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Revista

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EDIÇÃO 231

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BELÉM-PARÁ

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DNA DO AÇAÍ MEIO AMBIENTE A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 12

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Página Revista Otica Umarizal Final - 20,5x27,5.pdf

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N E S TA E D I Ç Ã O 231 - JUNHO - 2021

PREFEITURA DE BELÉM COMEMORA DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE COM PROGRAMAÇÃO ESPECIAL

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PUBLICAÇÃO Editora Círios SS Ltda CNPJ: 03.890.275/0001-36 Inscrição (Estadual): 15.220.848-8 Rua Timbiras, 1572A - Batista Campos Fone: (91) 3083-0973 Fax: (91) 3223-0799 ISSN: 1677-6968 CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil www.paramais.com.br revista@paramais.com.br

EDITORA CÍRIOS

ÍNDICE

BOAS PRÁTICAS MARCAM SEMANA DO MEIO AMBIENTE NO PARÁ

10 DNA DO AÇAÍ DESVENDA O SEQUENCIAMENTO GENÉTICO DO FRUTO

DIRETOR e PRODUTOR: Rodrigo Hühn; EDITOR: Ronaldo Gilberto Hühn; COMERCIAL: Alberto Rocha, Augusto Ribeiro, Rodrigo Silva, Rodrigo Hühn; DISTRIBUIÇÃO: Dirigida, Bancas de Revista; REDAÇÃO: Ronaldo G. Hühn; COLABORADORES*: Ascom Semas, Assessoria PCT Guamá, BioTec-Amazônia, Han Yu, Joyce Assunção, Karine Gomes, Marcelo Leite, Ronaldo G. Hühn, Universidade Técnica de Munique, Wharton School; FOTOGRAFIAS: AI & Machine Learning Imperative, Alexandre de Moraes, Alex Ribeiro / Ag.Pará, Ascom Semas, Brookings Institution,Divulgação, Gartner, McKinsey Global Institute, Mácio Ferreira/Agência Belém, Marcelo Seabra / Ag.Para, Marcos Barbosa – Comus, MIT SMR, Oxford Development Studie, Renato Resende, Technical University of Munich, University of Pennsylvania, Unsplash, US Bureau of Labor Statisticsl; DESKTOP: Rodolph Pyle; EDITORAÇÃO GRÁFICA: Editora Círios

* Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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14 PARAUAPEBAS RECEBE O PRIMEIRO NÚCLEO DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DO PARÁ

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22 O mercado de resíduos tem exigências de Empresa com Know-how Comercializando o futuro: como a análise de dados está mudando

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FAVOR POR

Hospital de Clínicas introduz açaí na alimentação de crianças em reabilitação Pesquisadores identificam no açaí espécies de bactérias com potencial probiótico O impacto radical de ver o Alzheimer como uma segunda infância

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Programa Donas de Si promoverá capacitação das mães beneficiadas pelo Bora Belém

Samaumeira - Ceiba Pentandra, a “Rainha da Floresta”. Na área de entrada do Parque do Utinga, em Belém. Foto Marcelo Seabra / Ag.Para

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FORÇA DO TRABALHO E DO EMPREGO

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Desenvolvimento sustentavel Em parceria com Representante Autorizado

O sistema é alimentado com resíduos orgânicos

Bactérias decompõem o resíduo orgânico no biodigestor

O fertilizante líquido pode ser usado em jardins e plantações

O biogás é armazenado no reservatório de gás para ser usado em um fogão

O sistema tem capacidade de receber até 12 Litros de resíduos por dia.

O equipamento produz biogás e fertilizante líquido diariamente.

Totalmente fechado mantendo pragas afastadas.

Em um ano, o sistema deixa de enviar 1 tonelada de resíduos orgânicos para aterros e impede a liberação de 6 toneladas de gases de efeito estufa (GEE) para atmosfera.

O QUE COLOCAR NO SISTEMA

O QUE NÃO COLOCAR NO SISTEMA

Carne, frutas, verduras, legumes e restos de comida. OBS: Máximo de duas cascas de cítricos por dia.

Resíduos de jardinagem, materiais não orgânicos (vidro, papel, plástico, metais). Resíduos de banheiro, produtos químicos em geral.

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Esse o tema da Semana Municipal do Meio Ambiente 2021, que apresenta Belém como uma capital sustentável

Prefeitura de Belém comemora Dia Mundial do Meio Ambiente com programação especial Texto *Joyce Assunção Fotos Marcos Barbosa- Comus

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elém cidade sustentável, a Amazônia é aqui. Esse foi o tema da Semana Municipal do Meio Ambiente 2021, que apresentou Belém como uma capital sustentável. O evento promovido pela prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 05 de junho. A programação marcou o fim de semana e começou no dia 04 de junho, na Praça Milton Trindade (Praça do Horto), bairro Batista Campos, com atividades da Ecofeira e do projeto Tela Verde Samaúma.

O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e o indígena Kwarahy Tenetehar plantaram mudas de jenipapo, árvore que chega a 20 metros de altura e é para os povos indígenas uma espécie sagrada

Plantio

Essa programação é para todos, para contribuir e assistir as ações desenvolvidas pela Semma, nesta semana tão importante do Meio Ambiente, destacou o diretor-geral da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Paulo Porto

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Já o domingo, 06 de junho, foi marcado pelo respeito e preservação da natureza, no ato simbólico de plantio de seis espécies de mudas sagradas, na praça da República, às proximidades do anfiteatro da praça. O momento contou com a presença de representantes de comunidades indígenas e matrizes afroreligiosas, como, por exemplo do candomblé, umbanda e tambor de mina. Espécies como jenipapo, urucu, akoko, alecrim de Angola e peregum simbolizaram o cui-

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Prefeitura de Belém comemora Dia Mundial do Meio Ambiente com programação especial.indd 6

dado e conexão que essas comunidades têm com o meio ambiente. O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e o indígena Kwarahy Tenetehar plantaram mudas de jenipapo, árvore que chega a 20 metros de altura e é para os povos indígenas uma espécie sagrada. “É uma fruta essencial para as festividades, para as lutas, para as brincadeiras e também para refletir sobre o espírito de harmonia com a natureza e com as pessoas, assim é a fruta do jenipapo para nós”, explicou o Kwarahy Tenetehar, representante da Associação Multiétnica Wyka Wara.

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O projeto “Tela Verde Samaúma” exibiu aos pés da samaumeira, localizada na praça do Horto, curtas-metragens abordando a temática ambienta

“A Semana do Meio Ambiente é importante, porque abre um debate com a sociedade. Mas, nós temos que transformar o ano todo, todos os dias, na construção de uma sociedade que una três grandes dimensões: a justiça social, o equilíbrio ecológico e a saúde do ambiente. Também não podemos esquecer da democracia. De modo que todo mundo é bem-vindo, para ajudar na construção dessa Belém, que é sonhada pela grande maioria dos que amam a cidade’, disse o prefeito Edmilson Rodrigues.

Cidade arborizada Durante o evento na praça da República, o prefeito de Belém ressaltou que a capital paraense se prepara para plantar, em quatro anos, cerca de 480 mil árvores. “É o mínimo, para nos enquadrarmos na condição de uma cidade efetivamente arborizada”. O gestor municipal ainda falou sobre as retiradas de árvores para a construção do BRT, nas gestões passadas. “Foram destruídos 40 km de

No sábado, 05, os frequentadores da praça do Horto puderam conferir a produção audiovisual, fruto de uma oficina, produzida por crianças moradoras da Ilha das Onças

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ciclovia, de São Braz até o bairro da Agulha, no distrito de Icoaraci. Destruíram também uma floresta com quase novecentas árvores”, lembrou o prefeito. “Agora, só na Augusto Montenegro serão plantadas 2.600 árvores, ao longo da obra na avenida”, explicou.

Audiovisual Além do plantio de mudas, outra atividade da Semma, realizada nos dias 04 e 05 de junho, foi o projeto Tela Verde Samaúma, que exibiu aos pés da samaumeira, localizada na praça do Horto, curtas-metragens abordando a temática ambiental. No sábado, 05, os frequentadores do espaço puderam conferir a produção audiovisual, fruto de uma oficina, produzida por crianças moradoras da Ilha das Onças. Elas abordaram a erosão do banco de areia da ilha, causada pelo fluxo intenso de embarcações. O segundo curta-metragem trouxe a temática do Ver-o-Peso. O arte-educador Gilberto Mendonça, responsável pela mediação e direção das duas produções visuais, ressalta que a escolha da temática foi uma forma de denunciar a situação rotineira dos residentes da ilha. “Os alunos escolheram o tema que eles queriam falar e fizeram uma vídeo-carta, que é um vídeo que faz denúncia de alguns problemas que são encontrados no entorno da comunidade”, explicou.

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No período de 04 a 06 de junho, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente promoveu a Ecofeira, em que foram comercializados produtos da agroecologia (produtos naturais sem agrotóxicos), produtos de material manufaturado, biocosméticos, biojoias, artesanatos, vestuários e outros. Para a empreendedora de cosméticos naturais e veganos, Tahnity Haarad, a Ecofeira possibilitou mostrar à população o trabalho feito a partir da matéria-prima da Amazônia. “Ser chamado para cá na semana do meio ambiente foi importante. Porque a população vai saber que existem pessoas na cidade, trabalhando com iniciativas que envolvem a preservação do meio ambiente e reaproveitamento de materiais”, disse a empreendedora. Tahnity Haarad explicou que, como trabalha na linha de cosméticos, busca favorecer a matéria-prima da Amazônia. “Eu compro os óleos e manteigas de comunidades e produtores”, disse. “Achei sensacional a iniciativa. Espero que a prefeitura tenha mais iniciativas como esta, em outras praças, de forma itinerante, não só na área central, mas nas periferias”, comentou.

O evento é promovido pela prefeitura de Belém, por meio da Semma, em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente

Icoaraci No último sábado, 05, a programação da Semana do Meio Ambiente se estendeu ao distrito de Icoaraci. Na Estação Cultural houve contação de histórias para crianças da comunidade. O evento, organizado em parceria com a Agência Distrital de Icoaraci (Adic),

reuniu cerca de sete crianças, que puderam escutar histórias de personagens amazônicos e entender os elementos que fazem parte da Amazônia, por meio de fotografias produzidas pela ouvidora-geral do Município, Márcia Kambeba. “Esse momento é importante para que essas crianças percebam essa inter-relação que a gente precisa ter com a natureza”, disse. “Para eu poder nadar eu tenho que cuidar e proteger o rio, tratá-lo como se fosse um amigo, criar identidade com esse rio”, explicou. “A Amazônia tem que começar dentro de mim, do meu ser. Tenho que ser natureza para eu poder cuidar dela”, destacou Márcia Kambeba.

