PARÁ+277

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O Governo do Pará está entregando a 12ª Usina da Paz e a primeira da região do Baixo Tocantins, em Abaetetuba. O maior programa de inclusão social e cidadania da América Latina oferece mais de 70 serviços gratuitos. Cursos de capacitação profissional, assistência social, saúde, educação, esporte, cultura, lazer e muito mais. Com mais oportunidades, o Pará segue no rumo certo. E até 2026, serão 40 novas Usinas da Paz espalhadas por todo o Estado.

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Editora Círios SS Ltda

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Rua Timbiras, 1572A - Batista Campos Fone: (91) 3083-0973 Fax: (91) 3223-0799

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CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil www.paramais.com.br revista@paramais.com.br

ÍNDICE

DIRETOR e PRODUTOR: Rodrigo Hühn; EDITOR: Ronaldo Gilberto Hühn; COMERCIAL: Alberto Rocha, Augusto Ribeiro, Rodrigo Silva, Rodrigo Hühn; DISTRIBUIÇÃO: Dirigida, Bancas de Revista; REDAÇÃO: Ronaldo G. Hühn; COLABORADORES*: Alden Woods, Antonio Carlos, Ascom Semas, Daniel Ackerman/MIT, Emily Becker, Fabricio Nunes, IDEFLOR-BIO, Instituto de Pesquisa de Impacto Climático de Potsdam (PIK), Jamille Leão, Rodrigo Hühn, SEPI, Universidade de Washington, Vinícius Leal, Zhengyao Lu; FOTOGRAFIAS: Adobe / Best, Antônio Carlos/Semma, Arzu Geybulla, Ascom Semas, Daniel Lima, Centro de Previsão Climática da NOAA, Divulgação, Environmental Research Letters (2025). ESA/ATG mediala, Jader Paes, Lu et al. (2025), MIT, Museu Paraense Emílio Goeldi, Nature, NOAA, Prefeitura de Belém, Raphael Luz / Agência Pará, REUTERS/Stringer, Ricardo Stuckert / PR, Steve Albers, The Conversation, Universidade de Stanford, Vinícius Leal, Wellyngton Coelho / Ag.Pará; DESKTOP: Rodolph Pyle; EDITORAÇÃO GRÁFICA: Editora Círios

* Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.

CAPA

Na Semana dos Povos Indígenas, comemorando parceria com o governo do Pará, o CicloParente, que será feito em todo o Brasil, para discutir os temas, os debates, a participação dos povos dentro da COP30, em um espaço de participação e protagonismo direto, como Círculo dos Povos, criado pela presidência da COP e pelo governo federal” Foto: Marco Santos

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Belém a escolha certa, no coração da Amazônia que pulsa por justiça climática

*Rodrigo Hühn Fotos Arzu Geybulla,

Nos últimos meses, muito se falou — e infelizmente, mal — sobre a escolha de Belém do Pará como sede da COP30. Vieram críticas ácidas, muitas travestidas de preocupação com logística, estrutura e acessibilidade. Mas por trás desse verniz técnico, o que se esconde, muitas vezes, é o preconceito. A crítica que se apresenta como neutra e racional revela, ao ser examinada mais de perto, um olhar enviesado, sulista e elitista que persiste em marginalizar o Norte do Brasil. Vamos ser claros: o problema nunca foi Belém. O problema é a insistência em negar a Amazônia como centro legítimo das decisões globais. É a recusa em enxergar que os povos da floresta — indígenas, ribeirinhos, quilombolas, extrativistas — não só têm o direito de estar à mesa das negociações, como têm muito a ensinar.

A floresta quer falar: estávamos ouvindo?

Durante décadas, o mundo olhou para a Amazônia como uma reserva de recursos, um exótico pano de fundo para campanhas

É simbólico, é político, é histórico. E, sobretudo, é justo: A floresta quer falar...

ambientais de ONGs internacionais, ou pior: como um território vazio, à espera de ocupação. Mesmo em debates climáticos, a floresta era sempre mencionada, mas raramente ouvida. Agora, com a COP30 marcada para acontecer em Belém, algo muda. Pela primeira vez, o epicentro da maior conferência climática do planeta será um território amazônico.

É simbólico, é político, é histórico. E, sobretudo, é justo.

A floresta quer falar. Seus povos querem ser escutados. Não como figurantes no palco da sustentabilidade, mas como protagonistas da resistência climática. Quem preservou a floresta até hoje foram eles — não as grandes potências, não os governos centrais. Os povos indígenas e tradicionais conservaram a biodiversidade com sabedoria ancestral. Seus modos de vida são, há séculos, exemplos de sustentabilidade real, concreta, cotidiana.

Vista aérea das Obras do Parque da Cidade, espaço que sediará a programação da COP30, em Belém. Em 14.02.2025.
Texto
Museu Paraense Emílio Goeldi, Raphael Luz / Agência Pará, Ricardo Stuckert / PR

Críticas seletivas, silêncios eloquentes

Boa parte das críticas à escolha de Belém vem de vozes urbanas do Sudeste, muitas das quais se consideram progressistas. É curioso observar como a preocupação com “infraestrutura” surge justamente quando uma cidade nortista é escolhida. Onde estavam esses questionamentos quando a COP foi sediada em países do Oriente Médio com histórico de repressão a movimentos sociais, ou em cidades onde ativistas foram impedidos de protestar?

No Egito, em 2022, organizações de direitos humanos denunciaram a repressão a manifestantes. Em Baku, no Azerbaijão, já em preparação para a COP29, movimentos sociais relatam barreiras à participação. E ainda assim, não se viu o mesmo nível de indignação que agora se projeta sobre Belém.

Esse silêncio seletivo diz muito. É fácil apontar os desafios de uma cidade amazô-

nica quando se ignora deliberadamente o contexto de abandono histórico. O Norte do Brasil sempre foi tratado como periferia da política nacional — um lugar de extração, não de decisão. Agora que Belém se torna centro, há quem se incomode. Mas é um incômodo revelador. E necessário.

Escutar lideranças ... doutoranda em Sociologia e Antropologia e conselheira da Associação dos Povos Indígenas Estudantes da UFPA (APYEUFPA), Manoela Karipuna; a mestra em Direito e assessora jurídica da Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará (Malungu), Queila Couto; e a representante da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (Confrem), Sandra Regina Gonçalves. A apresentação da professora da Faculdade de Comunicação e do PPGCom da UFPA, Rosane Steinbrenner, no Cumbuca da Ciência

A COP que queremos: menos luxo, mais escuta

Belém está longe de ser perfeita. Como qualquer cidade brasileira — e como muitas sedes anteriores da COP — enfrenta problemas de mobilidade urbana, rede hoteleira limitada e desafios de saneamento. Mas qual cidade do mundo está plenamente preparada para receber 50 mil pessoas de uma só vez, sem ajustes e investimentos prévios?

A crítica ao “gasto público” para preparar Belém soa ainda mais cínica. O que está em jogo não é uma “COP do luxo”, como alguns sugerem, mas uma COP da justiça — justiça territorial, climática e histórica. O investimento na cidade representa não um privilégio, mas um reparo. Levar infraestrutura à Amazônia é investir em dignidade para seus moradores — antes, durante e depois da conferência.

E convenhamos: talvez estejamos mesmo precisando de uma COP menos luxuosa. Nas últimas edições, o evento se tornou, muitas vezes, um palco de exibicionismos corporativos. Lobistas de petroleiras dividindo espaço com ambientalistas, cafés gourmet sendo servidos enquanto lideranças indígenas aguardam credenciamento. Isso precisa mudar. E talvez a simplicidade de Belém nos ajude a lembrar o essencial: estamos aqui para salvar vidas, não reputações.

Amazônia não é cenário, é sujeito

A escolha de Belém representa algo que vai muito além da geografia. Ela coloca a Amazônia como sujeito político, como voz ativa e criadora de soluções. É uma inversão necessária. Quantas vezes vimos acordos climáticos serem assinados em salões refrigerados na Europa, enquanto a floresta que todos querem proteger arde em chamas? Quantas vezes os povos da floresta foram retratados como vítimas silenciosas ou “guardiões românticos”, mas nunca como estrategistas, cientistas, diplomatas de seu próprio território?

Em Baku, na COP29, movimentos sociais... 20 de novembro de 2024
Obras na Bacia do Tucunduba: saneamento, saúde e urbanização. O investimento na cidade representa não um privilégio, mas um reparo. Levar infraestrutura à Amazônia é investir em dignidade para seus moradores

Chegou a hora de mudar isso. A COP30 em Belém precisa ser uma plataforma para escutar lideranças indígenas..

Precisa abrir espaço para as mulheres extrativistas, os pescadores artesanais, os jovens quilombolas. Eles não precisam ser validados por universidades estrangeiras para serem reconhecidos como detentores de conhecimento. Eles são ciência viva, são política em movimento.

O Norte merece ser centro

Por trás de todas as críticas à Belém há uma pergunta incômoda: quem decide o que é centro e o que é periferia?

Por que Paris, Berlim ou Nova York são tidas como “aptas” a sediar eventos globais, mas Belém é tratada com desconfiança?

Essa lógica colonial está enraizada em nossas práticas — inclusive nas mais progressistas. E só será desmontada quando pararmos de medir valor pelo PIB, pelos arranha-céus ou pelo número de aeroportos internacionais. Belém é centro porque é pulsante. Porque é onde a floresta vive e resiste. Porque é onde o Brasil profundo quer ser escutado.

Caminhos para um novo pacto

Belém pode, sim, não estar pronta. Mas essa é justamente a beleza da escolha: ela nos convoca à ação. Nos desafia a construir uma COP que não seja apenas mais uma.

Uma COP que olhe para a floresta, mas sobretudo para quem vive nela.

