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10 Ações e planos de combate à dengue 14 Raio-x da Amazônia, contemplando as
as áreas científica, cultural e ambiental
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PUBLICAÇÃO Período (janeiro/fevereiro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn
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Fontes Mistas
Grupo de produto proveniente de florestas bem manejadas e fontes controladas
A produtora de documentários socioambientais Código Solar em parceria com o canal Amazon Sat começa a produzir em fevereiro, sob a direção de Marcelo de Paula, um dos sócios da Código Solar, uma série deTV, com 48 capítulos filmados em High Definition, e com a ousada proposta de fazer um raio-x da Amazônia, contemplando asáreascientífica,culturaeambiental...
PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn
18 A COP 16, em Cancun
ARTICULISTAS/COLABORADORES Camillo Martins Vianna; Ivan Postigo; Maria Fernanda Ramos Coelho; Olive Heffernan; Rafael Ferrando; Secretariado da Convenção sobre Biodiversidade Biológica- CDB e Vanessa Brasil
A 16ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança Climática – COP 16 começou em Cancún, mudando radicalmente: da gélida capital da Dinamarca (-14ºC) para o cálido balneário mexicano (+ 30ºC), um ano depois do fracasso da conferência de Copenhague. O evento começou com palavras do Prêmio Nobel de Química mexicano (1995), Mario Molina, perante um fórum liderado pelo presidente mexicano, Felipe Calderón...
36 Avaliação Global da Biodiversidade (GBO-3) 56 A primeira agência-barco do Brasil 58 5º Encontro Nacional da Indústria 62 XII Engema 70 Inovação e empreendedorismo podem mudar a sociedade
COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn
FOTOGRAFIAS Acervo William Overal; Adam Vaughan, Alessandra Serrão/AG. PARÁ; Carlos Rudiney; José Pantoja/ Sespa; Eduardo de Souza; Eduardo Damasceno; Elivaldo Pamplona/Comus; Elza Fiúza/ABr; Luis Oliveira/MS; Gregory Areshian; Guarim de Lorena; Hans Barnard; Ivan Castaneira/TckTckTck; Jan Golinski/UNFCCC; Jorge Dan Lopez; José Paulo Lacerda; Maria S. Fresy; Miguel Ângelo; Mike Williams; Rudolph Hühn; Russel Chan; Sergio Vale/ Secom; Sunnucks Paulo e World Wide Fund for Nature EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro NOSSA CAPA Libélula, argia sp, no Rio Inipoku – Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no Amapá. Foto: WWF-Brasil / Zig KOCH
74 Placa solar no formato das telhas 76 Reator converte luz solar em combustível
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monitorar a Amazônia
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A CAIXA acredita nas pessoas que fazem este país
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este momento muito especial em que a Caixa, criada em 1861 por Decreto Imperial de D. Pedro II, completa 150 anos de história, é justo celebrar nossas legítimas conquistas, compartilhadas por tantos brasileiros. Desde a Monarquia, quando era a instituição destinada a administrar a poupança popular, inclusive dos escravos que buscavam comprar a alforria, até os tempos atuais, a Caixa não se afastou da singular missão de, nas palavras do Barão do Rio Branco, “ser o cofre seguro das classes menosfavorecidas”.
150 ANOS DA CAIXA: UMA HISTÓRIA DE COMPROMISSO COM O BRASIL
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Estamos convictos de que é a coerência dessa trajetória ─ a congruência entre os princípios e valores que orientam a Empresa e a ação que realiza para promover o desenvolvimento regional e ambientalmente equilibrado ─ que explica a permanência da Instituição notempo,eprojetaaCaixacomoportadoradeumfuturo promissor.
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Hoje a Caixa, com 51 milhões de clientes e quase 40 mil pontos de atendimento, atua em todos os municípios do país. A recente instalação no Complexo do Alemão e a inauguração da primeira agência-barco navegando nos rios da Amazônia atestam a ousadia dessa Instituição que quer ser sujeito de integração social e territorial, com presença cada vez mais positiva na vida de cada comunidade. revistaamazonia.com.br
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Nos últimos 8 anos a Caixa incorporou seu papel de banco estratégico para o Estado brasileiro. Sob a orientação do governo federal o Banco participa da implementação de políticas importantes para superar os desequilíbrios regionais e erradicar a pobreza, como vem ocorrendo por meio do Programa de Aceleração do Crescimento e do ProgramaMinhaCasaMinhaVida,quecompletounofinal de dezembro a marca de 1 milhão de moradias contratadas, assim como o Programa Bolsa Família, que visa dar efetividade aos direitos sociais, elevando milhões debrasileirosaopatamardacidadaniaplena. A Caixa é hoje responsável por três quartos do financiamento à habitação, com protagonismo no desenvolvimento urbano do país; atua fortemente no crédito às empresas e famílias e desempenhou, ao lado dos demais bancos públicos, um papel anti-cíclico na recente crise internacional. Executa a gestão dos principais fundos sociais dos trabalhadores, especialmente do FGTS; lidera a captação da poupança popular; está na vanguarda da tecnologia da informação; administra as loterias federais e desenvolve projetosdecooperaçãotécnicainternacional. A Caixa é consciente dos desafios que precisa enfrentar para corresponder às expectativas de uma sociedade cada vez mais exigente. Compreende a necessidade de
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Maria Fernanda Ramos Coelho, presidenta da Caixa
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somar vontade política, inteligência, sensibilidade e obstinação para superar tendências inerciais, dar respostas objetivas às necessidades do pacto federativo, da racionalização e modernização da gestão pública e da inovação.
A afirmação da Caixa na cena pública nacional e o seu reconhecimento social só foram possíveis em razão do envolvimento ativo de gerações de empregados que, articulando competência técnica e espírito público, transformaram o exercício profissional em espaço de vivência da cidadania. Mas o que realmente mobiliza os mais de 80 mil empregados da Caixa é o desafio permanente de imprimir no cotidiano e na História, a marca da sua ação, renovando a esperança de que o Brasilserá,cadavezmais,umpaíssocialmenteintegrado erespeitadonocontextodasnações. Na solenidade comemorativa do aniversário de 150 anos da Caixa
(*) Presidenta da Caixa
Selo comemorativo Os Correios colocaram em circulação no dia 12 de janeiro, selo em comemoração aos 150 anos da Caixa Econômica Federal (CEF). Com arte de Hans Donner e tiragem de 300 mil exemplares, o selo divulga a logomarca dos 150 anos da Caixa: um desenho que reproduz um abraço no mapa do Brasil, expressando o campo de atuação nacional do banco, exemplo de instituição que apoia projetos especiais do governo frente aos cidadãos brasileiros. As cores utilizadas são as da Bandeira Nacional. Foi utilizada a técnica de computação gráfica. O selo tem valor facial de 1º Porte Carta Comercial (R$ 1,05).
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à dengue O encontro na Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, com profissionais e técnicos da área de saúde
Alexandre Padilha, Ministro da Saúde Fotos Alessandra Serrão/AG. PARÁ; José Pantoja/ Sespa; Elivaldo Pamplona/Comus; Luis Oliveira/MS; Sergio Vale/Secom
O
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, divulgou recentemente o novo mapa de risco para a dengue no Brasil. Agora, com a atualização do Levantamento do Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), passam de dez para 16 os estados com risco muito alto de epidemia; e de nove para cinco os com risco considerado alto. Em seguida, Alexandre Padilha, e representantes de outros 12 ministérios e órgãos do governo federal se reuniram com a presidenta Dilma Rousseff para articular a formulação de ações integradas capazes de prevenir e controlar a doença, bem como garantir atendimento de qualidade, em tempo adequado, para a população
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acometidapeladengue. A ideia é promover iniciativas capazes de prevenir e controlar a doença, bem como garantir atendimento de qualidade, em tempo adequado, para a população acometida pela dengue. A presidenta reforçou a
necessidade de as ações integradas começarem imediatamente, contando com a participação das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde das localidadesemalerta. “Queremos, no dia de hoje, reforçar duas coisas: a atuação intersetorial e a integração entre atenção à saúde e vigilância em saúde. Queremos estimular os estados e municípios a ampliarem suas parcerias no combate à dengue. O Governo Federal, os estados, os municípios e as pessoas: todos podem fazer mais no combateàdengue”,disseoministroAlexandrePadilha. No novo mapa da dengue no país, Acre, Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Tocantins, Mato Grosso,EspíritoSantoeRiodeJaneirosãoosestadoscom alto risco de enfrentar epidemia neste começo de ano. Roraima, Amapá, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul estão com risco alto para a dengue e também precisam reforçar as ações de prevenção e combate à doença. revistaamazonia.com.br
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O ministro também determinou que o Ministério da Saúde faça o acompanhamento sistemático da implantação dos planos de contingência para enfrentar epidemias de dengue nos 16 Estados que atualmente apresentam maior risco. O monitoramento será feito em parceria com as Secretarias Estaduais de Saúde e vai integrar as ações de vigilância, assistência e mobilização emsaúde. O combate à dengue está entre as prioridades desta gestão e do governo da presidenta Dilma Rousseff”, enfatizouAlexandrePadilha.
Ministério da Saúde e Governo do Pará debatem e fazem pacto para combate à dengue no estado OgovernadorSimãoJatenerecebeuoministrodaSaúde, Alexandre Padilha, na capital paraense e disse de sua alegria em receber o ministro da Saúde no Pará , logo no início do seu mandato e aceitou o pacto para combater o avanço da dengue no Estado. O encontro teve como objetivo central a união de esforços entre os governos federal, estadual e municipais, no combate à dengue no Pará, que se encontra entre os 16 estados brasileiros com altoriscodeepidemiadadoença. Para o governador, "somos um grupo de humanos num Técnicos de várias instituições discutiram as ações que serão adotadas para combater a ameaça da dengue no Estado
Ministro da Saúde, Alexandre Padilha e o governador do Estado do Pará, Simão Jatene no encontro com profissionais e técnicos da área de saúde para discutir estratégias decombate à dengue no Pará
momento de transição do milênio e ainda nos confrontamos com antigas mazelas. Não é questão de saber, o saber nós temos, o que falta é capacidade de construirumagrandealiança". Conforme Jatene, em pleno terceiro milênio, 2,5 milhões de paraenses vivem com R$ 4,00 por dia. "temos desafios,masapesardadiversidadedoEstado,aindanão tivemos competência para usar essa diversidade para reduzirasdesigualdades",lamentou. Assim, de acordo com Jatene, "independentemente de partidos políticos é preciso construir alianças e pactos para melhorar a vida das pessoas". "Eu tenho certeza que
nós vamos vencer a dengue, vamos começar com o pé direito, vamos mostrar que é possível", afirmou Jatene, ressaltando que as desigualdades o incomodam, não as diferenças. "Vamos vencer o inimigo comum com a determinação de cada um de nós, esse teste é importante para todos nós", ressaltou. "A urgência agora é a dengue, mas agora podemos melhorar a qualidade da saúde, reduzir a pobreza e a desigualdade", complementou. O encontro teve como objetivo central a união de esforços entre os governos federal, estadual e municipais,nocombateàdenguenoPará.
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"É o momento da virada para derrotarmos a dengue", com essas palavras, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, convocou o governador Simão Jatene, prefeitos esecretáriosdesaúdeparaumaverdadeiraguerracontra dengue no Estado. O encontro entre os gestores dos três níveis de governo aconteceu no auditório do Hospital de ClínicasGasparVianna. Além do governador e do ministro, compuseram a mesa do evento o secretário estadual de Saúde, Helio Franco, a prefeita de Santarém, Maria do Carmo Martins, e o Hélio Franco, titular da Sespa, mostrou ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e aos prefeitos como o Pará enfrentará a ameaça da dengue
A comitiva viu as obras do novo centro Oncológico do Estado e os equipamentos de alta tecnologia que compõem a unidade, inclusive o acelerador linear
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Após o encontro, Alexandre Padilha e Simão Jatene se cumprimentam
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secretário municipal de Saúde de Belém, Sérgio Pimentel. O auditório estava lotado de prefeitos, secretáriosmunicipaiseprofissionaisdesaúde. Padilha propôs que seja feita uma grande mobilização social contra a dengue, envolvendo o poder público, empresários, entidades de classe, organizações não governamentais e sociedade em geral. Pois só assim é possível o Brasil evitar uma grande epidemia da doença em2011. O ministro da Saúde ressaltou a importância da vigilância epidemiológica e do funcionamento da rede de atenção, para o diagnóstico e tratamento dos casos suspeitos, evitando o agravamento do quadro clínico. Ele afirmou que fará o acompanhamento semanal de todos oscasossuspeitosdedenguenoEstado. Ele informou que foi criado um grupo interministerial envolvendo 13 Ministérios, que estão planejando suas ações de forma integrada, incluindo o combate à dengue, o que pode ser reproduzido nos Estados e Municípios entre as áreas de obras, coleta de lixo, saneamento e esgoto etc. Também disse que parte dos recursos do PAC poderá ser utilizado pelos municípios paraaçõesdelimpeza. Como parte da mobilização, Padilha pretende sensibilizar os empresários, mostrando que a dengue pode ter impacto no processo de trabalho e produção à medida que os trabalhadores doentes faltam ao serviço. Sua intenção também é se reunir com lideranças religiosas. "Se cada padre, pastor, pregador puder falar umpouquinhodadengue..." Padilha quer mobilizar os profissionais de saúde como
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médicos, enfermeiros e dentistas e também vai se reunir representantesdeoperadorasdeplanosdesaúde"jáque muitos óbitos por dengue são de pessoas que têm plano de saúde". E de acordo com o ministro, o que faz as pessoas morrerem é não procurarem a unidade mais próxima de sua casa, e sim hospitais ou pronto socorros ondeacabamesperandomaistempoporatendimento. O ministro da Saúde prometeu mandar equipes da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) e da Secretaria de VigilânciaàSaúde(SVS)parafazeremumdiagnósticoda situação da dengue no Pará. Inclusive, já há técnicos do Ministério da Saúde em Belém com esse objetivo. "Queremos a rede de atenção preparada para atender às pessoas",observou. Concluindo, Alexandre Padilha disse que tem um carinho especial pelo Pará e que se tornou um pouco paraense quando começou a vir para cá como docente de um mestrado na área de saúde, em Santarém. Ele afirmou, por fim, que esse é o primeiro teste para todos, governo federal, estadual e municipal. "Não interessa o partido
Padilha ouve exposição do secretário de Estado de Saúde, Helio Franco
do governo, nosso objetivo é melhorar cada vez mais a estruturadecontroledadengueemtodososlugares". Ao final, Jatene garantiu que o Ministério da Saúde será parceiro no combate à doença no Estado e afirmou que uma grande aliança entre todas as esferas foi pactuada. “Ainda discutiremos a questão dos repasses federais, mas é certo que o Ministério será nosso parceiro”, garantiuogovernador. Jatene disse que o momento agora é de discutir as estratégias de combate e identificar os municípios onde asituaçãoémaiscrítica. Alexandre Padilha reafirmou que esse é o primeiro teste para todos, governos federal, estadual e municipal.“Não interessa o partido do governo, nosso objetivo é
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O governador e o ministro acompanhados por diretores e equipe técnica do hospital de referência Barros Barreto
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melhorar cada vez mais a estrutura de controle da dengueemtodososlugares”. Outras ações de reforço aos estados são a compra de medicamentos, o uso de carros fumacê, a distribuição de kitsdediagnóstico,delarvicidasematerialeducacional.
} Sespa
O secretário estadual de Saúde, Helio Franco, disse que todos têm informações sobre dengue, o que falta é convencer as pessoas a tomarem providências. Ele criticou a banalização da dengue, inclusive pela classe médica, mas o fato é que 10% dos casos da doença têm complicações que podem levar à morte. "Não adianta haver Plano Estadual e Municipal de combate à dengue sem a participação efetiva da população, uma vez que 70% dos criadouros do mosquito Aedes aegypti estão dentro de casa ou no entorno das casas". Ele também citou a necessidade de envolver as crianças e adolescentesnessaluta,pormeiodaeducação. Na opinião do secretário, quando a Constituição diz que "a saúde é um direito de todos e dever do Estado" acaba passando a ideia de que o cidadão não tem responsabilidade, o que não é verdade, como ocorre no combate à dengue. "É preciso que todos estejam nessa guerracontrauminimigocomum",alertou. Helio Franco voltou a defender o método tailandês que considera como dengue todo caso de febre alta, dor no corpo e prostração, devendo o paciente ser tratado com hidratação intensa desde os primeiros sinais e sintomas dadoença.
} Sintomas
Mas existem os sintomas de alerta, uma vez que a nova sorologia, combinada com outros casos, pode causar denguehemorrágica.Seopacientesentirdorabdominal aguda e freqüente, e desconforto respiratório e/ou sangramento espontâneo, deve se dirigir rapidamente a umhospital. Outra ação importante é o combate ao vetor. A população não pode deixar água parada em jardins, quintais ou nas ruas. "É comprovado que mais de 70% dos casos de dengue são provocados por vetores cujos criadouros estão dentro de casa ou nos vizinhos mais próximos",alertaosecretário. Por isso, o ponto final do plano estadual é a mobilização social. A Sespa pretende contar com o apoio de associações, sindicatos e centros comunitários nas ações de combate ao mosquito transmissor da doença, para preveniraproliferação.
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Em 2010, o Pará teve 9.089 casos confirmados de
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Alexandre Padilha e Wilson Alecrim, secretário de Estado de Saúde do Amazonas
dengue, contra 5.455 em 2009. Também registrou 18 óbitos por dengue em 2010, três a mais que em 2009. A metadedosóbitosocorreuemBelém. OsmunicípioscommaiornúmerodecasossãoBelém,com 2.149, que corresponde a 23,6% dos casos confirmados; Altamira,com1.318(14,5%)eAnanindeua,com587casos (6,4%). No entanto, o município com maior incidência por 100 mil habitantes (4.199/100 mil hab) é Santarém Novo, com 73 casos. No local também foi confirmado o primeiro casodedenguetipo4. O representante do IEC, PedroVasconcelos, informou que o paciente, na verdade, infectou-se em Icoaraci, Distrito de Belém, onde reside, e não em Santarém Novo, onde é proprietário de um sítio. Por isso, os órgãos de saúde estãofazendoainvestigaçãoemIcoaraci.
atendimento aos pacientes. Além disso, a visita serve para alertar a população sobre a importância da adoção de medidas para evitar a proliferação do mosquito. “Em boa parte das grandes cidades não há fornecimento de água contínuo e as pessoas têm de acumular água. O lixo, às vezes, está aí sem recipiente e sem vasilhame”, disse Jarbas Barbosa. “Como não há uma vacina, a prevenção tem de ser continuada. E na época do ano em que a transmissão é maior, como agora, essa prevenção temdesermaisintensaainda”. Em Manaus, o secretário deVigilância em Saúde visitou o Serviço de Pronto Atendimento e Policlínica Danilo Correa, no bairro Cidade Nova I – referência no atendimento a pacientes com dengue –, e a Unidade Básica de Saúde José Avelino Pereira, no bairro João Paulo – onde uma equipe de Saúde da Família orienta a comunidade sobre as formas de prevenção. Ainda acompanhou o trabalho porta a porta de agentes comunitários de saúde, agentes de endemias e militares do Exército de identificação de criadouros do mosquito transmissor. Segundo o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Padilha garantiu recursos de R$ 5,4 milhõespara o Acre
Saúde mobiliza Amazonas contra a dengue
OsecretáriodeVigilânciaemSaúdedoMinistériodaSaúde, JarbasBarbosa,esteverecentementeemManaus(AM)com autoridadesdesaúdedoestadodoAmazonasedeManaus parareforçaranecessidadedeaçõesdemobilizaçãocontraa dengueedepreparaçãodarededesaúdeparaatendimento aospacientesacometidospeladoença. Acompanhado pelo coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Geovanini Coelho, o secretário visitou iniciativas que se tornaram referência na capital do estado na prevenção à doença e no atendimento à população.“Aqui, a ideia é reunir todos os parceiros e fazer um chamado: agora, época em que ambientalmente há maior risco de transmissão, vamos redobrar os esforços paraevitarepidemias”,alertouBarbosa. A mobilização inclui a averiguação dos sistemas de prevenção, de controle dos criadouros do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, e de
Barbosa,no momento, a maior preocupação está voltada para o Amazonas e Rio Branco, regiões onde há um aumentocrescentedonúmerodecasos.
} Ministro Alexandre Padilha no Acre
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve também no Acre acompanhando de perto as ações e os investimentos que o governo do Estado e a prefeitura da capital vêm desenvolvendo no combate à dengue. Durante sua permanência em Rio Branco, ele conversou com os agentes de saúde e visitou os hospitais e unidades deprontoatendimento.AoladodogovernadorTiãoViana, Padilha garantiu que os recursos de R$ 5,4 milhões para
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Alexandre Padilha e o nosso editor Ronald Hühn
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serem executados em quatro meses de combate intenso à doençaserãorepassadosparaoEstado. Padilha, assim como Tião Viana são médicos infectologistas.
} Sistema para monitorar dengue
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou recentemente, que o sistema para monitoramento de casos de dengue com dados atualizados deve passar a funcionar até fim de janeiro. O sistema será abastecido semanalmente com informações de casos de dengue, e diaramentecomasmortesprovocadaspeladoença. Padilha recebeu em Brasília, secretários e representantes dassecretariasdesaúdedos16estadoscomrisco"muito alto" de epidemia de dengue, de acordo com levantamento do ministério divulgado na semana passada. O ministro aproveitou para apresentar o sistemaaossecretários. "Viemos apresentar o sistema de monitoramento semanal dos casos de dengue e diário das suspeitas de óbitopordengue,sobretudocomfoconosmunicípiosde mais alto risco. Eu estou inclusive revendo a portaria que orienta o processo de notificação. Nós devemos publicar omaisrápidopossível",afirmou. Os 16 Estados considerados com risco "muito alto" são Acre, Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Tocantins, Mato Grosso, Espírito Santo e RiodeJaneiro. Segundo ele, o sistema contará com o auxílio de uma nova ferramenta, em fase de implantação: o site Dengue Online,queaindanãoestánoar. "Nós estamos implantando também uma nova ferramenta para auxiliar esse monitoramento, o que não significa que a gente não possa fazer esse monitoramento através do contato telefônico e via email,quejáestamosfazendo",dissePadilha. "Não vai ser por falta de recursos que nós vamos deixar de estruturar uma rede de atenção forte para garantir o combate à dengue", declarou o ministro, defendendo a participação de diversos setores da sociedade na campanhacontraadoença.
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O ministro da Saúde, foi agraciado em Belém com a Medalha Francisco Caldeira Castelo Branco, pelo prefeito Duciomar Costa revistaamazonia.com.br
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contemplando as áreas científica, cultura e ambiental Primeira série brasileira de TV com carbono totalmente neutralizado
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Fotos Marcelo de Paula
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p ro d u t o r a d e d o c u m e n t á r i o s socioambientais Código Solar em parceria com o canal Amazon Sat começa a produzir em fevereiro, sob a direção de Marcelo de Paula, um dos sócios da Código Solar, uma série de TV, com 48 capítulos filmados em High Definition, e com a ousada proposta de fazer um raio-x da Amazônia, contemplando as áreas científica, cultura e ambiental. Ao longo dos capítulos o telespectador conhecerá o impacto gerado pelo extrativismo dos frutos locais como guaraná, castanha, açaí e copaíba. Ainda na esteira do crescimento da extração estará uma abordagem sobre a economiasustentável. Para divulgar as últimas informações em termos de mudança climática no Brasil serão consultados pesquisadores do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas
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A “Código Solar Produções” (www.codigosolar.com.br), é uma produtora independente que trabalha, principalmente, com documentários socioambientais, culturais e expedições esportivas e científicas. Marcelo de Paula (direção, fotografia e roteiro) e Carla Mendes (produção e edição). Marcelo de Paula Já teve várias de suas produções selecionadas em festivais de cinema de várias regiões do Brasil e exterior e exibidas na televisão e cinemas . Com destaque para o Prêmio de Melhor Fotografia do V FATU (Edição 2009), com o filme “Navio Veleiro Cisne Branco – Uma Embaixada Flutuante”. “Pantanal Um Tesouro do Planeta” Prêmio de Melhor Série de TV no Fest Cine Ceará 2008, e o Prêmio de Reportagem sobre a Biodiversidade da Mata Atlântica – com texto e fotos publicados no Caderno JB Ecológico – matéria intitulada “Itatiaia Penhasco de muitas Pontas”.
Central de Atendimento ao Aluno da Educação a Distância (EAD)
Carla Mendes Produziu, entre outros, os documentários “Olinda Cidade Cultura”, “Verde da Paz”, “Karaja” e o filme institucional “Parque Nacional do Iguaçu – Patrimônio Natural da Humanidade”, além de criar bancos de imagens para os Parques Nacionais da Lagoa do Peixe (RS), Chapada dos Guimarães (MT), Itatiaia (RJ) e Serra da Bodoquena (MS). “Bonito e Pantanal – O Brasil no seu Melhor”, “Alerta Verde” “Pantanal no Ar” e “Navio Veleiro Cisne Branco – Uma Embaixada Flutuante” são alguns de seus trabalhos como editora. Vale citar, que na produção do Cisne Branco, Carla foi a única mulher a embarcar num navio militar da Marinha do Brasil.
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Espaciais), do Museu Emílio Goeldi, dos Parques Nacionais da região, além de paleontólogos e mestres universitários. Temas culturais e tradições locais que até hoje sobrevivem na floresta serão outros pontos altos do roteiro. Também estará em pauta Madeira Mamoré, Chico Mendes, Marina Silva, Geoglifos do Acre, antigos sítios históricos, bacia hidrografica da região, pesca de rios e mareosprincipaisextrativismos. As questões delicadas da região amazônica não ficarão de fora. Desmatamento, queimadas e o avanço dos pastos para o gado e as consequências dramáticas para o meioambienteeoimpactonamudançaclimática. A expedição terá início no Rio de Janeiro e percorrerá em quatro meses os estados de São Paulo (IMPE) Mato
Grosso do Sul, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Amazonas, Pará,Roraima,Maranhão,TocantinseGoiás. O gás carbônico emitido pelos veículos, barcos, aviões e helicópteros que vão percorrer os mais de 12 mil quilômetros será neutralizado com o plantio de mudas de árvores nativas dentro da área de atuação do canal Amazon Sat. Para realizar a carboneutralização, o IBDN – Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza – fará o calculo da quilometragem percorrida e escolherá a melhor épocaparaoplantiolevandoemcontaasazonalidadeda região. Esta ação concede à produção o status de primeira a neutralizar o carbono emitido e, segundo Luciano Maia, Superintendente de Conteúdo do Amazon Sat, evidencia a preocupação do Amazon Sat em estender seus critérios éticoseambientaistambémàsparceriasqueestabelece.
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Ralando Mandioca
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Crianças comendo Buriti
Lago com açaizal ao fundo
A revista Amazônia une-se as Código Solar e o canal Amazon Sat e irá acompanhar esse documentário socioambiental, verdadeiro Raio-x da Amazônia, contemplando as áreas científica, cultura e ambiental, veiculando o desenrolar dessa expedição pela região amazônica.
