes, acabava tendo de permanecer mergulhado
Zé Sapo, um filósofo debaixo da ponte em uma grande poça de lama que se formava no campo de terra. Ainda jovem, um vizinho que lidava com bicicletas chamou Sapo para trabalhar junto a ele em uma oficina: é então que ele tem seu primeiro contato com a atividade. A partir daí, Sapo decide abrir sua oficina em casa e oferecendo um aten-
dimento de qualidade, o aumento da clientela foi notável. Devido às condições financeiras, Zé Sapo estudou até o quinto ano primário, quando largou lápis e caderno para trabalhar. Em 1974 ele retoma os estudos e se forma pelo Colégio Estadual da Cachoeira, tendo destaque por sua inteligência.
Homo sapo ou Homo sapiens? Enquanto consertava uma jante empenada, Sapo conta o motivo de preservar nove gatos em sua oficina. “Como no Egito, acredito que os gatos são animais sagrados. Inclusive, o faraó Psamético perdeu a batalha de Pelusa para Cambises, pois ele lançou vários gatos à frente das tropas, o que barrou os soldados”, detalha seus motivos fundamentados na História. O que poucos sabem é que as mesmas mãos sujas de graxa são habilidosas com os números e as ciências exatas: o mecânico de bicicletas há 36 anos é também formado em Contabilidade. “Queria muito, mas não tive oportunidades e hoje permaneço nessa profissão”, relata com remorso. Tratando-se do valor do seu ofício, Zé Sapo afirma que foi o que levantou a sua moral enquanto ser humano. “Tudo que eu possuí ao longo da minha vida eu devo a essa profissão. Foi com ela que sustentei meu lar e criei meus oito filhos, todos hoje donos de si”, conta. Após dezesseis anos com sua oficina embaixo da Ponte D. Pedro II, atualmente Zé Sapo ocupa a posição de mais famoso mecânico de bicicletas da região, e insiste para que jovens passem o ofício adiante. “Muito jovem hoje não quer essa vida, pois, realmente, não dá pra ficar rico. Mas nunca vai se acabar, o mundo vai continuar sempre precisando de profissionais nessa área e quem domina a técnica não morre de fome”. www.ufrb.edu.br/reverso
Lenda retrata o milagre da fonte em Jaguaripe Na Fonte da Bica, agora desativada, a esperança era de fé no poder das águas Texto de Suely Alves
Muitos moradores da cidade de Jaguaripe possuem autênticos mananciais nos quintais de casa. A maioria está desprezada e só tem utilidade quando falta a água distribuída pela empresa de saneamento, a Embasa. Próximo ao Rio Jaguaripe, nos fundos da prefeitura local, existe uma fonte de água doce que, segundo a lenda, tinha o poder da cura. A peregrinação à Fonte da Bica, como é conhecida, atraía pessoas da cidade e turistas em busca da alternativa de um milagre. Por se tratar uma nascente aberta ao público, o seu uso tinha finalidade doméstica. Na
época, a cidade não tinha rede de água, por isso era aproveitada para abastecer as residências. Por iniciativa da administração municipal houve a construção de banheiros no local, que eram usados pelos visitantes e pessoas da comunidade, mas depois de passar por uma reforma, promovida também pela prefeitura e considerada irregular pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), teve seu seu funcionamento proibido e
A fonte fica nos fundos do prédio da prefeitura
Dona Elza contas as histórias de Jaguripe
a fonte foi desativada. Hoje, só restam lembranças de quem usava suas águas com a fé no poder alternativo. A aposentada Iraci Lima do Espírito Santo, por exemplo, utilizou muito da água para beber e lavar roupas, ouvindo dela várias histórias de caráter milagroso. Segundo conta, a cidade é uma mina de água, mas a Fonte da Bica era especial por seu reconhecido pelo poder de sarar doenças. Para Elza Mota de Lemos, de 81 anos, a fonte era vista como uma espécie de farmácia, à qual recorria em busca do remédio milagroso para curar suas dores. Por ser próxima à
igreja, se dizia que vinha de lá e era sagrada. “No entanto, o milagre foi interrompido com a chegada do progresso”. Em sua opinião, a desativação do olho d’água está associada à chegada da modernização. A vinda da energia elétrica e da água encanada rompeu com a tradição da crença de uma fonte milagrosa, que hoje só é presente na história da cidade. “As pessoas querem mudar o panorama urbano, remodelar as construções, mas esquecem de preservar os hábitos simples do interior, como essa parte da Bahia que tem histórias pra contar. Jaguaripe é um enredo”, concluiu.