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Ano 4 Número 17 2009
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CONFERÊNCIA DA ONU SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
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12 Antes de começar a COP15 16 Apelos por acordo «concreto» na COP15 18 Enfrentando um mundo em transição 26 As metas do Brasil para mitigação de emissão de gases-estufa
28 Desmatamento na Amazônia cai 45% e é o menor em 21 anos
O desmatamento na Amazônia Legal no último ano foi o mais baixo desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a monitorar a região amazônica,em1988...
32 Projetos de CO2 podem render US$ 16 bilhões ao Brasil
38 Revertendo danos que poderiam com-
prometer o equilíbrio ambiental da Amazônia
41 Inauguração do gasoduto Urucu-Coari-Manaus
48 Floresta pode estar absorvendo menos carbono que o estimado
A floresta amazônica, conhecida mundialmente como sendo responsável pela absorção de grandes quantidades de carbono da atmosfera, pode estar executandoatarefaemescalabemmenordoqueacreditaboaparte...
50 1ª Mostra Nacional Ambiental Caminhos da Sustentabilidade
54 Áreas protegidas na Amazônia
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PUBLICAÇÃO Período (novembro/dezembro/2009) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES Britaldo Silveira Soares Filho; Bruno Taitson; Camillo Martins Vianna; Ivonete Motta; Mário Bentes; Marcelo Schmid FOTOGRAFIAS Adriano Machado; Antonio Cruz e Renato Araujo/Abr; Arquivo Eletronorte; Arquivo INPA; Arquivo IPCC; Arquivo IISD RS; Antonio Cruz/Abr; Arquivos NASA; Eliseu Dias, Rodolfo Oliveira /Ag Pa; Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr; Fabiano Menezes; Flávio Santos/Vale; François Cardona; James P. Blair; Jefferson Rudy/MMA; Marcello Casal Jr/ABr; Maria S. Fresy; Prix Pictet; Renato Araújo/ABr; Ricardo Stucker/PR; Robert van Waarden; Rudolph Hühn/Amazônia; Salviano Machado e Wilson Dias/ABR EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro NOSSA CAPA Design de Troels Faber e Jakob Wildschiødtz
62 Projeto busca plantas à prova de mudanças climáticas 67 Certificação LIFE de Biodiversidade
68 Plantas Raras do Brasil O livro é um projeto desenvolvido pela Universidade Estadual de Feira de Santana e a ONG ambientalista Conservação Internacional com objetivo combinar esforços de pesquisadores e instituições para identificar e mapear todas as espécies raras deplantasdoBrasil... 100
70 As 10 plantas mais bizarras da natureza
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72 100 lugares para lembrar
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Exposição de fotografia ao ar livre em Copenhague mostra 100 lugares incríveis ameaçadaspelamudançaclimática.
80 Recordanças de Curiosidades de um Mundo Ainda Desconhecido
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ASSOCIAÇÃO DE PUBLICAÇÕES
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Bem-vindos à COP15
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Entrada do Bella Center
COP15 será uma das maiores conferências da ONU já realizado fora de Nova Iorque e em Genebra. As principais negociações terão lugar no centro de conferências "Bella Center", e entorno de Copenhague, no período antes e durante COP15.
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Visualizando o clima de desafio O logotipo da COP15
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logotipo da rede de linhas azuis sugere quão complexo é a questão do clima (veja o Infográfico abaixo), e como isso afeta e envolve quase todas as coisas neste planeta, diz Troels Faber, um dos designers por trás do visual para COP15. O logotipo foi escolhido entre outras 269. O designe é do duo Troels Faber e Jakob Wildschiødtz.
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Infográfico que explica e mostra o Ciclo do Carbono: Movimentos de carbono entre as plantas e os animais, terra, atmosfera e oceanos em um ciclo contínuo. Compreensão deste ciclo é a chave para prever o comportamento do clima da Terra
O secretário-geral Ban Ki-moon promoveu o selo da campanha de promoção em suas visitas a muitos países ao redor do mundo, bem como na sede da ONU em Nova York REVISTA AMAZÔNIA |07
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Reunião do Povo no clima global: A contrapartida civil da sociedade para facilitar a circulação global do clima na COP15
Fotos Rudolph Hühn
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nquanto os negociadores tentam chegar a um novo acordo climático na COP15 no Centro de Bella, pessoas de todo o mundo vão debater como combater as alterações climáticas no Klimaforum09 no centro de Copenhague. "Precisamos de um novo acordo político sobre as alterações climáticas, mas para resolver esse problema todo mundo tem de se envolver em um processo de fazer mudanças mais fundamentais", diz Niels Fastrup, porta-vozKlimaforum09. O fórum será realizado de 7 de Dezembro a 18 e é organizado pela ONG dinamarquesa e parcialmente f i n a n c i a d o p e l o G o v e r n o d i n a m a rq u ê s. Klimaforum09 quer incluir todos os atores no palco o clima internacional e está convidando todos, desde grandes ONGs como "Amigos da Terra" para as organizações menores, como o "Veg Alliance", que vê o vegetarianismo como uma pedra angular da luta contra as alterações climáticas e os pescadores da Eritréia esforçando-se com a diminuição dos recursos haliêuticos. "O fórum é aberto a todos, dinamarqueses, assim como os visitantes do exterior. Esperamos que até 10.000 visitantes por dia durante o período de pico, ou seja, na segunda semana de COP15, "diz o Sr. Fastrup. Um número de pessoas dos países em desenvolvimento recebem financiamento de Klimaforum09 para irem à Copenhague. "Na COP15, o foco pode ser sobre os países de maior dimensão. Tentamos equilibrar isso prestando atenção
A renomada autora e ativista canadense Naomi Klein participará do Klimaforum09 Naomi Klein vai participar de uma palestra sobre a dívida ecológica e a defesa dos direitos humanos e natureza organizada pelo Jubileu Sul. O evento está programado para ocorrer no 10 de dezembro de 16,00-20,00 na DGI-Byen, o complexo da grande conferência em Copenhague central. Outros participantes da palestra serão Rezaul Karim Chowdhury de Bangladesh, da Bolívia Clima Negociador Ângela Navarro e Miguel Palacín, Coordenação Andina de Organizações Indígenas. Naomi Klein fez um sucesso internacional em 2000 com seu livro No Logo. Em 2007, ela publicou The Shock Doctrine, onde ela afirma que a economia de mercado neoliberal global é cada vez mais dependente de guerras e desastres para manter o crescimento.
especial aos países menores e sub-representadas as pessoas ", diz o Sr. Fastrup, que espera que o fórum possa concluir, em uma declaração climática global a ser apresentadaaosnegociadoresnaCOP15.
Mas você pode unir-se populares com os negociadores do clima oficial? "Pretendemos criar uma conexão para o Centro Bella através de um chamado" Plenário do Fórum.“Estamos trabalhando em uma idéia de onde representantes de ONGs que acompanham as negociações, no Centro Bella virá Klimaforum09 todas as tardes e dizer participantes sobre a evolução e facilitar debates“, explica o Sr. Fastrup. Ele também salienta que o Klimaforum09 é um evento totalmente pacífico, planeado em estreita colaboração comasautoridadesdinamarquesas. Além de debates e palestras o Klimaforum09 vai apresentar um programa de workshops, filmes, música, teatroeexposições,todasgratuitas.
O ônibus da COP15 "O transporte público principal em torno de Copenhague para os delegados durante a COP15 será o ônibus porque é muito mais amigável do que os táxis e outros carros", disse Nis Gellert da unidade logística no Ministério dos Negócios Estrangeiros da Dinamarca. Os ônibus funcionarão a partir do local da conferência ao centro da cidade a cada cinco ou dez minutos e ao Aeroporto de Copenhague, ligeiramente menos freqüentemente, desde 6 dezembro até 19 dezembro. O serviço inclui ligações fáceis com rotas de autocarro, o metrô e os serviços ferroviários ligeiros.
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As negociações de 2009, antes da COP 15 em Copenhague A penúltima sessão de 28 setembro - 9 outubro, em Bangkok
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As consultas informais foram realizadas em Bonn, 10-14 de Agosto Em Maritim,Bonn 1-12 de Junho
lugartambémemBonn,1-12deJunho.Asconsultasinformais foram realizadas em Bonn, 10-14 de Agosto. A penúltima sessãode28setembro-9outubro,emBangkok. A última sessão formal, antes de Copenhague foi realizada 2-6 deNovembro,emBarcelona. Esta conferência seria fundamental para o futuro das negociações climáticas, porque, teoricamente, neste evento deveria ser selado um novo acordo climático global em substituiçãodoTratadodeKioto.
O
ano de 2009 esta sendo crucial para o esforço internacional para combater as alterações climáticas. Uma série de reuniões da UNFCCC – Conferência das Partes do Clima promovida pelas Nações Unidas ocorreram durante todo o ano, devendo culminar ( é o que se espera, apesar das desconfianças) em uma resposta internacional eficaz e ambiciosa para as alterações climáticas, a ser acordado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP 15, em Copenhague, 7-18 de Dezembro. A primeira rodada de negociações este ano teve lugar em Bonn, março 29 - abril 8. A segunda reunião teve
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Michael Zammit Cutajar; Yvo de Boer, UNFCCC Executive Secretary e Harald Dovland, em Bonn, março 29 - abril 8
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Antes de começar a
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COP 15
última semana oficial entre países antes do início da Conferência do Clima, COP 15, em Copenhague, as negociações não avançaram e as decisões– o acordo de como controlar o aquecimento global, foram maisumavezpostergadas. Barcelona mostrou que os países que não estão dispostos a negociar tentam enfraquecer o acordo. Os países em desenvolvimento, por sua vez, pressionam por um documento robusto, mas também não assumemcompromissosenquantoomundoindustrializadonãosemexer. Nesse jogo de esconde-esconde, quem mais perde são as pessoas, especialmente as mais pobres, aquelas que deveriam ser representadas pelos engravatados que circulam nos corredoresdaONUedessasconferências.Oaquecimentoglobalseagravapaulatinamente. Vejaasdemonstraçõesemváriospaísesdomundo...
EXPOSIÇÃO EM PORTUGAL
Fotografia: Miguel Manso
Aníbal e Maria Cavaco Silva inauguraram a mostra "A Aventura da Terra - um planeta em evolução" no Museu Nacional de História Natural. Cavaco Silva: "A Terra é insignificante comparada com os 4600 milhões de anos do planeta, o que permite uma reflexão: a geração atual não é dona da Terra, é habitante e a preservação cabe a todos, o que é importante reconhecer nas vésperas da COP 15.
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BRUXELAS Ativistas de vários países da Europa e África manifestam-se nas ruas de Bruxelas, para pedir aos líderes da União Européia que paguem a sua "dívida climática"
Ativistas colocaram imagens representando os líderes mundiais num lago em Jacarta. O protesto quer pedir aos países desenvolvidos para se comprometerem a reduzir de forma significativa as suas emissões de gases com efeito de estufa.
EM BERLIM Mil esculturas de gelo com a forma de pessoas foram colocadas nos degraus da Praça de Gendarmenmarkt em Berlim. A obra, da autoria do artista brasileiro Nele Azevedo, pretende alertar para os impactos das alterações climáticas no Ártico.
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NA FRANÇA Ecologistas do Greenpeace promoveram um protesto no porto de Montoir-de-Bretagne, perto de Saint Nazaire, França. Em pequenos botes, ergueram uma faixa onde se lê: "Stop Climate Crime", para denunciar o carregamento de 15 mil toneladas de óleo de palma vinda da Indonésia, a bordo do navio "Izmir Castle". A carga era ração para gado.
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Dezenas de despertadores foram colocados no edifício onde estavam ocorrendo as negociações sobre alterações climáticas em Barcelona, no âmbito da campanha "tck tck tck", da Global Campaign for Climate Action. O tempo para limar arestas está quase esgotado se o mundo quiser ter um sucessor do Protocolo de Quioto na COP 15.
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+ EM BARCELONA AINDA EM BARCELONA Manifestantes do Greenpeace colocaram faixas amarelas lê-se "Zapatero stop climate change" e "Our climate, Our decision". Os países em desenvolvimento disseram que estavam ameaçados de "destruição total" a menos que os ricos se comprometam com o combate às alterações climáticas.
Ativistas da rede de mobilização global Avaaz manifestam-se no último dia da conferência climática em Barcelona, a última antes da COP 15
NA INDONÉSIA Ativistas da organização Greenpeace colocaram uma faixa gigante numa floresta de Sumatra para apelar ao Presidente norte-americano Barack Obama, para que ajude a travar a desflorestação na Indonésia.
EM BEIRUTE
«Não bebemos petróleo!". É esta a frase que ambientalistas libaneses, vestidos com roupas de mergulho e pés de pato, numa alusão a um líquido igualmente precioso chamado água, ostentaram à entrada da conferência anual do Forum Árabe para o Ambiente e Desenvolvimento, em Beirute. O objetivo era sensibilizar os países conhecidos como sendo os maiores produtores de petróleo para que também tomem uma atitude para travar as alterações climáticas.
EM LONDRES
A britânica Alliance of Religions and Conservation (ARC), em colaboração com a ONU recentemente recebeu 200 representantes de nove grandes religiões do mundo, que representam cerca de 60 diferentes organizações religiosas. Baha'i, budistas, cristãos, hindus, judeus, muçulmanos, Shinto, Sikh, taoístas e todos se reuniram em Londres, no Castelo de Windsor com a ordem do dia "Unidos para o meio ambiente".
NOS ESTADOS UNIDOS A elevação das temperaturas está causando um crescimento excessivo de algumas das árvores mais antigas na Terra muito rapidamente. Mas a mudança não beneficiaria o clima, porque pode simplesmente causar a morte mais rápida das árvores. Na Grande Bacia dos pinheiros que está localizada nas montanhas da parte ocidental dos Estados Unidos está crescendo rapidamente. A análise dos anéis novos sugere que a aceleração do crescimento é verdadeiramente inédita: os pinheiros têm crescido mais rapidamente nos últimos 50 anos do que em 3,7 milênios.
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NA ÁFRICA Os líderes africanos concordaram em pedir o dinheiro para os países ricos para compensar o impacto da mudança climática sobre o continente e para reduzir as emissões.
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Dezembro de 2009, em Copenhague, a COP 15 ...
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egundo dados do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, a Terra, sofreu grandes alterações climáticas durante a sua história; está atualmente em fase de aquecimento. O fenômeno, cujas causas e a magnitude das conseqüências são debatidas em círculos científicos e políticos, têm acelerado desde a década de 1990. Para os investigadores, a importância do impacto da atividade humana é inegável. Grassa entretanto, controvérsia sobre as decisões políticas necessárias para limitar os fatores naturais, agravando o aquecimento.
Por que Copenhague é necessária? O planeta está passando por um período de mudanças climáticas globais cujos vários impactos são precedentes e a atividade humana é em parte responsável. Para atenuar os seus efeitos, o IPCC recomenda a redução das emissões globais de emissões de gases com efeito de estufa em 2050 – 50 a 85% abaixo do limiar de 1990. Objetivos que deverão ser fechados na Conferência de Copenhague e à nomeação de um passo crucial para a adoção de um acordo global na sequência do Protocolo de Quioto.
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Clima O aquecimento global, catástrofes naturais em alto crescimento, danos quase irreparáveis à biodiversidade, etc. Parece que a "Verdade Inconveniente" de Al Gore, é agora uma realidade. Para os cientistas, alterações climáticas e ter consequências devastadoras para o planeta e da humanidade. As crises humanitárias, migração, fome, etc. : Os países em desenvolvimento são e serão os mais vulneráveis.
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O PNUD oferece assistência financeira aos países que lutam para promover projetos-piloto de desenvolvimento sustentável. Por exemplo, em Marrocos, um país fortemente dependente dos combustíveis fósseis, a degradação ambiental é muito caro, mais de 13 bilhões de dirhams (mais de um bilhão de dólares) por ano pelo Banco Mundial, fatura muito elevada para um país Ainda na audiência que já se pública esforça para lutar contra a pobreza. O PNUD vai subsidiar um sobre os povos tradicionais programa de gestão e eliminação de bifenilas policloradas (PCBs), contaminantes que são encontrados principalmente em água, e que não se decompõem até 100 graus.
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Dada a aceleração do aquecimento global, devemos mobilizar. O Protocolo de Kyoto expira em 2012. Nascido do acordo-quadro de 1997, após a Cimeira do Rio (Brasil) em 1992, o protocolo entrou em vigor em 16 de fevereiro 2005. Ratificado por 175 países, a meta do tratado em 2012. Leva três anos para a ratificação de um tratado é efetiva, resultando em Copenhague em 2009. Uma feira completa deve ser desenvolvido e acordado por todos os países para limitar as emissões de gases com efeito de estufa responsáveis pelo aquecimento global.
Segundo dados da lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), de 2009, cerca de 47 677 espécies estudadas, 875 espécies estão extintas ou extintas na 17 291 selvagens e estão ameaçadas de extinção. Por exemplo, a "Rainha dos Andes" (Queen of the Andes), palmeira pode suportar a pressão do alto da América do Sul, é uma espécie em extinção. O urso polar, entretanto, entrou na lista vermelha de 2008, poderá em breve ser mais visível no selvagem em 2100.
“O efeito estufa é um fenômeno natural que leva a um aumento na temperatura da superfície da terra”, diz Denis Samyn, geólogo e glaciológo do Laboratório da Universidade Livre de Bruxelas (ULB). A concentração desses gases com efeito de estufa tem oscilado muito nos últimos milhões de anos: os ciclos naturais da Terra adicionados desde o século XIX, grandes quantidades de gases poluentes que são liberados no âmbito do desenvolvimento industrial intensiva, agravando o processo de aquecimento global.
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Nível dos oceanos
Questões de aquecimento global sobre a biodiversidade
Emissões de gases com efeito de estufa?
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Em fevereiro passado a revista Climate Dynamics divulgou um estudo mostrando que o nível do mar subirá um metro dentro dos próximos 100 anos. Esses resultados foram apresentados por uma equipe de investigadores do Instituto Niels Bohr na Universidade de Copenhague, em colaboração com equipes Finlandesas e Inglesas. Em junho passado, um estudo publicado na revista Nature Geoscience, mostrou que podem atingir 7 a 82 cm. Números que interliga as previsões do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change).
Homem
Al Gore O ex-vice-presidente dos Estados Unidos e Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) foram agraciados com o Prêmio Nobel da Paz em dezembro de 2007. Após a chegada à vice-presidência americana em 1993, Al Gore mostrou o seu interesse pela ecologia. Seu documentário Uma Verdade Inconveniente ganhou um Oscar em Hollywood.
Diversos estudos científicos exploram o impacto do aquecimento global e as emissões de CO2 para a saúde humana. As doenças respiratórias, vetor, um caso de malária na Córsega, em 2006, chikungunnya (alphavirus) na Itália e outros, embora os estudos divirjam sobre o problema, que permanece em aberto.
Alguns números ß40%: é o que a União Africana, Bolívia e
Venezuela, estão esperando que os países desenvolvidos em termos de redução das suas emissões até 2020 em relação a 1990. ß3,5%: é o aumento das emissões de CO2 por ano desde 2000. ß350 partes por milhão (ppm): este é o que muitos cientistas acreditam ser o limite superior da presença de dióxido de carbono na nossa atmosfera inofensiva. ß2 graus Celsius mudanças climáticas prejudiciais aos seres humanos e do meio ambiente será causada por um aumento na temperatura global acima de 2 ° C de acordo com vários estudos. ß20 a 30 anos: o número de anos que leva ao desaparecimento completo do gelo marinho no verão. Mas dentro de uma década, o Oceano Ártico será considerada uma navegação de mar aberto durante o verão.
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Apelos por acordo “concreto” na COP 15 O Fotos Ricardo Stuckert/PR
primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Loekke Rasmussen, pediu que os líderes mundiais cheguem a um acordo concreto na reunião sobre o climaqueocorreráemCopenhague. A reunião irá discutir um substituto para o Protocolo de Kyoto, na tentativa de combater as mudanças climáticas. Segundo Rasmussen, o acordo a ser alcançado em Copenhague “deve
ser concreto e vinculante para os países que têm obrigaçãodecumprirmetas”. O premiê dinamarquês também disse desejar que delegados internacionais coloquem “números na mesa” no tocante a quanto esperamreduziremtermosdeemissões. "Copenhague não deve ser uma pequena parada (nas discussões), como alguns dizem", afirmou.
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>> Ban Ki-moon, o secretário-geral da ONU está confiante de que os governos irão chegar a um acordo para as mudanças climáticas na COP 15. Espera um acordo político sobre os elementos-chave que pode ser transformado em um tratado sobre as questões fundamentais que formam a substância de um acordo internacional juridicamente vinculativo, que é o objetivo final de uma ação de orientação sobre as mudanças climáticas.
Lula e Sarkozy "É preciso que os Estados Unidos, como maior economia do mundo, sejam os mais ousados. A China, que não tem a mesma responsabilidade dos países desenvolvidos, mas cresce de forma extraordinária, tem que ter um pouco mais ousadia em suas propostas", disse o presidente Lula em uma coletiva no Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa. "Não aceitaremos um acordo em que outros países dirão que isso ficará para depois. É uma responsabilidade coletiva. A primeira economia do mundo deve estar à altura de suas responsabilidades", afirmou o presidente Sarkozy.
>> A posição de Lula Para Lula, mesmo se a conferência global sobre o clima em Copenhague terminar sem um tratado internacional com metas obrigatórias, todos terão que definir em algum momento um limite para as emissões. "Se não apresentar (uma proposta) hoje, apresenta amanhã, se não for amanhã, mês que vem ou ano que vem", disse o presidente. "Mas o fato é que não tem como escapar, e todos terão que apresentar números." 16| REVISTA AMAZÔNIA
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Lars Loekke Rasmussen
>> Barack Obama e Hu Jintao O presidente da China, Hu Jintao, afirmou depois de se reunir com seu colega americano, Barack Obama, que tanto seu país como os EUA estão de acordo em ampliar o diálogo sobre meio ambiente e energia. Segundo o líder chinês, China e EUA buscarão o êxito da cúpula de Copenhague sobre mudança climática de acordo com as "responsabilidades" e "capacidades" de cada país. "Nosso objetivo não é um acordo parcial ou uma declaração política, mas um acordo que cubra todos os itens das negociações e que tenha efeito operacional imediato", disse ele em Pequim, após encontro com o presidente chinês, Hu Jintao.
>> Merkel defende acordo em Copenhague e tratado em 2010 A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu à comunidade internacional para que chegue a um "acordo político vinculativo" na Conferência da ONU sobre Mudança Climática e, com isso, redigir no primeiro semestre de 2010 um tratado definitivo para a redução nas emissões de gás carbônico (CO2). Ela afirmou que a reunião de Copenhague, será um "sucesso" apenas se esse acordo for alcançado.