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A COP 16, em Cancún
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Conferência climática tenta superar divisão ricos/pobres e buscar ações para lutar contra o aquecimento global
Visão da sessão plenária SBI com o Presidente Robert Owen-Jones, da Austrália (segundo da esquerda)
Fotos Adam Vaughan, Ivan Castaneira/ TckTckTck, Jan Golinski/UNFCCC, Jorge Dan Lopez, Mike Williams, Rudolph Hühn e Russel Chan
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16ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança Climática – COP 16 começou em Cancún, mudando radicalmente: da gélida capital da Dinamarca (-14ºC) para o cálido balneário mexicano (+ 30ºC), um ano depois do fracasso da conferência de Copenhague. O evento começou com palavras do Prêmio Nobel de Química mexicano (1995), Mario Molina, perante um fórum liderado pelo presidente
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mexicano,FelipeCalderón. Molina pediu aos participantes da COP16 que tentem limitar a um aumento de dois graus o aquecimento global, que implica um "custo relativamente baixo" em termos do Produto Interno Bruto mundial, em torno de 2% a 3%. "Adiar uma ação poderia implicar um custo astronômico para gerações futuras", acrescentou. Por isso,pediuparaanovaCúpulaClimáticaalcançaracordos concretos e, ao mesmo tempo, buscar uma redução global de emissões "em poucos anos". "Não podemos nos permitir esperar mais uma década", insistiu Molina, um especialista em compostos causadores do aquecimentoglobaleassessordopresidenteCalderón. Posteriormente, discursou o presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),
o indiano Rajendra Pachauri, que assinalou que nos próximos anos, após os efeitos da ação do ser humano sobre o clima, os impactos dos desastres naturais serão "provavelmente mais severos", principalmente para os maispobres. Na véspera da abertura da COP 16, o presidente mexicano, Felipe Calderón, citou as oportunidades econômicas decorrentes do combate à mudança climática. "Este dilema entre proteger o meio ambiente e combater a pobreza, entre o combate à mudança climática e o crescimento econômico, é um falso dilema", afirmou ele, ao inaugurar um gerador de energia eólica no hotel que abrigaaconferência. Calderóndissequeasconversaçõesirãoseconcentrarem revistaamazonia.com.br
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Em uma das sedes oficiais da COP 16 Vista do local da conferência no Palácio da Lua
A paradisíaca Cancún Pavilhões da Cancunmesse onde ocorreram os eventos paralelos e estavam os estandes
Durante o hino nacional do México
A sociedade civil durante a sessão plenária SBI
formas de preparar os países - especialmente os mais pobres - para enfrentarem a mudança climática. "Basicamente,vamosdiscutiraadaptação",afirmouele. Esse comentário irritou negociadores da União Europeia, segundo os quais as discussões devem estar voltadas também para a obtenção de compromissos mais sólidos para a redução de emissões, inclusive por parte dos paísesemdesenvolvimento. "Vamos buscar um conjunto limitado de decisões em Cancún. Espero que apontemos o caminho para o futuro", disse no domingo o negociador europeu Artur Runge-Metzger. "Vemos, sim, os contornos de um acordo", afirmou Peter Wittoeck, negociador da Bélgica, país que preside a UniãoEuropeianestesemestre. revistaamazonia.com.br
Na parte da tarde, abrindo as sessões plenárias da Conferência das Partes servindo como Reunião das Partes do Protocolo de Quioto (COP / MOP), o Grupo Ad Hoc sobre Cooperação de Longo Prazo de Ação no âmbito da UNFCCC (AWG-LCA) e os Grupos Ad Hoc sobre Compromissos Adicionais Partes do Anexo I do Protocolo de Quioto (AWG-KP) foram convocados. À noite, o grupo de contacto AWGLCA sobre a preparação do resultado para a COP 16 e do grupo de contacto AWG-KP do anexo I relataramosnovoscompromissoscumpridos. O objetivo do processo é adotar um tratado mais rígido para o controle climático em substituição aoProtocolodeKyoto,queexpiraem2012.
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No 2º dia
Na parte da manhã e da tarde, plenários de abertura da SBI e do SBSTA teve lugar, bem como vários spin-off, grupos informais e elaboração sob a AWG-KP e AWGLCA
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No 3º dia
Impressões e/ou brincadeiras
O embaixador Luiz Alberto Figueiredo, negociador chefe do Brasil na Conferência do Clima (COP-16), resumiu
bem o que tem acontecido em Cancún. “O que vemos aqui é que alguns países não estão se engajando tanto. Não vieram para Cancún com o espírito de fazer mais e mais rápido. Está um jogo de 'eu não faço enquanto você nãofizertambém”. Japão e União Europeia condicionam um acordo legal de redução de emissões de gases do efeito estufa ao comprometimento também de países em desenvolvimento. Já os EUA querem transparência total no reporte e medição das emissões de todos os países. E o Canadá só aceita um acordo se os americanos também aderirem.
Atitudes que batem de frente com a China, maior emissor da atualidade, e que não se mostra disposta a adotar metas legais e nem um sistema de monitoramento das emissões globais. Os chineses alegam que precisam desenvolver sua economia, o que os países ricos já fizeram, e também não aceitam intervençõesexternasnopaís. Entretanto o embaixador acredita que Cancún pode dar passos importantes para se chegar a metas legais tanto para os países com obrigações no Protocolo de Kyoto, quanto paras os demais, mas defende uma definição de Kyotojánesteano.
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Dançando reggae
O presidente mexicano, Felipe Calderón, na cerimônia de boas vindas
John Ashe, presidente da AWG-KP
Patricia Espinosa, ministra mexicano das Relações Exteriores, a presidente da COP 16
Christiana Figueres, a secretária executiva da UNFCCC Simona Gomez Lopez, representante dos Indigenas Mexicanos
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Lykke Friis, ministra dinamarquês para a Mudança do Clima e da Energia, a presidente cessante
O evento começou com palavras do Prêmio Nobel de Química mexicano (1995), Mario Molina Brasil intervém na captura e armazenamento, de carbono (CCS), no plenário SBSTA
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A mensagem que saudou os delegados para a conferência sobre mudanças climáticas Cancún
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A ministra de Relações Exteriores do México, Patrícia Espinosa, presidiu os trabalhos da Conferência à qual foi assistida por organizações civis e sociais, funcionários da ONU e 2.000 jornalistas
“O segundo período de Kyoto é fundamental para um bom resultado em Cancún. Mas não aceitaria um acordo sem o Japão. Ele escolheu ser parte do tratado e quando você decide ser parte de um tratado internacional, tem quepagaropreçopolítico”,declarou
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No 4º dia
Durante um evento intergeracional, onde os negociadores da juventude, os cientistas debateram as perspectivas para o futuro, os participantes dançaram uma música reggae sobre a mudança climática como parte de uma campanha de sensibilização jamaicano levantando sobre as alterações climáticas na Jamaica: Mariana Diaz, moderador do evento , Jean-Pascal van Ypersele de Strihou, Bélgica, secretário executivo da UNFCCC Christiana Figueres, e os jovens delegados Hilary BowmaneKrishneilNarayan.
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No 5º dia
Primeiro consenso da COP-16 é sobre educação ambiental Acordo sobre educação, formação e sensibilização da populaçãosobreasmudançasclimáticaséoprimeiroem que os 189 países membros entraram em consenso na COP-16. O texto aprovado determina a promoção do conhecimento sobre mudanças climáticas para a população, em especial os jovens, e sua participação neste processo, o desenvolvimento de projetos nacionais e regionais, e ainda estratégias formais e não formais de educaçãoambiental. A proposta, liderada pela República Dominicana junto com o grupo G-77 + China, especifica o artigo 6 da Convenção, que previa de maneira ampla a conscientizaçãosobreamudançaclimática. “Este é um passo transcendental, onde não se esperava
nenhum resultado, vemos a disposição dos países em negociar. Esta é uma ferramenta poderosa para diminuir as emissões e também mostramos que podemos colocar o interesse comum acima dos particulares para chegar a um consenso”, disse Omar Ramirez, vice-presidente executivo do conselho nacional da República Dominicanaparamudançasclimáticas. Para o ministro do Meio Ambiente da Guatemala, Luis Ferraté, este é um grande passo, especificamente para os países que tem problemas de educação. “Temos que conscientizaraspessoasaconsumirmenosparaproduzir menos dejetos e melhorar o equilíbrio ecológico”. O lixo é um dos maiores emissões de metano, gás do efeito estufa21vezesmaisdanosoqueoCO2. A atitude foi tida como uma vitória para o subgrupo chamado Sica (Sistema da Integração Centroamericana) que reúne além da República Dominicana, os sete países da América Central continental: Belize, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua
O que é o Protocolo de Kyoto? Até quando ele vale? O protocolo de Kyoto foi um acordo vinculante (leia acima o que isto significa) resultado da terceira COP realizada na cidade de Kyoto, no Japão, em 1997. Através dele, os países desenvolvidos (os maiores poluidores em 1990) se comprometeram a reduzir as emissões dos gases do efeito estufa em pelo menos 5,2% em relação a este ano base de 2008 até 2012. Para ter efeito, teve que ser ratificado (passar pelo legislativo) por pelo menos 55 países signatários e, por desenvolvidos que representassem 55% do total das emissões de CO2 na data. O protocolo só passou a valer a partir de 16 de fevereiro de 2005, após a ratificação da Rússia. O que o Protocolo de Kyoto tem a ver com a COP? O protocolo de Kyoto foi criado durante uma Conferência das Partes e é a principal medida adotada pela Convenção-Quadro Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática para buscar a redução da emissão dos gases do efeito estufa. Durante a COP-16 ocorre também a CMP6, 6 ª Conferência das Partes servindo como Reunião das Partes do Protocolo de Kyoto.
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Mulheres de vermelho discutem o papel das mulheres na Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal. (Da esquerda) Raja Jarrah da Care International, Jeannette Gurung de Wocan, Audun Rosland da Noruega; Manohara Khadka de Himwanti, Carole Saint-Laurent da IUCN, e Lorena da IUCN
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Pirâmide construída pela ONG em exposição no Cancunmesse
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A sala de computação Arte da água, em todas as tonalidades
Em tempo real
e Panamá. Segundo Ramirez, a região é a uma das três zonasmaisvulneráveisaoaquecimentoglobal. As ações serão focadas em educação, formação, participação, cooperação internacional e reporte de ações. O financiamento de ações também está previsto, assim como um maior destino de verbas nacionais para esta área. Os países devem formar planos nacionais para estabelecerestratégias.
} No 6º dia Brasil e a Grã-Bretanha lideram negociações do Protocolo de Kyoto Patricia Espinosa, presidente da COP-16, escolheu o Brasil e a Grã-Bretanha para liderar as negociações sobre um dos temas mais difíceis do encontro, a decisão sobre um segundo período de comprometimento do Protocolo deKyoto,queexpiraem2012. Segundo o embaixador extraordinário para Mudança do Clima, Sérgio Serra, isso reflete a posição proativa nacionalnasnegociaçõessobreoclima. "A responsabilidade dada ao Brasil diante do grande desafio de discutir o segundo período do protocolo 22 REVISTA AMAZÔNIA
Sérgio Serra, embaixador extraordinário para Mudança do Clima
reflete, de certa forma, a posição ativa do Brasil nessas negociações(sobreoclima)",disseSerra. O embaixador citou as reuniões dos negociadores brasileiros e britânicos com o grupo de países africanos, com o Japão e com a Rússia e anunciou também um encontro com a China para debater a questão. Serra afirmouquenovasmetasnãodevementrarnojogo. "A mensagem para esses países é óbvia, a de que devemos, para benefício de todo o processo de negociação, alcançar algum tipo de resultado aqui, e buscar algum tipo de mensagem política ligada ao segundoperíododoprotocolodeKyoto",disse. Questionado sobre a posição japonesa contrária ao
prolongamento do protocolo de Kyoto, o embaixador afirmou acreditar na firmeza da opinião do país asiático. "Mas acredito que a intenção da presidência mexicana (da COP-16) e a nossa e a do Reino Unido é a de ver se há possibilidade de uma saída para que o Japão possa, se não mudar completamente sua posição, ao menos não ser um obstáculo a se conseguir um resultado ao final dessaconferência",explicou.
} No 7º dia Green Solutions Fair@COP16 Organizado pelo Governo do México, através ProMexico e os Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Economia e reuniu presidentes e CEO's de empresas globais, empresários, autoridades governamentais e especialistas nacionais e estrangeiros
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Para reciclar...
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Na sala VIP antes da cerimônia de boas vindas Um grupo de ativistas da WWF acendeu velas de forma a representar o planeta Terra numa ação à margem da COP 16
Jornalistas do Brasil na COP-16
Olha o Rudolph Hühn...
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No 8º dia
Kyoto em Xeque Em entrevista coletiva realizada informalmente com jornalistas brasileiros, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, delegado-chefe da equipe do país em Cancún, disse que a possibilidade da COP 16 sinalizar um fracasso poderá ser um duro golpe no sistema multilateraldaONU(OrganizaçãodasNaçõesUnidas). Embaixador Luiz Alberto Figueiredo, na coletiva
De acordo com Figueiredo, na COP da Biodiversidade, que ocorreu em outubro em Nagoya, no Japão, houve um modelo adequado de negociação que o Brasil apoiou e liderou. Entretanto, aqui em Cancún, o embaixador afirmou que há um descompasso entre as nações que seguemodiscurso“sevocêfizer,eufaço”. “Nós somos a favor da aprovação de um pacote completo, com ações discriminadas para mitigação, adaptação, transferência de tecnologia limpa e transparência. Claro que nem todos os pontos estão inteiramente decididos, mas é dever nosso que pelo menosalgumacoisasaiaresolvidadeCancún”,disse.
} Acordos setoriais Por isso, no hemisfério norte, os sinais também são de baixas expectativas. O ministro britânico para Energia e Mudança Climática, Chris Huhne, afirmou que seu país “nãoesperaumacordodefinitivoemCancún”.
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Diante de impasses como estes, algumas delegações e ambientalistas buscam concentrar esforços em temas com maior possibilidade de sucesso, de forma a pavimentar o caminho para um acordo obrigatório na reuniãode2011,naÁfricadoSul. Entre as áreas em que se acredita estar mais próximo de um acordo estão a regulamentação de um fundo climático e outras formas de financiamento de ações de combate às consequências da mudança climática em paísespobres,reduçãodeemissõespordesmatamentoe degradação(conhecidopelasiglaRedd). A organização não-governamental CARE, por exemplo, acredita que a COP 16 deve alcançar resultados concretos sobre adaptação em países em desenvolvimento, Redd, bemcomooestabelecimentodofundoclimáticoglobal. O encontro do ano passado, em Copenhague, produziu uma carta de intenções, o Acordo de Copenhague, que não previa metas específicas de emissões, apenas a manutenção do aquecimento global 2ºC acima dos
Leon Charles, de Grenada e Luis Machado, do Brasil
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níveispré-industriais. Ao longo do ano, vários países apresentaram propostas de cortes de emissões para o acordo,entreelesoBrasil(36.1%a38.9%até2020). Noentanto,umrelatóriodoProgramadasNaçõesUnidasparaoMeioAmbiente(Pnuma) calcula que somadas, elas seriam insuficientes para manter o acréscimo na temperatura globalabaixodos2ºC.
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} 'Buraco de emissões’
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O Pnuma calcula que as promessas atuais seriam suficientes para chegar a apenas 60% do caminho. Segundos os cientistas, o aumento de temperatura ficará entre 2,5% e 5% atéofimdoséculo. "Há um vazio entre a ciência e os níveis de ambição atuais", afirmou o diretor-executivo doPnuma,AchimSteiner. Organizações ambientais devem pressionar os representantes reunidos em Cancún por metasmaisrigorosasparaemissõesdegasesdoefeitoestufa.
A marcha da Via Campesina em Cancún O homem não teceu a teia da vida ele é apenas uma discussão Qualquer coisa que ele faz com que terá repercussões para si mesmo
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Brasil economizaria até R$ 1 trilhão se adotasse fontes renováveis de energia
Protesto durante o Fórum Global Alternativa para a Vida e Justiça Social Ambiental
Ativistas marcham na cidade do México
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Mais de 150.000 crianças em 10 países europeus coletaram Pegadas Verde para incentivar os delegados na COP 16 para salvar o clima do mundo
Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energia do Greenpeace disse durante a COP 16, que até 2050, mesmo com a economia crescente, 93% da eletricidade do país pode vir de fontes renováveis de energia, como a solar, eólica e biomassa. Assim, seria possível economizar de R$ 100 bilhões a R$ 1 trilhão neste período. Em emissões de gases o negócio seria ainda melhor: de 147 milhões de toneladas de CO2 (se os planos de investir em combustíveis fósseis continuarem) para 23 milhões, em 2050 --menos do que é hoje. Baitelo explica que mesmo com a descoberta de reservas de petróleo no país, esta não seria uma fonte rentável para produção de energia interna, já que custaria mais caro do que a eólica, por exemplo. “A energia nuclear também não é uma saída porque seu impacto ambiental final não compensa e, como as hidrelétricas vão atingir seu teto de fornecimento de energia, precisamos investir para baratear fontes renováveis para não ficarmos dependentes de algo que pode acabar”. Hoje, o MW por hora da energia eólica é competitivo e chega a R$ 130 ou R$ 140, bem próximo do valor das hidrelétricas que fica de R$ 100 a R$ 120. O grande susto é a energia solar que custa de R$ 500 a R$ 1.000 o MW/h. Por isso, investir em tecnologias nacionais é importante para diminuir este custo e permitir sua disseminação. Para o ambientalista, a diversificação da matriz energética é um ponto chave: “Se faltar chuva para as hidrelétricas, o governo vai apelar para combustíveis fósseis se não tivermos alternativas”, destaca. Além disso, 3 milhões de empregos seriam criados para o desenvolvimento e produção de materiais e tecnologia para estas novas matrizes. “O desenvolvimento de tecnologia eólica no Brasil, por exemplo, é essencial para termos uma maior eficiência neste tipo de gerador. Assim, conseguiria-se mais energia com a mesma quantidade de vento, adaptando o gerador para nossos padrões. E ainda poderíamos exportar esse conhecimento para países que possuem características semelhantes, como a África”, explica Baitelo. Na projeção do Greenpeace, o Brasil chegaria em 2050 com 45,6% da energia sendo fornecida por hidrelétricas, principalmente pequenas centrais, para reduzir o impacto ambiental. A energia eólica pode atingir 20,38%, a biomassa, 16,6%, a energia solar, 9,26%, e o gás natural (necessário por um período de transição), 7,3%. Este cenário considera apenas 10% do potencial eólico do país e 1% do solar, mas está distante do modelo atual do governo. Seguindo o ritmo de hoje, em 2050, teríamos 56,31% da energia gerada pela água, 22% de combustíveis fósseis (gás, óleo combustível e carvão), 6,32% de eólica e irrisórios 0,8% de energia solar, de acordo com Ricardo Baitelo.
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"Líderes políticos do mundo precisam urgentemente encontrar uma forma de tampar o buraco de gigatoneladas nas emissões de carbono", afirmou coordenadordeapoiodaCare,PoulEricLauridseé. Para muitos, o encontro de Cancún será também um teste para a credibilidade e até da viabilidade do sistema de consenso advogado pelas Nações Unidas. Cada vez mais gente, principalmente na América do Norte, defende acordos bilaterais e legislações nacionais como a solução mais prática para combater as mudanças climáticas. A própria secretária-executiva da UNFCCC, Christiana Figueres, em outubro, alertou para a urgência dessa necessidade. "Um avanço concreto em Cancún é uma necessidade crucial para restaurar a fé e a capacidade dos envolvidos de levarem o processo adiante, evitando que o multilateralismo seja visto como uma estrada sem fim", disse Figueres em seu discurso de abertura na reunião preparatóriadeTianjin.
} Soluções Verdes
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Os designers Leonardo Fortino e Andrea Bartolucci desenvolveram e apresentaram na COP 16, uma solução engenhosaparaoproblemaderestosdefrutose vegetaris – O Jarst. Apresentando um cilindro e tampa de vedação dentro de um vaso de flores tradicionais, o Jarst traz a compostagem direito à sua bancada e faz com que as plantas obtenham os nutrientes e a energia de que precisam para ficar feliz, saudável, e em alguns casos, d e l i c i o s o s. O m a n j e r i c ã o, c o m c e r t e z a ! Bastante simples em sua construção, o Jarst é se compõe de apenas três componentes principais: um pote / compostor,umdiafragmainterno,eumboné.Bastasoltar o seu lixo orgânico para o compostor, colocar a tampa, e deixar a natureza seguir seu curso. Então, exatamente no momentocerto,odiafragmavailiberartodososnutrientes no solo. Suas plantas vão agradecer-lhe e não há mais viagensparaabandejadecompostagem!
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Kuni Shimada, Co-presidente do Comitê de Cumprimento, apresentou o relatório da Comissão
O painel de encerramento do Green Solutions
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Cancún chega a acordo vago e com pendências
Sob aplausos, a 16ª Conferência das Partes – COP 16, da Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudança Climática terminou pouco depois das 4h da manhã do sábado em Cancún, no México, com uma série de acordos que retomam a direção do processo internacional. Representantes de 194 países aprovaram - apesar da oposição isolada da Bolívia - acordos que incluem os pontos mais importantes do Acordo de Copenhague, a carta de intenções que foi produzida na reunião de 2009, eintroduzemavançosimportantes. ComoAcordodeCancún,crescemasexpectativasdeque a próxima reunião do clima, em Durban, na África do Sul em 2011, possa produzir um tratado legalmente vinculante,capazdeobrigaracomunidadeinternacional a cortar emissões de gases do efeito estufa e combater os efeitosdasmudançasclimáticas. Pela primeira vez, a manutenção da elevação da temperaturaglobala2ºC,comprevisõesderevisãodeste objetivo entre 2013 e 2015 para 1,5ºC - como recomendam cientistas - entrou em um documento internacional. “Este foi um passo impostergável. Esta é uma questão
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Manifestações
Os membros do G-77/China durante a laboração do grupo de finanças
O evento foi realizado entre dois imóveis, o recém-construído centro de convenções Cancún Messe e o Hotel Moon Palace, um complexo turístico de luxo afastado. Em ambos os locais, distantes oito quilômetros, estiveram completamente fechados por um dispositivo de segurança e só era possível deslocar-se de um para outro em ônibus disponibilizados pelo governo mexicano. Além disso, no centro de Cancún foi instalada a Vila da Mudança Climática que recebeu intenso cronograma de eventos culturais como exposições, exibições, espetáculos artísticos, e mostras de cultura e folclore mexicano.
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O mundo que as crianças querem é uma das principais exposições da Mudança Climática da Aldeia
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urgente, ter acesso a tecnologia verde, caminhar para economia de baixo carbono e ao mesmo tempo combater a pobreza”, afirmou o presidente mexicano, FelipeCalderón. Talvez a maior pedra do caminho em Cancún, a continuação do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012, foi habilidosamente removida por representantes brasileiros e britânicos, de forma a evitar que o Japão, seguido pela Rússia e pelo Canadá, abandonassem o instrumento. A Organização Metereológica Mundial mostrou os progressos rumo a uma Estrutura Global para Serviços Clima: Carine Richard-Van Maele, da OMM, Jan Egeland, do Grupo de Trabalho de Alto Nível de Serviços, Clima e Michel Jarraud, Secretário Geral da OMM
O cheirinho da Amazônia a seu dispor
Uma das principais negociações da COP-16, o segundo período de vigência do protocolo de Kyoto determina que países desenvolvidos reduzam no total suas emissões de 25% a 40% até 2020, comparado com 1990. O acordo obrigatório de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa deverá ser trabalhado até o ano que vem. O segundo período de vigência do protocolo pede que as metas dos países sejam mais ambiciosas. Sobre as reduções de emissões, os países desenvolvidos terão de apresentar um relatório anual e um bienal sobre os progressosfeitos. Em relação às metas de temperatura, o limite de aumento foi estabelecido em 2° C. Futuramente, poderá haver uma revisão para 1,5°C e, depois, identificar-se uma metaglobalpara2050.
} Fundo Verde O Acordo de Copenhague prometia fundos ao mundo, mas só agora foram definidos os mecanismos de implementação dos financiamentos de começo rápido, delongoprazoedofundoverde. A grande decisão foi sobre o Fundo Verde, que será “a entidade operacional de mecanismos de financiamento da Convenção”. Ele estará sob responsabilidade da ONU, mas terá o Banco Mundial como tesoureiro nos primeiros Será que você volta de um fundo de clima justo? A Oxfam pede que os delegados de escolher o caminho certo para um fundo climático justo
Em consultas informais envolvendo o enviado especial dos EUA para a mudança climática, Todd Stern (escrita com a mão esquerda); embaixador brasileiro e chefe negociador da mudança climática Luiz Figueiredo (centro) e secretário de energia do Reino Unido Chris Huhne (sentado no computador)
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A Secretária Executiva da UNFCCC com os delegados da juventude, todos com a camisa da juventude O grupo de contacto sobre o cumprimento em atividade
três anos. Deverá ser governado por 24 países, divididos igualmente,entrericosepobres. Segundo a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira,ofundojádeveestaroperandonoanoquevem. O texto diz ainda que uma grande parte de novos fundos multilaterais para adaptação às mudanças climáticas estará sob este fundo, que deverá apoiar projetos, programas, políticas e outras atividades em países em desenvolvimento. Um comitê de transição, com 15 membros dos países desenvolvidos e 25 dos em desenvolvimento,vaicriarofundo. OfinanciamentodecomeçorápidoprevêodestinodeU$ 30 bilhões de 2010 a 2012, com uma alocação balanceada entre ações de redução e adaptação. O texto pedequeospaísesdesenvolvidosforneçamdocumentos em maio de 2011, 2012 e 2013 com informes dos recursos previstos para cumprir os compromissos e
Ativistas marcham em Bruxelas na Belgica para encorajar as autoridades a buscarem objetivos mais ambiciosos no combate as mudancas climaticas
modos de como os países em desenvolvimento terão acessoaodinheiro. Já sobre o financiamento a longo prazo ficou decidido que novos fundos devem ser criados em vista às necessidades urgentes e imediatas dos países em desenvolvimento que são vulneráveis às mudanças climáticas. O texto reconhece o compromisso dos países desenvolvidos em doar U$ 100 bilhões por ano até 2020 e que estes recursos poderiam vir de setores privados e públicoseemacordobioumultilaterais.
} REDD O novo acordo cria mecanismo do REDD (redução de emissões por desmatamento e devastação florestal), no qual países em desenvolvimento recebem dinheiro de países desenvolvidos ao reduzir as emissões por conservar suas florestas. O mecanismo de conservação deve respeitar o conhecimento dos povos indígenas e comunidadeslocais.
Uma mulher caminha sobre a plataforma de maior barco do mundo movido a energia solar em Cancún. O Turanor Planet Solar chegou na estância balnear mexicana, como parte de sua expedição ao redor do globo
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Peter Iversen, da Dinamarca, e Marcelo Rocha, do Brasil, cofacilitadores do grupo de LULUCF 28 REVISTA AMAZÔNIA
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Durante o grupo de contacto sobre propostas pelas partes nos termos do artigo 17 da Convenção
O Design Verde vai salvar o mundo
} Transferência de tecnologia Em transferência de tecnologia, a definição principal é dar prioridade aos países menos desenvolvidos, desenvolvendo tecnologia nestes países e em parceiras bioumultilaterais. Os países ricos devem desenvolver e organizar tecnologia, incluindo pesquisa cooperativa e programas de difusão de tecnologias e conhecimento em países em desenvolvimento,alémdeacelerarestasações.
solução por todas as partes e que os países em desenvolvimento precisam alcançar economia sustentada, erradicar pobreza e lidar com mudanças climáticas. Por tudo isso, o resultado de Cancún foi considerado um sucesso-aindaquemodesto-atéporambientalistas.
} O único contra "Vamos recorrer às instâncias legais correspondentes ao marco da Convenção (sobre Mudança Climática) que
} Visão a longo prazo Nas discussões sobre visões para ações a longo prazo, foi estabelecida uma temperatura limite de 2ºC e uma revisão futura para 1,5 ºC. Além disso, as partes concordam com um objetivo final de identificar uma metaglobalpara2050. O texto reconhece ainda que as mudanças climáticas representam um urgente problema que precisa de revistaamazonia.com.br
Delegados do Brasil e Arábia Saudita durante o balanço do grupo de contacto AWG-KP
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Hora de descanso...
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O boliviano Pablo Solón REVISTA AMAZÔNIA 12
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claramente estabelece que, nestes casos, a Corte Internacional de Justiça é a instância que se pronuncia", disseoembaixadorbolivianonaONU,PabloSolón.
} Elogios Ao fim da sessão plenária que aprovou o acordo, ministros e negociadores não pouparam elogios ao resultado. A presidente do encontro mexicano, a ministra do Exterior Patricia Espinosa, foi muito elogiada por proporcionarumprocessomarcadoportransparência. O encontro anterior, em Copenhague, foi marcado por desconfianças entre blocos de países, alimentados pela circulação de documentos "secretos" que não haviam sidonegociadosportodososparticipantes. Em Cancún, Espinosa acabou adiando o prazo de
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negociações para tentar apresentar um documento que refletisse da melhor maneira possível as opiniões dísparesdos194países. A estratégia funcionou, já que quando o documento foi divulgado, já no último dia do encontro, apenas a Bolívia apresentouressalvasmaiores. A tática, entretanto, deixa para 2011 diversas questões importantes que precisam ser decididas até o encontro deDurban. Osecretário-geraldaONU,BanKi-moon,dissequeaCOP 16 em Cancún foi um "sucesso importante", mas são necessários novos esforços para prosseguir avançando. Ele elogiou os compromissos assumidos na conferência, onde - disse - os países "provaram que as Nações Unidas podem obter resultados nos temas globais mais desafiadoresdonossotempo". O primeiro ministro do Japão, Naoto Kan, destacou os
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Protesto indigena
Parede de areia em Cancún Cabine da COP17
Dando seu recado... Dos Amigos da Terra...
