Especial Caminhos do Oeste Foto: Rafaela Barreto
BARREIRAS (BA) / NATIVIDADE (TO)
Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
CACHOEIRA - BAHIA | DEZEMBRO - 2012 | EDIÇÃO 62
>>EXPEDIENTE<< >> Reitor Paulo Gabriel Soledad Nacif Coordenação Editorial J. Péricles Diniz e Robério Marcelo
I NE DI T OR I AL
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Experimentar-se, sair de si
Editora Celina Pereira Redatores Celina Pereira Lélia Maria Sampaio Robério Marcelo
Editoração Gráfica Aline Cavalcante Celina Pereira Laís Sousa Mariana Souza Pollyanna Macêdo Produção de Imagens Bárbara Rocha Celina Pereira Laís Sousa Mariana Souza Michele Barros Rafaela Barreto
Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL) Quarteirão Leite Alves, Cachoeira/BA CEP - 44.300-000 Tel.: (75) 3425-3189
Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo
Foto: Laís Sousa
Sair das zonas de conforto é uma ação difícil para algumas pessoas. Talvez, para a maioria das pessoas. Experimentar coisas diferentes e viver situações inusitadas costumam desestabilizar essas zonas confortáveis e estremecer bases de julgamento sobre fenômenos ou problemas. Daí a importância de deixar esses espaços seguros, de quando em vez: podemos encarar algumas questões por outras perspecivas. Quando estudante, na Faculdade de Comuncação da UFBA, me deparei muitas vezes com essa necessidade de sair mim mesmo e de minhas certezas para lidar com as certezas dos outros. Creio que continua sendo um choque para qualquer estudante de ensino médio o ingresso na universidade pública e o tipo de postura esperada na nova condição (de estudante universitário). Cultivados numa determinada prática, sentem-se seguros nela e pensam em uma continuidade dessa prática no espaço acadêmico, mas o “outro” dessa relação, costuma ter hábitos distintos daqueles cultivados no ensino médio. Surge aí uma primeira necessidade de sair da zona de conforto, que pode ser bastante traumática ou prazerosa – é um momento de reinvenção de si mesmo, dos próprios valores e crenças. Com o tempo, contudo, aprende-se as “regras” do universo acadêmico adentrado e passa-se a compreender a situação em que se inserem. Aquele universo antes desconfortável torna-se conhecido, aquele professor sensacional torna-se mais um e o hábito e a rotina permitem uma nova situação de controle frente as situações vivenciadas. Esse processo ocorre constantemente, mas penso que ele deve
ser, com a mesma constância, combatido, com uma postura mas curiosa, que torne estranha a situação mais banal. Uma postura curiosa como essa pode ser desenvolvida de vários modos: disciplina, estudo ou pela própria natureza do indivíduo (de índole mais questionadora), mas independente de possuir qualquer dessas características, é provavel que um estudante viva tal experiência numa viagem de estudos, seja para um congresso, intercâmbio, atividade de extensão ou pesquisa de campo. Isso porque, nessas ocasiões, algo na rotina da vida acadêmica é quebrado. Há o deslocamento para outra cidade, outra instituição, às vezes, para outras culturas. É preciso aprender a portar-se (outra vez) nesse ambiente, lidar com os hábitos dos que ali vivem, entender as ideologias e ou controvérsias que estão colocadas. O estudante de Comunicação Social, penso, tem, nessas ocasiões, possibilidade de exercitar bastante sua capacidade de interpretação e compreensão dos processos sociais, na medida em que precisará interagir com pessoas que não partilham, necesariamente, os mesmos valores que os seus. Por exemplo, participar do encontro da UNE ou da ENECOS, implica estar disposto a dialogar e debater com pessoas com visões de mundo distintas, todas dispostas a tentar convencer o outro de suas próprias ideias. Se o estudante não exercita esse seu “deslocamento de si mesmo” pode ter uma experiência muito incomoda – como um debate em que os interlocutores não se ouuvem. Por outor lado, trata-se de uma oportunidade de ver, em sua concretude, o sentido etimológico da palavra comunicação (do latim, communus, que significa “dom comum”), uma vez que a partir de ações mútuas, os interlocutores tentam se fazer entender. Mas não é apenas essa capacidade, digamos, mais racional que esses deslocamentos possibilitam. Eles permitem também o choque físico com ambientes diferentes, que muitas vezes, deixam marcas simbólicas no nosso corpo e espírito. Uma experiência de mobilidade acadêmica ou intercâmbio, por exemplo, permitem a vivência de um inverno rigoroso ou de uma língua estrangeira no cotidiano – sensações que não esquecemos quando passamos, se entranham na gente e nos tornam algo um pouco diferente do que havíamos sido. Essas experiências, na minha opinião, contribuem não apenas para o estudante ou profissional, mas para o ser humano ter noção de sua condição de finitude e simplicidade. Por mais interessante que seja sua universidade, sua cidade ou sua visão de mundo, ela é somente mais uma das tantas possíveis nesses ambientes pelos quais (gostaríamos de) transitar. Simples assim! Daí a beleza de sair de si, de vez em quando. É a chance de aproveitar intensamente a singularidade de uma experiência.
D i á r i o >> Rafaela Barreto
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Fui de Viagem, passei em Barreiras...
