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COMBUSTÍVEL QUE VEIO

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GRANJAS DE VALOR

GRANJAS DE VALOR

COMBUSTÍVEL COMBUSTÍVEL

QUE VEIO QUE VEIO PARA FICAR PARA FICAR

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Na última década, a produção de etanol de milho no Brasil ganhou um novo status. O tema, que tinha pouca relevância, passou a chamar a atenção no mercado de grãos. O projeto para a criação da primeira usina de etanol no país baseada 100% em milho aconteceu há pouquíssimo tempo, em 2014, e os resultados estão vindo rápido para as empresas que estão investindo no combustível. A cada ano, os números de produção evoluem em ótimas estatísticas e indicam que o etanol de milho chega para garantir seu espaço no agronegócio.

Apenas na safra 2020/2021, números do Conab, o Conselho Nacional de Abastecimento, indicam que o país deve produzir 2,7 bilhões de litros de etanol de milho, um avanço de mais de 60% em relação à temporada anterior. O presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, mostra em números o avanço surpreendente. "Saímos de uma produção de 141 milhões de litros de etanol de milho na safra 2015/16 para aproximadamente 2,65 bilhões na safra 2020/21. Ou seja, atualmente, em 18 dias, produzimos o mesmo volume de toda safra de 2015. De janeiro a dezembro de 2020, produzimos 1,141 bilhão de litros a mais que no mesmo período de 2019, mesmo com toda a adversidade decorrente da pandemia". A tendência de alta

A produção de etanol de milho ganhou relevância no Brasil na última década. Sustentável, ele pode ser uma alternativa para o agronegócio no futuro.

Por Gabriela De Toni de Almeida

segue para esta e para as próximas temporadas. "Na safra 2021/22, deveremos crescer 650 milhões de litros, totalizando 3,3 bilhões de litros. Daqui em diante, esperamos manter o crescimento entre 800 milhões e 1 bilhão de litros a cada ano safra", explica o presidente.

O levantamento da Conab ainda indica que, pela primeira vez na história, na safra 2020/2021, o Mato Grosso deve produzir mais etanol proveniente de milho (2,4 bilhões de litros) do que o da cana-de-açúcar (1,1 bilhão de litros). O etanol de cana-de-açúcar deve reduzir sua produção em aproximadamente 20%. É um avanço sólido para um projeto que era visto com desconfiança em 2014, quando um grupo de investidores decidiu apostar na primeira usina full - ou seja, de produção exclusiva - de etanol de milho, no momento em que se projetavam riscos associados a um mercado instável para o combustível e com incertezas quanto ao preços do milho, além de suposições de que era mais caro produzir etanol de milho que de cana-de-açúcar.

RENOVABIO

A tendência de alta na produção também é alavancada pela implementação do RenovaBio, um programa do Governo Federal que tem como objetivos expandir a produção de biocombustíveis no Brasil, cumprir com compromissos firmados no Acordo de Paris e incentivar a redução de emissões de gases causadores do efeito estufa. De maneira prática, a adesão nacional ao programa ampliará ainda mais a utilização de biocombustíveis, categoria onde o etanol de milho se encaixa. Ele tende a ter papel ainda mais estratégico nas ações brasileiras de descarbonização a médio prazo.

Para Guilherme Nolasco, o programa, mesmo no início de sua implementação, já está incentivando o aumento do interesse em relação ao etanol de milho. "O setor acredita muito no RenovaBio como estratégia de geração de ativos ambientais por meio dos certificados de descarbonização (Cbios). Temos influência na captação de 'ativos ambientais' através do biocombustível (etanol) que mitiga mais de 70% dos gases de efeito estufa (GGE), além da ativação de outras cadeias de produção animal (bovinos, suínos, aves, peixes) e florestas plantadas para geração de energia própria e cogeração ao mercado". Ele, ainda, reforça como o próprio processamento do combustível é sustentável e que vale investir também por essa razão. "A cada tonelada de milho processado para etanol, se produz 300 kg de farelos de milho na base seca (WDG, DDG, DDGs) com aplicação na dieta de

bovinos, promovendo a intensificação pecuária, com a diminuição do ciclo produtivo, reduzindo a idade do abate com aumento do peso das carcaças, possibilitando a disponibilidade de áreas de pastagem de baixa produtividade ao cultivo de grãos, evitando o avanço sobre novas áreas de exploração. A perspectiva é muito boa para o crescimento do setor, a cada dia mais fundos de investimentos que buscam setores sustentáveis se aproximam da cadeia do etanol de milho".

