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E xpediente

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08 2011. Ano Internacional das Florestas 16 Gladson Cameli assume a presidência da Comissão da Amazônia na Câmara

20 O Censo da Vida Marinha 28 Em 2050 os oceanos poderão ser demasi-

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PUBLICAÇÃO Período (março/abril) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn

ado quentes e ácidos para os recifes de coral

PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn

34 Água e a sustentabilidade

COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn

40 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade O 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade, realizado no Tropical Hotel, em Manaus,foi uma realização da Seminars, uma empresa resultado da associação do Grupo Doria, comandado por João Doria Jr., e a Maior Entretenimento, presidida por SergioWaib, que faz parte do Grupo ABC, e o LIDE-GrupodeLíderesEmpresariaiscom750empresasassociadas(comosbraçosregionais)...

46 Diversidade rupestre 52 Projeto Aquabio Beneficiando comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas, as ações do Projeto Manejo Integrado dos Recursos Aquáticos na Amazônia (AquaBio) vêm promovendo o fortalecimento institucional e comunitário, a identificação de novas fontes de renda e a diminuição dos conflitos relacionadosaousodabiodiversidadenosriosNegro,XingueTocantins...

58 Programa é reconhecido pela melhoria na qualidade de vida dos ribeirinhos

ARTICULISTAS/COLABORADORES Camila Gauditano; Camillo Martins Vianna; Eunice Venturi; Felipe da Silva; Gil andrei da Silva; Iêda Novais; Ivan Postigo; IUCN; James Oliveira Bessa; Jerônimo Lima; João Amato Neto; Marcelo Derzi Vidal; Mônica Pileggi; Sonia Wada; James Oliveira Bessa FOTOGRAFIAS Banco de Imagem AquaBio/MMA; Banco de Imagem ProVárzea/Ibama - L.C.Marigo; Rosa Gauditano/StudioR; Censo da Vida Marinha/ Divulgação; David Casseb; PJS Franks; Jefferson Rudy/MMA; Milton Matta; NRP/Ibama; Renato Amorim/Abr e Stefan Jungcurt Mapas: Arquivo NASA; Willer Hermeto EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro NOSSA CAPA Homem Matis, de Atalaia do Norte-AM, no VII Jogos Indígenas, Porto Seguro, Ba, 2004. Foto de Rosa Gauditano/StudioR

O Programa de Manejo de Pesca, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, foi premiado, em fevereiro, pela Secretaria da Convenção de Ramsar das Nações Unidas, com a iniciativa de manejo de pirarucus (Arapaima gigas). Criado em 1997, o programa de manejo de pescatemcomosuaprincipalatividadeaassessoriatécnicaaosgruposdepescadores...

62 Juntos para um futuro sustentável As Nações Unidas revelaram recentemente um estudo estratégico que, se colocado em prática, garantirá um futuro sustentável para o planeta por meio de investimentos no valor de US$ 1,3 trilhãoporano-ou2%dariquezageradapelaeconomiaglobal-emdezsetores-chave,cruciais...

70 Ameaças globais à segurança humana,

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à biodiversidade e à água

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74 A cara e a coragem dos índios do Brasil

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A diversidade cultural é a maior riqueza do Brasil. A cultura brasileira se formou por meio do encontro entre povos indígenas, europeus e africanos, e se transforma constantemente em funçãodascircunstânciashistóricas...

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82 A orla praiana da Amazônia Azul

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Essenciais para a vida sustentável no planeta. O tema da celebração é “Florestas para o Povo”

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Fotos Guofan Shao

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Assembléia Geral da ONU - Organização das Nações Unidas, adotou a Resolução A/RES/61/93 em 20 de dezembro, declarando o ano de 2011 como o Ano

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Internacional das Florestas, com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre a importância da preser vação das florestas para uma vida sustentável no planeta. Terá como foco, a promoção do manejo sustentável, a conservação e desenvolvimento das florestas em todo o mundo e a conscientização do papel decisivo que as florestas desempenham no desenvolvimentoglobalsustentável. A intenção da ONU também é mostrar à população mundial que a exploração das matas sem um manejo

sustentável pode causar uma série de prejuízos, como a perda da biodiversidade, o agravamento das mudanças climáticas, migrações desordenadas para áreas urbanas eocrescimentodacaçaedodesmatamentoilegal. A exploração predatória e o desrespeito ao ciclo de vida natural das florestas têm como consequência a ameaça da sustentabilidade econômica, das relações sociais e da vidahumananoplaneta.Issoaconteceporqueasfloretas são a fonte, entre outros, de água potável e alimentos. Por outro lado, fornecem também matérias primas para revistaamazonia.com.br

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responsabilidade direta na garantia da sobrevivência de 1,6 bilhão de pessoas e de 80% da biodiversidade da Terra. Só em 2004, o comércio mundial de produtos florestais movimentou US$ 327 bilhões (algo em torno deR$588,8bilhões).

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} No Brasil

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ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS 2011 indústrias essenciais como a farmacêutica e da construçãocivil,alémdedesempenharumpapelvitalna manutenção da estabilidade do clima e do meio ambienteglobais. Atualmente, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, as florestas cobrem 31% da área terrestre total do planeta, abrigam olarde300milhõesdepessoasaoredordomundoetêm

O Brasil abriga 60% dos aproximadamente 5,5 milhões de km² da área total da Floresta Amazônica, a maior do planeta. A mata se estende pelos oito países que fazem parte da OTCA - Organização do Tratado de Cooperação Amazônica: Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. A Amazônia é também a maior florestaúmidaecommaiorbiodiversidade. Dentro do Brasil, ela se estende por nove Estados: Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Acre, Amapá, Maranhão, Tocantins e parte do Mato Grosso, representandomaisde61%doTerritórioNacional. Esta riqueza natural, no entanto, tem sido alvo de exploração predatória e ilegal, ameaçando assim o ciclo natural da reprodução dos recursos, bem como a subsistência das comunidades indígenas quehabitamaregião.

As populações urbanas são as que mais se beneficiam dos recursos extraídos da floresta, segundo estudo de 2008deiniciativadoFórumAmazôniaSustentável. Esse estudo cita dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que apontam o Estado de São Paulo como o principal comprador da madeira extraída legalmente da Amazônia:“ospaulistasabsorvem23%(12,7milhõesde metros cúbicos de madeira) do total que se extrai na floresta. A quantidade representa mais do que a soma do volume adquirido pelos dois estados que aparecem em

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A Resolução da Assembléia Geral da ONU Convencidos de que os esforços concertados devem centrar-se na sensibilização a todos os níveis para fortalecer a gestão sustentável, conservação e desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas para o benefício das gerações atuais e futuras. 1. Decide declarar 2011 o Ano Internacional das Florestas; 2. Solicita ao Secretariado das Nações Unidas sobre as Florestas, do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da Secretaria, para servir de ponto focal para a implementação do Ano, em colaboração com os Governos, a Parceria Colaborativa sobre Florestas e internacionais, regionais e organizações sub-regionais e processos, bem como os principais grupos relevantes; 3. Convida, nomeadamente, a Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas, o Presidente da Parceria Colaborativa sobre Florestas, no âmbito do seu mandato, para apoiar a implementação do Ano; 4. Exorta os governos, organizações regionais e internacionais e os principais grupos de apoio às atividades relacionadas com o Ano, nomeadamente, através de contribuições voluntárias e para vincular suas atividades relevantes para o Ano; 5. Encoraja parcerias voluntárias entre os Estados-Membros, organizações internacionais e grupos mais importantes para facilitar e promover atividades relacionadas com o Ano, a nível local e nacional, inclusive através da criação de comitês nacionais ou designação de pontos focais nos respectivos países;

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6. Solicita ao Secretário-Geral que apresente relatório à Assembléia Geral, em sua sexagésima quarta sessão sobre o estado dos preparativos para o Ano Europeu. Plenária 83.

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segundo lugar, Paraná e Minas Gerais, ambos com 11%”, dizoestudo. No entanto, apesar dos esforços do poder público, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) estimou, em 2008, que o volume de madeira ilegal da Amazônia que abastece o mercado pode chegar a 90% do total consumido no país. A indústria da construção civil, segundo o estudo, é a que mais se beneficia dessa matériaprima. No Brasil está previsto um Congreso Internacional sobre asCiudadesasFlorestasemManaus.

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As florestas são diferentes em cada canto do mundo

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No mundo, Florestas em risco crítico:

Bacia do Mediterrâneo, Sul da Europa, Norte da África, Oeste da Ásia (a mais ameaçada, com 5% da sua cobertura original preservada); Indo-Birmânia (nos países asiáticos Mianmar, Cambodia, Laos, Tailândia e

Guofan Shao, Ph.D. Professor de Geo-EcoInformatics, apaixonado por Florestas

Vietnã, com 5% da vegetação natural); Nova Zelândia (também 5%); Sunda (Indonésia, Malásia, e Brunei, com 7%); Filipinas (7%); Mata Atlântica (no Brasil, com 8%);MontanhasdoCentro-SuldaChina(8%);Província Florística da Califórnia, nos Estados Unidos (10%); Florestas de Afromontane (em Moçambique, Tanzânia,

Quênia e Somália, com 10%); Madagascar e Ilhas do Oceano Índico (Madagastar, Seichelles, Ilhas Maurício, UniãodasComoreseReunião,10%). A lista, que considera a maior perda proporcional do habitat natural de cada floresta, é da organização nãogovernamental Conservação Internacional (CI). Dessas

O Ano Internacional das Florestas auxiliará a mobilização da comunidade mundial a se juntar e trabalhar com governo, organizações internacionais e grupos para assegurar que as florestas sejam manejadas de modo sustentável para as gerações atual e futuras. A Secretaria do UNFF - Fórum de Florestas das Nações Unidas, será o ponto focal para a implementação do Ano Internacional das Florestas. Durante o Fórum Social Mundial em Belém

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Mapa da FAO com porcentagem da área de florestas de terras total, em cada país, se cair abaixo de 10% podem ser classificados como baixa cobertura florestal 10 REVISTA AMAZÔNIA

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O mapa acima mostra áreas do mundo que experimentaram mudanças na cobertura florestal. As regiões vermelhas do mapa mostram uma perda líquida de florestas, as regiões escuras verdes mostram um ganho líquido de floresta, e as regiões em verde representam a cobertura florestal atual. áreas, já foram devastadas 90% ou mais da vegetação original. Por isso, elas são consideradas“hotspots”– os locais mais ricos em biodiversidade e, ao mesmo tempo,maisameaçadosdomundo. Atualmente, a CI considera que existem 35“hotspots”em todo o planeta. As dez áreas citadas encabeçam o ranking da degradação mundial. Cada floresta da lista abriga ao menos 1.500 espécies de plantas endêmicas. Com a perda das florestas, essas espécies desaparecerão. Segundo a CI, a Mata Atlântica, por exemplo,possui8milplantas,323anfíbiose48mamíferosendêmicos. Acima mapa/estudo que analisa as conseqüências mais prováveis de vulnerabilidade humanitária pelas alterações climáticas nos próximos 20 a 30 anos. Os autores do mapa observaram riscos específicos associados às alterações climáticas, centrando-se sobre as inundações, ciclones e secas.

Essenciais para a vida sustentável no planeta

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Zonas húmidas e florestas A Convenção de Ramsar escolheu o lema "Os pântanos e florestas" para o Dia Mundial das Zonas Húmidas de 2011, em homenagem ao Ano Internacional das Florestas.

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direito humano

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AssembleiaGeraldaONUreconheceu recentemente o acesso a uma água de qualidade e a instalações sanitárias como um direito

humano. Após mais de 15 anos de debates sobre a questão, 122 países votaram a favor de uma resolução de compromisso redigida pela Bolívia que consagra estedireito,enquanto41outrosseabstiveram. O texto“declara que o direito a uma água potável própria e de qualidade e a instalações sanitárias é um direito do homem, indispensável para o plenogozododireitoàvida”. A resolução sublinha o fato de 884 milhões de pessoas no mundo não terem acesso a uma água potável de qualidade e que mais de 2,6 mil milhões não dispõem de instalações sanitárias básicas.

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O mesmo documento refere que cerca de dois milhões de pessoas, na sua maioria jovens crianças, morrem todos os anos na sequência de doenças causadas por uma água imprópria para consumo e por ausência de instalaçõessanitárias. A resolução recorda também a promessa, feita pelos líderes mundiais em 2000 no âmbito dos Objetivos do milênio – ODM, para o desenvolvimento, de reduzir para metade até 2015 a proporção de pessoas que não têm acesso à água potáveleainstalaçõessanitárias. O texto pressiona os Estados e as organizações internacionais a fornecer uma ajuda financeira e tecnológica aos países em desenvolvimento para “aumentar os esforços a fim de fornecer a todos uma água de qualidade, própria e acessível bem comoinstalaçõessanitárias”.

ONU inclui acesso à água na Declaração dos Direitos Humanos

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Ano Internacional das Florestas – 2011

A Posição do Brasil no Mundo

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esde a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, celebrada no Rio de Janeiro em 1992 (Rio-92), o debate internacional sobre florestas tem alcançado papel de crescente importância na agenda internacional. O tratamento abrangente das questões relacionadas ao manejo sustentável dos recursos florestais é requisito importante nas negociações internacionais, consagrado nos Princípios sobre Florestas, na Agenda 21, e no Fórum das Nações Unidas sobre Florestas (UNFF), criado pela Resolução 2000/35, do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), cujo mandato foi prorrogado até2015pelaResolução2006/49doECOSOC. O Brasil vem participando ativamente das discussões sobre florestas no plano multilateral, nas quais defende um tratamento equilibrado do tema, focalizando a atenção devida a todos os sistemas florestais (tropicais, boreais e temperados) e no tratamento abrangente (econômico, comercial, social, cultural e ambiental) das questões relacionadas ao manejo sustentável dos recursos florestais. O debate sobre florestas envolve, portanto, assuntos de extrema relevância, como a conservação e uso sustentável da biodiversidade, a proteção dos recursos hídricos, a promoção do desenvolvimento sustentável e a repartição justa e eqüitativa dos benefícios resultantes da utilização de recursosgenéticosedeconhecimentostradicionais. O UNFF é o foro multilateral de cunho universal Com 478 milhões de hectares de floresta em seu território (12% de toda a cobertura florestal mundial) e abrigando de 15 a 20% de toda biodiversidade e 16% de toda água doce superficial do planeta

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inteiramente dedicado à concertação de posições e interesses sobre o assunto. O Foro integra o novo arranjo internacional sobre florestas e foi criado com vistas a dar c o n t i n u i d a d e a o s p r o c e s s o s d o Pa i n e l Intergovernamental sobre Florestas (IPF), de 1995 a 1997, e do Fórum Intergovernamental sobre Florestas (IFF), de 1997 a 2000. O objetivo do UNFF é a promoção do manejo, a conservação e o desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas, bem como fortalecer o compromisso político na área. A 7ª Sessão da UNFF realizou-se em abril de 2007 e aprovou“Programa Plurianual de Trabalho”, bem como “Instrumento Juridicamente Não Vinculante Sobre o Manejo Sustentável de Todos os Tipos de Florestas”, os quais nortearãoasatividadesdoForoaté2015. O arranjo internacional conta, ainda, com a Collaborative Partnership on Forests (CPF), criada em 2001, que congrega importantes instituições internacionais como a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Banco Mundial, o Centro Internacional de Pesquisa Florestal (CIFOR), a Organização Internacional de MadeirasTropicais (OIMT), a União Internacional de Instituições de Pesquisa Florestal (IUFRO), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o Centro Mundial Agroflorestal (ICRAF), União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), além dos Secretariados da Convenção de

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ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS 2011

Diversidade Biológica (CDB), do Foro das Nações Unidas sobreFlorestas(UNFF),eda2 Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). O CPF tem como meta apoiar o trabalho do UNFF e de seus países membros na promoção da cooperaçãointernacionalsobreotema. OutrofororelevantenessaáreaéoComitêdeFlorestasda FAO (COFO). Com orientação mais técnica, o Comitê de Florestas, bem como suas Comissões Regionais, mantêm relação com o UNFF, de modo a constituir uma via de mão-dupla entre diretrizes políticas e deliberações técnicas, contribuindo para a implementação de ações concretasnosplanosnacional,regionaleinternacional. O Brasil ocupa posição de destaque no que se refere ao tema das florestas. Com 478 milhões de hectares de floresta em seu território (12% de toda a cobertura florestal mundial) e abrigando de 15 a 20% de toda biodiversidade e 16% de toda água doce superficial do planeta, o País é ator protagônico em todos os foros internacionais sobre o assunto. É do interesse do País que as discussões sejam sempre pautadas pelo princípio da soberania de cada Estado sobre os seus recursos naturais (consagrado e reconhecido internacionalmente pelo Princípio 2 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento), de modo a assegurar o desenvolvimento sustentável, com geração de emprego, renda e preservação ambiental, sempre levando em conta as prioridades, capacidades e recursos disponíveis no âmbito local. Para o Brasil, é fundamental reforçar as capacidades internas com vistas a promover melhores condições de implementação de políticas e medidas nacionais. O Brasil tem defendido que o incremento da cooperação internacional em matéria de meio ambiente constitui o único caminho para atingir os objetivos acordados no plano global de promoção do desenvolvimento sustentável. O incremento da assistência financeira e técnica e da transferência de tecnologia, por parte dos países industrializados, para auxiliar os países em desenvolvimento na implementação de políticas nacionais voltadas para a conservação de seus recursos florestais constitui elemento essencial nesse contexto, com base no princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas dos Estados, pela preservação do meio ambiente, à luz de sua contribuição histórica pela degradação do planeta (Princípio 7 da Declaração do Rio).

