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26 CANAÃ DOS CARAJÁS: CONSTRUINDO UM AMANHÃ COM MAIS QUALIDADE DE VIDA EDIÇÃO 245 AGOSTO BELÉM-PARÁ WWW.PARAMAIS.COM.BR R$ 19,99 16776968ISSN 7 71677 69 6 124 95 4200

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no Centro de Canaã, após revitalização completa, se transformou no cartão postal do município. Foto: Diego Barbosa NESTA EDIÇÃO 245 AGOSTO 2022 Neutralidade de carbono amplamente associada ao clima, ecologia, energia, meio ambiente e sociedade24 O segredo para um café melhor? Os pássaros e as abelhas32 Nossos resíduos são valiosos: como uma empresa está criando uma economia circular para plásticos28 Editora Círios SS Ltda CNPJ: revista@paramais.com.brwww.paramais.com.brCEP:ISSN:Fone:RuaInscrição03.890.275/0001-36(Estadual):15.220.848-8Timbiras,1572A-BatistaCampos(91)3083-0973Fax:(91)3223-07991677-696866033-800Belém-Pará-Brasil

EDITORAÇÃO GRÁFICA: Editora

EDITORA CÍRIOS

PUBLICAÇÃO

POR FAVOR RECICLE ESTAREVISTA 2814NOSSOS RESÍDUOS SÃO VALIOSOS: COMO UMA EMPRESA ESTÁ CRIANDO UMA ECONOMIA CIRCULAR PARA PLÁSTICOS CONSTRUINDO UM AMANHÃ COM MAIS QUALIDADE DE VIDA Habitats de água doce são bolsões frágeis de biodiversidade excepcional12 Devemos proteger a natureza por si mesma?20 PROJETOBELÉMPARAFLORESTAS080906ALIMENTARESUMFUTURORESILIENTEPODERÁSERAPRIMEIRACIDADEDOBRASILARECEBERSOBRECADEIAPRODUTIVAPREFEITURAGARANTEALIMENTAÇÃOEQUILIBRADAAOSESTUDANTESDEBELÉMEILHAS

DIRETOR e PRODUTOR: Rodrigo Hühn; EDITOR: Ronaldo Gilberto Hühn; COMERCIAL: Alberto Rocha, Augusto Ribeiro, Rodrigo Silva, Rodrigo Hühn; DISTRIBUIÇÃO: Dirigida, Bancas de Revista; REDAÇÃO: Ronaldo G. Hühn; COLABORADORES*: Communications, Jo Adetunji, Dahnoun, Daniel Stolte, Koda Benavidez, Ronaldo G. Hühn, University, Victor Miranda, Yasmin; FOTOGRAFIAS: Ascom FMAE, Mácio Ferreira/ Comus, André Günther/IUCN, Isabella Oliveira, Cortesia de CATIE, Daniela Moraga-López, Domínio Público CC0, CC BYND, Fasullo, Hannah Schwalbe, Inga Foundation, IUCN, John J. Wiens, John van Dort. Composição de Mary Kueser, Grundfos, IFA/ACC, Kevin Trenberth, Unsplash, Laudato Si, NPS/Flickr, Unsplash/Tanvi Sharma, Marcos Barbosa/Comus, Maria Laura Borgo, Contour Lines, Nature Plants, Nkadaani/CIFOR, Neil Palmer/CIAT (Wikimedia Commons), PNAS, Trenberth, Universidade de Vermont, WEF; DESKTOP: Rodolph Pyle; Círios Cavalcante,

ÍNDICE CAPA * Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. www.paramais.com.br Avenida Weyne

12 www.paramais.com.brPará+12 REVISTA AMAZÔNIA revistaamazonia.com.br 05www.paramais.com.br Pará+ O sistema é alimentado com resíduos orgânicos Bactérias decompõem o resíduo orgânico no biodigestor O biogás reservatórioarmazenadoénodegásparaserusadoemumfogão O usadolíquidofertilizantepodeseremjardinseplantações O sistema recebercapacidadetemdeaté12Litrosderesíduospordia. Oproduzequipamentobiogásefertilizantelíquidodiariamente. fechadoTotalmentemantendopragasafastadas. Em um ano, o sistema deixa de enviar 1 tonelada de resíduos orgânicos para aterros e impede a liberação de 6 toneladas de gases de efeito estufa (GEE) para atmosfera. O QUE COLOCAR NO SISTEMA Carne, frutas, verduras, legumes e restos de comida. OBS: Máximo de duas cascas de cítricos por dia. O QUE NÃO COLOCAR NO SISTEMA Resíduos de jardinagem, materiais não orgânicos (vidro, papel, plástico, metais). Resíduos de banheiro, produtos químicos em geral. Desenvolvimento sustentavel Em parceria com Representante Autorizado ™ 91 99112.8008homebiogasamazonia 92 98225.8008

Mesmo durante a pandemia, com as aulas remotas e as obras nos colégios, a Fundação não deixou os alunos desamparados. Ela distribuiu kits de alimentação para os 16 mil estudantes da Prefeitura, garantindo uma boa alimentação e combatendo a fome em um período de necessidades. A entrega dos kits também continua neste ano e a Prefei tura incluiu também o açaí na alimentação escolar dos estudantes das ilhas de Belém.

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Os ingredientes utilizados nas refeições são cultivados e colhidos da própria horta escolar. As refeições oferecidas são saudá veis e garantidas desde o berçário. Crianças de 0 a 2 anos também recebem alimentação, totalizando 403 estudantes.

“Minhas filhas tinham dificuldades para comer frutas, mas a aceitação delas melho rou muito, desde que começaram a comer na merenda escolar. E acredito que esse incentivo nutricional, que será dado pela Prefeitura, vai até melhorar o sistema imu nológico delas”, destaca a mãe Carolina da Silva, mãe das alunas Amanda, do 5º ano, e Ana Camile, do 4º ano.

A Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Municipal de Assistência ao Estudante (Fmae), valoriza a alimentação saudável dos alunos da rede municipal ao longo deste um ano e meio de gestão

Kits de alimentação

No intenso da pandemia, a Fmae distribuiu kits de alimentação aos estudantes das ilhas

Prefeitura alimentaçãogaranteequilibrada aos estudantes de Belém e ilhas

Fotos Ascom FMAE, Mácio Ferreira/Comus

O cuidado com a nutrição dos estudantes é prioridade da Fmae

A fórmula infantil tem o objetivo de nutrir e suprir o leite materno nas escolas belenen ses, contendo os nutrientes próprios para a faixa etária. A preocupação com a alimenta ção equilibrada nas escolas é evidenciada na escolha dos vegetais e frutas sem agrotóxi cos e vindos da agricultura familiar.

projeto Educando com a Hor ta Escolar e a Gastronomia (Peheg), que existe desde o início da gestão, em janeiro de 2021, foi ampliado neste ano de 2022, ofe recendo manutenção e a instalação das hor tas escolares. O cuidado com a nutrição dos estudantes é prioridade da Fmae.

Com isso, a Fundação ressaltou a ne cessidade de enviar complemento ali mentar e cardápio específico levando em consideração a situação vivida por esses discentes, com o intuito de assegurar o

Elas estudam na Unidade Pedagógica da Faveira, na ilha de Cotijuba. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) capacitou 300 manipuladores de alimentos com treinamentos e a entrega de certificados.

Presidente da Fmae, Bruna Cavalcante diz que diagnóstico dos estudantes das ilhas de Belém, apontou baixa nutrição e viabilizou um complemento nutricional na merenda escolar

Estudantes da Unidade Pedagógica da Faveira na ilha de Cotijuba aproveitam a oferta de açaí na hora da merenda

A atual presidente da Fmae, Bruna Ca valcante, reforça a importância da merenda regionalizada, focando e valorizando o car dápio com as raízes amazônicas.

“Fizemos um diagnóstico e os nossos nu tricionistas constataram que os estudantes das ilhas de Belém têm um quadro de bai xa nutrição. Agora estamos oferecendo um complemento alimentar, para tentar reduzir o índice de desnutrição desses alunos e para que consigam ter um melhor desenvolvimen to”, explica a presidente da Fmae, A equipe de nutrição da Fmae constatou em vistoria técnica realizada em Cotijuba, Jutuba e Pa quetá a vulnerabilidade dos estudantes das ilhas contemplados pela rede de ensino.