B o r d o
Saímos de Cachoeira bem cedinho, às 8h e a nossa primeira parada para necessidades básicas foi em Itaberaba, numa lanchonete ao meio dia. Na parada os cartazes, fotografias, climas e historias dos colegas indicavam que já estávamos entrando na região da Chapada Diamantina. A paisagem de fato começou a mudar e foi possível sentir que a gente não estava mais em nosso território - pelo menos não eu. O nosso colega Caiã Pires, que é de Lençóis, se sentiu em casa e nos serviu como um bom guia turístico da região. Foi sugerido que fizéssemos apenas um lanche e almoçássemos em Mucugezinho, uma localidade mais a frente. Excelente sugestão! Paramos em um pequeno restaurante muito agradável, de comida caseira, onde experimentamos diversos tipos de carnes cozidas e assadas, e como acompanhamento um cozido da folha da palma, novidade para quase todos. De aparência, lembrou um pouco um cortadinho de quiabo. Mas o sabor, não tenho como comparar com nada que já tenha comido na vida. Um sabor realmente diferente Melhor que a comida, só mesmo a vista. Depois de passar por um pequeno caminho em uma trilha de pedras, pudemos contemplar uma quedinha d’água, em uma bela paisagem de pedra com água trasparente e cor de cobre. Aí foi só a festa! Fotos, mais fotos, poses... Acredito que ficamos mais de uma hora no local, mas só pelo visual - novidade completa pra mim, posso dizer que foi um tempo ganho, e não perdido. Agora é seguir viagem, que Barreiras nos espera! E O QUE FAZER PRA PASSAR O TEMPO NO BUSU? Acredito que, assim como eu, a maioria dos colegas preparou um repertório pra viagem, com os mais diversos elementos de diversão e passatempo. Palavras Cruzadas, livros, revistas, música no celular, nos iPads e iPods... Mas sabe o que realmente a galera optou por fazer? DORMIR MUITO! Com pouca gente no ônibus e muito espaço sobrando, as poltonas duplas viraram camas individuais, o cantinho particular de cada um, quase uma cabine inviolável. Com os fones quase o tempo todo enfiado nos ouvidos, pouca interação rolou no caminho. Isso até uma das colegas interromper nosso sono e decretar que era hora de acordar e convidar todos pra uma roda de violão - um tanto desafinado, diga-se de passagem – mas, ainda assim, os acordes mal tocados e as letras esquecidas não impediram a diversão e as risadas. Agora, é parar em Ibotirama e resolver com os motoristas se vamos seguir viagem, ou dormir por aqui mesmo... Durante a parada para lanche, descanso e baheiro - ai, banheiro! - em Ibotirama, foi possível sentir um pouco do clima do que é viver na estrada. No banheiro feminino do posto, chuveiros, espaço para banho e troca de roupas compunham o cenário. Mulheres de caminhoneiros reclamavam da dificuldade de viver no asfalto com seus filhos pequenos para acompanhar seus maridos na difícil rotina de trabalho sobre rodas. “Estou longe de casa há mais de dois anos. É muito cansativo. Não vejo a hora de voltar pra minha terra!”, contava uma delas enquanto enxugava o seu filho, com menos de um ano, para a outra mãe que dava banho nos dois filhos também crianças. Enquanto pra nós estudantes, tudo parecia uma grande farra - mesmo as longuíssimas horas de estrada para chegar ao destino - para essas pessoas, o dia-a-dia nas estradas nada mais é do que uma difícil forma de garantir a sobrevivência financeira e a união da família. COMÉRCIO INFORMAL No posto de Ibotirama, além do comércio oficial, encontramos alguns vendedores ambulantes comercializando CDs e DVDs piratas. Na tentativa de tornar a viagem mais prazerosa, os colegas resolveram adquirir alguns filmes pra passar no caminho da cidade ate Barreiras - que por sinal, parecia não chegar nunca. Para o azar da turma, os filmes não funcionaram no aparelho do ônibus. Ainda assim, foi divertido. Os arrochas, sertanejos e musicas bregas soavam alto no ambiente e sempre algum dos colegas dançava ou cantava aquele repertório fazendo graça. Sem filme e sem música, o jeito foi seguir viagem, como sempre, em silêncio e no escuro, aproveitando o restinho do percurso ate Barreiras pra mais um longo cochilo.
Fotos: Rafaela Barreto
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Jorge Cardoso Filho é docente do Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB DEZEMBRO - 2012
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Jornalismo nas Fronteiras Estudantes de jornalismo da UFRB conhecem as instalações da TV Oeste em Barreiras >> Celina Pereira
ENGENHARIA
Alunos acompanham gravação das chamadas do Bahia Meio Dia em Barreiras
Para os estudantes do curso de jornalismo, uma das experiências mais aguardadas durante a vida estudantil é a oportunidade de ter um contato mais próximo com a rotina de sua futura profissão. Os alunos do quinto e sétimo semestre do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) na viagem de estudos “Caminhos do Oeste” fizeram uma visita à sede da TV Oeste e conheceram suas instalações e o funcionamento da rotina jornalística da empresa.
direcionamento à matéria que deve ser executada nas ruas. É ali também que o texto é revisado e editado depois de escrito pelo repórter. Nas palavras do chefe de redação, é na redação que o jornalismo realmente acontece. “Se quer conhecer o jornalismo, olhe para a produção. É lá que as matérias veridicamente nascem. Tudo se pensa e se escreve aqui, e só depois é levado para as ilhas de edição e para o estúdio”. ILHAS DE EDIÇÃO E CEDOC
Durante a visita, os alunos foram recebidos e guiados diretamente pelo chefe de redação da TV Oeste, Ronimarkes Mota. Apesar de não ser jornalista de formação, Ronimarkes atua na área a mais de 25 anos e afirmou que mais do que o conhecimento de sala de aula, o essencial para o exercício de sua profissão é ter o sentimento de jornalista bastante apurado. “É preciso ter muita capacidade de improviso, ter sempre uma carta na manga, pois quando uma pauta não funciona e a matéria não sai, é necessário preencher aquele espaço com outra coisa”, contou ele.
A estrutura física da TV Oeste conta ainda com três ilhas de edição, uma sala de computação gráfica e o CEDOC, centro de documentação onde fica arquivado todo material audiovisual já produzido pela emissora. Ronimarkes esclareceu que a maior parte dos arquivos da TV ainda é em fitas VHS, mas que como essa tecnologia tende a desaparecer, em breve o CEDOC passará por um processo completo de digitalização de seus arquivos. A adaptação aos novos equipamentos tem sido feita de forma gradual. Segundo Ronimarkes, “nesse processo de transição tecnológica, é preciso ter do chip à máquina mais antiga. Mais aqui na TV Oeste, boa parte do equipamento ainda utiliza a fita”.
REDAÇÃO É no térreo do prédio da TV Oeste que a parte essencial da máquina jornalística da empresa funciona. Ronimarkes explicou que além dos elementos tecnológicos, que dão suporte e formato à notícia, é a parte de planejamento e idealização que movimentam qualquer produção jornalística. A sala de redação é o ponto de partida para qualquer matéria, onde todo o seu planejamento é elaborado. Nela acontecem as reuniões de pauta que dão
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Na parte de edição dos vídeos, trabalhar com arquivos digitais exige mais tempo para a finalização dos arquivos nas máquinas. “Embora a fita seja uma tecnologia mais atrasada, ela possui mais agilidade para edição, que é feita em tempo real. Quando você termina de ver, a matéria já está pronta. Não é preciso esperar o processamento do arquivo”, esclareceu Alexandro Rodrigues, um dos responsáveis pela edição dos vídeos.
