Amazônia 131

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PARA

A GENTE TÁ NO RUMO CERTO.

O trabalho do governo federal não para. Pouco a pouco as coisas estão melhorando.

PLANO SAFRA DA AGRICULTURA FAMILIAR

O plano Safra é exuberante. Temos aproximadamente 4,6 milhões de propriedades com menos de 100 hectares. Quase dois milhões de propriedades com um pequeno pedaço de terra. A gente tem que incentivar as pessoas a produzirem. Se a gente fizer isso, se comprar máquinas, produzir mais leite, mais queijo, plantar mais tomate, pepino, chuchu, não vai ter inflação de alimento”. Com esse foco no discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, na quarta-feira (3/7), no Palácio do Planalto, o Plano Safra da Agricultura Familiar 2024/2025...

CONFERÊNCIA DE BONN SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

As filas na entrada do Centro de Conferências Mundial no dia de abertura da Conferência de Bonn sobre Mudanças Climáticas de 2024 não deixaram dúvidas: a reunião poderá não contar com a presença de chefes de estado e de governo que agora são típicas nas reuniões de novembro da Conferência de das Partes (COP) da Convenção- -Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (CQNUAC), mas o número de participantes é mais elevado do...

“A SECA DE 2023 AINDA NÃO ACABOU”

A seca que assolou o Amazonas em 2023 persiste em 2024 e isso pode ser visto pelo quadro atual das chuvas na região amazônica que sugerem uma seca de gravidade bem elevada para este ano. É o que alerta o pesquisador e coordenador de hidrologia do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia(LBA/Inpa-MC- TI), Renato Senna. Renato diz que a região amazônica ainda enfrenta uma deficiência de precipitação até agora. “Isso comprometeu toda estação chuvosa e o período de enchimento dos grandes rios, e provavelmente...

O QUARTO BRANQUEAMENTO EM MASSA DE CORAIS DO MUNDO ESTÁ EM ANDAMENTO

Os recifes de coral do mundo são como cidades subaquáticas, repletas de todos os tipos de peixes e animais marinhos. Os recifes de coral cobrem menos de 1% do oceano, mas sustentam cerca de 25% de todas as espécies marinhas, incluindo muitas espécies importantes de peixes. O valor económico dos serviços que estes ecossistemas complexos fornecem é estimado em mais de 3,4 mil milhões de dólares anuais apenas nos EUA. Hoje, o aumento da temperatura dos

RISCOS NATURAIS AMEAÇAM

MAIS DE 3.000 ESPÉCIES

Este estudo explora a sobreposição global entre distribuições de espécies e as ocorrências de terremotos, furacões, tsunamis e vulcões, para mostrar que 10% de todos os 34.035 vertebrados terrestres avaliados (5,7% das aves, 7% dos mamíferos, 16% dos anfíbios e 14,5% dos répteis) estão em risco devido a pelo menos um perigo natural, enquanto 5,4% estão em alto risco. As espécies de alto risco são encontradas principalmente nos trópicos e nas ilhas...

O QUADRO GLOBAL PARA A BIODIVERSIDADE PODE SER APROVEITADO PARA GERIR MELHOR...

No entanto, o âmbito e a escala da perda de biodiversidade e as suas causas não respeitam as fronteiras criadas pelo homem. As questões ambientais transfronteiriças, como a gestão de bacias hidrográficas, ecossistemas e espécies migratórias, introduzem problemas multifacetados e complexos dentro e entre jurisdições (por exemplo, rurais e urbanas, marinhas e terrestres, políticas e reguladoras). Para que os acordos globais de conservação tenham sucesso...

[22] Vermes moldaram a explosão da biodiversidade na Terra [24] O declínio dramático do gelo marinho está afetando a biodiversidade [26] À medida que as alterações climáticas amplificam as inundações urbanas, eis como as comunidades podem tornar-se “cidades esponja” [30] Análise do DNA dos nossos rios e lagos pode revelar novos segredos sobre a sua biodiversidade [33] Da costa ao mar profundo, as alterações nos níveis de oxigénio afetam a vida marinha de diferentes maneiras [36] Antiga desaceleração dos oceanos alerta para o futuro caos climático [42] Cientistas pedem conservação do ciclo hídrico invisível da Amazônia [44] Anéis de árvores mostram que todas as árvores em todos os locais amostrados sofreram com o aquecimento [46] Mineração com macroalgas [50] As zonas húmidas costeiras não conseguem acompanhar o aumento do nível do mar e as infraestruturas não as deixam para onde ir [53] Circulação do Oceano Atlântico com ponto de inflexão “devastador” [58] Humanos tiraram o ciclo de água doce da terra de seu estado estável [61] Garantindo Água Potável Segura e Limpa [65] Os rios do Alasca estão ficando laranja brilhante e tão ácidos quanto o vinagre, à medida que o metal tóxico escapa do derretimento do permafrost

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Plano Safra da Agricultura Familiar

Presidente participou do lançamento da edição 2024/2025 do projeto, com recorde de R$ 85,7 bilhões e redução de juros no crédito a produtores e produtoras familiares

Oplano Safra é exuberante. Temos aproximadamente 4,6 milhões de propriedades com menos de 100 hectares. Quase dois milhões de propriedades com um pequeno pedaço de terra.

A gente tem que incentivar as pessoas a produzirem. Se a gente fizer isso, se comprar máquinas, produzir mais leite, mais queijo, plantar mais tomate, pepino, chuchu, não vai ter inflação de alimento”. Com esse foco no discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, na quarta-feira (3/7), no Palácio do Planalto, o Plano Safra da Agricultura Familiar 2024/2025.

O conjunto de medidas do Governo Federal tem como meta fortalecer a agricultura familiar e promover a produção sustentável de alimentos saudáveis para o Brasil.

Fortalecido no campo agroecológico, com juros menores, recorde de recursos e mais garantias de acesso, a iniciativa assegura R$ 85,7 bilhões para o desenvolvimento da agricultura familiar.

O plano oferece linhas de crédito diferenciadas, assistência técnica, seguros e capacitação, além de promover pesquisa e inovação em tecnologias e contribuir para a transição agroecológica.

Do total de recursos, a maior parte é destinada ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf): R$ 76 bilhões, valor 43,3% maior ao anunciado na safra 2022/2023 e 6,2% maior do que o da safra passada. O ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) ressaltou a forma como o Governo Federal conseguiu superar o que classificou como dilema. “Nós não sabíamos se dava para apresentar um Plano Safra ainda maior que o do ano passado em termos de volume de recursos, ou se a gente deveria manter e diminuir os juros. O presidente Lula permitiu aumentar o volume e diminuir os juros”, frisou Teixeira.

O Plano Safra 2024-2025 é um plano exuberante, feito de forma interativa e colaborativa e que vai chegar a R$ 76 bilhões. Agradeço ao pessoal do Ministério da Fazenda por reconhecer a importância da Agricultura Familiar na vida dos brasileiros e brasileiras
Fotos: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil, Ricardo Stuckert/PR

“Foi feita uma escuta com todos os setores, de máquina, agricultores familiares, bancos, sociedade, técnicos, para chegar nesse propósito. Primeiro, baixamos juros. No primeiro ano (2023), de 5% para 4%. E, agora, de 4% para 3% para a produção de alimentos. O que o presidente Lula quer é alimento saudável e barato na mesa do povo brasileiro”, completou Teixeira.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou que o Governo Federal se esforçou em trazer para a mesa de negociações todos os setores envolvidos.

“Não estamos só entregando o maior plano safra para a agricultura familiar. Queria chamar a atenção para os aspectos qualitativos. É o melhor plano safra para a agricultura familiar. Estamos indo de A a Z, sem pular nenhum cidadão que tenha compromisso com a produção, que tenha compromisso com colocar a comida barata na mesa do nosso povo”, destacou Haddad.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), Aristides Santos, exaltou o papel do plano safra e da agricultura familiar na garantia de alimentos de qualidade a preços justos para a população brasileira. “Sem agricultura familiar, pujante e organizada, produzindo alimentos saudáveis e sustentáveis, não vamos ter alimento a preço justo para quem produz e para quem consome”.

Acesso

O presidente Lula reforçou que, a partir de agora, é preciso que os produtores acessem esses recursos e usem plenamente os benefícios. “Não tem nada pior do que anunciar uma linha de crédito e no fim do ano saber que as pessoas não foram atrás porque não sabiam. Não foram informadas. Uma das coisas que descobri em 2003, quando cheguei à Presidência, era que o Pronaf era quase que tipicamente do Rio Grande do Sul, chegava pouco a Santa Catarina e muito pouco a São Paulo e Paraná. Lembro de uma conversa que tive com a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares), de tentar incentivar os dirigentes a orientar sindicatos, trabalhadores, sobre como ter acesso ao crédito”.

Fundo Garantidor

Durante a solenidade, o presidente sancionou um Projeto de Lei que inclui os agricultores familiares do Pronaf e suas cooperativas no Grupo de Beneficiários do Fundo Garantidor de Operações (FGO), além de aumentar a participação do Executivo Federal no fundo. O Projeto de Lei autoriza o aumento em até R$ 500 milhões da participação da União no FGO para a garantia das operações contratadas no Pronaf.

PAA

Lula também assinou três decretos. O primeiro altera os limites de aquisição de produtos de agricultores familiares e de suas organizações via Programa de Aquisição de Alimentos, na modalidade de compra direta em situações emergenciais, de R$ 15 mil para R$ 30 mil reais.

Cooperativismo

O segundo decreto institui o Programa Nacional de Fortalecimento do Cooperativismo, Associativismo e Empreendimentos Solidários da Agricultura Familiar, o Coopera Mais Brasil. A iniciativa tem como objetivo fomentar a organização coletiva dos agricultores por meio de cooperativas, associações e empreendimentos solidários.

Florestas Produtivas

Por fim, Lula assinou o decreto que institui o Programa Nacional de Florestas Produtivas. O texto tem como finalidade a recuperação de áreas rurais alteradas ou degradadas para fins produtivos, por meio da adequação e regularização ambiental da agricultura familiar e ampliação da capacidade de produção de alimentos saudáveis. “A novidade do incentivo à produção nas nossas florestas é interessante.

Durante o Lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar

Vai ajudar nossos indígenas, nossos quilombolas, nossos seringueiros”, frisou o presidente Lula.

Ecoforte

O evento também marcou a assinatura do edital do Programa de Fortalecimento das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica (Ecoforte). A iniciativa promove investimentos de R$ 100 milhões em projetos com valores entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões em redes agroecologia, extrativismo e produção orgânica, visando a intensificação de práticas de manejo sustentável de produtos da sociobiodiversidade e de sistemas produtivos orgânicos e de base agroecológica. O edital foi assinado pelos ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da

Presidência), além da presidenta em exercício do BNDES, Teresa Campello, e do presidente da Fundação Banco do Brasil, Kleytton Moraes.

Micro e Pequenas

Foram assinados, ainda, dois Acordos de Cooperação Técnica. Um deles é voltado à inclusão da agricultura familiar no fundo de aval às micro e pequenas empresas. A parceria permite o desenvolvimento de estratégias voltadas à inovação das políticas públicas nacionais de promoção do empreendedorismo e estrutura produtiva da agricultura familiar. O outro destina-se à inclusão da agricultura familiar no fundo de aval às micro e pequenas empresas. A parceria permite o desenvolvimento de estratégias voltadas à inovação das políticas de promoção do empreendedorismo e estrutura produtiva da agricultura familiar.

Principais números

do Plano Safra 2024/2025

Com taxas que variam de 0,5% a 6%, o Plano Safra da Agricultura Familiar 2024/2025 oferece juros ainda menores. Dez linhas de financiamento tiveram redução, duas de custeio e oito de investimento: Pronaf Custeio - produtos da sociobiodiversidade (como babaçu, jambu, castanha do Brasil e licuri): de 3% para 2%. Pronaf Custeio - produção de alimentos como feijão, arroz, mandioca, leite frutas e verduras: de 4% para 3%. Pronaf Floresta (Investimento): de 4% para 3%.

Pronaf Semiárido (Investimento): de 4% para 3%. Pronaf Mulher (Investimento) - para as agricultoras com renda familiar bruta anual de até R$ 100 mil: de 4% para 3%. Pronaf Jovem (Investimento): de 4% para 3%. Pronaf Agroecologia (Investimento): de 4% para 3%. Pronaf Bioeconomia (Investimento) de 4% para 3%. Pronaf Produtivo Orientado (Investimento): de 4% para 3%.

No âmbito do Pronaf Mais Alimentos (Investimento) houve redução de 5% para 2,5% para compra de máquinas de pequeno porte, que ganhou uma sublinha dentro do Pronaf Mais Alimentos. Além das seguintes atividades: aquisição e instalação de estruturas de cultivo protegido, inclusive os equipamentos de automação para esses cultivos, construção de silos, ampliação e construção de armazéns e câmaras frias destinados à guarda de grãos, frutas, tubérculos, bulbos, hortaliças e fibras, aquisição de tanques de resfriamento de leite e ordenhadeiras, aquicultura e pesca, que tiveram redução de 4% para 3%.

Agricultura familiar terá juros mais baixos para produção de alimentos
Do total de recursos, a maior parte é destinada ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)

Conferência de Bonn sobre Mudanças Climáticas

As Partes discutiram em junho de 2024, as lições aprendidas com o primeiro Balanço Global, o progresso no desenvolvimento de ferramentas de comunicação no âmbito do quadro de transparência reforçada do Acordo de Paris e o apoio aos países em desenvolvimento na preparação dos seus relatórios de transparência bienais (que todas as partes deverão apresentar em 2024)

As filas na entrada do Centro de Conferências Mundial no dia de abertura da Conferência de Bonn sobre Mudanças Climáticas de 2024 não deixaram dúvidas: a reunião poderá não contar com a presença de chefes de estado e de governo que agora são típicas nas reuniões de novembro da Conferência de das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (CQNUAC), mas o número de participantes é mais elevado do que nunca.

O secretário executivo Simon Stiell abriu a reunião exortando os delegados a pensarem no trabalho que têm pela frente como um feito de engenharia: agora que a fase de concepção está concluída, os delegados “devem pôr a maquinaria a funcionar de forma completa e justa”, com todas as partes a trabalharem em conjunto de forma coerente.

Apontou áreas-chave de trabalho, como as negociações para um novo objetivo quantificado coletivo (NCQG) sobre o financiamento climático, a preparação dos primeiros relatórios bienais de transparência no âmbito do Acordo de Paris e o desenvolvimento da próxima ronda de contribuições determinadas a nível nacional.

Os Presidentes dos Órgãos Subsidiários da CQNUMC observaram que a reunião apresenta um número recorde de 30 eventos obrigatórios – e que, de fato, os primeiros eventos obrigatórios ocorreram antes mesmo do início das negociações. Os impactos das alterações climáticas já estão a materializar-se, mas as crianças e as gerações futuras sofrerão o peso das consequências – ainda mais se os esforços colectivos das partes para

Fotos: IISD/ENB | Kiara Worth, Rudolph Hühn
Pela primeira vez, o SB 60 apresentou um evento dedicado ao impacto das alterações climáticas nas crianças
Durante a plenária de abertura por Simon Stiell, Secretário Executivo do UNFCCC

Este estudo esclarece a necessidade de abordagens abrangentes de mitigação de CO2 e não-CO2 para abordar o aquecimento de curto e longo prazo. Os gases de efeito estufa (GEEs) não-CO2 são responsáveis por quase metade de todas as forças climáticas de GEE. No entanto, a importância de poluentes não CO2, em particular poluentes climáticos de vida curta, na mitigação do clima tem sido sub-representada. Quando as emissões históricas são divididas em fontes de combustível fóssil (FF) e não relacionadas a FF, descobrimos que quase metade do forçamento positivo de FF e fontes de mudança de uso da terra de emissões de CO2 foi mascarado pela coemissão de aerossóis de resfriamento.

Combinando descarbonização com medidas de mitigação vis Tal como concluiu o Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC), cada incremento no aquecimento global é importante. Os impactos das alterações climáticas serão muito diferentes com um aquecimento de 2°C em comparação com 1,5°C. Isto é especialmente verdadeiro para ecossistemas montanhosos.

Um diálogo de especialistas centrou-se exatamente neste tema, discutindo impactos, lacunas de investigação e como acelerar a ação para aumentar a resiliência dos ecossistemas montanhosos.

Os palestrantes refletiram sobre, entre outros:

• a importância das regiões montanhosas no ciclo global da água e a crescente dependência das populações das terras baixas do escoamento das águas das montanhas;

• impactos como perda de geleiras, redução da cobertura de neve e inundações;

• lacunas de dados e de investigação, nomeadamente sobre plantas medicinais de montanha e espécies exóticas invasoras;

• o uso da ciência cidadã, por exemplo, para mapear nascentes de água;

• A intrincada relação dos Povos Indígenas com os ecossistemas montanhosos em termos de práticas culturais e espirituais, bem como de dietas; e

• a importância da colaboração transfronteiriça para acelerar os esforços de adaptação ando não CO2 poluentes é essencial para limitar não apenas o aquecimento de curto prazo (próximos 25 anos), mas também o aquecimento de 2100 abaixo de 2°C.

A ligação entre as montanhas e as alterações climáticas foi discutida num diálogo de especialistas

Túlio Andrade, Brasil, em nome do Brasil, África do Sul, Índia e China (BASIC)
Delegados do Brasil e da Bolívia consultam
Slide do Relatório de Síntese de 2023 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) destaca o impacto que as mudanças climáticas terão nas gerações futuras
Slide destacando a importância das montanhas

cumprir os objetivos do Acordo de Paris não acelerarem com a próxima ronda de contribuições determinadas a nível nacional. Com isto em mente, as partes organizaram um diálogo de peritos no qual os participantes refletiram sobre as diversas formas como as alterações climáticas colocam em risco os direitos das crianças a um ambiente limpo, saudável e sustentável. As discussões abordaram a saúde física e mental; acesso a serviços essenciais, como alimentos, água e saneamento; e a interrupção da educação. Refletiram sobre a criação de um espaço acessível para as crianças interagirem com os decisores políticos.

Os delegados também ouviram um briefing logístico sobre a 29ª reunião da Conferência das Partes (COP 29) na CQNUMC, que acontecerá em novembro de 2024 em Baku, Azerbaijão. Muitos partidos e representantes de organizações de observação lamentaram que os preços dos alojamentos ultrapassassem largamente as taxas típicas de Baku e apelaram a garantias de que a liberdade de reunião será mantida.

próxima ronda de contribuições determinadas a nível nacional (NDC), prevista para Fevereiro de 2025.

Talvez a maior frustração para muitos participantes tenha sido a falta de progresso no âmbito do MWP – um

A decisão do GST reconheceu que as partes não estavam no caminho certo para atingir a meta de 1,5°C e estabelece uma série de apelos à ação para que as partes contribuam para a necessária redução das emissões globais. As partes devem agora reflectir sobre a sua resposta a estes apelos.

Em Bonn, tiveram duas oportunidades principais para o fazer: as discussões sobre o programa de trabalho de mitigação (MWP) e as que visavam concretizar as modalidades de um programa de trabalho para implementar o resultado do GST. A ideia é que estas discussões informem a preparação da

processo destinado a aumentar “urgentemente” tanto a ambição como a implementação. No entanto, as suas consultas informais transformaram-se em discussões sobre se as partes poderiam sequer discutir formas substantivas de intensificar a mitigação. Os países em desenvolvimento com ideias semelhantes (LMDC) bloquearam qualquer tentativa de discutir qualquer coisa que não fosse revisões do formato do diálogo global do programa de trabalho. “Nunca vi negociações tão de má-fé”, disse indignado um delegado de um país desenvolvido.