Programação

Prefeiro Edmilson Rodrigues conhecendo o Biodigestor Homebiogas, tecnologia israelense para gestão de resíduos orgânicos

Sandra Criações - Estação Cultural de Icoaraci. No último sábado, 05, a programação da Semana do Meio Ambiente se estendeu ao distrito de Icoaraci

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A Semana Municipal do Meio Ambiente 2021 e uma ação conjunta com demais secretarias municipais de Belém. A programação seguiu com diversas atividades, na segunda-feira, 07, em formato on-line e presencial, foi promovido a discussão dos caminhos de preservação e desenvolvimento sustentável. “Essa programação para todos, para contribuir e assistir as ações desenvolvidas pela Semma, na semana tão importante do Meio Ambiente”, destacou o diretor-geral da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Paulo Porto. Segunda-feira, 07 de junho, Praça Milton Trindade (Horto) 08 às 12h - exposição em estande dos serviços e atividades desenvolvidas pela Defesa Civil de Belém. 09h às 10h - oficinas sobre reciclagem com os bairros Jurunas, Cremação e Cidade Velha. 16h - webinar Educação Ambiental e ODS11, com participações de Salomão Hage (UFPA), do presidente da Funbosque, Alikson Lopes, e de Wanny Goes (Funbosque). 17h às 20h - Projeto Tela Ver Samaúma.

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Prefeito participou da cerimônia de lançamento do “Donas de Si” na quadra da Escola Alzira Pernambuco

Prefeito Edmilson Rodrigues entrega cartão do SUS a Luciana Pereira, b

Programa Donas de Si promoverá capacitação das mães beneficiadas pelo Bora Belém

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Texto *Lilian Guedes Fotos Marco Santos / Ag. Pará

Presidente da Funpapa s mães atendidas pelo “Bora Belém” ganharam uma informa que levantamento oportunidade de independência financeira com o aponta 4.069 famílias programa de formação e capacitação profissional beneficiadas “Donas de Si”, lançado nesta quarta-feira, 2, pela Prefeitura de Belém, por meio do Banco do Povo de Belém (antigo Fundo Ver-o-Sol). A cerimônia de lançamento ocorreu na Escola Municipal Alzira Pernambuco, bairro do Marco, com a presença do prefeito Edmilson Rodrigues. O “Donas de Si” vai oferecer cursos gratuitos à população que mais precisa se preparar para obter uma colocação no mercado de trabalho ou empreender de forma individual ou coletiva. O programa é direcionado às mulheres, inclusive às mulheres trans, mas, nesta primeira etapa, será direcionada a famílias em condição de vulnerabilidade social, que são chefiadas exclusivamente por mulheres. Atualmente, das 4.069 famílias beneficiadas pelo Bora Belém, 3.673 são chefiadas apenas por mulheres, segundo levantamento realizado no último dia 26 de maio pela Fundação Papa João XXIII “O programa ‘Donas de Si’ avança para que (Funpapa), da Prefeitura de Belém. essas famílias, a maioria chefiadas por muO programa vai oferecer diversos cursos lheres, possam criar sua perspetiva de vida e em áreas como moda, beleza, corte e costura possam emancipar a construção da sua libere culinária. O primeiro deles será o de Prodade e independência econômica”, explicou o cessamento de Frutas e Produção de Geleias, presidente da Funpapa, Alfredo Costa. Compotas e doces, que oferecerá 84 vagas Durante o lançamento do programa, que em quatro turmas, com aulas entre os meses conta com a ação intersetorial e integral de de junho e julho, em parceria com o Serviço outros órgãos da administração municipal, Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). A como a Funpapa e as Secretarias Municipais coordenadora-geral do Banco do Povo de Bede Saúde (Sesma) e de Educação (Semec), lém, Georgina Galvão, explicou que na manhã 120 mulheres receberam o cartão do SUS, do lançamento do programa, as mulheres do que dá garantia ao acesso ao sistema público Zuleide Favacho, 60 anos, conta que estava Bora Belém preencheram questionários inde saúde, e ainda foram convidadas a partisem renda e o que Bora Belém a ajuda a cuidar dos netos pelo Bora Belém, sendo formando quais conhecimentos gostariam de cipar do programa “Cidade Alfabetizada e 3.673 chefiadas apenas por mulheres Educadora”. De acordo com a coordenadora adquirir: “A gente coleta o interesse, faz uma escuta para entender o que elas vivem e que da Mulher de Belém, Lívia Noronha, muitas mulheres permanecem em relacionamentos abusivos pelo fato de dehabilidades elas querem desenvolver para a gente oferecer os cursos”. Para o prefeito de Belém Edmilson Rodrigues, o programa com- penderem financeiramente do companheiro. “ A mulher entende que plementa o auxílio do Bora Belém ao proporcionar que as mulheres ela precisa daquele homem e que não tem como sair. Programas como conquistem a “autonomia financeira para que não precisem do Bora esses são fundamentais enquanto política de enfrentamento à violênBelém”. “É formação profissional e, depois tem o terceiro passo, que cia contra mulher”, enfatizou. é o microcrédito para viabilizar os empreendimentos”, ressaltou o Presidente do Banco do Povo gestor, antecipando a volta da política de microcrédito (crédito social) de Belém explica que houve a pequenos empreendedores, que também voltará a ser operacionaliuma escuta às mulheres sobre zado pelo Banco do Povo de Belém. A dona de casa Zuleide Favacho, as qualificações que precisam 60 anos, que se submeteu ao tratamento de câncer na tireóide, ficou impossibilitada de trabalhar com a venda de salgados na porta de casa. Com o programa de renda cidadã “Bora Belém”, Zuleide pode sustentar os três netos que residem com ela. “Eu agradeço muito essa oportunidade que Deus me deu ter o Bora Belém. Agora eu quero fazer um curso para trabalhar na porta da minha casa para eu sobreviver. O Bora Belém está me dando essa oportunidade”, comemorou.

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Boas práticas marcam Semana do Meio Ambiente no Pará Fotos Ascom Semas, Divulgação, Marcelo Seabra / Ag.Para

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ara mudar o panorama de emissão de gases de efeito estufa (GEE) dentre os estados do Brasil, o Governo do Pará estruturou o Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA), como instrumento de governança, a partir de quatro pilares que agregam esforços para combater o desmatamento e implantar um novo modelo de desenvolvimento em bases sustentáveis: Comando e Controle, Programa Regulariza Pará, Territórios Sustentáveis e o Fundo Amazônia Oriental. O PEAA é a principal plataforma de ações para redução de desmatamento no Pará, além de realizar ações de fiscalização, licenciamento e monitoramento ambiental, estimula a redução de emissão de gases de efeito estufa e investe no ordenamento territorial, fundiário e ambiental. Com o Comando e Controle, o Pará criou uma força especial para o Combate ao Desmatamento. A Operação Amazônia Viva, coordenada pela Força Especial para o Combate ao Desmatamento (FECD), está na 12ª fase em territórios estaduais. Até maio deste ano mais de 187 mil hectares de áreas foram embargadas devido ao desmatamento ilegal e mais de 100 acampamentos usados para a exploração ilegal da floresta, destruídos. O segundo eixo é o Programa Regulariza Pará que objetiva organizar os territórios e garantir direitos às pessoas no campo.

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Traz segurança jurídica e sanitária para os produtores rurais e estimula os bons negócios locais, promovendo o desenvolvimento econômico e sustentável. Somente nos últimos anos, cerca de 26 mil cadastros foram analisados. A capacidade de análise em 2018 era de 1.600 cadastros por ano, hoje é analisada uma média de 3 mil cadastros mensais. Para recuperar o atraso de décadas, muitas iniciativas estão em curso para avançar na regularização ambiental, como a inscrição de Cadastro Ambiental Rural (CAR) de territórios de povos e comunidades tradicionais e projetos de assentamentos agroextrativistas e territórios quilombolas. O Territórios Sustentáveis é um conjunto de ações e benefícios para incentivar a produtividade de imóveis rurais, além de dar assistência técnica e acesso a linhas de créditos para o produtor rural, o que estimula os mercados nacionais e internacionais.

Durante a nona fase da Amazônia Viva nos municípios de Altamira, Anapu, Senador José Porfírio, Pacajá, Uruará, Rurópolis, Trairão, da mesorregião sudoeste, e Novo Repartimento, do sudeste paraense.

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E por último, o Fundo Amazônia Oriental que objetiva financiar boas práticas que aliem conservação ambiental e desenvolvimento socioeconômico. A importância dessas e outras boas práticas ambientais estará em debate entre os dias 7 e 11 de junho durante a Semana Estadual de Meio Ambiente. Com o tema ‘Caminhos para a Conservação da Biodiversidade na Amazônia’, a programação ocorre em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 05 de junho. O secretário de Estado Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Mauro O’de Almeida, reforça a importância de uma iniciativa conjunta envolvendo toda a administração estadual e municipal. “A Semana do Meio Ambiente é um momento muito importante para nós da Secretaria, e o nosso intuito é fazer um trabalho de conscientização com a sociedade. Sabemos que é um processo contínuo e permanente para estimular a reflexão crítica e a cidadania ambiental para a melhoria da qualidade de vida.

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Manejo sustentável na Amazônia é tema de debate durante Semana do Meio Ambiente no Pará

Com isso, a gestão ambiental, tem grande importância para o ordenamento territorial e do desenvolvimento sustentável”, expôs.

O Governo do Pará, por meio das parcerias entre a Semas, a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) realizará o plantio de 356 mudas para ações de arborização em Belém. As mudas são de espécies nativas brasileiras, como o ipê amarelo, ipê branco e pau preto. No interior do estado, as ações contínuas do Territórios Sustentáveis reforçam o momento dedicado ao Dia Mundial do Meio Ambiente. “Vivenciamos mais uma Semana Mundial do Meio Ambiente e diante dos diversos cenários que nos cercam, como os reflexos de uma pandemia. O Ideflor-Bio, sendo uma autarquia estadual cuja as funções envolvem a gestão das florestas públicas e da política estadual para a produção de Desenvolvimento da Cadeia Florestal, tem como alvo a recuperação de áreas florestais degradadas e a execução das políticas de preservação do uso sustentável e conservação da biodiversidade. O trabalho expressa o reconhecimento da grande relevância das áreas protegidas para o desenvolvimento do país, tanto do ponto de vista do uso sustentável, quanto da preservação do patrimônio genético que tem na biodiversidade do Estado do Pará e da Amazônia”, disse a presidente do Ideflor -Bio , Karla Bengtson. A Semana Estadual do Meio Ambiente será transmitida por meio do canal Governo do Estado, na plataforma YouTube, e terá em sua programação temáticas que visam o despertar na sociedade a importância para proteção dos recursos naturais atrelada ao tema mundial da Organização das Nações Unidas (ONU) de Restauração de Ecossistemas além de apresentar as principais estratégias e ações que os órgãos ambientais do Governo do Estado.

