Ano I Edição 6 Agosto/Setembro 2018
Qual a
importância
HERÓIS NEGROS
dos
super escritoras existem!
?
Conheça
VÉLOX
um outro herói brasileiro
Palavra dos editores
Olá, Amazers!
A cada dia só tenho mais a agra-
decer pelo apoio que recebemos do leitor, pelo serviço bem prestado dos meus editores-chefes e pelo lindo trabalho que recebemos de cada colaborador desta edição e das passadas. Nosso sonho é crescer e ganhar o mundo e eu acredito que, em breve, muito breve, teremos uma porcentagem bem maior de leitores no Brasil, e é para isso que
Chegamos a mais uma edição super-poderosa. E estou muito feliz com o resultado. Cada vez mais amadurecemos o nosso trabalho - completamente colaborativo - e fico super feliz com o resultado dos nossos super heróis amazers. Como vocês podem perceber pelos trocadilhos, esse é o tema da edição: super-heróis. Temos uma entrevista de capa fantástica, artigos sobre os heróis na cultura negra, mulheres escritoras e heroínas (descubra o motivo!), lançamentos, horóscopo, brincadeiras e muito mais. Confira o resultado dessa união de super poderes! Um grande beijo,
nos empenhamos tanto.
Lilian Vaccaro
Duda Razzera
Uma nova oportunidade pode surgir em nossas vidas quando menos esperamos. Sou grato à Editora Coerência pela sua competência no mercado da literatura brasileira, abrindo portas para novos (e incríveis) escritores. Tenho o privilégio de estar fazendo parte da coluna da revista Amazing e, a partir dessa edição, trabalhar como editor. Darei o meu melhor para proporcionar o melhor conteúdo para os nossos leitores, afinal sem vocês nada disso seria possível. Pro alto e avante!
Editora Chefe
Diretoria Administrativa: Lilian Vaccaro Editores: Duda Razzera e Luis Enrique Kato Projeto gráfico e diagramação: Eder Modanez Colaboradores: C. B. Kaiahatsu, Marcelo Milici, Ana Carolina Dias, Giovanna Vaccaro, Jadna Alana, Bruna Costabeber, Kátia Schitine.
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Revista Amazing
Luis Enrique Kato
Para mandar uma matéria para a revista: amazingrevista@gmail.com Aceitamos: textos literários, divulgações, dicas literárias, oferecendo-se para algum serviço, brincadeiras literárias, sugestões, dúvidas, elogios e críticas.
Giovanna Vaccaro tem 18 anos, é leonina com ascendente em leão e lua em leão, mora em São Paulo com seus pais e seu irmão, onde cursa Jornalismo na USJT. Publicou 3 livros e 4 antologias. Tem um canal no YouTube chamado Passa Cola e é viciada em mostrar seu dia-a-dia no instastorie do Instagram. Além de cuidar do horóscopo da Amazing.
Graduada em Ciências Econômicas pela UDESC, Pós-graduada em Gestão de Marketing pela Unisul, especialização em Marketing Digital pela ESPM e Certificada em Inbound Marketing pela Hubpost Academy. Atua há mais de 3 anos na área de Marketing e Marketing Digital e Literário. Em 2014, publicou o livro “Cartas para você” pela Editora Novo Século e, em 2015, publicou “O príncipe das Areias” com seu próprio selo editorial. Em 2016, organizou e publicou a coletânea com mais sete escritores “As 8 faces da diversidade” e tem uma história no Wattpad, “Além da superfície”. É gaúcha, colorada, slytherin, adora filmes, esmaltes, boa música e muitos livros!
Siga nas redes sociais: Facebook: Giovanna Vaccaro Instagram: @eugiovannavaccaro YouTube: /Passa Cola
C. B. Kaihatsu é escritora, poetisa, engenheira de controle e automação, bailarina clássica e de jazz, colunista e entrevistadora do Jornal Tribuna de Paulínia, do site CultEcléticos e da Revista Amazing. Também é beatlemaníaca, fã de Fórmula 1, de Star Wars e do Nintendo de 8 bits. Nerd antes do TBBT. Ainda aguarda sua cartinha de Hogwarts.
Paulista, estudante de jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. É viciado em séries e livros, encontra nas palavras a sua maneira de mudar o mundo. É autor de “Amar é mar”, publicado em 2017 pela Editora Coerência. Marcelo Milici é professor e escritor, fundou o Boca do Inferno em 2001. Baterista nas horas vagas, curte rock´n roll e filmes obscuros. Tem contos em antologias, e é responsável pela enciclopédia definitiva sobre a coulrofobia na cultura pop “Medo de Palhaço”.
Jadna Alana, cantora, youtuber no canal “Uma Escritora Diferente”, estudante do Curso de Letras pela Universidade Estadual da Paraíba, escritora do livro “A Princesa de Ônix” e “A Descoberta”. Apaixonada por universos fantásticos e totalmente diferentes do nosso. Também publicou um conto na antologia “Era Uma Vez” e o mais recente “Os Supremos“.
Ana Carolina Dias tem 20 anos, mora em uma pequena cidade do Rio de Janeiro, e é uma estudante de Letras da UFRRJ que se divide entre o amor pelos livros, música e filmes. Extremamente perfeccionista, sonhadora e taurina, gosta de detalhes, clichês e, mais ainda, criar histórias com finais felizes e imprevisíveis. É autora do romance “Os Dez Amores de Cece” e também participou de algumas antologias.
Bruna Costabeber, 26 anos, engenheira civil, blogueira, mãe da Nina, apaixonada por livros e por números, dois universos que se chocam em muitos momentos. Já realizou alguns sonhos, mas nunca deixou de sonhar, pois são eles que a movem.
Agosto / Setembro
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Conteúdo
A jornada do herói
Horóscopo SUPER literário A importância de heróis na cultura negra Barba, cabelo & bigode Fantásticos - antologia sobre deficiência ENTREVISTA: Renata Maggessi Vélox : herói brasileiro além do preconceito CAPA: Raphael Miguel ARTIGO: Escrevendo heróis Processo criativo de OS SUPREMOS QUADRINHOS ENTREVISTA: Jadna Alana CONTO: Woman Five-la Super Escritoras: elas existem! ARTIGO: Genes letais BIENAL DO LIVRO: Programação de autores
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Revista Amazing
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A Jornada do Herói
Personagens fortes
por Jefferson Andrade
Será que existe alguma figura mais interessante na literatura do que o herói? Este talvez seja o arquétipo mais admirado em quaisquer culturas, onde a idealização de um ser geralmente toma a forma que mais desejamos. Força, coragem e determinação costumam ser seus hábitos corriqueiros, quer seja no ocidente ou no oriente; no politeísmo ou no monoteísmo; na era moderna ou na antiguidade. Um dos maiores estudiosos sobre o tema “Herói” é o americano Joseph Campbell, que entre seus trabalhos, destaca-se o Herói de Mil Faces, um verdadeiro manual para aqueles que tentam entender como essa figura tão ímpar consegue atrair a atenção de povos tão diferentes e, ainda que não estejam intimamente ligados, formam uma linha tênue de caráter e imaginário. Ora, seria assim tão destoante imaginarmos a proximidade do estereótipo de Héracles, na cultura grega, com Krshina, no hinduísmo? Com o traçado do caminho do herói, ou a Jornada do Herói, como Campbell descreve, quais seriam as etapas que formariam esse ser tão próximo do divino, em toda a simbologia que envolve tal palavra? A primeira etapa não seria outra que não A Partida, o momento em que o ser aparentemente comum é envolto em um novo mundo, completamente inesperado a uma primeira vista, onde geralmente o destino é o fator determinante. A novidade norteia então o caminho do herói, e ainda que em um primeiro momento exista a dúvida em sua mente se aquele trajeto deva ser trilhado ou não, seu senso de justiça o impelirá a tanto. Entretanto, nenhum grande herói pode se inserir em uma aventura dessas se não possuir uma proteção adequada. Os talismãs que protegem o nosso herói, ou mesmo são capazes de lhe dar uma força além da imaginável, são extremamente corriqueiros. O Fio de Ariadne, que permitiu a sobrevivência de Teseu ao labirinto do Minotauro, ou Escalibur, fiel companheira de batalha do Rei Arthur, são símbolos desse poder. Outro que não poderia faltar seria o nosso bom e velho guia. A figura do Guardião é quase tão importante e presente quanto à do próprio herói; teria Zeus se tornado o grande rei dos deuses, se sua avó Gaia não o tivesse escondido de seu tirano pai Cronos? Qual teria sido o destino de Bilbo, Frodo ou mesmo do próprio Aragorn, se Gandalf não os tivesse guiado? Em casos mais modernos, teria Harry Potter
