edição 15 | 2014
Você é o lápis Viver é escrever uma história. Você está pronto para assumir a responsabilidade autoral sobre a sua? pag. 22
Casais que trabalham juntos
Depoimentos
Existe felicidade para casais que trabalham juntos?
Veja o que dizem pessoas que passaram pela psicoterapia.
pag. 08
pag. 36
Medicina e Obesidade
Médico especialista fala sobre o diagnóstico e os tratamentos. pag. 38
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Capacidade incomparável de atribuir sentido às ações, à vida e, também, uma capacidade infinita de sentir, se comunicar, criar, se autoconhecer, cuidar dos outros, buscar a felicidade, promover mudanças, escrever e reescrever a própria história. Essas são algumas das principais condições que nos tornam humanos – condições a partir das quais estamos sempre nos superando. São, também, alguns dos principais pressupostos de uma vida com Saúde Mental e, com muita satisfação, temas desta 15ª edição da Revista Fale Mais Sobre Isso. Um veículo de comunicação se justifica pela benfeitoria que promove à humanidade, então, mais uma vez, esperamos contribuir com informações e discussões que lhe ajudem a melhorar a sua vida. E se quiser falar mais sobre isso, por favor, escreva-nos, gostaremos muito de saber o que você pensa: revistafalemaissobreisso@yahoo.com.br. Boa leitura!
sumário Fontes
05 Notícias, descobertas e contribuições da Internet
Saúde Ampliada
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08 Existe felicidade para casais que trabalham juntos? 12 Gestão escolar: que rumo seguir? 14 Ciranda 19 Amor de Mãe Muda o Mundo
Capa
22 Quem escreve a nossa história?
Consultório
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26 Quando descer é a solução 28 Só o amor basta? 30 A fonte vai secar? Sim, a fonte secou! 32 Enegrama 33 Mudança de hábito 34 O psicólogo e o paciente oncológico: do medo ao enfrentamento 36 Veja o que diz quem fez psicoterapia
Medicina
40 Obesidade: diagnóstico e tratamentos
Expediente Coordenação e Revisão Técnica: Leonardo Abrahão - Psicólogo (CRP/04 36232) Diagramação: Miguel Neto Comercial: 34 9966.1835 | 9221.6622 Tiragem: 1.000 unidades
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Fontes Notícias, descobertas e contribuições da Internet
Invenção ajudará tratamento de idosos que moram sozinhos
Orégano ajuda hipertensos a consumirem menos sal Solução caseira inspira pesquisa científica
Pessoas que sofrem de hipertensão arterial apresentam maior avidez pelo consumo de alimentos com mais sal, quando comparados aos normotensos, mostra estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. A boa notícia é que a adição de orégano à massa modificou essa preferência, levando os participantes a preferirem os pães menos salgados.
“Nós conseguimos comprovar cientificamente uma recomendação culinária comum que ouvimos no dia a dia: a de substituir o sal por temperos como orégano ou ervas finas”, comenta a nutricionista Patrícia Teixeira Meirelles Villela. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a ingestão diária máxima de até 5 gramas de sal. No Brasil, o consumo diário pode chegar a 12 gramas. Fonte: Agência USP de Notícias
Uma invenção promete se tornar um grande aliado para o bem estar de idosos. Uma empresa japonesa desenvolveu um par de lâmpadas LED que rastreiam os movimentos de uma pessoa que tenha caído ou, de repente, parou de se mover. As lâmpadas monitoraram constantemente os ocupantes em uma sala numa distância de até 26 metros de distância. A tecnologia é sensível e inteligente o suficiente para saber quando alguém até mesmo cochilou medindo seus movimentos quase imperceptíveis de respiração. E se em algum momento não há motivo para preocupação, as lâmpadas também estão conectados a uma rede Wi-Fi, prontas para sinalizar qualquer tipo de problema. O produto está previsto para ir à venda em setembro do ano que vem. Fonte: Agência USP de Notícias
Aposentado já plantou mais de 16 mil árvores Como forma de retribuir uma vida inteira em São Paulo, o aposentado Hélio da Silva, de 62 anos, já plantou em 10 anos, por conta própria, mais de 16 mil árvores ao longo do córrego de Tiquatira, na Penha, região leste da cidade de São Paulo. Entre jacarandás, imbuias, ingás e pitangueiras, são mais de 170 espécies, a maioria nativas da mata atlântica, que deram origem a um parque linear. Com orgulho do trabalho, ele conta que chegou a gastar R$ 2 mil mensais com mudas e adubos para as árvores, que são plantadas aos fins de semana. No início da jornada, alguns comerciantes da região não gostaram muito da ideia, porque as árvores prejudicariam a visão das placas dos estabelecimentos. Mas hoje, o parque é movimentado e cheio de pessoas que praticam exercícios físicos.
Fonte: Catraca Livre
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Fontes
Aplicativo gratuito ajuda usuário a controlar dieta O aplicativo de smartphones TecnoNutri (iPhone e Android) ajuda pessoas que querem regular sua alimentação. O programa possui uma ferramenta de diário na qual é possível registrar os alimentos e a quantidade de água consumidos. O usuário cria o seu perfil com informações básicas (como altura, peso, idade etc) e depois seleciona uma meta (perder peso, ganhar massa muscular, melhorar alimentação ou tratar
doenças). Com isso, o app gera uma estimativa de calorias, de consumo de água e de nutrientes necessários para atingir o seu objetivo. Com uma ampla biblioteca de tabelas nutricionais, o TecnoNutri permite ao usuário calcular quantas calorias está consumindo diariamente, e qual está sendo sua evolução na dieta, com gráficos. Além disso, o app envia lembretes para o usuário beber água e se alimentar no horário. Fonte: Catraca Livre
Designers criam maiôs para mulheres que perderam seio durante tratamento do câncer de mama O Monokini 2.0 é um projeto de arte social que questiona os padrões de beleza e ajuda as mulheres que sofreram com o câncer de mama. A ideia é criar uma coleção de roupas de banho para as mulheres que perderam o seio durante o tratamento. O trabalho foi desenvolvido pelos artistas Tärähtäneet ämmät e Nutty Tarts e foi idealizado por Elina Halttunen. Vários designers aderiram ao projeto. As fotos vão ser exibidas na Noruega, Finlândia e Suécia.
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Fonte: Catraca Livre
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Alternativas verdes, hortas e jardins urbanos surgem nas grandes cidades Tendo em vista os problemas ambientais e os prejuízos econômicos recorrentes às cidades modernas, vários governos locais ao redor do mundo criaram mecanismos de incentivo para medidas que amenizem tais tendências, tentando inverter o papel de edifícios e cidades, para que se tornem a solução do mundo contemporâneo, e não o seu maior problema. Em Nova York, a companhia Coned, que fornece eletricidade para toda a cidade, incentiva a instalação de tetos-verdes e já transformou três de seus prédios em verdadeiras chácaras urbanas. É sabido que esses jardins suspensos podem contribuir com até 70% da absorção das águas pluviais, evitando a sobrecarga do sistema de drenagem e grandes prejuízos materiais que podem ocorrer com as enchentes. O uso de telhadosverdes é também uma maneira de driblar a falta de terrenos livres em centros urbanos congestionados e oferecem a oportunidade para o cultivo de hortas. A agricultura urbana, por sua vez, ajuda na economia de combustíveis e energia, oferecendo alimento fresco e saudável sem o uso de transporte e pesticidas. Fonte: Catraca Livre
Fontes
Clássicos da literatura ganham olhar da psiquiatria O livro Personagens ou Pacientes? Clássicos da literatura mundial para refletir sobre a natureza humana reúne análises de psiquiatras, psicólogos e outros profissionais envolvidos com a área da saúde mental, que se debruçaram sobre 43 obras de autores como Franz Kafka, Gabriel García Márquez, Graciliano Ramos e Liev Tolstói. O livro foi organizado pelo médico Táki Athanássios Cordás, do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em parceria com o também médico do IPq, Daniel Martins de Barros. “A literatura oferece visões muito profundas, consegue descrever coisas do mundo interno às vezes muito melhor do que o psiquiatra”, afirma Táki Cordás. Segundo ele, todo psiquiatra tem obrigação de ir além dos livros acadêmicos, específicos da área, alimentando uma visão humanística que extrapole a questão técnica. Foi esse interesse que motivou o médico a organizar a obra. Lançado pela Artmed em 2014, o livro inspirou a criação de um curso homônimo, que acontece no final de novembro no IPq, com a presença de alguns dos autores. As mesas programadas abordarão a relação da literatura com os temas da sexualidade, doença mental e questões existenciais. Fonte: Agência USP de Notícias
Escola comum não garante inclusão de portador de Down Estudo realizado na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP aponta que crianças com Síndrome de Down que frequentam a rede básica de ensino sofrem exclusão. Segundo a fonoaudióloga Flávia Mendonça Rosa Luiz, a prática tem o objetivo de incluir, porém o resultado não é esse. “Existe um preconceito presente na concepção dos professores em relação às crianças com Síndrome de Down que as levam a focar apenas em suas deficiências, subestimando assim sua capacidade de aprendizagem.” O estudo conclui que os professores não conseguem desenvolver atividades pedagógicas com essas crianças porque elas têm necessidades mais importantes, como higiene, alimentação, conforto e interação social. A fonoaudióloga fala que as dificuldades da interação também são frutos da cultura presente na sociedade brasileira, que não é tão aberta a diferenças. “Com isso, temos o processo de inclusão como ‘uma exclusão dentro da inclusão’.” Fonte: Agência USP de Notícias
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Existe felicidade para casais que trabalham juntos? Apesar de grande parte da população afirmar que trabalhar junto não faz bem para o relacionamento, pesquisa do International Stress Management do Brasil (Isma-BR) revela que casais que dividem também o trabalho compreendem melhor as angústias e a carga horária do companheiro. TEXTO
Luísa Salviano (Ciclo Assessoria de Imprensa)
Qua nd o s e f a la s o b r e ca s a i s que trabalham juntos as opiniões divergem e não podemos falar em consenso. Há aqueles que acreditam que o relacionamento duradouro está baseado na saudade, no tempo separado durante o dia para que a vontade de chegar em casa e encontrar o parceiro seja maior.
