outubro 2005
Belém Pará - Brasil
www.paramais.com.br
ISSN 16776968
Edição 44
anos
VÓS SOIS O LÍRIO MIMOSO
nestaedição
O Círio de Nazaré
Abertura oficial do Círio
Festividade do Círio em 1905
Os jornais publicam extensas reportagens, as revistas dedicam páginas com fotos coloridas e as redes nacionais de televisão fazem relatos minuciosos todos os anos sobre o Círio de Nazaré, em Belém...
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Pág. 06
MOACIR PEREIRA
Arte Pará 2005
O Arrastão do Círio
Nos amplos e belos salões do Museu do Estado do Pará (MEP), como já tradicional, na 5ª feira que antecede o Círio, Romulo Maiorana Júnior, na presença de mais de mil pessoas, declarou aberto a 24ª edição do Salão Arte Pará...
Este ano pela sexta vez, o Arraial do Pavulagem saiu em arrastão homenageando a Virgem de Nazaré. Como sempre, após a chegada da Romaria Fluvial, os músicos do “Batalhão da Estrela”, entoam o Vós Sois o Lírio Mimoso...
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SÉRGIO PANDOLFO
Por um lapso, na edição anterior (43), nos esquecemos de colocar o nome do autor da poesia “Pace In Terra”. É o nosso querido colaborador Sérgio Martins Pandolfo. Nossas escusas a todos.
Editora Círios S/S Ltda CNPJ: 03.890.275/0001-36 Inscrição (Estadual): 15.220.848-8 Rua Timbiras, 1572A - Batista Campos Fone: (91) 3083-0973 Fax: (91) 3223-0799 ISSN: 1677-6968 CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil
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Í N D I C E
PUBLICAÇÃO
Como pr ometemos na edição da revista Círios de Nazaré, estamos agora publicando em fac-símile, na integra, o Programa da “Festividade de Nossa Senhora de Nazareth no Anno de 1905”, portanto de cem anos atrás. O fazemos em forma de homenagem pelo Centenário de nossa querida Arquidiocese de Belém, aproveitando o ensejo para parabenizá-la por tudo de bom realizado. O Editor
matérias
Centenários O novo manto da Santa A Romaria Eterna
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Belém. A tradução do belo
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Hélio Titan
Sérgio Pandolfo
A festa paraense e da humanidade
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Agradecendo a Virgem
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Paulo Rocha Acyr Castro
Amazônia. O patrimônio de São 40 Francisco Camillo Vianna
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DIRETOR e PRODUTOR: Rodrigo Hühn; EDITOR: Ronaldo Gilberto Hühn; COMERCIAL: Alberto Rocha, Augusto Ribeiro, João Modesto Vianna, Rodrigo Silva, Rodrigo Hühn; DISTRIBUIÇÃO: Dirigida, Bancas de Revista; REDAÇÃO: Ronaldo G. Hühn; REVISÃO: Paulo Coimbra da Silva; COLABORADORES: Acyr Castro, Camillo Martins Vianna, Celso Freire, Hélio Rodrigues Titan, Moacir Pereira, Paulo Rocha, Sérgio Martins Pandolfo; FOTOGRAFIAS: Arquivo S&G Publicidade, Arquivo Pará +, Claudio Fontana, Ismar Souza, João Vianna; DESKTOPING: Mequias Pinheiro; EDITORAÇÃO GRÁFICA: Editora Círios *Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores
1º Lugar - Marcelo Ribeiro Moraes
4º Colocado - Advaldo José Nobre
2º Lugar - Arthur Paparazzi
5º Lugar - Rafael Belestiel dos Santos
3º Lugar - Marcio Santos
6º Lugar - João Modesto Vianna
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Soluções Abrangentes em Informática
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O novo manto da Santa I
dealizado pela arquiteta Maria Alice Penna com temas que recordam o centenário da Arquidiocese de Belém, dos barnabitas na Basílica, o Ano Eucarístico e à Campanha da Fraternidade deste ano, “Paz e Solidariedade” o novo manto foi confeccionado pela estilista Vera Morelli Acatauassú Nunese, doado por Antonio dos Reis Pereira. O manto traz detalhes em alto relevo e as cores predominantes são o azul celeste, azul marinho e o branco, bordados sobre ziberline branca, com cerca de 12.500 micropaetês, presos um a um, além de carretilhos, miçangas, vidrilhos, ametistas, turquesas e safiras incrustadas em ouro. Vera M. A. Nunes levou 60 dias para
Dom Orani e a imagem de Nossa Senhora com o novo manto
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Atentos os convidados apreciam o novo manto
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bordá-lo. Na parte frontal pombas brancas e abaixo, duas medalhas relativas aos centenários da Arquidiocese e dos barnabitas na Basílica, desenhados por Darci Leite e em ouro. O abotoamento do manto é com um broche representativo do cálice da Eucaristia, por sinal, símbolo bordado em destaque no cento do manto. Dom Orani João Tempesta, o arcebispo de Belém, ao
A bordadeira, o doador e a desenhista
abençoar os presentes com a imagem, já com o novo manto, disse que embora seja usado como proteção à imagem da Virgem Santa, o manto simboliza a proteção da Virgem ao povo paraense. Autoridades civis, militares, eclesiásticas, jornalistas e convidados especiais, ficaram embevecidos com a beleza do manto, esse (pelo que observamos) era o sentimento generalizado dos que estiveram presentes ao evento.