se desenvolvido tanto com o passar da história sem a figura de Dumbledore a ensinar-lhe? Fica evidente como esse início de jornada não pode ser superado sem tais presenças, e seria até mesmo uma ignorância imaginar que um ser arrancado de sua realidade, para viver uma aventura tão expoente, conseguiria lograr êxito por conta própria, ainda que o mesmo seja um dito herói. Superada a primeira etapa, surge então a provação. A Iniciação é repleta de desafios para o nosso novo herói, sendo geralmente enredada uma série de acontecimentos que não só criam a relação de expectativa e esperança por parte do leitor no seu herói, mas também que só e somente só poderão ser superadas por este personagem, motivo principal de sua existência naquele universo. O ser central de uma profecia, tal como Rick Riordan muito bem cria com o seu carismático Percy Jackson; J.K Rowling com o mais uma vez presente Harry Potter; ou mesmo os irmãos Wachowski, em sua trilogia cinematográfica que cria O Escolhido Neo, no universo de Matrix. A superação dos atos do herói nessa fase é tão exemplar, que se forma aqui o momento da Apoteose, quando seus atos são tão fascinantes e até mesmo inexplicáveis, que somente a sua comparação com uma entidade divina poderia justificar tamanho poder. Seja pela admiração de seu povo, que o transforma em uma lenda, seja pelos próprios deuses, que o elevam a tal condição, fica nítido que a partir daquele instante, a condição de normalidade não mais lhe é aplicável. Tendo sua tarefa sido cumprida, inicia-se a terceira e última etapa, O Retorno. Estando o herói portando ou não um troféu como símbolo de seus atos de bravura, a necessidade primeira de seus atos não mais existe, e surge então a questão: como viver sua vida? Como pode um poderoso herói, quase equiparado a um deus, voltar à sua vida antiga? Como ele poderia retornar ao seu antigo mundo, tendo vivido prodígios dignos das mais antigas lendas? Nas Crônicas de Nárnia, o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, os reis e rainhas de Nárnia vivem sua nova vida como sendo a real, e a antiga, algo já esquecido; no Senhor dos Anéis, Bilbo parte para Valfenda, para viver com seus amigos elfos, pois o Condado já não mais lhe cabe. Dessa forma, o herói assume a posição de Senhor de Dois Mundos: o seu de nascença, onde seria apenas mais um, provavelmente; e o seu novo, onde seu nome terá sempre um valor inestimável. Agosto / Setembro
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Horóscopo Literário
por Giovanna Vaccaro | Ilustrações: Eder Modanez
Áries
Gêmeos
20 de abril/ 20 de maio
21 de maio/ 21 de junho
Pois é, ariano, esse mês é mês para cultivar mais amizades, por isso, faça como em “Os Vingadores” e chame os amigos para resolver as tretas
O momento pede por organização, você vai precisar conciliar o trabalho com os estudos, assim como o Clark Kent faz para conseguir salvar o mundo como Superman
IIH! É melhor você começar a soltar as emoções e demonstrar mais porque, se se prender demais, vai precisar se libertar, assim como o Bruce se transforma no Hulk
Libra
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Touro
21 de março/ 19 de abril
Escorpião
Sagitário
23 de setembro/ 22 de outubro
23 de outubro/ 21 de novembro
22 de novembro/ 21 de dezembro
Mete o loko, libriano! Pode colocar as cartas na mesa e jogar a verdade na cara dos outros, igual o Bruce Wayne sempre faz quando está lutando como o Batman
Finalmente este é o mês onde os escorpianos estão de boa, seu coração tá na paz e você está propenso a perdoar mais, assim como Thor, que perdoou até mesmo o Loki, que quase destruiu New York
Tente fugir dos problemas usando a sabedoria, como a Mulher Maravilha, as pessoas vão adorar.
Revista Amazing
Agosto/ Setembro
Câncer
Leão
Virgem
22 de junho/ 22 de julho
23 de julho/ 22 de agosto
23 de agosto/ 22 de setembro
Assim como existem os agentes da S.H.I.E.L.D, você vai precisar ajudar seus amigos a saírem de problemas
Você pode até ter alguém em seu círculo de amizades que não pense como você, mas tenha paciência, nada de arranjar brigas, hein!? Tony Stark e Steve Rogers quase se mataram em “Guerra Civil”, lembra?
Que tal respirar novos ares, virginiano? Use os mutantes de X-men como exemplo, eles vão sair do Instituto para lutar com Os Vingadores agora, ficou sabendo?
Capricónio
Aquário
Peixes
22 de dezembro/ 19 de janeiro
20 de janeiro/ 18 de fevereiro
19 de fevereiro/ 20 de março
Cuidado! As más escolhas podem te destruir. Não queremos que aconteça com você o que houve com o Homem-Aranha em Guerra Infinita, né?
A família é sua melhor companhia no momento. Aproveite a oportunidade e assistam “Os Incríveis 2”
A Viúva Negra usa o sarcasmo como arma, tente fazer o mesmo agora.
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Representatividade
A importância de heróis
Na cultura negra Há alguns anos a palavra “representatividade” tem ganhado espaço e força, principalmente nas redes sociais, mas o que essa palavra significa? Representatividade é a qualidade de quem representa um determinado grupo, que se sente representado por aquela ou aquelas pessoas. Ou seja, só ocorre representatividade quando o público-alvo se sente representado, caso isso não aconteça, é apenas mais um papel em um filme, ou apenas mais um livro, mais uma história. Apesar de a representatividade dentro da cultura negra ter ganhado bastante força nos últimos anos, já tínhamos alguns ícones representativos dentro dos quadrinhos. Aqui o que acontece é que esses ícones são conhecidos apenas pelos negros, recebem menos atenção de companhias cinematográficas, recebem menos atenção até mesmo dos próprios criadores e editoras. Todos esses problemas estão ligados diretamente ao racismo. Produtos que levam pessoas negras na capa vendem menos, não por terem uma qualidade menor, mas por que o público não entende o negro como merecedor de estar na capa de uma revista. Claro que isso também tem um lado positivo, que é a possível representatividade, o que pode aumentar o número de compras de pessoas negras, já que se sentem representadas por determinado produto. Nos quadrinhos não é diferente. Nossos heróis não são tão reconhecidos, e mesmo que o público peça que eles apareçam mais vezes, por questões de marketing, isso não acontece com tanta frequência. Vamos começar falando de Tempestade, considerada a super-heroína mais importante da Marvel, e é a personagem que aparece em mais revistas, porém, não tem um quadrinho solo. Tempestade é filha de uma princesa do Quênia e nasceu no Egito, é considerada a 8
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super-heroína mais forte e possui poderes que podem controlar vários elementos. Além disso Ororo Munroe, nome verdadeiro de Tempestade, é conhecida como Rainha de Wakanda, por seu relacionamento com T’Challa, o Pantera Negra. Falando em Pantera Negra, ele é o rei de Wakanda, um país africano fictício não colonizado. Lupita Nyong’o, atriz participante do elenco do filme Pantera Negra, disse que como Wakanda não foi colonizado, eles não tem interferência dos brancos em sua cultura, eles aprenderam desde sempre a valorizar sua beleza, seus cabelos, sua pele e seus ritos. O filme tem cerca de 97% do elenco composto por negros, e por mostrar um país africano, mesmo que fictício, com tanta riqueza cultural, que normalmente não é mostrado em outros filmes, foi super bem recebido pelo público. “Wakanda forever” (Wakanda para sempre) se tornou um bordão entre jovens negros, o que significa que a representatividade trazida pelo filme, e pelo herói Pantera Negra, foi tão grande, que muitos passaram a adotar Wakanda como país de origem. Um país onde não há racismo, onde eles são livres para serem quem são, sem medo. O último herói a ser citado aqui é Super Choque, Virgil Hawkins. Ele é um herói que veio para quebrar o esteriótipo ruim sobre o jovem negro. Curte hip-hop, usa dreads, usa calças largas e é um gênio da matemática, e usa essa genialidade para calcular a potência de seus choques. Aqui temos um negro super inteligente, que usa essa inteligência para combater os vilões, que é super respeitado na cidade, como herói, por ajudar as pessoas, e quando chega em casa é apenas Virgil. O fato de ser um jovem negro, assim como qualquer jovem negro real, faz com que muitas vezes ele seja tratado de forma diferente, como se
ele estivesse errado apenas por ser negro, e mostrar isso para crianças, nos quadrinhos e na animação, faz com que elas cresçam sabendo a realidade que irão enfrentar. A exposição do cotidiano de um jovem negro, sem esconder o racismo e o preconceito, é importante para que esses temas possam ser discutidos de forma natural, desde a infância. Além disso, cria um modelo representativo para os que são fãs dos quadrinhos e das animações. Todos querem ser um jovem inteligente como o Virgil, e um super-herói como o Super Choque, que apesar de todo o preconceito que sofre, resolve ajudar a sociedade com os dons que recebeu, entendendo que ódio não se devolve na mesma moeda, mas que devemos sim lutar pelo que acreditamos, e principalmente para sermos reconhecido por quem somos, não por quem a sociedade diz que somos. Heróis negros são importantes. Precisamos deles para que possamos entender que apesar de todo o racismo e preconceito, podemos ser quem desejarmos ser. Eles são importantes por que mostram ao mundo que o negro é lindo, forte, líder, rei, e que ele pode ser tudo isso enquanto também é um rapper, um ativista e usa dreads. O negro pode, e deve, assumir suas ancestralidades e continuar sendo visto com respeito, e é isso que esses heróis vêm mostrar à sociedade. O negro, e a negra, de turbante, de tranças, com cabelo afro super volumoso ou com dread também é um líder, é empresário, é uma pessoa de sucesso e deve ser tratada como tal.