Tanto nas discussões no âmbito do

MWP como em relação ao diálogo GST, a urgência do cronograma foi afogada numa enxurrada de discussões sobre o mandato. Os observadores testemunharam o desenrolar de discussões antigas sobre a contribuição respectiva dos partidos para a causa conjunta da redução de emissões e sobre como garantir meios de implementação para permitir ou melhorar a ação.

O Grupo de Integridade Ambiental foi claro ao refutar a ideia de que o GST é um “menu de opções”, observando que exige esforços de todos. A Associação Independente da América Latina e do Caribe (AILAC) estava especialmente

O presidente designado da COP 29, Mukhtar Babayev, o Ministro da Ecologia e Recursos Naturais do Azerbaijão, e o secretário executivo da UNFCCC, Simon Stiell, assinam um dos instrumentos jurídicos para a próxima COP 29
Consultas informais abertas foram realizadas pela próxima Presidência da COP 29 sobre a visão e expectativas para a COP 29

empenhada em colmatar estas divisões: o grupo defendeu a ideia de que o diálogo da GST acompanhasse todos os aspectos da GST, com foco nos meios de implementação. A AILAC esclareceu que a maioria dos países em desenvolvimento, representando todas as regiões, estavam interessados em ver o MWP atingir o seu potencial. O Grupo Africano também manifestou o seu interesse em discutir oportunidades para aumentar o investimento em ações de mitigação, apresentando as suas prioridades de longa data de melhorar o acesso à energia e a cozinha limpa.

Parece que as finanças são tanto uma causa do progresso estagnado como uma vítima. Baku pretende ser “uma COP financeira”. No entanto, as discussões realizadas em Bona levantaram dúvidas sobre se as partes chegarão a acordo sobre o novo objetivo quantificado coletivo (NCQG) sobre o financiamento climático.

Os países desenvolvidos ainda não apresentaram números concretos. Na ausência de propostas sobre a magnitude da provisão de financiamento público, os países em desenvolvimento mostram-se relutantes em envolver-se noutros níveis possíveis do objetivo, especialmente no alinhamento mais amplo dos fluxos financeiros (Acordo de Paris 2.1c) – uma questão com a qual os delegados apenas se envolveram timidamente em Bonn durante um diálogo dedicado.

Os pequenos estados insulares em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos estavam claramente perdidos, presos entre as lutas dos países desenvolvidos e das economias emergentes sobre uma base de doadores alargada e critérios para a elegibilidade e alocação dos beneficiários. “Se pretendemos estabelecer uma nova meta em Baku, estamos claramente no caminho certo, sem remo”, diagnosticou um observador.

As discussões sobre pesquisa e observação sistemática também foram inequivocamente tensas. Entre objecções dos LMDC e do Grupo Árabe, as partes não conseguiram chegar a

acordo em estender um convite formal ao Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) para considerar a melhor forma de alinhar o seu trabalho com o ciclo GST. Para os delegados experientes, isto por si só não foi surpreendente. O que foi mais surpreendente foi a falta de acordo sobre a identificação das necessidades de investigação das partes e a tentativa de acompanhar a forma como a comunidade científica responde.

No entanto, os peritos terão a oportunidade de contribuir para o processo em breve: as partes concordaram em lançar um trabalho substantivo sobre indicadores de adaptação e estabelece-

Delegados reunidos na plenária de encerramento
Relatório sobre o Estado do Oceano 2024 sendo apresentado durante a sessão

ram marcos para as partes e peritos, incluindo os Povos Indígenas, ajustarem o processo de mapeamento. Embora isto não seja exatamente uma vitória, considerando que o Objetivo Global de Adaptação foi estabelecido no Acordo de Paris há quase uma década, faz avançar as coisas no sentido de um envolvimento substantivo no progresso da adaptação. Alguns itens da agenda conseguiram permanecer à tona, apesar das águas turbulentas. Durante duas semanas, os negociadores que trabalharam em abordagens para a cooperação voluntária na implementação dos NDC (Artigo 6 do Acordo de Paris) esforçaram-se e pressionaram fortemente para alcançar algum tipo de acordo consensual que pelo menos avançasse as discussões no sentido de um possível acordo em Baku. No final, concordaram em adiar as considerações adicionais sobre a prevenção de emissões e a melhoria da conservação para 2028 e manter o status quo até então. Embora isto não aproxime mais a operacionalização do artigo 6.º, contribui para garantir a sua integridade ambiental. Também pode ajudar a dar às partes espaço para se concentrarem em questões “críticas”, tais como a forma como os países devem autorizar a transferência dos resultados da mitigação nos termos do Artigo 6.2 ou se os países sem registos nacionais poderão utilizar o registo internacional para registar e transferir os resultados da mitigação. . Se o progresso parecer lento, é pelo menos significativo. “O Artigo 6 ainda está muito longe de ser totalmente funcional”, confessou um negociador cansado, “mas não começaremos do nada em Baku. Isso é algo. E conseguimos realizar um workshop intersessões”.

Lendo as corredeiras no caminho para Baku

Os delegados em Bonn não precisaram molhar os pés – pelo menos ainda não. Assim que a água chegou ao calçadão, o rio recuou antes dos últimos dias da conferência. Mas deixou questões ao longo do limite.O Secretariado mobilizou parceiros em todo o sistema das Nações Unidas e fora dele para apoiar as partes na preparação dos seus primeiros relatórios bienais de transparência (BTR) no âmbito do quadro de relatórios do Acordo de Paris.

Andorra e Guiana lideraram o caminho, mas não está claro quantas partes responderão ao apelo da próxima Presidência da COP 29 para

apresentar estes BTR antes de Baku. O que a última reunião agendada do NCQG proporcionará em termos de progresso textual concreto? Qual será o papel da Presidência azeri na aproximação dos partidos? E como responderá à posição clara expressa por algumas partes de que não haverá um resultado positivo na COP 29 sem progressos na mitigação e no alinhamento de 1,5°C dos NDC?

Qualquer que seja o progresso que venha antes de Baku, ele emergirá de discussões nos bastidores e workshops, de reuniões do G7 entre líderes e de diálogos ministeriais. Entretanto, a sessão de Junho deixou claro a todos os presentes que, quando se trata de acção climática, a linha entre afundar e nadar nunca foi tão tênue.

Os delegados aplaudem as declarações que apelam a uma maior ambição em termos de mitigação
Depois de duas longas semanas de trabalho, a Conferência do Clima de Junho chegou ao fim

“A seca de 2023 ainda não acabou”

Renato Senna afirma que até o momento há uma deficiência de precipitação, afetando toda a estação chuvosa e o período de enchimento

dos grandes rios

Aseca que assolou o Amazonas em 2023 persiste em 2024 e isso pode ser visto pelo quadro atual das chuvas na região amazônica que sugerem uma seca de gravidade bem elevada para este ano. É o que alerta o pesquisador e coordenador de hidrologia do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia(LBA/Inpa-MCTI), Renato Senna.

Renato diz que a região amazônica ainda enfrenta uma deficiência de precipitação até agora. “Isso comprometeu toda estação chuvosa e o período de enchimento dos grandes rios, e provavelmente se estenderá até o final do primeiro semestre. Esta condição só será alterada no segundo semestre de 2024”, afirma Senna.

Nos últimos quatro anos, o nível das águas do rio Negro tem oscilado entre extremos de cheias e vazantes. Em 2021, registrou-se a maior cheia já medida, atingindo a cota máxima de 30,02 metros. Já em 2023, ocorreu a maior vazante re-

gistrada em 120 anos de medição, com o nível chegando a 12,70 metros. De acordo com o pesquisador, dois eventos atuaram simultaneamente, evitando formação de nuvens e a precipitação na região amazônica: O aquecimento superficial do Oceano Pacífico (El Niño) inibiu a formação de

nuvens e reduziu as chuvas na Amazônia e o Oceano Atlântico empurrou as nuvens que se formam sobre a Amazônia em direção ao Hemisfério Norte.

As previsões indicam que as águas do Oceano Pacífico deverão esfriar no segundo semestre de 2024, o que favorecerá a ocorrência de chuvas na Amazônia. Por outro lado, o Oceano Atlântico, no Hemisfério Norte, permanece aquecido. “É provável que tenhamos uma temporada de furacões na região do mar do Caribe no segundo semestre de 2024, responsável por retirar umidade da Amazônia e transportá-la para o Hemisfério Norte, resultando na redução das chuvas na região amazônica”, destaca Senna.

Impacto dos Oceanos

Os oceanos são responsáveis por modular o clima e as chuvas na região amazônica. Tanto o Oceano Pacífico quanto o Oceano Atlântico influenciam a circulação, acumulação e transporte de vapor d’água, áreas essenciais para a formação de nuvens e a consequente geração de chuvas nas grandes bacias da Amazônia.

Vila Indígena de Bete
Porto Praia Rio Solimões
Santos
Fotos: Dado Galdieri e Tadeu Rocha

Em 2023, o fenômeno natural La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, foi sucedido rapidamente pelo El Niño, devido ao aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico, próximo a linha do Equador. Normalmente, o El Niño ocorre entre períodos de quatro a sete anos. “Geralmente, ocorre uma redução no nível da água dos rios no primeiro ano do El Niño e secas mais severas no ano seguinte”, explica Senna.

Ainda segundo o pesquisador, em 2023, as águas superficiais do Oceano Atlântico no Hemisfério Norte também aqueceram, especialmente próximo ao noroeste do continente africano. “Águas muito aquecidas nessa região normalmente resultam em temporadas de furacões e de tempestades intensas no Hemisfério Norte, como observado nos eventos de 2005 e 2010.

Nessas ocasiões, ocorreram chuvas intensas e tempestades naquela região que, também transferiram água da Amazônia para o Hemisfério Norte, resultando em seca em nossa região”, esclarece Senna.

Senna relembra que em setembro de 2023, o nível das águas do rio Negro diminuiu de forma drástica, em média 30 centímetros, durante vários dias consecutivos, um fenômeno jamais registrado nos 120 anos de medições das águas do rio Negro.

“A seca histórica de 2023 ocorreu em um contexto de aquecimento das águas superficiais próximas à linha do equador tanto no Oceano Atlântico quanto no Pacífico. Essas condições persistem

até recentemente, totalizando quase 12 meses - de julho de 2023 a junho de 2024 - com temperaturas das águas superficiais muito elevadas e ambos os eventos ocorrendo simultaneamente, resultando na redução da precipitação”, ressalta o pesquisador.

Previsões

O Laboratório Amanã do Inpa é responsável pela emissão do Boletim de Monitoramento Climático das grandes bacias hidrográficas da Bacia Amazônica. Este boletim monitora as chuvas acumuladas em intervalos de 30 dias nas bacias hidrográficas que compõem a bacia amazônica.

Toda quinta-feira o Laboratório emite o boletim e está disponível para consulta no link linktr.ee/clima.amazonia.

“O objetivo é fornecer informações para os tomadores de decisão, como defesa civil, secretarias de agricultura, transporte, educação e saúde etc., permitindo que se planejem conforme as condições esperadas nas grandes bacias amazônicas. Monitoramos toda a bacia amazônica desde suas nascentes nos Andes até a foz do Amazonas, junto à Ilha de Marajó, nos estados do Pará e Amapá”, afirma Senna.

A preocupação é de que se não chover agora (está havendo uma deficiência de precipitação), as chuvas só deverão ocorrer na próxima estação, que começa a partir de novembro. Foto: Agência Brasil
Vila de Ribeirinhos Boarazinho
Pesquisador Renato Senna

O quarto branqueamento em massa de corais do mundo está em andamento

Mas recifes bem conectados podem ter melhores chances de recuperação

Os recifes de coral do mundo são como cidades subaquáticas, repletas de todos os tipos de peixes e animais marinhos. Os recifes de coral cobrem menos de 1% do oceano, mas sustentam cerca de 25% de todas as espécies marinhas , incluindo muitas espécies importantes de peixes. O valor económico dos serviços que estes ecossistemas complexos fornecem é estimado em mais de 3,4 mil milhões de dólares anuais apenas nos EUA. Hoje, o aumento da temperatura dos oceanos ameaça a sobrevivência de muitos recifes. Quando as águas do oceano ficam demasiado quentes durante demasiado tempo, os corais expelem as algas simbióticas coloridas, chamadas zooxantelas , que vivem nos seus tecidos – um processo chamado branqueamento dos corais. Essas algas fornecem alimento aos corais, de modo que os corais branqueados são vulneráveis à fome e às

doenças e podem morrer se a água não esfriar rápido o suficiente. Com o calor global dos oceanos a níveis recorde , os cientistas confirmaram que está em curso um evento global de branqueamento de corais . Desde o início de 2023, os corais têm morrido nos oceanos Índico, Pacífico e Atlântico, tanto a norte como a sul do equador.

O atual evento de branqueamento na região mais ampla das Caraíbas é mais longo e mais severo do que qualquer episódio de branqueamento anterior registado desde o primeiro global em 1998. Estudo a dinâmica climática e oceânica em grande escala e estou a analisar como as ligações biológicas entre recifes de coral - por vezes estendendo-se por grandes distâncias – pode ajudar os recifes a recuperarem do stress térmico.

Fotos: Liv Williamson/Escola de Ciências Marinhas, Atmosféricas e da Terra da Universidade de Miami Rosenstiel via AP, NOAA , CC BY-ND, Novi e Bracco 2022 , CC BY-ND
O coral Staghorn surge perto de North Key Largo, Flórida

Relações de recife

Dada a rapidez com que as temperaturas dos oceanos estão a aquecer, os cientistas estão a trabalhar para desenvolver estratégias de resposta. Estas incluem tornar os corais mais tolerantes ao calor ; restaurar áreas danificadas com corais saudáveis; realocação de viveiros de corais para áreas mais frias; criação de “supercorais ” mais resistentes a esses estresses; e melhorar os sinais químicos naturais e sinais sonoros para atrair larvas de corais e peixes para recifes danificados.

Muitas espécies de peixes encontradas nos recifes de coral desempenham um papel valioso na manutenção da saúde destas comunidades. Por exemplo, as algas marinhas competem com os corais por espaço e luz, e muitas vezes tomam conta dos recifes após episódios de branqueamento.

Os corais permanecem mais saudáveis e recuperam mais rapidamente se estiverem rodeados de peixes que comem diferentes tipos de algas marinhas, como o peixe-papagaio, o peixe-cirurgião e o peixe-coelho . Refletindo o seu papel, estas espécies são frequentemente referidas coletivamente como herbívoros.

Os pepinos-do-mar – habitantes coriáceos do fundo, parentes distantes das estrelas-do-mar e dos ouriços-do-mar – também são importantes parceiros dos recifes. Alimentam-se de bactérias e outros materiais orgânicos presentes nos sedimentos oceânicos, limpando a área ao redor dos recifes.

O meu colega da Georgia Tech, Mark Hay, publicou recentemente um estudo que mostrou que a remoção de pepinos-do-mar das comunidades de recifes levou a um aumento nos resíduos orgânicos e a um aumento de 15 vezes nas mortes de corais . A pro -

teção dos pepinos-do-mar, que são colhidos em excesso como fonte de alimento , poderia ajudar a manter os recifes de coral saudáveis.

O papel da conectividade oceânica

Os recifes de corais não são postos avançados isolados. Quando peixes e corais desovam, eles liberam milhões de larvas que flutuam nas correntes e são trocadas entre os recifes por meio de processos de mistura e transporte. Essas trocas constituem a conectividade dos recifes de corais.

Alguns recifes fornecem larvas para muitos outros. Outros recifes estão mais isolados, pelo que os cientistas poderão ter de introduzir artificialmente larvas para ajudar os recifes a recuperarem do branqueamento e de outras ameaças.

A pesquisa mostra que recifes bem

Um pepino-do-mar no fundo arenoso do oceano perto de St. Croix, nas Ilhas Virgens dos EUA

conectados se recuperam mais rapidamente de tensões como o branqueamento . Receber suprimentos abundantes de larvas de corais e peixes, transportados de longe pelas correntes oceânicas, ajuda a restaurar áreas branqueadas e a manter diversas comunidades de recifes. Preservar esta conectividade é fundamental para a conservação dos recifes.

Mas medir a conectividade é demorado e caro. Os pesquisadores coletam amostras de corais de recifes que podem estar conectados e analisam o DNA dos corais para reconstruir sua história genética. Isso produz uma imagem de como as diferentes populações estão inter-relacionadas.

Também utilizamos modelos computacionais para simular correntes oceânicas transportando larvas virtuais desde seus pontos de liberação até os locais onde se instalam. Mas as correntes não são fixas como as rodovias: sua força e direção mudam com o tempo, dependendo da estação e do ano. O estudo da conectividade dos recifes requer a realização de simulações de modelos plurianuais cobrindo pequenas áreas em detalhes, o que envolve muita computação.

Insights do aprendizado

de máquina

Agora, o aprendizado de máquina oferece uma nova maneira de analisar conexões de recifes. Este subcampo da inteligência artificial permite que os computadores aprendam tarefas ou associações sem serem explicitamente direcionados. Em vez disso, eles usam

Estas duas imagens mostram o potencial dos recifes na região do Triângulo de Coral do Oceano Pacífico para se recuperarem do branqueamento quando se considera apenas o estresse térmico nos corais (imagem superior), ou o estresse térmico mais a conectividade dos recifes (imagem inferior).

As áreas terrestres são cinza e as áreas vermelhas são locais de recifes. As áreas verdes e azuis são zonas com elevado potencial de recuperação. As áreas mais escuras indicam zonas com melhor capacidade de recuperação

algoritmos para realizar várias tarefas. Meu grupo de pesquisa desenvolveu uma ferramenta que coleta informações sobre correntes oceânicas, derivadas de dados de satélite; gera uma rede de ecorregiões, ou áreas onde os ecossistemas são geralmente semelhantes; e calcula a sua conectividade ao longo dos últimos 30 a 40 anos .

Em seguida, identificamos recifes mais bem conectados usando a centralidade do PageRank – o algoritmo que o Google desenvolveu para medir a popularidade das páginas da web. Depois de definirmos uma rede de ecorregiões, é possível determinar quão “populares” – isto é, conectados – são os recifes conhecidos. E podemos verificar se os nossos algoritmos estão a funcionar bem, verificando se as comunidades de recifes “populares” contêm populações de corais mais diversificadas e saudáveis. Descobrimos que no Triângulo de Coral do Sudeste Asiático – o maior ponto quente de biodiversidade na Terra – as mudanças periódicas entre os padrões climáticos El Niño e La Niña promovem a biodiversidade, e provavelmente têm feito isso nos últimos 5 milhões a 7 milhões de anos. A conectividade durante os eventos El Niño é muito diferente daquela durante La Niñas, porque as correntes oceânicas são diferentes. Esta dinâmica ajuda os recifes, garantindo que recebam larvas de muitos locais diferentes em anos diferentes.

Novas imagens de drone mostram que 97% dos corais estão mortos no norte da Grande Barreira de Corais

Riscos naturais ameaçam mais de 3.000 espécies

Um mapa global de espécies em risco de extinção devido a perigos naturais

por *Universidade de Copenhague

Este estudo explora a sobreposição global entre distribuições de espécies e as ocorrências de terremotos, furacões, tsunamis e vulcões, para mostrar que 10% de todos os 34.035 vertebrados terrestres avaliados (5,7% das aves, 7% dos mamíferos, 16% dos anfíbios e 14,5% dos répteis) estão em risco devido a pelo menos um perigo natural, enquanto 5,4% estão em alto risco. As espécies de alto risco são encontradas principalmente nos trópicos e nas ilhas. A exposição a riscos naturais pode aumentar os fatores antropogênicos, agravando assim os seus

Fotos: Glenroy Gaymes, Faraaz Abdool, Michael Edgecombe/Birding the Islands, Pixabay/CC0 Domínio Público, PNAS. Universidade de Copenhague

impactos. Portanto, estratégias de conservação, como a gestão intensiva da população in situ e ex situ e o estabelecimento de populações seguras, podem tornar-se cruciais para a sobrevivência dessas espécies nas próximas décadas.

