R E V I S T A B I M E N S A L D E F O T O G R A F I A E V Í D E O J U N H O / J U L H O 2 0 2 4 | N º 1 6 | A N O 4 TrilhandooCaminhodasEstrelas TrilhandooCaminhodasEstrelas BlueAvatar BlueAvatar FotógrafaDalvaCouto FotógrafaDalvaCouto
INFOTO INFOTO
Este espaço está reservado para o seu anúncio Contato: contato.revistainfoto@gmail.com Celular (21) 98392-6661
ANTONIO ALBERTO MELLO SIMÃO
DIRETOR E EDITOR
FOTO DA CAPA
FotógrafaDalvaCouto FotógrafaDalvaCouto
Prezado Leitor, “Momento decisivo”, conceito cunhado pelo renomado Fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson refere-se ao instante perfeito em que todos os elementos de uma cena se unem de forma harmoniosa, resultando em uma imagem poderosa e significativa. Para Cartier Bresson, capturar esse momento exigia uma combinação de percepção, habilidade técnica e intuição. Ele acreditava que os fotógrafos deveriam estar atentos ao mundo ao seu redor, prontos para capturar os momentos fugazes que revelam a essência da vida e da humanidade. Essa abordagem exige uma sensibilidade aguçada para reconhecer padrões visuais, composição e timing, permitindo que o fotógrafo transforme o comum em algo extraordinário.
Cartier-Bresson, foi mestre em aplicar esse conceito em suas próprias fotografias, criando imagens icônicas que ainda hoje, inspira os fotógrafos em todo o mundo. Sua habilidade de capturar momentos efêmeros e transformálos em arte atemporal é uma das razões pelas quais ele é amplamente considerado um dos maiores fotógrafos da história.
Neste número contamos com a participação dos Fotógrafos Especialistas, Dalva Couto, Davy Alexandrisky, Fabiano Cantarino, Fernando Talask, Herminio Lopes, José Guilherme Moreira da Cunha, Leo Mano, Luiz Ferreira, Marcello Barbusci, Margarida Moutinho e Ináh Garrantino, Pedro Karp Vasquez, Renato Nabuco Fontes. Espero que goste!
Revista Bimensal de Fotografia e Vídeo
JUNHO/JULHO
2024 -Nº16 -ANO 4
CNPJ : 21 030 750/0001-86
Colaboraram nesta edição:
Equipe de Edição
Julle Rayane Lopes Campos
A REVISTA INFOTO NÃO SE RESPOSABILIZA PELO CONTEÚDO DOS ANÚNCIOS E CLASSIFICADOS DE TERCEIROS, E NEM POR FOTOGRAFIAS INSERIDAS NOS ARTIGOS DE NOSSOS COLUNISTAS
Michelle Silveira Simão Fontes
Designer Marcela de Oliveira Baptista
Secretaria
Aucilandia Azevedo Salviano
Marcia Elizabeth Silveira Simão
Departamento Comercial Rodolfo Silveira Simão
Departamento de Relações Publicas
Antônio Alberto Mello Simão
Nosso E-mail contato revistainfoto@gmail com
Contato: Celular: (21) 98392-6661
A T E N Ç Ã O 03 INFOTO
BlueAvatar BlueAvatar
Sumário Sumário
03-EditorialeExpediente
08 - 400 Jagunços Prisioneiros, Flavio de Barros,Canudos, 1897
Fotógrafo Pedro Karp Vasquez
12 - O que é Fotografar?
Fotógrafo Herminio Lopes
17 - Candeeiros
Fotógrafas Margarida Moutinho e Inah Garritano
MATERIA DA CAPA
20 - Trilhando o Caminho das
Estrelas
Fotógrafa Dalva Couto
25 - Todo sentimento que uma
câmera puder capturar
Fotógrafo Fabiano Cantarino
31 - Nunca é tarde para Começar
Fotógrafo Davy Alexandrisky
36 - Acontecendo
Fotógrafo Antonio Alberto Mello Simão
05 - Galeria dos Leitores
10 - Exposição Individual Fotógrafo José Guilherme
14 - "A Câmara Clara", O Livro da Morte.
Fotógrafo Leo Mano
19 - Caixa de Maravilhas Fotógrafo Luiz Ferreira
22 - Viver e ver, o legado de Margaret Bourke White.
Fotógrafo Fernando Talask
30 - História da minha Fotografia Fotógrafo Marcello Barbusci
34 - Coluna Your Selfie Renato Nabuco Fontes
39 - O Leitor Escreve
NinhaldasGarças
BomJesusdoItabapoana-RJ-BR FotógrafoEveraldoProvalero
04 INFOTO
Galeria dos Leitores
MarRevolto
FotógrafaMarciaJulianeMonteiro
Niterói-RJ-BR
FotógrafaMírianRamalho
RiodeJaneiro-RJ-BR
OSolcansadodebrilharemumtristeentardecer.
FotógrafoAntonioAlbertoMelloSimão Niterói-RJ-BR
MeninonoBalanço
FotógrafoJulioRegis
SãoGonçalo-RJ-BR
05 INFOTO
Brincadeira
PontodeVista
FotógrafaKarlaValviesse
Niterói-RJ-BR
Sombraeáguafresca
FotógrafoEneasQuintal
SantoAntoniodePádua-RJ-BR
AsFlores
FotógrafaLenyFontenelle
RiodeJaneiro-RJ-BR
Solidão
FotógrafoRicardoCampos
Itaperuna-RJ-BR
06 INFOTO
Coqueiros
FotógrafoAndréRocha
Niterói-RJ-BR
MAC
FotógrafaAnaRibeiro
Niterói-RJ-BR
SpaceshipEarth
FotógrafoThiagoCampos
SãoGonçalo-RJ-BR
IlhadePaquetá
FotógrafoAlbertoCorreiaPinto
RiodeJaneiro-RJ-BR
07 INFOTO
400JAGUNÇOSPRISIONEIROS, FLÁVIODEBARROS,CANUDOS, 1897
Acervo Museu da República (Imagem recuperada digitalmente pelo Instituto Moreira Salles).
A primeira coisa que salta aos olhos nesta fotografia é a total inexistência de um jagunço sequer em meio a dezenas de crianças, velhos e mulheres. Todos já haviam sido exterminados pelo furor homicida das tropas republicanas, que enxergavam nos seguidores do beato Conselheiro (Antônio Vicente Mendes Maciel, 1830-1897) perigosos golpistas monarquistas, quando tudo o que eles desejavam era viver em paz no arraial baiano de Canudos. O saldo da chamada Guerra de Canudos, foi o de 20 mil conselheiristas e 5 mil militares mortos, em um verdadeiro genocídio, comprovando que a República brasileira não é errada e injusta só de hoje, sempre o foi...