Isabella Clouddie Escritora do blog A Colecionadora de Páginas, bióloga em formação e estudante da cultura negra.
Barba, cabelo e bigode
por Raphael Miguel
Olá, espero que se encontre na mais sublime e perfeita PAZ! Antes de começar esta coluna na linda revista Amazing, quero sugerir uma coisinha bem simples. Juro que não vai doer. Desafio aceito? Muito bem, então feche seus olhos... Vai, pode fechar. Agora, com os olhinhos bem fechadinhos, imagine um escritor. Qualquer escritor. Um homem. Um cara. Imaginou? Um sujeito escrevendo e tal? OK! Beleza. Vida que segue. Desde que ingressei na vida literária, isso há quase três anos, passei a reparar em um fenômeno. Algo que me chama atenção constantemente, na verdade. Se você também está regularmente por dentro do que acontece no mercado editorial, acho que também já deve ter reparado. É assustador (no bom sentido, se é que algo pode ser assustador no bom sentido) o número de mulheres que surgem e dominam o ramo literário. Elas estão por toda parte, em todos os setores do mercado. Escritoras, antologistas, editoras, revisoras, capistas, diagramadoras, críticas, vendedoras, livreiras, blogueiras... UFA! Existe uma infinidade de nomes femininos com destaque no meio. Ah, e antes que alguém se levante contra mim dizendo que estou sendo sexista ou ainda querendo promover a guerra dos sexos, quero salientar que acho mais do que justo que elAs alcancem vôos cada vez mais altos e significantes. Aliás, na minha prateleira, a maioria gritante é de nomes femininos. Uma livraria composta por Glau’s, Soraya’s, Jadna’s, Juliana’s, Giovanna’s, Eliane’s, Judie’s, Renata’s, Vivianne’s, Daya’s, Jéssica’s, Leila’s... Essas garotas super-poderosas são infinitamente superiores ao homem rústico e, se ganham espaço em tantas áreas, por que não no meio literário? E se analisarmos o perfil do consumidor final de livros no Brasil, essa ideia de destaque às mentes femininas faz ainda mais sentido. Caso você não saiba, é comprovado que as meninas lêem mais, têm contato com livros mais frequentemente e passam mais tempo em uma livraria. Outro fato que chama atenção é que as mulheres conseguiram um espaço maior não faz tanto tempo assim, isso em diversas áreas, pois até poucos anos muitas ainda viviam às sombras do machismo.
Dito isto, é consequência natural que as mulheres escritoras sejam mais lidas em relação aos homens e tenham mais destaque. Garotas que preferem ler garotas. E eu, pessoalmente, vejo que os escritores homens recebem alguma resistência de alguns leitores. Parece ser mais fácil ver meninas literárias em vogo do que meninos. Mas por que? Ao longo do tempo, percebi que eventualmente acusam os escritores de serem menos detalhistas, sentimentais, às vezes até profundos em relação às escritoras. Acusados de serem superficiais demais... Há até quem tenha medo de conversar com autores, com receio de serem assediadas ou passarem a mensagem errada, enquanto que com as autoras isso não acontece. Existe uma barreira, uma resistência, Leitora X Autor que não há entre Leitora X Autora. Só que isso é um tanto injusto. Não acha? Nem tudo é na base da rusticidade básica quando se trata de homens autores. Arrisco dizer que há um pouco de nós (homens) para todo mundo, todos os gostos. Juro que não mordemos (salvo algumas exceções, não posso me responsabilizar por todos) e que, se nos derem uma chance, podemos provar que produzimos histórias incríveis, tudo no melhor estilo do “barba, cabelo e bigode”, serviço completo. A verdade é que não deve importar muito o sexo do autor quando a história é boa, e quebrar esta imagem de homem raso é primordial para alcançarmos cada vez mais público. Acho que é esse o caminho. Literatura sem frescura. Ah, lembra da minha proposta no começo da coluna? Se você imaginou um carinha com pinta de coitadinho, todo mirrado, escondido atrás de uma máquina de escrever e morrendo da síndrome anti-social, pode esquecer. Nós, escritores homens, também evoluímos. Já não somos esses sujeitos tímidos. Barba, cabelo e bigode. See Ya! Raphael Miguel é um premiado autor que coleciona mais de trinta publicações dentre contos, poemas, crônicas e livros, com destaque para Planeta Brutal, Ácido & Doce e Os Supremos. Quer questionar o autor ou debater o artigo: raphaelmiguel@outlook.com.br
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Inclusão
Fantásticos!
Uma antologia que veio mudar seus conceitos sobre deficiência! A Antologia “Fantásticos!”, idealizada e organizada pela escritora Nuccia De Cicco, é uma antologia social e a primeira antologia inclusiva da Sinna. Nela, os contos de diferentes gêneros, desde romance a fantasia, possuem apenas uma característica em comum: os personagens principais são pessoas com deficiência. “A ideia é ampliar a representatividade dessas pessoas na literatura nacional e derrubar preconceitos. Pessoas com deficiência são pessoas comuns, que tem sonhos, vidas próprias e profissões. Nada mais justo que estarmos em livros e contos também!”, disse a organizadora, que é surda profunda há pouco mais de 10 anos. Ao todo, são 11 contos, e seus personagens possuem deficiência visual, auditiva, autismo, paralisia ou ausência de membros. Em cada conto,
encontramos situações cotidianas que as pessoas com deficiência enfrentam e a maneira como lidam com tais situações. Cada conto apresenta uma versão do capacitismo, o tipo de preconceito que as pessoas com deficiência mais sofrem. Nele, a dúvida sobre a capacidade da pessoa com deficiência em fazer algo é o que fica em evidência. “Muitas vezes, esse preconceito parte da própria pessoa no momento em que a deficiência se estabelece, por conta da pressão cultural e social. Se a sociedade em geral não tivesse baixas expectativas em cima das pessoas com deficiência, o capacitismo não existiria. Menos ainda a ideia de “super-heróis” quando a sociedade vê que são pessoas capazes de fazer o que quiserem, mesmo que de um jeito mais específico. Assim, cada conto também mostra que empatia é essencial para desmistificar os preconceitos sobre a deficiência em
questão.”, complementa a organizadora. Karen Gueraldi, editora-chefe da Sinna, diz-se muito feliz e grata pela confiança e parceria coma Nuccia De Cicco por ter escolhido sua editora para abrigar um projeto tão importante para a sociedade. A Sinna procura sempre colocar temas sociais em suas antologias, visando apoiar várias causas através da literatura. Acredita que os livros ainda são a melhor maneira de passar mensagens e criar maior conscientização sobre assuntos que, muitas vezes, estão distantes dos leitores. Em fase de edição, a antologia “Fantásticos!”já tem sua capa oficial, feita pelo Décio Gomes (DG Design Editorial), e entrará em pré-venda em agosto. A pré-venda contará com brindes exclusivos, além dos marcadores. A editora está estudando um evento de lançamento presencial com alguns autores na cidade do Rio de Janeiro.
Antologia reúne os autores e contos:
Sobre a Antologia: Título: Fantásticos! Organização: Nuccia De Cicco Editora Sinna Gêneros diversos | Ano: 2018
Allania de Lunae, de MellFerrarez Um amor escondido, de Patrícia Mendes Como Você, de Diana Scarpine Primeiro Encontro, de Lêticia Lopes Um homem sem palavras, de Danka Maia O caçador de semidemônios, de Alex Oliveira Dor Fantasma, de Larissa Rumiantzeff Sombras e Dúvidas, de Ana Carolina Coelho O mundo de Sarah, de Suzana Chaves Linhares Sobre aprendizado & super-poderes, de Lucas Hargreaves A Dançarina da Deusa, de Nuccia De Cicco.