A maioria de nós está ciente de que a mudança climática está alterando nosso mundo. Mas também pode tornar certos desastres naturais, como furacões, mais prováveis em lugares onde espécies suscetíveis residem.

Até recentemente, tínhamos conhecimento limitado sobre quais espécies estão especialmente em risco devido a perigos naturais. Agora, pesquisa -

dores do Globe Institute da Universidade de Copenhagen as identificaram, e os pesquisadores por trás do estudo enfatizam a necessidade urgente de ação com base em suas descobertas.

“Identificamos quais espécies correm maior risco de extinção devido a riscos naturais, o que é um aspecto novo das nossas descobertas. Também destacamos estratégias para prevenir essas extinções, como programas de reprodução em cativeiro para aumentar o tamanho da população e translocação dessas espécies”, explica o pós-doutorado Fernando Gonçalves, um dos dois primeiros autores do estudo. Seu colega

Espécies correm maior risco de extinção devido a riscos naturais

Esse estudo mostra que os riscos naturais podem acelerar o processo de extinção de animais terrestres que têm distribuição limitada e/ou populações pequenas. A foto mostra o papagaio de pescoço vermelho classificado como espécie vulnerável. O estudo identifica ainda o papagaio como de alto risco devido a terremotos, furacões e tsunamis

e primeiro autor do estudo, o pós-doutorado Harith Farooq, acrescenta:

“Em nosso estudo, ao sobrepor a ocorrência de quatro tipos de perigos naturais com espécies que têm distribuição limitada ou ocorrem em pequeno número, conseguimos identificar quais espécies podem ser mais

suscetíveis a essas ameaças”, afirma. Os pesquisadores descobriram que um total de 3.722 répteis, anfíbios, aves e mamíferos correm risco de extinção porque vivem em áreas onde furacões, terremotos, tsunamis e vulcões são mais propensos a ocorrer.

“Metade destas espécies é o que qualificamos como em ‘alto risco’ de extinção devido a riscos naturais, e a maioria delas são encontradas nos trópicos e especialmente nas ilhas tropicais, que já sofreram muitas extinções desde a colonização pelos humanos, “, diz Jonas Geldmann e Bo Dalsgaard, autores seniores do estudo.

Distribuição global de 8.813 espécies que atenderam aos nossos critérios de população máxima tamanho de 1.100 indivíduos maduros e/ou tamanho de distribuição menor ou igual a 2.500 km2

Distribuição global de 1.502 répteis considerados em risco

Este estudo esclarece a necessidade de abordagens abrangentes de mitigação de CO2 e não-CO2 para abordar o aquecimento de curto e longo prazo. Os gases de efeito estufa (GEEs) não-CO2 são responsáveis por quase metade de todas as forças climáticas de GEE. No entanto, a importância de poluentes não CO2, em particular poluentes climáticos de vida curta, na mitigação do clima tem sido sub-representada. Quando as emissões históricas são divididas em fontes de combustível fóssil (FF) e não relacionadas a FF, descobrimos que quase metade do forçamento positivo de FF e fontes de mudança de uso da terra de emissões de CO2 foi mascarado pela coemissão de aerossóis de resfriamento. Combinando descarbonização com medidas de mitigação visando não CO2 poluentes é essencial para limitar não apenas o aquecimento de curto prazo (próximos 25 anos), mas também o aquecimento de 2100 abaixo de 2°C.

Esforços para aumentar as populações de espécies em risco

Para ajudar as espécies a suportarem riscos naturais, algumas podem ser movidas para áreas mais seguras e ter esforços de conservação como programas de reprodução em cativeiro estabelecidos. Um exemplo é um papagaio endêmico encontrado somente na ilha caribenha de Porto Rico.

“O papagaio porto-riquenho, outrora disseminado, mas agora ameaçado devido à atividade humana e furacões, está sendo protegido por meio de criação em cativeiro e esforços de reintrodução em Porto Rico. Esse é um dos passos que estamos destacando no artigo que deve ser feito para aumentar o número de indivíduos na natureza”, diz Gonçalves. Os autores esperam que o estudo inicie outros esforços para evitar a extinção de espécies no futuro. Eles também pretendem que seu estudo vá além de simplesmente listar espécies em risco devido a perigos naturais e encorajar estudos que explorem e entendam os impactos ecológicos mais amplos, como a perda de interações entre essas espécies e seus ambientes.“Considerando que muitos aspectos vitais dos ecossistemas, como a polinização e a dispersão de sementes , dependem fortemente das interações entre os organismos vivos, a perda dessas interações pode ter consequências significativas.

Isto poderia resultar num declínio mais rápido no número de espécies e numa diminuição das funções dos ecossistemas. ”, diz Gonçalves, e acrescenta.

“Não estamos perdendo apenas uma espécie; estamos perdendo uma infinidade de funções ecossistêmicas que essas espécies fornecem”, diz Gonçalves. Este artigo foi publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences PNAS.

Distribuição global de 632 aves consideradas em risco

(painel superior A) e um subconjunto de 302 aves consideradas em alto risco (painel inferior B) de extinção devido a vulcões (círculo vermelho), terremotos (círculos amarelos), tsunamis (círculo verde) e furacões (círculo roxo). Vários tamanhos e cores de círculos foram empregados para realçar o visualização de áreas propensas a perigos e não fornecem nenhuma informação adicional. ilustrações representam um subconjunto de espécies que atingiram nosso limite e que já foram mostrado ser suscetível a perigos naturais

Vermes moldaram a explosão da biodiversidade na Terra

por * Universidade Johns Hopkins

Uma das explosões de biodiversidade mais importantes da Terra – um período de 30 milhões de anos de mudanças evolutivas explosivas que deram origem a inúmeras novas espécies – pode ter a agradecer à mais modesta das criaturas pela fase vital na história da vida: os vermes

Aescavação e escavação de vermes pré-históricos e outros invertebrados ao longo do fundo dos oceanos desencadeou uma cadeia de eventos que liberou oxigênio no oceano e na atmosfera e ajudou a dar início ao que é conhecido como

Mapa da Baía de Chesapeake representando as concentrações médias de oxigênio dissolvido bêntico no verão de 2005 ( Wicks et al., 2007 ). As localizações dos sites principais são indicadas com marcadores brancos. Símbolos coloridos próximos aos nomes dos locais são usados nas figuras subsequentes para indicar cada local

Reduzir simultaneamente as emissões de ozônio de baixo nível e outros poluentes climáticos de vida curta, bem como o dióxido de carbono de vida longa, poderia reduzir a taxa de aquecimento global pela metade até 2050, mostra um novo estudo

o Grande Evento de Biodiversificação do Ordoviciano, há cerca de 480 milhões de anos, de acordo com novos descobertas de pesquisadores da Universidade Johns Hopkins publicadas na Geochimica et Cosmochimica Acta.

“É realmente incrível pensar como animais tão pequenos, que nem existem hoje, poderiam alterar o curso da história evolutiva de uma forma tão profunda”, disse a autora sênior Maya Gomes, professora assistente no Departamento de Terra e Planetária. Ciências. “Com este trabalho, seremos capazes de examinar a química dos primeiros oceanos e reinterpretar partes do registo geológico”.

Para compreender melhor como as mudanças nos níveis de oxigénio influenciaram os eventos evolutivos em grande escala, Gomes e a sua equipa de investigação atualizaram modelos que detalham o momento e o ritmo do aumento do oxigénio ao longo de centenas de milhões de anos.

Eles examinaram a relação entre a mistura de sedimentos causada, em parte, pela escavação de minhocas com um mineral chamado pirita , que desempenha um papel fundamental no acúmulo de oxigênio.

Quanto mais pirita se forma e fica enterrada sob a lama, lodo ou areia, mais os níveis de oxigênio aumentam.

Os pesquisadores mediram a pirita em nove locais ao longo da costa de Maryland, na Baía de Chesapeake, que serve como um

Fotos: Geochimica et Cosmochimica Acta, Pixabay/CC0 Domínio Público

indicador das primeiras condições do oceano. Locais com apenas alguns centímetros de mistura de sedimentos continham substancialmente mais pirita do que aqueles sem mistura e aqueles com mistura profunda.

As descobertas desafiam suposições anteriores de que a relação entre a pirita e a mistura de sedimentos permaneceu a mesma entre os habitats e ao longo do tempo, disse Gomes.

A sabedoria convencional sustentava que, à medida que os animais agitavam sedimentos escavando no fundo do oceano, a pirita recém-desenterrada teria sido exposta e destruída pelo oxigênio na água, um processo que acabaria por impedir o acúmulo de oxigênio na atmosfera e no oceano. Sedimentos mistos foram vistos como evidência de que os níveis de oxigênio se mantinham estáveis.

Os novos dados sugerem que uma pequena quantidade de sedimentos misturados com água com níveis muito baixos de oxigénio teria exposto a pirite, o enxofre e o carbono orgânico enterrados a oxigénio suficiente para iniciar a formação de mais pirite.

“É como Cachinhos Dourados. As condições têm que estar certas. Você tem que misturar um pouco para trazer o oxigênio para o sedimento, mas não tanto que o oxigênio destrua toda a pirita e não haja acúmulo líquido, “ disse Kalev Hantsoo, doutorando na Johns Hopkins e primeiro autor do artigo.

Quando os investigadores aplicaram esta nova relação entre a pirite e a profundidade da mistura de sedimentos aos modelos existentes, descobriram que os níveis de oxigénio permaneceram relativamente estáveis durante milhões de anos e depois aumentaram durante a era Paleozóica, com um aumento acentuado ocorrendo durante o período Ordoviciano. O oxigénio extra provavelmente contribuiu para o Grande Evento de Biodiversificação do Ordoviciano, quando novas espécies floresceram rapidamente, disseram os investigadores. “Sempre houve esta questão de como os níveis de oxigênio se relacionam com os momentos da história em que as forças evolutivas se intensificam e se vê uma maior diversidade de vida no planeta”, disse Gomes. “O período Cambriano também teve um evento de especiação massivo, mas os novos modelos permitem-nos descartar o oxigénio e concentrar-nos noutras coisas que podem ter impulsionado a evolução durante esse período”.

A província de minerais raros do noroeste da África com os carbonatitos contendo minerais raros mais proeminentes (amarelo), complexos magmáticos alcalinos contendo minerais raros do arquipélago das Ilhas Canárias (verde) e as ilhas áridas La Palma, El Hierro, Lanzarote e SW Fuerteventura (preto) indicado. Mediterrâneo: Mar Mediterrâneo
Vermes e outros invertebrados ao longo do fundo dos oceanos desencadeou uma cadeia de eventos e ajudou a dar início ao que é conhecido como o Grande Evento de Biodiversificação do Ordoviciano
Explosões de biodiversidade mais importantes da Terra

O declínio dramático do gelo marinho está afetando a biodiversidade

OMar de Weddell é o maior mar marginal do Oceano Antártico e um verdadeiro ponto de acesso de vida. Aqui, focas e pinguins-imperadores têm seus filhotes. Os enxames de krill, que se alimentam de microalgas sob blocos de gelo, atraem peixes, baleias e aves marinhas

No fundo do mar, milhões de peixes-gelo desovam, enquanto jardins subaquáticos repletos de esponjas de vidro, anémonas e acídias prosperam, alguns atingindo um nível de biodiversidade comparável ao dos recifes tropicais.

Onze institutos de oito países aderiram ao Observatório Marítimo de Biodiversidade e Mudanças de Ecossistemas de Weddell (WOBEC). Ao longo dos próximos três anos, os investigadores participantes irão determinar o estado atual da comunidade biótica no Mar de Weddell, como referência para uma monitorização a longo prazo do ecossistema no Oceano Antártico em transformação. WOBEC é um dos 33 projetos do programa emblemático da União Europeia, BiodivMon, sob a égide da Biodiversa+, a Parceria Europeia para a Biodiversidade. O programa terá início em Abril com uma reunião inicial em Tallinn, Estónia. Os parceiros nacionais atribuíram ao WOBEC 1,9 milhões

que nunca pisaram em terra. Eles são inteiramente dependentes do gelo

Epimeria macrodonta: anfípode típico do Oceano Austral, Antártica, Mar de Weddell, 30 a 1.030 m de profundidade. As profundezas do Mar de Weddell abrigam comunidades ricas em espécies de esponjas, corais de água fria e muitos outros organismos

O quebra-gelo de pesquisa alemão Rv Polarstern

de euros em apoio financeiro. O Instituto Alfred Wegener, Centro Helmholtz de Pesquisa Polar e Marinha (AWI), é apoiado pelo Ministério Federal de Educação e Pesquisa e também faz uma contribuição própria substancial.

“O Mar de Weddell constitui um habitat praticamente intocado e, portanto, extremamente valioso. Não só possui um alto valor estético; também é caracterizado por uma biodiversidade única. Esta diversidade biológica é também fonte de importantes serviços ecossistêmicos, como o armazenamen-

Os pinguins-imperadores podem ser as únicas aves
marinho
Fotos: Alfred-Wegener-Institut / Stefan Hendricks, Michael Klages, Peter Kimball, ©Instituição Oceanográfica, Woods Hole.,

to de carbono nas profundezas do mar através de algas geladas e os restos de plâncton que afundam”, explica o Dr. Hauke Flores, biólogo marinho do Instituto Alfred Wegener e coordenador. do projeto da UE. “No entanto, as alterações climáticas já se espalharam há muito tempo para a região polar sul: nos últimos anos, assistimos a um declínio inesperadamente rápido do gelo marinho. Não sabemos como, ou se, os organismos da região podem adaptar-se às novas condições ambientais. Para avaliar este aspecto, precisamos primeiro de obter uma melhor compreensão do status quo do ecossistema e precisamos urgentemente de iniciar a recolha sistemática de dados”. O foco do projeto é observar possíveis mudanças de longo prazo na biodiversidade no leste do Mar de Weddell. Embora países como a Alemanha, a Noruega e a África do Sul realizem investigação na região há décadas, faltam estudos sistemáticos sobre o seu enorme ecossistema. Na verdade, existe uma lacuna substancial: de acordo com Hauke Flores, durante milhares de quilómetros a leste e a oeste da área alvo do WOBEC, não houve observações de longo prazo da biodiversidade marinha.

Uma expedição com o quebra-gelo Polarstern ao longo do Meridiano Principal e no sul do Mar de Weddell, coordenada pela Universidade de Rostock, está planejada para 2026. Durante a viagem, os pesquisadores planejam explorar o monte submarino Maud Rise e desenvolver investigações anteriores do bentônico. comunidades bióticas no Cabo Norvegia, a oeste da Estação Neumayer III da Alemanha.

Além de coletar novos dados valiosos, os especialistas vasculharão seus arqui-

A Área Marinha Protegida proposta consiste atualmente em duas regiões no oeste e leste do Mar de Weddell, partes das quais estão dentro da área alvo do WOBEC”, explica a Dra. Katharina Teschke, ecologista marinha e chefe do projeto MPA na AWI

vos e disponibilizarão resultados inéditos e difíceis de encontrar em bases de dados acessíveis ao público. “Com base em dados históricos e atuais, o nosso objetivo é criar uma estratégia para a monitorização ambiental a longo prazo no Mar de Weddell com a ajuda de observatórios autónomos, detecção remota por satélite e amostragem baseada em navios”, diz Hauke Flores. . As partes interessadas das comunidades políticas, empresariais e de conservação da natureza estarão envolvidas no processo, que também ocorrerá em estreita colaboração com a Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos da Antártida (CCAMLR).

Há muitos anos que a UE e outros membros da CCAMLR defendem a proteção de grandes áreas do Mar de Weddell. Graças, em parte, à experiência da AWI, um conceito de proteção foi desenvolvido e

inicialmente submetido à CCAMLR em 2016. “A Área Marinha Protegida proposta consiste atualmente em duas regiões no oeste e no leste do Mar de Weddell, partes das quais estão dentro da área alvo do WOBEC,” explica a Dra. Katharina Teschke, ecologista marinha e chefe do projeto MPA na AWI. A AMP planeada é o resultado de uma abordagem que considera todo o ecossistema e se baseia no princípio da precaução. “O objetivo é preservar uma região marinha ainda intocada como um refúgio para espécies adaptadas ao frio, onde, à medida que a Terra continua a aquecer, elas possam se adaptar às mudanças nas condições ambientais sem serem perturbadas”, diz Katharina Teschke.

“Até agora, a proposta de uma nova Área Marinha Protegida não foi aprovada porque a votação tem de ser unânime e a atual situação geopolítica torna as negociações da CCAMLR ainda mais difíceis. No entanto, a ratificação do Acordo no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar sobre a Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Marinha de Áreas fora da Jurisdição Nacional (Tratado BBNJ) no ano passado é um desenvolvimento promissor”, afirma Katharina Teschke. “É um sinal positivo que pode ajudar a estimular o processo de declaração de uma Área Marinha Protegida no Mar de Weddell no âmbito da CCAMLR. O WOBEC dar-nos-á a oportunidade de criar uma estratégia baseada na ciência para avaliar a biodiversidade dentro da Área Marinha Protegida e as suas mudanças futuras”.

Os pinguins olham para uma bóia de gelo marinho que os físicos do gelo marinho da AWI ergueram no gelo. Entre outras coisas, o aparelho mede o crescimento da neve no gelo

À medida que as alterações climáticas amplificam as inundações urbanas, eis como as comunidades podem tornar-se “cidades esponja”

Quando chove, chove forte” já foi uma metáfora para coisas ruins que aconteciam em grupos. Agora está se tornando uma afirmação de fato sobre as chuvas em um clima em mudança.

Em todo o território continental dos EUA, os eventos intensos de precipitação num único dia estão a tornar-se mais frequentes, alimentados pelo aquecimento do ar que pode reter níveis crescentes de humidade. Mais recentemente, as áreas ao norte de Houston receberam 30 a 50 centímetros de chuva em vários dias no início de maio de 2024, causando estradas inundadas e evacuações.

No início do ano, San Diego recebeu 7 centímetros de chuva em 22 de janeiro, que danificou quase 600 casas e deslocou cerca de 1.200 pessoas. Duas semanas depois, um rio atmosférico despejou 12 a 25 centímetros de chuva em Los Angeles, causando deslizamentos de terra generalizados e deixando mais de um milhão de pessoas sem energia.

uma cidade à prova de inundações Assista o YouTube www.youtu.be/G8TwlnzErV8

Eventos como estes despertaram interesse nas chamadas cidades-esponja – uma abordagem abrangente à mitigação de inundações urbanas que utiliza designs inovadores de paisagem e drenagem para reduzir e abrandar o escoamento, ao mesmo tempo que permite que certas partes da cidade inundem com segurança durante condições meteorológicas extremas.

As técnicas de cidade esponja diferem de outras abordagens de gestão de águas pluviais porque são dimensionadas para tempestades muito maiores e precisam ser aplicadas em quase todas as superfícies urbanas.

