Para+ 62

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março 2007

Belém Pará - Brasil

www.paramais.com.br

ISSN 16776968

Edição 62

3,00

Mulheres de luta

Cultura para todos

Fraternidade na Amazônia




CONSIDERAÇÕES SOBRE A MULHER E O SEU PAPEL NO MUNDO DE HOJE

FRATERNIDADE E AMAZÔNIA

Gestos concretos na parceria da arquidiocese com SEDUC e EMBRAPA

No mundo de hoje, em pleno ano 2000, apesar de toda a gana de conquistas, de conhecimentos os mais variados e de incontáveis aceitações por parte de gênero humano, a mulher, em certos países, continua ainda marginalizada, olhada apenas como objeto de prazer e continuação da espécie...

Celeste Proença

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O CONSUMIDOR

CULTURA PARA TODOS

A 1ª Conferência Estadual de Cultura, no Teatro Estação Gasômetro, do Parque da Residência, contou com a participação de secretários municipais de cultura, representantes de associações culturais e dos secretários estaduais Cláudio Puty...

Às Mulheres

N

do Pará

unca será demais repetir o quanto me orgulho de ser a primeira mulher a governar nosso Estado e o quanto me honra ter sobre os ombros a enorme responsabilidade desta missão. Tenho certeza de que venceremos os duros desafios de governar para as mulheres, para os homens, para todas e todos. A todas desejo dias felizes. Elevando a alma, nos dias e nas noites, escutando o canto de nossos avós e o acalanto de nossas mães, que todas nós possamos inundar as almas do mundo com as lágrimas e o suor orvalhado em pétalas da paz e da justiça.

Foram necessários quase 4 mil anos, desde o Código de Hammurabi, no 18º século A.C. para que o brasileiro pudesse festejar seu Dia do Consumidor...

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DIA MUNDIAL DA ÁGUA

Um abraço carinhoso de mulher, mãe e cidadã.

BORRA DE CAFÉ CONTRA A DENGUE

Ana Júlia Carepa Governadora do Estado do Pará

Editora Círios SS Ltda CNPJ: 03.890.275/0001-36 Inscrição (Estadual): 15.220.848-8 Rua Timbiras, 1572A - Batista Campos Fone: (91) 3083-0973 Fax: (91) 3223-0799 ISSN: 1677-6968 CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil www.paramais.com.br revista@paramais.com.br

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Í N D I C E

PUBLICAÇÃO

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DIRETOR e PRODUTOR: Rodrigo Hühn; EDITOR: Ronaldo Gilberto Hühn; COMERCIAL: Alberto Rocha, Augusto Ribeiro, João Modesto Vianna, Rodrigo Silva, Rodrigo Hühn; DISTRIBUIÇÃO: Dirigida, Bancas de Revista; REDAÇÃO: Ronaldo G. Hühn; REVISÃO: Paulo Coimbra da Silva; COLABORADORES: Acyr Castro, Camillo Martins Vianna, Celeste Proença, Claudia Storino, Garibaldi Nicola Parente, João Teixeira da Silva, Ricardo Jordão Magalhães, Sérgio Martins Pandolfo, Tânia Mara Alves, Tom Coelho; FOTOGRAFIAS: Arquivo CCS, Arquivo SEDUC, Artur Simões, Claudia Vasconcelos, Diogo Santos, Elivaldo Pamplona/Amazônia Hoje, Arquivo Mangueira, Sebastião Silva, Moema Souza, Zanete Gusmão; DESKTOPING: Mequias Pinheiro; EDITORAÇÃO GRÁFICA: Editora Círios

*Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores

ANATEC ASSOCIAÇÃO DE PUBLICAÇÕES


"Mulheres de Luta" Concurso de monografia sobre Dorothy Stang

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omo parte do selo "Mulheres de Luta", lançado pela governadora Ana Júlia Carepa, a Escola de Governo do Estado do Pará (EGPA) publicou no último dia 13, no Diário Oficial, o edital do concurso de monografia sobre a irmã Dorothy Stang, cujo tema é "A Vida de Dorothy Stang na Amazônia". O autor da monografia vencedora receberá prêmio no valor de 10 mil reais e terá a edição da biografia em 3 mil exemplares, que serão distribuídos nas escolas públicas, como fonte de pesquisa para os estudantes. O concurso não é restrito a servidores públicos, podem participar também estudantes e não servidores. O concurso só exclui os funcionários da EGPA, que não poderão concorrer. O edital estará aberto até o dia 29 de dezembro, e a inscrição poderá ser feita na Escola de Governo, na avenida Almirante Barroso. Se alguém já tiver uma biografia da Irmã Dorothy pronta, poderá inscrevê-la, desde que seja inédita e que cumpra outras exigências do edital, como por exemplo, conter fontes documentais de arquivos da CNBB, do Incra, do Iterpa e da Sectam. A monografia vai ser julgada por duas bancas: uma examinadora, que vai ler as biografias inscritas e

selecionar três delas para serem passadas à banca julgadora, que escolherá a vencedora. As bancas provavelmente serão formadas por pessoas de fora do Estado. Segundo a diretora geral da Escola de Governo, Edilza Fontes, a contribuição da monografia na área da educação se dará de forma ampla e poderá atingir diversos campos disciplinares como a Sociologia, a História, a Geografia e a Literatura, uma vez que a biografia é um estilo literário. "A biografia vai falar da vida dessa defensora da floresta e da biodiversidade da Amazônia, e é claro que vai abordar todas as questões com que ela lidou: reforma agrária, desenvolvimento sustentável, desmatamento na Amazônia, etc", explicou, acrescentando que o objetivo da EGPA é trazer para dentro das escolas estaduais essa discussão. A Escola de Governo pretende entregar o livro nas escolas públicas no ano que vem e anunciar o novo edital com o nome da próxima homenageada, já que a iniciativa, inédita, deverá se tornar permanente. *Informações a respeito do concurso poderão ser obtidas na EGPA ou pelo site: w w w.egpa.pa.gov.br Outras informações: 3214-6802/6800/6828

Selo "Mulheres de Luta" “A cada ano nosso governo homenageará uma mulher que representa a luta social em nosso Estado. Em 2007 estamos homenageando Dorothy Stang, proclamando para o Brasil e para o mundo que não mais aceitaremos a impunidade, o desmatamento e a grilagem de terras na Amazônia. A Escola de Governo do Estado do Pará realizará concurso de monografias sobre Dorothy Stang. Será esse um passo significativo para a construção de uma memória que inclua as lutas sociais de nosso povo e que contribua para reforçar uma identidade amazônica na defesa do meio ambiente e da justiça social. A luta de Dorothy Stang é fonte inspiradora para as ações do governo estadual em defesa da vida e do desenvolvimento socialmente sustentável”. EDIÇÃO 62 [MARÇO] p a r a m a i s . c o m . b r

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No mundo de hoje, em pleno século X X I, apesar de toda a gana de conquistas, de conhecimentos os mais variados e de incontáveis aceitações por parte de gênero humano, a mulher, em certos países, continua ainda marginalizada, olhada apenas como objeto de prazer e continuação da espécie.

Considerações sobre a Mulher e o seu papel no mundo de hoje por Celeste Proenзa

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elizmente ela está ganhando forças, tomando conta do seu verdadeiro lugar, conquistando com a sua inteligência, a glória que lhe foi predestinada desde os tempos da formação da humanidade. Com sua astúcia cheia de inteligência, com sua insubordinação nata, mas submissa, ela sempre esteve em ascensão, para o bem ou para o mal. Dominou as forças da natureza, quando seus filhos, Abel e Caim lhe encheram o ventre de dores e a alma de miséria e lama. Superou-se quando da criação de ambos, vendo o mais velho assassinar o próprio irmão, num acesso de inveja e ódio. E ela a tudo sobrevive. A dor moral se antepõe à dor

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física pela perda do filho amado. Mas sua autoconfiança não se apaga. Como impelida pela sua condição inglória, toma conta de todas as situações. E se a primeira mulher transgrediu a Lei Divina, arrastando em sua loucura a próprio companheiro, outra mulher, suave e santa a redime, libertando o gênero humano da ira divina, onde estava mergulhada a humanidade. Daí em diante, cônscia do seu real valor, começa a se apossar de todas as maravilhas para si, criadas, numa sede enorme de tentar s u p r i r, c o m s u a grande boa vontade, a lacuna encontrada como herança, feita de tanto sacrifício, numa anulação completa de sua


personalidade. Humilde, mas atenta, vê ao seu redor a vida crescer, o homem ascender mais e mais... e ela, em casa, no lar, submissa como escrava, mas já sentindo em seu interior o nascer de um sentimento novo até então inteiramente ignorado. E uma incontrolável revolta tem início em seu ser. Cansada de ser olhada apenas como objeto de curiosidade, ela / começar a entrever meios e modos de se identificar, de se afirmar, dentro da sua individualidade inútil e sem forma. Toma então uma decisão a mais acertada naquelas circunstâncias, faz intrigas, toma posse do tronos, vestese de homem e usa nome falso como George Sand. E amadurece. Conscientiza o mundo da sua condição de ser humano na sua firmeza de atitudes e conhecimentos, como Marie Curie; e então desafia o próprio destino como Catharina de Médicis ou uma Maria Stuart. Aí, então, já sabe quem é, no valor que dá ao seu semelhante. Sabe que não é perfeita, mas que ninguém o é. Que não

existe casamento ideal e nem sentese culpada por qualquer coisa que aconteça. E passa a acumular experiência, já anteriormente acumulada em anos vividos entre ordens e gritos, tolerância e boa fé. Porque o homem é egoísta por natureza, pela simples razão de ser o primeiro... Mas se ele é a força, ela é a razão dessa força e sem ela, ele se torna apagado, sem vida, pela concorrência infinita da vida a dois... Mulher se entretêm com várias coisas, porque é mulher; e o seu mundo interior é rico e pleno de trabalho. No entanto, o homem, de um modo geral, sem a companhia de gênero oposto, fenece pela ausência da vaidade reprimida, da ostentação sem causa, uma vez que não é imune a qualquer elogio. Isso o faz crescer em admiração por si próprio. É o chefão, o mandão, o todo poderoso. E se a mulher se tornou alguém, compartilhando a vida com o companheiro escolhido, nos mais variados setores, ainda tem a seu favor a obra máxima da criação a

AV. GENTIL BITENCOURT N° 694, ENTRE RUI BARBOSA E QUINTINO. EDIÇÃO 62 [MARÇO] p a r a m a i s . c o m . b r

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Maternidade, condição que a faz infinitamente maior que o homem. Hoje ela representa a base estrutural da família. Sabe de tudo um pouco e de tudo entende. É o esteio, a viga mestra, o todo, enfim. E os educadores modernos, num formidável esforço em prol de sua atualização, não podiam assistir, desapontados, o lento desmoronar de seus ideais sepultados num marasmo de indiferença e ignorância, numa era em que o saber é uma força tremendamente dominante, vencendo o mais forte, na mais forte concorrência de todos os tempos a Guerra da Cultura. Sim, porque ter cultura é ser Gente. Gente que dialoga e tem idéias definidas; que tem objetivos, técnicas de aprendizagem elevada. A ciência cresceu, a cultura ampliou. Ninguém pode estacionar perdido no tempo e no espaço. Não importa a idade. É chegada a hora em que todo o ser humano tem o direito e o dever de saber de tudo o que acontece no mundo, ao seu redor. Que o sentido de crítica é uma constante na sua vida; e que o senso de humor ganhou forma e expressão. Hoje é preciso viver e ter coragem bastante para aceitar com serenidade, tudo o que a vida nos concede, nos arrebata, num desafio continuo a nossa capacidade de sentimentos. Tudo agora é comunicação, participação, é diálogo. Diálogo aberto, sem frases estudadas, sem rodeios. Tudo simples. Apenas atualizada para poder concorrer. Concorrer para ser alguém. Terminou aquele tempo de homens pra cá mulheres pra lá. A participação é um todo. Por isso precisamos incentivar essa comunicação, porque ninguém ignora que a solidão é arma que mais apavora o ser humano.

