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06 A SBPC e a Amazônia Azul 14 Tecnologias da Embrapa ajudam a evitar uso do fogo na agricultura

16 Projeto Conservação de tartarugas

DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn

A água é um recurso hidromineral fundamental para a sustentação da vida no planeta e ainda uma fonteeficazdeenergialimpasustentável.

PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn

turismo na região amazônica 22 Eletronorte inicia enchimento do canal de navegação das eclusas de Tucuruí O ministro dosTransportes, Paulo Sérgio Passos, esteve no último dia 2 de setembro emTucuruí, para uma visita técnica ao canteiro de obras das eclusas da Hidrelétrica. Acompanhado pela coordenadorageral do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, Miriam Belchior, e pelo diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras Eletronorte, Adhemar Palocci, a comitiva participou do desligamento da bomba de drenagem que deu início ao processo de enchimento do canal de navegaçãoqueinterligaaseclusasIeII...

24 Brasil estuda aquífero três vezes maior que o Guarani

Cada vez mais, o Brasil vem se apresentando como a grande potência ambiental da humanidade e um local onde a natureza não economizou em nada. O País é dono da maior biodiversidade do planeta, possui a maior floresta tropical do mundo, o maior rio em volume de água e dispõe também da maior quantidadedeáguadoce.Somosdonosde11%detodaáguadocedisponívelnomundo.

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PUBLICAÇÃO Período (sembro/outubro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil

na Amazônia-Pará

21 Encontro regional debateu o

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COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES Camillo Martins Vianna; Elian Lucci; Gilmar Altamirano; Haroldo Matos de Lemos; Ieda Novais; José Joaquim Ferreira do Amaral; Marcel Tadeu Silva; Neila de Paula Pereira; Antonio Carlos Aguiar; Milton Matta; Renata Freitas; Rafael Kellermann Barbosa; Rodrigo C. A. Lima; Valter Piracciani FOTOGRAFIAS Alecio Cezar; Ana Paula Carvalhi; Arquivo CNI; Arquivo Eletronorte; Arquivo Embrapa; Arquivo NASA; Arquivo INPE; Arquivo OTCA; Arquivo Universidade daÁgua e Uniagua; Dimitri Matoszko; Douglas Trent; Eduardo Gomes; ; Eduardo Cesar/ FAPESP; Guilherme Gallo Ortiz; Gustavo Tílio; João Pinheiro;Laizer Mayer Fishenfeld; Lester Scalon; Maria S. Fresy; Renato Araujo/ABr EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro

30 Circuito Histórico de água e saneamento de Manaus

NOSSA CAPA Cotidiano amazônico no interior do Estado do Amapá. Foto de Gilmar Nascimento

34 Ópera Amazônia Teatro Música em três partes 37 A Amazônia é Nossa

40 4ª CNCTI 50 Biodiversidade começa a aparecer na agenda empresarial 58 A Sustentabilidade do Planeta 68 A dinâmica das inovações tecnológicas limpas

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78 Agricultura Sustentável

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80 Amazônia. Multirão na floresta 82 Taxa para produzir

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ASSOCIAÇÃO DE PUBLICAÇÕES

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A SBPC e a “Amazônia azul” Fotos Eduardo Gomes e Gustavo Tílio

62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal,tevecomotemacentral:“Ciênciasdomar:herança paraofuturo”. Após duas reuniões voltadas à Amazônia – Belém, em 2007, e Manaus, em 2009, a SBPC se volta agora para o outro grande ecossistema brasileiro: o mar, a nossa “Amazônia azul” de área de 4 milhões e 500 mil quilômetros quadrados e para a qual a ciência tem olhado muito pouco, disse Marco Antonio Raupp, presidentedaSBPC Segundo ele, a ciência está intimamente ligada a dois pontos fundamentais ao desenvolvimento do país e que devem ser partilhados com a população: inovação e sustentabilidade ambiental. “Precisamos não somente produzir o conhecimento, mas também difundi-lo para toda a sociedade a fim de que ela se desenvolva e aprenda com os erros do passado, quando não havia a preocupaçãoatualcomomeioambiente”,disse. “Pesca e aquicultura no Brasil”,“A qualidade de vida nas comunidades pesqueiras”,“Mar e defesa”,“A construção naval no Brasil”, “A importância dos oceanos nas mudanças climáticas”, “Cidades brasileiras e interação com o mar”e“Solos e ecossistemas terrestres das ilhas oceânicas brasileiras e da Antártica” foram alguns dos

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Abrindo a ExpoT&C 06| REVISTA AMAZÔNIA

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temasdasconferências. A 62ª Reunião abrangeu também um temário amplo englobando diversas áreas do conhecimento: “O cuidado de enfermagem às pessoas: passado e futuro”, “Lógica difusa como um modelo matemático para tratamento de incertezas”, “Projeto guerra e paz – Portinari”,“Desenvolvimento da física no Brasil fora dos grandes centros”, “Travessias: as trocas culturais de além-mar entre Portugal e Brasil”, “Sismicidade no Nordeste do Brasil” e “O papel atual dos museus de ciências”. Foram 71 conferências, 53 mesas-redondas e 29 simpósios, entre os quais 41 estiveram relacionados ao mar. O evento teve também encontros, minicursos e sessõesdepôsteresdetrabalhoscientíficos. O evento foi dividido em quatro frentes: SBPC Jovem, SBPC Cultural, SBPC Sênior e a Expot&C. A UFRN foi representada pela tradicional Semana de Ciência e Tecnologia(Cientec).

Na abertura da 62ª Reunião Anual da SBPC, seu presidente, Marco Antonio Raupp, defendeu a idéia que “O Brasil precisa de um modelo de desenvolvimento que faça a aliança entre o conhecimento científico e a economia, no qual a ciência realmente seja projetada nas atividades econômicas e que leve benefícios mais diretaemaisrapidamenteàsociedade” Para isso, ele considera imprescindível o fortalecimento 100

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Sérgio Rezende (ao microfone) ministro da Ciência e Tecnologia, durante a abertura da 62ª Reunião Anual da SBPC

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dos institutos de pesquisa, que são os entes mais apropriados para fazer a intermediação do conhecimentocientíficocomosistemaprodutivo. Raupp ressalvou, no entanto, que as universidades não devem ser menosprezadas nesse processo. “Naturalmente que as universidades são parte importante no sistema que contempla a ciência como fator de geração de riqueza”, explicou. “Não podemos nos esquecer, porém, que o papel fundamental da universidade é a formação de profissionais qualificados, parasatisfazeràsdiversasdemandasdasociedade,além da realização de pesquisa científica que contribua para a evolução do conhecimento em suas mais diferentes áreas.” Para o presidente da SBPC, em resumo, a universidade tem de estar sempre pronta para interagir com os grandes desafios do pensamento e promover e disseminaroconhecimento.

Por isso, a sugestão da SBPC é que os institutos de pesquisa já existentes sejam fortalecidos e tenham seu foco de estudo, seus objetivos e seu financiamento redefinidos, de acordo com as dimensões do campo em que vão atuar e dos desafios que terão de enfrentar.“Da mesma forma, propomos a criação de novos institutos de pesquisa, igualmente dotados das condições para a realização de grandes projetos mobilizadores, capazes de criar novas e vigorosas vertentes na economia nacional”,declarouRaupp. Em apoio a sua idéia, o presidente da SBPC citou os exemplos do que ocorreu no setores da agropecuária, da aviação e de petróleo. “Nosso setor agrícola é responsável por um terço da riqueza brasileira gerada a cadaano”,disse.“EaspesquisasrealizadaspelaEmbrapa estão literalmente na raiz dessa riqueza.”Na evolução da indústria aeronáutica, Raupp disse que o que desponta é aatuaçãodaEmbraer.Maslembrouqueportrásdissohá

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Ainda na audiência pública sobre os povos tradicionais

uma cadeia composta por centenas de pequenas e médias empresas, muitas delas com o desafio de inovar permanentemente para poderem atender um setor dotado de altíssima intensidade tecnológica.“Se o Brasil não tivesse criado o Centro Tecnológico Aeroespacial, o CTA, e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o ITA, é muito provável, mas muito provável mesmo, que tambémnãoteríamoscriadoaEmbraer.” Na área de petróleo, Raupp observou que o Brasil criou a Petrobras, é verdade, mas o que fez dela uma vencedora constante de desafios cada vez maiores foi o seu Centro de Pesquisas e uma rede universitária associada. Foi por meio do conhecimento gerado nessa estrutura que a empresa se tornou líder mundial na exploração de petróleo em águas profundas, fazendo gerar também uma infinidade de empresas de pequeno e médio porte, baseadas no desenvolvimento tecnológico e na inovação. Segundo Raupp é esse modelo, com vigorosos e competentes centros de pesquisa dedicados a grandes projetos mobilizadores e estruturantes do desenvolvimento, que o país deve adotar. Assim, é necessário criar um instituto de pesquisa para a Amazônia, por exemplo, que responda a todos os desafios contidos naquela região.“Um centro que faça a avaliação sobre o que ocorre na Amazônia de uma forma

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integrada”, explicou. “Que tenha capacidade de desenvolver o lado tecnológico das operações demandadas pela realidade amazônica. Que possa entender os processos com base no conhecimento que é gerado sobre a biodiversidade, sobre as águas e sobre a atmosferanaregião.” Raupp citou ainda o semiárido nordestino, que“está aí, também fazendo por merecer uma intervenção mais robustadaciênciaedatecnologia”.Omesmoocorrecom o mar – o ponto central desta nossa 62ª Reunião Anual da SBPC. Em resumo, concluiu Raupp, o Brasil precisa de uma Embrapa para a Amazônia e de outra para o mar. “Da mesma maneira, precisamos de uma Embrapa também para o setor industrial”, disse. “Quero dizer, precisamos de um sistema de produção de tecnologia industrial que seja tão eficiente quanto o sistema Embrapaéparaoagronegócio.

O Nordeste e as mudanças climáticas De acordo com dados de satélite da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), apresentados pelo pesquisador Paulo Nobre, do Instituto Nacional de

No stand do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, o diretor do Inpa, Adalberto Val lançou seis livros publicados pela editora do Instituto

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Degustação de iguarias da Amazônia na SBPC

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com espécies nativas. A reconstrução dessa vegetação e das matas ciliares ajudaria a proteger o ecossistema das alterações climáticas e ainda contribuiria para mitigálas. “Arelaçãoseca-pobrezaéumcicloviciosodeescravidão e que precisa ser rompido. Isso se manterá enquanto nossas crianças não souberem ler, não aprenderem inglês ou não conseguirem programar um celular, por exemplo”,disse.

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O INPE

O ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende e o presidente do CNPq/MCT), Carlos Alberto Aragão, entregaram a recompensa ao vencedor da 30ª edição do Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica ao pesquisador Roberto Lent,

Pesquisas Espaciais (Inpe), durante a 62ª Reunião da SBPC, o primeiro quadrimestre de 2010 foi o mais quente já registrado, nos Estados Unidos. No Brasil, a situação não foi diferente. Entre 1980 e 2005, as temperaturas máximas medidas no Estado de Pernambuco, por exemplo, subiram 3ºC. Modelos climáticos apontam que, nesse ritmo, o número de dias ininterruptos de estiagem irá aumentar e envolver uma faixa que vai do norte do Nordeste do país até o Amapá, naregiãoAmazônica. Além da expansão da seca, o pesquisador frisou que o Nordeste deverá sofrer também com as alterações nos oceanos, cujos níveis vêm subindo devido ao aumento da temperatura do planeta. Isso ocorre não somente pelo derretimento das geleiras, mas também devido à expansãonaturaldaáguaquandoaquecida. O cientista citou um estudo feito na Universidade Federal de Minas Gerais e na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que indicou que o desemprego no Nordeste tenderá a aumentar caso as atividades econômicas praticadasnointeriorcontinuem. Nobre sugere a instalação de usinas de energia solar como alternativa. “A Europa está investindo US$ 495

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Sistema solar de desinfecção de água, portátil, para que possam ser introduzidos em locais que precisem de purificação da água na região amazônica

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No estande Espacial do INPE, na ExpoT&C, junto com a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Alcântara Cyclone Space (ACS), tinha uma maquete do CBERS, satélite de sensoriamento remoto desenvolvido e produzido em parceria pelo Brasil e China. As imagens de satélite são usadas no monitoramento do desmatamento, de

Produtor de energia O potencial do Nordeste para a geração de energia eólica tambémfoidestacadopelopesquisadordoInpe.Devido aos ventos alísios que sopram do oceano Atlântico, o Nordeste tem em seu litoral um constante fluxo de vento quepoderiaalimentarumavastarededeturbinas. Nobre propõe também que os governos dos Estados do Nordeste poderiam empregar ex-agricultores sertanejos em projetos de reflorestamento da caatinga

Macroalgas merecem mais pesquisa e podem movimentar indústria lucrativa no país, dizem especialistas durante Reunião Anual da SBPC

recursos hídricos, áreas agrícolas, crescimento urbano, ocupação do solo e em educação, entre outras aplicações. Neste estande, o público pode caminhar sobre uma grande imagem da cidade de Natal, registrada pelo satélite CBERS. No estande teve sistemas interativos para mostrar aos visitantes como funciona o satélite e, ainda, como a cobertura vegetal no Brasil sofrerá alterações em função do aumento da temperatura e do nível de chuvas. Também foi distribuído cartilhas sobre mudanças climáticas e cartelas com a imagem de satélite do Rio GrandedoNorte.

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bilhões em produção de energia captada de raios solares a partir do deserto do Saara, no norte da África. O mercado de energia solar tem o Brasil como um de seus potenciais produtores devido à sua localização geográfica e clima, e o Nordeste é a região mais adequadaareceberessasusinas”,indicou. “Ficar sem chuva durante longos períodos é motivo de comemoração para um produtor de energia solar”, disse Nobre, que ressaltou a importância dessa fonte energética na mitigação do aquecimento, pois, além de não liberar carbono, ainda economiza custos de transmissãoporserproduzidalocalmente.

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Pesquisas na Amazônia

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Os dados apresentados durante a SBPC também são significativos para a região Amazônica. De acordo com o MCT, os valores para pesquisas na região superam os R$ 2 bilhões de reais, um crescimento de 193% entre os anosde2000a2009. Apesar do tema central da SBPC ser o mar, a região

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Para Emídio de Oliveira Filho, Emídio de Oliveira Filho, diretor de Programas e Bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC), o PNPG será mais estratégico e mais amplo

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farmacológicasdasmacroalgasmarinhas. “As drogas vegetais terrestres são bem conhecidas e em qualquer bairro encontramos uma farmácia verde, com remédios feitos de plantas. Por outro lado, o nosso conhecimento em relação às propriedades medicinais dos vegetais marinhos é incipiente. Como comparação, o Japão movimenta US$ 1 bilhão por ano com o comérciodealgasmarinhaseseussubprodutos”,disse. Pioneiro no uso de algas marinhas na alimentação, o Japão é o maior produtor e consumidor mundial da planta, que possui espécies mais ricas em vitaminas C e Bdoquefrutascomoalaranja,porexemplo. “Isso explica por que os japoneses não costumam ter muitos casos de gota, uma doença relacionada à nutrição, por exemplo”, afirmou Yocie. A pesquisadora também salientou o papel importante que as macroalgas desempenham para a biotecnologia por sua capacidadedeencapsularcélulasanimaisevegetais.

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Farmácia marinha

Amazônica ganhou destaque pelas discussões que envolvemmudançasclimáticasebiodiversidade.

Algas industriais Para especialistas em macroalgas marinhas que apresentaram o panorama da pesquisa científica nacional, as algas marinhas mereceriam receber mais atenção no Brasil tanto de cientistas como de investidores. Elassãousadasparabranquearpapel,nacomposiçãodo envoltório de cápsulas de medicamentos, na fabricação de tintas e de cosméticos e como aditivos na indústria alimentícia, além de alimentos. São ainda fontes de inúmeras substâncias bioativas com aplicações na medicina. ParaYocieYoneshigueValentim,daUniversidadeFederal do Rio de Janeiro (UFRJ), “Com mais de 8 mil quilômetros de extensão litorânea, o Brasil guarda no mar um rico patrimônio”, disseYocie, ressaltando que há muito o que descobrir a respeito das propriedades

O segundo maior produtor mundial de algas marinhas é o Chile, o que permite traçar uma perspectiva de produçãobrasileiradealgasemescalacomercial. Para tal produção, é importante a fertilização em laboratório, de modo que se preserve o meio ambiente. Essa preocupação foi colocada por outra participante da mesa-redonda, Nair Sumie Yokoya, do Instituto de Botânica de São Paulo, que apresentou parte de seu trabalhodepesquisa. O trabalho é realizado no âmbito do Projeto Temático “Estudos de bioprospecção de macroalgas marinhas, uso da biomassa algal como fonte de novos fármacos e bioativos economicamente viáveis e sua aplicação na remediação de áreas impactadas (biodiversidade marinha)”, coordenado pelo professor Pio Colepicolo Neto, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo(USP),eapoiadopelaFAPESP–oprojetointegrao ProgramaBiota-FAPESP. Segundo Nair, no litoral brasileiro foram catalogadas 779 espécies de algas que habitam desde a região dos mangues até grandes profundidades. Para preservar esses ambientes ela defende a reprodução in vitro e o cultivo das algas comerciais de modo a evitar o extrativismo predatório, que poderia levar até a escassez dealgumasespécies. Segundo Nair, o Brasil tem grande potencial biotecnológico em sua flora marinha, que pode fornecer substâncias com propriedades antitumorais, antibióticas, antiinflamatórias e antitrombóticas. Há também espécies que apresentam grande resistência aos raios ultravioleta, podendo ser utilizadas na prevençãoaocâncerdepele. Essas substâncias são fruto de várias interações a que essas plantas são submetidas no ambiente marinho. “Para desenvolver estratégias de defesa nesse ambiente complexo, as algas produzem um grande número de compostosquímicos”,explicou. “Mesmo com todo potencial, o Brasil utiliza pouco essas riquezas marinhas.Trata-se do terceiro recurso aquático mais usado no mundo, movimentando de US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões por ano, mas aqui o uso é incipiente”, disseNair.

Para Jobim, a segurança nacional depende do desenvolvimento tecnológico

O impacto positivo dos Fundos Setoriais para o desenvolvimento da ciência nacional foi destacado por Luiz Antonio Elias secretario executivo do MCT

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Roberto Lent, vencedor da 30ª edição do Prêmio José Reis de Divulgação Científica, deu palestra sobre “A divulgação científica no Brasil: do paleolítico ao neolítico”

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Lúcia Melo, presidente do CGEE/MCT

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Hugo Rocha, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi o terceiro participante da mesaredonda e descreveu sua pesquisa sobre polissacarídeos sulfatados.Trata-se de moléculas encontradas somente nas algas e nos animais, mas as plantas aquáticas os produzem em quantidade e variedade muito maior, o queimplicaimportantepotencialfarmacológico.

Faltam pesquisadores das ciências do mar no Brasil A constatação dos participantes da 62ª reunião anual da SBPC é que o Brasil precisa avançar na formação de pesquisadores das ciências do mar, pois a falta desses especialistas é um dos entraves para o desenvolvimento dosestudosnessaárea. Na opinião do oceanógrafo e professor da Universidade Federal do Ceará, Carlos Schettini, a carreira tem poucos atrativos de trabalho, o que afasta os universitários. "É preciso tornar a carreira acadêmica interessante. Dinheirotem,oproblemaéquenãotemgente". O coordenador da reunião da SBPC, Aldo Malavasi, aponta o alto custo do trabalho de campo nos mares como outro obstáculo e cita os gastos para compra e manutenção de um barco. "Nesses trabalhos, é necessário usar meios mais complexos e caros, como barcos. O deslocamento e a pesquisa de animais marinhos são mais complicados em comparação à uma excursão terrestre, onde você tem uma rede hoteleira, porexemplo." Os pesquisadores cobram também a criação de um instituto governamental para a coleta e análise de dados arespeitodoambientemarinho. Na abertura da reunião da SBPC, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, anunciou a liberação de R$ 30 milhões para a implantação de dois centros voltados para as ciências do mar. Os recursos serão aplicados por meiodeeditaisdepropostasaseremlançadosCNPq.

Amazônia azul Segundo Vanderlan da Silva Bolzani, professora titular do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e membro da coordenação do Projeto Biota-FAPESP, a pesquisa de substâncias químicas oriundas do mar apresenta defasagem em relação à Coordenadores de programas de Iniciação Científica de instituições de ensino e pesquisa de todo o país se reuniram na 62ª reunião anual da SBPC

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bioprospecção de elementos retirados de biomas terrestres. Só agora o Brasil começa a formar uma quantidade de pesquisadores mínima para começar a responder à demanda nacional do setor. “Novas gerações de

Ciência e tecnologia para combater a bioinvasão Utilizada por navios para dar estabilidade durante viagens, a água de lastro pode se tornar vilã de ecossistemas marinhos. Assim que as embarcações chegam ao porto, essa água é despejada no local e pode disseminar espécies potencialmente perigosas. Em alguns casos, esses seres vivos alteram o equilíbrio ecológicodoPaís. A bioinvasão, como é conhecida, também pode afetar a economia de uma cidade. “Um local com um turismo forte geralmente é o que mais sofre. Existem espécies que liberam toxinas deixando o lugar impróprio para o banho”, alertou a professora do Laboratório de Genética Marinha da Universidade Federal Fluminense (UFF), RosaCristinadeSouza. De acordo com o pesquisador do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM/MB), Flavio da Costa Fernandes, cada porto tem formulários para informar o quanto de água foi liberada no local.“Temos

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Dilma Rousseff destacou alguns pontos importantes para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação

cientistas vêm expandindo as áreas de pesquisa e incluindoomar”,observou. “Após dez anos de programa, nós do Biota-FAPESP percebemos que não bastava fazer renascer o verde. Precisamostambémsalvaroazuldosoceanos”,afirmou.

Preservar o azul Como os biomas terrestres, os marinhos também precisam ser explorados de maneira sustentável para quenãosejamdegradados. A instalação de centros de pesquisa ao longo da costa brasileira também seria importante, segundo Vanderlan, para que fossem contempladas as diferentes característicasdomardoBrasil. “A química de produtos naturais brasileiros ainda é tradicional e conservadora, precisamos pesquisar novos ambientes e o mar é um excelente laboratório”, destacou.

vários portos no Brasil e apenas três pessoas para analisar esses dados. Com mais profissionais especializados podemos agilizar esse processo e saber o quãoestáameaçadocadaporto”,afirmou. Agência Espacial Brasileira exibe spin offs brasileiros na SBPC As tecnologias desenvolvidas no campo espacial encontram inúmeras aplicações em outros setores industriais. Por esta razão, a Agência Espacial Brasileira (AEB/MCT) exibiu em seu estande alguns spin-offs ( expressão inglesa usada para denominar casos nos quais as tecnologias, desenvolvidas no contexto dos programas espaciais, são usadas em atividades fora dessesetor)desenvolvidosnoBrasil

Degustação de iguarias da Amazônia na SBPC Na ExpoT&C, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) fez degustação de produtos

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AmazônicosdesenvolvidospeloInstituto. As iguarias Amazônicas oferecidas aos visitantes são desenvolvidas pela Coordenação de Pesquisas em Tecnologia do Alimento (CPTA/Inpa) e fazem parte de um processo de pesquisa onde a matéria-prima é estudada em diferentes fases, como a captura no caso dos peixes e na coleta no caso de frutos, levando em consideração que a etapa final deve ser a elaboração de produtos. O stand ofereceu também ao público licores de frutos Amazônicos como o Camu-Camu, muito conhecido na regiãoAmazônicaporserricoemvitaminas.

pessoasenvolvidasnodebateoportunamente. Esta foi a primeira reunião, em nível nacional, envolvendo praticamente todos os coordenadores de IC deinstituiçõesbrasileiras. O programa de IC do CNPq conta atualmente com cerca de 28 mil bolsistas, incluindo os de nível médio, mas chegaráa44milatéofimdoano.

SBPC entrega carta a presidenciáveis

Para Lúcia Melo, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE/MCT), os modelos de desenvolvimento da ciência e da tecnologia hoje no mundotododevemserrevistoseatualizados. Estudos indicam que há uma nova geografia global no que diz respeito a C,T&I. As análises imostram que há um declínio daquelas atividades em países desenvolvidos, com linha mais acentuada nos Estados Unidos, enquanto existe uma ascensão nos países em desenvolvimento,compredomíniodaChina. Lúcia destacou que assim como os Estados Unidos já buscam outros paradigmas para a retomada do desenvolvimento da C,T&I, o Brasil “também precisa pensar fortemente o futuro e de maneira rápida, como exige a situação global e o próprio desenvolvimento do País”. “Essas políticas devem olhar para a geração de riqueza e, consequentemente, para o bem estar social”. Por tudo isso, as políticas de C,T&I precisam também acompanhar essa realidade, caso contrário podemos emperrar o processo para um futuro cada vez mais presente”,ressaltou

No “Encontro com os candidatos à Presidência da República”, onde os candidatos com maior número de votos apresentaram os seus planos de governo para a áreadeciência,tecnologiaeinovação. Dilma Rousseff destacou alguns pontos importantes para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação, entre eles o reconhecimento do papel que tem a pesquisa básica, para gerar inovação tecnológica; objetivos prioritários na pesquisa; transformação dos centros de pesquisas em centros de excelência e difusão conhecimento lá produzido; transferência de tecnologia entre as empresas estrangeiras, instituições de pesquisa efederais. No seu plano de governo, Dilma apresentou metas para o crescimento e desenvolvimento da ciência e tecnologia, citando a ampliação dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento; fortalecimento dos 122 institutos implantados; proteção da Amazônia e do mar e dar sustentabilidade a esses biomas; aumento para 220 mil de pesquisadores, mestres e doutores; implantação de 450 novos centros tecnológicos; aumento de bolsas por ano concedidas pelo CNPq e Capes; implantação do número de patentes; domínio das tecnologias de fabricação de satélite e veículos lançadores; aumento do monitoramento por satélite do desmatamentodosbiomasbrasileiros.

O papel das universidades estaduais

Marinha quer se aproximar das empresas

Formar mão de obra qualificada é apenas uma das funções das universidades estaduais. O reitor da Universidade do Ceará (Uece), Assis Araripe, afirmou que a discussão do futuro da ciência e do desenvolvimento do País não pode deixar as universidades de fora. “O papel das universidades estudais é interiorizar o conhecimento. Ciência e tecnologiaéprioridadedasuniversidades”

Considerando a riqueza e o valor político-estratégico dos recursos do mar, o contra-almirante Marcos José de Carvalho Ferreira defendeu um maior envolvimento e comprometimento do setor produtivo nesta área. Além de investimentos em pesquisa, o coordenador da

O C,T&I, no Brasil e no mundo

Comissão Interministerial de Recursos do Mar (CIRM) propôs a aproximação das universidades, das empresas e do Governo com as atividades científicas desenvolvidas pelos centros de pesquisa da Marinha.“As empresas preferem manter os pés na terra em vez de ir para o mar, que não é para amadores, oferece riscos, mas queprecisamserenfrentados”,advertiu. O conferencista apresentou uma síntese das várias atividades científicas e dos dez programas realizados no âmbito da comissão que coordena. Com essa estratégia, pretendeu aproveitar a SBPC para difundir e popularizar a ciência, a tecnologia e a inovação desenvolvidas pela Marinha Brasileira em parceria com universidades, institutos e empresas. “Precisamos divulgar mais e melhoranossaatuaçãocientífica”,reconheceu.

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Mudanças climáticas e monitoramento dos oceanos Um programa sustentado de observações e monitoramento é fundamental para se entender as mudanças no Atlântico Sul e para que o Brasil se prepare para os impactos das mudanças climáticas. O alerta foi feito pelo físico Edmo Campos, professor do Instituto Oceanográfico,daUniversidadedeSãoPaulo(IO-USP). Edmo Campos preconiza que o Brasil invista mais em pesquisas oceanográficas. “Estamos na idade da pedra em termos de observação em larga escala do oceano”, disse. “Estamos na contramão do progresso geral da ciência oceanográfica.” Segundo ele, mais conhecimento sobre o oceano não fará com que se consiga mudar o que está acontecendo, mas permitirá que seja possível a adaptação às novas condições climáticas. “Poderemos sugerir às próximas gerações o queelasdevemfazerparaviver”,conclui. Mulheres são maioria entre bolsistas, mas perdem para homens em altos cargos de ciência As mulheres são mais da metade das bolsistas de mestrado, doutorado e pós-doutorado no país. Quando se trata dos cargos mais altos de ciência e tecnologia, elas perdem para os homens. A constatação é da professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ)AliceAbreu. Dilma prometeu aumentar o valor gasto pelo governo federal na área científica de 1,34% do PIB para algo como 1,8% a 2%

Iniciação Científica Cerca de 170 coordenadores de programas de Iniciação Científica (Pibic e Pibit) de instituições de ensino e pesquisa de todo o país se reuniram com a vicepresidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), Wrana Panizzi, para discutir a política nacional de Iniciação Científica (IC) e pensar em estratégias de fortalecimento do Programa. A palestra foi aberta pelo professor Aldo Malavasi, secretário geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e também coordenador de Programa de IC, que classificou a iniciativa como histórica.Todas as sugestões apresentadas serão compartilhadas entre as

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Apesquisadorarelataque,apesardequatrobrasileirasjá terem recebido o maior prêmio de pesquisa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), os homens chefiam os principais cargos no setor.“Temos pessoal qualificado. É algo a se analisar. São processos que a gente tem de entenderecomoessasescolhassãofeitas”.

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Haddad fala sobre avanços da educação no final da reunião anual da SBPC O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou na cerimônia de encerramento da 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que o novo patamar da educação brasileira indica que o tema nunca mais será fragmentado entre etapas, níveis e modalidades.“A não fragmentação é garantia de que as metas de qualidade fixadas e apontadas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) serão cumpridas.” Haddad lembrou ainda que nunca um plano educacional definiu metas de qualidade, como fez o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), a partir de sua criação, em 2007. Fernando Haddad, defendeu que o próximo Plano Nacional de Educação estipule metas para a formação de professores do ensino básico público com pós-graduação. Para o ministro, o professor especializado tem mais condições de estimular o ingresso à iniciação científica na sala de aula. “Isso vai ajudá-lo [professor] a um ambiente mais propício para essaprática”,disseoministro. O ministro participou da conferência de encerramento comotemaOsavançosdaeducaçãonoBrasildehoje.