Que escute a ciência, mas também os cantos dos povos originários. Que fale de carbono, mas também de território, de racismo ambiental, de justiça social. Essa COP pode inaugurar um novo pacto global. Um pacto que reconheça que não há justiça climática sem justiça cognitiva, como já dizia Boaventura de Sousa Santos. Um pacto em que o saber técnico caminhe ao lado do saber ancestral. Onde os satélites que medem o desmatamento estejam em diálogo com os olhos atentos das comunidades que vivem na floresta. Coerência? A escolha de Belém não é um erro logístico, é um acerto histórico. E cabe a nós — jornalistas, ativistas, gestores, cidadãos — proteger esse marco das críticas injustas que tentam deslegitimá-lo. Em vez de reforçar os estigmas que tanto combatemos, que tal escutarmos com humildade o que a Amazônia tem a dizer?

Porque no fim das contas, a pergunta não é se Belém está pronta para a COP. A pergunta é: estamos nós prontos para escutar a Amazônia?

Diálogo com os olhos atentos das comunidades que vivem na floresta
Belém é centro porque é pulsante

Renovação histórica: prefeito Igor entrega 300 novos ônibus em Belém

Prefeito de Belém, Igor Normando, e o governador Helder

Barbalho fizeram a maior entrega de ônibus novos da história da capital paraense. Os novos veículos, chamados de “Geladão”, oferecem maior conforto e segurança aos usuários

Oprefeito de Belém, Igor Normando, e o governador Helder Barbalho realizaram, neste sábado (12), a maior entrega de ônibus novos da história de Belém (PA). Foram entregues 300 novos ônibus modernos, equipados com ar-condicionado, Wi-Fi e recursos de acessibilidade para a população. Os veículos, chamados de “Geladão”, passam a integrar imediatamente as linhas da Região Metropolitana de Belém.

A ação é resultado do processo de modernização do sistema de transporte público, coordenado pela Secretaria Municipal de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade Urbana (Segbel). Os novos veículos oferecem maior

Estamos entregando ônibus que representam um avanço histórico na mobilidade urbana de Belém. Esses novos veículos respondem às principais reclamações da população e oferecem um transporte mais digno, seguro e confortável. Estamos iniciando uma verdadeira revolução no transporte público de Belém. Nosso objetivo é renovar toda a frota e elevar o padrão de qualidade do serviço com o apoio do Governo do Estado. A população merece e vai ter um transporte público moderno, eficiente e acessível, destacou o prefeito Igor Normando.

conforto e segurança aos usuários, incluindo elevadores para cadeirantes, espaços para pessoas com deficiência, câmeras de monitoramento interno, GPS em tempo real e motor com padrão ambiental que contribui para a redução da emissão de poluentes.

O governador Helder Barbalho ressaltou que essa é uma resposta concreta ao fim do sofrimento dos usuários do transporte coletivo diante de um sistema antigo e defasado. “Chegou o momento de virar essa página. A frota nova marca o início de uma nova era no transporte público da capital. Juntos, Estado e Prefeitura, seguiremos trabalhando para ampliar e melhorar ainda mais esse serviço essencial”, afirmou.

Essa é a maior renovação histórica da frota do transporte púbico que Belém já viu
Texto *Alexandre Nascimento Fotos Jader Paes, Prefeitura de Belém, Wellyngton Coelho / Ag.Pará

App de monitoramento em tempo real

Outra inovação será o lançamento de um aplicativo de monitoramento em tempo real da frota, desenvolvido em parceria com as empresas operadoras.

O app permitirá que os passageiros do transporte público acompanhem a localização em tempo real dos ônibus, oferecendo mais previsibilidade, segurança e organização no dia a dia.

“A mobilidade urbana de Belém está vivendo uma transformação e essa ferramenta vai permitir uma nova relação do passageiro com o transporte coletivo, com mais transparência e controle sobre seu tempo”, destacou Luciano de Oliveira, titular da Segbel.

O prefeito Igor Normando conseguiu refazer o acordo com o Setransbel na justiça, para que os 300 ônibus novos, com ar-condicionado e wi-fi, comecem a circular imediatamente em Belém

Gratuidade aos domingos e feriados

Na ocasião, o prefeito Igor disse que esse é o novo momento do transporte público, reforçando o anúncio da gratuidade dos ônibus de Belém.

Os ônibus de graça aos domingos e feriados passam a valer a partir de domingo, 13, como forma de incentivo ao uso do transporte público e contemplam também a linha urbana Mosqueiro/São Brás.

“Além da renovação da frota, estamos garantindo que a população possa se deslocar gratuitamente nesses dias, reduzindo o impacto no orçamento das famílias e incentivando o uso do transporte coletivo para lazer, cultura e convivência social”, reforçou o prefeito.

A entrega dos novos ônibus ocorre um dia após o anúncio da nova tarifa do transporte urbano, que será de R$ 4,60.

O novo valor é inferior à proposta exigida pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel) e está em vigor desde segunda-feira, 14.

Desde logo, não deixou pra depois

O prefeito Igor Normando anunciou, na sexta-feira (11/04), que os ônibus de Belém serão gratuitos aos domingos e feriados, já a partir do domingo (13), ou seja, não haverá cobrança de passagem nesses dias específicos. O gestor municipal afirmou ainda que os 300 ônibus novos, com ar-condicionado e wi-fi, adquiridos pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel), serão entregues à população imediatamente.

Os novos veículos, chamados de “Geladão”, oferecem maior conforto e segurança aos usuários
A Prefeitura de Belém garantiu a gratuidade no transporte público desde domingo (13/04)

As informações foram dadas junto com o anúncio do valor de R$ 4,60 como a nova tarifa nos ônibus urbanos de Belém, bem abaixo do que havia sido sugerido pelo Conselho Municipal de Transporte.

“Acabamos de fechar um acordo para viabilizar a passagem de ônibus a R$ 4,60. Esse é um valor menor do que o acordo feito pela gestão anterior que previa passagem a R$ 5, e muito inferior ao que queria o Setransbel: R$ 5,80. Além disso, estamos exigindo que todos os novos ônibus com ar-condicionado, Wi-Fi e acessibilidade entrem imediatamente em circulação. E, junto com o governo do Estado, a Prefeitura vai garantir passe livre todos os domingos e feriados. É passagem de graça para todo morador de Belém, com catraca 100% livre e já começa a operar neste domingo”, explicou o gestor, em vídeo publicado nas redes sociais.

Acordo

O acordo judicial com o Setransbel, ao qual o prefeito Igor Normando se refere, havia sido efetivado na gestão passada e atrelava a compra dos novos ônibus ao aumento da tarifa para R$ 5. O atual gestor conseguiu refazer o acordo e determinar um valor mais baixo para a população, reafirmando o compromisso de ampliar e melhorar a qualidade do transporte público na capital paraense. Além disso, ainda possuem sistema de ar condicionado, wifi, iluminação de LED, poltronas estofadas, microcâmeras, catraca eletromecânica, validador eletrônico e janelas com vidros de borracha que permitem um maior conforto térmico.

Todos os ônibus possuem tecnologia de ponta que contam com telemetria, que pode gerenciar a frota e limitar a velocidade, além do botão do pânico, visando a segurança dos usuários e trabalhadores.

Fiscalização

A Secretaria Municipal de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade (Segbel) fiscalizou e garantiu o cumprimento do benefício e da circulação dos novos ônibus, assegurando a catraca livre e a circulação dos novos ônibus desde o início da manhã. Além dos locais de grande aglomeração de pessoas, como finais de linha, pontos de ônibus nos centros e nas áreas periféricas da cidade foram fiscalizados.

“A nossa fiscalização está na rua e o que foi determinado pela Prefeitura de Belém está sendo cumprido, tanto a catraca livre como os ônibus novos circulam para a população sem problema algum”, frisou Isaias Reis, diretor de transporte da Segbel.

Gratuidade aos domingos e feriados: a medida foi fiscalizada e garantida pela Prefeitura de Belém
Primeiro dia de catraca livre aos domingos e feriados, medida inédita anunciada pela Prefeitura de Belém, foi celebrado em peso pela população.
Belém com novos ônibus com ar condicionado, wifi e baixa emissão de poluentes

Semas realiza capacitação sobre Sistema Jurisdicional de REDD+ com povos indígenas

Oficina integra compromissos do Conselho de Política Indigenista do Pará e prepara lideranças indígenas para processo de consulta sobre a proposta de lei do SJREDD+

ASecretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), em parceria com a Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi), realiza neste fim de semana, dias 12 e 13, em Belém, a Oficina de Capacitação sobre o Sistema Jurisdicional de REDD+ (SJREDD+). O encontro ocorre no Centro de Treinamento da Semas, reunindo representantes indígenas de diversas etnorregiões do Pará.

A oficina foi uma demanda acordada nas reuniões do Conselho Estadual de Política Indigenista (CONSEPI), ocorridas em março deste ano, com o objetivo de capacitar lideranças indígenas sobre os temas que serão debatidos nas consultas prévias, livres e informadas (CPLIs) previstas para ocorrer ao longo de 2025.

Durante a abertura, a secretária dos Povos Indígenas do Pará, Puyr Tembé, e a

secretária adjunta de Gestão de Recursos Hídricos e Clima da Semas, Renata Nobre, destacaram a importância da oficina como ferramenta de participação de representantes dos povos indígenas no debate sobre políticas climáticas.

“Estamos vivenciando um momento muito importante para a política climática do Estado do Pará. A construção do Sistema Jurisdicional de REDD+ é resultado de anos de diálogo, aprendizado e compromissos assumidos em nível estadual, nacional e internacional. No entanto, entendemos que nenhuma política pública terá legitimidade ou eficácia se não for construída com a participação dos Povos Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais (PIQCTs), que são os principais guardiões das florestas”, ressaltou a secretária adjunta da Semas, Renata Nobre.