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Ela é medonha e só será diminuída, quando nós, mulheres e homens, abrirmos mão de nossos preconceitos, de nossos receios, a fim de chegarmos mais perto de nosso semelhante, descobrindo a boa vontade latente em todos nós, despertando o amor que anda arredio por aí... E a mulher, concretizando o seu sonho de se atualizar, transmite cultura a base para novos empreendimentos, uma vez que de nada lhe valeriam os méritos conseguidos, sem o conhecimento atualizado do mundo em que vive. Ninguém pode viver debruçado no passado, revivendo

cinzas e cultuando saudades. Todo mundo sabe o que quer e onde quer chegar. Cremos em nós mais que ontem, quando tudo era um mito a ser revelado. Estamos plenamente conscientizadas que sentimos a vida no sentido mais amplo da palavra, em todas as línguas. Vivemos. Porque viver, para nós, mulheres, é não se deixar dominar pelo tédio, pela inércia, pela ignorância e nem perder a nossa feminilidade, que foi e continua a ser a nossa maior arma, principalmente quando dirigimos um carro e o pneu estoura... Ser atualizada não é ser agressiva, falar aos barros, dizer palavrões, se ridicularizando e olhando o seu semelhante por cima dos ombros. Ser atualizada é possuir “status” e só o tem quem possui cultura, quem sabe algo mais, quem é Gente. É antes de tudo ser discreta, simples, amável e humana. E cultivar o bom humor, o sorriso, são coisas que fazem amigos. Não deixemos que façam idéias errôneas quanto à nossa verdadeira natureza, nossa maneira de ser e aceitar o nosso semelhante, p o i s s ó a s s i m conseguiremos respeito, amor e carinho, uma vez que em nós repousa a essência de todas as maravilhas criadas pelo Todo Poderoso.


Mulher nossa de

cada dia D

por Claudia Storino

e Atenas, do Islã, da Bósnia, de Santiago ou da América. Mulheres tantas, doces, tristes, infelizes, loucas, louras, amargas, recatadas, duras, oferecidas, assustadas. Mulheres tantas e tantas que por aqui não passariam todas, que a nós diriam tudo e que ao mundo pedem tão pouco. Mulheres lindas, mutiladas, agredidas, agressivas, gritando conquistar, pedindo socorro, de filho na barriga, mais um no colo e outro no mundo. Mulheres princesas, de um dia ou de uma vida inteira,

donas de poder, presas ao discurso, rebeldes ao discurso, que apontam, condenam, calam e negam. Mulheres de todas as prendas, de retrato na parede, toalha de linho e sininho à mesa, de saiotes engomados, de roupas nenhuma, apaixonadas igualmente. Mulheres do passado e do agora, de panelas vazias e cabeça cheia, de barriga vazia e alma em transe, de coração vazio e existência absurda. Mulheres do povo, do mundo, dos homens, guardadas em véu, expostas em sobras, tingidas de dor, alucinadas de prazer e sonho. Mulheres meninas, fazendo meninos, parindo anjos, banhando-se em luz, comendo ilusão, pisando em falso, abraçando agonias. Mulheres meninas, também, de véu, grinalda e planos de juras eternas e amores nem tanto, de missão cumprida e vontade esquecida. Mulheres que dão vida, que deram à vida, empunharam bandeiras, saíram em busca, valeram princípios e deixaram sementes. Mulheres de anos vividos, rosto enrugado, de ventre árido, de sangue acabado, de tempo que desaprova e não permite. Mulheres atônitas na essência de si mesmas, perguntando quem é e quantos são entre a vontade e a culpa e descobrindo, incrédulos, que é tudo nessa misteriosa fragmentação. * a autora йJornalista

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arte by Mek Pinheiro

S Para todas

as mulheres do mundo

S

abe aqueles dias em que a pele parece mais flácida e as olheiras, mais profundas? Um arranhão na perna direita, latejante, irritante, deixa claro que só pretende cicatrizar no dia de São Nunca, você tem um mal dito pêlo encravado, uma maldita espinha no nariz, um maldito corte no dedo e menos, muito menos poético que naquela canção a maldita ponta de um torturante band-aid no calcanhar.

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Você comeu demais, e continua com fome. A novela das oito ainda nem começou e você, completamente exausta, não agüenta nem mais manter os olhos abertos. As idéias vêm e vão, embora nenhuma delas seja forte o bastante para apagar a dor, as lembranças, a raiva contra as injustiças de todo tipo, as lágrimas, muito menos ainda o cansaço, aquele mesmo, que faz a pele mais flácida, as olheiras mais profundas. Você atrasa e o tempo não passa, trabalha e as coisas não encaixam, anda e o caminho não acaba, pára e os hormônios não descansam, e haja paciência para tanto telefone, tanta pergunta, tanta conversa, tanta cobrança. Você repete as expressões se sempre, as expressões de sempre, e não sabe qual música ouvir, porque a “Sinfonia 40” é alegre demais e o Réquiem, alegre de menos, o “Storytelling” é quieto demais e o “If You Feeling Sinister”, movimentado demais, o Caetano novo é rock demais e o novo rock, quase todo, é bobo demais. Você lembra que não disse tudo o que queria dizer naquele encontro apressado, e acha que às vezes fala demais, mas só consegue pensar que precisa (ou acha que precisa), em regime de urgência

urgentíssima, de uma lipoescultura completa, de uns miligramas de toxina botulínica e de seis séries de abdominal nível oito, de tal modo que coisas que você nem sabe direito o que são, como lipoescultur a, toxina botulínica e abdominais nível oito, viram idéia fixa. Você pedala para queimar as calorias de dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles no pão com gergelim, e nada; aumenta o volume da TV, e nada; telefona para a amiga que jura que mudar os móveis de lugar ajuda a passar o tempo e as crises, e nada, nada. Quando o dia termina, e não daquele modo que terminam os melhores dias, o travesseiro parece estreito demais e o colchão bem que podia ser melhor; não há abraço que resolva nem olhar nem canção, e é preciso dormir mas quem é que consegue?

É TPM mesmo, e ai de quem ousar dizer que

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r e h l u M por Garibaldi Nicola Parente

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ão quero delimitar este tema. Por isso, o título é mesmo “mulher”. Não quero tratar a mulher como “fêmea do homem”, nem como “esposa, mulher casada”, quero considerá-la na acepção particular de sua universalidade. A mulher como mulher na extraordinária façanha de ser o ser mulher em si mesma, numa concepção paisagística, verdadeira, sugestiva e autêntica na extensão de seus enlaces com o mundo natural. A empreitada não é fácil, acho prudente transformar-me em nuvem, e navegando ao sabor dos ventos, admirar todas as maravilhas do mundo. Em todas as paragens, independentemente das origens, tradições, usos e costumes culturais de cada lugar, alcançarei a confirmação de que a m u l h e r é m u l h e r, a primeira e inconteste maravilha do mundo. Não serei nefelibata, nem estarei cultivando sonhos. Não serei clássico, neoclássico, romântico, impressionante... não serei nada. Quero apenas ser nuvem ao sopro eólico do meu pensamento “cumulus”, vaporizado panoramicamente para perceber com mais acuidade a essência permanente da luz e dos contornos da mulher: “Mulier sapiens”. Minha idéia é clara. A luz não vem unicamente do sol. Considero a vida e as paisagens vistas sob efeito da emotividade particular como espaços sumamente poéticos, alojamentos concretos da verdade, mesmo sob o domínio almado da magia cambiante. A verdade é constituída pela onipresença da mulher em nossas vidas, pelo constante otimismo e pela sua luta contra a efemeridade. Quando tudo parece estar sendo dissolvido, diafanizado, a mulher, por meios e atitudes bem simples, garante a sobrevivência, como essência da dignidade de viver, medida exata da condição verdadeiramente humana. Archimedes ao referir-se a alavanca, disse; “Dêm-me um ponto de apoio e eu moverei o mundo”. A mulher

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move o mundo com as suas próprias mãos embalando o berço da natividade. Artífice dinâmica da sensibilidade mais apurada, a mulher é mãe-do-leite sagrado de todos os filhos do mundo, da proteção e do sacrifício. Apesar das incertezas do mundo moderno, tempo em que a fatalidade ganha ilimitada constância, a habilidade da mulher ganha mais aprimorada criatividade, ela sabe muito bem imprimir sentimentos de segurança, de afeto, de ternura e de cuidados na preservação da qualidade de vida às gerações futuras. Não descuro dos princípios de igualdade entre homem e mulher: Que direi? O homem tem transformado o mundo em um labirinto intrincadíssimo, a mulher, entretanto, vai desenrolando fios de ouro para indicar a saída. Não digo isto como modo de compactuar com aquele mundo idealizado de beleza, felicidade e prazer criado para minimizar os efeitos negativos de tanta exploração. Hoje a mulher participa, seu trabalho satisfaz e é uma necessidade social. Esta atitude demonstra que o compartilhar caminhos é a melhor busca no sentido de minimizar preconceitos, constrangimentos e restrições. A fantasia primordial da poesia acerca da origem da vida humana conta que a mulher nasceu da costela de Adão. Não! Nasceu do sentimento mais sublime que tem seu ninho na alma, o amor especial e profundo capaz de suportar qualquer dor pelo bem da vida. A primeira mulher a se apaixonar pelo mundo foi Aurora. Aquela que com seus dedos róseos rasga os escuros véus da noite, abrindo, desse modo, os caminhos para o sol iluminar e aquecer o tempo; despertar os passarinhos, desabrochar as flores; ativar células e todo os encantos... inclusive das orquídeas. A diversidade cultural não é diferente, é sinergia. Sejam odaliscas, amazonas, geishas, cinderelas, andaluzas, cleópatras, helenas, indiras, terezas, penélopes, marylins, margareths, eneidas, marias, marias, marias... elas rompem