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Estudantes premiados em feiras de ciências de todo o País estiveram presente na 62ª Reunião da SBPC

brasileiras ligadas à ciência e à tecnologia, e a SBPC Cultural,comapresentaçõesartísticasregionais.

FAPESP em exposição Um estande na ExpoT&C apresentará os principais programas de pesquisa da FAPESP nas áreas de biodiversidade (Biota-FAPESP), bioenergia (BIOEN), mudanças climáticas globais e inovação tecnológica. Em destaque as exposições Natureza Brasileira – MistérioeDestinoe FloraBrasiliensisOn-line.

O Balanço

A 62ª Reunião Anual da SBPC terminou com público estimado em 15 mil pessoas/dia. Para a programação sênior (científica), se inscreveram 11.268 pessoas, oriundas de 625 cidades, do Distrito Federal e todos os A 62ª Reunião estados. Foram realizadas 72 conferências, 61 mesasredondas e 26 simpósios, com a participação de 700 A Reunião Anual da SBPC é um dos maiores eventos conferencistas. científicos do Brasil. Realizado desde 1948, com a Os 62 minicursos tiveram 2.979 inscritos. Foram participação de autoridades, gestores do Sistema apresentados também mais de 5 mil trabalhos Nacional de Ciência e Tecnologia e representantes de científicos e de experiências ou práticas de ensinosociedades científicas, o evento é um importante meio aprendizagem. de difusão dos avanços da Ciência e um fórum para A SBPC Jovem, por sua vez, cuja programação contou debater políticas públicas em C&T. A programação conta com 137 atividades, reuniu 10.649 pessoas ao longo da com conferências, mesas-redondas, simpósios, semana, entre jovens do ensino básico, educadores e minicursos e encontros, além de sessões especiais. A visitantes. Já a ExpoT&C contou com um publico diário maioria das atividades está relacionada a temas ligados decercade6milpessoas. ao mar, já que a temática desta edição foi “Ciências do "O balanço da reunião é muito positivo", afirma o mar: herança para o futuro”. Em paralelo foram presidente da SBPC, professor Marco Antônio Raupp. realizadas a SBPC Jovem com atividades ao público "Alcançar os quatro cantos do país com um dos maiores infanto-juvenil, a Expo T&C reuniu instituições públicos dos últimos anos é uma vitória. Quanto maior o alcance, maior o impacto sobre a sociedade". A ExpoT&C, que reúne projetos vinculados ao governo federal, foi o setor que mais recebeu visitantes: média de 6 mil por dia. “São 30 mil na semana, entre estudantes,professoresecientistas”. Raupp adianta que os preparativos para edição 2011 do encontro, que ocorrerá na Universidade Federal de Goiás (UFG) começam imediatamente. “Devemos ter como Fernando Haddad e Marco Antônio Raupp temaoCerradoeoPantanal”. no encerramento da 62ª Reunião Anual da SBPC

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O físico Edmo Campos, professor do Instituto Oceanográfico, da Universidade de São Paulo (IO-USP), alerta sobre a necessidade de um programa de observações e monitoramento para compreender as mudançasnoAtlânticoSul. “O Brasil precisa se preparar para as mudanças climáticas e os oceanos, que cobrem 70% da superfície da Terra, têm papel fundamental nesse processo”, explica. O especialista alerta sobre alguns impactos já constatados: aumento da temperatura média, alterações no padrão de circulação, aumento no nível médio e aumento da acidez. Outro ponto de alerta diz respeito à conservação da biodiversidade – em boa partedesconhecida–dosoceanos.

Soluções O contra-almirante Marcos José de Carvalho Ferreira, coordenador da Comissão Interministerial de Recursos doMar(CIRM)propõeaaproximaçãodasuniversidades, das empresas e dos governos com as atividades científicas desenvolvidas pelos centros de pesquisa da Marinha.“É preciso popularizar a ciência, as tecnologias e inovações sobre os oceanos”, afirma ele, lembrando que80%dapopulaçãoviveamenosde200kmdomar. No âmbito do incentivo às pesquisas, o professor Marco Antônio Raupp destaca a necessidade de uma Medida Provisória que estabeleça um regime jurídico especial para licitações e contratos realizados por Instituição Científica e Tecnológica (ICT) e Agência de Fomento. ”É preciso autorização para fazer compras e contratações com base em um regulamento próprio, elaborado à luz dos princípios constitucionais da administração pública”,observa. Fechando com chave de ouro um dos maiores eventos científicos da América Latina, cerca de 15 mil pessoas assistiram ao show do cantor compositor Tom Zé, na PraçaCívicadaUFRN.

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9º Lugar: Werik Ronan Cruz Farias

ABERTO PARA AMADORES E PROFISSIONAIS 2º lugar: Márcio Santos Matos

As fotos deverão conter motivos diversos sobre a temática Nossa Senhora de Nazaré, seus Círios, Ecumenismo, Devoção, Folclore Popular e Artesanato, VENCEDORES referentes às Festividades Nazarenas DE 2009 em qualquer dos Círios em homenagem e louvor à Virgem de Nazaré, em 2010.

3º lugar: Márcio Santos Matos

Inscrições e regulamento pelos sites:

www.cirios.com.br www.paramais.com.br ou na EDITORA CÍRIOS: RUA TIMBIRAS, 1572 (ENTRE PE. EUTÍQUIO E APINAGÉS) BATISTA CAMPOS - BELÉM-PA FONES: (91) 3083.0973 / 3223.0799 100

INSCREVA-SE E CONCORRA

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10º Lugar: Marcus Vinicius Matos Ferreira

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6º Lugar: Suzane Raquel Cruz Farias

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Tecnologias da Embrapa ajudam a evitar uso do fogo na agricultura

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época de maior estiagem em algumas regiões do Brasil acontece entre os meses de agosto e setembro. Este período é marcado pela intensificação das queimadas e pela espessa nuvem de fumaça que cobre as cidades. Além dos danos causados à natureza, as queimadas prejudicam a saúde porque afetam a qualidade do ar e provocam doenças respiratórias. No início de agosto, o governo do Acre decretou estado de alerta ambiental, devido ao elevado número de queimadas no Estado. Encontrar alternativas ao uso do fogo na agropecuária tem sido um desafio para instituições de pesquisa e fomentodoPaís.Comestapreocupação,háváriosanosa Embrapa atua no desenvolvimento de soluções tecnológicas acessíveis ao pequeno produtor, para evitar o fogo nas atividades agrícolas e pecuárias da região. O fogo é uma das mais antigas práticas incorporadas aos sistemas de produção, por facilitar a limpeza de área e porque, acredita-se, a prática torna a terra mais fértil, incorporando nutrientes da vegetação ao solo. Apesar dessa crença ser verdadeira, parte dos nutrientes incorporados com a queimada como cálcio, potássio e magnésio - promotores do efêmero fenômeno de fertilização do solo - se perde na atmosfera, fazendo com que o efeito dessa“fertilização”seja de rápida ação. Pesquisas comprovam que a queima provoca a perda de 98% de carbono, 96% de nitrogênio, 76% de enxofre, 48% de potássio, 47% de fósforo, 40% de magnésio e 30% de sódio, provocando o empobrecimento do solo.

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Em 2005, quando o Acre vivia uma das maiores secas de sua história, foram registrados 22.948 focos de calor e um recorde de incêndios florestais, com prejuízos para a biodiversidade, fertilidade dos solos, produtores, governo e a população em geral. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), este ano os satélites registram, em um único dia de agosto, O período entre os meses de agosto e setembro é marcado pela intensificação das queimadas e pela espessa nuvem de fumaça que cobre as cidades

A mucuna preta está entre as alternativas utilizadas por agricultores de diversos municípios acrianos para evitar o uso do fogo na agricultura

12.629 focos de queimadas em todo o País, a maioria nas regiões Norte e Centro-Oeste. Dados da fiscalização estadual revelam que a quantidade de focos de incêndio no Acre cresceu 123% em comparação a 2008 e 587% emrelaçãoaoanopassado.

Alternativas Tecnologias simples e acessíveis, como o uso de leguminosas, podem substituir o sistema de derruba e queima. A mucuna preta está entre as alternativas utilizadas por agricultores de diversos municípios acrianos para evitar o uso do fogo na agricultura, ajudando na recuperação de áreas degradadas. De fácil cultivo, a planta proporciona benefícios ao solo e pode

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Ainda na audiência pública sobre os povos tradicionais

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Tecnologias da Embrapa ajudam a evitar uso do fogo na agricultura

melhoraraprodutividadeagrícola. Segundo o pesquisador da Embrapa Acre, Falberni Costa, o cultivo de plantas de cobertura de solo, como as leguminosas, ajuda na proteção contra os processos erosivos, causados pela ação da chuva, adiciona nitrogênio orgânico ao solo, para cultivos sucessores às leguminosas, auxilia no combate às ervas daninhas, com reflexos na limpeza das áreas para cultivo, e incorpora matéria orgânica ao solo, servindo de adubo natural. “O uso destas plantas, porém, deve ser associado a outras práticas agronômicas para garantir a recuperação e o aumento dafertilidadedesolosempobrecidoscomo sistema de derruba e queima. Para maior eficiência

desta técnica é necessário, por exemplo, a associação a programas de correção e fertilização de solos, além da diversificação da produção e dos sistemas agrícolas que revolvam minimamente o solo, como é o caso do plantio direto”,explicaCosta. Outra alternativa para uma agricultura sem fogo é a trituração da capoeira, que serve de cobertura e adubo natural para o solo. Esta prática é possível com o equipamento conhecido como Tritucap, um trator de grande porte equipado com triturador de capoeira. A tecnologia desenvolvida pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), em parceria com duas Universidades alemãs, já é adotada em alguns estados da Amazônia e, em breve, será realidade também para As queimadas prejudicam a saúde porque afetam a qualidade do ar e provocam doenças respiratórias

Trituração da capoeira, serve de cobertura e adubo natural para o solo

produtoresfamiliaresdoAcre. Por meio de um programa de transferência de tecnologiasvoltadoparaofortalecimentodaagricultura familiar, a Embrapa Acre adquiriu dois destes equipamentos para uso em atividades de pesquisa em propriedades rurais nas regiões do Alto Acre, Baixo Acre e Purus, e para atendimento de demandas tecnológicas de comunidades rurais do Vale do Juruá. Segundo FranciscodeAssisSilva,chefeadjuntodeComunicaçãoe Negócios da Unidade, os tratores vão estimular a utilização de métodos de recuperação e conservação da fertilidade do solo, evitando a abertura de novas áreas deproduçãoeapráticadasqueimadas. As tecnologias alternativas ao uso do fogo, desenvolvidas pela Embrapa Acre, também contemplam a pecuária. Entre elas está o amendoim forrageiro, leguminosa bastante utilizada em consórcio comgramíneas. Suas folhas e talos secos servem para adubar o solo, aumentando a fertilidade e a capacidade produtiva, resultando em melhoria na qualidade das pastagens e aumento da longevidade dos capins e evitando a queimapararenovaçãodepastagens.

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Conservação de tartarugas na

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Amazônia-Pará

Fotos Ana Paula Carvalho

água é um recurso hidromineral fundamental para a sustentação da vida no planeta e ainda uma fonte eficaz de energia limpasustentável. Estamos inseridos em um planeta primordialmente aquático, sendo considerado um grande aquário a céu aberto, com 30% de terra sólida divididos em continentes e 70% de água, onde a qualidade deste recurso e a educação ambiental consciente irão determinar cada vez mais as condições de vida saudável deumacomunidade. A água é compreendida contemporaneamente como um ser vivo, e hoje com grandes pesquisas sobre o assunto, tornou-se um patrimônio da humanidade a ser preservado,paracontinuidadedavida. A organização ambiental Continente das Águas Sagradas é composta por uma equipe de pesquisadores, que trabalham com a responsabilidade de conscientizar à todos sobre a preservação dos recursos e práticas de boa utilização com expedições em campo e divulgação sobre a questão da qualidade das águas na América do Sul. Todos os países do nosso continente são interligados por

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águas, tanto subterrâneas como o aqüífero guarani, quantoporrios. Temos uma responsabilidade enorme de proteger esse ser vivo, que precisa da nossa ajuda na revitalização das águas poluídas, e na preservação das nascentes (olhos d'águas). Diante desses fatores, a equipe do projeto, realiza várias expedições para lugares mundialmente significativos, analisando as situações das principais nascentes e rios doterritóriocontinental. Entre os lugares de passagem da equipe destacam-se as expedições realizadas pelas Cataratas do Iguaçu considerada a maior catarata em volume d'água do mundo ,o Pantanal com a maior planície de inundação contínua, a Serra da Canastra onde encontra-se a nascente do rio São Francisco, a Chapada dos Guimarães que fica no centro geodésico da América do Sul,o Rio Amazonas, com o maior rio em volume d'água e comprimento e a Cachoeira Salto Angels, na Venezuela comamaiorquedadáguadomundo. Em uma das expedições rumo a Amazonia, a equipe sobe o Rio Tapajós, ancorando em Alter do Chão, uma vila turística localizada a 32 Km de Santarém, no Estado doPará. Possui águas cristalinas e esverdeadas - característica única entre os afluentes do Amazonas - e na sua foz, proporciona o fantástico espetáculo do encontro de suas águas com as barrentas do Amazonas, sem misturar-se.

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Salto Angels- venezuela

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Rio tapajós

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Ilha do Amor

Esse fenômeno ocorre devido as diferente velocidade, densidadeetemperaturadaságuas. Conhecida como “Caribe Amazônico”, o município tem cerca de 2.000 km de praias exóticas, algumas de fácil acesso e outras completamente desertas e isoladas, banhadaspelaságuasclarasdoTapajós. A população local tem o velho costume de se alimentar das tartarugas e seus ovos. Existem seis espécies

ameaçadasdeextinção. Atualmente existe uma pessoa nativa, Mário Branco Maranhão, responsável técnico pelo projeto, para a coleta dos ovos e posterior a soltura no LagoVerde, mas infelizmenteseusesforçosaindanãosãosuficientes. Tiago Angelo Schmidt (Tiáguas)- fundador do projeto Continente das Águas Sagradas e Mário Branco Maranhão- Idealizador do projeto de conservação das

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Vista da Ilha do Amor 12| REVISTA AMAZÔNIA

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Barco comprado pelo projeto

tartarugasemAlterdoChão No ano de 2007, foram salvos 200 filhotes de tartarugas e em 2009 tivemos o privilégio de ver a soltura de nove tartarugasaoLagoVerde. O meio de transporte utilizado entre o Rio Tapajós e a Lago verde é um barco a remo. Para se maximizar a preservação, necessita de um transporte mais eficiente, pois muitas vezes ele não é mais rápido do que os predadores. O Continente das Águas Sagradas se comprometeu e comprou em setembro de 2009, um barco á motor que tem o custo total de R$ 3.000,00. Para isso, foram produzidas camisetas do projeto, sendo que a receita foi integralmenterevertidaparaacompradaembarcação. Mário Maranhão (Idealizador do projeto de conservação das tartarugas) e Tiaguas Schmidt(fundador do projeto Continente das Águas Sagradas)

Relato do Mário Maranhão Neste ano de 2009, com apoio da canoa motorizada já vimos à diferença na quantidade de ninhos. No ano passado onde só tínhamos 28 filhotes, total de oito ninhos e este ano subiu para 21 ninhos. Estamos esperando uma média de 100 filhotes para o ano de 2010. A questão do lixo tanto na vila quanto nas praias é sazonal, pois se trata de uma vila Balneária muito visitada em certos períodos. No entanto é necessária uma mobilização da própria comunidade com relação a

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Ovos de tartarugas na Lagoa Verde REVISTA AMAZÔNIA |19

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parte do meio ambiente levando em consideração não só os turistas que nos visitam, mas também toda fauna existentenonossoecossistema. O propósito do projeto também é engajar outros componentesqueseinteressempelacausaeparticipem com ajudas das mais variadas possíveis em apoio logístico e de infra-estrutura. Quem tiver interesse em ajudar,entreemcontato. Isso demonstra que mesmo com tantos problemas enfrentados nos dias de hoje, existem pessoas que buscam possibilidades de preservação da natureza. Comovocêcontribui?Façasuaparte! Para maiores informações sobre o projeto e as intervenções do Mário com as tartarugas leia mais no sitedoContinentedasÁguasSagradas.

Projeto de Conservação das Tartarugas

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Ilha do Amor

Soltura das tartarugas na Lagoa verde

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Soltura de 9 tartarugas

www.continentedasaguassagradas.com.br continenteaguassagradas@gmail.com

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Encontro regional debateu o turismo na região amazônica Países amazônicos se encontraram para discutir as principais linhas de ação para o desenvolvimento do turismo na região Amazônica Organização do Tratado de Cooperação A m a zô n i c a (OTC A ) p ro m o v e u recentemente, na cidade de Manaus, a Reunião Regional de Turismo dos Países Amazônicos, com o objetivo de discutir as principais linhas de ação para o desenvolvimento do turismo na região Amazônica. Participaram do evento, representantes dos Ministérios das Relações Exteriores e técnicos dos Ministérios de Turismo de Bolívia, Brasil, Colômbia,Equador,Guiana,PerueSuriname. O encontro encerrou um período de três anos de visitas oficiais aos países amazônicos e de consultas e reuniões realizadas junto com os Ministérios de Turismo e outras entidades vinculadas ao setor de cada país, que resultou na proposta de cinco linhas estratégicas de ação para a agenda de turismo na região amazônica: (i) Sistematização de Informação Regional de Turismo, (ii) Criação de circuitos integrados regionais, (iii) Desenvolvimento do turismo comunitário, (iv) Fortalecimento da imagem turística da Amazônia, e, (v) Proposta para ter um Mecanismo de Financiamento Regional deTurismo. A proposta foi discutida e aprovada por parte dos participantes, afirmando assim o seu comprometimento para a implementação das ações para o desenvolvimento do turismo na região

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Apresentação do diretor executivo da OTCA, Mauricio Dorfler, sobre os antecedentes da OTCA

Amazônica. Os resultados serão incorporados à Agenda Estratégica da Secretaría Permanente da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (SP/OTCA) e apresentada na Reunião de Ministros das Relações Exteriores dos Países Amazônicos, que será realizada em Lima,Peru. Além das discussões sobre a Agenda, houve vários espaços para troca de informações. No segundo dia da reunião houve o intercâmbio de experiências entre os Países Parte, e após o evento, foi realizado, em colaboração ao Ministério de Turismo do Brasil e

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AmazonasTur, um Fórum especial com autoridades de Turismo do Estado do Amazonas, onde os representantes dos países da região puderam divulgar a ofertaturísticadosseuspaíses. Ao final do evento foi realizada uma visita técnica no Estado do Amazonas para conhecer comunidades específicas e apreciar exemplos de turismo comunitário nessaregião. A reunião foi realizada pela OTCA com a colaboração do GovernoBrasileironaqualidadedepaísanfitrião.

O coordenador de Turismo, Transporte, Infraestrutua e Comunicação da OTCA, Donald Sinclair, durante a apresentação da proposta da Agenda de Turismo da OTCA.

Participantes da delegação de Suriname

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Diretor Executivo da OTCA, Mauricio Dorfler; Gerente de projetos da Coordenação-geral de Serviços Turísticos do Ministério de Turismo; Alice Souto Maior; Coordenador de Turismo, Transporte, Infraestrutua e Comunicação da OTCA, Donald Sinclair

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Eletronorte inicia enchimento do canal de navegação das eclusas de Tucuruí

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Eclusa 1 localiza-se ao lado do reservatório

Fotos Arquivo Eletrobras Eletronorte

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ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, esteve no último dia 2 de setembro em Tucuruí, para uma visita técnica ao canteiro de obras das eclusas da Hidrelétrica. Acompanhado pela coordenadora-geral do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, Miriam Belchior, e pelo diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras Eletronorte, Adhemar Palocci, a comitiva participou do desligamento da bomba de drenagem que deu início ao processo de enchimento do canal de navegação que interligaaseclusasIeII. Até o dia 31 de outubro, todas as atividades para a conclusão dos trabalhos no canteiro de obras deverão ser encerradas. O enchimento do canal teve início no dia 6 de setembro, e até 15 de novembro serão realizados testes para monitorar o enchimento do canal. A previsão é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugure a obraem18denovembro. Miriam Belchior disse que a conclusão das eclusas de

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Tucuruí é simbólica e significa muito para o desenvolvimento do País e da Região Norte. "Uma obra de infraestrutura não pode levar 30 anos para ser concluída. Ao inaugurar as eclusas, o governo do presidente Lula encerra uma lógica arcaica na construção de importantes obras para o Brasil e inauguraumanovamentalidadedeseconstruirprojetos estratégicos",enfatiza. Adhemar Palocci afirmou que, "em breve, esse espetacular sistema de transposição transformará o rio, permitindo ao longo e magnífico curso d'água tornar-se uma importante rota comercial e turística, atendendo a um anseio que vem sendo exaustivamente expressado por autoridades paraenses e populações ribeirinhas. Quando estiverem operando, estarão naturalmente integradas à deslumbrante paisagem de Tucuruí". Segundo José Biagioni, gerente das obras das eclusas, o cronogramaestásendocumpridoàriscae,hoje,99%de todo o serviço de concretagem da primeira eclusa já está realizado, e a montagem dos equipamentos atingiu

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95%. Na eclusa II, 98% do concreto já foram baixados. O primeiro teste de transposição deve acontecer no início de outubro, após o canal ser tomado pelas águas do Rio Tocantins, formando o lago permanente que permitirá a transposiçãododesnívelde75metros.

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Ainda na audiência pública sobre os povos tradicionais

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Investimentos Os investimentos na obra das eclusas deTucuruí somam, noperíodode1981a2005,recursosdaordemdeR$630 milhões; e mais R$ 1 bilhão entre 2006 e 2010, totalizando R$ 1,63 bilhão. No pico da obra, em julho de 2009, a obra contava com 3.646 operários, sendo cerca de80%damãodeobralocaleregional. Eclusas

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Vista parcial do canal

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Adhemar Palocci, diretor de Planejamento e Engenharia da Eletrobras Eletronorte e José Antônio Muniz Lopes, presidente da Eletrobras, em visita técnica ao canteiro de obras das eclusas

:: A construção das Eclusas de Tucuruí surgiu da necessidade de vencer o desnível de cerca de 75 m, imposto pela construção da barragem da Usina hidrelétrica de Tucuruí e para permitir a navegação desde Belém até Marabá. As obras de construção foram iniciadas em 1981 e interrompidas por várias vezes. Retomadas este ano pelo Governo Federal através do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, as obras geram empregos para a população da própria bacia hidrográfica e de outras regiões, contribuindo para o desenvolvimento do Centro-oeste e da Amazônia. Eclusas são um conjunto de tanques para elevar ou baixar embarcações entre níveis diferentes. As de Tucuruí estão entre as maiores do mundo e são as maiores do Brasil, feitas em duas etapas, transpondo desníveis de 33 metros cada uma. Elas permitirão a passagem de um comboio de quatro chatas por elevação ou descida. Os tanques medem 33 metros de largura, por 210 metros de comprimento, com 44,5 metros de altura. Eles têm capacidade para dar passagem a 40 milhões de toneladas de cargas por ano. Nas eclusas de Tucuruí, o calado regular para embarcações tipo barcaças, também chamadas 'chatas', é de 3,5 metros. Nas cheias pode haver passagem para navios maiores. O tempo de ultrapassagem dos comboios de jusante a montante ou vice e versa será de uma hora, que navegarão impulsionados por um rebocador pelos 5,5 km do canal intermediário e chegarão à segunda eclusa. O tempo de enchimento ou esvaziamento das câmaras será de 14 minutos.. O canal permite comboios se deslocando em direções opostas A capacidade máxima será de 24 comboios nas duas direções por dia. São 16 eclusagens, ou 32 passagens de comboios, diariamente. A economia no transporte de minérios e grãos das regiões Norte e Centro-Oeste pode chegar a R$ 10 milhões por dia com combustíveis. Com a navegabilidade restabelecida, será possível um melhor aproveitamento econômico, florestal e mineral da região, com um meio de transporte maciço, que tem baixo custo e consome pouca energia. As eclusas estão localizadas entre o porto de Vila do Conde, próximo a Belém/PA, e a cidade de Marabá, em um trecho do rio Tocantins que possui uma extensão de 495 quilômetros). Naquele trecho do rio Tocantins a navegação, para grandes barcos, era impossibilitada pela existência de inúmeras corredeiras. REVISTA AMAZÔNIA |23

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Brasil estuda aquífero três vezes maior que o Guarani ada vez mais, o Brasil vem se apresentando como a grande potência ambiental da humanidade e um local onde a natureza não economizou em nada. O País é dono da maior biodiversidadedoplaneta,possuiamaiorflorestatropical do mundo, o maior rio em volume de água e dispõe também da maior quantidade de água doce. Somos donosde11%detodaáguadocedisponívelnomundo. Uma nova e recente descoberta vem ampliar ainda mais opoderbrasileiroquandooassuntoédisponibilidadede água. Trata-se do Alter do Chão ou Grande Amazônia, um reservatório transfronteiriço de água subterrânea, que o Brasil divide com o Equador, Venezuela, Bolívia, ColômbiaePeru. Sua extensão é de quase quatro milhões de quilômetros quadrados (3.950.000) sendo constituído pelas

C

formações dos aquíferos Solimões, Içá e Alter do Chão. Com uma extensão três vezes maior que o aquífero Guarani, o Alter do Chão ou Grande Amazônia é uma conexão hidrogeológica, com grande potencialidade hídrica,masaindapoucoconhecida. Segundo dados da Gerência de Apoio ao Sistema de Água Subterrânea do Ministério do Meio Ambiente, a formação Alter do Chão participa no abastecimento das cidades brasileiras de Manaus, Belém, Santarém e da IlhadeMarajó. A utilização do Solimões é principalmente para o abastecimento doméstico, sendo fonte importante para a cidade de Rio Branco, no Acre. A formação Içá abastece acidadedeCaracaraí,nosuldeRoraima. Osestudosatéagorarealizadosatestamqueaqualidade químicadaáguadoSistemaAquíferoAmazonaséboa.

O Aquífero Alter do Chão ou Grande Amazônia

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É um reservatório de água subterrânea de quase quatro milhões de quilômetros quadrados, que o Brasil divide com o Equador, Venezuela, Bolívia, ColômbiaePeru Situada na Amazônia brasileira, a poucos quilômetros ao sul de Santarém-PA, Alter do Chão foi recentemente considerada pelo treide turístico brasileiro como a mais bela praia do pais. A área é de uma beleza incrível, contrastando areias brancas com o verde esmeralda da águasdorioTapajós,talvezomaisbelorioamazônico. Esse lugar paradisíaco empresta o nome ao que está sendo considerado, conforme uma série de dados ainda preliminares, resultados de pesquisas que há pouco se iniciaram, o maior depósito de água doce subterrânea daAméricadoSuleprovavelmentedetodooplaneta Segundo pesquisadores das universidades federais do Pará e do Ceará, que desenvolvem, há alguns anos estudos na região, o chamado Aqüífero Alter do Chão, detém impressionante reserva de água, a qual volumetricamente alcança 86.400 Km³, (86,4 trilhões de litros) indicando que pode ser o maior aqüífero do mundo, superando, inclusive, o Aqüífero Guarani, cujas reservassãoestimadasem45.000Km³. Alter do Chão é mais um item que se junta ao gigantismo dos números amazônicos. Para ficarmos apenas na água, no balanço hídrico da região a Amazônia, conforme enfatiza Montenegro, transfere 8 trilhões anuais de litros de água que sustentam um PIB agrícola de aproximadamente 50-60 bilhões de dólares, base do agronegócio que em 2007 correspondeu a cerca de US$ 315 bilhões, ou aproximadamente 20% do PIB brasileiro. Sem as águas da Amazônia isso não seria possível. O Brasil tem ainda um potencial de produção de alimentos para atender a demanda do mundo inteiro, como também de produzir energia a partir da biomassa, do que dão conta a produção e os negócios do setor sucro-alcooleiro.

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O Aquífero Guarani 24| REVISTA AMAZÔNIA

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Essa água transferida pela Amazônia também alimenta, em grande parte, os reservatórios das nossas hidrelétricas, responsáveis por 70 % da matriz energética nacional, sem o que seria impossível pensarseemdesenvolvimentoeprogressonacionais. Todas as regiões brasileiras indistintamente dependem dessas águas agora e mais ainda no futuro, conforme pode ser visualizado no quadro a seguir que mostra o potencial hidrelétrico brasileiro, por bacia hidrográfica. Apenas a área física da Amazônia, atualmente, produz cerca de 20% de toda hidroenergia do Brasil e possui metadedetodopotencialnacional.

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Limite da Amazônia

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Limite Cristalino/Bacia Sedimentar

1-Acre 2-Solimões 3-Amazonas 4-Foz do Amazonas

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Divisão geológica esquemática simplificada da Amazônia. Fonte: Inpe (2006) e Petrobrás (1994), modificados.