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Fotos
Douglas Luzz
que não haja casais dentro do trabalho, por isso, muitas vezes nem contratam casais para trabalharem no mesmo local. A questão é: será que existe felicidade para os casais que optam por estarem juntos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, no lar e no trabalho, até que a morte os separe?
Apesar disso, são muitos os casais que encaram o desafio e se saem muito bem, mostrando que o amor e a cumplicidade são os pilares que sustentam a relação, independente de trabalharem juntos ou não.
Apesar de grande parte da população afirmar que trabalhar junto não faz bem para o relacionamento, uma pesquisa realizada pelo International Stress Management do Brasil (Isma-BR) constatou que os casais que trabalham juntos são mais compreensíveis em relação aos demais.
Algumas empresas determinam em regulamento que seus funcionários não podem namorar, gerando até demissão em determinados casos. Mesmo que não haja uma política explícita, alguns empresários acreditam que é melhor para a empresa
De acordo com a pesquisa, 80% dos casais entrevistados se dão muito bem no relacionamento e, justamente por dividirem full-time suas vidas, compreendem as angústias e a carga horária do companheiro.
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saúde AMPLIADA | TRABALHO
Para além do trabalho... Há 17 anos, a ONG EMCANTAR desenvolve trabalhos voltados para crianças de Araguari e Uberlândia valorizando a arte e a educação. Durante as viagens e apresentações do grupo, várias oportunidades surgiram para que alguns casais se formassem a partir da convivência e isso não é problema nem para a organização, nem para os casais.
Serenidade Conheceram-se há 13 anos, em uma festa de igreja em sua cidade natal, Araguari, e começaram a namorar. Há sete anos estão casados. Ivan trabalha desde 2005 no EMCANTAR onde, desde 2009, passou a trabalhar também Viviane. Ivan conta que, apesar da dúvida de como, de fato, seria trabalhar com a esposa, gostou da ideia porque estariam mais próximos e também por acreditar que Viviane seria mais feliz trabalhando em sua área de formação, Pedagogia, e com algo que sempre quis fazer, que é cantar. Prestes a dar a luz ao primeiro filho do casal, Viviane conta que muitas vezes o assunto em casa acaba sendo o trabalho, mas que isso não atrapalha em nada. Como todos os casais, Viviane e Ivan discordam em determinados assuntos, mas sabem bem como não transformar isso em problema. “Não deixamos para resolver amanhã o que podemos resolver agora”, diz Viviane.
Viviane Rodrigues e Ivan Ribeiro
Sintonia Amigos desde a infância, tiveram a oportunidade de se conhecerem melhor trabalhando no EMCANTAR. A convivência no trabalho permitiu que a relação de amizade evoluísse para um relacionamento que hoje já comemora cinco anos. O casal conta que nem sempre foi fácil. “No início, tinha medo de me posicionar para não gerar problema em casa, mas a própria relação de trabalho e de marido e mulher ajudaram a resolver as questões que surgiam. O tempo vai ensinando como trabalhar as duas relações”, diz Maíra Ávila. Ela concorda com a pesquisa divulgada pelo IsmaBR e afirma que trabalharem no mesmo local os faz compreender muito mais o relacionamento e o trabalho um do outro. “Seria diferente se estivéssemos casados com pessoas que não conhecem bem a rotina de trabalho e shows do EMCANTAR. Por isso, para nós, estar juntos é mais positivo do que negativo”, explica a artista e coordenadora de comunicação da Organização.
Maíra Ávila e Carlos Ribeiro
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“O nosso segredo é saber que tanto no pessoal quanto no profissional o mais importante é ter respeito um pelo outro”, afirma Francirlei. Tanto ele quanto Mariane demonstram carinho e cuidado para manter o relacionamento feliz sabendo entender as necessidades do companheiro.
R espeito O casal trabalhava na mesma área, porém em empresas diferentes. Conheceram-se em um evento e a partir de então começaram a namorar. Ambos passavam muito tempo viajando e acabavam se encontrando pouco durante a semana. Depois de um convite do EMCANTAR, Francirlei aceitou trabalhar com o grupo e consequentemente com Mariane. Segundo ele, o fato da esposa trabalhar no local influenciou bastante sua ida, pois assim poderia passar mais tempo juntos. O casal está junto há quase quatro anos e conta que nem sempre concordam em tudo no trabalho, mas que é importante “virar a chave” e saber quando são colegas de trabalho e quando são marido e mulher. A parceria tem dado tão certo que o casal resolveu se juntar ao outro (Maíra e Carlim) em mais um negócio. Juntos, os quatro acabam de lançar no mercado regional a ALUMIAR GERADORES, uma empresa que fornece geradores de energia para eventos e outras demandas.
Mariane Ávila e Francirlei Barros
“O nosso segredo é saber que tanto no pessoal quanto no profissional o mais importante é ter respeito um pelo outro”, afirma Francirlei. Tanto ele quanto Mariane demonstram carinho e cuidado para manter o relacionamento feliz sabendo entender as necessidades do companheiro.
D esafio Uma parte do namoro foi à distância e acreditam que por isso aprenderam a se comunicar bem um com outro para resolver os problemas. Juntos há cinco anos, estão à frente da Ciclo Assessoria de Imprensa. Douglas é fotógrafo e Michele é jornalista e conciliaram suas profissões para atender as demandas da empresa que existe há quatro anos. O casal, que tem dois filhos pequenos, Benício (3 anos) e Benjamin (2 anos), afirma que é preciso flexibilidade para adequar o dia-a-dia às exigências de cada fase. Apesar das dificuldades existirem, entendem bem as demandas de trabalho e se tornam suporte um do outro para enfrentarem os desafios. Os dois acreditam que trabalhar juntos “não é para qualquer casal, pois expõe o amor à prova o tempo todo, exige maturidade e tranquilidade de ambos”. Contudo, sentem que a cumplicidade e o relacionamento que têm já provaram que o amor é verdadeiro e que com paciência e sabedoria é possível conciliar as duas vidas e ser feliz.
Michele Borges e Douglas Luzz
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Gestão escolar: que rumo seguir? Segundo especialistas, projetos pedagógicos mais participativos podem contribuir para melhores tempos na Educação TEXTO
Ícaro Oliveira (Ciclo Assessoria de Imprensa) A Educação é um dos desafios mais complexos da sociedade moderna. Está conectada à inserção no mundo do trabalho, à capacidade de inovar e produzir novos conhecimentos, à convivência pacífica e tolerância, à qualidade de vida, entre outras tantas perspectivas. Por isso, o assunto está vivo como nunca e tomado por uma inevitável urgência. No Censo Escolar 2013, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela elaboração do censo a partir dos dados oferecidos pelas secretarias estaduais e municipais de educação, das 37,3 milhões de matrículas realizadas no ano de 2013, 8,5 milhões são de estudantes atrasados em pelo menos dois anos na escola, dentre os quais 6,1 milhões estão no ensino fundamental e 2,4 milhões no ensino médio. São crianças e adolescentes que foram reprovados, abandonaram a escola ou já foram alfabetizados com atraso. Este cenário, resultado de diversos fatores, sucita, entre outras discussões, a questão da gestão escolar como instrumento essencial e transformador da realidade educacional. No livro “Gestão e comunidade escolar: ferramentas para a construção de uma escola diferente do comum”, de Renato Brito, são indicadas algumas possibilidades de superação desses problemas. Segundo o autor, as instituições necessitam de projetos pedagógicos mais participativos, envolvendo principalmente a comunidade. “A comunidade precisa sentir-se parte do processo de construção e tomadas de decisões e os projetos pedagógicos se constituem como uma excelente ferramenta para a efetividade desta participação”, afirma o especialista.
Renato Brito, autor do livro "Gestão e Comunicade Escolar" .
Para o autor, é importante que no contexto escolar haja uma abordagem sociocrítica – participação social de forma crítica - e uma técnico-científica da gestão – preparação dos estudantes para projetos sociais e políticos. Ambas atribuem à escola funções para além daquelas tradicionalmente estabelecidas. “A escola passa a cumprir sua função social fazendo deste espaço uma organização viva, dinâmica e participativa”, acrescenta Brito.
