Amazonia 27

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ISSN 1809-466X

27

Ano 6 Número 27 2011

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Editora Círios

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AMAZÔNIA DO FUTURO MEGADIVERSIDADE DE PEIXES PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NO BRASIL


12 REVISTA AMAZテ年IA

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06 Amazônia

A Amazônia ocupa cerca de 60% do território brasileiro, representa aproximadamente 30% de todas as florestas tropicais remanescentes do mundo e possui cerca de 30% das espécies conhecidas da fauna e da flora do planeta. Este bioma ocupa uma área de 7 milhões de km2, distribuídos por nove países: Brasil, França (Guiana Francesa), Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia.

14 O patrimônio ambiental da Amazônia Legal

Quando se trata da Amazônia Legal, o tema cobertura vegetal aparece, via de regra, como a principal preocupação. Mas o patrimônio ambiental dessa extensa parcela do território brasileiro vai além da floresta e outros tipos de vegetação. Inclui, por exemplo, um subsolo formado por rochas com alto potencial de armazenamento e transferência de água potável...

24 Amazônia do futuro Nos últimos anos, vimos crescer um conjunto significativo de intervenções na Amazônia com reflexos imediatos no ambiente aquático. São novas hidrelétricas, mudanças no uso do solo, abertura de estradas, desmatamento, impactos urbanos e, principalmente, as mudanças climáticas globais, que causam preocupações em todos os cantos do planeta...

34 Megadiversidade de peixes no Rio Madeira

Dentre os afluentes do rio Amazonas, o principal coletor de águas da maior bacia hidrográfica do mundo, um dos grandes destaques é dado ao rio Madeira, que deve seu nome à grande quantidade de madeira, principalmente na forma de troncos, que desce pelo seu leito todos os anos.

50 63ª Reunião Anual

E

XPEDIENTE

PUBLICAÇÃO Período (julho/agosto) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES Ascom SBPC; Camillo Martins Vianna; Darcy do Nascimento Jr; Gladson Cameli; Wallace Abreu; Carolina Rodrigues da Costa Doria, Luiz Jardim de Queiroz, Willian Ohara, Gislene Torrente-Vilara, Jansen, Sampaio Zuanon, Cristhiana Paula Ropke, Ariana Cella Ribeiro; Sergio Luiz Fontes FOTOGRAFIAS Antonio Batalha; Antonio Cruz/ABr, Antônio Silva /Ag. Pará; Ascom INPA; Ascom SBPC; Bruno Stefany ; © Camila Sobral Barra/ISA; Carlos Dias ; Cristino Martins/Ag. Pará; ErnstJürgen/DeutscheWelle; Guarim de Lorena; Juan Pratginestós; Lecino Filho/AscomMCT; LIP/UNIR; Luís Augusto Pereira Lima - PNCAA-UEA; Maria Pantoja-UFAC; Roberto Stuckert Filho/PR; Rogério Uchôa ; Rüdolph Hühn; Tiago Pires EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro NOSSA CAPA Por do Sol no Rio Maués Açu, Maués – AM Foto de Adalmir Chixaro

da SBPC

Um público de cerca de 2.000 pessoas assistiu a abertura da 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia. Num discurso contundente, a presidente a entidade, Helena Nader, chamou a atenção para fatos “que estão por acontecer, ou que já estão acontecendo, e que poderão causar sérios transtornos ao nosso sistema de produção científica e tecnológica...

64 Brasil avança na

produção mundial de alimentos

Dados do Ministério da Agricultura indicam que País disputará liderança na produção de alimentos com Estados Unidos. Safra de grãos deve crescer 23% até 2021 e área de colheita será 9,5% maior que a atual... [22] Dia da Amazônia [28] Municípios paraenses abraçam o programa Municípios Verdes [30] Povos da Amazônia usam GPS e fazem mapas [32] Comunidades indígenas do Amazonas recebem título de patrimônio cultural do Brasil [42] Dilma visita obra de usina na Amazônia e reafirma compromisso com hidreletricidade [44] II SIGAMT destaca sustentabilidade e redução de custos [46] ONG Waves For Water realiza Amazônia – um drop solidário [68] Safra verde: Programa Agricultura de Baixo Carbono – ABC

Blog da Amazônia

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A Vale está fazendo hoje a mineração do futuro.

Como crescer respeitando as pessoas e o meio ambiente? Como evoluir e inovar sempre? São perguntas assim que nos fazemos todos os dias. A Vale é uma mineradora global, presente nos 5 continentes. Investimos em práticas de sustentabilidade e novas tecnologias. Porque temos um compromisso com você, com o planeta e com o futuro. revistaamazonia.com.br

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06 REVISTA AMAZテ年IA

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A

Amazônia ocupa cerca de 60% do território brasileiro, representa aproximadamente 30% de todas as florestas tropicais remanescentes do mundo e possui cerca de 30% das espécies conhecidas da fauna e da flora do planeta. Este bioma ocupa uma área de 7 milhões de km2, distribuídos por nove países: Brasil, França (Guiana Francesa), Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia Bolívia. No entanto, nada menos do que 60% da área total da Floresta Amazônica na América do Sul estão em território brasileiro. Fotos: Juan Pratginestós

Além da riqueza natural, Amazônia abriga comunidades indígenas

A Amazônia é a região do País com maior quantidade de áreas protegidas. Mais de um terço de seu território enquadra-se em um regime de proteção, seja na forma de unidades de conservação, terras indígenas, terras quilombolas, seja em áreas militares. Entre 2003 e 2009, foram criadas 70 unidades federais de conservação, com área total de 26,4 milhões de hectares. Ao todo, o País conta com 310 dessas áreas, o equivalente a 76,5 milhões de hectares. O Cadastro Nacional de Unidades de Conservação mostra ainda que estão registradas 374 unidades estaduais e 59 municipais.

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Detentora de um terço da biodiversidade global, a porção brasileira da Amazônia apresenta um amplo espectro de ecossistemas e as espécies neles inseridas constituem um imenso potencial genético. Também merecem destaque o acúmulo de princípios ativos de forte interesse econômico e social, produtos florestais com alto valor de mercado, bem como um acervo de conhecimentos tradicionais sobre a convivência milenar com os diferentes ecossistemas. Tal patrimônio representa potencial ecológico, econômico e político de importância regional, nacional e internacional. No que diz respeito à estabilidade ambiental do planeta, a Amazônia exerce um papel fundamental e estratégico.

Nela estão armazenadas trilhões de toneladas de carbono, tanto no solo quanto na biomassa existente. Sua massa vegetal libera algo em torno de sete trilhões de toneladas de água anualmente para a atmosfera, e seus rios descarregam cerca de 20% de toda a água doce que é despejada nos oceanos pelos rios existentes no globo terrestre. Além de prestarem relevantes serviços ambientais, esses mananciais detêm potencial hidrelétrico de fundamental importância para o País, além de vastos recursos pesqueiros e potencial para a aquicultura. Além de sua reconhecida riqueza natural, a Amazônia abriga um conjunto expressivo de povos indígenas e populações tradicionais que lhe conferem destaque

em termos de diversidade cultural. Essas populações, na maioria das vezes, vivem de atividades extrativistas e sustentáveis, como os seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, babaçueiros, entre outros. Nos nove estados que compõem a Amazônia vivem cerca de 25 milhões de brasileiros. Em função de tantas complexidades, a conservação da floresta é um dos principais desafios ambientais do Estado brasileiro, uma vez que as emissões de gases de efeito estufa são majoritariamente geradas pelas mudanças de uso de solo na floresta – desmatamento e atividades agropecuárias. Existem dezenas de ações – em esfera federal, estadual e municipal – voltadas para promover Importante hidrovia da região norte, Rio Juruá possui duas unidades de conservação

Qual é o impacto do desmatamento da Amazônia no balanço global de CO2 ? • •

Brasil (1990): 22.000 km2 média – cerca de 8% das emissões Brasil (2005-2010 est): 12.000 km2 – menos de 5% das emissões

08 REVISTA AMAZÔNIA

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Flor branca da vitória-régia abre apenas à noite e fecha na manhã seguinte

o desenvolvimento sustentável na região. São medidas que passam pela preservação de áreas florestais, pelo incentivo ao agroextrativismo, pela regularização fundiária, pelo monitoramento do desmatamento e coerção de desmatadores, entre outras frentes. Outra frente de fundamental importância para a conservação da Floresta Amazônica é o combate ao corte

ilegal de árvores. O Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAM) é o carro-chefe das ações federais nesse sentido. Trata-se de um plano tático-operacional em vigor desde 2004 e que reúne iniciativas de 13 ministérios distintos, organizado em três eixos: ordenamento territorial e fundiário, monitoramento e controle ambiental e fomento às atividades

} Fundo Amazônia Como forma de obter recursos para incentivar a preservação da floresta, foi criado, em julho de 2008, o Fundo Amazônia. Seu objetivo principal é promover projetos para a prevenção e o combate ao desmatamento e também para a conservação e o uso sustentável das florestas no bioma amazônico. O fundo será destinado a financiamentos não reembolsáveis de ações que possam contribuir para a prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento da floresta, além de promover a conservação e o uso sustentável das florestas no bioma amazônico. O objetivo de tal estratégia é reduzir as emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera decorrente das áreas desmatadas na Amazônia brasileira. A coordenação de captação financeira e a gestão do fundo estão a cargo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Um comitê orientador, com membros do governo federal, dos estados da região amazônica e da sociedade civil, é o responsável pela aprovação de diretrizes e critérios para a utilização do fundo. As ações apoiadas visam aos seguintes objetivos: gestão de florestas públicas e áreas protegidas; controle, monitoramento e fiscalização ambiental; manejo florestal sustentável; atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da floresta; zoneamento ecológico e econômico, ordenamento e regularização fundiária; conservação e uso sustentável da biodiversidade; e recuperação de áreas desmatadas 10 REVISTA AMAZÔNIA

produtivas sustentáveis. O combate à ação dos desmatadores ilegais foi intensificado nos últimos anos com a ajuda dos sistemas de monitoramento via satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que possibilitam uma melhor metodologia de fiscalização por parte do Ibama. O trabalho desenvolvido pelo instituto é reconhecido mundialmente como referência no acompanhamento de desmatamento florestal. Os dados e mapas sobre o que está acontecendo na Amazônia são públicos, gratuitos e podem ser obtidos em tempo real – em português, inglês e espanhol – pela página eletrônica www.obt.inpe. br/deter. As ações de combate contam também com o apoio do Exército e da Polícia Federal nas operações de apreensão de madeira e de equipamentos de corte de árvores. As operações, combinadas com os projetos de desenvolvimento sustentável da região, resultam na diminuição do desmatamento da floresta. Entre o período de 2004 a 2009, o corte ilegal de florestas caiu 53%, passando de 27,4 mil quilômetros quadrados para 7,4 mil quilômetros quadrados. No que diz respeito ao incentivo de atividades econômicas sustentáveis, podem ser citadas, entre as ações já em curso, a Lei de Gestão de Florestas Públicas, a Implantação do Serviço Florestal Brasileiro, a primeira licitação de Concessão Florestal (Floresta Nacional Jamari), a contratação de 40 planos de manejo para reservas extrativistas, a inclusão de produtos extrativistas no rol de produtos adquiridos pelo governo e a criação de linhas de crédito para recuperação de áreas de preservação. A fiscalização contra desmatadores e autores de outros ilícitos ambientais na região tem sido aprimorada desde 2003. No ano de 2008, o Ibama realizou centenas de operações, que resultaram em mais de 22 mil autos de infração e um total de 1,6 bilhão de dólares em multas. As operações também são voltadas para a apreensão de comerciantes de animais silvestres e pescadores ilegais. O setor privado está diretamente envolvido na busca pela sustentabilidade da região amazônica. Entidades empresariais assinaram pactos setoriais com o governo federal para dar continuidade aos negócios na região, porém, com a intenção de evitar a expansão ilegal em áreas de preservação. Entre os principais acordos assinados está a chamada Moratória da Soja, que prevê a proibição de exportação de soja produzida em áreas ilegais, e o pacto com os madeireiros, que determina que a iniciativa privada não compre madeira originária de áreas desmatadas. O segmento financeiro participa com o Protocolo Verde, uma carta de intenções na qual as instituições se comprometem a empreender políticas e práticas bancárias exemplares em termos de responsabilidade socioambiental. O Conselho Monetário Nacional, órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional, determinou em 2008 que os bancos não podem emprestar aos produtores rurais da região amazônica que não estejam com suas terras regularizadas. (*) No Portal Brasil revistaamazonia.com.br


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Campanha para escolher as 7 Maravilhas da Natureza entra na reta final Vote na Amazônia como uma das novas 7 maravilhas da natureza

T

odo mundo sabe que a Amazônia tem ecossistemas riquíssimos, biodiversidade inigualável e importância fundamental para a vida do planeta. Se eleita, a Amazônia entrará ainda mais no centro das atenções: novos investimentos sustentáveis, recursos privados e públicos para pesquisas, novas fontes de turismo ecológico e incentivos internacionais para diminuir o desmatamento e aumentar a fiscalização. Eleger a Amazônia é um ato de carinho e de amor à natureza! O concurso se encerra em 11 de novembro de 2011 e a Amazônia disputa posição com outras 27 candidaturas do mundo todo. A novidade da nova fase da campanha é o uso do telefone celular. Os brasileiros poderão votar mandando uma mensagem pelo sistema SMS para o número 22046, com a palavra “Amazônia”. O custo é de R$ 0,31, mais impostos. Podem participar clientes de todas as operadoras de telefonia celular e não há limite para o número de votos por pessoa. A nova fase da campanha é decisiva. Faltam menos de 90 dias para a escolha”. Vote na Amazônia em: http://wonderamazon.com/ votar.php

Guaraná da Amazônia

A Amazônia está na disputa entre as 7 maravilhas da natureza. Precisamos do seu voto! Alter do Chão, a mais bela praia do mundo

Campanha Nas fases anteriores da campanha, a votação era feita exclusivamente no site da entidade suíça organizadora do concurso, em inglês (www.n7w.com). Com a entrada do celular no jogo, a expectativa é que a votação ganhe impulso. A estimativa total da organização do concurso é de 1 bilhão de votos em todo o mundo. “O Brasil tem 190 milhões de linhas de celular e mais de 140 milhões de usuários”, sobre o potencial de votos dos brasileiros. “Queremos 100 milhões de votos e vamos trabalhar para conseguir até o dia 11 de novembro colocar a Amazônia entre as sete maravilhas da natureza”.

Cinco continentes O concurso para a escolha das Novas Sete Maravilhas da Natureza está programado para se encerrar em 11 de novembro de 2011. Participam, ao todo, 28 sítios finalistas espalhados pelos cinco continentes. Além da Amazônia, o Brasil é representado também pelas Cataratas. Vote na Amazônia como uma das novas 7 maravilhas da natureza Ao votar por Telefone, o Código da Amazônia é 7701 Mais informações em www.n7w.com 12 REVISTA AMAZÔNIA

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1 PG REVISTA_amazonia_205x27.pdf 1 24/8/2011 17:47:10

MUNICÍPIOS VERDES DO PARÁ.

Um programa de combate ao desmatamento que aumenta a arrecadação municipal e melhora a qualidade de vida. O programa Municípios Verdes, lançado pelo Governo do Pará para combater o desmatamento, obteve a adesão de 70 municípios logo na primeira semana. Porque vai direto ao ponto. Estimula as boas práticas ambientais e recompensa o município por isso. Para se tornar verde, o município precisa apresentar índices progressivos de redução do desmatamento, estimular os produtores rurais a legalizar suas terras, fazer o Cadastro Ambiental Rural e obter o Licenciamento Ambiental Rural. E, se for o caso,

C

M

fazer o Plano de Recuperação de Área Degradada.