Durante a Oficina de Capacitação sobre o Sistema Jurisdicional de REDD+ (SJREDD+
Estamos vivenciando um momento muito importante para a política climática do Estado do Pará
Texto * Jamille Leão Fotos Daniel Lima - Ascom Semas

A secretária de Povos Indígenas, Puyr Tembé, também pontuou a importância da parceria no processo de construção do SJREDD+. “Os povos indígenas têm muito a contribuir com o enfrentamento à crise climática, porque, nós, historicamente, somos quem protege as florestas, os rios e a biodiversidade. Esta oficina é um passo necessário para garantir que a consulta prévia, livre e informada aconteça com tempo, com escuta e com clareza”, disse.

Na programação do sábado, 12, Renata Nobre apresentou a estrutura e os fundamentos do Sistema Jurisdicional de REDD+ do Pará, destacando o contexto legal e os compromissos climáticos assumidos pelo Brasil, como as NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), o avanço das discussões sobre mercado de carbono e os marcos estaduais, de 2019 a 2025, que sustentam a proposta.

Renata também apresentou conceitos-chave relacionados ao REDD+ e sistemas jurisdicionais, além de explicar a estrutura

de governança do SJREDD+, que envolve PIQCTs, o Governo do Pará, o ART TREES, um padrão que define como gerar créditos de carbono de forma ambiental e socialmen-

te responsável, e a Coalizão Internacional Leaf, uma parceria público-privada que visa reduzir o desmatamento até 2030 e apoiar financeiramente programas de redução de emissões em florestas.

Salvaguardas, ouvidoria e repartição de benefícios

Durante a tarde, os participantes aprofundaram o debate sobre os instrumentos de salvaguardas socioambientais do SJREDD+, com o objetivo de garantir que as ações de REDD+ sejam realizadas de maneira consistente com os princípios de sustentabilidade e respeito aos direitos humanos, apresentados por Poran Potiguara, representante da organização The Nature Conservancy (TNC), apoiadora técnica do Estado na construção do Sistema.

Poran Potiguara contextualizou os compromissos assumidos pelo Pará nos marcos de Cancun, a CONAREDD, que é uma comissão que define regras para o pagamento de quem reduz emissões de gases de efeito estufa e o programa REM, que premia quem protege florestas e mitigar as mudanças climáticas, explicando como funcionará o SISREDD+, e o sistema de monitoramento das salvaguardas com indicadores específicos.

Também foi apresentada a proposta de criação de uma Ouvidoria Climática, que deverá funcionar como um canal direto de escuta, denúncia e acompanhamento para povos indígenas e comunidades tradicionais no âmbito do SJREDD+.

“Esse treinamento é fundamental para que as comunidades indígenas compreendam, de forma clara e acessível, o que está sendo discutido em termos de políticas públicas. Precisamos de uma linguagem que respeite a tradição, seja dinâmica e comunicativa, para

Renata Nobre, Secretária adjunta de Gestão de Recursos Hídricos e Clima da Semas
Poran Potiguara, representante da organização The Nature Conservancy (TNC), apoiadora técnica do Estado na construção do Sistema
Puyr Tembé, secretária de Povos Indígenas

que as aldeias entendam a relevância dessas ações. Essa capacitação ajuda a garantir que o direito da consulta prévia seja exercido com consciência. É uma construção coletiva”, disse Maura Arapiun, da aldeia Braço Grande, da região do Baixo Tapajós, que participou do primeiro dia de evento.

Outros temas abordados ao longo da capacitação incluem a minuta do projeto de lei do SJREDD+, os mecanismos de acesso aos recursos do programa, o modelo de repartição de benefícios, o Subprograma Indígena dentro do SJREDD+ e o plano da CPLI voltado às populações indígenas. Para garantir a presença dos representantes indígenas, a Semas disponibilizou apoio logístico completo, conforme lista encaminhada pela Sepi. A oficina segue até o meio-dia deste domingo (13), com atividades de consolidação e escuta das contribuições dos participantes.

O processo de construção do sistema jurisdicional de Redd+ no Pará é baseado nas diretrizes estabelecidas pela Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC) e busca alcançar as metas pactuadas no Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA). O aporte de recursos provenientes da captação de

carbono tem potencial para reforçar a política ambiental do Estado, criando uma dinâmica que deverá estabelecer o novo modelo de desenvolvimento socioambiental preconizado pelo Governo do Pará.

Para ampliar a transparência sobre o sistema, a Semas disponibiliza no portal

www.semas.pa.gov.br/redd o histórico sobre o processo de construção, documentos oficiais, notícias e outras informações de interesse público.

Renata Nobre, Secretária adjunta de Gestão de Recursos Hídricos e Clima da Semas
No Centro de Treinamento da Semas, a capacitação sobre Sistema Jurisdicional de REDD, reunindo representantes indígenas de diversas etnorregiões do Pará.

Ideflor-Bio apresenta Rede de Sementes do Pará em evento sobre produtos florestais não madeireiros

Iniciativa reuniu estudantes, professores, gestores públicos e comunidades para promover a valorização dos produtos florestais sustentáveis da região

OInstituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), por meio da Diretoria de Gestão de Florestas Públicas de Produção (DGFLOP), participou da I Feira de Produtos Florestais Não Madeireiros realizada por alunos do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Campus Capitão Poço. O evento reuniu estudantes, professores, gestores públicos e representantes de comunidades para promover o conhecimento e a valorização dos produtos florestais sustentáveis da região.

Durante a programação, a engenheira florestal e gerente de Contratos Florestais do Ideflor-Bio, Cíntia Soares, apresentou a proposta da Rede

de Sementes do Estado do Pará, uma iniciativa que integra a política de bioeconomia do Estado, com foco no uso sustentável da floresta e na geração de alternativas de renda para comunidades tradicionais, agricultores familiares e povos originários.

Durante a programação, a engenheira florestal e gerente de Contratos Florestais do Ideflor-Bio, Cíntia Soares, apresentou a proposta da Rede de Sementes do Estado do Pará, uma iniciativa que integra a política de bioeconomia do Estado

Texto *Vinícius Leal Fotos Divulgação

Sobre o Plano

A Rede de Sementes do Pará é uma estratégia que visa conectar ofertantes e demandantes de sementes nativas, fortalecendo cadeias produtivas florestais, estimulando a restauração ecológica e contribuindo para o cumprimento das metas ambientais estaduais. A proposta também se insere nos objeti-

vos do Plano Estadual de Bioeconomia, ao aliar conservação ambiental com geração de renda e inclusão social.

“A Rede de Sementes representa uma importante política pública para impulsionar o manejo florestal sustentável, restaurar áreas degradadas e valorizar o conhecimento tradicional das comunidades. Estamos criando pontes entre a floresta

em pé e o desenvolvimento econômico, com justiça social e respeito ambiental”, afirmou Cíntia Soares durante sua apresentação na feira.

Aprendizagem

Para a diretora do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da Ufra, professora Gracialda Ferreira, a presença do Ideflor-Bio fortalece o papel da universidade como espaço de articulação entre ciência, políticas públicas e protagonismo estudantil. “Eventos como esse ampliam o olhar dos nossos alunos para as oportunidades que a floresta oferece de forma sustentável. A participação do Ideflor-Bio agrega conhecimento técnico e institucional à formação dos nossos futuros engenheiros florestais”, destacou.

A feira também contou com exposições de produtos locais, rodas de conversa, apresentações culturais e oficinas práticas, consolidando-se como uma importante iniciativa de valorização do saber técnico-científico aliado aos saberes tradicionais. A parceria entre academia, governo e sociedade civil sinaliza caminhos promissores para o fortalecimento da bioeconomia no Pará.

(*) IDEFLOR-BIO <<

Eventos como esse ampliam o olhar dos nossos alunos para as oportunidades que a floresta oferece de forma sustentável

Lideranças indígenas participam de oficina sobre sistema de comercialização de créditos de carbono

OGoverno do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), em parceria com a Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi), concluiu, no domingo (13), em Belém, uma oficina de capacitação sobre o Sistema Jurisdicional de REDD+ (SJREDD+) para povos indígenas.

Namofo Leo kaxuyana, da Terra Indígena Kaxuyana-Tunayana, reforçou que as explicações realizadas durante a capacitação serão encaminhadas para o território antes do início das consultas, para que a comunidade já esteja ciente sobre todo o processo.

“Eu achei interessante essa oficina. Eu não tinha muito conhecimento sobre como funciona o Redd+ e todo esse processo. Deram uma explicação bem técnica sobre o assunto e a gente compreendeu.

Agora teremos que levar essas informações para os nossos territórios”, destacou.

A oficina é resultado de uma deliberação definida durante o Conselho Estadual de Política Indigenista (Consepi), em março deste ano e tem o objetivo de capacitar lideranças e conselheiros indígenas sobre os temas que serão debatidos durante as consultas prévias, livres e informadas (CPLIs) previstas para ocorrer ao longo de 2025 em territórios indígenas do Pará.

A secretária adjunta de Gestão de Recursos Hídricos e Clima da Semas, Renata Nobre, iniciou apresentando as propostas de repartição de benefícios do estado do Pará e a metodologia de alocação dos recursos. Durante a tarde, Andrelina Ribeiro, da Semas, explicou os mecanismos de acesso aos recursos.

Oficina de capacitação sobre o Sistema Jurisdicional de REDD+ (SJREDD+)
A oficina é resultado de uma deliberação definida durante o Conselho Estadual de Política Indigenista (Consepi)
Texto *Fabricio Nunes

Ela também destacou as políticas que alcançam os objetivos do programa, com desenvolvimento de baixas emissões, como políticas de atuação para territórios sustentáveis, com integração de ações e atores locais; plano de recuperação da vegetação nativa, com restauração de áreas degradadas, plano estadual de bioeconomia, com a valorização de produtos da floresta, entre outros.

Pela tarde, Andrelina Serrão, coordenadora de Políticas Públicas da Semas, destacou outros temas voltados para o mecanismo de acesso aos recursos de Redd+ e reforçou a importância e o compromisso do governo do estado quanto ao diálogo com os povos.

“Foi importante essa capacitação para que eles saibam o que já foi construído, o que já está sendo planejado e sendo atualizado sobre os temas do sistema jurisdicional de Redd.