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saúde AMPLIADA | EDUCAÇÃO
Transformando teoria em prática Para atingir melhores resultados, algumas instituições do país estão fugindo do modo convencional e tradicional de ensinar, e experimentando ao máximo outros métodos que empolgam e entusiasmam os alunos. Recentemente, um levantamento realizado pelo Departamento de Educação Norte-Americano apontou que a participação dos pais, assim como a das mães, ajuda a melhorar a vida educacional dos filhos de forma específica. “Crianças que têm pais envolvidos na sua vida escolar tendem a se desenvolver melhor, além de demonstrarem ter mais paciência no processo de aprendizagem”, analisa o estudioso da área, Renato Brito. Na escola Sempre Viva, por exemplo - instituição privada que iniciou suas atividades em 1999, em Uberlândia (MG) - a Educação é tratada de forma diferenciada: profissionais, pais, crianças e comunidade produzem conhecimento e trocam experiências juntos. Anualmente, a gestão da escola escolhe um tema para nortear estudos, reflexões e ações em geral. Em 2014, ano em que o Brasil sediou a Copa do Mundo, o tema tem sido: Povos e Nações do Mundo. Um evento típico e tradicional como a festa junina da escola, neste ano, foi totalmente remodelado na perspectiva de um projeto pedagógico mais participativo. “Nossa quadrilha foi transformada em uma grande viagem aos países participantes da Copa do Mundo. Cada turma se vestiu caracteristicamente para dançar um ritmo musical de um País diferente, o que teve também haver com a genealogia das famílias que frequentam a escola. Os pais foram envolvidos neste trabalho de pesquisa em casa sobre suas origens, e também aceitaram nosso convite para dançar a quadrilha com os filhos”, relata o diretor pedagógico da escola, Ichitaro Watanabe.
Carolina Abdelnur Alves e Ichitaro Watanabe, da Escola Sempre Viva A busca é por laços que vão além do ensino, que transitam na esfera do emocional. “E os resultados são extraordinários, com alunos que tem prazer e vontade de ir à escola”, afirma Watanabe. Para Carolina Abdelnur Alves, diretora administrativa da Escola Sempre Viva, a maneira diferenciada de gerir, com foco na vivência e em experimentações, encontra respaldo na comunidade. “Entender o ciclo
de vida das plantas, não só através de livros, mas da experimentação - plantar, ver crescer, utilizá-la na refeição da escola, falando de alimentação saudável, são formas de ensinar que fazem com que nossos alunos estejam imersos em um ambiente de aprendizagem humanizado, alegre, divertido e prazeroso. Acredito que por isso contamos com apoio e empenho dos pais, alunos e de toda nossa equipe”, ressalta a diretora.
Total de matrículas
Alunos atrasados em pelo menos 2 anos
37,3 milhões
8,5 milhões Fonte: Censo Escolar 2013
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saúde ampliada | ciranda
Ciranda Olá querido leitor! É com muito prazer que estréio a coluna CIRANDA nesta edição da Revista Fale Mais Sobre Isso. Como jornalista, pretendo trazer para você informações sobre o que acontece em Uberlândia e no mundo, em diversos âmbitos. Como apreciadora das artes, gastronomia, psicologia, filosofia e política, creio que não faltará aqui dicas, críticas, impressões e sugestões, sobre as quais faço questão da sua opinião. Fale mais sobre isso comigo. Meu email é michele@cicloascom.com TEXTO
Michele Borges
Teatro
Quero começar parabenizando o grupo teatral de Uberlândia, Trupe de Truões, que trabalhou duro neste ano para proporcionar à cidade quatro meses de oficinas gratuitas e espetáculos com grupos locais e de outros estados a preços populares, através do Projeto Casa Aberta – Coletivos nas Gerais. Foi lindo!
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Os fotógrafos Douglas Luzz, Francisco Jr. e João Marcos Rosa, com Marcos Losekann e eu, no bar e restaurante Quintal da Dê.
Fotografia No olho do furacão Outro que deu o ar da graça em Uberlândia foi o ex-correspondente de guerra, Marcos Losekann, que demonstrou sua preocupação sobre conflitos por causa de água. Como um País que guarda na Amazônia um quinto de toda reserva potável do Planeta, estaremos nós, brasileiros, no olho do furacão? Aos nossos líderes políticos, fica a incumbência de gerir políticas públicas eficientes de preservação do nosso maior bem.
A fotografia foi outra arte que esteve em evidência na cidade no final deste ano através do 4° Festival de Fotografia do Cerrado, com exposições e palestras de profissionais de destaque nacional. Além disso, a 2ª Semana Internacional de Comunicação também trouxe palestrantes de referência no meio, como o fotógrafo da Nacional Geographic, João Marcos Rosa. Fotógrafos locais aproveitaram bastante para trocar figurinhas sobre técnica e mercado.
Para refletir... Roberto Mangabeira Unger é brasileiro, professor em Harvard, autor de vários livros, respeitado no mundo todo. Em recente entrevista, afirmou: “O Brasil está travado e um País com esta vitalidade não pode estar travado”, referindose à necessidade de inovarmos em nossas instituições que, como roupas velhas, já não nos servem mais. Para ele, o grande desafio do novo governo é transformar um modelo de crescimento focado na criação de demanda (de consumo), em um modelo de criação de oferta de oportunidades! Até a próxima... falemaissobreisso.com.br
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publi - editorial | viagem e saúde mental
O que uma viagem pode nos proporcionar? Uma viagem faz por nós o que nenhuma outra situação na vida consegue nos proporcionar
Do início ao fim da vida, somos conduzidos pelos usos e costumes da sociedade em que vivemos e somos obrigados a nos adaptarmos a tudo o que essa sociedade nos impõe. Somos condicionados a falar a sua língua, a comer as suas comidas, a vestir as suas roupas, a frequentar os seus espaços, a nos relacionarmos com os seus indivíduos, a obedecer as suas leis, a viver dentro dos seus padrões, a seguir os seus ritmos e a absorver tanto as suas delícias, quanto as suas dores, neuroses e obsessões. Ou seja: somos condicionados a sermos o que ela quer que nós sejamos.
das rotinas que nos aprisionam e que, com o tempo, podem nos adoecer.
Tal situação, obviamente, tem as suas vantagens – caso contrário, provavelmente não sobreviveríamos nem evoluiríamos como espécie. Rotinas, padrões, costumes e algumas obsessões têm a sua importância para a vida em sociedade. Porém, nossa saúde física e mental também pede que saibamos sair
Por quê? Porque viajar nos faz reconhecer a existência e a qualidade dos nossos desejos; nos faz sonhar com o desconhecido; nos coloca em movimento para além dos hábitos que, normalmente, nos movimentam; nos faz entrar em contato com reações e traços da nossa personalidade que até
Nesse sentido, fica a pergunta: que experiência, de uma só vez e sob o nosso total controle, possui potencial para nos proporcionar o benefício da fuga da rotina e nos ajudar a limpar a mente, a oxigenar o corpo, a restabelecer as energias e, principalmente, a viver situações que poderão nos ajudar a enriquecer a maneira como olhamos para as nossas próprias vidas? Essa experiência - sem sombra de dúvidas e conforme os crescentes relatos de muitas e muitas pessoas - é a experiência de viajar.
então desconhecíamos; nos esclarece sobre as nossas coragens, disposições, receios e tendências; nos tira do lugar comum e do possível tédio em que, não raras vezes, colocamos as nossas vidas por força das circunstâncias (e dos nossos medos); e, por fim, porque viajar nos faz entrar em contato com todas as diferenças, surpresas e novidades que podem nos ajudar, sobremaneira, a descobrir pensamentos, sentimentos e demais condições mentais que nem suspeitávamos fazer parte das nossas existências. Por isso, a partir das próximas edições da Revista Fale Mais Sobre Isso, abriremos espaço para relatos e depoimentos de pessoas que se permitiram passar por essas experiências e que, por terem ficado extremamente satisfeitos com elas, fazem questão de contar suas histórias e de incentivar os leitores a também se permitirem o mesmo. Não perca!
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saúde ampliada | iniciativas
Alcinete
fotos_ José Neto Fotografia Criativa
Cândida Bonfim
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saúde ampliada | iniciativas
Adriana Scalia
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Amor de Mãe Muda o Mundo Belas iniciativas em Uberlândia valorizam a Maternidade como origem fundamental da saúde mental dos homens.
Gestação, amamentação e maternidade são condições sem as quais a humanidade nem existiria.
U be r lâ n d i a tem sido um terreno fértil para as iniciativas que valorizam a importância fundamental da maternidade e da amamentação nas vidas de todas as pessoas. De todas as pessoas? Sim, de todas as pessoas: gestação, amamentação e maternidade são condições sem as quais a humanidade nem existiria e, muito menos, chegaria aonde chegou. E nossa cidade tem sido fértil para a valorização dessas condições por conta de projetos como o Projeto Amamente, do fotógrafo José Neto, o projeto Amor de Mãe Muda o Mundo, do Psicólogo Leonardo
Abrahão e da existência de grupos de apoio às gestantes e ao parto humanizado, como o Grupo Materna e o Grupo Bom Parto. Essas iniciativas têm se esforçado em conscientizar mulheres, mães e sociedade de que a luta por uma humanidade saudável, feliz e em harmonia passa, necessária e originalmente, pelo ventre de onde todos nós viemos. Originalmente, mesmo. Em outras palavras: valorizar a gestação, humanizar o parto, garantir a amamentação, empoderar as mães e proteger a infância são os passos e as fórmulas indispensáveis para uma humanidade cada vez melhor. Humanamente melhor.
