Revista Aime 10

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• Nº 10 • 2009

Primus Inter Pares

ISSN 1982-9558

ANO II

LUCAS GÓES

R$ 13,90 € 7.00 $ 22,00

Turismo Nas praias de naturismo, nenhuma nudez é castigada SOS Práticas sem consciência e o fim dos dias do meio ambiente Entrevista

Zé Celso

“Eu me orgulho de nosso teatro cultivar a orgia, porque é a coisa mais democrática que existe”

Lucas Góes

De roupa íntima, lindo de morrer Swing Saiba como tudo acontece entre as quatro paredes

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EDITORIAL ANO II

Nº 10

2009

Primus Inter Pares

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través do retorno obtido com a última edição, a AIMÉ teve a certeza de que, realizando reportagens aprofundadas e cuidadosamente apuradas, tem contribuído para desmistificar a imagem estereotipada do público homossexual masculino. A revista, que surgiu com o objetivo de mostrar o universo gay de forma multifacetada, contrariando a imagem simplista e reducionista de que os homossexuais gostam apenas de noite e de festa, tem cumprido seu objetivo levando informação não somente ao segmento ao qual se destina. Diariamente, no contato com os leitores, descobrimos que a AIMÉ está na lista das leituras de mulheres e homens independentemente de sua sexualidade e faixa etária. Não sem espanto, recebemos elogios da chamada terceira idade, curiosa para conhecer mais sobre o que acontece no universo LGBTT. Nesta edição, preparamos reportagens sobre assuntos dos mais variados, buscando sempre um novo olhar e um enfoque diferenciado. Tem destaque a matéria sobre sexo, que aborda um assunto polêmico: casas de swing. Embora já muito explorado para casais heterossexuais, o swing continua realidade distante para parceiros do mesmo sexo, principalmente quando se trata de par masculino. A maioria das casas trabalha apenas com heterossexuais e apresenta noites especiais só para mulheres. O público homossexual masculino adepto do swing tem que arranjar alternativas para a sua prática. Contamos ainda com uma reportagem sobre praias de naturismo. Mais uma vez, é preciso desmistificar a imagem errônea de que a nudez é algo condenável ou vergonhoso. Para os adeptos do naturismo, “estar nu socialmente representa o desejo de mostrar o que há de mais íntimo em um ser humano”. A AIMÉ também não pode deixar de comemorar o sucesso das atividades promovidas pelo Casarão Brasil – Associação LGBT. Nossa equipe – sempre atenta às manifestações de preconceito, lutando para divulgar e acabar com todos os atos discriminatórios – reservou espaço na revista para discutir de que forma a comunidade LGBTT tem se unido e promovido ações para seu fortalecimento. Você pode conferir essas e outras matérias nas próximas páginas, que, como sempre, estão recheadas de muita informação. Boa leitura!

Ana Maria Sodré

NÓS ERRAMOS A edição nº 9 da AIMÉ chegou às bancas com alguns equívocos. Nas chamadas de capa ocorreram dois erros de ortografia: as palavras “incorpora” e “envolvente” tiveram uma letra trocada, o que resultou nas grafias incorretas “encorpora” e “involvente”. Por um deslize da redação, diferentemente do informado na chamada de capa “Não me sinto pecador – O envolvente relato de um padre gay”, o depoimento (que seria publicado na seção “Atitude”) não foi incluído na revista. Os leitores da AIMÉ poderão conferir o relato na edição atual.

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Fernanda Sodré

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Felipe Teram Teatro Isabel Vasconcellos Opinião Leonardo Freitas Saúde Marco Túlio Neves Arte

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ISSN: 1982-9558 Aimé é uma publicação bimestral da Editora Lopso Comunicação Ltda. Rua Vieira de Morais, 420 8º andar Campo Belo São Paulo (SP) CEP 04617-000 Tel. (11) 5096-2456. Diretora Geral e Editorial: Ana Maria Sodré Diretora Superintendente: Fernanda Sodré Projeto Gráfico / Designer: Alexandre Almeida Ilustrações: Hudson Calasans Jornalista Responsável:

Nina Rahe DRT 509-MS (marina@lopso.com.br) Reportagem: Mariana Tineo / Raphaella B. Rodrigues Revisão: Isabel Gonzaga Diretora Corporativa de Publicidade: Cristiana Domingos Executivos de Contas: Davi Marques (davi@revistaaime.com.br) / Daniel Duracenko (daniel@revistaaime.com.br) Circulação e Assinatura: assinaturas@revistaaime.com.br - Tel. (11) 5096-2456 Distribuição em Bancas: Fernando Chinaglia E D I T O R A Números atrasados: A Editora Lopso atenderá aos pedidos, havendo disponibilidade em estoque, ao preço da edição atual, por intermédio de jornaleiros. As matérias assinadas não refletem a opinião da Revista Aimé. De acordo com a Resolução RDC Nº 102, de 30 de novembro de 2000, a Revista Aimé não se responsabiliza pelo formato ou conteúdo dos anúncios publicados. É proibida a reprodução parcial ou total da Aimé sem a devida autorização da Editora Lopso.

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ÍNDICE 10 variedades

20 literatura

42 entrevista

22 opinião

48 arte

16 teatro

24 decor

54 sexo

18 cinema

30 capa

58 boys

Toronto será sede do World Pride 2014, evento mundial que integra diversos festivais e outras atividades culturais relativas à temática LGBTT.

14 música

Alex Turner e sua turma estão de volta com um disco mais completo e cheio de músicas soturnas e interessantes.

Invenção tipicamente norte-americana, o stand up transformou-se num roteiro frequente para quem gosta de rir sem muito esforço

Duas estreias do diretor pop-cult norte-americano Quentin Tarantino chegam ao Brasil: À Prova de Morte e Bastardos Inglórios.

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No longínquo início do século 20, André Gide chamava a atenção quando entrava em qualquer lugar.

A história da humanidade tem sido, nos últimos milênios, também a história da repressão sexual. Muitas mentiras sobre o sexo começaram com o surgimento da propriedade.

Para atender todas as necessidades de quem adora receber os amigos, Léo Shehtman realizou um projeto arquitetônico para separar a área social da parte íntima.

O paulista Lucas Góes começou a trabalhar como modelo cedo. Há nove anos, foi descoberto por Giovanni Bianco em um estúdio fotográfico.

O diretor de teatro José Celso Martinez e seu árduo trabalho de transformar os tabus em totens.

O gosto pela arte veio ainda na infância, quando as inspirações de Washington Ramos Filho eram os super-heróis, os carros e as máquinas que povoavam sua imaginação.

Ainda encarado por muitos como uma prática obscena, o swing ganha cada vez mais adeptos. Saiba como tudo acontece entre as quatro paredes.

Homens lindos, sarados e bronzeados!

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64 luxo

Desejados por unir luxo e alta tecnologia, os relógios da marca Nixon de aço inoxidável são encontrados em várias cores.

68 especial

A experiência em São Francisco e as vitórias do ativista gay Harvey Milk foram essenciais para que Douglas Drumond tirasse do papel o projeto do Casarão Brasil – Associação GLS.

72 sos

Papeis na rua, torneira ligada, luzes acesas e... o fim dos dias do meio ambiente.

74 moda

Modernos e elegantes.

82 gastronomia

Para comemorar, namorar ou simplesmente relaxar, os drinks sempre foram uma ótima pedida.

84 extra

No Estado de São Paulo, Lei Antifumo visa à melhora da saúde da população e defende os fumantes passivos.

88 saúde

Anabolizantes são os grandes vilões da saúde de quem quer ganhar músculos a curto prazo.

92 vaidade

Há tempos as clínicas de estética não são mais predomínio das mulheres. Saiba quais são os serviços mais procurados pelo gênero masculino.

96 turismo

O ato de ficar nu em locais públicos sempre despertou controvérsias, até mesmo para quem lida com a sexualidade de maneira bastante resolvida.

100 around

Nova York não teve o verão habitual.

104 atitude

Com 36 anos, ele revela o que não há motivos para esconder: sua identidade sexual.

108 lúdico

Entre máquinas, homens de tirar o fôlego.

104 perdido e achado

O ex-jogador de basquete não passou desapercebido pelos olheiros e agora embeleza as passarelas. AIMÉ

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[variedades]

Homossexualidade na 33ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo A 33ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que aconteceu entre os dias 23 de outubro e 5 de novembro, incluiu em sua seleção alguns filmes que se destacam por apresentarem temáticas homossexuais. Destaque para Patrick, Age 1.5, que conta a história de um casal homossexual que sonha em adotar um filho, tenta por várias vezes adotar um bebê, até que finalmente consegue um menino. Por um erro, no entanto, recebem Patrik, um adolescente rebelde, homofóbico e com ficha criminal. O filme fala de diferenças e dificuldades diárias na tentativa de formar uma família.

Outro filme participante, que há tempos era esperado, foi I Love You Phillip Morris, no qual Jim Carrey interpreta Steve Russel, um policial texano que decide sair do armário e descobre que ser gay exige muito dinheiro no bolso. Ele se mete então a fazer trapaças e fraudes para manter o alto padrão de vida, mas acaba preso. Na penitenciária, encontra o amor da sua vida, Phillip Morris, um sensível companheiro de cela. Para quem não pôde conferir a Mostra, vale ficar de olho no lançamento nos cinemas, que deve ocorrer em breve.

Concurso de reurbanização da Rua Frei Caneca

O Casarão Brasil – Associação LGBT, juntamente com o Instituto Arquitetos do Brasil (IAB), divulgou o lançamento do concurso de reurbanização da Rua Frei Caneca na 8ª Bienal Internacional de Arquitetos de São Paulo. As inscrições podem ser realizadas até o dia 31 de dezembro e a entrega de projetos deve acontecer no dia 15 de janeiro de 2010. Os projetos serão avaliados por uma comissão técnica e o primeiro colocado receberá o prêmio de R$ 5 mil. O edital completo está disponível no site www.iabsp.org.br

Jornalista diz que personagem Homer Simpson é gay Segundo o jornalista John Orvet, autor do livro Os Simpsons: Uma História Sem Censura e Não Autorizada, uma biografia sobre a série de animação que está há mais tempo no ar nos Estados Unidos (21 anos), o personagem do desenho animado para adultos, Homer Simpson, é gay. Entre as críticas, Orvet diz que o criador Matt Groening somente assina 10

um trabalho árduo feito por outras pessoas. “Ele é um péssimo escritor que apenas senta-se em seu escritório pensando em como ganhar mais dinheiro.” Em outra passagem, o autor menciona que a série, que já debochou de vários grupos étnicos, nunca falou da Cientologia, o que seria justificado pelo fato de Nancy Cartwright, que

faz a voz de Bart, pertencer a essa religião. A biografia ainda não tem data prevista para ser publicada e, por enquanto, as dúvidas a respeito da identidade sexual de Homer Simpson apenas pairam no ar. Para saber se o personagem beberrão, bastante másculo, vive mesmo de fachada, será preciso esperar.

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Cauã Reymond

viverá homossexual em filme deToni Venturi

Após o sucesso de seu personagem Halley, um malandro e mulherengo que se faz passar por gay, na novela A Favorita, o ator Cauã Reymond agora faz o papel de um homossexual em seu novo filme. Com direção de Toni Venturi – e ainda sem nome definido –, o filme narra um drama contemporâneo, urbano e paulista sobre o desejo, a morte, a pulsação frenética da vida e os imprevisíveis caminhos do amor. A trama é centrada na jovem médica Carmen, vivida por Leandra Leal, que, ao enfrentar uma grave doença, passa a viver cada instante como se fosse o último. Nessa trajetória rumo ao desconhecido, ela vive uma paixão surpreendente com Juan. E é por ele que o homossexual Murilo, um produtor musical e DJ, interpretado por Cauã, irá se apaixonar também. No processo de pesquisa e preparação, o ator frequentou a noite gay paulistana, deixou de lado a academia e emagreceu três quilos.

Casa de Criadores inaugura loja Pop Up O mais novo projeto do jornalista André Hidalgo surge para reafirmar o caráter inovador e pioneiro do evento Casa de Criadores, principal lançador de novos talentos da moda brasileira. Em parceria com a marca Cavalera, o idealizador da Casa de Criadores e sócio do Clube Glória, inaugurou, na Al. Lorena em São Paulo, a Casa de Criadores Loja Pop Up. Já conhecida como uma incubadora de novos talentos, a Casa de Criadores aposta não só na apresentação do trabalho de jovens estilistas e designers, mas também no sucesso comercial desses profissionais. A ideia surgiu como alternativa diante das dificuldades que os profissionais possuíam em estabelecer pontos de venda e posicionar suas marcas no mercado. Com a loja, inaugura-se o primeiro ponto de vendas no Brasil ligado a um evento de moda, O objetivo é comercializar as coleções lançadas por jovens estilistas e também marcas

consagradas como Rober Dognani, João Pimenta, Walério Araújo, Gêmeas e Gustavo Silvestre. Desde sua primeira edição, em maio de 1997, a Casa de Criadores já lançou e projetou grandes marcas e estilistas no mercado brasileiro, entre eles, Juliana Jabour, Fábia Bercsek, André Lima, Marcelo Sommer, Ronaldo Fraga, Marcelo Quadros, Mário Queiroz, Lorenzo Merlino, Priscila Darolt, Simone Nunes, Giselle Nasser, Rita Wainer, Cavalera, V.Rom e Carlota Joaquina. Além da venda das criações dos estilistas que fazem parte do lineup da Casa de Criadores, dos tênis exclusivos da italiana Superga e do jeanswear da Cavalera, a loja também contará com uma galeria de arte, montada no primeiro andar, reservada para exposições e venda de obras de arte e design de novos artistas, e terá espaço para instalações e apresentações musicais de bandas e DJs. AIMÉ

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Universidade lista as 10 músicas preferidas dos gays

A Universidade de Lovaina, na Bélgica, realizou um estudo que busca explicar por que os homossexuais têm uma predileção especial por determinado tipo de música. A psicóloga Katarin Valgeren, autora do estudo, sempre se perguntou por que determinadas canções eram “especiais” para os gays. Para responder sua pergunta, Valgeren iniciou em 2008 o estudo das principais “listas de sucesso homossexuais”. A pesquisadora constatou que, em alguns casos, para atrair a atenção do público gay, os grupos (como fez a banda Village People nos anos 80) utilizavam letras muito específicas, com “teor erótico”. De acordo com Valgeren, os participantes do estudo responderam a um questionário sobre suas “sensações”. Para motivar o gosto dos gays, diz a pesquisadora, não são utilizadas apenas as letras, mas também um visual kitsch e barroco, carregado de lantejoulas ou cristais de cor, que “são elementos que atraem especialmente os gays”.

Jornalista lança livro sobre a roupa que transcende a moda:

O JEANS

A jornalista Lu Catoira lançou seu segundo livro sobre o jeans. Completando 30 anos de carreira dedicados à moda, ela fala sobre o tecido pela segunda vez em uma publicação. Os dois livros surgiram de estudos acadêmicos. Jeans: A roupa que transcende a moda foi elaborado a partir de seu trabalho de pós-graduação na Uni-Rio, e o segundo livro, Moda Jeans, Fantasia Estética sem Preconceito, é proveniente de sua pós em marketing de moda. Na década de 60, ele sempre esteve associado aos ideais de liberdade e juventude. O livro da jornalista é uma análise do poder e a influência midiática do jeans, e como o tecido pesado entrou na moda e se tornou um ícone e continua se renovando mesmo após 150 anos de uso. 12

Confira abaixo as favoritas, segundo o estudo: 1) Soldiers of Love (Liliane Saint-Pierre) 2) Dancing Queen (ABBA) 3) Hung-up (Madonna) 4) Je Tadore (Kate Ryan) 5) Diva (Dana International)

6) Relax, Take It Easy (Mika) 7) Take my Love (Good Shape) 8) Believe (Cher) 9) Diep (Get Ready!) 10) I Will Survive (Gloria Gaynor)

Toronto será a sede do World Pride 2014 O evento mundial, que integra diversos festivais e outras atividades culturais relativas à temática LGBTT, acontecerá em Toronto. O local foi escolhido após uma votação, na qual a cidade canadense venceu Estocolmo (Suécia) com 80% dos votos. Cristal Moore, porta-voz da cidade vencedora, disse que será o evento

mais importante para a comunidade gay. O World Pride 2014 terá como tema os valores e direitos internacionais da população LGBTT. Além da tradicional marcha, haverá uma cerimônia inaugural, festivais e eventos culturais, conferências a respeito do HIV e também sobre o ativismo ao redor do mundo.

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mente humana anda as voltas com o medo, violência, insônia, depressão e cada vez mais com baixa estima. As químicas artificiais não alcançam os resultados esperados, e uma grande parte da sociedade trabalha com dor. Mais e mais pessoas estão doentes, isto é, as forças vitais em desarmonia provocam alteração da química natural da pessoa. As células aceleram ou diminuem sua produção energética, sendo necessário ingerir a química artificial, intoxicando a corrente sanguínea, advindo novas patologias. Na Clinica Luz e Paz, é possível recuperar esse manancial energético, necessário para a saúde manifestar-se, que apenas está latente dentro de você. Venha conhecer como obter harmonia, paz, amor e dignidade. Sentirás através do tratamento, o equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual. Obterás a combinação especial entre a consciência cientifica e mística, fora do âmbito religioso. A Clinica Luz e Paz faz um trabalho conjunto com o IRELP – Instituto de Recuperação Energética Luz e Paz, que tem como objetivo, “O despertar da consciência por meio da Técnica Terapêutica Reiki, equilibrando a energia do ser humano e ao seu redor, gerando alegria, amor, luz e paz interior”. Esse trabalho tem a função de angariar fundos para a construção do Instituto e lar para crianças abandonadas, onde serão educadas e tratadas por mestres formados nessa instituição, capacitado-os para serem humanos solidários, com equilíbrio emocional, mental, espiritual e físico. Formando um futuro construtivo com mentes elevada, unidas com o Universo.

Terapia em grupo

Terapia Individual

CURSOS: REIKI I “O Despertar”

Através da Clinica Lua e Paz realizamos tratamentos individuais com uso das técnicas a seguir: Reiki Alinhamento de Chakras Reflexologia AMMA / Shiatsu Massagem Interativa Massagem de Recuperação da medicina chinesa (Tui Na e Tui Na ortopédico) Meditação conduzida Conscientização energética

“Uma experiência de auto-libertação”

REIKI II “Transformação” “É um processo que permite a participação do Universo na vida do indivíduo”. REIKI III “Realização” “Realização significa ser integral (Holístico – Todo)”. MESTRADO EM REIKI “Consciência de Luz” “Ninguém cura outra pessoa, apenas a ajuda curar a si mesma, infundindo-lhe uma carga energética”. Infantil “REIKI I para as crianças de 10 a 13 anos”. Todos os cursos são terapêuticos, eliminam o estresse, ­ depressão e ativa os órgãos, sistema nervoso e une o ser com a Energia Universal.

EMPRESAS “Energia, mente e prosperidade” “Integração da equipe empresarial para um maior rendimento, união, compromisso e ação saudável”.