O historiador Cícero de Almeida nos informa que esta foto foi feita pelo fotógrafo expedicionário Flávio de Barros, no dia 2 de outubro de 1897, e que até mesmo Euclides da Cunha, que havia sido engenheiro militar até o ano anterior e costumava encerrar as notas do seu diário de campanha com “Viva a República!”, ficou chocado com o triste estado de saúde dos sitiados, assim descrevendo a cena de rendição:
Nem um rosto viril, nem um braço capaz de levantar uma arma, nem um peito resfolegante de campeador domado: mulheres, sem número de mulheres, velhas espectrais, moças envelhecidas, velhas e moças indistintas na mesma fealdade, escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris desnalgados, filhos encarapitados às costas, filhos suspensos aos peitos murchos, filhos arrastados pelos braços, passando; crianças, sem número de crianças; velhos, sem número de velhos; raros homens, enfermos opilados, faces túmidas e mortas, de cera, bustos dobrados, olhar cambaleante”.[1]
Antônio Conselheiro, falecido no dia 22 de setembro e enterrado na Igreja Nova, teve o cadáver exumado no dia 6 de outubro, para que pudesse ser fotografado por Flávio de Barros de modo a comprovar sua morte.
[1] CUNHA, Euclides da Apud Almeida, Cícero Antônio Fernandes de. Canudos: Imagens da Guerra. Rio de Janeiro: Museu da República e Lacerda Editores, 1997, p. 72.
FotógrafoPedroKarpVasquez
08
INFOTO
09 INFOTO
Exposição Individual Fotógrafo
José Guilherme
José Guilherme Moreira da Cunha entrou para a Sociedade Fluminense de Fotografia em 1969, fez o curso em 1970 com o Prof. Chico Nascimento que se tornou seu amigo até hoje. O curso era para atividade artística que acabou tornando-o um profissional que trabalhou com equipamento de largo formato como o Sinar P 4x5 e hasselblad . Como publicitário trabalhou para a Agencia Tompsom com as contas da Coca Cola e Eucatex, na Agencia Coscon Grants com as contas Souza Cruz , Dr Scholl e na Agencia JMM Publicidade com as contas Banco Nacional, Cerâmica São Caetano , Bradesco e Banco do Estado de São Paulo. Atendeu por conta própria o Laboratório BBraun por 18 anos, o Laboratório Hartmann por 10 anos, Coty por 3 anos, Wella por 10 anos, Aero Peru, Aeroporto do Galeão, Iza Cozi Cozinhas e alguns trabalhos para a White Martins e uma fábrica de para raios. Foi expositor diversas vezes premiado pela Sociedade Fluminense de Fotografia, jurado, Diretor de Publicidade, Relações Públicas, e Diretor Social, dessa mesma Instituição de Fotografia, e continua lá até hoje, como Membro do Conselho.
Fotografa em preto e branco na zona 4 e as vezes zona 3 quase atingindo o que conhecemos como “Noite Americana”, e nas paisagens ele procura todos os cinzas, pretos e brancos que pode capturar. Essa é a sua identidade com seus trabalhos autorais. Nessas fotografias percorreu o caminho de “ Grandes Sertões Veredas” de João Guimarães Rosa, desde o Rio Urucuia até o Rio Pandeiros, passando pelas cidades de São Romão e São Francisco, navegando em um barco de comprador de pele de jacaré, e comprovando que o Sertanejo é antes de tudo um forte. São imagens do Brasil.
Curador- Antonio Alberto Mello Simão
10 INFOTO
11 INFOTO
Olá amigos leitores da INFOTO.
O que é Fotografar?
FotógrafoHerminioLopes
Hoje eu estive pensando. Pensando que há na vida coisas que fazemos que nos fazem felizes por ter feito ou participado de alguma forma dessas coisas. As fotos que vou mostrar nesta edição são fotos que me deixam dessa forma, feliz, realizado, um fotógrafo!!
Eu diria que foram feitas no dia certo, na hora certa, com a luz certa! São paisagens de um lugar que adoro, cheio de belezas naturais, um povo lindo e acolhedor.
Hoje vou escrever pouco para deixar vocês curtirem algumas das minhas melhores fotos do lugar que escolhi para viver – Maricá. Bem, pelo menos eu acho, rs rs rs. E por fim posso dizer que para mim, isso é “O que é fotografar”!
Vamos a elas, as fotos:
Agora um belo pôr do sol visto da orla da Lagoa de Araçatiba. Neste ponto temos lindos pores do sol durante todo o ano. Ao longo das estações do ano o sol se desloca de sobre as montanhas até se esconder atrás das Ilhas Cagarras, visto da praia no início da restinga como mostra a foto 3, abaixo.
Um por do sol visto da ponte do Boqueirão, bairro que liga o centro de Maricá às praias. Uma vista maravilhosa da Lagoa de Araçatiba. Considero esta foto uma das melhores que já fiz até hoje. Ela foi capa da Infoto nº10.
12 INFOTO P A S S E I O F O T O G R Á F I C O
FOTO 1
FOTO 2
Praia da Barra no inicio da restinga. Daqui vemos o Sol se por atrás das ilhas Cagarras.
4
Esta foto feita também na orla de Araçatiba para mim representa o elo entre o Criador e a criatura! Ela tem um ar um tanto esotérico, celestial, se assim posso dizer. Nela me senti conectado com os céus!!
6
Ainda na Lagoa de Araçatiba, uma foto do deck com o quiosque. O deck e o quiosque sobre a água não existem mais. Foram retirados por questões de segurança. Era lindo apesar de sua rusticidade. Deixou saudades a quem conheceu. Essa orla sofreu remodelação e hoje está linda.
Nesta última foto ressalto o sol já chegando no poente sobre as Ilhas Cagarras. Aqui ainda estamos em Araçatiba, essa orla dos fantásticos pores do sol em Maricá. Eu só digo uma coisa: Vem pra cá! Vem pra Maricá para comprovar o que digo.
Um Grande abraço a todos e se respondam: O que é uma foto? O que representa para você como fotógrafo? Como ela te realiza?
13
INFOTO
FOTO 3
FOTO
FOTO 5
FOTO
"A Câmara Clara", O Livro da Morte.
Fotógrafo Leo Mano
O título deste artigo, "A Câmara Clara", é também o nome da derradeira obra do escritor e filósofo francês, Roland Barthes. O subtítulo, "O Livro da Morte", é por minha conta e risco (e vou tentar explicar esta combinação macabra).