Copenhague: Como tornar
San Diego recebeu 7 centímetros de chuva em 22 de janeiro, que danificou quase 600 casas e deslocou cerca de 1.200 pessoas
A água corre para um bueiro em um beco de Los Angeles em 19 de agosto de 2023, durante a tempestade tropical Hilary
Fotos: AP Foto/Corey Williams, Ben Helmer (@ben_helmer_photography), Grupo Cidadão do Planeta/Imagens Universais via Getty Images

Sou um engenheiro de recursos hídricos que estuda e projeta estratégias para o gerenciamento sustentável de águas pluviais urbanas. Em resposta aos recentes episódios de inundações, algumas cidades dos EUA estão a começar a tomar medidas no sentido da incorporação de conceitos de cidades-esponja nos seus planos de gestão de águas pluviais, mas a maioria destes projetos ainda são pilotos. Para que este conceito evolua para o novo padrão de desenho urbano, as autoridades municipais e os promotores terão de encontrar formas de ampliar e acelerar este trabalho.

Até hoje, a infraestrutura verde e outras práticas de gestão de águas pluviais nos EUA são normalmente projetadas para deter, reter ou filtrar apenas os primeiros 2,5 a 5 centímetros (1 a 2 polegadas) de escoamento. Individualmente, não conseguem captar todo o escoamento gerado durante tempestades maiores, o tipo de eventos que se estão a tornar mais frequentes devido às alterações climáticas. Além disso, a gestão das águas pluviais muitas vezes não é necessária em parcelas de terreno mais pequenas, que podem representar coletivamente uma grande fracção das bacias hidrográficas urbanas.

Todos estes fatores limitam a capacidade das infraestruturas verdes para reduzir os riscos de inundações.

O telhado verde do @javitscenter é o maior de Nova York e um dos maiores telhados verdes do país. ���� Também serve como santuário de vida selvagem e fazenda solar, e mitiga 7 milhões de galões de escoamento de águas pluviais a cada ano. Com a recente conclusão da expansão North Javits e sua fazenda operacional de 1 acre, o Javits Center possui quase 8 acres de espaço de telhado verde.

Tornando a infraestrutura mais ecológica, pouco a pouco

O termo “cidade esponja” originou-se na China por volta de 2010, mas as cidades dos EUA empregaram ideias semelhantes desde a década de 1970 para melhorar a qualidade da água em rios e córregos.

No início da década de 2000, a ideia de conceber comunidades para filtrar e absorver águas pluviais tornou-se conhecida como infraestrutura verde. Os reguladores e as empresas de serviços públicos consideraram-na uma estratégia potencialmente rentável para cumprir os regulamentos federais de água potável. Nas cidades onde os sistemas de esgotos pluviais existentes descarregam diretamente em riachos, lagos e rios, a infraestrutura verde tinha o potencial de filtrar os poluentes das águas pluviais antes de estas fluírem para esses cursos de água.

Em centenas de cidades, principalmente no Nordeste e no Centro-Oeste, as águas pluviais e residuais são trans-

Foto do perfil do Open House New York
Detroit instalou recursos verdes como esta bioswale – uma área rasa com vegetação que coleta águas pluviais – para reduzir as inundações que assolam os bairros há décadas

portadas nas mesmas tubulações de esgoto. A infraestrutura verde ofereceu uma estratégia para desviar as águas pluviais do sistema de esgotos para locais onde pudessem penetrar no solo. Isso ajudou a reduzir as chances de transbordamento dos sistemas de esgoto e envio de águas pluviais e residuais não tratadas para as águas locais.

Cidades como Filadélfia, Nova Iorque, Cincinnati, São Francisco, Cleveland, Washington, D.C. e Kansas City, Missouri, gastaram milhares de milhões de dólares nos últimos 20 anos para modernizar paisagens desenvolvidas com jardins de chuva, telhados verdes, pavimentos permeáveis, zonas húmidas construídas e outras medidas de controle de águas pluviais em escala local. A maioria desses sistemas, entretanto, foi instalada em áreas que produziam maior poluição da água e não eram dimensionadas para lidar com grandes tempestades.

Na melhor das hipóteses, a infraestrutura verde foi instalada em terrenos de propriedade pública e necessária em empreendimentos novos ou redesenhados de grande escala. Revelou-se muito mais difícil incorporar infraestruturas verdes em parcelas de terreno mais pequenas e de propriedade privada, que coletivamente constituem uma percentagem significativa de áreas urbanas de bacias hidrográficas.

Em algumas cidades, alguns novos empreendimentos ainda são aprovados sem qualquer sistema de tratamento de águas pluviais necessário ou análise das formas dramáticas pelas quais as suas águas pluviais podem causar inundações em propriedades a jusante e adjacentes. E em muitas cidades, as águas pluviais de pequenas parcelas de terra podem

Os antigos sistemas de esgoto em muitas cidades transportam esgoto e águas pluviais. O transbordamento combinado de esgoto é um ponto de alívio que evita inundações em residências e estações de tratamento, descarregando o fluxo combinado para o meio ambiente durante chuvas fortes O que é um

passar sem tratamento para sistemas de esgoto canalizados. Se muitas dessas parcelas estiverem localizadas na mesma vizinhança, esta prática comum pode aumentar os riscos de inundação a jusante.

Cada superfície é importante

No meu laboratório na Universidade Drexel, estamos estudando soluções para inundações na região de Eastwick, no sudoeste da Filadélfia. Este bairro fica na extremidade jusante de uma bacia hidrográfica suburbana de 77 milhas quadradas. Quando chove forte rio acima, Eastwick inunda. Em 2020, a tempestade tropical Isaias inundou algumas casas com mais de 1,2 metros de água.

Os nossos modelos informáticos suge-

rem que se a infraestrutura verde convencional tivesse existido para tratar o escoamento de 65% das superfícies impermeáveis da bacia hidrográfica, Isaias não teria causado a inundação de Eastwick. Mas isso representa cinco vezes mais tratamento do que as comunidades a montante estão a planear como parte dos seus planos estaduais de redução de poluentes de águas pluviais.

Alguns críticos dizem que este nível de ecologização não é técnica, logística ou socialmente viável. Mas para que a noção de cidades-esponja se torne realidade, as cidades terão eventualmente de descobrir como chegar lá.

Para chegar a 65%, estas cidades precisariam tratar o escoamento de quase todos os telhados, estacionamentos e superfícies de estradas com alguma forma de infraestrutura verde. Se o espaço dedicado para novos jardins pluviais e zonas húmidas no terreno for limitado, os estacionamentos poderão ser adaptados com asfalto permeável ou betão que permita a passagem da água até ao solo por baixo. Os telhados poderiam ser convertidos em telhados verdes com vegetação que retêm e retêm as águas pluviais.

Nesta visão de cidade-esponja, as ruas seriam recontornadas para direcionar as águas pluviais para parques e campos recreativos construídos abaixo da superfície da rua e projetados para inundar com segurança durante condições climáticas extremas. As áreas naturais existentes seriam aproveitadas

para armazenamento de águas pluviais, melhorando a sua ecologia. Dependendo de onde ocorrem chuvas extremas, estes sistemas podem funcionar individualmente ou em conjunto, imitando a modularidade e a redundância encontradas nos ecossistemas naturais.

Encontrando o dinheiro

Nas cidades-esponja, cada superfície precisa estar conectada a um espaço que possa inundar com segurança. Passar da infraestrutura verde tradicional para cidades-esponja requer políticas, planos e incentivos integrados que apliquem este tipo de soluções onde quer que chova. Os estacionamentos podem ser projetados para inundar e liberar água lentamente. O mesmo pode acontecer com campos de basquetebol, parques, praças e até ruas, conforme prescrito em Copenhaga, o plano de gestão de Cloudburst da Dinamarca.

Tal transformação do ambiente construído não pode ser totalmente financiada pelos serviços públicos de águas pluviais. Estas organizações enfrentam uma série estonteante de requisitos regulamentares e não conseguem aumen-

Espero que os padrões de planeamento e design urbano evoluam para incluir conceitos de cidade-esponja

tar as taxas acima da capacidade de pagamento dos seus clientes.

Uma forma de arrecadar mais dinheiro seria por meio de colaborações entre agências municipais responsáveis por melhorias em estradas, parques, pátios escolares e outros terrenos públicos que também atraem dólares federais, como os projetos de resiliência Cloudburst da cidade de Nova York. partido poderia complementar o esforço.

Um exemplo é uma colaboração entre a cidade de Nova Iorque e o Trust for Public Land para adicionar recursos de infraestrutura verde a um pátio escolar do Bronx para ajudar a reduzir as inundações locais.

As cidades também poderiam oferecer incentivos para modernizar e ampliar os sistemas existentes de gestão de águas pluviais em terras privadas.

Poderia ser criado um sistema de comércio para vender a capacidade residual a proprietários próximos que não tenham oportunidades de gestão de águas pluviais no local.

Esta estratégia não é barata, mas a inação também não. As inundações interiores causaram danos no valor de 177,9 mil milhões de dólares entre 1980 e 2022, e as catástrofes de milhares de milhões de dólares estão a tornar-se mais frequentes com as alterações climáticas.

À medida que os eventos climáticos extremos se tornam mais prevalentes, espero que os padrões de planeamento e design urbano evoluam para incluir conceitos de cidade-esponja. E esta abordagem mais robusta à gestão de águas pluviais continuará a figurar de forma proeminente em todos os tipos de decisões municipais e privadas de concepção e desenvolvimento.

Renderização da infraestrutura do Cloudburst Hub
Em resposta a alguns tipos de inundações massivas, muitos municípios chineses empreenderam ações, adotando elementos das iniciativas da Cidade Esponja (SC)

Análise do DNA dos nossos rios e lagos pode revelar novos segredos sobre a sua biodiversidade

A conectividade de água doce transforma sinais de biodiversidade espacialmente integrados. DNA deixado pelos organismos durante a vida e a morte – pode desvendar os segredos escondidos

em riachos de água doce, rios e lagos. Isto oferece esperança para uma monitorização mais eficiente destes ecossistemas vitais

Os ecossistemas de água doce são a força vital do mundo natural, mas enfrentam uma crise silenciosa. Um relatório de 2022 do World Wildlife Fund revelou um declínio surpreendente de 83% nas populações globais de vertebrados de água doce desde 1970, uma taxa que excede em muito a de qualquer outro habitat.

O nível de degradação da natureza é alarmante, mas os ecossistemas são complicados, tal como os efeitos da atividade humana. Portanto, a história costuma ter mais nuances.

O estudo foi conduzido no IISD-Experimental Lakes Area, um centro de pesquisa de água doce em todo o ecossistema em Ontário, Canadá. Lagos conectados foram selecionados para o estudo para analisar como o DNA ambiental se acumula em toda a paisagem

A nossa investigação mostra como a análise do ADN ambiental (eDNA) – o DNA deixado pelos organismos durante a vida e a morte – pode desvendar os segredos escondidos em riachos de água doce, rios e lagos. Isto oferece esperança para uma monitorização mais eficiente destes ecossistemas vitais. Embora os peixes e as aves normalmente sejam o centro das atenções, a biodiversidade de água doce é uma metrópole escondida repleta de residentes menos conhecidos. Macroinvertebrados como efêmeras e mosquitos, visíveis a olho nu, desempenham um papel vital em ecossistemas saudáveis. Eles têm sido monitorados há décadas e podem nos dar uma visão mais representativa

Desvendando segredos escondidos em rios, riachos e lagos de água doce
por *William Perry e Simon Creer
Fotos: Biblioteca de Imagens da Natureza/Alamy, IISD-ELA, Pixabay/CC0 Domínio Público, Suco Flair/Shutterstock, WWF

de como os habitats de água doce estão respondendo às pressões humanas.

Diferentes partes do mundo também enfrentam níveis variados de ameaça da atividade humana. Em toda a Europa, por exemplo, o último século assistiu a grandes melhorias na qualidade da água dos rios – em grande parte devido a um melhor saneamento, à desindustrialização e à melhoria da regulamentação, culminando na recuperação da biodiversidade de macroinvertebrados.

Mas esta boa notícia só vai até certo ponto. Desde 2010, as melhorias na biodiversidade de água doce estagnaram . Entretanto, as antigas pressões ambientais estão a ser substituídas por novas pressões que vão desde as alterações climáticas até aos poluentes emergentes libertados por sistemas de esgotos arcaicos .

Indiscutivelmente, compreender a saúde dos ecossistemas de água doce nunca foi tão importante. Para fazer isto de forma eficaz, é necessária uma monitorização generalizada das espécies presentes. Isto só é possível através da integração de novas técnicas – incluindo a análise do eDNA, que pode provir de uma variedade de fontes, incluindo fezes, muco e pedaços de tecido – juntamente com programas de monitorização tradicionais.

Métodos atuais de monitoramento da biodiversidade

A maior parte da monitorização atual da biodiversidade em água doce centra-se num grupo relativamente restrito de animais – peixes e macro invertebrados. Os peixes são geralmente monitorados por “pesca elétrica”, onde uma corrente elétrica passa pela água que

atordoa temporariamente os peixes. Os peixes que flutuam na superfície são identificados e contados.

Os macroinvertebrados são coletados em grande parte por meio de “amostragem com rede de chute”, onde uma pessoa fica em um rio, levanta o sedimento e depois captura tudo o que flutua rio abaixo em uma rede.

Ambos os métodos têm limitações. Com a pesca elétrica, pode ser difícil manter a corrente consistente entre as amostragens, devido às diferenças na condutividade entre os rios.

Os peixes maiores também são mais susceptíveis ao choque, pelo que existe a possibilidade de não detectar peixes mais pequenos, o que pode introduzir preconceitos.

Com a amostragem por rede, certos substratos fluviais podem produzir melhores resultados, enquanto algumas espécies conseguem evitar ou escapar melhor da rede.

Em ambos os métodos, alguns sites podem não ser nada receptivos. A padronização entre locais pode ser difícil, portanto os resultados podem depender da experiência do amostrador. Estas abordagens são também demoradas, trabalhosas e, acima de tudo, destrutivas.

DNA Ambiental

Por outro lado, o eDNA pode ser filtrado de uma amostra de água , extraído do filtro, analisado quanto ao grupo taxonômico de interesse e depois sequenciado em um processo denominado “metabarcoding”. Isso nos permite cruzar os resultados com um banco de dados, levando à identificação do organismo de onde veio o DNA.

Existem muitas vantagens em usar o eDNA. O trabalho é facilmente padronizado e automatizado.

A coleta de amostras de eDNA é um processo relativamente fácil. William Perry , autor fornecido (sem reutilização)
Amostragem de rede para monitoramento de macro invertebrados
A análise do DNA ambiental dos rios poderia transformar a nossa compreensão do que neles vive.

A recolha de amostras é fácil e não requer conhecimentos especializados, permitindo o envolvimento de cientistas cidadãos. Uma gama muito mais ampla de organismos pode ser identificada, incluindo uma infinidade de organismos menores. E, o que é crucial, deixa o ambiente intacto.

Mas a análise do eDNA tem suas limitações. Ao contrário dos métodos tradicionais que podem contar peixes individuais, o eDNA não consegue distinguir um salmão jovem de um adulto em desova. Também carece dos ricos conjuntos de dados de várias décadas que foram construídos utilizando métodos tradicionais de análise. Isto pode dificultar a utilização dos resultados do eDNA para informar as atuais políticas de conservação.

Também existe a preocupação de que, nos rios, estejamos simplesmente a detectar o eDNA de organismos transportados muitos quilómetros a

montante – impedindo-nos de compreender de onde, numa bacia hidrográfica inteira, veio um sinal de espécie. Isto tornaria o eDNA uma ferramenta deficiente para com -

A diversidade beta pareada no rio Conwy, com base na dissimilaridade ( a - c ) de Sørensen, incluindo dois componentes, aninhamento d - f e rotatividade g - i , é plotada em relação à distância geográfica pareada entre amostras de espécies de peixes detectadas com o marcador 12S ( a , d , g) , ASVs metazoários detectados com o marcador 18S ( b , e , h ) e ASVs de artrópodes aquáticos detectados com o marcador COI ( c , f , i ) . Suavizadores Loess com intervalos de confiança correspondentes de 95% (cinza) também estão presentes. Os pontos de dados são coloridos pela diferença entre pares em dias entre as coletas de amostras. Os dados de origem são fornecidos como um arquivo de dados de origem

1970

preender as mudanças na biodiversidade. No entanto, nosso estudo recente mostra que este não é o caso. Coletamos 798 amostras de água em 14 locais e 19 pontos no tempo ao longo de um ano no rio Conwy, no norte do País de Gales. Também coletamos amostras de rios da Inglaterra, Suíça e EUA. Nossa pesquisa mostra que o DNA liberado por diferentes criaturas no rio não vai muito longe. A maioria fica fraca demais para ser detectada apenas um quilômetro a jusante. Esta é uma óptima notícia – uma vez que cada amostra de eDNA recolhida num rio é representativa de uma extensão relativamente pequena, isto permite-nos detectar alterações na distribuição de organismos ao longo de uma bacia hidrográfica. Com esta informação, os investigadores podem começar a desvendar o que está a causar o declínio da biodiversidade, mesmo em áreas locais de um ecossistema de água doce, e depois identificar como pará-lo.

À medida que a análise do eDNA ganha força, cientistas como nós estão a trabalhar para preencher a lacuna entre a investigação e a conservação no mundo real. Iniciativas como o Grupo de Trabalho UKDNA promovem a colaboração, permitindo-nos partilhar conhecimento com agências governamentais e partes interessadas ambientais. Ao construir conjuntos de dados abrangentes que capturam as mudanças na biodiversidade no espaço e no tempo, podemos desvendar segredos guardados no eDNA.

Este novo conhecimento é a chave para a elaboração de soluções de gestão eficazes e deverá garantir um futuro melhor para os nossos preciosos ecossistemas de água doce.

Relatório de 2022 do World Wildlife Fund revelou um declínio surpreendente de 83% nas populações globais de vertebrados de água doce desde
Variação espaço-temporal da diversidade beta pareada no rio Conwy (País de Gales, Reino Unido)

Da costa ao mar profundo, as alterações nos níveis de oxigénio afetam a vida marinha de diferentes maneiras

A atmosfera da Terra mantém um nível constante de oxigênio, seja em um dia chuvoso de inverno ou em um verão quente. Do outro lado do oceano, as concentrações

de oxigênio variam enormemente entre diferentes locais e ao longo do tempo

Às vezes, os níveis de oxigênio mudam ao longo do dia, enquanto em algumas partes profundas do oceano as concentrações de oxigênio permanecem constantes. Em certos lugares, não há oxigênio algum, mas a vida ainda prospera.

As espécies marinhas respondem à desoxigenação dos oceanos (a diminuição dos níveis de oxigénio na água do mar) de forma diferente dependendo do local onde vivem.

Com os mares ameaçados pelas alterações climáticas e pela poluição, que contribuem para a desoxigenação, algumas espécies marinhas correm maior risco do que outras.

Como ecologista marinho, pesquiso como as mudanças na disponibilidade de oxigénio afetam a resistência dos animais marinhos às alterações climáticas. Os meus estudos mostram que as espécies marinhas costeiras expostas à variabilidade diária do oxigénio são mais resistentes a picos de desoxigenação do que as criaturas que vivem nas profundezas e que estão adaptadas a níveis consistentes de oxigénio.

Pela costa

Para criaturas costeiras como chocos, estrelas do mar ou caranguejos que vi-

quantidades de oxigênio que muitas vezes formam bolhas
por *Marco Fusi Fotos: Marco Fusi, CC BY-ND, Unsplaash

vem em ervas marinhas, florestas de algas ou manguezais, a vida diária é uma montanha-russa de oxigênio. Durante o dia, a fotossíntese das algas e plantas é desencadeada pela luz solar e produz uma enorme quantidade de oxigênio. Isto leva à supersaturação de oxigênio , um estado em que é produzido tanto oxigênio que bolhas de oxigênio são liberadas na água.