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CENÁRIO É no cenário da TV Oeste que se realizam as últimas ações para dar ao conjunto de matérias produzidas e editadas o formato de telejornal. Atrás do bancada de onde a apresentação do jornal é comandada pelos âncoras, existe um painel com imagens que representam alguns aspectos da região: O Rio de Ondas, que é o cartão postal de Barreiras; a Soja, representando os aspectos econômicos e agrícolas do extremo oeste da Bahia e a Avenida ACM de Barreiras, simbolizando a sua parte urbana. O retrato da notícia é dado através do enfoque em cada uma dessas imagens durante a sua apresentação no telejornal. É neste momento da visita que o chefe de redação ressaltou algumas das dificuldades de se fazer jornalismo nas fronteiras do estado. Ele explicou que apesar de estar na Bahia, a cidade de Barreiras possui como capital de referência Brasília, e isso altera muito o campo de interesses do público. Segundo Ronimarkes, os aspectos econômicos, políticos, e até mesmo climáticos não são os mesmos dos da região que circundam a capital baiana, e que é natural que não haja tanta afinidade com o restante do estado: “Essa é a região que a Bahia conheceu por último. Barreiras, assim como Luís Eduardo não acompanharam o ritmo de crescimento do restante da Bahia”.
Grande equipe assessora a comunicação da prefeitura de Barreiras
>> Laís Sousa Assessoria de Comunicação (ASCOM), que teve seu primeiro concurso público em 1996, se tornou Diretoria (DICOM). A atual equipe é composta por 12 membros que se subdividem em jornalistas, publicitário, cerimonialistas, secretária, cinegrafistas, fotógrafos. Numa pequena sala localizada na Prefeitura Municipal de Barreiras, 4 componentes do quadro revezaram a interrupção da rotina atarefada, por pouco mais de uma hora, para dar atenção às curiosidades de jovens candidatos a jornalistas, dentre os quais eu estava.
A sala de engenharia é tida por Ronimarkes como o coração do telejornalismo na TV OESTE. Ela é responsável pela recepção e distribuição de sinal, além do envio e recebimento de imagens e matérias finalizadas, permitindo a interação entre emissoras e afiliadas. “Não é só editar a matéria para o vídeo. É preciso distribuir e essa é a grande dificuldade do telejornalismo hoje”, explicou o chefe de redação. Da sala de engenharia que se coloca o telejornal no ar. É nela também que se faz o controle do gerador de caracteres (legendas informativas que aparecem nas matérias), do ponto eletrônico, da mesa de áudio e de onde a editora de texto do telejornal acompanha e supervisiona ao vivo a sua transmissão.
Assessoria de Imprensa na Cidade Mãe
SOBRE A TV OESTE
Inaugurada em 02 de fevereiro de 1991, a TV Oeste, afiliada da Rede Bahia de Televisão, é responsável atualmente pela cobertura noticiosa de 23 municípios da mesoregião do extremo oeste baiano. Sua sede situa-se em Barreiras por ser ela o mais relevante polo agropecuário da região. A TV Oeste possui ainda escritórios em Luís Eduardo Magalhães e Bom Jesus da Lapa, inaugurados em 2004, devido à notoriedade dessas cidades no cultivo de grãos e no turismo religioso, respectivamente. Com sua ampliação e digitalização, a TV Oeste passará a cobrir no total, 40 municípios e localidades da região. Fotos:Celina Pereira
Central de documentação da TV Oeste ainda tem seus arquivos em VHS.
Promoção da festa da mãe Hasteamento de bandeira, prova de ciclismo, competições esportiva e premiação de atletas no parque de exposição foi a programação dos 121 anos completos pelo principal centro urbano, político e econômico do Oeste da Bahia em 2012. A “Cidade Mãe”, como carinhosamente foi apelidada pela prefeita Jusmari Oliveira, teve interação intensa da equipe de filhos assessores, em especial, para que, por toda a semana de comemoração houvesse inaugurações de abrigo, creche, colégio, sistema de abastecimento de água, barragem, posto de saúde, além de shows gospels, de bandas locais e finalização com o cantor Fábio Junior. A cidade desenvolve-se em hospitalidade, alegria, diversidade cultural, tornando-se promissor pólo turístico. Estruturada com dois circuitos, a festa de carnaval realizada na cidade, chega a receber cerca de 50 mil pessoas em cada um dos cinco dias de duração da folia. A diretoria de comunicação de Barreiras está acostumada a trabalhar com planejamos antecedentes de grandes eventos, reação aos imprevistos e respostas a demanda de interesses da população.
Papo Assessoria – profissão proativa “De comentar em ponto de ônibus a publicar o que desconfiam”, afirma a respeito do povo qualificado como apaixonado pela política, Yonara Alves, responsável pela imprensa na cidade. Além do rádio, o povo tem recorrido bastante à internet como meio de falar, cobrar e acompanhar informações locais, fator que faz com que ao passo que o mecanismo ganha força, incentiva maior periodicidade na atualização e demanda de matérias, postagens nas redes sociais e site oficial da cidade, que já não trabalha com jornal impresso. Noádia Borges, primeira concursada da equipe, conta que em geral o trabalho se resume a ajuda de ações e projetos, “a gente tem que estar preparado”. Yonara Alves explica que equipe é grande, mas tem atividades intensas sendo difícil reuni-la por completo. Cada situação e ação devem ser analisadas em sua especificidade para saber qual melhor escolha de comunicação e a que ferramenta recorrer para alcançar diferentes públicos - coletivas, exclusivas, realises, carros de som oficiais, rádio, site. Para manter tudo sobre controle, a organização da equipe se dá por meio da divisão de tarefas por setores: Planejamento – relação direta com os interesses da prefeita afim de construir e manter o marketing-, Imprensa - estrutura e recepção para a imprensa, acompanhamento da prefeita em suas saídas, confecção de textos, notas, releases, posts, captura de coletivas, externas e seleção de imagens e vídeos -, e Cerimonial –mobilizações, decorações, texto para apresentações, contratos, banners, cartazes, convites. “A prefeita de agora é bem popular, de andar de chinelo, visitar a peri-
feria”, comenta a chefe cerimonial Jaíra Mariani à respeito da atual ‘cara da prefeitura’. Para formular estratégia e planejamento na informação, é preciso que a equipe se adapte à personalidade e jeito de cada prefeito e seus secretários. Noádia Borges afirma que a relação de sintonia torna-se tamanha a ponto de ter carta branca, o aval necessário para responder pelo cliente, assim, confessa acreditar que o trabalho na assessoria deve ser um cargo de confiança: “Tem que ter vontade de fazer junto, comungar com os planos da administração”.