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Hospital de Clínicas introduz açaí na alimentação de crianças em reabilitação A iniciativa da equipe multiprofissional tem resposta positiva nos pequenos paciente e seus acompanhantes Texto *Marcelo Leite Fotos Divulgação Uma das pequenas pacientes do HC recebendo a “papinha” de açaí na hora do lanche

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alimentação das crianças em tratamento cardiológico no Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), em Belém, ganhou um novo ingrediente. Obrigatório na mesa de muitos paraenses, o açaí foi servido nesta terça-feira (4), durante uma ação multiprofissional organizada com o objetivo de estimular a adesão ao tratamento. Servido como “papinha” na hora do lanche, o açaí foi escolhido como forma de valorizar a culinária local e resgatar memórias afetivas e culturais nas crianças e acompanhantes, que acabam ficando sem consumir o fruto no período de internação, ou que, em função da idade e do tratamento, sequer experimentaram um dos itens mais tradicionais da gastronomia paraense. “Quando o paciente está afastado da própria realidade buscamos alternativas de reaproximá-lo da vida fora do ambiente hospitalar, ouvindo o próprio paciente ou o acompanhante. Foi assim que descobrimos o desejo pelo açaí, e realizamos esta ação para estimular não apenas a adesão ao tratamento, mas a motricidade, a postura, a deglutição e outros aspectos importantes do desenvolvimento das crianças”, explicou Karla Aita, terapeuta ocupacional no HC. Fonoaudióloga na Clínica Pediátrica do HC, Ivana Ribeiro faz um complemento sobre a escolha do açaí e a evolução do tratamento: “Trabalhar essas novas texturas de alimentos de forma gradual, para que as crianças possam construir as memórias sensoriais.

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Hospital de Clínicas introduz açaí na alimentação de crianças em reabilitação.indd 12

O açaí entra nesse contexto pela cultura local, das origens de cada família e do tratamento humanizado ofertado pela instituição, sempre focando no bem-estar do paciente”.

Lucas Emanuel incluiu o açaí em sua lista de desejos e foi atendido

Mudança de humor Lucas Emanuel tem 7 anos, e há quase seis meses não tomava açaí em função da internação. Por isso, incluiu o fruto na lista de desejos. “Gosto muito de açaí, pipoca e ovo. Comeria todos até encher a barriga”, contou o menino, que até mudou de comportamento depois de um copinho de açaí. “Semana passada ele estava bem agitado. Não queria fazer as medicações. Hoje está mais calmo, bem mais alegre”, disse o pai, Emanuel Janes de Sá. Além da valorização da culinária e da cultura, a oferta do açaí também foi uma forma de orientar os acompanhantes das crianças sobre como aproveitar as propriedades nutricionais do fruto. “Em alguns casos, as crianças estão iniciando a alimentação complementar, que é a inserção de outros alimentos diferentes do leite materno e com outras texturas, como o açaí mais grosso. Ao mesmo tempo, temos crianças que já consomem açaí fora do Hospital. Em todas as situações, orientamos sobre como aproveitar o açaí da melhor forma”, explicou a nutricionista Socorro Barbosa. (*) HC

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O mercado de resíduos tem exigências de Empresa com Know-how

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gestão de resíduos no estado do Pará, em relação aos resíduos sólidos urbanos - RSU, na maioria dos municípios que compõe o estado, a destinação de RSU ocorria de forma ilegal, destinando-os em lixões (atualmente, ainda existem no estado), que por não possuir estruturas mínimas de mitigação quanto a proteção dos recursos naturais, provoca impactos significativos sobre o meio ambiente, podendo atingir regiões além das proximidades desses lixões. Nesse contexto em meados de 2012, através dos sócios, Cláudio Del Pupo Trivilin e Josiane de Araújo Macêdo, visando atender um mercado crescente na região, fundaram a empresa Preserve Coletora de Resíduos, e começaram a prestar serviços a prefeituras municipais na região nordeste do estado, no seguimento de coleta e transporte de RSU. Desde então a empresa tem crescido, com trabalho árduo, contínuo, voltado a atender os municípios e cientes privados, mais afastados da capital, diante do crescimento populacional, e que desde a homologação da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, proporcionou ao longo dos últimos 10 anos, ações mesmo que pequenas - uma destinação final do RSU de certa forma pelos municípios, menos agressiva (aterros controlados, aterros em recuperação e aterros sanitários).

Coleta e transporte de efluentes domésticos e industriais a prefeituras municipais na região nordeste do estado

Segundo dados demonstrados na edição de 2020, do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, houve um aumento de 19% na geração de RSU no Brasil. A previsão para o ano de 2050, é que esse valor chegue a 50% na geração de resíduos em todo o país. Entretanto, as ações voltadas a gestão de resíduos no estado do Pará, tem se mostrado de forma modesta, em relação as demais regiões do país. Com base nesses dados, assim como, de anos anteriores, a

Coleta e transporte de resíduos de serviços de saúde

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O mercado de resíduos que fez surgir uma Nova Empresa.indd 12

Preserve vem inovando e já prevê um crescimento de sua estrutura, visando atender essa demanda crescente, baseado nesses novos dados, não somente no seguimento de RSU, mas buscando atender também outros seguimentos na área de gestão de resíduos, seja na área de resíduos perigosos, incluso a descontaminação de lâmpadas que contenham vapor de mercúrio, além de outros resíduos de processamento industrial e do seguimento comercial, ampliando consequentemente, a sua estrutura, geração de emprego, com ações, cada vez mais, sustentáveis. O reflexo dessa visão de negócio, mas recentemente, foi a obtenção do selo verde, com ênfase a responsabilidade socioambiental, diante das constantes ações sustentáveis e responsáveis da empresa. Mas este não foi o único resultado dos últimos meses obtidos pela empresa, que também cresceu em número de clientes em todos os seguimentos que atua - gestão completa dos resíduos. Novas ações estratégicas estão em fase de implantação, voltadas a minimizar os impactos das ações indiretas, focadas na gestão sustentável, seja na geração de energia solar por meio de grid-tie, no reuso de água de seus processos - incluso aproveitamento de água das chuvas, assim como, ações que estarão direcionadas a educação ambiental e gestão de resíduos recicláveis.

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DNA do Açaí desvenda o sequenciamento genético do fruto Sequenciamento do açaí pode garantir sustentabilidade do açaizal com produtos de alta qualidade e rastreabilidade da origem Texto *BioTec-Amazônia

Laboratório de Engenharia Biológica (Engbio) que vai realizar o estudo

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estudo do genoma do açaí vai trazer informações, até então, desconhecidas de uma fruta tão importante para Amazônia e para o mundo, por conta da internacionalização de produtos a base do açaí brasileiro. A partir de um mapa metabólico da célula, é possível entender como funciona a anatomia fisiológica molecular de uma espécie do fruto. Apesar de inexplorado, “o processo é bem simples”, disse o pesquisador Artur Silva, diretor técnico-científico da BioTec-Amazônia e coordenador do Laboratório de Engenharia Biológica (Engbio) que vai realizar o estudo. O Engbio é um laboratório de pesquisa, instalado no Parque de Ciência e Tecnologia – PCT Guamá, e faz parte do grupo de laboratórios da Universidade Federal do Pará UFPA que dão suporte à BioTec-Amazônia para ações estratégicas de coordenação e elaboração de pesquisas com recursos do Governo do Estado.

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O pesquisador explica como será realizada a pesquisa Genoma do Açaí: “No fruto tem várias células, igual à pele humana. Dentro do núcleo de cada célula, tem o DNA. Então, a gente vai tirar desse fruto as células e, depois disso, encontrar o DNA”. Artur esclarece que o genoma é que nem um relógio e, dentro dele, possuem 35 mil genes. “A pesquisa quer saber quais são eles. Então, eu vou quebrar o relógio. Vão ficar vários pedacinhos do DNA, bilhões de pedacinhos.

Isso a gente chama de sequenciamento. Com isso, o computador vai reconstruir o relógio, isto se chama montagem”. A reconstrução feita com computador é a tarefa da bioinformática. “A bioinformática pega tudo que a gente quebrou, bota na máquina identifica e junta novamente. Esse processo de reconstrução é feito através de computadores de alto desempenho”, explicou Artur. Para fazer a retirada das células do caroço do açaí é necessário um processo químico.

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“Após o processo químico, separamos o DNA do núcleo da célula. É quando vamos botar os pedaços todos dentro de um robô. A máquina de sequenciar vai ler cada um: o que tem adenina, citosina, etc. Depois o computador vai pegar essas leituras todinhas que ele fez e vai ver as quatro bases, e onde elas estão: timina (T), guanina (G), citosina (C) e adenina (A) que são encontradas no DNA”. O pesquisador explica que, terminada essa remontagem, é possível realizar a análise dos genes encontrados como, por exemplo, a antocianina que dá o tom roxo do açaí. “É gerado um relatório de funções, contendo, por exemplo: síntese de ácidos graxos, respiração, fixação de carbono, ácido cítrico, ureia, todos os genes encontrados naquele DNA retirado da célula que consta no fruto do açaí”. Gera-se, então, um mapa metabólico da célula para entender seu funcionamento. “Isso é pesquisa básica. Eu não estou gerando nada para manipular. Isso é informação pura, básica. Conhecendo, ai sim, eu consigo manipular”.