Ecossistemas costeiros como ervas marinhas, algas, corais e mangais ajudam a fornecer um amortecedor para a desoxigenação porque esta supersaturação estimula o metabolismo da vida marinha que aí vive – com mais oxigénio disponível, os animais podem produzir mais energia e lidar mais facilmente com uma ligeira desoxigenação.

À noite, sem luz solar, as algas e plantas costeiras não fotossintetizam. Em vez disso, absorvem oxigénio através

do processo de respiração – tal como os animais respiram, as folhas das plantas respiram e levam oxigénio para as suas células. Portanto, os animais são expostos diariamente a um ambiente com baixo teor de oxigênio.

Estes animais marinhos evoluíram para lidar com níveis flutuantes de altos e baixos níveis de oxigénio na água do mar, explorando a sobressaturação de oxigénio durante o dia para se protegerem do aumento das temperaturas e da poluição. Depois, durante a noite, quando o oxigénio é escasso, passam

Os níveis de oxigênio nas pradarias de ervas marinhas variam enormemente diariamente
Animais marinhos evoluíram para lidar com níveis flutuantes de altos e baixos níveis de oxigénio na água do mar
Algas no solo da floresta de manguezais na maré alta liberam bolhas de oxigênio como resultado da supersaturação

para outros processos de metabolismo anaeróbico, como a fermentação – tal como os nossos músculos produzem ácido láctico durante exercício anaeróbico intenso. Os caranguejos predadores, por exemplo, caçam ativamente nos manguezais durante a noite com oxigênio muito limitado.

Mas os animais costeiros adaptados à escassez de oxigénio a curto prazo não conseguem lidar bem com longos períodos sem muito oxigénio. Assim, surgem problemas quando as flutuações diárias de oxigénio são perturbadas pelo aquecimento global e pela poluição causada pelo homem, fazendo com que as condições de baixo teor de oxigénio persistam durante dias ou semanas. Para os ouriços-do-mar , isso os torna mais lentos e menos capazes de escapar dos predadores. Para outros animais, isto pode resultar em taxas de alimentação mais lentas ou crescimento reduzido.

No oceano profundo

Em profundidades entre 200 e 1.500 metros, na chamada “zona mínima de oxigênio”, o oxigênio está no nível mais baixo de saturação. Aqui, alguns animais de águas profundas, especialmente peixes, estão bem adaptados a estas condições extremamente baixas de oxigénio. Embora estes peixes não sejam diretamente afetados pela desoxigenação porque já prosperam neste habitat, é mais provável que a desoxigenação expanda esta zona de baixo oxigénio, afetando potencialmente os peixes pró-

ximos que não podem tolerar mais desoxigenação.

No abismo, a profundidades de mais de 3.000 metros, os animais estão acostumados a viver em condições onde os níveis de oxigênio nunca oscilam. A luz solar nunca atinge as partes mais profundas do fundo do mar e, portanto, a fotossíntese não pode acontecer. Aqui, as correntes oceânicas reduzem um fornecimento constante de oxigénio, mas as alterações climáticas estão a afetar a dinâmica destas correntes.

Mesmo a mais ligeira redução nos níveis de oxigénio pode ser catastrófica para a vida marinha aqui. Em certos ce-

nários, a mineração em alto mar pode libertar grandes quantidades de matéria orgânica dos sedimentos. Isto poderia reagir com qualquer oxigênio disponível e esgotá-lo ainda mais, resultando na morte de criaturas vivas.

No fundo do mar salgado

Em alguns locais, incluindo o Mar Vermelho , piscinas de salmoura muito salgada ou lagos submarinos no fundo do mar estão repletos de vida, apesar de não haver oxigénio. Bactérias, caranguejos, mexilhões e peixes semelhantes a enguias evoluíram nestes mares desoxigenados e não serão afetados por mais desoxigenação.

Do outro lado do oceano, a desoxigenação pode exacerbar outras ameaças, como a acidificação dos oceanos (a redução do pH do oceano) ou aumentos e diminuições repentinos na salinidade. Juntas, estas alterações podem ser letais para espécies marinhas que sobrevivem em condições muito específicas.

Portanto, condições persistentes de baixo oxigênio representarão diferentes níveis de ameaça para animais em diferentes habitats. Os habitats costeiros que produzem oxigénio, como os tapetes de ervas marinhas, devem ser protegidos e restaurados. A corrente oceânica que leva o oxigénio às profundezas do mar também é vital, e a melhor forma de a conservar é abrandar o aquecimento global o mais rapidamente possível.

[*] The Conversation

No abismo, a profundidades de mais de 3.000 metros
Piscinas de salmoura muito salgada ou lagos submarinos no fundo do mar estão repletos de vida, apesar de não haver oxigênio.

Antiga desaceleração dos oceanos alerta para o futuro caos climático

Sensibilidade da circulação oceânica ao aquecimento durante a estufa do início do Eoceno. Quando se trata da resposta dos oceanos ao aquecimento global, não estamos em águas totalmente desconhecidas. Um estudo da UC Riverside mostra que episódios de calor extremo no passado da Terra causaram o declínio da troca de águas da superfície para as profundezas do oceano

Ao analisar a química de conchas como estas, os cientistas podem aprender sobre a temperatura e o movimento das antigas águas oceânicas

Este sistema foi descrito como a “correia transportadora global”, porque redistribui o calor ao redor do globo através do movimento das águas oceânicas, tornando habitáveis grandes porções do planeta. Utilizando minúsculas conchas fossilizadas recuperadas de antigos sedimentos do fundo do mar, o estudo publicado na Proceedings of the National

Academy of Sciences demonstra como a correia transportadora respondeu há cerca de 50 milhões de anos.

Naquela altura, o clima da Terra assemelhava-se às condições previstas para o final deste século, se não fossem tomadas medidas significativas para reduzir as emissões de carbono.

Os oceanos desempenham um papel crucial na regulação do clima da Terra.

Eles movem a água quente do equador em direção aos polos norte e sul, equilibrando as temperaturas do planeta.

Sem este sistema de circulação , os trópicos seriam muito mais quentes e os polos muito mais frios. As mudanças neste sistema estão ligadas a alterações climáticas significativas e abruptas.

Além disso, os oceanos desempenham um papel crítico na remoção do dióxido

por * Jules Bernstein, Universidade da Califórnia - Riverside
Fotos: Brian T. Huber/Smithsonian Institution, PNAS, Universidade da Califórnia – Riverside, Unsplash

de carbono antropogênico da atmosfera.

“Os oceanos são de longe o maior reservatório permanente de carbono na superfície da Terra hoje”, disse Sandra Kirtland Turner, vice-presidente do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias da UCR e primeira autora do estudo.

“Hoje, os oceanos contêm quase 40 biliões de toneladas de carbono – mais de 40 vezes a quantidade de carbono na atmosfera. Os oceanos também absorvem cerca de um quarto das emissões antropogênicas de CO 2 , afirmou Kirtland Turner. “Se a circulação oceânica diminuir, a absorção de carbono no oceano também poderá diminuir, amplificando a quantidade de CO 2 que permanece na atmosfera”.

Estudos anteriores mediram mudanças na circulação oceânica no passado geológico mais recente da Terra, como a saída da última era glacial; no entanto, estes não se aproximam dos níveis de CO 2 atmosférico ou do aquecimento que ocorre hoje no planeta. Outros estudos fornecem a primeira evidência de que a circulação oceânica profunda, particularmente no Atlântico Norte, já está a começar a abrandar.

Para prever melhor como a circulação oceânica responde ao aquecimento global provocado pelos gases com efeito de estufa, a equipe de investigação olhou para o início do Eoceno, entre cerca de 49 e 53 milhões de anos atrás. A Terra era então muito mais quente do que hoje, e essa linha de base de alto calor foi pontuada por picos de CO 2 e de temperatura chamados hiper térmicos.

Durante esse período, as profundezas do oceano estavam até 12 graus Celsius mais quentes do que são hoje. Durante

Registros de isótopos estáveis bentônicos do Local 1258 no Atlântico equatorial e do Local U1409 no Atlântico Norte abrangem quase a totalidade do EECO (de 53,26 a 49,14 Ma de acordo com a ref.

( A ) Registros de foraminíferos bentônicos δ 13 C de quatro locais em todo o EECO, de cima para baixo : Sítio ODP 1258 no Atlântico equatorial, Sítio IODP U1409 no Atlântico Norte, Sítio ODP 1263 no Atlântico Sul e Sítio ODP 1209 em o Pacífico Central. As setas rotuladas indicam eventos hiper térmicos identificados no Local 1209 pela ref.. ( B ) Distribuição de ajuste de kernel e estatísticas (SD e assimetria) de dados de δ 13 C de foraminíferos bentônicos distendidos em todo o EECO em cada um dos quatro locais.

as hipertermias, os oceanos aqueceram mais 3 graus Celsius.“Embora a causa exata dos eventos hiper térmicos seja de-

batida e eles tenham ocorrido muito antes da existência dos humanos, esses eventos hiper térmicos são os melhores análogos que temos para as futuras mudanças climáticas”, disse Kirtland Turner.

Ao analisar pequenas conchas fósseis de diferentes locais do fundo do mar em todo o mundo, os investigadores reconstruíram padrões de circulação oceânica profunda durante estes eventos hiper térmicos.

As conchas são de microrganismos chamados foraminíferos, que podem ser encontrados vivendo em todos os oceanos do mundo, tanto na superfície quanto no fundo do mar. Eles têm aproximadamente o tamanho de um ponto final no final de uma frase.

“À medida que as criaturas constroem as suas conchas, elas incorporam elementos dos oceanos, e podemos medir as diferenças na química dessas conchas para reconstruir amplamente informa-

Sandra Kirtland Turner da UCR segurando uma amostra de sedimento central. (Programa Internacional de Perfuração Oceânica)

ções sobre as antigas temperaturas dos oceanos e padrões de circulação”, disse Kirtland Turner.

As próprias conchas são feitas de carbonato de cálcio. Os isótopos de oxigênio no carbonato de cálcio são indicadores das temperaturas da água em que os organismos cresceram e da quantidade de gelo no planeta na época.

Os investigadores também examinaram isótopos de carbono nas conchas, que refletem a idade da água onde as conchas foram recolhidas, ou há quanto tempo a água está isolada da superfície do oceano . Desta forma, eles podem reconstruir padrões de movimento das águas profundas do oceano.

Os foraminíferos não podem fotos sintetizar, mas suas conchas indicam o impacto da fotossíntese de outros organismos próximos, como o fitoplâncton. “A fotossíntese ocorre apenas na superfície do oceano, então a água que esteve recentemente na superfície tem um sinal rico em carbono-13 que é refletido nas conchas quando essa água desce para o fundo do oceano “, disse Kirtland Turner. “Por outro lado, a água que esteve isolada da superfície durante muito tempo acumulou relativamente mais carbono-12 à medida que os restos de organismos fotossintéticos afundam e se decompõem. Assim, a água mais antiga tem relativamente mais carbono-12 em comparação com a água ‘jovem’”.

Os cientistas costumam fazer previsões sobre a circulação oceânica hoje

As conchas de foraminíferos ajudaram os cientistas a montar uma imagem do movimento dos oceanos durante o período Eoceno, onde os altos níveis de carbono atmosférico causaram uma desaceleração na troca de águas oceânicas

em dia usando modelos climáticos computacionais. Eles usam estes modelos para responder à pergunta: “Como é que o oceano vai mudar à medida que o planeta continua a aquecer?” Esta equipa utilizou de forma semelhante modelos para simular a resposta do antigo oceano ao aquecimento. Eles então usaram a análise de conchas de foraminíferos para ajudar a testar os resultados de seus modelos climáticos. Durante o Eoceno, havia cerca de 1.000 partes por milhão (ppm) de dióxido de carbono na atmosfera, o que contribuiu para as altas temperaturas daquela época. Hoje, a atmosfera contém cerca de 425 ppm.

Contudo, os seres humanos emitem cerca de 37 mil milhões de toneladas de CO 2 na atmosfera todos os anos; se estes níveis de emissão continuarem, condições semelhantes às do Eoceno Inferior poderão ocorrer até ao final deste século.

Portanto, Kirtland Turner argumenta que é imperativo fazer todos os esforços para reduzir as emissões.

“Não é uma situação de tudo ou nada”, disse ela. “Cada mudança incremental é importante quando se trata de emissões de carbono . Mesmo pequenas reduções de CO 2 se correlacionam com menos impactos, menos perda de vidas e menos mudanças no mundo natural”.

Estudo da UC Riverside mostra que episódios de calor extremo no passado da Terra causaram o declínio da troca de águas da superfície para as profundezas do oceano

O Quadro Global para a Biodiversidade pode ser aproveitado para gerir melhor as bacias hidrográficas transfronteiriças

As metas globais de biodiversidade têm sido elogiadas por estimularem ações de conservação à escala nacional como parte dos esforços para travar o declínio da biodiversidade global.

No entanto, o âmbito e a escala da perda de biodiversidade e as suas causas não respeitam as fronteiras criadas pelo homem. As questões ambientais transfronteiriças, como a gestão de bacias hidrográficas, ecossistemas e espécies migratórias, introduzem problemas multifacetados e complexos dentro e entre jurisdições (por exemplo, rurais e urbanas, marinhas e terrestres, políticas e reguladoras). Para que os acordos globais de conservação tenham sucesso, os governos e as instituições devem coordenar-se e colaborar através destas fronteiras. O Quadro Global de Biodiversidade (GBF) da Convenção sobre Diversidade Biológica Kunming-Montreal

Questões ambientais transfronteiriças ...problemas multifacetados e complexos dentro e entre jurisdições... Precisamos de encontrar melhores formas de responsabilizar, incentivar e racionalizar de forma equitativa as ações de gestão ambiental transfronteiriças em locais como o delta do rio Mississipi, no Golfo do México

pode ser aproveitado para apoiar e incentivar soluções para desafios complexos de recursos partilhados. Infelizmente, o GBF carece atualmente de metas explícitas para a gestão transfronteiriça.

A falta de metas transfronteiriças no GBF levanta uma questão importante: Como podem esses acordos ser usados para contabilizar, incentivar e racionalizar de forma equitativa as ações de gestão transfronteiriças, desde a escala local até à escala global? Acreditamos que o GBF poderia integrar melhor a gestão transfronteiriça ao 1) identificar claramente responsabilidades, riscos e recompensas partilhadas entre os países; e 2) incorporação de metas e indicadores de gestão transfronteiriça explícitos e SMART (específicos, mensuráveis, ambiciosos, realistas e com prazo determinado; por exemplo.

Fotos: Caitlin Kuempel e Andrés Felipe Suarez-Castro., Enciclopédia Britânica, PNUMA< Shutterstock/lavizzara, Unsplash/CC0 Domínio Público
Desigualdades entre os países a jusante e a montante que partilham a mesma bacia hidrográfica

Indo contra a corrente de conservação

As principais bacias hidrográficas, ou bacias hidrográficas, muitas vezes atravessam as fronteiras de vários países (doravante denominadas bacias hidrográficas transfronteiriças). Isto significa que as práticas de uso da terra num país podem causar impactos a jusante noutro país. Alguns impactos originados das atividades de desenvolvimento de bacias hidrográficas, tais como a má qualidade da água proveniente do escoamento terrestre, podem atravessar centenas de quilômetros e afetar tanto os sistemas de água doce como os marinhos. As bacias hidrográficas transfronteiriças estão espalhadas globalmente. Algumas bacias hidrográficas atravessam mais de 13 países. Usando dados recentes, identificamos aproximadamente 1.050 bacias hidrográficas transfronteiriças. Mais de 85% (193 de 226) dos países se sobrepõem a uma bacia hidrográfica transfronteiriça, e em >25% dos países (58), todas as bacias hidrográficas são transfronteiriças. O Programa de Avaliação de Águas Transfronteiriças (TWAP) identificou 286 bacias hidrográficas transfronteiriças onde os fundos deveriam ser priorizados para melhorar a qualidade da água, o ecossistema e os fatores socioeconómicos. Isto realça a necessidade de parcerias de gestão fortes para partilhar os custos e benefícios das ações através das fronteiras dos países.

Os custos e benefícios da gestão transfronteiriça de bacias hidrográficas são muitas vezes mal contabilizados e difíceis de acompanhar. Alguns países produzem mais pressões transfronteiriças (por exemplo, poluentes da água) do que outros e poderiam desempenhar um papel mais importante no cumprimento dos compromissos globais dentro e fora das suas fronteiras. Na mesma linha, alguns países são desproporcionalmente afetados pelo desenvolvimento de bacias hidrográficas

econômica exclusiva (ZEE), conforme definida na Convenção das Nações Unidas de 1982 sobre o Direito do Mar (UNCLOS), uma área do oceano que se estende até 200 milhas náuticas (370 km) imediatamente ao largo da costa terrestre de um país, na qual esse país retém direitos exclusivos de exploração e exploração de recursos naturais.

transfronteiriças, muitas vezes aquelas situadas a jusante. Das cerca de 25.000 toneladas métricas de sedimentos exportados de bacias hidrográficas em todo o mundo, estimamos que cerca de 55% sejam provenientes de bacias hidrográficas transfronteiriças. Descobrimos que em 286 bacias hidrográficas transfronteiriças (27% de 1.050 bacias hidrográficas transfronteiriças), a

O Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal (GBF) foi adotado durante a décima quinta reunião da Conferência das Partes (COP 15) após um processo de consulta e negociação de quatro anos

Principais bacias hidrográficas do mundo (PNUMA 2008)
Zona

maior parte dos sedimentos produzidos teve origem num país diferente daquele onde o ponto de escoamento estava localizado (ou seja, o sumidouro). Em 112 destas bacias hidrográficas, mais de 70% dos sedimentos foram produzidos num país diferente daquele onde os sedimentos foram descarregados em corpos de água receptores.

Os sedimentos de 117 (41% de 286) dessas bacias hidrográficas podem atingir ambientes costeiros. Nas águas costeiras e marinhas, os poluentes podem novamente atravessar fronteiras geográficas invisíveis, como as Zonas Económicas Exclusivas (ZEE). Em 118 países com escoamento terra-mar, mais de 10% dos sedimentos libertados dos pontos de escoamento costeiros entraram na ZEE de outro país. Estimamos que mais de 500 toneladas métricas (36%) de sedimentos liberados em cursos de água costeiros viajam através de múltiplas ZEEs.

Determinar as responsabilidades de gestão entre países que partilham a mesma bacia hidrográfica é um grande desafio para a cooperação transfronteiriça porque as nações só podem implementar políticas e regulamentos dentro das suas próprias fronteiras. Em muitos casos, a responsabilidade de limitar os impactos das atividades das bacias hidrográficas recai sobre os vizinhos a montante. Isto pode levar a conflitos e ter implicações ambientais (por exemplo, biodiversidade e qualidade da água) e socioeconómicas (por exemplo, disponibilidade de água). Por exemplo, em 2016, surgiram conflitos quando o aumento no uso de água pelos agricultores uruguaios a partir de reservatórios construídos diminuiu a disponibilidade de água para os agricultores brasileiros a jusante. Embora o texto da conferência GBF “convide as partes e outros governos a cooperar a nível transfronteiriço, regional e internacional”, nenhuma meta se relaciona explicitamente com a gestão transfronteiriça.