a ser enviado a FIFA a fim de sediar campo de base para equipes na Copa do Mundo. Com o esforço, foram convincentes a ponto de serem pré-selecionados para campos de treinamento e ainda que não seja eleita, a Funfest já se comprometeu em bancar a exibição ao vivo os jogos da Copa na cidade. Fotos: Mariana Souza
A Barreiras do futuro se garantindo hoje Os assessores reconhecem o crescimento da cidade e afirmam que reconhecimento e estruturação de fato se consegue aos poucos. Barreiras tem área privilegiada, é entroncamento entre Norte, Nordeste e Centro Oeste do Brasil, o aeroporto da cidade dispõe voos diários para Salvador, com duração média de 50 minutos e para Brasília, 30 minutos. Como solos planos, altos índices pluviométricos o município é uma grande potência da agricultura e pecuária, destacando-se o cultivo da soja, algodão, milho, café, frutas e hortaliças. Desponta como pólo desportivo regional, promovendo eventos e competições onde recepciona delegações das principais cidades do estado com infraestrutura adequada para alojamento e treinamento além da rede hoteleira ampla e moderna que abarca a demanda com qualidade e bom gosto. Cientes disso a equipe de Assessoria preocupou-se em coletar informações em cada uma das secretarias municipais e confeccionar um material detalhado contendo um relatório redigido em 50 páginas, traduzido em Inglês, Newslater e DVD com imagens,
“A principal característica de um assessor deve ser o dinamismo para entender as situações” Yonara Alves
“Lutem para que a profissão seja mais valorizada. Nossa profissão é muito prostituída, valorizem todo trabalho que fizerem!”
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Tiago Lira
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P r ê m i o P e q u i d e O u r o homenageia pequenos agri cultores >>Bárbara Rocha O Prêmio Pequi de Ouro abriu seus festejos com o Reizado do Bebedouro, onde músicos do cerrado tocavam melodias regionais, ao som da sanfona, triângulos e violas, que levou ao palco os ganhadores do prêmio de 2012. O evento entrega o Prêmio Pequi de Ouro para homenagear as pessoas e as organizações que defendem o bioma cerrado. O coordenador do evento, Martin May explicou como é feita a escolha dos ganhadores e sobre a disputa entre o Pequi e a Soja de Ouro: “Muita gente merece o prêmio. Mas só o entregamos através da nossa vivência presencial com as pessoas que estão realmente envolvidas e empenhadas em proteger nosso bioma. O pequi também é fonte de renda e sobrevivência da região, não é justo prestigiar apenas a soja com a Soja de Ouro, prêmio que acontece entre os grandes fazendeiros regionais. Não queremos criar uma grande
>>Rafaela Barreto
O sabor do Pequi
CPT (Comissão Pastoral da Terra), que trabalha na revitalização do Rio São Francisco, com o objetivo de preservar o bioma, e é articulador das Forças Sociais, comenta: “É uma grande alegria receber esse prêmio na beira do Rio Grande. Afinal, esse prêmio não é só meu, devo ele também a todos os geraizeiros que lutam pelo cerrado, pelo São Francisco vivo”. O agricultor descendente da Guerra de Canudos, Seu Contídio Ferreira, também ganhou o prêmio, fala sobre sua história e, entristecido, relata como se desenrola a situação atual do bioma: “Fui criado comendo pequi. Uma árvore que ajudou meus pais a criar toda a família. Também trabalhávamos com a mangaba, o buriti, o côco de babaçu, mas com a chegada dos tratores acabou tudo: os bichos, as araras, a mangaba o buriti, toda a fauna e a flora”.
>>Mariana Souza
bor e o aroma dos frutos são muito marcantes e peculiares. É muito gorduroso e pode ser conservado tanto em essência quanto em conserva.
João Zinclar é fotógrafo e ganhou o prêmio através de um ensaio fotográfico que fez do Rio São Francisco: “Não esperava pelo prêmio. Há muito tempo estamos na luta pelo cerrado, pelos rios”. O fotógrafo faz um breve histórico das vezes em que o cerrado se apresentou em diversos momentos da sua minha vida: “Aos 18 anos cruzei o Rio São Francisco pela primeira vez. Como gaúcho, fiquei impressionado com o cerrado em sua forma vegetal e o rio de ondas. A gente que é do sul imagina uma Bahia seca, com o chão rachado, mas ao ver tanta água, desconstruí essa ideia”. Representando o Ministério Público da Bahia, o Dr. Eduardo Bittencourt, também recebeu o prêmio: “Espero que mais iniciativas como essa se multipliquem”. Durante o evento, foi servido comidas típicas da região feitas pela cozinheira Lurdete Batista, como o arroz com pequi e frango, paçoca
de pilão, doce de cascudo e até remédio de jatobá para tosse. “O pequi é difícil de fazer, pois pegamos a fruta no pé, limpamos, cozinhamos e depois raspamos. Mas todo esse esforço é válido, afinal ele dá sustento e renda às nossas famílias”, afirmou a cozinheira. Outra forma de subsistência das famílias do cerrado é o artesanato. Na comemoração ao pequi, estavam expostos diversos utensílios produzidos pelas moradoras da região, que buscam como matéria prima para sua arte o côco babaçu. “Valorizamos o cerrado em pé, investimos em pessoas e grupos que lidam com o bioma e com a vida em geral. Acompanhamos comunidades, fazemos oficinas, como a ‘Troca de Saberes e Sabores’”, comentou a coordenadora Edite Lopes, que afirma que a maior dificuldade enfrentada pelos pequenos agriculto-
res da região é o crescimento desordenado dos agronegócios. A artesã Maísa Gonçalves, que participou do projeto social direcionado para o artesanato e preservação da cultura do cerrado, conta: “Aprendi a fazer o artesanato com o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu. Fazemos brincos, colares e acessórios em geral, vendemos prontos e também fazemos encomendas. Através da arte, mantemos nossa cultura viva e ainda ajudamos a sustentar nossa família”. O evento todo foi conduzido em trechos de cordéis, ressaltando as qualidades e benefícios que o cerrado proporciona para seus moradores e pequenos agricultores, assim como é necessária a preservação desse bioma, que está ameaçado pelos grandes fazendeiros cultivadores do agronegócio.