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Campanha da Fraternidade quer ampliar debate sobre mudanças climáticas

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Poderiam ser minimizadas se não houvesse uma massa de detritos jogados nos rios…

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Igreja quer mobilizar fiéis sobre os impactos das mudanças climáticas e estimular ações práticas para preservar o meio ambiente. Com o tema Fraternidade e aVida no Planeta, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou recentemente a 48ª Campanha da Fraternidade, que pretende alertar os católicos para a gravidade das consequências do aquecimentodoplaneta. No texto-base da campanha, a CNBB expõe as principais conclusões da ciência sobre as mudanças climáticas e a participação humana no problema, faz críticas ao modelo energético que ainda privilegia fontes fósseis – grandes emissoras de gases de efeito estufa, ao desmatamentoeatéaoagronegócio. Segundo o secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, a ideia é aproximar o debate sobre mudanças climáticas das pessoas e estimular mudança de hábitos e políticas públicas que ajudem a

preservar a vida e o planeta. “Pergunta-se o que o cidadão comum pode fazer. As enchentes em São Paulo e em outros capitais, por exemplo, poderiam ser minimizadas se não houvesse uma massa de detritos jogados nos rios”, citou dom Dimas. Entre as ações práticas sugeridas pela campanha estão a redução do uso de sacolas plásticas, o uso de energias renováveis e mudanças de hábitos de consumo. “As campanhas da Fraternidade são caracterizadas pela capilaridade, chegamos aos ribeirinhos da Amazônia e

aos grandes condomínios. Isso contribui para o alcance dareflexão.” Duranteaapresentaçãodacampanha,osecretário-geral da CNBB criticou a falta de investimentos em fontes alternativas de energia, como a eólica e a solar, o risco de aprovação de mudanças no Código Florestal sem considerar a opinião de movimentos ligados à terra e a construção de grandes projetos de infraestrutura sem garantiadecontrapartidassociais. Dom Dimas reiterou críticas da CNBB a algumas das propostas de mudanças no Código Florestal previstas no relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), como a possibilidade de anistia para desmatadores e a redução de limites de áreas de preservação.“Nossa preocupação é que o código não seja votado de forma apressada porque asconsequênciasserãoduradouras.” Dom Dimas Lara Barbosa, secretário-geral da CNBB

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Chegamos aos ribeirinhos da Amazônia…

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O deputado federal Gladson Cameli (PP-AC), é o novo presidente da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional – CAINDR

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Gladson Cameli assume presidência da Comissão da Amazônia na Câmara

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deputado federal Gladson Cameli (PPAC), tomou posse recentemente, como presidente da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional – CAINDR, da Câmara dos Deputados. Gladson assume a comissão da Amazônia com a importante missão de resgatar o poder de negociação dos Estados quecompõemoblocodaAmazôniaOcidental. Em seu discurso de posse Gladson Cameli afirmou que não medirá esforços para que a Amazônia tenha o seu lugar de direito no cenário político nacional e que a formação de uma Bancada da Amazônia, com a aglutinação de todos os parlamentares da região, seja prioridade em sua gestão. Gladson explicou que essa formação visa aproximar todos os parlamentares que, muitas vezes não se envolvem nos trabalhos da CAINDR , poracharemqueéumtrabalhosetorizado. Criada em 1997, a“Comissão da Amazônia”– uma das maiores conquistas no Legislativo das bancadas parlamentares dos nove Estados da região amazônica (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) teve ampliada as suas atribuições. Em março de 2004, passou a ser

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denominada “Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional” com as seguintescompetênciasregimentais: a) tratar de assuntos relativos à região amazônica, especialmente: 1 – integração regional e limites legais; 2 – valorização econômica; 3 – assuntos indígenas; 4 – caça, pesca, fauna, flora e sua regulamentação; 5 – exploração dos recursos minerais, vegetais e hídricos; 6 – turismo; e 7 – desenvolvimento sustentável. b) desenvolvimento e integração da região amazônica; planos regionais de desenvolvimento econômico e social;incentivoregionaldaAmazônia; c) desenvolvimento e integração de regiões; planos regionais de desenvolvimento econômico e social; incentivosregionais; d) planos nacionais e regionais de ordenação do territórioedeorganizaçãopolítico-administrativa; e) assuntos de interesse federal nos Municípios, Estados, TerritóriosenoDistritoFederal;

f)sistemanacionaldedefesacivil;políticadecombateàs calamidades;e g)migraçõesinternas. Cameli também ressaltou sua intenção de resgatar os principais projetos que tramitam na comissão, acelerando os relatórios para serem colocados em votação, bem como propor criação de fóruns de debate e fazer com que a CAINDR se faça presente nos Estados da Amazôniaquandofornecessário. Gladson Cameli, presidindo reunião no plénario da CAINDR 100

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Na Amazônia a riqueza da beleza e da biodiversidade é impressionante

Importância e contribuições da Floresta Fotos Rick Chamberlin

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m cada folha, as moléculas de clorofila aproveitam o dia para a fotossíntese. Usando a luz solar para enviar elétrons, eles separaram moléculas de água e combinam o hidrogênio com o dióxido de carbono resultante, extraído do ar. Isso produz os hidratos de carbono que as árvores transformam em açúcares, para ser queimada na respiração, ou por outro processo químico, se transformando em nova unidade de matéria. O produto principal (resíduo), o oxigênio, que emitem através de s e u s e s t ô m a t o s e m u m a r ro t o a q u o s o. Dessa maneira as plantas libertam oxigênio! É um fato conhecido desde 1774, na verdade, desde quando Joseph Priestley, um químico britânico, encontrou um

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rato "não muito incomodado" por estar preso dentro de uma redoma, com uma planta de hortelã. No entanto, a importância da capacidade das plantas para armazenar o carbono para tornar o planeta habitável ainda não é amplamente apreciado. Em duas ocasiões anteriores, quando a atmosfera continha níveis muito elevados de dióxido de carbono, os períodos Carbonífero e início do Cretáceo, com início cerca de há 3.500.000.000 de anos e há cerca de 150.000.000 , respectivamente, anos atrás, eles foram reduzidos pela expansão das instalações de

Floresta tropical úmida

ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS 2011

Destruir florestas é uma má idéia!

seqüestro de carbono. Industrial queima de combustíveis fósseis prevista para o período Carbonífero, sob a forma de matéria vegetal em decomposição, é a principal razão pela qual existe agora mais carbono na atmosferadoquesetempara4milhõesdeanos. Cálculosdecarbono Destruir florestas é uma má idéia! Cerca de metade do peso seco de uma árvore é composta de carbono armazenado, a maioria dos quais é liberado quando a revistaamazonia.com.br

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árvore apodrece ou é queimada. Pelo menos durante os últimos10.000anosohomemtemcontribuídoparaeste processo, devastando, cortando e queimando matas para dar lugar à agricultura (principalmente). Cerca da metade original da área de floresta da Terra foi apagada (já destruida). Até a década de 1960, segundo uma estimativa, o desmatamento, era responsável pela maioria das emissões históricas de homem. Hoje a contribuição do desmatamentonpara as emissões ainda é grande: de 15-17% do total, mais do que a quota de todososnavios,carros,trenseaviõesdomundo. Mas isso subestima o dano feito pelo apuramento. É também uma forma de descontos geológico-tempohonrado de seqüestrar carbono. Que as florestas em crescimento, naturais ou plantadas, isso é óbvio. Mas há evidências crescentes que sugerem que a primária, ou do velho-crescimento, as florestas estão aproveitando a oportunidade de uma atmosfera de carbono pesado para sugar mais carbono do que fez anteriormente, um processo conhecido como "adubação de carbono". Segundo uma estimativa, a floresta Amazônica está seqüestrando um adicional de 1,3 gigatoneladas por ano, cerca de harmonização das emissões anuais recentes produzidos por limpá-lo. Em todo o mundo, as florestas eo solo sob eles absorvem cerca de um quarto detodasasemissõesdecarbono. Este é um contributo indispensável para a vida como nós

Florestas do Mundo

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a conhecemos, e as florestas oferecem muitos outros, também. Elas abrigam mais da metade do mundo das espécies de animais, pássaros e insetos. Na Amazônia essa biodiversidade é impressionante: até mesmo seus pequenos barrancos e regatos, muitas vezes têm uma única sub-espécies de macacos, pássaros, criaturas de Em cada folha, as moléculas de clorofila aproveitam o dia para a fotossíntese

todos os tipos. As florestas são também a origem da maioria dos alimentos básicos e muitos medicamentos modernos. Eles fornecem os meios de subsistência, total ou parcialmente, por cerca de 400 milhões de pessoas mais pobres do mundo. Eles sempre tocam a imaginação dos mais privilegiados: "Uma cultura não é melhor que a sua floresta", escreveuWH Auden. Na verdade, mais que as pessoas aprendem sobre as florestas, a mais perigosa asuamágestãoparece. Elastambémfazemchover As florestas regulam o escoamento de água, mitigação de riscos de inundações e secas, isso tem sido reconhecido desde os tempos antigos. Os antigos também já sabiam que as árvores podem aumentar a precipitação e o desmatamento podem reduzir. Cortar árvores leva a uma redução na evapotranspiração, o que resultaemmenorprecipitaçãofavordovento.Nocasoda floresta amazônica isso tem enormes implicações para a agricultura de toda as Américas. O sul do Brasil, norte da Argentina e Paraguai, em particular, dependem de chuvas sobre os ventos úmidos do Atlântico, que atravessam a bacia do Amazonas e, em seguida, são desviados para o sul pela Cordilheira dos Andes. Há também indicações de que o meio-oeste americano é regado a partir da mesma fonte, pela umidade desviada para o norte. A floresta, através da reciclagem da água que cai sobre ela através da evapotranspiração, desempenhaumpapelimportantenessesistema.

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O Censo

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da Vida Marinha

Fotos Censo da Vida Marinha/Divulgação

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O

primeiro resultado da pesquisa chamada Censo daVida Marinha (CVM) foi divulgado recentemente em Londres, no Royal Institution of Great Britain. A pesquisa contou com a participação de 2.700 cientistas de todo o mundo, revelou uma diversidade e

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umaconexãodosoceanossuperioraoesperado. Cientistas de todo mundo vasculharam e mergulharam nos fundo dos oceanos, para saber qual e que vidas existiam em suas águas, nesse mundo tão pouco conhecido.Ocensofoiorganizadocomafinalidadedese tentar descobrir“o que viveu nos oceanos, o que vive e o queiráviver”. Caranguejos, lagostas e outros crustáceos são as espécies mais comuns nos oceanos e nos mares da Austrália e do Japão, cujas águas são as mais variadas. "Fizemos uma descoberta. Aprendemos coisas novas", disse Jesse Ausubel, um dos fundadores do projeto CensodaVidaMarinha,quereuniuaextensapesquisa.

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As águas do Japão e Austrália abrigam cada uma cerca de 33.000 formas de vida, que foram alçadas à categoria deespécie. As águas da China, do Mar Mediterrâneo e do Golfo do México também estão na lista das cinco regiões marinhascommaiorbiodiversidade OscientistasligadosaoCensodaVidaMarinhapassaram dez anos nos mares em busca de respostas, explorando suas águas salgadas desde as zonas mais superficiais até as profundezas das fossas abissais, e desde os polos até o equador. Descobriram que cada gota em cada canto do oceano está repleta de vida. Pesquisadores do Brasil tambémestavamlá. revistaamazonia.com.br

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ANIMAIS ENCONTRADOS NO CENSO DA VIDA MARINHA

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Ceratonotus steiningeri, encontrada a 5400 metros no mar da Angola

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Foto de Jan Michels

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Anêmona Venus, Actinoscyphia sp, encontrada no Golfo do México Foto de Ian Macdonald, Floria State University

Anêmona de 30cm de altura, que cresce em águas tropicais por todo o mundo Foto de Karen Gowlet-Holmes

Medusa que habita os mares da Austrália. Imagem do Instituto australiano de fotografia Foto de Gary Cranitch, Queensland Museum

Durante o Censo, foram descobertas novas espécies mesmo em grupos de animais conhecidos

Cavalo marinho Foto de Karen Gowlet-Holmes

A brasileira Lúcia Campos, da URFJ, participou do Censo da Vida Marinha. Durante dois anos, observou os animais que vivem no mar da Antártida e em águas brasileiras,acercademilmetrosdeprofundidade. Na Antártida, fica ora num barco, ora na estação de pesquisa. Vai, em geral, no verão, época em que não há noite. E costuma ficar 30 dias. Quando as comidas frescas acabam, o jeito é comer enlatados e carne congelada. Parapesquisaravidanofundodomar,ondeoshumanos não chegam, os pesquisadores usaram até um robô, batizado de Luma (em homenagem à modelo brasileira LumadeOliveira!). revistaamazonia.com.br

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Tubarões e Corais em Kiribati, no Oceano Pacífico

Peixe Napoleão que vive próximo a corais nas águas mornas dos oceanos Pacífico e Índico

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Foto de Enric Sala

Foto de Molly Timmers, NOAA, PIFCS, Coral Reef Ecosystem Division

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Lesma do mar das águas ao norte do Havaí Foto de Cory Pittman, NOAA, PIFCS, NHIMN

Novo Dumbo, espécie de polvo com duas orelhas, usadas para nadar

Foto de David Shale

Spirobranchus giganteus, chamada pequena árvore de Natal Foto de John Huisman – Murdoch Univ

Foto de Kevin Raskoff

Cyphoma gibbosum, espécie de molusco da família dos Ovulidae, descoberta no Golfo do México

Psychrolutes microporos encontrado na Nova Zelândia Foto de NORFANZ

Criatura descoberta ao sudeste da Ásia, em 2007

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Foto de Laurance Madin, Wood Hole Oceanographic Institution

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Crossota norvegica, medusa coletada nas águas canadenses

Foto de Kacy Moody

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Lepas anatifera, espécie de crustáceo marinho encontrada por todo o mundo

Foto de David Shale

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Diversidade nunca imaginada. Na Bacia de Angola profunda, mais de 800 copépodes diferentes foram encontrados. A maioria deles são novos para a ciência 22 REVISTA AMAZÔNIA

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Oncorhynchus spp, Salmão do Pacífico

Água-vivas na Califórnia, EUA

Foto: Filmes Galatée

Crédito da foto: Lin Chih-Wei e Gilbert T. Rowe

Os cientistas do Censo utilizaram cerca de 200 estudos para estimar a biomassa no fundo do mar a nível mundial a partir de bactérias, através de peixes e outros animais de grande porte. As zonas de amarelo a vermelho no fundo do mar mostram mapa biomassa, 3-10 gramas de carbono por metro quadrado, ou 30 a 100 kg por hectare, ao longo de várias praias temperadas ou frias. Carbono normalmente faz cerca de metade da biomassa viva. Este nível de acumulação de carbono é pequeno quando comparado com o acumulado de toneladas por hectare de terra em uma floresta ou até mesmo uma safra de milho, mas ainda considerável quando adicionado ao longo dos vastos oceanos. Em geral, o fundo do mar tropical é pobre em biomassa, enquanto o seafloors temperadas e polares são ricos. Durante o Censo, foram descobertas novas espécies mesmoemgruposdeanimaisconhecidos,comopeixes, moluscos e crustáceos, disse Diego Rodríguez, da UniversidadeNacionaldeMardelPlata(Argentina). Mas falta muito para se descobrir. Os cientistas acham que há pelo menos um milhão de tipos de vida marinha. Ou seja, mergulhos mais profundos ainda terão de ser feitos. Entre eles, destaca-se um camarão, o Neoglyphea neocaledonica, desaparecido da Terra há 50 milhões de anos.

Foto de Richard Hermann

Vampyroteuthis, um vampiro cefalópode, vive em áreas com o mínimo de oxigênio possível no mar da Califórnia, EUA Foto de Kim Reisenbichler, MBARI

Atum-rabilho, Thunnus thynnus Foto de Richard Hermann

Pequena espécie de crustáceo de 2 cm, encontrada na Antártica Foto de CÈdric d'Udekem d'Acoz

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à } Ameaças biodiversidade

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Uwe Piatkowski, do Instituto Leibnitz de Ciências Marinhas (IFM-Geomar), um dos cientistas que revistaamazonia.com.br

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Dados do “Censo da Vida Marinha” O censo é um dos projetos científicos internacionais mais importantes realizados até hoje. O especialistas investiram, além de inumeráveis dias trabalhando em laboratórios e arquivos marítimos. Veja o resumo dos números: -10 anos de pesquisa -2.700 cientistas envolvidos no projeto -80 países participantes -540 expedições pelos oceanos -9.000 dias no mar -650 milhões de dólares investidos na pesquisa -230 mil espécies mapeadas -1.200 novas espécies encontradas.

A liderança do Censo

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Crédito da foto: Jesse H. Ausubel

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Hyperboreus Euaugaptilus usa as cerdas alongadas em sua boca de peças para capturar presas lutando Foto: Russ Hopcroft, da Universidade de Fairbanks, Alaska

Peixe-víbora dentes até na língua

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participaram da equipe internacional, afirmou que o trabalho ainda está longe de ser finalizado. "Nós esperamos que ele continue". Com a ajuda de satélites e outros recursos tecnológicos, os pesquisadores puderam também reconstituiramigraçãodeespécies,como,porexemplo,emdireçãoàsmassasdegeloemderretimento. Outro resultado da pesquisa foi a constatação de que muitas espécies estão espalhadas por mais regiões do que se sabia até agora. Agora deve ser pesquisado como os animais conseguem sobreviver sob as mais diferenças condições. 24 REVISTA AMAZÔNIA

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Medusa das frias águas canadenses

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Incógnitas, devemos viver assim com ou contornar. Fizemos o mar transparente, mas a área total das bacias abissal é muito grande para nós ver o quadro inteiro. Com a metodologia que temos hoje, ainda é praticamente impossível conhecer todas as espécies abissais.

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Agora deve ser pesquisado como os animais conseguem sobreviver sob as mais diferenças condições Marrus orthocanna, animal colonial composto de muitas unidades repetidas, que incluem tentáculos, e os estômagos múltiplos. Muitos exemplares foram observados entre 300 e 1500 metros de profundidade Foto: Kevin Raskoff

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O último papel de uma água-viva é a reprodução. O núcleo granulado marrom nessa geléia é recheado ao ponto de ruptura com centenas de ovos

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Protoperidinium, um dinoflagelado blindados, coletadas por imagem do microscópio eletrônico, em Port Jackson, em Sydney, Austrália Foto: Stephanie Valentin e D.J. Patterson, o escopo * micro

Os acantharians são um dos quatro tipos de amebas de grande porte que ocorrem em águas marinhas abertas. Seus esqueletos frágeis são feitos de um único cristal de sulfato de estrôncio, que rapidamente se dissolve na água do mar após a célula morre Foto: Dr. Zettler Linda Amaral Copyright: imagem usada sob licença da MBL (âmbito micro *)

Sand-pulgas ou anfípodes podem ser poderosos predadores nas águas do Ártico. Esta espécie pode atingir 3 cm de tamanho, fixando os alimentos como um mantis atacando com suas pernas para a frente

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Censo da Vida Marinha.