“... A morte, surda, caminha ao meu lado E eu não sei em que esquina ela vai me beijar Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro? ...” ("Canto Para a Minha Morte", Raul Seixas)
"A Câmara Clara" é um livro que fala de Fotografia sem ser um livro sobre Fotografia. Na verdade ele analisa a Fotografia sob o prisma da semiótica (o estudo de como são interpretados os símbolos, sinais e códigos na comunicação humana). Apesar de não ser uma leitura fácil (mesmo não sendo uma obra acadêmica), acabou se tornando “cult” no meio fotográfico (tanto quanto o filme "Blow-Up", de Michelangelo Antonioni, que também foi citado no livro). Ambos, o livro e o filme, são indecifráveis para mim. Acho que ainda terei de reler e assistir muitas vezes até conseguir extrair tudo deles. O livro e o filme nada possuem em comum, exceto a Fotografia, a morte e um mar de estudos filosóficos sobre realidade e fantasia (o que vemos e o que interpretamos). Certamente, um assunto promissor para conversas de bar que jamais chegam a um consenso. Receita infalível para o sucesso.
A u l a c o m L e o M a n o
14 INFOTO
O livro foi publicado em 1980, apenas dois anos depois de Barthes perder sua mãe. Ambos sempre foram muito próximos. Talvez por isso (mas não só por isso), o texto é especialmente lúgubre ao emprestar o luto (ainda em curso) ao próprio entendimento da Fotografia. A certa altura, Barthes descreve o fotógrafo como um "Agente da Morte". Ele não diz isso para acusar, mas para constatar. Segundo ele, inevitavelmente, o desígnio do fotógrafo é registrar o “isto foi”. Não é um livro grande. Está dividido em duas partes: cada parte com 24 capítulos. Logo me veio a lembrança dos antigos filmes fotográficos de 24 poses. Achei essa coincidência divertida e descrevi o livro como sendo composto por dois rolos com 48 fotogramas em forma de texto (os capítulos). Existem também 24 fotografias ao longo das páginas ilustrando alguns capítulos (reforçando a analogia do rolo de filme). Contudo, na abertura do livro (antes do primeiro capítulo) existe uma foto extra (que parece derrubar a teoria das 24 poses) mas, de forma providencial, a legenda daquela foto nos alerta de que ela foi feita numa câmera Polaroid (e a Polaroid não usa rolo de filme). Sendo assim (e por não estar inserida em um capítulo), na minha interpretação, aquela foto é uma contribuição avulsa e não deve ser contabilizada. Quem sabe, o autor não quis, justamente, “brincar” com as duas possibilidades: As fotos avulsas (pensamentos soltos) e o rolo de filme (pensamentos encadeados).
Esta referência ao filme fotográfico tem desdobramentos: Transforma o próprio livro em um símbolo e, portanto, um enigma no qual Barthes é especialista (e me faz lembrar do personagem Robert Langdon, criado por Dan Brawn). Simbolos
se tornam mensagens e mensagens guardam simbolismos. Essa é a relação entre os capítulos e as fotografias ao longo do livro. Imagens e palavras se complementam como diferentes manifestações de uma mesma natureza do "querer dizer".
Voltando à "vaca fria", a fatídica e derradeira morte foi um personagem recorrente na carreira e na vida de Barthes. Seu texto de maior sucesso se chama, justamente, "A Morte do Autor" (1967). O título não pretende ser literal mas, obviamente, um símbolo. A busca por anular o autor para libertar o leitor. O autor não é mais o “proprietário” da obra depois de publicada. Assim, o leitor terá toda a liberdade de interpretar sem precisar discordar ou concordar com o "criador", pois não há como saber a real intenção do autor. Na minha opinião, este conceito pode ser aplicado nas artes em geral mas, muito especialmente, na Fotografia.
E aqui percebemos que, para Barthes, a morte traz vida. Morre o autor, nasce o leitor. Então, o "fotógrafo agente da morte", do mesmo modo, promove a vida. O fotógrafo registra o "isto foi" mas, por outro lado, perpetua aquele momento. Mata e imortaliza. Barthes tenta entender se a Fotografia é um fenômeno único ou se é apenas mais uma forma de codificação. Em outras palavras, a Fotografia é capaz de "significar" algo de uma maneira que nenhuma outra ferramenta consegue?
Existe algo que só pode ser percebido através da Fotografia (e de nenhuma outra forma)?
Roland Barthes não é fotógrafo. Ele mesmo admite que não tem habilidades para isso. As fotos que aparecem no
15 INFOTO
livro são de vários autores e épocas. Ele reuniu (em sua casa) centenas de fotos de todos os tipos para observa-las e construir sua tese. Neste sentido, foi também um processo de autoconhecimento. As imagens que podiam ser "explicadas" com palavras, qualquer cena ou situação classificável ou categorizável, ele chamou de "studium". Por outro lado, as imagens que não podiam ser convertidas em palavras (são percebidas apenas pela "carne") ele classificou de "punctum" ("picada na carne"... O corpo sente e não há palavras para decifrar o sentimento).
Segundo Barthes, algumas fotografias possuem essa capacidade única de "atingir" o observador. Quando a fotografia certa se coloca diante do observador certo, o punctum pode existir. O principal exemplo citado por ele, não por acaso, é uma foto de sua própria mãe ainda criança. Mas a foto não está entre as 24 que ilustram os capítulos pois, por óbvio, ela não seria um exemplo de punctum para você (mas apenas para Barthes, feito órfão recentemente, filho daquela criança na foto). Você terá de encontrar o seu próprio exemplo de punctum. Quando encontrar, não terá dúvidas (pois seu corpo avisará).
“A Câmara Clara” era, inicialmente, um texto encomendado sobre cinema, mas que se transformou em uma exposição filosófica sobre a Fotografia. Acredito que o “ponto de virada” foi, exatamente, este punctum experimentado por Barthes. Certamente, o mais profundo de sua vida. Mas a morte (sempre ela) é nossa companheira. Poucas semanas depois de publicar seu livro, Barthes, que por muitos anos teve uma saúde frágil e uma tuberculose persistente, foi vítima de um atropelamento em frente à escola onde lecionava. Ele voltava de um almoço! Mesmo hospitalizado, jamais se recuperou. Faleceu um mês depois, aos 64 anos de idade.
“... Vou te encontrar vestida de cetim Pois em qualquer lugar esperas só por mim E no teu beijo provar o gosto estranho Que eu quero e não desejo, mas tenho que encontrar Vem, mas demore a chegar Eu te detesto e amo morte, morte, morte Que talvez seja o segredo desta vida...” ("Canto Para a Minha Morte", Raul Seixas)
Se você ainda não leu “A Câmara Clara”, assistiu “Blow-Up” e escutou “Canto Para a Minha Morte”, corra! Talvez dê tempo.