(*)Débora Lopes, supervisionada por Cleide Magalhães <<

O açaí é ofertado nas mesas escolares e rico em ferro, cálcio e sais minerais. Não só os alunos da Região Metropolitana, mas também os ribeirinhos das ilhas de Belém recebem as merendas.

aumento do consumo das necessidades nutricionais diárias de micronutrientes por meio da alimentação escolar.

O projeto Educando com a Horta Escolar e a Gastronomia (Peheg) existe desde o início de 2021 e ampliado neste ano de 2022

município de Belém poderá ser a primeira cidade do Brasil a receber um projeto sobre cadeia produtiva desenvolvido pela Empresa Brasileira de Biotecnologia (Em brabio). A reunião que apresentou o projeto ao prefeito Edmilson Rodrigues foi realizada na tarde da terça-feira, 16, de forma on-line.

Texto *Victor Miranda Fotos Marcos Barbosa/Comus

O estado do Pará, mais precisamente Be lém, foi escolhido para receber o projeto piloto por ser uma região que gera empre gos diretos no setor agrícola e movimenta bilhões de reais em produtos, como açaí, andiroba, copaíba e outros.

Agroecologia com a participação quantita tiva de movimentos e pequenos produtores das ilhas de Belém, além da participação de órgãos federais”, comentou.

A previsão da Embrabio é que o projeto seja implementado em 2023. Outras reuniões serão realizadas para iniciar uma colaboração entre a prefeitura e a empresa, com o intuito de aprofundar o planejamento do projeto.

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O projeto piloto da Embrabio faz parte de uma política nacional de desenvolvimento da economia da sociobiodiversidade e tem o objetivo de vincular a proteção e produção a partir da diversidade biológica do território, em atenção às diversidades sociais e cultu rais. A apresentação foi feita pelo coordena dor da Embrabio, Tiago Amaral.

Belém poderá ser a primeiracidade do Brasil a receber projeto sobre cadeia produtiva

O projeto piloto da Embrabio faz parte de uma política nacional de desenvolvimento da economia da sociobiodiversidade

Embrabio Empresa Brasileira de Biotecnologia S A

“A proposta representa o que defende mos. Gostei de ouvir a visão de como in corporar as instituições, os cientistas locais e os saberes populares. Realizamos a Con ferência Municipal Produção Familiar e

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O prefeito Edmilson Rodrigues aprovou a apresentação e destacou que a Prefeitura já vem realizando um trabalho com pequenos produtores das ilhas de Belém.

O governador Helder Barbalho e o ministro Tarcísio Freitas anteriormente já tinham discutido e acordado a transferência do Aeroporto Brigadeiro Protásio, onde será erguido o Parque

A reunião que apresentou o projeto ao prefeito Edmilson Rodrigues foi realizada na tarde da terça-feira, 16, de forma on-line

Florestas alimentares para um futuro resiliente

Variedade

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Agrofloresta no sítio de Don Carlos na Vila Tatín

Na aldeia de Tatín, perto de Livings ton, na Guatemala, a Contour Lines vem revolucionando o sistema agrícola da re gião ao apoiar a população local a plantar fileiras de árvores frutíferas, leguminosas e plantas anuais ao longo dos contornos das colinas. Os sistemas radiculares aju dam a evitar o escoamento da água da chuva e a erosão do solo e “constroem terraços de fertilidade ao longo do tem po”, diz o projeto. As plantas também sequestram carbono e fornecem à comu nidade uma maior variedade de alimen tos. Até agora, mais de 400.000 árvores foram plantadas em 125 aldeias.

A

Com o colapso do clima alimentando a fome no mundo,o renascimento das antigas florestas de alimentos podeajudar a nutrir a terra e alimentar as gerações futuras

o caminhar por uma floresta, bosque ou floresta tropical, testemunhamos um corpo de organismos cooperando, co municando e coexistindo. Aspectos notá veis estão sempre em jogo. Arbustos, gra míneas e outras plantas se entrelaçam sob o dossel. Uma rede micelial subterrânea que poderia se assemelhar às sinapses do cérebro humano decompõe a matéria morta, nutrindo as raízes abaixo enquan to retém a umidade no solo. As florestas tropicais são os ecossistemas mais produ tivos do planeta e, no entanto, adotamos a abordagem oposta ao cultivar alimentos.

Uma geração de agricultores está aban donando suas terras em desespero, fugin do para cidades superlotadas e deixando suas terras antes estimadas esgotadas. Graças ao trabalho de dois projetos, no entanto, os sistemas agroflorestais estão ajudando a devolver a vida à terra.

Texto *Yasmin Dahnoun Fotos Contour Lines, Inga Foundation, Nature Plants, Nkadaani/CIFOR

Cortamos e queimamos vastas áreas de floresta para dar lugar a gado e mo noculturas que exigem bilhões de galões de água todos os anos – juntamente com o uso de pesticidas, herbicidas e hí bridos geneticamente modificados.

Juan, um agricultor de 23 anos e mem bro do grupo étnico Q’eqchi’, disse à Re surgence & Ecologist: “Antes deste pro jeto começar, eu ia embora. Mas quando os jovens começam a ver projetos como esse acontecerem em suas comunidades, eles podem decidir ficar. Nossas culturas básicas, como o milho, não estão cres cendo como costumavam. As pessoas da minha idade querem deixar a aldeia e encontrar trabalho nas cidades.”

“Estamos procurando uma solução alternativa. Se nos dedicarmos a ape nas uma cultura como monocultura, ela pode falhar por falta de fertilizante, que é caro. Ao usar esse método, a terra per de seus nutrientes.

Pela primeira vez, as pessoas puderam plantar novamente

A Fundação Inga criou um sistema agrícola sustentável que não esgota os nutrientes do solo como faz a agricultura de corte e queima

Flory Coc, de 43 anos, trabalhou em fazendas a vida inteira. Ela me contou como a introdução de florestas de ali mentos transformou a agricultura como ela a conhece. “As mulheres na Guatema la, especialmente meu grupo Q’eqchi’, es tão engajadas no cultivo da terra, e isso é muito benéfico para nós porque estamos profundamente conectadas à terra”, dis se ela. “Posso garantir que as mulheres são o poder por trás do cultivo de alimen tos. Cultivar florestas de alimentos torna nossas vidas muito mais fáceis porque envolve menos trabalho físico.

“Você tem o ecossistema biologica mente mais bem-sucedido da floresta tropical e ainda assim as pessoas estão se voltando para o corte e queima.

Ingá

Foi uma experiência difícil ver florestas inteiras virarem fumaça durante estudos de campo na África durante a década de 1980, quando os agricultores usaram técnicas de corte e queima para plantar. Hands recordou ter visto “vastas áreas de floresta sendo substituídas por nada além de grama”. Hoje, cerca de 7% da população mundial usa corte e queima. Os incêndios liberam o carbono armaze nado pelas árvores de volta à atmosfera em taxas alarmantes. “Nos trópicos úmi dos, quase não há agricultura sustentá vel. Este era o problema que eu estava tentando resolver nos anos oitenta. Por que foi assim?” Mãos perguntaram.

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Linhas de contorno são fileiras de árvores plantadas niveladas ao longo do contorno de uma colina. Eles cruzam o escoamento da água da chuva, prendem o solo erodido e constroem terraços de fertilidade ao longo do tempo

Carbono

Transição

Para combater o desmatamento foi popularizado um sistema agroflorestal conhecido como cultivo de ingá

Também somos forçados a usar inse ticidas. Por meio do projeto floresta de alimentos, estamos mudando e incen tivando o crescimento de mais plan tas, o que também nos alimenta como comunidade. E podemos usar sempre o mesmo terreno. Toda a comunidade faz parte dessa transição”.

Mike Hands é um ecologista tropical e fundador e diretor da Fundação Inga na vizinha Honduras. Ele trabalhou em es treita colaboração com as comunidades locais para combater o desmatamento popularizando um sistema agroflorestal conhecido como cultivo de ingá.

Famílias podando seus becos de árvores Inga - proteção de lenha, cobertura morta e sombra

[*]Editora assistente do The Ecologist. Este artigo foi publicado pela primeira vez na revista Resurgence & Ecologist <<

Os jardins florestais em geral são con siderados uma prática antiga que histo ricamente sustentou comunidades em todo o mundo. Na Amazônia, pesquisas recentes de cientistas mostram que os remanescentes dessas técnicas agrí colas indígenas deixaram uma marca na floresta como ela é hoje, incluindo “a abundância relativa e a riqueza de espécies domesticadas aumentam nas florestas em torno [pré-colombianas] sítios arqueológicos”, de acordo com um artigo na revista Science.