>> Lee Myung-bak A Coreia do Sul, através do líder sul-coreano, Lee Myung-bak, confirmou a meta de reduzir em 4% a emissão de gases que causam o efeito estufa, em 2020, em relação aos níveis de 2005. Essa meta equivaleria a reduzir em 30% do nível das emissões de gases que se preveem para 2020. A meta da Coreia do Sul é voluntária, já que este país, quarto emissor asiático, não está obrigado a marcar um objetivo de redução de emissões de CO2 segundo o atual marco da ONU.
O cheirinho da Amazônia a seu dispor
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garantir a redução de riscos, preparação e gestão de desastres, bem como a realocação de pessoas.
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Mulheres O Relatório demonstra que, em escala mundial, os pobresestãoemsituaçãomaisvulnerávelaosefeitosdas alterações climáticas: como são mais propensos a depender da agricultura para viver, por exemplo, estão mais sujeitos a perder seus meios de subsistência quando ocorrem secas ou chuvas em excesso. E por viverem em áreas marginais, estão mais vulneráveis a desabamentoseinundações. As mulheres, que são a maioria dos 1,5 bilhão de pessoas que vivem com 1 dólar ou menos por dia, sofrem também as piores consequências das mudanças climáticas. Elas têm menores oportunidades de emprego e renda, menor mobilidade e estão mais expostas aos desastres naturais, além de terem maior probabilidade de perder a vida em situações O representante do Fundo Populacional da Organização das Nações Unidas no Brasil, Harold Robinson lança o Relatório sobre a Situação da População Mundial 2009
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s dinâmicas populacionais, e em especial o papel das mulheres, são elementos fundamentais para o estabelecimento de um acordo efetivo e de longo prazo para enfrentar as mudanças climáticas. Apesar disso, tem sido amplamente ignorados no debate sobre como resolver os problemas da elevação dos mares, secas, derretimento de geleiras e condições meteorológicas extremas, conclui o Relatório sobre a Situação da População Mundial 2009, divulgado pelo UNFPA, o Fundo de População das Nações Unidas. Intitulado “Enfrentando um mundo em transição: mulheres, população e clima”, o Relatório propõe um novo foco para o debate sobre a mudança do clima, das discussões técnicas sobre tecnologias“verdes”e corte de emissõesdecarbonoparaasrealidadesdecomoosseres humanos—desdeindivíduosatéapopulaçãomundial como um todo, tanto influenciam quanto são afetados pelo aquecimento da atmosfera da Terra. “As mudanças climáticas são um problema humano provocado pela atividade humana. Embora sejamos afetados por elas e tenhamos que nos adaptar, podemos reverter esse processo”, diz o Representante do UNFPA noBrasil,HaroldRobinson. O Relatório trata das complexas relações entre população e mudanças climáticas, indicando que o crescimento populacional é um dos fatores que contribuem para o volume de emissões totais. Segundo o documento, essa influência é maior quando o
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Fotos Marcello Casal Jr/ABr
As mulheres podem ter um papel significativo na construção de sociedades mais resilientes
consumo médio per capita de energia e de materiais é mais elevado – ou seja, nos países desenvolvidos. Com algumasexceções,asemissõespercapitacontinuam,de ummodogeral,significativamentemaisaltasnospaíses desenvolvidos do que nos países em desenvolvimento. Entre outras conseqüências, o estudo aponta para o risco do aumento das migrações por fatores climáticos e pede aos governos que planejem com antecedência para Taís Santos, representante do Fundo Populacional da Organização das Nações Unidas no Brasil
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relacionados às condições meteorológicas extremas. O Relatório mostra que os investimentos que permitem às mulheres e meninas empoderar-se – especialmente educação e saúde – fortalecem o desenvolvimento econômico e reduzem a pobreza, com impactos positivos sobre o clima. As meninas com mais acesso à educação, por exemplo, tendem a ter famílias menores e maissaudáveisquandoadultas. O Relatório sobre a Situação da População Mundial 2009 argumenta que a luta da comunidade internacional contra a mudança climática terá maiores chances de ser bem sucedida se as políticas públicas, programas e tratados levarem em consideração as necessidades, direitos e potencialidades das mulheres. “As mulheres podem ter um papel significativo na construção de sociedades mais resilientes, capazes de enfrentar os desafios que virão, se tiverem igualdade de oportunidades de participação. Esse é um direito básico que precisa ser reconhecido, respeitado e promovido”, concluioRepresentantedoUNFPA,HaroldRobinson. OlançamentooficialdoRelatórioaconteceu emmaisde 120 capitais pelo mundo inteiro. No Brasil, a solenidade aconteceu em Brasília, na Universidade de Brasília (UnB). O Representante do UNFPA no Brasil, Sr. Harold Robinson, e a Representante Auxiliar, Taís de Freitas Santos, apresentaram a temática e os novos dados do relatório. Após o lançamento, especialistas sobre população, gênero e meio ambiente debateram o documento na mesa – redonda“Mulher, População e Clima”. Estiveram presentes na mesa o representante do Instituto Nacional de Pesquisas espaciais (INPE), Celso Von Randow; o representante dos Núcleos de Estudos de População (NEPO) e Meio Ambiente (NEPAM) da Unicamp, Daniel Hogan; o diretor do Instituto de Gestão das Águas e do ClimadaBahia(INGÁ),JúlioRocha;adiretoradoCentrode Estudos Avançados Multidisciplinares da UnB, Ana Maria Nogales; e a representante da Secretaria Especial de PolíticasparaasMulheres(SPM),HildetePereiradeMelo.
Os dados do relatório serão discutidos em dezembro durante a Conferência da Organização das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, a ser realizada em Copenhague, capital da Dinamarca. A expectativa da ONU é a de que metas de redução na emissão de gases sejam estabelecidas no encontro
Este ano, o documento explora as conexões entre dinâmica populacional, saúde reprodutiva, a vida das mulheres e as mudanças climáticas, sendo uma contribuição para os acordos internacionais sobre mudança climática. O documento foi lançado simultaneamente em Londres, Washington, Paris, Bangkok, Joanesburgo, Cidade do México e mais de 120 outras capitais no mundo inteiro. No Brasil, o lançamento feito em Brasília, em parceria com a Universidade de Brasília, no auditório da Reitoria da UnB.
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Cinco vetores essenciais
Amazônia Os dados apresentados mostram que a floresta Amazônica perdeu 500 mil km2 nos últimos 40 anos. “Se o padrão de desmatamento persistir, no médio e longo prazo a floresta poderá se transformar em savana”, alerta o relatório.“Estamos no limiar de uma catástrofe emrelaçãoàmudançadoclima.Opontocentraléqueas mudanças climáticas são um problema humano provocado pela atividade humano”, disse Harold Robinson. Responsável pela análise do estudo, a representante auxiliar do UNFPA no Brasil, Taís Santos, se mostrou preocupada com a Amazônia. Segundo ela, se o quadro climático não for controlado a floresta poderá ter seu bioma modificado e, com isso, diminuir em 20% as chuvas na região.“O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”,comparou.
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Para mudar este estado de coisas, o Fundo aconselha o cumprimento de cinco pontosfundamentais: - Desenvolver um melhor entendimento da dinâmica da população, gênero e saúde reprodutiva para a mudança climática e discussõesambientaisatodososníveis; - Apoiar abertamente os serviços de planejamento familiar e fornecer meios contraceptivos dentro dos direitos e enquadramento da saúde reprodutivas, assegurando que a falta de dinheiro nãopodedificultaroacesso; - Priorizar a investigação e recolha de dados para melhor o entendimento da dinâmica da população e de gênero namitigaçãoeadaptaçãoàsmudançasclimáticas; - Melhorar a desagregação sexual dos dados relacionados com os fluxos migratórios que são influenciados pelos fatores ambientais e preparar o aumento dos movimentos de população resultantes da mudançaclimática; - Integrar as considerações de gênero nos esforços globaisparamitigareadaptarasmudançasclimáticas. Mulheres são a solução para combater as alterações climáticas
O UNFPA - Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) é o organismo da ONU responsável por questões populacionais. Trata-se de uma agência de cooperação internacional para o desenvolvimento que promove o direito de cada mulher, homem, jovem e criança a viver uma vida saudável, com igualdade de oportunidades para todos; apóia os países na utilização de dados sóciodemográficos para a formulação de políticas e programas de redução da pobreza; contribui para assegurar que todas as gestações sejam desejadas, todos os partos sejam seguros, todos os jovens fiquem livres do HIV/Aids e todas as meninas e mulheres sejam tratadas com dignidade e respeito.
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Fotos Robert van Waarden e Arquivo IISD RS
Previsão do tratado de mudança global do clima ser adiado por até um ano
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rincipais nações industrializadas do mundo dizem que abandonaram a esperança de acordo juridicamente vinculativa em Copenhague. Negociadores e políticos do tratado global de combate às alterações climáticas admitem que seja adiada por pelo menos seis meses e, possivelmente,umanooumais. As declarações são sombrias, nações industrializadas disseram que tinham abandonado a esperança de um tratado juridicamente vinculativo na Cimeira de Copenhague e tinham começado a planejar apenas para umareuniãodelíderesmundiais. As declarações de pessimismo representam uma
descida significativa da meta da cúpula. Em Londres, Ed Miliband, secretário do Reino Unido para mudança climática, se tornou o primeiro político britânico a reconhecer publicamente que Copenhague iria produzir nenhum tratado legal a mudança do clima. Falando na Câmara dos Comuns, ele disse: "As negociações das Nações Unidas estão se movendo muito lentamente e não indo bem". Ele passou a descrever uma história "de desconfiança" entre países desenvolvidos e nações em desenvolvimento com os negociadores "presos em posições inflexíveis", um impasse que levou as nações Africanas para encenar umaparalisaçãonasnegociações.
A mesa oficial na cerimônia de abertura, em Barcelona
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Sobre o Plano B Yvo de Boer disse: "Eu não acho que podemos chegar a um acordo juridicamente vinculativo em Copenhague. Eu acho que nós podemos conseguir que, dentro de um ano depois de Copenhague. Um tratado global para proteger o clima do mundo pode precisar de um ano extra de negociações, disse Yvo de Boer da Organização das Nações Unidas para o clima. De Boer disse que os progressos têm sido insuficientes para concluir um tratado na conferência de mudanças climáticas da ONU em Copenhague.
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Em Barcelona, onde a última vala de negociações aconteceram, ficou claro hoje a melhor esperança para Copenhague é uma "politica vinculativa". O acordo, que os países ricos esperam ter – todos os elementos essenciais do acordo final, incluindo metas e calendários específicos para emissões de gases com efeito de cortes edinheiroparaospaísespobresalidarcomasmudanças climáticas. "Seria de fundo. Poderá fixar prazos, e fornecer os valores pelos quais os países ricos reduziriam as emissões, bem como o dinheiro que seria disponibilizado para os países em desenvolvimento a se adaptaremàmudançaclimática". Porém um acordo juridicamente vinculativo "poderia levar até seis meses, até um ano, mas nós queremos que seja [assinado] o mais rapidamente possível". Fontes disseram que uma reunião no México em dezembro de 2010 seria mais provável ver o tratado legalselado.
Elena Espinosa, ministra do Meio Ambiente espanhol, José Montilla Aguilera, presidente da Generalitat de Catalunya, Yvo de Boer, secretário executivo da UNFCCC, e Maria Teresa Fernández de la Vega, vice-presidente da Espanha
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Artur Runge-Metzger, negociadorchefe da Comissão Européia
A notícia do atraso foi recebida com resignação pelos países em desenvolvimento e ONG'S. "Politicamente acordos vinculativos valem muito pouco", disse DiAping Lumumba, presidente do grupo G77 de países em desenvolvimento. O atraso foi causado por uma combinação de tempo a esgotar-senasnegociaçõesdasNaçõesUnidas,cadavez
Ed Miliband, secretário do Reino Unido
"Eu não acho que podemos chegar a um acordo vinculativo de Copenhague", disse em Barcelona, onde ele supervisionou a penúltima rodada de conversas preliminares. "Eu acho que nós podemos conseguir que, dentro de um ano depois de Copenhague", disse ele. Uma semana de negociações conduzidas pela ONU em Barcelona, mostrou o fosso que separa países ricos e pobres sobre as questões fundamentais, como a redução de emissões e de financiamento. Os países em desenvolvimento não estão satisfeitos com um acordo político em Copenhague. Eles preferem um tratado juridicamente vinculativo - uma "Kyoto 2 - que impõe limites às emissões dos países industrializados de gases de efeito estufa. José Manuel Durão Barroso "Eu acho que é importante não desistir antes, porque se nós começarmos agora, a falar sobre um Plano B para Copenhague, provavelmente vamos terminar em um plano para o fracasso", disse José Manuel Durão Barroso, durante as negociações em Barcelona. Um roteiro aprovado em uma conferência da ONU em Bali há dois anos, diz que a conferência de Copenhague deve produzir
maisrancorosoedaincapacidadedeosEstadosUnidosmaior emissor do mundo cumulativamente - a cometer a metas e calendários específicos por meio de um direito nacional. O governo Obama deixou claro que considera um tratadolegal,eraimpossívelemCopenhague. Barbara Boxer, presidente da Comissão do Ambiente,
um novo acordo juridicamente vinculativo, que pode substituir o atual Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. Os negociadores ainda têm mais dúvida de que isso será possível. Mas os negociadores da UE sublinham que não seria uma alternativa para introdução de metas voluntárias de países individuais. "Se for impossível chegar a um resultado em Copenhague, temos que fazer um esforço para aprovar um instrumento juridicamente vinculativo, o mais rapidamente possível após essa data," Alicia Montalbo, negociador-chefe para a Espanha, anfitriã das negociações de Barcelona. Poucos delegados nas negociações de Barcelona pareciam acreditar que um pacto climático juridicamente vinculativo ainda está dentro do alcance em Copenhague. "Há muito trabalho ainda a ser feito", disse Artur Runge-Metzger, chefe da delegação da Comissão Europeia. Endurecer o texto para torná-la juridicamente vinculativa "deve ser feito o mais cedo possível ... três meses, seis meses", disse ele. John Ashe, presidente de um grupo de trabalho – o chamado Grupo Ad Hoc sobre Compromissos Adicionais para Partes do Anexo I no âmbito do Protocolo de Kyoto (AWG-KP), para estender o Protocolo de Quioto, disse não ter um acordo assinado em dezembro, só em torno de maio. "Nós fizemos isso antes, podemos fazê-lo novamente", disse ele. Um oficial japonês disse que "a menos que seja acordado no prazo de seis meses depois de Copenhague vai ser talvez no ano seguinte por causa das eleições nos Estados Unidos – Lá, cerca de um terço do Senado terá reeleição em novembro de 2010. REVISTA AMAZÔNIA |21
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Em Barcelona, Artur Runge-Metzger, negociador-chefe da Comissão Europeia, afirmou: "É uma situação Catch22. As pessoas estão à espera de outro modo, é difícil culpar ninguém. [Mas] a posição dos Estados Unidos é significativa. Miliband, e o primeiro-ministro, Gordon Brown, dizem que Copenhague é a última chance para evitar "uma mudançaclimáticacatastrófica". Brown, o presidente Lula, do Brasil, o presidente Sarkozy da França e de outros chefes de Estado já disseram que vão. Agora, é mais provável que o Presidente Obama vá porque ele não será forçado a assinar um acordo legalmente vinculativo que o Senado dos Estados Unidospoderiarejeitar.
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John Ashe, presidente de um grupo de trabalho para estender o Protocolo de Quioto
1000 despertadores tocam para "acordar" os delegados para a necessidade urgente de se realizar um negócio justo, ambicioso e vinculativo
desafiou um boicote Republicano para votar através de um plano abrangente para reduzir as emissões de gases 20% em relação aos níveis de 2005 até 2020. O secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, disse que um atraso de um ano seria muito longo, enquanto os países em desenvolvimento estavam desanimados pela demora. "Não podemos permitir manobras dilatórias de qualquer maneira. É uma questão de vida ou morte", disse Makase Nyaphisi, o embaixador Lesothan falando em nome da ONU, pelos menos desenvolvidos grupo de 49países.
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A opinião de Ban Ki Moon, secretário-geral da ONU
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Embora esteja otimista de que os 192 países serão capazes de chegar a algum tipo de acordo político, Ban advertiu que Copenhague não dará a última palavra para um sucessor do Protocolo de Kyoto, o documento patrocinado pela ONU que determina reduções nas emissões de carbono. "Precisamos de vontade política porque se houver vontade política estou certo de que haverá uma maneira de concluirmos um acordo de caráter obrigatório em Copenhague", disse ele após se reunir com o premiê britânico, Gordon Brown, em Londres. "Estou razoavelmente otimista de que Copenhague será um marco muito importante. Ao mesmo tempo, sendo realista, talvez não sejamos capazes de chegar aos finalmentes sobre os detalhes". Em vez disso, os países deveriam ter como objetivo chegar a um acordo sobre quatro pontos: o nível dos cortes nas emissões dos países ricos; o que os países pobres pretendem fazer para reduzir suas emissões; o pacote financeiro para ajudar as nações em desenvolvimento a se adaptar e um sistema de gerenciamento do processo.
ONG fora da sala plenária lembrando aos delegados que o relógio está andando para Copenhague
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Manifestantes nas negociações de Barcelona sobre mudanças climáticas 22| REVISTA AMAZÔNIA
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Ainda na audiência pública sobre os povos tradicionais
Conclusão
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Em Barcelona, onde diplomatas climáticos estiveram reunidos na última rodada preparatória antes da conferência de Copenhague, as negociações ficaram estagnadas. Apesar de alguns pequenos avanços em temas secundários, faltaram as peças principais do jogo, que são as metas de redução de emissões dos países desenvolvidos para o segundo período de compromisso doProtocolodeKyoto,quecomeçaem2013. Nenhumdosgrandesemissoresquissecomprometercom um número antes de saber qual será a participação dos EstadosUnidos,oquesóserápossívelpoliticamenteapósa votação dos projetos de lei que tramitam no Congresso americano-oquenãodeveacontecerantesde2010.
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Yvo de Boer, secretário Executivo da UNFCCC, em Barcelona, aceita um relógio, simbolizando o fato de que o tempo está se esgotando para os líderes mundiais para alcançar um acordo justo, ambicioso e obrigatório em Copenhague
Definição AWG-KP: Compromissos Adicionais para Partes do AnexoIdoProtocolodeKyoto AWG-LCA: Grupo deTrabalho Ad Hoc de longo prazo de açõesdecooperaçãonoâmbitodaConvenção.
Desempenho da WWF, em Barcelona, intitulado "Planet Earth: vítima da mudança climática", uma peça de teatro criativo e original sobre os efeitos das alterações climáticas no nosso planeta
Ricos e Pobres Divididos As negociações sobre um novo tratado para cortar as emissões de gases-estufa numa tentativa de conter o aquecimento global têm vacilado repetidamente desde o seu lançamento, em 2007. Países ricos e pobres estão divididos sobre como compartilhar os cortes nas emissões dos gases-estufa e sobre a quantia de dinheiro que os países em desenvolvimento precisam para se adaptar ao aquecimento global e como captá-lo. Falando numa conferência sobre religião e ambiente nos arredores de Londres, Ban pediu que os países ricos tomem a iniciativa. "Em primeiro lugar, os países desenvolvidos devem liderar essa campanha, considerando todas as responsabilidades históricas e também considerando que eles são os países que têm a maioria das capacidades - financeiras e tecnológicas", afirmou ele. O fracasso em alcançar um acordo levará a mais falta de água, alimentos e de energia e colocará em perigo milhões de pessoas, principalmente nos países mais pobres.
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O Grupo Ad Hoc, AWG-KP, está definido para concluir os seus trabalhos até o final de 2009
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Dilma chefe da delegação brasileira em Copenhague
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O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, elogiou o fato de as mudanças climáticas não serem mais assunto de uma minoria
Fotos Antonio Cruz e Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
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ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, confirmouqueaministra-chefedaCasaCivil, Dilma Rousseff, vai chefiar a delegação brasileira durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague e elogiou o interesse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas discussões sobre mudanças climáticas. “A ministra Dilma é, sem dúvida nenhuma, a ministra mais importante do governo. O fato de ela chefiar a delegaçãotemváriasleituras,cadaumfaráasua.Eufaço a de que o meio ambiente e o clima não são uma coisa exclusiva dos ambientalistas e que todo o governo está vestindoacamisa”,disse. Após participar da abertura do 1º Encontro Mudanças Climáticas – Um Desafio para as Políticas Públicas, Minc avaliou que uma possível integração entre a visão ambiental e a visão do desenvolvimentista é boa. Afirmou ainda que as propostas a serem levadas para Copenhague não podem ser tratadas como “jogo de pôquer”. “Há uma grande diferença entre uma negociação
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A ministra Dilma Rousseff, esclareceu: "Não estamos falando em meta. País em desenvolvimento não tem meta. O que temos é um compromisso voluntário de redução porque isso é uma questão política séria". Segundo Dilma, o Brasil fará "um gesto político" que legitima o país como "nação comprometida com sustentabilidade". "Vamos dizer: "Ó, não temos meta porque não estamos na lista [de países desenvolvidos], mas vamos reduzir em tanto e gostaríamos que os senhores reduzissem também"." "Sejam elas metas ou apenas um objetivo, isso é igualmente vinculante", afirmou a senadora e ex-ministra Marina Silva (PV-AC), também presente no seminário do TCU.
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internacional do preço do algodão e das mudanças climáticas. Há várias outras fibras no mundo, mas a questão do planeta é diferente porque não há outro planeta. Tratar disso como um jogo de pôquer não se aplica,asituaçãojáébastantedramática”,disse. O ministro lembrou que, há um ano e meio, o país não tinha metas voltadas para as mudanças climáticas e era alvo de críticas internacionais. Para ele, houve “uma mexida importante”e todos os setores da sociedade têm contribuído–inclusiveoParlamentobrasileiro. Minc ressaltou que países como Índia e China têm dificuldade de reduzir a emissão de gases na proporção que consta na proposta a ser apresentada pelo Brasil em Copenhague – da ordem de 40%.“Mas eles, de forma alguma, se opõem ou se consideram agredidos pelo fato deoBrasilirmaisadiante”,afirmou. Ele cobrou que a proposta de recursos dos países desenvolvidos para o Fundo Global precisa ser “mais substantiva" do que os 100 bilhões de euros anuais levantados pela União Europeia. Para o ministro, o montantedevechegaraUS$350bilhõesporano. O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, elogiou o fato de as mudanças climáticas não serem mais assunto de uma minoria. A humanidade, segundo ele, passou a perceber os efeitos “danosos” da vida moderna e o tema adquire “proporções dramáticas”, uma vez que os problemas criados não podem ser resolvidosdeumahoraparaoutra. “A solução exige grande investimentos, sacrifícios. Estamos na véspera de uma conferência que deverá ser, ou deveria ser, um marco no caminho que a humanidade vem seguindo. O Brasil precisa estar preparado, com propostas ousadas e bastante estudadas”.