Sobre a organizadora: Bióloga, Doutora em Bioquímica, escritora, bailarina e blogueira, Nuccia De Cicco é carioca, bruxa, apaixonada por livros, viciada em seriados, louca por tatuagens e animais, além de ter uma queda saudável por cafajestes. Surda desde 2007, co-autora em catorze antologias, publicou em 2016 a biografia “Pérolas 10
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da minha surdez”, uma obra sobre luta e força de vontade, pela Metamorfose Editora. A organização da Antologia Fantásticos, publicada pela Editora Sinna, marca uma nova fase em sua carreira de escritora: a ampliação da representatividade da surdez na literatura nacional de ficção. /nucciadeciccoescritora
Entrevista
Renata Maggessi A escritora Renata Maggessi é formada em jornalismo e pós-graduada em Literatura Brasileira. Lançou esse ano o suspense “O Enterro dos Ossos” pela Editora Coerência, além de participar de diversas publicações da editora, tais como: Arquivos do Mal, Era Uma Vez, Os Supremos, Quando o Universo Conspira e O Mundo Fantástico de R. F. Lucchetti. por C. B. Kaihatsu
Quais autores são suas maiores influências na escrita? E como foi a decisão de publicar seus escritos? Eu sou apaixonada pelos escritos da Clarice Lispector, porém, minhas maiores influências na escrita são Agatha Christie e Rubem Fonseca. Eu sempre gostei de escrever, mas deixava tudo engavetado, até que resolvi deixar a timidez de lado e tentar o ingresso em uma antologia. Vi que as pessoas gostavam da maneira que eu escrevia, então, isso me deu forças para continuar. Você começou na antologia Arquivos do Mal da Editora Coerência. Como foi participar desse projeto? Na sua opinião, qual a importância desse tipo de publicação para quem deseja se inserir no mercado literário? Arquivos do Mal foi o meu ponto de partida e a melhor coisa que eu fiz. Vejo nas antologias uma maneira de conhecer editoras, fazer networking e ingressar no meio sem gastar muito. Renata, você tem participação em duas antologias sobre signos, mas com propostas totalmente diferentes. “Quando O Universo Conspira” da Editora Coerência é uma antologia sobre o amor e “Zodíaco”, antologia independente da escritora Ge Benjamim, é de terror. Como foi tratar o mesmo tema, a partir de visões tão distintas? Apesar de não ser uma expert no assunto, adoro tudo ligado a signos e astrologia, não importando se no lado obscuro ou no lado “amorzinho” e, justamente por isso, preferi abordar meu próprio signo, afinal, todo mundo tem os dois lados e, com isso, acho que consegui
expressar o lado ruim e o bom (ou deveria dizer não tão ruim?) do capricorniano. Também está na coletânea “Os Supremos” que fala sobre super-heróis. Quais são seus super-heróis favoritos? Algum deles lhe inspirou a compor sua personagem para essa obra? Eu, quando criança, adorava o Homem-Aranha e a Mulher Maravilha. Hoje, gosto demais do Wolverine e da maioria dos mutantes que integram os X-Men. Não houve nenhuma influência específica para compor a Sonda. Quando o Raphael Miguel me convidou, ela foi se formando muito rapidamente, como se sempre estivesse existido, só estivesse esperando para se materializar. Ainda falando dos Supremos, sua personagem Sonda, alter ego da Dra. Agatha Martínez, sofreu bullying na infância. Você acredita que através de personagens como ela, podemos empoderar crianças e jovens que sofrem bullying? Qual a principal mensagem você pretende passar com a personagem? Com certeza. O bullying, infelizmente, é uma realidade. Pessoas diferentes acabam sofrendo, mas, com a ajuda de familiares e amigos podem dar a volta por cima e mostrar que ser diferente é bom, que ser diferente é normal. Este ano também, você participa da antologia da Editora Coerência “O Mundo Fantástico de R. F. Lucchetti”. Como foi participar dessa obra em homenagem ao maior nome do horror e pulp fiction no Brasil? Qual sua opinião sobre o livro “Cinco Bonecas de Olhos Vazados”, considerado pelo próprio Mestre como uma de suas melhores obras. Quando recebi o convite para
participar da antologia, fiquei em pânico no primeiro momento, pois sabia que teria um grande desafio em mãos e eu precisava fazer jus ao homenageado. Quanto ao livro, é simplesmente maravilhoso. Não há palavras para expressar tudo o que tem nele, a genialidade de R. F. Lucchetti é memorável. O suspense “O Enterro dos Ossos” é seu primeiro livro solo. Como surgiu a ideia para esse livro? Poderia falar um pouco para os leitores da Amazing sobre ele? A ideia surgiu de uma nota que li na internet sobre o que cachorros policiais encontravam em escombros. Dali nasceu a história. Poderia falar um pouco a respeito de futuros projetos? Já tem planos para um novo livro? Além do meu outro livro, O Canto da Cigarra, estar em processo de edição, estou aguardando a publicação de outras antologias para as quais fui selecionada, recebi o convite para uma outra antologia, sobre a qual ainda não posso falar, e estou com um livro pela metade, esperando os projetos em andamento acabarem para poder me dedicar a ele.
Os Supremos Raphael Miguel Editora Coerência
Agosto / Setembro 11
Vélox,
um herói brasileiro além do preconceito por Marcelo Milici
Enquanto os sobreviventes da guerra contra Thanos buscam uma maneira de impedir o fim do universo nas adaptações da Marvel, no Brasil uma outra joia inicia um combate ágil e charmoso contra o crime. É um pássaro? Um avião? Não. É Vélox, um poderoso super-herói que tem uma dupla missão: enfrentar terríveis vilões que ameaçam os cidadãos brasileiros e o preconceito. Criação do publicitário e quadrinista Elyan Lopes, responsável por outras publicações como “Capitão R.E.D”, a premiada “Protocolo: A Ordem e Alfa - A Primeira Ordem”, em parceria do roteirista Gian Danton (de “A Família Titã” e “Como Escrever Quadrinhos”), do ilustrador Marcio Abreu (com trabalhos nas editoras Dynamite Entertainment e Zenescope Entertainment) e cores de Vinícius Townsend (com obras na Dynamite Entertainment), Vélox é inspirado nos ginastas brasileiros e no empoderamento da Drag Queen e cantora Pablo Vittar, que, inclusive, participa da primeira edição. Eron Maya é considerado um dos melhore ginastas olímpicos do mundo. Devido a um terrível acidente durante uma apresentação, ele fica tetraplégico e recebe a visita de uma entidade 12
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misteriosa que lhe concede superpoderes como o de correr e voar. Assim, ele passa a combater a violência como Vélox, escondendo sua identidade verdadeira e a sua sexualidade. “Estou sempre procurando nos meus personagens a pluralidade e diversidade do povo brasileiro, e isso se reflete no Vélox e o porquê de ele ter nascido.”, afirma Elyan com a apresentação da HQ “Vélox #1 – O Campeão da Liberdade”, mais um herói, ao lado de outras criações próprias como Capitão 7 e O Flama, de um belíssimo universo que começa a ganhar vida. Com toda a qualidade apresentada em sua primeira edição, Vélox também encara inimigos reais fora dos quadrinhos. Além da dificuldade de registrar o personagem, há uma parcela - mínima e desnecessária - de preconceito pelo desenvolvimento de um personagem homossexual, além da presença e referências a Pablo Vittar. “Toda crítica negativa me faz ter mais certeza do quanto precisamos trabalhar mais ainda para melhorar como sociedade igualitária.”. Mesmo com os percalços que rondam a trajetória de todo grande herói, Vélox continuará sobrevoando as grandes metrópoles brasileiras na busca por uma nação mais justa e consciente, até o infinito e além.