“O El Niño destruiu todos os picos de cultivo convencional nessas encostas e foi seguido por nove semanas de seca, das quais a maioria das colheitas con vencionais nas encostas falhou. As úni cas colheitas que sobreviveram estavam nos becos dos ingás”, disse Hands.

Com a ajuda de financiamento de or ganizações como Kew Gardens e Eden Project, a fundação abriga atualmente mais de 75.000 mudas, incluindo cacau, rambutan, mogno e, claro, ingá.

Vendo o sucesso das parcelas, muitas famílias vizinhas estão recorrendo à téc nica. “Agora estamos testemunhando uma massa crítica de famílias que estão se espalhando por conta própria. Agora temos cerca de 700 famílias implemen tando becos inga”, disse Hands.

Como o ingá é uma árvore fixadora de nitrogênio e frutífera, fornece nutrientes para o solo, protege as raízes e atua como controle natural de pragas. Também for nece lenha, e isso impede que os aldeões invadam as florestas. “Pela primeira vez, as pessoas puderam plantar novamen te”, disse Hands. “Isso foi um avanço.” Ele acrescentou: “Dissemos aos agricul tores que poderíamos dar a eles tudo o que eles precisam, mas eles teriam que esperar dois anos antes de obter uma co lheita bem-sucedida. Mas mesmo saben do disso, eles ainda queriam o sistema”.

Outro estudo na Amazônia oriental, publicado na revista Nature Plants, do cumenta que a adoção da policultura agroflorestal começou há cerca de 4.500 anos com o desenvolvimento de socie dades complexas “combinando o culti vo de múltiplas culturas anuais com o enriquecimento progressivo de espécies florestais comestíveis e a exploração dos recursos aquáticos”. Com um sistema agrícola em colapso devido ao colapso climático, a escassez de alimentos é uma parte inevitável da perda de diversidade. O trabalho dos dois projetos mostra que o uso de técnicas agroflorestais em subs tituição às monoculturas pode fornecer uma solução robusta e resiliente que aju da a nutrir o solo e alimentar bocas.

Não funciona. Mantém as pessoas na pobreza”. O sistema agroflorestal que a Hands ajuda a promover é baseado no uso do ingá, que é cultivado como plan ta companheira ao lado de outras cul turas, como cacau e café. Inga “fica em segundo plano e pode ser algo que os agricultores vendem”, explicou Hands.

Esquemas pilotos já demonstraram a resiliência do cultivo de ingás em face de tempestades – incluindo eventos climáticos de El Niño. Os becos do ingá provaram ser mais resistentes às mu danças nos padrões climáticos.

Éden

Abundância

Publicado na revista Nature Plants , documenta que a adoção da policultura agroflorestal começou há cerca de 4.500 anos com o desenvolvimento de sociedades complexas. O legado do uso da terra pré -colombiana na floresta amazônica é um dos temas mais controversos nas ciências sociais e naturais

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Um dos maiores rios do mundo, o Amazonas é conhecido por sua excepcional biodiversidade. Ao contrário da sabedoria convencional, que associa a riqueza de espécies principalmente às regiões tropicais, os ecologistas do UArizona descobriram que os habitats de água doce em geral tendem a apresentar alta biodiversidade, considerando sua pequena área em comparação com os habitats terrestres e Habitatsoceânicos.deáguadoce

Habitats de água doce são bolsões frágeis de biodiversidade excepcional

são bolsões frágeis de biodiversidade excepcional

mbora muitas pesquisas te nham se concentrado nas diferenças marcantes na biodiversidade entre regiões tropicais e temperadas, outro padrão igualmente dramático não foi estuda do: as diferenças na riqueza de espécies entre os três principais tipos de habitats da Terra – terra, oceanos e água doce. Um novo estudo liderado por ecologis tas da Universidade do Arizona revela as origens da riqueza de diversas es pécies animais e vegetais em habitats terrestres, oceânicos e de água doce em escala global. Também explora as pos síveis causas desses padrões de riqueza. Publicado na revista Ecology Letters, o estudo foi liderado por Cristian Ro mán-Palacios, professor assistente da Escola de Informação do UArizona na Faculdade de Ciências Sociais e Com portamentais, e John J. Wiens, pro fessor do Departamento de Ecologia e Evolução da U. Arizona Biologia na Fa culdade de Ciências.

Apesar dos oceanos cobrirem 70% da superfície da Terra, cerca de 80% das espécies de plantas e animais são en contradas em terra, que representa ape nas 28% da superfície da Terra.

Os habitats de água doce cobrem uma fração diminuta da superfície da Terra, cerca de 2%, mas têm a maior riqueza de espécies animais por área, revelou o estudo. Mais de 99% das espécies animais conhecidas foram incluídas na análise, assim como todas as espé cies vegetais conhecidas. Os autores estimam que 77% das espécies animais vivas conhecidas habitam terra, 12% habitats oceânicos e 11% habitats de água doce. Entre as plantas, apenas 2% das espécies chamam o oceano de lar e apenas 5% vivem em água doce.

Os autores também estavam interes sados no que os cientistas chamam de diversidade filogenética, que fornece uma medida de quão próximos ou dis tantes os organismos são uns dos outros na árvore da vida.

Foi co-autoria de Daniela Moraga -López, estudante de doutorado na Pontificia Universidad Católica em San tiago, Chile.“Até onde sabemos, nosso artigo é o primeiro a fornecer uma aná lise global da biodiversidade por habitat e fornecer possíveis explicações sobre o que pode impulsionar os padrões obser vados”, disse Wiens.

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Lagoas, lagos, rios e córregos cobrem apenas uma pequena fração da superfície da Terra, mas abrigam um número comparativamente grande de espécies diferentes, de acordo com um estudo liderado por ecologistas da Universidade do Arizona. As descobertas têm implicações para os esforços de conservação em todo o mundo.

Texto *Daniel Stolte e Koda Benavidez, University Communications Fotos : Daniela Moraga-López, John J. Wiens, Neil Palmer/CIAT (Wikimedia Commons)

Essa descoberta levou os autores do estudo a concluir que preservar habita ts de água doce pode proteger mais es pécies e mais história evolutiva do que preservar a mesma quantidade de área em terra ou no oceano.

Os pesquisadores descobriram que os padrões observados de riqueza de espé cies são melhor explicados pelas diferen ças nas taxas de diversificação entre os habitats, que são uma medida de quan tas espécies se originam e se acumulam em um determinado período de tempo.

“Os padrões em larga escala da compo sição da comunidade de água doce lem bram o processo de criação de arte em mosaico - onde muitos grupos de água doce são como ‘peças’ provenientes de ecossistemas terrestres ou marinhos”, disse ele. “Portanto, a criação de prote ções adicionais aos habitats de água doce pode ajudar a conservar eficientemente, ao mesmo tempo, grupos muito diver gentes de animais e plantas”.

Uma rã folha mexicana, fotografada perto de Alamos, México. Como muitas espécies de sapos, depende de lagoas e pântanos para reprodução e reprodução

As taxas de diversificação podem de pender de vários fatores diferentes. Mas as barreiras geográficas podem ser as mais importantes para explicar as dife renças nas taxas de diversificação entre os habitats, de acordo com Wiens.

“A produtividade geral é semelhante entre o oceano e a terra, o que nos diz que, em escala global, a produtividade não é o determinante mais importante da biodiversidade”, disse Wiens.

Em outras palavras, os habitats onde as espécies proliferam mais rapidamen te têm maior biodiversidade.

Quando a equipe analisou a diversidade filogenética por unidade de área de cada tipo de habitat, eles descobriram que a diversidade de água doce era pelo me nos duas vezes maior que a diversidade de habitats terrestres e oceânicos, tanto para animais quanto para plantas. A alta diversidade filogenética por unidade de área em habitats de água doce destaca a importância de conservar os ecossistemas de água doce, disse Palacios.