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Menssagem na garrafa da Oxfam para Cancun
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resultados da COP 16, classificando-os de "um grande passo"emdireçãoàparticipaçãodeEstadosUnidoseChina noesforçoconjuntoparacombateroaquecimentoglobal. “Vocês restauraram a confiança da comunidade internacional”, disse o ministro indiano do Ambiente, JairamRamesh. "O que temos agora é um texto. Se não é perfeito, é certamente uma boa base para ir em frente", disse o chefedasnegociaçõesdaONU,ToddStern. Para Dulce Pássaro, ministra do Ambiente de Portugal,“O
acordo foi importante para restabelecer a confiança nas negociações internacionais, pois cria um “fundo verde climático”para os países em desenvolvimento, reforça os mecanismos para a sua adaptação a um mundo mais quente e estabelece novas balizas para as negociações sobre o futuro do Protocolo de Quioto e sobre um novo tratadointernacionalmaisabrangente”. "Fiquei positivamente surpresa em adaptação, acho que avançou muito mais doque eu esperava quando cheguei aqui. REDD, ficou bom. Transferência de tecnologia tem
que decidir como avançar com as prioridades nacionais, é um dever de casa para os países elegerem os focos", afirmouaministradoMeioAmbiente,IzabellaTeixeira. Izabella Teixeira, avaliou com nota 7,5 o acordo fechado ao fim da reunião das Nações Unidas sobre o clima, em Cancún,nestesábado. "Tem coisas até que surpreenderam. A questão do fundo verde, do REDD", afirmou a ministra, acrescentando que 2011 será um "ano de muito trabalho" para que Durban possaserumsucesso.
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Cotidiano na COP 16
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Rãs multicoloridas... Ativistas participam de uma manifestação para manter o protocolo de Kyoto
O texto do acordo de compromisso apresentado pela Greenpeace lança réplicas de monumentos em praia de Cancún presidência da COP 16, não fixa metas para alertar para as consequências da mudança climática vinculativas de redução de emissões de Os membros do Sierra Club, gases com efeito estufa, seja para os países em Cancún enterram suas cabeças na areia para evitar o problema das alterações climáticas ricos ou pobres. Mas determina um objetivo de dois graus Celsius como limite para o aumento da temperatura média global até ao fim do século e cria um Fundo Verde Climático para os países em desenvolvimento, com promessas de 100 mil milhões de dólares (76 mil milhões de euros) anuais a partir de 2020. O texto foi aceito pelos países representados em Cancún, exceto pela Bolívia, cuja discordância protelou a discussão. O texto do acordo foi formalmente aprovado pelo plenário.
Fotógrafo da agência Reuters, Jorge Silva, é levado por policiais ao registrar o protesto de uma ONG no Moon Palace
Ativistas do Greenpeace formam a palavra "Esperança" em uma praia de Cancún no último dia da COP-16
Indígenas de todo o mundo fizeram um chamado para não ser excluídos das negociações de mudanças climáticas
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Demonstrativo de ativistas A senadora Katia Abreu recebeu motosserra de ouro do movimento indígena da Amazônia e o Greenpeace
Ativistas do Greenpeace e Tcktcktck realizando manifestação sob a água em Cancún Richard Branson promove a redução das emissões de gases com efeito de estufa
Parte da delegação brasileira com Patricia Espinosa
A delegação brasileira durante a elaboração de mitigação grupo sobre 1b (i)
Patrícia Espinosa, presidente da COP 16 e Christiana Figueres a secretária executiva da UNFCCC, comemoram o texto do acordo de compromisso conseguido
Patricia Espinosa, presidente da COP 16, recebe uma ovação de pé
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Ativistas são retirados para fora do prédio por guardas após protesto revistaamazonia.com.br
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Espaço Brasil na COP16 recria cenário amazônico Pavilhão de 450 metros quadrados fica no anexo de eventos da COP 16
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Os participantes da COP 16, ao passearem pelo Cancunmesse, percebiam o empenho do Brasil para ter lugar de destaque nas questões climáticas. O estande do país só é comparável em tamanho ao dos Estados Unidos, ao da União Europeia e ao do anfitrião México. O espaço de 450 metros quadrados recria um cenário de floresta amazônica, com direito a uma pequena oca, barulho de floresta e um display com várias sementes, que podem ser manuseadas pelos visitantes. também traz informações sobre quantas pessoas vivem na região, e a importância do ecossistema. Custou cerca de R$ 900 mil de aluguel para as duas semanas de conferência. As despesas totais, mais de R$ 3 milhões inclusive a manutenção, ficou a cargo de empresas e instituições parceiras: Vale, Braskem, Camargo Corrêa, Unica, Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA), União da Indústria de Cana-deaçúcar (Única), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (APEX), BNDES, Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Eletrobras e Itaipu.
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Primeiro fundo de carbono indígena Comunidade Suruí de Rondônia vai gerar créditos em 249 mil hectares de florestas Os índios Suruí de Rondônia lançaram em Cancún o primeiro Fundo de Carbono indígena brasileiro. A iniciativa é o resultado do trabalho das mais de 20 aldeias - que abrigam cerca de 1.300 indígenas - em conjunto com o Funbio na Terra Indígena Sete de Setembro, uma área de 249 mil hectares. "Em uma primeira Índios Suruí de Rondônia em Cancún aproximação avaliamos o estoque em cerca de 4 milhões de toneladas de CO2 equivalente", explicou o biólogo Ângelo Santos, coordenador da área de Mudanças Climáticas e Energia Limpa do Funbio e um dos idealizadores do Fundo. Isso significa dizer que a área tem potencial para gerar 4 milhões de títulos de neutralização, ou créditos. "Estamos trabalhando preferencialmente com títulos de neutralização, pois o mercado de carbono no Brasil ainda não está regulamentado",
esclarece Santos. O Fundo já recebeu duas doações em Cancún, mas sem a contrapartida dos créditos. Quando o projeto for finalizado, a ideia é trabalhar com a venda de títulos de neutralização para empresas que queiram - ou precisem - compensar suas emissões de carbono. Em troca de uma doação ao Fundo, a empresa levará os títulos e não poderá usá-los como créditos, ou seja, não poderá comercializá-los. "Há dois anos, os Suruí assinaram a moratória da madeira ilegal. Eles estão pensando muito no futuro. Elaboraram o Plano de Vida Suruí, que é uma perspectiva de como eles querem estar daqui a 50 anos. Tudo o que entrar no Fundo vai ser usado para viabilizar esse plano e as ações previstas por ele: ecoturismo, produção sustentável da castanha e iniciativas nas áreas de saúde e educação", explica Santos. O padrão utilizado para a elaboração do projeto é o Voluntary Carbon Standard (VCS), reconhecido mundialmente como ferramenta que assegura que os créditos gerados são confiáveis e têm benefícios ambientais reais. "É um instrumento de captação de recursos e distribuição de benefícios para a comunidade Suruí", conclui Santos.
Vitórias régias no Espaço Brasil
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Izabella Teixeira, ministra brasileira de meio ambiente, fala a Sergio Serra, embaixador brasileiro para mudança climática
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Brasil apresentou limite inédito de emissões para 2020
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O governo brasileiro anunciou uma projeção para 2020 das emissões totais de gases do efeito estufa do país, estabelecendo um teto inédito no mundo. O país já havia anunciado as suas metas de redução de emissões em termos percentuais: 36,1% a 38,9%, abaixo das projeções para 2020. Faltava detalhar em termos absolutos o que isso significaria. O número, que instrumentaliza o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, foi anunciado na COP 16. Este cálculo – que fixa o limite de emissões em 2020 em 3,236 gigatoneladas de CO2 equivalente (medida que expressa em CO2 o aquecimento potencial de outros gases do efeito estufa) – faz parte de um decreto-lei assinado na pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, comemorou a "grande notícia" dizendo: "Mostra que a gente veio negociar com a ação feita. Não é blá-blá-blá. Muita gente vem negociar, fala, fala, fala, mas não realiza", brincou.
No Espaço Brasil, as Sementes amazônicas
Uma oca foi montada dentro do espaço
Mercado de carbono A decisão especifica limites individuais para os 12 setores que mais poluem, de forma que o Brasil fica obrigado a reduzir as suas emissões em cerca de 2 gigatoneladas nos próximos dez anos. O decreto-lei exige que cada setor tenha estimativas anuais de suas emissões, e submeta relatórios trienais ao governo. "É o início de um sistema de cap-and-trade no Brasil", disse Tasso Azevedo, consultor do Ministério do Meio Ambiente. Isso quer dizer que os limites setoriais podem ser negociados entre as empresas de cada setor, criando créditos de carbono para aquelas que reduzirem as suas emissões, como já acontece na Europa, através do Emissions Trading Scheme (ETS). Na prática, a nova lei institui a criação de um mercado de carbono semelhante ao europeu no Brasil.
Essas raízes chamavam atenção
Espaço de carbono "O Brasil definiu seu espaço de carbono em 2020. Ao fazer isso, ele provoca outros países a mostrarem seu número", disse Azevedo. Espaço de carbono é a expressão usada por especialistas para descrever o volume máximo de emissões de gases do efeito estufa. Segundo Azevedo, em 2020, cientistas calculam que ele deveria ser de 40 gigatoneladas, de forma a evitar que o planeta entre em um ciclo de aquecimento de consequências catastróficas para o planeta. Atualmente, o total de emissões gira em torno de 50 gigatoneladas. Se todos os países tivessem estimativas de emissões para 2020, seria possível fazer um cálculo simples sobre a necessidade de cortes de emissões.
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relatório Avaliação Global da Biodiversidade (GBO-3), tal como as duas edições anteriores, publicadas a intervalos de quatro anos desde 2002, resulta de uma decisão da Conferência das Partes na Convenção sobre Diversidade Biológica. É fruto de uma estreita colaboração entre o Secretariado da Convenção e o Centro Mundial deVigilância da Conservação do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA-CMVC). O GBO-3 foi produzido em conformidade com um processo de revisão transparente e rigoroso. Dois projetos de relatório estiveram disponíveis para revisão através da Internet durante 2009, e foram consideradas observações de cerca de 200 revisores. A produção do relatório esteve sob a supervisão de um grupo consultivo, e o segundo projeto de relatório foi submetido a revisão científica por um grupo de peritos composto por cientistas de governos, organismosintergovernamentaiseorganizaçõesnãogovernamentais.
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Mensagem do Secretário Geral das Nações Unidas Em 2002, os líderes mundiais concordaram em atingir uma redução significativa na taxa de perda de biodiversidade até 2010. Tendo revisado todas as evidências disponíveis, incluindo relatórios nacionais apresentados pelas Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, esta terceira edição do Pano-rama da Biodiversidade Global conclui que o objetivo não foi cumprido. Além disso, o Relatório alerta: as principais pressões que conduzem à perda de biodiversidade não são apenas constantes, mas estão, em alguns casos, se intensificando. As consequências desse fracasso coletivo, se não for rapidamente corrigido, serão graves para todos nós. A biodiversidade sustenta o funcionamento dos ecossistemas dos quais dependemos para alimentação e água potável, saúde e lazer, além de proteção contra desastres naturais. Sua perda também nos afeta cultural e espiritualmente – o que pode ser mais difícil de quantificar, mas é, de qualquer forma, essencial para o nosso bem-estar.As tendências atuais estão nos levando cada vez mais perto de uma série de potenciais pontos de ruptura, que reduziriam de maneira catastrófica a capacidade dos ecossistemas de prestarem esses serviços essenciais. Os pobres, que tendem a depender mais imediatamente deles, sofreriam primeiro e mais severamente. Estão em jogo os principais objetivos delineados nas Metas de Desenvolvimento do Milênio: segurança alimentar, erradicação da pobre-za e uma população mais saudável. A conservação da biodiversidade constitui uma contribuição fundamental para moderar a extensão das mudanças climáticas e reduzir seus impactos negativos, tornando ecossistemas – e, portanto, as sociedades humanas – mais resilientes. Por conseguinte, é essencial que os desafios relacionados à biodiversidade e às mudanças
A meta acordada pelos governos do mundo em 2002, "atingir até 2010 uma redução significativa da taxa atual de perda de biodiversidade em níveis global, regional e nacional como uma contribuição para a diminuição da pobreza e para o benefício de toda a vida na Terra" não foi alcançada. Existem múltiplas indicações de contínuo declínio da biodiversidade em todos os três dos seus principais componentes - genes, espécies e ecossistemas incluindo: -Espécies que foram avaliadas como em risco de extinção estão, em média, aproximando-se da extinção. Anfíbios enfrentam o maior risco e espécies de corais estão se deteriorando mais rapidamente no seu estado de conservação. Quase um quarto das espécies de plantassãoconsideradasameaçadasdeextinção. -A abundância de espécies de vertebrados, com base nas populações avaliadas, caiu quase um terço, em média, entre 1970 e 2006, e continua em queda no mundo todo, com declínios especialmente graves nas regiõestropicaiseentreasespéciesdeáguadoce. -Habitats naturais em muitas partes do mundo continuam a diminuir em extensão e integridade, embora tenha havido um progresso significativo em retardar a taxa de perda de florestas tropicais e manguezaisemalgumasregiões.Zonasúmidasdeágua doce, habitats de gelo marinho, pântanos salgados, recifes de coral, bancos de algas marinhas e bancos recifais de moluscos estão todos apresentando graves declínios.
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climáticas sejam abordados de forma coordenada e com a mesma prioridade. Em diversas áreas importantes, ações em níveis nacionais e internacionais para apoiar a biodiversidade estão sendo direcionadas positivamente. Mais zonas terrestres e marítimas estão sendo protegidas, mais países estão combatendo a grave ameaça de espécies exóticas invasoras e mais recursos financeiros estão sendo reservados para a implementação da Convenção sobre Diversidade Biológica. Entretanto, esses esforços são, muitas vezes, prejudicados por políticas conflitantes. Para combater as causas originais da perda de biodiversidade temos que dar-lhe maior prioridade em todas as áreas de tomadas de decisão e em todos os setores econômicos. Como este terceiro Panorama da Biodiversidade Global deixa claro, a conservação da biodiversidade não pode ser uma reflexão tardia, uma vez que outros objetivos são abordados – ela é o fundamento sobre o qual muitos desses objetivos são construídos. Precisamos de uma nova visão para a diversidade biológica, buscando um planeta saudável e um futuro sustentável para a humanidade.
-Extensa fragmentação e degradação de florestas, rios e outros ecossistemas também levaram à perda da biodiversidadeedeserviçosecossistêmicos. -A diversidade genética da agricultura e da pecuária continuaadecresceremsistemasmanejados. -As cinco principais pressões que conduzem diretamente à perda de biodiversidade (mudança de habitat, sobrexplotação, poluição, espécies exóticas invasoras e as mudanças climáticas) se mantêm constantesouestãoseintensificando. -A pegada ecológica da humanidade excede a capacidade biológica daTerra e tem aumentado desde que ametadebiodiversidadepara2010foitraçada. A perda da biodiversidade é um problema em si mesmo. A biodiversidade também sustenta o funcionamento de ecossistemas que oferecem uma ampla gama de serviços para as sociedades humanas. Sua perda contínua, portanto, tem grandes implicações para o atual e futuro bemestar humano. O fornecimento de alimentos, fibras, medicamentos e água potável, a polinização das culturas, filtragem de poluentes, e a proteção contra desastres naturais estão entre os serviços ecossistêmicos potencialmente ameaçados pelo declínio e pelas mudanças na biodiversidade. Serviços culturais, tais como os valores espirituais e religiosos, as oportunidades de conhecimento e educação, valores recreativos eestéticosencontram-setambémemdeclínio. A existência da meta de biodiversidade para 2010 tem contribuído para estimular ações importantes para preservar a biodiversidade,
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como a criação de mais áreas protegidas (tanto em terra quanto nas águas costeiras), a conservação de determinadas espécies e as iniciativas para combater algumas das causas diretas da degradação dos ecossistemas, como a poluição e as invasões de espécies exóticas. Cerca de 170 países já têm estratégias nacionais de biodiversidade e planos de ação. Recursos financeiros foram mobilizados em nível internacional e estão sendo feitos progressos no desenvolvimento de mecanismos de pesquisa, acompanhamento e avaliaçãocientíficadabiodiversidade. Muitas ações em prol da biodiversidade tiveram resultados significativos e mensuráveis em determinadas áreas e entre espécies-alvo e ecossistemas. Isso sugere que, com recursos adequados e vontade política, existem ferramentas para reduzir a perda da biodiversidade em escalas mais amplas. Por exemplo, as recentes políticas governamentais para conter o desmatamento têm sido acompanhadas pela diminuiçãodastaxasdeperdaflorestalemalgunspaíses tropicais. Medidas para controlar as espécies exóticas invasoras têm ajudado diversas espécies a se moverem para uma categoria de menor risco de extinção. Estimase que pelo menos 31 espécies de aves (de um total de 9.800) teriam sido extintas no século passado, na ausênciademedidasdeconservação.
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No entanto, não há ações para implementar a Convenção sobre Diversidade Biológica em número suficiente para enfrentar as pressões sobre a biodiversidade na maioria dos lugares. Tem havido integração insuficiente das questões de biodiversidade em políticas, estratégias e programas mais amplos, e, como REVISTA AMAZÔNIA 37
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consequência, as causas subjacentes da perda de biodiversidade não têm sido abordadas de forma significativa. Ações para promover a conservação e a utilização sustentável da biodiversidade recebem uma pequena fração de financiamento, se comparadas com atividades que buscam promover a infraestrutura e o desenvolvimento industrial. Além do mais, as considerações sobre biodiversidade são frequentemente ignoradas quando tais empreendimentos são concebidos e as oportunidades para planejar de forma a minimizar desnecessários impactos negativos sobre a biodiversidade são perdidas. As ações para combater as causas subjacentes de perda de biodiversidade, incluindo pressões demográficas, econômicas, tecnológicas, sociopolíticas e culturais, de maneirasignificativa,tambémtêmsidolimitadas. A maioria dos futuros cenários projeta altos índices contínuos de extinções e perda de habitats ao longo deste século, associados ao declínio de alguns serviços ecossistêmicos importantesparaobem-estarhumano. Porexemplo: -As florestas tropicais continuariam a ser desmatadas para favorecer plantações e pastagens, e po-
tencialmenteparaaproduçãodebiocombustíveis.
-A sobrepesca continuaria a danificar os ecossistemas marinhos e provocaria o colapso das populações de peixes,levandoàinsuficiênciadepescados.
Existe um alto risco de perda dramática de biodiversidade, acompanhada da degradação de uma grande extensão de serviços ecossistêmicos, se os ecossistemas forem empurrados para além de certos limites ou pontos de ruptura. As populações mais carentes teriam de enfrentar os primeiros e mais severos impactos de tais alterações, mas, em última análise, todas as sociedades e comunidades sofreriam.
Mudançasnaabundânciaenadistribuiçãodeespécies podem acarretar graves consequências para as sociedades humanas. A distribuição geográfica de espécies e tipos de vegetação é projetada para mudar radicalmente devido às mudanças climáticas, com uma alteração de centenas a milhares de quilômetros em direção aos pólos até o final do século 21. A migração de espécies marinhas para águas mais frias poderia tomar oceanos tropicais menos diversos, enquanto que tanto as florestas boreais quanto as temperadas enfrentariam mortalidade em grande escala na extremidade sul da sua distribuição, com impactos sobre a pesca, as extrações de madeira, oportunidades de lazer e outros serviços.
Osexemplosincluem: -A floresta amazônica, devido à interação de desmatamento, incêndios e alterações climáticas, poderia sofrer retração, com partes da floresta movendo-se para um perpétuo ciclo de incêndios mais frequentes e secas intensas, transformando-se em uma vegetação mais semelhante ao cerrado. Enquanto existem grandes incertezas associadas a essas situações, sabe-se que a ocorrência de tal retração é muito mais provável se o desmatamento for superior a cerca de 20-30% (atualmente o índice está acima de 17% na Amazônia brasileira). Isso levaria à redução de precipitações regionais, comprometendo a produção agrícola. Haveria também impactos globais por meio do aumento das emissõesdecarbonoeperdamaciçadebiodiversidade.
-As mudanças climáticas, a introdução de espécies exóticas invasoras, a poluição e a construção de barragenspressionariamaindamaisabiodiversidadede águadoceeosserviçosqueelasustenta.
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O Bali Starling
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é uma espécie endêmica criticamente ameaçada da Ilha de Bali, Indonésia. Durante o século XX, sofreu um drástico declínio na sua populacão e área de ocorrência, devido principalmente à caça ilegal. Em 1990, acreditava-se que somente 15 pássaros, aproximadamente, encontravam-se na natureza. Esforços conservacionis-tas associados à soltura de algumas aves nascidas em cativeiro levou a uma estimativa populacional de mais de 100 indi-víduos em 2008, mas os números continuam a oscilar ano a ano.
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Meta 1. Promover a conservação da diversidade biológica de ecossistemas, habitats e biomas 1.1: Pelo menos 10% de cada região ecológica do mundo efetivamente conservadas
Não alcançada globalmente, porém mais da metade das ecorregiões terrestres cumprem a meta de 10%. No entanto, a eficácia de gestão é baixa em algumas áreas protegidas. Sistemas marinhos e de águas interiores carecem
1.2: Áreas de particular importância para a biodiversidade protegidas
Não alcançada globalmente, mas uma proporção crescente dos locais de importância para a conservação de aves, e aqueles que mantêm a última população remanescente de qualquer espécie, estão sendo protegidos.
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Meta 2. Promover a conservação da diversidade de espécies 2.1: Restaurar, manter ou reduzir o declínio das populações de espécies de grupos taxonômicos selecionados
Não alcançada globalmente, já que várias espécies continuam a diminuir em abundância e distribuição. No entanto, alguns esforços resultaram na recuperação de espécies ameaçadas.
2.2: Situação de espécies ameaçadas melhorada
Não alcançada globalmente, já que as espécies estão, em média, em crescente risco de extinção. Contudo, algumas espécies moveram-se para categorias de risco mais baixo, como resultado de ações realizadas.
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Meta 3. Promover a conservação da diversidade genética 3.1: Diversidade genética de cultivos, da pecuária e de espécies utilizadas de árvores, peixes e fauna silvestre e outras espécies importantes conservadas, e o conhecimento indígena e local associado mantido
Não alcançada globalmente. As informações sobre a diversidade genética são incompletas. Foram feitos progressos no sentido de conservar a diversidade genética das culturas por meio de ações, no entanto, os sistemas agrícolas continuam a ser simplifcados. Embora a diversidade genética de espécies silvestres seja mais difícil de averiguar, o declínio total da biodiversidade, apresentado neste relatório, sugere fortemente que a diversidade genética não está sendo mantida. Os recursos genéticos e os conhecimentos tradicionais são protegidos através de alguns projetos, mas continuam a diminuir no geral.
Meta 4. Promover o uso e o consumo sustentáveis 4.1: Produtos baseados em biodiversidade derivados de fontes manejadas de forma sustentável, e áreas de produção manejadas de forma consistente com a conservação da biodiversidade
Não alcançada globalmente, mas houve progresso para alguns componentes da biodiversidade, como forestas e algumas pescas. O uso sustentável global não conta para uma grande parcela de produtos totais e áreas de produção.
4.2: Consumo não sustentável de recursos biológicos, ou que causa impactos sobre a biodiversidade, reduzido
Não alcançada globalmente. O consumo não sustentável aumentou e continua a ser uma grande causa da perda de biodiversidade.
4.3: Nenhuma espécie da fora ou fauna silvestre ameaçada pelo comércio internacional
Não alcançada globalmente. A fora e a fauna silvestres continuam a diminuir, como resultado do comércio internacional, mas sucessos foram alcançados, especialmente através da implementação da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES).
Meta 5. Reduzir as pressões da perda de habitats, mudança do uso e degradação de terras e uso não sustentável da água 5.1: Taxa de perda e degradação de habitats naturais reduzida
Não alcançada globalmente, uma vez que muitas regiões sensíveis da biodiversidade continuam a diminuir, embora tenha havido alguns progressos na redução da taxa de perda em algumas áreas.
Meta 6. Controlar as ameaças de espécies exóticas invasoras 6.1: Rotas para as principais espécies exóticas invasoras controladas
Não alcançada globalmente, já que a introdução de espécies exóticas invasoras continua a aumentar, como resultado de maior transporte, comércio e turismo. Todavia, ações nacionais relacionadas a acordos globais de proteção de plantas e água de lastro, efetivamente reduziram novas invasões em alguns países e ecossistemas.
6.2: Planos de manejo estabelecidos para as Não alcançada globalmente, embora alguns planos de manejo estejam em andamento. Na maioria dos países faltam principais espécies exóticas que ameaçam programas de manejo efcazes. ecossistemas, habitats ou espécies
-O acúmulo de fosfatos e nitratos de fertilizantes agrícolas e resíduos de esgotos pode alterar, por um longo período, os lagos de água doce e outros corpos de águas interiores, para um estado dominado por algas (eutrófico). Isso poderia levar à diminuição da disponibilidade de peixes, com implicações para a segurança alimentar em muitos países em desenvolvimento. Também haveria perda de oportunidades de lazer e lucro com o turismo e, em alguns casos, riscos à saúde das pessoas e da pecuária, devido ao crescimento excessivo de algas tóxicas. Da mesma forma, os fenômenos da eutrofização induzida por nitrogênio em ambientes costeiros levam a mais zonas mortas por falta de oxigênio, com enormes prejuízos econômicos decorrentes da redução da produtividade da pesca e da diminuição das receitas do turismo. revistaamazonia.com.br
-Os impactos combinados da acidificação dos oceanos, de temperaturas mais quentes do mar e de outras tensões causadas pelos homens, tomam os sistemas de recifes de corais tropicais vulneráveis a colapsos. Mais água ácida - provocada por altas concentrações de dióxido de carbono na atmosfera - diminui a disponibilidade dos íons carbonatos necessários à construção de esqueletos de coral. Além disso, os elevados níveis de nutrientes oriundos da poluição, a sobrepesca, a deposição de sedimentos provenientes de desmatamento do interior e outras pressões, juntamente com os efeitos de branqueamento pela água mais quente, tornam os recifes cada vez mais dominados por algas, com perda catastrófica de biodiversidade e do funcionamento dos ecossistemas, ameaçando a subsistência e a segurança alimentar de centenasdemilhõesdepessoas.
Há maiores oportunidades do que as reconhecidas anteriormente para abordar a crise da biodiversida de contribuindo simultaneamente para outros objetivos sociais. Por exemplo, as análises realizadas pelo presente Relatório identificaram possíveis situações onde a mudança climática é atenuada pela manutenção e mesmo pela expansão da atual extensão de florestas e outros ecossistemas naturais (evitando a perda adicional de habitats oriunda do remanejamento generalizado de biocombustíveis). Outras oportunidades incluem o "retomo ao natural" de terras cultivadas abandonadas em algumas regiões, e a restauração de bacias hidrográficas e de outros ecossistemas de zonas úmidas para melhorar o abastecimento de água, o controledeinundaçõesearemoçãodepoluentes.
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Políticas bem direcionadas, com enfoque nas áreas críticas, espécies e serviços ecossistêmicos podem contribuir para evitar os impactos mais nocivos às pessoas e sociedades. Evitar perdas adicionais de biodiversidade induzidas pelo homem num futuro próximo será um grande desafio. No entanto, em longo prazo, a perda de biodiversidade pode ser interrompida, e, em alguns aspectos, revertida, se uma ação urgente, conjunta e eficaz for iniciada imediatamenteembasadaporumavisãodelongo prazo e de comum acordo. Essa ação de conservação da biodiversidade e uso sustentável de seus componentes colherá ricas recompensas - por meio de melhor saúde, maior segurança alimentar, menos pobreza e maior capacidade de enfrentar e de se adaptar àsmudançasambientais.