Uma pesquisa global da vida marinha, por Darlene Trew Crist, Scowcroft Gail, e James M. Harding, Jr. Este livro maravilhosamente ilustrado de 256 páginas conta a história surpreendente dentro do Census of Marine Life. Publicado por Firefly Books e escrito pelo Censo da Educação e membros da equipe Darlene Outreach Crist, Scowcroft Gail, Harding e James, com um prefácio escrito por Sylvia Earle, o livro destaca as histórias por trás do Censo por meio de texto animado e mais de 250 imagens, a maioria graciosamente fornecidas por cientistas do Censo.

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Segundo o cientista, os dados do Censo daVida Marinha também servem de base para constatar as mudanças nos mares do mundo, seja devido às mudanças climáticas, seja através da influência humana, como derramamentodeóleo. Em todos os oceanos, o estudo constatou que a pesca excessiva, a poluição e o aumento da temperaturas dos oceanos são as maiores ameaças para a biodiversidade – com a respectiva variação regional de cada um desses fatores.

Dr. Bruce Niel Pesquisador do Museu de estudos Tropical Queensland em atividade Foto: Museu de Queensland Cranitch Gar

Cientistas no trabalho de atum-rabilho (Thunnus thynnus) Foto: Tag-A-gigante

De autoria de Nancy Knowlton, uma cientista do Censo e Presidente da Ciência Marinha Nacional do Smithsonian Museum of Natural History, Cidadãos do mar, revela os organismos mais intrigante no oceano, capturado em ação por qualificados fotógrafos subaquáticos da National Geographic e do Censo várias pesquisadores.

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Em 2050

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os oceanos poderão ser demasiado quentes e ácidos para os recifes de coral

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entro de 40 anos, os recifes de coral poderão desaparecer do fundo dos oceanos, demasiado quentes e ácidos para a sobrevivência da “floresta tropical do mar”, alerta um novo relatório do World Resources Institute. É uma lista extensa a das ameaças aos recifes de coral. Nela está incluído o aumento da temperatura da água do mar, a acidificação dos oceanos causada pela poluição e dióxido de carbono, a navegação marítima, excesso de pescaeaurbanizaçãodaszonascosteiras. “Se não fizermos nada, mais de 90 por cento dos recifes estarão ameaçados até 2030 e quase todos os recifes até 2050”, informa o relatório “Reefs at Risk Revisited”, que reúne dezenas de estudos, organizados pelo centro de reflexãoWorldResourcesInstitute. Atualmente, mais de 60 por cento dos corais do planeta sofrem ameaças imediatas e diretas do excesso de pesca, desenvolvimento costeiro e poluição. “Das pressões locais aos corais, a sobre-pesca é a maior ameaça,

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Recifes de Coral: valioso, mas vulnerável

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"Uma forma de abrir os olhos, é perguntar: "E se eu nunca tinha visto isso antes? E se eu sabia que nunca iria vê-lo novamente '? " (Rachel Carson) afetando 55 por cento dos recifes de coral do mundo”, escreve o relatório. Se juntarmos a estas pressões as alterações na temperatura das águas são cerca de 75 por centooscoraisameaçados. O cenário é mais negro no Sul da Ásia, nomeadamente

na Indonésia e Filipinas, com 50 por cento dos recifes muito ameaçados. Os corais da Austrália são os menos ameaçados do planeta. Apenas 27 por cento dos recifes doplanetaestãoemáreasprotegidasmarinhas. De acordo com o relatório, os níveis de dióxido de

carbono nos oceanos estão a alterar a química dos oceanos e a acidificação das águas. Além disso, se não se reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e se não se combater as ameaças locais, “durante os anos 2030, cerca de metade de todos os corais vão estar a

Revistos os riscos em recifes

Os recifes de coral por área marinha protegida. Cobertura e nível de eficácia

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Recifes em risco 5

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Os recifes de coral mantêm um terço das espécies marinhas registradas até hoje

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passar por stress térmico (...). Em 2050, essa percentagemdeverásubiratéaos95porcento”. “As atividades humanas locais já estão a ameaçar a maioria dos recifes e os impactos das alterações climáticas apenas agravam a situação”, escreve o instituto. O relatório salienta a importância destas ameaças lembrando que 275 milhões de pessoas vivem nas proximidades dos recifes de coral (a 30 Kms dos recifes e a menos de dez Kms da costa). Os países mais

Avaliação da condição de recife de coral na água

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Observações globais da pesca com explosivos e veneno

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Belíssimos Corais

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Ameaças aos recifes do mundo

Os manguezais são áreas de berçário vitais para os peixes, e filtro de água e sedimentos saindo da terra. Sua manutenção ou de restauração pode ser um crítico componente da conservação dos recifes de coral

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Consequências sociais e econômicas da perda de Corais

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Recifes em risco no Atlântico e no Caribe

Freqüência de eventos de branqueamento futuro em 2030 e 2050

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Dependência social e económica em recifes de corais

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dependentes destes ecossistemas estão no Pacífico e nas Caraíbas. Em 23 países, o turismo ligado aos corais representa 15 por cento do PIB (produto internobruto). A destruição dos recifes significa uma perda enorme de biodiversidade, uma vezquenelesvivemumterçodasespéciesmarinhasregistradasatéhoje.

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Nasa adverte

que os polos estão derretendo mais rápido que o previsto

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Camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida estão perdendo massa, o que deve elevar o nível dos oceanos muito antes do previsto

Nasa alerta para derretimento de geleiras

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s camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida estão perdendo massa a um ritmo mais acelerado que os prognósticosfeitosatéagora,oquerepercutiránaaltado nível dos oceanos, segundo um estudo divulgado nesta terça-feirapelaNasa. Os resultados do estudo sugerem que as camadas de gelo estão derretendo mais rápido que as geleiras das montanha e serão o principal fator de contribuição para uma alta global do nível dos oceanos, muito antes do previsto. Como exemplo, em 2006 os polos perderam uma massa combinada de 475 gigatoneladas ao ano em média, uma quantidade suficiente para elevar o nível global do mar em uma média de 1,3 milímetros ao ano frente as 402 gigatoneladas que as geleiras da montanha perdem emmédia. A Nasa analisou dados de seus satélites entre 1992 e revistaamazonia.com.br

2009 e descobriu que a cada ano durante o curso do estudo as camadas de gelo dos polos perderam uma média combinada de 36,3 gigatoneladas a mais que no anoanterior. "Que as camadas de gelo serão a principal causa do aumento do nível do mar no futuro não é surpreendente, já que possuem uma massa de gelo muito maior que as geleiras da montanha", assinalou o autor do estudo, Eric Rignot,daUniversidadedaCalifórnia. "O surpreendente é que esta maior contribuição das camadas de gelo já está ocorrendo", advertiu o cientista, que realizou a pesquisa com a colaboração do Laboratóriodapropulsãodojato(JPL)daNasa. As medições realizadas indicam que se "as tendências atuaiscontinuareméprovávelqueoaumentodoníveldo mar seja significativamente maior que os níveis projetados pelo Grupo Intergovernamental de Analistas sobreaMudançaClimáticaem2007",acrescentou.

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Dr. Eric Rignot e Yunling Lou, cientistas da NASA trabalhando na pesquisa com a colaboração do Laboratório de propulsão a jato (JPL), enquanto voam

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Felipe da Silva

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Água e a sustentabilidade

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onsumo Sustentável significa saber utilizar os recursos naturais para satisfazer as nossas necessidades, sem comprometer as necessidades e aspirações das gerações futuras. Para isso precisamos somente dar mais atenção comoqueestáaonossoredor,nonossoambiente. Noventa e sete por cento da água existente no planeta Terra é salgada (mares e oceanos), dois por cento formam geleiras inacessíveis e, apenas um por cento é água doce, armazenada em lençóis subterrâneos, rios e lagos... Pois é, temos apenas 1% de água, distribuída desigualmente pela Terra para atender a população mundial! E esse pouco de água que nos resta está ameaçadopoissomenteagoraestamosnosdandoconta dos riscos que representam os esgotos, o lixo, os resíduos de agrotóxicos e industriais. Cada um de nós tem uma parceladeresponsabilidadenesseconjuntodecoisas. Sabemos que não dá para viver sem água, então, a saída é fazer um uso racional deste precioso recurso natural. A águadeveserusadacommuitaresponsabilidade.

} Qualidade da água

Indispensável...

humana. Dessa forma, evita-se o surgimento de epidemias, como por exemplo, a cólera e o tifo.

ambiental por } Gestão bacias hidrográficas Devido à importância da água para a vida de um modo geral e especificamente para a saúde e o bem estar das pessoas, tem surgido diversos movimentos com o

objetivo de melhorar a qualidade das águas das bacias hidrográficas. As bacias hidrográficas têm sido consideradas como unidades naturais de divisão territorial tanto pelas comunidades como pelos órgãos oficiais, diferentemente da forma tradicional de divisão de estados e municípios. Oficialmente, comitês de bacias hidrográficas têm sido implantados de acordo com a Política Nacional de Recursos Hídricos do Ministério de Água mata a sede...

A qualidade das águas dos mananciais e a preservação ambiental são fatores primordiais para garantir o abastecimentopúblico.Todososmananciais,inclusiveos protegidos por lei, estão submetidos aos efeitos da ocupação desordenada e uso inadequado do solo e aos efeitosdapoluiçãoambiental. As companhias de saneamento básico buscam fontes de água de boa qualidade e utilizam alta tecnologia de tratamento para eliminar todos os poluentes e agentes ameaçadores à saúde. Assim garantem que a água fornecidaàpopulaçãosejapotável. O padrão de potabilidade da água tratada e consumida pela população deve seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) - garantindo a inexistência de bactérias e partículas nocivas à saúde 34 REVISTA AMAZÔNIA

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Meio Ambiente. Mas além das iniciativas oficiais do governo, alguns movimentos estão acontecendo pela iniciativaprivadaepororganizaçõesdoterceirosetor.

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Cada gota d'água... Não se preocupe se as economias são mínimas

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} Aproveitamento de Água de Chuva O sistema de captação, filtragem e armazenamento de água de chuva, é indicado para tanto para utilização residencial, quanto para comercial e industrial. Esses sistemas utilizam telhados e calhas como captadores da água de chuva, que é dirigida para um filtro autolimpante e levada para uma cisterna ou tanque subterrâneo. Para evitar que a sedimentação do fundo da cisterna se misture com a água, esta é canalizada até o fundo. Estocada ao abrigo da luz e do calor, a água se mantém livre de bactérias e algas. Outra parte do sistema cuida de sugar a água armazenada de pontos logo abaixo da superfície, para não movimentar eventuaisresíduos. Ao optar pela reutilização, da água de chuva, lembre-se queestapoderáserutilizadanoabastecimentodapiscina, para resfriar equipamentos e máquinas, em serviços de limpeza, para descarga de banheiros, no reservatório contraincêndioenairrigaçãodeáreasverdes. E lembre-se: a água da chuva não pode ser utilizada comoáguapotável.

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Água potável um direito humano

Para garantir o abastecimento público

Você sabe como ajudar?

Para começar você pode: ¿ Conhecer e seguir todas as regras de conservação e racionamento de água que possam estar em vigor. ¿ Ajudar a desenvolver a consciência das crianças sobre a necessidade de se conservar água. ¿ Encorajar seus funcionários a promover a conservação de água em seu local de trabalho. ¿ Divulgar negócios que pratiquem e promovam a conservação de água. ¿ Avisar aos proprietários de imóveis, a autoridades locais ou à concessionária de água de sua cidade sobre toda perda de água (encanamentos rompidos, hidrantes abertos, aspersores mal instalados, poços que tenham fluxos constantes abandonados etc). ¿ Apoiar projetos de utilização de água reciclada para irrigação e outros usos. Encorajar seus amigos e vizinhos a fazer parte de uma comunidade consciente da importância da água. ¿ Não desperdiçar água porque outra pessoa está pagando a conta. ¿ Resumindo: tente fazer cada dia algo que resultará em mais economia de água. Não se preocupe se as economias são mínimas. ¿ Cada gota conta. E cada pessoa faz a diferença!

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Iêda Novais *

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Responsabilidade social normatizada, o caminho da sustentabilidade das organizações

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pós cinco anos de debates internacionais e de trabalho que envolveu especialistas, autoridades, personalidades, organizações e entidades de todo o mundo, foi oficialmente lançada no final de 2010 a ISO 26000, conhecida como a norma da responsabilidade social. Muito se tem falado sobre responsabilidade social nos últimos anos. No entanto, até este momento, a ISO (International Organization for Standardization) – a mais importante instituição de padronização internacional - não possuía um padrão de referência sobre o que de fato trata e envolve a área, em especial para retratar a relação de empresas e organizações com a sociedade. A demora na elaboração de uma norma que estabelece um padrão relacionado à responsabilidade social se deve ao fato de ter havido a necessidade de acomodar as mais variadaspercepçõessobreestenovoeabrangente tema, representando toda a diversidade de opiniões reunidas noscincocontinentes. A ISO 26000 refere-se à responsabilidade social a partir dos seguintes princípios: “A responsabilidade de uma

organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que: contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive à saúde e bem-estar da sociedade; leve em consideração as expectativas dos stakeholders; esteja em conformidade com a legislação aplicável e seja consistente com normas internacionais de comportamento; e esteja integrada em toda a organizaçãoesejapraticadaemseusrelacionamentos”. É interessante saber que, diferente de outras normas emitidas pela ISO (como a ISO 9000, que trata da gestão de qualidade, ou a ISO 14000, sobre gestão ambiental), não haverá a emissão de um selo ou certificação ISO 26000. A norma servirá simplesmente como uma referência daquilo que é entendido e compreendido comoresponsabilidadesocialnomundo. A nova norma promove em seu conteúdo uma compilação de regras, normas e orientações já existentes sobre o tema, reunindo as informações mais relevantes e consensuais apuradas ao longo de sua preparação. Ela servirá às empresas e organizações como uma referência sobre a compreensão e utilização das práticas de

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responsabilidade social voltadas ao crescimento sustentado. As contribuições do Brasil partiram especialmente de entidades reconhecidas (entre elas a BM&FBovespa, de cujas discussões a BDO teve a oportunidade de participar no início dos debates sobre a nova norma), que apresentaram suas sugestões e participaram dos debates que culminaram com a publicação da ISO 26000. Com a nova norma, a discussão sobre as ações e iniciativas responsáveis das corporações e organizações passa a contar com um referencial que reduz a subjetividade de sua avaliação e análise. A ISO 26000 vem reforçar, também, o entendimento e o reconhecimento de que a atuação empresarial responsável e sustentável é um quesito obrigatório àqueles que desejam ter seus produtos, serviços ou atividades aceitos, reconhecidos e respeitados pelos exigentes consumidores de nossa economia globalizada. (*) Diretora corporativa da BDO no Brasil, integrante da quinta maior rede do mundo em auditoria, tributos e advisory services

As principais áreas da ISO 26000

Ambiente Práticas de Trabalho

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Jerônimo Lima *

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Sustentabilidade na prática Significado de sustentabilidade e sua inserção na sociedade do conhecimento

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palavra sustentabilidade tornou-se moda e é repetida à exaustão, estando associada até mesmo a práticas que muito pouco ou nada trazem de respaldo em forma da proteção do meio ambiente e de melhoria daqualidadedevidadaspessoas. Em sua origem, sustentabilidade significa durabilidade, consciência e está relacionada à capacidade de manter um sistema no longo prazo – o que não quer dizer que tal durabilidade signifique imutabilidade ou rigidez. Muito pelo contrário, um sistema sustentável é aquele resiliente, capaz de sobreviver às adversidades e fazer delas um meio de superação e reinício. Assim, pode-se dizer que um sistema sustentável é também um sistema complexo, que abriga contradições e dilemas que o levamsempreaumpatamarsuperiordeevolução. Complexidade não existe sem aporte e intercâmbio de informações e conhecimentos de forma organizada e direcionada para uma finalidade evolutiva. Por isto mesmo, todo sistema sustentável tem como base o conhecimentoenãovaimuitolongesemele. Nas empresas, iniciativas que apenas mascaram a

Valorizar pessoas do entorno da organização e seus conhecimentos tradicionais visa a personalização de uma política de meio ambiente

Nas empresas, iniciativas que apenas mascaram a sustentabilidade, como green washing

sustentabilidade, como green washing, ou discursos publicitários de proteção ambiental desassociados de práticas arraigadas às rotinas e culturas organizacionais, não podem ser considerados sustentáveis nem geradoras de inovação. Por isto mesmo, é importante estarmos atentos a como o conhecimento sobre sustentabilidade chega às organizações, como ele é compreendido pelas pessoas, como é disseminado, transformado, e como passa a incorporar valor de maneira durável. Podemos dizer, em linhas gerais, que este é o processo de gestão do conhecimento para a sustentabilidade. É este o processo que gera a inovação ditasustentável. Não há uma fórmula pronta para desencadear este processo, mas algumas sugestões importantes são: em primeiro lugar, definir uma compreensão comum de sustentabilidade na organização, mapeando processos e verificando quais oportunidades de melhoria se apresentam no contexto, que também envolvem o meio ambiente e as pessoas, tendo em vista a inserção local da organizaçãoeoalcancedeseusnegócios.

Depois, é necessário escolher uma área-chave crítica de atuação em que a questão ambiental seja um problema transformável em oportunidade, ou em que possa ser melhorada a partir de uma situação favorável já existente.Também é preciso comunicar as pessoas sobre a importância das ações em defesa do meio ambiente no dia a dia para criar uma cultura de busca e compartilhamento de conhecimentos para a melhoria ambiental, incentivando a transformação de atitudes. Valorizar pessoas do entorno da organização e seus conhecimentos tradicionais visa a personalização de umapolíticademeioambiente. Por fim, faz-se imprescindível criar e implantar métricas para acompanhar o progresso em direção a iniciativas ambientais. Essas são apenas algumas dicas. O caminho de cada um pode abrigar mais ou menos práticas ou ser mesmo totalmente diferente. O que importa é que a sustentabilidade seja compreendida e gerada de dentro para fora da organização, que signifique um caminho de equilíbrio evolutivo envolvendo pessoas, ambiente natural e os negócios, tudo isto para gerar diferenciais dosquaistodossebeneficiem.