16 INFOTO
Candeeiros
FotógrafasMargaridaMoutinhoe InáhGarritano (NossascorrespondentesemPortugal)
Em torno do candeeiro desolado
Cujo petróleo me alumia a vida, Paira uma borboleta, por mandado
Da sua inconsistência indefinida
(01/09/1928 - Fernando Pessoa)
Quem, nos nossos dias, pensaria em alguma profissão conhecida por “acendedor de candeeiros”, “vaga-lume” ou “caga-lume”? Pois essa profissão existiu, e esses profissionais eram responsáveis por manter as cidades minimamente iluminadas.
Se um cidadão do século XIX viesse nos fazer uma visita, fosse passear pela cidade ao final da tarde e observasse, de repente, todos os postes se acenderem, acharia que era “coisa de magia” ou “coisa de outro mundo”!
Nas noites de muito tempo atrás, era a lua, em sua grandiosidade, que iluminava e deixava os mistérios, no lusco-fusco, entre uma tênue luz, sombras e escuridão. Tempos depois, à lua juntavam-se os candeeiros, pendurados em alguns privilegiados pontos, sem que houvesse qualquer preocupação com estéticas ou estratégias.
Já na Idade Média, como forma de combater a criminalidade, os governantes buscaram soluções para manter a iluminação. Primeiramente foi usado o azeite como combustível, depois o gás até chegar ao que conhecemos hoje.
Os candeeiros das cidades por onde passamos sempre nos chamam a atenção. Nesta edição trazemos alguns deles que fomos “coletando” por aí. Tem candeeiro de Lisboa, Montijo, Cascais, Sintra, Évora, Alcochete... E tem candeeiro fotografado por nossa filha, Maju Garritano.
Sintam-se iluminados!
17 INFOTO
Foto de Maju Garritano
Foto de Maju Garritano
18 INFOTO
Caixa de Maravilhas
Fotógrafo Luiz Ferreira
Não consigo precisar a idade que tinha quando meu pai comprou a primeira câmera fotográfica que tivemos lá em casa. Não foi nada de excepcional, era uma Olympus Trip 35, isso eu posso precisar. Para mim, na época, era uma caixa de maravilhas. E até hoje, quando pego uma câmera, me sinto de posse exatamente disso, de uma caixa de maravilhas. Um objeto singular, capaz de guardar lembranças, de perpetuar memórias e de manter vivo o que, sem ela, na minha cabeça, estaria morto.
Depois conheci outras coisas que me conduziram por sensações de maravilhamento, mas poucas trazendo consigo a intensidade sentida naquele dia que se perdeu no tempo. Engraçado é que quando pego algumas fotos antigas feitas com aquela câmera, em tempos passados e não muito bem definidos na memória, é como se visse pegadas deixadas em uma caminhada, nem sempre consciente, por caminhos já distantes, mas preservadas pela velha Olympus. E esse conjunto de pedaços do passado funciona como um diário visual, um memorial de vida passada e ainda presente difícil de mensurar. Não o encaro como um arquivo, mas como um acervo de lembranças materializadas em papel fotográfico.
O entrelaçamento calado de sentimentos e cenas em imagens colhidas dentro da caixa de maravilhas, continua me iluminando. Continua me maravilhando com fragmentos de acontecimentos nos trajetos percorridos, e dos espaços compartilhados com rostos que me remetem a um passado de afetos e desafetos maravilhosamente humanos.
19 INFOTO
MATERIA DA CAPA
Trilhando o Caminho das Estrelas
FotógrafaDalvaCouto
Em abril de 2024, recebi a Distinção de “ARTISTE - A.NPS” e atuei como Jurada no “4th SALAMIS PHOTO AWARDS”, da “NICOSIA PHOTOGRAPHIC SOCIETY” (NPS), de CHIPRE. Sou muito grata à Presidente Buket Ozatay, por me conceder essa grande Honra.
Esta Coluna tem o objetivo principal de levar ao leitor informações sobre os Salões e Concursos Internacionais de Fotografia e Distinções Fotográficas, para que mais Fotógrafos brasileiros tenham a oportunidade de participar dos mesmos. Na Revista INFOTO Nº 12, apresentamos a “CAMPINA PHOTOGRAPHIC EXHIBITIONS - (CPE), da ROMENIA, que realiza dois Concursos anuais, o CAMPINA e o ONIX. Hoje, temos o prazer de divulgar o resultado do “8th ONIX 2024”, publicado cinco dias antes do prazo, como nas edições anteriores, mostrando assim o comprometimento e a seriedade dos seus organizadores e do Presidente Razvan Baleanu. O Salão contou com a participação de 6815 trabalhos inscritos, de 61 Países, de 442 autores, dos quais 28 eram brasileiros. Para nossa alegria, os brasileiros tiveram 136 aceitações e 09 prêmios individuais, sendo brilhante a apresentação do FOTOCLUBE ABCclick, de São Caetano do Sul-SP, Brasil, que participou em grupo, com 25 Fotógrafos e conquistou o Prêmio de “BEST CLUB AWARD - SPECIAL PLAQUE”, que corresponde ao 1º lugar entre os Fotoclubes participantes. O ABCclick está de parabéns pelo seu sucesso, motivado pela sua organização e pela competência e união dos seus membros. Quero deixar aqui um agradecimento especial ao Marcos Silva, premiadíssimo Fotógrafo, com seu excelente trabalho reconhecido em Salões Nacionais e Internacionais, por ter me convidado para conhecer o ABCclick e ao seu Presidente Marcos Sanchez, por me receber entre os seus associados, o que é uma grande honra para mim. A princípio fiquei meio apreensiva, pois ali estão os Fotógrafos mais talentosos e premiados em Concursos no Brasil e no Exterior, como o Grande Rodrigo Mazzola, mas a acolhida carinhosa que recebi, tranquilizou meu coração. Espero contribuir e aprender muito com essas “FERAS DA FOTOGRAFIA.”
Resultado da minha participação no “8th ONIX 2024”: 06 fotos aceitas para exposição (03 fotos inéditas) e 01 MENÇÃO HONROSA para "BLUE CLAN WOMAN IN THE FOREST" - minha filha Lara Cosiuc in Avatar - Olmos Ballet.