As águas amazônicas têm um valor estratégico para o Pais e para a humanidade ainda pouco compreendido pelos decisores da nação brasileira, e precisam ser entendidas na sua integralidade, dentrodoqueosespecialistasdenominamCicloHidrológico.Mesmolongedasáreasmaisdesenvolvidas as águas da Amazônia têm uma influência indiscutível sobre todas as regiões do Brasil e têm que ser entendidas nesse contexto. A água, além da importância que tem por si própria como mantenedora da vida, como responsável pelo equilíbrio dos ecossistemas, com destaque para a floresta amazônica, pela capilaridade que seus rios e igarapés emprestam como meio de transporte à maior bacia hidrográfica do planeta, tem ainda um outro valor estratégico como commodity, ainda praticamente não discutido, acrescenta Ramos, se considerarmos que 18% da água doce da terra aqui se encontra. Os negócios envolvendoporexemploaindustriadeáguanomundoalcançamsomasbilionárias. As pesquisas e os estudos que vêm sendo desenvolvidos por várias instituições (UFPA, EMBRAPA, INPA, Museu Emílio Goeldi, UFRA, UFAM, etc) focam a necessidade de compreender o frágil equilíbrio que existeequeprecisasermantido,narelaçãoíntimaentreflorestaeágua,absolutamenteindissociáveis. Desse ponto de vista as águas da Amazônia podem ser consideradas sob dois aspectos diversos: a) pelo uso direto ou indireto na geração de insumos e riquezas; b) pelo não-uso, como mantenedora do equilíbrio ecossistêmico de toda a grande Hiléia, no seu papel de para outras regiões brasileira ser responsável por gerar chuvas e transportar calor contribuindo para o equilíbrio climático, sendo assim fator determinante para atividades agrícolas de grande relevância econômica. Dessa forma é importante entender que as águas circulando e a floresta em pé tem uma significativa importância para a economia do pais e não é absolutamente descabida a idéia de se estabelecer mecanismos de compensação financeira que como as águas, funcionem como meios de transferência também de renda entre as regiõesbrasileiras. Para que seja possível fazer algum tipo de política pública em relações às águas da Amazônia o primeiro passo é a valoração da água como ativo, isto é, como um bem econômico que gera renda na forma

A pesquisa do Aqüífero Alter do Chão, foi coordenada pelos professores Francisco Matos de Abreu, André Montenegro Duarte e Mário Ramos Ribeiro da (UFPA), com a participação dos professores Milton Matta (UFPA) e Itabaraci Cavalcante (UFC), em sua fase preliminar, necessita ter continuidade, diz Matos, o que o grupo tenta viabilizar por meio de parcerias que estão sendo buscadas em diferentes instituições. Francisco de Assis Matos de Abreu – Geólogo – Doutor em Geologia, Professor Associado II da Universidade Federal do Pará -.Faculdade de Geologia do Instituto de Geociências da IG/UFPA. Coordenador da Câmara Técnica do Plano Estadual de Recursos Hídricos do Pará. Membro da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do CREA/PA. Ex-consultor do Banco Mundial e consultor de várias empresas e instituições. Coordenador dos Cursos de Especialização a Distância do IG/UFPA. E-mail: famatos@ufpa.br Milton Antônio da Silva Matta – Geólogo – Doutor em Hidrogeologia, Professor Associado II da Universidade Federal do Pará – Faculdade de Geologia do Instituto de Geociências da UFPA. Coordenador do Laboratório de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (LARHIMA) da UFPA. Coordenador do Programa Binacional BRASIL-USAE, envolvendo as univesidades Texas Tech e Florida – pelo lado Americano e UFPA e UFRGS – pelo lado brasileiro. Coordxenador do Curso de Especialização em Gestão Hídrica e Ambiental da UFPA. E-mail: matta@ufpa.br. e mattarafa@hotmail.com André Montenegro Duarte – Engenheiro Civil – Doutor em Geociências. Professor Adjunto da Universidade Federal do Pará – Instituto de Tecnologia – ITEC. Consultor nas áreas de engenharia de avaliações, engenharia legal, geotecnologias e recursos hídricos. ExMembro do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA/PA), tendo exercido a vice-presidência (1999). Email: amonte@ufpa.br Itabaraci Nazareno Cavalcante – Geólogo – Doutor em Hidrogeologia, Professor Associado II, do.Departamento de Geologia do Instituto de Ciências da UFC. Coordenador do Laboratório de Hidrogeologia do Instituto de Geociências da UFC. E-mail: ita@fortalnet.com.br Mario Ramos Ribeiro – Economista, Doutor em Economia, Professor Adjunto da Universidade Federal do Pará – Instituto de Ciências Sociais Aplicadas – ICSA Consultor na área de economia do meio-ambiente; Ex presidente do Banco do Estado do Pará; Membro do Conselho Diretor da FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) no período de 1997 – 2007. Email: mramosribeiro@uol.com.br.

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Perfil Longitudinal do Fluxo Hídrico da Amazônia

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Fontes: Ingresso Oceânico: Fearnside (2004); Precipitação: Ribeiro (1990), Salati et al, (1983) e Péguy (1970), modificados; Evapotranspiração: IBAMA (1994); Infiltração/Contribuição de sub superfície: IBAMA (1994) e Tancredi (1996); Saída (Descarga): ANA (2005), Depetris & Paolini (2005), Caribbean Environment Program (1998) e Klein et al (2005), modificados; Estoque dos Aquíferos: IBAMA (1994), Petrobrás (1994), Costa (1995a), Costa (1995b) e Tancredi (1996), modificados; Biota: IBAMA (1994) modificado. REVISTA AMAZÔNIA |25

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Nome da Bacia Sedimentar

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Porosidade

Volume (Km²)

Solimões

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Solimões Alter do Chão (mais profundo)

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Amazonas

500.000

Alter do Chão (menos profundo)

1.250

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20%

48.000

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Foz do Amazonas (Marajó)

268.000 48.000

Tucunaré/Pirarucu/Orange

Pará-Maranhão

Areinhas

8.000 566

0,40 0,25

20% 20%

21.440 2.400

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Paranaíba (parte-1/2 do todo)

300.000

Itapecuru

724

0,20

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12.000

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Barreirinhas (parte - 2/3 do todo)

40.000

Barreiras/Pirabas

720

0,25

20%

2.000

Tacutu

1.200

Boa Vista

120

0,10

20%

24

Acre

TOTAIS

1.707.200

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124.264

Tabela 1 – Cálculo dos volumes dos aqüíferos e das reservas de água na Amazônia. Fontes: Nome, área, formações e espessura máxima: Petrobras; Espessura dos Aquiferos: Petrobrás (1994) e, especificamente da formação Alter-do-Chão, Tancredi (1996); Porosidade: Tancredi (1996), especificamente para a formação Alter-do-Chão, adotado como padrão para as demais bacias. Volume = Espessura do Aqüífero x Área da bacia x 0,20

Mapa 2.1 - Representação esquemática das províncias hirogeológicas do Brasil.

pecuniária ou de serviços, cujo valor pode ser carregado através do tempo. “Hoje o que se paga pela água é basicamente o custo de captação, tratamento e distribuição, um valor ridículo e tecnicamente errado”, diz Montenegro.“... é necessário fazer a conta pelo valor

econômico total”, complementa Ribeiro,“ou seja, valorar o uso direto, o valor de uso indireto, e o 'valor de existência', esomá-los.Esteúltimo,ovalordeexistência, exige uma metodologia mais complexa, pois as águas são bens públicos para os quais não existem mercados,

e, conseqüentemente não têm preços monetários. Embora não exista um mercado organizado para a compra e venda de aquíferos, onde os seus preços seriam visíveis, isto não significa que não possamos conhecê-los”. Para elicitar os preços destes aquíferos a comunidade científica recomenda usar o Método de Valoração Contingente, já amplamente usado nos EUA e na União Européia quando se pretende “precificar” o valor de existência de recursos naturais, renováveis ou não.Tratase de um método que envolve cientistas de diversos ramos do conhecimento e atua em duas etapas. Na etapa de pesquisa de campo – primeira etapa – realizada junto às comunidades que moram perto destes aquíferos e que mantêm com eles uma relação especial (econômica, cultural, social, antropológica, etc.) participam agrônomos, biólogos, físicos, engenheiros florestais, ecólogos e outros cientistas das áreas de geociências e das ciências exatas. Depois de coletados os dados primários através de programas de questionários ajustados pela estatística inferencial e devidamente aplicados nas comunidades locais, estes dados são utilizados na etapa final pela teoria econômica e pela econometria para inferir o “valor de monetário de existência” destes recursos naturais, que somado ao valor de uso direto e valor de uso indireto chegaaovaloreconômicototal. “Hoje esse método já é utilizado pelos 31 países da OECD, pelo Banco Mundial, pela ONU, além de atender àsexigênciasdaDeclaraçãodoMilênio-2000,naqualos países signatários se obrigam a adotar medidas para valorar monetariamente os seus ativos ambientais”, diz Matos, “e no Brasil, o seu uso praticamente não existe devido aos custos envolvidos. Ocorre que com este procedimento o Brasil deixa de cobrar pelas suas

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Formações (até 1000/1500m)

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Espessura. Espessura Aqüíferos Máxima (m) (Km) 2.200 -

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O Aquífero Alter do Chão deve ter o nome mudado por ser homônimo de um dos principais pontos turísticos do Pará, o que costuma provocar enganos sobre a localização da reserva de água. “Estamos propondo que passe a se chamar Aquífero Grande Amazônia e assim teria uma visibilidade comercial mais interessante”, disse Matta, que coordenou a pesquisa e agora busca investimento para concluir a segunda etapa do estudo no Banco Mundial e outros patrocinadores científicos

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Considerações do Prof. Milton Matta a) A extensão superficial do Guarani, até então considerado o maior aqüífero (rocha com capacidade de armazenar, transmitir água em quantidades significantes para a demanda) da Terra é maior que a do Alter do Chão, mas as espessuras do Alter do Chão são bem maior, o que resulta em maior volume de água; b) Os parâmetros hidrodinâmicos do aquífero Alter do Chão (que medem a capacidade de armazenar água e dessa água ser retirada por bombeamento) tem se mostrado bem melhores, o que indica um potencial de armazenamento hídrico maior no Alter do Chão; c) No caso do Guarani, existe um complicado arranjo internacional para sua gestão, pois ele, em função de sua grande extensão superficial, ultrapassa as fronteiras brasileiras passando para outros países. Esse é um outro ponto a favor do nosso aqüífero, a gestão será mais facilitada porque é exclusivamente nacional e da Amazônia, pertencendo aos estados do Pará, Amazonas e Amapá; d) Os tipos litológicos (significando os tipos de rocha que formam o aqüífero) do Alter do Chão parecem refletir em melhores condições de armazenamento e circulação de água do que as condições do Guarani; e) Por estar localizado em menores profundidades, o Alter do Chão, certamente, vai proporcionar obras de captação menos honerosas que o Guarani, que possui uma espessa camada de rochas basálticas sobre ele o que dificulta e encarece a perfuração de poços. Precisamos ainda, nos nossos estudos propostos nesse projeto buscando financiamento, determinar com precisão razoável as profundidades e espessuras do Alter do Chão e mais, como esses elementos variam arealmente; f) Quanto a qualidade da água, ainda precisamos levantar essa informação em escala de maior representatividade. Mas o Alter do Chão é responsável pelo abastecimento de várias cidades na Amazônia. Suas águas subterrâneas abastecem quase todas as cidades do Oeste do Pará e do estado do Amazonas, inclusive a cidade de Santarém, com águas de excelente qualidade; g- Com relação à capacidade de abastecimento, temos ainda que calcular suas reservas totais com bastante acuidade. Mas os dados preliminares apontam para um volume de água superior a 86.000 km3 , enquanto para o Guarani tem sido calculada sua reserva em torno de 45.000

riquezas naturais o seu valor econômico total, e acaba gerando um subsídio para o mundo, pois gera uma externalidade positiva (benefício não contabilizado internamente pelo país e apropriado fora dele) para o planeta, que cobre tranqüilamente os custos da metodologia de pesquisa e nada cobra por esta externalidade. Somos credores e não devedores do mundo, pelo menos no que se refere a meio ambiente”, concluiopesquisadordaUniversidadeFederaldoPará. Depósitos de água subterrâneas como o Alter do Chão, Guarani, e outros menos conhecidos, como é o caso de Pirabas no nordeste do Pará, reserva estratégica para mais de 50% da população paraense, área com mais de

km3. Ainda faltam elementos pra saber quanto maior que o Guarani somos. Temos absoluta certeza das informações que temos, mas faltam dados para convencer a comunidade técnico-científica. h- Estamos sistematizando todas as informações que estão disponíveis sobre o Alter do Chão, trabalhando nesses dados e obtendo dados secundários sobre a pesquisa. Va m o s e l a b o r a r u m P ro j e t o p a r a financiamento pelos agentes nacionais e internacionais, tipo Banco Mundial, Bird, Fundo Amazônia, ANA, etc.. para podermos concluir os estudos e chegar a um modelo de Uso e Proteção desse manancial; i-- Essa descoberta representa um potencial estratégico de água para o Brasil e para a humanidade. Tem-se a certeza de que com a água desse aqüífero pode-se abastecer a população mundial por algumas centenas de anos, além de proporcionar água suficiente para industria e agricultura; j- A principal preocupação é a dificuldade de se conseguir recursos para avançar com a pesquisa e estabelecer os critérios para utilização desse manancial. Sabemos que existem na área sobre o Alter do Chão muitos processos contaminantes que podem alcançar as águas do aqüífero se nada for feito pelos poderes constituídos; k- Até o momento não se teve recursos para essa pesquisa. O que foi feito até agora é fruto de esforços do grupo de pesquisa mencionado no item 1 , acima, com verbas provindas de outros projetos que o grupo coordena; l- O financiamento envolveria dois passos. O primeiro seria uma etapa de sistematização de todo o material disponível, tabulações, análise de confiabilidade e interpretações desses dados; Isso envolveria um prazo de cerca de 8 meses e custaria algo em torno de R$300 a R$400 mil. A segunda etapa, mais longa, exigirá um conjunto de ações metodológica, envolvendo trabalhos de campo, obtenção de dados primários, levantamentos geofísicos, geológicos, hidrogeológicos, que deverá durar em torno de uns 4 anos, envolvendo verbas da ordem de US$ 5 milhões; m- As articulações políticas já começaram a ser feitas, mas o que se precisa no momento é de divulgação desse projeto junto à sociedade, à classe técnico-científica e ao ambiente político, no sentido de se demonstrar a importância do aqüífero Alter do Chão, para o País e para o futuro da humanidade.

3,7milhõesdepessoas,precisamsermelhorconhecidos para que possam ser usados com sustentabilidade, protegidos e preservados, por se constituírem patrimônio inalienável da nação brasileira mas nem por isso,tambémreservasdeinteressemundial. Insistem os pesquisadores: os brasileiros precisam conhecer melhor os seus bens que podem e devem tornar-se riquezas. Na Amazônia as águas são sem sombra de dúvidas um dos mais importantes legados que a natureza nos proporcionou. Temos o direito de usá-la e o dever de torná-la instrumento de progresso e de bem estar, fazendo-o com responsabilidade, o que só pode acontecer se detivermos uma base sólida de REVISTA AMAZÔNIA |27

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BALANÇO HÍDRICO

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Volume (km³)/ano

Volume (litros)/ano

Inputs – Entradas Umidade do Oceano Reciclagem da Floresta TOTAL INPUT

10.000

10 trilhões

6.686

6,686 trilhões

16.686

16,686 trilhões

Outputs – Saídas Descarga Oceano

8.610

8,610 trilhões

TOTAL OUTPUT

8.610

8,610 trilhões

SALDO (POSITIVO)

8.076

8,076 trilhões

Estoques Aqüíferos Biota

Volume (km³)

Recarga (Km³/ano)

134.182

293

conhecimentos sobre esses bens, usá-los ou preserválos com criatividade, propondo aos agentes e atores político-sociais o estabelecimento de uma nova lógica econômicaeinovadoresmecanismosfinanceiros. Até o presente, relatam os pesquisadores, infelizmente esses números só chamam a atenção pela sua grandeza que talvez por isso mesmo ofusque a sua real importância estratégica a qual só pode ser mensurada com pesquisas e avaliações econômicas precisas, cujo ferramental tecnológico e expertise regional já se encontramdisponíveis.EconcluiMatos:senosderemos meios ofereceremos as respostas e soluções que contribuam para um caminhar seguro de progresso e bem estar, para os habitantes da Amazônia, do Brasil e do mundo, com a consciência e o conhecimento do verdadeiro e correto valor de seus bens, de suas riquezas. Assim, Alter do Chão não será mais uma promessa para os povos amazônidas e para o pais, mas uma real oportunidade de tornar essa região não mais apartada dorestantedoBrasil.

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5.385

TOTAL

139.567

Volume Total de Água: (*)

155.591

(*) Vapor na Atmosfera, Precipitação desconsiderando a reciclagem, águas superficiais, águas integrantes da Biota e aqüíferos.

EXPRESSO

Volume Total de água: Estoque mais matéria circulante (reciclagem), em km³ = 162.277

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MATRIZ: ANANINDEUA-PA

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Aquifero é uma formação geológica. Rochas permeáveis permitem o acúmulo de grandes quantidades de águas subterrâneas. Aquífero Guarani Manancial de água doce, ocupa 1,2 milhões de Km² entre o Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. É hoje uma importante reserva estratégica para abastecimento e atividades econômicas. Alter do Chão O aquífero de Alter do Chão possui uma área de 437.500 km2 e uma espessura de 545 metros. Sua qualidade de água é melhor e, segundo pesquisadores, pode produzir uma capacidade de água quase duas vezes maior que a do aquífero Guarani. Não adianta apenas termos quantidade de água. Precisamos saber usála. A água subterrânea é a mais importante que existe em nosso planeta, o problema é que muita gente não sabe como fazer disso um bem”, ponderou o geólogo Milton Matta. O projeto, ainda em fase de elaboração, deve ser apresentado em breve ao Banco Mundial.

Os pesquisadores envolvidos nos estudos acreditam que o Alter do Chão poderia abastecer a população mundial por 300 anos. A existência desse aquífero já era conhecida há vários anos, mas não havia estudos comprovando seu potencial. Não temos dúvidas de que se trata do maior aquífero do mundo, afirma Milton Matta, geólogo da UFPA que participa da equipe técnica que analisa o manancial.

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Circuíto Histórico da água e saneamento de Manaus

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Localização e "Trilha" dos pontos históricos do projeto

Um projeto que conjuga Educação Patrimonial e Educação Ambiental Universidade da Água Organização Não Governamental, www.uniagua.org.br, com sede em São Paulo, criada em 1998, com a missão de promover a proteção, preservação e recuperação da água, através do exercício da educação ambiental, de modo a assegurar para a atual e futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões internacionaisdequalidade.

A Uniagua em Manaus Em2009, a Águasdo Amazonas firmouconveniocom a UniversidadedaÁguaparao desenvolvimentoe implementação de projetos de educação socio

Trecho via barco-escola Pontos históricos

ambientais visando conscientizar a população para o usoresponsáveldaágua. Tendo como objetivo principal de criar valor à água tratadaeaosaneamentoambiental (visando: a importância para a saúde, de não desperdiçar,nãopoluir,nãofraudar) Educação Patrimonial x Educação Ambiental–Água e Saneamento O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) vem desenvolvendo uma série de ações de educação patrimonial, visando a preservação e a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, de forma a assegurar o uso social dos bens que compõem o

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acervo,amemóriaeaidentidadeculturalbrasileira. Por outro lado, um dos graves problemas brasileiros, principalmente de Manaus, é a questão da Água e o Saneamento. O presente projeto procura conjugar esses importantes fatores para a qualidade de vida da população unindo preservação do patrimônio histórico e educação ambiental. Manaus: Muita água, desabastecimento de água potável e baixo índice de coleta e tratamento de esgotos

Embora Manaus apresente hidrografia farta, banhada peloRioNegroeentrecortadaporigarapés,aquestãodo

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Barragem Cachoeira Grande –São Jorge 1ª Estação de bombeamento de água -1889

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abastecimento de água tratada para a cidade consistiu em grave problema desde o fim do século XIX, quando seregistra,emjunhode1883,aaprovaçãodaLeinº615, autorizando o início das obras de canalização de água potável (Coleção de Leis da Província, 1883,Tomo XXXI, pág. 19) e a instalação da Usina de Esgotos “Chaminé” em1913,quenuncafoiutilizada. Desde a implantação do sistema até hoje alguns padrões de comportamento social e tecnológico são recorrentes e concorrem contra o desenvolvimento pleno e sustentável dos serviços de saneamento da cidade de Manaus: Problemas de energia, incompreensão política e social da importância do pagamento pelos serviços de tratamento e distribuição,

desperdícioabusivodaáguapotáveleanãoconexãodas moradias à rede pública de coleta e tratamento de esgotos. Educação ambiental como parte da solução do problema O estudo do meio em que vivemos é um dos fatores que tem demonstrado eficiência na questão do uso sustentável dos recursos naturais e preservação desses recursos. E nada como o patrimônio histórico (arquitetura, museus) aliado à educação ambiental como instrumentosderesgatereferencialdavidanacidade. Édentrodestecontextoquepropomosoprojeto

“Circuito Histórico da Água e Saneamento de Manaus”a ser criado através da recuperação dos equipamentos principais que compõem a historia do saneamento da cidade, aliada a um projeto pedagógico de educação patrimonial/ambiental desenvolvido pela Universidade da Água, IPHAN e a Secretarias da Educação e da Cultura deManaus.

Barragem Cachoeira Grande São Jorge 1ª Estação de bombeamento de água -1889 Construída abaixo da nascente do Igarapé da Cachoeira Grande, que deságua à margem esquerda do Rio Negro, entre as barreiras do bairro da cidade conhecido como

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Plano Inclinado, a represa foi destinada a movimentar uma estação de bombeamento contendo duas turbinas e duas bombas, que abasteceriam os reservatórios da CastelhanaeRemédios Aedificação possui estilo medievalista e seu aspecto arquitetônicoassemelha-seaumtorreão,complantade seção quadrangular, encimada por platibanda maciça comsaliênciasretangulares,talcomoumserrilhado.

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Breve histórico do equipamento

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No ano de 1913, o sistema de tratamento de esgotos ainda não havia começado a funcionar quando, revoltada contra as altas taxas cobradas, a população destruiuoescritóriodaempresa. A ManaosImprovementsdeixou inacabados os serviços sanitárioseausinanuncafuncionou. Em 1988 foi tombado como Monumento Histórico do Amazonas, a edificação foi reformada no ano de 1913,como Centro de Artes Chaminé para abrigar a P i n a c o t e c a d o E s t a d o, c o m e x p o s i ç õ e s

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Situação Atual do Equipamento transformado em moradia precária temporárias,tendo suas atividades suspensas em 1997, por causa de laudo técnico de especialistas pelo auto grau de poluição e risco,e pelas obras urbanas realizadas naquelaépoca. Em 14 de novembro de 2002 o prédio,já como Usina Chaminé, foi reaberto como parte das ações do Programa de Preservação da Natureza, da memória culturaleHistóricadoAmazonas.

Sitio da Usina Cachoeira Grande Reservatório de Castelhana, o primeiro da cidade Em setembro de 1889, é inaugurado o reservatório de água de Castelhana

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Teatro Chaminé–Antiga estação de tratamento de esgoto (1910)

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Em 1910, no governo de Antônio Bittencourt, tem início a construção da Usina de tratamento de esgoto pela empresa ManaosImprovements (empresa inglesa concessionária dos serviços de saneamento), então contratada anteriormente pelo governo estadual de Constantino Nery, em 1906.

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Resumo das Propostas

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1.O projeto deverá ser iniciado com uma pesquisa e publicação de um documento e um documentário resgatando a história do saneamento da cidade que deveráincluiropatrimôniohistórico. 2. Proposta pedagógica para visitação de alunos da rede pública, estudantes universitários (engenharia, gestãoambiental,biologia,turismoetc.) 3.Em paralelo deverá ser feito um levantamento/préprojeto arquitetônico com proposta de restauração dos equipamentos alvo (exceção do Teatro Chaminé, já totalmenterestaurado) 4. Projeto para instalação de um barco-escola para navegação no Rio Negro, como parte do Circuito para completaroestudodomeio:“umolhardorio”. Fazem parte do desenvolvimento do projeto Engº José Everaldo Vanzo: ex-Presidente da Águas do Amazonas-Membro do Conselho da Uniagua; Engº Arlindo Sales Pinto: Diretor de Relações Institucionais da Águas do Amazonas; Gilmar Altamirano: Diretor Presidente da Universidade da Água; Valdir Brito ex- 2ª Estação de bombeamento, à beira do presidente da Cosama; Profª Lara Negreiros-Politécnica- Rio Negro–Ponta do Ismael-construída USP;Prof.Dr.PauloRomera–CTH-DAEE-USP-UNIAGUA pelos ingleses em 1907

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Reservatório do Mocó-1899 O reservatório do Mocó, é uma magnífica obra em estilo neorenascentista , do período áureo da borracha, inaugurado em 1899, durante o governo de José Cardoso Ramalho Júnior. Poderá se tornar um excelente espaço de exposições Uma perspectiva de restauração como MuseuEscola da Água e Saneamento de Manaus

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Ópera “Amazônia

Teatro Música em três partes”

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Depois da estreia na XII Bienal de Munique, a ópera multimídia com imagens, sons, música, teatro, tecnologia e ciência fez sucesso no SESC Pompeia SESC-SP, em parceria com a Bienal de Munique, organizadora do Festival Internacional do Novo Teatro Musical, ZKM | Centro de Arte e Mídia de Karlsruhe, GoetheInstitut (escritórios de Munique, Lisboa e São Paulo), Teatro Nacional São Carlos de Lisboa e Hutukara Associação Yanomami, encenou em São Paulo uma ópera multimídia, apresentando a problemática amazônica sob três diferentes perspectivas, contrapondo o universo do xamanismoYanomami com atecnologiaocidental. Mesclando imagens, sons, música e teatro, tecnologia e ciência o evento aborda, em três atos, a situação da maior floresta tropical do planeta, seus recursos únicos e a devastação pela qual passa há décadas. A estreia do espetáculo aconteceu na XII Bienal de Munique, em maiode2010.

(Rio de Janeiro) e Ludger Brümmer (Alemanha), o sociólogo Laymert Garcia dos Santos (São Paulo), o xamã Davi KopenawaYanomami (Watoriki/Roraima), o antropólogo Bruce Albert (Paris/São Paulo), os vídeoartistas Gisela Motta e Leandro Lima (São Paulo), o diretor cênico Michael Scheidl (Viena), a cenógrafa Nora Scheidl (Viena), o libretista Roland Quitt (Alemanha), músicos da Orquestra Sinfônica do Teatro São Carlos de Lisboa e do grupo Piano Possibile (Alemanha), ambos sob a regência de Heinz Friedl (Alemanha), os cantores Phil Minton (Inglaterra), Christian Zehnder (Suíça), Mafalda Lemos (Portugal/Alemanha), Kátia Guedes (Brasil/Alemanha), João Cipriano Martins e Nuno Dias (Portugal) e Christian Kestern (Alemanha) e os atores Moritz Eggert (Alemanha) e Jochen Strodthoff (Alemanha), além da equipe de técnicos e artistas (imagemesom)doZKM.

Os envolvidos no processo de criação

O projeto

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O processo de criação do teatro musical envolveu o trabalho de especialistas e criadores brasileiros e europeus, como os artistas multimídia Peter Weibel ( Alemanha) e José Wagner Garcia (São Paulo), os compositores Klaus Schedl (Alemanha), Tato Taborda Parte 1, Tilt, música Klaus Schedl

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“Amazônia – Teatro música em três partes” apresenta três diferentes e independentes perspectivas sobre a questão amazônica. A primeira parte da apresentação temcomposiçãodoalemãoKlausSchedl,comprodução ecomissionamentodaBienaldeMunique Já a segunda parte teve a assinatura da composição musical de Tato Taborda e da dupla de artistas multimídia Gisela Motta e Leandro Lima na composição visual. Coube ao SESC SP a pré-produção dessa segunda parte e seu comissionamento. Em São Paulo, as duas primeiras partes da obra foram apresentadas na Área de Convivência do SESC Pompeia. O teatro da unidade recebeu a terceira parte, com concepção do artista Peter Weibel, diretor do ZKM | Centro de Arte e Mídia de

Parte 3, Debate Amazônia, música Ludger Brümmer ZKM

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Região amazônica, área de Watoriki em Roraima

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Parte 2, A queda do Céu, música Tato Taborda

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Karlsruhe, responsável pela produção da última parte que compõe o espetáculo, além de música de Ludger Brümmer, diretor do Instituto de Música e Acústica, do próprioZKM. A iniciativa está relacionada às diferentes visões e à polifonia de discursos sobre a extinção da floresta, protagonista do enredo da apresentação, como fundamental a voz dos Yanomami, um dos últimos grandes povos indígenas que habitam a América do Sul. No enredo, a cosmologia indígena e a espiritualidade dos xamãs são confrontadas com a visão tecnocientífica do mundo e do invasor ocidental, na figura de SirWalter Raleigh, cujo relato de viagem à Amazônia, escrito no século XVI, serviu de base para a criação da primeira parte. Assim, um novo olhar sobre as mais variadas questões relacionadas à região pode ser construído, abordando desde a biodiversidade, o desmatamento e o genocídio, até as mudanças climáticas. Deste complexo pano de fundo as propostas artísticas que proporcionaram ao público a oportunidade de ouvir e veromundodemaneirainusitada. Para o diretor do SESC São Paulo, Danilo Santos de Miranda, “o espetáculo enfoca uma temática contemporânea, de valores universais, que discutida à luz das artes, mostra ao espectador a inovação na mistura de tecnologia de som e imagem e a tradição Yanomami. Para o SESC, foi uma questão estratégica fazer parte deste debate, como centro privilegiado para a irradiação de informação, cultura e cidadania.” Danilo completa dizendo que “com os parceiros e artistas internacionais e o envolvimento de Yanomamis, pesquisadores e artistas nacionais, a entidade buscou colaborar para estender esta discussão para além do palco, e trazer mais entendimento para as preocupações epossibilidadesqueaflorestaofereceaomundo”.

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Moritz Büchner

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A floresta tropical brasileira encolhe a olhos vistos: dia após dia, uma gigantesca área do “pulmão verde”, equivalente a cerca de 8.000 campos de futebol, é destruída pelo desmatamento, pela pecuária, pela monocultura e a exploração de energia e de matérias primas. Continuando nesse ritmo, pode-se prever que a maior parte da floresta amazônica estará destruída em 2080, com dramáticas consequências climáticas para o mundo inteiro.