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O Governo vai dar todo o apoio para que os

CM

municípios alcancem suas metas. E o mais

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CY

importante: está criando o ICMS Ecológico,

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que muda os critérios de distribuição

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do principal tributo estadual para premiar os Municípios Verdes com uma participação maior.

O resultado é fácil prever. Menos desmatamento, mais produção, mais recursos nos cofres municipais, mais qualidade de vida para todos. revistaamazonia.com.br

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O patrimônio ambiental da Amazônia Legal Geoestatísticas de Recursos Naturais

Q

uando se trata da Amazônia Legal, o tema cobertura vegetal aparece, via de regra, como a principal preocupação. Mas o patrimônio ambiental dessa extensa parcela do território brasileiro vai além da floresta e outros tipos de vegetação. Inclui, por exemplo, um subsolo formado por rochas com alto potencial de armazenamento e transferência de água potável e um solo com um estoque considerável de carbono, que, se liberado para a atmosfera, pode alterar o balanço dos gases de efeito estufa. Essas e outras riquezas são reveladas pelas “Geoestatísticas de Recursos Naturais da Amazônia Legal”, com informações sobre os recursos naturais da região – vegetação e cobertura da terra; relevo; solos; e rochas e recursos minerais – , muitas das quais podem se tornar indicadores úteis ao acompanhamento sistemático da utilização e do estado de conservação desses recursos. As estatísticas selecionadas são geradas a partir do Banco de Dados e Informações Ambientais (BDIA), mantido pelo IBGE, que reúne desde as informações levantadas pelo Projeto RADAMBRASIL, nas décadas de 1970 e 1980, até dados mais recentes, datados de 2002. Para o restante do território brasileiro, a meta é disponibilizar os dados até 2014. Embora as informações do BDIA não se prestem ao monitoramento em tempo real das mudanças da cobertura da terra na Amazônia Legal, auxiliam na compreensão de como esses processos ocorrem e das tendências de médio e longo prazo.

brasileiro (Tabela 2 e Gráfico 2), nas, Pará e Mato Grosso ocupa estados ocupam 26%. A Amazônia Legal ocupa 5.016.136,3 km2, que correspondem a cerca de 59% do território brasileiro. Nela vivem em torno de 24 milhões de pessoas, segundo o Censo 2010, distribuídas em 775 municípios, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins (98% da área do estado), Maranhão (79%) e Goiás (0,8%). Além de conter 20% do bioma cerrado, a região abriga todo o bioma Amazônia, o mais extenso dos biomas brasileiros, que corresponde a 1/3 das florestas tropicais úmidas do planeta, detém a mais elevada biodiversidade, o maior banco genético e 1/5 da disponibilidade mundial de água potável.

ônia Legal e 2010

Área territorial revistaamazonia.com.br

14 REVISTA AMAZÔNIA

Relativa (%)


Quantidade de gêneros arbóreos da Amazônia Legal, por formação florestal, segundo as Unidades da Federação que a compõem

Amazônia Legal concentra cerca de 45% da água subterrânea potável do país

450 400 350 300 250 200 150 100 50

Floresta Ombrófila Densa Floresta Estacional Semidecidual

Mato Grosso

Maranhão

Tocantins

Amapá

Pará

Roraima

Amazonas

Total

Rondônia

Acre

0

Floresta Ombrófila Aberta Floresta Estacional Decidual

Tabela 5 - Áreas da vegetação primária da Amazônia Legal, Fonte: IBGE, de Geociências, Coordenação Naturais e Estudos Ambientais, Banco de Dados e por Diretoria Unidades da Federação quedea Recursos compõem, segundo os tipos de vegetação Informações Ambientais.

(conclusão)

Áreas da vegetação primária da Amazônia Legal (km ) e Distribuição das rochas ígnea, metamórfica Tipos de vegetação Unidades da Federação sedimentar na Amazônia Legal 2

Amapá

Total

Tocantins

Maranhão

Mato Grosso

Goiás

139 547

268 779

258 058

898 167

2 776

Floresta Ombrófila Densa

104 562

1 232

63 459

52 373

..

Floresta Ombrófila Aberta

7 353

17 573

37 008

173 386

..

..

8 251

34 236

164 169

100

Floresta Estacional Decidual

..

1 301

884

11 183

84

Campinarana

..

..

..

111

..

11 635

225 295

89 606

395 085

2 552 ..

Floresta Estacional Semidecidual

Savana Savana-Estépica Formação Pioneira

..

..

..

5 994

15 630

505

11 637

13 481

1

104

..

..

862

..

Refúgio Vegetacional Ecótono (1) Indiferenciada (2)

..

3 226

236

7 591

..

263

11 397

20 992

73 932

39

Fonte: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Banco de Dados e Informações Ambientais. Notas: 1. Não foram consideradas as áreas relativas a massa d'água (rios, lagos e lagoas) na interpretação do mapeamento temático. 2. As diferenças entre soma de áreas e respectivos totais são provenientes do critério de arredondamento. (1) Representa os tipos de vegetação que ocorrem em Área de Tensão Ecológica e que não podem ser diferenciados. (2) Representa Áreas de Tensão Ecológica que sofreram antropização e para as quais, em função disso, não foi possível identificar a vegetação primária.

Área e distribuição percentual da vegetação primária da Amazônia Legal, segundo os tipos Gráfico 3 - Área e distribuição percentual da vegetação primária da de vegetação Amazônia Legal, segundo os tipos de vegetação 2 000 000

%

km²

40,0

10,0

250 000

5,0

0

0,0 Indiferenciada

500 000

Ecótono

15,0

Refúgio Vegetacional

750 000

Formação Pioneira

20,0

Savana-Estépica

1 000 000

Savana

25,0

Campinarana

1 250 000

Floresta Estacional Decidual

30,0

Floresta Estacional Semidecidual

1 500 000

Floresta Ombrófila Aberta

35,0

Floresta Ombrófila Densa

1 750 000

Os conhecimentos sobre a distribuição e a frequência com que minerais e rochas ocorrem na Amazônia Legal possibilitam avaliar, por exemplo, o potencial de produção de água subterrânea (potencial hídrico); combustíveis fósseis (petróleo, por exemplo); e da formação de concentrações de minérios de valor econômico na região. Foram investigados 14 indicadores sobre esse tema. As rochas sedimentares, originadas a partir da alteração, erosão, transporte e deposição de qualquer outro tipo de rocha, compõem 66,8% da área da Amazônia Legal. Elas propiciam a formação de aquíferos porosos, espécie de reservatórios subterrâneos, capazes de armazenar grandes volumes de água, em quantidade suficiente para ser utilizada como fonte de abastecimento. Estima-se que 91% da água subterrânea do Brasil estariam em aquíferos porosos, dos quais 49,45% estariam na Amazônia Legal, ou seja, a região responde por cerca de 45% de toda a água subterrânea do país. A participação dos aquíferos porosos em relação à área emersa total (superfície, excluindo-se os rios) da Amazônia Legal é de 68,3%, e há três principais províncias, ou grandes áreas, de rochas sedimentares: a do rio Amazonas, a do rio Parnaíba ou do Meio-Norte e a do ParanáParecis, que, em conjunto com as reservas de menor porte, abrigam um total de 101.920 km3 de água doce. As maiores áreas de aquíferos porosos encontram-se no Amazonas (1.344.201,7 km2), em Mato Grosso (677.135,1 km2) e no Pará (513.818,9 km2). O Acre e o Maranhão têm os maiores índices de participação, superiores a 90%, reflexo de um subsolo constituído quase que unicamente por rochas sedimentares. Roraima (33,8%) e Amapá (33,2%) apresentam os percentuais mais baixos, embora as extensões de aquíferos porosos em ambos os estados também sejam bastante significativas. Por ser formado predominantemente por rochas sedimentares, o subsolo da Amazônia Legal também tem potencial para exploração de combustíveis fósseis, o que pode ser confirmado pelos campos de petróleo e gás de Urucu, no Amazonas. Há boas perspectivas de acumulação dessas substâncias nas rochas sedimentares das bacias costeiras do Maranhão, Pará e Amapá, além de reservas de gás natural no município de Capinzal do Norte (MA). Ainda nas áreas de rochas sedimentares, há também a possibilidade de serem encontradas jazidas de calcário, utilizáveis tanto na agricultura como para o fabrico de cimento; sal-gema e gipsita, fontes de gesso para a medicina e a construção civil; e anidrita, fonte de sulfato e cálcio. Apesar de possuírem menor potencial metálico, minerais desse tipo e pedras preciosas podem ser encontrados na região. Depósitos de ouro, cassiterita e diamante são comuns.

Fonte: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Banco de Dados e

revistaamazonia.com.br Informações Ambientais.

REVISTA AMAZÔNIA 15


outros tipos de rochas em decorrência de mudanças nas condições físicas ou químicas (mudanças na temperatura e pressão, por exemplo), apresentam maior potencial mineral. As rochas ígneas têm tendência à formação de jazidas de metais nobres, como o ouro, e de minerais industriais, como a cassiterita, e estão mais concentradas na Amazônia Central, uma faixa quase contínua que se estende

Pará tem mais da metade de rochas que podem formar jazidas de metais nobres Já as rochas ígneas (15,1% da área da Amazônia Legal), provenientes da consolidação do magma (massa rochosa do interior da terra em estado de fusão), e as metamórficas (16,1%), resultado de alterações sofridas por

Estoque médio de carbono em até um metro de solo na Amazônia Legal

do sudeste do Pará ao norte de Roraima e ao noroeste do Amazonas (ver mapa na página anterior). O Pará abriga 51,9% das rochas ígneas da Amazônia Legal, em seguida, vem Mato Grosso, com 14,2%. O Acre possui a menor extensão relativa deste tipo de rocha, menos de 0,01% do território do estado. Além de metais preciosos as rochas ígneas também apresentam potencial hídrico subterrâneo, com a ocorrência dos chamados aquíferos fraturados, que acumulam água em rachaduras nas rochas e representam uma reserva de 10.080km3 de água doce no Brasil, dos quais estima-se que pelo menos 6.048 km3 (60%) estejam na Amazônia Legal. As rochas metamórficas apresentam potencial como fonte de ouro primário. São propícias também à formação de jazidas minerais de uso industrial, notadamente de ferro e manganês, e de sulfetos de cobre, chumbo e zinco. São, ainda, fontes de material para construção civil, como brita e rochas ornamentais. O Pará detém 37,3% da extensão desse tipo de rocha na Amazônia Legal, enquanto Acre (um percentual muito próximo de zero) e Maranhão (0,8%) apresentam proporções pouco significativas.

Carbono armazenado no solo é maior que na atmosfera

Vegetação primária da Amazônia Legal 70°W

60°W

50°W

5°N

5°N

SURINAME

VENEZUELA

GUYANE

GUYANA

Oc ea no

Roraima

COLOMBIA

At lân tic

o

Amapá

Amazonas Pará

Maranhão

5°S

5°S

Piauí

Acre Tocantins

10°S

10°S

Rondônia

Bahia

Mato Grosso

PERÚ

BOLIVIA

15°S

15°S

Goiás

Oc ea no

DF Minas Gerais

Pa cíf ic

0

o

CHILE 70°W

60°W

75

150

300 Km

Projeção: Albers Datum: SIRGAS2000

Mato Grosso do Sul 50°W

Floresta Ombrófila Densa

Savana-Estépica

Ecótonos

Massa d’água

Floresta Ombrófila Aberta

Formações Pioneiras

Refúgio Vegetacional

Amazônia Legal

Fl. Estacional Semidecidual

Campinarana

Áreas de Tensão Ecológica

Fl. Estacional Decidual

Savana

Fonte: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Banco de Dados e Informações Ambientais.

Em Mato Grosso e no Maranhão estão as maiores áreas de ocorrência de Florestas Estacionais da Amazônia Legal (Mapa 2). Estas formações florestais merecem especial atenção em função de ocorrerem, predominantemente, em ambiente de contato com outros tipos de vegetação (Área deTensão Ecológica) e estarem presentes na região do arco do desmatamento (área com maior pressão antrópica).

16 REVISTA AMAZÔNIA

A informação dos cinco indicadores reunidos no tema solo é valiosa para a compreensão de temas relevantes para a Amazônia Legal, como o desenvolvimento agrícola e a preservação de áreas de risco. No ecossistema terrestre, o solo é um compartimento chave no processo de redução da emissão de gases do efeito estufa, pois possui grande estoque de carbono. O solo retém, no primeiro metro de profundidade, cerca de duas vezes o estoque encontrado na atmosfera. Estima-se que, no Brasil, 75% das emissões de CO2 sejam oriundas de mudanças no uso da terra, seja pela erosão e a decomposição da matéria orgânica dos solos, seja pela conversão de florestas e outras formas de vegetação natural para o uso agropecuário. Daí a importância dos estoques de carbono para o balanço de gases de efeito estufa na atmosfera. Em média, o solo da Amazônia Legal tem, no seu horizonte superficial (profundidade máxima de 50 cm, com espessura média de 30 cm) um estoque de carbono orgânico de 55,7 toneladas por hectare, sendo que essa concentração não é uniforme e varia entre 0,1 e 208,7 toneladas por hectare, com predomínio da classe de 40 a 60 t/ha. Ao considerar a profundidade de até um metro de solo, o valor médio do estoque de carbono aumenta para 95,7 t/ha, podendo chegar ao máximo de 250,5 t/ha, com predomínio da classe de 80 a 100 t/ha. O mapa a seguir localiza, na Amazônia Legal, as faixas de concentração de carbono em até um metro de profundidade do solo. O teor de carbono varia de acordo com a porção da Amazônia analisada. As áreas próximas das calhas dos rios apresentam um número menor. revistaamazonia.com.br


Distribuição das unidades amostrais dos inventários florestais e levantamentos florísticos nas formações florestais da Amazônia Legal

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A Amazônia Legal representa 59% do território brasileiro (Tabela 2 e Gráfico 2), observando-se que o conjunto formado por Amazonas, Pará e Mato Grosso ocupa cerca de 74% desta região, enquanto os seis outros estados ocupam 26%. Tabela 2 - Área territorial, da Amazônia Legal e demais regiões do Brasil - 2010 Regiões do Brasil Brasil

Área territorial Absoluta (km2)

Relativa (%) 8 514 877

100,0

Amazônia Legal

5 016 136

58,9

Demais regiões do País

3 498 741

41,1

Fonte: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Banco de Dados e Informações Ambientais.

Gráfico 2 - Distribuição percentual da área da Amazônia Legal e das demais regiões do Brasil - 2010

41,1%

58,9%

Amazônia Legal

Outras regiões do Brasil

Fonte: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Banco de Dados e Informações Ambientais.

Nesta região encontra-se a totalidade do Bioma Amazônia, que é o mais extenso dos biomas brasileiros (MAPA..., 2004), e grande parte, cerca de 20%, do Bioma Cerrado. A Amazônia abriga a maior floresta tropical do mundo, correspondendo a 1/3 das florestas tropicais úmidas do planeta, com um número ainda longe de ser precisado de espécies vegetal e animal, muitas delas endêmicas. Embora seu patrimônio natural seja ainda em grande parte desconhecido, estima-se que a Floresta Amazônica detenha a mais elevada biodiversidade, o maior banco genético e 1/5 da disponibilidade mundial de água potável.