“As espécies podem proliferar mais rapidamente em terra do que no ocea no ou em água doce porque há muito mais barreiras à dispersão em terra do que no oceano, onde os organismos po dem se mover mais livremente”, disse ele. “Essas barreiras parecem ajudar a impulsionar a origem de novas es pécies em todos os habitats, tanto de plantas quanto de animais”. Explica ções alternativas, como se um habitat foi colonizado mais cedo ou com mais frequência ao longo do tempo, não fo ram suportadas. “Conseguimos mos trar que, de um modo geral, os oceanos foram colonizados primeiro, depois as espécies se mudaram para habitats de

Da mesma forma, a área também não parece ser um fator decisivo, já que os oceanos têm a maior área, mas números de espécies muito limitados, explicou Wiens. “Concluímos que a taxa de pro liferação de espécies pode ser o aspecto mais importante na condução da riqueza de espécies em todo o planeta”.

“Os insights sobre a diversidade filo genética nos dão uma grande oportu nidade de preservar partes significati vas da história evolutiva”, disse Wiens, acrescentando que a distribuição dos fi los entre os habitats ajuda a explicar es ses padrões de diversidade filogenética.

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A produtividade biológica – em es sência, o crescimento das plantas – que tem sido tradicionalmente considerada um dos principais impulsionadores dos padrões de biodiversidade global, acabou por ter um efeito muito menor do que se pensava anteriormente.

Em contraste, espécies animais e ve getais em habitats terrestres tendem a representar apenas alguns filos, ou gru pos taxonômicos de organismos. Alguns exemplos de filos incluem esponjas, ne matóides, moluscos e cordados - o gru po que contém os vertebrados.

água doce e, por último, para a terra”, disse Wiens. “E isso vale para plantas e animais. Portanto, a maior biodiver sidade da terra não pode ser explicada por uma colonização anterior de habi tats terrestres.”

ecorde na geração de em prego, referência em de senvolvimento econômico e saúde reconhecida com premiação nacional.

No sudeste do Pará, aos pés da Serra de Carajás, o município de Canaã vem se destacando com ações que melhoram a vida das pessoas, geram emprego e renda e apontam para um desenvolvimento sustentável. A terra prometida, como na sua inspiração bíblica, quer ser um lugar de referência para viver bem

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Estamos falando de Canaã dos Carajás, ci dade de cerca de 70 mil habitantes – segundo dados da prefeitura do município – aos pés da Serra de Carajás, no sudeste do Pará.

Construindo um amanhã com mais qualidade de vida

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Pode parecer que cenário assim passa longe da região norte do Brasil, mas, no interior do Pará, um município pujante desponta com excelentes indicadores so ciais, e com um planejamento que visa, a médio prazo, se tornar referência em qua lidade de vida em todo o país.

A prefeita do município, Josemira Gadelha promulgando o Promipe Canaã – Programa Municipal de Incentivo à Permanência dos Estudantes de Cursos de Educação

Parque Natural Municipal Veredas de Carajás

Para não cometer o erro de outros mu nicípios mineradores, Canaã criou um Fundo de Desenvolvimento Sustentá vel (FMDS), que recebe 5% de todos os royalties recebidos da mineração e reapli ca no fomento a empreendedores locais, para compra de maquinário, insumos e equipamentos, com juros baixos.

Além disso, o poder público firmou um “Pacto de Desenvolvimento”, com a inicia tiva privada e a sociedade civil organizada, com o objetivo de tornar Canaã referência em qualidade de vida até 2035.

Confira abaixo algumas dessas ações que a reportagem pôde conferir.

Fundo de Desenvolvimento Sustentável (FMDS), recebe 5% de todos os royalties recebidos da mineração e reaplica no fomento a empreendedores locais. Na foto a empresa Soberano Móveis Planejados recebeu uma máquina de corte de madeira de alta tecnologia com crédito disponibilizado pelo FMDS

As ações já geram resultado. Segundo da dos da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Canaã dos Carajás foi a cidade que mais criou empregos no País entre julho de 2020 e fevereiro de 2022, com a abertura de 7.370 postos de trabalho. A prefeita do mu nicípio, Josemira Gadelha, entende que ele é “fruto da união de esforços públicos e priva dos em prol do desenvolvimento do cidadão”.

A prefeita do município, Josemira Gadelha, cumpre seu compromisso com o projeto de desenvolvimento do município, priorizando a comunidade, para que os moradores sintam orgulho de morar em Canaã

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O poder público também tem apostado em outras formas de diversificar a econo mia, como o turismo, os grandes eventos, e a criação de um Polo Universitário e de um Distrito Industrial. Outro foco da gestão são as obras de infraestrutura, que ajudem a in tegrar a região e embelezar a cidade.

O município abriga o maior projeto de extração de ferro do mundo, o S11D, da gigante Vale, e tem utilizado os recursos oriundos da riqueza mineral para criar um ambiente de desenvolvimento sustentável que já apresenta resultados.

Canaã dos Carajás apostou muito em espa ços de convivência para a comunidade, e hoje desfruta de estrutura de fazer inveja à muita cidade grande. A avenida principal – Weyne Cavalcante – conta com ciclovia em toda a sua extensão, iluminação em LED, calçadas padronizadas, e playground para as crianças.

Um dos desafios para o desenvolvimen to do Pará e do norte do país é a logística, e Canaã tem dado exemplo de investimentos arrojados para solucionar esse gargalo. Com recursos próprios o município asfaltou 17,5 Km da rodovia TransCarajás, que liga o mu nicípio à BR-155. Os cerca de 30 km restantes estão sendo feitos pelo governo do Pará, e a ideia é chegar até a Vila São José, na divisa com o Tocantins, encurtando a distância entre toda a região e a BR-153. Também em parce ria com o governo do Estado, já foi iniciada a construção da TransCanadá, que vai ligar Canaã à PA-279, entre Xinguara e Água Azul. Outra rodovia que deve começar em breve a ser construída é a TransJussara, também em direção à PA-279, passando pela Vila Jussara.

Com recursos próprios o município asfaltou 17,5 Km da rodovia TransCarajás

Integração para o desenvolvimento regional

A avenida conta também com calçadas acessíveis, canteiro central e ciclovias, ao longo de 4,5 km.

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A Avenida Agenor Paiva – com iluminação em LED e calçadas padronizadas.

O mesmo modelo está sendo reproduzido pela prefeita, a advogada Josemira Gadelha, em outras avenidas da cidade, como a Age nor Paiva, a 5 de outubro e a Antônio Carola. Outras duas avenidas, a América e a Belém, também vão ganhar a mesma infraestrutura. O município ainda conta com duas grandes pra ças, três lagos recreativos e um Parque Am biental. A gestão atual está planejando mais um Parque Linear, um Ecológico e um miran te com passarela de vidro. Tudo isso, além de melhorar a vida dos moradores locais, vai aju dar a atrair turismo e diversificar a economia.

Também foi o único município do norte do país entre os classificados do prêmio APS Forte no SUS. Esses são alguns dos reconhecimentos que mostram que a saúde – área prioritária para todo o cidadão – está no caminho certo em Canaã.

Canaã dos Carajás – o que mais atingiu as metas estipuladas pelo governo federal no Programa de Qualificação de Vigilância em Saúde (PQA-VS)

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Canaã dos Carajás faturou o 1º lugar em duas categorias do Prêmio Municípios Mineradores 2022, realizado pelo Ministério de Minas e energia, em parceria com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram)

Canaã também já assinou com a Infraero uma ordem para o estudo de viabilidade para a construção de um aeroporto no município.

Também é vencedor Prêmio Municípios Mineradores 2022, realizado pelo Ministé rio de Minas e Energia.

Saúde e educação de referência

muitas etapas, mas vamos superá-las”, dis se. Já o vice-prefeito, Zito Augusto, definiu o aeroporto como mais um instrumento para consolidar Canaã como “uma cidade estra tégica para a região”.

Canaã dos Carajás é o município do Esta do do Pará que mais atingiu as metas estipu ladas pelo governo federal no Programa de Qualificação de Vigilância em Saúde.

A prefeita Josemira Gadelha, com o superintendente de Engenharia da Infraero, Bruno Velloso, o vice-prefeito, Zito Augusto, o engenheiro Eugênio Gadelha, os secretários de Planejamento, Geam Meirey, e de Governo, Roberto Andrade, e os vereadores Maria Pereira; Antônio do Lanche; Chefinho; Anuarinho; Flávio Gomes; Webert Felipe, Wilson Leite, Cabelo e Miguel da Saúde, quando a Prefeitura e Infraero assinaram a ordem para estudo de viabilidade para construção do aeroporto municipal

A prefeita definiu a parceria como algo “memorável”. “Estamos dando os primeiros passos para esse sonho, sabemos que são

Mas o município não quer parar por aí e pretende iniciar, ainda esse ano, a construção de um Hospital de Referência, com previsão de atendimento de média e alta complexida de, e que possa servir de Hospital Escola para cursos superiores na área da saúde.