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Criar uma cultura de busca e compartilhamento de conhecimentos para a melhoria ambiental (*) Vice-presidente da SBGC – Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento e CEO da Mettodo - Reflexão Estratégica, é doutorando e mestre em Administração de Empresas. Consultor líder de Sistemas de Gestão da Qualidade, pelo IQA - Institute of Quality Assurance, da Inglaterra. Coach internacional certificado pela ICF - International Coaching Federation. Presidente do Comitê Setorial das Empresas de Consultoria da AQRS - Associação Qualidade RS (PGQP)

O que importa é que a sustentabilidade seja compreendida e gerada de dentro para fora da organização

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Sustentabilidade e a redução do desperdício da competência

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ma questão complexa nas empresas é a descoberta e aplicação do capital intelectual. Atarefados, despreparados, pouco atenciosos, desinteressados, não importa o motivo, sempre deixamos de observar competências que poderiam ser desenvolvidas e aplicadas. Isso acontece em todos os níveis da empresa. Com nosso próprio potencial intelectual e de nossos comandados e liderados. Querdescobriressariquezaeaplicá-ladevidamente? Faça o seguinte teste: Todos que terminarem a tarefa do dia estão dispensados para ir para a casa. Verá com que rapidez, criatividade e competência as coisas serão realizadas. Vá monitorando o desempenho e atribuindo novas funções e trabalhos de acordo com as competências observadas. É verdade que a pressa fará com que alguns cometam erros que deixarão claros não só os problemas de falta de habilidade e conhecimentos, como também a negligencia. Outra descober ta, nesse modelo, será o comprometimento. Da mesma forma como há um prêmiodevehaverumasanção. Um aspecto que ficará evidente é a forma como usamos nossas“oitohoras”diárias. Nosso tempo precisa ser bem aplicado para reduzir custos da empresa e para nossa progressão profissional. Ocorrequemuitosnãosedãocontadisso. Há uma série de desperdícios que são gerados pela morosidadeefaltadequalificaçãoprofissional. Maior lotação no local de trabalho significa maior demanda por energia, água, alimentação, combustíveis,

papelaria,telefonemas,limpeza,eassimvai. Não acredita nisso? Coloque mais uma pessoa dentro da suacasa. Traga a sogra para morar com você. Epa, não vale morar comasogra,nessecasovocêéogastoextra! Um dos grandes exemplos encontrei quando um executivo japonês nos dizia: - Ainda que produzíssemos o mesmo que os ocidentais gastaríamos menos aço. Sabemporquê?Nãotemosexcedenteparadesperdiçar. Levando em conta esse raciocínio, se considerarmos que não podemos desperdiçar competências na empresa, faremos a maior investigação possível sobre as potencialidades. Isso vai nos levar a um sério tratamento da avaliação de desempenho, não para premiação ou cobranças, mas para“escavaressaminaembuscadeouro”. O mundo, hoje, fala em sustentabilidade com toda razão. A questão é muito séria, mas deixa de tratar o seu aspectofundamental:odesperdíciodecompetências. Lembraavelhafábuladotubodepastadedente? Cada um conta à sua maneira, vamos a uma versão antiga,dotempoqueelevadortinhamanivela: Dois executivos, preocupados em aumentar o consumo de pasta de dentes, para gerar maior faturamento, conversavam dentro do elevador, imaginando mil propagandas. O ascensorista, atento à conversa, não perdeu a oportunidade e perguntou: - Por que vocês não aumentamabocadotubo? Ora, por que não fazer isso com nosso tubo de“pasta de competências”. Aumentamos a boca do tubo e o apertamos do fundo para a boca, espremendo de forma aretirartudooqueforpossível? Há um segredo ainda. Ao encher o tubo é importante a qualidade do“produto”que será colocado. Ao espremê-

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Machado afiado é muito mais eficaz que a força empregada

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Não tem nenhum sentido ou lógica, devastar e derrubar montanhas de recursos naturais para gerar outras de puro lixo, porque não fomos capazes eliminar ou reduzir o desperdício de competências.

lovocêobteráapenasoquelácolocou.Sacou? Nesse sentido, a fábula do lenhador serve como exemplo:

Intrigado, um lenhador perguntou a outro: Como você consegue derrubar mais árvores do que muitos de nós se o vemos sempre sentado, enquanto damos um duro danado paracobrirnossacota? Respondeu este: - Ao me verem sentado, vocês pensam que estou descansando, mas se prestarem atenção verão que estou sempreafiandoomachado. Um machado afiado é muito mais eficaz que aforçaempregada. Sustentável vem do latim sustentare que significa sustentar, conservar, cuidar, favorecer,apoiar. Sustentabilidade, como princípio moderno, tem a ver com ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo, culturalmente aceito, então como desperdiçamos competências e não utilizamos todo nosso potencial e capitalintelectual? Não tem nenhum sentido ou lógica, devastar e derrubar montanhas de recursos naturais para gerar outras de puro lixo, porque não fomos capazes eliminar ou reduzir odesperdíciodecompetências.

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Aumentar o consumo de pasta de dentes, para gerar maior faturamento. Por que vocês não aumentam a boca do tubo?

Como você está desenvolvendo seu potencial intelectual eusandosuascompetências? Pensenisso! (*) Diretor de Gestão Empresarial da Postigo Consultoria Comunicação e Gestão

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O Primeiro Espaço cultural brasileiro ambientalmente sustentável utiliza bambu

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Durante o Fórum

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Fórum Mundial de

Sustentabilidade Fotos Ueraha Fotografia

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2º Fórum Mundial de Sustentabilidade, realizado no Tropical Hotel, em Manaus,foi uma realização da Seminars, uma empresa resultado da associação do Grupo Doria, comandado por João Doria Jr., e a Maior Entretenimento, presidida por SergioWaib, que faz parte do Grupo ABC, e o LIDE - Grupo de Líderes Empresariais com 750 empresas associadas (com os braços regionais), que representam 46% do PIB privado nacional. A moderadora, em grande estilo, foi Ana Paula Padrão. Na abertura do Fórum o governador Omar Aziz pediu maisempenhodaclasseempresarialedosdefensoresda sustentabilidade em favor do homem que habita a floresta, falando para uma plateia de cerca de 700 pessoas, dentre as quais artistas, empresários, políticos, como o senador Eduardo Braga e personalidades mundiais, como o ator e ex governador da Califórnia, Arnold Shwasnegger e o cineasta James Cameron. Também estavam presentes as atrizes brasileiras Cristiane Torloni e Bruna Lombardi com o marido dela CarlosAlbertoRiccellieacantoraDanielaMercury. Segundo Aziz, o Governo Estadual e o povo do Amazonas vêm fazendo a sua parte, desde 2003, para

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garantir a preservação das florestas , mas é preciso que o mundo reconheça que o sacrifício feito nesse sentido deve ser recompensado. “ O mundo precisa saber que quase dois milhões de pessoas vivem no interior do Estado. São pessoas conscientes do seu papel. Mas elas também precisam de oportunidade. Não se pode achar que elas vão preservar só pelo sacrifício. Elas também têm direito de querer o mesmo que nós, que moramos nas grandes cidades, almejamos para nós e para os nossosfilhos”.Paraisso,segundoOmar,éprecisogarantir a esse homem oportunidades de ter trabalho e renda, boas escolas, um bom sistema de saúde e condições para que tenha qualidade de vida. “Precisamos oferecer infraestrutura,logística,inovaçãotecnológica. Omar citou como exemplo de que é possível ajudar o povo a preservar a parceria firmada recentemente com o Grupo Pão de Açucar, para a instalação de uma indústria de pescado em Manacapuru.“Vamos beneficiar o peixe e vender para uma grande cadeia de supermercado. Isso é exemplo de ação sustentável”, disse o governador, ao ressaltar que existem outras dezenas de negócios que podem ser explorados pelos empresários na área de extrativismo,bioindustria,entreoutros.

proporciona ao mundo por suas florestas, mas que até agora a política de compensação pelos créditos de carbononãoseefetivou. Em seguida, João Doria Jr, agradeceu seus parceiros e os presentes na realização de evento e iniciou o 2º Fórum MundialdeSustentabilidade.

}Arnold Schwarzenegger "PolíticasPúblicasafavordaSustentabilidade" O ex-governador da Califórnia defendeu uma nova forma de abordagem para temas como sustentabilidade e energias renováveis. "Precisamos de uma abordagem mais dinâmica, com foco nos negócios e no crescimento econômico",afirmou. "Os ambientalistas falam de ciência e seus discursos têm base no medo, mas isso não funciona. Poucas pessoas

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} Crédito de Carbono O governador ressaltou que o Amazonas tem sido protagonista na política de sustentabilidade, mas que as coisas tem demorado a acontecer Ele citou como exemplo o sequestro de carbono que o Estado

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Arnold Schwarzenegger revistaamazonia.com.br

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James Cameron destacou que a crise humanitária que se observa na usina de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, onde indígenas e ribeirinhos estão sendo expulsos de suas terras, é uma das mais graves da Amazônia e que em seus documentários e filmes terão lugar, especialmente em Avatar, no que se refere à luta dospovosdaflorestapelasustentabilidade. “Devemos pensar em projetos de energia com mais sustentabilidade e diversidade de tecnologias. Tem que ser algo para 1000 anos e não para 20,30 ou 50 anos de desenvolvimento sustentável”. Cameron defende que se aproveite melhor a energia solar no Brasil, bem como as Nosso editor com o derivadasdebiocombustíveis,biomassaseeólica. governador Omar Aziz Foi mais uma vez o "advogado" das causas e sua esposa Nejmi Aziz indígenas e propiciou um dos momentos mais têm consciência do que significa sustentabilidade e de emocionantes das coletivas de imprensa: o discurso que forma essas questões impactam suas vidas", indignado do cacique Raoni Txucurramãe, traduzido do ressaltou. "Nós podemos construir a economia e o meio kayapó por Terry Turner, da universidade Cornell. O líder ambiente; temos que mostrar que é possível criar índigena criticou o governo de Lula e Dilma e pediu empregos com o uso de tecnologias verdes", defendeu. compaixão pela vida dos povos que habitam a região da Schwarzenegger lembrou que, na Califórnia, foram baciadoXingu. criados 10 vezes mais postos de trabalho no chamado 'setorverde'doqueemoutrossegmentosdaeconomia. Ele elogiou o Brasil por ter avançado na adoção de energias renováveis. "Hoje, 85% da energia produzida "GrandesEventoseCidadesSustentáveis" no País é renovável. Vocês foram inteligentes e fizeram O diretor de Sustentabilidade e Regeneração Urbana dos um trabalho fantástico nos últimos anos e gostaria de JogosOlímpicosdeLondres2012,DanEpstein, agradecê-los por isso", disse. "Mesmo que vocês compartilhou os preparativos de Londres para receber chamem o Brasil de um país pobre, o crescimento aqui esteimportanteevento. nos últimos anos é extraordinário. Somente três países Epstein defendeu a ideia de que "a eficiência energética no mundo estão fazendo isso: China, Índia e Brasil", não custa mais", se planejada em todas as etapas - desde concluiu. a escolha dos materiais ao uso de tecnologias Schwarzenegger criticou o uso de combustíveis fósseis Dan Epstein como petróleo e citou o exemplo da Califórnia na utilização de energias alternativas. Segundo ele, os Estados Unidos deveriam seguir as leis da Califórnia, uma vez que o Estado é 30% mais eficiente energeticamente que os outros Estados norteamericanos.

Bill Clinton no Fórum Mundial de Sustentabilidade, em Manaus

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} Transporte Público

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Sobre alternativas para o transporte durante os Jogos, Dan afirmou que este item é sempre o principal problema durante os Jogos Olímpicos. Epstein defendeu

} Dan Epstein

} James Cameron Para o cineasta Cameron, o Brasil tem se colocado de forma única no cenário mundial como o grande líder para encontrar soluções para a sustentabilidade. Tudo o que o Brasil fizer na área ambiental será a linha mestra para outros países, afirmou. Ele acredita que crescimento econômico e desenvolvimento de novas energias renováveissãotemasintimamenteligados. James Cameron, o “gringo arrogante”, conforme ele mesmo

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sustentáveis. "O importante é que estamos construindo para daqui a 100 anos. A sustentabilidade trará muitos benefícios no futuro, pois permitirá menos gasto com energia e pessoas mais felizes e saudáveis". "Não queremosdeixarumlegadodeinfraestruturaquedepois ninguém vai usar. Precisamos pensar em maneiras inteligentes de utilizar tudo depois. Os Jogos são uma oportunidade para criarmos uma perspectiva sobre como o homem deve se relacionar com o meio ambiente",disse. Epstein lembrou que, para os Jogos Olímpicos de Londres, foram definidos os 12 objetivos prioritários (muitos inseridos no conceito de "sustentabilidade") para as ações relacionadas ao projeto olímpico: emissão zero de carbono; produção zero de lixo; transporte sustentável; água limpa; biodiversidade; baixo impacto ambiental; apoio às comunidades locais; acesso; emprego e negócios; saúde e bem estar; e inclusão social.

João Doria Jr, apresentador do Fórum, fã da Amazônia

a adoção de uma política de transporte público, que, além de beneficiar um número maior de pessoas, representará um "legado" para as cidades. Informou que Londres já dispendeu 1 milhão de libras até agora somente no projeto de transporte público para os Jogos Olímpicosde2012. Segundo Epstein, o mundo está olhando o Rio e o governo brasileiro. "Coloquem de lado os problemas e a maneira tradicional de trabalhar. Reúnam todos, coloquemoegodeladoetrabalhemjuntos.Oprêmioé enorme: 4 bilhões de pessoas olharão para isso", destacou. "Digam aos políticos que eles passarão a ser amadosdepoisdisso",concluiu.

} Richard Branson “Estratégias empresariais para a descarbonizaçãodaeconômia” A adoção de combustíveis mais limpos foi o destaque da palestra do fundador e dono da Virgin presidente e fundadordoGrupoVirgin,RichardBranson. Richard Branson 100

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Idealizador do Carbon War Room, Branson declarou verdadeira guerra ao carbono, por meio deste grupo de empresários que debatem soluções para eliminar o componente das indústrias de setores como Tecnologia de Informação, Aérea e Marítima. "No caso do aquecimento global, nosso inimigo é o carbono", afirmou. Branson, que já recebeu diversos prêmios por suasiniciativasparareduçãodecarbonoatravésdenovas tecnologias, é criador do Desafio da Terra, concurso que tem como objetivo encontrar uma tecnologia comercial pararemoverodióxidodecarbonodaatmosfera. Ele falou ainda sobre o desafio de combater o aquecimento global trabalhando em uma área tão poluente como a aviação comercial. Em sua opinião, a solução é investir em pesquisas para combustíveis que poluam menos. "Todos os lucros das empresas aéreas são destinados ao estudo de combustíveis limpos, em cincoanosestaremosusandoisso",comprometeu-se. Branson observou que, no Brasil, o biocombustível já é uma realidade e que a adoção do etanol dá ao país uma liderançanocenáriomundial. "Para outros países, o carro elétrico é uma boa alternativa; para o Brasil, que já tem 70% de sua frota movida a etanol, faz muito mais sentido ampliar esta participação para 100% da frota", afirmou. Em sua opinião, os entraves colocados pelo governo norteamericanoparaoetanolbrasileironãofazemsentido. Ele alertou para os perigos do crescimento da pecuária para dentro das florestas e defendeu a redução do consumo de carne. O executivo também advertiu para os riscosdeimagemeeconômicosquecorremas empresasquenãolevamemcontaasustentabilidade.

Paul Hawken e o nosso editor Ronaldo Hühn

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"Internalizandoasustentabilidadenasempresas"

No entendimento de Paul Hawken, o critério para definir as empresas bem-sucedidas deve vir de sua contribuição com o social. “Devemos investir nas empresas que ajudam as pessoas; caso contrário, não devemos investir nessa companhia", defendeu. Hawken destacou o papel de liderança do Brasil. "Eu não vim aqui pelas belezas naturais, música e brasileiras maravilhosas; eu vim passar uma mensagem: o Brasil está no momento de criar e ser um dos países mais importantes do mundo e o mundotemfomedeliderança",disse.Emsuaopinião, Paul Hawken

“EstratégiaparaaSustentabilidade" Adam Werbach, disse que as empresas sustentáveis terão melhor desempenho nos próximos anos. "As leis são necessárias, mas também os mercados determinam

Fabio Feldmann

Defendeu a realização de um plebiscito nas áreas de risco afetadas pela exploração do Pré-sal. "Precisamos perguntar à sociedade se ela está disposta a correr riscos com acidentes na costa brasileira onde será explorado o Pré-Sal",afirmou. Feldmann salientou ainda a importância do envolvimento das empresas nas questões ambientais. "O desafio é o de criarmos um bom repertório de escolhas políticas e de consumo de produtos para a sociedade",defendeu.

} Bill Clinton

Adam Werbach

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} Paul Hawken

} Adam Werbach

o que é importante: as empresas com mais sucesso serão as sustentáveis, as outras ficarão decadentes", e mostrou exemplosdeinovaçõespraticadaspelascompanhias. Adam Werbach, autor do novo livro " e como Chefe de Sustentabilidade Officer da Saatchi & Saatchi, lidera iniciativas de sustentabilidade em países como China, África do Sul e Brasil. Assessora empresas como WalMart, Procter & Gamble e AT&T. Aos 23 anos, foi eleito o presidente mais jovem da história do Sierra Club, a maior emaisantigaorganizaçãoambientaldosEUA.

século 21, com temas ambientais por meio de alianças políticas e lideranças fortes. "O Brasil precisa ter uma cabeça de século 21 e entender que o mundo está se transformando rapidamente. Sustentabilidade é a preocupaçãocomgeraçõesfuturas",afirmou. Feldmann manifestou preocupação com o setor agropecuário brasileiro que, segundo ele, será o mais afetado com o aquecimento global e criticou o Pré-Sal. "Tenho dúvidas de um país que acredita que o combustível fóssil é seu passaporte para o mundo, quando o mundo está buscando alternativas para o uso doscombustíveisfósseis",afirmou.

sustentabilidade é uma forma coletiva de ver o mundo. "Precisamos entender que tudo está conectado. Ninguém faz nada sozinho. Fazemos tudo coletivamente",complementou. Paul Hawken escreveu sete livros, incluindo quatro bestsellers nacionais. Seus livros foram publicados em mais de 50 países em 27 idiomas. Hawken fundou várias empresas, incluindo as primeiras companhias de alimentos naturais dos EUA, que se baseiam exclusivamente em métodos agrícolas sustentáveis. Trabalhou como coordenador de imprensa na equipe de Martin Luther King Jr. (1965). Fundou o Natural Capital Institute e criou a Wiser Earth, uma plataforma que liga as ONGs, fundações, governos, cientistas e cidadãos preocupadoscomomeioambiente.

