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Desgraças FotógrafoLuizFerreira

Nossos pais nos ensinaram que rir da desgraça alheia é muito feio, mas o tempo, de certo modo, nos alivia do peso deste pecado quando rimos de “desgraças” alheias já passadas e resolvidas. Então me permiti risadas isentas de culpa, enquanto rememorava um dos casos inusitados que presenciei ao longo desses meus anos como fotógrafo. Lembro-me de um debate em um auditório lotado, na qual me revezava com um colega na tarefa de fotografar a mesa, o púlpito e o público formado por “notáveis” da área de interesse do assunto abordado. O palco ficava a mais ou menos um metro e meio do chão, e era um tanto quanto pequeno para a mesa em que se situavam os debatedores e o púlpito do qual o apresentador se dirigia à plateia e mediava o debate. Não satisfeitos com o pouco espaço para o essencial, os organizadores acharam por bem colocar nos cantos vasos com plantas ornamentais, equilibrados em suportes de metal perigosamente instáveis. Claro que nem precisaria dizer que no meio do evento o meu colega caminhando no estreito espaço entre a mesa e o público, a um metro e meio do chão, esbarrou em um dos arranjos de plantas ornamentais que caiu se partindo em pedaços e espalhando plantas, cacos e terra nos pés de parte dos ocupantes da primeira fila... situação extremamente constrangedora em que todos ficaram sem saber o que fazer. Quem estava falando não sabia se ignorava o ocorrido e continuava, ou aguardava que a situação tivesse alguma solução. O que àquela altura parecia difícil, já que o pessoal da primeira fila havia se levantado com o susto, enquanto grande parte da plateia não tinha visto nada e, naquele momento, se desligara completamente do debate procurando entender o que havia acontecido.

A situação do fotógrafo era a pior, mais constrangedora, já que estava sendo o centro das atenções, sem saber se descia para tentar remediar a situação (como se isso fosse possível), ou se simplesmente sumia dali para nunca mais voltar.

Bom, terminou que todos o olharam com cara de reprovação para logo depois fingirem que nada havia acontecido, enquanto o pessoal da limpeza, na maior descrição possível numa situação como aquela, limpava a “desgraça”.

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