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capa | saúde mental
Quem escreve a nossa história? Entre alegrias e sofrimentos, casos de sucesso e chegadas ao fundo do poço, sentimentos de culpa e culpabilização dos outros, pesos na consciência e sensações de alívio por termos feito a coisa certa, nós mesmos somos os responsáveis pela escrita e reescrita das nossas próprias histórias de vida TEXTO
Leonardo Abrahão Psicólogo
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capa | saúde mental
O nosso psiquismo é a dimensão maior em que nos encontramos mergulhados.
Todos nós, em algum momento, já nos perguntamos: o que mais posso esperar da Vida? Tal questionamento, geralmente, aparece quando nos deparamos com situações difíceis e que não estavam nos nossos planos - como imprevistos desgastantes, infortúnios ou más sortes. Às vezes, quando os reveses da existência são realmente impactantes e o pessimismo nos sequestra, podemos chegar a pensar que a Vida armou complôs contra nós e passamos a nos sentir vítimas de situações para as quais não havíamos nos preparado. Mas, será mesmo que a Vida tem ‘vida própria’ e, inclusive, consciência e autonomia para agir em relação a nós? A essa pergunta – “será mesmo que a Vida tem ‘vida própria’?” -, a Psicologia diz que não: a Vida não tem ‘vida própria’. Ela não é uma entidade exterior a nós, uma entidade com vontade e consciência próprias, e principalmente, com planos para a nossa própria vida. Ela não é um roteiro preconcebido ou um script imaginado, escrito e imposto a nossa revelia. Por mais que, às vezes, as situações em que nos envolvemos pareçam ter essa condição – a condição de serem predeterminadas em relação a nossa vontade -, os conhecimentos desenvolvidos pela Psicologia e as histórias de vida que chegam aos consultórios dos psicólogos revelam que, em última análise, a Vida que nos acontece é a Vida que nós mesmos produzimos em nossas (próprias) vidas. Mais cedo ou mais tarde – mas, sempre, conforme vários psicólogos podem atestar -, nossas escolhas, tendências, gostos, preferências, fantasias, medos, desejos, coragens e/
ou carências acabam por nos conduzir para essa ou aquela Vida que nos acontece. Essa é uma verdade radical, nua e crua: as contas que contraímos nunca deixam de chegar até nós. Nossas próprias características mentais e comportamentais, traços das nossas personalidades ou elementos positivos e negativos do nosso psiquismo conduzem-nos no dia a dia das nossas vidas, tecendo e construindo as possibilidades, as tarefas e o desenrolar da Vida em que existimos. Ora atraindo, ora repelindo mais possibilidades; ora nos aproximando, ora nos distanciando de novos acontecimentos; ora nos comprometendo, ora nos libertando em relação a possíveis circunstâncias que, para ocorrerem, contaram com a nossa (co)participação. Nos consultórios dos psicólogos, fluem os desabafos sobre as situações em que os indivíduos estão envolvidos por que se deixaram envolver ou se encaminharam - em linha reta - para as mesmas e por força de suas inclinações, propensões ou propósitos (poucas vezes explícitos, muitas vezes ocultos, inclusive a si mesmos). Sem saber que somos sobredeterminados pelos nossos conteúdos inconscientes, sistemas de crenças e condicionamentos subjacentes as nossas visões de mundo e escolhas, saímos pela Vida afora contraindo ou desfazendo relações, realizando ou destruindo negócios, potencializando ou inviabilizando projetos sem nos darmos conta de que, assim, estamos tecendo, construindo ou desconstruindo a nossa própria Vida. O mesmo serve para as outras pessoas – pessoas que também estão sujeitas às subjetividades que as conduzem em
meio às objetividades da Vida. E desse encontro entre nós e os outros – nós e outros conduzidos pelas relações entre as inconsciências e as consciências que nos movem – é que a Vida se faz pelas nossas ações e omissões de todo dia. Em outras palavras, isso significa dizer que, em última análise mais uma vez, para o bem ou para o mal, somos os únicos responsáveis pela situação em que nos encontramos. Nós somos os próprios autores das nossas Vidas – e, de vidas em vidas, da Vida que achamos ter vida própria. E sabe por que achamos isso? Menos responsabilidades sobre as nossas próprias costas é sempre bom. Foram as nossas próprias escolhas, nossas próprias ações ou omissões, presentes ou passadas – quase sempre imemorialmente passadas -, que nos sujeitaram às alegrias, dores, delícias, facilidades ou adversidades com que lidamos no cotidiano. Alguns exemplos: se uma pessoa sofre por que outra não a ama, por que a primeira depende tanto do sentimento da segunda – segunda sobre a qual não tem, e nem deveria ter, o menor controle? Se uma pessoa sofre por que um determinado projeto pessoal ou profissional não deu certo, por que esta pessoa não consegue aceitar que ter o controle sobre os processos que ocorrem fora dela mesmo não passa de uma fantasia infantil de onipotência? Se alguém sofre por que outro alguém entrou em sua vida, e ela não queria que entrasse, ou a deixou e ela não queria que a deixasse, por que esta pessoa não consegue compreender – e aceitar – que a vida é feita de movimentos, mudanças de sentimentos e de condições existenciais nela e nos outros? Por que as pessoas dão tanto poder às outras
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Como seres condenados à liberdade – condição inexorável e produto da nossa racionalidade -, temos a possibilidade de dar e tomar o rumo que quisermos as nossas vidas, bastando, para tanto, que saibamos o suficiente sobre nós mesmos.
sobre os seus próprios sentimentos, pensamentos e reações em relação à vida? O que acontece, ou aconteceu, com as pessoas – dentro dos seus psiquismos, dentro do único espaço verdadeiramente submetido ao seu controle desde que o conheça – que, quando algo inesperado ou indesejado no mundo exterior ocorre, seus mundos interiores desabam? Várias são as possíveis respostas e, com certeza, o fato de vivermos em sociedade faz com que muitas das responsabilidades sobre nossas condições de existência sejam, em verdade, corresponsabilidades. Viver em sociedade também significa compartilhar responsabilidades sobre as condições de existência dos outros. Um homem de mau caráter, por exemplo, pode ser cobrado em relação ao fato de ter machucado corações inocentes em sua vida. Mas, quando se trata de corações de pessoas adultas e donas de suas próprias vidas, a responsabilidade, sempre em última análise, é de quem? Apenas do mau caráter que seduziu os corações inocentes, ou também dos inocentes que, por conta de desejos, fantasias, carências mal resolvidas e/ou curiosidades inconfessáveis se deixaram seduzir? É possível seduzir a si próprio, se cegar e, cego, se entregar a outro?
“O inferno são os outros” Basta conversar com os Psicólogos: seus consultórios estão cheios de pessoas que, por conta de múltiplas questões implícitas e ocultas em seus próprios psiquismos, entregaram seus corações, seus sonhos, seus projetos, seus dias e suas melhores expectativas a outras pessoas – benfeitoras, malfeitoras,
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ou, simplesmente, outras pessoas e suas humanidades, suas idiossincrasias e seus psiquismos. Esses mesmos consultórios também estão cheios de indivíduos que sofrem e reclamam das suas Vidas com base na convicção de que outras pessoas são as reais culpadas pelas suas desventuras, tristezas ou condições pessoais e/ ou profissionais. Bom, mas dizer que a culpa pelos nossos infortúnios é responsabilidade dos outros não é uma novidade na história da humanidade. Aliás, o filósofo francês Jean-Paul Sartre certa vez concluiu que “o inferno são os outros”. Mas, em outro momento, o mesmo filósofo também concluiu que não importava o que os outros faziam conosco e, sim, o que nós mesmos fazíamos com o que os outros faziam a nós. Enfim: no fundo e no fim das contas, a responsabilidade pelas nossas reações e condições de existência seria nossa. Adultos, somos seres livres e condenados à liberdade (outra ideia do mesmo filósofo), autores, conscientes ou não, das nossas próprias escolhas mesmo quando escolhemos abrir mão dessa liberdade ou achar que os acontecimentos ao nosso redor ocorrem a nossa revelia. Como seres condenados à liberdade – condição inexorável e produto da nossa racionalidade -, temos a possibilidade de dar e tomar o rumo que quisermos as nossas vidas, bastando, para tanto, que saibamos o suficiente sobre nós mesmos, desvendando os labirintos de sentimentos que nos confundem (como o medo) e, por fim, recobrando as coragens que perdemos por consequência da falta de atitude nos
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momentos em que tudo poderia faltar – menos atitude.
