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mercado. Como o marketing e o mercado de trabalho estão se adaptando aos idosos

A revolução dA longevidAde

Estamos EnvElhEcEndo, é fato. E a coolhuntEr Paula abbas avisa quE o mErcado já Está mudando Por causa disso. quEm não sE adaPtar, vai ficar Para trás

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Omundo está envelhecendo. O aumento populacional é uma tendência global, a expectativa de vida aumenta a cada dia, o índice de nascimentos vem caindo e tudo isso mostra que caminhamos a passos largos para o envelhecimento da população global. Basta comparar os números: em 1945, só 5% das pessoas tinham mais que 60 anos no Brasil (cerca de 3 milhões de pessoas), e, em 2050, projeta-se que mais de 31% da população brasileira vai ter mais que 60 anos - mais de 68 milhões de pessoas. É a revolução da longevidade. Acredita-se inclusive que a expectativa de vida em 2050 possa ser de 120 anos.

Segundo Paula Abbas, Head de Design Estratégico e docente em Coolhunting e Design Thinking, estamos falando de um mercado emergente. Afinal, muitos deles estão com a vida ganha, têm algum dinheiro e estão dispostos a gastar com experiências. Estão se divorciando, voltando a namorar, viajando, criando projetos. Afinal, eles já entenderam que há muita vida para depois dos 60 anos.

A chamada “economia da longevidade” já fisgou o marketing e a publicidade. O mercado de trabalho começa a entender a importância de agregar ao seu quadro de funcionários pessoas com mais de 60, mas ainda há resistência e um desconhecimento de como aproveitar esses talentos. O mercado da saúde, as seguradoras e as cooperativas também estão correndo atrás dessa adaptação, uma vez que o impacto da longevidade é direto no negócio. Já o turismo foi um dos mais rápidos a perceber as oportunidades da economia da longevidade e tratou de customizar produtos e serviços para esses consumidores em

busca de experiências. O mercado de educação, por sua vez, também está se preparando para ajudar os 60+ a encontrar novas oportunidades de trabalho ou para desenvolver interesses que possam mantê-los mentalmente produtivos. É o famoso lifelonglearning (aprendizado durante a vida).

Estamos, no entanto, bem atrasados em relação à Europa, por exemplo. “Mas isso é cultural. Paises latinoamericanos ainda estão vivendo a onda da beleza perfeita e da juventude a qualquer custo. É reflexo da pirâmide de Maslow, da hierarquia das necessidades humanas. Não se busca a transcendência, a autoestima e a relação pessoas em um nível mais sutil antes de termos necessidades sociais de aceitação, de segurança (emprego, saúde e propriedades) e principalmente fisiológicas (comer, dormir) atendidas. Países menos desenvolvidos tendem a estar mais abaixo na pirâmide. Na Europa e EUA as pessoas estão mais atentas aos desafios da saúde principalmente no nível do bem-estar e aceitar o envelhecimento saudável, e o que se precisa fazer para alcançá-lo, já é uma preocupação muito mais inserida na cultura do que na do brasileiro”, explica Paula.

Segundo o IBGE, em 2050, o Brasil será o sexto país mais velho, à frente de todos os demais países em desenvolvimento. Hoje já há mais pessoas acima de 60 anos no Brasil do que crianças até 5 anos de idade. Ou seja, já passou da hora de acordar e fazer este grande movimento.

Esta nova ordem mundial vai, na opinião da coolhunter, reforçar e pulverizar uma ideia que tem raízes nas chamadas Blue Zones, lugares onde as pessoas vivem muito, com saúde e sem remédios, como a Sardenha, na Italia, ou Okinawa, no Japão. “Nesses locais, tudo indica que os habitantes têm

alguns truques para viver mais e melhor, como estar perto de quem se ama, manter grupos sociais, tomar uma a duas taças de vinho por dia, comer mais vegetais, se movimentar, ter um bom propósito de vida. Ou seja, o olhar é holístico. Passa por muitos segmentos de mercado. Há muitas oportunidades para todo mundo e é lindo imaginar como a nossa geração (eu sou da geração X com um pé na Y), vai se beneficiar dessa transformação de consciência operada pelas marcas.”

A comunicação e a publicidade devem ser as primeiras a sofrer os imactos da mudança que não tarda. “Isso tem a ver com comunicar que podemos ser felizes e devemos ser felizes e buscar alternativas de estudo, de trabalho, de namoro, de alimentação para que os 120 sejam, de verdade, os novos 80. Tem a ver com mostrar um novo arquétipo do antigo vovô, que ficava isolados, com muito tempo ocioso, aposentado, meio isolado. A solidão é um problema real para essas pessoas e as afeta imensamente, os resultados da pandemia sobre eles foram brutais. Mas a publicidade precisa mostar um novo alvorecer. E o marketing das empresas precisa criar produtos e serviços adequados e voltados para esse público. Não somente PARA eles, mas COM eles.”

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