Dom Orani, o manto e Vera A. Nunes, a bordadeira
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Municípios para serem aplicados na preservação e divulgação da nossa cultura. “A União aplicará anualmente nunca menos de dois por cento, os Estados e o Distrito Federal, um e meio por cento, e os Municípios, um por cento, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na preservação do patrimônio cultural brasileiro e na produção e difusão da cultura nacional”, diz o texto da PEC que já está sendo apreciada pelo Congresso. A cultura depende de um decisivo e continuado apoio governamental. Esta é também a regra no resto do mundo, ou, pelo menos, nos países em que a cultura é considerada como um valor a ser preservado e promovido. No nosso caso, em particular, o financiamento do Estado tem outra importante função, qual seja a de tornar mais equânime o acesso e democratizar os benefícios dos produtos culturais, disseminando-os entre os segmentos excluídos da sociedade. As manifestações culturais não podem ser inteiramente privatizadas, e as pessoas de baixa renda ou da periferia não podem ser simplesmente excluídas. Não se pode admitir que a cultura seja apenas um acessório. A cultura tem que ser entendida como espaço de realização da cidadania, da superação da exclusão social e como fato econômico, capaz de atrair divisas para o país e, internamente, gerar emprego e renda. Neste sentido, o Círio se constitui, num dos acontecimentos mais espetaculares da nossa cultura como uma síntese da cultura paraense em todos os sentidos: religioso, popular, erudito e de todas as linguagens artísticas. Mas é acima de tudo, a renovação que a cada ano fazemos dos nossos laços culturais, familiares e religiosos. E disso nós não podemos abrir mão.
principais manifestações acontecem, como é o caso do Círio aqui, em Belém. O Círio é uma manifestação que transcendendo o campo religioso, transformou-se numa festividade na qual observamos uma miríade de manifestações da nossa cultura popular. Precisamos nos preocupar com a preservação desse nosso imenso patrimônio cultural e zelar para que ele não desapareça. A fé é manifestada de maneira espontânea por romeiros e promesseiros. Eles costumam levar consigo os símbolos da sua fé e que acabam se transformando em manifestações da arte popular. Os brinquedos de miriti, produzidos em regiões ribeirinhas, principalmente em Abaetetuba de onde vem quase que a totalidade desses brinquedos. As comidas típicas da época como o pato no tucupi e a maniçoba. Todas as manifestações culturais que afloram durante o Círio, reunidas, formam um patrimônio cultural imaterial, um evento que deve ser preservado. Sempre manifestei minha preocupação com a cultura. Por isso apresentei, junto com outros deputados, uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que institucionaliza repasses da União, dos Estados e dos
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A mesa oficial O governador Simão Jatene quebra a forma das moedas
lançamento da medalha comemorativa ao Círio, criada e modelada pela artista Kátia Dias, confeccionada em ouro, prata e bronze, pela Casa da Moeda em edição limitada, direcionada a colecionadores. No anverso da moeda, a imagem de Nossa Dom Orani e a moeda Senhora de Nazaré com Alessandra Martins, vencedora do a berlinda e lírios Concurso de redação, do estilizados, no Colégio Nazaré contorno a corda. Na parte inferior, uma faixa com os dizeres “213 Círio de Nazaré. Belém-Pará” No reverso e ao centro a Basílica. Em duas faixas, escrito: “Deiparae Virgini a N a z a re t h ” “ 1 7 9 3 / 2005”. Na parte inferior “Salve Regina Mater Misericórdia”. Em seguida, a matriz foi destruída pelo governador Simão Jatene, garantindo sua irreprodução. Os alunos vencedores do concurso de redação receberam seus prêmios e a vencedora Alessandra Martins, aluna do Colégio Nazaré, recebeu um computador. A solenidade terminou com a entrega de diplomas de reconhecimento para autoridades e personalidades.
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O Governador e seu diploma Milton Nobre, Dom Orani, Simão Jatene e Duciomar Costa
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O Círio de
Nazaré
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*Moacir Pereira
s jornais publicam extensas reportagens, as revistas dedicam páginas com fotos coloridas e as redes nacionais de televisão fazem relatos minuciosos todos os anos sobre o Círio de Nazaré, em Belém. Nenhum consegue, porém, passar o verdadeiro significado desta magnífica festa religiosa que todo ano atrai ao Pará, segundo cálculos oficiais, cerca de dois milhões de pessoas. É um fenômeno único, que não encontra paralelo em Fátima, Lourdes, Iguape ou Aparecida. O povo participa com uma energia diferente, com espontaneidade, um singular espírito de solidariedade humana, uma incrível mútua ajuda. Uma massa humana movida pelo poder da fé.
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Gente que vem de todos os cantos de Belém, de municípios distantes do Pará, de diferentes regiões da Amazônia, do país e do exterior. Pelos rios e pelas estradas. De carro, a cavalo, de ônibus ou a pé. A pequena imagem de Nossa Senhora de Nazaré, com apenas 45 centímetros de altura, exerce um poder mágico sobre os fiéis, romeiros e promesseiros. A fé do povo na Virgem realiza um acontecimento religioso indescritível. A devoção popular pela padroeira do Pará emociona até os descrentes. Os fiéis que pagam suas promessas cantam, rezam, aplaudem, carregam o símbolo de suas realizações e esperanças. Os que conseguiram sua habitação confeccionam casas em miniatura que são obras de arte. Mostram todo o poder de criação e o carinho dos autores. Com os pés descalços e as casinhas na cabeça a b r e m o u seguem a berlinda florida que conduz a
piedosa imagem. Outros carregam cruzes de madeiras, tijolos. Carroças especiais passam entulhadas de peças simbolizando as graças alcançadas. E numa procissão que dura até nove horas a mais longa da história seguem-se gestos da mais pura fé e esperança,
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mesclando jovens, crianças, adultos, de todas as origens, raças e procedências. Próximo ao andor que leva a berlinda com a santa, milhares de pessoas puxam a corda, simbolizando a unidade popular e seu amor para com a padroeira. Do alto dos edifícios, das casas, papéis picados, balões,
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aplausos para o cortejo que segue. Na avenida, o povo em solidariedade distribui toneladas de litros d'água e milhares de leques para refrescar os exaustos peregrinos. Repetem-se gestos que contagiam e que comovem. Há 213 anos, o Círio é a maior festa de fé e devoção do país e quiçá do mundo.