“O homem pode suportar tudo, menos a falta de sentido” Viktor Frankl, psiquiatra vienense que foi preso em um campo de concentração (Auschwitz) pelos nazistas, em seu livro “Em busca de sentido” defende a ideia de que o desespero humano corresponde à situação em que o indivíduo não vê sentido no sofrimento pelo qual passa. Desespero, portanto, seria igual a sofrimento sem sentido. O sentido da Vida e, também, o sentido de todas as coisas dentro dela – inclusive o sofrimento -, corresponderia ao conteúdo fundamental e justificador da existência de todo ser humano, sendo, no entanto, particular e individual, único e pessoal. Um dos aspectos mais interessante do livro “Em busca de sentido” – obra em que o autor analisa as descobertas psicológicas que fez sobre os seres humanos submetidos ao profundo sofrimento de um campo de concentração nazista – diz respeito ao fato de quase não haver referência ao nazismo ou aos soldados presentes no campo de concentração. Sua atenção se concentra em perceber como é possível, ao ser humano, partir de situações extremamente angustiantes e pesarosas para, apesar do intenso sofrimento, manter a liberdade interior (a capacidade de pensar, refletir e sentir por si mesmo) e, dessa forma, descobrir e não renunciar ao sentido da Vida. Frankl faz questão de deixar claro que “os outros” não têm muita importância. O que realmente importa é estarmos abertos para os pequenos
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Conhecer a si mesmo é condição fundamental para assumir o controle da própria vida.
sinais de sentido que podemos perceber no dia a dia – pois, tais sinais, podem se transformar em frestas pelas quais podemos vislumbrar o sentido mais profundo e transcendente da Vida. Sofrimento insuportável, portanto, seria o sofrimento que não possui sentido: sofrimento que não possibilita aprendizado ou resgate dos sentidos pelos quais vale a pena viver. É o sofrimento que não revela os conteúdos implícitos e ocultos do nosso próprio psiquismo e, por falta de nos revelar algo que seja pedagógico, significativo e instrutivo para nossas vidas, torna-se estéril, insensato e, então, repugnante. Portanto, independente das situações em que uma pessoa se encontra, cabe a ela – a cada pessoa em particular – o empreendimento de um diálogo interno em que deve se perguntar, e a si mesma responder por meio de ações e atitudes, qual é o sentido da sua Vida. Para ajudar, veja o próprio Viktor Frankl escreveu: "nós podemos descobrir o significado da Vida de três diferentes maneiras: (a) fazendo alguma coisa; (b) experimentando um valor/o amor; e (c) sofrendo”.
Perguntar pelo sentido da Vida Sofrendo? Sim, pois o que é o sofrimento senão a revelação dramática, direta e insofismável dos conteúdos psíquicos que se movimentam dentro de nós? O que é o sofrimento senão uma espécie de tomografia sentimental que nos revela, de forma pulsante e espontânea, as fragilidades e as questões que necessitam de (auto)atenção urgente em nossas vidas? Não fosse o
sofrimento, às vezes, nos chamando a atenção, daríamos a devida importância, por exemplo, à necessidade de nos perguntarmos se estamos nos iludindo, distorcendo a realidade ou fazendo escolhas erradas na vida? Em um mundo de fáceis e múltiplos prazeres alienantes, o sofrimento não pode ser uma oportunidade e, ao mesmo tempo, uma chamada rad ical da nossa atenção para a maior questão da humanidade – qual é o sentido da Vida?
Qual sentido você quer dar à Vida? Nossa cultura, cada vez mais coisificante, individualista e dedicada a retirar das costas dos indivíduos as responsabilidades em relação à vida e à existência (fenômeno conhecido como alienação social e existencial), tem, crescentemente, levado as pessoas a preferirem se perguntar “o que mais posso esperar da Vida?” ao invés de “qual é o sentido da Vida?”. Dessa forma, acomodamo-nos, passivamente, com a condição de indivíduos que se movem apenas por força da inércia do dia a dia e do mecanicismo das relações sociais cristalizadas - acreditando, irrefletidamente, na ideia de que a Vida nos conduz pelos seus labirintos e desprezando, alienadamente, o fato de sermos os únicos construtores dos labirintos em que nos perdemos. Deixamos de cuidar das nossas próprias responsabilidades em relação ao fato de existirmos como indivíduos e seres sociais – e de olharmos para dentro de nós mesmos e vermos a qualidade das nossas tendências, carências, interesses e ações -, para, reféns dos hábitos, medos, egoísmos e/ou conveniências
nossas de cada dia, nos colocarmos na eterna (e infantil) posição de credores ou vítimas das circunstâncias. Tal posição corresponde à abdicação daquela que é a condição essencial do ser humano: a condição de mentor, criador e autor da sua própria história. Mais uma vez, portanto, aprendamos com o psiquiatra preso no campo de concentração: “o que se faz necessário aqui é uma reviravolta em toda a colocação da pergunta pelo sentido da vida; precisamos a prender e também ensinar às pessoas em desespero que a rigor nunca e jamais importa o que nós ainda temos a esperar da vida, mas sim exclusivamente o que a vida espera de nós; não perguntamos mais pelo sentido da vida, mas nos experimentamos a nós mesmos como os indagados, como aqueles aos quais a vida dirige perguntas diariamente e a cada hora – perguntas que precisamos responder, dando a resposta adequada não através de elucubrações ou discursos, mas apenas através da ação, através da conduta correta; em última análise, viver não significa outra coisa se não arcar com a responsabilidade de responder adequadamente às perguntas da vida, pelo cumprimento das tarefas colocadas pela vida a cada indivíduo, pelo cumprimento da exigência do momento” (Em busca de sentido, Viktor Frankl). Desse modo, não é difícil concluir que o melhor que podemos fazer a nós mesmos é ter a coragem de, sincera e responsavelmente, frequentemente nos perguntarmos: o que a Vida pode esperar de nós? Somente assim caminharemos no sentido de sermos os sujeitos das nossas próprias histórias – autores das nossas próprias Vidas.
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Quando descer é a solução Se você está passando por uma situação de Depressão, encoraje-se e desça! Aprofunde-se no conhecimento de sua alma, pois essa é a única forma de subir e parar de repetir infinitamente! Paula Márcia Baccelli Psicóloga Clínica Eterna estudante de Física Quântica e sua imensidão, Consteladora Sistêmica de seres humanos e não humanos e amante dos mistérios da alma e do in-consciente. baccellireis@gmail.com | espacodaalma.blogspot.com
As construções sociais não param nunca! Produzimos porque temos que fazê-lo, mais ou menos conscientes dos resultados. Criamos o tempo todo: tecnologia, comportamentos, ideais, ideias, necessidades, confusões, soluções, modismos, condicionamentos, neuroses, psicoses e pouca libertação. Criamos também doenças e menos a sua cura. E uma doença em alta é a Depressão. Depressão vem do latim De (baixar) e Premere (pressionar), isto é, Deprimere, literalmente “pressão baixa”, convidando-nos a acalmarmos as pressões, descermos para dentro de nós mesmos e silenciarmos nossos medos e raivas para ouvirmos a voz de nosso guia interior. Momento importantíssimo para olharmos de frente e profundamente para nossas feridas, dando-nos uma chance real de cura. O equívoco é que uma das mais potentes construções sociais diz respeito à busca de formas para disfarçarmos e mascararmos o que deveríamos, na verdade, encarar. Tendemos a “esconder” as dores naturais da alma, como se fosse possível, por não querermos nos responsabilizar por elas. Por isso nos entorpecemos com valores e crenças limitantes, álcool, medicamentos, drogas ilícitas, compulsividades mil e arranjamos culpados para continuarmos “inocentes”. Corremos “léguas de distância” da coragem que nos faz olhar de frente para os movimentos de nossa vida e não realizamos o caminho do Herói, que chega triunfante depois de ter vencido a guerra com os Titãs. Se você está passando por uma situação de Depressão, encoraje-se e desça! Busque ajuda para fazer a sua descida e vasculhar o seu Hades! Não perca tempo lamentando ou fortalecendo medos, melancolias e raivas! Aprofunde-se no conhecimento de sua alma, pois essa é a única forma de subir e parar de repetir infinitamente! Aproveite o melhor momento de sua vida para aprender como as coisas são de fato! O grande psicólogo de nossa era, James Hillman, em seu livro
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Psicologia Arquetípica afirma que “A alma sempre volta às suas mesmas feridas, ela insiste nas mesmas figuras e emoções, vemos os mesmos temas nos sonhos por muitos e muitos anos. (...) A alma repete-se infinitamente, e na repetição está uma tentativa de aprofundamento. A alma volta constantemente às suas feridas para extrair delas novos significados; volta em busca de uma experiência renovada.”. Assista à entrevista com a psicóloga Paula baccelli procurando por " Fale Mais Sobre Isso: A Consciência e os Campos Informacionais" e, ao final de dezembro/2014, procurando por "Fale mais sobre isso: Do fundo do poço à vida" no Youtube.
Grãos e sementes Vegetarianos e veganos
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Só o amor basta?