} Fabio Feldmann “Umprojetodesustentabilidadeparaopaís” O fundador da SOS Mata Atlântica e ex-secretário do Meio Ambiente de São Paulo, Fabio Feldmann, destacou a necessidade do Brasil estabelecer uma agenda para o

"Humanismoesustentabilidade" O 42º presidente dos Estados Unidos, defendeu a participação permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) durante a sua participação no 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade,emManaus(AM). E após elogiar as soluções brasileiras para energias renováveis, redução do desmatamento, diminuição da emissão de carbono, remédios genéricos, entre outras, o ex-presidente americano Bill Clinton afirmou que espera a liderança do Brasil na mudança global em direção a um mundo sustentável. "Se eu fosse um político brasileiro hoje, saindo do pesadelo da inflação, e com tudo isso realizado, me perguntaria o que eles querem que façamos mais. Quero que o Brasil lidere o mundo no século21",afirmou. Para Clinton, além da questão dos subsídios, o etanol brasileiro é de melhor qualidade que o fabricado nos Estados Unidos. A recente visita de Obama ao Brasil poderia ter servido também para que fosse discutida a entrada do etanol brasileiro no mercado americano. Vocês produzem etanol de forma mais inteligente que a gente. Espero que agora vocês consigam levar a produçãodevocêsparaaAmérica. revistaamazonia.com.br

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A excelente Ana Paula Padrão

Clitonfezmuitoselogiosaopaís,masnãodeixoudetocar em outro ponto polêmico: a construção de hidrelétricas naAmazônia. - Qual a alternativa? Vocês precisam de eletricidade e querem preservar a floresta. E 20% do oxigênio mundial vem de vocês. Não é fácil, mas vocês têm que pensar sobre essas coisas, sobre o futuro de seus filhos e netos. É preciso pensar na população indígena, nos animais, nas espéciesdeplantasquepodemteracuraparadoenças. No decorrer da palestra, Clinton também observou que dos países que assinaram o Protocolo de Kyoto apenas quatro - Alemanha, Suécia, Dinamarca e Brasil - estão colocando em prática o que foi acordado no documento e ele espera que o Brasil assuma a liderança mundial no quedizrespeitoaenergiasustentável. Clinton disse acreditar que o Brasil pode apontar a direçãoparaaconstruçãodeummundosustentável.. Ao responder uma pergunta dos presentes, Clinton defendeu a eliminação dos aterros sanitários. "Eu fecharia todos os aterros sanitários, pegaria as pessoas desempregadas e colocaria para trabalhar reciclando e compactando o lixo, para depois queimar e criar energia O cacique Jecinaldo Sateré Mawé adorou a Revista Amazônia

a partir dele", disse. O ex-presidente citou diversos exemplos vistos ao redor do mundo, que incluem painéis solares, energia eólica, e eficiência em construções, principalmentenosgrandescentrosurbanos. "Trabalhamos no Rio para trocar os semáforos por luzes de LED, que são mais caras, porém têm maior tempo de vida e emitem menos gases, além de reduzir a conta de energiadascidades",afirmou. Por meio da William J. Clinton Foundation, Bill Clinton realiza trabalhos sociais na África, América Latina e Ásia, e visita constantemente países que enfrentam grandes desafios. Com esta bagagem, ele não hesitou em declarar que o Brasil tem reservado um grande papel no cenário global. Segundo ele, a experiência do País pode dar respostas para combater a desigualdade, a instabilidade e a insustentabilidade - os três maiores desafiosatuaisdahumanidade,segundoele. O senador Eduardo Braga e o nosso editor

Finalizando,ressaltouocrescimentoeconômicodoBrasil e seu papel atual no cenário mundial. Bill Clinton pediu que Brasil lidere o mundo no século 21. "O mundo precisadevocês”.

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Adam Werbach, autor e diretor de Sustentabilidade da Saatchi & Saatchi e Paul Hawken, empresário e autor

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precisa sim se desenvolver e que o homem ribeirinho, sabe mais do que ninguém como preservar a floresta, pois precisa dela e sabe a melhor forma de guardar o grandepatrimôniobrasileiro. “O Amazonas fez uma grande mudança na sua política. Aqui todos têm a consciência de que a sustentabilidade não é um problema, e sim uma solução” completou Braga. O senador mostrou números de redução do desmatamento da Amazônia, afirmando que a possibilidade de desenvolvimento com responsabilidadeambiental épossível. Demonstrou a inovação tecnológica no coração da Amazônia, a inovação de cadeias produtivas e as empresasincentivadaspelaZonaFrancaVerde. Braga foi enfático em ressaltar a inovação em gestão ambiental com o incremento das Unidades de Conservação Estadual. “Precisamos de ajuda, de infraestrutura, mas precisamos mesmo de comprometimento com a população e com a sustentabilidade”completou. Para o senador uma nova geração de brasileiros e uma nova geração de amazônicas esta sendo formada para defender os interesses do Brasil e da Amazônia. “O

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Flávia Grosso, superintendente da Suframa com Ronaldo Hühn

} Eduardo Braga “Desenvolvimento sustentável da Floresta Amazônica” Eduardo Braga, senador da República pelo Amazonas, afirmou no início de sua palestra, que o convite feito pelo Governador do Estado do Amazonas, Omar Aziz, para a Clinton Foundation foi pertinente, mas cobrou a ação e o investimento estrangeiros, dizendo que ainda não viu essaverbamanteraflorestadepé. “O nosso povo não pode ser punido com fome, atraso e miséria” – Com essa fala Braga afirmou que a região

O cheirinho da Amazônia a seu dispor

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UM PRODUTO:

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O governador Omar Aziz, sua esposa e nosso editor Ronaldo Hühn

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Newton Figueiredo, Virgilio Viana, Mario Mantovani e Nelson Kawakami apresentaram as conclusões dos workshops

homem do interior da Amazônia não desiste de ser brasileiro,nãodesistedeserpatriota”pontuaBraga. Eduardo Braga encerrou última palestra ovacionado pela plateia.. Para encerrar o último momento do evento no Tropical Hotel Manaus, sede onde foram realizados os três dias de evento, Omar Aziz classificou como positiva as parcerias firmadasduranteofórum. “Nós temos que discutir o Amazonas de dentro pra fora, nóssabemosfazer,masprecisamosdeajuda”,finalizou. Em seguida João Doria Jr. agradeceu todos os parceiros e colaboradores, ressaltando a importância do apoio para eventos de sustentabilidade O presidente do Lide, considerou que as palestras cumpriram seu objetivo: sensibilizarosetorprivadoparaascausasambientais. Realizado pela Seminars e promovido pelo LIDE (Grupo de Líderes Empresariais), o evento reuniu 700 lideranças empresariais, políticas, ambientais em defesa das práticas e mecanismos bem-sucedidos para o desenvolvimentosustentávelmundial.

No encerramento do 2º Fórum, a iluminação interna do Teatro Amazonas foi desligada, durante uma hora, em uma ação mundial intitulada Hora do Planeta, da WWF, organização não-governamental voltada para a conservação da natureza, com o intuito de chamar a atençãoparaoAquecimentoGlobal Ronaldo e Rodrigo Hühn no 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade

de } Workshops Sustentabilidade No último dia do evento foram apresentadas as sínteses das discussões dos Workshops de Sustentabilidade. Nelson Kawakami, consultor ambiental, - workshop Construções Sustentáveis, afirmou que o grupo de discussões defendeu a aplicação efetiva da legislação sobre educação socioambiental e inclusão da temática sobre a importância da economia sustentável. Além de

Nizan Guanaes, presidente do Grupo ABC, entusiasmado com a Amazônia

propor a criação de campanhas de incentivos fiscais para fomento ou massificação para aquisição de produtos de baixoimpactoambientalegrandeimpactosocial. Mario Montovani, superintendente da SOS Mata Atlântica - workshop Água e Floresta, apresentou a mobilização popular e políticas públicas, como saída pararesolveraquestãodapoluiçãodaáguanoBrasil. E alertou sobre proteção ambiental na margem dos rios e sobreanecessidadedeevitarodesperdíciodeágua.“40% da água tratada no Brasil é perdida em canos e tubulações empéssimoestadodeconservação”pontuou. Virgilio Viana, superintendente da FAS - workshop Preservação da florestas, ressaltou que o grande desafio é a valorização econômica das florestas. “Precisamos fazer uma mudança profunda na consciência das pessoas”completou.Valorizouasabedoriadocabocloeo brilhantismobrasileiro,finalizouViana. Newton Figueiredo, do Grupo Sustentax, - workshop Descarbonização da Economia, com apontamentos de PaulYounger e Roberto Klabin, defendeu a idéia de que é preciso ser criado um plano de desenvolvimento em que haja a harmonização entre as leis, os incentivos fiscais e a conscientizaçãodoconsumidor. João Doria Jr., presidente do LIDE, encerrou a apresentação das sínteses das discussões e mudas se seringueira e cerejeira foram entregues como reconhecimentoaosorganizadoresdoevento. A revista Amazônia irá apresentar o resultado dos WorkshopsdeSustentabilidade,napróximaedição.

Objetivo do 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade: Encontrar soluções para desafios relacionados à sustentabilidade econômica, social e ambiental por meio de iniciativas empresariais e da sensibilização do setor público. Acreditamos que o objetivo foi plenamente alcançado. Parabéns aos realizadores e organizadores.

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Gestão do Conhecimento e Sustentabilidade

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O grande desafio do século XXI é promover o desenvolvimento sustentável. O que significa atuar de forma economicamente viável, socialmentejusta e ambientalmente correta

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crescimento econômico não pode se contrapor aos pilares da sustentabilidade, portanto, as organizações precisam, cada vez mais, adotar práticas sustentáveis. Manter políticas de administração responsáveis, buscar alternativas de produção que utilizem recursos renováveis, promover ações que protejam o meio ambiente e a sociedade são algumas das iniciativas a serem tomadas e a gestão do conhecimentopodefacilitarsuaaplicabilidade. O conceito de desenvolvimento sustentável possui três variáveis principais: Social – pela visão de uma sociedade mais equilibrada, com melhoria da qualidade de vida, mais distribuição de renda, mais saúde e oportunidades de educação e emprego. Econômica – com melhor alocação e gerenciamento mais eficiente dos recursos, um fluxo constante de investimentos públicos e privados e menor desigualdade de renda. Ecológica – com o uso racional dos recursos naturais, consumo de energias renováveis, redução de poluentes eresíduoseproteçãoambiental. Por meio da gestão do conhecimento aplicada às práticas de sustentabilidade, empresas passam a se preocupar não só com sua viabilidade econômica, mas assumem a responsabilidade social perante todos envolvidos na cadeia produtiva, desde os acionistas, investidores e governos até a comunidade e o meio ambiente, passando por clientes, colaboradores e fornecedores. Preceitos de geração de conhecimento não são estratégias inovadoras, sempre foram utilizados para a tomada de decisões. A diferença é como gerir esse saber acumulado, esquematizá-lo e disponibilizá-lo da melhor maneira possível para aprimorar a cultura da organização. Saber como usar o conhecimento, estabelecendo práticas, padrões e sua disseminação junto aos públicos internos e externos trazem vantagens competitivas e benefícios duradouros para a sustentabilidade. O paradigma da gestão do conhecimento possibilita a revistaamazonia.com.br

criação de uma série de processos para a captura, organização, disseminação e utilização dos múltiplos conhecimentosparaamelhoriadodesempenho,geração de riquezas, qualificação das equipes e investimento em açõesmaisvoltadasàtransformaçãosocial. Um dos introdutores dos princípios que hoje são base da gestão do conhecimento, o pesquisador Ikujiro Nonaka dizia que “o conhecimento é um processo humano dinâmico para justificar a crença pessoal com relação à verdade”. Por isso, o que coloca uma organização em vantagem competitiva sustentável é o conhecimento que ela detém, a eficiência com que utiliza essas informações e a velocidade com que realiza inovações a partir desses dados. Para isto, precisa garantir subsídios aos procedimentosadotadosemseusprocessosdegestão. A gestão do conhecimento requer um profundo estudo das rotinas de trabalho, o pleno acesso às fontes de informação e a compreensão de como esses valores influenciam os modos de operação, desde a alta administração da empresa até as pessoas envolvidas em cada processo, direcionando cada patamar a seguir pelo caminhodasustentabilidade. Além disso, promover a gestão do conhecimento com vistas ao desenvolvimento sustentável é propiciar novas idéias, que confirmem o artigo 225 da Constituição brasileira: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo epreservá-loparaaspresentesefuturasgerações”. Desenvolvimento sustentável é propiciar novas idéias, que confirmem o artigo 225 da Constituição brasileira

Sonia Wada é diretora presidente da SBGC

Que as empresas aprendam a usar o conhecimento de seus colaboradores, transformando-o em ações sustentáveis. Do mesmo modo, que estimulem o aprendizado desses profissionais por meio de cursos, palestras, treinamentos, programas de conscientização ambiental e de sustentabilidade. Somente assim será possível promover novas práticas, desenvolver novos hábitos, planejar ações e disseminar noções que respeitem a sustentabilidade. Educação é fundamental para ampliar a consciência coletiva de desenvolvimento sustentáveleprepararomundoparaasfuturasgerações. Termino lembrando a Conferência Mundial sobre a Ciência, realizada em Lisboa, em 1999.“Todos vivemos no mesmo planeta e todos fazemos parte da biosfera. Temos que reconhecer que estamos numa crescente interdependência e que o nosso futuro se encontra intrinsecamente ligado à preservação dos sistemas globais de apoio à vida e reconhecer que urge utilizar o conhecimento de todos os campos da ciência de um modo responsável para responder às necessidades e às aspiraçõeshumanassemabusardesseconhecimento.” (*) Pesquisadora, formada em Biblioteconomia e Documentação pela ECA/USP, especialista em informação tecnológica e gestão do conhecimento e mestre em Inteligência Competitiva. Atualmente é diretora presidente da SBGC Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (www.sbgc.org.br) e do KM Brasil 2010 – Congresso Brasileiro de Gestão do Conhecimento (www.kmbrasil.com) 100

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Diversidade

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efinir ações concretas e duradouras para restaurar um dos ambientes de maior diversidade biológica do Brasil é a meta do projeto "Diversidade florística e padrões sazonais dos campos rupestres e cerrado", coordenado por Leonor Patrícia Cerdeira Morellato, professora titular do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista(Unesp),emRioClaro. A pesquisa integra a rede Recuperar, aprovada em chamada de propostas lançada em 2010 pelas fundações de amparo à pesquisa (FAPs) dos Estados de São Paulo (FAPESP), de Minas Gerais (Fapemig), do Pará (Fapespa)eValeS.A. O Brasil tem inúmeras zonas de vida e formações vegetais. Entre os principais tipos de vegetação se destacam florestas (amazônica, pluvial atlântica,

ombrófila mista e outras), cerrados e campos. Algumas delas estão entre as mais diversas do mundo, com elevado endemismo local – restritas a ecossistemas específicos. No entanto, a maior parte dessa biodiversidadeaindaépoucoestudadaecompreendida. O país contabiliza vários hotspots (áreas críticas com prioridade de conservação), como os campos rupestres. Formada em solos rasos e pobres em nutrientes, combinados com a alta concentração de alumínio e com o relevo movimentado – resultante do soerguimento – de afloramento rochoso a altitudes superiores a 900 metros, essa vegetação tem vasta riqueza de flora – estimadaemmaisde4milespécies–eendemismos. “Rica em quartzo e ferro, a área de estudo apresenta ravinas, sulcos e voçorocas por toda parte, que são, geralmente, causadas pela mineração. Por conta do

Banco de sementes

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O principal enfoque de nosso projeto de pesquisa será fornecer tecnologia ou caminhos para a recuperação e manejo dessa vegetação que hoje é suscetível a muitas ameaças 46 REVISTA AMAZÔNIA

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ecossistema frágil e de baixa resiliência, dificilmente os campos rupestres conseguem se regenerar de forma espontânea”,dissePatríciaàAgênciaFAPESP. “O principal enfoque de nosso projeto de pesquisa será fornecer tecnologia ou caminhos para a recuperação e manejo dessa vegetação que hoje é suscetível a muitas ameaças. O objetivo da rede Recuperar é avançar em propostas”,explicou. Até 2015, cientistas de universidades de Minas Gerais e de São Paulo manterão um fluxo constante de informaçõessobrearegiãodaSerradoCipó,naCadeiado Espinhaço. Atualmente, o gado é a principal atividade econômica na Cadeia do Espinhaço. Segundo Patrícia, muitas espécies existentes nos campos rupestres correm o risco de extinção devido à pequena área que ocupam, além do impactodaaçãohumana. A rede Recuperar é composta por cinco subprojetos, dos quais fazem parte professores e alunos da Unesp, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Universidade Estadual de MontesClaros(Unimontes). Patrícia, que também é responsável pela vertente paulista do projeto, explica que grande parte da pesquisa será concentrada em Minas. Embora o início do projeto esteja previsto para março, o grupo já adiantou a

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primeira fase – o projeto também está dividido em cinco etapas –, iniciando a demarcação dos transectos (parcelas) das plantas em diferentes altitudes na Serra doCipó. “Após esse trabalho de campo, que tem como meta ajudar a entender a biodiversidade do local, pretendemos acompanhar a fenologia das plantas. Essa faseintegraomeusubprojeto”,disse. A fenologia estuda a forma como as plantas e os animais se desenvolvem ao longo de suas diferentes fases e se relacionam com o ambiente, especialmente mudanças causadas pelo clima ou pela temperatura. Nessa segunda etapa será definido o padrão sazonal da vegetação, ou seja, o seu comportamento ao longo do gradientedealtitude.

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} Sementes e conservação Como existem plantas com modos de polinização mais especializados do que outras, esperamos, com base nos resultados obtidos, poder prever tais modificações e, eventualmente, mitigar esses dados seja pela mineração, pela mudança de clima ou por alterações ambientais,nofuturo”,disseaprofessoradaUnesp. Em paralelo, os pesquisadores das universidades mineiras coordenados pelo professor Geraldo Wilson Fernandes, do Departamento de Biologia Geral da

Ecossistema frágil e de baixa resiliência…

UFMG, investigarão parte do material coletado na primeira fase para estabelecer protocolos de germinação emsementes. “A finalidade desse trabalho será obter características ecofisiológicas, ou seja, da adaptação das espécies às condições ambientais dos campos rupestres mineiros e formaçõessimilares,comoocerradonointeriorpaulista”, dissePatrícia. O resultado desse estudo culminará nas próximas etapas, que consistem no desenvolvimento e possível implementação de um banco de sementes, além da propagação in vitro das 20 principais espécies identificadasduranteosestágiosanterioresdoprojeto. Ao fim da pesquisa, os pesquisadores esperam obter dados suficientes para o uso efetivo e autossustentável dessas espécies na restauração dos campos rupestres e emsuafuturaconservação.