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incontáveis e constantes cenas de profunda devoção do povo simples pelas ruas para não se envolver e realizar seu trabalho profissional, ou se incorpora-se ao espírito deste magnífico acontecimento de fé cristã. Num só fim de semana dá para sentar e escrever um livro, tantas são as informações, tão ricos os testemunhos dos peregrinos e tão variáveis as manifestações espontâneas de amor à padroeira dos paraenses. E não se trata de uma programação imposta pela Igreja Católica. Ela envolve vários credos e é feita pelo povo, num clima de solidariedade, de paz e de fraternidade jamais encontrados em festas similares. São os promesseiros e romeiros que assumem tudo. Todo ano novamente, longas horas de procissão para cumprir um trajeto de apenas 4,5 quilômetros, com temperatura acima de 35 graus. E, o símbolo mais presente entre os que agradeciam ou pediam: milhares de casinhas em miniaturas, caprichosamente confeccionadas, conduzidas na
A casa, a fé e a cidadania Uma corda de sisal oleado pesando uma tonelada, com 360 metros de comprimento e duas polegadas de diâmetro, é o símbolo comovente de um ato de fé único no mundo que funde anualmente os fiéis do Pará e todo o povo da Amazônia à Virgem de Nazaré. O quase tricentenário Círio é um evento religioso emocionante, inexistente em qualquer outro lugar do mundo, segundo depoimento de experientes correspondentes estrangeiros que há quatro dias se encontram em Belém buscando explicações para este extraordinário fenômeno popular. Fazer a cobertura da Romaria Rodoviária, na sexta feira, a Fluvial no sábado pela manhã, seguir depois o cortejo da Trasladação na noite e, especialmente, testemunhar o Círio dominical, constitui missão gratificante. O jornalista não sabe se reage às
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cabeça pelos devotos da santa. Um fenômeno a mostrar o significado da casa própria para o povo, vital depois da saúde, por que a prioridade que dá para o conforto a toda a família. Um mar de fé num oceano de gente, como definiu um turista português, a revelar o significado da casa até na construção da cidadania. *Jornalista de “A Notícia” (Joinville-SC)
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Associação Brasileira de Agências de Viagens do Amazonas
O atrelamento da corda a estação
Círio
Os coroinhas iniciavam a procissão
a perspectiva de quem não viu a Santa passar, “mas na de quem passa junto com Ela, achei que a procissão durou o tempo certo para renovação da fé. Meus olhos viram a beleza do chamado de Maria ao povo do Pará” foram as palavras emocionadas do arcebispo metropolitano de Belém Dom Orani João Tempesta, no balanço da participação de seu primeiro Círio. Disse mais “o que vale não é o tempo, mas a qualidade do tempo que passamos com Maria”. O Círio começou às 05hs30, com a missa solene presidida pelo Núncio Apostólico Dom Lourenço Baldisseri e concelebrada por vários sacerdotes.
Movimentos religiosos presentes
Homenagem à irmã Dorothy
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Na Caixa a homenagem com os brinquedos de miriti
O Banpará sempre presente
As bandeiras no Círio
À saída, com a imagem da Santa em sua berlinda, a corda com seis estações e cerca de 430 metros, já estava nas mãos dos promesseiros, da Rua Campos Sales até a 1º de Março, frente a sede das antigas instalações da Folha do Norte(Liberal). Logo após, em frente ao monumento de Pedro Teixeira, o fundador de Belém, iniciando liturgicamente a grande procissão, um grupo de cerca 100 jovens acólitos e coroinhas, um dos quais com um Crucifixo abria o cortejo. A partir daí, os carros para deposito dos ex-votos em pagamento de promessas efetuadas, graças alcançadas e gestos de agradecimento à Santa. O primeiro carro era o ecológico, em homenagem a Plácido, o iniciador da devoção à Nossa Senhora de Nazaré em Belém, estava na esquina da rua Doutor Morais e a Bandeira do Brasil, da arquidiocese, do Pará e de seus municípios, levadas por alunos do Colégio Nazaré, estavam frente à sede da TV Liberal. Era essa precisamente, o posicionamento da procissão quando a berlinda foi atrelada à corda.
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A alegria do 1° Círio
A corda foi atrelada
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Nos amplos e belos salões do Museu do Estado do Pará (MEP), como já tradicional, na 5ª feira que antecede o Círio, Romulo Maiorana Júnior, o presidente executivo das Organizações Rômulo Maiorana, na presença de mais de mil pessoas, declarou aberto a 24ª edição do Salão A r t e Pa r á , d e s t a c a n d o a grandiosidade do evento, que esse ano ganhou dimensão de bienal, devido principalmente ao curador Paulo Herkenhoff e aos artistas participantes. José Carlos Torres da Silva, o Jocastos, foi o grande vencedor com a intervenção urbana denominada “Transumância”, tendo recebido das mãos do governador Simão Jatene seu premio. O segundo lugar foi para Roberta Carvalho e Keyla Sobral com o vídeo “Minuto de Silêncio”. O terceiro foi para Pablo Mufarrej com a instalação “Ascese”. Os vencedores dos prêmios “Aquisição” foram: David Alves, Maria José Batista, Elieni Tenório, Valério Américo, José Antonio Corrêa, Nailana Thielly, Jair Júnior e Renato Chalu Hühn. Os julgadores foram Paulo Herkenhoff, Paulo Chaves e Keyla Sobral. Paulo Chaves, secretário executivo de Cultura, fez um pronunciamento sentimental recordando a grande impulsão das artes no Pará e ressaltando o t a l e n t o e A instalação vencedora
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Rominho fazendo sua saudação aos presentes
Paulo Chaves em sua sentimental alocução
Simão Jatene parabeniza o grande vencedor José Carlos Torres da Silva, o Tocator, pela instalação “Transumância
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Vencedores do Prêmio “Aquisição”
Paulo Herkenhoff, o curador fala da exposição
sensibilidade do curador Herkenhoff e que o Arte Pará 2005, reflete o ótimo momento das artes paraense, que se confunde com o também ótimo desempenho do Estado. Paulo Herkenhoff, que retornava a curadoria do Arte Pará após oito anos, disse que seu afeto por Belém está no seu DNA, pois corre tacacá em suas veias, recordando que seu bisavó foi juiz,aqui, no início do século. Disse mais que o Arte Pará é um exemplo de transformação do capital financeiro em capital simbólico, é uma proposta corajosa e profundamente reflexiva. O governador parabenizou, destacando a perseverança da família Maiorana, pois o Arte Pará está há muito tempo incorporado ao cotidiano artístico do Pará, ajudando na formação e crescimento de nossos artistas. Após os discursos, todos foram conhecer e apreciar os espaços com as mais de 300 obras de arte dos 111 artistas de diversos estados e do estrangeiro.