pacientemente a eternidade das coisas efêmeras para nidificá-las no paraíso, esse enumerável templo do mundo, o amor. Está dilacerado o estereótipo da mulher caseira, da mulher corpo, da mulher frágil... o véu, a burka, o hijab não são mais símbolos de submissão. E a questão do gênero não é mais pautada no sexo, na raça, na classe, mas na interação social, na integração ao desenvolvimento plenipotencial de uma cultura de paz. A mulher é diferente sobretudo na forma de identificarse com a natureza, sua experiência é inclinada mais intimamente à terra; na forma anímica de aperfeiçoarse ao meio natural da própria vivência e na forma de afirmar-se nesse meio sob o ritmo estabilizador da moral e da cultura como princípios moderadores de toda e qualquer agressão predatória à natureza. O homem nunca foi guardião, encara a natureza de modo opositivo, com deliberado contra-senso, sua meta é de devastar em nome do progresso e do lucro. Nesta viagem cósmica percebo que no contexto natural a mulher se insere com determinismo no sentido de contribuir na diminuição das ações impactantes contra o meio ambiente. Contribuem decididamente nas questões da sustentabilidade e da sobrevivência condigna. Valoriza as relações sociais, dimensionando e aprimorando as ações cooperativas em espaços de encontro e de aprendizado. A tecitura da vida moderna exige a manifestação integral do corpo, da mente e do espírito, nas dimensões pessoal, social, ambiental e espiritual. No alcance dessa manifestação, a mulher desenvolve uma espécie de sexto sentido, antevisão mental consciente que não é profecia, e sim, suposição de tendências, previsão de ocorrências e reação lógica de possíveis soluções. Sensibilidade que é efetivamente motivada através da empatia, do poder afetivo e da sinergia na construção de uma sociedade

mais harmônica. Em qualquer ambiente cultural sempre existirá aquilo que é correto, aquilo que é viável, aquilo que é justo. As desigualdades existem não por si mesmas, são socialmente construídas, moldadas nas relações de poder, no acesso aos bens, na ocupação de espaços. A inserção da mulher é um fato marcante, consciente e realizado em franca oposição aos modelos de desenvolvimento que se baseiam na devastação do planeta e na violência pela disputa dos recursos naturais. Posso dizer agora que os desígnios da mulher são imponderáveis: o consolo na aflição, a luz na esperança, a força na derrota e o sentido milagreiro do olhar protetor... sem a mulher não é possível conceber uma vida melhor. Não existem enigmas, o enigma é claro, bastante claro: As alavancas estão extintas numeroso é o coração da mulher, Vamos dar as mãos e nos moldemos nas flores...

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INFÂNCIA por Tвnia Mara Alves

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s crianças se atormentam com as questões de sua origem - como todo sujeito. Como apreender o início da vida? Quando uma criança nasce há uma cultura, um ambiente e desejos à sua espera, que irão influenciar o adulto que ela será. Para seus pais, esta crianças, desejada ou não, tem valor de continuidade - um fio de vida e de esperanças para a sobrevivência da família e da espécie. No início, para a criança, não há separação entre ela e os outros. Ela ainda é extremamente dependente na sua sobrevivência de alguém que a cuide e a alimente. Mas seu desejo de vida - sua pulsão de vida - a orienta a investir no ambiente que a cerca. Por outro lado, ela responde às demandas de desejos que chegam até ela. Se mamãe quer ser mamada, a criança mama. Lembro-me do meu orgulho ao ver meus filhos crescerem com o meu leite.

Esta relação mãe-filho, desejo da mãe pelo filho, permite que a criança tenha noção de que existem outros além dela mesma. Isto ativa suas respostas sociais. Ela que, no início da vida, se orientava somente pelas sensações de seu próprio corpo, passa a desenvolver e se orientar pelos seus sentidos à distância como a visão e a audição. Como é lindo o início da vida social de uma criança: a tudo ela presta atenção! Ela sorri e gargalha para atrair o desejo das pessoas. No meio destas pessoas ela descobre seus primeiros objetos de amor: sua mãe, seu pai e aqueles que a cuidam. Após esta descoberta fundamental, ela passa a estranhar os que não são familiares. Isto me faz lembrar minha sobrinha aos seis meses de idade. Ela olhava para sua mãe: se esta sorria para alguém, ela era toda sorrisos. Caso sua mãe não sorrisse, a pessoa era sumariamente rejeitada, não importando quanto esforço fizesse para ter sua atenção.

Respeitar cada criança Que envolvimento humano os adultos podem dar para for talecer a segurança interna da criança que cresce? Como podemos eliminar os obstáculos que impedem o desenvolvimento dos dotes que cada criança tem para oferecer ao mundo? Estas conquistas em tão tenra idade nos apontam para os mistérios do desenvolvimento humano e sua educação. Cada criança para continuar seu desenvolvimento precisa continuar recebendo o alimento para que seus pensamentos, sentimentos e educação da vontade fiquem disponíveis como forças capazes de transformar o mundo.

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A infância é o período que vai desde o nascimento até aproximadamente o décimo-segundo ano de vida de uma pessoa. É um período de grande desenvolvimento físico, marcado pelo gradual crescimento da altura e do peso da criança - especialmente nos primeiros três anos de vida e durante a puberdade. Mais do que isto, é um período onde o ser humano desenvolve-se psicologicamente, envolvendo graduais mudanças no compor tamento da pessoa e na aquisição das bases de sua personalidade. Estes primeiros objetos amorosos de uma criança: a mãe, o pai, os avós, os tios, a babá, as professoras da creche são fundamentais para estabelecer a relação que ela vai ter mais tarde com as pessoas. A descoberta do mundo social permite que a criança explore o mundo à sua volta, olhando, pegando, colocando na boca, se locomovendo, tentando separar-se de suas amarras corporais: ela quer andar, ter independência e falar. Por outro lado, esta descoberta permite que ela tenha uma apreensão melhor de seu corpo e de sua subjetividade. Ao se olhar no espelho, a criança se reconhece e pode ter uma visão completa de si. Isto a impulsiona a ter vida própria e noção de seus desejos. Como é maravilhoso ver uma criança falando “eu”! Todas estas aquisições são sofridas, complexas, longas e dramáticas. A criança tem dúvidas e questões sobre sua origem, sobre seus desejo e sobre o que ela vai ser no futuro. Tem-se uma noção românica e errônea

sobre a infância, em parte porque tudo isto foi retirado de nossa memória. A infância é um período difícil, povoado de pesadelos, de descobertas, de incertezas, com quase tudo a ser conquistado. Por isto, a presença dos pais ou do adulto acolhedor pode minimizar estes sofrimentos necessários, estes caminhos difíceis e tortuosos que toda criança precisa percorrer até se tornar um adulto neste mundo. Mas as crianças são sábias. Elas mostram suas dificuldades e dúvidas - sua singularidade - para aqueles que as escutam e as acolhem. É por isto que pais e educadores precisam ficar atentos ao que fazem ou dizem as crianças: elas falam de si, de sua inserção no mundo, de seus problemas e de seus sintomas. Como seria bom se todas as crianças pudessem ter um adulto que a acolhesse, que a confortasse, que lesse histórias para acalmá-la, que a guiasse e a ajudasse a resolver melhor suas questões de existência!

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Fraternidade e Amazônia Gestos concretos na parceria da Arquidiocese com SEDUC e EMBRAPA

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D. Orani Tempesta e Demétrio Mácola parceria acordada ela primeira vez o Governo do Estado, através da Secretaria de Educação (SEDUC), manifesta interesse em estabelecer parceria com a igreja católica, para intensificar na rede estadual de ensino a Campanha da Fraternidade 2007, lançada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNBB com o tema:“Fraternidade e Amazônia” e o lema, “Vida e Missão Nesse Chão”. O acordo foi já foi selado entre o Estado e a Igreja, na sede da arquidiocese, entre o arcebispo de Belém, Dom Orani Tempesta e a SEDUC, representada pelo diretor da Área Metropolitana, Demétrio Mácola. Em nome do Estado e da Secretaria de Educação, Demétrio colocou às escolas estaduais à Amazônia, como eixo central. "Nossas escolas podem disposição das ações que estimulem a discussão em desenvolver várias ações, como plantio de mudas e torno do tema da campanha deste ano, que tem a outras que possam ser trabalhadas através das disciplinas em sala de aula, que reforcem o espírito da campanha e despertar a criança/jovem para a preservação, à questão ambiental”. “A Igreja católica trabalha com a educação e nós também”, completou Mácola. Atualmente, a Seduc mantém na Região Metropolitana de Belém 375 escolas de ensino fundamental e médio. O projeto pode e deve ser implementado no interior do Estado, dependendo do interesse das demais escolas. Pela Seduc existe a intenção da em prolongar a parceria com a Arquidiocese no futuro. O arcebispo disse que além dos textos temáticos da Campanha, as escolas podem desenvolver ações já incentivadas pela Arquidiocese de Belém, entre elas a coleta seletiva do lixo, plantio de árvores, abordandose em palestras a falta de água nas periferias, conhecendo-se também a realidade de outros setores da Amazônia. “O segredo é a escola, a educação. Colocando no coração de uma criança e um adolescente o respeito ao outro e à Amazônia, pela vida inteira”, defendeu o arcebispo. Ele falou sobre o caráter da Campanha da Fraternidade, a qual não se restringe apenas à

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Dom Orani está entusiasmado com os gestos concretos

comunidade católica, mas é dedicada a todos os cidadãos. “A campanha é da CNBB, mas é para toda a sociedade. Sempre foi. São questões sociais. Nesse aspecto, a gente deseja as escolas amplamente”. Ficou definido na reunião que uma agenda de atividades será estabelecida entre a coordenação pedagógica da Seduc e da Arquidiocese para encaminhamento das ações em conjunto. O arcebispo de Belém, D.Orani Tempesta louvou a iniciativa do governo através da Seduc, ressaltando a importância do tema deste ano "Vida e Missão neste Chão". A parceria da Arquidiocese com a EMBRAPA pretende plantar 20 mil mudas de plantas tropicais nas

regiões paroquiais identificadas com as maiores necessidades demais verde/ arborização. Claro que o assessoramento técnico será dos profissionais da EMBRAPA, antes, durante e após o plantio. Padres e agentes de pastorais na primeira fase já estão fazendo o levantamento das necessidades reais de cada uma das cinqüentas paróquias da área metropolitana de Belém. A Igreja, com a plantação das mudas pretende despertar seus fiéis para a consciência ecológica, mostrando os benefícios que esses gestos concretos representarão, ao embelezamento da cidade e principalmente para a melhoria de qualidade de vida à toda população.