20 INFOTO
PRINCESS READING A BOOK
- Aceita para exposição no " LEGENDS OF FUTURE CIRCUIT 2024", BANGLADESH
SUNRISEONASTURIASBEACH
- Aceita para exposição no “8th ONIX 2024“, ROMENIA e no “8th CAMPINA 2023"ROMENIA
BLUE AVATAR
- Aceita para exposição no " LEGENDS OF FUTURE CIRCUIT 2024"
e no “WORLD PHOTO STORY 2024”, BANGLADESH
SITTING IN THE TUNNEL
- Aceita para exposição no " LEGENDS OF FUTURE CIRCUIT 2024", BANGLADESH
CHAPELONTHEBEACH
- Aceita para exposição“4th ONIX 2020” e em mais três Salões na ROMENIA e na MACEDÔNIA DO NORTE
ROSEATESPOONBILL
-Aceitaparaexposiçãono “ONYX 2023”, ROMENIA e em maisdoisSalõesnoSRILANKA
SUGESTÕES DE SALÕES e CIRCUITOS PARA O BIMESTRE DE JUNHO E JULHO DE 2024: VARNA
Bulgária
Encerramento: 2 de junho de 2024
https://www.fotosalonvarna.org/ FULLFRAME
Índia
Encerramento: 02 de Junho de 2024 http://www.ffpc.in
ENDLESS MEMORIES CIRCUIT
Bangladesh
Encerramento: 3 de Junho de 2024
https://agilefoto com/
PHOTO SPECTRUM
Macedônia do Norte
Encerramento: 9 de Junho de 2024
https://spectrum.photoanastatica.com/ MAGIC DOF Bósnia e Herzegovina
Encerramento: 10 de Junho de 2024
https://dof.photomagart.com/ DPA CIRCUIT
IRLANDA
Encerramento: 20 de Junho de 2024
https://digitalphotoarchivelimited com/
21 INFOTO
FotógrafoFernandoTalask Viverever,olegadode
MargaretBourkeWhite.
Acredito que muitos de nós, principalmente os mais velhos, estranhem bastante esse nosso momento de tantas novidades estonteantes que a tecnologia nos oferece a cada novo dia.
Seria fantástico se tanta informação nos levasse a sair do conforto de nossos lares para explorar o fascinante mundo que nos cerca. Mas o que percebo é que as novas inteligências artificiais aliadas a telas planas das tvs de muitas polegadas estão nos tornando mais expectadores que atores no palco da vida. Vivemos cada vez mais o prazer da informação mastigada em alta definição, e ao invés de sair da segurança dos nossos lares, viramos reféns da comodidade, proteção e conforto.
Conhecer a história de personagens extraordinários, nos fazem imaginar o quanto vale a pena nos expormos para ver e viver mais, isso que no fundo nos ensina a incrível personalidade da fotógrafa Margaret Bourke White, norte americana, nascida no Bronx, Nova Iorque em 1904, falecida em 1971. Quando iniciei o meu projeto de um museu itinerante de fotografia dentro de uma kombi, ela ocupava um destaque premente em uma exposição, com várias fotografias icônicas de seu trabalho, além claro, de câmeras que ela utilizou durante sua carreira, incrivelmente pesadas, que faziam parte da mostra.
O que mais me impressionava era sem dúvida a coragem de uma mulher que nasceu em uma época em que até o voto era negado as mulheres e mesmo assim ou apesar disso, ela nunca deixou o conforto de uma vida tradicional da qual jamais seria protagonista arrefecer seu espírito. Na década de 20, ingressa na universidade de Michigan. Logo depois de terminar os estudos abre seu estúdio especializando em fotografia industrial. Essa especialidade faz com que seja a autora da primeira capa da revista Life, publicação que redefiniu o fotojornalismo ao mundo dando ênfase as fotografias ao invés de longos textos. Era a única mulher do time de fotógrafos. Só esse emprego de prestígio muitos de nós já nos contentaríamos, mas sua carreira se expandia a cada dia motivada pelos constantes desafios. Foi a única profissional da fotografia a ser admitida dentro da União Soviética, cobrindo a revolução industrial e cultural que ocorria nos anos 30. Com a ascensão dos nazistas na Europa mais uma vez vai ver ao vivo os países anexados ou submetidos ao regime. Temos que lembrar que Hitler foi eleito o homem do ano pela revista Time. Afinal era a Alemanha a contenção do comunismo na Europa.
22 INFOTO
Por ocasião da eclosão da 2º Guerra Mundial, claro que ela não ia ficar de fora e tornase a primeira mulher a ser correspondente de guerra, onde vai direto para áreas de combate, chegando até mesmo a fazer parte da tripulação de uma fortaleza voadora B17, que bombardeava a Alemanha. Operava uma câmera que pesava uns bons 10 quilos, isso com temperaturas de menos 20 graus Celsius. Que coragem enfrentar tudo isso e ainda o preconceito! Nem ao menos o conforto de um equipamento de voo adequado para uma mulher ela dispunha, se virava como podia, mas não perdia a viagem.
Conheceu o general mais casca grossa dos E.U.A - Patton, que juntos chegaram ao campo de concentração de Buchenwald, onde fotografou os prisioneiros revelando o lado mais sinistro do nazismo. Um campo de extermínio onde afirmou que usar a câmera era quase um alívio. “Ela formava uma tênue barreira entre mim e o horror à minha frente”.
Depois do término da guerra, fotografou o regime de apartheid da África do sul e também o movimento de liberdade da Índia, de Mahatma Gandhi. É sua a icônica foto do líder indiano pouco antes de ser morto em 1949.
Mahatman Gandhi e Margaret Bourk White Fonte: Internet
Fotografia de Margaret Bourk White Fonte: Internet
A grande pergunta: Será que ainda teremos mais pessoas com essa inabalável vontade de ver o mundo e registrar essa incrível variedades de experiências? Ou esse espírito já saiu de moda, assim como o rádio e as tvs em branco e preto? O projeto da combinação era muito interessante porque contávamos não só as aventuras da Margaret, mas também de Dorothea Lange, que com uma foto da “Mãe Imigrante”, fez o governo americano prestar atenção na fome nos Estados Unidos, enfim, personagens que não somente através de suas lentes modificaram para melhor a vida de milhões de pessoas mas, também, com sua própria trajetória de vida, se tornaram fontes de inspiração para muitos jovens seguirem seus passos .