Hoje, o Brasil conta com 18 usinas de etanol de milho em funcionamento, incluindo a maior produtora de etanol de milho do continente e a maior usina da América Latina. No total, estima-se que podem ser produzidos até 3,4 bilhões de litros a cada safra a partir de 2021. O crescimento da produção de etanol de milho é grande, mas não existe a perspectiva de que isso anule por completo a produção de etanol de cana-de-açúcar. Na verdade, elas podem se complementar. Existe a perspectiva de que surjam mais usinas flex, que podem produzir etanol com as duas matérias-primas, como explica o presidente Guilherme Nolasco. "O etanol de milho terá seu papel e fatia do mercado, com uma visão clara de complementaridade à cana-de-açúcar. É uma grande oportunidade para as usinas de cana se tornarem flex (cana e milho), aproveitando a sinergia dos dois modelos de produção, eliminando a longa entressafra dos canaviais, otimizando a disponibilidade de biomassa (bagaço) e a diminuição dos inves-

FOTO: DIVULGAÇÃO

A perspectiva é muito boa para o crescimento do setor. A cada dia mais fundos de investimentos que buscam setores sustentáveis se aproximam da cadeia do etanol de milho". GUILHERME NOLASCO, presidente da União Nacional do Etanol de Milho

timentos em equipamentos para poder produzir etanol de milho no modelo flex. Crescemos organizados e com sólida estratégia para dar sustentação à continuidade dos investimentos. Não temos pretensão de sermos protagonistas em um mercado tão tradicional e consolidado que é o etanol de canade-açúcar no Brasil".

CRESCIMENTO EXPRESSIVO

Safra 2020/2021

Brasil deve produzir 2,7 bilhões de litros de etanol de milho

141 milhões de litros de etanol de milho na safra 2015/16

Na safra 2021/22 650 milhões de litros é a previsão de crescimento

POR OUTRO LADO...

Ao mesmo tempo em que o crescimento da produção de etanol de milho é positivo, há quem acredite que outras áreas do agronegócio possam ser afetadas. Os criadores de suínos, por exemplo, se preocupam com a possível falta de milho para alimentar os animais. As recomendações de associações 60% de crescimento em relação à temporada anterior já são voltadas para planejar a compra de safras com até uma temporada de antecedência para que não se corra o risco de não ter matéria-prima para todos. O diretor executivo da 2,65 bilhões Acrismat, a Associação de Criadores de Suínos do de litros de Mato Grosso, Custódio Roetanol de milho drigues, explica essa quesna safra 2020/21 tão. "No Mato Grosso, especificamente, há um volume muito grande de = totalizando 3,3 bilhões de litros empresas de etanol de milho se colocando. Até o fim do ano, o Estado deve esmagar em torno de 6,5 a 7

Fonte: CONAB/UNEM milhões de toneladas só de etanol de milho. Para o ano que vem esse número deve chegar a 8,9 milhões e, com as expectativas do governo do Mato Grosso, que incentivam essa questão do milho, temos uma produção que deve crescer, e até 2022 deve estar esmagando quase 15 milhões de toneladas. É um volume muito grande. Todos sabemos que o DDG se usa para boi, uma infinidade de coisas, mas para a suinocultura o número destinado é muito pequeno, de 20 a 30%, segundo as próprias indústrias das rações nos passaram. Então, é muito preocupante essa questão. Nossa recomendação para os produtores é que a gente possa antecipar essa compra de milho. Esse milho safrinha que temos lá e que foi colhido em julho já está praticamente todo comercializado (92%). A safrinha de julho do ano que vem já está praticamente 60% comercializada".

Para Custódio Rodrigues, as associações terão que desempenhar um papel de guia com os produtores, encontrando alternativas para que ninguém tenha que encerrar suas atividades. "É uma grande preocupação que precisamos ter. Temos que buscar, no nosso ponto de vista, alternativas políticas, principalmente junto ao Governo Federal. Que haja algum prêmio, algo assim, alternativas para o produtor buscar esse milho antecipado, onde ele possa assegurar isso. Se nós não trabalharmos também enquanto associações com pequenos e médios produtores, eles com certeza vão sucumbir, ter que se profissionalizar na questão. Temos que realmente ser empresários no setor da suinocultura porque senão vamos ter problemas de praticamente alguns produtores saírem da atividade. Não só os terminadores, como produtores de suíno, o ciclo completo", esclarece.

AGROCONSULT Produção de soja deve chegar a 132,4 milhões de toneladas

A irregularidade climática resultou no plantio mais tardio da história e trouxe uma marca forte à safra de soja 2020/21. A falta de chuvas regulares atrasou a implantação das lavouras no Centro-Oeste e no Sul, afetando também o planejamento da segunda safra de algodão e de milho. Em resumo, a safra começou atribulada, em especial no Mato Grosso, principal produtor de soja no Brasil. Apesar disso, a Agroconsult, organizadora do Rally da Safra, aponta para um recorde de produção de soja. A estimativa pré-Rally é de 132,4 milhões de toneladas, 5,5% acima da safra passada. A projeção decorre de dois fatores. O primeiro deles é a expansão da soja, impulsionada pelo momento de boa rentabilidade. Em relação à safra 2019/20, a área plantada cresceu 4%, chegando a 38,4 milhões de hectares. É um crescimento de 1,47 milhão de hectares – quase equivalente ao que se cultiva num estado como a Bahia. O segundo ponto é a produtividade brasileira, que deverá alcançar 57,4 sacas por hectare, 1,5% acima das 56,6 sacas por hectare da safra passada.

