Revista maio 2008
Belém - Pará - Brasil
www.paramais.com.br
ISSN 16776968
Edição 77
3,00
+CULTURA IO AMBIENTE E M O D IA C N Ê R E F N O C I II DE DIREITO O D TA S E O E IA C A R C O M A DE ÍGENAS SEMANA DOS POVOS IND
PARÁ TERRA DE DIREITOS
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te paraen orgulhosamen
PROGRAMA DE DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À CULTURA
A DEMOCRACIA E O ESTADO DE DIREITO
Em cerimônia no Forte do Presépio, o Ministro da Cultura, Gilberto Gil, participou do lançamento do programa Mais Cultura e do Edital dos Pontos de Cultura no Estado do Pará. Em seguida, ele dará uma coletiva com a imprensa, às 18 horas, no mesmo local...
A sociedade brasileira, e particularmente a paraense, vem acompanhando a multiplicação, pelo país e no Pará, de ações que desrespeitam decisões judiciais, afrontam os direitos constitucionais dos cidadãos e violam as leis vigentes...
por DPT. DOMINGOS JUVENIL
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II SEMANA DOS POVOS INDÍGENAS
III CONFERÊNCIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO
RIOS DE SAÚDE
O evento teve o objetivo principal de debater temas preparatórios à III Conferência Nacional de Meio Ambiente (III CNMA) que ocorrerá em Brasília (DF), entre 7 e 11 de maio, tendo como foco as mudanças climáticas. Os debates aconteceram em nove mesas-redondas, em 12 Grupos Temáticos. Suas conclusões foram levadas à plenária final e eleitas as proposições do Pará e seus respectivos delegados para a III CNMA ...
Peculiaridades da região Amazônica, como o difícil acesso e as famosas ruas formadas por rios, são desafios para o alcance das políticas públicas...
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COMIDA PICANTE PREVINE CÂNCER
BABY BUNDAS Eu sou responsável pela minha atitude de indignação contra os inevitáveis males da vida. Eu posso escolher ficar sentado olhando a eterna tristeza dos Baby Bundas, ou eu posso escolher me levantar e viver a minha vida do jeito que eu acredito que tem que ser vivida.
Editora Círios SS Ltda CNPJ: 03.890.275/0001-36 Inscrição (Estadual): 15.220.848-8 Rua Timbiras, 1572A - Batista Campos Fone: (91) 3083-0973 Fax: (91) 3223-0799 ISSN: 1677-6968 CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil www.paramais.com.br revista@paramais.com.br
FOTO: Eunice Pinto/AgPa
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Í N D I C E
PUBLICAÇÃO
por RICARDO JORDÃO
DIRETOR e PRODUTOR: Rodrigo Hühn; EDITOR: Ronaldo Gilberto Hühn; COMERCIAL: Alberto Rocha, Augusto Ribeiro, Rodrigo Silva, Rodrigo Hühn; DISTRIBUIÇÃO: Dirigida, Bancas de Revista; REDAÇÃO: Ronaldo G. Hühn; REVISÃO: Paulo Coimbra da Silva; COLABORADORES: Acyr Castro, Anete Costa Ferreira, Anita La Fey, Camillo Martins Vianna, Garibaldi Nicola Parente, Ricardo Jordão Magalhães, Sérgio Martins Pandolfo; FOTOGRAFIAS: Advaldo Nobre, Cláudio Santos, Carlos Sodré, Eunice Pinto, Eliseu Dias/AgPa, José Pantoja/Sespa, Garibaldi Parente, Marco Santiago, Osvaldo Pereira, Ozéas Santos/Alepa, Ray Nonato, Walda Marques, Waldo Souza; DESKTOP: Mequias Pinheiro; EDITORAÇÃO GRÁFICA: Editora Círios OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES
ANATEC ASSOCIAÇÃO DE PUBLICAÇÕES
notícias da assembléia legislativa
Assembléia Legislativa do Pará renova pacto de amizade com a cidade de Pontassieve, na Itália
A
Assembléia Legislativa manter parcerias recebeu na terça-feira (20/05) solidárias”, disse o prefeito. o prefeito de Pontassieve, na O deputado Ítalo Mácola Itália. Marco Mairaghi retorna a Belém anunciou que vai propor a depois de 3 anos para reforçar o pacto de criação de uma comissão de amizade que existe entre Pontassieve e parlamentares paraenses Belém, além de identificar novas para conhecer a região da oportunidades de negócios entre o Pará e Toscana, na Itália, e verificar a região da Toscana. a possibilidade de firmar O objetivo é estabelecer linhas de parcerias com o governo e Reforçando o pacto de amizade entre Pontassieve e Belém financiamento para projetos de empresas italianas. cooperação na Amazônia, mantidos pelo governo da Toscana. Além do prefeito Marco Mairaghi, também participaram da reunião o Segundo o prefeito Marco Mairaghi, a Bahia é o estado brasileiro que mais secretário de cultura e relações internacionais de Pontassieve, Alessandro recebe investimentos do governo italiano, através de parcerias em Sarti, e a coordenadora da Casa de Estudos Italianos da UFPA, Heloísa negócios ligados ao turismo e a indústria. “Mas a Toscana escolheu a Bellini. Amazônia, e principalmente o Pará, para concentrar sua atenção e Ela destacou que a ida de deputados do Pará à Toscana vai ser muito investimentos”, explica Mairaghi. importante, “pois ajudará a consolidar relações e parcerias já existentes”. O prefeito destacou que a intenção é Ela ressaltou que a Amazônia desperta conhecer, reforçar e melhorar as relações muito interesse. Como o presidente da com as comunidades italianas que vivem Assembléia Legislativa, deputado Domingos no Pará e manter canais de cooperação Juvenil, também foi eleito presidente do solidária para apoiar ações humanitárias. Parlamento Amazônico, que congrega todos Mas a preocupação é também identificar as os estados da Amazônia Legal, “a janelas de oportunidades para negócios representatividade da delegação ganha que contribuam para o desenvolvimento mais força”, destaca Heloísa. Ela propôs econômico da região. “Queremos trazer que, além da Itália, os deputados paraenses investimentos concretos e não apenas também conheçam os deputados italianos que representam o país na União Européia, O prefeito de Pontassieve, Marco Mairaghi e o presidente em Bruxelas. da Assembléia Legislativa, deputado Domingos Juvenil “Temos muito interesse em estreitar esses laços, saber como os países europeus vêem a Amazônia e de que forma eles podem realmente nos ajudar a encontrar soluções para o desenvolvimento sustentável de nossa região”, destacou o deputado Domingos Juvenil.
Cultura O prefeito Marco Mairaghi se pronunciou no plenário da Assembléia Legislativa e propôs a realização de uma exposição com as obras dos principais nomes da arte contemporânea da Itália. “A região da Toscana já foi o berço do renascimento e hoje se destaca na arte contemporânea. Queremos compartilhar isso com a população de Belém, cidade irmã de Pontassieve”, lembrou ele. No mapa da Itália, a região de Toscana onde localiza-se Pontassieve EDIÇÃO 77 [MAIO 08]
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Domingos Juvenilassumiua presi O por Rogério Paiva*
consenso sobre a importância da união de distribuição do Fundo de Participação dos Estados, o forças dos estados amazônicos como fator de FPE. De acordo com a proposta, os estados que desenvolvimento sustentável e o debate sobre o possuam áreas de reserva devem receber papel que os parlamentares devem assumir na compensações financeiras por não poderem utilizar defesa do crescimento aliado à preservação, marcaram essas áreas para a promoção do desenvolvimento o 6º Encontro do Parlamento Amazônico, realizado em econômico. Macapá, no Amapá. A proposta beneficiaria, Estados como Roraima, que Os deputados também debateram temas importantes, possui quase 95% do território restrito por reservas como a compensação financeira para os estados A mesa oficial do 6º Encontro do ambientais e indígenas, o Amapá, com 75% do estado Parlamento Amazônico como áreas de reservas e o Pará, que também enfrenta possuidores de áreas de reserva ambiental e a atração dos integrantes das bancadas federais e das associações de vereadores o mesmo problema. 'Ninguém, no Brasil e no mundo, quer mais do que nós dos nove estados da Amazônia Legal para o Parlamento Amazônico, que a conservação da natureza, mas queremos também o crescimento autoatualmente congrega os deputados estaduais da região. sustentado e o direito de saber onde e como vamos trabalhar para isso', O encontro reuniu 42 parlamentares das Assembléias Legislativas dos destacou Juvenil. estados da Amazônia Legal Brasileira, além de vereadores, deputados 'Querem nos rotular como destruidores da floresta, mas há o outro lado da federais, senadores, do vice-governador do Pará, Odair Correia e do história que precisamos mostrar', avaliou. 'O município de Altamira está na governador do Amapá, Waldez Góes. 12ª posição entre os municípios com maior devastação, mas apenas 3,5% Eles debateram temas como segurança, soberania, desenvolvimento e de sua área foram realmente desmatados, bem menos do que a legislação meio ambiente, que resumem o principal desafio: encontrar um modelo de permite de utilização do território, com a preservação de 80% de reserva desenvolvimento aliado à sustentabilidade que garanta uma vida com mais legal', compara ele. 'Somos a favor da preservação, mas queremos que a qualidade aos amazônidas e a preservação dos recursos naturais. 'Nossa Amazônia seja compensada financeiramente e, também, com responsabilidade é enorme, diante das exigências e pelo nível dos investimentos em ciência e tecnologia, para que nossas riquezas gerem problemas enfrentados por todos os Estados amazônicos', avaliou o empregos aqui e tenhamos também desenvolvimento, através da deputado Domingos Juvenil. verticalização da produção', sintetizou Juvenil. Outro assunto que gerou polêmica foi a proposta de um ante-projeto de Lei O Pará foi representado no 6º Encontro do Parlamento Amazônico pela Complementar que altera a Lei 5.172 e estabelece novos critérios de maior delegação: 13 deputados estaduais acompanharam dos debates
O encontro reuniu 42 parlamentares das Assembléias Legislativas dos estados da Amazônia Legal Brasileira, além de vereadores, deputados federais, senadores, do vice-governador do Pará, Odair Correia e do governador do Amapá, Waldez Góes
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Domingos Juvenil foi convidado e aceitou presidir o Parlamento Amazônico
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dênciadoParlamento Amazônico Fotos: Ozéas Santos/ALEPA
sobre assuntos de interesse comum entre os Estados da região. Além do presidente do Poder Legislativo paraense - deputado Domingos Juvenil integraram a comitiva, os parlamentares: Miriquinho Batista e Carlos Martins, da bancada do PT, Luiz Afonso Sefer e Márcio Miranda, dos Democratas, Parsifal Pontes e Haroldo Martins do PMDB, Robgol (PTB), João Salame (PPS), Roberto Santos (PRB), Luiz Cunha (PDT), Cássio Andrade (PSB) e Júnior Hage (PR). No encerramento do encontro, o presidente do Poder Legislativo paraense foi eleito por aclamação como o novo presidente da Associação dos Parlamentos Amazônicos. A indicação de Juvenil à presidência do Parlamaz aconteceu em um momento de mudança na entidade, com a proposta de alteração no regimento da Associação dos Parlamentos Amazônicos para que, além dos deputados estaduais, as bancadas federais dos estadosmembros da entidade também participem do fórum, bem como de representantes dos vereadores da região. A inclusão de deputados federais e senadores é considerada estratégica, uma vez que as grandes decisões a respeito da Amazônia acontecem em Brasília e passam pelo Congresso Nacional. 'O deputado Domingos Juvenil vai trazer a experiência necessária para alcançarmos à integração que buscamos, não só entre as Assembléias Legislativas estaduais, mas também na esfera federal, entre os deputados federais e senadores', salientou Jorge Amanajás, presidente da Assembléia Legislativa do Amapá. O presidente do Legislativo de Roraima, deputado Messias de Jesus destacou que 'além da experiência, Juvenil também traz com ele toda uma rede de bons relacionamentos entre os parlamentares estaduais dos estados amazônicos e entre os políticos da capital federal, o que é muito importante para conseguir o apoio necessário às nossas demandas'. O novo presidente do Parlamaz adiantou que 'os debates e as conclusões tiradas no 6º Encontro do Parlamento Amazônico definiram as diretrizes a serem seguidas na administração da entidade', defendeu Domingos Juvenil.