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Ópera

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Em três partes artisticamente independentes, a ópera coloca a floresta tropical como sua protagonista - e ela ganha voz, não apenas através de obras de arte multimídia dos artistas e cientistas alemães e brasileiros, mas também através dos Yanomâmi, um dos últimos grandes povos primitivos que habitam o norte da Amazônia. Os 33.000 Yanomâmi formam uma sociedade lingüística e cultural, que vive na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Em um confronto artístico com a região amazônica,“Amazônia – teatro música em três partes”esperou contribuir para aguçar a consciência públicaparaestaameaça iminente.

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Produção Na XII Bienal de Munique

Moritz Büchner

No ZKM – Centro de Arte e Mídia em Karlsruhe

“Amazonas–Teatromúsicaemtrêspartes”éumaco-produçãodaCentraldo Goethe-Institut em Munique, da Bienal de Munique, do Centro de Arte e Mídia de Karlsruhe (ZKM), do SESC São Paulo, da Hutukara Associação Yanomami e da Ópera Nacional de São Carlos em Portugal. Seus parceiros de cooperação são: a Operadays Rotterdam, a Netzzeit (Viena). O projeto conta com o patrocínio da Fundação Nacional da Cultura, do Programa“Kultur”da UniãoEuropéia,doDeutscheBankedaFundaçãoEDP.

Amazônia – Teatro música em três partes

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Na área dos Watoriki em Roraima 36| REVISTA AMAZÔNIA

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é Nossa” “A Amazônia

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Exposição Itinerante,“A Amazônia é Nossa”, é composta de 33 obras, com dimensões entre 0,50 X 0,60 até 1,00 X 1,00 cm, onde cada artista interpretou o tema de uma maneira diferenciada, mostrando tanto as belezas como tambémosproblemasdaFlorestaAmazônica. Foram utilizadas diferentes técnicas de elaboração nas obras,permitindoousodemateriaisreciclados. Nas pinturas existem colagens com diversos materiais, tais como: sementes de árvores típicas da Amazônia, colagem de pó-de-serra e pó de minério, texturização, etc. Alguns usaram técnica mista de pintura, tendo como suporteMDFrecortado,alémdealgumasartesdigitais. Astintasusadas:óleo,acrílicaetintaparabicodepena.

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Objetivos Esta mostra de arte tem por objetivo, incentivar a preservaçãoeaconscientizaçãoambiental. Levar à discussão o que está acontecendo nessa região e denunciar ações predatórias sobre o meio ambiente, criando grupos de estudos , de debates, e palestras no localdaexposição. "Eu choro por ti, por eles, por nós..." - Leila Ullmann

Bandeira estilizada - Edy Silveira

Protesto em favor da amazônia - Rosy Gripp

A mãe d'água, sereia das àguas amazônicas - Sandra Honor

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Àrvore amazônica - Josefina Santos

Tuiuiu - Marie Thereze

Amazônia: A subtração pela pirataria - D.Carlet REVISTA AMAZÔNIA |37

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Cabocla jurema - Sandra Honor

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O sonho esculpido , homenagem a Chico Mendes - Paula

IARA - Lenda da Amazônia - R. Bassani

Mostrar o sofrimento eminente da floresta, instigando o espectadorarefletireidentificaressadestruição.

Justificativas A Amazônia é um patrimônio da humanidade e por isso temosqueterconsciência depreserva-lo. Os artistas com suas obras, tentam despertar esta conscientização ambiental no pais, incentivando assim a preservação deste patrimônio que é tão cobiçado por estrangeiros, grupos diversos e fazendeiros, todos visandoapenasoslucrosquearegiãooferece. Não podemos ficar indiferentes ao que vem acontecendo com essa região, tão importante para os brasileiros e para o nosso planeta. Todos precisam lutar paraqueissopare. Ações predatórias contribuem para o aquecimento globalecomprometemofuturodoplaneta.

O Grupo O Grupo Arte e Artistas, é Formado por 25 artistas plásticos, sendo 24 de diversas regiões do Brasil e 1 de Portugal. Sãoeles:

Das belezas dos igarapés - Leila Ullmann

Carvoarias - Heloisa Meira

O som dos filhos da amazônia ecoa pelo planeta - Paulo Lionett

A destruição do futuro - D.Carlet

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Rio de sementes - Li Dant 38| REVISTA AMAZÔNIA

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Boto rosa - lenda da amazônia - R.Bassani

Tucano de bico verde - M.Guilherme

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Juruna filho da floresta - Salomão AC A real natureza da amazônia - Josefina Santos

A lenda da vitória régia - Sandra Honor 5

Ávila Galhano (Pouso Alegre – MG), D.Carlet (Porto Alegre – RS), Edy Silveira (Rio de Janeiro – RJ), Elizabeth Franco (São Pedro da Aldeia – RJ ) H. Dorigatti (Campinas – SP) Heloisa Meira( Belém – PA), Josefina Santos ( São Paulo – SP), Kleber Marcellino (Tremembé – SP), Leila Ullmann ( Rio de Janeiro – RJ), Lene ( Guia da Laguna – MS), Li Dant (São Paulo – SP), Paulo Lionetti ( São Paulo –SP), Marie Thereze ( Portugal), M.Guilherme (Jaboatão dos Guararapes – PE) Mickey (Peruíbe–SP), M.V. Paiva (Rio de Janeiro – RJ), Paula (Peruibe – SP), R. Anjuleto (São Paulo – SP), R. Bassani (Jaboatão dos Guararapes–PE), RosalyGripp(Vitória–ES), Salomão AC (São Paulo – SP), Sandra Honor (São Paulo– SP), SilviaGodoy(SãoPaulo–SP). Sua criação data do ano 2007 e foi a partir de um site de relacionamentos (Orkut), que proporcionou o encontro, a formaçãoeodesenvolvimentodesseprojetocoletivo. Em nossas mãos - Elizabeth Franco

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Índia - Mickey

Kimico - Silvia Godoy

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"Amazônia... para o nosso bico... Do you understand me ?? " - Ávila Galhano

Pesadelo amazonico - Paulo Lionetti REVISTA AMAZÔNIA |39

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4ª CNCTI

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"Política de Estado para Ciência, Tecnologia e Inovação com vistas ao desenvolvimento sustentável" Fotos Renato Araujo/ABr

a abertura oficial da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em Brasília, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que até o final de seu governo serão investidos no PAC,T&I - 2007-2010 os R$ 41 bilhões que estavam previstos. E, segundo ele, isso vai melhor em muito a qualidade de vida dos brasileiros, pois a aplicação de recurso "se destina à produção de conhecimentoesoluçõescriativasparaváriasdemandas sociais, à produção da inovação empresarial, ao aumento da competitividade produtiva, à utilização sustentável dos recursos naturais e à inclusão social". Disse ainda que "o Brasil tem atualmente 85 mil doutores, 40 mil nas universidade federais e mais 12 mil que serão formados este ano". Esse contingênte é responsável, em grande parte, pelo fato do País responder hoje por 2,12% da produção de artigos científicos no mundo, superando países com mais tradiçãocientíficaetecnológicacomoRússiaeHolanda. Finalizando o presidente Lula apontou em seu discurso alguns desafios que o País tem que enfrentar ainda nos próximos anos, entre eles o de "como utilizar a Ciência, a tecnologia e a inovação para promover efetivamente a redução das desigualdades sociais e regionais integrando o território nacional, por meio de políticas públicas que enfrentem os nossos grandes problemas de saúde, habitação, segurança alimentar, inclusão

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Presidente Lula fala na abertura da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Informação

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Sérgio Rezende, ministro de Ciência e Tecnologia, fala na abertura da 4ª CNCTI

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digital, capacitação tecnológica, geração de renda e empregoedemocratizaçãodasoportunidades". OministrodeCiênciaeTecnologia,SergioRezende,abriu a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), afirmando que o evento contribuirá para o crescimento do país, por meio de propostas que vão consolidar uma política de estado em ciência, tecnologia e inovação, com o desenvolvimento sustentável como foco principal. “O intuito é que a ciência nacional melhore cada vez mais a vida das pessoas e ajude o Brasil a crescer com sustentabilidade. Para isso, é fundamental uma ampla discussão entre os representantes dos diversos setores da sociedade”, disse Rezende. Luiz Davidovich, coordenador da 4ª CNCTI, conclamou aos participantes a serem ousados, apresentando propostas viáveis, que garantam o alcance das metas do evento. “Essa Conferência tem um olhar voltado para o futuro. Não se inicia hoje e termina na sexta, mas já vem sendo preparada há meses, com as reuniões regionais, e culminará com a elaboração de um documento que vai nortear a formulação de propostas importantes para o progressodopaís”. Logo na abertura da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), em Brasília, participantes da plenária, fizeram a seguinte constatação/ análise “Se o Brasil quiser construir um novo projeto de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, para a indústria, para a agricultura e para os próprios padrões culturais da sociedade, em todos os casos, a inovação deverá ser o eixo central da transformação. A plenária de abertura com duas mil pessoas, contou também com a participação da professora da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Bertha Koiffmann Becker; do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann; e do diretor-executivo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), José Geraldo de França, discutiu o eixo central da reunião: como o avanço do conhecimento e da inovação pode se tornar o vetor fundamental do desenvolvimento econômico com preservação dos ativos ambientais e melhoria na qualidadedevida. De acordo com Bertha Becker, a Amazônia – área estratégica para o país e modelo por excelência para o estudo dos conflitos entre preservação ambiental e crescimento econômico – tem hoje duas propostas de projetosdedesenvolvimentosustentável. "Um desses projetos, que está associado às mudanças climáticas, tem predominado. Sua prioridade é evitar a emissão de gases de efeito estufa e implementar o mercadodecarbono.Esseprojetodefendeapreservação da floresta em pé, financiando a renúncia ao desmatamento. É uma ideia que parece sedutora, mas questiono fortemente esse projeto, pois ele mantém a floresta improdutiva. É basicamente um projeto de compensação para países desenvolvidos que poderão continuarsendoosmaioresemissores",disse. É preciso adotar um padrão de desenvolvimento da Amazônia com ciência, tecnologia, inovação e políticas públicas que cessam a destruição das florestas.“Temos capacidade de atribuir valores à floresta com ela em pé”, disseBerthaBecker. "O desafio, nesse caso, é utilizar os recursos naturais sem destruí-los, gerando emprego e renda para os milhões de habitantes da região. Para isso, vamos ter que mudar o padrão de desenvolvimento da Amazônia. Só conseguiremos isso com políticas públicas e imensos investimentosemciênciaeinovação",destacou. Segundo Bertha, na atualidade o papel dos cientistas se tornou mais complexo: além de pesquisar, descobrir, inovar e implementar técnicas avançadas, o cientista contemporâneo precisa esclarecer a sociedade sobre as rápidastransformaçõesnomundo. "Caberá à sociedade acarear esses dois projetos e essa acareação deverá levar em conta o extraordinário valor da Amazônia.Oscientistasprecisamdeixarissoclaro",disse.

De acordo com o coordenador da plenária de abertura, Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e conselheiro da FAPESP, a ciência e a inovação têm uma missão ainda maior que o estabelecimento de uma economia sustentável. Será preciso contribuir com a construçãodeumnovomodelodesociedade. "Nos últimos anos, o sistema financeiro se tornou uma finalidade em si e desvirtuou os investimentos em tecnologia. Tivemos uma concentração do risco e, mesmo tendo avaliações prévias de que haveria um colapso financeiro, não fomos capazes de impedi-lo. Não estamos diante de uma mera crise financeira: uma análise mais profunda revela uma crise do padrão de convivênciadasociedadecontemporânea",afirmou. Segundo o também professor das Faculdades de Campinas, a crise estrutural do modelo construído nos últimos 60 anos e radicalizado na década de 1980 gerou ao mesmo tempo uma escalada do consumo e da desigualdade.

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Lula e Sérgio Rezende

"O Brasil é quase uma exceção, já que conseguiu fazer o mínimo para reduzir a desigualdade. Mas estou assustado com a degradação cultural da sociedade. Basta olhar os fóruns na internet para ter noção do grau de isolamento e agressividade das pessoas que se manifestam anonimamente. Isso não está dissociado do meio ambiente – esse comportamento faz parte de um O intuito é que a ciência nacional melhore cada vez mais a vida das pessoas e ajude o Brasil a crescer com sustentabilidade, disse Sérgio Rezende

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padrãocivilizatórioqueprecisasermudado",afirmou. Para pensar em inovação e desenvolvimento, segundo Belluzzo, será preciso cuidar do aperfeiçoamento cultural dos brasileiros e da inclusão social e cultural dos jovensdaperiferia. "Estamos, aqui falando de inovação, mas é preciso destacar que a inovação precisa começar pela base cultural e educacional", disse, sob aplausos da grande plateiapresente.

Recursos naturais Segundo Pedro Luiz Barreiros Passos, presidente do Instituto de Educação e Inovação (Iedi), a economia do Brasil vive um bom momento, mas ainda está baseada em exportação de recursos naturais, em vez de produtos manufaturadoscomaltovaloragregado. "Enfrentamos a crise financeira com muita inteligência, mas, além do rico patrimônio natural, social e cultural, precisamos criar elementos para a exploração das vantagens comparativas do país, seja energia renovável, a forte produção agrícola ou uma nova cadeia como a do pré-sal",disse. De acordo com Passos, além dos recursos naturais o Brasil tem vantagens de curto prazo, como a janela demográfica, que permitirá ao país ter uma população economicamente ativa relevante, formando em pouco tempo imensa força de trabalho e um novo mercado interno. "Temos a oportunidade de fazer uma transição para uma economia de baixo carbono, com aumento da eficiência energética e do transporte. Para isso, os padrões do uso de transportes terão que mudar, de forma associada aos investimentos nas tecnologias de bioenergia, novos materiais e processos produtivos. Mas temos que ser ambiciosos e buscar a liderança mundial em bioenergia, química verde, alimentos sustentáveis e outrasáreasquesãonossavocação",disse. José Geraldo Eugênio de França, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, destacou que o Brasil passou porumarevoluçãoverdee,hoje,aagriculturarepresenta quase um terço da economia do país, empregando 40% dapopulação. O país, segundo ele, tem um dos mais baixos preços de alimentos do mundo. Mas a ambição deve ser levada mais longe, pois há potencial para se tornar o primeiro produtormundialdealimentos. "Já estamos na terceira colocação, tendo ultrapassado o Ministros aplaudem Lula

Canadá recentemente. A grande questão é chegar a esse objetivo adotando o princípio do respeito ao meio ambiente e à sustentabilidade. Estamos convencidos de quepodemosfazerisso",afirmou. Segundo França, os pesquisadores são responsáveis pelo redesenho de uma nova agricultura menos dependente dos insumos, com maior produtividade baseadanabiotecnologiaenananotecnologia. "Hoje, temos 8 milhões de hectares de cana-de-açúcar que não empregam inseticidas e 22,5 milhões de hectares de soja com uso de bactérias no lugar do nitrogênio mineral. Assim como a China escolheu ser a fábrica do mundo, podemos nos tornar o grande produtor de alimentos, matérias-primas e biocombustíveis. Mas não há como fazer isso sem muita ciênciaesustentabilidade",disse.

Ausência de um marco legal A ausência de um marco legal adaptado ao ambiente da Ciência, Tecnologia e Inovação ainda traz dificuldades a implementação dos avanços estabelecidos pelas novas políticas públicas e leis da inovação. Esse foi um dos desafios destacados pelo presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCT), Luís Fernandes, na coordenação da sessão Ambientes Econômicos Propícios à Inovação, evidenciando as dificuldades enfrentadas pelos empresários e pelos próprios gestores depolíticasdeincentivoàinovação. Indicando que, especialmente, a área tributária precisa se adaptar à incerteza inerente às atividades de geração de tecnologias inovadoras, Fernandes exemplificou a ausência desse apoio generalizado, no caso da tributação pela Receita Federal incidir sobre incentivos dados pelo próprio Governo, como no caso da Subvenção Econômica concedida pela Finep às empresas. O diretor presidente do Grupo Ultra, Pedro Wongtchowski, destacou a mudança da realidade econômica das empresas, que passaram a buscar a inovação para responder a um mercado que hoje exige menor custo e maior qualidade, eficiência e competividadedosprodutos. O universo macroeconômico, envolvendo questões como juros altos e limitações logísticas, no entanto, aler tou o empresário, tem atravancado o desenvolvimento completo do ciclo da inovação. Destacando os avanços nas políticas de inovação,

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Fernando Haddad, ministro da Educação

WongtchowskiadvertiuqueinstrumentoscomoaLeido Bem se aplicam ainda à parcela reduzida das empresas que declaram o lucro real, e não à maioria que deduz seus impostos com base no lucro estimado. O executivo também se queixou da má interpretação da propriedade intelectual, que incute uma porcentagem alta de royalties para as universidades, quando essas representamapenasumelodacadeiadainovação. Representando a Confederação Nacional da Indústria (CNI), seu vice-presidente Rodrigo da Rocha Loures lembrou que o fato econômico não acontece isolado, mas em um ambiente cultural que precisa ser propício ao investimento. O empresário destacou que a inovação deve permear todos os campos da atividade humana, através do incentivo à cultura do empreendedorismo. Para isso, afirma que desde a educação até o ambiente da pesquisa e desenvolvimento tecnológico devem se pautar pelas demandas do mercado. Na dimensão política, Loures reinvidicou o esforço geral de articulação entre a comunidade empresarial, acadêmica e pública voltado para as necessidades locais e não para metas como publicações em revistas estrangeiras, que hoje aindapontuamasexigênciasdeapoioàspesquisas. Ernani Torres, superintendente da área de pesquisa e acompanhamento econômico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), relator da sessão, destacou o investimento crescente em inovação ocorrido no país nos últimos seis anos. Entre os fatores de otimismo para o cenário de novos investimentos ele apontou a retomada do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) a índices superiores a 5% ao ano e a sobrevivência, praticamente intacta, da economia brasileira à crise internacional. Entre os desafios a serem superados, o executivo do BNDES apontou juros elevados e o déficit do país em conta corrente. Criação de uma Rede Nacional de Popularização da Ciência, Tecnologia e Inovação A proposta é que a rede seja coordenada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e tenha participação de outros ministérios, como o da Educação e o da Cultura.“É necessário ter mais recursos e que eles sejam contínuos. Precisamos que outros ministérios estejam envolvidos porque eles também fazem parte do processo de educação e incentivo”, disse o representante do Espaço Ciência, de Pernambuco, Antonio Carlos Pavão. O antropólogo e representante do Museu Nacional, OtávioVelho, afirma que o diálogo é fundamental para o

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A busca por mais investimentos para Ciência e Tecnologia e a dificuldade de interação entre universidades e empresas é um problema complexo não só no Brasil, mas mundial

processo científico. “Muitos cientistas acreditam que a pesquisa deles não é questionável. É uma obrigação de todos [pesquisadores] ter interação entre cientistas e outros setores da sociedade.A partir dessa discussão podem surgir pontos importantes para o estudo”, disse. Os eventos realizados para a sociedade em geral são oportunidades para que haja esse diálogo. “A semana Nacional de Ciência e Tecnologia é um bom exemplo. Foram mais de 20 mil atividades em mais de 500 municípios no ano passado. As pessoas conhecem mais sobre C&T e como ela é importante para o dia-a-dia”, disse o diretor do Departamento de Popularização da Ciência e Tecnologia do MCT, Ildeu de Castro. Institucionalidade: Visão Sistêmica e Integrada para a Ciência, Tecnologia e Inovação – CT&I OsecretáriodeDesenvolvimentoTecnológicoeInovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (SETEC/MCT), Ronaldo Mota, coordenador do debate, ressaltou a importância de se discutir a institucionalidade sobre vários pontos de vista, tendo como base fundamental um Plano de Ações Plurianuais, Instituições reguladoras, a consolidação de um sistema nacional, marcos regulatórios e a conexão entre Ciência Tecnologia e Inovação,entreoutros. A produção científica do Brasil tem crescido acima da média mundial, o País também passou a formar mais doutores e mestres, mas a inovação ainda é um desafio a ser alcançado por toda a sociedade. O caminho a ser seguido deve estar apoiado na articulação e na coordenação entre governos e diversos atores envolvidos para alcançar competitividade internacional eatenderasdemandasdasociedade. Competência tecnológica é a chave do sucesso empresarial O gerente-executivo do Centro de Pesquisa da Petróleo Brasil (Petrobras), Carlos Tadeu Fraga, disse que a competência tecnológica é a chave do sucesso empresarial. De acordo com ele, um grande exemplo é a Petrobras, empresa mais inovadora no mundo nas áreas de óleo e gás. Para Fraga, é fundamental a integração entreempresas,governoeinstitutosdepesquisa. O presidente da Siemens Brasil, Adilson Antonio Primo, defendeu melhores políticas de comércio exterior para alcançar a internacionalização das empresas, proporcionando capacidade de competir mundialmente. ”Precisamos criar mecanismos para melhorarocontatoentreempresasegoverno”,disse. Na visão do professor Carlos Américo Pacheco, da

Universidade de Campinas (Unicamp), são necessários marcos regulatórios que estimulem a inovação. Para ele, ainda é precária a cultura de inovação no meio privado. “A capacidade de competir das empresas depende de sua capacidade de inovar”, disse Pacheco.O professor explicou que a inovação é um fenômeno econômico definidopelaconcorrênciadomercado. Há um consenso entre os representantes do setor empresarial da importância da inovação para o crescimento da economia no mundo. Eles anunciaram o compromisso de, em 4 anos, dobrarem o número de empresasqueadotampolíticasinovadoras.

Desenvolvimento sustentável João Onofre, superintendente de Ciência eTecnologia de Mato Grosso do Sul (Sucitec), falou sobre a infraestrutura e distribuição de recursos para área da ciência e tecnologia. E ainda, a proposta para a formação de institutos de pesquisa científica do Pantanal e do Cerrado”. Segundo informações do MDS, pesquisadores, analistas, empresárioserepresentantesdasociedadecivildebateram e formularam propostas para a consolidação de uma política de Estado em ciência, tecnologia e inovação que tenha como foco principal o desenvolvimento sustentável. As mudanças climáticas, energia, recursos naturais, desigualdades regionais, educação científica de qualidade em todos os níveis, o uso da ciência e tecnologia para o desenvolvimento social e saúde estiveram entre os temas maisdiscutidosnoevento. Diagnósticodosprincipaisdesafiosparaaciêncianopaís Apoio à ciência fundamental, retomada das altas taxas de formação de doutores, aumento do impacto internacional e investimentos focados nos centros de excelência estão entre os tópicos destacados pelos

participantes da plenária "A ciência básica e produção doconhecimento:umdesafioparaoBrasil". De acordo com Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, um dos conferencistas, o Brasil tem ficado ano após ano, desde o início da década de 1990, entre os quatro países com maior crescimento em número de artigos científicos publicados. Em termos qualitativos, também houve progressos importantes, com artigos de pesquisadores brasileiros tendo cada vez maisdestaqueemimportantesrevistasinternacionais. "A ciência nacional tem experimentado uma ascensão vigorosa em quantidade e qualidade. Um dos nossos desafios, nesse contexto, é a questão do impacto dessa ciência produzida no Brasil. A evolução do número de citações é crescente, mas ainda está abaixo da média mundial",destacou. Outro desafio, segundo Brito Cruz, é retomar o aumento na taxa de crescimento da formação de doutores. Até 2003, o número de doutores formados crescia cerca de 18% anualmente. Desde então, passou a crescer a aproximadamente5%aoano. "Os números mostram que existe alguma restrição importante operando no sistema brasileiro, 'puxando o freio de mão' da formação de doutores. É preciso multiplicar por três o número de pesquisadores para o BrasilatingirpatamaressemelhantesaodaEspanha,por exemplo",afirmou. Brito Cruz destacou também o desafio de apoiar a ciência fundamental. Segundo ele, o mundo vive um momento excessivamente utilitarista e há uma pressão para que as pesquisas sirvam para fazer as empresas mais competitivas, curar doentes ou gerar riquezas. No entanto, é preciso valorizar a ciência que tem a função de tornarahumanidademaissábia. "Não se pode privilegiar uma vertente. É preciso ter as duas coisas. A FAPESP tem uma excelente experiência nessesentido,oferecendoformasdeapoiovoltadaspara projetos ousados que necessitam de cinco anos ou mais para serem realizados. A ciência básica, por não ser utilitarista, eventualmente pode precisar de prazos mais longos,especialmenteemcertasáreas",explicou. Brito Cruz defendeu que a pesquisa básica receba apoio institucional. "Se o Brasil quer ter uma ciência competitiva,asinstituiçõesprecisamdaraopesquisador apoio semelhante ao oferecido pelos concorrentes. O cientista deve se preocupar em fazer ciência, não em fazer prestação de contas, ou buscar visitantes no aeroporto", disse, sob aplausos do auditório lotado.

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É fundamental a integração entre empresas, governo e institutos de pesquisa

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João Onofre, superintendente de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (Sucitec)

Samuel Pinheiro Guimarães, ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), fala no encerramento da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Informação

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A demanda do mercado empresarial brasileiro por Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) ainda é pequena porque as multinacionais pouco inovam no País e a maioria das empresas atua em setores que demandam pouca Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).

Pequena influência Sergio Danilo Junho Pena, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destacou que o Brasil chegouao13ºlugaremnúmerodepublicações–tendo ultrapassado recentemente a Holanda e a Rússia –, mas estáapenasem24ºnorankingdecitações.Segundoele, vários fatores explicam o descompasso entre a força da ciência nacional e sua influência no cenário internacional. "Um desses fatores é que a nossa pesquisa está baseada na pós-graduação. O aluno precisa partir de um projeto, com um fim já em mente e com um prazo imposto para terminar. A pesquisa resultante é muito conservadora, desprovidadeinovação",disse. Além disso, segundo Pena, outro desafio a ser enfrentado é a pulverização de recursos. "Há uma tentativa de tentar forçar o investimento pulverizado para privilegiar estados com menos recursos. Mas o correto seria investir onde já há excelência, para evoluir maisaindanoconjunto",defendeu. Outro desafio a ser enfrentado seria repensar o tipo de demanda feito pelas agências de fomento, que exigem projetos com começo, meio e fim perceptíveis para os avaliadores. "Chamo isso de demanda criacionista, porque parte do pressuposto de que a ciência tem um 'design inteligente'. A metodologia da ciência não é um desenho, ela ocorre naturalmente, por seleção natural de ideias. Precisamos ser evolucionistas nesse sentido", disse. Pena citou o cientista Linus Pauling, que dava a receita paraaconcepçãodeboasideias:termuitasideiasejogar fora as ruins. "Para identificar as ideias ruins, é preciso ter experimentação e, para isso, é preciso ter recursos. Na pesquisa de risco, é preciso apostar de vez em quando 44| REVISTA AMAZÔNIA

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em ideias inovadoras e não apenas naquilo que já se mostra bom a priori. A solução adequada seria voltar o foco, pelo menos em alguns casos, para a trajetória do pesquisadorenãoexclusivamenteparaoprojeto",disse.

Inserção internacional Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), chamou a atenção para a contribuição das fundações de amparo à pesquisa (FAPs) para a ascensão da ciência brasileira. "As FAPs atuam em conjunto e apresentam várias propostas de políticas públicasenvolvendoórgãosdaesferafederal",disse. Para Palis, o maior desafio será multiplicar por três, até 2020, o contingente de pessoal envolvido com ciência, de técnicos de laboratório a doutores. "Temos que aceleraresseprocessosemperderqualidade.Issoexigirá um esforço muito grande da comunidade científica e empresarial. Será preciso aumentar os investimentos em ciência para atingir, em dez anos, um patamar de cercade2%doPIB",afirmou. Segundo Palis, a presença internacional da ciência brasileira aumenta continuamente e o país passou a atuar em instâncias como o G8+5 de Academias de Ciência, o Fórum Internacional de Ciência e Tecnologia para a Sociedade (STS Forum), a Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento (TWAS), o International Council for Sciences (ICSJU), a Rede Interamericana de Academias de Ciências (Ianas), o InteracademyPaneleoInteracademyCouncil. "Possivelmente, em 2013 também estaremos no Fórum Mundial de Ciências. A cooperação internacional é vital paraonossoavançocientífico",disse. Segundo Jailson Bittencourt de Andrade, do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia, no fim do século 20 as fronteiras entre as várias disciplinas foram apagadas, especialmente nos casos da química,

biologia, física e matemática. Os principais desafios científicos, segundo ele, estão nessas fronteiras e não maisnosnúcleosdurosdasdisciplinas. "O grande desafio é fazer um redesenho institucional e conceitual do sistema de pesquisa. Do lado conceitual, o foco não deve ser mais as disciplinas. Do lado institucional, é preciso repensar os departamentos que formam as universidades e, hoje, estão em sua maior p a r t e o b s o l e t o s, f o r m a n d o b a r re i r a s à interdisciplinaridade",disse. Segundo Andrade, a agenda do século 21 envolve a sustentabilidade e a inovação, em um contexto no qual os sistemas de energia, água, meio ambiente e alimentosestãointegrados. "Essa agenda implica uma visão sistêmica e conectada entre ciência básica e tecnológica. Nessa agenda, é preciso educar para inovar e inovar para educar", defendeu.