Dar maior prioridade para a biodiversidade é fundamental para o sucesso do desenvolvimento e de medidas para a redução da pobreza. Está claro que continuar com os modelos "de negócios como de costume" ("business as usual") comprometerá o futuro de todas as sociedades humanas, principalmente das mais pobres, que dependem diretamente da biodiversidade para suprir uma proporção particularmente elevada de suas, necessidades básicas. A perda de biodiversidade está frequentemente relacionada à perda da diversidade cultural, e tem um alto impacto negativoespecialmentenascomunidadesindígenas.
para que os impactos mais severos de cada um sejam evitados. Reduzir a perda adicional de ecossistemas armazenadores de carbono, como florestas tropicais, pântanos salgados e turfeiras será um passo fundamental para limitar o acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera. Ao mesmo tempo, a redução de outras pressões sobre os ecossistemas pode aumentar a sua resiliência, torná-los menos vulneráveis aos impactos das alterações climáticas que já são inevitáveis, e permitir-lhes continuar a fornecer serviços que sustentam o modo de vida das pessoas e ajudá-las a seadaptaremàsmudançasclimáticas.
Os desafios relacionados com a perda de biodiversidade e alterações climáticas devem ser abordados pelos formuladores de políticas com igual prioridade, e em estreita coordenação,
Uma melhor proteção da biodiversidade deve ser vista como um investimento prudente e rentável para evitar riscos para a comunidade global. As consequências de mudanças abruptas em
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Meta 7. Enfrentar as ameaças das mudanças climáticas e da poluição à biodiversidade 7.1: Manter e melhorar a resiliência dos componentes da biodiversidade para se adaptar às mudanças climáticas
Não alcançada globalmente, pois as pressões resultant es das mudanças climáticas continuam a aumentar. Ações limitadas para manter e acentuar a resiliência da biodiversidade têm sido implementadas.
7.2: Reduzir a poluição e seus impactos sobre a biodiversidade
Não alcançada globalmente, mas com resultados mistos. Foram adotadas medidas para reduzir os impactos da poluição sobre a biodiversidade, resultando na recuperação de alguns ecossistemas extremamente degradados anteriormente. No entanto, muitas áreas ante riormente intactas estão sendo degradadas. A deposição de nitrogênio continua a ser uma grande ameaça para a biodiversidade em várias regiões.
Meta 8. Manter a capacidade dos ecossistemas de fornecer bens e serviços e sustentar meios de vida 8.1: Capacidade de ecossistemas de fornecer bens e serviços mantida
Não alcançada globalmente, devido às contínuas e, em alguns casos, crescentes pressões sobre os ecossistemas. Contudo, algumas ações foram praticadas para assegurar a provisão contínua de serviços ecossistêmicos.
8.2: Recursos biológicos que sustentam meios de vida sustentáveis, segurança alimentar local e serviços de saúde, especialmente para pessoas pobres, mantidos
Não alcançada globalmente, visto que muitos dos recursos biológicos que sustentam meios de subsistência, como peixes, mamíferos, aves, anfíbios e plantas medicinais, estão em declínio, afetando especialmente as populações pobres do mundo.
Meta 9. Manter a diversidade sociocultural de comunidades indígenas e locais 9.1: Proteger os conhecimentos, inovações e práticas tradicionais
Não alcançada globalmente, considerando que os declínios em longo prazo dos conhecimentos tradicionais e dos direitos continuam, apesar das ações tomadas para protegê-los em algumas áreas.
9.2: Proteger os direitos das comunidades indígenas e locais sobre seus conhecimentos, inovações e práticas tradicionais, incluindo seus direitos à repartição de benefícios
Não alcançada totalmente, mas um crescente número de sistemas de co-gestão e áreas protegidas comunitárias foram estabelecidos, com a proteção maior dos direitos das comunidades indígenas e locais.
Meta 10. Assegurar a repartição justa e equitativa de benefícios derivados do uso de recursos genéticos 10.1: Todo acesso a recursos genéticos feito de Não alcançada globalmente, mas um número crescente de acordos de transferência de material tem sido acordo com a Convenção sobre Diversidade desenvolvido no âmbito do Tratado. Biológica, o Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura, e outros acordos aplicáveis 10.2: Benefícios provenientes da comercialização e outros usos de recursos genéticos repartidos com os países fornecedores de tais recursos
Não alcançada globalmente. Há poucos exemplos de benefícios procedentes da comercialização ou outros usos de recursos genéticos sendo repartidos com os países fornecedores de tais recursos. Isso pode ser atribuído parcialmente ao fato de que o Regime de Acesso e Repartição de Benefícios estava sendo desenvolvido a partir de 2002, quando a meta foi adotada, até 2010, a data limite estabelecida como parte da meta.
Meta 11. As Partes dispõem de maior capacidade fnanceira, humana, científca, técnica e tecnológica para implementar a Convenção 11.1: Recursos fnanceiros novos e adicionais transferidos para Partes que são países em desenvolvimento, para possibilitar a implementação efetiva de seus compromissos no âmbito da Convenção, de acordo com o Artigo 20
Não alcançada globalmente. Embora continue faltando recursos, houve modestos aumentos na assistência ofcial ao desenvolvimento relacionada com a biodiversidade.
11.2: Tecnologia transferida para Partes que são países em desenvolvimento, para possibilitar a implementação efetiva de seus compromissos no âmbito da Convenção, de acordo com seu Artigo 20, parágrafo 4
Não alcançada globalmente. A partir de relatórios dos países, fca claro que alguns países em desenvolvimento têm mecanismos e programas estabelecidos para a transferência de tecnologia. No entanto, também fca claro que o acesso limitado à tecnologia é um obstáculo para a implementação da Convenção, e para alcançar a meta da biodiversidade para 2010, em muitos países em desenvolvimento.
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Não alcançada globalmente 40 REVISTA AMAZÔNIA
2. Não alcançada globalmente, mas houve algum progresso
Não alcançada globalmente, mas houve progresso signifcativo
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} Por que a biodiversidade é importante
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Biodiversidade é a variação que existe não apenas entre as espécies de plantas, animais, microorganismos e outras formas de vida no planeta – mas também dentro das espécies, sob a forma de diversidade genética, e em nível dos ecossistemas, nos quais as espécies interagem umas com as outras e com o ambiente físico. Essa diversidade é de vital importância para as pessoas, porque ela sustenta uma grande variedade de serviços ecossistêmicos, dos quais as sociedades humanas sempre dependeram, embora sua importância seja muitas vezes extremamente desvalorizada ou ignorada. Quando os elementos da biodiversidade se perdem, os ecossistemas tornam-se menos resilientes e os seus serviços são ameaçados. Paisagens mais homogêneas e menos variadas ou ambientes aquáticos são frequentemente mais vulneráveis a pressões externas repentinas, como as doenças e os extremos climáticos.
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Os serviços ecossistêmicos podem ser divididos em quatro categorias: 0
serviços de provisão, ou o fornecimento de bens de benefícios diretos para as pessoas, e muitas vezes com um evidente valor monetário, como a madeira proveniente de florestas, plantas medicinais e os peixes dos oceanos, rios e lagos.
serviços reguladores, o sortimento de funções vitais realizadas pelos ecossistemas, que raramente recebem um valor monetário nos mercados convencionais. Eles incluem a regulação do clima por meio do armazenamento de carbono e do controle da precipitação local, a remoção de poluentes pela filtragem do ar e da água, e a proteção contra desastres, como deslizamentos de terra e tempestades costeiras.
serviços culturais, não fornecem benefícios materiais diretos, mas contribui para ampliar as necessidades e os desejos da sociedade e, consequentemente, a disposição das pessoas a pagar pela conservação. Eles incluem o valor espiritual ligado a determinados ecossistemas, tais como os bosques sagrados e a beleza estética das paisagens ou das formações costeiras que atraem turistas.
serviços de suporte, não fornecem benefícios diretos para as pessoas, mas são essenciais para o funcionamento dos ecossistemas e, portanto, indiretamente responsáveis por todos os outros serviços. A formação dos solos e os processos de crescimento das plantas são alguns exemplos.
grande escala nos ecossistemas afetam a segurança humana de tal forma que é razoável minimizar o risco de desencadeá-las - mesmo que não haja clareza sobre a probabilidade exata de como elas ocorrerão. A degradação de ecossistemas, e consequente perda de serviços ecossistêmicos, tem sido identificada como uma das principais causas de risco de desastres. O investimento em ecossistemas resilientes e diversificados, capazes de resistir às múltiplas pressões a que são submetidos, pode ser a mais valiosa apólice de segurodevalorjáelaborada. revistaamazonia.com.br
Aincertezacientíficaemtornodasconexõesprecisas entre a biodiversidade e o bem-estar humano, e o funcionamento dos ecossistemas, não deve ser usada como uma desculpa para a faltadeação. Ninguém pode prever com exatidão o quão perto estamos dos pontos de ruptura dos ecossistemas, e qual é a pressão adicional necessária para ocasioná-los. Entretanto, o que se sabe a partir de exemplos do passado, é que uma vez que um ecossistema tenha se alterado para um outro estado, pode ser difícil ou
impossível devolvê-lo às condições anteriores, nas quais as economias e os padrões de fixação foram construídos porgerações. Uma ação eficaz para abordar a perda da biodiversidade depende de enfocar as causas subjacentes ou as causas indiretas desse declínio. Istosignificará: -Eficiência muito maior no uso de terra, energia, água frescaemateriaisparaatenderàcrescentedemanda. REVISTA AMAZÔNIA 41
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-Uso de incentivos de mercado, e fuga de subsídios perversos para minimizar o uso não sustentável de recursoseodesperdícionoconsumo.
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-Planejamento estratégico na utilização da terra, águas interiores e recursos marinhos para reconciliar o desenvolvimento com a conservação da biodiversidade e a manutenção dos múltiplos serviços ecossistêmicos. Enquanto algumas ações podem acarretar custos moderados ou compensações, os ganhos para a biodiversidadepodemsercomparativamentemaiores.
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-Garantir que os benefícios decorrentes do uso e do acesso aos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais associados, por exemplo, por meio do desenvolvimento de fármacos e cosméticos, sejam equitativamente repartidos com os países e as culturas dosquaiselessãoobtidos. -Comunicação, educação e sensibilização para garantir que, tanto quanto possível, todos entendam o valor da biodiversidade e que medidas possam ser tomadas para protegê-la, inclusive por meio de mudanças no consumoenocomportamento. Os reais benefícios da biodiversidade e os custos de sua perda precisam ser refletidos dentro dos sistemas econômicos e dos mercados. Os subsídios perversos e a falta de valor monetário associados aos serviços extremamente importantes prestados pelos ecossistemas têm contribuído para a perda de biodiversidade. Por meio de regulamentação e de outras medidas, os mercados podem e devem ser aproveitados para criar incentivos para salvaguardar e fortalecer, ao invés de esgotar, o nosso patrimônio natural. A reestruturação de economias e sistemas financeiros após a recessão global oferece uma oportunidade para que essas mudanças sejam feitas. Ações antecipadas serão tanto mais eficazes quanto menosonerosasdoquesuafaltaouatraso. Ações urgentes são necessárias para reduzir as causas diretas da perda de biodiversidade. A
Número de países 195
As Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica
180 160 140
O número de Estados-Membros que são Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica tem crescido ao longo do tempo, e atualmente tem adesão quase universal. Das 193 Partes da Convenção, 170 desenvolveram Estratégias Nacionais de Biodiversidade e Planos de Ação (ENBPANs), e destas, mais de 35 Partes revisaram suas ENBPANs.
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Fonte: Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB 20
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2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Países ENBPANs
Partes Revisões de ENBPAN revistaamazonia.com.br
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Índice planeta vivo
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O Índice Planeta Vivo global (IPV), mostrado aqui pela linha média, caiu em mais de 30% desde 1970, sugerindo que, em média, as populações de vertebrados diminuíram quase um terço durante esse período. O IPV Tropical (linha inferior) mostra uma queda mais acentuada, de quase 60%. O IPV Temperado mostrou um aumento de 15%, refletindo a recuperação das populações de algumas espécies em regiões temperadas, depois de declínios substanciais num passado mais distante.
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Temperado 5
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(Fonte: WWF / Zoological Society of London)
Global 0.5
O IPV monitora mais de 7.100 populações de 2.300 espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes do mundo todo. A mudança no tamanho dessas populações, em relação a 1970 (1970 = 1.0), é marcada ao longo do tempo. Um valor estável no Índice Planeta Vivo indicaria que não há nenhuma mudança global na abundância média de espécies, uma condição necessária mas não suficiente para indicar uma interrupção na perda de biodiversidade.
aplicação de melhores práticas na agricultura, no manejo florestal sustentável e na pesca sustentável deveria tornar-se prática comum, e abordagens que buscam otimizar vários serviços ecossistêmicos, ao invés de maximizar somente um, deveriam ser promovidos. Em muitos casos, múltiplos fatores estão combinados causando a perda de biodiversidade e a degradação dos ecossistemas. Algumas vezes, pode ser mais eficaz concentrar medidas urgentes para reduzir os fatores correspondentes às mudanças políticas. Isso irá reduzir as pressões sobre a biodiversidade e proteger seu valor para as sociedades humanas no curto e no médio prazo, enquantoascausasmaisdifíceissãoabordadasaolongo de uma escala maior de tempo. Por exemplo, a resiliência dos recifes de coral - e sua capacidade de resistir e se adaptar ao branqueamento dos corais e à acidificaçãodooceano-podeseracentuadapormeioda redução da sobrepesca, da poluição de origem terrestre edanosfísicos. A ação direta para conservar a biodiversidade deve ser continua, visando espécies e ecossistemas vulneráveis bem como aqueles
Tropical
0.0 1970
culturalmente valorizados, combinada com ações para salvaguardar os ser viços ecossistêmicos mais importantes, particularmente aqueles de relevância para os pobres. As atividades poderiam focar na conservação de espécies ameaçadas de extinção, naquelas extraídas para fins comerciais, ou espécies de importância cultural. Deveriam também assegurar a proteção de grupos ecológicos funcionais - ou seja, grupos de espécies que realizam coletivamente papéis especiais e essenciais dentro dos ecossistemas, como a polinização, o controle do número de herbívoros pelos predadores de topo de cadeia, ciclagem de nutrientes e formação dos solos. A restauração dos ecossistemas terrestres, de águas interiores e marinhos será cada vez mais necessária para restabelecer o funcionamento do ecossistema e a prestaçãodeserviçosvaliosos. A análise econômica mostra que a restauração do ecossistema apresenta boas taxas de rentabilidade econômica. No entanto, a biodiversidade e os serviços associados com ecossistemas restaurados, geralmente
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permanecem abaixo dos níveis dos ecossistemas naturais. Isso reforça o argumento de que, onde for possível, evitar a degradação por meio da conservação é preferível (e ainda com melhor custo-benefício) do que fazerposteriorrestauração. Melhores decisões para biodiversidade devem ser tomadas em todos os níveis e em todos os setores, particularmente nos setores econômicos mais importantes, e o governo tem um papel-chave a desempenhar. Os programas nacionais ou a legislação podem ser cruciais na criação de um ambiente favorável ao apoio eficaz de iniciativas locais lideradas pelas comunidades, autoridades locais ou empresas. Isso inclui também capacitar os povos indígenas e comunidades locais para que assumam a responsabilidade pela gestão da biodiversidade e a tomada de decisões; e desenvolver sistemas para assegurar que os benefícios resultantes do acesso aos recursos genéticos sejamigualmenterepartidos. Não podemos mais ver a perda contínua de biodiversidade, bem como suas mudanças, como uma
Flamingos reunidos no Lago Naivasha no Vale da Fenda do Quênia. Eles estão entre as mais de 300 espécies sustentadas por este habitat de água doce, que é destinado para proteção no âmbito da Convenção Ramsar sobre Zonas Úmidas. Entre as ameaças que o lago enfrenta está a sobrexplotação de água, ligada parcialmente à irrigação das fazendas de flores vizinhas. O lago também tem sofrido com a poluição por nutrientes e pes-ticidas, introdução de espécies exóticas invasoras e sobrepesca.
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} Como o risco de extinção é avaliado
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As categorias da Lista Vermelha da IUCN refletem a probabilidade de que uma espécie pode extinguir-se se as condições atuais persistirem. A condição de risco das espécies é baseada em informações geradas a partir do trabalho de milhares de cientistas. As avaliações seguem um rigoroso sistema que classifica as espécies em uma das oito categorias: Extinta, Extinta na Natureza, Criticamente em Perigo, Em Perigo, Vulnerável, Quase ameaçada, Não Ameaçada e Deficiente em Dados. Aquelas espécies que são classificadas como Críticamente em Perigo, Em Perigo ou Vulnerável são consideradas ameaçadas. As espécies são atribuídas às categorias de risco de extinção com base em critérios com limites quantitativos para o tamanho eestrutura da população, taxa de declínio da população, área de ocorrência e estrutura, e risco de extinção, conforme determinado pela modelagem de viabilidade populacional.
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A partir de 2009, 47.677 espécies tinham sido avaliadas, e destas, 36% são consideradas ameaçadas de extinção, enquanto que de 25.485 espécies em grupos completamente avaliados (mamíferos, aves, anfíbios, corais, caranguejos de água doce, cicadáceas e coníferas), 21% são consideradas ameaçadas. De 12.055 espécies de plantas avaliadas, 70% estão ameaçadas. No entanto, grupos de plantas com risco proporcional maior de extinção estão super-representados nessa amostra.
Proporção de espécies em diferentes categorias de ameaça
2% (875)
Proporção de todas as espécies avaliadas em diversas categorias de risco de extinção na Lista Vermelha da IUCN, baseada em dados de 47.677 espécies. Mais de um terço (36%) das espécies avaliadas são consideradas como ameaçadas; ou seja, Vulnerável, Em Perigo ou Criticamente em Perigo.
7% (3.325)
14% (6.548)
10% (4.891)
Fonte: IUCN
19% (9.075) 40% (19.032) 8% (3.931)
Defciente em Dados Não Ameaçada Quase Ameaçada
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questão separada das preocupações centrais da sociedade: combater a pobreza, melhorar a saúde, a prosperidade e a segurança de nossas populações, e lidar com as mudanças climáticas. Cada um desses objetivos é prejudicado por tendências atuais na situação de nossos ecossistemas, e cada um será extremamente fortalecido se nós valorizarmos corretamente o papel da biodiversidade no suporte às prioridades compartilhadas pela comunidade 44 REVISTA AMAZÔNIA
internacional. Conseguir isso implicará em colocar a biodiversidade na transversalidade da tomada de decisões do governo, do setor privado e de outras instituições,desdeosníveislocaisatéosinternacionais. As medidas tomadas durante as duas próximas décadas e a direção traçada no âmbito da Convenção sobre Diversidade Biológica, determinarão se as condições ambientais relativamente estáveis das quais a
civilização humana tem dependido durante os últimos 10.000anos,continuarãoparaalémdesteséculo.Senão formos capazes de aproveitar essa oportunidade, muitos ecossistemas do planeta se transformarão em novos ecossistemas, com novos arranjos sem precedentes, nos quais a capacidade de suprir as necessidades das gerações presentes e futuras é extremamenteincerta.
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Espécies em todos os grupos com tendências reconhecidas estão, em média, mais próximas da extinção, sendo que os anfíbios estão enfrentando os maiores riscos e os recifes de coral de água quente mostrando um estado de deterioração mais rápida. Entre grupos selecionados de vertebrados, invertebrados e de plantas, entre 12% e 55% das espécies estão atualmente ameaçadas de extinção. Espécies de aves e mamíferos utilizadas como alimento e medicamentos estão enfrentando, em média, um risco maior de extinção do que os não utilizados para tais fins. Avaliações preliminares das plantas sugerem que 23% das espéciesdeplantasestãoameaçadas. Ás intervenções para conservação têm reduzido o risco de extinção de algumas espécies, mas um número cada vez maior de espécies esta mais próxima da extinção. O fndice da listaVermelha da IUCN (ILV) que acompanha o risco médio de extinção de espécies ao longo do tempo,
mostra que todos os grupos que foram avaliados para o riscodeextinçãoestãocadavezmaisameaçados. Omaisgraveerecenteaumentoderiscodeextinçãotem sido observado entre as espécies de coral, provavelmente devido, em grande parte, ao branqueamento generalizado de sistemas de recifes tropicais, ocorrido em 1998, um ano de temperaturas excepcionalmente altas no mar. Os anfíbios são, em média, o grupo mais ameaçado de extinção, devido a uma combinação de modificação do habitat, mudanças climáticaseàdoençafúngicaquitridiomicose. Tendências regionais quanto ao risco de extinção de espécies: Espécies de aves têm enfrentado um aumento excessivo do risco de extinção no sudeste da Ásia, nas ilhas do Pacíficoeemecossistemasmarinhosecosteiros. Mamíferos também sofreram o aumento mais significativo do risco de extinção no sul e sudeste da Ásia, devido ao impacto conjunto da caça e da perda de habitats. Entre os tipos de ecossistemas, os mamíferos
A maioria dos cenários futuros projeta índices elevados de extinção e de perda de habitats contínuos ao longo deste século
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marinhos têm enfrentado o maior aumento do risco, embora os mamíferos de água doce continuem a ser os maisameaçados. Os anfíbios têm apresentado um rápido processo de deterioração em seu estado de conservação e estão, em termosabsolutos,correndoomaiorriscodeextinçãonas AméricasdoSuleCentralenoCaribe.
} Desmatamento anual e acumulado da Amazônia brasileira Desmatamento em Km² 30 000
% perda 20 perda da foresta cumulativa
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As barras sólidas representam a área real da porção brasileira da Amazônia desmatada a cada ano, entre 1990 e 2009 (números à esquerda do eixo vertical), como observado a partir de imagens de satélite analisadas pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE). As barras mais claras representam a taxa média anual projetada necessária para cumprir a meta do governo brasileiro de reduzir o desmatamento em 80% até 2020 (a partir da média entre 1996 e 2005). A linha sólida mostra o desmatamento total acumulado (números à direita do eixo vertical) como uma porcentagem da extensão original estimada da Amazônia brasileira (4,1 milhões de km²). Fonte: Agência Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revistaamazonia.com.br
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Amazônia Brasileira – uma tendência de desaceleração do desmatamento
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Os dados de satélite mais recentes sugerem que o desmatamento anual da porção brasileira da Amazônia diminuiu significativamente, de uma elevada margem de mais de 27.000 quilômetros quadrados em 2003-4, para pouco mais de 7.000 quilômetros quadrados em 2008-9, uma diminuição de mais de 74 por cento.
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No entanto, as mesmas imagens de satélite indicam que uma área de crescimento da floresta amazônica vem sendo degradada. O número do desmatamento em 2008-9, o menor desde que monitoramento via satélite começou, em 1988, pode ter sido influenciado pela recessão econômica, assim como por ações tomadas pelo Governo, pelo setor privado e por organizações da sociedade civil para controlar o desmatamento; mas a média de 2006-9 era de mais de 40 por cento abaixo da média da década anterior, indicando uma significativa desaceleração da situação. O desmatamento acumulado da Amazônia brasileira é, no entanto, substancial, atingindo mais de 17 por cento da área florestal original, e mesmo o cumprimento do objetivo existente do Governo, de uma redução de 80 por cento no desmatamento anual até 2020 (em relação à média de 1996-2005), elevaria a perda acumulada de florestas para cerca de 20%. De acordo com um recente estudo coordenado pelo Banco Mundial, 20% do desmatamento da Amazônia seriam suficientes para provocar uma significativa retração de florestas em algumas partes do bioma até 2025, quando se juntaria a outras pressões como as mudanças climáticas e incêndios florestais.
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O que está em jogo? Alguns valores estimados da biodiversidade terrestre A indústria do turismo da África meridional, que depende em grande medida do avistamento da vida silvestre, foi estimada em US$ 3,6 bilhões em 2000. Calcula-se que o rendimento real dos pobres na Índia aumenta de US$ 60 a US$ 95, quando o valor dos serviços ecossistêmicos, como a disponibilidade de água, a fertilidade dos solos e alimentos silvestres é levado em conta – e que custaria US$ 120 per capita para substituir a subsistência perdida se esses serviços fossem negados. Os insetos que transportam o pólen entre as culturas, especialmente frutas e legumes, têm seu valor estimado em mais de US$ 200 bilhões por ano para a economia global de alimentos. Os serviços de captação de água para a região de Otago, na Nova Zelândia (ilustrados abaixo) fornecidos pelos habitats de campos endêmicos do gênero Chionochloa (touceiras de gramíneas) nos 22.000 hectares do Parque de Conservação Te Papanui, estão avaliados em mais de US$ 95 milhões, baseados no custo de fornecimento de água por outros meios.
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A Bacia do Baixo Rio Jordão
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foi drasticamente alterada por captações para irrigação e para cidades em desenvolvimento: 83% do seu fluxo é consumido antes de chegar ao Mar Morto.
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} A Grande Barreira de Recifes - uma luta pela capacidade de recuperação dos ecossistemas Embora esteja entre os mais saudáveis e mais bem protegidos sistemas de recifes de coral do mundo, a Grande Barreira de Recifes de Corais da Austrália mostrou sinais significativos de declínio e diminuição de resiliência. O ecossistema continua a ser exposto a níveis elevados de sedimentos, nutrientes e pesticidas, que têm efeitos expressivos no litoral e perto de costas desenvolvidas, como a mortalidade em grande escala de manguezais e aumento de algas em recifes de coral. Não há registros de extinções, mas algumas espécies, como dugongos, tartarugas marinhas, aves marinhas, pepino-do-mar preto e alguns tubarões, têm diminuído significativamente. As doenças em corais e surtos de pragas de estrela-do-mar coroa-de-espinhos e cianobactérias parecem estar se tornando mais frequentes e mais graves. Os habitats de recifes de coral estão diminuindo gradualmente, especialmente perto da costa, como um resultado da má qualidade da água e dos efeitos combinados das mudanças climáticas. Já são evidentes o branqueamento de corais decorrente do aumento da temperatura do mar e a diminuição no ritmo de calcificação dos organismos que formam seu próprio esqueleto, como os corais, causados pela acidificação dos oceanos. Enquanto progressos significativos têm sido feitos para reduzir os impactos da pesca na Grande Barreira de Recifes, tais como dispositivos de redução de pesca incidental, estabelecimento de medidas de controle e suspensão da pesca em locais determinados , continuam a existir riscos importantes para o ecossistema a partir da caça de predadores, a morte de espécies de interesse para a conservação capturadas por acidente e a pesca ilegal. Os efeitos da perda de predadores, como tubarões e truta coral, bem como redução ainda maior das populações de herbívoros, como os dugongos ameaçados, são pouco conhecidos, mas têm o potencial para alterar as inter-relações da rede alimentar e reduzir a resiliência em todo o ecossistema. Mesmo com as recentes iniciativas de gestão para melhorar a resiliência, a perspectiva global para a Grande Barreira de Recifes não é boa, e danos catastróficos para o ecossistema não podem ser evitados. O fortalecimento adicional para a resiliência da Grande Barreira de Recifes, melhorando a qualidade da água, reduzindo a perda de habitats costeiros e aumentando o conhecimento sobre a pesca e os seus efeitos, vai proporcionar uma melhor capacidade para o ecossistema se adaptar e se recuperar de graves ameaças no futuro, especialmente daquelas relacionadas às mudanças climáticas.
Pressões e respostas atuais sobre a biodiversidade Apersistênciae,emalgunscasos,aintensificação das cinco principais pressões sobre a biodiversidade fornecem mais evidências de que a taxa da perda de biodiversidade não está apresentando redução significativa. A esmagadora maioria dos relatórios dos governos para a CDB aponta que essas pressões, ou causas diretas, estão afetando a biodiversidade em seus países.