23 INFOTO
Em 1956 Margaret foi diagnosticada com mal de Parkinson. Seu estado de saúde a obrigou a abandonar as viagens, mas, a coragem não deixou de fazer parte da sua personalidade e foi voluntária para cirurgias experimentais no cérebro. Sua luta terminou em 1971, porém, seu legado prossegue cada dia mais forte como uma mulher que abriu um caminho dentro de um ambiente de trabalho masculino. Lógico, que o talento era um grande diferencial mas a garra e a convicção de saber onde queria chegar e a coragem de ir, a tornaram um dos maiores ícones da fotografia. Pensar em uma vida assim, tão cheia de realizações e desafios deveria ser uma inspiração para a gente se perguntar - o que tenho feito da minha vida? Claro que não dá para ser tão grandioso pensar em fazer essa trajetória, mas sair do conforto do sofá e ver o incrível mundo lá fora, que está esperando por você, basta, ter vontade de descobri-lo. Fotografe, vá e veja, tente fazer a diferença, mesmo que a recompensa desse esforço seja uma imagem que apenas você aprecie. Isso já vai modificar para melhor a vida de alguém mesmo, que esse alguém seja somente você. Já valeu a viagem.
Mãe Imigrante
Fotógrafa Dorothea Lange Fonte: Internet
24
INFOTO
Todosentimentoque umacâmerapuder capturar
FotógrafoFabianoCantarino
W. Eugene Smith não era um fotógrafo trivial. Sua trajetória tampouco poderia ser trivial. Com a mente ocupada com os dramas humanos, não aceitava meias medidas em sua forma de fazer fotografia. Contratado para ensaios e matérias pelas revistas Life e agência Magnum, era comum que ele triplicasse o tempo de captura, “estourasse” os orçamentos e mantivesse uma conflituosa relação com os editores que, segundo ele, descaracterizavam seus ensaios. Sim, Smith é o Michelângelo do ensaio fotográfico. As imagens do ensaio têm uma “liga”, um eixo, uma mensagem única. Seu trabalho é um divisor na história de fotografia.
Nascido em 1918, desde a idade escolar se interessou por fotografia. Já adulto, fotografou a II Guerra Mundial no Pacífico, capturando emoções e dramas por toda parte. Ferido na guerra, voltou aos EUA e “decolou” uma carreira prolífica e turbulenta. Um texto de John Berger publicado na revista Zum destaca: “Ele via a arte como um meio de redenção. A música, as palavras eram para ele acessórios ao drama da busca da bondade. A fotografia constituía sua forma de procurar isso, sua inquirição”.
Seus ensaios fotográficos tinham um sólido senso de propósito. Não havia elemento solto nem fotografia “avulsa”. Smith se orgulhava de nunca ter feito “uma imagem, boa ou ruim, sem pagar por ela um considerável custo emocional”. Entre tantas citações, a que mais se destaca é “Qual o sentido de uma bela profundidade de campo, se não houver uma bela profundidade de sentimento”. No original em inglês, o impacto de sua frase é acentuado pelas palavras que se antagonizam: “depth of field”e “depth of feeling”. Aqui temos uma amostra da sua fotografia “profundamente humana” por meio de uma seleção de um ensaio denominado “County Doctor” para a revista Life em 1948. Eugene Smith foi contratado para registrar a vida de um médico do interior dos EUA (Kremmling, Colorado). O Dr. Ernest Ceriani havia se formado em Chicago, mas optou por viver no interior. Ele era o único médico em uma área de 400 milhas quadradas, habitada por cerca de 2.000 pessoas. Eugene Smith passou 23 dias produzindo imagens da rotina do médico.
Este estudo analisa alguns aspectos da técnica e das escolhas do fotógrafo com o fim de enfatizar as sensações que ele deseja transmitir.
A Fotografia nº 1 inaugura o ensaio e funciona como uma sinopse. Só há um personagem, um herói (sensação acentuada pela posição da câmera junto ao solo e pela centralidade do motivo, pela ausência de outras pessoas e pelo semblante
25 INFOTO
preocupado). A vegetação e a cerca de madeira contextualizam a questão geográfica, mas o motivo fracamente iluminado e o céu carregado dão o tom da realidade vivida pelo Dr. Ceriani. Não tem dia fácil.
nº 1 – revista Life – 1948
nº 2 – revista Life – 1948
Na Fotografia nº 2, temos o Dr. Ceriani aplicando uma injeção em uma turista de 60 anos, que teve uma leve disfunção cardíaca. O fotógrafo consegue criar uma vinheta natural com as sombras geradas pela capota e pela cor do estofamento dos bancos. As faces iluminadas da paciente e do médico contrastam com o rosto mal iluminado da criança, tradução de seu grau de preocupação e insegurança. Teatro e melodrama infantis? Esse é o tema do jovem paciente na Fotografia nº3 A luz irregular privilegia o rosto do menino angustiado, onde o fotógrafo escolheu focalizar. O rosto do médico na sombra, mas sem traços fortes, transmite tranquilidade, criando o perfeito contraste.
nº 3 – revista Life – 1948
26 INFOTO
Fotografia
Fotografia
Fotografia
Aqui, o drama verdadeiro: a Fotografia nº 4 mostra o Dr. Ceriani, ajudado por um grupo de enfermeiras, examinando uma menina de dois anos. O posicionamento das pessoas nos cantos opostos do enquadramento, o corte dos corpos pelas linhas limites (interferindo sobre o corpo da mãe e sobre parte das enfermeiras), a sugestão da presença da paciente que não é mostrada, o desalinhamento do horizonte e o alto contraste tonal enfatizam a gravidade da situação.
O médico ajuda um fazendeiro a levar seu filho para o hospital na Fotografia nº 5 O jovem deslocou o ombro ao ser jogado de um cavalo em um rodeio local. O médico passa ser o único personagem com rosto; o protagonista “médico-maqueiro” que é a esperança para os habitantes. Lutando contra as práticas locais, ele não hesita em ajudar o novo paciente, apesar da aparente fragilidade proporcionada pela desproporção dos corpos em comparação com os outros homens, que passam indiferentes ao lado do ferido.
Fotografia nº 4 – revista Life – 1948
Fotografia nº 5 – revista Life – 1948
A fotografia nº 6 pode ser vista como uma outra sinopse do ensaio. Tratando de uma gangrena em um paciente de 85 anos, Ceriani teve que interná-lo para melhorar sua condição visando a cirurgia. Quando Mitchell estava melhor, o médico carregou-o delicadamente da enfermaria até a sala de cirurgia no outro andar. Não havia elevador. O alto contraste tonal, o posicionamento descentralizado dos motivos, a direção diagonal do corpo do paciente e as duras sombras projetadas na parede enfatizam a tensão.
Luz dura dentro do enquadramento, fortes linhas, sombras e olhos escurecidos pelo posicionamento da luz determinam o resultado da Fotografia nº 7 Tendo previsto que um paciente não resistiria até o dia seguinte, o Dr. Ceriani chama um sacerdote para ministrar os sacramentos a partir de um telefone na cozinha. A cadeira vazia seria a “senha” do vazio que aquela família iria experimentar? A cena me lembra um quadro de Van Gogh (Os Comedores de Batata) no qual um lampião a querosene tem a posição relativa e função semelhantes: criar linhas fortes nos rostos, olhos escurecidos e intenso contraste tonal.