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Por falar em cursos superiores, aliás, hoje Canaã já conta com mais de dez turmas da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), e está concluindo um novo prédio que vai abrigar os cursos superiores.

O município também conta com cursos téc nicos do IFPA, especializações e até uma tur ma de mestrado. A educação é outro alicerce do projeto para transformar Canaã em referên cia em qualidade de vida, e começa desde a creche – duas iniciaram funcionamento esse ano -, passando pela educação técnica – o mu nicípio vai receber uma Escola Tecnológica Estadual – e até a pós-graduação.

Canaã dos Carajás também concede incentivos financeiros, a estudantes de baixa renda familiar per capita, matriculados em cursos superiores de graduação ministrados no município, além dos estudantes poderem realizar estágios nos órgãos municipais

O Programa Saúde na Escola, com ações que irão se refletir em benefícios para toda a sociedade

O único município do Norte do país entre os classificados do prêmio APS Forte no SUS

um

A prefeitura de do Estado do Pará firmaram parceria para a implementação de Batalhão da Polícia Militar município, durante a inauguração Paz, Josemira Gadelha, autoridades locais, secretários e do governador Hélder Barbalho. Na ocasião, o objetivo de fortalecer a segurança preventiva no município reafirmou o compromisso com a sociedade. “Estamos focados em trabalho, desenvolvimento e nossa Canaã sempre seguindo em frente”.

como

em julho, alunos do sub-15 e sub-17 do projeto Núcleo de Iniciação Esportiva (Nies) disputaram o Torneio de Verão em Mosqueiro. A equipe do Sub 15 em segundo lugar e a equipe Sub 17 foi campeã da disputa

no

da Usina da

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Canaã dos Carajás e o Governo

e vereadores,

e

Quem visita Canaã percebe essa mudança em cada esquina. A cidade é limpa, organizada e bem cuidada, reflexo de um projeto que é reforçado até no slogan da gestão: Cuidando das pessoas, construindo o amanhã!

Progresso e sustentabilidade podem caminhar juntos em Canaã dos Carajás

Tudo isso mostra que a população tem muito a comemorar no próximo dia 5 de outubro, quando o município comemora 28 anos de emancipação política. Um município ainda bem jovem, mas com um futuro promissor pela frente.

Recentemente

com a presença da prefeita

a prefeita destacou

Texto *Jo Adetunji Fotos André Günther/IUCN, Isabella Oliveira e Maria Laura Borgo, Hannah Schwalbe, IUCN, Laudato Si, NPS/Flickr

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Devemos proteger anatureza por si mesma?

medida que a primave ra se transforma em ve rão na América do Norte, com árvores florescendo e pássaros migrando, a natureza parece abundante. Na verdade, porém, a Ter ra está perdendo animais, pássaros, répteis e outros seres vivos tão rápido que alguns cientistas acreditam que o planeta está entrando na sexta extin ção em massa de sua história.

Por seu valor econômico? Porque nos faz felizes? Sim

Neste outono, as Nações Unidas convocarão governos de todo o mundo em Kunming, China, para estabelecer novas metas para proteger os ecossis temas da Terra e sua biodiversidade –a variedade de vida em todos os níveis, dos genes aos ecossistemas.

A biodiversidade é “a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, incluindo, inter alia, ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte; isso inclui a diversidade dentro de espécies, entre espécies e entre espécies e também a de ecossistemas“. O ecologista Robert Barbault resume: é “a vida, em sua diversidade”. Ilustração de Isabella Oliveira e Maria Laura Borgo.

Uma joaninha rasteja em uma flor paloverde no Parque Nacional Joshua Tree, Califórnia

À

Afinal, animais selvagens podem des truir plantações e colocar em risco vidas humanas. O contato com a natureza pode causar doenças. E algumas ini ciativas de conservação deslocaram as pessoas de suas terras ou impediram o desenvolvimento que poderia melhorar a vida das pessoas.

A atualização mais recente da Lista Vermelha da IUCN elevou o número de animais, fungos e plantas conhecidos em risco de #extinção para mais de 40.000 pela primeira vez. Libélulas ameaçadas à medida que as zonas úmidas em todo o mundo desaparecem - Lista Vermelha da IUCN

O ensaio de Soule estimulou muitos pesquisadores a pressionar por uma abordagem de conservação mais orien tada pela ciência. Eles procuraram quantificar diretamente o valor dos ecos sistemas e os papéis que as espécies de sempenhavam neles. Alguns estudiosos se concentraram em calcular o valor dos ecossistemas para os seres humanos.

Essa estimativa incluiu serviços como predadores controlando pragas que, de outra forma, arruinariam as plan tações; polinizadores ajudando a pro duzir frutas e vegetais; pântanos, man guezais e outros sistemas naturais que protegem as costas contra tempestades e inundações; oceanos fornecendo pei xes para alimentação; e florestas que fornecem madeira e outros materiais de construção. Os pesquisadores refi naram suas estimativas sobre o valor desses benefícios , mas sua conclusão central permanece a mesma: a nature za tem um valor econômico chocante mente alto que os mercados financei ros existentes não levam em conta.

Algumas pessoas, culturas e nações acreditam que vale a pena conservar a biodiversidade porque os ecossistemas fornecem muitos serviços que apoiam a prosperidade, a saúde e o bem-estar humanos. Outros afirmam que todos os seres vivos têm o direito de existir, inde pendentemente de sua utilidade para os seres humanos. Hoje, também há uma compreensão crescente de que a natu reza enriquece nossas vidas, oferecendo oportunidades para nos conectarmos uns com os outros e com os lugares com os quais nos importamos. Como biólogo da conservação , faço parte do esforço para valorizar a biodiversidade há anos. Veja como o pensamento neste campo evoluiu e por que passei a acreditar que existem muitas razões igualmente váli das para proteger a natureza.

Em um ensaio de 1985, Michael Sou lé, um dos fundadores do campo, des creveu o que ele via como os princípios centrais da biologia da conservação. Soulé argumentou que a diversidade biológica é inerentemente boa e deve ser conservada porque tem valor intrín seco. Ele também propôs que os biólo gos da conservação deveriam agir para salvar a biodiversidade, mesmo que a ciência sólida não esteja disponível para informar as decisões.

Esta pesquisa descobriu que passar tempo na natureza tende a reduzir a pressão arterial, diminuir os hor mônios relacionados ao estresse e à ansiedade, diminuir a probabilidade de depressão e melhorar a função cognitiva e certas funções imunoló gicas. Pessoas expostas à natureza se saíram melhor do que outras que par ticiparam de atividades semelhantes em ambientes não naturais, como ca minhar pela cidade.

Valorizando os serviços da natureza

Defendendo todas as espécies

Um segundo grupo começou a quanti ficar o valor não monetário da natureza para a saúde humana, felicidade e bem -estar. Os estudos normalmente faziam com que as pessoas participassem de atividades ao ar livre , como passear por uma área verde, caminhar na floresta ou fazer canoagem em um lago. Mais tarde, eles mediram a saúde física ou emocio nal dos sujeitos.

Eles chegaram a uma conclusão pre liminar de que o valor econômico total dos ecossistemas do mundo valia uma média de US$ 33 trilhões por ano em dólares de 1997. Na época, isso era qua se o dobro do valor global dos mercados financeiros do mundo inteiro.

Para os críticos, os princípios de Soulé soavam mais como ativismo ambiental do que ciência. Além do mais, nem todos concordaram naquela época ou agora que a biodiversidade é inerentemente boa.

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A biologia da conservação é um cam po científico com uma missão: proteger e restaurar a biodiversidade em todo o mundo. Chegou à maioridade na década de 1980, quando o impacto dos huma nos na Terra estava se tornando alar mantemente claro.

Reservatório de Hillview em Nova York. Florestas e campos ajudam a abastecer a cidade de Nova York com água potável de alta qualidade, a maioria sem necessidade de filtragem

Também mostramos que era possível desenvolver modelos matemáticos ro bustos que pudessem prever razoavel mente bem como a perda de biodiver sidade afetaria certos tipos de serviços valiosos dos ecossistemas.