Existem diversos aspectos que influenciam a qualidade comunicativa de um casal
Ana Carolina Rimoldi de Lima | CRP 30207/04 Psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental, Mestre em Psicologia da Saúde e Docente de Psicologia rlanacarolina@yahoo.com.br 34 9660.0217 / 9173.8731
Quando pensamos em relacionamentos duradouros, pensamos em pessoas que se amam. Entretanto, algumas vezes, mesmo amando, as relações se desgastam ou acabam. Todos sabemos que o amor é um sentimento fundamental para as relações. Mas o que são sentimentos? Se considerarmos os sentimentos como entidades fora de nós, que não controlamos, mas que nos controlam, há pouco o que possamos fazer para “manipulá-los”. Mas esta não é a melhor definição de sentimentos. Certa vez, ouvi uma excelente definição sobre o amor: “amar é um verbo, portanto, quem ama age amando”. Antes de prosseguir a leitura, reflita por um instante sobre quais são as implicações práticas desta definição. A meu ver esta definição implica em considerar como agimos para com as pessoas a quem amamos. Não basta amar e manter uma relação cheia de cobranças, queixas, críticas e excesso de trabalho. Não basta amar e deixar todo o peso da responsabilidade familiar com apenas um de
seus membros. Também não basta amar e descontar todas as frustrações da vida no parceiro ao fim do dia. Então, talvez não baste amar, se partirmos da ideia do amor como algo que está fora de nós. Mas, se considerarmos que o amor está no que fazemos e em como fazemos, então basta amar, pois podemos ter controle sobre nossos comportamentos. Mas isto acrescenta uma necessidade de auto-observação e cuidado constantes para que possamos compartilhar com nosso companheiro(a) o melhor de nós e, quando em momentos difíceis, dividir as partes ruins da vida sem agir de forma a agredir, machucar ou exigir do outro algo que não lhe cabe. Um dos aspectos mais simples, e ao mesmo tempo complicados, de agir amando consiste no padrão de comunicação de um casal. As habilidades de comunicação estão entre os principais ingredientes que fazem os relacionamentos funcionarem. Existem diversos aspectos que influenciam a qualidade comunicativa de um casal, entre eles: o comportamento emocional, que é a forma como cada um experimenta e expressa suas emoções, tanto positivas quanto negativas; as crenças pessoais que cada um tem sobre si mesmo e sobre o seu parceiro; a percepção que cada um tem sobre as situações que vivencia; e a fisiologia, isto é, como cada um se sente fisicamente nas interações. Assim, para manter a saúde do relacionamento é necessário manter um equilíbrio de aspectos positivos e negativos nessas quatro áreas, de modo que predomine mais positividade do que negatividade no comportamento emocional e na interação conjugal. Claro que é fácil que as situações da vida nos conduzam a um padrão negativo de interação, pois hoje vivemos cada vez menos tempo em casa e, quando estamos lá, temos tantas coisas pra fazer... Mas é importante manter a atenção em si mesmo, aumentar a autoconsciência para sair do “piloto automático” da relação e perceber como se está agindo para consigo e para com aqueles a quem se ama e, no meio de tantas coisas que tomam nosso tempo e atenção, lembrar que as pessoas são mais importantes que as coisas. Logo, é melhor abrir mão de determinados afazeres para vivenciar momentos agradáveis com quem amamos. Se estiver muito difícil fazer isso, a orientação de um psicólogo pode ser útil.
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A fonte vai secar?! Sim, a fonte secou!
A dinâmica de vários relacionamentos mostra que os mesmos estão envolvidos em uma condição original de carência Aniângelis Cardoso Ribeiro Guimarães Psicóloga Clínica Especialista em Análise Transacional FATEP-BRASÍLIA e UNAT-BRASIL. Membro Certificado Clínica pela UNAT-BRASIL Membro Didata em Formação pela UNAT-BRASIL. 34 9231.0990 | aniangelispsico@hotmail.com
É bastante frequente encontrarmos carência afetiva na vida das pessoas. São seres humanos que se sentem carentes e que, no companheiro ou nos amigos, buscam suprir o vazio que vivenciam. E, assim, o vazio perdura. A carência existe porque desde a infância não fomos treinados a suprila. Diante disto, existem tantas pessoas com medo de ficarem sozinhas. É fato que nós, humanos, necessitamos de contato e afeto. Dálos e recebê-los é tão necessário, e vital, quanto o alimento que comemos. Os contatos sociais e físicos, ou a falta deles, afetam a maneira como as pessoas se movimentam no mundo em que vivem. Diante disto, eu pergunto a cada um dos leitores da Fale Mais Sobre Isso: você já se percebeu roubando afeto e atenção de alguém? Você é daquelas pessoas que buscam atenção do marido, da esposa ou dos amigos a toda hora? Já sentiu rejeição das outras pessoas durante seu contato com elas? Se o “sim” veio como resposta para as perguntas, provavelmente você esteja extorquindo reconhecimento, afeto das pessoas que convivem com você. E, possivelmente, a consequência foi o
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afastamento das pessoas ao invés de atraí-las para perto de você. Muitas pessoas até conseguem afeto de alguém arrancando-o dos outros, mas não conseguem obter a atenção livremente. Em várias relações sociais, não é incomum existir a dificuldade de se pedir um abraço ou qualquer outra demonstração de carinho. Nestes casos, quem age assim costuma pensar que não conseguirá o que deseja ou que as demais pessoas não sabem reconhecer suas necessidades. A consequência, mais uma vez, poderá ser a solidão. Os praticantes da “extorsão de reconhecimento humano” costumam interferir em conversas, responder questões endereçadas a outros e falar muito sem se preocupar se a outra pessoa está interessada em ouvir. São formas de roubar a atenção de outras pessoas, não a tendo livremente. E o resultante desse tipo de comportamento nas dinâmicas sociais seria o afastar as pessoas para longe, pois o mesmo provoca respostas raivosas nos outros e, consequentemente, o reforço de
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crenças relacionadas à rejeição naqueles que o praticam. Este movimento, nas relações sociais, geralmente acarreta problemas para a autoestima de quem o vivencia: perda de interesse por atividades do cotidiano, baixa produtividade, doenças psicossomáticas e depressão. Desse modo, a dinâmica de vários relacionamentos acaba por mostrar que os mesmos estão envolvidos em uma condição original de carência decorrente de necessidades precoces não satisfeitas na infância. Existem pessoas que se tornam famintas dentro das relações que vivenciam e não se dão conta da causa disto. Muitas não conseguem assumir relacionamentos com poucas trocas afetivas e culpam os outros pela sua infelicidade. Sim, a fonte secou! Se você se percebe envolvido neste tipo de dinâmica extorsiva no contexto das suas relações sociais, e não compreende o porquê disto estar ocorrendo em sua vida, eu, como psicóloga, deixo a orientação de que você procure o auxilio de um profissional de Psicologia para ajudálo nas mudanças necessárias. A Análise Transacional, por exemplo, é uma das teorias da Psicologia eficiente no tratamento e cura deste tipo de extorsão. Para ela, o movimento de se responsabilizar por aquilo que nos acontece conduz à transformação do homem – ponto de partida para uma vida mais feliz.
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Enegrama Ele é extremamente eficaz no processo de autoconhecimento, apoiando-nos na tentativa de nos libertar do modo pilotoautomático, robótico de pensar, sentir e atuar no mundo. Oliveira Miranda Neto Professor, Mestre em Linguística, Eneacoach e Life-Coach/Mentoring, palestrante na área de autoconhecimento e desenvolvimento humano pelo Eneagrama da Personalidade.
34 9195.6813 | oliveiramiranda@gmail.com
Imagine que a figura que você vê possui mais de 4.000 anos! E o mais surpreendente: apenas no século XX que um filósofo armênio, o Sr. Gurdjieff, desbravou numa linguagem mais acessível toda a extensão de seu significado. O Círculo representaria a Unidade, o triângulo as três forças que estruturam a vida (ação, reação e síntese) e a hexade (figura de seis pontas) simboliza os processos, o movimento de evolução de todas as coisas. Complicou? Bom, com o tempo, você vai compreender melhor toda essa dinâmica. Mas hoje, quero falar do trabalho do Dr. Claudio Naranjo, psiquiatra chinelo que adaptou a dinâmica do símbolo à psique humana. Naranjo notou que a figura era capaz de mapear o território humano em tendências de comportamento, perfazendo um total de nove tipos de personalidade. Compreendeu ainda, por meio de pesquisas objetivas e bastante criteriosas, que todos os seres humanos poderiam ser mapeados em nove estratégias de pensamento, nove distorções emocionais e nove bloqueios de ação. Esse número, coincidentemente, tem uma forte ligação com os nove pecados capitais. Nove? Na realidade, o medo e a vaidade já eram tratados pelos antigos Padres do Deserto, no Egito, século II d.C., como vícios emocionais. Por isso, falamos em nove pecados (ira, orgulho, vaidade, inveja, avareza, medo, gula, luxúria e preguiça). Desse modo, cada número acima (vide figura) reflete um modo de pensar, sentir e agir mediante as diversas situações do dia a dia. O mais assustador, ou surpreendente, é que todos nós possuímos todas essas tendências. Porém, uma delas se sobressai e nos acompanha durante toda a vida. Voltando ao símbolo, vamos denominá-lo Eneagrama (Enea = nove; Gramos = traços, pontos). Trata-se de um mapa
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poderoso, objetivo, preciso e completamente científico que categoriza todos os indivíduos em várias tendências que os acompanham e limitam seu modo de ser pelo curso de sua jornada terrena. Como você nota, o eneagrama torna-se mais do que uma matéria interessante. Ele é extremamente eficaz no processo de autoconhecimento, apoiando-nos na tentativa de nos libertar do modo piloto-automático, robótico de pensar, sentir e atuar no mundo. Conhecer o Eneagrama é render-se à descoberta profunda de quem somos, ou melhor, do que NÃO SOMOS. Com ele, identificamos nosso ego, ou máscara e aprendemos também a nos relacionar melhor com as pessoas e, sobretudo, gozamos de mais liberdade, consciência para fazemos escolhas, trilhar caminhos de forma plena, feliz e segura. O tipo 1, ego 1 ou máscara 1 representa o Perfeccionista. O 2, o Doador. O 3, o Performático, empreendedor. O 4, o Original, romântico. O 5, o Pensador, observador. O 6, o Cético, patrulheiro. O 7, o Aventureiro, planejador. O 8, o Chefe, dominador e, finalmente, o ego 9, representa o Mediador, pacificador. No próximo artigo, falarei sobre cada um dos 9 tipos, suas debilidades, qualidades e sua relação com os pecados capitais. Por enquanto, além da curiosidade aguçada, deixo uma tarefa de casa para você: observar-se dia e noite (sempre que possível). Note os mecanismos de comportamento repetitivos que limitam seu modo de ser. Como pensa? Como sente? Como age? Nos falaremos muito em breve! Grande abraço! Assista à entrevista com o Enea coach Oliveira Miranda procurando por "fale mais sobre isso: eneagrama e autoconhecimento" no youtube.