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O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, no 1º Encontro Mudanças Climáticas, do TCU 24| REVISTA AMAZÔNIA
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“Desculpe, poderíamos parar a mudança climática catastrófica... Mas não fizemos”
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Anúncios com chefes de Estado em todo Aeroporto Internacional de Copenhague pela coligação global, tcktcktck.org e Greenpeace, apelam aos líderes mundiais para assegurar um acordo justo, ambicioso e obrigatório na COP 15 em Copenhague
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Merkel
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Sarkozy
ão 9 cartazes de líderes mundiais, envelhecidos por computador, onde se desculpam por não fazer o suficiente paracombaterasalteraçõesclimáticas. O desafio é colocar pressão sobre os líderes que se reunirão em poucos dias na capital dinamarquesa, pois se não chegarem a acordo sobre redução de emissão obrigatória em 10 anos pode, na
Zapatero
Você em harmonia com a
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Medvedev (Rússia), Lula (Brasil), Bolota (Polónia), Harper (Canadá) e Zapatero (Espanha), ativistas do Greenpeace pode ser imaginado em 2020. Talvez o envelhecimento seja exagerado, mas provavelmente você fez de propósito, a fim de compreender o que vai pesar a responsabilidade de não agir, favorecendo a destruiçãodoplaneta.
Harper
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Lula
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verdade serem forçados a um pedido de desculpas pública, pois, devido às mudanças climáticas, o mundo vai se tornar inabitável, e tudo por causa da ganância e da falta de mobilidade, que é hoje, quandoaindahátempoparaagir. Ao longo dos corredores do aeroporto estão cartazes com os rostos de Obama (E.U.A.), Merkel (Alemanha), Brown (Reino Unido), Sarkozy (França),
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As metas do Brasil para mitigação de emissão de gases-estufa
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O Brasil pretende reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa em entre 36,1% e 38,9% até 2020.
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m reunião, o presidente Lula e os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, da Casa Civil, Dilma Rousseff, da Agricultura, Reinholds Stephanes, da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, da Secretaria de Comunicação, Franklin Martins, o interino das Relações Exteriores Antônio Patriota, o presidente do Fórum Brasileiro sobre Mudanças Climáticas, Luiz Pingueli Rosa e o responsável peloDepartamentodeMeioAmbientedoMinistériodas Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, definiram que o País deve reduzir entre 36,1% e 38,9% sobre as estimativas de emissões previstas para 2020, dependendo dos cenários de crescimento do Produto InternoBruto(PIB). Segundo Minc, a variação significa um "intervalo de
confiança", que pode, inclusive, ser ultrapassado. "Podemosiralém",afirmouMinc. Considerando cenários de crescimento econômico de 5% e 6%, as ações para mitigação das emissões até 2020 prevêem iniciativas nas áreas de uso da terra, agropecuária, energia e siderurgia. "É importante destacar que essas são ações que decidimos tomar de forma voluntária. E que elas, além de voluntárias, são
Devemos reduzir entre 36,1% e 38,9% sobre as estimativas de emissões previstas para 2020
factíveis, quantificáveis, reportáveis e, inclusive, podem ser verificadas", disse a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, ao anunciar as metas em entrevista coletiva à imprensa. "Estamos assumindo uma queda de quase 21% com a redução de 80% no desmatamento da Amazônia e um intervalo variável para demais ações, que são complementares à de combate ao desmatamento da floresta", acrescentou, se referindo às áreas de agropecuária,energiaesiderurgia. Aindadeacordocomaministra,adefiniçãodasaçõesde mitigação que devem ocorrer em cada um dos setores mostram que "o Brasil tem compromisso com o
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desenvolvimentosustentávelecomomeioambiente". Para a ministra, o fato de o Brasil levar metas detalhadas a Copenhague pode favorecer o país, no sentido de receber investimentos internacionais para cumpri-las. "Já que estamos elencando as iniciativas, estaremos qualificadosparareceberrecursos",avaliou. As metas prevêem uma redução de 20,9% nas emissões de CO2 com a redução de 80% no desmatamento da Amazônia. E 3,9% com a redução de 40% no desmatamento do Cerrado, um total de 24,8% do total das emissões. Coube ao ministro Carlos Minc detalhar as iniciativas que deverão ser feitas em cada setor para que as metas sejam cumpridas. "No caso do desmatamento daAmazônia,nósjánosantecipamos.Jáfoianunciadoo menordesmatamentodosúltimos21anos",disse. Para a agropecuária, a proporção de redução varia de 4,9% a 6,1%. Para isso, são listadas ações de recuperação de pastos, integração lavoura-pecuária, plantiodiretoefixaçãobiológicadenitrogênio. No setor de energia, a proporção de redução varia de 6,1% a 7,7%, com foco em eficiência energética,
incremento no uso de biocombustíveis, expansão da oferta de energia por hidrelétricas e fontes alternativas como, por exemplo, bioeletricidade e energia eólica. Na siderurgia, com proporção de redução variando de 0,3% a 0,4%, o foco estará na substituição de carvão de desmate por árvores plantadas. O ministro frisou que as metas não impedirão o crescimento do país. "O Brasil não vai ficar engessado. Porque nós somos um dos poucos países que pode ter menos desmatamento, menos emissões, e mais desenvolvimento", afirmou. Tanto Dilma quanto Minc destacaram a importância da proposta brasileira. "Com essas metas nós mostramos que temos boa vontade e compromisso", avaliou a chefe da Casa Civil. "Mas esse tem que ser um compromisso não só do governo, é de todo o país", completou o ministro do Meio Ambiente.
A mitigação
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A proposta será levada para a COP 15 – Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que será realizada de 7 a 18 de dezembro em Copenhague, na Dinamarca. O governo afirma que essa meta é um compromisso voluntário, e não compulsório, já que a Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas só prevê metas obrigatórias para os países desenvolvidos. Em resumo a proposta brasileira se divide em quatro áreas: o uso da terra, incluindo redução do desmatamento (corte de 24,7% das emissões), agropecuária (de 4,9% a 6, 1%), energia (de 6,1% a 7,7%) e siderurgia (de 0,3% a 0,4%). A amplitude da redução, deve ficar de 975 a 1062 milhões de toneladas de gás carbônico. Para cumprir a meta de redução de 80%, assumida no Plano Nacional de Combate às Mudanças Climáticas, o desmatamento máximo admitido em 2020 deve ficar em torno de 4 mil quilômetros quadrados.
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Proposta brasileira vai ajudar acordo global, afirmam ONG's Segundo a ambientalista WWF, a proposta brasileira de redução de emissões é "um gesto político importante". "Vai na direção correta e pode trazer um novo ânimo para Copenhague", avalia Carlos Rittl, coordenador do programa de mudanças climáticas da entidade. "Havia uma demanda grande, o mundo estava pedindo uma demonstração de liderança", diz o ambientalista. João Talocchi, coordenador de mudança climática do Greenpeace, afirmou: " Essa proposta do Brasil pode ajudar nas negociações em Copenhague e deve credenciar o Brasil para uma posição de liderança na negociação do novo acordo climático global em Copenhague” O ambientalista, porém, diz que o Greenpeace vai cobrar agora que a meta seja incluída no novo acordo. "Esses números precisam estar no documento que vai ser assinado lá", afirma Talocchi. O coordenador de Políticas Públicas do Programa de Mudanças Climáticas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), André Lima, também acredita que os números brasileiros poderão estimular outros países a colocarem na mesa o quanto estão dispostos a reduzir de suas emissões.
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Cercado por ministros e governadores, o presidente Lula anunciou os avanços no combate ao desmatamento na região amazônica
Inpe afirma:
Desmatamento na Amazônia cai 45% e é o menor em 21 anos Fotos Adriano Machado, Fabio Rodrigues Pozzebom/Abr e Ricardo Stuckert/PR
O
desmatamento na Amazônia Legal no último ano foi o mais baixo desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a monitorar a região amazônica,em1988. Entre agosto de 2008 e agosto de 2009 foram desmatados 7 mil quilômetros quadrados, de acordo com os dados do projeto de monitoramento por satélite Prodes – Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal, do Inpe. Esta também foi a primeira vez em 21 anos que a área derrubada ficou abaixo dos 9 mil quilômetros quadrados. O resultado mais próximo disso foi registrado entre 2006 e2007,com11.633km2derrubados. O número também representa uma redução de 45% em
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relação ao período de agosto de 2007 a agosto de 2008, quando, segundo o projeto de monitoramento do Inpe, foramdesmatados12,9milquilômetrosquadrados. "Ainda é muito, mas a queda foi muito grande. É um dado excelente, um resultado histórico", afirmou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que participou do anúncio ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da SilvaedaministradaCasaCivil,DilmaRousseff. O Inpe registrou queda em quase todos os estados da Amazônia. Em Mato Grosso e no Pará, tradicionalmente líderes dos rankings de desmatamento mensais, a queda foi de 65% e 35%, respectivamente. Em Rondônia,aquedafoide55%. De acordo com o Inpe, a margem de erro da estimativa anual de desmatamento é de 10%, ou seja, pode resultar em uma variação de 700 km² para ou mais ou
paramenosquandoosdadosforemconsolidados. “É um momento de muita alegria constatar que o esforço da sociedade brasileira de conter o desmatamento da Amazônia chegou a um nível muito satisfatório”,afirmouodiretordoInpe,GilbertoCâmara. Esse resultado vai ser um trunfo importante para o governo brasileiro nas negociações por um acordo que substitua o Protocolo de Kyoto na COP 15, a Conferência daONUsobremudançasclimáticasemCopenhague.
Arco Verde Nos últimos anos, a tendência histórica vem sendo de quedanaáreadesmatada. No entanto, o governo federal ainda está distante das metas assumidas em seu Plano Nacional de Combate às
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O presidente Lula entregou títulos de terra a agricultores do município de Novo Progresso-Pá
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O projeto envolve 14 órgãos do governo, sob a tutela da Casa Civil, além das prefeituras da região e de organizaçõesnão-governamentais. O governo incluiu também um programa de regularização fundiária no Mutirão Arco Verde, como parte da tentativa de unificação das políticas de assentamento agrário, regularização ambiental e desenvolvimentosustentável.
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Preservação Na cerimônia, a governadora Ana Júlia Carepa enfatizou que não é simples a tarefa de controlar as ações de desmatamento ilegal na Amazônia, e defendeu que os Mudanças Climáticas, que prevê a queda do desmatamentoa80%. Isso significa que o desmatamento máximo admitido em 2020 deve ficar por volta de 4 mil quilômetros quadrados, menos de metade desses números anunciados. O anúncio foi feito durante o evento de divulgação do balanço do Mutirão ArcoVerde, o programa do governo federal de combate a atividades clandestinas que levam aodesmatamento. O programa visa a promover o desenvolvimento sustentável nos 43 municípios amazônicos responsáveis pormaisde50%dasderrubadasnaregião.
Gilberto Câmara, presidente do Inpe, divulga os dados sobre as taxas de redução do desmatamento na Amazônia
Para Ana Júlia Carepa, os países industrializados têm de liberar mais recursos para as ações de preservação da Amazônia
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países industrializados desembolsem mais recursos paraasaçõesdepreservação. "O Brasil tem demonstrado que é possível trilhar um caminho diferente: que alcança o desenvolvimento sem destruir a floresta", afirmou a governadora. Para ela, a região amazônica não mais aceitará ser somente fornecedora de matéria prima para outras regiões brasileiras.
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Títulos Ministra Dilma Rousseff participou do encontro
Na solenidade, o presidente Lula entregou títulos de regularização fundiária a dois casais de agricultores do município paraense de Novo Progresso: Ivalmir e Sale FuchseLuizeNeuzaCassol. "Conseguimos demonstrar que existe um modelo alternativo de produção que preserva a floresta em pé. O Brasil vem de longa data fazendo o seu dever de casa e o programa Arco Verde Terra Legal é uma das ações afirmativas mais fortes que podemos apresentar na reunião sobre mudanças climáticas em Copenhague", ressaltouaministraDilmaRousseff,daCasaCivil. Também participaram da solenidade governadores dos Estados da Amazônia Legal, prefeitos de 43 municípios da região e o ministro Alexandre Padilha, de Relações Institucionais.
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O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o presidente Lula
O presidente Lula, a governadora Ana Julia Carepa e prefeitos das cidades paraenses atendidas pelo Mutirão Arco Verde Terra Legal
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Ano Internacional da Biodiversidade
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ONU declarou 2010 o Ano Internacional daBiodiversidade(IYB).Aolongodoano inúmeras iniciativas serão organizadas para disseminar informações, promover a proteção da biodiversidade e incentivar as organizações, instituições, empresas e indivíduos a intervir diretamente para reduzir a perda constante de todoomundoadiversidadebiológica. A contagem regressiva 2010 – Countdown 2010, trabalha no nível governamental pelas respostas e vigilância de países para que 2010 seja o alvo da Biodiversidade e, a nível local, através da mobilização dos agentes locais que tomem ações concretas. Em
Objetivos do IYB * Aumentar a conscientização sobre a importância da conservação da biodiversidade para o bem-estar compreensão e promoção do valor econômico da biodiversidade; * Aumentar o conhecimento público das ameaças à biodiversidade e os meios para conservá-lo; * Engajar um número crescente de pessoas; * Celebrar as realizações dos governos e Countdown 2010 parceiros; * Relatório sobre possíveis falhas para atingir a meta; * Use o impulso para desencadear uma ação ainda mais positiva para a manutenção da biodiversidade; * Comece a comunicar o pós-2010-alvo (s). Eventos do IYB * Lançamento do IYB pelo Presidente da COP 9, Berlim, Alemanha, em janeiro; * Abertura da IYB, o lançamento da exposição da UNESCO, Paris, França, em janeiro; * Conferência de Trondheim, na Noruega, em fevereiro; * Copa do Mundo, África do Sul em junho; * Assembléia Geral da ONU, Nova Iorque, em Setembro de E.U.A; * 10 ª Conferência das Partes, Nagoya, Japão, em outubro, e * Encerramento da IYB, Kanazawa, Japão, em dezembro
apenas alguns anos de atividade, a contagem regressiva 2010 tem sido capaz de mobilizar um número crescente de atores que vão desde as autoridades locais e empresas para as organizações da sociedade civil. Com uma poderosa rede de mais de 900 parceiros, a Countdown 2010, é uma das principais iniciativas da mobilizaçãodeaçãopara2010. Através de sua ampla e bem estabelecida rede, a Countdown 2010 será um ator-chave global para o IYB na Europa e no mundo. Parceiros Countdown 2010 irão fornecer um dos principais canais de informação e será um veículo importante para atingir públicos-alvo em
todo o mundo.a hidrovia será a principal via de escoamento de produtos, como por exemplo, grãos do Centro-Oeste, para exportação, pelo porto de Vila do Conde.Paraisso,tambémincluídonoPAC,foiestásendo construída uma rampa, orçada em R$ 7 milhões e ampliadoumpíer. O governo Lula atendendo reivindicação do governo do Estado e da nossa bancada federal, incluiu essas históricas e fundamentais obras no seu maior programa de governo, o PAC, por ter o entendimento de que não é possível alavancar o desenvolvimento do País sem atacarasdesigualdadesregionaisexistentes.
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Projetos de CO2 podem render US$ 16 bilhões ao Brasil
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egundo Flavio Gazani, diretor da Associação Brasileira de Mercados de Carbono, em entrevista concedida recentemente, "Podemos ganhar de US$ 8 a 16 bilhões por anocomcréditosflorestais". Os países ricos e as nações em desenvolvimento irão discutir a inclusão de projetos de preservação florestal (conhecidos pela sigla em inglês Redd - Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation in Developing Countries ) no novo tratado climático a ser definidonareuniãodedezembroemCopenhague. Atualmente, os projetos Redd estão fora dos mercados de carbono, pelo qual países e empresas recebem créditos para compensar suas emissões quando sustentam projetos que evitam emissões em outros lugares. A devastação da Amazônia, especialmente para a extração de madeira e expansão da pecuária, é a maior fonte de emissões de carbono do Brasil, que há anos é pressionado a reduzir o desmatamento. Nos últimos 40 anos, a floresta perdeu cerca de 20% da sua área. "Todos nós deveríamos concordar que as emissões pelo desmatamento são uma parte significativa do problema, e deveríamos também admitir que poderíamos usar alguma ajuda", acrescentou. Recentemente o Brasil sinalizou estar aberto a vender créditos de carbono como parte dos projetos Redd. DurantemesesoPaísseopôsaessaopção,alegandoque ela abriria uma brecha para que os países ricos continuassempoluindo. Os projetos Redd (de Emissões pelo Desmatamento e Degradação Reduzidas) geram crédito pelo carbono que as florestas absorvem quando estão vivas. Já a queima ou apodrecimentodasárvoresrespondeporcercadeum quinto das emissões globais de gases do efeito estufa.
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Simpatizantes dizem que tais projetos criam incentivos para evitar o desmatamento, ao estabelecer um valor monetário para os recursos florestais. Críticos dizem que esses créditos, se aparecerem em volume expressivo, poderiam ter seu preço reduzido, o que seria um estímulo ao desmatamento. Muitos também se opõem ideologicamente à atribuição de valores monetários aos recursosnaturais. O governo disse no mês passado que está estudando uma redução das suas emissões de carbono em 19% até 2020, em relação aos níveis de 2005. Isso significaria uma volta aos níveis de 1994, ou cerca de 1,7 bilhão de toneladas de dióxido de carbono ou equivalente. A maior parte da redução viria pela preservação da Amazônia. "Acho que a meta do governo para reduzir as emissões florestais poderia ser mais fácil de garantir se tivéssemos recursosdosprojetosRedd",disseGazani. O governo disse que o desmatamento da Amazônia no período de 12 meses até julho caiu para o menor nível desde que o monitoramento começou, há 21 anos, esse resultado foi atribuído a uma melhora na fiscalização e nacoordenaçãocomosmunicípios.
Incerteza em Copenhague Mas o futuro de tais projetos depende fortemente de os países industrializados e em desenvolvimento superaremsuasdiscordânciassobrequemdeveriapagar pelo corte de emissões, para ratificarem um acordo climático que entre em vigor depois de 2012. "Essas pré-negociações foram um pouco frustrantes", disse Gazani. "Mas não acho que haja como contornar isso. Podemos não chegar a um acordo neste ano, mas não acho que iremos continuar muito além disso sem umtratado". A incerteza sobre o acordo e s o b re a re c u p e r a ç ã o econômica global reduziu a demanda por créditos e limitou o interesse dos investidores para iniciar novosprojetos. As empresas que vendem créditos precisam realizar um complexo registro junto ao MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que permite que países ricos invistam em cortes de emissões nos países em desenvolvimento, em vez de realizarem custosas reduçõesdomésticas. Índia e China são os maiores
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Ban Ki-moon, secretário-Geral da ONU,(centro), Jens Stoltenberg (direita), o primeiro-ministro da Noruega, e Helen Clark (à esquerda), Administrador da ONU, durante o evento de alto nível sobre a Redução das Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal em países em desenvolvimento (REDD)
REDD é um mecanismo criado para evitar a emissão de carbono. Pertence, assim, à Convenção do Clima e não à da Biodiversidade, apesar de ser pertinente a ambas. Na verdade, pode vir a representar um dos mais promissores caminhos para a proteção da biodiversidade. vendedores desse mercado, por causa da sua dependência em relação a combustíveis poluentes, comoocarvão. Gazani disse que o Brasil tem oportunidades para entrar nos mercados voluntários de carbono, que países como os Estados Unidos, que não participam do atual Protocolo de Kyoto, usam para compensar suas emissões. O mercado em 2008 atingiu apenas 700 milhões de dólares, sendo que o mercado geral de carbono atualmente está estimado em quase US$ 126 bilhões. «É um mercado pequeno, mas crescente", disse ele. "A vantagem é que ele não enfrenta a ameaça do prazo de 2012dotratado".
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Lula recebeu o Prêmio Chatham House 2009 armas do Brasil", disse. "Não hesitem, no entanto, em demandar nosso apoio político, nosso esforço negociador." Ele voltou a defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU, de forma a refletir a nova correlação de forças no mundo. "(O Brasil) reivindica, junto com outros países, uma presença permanente neste organismo",dissenodiscurso.
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Lula agradece o prêmio Chatham House
Durante cerimônia de entrega do prêmio Chatham House, em Londres
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Fotos Ricardo Stuckert/PR
epois de participar de encontro com a rainha Elizabeth II, no Palácio de Buckingham, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o Prêmio Chatham House 2009 por sua atuação na América Latina. Na avaliação da instituição de relações internacionais britânica, Lula é condutor da estabilidade e integração da região, com contribuição na solução de crises, como no Haiti, e incentivo à constituição da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Lula estava concorrendo com o ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, o príncipe Saud Al-Faisal Bin Abdulaziz, e a presidente da Libéria, Ellen JohnsonSirleaf. No ano passado, o vencedor foi o presidente de Gana, John Kufuor. A Chatham House elege anualmente o político que deu maior contribuição às relações exteriores. A entrega do prêmio foi feita durante jantar de gala na Banqueting House, edifício do governo britânico na região de Westminster, pelo duque de Kent. Também estevepresenteosecretáriodeNegóciosdoReinoUnido, Peter Mandelson. O ex-comissário europeu lembrou dos tempos que negociava com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, que costumava mover a cabeça com sinal de negação durante as tratativas. "Eu ficava imaginando o que ele estaria pensando e acho que era algo como ''você não conhece meu chefe, o presidenteLula''. Durante seu discurso, Lula disse que a política externa é um elemento fundamental do desenvolvimento
Lula e o prêmio Chatham House
brasileiro. "Decidimos associar nosso desenvolvimento ao da América do Sul, nosso entorno imediato", afirmou. "Estamos realizando um processo de integração solidária do continente, sem pretensões hegemônicas, sembuscadeliderança." Ele também mencionou o movimento do Brasil em direção à África, na condição de segunda maior nação de populaçãoafrodescendente. O presidente falou ainda da busca pelo diálogo e negociação nas relações internacionais. "Não esperem
Lula discursa na abertura do seminário "Investing in Brazil Summit: Identifying Opportunities in the New Economic Climate"
Lula exibe placa e é aplaudido por Peter Mandelson, secretário de Negócios do Reino Unido
Presidente brasileiro recebeu o prêmio das mãos do duque de Kent
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Presidente Lula cumprimenta a Rainha Elizabeth II durante encontro no Palácio de Buckingham
Robin Niblett, diretor da Chatham House, disse que “Lula é o vencedor deste ano do Prémio Chatham House por causa de suas qualidades notáveis como líder nacional , regional e internacional. Felicito calorosamente o presidente. Este prêmio reconhece suas realizações pessoais e também é um reconhecimento da crescente influência que ele conseguiu para o Brasil em todo o mundo.