O Brasil tem inúmeras zonas de vida e formações vegetais

(*) Agência FAPESP

Termo de cooperação entre a FAPESP-Vale-Fapemig-Fapespa O objetivo é induzir e apoiar projetos cooperativos de pesquisa científica, tecnológica ou de inovação, a serem desenvolvidos por pesquisadores e/ou grupos de pesquisa de instituições de ensino superior e/ou de pesquisa, públicas ou privadas, nos Estados de São Paulo, Pará e Minas Gerais. O acordo apoiará a pesquisa científica, tecnológica ou de inovação a ser desenvolvida em áreas como mineração, energia, biodiversidade e produtos ferrosos para siderurgia.

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Para fazer a comunidade global entender o valor real das florestas

Florestas são essenciais para a vida do mundo

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ais recursos devem ser dedicados a proteger a nossa riqueza florestal de valor inestimável e restauração de paisagens florestais degradadas, de acordocomaIUCN. O maior sindicato do mundo ambiental usará o Ano Internacional das Florestas para fazer a comunidade globalentenderovalorrealdasflorestas. "Oarquerespiramos,aágua,alimentosemedicamentos que precisamos para sobreviver, a variedade da vida na Terra, o clima que modela o nosso presente e futuro – todos eles dependem das florestas. 2011 deve ser o ano em que o mundo tem de reconhecer a importância vital das florestas saudáveis para a vida na Terra. As pessoas desempenham papel central na proteção destas florestas utilizando seus recursos de forma sustentável ",

Julia Marton-Lefèvre, diretora geral da IUCN

dizJuliaMarton-Lefèvre,diretorageraldaIUCN. As Florestas mantém um clima estável, e deve ser central nos esforços para lidar com as mudanças climáticas, de acordo com a IUCN. "As florestas oferecem o mais rápido

e mais rentável de meios eficazes e maior de reduzir as emissões globais", diz Stewart Maginnis, IUCN Diretor de Meio Ambiente e Desenvolvimento. "Reduzir para metade as emissões de base florestal entre agora e 2020 poderão chegar a 40% das reduções de gases com efeito deestufanecessáriaparaapróximadécada." As florestas contribuem significativamente para o crescimento econômico, tanto a nível nacional e global. Cerca de um quarto da renda das comunidades dependentes da floresta vem dos bens e serviços que as florestasprestam.ÚltimasdescobertasdaIUCNestimam em $ 130 bilhões os rendimentos florestais em benefíciosparaospobres,acadaano. "Pessoas do mundo todo, sofrem ou perdem oportunidades de subsistência e bem-estar, devido às terras desmatadas e degradadas", diz Carole Saint-

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Campanha Um Bilhão de Árvores da UNEP 48 REVISTA AMAZÔNIA

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Modelo brasileiro pode ser considerado único em relação ao de outros países

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Carole Saint Laurent chamada a gigante verde ou "guru do reflorestamento"

Laurent, Política Florestal da UICN Senior Advisor. "Estamos falando sobre a tomada de paisagens de floresta que não está fazendo nada para ninguém, ou não fazem o suficiente, e produzem algo de valor através da recuperação", acrescenta Carole Saint Laurent,recentementenomeadaem2011"gurudoreflorestamento"pelojornalThe ObservernaReinoUnido.

Durante o 9° Fórum de Florestas das Nações Unidas (UNFF), que aconteceu recentemente em Nova York (EUA), o Brasil apresentou o modelo de concessão de floresta. As concessões no Brasil têm forte governança, transparência nos projetos, participação da população e uma preocupação com o meio ambiente. Pode-se dizer que elas são únicas, se comparadas com as iniciativas de fora do país. Os objetivos globais das discussões sobre as concessões foram mostrar como alcançar os quatro pontos definidos pela UNFF que são: fortalecer a economia florestal com benefícios para a população local, aumentar a área de florestas manejadas, além de favorecer a legalidade na produção de madeira. As concessões brasileiras são capazes de alcançar esses objetivos a médio e longo prazo, mostrando que é possível preservar o meio ambiente utilizando ferramentas eficazes de promoção do manejo florestal sustentável.

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"Florestas 2011" foi lançado oficialmente no Fórum das Nações Unidas sobre Florestas (UNFF), na Nona Sessão, realizada de janeiro 24 - fevereiro 4, em Nova York. No evento IUCN anunciou iniciativas de restauração de importância global, bem como novas descobertas sobre o valoreconômicodasflorestas.

} Exemplo danoso A floresta nativa de Vanuatu está sendo sufocada por uma espécie invasora, exótica, a american vine, estrangulando o crescimento das outras plantas, incluindo as árvores de grande porte. Este é um exemplo do que pode acontecer se introduzirmos espécies não nativas (exóticas, invasoras) que se tornam predadoras das espécies nativas, que lhes rouba a luz do sol, nutrientes e também não permite que a fauna realize um papel fundamental numa floresta: transporte de pólens e espalhar as sementes. Como os frutos estão rareando, a população dos animais também está diminuindo. É uma tragédia ambiental provocada por ignorância

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Andrew Ingles

Comerciante de lenha em Burkina Faso

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Stephen Kelleher

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O valor das

Folhas para medicamentos, Kensi Papua

Em Comunidade madeireira, Várzea Papua

Solihin

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s florestas mundiais geram anualmente meios de subsistência para populações de baixos rendimentos avaliados em 130 mil milhões de dólares (cerca de 100 mil milhões de euros), segundo a União Internacional para a ConservaçãodaNatureza–IUCN. O total segundo a IUCN, num estudo apresentado recentemente em Nova Iorque, inclui bens alimentares, medicamentos, combustível, rendimentos e emprego e equivale às reservas de ouro de França e Suíça juntas. “A gestão florestal localmente controlada é um investimento público e uma opção de ajuda ao desenvolvimento altamente rentável”, defendeu o diretor da UICN para Ambiente e Desenvolvimento, Stewart Maginnis, na apresentação do relatório, na véspera do início do Ano Internacional das Florestas, 02/02. “Estamos falando de uma forma absolutamente revolucionária de mudar a economia mundial, e mudálaparamelhor”,adiantouMaginnis. O estudo da UICN defende que os benefícios das florestas são “massivamente subvalorizados” por governos e

Noz de betel para vendas, Sentani Papua Ocidental

Gill Pastor

Fotos IUCN

doadores. Uma melhor avaliação desses benefícios e investimento em projetos florestais sustentáveis envolvendo as comunidades permitiria melhorar as condições de vidas das populações, abrir novos mercados e estimular o crescimento econômico, acrescentou. Desenvolvimentosustentávelereduçãodapobreza "No momento de decidir onde aplicar os seus orçamentos,osGovernosnormalmentenãocontamcom os retornos económicos do investimento na exploração florestal localmente controlada. Por isso perdem uma oportunidade crítica no estímulo do crescimento económico, desenvolvimento sustentável e redução da pobreza", disse uma das autoras do relatório, Lucy Emerton. Atualmente, a produção florestal localmente controlada envolve uma área de 400 milhões de hectares, sensivelmente o tamanho da União Europeia, e uma população equivalente à da China, de 1,5 mil milhões de pessoas. Contudo, apenas 47% dos direitos legais sobre as florestas estão formalmente sob gestão destas comunidades,segundoaorganização. Parceira das Nações unidas, de ONG, de empresas e de Governos, a IUCN dedica-se ao apoio à investigação científica e gestão de projetos locais nas áreas da biodiversidade, alterações climáticas e energia, entre outras.

Samuel Kofi Nyame

Florestas

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Uma melhor avaliação do que as florestas valem irá gerar benefícios diretos para os moradores da florestas, abrir novos mercados e afetar o crescimento econômico global. Os benefícios econômicos das florestas são massivamente sub-valorizado pelos governos e agências financiadoras, de acordo com o último relatório da IUCN.

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Horto florestal de várzea, Papua Hannah Loizos

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Marcelo Derzi Vidal 1 & James Oliveira Bessa 2 *

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Rodóstomus ou cabeça de fogo (Hemigrammus bleheri)

Fotos Banco de Imagem AquaBio/MMA; Banco de Imagem ProVárzea/Ibama L.C.Marigo; NRP/Ibama

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eneficiando comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas, as ações do Projeto Manejo Integrado dos Recursos Aquáticos na Amazônia (AquaBio) vêm promovendo o fortalecimento institucional e comunitário, a identificação de novas fontes de renda e a diminuição dos conflitos relacionados ao uso da biodiversidadenosriosNegro,XingueTocantins.

sustentável { Uso dos rios e florestas A Amazônia é considerada um dos principais ecossistemas do planeta. A riqueza e a abundância de espécies em seus rios e florestas fazem do Brasil um dos países de maior biodiversidade do mundo. No entanto, a ocupação e o uso desordenado dos rios amazônicos, vêm impactando negativamente os recursos hídricos e a biodiversidade aquática, e dessa forma ameaçando a qualidade de vida das populações locais - representadas por comunidades ribeirinhas, pescadores artesanais, indígenas e pequenos agricultores - que utilizam os recursos naturais como fonte de subsistência e geração derenda. A solução para esses problemas requer a participação de 52 REVISTA AMAZÔNIA

Projeto Aquabio Estimulando o uso sustentável da biodiversidade amazônica

representantes do governo e da sociedade civil no desenvolvimento de projetos e programas voltados ao manejo integrado dos recursos aquáticos da região, utilizando para isso estratégias de pesquisa, capacitação, informação e diálogo com os conhecimentosepráticasculturaislocais. Uma das ações que o governo brasileiro vem implementando nesse sentido é o Projeto Manejo

Integrado dos Recursos Aquáticos na Amazônia AquaBio. Desenvolvido nos rios Negro, Xingu eTocantins (Figura 1), o AquaBio vem adotando uma abordagem participativa de manejo integrado dos recursos aquáticos nas políticas públicas e programas da Bacia Amazônica, visando a conservação e uso sustentável da biodiversidadeaquática.

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Willer Hermeto

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O AquaBio atua em parte de três importantes tributários do rio Amazonas – os rios Negro, Xingu e Tocantins

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à { Ameaças biodiversidade As áreas onde o AquaBio se desenvolve compõem uma amostra representativa das várias combinações de ecossistemas aquáticos e problemas que os afetam na Amazôniabrasileira. No rio Negro, as diferentes modalidades de pesca ornamental, subsistência, esportiva e comercial - vêm intensificando nos últimos anos os conflitos pelo uso do recurso pesqueiro e levando a diminuição dos estoques dealgumasespécies(Figura2). Nas cabeceiras do rio Xingu, a maior parte dos impactos negativos sobre a qualidade e abundância dos recursos aquáticos resulta de formas não-sustentáveis de uso da terra, incluindo a conversão da vegetação natural em

áreasdepasto(Figura3)eamonoculturadasoja. Por outro lado, o baixo rio Tocantins sofreu o impacto direto e irreversível da construção e operação da usina hidroelétrica Tucuruí, que afetou os padrões naturais de enchente e seca do rio, modificando características biológicas das espécies aquáticas, tais como migração, período de desova, disponibilidade de hábitat e itens alimentares.

{ Planejamento participativo Visando a geração de experiências que possam ter impactos positivos sobre a biodiversidade aquática, contribuindo para a redução dos conflitos entre os vários usuários dos recursos naturais e promovendo a melhoria

das condições de vida das comunidades locais o AquaBio vem trabalhando na preparação e implementação de programas de ação para o manejo integradoderecursosaquáticos. Na região de atuação do Projeto foram criados comitês

A região de atuação do AquaBio As ações diretas do AquaBio são implementadas em parte de três importantes rios da Amazônia: ß Baixo e Médio Rio Negro -

municípios de Novo Airão, Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e Manaus, no estado do Amazonas;

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ß Alto Rio Xingu - municípios de

Água Boa, Canarana, e Querência, no estado do Mato Grosso;

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ß Baixo Rio Tocantins – municípios

de Abaetetuba, Barcarena, IgarapéMiri, Limoeiro do Ajuru, Oeiras do Pará, Cametá, Baião, Mocajuba, e Moju, no estado do Pará.

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municipais de acompanhamento, formados por instituições locais, onde vêm sendo avaliados os resultados alcançados, os principais conflitos identificados e internalizadas as lições aprendidas sobre aspolíticaspúblicaseprogramasdesenvolvidos. A estratégia de planejamento e desenvolvimento participativo vem fomentando um sentimento de responsabilidade e gestão compartilhada entre os diferentesusuáriosdosrecursosnaturais,representantes de organizações da sociedade civil e técnicos de instituições governamentais relacionadas às ações do projeto.

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{ Desenvolvimento de Capacidades Por meio de diversas atividades de capacitação, o AquaBio vem auxiliando na preparação de cidadãos mais conscientes, para que participem ativamente no desenvolvimento e monitoramento de estratégias e programas voltados para a conservação e uso sustentável da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos, trazendo as perspectivas ambientais locais e o conhecimentotradicionalparaesteprocesso. As atividades incluíram a realização de seminários, tais como os de legislação ambiental, ordenamento territorial, educação ambiental, e uma variedade de cursos para o desenvolvimento de capacidades, como os de manejo de pesca, criação de quelônios, sistemas agroflorestais, recuperação de áreas degradadas e reutilizaçãoderesíduossólidos(Figura4). Nos anos 2008 e 2009 foram realizados mais de 20 cursos de capacitação, que beneficiaram cerca de 700 participantes, oriundos de órgãos governamentais, instituições representativas da sociedade civil e comunidadesribeirinhas,quilombolaseindígenas.

Novos conhecimentos são adquiridos nos cursos realizados beneficiamento e conservação de pescado

Desenvolvimento x Preservação Atividades econômicas praticadas na região amazônica, tais como a pesca, a exploração madeireira (Figura 5), o extrativismo vegetal, a agricultura e pecuária, se beneficiam do uso dos recursos aquáticos e hídricos que, embora de proporções consideráveis, são limitados e encontram-se ameaçados pelo crescimento desordenado dessas atividades e dos conflitos entre seus diferentes usuários.

Novos conhecimentos são adquiridos nos cursos realizados beneficiamento e conservação de pescado

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A conversão da floresta em áreas de pasto tem contribuído para a degradação das matas ciliares e ambientes aquáticos

A pesca ornamental Nas últimas seis décadas, a principal atividade econômica dos ribeirinhos da bacia do rio Negro vem sendo a pesca de peixes ornamentais. Anualmente são pescados em torno de 22 milhões de peixes somente na região do Médio Rio Negro. A pesca é feita de forma artesanal, basicamente utilizando o rapiché e o cacuri, apetrechos de origem indígena, e as principais espécies capturadas são o cardinal e o rodóstomo: ? O cardinal (Paracheirodon axelrodi), Figura 6, é a principal espécie ornamental brasileira, visto que a cada cinco peixes exportados pelo Brasil, quatro são desta espécie. O cardinal é um peixe pequeno (medindo cerca de 4 cm.), que possui um belo colorido, combinando o vermelho presente na região inferior do corpo, uma faixa azul fluorescente que vai da ponta da cabeça a base da cauda, e o dorso As cores vibrantes do cardinal amarronzado ou verde. Vive em fazem dele uma espécie bastante procurada pelos aquariofilistas grandes cardumes nos igarapés e lagos, próximos a vegetação. Gosta de águas quentes (28°C) e ácidas (com pH inferior a 6,6). ? O rodóstomus ou cabeça de fogo (Hemigrammus bleheri), Figura 7, é a segunda espécie mais explorada no médio Rio Negro, é um pouco maior do que o cardinal, atingindo 8 cm. Possui como característica marcante a cabeça avermelhada e a cauda listrada.

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A idéia é empoderar os atores locais, fortalecendo os conhecimentos já existentes e facilitando a obtenção de novos saberes, melhorando desta forma o nivelamento e o acesso à informação e a habilidade para exercer os direitosedeveresdecidadania. Em um período onde se questionam as formas insustentáveis de uso da biodiversidade amazônica, conduzidas por políticas públicas inadequadas, muitas vezes planejadas a distância e sem levar em conta a realidade e o conhecimento local, as ações do AquaBio reforçam o conceito de desenvolvimento sustentável, pois permitem elevar as oportunidades sociais, contribuem para a diversificação de atividades produtivas e geração de renda, e asseguram a conservação dos recursos naturais ao considerar os limitesepotenciasdoambiente.

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Leitura Sugerida AYRES, J.M. As matas de várzea do Mamirauá. Brasília, DF: CNPq; Tefé, AM: Sociedade Civil Mamirauá, 1995. FEARNSIDE, P.M. Social Impacts of Brazil's Tucuruí Dam. Environmental Management 24(4): 485-495. 1999. RUFFINO, M.L. (Coord.) A pesca e os recursos pesqueiros na Amazônia Brasileira. Manaus: Ibama/ProVárzea, 2004.

(*) 1Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Amazônica (Cepam) marcelo.derzi.vidal@gmail.com 2 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Projeto AquaBio. jdobessa@gmail.com

Novos conhecimentos são adquiridos nos cursos realizados manejo e criação de quelônios

Águas da Amazônia Os rios da Amazônia podem ser classificados em três principais categorias, de acordo com sua química, cor e origem: ²Rios de águas pretas – como o rio Negro e muitos dos seus afluentes, originam-se nas terras baixas do Terciário da Amazônia. Suas águas são escuras, cor de coca-cola, por causa do alto conteúdo de húmus dissolvido e do baixo nível de sedimento. As planícies inundáveis por rios de águas pretas consistem em solos arenosos pobres em nutrientes, em estreita relação com áreas de praias arenosas. ²

Rios de águas claras – como os rios Xingu e Tapajós, têm suas origens nos sedimentos do Cretáceo dos Escudos das Guianas e Brasileiro. Suas águas são também pobres em sedimentos, o que lhes confere uma grande transparência.

²

Rios de águas brancas – como o Solimões/Amazonas e boa parte de seus afluentes da margem direita, originam-se nos Andes e encostas pré-Andinas. A grande quantidade de sedimentos confere uma coloração de café com leite e é depositada nas terras baixas, criando extensas planícies inundáveis, onde a abundância das espécies é elevada.