Obtenção de cura e melhora nos seguintes casos: Síndrome do pânico Estado de coma Depressão / Câncer Debilitados fisicamente Cardiopatias Estabilização do sistema imunológico (H.I.V.) Recuperação de maus hábitos e vícios Equilíbrio Emocional Clareza de Pensamentos Saúde Física / Força Espiritual

Rua Luís Antonio Rodrigues, 150 - 06503-112 Itaim Mirim - Santana do Parnaíba - SP Tel: 11 4154-7002 - Cel: 11 8196-3449

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[música]

Por Fernanda Faria

A triunfal volta do Arctic Monkeys A banda britânica sai do casulo e se revela com muita originalidade e sem medo das críticas O quarteto de indie rock surgiu em 2002, na pequena cidade de Sheffield, na Inglaterra, mas foi em 2006 que a banda explodiu na cena alternativa britânica com I Bet You Look Good on the Dancefloor, primeiro single do disco Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (2006). O disco alcançou cifras recordes de venda. As 120 mil cópias no Reino Unido só no primeiro dia ultrapassavam a soma de todos os outros álbuns do “top 20” do país nessa data. No mesmo ano, a banda lançou um EP com cinco faixas, Who the Fuck Are Arctic Monkeys?. Apesar das altas vendas, o linguajar sujo das canções resultou em baixas execuções no rádio, mas isso não incomodou nem um pouco os rapazes. No ano seguinte o grupo lança seu segundo álbum, Favourite Worst Nightmare (2007), com músicas mais eletrizantes e que fizeram a cabeça dos jovens de todos os cantos deste planeta. Foi desse disco que saíram os maiores sucessos da banda como 14

Teddy Picker, Brianstorm e a lindíssima Fluorescent Adolescent, faixa que com certeza foi repetida mais de mil vezes nas baladas rockers do Brasil e do mundo. Desta vez, Alex Turner e sua turma estão de volta com um disco mais completo e cheio de músicas soturnas e interessantes, Humbug (2009). E eles chegam com tudo e sem medo de mostrar a nova fase. É notável a mudança e o amadurecimento do grupo, principalmente com as guitarras que estão presentes no momento exato de cada faixa. É chegada a hora de dar adeus (pelo menos por enquanto) ao som roqueiro juvenil. Com certeza a ousadia de mudar e crescer através da sonoridade é resultado de uma parceria que rendeu bons e preciosos frutos ao grupo. A produção desse disco contou com a ajuda do cabeça da banda Queens of The Stone Age, Josh Homme, e também com James Ford, que já foi parceiro dos Monkeys em outros carnavais.

As influências de Homme são nítidas, principalmente nas faixas Dangerous Animals e Potion Approaching. As guitarras carregadas e fortes são marcas registradas dessas e de muitas outras músicas desse disco. Crying Lightning é o primeiro single do álbum e já virou sucesso. My Propeller tem tudo pra emplacar nas paradas roqueiras também. Não há dúvidas de que Humbug veio pra impactar o cenário underground.

Discografia: Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (2006) Favourite Worst Nightmare (2007) Humbug (2009)

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Wilco – The Album (2009)

O mais recente trabalho do grupo de Chicago agrada logo de cara. Um disco que encanta os ouvidos, com músicas altoastral, seguidas de faixas com arranjos intensos e baladas tocantes. Assim é Wilco - The Album, o sétimo trabalho do grupo. A influência da sonoridade setentista fica nítida na fantástica You Never Know. Os solos de Nels Cline merecem destaque, principalmente durante Bull Black Nova, música forte e intensa do disco e que tem um refrão que, com certeza, quando você ouvir não vai esquecer. Outra que também vai ser inesquecível é a balada Solitaire – sem dúvida, a música mais bonita de todo o disco. You and I também não fica atrás. Nessa canção, Jeff Tweedy fez um dueto com a cantora Feist. Duas das mais lindas vozes da música juntas em uma faixa só podem resultar em doces melodias. É o disco perfeito pra ouvir ao lado do seu amor.

Muse – The Resistance (2009)

O grupo britânico Muse chega com força total em seu mais recente álbum. The Resistance surpreende em tudo. O primeiro single é Uprising, música que mostra intensidade sonora da banda. The Resistance é linda. Tanto em arranjos como na letra. Tudo perfeito! As músicas se completam como se quisessem formar uma sinfonia perfeita. O destaque do álbum é The United States of Eurasia, faixa que faz referência ao livro 1984, de autoria do escritor norte-americano George Orwell. Muitos comparam a banda ao grupo americano Queen. No entanto, o Muse tem a principal característica de fazer com que cada disco seu seja diferente e criativo. Se você tiver Twitter e quiser conhecer um pouco mais sobre o grupo, basta acessar: www.twitter.com/muse

Copacabana Club King of the Night (2009)

Há quem diga que eles são os novos CSS ou que são o novo hype. A turma do Copacabana Club prefere atribuir a comparação ao fato de ter uma vocalista e usar sintetizadores, assim como o CSS. Vinda do Paraná, a banda caiu nas graças do público paulistano após ter sido capa de um caderno cultural em um jornal de circulação nacional. O EP King of the Night tem como primeiro single Just Do It. Música totalmente contagiante e que não deixa ninguém parado. Já é um sucesso nas pistas das melhores baladas. A faixa homônima ao EP mostra bem a alegria e criatividade dos paranaenses. O sucesso da banda é tanto que este ano ela está no line up do Festival Planeta Terra, que será realizado em novembro, na cidade de São Paulo e trará nomes do rock mundial como Primal Scream e Sonic Youth. Diante disso não há como contestar: a turma do Copa é com certeza a revelação do rock indie nacional. Ficou curioso? Acesse o www.myspace.com/copacabanaclubmusic e conheça mais. AIMÉ

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[teatro]

Por Felipe Teram

Clean e politicamente incorreto O stand up é uma invenção tipicamente norte-americana. Surgiu ainda nos tempos do vaudeville, no qual o mestre de cerimônias entretinha o público antes do número musical. A partir dessa brecha, os comediantes se tornaram cada vez mais populares até que galgaram, já nos anos de 1960, a posição de papel principal do show. A popularidade e o interesse no gênero se fortaleceram tanto que comediantes dessa primeira geração são hoje grandes ídolos, como Eddie Murphy, Billy Cristal e Woody Allen. As versões brasileiras do stand up começaram a fazer sucesso no final da década de 1990. Hoje, com as “amostras grátis” deixadas no YouTube pelos comediantes e através da exposição massiva nos meios de comunicação (como no programa CQC da Band), o stand up transformou-se num roteiro muito frequente para quem gosta de rir sem muito esforço. Não muito diferente do original yankee, os comediantes postam-se no palco com apenas um microfone e, no ritmo de uma conversa descontraída, preenchem de humor – frequentemente ácido – suas histórias pessoais. Não se trata de um ator encenando uma narrativa, como num monólogo, mas de uma figura camarada facilmente confundível com o comediante na vida real, que encontra humor no que há de mais rotineiro. Um dos principais nomes dessa febre no Brasil é o gaúcho Rafinha Bastos, que está em cartaz com o espetáculo A Arte do Insulto. Como poderia se esperar de um título desse, o espetáculo está bastante afastado da cartilha do politicamente correto. O comediante brinca com comentários cotidianos sobre assuntos espinhosos, como racismo, religião, política, antissemitismo e outros. Mesmo no limiar do que poderia ser classificado como um ataque preconceituoso, o humorista aposta na maestria das palavras para não cair na ofensa despropositada. 16

Em vez de emitir disparates contra os grupos de minorias, Rafinha consegue fazer a plateia rir do incômodo gerado pelo próprio preconceito, evidenciando nas narrativas do dia a dia o quanto ainda convivemos com ele. As risadas não cessam nunca e o público, já contando com vários tietes, não evita ser discreto. Outro mérito do show é a clássica autodepreciação, tão característica desse gênero. Rafinha repetidamente menciona o fato de ser gaúcho e comenta sobre a fama ligada à região, mas levanta suspeitas sobre o tamanho de seu pênis – “Quando se é alto, as mulheres acabam criando certas expectativas em relação ao tamanho de outras partes do seu corpo”– , e enumera ainda os percalços de ser famoso. É interessante notar que, antes de o stand up se firmar no Brasil conquistando espaço nos teatros, já havia aqui alguns ensejos do estilo em lugares menores. E é muito comum ainda hoje encontrar nos Estados Unidos comediantes que se apresentam em bares, restaurantes e casas noturnas. Da mesma forma, não é incomum ver figuras que exploram o mesmo tipo de humor descontraído e sem aparatos cênicos em clubes gays. Alguns nomes como Thalia Bombinha e Silvete Montilla já são conhecidos do público há anos, porém talvez pelo escracho ou pelos ambientes considerados underground, elas nunca foram reconhecidas como comediantes de stand up. Seria um insulto chamá-las assim? A Arte do Insulto Onde: Teatro Shopping Frei Caneca. Rua Frei Caneca, 569, Consolação, São Paulo Fone: (11) 3472-2229 / 3472-2230 Quando: sábados, às 23h59 Preço: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia entrada)

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A atriz que virou expressão popular Hoje em dia, a exclamação “Cacilda!” muitas vezes é usada ironicamente para substituir um palavrão. Mas esse nome já foi aclamado por milhares de espectadores que assistiram às peças de Cacilda Becker (1921-1969). Considerada por muitos como a maior atriz do teatro brasileiro, Cacilda teve uma vida tão interessante quanto as tramas que encenou. Um pouco da sua história pode ser visto no Teat(r)o Oficina, onde está em cartaz a montagem Cacilda!!, escrita e dirigida por José Celso Martinez Corrêa e Marcelo Drummond. As duas exclamações evidenciam que se trata da segunda parte do projeto Cacilda. A atriz Anna Guilhermina faz o papel principal, que na primeira peça, em 1998, ficou a cargo de Bete Coelho. Esta segunda parte do projeto conta a história da atriz nos anos de 1940, quando ela estava na faixa dos 20 anos de idade. Nessa época houve uma explosão cultural no Brasil. A peça retrata manifestações da arte moderna e apresenta movimentos que fomentaram novas propostas artísticas. Além de assinalar os destaques de sua carreira e sua contribuição para o teatro brasileiro, a vida pessoal e a personalidade da atriz não escapam às pontuações do texto. Isso porque, para a composição da dramaturgia, Zé Celso teve acesso a cartas que Cacilda enviou à sua irmã, Cleyde Yaconis, que então morava em Santos, contando sobre suas aventuras no Rio. O espetáculo inicia-se com a exibição em vídeo da primeira parte da montagem, Cacilda!, protagonizada por Bete Coelho. Em seguida são encenados acontecimentos que marcaram a história do teatro brasileiro e do País, como o sucesso das novelas radiofônicas, a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, a criação do Teatro Experimental Negro (TEN), dirigido por Abdias do Nascimento. Para compor essa narrativa dramática, o diretor lançou mão de elementos cênicos tão exuberantes quanto

Cacilda Becker. A cortina vermelha, um ícone da época da atriz, abre-se para espectadores e atores no corredor do Oficina. O já tradicional uso de panos torna a virtuosa iluminação concebida por Marcelo Drummond e Ricardo Morañez ainda mais fantasiosa e sensual. Outro ponto forte da montagem, e que já é uma marca registrada do grupo Uzyna Uzona, é a direção musical: o blues, o jazz, o samba dos anos de 1940, as canções de rádio, tudo transporta o espectador para o universo pujante da época. Um dos momentos mais interessantes ocorre quando a rotina das gravações do filme Luz dos Meus Olhos (1947) é retratada. Dentro do teatro, as luzes permanecem apagadas enquanto os telões mostram as cenas do filme gravadas em tempo real pelos atores, na parte externa. Em uma sobreposição de formatos artísticos, o espectador entra em contato com uma experiência cinematográfica dentro de um teatro. Já não é novidade a longa duração das montagens de Zé Celso. Essa escolha se faz para que o público se entregue aos recursos interativos; para que espectadores e atores componham as cenas juntos, de fato. No caso de Cacilda!!, as seis horas de duração podem tornar um pouco cansativa a epopeia da maior atriz brasileira, devido à falta de uma interação público-atores tão aguda e calorosa quanto em Os Sertões, por exemplo. O olhar cortante do elenco continua provocante como sempre... Mais uma homenagem a Cacilda Becker. CACILDA!! – Estrela Brazyleira a Vagar Onde: Teatro Oficina. Rua Jaceguai, 520, Bela Vista, São Paulo Fone: (11) 3106-2818 / 3106-5300 Quando: a partir de 29 de novembro, sempre aos domingos. Duração: aproximadamente 6 horas Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia entrada) AIMÉ

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[cinema]

Por Natalia Barrenha

O glorioso

Tarantino

As salas de cinema brasileiras acomodam duas estreias do diretor pop-cult norte-americano Quentin Tarantino: Bastardos Inglórios – que é recebido em terras tupiniquins dois meses após a estreia mundial, em agosto – e À Prova de Morte, que chega por aqui com pelo menos dois anos de atraso À Prova de Morte, um agregado de referências aos filmes B da década de 1970 – dos quais Tarantino é grande herdeiro e admirador –, tem no elenco dublês de cinema reais nos papéis principais, ao lado de um Kurt Russell fantástico em seu personagem asqueroso. Com uma trilha sonora impecável (como sempre), Tarantino transforma o kitsch e o trash em uma obra-prima imperdível. Diálogos extensos e cheios de ironia, piadinhas inevitáveis e, é claro, muito sangue – marcas registradas do diretor de Pulp Fiction (1994) e Kill Bill I e II (2003 e 2004) – estão presentes tanto em À Prova de Morte quanto em Bastardos Inglórios. Em seu mais novo lançamento, que traz Brad Pitt como protagonista (Leonardo DiCaprio chegou a ser cotado para o papel), Tarantino fez a maior bilheteria de sua carreira durante uma estreia mundial. O filme ainda resgata Christoph Waltz – escolhido por falar fluentemente sete idiomas – para o papel de vilão da história, que rendeu a ele o prêmio de melhor ator coadjuvante no Festival de Cannes deste ano. A trama que se desenrola durante a ocupação alemã da França foi descrita por Brad Pitt como o melhor filme sobre a Segunda Guerra feito nos últimos tempos. O galã até gerou polêmica ao compará-la com a película estrelada por Tom Cruise no ano passado, Operação Valquíria (2008), referindo-se a esta como “ridícula”. É quase impossível não concordar com Brad Pitt – afinal, não havia melhor cenário do que a Segunda Guerra para Tarantino imprimir em celuloide aquilo que ele acha mais belo para ser filmado: a violência. 18

À Prova de Morte (Death Proof). Direção: Quentin Tarantino. EUA. 2007. 113 minutos.

Bastardos Inglórios (Inglorious Bastards). Direção: Quentin Tarantino. EUA. 2009. 148 minutos.

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Encontros e desencontros “Eu não entendo como uma mulher pode sair de casa sem se arrumar um pouco – mesmo que por delicadeza. Depois, nunca se sabe, talvez seja o dia em que ela terá um encontro com o destino. E é melhor estar tão bonita quanto for possível para o destino.” Coco Chanel (1883-1971), autora dessa frase, teve um encontro com o destino – não se sabe se ela estava arrumada ou não. Entretanto, Chanel tornou-se uma das grandes figuras do século passado por preparar mulheres para seus enlaces com o famigerado destino.

De pobre órfã do interior da França, – passando por cantora de cabaré e costureira submissa, – aos holofotes da Cidade Luz e do mundo, a estilista francesa tem mais de 40 biografias publicadas pelo planeta. Agora, uma cinebiografia traz a saga da mulher mais revolucionária do mundo da moda e dos papéis femininos antes de sua fama e consagração: Coco Antes de Chanel. A diretora Anne Fontaine, encantada pela saga de Chanel, escolheu a atriz Audrey Tatou (por vezes mais conhecida como “Amélie Poulain”), outra admiradora

O desejo como lei Uma hipnotizante Penélope Cruz de peruca loura encara quem olha o cartaz de Abraços Partidos (Los Abrazos Rotos), último filme de Pedro Almodóvar. A atriz fetiche (que sucede Carmem Maura e Victoria Abril) do cineasta espanhol tem novamente papel de destaque em uma trama que, ao melhor estilo “almodovariano”, relata turbulentas relações amorosas – combustível para a maioria das narrativas do ousado cineasta. Pedro Almodóvar Caballero, 58 primaveras, nunca dispensou o desejo como condutor de suas histórias. As obsessões e a sensualidade estão presentes em seu trabalho desde seus primeiros passos como cineasta, quando partiu – sozinho e sem dinheiro – do interior da Espanha para a efervescente Madri da virada dos anos 60 para a década de 70. Após anos fazendo bicos e trabalhando na companhia telefônica nacional, Almodóvar comprou sua primeira câmera Super-8 e começou a fazer despudorados curtas experimentais, tornando-se um dos protagonistas da La Movida, movimento de contracultura pop que fez o mundo prestar atenção à capital espanhola, que à época se despia da ditadura de Franco. Ao lado de seus filmes, Almodóvar

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ainda desenhava, escrevia e atuava, além de cantar travestido de mulher na banda de rock Almodóvar e McNamara. Porém, o espanhol só alcançou o reconhecimento com seu sétimo longa, Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988), que sucedeu Pepi, Luci e Bom (1980), Labirinto de Paixões (1982), Maus Hábitos (1983), Que Fiz Eu para Merecer Isto? (1984), Matador (1986) e Labirinto de Paixões (1987) – os quais já traziam as características que se tornariam onipresentes na sua obra, como a espontaneidade dos personagens, as cores berrantes, o entrelaçamento dos destinos, a mescla entre comédia e melodrama e a habitual polêmica que se cerca do diretor a cada lançamento. Hoje, Almodóvar é o maior representante do cinema espanhol contemporâneo, e já se inscreveu na história da sétima arte do país ao lado de Luís Buñuel e Carlos Saura, sendo também o primeiro espanhol a ser indicado – e vencer – ao Oscar. Com um forte componente autobiográfico que permeia suas películas – o diretor já declarou que toda a sua vida está em seus filmes –, Almodóvar lida com a homossexualidade com uma naturalidade singular, sem a pretensão de buscar um cinema

da estilista, para personificar a ainda desconhecida Gabrielle Chanel na primeira metade de sua vida. A experiência de viver intensamente o século 20, os numerosos amores que deram os primeiros impulsos financeiros e sempre influenciaram em suas criações, e os amigos notáveis como Cocteau, Picasso e Stravinsky (cujo romance deu origem a outro filme que estreia e Igor, de Jan Kounen) ano que vem no Brasil, fazem parte da extensa trajetória da francesa, para quem “a lenda é a consagração da celebridade”. Coco Chanel com certeza estava bem arrumada em seu encontro com a ventura. Coco Antes de Chanel (Coco Avant Chanel). Direção: Anne Fontaine. França. 2009. 110 minutos.

engajado. As fortes presenças femininas também se destacam em seus roteiros – segundo o cineasta, as mulheres são muito mais interessantes que os homens em suas reações, e Almodóvar delicia-se ao observá-las, alimentando-se da realidade para construir suas marcantes personagens. Além disso, ele declara que os homens o fazem pensar em coisas mais trágicas, enquanto as mulheres o levam a ideias mais tranquilas e, por vezes, cômicas – coisa que nunca acontece tratando-se do sexo masculino. Ata-me! (1990), De Salto Alto (1991) e Kika (1993) precedem uma ruptura na filmografia de Almodóvar, que a partir de A Flor do Meu Segredo (1995) adquire um tom mais sóbrio e deixa um pouco de lado sua verve extremamente picante – porém, sem abandonar as paixões avassaladoras de seus enredos. Carne Trêmula (1997), Tudo sobre Minha Mãe (1999), Fale com Ela (2002), Má Educação (2004) e Volver (2006) possuem toques mais moderados e contemplativos, onde se investigam temas como a mágoa e a perda. Los Abrazos Rotos insere-se nessa linha menos extravagante – porém, não menos irresistível – do espanhol, que ainda faz do calor, da cor e do desejo ilimitado os grandes protagonistas de seus filmes.