Desenvolvimento engessado No discurso de posse, Domingos Juvenil resumiu o sentimento que permeou os debates durante todo o encontro, principalmente sobre as questões ambientais. 'Não aceitamos o rótulo que querem impor aos O governador do Amapá, Waldez Góes com o deputado Domingos Juvenil, presidente da ALEPA e do Parlamento Amazônico e deputados do Pará e Amapá
Não aceitamos o rótulo que querem impor aos estados da Amazônia de serem devastadores da floresta
estados da Amazônia de serem devastadores da floresta'. A Amazônia Legal possui 11 mil quilômetros de fronteiras terrestres e 1.300 quilômetros de fronteiras marítimas, além de 22 mil quilômetros de rios navegáveis, enumera o deputado. 'A região equivale a 60% do território nacional e abriga 13 milhões de habitantes, mas apesar disso, corresponde a apenas 6% do PIB brasileiro'. Segundo ele, 'é preciso ter a consciência do que a Amazônia representa e a importância da região para o País. Só assim teremos condições de defender nossos interesses, o que precisamos para o desenvolvimento sustentável de nossos povos, sem que outros estados e até outros países venham nos dizer o que temos que fazer', finalizou Juvenil. O Parlamento Amazônico (Parlamaz) foi criado há nove anos para possibilitar uma A presidenta da Comissão integração maior entre os legislativos da Amazônia CAINDR, estaduais da região para defender com mais fazendo sua alocução união e força os interesses dos amazônidas. 'O que queremos é discutir qual futuro esperamos para a nossa região', destacou o ex-presidente do Parlamaz, deputado Jorge Amanajás, do Amapá. 'As decisões que dizem respeito à Amazônia, na maioria das vezes, são tomadas de fora para dentro sem que a população local seja ouvida, e a distância e isolamento geográficos contribuem para que as discussões regionais não tenham a repercussão necessária', avaliou Amanajás. No encontro, foi elaborada a 'Carta de Intenções do Amapá', que reúne as demandas mais importantes de cada estado da Amazônia Legal e as expectativas dos parlamentares sobre os desafios da região. * Jornalista EDIÇÃO 77 [MAIO 08]
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A Democracia e o Estado de Direito Deputado Domingos Juvenil
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por Deputado Domingos Juvenil*
sociedade brasileira, e particularmente a paraense, vem acompanhando a multiplicação, pelo país e no Pará, de ações que desrespeitam decisões judiciais, afrontam os direitos constitucionais dos cidadãos e violam as leis vigentes. A Assembléia Legislativa do Pará tem sido solidária às causas dos movimentos sociais, tem servido de caixa de ressonância para todos os representantes dos mais diversos setores da sociedade civil. No entanto, o Poder Legislativo jamais poderá apoiar ou silenciar ante qualquer iniciativa de violação aos direitos constitucionais e às leis. O exercício da Democracia não pode ser o apanágio da anarquia, do desgoverno, pois a conseqüência será o desmoronamento da credibilidade do Estado. A destruição da ordem reduz implacavelmente o espaço da liberdade, daí porque o respeito à ordem é primordial condição da humanidade. Sob a perplexidade da população, começa a germinar o entendimento de que, para a defesa dos direitos violados de forma recorrente e para suprir a ausência do Estado, deve ser criado um estado paralelo. Quem aproveita essa cultura de impor a força como defesa de pretensos direitos?
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O Pará e a região amazônica têm sido palco de ações de movimentos sociais que, sob o pretexto de exigir direitos, agridem seguidamente os direitos de terceiros e da comunidade em geral. Desrespeitam decisões judiciais, violam leis que garantem aos cidadãos o mais evidente dos direitos constitucionais que é o de ir e vir, a liberdade de locomoção no território nacional em tempo de paz. Cidadãos brasileiros, empresas nacionais, estão sendo tangidos de suas atividades produtivas e geradoras de renda, por ONGs estrangeiras, a serviço de interesses especulativos internacionais, que as financiam e que, não raramente, usam inescrupulosamente os movimentos sociais como massa de manobra. Sob a cortina de fumaça da ideologia ambientalista indigenista querem manter a região mais rica em minerais e biodiversidade do mundo submetida ao jogo do capitalismo internacional, não hesitando, para alcançar seus objetivos em "desorientar o público com informações incorretas, para arrecadar fundos". (Dewar, "Uma demão de verde"). Será que as reiteradas ocupações de prédios e vias públicas, de ferrovias, estão a indicar que vivemos "tempos de guerra", onde as instâncias públicas perdem sua capacidade de agir? Garantir a segurança social é obrigação das autoridades constituídas, e esta garantia passa pelo respeito ao princípio da legalidade, à necessidade de assegurar a todos os cidadãos o direito à vida, à integridade física, à inviolabilidade do domicílio e da propriedade e a segurança das relações jurídicas. Tratar com leniência os pretensos direitos de alguns em detrimento da coletividade é a negativa dos deveres jurídicos e éticos impostos ao Estado. Permitir o vandalismo, assistir a desobediência civil às decisões judiciais, silenciar ante o avanço da violência e do esbulho contra os cidadãos, além de omissão, é incentivar o retorno da concepção de fazer justiça com as próprias mãos. A ocupação da Estrada de Ferro de Carajás e da Fazenda São Marcos, no município de Parauapebas, no Pará, desobedecendo frontalmente decisão judicial, a destinação de 1.700.000 - hum milhão e setecentos mil hectares de terras contínuas, para uso e ocupação de 15 mil indígenas - atualmente 47% da área do Estado de Roraima são reservas indígenas - são fatos que provocam as reflexões e preocupações como as externadas, recentemente, pelo Chefe do Comando Militar da Amazônia. O Estado tem deveres, as autoridades constituídas têm deveres; á invasão de propriedades contrapõe-se o dever do Estado de garantir os direitos daqueles que a detém de maneira legal e produtiva. Os amazônidas querem preservar o direito de trabalhar e produzir, o direito de privilegiar o ser humano. Aos que atentam contra os princípios constitucionais que preservam a livre iniciativa deve corresponder a repressão efetiva, a garantia ao cidadão que paga seus impostos. Fora daí, não se tem o Estado de Direito, a segurança social, mas o retorno à barbárie. É esse estado de direito e a democracia que todos nós, poderes constituídos, temos a obrigação de preservar. *Presidente da Assembléia Legislativa do Pará e do Parlamento Amazônico
ressocialização das dez adolescentes que hoje cumprem medidas socioeducativas na unidade. "As meninas já têm uma escolarização garantida pela unidade, mas precisamos de mais recursos pedagógicos para enriquecer nosso trabalho", diz a pedagoga. O Cesef está organizando, até maio deste ano, uma campanha para arrecadar livros, revistas, gibis, cd's e dvd's. Interessados em colaborar com a campanha de doação podem entregar materiais na sede da Funcap, que fica na rodovia Augusto Montenegro, Km 9, ou no Cesef, localizado na Cidade Nova V - WE 57 nº 1151 . Outra alternativa é entrar em contato com Jonilza ou Alessandra, pelo telefone (91) 3273-2594
Incentivo à
leitura C
Campanha de doação
ontribuir com o conhecimento e desenvolver uma visão de mundo das adolescentes que cumprem medidas socioeducativas é o objetivo do projeto Campanha do Livro, lançada pela Fundação da Criança e do Adolescente do Pará (Funcap), por meio do Centro Socioeducativo Feminino (Cesef) e Secretaria de Educação(Seduc). A campanha foi idealizada durante a Oficina de Construção do Plano Operacional das Unidades Sócio Educativas da Funcap, realizada em fevereiro deste ano. Os servidores do Cesef, que participaram do evento, viram a necessidade de se ter uma biblioteca na unidade. Para a pedagoga que trabalha no Cesef, Jonilza Barros, a criação de uma biblioteca é apenas o primeiro passo para aumentar os recursos pedagógicos que contribuirão para a
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PROGRAMA DE DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À CULTURA
Fotos: Eliseu Dias/Ag Pa
As ervas de boas vindas
Lançamento do programa Mais Cultura e do Edital dos Pontos de Cultura no Estado do Pará 10
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m cerimônia no Forte do Presépio, o Ministro da Cultura, Gilberto Gil, participou do lançamento do programa Mais Cultura e do Edital dos Pontos de Cultura no Estado do Pará. Em seguida, ele dará uma coletiva com a imprensa, às 18 horas, no mesmo local. O Ministro fez uma visita ao Complexo do Ver-O-Peso e ao Perímetro do bairro da Campina que está em processo de Reabilitação Integrada, visando o Fórum Social Mundial 2009. A Governadora do Estado do Pará, Ana Júlia Carepa e o Secretário de Cultura, Edílson Moura procederam na ocasião, a assinatura do termo de adesão do Governo do Estado ao Programa Mais Cultura do Governo
Federal. O Programa, instituído pelo Decreto 6.226, de 4 de outubro de 2007, pretende ampliar a política pública para a área, defendida e praticada pelo Minc, nos últimos cinco anos, em suas três linhas de ação: Cultura e Cidadania, que aborda a cidadania, as identidades e a diversidade; Cidade Cultural, que visa a qualificação do ambiente social e o direito à cidade; e Cultura e Renda, que focaliza a ocupação, a renda e o financiamento da Cultura. Gilberto Gil, em sua explanação elogiou a cultura paraense. "O que mais me impressiona é que tudo aqui é exuberante, maravilhoso". Após receber o pedido de inclusão do Carimbo como Patrimônio Cultural, ele prometeu que o pedido será analisado pelo IPHAN, mas que não vê dificuldade para que isso aconteça. O Ministro falou sobre o Mais Cultura, que representaria todos que trabalham pelas mais variadas manifestações culturais. "Eu me sinto muito feliz por assinar esse protocolo de intenções em parceria com o Governo do Estado, para o reconhecimento dos movimentos culturais historicamente excluídos". Afirmou. "Esse é um resgate universal do poder público". Gil, mostrou dados que indicam o aumento significativo dos investimentos na Região Norte e no Pará, onde declarou que a cultura paraense é prioridade para o país. "Nesses últimos cinco anos, multiplicamos em 13 vezes os investimentos na cultura da Amazônia. Para o Pará, o orçamento saiu de 1,5 milhão de reais para 10 milhões. Várias outras parcerias virão, com a participação fundamental de todos os fazedores de cultura". Gilberto Gil, ministro da Cultura, a governadora do Pará Ana Júlia Carepa e o secretário de Cultura Edílson Moura com Mestre Verequete e Pinduca
O Arraial do Pavulagem saúda o ministro e comitiva
A Governadora cumprimentou os presentes e disse que o governo está avançando para cumprir os compromissos com todos os municípios do Estado. Ela também criticou as políticas culturais que eram feitas no Pará nos governos passados. "Há pouco tempo, fazer cultura era só recuperar prédios e dar prioridades para poucos grupos culturais", afirmou. "Hoje, também cuidamos do nosso patrimônio, mas também priorizamos as pessoas, reforçando a identidade cultural dos paraenses". Ana Júlia também anunciou que o Governo irá conceder o benefício do Bolsa-
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Trabalho para os grupos selecionados para os pontos de cultura. O Secretário de Cultura, Edílson Moura, considerou o evento como o grande acontecimento da cultura paraense. "Desde que assumimos o governo, o Ministério da Cultura se mostrou parceiro desse novo projeto para a política cultural do Pará", afirmou. "Pois, quando assumimos, tivemos que recuperar a trajetória de valorização da cultura do povo do Pará". Houve ainda o lançamento do Edital para a criação de mais 60 Pontos de Cultura em todo o Pará, em 2008. Os
O Forte do Presépio repleto de pessoas e grupos folclóricos conferindo a visita e o lançamento do programa
Pontos de Cultura são ações prioritárias, como incentivo à produção de atividades culturais e sociais pelo país. Hoje, o Pará possui apenas 13 projetos pontos, entre os mais de 650 já implantados no Brasil. Até 2010, serão cerca de 20 mil em todo o pais. A iniciativa está inserida na Agenda Social que o Governo Federal está implementando para a
Edílson Moura, secretário de Cultura Edílson Moura, fala de sua empolgação com o program a Mais Cultura e o Edital dos Pontos de Cultura no Estado do Pará
r e d u ç ã o d a s desigualdades no país e reconhece a Cultura como prioridade para o desenvolvimento socioeconômico e como uma necessidade básica da população brasileira. Visando ampliar os pontos paraenses e promover uma estratégia de democratização do acesso ao edital do Minc, a Secult realizou, em janeiro deste ano, o
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Planejamento Estratégico dos Pontos de Cultura do Estado, que discutiu os desafios a serem enfrentados na criação dos pontos no Estado. O Planejamento definiu as ações necessárias para a continuidade do projeto, além de estabelecer, em um amplo debate, a estrutura de gestão dos que serão instalados em todo o Pará. Podem se habilitar para ser um Ponto de Cultura, as instituições da sociedade civil, sem fins lucrativos, legalmente constituídas, que desenvolvam ações de caráter cultural ou com histórico em atividades culturais, há pelo menos dois anos no Estado. Para se tornar um Ponto de Cultura é preciso participar da seleção por meio de edital público, feito pela Secretaria de Programas e Projetos Culturais do MinC, que já realizou quatro editais. Quando firmado o convênio com o MinC, o Ponto de Cultura recebe a quantia de R$ 185 mil (cento e oitenta e cinco mil reais), divididos em cinco parcelas semestrais, para investir conforme projeto apresentado. Parte do incentivo é utilizado para aquisição de equipamentos. Os Pontos de Cultura atenderão diversos públicos, como estudantes da rede pública de ensino; adolescentes e jovens adultos em situação de vulnerabilidade social; populações de baixa renda, habitando áreas com precária oferta de serviços públicos e de cultura, habitantes de regiões e municípios com grande relevância para a preservação do patrimônio histórico, cultural e ambiental; habitantes de comunidades indígenas, quilombolas e rurais; sindicatos de trabalhadores; portadores de deficiência e gays, lésbicas, transgêneros e bissexuais – GLTB.