A natureza da forma como as metas do GBF é monitorizada e comunicada também cria barreiras, uma vez que a notificação é feita a nível nacional. Portanto, os países podem obter “crédito” por atividades dentro das suas próprias fronteiras, mas os benefícios adicionais foram dessas fronteiras são mais difíceis de acompanhar e incentivar. Para superar estes problemas, o GBF poderia aproveitar os indicadores recomendados a nível nacional e global para melhor captar o progresso da gestão transfron-

A extensão das principais bacias hidrográficas globais e do escoamento transfronteiriço de sedimentos através da terra e do mar

( A ) O número de países dentro de cada principal bacia hidrográfica globalmente (nível 8). ( B ) O nível de exportação de sedimentos (toneladas métricas) por bacia hidrográfica transfronteiriça e ( C ) escoamento estimado de sedimentos terrestres que entram na Zona Económica Exclusiva (ZEE) de um país a partir da ZEE de outro país

teiriça. O GBF utiliza três níveis de indicadores para acompanhar o progresso em direção aos seus objetivos, incluindo indicadores principais, componentes e complementares. Os indicadores complementares são definidos pelo GBF como “indicadores para análise temática ou aprofundada de cada objetivo e meta…principalmente para utilização a

nível global. Apresentamos exemplos de metas recentemente adotadas e indicadores complementares que podem facilitar abordagens cooperativas entre países e, assim, ajudar a gerir as pressões transfronteiriças nas bacias hidrográficas.

[•] Leia o artigo completo em: www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.2310882121

Cientistas pedem conservação do ciclo hídrico invisível da Amazônia

O caminho Andes-Amazônia-Atlântico: Um sistema hidroclimático fundamental para a sustentabilidade do sistema sócio-ecológico. Além das florestas tropicais, os cientistas estão se concentrando nas mudanças que ocorrem no ciclo natural da água e que podem alterar para sempre a Amazônia

AAmazônia sempre passou por períodos de seca ou estações chuvosas anormalmente intensas causadas pelos padrões climáticos naturais de El Niño e La Niña. No entanto, um recente aumento de eventos climáticos extremos levou uma equipe internacional de cientistas a observar mais de perto os ciclos da água que ligam o Oceano Atlântico à Cordilheira dos Andes e a partes distantes da Amazónia. Eles determinaram que a atividade humana pode estar a ter impacto neste ciclo natural da água através da alteração dos rios, da desflorestação e das alterações climáticas.O trabalho está publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences. Elizabeth Anderson, cientista de água doce da FIU que co-liderou a pesquisa, diz que ela e outros cientistas estão pedindo maior ênfase nas águas doces na conservação da Amazônia para proteger este ciclo. As suas recomendações incluem uma melhor recolha de dados, melhor acesso aos dados para cientistas e gestores de conservação, colaborações mais fortes e políticas de desflorestação zero para impedir o corte de árvores.

O extraordinário sistema socioecológico da Bacia do Rio Amazonas é sustentado por várias fases, fluxos e reservas de água que estão interligados através das montanhas tropicais dos Andes, das planícies amazônicas e do Oceano Atlântico. Esta via “Andes-Amazônia-Atlântico” (AAA) é um sistema hidro climático complexo ligado pelo ciclo regional da água através da circulação atmosférica e da hidrologia continental. Aqui, pretendemos articular a via hidro climática AAA como um sistema fundamental para pesquisa, gestão, conservação e governança dos sistemas aquáticos da

Bacia Amazônica. Identificamos e descrevemos a via AAA como um sistema hidro clima interdependente, multidirecional e multiescala. Apresentamos então uma avaliação das mudanças recentes (1981 a 2020) na trajetória AAA, refletindo principalmente uma aceleração nas taxas de fluxos hidrológicos (ou seja, intensificação do ciclo da água). Discutimos como a mudança do caminho AAA orquestra e impacta os sistemas socioecológicos. Concluímos com quatro recomendações para a sustentabilidade do caminho AAA na investigação, gestão, conservação e governação em curso.

por *Christine Calvo, Universidade Internacional da Flórida Fotos: PNAS, Universidade Internacional da Flórida, Unsplash/Internet

Durante muitos anos, os cientistas falaram sobre a importância do caminho da água entre a Cordilheira dos Andes e as planícies amazónicas, mas até agora, a importância do Oceano Atlântico não foi reconhecida tão rapidamente. No novo estudo, os cientistas estão tentando aumentar a conscientização sobre o caminho Andes-Amazônia-Atlântico (AAA), na esperança de uma maior consideração deste caminho e dos recursos de água doce na conservação da Amazônia.

“Neste século, houve um enorme aumento no número e na extensão de áreas protegidas, como parques nacionais , reservas e territórios indígenas que são reconhecidos oficialmente na Amazônia, mas o foco tem sido realmente nas florestas e nos ecossistemas terrestres ”, disse Anderson. “Agora é hora de estender o apoio à conservação aos sistemas de água doce, como os rios”.

O caminho AAA é um ciclo hidrológico gigante e multidirecional que conecta os Andes, a Amazônia e o Oceano Atlântico. Cerca de 90% do total de sedimentos da Bacia Amazônica vem da Cordilheira dos Andes, desce o Amazonas e outros rios e deságua no Oceano Atlântico. À medida que as temperaturas globais aumentam e a Amazónia enfrenta a desflorestação, aumentam as probabilidades de ocorrência de eventos climáticos extremos que possam perturbar este ciclo.

A região amazônica abriga 47 mi -

lhões de pessoas. Abrangendo oito países e um território, a Amazônia é a maior floresta tropical remanescente da Terra. Sustenta um quinto da biodiversidade de água doce do mundo e é o lar de algumas das mais diversas coleções de aves, mamíferos, anfíbios e plantas do planeta. As suas florestas ajudam a mitigar as alterações climáticas globais. O futuro da Amazônia e sua capacidade contínua de apoiar as pessoas, os animais e as plantas que nela vivem dependem totalmente da conectividade do caminho AAA. Anderson aponta uma necessidade imediata de abordagens integradas de gestão ambiental , conservação e

governança para sustentar o caminho AAA. Dentro das recomendações dos cientistas, eles sugerem o monitoramento de todos os componentes do sistema AAA; coordenação através das fronteiras políticas para melhorar a recolha e gestão de dados; reforçar a colaboração entre investigadores interdisciplinares, gestores de recursos hídricos e comunidades locais que enfrentam mudanças no percurso AAA; e parar o desmatamento, restaurar a vegetação e mitigar as mudanças climáticas na Amazônia.

“Esperamos que este estudo transforme o caminho AAA em um sistema comumente reconhecido, promovendo uma compreensão mais holística das águas doces da Amazônia e como elas estão conectadas com as pessoas e a natureza em outras partes da América do Sul e do mundo”, disse Claire Beveridge, FIU. cortesia de pós-doutorado e co-líder deste estudo.

Além de Anderson e Beveridge, os pesquisadores da FIU incluíram Natalia Piland, Clinton Jenkins e Simone Athayde. Cientistas da Université Grenoble Alpes e da Université de Toulouse na França, da Lancaster University no Reino Unido, da Pontificia Universidad Católica no Peru, da Universidade de São Paulo no Brasil, e da Mississippi State University e da Cornell University nos EUA também contribuíram para este estudo.

[*] Universidade Internacional da Flórida [**] Leia o artigo completo em: www.news. fiu.edu/2024/scientists-call-for-conservation-of-amazons-unseen-water-cycle

Caminho Andes-Amazônia-Atlântico (AAA)

Anéis de árvores mostram que todas as árvores em todos os locais amostrados sofreram com o aquecimento

Os anéis das árvores revelam o risco transitório de extinção escondido nas previsões do envelope climático. A teoria climática amplamente utilizada não parece verdadeira, de acordo com os novos dados de árvores

Fotos: Patrick Alexander e Mac Licher, via SEINet (CC-BY-SA)

Colagem de fotografias do pinheiro Colorado (Pinus edulis), também conhecido como pinheiro pinyon, contribuiu para o SEINet, um recurso apoiado pela NSF. Uma nova investigação apoiada pela NSF utilizando anéis de árvores mostra que, no caso destas árvores, a teoria do envelope climático que descreve como os indivíduos dentro de uma espécie responderão a uma mudança climática pode não ser verdadeira. Em vez de metade da distribuição beneficiar do aquecimento, todas as árvores em todos os locais amostrados sofrem com o aquecimento. Sem uma mudança evolutiva nas tolerâncias climáticas à escala individual, o pinhão-comum enfrenta o risco de extinção à medida que o clima aquece

Agrande maioria dos estudos que estimam o impacto das alterações climáticas na biodiversidade baseiam-se em dados de ocorrência espacial e na modelização da envolvente climática. Uma rede ampla de dados de séries temporais de anéis de árvores para um pinheiro de terras áridas mostra que as respostas em escala individual ao clima que varia no tempo são opostas em sinal às respostas em escala de espécie à variação climática espacial para metade ou mais da distribuição das espécies. Em vez de metade da distribuição beneficiar do aquecimento, toda a distribuição sofre com o aquecimento, formando a borda de fuga em todo o lado. Os dados de séries temporais revelam um risco transitório de extinção, que requer uma mudança evolutiva nas tolerâncias climáticas à escala individual para que uma espécie persista (resgate evolutivo). Respostas climáticas dependentes da escala são relatadas para centenas de espécies na literatura, questionando a abordagem do envelope climático.

Novos dados sobre mais de 1.500 árvores em quase 1.000 locais mostram que uma teoria existente sobre como os indivíduos dentro de uma espécie responderão a um clima em mudança pode não ser verdadeira.

Os dados, na forma de anéis de árvores de um pinheiro de terras áridas, contradizem os pressupostos subjacentes à previsão do envelope climático, que utiliza o conjunto de condições climáticas ou “envelope” sob o qual uma espécie pode viver para prever como irá responder às alterações climáticas .

Ao observar a temperatura, prevê-se que os indivíduos de uma espécie na

área mais fria - conhecida como “borda de ataque” - beneficiarão do aquecimento, enquanto aqueles na área mais quente ou “borda de fuga” sofrerão. Se isto for verdade, as distribuições geográficas das espécies podem acompanhar as mudanças climáticas.

Ao examinar os dados dos anéis das árvores, a pesquisa – publicada no Proceedings of the National Academy of Sciences e conduzida por Margaret Evans e sua equipe na Universidade do Arizona – descobriu que a borda posterior abrange toda a distribuição geográfica do pinhão comum, uma árvore endêmica do Planalto Colorado.

Em vez de metade da distribuição beneficiar do aquecimento, todas as árvores em todos os locais amostrados sofrem com o aquecimento. Sem uma mudança evolutiva nas tolerâncias climáticas à escala individual, o pinhão-comum enfrenta o risco de extinção à medida que o clima aquece.

Evans compartilha a co-autoria do artigo com uma ex-pesquisadora de pós-doutorado em seu laboratório, Kelly Heilman, e Sharmila Dey, que veio para o laboratório pela primeira vez como voluntária no ensino médio e agora é estudante de graduação na Universidade de Harvard.

Uma nova publicação de coautoria da líder da equipe VIP Margaret Evans, sua ex-pesquisadora de pós-doutorado Kelly Heilman e a estudante de graduação Sharmila Dey, contradiz as suposições subjacentes à previsão do envelope climático, que usa o conjunto de condições climáticas ou “envelope” sob o qual um espécies podem viver para prever como responderão às mudanças climáticas

Mineração com macroalgas

A montanha Bokan se projeta acima da densa floresta costeira da Ilha do Príncipe de Gales, no sudeste do Alasca

Amontanha Bokan se projeta acima da densa floresta costeira da Ilha do Príncipe de Gales, no sudeste do Alasca

Ao longo do seu cume, a montanha contém o que pode ser um dos mais ricos depósitos de elementos de terras raras (REEs) na América do Norte. Isso inclui elementos como neodímio e disprósio, usados para fabricar poderosos ímãs em turbinas eólicas e outras tecnologias de energia limpa. Embora a montanha seja considerada um local de mineração há anos, os potenciais impactos ambientais tornaram o projeto controverso. Agora, Schery Umanzor, da Universidade do Alasca Fairbanks, e seus colegas têm um plano para coletar os valiosos minerais da montanha sem precisar minerá-los. Em vez disso, eles colherão algas marinhas.

“Sabemos que as algas marinhas podem acumular [alguns elementos de terras raras]. Queremos saber se eles podem hiperacumular”, diz ela, o que significa que armazenariam os minerais em seus tecidos em concentrações altas o suficiente para tornar viável sua colheita.

A ideia, apoiada por uma doação de quase 2 milhões de dólares do braço de investigação do Departamento de Energia dos EUA, ARPA-E, é cultivar espécies de algas marinhas – tecnicamente, macroalgas – que concentram certos REE nas águas em redor da montanha. Estes poderiam então ser extraídos, purificados ainda mais e usados como REEs de qualquer outra fonte.

O escoamento das fortes chuvas na região deverá transportar concentrações de REEs erodidas do depósito superiores aos habituais para as baías e enseadas circundantes, diz Umanzor, que regressou recentemente de uma viagem de campo para recolher amostras de água. “Esse local é tão metáli -

Fotos:Andrea Starr/PNNL, Evolução Azul, Jean-Philippe Delobelle/Biosphoto/Alamy, PNNL, Santuário Marinho Nacional fornecida pela NOAA, Schery Umanzor
Montanha Bokan, Alasca
Variedades de algas marinhas são vistas debaixo d’água. Um projeto financiado pelo Departamento de Energia dos EUA irá investigar se as algas e outras algas marinhas nas águas da Ilha do Príncipe de Gales, no Alasca, podem absorver quantidades significativas de elementos de terras raras que lixiviam do local da Montanha Bokan.

co que a navegação não funciona” por causa da perturbação magnética, diz ela. A questão é se as algas marinhas podem ser usadas para coletar esses minerais magnéticos.

Partes por trilhão

O projeto de Umanzor é um dos vários apoiados por um programa ARPA-E sobre “mineração de algas”, ele próprio uma parte dos esforços para apoiar novas tecnologias de “biomineração” que utilizam plantas ou micróbios para extrair minerais valiosos. O objetivo de tudo isto é desenvolver novos fornecimentos de REE e outros chamados minerais críticos, necessários para grande parte da tecnologia necessária para a mudança dos combustíveis fósseis.

O objetivo é evitar os impactos am-

A Universidade de Fairbanks investigará se as fazendas de algas marinhas poderiam ser desenvolvidas tendo em mente a colheita de elementos de terras raras (Na foto uma das fazendas de algas da Blue Evolution no Alasca)

Laboratórios de Pesquisa Aquática do PNNL-Sequim possuem um plano aberto de 5.300 pés 2 , que permite pesquisas de componentes e processos químicos, biológicos ou físicos sob condições controladas

Biomineração e a Biorremediação

São duas aplicações da biotecnologia que envolvem o uso de organismos vivos para extrair metais valiosos de minérios ou para limpar ambientes contaminados. Aqui está uma breve visão geral de cada um:

Biomineração: A biomineração, também conhecida como biolixiviação, é um processo que utiliza microrganismos para extrair metais de minérios e concentrados. Na biomineração, bactérias especializadas, arquéias ou fungos são usados para decompor os minérios e liberar os metais alvo em um processo chamado biooxidação. Esses microrganismos podem oxidar sulfetos metálicos e outros compostos, liberando os metais em uma forma que pode ser facilmente recuperada. A biomineração é uma alternativa ambientalmente correta aos métodos tradicionais de mineração, pois reduz o uso de produtos químicos agressivos e minimiza a produção de resíduos tóxicos. É particularmente útil para extrair metais de minérios de baixo teor que não são economicamente viáveis para mineração usando métodos convencionais.

bientais da mineração. O governo dos EUA também quer garantir fontes internas de minerais para reduzir a dependência de alguns países que dominam a mineração e a refinação de minerais. De acordo com um relatório publicado este mês pela Agência Internacional de Energia, a procura por REE deverá quase duplicar até 2040, em grande parte impulsionada por tecnologias limpas. Em 2030, a China deverá controlar mais de metade da mineração de REE e 77% da refinação, criando um risco de perturbações geopolíticas no fornecimento. Talvez as algas marinhas possam ajudar.

Biorremediação: Biorremediação é o processo de utilização de microrganismos para limpar ambientes contaminados, como solo, água e ar. Na biorremediação, certos microrganismos são introduzidos em um local contaminado para decompor ou neutralizar poluentes, transformando-os em substâncias menos nocivas. Esses microrganismos podem metabolizar uma ampla gama de contaminantes, incluindo derramamentos de petróleo, metais pesados, pesticidas e produtos químicos industriais.

A biorremediação é uma abordagem econômica e sustentável para a limpeza ambiental, pois muitas vezes pode ser realizada no local, sem a necessidade de escavações extensas ou transporte de materiais contaminados. É usado em vários ambientes, incluindo derramamentos de óleo, locais de resíduos industriais e terras agrícolas contaminadas com pesticidas. Tanto a biomineração como a biorremediação demonstram o potencial de aproveitar o poder dos organismos vivos para enfrentar os desafios ambientais e promover práticas sustentáveis na indústria.

“Gosto de pensar nisso como uma mineração ambientalmente positiva”, diz Scott Edmunson, do Pacific Northwest National Laboratory (PNNL), no estado de Washington, que também está trabalhando em um projeto de mineração de algas apoiado pela ARPA-E. Ele diz que o apoio do governo à ideia surgiu depois que pesquisadores do laboratório, em trabalhos ainda não publicados, descobriram que algumas espécies de macroalgas que crescem em tanques poderiam acumular REEs da água do mar em concentrações um milhão de vezes maiores do que a água do mar em que foram cultivadas.

e o ítrio, a partir da água do mar

“O oceano tem uma vasta reserva destes elementos, mas em concentrações muito baixas” de cerca de uma parte por bilião, diz Michael Huesemann, também do PNNL. “Se você pudesse concentrá-lo significativamente, você avançaria muito”.

Umanzor diz que não está claro se as algas se beneficiam do acúmulo de REEs ou de outros minerais. Mas o principal mecanismo parece ser que os hidratos de carbono com carga negativa produzidos pelas algas marinhas atraem REE específicos com carga positiva. Nas algas marrons, por exemplo, foi demonstrado que um açúcar chamado alginato, que desempenha um papel na flexibilidade das algas, concentra REEs pesados, como o ítrio.

Outros investigadores e empresas estão a trabalhar em abordagens de biomineração relacionadas que envolvem o cultivo de plantas em terra para acumular minerais essenciais lixiviados do solo. No entanto, uma diferença importante com as macroalgas no oceano é que a água em movimento proporciona um fornecimento perpétuo de novo material que pode acumular-se em todo o organismo, não apenas nas raízes. “As algas marinhas são mais um organismo de absorção tridimensional”, diz Umanzor.

Na Montanha Bokan, Umanzor pretende responder a algumas das muitas questões básicas que permanecem sobre se essas algas marinhas hiper acumuláveis têm alguma esperança de fornecer um fornecimento valioso de REEs.

Os investigadores do PNNL estão explorando como utilizar algas para explorar a vasta reserva de riqueza mineralógica dos oceanos e produzir internamente minerais essenciais, como o escândio
Espécies como a alga marinha podem acumular altos níveis de certos minerais valiosos
Um lote de Ulva cresce sob luzes de espectro total no PNNL
Esse estudo analisará algas marinhas do Alasca perto da montanha Bokan, um marco remoto na Ilha do Príncipe de Gales conhecido por conter terras raras

Isto inclui quantos minerais da montanha estão sendo lixiviados e quais deles viajam e para onde eles viajam depois de chegar à água. Depois, há questões sobre quais espécies de macroalgas se acumulam mais, quão bem elas crescem e qual a melhor forma de extrair os minerais. Há muitas maneiras pelas quais a abordagem pode falhar – Umanzor diz que o sucesso seria um “milagre”. Mas se tudo correr como planeado, ela prevê densas explorações de algas marinhas que colhem REE nas águas costeiras em redor da montanha e mais além.