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[literatura]

Por Natalia Barrenha

Redescobrindo Gide No longínquo início do século 20, André Gide (1869-1951) chamava a atenção quando entrava em qualquer lugar. Com um chapéu de aba larga enfiado na cabeça e um sobretudo sujo que deslizava de seus ombros, era impossível não colar à sua figura extravagante o papel de pensador revolucionário. Entretanto, Gide era realmente e intensamente um pensador revolucionário. Autor de mais de 60 obras de ficção, poesia e teatro, nas quais era constante um engajamento resoluto que questionava fortemente as convenções morais e religiosas, Gide inscreve-se hoje (infelizmente) entre os grandes esquecidos da literatura francesa. Há mais de 20 anos os livros do escritor não são editados no Brasil – com exceção da publicação de Se o Grão Não Morre, em 2004 –, levandonos à busca de exemplares perdidos nos sebos aqui e ali. Porém, o resgate do autor pela Editora Estação Liberdade traz algumas obras imperdíveis às livrarias nos próximos meses: O Pombo Torcaz, Os Porões do Vaticano, Os Moedeiros Falsos e Diário dos Moedeiros Falsos. Gide viveu numa época em que o mundo desmantelava-se – passou pelas revoluções trazidas pela vida moderna na virada do século 19 para o 20 e pelas guerras mundiais –, e seguiu um percurso no qual a vida sempre se confundiu com a realização de sua obra: viver, para ele, 20

passava necessariamente pela escrita. Gide precisava escrever para existir, para progredir, e para estabelecer e compreender sua identidade inconsistente e em permanente metamorfose. Numa incessante busca por uma linguagem e expressão próprias, Gide atirou-se numa luta política e privada pela liberdade. Recusando a moralidade e o puritanismo, o francês envolveu-se com questões políticas e religiosas, sem contar que soube afirmar, defender e ilustrar a causa da homossexualidade em muitos de seus livros e ensaios. As aspirações à liberação de sua sexualidade estão presentes com frequência em sua extensa obra, com destaque para O Imoralista e Corydon, que iniciaram a revelação de uma homossexualidade assumida e vivida na felicidade. O Imoralista (1902) retrata as buscas homoeróticas e existenciais de um personagem (que é, de certa forma, o próprio Gide) que se satisfazia sexualmente com garotos que conhecia no continente africano. Corydon, de caráter mais ensaístico, foi publicado em 1924 e traz textos escritos por Gide desde 1910, os quais contêm diversos testemunhos (de naturalistas, historiadores, filósofos, entre outros) para suportar o argumento do autor de que a homossexualidade existia nas civilizações culturalmente e artisticamente mais avançadas (como a Grécia Antiga e a Itália

Renascentista), sugerindo que a homossexualidade seria mais fundamental e natural que a heterossexualidade, a qual se constituiria apenas como a representação social de uma união. O conto O Pombo Torcaz, que em outubro deu a largada para os lançamentos da Estação Liberdade, era inédito também na França até pouco tempo, quando a filha do autor encontrou os originais e resolveu publicá-los, após hesitar devido à franqueza com que Gide aborda uma de suas experiências homossexuais: a noite repleta de momentos de êxtase que passou com um jovem em 1907. A categórica descrição do encontro pode ter sido o motivo pelo qual Gide tenha mantido o manuscrito em segredo. Porém, a presença de um erotismo delicado, ligado mais ao olhar que ao toque (característica importante da obra do escritor, permeada por um desejo sempre de caráter ambíguo), faz do conto um de seus relatos mais líricos. Uma ótima oportunidade para redescobrir (ou descobrir) a obra desse revolucionário em inabalável busca pela liberdade.

O Pombo Torcaz Autor: André Gide Editora Estação Liberdade Páginas: a definir Preço: a definir Site: www.estacaoliberdade.com.br

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um país desconhecido, para não dizer oculto. Essa função se completou com a reedição revista e atualizada no ano 2000, depois de o livro ter ficado esgotado por mais de uma década”, diz o escritor, explicando que o livro não esgotou o tema, mas trouxe novas perspectivas. Rei do Cheiro, lançado no mês passado, vem somar-se à extensa obra de Trevisan, que ficara 12 anos sem publicar ficção após ser galardoado com três Prêmios Jabuti e

O amor segundoTrevisan Para João Silvério Trevisan, amar é a maior experiência da alma humana. Escritor, dramaturgo, roteirista de cinema e um dos fundadores do movimento homossexual brasileiro, em 1978, Trevisan buscava (e busca) enfrentar uma sociedade que não o permitia amar do jeito que lhe apetecia, e ao qual ele tem direito. “A militância me parecia a única forma de lutar pelos meus direitos enquanto homossexual. Por motivo semelhante integrei a criação do Lampião da Esquina [jornal da imprensa alternativa destinado ao público gay que circulou durante a ditadura], na mesma época. Militância para mim é extensão da forma de amar. Se ela vira profissionalismo, é sinal de que alguma coisa vai mal. Aí eu estou fora. Como tenho estado fora de qualquer grupo, há muito tempo. Mas nem por isso abdico da minha participação na luta contra a homofobia. Lutar pelo meu amor é parte da minha maneira de amar”, afirma o literato que não se considera um líder gay (como muitos insistem), e sim um estudioso da homossexualidade apaixonado pelo amor. Autor de Devassos no Paraíso, ensaio que é considerado uma “bíblia” da homossexualidade no Brasil, Trevisan abriu caminho para o campo de estudos queer, que conta hoje com inúmeros pesquisadores em terras brasileiras. “A primeira edição de Devassos no Paraíso saiu em 1986 e foi impactante porque oferecia um painel inédito da história da homossexualidade no Brasil, revelando

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dois Prêmios APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte). O novo romance de João Silvério é permeado pela reflexão, com um estilo que aproxima a literatura da ensaística e extravasa a contenção ficcionista, característica frequentemente presente em seus livros. Considerado pelo autor um romance duro, que ele descreve como um pesadelo brasileiro, Rei do Cheiro pretende responder à pergunta: como nasce uma grande fortuna? “Eu queria fazer um romance sobre as novas elites do País, aquelas que surgiram durante o ‘milagre brasileiro’ da ditadura militar. Nós sabemos que esse é um mundo do vale-tudo. Elaborei a história de um empresário da indústria da perfumaria de São Paulo, nascida a partir da reserva de mercado, no mesmo período. O romance é habitado por políticos, empresários, religiosos, artistas, sindicalistas e intelectuais que compõem as elites contemporâneas do Brasil. Termina com o ataque do PCC em 2006, como resultado do desvirtuamento do sonho brasileiro, tornado pesadelo”, narra Trevisan. O livro é um projeto que se estende há 20 anos, entre muitos outros planos do escritor, que conta sobre suas (inúmeras) próximas novidades: “Quarto Escuro é um projeto de romance em andamento, no qual quero juntar inúmeras histórias da minha experiência no meio homossexual, com suas alegrias e suas dores. Costurando a trama,

há uma história de amor sadomasoquista – prefigurando a realização do amor ali onde ele parece impossível. Também tenho escrito vários roteiros para cinema. E elaboro lentamente outro projeto de romance sobre uma mulher que tenta sobreviver à sua velhice, na grande cidade. Chama-se Dias e Noites de Justina. Não tenho problema em ir tomando notas de tudo ao mesmo tempo!” Nessa permanente atividade, João Silvério considera seu ofício uma forma de salvação. “A Poesia (o conceito estético, não o gênero literário) tem potencial explosivo de resgate por compartilhar, na psique humana, o mesmo território do sagrado e da sexualidade, ou seja, um espaço de liberdade que transcende as amarras do ego. Nesse espaço é que o mistério da pessoa se realiza plenamente, com suas fantasias imensas, sua criatividade incontrolável e sua vocação para o infinito. A Poesia nos torna visionários: um pequeno instante de transfiguração pode nos levar para um mundo de ilimitada beleza”, declara um dos maiores escritores brasileiros contemporâneos, que depositou em sua obra a maior experiência da alma humana.

Rei do Cheiro Autor: João Silvério Trevisan Editora Record Páginas: 320 Preço: R$ 47,90 Site: www.record.com.br 16/11/09 15:45


[opinião]

A justificativa do AMOR Por Isabel Vasconcellos*

A história da humanidade tem sido, nos últimos milênios, também a história da repressão sexual. Pouco se percebe, mas a realidade é que as muitas mentiras sobre o sexo começaram com o surgimento da propriedade

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oi o estabelecimento da posse da terra que fez com que o homem começasse a se preocupar com a hereditariedade e, portanto, com a paternidade. Afinal, ninguém vai querer deixar seus bens materiais para o filho do vizinho. Assim as noções de propriedade e paternidade levaram o homem a inventar a monogamia, a única maneira de garantir a criação somente de filhos legítimos. Várias crenças e códigos morais, ao longo do tempo, trataram de reforçar a ideia da

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monogamia. Porém, na prática, a monogamia sempre foi levada a sério apenas para as mulheres. Os homens, na sua absoluta maioria, sempre exerceram a poligamia. Foi por essas razões que as mulheres foram classificadas e separadas em dois grandes tipos: as que são para casar e ter filho e as que são para dar prazer aos homens. Na verdade, uma classificação que ainda vigora para grande parte da nossa sociedade, apesar da nossa atual suposta liberdade sexual. Foi isso que levou as mulheres a acreditarem que só podiam fazer sexo por amor. Como se, sem amor, a atração e o prazer não existissem. O que antes era justificado pela necessidade de reprodução, depois, passou a ser justificado pelo amor. É por isso que muitas mulheres mudam de paixão e de amor a cada balada de fim de semana. Essa confusão existente até hoje entre homens e mulheres por causa dos grandes equívocos com relação ao sexo, no entanto, é ainda muito menor do que os conflitos que a moral sexual repressiva gerou com relação aos homossexuais. Escondidos durante milênios, os homossexuais já experimentaram diversos tipos de enganos sociais. Já foram considerados como aberrações, doentes mentais, promíscuos, amorais, desavergonhados e corruptos. Foi somente em 1990 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) assumiu de vez que a homossexualidade não é uma doença. Mas ainda hoje existe quem esteja à procura do “gene da homossexualidade” ou de causas psicológicas para justificar a atração física pelo mesmo sexo. Durante as últimas quatro décadas aqueles que se consideravam avançados ainda usavam a expressão “opção sexual” para se referir aos homossexuais. E até hoje se faz necessário lutar contra a homofobia e por leis que procurem impedir a discriminação dos homossexuais. O grande problema, o grande incômodo gerado pela homossexualidade é o fato de que, já que não fazem sexo para se reproduzir, os homossexuais não têm

nenhuma desculpa hipócrita para a sua busca de prazer. Enquanto os héteros usam da hipocrisia e do falso moralismo para convencer ao mundo e a si próprios de que fazem sexo apenas por amor ou por desejo de reprodução, os homos sempre tiveram que assumir a sua natural busca pelo prazer. Nossa! Isso dá uma inveja danada nos falsos moralistas, não dá? Mas, por outro lado, essa maneira de ver o homossexual criou outro mito: o de que não existe amor nesse tipo de relação. Minoria social discriminada sofre mesmo: mulher tem que justificar o desejo com amor e homossexual tem que provar que também é capaz de amar a quem deseja. Mas nem tudo são más notícias. Enquanto, nos Estados Unidos, Obama promete resolver o problema da discriminação contra homossexuais nas Forças Armadas, aqui no Brasil já se admite, por grande parte da sociedade, que os homos têm sim direito a constituir família, compartilhar bens materiais e adotar crianças ou até ter filhos pelas modernas técnicas de reprodução assistida. No campo da literatura começam a surgir obras e editoras dedicadas aos romances e aos relatos das histórias de amor e de conflitos na vida homossexual. O psiquiatra Paulo Gaudêncio costuma dizer que a mudança social ocorre no gerúndio: vai mudando. Não muda simplesmente. Da mesma maneira que hoje as mulheres estão conquistando o seu direito ao prazer, independentemente do amor, os homossexuais estão conquistando o seu direito ao amor, independentemente do prazer. É uma bela confusão social, um verdadeiro imbróglio, são os nós socioculturais que impedem as linhas do comportamento de fluírem naturalmente, são os nós que só mesmo as melhores qualidades do ser humano serão capazes de desatar.

* Escritora e apresentadora de TV. Na Band, tem uma coluna sobre sexo no programa A Noite É uma Criança. AIMÉ

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[décor]

Para fazer o social sem perder a privacidade

Para atender todas as necessidades de quem adora receber os amigos, mas também quer conservar sua privacidade, Léo Shehtman buscou realizar um projeto arquitetônico para separar a área social da parte íntima do apartamento, sem perder o luxo

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obra do apartamento na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, demorou um ano para ser concluída, o que possibilitou que não escapasse nenhum detalhe. Os revestimentos são sofisticados e há uma preocupação com a praticidade; por isso a tecnologia está em todos os ambientes, facilitando ao máximo a vida da família: em todos os cômodos o som e a iluminação são automatizados. Com uma vista panorâmica da cidade maravilhosa, a piscina é revestida com pastilhas de vidro e listelos de aço inox e possui uma deliciosa cascata d’água. Isso tudo em um deck de madeira de ipê elevado com paisagismo integrado. A churrasqueira é na verdade um espaço gourmet totalmente independente com todos os equipamentos necessários para momentos de lazer da família, sem que seja preciso recorrer à cozinha do apartamento para nada! Além da churrasqueira em aço inox, o espaço tem cooktop, câmara frigorífica, máquina de gelo e cuba com torneira gourmet italiana – sem contar a televisão de LCD que compõe o ambiente de diversão. O balcão é de vidro laminado preto e o revestimento da parede é de pastilhas de aço inox. Toda a área da churrasqueira é protegida por uma cobertura de vidro laminado com estrutura de alumínio e com tela solar retrátil automatizada. O banheiro da área de lazer mantém o padrão utilizado em toda a cobertura. O brilho nesse ambiente fica por conta dos espelhos que revestem todas as paredes. O tampo da pia em vidro temperado é combinado com a cuba de sobrepor.

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Já na parte íntima do apartamento, o conforto predomina, mas em momento nenhum fica de lado a sofisticação. O living com espaço de home theater é composto por sofás em seda sintética bronze assinados por Léo Shehtman; a mesa de centro espelhada e as poltronas de tecido de onça são Kartell, design Dolce & Gabbana; as mesinhas laterais são Philippe

Stark para Kartell; e a mesa lateral em bambu, Espaço Til. O piso de mármore branco contrasta com o tapete em lã preto e harmoniza-se perfeitamente com o papel de parede em prata envelhecido. Na sala de almoço, a mesa com tampo de vidro cinza em composição com o lustre Scatto tem o monocromático quebrado pelas cadeiras estampadas da Kartell. 26

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A cozinha tem piso em porcelanato superbianco e paredes de vidro. Para complementar, os armários da Florense são em laminado texturizado branco. Na suíte do casal, o que predomina é o tom prata. As paredes são revestidas, em parte, por espelhos e, noutra parte, com papel de parede Celina Dias em dois diferentes desenhos. A iluminação indireta é complementada pelo lustre em cascata da Scatto, a cortina e a colcha em seda são Arte Markante. A cabeceira da cama e os criados-mudos são desenhados por Léo Shehtman. O banheiro da suíte está em harmonia com o quarto. Nos mesmos tons de prata, o tampo da pia e o revestimento em pastilha de aço inox dão um brilho a mais. Os gabinetes com espelhos redondos fazem um composé com as cubas de apoio ovais prata Vallvé. Os chuveiros de teto são da Punto. O ponto que merece destaque nessa suíte é a varanda. Um ambiente para relaxar é o deck em ipê com Pretty Spa integrado ao paisagismo de Cida Barros. A poltrona Brentwood compõe a varanda. Detalhe que merece atenção na parede: a textura foi especialmente desenvolvida pelo escritório de Léo Shehtman. Léo Shehtman Arquitetura e Design arqshehtman@terra.com.br Av. General Furtado Nascimento, 740, cj. 34, Alto de Pinheiros, São Paulo - Fone: (11) 3022-6822

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O paulista Lucas Góes começou a trabalhar como modelo cedo. Há nove anos, foi descoberto por Giovanni Bianco em um estúdio fotográfico, onde sua mãe era responsável pela alimentação. Apenas três meses depois, já estava em Milão como modelo, mudou-se para Paris, de lá foi para Londres e também Roma, consolidando sua carreira internacional. Além dos trabalhos como modelo, Lucas é engajado em atividades comunitárias. Suas preocupações sociais não são apenas retórica. Ele criou a Associação Basquete Gueto (ABG) e dá aulas de basquete de rua para crianças carentes em uma ONG no bairro da Vila Madalena, em São Paulo. Os jogos de basquete diários, além da produção e promoção de campeonatos, o ajudam a manter a boa forma. Mas os exercícios não param por aí. Lutador de krav maga (sistema de combate corpo a corpo israelense) há anos, Lucas treina seis dias por semana por quatro horas diárias. “Treino nessa intensidade porque gosto e me serve como válvula de escape do estresse físico e mental. Quero ser mestre de krav maga e também acho necessário e essencial que o homem saiba defender sua vida e a de seus familiares.”

