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Aartedacomposição deElliottErwitt

FotógrafoFabianoCantarino

Elliott Erwitt, cujo nome original é Elio Romano Erwitz, nasceu em 26 de julho de 1928 em Paris, filho de pais russos. Depois de Milão, a família se estabeleceu nos Estados Unidos pouco antes da Segunda Guerra Mundial. Ele começou como autodidata no ramo de casamento e depois frequentou cursos de fotografia em Los Angeles e Nova York. Em Nova York, Erwitt conheceu os fotógrafos Edward Steichen, Roy Stryker e Robert Capa. Após um período de poucos anos (1951 a 1953) na Europa a serviço dos governo dos EUA, ele voltou para Nova York e ingressou na recém-criada agência Magnum Photos. Daí, iniciou uma carreira de sucesso que abarcaria fotografia comercial, jornalística, editorial e pessoal.

Além do fotojornalismo, Erwitt ficou conhecido por suas fotografias de cachorros e em 1974 publicou seu primeiro livro de cachorros, intitulado Son of Bitch. Nas décadas de 1990 e 2000, publicou mais três livros sobre o mesmo assunto - Elliott Erwitt: To the Dogs (1992), Dog Dogs (1998) e Elliot Erwitt's Dogs (2008).

Para a marca italiana de café Lavazza, Erwitt produziu o calendário de 2000 com uma narrativa no seu estilo atemporal sobre as famílias europeias e sua relação com o café.

Este estudo explora as diversas opções de composição presentes nesse pequenino recorte da obra do fotógrafo. Não é crível que um artista de tal talento e habilidade se prenda a soluções padronizadas para construir sua arte. O que temos aqui são indícios de sua “engenharia visual” e como isso impacta no significado da imagem.

A fotografia 1 destaca um grupo de mulheres de quatro gerações distribuídas de forma equilibrada na composição. A perspectiva renascentista com ponto de fuga centralizado dialoga com o afresco “Última Ceia”, também construído sobre a “armadura no retângulo”. A exclusiva presença de mulheres retratadas em 2000 marca uma virada na questão do equilíbrio de gênero na nova sociedade. Destaque também para a centralidade da posição da pessoa mais idosa ao lado da mais nova, no mesmo plano, trazendo uma nova noção de “hierarquia familiar” além da noção de um cordão de proteção em torno das pessoas mais “frágeis”. A imagem 1 mostra como as linhas simétricas conferem equilíbrio e solidez à fotografia. Curiosamente, há linhas que apontam para o cachorro, que nesse período do ano 2000, passa a ser listado como membro da família.

A fotografia 2 apresenta uma jovem família com papéis sociais não tradicionais. A mãe executiva à esquerda, no primeiro plano (cujo peso visual é acentuado pelo uso de uma lente grande angular), é observada pelos demais membros com alegria e admiração. A lente grande angular força que as verticais estejam inclinadas trazendo um dinamismo à imagem, conforme a imagem 2. As pessoas estão voltadas para o centro conferindo um equilíbrio dinâmico a cena.

A fotografia 3 traz uma jovem família em um momento descontraído. As diversas diagonais da armadura do retângulo apontam para um ponto de fuga no fim da estação de trem. Mas há outras linhas que guiam o olhar para a criança e sua mão espalmada. A posição central, a direção do olhar e as linhas indicam quem é o personagem principal, conforma e imagem 3.

A fotografia 4 retoma a simetria e o equilíbrio estático da armadura do retângulo. As diagonais da imagem 4 reforçam a estabilidade da cena e induzem a concluir pela solidez do vínculo entre as pessoas. A intimidade é reforçada pelas poses simétricas, pelos olhares e pelo detalhe dos pés em contato. Normalmente, os pés não são elementos relevantes em fotografia.

Na fotografia 5, temos um jovem casal de características físicas diferentes e duas crianças também de aparências distintas. O dinamismo da cena é conferido pela diversidade de características e reforçado pelas diagonais (figura 5). Cada adulto está emoldurado em um triângulo conferindo estabilidade.

Na fotografia 6, temos três adultos em um momento de relativa intimidade. A cena é estabilizada pelo equilíbrio entre os pesos visuais apoiados em um triângulo (imagem 6). As paredes ao fundo limpas e claras facilitam a visualização da imagem no espelho. O contraste entre a forma elíptica da banheira e o retângulo do espelho traz um dinamismo à cena, acentuado pela presença divertida do “pet”, um efetivo membro da família na virada do século.

Na fotografia 7 temos um elemento comum para Erwitt no primeiro plano: um cão. Ambos os modelos olham para a lente do fotógrafo e estão com pesos visuais distribuídos simetricamente na cena. Algumas diagonais (imagem 7) emolduram e suportam os modelos, trazendo um dinamismo à foto.