Ela planeja começar experimentos agrícolas no próximo ano. “Estaremos olhando para escalas muito além daquelas produzidas para alimentação”, diz ela. “Se tivermos sucesso, será um complemento à mineração tradicional”.

Hoje, muitos destes recursos naturais essenciais são extraídos predominantemente na China
A secretária do Departamento de Energia, Jennifer Granholm (extrema esquerda), junto com o representante Derek Kilmer (imediatamente à sua esquerda) e Geri Richmond, subsecretária de Ciência e Inovação do DOE (quarta a partir da esquerda), aprenderam sobre a pesquisa de algas do PNNL durante sua visita ao PNNL -Campus Sequim

As zonas húmidas costeiras não conseguem acompanhar o aumento do nível do mar e as infraestruturas não as deixam para onde ir

,

ABY-SA,

s zonas húmidas floresceram ao longo das costas do mundo durante milhares de anos, desempenhando papéis valiosos na vida das pessoas e da vida selvagem . Eles protegem a terra contra tempestades, impedem que a água do mar contamine o abastecimento de água potável e criam habitat para pássaros, peixes e espécies ameaçadas. Muito disso pode desaparecer em questão de décadas

À medida que o planeta aquece, o nível do mar sobe a um ritmo cada vez mais rápido . As zonas húmidas têm geralmente acompanhado o ritmo, aumentando e avançando para o interior alguns metros por ano. Mas leitos elevados de estradas, cidades, quintas e o aumento da elevação dos terrenos podem deixar as zonas húmidas sem ter para onde ir. As projecções de subida do nível do mar para meados do século sugerem que a linha de água irá mudar 15 a 100 vezes mais rapidamente do que a migração das zonas húmidas tem sido registada.

Tenho estudado geologia costeira e zonas húmidas há mais de 40 anos. As taxas de subida do nível do mar que estamos a observar agora significam que porções dos actuais ecossistemas de zonas húmidas costeiras serão perdidas para o oceano nos próximos anos e décadas, a um ritmo nunca antes visto.

Refuge, em Maryland, mostram sinais de “corrosão”, onde áreas de capim foram convertidas em águas abertas

cidades e estradas

As plantas de zonas úmidas conseguiram acompanhar o ritmo no passado

A presença de extensas zonas húmidas ao longo da costa deve-se, em grande parte, ao facto de o nível do mar ter permanecido relativamente estável durante milénios .

As plantas das zonas húmidas poderiam adaptar-se facilmente a pequenas mudanças no nível do oceano porque essas mudanças eram normalmente inferiores a 1 milímetro por ano. As plantas criam ou prendem naturalmen-

Muitas zonas húmidas, como estas em Cape Cod, estão agora rodeadas por infra-estruturas humanas, incluindo
Fotos: Ataraxy22 via Wikimedia
CC
Clima.gov/USDA, Lance Cheung/USDA, Nicholas M. Enwright, Kereen T. Griffith, Michael J. Osland/US Geological Survey, Programa Will Parson/Chesapeake Bay via Wikimedia , CC BY-NC, Rachel C via Unsplash , CC BY-ND, Serviço de Parques Nacionais USDA

Zonas húmidas antes e depois da subida do nível do mar: ilustrações combinadas com imagens de satélite e modelos desses exemplos com subida do nível do mar mostram como as zonas húmidas podem migrar (ad) ou ser bloqueadas pela elevação (eh) ou pela infra-estrutura humana (il). As áreas rosa escuro são áreas úmidas atuais. Rosa claro indica futuras zonas húmidas. Preto indica áreas urbanas que impedem a migração. Os exemplos são do Delta do Rio Apalachicola, Flórida; Laguna Mãe, Texas; e Tampa Bay, Flórida

te sedimentos, construindo elevações para acompanhar a elevação do mar. Os ecossistemas de zonas húmidas também são adeptos da migração horizontal e, portanto, poderiam colonizar áreas da

costa que foram lentamente inundadas ao longo do tempo.

No entanto, o clima mundial começou a mudar há cerca de um século e meio. A combustão de combustíveis fósseis em

O que você precisa saber sobre pântanos salgados. As notícias e o observador Assista o YouTube: www.youtu.be/BxiB54J-vyg

fábricas e veículos enviou quantidades crescentes de dióxido de carbono para a atmosfera, aumentando as temperaturas globais. Isto também aqueceu os oceanos, fazendo com que se expandissem, e acelerou o derretimento de geleiras e mantos de gelo. A combinação da expansão térmica da água do mar e do derretimento do gelo terrestre adicionou volume ao oceano, fazendo com que o nível do mar subisse a taxas cada vez mais rápidas.

Os dados do nível da água recolhidos pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica em medidores distribuídos ao longo da costa dos EUA indicam que a taxa média de subida do nível do mar é agora de cerca de 10 milímetros por ano – muito mais rápida do que no passado – e espera-se que continue a

acelerar. Durante a segunda metade do século XXI, os cientistas esperam que o aumento do nível do mar atinja uma média de cerca de 30 milímetros por ano. Isso é 30 vezes mais rápido do que crescia antes da Revolução Industrial. O nível do mar está a subir mais rapidamente do que as zonas húmidas conseguem adaptar-se

As taxas de subida do nível do mar ao longo das costas do Médio Atlântico e do sudeste dos EUA são agora mais rápidas do que a maioria das comunidades de plantas das zonas húmidas costeiras conseguem aumentar.

Dentro de décadas, é muito provável que muitos destes ecossistemas cruciais se afoguem. As áreas outrora ocupadas por um ecossistema de zonas húmidas costeiras exuberantes, expansivas e contíguas irão, ao longo do tempo, tornar-se repletas de pequenas lagoas isoladas que se ampliam , interligam e eventualmente se transformam em água do mar aberta.

Uma análise regional que realizei recentemente das taxas horizontais publicadas de migração de zonas húmidas ao longo das planícies costeiras do meio-Atlântico dos EUA e do leste do Golfo do México sugere que as zonas húmidas podem deslocar-se para o interior a um ritmo anual medido em metros a dezenas de metros. Nas mesmas áreas, contudo, as taxas teóricas às quais a linha costeira se deslocará para o interior –calculadas com base nas projecções do nível do mar da NOAA no ano 2050 –variam entre 100 e 150 metros por ano. Isso é 15 a 100 vezes mais rápido do que as zonas úmidas podem se mover.

Os modelos de inundação que os cientistas normalmente utilizam para emular a resiliência das zonas húmidas costeiras à subida dos mares pressupõem que as zonas húmidas migrarão para

o interior ao mesmo ritmo que a linha costeira .

Como resultado do trabalho que concluí recentemente, parece que os modelos sobrestimaram a resiliência das zonas húmidas costeiras e que as perdas das zonas húmidas neste século serão superiores ao previsto.

Mesmo nos cenários mais ambiciosos de redução das emissões de dióxido de carbono, a subida do nível do mar continuará provavelmente a acelerar neste século . Isto significa que a perda dos ecossistemas de zonas húmidas, tal como existem actualmente ao longo das nossas costas, continuará durante gerações, à medida que o clima continua a aquecer e os oceanos sobem.

3 maneiras de proteger esses ecossistemas valiosos

Então, o que pode ser feito para salvar as nossas zonas húmidas costeiras? Que acções podem ser empreendidas para minimizar a perda destas áreas ecológica e economicamente importantes?

Primeiro, os gestores de terras poderiam implementar programas para adquirir ou criar corredores de conservação adjacentes a áreas onde existem actualmente zonas húmidas costeiras. Estas paisagens subdesenvolvidas ou naturais proporcionarão um caminho através do qual as zonas húmidas poderão mover-se para o interior à medida que o nível do mar sobe.

Em segundo lugar, parece cada vez mais urgente remover estruturas construídas pelo homem – estradas, diques, diques – que impedirão o avanço terrestre das zonas húmidas costeiras.

Um projeto no Oregon fez isso removendo um dique de terra para permitir a migração das zonas úmidas.

No sul da Florida, engenheiros elevaram quilómetros da US Highway 41, localmente conhecida como Tamiami Trail, entre Miami e Nápoles, para permitir a retoma dos fluxos de água que tinham sido cortados.

Finalmente, em áreas historicamente drenadas para fins agrícolas e de controlo de cheias, os projectos de gestão das águas superficiais podem restaurar o fluxo de água doce em direcção à zona costeira. No Sul da Florida, por exemplo, a água da chuva nos Everglades impediu que a água salgada avançasse para o subsolo – até que extensos canais foram construídos para drenar a região para o desenvolvimento e a agricultura. Vários grandes projectos de gestão da água estão agora a redireccionar a água da chuva de volta para os Everglades para abrandar o avanço da pluma subterrânea de água salgada , que pode ser letal para as zonas húmidas de água doce e para as comunidades de plantas de terras altas.

As zonas húmidas são viveiros valiosos para peixes e fornecem habitat para outros animais selvagens, incluindo muitas espécies de aves costeiras.
A elevação da Trilha Tamiami permitiu que a água doce que havia sido bloqueada pela estrada fluísse para as zonas úmidas, revitalizando os ecossistemas

O nível do mar no Atlântico aumentaria um metro em algumas regiões e as temperaturas em todo o mundo flutuariam de forma muito mais irregular. O Oceano Atlântico caminha para um ponto de inflexão - assim que o derretimento das geleiras fechar a Corrente do Golfo, veremos mudanças climáticas extremas dentro de décadas

Circulação do Oceano Atlântico com ponto de inflexão “devastador”

Potencial colapso da circulação do Oceano Atlântico afeta fortemente o clima europeu.Sinal de alerta antecipado baseado em física mostra que AMOC está em rota de tombamento. O colapso do sistema de correntes que ajuda a regular o clima global ocorreria a uma velocidade tal que a adaptação seria impossível

Fotos: Henrik Egede-Lassen/Zoomedia/PA, Mikael Sejr, NOAA, Science Advances, Universidade de Utrecht

Acirculação do Oceano Atlântico caminha para um ponto de inflexão que é “más notícias para o sistema climático e para a humanidade”, concluiu um estudo de uma equipe de pesquisa da Universidade de Utrecht, composta por Henk Dijkstra , Michael Kliphuis e René van Westen, que projetou uma simulação na qual foram capazes de medir um enfraquecimento repentino da circulação oceânica. Na simulação, introduziram uma força de água doce no Oceano Atlântico. Como resultado, a força da circulação diminuiu gradualmente até atingir um ponto crítico de inflexão e entrar em colapso. Os cientistas por trás da pesquisa disseram que ficaram chocados com a velocidade prevista do colapso quando o ponto for alcançado, embora tenham afirmado que ainda não é possível prever quando isso aconteceria.

Um experimento com modelo climático mostra a rapidez com que o AMOC desacelera quando atinge um ponto crítico com um limite de entrada

doce no oceano. Quando isso acontecerá permanece uma questão em aberto.

de água

Utilizando modelos informáticos e dados anteriores, os investigadores desenvolveram um indicador de alerta precoce para a quebra da circulação meridional do Atlântico (AMOC), um vasto sistema de correntes oceânicas que é um componente chave na regulação climática global.

Eles descobriram que a AMOC já está no caminho certo para uma mudança abrupta, o que não acontecia há mais de 10.000 anos e teria implicações terríveis para grandes partes do mundo.

A AMOC, que abrange parte da Corrente do Golfo e outras correntes poderosas, é uma correia transportadora marítima que transporta calor, carbono e nutrientes dos trópicos em direção ao Círculo Polar Ártico, onde esfria e afunda nas profundezas do oceano. Esta agitação ajuda a distribuir energia pela Terra e modula o impacto do aquecimento global causado pelo homem.

Mas o sistema está sendo corroído pelo derretimento mais rápido do que o esperado dos glaciares da Groenlândia e das camadas de gelo do Ártico, que despeja água doce no mar e obstrui o afundamento de águas mais salgadas e quentes provenientes do sul.

A AMOC diminuiu 15% desde 1950 e está no seu estado mais fraco em mais de um milénio, de acordo com pesquisas anteriores que suscitaram especulações sobre um colapso próximo.

Até agora não houve consenso sobre o quão grave isso será. Um estudo do ano passado, baseado nas mudanças

A camada de gelo da Groenlândia derrete e envia grandes quantidades de água doce para as águas costeiras, mas potencialmente também para as correntes oceânicas globais. Foto de Young Sound, Nordeste da Groenlândia. O excesso dessa água doce pode retardar a circulação do Oceano

nas temperaturas da superfície do mar, sugeriu que o ponto de inflexão poderia acontecer entre 2025 e 2095. No entanto, o Met Office do Reino Unido disse que mudanças grandes e rápidas na Amoc seriam “muito improváveis” no século XXI. O novo artigo, publicado na Science Advances, abriu novos caminhos ao procurar sinais de alerta nos níveis de salinidade na extensão sul do Oceano Atlântico, entre a Cidade do Cabo e Buenos Aires. Simulando mudanças ao longo de um período de 2.000 anos em modelos computacionais do clima global, descobriu-se que um declínio lento pode levar a um colapso repentino em menos de 100 anos, com consequências calamitosas.

O jornal disse que os resultados forneceram uma “resposta clara” sobre se uma mudança tão abrupta era possível:

Atlântico

( A ) A força AMOC a 1000 me 26°N, onde o sombreado amarelo indica os intervalos observados. As linhas de cor ciano indicam a magnitude de F H . A seta vermelha indica o ponto de inflexão da AMOC (ano modelo 1758; fig. S1, A e B ), e as seções azuis indicam os períodos de 50 anos usados em (B) a (D) . Inserção: O experimento de mangueira onde água doce é adicionada à superfície do oceano entre 20°N e 50°N no Oceano Atlântico (+ F H ) e é compensada sobre a superfície restante do oceano (− F H ). As seções pretas indicam as latitudes 26°N e 34°S sobre as quais a força AMOC e o transporte de água doce ( F ovS ) são determinados, respectivamente. ( B a D ) Função de fluxo AMOC ( Ψ ) e transporte de calor meridional do Atlântico (MHT) para os anos modelo 1 a 50, 1701 a 1750 e 2151 a 2200. Os contornos indicam as isolinhas de Ψ para diferentes valores

“Esta é uma má notícia para o sistema climático e para a humanidade, pois até agora se poderia pensar que o depósito

da AMOC era apenas um conceito teórico e o depósito desapareceria. assim que o sistema climático completo, com todos

os seus feedbacks adicionais, fosse considerado”. Também mapeou algumas das consequências do colapso da AMOC.

Colapso da AMOC

A AMOC transporta água quente do Hemisfério Sul para o Norte, ajudando a manter a Europa e outras regiões aquecidas

O nível do mar no Atlântico aumentaria um metro em algumas regiões, inundando muitas cidades costeiras. As estações chuvosas e seca na Amazônia mudariam, potencialmente empurrando a já enfraquecida floresta tropical para além do seu próprio ponto de inflexão. As temperaturas em todo o mundo flutuariam de forma muito mais errática. O hemisfério sul ficaria mais quente. A Europa esfriaria dramaticamente e teria menos chuvas. Embora isto possa parecer atrativo em comparação com a atual tendência de aquecimento, as mudanças ocorreriam 10 vezes mais rapidamente do que agora, tornando a adaptação quase impossível.

“O que nos surpreendeu foi a taxa a que ocorrem as gorjetas”, disse o principal autor do artigo, René van Westen, da Universidade de Utrecht. “Será devastador.” Ele disse que ainda não existem dados suficientes para dizer se isso ocorrerá no próximo ano ou no próximo século, mas quando acontecer, as mudanças serão irreversíveis nas escalas de tempo humanas.

Entretanto, a direção da viagem está, sem dúvida, numa direção alarmante. “Estamos caminhando nessa direção. Isso é meio assustador”, disse van Westen. “Precisamos levar as mudanças climáticas muito mais a sério”.

Climógrafo para diferentes regiões

O climógrafo para seis regiões diferentes (média espacial ao longo dos 10°× 10°caixas), onde as barras indicam a precipitação mensal e as curvas indicam as temperaturas mensais. O climógrafo é determinado nos anos modelo 1 a 50 (barras e curvas vermelhas) e nos anos modelo 2151 a 2200 (barras e curvas azuis). Observe os diferentes intervalos verticais para cada climógrafo. As letras P e T nas barras indicam diferenças mensais significativas ( P < 0,05, teste t de Welch bilateral ) para precipitação e temperatura, respectivamente

Resposta da temperatura da superfície durante o colapso do AMOC. (O clima europeu é grandemente afetado (em A,B,C e D) sob o colapso da AMOC. Observe que as mudanças correspondentes ocorrem dentro de um período relativamente curto (anos modelo 1750 a 1850) e sob uma mudança muito pequena no forçamento da água doce superficial

( A ) Tendência média anual da temperatura superficial de 2 m (anos modelo 1750 a 1850). Os marcadores indicam tendências não significativas [ P > 0,05, teste t bilateral]. ( B ) Semelhante a (A), mas agora para a tendência da temperatura superficial de 2 m de fevereiro. Os pontos vermelhos indicam cinco cidades diferentes usadas em (C) e (D). Observe os diferentes intervalos da barra de cores entre (A) e (B). ( C ) Diferença de temperatura (em relação ao ano modelo 1600) para cinco cidades diferentes, incluindo a força AMOC. As tendências são determinadas ao longo dos anos modelo 1750 a 1850 (sombreamento amarelo) durante os quais a força do AMOC diminui fortemente. ( D ) Tendências mensais de temperatura para as cinco cidades diferentes

Irreversibilidade

Van Westen sublinha a urgência da situação, afirmando: “Uma vez que a circulação do Oceano Atlântico entra em colapso, os impactos climáticos resultantes são quase irreversíveis nas escalas de tempo humanas, como a nossa investigação anterior demonstrou. Manter-se afastado deste ponto de inflexão é imperativo para evitar consequências devastadoras no clima, sociedade e meio ambiente”.

Sistema de alerta precoce

Abordando a incerteza em torno da proximidade da circulação oceânica real ao seu ponto de inflexão, Henk Dijkstra, enfatiza a necessidade de um indicador de alerta precoce mensurável e baseado na física. Dijkstra: “Os atuais registos observacionais são demasiado curtos para fazer uma estimativa fiável, mas o indicador de alerta precoce mostra que estamos a avançar na direção do ponto de viragem”.

Em algumas partes da Europa, o colapso da circulação meridional do Atlântico poderá levar a uma diminuição de mais de 3°C por dez anos

Humanos tiraram o ciclo de água doce da terra de seu estado estável

Uma nova análise dos recursos de água doce em todo o mundo mostra que a atividade humana empurrou a variação no ciclo de água doce do planeta para muito além da sua faixa pré-industrial

por *Universidade Aalto

Oestudo mostra que o limite planetário atualizado para a mudança da água doce foi ultrapassado em meados do século XX. Por outras palavras, durante o século passado, os humanos têm levado o sistema de água doce da Terra muito além das condições estáveis que prevaleciam antes da industrialização.

Esta é a primeira vez que a mudança global do ciclo da água foi avaliada num período de tempo tão longo com uma linha de base de referência apropriada. As descobertas, publicadas na Nature Water, mostram que as pressões humanas, como a construção de barragens, a irrigação em grande escala e o aquecimento global, alteraram os recursos de água doce a tal ponto que a sua capacidade de regular processos ecológicos e climáticos vitais está em risco.