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[entrevista]

Espero que você tenha deixado como joia, no armário com seu sapato, a sua paranoia Por Nina Rahe

“Espero que você tenha deixado como joia o que sobrou da sua paranoia”, diz o personagem de Marcelo Drummond na abertura da peça O Banquete. E é o que tem feito José Celso Martinez Corrêa desde o início de sua trajetória

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m uma de suas peças mais famosas, O Rei da Vela (1967), fez sua a indicação de Oswald de Andrade e expôs todos os tabus para transformá-los em totens. Nessa atitude radical, tornou-se figura polêmica, atraindo jovens admirados e espantando, cada vez mais, os conservadores, aqueles que, segundo ele, vivem em uma “sociedade-cativeiro”. Numa sexta-feira de outubro, espanto-me com a calmaria que toma conta do Teat(r)o Oficina, distante da correria habitual nos dias de espetáculo, com o vaivém de atores, aproveitando tudo que é espaço para criação. Ali dentro, eles discutem as intervenções e mudanças necessárias na peça Cacilda!!, na época em cartaz no espaço.” “É possível você trabalhar em um roteiro de direção com eles?”, pergunta Zé Celso a Marcelo Drummond, antes de se ausentar para a entrevista. “Eu trabalho, mas sei que você depois vai encontrar problemas”, antecipa Marcelo. Com andar calmo, de roupas brancas e tênis esportivo, Zé Celso se dirige a um local mais reservado. Junto ao camarim e aos figurinos, aconchega-se ao lado da janela: “Um dia de sol me dá muito mais tesão.” 42

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Foto: Marcos Camargo AIMÉ

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Fotos: Alê Neves

Você estava comentando agora sobre o fato de que, quanto mais os homossexuais conquistam liberdade, mais cresce a homofobia; assim como, nos Estados Unidos, ter um presidente negro fez aumentar o racismo. Como é isso? Hoje os gays estão conquistando uma liberdade enorme, a ponto de se dizer que prefeito de grande metrópole é gay. Não é uma coincidência, é um processo social normal. Tivemos uma evolução muito grande e se descobriu, inclusive, o potencial do fato de ser gay, de poder se dedicar inteiramente ao governo. É diferente, de repente, de um hétero que tem aquela formação paternalista, patriarcal, que não percebe determinadas coisas. Tanto que os americanos inventaram um termo, que não tem a ver diretamente com uma conotação sexual, mas tem a ver com uma qualidade que tanto as mulheres no movimento feminista quanto os gays trouxeram: a afetividade. Eles falam em relação homossocial. Para fazer socialmente algo bem feito, eu tenho que ter afetividade. Mas com isso o movimento da homofobia cresceu muito. E, pra mim, as práticas relacionadas à homofobia ferem radicalmente a liberdade humana, ferem radicalmente o amor. Quer dizer, se o meu amor não é livre e se eu sou um sujeito que ama outro homem... O amor de um homem que ama uma mulher também não é livre, porque são amores classificados, prisioneiros. Enquanto houver uma repressão em qualquer lado do amor, não haverá liberdade. Trata-se de uma luta pela liberdade do amor. E o amor é tão grande que não pode ser julgado, está ligado totalmente ao instinto de vida, e o instinto de morte é o que tenta classificar, aprisionar. Por isso que, num certo sentido, as mulheres, os gays têm uma sensibilidade maior pra desenvolver o cuidado da vida do que as pessoas que se dizem héteros. Essas classificações vieram no século 19 e não têm nada a ver, porque o amor é muito ambíguo. Não existe o amor 44

hétero, o amor gay, o amor isso e aquilo. O amor é o amor. E a gente vai viver um determinado momento em que essas fronteiras vão cair, porque isso é ainda uma tentativa de se libertar de uma única maneira de amar; então você rotula outras, mas elas são a mesma coisa. Tanto que tem a bissexualidade e geralmente o bissexual não assume a maravilha que é poder amar os dois sexos. Pra mim é uma dádiva e pra ele é um tormento, então ele vai pro armário.

Mas como é isso? Porque, se chegará um momento em que a sociedade não vai ter mais classificações, e se, quanto mais os gays se expõem, mais cresce a homofobia... Sim, mas o que acontece é que esses movimentos inevitavelmente se tornam políticos, movimentos de poder. Portanto, é necessário impor leis e se a lei deixa impunes aqueles que maltratam os que chamam de gays... A lei tem que ser contra isso porque isso fere os direitos humanos. Não pode ter preconceito porque nós somos iguais. Pressupõe-se, numa democracia, que a lei é pra todos. E se é pra todos, nós podemos hoje reivindicar no poder uma lei contra a homofobia. Como os negros na luta deles conquistaram as leis antirracistas. A causa gay ganhou uma conotação politicamente muito forte, porque passou a ser uma causa muito ligada aos direitos humanos. Não é só defender o prazer, mas defender os direitos humanos, o princípio de qualquer ser humano poder amar. Se a pessoa não é fiel ao seu prazer, é um escravo. Quem reprime seu prazer é um suicida, um morto vivo, é indigno porque tem vergonha de si. E a única coisa que a gente pode fazer nessa vida é aceitá-la e ter amor a si mesmo. Se você gosta de homem, de mulher, de criança, de bicho, gosta de sei lá o quê, você tem que aceitar, é o seu ser. Você pode recalcar, mas você vai sofrer. Se, em vez de recalcar, você deixa vir, você floresce e se torna um ser muito mais poderoso socialmente no sentido de poder dar mais aos seres humanos e não só a si mesmo.

Recentemente você esteve na Croácia. Gostaria de saber como foi trabalhar em um país de religião católica e tão marcado pela homofobia. Como foi o processo de trabalho com os atores e de que forma o público reagiu ao espetáculo? Depois que caiu o comunismo, a Igreja Católica tomou conta. O Vaticano tem uma influência enorme lá. É uma religião de Estado, praticamente. Então

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nós chegamos à Croácia a convite do Queer Festival, que é geralmente feito para uma minoria, porque vai pouquíssima gente. Eles assistiram ao Banquete Antropofágico [em comemoração aos 80 anos da publicação do Manifesto Antropofágico, de Oswald de Andrade] e adoraram, quiseram fazer o mesmo. Eu sugeri fazer algo mais próximo: O Banquete, de Platão. Houve uma sessão de As Bacantes (1996), que tinha umas 50 pessoas inscritas. Das pessoas que viram, 90% desistiram de participar da montagem. A gente tinha uma semana pra montar uma peça supercomplexa, que eu reescrevi em versos. E aí na segunda-feira tinha pouquíssima gente, na sexta havia três pessoas e essas três me disseram que a peça não poderia ser feita porque o país era muito homofóbico, racista. Nós ficamos desesperados. Como vamos fazer? Então chegou um grupo de cantoras lésbicas da Inglaterra, que viaja muito cantando músicas da Croácia. Como elas correm o mundo, não estavam presas àquela mentalidade e conheciam algumas pessoas corajosas, que começaram a vir e tornaram possível a montagem. Mas ainda assim com muita dificuldade. Tínhamos que lutar contra a homofobia como se ela fosse algo muito concreto, porque a peça é descaradamente de amor livre. Esse amor platônico, que não tem nada de platônico, não é um amor só espiritual porque para os gregos alma e corpo são uma só coisa. Inclusive, na Grécia, as mães ofereciam os filhos para velhos, como eu, os iniciarem sexualmente e na iniciação sexual existia, por amor, a pedagogia. Uma relação amorosa em que entra corpo e alma, e a alma como sendo exatamente a vibração erótica, a eletricidade que se sente quando está com tesão. Aquela coisa que é corpo, mas não é carne. Aquele calor, aquela coisa que, aliás, acho que é o melhor do amor. O erotismo é a alma. Então chegou o dia da apresentação e nos disseram que iriam umas 20 pessoas, só que superlotou o teatro e foi um sucesso. Tanto que depois, no dia 17 de maio, que é o Dia Internacional Contra a Homofobia, eles fizeram um beijaço em frente à catedral, quer dizer, a peça encorajou isso.

Quando você fez Andorra – e também em outros trabalhos – o tema central do texto era a desmistificação do preconceito em geral, o problema de se atribuírem às pessoas ou grupos sociais características que eles não têm. No caso do Oficina, até onde a imagem das orgias, nudez e sexualidade é real e até onde foi atribuída?

A gente cultiva a orgia porque a base do teatro é a orgia. O teatro vem da orgia, como na grande época brasileira do carnaval os sambas eram de orgia. Tem uma série de sambas sobre orgia, um mais lindo que o outro. É a comunhão, é a mistura, que pode levar a um encontro sexual ou não. E a gente quando faz teatro – eu detesto teatros pra categorias, por exemplo, infantil, terceira idade, gay, operário, acho que o teatro tem que interessar a qualquer classe, a qualquer pessoa, de qualquer idade – tem que atingir um ponto, que é universal, e pra atingir esse ponto tem que tocar nos tabus e transformar os tabus em totens. Tudo aquilo que é proibido, que é tabu você inverte. Nosso teatro, acima de tudo, é um teatro dionisíaco e carnavalesco. O que é o carnaval? A inversão dos valores e, nessa inversão, o valor que está por baixo vai para cima e se autocoroa. Ele passa a ser o poder. O teatro é ligado à feitiçaria, à sensualidade e à orgia. Então, eu me orgulho de nosso teatro cultivar a orgia porque a orgia é a coisa mais democrática que existe. É o amor à multidão, é o amor ao carnaval, à cultura popular, à igualdade. E a pessoa que é capaz de amar muitas pessoas – eu sou capaz –, eu acho isso maravilhoso. Tenho a maior admiração pelas putas, que são capazes de dar amor, mesmo se for por dinheiro, e também pelos putos.

O Oficina sofre muito preconceito? Principalmente a partir do Rei da Vela, a partir do Manifesto Antropofágico, Oswald de Andrade diz: vá diretamente ao tabu, vá ao proibido, vá ao limite. A gente, em todas as peças, traz, na festa e na alegria, os tabus e os transforma em totens, coroa eles. Tem uma parte do público, principalmente a juventude, que se encanta com isso. Agora o público burguês, que vive em cativeiro e está acostumado a essa escravidão, essa visão de papai, mamãe e o pederasta eterno, com aqueles valores super-restritos, no que chega aqui, espatifam-se os valores. Tem uma cena, por exemplo, em Os Bandidos (2007), em que o Papa é enrabado numa praça de Roma, mas isso tudo é pra tocar no tabu, porque eles fazem isso com a gente. Eles amaldiçoam o sexo. Por que a gente não pode fazer com eles? É tudo brincadeira, é carnaval. E a gente nem faz por maldade, acho que o Papa seria felicíssimo se ele tomasse no cu. Porque pra mim é um conselho tântrico, é uma coisa que faz muito bem. Eu tenho impressão de que Cristo com aqueles 12 apóstolos devia passar bem. Deviam existir transas ali. Todo esse lado é um lado obscuro que a gente traz à tona, porque a gente acha que a AIMÉ

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vai contra a época. E essa ideia de fazer em capítulos é uma reeducação do público. Inclusive, nós fazemos com que o público atue também, porque a magia, só entende quem está dentro, como no amor. A pessoa que entra no barato e participa não cansa. É um teatro muito específico, muito novo, é algo que depende dessa interação com o público. E, praticando ele, a gente sabe que é um teatro que está mais próximo do gosto que tem o futebol, do gosto que tem o carnaval... Porque esse teatro que está estabelecido, eu tenho a impressão de que está completamente condenado à morte, condenado a ser uma coisa pra essa classe que desistiu da vida e que vive em cativeiro. sexualidade, a sensualidade são coisas muito ligadas à liberdade e à afetividade. Agora existem pessoas que têm medo. E, além disso tudo, as peças são longas e os bancos não são confortáveis. E elas estão acostumadas àquelas peças nas quais as pessoas da minha idade, mas caretas, vão lá, compram os ingressos, ficam 1h30 e não acontece nada, porque as peças são sempre de autoajuda, não querem transformar, trazer a vida, são peças contra a cultura. Eu não sou contracultura. Eu sou a favor da cultura. Esse tipo de cultura de curral, de cartório, de classe, esse tipo de cultura é contracultura. Nos chamaram de contracultura, mas nós estávamos naquele momento defendendo a vida, a liberdade de fumar maconha, de viajar de cogumelo, de expandir a consciência, de expandir a relação amorosa, de desenvolver a relação com a natureza etc.

Você costuma dizer que o tempo do teatro é o tempo do retorno, o tempo do amor, que está além do que marca o relógio, que faz com que o público saia modificado. Porém, muitas pessoas deixam de assistir a seus espetáculos porque não aguentam permanecer tanto tempo. Isso seria um problema? As peças têm que ter essa duração? Não é que têm que ter. Essas peças têm essa duração porque têm. Talvez a gente faça as próximas em capítulos, porque realmente o público não tem o que o ator chama de atletismo afetivo. E foi criado um preconceito com isso também. No começo era um sucesso, Ham-let (1993) foi um sucesso, tinha seis horas, Os Sertões (2001) foi um sucesso, já em Os Bandidos tivemos problemas e agora ficou um pouco carne de vaca. E a gente não tem uma equipe que possa fazer uma propaganda maior nem as condições dessas companhias que fazem monólogo. Aqui temos 58 pessoas numa era de monólogos. Então é uma coisa que 46

Em outras entrevistas, você já declarou que busca em seus trabalhos o despertar do corpo, que é totalmente reprimido e domesticado. De que forma acontece esse despertar com os atores do Oficina? O ator precisa despertar no corpo tudo que é possível. O James Dean tem uma frase muito bonita, ele fala: não basta simplesmente experimentar aquilo que você topa na vida, tem que ir atrás das experiências mais radicais para poder experimentar a condição humana, em todas as dimensões. E isso relativo a tudo, ao amor, à comida, a lugares, a viagens. Quer dizer, o ator não pode ser um cabaço. O primeiro rito do ator do teatro grego, aliás, que está em As Bacantes, é o descabaçamento. As Bacantes fazem orgia com Dionísio, o comem sexualmente e depois o estraçalham e ele renasce como Apolo. E é o processo da uva, amassar pra virar vinho. Então você tem que mudar sua anatomia, desconstruir seu corpo ocidental, cristão, que acha que a cabeça comanda tudo. Esse corpo que não desenvolve a escuta, o cheiro, a sensibilidade, você tem que desconstruir, descabaçar, matar ele. É um processo de morte no teatro. Para adquirirmos um corpo mais livre, nós temos que nascer e morrer várias vezes e é assim a vida.

Você trabalha predominantemente com jovens. Existe algum motivo? A cultura ocidental branca tem um desprezo muito grande pelos velhos, tem muito preconceito e não imagina o que sabe um velho. E há velhos que se conformam com isso, abaixam a cabeça e engolem o saber pra si. Eu não, eu troco, eu antropofagio e sou antropofagiado e acho que todo velho devia fazer isso. É muito natural o amor de velho por jovem. É natural por causa dessa troca de tempo. É

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No Oficina, a sexualidade aparece também como algo sagrado. “O melhor figurino para o teatro é o corpo nu”, você já disse. Como surgiu essa percepção? Desde criança eu achava lindos os índios brasileiros pelados, depois o Renascimento quando redescobre o corpo humano. Acho lindo também na Grécia o culto ao corpo humano. Acho que é a coisa que a gente tem que tratar bem e tem que se orgulhar. Não vejo por que o corpo não possa existir publicamente. É uma coisa ligada ao cristianismo, essa coisa de se cobrir, mascarar-se, classificar-se. Eu acho bonito e, esteticamente, não sou o único que acha. A maior parte dos grandes artistas aceita o corpo humano. Existe essa estética do corpo, não fui eu que inventei, é anterior a mim, muito anterior.

Você está com 72 anos. Para o artista, o que se ganha e o que se perde com o avançar da idade? Naturalmente, eu sou cardíaco e não posso pular, por exemplo. Mas eu tenho uma coisa muito desenvolvida que é meu corpo elétrico. É uma das coisas que resulta desse tipo de prática corporal ligada à maconha, guaraná em pó, alucinógenos que não posso tomar mais, mas já tomei demais, à meditação, aos exercícios. Esse tipo de corpo desenvolve o corpo elétrico que me mantém vivo. Então, à medida que vai pifando o coração, ele é recompensado por outras coisas. Uma coisa que eu não tinha até uns anos atrás e ganhei foi a percepção, mas é porque eu cultivo isso. Vejo que há muitas pessoas da minha idade que não têm percepção, que têm consciência. Têm consciência de que têm que deixar a casa fechada senão entra ladrão, mas não têm a percepção de que vivem numa sociedade cativeiro, todo mundo preso com medo do outro. Percepção é isso, é você ver além. Muitas vezes a consciência é uma prisão, porque a consciência está ligada à linguagem e a linguagem em si é uma prisão, o nomear das coisas.

Foto: Lenise Pinheiro

muito importante, é outro tipo de amor. Foi delicioso transar com a minha geração, minha geração que fez esse teatro, mas depois isso vai mudando e você vai acompanhando a mudança. Você não resiste, eu odeio essa palavra, eu re-existo. Eu morro e nasço de novo pra acompanhar a evolução dos tempos, ou a involução das coisas. Existem coisas que involuem também, mas você tem que comer elas e ir indo, levando.

Qual é o personagem que você vê quando se olha no espelho? Cada dia eu me acho mais parecido com o Woody Allen. Tô percebendo minha velhice se desenvolvendo um pouco mais rapidamente este ano. Quando você olha no espelho, é uma coisa passiva, mas é uma coisa ativa. Por isso que o ator trabalha em frente ao espelho, ele vai se transmutando. Você pode mudar seu interior, a sua cara através do espelho. O espelho não é só o passivo.

E nessa atividade, o que você muda? Por exemplo, todo dia quando eu vou tomar banho, eu passo shampoo e falo: sai dia anterior, começa hoje de novo como se fosse o sol que nasce e morre todo dia. Então sai. Eu gosto de ter a percepção de que a cabeça está sendo limpa, o corpo, tudo. Então você vai se aprontando para a surpresa de cada dia. A única coisa que eu acho fundamental na vida é o espírito criador. É o deus em que eu acredito, é o deus criador. Você tem que criar, então tem que manter acesa a criação, que tá muito ligada ao desejo, ao tesão. Não só por pessoas, como pela natureza. Por exemplo, um dia de sol me dá muito mais tesão do que um dia sem sol. Mas sem sol, eu tenho que criar dentro daquela falta de sol. Nada me pode ser não produtivo. Eu tenho que aproveitar tudo. Essa energia está ligada à imortalidade. Você morre e se transforma em alguma outra coisa. Que nada se perde, tudo se transtorna. Você vai virar... sei lá... Eu gostaria de passar numa máquina de moer carne e ser jogado para ser comido. Mas de qualquer maneira você é comido pelos vermes, e você é metamorfoseado em alguma coisa, e você faz parte da vida. Eu acredito que o espírito da criação é imortal, aquele que faz brotar as primaveras, faz brotar a vida e que, se não tá em mim, neste corpo, vai estar em você, nesse outro corpo. Confira a agenda de espetáculos no site teatrooficina.uol.com.br AIMÉ

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Um artista essencialmente

POP

Por Marco Túlio Neves

Washington Ramos Filho, mais conhecido como Neno, curtiu sua infância toda em São Paulo. Até os 5 anos, morava junto com as três irmãs mais velhas em uma casa de quintal grande, onde os quatro pintavam o sete. Neno Ramos, como mais novo dos irmãos, servia de cobaia ou dublê para várias brincadeiras e experiências infantis. Se alguém iria se dar mal, esse alguém era ele, mas isso sem mágoas ou rancores, pois fazia parte da brincadeira. Nos finais de semana, costumava frequentar o Clube de Campo de São Paulo, onde tinha uma grande quantidade de amigos. Lá participava de campeonatos de futebol, tênis, pesca e andava livre e solto pelos 52 alqueires do clube localizado às margens da represa de Guarapiranga. Segundo Neno, aquele clube era praticamente uma fazenda familiar e foi ­explorado pelo artista até os 14 anos de idade.