Biotecnologia Apesar da genômica e do DNA serem associados à alta tecnologia, são eles que vão permitir a leitura do aproveitamento genético e biotecnológico do organismo. A genética é uma subárea da biologia. Eles são responsáveis por executar os processos bioquímicos que envolvem o sequenciamento dentro do laboratório, assim também como são responsáveis por analisar os dados que saírem do sequenciador. “Então, o projeto genoma visa identificar que tipos de genes nós temos dentro do organismo. Uma vez que eu sei que genes a gente tem, a gente é capaz de dizer quais são as funções que aquele organismo está desempenhando ou é capaz de desempenhar. Assim, também, se tiver alterações eu sou capaz de dizer quais são os erros que tiveram ali que estão fazendo com que ela tenha determinada função”, explica Artur Silva. Sob o ponto biotecnológico, a pesquisa tem como identificar vias metabólicas, genes, que são de interesse da indústria de cosméticos e, também, da indústria farmacêutica,

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A antocianina que dá o tom roxo do açaí

ou mesmo genes que podem ser usados no melhoramento genético da planta. “O objetivo é dar base necessária de biotecnologia para sustentabilidade e manutenção em alto nível da cadeia do açaí. O objetivo é criar condições para que o açaí se torne sempre sustentável. E que não nos falte açaí”. A pesquisa do genoma do açaí pode implementar muitos avanços que vão desde o benefício para o produtor, como antever determinados problemas, decorrente da produção industrial dos últimos anos. “Nem todo açaí é produzido de maneira tradicional, com a cultura nativa, com a extração natural da planta. A produção do açaí, em grande parte, é feita de forma industrial, para exportação. Então, é visando à sustentabilidade dessas grandes plantações que vamos estudar o genoma do açaí”.Outro ponto importante no desenvolvimento da pesquisa é gerar produtos com uma qualidade premium que são muito importantes no mercado consumidor exigente como o sul do país, o europeu, asiático e o norte-americano. “Então, com o genoma, nós vamos poder fazer um procedimento que é muito importante que é chamado de rastreabilidade. Então, o consumo consciente, que é fundamental na preservação da biodiversidade da região, a rastreabilidade é um conceito importante. A garantia de origem e poder comprar a história daquele produto.

Porque hoje em dia, no mercado, você consome de forma consciente, principalmente fora do país”, explicou Artur.

Financiamento

A Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) vinculada a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), assinou convênio com a Associação BioTec-Amazônia, para execução do projeto Genoma do Açaí. “A Fapespa tem preocupações como uma agência de fomento ligada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet). Uma das nossas linhas de fomento é na área das pesquisas voltadas para as vocações econômicas do estado. E uma das nossas principais vocações econômicas é a produção do açaí”, destacou Juarez Quaresma, diretor científico da Fapespa.

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Pesquisadores identificam no açaí espécies de bactérias com potencial probiótico Isolamento e identificação genética de bactérias endofíticas de ácido láctico dos frutos de açaí da Amazônia: características probióticas de cepas selecionadas e seu potencial para inibir patógenos Fotos Alexandre de Moraes, Alex Ribeiro / Ag.Pará O açaí apresenta alto potencial probiótico

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onsiderado um superalimento por seu reconhecido valor nutricional e capacidade antioxidante, além de combater o surgimento de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, o açaí também pode apresentar benefícios como a redução de transtornos gastrointestinais e do colesterol. É o que aponta um estudo feito pelos pesquisadores Suenne Sato, Joana Montezano Marques, Andre da Luz Freitas, Raphaela Progênio, Marcio Roberto Teixeira Nunes, Janaina Mota De Vasconcelos, Fábio Gomes Moura e Hervé Rogez, do Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA), laboratório ligado à Universidade Federal do Pará (UFPA) e instalado no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em Belém. Os pesquisadores isolaram e identificaram, pela primeira vez, espécies de bactérias lácticas endofíticas (que habitam o interior de uma planta) do açaí, com alto potencial probiótico, que podem garantir a segurança alimentar no consumo do açaí azedo.

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A pesquisa avaliou a atividade antagônica in vitro de três cepas de bactérias lácticas (Pediococcus pentosaceus B125, Lactiplantibacillus plantarum B135 e Lactiplantibacillus plantarum Z183) contra dois patógenos - organismos capazes de causar doenças - a Salmonella typhimurium e a Escherichia coli.

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“A atividade antagonista em nosso estudo avaliou a capacidade das bactérias lácticas de inibir o crescimento das bactérias patogênicas no suco de açaí mantidos em temperatura ambiente por um período de até 72h, que é o tempo máximo em que o açaí ainda é consumido. Os resultados mostraram que as três bactérias lácticas foram capazes de inibir os dois patógenos. Sendo que, para a Salmonella, foram ainda mais eficazes”, aponta Suenne Sato, primeira autora do artigo. Além da atividade antimicrobiana, as cepas também apresentaram a capacidade de resistir a situações de estresse que simulam a passagem pelo trato gastrointestinal. “O trajeto da boca até o cólon, local em que as bactérias probióticas devem colonizar e exercer atividades, apresenta inúmeras condições hostis pelas quais as bactérias precisam resistir, para, assim, chegarem vivas no cólon em quantidade suficiente. A condição ácida do estômago é a primeira situação de grande estresse para os microrganismos, portanto realizamos alguns testes in vitro para verificar a viabilidade das cepas nessa condição e em condição subsequente, como a resistência aos sais biliares”, informa Suenne.

Mapa com as regiões marcadas de coleta do açaí www.paramais.com.br

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“É importante que esses microrganismos sejam seguros para uso e que também exerçam uma ou mais atividades benéficas. Para as bactérias isoladas no nosso estudo, fizemos o teste de desconjugação de sais biliares para identificar se elas apresentavam alguma atividade relacionada. Os resultados apontaram positivo para todas, testadas. Isso significa uma possibilidade de contribuírem para a redução de colesterol sanguíneo”, complementa a pesquisadora. O pesquisador Hervé Rogez, coordenador do CVACBA , professor do Programa Pós-Graduação em Biotecnologia e orientador da tese de doutorado que deu origem ao artigo, destaca a importância da descoberta. “O cólon e o intestino grosso desempenham um papel muito importante para a saúde humana, é o segundo órgão que melhor deve ser cuidado, depois do coração. Há pelo menos 20 anos, os probióticos já vêm sendo estudados, mas aqui, na região, ainda temos poucos trabalhos sobre. O fato de ter descoberto mais um benefício no consumo de açaí, fruto tão comum na dieta da região, é muito relevante”, afirma Hervé.

O fato de ter descoberto mais um benefício no consumo de açaí, fruto tão comum na dieta da região, é muito relevante, afirma Hervé

As bactérias isoladas estão armazenadas no banco de bactérias do açaí, no CVACBA, para aprofundamentos futuros no intuito de descobrir mais funcionalidades e possíveis aplicações. “As cepas podem ser utilizadas não só em alimentos, mas também na agricultura e no setor cosmético, já que os endofíticos possuem um bom histórico de serem potenciais produtores de metabólitos (substância produzida durante o

metabolismo) de interesse econômico. Ter microrganismos endofíticos especialmente isolados dos frutos de açaí pode contribuir ainda mais para a valorização desse alimento e possivelmente para trazer benefícios econômicos para toda a cadeia produtiva do açaí e para as regiões produtoras”. (*) Assessoria PCT Guamá

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Referência no desenvolvimento de processos e produtos, bem como no controle de qualidade de materiais de origem vegetal para as áreas de alimentos, farmacêutica, biotecnologia e cosmética, entre outras, o Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA) é um dos laboratórios da Universidade Federal do Pará (UFPA) instalados no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em Belém.

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O núcleo vai gerar mais comodidade e ganho de tempo ao produtor rural que precisa de serviços do Incra

Parauapebas recebe o primeiro Núcleo de Regularização Fundiária do Pará Texto *Karine Gomes Fotos Renato Resende

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partir de agora os produtores rurais de Parauapebas e região não precisam mais se deslocar a Marabá para solicitar serviços junto ao Incra, os atendimentos serão realizados na sede da Secretaria Municipal de Produção Rural (Sempror) onde foi inaugurado na manhã desta segunda-feira, 31, o Núcleo de Regularização Fundiária de Parauapebas, o primeiro do Pará. “Muitos agricultores não se sentem donos de suas propriedades por falta do título, isso acabou a partir de agora. Investimos nessa parceria com o Incra por entendermos que as estratégias de desenvolvimento do nosso município e a da região passam pela regularização fundiária”, afirmou o prefeito de Parauapebas, Darci Lermen. O superintendente regional do Incra, Aveilton de Souza, agradeceu a parceria e destacou que a implantação do núcleo em Parauapebas é um avanço, “com essa iniciativa estamos encurtando distâncias, o produtor não precisa se deslocar mais de 100 km até Marabá para resolver os assuntos com o Incra”, acrescentou.

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Muitos agricultores não se sentem donos de suas propriedades por falta do título, isso acabou a partir de agora, afirmou o prefeito de Parauapebas, Darci Lermen

“A implantação desse núcleo é uma forma de respeito ao assentado, ao produtor rural. Além disso, a prefeitura, ao entrar nessa parceria que vai legalizar as terras, contribui para a entrada de mais recursos, mais fomento e mais cidadania”, reforçou o deputado federal, Joaquim Passarinho. Também participaram da inauguração os vereadores Israel Barros

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(Miquinha), Aurélio Goiano e Zacarias de Assunção; os secretários municipais de Produção Rural, Milton Zimmer, e Especial de Governo, Keniston Braga, e o coordenador de captação de recursos e projetos especiais da prefeitura, Cleverland Carvalho e e o titular da Coordenadoria Municipal de Regularização Fundiária (CMRF), José Alves.

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A implantação desse núcleo é uma forma de respeito ao assentado, ao produtor rural, disse o deputado federal, Joaquim Passarinho, entregando um dos títulos

Entrega de títulos

“Esse núcleo vai beneficiar nossos produtores rurais, não haverá mais necessidade deles irem a Marabá para resolver questões de titulação de terra junto ao Incra. Além disso, serão disponibilizados outros benefícios para o homem do campo, como o crédito habitação para a zona rural”, afirmava o prefeito, Darci Lermen.

“Eu estou muito emocionada, porque foi uma batalha acirrada durante esses 20 e poucos anos de luta, a gente já estava sem esperança de receber esse título e hoje, graças a Deus, estamos felizes, foi um sonho realizado”, esse é o depoimento da dona Rosalina Araújo, que tem uma propriedade rural na vicinal Lagoa Preta. Ela e outros nove produtores receberam, simbolicamente, o título definitivo de propriedade das suas terras. O Incra prevê a entrega de 500 títulos nos próximos dias. “O agricultor, produtor que ainda não tem o título deve vir até à Sempror. Aqui terá uma equipe pra recebê-los e dar todas as orientações necessárias”, informa Milton Zimmer.

Programa Titula Brasil

Serviços disponibilizados

Fazendo a promessa

Fruto da parceria entre a Prefeitura de Parauapebas e o Incra, por meio do Acordo de Cooperação Técnica nº 415 e 418/2021, o núcleo disponibilizará os seguintes serviços: regularização de RB, desbloqueio, levantamento de crédito, levantamento da demanda de construções e reformas de unidades habitacionais na zona rural, entre outros.