Fotografia nº 6 – revista Life – 1948
Fotografia nº 7 – revista Life – 1948
27 INFOTO
Depois de uma cirurgia que durou até às 2h da madrugada, o Dr. Ceriani se apoia, exausto, na bancada da copa do hospital. O “desalinhamento” da sua coluna e do seu gorro destaca seu desgaste, intensificado pela inclinação das paredes na Fotografia nº 8. Tudo meio torto e desalinhado resume o grau de exigência e a carga de trabalho. O contexto da copa do hospital e os utensílios domésticos sugerem que essa é uma cena comum de um médico no interior.
A Fotografia nº 9 destaca as linhas diagonais, a conexão entre o médico e seu paciente a partir de um ponto de vista inferior, aumentando a estatura física e simbólica do Dr. Ceriani. A luz ambiental cria uma bela vinheta na parede, auxiliando o fotógrafo a separar os motivos do fundo. As diagonais transmitem uma sensação de dinamismo e energia. Os olhares apontam para um mesmo ponto, aumentando o senso de dedicação e atenção.
Contato visual direto e atenção plena são os temas que dominam a Fotografia nº 10. A paciente especialmente trajada para sua consulta está emoldurada pelas persianas destacando a hierarquia entre os motivos da foto. O posicionamento dos braços visíveis (todos em direções paralelas) reforça a conexão entre o atencioso médico e sua distinta paciente.
A Fotografia nº11 apresenta a casa e o carro cortados pelos limites do enquadramento. No centro, o personagem a caminho de quem precisa de seus cuidados. Parece que tudo é incompleto e ele não terá os recursos ideais (os objetos, ou seus meios e ferramentas são “fragmentados”). Entretanto, o médico solitário “no mundão” que aparece ao fundo está presente; ele enfrenta a natureza e segue para exercer seu ofício.
28 INFOTO
Fotografia nº 8 – revista Life – 1948
Fotografia nº 9 – revista Life – 1948
Fotografia nº 10 – revista Life – 1948
Fotografia nº 11– não publicada na edição da Life
A Fotografia nº 12 tem o mérito de mostrar os auxiliares, o ambiente físico e o mobiliário à disposição do médico em instantes antes de uma cirurgia. O paciente, no centro, atrai os olhares dos profissionais trajados com zelo e o ambiente aparece arrumado e limpo. Há uma certa dose de atenção digna e respeitosa em relação ao paciente, a despeito do isolamento geográfico e das limitações materiais.
Fotografia nº 12 – não publicada na edição da Life
Em 1971, W. Eugene Smith fez uma imagem que reúne todas as virtudes de sua arte. Trata-se da foto de Tomoko Uemura, que na verdade é a transposição do drama da Pietà renascentista para a realidade de uma mãe que cuida, incansavelmente, de sua filha vitimada pela contaminação de mercúrio no vilarejo japonês de Minamata. Impossível não se sensibilizar. Não é difícil encontrar na internet.
Fontes
https://photoquotes.com/author/w--eugene-smith @digitalphotographycourses https://photoquotes.com/author/w--eugene-smith https://www.life.com/history/w-eugene-smiths-landmark-photo-essay-countrydoctor/
29 INFOTO
Nesse dia foi assim:
HISTÓRIA DA MINHA FOTOGRAFIA
Fotógrafo Marcello Barbusci
Fiz 3.200 fotos e uma coisa me chamou muita atenção quando abri algumas no computador...
Usei o foco da minha câmera em “moto”, uma das opções que ela tem e o resultado foi esse.
O foco no piloto está tão nítido que parece um recorte. Grato por mais um dia incrível.
30 INFOTO
Envietambémahistóriadasuafotografia. Seráumprazercontá-la. E-mail:contato.revistainfoto@gmail.com
Fotógrafo Davy Alexandrisky NUNCA É TARDE PARA COMEÇAR!
As vezes basta um pretexto, para você começar a fazer algo que nunca se imaginou fazendo.
Não, não estou falando de mim, que comecei cedo a fazer fotografia profissionalmente, em maio de 1968, aos 18 anos de idade, e nunca fiz outra coisa, mas de uma velha amiga da vida toda.
Artista Plástica – era como se chamava na época, quem desenhava, pintava, fazia gravura... – que nasceu na Argentina, mas que chegou ao Brasil com 14 anos, Ileana Hochman.
Ileana era meio uma “faz tudo” a partir da sua veia artística: desenhava, fazia colagem, gravura, foi vitrinista, projetava e decorava estandes para feira de negócios, até que começou a fazer produção de fotografia comigo, para os pavilhões do Brasil nas feiras internacionais da Interbras, uma subsidiária da Petrobras.
Super habilidosa e com elogiável dote culinário, Ileana começou fazendo produção para as minhas fotos de alimentos para decorar os estandes brasileiros de empresas exportadoras de sucos, frutas, carnes, grãos, café em pó... Tivemos uma foto do Café Pelé, num outdoor em plena Praça Vermelha, Moscou.
Formamos uma boa dupla de trabalho por muitos anos, fotografando outras coisas, até que ela se envolveu com a atividade de montagens de estandes em feiras de negócio e eu perdi a minha produtora.
Qualquer atividade que dependesse de habilidade manual ela rapidamente aprendia. Em compensação sempre teve um grande bloqueio diante de qualquer tipo de tecnologia. Usava liquidificador, batedeira... mas se pudesse evitar, evitava.
Nunca tocou um dedo no meu equipamento fotográfico. E não disfarçava sua impaciência com o tempo que eu gastava para iluminar os produtos no table top.
Definitivamente, fotografar era uma atividade que não a seduzia!
Muitas vezes, tarde da noite, depois de horas de trabalho, eu costumava usar o bordão: “tá feita a foto”. Mas... qual o quê... quando olhava no visor da câmera, sempre tinha mais e mais ajustes a serem feitos, e lá se ia mais uma hora dentro do estúdio, noite a dentro, repetindo: “tá feita a foto”, “tá feita a foto”.
Até hoje, quando eu ou ela, e até minha mulher e minhas filhas, queremos dizer que alguma coisa está pronta, sem nenhuma relação com a fotografia, falamos: “tá feita a foto”. Quer dizer, tá pronto, ou, mas nem tanto.
31 INFOTO
Sua relação com o computador, celular e outras dessas traquitanas, então, sempre foi um terror. Hoje ela até já consegue desligar o computador por comando de mouse, sem ter que puxar o fio da tomada. Ileana é mais velha do que eu, que vou completar 75 anos (ninguém pode me acusar de estar sendo indiscreto. Eu não revelei a idade dela!). Nem mesmo mencionei nada sobre o arredondamento da sua idade muito em breve.