Tendências inovativas Na sessão "Nova geração de políticas de CT&I", a presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Lucia Carvalho Pinto de Melo, destacou que os pilares de um sistema moderno de CT&I se baseiam em três elementos: consenso nas escolhas estratégicas, confiançaecooperação. "A confiança no ambiente para a inovação se fundamenta na relação entre os atores do sistema e na segurança jurídica. A cooperação na execução das políticas deve se dar tanto entre esses atores como entre o público e o privado. Esse sistema de CT&I alimenta o processodecisório,quedeveelegerprioridades",disse. Segundo Lucia, até a década de 1960 o processo de produção do conhecimento era entendido como um fator socialmente neutro: bastava fazer ciência que isso seria suficiente para que a sociedade a absorvesse e dela

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Exposição de paineis no encerramento da 4ª CNCTI

A 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável foi uma realização do Ministério da Ciência e Tecnologia; do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE); do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti); e do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap). tirasse proveito. Mas, desde então, a visão começou a mudar e a CT&I passou a ser vista como um instrumento paraodesenvolvimentosocial. "Nos últimos 20 anos, as tecnologias da informação proporcionaram uma mudança radical e a CT&I passou ser tratada como elemento fundamental para a competitividade do país. Essa tendência deverá se intensificar ainda mais no futuro. Hoje, o papel da CT&I como vetor de transformação econômica e social já é consideradoumconsensoemmuitospaíses",disse. Lucia acrescentou que, além da transformação provocada por diversas tecnologias emergentes - como as tecnologias da informação e da comunicação, a biotecnologia e a nanotecnologia -, novos atores e novos setores da sociedade passaram a fazer parte do processodeproduçãodeconhecimento. "As redes sociais também trouxeram um impacto importante para geração de políticas científicas e tecnológicas. Mas não há uma forma única de organizar esses atores e agentes para acelerar a produção de conhecimento. Trata-se de um processo dinâmico que precisa ser continuamente estudado, com o desenvolvimento de novos indicadores e de novas lógicasdeorganização",afirmou. Howard Alper, professor da Universidade de Ottawa, analisou a experiência do Canadá com políticas de CT&I nos últimos três anos. Segundo ele, o país tem procurado enquadrar suas políticas nas novas

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tendências mundiais de estratégias de apoio à pesquisa científicaetecnológica. "O governo canadense investiu US$ 10,4 bilhões no período 2008-2009. Cerca de US$ 3 bilhões foram destinados ao apoio à educação de nível superior. Os programas diretos de apoio às empresas receberam cerca de US$ 1 bilhão. O governo também apoia a inovaçãopormeiodeincentivosfiscaisaosetorprivado", disse Alper, que é presidente do Conselho de Ciência, TecnologiaeInovaçãodoCanadá. Segundo ele, o setor empresarial realiza 54% das atividades de pesquisa e desenvolvimento no Canadá. O sistema de ensino superior realiza 35% e o governo 9%. "A parte do governo é pequena, mas extremamente importante, porque é direcionada para alvos específicos, proporcionando a liberdade para investir em prioridades",disse. Alper afirmou que o Canadá tem necessidade de muito mais investimento de empresas em CT&I. "E precisa também aproveitar melhor sua mão de obra qualificada", afirmou. O país elegeu, segundo ele, quatro áreas prioritárias para investimentos em CT&I: "ciências e tecnologias ambientais", "recursos naturais e energia", "ciências e tecnologias de saúde e da vida" e "tecnologiasdainformaçãoedacomunicação". "As prioridades foram estabelecidas com base no trabalho do Conselho de CT&I canadense, que procura estabelecer uma abordagem moderna de políticas de inovação. O conselho é enxuto para poder fortalecer a voz de especialistas externos. Com isso, ajudamos o governo a lidar com os complexos assundos de CT&I", disse.

Ambiente favorável à inovação

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Mario Cimoli, especialista em estudos sobre Economia da Tecnologia da Comissão Econômica para a América

Latina e o Caribe (Cepal), ressaltou que uma política de CT&I moderna deve estar coordenada com as políticas industriaiseeducacionais. "Esse é o conceito básico. Não se pode fazer boas políticas científicas sem associá-las às boas políticas industriais e educacionais. Outro fator fundamental para que essas políticas funcionem bem, dentro de uma concepção contemporânea de CT&I, é que os investimentos em ciência aumentem incessantemente aolongodotempo",afirmou. Para o economista argentino, o Brasil está conseguindo semanteremconsonânciacomastendênciasmodernas das políticas de CT&I, ao contrário dos outros países da AméricaLatina. "Na Cepal temos conversado com governos de muitos países e é comum que tenhamos que explicar, por exemplo, que é preciso fazer políticas de CT&I, que o desenvolvimento requer investimento do Estado, que é preciso formar recursos humanos para pesquisa e que o mercado sozinho não vai resolver a necessidade de inovação e competitividado do país. No Brasil essa discussãoestámuitomaisavançada",avaliou. Segundo Cimoli, ao aumentar os gastos com CT&I, os governos sinalizam que o conhecimento é uma variável importante entre as prioridades do país. Isso torna o ambientepropícioàinovação. "No entanto, na América Latina, com exceção do Brasil, a política de CT&I é considerada uma responsabilidade restrita ao ministro de Ciência e Tecnologia, que geralmente se limita a aplicar os modelos desenvolvidos nosEstadosUnidos",afirmou. Para Glauco Arbix, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), há uma crescente maturidade no debatesobreCT&InoBrasil. "A maneira como as instituições empresariais tentam tratar a tecnologia tem, hoje, uma perspectiva completamente diferente da que víamos há alguns anos. Temos que aproveitar este momento para dar um saltoemtermosdeCT&I",disse. Segundo Arbix, o Brasil está se transformando em uma referência para a América Latina no campo de políticas de CT&I. Mas, segundo ele, o país ainda tem muito a avançar. "É importante ser a referência para o continente, mas o Brasil tem condições de assumir um papel ainda mais significativo no plano internacional", afirmou. De acordo com ele, ainda que haja uma série de problemas - como as dificuldades burocráticas, e a tendência a avaliar projetos empresariais como se fossem projetos acadêmicos, por exemplo -, o Brasil adquiriu uma sofisticação institucional na área de CT&I queéencontradaempoucospaíses. Arbix defendeu a criação de uma agência nacional de inovação com peso, recursos e capacidade de patrocinar e articular a interação entre programas, instituições e políticasdeCT&I. "Defendo que essa agência não seja ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, mas à própria Presidência da República, para sinalizar que se trata de uma ideia prioritária. O Brasil é muito grande para ter programas pequenos. Precisamos hierarquizar e selecionar melhor nossasprioridades",disse. REVISTA AMAZÔNIA |45

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Solenidade de abertura do Sustentar 2010

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Fórum Internacional pelo Desenvolvimento Sustentável No ano em que é celebrado o Ano Internacional da Biodiversidade, o Sustentar 2010 reuniu em Belo Horizonte entidades, executivos, líderes e autoridades ambientais Fotos Douglas Trent e João Pinheiro

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elo Horizonte sediou o Sustentar 2010 - 3º Fórum Internacional pelo Desenvolvimento Sustentável. Este ano, importantes temas a ce rc a d o A n o I nte r n a c i o n a l d a Biodiversidade foram levantados e debatidos entre os convidadoseosparticipantesdoevento. Situado entre os mais representativos eventos sobre Sustentabilidade, o Sustentar reuniu, no Minascentro, especialistas, executivos, lideranças e autoridades ambientais do país e do exterior para debater e propor soluções para problemas sociais, ambientais e econômicos. Em 2010, o tema central do Sustentar foi “Construindo caminhos: Liderança e Empreendedorismo Socioambiental”. O assunto foi debatido durante os três dias de evento por meio de seminários, cursos, workshops e fóruns, que teve a participação de 240 palestrantes, sendo seis deles internacionais. Empresas e entidades de diversos setores,comoPetrobras,FundaçãoDomCabral,Governo de Minas, SindiExtra/Fiemg, UFMG e Ibram, levaram para dentro do Minascentro experiências, cases e discussões.

Roberto Messias Franco, consultor ambiental e ex-Presidente do IBAMA, durante o Painel Mineração Sustentável Bob Willard, um dos principais especialistas em estratégias de sustentabilidade corporativa

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Sustentar 2010 Simultaneamente ao Sustentar aconteceu o 3º Salão de Tecnologias, Produtos e Serviços Socioambientais, formado por estandes de várias instituições como a Cooperarvore, ACMinas, Fundação Dom Cabral, Fiat do

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Um dos estandes do 3º Salão de Tecnologias, Produtos e Serviços Socioambientais

Mário César Mantovani, diretor de Mobilização da SOS Mata Atlântica, durante o 3º Fórum Internacional pela Responsabilidade Socioambiental

Brasil, Governo de Minas, Cemig, Souza Cruz, V&M do Brasil, INDI, Asmare, MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia), Editora Atlas, Maxtemper, SOS Falconiformes, Asmare, Arca Amaserra, Inhotim, Vivere Mudas, entre outros. Além disso, a apresentação do Sambalelê do Grupo Corpo Cidadão, durante a abertura, e do Coral da Petrobras, no segundo dia de evento, encantaramopúblico. O evento ainda contou com a participação de convidados internacionais como o canadense Bob Willard, um dos principais especialistas em estratégias de sustentabilidade corporativa, e o ecólogo americano Douglas B.Trent.Willard faz uso da sua experiência de 34 anos na liderança da IBM Canadá para engajar a comunidade de negócios de forma proativa em evitar riscos e capturar as oportunidades associadas com as

questões ambientais e sociais. Já Trent desenvolveu projetos bem sucedidos no Brasil, como a criação da Reserva Ecológica do Jaguar, no Pantanal, e trabalhos com o Macaco Muriqui em Caratinga, Minas Gerais. Outros convidados internacionais que marcaram presença no Sustentar foram o italiano Lionello Punzo, da Universidade de Siena, e o pesquisador em Ecologia, Phillip Fernside, identificado pelo Instituto de Informações Científicas (Thomson-ISI) como o segundo cientista no mundo mais citado na área de aquecimento global. O evento deste ano contou com mais de 3.650 inscritos, distribuídos em 22 atividades simultâneas, e o resultado foi bastante positivo. Para os coordenadores, o Sustentar possibilitou que os participantes refletissem e despertassem para a conexão com a natureza, deixando de ser apenas espectadores, para ficarem mais

Estande da Souza Cruz no 3º Salão de Tecnologias, Produtos e Serviços Socioambientais

integradas à biodiversidade. Além disso, um dos destaques do evento ficou por conta das novas tecnologias socioambientais. Soluções e formas de replicar essas tecnologias foram divulgadas e discutidas durantetodooevento. Os coordenadores do Sustentar 2010 Douglas Trent, Jussara Utsch e Roberto Fagundes

Durante o Fórum Comunicação e Responsabilidade Socioambiental

Coral da Petrobras durante apresentação no Sustentar 2010 Fórum Legislação e Sustentabilidade

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A 3ª FIBoPS - Feira e Congresso Internacional de Boas Práticas Socioambientais Vencedores comemoram juntos a conquista

Fotos Alecio Cezar

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FIBoPS, considerado o maior intercâmbio internacional pro-sustentabilidade do país, recebeu mais de 5 mil pessoas em 03 dias de intensa programação e muitas inovações em termos de produtos e práticas dentro dos princípios dasustentabilidade. O publico visitante conheceu as tecnologias brasileiras para atender as demandas da sustentabilidade. No quesito mobilidade urbana, um tema critico e relevante para as grandes cidades, estavam expostos o carro elétrico da Itaipu, a primeira moto bi-combustível da 48| REVISTA AMAZÔNIA

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HONDA, bicicleta urbana elétrica da General Wings, e a novidade do primeiro carrinho elétrico para catadores, também da Itaipu. A Feira reuniu também inovações trazidas por outros expositores: produtos naturais (governo da Amazônia),as boas práticas do campo (sistema FAESP/SENAR) e do empreendedorismo (SEBRAE SP), além dos cases Benchmarking das 28 empresas selecionadas para integrar o Ranking dos MelhoresdaGestãoSocioambientalBrasileira. No que diz respeito aos conteúdos e conceitos da sustentabilidade, a FIBoPS contou uma intensa

programação que atraiu um publico qualificado e formador de opinião: congresso internacional com representantes de 8 diferentes países, salas técnicas com palestras e oficinas, e um espaço interativo com atrações artísticas e culturais. Em síntese, todas as formas de expressão, conhecimento e produção alinhados com os princípios e diretrizes da sustentabilidade estiveram reunidos no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.Maisde100speakersnototal. A apresentação do Ranking 2010 foi feita pela apresentadora e atriz, Laura Wie e contou com a

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Publico passeia pelos corredores

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presença de um seleto publico convidado especialmente para este evento fechado. A solenidade foi aberta com o Road Show da Sustentabilidade exclusivamente preparado pelos conferencistas internacionais Leila Navarro e José Maria Gazalla. A entrega dos troféus e certificados aos vencedores foi feita por especialistas e conferencistas de vários países, representantes da mídia especializada e autoridades presentes. Para integrar o Ranking Benchmarking, é necessário antes passar pelo crivo de uma comissão técnica multidisciplinar que pontua os cases sem ter acesso ao nome da empresa. As empresas rankeadas foram aquelas que apresentaram excelência em suas práticas, comprovando evidências do compromisso da empresa comosprincípiosdasustentabilidade. Em 2010, a comissão técnica contou com 15 especialistasde06diferentespaíses.

6º Cabanellos Schuh Advogados Associados, com o case SIGMA – Advocacia e Ecoeficiëncia 7º Firmenich, com o case P+L na Produção de Aromas 8º Kinross Paracatu, com o case Programa de Educação Ambiental 9º Construtora Andrade Gutierrez, com o case Projeto Baleia Franca 10º Moto Honda da Amazônia, com o case Motocicleta Bicombustível 11º Eucatex, com o case Casa da Natureza Eucatex 12º Celulose Irani, com o case Programa de Educação Ambiental 13º Carbocloro Indústrias Químicas, com o case Programa

Fábrica Aberta 14º ArcelorMittal Brasil, com o case Programa de Sustentabilidade 15º EDP Energia, com o case Letras de Luz 16º ArcelorMittal Tubarão, com o case Programa Novos Caminhos 17º Instituto Embratel 21, com o case Tecnologia e Educação Ambiental 18º Banco Bradesco, com o case Gestão de Resíduos Tecnológicos 19º Consorcio de Alumínio do Maranhão – Alumar, com o case Recuperação de Manguezal 20º AGCO - Unidade Valtra do Brasil, com o case Programa de educação ambiental 21º Braskem, com o case Unidade de Reuso e Reciclo UNIB 22º AGCO do Brasil, com o case Gestão Corporativa de HSE 23º Suzano Papel e Celulose, com o case Matriz de Desempenho Social 24º Souza Cruz SP, com o case Carta aos Varejistas 25º PepsiCo do Brasil, com o case Calculadoras de Impacto PepsiCo 26º LLX Açu Operações, com o case LLX AÇU Educação e Pesca 27º PepsiCo do Brasil, com o case Cadeia Sustentável – PepsiCo

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Ilha Benchmarking com os cases 2010

Os Case dos Vencedores do Benchmarking 2010

Ranking Benchmarking 2010 DetentoresdasMelhoresPráticas 1º Sama Minerações Associadas, com o case Programa Sambaíba Artesanatos 2º Walmart Brasil, com o case Sustentabilidade de Ponta a Ponta 3º Duke Energy, com o case Programa de Promoção Florestal 4º Souza Cruz MG, com o case Gestão de Resíduos Sólidos 5º Neoenergia, com o case Energia Verde Neoenergia Road Show da Sustentabilidade comandado pelos conferencistas internacionais, Leila Navarro e José Maria Gasalla

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Biodiversidade começa a aparecer na agenda empresarial

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íderes empresariais de países em desenvolvimento ricos em biodiversidade estão cada vez mais preocupados com a perda do "capital natural", de acordo com o relatório "The Economics of Ecosystems and Biodiversity (TEEB) forBusiness",divulgadorecentemente. Mais de 50% dos CEOs pesquisados na América Latina e 45% na África estão preocupados com o declínio da biodiversidade, enquanto menos de 20% dos CEOs entrevistados nos países da Europa ocidental partilham da mesma preocupação. O estudo indica que os executivos que falharem em incluir o manejo sustentável da biodiversidade em seus planos de negócios, podem acabar ficando fora de sintonia com o mercado. Segundo Pavan Sukhdev, economista daTEEB e chefe da Green Economy Initiative, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a "importância econômica da biodiversidade e dos ecossistemas está começando a aparecer. Alguns empresários, de determinados setores e em alguns continentes, já estão agindo para construir empresas sustentáveis, do século 21". Recentes estudos apresentados no relatório da TEEB indicam que 60% dos consumidores entrevistados na América e Europa, e mais de 90% no Brasil, estão conscientes da perda da biodiversidade. Mais de 80% desses consumidoresdeixariamdecomprarprodutosde companhias que não incorporam questões éticas em suaspráticas.

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Pavan Sukhdev, economista da TEEB e chefe da Green Economy Initiative: a "importância econômica da biodiversidade e dos ecossistemas está começando a aparecer”

Sociedade, Ecologia, Economia

Além disso, de acordo com a TEEB, a consultoria britânica TruCost deve lançar um estudo que lista as atividades de 3 mil companhias ao redor do mundo, estimando o impacto dessas empresas, ou "externalidades ambientais", em umtotaldeUS$2,2trilhõesporano. "Estamos entrando em uma nova era em que as perdas de vários trilhões de dólares de recursos naturais estão começando a

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moldar os mercados e as preocupações dos consumidores", explica o diretor-executivo do Pnuma, AchimSteiner. O documento cita casos bem sucedidos de políticas empresarias para a biodiversidade e ecossistemas, como o caso da mineradora Rio Tinto, que se comprometeu a atingir impacto positivo (Net Positive Impact) na biodiversidade; e outras iniciativas, como a doWalmart, CocaColaeBCHydro. Leia o relatório "The Economics of Ecosystems and Biodiversity (TEEB) for Business", na íntegra em http://www.teebweb.org/

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Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade TEEB

incentivos, a responsabilidade ambiental, a contabilidade de renda nacional, análise custobenefício e métodos para a aplicação de instrumentos tais como pagamentos de Serviços Ambientais (PSA) * TEEB-D3 permite um fácil acesso às principais informações e ferramentas para a prática empresarial melhorar relacionamentos com a biodiversidade – a partir da perspectiva de gerenciamento de riscos, identificação de oportunidades, e medir os impactos sobre os ecossistemas de negócios e biodiversidade. * TEEB-D4 tem como objetivo sensibilizar o público para a contribuição dos serviços dos ecossistemas e da biodiversidade para o bem-estar humano, do impacto de um indivíduo sobre a biodiversidade e os ecossistemas, bem como a identificação de áreas onde a açãoindividualpodefazerumadiferençapositiva.

É uma importante iniciativa internacional para chamar a atenção para os benefícios da economia global da biodiversidade, destacar o custo crescente da perda da biodiversidade e degradação dos ecossistemas, e de reunir competências nos campos da ciência, da economiaepolíticaparapermitirqueaçõesconcretasde avançar.

Metas e objetivos da TEEB ®O estudo TEEB consiste de uma série de relatórios

distintosparausuáriosfinais ®Paraosecologistaseeconomistas(TEEB-D0) ®Para os decisores políticos nacionais e internacionais (TEEB-D1) ®Paraosgovernoslocais(TEEBD2) ®Paraonegócio(TEEB-D3) ® Paraoscidadãos(TEEB-D4)

Os objetivos da série TEEB são os seguintes: * TEEB-D0 visa sintetizar e apresentar os mais recentes conhecimentos ecológicos e econômicos para a estruturação da avaliação dos serviços dos ecossistemas sob diferentes cenários e recomendar metodologias de avaliação apropriadas para diferentes contextos. Tambémtemporobjetivoanalisaroscustoseconômicos

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The Economics of Ecosystems and Biodiversity (TEEB) for Business

globais da perda de biodiversidade e os custos e benefícios de ações para reduzir essas perdas. * TEEB-D1 e D2-TEEB vista ao desenvolvimento da orientação para os decisores políticos a nível internacional, regional e local, a fim de promover o desenvolvimento sustentável e uma melhor conservação dos ecossistemas e da biodiversidade. Este guia inclui uma análise detalhada dos subsídios e

Benefícios da economia global da biodiversidade

Urgência para deter o aumento das temperaturas da superfície do mar se quisermos salvar os recifes de corais do mundo

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Primeira fase para a sustentabilidade: melhorias nos processos de produção Durante os anos 80, as indústrias começaram a entender que fazia mais sentido investir na modificação dos seus processos de produção, dando ênfase à minimização da geração de resíduos e sua reutilização ou reciclagem, do que continuar produzindo da mesma forma e limpar a poluição no final do processo. Em 1989, o PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente lançou o Programa de Produção Mais Limpa (P+L), que possibilitava às empresas fabricarem o mesmo produto utilizando menos energia, menos água, menos matéria prima e gerando menos resíduos para tratamento final. A partir dos anos 90, as indústrias passaram a adotar códigosvoluntáriosdeconduta,comoaSériedeNormas Internacionais ISO 14000 para sistemas de gestão ambiental. Ao adotarem tecnologias mais limpas ou sistemas de gestão ambiental, as indústrias melhoravam seu desempenho ambiental, reduziam seus custos de produção e tornavam-se mais competitivas.

Segunda fase: melhorias no projeto e desenvolvimento de produtos Incorporar metas de sustentabilidade é um passo crítico para o sucesso

ma das transformações mais significativas que pudemos observar nos últimos 30 anos, no contexto da gestão ambiental, foi a mudança da atitude empresarial em relação aomeioambiente. Durante os anos 60, o agravamento dos índices de poluição nos países desenvolvidos exigiu uma ação governamental, que resultou no estabelecimento de padrões rigorosos de qualidade ambiental e de emissão de poluentes industriais. O desenvolvimento de tecnologias visando à redução da poluição industrial foi inicialmente direcionado para a produção de equipamentos para serem acoplados aos processos produtivos existentes (end of the pipe treatment). Os altos investimentos, incluindo operação e manutenção dos equipamentos, resultaram no aumento do custo finaldosprodutos. A atitude empresarial em relação ao meio ambiente era, portanto, predominantemente reativa, pois a competitividade e o meio ambiente eram totalmente antagônicos.

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Numa segunda fase, as indústrias passaram a se preocupar com os impactos ambienais de seus

O conceito do desenvolvimento sustentável O conceito de desenvolvimento sustentável proposto pela Comissão Brundtland como aquele que "atende às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades", foi aprovado pelos países durante a Rio 92.É um conceito fácil de concordar, pois é puro bom senso, mas é também muito vago, e não nos indica o que fazer para atingi-lo. Para alcançar a sustentabilidade, a humanidade terá que enfrentar três grandes desafios, relacionados com o funcionamento da biosfera e com as questões sociais no mundo: a) garantir a disponibilidade de recursos naturais para continuarmos a produzir os bens e serviços que a humanidade precisa em sua vida diária; b) não jogar sobre a Biosfera mais resíduos e poluição do queelapodeassimilar;c)reduzirapobrezanomundo.

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Mudança da atitude empresarial em relação ao meio ambiente

produtos. Foram aprovadas normas da Série ISO 14000 sobreRotulagemAmbiental,AvaliaçãodeCiclodeVidae Introdução de Aspectos Ambientais no Projeto de Produtos Ecodesign. Como as melhorias dos processos de produção e de projeto de produtos melhoraram a competitividade das empresas, a atitude empresarial com relação ao meio ambiente passou a ser pró-ativa. Muitas empresas apresentam hoje desempenho ambiental superior ao exigido pelas normas. Mas a maioria das pequenas e médias empresas ainda acha que cuidar do ambiente é aumentar custos e reduzir competitividade. Nessa época, portanto, uma parte das indústrias estava tentando atender aos dois primeiros desafios para o desenvolvimento sustentável, isto é, estavam produzindo de forma mais eficiente, economizando energia, água e matérias primas, e também gerando menos resíduos para serem absorvidos pela biosfera. Faltava, então, atuar mais ativamente para atender ao terceirodesafio,deajudarareduzirapobrezanomundo.

instaladas e de onde recebem trabalhadores e recursos; e veio substituir as atividades filantrópicas tradicionais dasempresas. Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos, menciona em seu artigo "Gestão da responsabilidade social e do desenvolvimento sustentável", de 2005, os resultados que foram alcançados pelas empresas que optaram pelo caminhodasustentabilidade: a) benefícios tangíveis: redução de custos, melhoria de produtividade, crescimento de receitas, acesso a mercados e capitais, e melhoria no processo ambiental; b) benefícios intangíveis: valorização da imagem institucional, maior lealdade do consumidor, maior capacidade de atrair e manter talentos, capacidade de adaptaçãoediminuiçãodeconflitos.

O novo desafio das empresas: economia de baixo teor de carbono A ONU lançou, em setembro de 2009, o Estudo Econômico e Social Mundial 2009 "Promover o desenvolvimento, salvar o planeta", em que descreve as mudanças climáticas como o maior desafio humano das próximas décadas. A principal preocupação é com a

Terceira fase: responsa bilidade socioambiental das empresas As empresas desempenham um papel social importante na geração de empregos, no pagamento de impostos e na produção dos bens e serviços que necessitamos para a nossa vida quotidiana. Mas no início dos anos 90, o papel social das empresas passou a ser discutido, com a necessidade de elas assumirem um papel mais amplo na sociedade, surgindo então o conceito de Responsabilidade Social Corporativa (RSC). ARSCrefleteanecessidadedasempresasdedevolverem benefícios para as comunidades onde estão

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Empresas que adotam a sustentabilidade muitas vezes acham um subproduto de resíduos em uma empresa como matéria-prima para outra

mitigação, para manter as mudanças dentro de limites aceitáveis. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) concluiu que o aumento da temperatura média global não deve exceder os 2ºC. Acima desse limite, as consequências serão difíceis de prever. O Banco Mundial divulgou, em outubro de 2009, o estudo "A Economia da Adaptação às Mudanças Climáticas", que calcula o custo de adaptação para paísesemdesenvolvimento,comelevaçãode2oC, em cerca de US$ 100 bilhões entre 2010 e 2050. A partir de agora, o grande desafio para as empresas será inovar para atingir uma economia de baixo teor de carbono. A Série ISO 14000 já publicou normas internacionais paraajudaraalcançaresseobjetivo: a) ISO 14064 Partes 1, 2 e 3 GasesEstufa: Especificação para a quantificação, monitoramento e comunicação de emissões e absorção porentidadeseprojetos; b) ISO 14065 Gases-Estufa Requisitos para validação e verificação de organismos para uso em acreditação ou outras formas de reconhecimento.

O grande desafio para as empresas será inovar para atingir uma economia de baixo teor de carbono

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O Comitê Técnico 207 da ISO está desenvolvendo a Norma Internacional ISO 14067 sobre Pegada de Carbono, que é uma medida da quantidade de gasesestufa emitidos durante todo o ciclo de vida de um produto desde a extração de recursos naturais, fabricação, transporte, uso e até sua disposição final, em termos de CO2 equivalente. Permite conhecer e gerenciar as emissões de gases-estufa na cadeia de suprimentos. No Japão, já encontramos rótulos de produtos, como xampus, que indicam a quantidade de gases-estufa emitidos na produção, distribuição, uso e disposição final ou reciclagem da embalagem. Na Suécia, já encontramos rótulos em supermercados que indicam a quantidade gases-estufa emitidos na produção de alimentos. As emissões de gases-estufa de países diferentes produzem o mesmo efeito na atmosfera. Mas produtos similares de países diferentes, ou produzidos por cadeias de suprimento diferentes, podem ter pegadasdecarbonomuitodiferentes. Asconsequênciasdoaquecimentoglobalestãocadavez mais visíveis, como o aumento na frequência e na intensidade dos eventos climáticos extremos, como chuvas mais intensas e mais irregulares, secas mais prolongadas, tufões, furacões, derretimento das geleiras e o aumento do nível dos mares. O grande desafio para a sustentabilidade das empresas, nos próximos anos, será a redução da emissão dos gases-estufa das suas atividades e de seus produtos, contribuindo para o estabelecimento de uma economia com baixo teor de carbono e para que o aquecimento global não ultrapasseos2ºC.

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(*) Presidente do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, professor de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da UFRJ, presidente do Conselho Técnico da ABNT e vice presidente do Comitê Técnico 207 da Organização Internacional de Normalização (ISO)

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Sustentabilidade e responsabilidade empresarial conceito de responsabilidade social das empresas é atual e imprescindível para uma inserção ética e socialmente justificável das instituições no mundo moderno. A responsabilidade que exercem no seio da sociedade, como bem destaca a Constituição Federal, tem ampla abrangência e composição multidisciplinar. Designa as efetivas funções exercidas no tocante a valores sociais concretos, como os direitos humanos, o direito do trabalhoeomeioambiente. O termo, na forma anglo-saxônica, Corporate Social Responsibility (CSR), é recorrente, em especial nas

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empresas multinacionais e de maior dimensão. Observa um novo critério não-financeiro de avaliação, onde são aferidos, entre outros importantes aspectos, a obediência às normas jurídicas vigentes no país de atuação, respeitando, portanto, o Estado de Direito. Além disso, observa outros pontos de importância social equivalente, como “gestão de recursos humanos, a cultura da empresa, a escolha dos parceiros sociais e das tecnologias e obriga a uma abordagem integrada das várias dimensões da empresa”, conforme ressalta a professora portuguesa Catarina Serra, da Universidade doMinho.