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Camillo Vianna

Amazônia. A Consciência de Cada Um

P

rocurando a participação de maior número de pessoas, a Campanha da Fraternidade, traz uma mensagem da maior importancia, que simbolizará o começo de toda uma série de acontecimentos que deverão colocar o homem brasileiro em situação de, se não impedir, pelo menos equlibrar, da maneira mais racional possível, a valorização do intercâmbio entre os seres vivos e o meio-ambiente, e com a natureza, portanto, que vem sendo incessantemente agredida desde épocas mais recuadas da nossa história, e cujas conseqüências negativas já podem ser claramente observadas, não existindo praticamente, nenhum lugar da nossa Terra, que não apresente rastros da presença humana, fazendo desaparecer alguns tipos de vida, acarretando, como decorrência disso, severos problemas sociais, cujas soluções poderão se mostrar difíceis, se não impossiveis de serem encontradas. A Campanha procura mostrar aos que ficarem sensibilizados por este verdadeiro brado de alerta que, a natureza ao contrário do que possa parecer não é propriedade de ninguém em particular, pertencendo a toda humanidade, e os malefícios que uma geração possa fazer serão transmitidos àquelas do futuro, tornando cada vez mais penosa,

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em todos os sentidos, a presença do homem. Essa caminhada acelerada no rumo da autodestruição precisa ser freada a qualquer preço, uma vez ser praticamente impossível caracterizar responsabilidades ao longo dos tempos. Nem tudo está perdido e começa a haver, em termos mundiais e nacionais, uma espécie de reação que deverá mostrar resultados nos próximos anos, e que em nosso país precisam ser bastante significativos, tal a intensidade predatória que pode ser identificada, de ponta a ponta de todo o território nacional, evidenciando um estado de coisas que não pode nem deve ter continuidade, sob pena de pagarmos preço altíssimo, muito brevemente. Caso deixemos passar em branco a Campanha da Fraternidade sem procurarmos dela participar, estaremos assumindo atitude de simples espectador, sem nos comprometermos nessa verdadeira batalha que esta sendo travada em todos os recantos do universo, mas que precisa ser trazida para mais perto da Amazônia, ou mais precisamente, para a consciência de cada um. Precisamos aceitar, sem pânico ou desespero, que estamos, em termos universais, à beira de um precipício, não restando alternativa senão integrarmo-nos à Campanha procurando não fugir da necessidade de participar da solução do problema, repartindo as responsabilidades, dividindo os resultados concretos, que aos poucos deveremos ir construindo, na descoberta da felicidade de participar dessa reconciliação com a natureza onde, sem exceção, somos todos irmãos e responsáveis uns pelos outros na caminhada da preservação que, necessariamente, trará justiça, paz e trabalho para todos. SOBRAMES/SOPREN


A Amazфnia: gurus, adivinhos,

futurólogos e

arúspices II

P

(Para meditarmos durante a Campanha da Fraternidade)

revisões apresentadas recentemente pelo ecólogo americano Philip Fearnside, pesquisador do Inpa e especialista nas mudanças que o aquecimento da Terra provocarão na Amazônia, em seminário para divulgar as conseqüências do aquecimento global para a região amazônica, disse que na pior das hipóteses, a floresta sofrerá um aumento de 14 graus em sua temperatura média até o fim deste século. Ocasionará a transformação da floresta amazônica em savana, aumento da temperatura em 4%, acima da média do planeta, com picos de mais de até 50º C até 2070, diminuição da quantidade de chuva na região e períodos de seca mais longos. No melhor dos mundos, enfrentará algo parecido com um El Nino permanente. Em outras

palavras, uma longa seca. O Programa Ambiental da ONU, com sede em Nairobi, pediu a Ban Ki-moon, secretáriogeral das Nações Unidas, que convocasse uma cúpula climática de emergência em meio a relatórios sombrios sobre os riscos do aquecimento global. Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, agora ambientalista, sócio de um fundo que administra 200 milhões de dólares, em projetos de energia sustentável, produziu um documentário “Uma Verdade Inconveniente”e ganhou recentemente um OSCAR em Holywood. Quer provar que investir em energia sustentável é um ótimo negócio. No documentário alerta o mundo todo sobre o aquecimento global. A pesquisa sobre Mudanças Climáticas e seus Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira, coordenada pelo

Prof. José Marengo, apresentando sua pesquisa

Prof. José Marengo, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC)/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), informa:

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Elevação do nível do mar A elevação do nível do mar pode chegar a meio metro ao longo do século XXI. A cidade do Rio de Janeiro é uma das mais vulneráveis. Estudos do Inpe, a partir de imagens do satélite Landsat, simularam a enchente que ocorreria na Ilha de Marajó, partindo aumento do nível do mar. Com dois metros de elevação, 28% de seu território pode desaparecer. Caso o aumento chegue a 6 metros, 36% da ilha pode ser inundada.

Temperatura subiria até 4ºC no Brasil e 8ºC na Amazônia No Brasil, o aumento da temperatura média no ar pode chegar até 4ºC acima da média climatológica em 2100, em relação à temperatura média aferida de 1961 a 1990. Na Amazônia, o aquecimento pode chegar, no cenário mais pessimista, a 8 ºC.

Redução de chuva na Amazônia e no Nordeste A probabilidade de maior redução de chuva pode afetar a Amazônia e o Nordeste. No Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste, permaneceriam estáveis nos níveis atuais, embora o volume da precipitação possa ser mais intenso.

Variações nos extremos do clima Existem incertezas nas tendências de variabilidade de extremos de clima no Brasil (exceto na região Sul), por causa da falta de informação confiável de longo prazo ou do acesso restrito a este tipo de informação para grandes regiões, como a Amazônia. As projeções de extremos para a segunda metade do século XXI mostram em geral aumentos nos e x t r e m o s d e

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temperatura, como noites mais quentes, ondas de calor, e nos indicadores de eventos extremos de chuva.

Projeções de aumento de temperatura por região Amazônia +5,3ºC (pessimista) +3,0ºC (otimista) **Isso tudo aí de cima são projeções e estudos baseados na grande maioria das vezes em modelos matemáticos. Só que praticamente cada instituto e/ou pais tem o seu. Continuamos achando que quem tem razão é Santo Agostinho. O tempo pertence senão a Deus. Mas não podemos ficar de braços cruzados!

Nossa sugestão O que realmente precisamos e esperamos: Diante de tanta calamidade prevista, esperamos que imediatamente, atividades sejam organizadas ao mesmo tempo em todo o mundo, e que sejam mobilizados governos, ongs, grupos de jovens, empresas, indústrias, mídia para adoção de medidas simples e objetivas sejam realizadas como: Campanhas educativas, mutirões de limpeza ambiental (de praias, por exemplo). Plantio de árvores, concursos de fotografia, certames de redação sobre o tema ambiental nas escolas, entre outras atividades.


Comemorando

a Poesia

O

Brasil comemora todo dia 14 de março, o Dia Nacional da Poesia, por propositalmente coincidir com a comemoração do nascimento do escritor baiano Castro Alves (1847-1871), um dos principais poetas do Romantismo. Entre os conhecidos trabalhos de Castro Alves estão "Espumas Flutuantes" e "Navio Negreiro", que representam suas principais temáticas: o amor e a luta por justiça e liberdade. Defensor da sociedade abolicionista, ele também era conhecido como o poeta dos escravos. Justamente por conta dos ideais do escritor, que morreu com apenas 24 anos, o Brasil elegeu seu aniversário para comemorar a poesia, arte que nasceu na Grécia, com Homero, autor de "Ilíada", que relata a Guerra de Tróia, e de "Odisséia", com as aventuras de Ulisses, rei de Ítaca, ao retornar da guerra após dez anos. Quando surgiu, a apresentação

d e p o e s i a s e r a acompanhada por um instrumento musical chamado lira, por isso a inclusão da poesia no chamado gênero lírico, independentemente do texto retratar tragédias. Mas se geralmente - mais ainda antigamente - a expressão "poesia" se aplicava à estrutura de texto em versos, com ritmo específico, divisão em estrofes e rima, desde o modernismo ela ganhou novos contornos e subtítulos, como a chamada poesia concreta.

Navio Negreiro “Stamos em pleno mar... Doudo no espaço Brinca o luar - dourada borboleta; E as vagas após ele correm... cansam Como turba de infantes inquieta. 'Stamos em pleno mar... Do firmamento Os astros saltam como espumas de ouro... O mar em troca acende as ardentias, - Constelações do líquido tesouro... 'Stamos em pleno mar... Dois infinitos Ali se estreitam num abraço insano, Azuis, dourados, plácidos, sublimes... Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas Ao quente arfar das virações marinhas, Veleiro brigue corre à flor dos mares, Como roçam na vaga as andorinhas... EDIÇÃO 62 [MARÇO] p a r a m a i s . c o m . b r

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Cultura para todos A

1ª Conferência Estadual de Cultura, no Teatro Estação Gasômetro, do Parque da Residência, contou com a participação de secretários municipais de cultura, representantes de associações culturais e dos secretários estaduais Cláudio Puty (Secretário de Governo), Carlos Guedes (Secretária de Planejamento, orçamento e Finanças-Sepof), André Farias (Secretaria de Integração Regional) e Edílson Moura, titular da Secult, que ao brir o evento com as saudações de praxe disse: "Nós vamos mostrar as propostas do novo governo para os secretários de cultura dos diversos municípios do Estado do Pará. Mostrar que o governo está aberto ao diálogo, aberto aos bons projetos, e que nós não vamos discriminar prefeitura nenhuma, secretário nenhum, independente da sua ideologia ou do seu partido" Apresentou ainda as propostas, como a realização das conferências intermunicipais e estadual de cultura e o projeto “Pontos de Cultura”, instalações de espaços abertos para a criatividade popular e linguagem, que terá como parceiro o governo federal. “Este é o 1º passo nesta caminhada longa e árdua que é a integração cultural. Nós sabemos que vamos ter dificuldades, mas eu tenho certeza que ao final de quatro anos nós vamos deixar bem adiantado o nosso objetivo de

Nós não vamos discriminar prefeitura nenhuma, secretário nenhum, independente da sua ideologia ou do seu partido, disse Edílson Moura o titular da Secult

Este é o 1º passo nesta caminhada longa e árdua que é a integração cultural

planejamento cultural para o Estado”, ressaltou Moura. Segundo ele, a descentralização dos recursos será fundamental para o crescimento da cultura nos outros municípios. “A idéia principal é a descentralização dos recursos, que eram concentrados no governo passado apenas em Belém, através de museus, teatros, prédios, em função da necessidade de sustentar esses espaços. Nossa intenção é que esses recursos beneficiem também os outros municípios do Estado, mas precisamos encontrar uma forma de descentralizar e distribuir melhor os recursos da área cultural”, disse. Edilson Moura ressaltou que o processo de interiorização da cultura já está em andamento. Uma prova disso é a realização de grandes eventos em cidades do interior do

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Estado e não só na capital. É o caso do show "Palavra de Mulher", que estreou em Belém seguindo para Bragança e Santarém. Outros exemplos dentro desta proposta são as ações preparatórias da Feira PanAmazônica do Livro, que atingirão 13 municípios em 2007, e as Oficinas de Cultura do Programa de Educação Patrimonial, que iniciam neste mês. O programa, que terá suas primeiras ações em Capanema (dia 10), Colares (dia 23) e São Miguel do Guamá (dia 30), é uma realização do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Estado (DPHAC), com apoio do Ministério da Cultura (MinC), através do Programa Caravana Cultural. Para o secretário de governo, Cláudio Puty, a ação integrada entre a Secretária de Cultura e os municípios do Estado é de fundamental importância para a elaboração do projeto de cultura do novo governo. “O

Pará sempre teve recurso, mas as coisas não aconteciam, o que significa que será importante uma política de integração. A cultura no Estado é muito mais do que reforma prédio antigo, pois temos que olhar a cultura paraense como algo além e esse encontro. É o primeiro passo”, afirmou Cláudio Puty.