Fotografias de Ileana Hochman
32 INFOTO
33 INFOTO
Coluna Your Self Renato Nabuco Fontes
O ambiente que frequenta influencia seus comportamentos e suas tomadas de decisões
Com certeza você já escutou ou leu isso em algum lugar, mas te convido a fazer uma avaliação sobre os ambientes que você frequenta para entender quais te aproximam dos seus objetivos e quais te distanciam… Sim, isso mesmo! O ambiente influencia diretamente os seus comportamentos, hábitos e atitudes! Sim, o ambiente em que uma pessoa está inserida pode influenciar significativamente seus comportamentos. O contexto em que uma pessoa vive, trabalha ou interage pode moldar suas ações, atitudes e escolhas.
34 INFOTO
Renato Fontes e seu mentorado Murilo, do Palmeiras
Entenda como o ambiente pode influenciar:
Cultura: Normas, valores e expectativas culturais podem influenciar o comportamento das pessoas em um ambiente.
Social: As pessoas com quem interagimos regularmente, como amigos, familiares e colegas de trabalho, podem ter um grande impacto em nossas atitudes e comportamentos.
Físico: O layout do ambiente, como a organização de uma sala ou a presença de estímulos visuais e auditivos, pode afetar a forma como as pessoas se comportam.
Econômico: Condições financeiras e oportunidades disponíveis podem influenciar as escolhas e ações das pessoas.
Ambiental: As condições ambientais, como clima e poluição, também podem ter impacto no comportamento e bem-estar das pessoas.
Em resumo, o ambiente pode influenciar comportamentos de diversas maneiras, desde sutis até mais evidentes. Ajustar o ambiente para criar um contexto mais favorável pode ajudar a moldar comportamentos positivos.
E aí, fez sentido para você?
Vem comigo, vamos em frente, vamos juntos!
35 INFOTO
Contato: +55 21 98392-6661
ACONTECENDO ACONTECENDO Fotógrafo
Antonio Alberto Mello Simão
Fui presenteado pelo meu amigo Fotógrafo Alfredo Manhães, com o seu livro “Além das Cores e Palavras”, contendo poemas de seu tio Dilton Pereira, ilustrado por suas belíssimas fotografias. Os dois são Cidadãos Macaenses e muito queridos e conhecidos pela comunidade.
Para quem curte essa arte, recomendo a sua leitura.
“A arte representada na poesia e na fotografia, tem textura, aroma e som, e vai além dos nossos olhos, atingindo a nossa alma” (Fotógrafos Claudia Barreto e Lívio Campos)
Vem aí o 5º Congresso Nacional de FormaturasO CONAFOR.
O maior congresso com foco específico no mercado de formaturas, reunindo empresas, profissionais, produtos e serviços, participantes deste segmento.
Serviço:
23/07: 08h às 19h e 24/07: 08h às 19h
Local:
Expo. Dom Pedro, Campinas - SP - BR
36 INFOTO
Sociedade Fluminense de Fotografia
Rumo aos 80 - II
A atividades realizadas pela Sociedade Fluminense de Fotografia continuam a movimentar os seus associados, amigos, e a comunidade Niteroiense, que têm prestigiado em massa com sua presença, fazendo dos acontecimentos um enorme sucesso. Parabéns ao Presidente Antonio Machado e a todos os demais envolvidos. Viva a SFF Viva!!!!!
Samba de Gafieira
Autor Fotógrafo Marco Antonio Perna
Já está disponível reimpressão da segunda edição do livro Samba de Gafieira - a História de Dança de Salão Brasileira. Para os interessados basta entrar em contato com - www.dancadesalao.com/loja. Eu já tenho esse livro e recomendo!!
37 INFOTO
Mesmo tendo passado, não podemos deixar de registrar as nossas humildes homenagens e aplausos a todos os Jornalistas. Salve o dia do Jornalista!!!
Tomou posse a nova diretoria do Grupo de Artista de Maricá - GAM, que merece os nossos parabéns.
Esta casa de cultura completou 30 anos de história e depende de seus associados para sobreviver. A nova diretoria está empenhada em fortalecer o nome do Grupo de Artista de Maricá e conta com todos os segmentos da Sociedade Maricaense. Parabéns para o Fotógrafo e nosso Colunista Hermínio Lopes!
Aconteceu na ANL - Academia Niteroiense de Letras, a conferência - “Fotografia, Memória e Escrita”, ministrada pelo Fotógrafo Luiz Ferreira, ex Presidente da ABAF - Associação Brasileira de Arte Fotográfica, e Colunista da INFOTO. Estiveram presentes inúmeros Acadêmicos e amigos daquela Instituição.
38 INFOTO
O Leitor Escreve
Prezado Editor da Revista INFOTO, Escrevo esta carta com imensa gratidão e entusiasmo para expressar meu profundo apreço pelo conteúdo excepcional de fotografia apresentado em suas páginas. Como um apaixonado por fotografia, fiquei genuinamente impressionado com a qualidade e a diversidade do material que a Revista INFOTO oferece a seus leitores.
Através das suas páginas, tenho sido constantemente inspirado e educado sobre os diferentes aspectos da fotografia, desde técnicas fundamentais até as tendências mais recentes do mundo da imagem. Os artigos informativos, as análises de equipamentos e as galerias de fotos são verdadeiramente cativantes e enriquecedores.
Além disso, gostaria de elogiar a equipe editorial e os colaboradores da Revista INFOTO pelo seu profissionalismo e dedicação em fornecer um conteúdo tão valioso e relevante para os entusiastas da fotografia. É evidente que há um compromisso genuíno com a excelência em cada aspecto da produção da revista.
Agradeço sinceramente por proporcionarem uma fonte tão enriquecedora de conhecimento e inspiração para todos nós que compartilhamos a paixão pela arte da fotografia. Estou ansioso para cada nova edição e mal posso esperar para ver as maravilhas que ela trará.
Mais uma vez, obrigado por tudo que vocês fazem. Por favor, continuem com o excelente trabalho!
Atenciosamente
João Luiz de Moraes - Campos - RJ.
39 IN
ASSINE INFOTO contato.revistainfoto@gmail.com Faça a sua assinatura semestral ou anual. Receba sua Revista INFOTO em casa sem despesa com frete. Comunique-se conosco, pelos seguintes canais: Celular: +55 21 98392-6661 E-mail: contato.revistainfoto@gmail.com Nós somos a chave do seu sucesso! Anuncie Conosco!!