Gilberto Gil, ministro da Cultura: Várias outras parcerias virão
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A agricultora Rubenita Silva, representante do MST e a governadora Ana Júlia Carepa
Pará, Terra de Direitos U
ma terra onde a população tem acesso a seus direitos como saúde, educação, emprego, segurança, transporte, lazer e cidadania. Um conjunto de políticas sociais que serão executadas este ano para melhorar a qualidade de vida do povo paraense. Ações diretas, que mudarão o dia-adia dos paraenses, usando de forma racional seus recursos naturais, promovendo a justiça social e valorizando homens e mulheres. Esse é o compromisso do governo do Estado, cumprido por um conjunto integrado de políticas sociais, que compõem o programa “Pará, terra de direitos”. São mais de 450 ações e cerca de duas mil atividades, com recursos assegurados no orçamento no total de R$ 600 milhões, para garantir a melhoria da qualidade de vida das pessoas.. O programa foi lançado durante a inauguração da quadra poliesportiva da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Che Guevara, em Marituba, pela governadora Ana Júlia Carepa, Ela também visitu as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na ocupação: ampliação do sistema de
Fotos: Advaldo Nobre e Cláudio Santos/Ag Pa abastecimento de água, com investimento de R$ 3,9 milhões, e a implantação do sistema de esgotamento sanitário, com investimento de R$ 5,4 milhões. Com essas ações de saneamento e urbanismo, serão atendidas 3.120 famílias.
Terra de Direitos Na primeira etapa, o “Pará, Terra de Direitos” atenderá 39 municípios, onde vivem 65% da população. Para escolha dos beneficiados, foram considerados os Indices de Desenvolvimento Humano (IDH), de vulnerabilidade à violência, de educação básica, taxa de analfabetismo, número de leitos, taxa de mortalidade, além da distribuição dos equipamentos públicos disponíveis no Estado, como escolas, delegacias e comandos da Polícia Militar. Na relação, há municípios em condições de irradiar os benefícios a uma área de influência. A principal característica do “Pará, Terra de Direitos” é a possibilidade de articulação de diversos órgãos estaduais para execução de ações, com menor custo e maior abrangência de beneficiados. “Verificamos o EDIÇÃO 77 [MAIO 08]
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que estava programado pelos órgãos estaduais para este ano e quais os recursos alocados. Depois, como a ação de um poderia impactar positivamente na ação de outro e fazê-los parceiros. Assim, resolvemos de forma mais ampla os problemas da população e mudamos a percepção de ausência do estado de direito”, explicou Ana Cláudia Cardoso, secretária de Estado de Governo. Simultaneamente, o vicegovernador Odair Corrêa e secretários de Estado fizeram o lançamento do programa no ginásio de Esportes de Tailândia, dando Ana Cláudia, secretária de Estado de Governo durante início a diversas ações para o lançamento do Programa: Pará,Terra de Direitos mudança da matriz econômica do município, baseada inicialmente na produção madeireira irregular, alvo de fiscalização ambiental em operação do governo federal, em parceria com o governo do Estado. O objetivo imediato é absorção de mão-de-obra dispensada com o fechamento das serrarias, em vagas não precárias e com qualificação profissional. “A realidade de Tailândia é a mesma de diversos municípios do Pará, que são pólos madeireiros. Mas esta atividade econômica é finita, e migra. É preciso descobrir novas vocações para que, no longo prazo, esses municípios mantenham um processo de novo modelo de desenvolvimento. Anteriormente, prevalecia em Tailândia uma visão e prática de curto prazo. O município virou símbolo de ações pró-ativas”, adiantou Ana Cláudia Cardoso.
Compromissos A governadora entregou na oportunidade, as indenizações às famílias das vítimas e aos sobreviventes do massacre de Eldorado do Carajás. Além das indenizações, é garantido pelo governo do Estado pensão especial e atendimento médico às famílias das vítimas e aos sobreviventes. Este foi um compromisso assumido com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, No lançamento do Programa: Pará,Terra de Direitos, na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Che Guevara, em Marituba
A Governadora e o presidente da Cosanpa Eduardo Ribeiro
Jhonny Yguison Miranda da Silva, recebeu uma indenização, no valor de R$ 200 mil, além da garantia de assistência médica e educacional
em 17 de abril de 2007, quando ela esteve na Curva do “S” no ato solene de pedido de desculpas ao movimento pelo massacre de 19 trabalhadores sem terra. Ana Júlia Carepa também assinará o decreto que garante amparo, pensão e atendimento médico e encaminhamento à Alepa do projeto de lei que cria a pensão especial às vítimas do caso dos emasculados de Altamira. O procurador geral do Estado, Ibrahim Rocha, assinou o acordo judicial que garante indenização, assistência médica e educacional vitalícias ao jovem Jhonny Yguison Miranda da Silva, baleado por um policial militar aos 11 anos. Foram anunciadas as políticas sociais do governo do Estado: os programas Pró-Campo e Pró-Assentamento. O primeiro é desenvolvido pela Secretaria de Estado de Governo (Segov), no intuito de proporcionar aos universitários interação e vivência em comunidades rurais adeptas da agricultura familiar, valorizando a prática e a cultura dessas populações, mediante recebimento de auxílio-financeiro. E o segundo beneficiará 557 famílias de Bujaru, Tailândia, Bom Jesus do Tocantins, Porto de Moz e Rondon do Pará, além do projeto de assentamento estadual e agroextrativista (PAEX), na comunidade de Camutá do Pucuruí, em Gurupá.
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Rios de Saúde
Cidadania e assistência a ribeirinhos
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Fotos: José Pantoja/Sespa e Eliseu Dias/Ag Pa
eculiaridades da região Amazônica, como o difícil acesso e as famosas ruas formadas por rios, são desafios para o alcance das políticas públicas. Um dos mecanismos para vencer essa barreira é o projeto “Rios de saúde“, coordenado pelas Secretarias de Estado de Governo (Segov), de Saúde Pública (Sespa), de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), de Educação (Seduc), Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Instituto de Assistência Social, em parceria com a Marinha Brasileira. O objetivo do projeto é prestar ações de saúde, cidadania e assistência social à população ribeirinha dos municípios que necessitam de auxílio do Estado. O Navio-Auxiliar Pará na segunda expedição do projeto “Rios de saúde“, percorreu durante 15 dias os municípios de São Sebastião da Boa Vista, Curralinho, Oeiras do Pará e Portel, na Ilha do Marajó. “Os serviços de saúde oferecidos são executados pelos municípios, mas o Estado oferece apoio aos lugares de difícil acesso, com baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), alto índice de mortalidade materna e infantil e, principalmente, pouca oferta de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) “, disse Silvia Comaru, coordenadora da Câmara Setorial de Políticas Sociais. Durante a expedição, 50 profissionais do governo do
Laura Rossetti,conheceu de perto a estrutura do Navio Auxiliar Pará que leva o projeto “Rios de Saúde” aos municípios mais carentes do Estado
Atendimentos Cerca de 50 profissionais do governo do Estado e mais 66 tripulantes da Marinha Brasileira estão envolvidos na ação. Logo que chegam, adultos, crianças e idosos recebem todas as orientações sobre os serviços disponíveis no navio. A Sespa atua na complementação da atenção básica com vacinação, consultas em clínica médica e pediatria, entrega de medicamentos através de farmácia, oftalmologia e odontologia. Dependendo da procura e da natureza dos atendimentos, enfermaria e centro cirúrgico estão preparados para eventuais emergências. Um dos serviços diferenciados da expedição é disponibilizado pelo setor de oftalmologia, em que os usuários já encaminhados
recebem consulta com dois especialistas e óculos no mesmo dia, graças a consultório equipado e oficina para confecção de lentes. O oftalmologista José Braga explica que o atendimento é feito com tranqüilidade e que a população absorve bem as orientações que recebe. Outro serviço inovador da expedição é disponibilizado pelo Laboratório Central do Estado (Lacen), por meio da ação "Lacen Ribeirinho", em que uma equipe composta por quatro técnicas atende uma demanda de exames para glicose, colesterol, triglicerídeos, TGO, TGP, Uréia, Creatinina, Hemograma, Ácido Úrico, além de testes rápidos para Chagas, Hepatite, Dengue e Malária.
O Navio – Auxiliar Pará oferece em sua estrutura consultórios médicos e odontológicos, enfermaria e até um centro cirúrgico
O Auxiliar Pará em Portel
Moradores do município de Portel participaram da ação "Rios de Saúde " A felicidade estampada em sorrisos
Laura Rossetti, secretária de Saúde do Pará entre o comandante Jaques e o comandante Cesar Henriques
Pará, mais os profissionais de saúde e tripulantes da Marinha Brasileira levaram os serviços a dez mil ribeirinhos. O navio oferece uma estrutura com consultórios médicos e odontológicos, enfermaria e até um centro cirúrgico para atendimentos emergenciais. Segundo Silvia Comaru, a idéia é que o paciente seja
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consultado, faça os exames, receba-os no mesmo dia e inicie o tratamento, e no caso das consultas oftalmológicas, saia com os óculos prontos. Antes de dar partida ao navio, o comandante Jaques comentou a motivação dos tripulantes em poder ajudar a levar saúde aos que mais precisam. “É um trabalho que foge da nossa rotina e nos motiva pela vontade de ajudar“, afirmou o comandante Jaques. No trapiche de Curralinho, população recebe orientação para o atendimento
Pacientes de Curralinho desembarcam no navio auxiliar Pará. Crianças e idosos tiveram prioridade no atendimento
Casos de emergência, como os trabalhos de parto, foi uma das prioridades obedecidas pelos profissionais
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Menor de idade, que inspirava cuidados, recebeu atendimento prioritário no interior do navio
Pacientes de São Sebastião da Boa Vista aguardam embarcação de apoio para o acesso ao navio auxiliar Pará, que esteve fundeado às margens do município
Serviços Com o apoio da Polícia Civil, são emitidas Carteiras de Identidade e de Trabalho. A Sespa oferece suporte à atenção básica com imunização, consultas médicas de clínica geral, pediatria e ginecologia; exames laboratoriais e coleta de PCCU (Papanicolau), além de atividades educativas, como capacitações, e formação de comitês para assuntos de interesse de comunidades ribeirinhas, como a prevenção ao escalpelamento. “Como o público é ribeirinho, levamos orientações importantes para evitar o escalpelamento“, disse Danielle Cavalcante, diretora Técnica da Sespa.