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Roberta Carvalho e Keyla Sobral recebendo do prefeito Duciomar Costa o prêmio pelo Vídeo “Minuto de Silêncio” - segundo lugar
Pablo Mufarrej, o terceiro lugar, pela instalação “Ascese”
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Belém. A Tradução do Belo *Sérgio Martins Pandolfo
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utubro é um mês especialíssimo para os paraenses, máxime para os de Belém, eis que no segundo domingo realiza-se a monumental romaria católica do Círio de Nazaré, a maior procissão religiosa do mundo, reunindo cerca de dois milhões de pessoas. Tão importante e tradicional é esta pungente demonstração de fé do povo parauara e de outros que para cá se deslocam, dando azo a que verdadeiro caudal humano percorra o trajeto da procissão, sob os túneis verdes de mangueiras que ensombrecem e amenizam o calor das ruas belenenses, disputando cada palmo de espaço, afora a legião de promesseiros que, agarrados à corda, elemento-símbolo do Círio, puxam a berlinda da Santa, que o IPHAN a reconheceu e registrou como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. O Círio de Nazaré também conhecido como o “Natal dos paraenses”, atrai milhares de peregrinos e turistas à nossa capital, provindos não só do interior do Estado como de todas as unidades federativas brasileiras e até do exterior, o que faz elevar, sobremaneira, o movimento das atividades ligadas ao turismo, por isso que nos propomos, neste breve artigo, fazer um rápido relato histórico e das mais importantes atrações a desfrutar em nossa rica, generosa e acolhedora Belém,
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a fim de auxiliar ao forasteiro que nos distingue com sua presença. Nascida a partir de uma fortaleza, o Forte do Presépio, erguida pelos portugueses, em 1616, para defender nosso território das incursões de conquistadores franceses, holandeses e ingleses, a originalmente Feliz Lusitânia se foi aglutinando às suas proximidades. Por força de ter estado durante muitos anos ligada diretamente à Corte de Portugal, integrando o Estado do Grão-Pará e Maranhão, de que foi capital, independentemente do restante do Brasil administrativa e politicamente, Belém é, seguramente, uma das três capitais brasileiras em que o traço arquitetônico português se fez mais presente e marcante, caracterizado pelas ruas estreitas e tortuosas e os belíssimos casarões e palacetes azulejados, encontrados em profusão na Cidade Velha. O Palácio “Lauro Sodré”, outrora sede do governo estadual, hoje abrigando um museu, foi construído para sediar a Corte do Reino Unido de Portugal e Brasil, preconizado pelo insigne estadista luso, Marquês de Pombal, ministro de D. José I. Para tal empreitada o atilado Pombal enviou para o Pará seu próprio irmão, Mendonça Furtado e o notável arquiteto bolonhês s
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das mais ricas e requintadas capitais brasileiras. São dessa época inúmeros prédios de inexcedível beleza arquitetônica. Devem ser apreciados calmamente e são encontrados, em sua maioria, pelas ruas do centro comercial. Nosso vetusto e inigualável Teatro da Paz, orgulho dos paraenses, vem desse período. O jornalista Edwaldo Martins dizia que “Belém acorda no Ver-o-Peso” e que “é em meio às torres do Mercado de Ferro, que é a marcasímbolo da Cidade das Mangueiras, o seu cartão postal, tão significativo para esta terra quanto a Torre Eiffel para os parisienses e o Cristo Redentor do Corcovado para os cariocas, que Belém abre o seu dia-a-dia”. No Ver-o-Peso, onde se pode encontrar “de um tudo”, no falar parauara, pode-se conhecer as mandingueiras, mestras na utilização de exemplares de nossa flora e fauna para a confecção de garrafadas e meizinhas que remedeiam todos os males: físicos, psíqui-cos e de amor. Duas outras facetas desta aprazente cidade poderão ser experimentadas por quantos queiram penetrar mais densamente no modus vivendi de seu simplório povo:
Antonio Giusepe Landi, a fim de concretizar essa que é uma das mais admiráveis edificações desse tempo e aí está, em toda sua imponência e riqueza, recentemente restaurada, ao lado do não menos famoso e opulento Palácio “Antônio Lemos”, hoje também um museu. Aquando do fastígio da borracha, coincidentemente com os influxos da abertura dos portos da Amazônia às nações amigas, Belém experimentou surto de progresso sem par que a fizeram despontar como uma
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da baía do Guajará, na Praça do Pescador. Experimentem as iguarias típicas populares, o tacacá, o açaí, a maniçoba, nas bancas espalhadas pelas ruas. Mexam-se ao ritmo do nosso carimbó. Visitem o Museu “Emílio Goeldi”, referência mundial em pesquisa de Antropologia, Etnologia e Botânica, e o Bosque “Rodrigues Alves”, verdadeiro naco da Hiléia de Humboldt na área urbana. Dêem uma esticada a Mosqueiro, aqui pertinho, a ilha dos amores, “a bucólica” como a ela se referia o jornalista Pierre Beltrand; visitem Icoaraci e suas oficinas de artesãos, conheçam sua rica cerâmica. Impregnem-se, finalmente, com o calor humano da hospitaleira gente dessa terra, berço de tantos heróis, poetas e políticos famosos, mas, acima de tudo, celeiro de um povo laborioso, ordeiro e ufano de seus encantos, que a construíram e fizeram-na conhecida como a Metrópole da Amazônia.
