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A importância de áreas verdes urbanas para a Saúde
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Estudo realizado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) revela que há menos internações hospitalares por doenças respiratórias em municípios com mais áreas verdes. A pesquisa, que envolveu ciência de dados, usou bases de informações públicas como o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (Datasus), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Secretaria Nacional de Trânsito e o Instituto Água e Terra (IAT) do Paraná.
O objetivo do trabalho era avaliar como a infraestrutura verde urbana (IVU), composta por praças, parques, jardins planejados, fragmentos florestais, reservas florestais urbanas, bosques e arborização, impacta na saúde da população.
“Combinamos várias informações e fizemos um estudo que envolve aplicação de ciências de dados, realizando, primeiro, uma análise multivariada de tais dados e, depois, análise de padrão.
E chegamos à conclusão com base nesses estudos”, disse à Agência Brasil a engenheira civil Luciene Pimentel, professora do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da PUCPR e uma das autoras da pesquisa.
A pesquisa usou também dados censitários, porque o estudo, que envolvia somente a questão das internações por doenças respiratórias, analisou também indicadores de pobreza. “Encontramos resultados interessantes nesse sentido. Na verdade, os municípios que têm índices de pobreza mais altos também apresentam mais internações hospitalares na comparação com municípios em que os índices são menores”.
A pesquisa envolveu 397 dos 399 municípios paranaenses, porque dois apresentavam falhas de dados. As informações foram coletadas em 2021 e 2022, sendo os resultados divulgados agora. Artigo referente ao estudo, intitulado Ecosystems services and green infrastructure for respiratory health protection: A data science approach for Paraná, Brazil (Serviços ecossistêmicos e infraestrutura verde para a proteção da saúde respiratória: Uma abordagem de ciência de dados para o Paraná, Brasil, em tradução livre), foi publicado na liga internacional de revistas científicas MDPI.
O estudo é assinado por Luciene Pimentel e pelos professores Edilberto Nunes de Moura e Fábio Teodoro de Souza, da PUCPR, e pelo doutorando da mesma universidade Murilo Noli da Fonseca.
Importância
Luciene salientou a importância do resultado, porque a Organização Mundial da Saúde (OMS) reporta 4 milhões de mortes anuais por doenças respiratórias, das quais 40% são por doenças pulmonares obstrutivas crônicas. “O mundo inteiro está muito preocupado com essa situação”. Ainda de acordo com a OMS, 99% da população mundial respiram ar que excede os limites de qualidade recomendados. Além de inúmeros problemas de saúde, a poluição atmosférica causa 7 milhões de mortes anuais em todo o mundo. Luciene ressaltou a existência de uma dúvida na literatura científica sobre até que ponto a vegetação realmente contribui para diminuir a poluição do ar, tendo em vista que as doenças respiratórias são fortemente conectadas com esse problema nas áreas urbanas, ou se a forma como se dispõe a vegetação urbana pode até piorar a saúde respiratória pela dispersão de pólen.
A professora disse acreditar que os resultados do estudo podem subsidiar políticas públicas voltadas para a sustentabilidade ambiental e a gestão da saúde urbana. A redução das taxas de internações por doenças respiratórias traz acoplada a redução dos custos com hospitalizações por agravos de saúde e outras infecções, podendo contribuir ainda para a queda das faltas ao trabalho e à escola.
Continuidade
A equipe de pesquisadores pretende dar continuidade agora ao estudo envolvendo a capital paranaense, Curitiba, em escala intraurbana, e não mais municipal, com participação da rede de pesquisa Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação, financiada pela Fundação Araucária, no âmbito de emergências climáticas. Será medida, por exemplo, a distribuição de pólen na cidade. De acordo com Luciene, as medições serão usadas para analisar dados em uma escala mais detalhada.
“O que estamos querendo fazer agora é começar a olhar por tipologia de doenças respiratórias, como a asma, por exemplo, que tem aumentado muito no mundo.
A asma é uma doença que preocupa. Na faixa de crianças, que interessa à nossa pesquisa, a doença vai comprometer a vida adulta. Asma não tem cura, é doença crônica. A pessoa vai depender de remédios o tempo todo. Enquanto crianças, faltam à escola por causa da doença; os pais faltam ao trabalho”, disse Luciene.
As doenças respiratórias têm sinais diferentes. Daí a razão de o estudo continuar, no sentido de esmiuçar os detalhes. O objetivo dos pesquisadores, mais adiante, é estender a pesquisa para outros estados do país. “A ideia é termos uma pesquisa nacional”.
Conclusões
Uma das tendências para o desenvolvimento urbano rumo à sustentabilidade é o aumento de espaços verdes nas cidades. Se a vegetação pode ser benéfica para a saúde respiratória permanece controversa. Este estudo investigou se a UGI, como nas soluções baseadas na natureza, pode ou não fornecer serviços ecossistêmicos diretamente para a proteção da saúde respiratória no contexto do cenário socioeconômico dos países do Sul Global. Envolveu uma abordagem de ciência de dados para 397 municípios do estado do Paraná, na região Sul do Brasil. O estudo inicialmente envolveu uma análise exploratória para selecionar as melhores características para estudar UGI - um fenômeno de saúde respiratória.
Espaços verdes urbanos da biodiversidade têm um efeito positivo nas doenças respiratórias, uma vez que estes mostraram um efeito na redução das taxas de hospitalização. Na foto, equipe do Bosque Rodrigues Alves comemorou o plantio das mudas no espaço, que é considerado um santuário da flora no centro de Belém a equipe do Bosque Rodrigues Alves comemorou o plantio das mudas no espaço, que é considerado um santuário da flora no centro de Belém
Como as questões de saúde, socioeconômicas e ambientais tendem a estar interligadas, o conjunto de dados e as características escolhidas para o estudo incluíram vários dados. No geral, 15 recursos foram escolhidos para o estudo. Eram dados de domínio público do banco de dados do censo brasileiro, do Ministério da Saúde do Brasil, do Departamento Nacional de Trânsito e do Instituto Estadual de Águas e Solos do Paraná.
Algumas características foram ponderadas pela população total e por segmentos relacionados a sexo e faixas etárias.
As doenças respiratórias têm sinais diferentes. Em Belém a primeira etapa da campanha de vacinação contra a gripe está em fase final
Dois índices foram escolhidos para representar a UGI: um associado à arborização de ruas e outro à área de unidades de conservação da biodiversidade por habitante nos limites do município. Os resultados mostraram que as características selecionadas para o sujeito foram adequadas e bem-sucedidas na representação do fenômeno. Concluiu-se que os espaços verdes urbanos como unidades de conservação da biodiversidade têm um efeito positivo nas doenças respiratórias, uma vez que estes mostraram um efeito na redução das taxas de hospitalização. As taxas de internação por doenças respiratórias (CID-10 X) foram inversamente correlacionadas com as taxas de biodiversidade. Em média, as internações por doenças respiratórias foram menores para os municípios com áreas verdes de biodiversidade. O índice de biodiversidade mostrou-se mais relacionado à proteção da saúde respiratória do que o índice de arborização. A matriz de correlação não apresentou padrão particular para os diferentes segmentos populacionais. Os resultados completos do estudo realizado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), podem ser acessados na íntegra em: www.mdpi.com/2071-1050/14/3/1835 e podem subsidiar políticas públicas voltadas para a gestão sustentável do meio ambiente e da saúde. A redução das taxas de internações por doenças respiratórias tem um benefício colateral na redução dos custos com internações por agravos de saúde e outras infecções, podendo contribuir para a redução do absenteísmo escolar e também no trabalho.