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Terra tem maior nível de CO2 em 2,1 milhões de anos
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Os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera são os mais elevados dos últimos 2,1 milhões de anos, segundo um estudo divulgado pela revista Science
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s cientistas rejeitam a teoria de que uma queda do CO2 tenha sido responsável por glaciaçõesmaislongaseintensashácercade 850 mil anos, mas confirmam a suspeita de que a sua subida coincida com intervalos mais quentes duranteoperíodoestudado. Os autores mostram que os níveis mais altos de CO2 nos últimos 2,1 milhões de anos foram em média de apenas 280 partes por milhão e são agora de 385 partes por milhão, ou seja 38 por cento acima. A descoberta implica que os investigadores terão de recuar mais no tempo para encontrar analogias com as alterações climáticasatuais. No estudo, a geoquímica Bärbel Hönisch e colegas reconstruíram os níveis de CO2 através da análise de conchas de plâncton unicelular enterrado no oceano Atlântico ao largo das costas africanas. Ao datarem as conchas e medirem nelas a percentagem de isótopos de boro, conseguiram estimar quanto CO2 estaria na atmosferaquandooplânctonestavavivo.
Ciclos glaciares mais longos e intensos Este método permitiu-lhes recuar mais do que os registros preservados em núcleos de gelo polar, que datam apenas de há 800 mil anos. O planeta passou por glaciações cíclicas durante milhões de anos, mas há 850 mil anos os ciclos glaciares tornaram-se mais longos e Gary Hemming lançou a ideia de usar o boro
intensos, o que foi atribuído por alguns cientistas a uma queda de níveis de CO2. No entanto, o estudo constatou que o CO2 se manteve estável durante essa transição, não tendo por isso sido a causa da alteração. "Investigações anteriores indicaram que o CO2 não mudou muito nos últimos 20 milhões de anos, mas a resolução não era suficientemente elevada para ser definitiva", escreve a principal autora do estudo. "Este estudo diz-nos que o CO2 não foi a principal causa, embora os nossos dados continuem a sugerir uma ligação íntima entre os gases com efeito de estufa e o climaglobal" Julga-se que o calendário das glaciações seja predominantemente controlado pela órbita e a inclinação da Terra, que determina quanta luz solar incide em cada hemisfério, mas essa não será essa a únicaexplicação.
A geoquímica Bärbel Hönisch
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A ideia de determinar os níveis antigos de dióxido de carbono através do boro, um elemento libertado pelas erupções vulcânicas, foi lançada pela primeira vez por um dos autores deste estudo, Gary Hemming, investigador do Instituto Lamont-Doherty e do Queens College(Londres).
A investigação, realizada por cientistas do Observatório Terrestre Lamont-Doherty, da Universidade de Columbia (Nova Iorque), adianta novos dados sobre o papel dos níveis de CO2 nos ciclos de arrefecimento e aquecimento da Terra.
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O aquecimento global nos países mais pobres é grave e prioritário
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IPCC diz que impacto do aquecimento global nos países mais pobres é prioridade
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próximo relatório do Painel Internacional para as Alterações Climáticas (IPCC) vai ter especial atenção no impacte diferenciado que o aquecimento global vai ter nos países mais pobres. O quadro de cientistas das Nações Unidas reuniu-se recentemente em Veneza para começar a pensar no quinto documento da organização, previsto para2014. Rajendra Pachauri, o economista que lidera o IPCC, alertou que em África não existe poder científico suficiente para realizar previsões sobre o que as alterações climáticas vão causar no continente. “É de importância urgente capacitar a África para se tornar apta para medir o impacto das alterações climáticas”, disseoespecialistaontememNovaIorque. Parte do dinheiro que o IPCC recebeu com o Nobel da Paz de 2007, foi posto num fundo para ajudar os países mais pobres a prever e a prepararem-se para as consequências. O economista frisou que o rascunho do quinto relatório que está marcado para sair em 2013, vai concentrar-se tanto nas adaptações como nas mitigações que os países poderão desenvolver, ao mesmo tempo em que o mundo começa a viver o aumentodastemperaturas. Pachauri ficou agradado com a decisão dos países industrializados de porem o teto de aumento de
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temperatura em dois graus, durante a última reunião do G8. No entanto, os países também deveriam definir 2015 como prazo máximo para o pico das emissões dos gasesresponsáveispeloefeitodeestufa,apartirdoqual, as emissões deveriam descer rapidamente, como recomendouoIPCC. “Eles deviam ter dito categoricamente que por volta de 2020 iriam implementar cortes fortes nas emissões. Por isso existem várias lacunas que são bastante óbvias”.
Rajendra Pachauri, o economista que lidera o IPCC
“Chegou a hora da comunidade internacional realizar ações. Há uma frustração devido ao atraso entre o que se sabe – sobre as alterações climáticas – e a ação baseada nesseconhecimento.” As condições climáticas extremas também farão parte principal dos tópicos abordados no próximo relatório do IPCC. REVISTA AMAZÔNIA |35
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FAO diz que agricultura de baixo carbono é a solução
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FAO Mapa da Fome no Mundo
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agricultura com baixa emissão de carbono pode conter o aquecimento global ao mesmo tempo em que aumenta a produção de alimentos nos países em desenvolvimento, por isso deve ser recompensada no acordo global sobre o clima em dezembro, afirmou a agênciadealimentaçãodaONU. Medidas para reduzir as emissões de carbono em fazendas nas nações em desenvolvimento também poderiam aumentar as safras onde o alimento é pouco, disse a Organização para Agricultura e Alimentação (FAO). Mais de 1 bilhão de pessoas estão subnutridas e o mundo terá de alimentar mais 3 bilhões até 2050, boa parte em áreas que se prevê serão as mais afetadas por mudanças climáticas, dizem especialistas. Determinadas práticas agrícolas podem resolver ambos os problemas, segundo a FAO. Por exemplo: conservando pastos saturados e cuidando dos solos. Masissoenvolvecustos. "Uma parte essencial do problema é a falta de financiamento," disse Leslie Lipper, economista da FAO e co-autora do relatório "Segurança Alimentar e Mitigação pela Agricultura em Países em Desenvolvimento," publicado durante as conversas sobreoclima,emBarcelona. "Se adotadas pelos agricultores, muitas dessas práticas os beneficiarão, mas no curto prazo eles podem 36| REVISTA AMAZÔNIA
enfrentar redução de renda," disse Lipper, usando o exemplo de remoção do gado para permitir a recuperaçãodepastos. A agricultura mal foi mencionada nas conversas em Barcelona – a sessão preparatória final antes da cúpula de Copenhague, em dezembro, cujo objetivo é
formalizar um acordo mundial sobre clima para substituirouprorrogaroProtocolodeKyoto. A agricultura responde por 10 a 12 por cento das emissões diretas de gases do efeito estufa GEEs, não incluindo a sua participação no desmatamento, segundo um painel da ONU de cientistas especializados emclima. Um estudo da FAO deste ano calcula em 210 bilhões de dólares o investimento extra na agricultura necessário paraelevaraproduçãoentrehojee2050. Parte dos recursos para a adoção de práticas de baixo carbono poderia vir de mercados de carbono, nos quais nações ricas pagariam por reduções de emissões em países em desenvolvimento para compensar as próprias emissões. A agricultura de baixo carbono em países em desenvolvimento poderia atrair até 30 bilhões de dólares por ano por meio desse esquema de financiamento,segundooestudodivulgadopelaFAO.
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Seringal Ribeirinho, no Acre A agricultura de baixo carbono em países em desenvolvimento poderia atrair até 30 bilhões de dólares por ano por meio desse esquema de financiamento
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Petrobras investe R$ 1,8 bilhão em projetos de inovação tecnológica
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José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras
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Fotos Renato Araújo/ABr
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s investimentos da Petrobras em pesquisas para o desenvolvimento de tecnologia na área de petróleo, gás e energia deverão atingir R$ 1,8 bilhão, anunciou a empresa ao
comemorar os três anos do projeto Redes Temática. A Companhia acredita que o domínio tecnológico é fator crítico de sucesso em seus negócios. E, desde a sua fundação, trabalha em parceria com universidades e
institutos de pesquisa brasileiros, contribuindo para o avanço da tecnologia nacional na área de petróleo, gás e energia. Implantado em 2006, o projeto, segundo a Petrobras, objetiva a produção de conhecimento em torno de temas estratégicos para a empresa e a indústria, em sintonia com as metas de negócio da companhia, além de fortalecer as potencialidades regionais, reforçando a capacitação de instituições científicas nos estados onde aestatalopera. O projeto, inicialmente, promoveu convênios com 71 instituições de P&D de 19 estados, organizadas em 38 redes temáticas – todas relacionadas às metas tecnológicas da Petrobras, definidas a partir do plano de negócioseplanejamentoestratégicodaempresa.Como passar do tempo, novos convênios foram fechados e hoje já são 50 redes dedicadas a diferentes temas, reunindo80instituiçõesemtodoopaís. Segundo a Petrobras, na estratégia das redes, o primeiro passoédotaropaísdeumparquetecnológicodepadrão mundial de excelência na área de energia. O gerente executivo do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes), Carlos Tadeu da Costa Fraga, explicou que o modelo que vem sendo adotado prevê, inicialmente, um maior volume de recursos destinado à construção de infraestrutura física e à qualificação de recursoshumanos. “Partimos do princípio que, a partir de investimentos fortes em infraestrutura física e capacitação, são criadas condições de excelência para desenvolver, no país, projetos de P&D arrojados e gerar uma quantidade significativamentemaiordeinovações”,disse.
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Carlos Tadeu da Costa Fraga, gerente executivo do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes) REVISTA AMAZÔNIA |37
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Revertendo danos que poderiam comprometer o equilíbrio ambiental da Amazônia
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A governadora Ana Julia Carepa e José Maria Goldschimidt, presidente da empresa Floresteca que doou as mudas para a Escola Família Agrícola de Marabá
representa cerca de 20% do reflorestamento existente noBrasil. Para a governadora Ana Júlia Carepa, é imperativo e determinante fomentar um novo modelo de desenvolvimento econômico no Pará Segundo ela, o tema ambiental é uma prioridade no seu governo.“Nós temosasflorestas,elassãofundamentaisparaequilibrar o clima no mundo, mas também há a necessidade de que o mundo todo fomente uma economia de baixo carbono porque o desmatamento é responsável por apenas 20% das emissões mundiais de gases causadores do efeito estufa. Nós estamos fazendo a nossa parte, mantendo floresta e plantando floresta, mas o mundo também tem que fazer a sua parte”, enfatizouagovernadora. Além de promover a regularidade ambiental da propriedade, o produtor poderá ganhar dinheiro plantando espécies de valor comercial, inclusive utilizando um percentual da área da reserva legal, que na Amazônia é de 80%, para plantio homogêneo e atividadesdesilvicultura. Para abarcar a agricultura de pequeno porte e
Fotos Eliseu Dias, Rodolfo Oliveira /Ag Pa
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Pará é o estado da Amazônia brasileira que mais pode contribuir para evitar um colapso no ecossistema amazônico. Por isso todos os esforçosdegovernosdevemsernosentidode evitar que o desmatamento no bioma, neste estado, se aproxime de 40%. Se chegar a esse nível o bioma estará seriamente ameaçado. É o que demonstram estudos realizados pelo Programa de Grande Escala da BiosferaAtmosferanaAmazônia(LBA,nasiglaeminglês). De acordo com os estudos, dependendo do percentual desmatado no leste do estado, pode-se interromper a reciclagem da água ao longo de toda a bacia, secando a parte central da Amazônia dentro de um período de apenas 30 ou 40 anos. Se caminhar nesse sentido todo o oeste do Pará ficará sem água. A análise é do pesquisador Paulo Artaxo, chefe do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da Universidade de S ã o Pa u l o ( U S P ) e m e m b ro d o Pa i n e l Intergovernamental de Mudanças Climáticas. No entanto, as ações do governo do Pará caminham no sentido de conter essa ameaça e reverter os danos que poderiam comprometer o equilíbrio ambiental da Amazônia. Dentre as ações do governo estadual, voltadas para o fortalecimento da gestão ambiental, constam a criação do programa 1 Bilhão de Árvores para a Amazônia, criado para induzir a restauração, recomposição e manutenção florestal, bem como a recuperaçãodepassivosemáreadereservalegal,serum novo modelo de desenvolvimento rural sustentável, conter o desmatamento e contribuir para a redução das emissões dos gases do efeito estufa. 1 bilhão de árvores 38| REVISTA AMAZÔNIA
A governadora Ana Júlia Carepa plantando uma muda de ipê amarelo em Portel, Pará No município de Rondon do Pará
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Paulo Artaxo, chefe do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
agricultura familiar, o governo do Estado criou o programa Campo Cidadão que tem como meta atingir 120 mil famílias em quatro anos. O secretário de Estado da Agricultura, Cássio Alves Pereira demonstrou que já no seu primeiro ano, o Campo Cidadão, que é um programa de segurança alimentar, atendeu 50 mil
cacau,5,4milhõesdemudasdeaçaíeoutras. Apenas em 2008, o Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), do Governo Federal, contratou 20.050 projetos de Sistemas Agroflorestais (SAF´s) e a meta é atingir o plantio de 240 milhões de árvores, com o plantiode2hectaresporfamíliaatendida,atéouniverso doprograma. De acordo com o secretário, em 2009 o Pará bateu vários recordes de produção, dentre eles o de e cacau que atingiu 60 mil toneladas e confirma o estado como segundo produtor brasileiro, caminhando para o primeiro lugar com uma área plantada de aproximadamenteoitomilhectares. A produção de sucos de frutas, especialmente o açaí cresceu e a atividade leiteira atingiu 1 bilhão de litros. Para o secretário, um ponto crítico do programa é a dificuldade de se conseguir o pagamento por serviços ambientais, um dos instrumentos do Campo Cidadão. Por ser o primeiro programa de escala voltado para o público da agricultura familiar, instituído no Pará, Cássio
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Airton Faleiro, deputado Estadual/Líder do Governo e Anibal Picanço secretario de Estado de Meio Ambiente – Sema
Jorge Yared, diretor do Ideflor
Pereira considera que ainda é preciso construir metodologias que sejam capazes de aferir os serviços ambientais que o programa agrega. “Apesar de toda a dificuldade não vamos desistir, estamos confiantes que elasserãosuperadas”. Instrumentos legais – O programa 1 Bilhão de Árvores para a Amazônia abriga uma série de instrumentos legais, como o Zoneamento Ecológico- Econômico
(ZEE), o Cadastro Ambiental Rural, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS Ecológico), sistemas públicos de financiamento para atividades de reflorestamento e florestamento, o incentivo econômico ao serviços ambientais, a regularização ambiental dos imóveis rurais e das indústrias de base floresta, a promoção do reflorestamento com espécies nativas, o plano estadual de mudanças climáticas e uma rede de pesquisaparaaexploraçãoespéciesnativas.
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famíliasvinculadasàagriculturafamiliar. O Campo Cidadão dialoga com o programa 1 Bilhão de Árvores para a Amazônia, tanto que 22 mil famílias receberam orientação técnica específica para o manejo e a produção florestal e no total, foram plantadas 28,5 milhõesdeárvores,queserãocomputadasnacontagem de 1 bilhão. São projetos agroflorestais e dentre as espécies plantadas somam 16 milhões de mudas de
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A governadora Ana Julia Carepa e os alunos da Escola Família Agrícola do município de Marabá realizaram plantio de mudas como parte da programação do Mutirão Arco Verde/ Terra Legal e do programa Um Bilhão de Árvores REVISTA AMAZÔNIA |39
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JorgeYared, presidente do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará (Ideflor), relacionou as diversas ações já executadas pelo governo estadual, voltadas para o cumprimento das metas do programa. Dentre elas, o ZEE da zona oeste, que depende apenas da sanção do presidente Lula, o ZEE da borda Leste e da Calha Norte, em elaboração, a lei estadual de regularização fundiária, agora compatível com o Código Florestal no que diz ao prazo da recomposição da área de reserva legal, de 30 anos, o decreto que institui as formas de manutenção, recomposição e regeneração natural, cuja Norma Técnica com os modelos de recomposição florística está sendo elaborado, o Plano de Prevenção, Combate e Alternativas ao Desmatamento e o Fórum Paraense de MudançasClimáticas.
Estatísticas De acordo com as metas do programa, o CAR vai cadastrar 80 mil propriedades até o final de 2009 e 120 mil propriedades até o final de 2010. O programa também está enfrentando um de seus maiores gargalos, que é a oferta de sementes. Para isso estão sendo cadastradas e identificadas redes coletoras de sementes, envolvendo comunidades que possam ser inseridas nesseprocesso. O Ideflor irá implantar um grande centro de certificação e produção de mudas em Marabá e laboratórios de sementes em outros municípios. O Ideflor capacitou 38 multiplicadores, que por sua vez treinaram 639 pessoas para a coleta de sementes. Também está cadastrando viveiros e já identificou um capacidade instalada de 7 milhõesdemudas/ano.
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em 2008, a Sema licenciou para a agricultura familiar seis milhões de árvores e a previsão é de que entre 2009 e 2010 outras 9 milhões de mudas sejam plantadas. O governo estadual deverá ainda destinar para concessão pública100milhectaresdeáreasalteradas,sobdomínio doEstado,parafinsdereflorestamento. Para inserir as pequenas comunidades no contexto do programa e oferecer a elas uma alternativa de renda, foram feitas algumas articulações com empresas como uma indústria de celulose que vai fomentar o plantio de cinco mil hectares e beneficiar mil famílias. Com uma siderúrgica de Marabá serão mais três mil hectares e mil famílias beneficiadas. Outras mil famílias que vivem em reservas extrativistas vão plantar mil hectares de espécies nativas, como a andiroba e o açaí, de forma econômica. Cada família vai plantar um hectare. Na
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Ana Júlia Carepa, no ato solene no Parque Ambiental de Belém, na reserva do Utinga, com o semeio de mais de mil mudas de 14 espécies econômicas da Amazônia, feitas por estudantes da rede pública de ensino. A solenidade fez parte do Programa “1 Bilhão de Árvores para a Amazônia”
Árvores licenciadas O programa foi lançado em maio do ano passado e até o final de 2008 foi licenciado pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema), o plantio empresarial de 228 milhões de árvores em 195 mil hectares e 30 municípios. Ainda
No Parque Ambiental de Belém, na reserva do Utinga
contagem das árvores, calcula-se mil indivíduos (plantas),porhectare.
Terra Indígena
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Alunos da Escola Família Agrícola do município de Marabá no plantio de mudas como parte da programação do Mutirão Arco Verde / Terra Legal e do programa Um Bilhão de Árvores
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Uma parceria entre o governo estadual e a Fundação Nacional do Índio (Funai) prevê a recuperação com espécies nativas de 32 mil hectares de áreas degradadas na Terra Indígena Alto do Guamá, onde vivem os povos Tembé, no município de Paragominas, na região de IntegraçãoRioCapim. A ação nesta terra indígena é resultado de umTermo de Ajustamento de Conduta firmado entre o Ministério Público Federal e uma empresa de ferro-gusa com sede em Marabá, a título de compensação por desrespeito à legislação ambiental. O programa está estimado em R$ 16 milhões e será implantado em um prazo de 10 anos. A Funai quer o apoio técnico do Ideflor para ajudar na formação da rede de coleta de sementes, na implantação de viveiros de mudas e no futuro, quer transformar a produção de mudas em uma atividade comercialparaapopulaçãoindígenalocal.
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Inauguração do gasoduto
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companhado pelos ministros Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, e Alfredo Nascimento, dosTransportes, Lula inaugurou o gasoduto. A partir de agora, o gás natural que virá de Urucu, no município de Coari, começará a ser distribuído gradativamente para as sete usinas geradoras de energia no Amazonas, fazendo com que o estado deixe de usar óleos diesel e combustível e passe a consumir gás natural para gerar, sobretudo, a energia elétricadequeprecisa. Lula descerrou a placa alusiva à inauguração, junto com ogovernadordoAmazonas,EduardoBragaeaministrachefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, na Refinaria lsaac Sabbá (Reman). " O gás já está aqui como cumprimento
da promessa do governo federal de revolucionar a matriz energética do país. É um novo marco para a história econômica do Amazonas. O Amazonas agora participa disso e deixa de ser reconhecido apenas como o Estado da Zona Franca", discursou o presidente para uma plateia formada por sindicalistas, funcionários da Petrobrasepersonalidadespolíticaslocais. Lula relembrou das críticas que sofreu há quatro anos quando prometeu colocar em prática as obras do gasoduto. "Sinto-me feliz por essa obra ter começado e terminado no meu governo", "Os descrentes do desenvolvimento do Amazonas.e do Brasil agora estão do lado de. fora dessa conquista morrendo de inveja" complementou. Lula não escondeu a vontade de participar de novas
inaugurações ao lado do governador Eduardo.Bràga, como a ponte que interligará Manaus à Iranduba e quero dar continuidade nas obras da BR-319 ainda no meu governo", revelou. No mesmo tom do presidente, a ministra Dilma Rousseff destacou os avanços que o governo federal tem conseguido ao longo dos anos. Ela destacou a necessidade de o Brasil dar prosseguimento aos projetos iniciados pelo atual presidente. "Nós sabemos que o governo do presidente Lula significa uma mudança no caminho que o Brasil vinha trilhando no passado. E nós todos juntos temos a missão, a obrigação e o dever de fazer esse projeto continuar", enfatizou. Dilma fez questão de cumprimentar os petroleiros presentes no ato inaugural e o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabriele, pela superação das
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Lula e comitiva ao lado de funcionários da Petrobras inaugura gasoduto Urucu-Coari-Manaus
Lula reafirma metas de redução de emissão de gases Ainda na inauguração do Gasoduto, Lula disse que o país levará para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), na Dinamarca, a proposta de diminuir entre 36,1% e 38,9% seu índice de emissões. “Queremos mostrar aos nossos amigos americanos e europeus que a gente fala menos e faz mais. Aqui a gente mata a cobra e mostra a bichinha morta”, afirmou o presidente. O presidente Lula deixou também claro que as termelétricas têm até setembro do próximo ano para deixar de usar óleos combustíveis. A partir do dia 1° de outubro, todas terão que estar adaptadas para o uso do gás natural.