A fotografia 8 mostra uma cena de uma mãe trabalhando enquanto que cuida de duas crianças, sendo uma delas ainda bebê e a outra com independência suficiente para chamar a atenção do fotógrafo. O material de trabalho está espalhado no chão. Na imagem 8, vemos que a família se conecta por meio de um triângulo “bem achatado” em um espaço bem comprimido e a presença das diagonais reforça o dinamismo da imagem. O mesmo dinamismo que se espera da mãe para dar conta das suas atividades.

Sem querer fazer da INFOTO meu divã, trago a essas páginas mais uma inquietação que me assalta, sempre que os jovens se dirigem a mim, com curiosidade, perguntando como era alguma “coisa” “no meu tempo”. Como assim? Eu me pergunto.

Afinal o meu tempo hoje é o mesmo tempo desses jovens: o tempo atual. Ninguém vive no passado. A vida se passa no tempo presente. As pessoas podem até ser saudosistas, se sentirem atordoadas e acuadas com os avanços tecnológicos, serem conservadoras e refratárias às mudanças de costumes dos tempos atuais. Podem ter dificuldades para solucionar eventuais conflitos geracionais. São consequências razoavelmente esperadas no processo de envelhecimento.

E isso só acontece, exatamente, por estarem no tempo atual! Porque no tempo passado as “coisas” eram diferentes.

Esses descompassos justificam até a expressão adverbial que as rotulam de: pessoas que vivem em outro tempo/fora do [seu] tempo, ou que vivem em outro planeta. Mas não deixam de ser rótulos que estigmatizam pessoas do tempo atual que não se adequam às mudanças que a sobrevivência na vida nos condena a experimentar. Assim, mesmo que qualquer click que eu fotografe, não demore nunca menos do que 55 anos para ser feito, desde uma foto de objeto estático no table top até um instantâneo, num lapso de tempo de uma atividade esportiva qualquer, a foto será sempre desse tempo.

Com certeza há 45, 35, 25 anos atrás as minhas fotos eram muito mais rápidas: demoravam só 45, 35 ou 25 anos para serem feitas. E eram daquele tempo em que foram fotografadas.

Essa introdução enfática e até um tanto repetitiva, se justifica como construção de autoridade para que eu possa comentar sobre um tema controverso, que, se depender desse meu artigo, vai ficar ainda mais controverso, porque não tenho a menor intenção de dirimi-lo.

Ao contrário, se alguma intenção eu fosse obrigado a confessar, no máximo, diria que é um convite a reflexão, para não dizer que gostaria de polemizar.

Pois, afinal, um fotógrafo pode até ter um estilo único e consagrado que se mantém com o passar do tempo, mas nunca fotografará, no tempo atual, da mesma maneira que fotografava há 30, 40 ou 50 anos.

E não entendam essa mudança no jeito de fotografar ao logo dos anos às mudanças tecnológicas, experiência profissional ou algo do gênero. Ainda que isso possa ter alguma relação com um aprimoramento técnico do fotógrafo.

Mas, considerando que etimologicamente a palavra fotografia é formada por: foto/luz + grafia/escrita, portanto, uma forma de expressão/escrita, que usa a luz e a sombra para narrar/contar uma história, seu discurso, inexoravelmente, vai acompanhar as mudanças naturais de linguagem.

Ora, se a língua é viva, como garantem os linguistas, e vai mudando ao longo do tempo, não importa se a sua forma de expressão é o verbo ou a luz. Ambas mudarão igualmente: simples assim!

Porque é muito importante ter em mente que, assim como um texto literário está subordinado a um conjunto de regras gramaticais, que a critério e estilo do seu autor podem ser intencionalmente desrespeitadas, uma fotografia também está submetida às regras da gramática visual/imagética, também passivas de transgressões.

Sem subestimar a sua inteligência, me permito fazer um paralelo bem boboca, quase infantil, para ser mais do que pedagógico, sem deixar qualquer margem de interpretações equivocadas sobre o que vou defender mais a frente:

Se você tem menos de 40 anos talvez não saiba o que significava há alguns anos chamar um rapaz de “pão” ou uma moça de “broto”; ou o que era ter “uca na cuca”; ou ir para o “xilindró”, estar na “pindaíba”; ou participar de um “bafafá”; ou saber “bulhufas”; “bem transado”...

Simplesmente porque novas formas de se expressar foram sendo incorporadas à forma de nos comunicarmos com o verbo/texto.

Enfim, a escrita imagética também foi assimilando “novas gírias” no seu discurso.