Em dezembro de 2020, o prefeito de Parauapebas, Darci Lermen, assinou um Acordo de Cooperação Técnica com o Incra para instalação do primeiro Núcleo Municipal de Regularização Fundiária do Pará. O objetivo era pra facilitar a vida do homem do campo no processo de emissão de títulos definitivos das propriedades rurais.

Darci Lermen, assinando o Acordo de Cooperação Técnica com o Incra www.paramais.com.br

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O acordo firmado com a prefeitura faz parte do programa do governo federal Titula Brasil, que pretende aumentar a capacidade operacional para promover regularização fundiária. Segundo a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, o Titula Brasil vai melhorar a qualidade de vida de muitos brasileiros que precisam desse título. “Isso vai trazer dignidade, renda e benefícios, não só para aquela pessoa, mas para toda a região. Quando vamos entregar títulos com o presidente Jair Bolsonaro em alguns lugares, a gente vê a emoção dessas pessoas quando pegam seu título na mão. Muitos falam: ‘é a nossa alforria’”, disse a ministra.

Cumprindo o prometido, Darci Lermen, inaugura o Núcleo de Regularização Fundiária de Parauapebas, o primeiro do Pará Pará+

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Comercializando o futuro: como a análise de dados está mudando

A análise de dados ajuda os profissionais de marketing a saber mais sobre seus clientes com a precisão do alvo, desde os filmes que assistem no Netflix até seu sorvete de chocolate favorito

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s dados são onipresentes, essenciais e benéficos - exceto quando não são. Especialistas alertam que a análise de dados está em um ponto de inflexão. As crescentes preocupações sobre riscos de segurança, privacidade, preconceito e regulamentação estão se chocando com todos os benefícios oferecidos pelo aprendizado de máquina e inteligência artificial. Junte essas preocupações às preocupações sobre a pandemia de coronavírus e como ela mudou rapidamente o comportamento do consumidor, e os desafios se tornarão claros. “O que estamos vendo é muito caos em termos de qual é a resposta certa. E o que estamos vendo é uma mudança de estratégia ”, disse Neil Hoyne , estrategista-chefe de medição do Google e pesquisador sênior da Wharton Customer Analytics. Hoyne disse que está sempre conversando com empresas que estão tentando descobrir o futuro da análise de dados.

Texto *Wharton School

“As empresas que vão ganhar são aquelas que estão usando dados, não adivinhando”, disse Hoyne, que falou com outros especialistas da indústria e acadêmicos durante um simpósio virtual em 17 de novembro, “ O uso de análises e IA em uma postagem Usando análise de dados para marketing

-pandêmico Mundo ”. O evento foi organizado pela organização sem fins lucrativos Marketing Science Institute , juntamente com Wharton Customer Analytics e AI for Business na The Wharton School. “As empresas que vão ganhar são as que usam dados, não adivinham”. –Neil Hoyne O simpósio abordou uma ampla gama de tópicos sob a égide da análise de dados, mantendo o foco no que está por vir no mundo em evolução da inteligência artificial. “Ao tentar projetar o programa hoje, não podíamos ignorar o óbvio, que 2020 foi o ano de interrupções e riscos - e, com sorte, do gerenciamento bem-sucedido desses riscos”, disse AI para Business Faculty Director Kartik Hosanagar , que também é professor de operações, informações e decisões da Wharton.

O Google e outros provedores de internet anunciaram recentemente planos para eliminar os cookies de terceiros , o que irá retirar dos profissionais de marketing uma grande quantidade de informações refinadas coletadas pelo rastreamento de consumidores na web. Empresas pró-ativas já estão fazendo o pivô, para que possam estar prontas para um mundo pós-cookie e pós-pandêmico.

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Os riscos e recompensas dos dados Muita atenção foi dada a todas as maneiras impressionantes como a IA e o aprendizado de máquina ajudam as empresas ao automatizar serviços, prever padrões e fazer recomendações que levam a maiores vendas e engajamento. Um terço das vendas da Amazon vem de seu algoritmo de recomendação, por exemplo, enquanto o algoritmo do YouTube conduz 70% do conteúdo assistido em sua plataforma. Mas, disse Hosanagar, os riscos associados à IA precisam de igual atenção e prioridade dos gerentes. A IA pode criar riscos sociais, de reputação e regulatórios, mesmo para empresas versadas em tecnologia. A Amazon descartou um software de recrutamento com preconceito de gênero; O Twitter fechou um chatbot da Microsoft que “aprendeu” como postar tweets racistas; e o Facebook foi processado pelo Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos Estados Unidos, que alegou que a publicidade direcionada da plataforma viola o Fair Housing Act ao restringir quem vê os anúncios de habitação. “Esses não são riscos pequenos para as empresas”, disse Hosanagar, que recomendou fortemente que os líderes empresariais criassem equipes interdisciplinares para monitorar e avaliar continuamente os dados quanto a distorções.

O preconceito pode ser inconscientemente incorporado em algoritmos pelos humanos que os criam. Kalinda Ukanwa , palestrante do simpósio , professora de marketing da Marshall School of Business da University of Southern California, ofereceu um exemplo poderoso para ilustrar o problema. “Rebecca” solicita um empréstimo a um banco online que usa IA para determinar o empréstimo. Ela é rejeitada, apesar de ter bom crédito. Mas se ela inserir a mesma informação com uma diferença - seu gênero - ela é aprovada. Embora o banco online possa ver um aumento inicial nos negócios devido à facilidade de uso, ele pode sofrer efeitos de reputação a longo prazo. Meses depois da má experiência de Rebecca, ela pode dizer ao amigo, “Jim”, para não se incomodar em solicitar um empréstimo naquele banco porque não foi aprovada. “O viés de algoritmo pode ser lucrativo no curto prazo, mas não lucrativo no longo prazo devido ao boca a boca que reduz a demanda do consumidor”, disse Ukanwa.

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Ainda assim, ela enfatizou o valor da análise de dados. Quando funciona bem, elimina as suposições da tomada de decisão e pode levar a resultados mais justos. Mas a IA deve ser monitorada e ajustada com atenção. Às vezes, existe uma solução fácil. No exemplo do empréstimo bancário, simplesmente abandonar a entrada de gênero teria evitado o viés. “O enviesamento do algoritmo pode ser lucrativo no curto prazo, mas não lucrativo no longo prazo devido ao boca a boca que reduz a demanda do consumidor.”–Kalinda Ukanwa Raghuram Iyengar , professor de marketing da Wharton e diretor do corpo docente da Wharton Customer Analytics, também alertou os profissionais de marketing a considerarem como implementam a análise de dados. É realmente necessário para resolver um problema? “Falo sobre isso às vezes na minha aula: você não precisa de uma bazuca para pegar uma mosca”, disse ele.

Impulsionado pela incerteza pandêmica A atual pandemia de COVID-19 interrompeu os negócios de maneiras inesperadas, tornando obsoletas algumas das análises de dados que eram úteis antes que os consumidores mudassem radicalmente seus padrões de consumo. Hoyne, do Google, disse que as empresas inteligentes estão reagindo mudando da medição de precisão para a previsão. Em vez de capturar mais dados, eles estão explorando o que podem fazer com os dados que já possuem. Eles também estão mudando de dados baseados em cookies de terceiros para dados primários para estabelecer relacionamentos mais diretos com seus clientes. Ele disse que as empresas estão menos interessadas no rastreamento histórico dos dados do consumidor porque o passado não importa agora. E a crescente preocupação com privacidade e regulamentação faz com que as empresas examinem como tornar seus dados mais transparentes para os clientes, além de mais confiáveis e relevantes. Estas são mudanças incrementais, não uma grande revisão. “Eles só querem ser um pouco melhores”, disse Hoyne, chamando essa abordagem de “renovadora” porque é mais sustentável para as empresas. Barkha Saxena , diretora de dados do site de comércio social Poshmark, considerou sua empresa um exemplo de flexibilidade em tempos incertos. Os dados sempre orientaram as decisões na Poshmark, e a empresa adotou uma abordagem integrada que permite ser ágil durante as mudanças do mercado. Ela compartilhou uma estrutura que poderia ajudar outras empresas a fazer o mesmo: avaliar os dados, executar o plano, aprender o que funcionou e o que não funcionou e, em seguida, repetir. “É basicamente assim que você transforma os dados em uma ferramenta operacional”, disse Saxena. Ela também incentivou uma mentalidade de equipe em torno dos dados. Não deve ser sequestrado em um departamento, mas compartilhado entre as funções de negócios. “Temos a base de dados muito centralizados, confiáveis e fáceis de acessar, mas eles são entregues a todas as equipes”, disse ela. “Isso permite que os dados sejam acessíveis a todos os usuários de negócios no momento da decisão”. (*) University of Pennsylvania

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Força do Trabalho e do Emprego A Quarta Revolução Industrial e as mudanças demográficas exigem uma requalificação de curto prazo para atender às demandas do mercado de trabalho Texto *Curadoria: Universidade Técnica de Munique Fotos AI & Machine Learning Imperative, McKinsey Global Institute, US Bureau of Labor Statistics

O mundo do trabalho está mudando rapidamente - e mapear novos modelos de trabalho saudáveis será necessário para canalizar essa mudança para a criação de mercados de trabalho mais fortes e salvaguardas suficientes. A criação de empregos estava no topo da agenda de todos os países, mesmo antes do advento do COVID-19 e sua devastação econômica relacionada, juntamente com a formulação de políticas destinadas a ajudar os trabalhadores e seus empregadores. As abordagens mais bem-sucedidas levarão em conta a mudança demográfica e a mudança de funções de trabalho, e irão alavancar a interrupção como um meio de projetar locais de trabalho que atendam melhor às necessidades de todos. Este briefing é baseado nas opiniões de uma ampla gama de especialistas da Rede de Especialistas do Fórum Econômico Mundial e é curado em parceria com a Prof. Dra. Isabell M. Welpe, Presidente de Estratégia e Organização, e Felix Rank, Pesquisador da Universidade Técnica de Munique.