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obra é integrante do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), com 661 quilômetros de extensão na linha tronco, que liga Urucu a Manaus, e sete ramais para atendimento às cidades de Coari, Codajás, Anori, Anamã, Caapiranga, Manacapuru e Iranduba. O gasoduto tem capacidade inicial de transporte de 4,1 milhões de metros cúbicos por dia. Com investimentos de aproximadamente R$ 3,5 bilhões, o gasoduto Urucu-Coari-Manaus viabilizará o transporte de gás natural ao mercado amazonense. O gás natural produzido no Amazonas servirá, principalmente, para geração de energia elétrica em Manaus, que hoje é atendida por usinas termelétricas movidas a óleo combustível e a óleo diesel. Essas unidades consomem, por ano, 1,3 bilhão de litros desses combustíveis. Menos poluente e mais barato, o gás natural substituirá os combustíveis líquidos, reduzindo a emissão de gases do efeito estufa. Localizadas em Manaus, as usinas que receberão o gás da Bacia do Solimões têm capacidade instalada para gerar cerca de 760 MW, montante pouco superior ao consumo médio de energia elétrica na capital amazonense, que é de 730 MW. Com o gasoduto UrucuCoari-Manaus, as termelétricas poderão ser convertidas para utilizar gás natural. Além do segmento térmico, uma parte do gás produzido na Bacia do Solimões será destinada ao mercado não térmico, cerca de 0,5 milhão de metros cúbicos/dia. Por enquanto, a primeira unidade a receber o gás natural é a Reman, que consumirá inicialmente um média de 77milmetros cúbicos por dia do combustível natural. "Desde essa inauguração, a Reman já substitui óleo em caldeiras e fornos, reduzindo as emissões de gases poluentes. Nos próximos anos, o preço das contas de luz deve baixar também para o consumidor. O valor das tarifas pode cair até 75%. A Petrobras, a Eletrobrás e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estão discutindo os novos preços com base no aumento da oferta do produto e nos serviços prestados aos consumidores. De acordo com a Petrobras, a reserva de gás a ser explorada no Amazonas é a segunda maior do país, perdendo apenas para a do Rio de Janeiro. A operação do gasoduto será feita pela Transpetro. Diante das condições singulares da Amazônia, uma equipe de operadores foi treinada durante dois anos para assumir o trabalho. Assim como os demais gasodutos sob a responsabilidade operacional da Transpetro, o Urucu-Coari-Manaus será operado de forma remota e automatizada por meio do Centro Nacional de Controle Operacional (CNCO), com sede no Rio de Janeiro.
Estrutura e capacidade e detalhes técnicos do Gasoduto Urucu-CoariManaus
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dificuldades e conclusão do gasoduto. A ministra frisou também a importante parceria do governo estadual para a condução das obras que duraram pouco mais de três anos. "O Amazonas e o Brasil pode levantar a cabeça e dizer que somos capazes de superar qualqueradversidade,provadissoéogasodutopronto",ressaltouDilmaRousseff. Segundo a ministra Dilma Rousseff, o Gasoduto Urucu-Manaus representa uma prova de que é possível aliar desenvolvimento e respeito ao meio ambiente. Ela destacou o importante papel do gasoduto para o meio ambiente, já que será capaz de provocar, por partedoBrasil,areduçãode1,2milhõestoneladasdeemissõesdegáscarbônicoporano. “Essa redução é muito significativa. Até setembro do ano que vem, quando todas as
Durante cerimônia de inauguração do Gasoduto Urucu-Coari-Manaus e início do fornecimento de gás do Campo de Urucu
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Lula e o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, recebem caricatura durante inauguração do gasoduto 42| REVISTA AMAZÔNIA
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No início da construção
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Lula, a ministra Dilma Rousseff e o governador Eduardo Braga
termelétricas do Amazonas estiverem consumindo o gás natural, a Amazôniavaidarmaisumexemplodesustentabilidadeparaomundo”, afirmouaministra. Segundo o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo, o gasoduto está totalmente pronto para funcionar, e a utilização crescerá dentro do que foi programado. “Todo gasoduto começa inicialmente com menos capacidade do que tem. Ela cresce ao longo do tempo na medida em que são adicionadas novas demandas. No caso particular da demanda térmica de Manaus, o processo de substituição dos motores tem uma certa sequência até setembro. Portanto, a utilização está absolutamente dentro das estimativas e o que seria normal num gasodutodestetipo”,afirmou. Emocionado, o governador do Estado, Eduardo Braga, disse que o gasoduto Coari-Manaus é um novo marco para a economia do Amazonas,assimcomofoiaimplantaçãodoPoloIndustrialdeManaus, na década de 60. "Estamos abrindo uma janela para as futuras gerações do nosso Estado com a inauguração de urna obra que desde o início da suaconstruçãogeraempregoerendaparaonossopovo",salientou. Braga agradeceu o empenho presidencial pela finalização do sonho amazonense e apontou o gasoduto como a maior obra da região. "Nem por isso sua implementação significou crise para nosso Estado, muito pelocontrário",observou.
Inspecionando os dutos
Soldando os dutos Depois da gota de solda aplicada às tubulações em junho de 2006, há três anos, no inicio da construção do gasoduto Coari-Manaus – o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, voltou à capital amazonense, para inaugurar o Gasoduto
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4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação – CNCTI
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No lançamento da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
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Ciência, tecnologia e inovação com foco no desenvolvimento sustentável
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4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI) que foi lançada recentemente, em Brasília, pelo ministro da Ciência e Tecnologia (MCT), Sergio Rezende, pretende destacar o Brasil como um País preocupado com a sustentabilidade do planeta, uma potência verde. O evento, a se realizar de 26 a 28 de maio de 2010, tem ainda a missão de deixar para os próximos governos uma Política de Estado de Ciência, TecnologiaeInovação. Na abertura do evento, Rezende lembrou os importantes acontecimentos em C&T nos últimos anos, como, por exemplo, a criação dos fundos setoriais, que constituem um mecanismo inovador de estímulo ao fortalecimento do sistema de C&T nacional. Os Fundos têm como objetivo garantir a ampliação e a estabilidade dofinanciamentoparaaáreae,emsimultâneo,acriação de um novo modelo de gestão, fundado na participação de vários segmentos sociais, no estabelecimento de estratégias de longo prazo, na definição de prioridades e comfoconosresultados. Ele falou também da tarefa dos debatedores, da 44| REVISTA AMAZÔNIA
responsabilidade de avaliar as últimas quatro décadas de C&T no Brasil. “A ciência e a tecnologia são áreas novasnoPaís.Devemosavaliarnossosavanços,fazerum balanço do atual Plano de Ação de Ciência,Tecnologia e Inovação (PAC,T&I 2007-2010) e ainda propor um novo plano. Quem sabe, até mesmo, uma Política de Estado emC&T,queseestabeleçaaté2020”,enfatizou. Para uma platéia de cientista, pesquisadores, diretores e membros de institutos de ciência e tecnologia de todo o País, Rezende, pediu o apoio de todos na divulgação e mobilização em torno da 4ª Conferência. “Queremos com a ajuda de todos propor metas ambiciosas. E, para isso, contamos com a ajuda de todos vocês (cientista e pesquisadores) na construção de uma proposta final para a expansão do nosso sistema de C&T”. O objetivo, destacou, é deixar para o próximo governo, ideias e ações prontas para serem executadas. Isso seria a continuidade de tudo que está sendo feito neste momento.
Organização O secretário-geral da 4ª CNCTI, Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, apresentou um histórico das conferências, desde a primeira, em 1985, convocada pelo então ministro de C&T, Renato Archer, com o objetivo de discutir com a sociedade as políticas para a área, de modo a subsidiar as ações do recém-criado Ministério da Ciência eTecnologia (MCT).“Na ocasião, o encontro serviu para promover e divulgar a ciência e a tecnologia (C&T), restabelecer um diálogo com a
sociedade visando à definição de políticas públicas para aárea,entreoutrosassuntos”,definiu. Ele ressaltou que a edição de 2010, deve abordar os quatro eixos do Plano de Ação e, além disso, focar nas proposições para o final do evento.“Mas, antes disso, a fase agora é de mobilizar atores que possam contribuir para a construção de uma Política de Estado em C,T&I. Queremos com tudo isso melhorar ainda mais a qualidadedaciênciabrasileira”,finalizou.
Inclusão social O secretário-executivo do MCT, Luiz Antonio Rodrigues Elias,destacouporsuavezodesafioda4ªConferênciaou seja, de criar uma solução para interligar ainda mais a ciência, tecnologia e inovação ao setor produtivo.“Para isso, queremos ouvir toda a sociedade. Precisamos da colaboração de todos os atores da sociedade civil organizada para diminuirmos a desigualdade e, com isso,promoverainclusãosocial”,destacou. A Conferência, convocada por Decreto Presidencial de 3 de agosto de 2009, será precedida de cinco reuniões regionais (Norte, Nordeste, Centro Oeste, Sul e Sudeste) a ocorrem até março de 2010.
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A Cúpula dos Países Amazônicos e França sobre Mudança do Clima
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Na reunião da Cúpula dos Países Amazônicos e França sobre Mudança do Clima, em Manaus
Países amazônicos vão cobrar redução de emissões e recursos financeiros dos ricos em Copenhague
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Fotos Ricardo Stuckert/PR
s países amazônicos decidiram em Manaus, que irão cobrar dos países desenvolvidos a redução das emissões de gases de efeito estufa durante a Conferência das Partes – COP-15 – na Dinamarca. Também acertaram que irão pedir a aplicação de recursos financeiros internacionais dos países ricos em ações de combate ao aquecimento doplaneta. As deliberações foram tomadas durante o encontro das autoridades que ocorreu na Cúpula dos Países Amazônicos e foram estabelecidas pelos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da França, Nicolas Sarkozy – representando a Guiana Francesa – e da Guiana, Bharrat Jagdeo, e pelos ministros daVenezuela, Bolívia,doPeru,EquadoreSuriname. “Chegaremos à Copenhague com a convicção de que estamos fazendo, possivelmente, a mais importante
articulação já feita para discutir a questão do clima que jáaconteceunahistória”,afirmouopresidenteLula. De acordo com o presidente brasileiro, a Declaração de Manaus – documento que formaliza a posição dos países amazônicos e da França – propõe que todos os países desenvolvidos adotem compromissos quantificados, apropriados às suas condições nacionais, válidos para o conjunto da economia, para reduzir dos gases de efeito estufa. A base dessa redução é a recomendação de 40% apontada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima – IPCC, sendo compatível com a necessidade de proteger o sistemaclimático. Lula ressaltou: "A responsabilidade é muito maior agora porque todos os países estão se dando conta de que o clima não é mais uma questão de ficção de cientistas ou ambientalistas. O tema já se tornou uma questão políticadegrandeenvergaduranomundointeiro",disse.
O presidente da França concordou com o discurso de Lula: e anunciou a intenção da Europa em ajudar os países mais pobres e os com florestas. "A África, por exemplo, é um ponto de preocupação minha e do Lula, e vamos procurar créditos para ajudar esses países como este e os com florestas, tendo em vista que eles são muitoimportantesparaofuturo",disse. Sarkozy disse que em Copenhague deverá ser estabelecido de quanto serão essas ações compensatórias e de onde virá o financiamento. Ele defendeu a ideia de criação de um fundo de ajuda para ospaísespobreseemdesenvolvimento. “É preciso encontrar as vantagens para cada país e evitar que alguém se sinta enganado. Não é uma volta ao colonialismo para administrar a floresta no lugar dos países da Amazônia, é um movimento mundial para levar em consideração a importância da situação. Essa é arazãodaminhapresençaaqui”,disseolíderfrancês.
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Presidente Lula, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, durante reunião com chefes de Estado da Cúpula dos Países Amazônicos e França sobre Mudança do Clima
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Ibama vai exigir informações sobre emissões de carbono para novos licenciamentos
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Roberto Messias, durante a entrevista coletiva
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Foto Renato Araújo/ABr
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vai incluir um nova exigência no licenciamento ambiental. As empresas terão que declarar nos relatórios de impacto ambiental a previsão de emissõesdegasesdeefeitoestufadoempreendimento. De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a regra valerá para os“grandes emissores”, caso de usinas termelétricas, siderúrgicas, refinarias e polos petroquímicos. A exigência será incluída no termo de referência, o documento que estabelece como deve ser feito o
relatório de impacto ambiental da obra. Além de informar a quantidade de emissões, os estudos deverãoapresentarasformasdecompensação. Minc disse que a medida está de acordo com a legislação ambiental e vai ao encontro de posições do setor industrial, que tem cobrado do governo ações mais eficazes contra as mudanças climáticas e demonstrado disposição em apresentar voluntariamente os inventários de emissões. “Espero que agora não haja distância entre a intençãoeogesto”,disse.
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Leilão para a construção da Usina de Belo Monte
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leilão para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte está marcado para 21 de dezembro. A portaria Nº 417, de 29 de outubro de 2009, foi publicada no Diário OficialdaUniãode30deoutubro. A realização do leilão depende de autorização do Tribunal de Contas da União (TCU) e de licença ambiental prévia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A usina está projetada para ser construída no Rio Xingu, no Pará, com potência instalada de 11.233 megawatts, o que fará com que seja a maior hidrelétrica inteiramente brasileira, já que a de Itaipu está localizada nafronteiracomoParaguai. A participação da Eletrobrás no projeto poderá ocorrer posteriormente, com o consórcio ganhador do leilão, ou
inicialmente, durante o leilão, como ocorreu nas usinas do Rio Madeira. Mas essa participação só será definida em edital a ser publicado pouco antes do leilão, de acordocomoMinistériodeMinaseEnergia. O leilão ocorrerá na sede da Agência Nacional de Energia Elétrica em Brasília através de rede privada de computadores. O mercado cativo terá, no mínimo, 70% da energia da usina, caso haja participação de autoprodutores no consórcio vencedor. Esses agentes terãopelomenos10%daenergia. Caso não haja autoprodutores, o mercado cativo terá a disponibilidade de, no mínimo, 90%. Com isso, a participação dos consumidores livres dependerá da estratégia dos investidores, variando entre 10% e 20%, dependendo da composição do consórcio. A primeira unidade geradora de Belo Monte deverá entrar em operaçãoem2014. Segundo a portaria, os consórcios poderão ter a participaçãodefornecedoreseconstrutoreslimitadaa,no máximo, 40%. A Sociedade de Propósito Específico, que administrará o empreendimento, poderá ter esses investidores com participação não superior a 20%. O documentoabreaindaapossibilidadedeentradadesócio estratégico, incluindo, entidades de previdência complementareempresaestatal,nacomposiçãodaSPE. Os empreendedores ficam isentos de responsabilidade
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José Antonio Muniz Lopes, presidente da Eletrobrás
sobre os custos relativos à eventual construção de obras de navegabilidade, como as eclusas, à exceção das obras previstasnoprojetodeviabilidadeaprovadopelaAneel. O presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, afirmou que o governo e a empresa trabalharão sem interrupção para que o leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), seja realizado na data prevista, dia 21 de dezembro. "Sou muito otimista. Vamostrabalhardemanhã,detardeedenoite." Muniz Lopes afirmou que a Eletrobrás vai participar com até 49% dos investimentos calculados em cerca de R$ 16 bilhões para a construção da hidrelétrica. Além disso, já está decidido que empresas do grupo vão participar de todos os consórcios, o que vai permitir a presença da holding Eletrobrás na sociedade de propósito específico, queterádesercriada.
a conferência da
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Fórum Internacional do Meio Ambiente O seu encontro com a natureza já tem data marcada. 100
Olinda, 26 a 29 de maio de 2010.
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JúlioTota, pesquisador do Inpa e do LBA, durante visita às torres do LBA em Manaus, em julho deste ano
Floresta pode estar absorvendo menos carbono que o estimado
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f l o re s t a a m a zô n i c a , c o n h e c i d a mundialmente como sendo responsável pela absorção de grandes quantidades de carbono da atmosfera, pode estar executando a tarefa em escala bem menor do que acredita boa parte da comunidade científica internacional. A constatação é do pesquisador Júlio Tota, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia(LBA),aodefenderaafirmaçãocomosuatese dedoutorado. De acordo com o pesquisador, o resultado partiu de um trabalho comparativo entre o monitoramento das trocas gasosas entre a biosfera e a atmosfera na região amazônica feitas por duas torres do Programa LBA e um trabalho paralelo de monitoramento, realizado pelo pesquisador ao longo de seis anos. As torres de monitoramento do Programa LBA, responsáveis por medir os“fluxos verticais”de vapor de
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água, energia e gás carbônico entre a floresta e a atmosfera, ficam situadas em dois pontos distintos da região amazônica: na Floresta Nacional do Tapajós, em Santarém (PA), e na Reserva Biológica do Cuieiras, em Manaus. A pesquisa deTota consistiu na instalação – ao redor das torres – de equipamentos complementares que permitiram monitorar, também, o chamado “escoamentohorizontal”docarbono.
Método atual não é preciso “O atual modo de monitoramento, criado nos anos 50 e que é usado pelas torres do Programa LBA, leva em consideração duas variáveis, que são o fluxo vertical turbulento e o fluxo de armazenamento abaixo do nível de medida, em geral acima da floresta”, explica o cientista. O método, conhecido como Covariância de Vórtices Turbulentos – ou Eddy Covariance System (ECS), mede as trocaslíquidasdegasesdoecossistema(tambémconhecido como Net Ecosystem Exchange – NEE) –, e segundoTota, o mesmo não é suficientemente preciso para definir exatamente o saldo resultante médio entre a absorção e a liberaçãodegáscarbônicoporpartedafloresta. “O método não considera um processo que agora sabemos ser importante para minimizar as incertezas
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Júlio Tota
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Protótipo do equipamento de monitoramento DRAINO, criado por Júlio Tota
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das estimativas, que são os fluxos horizontais de gases dentrodafloresta,muitocomunsemáreasdetopografia com presença de declives e vales, como a que existe nas proximidades de Manaus”, explica Tota. O trabalho começou em 2003, em Santarém, que possui relevo relativamente suave e mais homogêneo em relação a Manaus. Apesar disso, o experimento mostrou a existência de fluxos horizontais de gás carbônico, chamadosporele“escoamentohorizontaloudrenagem” degases. “A simples existência deste novo processo levam a ser
questionáveis as estimativas de grande absorção de gás carbônico reportadas por estudos já realizados na Amazônia sobre as trocas de gás carbônico entre a biosferaeaatmosfera”,afirmaocientista. Tota ressalta ainda que em Manaus, a partir de 2005, o resultado de seu estudo serviu para demonstrar que a mesma metodologia de medidas para Santarém não foram adequadas e suficientes para estimar quantitativamenteosfluxoshorizontais. “O terreno mais acidentado tornou a análise dos fluxos horizontais mais difícil de ser feita, pois as interações das
micro-circulações do ar acima e abaixo da floresta e a distribuição espacial do gás carbônico precisariam de maior detalhamento experimental e equipamentos paraseremquantificadas”,diz. Quandofoicriado,ométododeECS–usadoatualmente em todo o planeta para estimar o NEE – não considerava processos de escoamento horizontal oriundos das variações de relevo das áreas estudadas. Em um primeiro momento, o método pareceu apresentar resultados satisfatórios quando aplicado para monitoramento em escala de tempo não muito longa e sob condições ideais de relevo e homogeneidadedasuperfície. “Isso acontecia porque o método foi pensado para se aplicar em áreas sem relevo e homogêneas, onde foi testado inicialmente nos anos 50. As análises das estimativas feitas por outros métodos foram comparativamente muito próximos aos de ECS, o que o fez ser aceito como preciso”, analisa Tota.
Um dos protótipos instalados pelo pesquisador, fora da área de alcance da torre do LBA
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‘Fumaças coloridas' Quando iniciou o experimento em Manaus, Júlio Tota realizou um processo curioso para definir, no entorno da área de alcance da torre principal do LBA, os locais para a instalação dos equipamentos complementares de monitoramento. “Eu usei equipamentos para liberar fumaça colorida em várias partes da área estudada. Desta forma pude observar o deslocamento das camadas de ar entre as ár vores sob os declives e vales”, explica. Com isso, Tota observou que boa parte das camadas de ar se moviam de forma a acompanhar o declive da área. “Em muitos casos, o deslocamento desceu até os vales, em uma trajetória que fugia completamente do alcance do monitoramento da torre do LBA, que analisa, principalmente, o deslocamento vertical e as camadas mais superiores”, diz, ressaltando que, por esta razão, os resultados estimados pelas torres passariam a ser consideradosincompletos.
Método brasileiro
Faleiro comemora os bons frutos para as populações tradicionais na Amazônia
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Amanhecer visto do alto da torre do LBA em Manaus: camadas de ar se movimentam seguindo os declives e vales da topografia da região, longe do alcance de monitoramento da torre
Alessandro C. Araújo
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Ignorando o relevo
Alessandro C. Araújo
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Os equipamentos usados, batizados por Tota como DRAINO (“Dreno”, em português), termo para definir “drenagem de ar”, foram integralmente doados ao LBA pelo professor e co-orientador da tese de doutorado de Júlio Tota, o cientista David Fitzjarrald, da State University of New York (SUNY). Mas todo o trabalho de desenho e montagem de equipamentos foi desenvolvidoporTota. A apresentação oficial do trabalho de Júlio Tota, orientado pela professora Maria Assunção Faus da Silva Dias, da Universidade de São Paulo (USP), rendeu o primeiro título de doutorado no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Clima e Ambiente, criado por meio de parceria entre Inpa e Universidade do Estado do Amazonas(UEA). Estiveram presentes na defesa da tese do pesquisador o diretor em exercício do Inpa, Wanderli Pedro Tadei, a reitora da UEA, Marilene Corrêa, e outros cientistas do Instituto, que assistiram e interagiram com a apresentaçãodeJúlioTota. REVISTA AMAZÔNIA |49
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1ª Mostra Nacional Ambiental Caminhos da Sustentabilidade
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O Protetor do Meio Ambiente
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Fotos Fabio Rodrigues Pozzebom/Abr e Jefferson Rudy/MMA
urante abertura da Mostra Nacional Ambiental, em comemoração aos 20 anos de criação do Ibama, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, destacou a importância do Ibama para o Brasil, para quem o País não seria o mesmo sem a existência do órgão para combater crimes ambientais, criar unidades de conservação e licenciar empreendimentos, promovendoodesenvolvimentosustentável.