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A tabela a seguir demonstra algumas diferenças entre os três tipos de águas:

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Canoeiro - Rio Japurá – RDSM

Programa é reconhecido pela melhoria na qualidade de vida dos ribeirinhos

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Programa de Manejo de Pesca, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, foi premiado, em fevereiro, pela Secretaria da Convenção de Ramsar das Nações Unidas, com a iniciativa de manejo de pirarucus (Arapaima gigas). Criado em 1997, o programa de manejo de pesca tem como sua principal atividade a assessoria técnica aos grupos de pescadores na implementação, monitoramento e controle do manejo participativo de recursospesqueiros,principalmentepirarucu. De acordo com a Diretora de Manejo e Desenvolvimento, Isabel Sousa, esta é uma importante forma de reconhecimento a metodologia utilizada pelo programa, poisosresultadosdereproduçãodaespécieedeinclusão dos pescadores no trabalho de conservação têm sido satisfatórios. A iniciativa de manejo da espécie, adotada pelo programa, tem contribuído para sua conservação e uso racional, pois o pirarucu tem alto valor econômico. O peixe vem sendo explorado desde o século XVIII, o que ocasionou um declínio drástico dos estoques, sendo considerado quase extinto em algumas regiões. A proposta do manejo visa ainda gerar maior renda para as famílias ribeirinhas a partir da valorização do produto

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sustentavelmente produzido, como uma forma de compensar as medidas restritivas dos planos de manejo dasreservas. Segundo a coordenadora do programa, a pesquisadora Ellen Amaral, um dos resultados do programa “é a organização dos pescadores em associações, onde são tratados todos os aspectos relacionados à exploração

sustentável da espécie. Os associados são treinados a avaliar os estoques de pirarucu, recebendo noções básicas sobre o manejo de recursos pesqueiros e sobre processamentodepescado”. Estaformadeorganizaçãopermiteoestabelecimentode regras de uso e respeito à legislação vigente, assim como na fiscalização das áreas, no monitoramento anual dos

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estoques de pirarucu e no estabelecimento de cotas conservativas de pesca. A cota de pesca, por exemplo, é estabelecida a partir do resultado das contagens, prevendo-se a remoção de aproximadamente 30% dos pirarucus adultos, deixando-se os 70% restantes para assegurarareproduçãodaespécie. Atualmente, o Instituto Mamirauá assessora seis revistaamazonia.com.br

sistemas de manejo de pesca nas Reservas Mamirauá e Amanã, sendo eles: Jarauá, Tijuaca, Maraã, Coraci, Pantaleão e Paraná Velho. Ao todo são 25 comunidades ribeirinhas e três colônias de pescadores dos municípios do entorno. Estima-se que sejam mais de mil pescadores beneficiados. Antes do manejo, a pesca de pirarucu ocorria ao longo de todooano.Cadafamíliacostumavarealizarsuavendano porto da comunidade, em pequenas quantidades para os intermediários (regatões). Estes comerciantes recebiam o pescado como forma de pagamento pela vendademercadorias. No sistema de manejo, a pesca de pirarucu passou a acontecer no período de seca (entre setembro e novembro), respeitando o período reprodutivo da

espécie, facilitando a logística de pesca e venda e também o controle do órgão fiscalizador. A pesca passou a ser em grupo e a venda realizada por meio das associaçõescomunitáriasoucolôniadepescadores. Cada sistema de manejo é responsável por elaborar suas próprias regras por meio de um estatuto ou regimento interno. Além disso, as organizações de pescadores envolvidas no manejo, juntamente com Instituto Mamirauá,estabeleceramcritérioscomunsparaapesca. Os critérios visam organizar as etapas do processo, para queotrabalhoemconjuntofluaadequadamente. A participação popular nas decisões e na realização das atividades foi o principal fator de consolidação do sistema de manejo. Essa participação se desenvolveu de forma lenta e gradual, crescendo ao longo dos anos. Aos REVISTA AMAZÔNIA 59

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Fim de tarde - rio Japurá – RDSM

Foto ASCOM/IDSM

Natazildo Xavier, presidente da colônia de pescadores

Pescador carrega pirarucu em Mamirauá

poucos, a população entendeu a proposta de conservação do Instituto Mamirauá. As comunidades começaram a observar o aumento dos estoques de pirarucu nas reservas, ao mesmo tempo em que houve incremento na renda destas famílias. O resultado: mais conservação,maisqualidadedevida.

} Colônia cresce com o manejo

lembra. Hoje a associação conta com cerca de 2.500 associados e 650 com permissão para pescar nas reservas. A colônia, que vem crescendo ao longo dos últimos anos, tem planos para melhorar o preço que recebe pelo pescado, atualmente a principal dificuldade. “Nosso plano é comprar um barco e construir um frigorifico. Com esses equipamentos, nós vamos poder armazenar o peixe e vendê-lo durante o defeso, quando opreçoserámaior”,afirma.

é a Convenção } Odeque Ramsar? A Convenção sobre as Zonas Úmidas de Importância Internacional, também conhecida como Convenção de Ramsar, foi assinada em 2 de Fevereiro de 1971 e entrou em vigor em 1975. É o primeiro tratado intergovernamental a fornecer uma base estrutural para a cooperação internacional e ação nacional para a

Outra forma de reconhecimento ao programa aconteceu com a transformação na vida dos principais atores do processo: os pescadores. E quem melhor falou dessas mudanças foi o presidente da Colônia de Pescadores de Tefé Z-4, Natazildo Xavier. Seu Natal, como é conhecido, tornou-se pescador na juventude por necessidade:“Meu pai morreu aos 15 anos e eu não tinha quem me“desse”, então fui pescar com os meus tios”, relata. Neste caso, a palavra “desse” tem um sinônimo: comer. Desde então, ele acompanha as mudanças na vida da colônia, especialmentecomachegadadapropostademanejodo InstitutoMamirauá. “Pescador é um 'bicho' muito desconfiado. Levou um tempo para as pessoas entenderem que era preciso restringir a pesca para a gente ter peixe hoje. Quando a colônia passou a dialogar com o Instituto foi possível firmar os acordos de pesca, melhorando a nossa vida”,

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Pirarucu (Arapaima gigas) É um dos maiores peixes de água doce fluviais e lacustres do Brasil 60 REVISTA AMAZÔNIA

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conservação e uso sustentável dos recursosnaturais. As zonas úmidas são áreas de pântano, charco, tur fa ou água, natural ou artificial, permanente ou temporária, com água estagnada ou corrente, doce, salobra ou salgada, bem como áreas de água marítima com menos de seis metrosdeprofundidadenamarébaixa.Atualmente,160 países são signatários e 1.912 as Zonas Úmidas de

Importância Internacional – os Sítios Ramsar –, que somam186.963.216hectares. Em setembro de 1993, o Brasil assinou a Convenção de Ramsar, ratificando-a três anos depois. Hoje, por suas dimensões, possui grande variedade de zonas úmidas, o possibilitando o acesso a benefícios como cooperação técnica e apoio financeiro para a promoção do uso sustentável dos recursos naturais das zonas úmidas. Esta adoção favorece a implantação de um modelo de desenvolvimento que proporcione qualidade de vida aos seus habitantes. A principal proposta do Instituto Mamirauá.

O Brasil possui 11 Sítios Ramsar: Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense (MA), Área de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses (MA), Parque Nacional do Pantanal Matogrossense (MT), Parque Nacional do Araguaia (TO), Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (BA), Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS), Parque Estadual do Rio Doce (MG),ParqueEstadualMarinhodoParceldoManoelLuíz (MA), Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (AM), Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda do Rio Negro (MS) e Reserva Particular doPatrimônioNaturaldoSescPantanal(MT).

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futuro sustentável para um

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Na 26ª Sessão do Programa Ambiental da ONU (UNEP, na sigla em inglês) e do Fórum Global de Ministros de Meio Ambiente – GC-26/GMEF

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s Nações Unidas revelaram recentemente um estudo estratégico que, se colocado em prática, garantirá um futuro sustentável para o planeta por meio deinvestimentosnovalordeUS$1,3trilhãoporano–ou2%dariquezagerada pela economia global – em dez setores-chave, cruciais, como a agricultura, construção, abastecimento energético, pesca, florestas, indústria, turismo, transportes, gestão de resíduos e água são os setores que podem ser mais “verdes”,listaorelatório,queestárecheadodeexemplos. O investimento – iria fazer a economia mundial crescer ao mesmo ritmo, se não mesmo a um ritmo superior, em relação às atuais políticas econômicas, considera o relatório "Toward a Green Economy” da UNEP, apresentado no início da reunião anual da organização, em Nairobi, Quénia. Além disso, lembra o UNEP, não traria os“riscos, à escassez de recursos e as crises inerentes à economia”baseada nos combustíveis fósseis. "Ainda que as causas da crise sejam variadas, todas têm uma característica comum: a má repartição do capital", estima Pavan Sukhdev, economista do Deutsche Bank que conduziu os trabalhos do Pnua. “Atualmente, o mundo gasta entre um e dois por cento do PIB global numa série de subsídios que, muitas vezes, perpetuam usos insustentáveis na área dos combustíveis fósseis, agricultura, água e pesca”, admite a ONU. O relatório refere, nomeadamente, as subvenções contra-produtivas pagas aos setores da pesca (27 mil milhões de dólares por ano; 19,7 mil milhões de euros) ou aos combustíveis fósseis (650 mil milhões de dólaresporano;474milmilhõesdeeuros). Esta mudança de paradigma em prol de uma "economia verde" também ajudaria a aliviar a miséria crônica, afirma o Programa Ambiental da ONU (UNEP, na sigla em inglês) em seu relatório, apresentado em uma reuniãocommaisde100ministrosdoMeioAmbienteemNairóbi. De acordo com a estratégia da ONU, a renda individual superaria as trajetórias previstas pelos modelos econômicos tradicionais, ao mesmo tempo em que reduziria à metade a "pegada ecológica" per capita da humanidadeaté2050.

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Durante a 26ª Sessão do Programa Ambiental da ONU

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Entretanto, o UNEP admite que reestruturar a economia global contrariaria uma série de interesses poderosos, e seriaumdesafioparaomercadodetrabalho. O plano, porém, promete gerar índices de crescimento

Rosa Aguilar Rivero, da Espanha, foi eleita Presidente do Conselho Diretivo

Mwai Kibaki, Presidente do Quênia, com o Diretor Executivo do PNUMA, Achim Steiner e John Michuki, ministro do Quênia para o Meio Ambiente e dos Recursos Minerais, no GC-26/GMEF Pavan Sukhdev, apresentou o Relatório de Economia Verde

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Patricia Okoed-Bakumunhe, Uganda, vencedora do primeiro Prémio de Jornalismo Ambiental

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iguais ou maiores que a abordagem tradicional para os negócios,que--apesardeteralimentadodoisséculosde industrialização vertiginosa-- deteriorou pouco a pouco osrecursosnaturaisdaTerra. "Precisamos continuar a desenvolver e expandir nossas economias", disse Achim Steiner, diretor executivo do 64 REVISTA AMAZÔNIA

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órgão,aoapresentaroestudo. "Mas este desenvolvimento não pode vir às custas dos próprios sistemas que sustentam a vida na terra, nos mares e em nossa atmosfera, que por sua vez sustentam nossas economias e a vida de cada um de nós", acrescentou. As mudanças climáticas cada vez mais rápidas, a dramática redução da biodiversidade, a frequente escassez de comida, o crescente abismo entre a demanda e o fornecimento de água doce, a destruição das florestas tropicais, berços da vida - são todos lembretes de que o equilíbrio e a generosidade da Terra não podem ser considerados eternos, destaca o documento.

Durante a 26ª Sessão do Programa Ambiental da ONU

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Ao mesmo tempo, a crise financeira global de 2008 jogou luz sobre problemas estruturais profundos do sistemaeconômico. "Embora as causas de crises como esta variem, em um nível essencial todas elas compartilham uma

característica comum: a má alocação de recursos", indicou por sua vez Pavan Sukhdev, analista do Deutsche Bank,queparticipoudoestudodaONU. O relatório aponta incentivos "perversos" que encorajam o comportamento não sustentável, incluindo os US$ 600

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Chefes de Estado e de delegação com o presidente queniano Mwai Kibaki e do Diretor Executivo do PNUMA

Tallash Kantai, ENB; Ed Norton, Embaixador de Boa Vontade da ONU para a Biodiversidade; Rosen Tanya, ENB, Neville Kate, ENB; e Ahmed Djoghlaf, Secretário Executivo, Convenção sobre Diversidade Biológica

Ed Norton, Embaixador da Boa Vontade da ONU para a Biodiversidade, com Ahmed Djoghlaf, Secretário Executivo da CDB e, Achim Steiner, Director Executivo da UNEP 100

André Odenbreit Carvalho, Brasil

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Representantes do PNUMA e parte da delegação dos EUA durante a cerimônia oficial de assinatura

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Investir dois por cento do PIB mundial até 2050 pode ser a fórmula para a “economia verde”

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Intervalo para o lanche

A ministra Izabella Teixeira, durante o painel especial de Alto Nível sobre Sustentabilidade Global

Precisamos de uma economia limpa, verde afirmativamente que melhora a vida de todos ... Iniciativas Sustentáveis

bilhões gastos anualmente com subsídios à produção de combustíveis fósseis e os US$ 20 bilhões destinados à indústriadapesca,cadavezmaispredatória. A ONU lançou um apelo aos líderes políticos, para que abramacabeçaenãotenhammedodeinovar. "Os governos têm um papel central na modificação de leis e políticas, investindo dinheiro público na riqueza pública paratornarestatransiçãopossível",ressaltouSukhdev.

Além disso, ações e iniciativas do setor público certamente "atrairiam trilhões de dólares em capital privadoemproldaeconomiaverde",afirmou. O relatório do UNEP deseja, acima de tudo, combater o que descreve como "mitos" acerca do crescimento sustentável, a começar pela ideia de que a preservação do meio ambiente necessariamente acarreta menor crescimentoeconômico.

"Hoje há evidência suficiente (para provar) que tornar as economias mais verdes não inibe a criação de riqueza e muitomenosacriaçãodeempregos",indicaotexto. Orelatórioquequeracelerarodesenvolvimentosustentável foi apresentado aos ministros do Ambiente de mais de cem paísesnareuniãoemNairobi.Comesteestudo,oUNEPquer contribuir para a preparação da conferência Rio+20, a realizarnopróximoano aquinoBrasil.

Aplausos ao final da GC-26/GMEF

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Acesso à energia elétrica, gratuitamente, a todo morador da zona rural

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Luz para Todos instala energia elétrica de graça na zona rural

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Programa Luz para Todos, do Governo Federal, tem o objetivo de levar o acesso à energia elétrica, gratuitamente, a todo morador da zona rural. Em todo o Brasil, as obras do Luz para Todos já atenderam a mais de 13 milhões de brasileiros. Ter energia elétrica em casa é um direito de todo cidadão, por isso o cadastro no Programa e as instalação de energia são de graça. Além disso, as residências contempladas pelo Programa recebem sem nenhum custo ao morador - três pontos de luz e duastomadasinstalados. Para se cadastrar no Programa, é necessário procurar a concessionária de energia que atende à região. O pedido vai ser priorizado pelo Comitê Gestor Estadual do Luz para Todos seguindo os critériosdefinidospeloPrograma. A cobrança de taxa, imposto ou qualquer outro tipo de pagamento para instalação de energia elétrica são irregulares. Denuncie a ação para o Comitê Gestor Estadual do Programa do seu Estado. A instalaçãodeenergiaelétricaégratuita. O Programa Luz para Todos, do Governo Federal, é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia,

A instalação de energia elétrica é gratuita

operacionalizado pela Eletrobrás e realizado em parceria com os governos estaduais, as concessionárias de energia elétrica e as cooperativasdeeletrificaçãorural.

} Como ter luz em casa? Se você é morador do meio rural, não possui luz em casa e ainda não fez o seu pedido, faça o seu cadastro no Programa. Procure o posto de atendimento da empresa de energia elétrica ou da cooperativa de eletrificação rural do seu município e solicite a instalaçãogratuitadaluz.

Contatos das Coordenações Estaduais do Programa Luz para Todos ACRE ALAGOAS AMAPÁ AMAZONAS BAHIA CEARÁ GOIÁS MARANHÃO MATO GROSSO MATO GROSSO DO SUL MINAS GERAIS PARÁ PARAÍBA PIAUÍ RONDÔNIA RORAIMA SERGIPE TOCANTIS

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A pesquisa destaca as maiores ameaças tanto à segurança da água como à biodiversidade nos rios do planeta

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Ameaças globais

à segurança humana, à biodiversidade e à água

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ma análise em escala global, que poderá auxiliar a identificar as áreas em que a disponibilidade de água para consumo estão mais ameaçadas no mundo, foi destaquerecentenaediçãodarevistaNature. A pesquisa, feita pelos cientistas: Charles J.Vörösmarty, P. B. McIntyre, M. O. Gessner, D. Dudgeon, A. Prusevich, P. Green, S. Glidden, S. E. Bunn, C. A. Sullivan, C. Reidy Liermann e P. M. Davies , da Austrália, Estados Unidos, Alemanha e China, destaca as maiores ameaças tanto à segurança da água como à biodiversidade nos rios do planeta. Apesar de a água ser o mais essencial dos recursos naturais, os sistemas de água doce que podem ser usados para consumo humano estão fortemente ameaçados justamente pelo homem, principalmente pela poluição e também como resultado de processos como a urbanização, industrialização, irrigação e a

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construçãodereservatórios. Soma-se a isso o aquecimento global e o resultado está longe de ser animador. Segundo os autores do estudo, desenvolver alternativas que possam reverter essa tendência exige primeiramente que se tenha um diagnóstico das ameaças à segurança da água tanto no nívellocalcomonoglobal. CharlesVorosmarty, da Universidade da Cidade de Nova York,ecolegasdescrevemnoartigoummodeloespacial que fornece uma análise global das ameaças à água doce. É o primeiro modelo a considerar a segurança da água usada para consumo humano em conjunto com a biodiversidadeaquática. Além de listar quais são as principais ameaças, o estudo identifica as áreas de maior risco. Segundo o trabalho, Análise global publicada na Nature identifica ameaças à segurança da água usada para o consumo humano e destaca que o problema afeta principalmente os países mais pobres revistaamazonia.com.br

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A falta de investimento no cuidado dos rios e corpos de água doce também coloca em risco a biodiversidade, indicam os autores

grandes investimentos no uso e no tratamento de água nos países mais ricos têm beneficiado seus habitantes, diminuindo em até 95% a ameaça à segurança da água nesseslocais. Emcompensação,nospaísesmaispobresosinvestimentos reduzidos no setor implicam que a vulnerabilidade ao

problemanessasáreasémuitoelevada. Mas, mesmo nas nações mais ricas, de acordo com a pesquisa, os investimentos em massa em tecnologia de uso da água têm permitido “ofuscar os níveis de estresse”, mas sem remediar as causas por trás do problema.