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O desenvolvimento sustentável foi inicialmente identificado em 1987, quando o relatório final dos trabalhos da Comissão Mundial das Nações Unidas para o Ambiente e o Desenvolvimento (Comissão Brundtland) destacou que o desenvolvimento sustentável é aquele que responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de responderem às suas próprias necessidades. Em junho de 2001, o Conselho Europeu de Gotemburgo aprovou a “Estratégia para Desenvolvimento Sustentável”, baseada no princípio de que os efeitos econômicos, sociais e ambientais de todas as políticas devem ser analisados de forma coordenada e tidos em conta no processo de decisão. E, em setembro de 2002, em Johanesburgo, em reunião mundial sobre desenvolvimento sustentável, promovida pela ONU, o seu então dirigente maior, Kofi Annan, foi enfático ao pronunciar as seguintes palavras:“Não estamos a pedir às empresas para fazerem algo diferente da sua atividade normal; estamos a pedir-lhes que façam a sua atividadenormaldeformadiferente.” Esse“iter”de atuação diferenciada vem ganhando corpo principalmente na Europa, onde se verificam iniciativas salutares, que têm o propósito de divulgar o conceito entreosmembrosdacomunidadejurídicaeuropéia. Podemos afirmar, entre esse cipoal de iniciativas positivas para fixação do conceito de Responsabilidade Social Empresarial (RSE), que provavelmente a contribuiçãomaisimportantetenhasidoaapresentação pela Comissão das comunidades Européias, em julho de 2001, do chamado Livro Verde (o documento pode ser consultado em: www.csreurope.org), que acaba por definir a RSE como “a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais por parte das empresas nas suas operações e na intersecção com outraspartesinteressadas”. É importante frisar que esse documento traz relevantes diretrizes quanto às formas de gestão (a) interna: relacionada com os trabalhadores; e (b) externa: relativa aos “multistakeholders”, ou seja: investidores, parceiros comerciais,fornecedores,clientesecredores. No primeiro aspecto, vale destacar que as práticas socialmente responsáveis são fixadas no que respeita à saúde e segurança dos trabalhadores, sempre tratandoos como pessoas e cidadãos. Na gestão de mudança, são priorizados direitos e condições em casos de fusão,

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incorporação e outras formas de troca de controle administrativo da empresa, no investimento no capital humano e outras práticas relacionadas ao bem-estar e dignidadedotrabalhador. Na outra ponta, práticas ambientais corretas, gestão de recursos naturais explorados no processo de produção, respeito, transparência e lealdade com a concorrência fazem parte do espectro de critérios sociais e ecológicos na agenda diretiva da empresa, relativa ao seu desenvolvimentoeconômicoeestruturalsustentável. Cumpre destacar que o mais interessante de todo esse procedimento equilibrado e ético de gestão comportamental tem em vista um elemento que lhe é indispensável, qual seja, a voluntariedade deste processo de “boas práticas”, que serve de composto material imprescindível à RSE. Além da voluntariedade, é importante evidenciar o conteúdo dessas chamadas boas práticas. Esse comportamento, socialmente responsável, não se resume e se limita à observância das leis, até porque todos os cidadãos e empresas, de modo geral, estão vinculados a essa obrigação, nem, tão pouco, exige que as empresas exerçam pura e simplesmente filantropia ou caridade pública. A RSE transcendeaobásico. Na verdade, o que se busca, quando se fala em boas práticas em responsabilização social, é a institucionalização desse conjunto de comportamentos, para que produzam efeitos na reputação da empresa e sirvam à mudança de valores da própria sociedade em queestaestáinserida. Obviamente, no médio e longo prazos, esse conjunto comportamental de boas práticas agirá sobre a rentabilidade da empresa, com repercussões nos preços (mais caros) dos produtos – os chamados “preços éticos”–, onde os consumidores suportariam esses custos, na medida em que tais práticas se reverteriam em vantagens sustentáveis a todos, sejam de natureza humana preservativa e ambiental, sejam com melhoras sensíveis à vida cotidiana e do próprio planeta. Surgirá, portanto, disso tudo, um novo ser social – o

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Ainda na audiência pública sobre os povos tradicionais

cidadão/consumidor pessoal e socialmente responsável. Para colocarem em prática essas medidas, as empresas têm à mão instrumentos individuais de materialização desses valores e medidas. São os regulamentos que podem abrigar a uma série de políticas internas voltadas a esse objetivo, além dos chamados códigos de conduta e de ética, que atuam como uma espécie de“declaração formal de valores e práticas comerciais de uma empresa e,porvezes,tambémdosseusfornecedores. Dessa maneira, percebe-se que empresa socialmente responsável traduz-se como aquela que impõe práticas que se integram àquilo que se chama função promocional do Direito. E esse sistema, pautado na função promocional, nada mais faz do que promover a integraçãodeváriosagentesdesuportequecompõemo

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conteúdo da responsabilidade social das empresas, uma vez que entrelaça (chamamos isso de “competência cruzada”) sistemas de todo um universo social, que vai além do simples vetor econômico de lucro que, regra geral, rege as empresas, passando, assim, por outros, como: sistema jurídico, econômico, político, social, cultural e científico, traduzido, ao final, numa espécie de “consciência da empresa”, que auto-regulará seu comportamento sustentável para um bem maior, que é a sociedade da qual faz parte e à qual tem a obrigação moral,éticaesocialdeservir.

(*) Especialistas em Direito do Trabalho e sócios do Peixoto e Cury Advogados

Para colocarem em prática essas medidas, as empresas têm à mão instrumentos individuais de materialização desses valores e medidas

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Sustentabilidade: preparando a gestão sustentável

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sustentabilidade empresarial deve se basear em três aspectos básicos: o ambiental, o econômico e o social. A primeira variável diz respeito ao uso racional dos recursos naturais e maximização dos impactos ambientais positivos no ciclo de vida dos produtos, desde a extração da matériaprima até a sua disposição final. Mais ainda, a empresa tem de preocupar-se também com os impactos ambientais positivos e negativos de sua atividade produtiva. O aspecto econômico trata da sustentabilidade dos negócios das empresas, que devem buscar o lucro e a remuneração do capital. Já o terceiro ponto leva em consideração as políticas de responsabilidadesocial. Esse tripé é o que deve orientar os gestores das empresas, promovendo a interação com o meio ambiente, a fim de garantir o acesso das futuras gerações aos recursos naturais; com o mercado, para preservaracompetitividadeecontinuidadedaempresa; e com seus colaboradores, levando em conta a responsabilidade social. Temos de lembrar, no entanto, que, antes de mais nada, é necessário montar um sistema de gestão, com objetivos claramente estabelecidos. No momento em se incorpora a sustentabilidade dentro da visão e missão da empresa, automaticamente, essas três vertentes devem ser contempladas. Atualmente, os modelos de gestão à disposição das empresas, que englobam esses três aspectos, são encontrados nas normas ISO 9001(Gestão da Qualidade), ISO 14001 (Gestão do Meio Ambiente), OHSAS, ISO 16001 e ISO 26001 (Gestão da ResponsabilidadeSocial). Porém, apesar desses modelos de gestão serem bastante complexos e abrangentes, aderir às normas, por si só, não garante a sustentabilidade empresarial. Para que esses sistemas trabalhem de maneira integradaeeficienteénecessárioumadiretrizúnica,que

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éagovernançacorporativa. A governança corporativa é a capacidade das empresas de garantir uma gestão eficiente, estabelecendo padrões organizacionais para enfrentar os desafios internos e externos, com vistas a um bom desempenho financeiro, ambiental e social. Em resumo, significa consolidar as boas práticas de board, formando um conselho de administração competente, com controles externos eficazes(auditoriaexternadeterceira parte), que cooperem com o CEO a fim de obter uma gestão a mais isenta, transparente e eficiente possível. Isso significa prevenir a adoção de práticas que podem levar as empresas a conduzir sua linha de atuação baseadas em políticas equivocadas. Exemplos comuns são o da pequena empresa onde o proprietário confunda a pessoa jurídica com a pessoa física juntando as finanças num caixa único. Outro caso comum é o da empresas familiares que, em processos de sucessão, desagregam-se em grupos de acionistas que lutam pelo seu controle. Quando conduzidos por critérios não aderentes à governança corporativa, esses embates entre grupos acabam quebrandoaempresa. A governança corporativa é um conceito complexo, mas prepara as empresas para tratar de maneira integrada as restrições advindas do meio ambiente empresarial, das legislações vigentes em um país, das regras de comércio internacional, mercado financeiro, entre outras variáveis. E isso é necessário, pois, cada vez mais, os governos criam regulamentações sobre produtos, relações de consumo, comércio internacional, relações com o mercado e meio ambiente. Isso sem falar nas crises econômicas, especulação financeira, mudanças nos cenários internacionais, competição com os países emergentes, fatores que podem abalar até as empresas maissólidas. Todas essas restrições contribuem para tornar mais difícil a tarefa de gerir as corporações com sustentabilidade, no sentido amplo do termo. O uso de modelosdegestãoconsagradosenormalizadosajudam o administrador a focar sua atenção nesses pontos críticos,queestãoforadocontroledaempresa.Comisso, ele consegue ter bases mais sólidas para enfrentar as crises e adversidades, pois conta com uma estruturada bem organizada e capaz de dar respostas eficientes às

situaçõesadversas. Daí a importância da governança corporativa, estruturada nas boas práticas de gestão que geralmente evitam atitudes pouco recomendadas como a confusão entre pessoa física e pessoa jurídica, o nepotismo, conflito de interesses, entre outras. E incentiva a consideração aos acionistas e aos stakeholders, a ética na condução dos negócios e o respeito ao meio ambienteeàspessoas. (*) Vice-presidente da Fundação Vanzolini (formada por professores do Departamento de Engenharia de Produção POLI/USP)

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A sustentabilidade nos alicerces do desenvolvimento da emissão de outros gases de efeito estufa (GEEs) também pode ser convertida em créditos de carbono – para isso, utiliza-se o conceito de carbono equivalente. Esses créditos podem ser negociados no mercado internacional, onde, grosso modo, os países industrializados adquirem créditos dos países em desenvolvimento, e, dessa forma, obtêm uma espécie deavalparaemitiremGEEsemsuasatividades. O crédito de carbono é gerado quando uma empresa consegue diminuir suas emissões abaixo das cotas determinadas pelas leis em vigor. Quando isso acontece, ela pode vender, a preço de mercado, o excedente de "reduçãodeemissão"ou"permissãodeemissão". O setor da construção civil responde por 40% do consumo de energia, 30% do uso de matérias-primas, 20% da água, 40 % das emissões globais de GEEs, 30 % dos resíduos sólidos descartados e 20 % dos efluentes líquidoslançadosnoscorposd'água.Éumsetorque,por sua própria natureza – sem trocadilhos! –, gera imenso impacto ambiental. Por outro lado, gera empregos para mais de 110 milhões de pessoas ao redor do mundo e recebe investimentos da ordem de três trilhões de dólaresanuais. Unindo agora as pontas de raciocínio, temos um setor economicamente forte, vital para o crescimento econômico de qualquer país, e em especial do Brasil, mas que ao mesmo tempo é ávido consumidor de recursos – e, justamente por isso, pode se transformar em gerador de créditos de carbono, na medida em que for capaz de tomar providências que o tornem sustentável. Um primeiro passo é o uso exclusivo de madeira certificada, ou seja, oriunda exclusivamente de manejo sustentado. O Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC) forneceu as metodologias necessárias para que se estime a contribuição dos Produtos Florestais Madeireiros na redução do carbono atmosférico (antes de se tornar matéria-prima, a Os cuidados ambientais se transformam em bom negócio madeira é árvore, que, quando jovem, captura CO2 da atmosfera). A Organização Internacional de Padronização (ISO) já está desenvolvendo uma norma técnica que permita a contabilizar as emissões de GEEs das cadeias produtivas de vários setores, incluindoodamadeira. Outra medida interessante é priorizar a aquisição de materiais como tijolos e ferro de indústrias que praticam

bilionário americano Sam Zell, do grupo Equity International, esteve recentemente no Brasil para verificar oportunidades e expandir investimentos no País. Zell, que já tem participações em cinco empresas brasileiras, entre elas a Gafisa e a BR Malls, afirmou na ocasião que o país vai muito bem, disse não temer o risco de superaquecimento da economia e elogiou a opção brasileira por apostar no crescimento sem abrir mão da disciplinafiscal. A percepção de Zell está correta. De fato, o Brasil desponta hoje, no cenário mundial, como o mais promissordospaísesemergentes. Mas há lacunas que precisamos preencher nas áreas de infraestrutura – e este quesito abrange um amplo escopo, que vai da universalização do acesso aos serviços básicos de saneamento à ampliação e melhoria dos portos, aeroportos e rodovias, do suprimento das carências da população em termos de moradia à construção de usinas que gerem a energia necessária ao crescimentodoPaís. Há, evidentemente, uma clara intenção por parte dos governos federal e estaduais de converter o Brasil num amplo canteiro de obras. E será muito sábio otimizá-las, ou seja: além de materializar tudo aquilo de que o País precisa, os responsáveis pelas grandes e pequenas obras que estão previstas devem estar atentos à questão ambiental. Isso é necessário por dois motivos. Primeiramente, é imprescindível cumprir uma agenda importante para o povo brasileiro, que cada vez mais clama pelo respeito ao meio ambiente e pela atenção aos problemas sociais. Em segundo lugar, existe uma possibilidade real de gerar créditos de carbono para o País. Neste sentido, os cuidadosambientaissetransformamembomnegócio. Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de carbono. A redução

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Sam Zell, presidente da Equity International

boas políticas ambientais, especialmente no tocante ao uso de energia limpa e à redução do consumo de recursos hídricos. Também é possível implantar, na própria obra, mecanismos para o aproveitamento da luz natural e para o uso racional dos recursos hídricos. Além disso, cada projeto deverá ser pensado de modo a causar o menor impacto possível ao meio ambiente no qual estejainserido. Aliando engenharia de alto padrão e criatividade, as empresas brasileiras responsáveis por tocar as obras que vão colocar o Brasil no caminho do sonhado protagonismo econômico e social poderão desempenhar um papel verdadeiramente transformador – e, principalmente, terão um interessante universo a desbravar no terreno da sustentabilidade. (*) Diretora corporativa da BDO, quinta maior empresa do mundo em auditoria, tributos e advisory services

Brasil é próxima potência mundial, afirma Sam Zell

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A Sustentabilidade do Planeta

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Meio Ambiente X Consumismo

nosso planeta é um organismo vivo. Diante disso é preciso compreender que, como nós, eletambémsofrecomdoençaseulcerações. Algumas delas são próprias de suas metamorfoses, ou seja, transformações geológicas, enquanto outras são provocadas por ações, sobretudo deseushabitantes. Porém, o nosso planeta tem uma determinada capacidade para atender às demandas de seus habitantes ao desenvolverem seus respectivos modos de vida e esta capacidade foi avaliada, nos primeiros anos do novo milênio, pela Fnuap – Fundo das Nações Unidas para Assuntos Populacionais – em aproximadamente sete bilhões de habitantes, já adicionado um valor relativo à capacidade tecnológica queohomemmodernoalcançou. Se olharmos para a situação demográfica do mundo

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pode-se verificar que ainda nos faltam alguns milhões de pessoas para atingirmos os limites do planeta, mas aí está o grande problema: a atual população da Terra vemconsumindodeformadesmesurada. Com o advento da Globalização e a expansão do comércio a que estamos assistindo, nossa sociedade vem se defrontando com graves questões socioambientais, provocando o advento de novos conceitos para a sua melhor compreensão e tomada de posição diante da gravidade do problema que o consumismo excessivovemgerandoaoplaneta. Um dos mais recentes conceitos e que mostra o impacto do consumo desenfreado que marca nossa sociedade é o da pegada ecológica, a qual pode ser definida como a área de terras produtivas que cada Ainda nos faltam alguns milhões de pessoas para atingirmos os limites do planeta...

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pessoa precisa para sustentar o seu consumo e absorver seusresíduospeloperíododeumano. A pegada ecológica de cada um depende de seu padrão deconsumo.Atualmentecadahabitantedoplanetatem 1,6 hectares de terras produtivas disponíveis ao ano. Nos anos1960erade6,3,oqueseriaoidealparahoje. Entretanto, os países mais industrializados têm uma pegada ecológica muito forte superior a 6 ha/pessoa/ano, provocando déficits globais. Isso significa que tais países, ao exigirem mais do que se tem em disponibilidade por pessoa para seu padrão de vida, comprometem os padrões dos demais países, que, como o Brasil e a Argentina, por exemplo, que não chegam a consumir mais hectares do que tem disponível. Cada brasileiro consome 2,4 hectares de recursos naturais, ou seja, 0,3 hectares além da média mundial, mas a oferta de recursos é de 7,3 hectares por pessoa – bemacimadamédiamundial. Portanto, a análise da pegada ecológica indica que precisamos rever urgentemente nossos padrões de produção e consumo, porque, no patamar em que se

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Ainda na audiência pública sobre os povos tradicionais

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O nosso planeta é um organismo vivo

Precisamos rever urgentemente nossos padrões de produção e consumo

É necessário que haja um efetivo movimento na educação das novas gerações, a fim de que aprendamos todos a consumir com responsabilidade social Cada pessoa precisa para sustentar o seu consumo

encontra, já se consomem 30% a mais de recursos do que o planeta pode nos oferecer. É por isso que se ouve, constantemente, em relatórios, congressos e na mídia, que vai faltar planeta. Tal situação não é, com certeza, a que as nações de hoje querem deixar como herança para os futuros habitantes do planeta. Para tanto, então, é necessário que haja um efetivo movimento na educação das novas gerações,afimdequeaprendamostodosaconsumircomresponsabilidadesocial. (*) Bacharel, licenciado em Geografia e História pela PUC-SP. Professor da rede particular de ensino do estado de São Paulo. Pós-graduado em História, Geografia e Turismo pela Faculdade Dom Bosco - SP. Diretor da Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) - seção local - Bauru-SP. Diretor da Arvo Comunicación - Salamanca – Espanha

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Valorizando a sustentabilidade parceira

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empresas cujo maior objetivo é garantir a rastreabilidade no fornecimento de matérias-primas da biodiversidade brasileira, em especial da Amazônia. A indústria, junto à comunidade local, estimula a coleta seletivaaplicandooconceitode desmatamento evitado, e contribui com o desenvolvimento regional e fortalecimento das comunidades

ustentabilidadetemsidoounitermodoséculo promovendo a saúde dos seres humanos, o equilíbrio ambiental e preservando a biodiversidade, os ciclos, e as atividades biológicas do solo. Enfatiza o uso de práticas de manejo, exclui a adoção de agroquímicos e outros materiais que realizam no solo ações estranhas às desempenhadas pelo ecossistema. Procura utilizar os recursos locais, obtendo assim a máxima reciclagem dos nutrientes. Desta forma, diversas indústrias de matéria-prima para diferentes segmentos têm monitorado continuamente seus processos de fabricação para reduzir ou eliminar os riscos ambientais.Trata seus efluentes, promove a reciclagem, a redução do consumo de água e a otimização do consumo de energia elétrica, treina seus colaboradores sobre a impor tância da preser vação ambiental e adquire matérias-primas de parceiros certificados pela Ecocert

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com a finalidade de colaborar com a preservação do meioambiente. Atualmente a imagem do Brasil começa a ser relacionada a outros valores. Este novo perfil de país que a maioria das pessoas ignora também é exportador de matérias-primas que, mais do que apelo de exoticidade, têm eficácia comprovada e são ermidas de maneira responsável. O Programa de Valorização da Biodiversidade vem sendo implantado por diferentes

locais. Os fabricantes de insumos chegam até estas comunidades e as treinam para fazerem o desenvolvimento do plano de manejo de acordo com as políticas da sustentabilidade aplicável as agroflorestas. A idéia é agregar valor ao que estas comunidades já produzem,semsobrecarregaressaspessoas,nemtornar aparceriasuaúnicafontederenda. Concluí-se, portanto, que fazer uso da sustentabilidade parceira que fortaleça a ética, a transparência e a coresponsabilidade entre os envolvidos na cadeia de produção e comercialização de produtos é melhor forma de concretizar parte da idéia central do comércio ético e solidário. (*) Professora Universitária e Doutora em Ciências Farmacêuticas pela UFPR

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odrigo C. A. Lima 100

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Biodiversidade e Biotecnologia

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A relação entre biodiversidade e biotecnologia é o foco da MOP5, reunião do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança

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010 é o Ano Internacional da Biodiversidade, e em outubro ocorrerá a 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), a COP 10, em Nagoya, no Japão. O objetivo da Convenção é preservar a biodiversidade, o uso sustentável de seus componentes e fomentar a repartição dos benefícios oriundos da utilizaçãodosrecursosgenéticos. Em paralelo à COP10 ocorrerá a MOP5, reunião do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança. A relação entre biodiversidade e biotecnologia é o foco desse Protocolo, já que é importante assegurar que o desenvolvimento da biotecnologia não traga danos à biodiversidade. Na MOP5, as Partes deverão adotar um regime de responsabilidade e compensação por danos que organismos geneticamente modificados vivos (OVMs) possam causar à biodiversidade. O escopo do Protocolo deve considerar um grão de soja ou de milho, bactérias e qualquer OVM que possa transferir ou replicar material genético. A idéia de um mecanismo de responsabilidade e compensação por danos é, na prática, uma forma de regular exceções, e possibilitar que caso danos concretos aconteçam,abiodiversidadesejarestaurada. No entanto, apesar dessa clareza quanto ao objetivo da negociação,existempropostasdescabidasqueprecisam ser seriamente combatidas. A idéia de criar seguros para poder vender qualquer OVM - seja um grão que será usado para processamento ou uma bactéria de uso industrial - é, no mínimo, desprovida de fundamentos científicos. Fazendo um paralelo com as regras da Organização

Mundial do Comércio que regulam medidas destinadas a proteger a vida e a saúde humana, animal e vegetal, a idéia dos seguros somente seria justificada caso esses produtos efetivamente trouxessem uma ameaça concretadedanosàbiodiversidade. O argumento do princípio da precaução, pelo qual medidas devem ser tomadas quando os riscos são desconhecidos, não cabe como regra geral, pois além dos OVMs passarem por análise de risco, o comércio desses produtos ocorre quando ambos os países autorizam. Além disso, a idéia do princípio de precaução já amadureceu o suficiente a ponto de exigir um mínimo de evidências e dados para que seja possível justificar a

adoçãodemedidaspreventivas. Da mesma forma que um OVM pode vir a causar um dano à biodiversidade, um produto híbrido, orgânico ou convencional também pode causar danos, e, curiosamente, esses produtos passam por seus processos de análise de risco e são utilizados sem que hajaumapreocupaçãoexacerbada. Outro argumento contra a adoção de seguros ou garantias financeiras é o aumento do custo de alimentos, energia e fibras sem que isso seja necessário para preservar a biodiversidade. É muito mais eficaz os países criarem um fundo para reparar danos sérios e mensuráveis, com o apoio de empresas e de ONGs, do que aumentar o preço de milhares de alimentos, bebidaseprodutos,que,naprática,nãopoderãoreplicar seumaterialgenético. E aí aparece outro ponto sensível da negociação, que é a idéia de incluir produtos derivados, o que é flagrantemente contra os objetivos do Protocolo, pois somente produtos que possam transferir material genéticodevemserconsiderados. O Brasil não defende a adoção de seguros ou garantias financeiras. É essencial que o setor privado de sementes, grãos, enzimas, bactérias, árvores e microorgismos derivados da biotecnologia acompanhe essa discussão e forneça suporte para os negociadores brasileiros, que enfrentarãoumaduranegociaçãoemoutubro. O que esta em jogo não é o interesse maior em proteger a biodiversidade, mas sim, criar obstáculos para o desenvolvimento e a adoção de tecnologias que podem trazer inúmeros benefícios econômicos, ambientais e sociais. O foco do Brasil nessas negociações é proteger sua biodiversidade, mas sem deixar que propostas como a idéia de seguros e de produtos derivados criem obstáculos desnecessários ao país. Biodiversidade e biotecnologia não são universos que se chocam, mas sim,quepodemsermutuamentebenéficos.

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A vida em harmonia, para o futuro 100

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(*) Advogado, Gerente-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE), Conselheiro do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB)

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Workshop internacional “Scientific Issues on Biofuels” Contribuições da ciência para produção e uso sustentável de biocombustíveis

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O workshop foi aberto com a palestra Bioenergia no Brasil, do professor José Goldemberg

Fotos Eduardo Cesar/FAPESP

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e o InterAcademy Panel (IAP) – a rede global de academias de ciências – organizaram na FAPESP, o workshop internacional “Scientific Issues on Biofuels”, para definir o conceito de sustentabilidade na produção, transformação e uso final de biocombustíveis e discutir a contribuição da ciência para enfrentar esse desafio, considerando impactos no uso da terra e necessidades deproduçãodealimentosparaahumanidade. O workshop foi aberto com a palestra Bioenergia no Brasil, do professor José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da Universidade de São Paulo (USP). A apresentação tratou dos desafios atuais à geração de energia descritos no relatório “Um futuro com energia sustentável: iluminando o caminho” (Lighting the way: toward a sustainable energy future, na edição original). O trabalho foi coordenado pelo pesquisador a pedido do Conselho InterAcademias – organização composta por presidentes de 15 academias de ciência e outras organizações equivalentes no mundo. As maneiras como os novos combustíveis serão implantados e quais são mais viáveis são questões que dependem das características de cada país, as quais devem ser respeitadas, de acordo com os especialistas presentes. Mesmo os motivos que levam à adoção desses combustíveis são diversos e têm pesos diferentes para cada nação: o preço mais baixo em relação a outras fontes energéticas, como solar, eólica e hidrogênio; a necessidade de mitigar as emissões de gases de efeito estufa; ou o fato de ser a única alternativa viável no curto prazo para substituir os combustíveis fósseis são alguns exemplos. Um dos principais desafios para a expansão no uso dos biocombustíveis está no início da cadeia produtiva: as

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mudanças no uso da terra. Segundo os pesquisadores, ainda é necessário aumentar a qualidade e a confiabilidade dos dados coletados nessa área, fundamentais para avaliar a sustentabilidade da produção. A produção brasileira de cana-de-açúcar, matériaprima do etanol, foi utilizada como exemplo por Joaquim Seabra, do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), e Leila Harfuch, do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais(Icone),parailustraraquestão.

“O Brasil é muito grande e possui diferentes dinâmicas agrícolas, o que torna a medição um problema complexo”, disse Leila. Para complicar, os diferentes parâmetros de medição também produzem resultados diversos,dificultandoaanálise. Para contornar o problema, a pesquisadora propõe acrescentar outras fontes de dados provenientes de microrregiões. Entre os dados a serem aprimorados estão os índices de expansão e de substituição das lavouras. A precisão desses números é fundamental, entre outras

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Modos como os biocombustíveis serão implantados e quais são mais viáveis são questões que dependem das características de cada país, afirmaram pesquisadores, na FAPESP

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razões, para determinar o balanço de gases de efeito estufa e se está ocorrendo ou não degradação de áreas naturaisemfavordaagricultura. O impacto de plantações de cana-de-açúcar no ciclo do carbono, por exemplo, depende do tipo de cobertura que existia no local da lavoura. Heitor Cantarella, do Instituto Agronômico de Campinas, apresentou dados que mostram que a cana-de-açúcar absorve mais carbono em relação às pastagens. No entanto, se a plantação substituir uma floresta, a nova cobertura vegetalvaiabsorvermenoscarbono. Outra conclusão do evento foi a de que o Brasil precisa melhorar os modelos dinâmicos utilizados para estudar o uso da terra. Esses modelos precisam aumentar em númeroetambémtestarmaiscenários. Também foi ressaltada a necessidade de pesquisas mais abrangentes que abordem as diversas relações envolvidas na produção de biocombustíveis, como as questões que envolvem agricultura, florestas, bioenergia, ecossistemas e ciclo de gases estufa, entre outros. Mesmo com esses obstáculos, o Brasil foi destacado pelos pesquisadores presentes no workshop como um caso exemplar de sucesso na implantação de biocombustível, devido à sua experiência com o etanol dacana-de-açúcar. Utilizando apenas 1% das terras aráveis, as plantações de cana brasileiras substituem cerca de 30% da gasolina consumida no país, de maneira economicamente viável e sem a necessidade de subsídios, destacaram os relatoresnaconclusãodoevento. Segundo eles, os aspectos sociais da produção da canade-açúcar também têm melhorado no país, que apresenta dados de evolução da escolaridade entre as geraçõesdetrabalhadoresdacana-de-açúcar.

Biocombustíveis têm espaço para crescer A afirmação de que o aumento na produção de biocombustíveis poderá incorrer na escassez na produção de alimentos é injustificada, segundo cientistas,nasedeFAPESP.

A questão não é se os biocombustíveis são a solução para os problemas de suprimento sustentável de enegia, mas como eles devem ser implantados. A afirmação fez parte das conclusões do Workshop.

Van Zyl apresentou um panorama das tecnologias de conversão de celulose, com destaque para o processo de bioprocessamento consolidado (CBP), no qual as quatro transformações envolvidas na produção do bioetanol (produção de enzimas, sacarificação, fermentação de hexoses e fermentação de pentoses) ocorrem em uma sófase. “O processo de bioprocessamento consolidado vem barateando os custos da produção, que ainda são altos. Ou seja, o obstáculo ainda é o processo, mas um dos maiores desafios é pensar no insumo, porque as tecnologias estarão disponíveis em um futuro próximo”, salientou. Segundo ele, na América do Sul e, principalmente, na África, existem áreas abandonadas com potencial de utilização para a produção de biocombustíveis sem comprometer a de alimentos.“O problema na África é a pobreza, não a capacidade de explorar esse potencial agrícolaparabiocombustíveis”,afirmou. No estudo apresentado, o professor sul-africano demonstrou que a África poderia produzir cerca de 100 milhões de toneladas por ano de biomassa celulósica não Nas áreas de cultivo de cana-de-açúcar para produção do etanol, os estudos mostram que quem mais cedeu espaço para a cana foi a pecuária 100

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“Com essa discussão, perde-se a oportunidade de se debater de fato os impactos sociais mais relevantes. Muitas oportunidades estão sendo perdidas na África, por exemplo, onde a ideia de agricultura para acabar com a fome é o argumento político mais recorrente”, disse EmileVan Zyl, da Universidade de Stellenbosch, na ÁfricadoSul.

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Uma das mesas debatedoras

Com a mecanização da colheita, outro desafio para a produção de biocombustíveis passa inevitavelmente pelo trabalhador agrícola

alimentícia. Outro dado significativo é que, em 2003, havia umexcessode4milhõesdetoneladasdemilho. “Isso vem diminuindo, mas todos os anos queimamos milhares de toneladas de gramíneas (que poderiam ser usadas na produção de biocombustíveis) sem nenhum motivo. Com esse excesso, a África poderia reduzir o consumo de combustíveis fósseis, exportar e gerar milharesdeempregos”,disse.