Aproveitamos para abrir o diálogo e contribuições, para que a gente possa levar as consultas da melhor forma possível, na linguagem apropriada, conteúdo adequados, para que sejam compreendidos e a gente possa alcançar o objetivo, que é o consentimento sobre o sistema e a estratégia de repartição de benefícios”, pontuou.

Ronaldo Amanayé, representante da Federação dos Povos Indígenas dos Estado do Pará (Fepipa), afirmou que a capacitação foi fundamental para que os povos indígenas pudessem compreender os deta-

lhes sobre a construção do processo.“Essa oficina foi importante para que os conselheiros, as lideranças indígenas possam compreender mais sobre esse tema, assim como toda a questão do processo de consulta. Muitos o povos querem saber como ele funciona. Muitos povos já querem ser consultados, outros querem mais informações. Estamos pautando temas como, por

foi fundamental para que as lideranças indígenas pudessem compreender os detalhes sobre a construção do processo.

exemplo, mecanismos de acesso, repartição de benefício, minuta do processo. Nós, quanto Fepipa, deixamos claro que esse processo de consulta é obrigatório, mas nós só vamos saber, logicamente, durante esse processo, quais povos vão aceitar esse sistema jurisdicional”, disse. SJREDD+ - o processo de construção do Sistema Jurisdicional de REDD+ no Pará é baseado nas diretrizes estabelecidas pela Política Estadual sobre Mudanças Climáticas (PEMC) e busca alcançar as metas pactuadas no Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA). Os recursos do Sistema de REDD+ serão provenientes da comercialização dos créditos de carbono e visam reforçar as ações de combate ao desmatamento e proteção da floresta. Para ampliar a transparência sobre o sistema, a Semas disponibiliza no portal www.semas. pa.gov.br/redd o histórico sobre o processo de construção, documentos oficiais, notícias e outras informações de interesse público.

(*) SEPI <<

Andrelina Serrão, coordenadora de Políticas Públicas da Semas, destacou outros temas voltados para o mecanismo de acesso aos recursos de Redd+
A capacitação

Calçadão se transforma em espaço verde urbano

Projeto paisagístico é exemplo de como pequenos espaços urbanos podem ser transformados, promovendo a qualidade de vida e o contato com a natureza.

APrefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), revitalizou o calçadão localizado em frente ao Mercado de São Brás com um projeto paisagístico transformador. A ação foi realizada no último sábado, 12. O local, agora conhecido como uma charmosa pracinha, recebeu o plantio de diversas espécies forrageiras e o transplante de três palmeiras adultas, que já oferecem sombra e frescor imediatos.

A iniciativa priorizou a sustentabilidade e a integração com a natureza. O que antes era apenas uma área cimentada, com poucas plantas rasteiras, foi completamente transformado em um belo espaço verde.

O centro comercial de São Brás concentra um grande fluxo de pessoas e veículos, mas tem pouca arborização, o que contribui para o desconforto térmico de quem circula, mora ou trabalha na região. “Aqui, quando dá meio-dia, a gente não aguenta ficar nem na porta”, relata Letícia Brito, funcionária de uma loja de bijuterias no bairro. “Agora, com essa pracinha, ficou muito legal, até mesmo para quem quer bater foto. Ficou muito bom”, parabeniza.

A pracinha, mesmo antes de ser finalizada, já chamava a atenção de quem passava pelo local. A transformação foi aprovada pela comunidade. José Maria é vendedor de picolé e se surpreendeu com a mudança: “De manhã não tinha essa pracinha aqui. Agora voltei pra trabalhar e, quando olho,

que antes era apenas uma

onde não tinha nada, tem uma praça. Muito bom, inclusive pra atrair clientes”.

Os técnicos da Semma já estão mapeando outros espaços que possam receber esse tipo de intervenção, como explica Alessandra Guia, diretora do Departamento de Áreas Verdes Públicas (DAVP) da Semma e responsável pela obra. “Nosso objetivo é criar um ambiente acolhedor e funcional que promova o bem-estar da comunidade. As palmeiras, além de embelezarem o local, oferecem sombra essencial nos dias mais quentes. E ainda temos bancos de madeira — na verdade, troncos de árvores que caíram”, diz.

A Semma segue identificando outros pontos da cidade que podem receber intervenções semelhantes.

A iniciativa é um exemplo de como o paisagismo pode transformar pequenos espaços urbanos, promovendo qualidade de vida e o contato direto com a natureza.

Espaço verde revitaliza o cenário urbano no Complexo de São Brás
Paisagismo inovador já pode ser contemplado pela população que vive no entorno
O
área cimentada, com poucas plantas rasteiras, foi completamente transformado em um belo espaço verde.

Algumas fêmeas de beija-flores evoluem plumagem masculina para evitar agressões

Honestidade parcial em um polimorfismo de beija-flor fornece evidências de um equilíbrio híbrido

Por que os humanos usam roupas? Um dos motivos é que mudar de roupa permite que as pessoas personalizem seu visual na esperança de atrair ou evitar atenção. Uma nova pesquisa liderada pela Universidade de Washington descobriu que os beija-flores podem adotar uma abordagem semelhante.

Já se sabe há algum tempo que algumas — mas não todas — fêmeas de beija-flores jacobinos de pescoço branco assumem a plumagem de cores brilhantes usada pelos machos. Em um estudo publicado no Animal Behaviour , uma equipe de pesquisadores da UW e da Carnegie Mellon University descobriu o motivo: elas estão imitando os machos. Essa trapaça resulta em menor agressão de outros beija-flores e maior acesso a recursos de néctar.

“Esta pesquisa pega um modelo mental que descrevemos há algum tempo em nossos artigos e lhe dá uma espinha dorsal matemática”, disse Jay Falk, um

biólogo evolucionista que liderou esta pesquisa enquanto trabalhava como acadêmico de pós-doutorado no departamento de biologia da UW. “Pode ser fácil pensar na seleção natural como uma força que está constantemente escolhendo um único ótimo. Mas este modelo acrescenta à nossa compreensão de como a diversidade, especialmente a diversidade dentro dos sexos, pode ser um final de jogo estável”.

Confiando nos princípios da teoria dos jogos e incorporando dados comportamentais coletados anteriormente, os pesquisadores desenvolveram um modelo de comportamento do beija-flor para entender melhor como alguns pás-

saros escolhem suas cores. As descobertas mostraram que “sinais híbridos” — um equilíbrio que pode ocorrer quando os sinalizadores em uma determinada situação podem ser desonestos — provavelmente existem na natureza.

“Nesses beija-flores, as fêmeas querem imitar os machos”, disse Kevin Zollman, coautor do estudo e diretor do Instituto de Dinâmica Social Complexa da Carnegie Mellon. “Se todas fizessem isso, acabariam sendo desacreditadas. Então, elas acabam se estabelecendo em um equilíbrio onde algumas delas ‘mentem’ e, às vezes, são ‘acreditadas’.”

Esse mimetismo ajuda a explicar como o polimorfismo feminino — no qual as fêmeas de uma espécie podem assumir muitas formas — persiste entre os jacobinos de pescoço branco e outras espécies de beija-flores.“Este modelo explica elegantemente esse intrigante polimorfismo feminino em uma espécie, mas também oferece uma estrutura para estudar previsões testáveis de diferenças de plumagem, ou falta delas, entre os sexos entre os beija-flores”, disse Alejandro Rico-Guevara, professor assistente de biologia da UW e coautor do estudo.

“Podemos usar isso para entender sinais além da coloração da plumagem, como diferentes comportamentos ou partes do corpo, como caudas longas ou sinais auditivos, o que acarretaria custos diferentes para os sinalizadores e resultados diferentes do modelo”.

Colibri jacobino de pescoço branco
Então, elas acabam se estabelecendo em um equilíbrio onde algumas delas “mentem” e, às vezes, são ‘acreditadas’ “
Texto *Alden Woods, Universidade de Washington Fotos Animal Behaviour, Smithsonian Magazine, Universidade de Washington,

Fenômenos El Niños consecutivos estão acontecendo mais e o resultado é mais devastador

El Niño, um causador de problemas climáticos, tem sido há muito tempo um dos maiores impulsionadores da variabilidade no clima global.

A cada poucos anos, o Oceano Pacífico tropical oriental oscila entre as fases quente (El Niño) e fria (La Niña). Isso reorganiza os padrões de precipitação, desencadeando inundações, secas e tempestades a milhares de quilômetros da origem no Pacífico.

Os eventos El Niño de 1997–98 e 2015–16, por exemplo, trouxeram inundações catastróficas ao Pacífico oriental, ao mesmo tempo que mergulharam a África, a Austrália e o sudeste da Ásia em secas severas.

Essas perturbações não alteram apenas o clima, mas devastam plantações, causam colapso na pesca , branqueiam recifes de corais , alimentam incêndios florestais e ameaçam a saúde humana .

O El Niño de 1997-98 sozinho causou uma estimativa de US$ 5,7 trilhões (£ 4,4 trilhões) em perdas de renda global.

Agora, algo mais alarmante está acontecendo: tanto o El Niño quanto a La Niña estão persistindo por mais tempo do que nunca, o que está ampliando seu potencial destrutivo.

Tradicionalmente, os eventos El Niño duram cerca de um ano, alternando-se com La Niña em um ciclo irregular a cada dois a sete anos .

E normalmente quando um evento El Niño ou La Niña termina, a perturbação dos padrões climáticos globais diminui gradualmente. Mas quando essas anoma-

lias persistem ou ressurgem, os danos se agravam e complicam os esforços de recuperação. Por exemplo, uma seca de um ano causada pelo El Niño pode desafiar os sistemas agrícolas, mas anos consecutivos de seca podem sobrecarregá -los. Nas últimas décadas, esses padrões climáticos têm persistido por mais tempo e se repetido com mais frequência. Um exemplo marcante é o La Niña de 20202023, um raro evento de “triplo mergulho” que durou três anos. Em vez de retornar às condições neutras, essas anomalias

Mapas globais da Terra no Oceano Atlântico mostram padrões de temperatura da superfície do mar durante episódios de El Niño (esquerda) e La Niña (direita). As cores ao longo do equador mostram áreas que são mais quentes ou mais frias do que a média de longo prazo
El Niño, causador de problemas e um dos maiores impulsionadores da variabilidade no clima global
Texto *Zhengyao Lu Fotos Lu et al. (2025), Nature, NOAA, Steve Albers, The Conversation

estão prolongando a devastação e tornando a recuperação cada vez mais difícil.