Requalificação Finanças públicas e proteção social, Inteligência artificial, Quarta revolução industrial, Envelhecimento, Inovação social, Ciência de dados, Economia digital e criação de novos valores, Racismo sistêmico, Educação e habilidades, Migração, Perspectivas juvenis

A Quarta Revolução Industrial e as mudanças demográficas exigem uma requalificação de curto prazo para atender às demandas do mercado de trabalho

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ado o ritmo da Quarta Revolução Industrial em comparação com as três anteriores, existe um intervalo desconfortavelmente curto disponível para construir os sistemas de treinamento e as instituições do mercado de trabalho necessários para desenvolver novos conjuntos de habilidades. Um relatório publicado pelo Gartner previu a criação líquida de empregos por meio do uso de inteligência artificial até 2020, e dois milhões de novos empregos líquidos como resultado da tecnologia até 2025. No entanto, os gastos públicos relacionados caíram constantemente durante anos na maioria da Organização para a Economia - países em operação e desenvolvimento, de acordo com o McKinsey Global Institute. O AI & Machine Learning Imperative, um guia publicado pelo MIT SMR em 2020, prevê uma lacuna crescente entre as ferramentas sofisticadas que as empresas podem produzir com tecnologia e as partes dessas empresas que podem realmente usar as ferramentas na produção - devido à falta de Habilidades. Capacitar os três bilhões de membros da força de trabalho global a navegar nesta revolução industrial requer uma maior variedade de oportunidades de treinamento e aprendizagem de adultos. Apenas cerca de 11% dos adultos na União Europeia com idades entre 25 e 64 anos participavam em programas de educação e formação em 2019, de acordo com um relatório da Associação Europeia para a Educação de Adultos.

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Percepções essenciais para o gerenciamento de equipes

A obtenção de qualificações formais por si só não equivale a requalificação bem-sucedida, entretanto; oportunidades de aprendizagem ao longo da vida, como cursos modulares de ciclo curto, experiência no trabalho e exposição a novos projetos, são necessárias para ajudar mais pessoas a obter as habilidades que correspondem à demanda do mercado de trabalho (as certificações permitem que os trabalhadores validem suas habilidades onde quer que as apliquem, deve ser observado). As empresas precisam reconhecer e investir em seu “capital huma-

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no” como um ativo, em vez de vê-lo como um passivo, de acordo com um relatório do Fórum Econômico Mundial. As mudanças demográficas globais estão impactando tremendamente o crescimento econômico e fazendo distinções entre economias estabelecidas e que envelhecem rapidamente e regiões em desenvolvimento com grandes populações de jovens em crescimento. As estratégias para construir uma ponte sobre essa divisão emergente incluem automação (usada extensivamente, por exemplo, no Japão) e

incentivo aos fluxos de imigração (como tem sido o caso na Alemanha e na Itália) em países mais antigos, e trabalhar para garantir que os sistemas escolares sejam bem financiados nos países mais jovens (como no Oriente Médio e na África Subsaariana). De acordo com a OCDE, o fechamento da lacuna de habilidades exigirá um conhecimento sólido da base de habilidades atual, estratégias proativas de gestão de talentos e diálogo sustentado entre empresas, governos e provedores de educação.

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Mercados de trabalho inclusivos COVID-19, Quarta Revolução Industrial, Futuro da Mídia, Entretenimento e Esporte, Paridade de Gênero, Educação e Habilidades, Ciências Comportamentais, Blockchain, Design Inclusivo, Racismo Sistêmico, Empreendedorismo, Inovação Social, Finanças Públicas e Proteção Social

A ruptura tecnológica dos mercados de trabalho cria desafios e oportunidades para as pessoas A criação de mercados de trabalho que possibilitem a participação de todos, independentemente de raça, etnia ou origem, tem sido uma meta de longa data de muitas organizações. Embora alguns avanços tenham sido feitos com relação à participação das mulheres na força de trabalho e às leis que proíbem a discriminação, a falta de inclusão persistiu - principalmente em relação às mulheres e jovens de países em desenvolvimento. De acordo com o Relatório Global de Gênero de 2020 do Fórum Econômico Mundial, há uma necessidade de ação, já que as mulheres ocupam apenas 21% dos cargos ministeriais no mundo e gastam pelo menos o dobro do tempo em trabalho não remunerado do que os homens.

Entretanto, a integração de migrantes e refugiados nos mercados de trabalho requer a ligação de um leque mais vasto de partes interessadas, apoiando o empreendedorismo e facilitando a identificação, avaliação e validação de competências. Abordar a inclusão é mais do que simplesmente reformar a educação - a pesquisa mostrou que mulheres qualificadas frequentemente abandonam a indústria de tecnologia porque se preocupam com seu ambiente de trabalho, e a falta de diversidade étnica e preconceito de idade foi documentada em algumas das empresas de crescimento mais rápido. Algumas das medidas mais comuns usadas para combater o preconceito incluem o treinamento da diversidade - e foi demonstrado que mudar as normas sociais e afetar

a mentalidade coletiva pode ser mais eficaz do que focar apenas na mudança das perspectivas individuais. A influência da TV e da mídia em geral parece ter particular importância nesse sentido, conforme evidenciado por um estudo brasileiro sobre o efeito das novelas nas decisões sobre o tamanho da família e a participação feminina no mercado de trabalho feitas por seus públicos. A pandemia COVID-19 tornou o trabalho cada vez mais virtual, o que teve um impacto no trabalho em equipe e na interação. Além disso, tecnologias como o blockchain criaram maiores oportunidades de empreendedorismo, pois tornam os intermediários tradicionais menos relevantes. Nos próximos anos, podemos esperar que a crescente globalização proporcione a ainda mais pessoas a oportunidade de trabalhar virtualmente (e independentemente) em qualquer lugar do mundo. Isso significa que, teoricamente, mais pessoas estarão expostas a oportunidades de emprego que antes eram inacessíveis. Para impulsionar verdadeiramente a inclusividade dos mercados de trabalho, no entanto, esta tendência deve ser acompanhada por iniciativas para re-regulamentar o emprego e reforçar os sistemas de proteção social.

Tecnologias como o blockchain criaram maiores oportunidade

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Criação de empregos e empreendedorismo Futuro do progresso econômico, Riscos globais, Finanças públicas e proteção social, Infraestrutura, Quarta revolução industrial, Bancos e mercados de capitais, Ciência, Inteligência artificial, Empreendedorismo

A mudança da economia global pode criar valor rapidamente, mas é lenta para gerar empregos sustentáveis, exigindo novas abordagens As últimas décadas testemunharam mudanças significativas nas classificações das empresas mais predominantes. Em alguns lugares, até 90% das empresas consideradas as mais fortes e bem-sucedidas a partir da década de 1980 não desfrutam mais desse status. Os últimos 15 anos, em particular, viram o rápido e bem-sucedido crescimento de empresas equipadas com novos modelos de negócios digitais que se afastaram dos métodos mais tradicionais de antigos líderes de mercado. Para muitas empresas mais antigas e estabelecidas, este período não foi apenas um referendo sobre seu sucesso, mas também sobre sua sobrevivência - e sua capacidade de preservar empregos e oferecer as oportunidades de emprego que tradicionalmente proporcionam. Muitas das empresas novas, digitais e baseadas em plataforma foram capazes de ganhar avaliações de mercado significativas e grandes (muitas vezes dominantes) participações de mercado rapidamente - e com relativamente poucos funcionários e oportunidades de trabalho escassas. Por exemplo, a Kodak, que já foi líder de mercado em fotografia analógica, já empregou cerca de 150.000 pessoas - enquanto o Instagram, líder em compartilhamento e imagens digitais, tinha cerca de uma dúzia de funcionários quando foi vendido para o Facebook em 2012 por cerca de US $ 1 bilhão. À medida que as economias se tornam cada vez mais automatizadas e acionadas por máquinas, sua capacidade geral de criar

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novos empregos provavelmente se tornará mais limitada. De acordo com o US Bureau of Economic Analysis, os retornos do capital e do trabalho nos EUA divergiram no passado - e o prognóstico atual é que tanto os salários quanto o número de empregos disponíveis nos setores industriais clássicos continuarão a diminuir, à medida que a automação e as máquinas assumem cada vez mais o controle (e os empregos de baixa remuneração correm um risco especial).

Para enfrentar esses desafios, o empreendedorismo criativo será, sem dúvida, necessário. No entanto, pesquisas globais sobre empreendedorismo sugerem que a intenção, estabilidade e viabilidade empreendedoras reais diferem muito entre os países e mesmo dentro deles. O capital social, de infraestrutura, humano e financeiro precisa ser direcionado para o aumento da atividade empresarial geral. E, os setores privado e público, incluindo a comunidade científica, precisam trabalhar juntos muito mais estreitamente, a fim de permitir que a pesquisa fundamental nas universidades seja comercializada por empresas existentes ou por novas empresas criadas para esse fim específico. Enquanto isso, ecossistemas de inicialização eficientes precisam abraçar todas as partes interessadas, criar redes regionais e fornecer o suporte e a infraestrutura necessários.

Gerar empregos sustentáveis

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Novos Modelos de Trabalho Empreendedorismo, Ciência de Dados, Governança da Internet, Justiça e Direito, Quarta Revolução Industrial, Estados Unidos, Economia Digital e Criação de Novo Valor, Finanças Públicas e Proteção Social, A Transformação Digital de Negócios, Governança Ágil

O trabalho temporário, de meio período e independente permanece esquecido na pesquisa e na formulação de políticas, mesmo quando substitui o emprego permanente As estatísticas globais de trabalho tendem a ignorar o trabalho temporário, de meio período e independente, e se concentram apenas no emprego de tempo integral e permanente. No entanto, a pesquisa sugere que uma parte significativa do crescimento líquido do emprego desde 2005 ocorreu nas categorias de trabalhadores independentes e autônomos - o que significa que o que antes era considerado trabalho “fora do padrão” está se tornando a nova norma. Os gerentes agora estão mais propensos a supervisionar equipes diversificadas e geograficamente dispersas, para avaliar o desempenho dos funcionários com novos tipos de análise e para expandir suas pesquisas por novos recrutas para ambientes não tradicionais. O surgimento de economias de “plataforma” (baseadas em entidades digitais amplas e de longo alcance como Amazon ou Uber) criou oportunidades de trabalho mais flexíveis e uma economia de “gig”. No entanto, esta flexibilidade raramente é uma vantagem para os trabalhadores e, principalmente, apenas um benefício para as entidades contratantes.