povo: a culinária paraense, única genuinamente brasileira, posto que representada, na quase totalidade de suas iguarias, por alimentos indígenas, com animais nativos como o muçuã, o tracajá, ervas exóticas como o jambu e ingredientes outros como o tucupi e a goma de mandioca, que nos deliciam no tacacá, ademais de frutas inigualáveis como o cupuaçu e a pupunha; o artesanato paraense, autóctone, representado mormente pelas cerâmicas marajoara e tapajônica, únicas no Brasil e exportadas para todo o mundo. Por essas e tantas outras nuances apaixonantes é que vale a pena conhecer esta vibrante Belém, que o festejado e pranteado cronista, poeta e radialista Edgar Proença carinhosamente chamava de Cidade Morena. Morena sestrosa que cheira a patchuli! Perabulem por suas ruas ensombrecidas por túneis de mangueiras. Subam a Ladeira do Castelo, a primeira rua. Inebriemse com a chuvarada da tarde, que limpa e refrigera a cidade. Embebedem-se com a beleza estonteante e a lhaneza da mulher paraense. Curtam a brisa amena que
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*Médico e escritor (SOBRAMES)
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A festa paraense e da
Humanidade
*Paulo Rocha
E já não era sem tempo. Com mais de 200 anos de tradição, o Círio reúne anualmente cerca de dois milhões de pessoas e é considerada a maior e mais importante manifestação religiosa e cultural da Amazônia e uma das maiores do Brasil e do mundo, cumprindo todos os requisitos para ser considerado um patrimônio imaterial da cultura brasileira e patrimônio cultural da humanidade. A Cultura não pode ser lembrada só quando suas
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embro que no ano passado tivemos a alegria de saber que o Círio de Nazaré foi reconhecido Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira. Com isso, abriu-se a possibilidade de a Unesco, órgão da Organização das Nações Unidas para a Cultura, declarar o Círio de Nossa Senhora de Nazaré Patrimônio Cultural da Humanidade.
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Municípios para serem aplicados na preservação e divulgação da nossa cultura. “A União aplicará anualmente nunca menos de dois por cento, os Estados e o Distrito Federal, um e meio por cento, e os Municípios, um por cento, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na preservação do patrimônio cultural brasileiro e na produção e difusão da cultura nacional”, diz o texto da PEC que já está sendo apreciada pelo Congresso. A cultura depende de um decisivo e continuado apoio governamental. Esta é também a regra no resto do mundo, ou, pelo menos, nos países em que a cultura é considerada como um valor a ser preservado e promovido. No nosso caso, em particular, o financiamento do Estado tem outra importante função, qual seja a de tornar mais equânime o acesso e democratizar os benefícios dos produtos culturais, disseminando-os entre os segmentos excluídos da sociedade. As manifestações culturais não podem ser inteiramente privatizadas, e as pessoas de baixa renda ou da periferia não podem ser simplesmente excluídas. Não se pode admitir que a cultura seja apenas um acessório. A cultura tem que ser entendida como espaço de realização da cidadania, da superação da exclusão social e como fato econômico, capaz de atrair divisas para o país e, internamente, gerar emprego e renda. Neste sentido, o Círio se constitui, num dos acontecimentos mais espetaculares da nossa cultura como uma síntese da cultura paraense em todos os sentidos: religioso, popular, erudito e de todas as linguagens artísticas. Mas é acima de tudo, a renovação que a cada ano fazemos dos nossos laços culturais, familiares e religiosos. E disso nós não podemos abrir mão.
principais manifestações acontecem, como é o caso do Círio aqui, em Belém. O Círio é uma manifestação que transcendendo o campo religioso, transformou-se numa festividade na qual observamos uma miríade de manifestações da nossa cultura popular. Precisamos nos preocupar com a preservação desse nosso imenso patrimônio cultural e zelar para que ele não desapareça. A fé é manifestada de maneira espontânea por romeiros e promesseiros. Eles costumam levar consigo os símbolos da sua fé e que acabam se transformando em manifestações da arte popular. Os brinquedos de miriti, produzidos em regiões ribeirinhas, principalmente em Abaetetuba de onde vem quase que a totalidade desses brinquedos. As comidas típicas da época como o pato no tucupi e a maniçoba. Todas as manifestações culturais que afloram durante o Círio, reunidas, formam um patrimônio cultural imaterial, um evento que deve ser preservado. Sempre manifestei minha preocupação com a cultura. Por isso apresentei, junto com outros deputados, uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que institucionaliza repasses da União, dos Estados e dos
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Agradecendo
à Virgem
*Acyr Castro evemos agradecer à Nossa Senhora, neste Círio de Nazaré, o quanto temos recebido de bom e de útil. Devemos agradecer até pela fúria moralizante e farisaica em torno da corrupção; até pelos mensalões e mensalinhos, ó amigos, devemos agradecer. Que Deus todo poderoso, que nos ouve e atende por menos dignos, n o s p e r m i t a o aprendizado do voto popular para que nunca mais joguemos no lixo e na lama o nosso voto: Seja para o Executivo, seja para o Legislativo, que o Judiciário escapa ao nosso controle e fiscalização. Neste Círio de 2005 agradeçamos a Virgem, que intercede por nós junto ao Senhor nosso Pai e a seu filho bem amado, o Senhor Jesus, o estarmos vivos e sãos, dispostos à guerra do dia-a-dia neste mundo que é prisão, é hospício, é hospital, é, sobretudo, sala de aula, prestes às batalhas contra a usura, a agiotagem, a ladroeira de norte a sul e de leste a oeste. Agradeçamos a ela, que pede por cada um de nós e por todos ao Divino Espírito, o bem-estar de nossa família e daqueles que brigam por um Brasil melhor, mais puro,
mais verdadeiro, mais sério e inteligente. Obrigado, Senhora, pela sobrevida dos indígenas, das minorias raciais (e sexuais) e humanas; obrigado pela resistência diária dos ofendidos e humilhados desta vida. Obrigado pelos que choram, sofrendo a angústia da pobreza e o desespero da miséria, enquanto aguardam a hora e a vez da justiça e da democracia legítima que não seja, tão só, papo furado dos donos de tudo. Obrigado. Cabe nesta oportunidade, transcrever o que diz a página 45 da “Revista da Literatura Brasileira” de nº 39, e a transcrição é, além de adequada, necessária, e não apenas por mim, mas pelo que trato no livro abordado pela publicação paulista. Vamos ao que está estampado na “LB”, de circulação nacional: “Acyr Castro, autor da vasta e valiosa obra literária, há cerca de treze (13) anos não editava livros, embora continuasse sua intensa atividade cultural em órgãos da imprensa no Pará, do Rio de Janeiro e de São Paulo, bem como em instituições a exemplo da