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Mudança de hábito
Como é bom, de vez enquando, mudarmos um pouco o nosso visual, sairmos da mesmice que o espelho reflete, mesmo que de maneira discreta, denotando motivos que somente você conhece; ou escancarando-nos ao mundo de forma direta e clara.
Rongno R.Rodrigues Psicoterapeuta / Consultor rongnorr@hotmail.com
Quando falamos de mudança de hábito, nos vem a noção de um comportamento ou de uma transformação visual, já que hábito também alude a vestuário e ambos se coadunam. Mas é importante atentarmos para um aspecto muito interessante e coincidente: são os nossos propósitos internos que nos conduzem a uma mudança de atitude sejam quais forem elas: física, profissional, afetiva etc. Podemos apontar que, em todas as ações de mudança ocorrem implicações internas a priori e/ou a posteriori, e , porque também não dizer, emocionais, extremamente relevantes à vida das pessoas e que podem, na sua causalidade, ser um incômodo, um sofrimento, ou uma maneira de crescimento e evolução. Mesmo porque,em todos esses fatores encontramos um pouco de cada consequência, seja ela dolorosa ou prazerosa. Para destacar estes casos e possíveis acasos, temos observado ao longo dos tempos estas correlações que a mídia nos propicia,como por exemplo,o fato da eterna rainha dos baixinhos, Xuxa Meneghel, ir a público e declarar ter sido vítima de abusos sexuais na infância e adolescência, o que lhe provocou profundas e dolorosas sequelas emocionais; inclusive chocando
a opinião pública. E outro fato coincidente a partir de uma veiculação publicitária, de uma grande marca de produto para o cabelo, na qual ela, Xuxa, deixa as madeixas douradas serem pintada de uma cor escura; na qual transformasse de loira em morena. Não apenas por um ganho profissional e financeiro, mas também revertendo em ações de apoio a crianças. Demonstrando sua necessidade não apenas de falar sobre o trauma, mas também de propiciar a outras crianças uma dignidade e sua integridade resguardadas. Além de satisfazer um desejo momentâneo de sua mãe, Dona Alda, que sonhava em ter uma filha de cabelos escuros, remetendo a figura pueril da personagem Branca de Neve; objeto de desejo de muitos baixinhos e porque não também de muitos altinhos. O outro caso que exemplifica esta questão é o da loira Ticiane Pinheiro, filha da eterna garota de Ipanena, Helô Pinheiro, que também aderiu à mesma campanha publicitária, que é gerida por uma das empresas do ex-marido, Roberto Justus, também no sentido de mudar o seu visual é ficar morena. Que coincidiu com um momento delicado de exposição da sua vida pessoal, e da sua
filha, Rafaella Justus, que apresentou ao nascer, um problema de formação chamado, estenose crânio-facial, que, neste caso, foi resolvido com uma bem sucedida cirurgia e posteriores tratamentos funcionais. Observandose, mais uma vez, a coincidente ação de mudança de visual com um fato difícil da vida que, com certeza, provocará alterações no estado psicológico dos envolvidos. Por fim, outro caso que retrata esta questão, ocorreu com a atriz Cláudia Raia, que não somente mudou a cor dos cabelos, como também se submeteu a um regime de emagrecimento, coincidente com o fim de um casamento de 17 anos, com o ator Edson Celulari; momento este de grande abalo emocional que foi combinado com uma mudança de visual. Até porque, nós humanos dotados de racionalidade e consciência, ainda assim agimos de forma inconsciente em busca de suprirmos os nossos desejos, através dos nossos sonhos de realização ou simplesmente num ato radical, em demonstrarmos nossas carências e frustrações. Sempre com o intuito de sermos aceitos e amados, na eterna busca por felicidade.
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O psicólogo e o paciente oncológico: do medo ao enfrentamento. O psicólogo que atua com oncologia deve estar com o paciente e sua família durante o processo de enfrentamento da doença, acompanhando o tratamento e os desdobramentos emocionais dessa fase Elina Carrijo Faria Psicóloga Clínica, psicóloga do Hospital do Câncer e da Clínica Oncocentro elina_carrijo@hotmail.com
O diagnóstico de câncer e o processo de tratamento da doença são momentos vivenciados com angustia e medo pelo paciente. Ainda nos tempos atuais, apesar de grande avanço tecnológico e farmacológico, o câncer é associado à morte e ao grande sofrimento. Transpor essas barreiras, buscando com que o paciente consiga o enfrentamento necessário à doença, é um dos papeis do psicólogo que atua no campo da oncologia. O medo, a tristeza e a ansiedade são sentimentos comuns ao paciente durante o tratamento do câncer. As alterações físicas, como queda de cabelo, ganho ou perda de peso, além das mutilações relacionadas às cirurgias são queixas frequentes. A ruptura da rotina, as incertezas e inseguranças com relação ao futuro e o tratamento relativamente longo e incerto também afligem o paciente. Merecem, portanto, um olhar atento do profissional da psicologia no sentido de acolher a angustia e minimizar o sofrimento. É importante que o paciente aprenda a identificar esses sentimentos em si mesmo para poder lidar com eles e não deixar que atrapalhem no engajamento do tratamento. O psicólogo que atua com oncologia deve estar com o paciente e sua família durante o processo de enfrentamento da doença, acompanhando o tratamento e os desdobramentos emocionais dessa fase. Porém, deve também estar à disposição para após o tratamento, pois retomar a rotina e seu próprio papel na família e na sociedade é outro desafio para o paciente. A sociedade continuou seu ritmo enquanto o paciente esteve ausente. Ser inserido novamente nas tarefas de trabalho e nas tomadas de decisões não é simples e exige nova adaptação. As propostas da sociedade, principalmente voltadas à prevenção do câncer, são importantes no processo de desmistificação da doença e no encorajamento de que é possível lidar e vencer a enfermidade. Todos são responsáveis
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por conhecer o câncer e incentivarem a saúde integral das pessoas – físico, psicológico, social e espiritual. Campanhas como “Outubro Rosa” e “Novembro Azul” cingem não somente a prevenção, mas acabam por acolher e incentivar os próprios pacientes a lutarem contra a doença. Quem já está adoecido percebe que não está sozinho na luta contra o câncer e se sente mais estimulado a enfrentar os desafios que o tratamento pode trazer.
A ruptura da rotina, as incertezas e inseguranças com relação ao futuro e o tratamento relativamente longo e incerto também afligem o paciente. Elina Carrijo Faria
Nesse sentido, a psicologia e a sociedade caminham juntas na proposta de enfrentar o câncer, uma doença que ainda acarreta medo e insegurança por todo o estigma que possui. É papel de cada pessoa entender que a doença e seu tratamento não são simples de lidar, mas possíveis. Com uma equipe de saúde bem preparada e o incentivo dos familiares e da sociedade, o paciente se sente seguro e disposto a encarar as vicissitudes da doença e do tratamento. O psicólogo, portanto, é uma peça fundamental na equipe e para o paciente na luta contra o câncer. Pois, alem de ajudar no enfrentamento da doença, também tem papel social de incentivar o auto-cuidado e a prevenção do câncer.
Assista à entrevista com a psicóloga clínica Elina Carrijo Faria procurando por "fale mais sobre isso: a Psicologia e o tratamento do Câncer" no youtube.