"Provavelmente a Amazônia estaria a metade dela e na Caatinga não teria restado nada", ressaltou o ministro ao destacar a atuação dos profissionais do Ibama para a preservação das florestas brasileiras, nas últimas duas décadas. Minc destacou as parcerias do Instituto com ministérios, Força Nacional, Polícia Federal e órgãos estaduais de meioambiente,econtouquejáparticipoudemaisde28 operações do órgão, desde quando assumiu o ministério,emmaiodoanopassado. Segundo Minc, ao acompanhar as operações pôde ver "como é difícil atuar na ponta", onde os fiscais precisam enfrentar as dificuldades como falta de equipamento, manutenção, mosquitos e ataques dos que cometem o crime ambiental. Apesar das dificuldades, a atuação do Ibama vai ajudar para que este ano tenha o menor desmatamentonaAmazôniadosúltimos20anos. Na tenda de bambu, montada na sede do Ibama, em Na 1ª Mostra Nacional Ambiental Caminhos da Sustentabilidade, promovida pelo Ibama
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Carlos Minc e Roberto Messias durante comemoração do aniversário do Ibama
Brasília, Minc anunciou que todos os biomas serão monitorados, o que permitirá que cada um dos ecossistemas tenha metas de redução do desmatamento. O presidente do Ibama, Roberto Messias, salientou que agora é hora de olhar para os próximos 20 anos e ver o que se pode fazer para o Ibama continuar sendo uma
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referência de meio ambiente, melhorando o licenciamento ambiental e reduzindo o desmatamento. Messias ainda falou aos estudantes do Centro de Ensino 2, de Riacho Fundo, que daqui a 20 anos serão eles que atuarãonoIbamaparaprotegeromeioambiente.
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Exposição A Mostra Nacional Ambiental, Caminhos da Sustentabilidade, montada no Ibama sede, , promoveu a educação ambiental com jogos, materiais tecnológicoseinterativos,quealcançamtodaafamília. A mostra começa no Corredor dos sentidos, onde os desenhos de queimadas e lixo no chão mostram como é preciso preservar o meio ambiente. Depois do túnel, equipamentos apreendidos em operações do Ibama estão expostos, como gaiolas de pássaros, redes de pesca,motosserras. A exposição tem, logo na entrada, uma tora de castanheira, com cerca de 15 toneladas que foi derrubada ilegalmente em Novo Mundo, Mato Grosso e apreendida pelo Ibama. O técnico do Serviço Florestal Brasileiro, Gerson Sternadt, que mediu a madeira, informou que a castanheira tinha cerca de 40 metros de alturaemaisde250anos. Já na Ecovila havia jogos, oficinas, shows, teatro, dança, palestra,projetosecinemaambiental.
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Durante o evento...
O diretor de Conservação da Biodiversidade do Instituto Chico Mendes, Rômulo Mello, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o presidente do Ibama, Roberto Messias, participam da abertura da 1ª Mostra Nacional Ambiental Caminhos da Sustentabilidade, promovida pelo Ibama
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Gerenciamento Costeiro é debatido na ALEPA
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epresentantes de reservas extrativistas, de órgãos estaduais e federais ligados ao meio ambiente, regularização fundiária, produção rural, justiça, além de representantes de prefeituras discutiram o gerenciamento costeiro no Brasil e no Pará na tarde do dia 11/11, no auditório João Batista, da Assembléia Legislativa do Pará. O requerente da audiência, deputado Aírton Faleiro, propôs a criação de um grupo de trabalho para formatar o projeto de lei que cria o Plano estadual de gerenciamento costeiro no Pará. Segundo o deputado estadual e líder governista Aírton Faleiro, o gerenciamento costeiro não é um assunto que Aírton Faleiro propôs formatação de projeto de lei que cria o Plano estadual de gerenciamento costeiro no Pará
está pautado na população e portanto, não é uma política que seja entendida pela sociedade. “Vejo que este debate não está nas conversas do dia-a-dia, não é uma temática conhecida e por isso não está no domínio público. Isso mostra o grande caminho que temos que percorrer e penso que precisamos sair das idéias para a realidade”,afirmouFaleiro. Gerenciamento Costeiro é um processo que abrange um conjunto de instrumentos de políticas públicas que tem interação com a Política Nacional de Meio Ambiente para promover a conservação dos ecossistemas costeiros e a melhoria da qualidade ambiental na Zona Costeira e a melhoria da qualidade de vida das
populações locais. O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro foi instituído pela Lei N.º10.019. No Pará o gerenciamento costeiro envolve 35 municípios. DeacordocomdadosdoMinistério do Meio Ambiente, o país tem cerca de 400 municípios costeiros, onde vive 1/3 da população, movimentando uma economia que representa 70% do PIB nacional e dentro desse contexto o gerenciamento costeiro veio com O gerenciamento costeiro vem fortalecer e valorizar os povos do litoral uma ferramenta de organização. O Plano Nacional de instrumento para um estado como o Pará, que é rico em Gerenciamento Costeiro integra duas políticas que são a recursos pesqueiros, como forma de potencializar sua de recursos do mar e recursos de meio ambiente. É utilização, revertendo em benefícios para as supervisionado pela Comissão Interministerial de comunidades locais e por esta razão essas comunidades Recursos do Mar e coordenado pelo MMA por meio do têm um papel essencial neste processo. Nos municípios departamento de Extrativismo em conjunto com costeiros a expectativa é de que a implementação no coordenações regionais estaduais. Existem 17 Estado das políticas de gerenciamento costeiro eleve a coordenações estaduais de planejamento da zona qualidade de vida da população. “Com esta costeira que estão dentro das secretarias de meio implementação acreditamos que haverá um aumento ambientesnosestados. da qualidade de vida por meio da inclusão social, No âmbito estadual os estudos sobre o gerenciamento fomento da economia e da conservação da nossa costeiro eram feitos pelo Instituto de Desenvolvimento biodiversidade”, aponta Waldemar Vergara Filho, da Econômico e Social (Idesp) e pela antiga Secretaria de Reserva Extrativista Marinha de São João da Ponta, Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectam), mas nordeste paraense. Segundo Jorge Macedo, vivehoje estão centralizados pela Secretaria de Meio prefeito de Curuçá, um dos municípios envolvidos com o Ambiente (Sema), se constituindo é um importante gerenciamento costeiro, é necessária a implementação deste processo no Pará, visando promover a conservação dos recursos naturais de acordo com as demandas de cada município. “O gerenciamento costeiro vem fortalecer e valorizar os povos do litoral. Muitos municípios do litoral paraense precisam de políticas públicas voltadas para atender suas diversas demandas. Consolidar esta proposta é essa a nossa grande expectativa com a implementação do gerenciamento Durante a audiência Pública costeironoEstado”,apontaMacedo. sobre o gerenciamento costeiro
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Promover a conservação dos recursos naturais de acordo com as demandas de cada município.Por exemplo: Manguezais, as florestas da Amazônia costeira 52| REVISTA AMAZÔNIA
Os manguezais da costa amazônica, distribuídos por Amapá, Pará e Maranhão, ocupam uma área de 9 mil km 2 e correspondem a 70% dos manguezais do Brasil. Os 679 km de linha de costa entre os estados do Pará e do Maranhão formam o maior cinturão contínuo de manguezais do mundo. Essas florestas de mangue com árvores de grande porte, situadas no litoral atlântico e recortadas por rios e canais de águas escuras e tranquilas, são o refúgio de diversas espécies de crustáceos, peixes, moluscos e aves marinhas. Os mangues amazônicos, porém, ainda são desconhecidos pela maioria dos brasileiros.
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{Por}
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aulo Rocha 100
Não ao desmatamento da Amazônia O governo do presidente Lula tem se empenhado em combater o desmatamento de forma séria e comprometida com o desenvolvimento de cada região de nosso imenso Brasil. E para isso, o presidente Lula anunciou que o Brasil tem a meta de reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia até 2020. Com essa medida, o país irá ampliar o uso de biocombustível e irá também investir na construção de mais hidroelétricas como forma de aproveitar a potencialidade dos rios brasileiros como alternativa de gerar renda e trabalho paraquemprecisa. Essa proposta será levada à Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, em Copenhague, em dezembro, onde se pretende fechar um novo acordo mundial para combater o aquecimento do planeta. Durante a conferência, os 192 países membros buscarão um novo acordo para substituir o Protocolo de Kioto, que expira em2012. Se o Brasil não tomasse nenhuma providência, as emissões cresceriam 45% até 2020. Mas o
Vamos unir forças para conter o desmatamento
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A Vale repassará ao Estado a tecnologia e o governo do Pará fornecerá pessoal e infraestrutura para o monitoramento de todo o Estado
congelamento será possível se, além de reduzir o desmatamento, forem ampliados o uso de biocombustível e os investimentos em hidrelétricas. A proposta conta com financiamento por parte dos países desenvolvidos. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, os países desenvolvidos têm que reduzir até 2020 de 25% e 40% suas emissões de gases estufa (com base no nível das emissões em 1990) para que o aquecimento fique em 2 graus Celsius — umaelevaçãoconsideradaadministrável—eoplaneta nãosofraconsequênciasmaisgraves. Temos de ressaltar que Estado do Pará também está fazendo sua parte. A governadora Ana Júlia firmou um acordo de cooperação técnica com a Vale para o monitoramento de incêndios florestais no Pará, através do uso de um sistema utilizado pela mineradora para processar e classificar imagens de satélite de todo o território paraense e identificar focos de calor para prevenir incêndios florestais. A Vale já utiliza o sistema na Floresta Nacional de Carajás, no sudeste do Pará. A Vale repassará ao Estado a tecnologia e o governo do
Pará fornecerá pessoal e infraestrutura para o monitoramentodetodooEstado. O Estado do Pará informou que já foram criados normativos jurídicos de regularização fundiária; Cadastro Ambiental Rural, Zoneamento Ecológico e Econômico. São ações que contribuem para que possamos chegar à nossa meta e contribuir com a diminuição do desmatamento, mantendo a nossa floresta. Já temos a certeza de que não se combate o desmatamento apenas com repressão, nós temos que ter alternativas. Quando capacitamos pessoas para gerir o sistema de monitoramento, já estamos gerando empregoparaevitarosincêndios.Vamosunirforçaspara conter o desmatamento e pensar de forma séria como utilizar a natureza sem prejudicá-la, pois já estamos sentindo na pele os efeitos dessa má utilização da natureza. (*) Deputado Federal, coordenador da bancada da Região Amazônica e da bancada do Pará no Congresso
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Áreas protegidas na Amazônia podem contribuir com 70% da metas
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de redução de emissão de carbono Em Mamirauá
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s Áreas Protegidas na Amazônia (Arpas) inibem o desmatamento na região e por meio de cálculos de probabilidades, utilizando os dados de desmatamento entre 2002 e 2007, um estudo afirma que podem contribuir para que o Brasil evite a emissão de 5,1 bilhões de carbono na atmosfera até 2050. Esse total representa 16% das emissões anuais de todo o mundo, ou 70% da meta de redução de emissões prevista para o primeiro período de compromissodoProtocolodeQuioto. Os levantamentos e projeções dos dados estão 54| REVISTA AMAZÔNIA
disponíveis no estudo "Redução das emissões de carbono do desmatamento no Brasil: O papel do programa Áreas Protegidas na Amazônia (Arpa)", realizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e pelo WWF Brasil, sendo seus autores: Britaldo Silveira Soares Filho (UFMG), Laura Dietzsch (IPAM), Paulo Moutinho (IPAM/WHRC), Alerson Falieri (UFGM), Hermann Rodrigues (UFMG), Erika Pinto (IPAM), Cláudio C. Maretti (WWF-Brasil), Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza (WWF-Brasil), Anthony Anderson (WWF-Brasil), Karen Suassuna (WWF-Brasil), Miguel Lanna (WWF-Brasil) e Fernando Vasconcelos de Araújo (WWF-Brasil). Foi a primeira vez
queoprogramaArpateveumaavaliaçãoparaidentificar a contribuição potencial das unidades de conservação nareduçãofutura(até2050). Para simular o desmatamento foi utilizado o SimAmazônia-2. O modelo, desenvolvido pelo projeto "Cenários para a Amazônia Brasileira", incorpora diversos fatores que influenciam o desmatamento na região como os fluxos migratórios regionais, projetos de pavimentação de estradas, taxas de expansão da agricultura e pecuária, bem como o papel inibidor das áreasprotegidastantoemescalalocalcomoregional. Nas projeções foi identificado que somente a expansão das unidades de conservação ocorrida entre 2003-2007
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Áreas desmatadas até 2007 na Amazônia brasileira
poderá induzir até 2050 uma redução das emissões que variem na ordem de 3,3 a 1,1 bilhões de toneladas de carbono. Desse total, entre 0,43 e 0,14 de toneladas são atribuíveis às 13 unidades cridas até 2007 com apoio do Arpa. Somando as unidades de conservação criadas entre 2003-2007 adicionadas aos 127 mil km² de novas unidadesemprocessodeestabelecimento,deveresultar numa redução de emissões de carbono variando entre 4,3e1,2bilhõesdetoneladas. Do total, conforme indica o estudo, "entre 1,4 e 0,47 bilhões de toneladas de carbono ou 5,1 bilhões de toneladas de CO2 seriam atribuíveis às unidades de conservação com apoio do Arpa". Uma cifra equivalente a aproximadamente 16% das emissões anuais provenientes de todas as fontes globaisdeemissões. Foram incluídas na análise áreas de proteção integral, uso sustentável, áreas militares e terras indígenas e nestes locais foi identificado que "a probabilidade de ocorrer desmatamento nas zonas de entorno das áreas protegidas é em até dez
vezes superior àquela do seu interior e cresce em direção às zonas mais distantes dos limites das áreas protegidas". O Estudo foi apresentado na Câmara dos Deputados e pretende incentivar o governo brasileiro a criar novas áreas protegidas, além de implementar a gestão em longo prazo. O evento foi promovido pelo Ipam e pela Frente Parlamentar Ambientalistas, com apoio doWWF -Brasil.
Resumo As áreas protegidas da Amazônia, cobrindo atualmente 43% desse bioma, têm cumprido um papel decisivo na conservação de extensas áreas de floresta e, consequentemente, na redução do desmatamento regional. Assim, o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), lançado pelo governo brasileiro em 2002, vem desempenhando um papel de alta relevância. O Arpa tem como meta até 2016 garantir a proteção de e c o s s i s t e m a s a m a zô n i c o s, sobretudo florestas, em unidades de conservação abrangendo um total de 563 mil km2 − uma área equivalente ao estado de Minas Gerais. Neste trabalho, avaliou-se pela primeira vez o papel global das áreas protegidas na Amazônia brasileira e, particularmente, daquelas apoiadas pelo Arpa na redução do desmatamento regional edesuasemissõesdecarbono. A partir de análises de dados de desmatamento entre 2002 e 2007,
Bosque Rodrigues Alves em Belém
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Áreas protegidas do bioma amazônico com destaque para as unidades de conservação apoiadas pelo programa Arpa
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Trajetória de expansão das unidades de conservação, áreas militares e terras indígenas no bioma amazônico até abril de 2008.
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Área militar Terra indígena estadual Proteção integral federal estadual Uso sustentável federal Total
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26.235 987.219 137.385 231.072 201.918 233.523 1.817.355
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Categorias, número e extensão das unidades de conservação, terras indígenas e áreas militares no bioma amazônico, suas proporções em relação ao bioma e porcentagem apoiada pelo programa Arpa até o final de 2007
foram calculadas as probabilidades históricas de desmatamento em cada uma das 521 áreas protegidas existentes na Amazônia − incluindo áreas de proteção integral, uso sustentável, áreas militares e terras indígenas − e comparadas com as probabilidades de desmatamento em suas respectivas zonas de entorno com largura incrementais de 10 km, 20 km e 50 km. Os resultados indicaram que as áreas protegidas são, de fato, inibidoras do desmatamento. A probabilidade de ocorrer desmatamento nas zonas de entorno das áreas
No rio Acre
Nível de ameaça de desmatamento no bioma amazônico acumulado até 2050, em um cenário pessimista e desconsiderando a existência de todas as unidades de conservação já criadas até 2008
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Taxas anuais de desmatamento na Amazônia brasileira (INPE, 2008)
protegidas é em até dez vezes superior àquela do seu interior e cresce em direção às zonas mais distantes dos limitesdasáreasprotegidas. Por meio de um modelo de simulação de desmatamento (SimAmazonia-2), foi também avaliada a contribuição potencial das unidades de conservação na redução futura (até 2050) do desmatamento e de
suas consequentes emissões de carbono sob diferentes cenários socioeconômicos e de políticas públicas. Os resultados da modelagem evidenciaram que somente a expansão das unidades de conservação ocorrida entre 2003-2007 poderá induzir até 2050 uma redução das emissões na ordem de 3,3±1,1 bilhões de toneladas de carbono equivalente. Desse total, 0,43±0,14 bilhões de
Probabilidade de desmatamento
1,6%
toneladas são atribuíveis às 13 unidades criadas até 2007 com apoio do Arpa. Já o total de unidades de conservação criadas entre 2003-2007 adicionado aos 127 mil km2 de novas unidades em processo de estabelecimentopeloprogramaArpadeveráresultaraté 2050 numa redução de emissões de carbono na ordem de 4,3±1,2 bilhões de toneladas. O modelo indica que desse total, 1,4±0,47 bilhões de toneladas de carbono ou 5,1 bilhões de toneladas de CO2 seriam atribuíveis às unidades de conservação com apoio do Arpa. Para fins de comparação, essa última cifra é equivalente a aproximadamente 16% das emissões anuais provenientes de todas as fontes globais de emissão, ou a 70% da meta de redução de emissões prevista para o primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto. Portanto, devido ao seu papel central na redução do desmatamento regional, o programa Arpa se viabiliza como um importante instrumento a ser incorporado a mecanismos voluntários ou formais de incentivos às reduções das emissões de carbono pelo desmatamento atualmente em negociação nas convenções do Quadro dasNaçõesUnidassobreMudançadoClima.
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Áreas protegidas e o programa Arpa
1,4% 1,2% 1,0% 0,8%
Áreas Protegidas
Nesteestudoforamconsideradascomoáreasprotegidas tanto as unidades de conservação quanto as terras indígenas e áreas militares. As unidades de conservação brasileirassãoatualmentedivididasem12categoriasno Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Essas categorias são, inicialmente, subdivididas em dois
Entorno < 10 km
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Entorno < 20 km 0,4%
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Probabilidade de ocorrência de desmatamento em áreas protegidas, incluindo Arpa, e nas suas respectivas zonas de entorno (10 km, 20 km e 50 km) entre 2002 e 2007
O ARPA
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Igarapé de Água Boa – Marajó 58| REVISTA AMAZÔNIA
Lançado em 2002 por meio do Decreto Federal nº 4.326 e com início operacional em 2003, o ARPA tem como meta garantir a proteção de ecossistemas amazônicos, sobretudo floretas, em unidades de conservação abrangendo um total de 563 mil km² e é coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e implementado pelo Instituto Chico Medes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em parceria com governos estaduais e municipais da Amazônia que aderiram ao programa.
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Distribuição dos estoques de carbono florestal no bioma amazônico, com destaque para as unidades de conservação apoiadas pelo Arpa
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Potencial de desmatamento e emissão de carbono obtido a partir das médias entre os dois cenários socioeconômicos extremos para cada um dos quatro cenários de expansão de unidades de conservação. Potenciais de desmatamento e emissões a serem evitadas têm como base o cenário de linha de base das unidades de conservação criadas até 2002
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Estoques e emissões potenciais de carbono até 2050 nas 61 unidades de conservação com apoio do programa Arpa sob um cenário pessimista
grandes grupos: áreas protegidas de uso sustentável e de proteção integral. O primeiro grupo visa conciliar a conservação com o uso sustentável dos recursos naturais. Já o segundo busca preponderantemente a conservação da diversidade biológica. Em ambos os casos,estãoassociadososdemaisinteressesebenefícios da conservação da natureza, como os processos ecológicoseserviçosambientais. Os resultados da análise desse estudo mostram que as áreas protegidas são, de fato, inibidoras do desmatamento, como demonstrado pelos seus valores negativos de peso de evidência. Essa análise indica também que as áreas de proteção integral apoiadas pelo Arpasemostramsignificativamente7maisrefratáriasao desmatamento do que as não apoiadas pelo Arpa. Contudo, esse último resultado pode evidenciar uma correlação, não indicando casualidade, sendo necessária, portanto, uma análise mais detalhada para identificar quais fatores locais contribuíram para a redução do desmatamento em função do apoio do Arpa. A realização dessa análise será interessante em um estágio avançado do programa, quando seus impactos serão mais evidentes e o tempo decorrido permitirá mensurá-lomaisadequadamente.
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Nas Montanhas do Tumucumaque
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Conclusões
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Este estudo demonstra que, além de exercerem funções críticas na conservação da biodiversidade, preservação dos valores culturais e sociais das populações tradicionais da Amazônia, manutenção dos regimes fluviais e estabilização dos climas regional e continental, as áreas protegidas da Amazônia brasileira, particularmente as do programa Arpa, exercem efeitos significativos na redução do desmatamento e, portanto, nas suas emissões associadas de carbono. Esses serviços ambientais beneficiam a humanidade como um todo, posto que conferem um valor adicional às áreas protegidas pelo seu papel no combate ao aquecimento global. Historicamente, as áreas protegidas são eficazes na contenção do desmatamento consistindo, portanto, numa barreira efetiva ao avanço ocupação ilegal e predatória da floresta amazônica. Ademais, a análise empírica apresentada aqui demonstra que elas não somente inibem o desmatamento em seus limites, como também exercem um efeito redutor no desmatamento regional. Sob esse enfoque, as áreas protegidas que se situam ao largo das frentes de desmatamento, próximas às fronteiras agrícolas em plena expansão, são as mais ameaçadas e, caso efetivamente consolidadas, apresentarão um maior potencial de redução das emissões de carbono pelo desmatamento. Por essas razões, as áreas que atuam como verdadeiras barreiras verdes merecem especial atenção quanto aos investimentos necessários a sua consolidação e manutenção. Apesar dessa inovadora estratégia de conservação apresentar maiores riscos do que abordagens tradicionais − as quais priorizam áreas para proteção em rincões com alta biodiversidade e baixo grau de ameaça antrópica −, ela favorece de modo mais extensivo e mais a longo prazo a conservação da biodiversidade, visto que assegura a manutenção da funcionalidade ambiental de um arranjo interligado de paisagens florestais. Logo, uma eficaz estratégia de conservação consiste em enfocar as áreas protegidas atualmente mais ameaçadas, mas que ao mesmo tempo assegurem a proteção de amostras representativas da biodiversidade no bioma amazônico como um todo
(Albernaz et al., 2006). Além de atender às prioridades da Convenção sobre Diversidade Biológica, apresentando resultados positivos no tocante à proteção de amostras ecologicamente representativas da diversidade biológica, o programa Arpa exerce também um papel crucial na redução das emissões associadas ao desmatamento, merecendo, portanto, destaque sob a luz da Convenção do Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. A esse respeito, a quantificação aqui apresentada das reduções histórica e futura do desmatamento e de suas emissões de carbono pelas áreas protegidas como um todo e, em particular, pelas áreas com apoio do programa Arpa, é uma importante contribuição ao debate internacional sobre a mitigação das mudanças climáticas. No âmbito dessa convenção, o Plano de Ação de Bali14 , acordado na Conferência das Partes realizada em 2007 em Bali (COP 13), coloca na agenda das negociações para um acordo de mudanças climáticas pós-2012 a proposta de um mecanismo global de financiamento para reduzir as emissões do desmatamento chamado REDD - Redução das Emissões provenientes do Desmatamento e Degradação Florestal. O plano refere-se especificamente ao desenvolvimento de políticas públicas e incentivos à redução das emissões do desmatamento em países em desenvolvimento, levando em consideração que reduções sustentáveis dessas emissões requerem a disponibilidade de recursos de forma estável e previsível. Também se reconhece que reduzir emissões advindas do desmatamento pode promover co-benefícios e complementar os objetivos de outras convenções relevantes. Nesse contexto, um aporte substancial de recursos a curto prazo e sua sustentabilidade a longo prazo tornam-se imprescindíveis ao sucesso do programa Arpa, tendo em vista a premência de se criar e consolidar áreas protegidas em regiões de alta pressão antrópica que atuem como barreiras verdes ao avanço do desmatamento. Logo, o programa Arpa se viabiliza como um importante instrumento a ser incorporado a mecanismos voluntários ou formais de incentivos às reduções das emissões de carbono pelo desmatamento.