A equipe de investigação internacional calculou o caudal mensal e a humidade do solo numa resolução espacial de aproximadamente 50×50 quilómetros, utilizando dados de modelos hidrológicos que combinam todos os

A nova atualização da estrutura dos Limites Planetários mostra que seis dos nove limites foram transgredidos. Além disso, a acidificação dos oceanos está a aproximar-se do seu limite planetário

Por exemplo, a bacia do rio Nilo registou condições de caudais excepcionalmente secos e de humidade do solo húmido, indicando mudanças provocadas pela irrigação
Fotos: Azote/Centro de Resiliência de Estocolmo, Nature Water, Pixabay, Universidade de Aalto

principais impactos humanos no ciclo da água doce. Como base, determinaram as condições durante o período pré-industrial (1661-1860). Eles então compararam o período industrial (1861-2005) com esta linha de base.

A sua análise revelou um aumento na frequência de condições excepcionalmente secas ou húmidas – desvios no caudal e na humidade do solo. Desvios secos e húmidos têm ocorrido consistentemente em áreas substancialmente maiores desde o início do século XX do que durante o período pré-industrial. No geral, a área terrestre global que sofre desvios quase duplicou em comparação com as condições pré-industriais.

«Descobrimos que as condições excecionais são agora muito mais frequentes e generalizadas do que antes, demonstrando claramente como as ações humanas mudaram o estado do ciclo global da água doce», afirma Vili Virkki, investigador doutorado na Universidade de Aalto e um dos principais autores do estudo. papel.

Como a análise foi feita com alta resolução espacial e temporal, os pesquisadores puderam explorar diferenças geográficas nos desvios. As condições excepcionalmente secas de caudal e de humidade do solo tornaram-se mais frequentes em muitas regiões tropicais e subtropicais, enquanto muitas regiões boreais e temperadas registaram um aumento nas condições excepcionalmente húmidas, especialmente em termos de humidade do solo. Estes padrões correspondem às mudanças observadas na disponibilidade de água devido às alterações climáticas.

Havia padrões mais complexos em muitas regiões com uma longa história de uso humano da terra e de agricultura. Por exemplo, as bacias dos rios Nilo, Indo e Mississipi registaram fluxos excepcionalmente secos e condições de humidade do solo húmidas, indicando mudanças provocadas pela irrigação.

“Usar um método que seja consistente e comparável entre variáveis hidrológicas e escalas geográficas é crucial para a compreensão dos processos biofísicos e das ações humanas que impulsionam as mudanças que vemos na água doce”, explica Miina Porkka, que co-liderou o estudo em Aalto antes de avançar. para a Universidade do Leste da Finlândia.

Com esta visão abrangente das mudanças no fluxo dos rios e na umidade do solo, os pesquisadores estão mais bem equipados para investigar

Aumentos estatisticamente significativos na frequência de desvio local seco e úmido

a, b, Para vazão ( a ) e umidade do solo ( b ), as mudanças na frequência dos desvios locais são calculadas comparando a frequência mediana do conjunto dos desvios locais durante 1976-2005 com 1691-1860, e a significância da mudança é testada em um nível de confiança de 95% ( P = 0,05) com a função de estatísticas do pacote R prop.test (teste unilateral). As cores indicadas com ‘+’ indicam aumentos estatisticamente significativos com magnitude ≤5 pp (menor), enquanto as cores indicadas com ‘++’ indicam aumentos estatisticamente significativos com magnitude >5 pp (maior). As cores indicadas com ‘+(+)’ agrupam qualquer aumento estatisticamente significativo (menor ou maior).

específica da região

a – d, Para vazão (no nível 2 do HydroBASINS, a, e no nível 3, b) e umidade do solo (no nível 2 do HydroBASINS, c, e no nível 3, d), os desvios locais são primeiro agregados regionalmente para obter pré- porcentagem industrial da área de terreno com desvios locais (Fig. 1c ), então o limite superior da variabilidade pré-industrial é definido para o percentil 95 da porcentagem de área de terreno com desvios locais (Fig. 1d ) e, finalmente, a porcentagem de terra a área com desvios locais é calculada para o período industrial e comparada com a variabilidade pré-industrial (Fig. 1f ). O ano de transgressão persistente é definido como o primeiro ano, durante o qual a média móvel (final) de 10 anos da percentagem de área terrestre com desvios locais excedeu o limite superior específico da região da variabilidade pré-industrial durante dez anos consecutivos, sem retornar abaixo deste limite após este ano. As regiões mostradas aqui representam bacias delineadas pelo conjunto de dados HydroBASINS 97 nível 2 ( a e c ; n = 60, área média 2.247.000 km2 , área mediana 2.045.000 km² ) e nível 3 ( b e d ; n = 265, área média 509.000 km 2 , área média 312.000 km2 )

As nossas conclusões indicam uma transgressão do OP para a mudança da água doce já em meados do século XX, enquanto as alterações climáticas, a desflorestação e muitas outras pressões humanas sobre o ciclo da água continuam a representar um grande risco de novas mudanças. Diminuir estas pressões, por exemplo, comprometendo-se com uma ação climática ambiciosa, travando a desflorestação e respeitando os fluxos ambientais na utilização e gestão da água é, portanto, imperativo para salvaguardar as funções de suporte à vida da água doce.

as causas e consequências das mudanças no ciclo da água doce. “Compreender estas dinâmicas mais detalhadamente poderia ajudar a orientar políticas para mitigar os danos resultantes – mas a nossa prioridade imediata deveria ser diminuir as pressões causadas pelo homem sobre os sistemas de água doce, que são vitais para a vida na Terra”, afirma o professor associado da Aalto, Matti Kummu, sénior. autor do estudo.

Aumentos estatisticamente significativos na frequência de desvio local seco e úmido

A classificação é baseada no fluxo local e nos aumentos de frequência de desvio de umidade do solo mostrados na Fig. 3 , e reúne aumentos menores e maiores (representados por ‘+(+)’ na legenda). O cálculo da porcentagem da área terrestre com desvios locais (Fig. 1c ) foi realizado dentro de cada região, e a mediana e o limite superior da variabilidade pré-industrial (Fig. 1d ) também foram calculados regionalmente. Os contornos das regiões selecionadas são derivados do conjunto de dados HydroBASINS

Momento da transgressão persistente do limite superior da variabilidade pré-industrial

Garantindo Água Potável Segura e Limpa

Com análise elementar na gestão da qualidade da Água

Aanálise elementar é uma técnica industrial estabelecida usada para determinar a concentração de vários constituintes e identificar a presença de contaminantes em diferentes moléculas ou materiais.

A presença de contaminantes, metais pesados e outros poluentes é perigosa para a saúde humana. A análise elementar é uma técnica crucial empregada para garantir que a água atenda aos padrões necessários de limpeza e segurança para consumo humano.

Quais são os diferentes métodos de análise elementar da água?

A fonte e a natureza da água contribuem para uma concentração variável dos seus elementos. Por exemplo, a água do mar é muito salgada, contendo altas concentrações de íons cloreto juntamente com a presença de íons divalentes como cálcio e sódio. A quantidade total de sólidos dissolvidos na água do mar está entre 44.000 e 60.000 mg/l, enquanto a água potável tem uma concentração muito menor desses íons. Esta informação só pode ser extraída através de análise elementar. Um artigo

Espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP-OES): uma técnica analítica poderosa para análise elementar

publicado no Journal of Environmental Analytical Chemistry relata que a espectroscopia de emissão óptica de plasma indutivamente acoplada (ICP-OES) é uma técnica analítica poderosa e versátil para análise elementar de amostras de água. As características vantajosas do ICP-OES o tornam adequado para a análise de uma ampla gama de produtos químicos. Sua principal característica é o curto tempo de detecção em comparação com outras técnicas.

Para garantir que a água atenda aos padrões necessários de limpeza e segurança para consumo humano
por *Ibtisam Abbasi
Fotos: Environmental Science and Pollution Research, Instituto Internacional de Investigação sobre Política Alimentar (IFPRI), Mark Winfrey/Shutterstock.com, Veolia

O ICP-OES é caracterizado por limites de detecção mais baixos do que seus equivalentes, uma faixa dinâmica de medições muito mais ampla e maior tolerância a diversas matrizes.

Além disso, apresenta suscetibilidade mínima a interferências químicas e os resultados são altamente precisos. Incorpora uma configuração instrumental sofisticada que permite a detecção simultânea e precisa de 2 a 70 elementos.

A fluorescência de raios X (XRF) é outra técnica bem conhecida para análise elementar de amostras de água. A análise de amostras de água usando XRF produz resultados em uma duração mais curta e é útil para detectar a presença de metais pesados e vestígios de outros contaminantes.

Uma nova versão do XRF, denominada XRF de reflexão total (TXRF), prova ser uma técnica de sucesso para a análise multielementar da água. Tem sensibilidade comparável ao ICP-OES e não incorre em custos instrumentais ou associados adicionais. Não há necessidade de calibração ou manutenção excessiva, o que o torna uma opção mais barata e sustentável. A espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FT-IR) é aplicada para detectar microplásticos. Este processo permite a detecção até mesmo do menor tipo de plástico polimérico que polui a água. O FT-IR fornece informações precisas relacionadas ao tamanho, número e tipo de partículas presentes na água. Resíduos orgânicos tóxicos, como óleos e graxas, nos últimos tempos, têm poluido os corpos hídricos. O teste padrão ASTM D7575 é utilizado para a detecção industrial desses poluentes. Envolve a passagem de amostras de água por um extrator de fase sólida e a análise de óleo e outros poluentes orgânicos por meio de espectroscopia infravermelha.

Configuração da Análise Spectroil RDE-OES.
Calibração de saída para 5 elementos (Manganês, Vanádio, Cromo, Zinco e Cobre) 0-100 ppm

Os pesticidas e outros poluentes tóxicos são prejudiciais a todos os tipos de organismos e a sua presença na água é detectada por espectrometria de massa. Esta é a técnica comercialmente mais poderosa para identificar pesticidas alvo e outros contaminantes emergentes.

Estudo de caso: Análise Elementar da Água em Zagreb (Croácia)

Nas principais cidades do mundo, estão presentes inúmeras fontes de água monumentais e decorativas. Além do apelo estético, essas fontes atendem a finalidades práticas relacionadas ao lazer, turismo e muito mais. Tanto residentes como turistas utilizam estas fontes para beber e lavar as mãos. Portanto, é necessário realizar análises elementares para garantir que a qualidade da água atenda aos padrões exigidos.

Um artigo na Environmental Science and Pollution Research apresenta um estudo de caso envolvendo análise elementar de amostras de água coletadas na fonte mais popular da cidade de Zagreb. A análise utilizou um espectrômetro de emissão atômica de plasma acoplado indutivamente.

Em todas as amostras, a concentração de alumínio variou de 7,98 a 56,7 μg L−1. Este valor ficou dentro dos limites estabelecidos pelas normas internacionais e pela legislação croata.

Um contaminante que pode afetar significativamente a qualidade da água é o arsênico. No entanto, os resultados

da análise elementar neste estudo mostraram que o arsénico estava presente numa concentração segura. As concentrações de boro, bário e cádmio, metais pesados, também ficaram abaixo dos limites permitidos.

A concentração de cálcio variou de 21 a 143 mgL-1, enquanto a de sódio variou de 5,7 mgL-1 a 375 mgL-1.

A análise elementar revelou que a água das fontes públicas em Zagreb era segura para consumo público. A qualidade da pedra com que foi construída a fonte não afetou a qualidade da água.

Jogador importante em análise elementar para gestão da qualidade da água

A necessidade de análise elementar na avaliação da qualidade da água resultou numa competição saudável entre as principais empresas para fornecer serviços eficientes e confiáveis. A Bruker é pioneira no fornecimento de serviços de análise elementar para determinar a qualidade da água.

A ThermoFisher Scientific and Technologiezentrum Wasser (TZW) também fornece serviços de análise multielementar para garantir que a qualidade da água atenda aos padrões de consumo.

Análise Elementar da Água em Zagreb (Croácia)
Curva de calibração para 5 elementos (Chumbo, Bário, Boro e Prata) 0-300 ppm

O que o futuro guarda?

As toxinas e resíduos libertados pelos processos industriais contribuem para a deterioração contínua da qualidade da água. O Instituto Internacional de Investigação sobre Política Alimentar realizou um estudo para prever a qualidade da água até 2050. A avaliação da qualidade da água, realizada à escala

global utilizando modelos matemáticos detalhados, produziu resultados perturbadores. O estudo revelou uma diminuição significativa na qualidade da água até 2050, com previsões indicando um aumento notável no nitrogênio, fósforo e outros contaminantes. Como resultado, uma em cada três pessoas pode estar em risco de envenenamento por nitrogênio e fósforo. Há, portanto, uma neces-

sidade urgente de análise contínua de amostras de água em diferentes regiões do mundo e do desenvolvimento de planos de tratamento eficazes para águas residuais. São necessários investimentos substanciais para reconstruir as infra-estruturas de abastecimento de água e melhorar os sistemas de gestão da qualidade da água para garantir um futuro sustentável para os seres humanos.

De acordo com o estudo global realizado pelo Instituto Internacional de Investigação sobre Política Alimentar (IFPRI) e pela Veolia, o mundo está no caminho de uma rápida deterioração da qualidade da água em muitos países. O primeiro estudo deste tipo indica que até 1 em cada 3 pessoas estará exposta a um elevado risco de poluição da água em 2050 devido ao aumento das quantidades de azoto e fósforo. Até 1 em cada 5 pessoas estará exposta a um elevado risco de poluição da água, reflectido pelo aumento dos níveis de carência bioquímica de oxigénio (DBO)

Conclusão

A partir dos resultados e da discussão acima, pode-se concluir que, seguindo o procedimento explicado para calibração do instrumento, os resultados precisos desejados podem ser obtidos diretamente do instrumento ou utilizando curvas de calibração externas para diversas concentrações, além do concentrações especificadas configuradas com o software do instrumento. A variância dos resultados obtidos enquadra-se no nível de confiança de 95%.

As toxinas e resíduos libertados pelos processos industriais contribuem para a deterioração contínua da qualidade da água

Os rios do Alasca estão ficando laranja brilhante e tão ácidos quanto o vinagre, à medida que o metal tóxico escapa do derretimento do permafrost

O derretimento do permafrost do Alasca está despejando metais tóxi

cos nos rios do estado, tornando-os laranja brilhante e tornando a água altamente ácida. Os rios contaminados são tão vibrantes que podem ser vistos do espaço, e

o problema provavelmente piorará muito no futuro

*Harry Haker Fotos: Joshua Koch, Serviço Geológico dos EUA, Ken Hill/National Park Service, National Park Service EUA

Dezenas de rios do Alasca ficaram laranja brilhante nos últimos anos porque o derretimento do permafrost liberou altos níveis de metais tóxicos nos cursos de água, revela um novo estudo preocupante. A contaminação colorida, que pode ser vista do espaço, é um potencial pesadelo ecológico – e deverá piorar ainda mais nos próximos anos, dizem os investigadores.

No novo estudo, publicado recentemente na Communications Earth & Environment, os pesquisadores identificaram pelo menos 75 rios e riachos laranja em uma área do tamanho do Texas na cordilheira Brooks, no Alasca. A maioria das hidrovias afetadas foram inicialmente detectadas por levantamentos de helicóptero na área.

Metais tóxicos liberados pelo derretimento do permafrost estão manchando os rios do Alasca de laranja brilhante e tornando-os altamente ácidos. Esta seção do rio Kutuk, nos portões do Parque Nacional do Ártico, parece ter derramado tinta laranja quando vista de cima

“Quanto mais voávamos, começávamos a notar mais e mais rios e riachos laranja”, disse o principal autor do estu-

As alterações climáticas no Ártico estão alterano os processos hidrológicos e a biogeoquímica das bacias hidrográficas. Aqui, apresentamos uma ameaça emergente às bacias hidrográficas do Ártico com base em observações de 75 riachos na cordilheira Brooks, no Alasca, que recentemente ficaram laranja, refletindo o aumento da carga de ferro e metais tóxicos. Utilizando a detecção remota, restringimos o momento da descoloração dos riachos aos últimos 10 anos, um período de rápido aquecimento e queda de neve, sugerindo que a deterioração é provavelmente devida ao degelo do permafrost. O descongelamento do permafrost pode promover o desgaste quími-

do , Jon O’Donnell , ecologista da Rede de Inventário e Monitoramento do Ártico do Serviço Nacional de Parques.

co dos minerais, a redução microbiana do ferro do solo e o transporte de metais pelas águas subterrâneas para os riachos. Em comparação com os fluxos de referência claros, os fluxos laranja têm pH mais baixo, maior turbidez e maiores concentrações de sulfato, ferro e metais vestigiais, apoiando o intemperismo mineral de sulfeto como um processo de mobilização primária. A descoloração dos riachos foi associada a declínios dramáticos na diversidade de macroinvertebrados e na abundância de peixes. Estas descobertas têm implicações consideráveis para o abastecimento de água potável e a pesca de subsistência na zona rural do Alasca.

Níveis de zinco, níquel, cobre e cádmio, além de ferro, são os grandes responsáveis pela tonalidade alaranjada dos cursos de água. Os investigadores também descobriram que os cursos de água poluídos eram invulgarmente ácidos: alguns dos riachos mais pequenos tinham um pH tão baixo quanto 2,3, que é aproximadamente o mesmo que o do sumo de limão ou do vinagre, de acordo com o Serviço Geológico dos EUA . Pela primeira vez, uma equipe de pesquisadores do Serviço Nacional de Parques, do US Geological Survey, da Universidade da Califórnia, Davis, e de outras instituições documentou e coletou amostras de algumas das águas prejudicadas, identificando 75 locais em uma área do norte do tamanho do Texas. Cordilheira Brooks, no Alasca.

Cursos de água mais remotos do Alasca estão mudando de uma cor azul cristalina para um tom laranja turvo, e o degelo do permafrost pode ser o culpado

Os círculos laranja indicam observações de riachos laranja, as estrelas vermelhas indicam locais onde as amostras de água foram coletadas e os círculos azuis representam aldeias próximas. As bacias do Código de Unidade Hidrológica 6 (HUC) são mostradas como contornos pretos no conjunto de dados do Limite Nacional de Bacias Hidrográficas. A camada de sombra de colina utiliza o conjunto de dados de elevação nacional do USGS. Mapa gerado no software Esri ArcMap. Crédito do mapa: Kenneth Hill, NPS

A elevada concentração de metais e a acidez da água podem estar ambas ligadas ao derretimento do permafrost – uma camada permanentemente congelada da superfície da Terra que cobre grandes áreas do Ártico. À medida que o solo congelado descongela graças às alterações climáticas causadas pelo homem , os minerais anteriormente selados são expostos à chuva pela primeira vez em milhares de anos, permitindo que os metais se dissolvam das rochas e cheguem aos riachos circundantes, que alimentam rios maiores. Não apenas os habitats afetados são visualmente transformados, mas as altas concentrações de minerais também são altamente tóxicas para a maior parte da vida aquática. Os investigadores estão particularmente preocupados com o que a água tóxica do degelo poderá estar a fazer à desova dos peixes, o que poderá ter grandes efeitos em cadeia na pesca dos EUA.

Mapa de observações do riacho laranja ao longo da cordilheira Brooks, no norte do Alasca
Um afluente laranja deságua no rio Kuguroruk, no Alasca
Gás de cozinha
Resíduo orgânico

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