Morador de Curralinho retirou carteira de identidade em serviço oferecido pela Polícia Civil
Fone: (91) 3248-5651 EDIÇÃO 76 [ABRIL 08]
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por Garibaldi Nicola Parente mundo e seus cosmos nunca param. A movimentação constante em círculos giratórios é realizada para prover a mudança essencial e soberana da conservação natural das forças vivas no plano universal. Creio que somente uma coisa não muda, sempre foi e sempre será fantástico, absolutamente imanente em qualquer lugar e cultura – a magia de ser mãe. Ser mãe é a virtude que extrapola os limites terrenos por efeito de uma amizade profunda, alicerçada no amor persistente construído sob a égide missionada da conservação da vida em visível segredo eternal. Ser mãe é salvaguardar a substância do amor de modo altaneiro e constante, único sentimento dedicado à purificação do mundo. Por tudo, o pensamento de mãe sobreleva-se além do imaginar, além do refletir, além do cogitar, além do estimar… mais do que qualquer expansão semântica, o verbo pensar é sobretudo agir. Dentre as maravilhosas histórias que dão forma a Bíblia Sagrada, a história dos Três Reis Magos é altamente simbólica. Seguir a Estrela Guia é maiormente orientar-se no caminho da manjedoura do Menino Jesus. A estrela Canopus, muito brilhante, tem sua trajetória privilegiada, não sujeita-se a eclipses e, coisa mais bela, mostra-se visivelmente perto do horizonte. Ser mãe é agir assim, caminhar como os antigos viajantes, como os Magos que do Oriente a Belém
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“Pensamento de mãe é como incenso” Álvares de Azevedo.
buscavam o caminho certo, o caminho iluminado por ideais elevados e harmonicamente conjunto aos poderes divinos. Aqui alanceiam-se relações magistrais: o sobrenatural se agrega ao natural, o finito junta-se ao infinito, o mortal une-se ao imortal, o visível incorpora-se ao invisível. Assim, as dádivas levadas espontaneamente pelos Três Reis Magos ao recém nascido são complementares e encerram nas suas minúcias sentidos primordialmente espirituais. O incenso é uma substância aromática muito agradável usada em rituais religiosos e até em cerimônias familiares. Esta resina, extraída da árvore do Olíbano viceja em toda a região do Oriente Médio. Nas igrejas o receptáculo usado para a fumegação do incenso chama-se turíbulo e tem geralmente o formato de coração e o incensar, mesmo que perfumar, sugere incendiar o amor e a vida espiritual agitando-os sempre para a ascensão aos céus. Os deuses amam as fragrâncias. Aos deuses encomenda-se, então, voluntária homenagem e no plano da consciência augura-se receber energias capazes de purificar, de proteger, de pacificar, de iluminar todos os sonhos. O profundo apreço desse ato de vibração e transmutação energética promove maior encantamento nos encontros com os seres sobrenaturais. O incenso é o bálsamo da oração, tonifica-a com forte inspiração áurica e com o mais puro sentimento de amor. Amor cosmicamente universal pelo qual o ser mãe é espiritualizado com muita magia e sapiência – abundante manancial de carinho, proteção e sabedoria. O ouro constitui o segredo mais íntimo da terra. Sua luz mineralizada em nada difere da luz celestial, esse brilhar exprime o poder sobre o mundo dos homens e ao mesmo tempo a imutabilidade, a perfeição e a eternidade da alma. Reúne na pureza os desejos da natureza e o sonho do amor eternizado. A mirra, especiaria também aromática, dela emana um
Mãe todos os dias do ano
leve aroma de terra, ou melhor, de terra, água, ar e fogo. Origina-se de uma planta de mesmo nome e viceja ao sol escaldante dos desertos orientais. Seus frutos são pontiagudos, duros e seus caules repletos de espinhos. Mirra, etimologicamente significa sabor “amargo”, no entanto, tem o poder de curar muitos males. Alguma premonição? O deus sol não guarda nenhum segredo. Percorre o céu diariamente do nascente ao ponte em uma carruagem puxada por quatro fogosos e impacientes corcéis. Vesta, a deusa da terra, faz jorrar leite dos seios e quando desfaz-se do seu manto surge uma nuvem de pássaros revoantes em formidável bailado. Eolo, deus do ar e dos ventos, converte-se em diversos sopros: euro, vem do oriente de modo tempestuoso e
desordenado; zéfiro, vem do ocidente de maneira calma, serena, com muita doçura e frescor; bóreas vem do norte, sopra com muita realeza; noto vem do sul de jeito tempestuoso, quente e sombrio. Nereu, deus das águas, o “velho do mar”, sábio e bondoso, tem o dom Jung, “Aqueles que triunfam da profecia e personifica as ondas sobre si mesmos conseguem a coroa da vida eterna” infinitas. Vulcano, deus do fogo. Foi lançado ao mar por sua mãe por ser muito feio e antipático. Por proximidade, espinho lembra coroa e por similaridade, espinho e coroa devem significar a mortificação da carne, a aceitação do padecer, do sacrifício e sobremodo, a vitória sobre os instintos, de modo altaneiro com o predomínio da evolução espiritual. São palavras do filósofo Jung, “Aqueles que triunfam sobre si mesmos conseguem a coroa da vida eterna”. Sapiência! Mãe é aquela que sabe preservar o maior bem do universo, a vida; que sente nos primeiros passos do filho um caminho seguro; que escuta nas primeiras palavras um mundo de emoção; que augura na leitura do primeiro livro, os horizontes abrindo-se ao saber e ao infinito… O dia das mães é um reconhecimento abnegado, justo e sublime, àquelas mulheres, não importam as limitações, que sabem ser mães todos os dias do ano. Eolo, deus do ar e dos ventos
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Maio mês das mães e das noivas... mas por quê? Mãe, de Picasso
por Anita La Fey
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esde pequena ouço que o mês de Maio, além de ter a comemoração pra lá de especial do dia das Mães, é também o mês da noivas. Mas nunca entendi o motivo desta colocação afinal, o amor é celebrado o ano inteiro! E, segundo pesquisas atuais do IBGE, a maioria dos casamentos vem ocorrendo nos meses de setembro e dezembro! Bem, dezembro possui razões óbvias, como o 13º salário, bonificações, férias de verão, etc. Porém, e os outros dois meses? Segundo o “Guia dos Curiosos”, maio foi intitulado mês das noivas por influência da Igreja Católica. Isso porque é o mês da consagração de Maria, Mãe de Cristo, e aí, a homenagem é justíssima. A comemoração do dia das mães, no segundo domingo
de maio, também contribuiu para esta associação indireta. Porém, como praticante de religiões pagãs, posso dizer que existe todo um conjunto de costumes anteriores ao Cristianismo por trás desta escolha. Aqui no Brasil (hemisfério sul), vivemos o outono nesta época. Porém, no hemisfério norte (citemos a Europa, de onde grande parte de nossos costumes é derivado, principalmente devido a nossos colonizadores) é plena primavera! Nesta época do ano, os povos pagãos celebravam (e ainda celebram!) a plenitude da primavera, o encontro dos amantes, a alegria da beleza e da jovialidade, a fertilidade, o desabrochar da vida! Era costume dos jovens buscarem flores pelos bosques e ofertar a todos dos vilarejos, para trazer boa sorte (daí a questão de decorar as cerimônias com flores e o ato de se jogar o buquê!) e fartura.
Já em algumas tradições italianas, em 1º. de maio se comemora “o dia da Deusa” – cultuando-se a deidade prevalecente em cada tradição. Por exemplo, em Roma, havia várias celebrações em honra à deusa Flora, deusa dos jardins e das flores, e Maia, a deusa da Primavera. Em outras regiões, as pessoas celebravam a data fazendo amor em meio aos bosques e as crianças concebidas por meio dessas uniões eram consideradas "abençoadas". Essas uniões representavam a fertilidade não só dos humanos nessa época, mas de todos os seres vivos da Terra. Se considerarmos que a primavera por aqui ocorre de Setembro a Dezembro... já temos o porquê do número de casamentos só vir aumentando neste período!
Mãe Natureza
E, quanto mais movimentos favorecendo a união do homem com a natureza, mais condizentes com as estações do ano nossas atitudes serão! Enfim, não importa se com grandes festas, glamour ou com a maior simplicidade do mundo, o casamento é uma data especial, onde sonhos se tornam realidade... e a maternidade ainda mais divina!!! *Contadora, com pós em Administração Financeira e MBA em Finanças e Controladoria, pelo Instituto Nacional de Pós Graduação, de São José dos Campos/SP, Taróloga, pesquisadora de Numerologia, Astrologia e Feng Shui.
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Amazon Beer
Beto Grill
Avenida
Boteco das Onze
Boêmio Cervejaria
Estação Gourmet Buffet
Festival Brasil Sabor 2008 A
gastronomia brasileira, de sabor forte e ingredientes únicos, usados em cada região do país, vem se consolidando como fonte de sucesso sobre o turista, a população em geral e com resultados positivos na economia. Utilizando-se da culinária do Brasileira, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – ABRASEL/PA, segmento que a representa, realizou o Festival Brasil Sabor 2008, o Maior Festival Gastronômico do Planeta, em parceria com o Sebrae e Ministério do Turismo. Em sua 3ª Edição, a ABRASEL levou no período de 09 de abril à 11 de maio, o sabor da culinária brasileira à 2.000 estabelecimentos em 200 destinos turísticos e em particular na c i d a d e d e B e l é m / PA , n a s dependências internas dos La Madre
La Pomme D'Or
Manjar das Garças
Kamikase Sushy
restaurantes credenciados a Abrasel/PA, com pratos criados pelos chefes de cozinha paraenses, tendo como estrelas, os peixes, as carnes os frutos e outros ingredientes regionais. O melhor prato, e automaticamente o restaurante vencedor deste ano será escolhido através do prato mais vendido, premiando também o garçom vencedor. No site www.brasilsabor.com.br , você poderá conhecer todos os pratos que concorreram ao Festival Brasil Sabor 2008. A ABRASEL/PA tem como presidente o Sr. Fábio Sicília. O Festival Brasil Sabor 2008, é um acontecimento de propagação turística, cultural e econômica. Tem como público potencial as seccionais ABRASEL, proprietários de bares e restaurantes, garçons, associados da entidade, freqüentadores dos estabelecimentos, turistas, além de formadores de Marujos Restaurante
Marulho
Capone Ristorante Churrascaria Tucuruvi
opinião, jornalistas, críticos e multiplicadores, dos quais fizeram do evento assunto nas principais mesas de todo o país. Em sua primeira edição em 2006, o Festival Brasil Sabor, devido ao grande sucesso de público e mídia, foi levado para Nova York, onde foi apreciado pela imprensa americana e pelo corpo diplomático na sede da ONU, além de ter recebido o prêmio CAIO 2006, como o melhor site de eventos. No ano passado, mobilizou simultaneamente cerca de 1.528 restaurantes em 1.117 cidades. Durante o coquetel de lançamento de 2008, a ABRASEL/PA, fez a entrega do Certificado como o vencedor do Brasil Sabor 2007,Restaurante Avenida, com o prato Camarão ao Grão Pará. O festival ocorreu simultaneamente em todo o país.