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Os primeiros traços vieram ainda quando criança e as inspirações eram os super-heróis, os carros e as máquinas que povoavam sua imaginação. Por muitas vezes desenhava brinquedos e carros que não existiam, mas que gostaria que existissem e que fossem fabricados para uso exclusivo. Para ele, “o gosto pela arte já faz parte da composição do DNA”. Aos 10 anos, sua mãe teve uma sociedade relâmpago em uma loja de antiguidades e, a partir desse período, Neno passou a acompanhar a mãe na ida a antiquários, lojas e leilões. Lá ficava escutando assuntos que penetravam na sua cabeça como que por osmose. Nesse período, ficou impressionado com os gobelins e com os quadros e gravuras de artistas brasileiros (acadêmicos das décadas de 1970 e 1980), e a partir dali começou a economizar sua mesada para comprar gravuras. O interesse pela arte cresceu tanto que passou a frequentar sozinho bazares de trocas de antiguidades. “Naquele momento, a semente estava lá, plantada, só faltava ser regada”, conta. Já no mundo das artes começou a identificar-se com a linguagem pop de Claudio Tozzi, e com o estilo de artistas como Newton Mesquita, Rubens Gerschman, Antonio Peticov, Granato, Aguillar. Sem contar as abstrações de Mabe, as marinas de Ademir Martins e as musas de Guilherme de Faria, Daro e Juarez Machado. Mas foi somente em 1990, em uma visita a Paris, em uma retrospectiva de Andy Warholl, no Beaubourg, que Neno teve a certeza de que aquele era o seu estilo: o pop. 50

Dali em diante a inspiração passou a ser o próprio estilo e não mais os trabalhos realizados por alguns artistas. Hoje, ao se deparar com uma obra, fica fácil evidenciar o estilo pop ou até mesmo algumas atualizações identificadas como neopop, mesmo que alguns trabalhos apresentem técnicas diferentes das espatuladas e pinceladas a óleo, numa aproximação com o impressionismo no que tange às cores e à distância necessária para se observar. Os primeiros trabalhos no estilo neopop surgiram da impressão sobre uma tela de imagens reticuladas, utilizando tinta acrílica. Para produzir o efeito de retícula, Neno passava a imagem no fax na função cópia e assim obtinha a imagem reticulada que servia de base para fazer o fotolito. Quanto mais fosse ampliada a retícula, mais bonitos eram os resultados. Foi então que começou a utilizar o computador para fazer a reprodução pontilhada do desenho e produzir o fotolito e, em uma terceira etapa da evolução, começou a produzir e desenhar a imagem no próprio computador, para depois imprimir na mídia selecionada. “Quando começo um trabalho, ele já foi concebido e executado. Está pronto em minha cabeça. Mas na prática o início é a seleção ou captura de uma fotografia (analógica ou digital). Dependendo do resultado, inicio as alterações, que poderão ser feitas a mão, no fax, no xerox, no scâner ou mesmo no computador, até atingir o que fora pré-concebido”, explica. Em alguns trabalhos, Neno utiliza apenas uma dessas ferramentas; já em outros faz uso de várias ou mesmo de todas.

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O fato de gostar muito de pesquisar novas tecnologias, experimentar ou criar novas técnicas e materiais para seu trabalho acabou resultando na sua técnica mais recente: a colagem de chapas de acrílico previamente recortadas, formando assim a imagem. Confira a obra Pelé. Hoje, Neno procura passar em suas obras cenas do dia a dia e imagens do cotidiano. Passou a pintar porque tem vontade, tendo o maior compromisso consigo mesmo e sempre acreditando que o público irá sentir essa verdade. Seus colecionadores costumam ser descolados, variando desde formadores de opinião até pessoas de espírito jovem. Até mesmo as crianças já foram contaminadas pela arte de Neno, prova disso é que o artista ganhou o Prêmio Tods and Kids na conceituada exposição de arte contemporânea brasileira Chapel Art Show, que acontece na escola Maria Imaculada - Chapel School há quase 40 anos, sempre contando com a participação de várias galerias paulistanas e artistas consagrados. Os juízes do prêmio são 300 crianças e adolescentes que elegem os seus artistas favoritos. Este talvez seja mais um motivo para seu trabalho ser chamado de pop, agrada pessoas de todas as idades e tanto da classe E quanto da AA. Para o futuro, o principal objetivo é expandir os limites geográficos. Em novembro, o artista terá uma exposição individual em Londres, na Camden Art Gallery, que fará parte da mostra itinerante Expo Ícones – exposição exclusiva do artista, que tem como ícones retratados Gisele Bündchen, Mona Lisa, Elton John, além de sua famosa série “Roses”. Já em dezembro levará a sua série “A Viagem de Mona Lisa ao Brasil” ao Louvre, ao Salão Internacional da Sociedade Nacional de Belas-Artes de Paris.

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Aberto

24h

Breve:

Consulte nossa programação no site:

www.clube269.com.br

R. Bela Cintra 269 tel. 11 3120-4509


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Eu, tu, eles Por Fernanda Faria

Ainda encarado por muitos como uma prática obscena, o swing ganha cada vez mais adeptos. Saiba como tudo acontece entre as quatro paredes Em geral são casas grandes, vistosas. Nas fachadas apenas um letreiro indicando o nome do local. As casas são espaçosas, aconchegantes. São feitas para que o cliente se sinta em um lugar feito para relaxar. É um ambiente informal. A meia luz predomina em todos os ambientes. Muitos bares, pistas de dança e um palco. Logo adiante um corredor. Andando por ele é possível observar portas que levam às salas privativas. De dentro dessas salas, podem-se ouvir respirações ofegantes. Essas são apenas algumas características dos clubes de swing. O assunto é polêmico, isso é fato. Mas vamos explicar primeiro: o swing é basicamente a troca de casais em relações sexuais, mas não se limita a isso. A prática pode envolver apenas três pessoas, num ménage à trois, ou até várias numa grande orgia. Fica a critério dos swingers.

A descoberta A vontade de viver novas experiências, de sentir o prazer através da libertação sexual e a curiosidade são o que motiva casais gays a frequentar grupos e casas de swing. Foi exatamente assim que aconteceu com Diogo*, 25 anos. Seu namorado foi o grande incentivador. “Sempre tive curiosidade de praticar, mas tinha medo e até um pouco de vergonha de não saber como iria ser. Quando conheci o meu atual parceiro, em uma dessas conversas sobre fantasias, ele me disse que já tinha feito, me expli-

cou como funcionavam as festas de swing e como era o relacionamento com os casais. Fiquei curioso e resolvi experimentar.” O paulistano relata que no início ficava um pouco preocupado com o fato de ver seu parceiro tendo relações sexuais com outro homem e que também tinha medo de ter uma reação negativa diante da situação, mas hoje vê que era apenas a falta de costume que fazia com que ele se sentisse assim. “Eu sempre me perguntava como seria o dia seguinte, como seria olhar para o meu parceiro sabendo que ele transou com outra pessoa. Mas no swing eu transo com outras pessoas também, é uma troca. Não é traição, é uma escolha, é um modo de se divertir com o sexo, de ter prazer e tem que ser feito com segurança para não se machucar em relação aos sentimentos e até à saúde. Sabemos que o que acontece ali fica ali, e não levamos pra casa as outras pessoas, não levamos para dentro da relação o que se passa na festa. É preciso saber separar as coisas, porque senão pode se perder o controle e isso não é saudável.” O casal vai sempre a festas e eventos de swing que são realizados aos finais de semana em uma casa comum localizada no bairro de Moema, zona sul da capital. Tudo com muita cautela e discrição, pois o ritmo de vida acelerado não permite tanta badalação. “Conhecemos casais que frequentam esses eventos todos os fiAIMÉ

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nais de semana, e essa convivência fez com que nos tornássemos amigos. Mas sempre optamos por ser mais moderados, até pelo estilo de vida que temos: é muito trabalho, preocupação com a saúde e com o corpo.”

A experiência Um belo dia as festas e as fantasias sexuais passam a ser uma intimidade dividida apenas com o seu parceiro, única e exclusivamente com ele. O encantamento e o fetiche de poder dividi-lo com outra pessoa ficam para trás. Com o mineiro Antonio*, 35 anos, foi assim. Um dia ele sentiu que o prazer que buscava não estava mais em casas de swing. “Isso aconteceu gradativamente. Cada vez que ia ao clube sentia menos vontade de participar das festas. Os meses foram passando até que um dia eu e meu parceiro não sentíamos vontade de ir ao clube.” Durante os dez anos em que foi um swinger, o mineiro frequentou um clube localizado na região central de Belo Horizonte. Era o único clube da capital que reservava uma noite de sua programação para casais gays. Atualmente, a casa não realiza mais noites para gays. O motivo: outros frequentadores da casa – casais hetorossexuais – sentiam-se incomodados com o fato de saber que casais gays frequentavam o mesmo local que eles. Antonio sempre gostou do que fazia e nunca se sentiu uma pessoa promíscua. Ele apenas estava em busca de algo diferente para esquentar a relação com seu parceiro. “Muita gente acha que o praticante do swing é alguém que não se cuida, que faz sexo com inúmeras pessoas e não liga pra saúde e higiene. Não funciona assim. Acho que posso afirmar que o swinger é tão higiênico quanto qualquer outra pessoa. Se eu estou ali, com pessoas que estou conhecendo naquele momento, é obvio que terei o máximo de cuidado na hora da relação sexual.” Hoje, Antonio sente que aproveitou tudo o que poderia no tempo em que foi frequentador assíduo das casas de swing, e muito do que aprendeu por lá agora é colocado em prática em casa. “Nos divertíamos muito e era sempre muito gostoso. Mas hoje não sentimos mais o desejo e a vontade de praticar o swing. Tudo o que eu sei quero praticar somente com ele. Sei que posso apimentar a minha relação aqui em casa, entre quatro paredes, só nós dois.” 56

A noite Só aqui na capital de São Paulo são cerca de 250 casas. No entanto, não há distinção entre casas para o público LGBTT e heterossexual para a prática do swing. Em muitos clubes e bares a programação não é direcionada ao público gay masculino. O que predomina ainda é bi feminino. Foi pensando no público LGBTT que o empresário carioca Marcos Entrenós, proprietário da boate 2a2, criou no ano passado a All Cups Party, uma festa voltada para casais gays que foi um sucesso de público. “A festa foi a novidade do verão carioca e atraiu muitos casais para a casa.” Porém, o empresário diz que é difícil que casas de swing abram espaço para noites voltadas para casais gays: “A bissexualidade feminina é aceita e é um padrão do swing. Geralmente o primeiro contato é de uma mulher com a outra. Já homem com homem não acontece. As tribos não se misturam.” Casais gays que são adeptos do swing preferem se manter mais reservados, pois o estereótipo de que os gays que frequentam lugares assim são promíscuos e libertinos ainda é muito forte. Uma pesquisa realizada em junho de 2008 pela Fundação Perseu Abramo através do Núcleo de Opinião Pública (NOP) revelou que, das 2.014 pessoas entrevistadas, 57% acreditam na afirmação de que “quase sempre os homossexuais são promíscuos, ou seja, têm muitos parceiros sexuais”. O que muitos veem como um ato obsceno nada mais é do que uma maneira de suprimir suas vontades e desejos íntimos. E Diogo enfatiza: “Não exponho que sou praticante de swing. Não acho legal alguém chegar numa roda de conhecidos e dizer: ‘Oi, eu pratico swing!’ É desnecessário. Claro que se a pessoa vier conversar sobre isso – e eu me sentir à vontade – vou falar, mas não temos que carregar os rótulos.” Apesar de todas as tentativas de fazer com que a prática do swing por casais gays seja pelo menos respeitada, a dificuldade ainda é visível. Os gays são tão praticantes quanto os héteros e ambos merecem seu espaço e importância. A hipocrisia e o preconceito rondam esse tema; a melhor maneira de evitá-los é procurar entender a situação em vez de fugir dos questionamentos. *Os nomes foram alterados a pedido das fontes.

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“ Suzano nunca mais será a mesma.”

Av. Jaguari 300- Bairro Boa Vista - Suzano

O Primeiro Condomínio fechado de casas populares

GLS

Financiamento

31 casas

à preços populares para a comunidade GLS Área total do condomínio:

7.850 m²

Casas com 48,50 m² construídas em terrenos variáveis à sua escolha com sala, cozinha americana, dois quartos, banheiro, lavanderia coberta, área de serviço, jardim com jardineiras, uma vaga de garagem, salão de festas, árvores frutíferas de amora e ameixa em todas as casas, atendimento de portaria 24h. Pronto para morar, ar puro e excelente localização, ao lado do comércio local.

Arquiteta Responsável: Angela Pelosi | Informações: 11 5522-7266 / 11 9982-0852

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Short Adidas

Fotos e Tratamento: Tiago Farina / Styling: Leandro Lourenço / Direção Executiva: Gelbh Costa

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Camiseta Bunnys, tênis Nike para Doc Dog


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Camiseta Levi’s, short Anny Futuri


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Short Adidas, tênis Nike para Doc Dog


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Sunga Marcelo Ferraz

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Nunca há de faltar...luxo! [luxo de A a Z]

Raphaella B. Rodrigues

Celular Dolce&Gabbana é projetado como joia Domenico Dolce e Stefano Gabbana acabam de assinar uma edição limitada de aparelhos celulares da fabricante sueca Sony Ericsson. O celular, folheado a ouro 24 K, foi projetado para ser uma joia e tem o tamanho de 73 mm (menor que um batom). Em formato de concha e na cor rosa, o produto é acompanhado de três bolsinhas em seda no mesmo tom, que servem para proteger o telefone ou guardar o carregador. E tem mais: câmera de 3,2 megapixels, internet, gravação de vídeo, rádio FM estéreo, music player (com Bluetooth™ estéreo, PlayNow™ e TrackID ™), tecla para espelho (é possível conferir o visual antes do seu encontro), contador de passos Walk Mate (veja o quanto você caminhou enquanto estava no shopping) e, ainda, o fone de ouvido também possui detalhes em ouro. Preço sugerido: ainda não definido Mais informações: www.sonyericsson.com

Estilo e tecnologia A marca californiana de relógios e acessórios Nixon lança os modelos de Rubber Player para quem gosta de combinar tudo e não dispensa a qualidade. Desejados por unir luxo e alta tecnologia, proporcionando um estilo único com design jovem, os relógios de aço inoxidável e pulseira de policarbonato e silicone são encontrados em várias cores. Preço sugerido: R$ 688,00 - Onde encontrar: Billabong. Rua Oscar Freire, 909, São Paulo, SP Fone: (11) 3081-2798 64

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Dois em um Já pensou em unir a tecnologia de um pen drive com a utilidade de um isqueiro? Quem gosta de inovações vai adorar o isqueiro com pen drive Colibri. Além de ter chama potente, o que favorece o acendimento de charutos, cigarros e incensos, o isqueiro é dobrável e discreto e a unidade de armazenamento de dados comporta 128 MB. O isqueiro pen drive pode ser recarregado com fluido e possui um estilo clean, elegante, preto e com detalhes cromados. Sua dupla função é um diferencial que deve fazer sucesso entre os apaixonados por charutos e tecnologia. Preço sugerido: R$ 938,00 - Mais informações: www.azzurro.com.br Fone: (11) 2675-1097 / (11) 3798-9644

Animação garantida para receber amigos Diversão individual ou certeza de entretenimento na hora de receber um grupo de amigos, o jogo de dardos pode ser uma ótima opção durante uma tarde ou um pós-jantar. A brincadeira agora se tornou mais divertida e pode se transformar em competição com o Dardo Eletrônico, que soma os pontos adquiridos de até seis jogadores, estabelece níveis de dificuldades e emite sons para acertos e erros. Preço sugerido: R$ 810,00 Mais informações: www.azzurro.com.br Fones: (11) 2675-1097 / (11) 3798-9644

Creme combina arte com tecnologia Uma equipe selecionada de cientistas dos laboratórios La Prairie realizou pesquisas por mais de seis anos para criar o Cellular Cream Platinum Rare. Verificou-se que a platina chegou ao planeta Terra há 2 bilhões de anos, através de uma chuva de meteoros de uma estrela distante. Segundo os pesquisadores, ela teria poder energizante e suas partículas poderiam se adaptar aos mecanismos do tecido humano, proporcionando efeito antienvelhecimento à pele. A marca suíça resolveu apostar num ativo tão poderoso e a mais nova descoberta científica na cosmética internacional foi adicionada à produção de um creme facial. O creme proporciona uma aparência jovem e renovada à pele; melhora a hidratação, a proteção e a receptividade de nutrientes; hidrata a pele de acordo com a sua necessidade, ajustando a umidade e a temperatura; e preserva o mecanismo de reparo do DNA da pele, prevenindo contra os estragos que podem resultar no seu envelhecimento. O La Prairie Cellular Cream Platinum Rare também foi cuidadosamente pensado em sua embalagem, produzida artesanalmente. Cada frasco foi lapidado à mão, combinando formas geométricas clássicas com o minimalismo do século 21. Preço sugerido: R$ 3.650,00 para 50 ml - Mais informações: www.laprairie.com AIMÉ

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Relógio comemora chegada do homem à Lua A chegada do homem à Lua completou 40 anos em julho. Mas o que poucos sabem é que um relógio Omega também estava presente nesse momento. Neil Armstrong pôs o pé na superfície lunar às 02:56 GMT de 21 de julho e, 19 minutos depois, foi a vez de Buzz Aldrin, que estava com seu Omega Speedmaster. Para comemorar esse feito histórico, a Omega lança agora dois modelos Speedmaster Professional Moonwatch Apollo 11 “40th Anniversary, de edição limitada: um em aço, com medalha de prata sterling (com 7.969 exemplares, pode ser encontrado na Amsterdam Sauer); o outro, de platina, com medalha em ouro amarelo de 18 K (com 69 exemplares, estará disponível na Boutique Omega em Nova York, que ainda será inaugurada). Edição em aço: o pequeno segundeiro tem a forma de um medalhão que reproduz o famoso distintivo da missão Apolo 11: uma águia desce à superfície lunar, portando em suas garras, como sinal de paz, um ramo de oliva e, ao longe, na parte superior do horizonte, se vê a Terra. Os ponteiros de horas, minutos e o segundeiro central do cronógrafo, com ponta vermelha, estão recobertos com Superluminova. Os ponteiros dos contadores do cronógrafo para horas e minutos são brancos e o do pequeno segundeiro, acetinado e rodiado, oferece um atraente relevo sobre o medalhão ligeiramente recuado desse contador. Edição em platina: a caixa e o bracelete, com sistema de parafuso e pino, são de platina, e o medalhão e o ponteiro do pequeno segundeiro são em ouro amarelo 18 quilates, igual ao medalhão do fundo da caixa. Os ponteiros de horas e dos contadores de 30 minutos e de 12 horas são de platina. Esta elegante versão também é entregue com uma medalha, de edição limitada e numerada, em ouro amarelo 18 K e 42 mm de diâmetro, com o escudo da missão e a frase “APOLLO 11, 40th ANNIVERSARY” gravados no anverso. Preço sugerido: sob consulta Mais informações: www.amsterdamsauer.com 66

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Bom gosto Bem conhecidos dos amantes da culinária, os temperos e condimentos são responsáveis pelo sabor e aroma de muitos pratos. Pensando nisso a Latinex International lança no mercado brasileiro os inovadores produtos gourmet da marca sul-africana NoMU. Exportados para mais de 35 países, os produtos da NoMU são compostos pelas linhas de condimentos e utensílios Rubs, Grinders, Stir, Vanilla, Dippers e Chocolate, cada uma indicada para um tipo de alimento. Tudo criado para tornar a vida na cozinha mais prática e exótica.

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Rubs (R$ 34,32): dá um toque especial a carnes, peixes e vegetais e ainda pode ser utilizada como base para molhos e vinagretes (marinados). Grinders (R$ 35,25): esta linha possui três versões de moedores de temperos e especiarias. Stir (R$ 39,50): com duas versões de bases para molhos pesto ou bruschetta. Vanilla (R$ 79,70): a linha NoMU traz também um produto inédito no País, o extrato e pasta de vanilla (100 g), elaborados com baunilha bourbon de Madagascar, o que lhes confere um sabor especial.