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personalidades intelectuais desse processo. E Cléo é grande hoje, na obra que deixou e está consignada nos três volumes de “A Pé Com a Liberdade”, obra compilada por Leonam Cruz e Manoel Azevedo; obra por inteiro no livro meu em que falo da falta que nos faz o maior orador que o Pará jamais teve, um dos melhores cidadãos paraenses que orgulhace e dignifica o País. Símbolo do Século 20 no Pará. Afora a sua obra escrita (e a falada) Cléo agitava culturalmente e revelou ou consolidou talentos importantes; entre abril de 1938 e dezembro de 1940, ao tempo dos seus estudos pré-jurídicos, editou a revista “Terra Imatura” (tirou o nome da novela regionalista de Alfredo Ladislau) de que participaram Dalcidio Jurandir, Adalcinda, Ruy Barata, Cécil Meira, Francisco Paulo Mendes, Eidorfe Moreira, Otávio Mendonça, Dulcinéa Paraense, Rui Coutinho, Augusto Morback, Paulo Plínio Abreu, Levy Hall de Moura, Machado Coelho, Raimundo Moura, claro que Bruno de Menezes entre outros. “Três palavras” (explicava Cléo Bernardo) “são essenciais na Amazônia: caboclo, floresta, rio”. Por tudo isso, ó Mãe, obrigado. Há uns versos de Abguar Bastos que gostaria de haver escrito, até para agradecer à Virgem: “Fui pastor de rebanhos impossíveis Feito de sonhos e ilusões fatais”. Tantas são as graças que recebo de Deus, um caudal a se perder no sem fim da memória, que nem sei o que diga à Maria Santíssima aqui e agora além do que acabo de dizer e o disse. Creio que não reabro nenhuma ferida se disser, de novo, o quanto sou grato a tudo o que acontece, de bom ou de ruim, a todos nós que vivenciamos o Círio de Nazaré. Que o bom prevaleça, e se registre pois o, que seja novamente, muito obrigado. Que os céus nos abençoem infinitamente com a Graça Divina. Amém.
Academia Paraense de Letras. Exerceu, inclusive, as funções de Secretário de Estado de Cultura do seu Estado natal. Ressurge agora, no âmbito editorial, com o livro “Cléo Bernardo: A Falta Que Faz”. Trata-se de obra que, além de salientar o talento, em verso e em prosa, do autor, consiste num misto de memória, depoimento, crônicas e ensaios”. Prossegue a “Revista da Literatura Brasileira” que Alysio Mendonça Sampaio publica na capital paulistana: “Acyr não deu ao livro a sistematização do nexo causal dos fatos textualizados, mantendo a aparência atomizada das coisas e eventos, no dimensionamento próprio das realidades. Em textos curtos e bem elaborados, vai levando o leitor a desvendar o vivenciado por Cléo Bernardo, de certo modo biografado por ele mesmo. Fornece ao leitor os dados para o retrato de ambos, biografados e memoralista. Dá assim, ao leitor, a liberdade de, juntando os acontecidos registrados, a conceber a figuração de ambos, sem sua interferência de autor. E mais do que isso: dá vida política e cultural da época, na perene afirmação da busca da liberdade”. “LB” 39 vai ao fundo do que é, afinal, meu livro sobre (mim e sobre) Cléo Bernardo de Macambira Braga, escritor, jornalista, orador e advogado dos pobres e infelizes: “Livro escrito não apenas com palavras, mas com a seiva do amor, da sinceridade e da amizade. Daí a sua autenticidade, beleza até mesmo poética do texto, elaborado por quem, além de escritor e jornalista, é cinéfilo, crítico de cinema, poeta e até mesmo ator. A leitura desse livro põe em relevo a generosidade do Acyr, quer como homem, quer como escritor”. Obrigado também, Ó Senhora de Nazaré, por Cléo Bernardo de Moçambira Braga (1918/1984), que aqueles, como o cronista aqui, vindos do Século Vinte a este começo do Século Vinte e Um, que tivemos parte ativa, militante, forte no processo cultural, e prosseguimos tendo, colocamos entre as 10 principais
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*Jornalista e Escritor
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O Patrimônio de São Francisco
São Francisco, o padroeiro de toda a ecologia
*Camillo Martins Vianna
prático e a devastação continuou em ritmo galopante, alcançando todos os recantos da Terra de Santa Cruz, sem que seja possível identificar uma parada nessa corrida desenfreada contra o verde de nossa Pátria, e milhões de árvores vêm sendo sacrificadas, levando em conta que o desaparecimento delas traz como conseqüência mais imediata, a extinção da fauna, agredida pela fúria do homem, desencadeando severos problemas relacionados com a própria sobrevivência dele. Na prática, a preservação da natureza é de aparecimento bastante recente em nosso meio e, somente aspectos negativos da questão vem sendo possível caracterizar, por falta de alguma mensagem que pudesse sensibilizar os apáticos, os indiferentes, e os que não querem se comprometer, por razões as mais diversas, incluindo aí insensatos predadores, que são a maioria. Preservar o que é de todos ainda precisa ser essa boa nova de todos os homens de bom senso, no sentido de proteger o mais belo patrimônio que nos foi legado e que vem sendo transformado em verdadeiro inferno,
reserve o que é de Todos, foi o lema da Campanha da Fraternidade de 1979, atividade que deixou rastro em todos os cidadãos que ainda tinham amor pela natureza e que estimulados por essa iniciativa - que talvez não tenha tido paralelo em todo o mundo - e que deverão cada vez mais, participar ativamente na preservação da natureza do nosso País, duramente castigada, chegando a causar preocupação em todos os brasileiros, tal a fúria da violenta destruição da fauna e da flora em particular na Amazônia. Antes da Campanha da Fraternidade, apenas vozes isoladas e quase sempre revoltadas, protestavam contra um estado de coisas inconcebível de ser aceito pelos que vêm no bom relacionamento entre os seres vivos e a natureza uma necessidade. Caso contrário, estaremos caminhando rapidamente para um desastre social e ecológico de proporções até agora inimagináveis. Os resultados dessa grita foram poucos e o clamor não mostrou frutos que pudessem ter algum significado
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Preservar o que é de todos ainda precisa ser essa boa nova de todos os homens de bom senso, no sentido de proteger o mais belo patrimônio que nos foi legado
pelo fogo, pela poluição, pela ambição e pela insensatez. A todo o custo, por todos os meios ao nosso alcance, é necessária a integração na luta pela preservação da flora e da fauna, legados de São Francisco, o padroeiro de toda a ecologia, num simbolismo extraordinário, uma vez que não possuía absolutamente nada de bens terrenos, por vontade própria, restando ao Santo de Assis, o seu imenso amor pelas coisas da natureza e da Criação. Exatamente o conteúdo e a mensagem da Campanha da Fraternidade de 1979. Futuro Celeiro do Mundo e Berço de Civilizações, a Amazônia cumprirá seu papel em benefício de toda a humanidade, o que dependerá exclusivamente de seus filhos. No Livro Sagrado, a mensagem do Grande Semeador transmite a necessidade da valorização do homem sob todos os pontos de vista. A nós, em escala infinitamente menor, cabe empenhar o que de melhor temos, para deixarmos como herança a integridade do Paraíso Verde dos Trópicos. A mensagem de João Paulo II falada em português e transmitida diretamente de Roma aos cidadãos brasileiros pelos quais sempre demonstrou profundo amor e admiração - exortava a que todos se empenhassem na defesa dessa dádiva divina que é a generosa Terra Verde dos Trópicos.