Babaçu: a riqueza do cer rado Foto: Celina Pereira
No oeste baiano não foram só o clima e a paisagem que vimos de novo. Conhecemos um fruto arredondado, de casca esverdeada, muito parecido com o abacate. O pequi é do tamanho de uma pequena laranja e está maduro quando a sua casca verde-amarelada amolece. A polpa tem uma coloração amarela intensa e a semente é dura. Moradores de Barreiras explicam como é preciso ter cuidado ao roer o fruto, por seu caroço ter muitos espinhos que podem causar sérios ferimentos nas gengivas. “Ele parece ser um fruto oleoso. O sabor me lembra muito manteiga. É muito diferente!” afirma Celina Pereira ao experimentar o Pequi. O Pequi é muito utilizado na cozinha de Barreiras, principalmente de novembro a fevereiro. Do fruto é extraído um azeite chamado azeite de pequi. Ele também é consumido cozido, puro ou com arroz e frango. O sa-
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as, mas não conseguiram levar na prática: “Nós estamos levando adiante essa iniciativa”, completa a coordenadora. Um dos ganhadores do prêmio foi o senhor Alberto José dos Santos, agricultor de 92 anos, que vive no cerrado desde seu casamento, em 1945, e contou que mesmo sendo forasteiro, sempre fez questão de cuidar vem da Cabeceira de Água Boa. A funcionária pública, formada em Engenharia Florestal, Balbina Maria de Jesus, também foi contemplada com o prêmio: “Temos compromisso com a sociedade, com a utilidade pública. Sou uma catingueira legítima, e fui de um extremo a outro: saí da seca para a água. Me sinto responsável para trazer o exemplo da minha região. Cuidem de tudo isso, não destruam! Lutem e cuidem!”, ressalta a engenheira. Com muita emoção ao receber o prêmio, Samuel Brito da
Foto: Celina Pereira
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Fotos: Laís Sousa
polêmica contra a Soja de Ouro, isso não é uma oposição, mas uma oportunidade de homenagear também o pequi e as pessoas que vivem aqui, que ajudam na preservação do cerrado, como, por exemplo, o pequeno agricultor”. O prêmio é para aqueles que se destacam pela luta e convivência com o cerrado, que segundo o Ministério do Meio Ambiente, é um dos biomas mais agredidos pela ocupação humana. O pequi é um dos frutos mais conhecidos do cerrado natural, muito apreciado na alimentação dos animais e dos moradores dos gerais. “Por ser um dos símbolos mais populares do bioma, achamos justa a homenagem com o Pequi de Ouro, como reconhecimento das lutas em defesa do cerrado, da bacia hidrográfica do Rio Grande e do Rio Corrente” contou a coordenadora Edite Lopes. O Pequi de Ouro já foi idealizado por outras pesso-
Encontrada em maior densidade no meio norte brasileiro, principalmente nos estados do Tocantins,
Maranhão, Piauí, e Mato Grosso, o babaçu é uma das mais importantes representantes das palmeiras, sendo considerada uma riqueza do cerrado. Começa a produzir o fruto entre o 7º e o 8º ano de vida, alcançando plena produção aos 15 e atingindo em média 35 anos. Conhecido por ser altamente aproveitável, o babaçu é utilizado há séculos pelas populações tradicionais como fonte e alimento e sustento. Vilma Santos da Silva, técnica em radiologia, encontra na arte proveniente do coco do babaçu uma segunda fonte de renda. “Aprendi o ofício em um curso oferecido por uma quebradeira de coco do Piauí. Até então essa arte desconhecida pra mim”, declarou. As folhas novas geralmente são usa-
das para a confecção de diversos utensílios como cestos, esteiras, chapéus e peneiras. Do mesocarpo, região do fruto das angiospermas na botânica, é obtida uma farinha amplamente comercializada e que por vezes, substitui a farinha de trigo em receitas. Da amêndoa pode-se extrair o óleo que é utilizado tanto na culinária quanto nos cosméticos e industriais (fabricação de sabonetes, margarina e gorduras especiais). Além disso, é comida pura ou torrada. O coco é utilizado para a produção de artesanatos, como colares, brincos, chaveiros, pulseiras, arranjos, e outros. Por fim, da casca é feito carvão, xaxim e fumaça para repelir insetos. DEZEMBRO - 2012
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E n s i n o S u p e ri o r e m B a rre i r a s Uma CETA no Oeste Baiano
>> Michele Barros
Na visita ao campus de Barreiras da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), Joaquim Neto, reitor da universidade que é a pioneira em interiorizar o ensino superior na Bahia, contou sobre o funcionamento do campus. A Uneb foi criada na cidade em 1981 e naquela época, segundo Joaquim, ainda não se falava em educação na Bahia. Mas hoje a universidade conta com cerca de três mil alunos nos cursos de oferta anual - agronomia, letras, pedagogia, ciências contábeis, biologia, matemática, e os de oferta especial - biologia, artes, sociologia, história, matemática, letras, educação física. Esses cursos especiais ainda são oferecidos na região da bacia do Rio Grande, nas cidades de Cristópolis, Vanderlei e Cotegipe, área de abrangência do campus de Barreiras.
Questão política Segundo o reitor a Uneb foi criada com o intuito de crescer e dinamizar e levar ensino às cidades do interior. Mas por uma questão política, só a partir de 1981 foram trazidos esses cursos para atender as necessidades da região. “Nós temos agronomia aqui porque é uma reivindicação da própria comunidade, pois é uma região agrícola” conta. Outro ponto forte para a criação do campus de Barreiras foi a falta de pessoas licenciadas na cidade. CETA O campus da Uneb em Barreiras possui um programa chamado CETA (Curso Técnico Agrícola para Movimentos sociais), que desde 2008 possibilita que qualquer pessoa que faça parte do movimento social possa se inscrever para o curso de Agronomia e realizar o vestibular para
concorrer a 50 vagas destinadas a esse projeto. A seleção é diferente da tradicional, uma vez que ao inscritos só concorrem entre eles mesmos. A iniciativa tem o apoio do NEPPA (Núcleo de Estudo e Pesquisa em Produção Animal), que é responsável por ministrar as disciplinas de Alimentos e Alimentação dos Animais Domésticos, Criação de Grandes Animais e Criação de Pequenos Animais. Os aprovados passam três meses na universidade estudando, e outros três meses na área no local de onde vieram para praticar o que aprenderam. Eles ficam alojados em uma residência com dormitórios, banheiros, refeitórios e área de convivência. O principal objetivo dessa ação é o fortalecimento do ensino de práticas de criação de animais com ênfase na sustentabilidade na agricultura familiar para o desenvolvimento tecnológico, econômico, social e ambiental,
fornecendo as condições para fixação das famílias no campo. Odinéia Morais é uma das estudantes desse projeto. Ela diz que as comunidades dos sem-terra possuem realidades diferentes, já que cada regional do movimento têm necessidades específicas. Ela afirma que ela e seus colegas fazem parte da mesma localidade, dessa forma o projeto é o mesmo e por isso eles vão ter que formar juntos. “Depois que a gente concluir o curso, vamos implementar a agricultura familiar na nossa localidade. O que aprendemos na teoria aqui, levamos pra prática na nossa comunidade”, diz Odinéia. A Uneb foi a única universidade pública da Bahia que abraçou o projeto até agora. E segundo o reitor, o projeto deve ser ampliado, pois os cursos Direito, Técnico em agropecuária e Pedagogia estão previstos para os próximos três anos.