Chocolate (R$ 51,16): chocolate em pó com 60% de sólidos para chocolate quente. Preços sugeridos: R$ 34,32 a R$ 79,70 Onde encontrar: São Paulo: Galeria dos Pães, Casa Santa Luzia, Empório La Rioja, Metapunto, Galeria do Bacalhau, Zaffari. Curitiba: Oli Gastronomia, Casa Fiesta, Celeiro Municipal, Empório 4 Estações. Rio de Janeiro: Lidador e Supermarket. Belo Horizonte: Super Nosso e Verdemar. Mais informações: www.nomu.co.za

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Holofotes para a organi z Por Nina Rahe

“Meu nome é Harvey Milk e eu quero recrutá-lo”, dizia o ativista gay que marcou a história dos Estados Unidos ao ser eleito como supervisor de seu distrito, em São Francisco, na Califórnia, tornando-se o primeiro homossexual ativista que conseguiu exercer um cargo no serviço público norteamericano

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i zação do público LGBTT

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as não foi só isso. Num bairro operário do distrito de Castro, em São Francisco, Milk organizou os moradores gays, buscando aliados em diversos grupos sociais, e transformou a Rua Castro em vaivém de todos os simpatizantes da causa LGBTT. Sua loja de revelação fotográfica foi ponto de encontro para decisões políticas e militâncias. Em alguns aspectos, São Paulo não está tão distante de São Francisco. É aqui que acontece a maior parada gay do mundo. Segundo a Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT), 3,1 milhões de pessoas compareceram à 13ª Parada. Ainda assim, uma pesquisa realizada pelo Grupo Gay da Bahia – mais antiga associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais no Brasil –, publicada no relatório Assassinatos de Homossexuais no Brasil, em 2005, mostra que o Brasil se destaca com seus índices homofóbicos no cenário mundial. Na lista de 25 nações sobre as quais há informações disponíveis, o Brasil assume o vergonhoso primeiro lugar, com mais de cem crimes homofóbicos por ano. (Confira a matéria “A pior manifestação: o preconceito”, publicada na edição nº 9 e disponível em nosso site: www.revistaaime.com.br.) Foi no mesmo ano de publicação dessa pesquisa que Douglas Drummond, proprietário do Clube 269, retornou de São Francisco. Entusiasmado com a “liberdade organizada” presente na cidade norte-americana, o empresário voltou com o objetivo de fundar o Casarão Brasil – Associação GLS. Segundo ele, enquanto São Francisco conta com 800 mil moradores (número equivalente ao da cidade de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo) e 22 Gays Lesbians Centers, São Paulo não possuía nenhum. “São Paulo tem a maior comunidade gay e não tinha nenhum centro destinado a tal público. O Casarão é o primeiro”, explica Douglas.

Na Rua Frei Caneca, demoro a encontrar o nº 1.057. Paro em frente a uma sanduicheria, onde, pelos meus cálculos, deveria ser o número que procuro. Com mais atenção, vejo os holofotes que iluminam a escada, localizada no canto direito. É lá mesmo: as luzes clareiam o cartaz do Casarão Brasil – Associação GLS. A casa ainda está vazia e parece que fui a única convidada para o evento que estava marcado para acontecer às 19h. “De acordo com o Instituto Nacional de Câncer – Inca, o número de novos casos de câncer de próstata estimado para o Brasil no ano de 2008 é de 49.530 (válido para 2009)” é a legenda de uma das obras da exposição A Cueca, que tem como objetivo promover a integração entre arte e saúde. Acima da legenda, está um manequim vestindo uma cueca repleta de sinais de trânsito (obra Caminhos, de Mirthes Bernardes). Em frente ao pênis, um semáforo indica a parada: o vermelho. A exposição, sem dúvida, evidencia o objetivo do Casarão Brasil, que é unir todas as associações e se tornar um espaço de reuniões e encontros para a promoção e aceitação da homossexualidade. E mostra resultado. A impressão de pouca divulgação que tive ao chegar é logo desfeita. O espaço rapidamente está repleto de gente, independentemente do sexo, da idade e da identidade sexual. A experiência em São Francisco, com certeza, foi o que propiciou a idealização do Casarão por Douglas. Com o primeiro passo realizado, agora não faltam novos projetos. Entre eles, está a criação do cadastro nacional da população gay (pessoas físicas/jurídicas/ONGs); a criação de um banco de dados (apurar número de pessoas, quantidade de empregos gerados, quantidade de impostos arrecadados), para também possibilitar a realização de um banco de empregos; transformar a Rua Frei Caneca em logradouro AIMÉ

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oficialmente gay com projeto urbanístico, criação de abrigos para mendigos gays, criação de uma casa para abrigar os gays na melhor idade etc. Foi também observando as diferenças nas formas de contato com o público LGBTT, que Douglas pôde aprimorar a maioria de suas ideias. Para ele, o grande problema, principalmente na área de saúde, é a abordagem. Contando a história de um amigo HIV positivo, ele explica que ao chegar a uma unidade de saúde, a primeira pergunta que o paciente ouve é: “Você usa camisinha?” No caso do amigo, a resposta foi seca: “Claro que não, se usasse não teria HIV.” Foi então que Douglas chegou à conclusão de que, se uma pessoa não usa camisinha, certamente irá evitar as unidades de saúde repletas de informativos e cartazes alertando sobre a importância do uso do preservativo e da consciência para impedir a transmissão de doenças. O projeto de construção de uma unidade de saúde dentro do Casarão Brasil pretende focar no atendimento diferenciado. Ali, somente profissionais homossexuais realizarão os atendimentos: serão psicólogos, dentistas, médicos etc. E o tratamento será feito de forma anônima. “Todos os órgãos pedem os dados para fazer estatística. A gente quer ter a estatística de qual a porcentagem da população homossexual que não quer se identificar.” Ele continua: “Se o paciente tiver sífilis e depois apresentar novamente a doença, irá tratar novamente. O mesmo prazer em entrar numa boate gay e não ter ninguém te identificando ou recriminando acontecerá no hospital.”

Câmara de Comércio LGBT “Vamos parar de consumir alguma cerveja!”, disse alguém da plateia, na inauguração da Câmara do Co70

mércio LGBT do Brasil, no Teatro Cosipa Cultura, em São Paulo. Ali, onde estavam reunidos empresários e outros tantos interessados nos desdobramentos dessa mais nova organização LGBTT, os integrantes da Câmara expuseram a situação do mercado e as propostas para mudar a realidade atual. A união dos comerciários tem como objetivo principal desenvolver o segmento LGBTT, através de estratégias que possibilitem que as empresas saiam do armário (o lema é: Vamos tirar o mercado do armário). O lançamento em São Paulo também foi o primeiro passo para que em breve ocorra a abertura de novas câmaras em outras cidades e Estados brasileiros. Cansados da situação de preconceito a que são frequentemente submetidos e influenciados pelas conquistas de Milk – o ativista gay norte-americano conseguiu que bares de São Francisco se recusassem a vender determinada cerveja, num boicote imensamente bem-sucedido, em solidariedade às reivindicações dos caminhoneiros que faziam o transporte da bebida –, os empresários de São Paulo também querem mostrar seu valor e a capacidade que têm de influenciar nas tomadas de decisão. Por isso a exclamação: “Vamos parar de consumir alguma cerveja!” No evento, também houve manifestação por parte dos expositores e plateia sobre a “perseguição” que alguns estabelecimentos destinados ao público LGBTT têm sofrido – o caso que mais repercutiu foi o da boate A Lôca. A queixa da vizinhança era sobre o barulho, os moradores diziam que o clube, no começo, só funcionava nos fins de semana e que depois passou a fechar só às segundas-feiras. Em contrapartida, a boate tinha as licenças e alvarás para continuar aberta e a Prefeitura confirmava a situação regular do lugar. O caso foi parar na polícia, que registrou um boletim de ocorrência, e no Ministério Público, que abriu um inquérito civil. Recentemente, o Ministério Público decidiu arquivar o processo aberto pela Sociedade de Amigos e Moradores do Bairro de Cerqueira César (SAMORCC) contra o clube paulistano. A boate não foi a única a passar por essa situação. O próprio Douglas Drumond, hoje à frente do Casarão, conta que também houve denúncias e invasões da polícia em seu estabelecimento, sem nenhuma justificativa concreta. Preconceito? Perseguição? Os empresários acreditam que sim, mas, independentemente do sentimento por trás das acusações, é certo que, quanto mais o segmento se unir e se organizar, menos espaço haverá para a discriminação.

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Os fins dos dias do meio ambiente Por Nina Rahe

A rotina de um ritualista nada consciente

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onathan era um ritualista. Antes de dormir, sentava-se na cama de lençóis brancos muito brancos; colocava as pantufas no chão e batia duas vezes no travesseiro para afofá-lo. Recostava-se na cabeceira, acendia o abajur, pegava um livro na escrivaninha e ligava o som ajustando o volume de maneira que não o distraísse da leitura, mas atrapalhasse o silêncio. Lia algumas páginas e logo a luz aconchegante e o ruído quase imperceptível da música embalavam seu sono. Sete em ponto. Jonathan se levantava para realizar o toalete. O som ainda estava ligado. O silêncio era seu temor, seu pesadelo. Tchiiiiiiii. O barulho da torneira ligada somava-se à música. A água escorrendo pelos ralos o acalmava durante o trabalho de escovar os dentes. Da direita à esquerda. De cima para baixo. Movimentos circulares. Incisivo, caninos, pré-molares, molares. Todos limpos. E durante os quatro minutos que durava o ritual, pelo ralo iam 27 litros de água. Sobravam apenas dez minutos para chegar ao trabalho. “Olá, Luiz, nos vemos logo”, era o cumprimento matinal enquanto via o vizinho tirar o carro da garagem. Luiz o irritava. “Ele não sabe apreciar a solidão”, pensava Jonathan ao lembrar das tantas vezes que o vizinho insistiu para irem ao trabalho juntos. Afinal, todos os dias andavam os mesmos 20 km, subiam o elevador juntos e se sentavam lado a lado na mesma sala. Jonathan pouco ligava para os 430 gramas de dióxido de carbono (um dos gases responsáveis pelo efeito estufa) que lançava no ar a cada quilômetro rodado. Não importava. Entrava no seu Citroen DS antigo, conhecido como “deusa”, e curtia cada segundo do seu percurso. A sua divindade estava sempre limpa e ele se orgulhava disso, cuidava do seu carro melhor do que de si mesmo. E não recusava quando lhe ofereciam folhetos – era um perfeito gentleman –, mas na esquina seguinte não hesitava em jogar os papéis na rua. Seu carro deveria estar impecável. No trabalho, Luiz o incomodava ainda mais. “É um porco”, dizia Jonathan pelos cantos, que se indignava cada vez mais com a falta de organização e higiene. Jonathan tinha calafrios ao ver Luiz tomando água na mesma garrafa

plástica por meses e se orgulhava de seu lixo repleto de copos plásticos. Ainda por cima, os projetos feitos pelo colega tinham que ser todos refeitos. Não aguentava a confusão de folhas impressas na frente e verso e, antes de apresentar os orçamentos aos clientes, imprimia tudo novamente. Desta vez, com todo o cuidado e organização que só folhas impressas em um só lado poderiam ter. O que Jonathan julgava ser tranquilidade era quase uma solidão imposta. Não percebia que eram as luzes acesas que o faziam sentirse acompanhado. Todos os dias, antes de sair, ele acendia as lâmpadas do corredor, da sala e da cozinha. E quando voltava, imaginava os filhos brincando pela sala e a mulher preparando doces na cozinha. Ele se justificava: “A claridade é por medo da violência. Luzes apagadas atraem ladrões.” Uma vez apagou todas as lâmpadas, uma decisão drástica depois de receber a conta de luz. Mas ele sofreu o peso da vida ao chegar em casa e encontrar só a si mesmo. Fez contas e mais contas. Três cômodos, seis luzes, 12 horas diárias, uma boa parte do salário e a certeza de companhia.Tudo o que ele queria. Na hora do jantar, ao abrir a geladeira, as compras ainda estavam ensacadas. Lá estava o isopor-plástico-queijo, os 10-iogurtes-10embalagens, a caixa-papel-chocolate. As embalagens do tipo caixinha-dentro-de-umsaquinho-dentro-da-sacola-dentro-do-sacolão reinavam na geladeira. Achava higiênicos os produtos bem embalados. Não ligava para os alertas das “pessoas verdes” (assim chamava os ambientalistas), que o advertiam dos 540 anos que os sacos plásticos demoram a se decompor e de que eles ocupam 15% a 20% do volume de um lixão. “De que importa?”, pensava. “Só vou viver uns 60 anos e nem filhos tenho.” Jonathan era um exagerado. E quando recebia críticas, tinha a resposta na ponta da língua. Enchia o peito e exclamava: “Quem é que nunca deixou as luzes acesas? Quem nunca escovou os dentes com a torneira aberta? Abusou das sacolas plásticas? Deixou de dar carona ao vizinho?” E, antes mesmo de ouvir o silêncio da resposta, dizia sábias palavras: “Quem nunca degradou o meio ambiente que atire a primeira pedra.” AIMÉ

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Into my Dreams

Tricô Reserva, bermuda Rodrigo Fraga

Fotos e Tratamento: JANNA DE FRANCISCO Edição de Moda: FERNANDA KAZALLA Produção : LEANDRO LOURENÇO Direção Executiva: GELBH COSTA

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da esquerda para direita: Paulo - colete e calça Marcelo Ferraz, tênis Puma para Mario Queiroz; Celso - colete Marcelo Ferraz, bermuda Reserva, tênis Puma para Mario Queiroz; Jonathan - look completo Mario Queiroz


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Camiseta Bilabong, acessório Zapalla, bermuda Reserva, tênis Puma para Mario Queiroz


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Tricô Reserva, bermuda João Pimenta, tênis Puma para Mario Queiroz


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Para surpreender seu paladar, drinks! P Por Talita Fusco

A inventividade dos bartenders e a originalidade dos ingredientes garantem misturas saborosas que conquistam de gregos a troianos. Experimente!

ara comemorar, namorar ou simplesmente relaxar, os drinks sempre foram uma ótima pedida. Hoje, além dos coquetéis tradicionalmente famosos, há inúmeras opções que abusam da criatividade e de ingredientes inusitados e, algumas vezes, exóticos. Uns são mais refrescantes, outros mais adocicados, mas todos capazes de agradar a diversos paladares e provocar sensações as mais variadas. Impossível resistir à tentação e experimentar um só. A revista AIMÉ convidou os barmen Ricardo Basseto e Eric Corazza, dos bares Sonique e Escape, respectivamente, para mostrar a arte de se fazer um coquetel. Eles prepararam receitas especialíssimas para três diferentes ocasiões. Algumas são criações recentes e nem foram batizadas ainda. Confira e se delicie!

Pré-dinner Rúcula martíni – Corazza tritura de 5 a 10 folhas de rúcula fresca, 10 uvas verdes e 2 colheres de açúcar de baunilha. Em seguida, acrescenta uma dose de vodca e 20 ml de licor de laranja. Após bater todos os itens muitíssimo bem, coa e despeja-os numa taça de martíni, que foi deixada gelando enquanto o bartender preparava o drink. Nota: Corazza sugeriu o nome do coquetel no momento da entrevista.

Short drink (sem nome) – Na coqueteleira, Basseto coloca 50 ml de gim, 20 ml de licor de laranja, 20 ml de suco de laranja, 10 ml de suco de limão, 15 ml de infusão de gengibre e gelo. O passo seguinte é bater tudo e servir numa taça de martíni. Para decorar: uma fatia de limão siciliano.

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A dois Cat walk – 5 morangos, 2 colheres de açúcar de baunilha e 1 cubinho de pimenta dedo-de-moça – o toque especial do drink – são triturados na coqueteleira. Em seguida, Corazza adiciona muitas pedras de gelo e o espumante. O segredo aqui é não bater o coquetel, mas apenas mexê-lo para que o espumante não perca o gás. Após coar todos os ingredientes, o drink é servido numa taça de martíni, decorada com a dedo-de-moça. Bellini – No copo mix, Basseto coloca gelo, 30 ml de purê de pêssego e 120 ml de champanhe brut. Basta mexer, coar os ingredientes e pronto! O drink deve ser servido numa clássica taça de champanhe.

Balada Strawberry mexican madras – 30 ml de suco de cranberry, 30 ml de suco de laranja, 10 ml de suco de limão, 50 ml de tequila reposado 100% agave e 3 morangos. O mix é batido na coqueteleira com muito gelo e servido diretamente no copo longo. Duas fatias de laranja conferem charme ao coquetel. Apesar da tequila, é super-refrescante, garante Corazza. Long drink (sem nome) – O drink é preparado direto no copo, como explica Basseto. Os ingredientes são 50 ml de vodca, 25 ml de xarope de limão siciliano e 50 ml de água com gás. Acrescente uma rodela de limão siciliano, e o coquetel já pode ser saboreado.

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Cada fumante com a sua fumaça

No Brasil são cerca de 35 milhões de fumantes. No Estado de São Paulo, lei visa à melhora da saúde da população e defende os fumantes passivos

Por Lívia Velasco

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eio distraída, acendi um cigarro na calçada do Aeroporto de Congonhas. Era um dia de agosto, esperava a chegada de uma grande amiga. Entre uma tragada e outra, sem me dar conta, comecei a ler o cartaz informativo sobre a Lei Antifumo e fui ficando cada vez mais interessada. Mas antes que eu pudesse terminar de ler, delicadamente, o segurança do aeroporto me abordou e pediu que me retirasse do lugar, pois ali, como indicava o cartaz, não era permitido fumar. Exclamei levantando os ombros e pedi desculpas, fui procurar um cinzeiro ao ar livre. Caminhei alguns metros e lá estava ele, prateado, reluzente, esperando sedento por mais bitucas de um viciado. Passados alguns segundos, como abelhas que não produzem mel, mas monóxido de carbono, um enxame de fumantes se aproximou de mim e uma nuvem de fumaça se formou sobre nós. Lembro ter contado dez pessoas. O que menos queriam, é claro, era me fazer companhia. O objetivo era dividir o cinzeiro. Achei irônica a situação e me dei conta: sim, essa é a Lei Antifumo. Passado o estranhamento que as novidades despertam, a adesão dos paulistas à nova lei se mostrou alta. A lei entrou em vigor em 7 de agosto e, após mais de um mês de vigência, 94% dos paulistas apoiam a medida, até mesmo a maioria dos fumantes (87%) se mostrou favorável. É o que revela pesquisa realizada por telefone pelo governo estadual, entre os dias 2 e 3 de setembro, com mil entrevistados. “Esse resultado mostra o acerto da nova legislação em benefício da saúde pública. Mesmo entre os fumantes há expressivo apoio à restrição do fumo em ambientes fechados como forma de combate do tabagismo passivo”, diz o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, em entrevista publicada no Portal da Lei Antifumo do governo do Estado.