Suporte
Designação
Amostras
Média dos W + 2004-2007
Significância estatística
Arpa -
Proteção integral Proteção integral
34 47
-2,21 -1,15
Diferença significante
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Uso sustentável Uso sustentável
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Terras indígenas
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Média de pesos de evidências com dados de desmatamento entre 2004-2007 para populações de áreas protegidas. Quanto mais negativo a média dos W+, mais refratária ao desmatamento consiste a população de áreas protegidas
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U
m projeto de âmbito global começou a procurar por plantas que tenham características que as ajudem a resistir a mudanças climáticas para, assim, desenvolver colheitas capazes de suportar o aquecimentoglobal. Coordenado pela organização Global Crop Diversity Trust, o projeto de US$ 1,5 milhão, está realizando buscas em bancos nacionais de sementes para encontrar variedades "à prova do clima" de vários produtos,entreelesmilhoearroz. A equipe busca sementes que sejam resistentes a eventos extremos, como enchentes, secas ou mudançasconstantesdetemperatura. Os pesquisadores esperam que essas variedades ajudem a proteger a produção de alimentos do
impactodasmudançasclimáticas. Segundo a Global Crop DiversityTrust, a falta de material preciso e disponível prejudica os esforços de produtores para identificar o que pode ser usado para desenvolver variedadesquepossamresistiracondiçõesfuturas. "Nossas plantações devem produzir mais alimento, na mesma quantidade de terra e com menos água", disse o diretororganização,CaryFowler. "Não há um cenário possível no qual nós possamos continuar a produzir os alimentos que precisamos sem diversidade",afirmou.
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Acesso aberto O projeto representa o mais recente estágio de um plano mais amplo da organização para conservar a variedade
PROJETO BUSCA PLANTAS À PROVA DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
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No interior da Global Crop Diversity Trust
O reservatório para guarda das sementes
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deplantasproduzidasaoredordomundo. Nos últimos anos, a organização realizou uma série de encontros com especialistas na produção de alimentos básicos como trigo, arroz, lentilha e milho, com o objetivo de identificar a melhor estratégia de conservaçãoparacadaproduto. "Esses especialistas nos ajudaram a identificar quais são as mais importantes coleções de sementes em termosdediversidadegenética",disseFowler. A informação ajudou a organização a estabelecer quais características são necessárias para que as espécies tenhamasmelhoreschancesdesobrevivernofuturo. Fowler disse que um exemplo é quando uma planta mostra um bom nível de resistência ao calor durante o período de florescimento - um estágio no qual a planta passa por mais estresse -, mas para o qual havia pouca informação.
Cary Fowler e suas sementes
Banco de dados Nos próximos 24 meses, os pesquisadores esperam construir um perfil completo das várias características "resistentes ao clima" e em quais plantas elas podem serencontradas.
"Depois disso, teremos de usar as variedades que têm essas características em programas de produção",afirmouFowler. Ele disse que os dados estarão disponíveis para todos - organizações públicas e privadas - em umbancodedadosonline. "Os produtores poderão acessar esse banco de dados e colocar o critério de busca, daí eles receberão os detalhes de amostras que batem com as suas exigências, como resistência à seca eaocalor",afirmou.
Desenvolver plantas que produzirão mais alimentos e poderão lidar melhor com as mudanças climáticas é um caminho também seguido pelo setor de biotecnologia e grupos a favor da produção dealimentosmodificadosgeneticamente. Questionado sobre a possibilidade de o projeto ser usado por esses grupos, Fowler afirmou que ninguém sabe exatamente o que será necessário em 100 ou 500 anos em termos de produção agrícola e que a melhor alternativa agora é manter todasasopçõespossíveis.
A armazenagem das sementes
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Empresa estimula geração de renda com preservação ambiental no coração da Amazônia
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Comércio justo, cadeia produtiva limpa se transformam em sustentabilidade e geração de renda para centenas de comunidades extrativistas da Amazônia Fotos Arquivo da Naturais
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s tradições populares ensinam que andiroba, cupuaçu, ucuuba ou bacuri são produtos amazônicos com propriedades cosméticas e medicinais salutares. Algumas centenas de comunidades extrativistas da Amazônia, incentivadas por empresas, estão transformando este conhecimento em renda e preservação da floresta. É o caso da empresa Naturais da Amazônia que ensina a aprimorar as técnicas de extração dos “ingredientes amazônicos” e transformálos, dentro da própria comunidade, em óleos e manteigas naturais para serem, posteriormente,
vendidas às indústrias cosméticas de todo o mundo. Há nove anos, a Naturais da Amazônia, que prevê faturar R$ 2,4 milhões em 2009, se estabeleceu em Belém (PA) para produzir óleos, cremes, sabonetes 100% naturais, vendidos, sobretudo, ao mercado internacional. Os insumos eram adquiridos de atravessadores o que fez Arnoldo Luchtenberg, diretor da empresa, vislumbrar a possibilidade de fomentar um projeto de sustentabilidadeambientalesocial. Foi assim que começaram as parcerias com as comunidades extrativistas tradicionais da Amazônia. Depoisdequatroanosdepesquisa,aNaturaisconseguiu
São utilizadas como matéria-prima as cadeias produtivas da andiroba, babaçu, buriti, pracachy, castanha do Pará, semente de mar acujá, patoá, copaíba, murumuru, ucuuba, cupuaçu e bacuri
Em Labrea – AM
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Na comunidade Nossa Senhora Aparecida no KM 185, Sul da Transamazônica no município de Uruará, eles extraem óleo de babaçu e copaíba
Segundo Arnoldo Luchtenberg, os produtos comercializados pela Naturais não levam aditivos químicos
Em Caxiuanã
desenvolver o processo tecnológico e equipamento adequados para as comunidades transformarem sementes em óleos e manteigas. A partir de então, a empresa decidiu ensiná-las a beneficiar as sementes, gerando um produto de maior valor agregado. A figura do atravessador deixou de existir já que a empresa garante 100% da comercialização da produção. Em contrapartida, a comunidade se compromete a não desmatar. Para Luchtenberg, o ganho foi de conseguir firmar parcerias em diversas regiões que poderiam fornecer com a quantidade e qualidade desejável. Hoje, a cadeia produtiva que resulta na linha de produtos comercializada pela Naturais possui a certificação suíça orgânica e ecossocial IMO (Instituto de Mercado Ecológico). “O nosso projeto permite que essas comunidades extrativistas consigam se sustentar, manter suas tradições, com prosperidade econômica e a responsabilidade de preservar a floresta”, explica Luchtenberg. A meta dele é que em 2010 a empresa esteja faturando R$ 3,5 milhões e, em 2011, R$ 5 milhões. A Naturais trabalha com 139 comunidades extrativistas presentes na Bolívia e nos estados do Amapá, Amazônia, Acre e Pará. No Pará estão 60% dessas comunidades, o que levou a Secretaria de Estado de
Agricultura (Sagri), em 2008, a se tornar uma das parceirasdoprojeto.
No Pará Os recursos do governo paraense permitiram às comunidades adquirirem as mini-usinas para extração de óleos e manteigas para quatro dos cinco pólos produtivos existentes no estado, beneficiando 327 famílias. Cada mini-usina custa cerca de R$ 58 mil. A Secretaria também se encarrega de organizar o espaço físico para fazer beneficiamento das oleaginosas e de pagar a certificação para que os produtos possam seguir para mercados cobiçados como a Europa, Estados Unidos e Japão - destinos de 80% a 90% da produção. “O objetivo é beneficiar e valorizar comunidades que têm ligação há gerações com o extrativismo sustentável, ajudando-as a eliminar o atravessador que lhes tira o valor do trabalho, viabilizando sua permanência na floresta”, afirma Cássio Pereira, secretário de Agricultura doPará.
Internet/Qualidade De acordo com Luchtenberg, toda a produção da Naturais da Amazônia – 650 mil potes de cremes, um
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milhão de vidros de óleos e 90 mil sabonetes por ano – é comercializada pela internet. Para ele, a escolha por mercados internacionais é a mais viável para a prática de comércio justo, já que entendem e valorizam a certificação ecológica. Os produtos comercializados pela Naturais não levam aditivos químicos e, de acordo com Luchtenberg, possuem qualidade superior graças ao processo de seleção das sementes e ao manuseio do produto final realizado pela comunidade. “Um dos segredos é realizar a coleta das sementes antes da germinação”, explica. São utilizadas como matériaprima as cadeias produtivas da andiroba, babaçu, buriti, pracachy, castanha do Pará, semente de mar acujá,
patoá, copaíba, murumuru, ucuuba, cupuaçu e bacuri. Além da capacitação para produção, a empresa também estimula a criação de pequenas associações com objetivo de ensinar gestão em empreendimentos comunitáriosedepreservaraAmazônia.Olixoorgânico, resultado do processamento das oleaginosas também é fonte de riqueza, sendo reaproveitado pela comunidade como adubo orgânico. Se o processo fosse feito em Belém,seriainutilizado. O extrativista Miguel Padre, da comunidade Uruará, região daTransamazônica é um dos beneficiados com o projeto, junto com as 75 famílias de sua comunidade. “Começamos em dezembro e ainda estamos aprendendo as técnicas, mas nesses seis meses
conseguimos comercializar R$ 10 mil. É uma renda extra, que não contávamos”, informa. Este valor segundo as projeções de Luchtenberg pode ser triplicadoaté2010. O valor que cada família ganha pode variar de acordo com a safra e dos tipos de produtos existentes em cada região. Existe comunidade que só extrai bacuri que gera uma renda para cada família de cerca R$ 1300 por safra que vai de dezembro a junho. Em locais onde existe o pracaxi, por exemplo, o rendimento das famílias pode aumentar para R$ 3 mil e assim por diante. Mas ao final de cada safra, somando todas as famílias envolvidas, é possível entregar mais de R$ 450 mil às 139 comunidades.
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Comunidade Santa Rosa, no município de Tracuateua-Pa (Regiao Bragantina). Extraem Ucuuba, pracaxi, muru-muru, andiroba. São 26 famílias beneficiadas
Na comunidade Nossa Senhora Aparecida são 11 famílias beneficiadas
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Comunidade do CAFEZAL às margens do rio Paru, há 12 horas de barco, Município de Alemeirim – PA. Eles extraem Muru-muru, Pracaxi, andiroba, ucuuba e castanha. São 16 famílias beneficiadas
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Certificação LIFE de
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Biodiversidade
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Lançamento do Instituto LIFE e da Certificação LIFE no Salão de Atos do Parque Barigui
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Durante o lançamento ...
Ações combinadas para combater desmatamento e perda da biodiversidade
Fotos Jefferson Rudy/MMA
Carlos Minc falou sobre as políticas públicas do Governo Federal para proteção da biodiversidade
O
ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defendeu recentemente em Curitiba, medidas conjuntas para combater o desmatamento e a perda da biodiversidade. Devem ser combinadas ações de repressão com a valoração da floresta em pé, disse o ministro, justificando o apoio do governo federal ao projeto de implementaçãodaCertificaçãoLife. “As operações de fiscalização são necessárias, vão continuar, mas sozinhas não funcionam, são insuficientes. Tem que haver mudança de conceitos, valores, critérios e existem muitas iniciativas de boas práticas ambientais. Essa é uma delas – disse o ministro aoparticipardolançamentodoprojeto. O Certificado Life é uma ferramenta que vai reconhecer ,medireclassificaraçõesqueasempresasadotarem em prol da conservação da biodiversidade. “O Brasil está sendo pioneiro em valorizar as empresas que não agredirem e cuidarem da biodiversidade. Nos vamos levar isso para a Conferência da Biodiversidade, no Japão,noanoquevem,”disseele. De acordo com Minc, o ministério resolveu apoiar o projeto através da Secretaria Nacional de Biodiversidade,porentenderqueessa responsabilidade é de todos e não só do gestor público. Deverão
participar empresas que além de cumprir leis ambientais, querem mostrar ao mercado competitivo que ajudam a preservar os biomas e os corredores de biodiversidade e fazem isso porque é bom, porque estão criandoumamarcaepensandonofuturo. Após o lançamento, Minc disse que as operações de fiscalização vão continuar em todo o país. Citou algumas realizadas recentemente, entre elas a Operação Angustifolia, desencadeada no Paraná, pelo Ibama e Polícia Federal. “Flagramos a retirada diária de 40 caminhões com essa madeira, sabemos que ainda insistem com o desmatamento, que estão sendo retiradosuns5caminhõesmasestamosatentos”. Segundo o ministro, todos os biomas brasileiros estão sendo monitorados e na primeira revisão do Plano Ana Cotta
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Castanheira. Ao fundo a Floresta Amazônica sendo desmatada
Nacional de Mudanças Climáticas, em maio de 2010, serão cumpridas metas de redução do desmatamento na Mata Atlântica, Pantanal, Cerrado, Catinga e Amazonas.Esteano,odesmatamentonaAmazôniaserá o menor dos últimos 20 anos e para a Mata Atlântica a meta é dobrar a área preservada nos próximos 20 anos, criando novos corredores e combatendo o crime ambiental–garantiu. Instituto LIFE é uma instituição do terceiro setor, resultado da união de esforços da Fundação Avina, Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, Sociedade dePesquisaemVidaSelvagemeaempresaPosigraf. A cerimônia de lançamento do selo Life contou ainda com a presença do ministro de Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, que definiu a iniciativa como um novo marco na conservação da biodiversidade brasileira. "O Brasil é cada vez mais um grande ator no cenário internacional, com muita responsabilidade, principalmente na questão ambiental", disse. Bernardo parabenizou as empresas participantes, lembrando que além da proteção à biodiversidade, elas ganham com relação aos negócios internacionais, pois atualmente existem grandes barreiras impostas aos produtos brasileiros, exatamente por desrespeito ao meio ambiente. REVISTA AMAZÔNIA |67
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Plantas Raras do Brasil
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A calliandra-hygrophila é uma das 2.291 espécies de plantas que aparecem no novo livro
O
livro é um projeto desenvolvido pela Universidade Estadual de Feira de Santana e a ONG ambientalista Conservação Internacional com objetivo combinar esforçosdepesquisadoreseinstituiçõespara identificar e mapear todas as espécies raras de plantas do Brasil e também as áreas mais importantes para a conservação dessas espécies. A primeira etapa do projeto foi concluída com a publicação do livro“Plantas Raras do Brasil”, lançado recentemente durante o 60º Congresso BrasileirodeBotânica,emFeiradeSantana,Bahia. O livro Plantas Raras do Brasil identifica espécies de plantas que são encontradas exclusivamente no território nacional. O trabalho é resultado de dois anos de pesquisas que reuniram 175 cientistas de 55 instituiçõesbrasileiraseinternacionais. O Brasil possui entre 35 e 55 mil espécies de plantas. As espécies consideradas como raras são aquelas que possuem distribuição menor do que 10.000 km2. Foram
reconhecidas 2.291 espécies de plantas raras brasileiras, muitas das quais se encontram à beira da extinção. As distribuições das espécies de plantas raras ajudam também a delimitar 752 áreas que são chave para garantir a conservação da diversidade de plantas brasileiras. Essas áreas devem ser reconhecidas por toda a sociedade brasileira como prioridades imediatas para umtrabalhointensodeconservação. Segundo os organizadores da obra, a publicação poderá reacender uma polêmica entre cientistas e o Ministério doMeioAmbiente. Em uma lista divulgada em setembro do ano passado, o ministério relacionou 472 espécies da flora ameaçadas. No entanto, um consórcio formado por cerca de 300 cientistas afirma que há no Brasil 1.472 espécies ameaçadas. O professor Alessandro Rapini, da UEFS, um dos organizadores da obra, diz que a situação da flora brasileira pode ser "mais grave" do que os números oficiaisapontam.
De acordo com Rapini, o que mais preocupa os cientistas no momento são espécies raras que ainda não foram detectadas. "Correm o risco de desaparecer antes mesmodeseremdescritas",afirma.Osorganizadoresda
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Erva de caule curto, a 'Paepalanthus Globulifer' floresce o ano todo e é encontrada na Serra do Cipó, em Minas Gerais 68| REVISTA AMAZÔNIA
Erva que pode chegar a 60 cm de altura, a 'Holocheilus Monocephalus' ocorre em campos úmidos do extremo sul do Brasil
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Eucalipto de Flores Vermelhas
A 'Lavoisiera Itambana' pode atingir mais de um metro de altura e tem flores amarelas, eventualmente com manchas vermelhas
publicação estimam que o Brasil detenha 15% de toda a floramundial. As espécies raras não estão distribuídas de forma homogênea. Os Estados campeões em número de
A 'Hysterionica Pinnatisecta' é encontrada em fendas de penhascos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina
espécies raras são Minas Gerais, com 550, e Bahia, com 484,afirmamospesquisadores. O projeto foi realizado com apoio da Gordon and Betty Moore Foundation e de André Esteves (membro do
Conselho Deliberativo da Conservação Internacional). A Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia (FIDESA) gerenciou os recursos e as bolsas oferecidasaospesquisadores.
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A 'Paepalanthus Henriquei' é uma erva com cerca de 30 cm de altura, encontrada em campos rupestres e originária de Minas Gerais
A 'Minaria Hemipogonoides', que não era coletada havia quase cem anos, foi encontrada em 2008 em Minas Gerais
Comum na Serra do Cipó, a 'Lavoisiera Macrocarpa' é muito coletada devido às suas flores vistosas
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10 of the World's Strangest Plant Species
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Welwitschia mirabilis: A planta mais resistente do mundo
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Dionaea muscipula: a Vênus carnívora
As 10 plantas mais
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apaz de causar surpresa e encantamento no mais experiente botânico, algumas das variedades mais raras de plantas têm características únicas para adaptar-se aos seus habitats, por vezes inóspitos. Da espécie mais resistente do mundo, passando por plantas dançarinas e fétidas e belas flores gigantes. Conheça as 10 plantas mais incomuns e com a aparência mais estranha do planeta,segundoositeoddee.com. Welwitschia mirabilis: A planta mais resistente domundo. Ela não é bonita de se olhar, mas esta planta comum na Namíbia é realmente um dos tipos mais curiosos encontrados na natureza. Não há realmente nada
Selaginella lepidophylla: a planta da ressurreição
parecido. A Welwitschia tem em apenas duas folhas e um caule robusto com raízes. Duas folhas que continuam a crescer até se parecerem à juba de uma criaturadaficçãocientífica. Ao invés de ganhar altura, seu caule engrossa e pode chegar a quase dois metros de altura e oito metros de largura. Sua vida útil estimada é de 400 a 1,5 mil anos. Ela pode sobreviver por até cinco anos sem chuva. A planta conhecida por ser muito saborosa e é conhecida por'Onyanga', quesignificaceboladodeserto. Dionaeamuscipula:aVênuscarnívora Ela é a mais famosa de todas as carnívoras, devido à natureza única, ativa e eficaz das suas armadilhas. Mas, além de famosa ela também é ameaçada de extinção. A
Baobá: a árvore garrafa
planta tem duas folhas articuladas cobertas de uma penugem e ultrassensível que detecta a presença de tudo, desde formigas a aracnídeos. A armadilha se fecha emmenosdeumsegundo. Rafflesiaarnoldii:Aflormaislargadomundo Ela é uma das plantas mais exóticas e raras do mundo, mas você provavelmente não vai querê-la no seu jardim. Apesar de bela, ela é a maior flor do mundo e, quando está florida, dela desprende um odor fétido semelhante à carne podre. Por essa característica ela é conhecida como 'planta cadáver' pelos nativos da Indonésia, seu país de origem. Recentemente catalogada na família Euphorbiaceae,aRafflesiaarnoldiipodeterummetrode diâmetro e pesar de 6 a 11 kg. Ela é bela, salpicada de floresetemumacorvermelhoferrugem. Suas flores duram apenas três dias por semana e esse cheiro desagradável que produz atrai insetos polinizadores que a ajudam a perpetuar a espécie. Mas apenas 10 ou 20% das mudas sobrevivem. Com alguma sorte, em novemeseselafloresce. Desmodium Gyrans : A planta dançarina Esta planta foi chamada de Hedysarum por Darwin, mas botânicos modernos a chamam de Desmodium gyrans, ou mais recentemente - de Codariocalyx Motorius. Apesar de todos esses nomes, ela é conhecida como planta dançarina em função dos graciosos movimentos das suas folhas, mesmo sem vento. Ela é umaplantadefácilcultivo.
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Euphorbia obesa: a planta baseball
Rafflesia arnoldii: A flor mais larga do mundo
Amorphophallus titanum: a Flor Cadáver
bizarras da natureza Euphorbiaobesa:aplantabaseball Euphorbia Obesa, também conhecida como a planta baseball, é natural da África do Sul. Infelizmente, a espécie está ameaçada pelas colheitas sem planejamento. Por sua aparência interessante e curiosa, a Euphorbi a é devastada pelas populações nativas. Para proteger a espécie, recentemente, sua exploração foi proibida no país. A sua cultura, no entanto, tornou-se comumemjardinsbotânicospelomundo.