Uma terceira linha de pesquisa fez uma pergunta diferente: quando os ecossiste mas perdem espécies, eles ainda podem funcionar e fornecer serviços? Este tra balho foi impulsionado principalmente por experimentos onde os pesquisadores manipularam diretamente a diversidade de diferentes tipos de organismos em ambientes que vão desde culturas de la boratório a estufas, parcelas em campos, florestas e áreas costeiras.

Em 2010, os cientistas publicaram mais de 600 experimentos, manipulan do mais de 500 grupos de organismos em ecossistemas de água doce, mari nhos e terrestres. Em uma revisão des ses experimentos em 2012, colegas e eu encontramos evidências inequívocas de que, quando os ecossistemas perdem biodiversidade, eles se tornam menos eficientes, menos produtivos e menos estáveis. E eles são menos capazes de fornecer muitos dos serviços que sus tentam o bem-estar humano.

Pará+Aperda

Durante anos, acreditei que este traba lho havia estabelecido o valor dos ecos sistemas e quantificado como a biodiver sidade fornecia serviços ecossistêmicos.

Perda de habitat para plantações de óleo de palma em Kalimantan Central, Bornéu. As florestas de Bornéu são o lar dos poucos orangotangos de Bornéu Pongo pygmaeus , rinoceronte de Sumatra Dicerorhinus sumatrensis harrissoni , e o elefante pigmeu de Bornéu

enfraquece os ecossistemas

de espécies

Também conheço muitas pessoas que têm crenças religiosas profundas e rara mente são influenciadas por argumen tos científicos para a conservação.

Muitos motivos para proteger a natureza

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Mas nunca ouvi ninguém dizer que es tava fazendo isso por causa do valor eco nômico da biodiversidade ou de seu papel na manutenção dos serviços ecossistêmi cos. Em vez disso, eles compartilharam histórias sobre como cresceram pescando com o pai, realizavam reuniões familiares em uma cabana ou andavam de canoa com alguém que era importante para eles. Eles queriam passar essas experiências para seus filhos e netos para preservar as relações familiares. Os pesquisadores re conhecem cada vez mais que esses valores relacionais – conexões com comunidades e lugares específicos – são uma das razões mais comuns pelas quais as pessoas op tam por conservar a natureza.

Por exemplo, encontramos fortes evi dências de que a perda de diversidade genética reduziu o rendimento das co lheitas e a perda de diversidade de ár vores reduziu a quantidade de madeira produzida pelas florestas. Também en contramos evidências de que oceanos com menos espécies de peixes produ ziam capturas menos confiáveis e que ecossistemas com menor diversidade de plantas eram mais propensos a pragas e doenças invasivas.

Trabalhei com muitas pessoas que doam dinheiro ou terras para apoiar a conservação.

Mas percebi que outros argumentos para proteger a natureza são igualmen te válidos e muitas vezes mais convin centes para muitas pessoas.

Pesquisas mostram que 85% da po pulação mundial se identifica com uma religião importante. Líderes de todas as grandes religiões publicaram declarações semelhantes à encíclica do Papa Francis co, convidando seus seguidores a serem melhores administradores da Terra.

Mas quando o Papa Francisco publi cou sua encíclica Laudato Si de 2015: Sobre o cuidado da nossa casa comum e disse que os seguidores de Deus tinham a responsabilidade moral de cuidar de sua criação, meus parentes, amigos e colegas religiosos de repente quiseram saber sobre a perda de biodiversidade e o que eles poderiam fazer sobre isso.

Grande parte da humanidade atribui valor moral à Natureza

Sem dúvida, grande parte da humani dade atribui valor moral à natureza.

A pesquisa mostra claramente que a natureza fornece à humanidade um enorme valor. Mas algumas pessoas sim plesmente acreditam que outras espécies têm o direito de existir, ou que sua reli gião lhes diz para serem bons adminis tradores da Terra. A meu ver, abraçar essas diversas perspectivas é a melhor maneira de obter a adesão global para conservar os ecossistemas e as criaturas vivas da Terra para o bem de todos.

[*] Editora de Conversation UK << L(11) 96660-4458m(91) 3121-3518 Q@cantinadozeoficial R. 28 de Setembro, 276 Campina, Belém - Pará SEGUNDA À SEXTA das 11hs às 15hs IFOODNODELIVERY*Obs: A "CANTINA DO ZÉ RESTAURANTE & BUFFET" OFERECE AOS SEUS CLIENTES E AMIGOS O MELHOR DA CULINÁRIA NACIONAL, OPERA ATRAVÉS DO SISTEMA SELF SERVICE POR KILO COM CHURRASCO, SITUADO NA REGIÃO CENTRAL DE BELÉM EM AMPLO ESPAÇO COM AMBIENTE CLIMATIZADO, PRONTO PARA RECEBE-LOS. ACEITA TODAS BANDEIRAS DE CARTÕES DE CRÉDITO, VOUCHERS E PIX SEU PALADAR PEDE O MELHOR

Por outro lado, a variabilidade interna do sistema climático, como a fase fria da Oscilação Decadal do Pacífico (DOP), pode compensar o efeito de aquecimento das atividades humanas. No futuro, sob o cenário de “pico de emissão” e “neutralidade de carbono”, nosso objetivo final é limitar o aumento da temperatura da superfície global. Nosso controle das emissões de carbono finalmente atuará sobre as mudanças climáticas. A gestão da concentração de CO2 é apenas um método, não o objetivo final. Portanto, uma compreensão científica da “temperatura-CO2 “A relação (especialmente em torno de alguns pontos de virada) é essencial para planejar e lidar com as mudanças climáticas nas próximas décadas. da neutralidade de carbono considerado um problema combinado e altamente complicado que tem sido amplamente relacionado com ecologia, clima, energia, meio ambiente e sociedade consumo sobre as mudanças que você faz... pequenas mudanças sua casa: energia e dietas que contribuir muito

para a luta contra as mudanças climáticas

O

po dem

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Para que esse problema seja resol vido, a revista Fundamental Research convidou o grupo do professor Gang Huang do Instituto de Física Atmosfé rica da Academia Chinesa de Ciências , juntamente com acadêmicos da Uni versidade de Hohai, para compartilhar seus pensamentos sobre neutralidade de carbono e pesquisa climática. a com preensão da dinâmica climática no con texto da neutralidade de carbono é de extrema urgência.

Nosso mundo está aquecendo, mas agir sobre as mudanças climáticas pode melhorar a vida de todos ☆ Faça sua voz ser ouvida por quem está no poder. ... ☆ Coma menos carne e laticínios. ... ☆ Reduza os vôos ... ☆ Deixe o carro em casa... ☆ Reduza seu uso de energia e contas... ☆ Respeitar e proteger os espaços verdes... ☆ Invista seu dinheiro com responsabilidade... ☆ Reduza o

São

As alterações climáticas estão intimamente relacionadas com a sociedade humana. O aquecimento global atual, causado principalmente pelas emissões massivas de gases de efeito estufa , especialmente o dióxido de carbono, afetou drasticamente a produção e a vida humana. Apesar de um aumento contínuo de CO2 desde o século 20, a temperatura média global mostrou um aumento gradual, incluindo aquecimento no início do século 20, resfriamento em meados do século 20, aquecimen to rápido no final do século 20, e um hiato no início do século 21 sustentado pela evolução não monotônica da temperatura da superfície. Durante o período de aquecimento, a mudança da temperatura global seguiu a familiar relação “temperatura-CO2 “, mas durante o período de hiato, ou seja, o início do século 21, a relação foi dissociada. Isso implica que a relação entre a concentração de CO2 e a temperatura da superfície, que é de maior preocupação para os seres humanos, não é linear e pode envolver feedbacks dinâmicos complexos. Estudos anteriores sugeriram que a relação “temperatura-CO “ acoplada e desa coplada pode ser devido às diferentes respostas de escala de tempo do sistema climático às atividades antrópicas, como uma resposta lenta devido à grande capacidade de calor do oceano ao forçamento radiativo antropogênico.