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Brasil
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& Engenharia, 11o andar, sala 111. Com o crescimento da empresa, foi necessário espaços mais amplos. A SG passou então para a avenida Magalhães Barata, altos do antigo Magazine Nossa Senhora de Nazaré, hoje banco HSBC. Nova mudança em vista. A empresa de publicidade foi alocada agora na avenida 25 de Setembro, entre Barão do Triunfo e Angustura. Hoje em dia, a SG Publicidade está em sua sede própria. Uma conquista do fundador. Os seus doze funcionários trabalham na rua Mariz e Barros, 2417, entre Duque de Caxias e 25 de Setembro. No início dos trabalhos, a agência passou por diversas dificuldades. Cimélio Pereira conta que entre elas estavam o mercado varejista sem muitos recursos e a distância dos centros mais desenvolvidos. Hoje em dia, as dificuldades continuam, mas são outras. “Podemos destacar a concorrência e o número excessivo de profissionais em um mercado já saturado”, afirma o publicitário. Mesmo com as dificuldades, a SG Publicidade vem se destacando no mercado regional e nacional. Inclusive já teve seu trabalho reconhecido nacionalmente. . Quem não se lembra dos famosos comerciais que ficaram na boca do povo paraense. O sanfoneiro cantando no comercial das lojas Tendência Materiais de Construção,
ra julho de 1983 quando surgiu a agência de Propaganda e Publicidade SG do Pará. Naquele dia 23, após onze anos de sociedade na Gil Publicidade, Raimundo Cimélio de Souza Pereira resolveu fundar a sua própria agência. O sonho de ter uma empresa só sua, se concretizava. O fundador da SG trabalhou nas Organizações Rômulo Maiorana, junto com Rômulo Maiorana, que foi quem o incentivou a fundar a Gil Publicidade em 1972, em uma sociedade também com funcionários do jornal “O Liberal”. São eles: Wilson Portela, Walmir Botelho, Gilberto, Alex e Fernando (in memorian). Em 1983 a sociedade foi desfeita para dar inicio as atividades da SG. A SG do Pará Publicidade só foi possível ser inaugurada através da sociedade com a SG do Ceará. Mas, passados quatro anos, a sociedade com a empresa cearense foi desfeita. Cimélio conta que dessa parceria ficou apenas um intercâmbio intelectual entre as duas agências. No entanto, os nomes foram mantidos como um acordo entre as partes. Hoje, a antiga SG do Ceará se chama SG Comunicação Total e a SG do Pará continua com a mesma razão social. São 22 anos de atuação no mercado paraense. A agência passou por três endereços diferentes. Primeiro ela foi alojada na avenida Nazaré, Edifício Clube de
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dizendo que tem uma tendência por onde você passar?!!. E o ator do comercial do Supermercado Formosa, falando o bordão “"O MENOR PREÇO, SEM GRITO”!!... A sugestão foi do próprio José de Oliveira, proprietário do supermercado. Nesse comércio, o ator fazia um gesto com o dedo nos lábios pedindo silêncio para todos (época em que havia uma guerra entre os supermercados que queriam mostrar que um vendia mais barato que o outro). A SG também conseguiu emplacar outros comerciais de sucesso com o da Atalaia Veículos (Chevrolet) Onde o ator Nuno Leal Maia, vestido como bicheiro, um personagem de uma famosa novela global, fez uma campanha para a oficina da Atalaia que tinha como bordão “Seu carro novo, de novo” e que teve aumento de
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400% na entrada veículos para fazer revisão ou serviços. A da Severauto (Subaru); a Philips do Brasil, com ações regionais; Paradiesel, do grupo Mário Peixoto, a maior revendedora de caminhões Mercedes da região, apenas com anúncios em jornais e a criação da logo que recebeu elogios até da Mercedes Benz. Tocantins Veículos, em Marabá, com uma grande campanha de cunho social para comemorar os 15 anos da empresa e renovar sua imagem. Outro destaque foi a assessoria de Manoel Pioneiro, atual vice-prefeito de Belém, com uma campanha vitoriosa para prefeito de Ananindeua em 1996, onde ele, em apenas 3 meses, saiu de 4o lugar para a vitória e na reeleição em 2000, onde conseguiu 83,98% de aprovação popular, o segundo mais votado do Brasil. Cimélio Pereira lembra que no único
evento de premiação em que a SG Publicidade participou, ganhou medalha de bronze. Foi com o comercial “Liza” para a Severauto. Para o publicitário, o mercado de publicidade e propaganda no Pará está passando por um processo de profissionalização do mercado, onde os antigos profissionais, onde a maioria não era formada, estão se aposentando e sendo substituídos por jovens, formados e com novas técnicas e ferramentas de comunicação para o mercado. “Diante disso percebemos uma aproximação da qualidade do Pará com os mercados mais desenvolvidos”, constatou Cimélio. Sobre a propaganda no Brasil, Cimélio vê como uma das mais criativas do mundo. “Sem dúvida um grande incentivador para o nosso mercado”.