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No dia 15 de março, comemora-se o dia do consumidor, ou seja, celebramos o dia de todas as pessoas que vivem em sociedades civilizadas, já que a troca de mercadorias por dinheiro existe há mais de dois mil anos. Considerado por uns, terapia e por outros, doença, o consumo faz par te da vida de todos e dele não podemos fugir. Logo, somos todos consumidores. Fonte: Procon

F

oram necessários quase 4 mil anos, desde o Código de Hammurabi, no 18º século A.C. para que o brasileiro pudesse festejar seu Dia do Consumidor. “Eles são o maior grupo econômico, e influenciam e são influenciados por quase toda decisão econômica publica ou privada. Apesar disso, eles são o único grupo importante cujos pontos de vista muitas vezes não são considerados”. Em 15 de março de 1962, o então presidente dos Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy, fez essa declaração ao Congresso americano e encaminhou mensagem reconhecendo os direitos dos consumidores, relativos a livre escolha de produtos e serviços, segurança destes, informação sobre eles e a ser ouvidos pelos fornecedores, Código de Hammurabi pela Justiça e pela polícia. Um ordenamento jurídico que permaneceu inerte por milênios, o arremedo de um código que serviu de modelo para todos os países membros da Organização das Nações Unidas (ONU). Em homenagem a esse gesto, o 15 de março foi escolhido Dia do Consumidor. No Brasil, até bem pouco tempo, as

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O Con relações de consumo funcionavam na base do "Vá se queixar ao bispo!". Esse era o pensamento único do fornecedor com relação a qualquer tipo de reclamação infundada ou não, que fosse apresentada. O único jeito era apelar para o Código Civil, formado por uma tonelada de leis para operador de Direito nenhum botar defeito. Trazia consigo aquela antiga e lenta Justiça; muito difícil e, sem dúvida onerosa. Após a Constituição de 1988 - que determinou que o poder público promovesse a defesa do consumidor, definindo direitos básicos, oferecendo instrumentos e dando ênfase à informação e ao controle de qualidade foi aprovada na câmara dos deputados o Código de Defesa do Consumidor (CDC), lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, que dispõe sobre a proteção do consumidor. A lei "pegou" com seus 119 artigos, coisa que nem sempre acontece nesse ainda nosso imenso Brasil. Mais do que uma nova lei, constituiu um marco na organização da sociedade civil em defesa dos próprios direitos. Em março de 1997, foi publicado o Decreto nº 2181/97, que organizou o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor e estabeleceu as normas para aplicação das sanções administrativas. Esse decreto estabeleceu também a elaboração do Cadastro de Reclamações Fundamentadas ou Cadastro de Fornecedores, divulgado periodicamente pelos Procons de todo o país, com objetivo de orientar os consumidores. Chegar-se-á, seguramente, a um tempo em que não


será necessário nenhum código de defesa de consumidor, uma vez que estarão definitivamente banidas do mercado as empresas que precisarem de um código para colocar limites em seus abusos e no relacionamento com os consumidores. Mas a história demonstra que não há conquista sem lutas, pelo menos enquanto muitos homens de negócio ainda insistam em contrariar o grande Monteiro Lobato, quando afirmou: “O verdadeiro objetivo de uma empresa não é ganhar

dinheiro, e sim bem servir ao público, produzindo artigos de fabricação conscienciosa e vendendo-os pelos preços mais moderados possível. A empresa que se norteia por esses princípios nunca pára de crescer nem desdobrarse em benefícios para todos quantos nela cooperam” - Monteiro Lobato.

sumidor EDIÇÃO 62 [MARÇO] p a r a m a i s . c o m . b r

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Um Filme de Bonecos O

Texto de Acyr Castro

primeiro filme animado de bonecos feito no Pará e que me parece importante é uma livre adaptação de 7 contos de Walcyr Monteiro. A animação de Roger Elarrat visualiza, a meu ver de modo altamente criativo, personagens e situações da moça do táxi, da morada de caboclo, da aposta macabra, do noivado sobrenatural, da procissão das almas, do cruzeiro do Telégrafo e do fantasma erótico da Soledade. Para criar cinematograficamente, Roger acionou equipe numerosa, do roteirista Adriano Barroso a José Alexandre Júnior que cuidou da computação gráfica, passando pelo cinegrafista Adalberto Júnior, pelo construtor de bonecos e animador Alexsandro Costa, com Aline

O boneco de Roger Elarrat

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O filme de Roger Elarrat sobre contos de Walcyr Monteiro

Coelho na pintura de bonecos, com Daniel Oliveira no storyboard. A trilha sonora original é de Leonardo Venturieri. Afinal a literatura de Walcyr Monteiro, de repercussão internacional, chega ao cinema através de recursos modernos de áudiovisual como raras vezes tenho visto. As lendas urbanas finalmente dão colorido de imagem à altura ao imaginário popular que geram e a que dão alimento. O filme de Elarrat vai sair em DVD. Acyr Castro e Walcyr


UTILIDADE PÚBLICA

Carteiras de gratuidade

A emissão das carteiras será durante todo o ano

A

Secretaria de Estado de Cultura (Secult) informa que desde segunda-feira (19), está reiniciando a emissão de suas carteiras de gratuidade para idosos, aposentados e deficientes físicos, auditivos e visuais. A ação acontecerá durante o ano inteiro, sem prazo de encerramento, por isso, as pessoas não precisam ter pressa para fazer a solicitação. O atendimento será feito de segunda à quin ta-feira, das 14h às 16h, quando serão distribuídas 50 senhas por tarde. O documento prevê entrada gratuita nos cinemas, teatros, museus, galerias de arte, casas de espetáculo, ginásios poli-esportivos e estádios de futebol pertencentes ao Estado do Pará, bem como suas fundações, além das entidades de caráter privado.

Documentação necessária para tirar a carteira: *Pessoas maiores de 60 anos d e v e r ã o apresentar original e cópia da carteira de identidade, duas fotos 3x4 i g u a i s e recentes, e

xerox do comprovante de residência. *Aposentados deverão apresentar original e cópia do comprovante de aposentadoria (carta de concessão do INSS ou portaria de aposentadoria, acompanhada do contra-cheque), carteira de identidade original e cópia, duas fotos 3x4 iguais e recentes, e xerox do comprovante de residência. *Portadores de necessidades especiais deverão apresentar laudo médico original ou cópia autenticada, emitido nos últimos doze meses, atestando a espécie e o grau ou nível da sua deficiência, com expressa referência ao código correspondente na classificação internacional de doenças (CID), e se a deficiência é de caráter irreversível, carteira de identidade original e cópia, duas fotos 3x4 iguais e recentes, e xérox do comprovante de residência. A emissão será feita no Seu Antônio também já Almoxarifado da tirou sua carteira Secult, na avenida Gentil Bittencourt, nº 999 (ao lado do Conservatório Carlos Gomes). Local provisório.

Maiores informações pelo telefone: 4009-8718 EDIÇÃO 62 [MARÇO] p a r a m a i s . c o m . b r

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!

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Vai faltar água

D

entro de 20 anos, uma proporção de dois terços da população do mundo deve enfrentar escassez de água, de acordo com a FAO, agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, sediada em Roma. Segundo a FAO, o consumo de água dobrou em relação ao crescimento populacional no último século. Pouco mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo já não tem acesso a água limpa suficiente para suprir suas necessidades básicas diárias, disse Pasquale Steduto, diretor da unidade de gerenciamento dos recursos hídricos da FAO. Segundo ele, mais de 2,5 bilhões não têm saneamento básico adequado. Steduto pediu maior esforços nacionais e internacionais para proteger os recursos hídricos do planeta. Uma das medidas defendidas pela FAO seria armazenar água da chuva com o objetivo de reduzir o desperdício ao irrigar as plantações. “A irrigação para cultivos agrícolas responde, atualmente, por cerca de 70% de toda a água potável

de marзo

Dia

Mundi retirada de lagos, rios e reservatórios subterrâneos. O quadro se aproxima dos 90% em vários países em desenvolvimento, onde existem cerca de três quartos das fazendas do mundo”, alertou a FAO. Em várias partes do mundo, agricultores que tentam produzir alimentos suficientes e obter renda também enfrentam estiagens sistemáticas e crescente competição por água. Atualmente, a falta do recurso hídrico já atinge o norte e sul da África, assim como, México, Paquistão, China e Índia. No dia 22 de março, data em que é comemorado o Dia Mundial da Água, a FAO pretende lançar uma campanha de luta contra a escassez de água.

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Pasquale Steduto, diretor da unidade de gerenciamento dos recursos hídricos da FAO


A água potável é definida como a água para consumo humano, cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não oferece riscos à saúde, portanto, não pode conter substâncias tóxicas, vírus, bactérias, parasitas. A contaminação dessa água nem sempre é visível. Quando não tratada, a água é um importante veículo de transmissão de doenças, principalmente as do aparelho intestinal, como a cólera e a amebíase, além da esquistossomose, as cáries

al da Бgua dentárias, a hepatite infecciosa, entre outras. Estimativas da Organização Mundial de Saúde de que cerca de 5 milhões de crianças morrem todos os anos por diarréia, e estas crianças habitam de modo geral os países do Terceiro Mundo.

Um bem tгo precioso!

“A бgua йo constituinte mais caracterнstico da terra. Ingrediente essencial da vida, a бgua йtalvez o recurso mais precioso que a terra fornece аhumanidade. Embora se observe pelos paнses mundo afora tanta negligкncia e tanta falta de visгo com relaзгo a este recurso, йde se esperar que os seres humanos tenham pela бgua grande respeito, que procurem manter seus reservatуrios naturais e salvaguardar sua pureza. De fato, o futuro da espйcie humana e de muitas outras espйcies pode ficar comprometido a menos que haja uma melhora significativa na administraзгo dos recursos hнdricos terrestres." J.W.Maurits la Riviиre, Ph.D. em Microbiologia, Delft University of Technology, Holanda).

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(Utilidade Pública)

Borra de cafй

contra a Dengue

A

dengue é uma doença infecciosa causada por um arbovírus (existem quatro tipos diferentes de vírus do dengue: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4), que ocorre principalmente em áreas tropicais e subtropicais do mundo, inclusive no Brasil. As epidemias geralmente ocorrem no verão, durante ou imediatamente após períodos chuvosos. No Brasil há referências à dengue desde 1846, quando teria havido uma epidemia no Rio de Janeiro. Este ano a coisa ta braba e com tantos casos de dengue ocupando o noticiário dos jornais, não iria demorar em que o assunto se tornasse tema de correntes na Internet. É o caso de uma mensagem que está circulando por email, afirmando que a doença pode ser combatida com o uso Diversas fases da larva de uma substância presente na maioria dos lares brasileiros: borra de café. O e-mail cita uma pesquisa da cientista paulista, a bióloga Alessandra Laranja, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Unesp , Universidade Estadual de São Paulo, campus de São José do Rio Preto, durante a pesquisa da sua tese de mestrado orientada pela professora Hermione Bicudo . De acordo com o estudo, a cafeína contida na borra de café Após o ataque, cheio de sangue

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O Aedes aegypti em plena ação

consegue impedir o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti, que transmite o vírus causador da dengue.