Em um estudo recente na Nature Geoscience, meus colegas e eu revelamos que eventos Enso (El Niño-oscilação sul, ou tanto El Niño quente quanto La Niña fria) multianuais têm aumentado constantemente nos últimos 7.000 anos, e agora são mais frequentes do que nunca. Isso se deve a uma mudança fundamental no sistema climático da Terra.

Prova clara dessa mudança vem de corais antigos no Pacífico central. Essas cápsulas do tempo fossilizadas preservam um registro climático que remonta a milhares de anos. Ao analisar isótopos de oxigênio em seus esqueletos, os cientistas podem reconstruir temperaturas oceânicas passadas e a atividade do Enso.

O que descobrimos é notável: no início do Holoceno (7.000 anos atrás), eventos Enso de um ano eram a norma. Mas, com o tempo, eventos multianuais se tornaram cinco vezes mais comuns.

Para confirmar isso, recorremos a simulações de computador sofisticadas que replicam o sistema climático da Terra. Os últimos avanços nesses modelos climáticos globais nos permitem simular a dinâmica do Enso que remonta a centenas de milhões de anos , em condições climáticas e arranjos continentais muito diferentes.

Em nosso estudo, usamos um grupo de modelos contribuídos por equipes de pesquisa internacionais para rastrear a evolução do Enso ao longo de milênios,

incorporando fatores como circulação oceânica, condições atmosféricas, mudanças na vegetação e radiação solar. Os resultados se alinham com os registros de corais: os eventos Enso se tornaram mais prolongados ao longo do tempo.

O papel da órbita da Terra e dos humanos

Essa tendência de eventos Enso durarem mais começou gradualmente no Holoceno e está ligada a mudanças na termoclina do Oceano Pacífico, que é o limite entre águas superficiais quentes e águas profundas mais frias. Ao longo de milênios, a termoclina do Pacífico tro-

pical se tornou mais rasa e mais estratificada, permitindo uma interação mais eficiente entre a atmosfera e o oceano que permite que eventos El Niño e La Niña persistam por mais tempo.

O principal impulsionador dessa estratificação tem sido a lenta mudança na órbita da Terra, que altera a distribuição da energia solar que nosso planeta recebe. Essas variações orbitais influenciaram sutilmente as temperaturas do oceano superior no Pacífico tropical, empurrando o Enso para fases mais longas. Esse processo lento se desenrolou naturalmente, mas agora há uma nova e poderosa força acelerando-o: a mudança climática causada pelo homem.

A colônia à esquerda permanece sem branqueamento

Esquerda: Uma representação estilizada do efeito estufa natural. A maior parte da radiação solar atinge a superfície da Terra. Os gases que retêm calor naturalmente, incluindo vapor de água, dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, não absorvem a energia de onda curta do sol, mas absorvem a energia de onda longa reirradiada da Terra, mantendo o planeta muito mais quente do que seria de outra forma. Direita: Nesta representação estilizada do efeito estufa intensificado pelo homem, as atividades humanas, predominantemente a queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), estão aumentando os níveis de dióxido de carbono e outros gases que retêm calor, aumentando o efeito estufa natural e, portanto, a temperatura da Terra. (Fonte da figura: modificada do National Park Service).

As emissões de gases de efeito estufa, predominantemente da queima de combustíveis fósseis, estão turbinando essa tendência . O calor extra preso na atmosfera e no oceano está tornando as condições ainda mais favoráveis para eventos Enso persistentes, e possivelmente mais intensos .

O que antes era uma evolução lenta e natural agora está acelerando a uma taxa alarmante. Ao contrário das mudanças climáticas anteriores, esta está acontecendo em nossas vidas, com consequências que já podemos ver .

As implicações são impressionantes. Se os eventos Enso continuarem duran-

Elevação do nível do mar, podem enfrentar tempestades ainda mais destrutivas, alimentadas por condições prolongadas do El Niño. hora de agir é agora, antes que a próxima onda de choque Enso de vários anos aconteça.

do mais, podemos esperar secas mais frequentes e prolongadas, ondas de calor, incêndios florestais, inundações e temporadas de furacões intensos consecutivos causados por Enso multianual. Agricultura, pesca, abastecimento de água e sistemas de resposta a desastres enfrentarão uma pressão cada vez maior. Cidades costeiras, que já enfrentam dificuldades com a elevação do nível do mar, podem enfrentar tempestades ainda mais destrutivas, alimentadas por condições prolongadas do El Niño. Isso é menos um quebra-cabeça científico do que uma crise crescente. Embora não possamos mudar a órbita da Terra, podemos cortar as emissões de carbono, fortalecer os esforços de resiliência climática e nos preparar para condições climáticas extremas mais persistentes. A ciência é clara: El Niño e La Niña estão persistindo por mais tempo, e suas consequências serão sentidas em todo o mundo.

La Niña terminou

Após apenas alguns meses de condições de La Niña, o Pacífico tropical está agora neutro em relação ao ENSO, e os meteorologistas preveem que a neutralidade continuará durante o verão no Hemisfério Norte. Neutralidade também é o estado mais provável durante o outono (chance superior a 50%).

O que é ENSO?

O que significa neutro?

ENSO significa “ El Niño/Oscilação Sul “, um padrão de mudanças na temperatura da superfície oceânica e na circulação atmosférica da região do Pacífico tropical. La Niña significa que a água da superfície está mais fria do que a média, os ventos alísios estão mais fortes e o Pacífico equatorial central recebe menos chuva. Por outro lado, El Niño é representado por águas superficiais mais quentes, ventos alísios mais fracos e mais chuva no Pacífico central e, às vezes, no Leste. Ambas as fases do ENSO alteram os padrões climáticos e meteorológicos globais , incluindo padrões de temperatura e chuva / neve , furacões, tornados e muitos outros impactos. Como El Niño e La Niña podem ser previstos com meses de antecedên-

cia, suas mudanças climáticas globais nos permitem ter uma visão antecipada

Histórico de 2 anos das temperaturas da superfície do mar na região Niño-3.4 do Pacífico tropical para todos os eventos de La Niña desde 1950 (linhas cinzas) e o evento recente (2024-25) (linha roxa). Após uma queda na La Niña por alguns meses, o índice Niño-3.4 retornou a uma temperatura próxima à média em março de 2025. Gráfico de Emily Becker, baseado em dados mensais do índice Niño-3.4 do CPC usando ERSSTv5

dos padrões sazonais futuros. “ENSO-neutro” significa que nem El Niño nem La Niña estão em vigor, e as condições sazonais globais são menos previsíveis.

Um breve fenômeno La Niña

Como sabemos que La Niña terminou? Nossa principal métrica para ENSO é a temperatura da superfície do oceano na região Niño-3.4 do Pacífico centro-leste. A temperatura da superfície nessa região é comparada à média de longo prazo, fornecendo-nos um índice que mede o quanto a água está mais quente ou mais fria do que a média. O longo prazo é atualmente 1991-2020 (mais sobre isso depois!). O limiar de La Niña é um índice Niño-3.4 de pelo menos -0,5 °C (-0,9 °F). Com o índice Niño-3.4 de março de 2025 medindo -0,01 °C (ou seja, quase idêntico à média de 19912020), de acordo com nosso conjunto de dados de temperatura da superfície do mar mais confiável (ERSSTv5), podemos dizer com confiança que as con-

O padrão climático La Niña termina quando o Oceano Pacífico retorna ao estado neutro
Texto *Emily Becker Fotos Centro de Previsão Climática da NOAA.

dições de La Niña terminaram. No mês passado, em março, os meteorologistas previam que condições neutras se desenvolveriam muito em breve, e de fato se desenvolveram. A combinação do enfraquecimento das temperaturas abaixo da média no Pacífico central e a expansão para oeste de águas muito quentes no extremo leste do Pacífico ajudaram a dissipar a superfície mais fria do fenômeno La Niña.

Nos últimos meses, houve uma quantidade substancial de água mais fria do que a média sob a superfície do Pacífico equatorial, mas isso também diminuiu nas últimas semanas . O subsolo fornece uma fonte de combustível para a superfície, portanto, a redução acentuada da água mais fria é mais um indício de que o fenômeno La Niña acabou.

O ENSO é um sistema acoplado oceano-atmosfera , o que significa que mudanças características são necessárias tanto no oceano quanto na circulação atmosférica sobrejacente para se qualificar como La Niña ou El Niño. Durante o La Niña, a circulação de Walker — o ciclo de reviravolta na atmosfera sobre o Pacífico tropical — é intensificada, sinalizada pe-

Esta animação mostra as temperaturas semanais da superfície do mar no Oceano Pacífico em comparação com a média do final de janeiro ao início de abril de 2025. As áreas em laranja e vermelho foram mais quentes que a média; as áreas em azul foram mais frias que a média. As temperaturas da superfície do mar causadas pelo fenômeno La Niña, mais frias que a média, na região-chave do Pacífico tropical monitorada pelo ENSO (delineada com uma caixa preta), dissiparam-se nas últimas semanas. Animação do NOAA Climate.gov, baseada em dados do Coral Reef Watch e mapas do NOAA View. ASSISTA o GIF em: https://www.climate.gov/media/16905

los ventos alísios mais fortes, mais tempestades sobre a Indonésia e uma região do Pacífico central menos chuvosa. Esses sinais atmosféricos de La Niña ainda estavam presentes em março, mas sem o componente de temperatura da superfície do oceano, o sistema geral se qualifica como ENSO neutro.