Fábio Cecília Pizzaria Vitória
Pizza Hut
D e D Sabores
Dom Viscondi
Dom Giuseppe
Este ano a ABRASEL/PA, teve como participantes 24 restaurantes: 1.AMAZON BEER- RISOTO DE CARANGUEJO COM VINAGRETE DE TOMATE; 2.AVENIDA- FILHOTE AMAZÔNIA; 3.BETO GRILL- ARROZ DE PATO NO TUCUPÍ; 4.BOÊMIO CERVEJARIA- FILET AO FUNG 5.BOTECO DAS ONZE- MUQUECA MISTA DE FILHOTE, 6.CAMARÃO E CARANGUEJO; 7.CAPONE RISTORANTE- FILHOTE CAPONE; 8.D & D SABORES- PEIXE MARAJOARÁ; 9.DOM GIUSEPPE- ALCATRA PARAENSE; 10.DOM VISCONDI- NORTE NORDESTE; 11.ESTAÇÃO GOURMET BUFFET- CAMARÃO MORENO 12.FAMIGLIA TRATORIA- RAVIOLI DE CARANGUEJO AO BRODO DE TUCUPÍ; 13.LA MADRE- FILHOTE A L; CREME DE MARACUJÁ COM RISOTO DE QUEIJO COALHO; 14.RÊSTO DAS DOCAS (LA POMMED”OR)- FILÉ AO MOLHO AGRIDOCE DE CUPUAÇÚ; 15.LA TRAVIATA- CALZONE DE PATO NO TUCUPÍ; 16.KAMICASE SUSHY- COMBINADO MARAJOARA; 17.MANJAR DAS GARÇAS- FILHOTE GRELHADO 18.HARUMAKI DE JAMBÚ E CAMARÃO SECO; 19.MARUJOS RESTAURANTES- COROA DE PIRARUCU; 20.MARULHO- CAMARÃO NO BACURÍ; 21.PIZZA HUT- WRAP PARAENSE; 22.PIZZARIA VITÓRIA- PIZZA DE CARANGUEJO 23.ROXY BAR- FILÉ ROXY BAR; 24.SPAZZIO VERDI ESTAÇÃO- PEIXE A FAMÍLIA NÓBREGA; 25.TABERNA SÃO JORGE- BOLINHO DE FEIJÃO 26.CHURRASCARIA TUCURUVÍ – PICANHA COM CATUPIRY
Famiglia Trattoria
La Traviata
Roxy Bar
Spazzio Verde
Taberna São Jorge
E-mail: serpan@amazon.com.br
Sérgio Pandolfo
ODE AO VER-O-PESO A
tradicional feira do Ver-o-Peso de Belém foi recentemente escolhida como uma das “sete maravilhas brasileiras”, em pleito levado a cabo pela Internet, o que a credencia como grande atração turística. Em sua homenagem compusemos os versos que vão abaixo e que retratam aspectos peculiares do seu dia-a-dia e de sua importância para nossa cidade.
Belém tem muito pra ver Ver-o-Peso, Ver-o-Rio, Presépio, que a viu nascer, Onze Janelas, o Círio.
Ah, canoas vigilengas d'albor do meu Ver-o-Peso com as frutinhas verdoengas e causos d'amor em vezo
Ver-o-Peso de Belém o mais completo cartão postal que retrata bem seu povo, cheiros e chão
Ver-o-Peso maravilha com seus barcos multicores que vão das velas à quilha transportando mil valores
Venham ver a maravilha brasileira de Belém é o Ver-o-Peso que brilha feira aberta e cais também
Peixes, frutos e salgados utensílios singulares pra ver o peso e aviados a preços bem populares Ver-o-Peso de Belém tem raiz, capim cheiroso e ervas que vão tão bem pra tirar o catingoso
Ver-o-Peso de Belém maravilha brasileira feira que “de um tudo” tem és parauara faceira Ver-o-Peso cais histórico onde aportam as vigilengas cos tripulantes eufóricos e as frutas verdoengas
Ao Ver-o-Peso vou já comprar ervas e garboso tomo o meu banho, Iaiá prá você me achar cheiroso.
*Médico e escritor – SOBRAMES
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Acyr Castro
As Flores de Maio empre se soube de maio como o mês das noivas. Ou das flores que, no fundo é a mesma coisa. Antropologicamente o será sem dúvida. Hoje as palavras mudaram de significado, ou, se preferirem os prováveis leitores, transformaram sua siginifcação embora sem perder o sentido. Vejamos: Balada é um sub-gênero poético, fazendo parte do poema, portanto da literatura. Hoje em dia as pessoas se referem a balada como sendo noitadas, saturnálias conforme o gosto do freguês. Não tenho medo da tradição, ainda que sinta, no percurso das idades, que a modernidade se casa perfeitamente com o tradicional. Não entram em cheque as duas colocações; pelo contrário, dão-se as mãos como um par de luvas que, separadas, não tem sentido lógico, e o lógico nem sempre é correto. Falei de idades e não existe quem desconheça que verdadeiramente o tempo é uma ilusão, pura convenção. Estabeleceu-se um calendário, diverso no entanto pelos quatro cantos da Terra, se levamos a vida respeitando (no mínimo deveríamos faze-lo) as diferentes crenças e opiniões, base da democracia. Fala-se que a palavra foi um modo sutil,
S
instituído pelos homens, para ocultar o que não podem ou não sabem expressar. Social democracia, para exemplificar, é a própria contradição em si. Democracia é algo plural, consequentemente social. O resto é querer complicar as coisas. Maio é o mês das mães e consiga eu, repetindo Manuel Bandeira, alcançar a simplicidade de cantar as flores, as esperanças e o singelo sem o que inexiste algo que nosso Pará, a nossa sofrida Belém, tão bem conhecem: a chuva que alimenta e nutre o grão da terra, alterando o rumo das nossas angustias fazendo delas clama interior. E nossas perdas passem a ser a renovação para nós e nossos conterrâneos, e todo paraense é mais brasileiro já que convive com a diversidade, dignificando o viver e substituindo desânimos e cansaços pela flor da esperança. Os inimigos do vernáculo terão de "pagar o mico" se quiserem impedir os queridos amigos Ronaldo e Rodrigo Huhn, de editar, no bom português que por aqui se diz, com todos os erros convencionalmente tido e havido como tais partindo do povão. O castigo para essa gente lembra a falação do líder da Venezuela, Hugo Chavez, quem o rei da Espanha se dirigiu sabiamente: "por que não te calas?" que Deus abençoe a todos e até breve, querendo Deus. (*) Poeta, jornalista, escritor EDIÇÃO 77 [MAIO 08]
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O altar do mundo
Nossa Senhora de Fátima
por Anete Costa Ferreira
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átima, local de grande afluência para adoração à Virgem é uma cidade onde tudo está vocacionado para a religião. Os estabelecimentos hoteleiros denominam-se Hotel Três Pastorinhos, Hotel Coração de Fátima, Hotel Verbo Divino, Residencial Aleluia, Pensão Santo Amaro, etc. Por outro lado a toponímia segue os passos da sacralidade: Travessa de Santo António, Praça Paulo VI, Rua da Padroeira, Rua Francisco Marto, Avenida João Paulo II e Avenida Beato Nuno, isto só para citar algumas. Nestes espaços uma multidão se acotovela no seu sortido comércio a fim de adquirir imagens variadas misturadas com eletrodomésticos e equipamentos de futebol dentre outros. As camisetas exibem fotos sacras como da Irmã Lúcia, Papas, pastorizinhos, Nossa Senhora de Fátima, enquanto as de jogadores têm estampas dos craques, treinadores, bolas e outros motivos desportivos. Esta confusão próximo ao Santuário contagia os turistas que dividem-se entre rosários, porta-retratos, sorvetes, camisas, calções, bermudas e velas, em contraste com os devotos que contritos caminham em silêncio presos à sua Fé, buscando com os olhos os melhores caminhos para chegarem ao altar. É uma perfeita correlação entre o sagrado e o profano.
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Em outubro de 2007, ali foi inaugurada a Igreja da Santíssima Trindade, a 4ª maior do mundo católico em área útil interior, num projeto do arquiteto grego Alexandros Tombazis. O acesso para o interior faz-se através de 13 entradas, sendo doze portas laterais e um pórtico central. Para o bispo de LeiriaFátima, a porta principal é consagrada a Cristo e as laterais aos Apóstolos. Referido pórtico tem quatro portas de bronze, cada uma medindo 8m de altura por 2 de largura, tendo dez painéis de cada lado com temas dos Mistérios que medem 1,50x2,25m.
Vista geral da cerimônia de inauguração da Igreja da Santíssima Trindade, 12 de Outubro de 2007, em Fátima
Estátua do Papa João Paulo II, obra do artista polaco Czeslaw Dzwiggi
O templo possui 125 metros de diâmetro com dimensões superiores a um estádio de futebol. Não tem telhados, mas sim painéis reguláveis que dão luz natural ao seu interior, através das janelas voltadas para o norte. Não há colunas e nem degraus internamente, resumindo-se num anfiteatro, trabalho em que o arquiteto aproveitou o declive do terreno em todos os seus ângulos. Está dotado de 8.800 lugares sentados e mais mil nas capelas laterais, sendo 76 especiais para deficientes. Possui condições para abrigar confortavelmente os fiéis, evitando que fiquem expostos à chuva, ao vento e ao frio.
sido salvo, à Virgem de Fátima, e como agradecimento ofereceu e colocou na coroa de Nossa Senhora a 26 de abril de 1989, a bala que o atingiu. Consta que João Paulo II era devoto da Mãe Santíssima, razão porque fez-se presente em 13 de maio de 2000, às cerimônias de beatificação de Francisco e Jacinta, em Portugal. Para harmonizar com o conjunto arquitetôncio, foi construída uma nova cruz batizada de Cruz Alta. É em aço, possui 34 metros de altura e 17 de largura, ao nível dos braços que sua dimensão chegou ao local em peças soltas, sendo montadas posteriormente. O artista alemão Robert Schad é o autor da obra. Às proximidades da nova Cruz Alta está a estátua do Papa João Paulo II, obra do artista polaco Czeslaw Dzwiggi. No adro estão as estátuas do bispo D. José Alves Correia da Silva (que aprovou as aparições), e do Papa Pio XII. Esta última de autoria do escultor português Soares Branco, foi esculpida com ofertas de católicos germânicos. O ato inaugural teve seu ponto alto nas comemorações dos 90 anos da Virgem de Fátima, quando três crianças – Jacinta e Francisco Marto e a prima Lúcia de Jesus -, afirmaram ter visto uma aparição de Nossa Senhora, por seis vezes, entre maio e outubro de 1917. Há ainda bastante controvérsia sobre a construção da nova Igreja que consumiu 80 milhões de Euros o que para alguns críticos foi um acinte, devido ser Portugal um país carente de muitas obras de infra-estruturas como a saúde, educação e o social. O importante é que o número de visitantes cresce assustadoramente a cada dia, tendo obrigado os dirigentes católicos a optarem por um serviço de segurança intensivo e ostensivo, garantindo o bem estar de quantos se dirigem aquele local tido como um dos maiores pontos religiosos do universo, considerado por muitos como o altar do Jacinta e Francisco Marto e a prima Lúcia de Jesus mundo.
A história da nova igreja tem início em 9 de maio de 2004, quando o Papa João Paulo II ofertou a 1ª pedra. E a 26 de junho do mesmo ano benzeu e colocou-a no lugar onde se ergueria a igreja. O objeto é um fragmento de mármore retirado do túmulo do Apóstolo São Pedro, sobre o qual foi edificada a basílica com o seu nome, em Roma. Ainda, no âmbito das ofertas, o referido Papa que foi alvo de atentado em 13 de maio de 1981 atribuiu ter
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Fotos: Eliseu Dias e Eunice Pinto/ Ag.Pa
III Conferência do Meio Ambiente do Estado do Pará Um dos delegados participantes
A III Conferência Estadual do Meio Ambiente foi bastante concorrida
O
evento teve o objetivo principal de debater temas preparatórios à III Conferência Nacional de Meio Ambiente (III CNMA) que ocorrerá em Brasília (DF), entre 7 e 11 de maio, tendo como foco as mudanças climáticas. Os debates aconteceram em nove mesas-redondas, em 12 Grupos Temáticos. Suas conclusões foram levadas à plenária final e eleitas as proposições do Pará e seus respectivos delegados para a III CNMA. No Pará, a conferência teve como tema “Amazônia e as mudanças climáticas globais” e como lema “Vamos cuidar da Amazônia e do Brasil”. A abertura foi feita pela governadora do Estado, Ana Júlia Carepa, e o secretário de Estado de Meio Ambiente, Valmir Ortega.