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Sãoelas: ² Perdaedegradaçãodehabitats revistaamazonia.com.br
² Alteraçõesclimáticas ² Carga excessiva de nutrientes e outras formas
depoluição ² Sobrexplotaçãoeusonãosustentável ² Espéciesexóticasinvasoras
}
Perda e degradação de habitats
A perda e a degradação de habitats criam a maior fonte individual de pressão sobre a biodiversidade em todo o mundo. Para os ecossistemas terrestres, a perda de
habitats é, em grande parte, explicada pela conversão deterras silvestres para a agricultura, que hoje representa cerca de 30% da superficie global. Em algumas áreas, essa perda tem sido recentemente impulsionada,emparte,pelademandaporbiocombustíveis. As avaliações da Lista Vermelha da IUCN mostram a perda de habitats impulsionada pela agricultura e pelo manejo florestal não sustentável como a maior causa de espécies que se aproximam cada vez mais da extinção. O acentuado declínio das populações de espécies tropicais, mostrado no índice Planeta Vivo, espelha a perda generalizada de habitats nessas regiões. Por REVISTA AMAZÔNIA 47
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exemplo, em um estudo recente a conversão de floresta em plantações de dendezeiros foi mostrada como promotora da perda de 73-83% das espécies de borboletas e aves do ecossistema. Conforme mencionado acima, as aves enfrentam um risco particularmente elevado de extinção no sudeste da Ásia, região que tem experimentado o desenvolvimento mais extenso dos dendezeiros, devido, em parte, à crescente demandaporbiocombustíveis. Odesenvolvimentodeinfraestruturas,comohabitações, indústrias, minas e redes de transportes, representam também uma importante contribuição para a conversão de habitats terrestres, tanto quanto o florestamento de terras não florestadas. Com mais da metade da população mundial vivendo atualmente em áreas urbanas, a expansão urbana influenciou igualmente o
desaparecimento de muitos habitats, embora a maior densidade populacional das cidades possa também reduzir os impactos negativos sobre a biodiversidade, exigindo a conversão direta de menos terra para habitação humana do que mais assentamentos dispersos. Mesmo que não haja sinais, em nível mundial, que a perda de habitats esteja diminuindo significativamente como um condutor de perda de biodiversidade, alguns países têm demonstrado que, com determinadas ações, tendências negativas historicamente persistentes podemserrevertidas.Umexemplodegranderelevância mundial é a recente redução da taxa de desmatamento naAmazôniabrasileira,mencionadaanteriormente. Para os ecossistemas de água interiores, a perda e
a degradação de habitats são amplamente justificadas pelo uso não sustentável da água e peia drenagem para conversão para outros usos daterra,comoaagriculturaeassentamentos. A grande pressão sobre a disponibilidade de água é a captação de água para a agricultura irrigada, que utiliza aproximadamente 70 por cento das retiradas mundiais de água doce, mas as necessidades de água para as cidades, energia e indústrias estão crescendo rapidamente. A construção de barragens e diques de inundaçãoemriostambémcausaperdae fragmentação de habitats, por meio da conversão de rios em reservatórios, reduzindo a conectividade entre diferentes partes das bacias hidrográficas e privando os riosdesuasáreasinundáveis.
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} O que está em jogo? Alguns valores estimados de biodiversidade costeira
A pesca mundial emprega cerca de 200 milhões de pessoas, fornece cerca de 16% da proteína consumida no mundo inteiro e tem um valor estimado em US$ 82 bilhões.
O valor dos serviços ecossistêmicos prestados pelos recifes de coral alcança mais de US$ 18 milhões por quilômetro quadrado por ano para a gestão dos riscos naturais, até US$ 100 milhões para o turismo, mais de US$ 5 milhões para material genético e bioprospecção e até US$ 331.800 para a pesca.
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O valor econômico médio anual das pescas sustentadas por habitats de manguezal no Golfo da Califórnia foi estimado em US$ 37.500 por hectare de margem de manguezal. O valor dos manguezais como proteção costeira pode chegar até US$ 300.000 por quilômetro de litoral.
No ejido (terra de propriedade coletiva) de Mexcaltitán, Nayarit, no México, os valores direto e indireto dos manguezais contribuem para 56% de aumento da riqueza anual do ejido.
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} O risco da extinção de raças de animais de criação
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Frango
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Um grande número de raças das cinco principais espécies de animais de criação estão em risco de extinção. De modo geral, dentre 35 espécies domesticadas, mais de um quinto das raças de animais de criação são classificadas como estando em risco de extinção.
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Fonte: FAO
Ovelha
Porco
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Desconhecida
Sem perigo
Em ecossistemas costeiros a perda de habitats é impulsionada por uma série de fatores, incluindo algumas formas de maricultura, especialmente fazendas de camarão nos trópicos, onde elas têm, muitasvezes,substituídoosmanguezais. Construções e obras litorâneas para moradia, recreação, indústria e transporte tiveram importantes impactos sobre os ecossistemas marinhos, por meio de dragagem, aterro e interrupção de correntes, fluxo de sedimentos e de descarga pela construção de quebramares e outras barreiras físicas. Conforme mencionado acima, a utilização de equipamentos de pesca de arrasto pelo fundo pode causar uma perda significativadehabitatsdefundosmarinhos.
Em perigo
}
Extinta
Mudanças Climáticas
As mudanças climáticas já estão causando impacto sobre a biodiversidade e estão projetadas para se tornarem uma ameaça cada vez mais significativa nas próximas décadas. A perda de gelo marinho no Ártico ameaça a biodiversidade de um lado ao outro de um bioma inteiro e além de seus limites. A pressão associada da acidificação dos oceanos, resultante de concentrações mais altas de dióxido de carbono na atmosfera, tambémjáestásendoobservada. Os ecossistemas já estão apresentando impactos
negativos sob os níveis atuais de mudanças climáticas (um aumento de 0.74° C na temperatura média da superfície global em relação aos níveis pré-industriais), que são modestos em relação às futuras mudanças projetadas(2.4-6.4°Catéoanode2100,semadotarmedidas agressivas de mitigação). Além de temperaturas mais quentes, eventos climáticos extremos mais frequentes e alterações dos padrões de chuva e de seca podem vir a ter impactos significativos sobre a biodiversidade. Impactos das mudanças climáticas sobre a biodiversidade variam muito em diferentes regiões do As mudanças climáticas poderão causar a migração de espécies para latitudes mais altas (isto é, em direção aos polos) e para maiores altitudes, à medida que as temperaturas médias aumentam. Em habitats de altitudes elevadas, onde espécies já se encontram no extremo de seu alcance, a extinção local e global se torna mais provável, considerando que não há habitats adequados para os quais elas possam migrar.
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relacionados com a perda de biodiversidade e mudanças climáticas devem ser abordados pelos formuladores de políticas com igual prioridade e em estreita coordenação
mundo. Por exemplo, as maiores taxas de aquecimento foram observadas em latitudes elevadas, em torno da península Antártica e no Ártico, e esta tendência deverá continuar. A súbita redução na extensão, idade e espessura do gelo marinho do Ártico, superando até mesmo as previsões científicas recentes, tem implicaçõesimportantesnabiodiversidade. As mudanças do ritmo de floração e de padrões de migração, bem como da distribuição das espécies, já têm sido observadas em todo o mundo. Na Europa, ao longo dos últimos quarenta anos, o início da época de plantio e germinação adiantou 10 dias em média. Esses tipos de mudanças podem alterar as cadeias alimentares e criar desequilíbrios dentro de ecossistemas onde diferentes espécies desenvolveram interdependência sincronizada, por exemplo, entre nidifi-
cação e disponibilidade de alimentos, polinizadores e adubação. As mudanças climáticas são também projetadas para mudar as variações de organismos patogênicos, colocando-os em contato com hospedeiros em potencial que não desenvolveram imunidade. Habitats aquáticos de água doce e zonas úmidas, manguezais, recifes de coral, ecossistemas árticos e alpinos e florestas nubladas são particularmente vulneráveisaosimpactosdasmudançasclimáticas. Algumas espécies serão beneficiadas pelas mudanças climáticas. Contudo, uma avaliação observando aves europeias concluiu que, das 122 espécies mais comuns avaliadas, havia aproximadamente três vezes mais espécies apresentando decínio populacional do que espécies com aumento populacional, como resultado dasmudançasclimáticas.
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O número de “zonas mortas” observadas, áreas marítimas costeiras onde os níveis de oxigênio na água caíram para níveis muito baixos para sustentar a maior parte da vida marinha, praticamente dobrou a cada década, desde os anos 1960. Muitas estão concentradas perto dos estuários dos grandes rios, e são resultado do acúmulo de nutrientes, em grande parte carregados das áreas agrícolas interiores, onde os fertilizantes são lavados nos cursos de água. Os nutrientes promovem o crescimento de algas que morrem e se decompõem no fundo do mar, esgotando o oxigênio da água e ameaçando a pesca, os meios de subsistência e o turismo.
Políticas bem orientadas, com enfoque em áreas críticas e nos serviços ecossistêmicos, podem ajudar a evitar os impactos mais perigosos da perda da biodiversidade para as pessoas e sociedades, no curto prazo. Em longo prazo, a perda de biodiversidade pode ser interrompida e, em seguida, revertida, se uma ação urgente, planejada e eficaz for aplicada em defesa de uma visão pactuada de longo prazo. A revisão, em 2010, do plano estratégico da Convenção sobre Diversidade Biológica oferece uma oportunidade para definir essa visão e 50 REVISTA AMAZÔNIA
estabelecer metas e prazos para estimular as medidas necessáriaspararealizá-lo. Uma importante lição tirada do fracasso no cumprimento da meta de biodiversidade para 2010 é que a urgência de uma mudança de direção deve ser transmitida para os tomadores de decisões que estão fora do círculo político envolvido até agora na Convenção sobre Diversidade Biológica. A CDB tem a participação quase universal dos governos do mundo inteiro, mas os
envolvidos na sua execução raramente têm influência para promover ações no nível necessário para produzir mudançasreais. Assim, enquanto as atividades dos departamentos e agências ambientais no combate de ameaças específicas às espécies e na expansão das áreas protegidas têm sido e continuam a ser extremamente importantes, elas são facilmente enfraquecidas por decisões de outros ministérios, que não conseguem aplicar o pensamento estratégico às políticas e ações revistaamazonia.com.br
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que impactam os ecossistemas e outros componentes dabiodiversidade. A transversalidade da biodiversidade precisa, portanto, ser vista como um entendimento genuíno, pela máquina do governo como um todo, de que o futuro bem-estar da sociedade depende da defesa do patrimônio natural do qual todos nós dependemos. De certa forma, essa abordagem já está abrindo se propagando em alguns sistemas de governo com a questão das mudanças climáticas, com a crescente adoção de politicas "à prova do clima". Algumas compensações entre conservação e desenvolvimento são inevitáveis, e é importante que as decisões sejam tomadas com base nos melhores dados disponíveis e que as compensações sejam claramente reconhecidas desde oprincípio. A verificação sistemática de políticas quanto aos seus impactos sobre a biodiversidade e sobre os serviços ecossistêmicos pode garantir não só que a biodiversidade seja melhor protegida, mas que as próprias mudan ças climáticas sejam abordadas de forma mais efetiva. A conservação da biodiversidade e, onde for necessária, a restauração de ecossistemas, podem ser intervenções economicamente eficazes, tanto para a mitigação quanto para a adaptação às mudanças climáticas, muitas vezes com cobenefíciossubstanciais. É evidente, a partir dos cenários delineados acima, que combater as múltiplas causas de perda de biodiversidade é uma forma vital de adaptação às
Repartindo os benefícios do acesso à biodiversidade-exemplos da África A Vernonia (Vernonia galamensis), uma erva daninha alta, endêmica da Etiópia, tem sementes pretas brilhantes, ricas em óleo. O óleo está sendo investigado por sua possível utilização como um “produto químico verde” na produção de compostos plásticos, que atualmente são feitos apenas com petroquímicos. Em 2006, uma empresa britânica, a Vernique Biotech, assinou um contrato de 10 anos com o governo etíope para ter acesso à Vernonia e para comercializar o seu óleo. Como parte do acordo, a Vernique Biotech pagará uma combinação de taxas de permissão, royalties e uma parte de seus lucros para o governo etíope. Além disso, os agricultores locais serão pagos para cultivar a Vernonia em terras que são impróprias para o cultivo de alimentos. A Uganda é um dos poucos países africanos que desenvolveu regras específicas sobre o acesso aos recursos genéticos e repartição de benefícios. Introduzida em 2005, como parte da Lei Nacional do Meio Ambiente, a regulamentação estabelece procedimentos para o acesso aos recursos genéticos, prevê a repartição dos benefícios decorrentes dos recursos genéticos e promove o manejo e o uso sustentável dos recursos genéticos, contribuindo, desse modo, para a conservação dos recursos biológicos na Uganda.
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Perdas forestais projetadas até 2050 sob diferentes cenários 95
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O gráfico apresenta projeções de cobertura florestal global para 2050, de acordo com vários cenários extraídos de quatro avaliações, que assumem dife- rentes abordagens para as questões ambientais, cooperação regional, crescimento econômico e outros fatores. Essas incluem três avaliações anteriores (Avaliação Ecossistêmica do Milênio, Panorama da Biodiversidade Global 2 e Panorama Ambiental Global 4) e um modelo (%$, desenvolvido para o quinto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas).Quando os diferentes cenários são considerados em conjunto, a diferença entre os melhores e os piores resultados para a biodiversidade é maior do que foi sugerido em qualquer uma das avaliações anteriores. Além disso, os cenários %$ mostram uma extensão ainda maior. Eles representam, principalmente, os resultados contrastantes para as florestas, depen- dendo do fato de as emissões de carbono a partir de mudanças no uso da terra serem ou não consideradas nas estratégias de mitigação das mudanças climáticas. Fonte: Leadley e Pereira et al (2010)
mudanças climáticas.Visto de uma forma positiva, esse entendimento nos dá mais opções. Não precisamos nos conformar com o fato de que, devido às defasagens temporais incorporadas às mudanças climáticas, somos impotentes para proteger as comunidades costeiras contra a elevação do nível do mar, as regiões áridas contra os incêndios e a seca, ou os habitantes de vales fluviaiscontrainundaçõesedeslizamentosdeterra. Embora não resolva todos os impactos do clima, visar pressões ecossistêmicas sobre as quais temos um controle mais imediato nos ajudará a assegurar que os ecossistemas continuem a ser resilientes e a prevenir quepontosderupturaperigosossejamalcançados. Se for acompanhada de determinada ação para reduzir as emissões - dando à conservação de florestas e de outros ecossistemas que armazenam carbono a devida prioridade nas estratégias de mitigação -a proteção da biodiversidade pode então nos ajudar a ganhar tempo, enquanto o sistema climático reage a uma estabilização dasconcentraçõesdegasesdeefeitoestufa. Incentivos importantes para a conservação da biodiversidade podem surgir a partir de sistemas que garantam a repartição justa e equitativa dos
benefícios decorrentes do uso de recursos genéticos,que é o terceiro objetivo da Convenção sobre Diversidade Biológica. Na prática, isso significa estabelecer regras e acordos que atinjam um equilíbrio justo entre a facilitação do acesso por empresas ou pesquisadores que pretendem utilizar material genético e a garantia de que os direitos de posse dos governos e das comunidades locais sejam respeitados, inclusive ocorrendo a concessão de permissão prévia para o acesso, e a repartição justa e equitativa dos benefícios decorrentesdautilizaçãodosrecursosgenéticosedosconhecimentostradicionaisassociados. O desenvolvimento de sistemas de acesso e repartição de benefícios (ABS) tem sido lento e as negociações sobre um regime internacional para regular tais acordos foram extensas e prolongadas. No entanto, os exemplos individuais têm mostrado a forma pela qual tanto as comunidades como as empresas e a biodiversidade podem se beneficiar dos acordos de ABS. [Ver Quadro 22]. Comoprazofinalparaametade2010jápresente,a comunidade global deve considerar o que a visão de longo prazo está buscando e que tipos de objetivos de REVISTA AMAZÔNIA 51
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médio prazo poderiam nos colocar no caminho para alcançá-la. Esses objetivos devem também ser traduzidos em ações de nível nacional, por meio das estratégias nacionais de biodiversidade e planos de ação, e devem ser tratados como uma questão transversaldogoverno. A partir da análise do fracasso até o momento, para diminuir a perda de biodiversidade, os seguintes elementos podem ser considerados para uma estratégia futura. # Onde for possível, atacar as causas indiretas da perda de biodiversidade. Isso é difícil porque envolve questões como escolhas de consumo e estilo de vida e tendências de longo prazo, como o crescimento da população. Todavia, o envolvimento do público com as questões associadas a preços adequados e incentivos (incluindo a remoção de subsídios perversos) poderia reduzir algumas dessas causas, por exemplo, encorajando níveis mais moderados, menos dispendiosos - e mais saudáveis - de consumo de carne. A conscientização do impacto do uso excessivo de água, energia e materiais pode ajudar a limitar a progressiva demanda de recursos pelaspopulaçõescrescentesemaisprósperas. As normas internacionais e nacionais e as estruturas de mercado e atividades econômicas podem e devem ser ajustadas e desenvolvidas de tal forma que contribuam para a proteção e o uso sustentável da biodiversidade, ao invés de ameaçá-la, como fizeram muitas vezes no passado. Utilizando preços, políticas fiscais e outros mecanismos para refletir o valor real dos ecossistemas, incentivos poderosos podem ser criados para reverter os padrões de destruição que resultam da subvalorização da biodiversidade. Será um passo importante para os governos expandirem seus objetivos econômicos para além do que é medido somente pelo PIB, reconhecendo outras medidas de riqueza e bem-estar que levam o capitalnaturaleoutrosconceitosemconsideração. Utilizar todas as oportunidades para quebrar a ligação entre as causas diretas e indiretas da perda de
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CAUSAS SUBJACENTES
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} Por que a Meta da Biodiversidade para 2010 não foi alcançada e o que precisamos fazer no futuro
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Uma das principais razões do não cumprimento da Meta de Biodiversidade para 2010 em nível global é que as ações tenderam a se concentrar em medidas que respondiam principalmente a mudanças no estado da biodiversidade, como as áreas protegidas e programas orientados para determinadas espécies, ou que se focavam nas pressões diretas da perda de biodiversidade, tais como medidas de controle da poluição. Na maioria dos casos, as causas subjacentes da biodiversidade não foram abordadas de uma maneira significativa, nem houve ações direcionadas para assegurar que continuemos a receber os benefícios dos serviços ecossistêmicos no longo prazo. Além disso, as ações raramente se igualaram à escala ou à magnitude dos desafios que elas estavam tentando resolver. No futuro, a fim de garantir que a biodiversidade seja efetivamente conservada, restaurada e utilizada com sabedoria, e que ela continue a oferecer os benefícios essenciais para todas as pessoas, as ações devem ser ampliadas para níveis e escalas adicionais. As pressões diretas sobre a biodiversidade devem continuar a ser tratadas e as ações para melhorar o estado da biodiversidade devem ser mantidas, embora numa escala muito maior. Além disso, devem ser desenvolvidas ações para abordar as causas subjacentes da perda de biodiversidade e para garantir que a biodiversidade continue a prestar os serviços ecossistêmicos essenciais para o bem-estar humano.
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Fonte: Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica 5
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Avaliação do impacto ambiental no Egito
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Desde 1998, o número de avaliações sobre impacto ambiental realizadas no Egito vem crescendo constantemente, com um aumento acentuado em 2008. As avaliações de impacto ambiental foram realizadas para examinar a aplicação de leis ambientais e para monitorar a adesão do Egito às convenções internacionais, entre outras coisas. O aumento da utilização de avaliações de impacto ambiental no Egito reflete uma tendência global similar. O uso de avaliações estratégicas de impacto ambiental também vem crescendo em nível mundial, embora seu uso seja ainda bastante reduzido. Fonte: Agência de Assuntos Ambientais do Egito
biodiversidade - em outras palavras, evitar que pressões subjacentes, tais como o crescimento populacional e o consequente aumento do consumo, conduzam inevitavelmente a pressões, como a perda de habitats, poluição ou sobrexplotação. Isso implica no uso muito mais eficiente da terra, água, mar e outros recursos para satisfazer as demandas atuais e futuras. É essencial que haja um melhor ordenamento do território, para preservar áreas importantes para a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos. Medidas específicas para controlar as vias de propagação de espécies exóticas invasoras, podem prevenir que o crescente comércio atuecomoumacausadadegradaçãodosecossistemas. A eficiência na utilização de um recurso natural deve ser equilibrada com a necessidade de manter as funções e a resiliência do ecossistema. Isso envolve encontrar um nível adequado de intensidade no uso dos recursos, por exemplo: o aumento da produtividade de terras agrícolas mantém, ao mesmo tempo, uma paisagem diversificada, e a redução da intensidade da pesca abaixo do chamado Rendimento Máximo Sustentável (RMS). Uma abordagem ecológica será necessária para
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estabeleceresseequilíbrio. Onde múltiplas causas atuam em conjunto enfraquecendo os ecossistemas, uma ação agressiva pode ser priorizada para reduzir aquelas mais amenas, a fim de se obter uma rápida intervenção, enquanto esforços de longo prazo continuem a moderar causas mais difíceis de serem manejadas, como as mudanças climáticas e a acidificação dos oceanos. As várias pressões antrópicas sobre os recifes de coral, mencionadas acima, exemplificam onde essa estratégia podeseraplicada. Evitar desvantagens relativas resultantes da maximização de um serviço ecossistêmico em detrimento de outro. Benefícios substanciais para a biodiversidade podem frequentemente surgir de restrições mínimas sobre a exploração de outros benefícios - como a produção agrícola. Um exemplo é que os fundos para recompensar a proteção dos estoques de carbono florestal poderiam melhorar drasticamente a conservação das espécies, se direcionados para áreas de alto valor de biodiversidade, com umpequenoaumentomarginalnocusto.
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Continuar a ação direta para conservar a biodiversidade, tendo como alvo espécies e habitats vulneráveis e de valor cultural, bem como locais críticos para a biodiversidade, combinados com ações prioritárias para proteger os serviços ecossistêmicos fundamentais, particularmente aqueles relevantes para os pobres, como o fornecimento de alimentos e medicamentos. Isso deveria incluir a proteção de grupos ecológicos funcionais - ou seja, aquelas espécies coletivamente responsáveis pelo suprimento de serviços ambientais, tais como a polinização, manutenção saudável da relação predador-presa, ciclagem de nutrientes e formaçãodosolo. Tírar o máximo de vantagens das oportunidades para contribuir com a mitigação das mudanças climáticas, por meio da conservação e restauração de florestas, turfeiras, zonas úmidas e outros ecossistemas que capturam e armazenam grandes quantidades de carbono;eparaaadaptaçãoàsmudançasclimáticaspor meio do investimento em "infraestrutura natural"; e, ainda, pelo planejamento do deslocamento das espécies e comunidades, mantendo e reforçando a
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conectividade ecológica entre paisagens e ecossistemas deáguasinteriores. Utilizar programas ou o conjunto de leis nacionais para criar um ambiente favorável que dê apoio efetivo a iniciativas locais lideradas por comunidades, autoridades locais, ou empresas. Isso inclui também capacitar os povos indígenas e comunidades locais para assumirem a responsabilidade pela gestão da biodiversidade e tomada de decisões, bem como o desenvolvimento de sistemas para garantir que os benefícios resultantes do acesso aos recursos genéticos sejamigualmenterepartidos [VerQuadro23]. Fortalecer esforços para comunicar melhor as ligações entre a biodiversidade, os serviços ecossis-têmicos, a diminuição da pobreza e a adaptação e mitigação das mudanças climáticas. Por meio da educação e da divulgação mais eficaz do conhecimento científico, uma parcela muito maior do público e dos tomadores de decisões poderia ser conscientizada do valor da biodiversidade e das medidas necessárias para preservá-la. A restauração dos ecossistemas terrestres, de águas interiores e marinhos será cada vez mais necessária para restabelecer o funcionamento dos ecossistemas e a prestação de valiosos serviços ambientais. Uma análise recente de projetos para restaurar ecossistemas degradados mostrou que, em geral, tais projetos são bemsucedidosemmelhoraroestadodeconservaçãoda biodiversidade. Além disso, a análise econômica efetuada pelo projeto 'A Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade (TEEB)' mostra que a restauração de ecossistemas oferece boas taxas de retomo econômico. Entretanto, os níveis de biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos permaneceram abaixo dos níveis dos ecossistemas intactos, reforçando o argumento de que, onde for possível, evitar a degradação por meio da conservação é preferível (e ainda com melhor custobenefício) do que fazer posterior restauração. A restauração pode levar décadas para ter um impacto significativo e será mais eficaz para alguns ecossistemas do que para outros. Em alguns casos, a restauração de ecossistemasnãoserápossível,jáqueosimpactosdadegradaçãosãoirreversíveis.
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} Ações locais para a biodiversidade Ações para a conservação da biodiversidade pelas comunidades locais ocorrem no mundo inteiro, e a maioria dos países indicam que eles têm mecanismos adequados para a co-gestão e/ou gestão comunitária dos recursos biológicos. Embora essas ações ocorram em escalas relativamente pequenas, e possam muitas vezes passar despercebidas, elas podem, apesar de tudo, ter impactos positivos importantes sobre as condições da biodiversidade local e do bem-estar humano. Por exemplo: A Rede de Área Marinha Protegida Nguna-Pele em Vanuatu, que é composta por 16 aldeias que atravessam duas ilhas, trabalha para fortalecer as estruturas da governança tradicional enquanto possibilita a gestão mais eficaz dos recursos naturais. Desde que a iniciativa começou, em 2002, houve aumentos significativos na biomassa de peixes, abundância de invertebrados marinhos e cobertura de coral vivo dentro das reservas comunitárias, além de um aumento na renda média dos aldeões, em grande parte como resultado do ecoturismo. A Rede também tem incentivado um renascimento das tradições culturais e linguísticas locais, bem como a maior participação de mulheres e crianças na governança e em processos decisórios. A aldeia Tmatboey faz fronteira com o Santuário da Vida Silvestre Kulen Promtep, no norte do Camboja, uma área conhecida por suas populações de aves ameaçadas, como o white-shouldered ibis (Pseudibis davisoni). Dada a sua proximidade com o santuário da vida silvestre, o ecoturismo é particularmente importante para a aldeia. Para promover o uso sustentável do santuário a Comissão da Área Protegida Comunitária Tmatboey estabeleceu, entre outras coisas, um plano abrangente de uso da terra para a aldeia e decretou a proibição da caça. Como resultado das ações da Comissão, o declínio de algumas espécies endêmicas de animais silvestres em perigo crítico foi interrompido, e até mesmo revertido, enquanto o desmatamento e a invasão em áreas importantes de vida silvestre diminuíram. As receitas do ecoturismo são reinvestidas em infraestruturas locais e as ações da comissão também ajudaram a promover o desenvolvimento sustentável na aldeia.
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Scenario C 100%
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As três imagens representam uma comparação de padrões diversos de uso global da terra em diferentes cenários, para os mesmos cenários % ' $ mos-trados na Figura 14. O Cenário A repre-senta o uso da terra sob atividade comer-cial como cenário habitual. O Cenário B ilustra um cenário no qual os incentivos, equivalentes a uma taxa global de carbo-no, são aplicados para todas as emissões de dióxido de carbono, incluindo os resul-tantes da mudança no uso da terra, para manter as concentrações de dióxido de carbono abaixo de 450 partes por milhão. O Cenário C ilustra o que irá acontecer se os incentivos aplicáveis somente às emis-sões de dióxido de carbono provenien-tes de combustíveis fósseis e emissões industriais, sem considerar as emissões resultantes da mudança no uso da terra.Sob o cenário C, há Plantios um declínio dramá-tico tanto nas florestas quanto nas pas-tagens, à medida que mais terra é de-dicada à produção de biocombustíveis. A diferença dramática na extensão dos remanescentes de florestas e pastagens em 2095, no âmbito dos respectivos ce-nários, enfatiza a importância de se levar em conta o uso da terra, quando se con-cebem políticas de combate às mudan-ças climáticas.