Os trabalhadores devem confiar em suas habilidades de priorização para manter um

Trabalhadores independentes e autônomos, está se tornando a nova norma

Mais da metade dos cerca de 145 milhões de trabalhadores americanos cairão na categoria de trabalhador independente

As preocupações relacionadas com a falta de governança e proteções legais para o trabalho contratual aumentaram, até porque sua prevalência é mal capturada nas estatísticas atuais. A maioria dos estudos relacionados baseou-se em dados compartilhados 26

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equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e em sua capacidade de lidar com as demandas de disponibilidade quase imediata e comparações instantâneas (na forma de classificações) com a competição de trabalhadores de show - que está em constante expansão. Enquanto isso, os clientes estão exercendo seu próprio poder por meio de classificações e ajustes de algoritmos relacionados, o que cria mais riscos para os trabalhadores individuais do que para as empresas que os contratam.

por relativamente poucas plataformas de talentos digitais, e poucos países concluíram análises abrangentes do mercado de trabalho que incluem essas novas formas de trabalho. Dados publicados pelo US Bureau of Labor Statistics em 2017, por exemplo,

mostraram um declínio surpreendente de trabalhadores americanos com “arranjos de trabalho alternativos” em comparação com 2005, de acordo com um relatório publicado pela Brookings Institution. No entanto, estima-se que até o ano de 2027 mais da metade dos cerca de 145 milhões de trabalhadores americanos cairão na categoria de “trabalhador independente”. Os padrões legais atuais em muitos países para o que constitui um funcionário real, em vez de um trabalhador contratado, são, na melhor das hipóteses, vagos. A classificação dos trabalhadores e a regulamentação do modelo de trabalho relacionado requerem atualização, a fim de reconhecer formalmente as necessidades de segmentos crescentes da força de trabalho global. É crucial que mais dados, pesquisas e informações relacionados sejam disponibilizados, e que a terminologia relevante e os padrões de medição sejam harmonizados dentro e entre os países. www.paramais.com.br

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A importância de se trabalhar globalmente em equipes virtuais

Digital Design de Trabalho Economia digital e criação de novos valores, Inovação social, Preparação e resposta à pandemia, Futuro do progresso econômico, Governança corporativa, Comunicações digitais, Paridade de gênero, Inteligência artificial, Quarta revolução industrial, Ciência de dados, COVID-19

As organizações têm necessidades de flexibilidade, velocidade e escalabilidade que exigem novas formas de organizar o trabalho Encontrar novas maneiras de organizar o trabalho - tanto dentro das empresas quanto em suas periferias - tornou-se um fator central para o sucesso ou o fracasso econômico. À medida que o ponto focal das organizações muda junto com a economia global de uma ênfase em produtos para informações, uma mudança também está ocorrendo de organizações lineares para exponenciais. As organizações agora precisam ser ambidestras, no sentido de fornecer estrutura, cultura e processos para trabalhos e produtos mais antigos e estabelecidos, enquanto, ao mesmo tempo, fornecem projetos de trabalho novos e diferentes para as combinações de tecnologia-produto-mercado de amanhã. Uma tendência relacionada que só foi acelerada com o advento da crise do

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COVID-19 é a importância de ser capaz de trabalhar globalmente em equipes virtuais. À medida que mais empresas (como o Twitter e a Microsoft) anunciam que os funcionários agora podem trabalhar de casa pelo menos parte da semana indefinidamente, uma nova realidade de trabalho se estabelecerá mais de baixo para cima do que de cima para baixo, e mudando de concentrado, grande estruturas para estruturas menores distribuídas e de organização hierárquica para estruturas baseadas em equipes e grupos de trabalho entre departamentos e até mesmo entidades inteiras. Isso exige novas formas de garantir o empreendedorismo e a identificação de maneiras como os colegas podem funcionar, mesmo sem nunca se terem encontrado pessoalmente.

Uma chave para organizar este novo paradigma de trabalho será definir os padrões corretos - já que são a forma mais eficaz e eficiente de influenciar o comportamento. Em algumas partes de uma organização, o controle pode ser o melhor padrão, enquanto em outras pode ser a confiança. Algumas partes de uma empresa podem florescer por meio da burocracia e perfeição, enquanto outras produzem o maior valor possível por meio de iteração e experimentação. O design digital do trabalho será influenciado por alguns desenvolvimentos que continuarão indefinidamente. Maior abertura, por exemplo, significa que as empresas terão limites mais permeáveis, permitindo que os funcionários permanentes trabalhem em conjunto com os funcionários “permanentes gratuitos” que lidam com projetos baseados em um contrato temporário - por sua vez, dando às empresas e trabalhadores os benefícios da “flexigurança” e segurança). Além disso, a democratização e a desierarquização aumentarão a participação na tomada de decisões em vários níveis e envolverão tudo, desde a escolha de membros da equipe e líderes até a propriedade direta por meio de participações acionárias.

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Proteção social Futuro do progresso econômico, Participação cívica, Riscos globais, Paz e resiliência, Novos negócios verdes, Quarta revolução industrial, Migração, Empreendedorismo, Finanças públicas e proteção social, Vacinação, Tributação, Governança corporativa

Novos modelos de trabalho e ruptura tecnológica exigem regulamentação inovadora alinhada com as necessidades dos trabalhadores Redes de segurança adequadas podem fornecer aos trabalhadores (pelo menos) amortecedores de curto prazo contra períodos de desemprego e habilidades que se tornaram obsoletas. Essas proteções cruciais ajudam a garantir a dignidade humana em face da ruptura econômica e social em grande escala desencadeada pela Quarta Revolução Industrial. No entanto, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho, apenas 29% da população global desfruta atualmente de cobertura de seguridade social adequada para enfrentar as turbulências do mercado de trabalho. Mais de 220 milhões de pessoas não possuem cidadania no país onde vivem - um grupo equivalente em tamanho à quinta maior nação do mundo em população - negando-lhes muitas proteções trabalhistas desfrutadas por seus pares - de acordo com um estudo publicado em Oxford Estudos de desenvolvimento.

Globalmente, apenas 55% dos migrantes recebem proteção social em seu país

Mitigar a vulnerabilidade dos trabalhadores e de todos os sistemas de saúde

Reforçar a proteção social poderia ajudar na mudança do emprego informal para o formal para muitos trabalhadores

Será fundamental que os países revisem cuidadosamente suas redes de segurança existentes, a fim de evitar que as mudanças no mercado de trabalho agravem a desigualdade - e para melhor garantir a eficiência e a utilidade dos benefícios aos trabalhadores. 28

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de residência, mas não têm acesso se saírem desse país, 23% têm acesso e portabilidade e 22% não têm nenhuma, de acordo com a Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação (em alguns casos, os programas de proteção social unilateral emitidos pelos países de origem reduzem a intransferibilidade). As proteções sociais transnacionais podem ajudar a mitigar a vulnerabilidade dos trabalhadores e de todos os sistemas de saúde nos países anfitriões.

Os sistemas atuais variam em termos de equilibrar a responsabilidade pela proteção da força de trabalho entre governos e empregadores. Redes de segurança social fornecidas pelo governo, quando existentes, podem estar desatualizadas.

Enquanto isso, os sistemas de seguro baseados no empregador para saúde, desemprego e aposentadoria podem não ser adequados para uma era em que os trabalhadores não mais permanecem com um único empregador durante grande parte de suas carreiras. Reforçar a proteção social poderia ajudar na mudança do emprego informal para o formal para muitos trabalhadores, e um relatório das Nações Unidas sugeriu que houve uma rápida expansão dos programas de assistência social nos países em desenvolvimento nos últimos 15 anos, incluindo pensões não contributivas e empregos esquemas de garantia. O desenvolvimento de novos instrumentos e novos incentivos pode levar a uma maior inovação relacionada. Os indicadores do sucesso dessas ferramentas podem incluir a capacidade de garantir a segurança de uma renda mínima e a dignidade humana. E uma questão-chave para qualquer formulador de políticas que esteja procurando reformar as abordagens existentes será como introduzir eficiências enquanto reestrutura os sistemas de benefícios. www.paramais.com.br

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O impacto radical de ver o Alzheimer como uma segunda infância Texto *Han Yu Fotos Unplash

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m algumas épocas e lugares, a vida é vista como uma expedição de mão única, do nascimento à morte. Progredimos linearmente e não olhamos para trás. Em outras épocas e lugares, a vida é circular, uma viagem de ida e volta sem fim. Vivemos, morremos e vivemos novamente. No budismo, essa ciclicidade é conhecida como Samsāra; no taoísmo, Lunhui . Ambos são conceitos intrincados enraizados em teologias e scripts antigos, mas não é preciso ser religioso para apreciar a circularidade da vida. Para muitos, é simplesmente uma forma de ser. Diz que, quando lutamos para entrar neste mundo como uma criança chorando, não sabemos nada, não temos nada, nem mesmo uma consciência de nós mesmos. Com o tempo, vemos, ouvimos e aprendemos. Formamos o conceito de ‘eu’, do que esse ‘eu’ gosta e não gosta, e com o tempo passamos a viver para esse ‘eu’. Eventualmente, morremos, ou melhor, nossa carne morre. Devolvemos as coisas que aprendemos e mais uma vez nos tornamos uma lousa em branco, talvez renascendo em outro corpo.

Bonecas fazem os pacientes de Alzheimer ficarem radiantes de alegria

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Segundo William Shakespeare a velhice é uma “segunda infantilidade”

A ideia de que a existência é cíclica pode nos trazer certa compostura diante das tribulações e vulnerabilidades da vida. Pode nos ajudar a apreciar as palavras do antigo dramaturgo grego Aristófanes, de que “os velhos são duas vezes crianças”, bem como a afirmação de William Shakespeare de que a velhice é uma “segunda infantilidade”. Como disse o pensador taoísta Zhuang Zi : ‘方 生 方 死’ ou ‘ Fang sheng fang si ‘ - no momento da vida é a morte; no momento da morte está a vida. O começo é o fim; o fim é o começo. Essa sabedoria antiga e reflexão literária encontram uma tradução próxima na pesquisa neurológica moderna sobre demência e doença de Alzheimer: retro gênese, significando para trás (retro-) início (-gênese).

Foi proposto por Barry Reisberg, um psiquiatra da faculdade de medicina da Universidade de Nova York, como um modelo para dar sentido ao declínio progressivo do Alzheimer. Em 1999, Reisberg definiu retro gênese como “o processo pelo qual mecanismos degenerativos revertem a ordem de aquisição no desenvolvimento normal”. Em outras palavras, a deterioração de um paciente com Alzheimer segue, na ordem inversa, o desenvolvimento normal da criança. O que uma criança aprende primeiro neste mundo, o paciente perde por último; o que a criança aprende por último, o paciente perde primeiro. O começo é o fim; o fim é o começo. Isso não é apenas contemplação filosófica. Um corpo de evidências científicas apoia o modelo de retro gênese.