Uma questão de tempo

Como mencionado acima, nossa definição de “longo prazo” é atualmente a média de 1991 a 2020. O uso de uma média de 30 anos para a previsão climática sazonal é o padrão da Organização Meteorológica Mundial. Para a maioria dos propósitos de previsão, o período médio é atualizado a cada 10 anos, mas para a previsão do ENSO, nós o atualizamos a cada 5 anos, para tentar levar em conta as mudanças no Oceano Pacífico tropical. Além disso, a tabela histórica do ENSO utiliza um período de média centralizada , ou seja, os anos individuais de 1986 a 1990 são comparados à média de 30 anos de 1971 a 2000, e os anos de 1991 a 1995 são comparados à de 1976 a 2005.

A razão para mencionar esse detalhe é que o inverno passado não se qualifica como um evento La Niña em nossa tabela histórica , porque não durou 5 temporadas consecutivas (chamamos qualquer média de 3 meses de temporada ) excedendo o limite de -0,5 °C. No entanto, em 2036, o inverno passado estará próximo do meio de um período de 30 anos (2006–2035), o que provavelmente será mais quente do que a média de 1991–2020. Assim, com o benefício de mais uma década, a pequena La Niña deste ano pode ser mais fria quando comparada a esse período médio mais quente. Portanto, em 2036, o inverno de 2024–25 pode acabar colorido de azul e ser considerado uma La Niña formal na tabela histórica. Essa complexidade é uma das razões pelas quais temos mencionado anomalias relativas da temperatura da

Períodos médios de trinta anos que a NOAA utiliza para calcular a intensidade dos eventos históricos de El Niño e La Niña. Dados do Climate.gov extraídos do ERSSTv5, com base no original do CPC

superfície do mar, que são as diferenças de temperatura da superfície do mar em relação à média em um local específico, como a região Niño-3.4, em relação a toda a temperatura média da superfície do mar tropical. Ao usar medidas de temperatura relativa da superfície do mar, podemos pular o cálculo de todas essas climatologias contínuas. Para o índice relativo, precisamos usar apenas uma única climatologia em todo o registro histórico. o índice relativo Niño-3.4 também tem sido melhor do que os índices mais tradicionais na descrição da intensidade da resposta atmosférica esperada ao ENSO durante esta última La Niña.

As perspectivas para o resto de 2025

É provável que o ENSO seja neutro durante o verão. As chances de El Niño ou La Niña aumentam no final do ano, com chances de La Niña cerca do dobro das de El Niño, mas a neutralidade ainda é a maior probabilidade durante o início do inverno. Essa perspectiva se baseia, em grande parte, em pre -

Das três possibilidades climáticas — La Niña, El Niño e neutro — as previsões indicam que as condições ENSO neutras (barras cinzas) são as mais prováveis para a primavera e o verão no Hemisfério Norte. Para o outono, o neutro ainda é o mais provável, mas as chances de La Niña (barras azuis) ou El Niño (barras vermelhas) estão aumentando. Imagem do Centro de Previsão Climática da NOAA.

visões de modelos climáticos computadorizados. O consenso do Conjunto Multimodelo Norte-Americano , um conjunto de modelos climáticos, também prevê resultados neutros, mas há uma gama substancial de resultados potenciais para o final do ano.

Gráfico de linhas mostrando as temperaturas observadas e previstas (linha preta) na principal região de monitoramento do ENSO no Pacífico tropical, da primavera de 2025 até o outono. O sombreamento cinza mostra a amplitude térmica prevista por modelos individuais que fazem parte do Conjunto de Multimodelos da América do Norte (NMME, na sigla em inglês). No final do verão, o sombreamento se estende de El Niño a La Niña, mostrando a amplitude térmica dos estados potenciais do ENSO. No entanto, a maioria das previsões dos modelos concentra-se na faixa neutra, o que significa que a maior probabilidade é de que a temperatura na região Niño-3,4 do Pacífico tropical esteja próxima da média. Imagem do NOAA Climate.gov, com base em dados fornecidos pelo Climate Prediction Center.

Sabe-se que as previsões feitas na primavera são menos bem-sucedidas do que as feitas no restante do ano, um efeito chamado de “barreira de previsibilidade da primavera”. Não sabemos ao certo por que as previsões são piores nesta época do ano, mas um possível culpado é que o ENSO tende a mudar de fase (por exemplo, passando de La Niña para neutro). Os pesquisadores esperam que o Pacífico tropical permaneça neutro em relação ao ENSO durante o verão e, muito provavelmente, também durante o outono, de acordo com o blog NOAA ENSO. Neutralidade ENSO não significa que teremos um clima médio ou previsível daqui para frente — há muitos outros padrões climáticos que influenciam. De fato, algumas áreas terrestres têm um padrão climático repetível durante os eventos El Niño e La Niña, portanto, o clima é menos previsível durante a neutralidade ENSO, de acordo com a NOAA . À medida que a primavera se transforma em verão, nossa bola de cristal deve ficar mais clara. Por enquanto, vamos nos despedir de La Niña e esperar em ponto morto.

Risco de aquecimento global amplificado devido aos feedbacks do clima e do ciclo do carbono

Isso levaria a mais inundações, fome e ondas de calor catastróficas...

Àluz das incertezas sobre a sensibilidade climática e as futuras emissões antropogênicas de gases de efeito estufa, foram explorados a plausibilidade do aquecimento global no próximo milênio, que é significativamente maior do que o que normalmente é esperado. Embora os esforços para descarbonizar a economia global tenham deslocado significativamente as emissões antropogênicas globais para longe dos cenários de emissão mais extremos, os cenários de emissão intermediários ainda são plausíveis. O

aquecimento significativo nesses cenários não pode ser descartado, pois as incertezas na sensibilidade climática de equilíbrio (ECS) permanecem muito grandes. Até agora, as projeções de mudanças climáticas de longo prazo e suas incertezas para tais cenários não foram investigadas usando modelos do sistema terrestre (ESMs) que consideram todos os principais feedbacks do ciclo do carbono. O aquecimento global ao longo deste milênio pode exceder estimativas anteriores devido aos ciclos de feedback do ciclo do carbono.

Esta é a conclusão de um novo estudo do Instituto de Pesquisa de Impacto Climático de Potsdam (PIK). A análise mostra que atingir o objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2°C só é viável em cenários de emissões muito baixas e se a sensibilidade climática for menor do que as melhores estimativas atuais. O artigo é o primeiro a fazer projeções de longo prazo para os próximos 1.000 anos, ao mesmo tempo em que considera os feedbacks do ciclo do carbono atualmente estabelecidos, incluindo o metano.

Degelo do permafrost: uma importante fonte de gases de efeito estufa que pode levar o aquecimento global além de 2°C

Com estudos limitados de feedbacks biofísicos sobre a temperatura nos trópicos, especialmente em terras áridas, usamos várias plataformas de satélite para determinar a influência de plantas de terras áridas tropicais na temperatura da superfície.

a Mitigação é definida aqui como a redução da quantidade de CO2 e outros agentes climáticos liberados na atmosfera, seja reduzindo as atividades de origem (por exemplo, menos consumo de energia), aumentando a eficiência (reduzindo assim as emissões por unidade da atividade, por exemplo, kWh de energia produzida) ou removendo agentes como CO2 diretamente na fonte antes de sua emissão, por exemplo, do fluxo concentrado de CO2 em usinas de energia ou industriais. Para o último, o CO 2 capturado pode ser armazenado no subsolo (CCS — captura e armazenamento de carbono) ou utilizado em materiais de longa duração, como cimento à base de carbonato (CCU — captura e utilização de carbono). b Em contraste com a mitigação (incluindo CCS e CCU), a remoção de dióxido de carbono (CDR) visa reduzir a quantidade de CO2 após sua emissão na atmosfera ambiente, reduzindo assim o aquecimento do efeito estufa devido à absorção de radiação terrestre (setas vermelhas). As principais técnicas propostas são baseadas na absorção de CO2 pela fotossíntese (técnicas 1–5) ou por reações químicas

abióticas (técnicas 6 e 7), seguidas pelo armazenamento do carbono em vários reservatórios da biosfera ou geosfera. c Técnicas de geoengenharia de forçamento radiativo visam modificar o balanço de energia radiativa da atmosfera-superfície para neutralizar parcialmente o aquecimento global, por duas abordagens distintas: aumentando a quantidade de radiação solar de onda curta (setas amarelas) que é refletida de volta para o espaço (técnicas 8, 9, 11 e 12), ou aumentando a quantidade de radiação terrestre de onda longa que escapa para o espaço (técnica 10). O foco desta classe de técnicas é induzir um forçamento radiativo negativo (ou seja, resfriamento). Assim, em vez dos termos comumente usados como gerenciamento de radiação solar (SRM) e modificação de albedo, que se concentram apenas nas técnicas de radiação solar e excluem a modificação da radiação terrestre pelo afinamento das nuvens cirros, introduzimos o termo geoengenharia climática baseada em forçamento radiativo, que abreviamos para geoengenharia de forçamento radiativo (RFG)

“O estudo demonstra que mesmo em cenários de emissão tipicamente considerados ‘seguros’, onde o aquecimento global é geralmente considerado como permanecendo abaixo de 2°C, os feedbacks do clima e do ciclo do carbono, como o degelo do permafrost, podem levar a aumentos de temperatura substancialmente acima desse limite”, diz a cientista do PIK Christine Kaufhold, autora principal do

artigo publicado na Environmental Research Letters. “Descobrimos que o pico de aquecimento pode ser muito maior do que o esperado anteriormente em cenários de emissão baixa a moderada”.

O aquecimento global está a ficar fora de controle: a Terra poderá aquecer 7°C até 2200 - mesmo que as emissões de CO2 sejam moderadas

O estudo projeta os impactos de longo prazo das mudanças climáticas induzidas pelo homem e destaca que mesmo pequenas mudanças nas emissões podem levar a um aquecimento muito maior do que o previsto anteriormente, complicando ainda mais os esforços para atingir as metas do Acordo de Paris.