Por que a lei? Ela cria ambientes livres de tabaco no Estado, defendendo a saúde, principalmente, das pessoas que

não fumam mas estão em contato com a fumaça do cigarro. Ou seja, o cidadão que opta por fumar aceita arcar com os possíveis danos à sua saúde, mas como ficam os fumantes passivos? É nesse sentido que a lei não visa punir quem fuma, mas preservar a qualidade de vida daqueles que não fumam. Alexandre Nogueira tem 27 anos, é publicitário e não fumante. Ele conta que sua mãe fuma e que desde criança tem problemas respiratórios, como a bronquite, por exemplo. “Eu odeio o cheiro da fumaça, tenho alergia, é muito ruim ficar perto da minha mãe quando ela fuma. Lá em casa, nós já tínhamos criado a Lei Antifumo faz tempo. Quer fumar, pode fumar, mas não sou obrigado a respirar fumaça”, conta, dando risadas. O fato de Alexandre apresentar problemas respiratórios e ter sido fumante passivo pode não ser apenas um acaso. Já na década de 1980 foi divulgado no Japão um estudo que avaliava a incidência de câncer de pulmão em pessoas que nunca haviam fumado. A pesquisa pioneira, desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa do Centro Nacional de Câncer e conhecida como estudo de Hirayama, avaliou mais de 100 mil mulheres e demonstrou que esposas de fumantes apresentavam incidência dobrada de câncer pulmonar, quando comparadas às mulheres casadas com não fumantes. Outro aspecto interessante da lei é proteger as pessoas que trabalham em ambientes fechados e têm contato com fumantes. Pesquisas revelam que esses fumantes passivos sofrem com a fumaça produzida por seus colegas de trabalho. Nos Estados Unidos, 104 trabalhadores não fumantes de bares foram acompanhados aos três meses, seis meses e um ano após a adoção da Lei Antifumo. A pesquisa do Departamento de Saúde Pública de Nova York constatou: a reclamação de problemas respiratórios diminuiu 88%. Já em Paris, após um mês de proibição do uso de cigarro em ambientes fechados, os médicos constataram diminuição de 15% nos casos de infarto. A pesquisa foi realizada em 2008, pelo Instituto Nacional de Prevenção à Saúde e pelo Observatório de Qualidade do Ar de Paris. AIMÉ

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Os incomodados que fumem lá fora Em uma das boates gays mais badaladas da cidade, a The Week, do lado de fora, Bruno Campos, 25 anos, analista administrativo, e Renato Garcia, estudante, também com 25 anos, fumam antes de iniciarem a noite de diversão. Os dois são favoráveis à Lei Antifumo, entendem que o fumante passivo pode ter prejuízos na sua saúde, e também adoraram a ideia de não saírem defumados da balada. “Eu sou fumante, mas após a balada a roupa chegava podre em casa, tinha que ir direto pra lavar”, conta Bruno. Ele enfatiza que há também interesses políticos na jogada. “Eu acho a lei válida, mas no meu ponto de vista foi mais uma jogada de marketing. Também acho que têm interesses relacionados com as eleições do ano que vem.” Renato discorda do amigo: “Não acredito que tenha jogada política, essa lei já existe como exemplo em várias cidades do mundo.” Dentro da boate The Week têm áreas ao ar livre onde fumar é permitido, o que para Renato e Bruno “é uma maravilha”. Mas a maioria dos estabelecimentos não possui infraestrutura para se adequar à lei e fazer com que a fumaça do galho do fumante não passe para o galho do não fumante. Assim a alternativa é fumar na rua, o que transformou a visão da Rua Augusta, por exemplo: “O que se vê é uma nuvem de fumaça em frente aos bares e muitas bitucas no chão, sem contar o barulho, que aumentou”, reclama o jornalista Pedro Silva, de 33 anos, que reside na Augusta em um prédio em cima de um bar. Embora haja opiniões divergentes, o paulista não deixou de sair de casa por causa da lei. Segundo dados da fiscalização, 99,5% dos estabelecimentos que possuem ambientes fechados e coletivos proibiram totalmente o tabaco. O número de estabelecimentos fiscalizados, no período de 7 de agosto até 6 de setembro, foi de 37.117. Das autuações, 87 foram registradas na capital, onde 11.816 locais foram fiscalizados, e 111 no interior, onde a fiscalização visitou 25.301 estabelecimentos. Portanto, o total de multas aplicadas pelos fiscais da Vigilância Sanitária e da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON) chegou a 198.

Do glamour à conscientização É fato que o cigarro foi visto durante décadas como um símbolo. Carregou a imagem inquestioná86

vel de virilidade, poder, desejo de liberdade, astúcia, charme e, claro, sensualidade. A simbologia entrou em decadência à medida que a informação e os riscos que envolvem o hábito foram se revelando. Parecia impossível que o personagem vivido por Marlon Brando no filme O Poderoso Chefão pudesse ter um dia um câncer no pulmão, ou que um fumante passivo integrante da família mais mafiosa do cinema, a de Don Corleone, adoecesse de enfisema pulmonar. O filme foi lançado na década de 1970 nos Estados Unidos; uma década antes, importantes instituições de saúde, como o Royal College of Physicians de Londres e o Surgeon General dos Estados Unidos, divulgaram dados apontando a relação entre fumo passivo e câncer do pulmão. Com o avanço das comprovações científicas sobre os males para a saúde pública, em 1971, os Estados Unidos já aprovavam leis protetoras aos fumantes passivos. A lei chega ao Brasil tarde, mas enfim chega.

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Você sabia

No mundo existe cerca de 1,5 bilhão de fumantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que aproximadamente 4,9 milhões de mortes por ano estão relacionadas ao tabagismo, ou seja, 10 mil mortes por dia. No Brasil, acredita-se que cerca de 200 mil mortes por ano podem ser atribuídas ao cigarro. Doenças relacionadas com o tabagismo geraram gastos com internações no sistema público brasileiro, no ano de 2007, superiores a 1,5 bilhão de reais. O Brasil é o principal exportador e o quarto maior produtor de fumo no mundo.

Não pode fumar No interior de bares, boates, restaurantes, escolas, museus, áreas comuns de condomínios e hotéis, casas de shows, açougues, padarias, farmácias e drogarias, supermercados, shoppings, repartições públicas, hospitais e táxis.

Pode fumar Em casa, em áreas ao ar livre, estádios de futebol, vias públicas, nas tabacarias e em cultos religiosos, caso isso faça parte do ritual. Em quartos de hotéis e pousadas, desde que ocupados por hóspedes, estão liberados.

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Efeitos bombásticos Por Leonardo Freitas

Anabolizantes são os grandes vilões da saúde de quem quer ganhar músculos a curto prazo

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arcelo* sempre foi um jovem do tipo franzino, que se sentia desconfortável em situações corriqueiras, como tirar a camiseta em público. Aos 18 anos, pesava 63 quilos e media 1,79 m. “Eu olhava para os outros homens na rua e me sentia horrível. Parecia que meus ossos saltavam da pele, as costelas aparecendo. E eu sempre me alimentei muito bem, apenas não tinha tendência a engordar”, relembra o jovem, que hoje tem 28 anos. Como tantos outros, Marcelo almejava um corpo definido, queria ser notado, reencontrar sua autoestima o mais rápido possível. Os sintomas de depressão foram aparecendo e ele decidiu acatar a sugestão de um amigo: matriculou-se em uma academia de musculação. “Eu, que nunca havia pisado em uma academia, me sentia um peixe fora d’água. A maioria das pessoas tinha corpos definidos, era forte e bonita. Eu queria muito ficar daquele jeito o mais rápido possível.” E foi aí que, pela indicação do mesmo amigo, Marcelo começou a tomar anabolizantes.

O centro do problema Os chamados esteroides anabolizantes são hormônios sintetizados em laboratório e utilizados por homens e mulheres com efeitos semelhantes aos produzidos pelos testículos ou, no caso das mulheres, pelas glândulas suprarrenais. No caso dos homens – mais frequentes consumidores das chamadas “bombas” – a substância testosterona, que desenvolve características sexuais masculinas e promove o crescimento dos músculos, torna-se extremamente perigosa se consumida por pessoas saudáveis, pois acarreta um desequilíbrio hormonal. Desenvolvidos na década de 1930, os anabolizantes eram usados sob prescrição médica para homens

que não produziam testosterona suficiente, ou seja, sofriam de uma diminuição da produção hormonal, chamada hipogonadismo. Porém, com o boom das academias de musculação nos últimos anos, essas substâncias passaram a ser usadas em quantidades superiores às indicadas para tratamentos de saúde – como certos tipos de anemia e problemas musculares, ou para idosos que necessitam de reposição do hormônio. Com o uso desenfreado em busca do corpo perfeito, pessoas saudáveis sentem os desastrosos efeitos colaterais que podem levar, inclusive, à morte.

Prestes a explodir Com o uso dos anabolizantes, Marcelo começou a sentir os efeitos maléficos dos comprimidos que tomava. “Alguns amigos meus tomavam por indicação dos próprios professores da academia e outros até mesmo por orientação médica. Muitos médicos indicavam sem levar em conta os efeitos que isso nos causaria”, explicou. Logo no primeiro mês de musculação intensa, Marcelo já observava como seu corpo ia tomando forma. Passava cerca de duas horas e meia levantando pesos, sempre ingerindo uma cápsula diária do anabolizante (cujo nome ele mantém em sigilo). “Ganhei massa muscular logo nas primeiras semanas, me sentia mais confiante. As pessoas diziam que eu estava ficando ‘gostoso’ e eu queria era continuar enquanto não estivesse satisfeito”, confessa. Porém, não demorou para que os efeitos colaterais começassem a surgir. Marcelo percebeu que as acnes (tratadas anteriormente com isotretinoína, um forte medicamento) voltaram a aparecer em suas costas e rosto. Além disso, sentia-se agitado, já que a droga estimula o sistema nervoso e, com isso, ia para a academia. Tornou-se um vício. “Eu passava várias horas malhando e ainda comprei halteres para AIMÉ

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fazer exercícios em casa. Fiquei compulsivo logo nos primeiros meses em busca do corpo perfeito.” Marcelo recorda-se, ainda, do ciclo vicioso em que entrou. Seu apetite aumentou muito como consequência da droga e seu nível de colesterol se elevou também como efeito gerado pelas “bombas”. Com o namorado, percebeu que seu desejo sexual ficou reduzido, tendo inclusive problemas de ereção. “Eu sentia meu corpo muito estranho e relutava em ir ao médico. De alguma forma, eu percebia que aquilo me fazia mal, mas não conseguia parar de tomar. Era como se meu corpo fosse ‘murchar’ de novo e eu fosse me tornar magro depois de tantos exercícios”, afirma. O receio de Marcelo tinha fundamento: quando se suspende o uso de anabolizantes, a tendência é que os músculos percam rigidez e o esportista, muitas vezes, volte a tomar os esteroides. Mas a situação se complicou após o quarto mês e Marcelo, certo dia, desmaiou enquanto fazia exercícios na academia. Levado ao hospital, veio o diagnóstico: estava com taquicardia. Por ser um músculo, o coração é um dos órgãos mais prejudicados pelo uso de esteroides, ganha em tamanho e perde em função, causando aumento das contrações, que podem descontrolar os batimentos cardíacos e levar à morte.

“Foi o momento em que decidi parar. Meus pais nem faziam ideia de que eu tomava ‘bomba’, pois eu passava tanto tempo malhando que eles achavam natural o ganho de músculos”, recorda. Depois do susto, Marcelo garante que não voltou a tomar os comprimidos.

Crime pela estética Anabolizantes só devem ser vendidos com receita médica, com retenção da receita após a compra. Porém, não são raros os que vendem essas substâncias sem receita, as quais, muitas vezes, são contrabandeadas. A maioria delas possui efeitos que são desconhecidos até pelos próprios pesquisadores. Influenciadas pelo padrão de beleza imposto pela mídia e pela sociedade, as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a aparência e deixam de lado os malefícios à saúde em busca da estética. Mas como todo especialista alerta, a forma correta e segura de ganhar músculos é se exercitar, manter uma alimentação balanceada e seguir os clássicos conselhos de uma vida mais saudável, como evitar fumo, álcool e ter uma boa noite de sono. E aguardar, sem pressa, os resultados físicos. * O nome foi alterado a pedido da fonte

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Vale a pena

Veja abaixo algumas das consequências do uso de anabolizantes:  Estímulo no crescimento de pelos e, contraditoriamente, queda de cabelo em pessoas com tendência hereditária à calvície.  Estímulo das glândulas sebáceas, causando surgimento de espinhas no rosto, peito e costas.  Aumento das mamas, a chamada ginecomastia.  Destruição das células do fígado, que podem provocar hepatite tóxica, formação de nódulos e tumores.  Predisposição a desenvolver alta taxa de colesterol devido a mudanças na composição sanguínea.  Aumento ou diminuição do desejo sexual, com possibilidade de problemas de ereção.  Maior incidência de câimbras e contraturas musculares, causadas pelo rápido fortalecimento dos músculos.  Estímulo do sistema nervoso, causando agitação, mudança de humor e, até mesmo, agressividade.  Aceleração do crescimento ósseo, bloqueando crescimento em usuários jovens.  Retenção de água nos rins, causando inchaço e cálculo renal.  Aumento da pressão arterial, pela necessidade de irrigar com sangue mais fibras musculares.  O coração, como é um músculo, também é estimulado e pode aumentar de tamanho pela ação dos esteroides, causando taquicardia e até a morte. 90

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Livres de velhos tabus, homens se rendem à vaidade O dicionário não é muito generoso com a palavra vaidade. Segundo o Houaiss, ela se refere à “qualidade do que é vão, vazio, firmado sobre aparência ilusória”. Além de ser um substantivo feminino, durante muito tempo foi um terreno no qual as mulheres predominavam.

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oje em dia, no entanto, ao entrar em uma academia de ginástica, logo o substantivo muda de gênero e o que vemos é uma profusão de homens dos tipos físicos dos mais variados. Com o argumento de manter a saúde – e livres dos velhos tabus – os homens já podem cuidar da beleza e exibir sua vaidade. Embora as academias tenham sido as primeiras responsáveis pela atração dos homens, as mudanças não param por aí. Um levantamento realizado pela Deep Laser aponta que 40% dos seus clientes são do sexo masculino, o que confirma que os homens estão em uma porcentagem nada tímida nas clínicas de beleza. De acordo com Sueli Domingues, cosmetóloga e diretora da Deep Laser, a grande maioria do público masculino está na faixa entre 35 e 45 anos, pertence à classe A e ocupa cargos executivos, são empresários e profissionais liberais. A procura, sem dúvida, é justificada por preços mais acessíveis. “Os homens estão ficando mais vaidosos até por necessidade, principalmente aqueles que lidam com o público e precisam es-

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tar bem apresentados.” Contrariando as estatísticas de classe, entre os clientes está até mesmo o porteiro de um prédio próximo que, indiferente a qualquer tipo de preconceito, faz limpeza de pele com frequência. O constrangimento que havia no passado em relação ao homem que frequentasse uma clínica de estética foi há tempos superado. E, mesmo que muitos ainda usem como desculpa a preocupação com a saúde, os homens querem sim melhorar a aparência e cuidar da estética.

Depilação a laser: o tratamento mais procurado pelo público masculino é a depilação a laser, realizada com equipamentos de última geração. O tratamento pode ser feito em qualquer tipo de pele, clara ou escura. A única precaução é que a pele esteja sem lesões, como as ocasionadas por ferimentos, urticárias, erupções por herpes etc. Também não é aconselhado para pessoas com vitiligo. Diferentemente das mulheres, que desde cedo já se habituam às pinças e depilações com ceras, os homem geralmente não suportam

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muita dor, e a depilação a laser dói! Para suavizar o sofrimento, a Deep Laser utiliza vapores de gelo seco para atenuar a sensibilidade. Normalmente, são realizadas de seis a oito sessões. Mesmo essa depilação sendo considerada definitiva, alguns pelos podem voltar a crescer em dois anos, mas bem mais finos. Dependendo da região (peito, costas, axila etc.) e da quantidade de pelos, serão necessárias mais sessões. Cada sessão custa R$ 350.

Peeling de cristal: para esse público, que muitas vezes apresenta problemas ao fazer a barba, com pelos que encravam e inflamam, além do tratamento a laser, também é recomendado um peeling de cristal. A esfoliação progressiva da superfície cutânea feita pelos microcristais remove as células mortas e estimula a produção de colágeno e elastina, deixando a pele mais fina e macia. A média é de cinco sessões e cada uma custa R$ 350.

Day Spa: são três horas de tratamento estético, incluindo limpeza de pele, esfoliação corporal, hidratação e um ofurô (banho de banheira japonês) com vinho, chocolate ou frutas. “O vinho possui polifenóis e rejuvenesce a pele; já o chocolate é hidratante, indicado para quem tem a pele muito ressecada”, explica Sueli. O preço varia de R$ 260 a R$ 300, de acordo com o tipo de ofurô.

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Ultracontour: outro sucesso é o Ultracontour, um aparelho de ultrassom que promove a quebra de gorduras com mais potência. Qualquer região do corpo onde ocorra acúmulo de gordura localizada pode ser tratada, tais como abdome, flancos, braços, coxas e costas. A recomendação é que se tratem no máximo duas regiões por sessão, com intervalo recomendado de 15 dias entre as sessões. O número de sessões varia individualmente, de acordo com a quantidade de gordura na região. O tratamento é indicado para pacientes saudáveis com espessura de tecido subcutâneo de no mínimo 1,5 cm em áreas de abdome, coxa ou flancos. A gordura deve estar numa área maior que 100 cm². O paciente passa, primeiramente, por uma avaliação. É um tratamento rápido e indolor, que pode proporcionar uma redução de até 11 cm. Os preços variam de R$ 600 a R$ 750. Com as dicas dadas, não há como reclamar do excesso de trabalho, das horas de sono mal dormidas ou do estressante trânsito. Ao fim do dia, em vez do desânimo só de imaginar a árdua rotina do dia seguinte, vale testar o que muitos homens já descobriram: nada melhor para solucionar o estresse do dia a dia que se render ao bem-estar proporcionado pelo cuidado com o corpo e, consequentemente, com a saúde.

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Espetáculo fala de amor e amizade entre homens.

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epois de uma temporada de sucesso no Teatro Augusta, em junho deste ano, o espetáculo Tanto, de João Fábio Cabral, reestreia dia 7 de novembro, no Teatro do Centro da Terra, às 21 horas. Discussões sobre amor, saudade e amizade entre homens é o tema desta montagem que tem o próprio autor à frente da direção. Um escritor recém separado (Gustavo Haddad), um enfermeiro que trata suas fraquezas por meio da bebida e pela adoração à Elis Regina (Guilherme Gonzalez) e um jovem cheio de sonhos, recém chegado à cidade (Fábio Rhoden) entram em cena para construir a narrativa de Tanto e levantar as questões abordadas por João Fábio Cabral. A história se passa em uma época, próxima ao final do ano, quando três homens verbalizam e vivenciam suas inquietudes e angústias, por meio de histórias que se cruzam, e criam entre eles um princípio unificador: o amor. São três homens, três vidas e uma só história. Em foco está a reflexão sobre o verdadeiro valor da amizade, sobre o medo de se entregar ao amor e também sobre a saudade, como sinônimo de melancolia. A peça mostra o quanto pode ser dilacerado o íntimo 94

de alguém, que se percebe cheio de saudade, amor e desejo, quando vai chegando o fim do ano. O drama das personagens está inserido no contexto deste período, no qual é comum que muitas pessoas coloquem em xeque suas vidas e seus valores. Um livro de Caio Fernando Abreu - como presente - serve como fio condutor para o despertar de uma paixão. As diferenças na personalidade de cada um afloram, fazendo crer que a amizade pode ter o valor de um amor incondicional. O autor mergulha profundamente na alma humana e mostra como os homens podem ser carentes e vulneráveis, diante da solidão. Este é o primeiro texto de João Fábio Cabral voltado para discutir o amor e a amizade entre homens. Em 2008, entrou em cena a sua peça Flores Brancas, que mostrava com bom humor e delicadeza a paixão entre duas mulheres.