Borra de café!!!

A receita para o combate da dengue dita como prosaica, mas eficiente, pois não envolve venenos perigosos à saúde humana e dos animais que conosco dividem o ecossistema urbano. O mosquito Aedes aegypti pode ser combatido colocando-se borra de café nos pratinhos de coleta de água dos vasos, no prato dos chachins, dentro das folhas das bromélias, etc. A borra de café, produzida diariamente em praticamente todas as casas, tem custo zero. O único trabalho é o de colocá-la na água ou jogála sobre o solo do jardim e quintal. Os testes realizados em laboratório comprovaram que a borra de café é uma arma muito eficiente contra o mosquito transmissor da dengue. Impede a postura, e quando esta ocorre, o desenvolvimento dos ovos daquele mosquito.

Revolução O estudo demonstrou cientificamente, que, em quantidades adequadas, a borra do café bloqueia o desenvolvimento da larva do Aedes aegypti. Parece uma panacéia mas não é, destaca a bióloga: a borra de café pode revolucionar o combate ao inseto, tornandose uma poderosa arma contra a doença. Os especialistas em saúde pública, entre eles os médicos


sanitaristas, estão saudando a descoberta de Alessandra Laranja, uma vez que além da ameaça da dengue 3, possível de acontecer devido as fortes chuvas do verão, surge outra ameaça, proveniente do exterior,a dengue tipo 4. Conforme explica a bióloga , 500 microgramas de cafeína da borra de café por mililitro de água bloqueiam o desenvolvimento da larva no segundo de seus quatro estágios e reduz o tempo de vida dos mosquitos adultos. Em seu estudo ela demonstrou que a cafeína da borra de café altera as esterases, responsáveis por processos fisiológicos fundamentais como o metabolismo hormonal e da reprodução, podendo ser essa a causa dos efeitos verificados sobre a larva e o inseto adulto. A solução com cafeína pode ser substituída por duas colheres de sopa de borra de café para cada meio copo de água, o que facilita o uso pela população de baixa renda. A solução pode ser aplicada em pratos que ficam sob vasos com plantas, dentro de bromélias e sobre a terra dos vasos, jardins e hortas. Inseticida natural, serve também como adubo. Como Alessandra Laranja explica, o Aedes se desenvolve mesmo na película fina de água que às vezes se forma sobre a terra endurecida dos jardins e hortas. Desenvolve-se também na água dos ralos e de outros recipientes com água parada (pneus, garrafas, latas, caixa d'água etc).

“A borra não precisa ser diluída em água para ser usada", destaca a bióloga. Pode ser colocada diretamente nos recipientes, já que a água que escorre depois de regar as plantas vai diluí-la. Percebe-se por este texto que qualquer método de combate à doença não dispensa a eliminação dos locais em que o mosquito se desenvolve. Portanto, acabar com os focos de água parada (garrafas, vasos, pneus e outros) continua sendo fundamental. Essa matéria é de UTILIDADE PÚBLICA. DIVULGUEM!!! Eliminar os ciradouros do Aedes é a ÚNICA maneira de evitar a doença. Assim, devemos disseminar entre a população leiga a idéia da erradicação (ou, pelo menos, do controle) do vetor através de medidas simples, como cobrir ou furar pneus; usar areia grossa em pratos de vasos de flores; ensacar e jogar no lixo vasilhames que possam acumular água; virar de boca para baixo garrafas vazias; tampar as caixas de água, etc.

Fone: (91) 3248-5651 EDIÇÃO 62 [MARÇO] p a r a m a i s . c o m . b r

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Educaзгo do

Campo O prof. Salomão Mufarrej Hage conversando sobre Educação

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Venize Rodrigues, Ubiraci Rodrigues e Zanete Gusmão

o dia 14 de março, p.p, na sede da SEDUC, houve uma Roda de Conversa sobre Educação do Campo, para ser pensada, enquanto espaço de socialização e debate, às experiências de educação vivenciadas no meio rural do Estado Pará. Conforme previsto, estiveram à mesa de debate as seguintes instituições: MMCC (Movimento Mulheres do Campo e da Cidade), MOCAMBO (Movimento de Afrodescendentes), MST (Movimento Sem Terra), Escola Agrotécnica de Castanhal, APACC (Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes), SERB (Serviço Educacional Radiofônico de Bragança). Estas instituições relataram suas experiências de educação, tendo como ponto comum uma educação preocupada com a permanência dos homens e mulheres na sua terra de origem. Tudo embasado numa pedagogia crítica, garantindo a reflexão da sua realidade, assim como, à aprendizagem do manejo da terra, não apenas para a sua subsistência, mas, também para o desenvolvimento do Campo, tendo como pressuposto a sua manutenção econômica, cultural, política e social.

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A população do Campo, além do ensino fundamental, exige hoje também a continuação dos estudos para o ensino médio. Tendo a finalidade de ampliar os universos explorados, sendo eles, econômico, político, social e cultural. E, para que possa vislumbrar num futuro próximo um meio rural mais digno, mais justo e mais próspero, pois, sendo a educação um dos caminhos que conduzem à problematização das condições atuais da existência humana. Podendo através da reflexão, da práxis desses homens e mulheres do Campo, contribuir para a sua transformação. Após os relatos ficou evidente a satisfação dos presentes, que elogiaram a iniciativa da SEDUC SAEN CECAM, pois o diálogo estabelecido entre Campo e Cidade, demonstrou ser necessário e fundamental para que juntos estes espaços possam conhecer-se e juntos apontarem possíveis caminhos para a superação dos seus múltiplos interesses e necessidades. O encerramento do evento contou com a participação da Banda Axé Dudu CEDENPA.

Participantes da Roda de Conversa



O Artesanato

e o Artesгo

ão responsáveis por uma das mais ricas expressões culturais de um povo. O artesão utiliza cores de sua paisagem, faz referências às suas imagens prediletas, inspira-se na fauna e flora que está ao seu redor, retrata tipos humanos e costumes. Com sensibilidade, perícia e cuidado, o trabalho artesanal é executado pelas mãos que modificam a matéria utilizando insumos disponíveis e técnicas de produção típicas da sua localidade. Segundo o SEBRAE, o artesanato é todo o trabalho manual onde mais de 80% do objeto foi produzido pelo próprio artesão. Normalmente, com a peça mostrando algo da cultura local. O artesanato não fica restrito apenas a objetos pequenos, é possível também encontrar sofás, mesas e até portas artesanais, desde que respeitem a definição acima. O preço varia, levando sempre em conta a técnica utilizada e o lugar onde você compra. A dica é garimpar. Procure em feiras de artesanato, visite cooperativas e tente entrar em contato com artesãos. Nas lojas o preço costuma ser salgado. A criatividade do povo brasileiro não encontra limites na imaginação, na geografia, nem na escassez de recursos. Os artesãos conseguem transformar elementos encontrados na natureza em objetos artísticos impressionantes. Assim, o barro vira cerâmica, folhas de árvore se transformam em bolsas, pedras se moldam em esculturas... Nossa riqueza cultural está espalhada por diversas áreas artísticas como na literatura, na música, na dança, e em grande escala na produção artesanal. O artesanato é uma das formas mais significativas de demonstrar nossa transculturação de técnicas de

produção que inicialmente foram trazidas apenas das culturas dos índios, negros e portugueses e que mais tarde se expandiram. A partir do século XIX, com a forte imigração européia, novos aportes de técnicas artesanais chegaram ao país junto com os imigrantes de origem italiana, alemã, polonesa, japonesa, síria e libanesa, transformando e ampliando a gama de produtos feitos

Foto: Carlos Silva

S

por Joгo Teixeira da Silva

artesanalmente nas diversas regiões brasileiras. Atualmente, em todas as partes do país, é possível encontrar produção artesanal diversificada, feita com matérias-primas regionais e com técnicas específicas que variam de acordo com a cultura e o modo de vida do povo de cada localidade. Esses contrastes, além de tornarem o nosso artesanato ainda mais rico, criam uma marca de identidade nacional. Essas referências regionais são muito valorizadas por um mercado externo globalizado, e cada vez mais aberto a produtos diferenciados que retratem a


Exposição no Veroca

Artesanato em miriti

origem e a história do povo que os produz. É por esse motivo que nossos produtos ganharam espaço em lojas sofisticadas de design na Itália, França, Portugal e em lojas americanas de prestígio como a Bloomingdale's e a Saks. Só para se ter uma idéia da grandiosidade desse mercado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o artesanato movimenta anualmente cerca de 28 bilhões de reais, ou 2,8% do PIB do país, índices impressionantes que se equivalem aos da indústria automobilística. Hoje existem cerca de 8,5 milhões de pessoas trabalhando na produção do artesanato no Brasil, sendo que, 87% é representado por mulheres, que muitas vezes aprenderam o ofício com as mães, já que os ensinamentos, tradicionalmente, são passados de geração para geração. Todo esse processo atual, não só aumenta a produção e a condição de vida das famílias, como também contribui para um desenvolvimento sustentável de regiões com potencial produtivo e que muitas vezes se encontravam marginalizadas e sem perspectiva alguma. O artesão Dezidério Nossa riqueza cultural está espalhada por diversas áreas artísticas como na literatura, na música, na dança, e em grande escala na produção artesanal. O artesanato é uma das formas mais significativas de demonstrar nossa transculturação de técnicas de produção que inicialmente foram trazidas apenas das culturas dos índios, negros e portugueses e que mais tarde se expandiram.