UFOBA: A “nova” federal baiana
>> Mariana Souza O desmembramento da Universidade Federal da Bahia (UFBA) para a criação da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOBA), com sede em Barreiras e campi nos municípios de Barra, Bom Jesus da Lapa e Luís Eduardo Magalhães, foi um projeto de lei (2204/11) do Executivo, aprovado pela Câmara. Atualmente a instituição possui quatro prédios construídos e oferece 11 cursos, sendo eles: geografia, geologia, administração, química, física, matemática, biologia, engenharia sanitária e ambiental, engenharia civil, história e bacharelado interdisciplinar de ciências e tecnologia e de ciências da humanidade. Após a concepção da UFOBA, serão oferecidos 35 cursos de graduação. A meta é atender
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7.930 estudantes nos cursos. A criação da nova Universidade trouxe consigo questionamentos acerca dos seus aspectos positivos e negativos. Para Paulo Baqueiro, professor de geografia da instituição, ela deve ser pensada pelos dois aspectos. “É imensamente positivo que a Universidade chegue no interior, atinja um número maior de pessoas e possa expandir sua teia de relações. Isso dá maior consistência à questão de ensino, pesquisa e extensão. Por outro lado, e a gente vem sentindo isso desde a criação, existe a falta de recursos humanos e materiais pra que as coisas funcionem da maneira que deveriam”, contou. Paulo aponta ainda a questão da universidade ter sido desenhada no
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modelo multicampi. “Pra gente vai ser problema porque a extensão entre um campi e outro é muito grande. A cidade mais próxima da sede é Luis Eduardo, que fica a uma hora daqui, mas as outras são muito distantes. Barra por exemplo, além de distante tem a estrada ruim”, disse. O problema na comunicação por conta de distância pode ser percebido na instituição enquanto campi da UFBA, uma vez que a sede (Salvador) se encontra a mais de 800 km de onde ela é instalada. Entretanto, Paulo diz que festeja a criação da Universidade apesar de reconhecer todos os problemas que estão relacionados a esse processo de expansão - uma vez que ele, segundo ele, não foi pensado nem digerido da maneira que deveria ser. “No geral
eu acho que vai ser bom pra região como um todo. Ela é muito conservadora e de alguma maneira a universidade abre cabeças, cria espaços de diálogos, incentiva transformações”, afirmou. Conclui ainda contando que “nós todos que estamos conversando somos frutos desse processo de expansão e estamos de alguma maneira sendo beneficiados com ele”. Foto: Mariana Souza
Antiga estrutura da UFBA em Barreiras passa a fazer parte da UFOBA
D i á r i o
d e
Natividade, lá vamos nós!
B o r d o
>> Michele Barros
a ue tinh q , s a ir arre na A em B e passamos B F U a . u ampi d dias q corpos C s is o o o d s d s o s o d o e sn bem ce otel durante onta do muito pequi, c a h v Saímos a o , . m à festa sse cansado ido com uiça ainda to v r a e d s a g s re no tive reg te Uma p de uma noite uem não es em fren . e o t d o a f q id a c ia ois um mos m, dep açu, não hav irarmos que já estáva t e d També b iu ao a s imped para mostrar strada rumo s do b o ia n r a o u ã ig e on rava, cansaç pegar a a s espe r o a n p Mas o e s já vam qu us que s e preparado e. a ib ic n d ô in o a a ad fé os, s pront ra o ca : Nativid s escur de mala ximo destino adas e óculo ma parada pa , caturó vo U ch nosso p us cortinas fe sas pessoas. e milho, com o efeição No ônib erava em nos oje? Cuzcuz d m leite, uma r cidos co imp bele os h ue tem nhado de café elícia. Resta o sono q or o e , hã profess ad pa o e , s da man nteiga, acom is estava um u do a a ao ônib va acontecen piry e m rica, não é? M o, voltamos a le t que es ad ló ivino. E ç a d o r c d o o f n d e m a r t e a b st m on m café be animou nos c tividade, a Fe a qual existia a n com o s , o N certeza coitos logo n de de is a m io b r o id é c c e b d e a o u R q an rica ma fáb festa, e sta típic uma fe também de u ssim como a destino a u o s lo o a im f x in s ó iv r o n sd tava sso p biscoito cidade. e o no anto ainda es m u q a vários a r enqu sos pa adorar imos e iríamos s muito ansio possível. Mais obre o que v ersar s Ficamo mais rápido v n o c o árida s em se o getaçã e v chegas s contentamo ia a e que no to com d r n , e e ju v g , n s e á v lo le tivira tr as ava pa tituída por um icava que Na a: c fi já Barreir o d subs so in entur do iss Mas tu s, que já era , do ônibus. Is mais uma Av elas reira para de Bar conta das jan os nós m a v lá o tomand stava perto. E ! e va dade já s nos espera tin o Tocan
Foto: Celin
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Foto: La
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Foto: Michele Barros
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Amor Perfeito
Valiosas artes do coração
Foto: Rafaela Barreto
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Confecção de joias artesanais torna Natividade conhecida como Cidade do ouro
>> Celina Pereira
DEMANDA E PRODUTOS O biscoito Amor Perfeito tem grande procura o ano todo, mas a saída aumenta no mês de maio, durante a época da
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festa do Divino, quando é preciso ampliar a produção para atender à demanda dos turistas. Em época de festejos ou não, toda a fabricação ainda passa pelo olhar criterioso de Tia Naninha, que com os seus 74 anos de idade faz questão de participar da produção e supervisão, colocando a mão na massa e estabelecendo o seu padrão de qualidade. O Amor Perfeito é famoso, mas certamente não é a única delícia que sai dos fornos de Tia Naninha. Além dele são especialidades da fábrica a Bolacha de Canela, o Biscoito do Céu, o Fervido (que leva erva doce na receita) e os biscoitos salgados Trovão e Peta (este último, um biscoito de polvilho similar ao avoador). Mas todos eles figuram como coadjuvantes junto ao biscoitinho em forma de coroa que se tornou o símbolo gastronômico de Natividade.
daí, o Amor Divino saiu da roda de amigos, parentes e conterrâneos para conquistar os paladares de todo o Brasil. Zoélia conta que a famosa receita não guarda muitos mistérios. Os ingredientes – polvilho fino, leite de coco, açúcar refinado e manteiga, são despejados em uma gamela e misturados formando uma massa, que é sovada até atingir o ponto desejado. Depois disso, a massa é enrolada e cortada pelas doceiras, que modelam os biscoitos um a um em forma de pequenas coroas. O símbolo remete não só às jóias produzidas na cidade como ao símbolo do Divino Espírito Santo, cuja festa é outra famosa tradição de Natividade. Por fim, os biscoitos são colocados nas bandejas e levados aos fornos a lenha para assar, de onde saem crocantes e prontos para embalar.