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Vegetação é fundamental para equilíbrio de processos erosivos na Amazônia Legal O conhecimento do relevo é de grande importância para a organização, o planejamento e a gestão territoriais, já que ele exerce influência sobre a distribuição da população e condiciona, em certa medida, as atividades econômicas e a estruturação da rede viária. Foram analisados cinco indicadores sobre o tema. Na Amazônia Legal, predomina um relevo colinoso, ou suavemente ondulado, em grande parte com densa cobertura vegetal, cuja manutenção é fundamental para o equilíbrio da atuação dos processos erosivos. A manutenção da vegetação também tem papel importante nas áreas sujeitas a inundações, que correspondem a 12,4% do território da Amazônia Legal, como as planícies fluviais, marinhas e lacustres (que margeiam lagos). As áreas de relevo mais acidentado, com classes de intensidade de dissecação “forte” (12,4% da área) e “muito forte” (11,0% da área), estão mais concentradas no extremo oeste da Amazônia Legal, nos estados do Acre e do Amazonas, no oeste do Amapá, noroeste do Pará e de Roraima e norte de Mato Grosso. São áreas de extrema fragilidade ambiental, sobretudo considerando que sobre elas registram-se avanços da ação do homem ao longo de eixos rodoviários, derrubando a floresta e contribuindo para a aceleração dos processos erosivos, com prejuízo para as vias de acesso e para o escoamento da produção. O total da área antropizada (com vegetação original substituída por outro tipo de cobertura devido à ação do homem) na Amazônia Legal correspondia a 752.202 km² ou 15% da superfície total em 2002. Em números absolutos, os estados que possuem maiores áreas alteradas pelo homem são Maranhão, com 139.239 km2, representando 53% de sua área; Mato Grosso, com 233.416 km2 ou 25,8% do total; e Pará, com 203.606 km2 ou 16,3% do total. Nos estados do Amazonas, Amapá, Roraima e na porção mais ocidental do Pará e do Acre, as ocupações são mais rarefeitas e ocorrem por meio de vias de circulação como os rios ou estradas abertas em áreas de vegetação natural.

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Distribuição percentual dos tipos de vegetação primária da Amazônia Legal, segundo as Unidades da Federação que a compõem 100,0

%

90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0

Floresta Ombrófila Densa Floresta Estacional Decidual Savana-Estépica Ecótono

Floresta Ombrófila Aberta Campinarana Formação Pioneira Indiferenciada

Goiás

Mato Grosso

Maranhão

Tocantins

Amapá

Pará

Roraima

Amazonas

Acre

Rondônia

0,0

Floresta Estacional Semidecidual Savana Refúgio Vegetacional

Fonte: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Banco de Dados e Informações Ambientais.

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Saldo histórico do desmatamento: 2,6 bilhões de árvores eliminadas até 2002 Dividido em 16 indicadores, o tema vegetação e cobertura da terra mostra, entre outros, os efeitos históricos da ação do homem na floresta e em outros tipos de vegetação da Amazônia Legal. Cerca de quatro milhões de quilômetros quadrados da Amazônia brasileira eram originalmente recobertos por florestas e, até 2002, a área desmatada já era da ordem de 15,3% do total da vegetação – percentual que já aumentou desde então. O processo de desmatamento acentuou-se nas últimas quatro décadas, concentrado nas bordas sul e leste da Amazônia Legal (arco do desmatamento). Até 2002, a região havia sofrido a eliminação de 2,6 bilhões de árvores, o que correspondia a aproximadamente 13% do total de árvores com diâmetro maior que 33 cm nas florestas. Em termos de volume, 4,7 bilhões de metros cúbicos de madeira foram eliminados pelo desmatamento nas formações florestais na Amazônia Legal até 2002. O desmatamento foi responsável pela eliminação de aproximadamente 23 bilhões de toneladas (12,7%) de biomassa, ou matéria orgânica de origem vegetal, e 6,6 bilhões de toneladas de carbono (12,7%) das formações florestais da Amazônia Legal até 2002. Estima-se que, naquele ano, havia aproximadamente 157 bilhões de toneladas de biomassa e 45 bilhões de toneladas

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de carbono remanescentes nas formações florestais da Amazônia Legal.

Em 2002, uso da terra afetava 15,3% da vegetação da Amazônia Legal Em 2002, o antropismo, ou a mudança na cobertura da terra por interferência humana, por meio de atividades de desmatamento e queimadas, atingia 15,3% da área de vegetação primária da Amazônia Legal.

A pecuária se destaca como o principal uso que altera a cobertura da terra, representando 51,7% da vegetação antropizada na Amazônia Legal, enquanto a vegetação secundária (vegetação que surge naturalmente após o abandono de áreas antes usadas pelo homem) corresponde a 32,1%, e a agricultura, a 15,2%. Os estados do Maranhão, de Goiás, do Tocantins, de Mato Grosso e de Rondônia tinham mais de 20% da vegetação antropizada. Da parcela de território maranhense inclusa na Amazônia Legal, 54% da vegetação primária apresentava antropismo em 2002. Já o Amazonas tinha

o menor grau de antropismo: apenas 1,5% da vegetação alterada. Os principais destaques das “Geoestatísticas de Recursos Naturais da Amazônia Legal”, pode ser consultada no endereço: http:// www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/diagnosticos_levantamentos/ default.shtm Do Banco de Dados e Informações Ambientais (BDIA), mantido pelo IBGE

Estoque médio de biomassa e carbono totais por formações florestais segundo Unidades da Federação da Amazônia Legal

Compartimentos de relevo da Amazônia Legal

Áreas sujeitas a inundações na Amazônia Legal

Formas de relevo da Amazônia Legal

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Quantidade de gêneros arbóreos por formações florestais segundo Unidades da Federação da Amazônia Legal

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Quantidade de árvores na vegetação primária por formações florestais segundo Unidades da Federação da Amazônia Legal

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por

Gladson Cameli *

Dia da

Amazônia

O

Amazônia: lembramos de densa floresta tropical, biodiversidade incrível, riqueza de matéria-prima

Dia da Amazónia foi instituído pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Dezembro de 2007. A data escolhida, 5 de Setembro, homenageia a criação da província do Amazonas por D. Pedro II, em 1850. A primeira comemoração ocorreu em 2008. Falar hoje da Amazônia é um tanto quanto difícil, pelo fato de que a responsabilidade pesa cada vez mais para nós, amazônidas, imposta por nações estrangeiras que tentam nos impor suas idéias e metas, diretrizes e programas goela à baixo, nos acusando de destruição da natureza. Temos a consciência de que muita coisa errada foi feita contra a nossa Amazônia, porém, temos que ter também a consciência necessária de mostrar que precisamos de desenvolvimento. Estamos esquecidos há décadas pelos projetos de desenvolvimento dos nossos dirigentes e precisamos gritar para que o nosso espaço surja e a nossa voz seja ouvida. Na qualidade de Presidente da Comissão da Amazônia, tenho buscado, junto com os demais colegas deputados, promover o nome da nossa região, mostrando ao resto do País as nossas necessidades, mas também o potencial que temos para oferecer para a Nação. A ocupação da Amazônia sempre foi olhada com restrições e boicotada até certo ponto, para preservação ambiental. Lembramos que a recuperação da Rodovia 317 que liga Porto Velho a Manaus, elo importantíssimo para o desenvolvimento de toda uma região, foi barrada há pouco tempo, sob a alegação de que o habitat e seus habitantes (os índios) não suportariam uma nova “invasão” de seus domínios. 22 REVISTA AMAZÔNIA

Temos assim, relegado a um quarto ou quinto planos, o bem estar do homem da Amazônia, que tenta, a todo custo, sobreviver diante das agruras naturais que lhes são impostas. A Amazônia é a mais vasta e a mais rica região do País em recursos naturais. Maior reserva de biodiversidade do mundo, a Floresta Amazônica é também o maior bioma brasileiro em extensão, estando presente em quase metade do território nacional. São mais de quatro milhões de quilômetros quadrados, que ocupam a totalidade de cinco unidades da Federação – Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima –, grande parte de Rondônia e mais da metade de Mato Grosso, além de parte do Maranhão e do Tocantins. Quando falamos em Amazônia lembramos de densa floresta tropical, biodiversidade incrível, riqueza de matériaprima. Todos esses fatores positivos contribuem para que ela seja o que é hoje: alvo de especulações e inveja de grande parte das nações do mundo, principalmente das poderosas, cujo grande objetivo é apoderar-se de uma dávida que veio florescer em pleno território brasileiro. Em 1990, foi iniciado um trabalho na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia para determinar a distribuição da diversidade vegetal na Amazônia. Hoje, existe uma base de dados com a distribuição de mais de 3.500 espécies, capaz de gerar mapas por gênero, família ou total. Somando todas as áreas recobertas pela floresta, temos o incrível número de 6 milhões de quilômetros quadrados. A parte brasileira é calculada em 3 milhões e meio de quilômetros quadrados, o que representa mais de 50% da floresta e 42% do território nacional. Segundo o geógrafo Aziz Ab’Saber, a Amazônia tem

características marcantes que tornam sustentável tamanha vastidão verde. Ab’Saber nos chama atenção a extraordinária continuidade das florestas , e da grandeza de sua rede pluvial, ressaltando ainda que apesar desta vastidão apresenta pouca variedade de ecossistemas, mesmo analisando regiões e altitudes diversas. Algo que nos salta aos olhos é a mesmice encontrada nas terras amazônicas, sempre com altas e densas florestas, bem servidas de rios e animais. A Amazônia é um intrincado ecossistema, que abriga uma riqueza de fauna e flora inestimáveis, podendo, caso seja usada de forma correta, trazer um avanço para o ser humano inimaginável. Mas a imensidão esconde a fragilidade desta massa viva perante a uma única espécie. Nossa população já se acostumou com suas hidrovias para deslocamento, pois as estradas são sonhos quase que impossíveis de serem concretizados nesta vasta imensidão verde. Precisamos de planos de sustentabilidade sim, para que nossos recursos naturais não se acabem. Mas precisamos também, de programas que favoreçam aqueles que estão produzindo, colocando o alimento na mesa e exportando grãos. Precisamos urgentemente da regularização fundiária, não aquela do papel, mas aquela que realmente ponha em prática assentar definitivamente o homem à sua terra, sem medo de perdê-la amanhã. Os nossos agricultores estão sem a documentação necessária para contratar financiamentos para aquisição, sequer do maquinário para o trabalho na terra. Não há porque abrir novas frente agrícolas quando podemos promover a segurança da produção com aquilo que já foi implantado ao longo do tempo. A importância da Amazônia para a humanidade não está apenas no papel que desempenha para o equilíbrio ecológico mundial. A região é berço de inúmeros povos indígenas, e sua riqueza cultural inclui o conhecimento tradicional sobre os usos e a forma de explorar esses recursos sem esgotá-los nem destruir o hábitat natural. Estamos abertos ao diálogo para que o binômio desenvolvimento / preservação seja uma constante em todos os projetos apresentados na Câmara dos Deputados e que tenham ligação com a Comissão da Amazônia. Vamos continuar em busca da melhoria na qualidade de vida do homem da Amazônia, pois cremos que a floresta, bem como todos os outros recursos naturais feitos por Deus, foram colocados à disposição do homem para o seu benefício, e não para servir de meios para tornar a sua vida mais amarga. (*) Deputado Federal, presidente da Comissão da Amazônia,Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional

Gladson Cameli, presidente da Comissão da Amazônia,Integração Nacional e de revistaamazonia.com.br Desenvolvimento Regional


O robĂ´ que ajuda o meio ambiente Heitor Domingues (8 anos), filho de Rosilene Domingues, analista da FINEP

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por

Wallace Abreu

Amazônia

do futuro: Foto: Ascom/Inpa

N

os últimos anos, vimos crescer um conjunto significativo de intervenções na Amazônia com reflexos imediatos no ambiente aquático. São novas hidrelétricas, mudanças no uso do solo, abertura de estradas, desmatamento, impactos urbanos e, principalmente, as mudanças climáticas globais, que causam preocupações em todos os cantos do planeta. Não sabemos como os organismos da Amazônia, em particular os organismos aquáticos, responderão a essas mudanças ambientais causadas pelo homem. Não sabíamos até a efetivação do Instituto Nacional de 24 REVISTA AMAZÔNIA

Projeto simula em laboratório como organismos aquáticos amazônicos vão se adaptar as mudanças climáticas Estudo inédito submeterá plantas e animais a efeitos do aquecimento global revistaamazonia.com.br


Peixes dentro dos aquários

Ciência e Tecnologia de Estudos de Adaptações da Biota Aquática da Amazônia (INCT Adapta). Um dos principais objetivos do projeto é estudar os impactos do aquecimento global em organismos aquáticos da Amazônia, por meio da incorporação de um ferramental técnico inédito em pesquisas científicas. São mais de 200 pesquisadores envolvidos, distribuídos em diferentes grupos de pesquisas presentes em nove países. O projeto simulará o clima na terra daqui a 20, 50 e 100 anos, quando a previsão média do clima terrestre poderá

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aumentar entre 4ºC e 6ºC além do aumento de emissões de dióxido de carbono (CO2). Os microcosmos são laboratórios de 25m³ que terão suas temperaturas e emissões de gás carbônico controlados externamente. “É a primeira vez que temos uma abordagem integrada sobre isto na Amazônia, além de trazer um ferramental científico extremamente novo, entre eles um conjunto de quatro microcosmos onde vamos reproduzir os aumentos de temperatura e gás carbônico de acordo com os cenários de mudanças climáticas previstos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para o ano de 2100. Estamos trazendo também um laboratório modelo na área de bioinformática para trabalhar com expressão gênica”, destaca Adalberto Val, coordenador geral do projeto Adapta. Falar em Bioinformática é falar no desenvolvimento de um sistema de software para a interpretação de dados científicos. Surgiu da necessidade de melhor compreender a as funções biológicas, mais especificamente dos genes. O Adapta inova ao aplicar esta metodologia nos estudos e pesquisas sobre os organismos aquáticos amazônicos frente às mudanças climáticas. O projeto é um dos quatro INCTs que tem seu laboratório sede no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT). O projeto foi aprovado em 2009 e até o primeiro semestre deste ano, os microcosmos estavam em fase de montagem e teste dos equipamentos. O Adapta é um projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). De acordo com a coordenadora de programas aplicados do Adapta, Vera Val, o projeto apresentará resultados importantes para que as próximas gerações possam se preparar para os cenários de mudanças climáticas do futuro. “O ambiente aquático na Amazônia é bastante diferenciado, com vários tipos e águas e diferentes espécies da fauna e flora e essas adaptações podem gerar informações importantes para o futuro inclusive do próprio homem”, declarou a pesquisadora.

Há fatores que tentam explicar essa diversidade de peixes na Amazônia como a formação da bacia, sua dinâmica e até fatores genéticos, mas há questões atuais acerca da biodiversidade e conservação biológica da amazônica segundo Val. “São novos fatores que precisam ser levantados como, quais espécies existem e como estão relacionados; como e porque a biodiversidade muda ao longo do tempo; como estas espécies vivem; o que determina o desaparecimento delas; e outras”, destaca Vera. Há outros fatores que também são responsáveis pelas adaptações destes organismos como os compostos presentes no petróleo que tem a capacidade de quebrar as células e interferir diretamente no DNA destes organismos e o aumento da radiação ultravioleta (UV). Hoje temos 17% de áreas desmatadas na Amazônia e isso causa uma grande exposição de colunas d’água a estes raios UV.