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consultório | depoimentos
Veja o que diz quem fez psicoterapia Psicoterapia ajuda as pessoas nos momentos mais difíceis das suas vidas. ADALBERTO*, 49 ANOS “Quando eu descobri que a minha esposa havia me traído durante os primeiros 8 anos do nosso casamento, meu mundo acabou. Eu pensei em me matar, em matá-la e matar quem teve parte nisso também. Terminei o casamento e entrei em uma crise profunda, não conseguindo nem mesmo chegar perto dos nossos filhos. Não sabia se eles eram meus. Afundei a minha vida no álcool e me escondi dos amigos, que não sabiam o que tinha acontecido e não entendiam o meu novo comportamento. Passei a desconfiar de todo mundo, achando que todos tinham parte no que tinha acontecido. Foi a psicoterapia, principalmente durante o momento em que resolvi fazer os testes de DNA nos meninos, que me ajudou a suportar os meus conflitos e os meus desesperos. Não fosse a psicóloga que me acompanhou durante esse processo, desconfio fortemente que eu teria feito besteiras capazes de acabar com a minha vida. Agradeço a Deus por eu ter tido a coragem de procurar ajuda de uma profissional que eu nem sabia o que fazia em um consultório. Para mim, consultório era coisa para médico. Mas foi em um consultório de psicologia que encontrei o caminho da cura da minha vida”.
SÔNIA*, 41 ANOS “Fiz um aborto quando eu tinha 19 anos e nunca mais vivi em paz. Passei dos 19 aos 26 anos sonhando praticamente todas as noites com a criança que rejeitei e com o ambiente obscuro em que o fato aconteceu. Desenvolvi um sentimento de culpa e remorso que passou a me deprimir, e não consegui mais me entregar a nenhum relacionamento, além do fato de não conseguir permanecer em nenhum ambiente em que tinha crianças.
Pensei várias vezes que eu era a pior pessoa do mundo e talvez tenha tentado acabar coma minha vida ao me entregar a comportamentos arriscados que eu não conseguia controlar e explicar. No ápice das minhas crises, após provocar um acidente de carro e quase matar 2 pessoas, fui acolhida por um serviço de acompanhamento psicoterapêutico que me levou a compreender as minhas próprias escolhas e a lidar com os meus sentimentos. Sem me julgar ou condenar, a psicoterapia me ajudou a reconstruir a minha vida e a viver sem novos erros. Com ela, não pude voltar no tempo e mudar as minhas atitudes, mas pude me reerguer do limbo em que me encontrava e encontrar formas construtivas de reparar o que achava que deveria ser reparado”.
Onivaldo*, 57 anos "Quando meu filho mais velho morreu, pensei que não havia mais motivo para eu mesmo continuar vivendo. Achava uma injustiça muito grande ele ter morrido mais cedo do que eu e comecei a pensar que a culpa era minha por não ter dado conta de protegê-lo. Comecei a beber mais do que já bebia e arrastei o meu casamento e a minha família para um buraco sem fim. Hoje agradeço a Deus por meu primo psicólogo ter me convencido a visitar uma psicóloga amiga dele. No começo eu visitava a psicóloga por que achava bom conversar com alguém “de fora” sobre a minha dor, mas, aos poucos, consegui enxergar que aquelas conversas conseguiam me mostrar a importância de eu estar ali tratando de outras coisas que já povoavam a minha cabeça muito antes da morte do meu filho. Hoje sinto-me em paz comigo mesmo e com a vida e não deixo de levar a minha esposa a outra psicóloga. Todos temos a cabeça povoada por pensamentos que poderiam ser repensados".
*nomes fictícios, depoimentos enviados por leitores da revista. falemaissobreisso.com.br
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mais saúde | medicina
Obesidade: diagnóstico e tratamentos
Médico especialista em cirurgia do Aparelho Digestivo ajuda-nos a entender o que é a Obesidade e as formas de tratá-la
Dr. Leandro Rosa Ferreira dos Reis Cirurgião Geral e Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo
O tratamento da obesidade SEMPRE deve envolver mudanças no estilo de vida que associam melhorias nos hábitos alimentares e início de atividade física. Dr. Leandro Rosa
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mais saúde | depoimentos
Assista a entrevista com o Dr. Leandro Rosa F. dos Reis procurando por "Fale Mais Sobre Isso: Obesidade, Diagnóstico e Tratamentos" no Youtube.
Como se faz o diagnóstico e quais as causas da obesidade?
O que é e quais as indicações do tratamento endoscópico?
A obesidade é considerada uma epidemia mundial. No mundo, cerca de 40% da população encontra-se acima do peso e cerca de 12% são obesos (segundo dados da OMS). A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo causado quase sempre por um consumo excessivo de calorias na alimentação, superior ao valor gasto pelo organismo para sua manutenção e realização das atividades do dia a dia. Ou seja: a obesidade acontece quando a ingestão alimentar é maior que o gasto energético correspondente. As causas, portanto, são maus hábitos alimentares, sedentarismo e, importa lembrar, que o metabolismo individual e algumas doenças que o afetam - como hipotireoidismo - também têm influência na obesidade.
O tratamento endoscópico consiste na colocação de um balão intragástrico por meio de endoscopia (método não cirúrgico), preenchido com 400 a 700 ml de soro com azul de metileno, dependendo do tamanho do estômago. Este procedimento é feito sem necessidade de internação e realizado com sedação na presença de anestesista para maior segurança do paciente. O objetivo é provocar uma saciedade precoce logo ao ingerir pequenas quantidades de alimentos. Este método, associado à atividade física e seguimento correto das orientações nutricionais, permite uma perda de aproximadamente 12% a 15% do peso e está indicado nos paciente com IMC acima de 27kg/m² e, de preferência, que não tenham indicação cirúrgica ou no superobeso que precisa perder peso antes do tratamento cirúrgico.
A obesidade é determinada pelo Índice de Massa Corporal (IMC) que é calculado dividindo-se o peso (em kg) pelo quadrado da altura (em metros). O resultado revela se o peso está dentro da faixa ideal, abaixo ou acima do desejado. Classificação do IMC: Menor que 18,5 Abaixo do peso Entre 18,5 e 24,9 - Peso normal Entre 25 e 29,9 - Sobrepeso (acima do peso desejado) Entre 30 e 34,9 - Obesidade grau I Entre 35 e 39,9 - Obesidade grau II Acima de 40
- Obesidade grau III
Quais os tratamentos da obesidade? O tratamento da obesidade SEMPRE deve envolver mudanças no estilo de vida (MEV) que associam melhorias nos hábitos alimentares e início de atividade física. O paciente deve também ter acompanhamento com médico (de preferência endocrinologista), psicólogo e nutricionista. Nos casos de falha no tratamento clínico e dependendo do grau de obesidade e existência de comorbidades associadas à obesidade, como Hipertensão arterial, Diabetes, Apnéia do sono, doenças articulares etc, os tratamentos endoscópico ou cirúrgicos estariam indicados.
Dr. Leandro Rosa Ferreira dos Reis
Q u em são os pacientes qu e podem real izar ciru rgia bari átrica? Q u ais os tipos de ciru rgia? Os paciente com indicação cirúrgica são aqueles que tiveram falha no tratamento clínico por mais de 2 anos (exceto algumas exceções) e que se encontram na faixa de obesidade grau 3 (IMC maior que 40) ou grau 2 (IMC entre 35 e 40) associado a doenças sistêmicas como Hipertensão arterial, diabetes, apneia do sono, artroses e etc). Além disso, antes e depois da cirurgia o paciente deve ter acompanhamento multiprofissional contando com endocrinologista, psicólogo e nutricionista. Existem 2 tipos de cirurgia: o bypass gástrico, que é um procedimento restritivo e disabsortivo por diminuir o tamanho do estômago e realizar um "desvio" intestinal; e o "Sleeve", que é um procedimento puramente restritivo, lembrando-se que ambas as cirurgias são realizadas por via videolaparoscópica, uma técnica minimamente invasiva permitindo uma recuperação mais rápida e com menores complicações. A escolha da melhor técnica deve ser analisada caso a caso juntamente com cirurgião.
| CRM 49111
Cirurgião Geral e Cirurgião do Aparelho Digestivo | Graduação médica pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP | Cirurgia Geral pelo Hospital das Clínicas da FMRP -USP | Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo HC-FMRP-USP | Título de Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo CBCD (Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva) IGEP 3291.2300 | Av. Getúlio Vargas 689 | Hospital Santa Genoveva 3239.0285/3291.2343 | Rua Artur Bernardes 555 | 2o piso
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saúde ampliada | fotografia
A Coruja, símbolo da sabedoria, descansa sobre o ponto livre que pode projetá-la para os vôos que desejar empreender, por prazer ou necessidade - acima dos muros, acima das cercas.
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saúde ampliada | fotografia
Sobre a liberdade (e sobre prisões). A humanidade já produziu conhecimentos suficientes a respeito do que promove a liberdade, a responsabilidade e a saúde entre os homens. Às vezes, boas imagens podem nos levar a verdadeiros insights em relação a esses temas. FOTOS
José Neto Fotografia Criativa TEXTO Leonardo Abrahão
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saúde ampliada | fotografia
Vigiar e punir - o que falar de um mundo em que há mais cadeados do que abraços?
Prisão alguma consegue ser mais forte ou mais eficiente do que aquelas que nós mesmos construímos para as nossas mentes - e as quais, às vezes, penosamente, arrastamos pela vida afora.
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