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2095 Fonte: Wise et al. (2009). Science
Discutir a perda da biodiversidade em cada um desses níveis envolverá uma grande mudança na percepção e nas prioridades por parte dos tomadores de decisões, bem como o empenho de todos os setores da sociedade, incluindo o setor privado. Sabemos o que precisa ser feito na maioria dos casos, mas a vontade política, a perseverança e a coragem serão requeridas para a realização dessas ações na escala necessária e para tratar dascausassubjacentesdaperdadebiodiversidade. O fracasso contínuo em retardar as tendências atuais tem consequências potenciais ainda mais graves do que o previsto anteriormente, e as gerações futuras podem pagar caro na forma de ecossistemas incapazes de satisfazer as necessidades básicas da humanidade. Por outro lado, as recompensas para uma ação coerente são revistaamazonia.com.br
grandes. Não só a impressionante variedade de vida na Terra será muito mais eficazmente protegida, mas as sociedades humanas estarão muito mais bem equipadas para proporcionar meios de vida saudáveis, seguroseprósperos,nasdécadasdesafiadorasqueestão porvir. A mensagem geral deste Relatório é clara. Não podemos continuar a ver a perda contínua de biodiversidade como uma questão separada das preocupações centrais da sociedade: combater a pobreza, melhorar a saúde, a prosperidade e a segurança das gerações presentes e futuras, e lidar com as mudanças climáticas. Cada um desses objetivos é prejudicado pelas tendências observadas no estado de conservação de nossos
ecossistemas, e cada um será grandemente fortalecido se nós finalmente dermos à biodiversidadeaprioridadequeelamerece. Em 2008-9, os governos do mundo rapidamente mobilizaram centenas de bilhões de dólares para evitar o colapso de um sistema financeiro, cujos fundamentos frágeis pegaram os mercados de surpresa. Agora temos avisos claros dos potenciais limites para os quais estamos empurrando os ecossistemas que moldaram nossas civilizações. Por uma fração do dinheiro reunido com tanta celeridade para evitar o colapsoeconômico,podemosevitarumproblema muito mais grave: o colapso nos sistemas que sustentamavidanaTerra. REVISTA AMAZÔNIA 55
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Agência Chico Mendes da CAIXA, a primeira agência-barco do Brasil
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Fotos Eduardo Damasceno
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agência Chico Mendes da CAIXA, a primeira agência-barco do Brasil, iniciou a sua primeira viagem de teste, saindodeManausrumoaAnamã(AM), município com oito mil habitantes, distante a 161 Km da capital. O objetivo da primeira viagem foi produzir “diário de Bordo” das áreas envolvidas no projeto, resultando ao final da viagem em um relatório consolidado sobre performance do barco, identificação de necessidades,
A primeira agência-barco do Brasil
melhorias e providências que levarão a ajustes operacionais para garantir o sucesso da estratégia dessa soluçãodecanalitinerante. A viagem de barco até Anamã teve duração de 20 horas e o atendimento à população foi imediatamente iniciado. Nesta viagem inaugural, a equipe formada por 11 funcionários, realizou o atendimento nas questões sociais, como o Programa Bolsa Família, PIS, seguro desemprego, entre outras que compõem a Rede de ProteçãodoGovernoFederal.Apósodiadeatendimento, a agência-barco retornou à Manaus. O projeto piloto, deveserconcluídoematé180dias,prevêviagensiniciais com percursos menores que serão aumentados gradativamente, até que se percorra e atenda todo o
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trecho Manaus – Coari, cuja extensão é de 350 km, para atendimento à população dos municípios de Anamã, Anori, Beruri, Caapiranga, Careiro, Careiro da Várzea, Coari, Codajás, Iranduba, Manacapuru e Manaquiri, com aproximadamente316.000habitantes. A duração da viagem, ida e volta, é de aproximadamente 27 dias. O prazo máximo destinado à manutenção e suprimento da embarcação, após cada viagem, é de três dias. Na dia 12 de janeiro, em comemoração aos 150 anos da Caixa, a agência Chico Mendes foi instalada no município do Careiro daVárzea, e nos dias seguintes nos municípiosdeManaquirieIranduba. O Barco Chico Mendes atenderá ao todo 11 municípios, e promete realizar dois atendimentos por mês em cada revistaamazonia.com.br
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O atendimento à população em Anamã
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localidade. Por motivos de segurança, não há movimentação de dinheiro nas dependências do barco, sendo que todos os pagamentos necessários serão realizados nas agências lotéricas e em outros representantes. A Caixa já identificou 15 calhas de rios, distribuídas nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, que possibilitam a expansão desse canal, após a finalização e avaliação do piloto de implantação. A agência Chico Mendes, na quarta-feira dia12, como
parte das comemorações dos 150 anos da CAIXA, rumou ao Careiro daVárzea, município amazonense a 25 km da capital,ondeficouinstaladaportodoodiaparaatendera população ribeirinha daquela região. Antes do início da viagem a “tripulação” de empregados comemorou o aniversário da CAIXA. No dia 13, a agência Chico Mendes atendeu a população do município de Manaquiri e dia14, os moradores de Iranduba. Ainda como parte das comemorações, no dia 17, a CAIXA começou atender na sua Unidade Temporária de Atendimento instalada no
município de Maués, a terra do guaraná. No final do mês, de janeiro, por ocasião da finalização da primeira viagem da agência Chico Mendes no trecho Manaus-Coari, será inauguradaaunidadedaCAIXAemCoari. Com essas inaugurações a rede CAIXA no Amazonas passará a contar 226 pontos de atendimentos, sendo: 22 agências, incluída a agência Chico Mendes, 04 postos de atendimento bancário, 115 lotéricas, 68 correspondentes CAIXA Aqui e 18 pontos de atendimentoeletrônico.
O objetivo da agência de mais de 1.200 m2, é oferecer atendimento às populações ribeirinhas, que vivem em município da Bacia Amazônica, para ampliar as opções de prestação de serviços e promover o desenvolvimento socioeconômico e a inclusão bancária. O barco funcionará como agência da Caixa, onde empregados do banco estarão à disposição para oferecer serviços de contas, atendimentos sociais (PIS, FGTS, Seguro Desemprego, CPF, Benefícios Sociais), habitação de interesse social, além de microcrédito produtivo orientado Construcard Caixa e crédito por consignação. A agência também poderá viabilizar o suporte a ações de promoção à saúde, educação e de proteção ambiental, em especial das bacias hidrográficas, reforçando o papel da Caixa como empresa socialmente responsável.
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5º Encontro Nacional da Indústria
Competitividade Brasil. A hora é essa
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Competitividade Brasil. A hora é essa
Fotos Carlos Rudiney, Guarim de Lorena, José Paulo Lacerda, Miguel Ângelo
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Carta da Indústria, com as propostas dos empresários para ampliar a competitividade, divulgada no primeiro dia do 5º Encontro Nacional da Indústria, em São Paulo, adverte haver riscos para a estrutura industrial do país se não houver rapidez nas reformas que eliminem os gargalos para empresasmaiscompetitivas. “Quanto mais lento for o processo de reformas prócompetitividade, maiores serão os riscos para a indústria brasileira”, alerta a Carta da Indústria, apresentada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Que o Brasil precisa de reformas, todo mundo sabe; e concorda. Mas se todo mundo concorda há décadas, é óbvio que não é unilateral o motivo pelo qual as reformas não são feitas. Todos somosco-responsáveisporelas”. EisaíntegradaCartadaIndústria: Robson Braga de Andrade, Presidente da CNI, na cerimônia de Abertura
Nós, industriais brasileiros, firmamos um compromisso com a competitividade como a agenda para futuro do Brasil. Reconhecemos que fizemos avanços importantes na estabilização, na sustentação do crescimento econômico e na distribuição de renda com inclusão social. Agora, o objetivo é de criar uma parceria estratégica entre o governo e setor privado para a agenda da competitividade. A competitividade é o caminho para criar empregos de qualidade,diversificar a economia, ajudando o Brasil a vencer o desafio de inserção na economia global. Há um sentido de urgência nessas medidas. Que o Brasil precisa de reformas todo mundo sabe; e concorda. Mas se todo mundo concorda há décadas é óbvio que não é unilateral o motivo pelo qual as reformas não são feitas. Todos somos co-responsáveis por elas. A competitividade é um seguro contra as incertezas. A instabilidade financeira internacional e a perda de dinamismo das economias desenvolvidas geram incertezas, alteram os fluxos de capital e valorizam o real. A competitividade é um seguro contra essas incertezas. Há riscos para a estrutura industrial do País. Quanto mais lento for o processo de reformas pró-competitividade, maiores serão os riscos para a indústria brasileira. O Brasil oferece oportunidades para uma indústria maior e melhor. Mas é preciso isonomia em relação aos nossos competidores. As prioridades. É crítico enfrentar o desequilíbrio juros-câmbio, que é influenciado pela questão fiscal. Para tanto, é preciso aumentar a capacidade de o Estado investir, atrair capitais privados para a infraestrutura, resolver as distorções do sistema tributário, que penaliza exportações e investimentos, reduzir as incertezas jurídicas e custos do sistema de relações do trabalho e avançar mais rapidamente nas agendas da educação e da inovação. É hora de dar saltos de competitividade. Para que o Brasil e a sua indústria continuem avançando é crucial mobilizar a sociedade e os três poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - em favor da melhoria da competitividade. O momento não permite passos. Exige saltos! A competitividade é a base do crescimento. Fundamentada na produtividade das empresas e no ambiente que as cerca, a competitividade é a base para o progresso, a melhoria de vida e a inclusão social. É uma agenda de co-responsabilidade. O setor privado não cruza os braços para seu próprio papel e suas responsabilidades. Para que o Brasil seja competitivo em relação aos seus concorrentes internacionais é necessário que a indústria brasileira seja ousada, produtiva e inovadora. O diagnóstico é conhecido. Relatórios nacionais e internacionais são unânimes em apontar onde os nossos problemas se localizam. É um diagnóstico conhecido de governos, empresários e sociedade. Alguns problemas vêm sendo enfrentados, mas a questão chave é o descompasso entre os tempos econômico e político. Se a pauta é moderna o diálogo também tem que ser. Não queremos ter razão. Queremos ter sucesso. O Brasil de hoje é muito melhor do que o Brasil de tantos ontens. Para darmos este novo salto, a competitividade tem que se transformar em prioridade estratégica e o Brasil não terá que ser apenas melhor do que o Brasil, ele vai ter que ser tão competitivo no mercado internacional quanto a China , a Rússia, a Índia, o novo e o velho mundo. E é para sermos a 5ª economia do mundo em 2015, Senhor Presidente e futura Presidenta, que empunhamos a bandeira do Brasil competitivo. Numa causa da qual a CNI não é dona. A competitividade é uma bandeira que deve ser empunhada e desfraldada por todos nós. Uma causa do País.
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Osmar Piola - Marcopolo napalestra com debate Educação profissional e competitividade industrial Jorge Gerdal, Pres. da Gerdal, no debate Inovação Alvo de competitividade 5º ENAI – Inovação: alvo de competitividade da indústria
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CNI propõe que competitividade seja a grande prioridade nacional
Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), propôs diante de cerca de 1.500 empresários e líderes sindicais da indústria , no Transamérica Expo Center, em São Paulo, durante o 5º ENI, que a competitividade se torne a grande prioridade estratégica nacional,“do governo, do setor produtivo, da indústria,enfim,detodaasociedade”. “É preciso dar um salto de competitividade. Essa missão exige a mobilização de todas as forças políticas e econômicas do país: os três poderes de Estado – Executivo, Legislativo e Judiciário -, as empresas e suas Robson Braga de Andrade, Presidente da CNI: salto de competitividade exige mobilização das forças políticas e econômicas do país
Fernando Vargas da CINTEFOR/OIT, na Palestra Educação profissional e competitividade industrial
entidades representativas; todos os segmentos representativos da sociedade”, defendeu o presidente da CNI. Segundo Andrade, a competitividade é a base do crescimento. “Sustentada na produtividade das empresas e de um ambiente de negócios civilizado, a competitividade é a base para o progresso, a transformaçãoeainclusãosocial”,assinalou. Tema central do 5º Encontro Nacional da Indústria, a competitividade é tecnicamente definida pela CNI como a capacidade das empresas de igualar ou superar os concorrentes na preferência dos consumidores pelo preço e diferenciação do produto na qualidade, inovação oupropaganda. O presidente da CNI ressaltou ser urgente priorizar a competitividade como a agenda do país. “Quanto mais lento for o processo de reformas pró-competitividade, maiores serão os riscos para a estrutura industrial brasileira”, advertiu. Enfatizou que“com competitividade e isonomia nas condições concorrenciais, a indústria será cada vez mais moderna, mais ousada, mais inovadora e maisprodutiva”. De acordo com Andrade, o Brasil ocupa “posição extremamente desconfortável” num ambiente de negócios penalizado por uma elevada carga tributária, legislação trabalhista anacrônica, dificuldades de acesso ao crédito, previdência social de alto custo, a maior taxa
Luciano Coutinho, Pres. BNDES, no debate Inovação Alvo de competitividade
de juros do mundo, insegurança jurídica, qualidade de educação ruim, excesso de burocracia, entre outros fatores.
} Momento especial O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, que também participou da abertura do 5º ENI, anunciou que os investimentos previstos no país para os próximos quatro anos estão estimados em R$ 1,6 trilhão, R$ 600 bilhõesamaisdoquenoatualgoverno. Debatendo as relações do trabalho no Brasil Osmani Abreu , Julio Delgado , Francisco de Assis Benevides Gadelha , José Pastore, Adauto de Oliveira Duarte
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No debate, Inovação – alvo de competitividade da indústria – Eliane Bahruth, Pedro Wongtschowski , Reginaldo Arcuri , Carlos Henrique de Brito Cruz
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A exploração da camada de petróleo do pré-sal, a construção civil, com o programa Minha Casa, Minha Vida, a instalação de grandes hidrelétricas, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 foram alguns dos empreendimentos que listou como grandes pólos de investimento.
Na palestra com debate – Educação profissional e competitividade industrial – Renato da Fonseca, Fernando Vargas, Eduardo
Renato da Fonseca – CNI, na palestra com debate Educação profissional e competitividade industrial Irene Mia - Wold Economic, na palestra com debate - Competitividade do Brasil na Economia Global
O presidente do BNDES destacou que o início do novo governo “é um momento especial” para a adoção de medidas que elevem a poupança interna, criando, dessa forma, melhores condições para alavancar os investimentos. Disse ser essencial ampliar a competitividadedaeconomia. “O desafio da competitividade é crucial, até porque as importações estão crescendo. Podemos, juntos, governo e setor privado, com um diálogo racional e cooperativo, construir um futuro firme para o Brasil”,
proclamou Coutinho. O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, outro participante do 5º ENI, pregou a necessidade de se “quebrar pequenos privilégios”corporativistas em vários setores para se ampliar a competitividade. “Temos de superar resistências às mudanças, que são uma questão atávica no Brasil. O diagnóstico para esta superação está feito e todos concordam com ele. As reformas são necessárias”,pontuouAnastasia.
Em debate, Comercio Exterior e investimentos
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Brasil é pouco competitivo em comparação a 13 países concorrentes
O Brasil está atrás de importantes competidores internacionais em oito fatores que determinam a competitividade do produto nacional: disponibilidade e custo da mão de obra, disponibilidade e custo de capital, infraestrutura e logística, peso dos tributos, ambientes macro e microeconômico, educação e tecnologia e inovação. A posição relativa do Brasil frente a 13 países está no Relatório Competitividade 2010, que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou duranteo5ºENI. O Relatório da CNI compara as condições do Brasil com 13 países, selecionados de acordo com características econômicas, sociais e de participação no mercado internacional. Os países são: África do Sul, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coréia,
Paulo Skaf, presidente da FIESP, com Sérgio Longen, presidente da FIEMS
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Jose Mascarenhas, Pres. da FIEB, na palestra com debate Investimentos em infraestrutura
Espanha, Índia, México, Polônia e Rússia. Nesse grupo, o Brasil é o último colocado no quesito disponibilidade e custos de capital, o 12º em infraestrutura e logística e o 13ºemcargatributária. De acordo com o estudo, o país só está à frente da África do Sul no quesito disponibilidade e custo da mão de obra e perde para Austrália, Canadá, Rússia, México, China, Polônia, Espanha, Índia e Coréia. Também está nos últimos lugares em disponibilidade e custo do capital, infraestruturaelogísticaecargatributária. Nos fatores macro e microeconômicos que afetam a competitividade das empresas, o Brasil também ocupa os últimos lugares. É o 14º em volume de investimentos e em evolução da taxa de câmbio real. Fica em 10º lugar na atração de investimentos diretos estrangeiros, em
nono lugar em taxa de inflação e, em oitavo, no quesito dívidabrutadogoverno. O Relatório Competitividade 2010 está no site da CNI no link: http://www.cni.org.br/portal/data/pages/ FF8080812C9D46E3012CA7C186C5154C.htm
Luciene Machado, Sup. BNDES nos debates sobre Comercio Exterior e investimentos
Empresários jogam Bola da Vez, jogo sobre competitividade empresarial No debate, O meio ambiente e a Competitividade
Espaço Cyber p ara acesso a internet
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XII Engema
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USP e FGV reuniram especialistas e pesquisadores para discutir gestão ambiental nas empresas
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Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA/USP) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) realizaram o XII Engema – Encontro Internacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente. Realizado na sede da FEA, na Cidade Universitária, em São Paulo. O evento teve como tema central “Inovação e sustentabilidade na nova economia de baixo carbono: uma agenda para o século XXI”, foi patrocinado pelo Walmart e contou com apoio institucional da Cetesb, do CNPq, da FIA e da Capes. 255 trabalhos de autoria de pesquisadores e profissionais ligados ao tema sustentabilidade foram apresentados a umpúblicodemaisde300inscritos.
} Trabalhos premiados Otrabalhoquetevemelhoravaliaçãoeobteveoprimeiro lugar foi “Sustentabilidade da Localidade e A Competitividade das Empresas Ali Instaladas: A Construção das Relações Entre Os Constructos”, de autoria de Ana Carolina Vital da Costa, Camila Scheidegger Farias, Carla Regina Pasa Gómez. Foram merecedores de menção honrosa, os trabalhos: “Contabilidade Ambiental Em Emergia: Origem, Conceitos e Procedimentos Metodológicos de Análise da Sustentabilidade de Sistemas Produtivos Organizacionais”, de Marília Paula dos Reis Teixeira, Mozar José de Brito, Isabel Cristina da Silva; “Gestão Ambiental e Estrutura Organizacional: Estudo de
Múltiplos Casos, Framework Analítico e Proposição de Agenda de Pesquisa”, de Charbel José Chiappetta Jabbour, Nelson Oliveira Stefanelli, Adriano Alves Teixeira, Ana Beatriz Lopes de Sousa Jabbour e“A Atitude do Consumidor Em Relação Às Características Ecológicas das Embalagens”, de Beatriz Gondim Matos, Cláudia BuhamraAbreuRomero. A cada manhã uma palestra principal deu início aos trabalhos. O presidente da Cetesb, Fernando Rei, falou sobre “PEMC - Política pública para uma economia de baixo carbono no Estado de São Paulo”, quando apresentou o inventário de emissão de carbono do estado. Felipe Zacari Antunes, do Walmart e Cristiane Lourenço, da Unilever, apresentaram ao público a palestra “Inovação e Sustentabilidade: Construindo a Cadeia de Suprimentos do Futuro”. Sérgio Tallochi, da Natura Cosméticos e Roberto Waack, do Amata Brasil, falaram sobre "Biodiversidade e Inovação na Economia deBaixoCarbono". A abertura do evento contou com a participação do diretor da FEA/USP, professor Reinaldo Guerreiro, do
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vice-chefe do Departamento de Administração da FEA, professor Lindolfo Galvão de Albuquerque, dos idealizadores e coordenadores do evento, professores Isak Kruglianskas (FEA) e José Carlos Barbieri (FGV), dos membros da comissão científica do XII Engema, professores Orlando Cattini (FGV) e Moacir de Miranda Oliveira Jr. (FEA) e do presidente da comissão executiva, professorHermannHrdlicka. Para o professor Isak Kruglianskas, que há 20 anos estuda a questão da preocupação socioambiental no ambiente corporativo, o momento é oportuno para essa discussão. “Hoje há uma conscientização maior por parte das organizações sobre a necessidade de incorporar a sustentabilidade ambiental no escopo do negócio. Os marcos regulatórios estão mais claros e, ainda que seja por pressão da sociedade, o fato é que essa é uma preocupação definitiva. Mais do que saber economizar, o desafio é saber tirar proveito das oportunidades que a nova economia da sustentabilidade oferece e se proteger de suas ameaças. A contribuição do Engema é fazer com que os valores, conceitos e práticas da gestão socioambiental corporativa sejam cada vez mais enriquecidos com as pesquisas acadêmicas e com o intercâmbiodeconhecimentosempresariais.” O professor José Carlos Barbieri lembrou que o Engema, além de ser pioneiro, é até hoje o único evento que trata exclusivamente da gestão socioambiental no ambiente corporativo. “Este evento é constituído exclusivamente para tratar da gestão empresarial ligada ao meio ambiente. Já se tornou suficientemente grande e
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Professores Moacir de Miranda Oliveira Jr, José Carlos Barbieri, Orlando Cattini, Reinaldo Guerreiro, IsaK Kruglianskas, Lindolfo Galvão de Albuquerque e Hermann Hrdlicka 62 REVISTA AMAZÔNIA
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Cristiane Lourenço, da Unilever, prof Hermann Hrdlicka (FEA/USP) e Felipe Zacari Antunes, do Walmart
Inovação e Sustentabilidade: Construindo a Cadeia de Suprimentos do Futuro
maduro para dar uma contribuição significativa no avançodagestãoempresarial,oferecendosubsídiospara as práticas de gestão das organizações em geral e a questãoambiental”,concluiu.
Felipe Zacari Antunes falou sobre a estratégia global do Walmart voltada à sustentabilidade. A empresa está presente em 16 países, tem 8500 lojas e 2 milhões de funcionários. Atua no Brasil há 15 anos, tem 458 lojas em 18estadosbrasileirose80milfuncionários. Em sua palestra, Antunes falou do empenho doWalmart em promover o envolvimento de todas as instâncias da empresa, incorporando a sustentabilidade nas macro estratégias de desenvolvimento da empresa. Segundo
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sustentáveis na vida pessoal. O programa já conta com adesãode81%dosfuncionários. No ambiente corporativo oWalmart já conta com 9 lojas e 1 CD ecoeficientes. Destacou como exemplo, a loja do Morumbiqueemite60%menosgasesdeefeioestufa. Zacari ainda falou sobre o“Pacto de Sustentabilidade”da empresa e o“Projeto Sustenbailidade de ponta a ponta”, que inclui o empenho na redução do uso de sacolas plásticas. De abril/2008 a junho/2010, o Walmart comercializou24milhõesdesacolasretornáveis. Cristiane Lourenço abriu sua palestra falando sobre o Plano de Sustentabilidade da Unilever, lançado no mês de outubro, que tem por meta dobrar o negócio e reduzir Roberto Waack, diretor do Amata Brasil; professor André Carvalho (FEA/USP) e Sérgio Tallochi, da Natura
} As Palestra Na abertura do XII Engema, o presidente da Cestesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), Fernando Rei, proferiu a palestra “PEMC – Política pública para uma economia de baixo carbono no Estado de São Paulo”. Ele tratou sobre o compromisso de reduções de emissão de CO2 assumido pelo Governo de São Paulo. Destacou o pioneirismo do estado que em 1995 deu início a um trabalho com esse objetivo e apresentou os programas existentes na Cetesb e as políticas e esforços direcionados a cumprir a meta de redução do estado em 20%, em relação a 1995, até 2020. Para o presidente da Cetesb, a atuação célere do novo governo, já nos primeiros anos de gestão, será fundamental para atingir essa meta. “Já temos mapeados os agentes e índices de emissão de CO2 no estado. Se hoje, por exemplo, toda a frota de carros flex abastecesse unicamente com etanol, conseguiríamos, de um momento para outro, uma redução de 5% na emissão de CO2 na atmosfera. De modo que os incentivos que o governo oferecer nesse sentido poderão definir se conseguiremos e com que rapidez atingiremos essaredução”. Ao longo de sua apresentação, Rei apresentou os índices de emissão de CO2 do estado – em torno de 200 milhões de toneladas/ano - discriminados por área, e apresentou alternativas e diretrizes da Cetesb no sentido de promover reduções nos vários setores (transporte, indústria, agropecuária etc). Também foi objeto de sua apresentação a atuação do estado de São Paulo em fórunsinternacionais.
Durante a XII Engema, na sede da FEA, na Cidade Universitária, em São Paulo
ele, para o êxito dessa iniciativa foi fundamental o envolvimento de todos - desde o corpo diretivo até os funcionariosquetrabalhamnaáreadaslojas. Ao longo de sua apresentação, detalhou o caminho percorrido peloWalmart para atingir suas metas globais de sustentabilidade relacionadas ao clima, energia, gerenciamento de resíduos e a busca por produto mais susstentáveis. A partir do mapeamento em 2004 feito em parceria com a empresa americana Blue Sky para identificar quais os maiores causadores de impactos ambientais, foi possível identificar que 90% eram gerados por processos indiretoseapenas10%porprocessosdiretos. Detalhou o programa PPS que tem por objetivo levar o conceito de sustentabilidade para a casa dos funcionários e colaboradores da empresa. O programa permite que o funcionário cadastre projetos de práticas
pelametadeapegadaecológicadecarbono. Em seguida, apresentou o “Projeto Rural Responsável” que envolve os produtores agrícolas com o intuito de evitar a exploração do trabalho infantil, do trabalho escravo ou qualquer prática ilegal. Segundo ela, esse trablahoé desenvolvido em parceria com as prefeituras locais a fim de gerar políticas públicas que garantam a permanênciadasboaspráticas. Cristiane apresentou os resultados de redução da Unilever em seus processos, nos últimos anos e falou do empenho da empresa em ampliar cada vez mais essas reduções atuando junto à cadeia de fornecedores. Nesse sentido há 12 projetos em andamento, com vistas a identificaroportunidadesdereduçãoeprmoversinergia. Segundo Cristiane, uma pesquisa encomendada pela Unilever identificou que 60% das emissões está relacionada ao público consumidor, ou seja, no uso que é REVISTA AMAZÔNIA 63
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feito dos produtos. Para contribuir para a redução de emissões nessa fase, a empresa se concentrou na reformulação de produtos, citando como exemplo o Comfort concentrado que, além da embalagem reduzida, exige menor volume de água para o uso. Ela salienta, no entanto, que conscientizar o consumidor é ainda um desafio. Explica que o cliente ainda não foi convencido de que esse produto, menor e mais caro, tem maiorrentabilidadequeoComfortnormal,envazadoem embalagemmaioremaisbarato. Parapromoveroengajamentodoconsumidor,aUnilever lançouacampanha“Cadagestoconta”.
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Biodiversidade e Inovação na Economia de Baixo Carbono Sérgio Talocchi iniciou sua palestra com uma apresentação da Natura, informando que a empresa é carbono neutro desde 2007. Ainda assim, tem o objetivo dereduzir33%degasesdeefeitoestufa. Destacou o lançamento da linha Ekos, em 1999, como um marco da empresa em sua atuação para a produção voltadaparaasustentabilidade. Apresentouomapadaatuaçãodaempresa,quetrabalha diretamente com 26 comunidades rurais, envolvendo 2084 famílias de produtores agrícolas em todo Brasil. São produtores que fornecem plantas e frutos nativos como matéria-prima para os produtos (cremes, maquiagem,perfumes,entreoutros) O trabalho desenvolvido está focado em quatro grandes eixos: fornecimento, pesquisa para gerar a repartição de benefícios, uso da imagem (política de comunicação) e desenvolvimentolocal. Para ilustrar,Tallochi apresentou como exemplo a cadeia de fornecimento da castanha que parte do Amapá, citando cada etapa do processo até a fabricação do produtofinal. Roberto Waack, sócio fundador da Amata Brasil, que é
Para Fernando Rei, presidente da Cestesb – Se a frota flex paulista abastecesse somente com etanol, reduziríamos em 5% a emissão de CO2 do estado
Confirmando as inscrições
também membro do Board Internacional do Forest Stewardship Council – FSC, falou sobre a importância de incorporar a preocupação com a redução da biodiversidade na gestão dosnegócios. Para ele, a crescente conscientização da sociedade para essa questão tem sido fundamental no sentido de impulsionar a disposição das empresaseminvestirnesseassunto. Em sua palestra, Waack explica fala das potencialidades e riquezas da floresta, defendendo a ideia de que é possível explorá-la sem degradá-la. Paraele,faltaaoBrasiltecnologiapara saber o quanto e qual a melhor forma de extrair sua riqueza.Waack lembrou que hoje, apenas 15% é aproveitado
decadaárvorederrubada. Outro aspecto, apontado por ele, que pode contribuir para o melhor aproveitamento dos recursos da floresta é a forma de consumo. Como exemplo citou a instalação de pisos de madeira, dizendo que o mercado brasileiro dá preferência a tábuas largas e compridas. Um tipo de corte que tem pouco aproveitamento de cada árvore. Se o uso de pisos compostos por tacos e peças pequenas fossem estimulados, seriam necessárias um número bem menor deárvoresparacadametroquadradodepiso. Roberto Waack defendeu a discussão e a difusão da metodologia para avaliar os estoques de carbono e as riquezas ambientais. Segundo ele, promover a tangibilização desses valores irá estimular as empresas a investir nessa questão e a academia tem uma importante contribuição a fazer para o desenvolvimento de uma ciência construtora de métrica para a tecnologia ebiodiversidade.