“ENTRE OS MAIORES PRODUTORES, O PAÍS TEM CONDIÇÃO ÚNICA NO MUNDO PARA SUSTENTAR O CRESCIMENTO DE PRODUÇÃO NECESSÁRIO NO MÉDIO PRAZO PARA ATENDER A DEMANDA GLOBAL POR ALIMENTOS. COM A ADOÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS, MELHOR USO DAS ÁREAS DISPONÍVEIS E COM O CLIMA AJUDANDO, O INCREMENTO DE PRODUÇÃO SERÁ FORTE ATÉ 2030”.

ERNANI CARVALHO DA COSTA NETO, coordenador do Núcleo de Agronegócios da ESPM sobre o ritmo de crescimento de grãos na próxima década no Brasil.

PLUGFIELD Soluções tecnológicas para o agro

A agricultura brasileira está cada vez mais “hightech”. Nesta onda digital, os produtores já estão inseridos no conceito de Agricultura 4.0, que tem revolucionado o agronegócio. E quando se fala em agricultura uma questão determinante para produção é o clima. Não é à toa que os produtores rurais buscam ferramentas e softwares para a medição de dados climáticos. Segundo Márcio Malewschik, consultor comercial da Plugfield, que oferece soluções para produtores rurais, empresas e cidades inteligentes, contando com a expertise da Pumatronix, a primeira coisa que o agricultor quer saber é se choveu e o quanto choveu. Com estações metereológicas on-line, por exemplo, quando começa a chover, é possível monitorar de forma virtual os índices pluviométricos. A estação meteorológica Plugfield WS18, produzida em Curitiba (PR), possui um conjunto de sensores para medição de dados climáticos e módulo de coleta e transmissão de dados. Um aplicativo para smartphone e uma plataforma web também estão disponíveis gratuitamente para quem adquire a solução e quer acessar estes dados de qualquer lugar do mundo.

BASF Tecnologia inédita dá acesso às imagens precisas da Biomassa

A BASF Digital Farming GmbH e a VanderSat serão as primeiras empresas a oferecer comercialmente para os agricultores o acesso a imagens diárias e escaláveis da biomassa, sem interferência da cobertura de nuvem.

As duas empresas assinaram um acordo comercial, que prevê a integração do produto ‘Cloud-free Biomass’ da VanderSat, com a solução xarvio™ FIELD MANAGER da BASF Digital Farming. A previsão é que esteja disponível na América do Norte e na América Latina ainda em 2021.

ENTENDA MELHOR

1. IMAGENS DE ALTA

QUALIDADE

Os agricultores terão acesso diário a imagens de alta qualidade da biomassa das plantações, o que permite o monitoramento contínuo do desenvolvimento do cultivo.

Com isso, a produção é otimizada, economizando tempo e dinheiro, além de promover sustentabilidade. 2. BONS RESULTADOS

O Cloud-free Biomass é resultado da estreita parceria e dos testes desenvolvidos pelas equipes xarvio e VanderSat nos últimos dois anos. O novo produto obteve bons resultados nos testes na Alemanha, Ucrânia, Reino Unido, Canadá e Brasil na safra 2019/20.

3. NO BRASIL

O gerente técnico digital do xarvio, Ricardo Arruda, explica que algumas áreas brasileiras ficam constantemente cobertas por nuvens durante a safra e, em algumas regiões, as nuvens impediam a coleta das imagens.

Segundo ele, a partir de agora será possível fornecer imagens de altíssima qualidade dos campos, mesmo em dias muito nublados.

SYNGENTA NK sementes de soja e milho

A marca NK de sementes de soja e milho da Syngenta completou um ano desde o seu relançamento. A decisão para a retomada veio após pesquisa realizada com cerca de 400 agricultores de todo o país, que mostrou um alto percentual de lembrança da marca e intenção de compra com o relançamento, mesmo após 10 anos fora do mercado.

AGRISTAR Linha Superseed sob nova gerência

A Superseed, linha de sementes de alta tecnologia da Agristar do Brasil, está com um novo gerente nacional de vendas. O cargo passa a ser ocupado pelo engenheiro agrônomo Douglas Machado, que possui amplo conhecimento técnico e tem atuação focada no mercado de hortaliças.

Com MBA em Gestão de Negócios na instituição USP/ESALQ, Douglas Machado está na empresa há sete anos, atuando como Representante Técnico de Vendas na regional Cerrado, da linha Topseed Premium.

Na gerência nacional da linha Superseed, Douglas pretende dar continuidade ao trabalho de levar até o produtor variedades e tecnologias que façam a diferença no campo, bem como a busca e consolidação de parcerias comerciais em todo o país. “Seguirei com o meu trabalho de oferecer aos clientes da linha Superseed as melhores opções tecnológicas, aproveitando o que o time de Pesquisa e Desenvolvimento da Agristar tem de melhor a oferecer, assim garantindo maior produtividade e lucratividade no campo”, finaliza Machado.

Douglas Machado, novo gerente nacional da linha Superseed

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