A RECEITA Zoélia Nunes de Cerqueira é uma das filhas de Tia Naninha responsáveis pela produção dos biscoitos. Ela revela que não conhece ao certo a origem da receita, mas afirma que foi passada de mãe pra filha: “Minha mãe aprendeu com a mãe dela e fazia só pra casa mesmo, pros vizinhos... aí muita gente começou a procurar e ela então começou a vender, pois não tinha mais condições de dar”. A fama do biscoito aumentou ainda mais com a visita da apresentadora Claudete Troiano, que além de dar a receita em seu programa, divulgou os biscoitos e a cidade. A partir
HERANÇA A paixão pela fabricação dos biscoitos é também uma herança na família de Tia Naninha. “No começo eu não gostava muito. Mas aí aprendi a gostar com minha mãe e agora não me vejo fazendo outra coisa” confessa Zoélia. Quando questionada sobre o segredo do sucesso, ela responde sem hesitar: “Com certeza é o amor, carinho e dedicação especial passados de mãe pra filho”. Assim fica fácil entender porque o Amor Perfeito é uma verdadeira jóia culinária, de nome tão doce quanto o seu sabor.
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Foto: Michele Barros
Doce, crocante, derrete na boca e é praticamente impossível resistir à segunda mordida. Quem visita Natividade não pode deixar de saborear o Amor Perfeito, tradicional biscoito de polvilho, cuja fama carrega o nome da cidade Brasil afora. A loja de biscoitos de dona Ana Benedita de Cerqueira e Silva – a famosa Tia Naninha é parada obrigatória para os turistas que desejam conhecer uma das experiências gastronômicas mais marcantes da região. A “fábrica” de biscoitos funciona no Centro Histórico da cidade, num casarão da Praça da Matriz construído pelos pais de Tia Naninha, e onde ela vive até hoje. No total, 12 funcionários - dentre eles, três filhos de Naninha, são encarregados de toda a produção. Quem visita pode ver de perto o processo de fabricação, inteiramente artesanal, além de experimentar os biscoitos, servidos com café colonial. Pioneira na fabricação de biscoitos típicos, a loja de tia Naninha é responsável não só pelo sustento da sua família como também pela manutenção dessa atividade como uma das manifestações do patrimônio cultural de Natividade. O Amor Perfeito é reconhecidamente o mais importante produto da culinária local, representando a cidade em feiras e eventos estaduais e nacionais e até internacionais.
>> Laís Sousa
Repórteres não resistem e provam o Amor Perfeito
Artesanatos Amor Perfeito
>> Mariana Souza
Os biscoitos de Tia Naninha ficaram tão famosos em Natividade que serviram de inspiração para o nome de uma loja de artesanato. “Amor perfeito” nasceu de um projeto da primeira dama e atende preferencialmente pessoas auxiliadas pela Bolsa Família. As peças são todas produzidas em cursos oferecidos anualmente – sempre próximos à realização da Festa do Divino Espírito Santo - no próprio local, sendo o material fornecido pela prefeitura. Após a confecção, os alunos têm a opção de deixarem as peças na loja ou de venderem por conta própria. Dona Maria José é uma das cinco profissionais contratadas atualmente para dar as aulas do projeto. Segundo ela, a religiosidade está sempre presente nos artesanatos. “Nós focamos mais na cultura de Natividade, que é bem voltada para as festas do Catolicismo, como a Festa do Divino, Festa da Padroeira e Lavagem do Bonfim”, contou. São feitos artefatos de bordados, crochê, madeira e outros. A Universidade Federal do Tocantins aderiu ao projeto a partir de uma parceria com a Prefeitura Municipal de Natividade e todo ano leva um grupo de alunos pra cidade para dar e receber oficinas. Para Maria José, o nome da loja é justificado por outro motivo além dos biscoitos. “Uma coisa puxa a outra. Mas é porque aqui tudo é feito com muito amor, com muito carinho.” Fotos: Celina Pereira
Divino Espírito Santo: Inspiração para o artesanato e os biscoitos
Jovem nativitano exercendo o ofício com talento, para agrado do coração
Do coração de Tocantins, garimpo. Do coração dos ourives, talento. Do coração da vendedora, sustento. A arte de fazer joias em Natividade, deu a pequena cidade do interior tocantinense o apelido de cidade do ouro, onde a população desfila com valiosas obras artesanais cujo maior segredo é talento, dom e amor. Receita Todas as jóias produzidas na cidade são feitas em ouro ou prata vindos dos diversos garimpos da região. Entre duas ourivesarias artesanais da cidade, as obras são vendidas por quilo e variam preços entre R$ 200,00 a R$3.000,00 reais. As encomendas, atendem a demanda regionais, nacionais e ganham reconhecimento internacional, mediante a procura dos turistas. A matéria prima, seja prata ou ouro, é derretida e transformada em barra para que a quantidade seja pesada. Em seguida a barra passa pelo laminador de fio para ganhar forma,.Cabe
ao ourives manipular as ferramentas a fim de trançar, achatar, moldar formatos. Em seguida, é hora de trabalhar com o pingente daquela peça – seja corrente, pulseira ou anel. O processo é longo e a depender da complexidade da peça, é possível fazer até duas completas por dia. Quando interrogado a respeito da peça que mais gosta de fazer, o ourives Orleid Sérgio Carvalho fala do Coração Tradicional Português. Flor de Maracujá, Pomba do Divino... cada peça tem um nome estabelecido que trás história, religiosidade, cultura e bastante apego. “Não tem curso para artesão, mas o mercado para jovens é escasso. Aí vai do querer: eles gostam da arte, observam quem sabe e aí decidem ficar ou não. Mais do que necessidade é preciso ter dom...”, esclarece Anfrísia Cardoso, dona do estabelecimento onde o jovem rapaz exerce a função de ourives.Dedicação, paciência e detalhamento são qualidades necessárias para dar continuidade ao trabalho