Tanto

Onde: Teatro do centro da Terra – www.centrodaterra.com.br Rua Piracuama, 19 - Vila Pompeia/SP – Tel: (11) 3675-1595 Quando: sábados (21 horas) e domingos (20 horas) - Até 06/12/09 Preço: R$ 40,00 (sábados) e R$ 30,00 (domingo) – com ¹/2 entrada. Classificação etária: 14 anos – Duração: 60 min

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Ilustração: Hudson Calasans

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Nem toda nudez será castigada Por Adriano Zanni

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“O

homem e sua mulher estavam nus, porém, não sentiam vergonha.” A citação é bíblica, está no Livro do Gênesis, capítulo dois, versículo 25. Mas também faz parte do discurso de muitos adeptos do naturismo, prática difundida há centenas de anos, fundamentada em uma filosofia que propõe o mais íntimo e direto contato do ser humano com a natureza que dá origem à sua própria vida. Contraditoriamente, segundo os mesmos naturistas, é também o Gênesis que se encarrega de estampar o pecado supostamente originado do ato de estar nu. O livro descreve a queda das folhas de figueira que cobriam Adão e Eva no Éden, o posterior constrangimento e a vontade súbita de ambos de ocultar os órgãos genitais. Até que não resistiram, ficaram nus novamente e o resto da parábola todo mundo já sabe. Desde a criação do universo até este século, ficar nu diante do outro sempre foi motivo de inquietação e opiniões controvertidas. Mas é bom que se entenda desde já: naturismo e nudismo são práticas completamente distintas e, embora o muro que separe uma morada da outra não seja assim tão grande, é preciso

com pessoas totalmente nuas. Lutávamos o tempo todo para agir de forma natural, mas nos sentíamos constrangidos com a situação. Até que resolvemos encarar numa boa. Hoje, sempre que vamos à ilha, trocamos o agito das praias da cidade pelo sossego e a naturalidade de Galheta”, complementa. Para Fabiano, é preciso desprender-se totalmente dos estereótipos e hábitos do dia a dia para sentir-se à vontade em ambientes onde a prática naturista é permitida. No entanto, alerta: o pecado mora ao lado. “Acredito que esse tipo de liberdade atraia os curiosos, mas acho pouco provável o interesse dos gays por conta de desejos sexuais que em nosso meio estão mais expostos.” A prova mais evidente do crime talvez esteja a poucos metros da própria Galheta, em outra praia de Floripa repleta de trilhas frequentadas por muitos homossexuais que optam em ficar nus ao ar livre, mas com intenções um tanto quanto distintas. A Praia Mole, famoso reduto gay, representa justamente a contramão dos parâmetros difundidos pelo Código de Ética da Federação Brasileira de Naturismo (FBrN).

O ato de ficar nu em locais públicos sempre despertou controvérsias, até mesmo para quem lida com a sexualidade de maneira bastante resolvida

compreender bem em que terreno se está pisando antes de condenar qualquer cidadão à expulsão do “paraíso”. O paulista Fabiano Eloy, por exemplo, se confessa um praticante do naturismo e acredita que muitas pessoas ainda desenvolvam certa resistência ao movimento por puro desconhecimento ou porque tendem a confundir a prática com algo libidinoso, ligado à luxúria. O Éden de Fabiano foi a paradisíaca praia de Galheta, no litoral catarinense. Sem dúvida, um dos roteiros mais frequentados por gays que gostam de ficar como vieram ao mundo e, assim, poder curtir a natureza. “Até então, eu nunca havia manifestado o interesse pelo naturismo. Simplesmente aconteceu. Em uma viagem a Florianópolis, eu e meu namorado decidimos conhecer essa praia. Caminhamos cerca de 10 minutos até chegar ao local e nos deparamos

Segundo o presidente da entidade, José Antônio Ribeiro Tannús, o fato de estar nu socialmente representa o desejo de mostrar o que há de mais íntimo em um ser humano e o prazer de partilhar isso com o semelhante, o que nada tem a ver com a prática de atos sexuais. A FBrN não possui estatísticas oficiais sobre a quantidade de gays ligada ao movimento, mas faz questão de afirmar que é contra qualquer tipo de atitude preconceituosa a quem exerce tal orientação sexual e deseja ingressar no naturismo, desde que sejam observados alguns critérios. “O Brasil ainda é um país muito conservador. Existe uma cultura do certo e do errado. E ficar nu é errado, é pecado, é vergonhoso. Assim como a atração pelo mesmo sexo ainda é um tabu. Além disso, vivemos em um mundo erotizado e capitalista. Usa-se a nudez para vender tudo, desde chinelos até automóveis. No entanto, quando falamos em praticar o naturismo AIMÉ

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AP

existe o preconceito. Somente a divulgação de nossa filosofia poderá mudar isso. Dessa forma, temos que procurar evitar as distorções. Sexo é bom, mas não faz parte da filosofia de nosso movimento e têm outros locais mais apropriados para isso”, enfatiza.

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Projeto de lei

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PRAIAS NATURISTAS No Nordeste:

 Paraíba – Município de Conde – Praia de Tambaba (30 km de João Pessoa)  Bahia – Município de Entre Rios – Praia de Massarandupió (93 km de Salvador) No Sudeste:

 Espírito Santo – Município de Linhares – Praia de Barra Seca  Rio de Janeiro – Município de Búzios – Praia Olho de Boi  Rio de Janeiro – Parque Municipal de Grumari – Praia de Abricó No Sul:

 Santa Catarina – Florianópolis – Praia de Galheta  Santa Catarina – Balneário Camboriú – Praia do Pinho  Santa Catarina – Município de Palhoça – Praia de Pedras Altas Fonte: www.fbrn.org.br 98

Desde 1996, tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), um projeto de lei de autoria de Fernando Gabeira, polêmico parlamentar do Partido Verde (PV), que visa regulamentar áreas para a prática do naturismo no Brasil e também destinar recursos financeiros para investimentos nos locais frequentados pelos adeptos da filosofia. A proposta tem esbarrado nos setores mais conservadores da casa, principalmente por conta da atuação de deputados ligados às chamadas “bancadas religiosas”. No último ano, o movimento deu sinais de força com a realização da 31ª edição do Congresso Internacional de Naturismo, na comunidade de Tambaba, litoral da Paraíba, evento promovido a cada dois anos pela Federação Internacional de Naturismo (INF) e que nunca havia desembarcado em solos brasileiros. “É um trabalho árduo que precisamos fazer. A sociedade precisa compreender que o naturismo é um modo de vida em harmonia, caracterizado pela prática da nudez social, que tem por intenção encorajar o autorrespeito, o respeito pelo próximo e o cuidado com o meio ambiente”, diz Tannús.

O mapa da mina No Brasil, todas as praias naturistas são regulamentadas por decretos municipais. O acesso a elas é público. A única exigência é a própria nudez. Por incrível que pareça, muitas pessoas vão a praias naturistas, porém, querem se manter vestidas. Em alguns casos, há restrição a homens desacompanhados, porém sem distinção de orientação sexual. No entanto, aqueles que possuem o Cartão INF têm acesso garantido, independentemente de estarem acompanhados. Segundo a FBrN, trata-se também de uma questão de segurança pública, já que os naturistas estão despidos e vulneráveis a vários fatores, o que exige maior controle de acesso aos locais. Tendo o Código de Ética nas mãos, ou melhor, na cabeça, você só vai precisar mesmo do chinelo para caminhar pela orla e um bom protetor solar se quiser se aventurar por essas belas paisagens naturais.

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NÃO É À TOA

QUE O ARCO-ÍRIS TEM O VERMELHO

DA TECNISA.

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K R O Y NOVA COM CRISE , R O L A C SEM ! S E D A D I V O N S A E MUIT drade

m An Texto e fotos: Joaqui

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entes! longas e qu s a v u h c s a ls. Tivemos a vimos foram o is a im s m s e tí u n q e u o foi e m dias q O verão já se o habitual co rã e v o e v te o z seu l. Nova York nã hn Legend fe i bem norma o fo J a i, ri u q io a a r m uare o p a ) guns, mas o Madison Sq n ia-se :dublou a e ç (l ra u g to a n d a r c rs deu o a Britney Spea tha Franklin re A té a e w o primeiro sh E.” inda é a CRIS a Garden. s to n u s s a l dos A pauta oficia

FISCH FOR THE HIP Falando em crise, existe um oásis onde Prada, Diesel, Marc e quase todas as grifes são vendidas por um terço do preço. Na cidade há algumas lojas de roupas usadas, mas ainda não encontrei nada como esta. É a Fisch for the Hip, a loja de consignação de produtos de alto luxo. Fica escondida no meio de um calmo quarteirão no Chelsea. Há pechinchas como gravatas Gucci a 20 doláres, sapatos D&G a 100 doláres. O lugar é bem discreto e nada convidativo, mas dentro vale a pena. A Fish for the Hip fica na: 153W 18th St. Fone: (212) 6339053 www.fischforthehip.com

CHELSEA MARKET West Village, Chelsea e o Soho são bairros bem próximos. Às vezes é difícil saber onde termina um e começa o outro. Quase beirando o Rio Hudson, do lado west da cidade, fica o Chelsea Market. Como o nome diz, é um grande mercado onde se vendem pães e encontramse, lanchonetes, restaurantes e pouquíssimas lojas. Tudo de muito bom gosto. No mesmo prédio fica a sede do canal de TV local NY1. Sugiro um passeio pós-Chelsea pelas 5h da tarde, quando a redondeza deixa de ser um lugar de negócios e vai virando o Meatpacking District, com várias baladas e restaurantes. Vá ao 202, uma lojarestaurante, com roupas modernas, pratos modernos e preços modernos! Nada é muito barato, mas em momentos de crise, há várias promoções (inclusive no cardápio). O Mercado fica na: 75 9th Ave. Fone: (212) 243-6005 Site: www.chelseamarket.com

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UPPER EAST SIDE/LIBERTADOR Nova York é uma enorme pequena cidade. Basta ficar duas semanas frequentando o circuito GLS que os mesmos rostinhos serão vistos! (Inclusive o seu!) Para quem quiser fugir do óbvio, suba ao Upper East Side. Nas Second e Third Avenues, entre a 60th Street e a 95th Street, há várias opções de muito bom gosto. O perímetro é famoso também por ser frequentado por celebridades, pois a maioria mora no bairro mais caro de Nova York.

Saudades do filet brasileiro, mas com vergonha de assumir? Vá ao Libertador. É um restaurante argentino chiquérrimo. Lá tem um bar em volta da chapa de carne, mas sem pânico: existe um sistema power de exaustão e ninguém ficará cheirando churrasco. O Libertador fica na: 1725 2nd Ave com 86th St. Fone: (212) 3486222

HARLEM/NATIVE Pra quem quiser continuar fugindo do eixo, continue subindo. Após a 115th Street, do lado oeste da cidade, fica o bairro do Harlem. Muito mal falado por vários anos, sua reputação tem sido mudada. Justiça seja feita, o bairro está muito civilizado e aos fins de semana é roteiro da maioria dos ônibus de turistas. A cena GLS é forte, porém discreta. Há algumas opções e para um happy hour ou um brunch aos domingos, sugiro o café Native. Fica na: 101W 118th St. Fone: (212) 665 2525 102

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ADIDAS MANÍACOS O Soho é o paraíso de viciados em Adidas. Há uma megaloja da marca de três andares e outras duas especializadas, uma para DJs / fãs de hip-hop e outra para finos e “hypados” . A primeira vende as calças jeans Diesel criadas com exclusividade para a Adidas. Cheque o calendário, pois nessa loja há vários eventos com Djs e personalidades da cena musical eletrônica. Já a outra loja, que eu chamo de “Adidas dos Finos”, vende roupas casuais e de tiragens limitadas. A Adidas “Hip-Hop” chama-se Adidas Original e fica na: 136 Wooster St. Fone: (212) 777 2001. A Adidas “Limited” chama-se Adidas Silver e fica na: 108 Wooster St. Fone: (212) 941 6580.

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Não sou o único padre gay d

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dentro da minha diocese Por Padre Carlos*

Com 36 anos, ele revela o que não há motivos para esconder: sua identidade sexual

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enho 36 anos, nove anos de ordenação, sou gay e isso me faz ser melhor a cada dia. Sou de família de classe média, filho de comerciantes, que seguem a orientação católica apostólica romana. Faço parte de uma daquelas tantas famílias que todos os domingos se levantam de manhã cedo para ir à missa. Sempre foi assim, desde que me entendo por gente. Quando fiz 13 anos, saindo da missa dominical, um padre da minha comunidade me convidou para fazer encontro vocacional, uma espécie de “teste vocacional” da Igreja para saber se existe vocação sacerdotal. Achei o convite bom e comecei a realizar tais encontros, que aconteciam mensalmente. Durante quatro anos participando deles, posso dizer que, a cada um, tinha mais certeza que meu futuro era me entregar a Deus como sacerdote, entregar-me ao celibato. Todas as pessoas que conhecia já me chamavam de padre e minha família adorava a ideia. Na escola, as meninas nem mais olhavam para mim, pois já sabiam do meu futuro (o que para mim era um alívio). Quando completei 17 anos, decidi que era hora de ingressar para o seminário e foi o que fiz – e, graças a Deus, não me arrependi um dia sequer. No seminário, as coisas não eram como eu pensava, pois éramos 38 seminaristas, cada um num estágio da formação e alguns vindos até mesmo de outros Estados do Brasil: pessoas diferentes umas das outras, o que tornava a convivência muito difícil. Depois de seis meses no seminário, resolvi entrar para a faculdade de Filosofia e foi nessa época que conheci Luís Fernando*, um rapaz que cursava Teologia no mesmo horário que eu e era um seminarista de outra diocese. Nós nos conhecemos na biblio-

teca e logo fizemos amizade: não precisou muito para que nos tornássemos amigos inseparáveis. Sempre fui reservado, dedicado ao estudo e à leitura. Nas palavras dos jovens, sempre “fui na minha”. Nunca tive grandes experiências afetivas, tampouco namoros duradouros ou experiências sexuais, o mais ousado que fiz foi beijar uma ou duas meninas (que me lembre). Mas naquele momento, entre aulas de Filosofia e a intensa amizade com Luís Fernando, sentiame diferente. Era o despertar de algo que não havia sentido até então. Um misto de calmaria e agitação, o que já era o suficiente para que nós não nos desgrudássemos mais. Quando não era na faculdade, era ao telefone, e assim estávamos cada vez mais próximos.

Resolvi entrar para a faculdade de Filosofia e foi nessa época que conheci Luís Fernando”

O término das aulas do primeiro semestre e as férias, que poderiam representar algum afastamento, foram o que nos aproximou ainda mais. Luís me convidou para passar uma semana no sítio de sua avó em Ibiúna. Aceitei prontamente. Tinha-o até então como um amigo especial, com os mesmos gostos e afinidades e, apesar de ser mais novo que ele seis anos, a diferença nunca em nada nos atrapalhou. A chegada ao sítio aconteceu juntamente a uma promessa, a de que durante nossa estadia iríamos manter nossa vida de oração, rezaríamos o breviário e o terço todos os dias. E foi o que fizemos no primeiro dia. AIMÉ

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Após o jantar, a avó de Luís nos mostrou nossas acomodações: duas camas de solteiro no mesmo quarto. Era ótimo, pois conversaríamos até dormir. Mas quando a luz se apagou, comecei a sentir um calor imenso pensando em coisas que me deixavam com vergonha e também com excitação (pensamentos que só vieram à minha cabeça naquele momento). Enquanto Luís dormia, eu “fritava” na cama e rolava de um lado para o outro, a ponto de acordá-lo com tanto barulho. E logo Luís perguntou por que eu rolava tanto, e eu, sem saber o que dizer e também louco para afastar aquela angústia, respondi que não conseguia dormir em cama pequena. Diante da minha resposta, Luís sugeriu que juntássemos as camas, e foi o que fizemos. Deitados e cobertos, quando menos percebi, passei a tocá-lo e daí em diante... Você já sabe. Foi um prazer nunca antes sentido. Minha primeira experiência sexual e homossexual, algo que considero inocente e bonito.

Mas quando a luz se apagou, comecei a sentir um calor imenso pensando em coisas que me deixavam com vergonha e também com excitação”

Não me senti culpado e muito menos pecador, senti-me completo e amado. Namoramos três anos, mas quando Luís se ordenou, foi mandado à Espanha para fazer uma especialização e então terminamos. Somos grandes amigos até hoje. No presente, com 36 anos de idade e ordenado padre há nove anos, tenho plena consci-

ência de que sou homossexual. Depois do Luís, vieram outros. O que para a maioria das pessoas é errado, para mim, não é. Sou pároco de uma paróquia com 12 comunidades, exerço meu sacerdócio com dignidade, ministro os sacramentos com respeito e tenho muita dedicação e zelo por tudo que diz respeito à Igreja. Acredito que a Igreja muitas vezes perde a oportunidade de esclarecer dúvidas a respeito do homossexualismo que existe dentro dela. A verdade é que não sou o único padre gay dentro da minha diocese e também não sou o único do mundo. Existem milhares e, mesmo assim, tudo que os bispos ou superiores das congregações religiosas fazem é encobri-los, escondê-los ou esquecê-los. Ter vocação sacerdotal é a coisa mais linda que existe. Ser padre é uma grande dádiva de Deus. Se fosse escolher novamente uma vocação, escolheria a sacerdotal. Se fosse escolher novamente minha orientação sexual, escolheria ser gay. Confesso que pensei que iria ficar louco depois que transei com Luís a primeira vez, mas não, levei tudo numa boa como levo até hoje. Não me sinto culpado por ser assim, não me sinto culpado por gostar de homem, pelo contrário, poderia me sentir culpado se fosse um padre omisso, ou um padre que escandalizasse as pessoas ou que não honrasse o sacerdócio. Mas não, sou um padre querido por todos, admirado pelos meus colegas sacerdotes e muito bem visto pelo meu bispo. Diante disso, sei que estou no caminho certo: o caminho da felicidade. Acredito na misericórdia de Deus e na sua infinita bondade. Se existe alguém que pode me julgar, é Ele, o único capaz de me condenar ou não. Fico triste quando o Papa se pronuncia contra algumas atitudes homossexuais, como casamento e adoção. Penso que, quem sabe, se a Igreja concordasse com a prática homossexual dos seus filhos, teríamos menos promiscuidade no meio e mais seriedade nos relacionamentos. Gostaria de deixar claro que este relato não é uma afronta à Igreja ou aos seus membros, nem tem pretensão de levantar qualquer tipo de bandeira dentro da Igreja. Meu único intuito é mostrar que dentro de qualquer instituição, sendo religiosa ou não, existem homossexuais. A Igreja não está imune. *Os nomes foram alterados a pedido das fontes

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Das quadras para a passarela O

paulista Eduardo Arikawa tem 25 anos e até pouco tempo atrás era jogador de basquete. E foi mesmo o basquete que fez com que Eduardo saísse das quadras e ingressasse nas passarelas. Há dois anos, foi descoberto durante uma partida no Parque Ibirapuera por um scoute e então iniciou sua carreira de modelo. Logo fez um book e foi contratado por uma agência. Nas horas vagas, no entanto, Eduardo aproveita para retornar a sua paixão: o basquete. Sorte nossa que ele consegue conciliar as duas atividades!

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