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– e o desperdício... ☆ Fale

Neutralidade de carbono amplamente associada ao clima, ecologia, energia, meio ambiente e sociedade

clima foi impactado pela emissão de carbono causa da por humanos e pela na tureza e, em troca, também impacta a emissão de carbono da natu reza e das atividades humanas.

em

transporte,

Fotos Grundfos, IFA/ACC, Domínio Público CC0

Atualmente, os impactos climáticos da política de neutralidade carbônica ain da são obscuros. No entanto, para obter neutralidade de carbono com encargos socioeconômicos comparativamente pe quenos, é importante levar em conside ração os impactos climáticos ao desenvol ver um caminho de emissão de carbono razoável para identificar o layout perfeito da indústria, energia, meio ambiente eco lógico e outros campos.

O objetivo

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De acordo com o artigo, durante os estágios crescentes de concentração de CO2 , a forçante radiativa de CO2 é a principal força motriz do siste ma climático. Como resultado da pe quena capacidade calorífica, a terra aquece rapidamente com o aumento da forçante radiativa de CO2 ; a res posta do oceano é lenta devido à sua enorme capacidade calorífica.A varia ção térmica entre a terra e o oceano aumenta, melhorando a circulação das monções. Uma vez obtida a neu tralidade de carbono, o forçamento radiativo de CO2 corrige ou reduz, en quanto o oceano ainda absorve calor e aquece gradualmente.

O contraste térmico terra-oceano di minui, diminuindo a circulação das monções; se a concentração de CO2 diminuir consideravelmente, o oceano profundo liberará calor para retardar o resfriamento da superfície da Terra.

A neutralidade de carbono não é ape nas uma questão técnica, mas também científica. Mais atenção deve ser dada ao feedback do sistema climático e ao impacto do dióxido de carbono não na temperatura. : Gang Huang, Professor, Instituto de Física Atmosférica, Acade mia Chinesa de Ciências.

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Conhecer o desequilíbrioenergético da Terra éfundamental para preveniro aquecimento global

O desequilíbrio de energia na Terra é a métrica mais importante para medir o tamanho e os efeitos das mudanças climáticas, de acordo com um novo estudo do NCAR

A Terra está se aquecendo devi do às atividades humanas, princi palmente devido ao aumento do dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa (GEEs) na atmos fera que reduzem a radiação infra vermelha de saída do planeta que escapa para o espaço. Isso cria um desequilíbrio de energia no topo da atmosfera (TOA) chamado de desequilíbrio de energia da Terra (EEI). Ele cria o aquecimento do planeta, que se manifesta de várias maneiras, apenas uma das quais é o aumento da temperatura média global da superfície (GMST). Este último tem sido o foco principal para rastrear o aquecimento global e 2021 foi classificado como o quinto ou sexto mais alto já registrado, mas os 8 anos mais quentes ocorreram desde 2013.

O

Mudanças estimadas nas temperaturas médias globais anuais da superfície (°C, barras coloridas) e nas concentrações de CO 2 (linha preta grossa) nos últimos 150 anos em relação aos valores médios do século XX. As concentrações de dióxido de carbono desde 1957 são de medições diretas em Mauna Loa, Havaí, enquanto estimativas anteriores são derivadas de registros de núcleos de gelo. A escala para as concentrações de CO 2 é em partes por milhão por volume (ppm), em relação à média do século XX de 333,7 ppm, enquanto as anomalias de temperatura são relativas a uma média de 14 °C. Também são dados como valores pontilhados os valores estimados pré-industriais, onde o valor é 280 ppm, com a escala laranja à direita para o dióxido de carbono

Calculado observando quanto calor é absorvido do Sol e quanto é capaz de irradiar de volta para o espaço

Fotos CC BY-ND, Trenberth e Fasullo, Kevin Trenberth, Unsplash

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renomado estudioso do Cen tro Nacional de Pesquisa At mosférica (NCAR) e o autor principal altamente citado Kevin Trenberth, juntamente com o cien tista climático e coautor Lijing Cheng, fizeram um novo inventário completo de todas as várias fontes de excesso de calor na Terra. Ele estudou as mudanças de energia da atmosfera, oceano, terra e gelo como componentes do sistema climático de 2000 a 2019 e comparou isso com a radiação no topo da atmosfera da Terra para encontrar o desequilíbrio.

“O desequilíbrio de energia líquida é calculado observando quanto calor é absorvido do Sol e quanto é capaz de irradiar de volta para o espaço”, explica Trenberth, cujo artigo foi pu blicado hoje, “ainda não é possível medir o desequilíbrio diretamente, a única maneira prática de estimar isso é através de um inventário das mu danças na Compreenderenergia”.oganho líquido de energia do sistema climático de to das as origens, quanta energia extra existe e onde ela é redistribuída no sistema terrestre é vital para informar e, assim, enfrentar a crise climática. Anteriormente, o foco da pesquisa cli mática era o aumento da temperatura média global da superfície da Terra. No entanto, este é apenas um resul tado do desequilíbrio energético total enfrentado na Terra.

O excesso de energia afeta os sistemas climáticos, aumentando diretamente o número ou a intensidade de eventos climáticos extremos, como chuvas fortes e inundações, furacões, secas, ondas de calor e incêndios florestais.

Os eventos climáticos movimentam a energia e ajudam o sistema climático a se livrar da energia irradiando-a para o espaço, o que também afeta o aumento da temperatura globalmente. O estudo revelou ainda que 93% do calor extra do desequilíbrio acaba nos oceanos da Ter ra, aumentando sua temperatura geral e o nível do mar, o que resultou em 2021 sendo o oceano global mais quente re gistrado no ano até o momento.

“Modelar o desequilíbrio energético da Terra é um desafio, e as observações relevantes e sua síntese precisam de melhorias. Compreender como todas as formas de energia são distribuídas pelo mundo e são sequestradas ou irradiadas de volta ao espaço nos dará uma melhor compreensão do nosso futuro”, acrescen ta Lijing Cheng, coautor do estudo.

Desequilíbrio energético da Terra. A radiação emitida está diminuindo, devido ao aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera e levando a um desequilíbrio energético da Terra de 460 terawatts. A porcentagem que entra em cada domínio é indicada

CAMARÃO CARNE PATOLAS DE CARANGUEJO

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O tema é particularmente próximo ao meu coração, pois os sinais de alerta sobre o impacto do aquecimento global estão se multiplicando.

Nossos resíduos são valiosos: como uma empresa está criando uma economia circular para plásticos

A primeira planta de bioreciclagem de plásticos PET do mundo

Na Carbios, somos movidos pela convic ção de que existem soluções inovadoras para a crise climática. Trabalhamos por conta própria há quase 10 anos, e agora eles estão se tornando uma realidade com o desenvolvimento da primeira planta de bio-reciclagem de PET do mundo.

Apenas 9% dos resíduos plásticos globais são reciclados

Fotos Unsplash/Tanvi Sharma, WEF

Tornar o plástico parte da economia circular será vital para os esforços mundiais destinados a combater as mudanças climáticas

Tornar o plástico parte da economia circular será vital para os esforços mundiais destinados a combater as mudanças climáticas.

Nossas inovações tornam possível re ciclar biologicamente polímeros à base de politereftalato de polietileno (PET) praticamente infinitamente, graças aos processos inovadores desenvolvidos por nossos cientistas.

urante a recente reunião de Davos, os líderes econômi cos e políticos mais podero sos do mundo se reuniram mais uma vez no famoso resort suíço para discutir as questões futuras mais urgentes do planeta. Além das questões econômicas, a agenda do Fórum Eco nômico Mundial (WEF) concentrou-se especialmente em trazer soluções para enfrentar as mudanças climáticas.

D

Isso é apoiado pelo mais recente relató rio do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, que disse que só tínhamos mais três anos para agir se qui sermos preservar um mundo habitável.

☆ Apenas 9% dos resíduos plás ticos do mundo são reciclados, mas os plásticos têm uma ampla gama de aplicações – de embalagens a carros e têxteis.

☆ A Carbios desenvolveu uma planta de bioreciclagem de plásti cos PET que permite que o material seja reciclado em matéria-prima.

Os setores mais virtuosos são as em balagens com PET, principalmente gar rafas plásticas, e outros setores estão se organizando. De acordo com a agência francesa de meio ambiente e gestão de energia ADEME, a recuperação de energia a partir de resíduos represen ta a terceira principal fonte de produ ção de eletricidade renovável, depois da hidrelétrica e da eólica.Em 2018, a energia produzida a partir de resíduos

Primeira planta de bio-reciclagem de PET do mundo

A indústria de plásticos parece ser um ator estratégico na luta contra as mu danças climáticas, com apenas 9% dos resíduos plásticos globais reciclados . Segundo especialistas, os plásticos –que representam cerca de 4% do consumo de petróleo – têm aplicações muito diversas e são usados principalmente em embalagens, construção, automó veis, eletrodomésticos e têxteis.

economizou 1,6 bilhão de litros de óleo combustível na França.A reciclagem e valorização de materiais em sentido lato desempenham um papel essencial como meio de combate aos impactos ambientais ligados à produção e elimi nação de resíduos e à gestão sustentável dos recursos naturais. Ambos também limitam as emissões de gases de efeito estufa e o consumo de água relaciona dos à produção industrial.