Nem só de peixes vivem os rios Além dos peixes, os rios e igarapés possuem milhares de outras formas de vida embaixo d’água. São mamíferos Painel de controle dos microcosmos (Laboratório de Bioinformática)

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aquáticos, plantas e até insetos. É da cultura do ser humano se sentir ameaçado pelos insetos, principalmente aqueles que voam. Eles acabam ganhando dimensões bem maiores que a real diante de olhos aterrorizados. Pois eles deviam sentir bem mais medo de nós. Afinal, o ser humano e suas ações que degradam a natureza é um dos maiores predadores dos insetos. Para avaliar o efeito que estes impactos ambientais causados pelo homem deixam, os insetos aquáticos também se tornam objeto de estudo por estarem presentes na maioria dos ambientes aquáticos, além de serem sensíveis à mudanças nos ambientes, por acumularem estas substâncias e possuírem um grande número de espécies, diferentes modos de vida e serem fáceis de coletar. Geralmente os insetos aquáticos despejam seus ovos em águas de igarapés não poluídos. Como faz quando esse cenário não mais existe? O único jeito para estes insetos é se adaptar aos ambientes aquáticos existentes, no caso, igarapés poluídos. Essas adaptações também são objeto de estudo do grupo de invertebrabos do Adapta, coordenado pela pesquisadora Neusa Hamada do Laboratório de Insetos Aquáticos da Coordenação de Pesquisa em Entomologia (CPEN) do Inpa. “Há duas maneiras para que seja feita uma avaliação em um ambiente aquático. Uma delas é o biomonitoramento em insetos, peixes e plantas e a outra maneira é analisar as características físicas e químicas das águas como a quantidade de oxigênio, fósforo, nitrogênio, seu pH e temperatura”, ressalta Hamada.

Sala de máquinas

Como estará a biota aquática da Amazônia daqui a 100 anos?

Primeiros resultados Os organismos ficarão encubados nos microcosmos no período de seis meses a um ano, ou em tempo reduzido dependendo do ciclo de vida de determinadas espécies.

Aquários onde as amostras serão armazenadas. Os aquários ficam dentro das salas dos microcosmos. As salas possuem uma pequena passagem para entrada e saída de material com duas portas ligadas à um sistema que não permite que ambas sejam abertas ao mesmo tempo para que não haja mudança na temperatura artificial da sala Para o Ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, a economia do futuro será de conhecimento e terá que ser uma economia da sustentabilidade ambiental

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Municípios paraenses abraçam o programa Municípios Verdes Foto: Antônio Silva e Cristino Martins/Ag. Pará

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ançado em 23 de março de 2011, o “Programa Municípios Verdes” – projeto do Governo do Pará dedicado a mudar o cenário de devastação da Amazônia–, continua buscando atingir a meta do desmatamento zero por município até 2020. Inicialmente considerado um projeto ambicioso, o programa continua crescendo e agregando parcerias. Hoje, dos 143 municípios paraenses, 89 já fazem parte do pacto contra o desmatamento e a favor do desenvolvimento sustentável. O programa, que reúne junto ao Governo do Estado, o Governo Federal, administrações municipais, Ministério Público, empresários, produtores e outras instituições representativas de setores produtivos, propõe promover uma economia mais forte, de baixo carbono e alto valor agregado a fim de melhorar governança pública munici-

Sidney Rosa, ex-prefeito de Paragominas, hoje chefia a Secretaria Especial de Estado de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção: zerar o desmatamento, impulsionando a atividade produtiva

Durante o lançamento do Programa Municípios Verdes

pal e reduzir o desmatamento e a degradação. Ser um município verde agrega uma série de benefícios para as cidades que passem a cumprir as metas préestabelecidas. Entre elas estão: a adesão de 100% dos Municípios ao Programa; desmatamento anual menor que 35 Km² por município; dinamização da economia local sustentável com agregação de tecnologia e novos investidores; regularização fundiária priorizando os Municípios que buscam as metas das premissas; gestão dos resíduos sólidos; promoção de ações de Educação Ambiental; fortalecimento de órgãos municipais incluindo os sistemas municipais de meio ambiente; modernização da legislação ambiental; produção certificada (responsabilidade ambiental e social – geração de emprego e renda), e agregar renda também à agricultura familiar

EXPRESSO VAMOS + 28 REVISTA AMAZÔNIA

a fim de reduzir a pobreza. Entre os benefícios estão a atração de investimentos, a dinamização da economia, a regularização fundiária, o aumento da produtividade e agregação de valor à agropecuária, a atração de investimentos, a capacitação e formação técnica da mão-de-obra regional, a modernização da legislação ambiental e fiscal do Estado e Municípios, entre outros.

Modelo Palco do lançamento do “Municípios Verdes”, Paragominas adotou o programa como um novo modelo de gestão ambiental, tornando-se o primeiro município verde do Estado.

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Produzir riqueza, gerar emprego, sem destruir o verde. Essas são algumas das finalidades do Programa Estadual Municípios Verdes

Como exemplo de que é possível atingir as metas do programa, a cidade, que nas primeiras décadas de sua criação já foi uma das mais degradadas do Pará, sofria pelo desmatamento ilegal e pela ocupação desordenada, além da venda de terras para a agropecuária, porém, conseguiu mudar sua realidade a partir de um pacto para sair deixar de ser uma das cidades com maior índice de desmatamento da Amazônia. As medidas foram tão bem sucedidas que serviram de inspiração para que o governo levasse o exemplo do município para outras regiões do estado, propondo que cada cidade faça parte do pacto do Município Verde. Sidney Rosa, que já foi prefeito de Paragominas e que hoje chefia a Secretaria Especial de Estado de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção, ressalta que “o objetivo é fazer com os municípios sigam o modelo adotado por Paragominas há três anos. Ou seja, zerar o desmatamento, mas impulsionando a atividade produtiva”, afirmou Sidney Rosa.

Site Esta semana entra no ar o site do programa, onde será possível fazer o download de documentos importantes para a adesão ao pacto, entender os procedimentos administrativos que o município deve adotar e se manter atualizado sobre o andamento do projeto. O endereço é www.municipiosverdes.com.br. revistaamazonia.com.br

No Parque ambiental de Paragominas

Paragominas adotou o programa como um novo modelo de gestão ambiental, tornando-se o primeiro município verde do Estado

Como participar Para aderir ao programa, acesse o site “Municípios Verdes” e baixe o termo de compromisso, enviando o documento assinado para o Ministério Público Federal no endereço: Rua Domingos Marreiros, Nº690. Bairro: Umarizal. Belém/PA - CEP 66.055-210 - PABX: (91) 3299-0100 A prefeitura que quiser assinar o compromisso pode obter a minuta do documento que está disponível também nas sedes da Famep e da Faepa. Uma vez assinado o compromisso, o documento pode ser enviado por correio ao MPF em Belém ou pelo endereço eletrônico dalya@ prpa.mpf.gov.br REVISTA AMAZÔNIA 29


Povos da Amazônia usam GPS e fazem mapas Nova Cartografia Social da Amazônia - PNCSA Foto: Maria Pantoja-UFAC e Luís Augusto Pereira Lima - PNCAA-UEA

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or promover a união improvável entre o conhecimento tradicional de grupos amazônicos e as modernas técnicas de mapeamento

por satélite, um antropólogo brasileiro acaba de receber um prêmio de US$ 100 mil da Fundação Ford, sediada nos EUA. “Muita gente acha que a Amazônia é um caos fundiário, mas não é bem assim”, disse Alfredo Wagner Berno de Almeida, pesquisador da Ufam (Universidade Federal do Amazonas). “A verdade é que essas comunidades organizam muito bem seu território. E os mapas que ajudamos

O antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida ganhou o prêmio de US$ 100 mil por ensinar povos da Amazônia a usar GPS e fazer mapas

Comunidades Tradicionais de Democracia, Jatuarana, Pandegal, Santa Eva e Terra Preta do Ramal 464 - Manicoré – Amazonas Cartografia Social do Pólo de Marabá

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a editar expressam essa racionalidade.” Esse é basicamente o trabalho que levou à láurea concedida a Almeida e seus colegas: editar mapas. O projeto do grupo, batizado de “Nova Cartografia Social da Amazônia - PNCSA”, ensina indígenas, quilombolas e outros grupos tradicionais a empregar o GPS e técnicas modernas de georreferenciamento para produzir mapas artesanais, mas bastante precisos, de suas próprias terras. Desde o lançamento, em 2005, cerca de 120 fascículos desse mapeamento já foram publicados (alguns com comunidades tradicionais de outras regiões do Brasil). A intenção dos pesquisadores é entender como esses grupos usam seu espaço e organizam, em alguns casos há milênios, o uso dos preciosos recursos naturais da região. Os mapas também ajudam a entender como essas identidades colidem com a urbanização e a expansão da fronteira agrícola na Amazônia, e a auxiliar as comunidades a demonstrar os direitos sobre seu território tradicional. “Existe hoje uma pressão grande para a formalização do mercado de terras na Amazônia. A regularização é fundamental, mas às vezes não leva em consideração esses povos tradicionais”, diz o antropólogo, nascido em Minas Gerais e com doutorado no Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nesse trabalho, o grupo de mais de 70 pesquisadores, entre antropólogos, economistas, biólogos e agrônomos, também pode constatar como essas identidades estão se transformando. Uma das situações emergentes são os índios urbanos – 36 mil deles só na capital amazonense. Sintomático

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desse fato é que o grupo tenha ajudado na demarcação da terra indígena do município de Rio Preto da Eva (AM) – uma terra indígena urbana. A equipe já era apoiada pela Fundação Ford. O prêmio integra o “Visionaries Award” (Prêmio Visionários), dado a “12 inovadores sociais cuja visão extraordinária e trabalho corajoso estão melhorando a vida de milhões de pessoas”, diz a fundação em comunicado. Para Almeida, é importante reconhecer o sucesso dessas comunidades como modelos de gestão responsável dos recursos naturais. Muitos céticos dizem que esse uso sustentável teria mais a ver com falta de alternativas econômicas, e que essas pessoas não hesitariam em deixar seu modo de vida an-

Instrução com GPS - Comunidade Itaquera - Rio Jauaperi - RR / AM

cestral se tivessem acesso a hospitais, educação e lazer urbanos. Ele discorda. “Percebemos que muitas dessas pessoas preferem uma vida com menos conforto material mas com uma rede de proteção social forte, e com autonomia sobre suas vidas, em vez de simplesmente decidirem virar assalariados.” Alfredo Wagner Berno de Almeida (dir.) coordena trabalho de campo em comunidade do rio Jauaperi (AM)

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Mapa da Nova Cartografia Social da Amazônia – UFAM

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Comunidades indígenas do Amazonas recebem título de patrimônio cultural do Brasil Foto: Carlos Dias e © Camila Sobral Barra/ISA

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écnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) estiveram recentemente na cidade de Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas, para a entrega do certificado de registro do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro no Patrimônio Imaterial brasileiro. O título de Patrimônio Cultural Brasileiro foi concedido pelo Conselho, por ter sido reconhecido o caráter único no Brasil do complexo formado pelas práticas e saberes, as bases do manejo dos espaços e da diversidade das mandiocas e manivas, além de plantas cultivadas pelos povos indígenas do Rio Negro. O processo agora protegido pelo Iphan envolve ainda objetos utilizados na transformação dos produtos agrícolas, os sistemas alimentares e outras manifestações culturais. A proposta de registro do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro como Patrimônio Cultural Brasileiro foi apresentada ao Iphan pela Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN), pela Associação Indígena de Barcelos (Asiba) e pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), Institut de Recherche pour le Développment (IRD) - França, e o Instituto Socioambiental (ISA). Técnicos do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan concluíram que este sistema agrícola é capaz de determinar a organização social de etnias e permite,

22 povos indígenas vivem ao longo do Rio Negro, em um território que abrange os municípios de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, até a fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela Tecendo paneiro

inclusive, um mapeamento das línguas e costumes. Em linhas gerais, o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro representa um povo indígena que considera as mandiocas como seres com atributos semelhantes aos humanos como sentimentos, hierarquia, sociabilidade, coletividade e individualidade. A mandioca possui também a capacidade de se comunicar entre si e com as mulheres, que são as donas das roças.

Cultura agrícola do Rio Negro O Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro é entendido como um conjunto formado por elementos interdependentes, como as plantas cultivadas, os espaços, as redes sociais, a cultura material, os sistemas alimentares, os saberes, as normas e os direitos. O cultivo da mandioca brava (manihot esculenta) é a base desse sistema que reúne os mais de 22 povos indígenas que vivem ao longo do Rio Negro, em um território que abrange os municípios de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São 32 REVISTA AMAZÔNIA

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Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, até a fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela. Nesta cultura, o homem prepara a roça e a mulher trabalha na colheita. Eles organizam um conjunto de saberes e modos de fazer enraizados no cotidiano dos povos indígenas da região noroeste do Amazonas. Este bem cultural apresenta contexto multiétnico e multilingüístico, ou seja, os grupos indígenas compartilham formas de transmissão e circulação de saberes, práticas, serviços ambientais e produtos, de forma constante entre as etnias que o vivenciam. Mandioca/farinha: base do sistema que reúne os mais de 22 povos indígenas que vivem ao longo do Rio Negro

Mandioca brava (manihot esculenta)

© Camila Sobral Barra/ISA

Casa de Farinha

© Camila Sobral Barra/ISA

Durante a Cerimônia de entrega do certificado

© Camila Sobral Barra/ISA

Da esq. para dir. Abrahão França, diretor da Foirn, Carla Dias, do ISA e Ana Gita do Iphan

Degustando peixe com farinha…

Beiju secando a beira do Rio Negro

Da esq. p/ dir: Sandra Gomes, Marivelton Barroso, Joaquim Rodrigues, Carlos Nery, lideranças indígenas da Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (Acimrn) e da Coordenadoria das Associações Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro (Caimbrn) e grupo de dançantes revistaamazonia.com.br

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MEGADIVERSIDADE DE PEIXES NO RIO MADEIRA Texto de: Carolina Rodrigues da Costa Doria, Luiz Jardim de Queiroz, Willian Ohara, Gislene Torrente-Vilara, Jansen Zuanon, Cristhiana Paula Röpke, Ariana Cella Ribeiro Fotos: LIP/UNIR, Tiago Pires e Bruno Stefany

A bacia do rio Madeira – contextos amazônico e hidroelétrico

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entre os afluentes do rio Amazonas, o principal coletor de águas da maior bacia hidrográfica do mundo, um dos grandes destaques é dado ao rio Madeira, que deve seu nome à grande quantidade de madeira, principalmente na forma de troncos, que desce pelo seu leito todos os anos. A bacia, formada por este rio e seus afluentes, possui uma enorme extensão, com cerca de 1.370.000 km2 de área total. Sua drenagem corre por terras de três países (Peru, Bolívia e Brasil), com diferentes características ambientais e geológicas. As principais nascentes se localizam no sopé andino, o que confere a cor turva de suas águas ‘café-com-leite’, característica do rio Madeira. No entanto, a bacia recebe ainda, em território brasileiro, afluentes de águas claras e pretas, como as provenientes do rio Guaporé, que nascem nas terras antigas do Escudo Brasileiro. Mais próximo da parte baixa do rio, encontram-se áreas de várzea da bacia sedimentar,

semelhantes às várzeas da Amazônia central em território amazonense. Além das várzeas do baixo rio Madeira, existem importantes áreas alagáveis na região do Guaporé-Mamoré, na borda dos territórios Brasil-Bolívia. Grande parte desse território está inserida em um mosaico de áreas protegidas estaduais e federais, conferindo à região um aspecto de considerável integridade ambiental, quando comparada a outras áreas próximas em Rondônia. No entanto, essas duas grandes regiões periodicamente inundáveis, a região do Guaporé/Mamoré e as várzeas do baixo Madeira, são separadas por um extenso trecho de corredeiras, concentradas em uma extensão de aproximadamente 405 km em território brasileiro, desde a cidade de Guajará-Mirim até a sua última histórica corredeira, Santo Antônio, imediatamente a montante da cidade de Porto Velho. A área é extremamente distinta sob diferentes pontos de vista: socioeconômico, geológico e

ecológico. O rio, nesse trecho, é extremamente caudaloso, com barrancos altos e canal fortemente encaixado no leito e praticamente retilíneo, impedindo que grandes áreas laterais sejam inundadas, mesmo nos períodos de cheias do rio. Essa importante e conspícua área de corredeiras inserida na bacia Amazônia atraiu já há muito tempo a atenção do setor econômico do país, em virtude do seu potencial hidroelétrico. Diante disto, o governo brasileiro propôs um projeto sobre um complexo hidrelétrico no rio Madeira, pelo qual já duas usinas se encontram em estado avançado de construção: a usina de Jirau, sendo construída na corredeira Caldeirão do Inferno, imediatamente a jusante da segunda maior cachoeira, Cachoeira de Jirau; e a usina Santo Antônio, em processo de construção na corredeira homônima, localizada a jusante da Cachoeira de Teotônio, a mais importante do ponto de vista histórico e biogeográfico.