Entrevistamos
Raphael
Miguel por Luis Kato
Vamos começar pela sua infância. Qual foi o primeiro livro que você leu e qual a importância para a sua vida? Posso fugir um pouco da pergunta e responder qual o livro mais marcante que li na infância? Este com certeza foi o infantil “Fiz o que pude”, lido na escola. Na fábula, um pequeno passarinho observa a iminência de um incêndio na floresta e, mesmo ele sendo tão pequenino e de forças limitadas, literalmente faz o que pode para conter as chamas, mas a mensagem é transmitida a partir do ponto em que se esclarece a validade na tentativa, no incômodo e na perseverança. Sua importância não se restringe apenas ao fato de me fazer “pegar gosto pela leitura”, mas também pelas inúmeras lições que aprendi desde cedo, como não desistir, manter o foco e a obstinação e dar sempre o melhor. Características que faço questão de manter e passar a diante sempre que possível. Em qual momento da sua vida você decidiu mergulhar no universo literário, o que foi mais determinante? O universo literário surgiu para mim como consequência natural, pois sempre me interessei demais pelo lúdico e por criar e abordar diferentes histórias. Na adolescência, passei a exercitar um pouco mais esse dom, mas muita coisa se perdeu. Fui levar mais a sério recentemente, quando já não conseguia
conter a vontade em escrever. Às vezes vejo os autores mais jovens, que são muitos e bastante talentosos, e penso comigo mesmo “Se eu fosse mais novo...” mas aos meus vinte e poucos anos, qual a bagagem e apoio que me fariam enfrentar tantos desafios? Hoje, tenho uma profissão que me permite certa elasticidade de horários, autonomia e mesmo verba para alguns projetos; sou bem casado, com uma mulher maravilhosa que me apoia demais e me acompanha sempre que pode; pai de uma menina incrível que me dá forças para lutar. Esse pé no chão, fincado na realidade em que vivo, faz com que o mundo literário seja mais do que um sonho, o suporte que preciso. Seu livro solo Ácido & Doce: A Rosa Fatal foi bem premiada em 2017, ganhando nas categorias de drama e romance no Prêmio Brasil Entre Palavras. Qual a sensação de conquistar tanto com a sua obra? Toda conquista é importante para um escritor. Nas antologias em que
participei, já vinha demonstrando uma tendência a diversificar a obra, mas o Ácido & Doce veio para mostrar que estava vestindo de vez a armadura da versatilidade. Meu primeiro livro solo, O Livro do Destino, foi lançado em 2016 e trazia um enredo tipicamente contemporâneo com cargas de fantasia. Então, foi a partir dessa premissa que comecei a captar os primeiros leitores. O que seria mais plausível na continuidade da carreira? No mínimo, esperavam um enredo com o mesmo estilo, talvez o mesmo gênero. Há quem diga que não se faz isso, brincar assim entre os gêneros, mas prefiro não ter um rótulo pendurado na minha testa. Tanto é que nos livros seguintes (Cinco, Planeta Brutal, Os Supremos, Playlist), continuei abusando da versatilidade. Digo que não é a toa que foi um livro tão comentado, celebrado e tão premiado. Foi uma vitória incrível, ainda mais na categoria romance, onde autores de grande gabarito, como a reconhecida Amanda Agatha Costa, disputavam. Agosto / Setembro 13
Depois de ter conquistado tanto, posso dizer que é o livro mais significativo até aqui em minha carreira. E ainda afirmo que existem muitos planos para ele. A Rosa Fatal foi apenas o primeiro livro, o qual pretendo relançar em breve e publicar A Flor Suicida, a continuação tão esperada. Algo me diz que novidades estão por vir. Qual é a experiência em trabalhar em um projeto como “Os Supremos”? O que ele difere de um livro solo, de apenas um autor? Os Supremos me trouxe uma das melhores experiências até agora na minha carreira. Além de idealizador do projeto, fui organizador e coordenador. Em segredo, analisei, escolhi e convidei outros autores para se juntarem a mim e tive a honra em trabalhar com Jadna Alana, Jefferson Andrade e Renata Maggessi. A grande diferença em Os Supremos é a diversidade que o leitor encontra. Cada um dos quatro autores envolvidos traz uma perspectiva diferente, uma narração e estilos próprios, personagens únicos compartilhando a mesma premissa. É uma fórmula que foge um pouco do habitual. Se tudo der certo, podemos pensar em trabalhar com a extensão da coletânea para série e até “recrutar” outros autores. É bom manter os olhos fixos em Os Supremos. Podemos surpreender quando menos esperar. Qual é a coisa mais importante quando você começa a escrever? Inovação da temática, identificação com o leitor, entre outros. É a soma de vários fatores que acaba por se tornar importante. Sem ao menos tentar inovar a temática, corro o risco de cair em um lugar comum, algo que detesto. É nesse aspecto que muitos autores pecam. Na tentativa desesperada de conseguir um rótulo, por exemplo, de “escritor de terror”, produzem sempre as mesmíssimas coisas e abordam temas e assuntos recorrentes e sem graça. Identificação com o leitor? Quem diz que não busca se identificar 14
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com o leitor em sua obra não passa de um idiota. Está fazendo a coisa errada da vida. Assisto com preocupação algumas cenas de autores arrogantes que insistem em dizer coisas do tipo “a história é minha, faço o que quero” ou “meu livro não se passa no Brasil simplesmente porque eu não quis”. É preciso ter mais respeito com o público e a busca de uma identidade com o leitor é primordial. Também devo ressaltar a sensibilidade, pois um escritor não pode se achar o dono das histórias e ponto. Deve ter consciência de que são os personagens que vivem aquele enredo e que eles devem guiar a trama. Sério! Essa sensibilidade não pode ser ensinada em cursos de escrita, em aulas teóricas, em livros que ensinam a escrever livros. Isso é dom! A história não surge do nada, ela vem da mente criativa do autor e dos sussurros dos próprios personagens que clamam para ganhar vida através de um livro! Inovação da temática, identificação com o leitor, sensibilidade, dom, talento e obstinação, todos elementos somados que devem nortear o artista ao escrever. Uma pessoa com uma bagagem literária como a sua deve ter projetos engavetados, só esperando o momento para se tornarem realidade. Sobre seus planos futuros, pode nos adiantar alguma coisa? Não sou do time dos falastrões, daqueles que escrevem meia linha e já começam a divulgar como se estivessem com um novo Senhor dos Anéis nas mãos. Só que não vou deixar a Amazing no vácuo. Vamos falar sobre coisas
certas, não especulações. Muito em breve, provavelmente para já depois da Bienal, estará sendo publicado mais um livreto chamado #Drama, uma coletânea com quatro contos de minha autoria. Fora isso, também tem várias antologias em que participo chegando, inclusive um especial de Halloween com outros grandes nomes do terror nacional. Para livro solo, gostaria de cravar a data para a continuação de A Rosa Fatal, mas só posso adiantar que Ácido & Doce: A Flor Suicida já está pronto e sendo negociado para publicação. Existem outros projetos que dependem de fatores que fogem a mim, mas gostaria muito de trazer Os Supremos 2, de trabalhar novamente no universo de Planeta Brutal, além de relançar O Livro do Destino e Cinco. Para finalizar, qual mensagem você gostaria de deixar para os seus leitores que tem te acompanhado por todas essas obras? Vivemos em um país onde a literatura não é tão valorizada como arte da forma como deveria, não nos levam a sério. Mas quando penso em desistir, lembro que existe uma grande honra em ver seu livro ser escolhido por alguém, ser lido, comentado, indicado e divulgado. Preciso agradecer, de coração, a quem me lê, quem me motiva e me dá forças para continuar no caminho do sonho. É importante demais! Com a obstinação a nos guias, um dia chegaremos lá!
Obrigado por tudo!
Escrevendo Heróis por Gabriel G. Sampaio
Há quatro anos lancei meu primeiro trabalho como escritor, uma história sobre uma policial enfrentando um lobisomem rancoroso que tinha como objetivo reconstruir a sua raça, quase extinta. O livro chama-se “Warwolf: O ritual” e foi uma importante porta de entrada no mercado literário. Desde então, (após participar de 7 coletâneas, lançar o épico espacial “Exídium” pela Editora Coerência e publicar o quadrinho independente “Exceção Hostil”) ainda me vejo abordando heróis e heroínas em minhas histórias. Enquanto escritor isso é quase um vício! Então vou aproveitar o convite e refletir um pouco com vocês leitores sobre os motivos que me fazem um louco por histórias de heróis e porque continuo a criar dentro desta temática. Pensar em histórias de heróis é sonhar com o melhor de nós. É deixar as dificuldades e desafios do mundo real em segundo plano e focar nos resultados do que fazemos. O heroísmo é uma questão de ponto de vista. Você não pode ser um herói se não for um herói para alguém. Afinal todo mundo pode ser o herói de sua própria história. Encontro-me imaginando se a figura tida como “o grande vilão da história”, Hitler, pensava assim ao unir a Alemanha para a Segunda Guerra? Para quem quer escrever, esse é um artificio fácil de usar. Se você quer um vilão muito bom, torne-o um herói para si mesmo ou para alguém. Até em Warwolf, o vilão da história pensa em si mesmo como o salvador dos lobisomens! Não dá pra falar em criar histórias de herói sem falar da figura central que move esse subgênero: o herói. Eles podem ser simples ou complexos, brutamontes ou galantes, cada leitor tem sua preferencia. Mas o que todos têm em comum é que eles não nascem um herói. O herói é construído. É o produto de ações e de uma história de crescimento. Sem ações, etapas e sem esse desenvolvimento também não há herói. Por outro lado, existe uma figura sombria muito comum no cinema, tv e literatura do gênero, que vem roubando
o protagonismo do herói - o Anti-herói! Para se diferenciar do herói, esse tipo de personagem não concorda com os valores e regras do mundo ao seu redor, mas continua agindo e crescendo. Talvez por isso essa figura nos atraia tanto. O anti-herói revela nossa própria vontade de quebrar as regras para fazer o bem. E é assim que abordei a questão do preconceito no quadrinho Exceção Hostil. A protagonista é Acira, uma criança deficiente que cresce para se tornar uma justiceira numa caçada antifascista num Brasil futurista. Para proteger aqueles que ama, Acira não segue as regras e mata mesmo os vilões terroristas. Também não dá para falar de escrever sobre heróis sem revelar um pouco das minhas fontes de pesquisa. Entendo um pouco de heróis graças ao trabalho do antropólogo Joseph Campbbel, e de sua teoria conhecida como “O Monomito”, que revela muitos pontos em comum nas histórias de heróis mitológicos de diversos povos. Para Campbbel, em seu livro “O herói de Mil Faces”, o herói é “o homem ou mulher que conseguiu vencer suas limitações históricas pessoais e locais e alcançou formas normalmente válidas, humanas.” (Ed. Cultrix, 1993. Pag 13). Baseando-se nisso e em outros trabalhos do antropólogo americano, outro escritor fez um trabalho maravilhoso e complexo de simplificar esses estruturas narrativas, propondo uma metodologia de trabalho para escritores, em seu livro “A jornada do Escritor”. Este é Christopher Vogler, que escreveu o roteiro do filme“O rei leão” (1994) e trabalhou para produtoras como a Disney, Fox e Warner. Se você quer escrever sobre heróis e entender o que está fazendo, tem que ler o trabalho de Vogler. Claro que falar sobre heróis é um tema extenso e refletir sobre isso nos leva a pensar na própria realidade que vivemos. Se a noção de heroísmo nas histórias está ligada às etapas e ao crescimento de um personagem, na vida real está ligada à ações pontuais e a momentos decisivos que podem significar a vida ou a morte de alguém.