Mas a academia, vez por outra, despudoradamente, toma emprestada a si algumas expressões, para ampliar seu significado e/ou ressignifica-las, como fez com a expressão “contemporâneo”, para rotular uma tendência artística a partir do pós

Segunda Guerra Mundial.

No caso mais específico da fotografia, a chamada fotografia contemporânea, na prática, liberta, de certa forma, fotógrafos e fotógrafas do compromisso da fotografia com a verdade factual retratada, e, sobretudo, dos rigores do que o Manual Completo de Arte e Técnica da Time Life, a “bíblia” dos fotógrafos, considerava uma “fotografia tecnicamente perfeita”, à época (para algumas pessoas aquele conceito da “fotografia tecnicamente perfeita” ainda prevalece – aqui não quero entrar no mérito dessa discussão).

A contradição que se estabelece é que a fotografia, historicamente, é considerada “arte final”. Sendo assim, nunca importou se as condições (processo) para se fazer uma fotografia eram favoráveis ou não, para justificar uma foto que não estivesse “tecnicamente perfeita”.

Enquanto na chamada arte contemporânea o processo importa mais do que o resultado. O conceito e seu desenvolvimento importam mais do que a fotografia propriamente dita. Obviamente, a academia desdobra em muitas páginas esse meu comentário singelo e esquemático. Mesmo porque, escrever muito é bem mais fácil do que ser sintético. Mas, basicamente, a fotografia contemporânea está intrinsicamente vinculada a um conceito bem definido, que precisa ser “escrito” imageticamente (o conceito), de uma forma inteligível. A isso se somam outros atributos, como por exemplo, não dar a informação pronta e acabada, exigindo do expectador um olhar mais atento e contemplativo; quando possível e pertinente com a proposta, com algum grau de impermanência, até mesmo seu apagamento, em casos extremos, por uma intencional precariedade no processo de fixação da prata; além de outros atributos que, em princípio, exigem do fotógrafo/a, um longo percurso no trato do tema da proposta definida.

Contato: +55 21 98392-6661 contato.revistainfoto@gmail.com

FotógrafoHerminioLopes

Olá amigos leitores tudo bem? Estamos aqui mais uma vez para levantar uma questão muito comum entre os fotógrafos: Onde fotografar? O que fotografar?

Afinal, nem sempre você está com disponibilidade de poder ir a algum lugar, viajar para uma região ou mesmo ir até ali pertinho, na esquina.

Parei para pensar, e, ao me fazer essas perguntas, olhei em volta, e olhei em volta, e ao olhar novamente, comecei a formular as respostas. Eu estava no meu quintal e estava ali com várias opções para escolher, ao meu alcance! É meus amigos, é só olhar em volta com aquele olhar perscrutador e pronto!

Você olha uma flor e na flor uma abelha. Duas composições ali ao seu alcance! Um close da flor com a abelha e uma da abelha, uma macro quem sabe?

Aí, do outro lado um beija flor se aproxima procurando onde sugar seu alimento e, click!

Mais uma bela foto saiu. Foi assim que vi que em meu quintal eu tenho milhares composições, e oportunidades de fotografar sem sair de casa. É só olhar em volta!

Até mesmo em um apartamento há possibilidades mil, principalmente, se tiver uma varanda. Só precisa de algumas flores e verde que eles aparecem, até o quinto andar pelo menos, cerca de 20 metros. Ou uma mesa, um pedaço de "EVA" ou outros materiais e pronto! Temos um pequeno estúdio para dar asas à imaginação.

Aproveitando as luzes e sombras dos ambientes conseguimos ter boas ideias e belas composições. É só exercitar o olhar e você vai ter muita edição para fazer e se deliciar com seu trabalho.

Veja a montagem abaixo em minha varanda, escurecida com cortinas para chegar a condição de luz ideal porque era uma manhã de domingo e depois o resultado, na foto 4. E abaixo

Em um outro momento, na mesma varanda num final de tarde aproveitando as luzes do cair do sol sem nenhuma montagem nem preparação. Olhei a peça sobre a mesa, vi a luz e click. Nem percebi o bebedouro ao fundo. Só depois na edição eu vi e deixei. Acho que ficou legal.

E a nossa rua? Ela também é um cesto de variedades e possibilidades de conseguir ótimas fotos. Desde um poste de energia elétrica com um canário cantando até uma criança brincando.

Crie, invente, dê asas a sua imaginação, de um pregador na corda à chama de uma vela.

E, para terminar, se você tiver como subir no telhado, talvez se surpreenda com o que vai ver, como eu quando vi esse por do sol.

Um abraço a todos e “Vamos fotografar!!!”

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