Histórico do estudo de peixes do rio Madeira Mesmo com registros de estudos no rio Madeira que remontam o século XIX, quando os principais naturalistas coletaram e descreveram inúmeras espécies biológicas da Amazônia, alguns estudos se intensificaram após o clássico trabalho sobre a pesca no rio Madeira realizado por Goulding (1979), mas principalmente nas porções da bacia do Madeira inserida em território boliviano. Embora alguns poucos estudos em território brasileiro tenham sido executados em meados da década de 1990, o levantamento mais completo dos peixes das áreas de corredeiras se iniciou em 2003/2004. Esse estudo surgiu justamente em virtude dos empreendimentos hidrelétricos na região, quando uma base de dados biológicos foi construída por equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) em parceria com Furnas, de forma a subsidiar os estu-

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dos de avaliação do impacto ambiental. Após as concessões das primeiras licenças às empresas construtoras dos empreendimentos hidrelétricos, em especial à usina Santo Antônio, com base no conjunto de informações preliminarmente obtidas, foi idealizado o Projeto Básico Ambiental (PBA) em 2007/2008, no qual parte era destinada ao planejamento dos estudos ictiofaunísticos. O PBA foi proposto de forma a planejar uma contribuição para um referencial histórico da condição ecológica e social da área e, a partir de então, acompanhar as transformações na fauna de peixes e na pesca após a implantação dos empreendimentos. Desde 2008, o PBA deu início ao programa de Monitoramento e Conservação da Ictiofauna do Rio Madeira, ligado ao empreendimento. O objetivo era caracterizar a ictiofauna, conhecer o padrão de distribuição das espécies ao longo da bacia no território brasileiro, identificar

variáveis ambientais e biológicas que permitiriam explicar os padrões existentes nas comunidades e populações de peixes. Desta forma reunir um conjunto de informações para subsidiar as medidas mitigadoras das diferentes ordens de impacto do empreendimento hidrelétrico. Hoje, o programa de Monitoramento e Conservação é realizado, em grande parte, pela equipe da UNIR com parceria do Instituto de Estudos e Pesquisa Agroambientais (IEPAGRO) e Santo Antônio Energia (SAE), empresa responsável pela implantação e futura operação da usina hidrelétrica Santo Antônio. Conta com um intenso apoio logístico, e uma equipe de profissionais qualificados – graduados, mestres, doutores, coletores, barqueiros e pescadores – além de dezenas de alunos dos cursos de Biologia e Engenharia de Pesca da UNIR e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

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‘Megadiversidade’ no rio Madeira O estudo tem sido conduzido principalmente num trecho do sistema Guaporé-Mamoré-Madeira, compreendido entre o rio Cautário (Costa Marques – RO, afluente do Guaporé) até o Lago Sampaio (Nova Olinda do Nor-

te – AM, nas proximidades da foz do rio Madeira). No entanto, envolve ainda amostragens eventuais no trecho entre o rio Cabixi, na fronteira entre Mato Grosso, Rondônia e Bolívia até Costa Marques. O esforço de pesca tem

sido intenso nessa área, e envolve coletas com redes de espera, redes de cerco, puçás, tarrafas, espinhéis, arrastos bentônicos além de outros empregados em menor freqüência.

Porto Velho

BRASIL

Rio

Madeira

Área de estudo no rio Madeira esquematizada pelo contorno em azul. Os quadrados indicam os pontos extremos de coleta e a estrela indica a localização da cidade de Porto Velho. A barra pontilhada indica a posição da barragem de Santo Antônio em fase de construção Coleta com puçá

Coleta com tarrafa

Coleta com rede de cerco em vegetação aquática

Coleta com rede de cerco em praia

Coleta com rede de espera

Coleta com arrasto bentônico

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Desde 2003/2004, com os primeiros levantamentos efetuados pela atual equipe, já foram coletadas quase 800 espécies de peixes. Esse valor eleva o rio Madeira, no trecho estudado, como a área com maior riqueza de peixes da Amazônia e até do mundo, quando comparado com outros estudos. O rio Negro, por exemplo, vinha sendo tratado na literatura como a maior riqueza de espécies com cerca de 450 espécies. O número de espécies no rio Madeira corresponde a todas as espécies de água doce conhecidas para a Europa, Rússia e Oceania juntas, e pelo menos 17% da fauna de peixes continentais da América do Sul. Partindo do princípio de que dezenas de espécies são conhecidas com base em registros da literatura para esta região, mas Número de espécies de peixes inventariadas no rio Madeira, trecho em estudo, e em diversos locais da Amazônia (Compilado de Torrente-Vilara, 2009)

Número de espécies de peixes de água doce inventariadas no trecho estudado do rio Madeira e a riqueza conhecida para os continentes do mundo (baseado em Lévêque et al., 2007)

que ainda não foram amostradas no atual projeto, a riqueza real é muito superior ao valor atualmente encontrado. Adicionalmente, é importante destacar que apenas o eixo principal do Guaporé-Mamoré-Madeira foi amostrado, incluindo pontos principalmente na foz dos afluentes. A grande rede hidrográfica formada pelos pequenos igarapés de terra-firme ainda permanece subamostrada. Portanto, não seria surpreendente se o número de espécies para essa área estudada alcançasse o número de 1000 espécies para o território brasileiro ou, no mínimo, 1500, se consideramos a bacia em território internacional. Esses resultados mostram o quão peculiar é a região Amazônica em termos de biodiversidade, e corrobora quando é tratada como altamente rica e complexa. No entanto, a discrepância que existe quando o número de espécies de peixes do rio Madeira é comparado com os dados da literatura de outras bacias, aponta primariamente para a ausência de levantamentos desse porte, 36 REVISTA AMAZÔNIA

representado em subamostragens ou ausência de cobertura sazonal e espacial adequada das coletas em outros rios amazônicos. E é fato que existem rios ou parte deles onde nunca houve amostragens. Portanto, é muito possível que a diversidade específica possa ser pelo menos equivalente entre as bacias. Dentre as espécies já amostradas, o estudo já apontou que aproximadamente 40 espécies são novas para a ciência (incluindo espécies de bagres – Amaralia sp. (Aspredinidae); cascudos – Hypostomus sp.2 e Ancistrus sp. “Sideral” (Loricariidae); piabas – Moenkhausia, Hyphessobrycon e Knodus (Characidae); e peixes-elétricos – Archolaemus e Brachyhypopomus, Sternopygidae e Hypopomidae, respectivamente), e pelo menos três gêneros novos também ainda não formalmente descritos foram coletados de famílias de bagres (Auchenipteridae, Aspredinidae e Pimelodidae). Além disto, espécies raras em coleção ictiológicas, pouco abundantes e incomuns, têm sido constantemente inventariadas. Para estes casos são

exemplos os mandis Iheringichthys sp. e Propimelodus sp. “longo” (Pimelodidae), o peixe-pulmonado (pirambóia) Lepidosiren paradoxa (Lepidoserinidae), o peixe subterrâneo Phreatobius sp., (Heptapteridae), o sarapó Orthosternarchus tamandua (Apteronotidae), o candiru miniatura Miuroglanis platycephalus (Trichomycteridae) e os bagre-banjos Xyliphius melanopterus e Dupouyichthys sp. (Aspredinidae). A maior parte do material coletado tem sido depositada na coleção de peixes da UNIR, que, embora pequena, é considerada emergente e potencialmente uma das maiores coleções de peixes da Amazônia e uma das mais importantes da América do Sul no contexto ambiental atual. Isso é devido ao fato de armazenar inúmeras espécies importantes para a ciência e um dos registros históricos da diversidade de peixes do rio Madeira, em especial do trecho de corredeiras, onde os empreendimentos hidrelétricos inevitavelmente provocarão conseqüências negativas. Esse registro de diversidade de peixes de um rio revela-se como um dos mais completos já realizados em toda a Amazônia. A coleção, hoje inserida numa área física provisória nas dependências da UNIR, tem servido de suporte para diversos estudos da ictiofauna Neotropical, especialmente em projetos de mestrados e doutorados de taxonomia e filogenia de peixes. Descrições recentes de algumas espécies de Doradidae (Sousa & Birindelli, 2011), por exemplo, têm usado material depositado na coleção da UNIR e os autores têm nomeado lotes desta coleção como exemplares-tipo (parátipos), material usado na descrição original de uma espécie. Além disto, um programa de revisões tem permitido que especialistas em determinados grupos taxonômicos visitem a coleção (o que raramente acontece em outras coleções do país) e analisem meticulosamente o material revistaamazonia.com.br


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Análise biológica em laboratórioobtenção de informações sobre alimentação e reprodução

Análise biológica em campo - obtenção de informação de reproduções e alimentação

ali depositado. Diversos grupos, como piabas (Characidae), bagres (Pimelodidae e Doradidae), cascudos (Hypostominae e Loricariinae) e peixes-elétricos (Gymnotiformes), já foram revisados. Outros grupos encontram-se em processo de revisão. O resultado é uma coleção com

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material cuja qualidade de identificação é altíssima. O desenvolvimento da coleção tem permitido ainda a manutenção de um banco de imagens dos peixes, que tem subsidiado a elaboração de catálogos e outras publicações, além de facilitar ainda a identificação taxonômica

das espécies nos estudos atuais e futuros. Paralelamente, um banco de tecidos tem sido construído de forma a permitir estudos de genética de populações e estudos de filogeografia e filogenia. A qualidade dos estudos que vêm sendo realizados no

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Coleção UNIR

contexto da ictiofauna do rio Madeira, incluindo o inventário das espécies e a construção da coleção de peixes, se destaca pelo pioneirismo na Amazônia. Este fato demonstra que é possível conduzir diagnósticos para UHEs que orientem a elaboração de Projetos Básicos Ambientais de sucesso, registrando adequadamente a condição pretérita e documentando devidamente a biodiversidade em coleções biólogicas antes de qualquer alteração ambiental.

Referências

Goulding, M. 1979. Ecologia da pesca do rio Madeira. Manaus, INPA. 172p. Lévêque, C.; Oberdorff, T.; Paugy, D.; Stiassny, M.L.J. & Tedesco, P.A. 2008. Global diversity of fish (Pisces) in freshwater. Hydrobiologia, 595: 545-567. Sousa, L.M. & Birindelli, L.O. 2011. Taxonomic revision of the genus Scorpiodoras (Siluriformes: Doradidae) with resurrection of Scorpiodoras calderonensis and description of a new species. Copeia, 2011 (1): 121-140. Torrente-Vilara, G. 2009. Heterogeneidade ambiental e diversidade ictiofaunística do trecho de corredeiras do rio Madeira, Rondônia, Brasil. Tese de doutorado. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. 194p.

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Presidenta Dilma Rousseff com trabalhadores da Usina Hidrelétrica Santo Antônio

Dilma visita obra de usina na Amazônia e reafirma compromisso com hidreletricidade Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

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o participar da cerimônia na Usina Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que a obra representa a concretização do projeto estratégico de retomar os investimentos em hidreletricidade no país. Segundo ela, obras do porte de Santo Antônio refletem o ambiente de desenvolvimento com inclusão social que vive o Brasil. “É um desenvolvimento que está baseado na visão de que temos que gerar empregos e ter uma economia forte e esse processo só será consistente se incluir a população brasileira. Nos últimos tempos, o Brasil cresceu de forma muito desigual e queremos um desenvolvimento

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Presidenta Dilma Rousseff discursa durante cerimônia de início do desvio do rio Madeira para a Usina Hidrelétrica Santo Antônio, Porto Velho - RO revistaamazonia.com.br


Canteiro de obras na UHE Santo Antônio

UHE Santo Antônio pode chegar a 3.580 MW A hidrelétrica de Santo Antônio poderá ter a capacidade instalada ampliada de 3.150 MW para até 3.580 MW. Para a definição do projeto final, outra alternativa é expandir para 3.436,8 MW, depende da análise do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Energia Elétrica. Segundo Eduardo Melo Pinto, presidente da Santo Antônio Energia, os dois órgãos já estão finalizando suas conclusões sobre a ampliação. A usina de Santo Antônio passará também das atuais 44 turbinas projetadas para 48 ou 50 turbinas. Presidenta Dilma Rousseff e o ministro Edson Lobão acionam o início do desvio do rio Madeira, para o vertedouro principal, composto por 15 comportas

diferente. Um desenvolvimento gerando empregos e distribuindo renda”, disse em discurso. Dilma disse ainda que o desenvolvimento do Brasil é diferente do de outros países em crescimento, inclusive do Brics (acrônimo que representa os emergentes Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Somos um dos países onde o crescimento veio acompanhado de uma melhoria significativa na distribuição de renda”. Para a presidenta, Santo Antônio é um modelo “exemplar” ao lidar com a questão ambiental. A presidenta Dilma lamentou a ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no evento, pois a construção da usina começou no governo dele, que incentivou investimentos em grandes hidrelétricas na Amazônia. A cerimônia na Usina Hidrelétrica Santo Antônio marrevistaamazonia.com.br

cou o início do desvio do Rio Madeira. Segundo a Santo Antônio Energia, concessionária responsável pelo empreendimento, o desvio vai fazer com que o rio deixe o leito natural e passe pelo vertedouro da barragem, que regulará o nível do reservatório quando a hidrelétrica começar a operar. O desvio deve iniciar o processo de enchimento gradual do lago artificial e o início da construção da quarta casa de força, que será instalada no leito natural do rio. Com potência instalada de 3,1 mil megawatts, a Santo Antônio começou a ser construída em setembro de 2008 e deve começar a gerar energia em dezembro deste ano.