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O Arrastão chegando no Ver-o-Peso
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ste ano pela sexta vez, o Arraial do Pavulagem saiu em arrastão homenageando a Virgem de Nazaré. Como sempre após a chegada da Romaria Fluvial, os músicos do “Batalhão da Estrela”, entoam o Vós Sois o Lírio Mimoso e em seguida seguem pelo Ver-o-Peso, Praça do Relógio, Igreja da Sé até o Largo do Carmo. O cortejo é uma animação só sob o comando dos músicos Júnior Soares, Ronaldo Silva, Rubens Stanislaw, Marcelo Fernandas Edgar Monteiro e Nazareno Silva. Esse ano a novidade foi a “orquestra” de dois mil roque-roques, para servir de reflexão sobre a cultura popular paraense de raiz, e a nossa forma de viver nesse
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Animação geral
lugar tão belo e encantado como a Amazônia. Os elementos cênicos, em miriti, apresentados em escala ampliada como duas cobras de mais de 20 metros, o soca-soca, o come-come e o casal de
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Belas morenas Ao lado da Sé
Nosso belo som
Os namorados O avião
No Ver-o-Peso
Chegando no Carmo
No palco do Largo do Carmo a animação foi constante
namorados de cerca de três metros. O cortejo inundou as ruas da Cidade Velha com nossos sons amazônicos levando alegria para todos os que assistiam e principalmente aos participantes dos oito aos oitenta anos. Uma recente e outra bela homenagem tipicamente amazonida à Nossa Senhora de Nazaré. Todos apreciavam
O arrastão começa cedo
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SAO SEBASTIAO DA BOA VISTA 09
Círio de Nossa Senhora de Nazaré Ruas da Cidade e Centro Comunitário Tel: (91) 3764-1292 / 1191 / 3224-5152
TUCURUI 09
Círio de Nossa Senhora de Nazaré Vias públicas da Cidade Tel: (94) 3787-1156 Fax: (94) 3787-1156
CASTANHAL 1 7
Círio de Nossa Senhora de Nazaré Ruas da Cidade Tel: (91) 3721-1445
BELEM 11 a 25
ANAJAS 16
Exposição “Território” Galeria de Arte “Graça Landeira” Av. Alcindo Cacela, 287 - Umarizal Tel: (91) 4009-3150 www.unama.br
Círio de Nossa Senhora de Nazaré Salão Paroquial da Igreja Menino Deus e Ruas da Cidade Tel: (91) 3605-1305 / 1288 / 224-5152 / 225-1321
BELEM ate 1 7
Inscrições para o Concurso de Bolsa para o Exterior de Pesquisa e Criação e Artes Plásticas para 2006 IAP Edital no site www.iap.pa.gov.br
SAO PAULO 20 e 21
5° Congresso Brasileiro de Comunicação no Serviço Público ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marketing Rua Artur Alvim, 123 São Paulo-SP
TUCURUI 21 a 23
PEIXE-BOI 22 a 23
IX FESDANTUC - Festival de Dança de Tucuruí Ginásio Poliesportivo Tel: (94) 3787-2892 / 1412 Fax: (94) 3787-9428
Festival do Peixe Orla Beira-Rio Tel: (91) 3277-0694 9114-4935
BELEM 24 a 28
BELEM 24 a 30
BELEM ate 04/11
Concurso Fotográfico Imagens de Círios Inscrições Gratuitas Tel: (91) 3223-0799 / 3083-0973 9985-7000 www.paramais.com.br www.cirios.com.br
BELEM 25
Laboratório Intermunicipal de Dança Oficina “Dança contemporânea: Processos criativos” Sala de dança do IAP Público-alvo: Dançarinos de diversos municípios paraenses
XII FIDA - Festival Internacional de Dança da Amazônia Teatro da Paz, Teatro da Estação Gasômetro, Teatro Waldemar Henrique, Polo Cultural São José Liberto, Shopping Iguatemi e Praça da República (em frente ao anfiteatro) Tel: (91) 3223-2779 / 3223-1744 / 3222-4332 Fax: (91) 3223-2779
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BELEM 26 a 28
MAE DO RIO 28 a 30
Exposição Linhas no Horizonte Dina Oliveira Museu de Arte do CCBEU Tv. Padre Eutíquio, 1309 Tel: (91) 3242-9455
XVI Etapa Nacional do Circuito de Vaquejada Parque de Vaquejada da Fazenda Fortaleza Tel: (91) 3444-1460 9978-1600
Mostra Brasil 3x4 - Itaú Cultural Exibição de “Carrapateira não tem mais ciúmes da Apolo 11”, “Garota zona sul” e “Sertão de acrílico azul piscina”
Projeto Noites de Ópera Exibição de “Rigoletto”, de Giuseppe Verdi. Teatrinho do IAP
PARAGOMINAS 28 a 30
16ª FIC - Feira de Integração Cultural Parque de Exposições Amilcar Tocantins Tel: (91) 3729-3314 3347/5194
BELEM ate 30/11
ARTE PARÁ - Exposição Museu do Estado do Pará (MEP)
BELEM 1 7 a 21
Mostra Paraense dos Grupos Parafólcloricos Hall Ismael Nery Praça do Povo (Centur) Tel: (91) 3241-2333 (r: 314)
BELEM 30 a 04/11
BELEM 31 a 01/11
BELEM 02 a 06/11
Congresso Brasileiro de Ornitologia CENTUR Tel: (91) 3217-6138 Fax: (91) 3249-1302
Curso As Poéticas Sala de Música do IAP Público-alvo: Artistas, pesquisadores e estudantes de teatro.
II Pará em Cena - O Ator SECULT - Parque da Residência Inscrições e Informações: Fone: 4009-8749