Curiosidade: Você sabia que existe um livro de aço (Sim, aço de verdade) com o nome de mais de 40 heróis nacionais?! Sim! Ele fica guardado no Panteão da Pátria Tancredo Neves em Brasília. O primeiro nome que consta nele é o de Joaquin José da Silva Xavier, o Tiradentes. Mas há neste livro muitos outros nomes, de heróis militares até os heróis da resistência como Zumbi dos Palmares. No futuro, outros nomes serão acrescidos a estes pelos integrantes do Senado. Vale a pena conhecer e conferir! Vimos agora em Julho de 2018 um resgate heroico de crianças presas numa caverna naTailândia, também vemos constantemente atos heroicos de resistência contra opressão, como nas ocupações de escolas públicas em São Paulo, que estavam para ser fechadas pelo ex-governador em 2015. Diferente da ficção, o heroísmo na vida real não precisa de um grande vilão, precisa só de uma situação-problema e de atitudes ousadas em prol do outro. E num mundo onde o outro (o diferente, o imigrante ou o muçulmano, por exemplo) tem sido visto como uma ameaça, seria bom se mais ações ousadas fossem tomadas em benefício do outro ao invés de focadas em nós mesmos!
www.hydraficcoes.wordpress.com/warwolf/ www. excecaohostil.wordpress.com/ www.livroexidium.wordpress.com
Agosto / Setembro 15
Trabalho de escritor
Processo criativo do livro
por Jadna Alana
O livro “Os Supremos”, organizado pelo escritor Raphael Miguel e publicado pela Editora Coerência, é a junção de quatro histórias que contarão sobre cinco super-heróis brasileiros. A iniciativa
“Queria ver personagens brasileiros originais inspirados pela justiça, protegendo os fracos e inocentes” - Raphael Miguel
de criar o projeto se deu de um amor muito antigo que Raphael Miguel trazia consigo: os super-heróis. E, em 2017, a decisão foi tomada, ele organizaria um livro com a temática. Pensando dessa forma, ele chegou à conclusão de que queria dividir esse momento com outros autores e decidiu que o livro seria composto por mais três autores: Renata Maggessi, Jefferson Andrade e eu, Jadna Alana. Raphael passou muito tempo estudando prós e contras até chegar à conclusão de que seriam esses os escolhidos e, claro, teve todo o apoio da Editora 16
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Coerência na hora de escolher uma casa editorial. Cada autor ficou responsável de criar um personagem, todos eles dentro de um pequeno enredo que foi elaborado pelo idealizador. Renata Maggessi criou a “Sonda”, uma jovem forte e que começa a aprender a manipular seus novos poderes. Raphael Miguel criou “Apolo”, um rapaz que descobriu seus poderes com apenas dois anos de idade, mas temia o que isso poderia causar e jurou que nunca mais os usaria novamente. Já Jefferson Andrade criou dois super-heróis. Kryos e Vulcano são irmãos gêmeos e possuem habilidades distintas. Um domina o gelo, o outro domina o fogo. Eu fiquei com a difícil missão de criar a anti-heroína “Sombra da Noite”. Uma jovem misteriosa que vaga pela noite a procura de punir aqueles que pretendem fazer o mal. Como vocês já podem ter notado: é um time e tanto! Confesso que me surpreendi muito quando descobri que havia sido escolhida para completar essa equipe e temi muito não responder as expectativas dos meus companheiros, afinal, nunca fui tão ligada ao mundo dos super-poderosos. Quando o
Raphael lançou o desafio corri imediatamente para pedir ajuda aos meus amigos mais próximos, aqueles que não perdiam um filme ou um quadrinho sobre o assunto. Logo comecei a esboçar as primeiras características da Sombra da Noite.
Apolo descobriu seus poderes ainda criança...
... enquanto Sonda ainda está aprendendo a usar melhor seus dons
Queria que ela fosse uma mulher forte, destemida e imponente. Passei longos meses procurando informações na internet, criando rascunhos e mostrando para os amigos. Depois desse árduo trabalho, a minha personagem estava ganhando vida. Sem que pudesse me dar conta, já estava apaixonada pela história dela, pela superação de vida e, acima de tudo, pelas características que eram tão típicas das minhas personagens. E, como eu adoro escrever fantasia, criei uma lenda antiga para explicar os motivos pelos quais ela tinha tantos poderes. Na hora de decidir em que lugar do Brasil ela moraria logo me veio à mente colocá-la no nordeste. Primeiro porque eu sou
daqui. Segundo porque acredito que existem tantas coisas maravilhosas que podem ser abordadas nessa região do país, mas mesmo assim muitas pessoas vêm o nordeste de forma preconceituosa. Para quebrar essa ideia eu decidi colocar uma heroína na Paraíba. Então, em dezembro de 2017, quando entrei de férias da faculdade, comecei a trabalhar nesse projeto e em menos de um mês consegui concluir a minha parte. Cada autor ficou responsável em criar sua história em até 50 páginas, uma tarefa difícil, pois nós queríamos mais e mais. Cada um se apaixonou pelo seu personagem de forma surreal. Chego a assumir que de tudo que escrevi em minha vida,
Kryos e Vulcano são gêmeos com poderes BEM distintos
“Passei longos meses procurando informações na internet, criando rascunhos e mostrando para amigos.” criar a Sombra da Noite foi meu maior privilégio. E se eu tivesse que escolher uma personagem para trazer a vida real, com certeza seria ela. Como disse meu querido amigo Raphael Miguel, talvez o mundo precise de mais heróis.
Sombra da Noite é envolta em mistério, afinal é heroína ou vilã?
Agosto / Setembro 17
Tirinha Literária | Duda Razzera & Kátia Schitine
Vida de Escritor | J. Sampaio
ESTAVA PRONTO PARA LANçAR MEU NOVO LIVRO, QUANDO PERCEBI QUE NÃO IMPOORTAVA O QUE FIZESSE... TUDO SERIA UMA IMITAÇÃO.. NA BUSCA POR ALGO NOVO...
APELEI PARA O INCOMUM, APELEI ATÉ MESMO PARA O CASUAL
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Poxa! Como é difícil ser original!