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E-mail: serpan@amazon.com.br

Sérgio Pandolfo

Todo

o encanto da Flor Do Oiapoque ao Feng Shuí, um turbilhão de amor e cores daqui

C

onexão multinacional intercontinental televisiva levou a todo o Mundo, no domingo (18) e segunda-feira (19) “gordos” do Carnaval 2007, um espetáculo deslumbrante, extasiante mesmo, daquele que já é considerado pelos órgãos internacionais de verificação como “o maior espetáculo da Terra”, o desfile oficial das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. As imagens do Carnaval brasileiro foram levadas a mais de 60 países, localizados em todos os continentes, com uma estimativa fantástica de cerca de três bilhões de telespectadores, ou seja, a metade da população atual de nosso planeta, número só comparável ao alcançado na retransmissão dos principais jogos da Copa do Mundo. E esse fato é especialmente auspicioso para os brasileiros, que somos os principais protagonistas desses dois grandes eventos de expressão mundial, o Carnaval e o Futebol. No desfile deste ano, como sempre levado a efeito em clima de grande vibração e inteira entrega corporal dos brincantes aos acordes do ritmo afro-brasileiro dos sambas-enredo, as escolas esmeraram-se ainda mais no quesito alegorias e adereços, apresentando carros gigantescos, de grande beleza visual e criatividade inigualável, para simbolizar ou teatralizar os diversos temas de enredo, a maioria trazendo ao público espectador ensinamentos e/ou proposições de acendrado apelo social e cultural que a todos contagiou. Talento,

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Mestre Cartola, fundador e criador do verde e rosa da Escola, foi um dos homenageados

emoção, criatividade, foram a tônica marcante do desfile deste ano no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, de grande impacto visual. Mas queremos ressaltar aqui, nomeadamente, um ponto que em nós despertara particular atenção e sensibilidade: o da escolha da Língua Portuguesa para tema da Escola de Samba da Estação Primeira de


“A minha pátria é minha língua idolatrada obra-prima te faço imortal” Fragmento do samba-enredo da Mangueira para o Carnaval de 2007

Carro Abre Alas: réplica do Coliseu representa a origem da língua, na região romana do Lácio

Mangueira, uma das mais antigas e tradicionais do Rio de Janeiro. O título, já por si assaz expressivo é, por inteiro: “Minha Pátria é minha língua, Mangueira meu grande amor. Meu samba vai ao Lácio colher a última

A importância da Semana de Arte Moderna foi ressaltada na alegoria “Abaporu”, obra de Tarsila do Amaral

flor”. Ficamos fascinado, primeiro com a felicidade da eleição do tema, uma iniciativa das mais oportunas e justas, visto ser a língua de Camões, que adotamos, uma das mais belas, sonorosas, importantes e correntes em todo o Mundo, utilizada hoje por cerca de 300 milhões de terrícolas, a terceira mais falada no Ocidente, mas, sobretudo, com a exata e histórica mensagem que a letra do samba passa para os que a ouvem, de uma exatidão quase curricular, com encadeamento perfeito dos fatos evolutivos ocorridos através dos tempos com o idioma luso, pelo encanto e vibração da música, a harmonia

dos diversos segmentos e, também, porque apresenta trechos quase maestrinos, de grande significância, como é o caso do notável neologismo “tupinambrasileirou”, obediente à mais genuína e consagrada alquimia neologística de Mestre Guimarães Rosa, o malabarista da lusa língua, bem como os dois refrões que são Nossas raizes perfeitos, irretorquíveis. Ficamos a imaginar a empolgação que terá causado “a mais querida escola de samba do Planeta”, como se autodenomina a escola verde e rosa, com o impacto de suas cores, a esfuziante vibração de seus 4.500 componentes, sua afamada bateria “nota dez”, sua vibrante torcida a empunhar flâmulas e dísticos mangueirenses, ao público que a esteve assistindo no sambódromo carioca assim como aos três bilhões de terráqueos espalhados por “este rotundo Globo”, de todas as raças, etnias e formas de expressão. Terá sido, não temos dúvida, o mais efetivo e eficaz trabalho de divulgação e propagação da língua portuguesa que se terá feito nos últimos tempos, inclusive contribuindo para que o nosso povo tome consciência da grandeza e imponência que tem nossa “mais bela maneira de expressar” dentre todos os idiomas e derivados dialetais em utilização nos dias correntes. Vale repetir aqui o que já assentamos alhures: O brasileiro via de regra desconhece ou não sabe aquilatar em sua integral extensão a riqueza que nos foi legada pelos nossos descobridores e colonizadores, por isso que não valoriza fatos e feitos notáveis que realiza ou propicia. Para além da extensão territorial, de proporções continentais, herdamos um riquíssimo patrimônio cultural e populacional difícil de encontrados em outros Estados soberanos, em que se há de ressaltar o harmonioso polimorfismo étnico, com seus múltiplos dizeres, saberes e fazeres, de par com a unicidade lingüística. Bem precioso do cabedal sócio-cultural

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Ala verde e rosa das baianas

Preta Gil, filha do Ministro da Cultura, Gilberto Gil, madrinha da Bateria

Importância da palavra e da leitura ressaltada pela Comissão de Frente

de nossa gente, a língua portuguesa deve ser conservada, preservada, exalçada, com o máximo de orgulho e zelo, pois um dos elementos responsáveis pela unidade de nosso povo, de nossa terra, de nossa cultura, de nosso “jeito de ser”, conquanto disso muitos não se apercebam. Os responsáveis pela escola mangueirense e, em especial, os autores do samba-enredo, parecem ter percebido bem esse importante aspecto ao registrarem: “Caravelas ao mar partiram/ Por destino encontraram o Brasil/ Nos trazendo a maior riqueza/ A nossa língua portuguesa” e acentuam: “Se misturou com o tupi/ tupinambrasileirou”. A participação dos negros africanos que para cá vieram e os afrodescendentes, outra parcela de magna influência na conformação atual da língua, vai assinalada nos versos: “Mais tarde o canto do negro ecoou/ E assim a língua se modificou”. Em outro trecho, ressaltam: “Eu vou dos versos de Camões às folhas secas caídas de Mangueira./ É chama eterna, dom da criação/ Que fala ao pulsar do coração”; noutro lanço, lembram: “Meu idioma tem o dom de transformar”. Concluem com os versos: “Ó meu Brasil/Dos filhos deste solo és mãe gentil/ Hoje a herança portuguesa nos conduz/ À Estação da Luz”, referência direta, perpassando pelo Hino Nacional, ao Museu da Língua Portuguesa (que os brasileiros não devem deixar de conhecer!), única instituição do gênero na totalidade do universo lusoparlante, que conserva e repassa todo o conhecimento auferido ao longo dos séculos, das remotas origens aos dias correntes, do idioma camoniano, instalado há um ano no majestoso e histórico prédio da Estação da Luz (gare ferroviária central, no bairro homônimo), na capital paulista. Somos mangueirense de coração e simpatia desde que, pela primeira vez já lá se vão quatro décadas , assistimos a um desfile da Estação Primeira com aquelas cores que se impregnam na memória e na afeição para sempre, o verde e rosa que Mestre Cartola sabiamente escolheu para a Escola. Foi amor à primeira vista! Desta feita tivemos a reafirmação de Fechando o desfile das alegorias, o carro “ Estação Primeira da Luz”, representação estilizada do belo prédio que encerra o Museu da Língua Portuguesa, contou com a presença de seis imortais da Academia Brasileira de Letras

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nossa condição de adepto fervoroso da Mangueira, por sua justíssima homenagem e reconhecimento à “última flor do Lácio”, levando-a de forma triunfal, excelsa, exuberante, aos povos assim desta banda ocidental como da oriental do planeta azul, onde nossos antípodas chineses, mestres da arte do feng shuí, a terão recebido com as benéficas influências da Natureza. A Língua Portuguesa recebeu régio presente de nossa querida e tradicional Estação Primeira de Mangueira, e a escola se engrandeceu ao proclamar a riqueza, os encantos e os préstimos da lusofonia. *Médico e Escritor. SOBRAMES-PA

Com um enredo sobre a língua portuguesa, a Mangueira soube se comunicar sem ruídos com a torcida



GERENTE DELEGA TAREFAS, NÃO RESPONSABILIDADES!

a r e d i l o ã n Vociêzer ATACAR,

ao d lidera ao dizer você SIGA-ME!

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por Ricardo Jordгo Magalhгes

Querida(o) Amiga(o), Vamos ser honestos, 90% de todos os gerentes de pessoas que estão por ai não tem a mínima condição de ser gerente de pessoas. 80% virou gerente por falta de opção. A empresa cresceu, o número de coisas para fazer triplicou, o cidadão teve um bom desempenho como funcionário, foi necessário contratar mais pessoas, ele virou gerente. Da noite para o dia, o gerente-calouro recebeu um banho de loja, ganhou assistentes, sala maior, computador melhor, o direito a participar de um número considerável de reuniões e discussões por e-mail e 5 dias de treinamento de gestão

?

Qual é o seu plano

"ATACAR! Vamos vender pessoal! Temos metas para bater! Eu quero ver todo mundo no telefone! Vamos tirar os produtos do estoque, vamos visitar os clientes! Eu quero ver todo mundo na rua!" 95% de todos os gerentes que entram em 2007 não tem nenhum PLANO DE AÇÃO para executar. Nenhuma visão sobre o futuro da sua organização. Nenhuma direção por onde os seus funcionários deveriam seguilo. Nada a não ser ATACAR. Eu desafio a todos os gerentes de pessoas que estão lendo esse texto nesse momento a enviar para mim o seu PLANO DE AÇÃO para 2007 com objetivos,

o na t i d e r c a u o. Eu i to? E u d d e í r v i c d a n I u e o ade e n "No que d r e b i é L m a é n u , g e n d i a n d i , s Gener o ninguém e u q o estou d r u o E h . l a e d m a r u g a é Sa não so d i V A . u s que e e õ e s u s q i o m d s r melho maior e s a Tudo r ! e a b ç i e u c g e e r r a p ga de e h C pr onto par . r a n i g er ima d u p m é eu." u s g o al a v i v , pósi to o r p m u iniciativas e visão de CRESCIMENTO. m te Eu não quero uma planilha com números. O Excel de pessoas (raríssimos por sinal) para 10 ou 20 anos de liderança que terá pela frente. De repente, o calouro - anteriormente o "melhor vendedor" da empresa - se vê a frente do departamento de vendas.

aceita tudo. Eu quero uma dissertação de cinco páginas onde você explica a série de atividades que você vai tocar e as responsabilidades que você vai assumir e colocar em prática. Eu quero saber quem vai fazer o quê quando porque como e onde.

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mentalidade medíocre de esperar por algo que ninguém vai fazer me deixa p da vida. Você, gerente sem direção, não merece o outlook que você tem, o ticket refeição que você carrega na sua barriga.

Calouro, você me irrita.