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Com menos de 15 meses, os bebês exibem reflexos importantes para a sobrevivência, por exemplo, virar o rosto para uma mão que acaricia suavemente ou chupar o que quer que toque o céu da boca. Esses reflexos são perdidos na idade adulta, mas recuperados na doença de Alzheimer grave. Mesmo no desenvolvimento emocional, tende a haver uma relação inversa entre a infância e o mal de Alzheimer No Alzheimer, geralmente testemunhamos o declínio gradual de dois tipos de habilidades: cognitivas e funcionais. O primeiro refere-se a capacidades como atenção, memória, linguagem e orientação. Este último se refere às habilidades para realizar tarefas da vida diária, desde vestir-se e comer até fazer compras e administrar as finanças. Várias ferramentas foram desenvolvidas para avaliar a extensão dessas habilidades em pacientes com Alzheimer, como o mini exame do estado mental (MMSE) para habilidades cognitivas e a entrevista para deterioração das atividades de vida diária na demência (IDDD) como uma medida funcional declínio. Quando os pesquisadores em 2012 usaram essas ferramentas para comparar as habilidades cognitivas e funcionais de 148 participantes idosos e 181 crianças, eles encontraram muito para apoiar o modelo de retro gênese. Pacientes com Alzheimer que estavam nos estágios iniciais da doença obtiveram pontuações MMSE cognitivas comparáveis às alcançadas por crianças com idades entre seis e sete anos. À medida que a doença progride, as pontuações dos pacientes no MEEM caem gradualmente ao nível de uma criança de cinco anos e, a seguir, abaixo de uma criança de quatro anos. Quanto às habilidades funcionais, os pacientes com Alzheimer levem a moderado apresentaram escores IDDD comparáveis aos obtidos por crianças de sete a quatro anos, respectivamente. Pacientes com Alzheimer severo obtiveram pontuações IDDD abaixo do nível de uma criança de quatro anos.

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Reisberg também mapeou a sequência do desenvolvimento na infância e na doença de Alzheimer, e a correlação é impressionante. A partir dos 12 anos, as crianças têm a capacidade de manter um emprego, como insistem em fazer as pessoas que trabalham nos primeiros estágios da doença de Alzheimer. Na idade de 8 a 12 anos, as crianças podem cuidar de finanças simples, como também fazem as pessoas com Alzheimer leve.

Mesmo no desenvolvimento emocional, que não pode ser mapeado com a mesma precisão, tende a haver uma relação inversa entre a infância e o mal de Alzheimer. Por exemplo, crianças com idades entre dois e cinco anos tendem a ter acessos de raiva e explosões verbais para mostrar sua frustração. Pacientes com Alzheimer em estágios correspondentes da segunda infância também têm essa abordagem.

Na idade de cinco a sete anos, pode-se esperar que as crianças selecionem roupas adequadas para si mesmas, e as pessoas com Alzheimer moderado também determinam suas próprias preferências de moda. Por volta dos quatro anos de idade, as crianças começam a enfrentar o banheiro de forma independente; pessoas com Alzheimer moderadamente grave também mantêm essa capacidade. Na idade de 15 meses, as crianças falam de cinco a seis palavras e as pessoas com Alzheimer grave são igualmente fluentes.

Por que essa correlação reversa aconteceria? Quais mecanismos cerebrais, se houver, são responsáveis por isso? Na infância e no início da idade adulta, o desenvolvimento do cérebro não é um processo homogêneo. Começa nas chamadas regiões “primitivas” - aquelas que permitem funções básicas, como processar informações visuais (o córtex visual) ou sentir o toque e o calor (o córtex somatossensorial). As regiões cerebrais mais evoluídas ou de ordem superior amadurecem mais tarde, como aquelas que permitem o raciocínio e a solução de problemas (o lobo frontal).

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No Alzheimer, os danos cerebrais seguem uma ordem inversa. Os pacientes primeiro perdem suas habilidades de ordem superior, como memória, linguagem e raciocínio, mas mantêm suas habilidades visuais, sensoriais e motoras por mais tempo. Os pesquisadores especulam que o que está por trás desse padrão do primeiro a entrar, do último a sair são os axônios - as fibras longas e delgadas que se estendem dos neurônios, como os fios elétricos do cérebro. Os axônios conduzem impulsos elétricos para longe de um neurônio para serem recebidos por outros neurônios, de forma que a informação possa ser retransmitida e processada no cérebro. Assim como os fios precisam ser isolados para sua proteção e funcionamento adequado, os axônios são revestidos por uma bainha de proteínas e substâncias gordurosas chamadas mielina. Essa bainha de mielina não se desenvolve simultaneamente em todos os axônios do cérebro. Ele cresce primeiro em torno de axônios que são essenciais para a sobrevivência precoce de uma criança: por exemplo, axônios que ativam as funções sensoriais e motoras. Com o passar dos anos, então, esses axônios acumulam mielina mais espessa, que, como fios com revestimento espesso, são menos suscetíveis a danos. Em contraste, como os bebês não precisam de linguagem e autocontrole para sobreviver, os axônios que estão envolvidos em habilidades de ordem superior só desenvolvem mielina mais tarde no processo e possuem apenas uma fina camada de proteção. Esses axônios são os mais sujeitos a danos na velhice. Quando isso acontece, a troca de sinais entre os neurônios diminui ou fica bloqueada, depósitos anormais de proteínas, chamados emaranhados, se espalham e sufocam os neurônios até a morte, as funções cerebrais correspondentes são perdidas e a infância é revertida.

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Crianças e pessoas com Alzheimer com a mesma abordagem

Nesta segunda infância, não perdemos a capacidade de estar contentes; nós apenas perdemos a obsessão de buscar contentamento

Como acontece com todas as teorias contemporâneas que tentam explicar o Alzheimer, o modelo de retro gênese tem seus problemas: pois, quando realmente os examinamos, nossa primeira e segunda infâncias não são exatamente imagens espelhadas uma da outra. Nas crianças, a capacidade de realizar atividades básicas, como vestir-se sozinha, e atividades complexas, como cuidar das finanças, se desenvolve simultaneamente. Ou seja, com o aumento da idade, as crianças tendem a ter habilidades funcionais globais progressivamente mais altas. Em contraste, no Alzheimer, o declínio funcional discrimina claramente. Os pacientes perdem a capacidade de realizar tarefas complexas primeiro, enquanto as habilidades básicas perduram por mais algum tempo, às vezes persistindo no estágio avançado da doença, quando os pacientes deveriam ser, de acordo com a retro gênese, não mais capazes do que bebês. Outro exemplo diz respeito à linguagem, que nem sempre é uma história previsível e direta ao contrário.

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Alzheimer e o humor

De acordo com o modelo de retro gênese, pacientes com Alzheimer em estágio avançado, como crianças, podem pronunciar apenas algumas palavras. Mas, na realidade, existem muitas diferenças individuais: alguns pacientes são capazes de produzir uma palavra; outros, até 252 palavras. Em alguns casos , os pacientes com demência de Alzheimer grave retêm a capacidade de comunicar humor, ironia e sarcasmo, que são habilidades metalinguísticas desenvolvidas no final da infância e, portanto, deveriam ter sido perdidas antes.

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Além disso, patologicamente falando, existem várias hipóteses sobre a causa final da degeneração no cérebro de Alzheimer: o acúmulo do fragmento de proteína beta-amilóide, a disseminação da proteína tau anormal, a disfunção do metabolismo cerebral. Em outras palavras, vários fatores além da mielina desempenham um papel no cérebro de Alzheimer. Portanto, a retro gênese é apenas isso, uma das várias teorias concorrentes. Embora as evidências apoiem seu padrão amplo, seus detalhes precisam de correção.

No entanto, você não precisa seguir religiosamente a retro gênese para obter algum senso de paz e graça em relação ao Alzheimer - assim como você não precisa ser um budista ou taoísta para se consolar com a ciclicidade da vida. E os profissionais, psicólogos, terapeutas e assistentes sociais não precisam que o modelo de retro gênese seja estritamente verdadeiro em todos os aspectos antes de imaginar atividades e programas de cuidados que acomodem as habilidades de mudança dos pacientes, ao mesmo tempo que protegem seu senso de orgulho e bem-estar. Assim como um recém-nascido prospera com sua voz terna - e os suaves abraços e beijos que vêm com ele - sem ter que entender o ‘eu te amo’ que você sussurra, seu avô, que não entende mais as palavras que você pronuncia, também entenderá. Assim como você elogia uma criança por tentar ajudar na casa e ignorar a bagunça que ela faz no processo, você pode elogiar sua mãe por seu canto adorável, e não se preocupar com sua comida não mais adorável. Assim como você permite que crianças de 10 anos brinquem, corram e se exercitem enquanto admira secretamente sua energia infalível, console-se com o fato de que os pacientes com Alzheimer sob seus cuidados podem querer andar e vagar - e respeite seu desejo natural.

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Quando se trata da doença de Alzheimer, a detecção precoce não é o fim, mas o começo

Em vez de medicação antipsicótica ou restrições físicas, envolvam jogos e exercícios simples para reduzir a agitação ou mesmo emparelhá- los com crianças pequenas que estão em estágios semelhantes de desenvolvimento para alegria e satisfação mútuas. Em última análise, concentre-se no que eles, jovens ou velhos, têm, não no que não receberam deste mundo ou no que voltaram para o mundo. Não, nada disso mudará o fato de que Alzheimer é uma doença cruel. Nada disso trará alguém ‘de volta’. Mas, na ausência da cura de Alzheimer, podemos pelo menos mudar a maneira como pensamos e abordamos a doença. Se estivermos dispostos a desistir de nossa crença teimosa de que a vida deve ser progressivamente linear, então, quando nossos pais ou avós - ou, na verdade, quando nós - começarmos a desaparecer, poderemos aceitar isso como o início de um novo ciclo. Nesta segunda infância, não perdemos a capacidade de estar contentes; apenas perdemos a obsessão de buscar contentamento. Quando nossa mente consciente vagueia, não estamos perdendo algo a que temos direito, mas voltando à maneira como viemos a este mundo. Quando aqueles de quem gostamos entram profundamente em sua segunda infância, não estamos tanto os perdendo, mas ganhando outra oportunidade de amar,Fang sheng fang si . O começo é o fim; o fim é o começo.

Os pacientes com Alzheimer sob seus cuidados podem querer andar e vagar - respeite seu desejo natural

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(*) Professora comunicação científica e técnica do Departamento de Inglês da Kansas State University. Ùltimo livro: Mind Thief: The Story of Alzheimer’s (2021), uma história abrangente e envolvente do Alzheimer que ilumina nossos esforços para compreender a doença. Em Aeom Psyche

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