ENTREVISTA COM
Jadna Alana
“Se eu pudesse escolher uma personagem para trazer a vida, com certeza seria ela. Tenho uma forte admiração pela Sombra da Noite.” por Suzane Cruz
Jadna Alana é escritora e youtuber. A paraibana teve seu primeiro livro publicado aos dezoito anos de idade. Seu novo lançamento chama-se A Princesa de Ônix, primeiro volume da duologia Os Sete Reinos de Olivarum, publicada pela editora Coerência, também tendo participação na antologia Era Uma Vez e sendo coorganizadora da antologia Sedentos por Sangue. Em entrevista Jadna nos conta como funciona seu processo de escrita: “Normalmente eu não costumo seguir nenhum padrão para escrever, ao contrário de muitos escritores. Mas acabei notando que sempre que começo um novo projeto eu esboço as primeiras características dos meus personagens. Não sei se outros escritores também começam assim, mas gosto muito de conhecer meu personagem primeiro para depois encaixá-lo na história. E, com relação ao próprio enredo, eu gosto de saber qual será o começo do livro e o final. São as principais bases para que eu consiga desenvolver uma história. [...] só consigo desenvolver um enredo quando sei qual será o começo e o fim. O que não acontece com os meios. Geralmente o que vai acontecer no meio da história surge mais no momento que estou escrevendo. É como se eu pudesse confiar nos personagens, como se eles já tivessem vida própria e desenvolvessem a história espontaneamente”. Seu mais novo trabalho é uma participação na coletânea do livro Os
@escritora.jady
/jadna.alana.1
Supremos, onde conta a história de sua heroína, Sombra da Noite, a convite do autor Raphael Miguel. “Eu já conhecia o trabalho dele, o admirava muito... Pensei logo que seria algo relacionado à escrita, e foi mesmo. Ele fez o convite e eu não consegui acreditar que estava acontecendo aquilo comigo”, ela diz. Habituada a escrever histórias extensas, a autora sentiu dificuldade em criar de uma forma resumida, pois adora escrever com detalhes: “todavia, coloquei em mente que faria o possível para criar uma boa personagem e fazer com que ela conquistasse o público mesmo com uma quantidade limitada de palavras ou páginas.” Apesar de admirar muito o universo de super-heróis, Jadna também sentiu dificuldade em criar uma heroína por não ter muito conhecimento na área, mas com ajuda de amigos e muita pesquisa, conseguiu produzir personagens cheios de personalidade e força, nos revelando que criar o vilão foi o mais fácil: “Por mais que o Sol tenha características bem marcantes para um vilão, criar a Alexia foi um desafio, pois no livro o foco maior está nela. Então eu precisei conhecer seus medos, seus pontos fracos, seus sonhos, sua vida desde a infância, os traumas que passou na escola, as perdas que teve... Enfim, criá-la foi um desafio ao mesmo tempo em que uma missão incrível”. Todas as suas personagens possuem muita força e determinação.
Alexia, em especial, tem uma garra inspiradora e, quando questionada a autora revelou que elas possuem muito de sua personalidade, trazendo junto uma mensagem de superação: “Muitas coisas que a Alexia viveu, como o próprio bullying, foram coisas que vivi. Eu queria mostrar que muitas vezes é possível superar, mesmo que você fique com sequelas em seu consciente”. Jadna nos conta também que suas histórias possuem críticas muitas vezes não percebidas: “Como, por exemplo, em A Princesa de Ônix, temos um governo opressor que quer dividir as espécies em grupos, sem deixar que eles se misturem por ser diferentes. Também temos uma princesa que sai de seu lar para encarar seus próprios medos e precisa encontrar forças para superá-los. Um príncipe que fica em seu lar, tendo que casar com uma mulher que não ama. Eu quis inverter os papeis, mostrar que as mulheres também podem ser fortes e os homens também podem sentir.” Porém o que ela acha mais incrível na literatura é a capacidade das diferentes compreensões pelos leitores. Para finalizar a autora deixa um recado pra os leitores da Amazing: “Ah, queridos! Foi um prazer fazer parte da Amazing, não somente como colunista, mas desta vez como escritora. Gostaria que soubessem que é necessário acreditar em nossos sonhos. Não me cansarei de tocar nessa tecla. Sonhem, sonhem, sonhem e acreditem que será possível realizar. A chave para o sucesso está na perseverança!”. Agosto / Setembro 19
Conto
Woman Five-la
A equipe das salvadoras do mundo estava apenas começando para o grupo da “WomanFivela”. Apenas cinco super fantásticas donzelas que tinham como propósito salvarem a nação de qualquer “substância” da maldade. A fivela da transformação sempre andava no corpo das “Mulheres Cinco”, ninguém as conhecia, mas sabia que poderia ser aquela moça da fila da lotérica, a garota do cinema do shopping ou a menina que trabalhava no caixa do supermercado. Elas, não são aquelas donzelas que esperam pelo príncipe encantado ou pelo milagre cair em suas cabeças, elas eram mais do que batalhadoras, salvavam vidas misteriosamente. Quebrar um pedaço da unha não era nada perto das “Mulheres Cinco”, arrancar uma cutícula na manicure nem fazia cócegas para as integrantes com poderes mais do que espaciais, especiais, poderes que poderíamos duvidar da existência de Deus e se elas não haviam pegado o seu cargo. Elas se comprometeram a ajudar o mundo e a fazer história para inspirar as pessoas e os seus futuros filhos a se tornarem heróis e heroínas, assim como elas nas vidas de outras pessoas. Elas não são personagens de quadrinhos com poderes “mágicos” que fazem milagres. Quem são elas? Mulheres, cinco, que tem uma vida para viver, mas que em principal quer por meio de suas vidas multiplicarem vidas. —Boa noite, nós não sabemos dizer quem salvou a vida de Danilo, uma criança de sete anos! —falou na televisão. —É a mulher fivela!—disse o menino. —Como assim mulher fivela? Será que tem alguma super heroína ainda não conhecida?!— indagou o repórter. —O mistério ainda continua, quem é a mulher fivela? Esse é mais um noticiário de salvamento no interior de YH!—disse o mesmo. “WomanFive-la” pareciam ser “semideusas”, personagens que davam vida por meio de uma fivela comum, uma mitologia ainda sem origem e definição. Porém, elas eram mais do que assuntos no interior de YH, viraram temas para estudiosos 20
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estudar e pensarem que talvez fossem as estrelas do céu que estavam salvando o planeta das maldades do próprio ser humano, dos próprios integrantes do terráqueo. Dúvidas que faziam os questionar incansavelmente, quem eram aquelas que passam no “tapete da salvação e conscientização”. Será que eram as constelações transformando-se em seres humanos? Ou pessoas de carne e osso? Elas salvam o mundo, libertam prisioneiros de seus cativeiros; elas lutam e usam apenas uma fivela para mostrar as suas forças ao mundo. Não precisam de muito para fazer diferença. Será que são as “princesas da vida real” ou pessoas com o mesmo objetivo, trazer alegria e menos tristeza aos corações pulsantes? Princesas que lutam? O castelo delas é o mundo. Nem todasas cinco lutam fisicamente como estamos pensando, outras criam, promovem projetos para tirar, resgatar crianças e adolescentes das ruas e abrigá-los. Todas salvam o mundo e as salvam dele que parecem consumi-las com tanta tristeza e falta de amor. Sentimentos que para elas só podem ser sanados se “lutarem” para amenizá-los. Elas têm”poderes” amáveis. Salvam animais de estimação abandonados na rua, abrigam pessoas sem teto e que não tem mais esperança de um amanhã mais afortunado. Sãocomo formigas... A formiga-correição, uma patrulha de espécies únicas representadas por suas honrosas ações. Não há “poder” mais fantástico do que o amor, ele é o objetivo de todas as suas guerras. Não são imortais, mas ficarão para sempre na vida de quem elas passaram.
KetelyTemperAlmela A literata nasceu em 19 de Abril de 1995 e vive no interior de São Paulo, em São José do Rio Preto. Ingressou-se em Pedagogia na FACMIL no ano de 2013. Escritora, blogueira e pedagoga que pode acompanhá-la em algumas redes autorais: esoponovagao.blogspot.com / osoprodelufada.blogspot.com
Super escritoras
Já conhecem os supremos? Lançamento da Editora Coerência conta histórias de 5 super heróis. Então nada mais justo do que fazermos uma análise na nossa realidade e pensarmos: o que tornar alguém super herói? Será uma capa vermelha? Voar em vez de andar? Ter um super poder… por Aline Cabral
Se considerarmos ter uma habilidade especial então podemos encontrar dentro da gente mesmo um super herói... Reunimos nessa reportagem 4 super heroínas disfarçadas de escritoras. O que elas têm de especial além de encantar os leitores com seus livros? Elas tem o incrível super poder de escrever histórias incríveis com filhos em casa! O que aqui entre nós não é pra qualquer um! Você já teve que parar de escrever pra trocar fraldas? Parar no meio de uma cena empolgante pra brincar de cabaninha de cobertas na sala? Ou ficar pensando no quanto queria escrever enquanto embalar e tenta acalmar seu bebê que chora. A escritora Fernanda França relata isso, “eu alternava as madrugadas de mamadas com a escrita. Foi um período maluco, nem sei como consegui escrever! Mas, ao mesmo tempo, escrever era muito importante durante o puerpério. Não é fácil
conciliar tudo e ter o escritório bem ao lado do quarto...é um grande desafio.” Aqui entre nós, sabemos que apenas cuidar de uma criança pequena exige um cuidado especial, “Quando o pequeno está em casa o silêncio não existe e as antenas têm que estar em sintonia com as dele, já que a qualquer descuido pequenas catástrofes podem acontecer” diz a entrevistada Giuliana. Adicione esse cuidado com os filhos, os prazos para concluir um livro, as pesquisas, construção de personagens, divulgação, trabalhos paralelos a escrita para ajudar nas despesas e então teremos uma super escritora! “Minha família me apoia bastante em relação a escrita e fazem o possível para me ajudar com a Sarah.” Suzana Chaves falando da importância da família pra fazer acontecer. O que seria do Batman sem o seu Robin não é mesmo?! Todas as superescritoras entrevis-
tadas relataram a diferença enorme de escrever um livro com filhos pequenos em casa. Tem dias que queremos muito escrever, mas não podemos. Tem noites que nós vamos madrugadas a dentro. Digo ‘nós’, pois também sou uma superescritora. Escrevi meu segundo livro Boa Sorte Barbie, no celular com Francisco recém nascido no colo em 2 meses. Não, nós não soltamos raios pelos olhos, nem voamos. Estamos ocupadas demais com coisas mais importantes. Meros mortais não fazem isso... Heróis escrevem livros, mas só as super-heróinas escrevem livros...com filhos Descubra a identidade secreta dessas superescritoras!