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Banco da Amazônia contratou R$ 7,3 bilhões em crédito em 2010
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erca de R$ 7,3 bilhões foi o valor total das contratações durante 2010 na região amazônica com todas as fontes de recursos de crédito pelo Banco da Amazônia. As contratações com crédito de fomento, incluindo o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), atingiram o total de R$ 6 bilhões,emmaisde56miloperações. As aplicações do crédito de fomento do Banco geraram um incremento de R$ 8,3 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) da região. Os setores de serviços e agropecuária foram os que mais contribuíram com esse resultado R$ 1,86 e R$ 1,40 bilhões, respectivamente. A concessão de créditos de fomento promove elevação do produto, renda, salários e arrecadação de tributos, nas regiõesondeseefetivamosinvestimentos. Os créditos do Banco, via os recursos de fomento, propiciaram a geração de mais de 360 mil novas oportunidades de trabalho nos sete Estados do Norte. Os maiores destaques foram para agropecuária (33%) comércio e transportes (30%) e serviços com 27%. A cada 100 ocupações viabilizadas pelos financiamentos doFNO,76%sãogeradasnaprópriaRegião. Setores de serviços e agropecuária foram os que mais contribuíram
Recursos do FNO para 2011 OBancodaAmazôniacontarácomR$3,5bilhõesatravés do FNO, para aplicar em programas voltados para biodiversidade (34,84 milhões), Microempreendedor Individual (10 milhões), Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (693 milhões) e para empreendimentos de todos os portes, por meio do FNO-AmazôniaSustentável(2,7bilhões).
Abdias José de Souza Júnior, presidente do Banco da Amazônia
SegundoopresidentedoBanco,AbidiasJunior,comessa política de financiamento, a instituição contribui para a diminuição do êxodo rural, a minimização das desigualdades intra e inter-regionais, a inclusão social, a redução da pobreza, o aumento do PIB regional e a ampliação da arrecadação tributária em toda a região amazônica. A instituição contribui para a diminuição do êxodo rural, a minimização das desigualdades intra e inter-regionais, a inclusão social, a redução da pobreza...
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Prêmio Ideias e Práticas premia finalistas Fotos Eduardo de Souza
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grupo Camargo Corrêa divulgou semana passada, os seis vencedores do Prêmio “Ideias e Práticas - Inovação Sustentável”. O objetivo da premiação, que ocorreu no Teatro Cultura Artística, em São Paulo, é estimular e disseminar os conceitos de sustentabilidade e inovação entre os seus 60 mil profissionais. As iniciativas selecionadas estão alinhadas à gestão sustentável dos negócios. As categorias da premiação foram produtos e serviços, processos e gestão da sustentabilidade. As ideias “embalagem verde” para os sacos de cimento (cimenteira brasileira fabricante da marca Cauê), o sinaleiro de sustentabilidade e sustentômetro (Cauê) e o protótipo de uso de microalgas para captura de CO2 (cimenteira argentina Loma Negra) ganharam os prêmios. A aquisição de madeira originária de manejo sustentável para as obras da Construtora Camargo Corrêa na usina hidrelétrica de Jirau (RO), os Comitês de Sustentabilidade nos condomínios (incorporadora HM Engenharia) e o veículo elétrico da CPFL são as práticas vencedoras. Foram inscritos 897 projetos de 19 empresas de cinco países (Brasil, Chile, Argentina, Peru e México). O Prêmio “Ideias e Práticas - Inovação Sustentável” teve ainda a participação de cerca de 4 mil profissionais e de 340 multiplicadores. Os vencedores passaram pela avaliação
de um júri especializado, formado por Clarissa Lins, diretora da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável; Ana Maria Drummond, diretora executiva da Childhood Brasil; Jacques Marcovitch, professor da Universidade de São Paulo (USP); Maria Luiza Pinto, diretora-executiva de Desenvolvimento Sustentável do Grupo Santander Brasil; Fernando Rosseti, secretáriogeral do GIFE; Dal Marcondes, diretor de redação da revistadigitalEnvolverde,entreoutros.
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Cases vencedores
As ideias e práticas foram divididas em três categorias: produtos e serviços, processos e gestão da sustentabilidade.Abaixomaisdetalhesdecadauma.
} Produtos e Serviços A Camargo Corrêa Cimentos está desenvolvendo uma embalagem“verde”para o cimento Cauê. Ela será solúvel em água e incorporada à mistura (processo produtivo) do próprio cimento. Além disso, facilitará o uso do produto e minimizará os erros de dosagem na mistura água e cimento para a elaboração do material. Hoje, o saco de cimento é de papel, o que impossibilita a
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reciclagem das embalagens. A queima ou a eliminação do produto em aterros sanitários é uma das opções encontradas pelos consumidores. O resultado é um “passivo ambiental” muito grande. Com a embalagem ocorrerá um aumento da produtividade por eliminar etapas como rasgar e coletar o saco, uma vez que ele será diluídoemágua.
}
Processos
A ideia da cimenteira argentina Loma Negra é cultivar microalgas que possam reduzir as emissões de gás carbônico e produzir biocombustíveis. A proposta é realizar um estudo preliminar da tecnologia e a construção de um laboratório dedicado à pesquisa. Além disso, desenvolverá uma planta-piloto para o cultivo de microalgas em local adjacente aos fornos de cimento. A biomassa gerada será utilizada como combustível alternativo.
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Gestão da sustentabilidade
O projeto envolve a criação de um mecanismo de referência a todos os profissionais da Cauê sobre a sustentabilidade. Ele consiste em inserir 16 indicadores
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Presentes na solenidade da premiação
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Os vencedores da esquerda para a direita: Rubiane Antunes – representante do trabalho “Ecopack: solução verde para as embalagens de cimento” (Cauê); Seiiti Suzuki – representante do trabalho “Protótipo de uso de microalgas para captura de CO2” (Loma Negra); Claudia Regina Rasinida – representando o trabalho “Aquisição de madeira sustentável” (Construtora); Pablo Barbarelli – representante do trabalho “Sinaleiro da Sustentabilidade e Sustentômetro” (Cauê); Marisa Antiquera Leite – representante do trabalho “Sustentação – A Sustentabilidade no Projeto Minha Casa Minha Vida II” – HM Engenharia e Marcelo Rodrigues Soarea – representante do trabalho “Veículo Elétrico” – CPFL Energia
de desempenho em sustentabilidade na gestão das fábricas, por meio de um sinaleiro. Além disso, 12 desses indicadores serão utilizados como parte de um Índice de Sustentabilidade, sob a forma de um velocímetro apelidadodesustentômetro.
} Práticas Iniciativas já implementadas e que dão resultados concretosnasempresasdoGrupo. Vitor Hallack, presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa S.A.
intenção é gerenciar riscos ambientais e sociais. Ela mapeia, checa a documentação e verifica se o fornecedor tem o controle de sua cadeia de abastecimento. Este último ainda reporta à empresa a cada novo plano de manejoaserexplorado.Hoje,ausinahidrelétricadeJirau utiliza mais de 40 tipos de madeira, como o Angelim Saia, Sucupira, Faveira, Roxinho, Angelim Amargoso, Cedrorana, Amarelão e o Tauari Vermelho. No primeiro ano, a Construtora Camargo Corrêa conseguiu com a ação, ao mesmo tempo proteger a floresta e economizar R$ 500 mil na compra de madeira sustentável, assegurando ainda, a proteção da floresta amazônica. A ação demonstra que madeira bem manejada nem semprecustamaiscaro.
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Gestão de sustentabilidade
A HM Engenharia, incorporadora do Grupo, desenvolve uma ação diferenciada dentro do programa“Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal. A prática consiste na
} Produtos e serviços A CPFL desenvolveu o carro elétrico, mais conhecido por Aris. Altamente ecológico e sustentável, ele não emite CO2 na atmosfera, quando em movimento, e é voltado, principalmente, para os grandes centros urbanos. Ele pode ser abastecido por meio de carga das baterias. Em março de 2010, a CPFL obteve a homologação do veículo junto ao Departamento Nacional deTrânsito (Denatran), para que o Aris trafegasse nas ruas brasileiras. A empresa desenvolveu um protótipo que já é utilizado pelos Correios,emCampinas.
} Processos A Construtora Camargo Corrêa criou um projeto com o intuito de adquirir madeira originária de manejo sustentável para a usina hidrelétrica de Jirau (RO). A revistaamazonia.com.br
criaçãodeComissõesAvançadasdeSustentabilidadenas comunidades. A ideia é disseminar conceitos e ações sustentáveis, incentivando a aplicação por clientes da HM e seus familiares. O projeto surgiu, em abril de 2009, no empreendimento Quinta das Laranjeiras, em Jaguariúna/SP. A intenção é possibilitar o surgimento de condomínios, bairros e comunidades organizados e sustentáveis, que privilegiem a preservação ambiental e aviabilidadeeconômica.
o Grupo } Sobre Camargo Corrêa
O Grupo Camargo Corrêa é um dos maiores conglomerados privados do Brasil, com receita líquida consolidada de R$ 16 bilhões em 2009 e atuação em 20 países. As empresas controladas pelo Grupo atuam nas áreasdeEngenhariaeConstrução,ConcessõesdeEnergia e Transporte, Indústria Têxtil e de Calçados, além da indústria de Cimento. Ao todo, o Grupo Camargo Corrêa empregamaisde60milprofissionais.
Projetos Vencedores EMPRESA Cauê Loma Negra
Cauê
CPFL Construtora HM
TRABALHO EcoPack: solução verde para as embalagens de cimento Protótipo de uso de Microalgas para captura de CO2
MODALIDADE
CATEGORIA
PROFISSIONAIS
Ideias
Produtos e Serviços
Adriano Macedo, Fábio Silveira, Paula Ikematsu, Rogério Oliveira, Rubiane Antunes
Ideias
Processos
Sinaleiro de Sustentabilidade e Sustentômetro
Ideias
Gestão
Projeto Veículo Elétrico CPFL Energia
Práticas
Produtos e Serviços
Juan Marcelo Santangelo Pablo Maldonado, Seiiti Suzuki Andrea Ferraz de Arruda, Barbarelli, Pablo, Eduardo de Freitas M. Sardinha, Felipe Morilo Sanz Dias, Ricardo Mastroti, Sabrina Daloy, Seiiti Suzuki, Toshimy Takatsuka Bordão, Victor de Alencastro Garcia Luis Ricardo Vargas, Marcelo Rodrigues Soares, Mariana Costa Rinaldi
Práticas
Processos
Aquisição de madeira sustentável Sustentação - A Sustentabilidade no Projeto Minha Casa Minha Vida II
Práticas
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Claudia Regina Rasini, Rafael Vitor Martins Celina Araujo, Marcos Feliciani, Marisa Antiquera Leite, Roberta Loureiro da Silva, Tatiana Mustafa REVISTA AMAZÔNIA 67
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Competitividade e inovação, em balanço Fiesp/Ciesp lança aplicativo ao setor industrial para potencializar negócios
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Brasil despencou da 50ª para a 68ª posição no ranking mundial de inovação de 2010 (Índice de Inovação Global), que classifica as economias de Islândia, Suécia e Hong Kong como as três mais inovadoras do mundo. Dentre os países latinoamericanos, o país ficou apenas no 7º posto, perdendo para nações como Costa Rica, Chile e Uruguai. Em 2009, o Brasil era o 3º mais bem classificado na região. No grupo dos quatro Brics, o Brasil foi quem registrou o pior resultadoem2010. No caso do setor automotivo, O país é o 4º maior mercado mundial e, de acordo com Stephan Keese, diretor da Roland Berger no Brasil, pode chegar a 2013 com a capacidade instalada de 4,8 milhões de unidades/anoeatenderademanda,masteráproblemas em 2020, quando o mercado interno será de 5,6 milhões de veículos vendidos. “Sem competitividade, a importaçãopodesuperar20%dessevolume”,previu.Ele apontou ainda que o nível de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, de 2,2% nas montadoras brasileiras de veículos leves, está aquém do global (5%) e que é ainda menor nos fornecedores – 0,5% contra 3,1% globais, o que resulta em indisponibilidade de engenheiros,faltadetecnologiaepoucaspatentes. Já para Letícia Costa, sócia-diretora da Prada Assessoria, a dificuldade começa no preço elevado das matérias primas e também de produtos petroquímicos, como plástico. Letícia destacou ainda que o custo do capital de giro para pequenas empresas é um entrave à competitividade e que o custo da mão de obra e os gargalos logísticos também afetam negativamente o mercado,alémdaelevadacargatributária. O economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, disse que o cenário mundial é de retomada muito lenta do crescimento acompanhada de deflação, porém, sem incertezas que possam levar a uma nova recessão. “O
No setor automotivo o país é o 4º maior mercado mundial
grande beneficiário é o Brasil, cuja economia caminha bem, com aumento do poder aquisitivo, inserção no mercado de consumo e estabilidade política, o que dá confiançaparaquemdesejainvestir”,comentou. O presidente daVolkswagen,Thomas Schmall, destacou que além do preço do aço, a logística é um grande desafio, assim como a infraestrutura de portos e aeroportos no Brasil, que podem provocar sérios gargalos. A meta da empresa é a redução do tempo de entrega dos veículos aos clientes, que será obtida com melhorias operacionais e investimentos em tecnologia. Até março de 2011, a Volkswagen pretende ampliar a capacidade atual da fábrica de São Bernardo do Campo de 1,3 mil para 1,6 mil veículos/dia. Schmall espera um mercado para mais de 4 milhões de veículos em 2014, dos quais a Volkswagen do Brasil responderia por 1 milhão. Já para Denise Johnson, presidente da GM Brasil, avançar
em pesquisa e desenvolvimento é uma das prioridades. A executiva prevê que o mercado interno absorva mais de 4 milhões de veículos em 2015 e que a participação local pode diminuir, diante do crescimento das importações. “A evolução da tecnologia nacional no mesmo ritmo do mercado é a saída para conter esse movimento”, apontou. Com investimentos de R$ 5,42 bilhões para ampliação e melhoria da infraestrutura da engenharia local e renovação do portfólio, as prioridades da montadora são desenvolver tecnologias de conectividade, segurança, materiais alternativos, reciclabilidadeepropulsão. Marcos de Oliveira, presidente da Ford Mercosul, disse queumadaspremissasdamarcaémanterocrescimento pautado na formação de engenheiros. Para o executivo, o mercado brasileiro vive um momento de deflação no preço dos automóveis, mas o custo da mão de obra ainda é elevado.“Esse é o grande desafio da indústria e o déficit
O potencial brasileiro
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A edição deste ano do Índice de Inovação Global contém um capítulo específico sobre o Brasil, que é tratado como "uma história de sucesso da América Latina", já que "depois de 2014, o Brasil deve se tornar a quinta maior economia do mundo, ultrapassando a Grã-Bretanha e a França". Segundo o estudo, o país se destaca por seu pioneirismo na exploração de petróleo de águas profundas, "de onde 73% de suas reservas são extraídas"; pela produção de etanol, e pela fabricação de aeronaves regionais, setor em que a Embraer é líder mundial e que "exemplifica os benefícios de se adotar estratégias de negócios orientadas para a inovação". 68 REVISTA AMAZÔNIA
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deengenheiroséumapreocupação”,disse. Osias Galantine, diretor de Compras do Grupo Fiat, confirmou investimento R$ 14 bilhões na aquisição de insumos este ano e disse que a qualificação de mão de obra é questão preocupante face à demanda do País. Edgard Pezzo, vice-presidente de Suprimentos da GM para a América do Sul, afirmou que as compras da companhia na região somarão R$ 9 bilhões, a maior parte no mercado brasileiro, e que há preocupações com aqualidadedosfornecedoresealogística. Paulo Bedran, diretor de Indústria de Equipamento de Transporte do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), afirmou que o governo trabalha para incluir a indústria de autopeças na segunda etapa da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) que está em curso no MDIC para o período de 2011 a 2014. “É necessário incentivar a engenharia e a inovação, com melhores processos produtivos e interação com universidades”,disse. Na avaliação de Paulo Butori, presidente do Sindipeças, o setor de autopeças precisará encontrar saídas para se destacar, já que o custo Brasil continuará alto. “Não acredito em indústria brasileira com baixo custo. Para
agregar valor, é necessário apostar em tecnologia e em produtos inovadores”, destacou. Para Besaliel Botelho, presidente da SAE Brasil, a indústria precisa estar preparada para o aumento da concorrência no mercado interno, com a chegada de novos players. “Precisamos nos fortalecer, investir em inovação para darmos um saltodecompetitividade”,disseoexecutivo. Por isso mesmo, a Federação Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) desenvolveu o aplicativo “Inteligência de Mercado para a Indústria”, que possibilita acesso direto a dadosdemográficos,econômicoserelativosaoconsumo e à estrutura de distribuição de todas as regiões e municípios do Brasil. As indústrias, principalmente as de menor porte, têm dificuldade em obter, manipular e avaliar dados do mercado. Neste sentido, a Fiesp divide o aplicativo em dois grandes módulos de consulta, que se complementam na busca e interpretação das informações. O primeiro módulo, “Demanda de Produtos”, contém o valor gasto pelas famílias brasileiras para 50 categorias e mais de 1.700 produtos industrializados segmentados por região. O segundo, “Canais de Comercialização”, traz dados cadastrais de estabelecimentos comerciais (Atacado, Varejo e
Demanda de Produtos O aplicativo contém os gastos familiares anuais (R$) de 1.700 produtos industrializados para todos os 26 estados que estão localizados de forma prática.
Ao selecionar um estado é apresentado os gastos familiares em R$ e a quantidade de famílias segmentadas em 4 regiões geo-gráficas (Total estado, capital, grande região metropolitana e interior) e 3 Faixas de renda (salários mínimos). Após escolher uma Região do Estado e uma Faixa de Renda, é possível visualizar a quantidade de compras realizadas, qual a % de famílias que compraram no ano o produto, o valor gasto anual, entre outras variáveis de grande interesse para a indústria sobre o consumo das famílias.
Aplicativo para potencializar negócios "Inteligência de Mercado para a Indústria" amplia visão do mercado potencial e possibilita aumento de produção e vendas Com o objetivo de oferecer informações precisas às empresas, a Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), por meio de seu Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec), desenvolveram o aplicativo “Inteligência de Mercado para a Indústria”. Ele possibilita acesso direto a dados demográficos, econômicos e relativos ao consumo e à estrutura de distribuição de todas as regiões e municípios do Brasil. revistaamazonia.com.br
Representantes) e da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) em que a empresa atua. Apresenta também dados socioeconômicos dos 5.562 municípios brasileiros, inclusive com o “Indicador Fiesp de Dinamismo Econômico Municipal”. A partir destas informações é possível tomar decisões e elaborar planos de ação para: verificar o seu tamanho de mercado, potencial de mercado e participação (market share); prospectar novos mercados através da contratação de novos canais de distribuição/empresas comerciais; analisar e modificar a cobertura de vendas atual para aumentar sua eficácia; melhorar a estrutura e otimizar a ação da força de vendas; e contratar novos canais/representantes de vendas em novas regiões. O aplicativo é gratuito, em plataforma CD-ROM e será distribuído apenas às empresas associadas aos sindicatosfiliadosàFiesp.
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Canais de Comercialização O aplicativo apresenta a quantidade e concentração dos Canais de Distribuição (estabelecimentos comerciais) que sua empresa utiliza ou pode utilizar.
Apresenta dentro de cada estado a concentração entre os municípios.
Depois de delimitado o porte dos estabelecimentos e os municípios de interesse, o aplicativo mostra os principais dados cadastrais atualizados do estabelecimento que podem ser importados para outro software.
Essa tela contém informações sócioeconômicas de todos os 5.400 municípios brasileiros e o Ranking FIESP de Dinamismo Econômico, para auxiliar a sua empresa na prospecção e validação de ações junto ao mercado.
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podem mudar a sociedade
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lberto Durán, CEO da Mundivox Communications do Rio de Janeiro, ao preparar terreno para o debate do painel intitulado Tecnologia e inovação: panaceia ou falácia?, no Fórum de Ex-Alunos Globais da Wharton, em Madri, disse que, embora a tecnologia e a inovação tenham ajudado a forjar a base para o crescimento da sociedade, foi a demografia que“mudou completamente a maneira como vivemos e está criando imensas oportunidades e desafios enormes”. Exemplo disso são os 85 milhões de garrafas plásticas de água descartadas diariamente. “A quantidade de garrafas encontradas no meio do Oceano Pacífico é o dobro do tamanho do estado do Texas, mas ninguém fala disso”,
Alberto Durán, CEO da Mundivox Communications do Rio de Janeiro
observou. “É preciso vontade política para lidar com questões desse tipo. Hoje podemos criar instrumentos financeiros fantásticos para financiar bens imóveis, telecomunicações e outras indústrias. Por que não há instrumentos para financiar novas tecnologias para o plástico: é preciso que apareça alguém que diga:“Olhe, temos de fazer alguma coisa”. É a vontade política que farácomqueissoaconteça.” Duránchamouaatençãotambémparaosdesafiosquea economia global terá pela frente nas próximas décadas em virtude do crescimento demográfico. Embora 50% das pessoas vivam hoje nas grandes cidades e 50% no campo, nos próximos 30 a 40 anos 75% delas viverá nas cidades e 25% no campo juntamente com uma população mundial que cresce de maneira exponencial, “não na Europa, mas no resto do mundo, inclusive nos EUA”,disse. Para María Garaña, presidente da Microsoft Ibérica, o debate atual sobre tecnologia e inovação deveria estar centrado na aplicação prática da tecnologia nas empresas e na forma pela qual essa aplicação contribui para a produtividade e a competitividade. “Não é mais eficiente quem mais investe em tecnologia, e sim quem que a utiliza para aumentar a produtividade”, disse.“Há ocasiões em que basta tirar proveito das ferramentas já existentes. Na verdade, trata-se de fazer uma análise em profundidade das possibilidades disponíveis para incrementar a produtividade. A produtividade é algo que se consegue produzindo mais e reduzindo custos.” E
mais: “A tecnologia é fonte de economia para os negócios. É preciso pôr de lado a tecnologia em si mesma, os termos mais técnicos e fazer dos sistemas da informática ferramentas relevantes para as empresas e aspessoas.” Na Espanha, prosseguiu Garaña, “meio milhão de pessoas trabalham no setor de tecnologia. Contudo, a penetração dos sistemas de informação de gestão de clientes, conhecidos como CRM, é de apenas 23%. Opções como o CRM, virtualização ou mobilidade, permitiram a algumas empresas reduzir custos em 30%”. Nesse sentido, Garaña apontou duas tendências que estão se destacando na evolução da adoção de novas tecnologias nas empresas: “A primeira delas é o que chamamos de cloud computing. Não se trata de uma tecnologia nova, e sim de um novo modo de consumi-la que agrega flexibilidade ao negócio”, disse. A segunda tendência é conhecida como consumerização, que é a possibilidade de realizar as mesmas coisas por meio de dispositivos diferentes a qualquer hora e em qualquer lugar.“Não é fácil. Muitas empresas têm processos já em uso por toda a companhia. A tecnologia no mercado de consumo de massa se desenvolve mais rapidamente do quesuaadoçãopelasempresas.”
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Juan Antonio Zufiria, presidente da IBM da Espanha, Portugal, Grécia e Israel, disse que a crise precipitou e antecipou a necessidade de inovações tecnológicas, bemcomoaaplicaçãodenovasdescobertasparamudar o que já existe.“Temos agora de incrementar o nível de eficiência e de sustentabilidade de nossa sociedade”, disse, “temos a oportunidade e a responsabilidade de construir um mundo mais inteligente”. O mundo está “cheio de deficiências. Cem anos atrás, apenas 16
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Juan Antonio Zufiria, presidente da IBM da Espanha, Portugal, Grécia e Israel, disse que a crise precipitou e antecipou a necessidade de inovações tecnológicas
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VAMOS + LONGE POR VOCÊ !
BR 316 - KM 5, S/N - ANEXO AO POSTO UBN EXPRESS ÁGUAS LINDAS - CEP: 67020-000 FONE: (91) 3321-5200
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Regino Moranchel, CEO da Indra
María Garaña, presidente da Microsoft Ibérica
cidades tinham mais de um milhão de habitantes. Atualmente esse número se multiplicou por 20. Contudo, a comunicação no mundo atual melhorou muito e há maior capacidade de análise, o que nos permite prever o futuro e melhorar nossas cidades”, disse. A própria IBM elaborou um projeto denominado Smarter Cities (Cidades mais inteligentes)mpor meio do qual procura corrigir as deficiências das cidades europeias por meio da tecnologia. Este ano a empresa destinará 50% dos seus recursos em pesquisa e desenvolvimento (P+D) para o projeto. Na Dinamarca, porexemplo,aempresaestádesenvolvendoumsistema por meio do qual os cidadãos poderão ter acesso aos serviços de saúde através da Internet, conforme já se faz atualmente no segmento bancário. Em Estocolmo, os pedágios são reconfigurados automaticamente em função do tráfego, reduzindo em 25% os engarrafamentos com um efeito dominó positivos sobre adiminuiçãodosgasesdeefeitoestufa.“EmNovaYork,o número de crimes caiu 20% graças a um algoritmo matemático que permite prever delitos. A energia, os transportes, a segurança, a saúde, os serviços públicos 72 REVISTA AMAZÔNIA
[...] têm deficiências e, portanto, oferecem oportunidades de negócios em vários dos segmentos da sociedade”, disse Zufiria. “A crise acelerou a necessidade de uso da tecnologia. Toda recessão econômica é uma oportunidade, porque permite mensurar os êxitos das iniciativas realizadas. Seria esse o momento adequado para investir em inovação? Na IBM, estamos convencidos de que sim, mais do que nunca. Se não aproveitarmos essa oportunidade, estaremos sendo negligentes. Hoje, ser prudente é ficar parado, mas
quemofizermorrerá,prevêZufiria. Regino Moranchel, CEO da Indra, empresa espanhola de sistemas de informação, concorda com Zufiria e diz que as empresas de tecnologia têm uma “dívida”: a de redefinir a forma pela qual as pessoas compartilham informações, o que permitirá transformar o mundo. Moranchel fez um balanço dos 80 anos de trajetória da multinacional. “Atualmente, é fácil acessar e compartilhar a informação em tempo real. Nossa obrigação é redefinir a maneira como utilizamos e compartilhamosainformaçãoparagerarvalor”,disse. Da mesma forma que Garaña, Moranchel preferiu deixar de lado a discussão técnica para se concentrar no valor que se pode agregar a um negócio. “Não há dúvida de que inovar é fácil quando se conhece o problema, o modo de resolvê-lo e quem pode contribuir com a gestão do processo”, disse. “Cremos em uma inovação centrada no cliente, de forma que possamos compreendê-lo, conhecer suas necessidades e, assim, nosanteciparmosàconcorrência”,disse. O CEO da Indra insistiu, além disso, no valor do bom profissional dentro da empresa, um ativo que considera “crucial”. “Sempre haverá profissionais mais talentosos fora do que dentro da empresa. Por isso, é importante a
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colaboração e a motivação para tirar o máximo proveito da equipe. Infelizmente, não há regras simples a seguir”, disse. Garaña lembrou que muitas tecnologias novas chegaram às empresas através de seus funcionários, acostumadosautilizartodotipodedispositivonodia-adia, acabando por requisitá-los também em seu ambientedetrabalho.