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É uma indústria complexa, caracteriza da por uma grande variedade de resinas ou polímeros. Além do PET, há também polietileno (PE), polipropileno (PP), poliestireno (PS) e policloreto de vini la (PVC) e cada uma dessas resinas re quer um canal de reciclagem específico. Os resíduos plásticos gerados em todo o mundo são estimados em 353 milhões de toneladas. No entanto, apenas um terço deste depósito é recolhido para recicla gem. Em última análise, entre 250.000 e 300.000 toneladas são finalmente incor poradas de volta ao ciclo de produção na França, o que representa apenas 6% da produção de plásticos do país.

Indústria de plásticos é chave no combate às mudanças climáticas

Usando enzimas altamente específicas, permite que os resíduos têxteis sejam recuperados e convertidos em um PET de alta qualidade adequado para garrafas

A partir de agora, os resíduos plásticos podem se tornar matéria-prima e ser reu tilizados repetidamente, com a mesma qualidade. Graças à Carbios, os plásti cos podem fazer parte de uma economia circular. Outra inovação permite que o ácido polilático (PLA), que é um plástico de base biológica, seja totalmente biode gradado em composto sem deixar resí duos ou toxicidade. Isso significa que os resíduos podem agora ser usados como um recurso bruto valioso, graças às nos sas duas tecnologias complementares. A indústria está se tornando circular; está se tornando uma realidade. O futuro da circularidade plástica será biológico. Isso reduzirá drasticamente nossa dependên cia de combustíveis fósseis.

[*] WEF <<

Agora é concebível minimizar nossa dependência de hidrocarbonetos – uma enorme preocupação ambiental, estra tégica e geopolítica para o futuro – per mitindo que os resíduos plásticos se tor nem um novo e precioso recurso bruto.

Capa da revista Nature de abril de 2020

fica através de uma publicação de capa na prestigiosa revista Nature. A Carbios também obteve o selo “Efficient Solution” da Solar Impulse Foundation. Com a solu ção da Carbios, finalmente encontramos uma forma biológica de reaproveitar os resíduos plásticos. A partir de agora, o uso de garrafas plásticas ou embalagens plásticas de alimentos não precisa mais ser um problema, pois podem entrar na economia circular. Agora, mais do que nunca, a economia circular deve ser colo cada como modelo. Todos os tomadores de decisão neste mundo devem estar bem cientes disso. Será preciso coragem, ima ginação e, acima de tudo, inovação para sair da rotina climática. Mas enquanto incentivarmos a pesquisa e criarmos um ambiente favorável para empresas como a Carbios, enfrentaremos o desafio.

Assim, compostagem, metanização, reciclagem de combustíveis sólidos recu perados (SRC) – resíduos não perigosos – são alternativas aos combustíveis fós seis. Nossas sociedades modernas enten dem que nossos resíduos são valiosos.

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A consciência universal do aquecimento global está mudando atitudes e exige munidadesemelhantesmudançasnasações.Hoje,nossatecnologiadebioreciclageméreconhecidainternacionalmente,aclamadaemabrilde2020pelacocientí

Resíduos plásticos da concepção à reciclagem

Esta inovação revolucio nária também responde à forte demanda de consumidores, au toridades públi cas e fabricantes que suassignsustentávelsenvolvimentotermosambiciososcompromissosassumiramemdedeedeecológicodeembalagens.

Como resultado, parece que nossos métodos de bioreciclagem e biodegrada ção nos permitem recuperar lixo plástico – colorido, opaco, bandejas de alimen tos, bem como têxteis – que de outra for ma têm pouco ou nenhum valor.

O segredo para um café melhor? Os pássaros e as abelhas

Um novo estudo inovador descobriu que os grãos de café são maiores e mais abundantes quando pássaros e abelhas se unem para proteger e polinizar as plantas de café

Mulher carrega a filha durante enchentes em Jacarta, Indonésia

Fotos Cortesia de CATIE e John van Dort. Composição de Mary Kueser, PNAS, Universidade de Vermont

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em esses ajudantes alados, alguns viajando milhares de quilômetros, os cafeicultores veriam uma queda de 25% nos rendimentos das colheitas, uma perda de aproximadamente US$ 1.066 por hectare de café. Isso é importante para a indústria de café de US$ 26 bilhões –incluindo consumidores, agricultores e corporações que dependem do trabalho não remunerado da natureza para sua agitação matinal – mas a pesquisa tem implicações ainda mais amplas.

Abelhas polinizando flores de café

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“Mas a natureza é um sistema intera tivo, cheio de importantes sinergias e compensações. Mostramos a importân cia ecológica e econômica dessas intera ções, em um dos primeiros experimen tos em escalas realistas em fazendas reais”. “Esses resultados sugerem que avaliações anteriores de serviços ecoló gicos individuais – incluindo grandes esforços globais como o IPBES – po dem realmente subestimar os benefí cios que a biodiversidade proporciona à

“Até agora, os pesquisadores nor malmente calculavam os benefícios da natureza separadamente e depois sim plesmente os somavam”, diz a principal autora Alejandra Martínez-Salinas, do Centro de Pesquisa e Ensino Superior Agropecuário Tropical (CATIE).

O estudo na Proceedings of the Natio nal Academy of Sciences é o primeiro a mostrar, usando experimentos do mundo real em 30 fazendas de café, que as con tribuições da natureza – neste caso, poli nização por abelhas e controle de pragas por pássaros – são maiores combinadas do que suas contribuições individuais.

agricultura e ao bem-estar humano”, diz Taylor Ricketts do Instituto Gund para Meio Ambiente da Universidade de Ver mont. “Essas interações positivas signi ficam que os serviços ecossistêmicos são mais valiosos juntos do que separada mente”. Para o experimento, pesquisa dores da América Latina e dos Estados Unidos manipularam plantas de café em 30 fazendas, excluindo pássaros e abe lhas com uma combinação de grandes redes e pequenos sacos de renda.

Sem pássaros e abelhas, o rendimento médio caiu quase 25%, avaliado em cer ca de US$ 1.066 por hectare.

como a destruição do habitat e as mu danças climáticas”. Um dos aspectos mais surpreendentes do estudo foi que muitas aves que controlam pragas de cafeeiros na Costa Rica migraram milhares de quilômetros do Canadá e dos EUA, incluindo Vermont, onde a equipe da UVM está sediada.

Distribuição da produção de café e localização dos estudos revisados. Os países estão sombreados para indicar a área total colhida (ha) de acordo com dados da FAO (2016)

Os efeitos positivos combinados de pássaros e abelhas na frutificação, peso dos frutos e uniformidade dos frutos – fatores-chave em qualidade e preço – foram maiores do que seus efeitos in dividuais, mostra o estudo.

“Uma razão importante pela qual medimos essas contribuições é ajudar a proteger e conservar as muitas espé cies das quais dependemos, e às vezes damos como garantidas”, diz Natalia Aristizábal, doutoranda no Instituto Gund de Meio Ambiente da UVM e na Escola Rubenstein de Meio Ambien te e Recursos Naturais. “Pássaros, abelhas e milhões de outras espécies sustentam nossas vidas e meios de subsistência, mas enfrentam ameaças

Eles testaram quatro cenários prin cipais: atividade de pássaros sozinho (controle de pragas), atividade de abelhas sozinho (polinização), ne nhuma atividade de pássaros e abe lhas e, finalmente, um ambiente na tural, onde abelhas e pássaros eram livres para polinizar e comer insetos como o broca do café, uma das pragas mais prejudiciais que afetam a pro dução de café em todo o mundo.

A equipe também está estudando como as mudanças nas paisagens agrí colas afetam a capacidade das aves e das abelhas de fornecer benefícios à produ ção de café. Eles são apoiados pelo Ser viço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA por meio da Lei de Conservação de Aves Migratórias Neotropicais.

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