Na abertura
ambiente da Amazônia, com respeito àquilo que é mais importante: a vida humana. “Somos responsáveis pelo que ocorre em nossa casa”, frisou a governadora, destacando que os números estatísticos sobre o desmatamento e a emissão dos gases poluentes não serão encarados de modo pessimista. Grande parte desses gases vem do desmatamento das florestas. De acordo com as últimas pesquisas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Pará tem cerca de 17% das áreas degradadas de todo o país. Há Estados com índices superiores. “O governo paraense tem enfrentado os problemas com relação ao meio ambiente com a seriedade que o tema necessita. O desejo de mudar está claro nas ações deste governo. Ações específicas da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, desde que foi criada.
A governadora Ana Júlia Carepa destacou as ações de combate do governo do Estado – com base no novo modelo de desenvolvimento – para eliminar o desmatamento ilegal e o uso dos recursos naturais de forma clandestina. Por outro lado ressaltou as políticas públicas que vão garantir o desenvolvimento econômico, social e ambiental em bases sustentáveis. Ana Júlia Carepa fez questão de saudar os delegados da Conferência que não mediram esforços para realizá-la e todos àqueles que com seu trabalho engajado passaram do discurso à prática na defesa do meio
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Marina Silva e Ana Júlia Carepa, consolidaram parceria para acelerar a aprovação do Projeto de Lei 792/2007, que define os serviços ambientais e é fundamental no combate ao desmatamento
Esforço para atender as demandas relacionadas com o meio-ambiente”. Os produtos florestais estão em segundo lugar na pauta de exportação do Estado, só fica atrás do minério. “Queremos gerar emprego com base legal. Mais de dois mil empregos de forma legal serão gerados em Tailândia com as ações das secretárias de Estado e a aplicação de 12 milhões de reais para melhorar a qualidade de vida do povo do município. O que estamos fazendo vai entrar para a história. O desafio é grande, mas temos dado os passos certos, de mãos dadas com a população do Pará”. Maria Cecília Wey de Brito, representante do Ministério do Meio Ambiente disse que a conferência vai trazer informações detalhadas sobre as expectativas da sociedade brasileira a cerca das mudanças climáticas. “A realização de conferências municipais e em alguns casos regionais no Pará faz com que possamos entender o que está preocupando as pessoas e como elas vêem as soluções desses problemas. As mudanças climáticas é um problema que nos afeta, então é importante que o Brasil consiga sua política nacional de uma forma participativa, com visão ampla de todos os Estados, em suas diversas condições de gestões, geografia, de vegetação e população”, disse. O secretário de Meio Ambiente, Walmir Ortega, falou do novo modelo de desenvolvimento do Estado capaz de incluir os excluídos, agregar qualidade de vida para todos os paraenses e que seja capaz de proteger e valorizar a biodiversidade e os recursos naturais. Ortega informou que o Pará vai participar com mais de 25 mil delegados na conferência nacional, em Brasília. O superintendente do Ibama, Aníbal Picanço lembrou discursos de autoridades militares e políticas internacionais interessadas em “tomar” a Amazônia do Brasil e não reconhecer a autonomia do país sobre a região. “Caso não tenhamos capacidade, a internacionalização da Amazônia voltará com muita força. Não estou defendendo à ausência do estrangeiro, mas não devemos incorrer no erro do esforço de preservar, sacrificando ainda mais nossa população já tão sofrida. Temos que implementar políticas públicas de curto, médio e longo prazo, explorá-la de forma sustentável, para que sobreviva não só para a nossa, mas sobretudo, para as próximas gerações”.
Participação Após 134 conferências municipais em que o Pará reuniu 25 mil pessoas, foram eleitos 1.350 delegados de todos os municípios paraenses, os quais, durante três dias, discutiram temas relacionados aos recursos hídricos, energia, populações tradicionais, sustentabilidade e recursos florestais, zoneamento ecológico-econômico, dentre outros. A III Cema foi
Maria Cecília Wey de Brito, secretária de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, representou a Ministra Marina Silva
coordenada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Ministério do Meio Ambiente, Ibama e órgãos governamentais e não governamentais que compuseram a Comissão Organizadora Estadual.
Participantes Além dos delegados, outras 500 pessoas participaram do evento na condição de observadores e convidados. A própria sociedade civil organizada, com apoio do poder público municipal e de empresas mobilizou o deslocamento de seus delegados até Belém, o que garantiu um alto índice de participação e a qualidade do debate, observação do coordenador geral da conferência, Pedro Petit. A representatividade do Pará na Conferência Nacional será de 46 delegados, sendo 23 (50%) da sociedade civil (populações tradicionais, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outros); 14 (30%) da classe patronal/empresarial e nove (20%) governamentais, sendo que destes, no mínimo de 50% representam as prefeituras municipais. Os delegados aprovaram no Regimento Interno da III Cema a participação de pelo menos um representante da sociedade civil e da classe patronal/empresarial de O secretário de Estado de Meio Ambiente, Valmir Gabriel Ortega entre a governadora Ana Júlia, a secretária de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, e o deputado Airton Faleiro
cada uma das 12 Regiões de Integração do Estado. Essa decisão evitou que regiões com maior número de delegados tivessem mais representatividade que outra.
Grupos de Trabalho Os Grupos de Trabalho contaram com expressiva participação. Alguns deles tiveram com mais de 200 participantes, como o de Educação Ambiental, que reuniu 283 pessoas. Essa mobilização demonstra que os problemas ambientais integram o dia-a-dia da população paraense. Mais que apontar os problemas, a sociedade quer discutir propostas para encontrar o justo meio entre o desenvolvimento econômico e o equilíbrio ambiental. Nos 12 Grupos de Trabalho prevaleceram os temas que dominam a pauta da Amazônia, como o desmatamento, a utilização irracional dos recursos naturais, as riquezas minerais, além do pagamento pelos serviços prestados pela floresta. A maior parte das propostas do texto-base enviado pelo Ministério do Meio Ambiente foi aprovada pelos delegados nos GT´s e na plenária final. As propostas que receberam mais de 40% da votação da plenária final serão encaminhadas à Conferência Nacional.
Temas Os temas debatidos nos GT´s foram: agropecuária e modo de uso da terra; assentamentos humanos; recursos hídricos e matriz energética na Amazônia; população tradicionais e mudanças climáticas; educação ambiental; pesquisa, desenvolvimento e mudanças climáticas; sustentabilidade e recursos florestais; resíduos; indústria, edificações e transporte; atividade pesqueira, mudanças ambientais globais e sustentabilidade; saúde e adaptação às mudanças climáticas e zoneamento econômico-ecológico. Mudanças climáticas A III Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA) terá o desafio de debater uma das principais preocupações ambientais do planeta: as mudanças climáticas. O tema, que até então estava restrito à comunidade científica, governos e ambientalistas, ganhou mais visibilidade após a divulgação do mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC). Atualmente, o mundo inteiro se debruça na busca de soluções para enfrentar os impactos causados pelo aquecimento global. No Brasil, ao promover a III CNMA, o MMA espera contribuir para esta discussão. Além disso, quer disseminar o conhecimento técnico-científico e político relativo ao tema e identificar soluções.
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A plenária final foi muito participativa
Entrega de certificados no encerramento da III Conferência Estadual de Meio Ambiente,
Influência no PIB A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destaca que a discussão sobre mudanças climáticas é muito oportuna para o Brasil. Segundo ela, países em desenvolvimento, como o Brasil, possuem cerca de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) dependente da biodiversidade. “Se destruirmos nossas riquezas estaremos destruindo nosso PIB e isso não é inteligente. É preciso pensar estrategicamente e mudar a forma de tratar a natureza”, afirma. De acordo com o coordenador-geral da III CNMA, Pedro Ivo Batista, o tema deste ano é desafiador para todos os atores. “É grande a responsabilidade do governo federal ao levar esse tema complexo e urgente para a base. Mas é somente entendendo as mudanças do clima que todos poderão contribuir de forma efetiva para a política ambiental desta área. A CNMA é um processo de participação, mobilização e educação ambiental”, enfatiza. Pedro Ivo destacou também que as resoluções da III CNMA serão importantes na criação o Plano Nacional de Enfrentamento das Mudanças Climáticas, em elaboração pelo governo federal. A iniciativa contará com a participação de todos os ministérios envolvidos com o tema e estabelecerá as ações estratégicas que o País deverá adotar no que concerne aos aspectos de mitigação e adaptação a esse fenômeno. *NA EDIÇÃO DE MAIOR DA NOSSA REVISTA AMAZÔNIA, PUBLICAREMOS NA ÍNTEGRA COMO FOI A III CNMA EM BRASÍLIA
Í
ndios Kayapó, Tembé, Gavião Kýikatêjê, Guarani e Wai Wai emocionaram o público com suas danças tradicionais durante a abertura oficial da II Semana dos Povos Indígenas do Pará, no Forte do Presépio. Tribo por tribo, eles dançaram e cantaram entre os presentes. Outro momento emocionante da noite foi a apresentação do índio Mocuká Kayapó, que cantou o Hino Nacional em sua língua. “Fiquei impressionada!”, declarou a historiadora e professora universitária Ana Lúcia Dias. Para ela, a Semana é uma grande oportunidade para que a cultura indígena seja conhecida e valorizada. “As pessoas da cidade pouco sabem sobre os índios, seus costumes e tradições. Hoje se viu um pouco disso e o pouco que se viu já surpreendeu”. A professora disse, ainda, que pretende participar da programação que vai até 30 de abril e inclui mesas redondas, palestras, exposições, oficinas para indígenas e não indígenas, mostra de documentários, venda de artesanato indígena, um seminário sobre educação indígena e uma vasta programação cultural que inicia a partir das 19h, na FCV e no Vero-Rio.
Histórico Histórico
A festa de abertura, chamada “Encontro de Nações”, foi simbólica: na data em que se comemorava o “descobrimento” do Brasil, os índios entraram no Forte do Presépio, a primeira construção do colonizador na capital do Estado, como se estivessem tomando o espaço, cinco séculos mais tarde. Isso foi reforçado no discurso da coordenadora de Proteção dos Direitos dos
Índios Kayapó, Tembé, Gavião Kýikatêjê, Guarani e Wai Wai cantaram, dançaram e emocionaram o público
Fotos: Eunice Pinto, Cláudio Santos e Carlos Sodré / Ag Pa
II Semana dos
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Povos Indígenas e Populações Tradicionais, da Secretaria de Justiça (Sejudh), Iza Tapuia. Ela disse que a presença dos índios ali simbolizava resistência: “Nós estamos aqui no lugar onde um dia chegaram os brancos e nos tiraram. E se hoje estamos aqui é porque, apesar de tudo, lutamos e resistimos”. A programação contou com show da cantora Cláudia Ticuna, indígena do Amazonas, e fechou com show de Nilson Chaves e Trio Manari.