Amorphophallustitanum:aFlorCadáver Esta flor é mais alta que um ser humano e tem um odor forte que, como a Rafflesia arnoldii, lembra carne podre. A Amorphophallus titanum da Indonésia - ou 'florcadáver' como é conhecida pelos habitantes locais - faz parte de uma rara cadeia: ela é polinizada pelos insetos que buscam carniça na selva. Esta planta da Indonésia temamaiorinflorescênciadomundo. Desmodium Gyrans: A planta dançarina
Baobá:aárvoregarrafa Baobá é o nome comum do gênero Adansonia, compreendendo oito espécies diferentes de árvores. Ela é nativa de Madagascar, na África, e na Austrália. O Baobá é conhecido como 'árvore garrafa', não só por parecer-se com uma, mas também porque é capaz de armazenar cerca de 300 litros de água. De vida longa, umbaobápodedurarmaisde500anos.
Dracaenacinnabari:aárvoresanguededragão A Dracaena Cinnabari é uma árvore nativa do pequeno arquipélago de Socotra no Oceano Índico, próximo Nordeste Africano. Ela é conhecida como 'árvore sangue do dragão' em função da sua seiva vermelha. No passado, a seiva era muito procurada como medicamento e corante. A Dracaena cinnabari é uma das plantas mais marcantes de Socotra, ela tem uma aparência estranha, assemelhando-se a um guardachuva virado pelo vento. A espécie foi descrita
formalmenteporIsaacBayleyBalfourem1882.
Mimosapudica:aplantadavergonha Mimosa pudica, ou planta sensitiva, tem uma curiosa qualidade: as folhas se dobram para dentro e tombam quando são tocadas e, minutos depois, voltam a abrirse. A espécie é nativa do Brasil e de todos os países da América do Sul e América Central. Ela tornou-se uma ervadaninhapantropical. Selaginella lepidophylla : a planta da ressurreição Também conhecida como 'Rosa de Jericó', a Selaginella lepidophylla é uma espécie de planta do deserto conhecida por sua capacidade de sobreviver à seca quase completa durante o tempo seco no seu habitat natural. Ela enrola-se na forma de uma bola e só se desenrola quando é exposta à umidade. É nativa do DesertodeChihuahua.
Dracaena cinnabari: a árvore sangue de dragão
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Governadora Ana Júlia Carepa no 2º Congresso das Populações Extrativistas
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100 lugares para lembrar Fotos James P. Blair
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xposição de fotografia ao ar livre em Copenhague mostra 100 lugares incríveis ameaçadas pela mudança climática. Um grupo de pescadores no delta do Ganges lançam as redes de pesca para a câmera. O céu azul acima delas brilha contra as paredes do Teatro Real da Dinamarcaportrásdeles. Mas, enquanto o teatro foi no mesmo local por 261 anos e não está em perigo de desaparecer, o Delta do Ganges pode ser completamente alterado em apenas 60 anos, se não pararem as alterações climáticas. É por isso que a imagem dos pescadores foi exposta em uma praça no coração de Copenhague, como parte da exposição de 100 lugares para lembrar, antes de desaparecer. «Queremos tocar as emoções e aguçar a consciência sobre os impactos das mudanças climáticas. Só se as pessoas souberem o que está em risco, elas estarão dispostas a agir ", disse o organizador da exposição SørenRudnaaberturadaexposição. As fotos são tiradas por alguns dos melhores fotógrafos
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Ainda na audiência pública sobre os povos tradicionais
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Connie Hedegaard, ministra dinamarquês de Clima e Energia, ao abrir a exposição
domundo,eaexposiçãovaiviajarparaváriasgrandescidadesaoredordoglobo. ConnieHedegaard,ministradinamarquêsdeClimaeEnergia,abriuaexposição. "Vocêdá-nospelomenos100razõesconcretasquedevemosterumacordosobreoclimaesteano",disseela. Abaixoalgumasdasfotosexpostas. REVISTA AMAZÔNIA |73
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Prêmio Pictet de fotografia
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Doze fotógrafos foram anunciados como finalistas do prêmio de fotografia Pictet, que destaca assuntos relativos à sustentabilidade
E As fotos mostram dos efeitos prejudiciais e muitas vezes irreversíveis de explorar os recursos do planeta
ste ano o tema foi o planeta Terra. O concurso recebeu mais de 300 inscrições de séries retratando a problemática em todos os cantos domundo. Segundo os organizadores, as fotos "falam dos efeitos prejudiciais e muitas vezes irreversíveis da exploração dos recursos do planeta e refletem os impactos imediatos e de longo prazo de modelos de desenvolvimento insustentáveis em comunidades em todooglobo". O fotógrafo japonês Naoya Hatakeyama explora a construção de túneis e metrôs
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Muitos dos trabalhos chamam atenção para a fonte de recursos que a sociedade consome diariamente sem questionar a origem. Como em uma série sobre pedreiras de mármore fotografadas pelo canadense Edward Burtynsky em Portugal, Itália e na Índia. Nela, o artista procura mostrar a frieza e solidão da "realidade longínqua daspaisagensindustriais"nesteslugares. O israelense Nadav Kandar quis mostrar a relação dinâmica do ser humano com as grandes construções na China. Sua série sobre os 6,5 mil quilômetros do rio Yangtze, ao longo do qual vivem mais pessoas que nos EUA, retratou famílias convivendo com os viadutos sombrioseoarcinzentodacidadeportuáriadeChongqing. Já o ciclo de consumo, destruição, violência e conflito político é explorado pelo canadense Christopher Anderson em sua série fotografadanaVenezuela,queincluicanaviaisefavelas.“Enquantoo agronegócio fatura, falta comida para grande parte da população”, diz o fotógrafo, que já foi indicado ao prestigiado prêmio Pulitzer de jornalismo.
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Ainda na audiência pública sobre os povos tradicionais Rock of Ages 15, Active Section, E.L. Smith Quarry, Barre, Vermont de Edward Burtynsky
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Mémoire, 2006 em RDC, Katanga de Sammy Baloji
Dwelling in the Mount Fuchun de Yao Lu
School children practice baseball between Gotemba and Fujinomiya de Chris Steele-Perkins
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Outras obras de arte optam por instigar o debate através de uma representação mais abertamente subjetiva da realidade. O que parecem montanhas nas fotos do chinêsYao Lu são, na verdade, pilhas de lixo em poças de lama, subprodutos do desenvolvimento imobiliário acelerado emseupaís.
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Vigor Para o diretor do grupo de jurados que decidiu pela lista de indicados, Francis Hodgson, a proposta do tema deste ano "foi interpretada em tremendavariedadeevigor". "Seja registrando o desenvolvimento em detalhes ou buscando, de
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Orinoco Valley, Venezuela de Christopher Anderson Shan Shui Fullmoon Construction Mound, Chongqing de Nadav Kander
Planeta Terra é o tema do concurso Nas pedreiras de mármore em Portugal, Itália e na Índia, o fotógrafo canadense Edward Burtynsky procura mostrar a realidade longínqua das paisagens industriais
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O israelense Nadav Kandar mostra a relação do ser humano com as grandes construções na China retratando famílias sob os viadutos sombrios e o ar cinzento da cidade portuária de Chongqing 76| REVISTA AMAZÔNIA
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Nigeria, 2006 de Ed Kashi
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Registrando o desenvolvimento em detalhes e buscando alcançar um alto nível de impacto; de Andreas Gursky
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maneira mais ampla, estimular o debate, os fotógrafos alcançaramumaltoníveldeimpacto",eleafirmou. O vencedor do prêmio será conhecido em uma cerimônia marcada para o dia 22 de outubro, à qual comparecerá o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, presidentehonoráriodoprêmio. Até lá, os trabalhos dos finalistas serão exibidos em galeriasdearteemParis,LondreseGenebra. Esta é a segunda edição do prêmio Pictet de fotografia, patrocinado pelo banco suíço Pictet. No ano passado, na primeira edição do concurso, o fotógrafo baiano Christian Cravo levou o nome do Brasil ao ficar entre os finalistasdapremiação. O vencedor deste ano receberá 100 mil francos suíços, cercadeR$175mil.
Shade of Earth de Abbas Kowsari
As montanhas de Yao Lu são, na verdade, pilhas de lixo em poças de lama, subprodutos do desenvolvimento imobiliário acelerado chinês
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O ciclo de consumo, destruição e violência é explorado pelo canadense Christopher Anderson, que já foi indicado ao prestigiado prêmio Pulitzer de jornalismo. Sobre sua série fotografada na Venezuela, ele diz: que enquanto o agronegócio fatura, falta comida para grande parte da população REVISTA AMAZÔNIA |77
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A vencedora, foto da planta Arabidopsis thaliana, tirada pelo Dr. Heiti Paves, da Universidade de Tecnologia da Estônia. (20x)
5º lugar: Bruno Vellutini, do Centro de Biologia Marinha, da USP, SP, Brasil. Superfície oral de uma estrela do mar, numa ampliação de 40 vezes
2º lugar foto tirada por Gerd A. Guenther de Düsseldorf, Alemanha. Haste da flor da “Sonchus asper”, ampliada 150 vezes
6º lugar: Dr. Havi Sarfaty, do Israel Veterinary Association Ramat-Gan, Israel. Escamas de peixe, ampliadas 20 vezes
Nikon Small World 2009 3º lugar: Dr. Pedro Barrios-Perez, do Institute for Microstructural Sciences National Research Council, de Ontario, Canada. Emulsão usada na fabricação de semicondutores, com ampliação de 200 vezes
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4º lugar: James E. Hayden, do The Wistar Institute Philadelphia, Pennsylvania, Estados Unidos. Ovário de um peixe-diabo, ampliado quatro vezes 78| REVISTA AMAZÔNIA
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concurso de fotos Nikon Small World é realizado desde 1974, para premiar microfotografias tiradas com a ajuda de um microscópio. O tema para a competição deste ano foi ilimitado a qualquer tipo de técnica de microscopia de luz, incluindo contraste de fase, luz polarizada, fluorescência, contraste de interferência, campo escuro, confocal, deconvolução, multiphoton, e técnicas mistas. As fotos foram julgados por um painel independente de especialistas – reconhecidas autoridades na área da fotomicrografia e fotografia. Essas entradas são julgados com base na originalidade, conteúdo informativo, proficiência técnica e impacto visual. O Nikon Small World é aberto a candidatos do mundo todo. Vários brasileiros também se inscreveram. E o melhor resultado foi o quinto lugar de Bruno
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7º lugar: Dr. Shirley Owens, do Michigan State University, East Lansing, Michigan, Estados Unidos. Tricoma da espessura de um cabelo em uma trepadeira amarelinha, ampliada 450 vezes.
8º lugar: Dr. Lloyd Donaldson, do Scion, Next Generation Biomaterials Innovation Park, de Rotorua, Nova Zelandia. Fibras de algodão, ampliadas 200 vezes
9º lugar: Dr. Bernardo Cesare, do Dipartimento di Geoscienze Universit, de Padova, Italia. Rocha magmática, ampliada cinco vezes
Vellutini, da USP. As principais imagens estão no calendário 2009 Nikon Small World, em cores de 8,5 x 11 papel semi-brilho e espiral para montagem na parede, com todos os vencedores do prêmio, as 14 menções honrosas e todas as 80 imagens de distinção. Incluído no calendário: diatomáceas, insetos, produtos químicos e bioquímicos recristalizado, as plantas, vários microorganismos, cristais líquidos e fibras. A competição deste ano atraiu um recorde de participantes de 62 países, bem como de uma gama diversificada de disciplinas acadêmicas e profissionais. Os vencedores incluídos profissionais e amadores, vieram de áreas como química, biologia, materiais de pesquisa, botânica e biotecnologia.
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10º lugar: Dr. Arlene Wechezak, de Anacortes, Washington, Estados Unidos. Algas e diatomas, ampliados dez vezes
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Amazônia. Recordanças de Curiosidades de um Mundo Ainda Desconhecido
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sabor do cafezinho preto oferecido no trapiche do rio Maiuira, de madrugada, debaixodeforteaguaceiro. Às seis horas da manhã, o pão manual com bastante manteiga que acompanhava o café, nas embarcaçõesdorioTapajós. Obarulhodomotordoaviãofretadovoandoemcírculos, sobrevoando a comunidade para avisar que estava chegandoafimdepegarpassageiro. O mingau de miriti (Mauritia flexuosa) ou de açaí (Euterpe oleracea) bem quentinhos com tapioquinha amantegada saboreados na beira cidade de Cametá logoaoavermelhardaaurora. Os pequenos aviões que fazem linha pelos céus da Amazônia, não possuem aeromoça ou comissário e o passageiro serve-se do café da garrafa térmica que fica pertodopiloto.
Quem quiser pedir “emprestado” o quebra-jejum aos trabalhadores que estejam executando pequenas tarefas como o“roço”, por exemplo, peça às 9/10 horas da manhã quando acontece parada obrigatória para forraroestômago. O recém chegado ao Marajó usa sebo quente para tratar feridanoseuassentoprovocadapelasela. É uso na zona bragantina, o cambão para levantar veículo que tenha o pneu furado e dessa maneira, levantá-loparapoderremendá-lo. AmáquinadotremdaestradadeferroBelém-Bragança, movido à lenha, soltava fagulhas deixando marcas na roupaounocorpodopassageiro. O trem da estrada de ferro Belém-Bragança, durante parada no entroncamento de Igarapé-Açu com a Colônia do Prata, asilo de hansenianos, de onde seguiria viagem até Bragança, no único restaurante existente na área, os passageiros desciam parar saciar a fome e eralhes servido como primeiro prato uma sopa fumegante. 80| REVISTA AMAZÔNIA
O problema é que antes que esta esfriasse, o trem apitava avisando que ia continuar viagem obrigando-os a seguir com estômago vazio. Essa tática era usada para sobrevivênciadorestaurante. Outro grande incômodo que sofriam os passageiros, nesse mesmo percurso, era a fumaceira que envolvia o trem, resultante das queimas às margens da ferrovia para limpeza da área juntamente com as vareta, sobra damalva,amontoadasàbeiradaestrada. É habito dos vaqueiros marajoaras, quando vão para atividades no campo, levarem no “surrão”, espécie de bornaldecourocurtido,fritosdecarnecomfarinhaparar aliviarafomeservindodequebra-jejum. Lavradores recém chegados de outras regiões do país, trazem estranho hábito de derrubar árvores como Sapucaia, Pupunha, Fruta-pão, entre outras, para colher os frutos. Em certas palmeiras como o Miritizeiro, fazem
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degraus no tronco com terçado para facilitar a apanha doscachosdosfrutos. Nos campos do Marajó, é habito coletar ovos de pássaro tetéu que pelo seu canto pode ser achado com facilidade. Esse pássaro é encontrado em todo o Brasil sendo símbolo do Rio Grande do Sul. Em Belém é chamado de quero-quero e símbolo do Centro de ConvençõesHangar. Promotor de Belém proibiu a tiração da massa do caranguejo que era tradicionalmente puxada com a boca e depois aferventado pelas famílias dos catadores, coletadaemalguidarparaservendidaemBelém. A atual governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, tomou conhecimento através de carta enviada por quilombolas moradores em Vigia de Nazaré, na costa atlântica da Amazônia Azul, que alguns deles estão devastando açaizais nativos em grande quantidade para retirada de palmito que é encaminhado para Cayenne, remanescente colonial da França. Providências foram tomadaspararimpediroabuso. Pescadores camaroneiros franceses estão pescando em águas profundas na costa do Amapá, são camarões de bom tamanho, além de bagres de olhos verdes, recentemente identificados por pescadores brasileiros. Será que as autoridades nacionais tomaram conhecimento e irão impedir o prosseguimento desse saque? As agradáveis e tranqüilas viagens pelos rios, furos e
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A anos foi publicada no jornal a Província do Pará, já fora de circulação, entrevista com o autor, que alertava a derrubada indiscriminada de essências florestais valiosas (atualmente começando a serem pesquisadas e valorizadas). A finalidade era para usar a área para plantio de açaí, sobe a forma de monocultura, criando problemadedifícilsolução. Quando o autor atuava no Estabelecimento Rural do Tapajós, identificou no campo de pouso de Belterra, pertencente à Companhia Ford Industrial do Brasil, construídopenaPANAM,umaaeronavequefaziaalinha Belém-Manaus que era de estranhar pois esta não era suarotahabitual. Há cerca de 20 anos ou mais, camarões da Malásia eram criados em tanques por empresários oriundos de outras regiões. Como conseqüência de pesadas chuvas do inverno amazônico, tiveram as paredes arrebentas e os camarões ocuparam a teia fluvial, inclusive o rioTaciateua no município de Santa Maria do Pará, uma das bases da SOPREN. Os pescadores passaram a degustá-los como churrasco. Até agora, não se conhece a biologia dos mesmoesesãotransmissoresdealgumtipodedoença. Informação colhida no aeroporto de Santarém, dá conta
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de que avião de carreira oriundo de Manaus, trasportando time de futebol do Rio de Janeiro, onde foram vitoriosos. Em conseqüência da euforia reinante entre passageiros e pilotos, estes perderam o rumo e graças ao comandante que conhecia bem a rota, identificou o enorme telhado de zinco de pavilhão construído em Forlândia, no Tapajós, pelos norteamericanos da extinta Companhia Ford Industrial do Brasil. Durante a Segunda Grande Guerra Mundial na qual fomos contrario ao Eixo, os norte-americanos construíram um campo de pouso em Belém e outro no então Território Federal do Amapá, bem como duas torres para atracação de Blimpes (pequenos dirigíveis armados) em Igarapé-Açu, de onde saiam diariamente para atacar submarinos alemães e italianos que afundavamnossosnaviosdecabotagem.Paraconsertos mecânicos norte-americanos usavam gigantesca oficina construída em Belém, onde hoje esta localizado o Aeroclube do Pará. Nesse período os americanos realizaram levantamento aero-fotogramétrico de todo o território brasileiro, com autorização do Presidente GetúlioVargas.
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paranás da região, com fins de pesquisa e turismo para apreciação da natureza, vem se transformando em arriscada aventura pelos assaltos com saques, destruição e mortes. Os antigos ratos d'agua que atuavam nos portos e trapiches preferencialmente, atualmente transformaram-se em piratas muito bem equipados com armas e munições contrabandeadas, usando embarcações de alta potência, atacam inclusive as fazem linha, preocupando cada vez mais a Marinha por terem roubados ou depredados os equipamentos de sinalizaçãonáutica. Os antigos açaizais que já sofreram grande devastação pelos ribeirinhos para a extração do palmitos afim de vende-los a empresários vindo do sul e do sudeste do país, atualmente, com a valorização mundial das potencialidades do fruto, as árvores estão sendo poupadas, dando maior retorno financeiro para os apanhadores.
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ário Bentes e Daniel Jordano
“Jardinagem” para recuperar florestas Mudar conceitos para manter a sustentabilidade
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madasresponsáveispeloSantuárioBotânico Guruluka (GBS), na Índia, a cientista indiana Suprabha Seshan acredita que técnicas simples, como a jardinagem, podem ser capazes de recuperar áreas destruídas pela ação do homem. Uma atividade simples como a jardinagem pode ser muito eficaz para a recuperação de áreas de floresta devastadas pela ação do homem. É o que afirma e mostra a cientista e ambientalista indiana Suprabha Seshan, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, onde realizou uma palestra aberta aopúblico. “Existe uma força na natureza e na terra, uma força curativa, uma força que os jardineiros aproveitam em seu trabalho. Nós sugerimos que a jardinagem, uma atividade relativamente simples e sem status, é um modo através do qual seres humanos podem participar na restauração e cura de paisagens torturadas e devastadas”, afirmou a cientista, logo no início da apresentação. Seshan é uma das responsáveis pelo Santuário Botânico Guruluka (GBS), na Índia, que existe oficialmente desde Suprabha Seshan mostrando as técnicas de restauração florestal
1981. Hoje tida como um tipo de reserva ambiental de uso comum, o espaço já foi uma grande área degrada em função do desmate ilegal e de intervenções malimplementadas, como assentamentos e hidrelétricas, mas que vem sendo recuperado ao longo dos últimos 40 anos, a partir da iniciativa de um pequeno grupo de mulheres.
homememeioambiente. A iniciativa atrai a cada ano mais adeptos, e está se estendendo a outras regiões da Índia que passaram por processos semelhantes de degradação. Suprabha Seshan estima que pelo menos 50 mil pessoas já conheceramdepertooSantuárioBotânicodeGuruluka. “Além do trabalho de recuperação propriamente dito, o projetocontaaindacomacolaboraçãodepesquisadores ecientistas,quepassaramaseinteressarpelainiciativaa partir dos resultados obtidos”, afirma. Em 2006, o GBS recebeu o Whitley Award, um dos mais prêmios mais prestigiadosdoReinoUnido. Hoje o projeto dispõe de um tipo de centro de capacitação e formação, instalado no próprio GBS, onde pessoas de todas as partes da Índia estão recebendo instruções para implementar o Green Phoenix. “Já há muitos grupos na Índia que trabalham com essa abordagem. A mudança não é apenas na área do Santuário, mas há uma multiplicação em vários grupos com essa mesma preocupação, a de resgatarespéciesameaçadas”,declarou.
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Consumo, sustentabilidade e o “American Way of Life” Questionada a respeito da ideia de sustentabilidade, onde aspectos de desenvolvimento econômico seriam implementados tendo em vista o lado ambiental, a especialista é categórica: “Não é Suprabha Seshan possívelmanterasustentabilidadeseaspessoas em atividade quiserem ter o padrão de consumo semelhante Segundo a cientista-ambientalista, o espaço que hoje ao norte-americano. Na Índia, onde vivem um bilhão de corresponde ao GBS fica situado em regiões pessoas, não é possível. Temos de mudar os conceitos”, montanhosas da Índia conhecidas como“ghats”, que se alertou. estendem por mais de mil quilômetros e podem atingir 2,6 mil metros de altitude. “Estas áreas guardam pelo menos cinco mil espécies de plantas e outras mil de musgos e samambaias”, afirma Seshan, lembrando que boapartedafloradolocaléendêmica.
Jardinagem e recuperação O trabalho de recuperação, chamado de Green Phoenix (“FênixVerde”), é feito basicamente a partir do replantio e conservação de espécies nativas de plantas nas áreas devastadas, mas compreende ainda um grande esforço de conscientização das populações nativas no sentido de que se compreenda a importância da conservação da biodiversidade como forma de manter o equilíbrio entre
A entrada do Gurukula Botanical Sanctuary Suprabha Seshan recebe o Whitley Award
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