A UHE Santo Antônio deve começar a gerar energia em dezembro deste ano REVISTA AMAZÔNIA 43


Na abertura do seminário estiveram presentes o diretor presidente da Eletrobras Eletronorte, Josias Matos, o diretor de Transmissão da Eletrobras, José Antônio Muniz Lopes, Alex Fiúza Mello, Secretário Estadual de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia do Pará, e outras autoridades

II SIGAMT destaca sustentabilidade e redução de custos Foto: Rogério Uchôa

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s resultados dos investimentos, desafios e perspectivas das inovações tecnológicas foram abordados pelas empresas do Setor Elétrico durante o II Seminário Internacional de Gerenciamento de Ativos, Manutenção da Transmissão e Desempenho do Sistema Elétrico - SIGAMT, realizado recentemente em Belém (PA). Cerca de 170 profissionais das áreas de ativos, manutenção da transmissão e desempenho de 41 empresas nacionais e oito internacionais tiveram a oportunidade de participar de um intercâmbio onde foram abordados os principais aspectos do setor de geração e transmissão de energia elétrica. O Seminário foi promovido pelo Comitê Nacional Brasileiro de Produção e Transmissão de Energia Elétrica - Cigré, Comissão de Integração Elétrica - Cier e o Comitê Brasileiro da Cier – Bracier, e organizado pelo segundo ano consecutivo pela Eletrobras Eletronorte. Durante a cerimônia de abertura estiveram presentes o presidente da Eletrobras Eletronorte e representante do Cigré, Josias Matos de Araujo; o secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia do Pará, Aléx Fiúza de Mello; o diretor executivo da Cier, Plínio Fonseca; o secretário executivo do Bracier, José Antônio Menezes. Também participaram o diretor de Transmissão da Eletrobras, José Antônio Muniz; o diretor de Produção e Comercialização da Eletrobras Eletronorte, Wady Charone, e o superintendente de Engenharia de Operação de Sistema da Eletrobras Eletronorte e coordenador do II SIGAMT, Sidney Custódio. Foram três dias de troca de experiências e intercâmbio técnico-científico com cerca de 30 palestras e duas mesas-redondas coordenadas por especialistas nacionais e internacionais da área. “A ideia do SIGAMT é levar 44 REVISTA AMAZÔNIA

conhecimento sobre o assunto a todo o País. Belém foi escolhida pela importância que a Região Norte tem no setor energético, como uma das principais geradoras e transmissoras de energia por meio da Eletrobras Eletronorte”, afirmou Sidney. O diretor-presidente da Eletrobras Eletronorte, Josias Matos de Araujo, expressou a satisfação ao lembrar que o I SIGAMT também foi coordenado pela Empresa, em 2008, com apoio do Cigré Brasil. “Esse evento tem a participação de vários especialistas, favorecendo a troca de experiências entre as entidades do Setor Elétrico, contribuindo para a implantação das melhores práticas e inovações tecnológicas. Cada vez mais, estamos buscando tecnologia moderna com menos custos, que exige do engenheiro uma capacidade de gestão e criação diferenciada”. Durante a palestra “Perspectivas atuais e futuras de participação da Eletrobras Eletronorte nos empreendimentos de transmissão na Amazônia”, Josias destacou que o Brasil cresce cerca de 5% ao ano em termos de geração. “As

grandes fontes estão concentradas na região Amazônica. Os desafios são grandes, pois temos a maior floresta tropical do mundo com áreas indígenas, unidades de conservação, e procuramos prestar serviços com segurança e garantir o protocolo ambiental”. Para o diretor de Transmissão da Eletrobras, José Antônio Muniz, o evento mostrou-se fundamental no contexto do Setor. “Primeiramente quero parabenizar as pessoas e a entidade pela organização do II SIGAMT, por tudo que estamos vivendo no Setor Elétrico brasileiro e, principalmente, pelo fato do evento acontecer em Belém. Esse é um motivo de grande satisfação num momento em que estamos construindo a Usina de Belo Monte, um grande investimento para a região”. Na palestra “Visão do negócio de transmissão e principais desafios”, Muniz destacou a importância das interligações regionais. “Os técnicos brasileiros se superaram a ponto de ligar a Usina de Boa Esperança a Imperatriz, no Maranhão. Por meio de leilões públicos surgiram riscos empresariais e muitos desafios, por isso investimos sem-

O Teatro Maria Sylvia Nunes recebeu profissionais brasileiros, chilenos, colombianos, argentinos e peruanos que atuam nas áreas de gerenciamento de transmissão e desempenho do sistema elétrico revistaamazonia.com.br


Josias Matos de Araujo, presidente da Eletrobras Eletronorte e representante do Cigré, no centro, entre o secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia do Pará, Aléx Fiúza de Mello e o diretor executivo da Cier, Plínio Fonseca

pre na capacitação dos trabalhadores”. O diretor de Produção e Comercialização da Eletrobras Eletronorte, Wady Charone, registrou os 38 anos da Empresa e a atuação dela na Amazônia. Durante a palestra “Metodologia de Gestão da Manutenção da Transmissão”, Charone falou da evolução dos processos, da busca pela excelência e destacou os benefícios da metodologia TPM (Manutenção Produtiva Total) no que diz respeito à redução de custos. “O TPM foi escolhido por ter o foco na redução de perdas técnicas e nos custos operacionais, além de estabelecer a implantação da cultura de autogestão (gestão antecipada). O primeiro passo para o sucesso do TPM foi o comprometimento da alta direção da Empresa que estabeleceu um pilar para cada equipe da área produtiva”, disse. Sobre o papel, desempenho e desafios do segmento de transmissão, o diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, Ronaldo Schuck, falou sobre a necessidade do Operador de tirar o maior proveito possível dos

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recursos. “No momento em que a sociedade não aceita interrupção de energia, nem o pagamento de tarifa elevada, o desafio que nos cabe no uso racional de energia é intenso. Precisamos pensar na transmissão de forma estratégica”. A missão do Setor Elétrico de garantir a segurança no abastecimento e disponibilidade de energia foi enfatizada pelo secretário do Ministério de Minas e Energia, Ildo Grudtner, que realizou palestra sobre o monitoramento

da expansão e desempenho operacional. “O monitoramento feito pelo Ministério busca identificar as falhas e as ações para corrigi-las. Nosso objetivo é levar energia elétrica com segurança”. Segundo o coordenador do evento, Sidney Custódio, o SIGAMT surgiu de uma necessidade de mudanças constatadas nas empresas do ramo para atender à demanda dos riscos externos. “Hoje temos uma situação diferenciada, as empresas precisam saber trabalhar com sustentabilidade, redução de custos e este Seminário é uma maneira de dar visibilidade à importância do Setor Elétrico”. José Antônio Muniz, diretor de Transmissão da Eletrobras, entre o coordenador do II SIGAMT, Sidney Custódio e o diretor executivo da Cier, Plínio Fonseca (com óculos)

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ONG Waves For Water realiza Amazônia - um drop solidário

Ambev, Nextel, Loducca e H2O Hurley participam da expedição que doará 200 filtros de água à população ribeirinha dos rios Amazonas, Gurijuba e Araguari

Bela vista da longa viagem 46 REVISTA AMAZÔNIA

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ONG Waves for Water (W4W), do surfista Jon Rose e a agência Loducca criaram o projeto Amazônia - um drop solidário, realizado em parceria com o Movimento CYAN - Quem vê água enxerga seu valor, da Ambev, e com as empresas Nextel e H2O Hurley. O objetivo do projeto é capacitar a população local a obter água limpa por um sistema de filtragem simples e prático. Durante a expedição serão distribuídos 200 filtros de água potável para 13 comunidades ribeirinhas às margens dos rios Amazonas, Gurijuba e Araguari, o suficiente para assistir 20 mil pessoas. Segundo o Censo do IBGE (2010), na região Norte mais de 54% da população não tem acesso a água tratada. “Embora a região Amazônica concentre a maior reserva de água doce do mundo, muitas pessoas que vivem às margens dos rios não têm acesso à água potável, por isso vamos doar os filtros e capacitar a população a utilizálos”, afirmou Jon Rose, presidente da ONG Waves for Wa-

ter. Os filtros desenvolvidos pela ONG são portáteis, de fácil instalação e eliminam bactérias e protozoários. A W4W também treinou a população ribeirinha para o manejo do equipamento. O intuito é que essas pessoas repassem o aprendizado a todos da comunidade. Jon Rose e sua equipe viajaram de barco por cerca de 18 horas até chegarem à foz do rio Amazonas, onde se forma a Pororoca. Ao longo dos percursos de ida e volta e durante todo o tempo em que estiverem no local, aconteceram visitas às comunidades do entorno para a distribuição dos filtros. Jon aproveitou a oportunidade para surfar nas ondas do fenômeno PororoDemonstração do filtro: A atriz internacional Pamela ca, conhecida como Anderson, namorada de Jon Rose, o Havaí das ondas de fundador da ONG Waves for Water, e Ricardo Rolim, diretor maré. São ondas que de Relações Socioambientais podem chegar a até da Ambev, em evento no Dia Mundial da Água dois metros de altura a uma velocidade de 30 quilômetros por hora. A expedição

Jon e Guga preparando os baldes

Para registrar o dia-a-dia da expedição

Aprovando a qualidade da Água

Entrega de baldes em barco de alta velocidade O barco Rey Benedito, levou a equipe na distribuição dos baldes/filtros

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Outro destinatário feliz ao receber o sistema de filtragem

Aprendendo a usar seu novo sistema de filtro

composta por oito pessoas, incluiu um cinegrafista especializado em câmeras subaquáticas. Além de Jon Rose, participaram da expedição Christian Troy (diretor da Waves For Water), Guga Ketzer (vice-presidente de criação da Loducca), Mike Piscitelli (cinegrafista e fotógrafo), Jordan Tappis (ex-surfista profissional, roteirista e produtor musical), Vavá Ribeiro (fotógrafo), além de Sérgio Laus, Mark Choiniere e Gustavo Marcolini. O documentário produzido durante a expedição contou com a experiência de Piscitelli e Tappis, que ficaram conhecidos pelo documentário que realizaram sobre a vida do roqueiro Ozzy Osbourne, com a direção a cargo de Vavá Ribeiro.

Comunidades que receberam filtros Itamatatuba; Foz do rio Gurijuba; Sacola; Pracuuba; Princesa; Bom Amigo; Natal; Vai quem Quer; Tabaco; São Paulo e Santa Rosa Ao longo de toda a expedição outras pequenas comunidades do entorno também foram privilegiadas.

Abundancia de agua, mas sem ser filtrada

Passarela na Amazônia Mais um exemplo de casas que receberam o filtro

A tradicional canoa amazônica 48 REVISTA AMAZÔNIA

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Família feliz depois de receber o filtro

Casas às margens dos rios não têm acesso à água potável

A Pororoca Jon Rose na onda da Pororoca

Uma das casas em que filtros foram ditribuidos

Outra casa no meio do nada que foi ajudada revistaamazonia.com.br

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63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC Foto: Antonio Cruz/ABr, Ascom SBPC e Lecino Filho/AscomMCT

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m público de cerca de 2.000 pessoas assistiu a abertura da 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia. Num discurso contundente, a presidente a entidade, Helena Nader, chamou a atenção para fatos “que estão por acontecer, ou que já estão acontecendo, e que poderão causar sérios transtornos ao nosso sistema de produção científica e tecnológica e implicar prejuízos ao País e sua população”. Entre eles, ela citou a ausência da comunidade científica nas discussões do novo código florestal, a lei que permite a contratação de professores sem pós-graduação para o ensino superior e o corte de verbas do Ministério de Ciência e Tecnologia. Entre outras autoridades, participaram ainda da cerimônia de abertura da reunião da SBPC, realizada no auditório do Centro de Cultura e Eventos da UFG, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), e o reitor da UFG, Edward Madureira Brasil. Como ocorre todos os anos, o evento também homenageou pesquisadores por suas contribuições à educação e ao conhecimento científico. Dessa vez, os

Durante a Solenidade de Abertura da 63ª reunião da SBPC 50 REVISTA AMAZÔNIA

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homenageados foram a professora Amélia Hamburger, conselheira da SBPC, recentemente falecida, pela sua luta prol da democratização do País e pelos avanços da ciência brasileira, e o professor Jofre Marcondes de Rezende, pelas contribuições à UFG e à medicina do País. No caso do novo código florestal, Helena disse que o modo como vem sendo evitada a colaboração da ciência na sua definição “é motivo de indignação e revolta com a postura de alguns de nossos parlamentares”. Ela criticou o fato de que em nome de interesses restritos, lideranças ruralistas e ambientalistas tenham dado as costas para as possibilidades que a ciência moderna tem a oferecer para a definição de regras e parâmetros que harmonizem a preservação ambiental e a produção agrícola. “As tentativas de colaboração, por parte da SBPC e da Academia Brasileira de Ciências, para um código florestal moderno e equilibrado, encontraram ouvidos moucos em muitos dos gabinetes de Brasília pelos quais passamos nos últimos meses”, lamentou. A presidente da SBPC também criticou o Projeto de Lei nº 220, de 2010, em tramitação no Senado Federal, que visa autorizar as instituições de ensino superior a contratar professores sem pós-graduação. Segundo ela, se o projeto virar lei, fragilizará ainda mais todo o sistema de ensino brasileiro. “Tal disparate legal, tal crime de lesa pátria, já passou pela comissão de educação do Senado e deverá ir à votação em plenário nesta terça-feira, dia 12”, disse. “Não podemos admitir a possibilidade de esse projeto vir a se tornar lei. Será um passo atrás sem precedentes no árduo processo de construção de um sistema de ensino eficiente e decente em nosso País.” Outro problema que está preocupando a comunidade científica, de acordo com Helena, são as informações sobre as possibilidades de cortes no orçamento MCT. “Além do contingenciamento no orçamento deste ano, há indícios de que se planeja redução nominal das verbas do MCT para 2012”, disse. “Não poderemos concordar que isso venha a acontecer. Um país que chegou à 13ª posição no ranking mundial da produção científica não pode sofrer revés orçamentário em seus programas de desenvolvimento científico e tecnológico.” A presidente da SBPC dissse que também é preciso lutar para estabelecer um novo marco legal que contemple diretamente a autonomia das universidades, dos institutos de pesquisa e das instituições relacionadas à ciência, tecnologia e inovação no estabelecimento de contratos.

Aloyzio Mercadante,reúne especialistas e pesquisadores durante a 63ª Reunião da SBPC revistaamazonia.com.br

O ministro da Ciência e Tecnogia, Aloizio Mercadante, e a presidenta da SBPC, Helena Nader, na abertura oficial da 63ª reunião da SBPC

Nesse sentido, ela defendeu a adoção de um Regime Diferenciado de Contratações (RDC) para elas, a exemplo do que foi feito para viabilizar as obras para a Copa de Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, por meio da Medida Provisória 527, que criou o RDC. Para Helena, é uma alternativa para se resolver uma urgência nacional, uma vez que, pelas regras da Lei de Licitações, a 8.666, de 1993, o País não conseguiria executar as obras no tempo necessário e seria submetido a um vexame internacional. “A questão é que temos outra urgência nacional que encontra obstáculos quase intransponíveis na Lei de Licitações: a evolução de nossas instituições públicas de ensino superior e pesquisa”, afirmou.

De acordo com ela, a atual Lei de Licitações não condiz com as necessidades da universidade e das instituições relacionadas à ciência e a tecnologia. “Precisamos, pois, de uma legislação que, em vez de impedir, viabilize o trabalho científico”, disse. “Uma legislação que possibilite aos diversos atores da ciência a necessária contribuição para o desenvolvimento social e econômico do Brasil.” Mercadante, por sua vez, lembrou que a a SBPC e a Academia Brasileira de Ciência (ABC) deram uma grande contribuição quando propuseram um estudo mostrando que a ciência pode pode ser o melhor caminho para que este país evite um confronto entre a agricultura e o meio ambiente, que é possível o diálogo entre as duas áreas.