“Isso destaca a necessidade urgente de esforços ainda mais rápidos de redução e remoção de carbono”, diz Kaufhold.

A maioria dos estudos é de curto prazo demais para capturar o pico de aquecimento, pois eles terminam em 2100 ou 2300. A equipe usou o modelo de sistema terrestre recém-desenvolvido

pelo PIK, CLIMBER-X, para simular cenários climáticos futuros ao longo do próximo milênio sob três trajetórias de emissões baixas a moderadas – caminhos que se alinham com as tendências recentes de descarbonização. O CLIMBER-X integra os principais processos físicos, biológicos e geoquímicos, incluindo condições atmosféricas e oceânicas. Ele também representa um ciclo de carbono interativo, incluindo metano, para simular como o sistema terrestre responde a diferentes forças climáticas, como emissões de gases de efeito estufa causadas pelo homem.

Sensibilidade climática moldando resultados climáticos futuros

As simulações do estudo consideram uma gama de sensibilidades climáticas de equilíbrio (ECSs) entre 2°C e 5°C, definidas como “muito prováveis” pelo IPCC. A ECS é uma medida crítica na ciência do clima, estimando o aumento da temperatura global associado à duplicação das concentrações de CO 2 . “Nossos resultados mostram que a meta do Acordo

Mudanças na temperatura média anual do ar próximo à superfície em fatias de tempo selecionadas em relação ao período pré-industrial sob os cenários de emissão SSP1-2.6, SSP4-3.4 e SSP2-4.5 e diferentes condições ECS

(a)–(c) Pico de aquecimento por volta do ano 2300 EC, (d)–(i) aumento de temperatura restante até o final do milênio atual para (a)–(f) ECS = 3 °C e (g)–(i) ECS = 5 °C. As linhas magenta (a)–(i) exibem a extensão máxima anual do gelo marinho, enquanto as linhas ciano (a)–(i) exibem a área do

permafrost. Mudanças de temperatura média zonal (j)–(l) são mostradas adicionalmente para SSP1-2.6 (azul), SSP43.4 (amarelo) e SSP2-4.5 (vermelho) nas linhas. Os intervalos de contorno e a barra de cores são não lineares para fornecer clareza visual de pequenas mudanças de temperatura

de Paris só é atingível em cenários de emissão muito baixa e se a ECS for menor do que as melhores estimativas atuais de 3 o C”, diz o cientista do PIK Matteo Willeit, coautor do estudo. “Se a ECS exceder 3°C, a redução de carbono deve acelerar ainda mais rapidamente do que se pensava anteriormente para manter a meta de Paris ao alcance.” O artigo destaca o papel importante que a ECS desempenha na formação de resultados climáticos futuros, ao mesmo tempo que

As condições muito quentes para que as culturas comuns crescessem adequadamente, causaria insegurança alimentar global e fome. Na foto, safra de trigo morta após uma seca

revela os riscos de não estimar com precisão a ECS. Ele enfatiza a necessidade urgente de quantificar com mais precisão essa métrica e restringi-la melhor. “Nossa pesquisa deixa isso inequivocamente claro: as ações de hoje determinarão o futuro da vida neste planeta pelos próximos séculos. A janela para limitar o aquecimento global a menos de 2°C está se fechando rapidamente. Já estamos vendo sinais de que o sistema da Terra está perdendo resi -

liência, o que pode desencadear feedbacks que aumentam a sensibilidade climática, aceleram o aquecimento e aumentam os desvios das tendências previstas. Para garantir um futuro habitável, precisamos urgentemente intensificar nossos esforços para reduzir as emissões. A meta do Acordo de Paris não é apenas uma meta política, é um limite físico fundamental”, conclui o diretor do PIK, Johan Rockström, coautor do artigo.

Estes gráficos representam as mudanças globais em (a)–(c) temperatura do ar na superfície e (d)–(f) concentração atmosférica de CO2 de 1850 a 3000, nos três cenários

Sonda espacial mapeará em 3D as florestas tropicais da Terra

Um scanner de radar especial em uma sonda, chamada Biomass, mostrará os recônditos das florestas tropicais mais remotas do mundo

Equipada com um novo radar de abertura sintética de banda P, a missão do satélite Earth Explorer Biomass da ESA foi projetada para fornecer informações completamente novas sobre a altura da floresta e a biomassa florestal acima do solo a partir do espaço.

As florestas desempenham um papel crucial no ciclo de carbono da Terra ao absorver e armazenar grandes quantidades de carbono da atmosfera – ajudando, portanto, a manter nosso planeta fresco. No entanto, à medida que faixas de floresta continuam a ser desmatadas, o carbono

está sendo liberado de volta para a atmosfera e agravando as mudanças climáticas.

A 666 km acima, o instrumento Biomass será capaz de “ver” através da copa frondosa da floresta e medir a altura das árvores. Essas informações serão usadas para descobrir quanta biomassa – um proxy para carbono – está sendo armazenada nas florestas. Isso reduzirá as principais incertezas nos cálculos de estoques e fluxos de carbono na terra, incluindo fluxos de carbono associados à mudança no uso da terra, degradação florestal e recrescimento florestal.

Esta nave espacial de 1,25 toneladas, equipada com um radar de abertura sintética de banda P pioneiro e uma antena de 12 metros, orbitará a Terra por cinco anos. Sua missão é criar mapas 3D detalhados de florestas tropicais remotas na África, Ásia e América do Sul, penetrando copas densas para analisar a vegetação e coletar dados sobre o armazenamento de carbono

Além disso, o Biomass — que foi construído por um consórcio liderado pela Airbus UK e finan -

ciado pela Agência Espacial Europeia (ESA) — mapeará a geologia e a topografia do subsolo das florestas, ao mesmo tempo em que fornecerá

dados sobre a taxa em que a biodiversidade está sendo perdida à medida que as florestas são desmatadas para mineração e agricultura.

Fotos ESA/ATG medialab

Cientistas estão prestes a parti cipar de uma missão revolucio nária que visa criar mapas 3D detalhados das florestas tro picais mais remotas, den sas e escuras do mundo – do espaço sideral. O feito será alcançado usando um scanner de radar especial que foi instalado em uma sonda, chamada Biomass, que será disparada para a órbita da Terra no final deste mês de abril 2025. Pelos próximos cinco anos, a nave espacial de 1,25 toneladas varrerá as florestas tropicais da Áfri ca, Ásia e América do Sul e espiará através de suas densas copas de 40 m de altura para estu dar a vegetação que fica abaixo.

“Precisamos saber a saúde de nossas florestas tropicais”, disse Simonetta Cheli, diretora de Programas de Observação da Terra para a Esa, recentemente: “Precisamos saber a qualidade e a diversidade de sua vegetação e a quantidade de carbono armazenada ali. Para obter essa informação, criaremos imagens 3D delas – do topo do dossel da floresta até as raízes de suas árvores”.

As florestas tropicais desempenham um papel crucial na proteção do pla-

Os dados coletados pela Biomass serão então usados para criar mapas 3D exclusivos de florestas normalmente escondidas da visão humana. Menos de 2% da luz solar atinge o solo da floresta nessas regiões, mas a Biomass irá estudá-las em detalhes inigualáveis a uma altura de mais de 600 km. Mais importante, a missão permitirá que os cientistas calculem quanto carbono é armazenado nas florestas e meçam como os níveis estão mudando à medida que os humanos continuam a cortar árvores nos trópicos e aumentar os níveis de dióxido de carbono na atmosfera.

neta de alguns dos piores efeitos do aquecimento global porque absorvem muito dióxido de carbono da atmosfera: estimativas sugerem que elas absorvem cerca de oito bilhões de toneladas e são frequentemente descritas como os pulmões verdes da Terra. Mas o desmatamento e a degradação ambiental estão agora revertendo esse efeito. O carbono, antes armazenado em grandes quantidades, está sendo devolvido à atmosfera, aumentando

os níveis crescentes de gases de efeito estufa. Os pontos críticos incluem regiões do norte da América do Sul, África subsaariana, sudeste da Ásia e Pacífico, onde o aumento da produção de carne bovina, soja, café, cacau, óleo de palma e madeira está desencadeando o desmatamento generalizado. Quantificar o problema é essencial para prever o que vai acontecer com o clima da Terra nos próximos anos, disse Bjorn Rommen, cientista da missão

Simonetta Cheli, diretora de Programas de Observação da Terra para a ESA
Prof Shaun Quegan, da Universidade de Sheffield, líder da equipe de ciências da Biomassa

Ciclo global do carbono. Dados da missão Biomass reduzirão as principais incertezas nos cálculos de estoques e fluxos de carbono em terra, incluindo fluxos de carbono associados à mudança no uso da terra, degradação florestal e recrescimento florestal.

para o projeto Biomass: “Não entendemos corretamente quais mudanças estão ocorrendo agora, em parte porque não temos estimativas precisas dos níveis de carbono nessas florestas. A biomassa vai nos ajudar a ter uma melhor noção desses números”.

O Biomass está programado para ser lançado do espaçoporto da Esa perto de Kourou, na Guiana Francesa, em 29

de abril em um foguete VegaC e carregará um radar conhecido como radar de abertura sintética de banda P. Seu uso de sinais de comprimento de onda longo permitirá que ele olhe para baixo através das copas para avaliar quanto carbono está armazenado no chão e nos galhos das árvores nas florestas tropicais do mundo e para avaliar como os níveis estão mudando. Este tipo de ra-

dar nunca voou no espaço antes e exigiu que o Biomass fosse equipado com uma antena gigante de 12 m que será implantada quando a espaçonave começar sua varredura sobre a Terra.