O estudo concluiu que 80% da população mundial está exposta a níveis elevados de ameaças à segurança da água. A falta de investimento no cuidado dos rios e corpos de água doce também coloca em risco a biodiversidade,indicamosautores. “A proliferação de áreas densamente povoadas em

Os mapas e figuras a seguir mostram impactos pandêmicos sobre a segurança humana, da biodiversidade e da água

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Prevailing patterns of threat to human water security and biodiversity revistaamazonia.com.br

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Apesar de a água ser o mais essencial dos recursos naturais, os sistemas de água doce estão fortemente ameaçados justamente pelo homem

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Shifts in spatial patterns of relative human water security threat after accounting for water technology benefits 72 REVISTA AMAZÔNIA

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Global geography of incident threat to human water security and biodiversity

zonas costeiras, incluindo megacidades, implica que seus rios apresentem alto nível de ameaças à segurança daáguaporvirtualmentetodaasuaextensão,como,por exemplo, o Paraíba do Sul, no Estado de São Paulo, o

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Globally aggregated human water security threat indices linked to population and level of economic development

Pasig, em Manila, nas Filipinas, e o Ogun, em Lagos, na Nigéria”,disseram. Segundo eles, é urgente a necessidade de mobilizar recursos para apoiar abordagens que possam enfrentar

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o problema. “Sem grandes compromissos políticos e financeiros, contrastes marcantes na segurança da água usada por humanos continuarão a separar os ricos dos pobres”,afirmam.

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Mais de 220 povos indígenas vivem no País atualmente, totalizando 734 mil pessoas. Eles falam 180 línguas, possuem costumes diferentes e lutam para manter sua cultura

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diversidade cultural é a maior riqueza do Brasil. A cultura brasileira se formou por meio do encontro entre povos indígenas, europeus e africanos, e se transforma constantemente em função das circunstâncias históricas. A cultura pode ser entendida como um encontro de diferentes povos que trocam, emprestam ou roubam conhecimentos uns dos outros, seja na paz ou naguerra. Antes da chegada dos colonizadores, habitavam nestas terras inúmeros povos indígenas que mantinham uma rede social intensa, travavam alianças ou guerras entre si, e já constituíam um grande mosaico cultural. Estima-se

que, na época em que os portugueses chegaram por aqui, havia 5 milhões de pessoas divididas em mais de mil povos indígenas. Hoje, no Brasil, existem e resistem mais de 220 povos, que falam 180 línguas diferentes, espalhados por todos os estados brasileiros. Somam em torno de 750 mil pessoas que vivem em aldeias, comunidadesoumesmoemcidades. A cultura indígena não é uma só. Cada povo indígena tem um modo de viver, de pensar e de fazer as coisas. Além de ser brasileiro e ter direitos como qualquer cidadão, o índio possui uma identidade anterior e específica, que é a identidade herdada de seus ancestrais. Foram estes que transmitiram os conhecimentos e saberes que sobrevivem até hoje: jeitos de falar, de morar, de trabalhar, de manejar a terra e os

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Menina Carajá, (TO) no V Jogos Indígenas, Marapanim, Pa, 2002

Homens Waurá no rio Xingu 2005

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DA ESQUERDA PRA DIREITA: Elcio Paiva (Supervisor da Caixa Cultural), Mônica Tarantino (jornalista), Anna Carboncini (Dir. Col. Pirelli MASP de Fotografia), Emidio Luisi (fotógrafo), Rosa Gauditano, Camila Gauditano (antropóloga) e Sônia Schuitek (ex-diretora de marketing da Caixa de Brasília) Maria Augusta, Rosa Gauditano Pierre Clemens, Antônio e Marcos Kimura (Gerente da Caixa Novaes (artista plástico) Cultural), na abertura da Exposição e Rosa Gauditano

Mostra retrata 34 etnias indigenas do pais “As pessoas não respeitam o que não conhecem”. A frase é do ancião Sereburã Xavante e motivou a fotógrafa rosa Gauditano a organizar a mostra Povos Indígenas no Brasil. A exposição reúne 60 fotos realizadas fotógrafa Rosa Gauditano ao longo de mais de vinte anos de trabalho dedicados a registrar a multiplicidade de etnias indígenas no país. A exposição já passou por Brasília e receberá visitantes até o dia 15 de maio de 2011, na CAIXA Cultural São Paulo (Sé). Entre os povos apresentados nesta exposição, estão como os Mati ou Zoró, com os quais se tem pouquíssimo contato e vivem quase isolados na Amazônia. Ali estão também os indígenas que vivem das perto de pequenas cidades, como os Xavante, no Mato Grosso; os que vivem na beira de rodovias, como os Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, ou nas grandes cidades, como é o caso dos Pankarau, em São Paulo. “Dependendo da região, não há mais pássaros e por isso os enfeites são feitos com fios de lã, em vez de penas”, conta Rosa Gauditano. Diante de sua lente, os índios não se sentem constrangidos. Nesta exposição, fotógrafa retrata os costumes e a resistência indígena. Ela revela a concentração do índio Waurá enquanto se pinta para o ritual do Kuarup, no Xingu, e o deslumbramento da menina da mesma etnia que finalmente saiu da oca, após dois anos de reclusão, ao ver o próprio corpo sob a luz do sol. Ao lado de imagens como essas, que mostram costumes, estão os retratos dos protestos dos índios para conservar suas terras. Há, por exemplo, imagens da repressão da polícia militar à passeata dos 500 Anos do Descobrimento, em 2000, em Porto Seguro (BA), e da dança dos Krenak, de Minas Gerais, em frente à Assembléia Legislativa do Estado. Não escaparam ao olhar jornalístico da fotógrafa a manifestação dos Tuíra Kayapó (Pará) contra a construção da Usina de Belo Monte e a moça Guarani Kaiowá que nasceu, cresceu e até hoje mora em um acampamento na beira da estrada em Mato Grosso. “Ela tem que atravessar a plantação de cana-de-açúcar que ocupa a terra tradicional Kaiowá, para buscar água e dar banho no seu bebê”, diz Rosa. Premiada por seus trabalhos com fotojornalismo na década de 1980 (Folha de SP e Veja), Rosa Gauditano especializou-se em fotografia etnográfica. Seus trabalhos ligados às culturas indígenas no Brasil lhe renderam a publicação de 5 livros: "Aldeias Guarani M'Bya na Cidade de São Paulo", 2006; “Raízes do Povo Xavante”, Ed. Studio R, São Paulo, 2003; “Festas de Fé", Ed. Metalivros, São Paulo, 2003; “Saltillo”, Instituto Municipal de Saltillo, México, 2001; “Índios, os Primeiros Habitantes”, Ed. Fotograma, 1998. Atualmente, Rosa dirige o Studio R, agência que se dedica a reportagens, arquivo e projetos culturais ligados a fotografia e trabalhos etnográficos, tem no currículo diversas exposições individuais. No Brasil, em parceria com a CAIXA Cultural, a fotógrafa expôs em 1999/2000 nas cidades de São Paulo, Curitiba e Brasília a mostra “Raízes do Povo Xavante”. Além de outros projetos pelo país, principalmente na capital paulista, a fotógrafa já expôs em Londres/Inglaterra (2010), Houston/EUA (2005), Cidade do México/México e Santiago/Chile. 76 REVISTA AMAZÔNIA

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Waurá no rio, festa do Quarup, Xingu, 2005

Indios Gavião (Ma) no V Jogos Indígenas, Marapanim, Pa, 2002

Indios Canela, (Ma ) no V Jogos Indígenas, Marapanim, Pa, 2002

recursos naturais; modos de cantar, de dançar, de se pintar e enfeitar, de contar histórias, de se relacionar; formas de se alimentar, de respeitar os espíritos dos seres vivos e não vivos. Esses conhecimentos são compartilhados há muito tempo e fazem com que cada cultura seja o que é e se renove sempre. Os povos que falam a língua do tronco linguístico macro Je, por exemplo, como Xavante, Xerente e Kayapó, localizados na região Centro-Oeste do Brasil, tinham o costume de sair de suas aldeias por longos períodos e andar com suas famílias por um vasto território para caçar e coletar frutos e cocos. No caminho, encontravam recursos naturais para confeccionar enfeites utilizados em grandes festas nas aldeias, como acontece ainda hoje. Naquelas expedições encontravam pessoas de outras aldeias e de outros povos e a troca de conhecimentos entre culturas acontecia. Os enfeites feitos de palha, penas, algodão, sementes, embira e conchas são usados em rituais, ou para enfeitar o corpo no dia a dia. Assim como a pintura corporal, revistaamazonia.com.br

representamaidentidadeculturaldessespovos.Todosos povos indígenas, ao longo do tempo, criaram e recriaram seus enfeites e pinturas corporais. Aprenderam essas técnicas com os descendentes de seus ancestrais, com os espíritos e donos dos seres da natureza, e também com outros povos. Para cada fase da vida há um tipo de pintura: para as crianças, mulheres com filhos, mulheres Camila Gauditano, Antropóloga

sem filhos, homens casados, homens solteiros, chefes. As pinturas e enfeites também variam de acordo com a ocasião e tipos de festas. É comum o uso de tintas feitas de urucum, jenipapo e carvão, misturadas com óleos essenciais e resinas naturais que exalam um cheiro doce. Hoje, quando esses povos saem de suas aldeias e ultrapassam o limite de seus territórios, que até há pouco tempo não eram delimitados, eles se relacionam com a sociedade envolvente. Ela é composta por migrantes não-indígenas que ocuparam seus territórios tradicionais e formaram vilas e cidades. Neste contexto, influenciado pela difusão da televisão, da religião e do consumo, os empréstimos culturais continuam e as culturas indígenas se relacionam com a nova realidade.

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} Resistência A maior parte dos povos da costa leste do país foi dizimada pelos colonizadores portugueses, que exportaram para a metrópole de origem os recursos REVISTA AMAZÔNIA 77

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Mulher enfeita menina yanomami na Aldeia Demini,(RR),1991

Homem Matis no VII Jogos Indígenas, Porto Seguro, Ba, 2004 Atalaia do Norte-AM

naturais e matérias primas daquela região. Hoje restam apenas 7% de Mata Atlântica. Mesmo após o genocídio dos povos da região Nordeste, lideranças Pataxó (BA) e Tingui Botó (AL) lutam pelo direito de garantir sua identidade, seus conhecimentos e modos de vida. Até agora foram demarcados apenas 20% dos territórios indígenas reivindicados nessaregião–easterrasdemarcadassãomuitopequenas. Não foi diferente com os povos do Sul e Sudeste do país – privados, por violência ou fraude, do direito sobre a terra. Os povos Krenak, Maxacali, Xacriabá e Xucuru de Minas Gerais e os Guarani M'Bya e Pankararu, de São Paulo, perderam grande parte de seus territórios tradicionais, mas ainda assim mantêm e transmitem seus conhecimentos para as novas gerações. Na década de 1950, algumas famílias Pankararu saíram de seu território de origem, no estado do Pernambuco, e vieram para São Paulo a fim de encontrar melhores condições de vida. Nesse período havia muitos posseiros ocupando suas terras, e o conflito e as mortes

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Rikbaktsa (MT), Prova de Canoagem, V Jogos Indígenas, Marapanim, Pa, 2002

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Saída da Reclusão, Moça Waurá, Quarup, Xingu, 2005 Aldeia Piulaga Colheita de Mandioca na Aldeia Demini, (RR), 1991

Acima Mãe Kayapó com bebe no Encontro de Altamira, 1989, Pará; e Criança Tucano (AM) com peixes, aldeia Cururu, Rio Tiquié, 2002

outro grupo vive na favela Real Parque, no bairro paulistano do Morumbi. Suas terras foram demarcadas emPernambuco,masaindaháconflitoscomposseiros. O maior contingente indígena no Brasil está fixado nas regiões Norte e Centro-Oeste, e a maior extensão de área verde, manejada de maneira sustentável há séculos por essa população, está localizada em suas terras hoje demarcadas. No entanto, estão em franca expansão

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Oficina de bancos Tucano (AM), aldeia Cururu, Rio Tiquié 2002

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eram constantes. Quando chegaram à capital paulista, acamparam na beira do rio Tietê, limpo naquela época. revistaamazonia.com.br

Hoje, parte dessas famílias retornou para a região do Brejo dos Padres, no sertão do São Francisco (PE), e a

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Mulher Pareci (MT) no V Jogos Indígenas, Marapanim, Pa, 2002

Jovem Kuikuro do Xingu no V Jogos Indígenas, Marapanim, Pa, 2002

Moça Bororo (MT) no V Jogos Indígenas, Marapanim, Pa, 2002

Kadiwéu de Bodoquena MTS em prova de arco e flecha no V Jogos Indígenas, Marapanim, Pa, 2002

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grandes empreendimentos como hidrelétricas, estradas e hidrovias, e o agronegócio baseado na produção extensiva de grãos e de carne. Em consequência da ocupação desenfreada, em 2010 foi registrado o maior índice de queimadas na região Centro-Oeste e a maior secadosúltimostemposnaregiãoNorte.Porcontadisso, estamos assistindo à devastação dos recursos naturais e partilhandoasconsequênciasdoaquecimentoglobal. Mesmo que as culturas indígenas façam parte da nossa 80 REVISTA AMAZÔNIA

base social e cultural, elas são pouco conhecidas pela maioria dos brasileiros. Os povos indígenas enfrentam os desafios da realidade atual e lutam por melhores condições no atendimento de saúde e de educação, obrigatoriamente promovido pelo Estado. Ao mesmo tempo, transmitem às novas gerações os seus valores culturais e ambientais. Fazem questão de não esquecer quem são e o que sabem, assim como lhes ensinaram seusantepassados.

*Texto originalmente publicado no catálogo da exposição Povos Indígenas no Brasil, em cartaz até quinze de maio na Caixa Cultural, em São Paulo.

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Tuíra Kayapó protesta contra a construção da usina de Belo Monte, Encontro de Altamira, Pará, 1989

Crianças Kayapó brincam na areia no V Jogos Indígenas, Marapanim, Pará, 2002

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Arara, Rondonia

Waurá na lagoa Piulaga, pesca Quarup, Xingu, 2005 REVISTA AMAZÔNIA 81

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Camillo Martins Vianna *

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A orla praiana da

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Amazônia Azul

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Brasil possui um dos maiores cinturões de manguezais do mundo superado apenas pelaIndonésia. Os manguezais da Amazônia Azul, um dos inúmeros verbetes dados a parte oceânica da tradicional AmazôniaVerde, assim chamada por possuir abundante maciço florestal, em que pese o processo histórico de devastação, estão localizados principalmente nas praias oceânicas dos estados do Pará e do Amapá e em parte do Maranhão, recentemente incluída na denominada Amazônia Ribeirinha, GeográficaouVerdadeira. A revista Amazônia nº 21 do ano de 2010, produzida em Belém e distribuída para comunidades lusófonas da Ásia, da África e da Oceania, publicou o alerta dado por cientistas de diferentes partes do mundo, que os manguezais do planeta estão sob risco de extinção, ressaltando que duas ou três espécies dessa vegetação litorâneajádesapareceram. A região dos manguezais, que representa importante papel na produção de alimentos, é também um verdadeiro berçário da fauna marinha, destacando o estado do Pará onde vicejam crustáceos como caranguejo, camarões e outras espécies oceânicas que se reproduzempreferencialmentenessehabitatnatural. Aspecto Interessante mencionar que o sobrevoo realizado pelo Dr. Paulo Nogueira Netto, da então Secretaria Ambiental, vinculada à Presidência da

República, à bordo de um bimotor da antiga SUDAM, na costa norte do país, resultou na seleção de importante reserva na ilha Paraná-Gipioca, localizado no então TerritórioFederaldoAmapá. Os manguezais da região, sofrem severa atividade predatória do homem visando a produção de lenha, carvão, de madeiramento para construção civil e para “colocação” do chamados roçados, bem como, para a formação de grandes pastagens e de campineiras destinadas à criação de gado em larga escala – pirata ou não. O conhecimento e a preservação dos manguezais fazem parte do acervo das atividades da SOPREN destacando a chamada Operação Moisés, constituída por inúmeras ações de lançar sementes de várias espécies típicas desse ambiente nas praias dos distritos pertencentes à capital paraense e em cursos d'água de cidades do interior, na tentativa de recuperar áreas que enfrentavam sérios problemas de conservação e evitar a extinção de manguezais como o existente na praia do Maçarico, no município de Salinópolis, na orla atlântica do Pará, completamentedestruídopelaaçãohumana. Posteriormente, ações da SOPREN junto ao Governo do Estado foram determinantes na recuperação do manguezal citado anteriormente que novamente originou a formação de robusto maciço da espécies vegetais. A decisiva influência do vento e da maré permitiu que as sementes ultrapassassem o referido maciço verde , alcançando uma praia próxima chamada Corvina, separada da praia do Maçarico por pequeno canal. Em recente reativação do maior centro de produção e essência florestais e frutíferas da SOPREN, agora em parceria com a Prefeitura de Abaetetuba, foi criada o Centro de Educação Agro-Ambiental, dando continuidade a distribuição de mudas e sementes, além de educação ambiental para crianças, jovens e lavradores de pequenas comunidades da estrada e da

região das ilhas, estando em pauta nova tentativa de recuperarmanguezais. Manguezais na zona do salgado paraense e outras regiões constituem excelente área de produção de alimentos, particularmente no que diz respeito ao caranguejo tendo em vista que centenas de famílias de ribeirinhos, lavradores e pescadoras ou os chamados pegadores ou tiradores de caranguejo que, após o período de defeso, capturam milhares desses crustáceos que seguem rumo aos principais hotéis e restaurantes de luxoemBelémvistoqueacarneclassessociais. Contrabando desse exemplar da fauna Amazônia segue paraaregiãodoNordestebrasileiro. Membros da diretoria da SOPREN ao percorrer manguezais da grande ilha flúvio-oceânica do Marajó caracterizaram os exemplares dessa espécie como o maisimportantesdoestado,livrededevastadores.

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Contrabando de caranguejo, esse exemplar da fauna Amazônia

Verdadeiro berçário da fauna marinha

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