A mesa oficial da abertura da Reunião Anual da SBPC

Aloyzio Mercadante,reúne especialistas e pesquisadores durante a 63ª Reunião da SBPC

Durante a Solenidade de Abertura da 63ª reunião da SBPC REVISTA AMAZÔNIA 51


Helena Nader, presidenta da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), discursa durante a abertura da 63ª reunião da instituição

Reitor da UFG prof Edward Madureira Brasil

“O estudo mostrou que não temos porque aumentar nossa produção agrícola depredando nossas reservas naturais estratégicas”, disse. O ministro também declarou que se associa a todos aqueles que querem mais verbas para a educação se para a ciência e a tecnologia. “Se quisermos construir um futuro para o Brasil temo que preparar o País para a economia do conhecimento”, declarou. “Educação, ciência e tecnologia devem estar no centro das políticas publicas. E tem que ter um papel estruturante em tudo que diz respeito ao desenvolvimento do País.” O governador Marconi Perillo, em seu discurso, elogiou o tema central da reunião, Cerrado, água, alimento e energia. “A escolha dele terá impactos positivos na luta que todos nós travamos para impedir a rota de destruição que continua a afetar esse que é o segundo bioma brasileiro e concentra um terço da biodiversidade nacional e 5% da flora e da fauna mundias”, disse. A 63ª Reunião Anual da SBPC teve início com mais de 8 mil inscritos, número que deve aumentar com as inscrições que estão sendo realizadas no local do evento. Entre a série de atividades que marcaram a programaçao: 5.947 trabalhos de pesquisa e experiências de ensino-aprendizagem, 61 conferências, 80 mesas-redondas, 10 simpósios, sete sessões especiais, 80 micursos e cinco assembleias. A Reunião Anual da SBPC é um dos maiores eventos científicos do país. Participaram do encontro 314 palestrantes de Goiás e 124 de outros estados.

Glaucius Oliva - CNPQ, na Sessão - 60 anos do CNPQ

Malvina Tuttman em O ENEM e os desafios para o acesso à Universidade Pública O professor José Antonio Aleixo fala sobre as mudanças no Código Floresta

Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil O Ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, fez um resumo e análise da economia brasileira nos últimos tempos: “Nós queremos colocar a ciência, tecnologia e inovação como eixo estruturante no desenvolvimento econômico no Brasil, reduzir a defasagem tecnológica da ciência e da educação, contribuir para diminuição da pobreza e das desigualdades e fomentar a economia verde e educativa”. Mas para que isso ocorra, segundo Mercadante, é preciso promover a inovação, formar recursos humanos e desenvolver pesquisa em estrutura científica e tecnológica.

Roberto Vermulm – FINEP

Formação de mão-de-obra descentralizada O ministro destacou a importância para o país da descentralização da mão-de-obra. Antes, a região sul e sudeste concentravam o maior número na formação de doutores, hoje, outras regiões são capacitadas para formar doutores sem perder em qualidade para os grandes centros de Estudandes de jornalismo científico

Ricardo Magnus Osório GalvãoCBPF, na Conf - Produção de energia no futuro

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Pedro Arraes da Embrapa Vanderlan da Silva Bolzani - UNESP em As mulheres na Ciência

formação. Mas apesar disso, ainda não é suficiente para imensidão e os complexos que o Brasil têm, citando como exemplo o baixo crescimento do número de engenheiros no país. Outro processo que retarda o desenvolvimento de ciência e tecnologia no Brasil, é o de patente, e usou como referencial as publicações sobre o óleo de copaíba. “Das 35 patentes feitas com o óleo de copaíba, nenhuma está no Brasil. Então, estimulados a publicação, os cientistas brasileiros respondem, melhoramos no ranking científico. No entanto, não temos a outra ponta que é saber o que é estratégico e que precisa ser patenteado”, explicou Mercadante. Para isso, o ministro cita como solução a necessidade de uma cultura de patentes que possa agilizar o processo, que dura em média sete anos.

Ciência ao alcance de todos O ministro destacou também a importância de manter esse elo entre a ciência e a sociedade por meio de ações como a SBPC e a Semana de Ciência e Tecnologia, e principalmente, com o apoio dos meios de comunicação.

ExpoT&C 2011

Mesa-Desafios da educ no Brasil

Jacob Palis em Avanços da ciência brasileira

É uma das maiores feiras de tecnologia do País e levou novidades aos participantes da 63ª SBPC. Aloizio Mercadante, destacou o espaço dedicado do Programa Espacial Brasileiro. “É a primeira vez que os institutos vinculados ao Ministério da Ciência e Tecnologia se reúnem em uma feira para abordar o Programa Espacial Brasileiro. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), a Agência Espacial Brasileira (AEB/MCT) e a Alcântara Cyclone Space (ACS/MCT) dividiram um dos 17 estandes do pavilhão que foi destinado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O que mais chamou a atenção de quem passava pelo local é o projeto do foguete brasileiro que está sendo desenvolvido em parceria com a Ucrânia. A série de foguetes Cyclone é uma das mais bem sucedidas séries de foguetes já desenvolvidas. Os foguetes têm as operações de pré-lançamento automatizadas, aumentando a segurança do lançamento e reduzindo a quantidade de pessoal necessário à operação de lançamento. Quando o Cyclone-4 estiver pronto o Brasil fará parte do seleto grupo de países com tecnologia para colocar satélites em órbita. Eram 1,6 mil m² que abrigando também o Espaço Lúdico (com computadores disponíveis para atividades orientadas e instrução para crianças), o Espaço Experimentos (para exposições dos institutos), a Exposição Interativa do Museu de Astronomia de Ciências Afins (Mast), sala de vídeo em 360º graus (para apresentação de palestras), além de um espaço para o contato do público com os palestrantes. Jovens pesquisadores fazem fila para o credenciamento da 63ª Reunião Anual da SBPC

Luiz Eugênio Melo do Instituto Tecnológico Vale (ITV) revistaamazonia.com.br

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O Amazonas no Pavilhão EXPOTEC

Na abertura da EXPOTEC

Estande do Ministério da Integração

Durante a abertura da EXPOTEC

Na ExpoT&C 2011

No estande do CNPQ

54 REVISTA AMAZÔNIA EXPOTEC - Anunciando a SBPC 2012

Outra novidade era a interação entre os visitantes e os expositores. Os participantes da SBPC podiam cadastrar o número do celular e receber informações sobre a programação em tempo real. A expectativa dos organizadores é de receber 5 mil visitantes por dia na ExpoT&C. Ciceroneado pela presidente da SBPC, Helena Nader, e pela coordenadora geral da Expotec, Simone Santana Franco, Mercadante visitou os quatro pavilhões e se divertiu com alguns dos experimentos mostrados, como no espaço do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) e do Observatório Nacional (ON), localizados no Pavilhão 1, onde estão as instituições de pesquisa do MCT. Em um dos experimentos, o ministro pôde movimentar uma caneta que estava dentro de uma garrafa PET, envolvida em um líquido, sem tocar a caneta ou a garrafa. Em outro, pode agitar uma bola de gude, também sem tocar o objeto. No estande do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), também no Pavilhão 1, o ministro assistiu a demonstração do funcionamento da lousa digital de baixo custo. Mercadante também visitou o estante da empresa estatal Ceitec S.A., que faz o design de circuitos integrados. No local está exposto o chip para rastreamento bovino, o primeiro projeto da companhia, vinculada ao MCT. No Pavilhão 2, o ministro também visitou o estande da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), que exibe um projeto de aplicações da madeira de bambu, e do Centro Alemão de Inovação e Ciência. O estande da Marinha, no Pavilhão 3, chamou a atenção do ministro, especialmente a maquete que mostra a base brasileira de pesquisa na Antártida. Um dos últimos estantes vistos por Mercadante foi o do Programa Espacial Brasileiro, no Pavilhão 4.

Novo serviço do CNPq promete facilitar importação Durante a visita do ministro, o presidente do CNPq, Glaucius Oliva, lançou o Sistema Tutorial de Importação para Pesquisa, um novo serviço da agência de fomento que pretende facilitar a importação de insumos e equipamentos para pesquisa. Tornar mais fácil e rápido o processo de importação é uma das reivindicações da SBPC junto ao governo. Oliva fez uma breve apresentação ao ministro e os visitantes que acompanhavam Mercadante em sua visita aos estandes da Expotec. “Notamos que parte das dificuldades apontadas pelos pesquisadores na importação Visitando os stands

O Inpa na EXPOTEC

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Espaço Ciência SBPC Jovem

ocorre por causa do desconhecimento dos procedimentos e da documentação necessária”, justificou Oliva. Desenvolvida por pesquisadores da USP, a ferramenta está disponível no site http://tip.cnpq.br/?p=719 e permite ao pesquisador planejar e simular todo o processo de importação de um insumo ou equipamento. Réplicas de fetos geradas em impressoras 3D, maquetes de satélites e seus foguetes lançadores, simuladores de ondas do mar, máquina de tirar espinho de cactos, experimentos que mostram como funciona a levitação magnética e a geração de eletricidade a partir do sol e até jogos esportivos, como minigolfe e escalada em paredão. Eram algumas das atrações da 19ª edição da Feira ExpoT&C, uma mostra de ciência, tecnologia e inovação (C,T&I).

SBPC quer que Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado analise Código Florestal A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) tornou público o apelo que fez ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para que o projeto de lei (PL) que modifica o Código Florestal também seja apreciado na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT). “Ela pode trazer equilíbrio”, disse a presidente da SBPC, a bioquímica Helena Nader, ao se referir à disputa entre ambientalistas e ruralistas. “Não incluir a CCT é fechar os olhos para os avanços que o país tem alcançado”, disse Nader, na 63ª Reunião Anual da SBPC.

A 64ª RA da SBPC será na capital do Maranhão, São Luís

Grupo Contemporaneo de Dança no SBPC Cultural revistaamazonia.com.br

A Bandeira da Paz

“A ciência pediu mais tempo”, disse o engenheiro agrônomo José Antonio Aleixo d

Divulgação A SBPC e a ABC (Academia Brasileira de Ciências) divulgaram mais um documento enfatizando a necessidade de participação de cientistas na discussão na nova legislação sobre manejo de florestal, que tramita no Senado desde final de maio. “Não incluir a Comissão de Ciência na análise da reforma do Código Florestal seria fechar os olhos aos avanços científicos e tecnológicos que o país tem conquistado e, ainda desconsiderar a importância desses avanços para o desenvolvimento sustentável”, descreve o documento. O cientista florestal José Antonio Aleixo, da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), coordenador do grupo de trabalho da SBPC sobre o assunto e um dos autores do documento, lembrou que dados científicos estão sendo ignorados pelos políticos por falta de par-

AEB - Lançamento de foguete

ticipação de especialistas no debate. “Outro dia ouvi dizerem que o Rio Grande do Sul ficará sem videiras se não liberarem o plantio em topos de morros [acima de 1.800 metros]. Só que a área mais alta da serra gaúcha tem 1.400 metros”, destacou Aleixo.

Produção científica e inovação Segundo Mercadante, o Brasil precisa das um “salto quântico” na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação e se tornar uma economia mais competitiva em produtos de média e alta complexidade. O ministro, que é economista, calcula que para cada tonelada de chip que o Brasil importe precise exportar 21 mil toneladas de minério de ferro ou 1,7 mil toneladas de soja. A falta de uma indústria sofisticada em eletrônica fez com que o país tivesse no ano passado déficit comercial de US$ 19 bilhões. O Brasil é o sétimo mercado para tecnologia de informação e comunicação. Mercadante quer aproveitar o tamanho do mercado interno, que crescerá com a inclusão digital de escolas públicas e comunidades mais pobres, para forçar a instalação da indústria de tablet em território nacional. Segundo ele, 14 empresas já pediram licença para fabricar tablet no Brasil, desde que o governo editou normas para isenção fiscal aos fabricantes que produzissem o equipamento no Brasil com componentes nacionais. Mercadante promete estender o estímulo à produção de telefones celulares e computadores. O ministro reclamou da falta de iniciativa empresarial para inovação. Segundo ele, a indústria padece de “uma cultura passiva” e precisa ser motivada a investir no desenvolvimento de novas tecnologias. “Quem compra pronto, não lidera”, assinalou, antes de dizer que nas principais economias é a iniciativa privada que lidera a inovação. No Brasil, dois terços dos projetos de inovação são de instituições estatais. Por causa do efeito da cultura passiva, o Brasil configura em 13º lugar na produção científica e em 47º em inovação. REVISTA AMAZÔNIA 55


34ª

Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Bonn-Alemanha M

ais de 180 países estiveram reunidos em Bonn – Alemanha, na Conferência sobre Mudança Climática da ONU na 34ª Sessão do Órgão Subsidiário de Implementação (SBI) e do Órgão Subsidiário de Assessoreamento Científico e Tecnológico (SBSTA), que também compreende a segunda parte da sessão de 16 do Grupo Ad Hoc sobre Compromissos Adicionais para as Partes do Anexo I do Protocolo de Quioto (AWG-KP) e a segunda

Foto: Ernst-Jürgen/DeutscheWelle e Rodolph Hühn

parte da sessão de 14 do Grupo de Trabalho Ad Hoc sobre Cooperação de Longo Prazo, Ação no âmbito da Convenção (AWG-LCA), tudo isso para preparar a conferência climática no final do ano em Durban, África do Sul.

Na 34ª reunião preparatória das Nações Unidas sobre mudanças climáticas os mais de três mil participantes de 183 países pretenderam começar a traçar metas concretas para o combate as alterações climáticas de forma a se atingir as metas pré-estabelecidas em Cancun, no México para limitar o aquecimento global a 2 graus Célsius.

O Protocolo de Quioto, que expira no final de 2012, corre sérios riscos de terminar sem ter um sucessor, lançando o mundo num “buraco” legislativo climático.. As negociações climáticas internacionais recomeçaram assim em Bonn, e um dos principais problemas em cima da mesa era a falta de um acordo internacional vinculativo de redução de emissões, quando o Protocolo de Quioto terminar, no final de 2012. De início, o principal objetivo das negociações coordenaDurante a sessão plenária do SBSTA – Órgão Subsidiário de Assessoreamento Científico e Tecnológico

Espírito Empreendedor

Respeito à natureza

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Durante a plenária de abertura dos Compromissos Adicionais para as Partes do Anexo I do Protocolo de Quioto – AWG-KP

das pela ONU era o de chegar a um novo acordo vinculativo para o pós 2012. Mas o máximo que se conseguiu até agora são medidas voluntárias a criação de fundos para ajudar a enfrentar as consequências das alterações climáticas e outras decisões parcelares. As economias emergentes e os países mais pobres querem prolongar Quioto, enquanto muitos países industrializados preferem substituí-lo. Mas novas metas vinculativas implicariam uma ratificação pelos Parlamentos dos vários países, um normalmente longo. “Mesmo que conseguíssemos chegar a acordo sobre um texto legislativo, isso exigiria uma alteração ao Protocolo de Quioto, com ratificações legislativas pelas partes do tratado. Por isso, assumimos que já não há tempo para o conseguir entre a conferência de Durban e o final de 2012”, comentou Christiana Figueres, responsável da ONU para as alterações climáticas, no primeiro dia da conferência de Bonn. “Os países estão conscientes de que estamos à beira de um buraco legislativo e estão envolvidos em negociações construtivas sobre como vamos lidar com este problema”, comentou. Na verdade, no “ano passado tínhamos duas posições dia-

Christiana Figueres, no stand da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação revistaamazonia.com.br

Uma vista da sala durante reunião informal do grupo AWG-LCA

metralmente opostas (...). Este ano, existe um diálogo mais construtivo”. Ainda assim, a responsável está preocupada com uma série de más notícias. O nível recorde das emissões de dióxido de carbono em

Christiana Figueres, responsável da ONU para as alterações climáticas ,diz que os países estão conscientes de que estamos à beira de um buraco legislativo

2010, anunciado pela Agência Internacional de Energia em 30 de Maio, é “sem dúvida alguma, uma má notícia”, salientou Christiana Figueres. Porém, há mais. Figueres lembra o recorde da concentração de CO2 na atmosfera, medido em Maio em Mauna Loa (Havai). A responsável salientou aos países o seu compromisso, reiterado no final do ano passado, na conferência climática de Cancun (México), para conter o aumento da temperatura média global a 2ºC. Mas, por enquanto, as promessas de redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE), feitas pelos Estados ficam aquém do nível compatível com essa meta dos 2ºC. Por isso, não se espera um avanço espectacular em Durban, onde terá lugar a próxima conferência climática internacional. Além da questão do futuro do Protocolo de Quioto, que REVISTA AMAZÔNIA 57


expira no final de 2012, a conferência de Durban terá como ambição tornar operacionais os instrumentos aprovados em Cancun, nomeadamente um Fundo Verde para ajudar os países mais vulneráveis a enfrentarem os efeitos das alterações climáticas. “Se não conseguirmos avançar nos pontos sobre os quais já chegámos a acordo, então será caso para ficarmos mais pessimistas em relação a todo este processo”, comentou o negociador norte-americano Jonathan Pershing.