Caminho único

osseuslimites”,ressaltou. Segundo Brito Cruz, essa compreensão é importante porque, no Brasil, não há um sentimento tão forte de rejeição aos biocombustíveis.“Os números da expansão da cana-de-açúcar vão ao encontro dessa perspectiva e destacam a existência de áreas que ainda podem ser exploradas”,disse. Dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) indicam que o Brasil tinha, em 2008, cerca de 851 milhões de hectares aráveis, dos quais parte é usada por diversas culturas. A área para pastagens ocupa cerca de 49% desse total. Segundo Brito Cruz, ainda existem cerca de 106 milhões de hectares no país que não estão sendo usados nem para pastagens nem para plantações. “São Paulo expandiu as áreas de cultivo de cana-deaçúcar para produção do etanol e os estudos mostram que quem mais cedeu espaço para a cana foi a pecuária, mas isso não levou à diminuição no rebanho do país”,

disse, ao destacar que no Brasil a criação ainda se dá na formaextensiva. De 2003 a 2009, a área total do cultivo da cana disponívelparaacolheitanoEstadodeSãoPaulopassou de 2,57 milhões para 4,89 milhões de hectares, segundo dados do último relatório do Instituto Nacional de PesquisasEspaciais(Inpe). Brito Cruz destacou também a diminuição da colheita sem queima e o protocolo assinado em 2007 pelo governo do Estado de São Paulo, que prevê a eliminação gradativa da queima da cana-de-açúcar até 2014 nas áreas mecanizáveis. O relatório referente à safra de 2009/2010 apontaquecercade55%dacolheitafoirealizadasemfogo, contra45%emqueseutilizouaqueima. “Com a mecanização da colheita, outro desafio para a produção de biocombustíveis passa inevitavelmente pelo trabalhador agrícola, cujo perfil tem mudado nos últimosanos”,disse. De acordo com Cylon Gonçalves da Silva, professor emérito do Instituto de Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador adjunto da FAPESP para Programas Especiais, não existe outro caminhoalongoprazo. “A substituição gradativa dos combustíveis fósseis por outras fontes renováveis é um caminho sem volta. Mas estou convencido de que, a longo prazo, precisaremos de uma transformação radical nos hábitos da humanidade em relação aos meios de transporte, se pretendemos chegar a uma prática efetiva de sustentabilidade, uma vez que existem limites aos consertos científicos e tecnológicos para essa demanda eternamentecrescente”,destacou.

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Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP: O que devemos fazer é sincronizar esse entendimento e permitir que cada região conheça os seus limites

Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, na sessão“A ciência da produção sustentável de bioenergia”, analisou dados relacionados ao uso do solo no Brasil, em particular em São Paulo, e o trabalho agrícola. Para ele, parece haver um consenso de que o mundo não está convencido da possibilidade do uso de biocombustíveisemlargaescala. “No debate envolvendo brasileiro versus europeu, por exemplo, parece haver uma discussão entre pessoas que não se entendem. O que devemos fazer é sincronizar esse entendimento e permitir que cada região conheça

A organização do workshop propôs discussões sobre a visão de representantes de diferentes países sobre o tema. Entre os palestrantes estrangeiros: Lee Lynd, professor do Dartmouth College e diretor científico da Mascoma Corporation, dos Estados Unidos, que afirmou ser possível a produção de biocombustíveis em larga escala sem comprometer o fornecimento de alimentos e os habitats naturais; Helena Chum, pesquisadora brasileira do National Renewable Energy Laboratory (NREL), dos Estados Unidos; Pushpito Gosh, do Conselho de Pesquisa Cientifica e Industrial, da Índia, Jeremy Woods, do Imperial College, do Reino Unido, e Emile Van Zyl, da Universidade Stellenbosh, da África do Sul. Howard Alper, da Universidade de Otawa, membro da Conselho InterAcademias e da Royal Society of Canada, e Johan Bouma, membro da Academia de Ciências da Holanda (Royal Dutch Academy of Sciences - KNAW)

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Sociedades organizadas pelo conhecimento Por que não imaginar novas tecnologias, como transporte por teleféricos que nos levem de nossos domicílios até o trabalho? oceanógrafo e ecologista Jean-Michel Cousteau navegou por todo o Rio Amazonas até a sua foz para entender melhor o mar. É belíssimo o seu relato sobre a forte conexão que existe entre as espécies e como tudo isto forma um sistema único e integrado. Essa relação natural pode servir de metáfora a movimentos que tiveram início nas empresas e impactaram toda a sociedade, como os saltos no nível dos serviço prestados ao consumidor e naqualidadedosprodutosqueaconteceramsobonosso nariz nos últimos 20 anos. Pessoas foram treinadas e sistemas de gestão que assegurassem padrões foram implantados. Uma verdadeira revolução ocorreu nas organizações. Nós, membros da sociedade, fomos beneficiados e – por que não dizer? – mudamos por causadessasiniciativas. Muito precisa ser melhorado, mas soaria falso não reconhecer os avanços dos últimos anos. O surgimento de um gerenciamento empresarial que leva em consideração o meio ambiente e os problemas sociais é

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Jean-Michel Cousteau, oceanógrafo, ambientalista, ecologista e educador fracês, navegou por todo o Rio Amazonas até a sua foz para entender melhor o mar

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um exemplo de transformações com direto e benéfico impactonasociedade. Mas a maior dessas mudanças que falo seja, talvez, a proliferação de arranjos estruturais voltados à inovação, como os parques tecnológicos e as tecnópolis, novas configurações locais que podem transformar profundamente nossa sociedade e a forma como vivemos. Apesar da inovação ser o objetivo central desses ambientes, seus resultados chegam a múltiplas dimensões, como desenvolvimento urbano, geração de riquezas e melhoria da qualidade de vida. Um exemplo desse tipo de arranjo é Kista Science City, localizada nos arredores de Estocolmo, na Suécia. Trata-se de um pólo voltado principalmente para tecnologia da informação e comunicação que reúne mais de 500 companhias desse segmentoeconômico. O Brasil segue este movimento internacional com aproximadamente 30 parques tecnológicos e similares já em operação. As configurações são as mais variadas. Eles podem ser fechados em forma de verdadeiros

Estamos caminhando rumo a uma grande mudança devido a essa revolução do conhecimento

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condomínios acadêmicos empresariais, nos quais se escolhem os participantes pela vocação ou orientação tecnológica, ou abertos, como é bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, que se articula para se reinventar em tornodotemadainovação. Em casos como o último, empresas, universidades, instituições culturais, entidades de classe e demais partes interessadas, promovem, por meio de um sistema de planejamento e governança, o desenvolvimento na região, com impactos e geração de riqueza para toda a rede de fornecedores de serviços, varejo e estrutura imobiliária local. Muitas vezes esses atoresinteragemeseconectamapolíticaspúblicaseaos planos de investimento, deixando que o planejamento urbanonãosejaapenaspapeldoEstado. É por iniciativas como essas que acredito que muitos dos nossos sonhos de projetos integrados e integrais são viáveis. Por que não imaginar novas tecnologias, como transporte por teleféricos que nos levem de nossos domicílios até o trabalho? Quem sabe “muros” se dissolvam e vivamos e trabalhemos em estruturas em rede totalmente, isto é, estruturas diferentes dos organogramas aos quais estamos habituados. Talvez isso seja esperar demais. Mas sem dúvida estamos caminhando rumo a uma grande mudança devido a essa revolução do conhecimento. O principal resultado podeserumasociedademaiscoesaesolidária. (*)Sócio-diretor da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas e autor do livro Usina de Inovações

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Pré-sal deve financiar energias renováveis, diz economista Ignacy Sachs descoberta de petróleo nas camadas do pré-sal não deve desviar o Brasil da transição para a era do baixo carbono. Os recursos provenientes da exploração das novas reservas devem ser utilizados para financiar um plano de saída do país da energia fóssil, o que reduzirá as emissões de gases do efeito estufa. Essa é atesedefendidapeloeconomistafranco-polonêsIgnacy Sachs, 83 anos, fundador do Centro de Pesquisas do Brasil Contemporâneo na Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais, em Paris. Para ele, o Brasil precisa buscar um modelo de desenvolvimento baseado no aproveitamento da biomassa. As ideias de Sachs foram apresentadas no dia 4 de maio, em palestra realizada no escritório de São Paulo da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Nesta entrevista à Agência CNI, o economista fala sobre as oportunidades oferecidas à indústria pelas energias renováveis e a produção de derivadosdabiomassa.

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Osenhorfoiumdosformuladoresdoconceitode desenvolvimento sustentável e distingue esse termo de crescimento econômico. Pode explicar melhoressadiferença? Sachs - Durante muito tempo, discutimos os impactos sociais do crescimento econômico, os positivos e os negativos. E a problemática ambiental não estava explícita.AConferênciadeEstocolmo,em1972,mostrou que era possível conciliar os objetivos sociais do crescimento econômico sem destruir o meio ambiente. Os objetivos do desenvolvimento são sempre sociais e éticos. Existe uma condição ambiental que deve ser respeitada se queremos deixar para as gerações futuras um planeta habitável e o terceiro pé do tripé é a viabilidade econômica. Para que as coisas aconteçam, temos que lhes dar a viabilidade econômica. Então saímosdeEstocolmocomessemantra. Como está a conscientização da sociedade para queessesobjetivossejamalcançados? Sachs - Todo mundo fala hoje de meio ambiente e, há algum tempo, da ameaça de mudanças climáticas irreversíveis. A preocupação agora é não tratar as mudanças climáticas como a bola da vez e botar embaixo do tapete a dimensão social. Nós temos que pensar simultaneamente como mitigar as mudanças climáticas sem abandonar o objetivo central do desenvolvimento, que é reduzir os problemas sociais não resolvidos, a começar pelos milhões de pessoas sem condiçõesdeterumtrabalhodecente.

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Ignacy Sachs, 83 anos, fundador do Centro de Pesquisas do Brasil Contemporâneo, na Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais, em Paris

Sachs - Estou vendo pelo menos esse tipo de movimento de ideias. Estamos ameaçados por uma catástrofe. Vamos fazer tudo para evitar essa catástrofe ambiental e o social virá depois. Posso lhe dizer que quando nos preparamos para a Conferência de Estocolmo, em 1972, havia a posição oposta. Aqueles que diziam: primeiro o social e, quando o Brasil tiver o nível de renda per capita do Japão, haverá tempo de sobra para se ocupar do ambiental. E estou reagindo contra essa idéia de dizer primeiro o social e depois o ambientalouprimeirooambientaledepoisosocial.

soluções triplamente ganhadoras. Eu posso muito bem imaginar, no Brasil, estratégias de desenvolvimento que passam pela valorização das biomassas terrestres e aquáticas dentro de uma economia voltada à geração de oportunidades de trabalho decente para os agricultores, para os produtores da biomassa e aqueles que estão empregados na sua transformação. Na medida em que consigo tocar essa música, eu vou ter um crescimento triplamente positivo. Eu vou utilizar a biomassa produzida em base sustentável, não estou propondo desmatamento da floresta amazônica, mas produção de biomassaembasesustentável.

É possível citar países que estejam mais próximosdodesenvolvimentosustentável?

ComoestáoBrasildentrodessecontexto?

Sachs - Eu insisto em não dar notas a países porque em todos eles há diferentes situações. Agora existem

Sachs – O Brasil é certamente um país que tem mais condições de avançar que outros, como um modelo de

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O mundo caminha para transformar as questões ambientaisnaboladavezeesqueceratemáticasocial? 66| REVISTA AMAZÔNIA

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desenvolvimento que eu chamaria de biocivilizações modernas. Biomassa é alimento, ração animal, energia, material de construção, são os cosméticos, fármacos, são ainda as biorefinarias do futuro que vão substituir as refinariasdepetróleoegerarumlequecadavezmaiorde produtos derivados. O Brasil está entre os países que têm a maior biodiversidade do mundo. Em cima dessa biodiversidade, você joga biotecnologias nas duas pontas do processo, para aumentar a produtividade de biomassaeparaabrirumlequedeprodutosderivados.

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A descoberta das reservas do pré-sal no Brasil pode adiar a entrada no país na economia de baixocarbono? Sachs -Oquefoidescobertonãodáparaencobrir,maso pré-sal deve financiar essa transição. Eu acho que o debate sobre isso está mal parado porque, em vez de discutir o que financiar, todo mundo começou a discutir qual é o estado que vai ganhar mais. O que sabemos de estudos de aproveitamento, ou de mau aproveitamento, dos royalties de petróleo no estado do Rio de Janeiro me faz pensar que o problema não está nessa questão. O problema é saber como fazer com que os recursos gerados pelo pré-sal sirvam como um trampolim para construir um plano de saída da energia fóssil ou, primeiro,daenergiadopetróleo. O que está em debate é a utilização desses recursos, para educação, inovação, ciência e tecnologia... Sachs - Sim, mas isso foi colocado de uma maneira tão geral que todo mundo está de acordo. Agora, que usos reais e o que financiar com esses recursos, eu acho que esse é um dos grandes temas de debate do Brasil para os próximos dez anos. Além disso, olha o desastre que acaba de acontecer no Golfo do México (vazamento de óleo ocasionado pela explosão de plataforma de

Durante a entrevista à Agência CNI

petróleo em maio deste ano). Essa brincadeira de petróleo no fundo do mar requer muitíssima atenção do pontodevistadetentarseevitardesastres. Nessenovocenário,oqueaindústriadevefazer? Sachs - O tema central é construir uma prospectiva de cenários de desenvolvimento industrial do Brasil baseados no aproveitamento múltiplo da biomassa. Tudo o que o que fizermos deslocando a produção dos espaços agrícolas limitados em escala planetária para novos espaços aquáticos que não estão sendo utilizados é uma solução. Quando se tem o litoral que vocês têm, a Amazônia, que tem ecossistemas com grande presença da alga, o pantanal mato-grossense e os lagos de represas, considerar a produção aquática deve ser um dos grandes objetivos.Vocês têm tudo para liderar nessa área.

Nessa mesma linha de raciocínio, temos ainda depensarnoaproveitamentodaflorestaempé. Sachs -TemosdeterestratégiasparaaAmazônia,parao semi-árido e para a produção aquática, que é a revolução azul. Se tivéssemos pelo menos esses três, já estaríamos razoavelmente bem. Eu acredito que, para a floresta em pé, existe uma proposta genérica que merece ser estudada em grande detalhe, que é a de adensamento de espécies úteis dentro da floresta. Modificar gradualmente a estrutura da floresta para que nela existam muito mais espécies úteis. Isso é uma grande proposta metodológica.Você tem uma castanha do Pará por hectare. Mas será que você não pode plantar cinco, dez, ou quinze castanhas naquele hectare? Assim você aumentará de dez a quinze vezes a coleta, sem mudar nadapraticamentenafloresta. Que outras oportunidades uma economia baseada no uso múltiplo da biomassa pode gerarparaaindústria? Sachs - Haverá uma demanda por certos tipos de equipamentos padronizados em grande escala. E, dentro disso, há um tema que me parece extremamente importante para o Brasil, que é o de equipamentos móveis, flutuantes. Por exemplo, se eu vou produzir diferentes tipos de biomassas na Amazônia, eu posso produzir essa biomassa em pequena escala em povoações ribeirinhas. A questão é essa, se transportarei a matéria- prima bruta até as usinas que fazem o processamento ou se primeiro farei uma parte do processamento em lugares onde há a produção primária, com equipamentos que reduzirão drasticamente o volume a ser transportado. Eu acredito muito nessa segunda fórmula.

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A dinâmica das inovações tecnológicas limpas problemática ambiental a algum tempo compõeaagendadediscussãoepesquisade diversos segmentos da sociedade, tanto governos, quanto empresas e comunidade científica têm feito esforços para desenhar a construção de uma sociedade sustentável e a função a ser desempenhada pela tecnologia dentro da mesma. A tecnologia pode ser vista tanto como causa quanto solução dos problemas ambientais. Considerando que o desenvolvimento e aplicação das chamadas tecnologias limpas (Clean Technologies), pode reverter de forma significativa o atual quadro de crise ambiental, parece relevante entendermos porque uma empresa ou instituição de pesquisa gastaria seu tempo e dinheiro no desenvolvimento de tais inovações? Essa simples pergunta, assim como a maioria das perguntas fáceis, tem resposta difícil. Para começar a respondê-la, qualificarei o que quero dizer quando me refiro à de consumo e distribuição. Essas ações integram uma tecnologialimpa. tentativa de fazer as empresas reduzirem a Tecnologia limpa pode ser todo produto ou processo geração/emissão de poluentes e outros impactos produtivo que minimize a emissão de resíduos, faça negativos ao meio-ambiente. Ao mesmo tempo, controle de poluição, substitua material não renovável consumidores têm aumento a sua exigência nas porrenovável,otimizeautilizaçãoderecursosreduzindo compras, observando a conduta das empresas e a a geração de rejeitos e consumo energético, além de qualidade dos produtos, muitos desses consumidores já técnicas que reutilizam insumos e resíduos. Voltamos exigem a adoção de estratégias sustentáveis não só no então à pergunta, quais as motivações que levariam as processo produtivo, mas também na gestão global da empresas a desenvolver e aplicar soluções como as companhia. A combinação desses dois fatores cria um citadas acima? Existe uma grande diversidade de razões ambiente seletivo para as inovações e adoção de que motivam uma empresa ou instituição de pesquisa a tecnologias já existentes. Este ambiente tem o potencial desenvolver tais inovações, abaixo destaco alguns dos de mudar a direção dos programas de P&D, bem como maisrelevantes. as estratégias competitivas das empresas na direção da Regulação governamental, demanda do consumidor, competência técnica interna e condições de Empresas na direção da construção de um apropriabilidade, são quatro variáveis que mercado que tenha a variável ambiental contribuem fundamentalmente para o como ponto central de seu funcionamento crescimento do número e da relevância das inovações em tecnologias limpas. Nos últimos quarenta anos, e mais recentemente devido à questão do aquecimento global, a imprensa e a co m u n i da de científica m u n dial têm desempenhado um importante papel alertando governos e população para os problemas ambientais que a sociedade atual e futura podem enfrentar. Esses problemas são, em grande medida, decorrentes de um modelo de desenvolvimento que historicamente pouco se preocupou com o bom uso dos recursos naturais e hoje sofre as conseqüências desse descuido. Em resposta a esse fato, os governos vêm aumentando o controle e a regulação sobre os processos produtivos, formas

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construção de um mercado que tenha a variável ambiental como ponto central de seu funcionamento. Nas empresas, as inovações tecnológicas limpas, tendem a deixar de ser apenas uma resposta às novas restrições regulatórias ou às pressões do consumidor, para se tornarem uma estratégia competitiva, onde aquela que não se adequar à maneira sustentável de produzir e distribuir, progressivamente perderá mercado paraas“greencompanies”. Para acompanhar essa tendência de mercado, as empresas precisam lançar mão de suas competências internas, sendo essa uma das condições essenciais para definir uma estratégia inovativa. Assim como em todo mercado, existem empresas que não estão preparadas para essas mudanças e ficaram de fora da construção dessanovasociedade. Falar da construção de uma sociedade sustentável onde as inovações privilegiem o meio-ambiente e empresas, governo e consumidores atue em harmonia de princípios pode não passar de um conto de fadas se esses novos negócios não gerarem lucros. A princípio, a lucratividade pode parecer uma barreira para a implementação de inovações tecnológicas limpas, mas a realidade é que essas soluções podem ser redutoras de custos ambientais tanto quanto de custos financeiros. Para isso, os agentes comprometidos com o desenvolvimento dessas inovações devem ter condições adequadas de apropriabilidade dos resultados de suas pesquisas, em outras palavras, o resultado de seu trabalho deve ser protegido, seja via registro de patentes ou outras formas de proteção, garantindo a utilização criteriosa da mesma na geração de benefícios às empresas. Neste contexto, cresce a importância das chamadas agências de transferência de tecnologia. No Brasil, grande parte das pesquisas científicas é realizada dentro das universidades, muitas das tecnologias geradas nelas têm aplicabilidade nas empresas, seja através do licenciamento de patentes ou criação de spinoffs. A INOVA (Agência de Inovação da Universidade Estadual de Campinas-SP, Brasil) realiza um trabalho de apoio aos pesquisadores e às empresas que apresentem demandas supríveis por inovações tecnológicas, protegendo o conhecimento gerado e criando parcerias necessárias para que essas soluções possam gerar benefícios à sociedade. Essa agência de inovação é pioneira na implementação de um programa de sustentabilidade que terá foco em tecnologias

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Capacitação é peça-chave para área de inovação

limpas possibilitando que as empresas possam encontrar as soluções que procuram e aplicá-las de forma segura e rentável. O licenciamento de uma tecnologia limpa, desenvolvida por pesquisadores da universidade, é intermediado pela Inova, possibilitando a implementação dessas no processo produtivo de uma empresa auxiliando na consolidação de uma estratégia de mercado que privilegieomeioambientesemprejudicaralucratividade. Este exemplo mostra, a partir de uma experiência brasileira, uma forma de garantir condições de apropriabilidade adequadas às empresas que busquem a adoção de inovações sustentáveis, mas para que essas agências funcionem eficientemente precisam contar com um aparato legal adequado observando-se as especificidades de cada país. Do ponto de vista externo, as novas exigências legais e dos consumidores fazem com que empresas passem a adotar uma postura cada vez mais pró-ativa no que diz respeito ao cuidado com o meio-ambiente, internamente, as capacidades internas e as condições de apropriação das tecnologias utilizadas são variáveis chave para garantir a lucratividadedosnegócios. Observando essas duas dimensões (interna e externa), se vê alguns determinantes do desenvolvimento e aplicação de tecnologias limpas nos dias de hoje e no futuro. Quando pensar em sustentabilidade, devese ter mente a importância da tecnologia (e das inovações tecnológicas) para a consolidação de estratégias competitivas alternativas que podem desempenhar um papel central na constituição deumasociedadesustentável.

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(*) Do Instituto de Economia da Unicamp, São Paulo

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Imagem: ESA

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A cartografia do campo de gravidade da Terra com esta precisão será útil para todas as áreas das ciências da Terra. A precisão de sua determinação é importante para a agrimensura e geodésia, e em estudos dos processos da Terra interior, a circulação do oceano, o movimento do gelo e as alterações do nível do mar

O Mapa da gravidade da Terra

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ientistas criaram um "mapa da gravidade" terrestre,mostrandoasdiferentesinfluências destaforçafísicaaoredordoplaneta. O modelo, conhecido como geoide, define onde estão os níveis da superfície terrestre, esclarecendo seosentidoé"paracima"ou"parabaixo". Os cientistas afirmam que os dados podem ser usados em inúmeras aplicações, entre elas nos estudos de mudança climática para ajudar a entender como a grandemassadeoceanosmovecaloraoredordaTerra. O novo mapa foi apresentado em um simpósio sobre observação terrestre em Bergen, na Noruega, onde também estão sendo apresentados dados recolhidos por outras missões da Agência Espacial Europeia (ESA, nasiglaeminglês). Antes do fim da década, cerca de 20 missões da ESA totalizando cerca de 8 bilhões de euros serão lançadas paraobservaroespaçoatravésdesondas.

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Parâmetros O mapa foi desenhado a partir de medições precisas realizadas pelo satélite europeu Goce, sigla formada a partir das iniciais da sonda exploradora de campo gravitacional e equilíbrio estacionário que circula na órbita terrestre a uma altitude de pouco mais de 250 km da superfície – a órbita mais baixa de um satélite de pesquisaemoperação. A Goce carrega três pares de blocos de platina dentro de seu gradiômetro – o aparelho que mede o campo magnético da Terra – capazes de perceber acelerações levesdagravidadesentidanasuperficie. Em dois meses de observação, o satélite mapeou diferenças quase imperceptíveis na força exercida pela massaplanetáriaemdiferentespontosdoglobo. O mapa define, em um determinado ponto, a superfície horizontal na qual a força da gravidade ocorre de

maneiraperpendicular. Estasinclinaçõespodemservistasemcoresquemarcam como os níveis divergem da forma elíptica da Terra. No Atlântico Norte, perto da Islândia, o nível se situa a cerca de 80 metros sobre a superfície da elipsoide. No Oceano Índico,essenívelestá100metrosabaixo. Os cientistas dizem que o mapa permitirá aos oceanógrafos definir como seria a forma dos oceanos se 100

Demonstração visual da Agência Espacial Europeia (ESA), mostrando como o GOCE, mapeia a gravidade da terra

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não houvesses marés, ventos e correntes marítimas. Subtraindo a forma do modelo, ficam evidentes estas outrasinfluências. Esta informação é crucial para criar modelos climáticos que levam em conta como os oceanos transferem energiaaoredordoplaneta.

Gravidade e geóide Foi recolhido dados tridimensionais da gravidade terrestre ao longo da superfície de todo o planeta. Os dados processados produziram o mapa mais preciso já feito do campo gravitacional da Terra, permitindo aperfeiçoar o formato do geóide: a verdadeira forma de referênciadonossoplaneta. O conhecimento preciso do geóide, que pode ser considerado como a superfície de um oceano global ideal em repouso, terá um papel muito importante em estudos futuros do nosso planeta, dos oceanos e da atmosfera. Ele servirá ainda de modelo de referência para medir e modelar as alterações do nível do mar, a circulação dos oceanos e a dinâmica das calotas de gelo polares.

Usos Há outros usos para o geoide. O modelo fornece um sistema universal para comparar altitudes em diferentes partes da Terra, à semelhança dos aparelhos de nivelamento que, na construção, revelam aos engenheiros para onde um determinado fluido corre naturalmentedentrodeumtubooucano. Cientistas geofísicos também podem usar os dados da sonda para investigar o que ocorre nas entranhas profundas da Terra, especialmente naqueles pontos susceptíveisaterremotoseerupçõesvulcânicas.

Imagem: ESA/GOCE

Cientistas geofísicos também podem usar os dados da sonda para investigar o que ocorre nas entranhas profundas da Terra, especialmente naqueles pontos susceptíveis a terremotos e erupções vulcânicas

"Os dados da Goce estão mostrando novas informações no Himalaia, na África Central, nos Andes e na Antártida", explica o coordenador da missão da Esa, RuneFloberghagen. "São lugares bem inacessíveis. Não é fácil medir variações de alta frequência no campo gravitacional da Antártida com um avião, porque há poucos campos aéreosapartirdosquaisoperar." A altitude extremamente baixa da Goce deveria limitar a utilização da sonda por no máximo mais dois anos. Entretanto, níveis relativamente baixos de atividade solar produziram condições atmosféricas calmas, fazendo o satélite consumir menos combustível que o estimado. A equipe crê que a sonda poderia ser utilizada até 2014, A sonda espacial GOCE (Gravity field and steady-state Ocean Circulation Explorer)

quando a falta de combustível desaceleraria a missão, obrigando-aasairdeórbita.

A sonda Goce A sonda espacial GOCE (Gravity field and steady-state Ocean Circulation Explorer), foi lançada pela Agência Espacial Europeia (ESA), inaugurando um novo capítulo nahistóriadaobservaçãodaTerra. Além de ser uma das mais belas sondas espaciais já lançadas, a GOCE é o primeiro de uma nova família de satélites da ESA concebidos para estudar o nosso planeta e o seu ambiente, a fim de melhorar o conhecimento e a compreensão da formação e da evoluçãodonossoplaneta. Lançada por um foguete russo Rockot, depois de uma série de atrasos por motivos técnicos, a sonda foi colocada numa órbita baixa da Terra, quase heliossíncrona. Pesando 1052 kg, ela foi colocada com sucesso numa órbita polar circular, a 280 km de altitude comumainclinaçãode96,7ºparaoEquador. A nave espacial incorpora igualmente dois motores de iões de xénon de baixa potência, um principal e um de reserva, cada um capaz de debitar 1 a 20 mili-Newtons de impulso (a força equivalente à nossa exalação). Estes propulsores serão usados para compensar em tempo realoarrastamentoatmosférico,combasenaaceleração média detectada pelos dois acelerómetros montados ao longodoeixodevelocidade. O design e a estrutura da nave espacial foram também otimizados para filtrar todo o tipo de distúrbios, utilizando materiais ultraestáveis para limitar os efeitos térmicos cíclicos, sem quaisquer peças desdobráveis ou móveis. REVISTA AMAZÔNIA |71

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Os tons de verde refletem a altura do dossel, com o mais escuro representando 70 metros

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Mapa da Nasa para medir carbono estocado em florestas ados de satélite permitiram criar o primeiro mapa detalhando a altura das árvores das florestas do mundo, informa a Nasa. Embora já existam mapas locais e regionais dando contadaalturadodosseldasflorestas,esteéoprimeiroa tercoberturaglobalemetodologiauniforme. Aagênciaespacialesperaqueotrabalhoajudeacalcular quanto de carbono existe estocado nas florestas, e qual a velocidade com que esse carbono é reciclado de volta para a atmosfera. O trabalho aparece na revista especializadaGeophysicalResearchLetters. O mapa mostra que as florestas mais altas do mundo ficam na costa noroeste da América do Norte. O mapa apresenta a altura média do dossel em regiões de mais de 5 km quadrados, não a altura da maior árvore ou de umpequenogrupo. O mapa tem implicações para o esforço de estimar quando do carbono da Terra está preso nas florestas e a explicar para onde estão indo os 2 milhões de toneladas anuaisdecarbono"perdido". Seres humanos liberam cerca de 7 milhões de toneladas de carbono anualmente. Do total, 3 bilhões acabam na atmosfera e 2 bilhões, nos oceanos. Não está claro para onde vão os 2 bilhões de toneladas do saldo, mas cientistas suspeitam que as florestas capturam e estocam boa parte disso sob a forma de biomassa atravésdafotossíntese. Há indícios de que florestas jovens absorvem mais carbono do que as mais velhas, assim como os mais úmidos, e que grandes quantidades de carbono até final de certos tipos de solo. Mas os ecologistas estão apenas começando a fechar os detalhes de como eles tentam

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descobrir se o planeta pode continuar a absorver tanta das nossas emissões anuais de carbono e se continuará a fazê-locomoasmudançasclimáticas. «O que realmente queremos é um mapa da biomassa acimadosolo,eomapadealturasnosajudaachegarlá", disse o especialista em ecossistemas terrestres Richard Houghton, diretor do Woods Hole Research Center de Falmouth,Massachusetts. Um dos colegas de Lefsky, Sassan Saatchi do Jet Propulsion Laboratory da NASA, já começou a combinar os dados de altura com inventários florestais para criar

mapas de biomassa de florestas tropicais. Complete os estoques mundiais de biomassa, quando existem, podem melhorar os modelos climáticos e políticos orientando sobre como minimizar o impacto humano sobreoclimacomcréditosdecarbono. O levantamento foi feito por meio de radares de raios laser, o chamado Lidar. O sistema mede a altura do dossel da floresta disparando pulsos de luz e medindo a diferença entre o tempo que os raios levam para voltar dosoloedotopodamata. Vendo Lasers por entre as árvores

O LIDAR pode penetrar a camada superior do dossel da floresta

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Lefsky utilizou dados de uma tecnologia laser chamado LIDAR que é capaz de capturar fatias verticais de características de superfície. Ele mede a altura do dossel da floresta, atirando pulsos de luz na superfície, e observa quanto tempo ele leva para a luz que saltar para trás a partir da superfície do solo do que do topo do dossel. O LIDAR pode penetrar a camada superior do dossel da floresta, fornece uma imagem da textura da estrutura vertical de uma floresta – algo que nenhum outro instrumento científico pode oferecer. " O LIDAR é incomparável para este tipo de medida", Lefsky disse, anotando que teria levado semanas ou mais, para recolher a mesma quantidade de dados no campo através da contagem e medição dos troncos de árvores que O LIDAR pode capturar através imagens, em segundos. Ele baseou seu mapa em dados de mais de 250 milhões de pulsos laser coletados durante um período de sete anos. Isso pode soar como uma enorme quantidade de

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dados, mas cada pulso retorna informações sobre apenas uma pequena porção da superfície. Para criar o seu mapa global de altura da floresta, Lefsky combinou os dados LIDAR com informações da Resolução Moderada Imaging Spectroradiometer (MODIS), um instrumento de satélite a bordo de ambos os satélites Terra e Água, que percebe uma faixa mais ampla da superfície da Terra, embora ele não forneça o perfilvertical. «Esta é uma realidade apenas em um primeiro esboço, e issocertamentevaiserrefinadonofuturo",disseLefsky. Illustration of the potential for creating synthetic lidar waveforms from discrete-return lidar data. Section a shows the three-dimensional distribution of discrete-return lidar data from within a 25-m footprint. Section b shows the vertical distribution of these returns.