ISIE FERNANDES
FERNANDA FRANÇA
GIULIANA SPERANDIO
SUZANA CHAVES
Uma filha de 4 anos
Filhos: Angelo (6) e Agnes (1).
Um filho 6 anos.
Uma filha de 4 anos, autista.
Concluiu Asas de Vidro Elos, alguns meses após o nascimento da filha.
Escreveu seu terceiro livro, Bolsas, Beijos e Brigadeiros, com o Angelo ainda bebê. O livro seguinte, O pulo da Gata, escreveu em 9 meses. Participou de uma antologia. E com a Filha Agnes escreveu um livro ainda inédito.
Depois de várias tentativas diferentes, no início desse ano conseguiu finalizar seu primeiro livro, Violet. Levou 72 dias para concluir
Atualmente a autora está escrevendo 2 livros.
Seu maior inimigo: Falta de concentração e tempo.
Trabalha nos projetos há 4 meses e em comparação ao seu primeiro livro escrito em 2012, considera que o ritmo está bem lento.
Seu maior inimigo: a falta de tempo.
A escola é sua grande parceira.
Maior inimigo: Administrar seu tempo.
O marido Mauro é seu parceirão.
Conheça mais sobre a Giu:
Seus parceiros são: o marido e a mãe
Seu maior inimigo: o TEMPO “Ela ficava o tempo inteiro comigo, então eu só escrevia quando ela dormia à noite, durante duas horas.” Saiba mais sobre a Isie:
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Siga a Fernanda nas redes: /fernandafranca @fernandafranca ferfranca
@escritora_giusperandio Autora Giuliana Sperandio giulimaier@gmail.com
Acompanhem a autora nas redes sociais: @escritorasuzanachaves escritorasuzanachaves
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Agosto / Setembro 21
Artigo
Conheça o projeto
Genes Letais
Genes Letais
O segundo livro da trilogia de sucesso Projeto 94 mostra Jake, Jennifer, Taylor e Josh descobrindo o que é o Projeto 94 e suas consequências. Eles ainda precisam aprender a confiar em Meyers que parece interessado em ajudá-los a capturar Mason e salvarem suas vidas. Enquanto tentam desenvolver mais suas habilidades e poderes, eles precisam lutar para conseguir salvar seus familiares e amigos que foram sequestrados e enfrentar a poderosa Melissa. E nesse caminho eles percebem que não podem confiar em ninguém.
Rodrigo Fonseca é baiano, mas mora em São Paulo desde os 8 anos de idade. Formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Anhembi Morumbi, trabalha atualmente na Comunicação da ONG Vivenda da Criança. Além de escrever, também se dedica ao seu Blog: Vitamina Livros e é colunista do Blog Cantinho Geek.
Projeto 94
Neste livro Jake é um jovem prodígio nas corridas devido a sua velocidade fora do comum. É justamente isso que o faz ficar intrigado: como pode correr tanto, a ponto de seus pés mal tocarem o chão? Quando Jake começa a ter estranhos sonhos, as peças deste misterioso quebra-cabeças vão se encaixando e ele embarca em uma aventura em busca de respostas que justifiquem sua alta performance. Filho do renomado cientista Evan Sturguess, dono da clínica Genetic Corporation, Jake vive uma relação conflituosa com o pai, desde a morte da sua mãe. Além dessa grande distância emocional, Jake descobrirá da forma mais dura possível, como alguns segredos podem nos afastar das pessoas e até mesmo mudar nossas vidas para sempre. Jennifer é outra jovem que vê sua vida mudar de repente, observando incomuns acontecimentos envolvendo o poder de sua mente e instintivamente ligando isso a um cartão recebido na infância: um cartão da Clínica Genetic. “Projeto 94” é uma aventura onde cinco jovens viverão uma história com mortes, cobiça, paixões, muita adrenalina e emoção.
do a escuridão bate à porta, Antologia Outras obras: Antologia Ninguém vai sobreviver, Antologia Quan - do terror ao horror, Antologia Contos de Bruxas - da sedução à perdição, Antologia King Poe Lovecraft se espalham, Antologia A colônia perdida A à Z, Antologia Eles estão entre nós, Antologia Enquanto eles gregos e nórdicos. de Roanoke, Antologia Quando a noite cai, Antologia Deuses
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Agosto / Setembro 23
editora coerência
/editoracoerencia
@editoracoerencia
Dia 11- Sábado Convite Indecente Aline Cabral Vinicius Silva Bianca Souza Evelyn Tuane Jurani Clementino Deborah Strougo Jeferson Andrade Raphael Miguel Barbara Sena
Marcelo Milici Nelson Tonin Sedentos por sangue Jadna Alana Larissa Ribeiro Evezel
Sineia e Pedro
Dia 06 - Segunda
Dia 10 - Sexta Feira Kevin Attis Leila Kato Alexandre Klein Marjure Bernardes Maria Amélia Marcio Marino Li Couto Eliana Portella Daya Alves MF Correa
Dia 05 - Domingo Renata Maggessi Tiago Dias Sineia Rangel Rosineide Oliveira Soci. dos Poetas Vivos Leticia Pinho Luiz H. Batista Ana Valerry R. F. Luccheti Roberto Junior
Dia 09 - Quinta Feira Wil Nascimento Ana Paula Pereira Gil Fox Lis Santos Leandro Borba AWF Santos Josi Nascimento Sil Zafia Flávia Matos Olívia Molinari
Dia 04 - Sabado Natalia Moreno Evilane Oliveira Diego Canuto Julia Fernandes Heloisa Reis Lare Barbosa Valéria Gravino Gabriel Sampaio Kim Mascarenhas Kate Willians Shirlei Ramos
Dia 08 - Quarta Feira Gracy Ruiz Thais Alves Isabella Balliano Lorena Eltz Lilly Belmount Jessica Ribeiro Walter Niyama Paty Passini Sally Mazay Laplace Cavalcanti
Venha colocar seus sonhos no papel
10:00 h 11:00 h 12:00 h 13:00 h 14:00 h 15:00 h 16:00 h 17:00 h 18:00 h 19:00 h
10:00 h 11:00 h 12:00 h 13:00 h 14:00 h 15:00 h 16:00 h 17:00 h 18:00 h 19:00 h 20:00 h
Dia 03 - Sexta Feira Stefany Armani Flavio Galindo Daniella Moreno Lene Gracce Marcos Martinz Miya Hortenciano Daiane Koglin Bianca Gulim Marta de Miranda Michela de Souza
De 3 à 12 de Agosto Pavilhão Anhembi
Dia 12 - Domingo Botando a banca Laritza Oliveira Mary Oliveira Carol Mora Vania Lara Luis Kato Bruno Oliveira Suzi Ramone C. Caraciolo Aretha V Guedes
Glória Priscila Debly Telma B.Alves Fernanda Schmitt Lucy Santos Aline Santana Eugênia Haensel Marli D.H.F
Dia 07 - Terça Feira
Confira a programação no stand da Editora Coerência
Atraente e perigosa MARY OLIVEIRA
Acima de tudo VANIA LARA
Boa sorte Barbie ALINE CABRAL
Contas a pagar BIANCA GULIM
Entre laços e conflitos HELÔ DELGADO
Amor em Nova York FERNANDA SCHMITT
Atroz EVILANE OLIVEIRA
Destino Traçado NATALIA MORENO
E se... | 2ª Edição GIOVANNA VACCARO
Equilibrium 2 DÉCIO GOMES
Ilhas de Thóron JÉSSICA RIBEIRO
A profecia do fim do mundo SALLY MAZAY
Guardiões de Sonhos WALTER NIYAMA
Espelho espelho meu PRISCILA DEBLY
A fogueira da bruxa BARBARA SENA
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Revista Amazing