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Business Connectivity, Safaricom
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África: novos casos de empreendimento
Participaram também do debate Eric Kacou, diretor geral do Grupo OTF, empresa de estratégia e competitividade com sede em Ruanda, e Eva María, uma das fundadoras e CEO do Nairobi Color Creations Group. Ambos são exemplos desse surto empreendedor que está ocorrendo na África. Ambos expuseram a situação específica de seus países. “São muitos, e cada vez aumentam mais, os casos de sucesso de empreendedoresafricanos”,disseMuraya. “Panaceia ou ilusão? A resposta está num tipo apenas de empresário. Seja onde for, aqueles que conseguem fazer da inovação uma panaceia são empreendedores”, disse Kacou. O executivo descreveu à plateia a situação atual da África e disse que “pelo menos 38 países passaram por conflitos nosúltimos50anos.Comacrise,ficoumais difícil fazer negócios. A situação econômica atual afetou os preços, mercados financeiros, taxas de câmbio e a dívida. A situação é extremamente complicada e se comporta com uma espécie de círculo vicioso, para o qualaúnicasaídaéumamudançadementalidade”.Para ele, e também para Moranchel, existe atualmente uma falta de confiança muito grande. Os próprios governos são céticos, e cabe a eles “incentivar todo e qualquer empreendimento”,disseMoranchel. Kacou atribui à mudança das políticas de apoio econômico do governo de Ruanda o aparecimento de uma nova classe de empresários africanos.“Se há casos de sucesso, isto se deve ao Executivo, que acreditou nos empreendedores. Graças a esse pequeno passo, as exportações cresceram cinco vezes nos últimos dez anos. Não se trata simplesmente de pegar e copiar o que fazemosoutrospaíses,esimdecriarcoisasnovas”,disse. Como exemplo, citou o caso de uma empresa do Quênia, a Safaricom (www.safaricom.co.ke), que realiza transações comerciais por meio do celular. “Agora, a população do Quênia pode carregar o banco no bolso. A transaçãonãotemcustosporqueéfeitapelocelular.” “Existe no continente africano um bilhão de pessoas, muitas delas bem jovens, porém, ainda assim a taxa de crescimento não é suficiente. É preciso fazer muito mais, porqueatecnologiaavançarapidamente”, disseMuraya. A executiva de Nairóbi lembrou a evolução recente do seu país. “Em 2007, foi descoberta uma fraude no sistema manual de contagem de votos nas eleições que, infelizmente, acabou criando disputas internas. Houve mortes e um grave retrocesso para as empresas locais. Graças à implantação de um sistema de votação eletrônica nas próximas eleições, marcadas para 2012, nadaparecidovoltaráaocorrer”,disse. Muraya dá sua receita particular para o empreendedor de sucesso. “É preciso capacidade de adaptação, bem como cultivar a paixão e não perder o foco do negócio. O empreendedordeveseassegurar,alémdisso,dequeseu revistaamazonia.com.br
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sócio é a pessoa certa, que compartilha de sua visão e de sua energia.” Muraya faz referência ao papel fundamental que tiveram as microfinanças, “muito sensíveisàscondiçõesespeciaisdapopulaçãosituadana basedapirâmide”naÁfricaeemoutrasregiõesoupaíses em desenvolvimento. Ela disse ainda que o modelo de microfinanças beneficiou mais as mulheres do que os homens, já que elas são melhores pagadoras e não se distraem tanto quanto os homens quando se trata de conquistarseuobjetivoempresarial. Zufiria falou também sobre os bons profissionais disponíveis e disse que“com a chegada das tecnologias da informação, cresceu o peso deles. Na África, assim como na China e no Brasil, há muitos talentos. As mãos deixaram de ser importantes e foram substituídas pela capacidade de inovação. Há uma única solução, a tecnologia, mas é preciso ousadia e bons profissionais para que ela possa ser útil”, disse Zufiria.“No momento em que soubermos como oferecer um serviço que seja realmente útil para a sociedade, sairemos do círculo vicioso e criaremos programas capazes de superar todas
as barreiras”, disse Kacou.“Precisamos mudar a forma de pensar e abrir a porta a novas ideias. Isso faz a diferença entreumlídereumseguidor”,concluiuMuraya. Garaña, que trabalhou durante 15 anos na América Latina, falou também sobre o papel que desempenham os países em desenvolvimento na recessão, e disse que a crise dá a eles uma oportunidade única já que, historicamente, foram tolhidos pelo que se poderia chamar de “crise psicológica de crescimento”. “Não se trata de uma crise global, e sim do primeiro mundo. Regiões como a África têm diante de si um longo caminhoapercorrer”,disseZufiria. “Se retomarmos a essência do significado da palavra inovação, encontraremos a resposta em nossa própria capacidade de empreender”, disse Zufiria.“Se há algo de positivo que se possa tirar dessa crise econômica é a capacidade de refletir e de voltar a discutir os fundamentos das coisas. A inovação não é mais um gasto para muitas empresas, e sim uma alavanca necessária para a produtividade”, disse a presidente da MicrosoftdaEspanha. Serviços financeiros pelo celular nos paises mais pobres do mundo
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Placa solar no formato das telhas
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Uso parcial na cobertura
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Fotos Salvador Scofano/ABR
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s empresas americanas Boral Roofing Company e SRS Energy, não somente investiram no desenvolvimento de tecnologia fotovoltaica, como inovaram. A captação da energia solar não precisa mais ser feita através de placas grandes que cobrem o telhado, mas podemse“camuflar”emmeioàstelhasdebarro. A placa, chamada de Solé, possui as mesmas qualidades e é utilizada da mesma maneira que as placas tradicionais. O seu diferencial é basicamente no formato, que segue as ondulações de um telhado de cerâmica, só queaoinvésdacordobarroaplacaéazul. As telhas ainda não são comercializadas no Brasil, mas já são usadas pelos americanos. Além de serem “fashion” elas também são muito resistentes, feitas de polímero de alta performance um material leve, inquebrável e reciclável. O Brasil também tem demonstrado evolução
Ganharam recentemente o Prêmio IDEA de Desenho e Sustentabilidade
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Instalação das telhas Solé 74 REVISTA AMAZÔNIA
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A embalagem com as telhas Solé
Durante a prática de facil instalação
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considerável no setor de energia limpa. A primeira fábrica de painéis fotovoltaicos está sendo instalada em Pernambuco. A Eco Solar do Brasil terá capacidade para produziranualmente850milpainéisfotovoltaicos. As placas comercializadas aqui deverão custar cerca de R$ 320, com capacidade para armazenar até 150 watts.
Diverso uso das telhas solar Solé
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No entanto, para uma família média, com quatro pessoas, o ideal é que cada residência utilize seis placas. A fábrica será responsável por um barateamento considerável, já que atualmente uma placa de 135 watts custaR$1,5mil.
Uma ilustração do conceito mostrando a única ideia em relação aos painéis tradicionais
A Boral Roofing Company em parceria com SRS Energy apresenta a primeira solução verdadeiramente integrada telhas de barro e solar. Projetado especialmente para se integrarem. O resultado é um sistema solar que maximiza a produção de energia e eficiência, eliminando o impacto visual negativo das tradicionais soluções revistaamazonia.com.br
de energia solar. As telhas solar Solé, da SRS Energy, geram eletricidade através de um sistema de cobertura de longa duração. É um típico telhado de telhas de alta qualidade azul-cerâmica vidrada. Elas ganharam recentemente o Prêmio IDEA de Desenho e Sustentabilidade. REVISTA AMAZÔNIA 75
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Reator converte luz solar em combustível
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Radiação solar concentrada
Ilustração mostra o funcionamento do protótipo do reator
Janela de quartzo
Entrada Entrada
Oxygen Evolution Half-Cycle
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Fuel Production Half-Cycle
Purge Gas, O2 H2, CO
Esquema do reator solar para as duas etapas, de produção termoquímica solar de combustíveis. Ele consiste em um receptor de cavidade de isolamento térmico contendo um cilindro poroso céria monolítico. Concentrada radiaçãosolar entra por uma abertura de janela e invade as paredes céria interior. Reagindo o fluxo de gases radialmente através da céria poroso para a cavidade interna, enquanto que os gases de saída do produto da cavidade através de uma porta de saídaaxial na parte inferior. A micrografia eletrônica de varredura do tubo de céria poroso após 23 ciclos. As setas azuis indicam redução da céria (Eq. 1), setas vermelhas indicam oxidação (Eqs. 2A e 2B).
} Modelo
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Revista Science da véspera de Natal 76 REVISTA AMAZÔNIA
Izolamento de Alumina Cério poroso
otimização do reator e uma integração do sistema, aeficiênciapossaaumentaraindamais. Só falta saber o que se vai fazer com o monóxido de carbono (CO) produzido na reação, que é muito mais danoso para a saúde e o meio ambiente do que o dióxidodecarbono(CO2).
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s Purge Ga O H2O, C 2
Saída
m grupo formado pelos cientistas:William C. Chueh, Christoph Falter, Mandy Abbott, Danien Scipio, Philipp Furler, Sossina M. Haile, e Aldo Steinfeld; do Caltech Instituto deTecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos e do ETH Zurich e Instituto Paul Scherrer, na Suíça, desenvolveramumprotótipodeumamáquinaqueimita a vida das plantas, transformando a luz do Sol em combustível. O dispositivo usa dióxido de carbono, água e luz solar para gerar energia, semelhante ao processo de fotossíntese nas plantas. O protótipo foi testado com sucesso em laboratório. Apesar da pesquisa não ser recente, seus resultados foram publicados em um artigo narevistaSciencerecentemente,navésperadeNatal. O protótipo usa raios solares e o metal cério para quebrar as moléculas de dióxido de carbono ou água e transformá-las em combustíveis líquidos que podem ser armazenados e transportados. A pesquisa explica que o novo dispositivo é diferente dos painéis fotovoltaicos (queaproveitamaluzparagerarenergia)normais. Os painéis fotovoltáicos convencionais só podem usar a eletricidade que geram no mesmo local em que estão instaladosenãoconseguemgerarcombustívelànoite.O novo reator de energia solar, no entanto, consegue gerar combustível que pode ser armazenado e transportado. E tambémpoderiacontinuarfuncionandonofimdodia. Com as novas descobertas, a produção de combustível a partir de energia solar poderá ser feita em altas taxas, sem que sejam necessários sistemas ou microestruturas complexas. Além disso, o grupo acredita que, com a
A máquina tem uma janela feita de quartzo e uma cavidade que concentra a luz do sol e a direciona para um cilindro revestido com óxido de cério, um metal de terra rara. O cério tem uma propensão natural a liberar oxigênio quando aquece e absorvê-lo quando esfria. Depois que o metal é aquecido pela luz do sol, dióxido de carbono ou água são bombeados para dentro do recipiente. O cério retira o oxigênio presente nestes elementos enquanto esfria, em uma reação química que
criamonóxidodecarbonoouhidrogênio. O hidrogênio produzido pode ser usado para abastecer célulasdehidrogênioemcarros,enquantoacombinação de hidrogênio e monóxido de carbono pode ser usada para criar uma espécie de "gasolina sintética, que pode tambémserusadocomocombustível. Segundo os inventores do reator solar, o aproveitamento das propriedades do cério é o grande avanço científico da pesquisa. Por ser o metal de terra rara mais abundante que há, o cério torna a fabricação do dispositivo mais barataesuaproduçãomaisviável.
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No entanto, os pesquisadores dizem que o protótipo ainda é ineficiente, já que o combustível criado aproveita somente entre 0,7% e 0,8% da energia solar que entra no recipiente. A maior parte da energia é perdida pela revistaamazonia.com.br
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parede do reator ou pelo desvio da luz solar para fora do aparelho, através da abertura. Mas eles acreditam que a eficiênciapodechegara19%commelhorisolamentode calorereduçãodaabertura. Nesse momento, a máquina já poderia ser produzida comercialmente, segundo a professora Sossina Haile do Instituto deTecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos, que chefiou a pesquisa. "A química do material é perfeita para este processo", diz. Ela afirma que o reator pode ser usado para criar combustíveis para transporte ou ser adotado em usinas de energia, onde o combustível criado com energia solar poderia ficar disponível tambémànoite. No entanto, ela acredita que o destino deste e de outros dispositivos em desenvolvimento dependerá de os países adotarem uma política de baixo carbono. "Se tivéssemos uma política de baixo carbono, uma pesquisa dessetipoavançariamuitomaisrapidamente",disseela.
} Fotossíntese Foi sugerido que o dispositivo imita as plantas, que também usam dióxido de carbono, água e luz do sol para criar energia como parte do processo de fotossíntese, mas a professora Haile diz que a analogia é muito simplista. "No sentido mais genérico, há semelhanças, maselasacabamporaí",afirmou. Daniel Davies, chefe de tecnologia da companhia fotovoltaica britânica Solar Century, envolvida na
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Um novo projeto espanhol vai usar sal fundido para guardar o calor do sol por até 15 horas, de modo que a usina poderia funcionar durante a noite
pesquisa, diz que o processo foi "muito empolgante". "Acho que a pergunta é onde colocá-lo. Você colocaria seu reator solar no telhado ou seria melhor mantê-lo como uma grande indústria no deserto do Saara e transportar o combustível por navios?", disse. Haile
acredita que um reator no telhado poderia produzir até aproximadamente14ldecombustívelpordia. Apesar do rápido avanço de dispositivos de energia solar, a eficiência, a economia e o armazenamento destes dispositivos ainda são problemas. Outra tentativa de contorná-lo são as usinas solares de nova geração, que foram construídas na Espanha e nos Estados Unidos. Elas utilizam um conjunto de espelhos para concentrar a luz solar em receptores em forma de torres. A luz do sol que entra nas torres movimenta turbinasavapor. Um novo projeto espanhol usará sais derretidos para armazenar o calor do sol por até 15 horas, para que a usinapossapotencialmenteoperarànoite. Torre solar PS10, perto de Sevilha, Espanha. Espelhos concentram o poder do sol para uma torre central, dirigindo uma turbina a vapor
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Satélite japonês para monitorar a Amazônia
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Região do Amazonas monitorada pelas imagens de satélite
Para monitorar emissões e desmatamento na Floresta Amazônica
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Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, pretende utilizar o satélite japonês Alos para monitorar emissões de gases e desmatamentos naregiãodaFlorestaAmazônica. Recentemente o diretor do Instituto, Gilberto Câmara, e o presidente da agência espacial japonesa JAXA, Keiji Satélite Alos
Tachikawa, assinaram, em Tóquio, uma carta de intençõescomessafinalidade. A parceria deverá agregar a tecnologia japonesa – o radar que permite a observação por entre as nuvens – à experiência brasileira no monitoramento de florestas tropicais, que está sendo levada a outros países por meio doscursosdecapacitaçãotécnicaoferecidospeloINPE.
O INPE já utiliza dados do Palsar em estudos na Amazônia e, com a nova parceria, pretende incorporar a tecnologia do radar aos seus sistemas regulares de monitoramentodaregião. Osdadosregistradosserãoutilizadosnomonitoramento para a Redução de Emissões por Desmatamento e DegradaçãoemPaísesemDesenvolvimento(REDD).
O Satélite Alos em operação
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Camillo Martins Vianna * 100
No Igarapé da Pureza
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tem mais, não é nada fácil caracterizar a antigamente intitulada, M'Baraió, que já foi conhecida como Ilha Grande de Joanes, assim como Farelhão Marajoara, denominação dada pelo Comandante Raymundo Moraes, muito conhecido por suas naveganças no Aranhol Hidrográfico, que era como se referia ao rio Amazonaseseusafluentes. Não é prudente deixar de lado outra denominação, qual seja, a de Arquipélago Marajoara. Com certeza faltará ao autor destas mal tecladas linhas, condições para desemboletar esse verdadeiro nó cego, particularmente, quando vem se escutando aqui e ali, talvez por meras suposições ou palpites, que duas grandes ilhas do também chamado Complexo Marajoara, Caviana e Mexicana, estariamsejuntando. Os que se intitulam verdadeiros mestres no assunto não tem a menor idéia de como sair dessa barafunda, deixando-osnumaenrascadaatroz. As sanguessugas incomodam bastante os vaqueiros, principalmentenoinverno,quandosãocom frequência. Uma coisa porém é mais do que certa, nos parcos conhecimentos do autor, estão enrustidos, em sua na mente e no coração, lembranças da infância, da juventude, e um pouco mais longe disso, dos tempos de suavivêncianailhadaMarajó. Os leitores haverão de entender que não e muito fácil apartar a razão da emoção, podendo haver nessas recordanças,possívelparecênçaentreasimagens. Algumasdessaslembrançasserãoaseguirrelacionadas: Travessia em montaria a noite, debaixo de pampeiro sem tamanho, do Rio Paracauari, ou Rio de Soure, para o IgarapédaPureza. O vaqueiro Jacaré jogando laço aberto de corda de couro curtido, com argola matinada dupla, que tilinta, na
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Marajoara
dobraçãodogado,naFazendaLivramento. Os Itapicuís nos lavrados de Roraima, que durante a noite, ficam pisca-piscando, por causa da parceria com osvagalumes. A cantoria na tiração de ladainha ao Santo Protetor, pelo feitor Manduca, na Casa Grande da Fazenda Livramento, homenageando igualmente, a Branca D. Lucy, e seu esposoJoséMartins. O estouro de pequeno lote de éguas e garanhão, de propriedadedotioJô,veteranovaqueiro. As camboas de pedras, na praia dos Padres, no Município
de Ponta de Pedras, na Grande Ilha de Marina Tambal, um dos primitivos nomes da hoje chamada Ilha de Marajó. A laçação de gado no curral grande para ferra e sinal dos mamotes O vôo rasante, em dupla, das tesouras-grandes sobre a copadasárvores. A travessia da Baía de Marajó, na canoa Correio de Soure, em tempo de absoluta calmaria, na Ilha deTatuoca, que pode ser vista de Belém e já foi laboratório meteorológico, e serviu de sede do Governo Provincial
O Arquipélago Marajoara
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A EAD também é uma excelente alternativa para estreitar o relacionamento com os clientes revistaamazonia.com.br
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A terroada – secura absoluta dos campos – acontece no verão marajoara
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O gado preto, como e chamado o búfalo d'água
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Exemplar da fauna terrestre marajoara, iguaria de primeiríssima qualidade, o mussuam
quandoosGuerrilheirosCabanosocuparamBelém. O embarque de gado na fazenda Santa Rita, durante a noite.Animais eram presos pelos chifres com a corda chamadabrasileira. Observados de avião, os paus d' arco de flor amarela, muitas vezes espaçados, cuja copa é avistada em toda a Amazônia. Com menos frequência, também dispersa pela Amazônia, a Parquia Pendula, ou Visgueiro, cuja copa circularpodeservistapelospassageirosdeaeronaves. Peculiaridade interessante são as chuvas que caem nos campos, (invernico) que são aguardadas com grande expectativa,poisanunciaachegadadopróximoinverno. Mondongo, rebolada de mata verde com água empoçada em alguns pontos, serve de refúgio para pacas, cutias, jacarés, tatus e cobras e, não poucas vezes, para o gado comum, búfalos e porcos, estes fugidos das fazendaseatémesmoparagatospintados,dosgrandes. Os vaqueiros chegam a armar mutá. E a noite à luz de lanternas, abatem a caça grande que vem se alimentar nacomedia. Não é nada fácil atravessar aningal de pouca profundidade como os do Retiro Pindobal. Por exemplo, a cavalo ou a pé é sempre prudente levar um terçado rabo de galo e usar bota tipo coturno, pois cobras venenosaspodemfazerumafalseta. A aninga quando cortada, solta um líquido que provoca prurido muito incomodativo. Perto de algumas casas, revistaamazonia.com.br
onde existam poças d'água, mutucas e carapanãs infernizamavidadoscaminhantes. Quando o sol se põe, estando portanto, na boca da noite, ao longo da linha do horizonte, forma-se pelo vôo dos pássaros ou outros palmípedes, espécie de ponta de lançanorumodoagasalhamentonoturno. O mesmo acontece com as marrecas, do tipo ananaí, das pequenas, ou das grandes. Porém, umas e outras estão desaparecendo sensivelmente em virtude da caça predatória. O mesmo ocorre com outro exemplar da fauna terrestre marajoara, iguaria de primeiríssima qualidade – o pequeno kinostermus scorpioides, scorpioides, ou mussuam – que está sendo apanhado a fogo. Do lado do capim alto onde procura abrigo a favor do vento, toca-se fogo forçando a fuga do animal, para o outro lado, onde estãofeitaspequenascovas, eaísãocapturados. Chegam a impressionar os grandes tabocais, agora chamados de bambuzais, que estão sendo destruídos à fogo. Além do fumaceiro, o papouco dessa gramínea, espanta a fauna que esteja agasalhada neles, bem como exemplaresdafloraqueexistamporlá. Belos movimentos fazem ao alçar vôo o passarãoTuiuiú, ou Cabeça de Pedra, exemplar dos maiores da fauna aladadaIlha. Os antigos moradores aproveitavam o grande papo dessa ave, para alimentação, o que agora acontece raramente.
O gado preto, como é chamado o búfalo d'água, foi introduzidonaIlhahámaisdeumséculo.Muitosdelesse transformaram em animais silvestres e foram caçados durante, por determinação dos fazendeiros. Informações recentes dão conta que esses animais já superaram o numero de habitantes da Ilha e estão sendo exportados paraoexteriorcomoparaaVenezuela,porexemplo. Com a derrubada da mata, os animais silvestres, principalmente, o chamados grandes gatos pintados estão se aproximando das pequenas comunidades, atraídos pelos xerimbabos, ou bichos de criação de quintal ou de chiqueiro como galinhas, patos, porcos e até animais de estimação. Até os moradores estão sendo atacados. A terroada – secura absoluta dos campos – acontece no verão marajoara e constitui seríssimo problema, provocando a eliminação de grande quantidade de exemplaresdafaunaedaflora. Causadas pelo homem, enormes fogueiras vem ocorrendo na AmazôniaVerde, em grandes extensões, o queincluiapartearbóreadaGrandeIlha. O patrimônio arqueológico, deixado por tribos já extintas, vem sendo saqueado e destruído para formar capineiras e, o que é mais pesaroso, o contrabando, desenfreadoquevemocorrendoalongostempos. Com a derrubada da mata...
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A migração da agricultura familiar para a indústria e comércio de subsistência
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esenvolvimento requer recursos financeiros. Tecnologia, como informação ou equipamentos, não se obtémdeformagraciosa. Essa é uma barreira para empresas e países. Limitante, masnãoimpeditiva. Há alguns aspectos complementares, bastante delicados, que podem comprometer o desenvolvimento e a evolução, como a falta de foco e a disposição para organização. Pequenas empresas têm como fundamento a sustentação familiar. Não são criadas com o objetivo de exploração do potencial de conhecimento. Inversamente, o conhecimento é que permite explorar as possibilidades de geração de recursos para manutençãodafamília. Seriam, então, tímidas na criação? Não em muitos sentidos, principalmente quando a massa de capital não éfatorpreponderanteparacriação. A moda é um grande exemplo disso. Muitas marcas nascem em pequenas empresas e nas periferias das cidades por causa da maior proximidade de seus criadores com os acontecimentos. A arte, também, sempreseráinfluenciadapormanifestaçõessociais. O desenvolvimento tecnológico sim, este se ausenta ondeacarênciaderecursosfinanceirosépreponderante. Os momentos de abundância no pequeno negócio não deixam de criar um dilema, afinal os lucros, embora possam ser significativos para certo volume de transações, são limitados para grandes saltos empresariaisougrandessatisfaçõespessoais. Apósumperíododeimportantecrescimentonasvendas e lucros satisfatórios, desenvolvemos um plano de trabalho para manutenção preventiva e corretiva nos equipamentos de uma fábrica. Afinal, estes paravam devido a quebras frequentes, e os defeitos dos produtos estavamseacentuando. A qualidade questionável de algumas matérias-primas nos impedia de desenvolver uma série de produtos solicitados pelo mercado. Qualidade aceitável para aplicação em produtos básicos só era possível com os
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equipamentosemritmolento. Perdiam-se vendas, e mais, produtividade e também comosdefeitos. O que poderia impedir a ação proposta? Simples, a escolha: Comprar peças para as máquinas ou a fazer a reformadotãosonhadobarco? As negociações eram diárias e desgastantes. As justificativas para a escolha náutica eram que o mercado e os clientes estarão sempre ai, mas já haviam esperado demaispararealizaraquelesonho. Este é um pequeno exemplo, mostra apenas a ponta do iceberg. Outra questão, entre muitas que aparecem, é investir na divulgaçãodamarcadaempresa outrocarocarro? O investimento na marca nem sempre gera grandes resultados. É verdade, não há garantias, mas se fosse fácil todo mundo teria uma. Porém, esse é o único caminho para se criar uma grife e ocupar um
espaçonamentedoconsumidor. Uma proposta de visibilidade pode demandar dez anos de investimentos e pode ser superada por um concorrenteagressivo? Sim,nãofaltamexemplos,masassiméomercado. A imobilização do lucro é uma questão complexa, contudo é um requisito determinante para formação dopotencialprodutivoeconquistadosclientes. Empresas, gestores, artistas, desportistas consagrados têm em comum a consistência e persistência. Suas biografias revelam conquistas invejáveis, mas também períodos de provação no início das suas carreiras, superadas com esforçoeorientações.Nãoésemrazãoqueafênixsemostra presenteemlogos,ícones,capasecartões. Como conduzir pequenas empresas ao sucesso, alavancandosuasoperaçõescomrecursoslimitados? Emprimeirolugarestabelecendoofoco. Segundo, tornando-o ilimitada a disposição para explorar oportunidades, com aplicação de todo capitalintelectualpresente. Terceiro, buscando parcerias como forma de adicionar competências, reduzindo a dependência financeira. Quarto, mantendo reservas financeiras para períodosruinse reinvestindopartedoslucros; Quinto,distribuindolucroscomparcimônia. Esses são apenas alguns requisitos para que o empreendimento ganhe corpo e possa se desenvolver. Sem isso estaremos abandonando a vida no campo, saindo da agricultura familiar, migrando apenas para a indústriaecomérciodesubsistência.
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O desenvolvimento tecnológico sim, é preponderante 82 REVISTA AMAZÔNIA
(*) Diretor de Gestão Empresarial da Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
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Conferência InternacionalWITS 2011
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Água, Inovação, Tecnologia & Sustentabilidade 17 a 19 de Março - São Paulo, Brasil
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OBJETIVO GERAL: O objetivo central da Conferência WITS 2011 é ode debater opapel da tecnologia e da inovação na sustentabilidade e exploração de recursos hídricos. Nesse sentido, o evento irá permitir que os participantes discutam estratégias de desenvolvimento sustentável para recursos hídricos, tendo como ponto de partida as últimas inovações e tecnologias hoje disponíveis no mercado nacional e internacional.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Disseminação das mais recentes inovações e tecnologias na area de recursos hídricosFormação de alianças de negócios entre o público participante da Conferência para a criação de oportunidades de cooperações acadêmicas, técnicas, e empresariais; Criação de modelos de negócios e de estratégias de desenvolvimento econômico sustentável. AÇÕES QUE SERÃO REALIZADAS: Apresentação de trabalhos acadêmicos; Apresentação de estratégias empresariais e governamentais; Criação de alianças estratégicas; ao nivel empresarial, academico, governamental, nao-governamental, e multilateral.
TÓPICOS
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Recursos Hídricos e o Desenvolvimento Sustentável da Região Amazônica Estratégias de Criação de Pólos de Recursos Hídricos Estratégias & Planejamento da Administração de Recursos Hídricos Ecologia e Sustentabilidade de Recursos Hídricos Recursos Hídricos e Desenvolvimento Econômico A administração de Recursos Hídricos e as Mudanças Climáticas Globais Sistemas de Segurança de Recursos Hídricos Recursos Hídricos e atividade econômica (Agricultura, Mineração, indústria, petróleo & gás, urbano) A economia dos recursos hídricos Stress e a eficiência de recursos hídricos “ WaterFootprint ” , estratégias e soluções Identificação de remoção de agentes patogênicos Tecnologias de Desanilização Exploração de mega-watersheds e lençóis subterrâneos Financiamento de projetos hídricos Geração de energia & recursos hídricos Financiamento de soluções inovadoras e tecnológicas para recursos hídricos Recursos hídricos e Saúde “ Water Offset” !dministração de Projetos Problemas Legais & Legislação dos Recursos Hídricos Produção de Bio-Combustíveis e Recursos Hídricos Inovação e Tecnologia de Despoluição de Recursos Hidricos Modelos & Simulações para a Administração e Planejamento de Recursos Hídricos Estratégias de Minimização de riscos ligados a recursos hídricos. Inovacoes no aproveitamento da agua de chuvas
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REALIZADORES Diretores da Conferência: Dr. Raul Gouvea*,Ph.D e Distinguished Professor Dr. Sul Kassicieh, Ph.D** Professores da Anderson School of Management de Negócios Internacionais *Diretor do Departamento FITE (Finanças, Negócios Internacionais,Tecnologia, e Empreendedorismo) **Diretor do Centro de Desenvolvimento Econômico, Anderson Schools of Management, The University of New Mexico
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http://wits2011.mgt.unm.edu
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