G E R E N T E D E L E G A TA R E FA S , N Ã O R E S P O N S A B I L I D A D E S ! Eu quero ver um texto onde você desafia a você mesmo. Encare a realidade, você precisa melhorar como gerente. Você é muito fraco. Eu não estou brincando. Se você não tem plano, você tem um problema; se você não tem direção própria, você tem dois problemas; se você não tem um plano dramaticamente agressivo para melhorar as suas deficiências, você tem três problemas; se você não é uma fonte de criatividade sobre o negócio da empresa, você tem quatro problemas; se você não distribui feedbacks regularmente, você tem cinco problemas; se você não motiva os outros a iniciar projetos desafiadores, você tem seis problemas; se você não mantém os seus comandados informados sobre o que acontece na empresa, você tem sete problemas; se você não passa de um político sem vergonha que estimula a politicagem na empresa, você tem oito problemas; se você tem medo de pedir aumento de salário e melhorias de benefícios para você mesmo, Calouro, você tem nove problemas! E se você tem todos esses problemas, a sua empresa tem um grande problema: VOCÊ. Você e a sua complacente e relaxada maneira de tocar o barco conforme bate o vento. Você é um problema sério, um vírus que contamina o espírito de todos que estão ao seu redor. Você e sua falta de paixão pelo avanço da empresa está atrasando o desenvolvimento do país! Você e sua

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Calouro, eu tenho algumas dúvidas: você realmente tem alguma preocupação sobre alguma meta de longo prazo? Qual é a pergunta que você tem para o gerente de vendas? Qual é a solicitação que você tem para o gerente de produção? Cadê a lista de prioridades de tecnologia que você tem para o gerente de sistemas? O que você precisa do seu chefe? Qual foi a última vez que você fez um check-up geral sobre a sua capacidade de liderar alguém? Talvez nunca, certo? Se, em algum momento do seu "complicado" diaa-dia cheio de coisas para fazer, você tiver algum lapso de disciplina, e real vontade de sair dessa medíocre posição de defesa, eu sugiro a você fazer um check-up de liderança. A internet mudou tudo. Você não precisa esperar pela boa vontade da turma de recursos humanos (se existe alguma na sua empresa) para fazer um check-up geral sobre a sua capacidade de liderar as pessoas. Faça agora! Por você mesmo, pelo seu futuro, pelos seus filhos, você é uma empresa de um revolucionário só! Eu recomendo que você faça esse check up com uma amiga minha, a Claudia Riecken da Quantum Assessment. Você precisa de apenas 30 minutos (e alguns poucos reais que você mesmo pode pagar) para responder algumas perguntas em um formulário on-line, e descobrir o que acontece dentro de você nesse momento. Recebido o relatório, se quiser investir mais em você mesmo, você pode receber 2 horas de coaching sobre o que fazer em seguida. Se você realmente quiser "se tratar", siga-me. Eu tenho um plano. Já que você não tem um, eu tenho um plano. Todas as segundasfeiras pela manhã durante as próximas 54 semanas, no web site da Claudia Riecken BIZREVOLUTION, você vai encontrar uma missão para fazer. A sua responsabilidade - se


quiser me seguir - será executar a missão até quintafeira da mesma semana e reportar a realização e possíveis resultados na sexta-feira da mesma semana. Na era da transparência, você precisa ser honesto, aberto, ético, e acima de tudo, possuir uma vontade profunda de compartilhar o que você sabe com os outros, trocar experiências, sair do anonimato. Eu NÃO quero ver você chupando a minha idéia gratuitamente e não retribuindo de alguma maneira. Se você LER, você tem que contribuir. Esse é o princípio maior do universo. ACORDA Calouro! O amor que você recebe é igual ao amor que você produz. Cada missão vai carregar o propósito maior do mundo dos negócios: mudar o mundo através do SEU entusiasmo por simplesmente fazer as coisas acontecerem onde você vive. Cada missão que eu soltar, eu mesmo vou realizar, e compartilhar com vocês a minha experiência no web site da BIZ. O carnaval acabou!!! Os

tambores silenciaram. Não tem ninguém na avenida. Chegou a hora de VOCÊ fazer barulho. Você está comigo? Siga-me! NADA MENOS QUE ISSO INTERESSA. QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E Você?

*Um Homem com uma Missão. ricardom@bizrevolution.com.br

ACORDA Calouro! O amor que você recebe é igual ao amor que você produz.

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Há pessoas que se sentem donas do mundo, apropriam-se de espaços e circunstâncias, julgam-se superiores, tomadas pela ausência de um senso de civilidade e sensibilidade.

o g n a r F Oorgulho dev”ora

“O a si mesmo por Tom Coelho

T

enho o hábito de recomendar aos meus amigos que utilizem o tempo ocioso desperdiçado em filas de espera para fazer algo produtivo como, por exemplo, ler uma revista ou um livro. Analogamente, costumo utilizar minhas viagens de avião para responder e-mails ou escrever artigos. E é apenas pela necessidade de utilizar o notebook que procuro, sempre que possível, um assento situado no corredor ou janela. Porém, em tempos de taxa de ocupação recorde para as companhias

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(William Shakespeare)

aéreas, um vôo de Curitiba a Brasília me reservava uma experiência muito interessante, decorrente de uma poltrona central. À minha esquerda, junto à janela, um senhor contando cerca de 45 anos, trajes e expressão simples, mãos calejadas e semblante que denunciava anos de trabalho braçal, espiava com curiosidade toda movimentação interna da aeronave. Os sinais indicavam que mais uma vez testemunhava o primeiro vôo de um passageiro. À minha direita, adjacente ao corredor, um jovem com não mais de 30 anos. Cabelos pretos, curtos, terno igualmente preto e de bom corte, camisa alva com colarinho muito engomado e certo ar de prepotência estampado em seu olhar. Após a decolagem, aciono o meu computador encolhendo-me, dentro do possível, naquele local confinado, reduzido ainda mais pelo passageiro à minha frente que decide reclinar sua poltrona. Procuro de forma comedida apoiar meus cotovelos nos braços da poltrona, reservando área suficiente para que os colegas que me ladeiam também possam apoiar-se. Mas eis que, após breves minutos, o jovem resolve reclinar sua poltrona, colocar seus óculos escuros e apoiar seus cotovelos com toda amplitude como se fora um frango batendo asas. No decorrer do vôo, sem qualquer discrição, ele deslocou meu braço de modo a se apropriar daquele


diminuto espaço. Pior ainda, mais adiante, após despertar de seu sono real, abriu sua mesa de apoio, colocando uma revista sobre a mesma, aumentando ainda mais a envergadura de suas asas. Por um instante, ocorreu-me argumentar, talvez até discutir com o sujeito, brigando por um ambiente comum, por minha própria liberdade. Seria quase um ato de cidadania. Mas há batalhas que não são dignas de luta. Nitidamente aquela era uma pessoa com a qual não valeria pena buscar um diálogo. A conversa com rapidez ganharia tom de discussão, ensejando um mal-estar que se prolongaria por todo o dia. Foram menos de duas horas de vôo. Ao final, aquele senhor à minha esquerda questionou-me se deveria sair da aeronave para a conexão ao seu destino final e como faria para reaver sua bagagem. Era, de fato, seu primeiro vôo e eu o conduzi até um comissário em terra que pôde assisti-lo com gentileza. Quanto ao ''frango'', quase ousei pedir-lhe um e-mail de contato para enviar-lhe esta crônica. Mas a arrogância de suas atitudes fez com que eu optasse por mantê-lo anônimo, na expectativa de que um dia ele possa, acidentalmente, vislumbrar-se ao ler este texto.

Há pessoas que são assim: sentem-se donas do mundo, apropriam-se de espaços e circunstâncias, julgam-se superiores, tomadas pela ausência de um senso de civilidade e sensibilidade. *Formado em Economia pela FEA/USP, Publicidade pela ESPM/SP, especialização em Marketing pela Madia Marketing School e em Qualidade de Vida no Trabalho pela USP, é consultor, professor universitário, escritor e palestrante. Diretor da Infinity Consulting e Diretor Estadual do NJE/Ciesp www.tomcoelho.com.br

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Feira da Cultura Quadra de Esportes Rogerão FONE: (91) 3484-1197 / 9905-5732 FAX: (91) 3484-1198

BELÉM 17

Programação Cine Olympia 18:30 - Os Visitantes 20:30 - Bernier

BELÉM 21

BEL FIGUEIREDO 11

7º Enduro de Abel Figueiredo Trilhas do Município FONE/FAX: (94) 3342-1403 3342-1418

BELÉM 18

Programação Cine Olympia 18:30 - Asterix e Obelix: Missão Cleópatra 20:30 - O barco da Liberdade

BELÉM 22

Programação Cine Olympia 18:30 - Papai Noel é Um Picareta 20:30 - Uma Cama Para Três

BELÉM 23

BELÉM 24 e 25

BELÉM até 31

Concurso Internacional de Canto da Amazônia“Helena Coelho Cardoso” Inscrições Fone: (91) 4009-8707 / 4009-8717

VI Expo Art Salvaterra Biblioteca Pública Municipal FONE: (91) 9166-9723 FAX: (91) 3765-1533 dariomarajo@yahoo.com.br

Semana da Mulher Praça de Eventos FONE: (94) 3346-6453 FAX: (94) 3346-1037 goreteturismo@hotmail.com

De 12 a 12/04

BELÉM 12 a 30

Inscrições para Centros Culturais do BB Avenida Rio Branco FONE: (61) 3310.5467 www.bb.com.br/cultura

Ciclo de Seminários Sede do IAP FONE: (91) 4006-2924

BELÉM 19 a 25

Semana do Artesão Associação São José Liberto FONE: (91) 3230-4451 eventos@saojoseliberto.com.br

SANTANA DO ARAGUAIA 22 a 24 XII FESTSAN - Festival da Canção de Santana do Araguaia CONTUR FONE: (94) 3431-1799 FAX: (94) 3431-1155 santanaturismo@yahoo.com.br docapereira@bol.com.br

BELÉM 29 a 1/04

BELÉM 13 a 15/06

BELÉM 14/05 a 15/06

ES

TA D O

DO

PA

I Conferência Estadual de Direitos Humanos e Eqüidade Social Coordenação da Secretaria Estadual de Justiça FONE: (91) 3202-0904

Inscrições abertas para o XVI ENJAC Encontro Nacional de Jornalistas em Assessoria de Comunicação Fortaleza (CE), entre os dias 29 de março e 1º de abril, no hotel Porto D´Aldeia. Fone (85) 3262.7230. www.fenaj.org.br

B SU

P

Encontro de Educadores e Gestores de Belém da Câmra Setorial de Educação – ACP Inscrições: Av. Presidente Vargas - Ed. Antonio Martins Jr. 158 - 5º andar FONE: (91) 4005-3911 camaras@acp.com.br

Programação Cine Olympia 18:30 - Os Bronzeados 20:30 - Papai Noel é Um Picareta

PARAUAPEBAS 08 a 12

LE

ROGRED

IAM UR

GE

23º Encontro Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo FONE: (91) 3204-1500

Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) Inscrições: agências dos Correios www.inep.gov.br/enem

BELÉM 20

Programação Cine Olympia 18:30 - Uma Cama Para Três 20:30 - Os Bronzeados

BELÉM 22 a 02/04

“Leituras do Olhar” Galeria de arte do CCBEU Tv. Pe. Eutíquio, 1309 FONE: (91) 3241-4505

SÃO DOMINGOS DO CAPIM 30 e 31

Expedição Pororoca Surfando nas Ondas Doces Arena Pororoca FONE: (91) 3201- 2300 FAX: (91) 3201 - 2319 www.seelpara.com.br

BELÉM 17 a 19/06

1° Festival de Choro da Casa do Gilson Teatro Margarida Schivasappa FONE: (91) 3272-7306

AS ILUSTRAÇÕES USADAS NESTAS PÁGINAS SÃO MERAMENTE ILUSTRATIVAS

SANTARÉM NOVO 10 a 13

SALVATERRA 01 a 11



Orgulho de ser da Amaz么nia.


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