Integraç Integração
A Semana dos Povos Indígenas foi realizada por diversos órgãos do Governo do Estado e do Governo Federal. Sendo um dos organizadores do evento a Fundação Curro Velho (FCV). Segundo o superintendente da FCV, Valmir Bispo Santos, o objetivo maior da semana é promover a integração entre os vários povos do Pará, para que eles discutam e se organizem em torno de suas necessidades e reivindicações. A I Semana, explicou Valmir Santos, também teve como saldo a criação do primeiro Fórum de Lideranças Indígenas do Pará, que reúne 14 lideranças, representando sete regiões do Estado. “Tanto a Semana
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Momento de emoção “O índio Mokuka da etnia Caiapó cantou o hino nacional no idioma usado na tribo Caiapó”
como o Fórum são conquistas históricas no sentido da organização dos índios. Os 54 povos do Pará, principalmente por dificuldade de locomoção e acesso aos locais das aldeias e dificuldades de comunicação, ainda estão muito dispersos, por isso queremos promover esses encontros. Até porque achamos que não adianta o governo discutir os problemas dos índios, se eles não podem discutir entre si”, afirmou.
Secretari Secretaria
A governadora Ana Julia Carepa assinando o decreto de convocação da Conferência Estadual dos Povos Indígenas A alegria da governadora com os jovens índios
Liderança indígena e um dos fundadores do Fórum Indígena Zeca Gavião, da tribo de Bom Jesus do Tocantins, em Marabá, avalia a Semana como uma oportunidade importante de união, já que, mas diz que ainda se tem que caminhar muito. Uma das principais reivindicações deles em relação ao governo do Estado, cita, é a criação de uma secretaria que centralize todas as ações voltadas para a questão indígena. “O governo já avançou com a criação da Coordenadoria Indígena, da Secretaria de Justiça, mas estamos lutando pela criação de uma secretaria. Mais do que ninguém, somos nós que conhecemos nossas necessidades, e
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uma secretaria estadual, que concentrasse todas as ações, facilitaria muito na busca de solução dos nossos problemas”. Ainda que o caminho seja longo, Zeca Gavião admite que houve mudanças no atual governo estadual. “Estamos tendo mais atenção. A Semana e o Fórum são coisas novas. Agora a gente espera os resultados. Não basta só comemorar, temos que conquistar cada vez mais espaço e mais diálogo entre brancos e índios”, concluiu. Participam da II Semana quase 270 índios de 46 etnias. Eles ficaram
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hospedados no Parque dos Igarapés. A programação da Semana aconteceu de forma descentralizada na FCV, a Casa da Linguagem, a UEPA (campus da Djalma Dutra), no Hangar Centro de Convenções daAmazônia (onde ocorreu o Seminário Educação Escolar Indígena na Amazônia, promovido pela Seduc), o IAP e o Ver-oRio.
Comprom
Compromisso com os indígenas
Durante a programação cultural da II Semana dos Povos Indígenas, a governadora Ana Julia Carepa assinou no Ver-o-Rio, o decreto de convocação da I Conferência Estadual dos Povos Indígenas do Pará, que acontecerá de 7 a 9 de agosto deste ano, em Belém. Ladeada pelo secretário de Estado de Cultura, Edílson Moura, e pelo diretor da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Josenir Nascimento, ela também foi recebida pelos wai-wai que fizeram uma apresentação de dança tradicional. "É uma alegria participar deste evento e cumprir um compromisso do governo do Estado com os povos indígenas, assumido no ano passado, de convocar a conferência. Nos orgulhamos de viver em uma terra em que os usos e costumes expressam essa tradição
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indígena. Hoje, os índios do Pará têm neste governo o apoio para uma vida melhor", festejou a governadora. Ela garantiu que os indígenas sempre terão vez e voz na terra de direitos que o governo pretende transformar o Estado. "Os direitos têm que ser garantidos a todas as pessoas, nas 12 regiões de integração", acrescentou. A governadora falou ainda sobre as ações em andamento que atendem a esta parcela do povo do Pará. Dentre elas, o currículo multicultural e bilíngüe para que os professores possam ensinar na língua indígena nas escolas das aldeias. Para isso, está sendo realizada uma parceria com a universidade para cursos de licenciatura intercultural. Também anunciou o ensino médio intercultural e diferenciado, a formação continuada de professores e a construção de seis escolas em diferentes etnias. A assinatura do decreto para a Conferência Estadual é vista pela liderança indígena Gedeão Arapyú, representante do Fórum dos Povos Indígenas do Estado do Pará, como um momento de fortalecimento das lutas indígenas e a afirmação do compromisso do governo em oficializar a Conferência na presença dos A secretária de Estado Maria do Socorro Gomes
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A mesa oficial da abertura Quem participou da solenidade ficou encantado no Ver-o-Rio
povos indígenas em Belém. Para Iza Tapuia, Coordenadora de Proteção dos Direitos Indígenas e Populações Tradicionais, da Secretaria de Justiça (Sejudh), a assinatura marca a continuidade do processo de construção das políticas públicas para os povos indígenas. A Conferência, de acordo com Iza, é o espaço democrático e popular para a elaboração das propostas de organização dessas políticas.
Lideranças indígenas participaram solenidade da assinatura de decretos
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BabyBundas E
por Ricardo Jordão Magalhães
u sou Responsável. Mesmo que eu ainda não consiga evitar que o pior aconteça. Eu sou responsável pela minha atitude de indignação contra os inevitáveis males da vida. Eu posso escolher ficar sentado olhando a eterna tristeza dos Baby Bundas, ou eu posso escolher me levantar e viver a minha vida do jeito que eu acredito que tem que ser vivida.
Querida(o)Amiga(o), Em algum momento entre 2008 e 2009, a economia dos EUA, Inglaterra e Rússia devem experimentar a pior recessão da sua história. Os economistas do primeiro mundo esperam uma desaceleração radical de todos os meios de produção em função da aposentadoria em massa dos Baby Boomers. O consumo deve cair drasticamente com dois terços dos Baby Boomers se aposentando até o final da década. 80% do melhor do consumo nos EUA, Inglaterra e Rússia é feito hoje pelos Baby Boomers que estão pendurando as chuteiras. Para complicar o cenário, o alongamento da expectativa de vida das pessoas vai trazer grandes problemas para a vida dos boomers. Os seus pais estão vivendo mais, o que os obriga a sustentar os mais velhos e ainda sustentar os filhos que não se
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estabeleceram na vida. Estima-se que 67% dos Baby Boomers aposentados vão ficar sem dinheiro ainda em vida. A grande maioria dos Baby Boomers contam apenas com os seus imóveis como fonte de receita quando aposentados. Entretanto, a problemática imobiliária americana já desvalorizou as suas residências em 15%. Baby Boomers é o termo usado para descrever a geração de pessoas que nasceram no Pós Segunda Grande Guerra entre 1946 e 1964 nos EUA, Inglaterra e Rússia. Foram eles os grandes responsáveis nas últimas três décadas pela consolidação do estilo de vida que a grande maioria das pessoas apreciam: casa, carro, televisão, família, restaurantes, shopping centers, clubes, entretenimento cultural e viagens de lazer.
Há anos se discute o impacto da aposentadoria dessa geração para o nosso futuro. Quem vai substituir os médicos, engenheiros, professores, advogado e arquitetos que estão se aposentando? Os americanos estão realmente preocupados com a questão. Para se ter uma idéia da importância desse assunto, uma busca básica no Google aponta 4.810.000 milhões de páginas sobre Baby Boommers. O Brasil não está muito preocupado com esse assunto, mas deveria. Vai faltar gente para desempenhar as funções mais básicas da economia: fazer conta e escrever. A coisa vai ficar muito feia até 2010. Nesse momento a Catho está anunciando 2.578 vagas abertas para Engenheiros Civis, 1.451 para Engenheiros Eletrônicos, 2.209 para Engenheiros de Telecomunicações, 8.121 vagas para profissionais de educação, 5.794 para profissionais Financeiros, 14.611 para profissionais de informática e 3.308 para profissionais de logística e suprimentos. Quem irá preencher essas vagas? E quantas novas vagas poderiam ser criadas se tivéssemos cérebros adicionais para criar planos de negócios sólidos? Para cada novo cérebro que soubesse fazer planos de negócios, teríamos 100 novos postos de trabalho, diretos ou indiretos. Para cada novo cérebro que
soubesse executar um plano de negócios, teríamos 200 novos postos de trabalho. Mas, quem irá preencher essas vagas? Quem? Quem? Os Baby Boomers tem muitos fãs e críticos ferrenhos. De um lado dizem que os Boomers são os grandes responsáveis pela expansão dos nossos direitos individuais. A causa feminista, os direitos dos homosexuais, os direitos civis, os direitos dos deficientes físicos são algumas das conquistas dessa geração. Além disso, a criação da televisão, a proliferação do rádio e das mídias revistas e jornais permitiram que o indivíduo passasse a ter maior controle sobre a informação que recebe. Por outro lado, os Boomers são acusados de ignorar o futuro e pensar apenas no seu bem estar individual. Investiu-se pesado na construção de fábricas, cidades e carros, deixou-se de lado o meio ambiente. Quem critica os Baby Boomers são os líderes das gerações que vieram depois, as chamadas Gerações X e Geração Y. Muito provavelmente a sua ou a minha geração. A Geração X é marcada pela falta de otimismo, cinismo e apatia política no status quo. Os Xs acreditam em Deus, são abertos a todo tipo de religião, mas não seguem nenhuma. A Geração X é caracterizada pela forte tendência ao
90 40 Sabores de
pizza
Tipos de SUPER sanduiches e vitaminas
PEIXE, PATO NO TUCUPÍ (COMIDAS TÍPICAS), CAMARÃO CHURRASCO, FEIJOADA CARIOCA, SALADAS, CHAPAS E CALDOS.