dos mestres que ensinaram a tarefa. Embora possam confeccionar peças exclusivas, diariamente seguem a tradição e não fogem aos moldes padronizados que só mudam tamanho. Uma conversa com o Mestre Dentre tantos que não tiveram paciência nem talento para continua tentando a minuciosa prática de ser ourives, seu Jesumar Batista tem 20 díscipulos, quer trabalhando em Natividade e ainda recorrendo a sua casa em casos de dúvida, quer ligando lá de Goiás ou até da Inglaterra para agradecer: “foi com você que aprendi todas as táticas!”. – “Todas, entendeu?” – Brinca o charmoso senhor que se enbalando na cadeira de balanço promete voltar à ativa “do ouro e da paquera”, após o ano e meio que esteve afastado: “Minha mulher adoeceu, a perdi, não estava com cabeça para trabalhar. Esse é um trabalho que não dá para fazer se seu coração não estiver bem, é um trabalho feito com amor...” O Mestre Jesumar, como é conhecido por seus discípulos, é “o cara” da região. Aos doze anos de idade dedicou-se a aprender o “ministério familiar de mais de 100 anos”, com o tio e Mestre Juvenal, e hoje, com 50 anos de profissão, tem orgulho e razão de causa ao afirmar que sem ele a história da filigrana não teria tido continuidade. De influencia portuguesa e séculos de tradição, a técnica de confeccionar jóias com fios de ouro ou prata tão fino quanto fios de cabelo e com pequenas bolas do metal soldada como acabamento, tem “somente dois ou três trabalhando com isto no país, é raro!”. Não tardou em contar que, por este motivo, já foi “procurado pela televisão” e alí mesmo, de frente a sua casa, já deu uma entrevista para o Me Leva Brasil, quadro do Maurício Kubrusly para o Fantástico. “Está na internet, não sou muito bom com es-
sas coisas, mas pode olhar!” Ourivesaria Colonial Anfrisia Cardoso é proprietária da ourivesaria colonial - um nome raro para combinar com a profissão, um salto alto para fazer jus ao ramo comercial escolhido. Vaidosa, representa bem a delicada beleza feminina, expondo em si própria modelos de algumas das joias que vende. Batalhadora, numa sociedade interiorana, onde persistem ideias coloniais a ponto de desacreditar no sucesso rentável de um comércio necessitado de poder aquisitivo relativamente alto para sobreviver, Anfrísia acreditou no potencial, abandonou um emprego público e seguiu na construção de seu negócio, que já completa dois anos de lucro e prazer. Solteira e mãe em processo de desaninho, afirma que precisou de cara de pau para começar batendo de porta em porta e vizitando empresas. Realizada, conta da emoção de viajar pela região com entregas e voltar com encomendar, ter uma equipe sob sua responsabilidade e inovar com alimentação de redes sociais - “Gosto quando as pessoas gostam da história, do nosso trabalho, a maioria fica encantada!”. Sabendo do risco de assalto causado pelo porte de obras visadas, Anfrísia afirmar que a cidade é tranquila e houveram poucos casos de furtos, nenhum com ela que, mesmo precavida, continua correndo atrás de sua liberdade financeira e incentivando a juventude, em especial, mulheres, em busca de conquistas que agradam o coração: “ Mulher tem que correr atrás de seus objetivos! Mulher não pode esperar casar para ser independente. Eu gosto muito de dinheiro. Então tenho que acreditar e correr atrás porque não vai cair do céu e nem ninguém vai me dar, não.”
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Mistérios de Dona Romana A nativitana que faz esculturas do fim do mundo! >> Michele Barros
Fotos:Celina Pereira
Pedras e mistérios envolvem as esculturas de Dona Romana
Quando se fala em misticismo na pequena e pacata Natividade, cidade do interior do Tocantins, o nome mais citado é o de Dona Romana. Conhecida não apenas por causa de suas “garrafadas”- misturas de ervas e raízes curativas- e por rezar as pessoas, como é típico no sertão e interior da Bahia, Dona Romana tem um dom: ela tem visões sobre o fim do mundo. Medo e Tensão Ao entrar no sítio de Dona Romana, um clima pesado paira no ar. Ele é cercado por um muro, como uma fortaleza, com pedras marrons, bem rústicas. Logo na entrada um arco com pedras amarelas e vermelhas faz alusão ao sol, e indica que as esculturas de pedra estão por perto. E o que vem a seguir é um labirinto, que tem dois lados, mas só pode ser acessado pelo lado direito, pois a esquerda é a saída. Qual o motivo disso? Indicação de Dona Romana. Depois de um pequeno caminho percorrido no labirinto, já é possível ver as esculturas de pedra que no primeiro mo-
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mento causam um grande impacto. São imagens de bichos, cruzes... arqueiros e anjos misturam-se às escadarias que dão em lugar nenhum. Mais labirintos, guardiões e espadas, poços decorados com conchas, pombas, sereias, serpentes, murais com inscrições indecifráveis, Jesus Cristo crucificado e uma balança com cerca de três metros de altura. Essa obra impressionante foi erguida por Dona Romana, em pedra, cimento e areia, e decorada com vários cacos de espelho que cintilam à luz do sol. O porquê das esculturas Dona Romana não estava presente no dia da entrevista. Mas Velmon Alves, que se considera filho dela, e que é responsável por acompanhar os visitantes e tomar conta do lugar quando Dona Romana não está, contou sobre a missão dela. Velmon conheceu Romana ainda quando era pequeno, começou a frequentar o sítio, e hoje além de ser seu seguidor, mora com ela. Dona Romana faz as esculturas desde janeiro de 1990, de acordo com as visões espiritu-
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ais que têm. “Suas atividades de cura, viagens planetárias, esculturas e desenhos fazem parte de sua missão espiritual” relata Velmon. Dentro dessas atividades há todo um ritual de preparação para se construir as peças de pedra, que segue o fundamento do levantamento do grande eixo da terra. Velmon conta que Romana, quando recebe a ordem espiritual, precisa realizar as esculturas, e não as faz sente muitas dores pelo corpo. Estoque para o fim do mundo Velmon mostra um espaço onde é guardado todo tipo de coisa, desde água em garrafas, até alimentos, roupas, livros e combustíveis, que são doados ou comprados pela própria Romana. “A gente guarda tudo isso para o grande momento da virada da terra” afirma Velmon. Nesse espaço o cheiro de mofo e de coisas guardadas há tempos é muito forte. É impressionante a quantidade de objetos que começaram a ser acumulados desde que ela começou a ter as visões. Segundo Velmon, Romana vive de doações. Há um espaço no meio de galpão, no qual há um círculo com vários objetos que Dona Romana ganhou de presente: bonecos, estátuas, capacetes, placas e até um E.T, caracterizam o ambiente. Seguidores e mediunidade Dona Romana faz esculturas até hoje, mas necessita do auxilio dos seus seguidores. Ela ajuda a desenvolver a mediunidade de muitas pessoas ao seu redor, mas não gosta de ser chamada de Mãe de Terreiro nem Mãe de Santo. “A missão não é ela que dá para ninguém, as pessoas já nascem com ela” afirma Velmon.
Elementos religiosos encantam e assustam os visitantes
Labirinto de esculturas nos fundos da casa de Dona Romana