“O que a missão fará, efetivamente, é pesar as florestas que estuda”, disse o líder da equipe de ciências da biomassa, Prof Shaun Quegan, da Universidade de Sheffield. “Sabemos que metade desse peso deve ser composto de carbono. Então, seremos capazes de pesar o conteúdo de carbono das florestas tropicais do mundo do espaço e, crucialmente, descobrir o quanto elas estão mudando ao longo do tempo. Então, saberemos o equilíbrio de carbono que está fluindo para e da atmosfera. Isso é extremamente importante”.

Este ponto foi apoiado por Cheli. “Precisamos ser capazes de prever como a Terra ficará conforme as temperaturas aumentam. Então, vamos integrar seus dados com IA e com outros elementos digitais de aprendizado de máquina e isso nos dirá o que provavelmente acontecerá no futuro. Isso nos dirá o que estamos enfrentando”.

Refletor de malha de arame de 12 metros da Biomass

Transformando vídeos comuns em hologramas 3D

Usando inteligência artificial novo método chamado holografia tensorial pode permitir a criação de hologramas em tempo real para realidade virtual, impressão 3D, imagens médicas e muito mais. Pode ser executada em um smartphone

Apesar de anos de exagero, os headsets de realidade virtual ainda não derrubaram as telas de TV ou computador como os dispositivos preferidos para visualização de vídeo. Um motivo: a RV pode fazer os usuários se sentirem mal . Náuseas e cansaço visual podem resultar porque a RV cria uma ilusão de visualização 3D, embora o usuário esteja, de fato, olhando para uma tela 2D de distância fixa. A solução para uma melhor visualização 3D pode estar em uma tecnologia de 60 anos refeita para o mundo digital: hologramas.

Os hologramas oferecem uma representação excepcional do mundo 3D ao nosso redor. Além disso, eles são lindos. (Vá em frente — confira a pomba holográfica no seu cartão Visa.) Os hologramas oferecem uma perspectiva mutável com base na posição do observador e permitem que o olho ajuste a profundidade focal para alternar o foco no primeiro plano e no plano de fundo.

Pesquisadores há muito tempo buscam fazer hologramas gerados por computador, mas o processo tradicionalmente exige um supercomputador para processar simulações de física, o que consome tempo e pode gerar resultados menos que fotorrealistas. Agora, pesquisadores do MIT desenvolveram uma nova maneira de produzir hologramas quase instantaneamente — e o método baseado em aprendizado profundo é tão eficiente que pode ser executado em um laptop em um piscar de olhos, dizem os pesquisadores.

“As pessoas pensavam anteriormente que com o hardware de nível de consumidor existente, era impossível fazer cálculos de holografia 3D em tempo real”, diz Liang Shi, autor principal do estudo e aluno de doutorado no Departamento de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação (EECS) do MIT. “Costuma-se dizer que os displays holográficos

de

disponíveis comercialmente estarão disponíveis em 10 anos, mas essa afirmação já existe há décadas”. Shi acredita que a nova abordagem, que a equipe chama de “holografia tensorial”, finalmente trará essa meta elusiva de 10 anos ao alcance. O avanço pode alimentar um transbordamento da holografia para campos como VR e impressão 3D.

Shi trabalhou no estudo, publicado Nature, com seu orientador e coautor Wojciech Matusik. Outros coautores incluem Beichen Li da EECS e do Laboratório de

“Water

a

piscar de olhos

Ciência da Computação e Inteligência Artificial do MIT, bem como os ex-pesquisadores do MIT Changil Kim (agora no Facebook) e Petr Kellnhofer (agora na Universidade de Stanford).

A busca por um 3D melhor

Uma fotografia típica baseada em lentes codifica o brilho de cada onda de luz — uma foto pode reproduzir fielmente as cores de uma cena, mas, no final das contas, produz uma imagem plana.

Em contraste, um holograma codifica tanto o brilho quanto a fase de cada onda de luz. Essa combinação fornece uma representação mais verdadeira da paralaxe e da profundidade de uma cena. Então, enquanto uma fotografia de “Water Lilies” de Monet pode destacar a paleta de cores das pinturas, um holograma pode dar vida à obra, renderizando a textura 3D única de cada pincelada. Mas, apesar de seu realismo, os hologramas são um desafio para fazer e compartilhar.

Desenvolvidos pela primeira vez em meados dos anos 1900, os primeiros hologramas eram gravados opticamente. Isso exigia a divisão de um feixe de laser, com metade do feixe usada para iluminar o sujeito e a outra metade usada como referência para a fase das

Pesquisadores do MIT desenvolveram uma nova maneira
produzir hologramas quase instantaneamente — e o método é tão eficiente que pode ser executado em um laptop em um
Lilies” de Monet pode destacar
paleta de cores das pinturas, um holograma pode dar vida à obra, renderizando a textura 3D única de cada pincelada
Texto *Daniel Ackerman/MIT Fotos MIT, REUTERS/Stringer, Universidade de Stanford

ondas de luz. Essa referência gera a sensação única de profundidade de um holograma. As imagens resultantes eram estáticas, então não conseguiam capturar movimento. E eram apenas cópias impressas, o que as tornava difíceis de reproduzir e compartilhar.

A holografia gerada por computador contorna esses desafios simulando a configuração óptica. Mas o processo pode ser um trabalho computacional árduo. “Como cada ponto na cena tem uma profundidade diferente, você não pode aplicar as mesmas operações para todos eles”, diz Shi.

“Isso aumenta a complexidade significativamente.” Direcionar um supercomputador em cluster para executar essas simulações baseadas em física pode levar segundos ou minutos para uma única imagem holográfica. Além disso, os algoritmos existentes não modelam a oclusão com precisão fotorrealística. Então, a equipe de Shi adotou uma abordagem diferente: deixar o computador ensinar física a si mesmo.

Eles usaram aprendizado profundo para acelerar a holografia gerada por computador, permitindo a geração de hologramas em tempo real.

A equipe projetou uma rede neural convolucional — uma técnica de processamento que usa uma cadeia de tensores treináveis para imitar aproximadamente como os humanos processam informações visuais.

Treinar uma rede neural normalmente requer um conjunto de dados grande e de alta qualidade, que não existia anteriormente para hologramas 3D.

A equipe construiu um banco de dados personalizado de 4.000 pares de imagens geradas por computador. Cada par correspondia a uma imagem — incluindo informações de cor e profundidade para cada pixel — com seu holograma correspondente. Para criar os hologramas no novo banco de dados, os pesquisadores usaram cenas com formas e cores complexas e variáveis, com a profundidade dos pixels distribuída uniformemente

As pessoas pensavam anteriormente que com o hardware de nível de consumidor existente, era impossível fazer cálculos de holografia 3D

no Departamento de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação (EECS) do MIT

do fundo para o primeiro plano, e com um novo conjunto de cálculos baseados em física para lidar com a oclusão. Essa abordagem resultou em dados de treinamento fotorrealistas. Em seguida, o algoritmo começou a trabalhar.

Ao aprender com cada par de imagens, a rede tensora ajustou os parâmetros de seus próprios cálculos, aumentando sucessivamente sua capacidade de criar hologramas. A rede totalmente otimizada operou ordens de magnitude mais rápido do que cálculos baseados em física. Essa eficiência surpreendeu a própria equipe.

“Estamos surpresos com o quão bem ele funciona”, diz Matusik. Em meros milissegundos, a holografia tensora pode criar hologramas a partir de imagens com informações de profundidade — que são fornecidas por imagens típicas geradas por computador e podem ser calculadas a partir de uma configuração multicâmera ou sensor LiDAR (ambos são padrão em alguns smartphones novos). Esse avanço abre caminho para a holografia 3D em tempo real. Além disso, a rede tensora compacta requer menos de 1 MB de memória.

“É insignificante, considerando as dezenas e centenas de gigabytes disponíveis no celular mais recente”, diz ele.

A pesquisa “mostra que verdadeiras exibições holográficas 3D são práticas com apenas requisitos computacionais moderados”, diz Joel Kollin, um arquiteto óptico principal da Microsoft que não estava envolvido na pesquisa. Ele acrescenta que “este artigo mostra uma melhora marcante na qualidade da imagem em relação ao

www.people.csail.mit.edu/liangs/figures/Nature21.gif

trabalho anterior”, o que “adicionará realismo e conforto para o observador”. Kollin também sugere a possibilidade de que exibições holográficas como esta possam até mesmo ser personalizadas para a prescrição oftálmica do observador. “Exibições holográficas podem corrigir aberrações no olho. Isso torna possível uma imagem de exibição mais nítida do que o que o usuário poderia ver com lentes de contato ou óculos, que corrigem apenas aberrações de baixa ordem, como foco e astigmatismo”.

“Um salto considerável”

A holografia 3D em tempo real aprimoraria uma série de sistemas, de VR a impressão 3D. A equipe diz que o novo sistema poderia ajudar a imergir os espectadores de VR em cenários mais realistas, ao mesmo tempo em que eliminaria a fadiga ocular e outros efeitos colaterais do uso de VR a longo prazo. A tecnologia poderia ser facilmente implantada em displays que modulam a fase das ondas de luz. Atualmente, a maioria dos displays de nível de consumidor acessíveis modulam apenas o brilho, embora o custo dos displays de modulação de fase cairia se amplamente adotados.

A holografia tridimensional também pode impulsionar o desenvolvimento da impressão 3D volumétrica, dizem os pesquisadores. Essa tecnologia pode se mostrar mais rápida e precisa do que a impressão 3D tradicional camada por camada, já que a impressão 3D volumétrica permite a projeção simultânea de todo o padrão 3D. Outras aplicações incluem microscopia, visualização de dados médicos e o design de superfícies com propriedades ópticas exclusivas. “É um salto considerável que pode mudar completamente as atitudes das pessoas em relação à holografia”, diz Matusik. “Sentimos que as redes neurais nasceram para essa tarefa.” O trabalho foi apoiado, em parte, pela Sony.

(*) Escritório de Notícias do MIT <<

em tempo real”, diz Liang Shi, autor principal do estudo e ( na época) aluno de doutorado

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