sac: laslenhas@yahoo.com.br EDIÇÃO 77 [MAIO 08]
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empreendedorismo fora da caixa. Os Xs criaram a internet, os movimentos de AntiGlobalização e Meio Ambiente. Faz parte da Geração X quem nasceu entre 1964 e 1975. A Geração Y é sobre quem nasceu entre 1976 e 1994. É a geração dos "sem teto"; não conseguem arrumar um bom emprego que pague o aluguel de um apartamento próprio. É a geração que precisa do dinheiro dos pais Baby Boomers para viver. Entretanto, são geralmente filhos de pais separados, por isso dependem de um ambiente social sadio no escritório para compensar a perda doméstica. Eles cresceram com a informação na mão, eles têm computador, celulares, messengers, blogs, iPods e toda a tralha da vida moderna. Eles têm tudo, acham que sabem tudo, mas ainda não são nada, nem fizeram nada de realmente relevante com o que sabem. E pior, estão dispostos a perpetuar tudo que sabem que está errado. Eu chamo essa geração de Baby Bundas. Eu chamo de Baby Bundas todos aqueles que têm a informação na mão mas não sabem o que fazer com ela. Não sabem por onde começar e muito menos onde quer terminar. O Baby Bunda sabe que usar crachá corporativo é ridículo, mas não vêem a hora de pendurar o crachá de diretor da empresa no pescoço para desfilar na hora do almoço; eles sabem que ter carro corporativo é sacanagem com os estagiários que andam de ônibus, mas não vêem a hora de botar as mãos no novo Corolla 2009; eles sabem que chefe com sala grande é uma grande injustiça com os funcionários que têm que trabalhar apertados em micro cubículos sem privacidade, mas não vêem a hora de virarem chefes para ocupar a sala panorâmica com vista para a Berrini ou
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Paulista; eles sabem que demitir as pessoas pela idade, cor da pele, e origem é puro preconceito, mas não vêem a hora de ter o poder na mão para contratar mulher gostosa, os amigos da faculdade e mudar o escritório para a rua da badalação; eles sabem que corrupção é um dos maiores males da humanidade, mas não vêem a hora de meter a mão no cartão corporativo da empresa para levar cliente para a casa da luz vermelha. O Baby Bunda é um cego cerebral. O Baby Bunda acredita em regras mesmo quando não as fez; acredita em harmonia mesmo quando não a tem; acredita em certezas mesmo quando nada está claro. Baby Bunda acredita em hierarquias, organogramas, status, popularidade e legado. Baby Boomers, Geração X e Geração Y talvez não tenham nada a ver com o Brasil. A nossa geração de Boomers não lutou no Vietnã nem muito menos assistiu ao assassinato de um grande líder carismático como JFK e Martin Luther King. Pelo contrário, os Boomers brasileiros se calaram durante a ditadura militar. Eles aproveitaram o momento para fazer o pé de meia, levar um pedaço do pau brasil. A nossa geração X tá comprando agora o primeiro computador, montando agora as suas próprias empresas por falta de opção, se divorciando em igual proporção. A nossa geração Y, bem, a nossa geração Y está bebendo nesse exato momento uma Kaiser, ou tomando uma Brahma na Zeca Hora (Eu nunca vi tanta menina de dezoito anos gorda como agora), atualizando o profile na Orkut, postando comentários em alguns blogs, ou despedaçando o carro do pai no poste da esquina. Será que existe alguma geração de brasileiros pela qual podemos nos orgulhar? Eu espero que sim. Nada menos que isso interessa! QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E Você? Caçador de Baby Bundas BIZREVOLUTION ricardom@bizrevolution.com.br
Camillo Vianna
BARAFUNDA ORGANIZADA muito esquisitamente denominado processo histórico da integração da Amazônia brasileira, mostra, sem tirar nem por, e mal comparando, um estado de coisas que muito bem pode ser rotulado como tumulto com um sem número de pontos obscuros, configurando uma barafunda dos diabos que deverá ser de quase impossível interpretação, não só por parte dos estudiosos do futuro, como igualmente de simples curiosos que por mero acaso possam ter a pretensão temerária de saber o que está ocorrendo na atualidade, no País dos Enigmas, denominação outra do Império Silvestre das Valquirias Tropicais. Mesmo que o tal cidadão, imbuído das melhores intenções, dessas que dizem estar repleto o reino de Lúcifer, queira abeberar-se da problemática hora em andamento por essas bandas dos Tristes Trópicos, não deverá dar um modesto passo a frente na sua determinação, o que, aliás, poderá constituir o canto do cisne da sua ingenuidade. Vamos aos fatos, deixando a argumentação de cada um deles a quem a interessar possa, desde que haja disponibilidade para isso, em toda a Terra da Santa Cruz e outras lonjuras. Os pontos de referência que podemos lançar mão, sem obedecer a nenhuma ordem prioritária, começam com os chamados incentivos fiscais, cuja evasão da área está estimulando grandemente, o que se convencionou denominar de progresso em outras paragens, fazendo do boi, um personagem do amazonário hileiano, talqualmente a agressiva e atrevida Associação de Empresários da Amazônia, filha bastarda e interesseira de espertíssimos alienígenas, aproveitadores da tal miscelânea integracionista, que tem outro parâmetro de referência, nas hiper hidrelétricas, que deverão fornecer energia pródiga, para fora do Mundo Silencioso, em futuro não muito remoto, diferindo, portanto, das fabulosas minas, que salvo as cidades marginais que fizeram nascer, já começaram a deixar imensas crateras como souvenir, aos donos da terra, parcialmente descaracterizada pelos gigantescos enclaves ultra-nacionais, onde tremula, no maior deles, a flâmula das listras e estrelas, aprofundando o
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abastardamento da soberania e da cultura regional, agravadas por insólita agressão vernacular, na qual os resíduos silvícolas são pressionadas por mensageiros de outros deuses, através da Bíblia, na língua da sua Majestade a Rainha, ou na de D. Quixote de La Mancha, versão hodierna do Cavaleiro da Triste Figura, na luta contra os moinhos de vento da colonização desorganizada, de seriedade questionada, do planejamento tumultuado e da destruição ambiental organizada e maquiavelicamente executada. È praticamente impossível a caracterização das boas intenções.
Comentários Nó cego – O aproveitamento da madeira de lei da futura represa de Tucuruí, continua sem mostrar nenhuma possibilidade quanto ao seu equacionamento, tudo levando a crer que vamos ter imensos prejuízos, por carência de decisões – Contágio: Chega a ser comovente o alastramento entre nós, do uso da língua inglesa. O exemplo mais significativo é transformar qualquer birosca em shopping center e outras bobagens. No particular, a palma cabe a Belém, capital do Estado do Pará. Negócio promissor : o comércio eufemisticamente denominado de ilegal, de peles silvestres, é um dos mais ativos da região ultrapassando o montante anual de mais de trezentos milhões de ...mãos pelos altos dólares. Ativando as raízes: Mesmo isto é um assalto! considerando a devastação a que está submetida a tradição popular, já é possível identificar alguns pontos de resistência, impedindo o total abastardamento da nossa tradição. Mais bobagem: A realização em colégios de nível maternal, primário e secundário, de concursos de discoteque, mostra uma pobreza cultural que chega a ser contundente.
Comonibói ...mãos pelos altos isto é um assalto! Logicamente, nem todos tem na lembrança a velha brincadeira de polícia e ladrão, dos bons tempos de outrora, onde esse tipo de lazer era do faz de conta e não para valer, como na atualidade. A coisa vem a propósito da esquisita afanação das peças sacras que existiam na Igreja da Mãe de Deus, das mais importantes obras, risco de tombamento, ou mais exatamente, desabamento,
pura e simples. Em época bem recente, talvez menos de Afanação de peças sacras meia dúzia de anos, o Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária (CRUTAC) da Universidade Federal do Pará apoiado por praticamente todas as chamadas forças vivas da comunidade, fez realizar exposição do que restava do acervo, ou seja, perto de cento e cinqüenta objetos, dos mais representativos. Na ocasião, todas essas peças foram devidamente catalogadas e todo mundo ficou no conhecimento de sua existência, chegando a haver mesmo, outra mostra para reforçar esse estado de coisas. Os anos forma passando e informações soltas, aqui e ali, começaram a dar conta de que alguma coisa ia mal. Nada mais nada menos que a substituição de praticamente todas as peças, por outras de engodo, compradas na praça de Belém, Piedosa e sorrateiramente, o patrimônio do povo vigente levou chá de sumiço, sobrando pouco mais de trinta unidades, na maior e mais descarada afanação que já ocorreu em terras amazônicas.
O patrimônio do povo Vigia
Nessa história toda, alguém deve saber de alguma coisa, pois não é possível que em empreitada dessa envergadura tenha passado em brancas nuvens e todo mundo fazendo papel de tolo, como se costuma dizer, em casos dessa natureza. Não resta outra alternativa, quer para toda a comunidade da Vigia. Quer para aqueles que têm convicção que tem muita coisa meio complicada e que merece ser devidamente esclarecida e respeito desse saque, roubo, furto, desaparecimento ou lá que diabo seja, sob pena de sermos todos considerados coniventes ou tudo ficará no ora veja do comonibói. *SOPREN/SOBRAMES
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e t n a c i p Comida r e c n â c e previn o que afirmam cientistas britânicos, que descobriram que pimenta tem potentes efeitos contra células cancerígenas. O consumo diário de comida picante poderia ajudar a prevenir o câncer, além de outras doenças, indica um estudo divulgado por cientistas britânicos. Um grupo de especialistas da universidade de Nottingham descobriu que a capsaicina, o componente que dá o sabor picante a muitos frutos da espécie capsicum (como pimentas malaguetas, pimentão e chilli), tem potentes efeitos contra as células cancerígenas. Em sua pesquisa publicada no site da revista Biochemical and Biophysical Research Communications, os cientistas constataram que capsaicina é capaz de eliminar as células malignas, atacando sua fonte de energia. A família de compostos em que se inclui essa substância, os vanilóides favorece a apoptose (morte celular programada), por meio da união de proteínas na mitocôndria, sem causar danos às células vizinhas saudáveis. Os pesquisadores, dirigidos por
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Timothy Bates, acreditam que a capsaicina, que atualmente é usada em remédios contra a psoríase e problemas musculares, poderia ser a base de uma nova geração de remédios contra o câncer.
O controle
O estudo sugere que uma dieta rica nessa substância pode ajudar a prevenir ou controlar a doença. Os especialistas analisaram no laboratório o efeito dos
vanilóides em células cancerígenas de pulmão, com resultados “surpreendentes”, segundos Bates. Um teste similar em células de pâncreas também deu resultados “significativos”. Visto que esses compostos atacam o centro dos tumores, acreditamos ter encontrado “o calcanhar de Aquiles” dos cânceres, afirmou o cientista. “Isto é muito emocionante e pode explicar por que os habitantes de países como o México e a Índia, que seguem uma dieta que contém alimentos muito picantes, têm menor incidência de alguns tipos de câncer, que são mais freqüentes nos países ocidentais”, acrescentou. Bates, que procura parceiros empresariais para dar prosseguimento à pesquisa e ao desenvolvimento de remédios contra o câncer, ressaltou que seu projeto é “único no Reino Unido”, e pode ser muito significativo na luta contra o câncer em nível Universidade de Nottingham internacional.
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SÃO FELIX DO XINGU 22 a 31 Festejo de Nossa Senhora das Mercês Centro Pastoral Santiago FONE/FAX: (94) 34351138 / 3435-1655
Prêmio José Márcio Ayres para Jovens Naturalistas - Inscrições de trabalhos Av. Magalhães Barata, 376, Bairro de São Braz FONE: (91) 3219-3312 / Fax: (91) 3249.8923 www.museu-goeldi.br
BELÉM 20 a 25 Semana de Museus Museu de Arte de Belém FONE/FAX: (91) 3283-4687
BRASIL NOVO 22
Festa da Paróquia – Corpus Christis Igreja Católica FONE/FAX: (93) 3514-1164 / 3564-1165 / 3564-1167 / 9121-7114 www.brasilnovo.pa.gov.br adm@brasilnovo.pa.municipio.org.br
VITÓRIA DO XINGÚ 20 a 24 Festa de Nossa Senhora Auxilio dos Cristãos Barraca da Santa FONE/FAX: (93) 3521-1122 pmvxingu@bol.com.br
MÃE DO RIO 22 Corpus Christi Principais ruas da cidade FONE/FAX: (94) 3444-1295 / 34441294 / 3444-2599
CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA 25 a 31
OURÉM 25
Expo Agropecuária Parque de Exposições Agropecuária FONE/FAX: (94) 3421-1564
2ª Etapa de MotoCross de Ourém Fazenda Igarapé das Pedras FONE/FAX: (91) 8119-6751 / 3467-1128 prefeituraourem@yahoo.com.br
Festa do Camarão Praia da Mangabeira FONE: (91) 3777-1130 / 9116-1539 FAX: (91) 3777-1113
PARAGOMINAS 30 a 01/06
BARCARENA 31 a 01/06
MUANÁ 30 a 01/06 XXVII Festival do Camarão Centro Cultural do Marajó - Camaródromo FONE/FAX: (91) 3494-1103 / 3494-1195 antonio.azevedoneto@hotmail.com
Paragofest Avenida Jaime Longo FONE/FAX: (91) 3729-8050 www.paragominas.pa.gov.br secultpgm@hotmail.com
PONTA DE PEDRAS 25
Festival do Caranguejo Park Areia Branca, Praia do Caripi, Vila dos Cabanos FONE/FAX: (91) 3754-3974 glarocque@oi.com.br /
ALTAMIRA 01 a 31 Copa de Futsal das Empresas Centro Desportivo do Premem FONE/FAX: (93) 3515-7382 / 3515-4573 odairflorencio@yahoo.com.br
PRAINHA 21 a 31 Festividade de Santa Maria Mãe de Deus Santa Maria de Uruará FONE/FAX: (93) 3582-1329
PLACAS 24 a 26 IV Gincana de União Inter Sala da Escola Tancredo Neves Escola Tancredo Neves FONE/FAX: (93) 3552 1551/ 3552 1223 andradetomaela@hotmail.com /
MARABÁ 27 6º Torneio de Pesque e Solte no Cais Orla Sebastião Miranda FONE/FAX: (94) 3323-0571 / 3324-4361 www.maraba.pa.gov.br semma@skorpionet.com.br
BRAGANÇA 31 IV Cavalgada Camponesa Campos de Bragança FONE/FAX: (91) 8129-9837 / 8148-7736 cavalgadacamponesa@hotmail.com