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Estudante desenvolve biofilme de açaí e mandioca

Obiofilme é uma película protetora que facilita o desenvolvimento de comunidades microbianas em superfícies. Para exemplificar, pense no limo. A película verde e viscosa tende a se desenvolver durante o período chuvoso ou em presença de umidade. Mas nem todo biofilme é algo ruim.

A pesquisadora Raphaela Castro, orientada pelo professor Davi do Socorro, desenvolveu um biofilme com base no açaí e na mandioca como alternativa para substituir os plásticos (polímeros) usados na indústria.

Paixão paraense, o açaí tem feito cada vez mais sucesso também na indústria farmacêutica e cosmética. São inúmeros os subprodutos conhecidos derivados do fruto, como sabonetes, vitaminas, óleos, perfumes etc. Em xampus e maquiagens, por exemplo, a utilização de componentes da mandioca também tem crescido.

A autora da pesquisa explica que escolheu o fruto e a raiz pelo destaque regional de ambos. “Tanto a mandioca quanto o açaí são matérias-primas da região amazônica e o projeto desenvolvido no laboratório está justamente relacionado a apresentar o potencial dessas matérias para a formulação de outros produtos naturais”, diz a estudante.

A substituição do plástico, do vidro e do metal por materiais biodegradáveis ou de menor tempo de decomposição está sendo feita gradativamente na sociedade, por isso alternativas como o biofilme feito pela Raphaela são essenciais para a diminuição dos impactos na natureza.

“É preciso pensar que o biofilme é um plástico biodegradável que se decompõe em um período de tempo muito menor, ou seja, diminui, de uma forma absurda, os impactos causados pelo uso de outros polímeros.

Além disso, ao incorporar óleos ou extratos, nós acrescentamos uma característica nesse bioplástico que não tem em plásticos comuns”, explica a pesquisadora.

A estudante também destaca que os biofilmes encontrados na natureza são bacterianos, fixam-se em alguma superfície e mantêm essa conexão por meio de uma substância polimérica extracelular para se desenvolver, processo semelhante ao que o fungo faz com os alimentos.

Em relação às principais diferenças entre o biofilme desenvolvido pela pesquisadora e o biofilme natural, estão a composição, a temperatura e o tempo adequados para a formação e a utilização de poliol para adquirir a estrutura de bioplástico.

“Primeiramente, fizemos a aquisição da polpa na própria Região Metropolitana de Belém. Em seguida, essa polpa passou por um processo de secagem em estufa para, posteriormente, ser extraída por meio de prensa hidráulica, resultando no óleo de açaí com a coloração verde-escura, que, por apresentar resquícios da ‘borra’, foi preciso fazer uma filtração a vácuo para retirar as impurezas oriundas da extração”, explica a autora sobre o processo da extração do óleo do açaí para o uso no biofilme.

Em um futuro próximo, poderemos levar nossos alimentos para casa em sacolas que não passarão séculos vagando no mundo”, projeta a jovem. O tempo de degradação do produto criado por Raphaela é de aproximadamente 180 dias.

Tem 22 anos, cursa Engenharia Química e tem interesse no estudo e desenvolvimento de produtos naturais que causem menos impacto ao meio ambiente.

Após finalizar o curso, pretende se especializar nessa área. “Gosto muito de ler e descobrir coisas novas, além disso, vou bastante ao cinema e, sempre que possível, saio para lanchar e conhecer novos lugares.

Um conselho para quem quiser começar a desenvolver pesquisa: É preciso muita dedicação, pois é algo que demanda tempo e esforço, mas é muito satisfatório ver os resultados que foram pensados anos antes e saber que você fez parte disso”, afirma.

Este estudo foi apresentado no XXXIII Seminário de Iniciação Científica da UFPA, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp), tendo sido contemplado pelo Edital Pibic de Verão.

“O nosso próximo passo é o estudo do óleo de açaí e do biofilme na Universidade de Campinas. Com o prêmio, conseguimos ampliar nossa parceria e chegamos até lá”. O projeto também faz parte da dissertação da coorientadora Sara de Oliveira.

Orientação: Davi do Socorro Barros Brasil, do Instituto de Tecnologia (ITEC). Coorientação: Sara Caroline Pacheco de Oliveira, mestranda em Engenharia Química. Financiamento: CNPq/UFPA.

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