Canopy surface topography of a subsection of the Wind River Canopy Crane Research Facility in Washington State. The data have been gridded; individual lidar samples would be represented by individual points in three-dimensional space

Lidar measurements of the effect of Hurricane Bonnie on the topography of Topsail Island, North Carolina. Panel a maps the overall change for this section of the island. Panel b shows preand posthurricane topography for a single profile.Figure courtesy of the ALACE (Airborne LIDAR Assessment of Coastal Erosion) project.

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Measurements of canopy structure made using NASA’s SLICER (Scanning Lidar Imager of Canopies by Echo Recovery) device. Panel a shows ground topography and the vertical distribution of canopy material along a 4-km transect in the H. J. Andrews Experimental Forest, Oregon. Each column is the width of one laser pulse waveform. Panels b, c, and d show close-ups of the canopies of three 550-m transects in young, mature, and old-growth Douglas fir–western hemlock forest stands, with their ground elevations adjusted to a uniform level.

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Ventos e sol para garantir maisenergia E

m 2030, a energia solar poderá atender às necessidades energéticas de dois terços da população mundial e a geração eólica em alto-mar, no Mar do Norte, poderá fornecer energia para 71 milhões de residências na Europa. Essas são as principais conclusões dos relatórios internacionais Geração Solar e Revolução Elétrica do Mar do Norte (textos em inglês), lançadosestasemanapeloGreenpeace. O relatório Geração Solar, em sua quinta edição, foi produzido em conjunto com a Associação Européia da Indústria Fotovoltaica. Os números confirmam o impressionante crescimento da energia solar no mundo e seu enorme potencial energético. Em 2030, estima-se que estejam instalados mais de 1.800 GW de painéis fotovoltaicos no mundo. Essa capacidade deve gerar 2.600 terawatts/hora (1 tera = mil gigas) de eletricidade por ano, ou 14% da demanda global, atendendo a 1,3 bilhões de pessoas em áreas cobertas por sistemas elétricos e outros 3 bilhões de pessoas em áreas rurais sem acesso a eletricidade. O setor fotovoltaico será também o responsável pelo crescimento de economias locais. O número de empregados no setor, trabalhando na fabricação, instalação e manutenção dos painéis, pode crescer dos atuais 120 mil para 10 milhões nomundoem2030.

Os painéis, podem crescer dos atuais 120 mil para 10 milhões no mundo em 2030

"A energia solar produzida pelos painéis fotovoltaicos tem um potencial energético enorme noBrasilenomundo.Paraviabilizarestepotencial,é essencial o apoio governamental através da aplicação de medidas políticas como as tarifas feed in. A aplicação deste mecanismo em diversos países tem garantido o crescimento do setor, permitindo que o consumidor possa operar seu próprio sistema solar em casa e ser remunerado pela geração

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O setor fotovoltaico será também o responsável pelo crescimento de economias locais 74| REVISTA AMAZÔNIA

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O potencial de geração offshore no Brasil ainda não foi levantado, mas é certamente superior aos 143 GW do potencial de geração eólica em terra

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rede forneceria energia a 71 milhões de residências e contribuiria para a redução significativa de gases de efeito estufa. "O potencial de geração offshore no Brasil ainda não foi levantado, mas é certamente superior aos 143 GW do potencial de geração eólica em terra. A utilização desta energia no futuro pode atender a boa parte do aumento da demanda nacional nas próximas décadas e eliminar definitivamente a necessidade de construção de termelétricasfósseisenucleares,nopaís",afirmaBaitelo.

excedentedeenergia",afirmaRicardoBaitelo,dacampanhadeEnergiadoGreenpeaceBrasil. O relatório Revolução Elétrica do Mar do Norte, coordenado pelo 3E, aponta as vantagens da interconexão de parqueseólicosoffshoreentreoReinoUnido,aEscandinávia,osPaísesBaixos,aFrançaeaAlemanha.Aconexão reduziria a variação da geração eólica no mar e também serviria para a distribuição de outras energias re n o v á v e i s , g a r a n t i n d o o f o r n e c i m e n t o e s t á v e l d e e l e t r i c i d a d e a o s i s t e m a . O estudo indica que a geração eólica offshore no Mar do Norte pode gerar 250 TWh de eletricidade por ano, atendendo a 13% do suprimento dos países da região. Um parque offshore médio produz eletricidade durante mais de 90% do ano e a interconexão destes parques garantiria uma capacidade firme entre 10 e 68 GW. Esta

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A energia solar produzida pelos painéis fotovoltaicos tem um potencial energético enorme no Brasil

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Sinaenco lança a “Carta Verde” para a Copa 2014 Documento do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia traz recomendações para o Brasil realizar uma Copa do Mundo sustentável em 2014

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Copa 2014 será verde como as nossas florestas”. A frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, proferida em Johanesburgo, sintetiza o desejo manifesto pelos brasileiros em relação a uma das principais conquistas que, espera-se, a realização do mundial de futebol em nosso país deve proporcionar. Sintetiza também a importância que a questão da sustentabilidade vem ganhando a cada campeonato mundial de futebol realizadopelaFifa. Em sintonia com essa aspiração manifesta e formalmenteincluídaentreaspreocupaçõesdaFifa/CBF e das autoridades brasileiras com a sustentabilidade, o Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) lançou o manifesto pela Copa Verde no Brasil, batizado de“CartaVerde para a Copa 2014”. Segundo o presidente do Sinaenco, João AlbertoViol,“a sustentabilidade deve nortear todos os projetos para a infraestrutura brasileira para a Copa 2014, incluindo estádios e demais áreas, com destaque para o saneamento, uma das principais lacunasdopaísnessaquestão”. Elaborada a partir do encontro 2010-2014: 4 anos para uma Copa Verde, promovido pela entidade no recentemente, com a presença de arquitetos, engenheiros, autoridades públicas e representantes da sociedade civil, o documento propõe ações em áreas como mobilidade urbana, saneamento, infraestrutura, construçõesdosestádios,entreoutras. A Carta Verde defende, por exemplo, que os

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Velejando pela natureza, na Represa Billings

investimentos nas arenas esportivas devem ser pautados pelos princípios e normas da construção sustentável (ecoeficiência, redução da poluição, reciclagem etc.) e que a realização da Copa 2014 é o melhor momento para a implementação de ações ambientalmente corretas, como a despoluição de ícones turísticos – baías, lagos e rios, entre outros – e a promoção da universalização do saneamento básico no país. Alinhado com esse conceito, o Sinaenco realizou, em parceria com o Portal 2014, a regata “Velejando pela natureza”, que aconteceu no dia 8 de julho último, na Represa Billings, maior manancial de água doce da Região Metropolitana de São Paulo. O evento contou com a participação de mais de cem crianças de escolas públicas paulistanas, de ONGs socioambientais, como a Vento em Popa, que desenvolve um projeto de educação ambiental e ao mesmo tempo de construção de barcos à vela na região do Cocaia, na zona sul paulistana. As crianças e adolescentes do projeto velejaram pela Billings em dez barcos a vela, cada um com uma inscrição alusiva ao meio ambiente e ao melhor aproveitamento dos recursos hídricos. Além disso, os jovens também ouviram palestras sobre o uso racional da água e de como evitar a poluição de nossos recursos naturais. A Carta Verde será encaminhada ao presidente Lula, ministros do Meio Ambiente, Esportes, Cidades, Planejamento,Turismo, governadores e prefeitos das 12 cidade-sede, além de secretários estaduais e municipais daspastaspertinentes.

Conheça os doze tópicos da Carta Verde: 1-Pautar pela sustentabilidade os investimentos em arenas, infraestrutura e outros empreendimentos voltados para a Copa, a partir das concepções dos projetos, abrangendo as diversas dimensões da intervençãosobreomeioambiente. 2-Orientar os empreendimentos pelos princípios e normas da construção sustentável e, principalmente, aproveitar as águas das chuvas, assim como o reuso da água tratada, minimizar o consumo de energia elétrica, utilizar fontes renováveis e materiais recicláveis, inclusive o material de demolição dos estádios, e reduzir aemissãodegasesgeradoresdoefeitoestufa. 3- Priorizar, nos projetos de mobilidade, as modalidades de uso coletivo e movidos por biocombustíveis ou eletricidade, com redução do uso de combustíveis não renováveis.

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4- Utilizar o projeto de arquitetura e engenharia como a ferramenta capaz de melhor compatibilizar, num empreendimento, a intervenção física e a dimensão ambiental, trabalhando para a redução e mitigação de impactos. 5- Inserir mecanismos na Lei de Licitações que incentivem as compras sustentáveis. Instituir incentivos f i s c a i s e f i n a n c i a m e nto s e s p e c i a i s p a ra empreendimentossustentáveis. 6- Priorizar a construção de estruturas permanentes, e não provisórias, quando, analisadas as reais demandas, são necessários investimentos na ampliação da infraestrutura, no intuito de oferecer um verdadeiro legadoparaapopulação. 7-Ampliar a capacidade hoteleira de maneira sustentada, de forma que instalações não fiquem ociosasnopós-Copa. 8- Aproveitar o momento oportuno de coesão nacional para o desenvolvimento de amplas campanhas educativas, com foco em reciclagem e economia de recursosrenováveisenão-renováveis. 9-Priorizarmãodeobralocal,quandoforsuficientepara atender as demandas, minimizando a imigração para as áreas das obras para as quais não haja sustentabilidade deempregos. 10- Valer-se do momento oportuno para despoluir os ícones turísticos – baías, lagos, rios - de cada cidadesede e desencadear o processo de despoluição do litoral brasileiro. 11- Promover a universalização do saneamento básico no país, fundamentalmente nas 12 cidades-sede e suas regiõesmetropolitanas. 12- Aprimorar a limpeza urbana, com inserção de pontosdereciclagemnascidades-sede.

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Segundo estudo da consultoria Ersnt&Young sobre os efeitos da copa na economia, serão investidos cerca de R$4,62 bilhões para construção de novos estádios e reforma dos existentes, além de cerca de R$2,5 bilhões para adequar o setor de transportes nas cidades cedes da copa e cerca de R$3,2 bilhões para expandir o setor hoteleiro. Segundo a consultoria, há grande oportunidades de reduzir os impactos ambientais e a pegada de carbono iniciando com uma comparação com a copa 2010 na África do Sul. O estudo mostrou que o evento no continente africano, vão ser emitidos cerca de 2,8 milhões de toneladas CO2, incluindo as viagens internacionais – que devem ser responsáveis por 1,9 milhões de toneladas de OC2. Para reduzir o impacto, os especialistas da consultoria concordam com as principais medidas sugeridas pelo Sindaenco, mas também devem incluir a gestão integrada de resíduos.

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Projetos sustentáveis ormado por seis universidades brasileiras, o Consórcio Brasil representará o país no Solar Decathlon Europe, competição universitária de construção de casas energeticamente auto-sustentáveis que será realizada ainda em 2010. Integrantes das universidades de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp) e as federais do Rio de Janeiro (URFJ), Minas Gerais (UFMG), Santa Catarina (UFCS) e do Rio Grande do Sul (UFRGS) decidiram unir forças para se tornarem mais competitivos no evento que será organizado pela Escola Politécnica de Madri, na Espanha Para montar o projeto ideal, o consórcio fez um concurso interno, em que estudantes de arquitetura das seis universidades apresentaram projetos. O júri foi composto de professores das universidades brasileiras e representantes da O Solar Decathlon foi criado pelo Politécnica de Madri, entre eles Departamento de Energia do governo o vice-reitor de Relações norte-americano Internacionais Jose Manuel Páez. Foram escolhidos os projetos de alunos da UFSC, Unicamp e UFRGS como os três melhores. Os projetos contemplam áreas como arquitetura, engenharia elétrica, civil e de materiais e iluminação e marketing. “Não se trata apenas de fazer uma casa sustentável, mas de pensar nela como algo que pode ser reproduzido facilmente na sociedade”, disse Adnei Meleges de Andrade, professor do Instituto de Eletrotécnica e Engenharia e responsável pelo consórcio na USP, ao USP Online. O Solar Decathlon foi criado pelo Departamento de Energia do governo norte-americano, em 2002, e a próxima edição será realizada em outubro, em Washington. A edição na Europa será a primeira fora dos Estados Unidos. O Solar Decathlon tem dez critérios de avaliação, cada um com pontuações diferenciadas. Além das questões arquitetônica e de engenharia, contam pontos as instalações, balanço de energia, condições de conforto, funcionamento de equipamentos, inovação e sustentabilidade. Co m u n i c a ç ã o, m a r k e t i n g , s e n s i b i l i z a ç ã o s o c i a l , industrialização e comercialização também são importantes, pois o projeto deve ser comercializável.

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Projetos já Vencedores 25

École de Technologie Supérieure, Université de Montréal, and McGill University

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Preservar a diversidade biológica e cultural, utilizando os conhecimentos da própria população local, além de produzir tanto para o consumo interno como, também, para o externo

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Agricultura Sustentável A gricultura sustentável pode ser definida pela busca da maior produtividade possível com maior grau de preservação da natureza, incluído aí a preservação do solo, da água e do ar entre os ciclos produtivos. A rotação de culturas é basilar neste processo.Seemdeterminadoanoseplanta milho, esta cultura vai alimentar-se de determinados nutrientes do solo, deve-se plantar no ano seguinte a soja que irá repor nutrientes que foram consumidos pelo milho, como o nitrogênio. Desta forma, cai o custo de preparação do solo, pois está sendo naturalmente preservado, evitando-se a utilização de pesadas cargas de fertilizantes sintéticos. A monocultura deve, portanto, ser abandonada. As técnicas de conservação do solo entretanto devem ser observadas, para evitar-se a erosão, que pode ocorrer através dos ventos formando redemoinhos gigantes que carregando a parte fértil do solo, a superficial. A ação das chuvas também pode danificar a terra do agricultor com a formação de crateras, muitas vezes inviabilizando a utilização da área para novo ciclo produtivo.Terras produtivas podem virar improdutivas do dia para noite, isto ocorre em larga escala no Brasil. Uma forma de se evitar e de se preservar o solo da ação da natureza é conservá-lo sempre plantado. A naturezanoestadovirgem,cobreosolocom a vegetação, devem os agricultores preservar esta

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característica. Uma das maneiras que podem proceder é utilizar o plantio direto, ou seja, antes de colher milho, por exemplo, pode-se plantar aveia, cultura de inverno; então, quando se colhe o milho,a aveia já está nascendo, proporcionando uma constante massa verde na superfície do solo, evitando-se a ação da erosão. O custo daproduçãotambémcai,pois,estátécnicaexterminaas

constantes remexidas da terra por pesados tratores, além de evitar-se sua compactação. Conforme os anos vão passando, a quantidade de massa verde não incorporada ao solo também vai crescendo, como vantagem adicional, esta camada mantém a umidade do solo por muito mais tempo, evitando-se os possíveis efeitosnefastos.

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Agricultura orgânica consiste no cultivo de alimentos sem utilização de agrotóxicos, além de promover a auto-sustentabilidade

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Pode-se considerar uma agricultura sustentável aquela que seja de acordo com o demonstrado na tabela a seguir Produtiva

- Que mantenha e melhore os níveis de produção

Ambientalmente sadia

- Que proteja e recupere os recursos naturais; atue no sentido de prevenir a degradação dos solos, preserve a biodiversidade e mantenha a qualidade da água e do ar Ainda na audiência pública povos tradicionais níveissobre deosrisco na produção

Estável

- Que reduza os

Viável

- Que seja economicamente viável

Igualitária

- Que assegure igual acesso ao solo, água, outros recursos, e produtos para todos os grupos sociais

Autônoma

- Que garanta a subsistência e autonomia de todos os grupos sociais envolvidos na produção

Participativa

- Que seja construída coletivamente, por um processo de compartilhamento de conhecimentos entre todos os envolvidos. Seja o resultado de um processo democrático e coletivo de aprendizado

Humana

- Que satisfaça as necessidades humanas básicas: alimentação, água, combustível, roupas, abrigo, dignidade e liberdade para as diversas gerações; as que vivem agora e as que estão por vir

Garantir que todos sejam capazes de entregar seus serviços de maneira sustentável

Termos relacionados com a agricultura sustentável: Agricultura orgânica: Pode ser sinônima de ecológica ou biológica, é um sistema destinado a cultivar uma exploração agrícola que se baseie na utilização ótima dos recursos naturais, sem emprego de produtos químicos de síntese ou organismos geneticamente modificados (nem para adubo nem para combater as pragas) procurando desta forma obter alimentosorgânicosaomesmotempoqueseconservaa fertilidade da terra e se respeita o ambiente. Todo este sistema se processa de maneira sustentável e equilibrado. ¥ Alimentos transgênicos: Organismos nos quais o material genético (ADN) foi alterado por processos artificiais. A tecnologia denomina-se“biotecnologia”ou “tecnologia genética” e também “tecnologia de ADN recombinante”ou“engenhariagenética”.Estatecnologia permite transferir genes selecionados de um organismo para outro, mas também entre espécies não

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Sistema que se processe de maneira sustentável e equilibrado

relacionadas. Os referidos métodos utilizam-se para criarvegetaisgeneticamentemodificados. ¥ Produção integrada: É um sistema agrícola de produção de alimentos que procura ser respeitador com a saúde e o meio ambiente e utiliza os métodos químicos biológicoseoutrastécnicasdebaixodeumestritocontrole eprocurandosempreminimizarosriscos. ¥ Controle natural: É o controle que ocorre nas populaçõesdeorganismossemintervençãodohomem. ¥Controle biológico: É o método de controle de pragasededoençasqueconsisteemutilizarorganismos vivos com objetivo de controlar as populações de outro organismo. É um método que apresenta limitações especialmente no que respeita ao conhecimento dos organismosafetados. ¥Inimigo natural: Organismo de que pode ser utilizadocomocontroladordepragasoudoenças. ¥Agricultura de subsistência: É um sistema de agricultura em que a produção que se obtém num determinado terreno ou superfície serve só para alimentaraspessoasqueneletrabalham.

Desafios/soluções O maior desafio é assegurar e aumentar o rendimento na agricultura ao mesmo tempo em que se conserva a biodiversidade, os ecossistemas e fontes e se mantém uma base saudável para aqueles que dependem da agricultura para sua sobrevivência. Em outras palavras, equilibrar a produtividade agrícola com as necessidades do ecossistema e da biodiversidade a fim de garantir de que todos sejam capazes de entregar seus serviços de maneira sustentável. Entre as soluções disponíveis estão técnicas de irrigação com eficiência no uso da água e energia, mecanismos de colheita eficientes em termos de energia, entre outras. Da mesma forma, soluções biotecnológicas “verdes” para novas características de sementes (maior produção e qualidade) e tecnologias de proteção de safras irão auxiliar igualmente no alcance dos objetivos relacionados à biodiversidade e ao ecossistema.

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amillo Martins Vianna

Amazônia.

Siriá,meubemsiriá, Mamãetraíra Meupaijacundá I Areuniãoaconteceu Douaquiomeupenhor NumermodaAmazônia Que Euclidescantou. AÚltimaPáginadoGênesis Comoelemesmofalou II OstrazidosdaÁfrica Faziamabatição Osescravosvermelhos AbriamarodadaTradição Eosbrancosrecém-chegados Faziamacantação III Cabocosverde-amarelo, Sentadosnochão Prestavammuitaatenção Omestrefeitorcomachibatanamão Faziaamarcação IV Homemdebalandraupreto ComoLivroSantonamão Trazianopescoço Ascontasdadevoção Mostravaospéssangrando Detantaandação Siriá,meubemsiriá, Mamãetraíra Meupaijacundá V EnormecruzdeMuirapitanga EgrandefogueiradeMuirachimbé Ardiamparailuminação Enquantomaisgentechegava Engrossandoareunião.

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Mutirão na floresta

AprimeiraacontecidanaTerradaPromissão VI Passandoemvôorasante Sobreaconcentração Opássarobate-caixão Traziamauagouro Segundoatradição PorémnadaimpediuaGrandeReunião VII Vestidoderoupapiranga Namiraparaatirar Ocabanoaguardava Ogalegoentrar Elechegaradelonge Sóparaescravizar VIII Urrandodoladodefora Comosequisesseentrar Enormegatopintado Aguardavatãosomente Quealuaseescondesse Parapodeatacar. Siriá,meubemsiriá, Mamãetraíra Meupaijacundá IX Noavermelhardaaurora Todosolhavamprácima Esperandoosolnascer Paracontinuarconversando Sobreasituação CadavezmaisameaçadapelatalIntegração X Ocurumimdospésprátrás Guardiãodafloresta Sepôsaassobiar Assustandoaqueles Queamata Queriamdevastar XI TioBiútomadordecachaça

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Penitenterezador Andavaaoléupelasruas Clamandopelossantos Poisqueriaatodocusto Dareuniãoparticipar XII OTenenteFernando quelevousumiçonasmatas doantigoGuaporé Teriasidocarregadoporonça Flechadoporbocasnegras Ouporcaningademulher Siriá,meubemsiriá, Mamãetraíra Meupaijacundá XIII VitorMataOnça Gateirodeprofissão EmSexta-feiraGrande Deveiszadasóabateu Trêsgatospintados Semdónemcompaixão XIV Manducafeitorconhecido Deladainhabomtirador DafazendaLivramento

Comvozesganiçadadetabocarachada Deuinicioacantoria Comimensofervor XV OlhodeCavaloMorto DeAbaetetubamorador Paraquemquisessesaberdizia Seiriachoverounão Commuitaprecisão Eopovoacreditavanasuaprevisão XVI JoãoCabeça,genteboa DeTaciateuamorador Sabia commaestria Quandoagrossachuvadecabeceira

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Ameaçavadesabar Eopessoalcorriaparaseabrigar Siriá,meubemsiriá, Mamãetraíra Meupaijacundá XVII Coriscosriscavamocéu comimensoestrondar ÉGentemaisládecima Quequeriaseachegar Parapassaramensagem Queo Principalmandoudar XVIII Ograndepeixeencarnado Querendosemanifestar Chegoudemuitolonge Paraparticipar

Nadoubompedaço Atécansar XIX Todosqueriamsaber Porqueosriosestãotufando O camposecando Aterruadaavançando. Nessasecuraelameiro Nãodápracaminhar XX Nóscamposdebaixoedecima Sósepodenavagar. DevotosdeSãoBenedito Cantavamladainha

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Práfazeratiração Eramosesmoleresdeantigatradição Siriá,meubemsiriá, Mamãetraíra Meupaijacundá XXI Opessoalvemdelonge Sóparaengazopar Levandotudooquepode. Aenergiavaipráfora,ficandoaescuridão Tucuruíéexemplo. EmBeloMontehaverárepetição XXII Gentedeolhogordo Daquimesmodolugar Querdividiraterra Querendoenricar Suagrandeambição. Porémestamospreparadosparaissorejeitar Siriá,meubemsiriá, Mamãetraíra Meupaijacundá (*) Sobrames, Sopren

O grande peixe encarnado

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Fazendo a batição

Devotos de São Benedito

Elucidário Balandrau – batina Muirapitanga – Pau Brasil Muirachimbé – madeira especial para lenha Bate-caixão – rasga mortalha, coruja de campanário ou de igreja Roupa piranga – Tingida por casca de muruci, usada pelos guerrilheiros Cabanas. Curumim de pés pra trás – Curupira Tio Biú – tipo popular de Abaetetuba Tenente Fernando – oficial do exército desaparecido nas matas do Guaporé, hoje Estado de Rondônia. Caninga – macumba, feitiço, mal olhado Vito Mata Onça – Famoso gateiro da ilha do Marajó ''Seu'' Manduca – feitor da fazenda Livramento Olho de Cavalo Morto – tipo popular de Abaetetuba Principal – Deus Tupã Engazopar – ludibriar iludir, enganar, vale como se apropriar Grande peixe encarnado – pirarucu Campos de baixo e de cima – campos inundados de Bragança, semelhantes aos do Marajó

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odrigo C A Lima 100

Taxa para produzir magine que os produtores de alimentos prejudicando até a competitividade dos no Brasil e no mundo teriam que pagar produtos agrícolas brasileiros, sem que isso seja uma taxa para poder plantar, criar necessário para proteger os objetivos em frangos e vacas leiteiras e até processar questão. certos produtos. Esse salvo conduto para Vale lembrar que a cana-de-açúcar, originária produzir decorre do objetivo de proteger o do sudeste asiático há milhares de anos antes acesso aos recursos genéticos e o de Cristo, chegou ao Brasil em 1516, com os conhecimento de populações indígenas e portugueses, que aproveitaram o solo e o clima tradicionaispresentesnabiodiversidade. para difundir a produção de açúcar e firmar sua A idéia central é cobrar pelo acesso aos presença nas terras recém descobertas. A soja, recursos genéticos – cana, soja, bovinos, oriunda da China, chegou ao Brasil em 1882, suínos, frangos, dentre outros – uma vez que vinda dos Estados Unidos. Em 1874, os são originários de outros países. Esse assunto primeiros bovinos da raça Ongole, de origem não é peça de ficção. Pelo contrário, é objeto de indiana, foram trazidos para o Brasil e mais intensas negociações no âmbito da Convenção tarde, após muita pesquisa para adaptação e criado a partir de sustâncias vegetais, tem a ventagem sobre Diversidade Biológica (CDB), tratado Bioplástico melhoramento, originaram a raça Nelore.Tratade ser biodegradavel e é, por tanto, uma alternativa sustentavel ao internacional do qual o Brasil faz parte desde plástico derivado de combustíveis fósseis se de recursos genéticos há muito tempo 1994, e que terá reuniões no final de março e inúmerosrecursosgenéticosvindosdefora. utilizadoseaprimorados. em outubro, quando se espera adotar um regime Tomando como base a produção de soja e cana-deO que se pretende com esse regime é conservar a internacional para proteger e regular o acesso a recursos açúcar em 2009, e o valor de mercado da soja em grão, biodiversidade e proteger o conhecimento das populações genéticos e promover a divisão dos benefícios oriundos do açúcar e do etanol, e descontando 1% a título de indígenas e locais. A resposta parece mais do que óbvia, dosmesmos. contribuição ou repartição de benefícios, o valor devido mas cabe perguntar se para proteger esses recursos é Estima-se que apenas 10% da biodiversidade do bioma seria de 447 milhões de dólares/ano. Considerando preciso taxar do mesmo modo recursos genéticos Amazônia seja conhecida. Conservar recursos genéticos somente o total exportado de carne bovina, suína e de alimentares, que são utilizados há milhares de anos? Uma de valor potencial ainda desconhecido e proteger o frangos em 2009, essa taxa chegaria a 111 milhões de das linhas propostas é que se dê um tratamento setorial conhecimento de uma tribo indígena sobre recursos da dólares/ano,semconsideraroconsumointerno. diferenciado a esses recursos. Espero que o Brasil participe biodiversidade é um dos focos da CDB e da criação desse Se o farelo de soja produzido em 2009 também for ativamente dessas negociações, buscando sempre regime conhecido, entre os negociadores, como ABS considerado, geraria uma taxa de 81 milhões de proteger sua biodiversidade, mas também seu potencial (Access and Benefit-sharing). No entanto, discute-se dólares/ano. Existe uma proposta para que os produtos agrícola,tãoinvejadomundoafora. que a produção de soja, cana, carne bovina, suína e de derivados entrem nesse regime, o que elevaria frangos, frutas, algumas hortaliças e outros produtos e exponencialmente esse número para mais de 558 até seus derivados também deveriam entrar nesse milhões de dólares/ano, considerando somente o caso regime, como forma de compartilhar os benefícios de dacana,sojaecarnes. sua utilização comercial com os países de origem desses Imagine se leite, queijos, iogurtes, frutas, recursos. bioeletricidade gerada pela queima do bagaço e palha Gostariadechamaraatençãoparaospossíveisimpactos da cana, bioplásticos, dentre inúmeros produtos da da inclusão de produtos alimentares nesse regime. Não agricultura de subsistência, dos assentados, do existe uma metodologia para calcular esse “direito de agricultor familiar, bem como do médio e grande ( *) Advogado, gerente-geral do Instituto de Estudos produzir”, mas uma breve simulação indica números do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE) produtor, tiverem que pagar essa taxa. Fatalmente os bastante elevados, uma vez que o Brasil depende de custos de produção e o preço dos alimentos iriam subir,

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Estima-se que apenas 10% da biodiversidade do bioma Amazônia seja conhecida 82| REVISTA AMAZÔNIA

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capa3.ps D:\Amaz么nia\Corel\Amaz么nia XXII\ABTCP-TAPPI 2010.cdr quinta-feira, 23 de setembro de 2010 09:18:55


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