O termina sob críticas de letargia política A Conferência das Nações Unidas sobre o Clima terminou em Bonn sem resultados conclusivos e acompanhada por críticas – em parte, severas – de ambientalistas e políticos. Mais de 4.500 especialistas de 183 países se encontraram na cidade renana para preparar a cúpula sobre mudanças

climáticas em Cancún, México. Esta visa um novo acordo climático mundial sucessor ao Protocolo de Kyoto, o qual deixará de vigorar em 2012. Do documento conclusivo de 20 páginas apresentado em Bonn constam os posicionamentos dos participantes e sugestões de metas. Não se trata de um texto para negociações, mas sim de uma base para as futuras conversações. “Como todo o mundo, nós temos problemas”

Prioridade à África Segundo um enviado Especial do Banco Mundial no evento, Andrew Steer, é preciso que na próxima conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas a ser realizada em Durban, a África seja prioridade. Christiana Figueres, afirmou que a adaptação às mudanças climáticas deveria ser a prioridade dos países africanos. “O grupo de países africanos vai trabalhar arduamente para ajudar na criação de novas ideias sobre como podemos avançar na melhoria do problema. Uma das prioridades para os países africanos é a adaptação às mudanças climáticas e eles estão engajados também em todas as outras discussões, mas claro que a adaptação é o principal foco para eles”, disse Christiana Figueres.

Um dos stand’s da Alemanha 58 REVISTA AMAZÔNIA

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Reunião das AWG-LCA, AWG-KP, SBI e SBSTA, com a presidência da COP 17 e COP / MOP 7 sobre as expectativas das partes para Durban

Reunião do AWG- sobre ações de mitigação e todo o apoio necessário para a implementação conforme solicitado por decisão 1/CP.16, n º 51

Na plenária de encerramento da AWG-LCA

com esse texto, admitiu o delegado da África do Sul, Alf Wills. Mas pelo menos o documento seria “um ponto de partida”, ressalvou. O esboço projeta que as emissões nacionais e globais de gases responsáveis pelo efeito-estufa alcançarão seu ápice em 2020. A partir daí, as emissões globais deverão reduzir-se em, pelo menos, 50% a 85% em relação a 1990. Dos países industrializados, espera-se uma diminuição bem mais pronunciada, entre 80% e 95%. O documento aponta, ainda, a necessidade de que até 2020 essas nações limitem em 25% a 40% suas emissões de gases-estufa, sem contudo estipular o ano a ser tomado como base de comparação. No último dia da 34ª reunião do Comitê Científico da Convenção do Clima – SBSTA -, Osvaldo Stella diz que apesar de várias decisões terem sido tomadas em pontos específicos da agenda, a falta de definições cruciais neste encontro aumenta a possibilidade da realização de uma reunião intermediária antes da COP17, no final do ano, provavelmente no Panamá. O pesquisador também afirma que mesmo sem concluir o detalhamento de questões que continuam na pauta das discussões com o REDD, alguns países sugerem a inclusão de novos temas como o carbono nos oceanos e o impacto das mudanças climáticas nos recursos hídricos.

“Letargia”, “paralisia”, “pega-varetas” A organização ambientalista Germanwatch declarou-se otimista, comentando que, “em nível técnico”, as negorevistaamazonia.com.br

Maria Gutierrez, Secretaria do grupo LULUCF com os co-facilitadores Peter Iversen, da Dinamarca, e Marcelo Rocha, Brasil REVISTA AMAZÔNIA 59


Protestos diante do hotel onde se hospedaram os participantes da conferência

Enfileiramento para o futuro - Os jovens com vontade de fazer parte de uma futura economia europeia

ciações em Bonn teriam aberto o caminho para avanços na proteção internacional do clima. Agora, a bola estaria no campo da política. “O G20 estabelecerá um sinal para os progressos no clima? A União Europeia aceitará uma meta de redução de 30% até 2020?”, indaga a ONG. Em contrapartida, o Partido Verde alemão criticou a “letargia reinante”, enquanto o A Esquerda falou de uma “paralisia por choque” no processo climático da ONU, assim como de uma “estratégia de pega-varetas”, ou seja: quem se mover primeiro, perde. Já a associação ambientalista BUND atestou uma conferência “quase sem resultados”, cuja conclusão negligenciaria não só as necessidades atuais para a proteção do clima, como “as justificadas expectativas das gerações futuras”.

Brasil é modelo de agricultura sem desmatamento. O estudo cita o plano de REDD+ do Acre

Brasil é modelo de agricultura sem desmatamento Foi divulgado, durante reunião paralela, organizado pelo CCAFS e a FAO- Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, de países desenvolvidos e em desenvolvimento em Bonn, que o histórico brasileiro mostra, nos últimos seis anos, que os indicativos de desmatamento diminuíram enquanto o país se tornou uma potência agrícola global usando apenas 6% de sua área arável. O estudo cita o plano de REDD+ do Acre, que engloba todos os tipos e usos de terra, incluindo a utilização agrícola que impacta as florestas do estado. O plano seria um modelo sobre como integrar estratégias de REDD+ com metas de produção agrícola. Durante o evento paralelo, os participantes notaram que os desafios do processo de REDD+ que o mundo desenvolvido enfrenta têm a ver com uma grande negligência de problemas fundamentais relacionados a segurança alimentar e governança florestal. 60 REVISTA AMAZÔNIA

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André Aranha Corrêa do Lago, do Brasil, durante o grupo de contacto AWG-KP

O fiasco de Copenhague

Thelma Krug, o Brasil, intervém nas discussões de REDD + sob SBSTA

Acre oferece modelo agrícola sem elevação do desmatamento

Até o encontro de Cancún, de 29 de novembro a 10 de dezembro próximos, ainda estão programadas duas rodadas de negociações, a primeira novamente em Bonn (sede do Painel de Mudanças Climáticas das Nações Unidas – UNFCCC), e a segunda em Pequim, China. Na cúpula climática do ano passado, em Copenhague, os participantes somente conseguiram acordar uma meta vaga, de reduzir o aquecimento global em 2ºC em relação à era pré-industrial. Após esse fiasco, consideram-se extremamente distantes as chances de que Cancún resulte num novo tratado para a proteção climática global. Nem mesmo se descarta inteiramente uma prorrogação do Protocolo de Kyoto para além de 2012.

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por

Sergio Luiz Fontes* Darcy do Nascimento Jr**

Observatório Nacional inaugura pool de equipamentos geofísicos...

O

Observatório Nacional (ON), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, inaugurou no dia 3 de junho o primeiro Pool de Equipamentos Geofísicos do Brasil (PegBr), o que leva a instituição a situar-se entre os principais centros de geofísica do mundo. A solenidade teve a presença do ministro Aloizio Mercadante e do Gerente Executivo do CENPES, Carlos Tadeu da Costa Fraga, além de outras autoridades. O diretor do Observatório Nacional, Sergio Fontes, disse que medidas geofísicas incluem dados tridimensionais (como a profundidade) aos estudos geológicos que mapeiam a superfície de determinada região. “É possível realizar o mapeamento de forma indireta, não invasiva, do interior da terra, o que nos permite conhecer grandezas físicas do interior da terra”. A densidade, a condutividade elétrica, a propagação das ondas provocadas pelos terremotos são algumas dessas grandezas. “Tudo isso pode ser mapeado, com implicações para recursos naturais e energéticos”. O PegBr recebeu investimentos de R$ 14 milhões da Petrobras. Fontes esclareceu, porém, que o projeto não se

destina a atender somente à estatal. De acordo com a Lei do Petróleo, 1% da receita bruta dos poços gigantes da Petrobras e de outras operadoras do setor de petróleo e gás deve ser aplicado em pesquisas, sendo metade nos centros de estudos das próprias empresas e metade em instituições de pesquisa nacionais. “O Peg-Br resulta desses recursos”. O Pool oferece suporte instrumental para qualquer pesquisa de interesse do Brasil, sem fins comerciais. O acervo do PegBr inclui equipamentos para estudos de gravimetria, magnetometria, métodos elétricos (magnetotelúrico e transiente eletromagnético), posicionamento (GPS), sismica de reflexão e refração e mais detalhes podem ser obtidos na página do PegBr (www.pegbr.on.br). Os equipamentos estão disponíveis para pesquisadores das instituições que integram a Rede de Estudos Geotectônicos, coordenada pela Petrobras e de pesquisadores de outras instituições que desenvolvem projetos de pesquisa considerados relevantes. O Peg-Br já conta com mais de 40 projetos concluídos ou em andamento. Sergio Fontes destacou, entre os projetos a cargo do Observatório Nacional, a Rede Sismográfica

do Sul e Sudeste do Brasil (Rsis) e a Rede Brasileira de Observatórios Magnéticos (Rebom). Os projetos receberam investimentos de R$ 6,1 milhões da Petrobras e de R$ 1,2 milhão da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), respectivamente. Embora o Brasil não seja um país de grande atividade sísmica, o diretor do ON disse que ocorrem sismos de magnitude entre 3 e 4 graus na escala Richter nas regiões pesquisadas, que precisam ser monitorados. Hoje sabemos muito pouco porque a atividade sísmica não é adequadamente acompanhada no país. O novo conjunto de dados a ser gerado poderá ser importante na definição de regras para construções civis seguras em regiões mais ativas”. Fontes acrescentou que a rede do Sul/Sudeste está localizada em uma área que apresenta a maior densidade populacional do país. Outro ponto de destaque é que as

O Observatório Nacional (ON), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia

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O PegBr recebeu investimentos de R$ 14 milhões da Petrobras

informações que essas medidas contínuas fornecem permitem entender muito mais sobre o interior da terra e ver o que existe em profundidades elevadas, abaixo de 100 ou 200 quilômetros, explicou. Os sismógrafos são capazes de detectar sismos que ocorrem em qualquer local do mundo e isto irá permitir um maior conhecimento da geologia do território nacional. A implantação das redes sismográficas nas demais regiões brasileiras está sendo executado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Nordeste) e pelas universidades de São Paulo e de Brasília. “A idéia é que o ON centralize o banco de dados com informações recebidas em tempo quase real de todas as estações”. Entre agosto e setembro deverão ser concluídas as instalações da rede sul-sudeste e até o fim do ano a rede nacional deve entrar em funcionamento pleno, quando passarão a ser emitidos boletins regulares da atividade sísmica no país. A Rede Brasileira de Observatórios Magnéticos (Rebom) conta hoje com quatro observatórios implantados. Esse número será elevado para oito. A rede já conta ainda com 12 estações itinerantes, que foram instaladas em novembro de 2010 entre o Tocantins e o Amapá. Sergio Fontes lembrou que o campo magnético da terra serviu muito, no passado, para os navegadores, que utilizavam instrumentos como a bússola em seus deslocamentos pelos mares. Da mesma forma, o campo magnético ajuda nos estudos sobre o interior da terra, permitindo conhecer a condutividade elétrica, a suscetibilidade magnética. “São parâmetros de grandezas físicas que nos ajudam também a entender o que está ocorrendo com o planeta, que é dinâmico. E nos ajuda também no conhecimento dos recursos energéticos, naturais”, concluiu. (*) Diretor do Observatório Nacional. Coordenador dos Projetos do Pool de Equipamentos Geofísicos do Brasil. (**) Gerente Executivo do Projeto do Pool de Equipamentos Geofísicos do Brasil revistaamazonia.com.br

A idéia é que o ON centralize o banco de dados com informações recebidas em tempo quase real de todas as estações

O Pool oferece suporte instrumental para qualquer pesquisa de interesse do Brasil, sem fins comerciais REVISTA AMAZÔNIA 63


Brasil avança na produção mundial de alimentos Projeções do Agronegócio 2010/11-2020/2021 Foto: Marcello Casal Jr./ABr

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ados do Ministério da Agricultura indicam que País disputará liderança na produção de alimentos com Estados Unidos. Safra de grãos deve crescer 23% até 2021 e área de colheita será 9,5% maior que a atual. O Brasil se consolidará como uma potência agrícola nos próximos dez anos e vai disputar a liderança na produção de alimentos com os Estados Unidos. A projeção é do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ao divulgar o estudo Projeções do Agronegócio 2010/11-2020/2021. De acordo com o estudo, produtos agrícolas de alto

consumo interno – e que já fazem parte da pauta de exportação brasileira – tendem a ter um aumento de produção, sobretudo devido ao avanço tecnológico, e ganhar mais mercado. As estimativas indicam que a produção de grãos deve aumentar 23% até 2021 e a área de colheita será 9,5% maior que atual. Além de mais produção e mais vendas, o Mapa avalia que o País terá uma nova fronteira agrícola – batizada como Matopiba (formada pelo Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Essas áreas estão atraindo novas lavouras porque têm terras mais baratas que a região Centro-Oeste e poderão aumentar a produção de algodão, frango, carne bovina e soja; além de celulose e papel.

Crescimento das safras e exportações A produção do algodão deve crescer 47,8% nos próximos anos e a exportação do produto (sem as barreiras comerciais americanas) em mais de 68%. O café terá aumento de produção em mais de 24% e a venda para o comércio exterior crescerá em quase 46%. Já a produção de soja subirá em cerca de 36% e a exportação em 39%. Os resultados poderão ser ainda melhores que o esperado. “Os números são conservadores”, disse o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, ao afirmar que a projeção feita pelos técnicos do Mapa e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) se baseou em resultados medianos. De acordo com ele, a demanda por alimento está em expansão nos mercados interno e externo e os preços dos produtos agrícolas estão em ascendência, o

PA

O Brasil vai disputar a liderança na produção de alimentos com os Estados Unidos

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2º edição

26 a 28 de setembro de 2011

Centro de Convenções SulAmérica | Rio de Janeiro – RJ | Brasil

O ponto de encontro da cadeia de E&P, Naval e HSE Offshore para fazer negócios no Pré-Sal brasileiro

PALESTRANTES CONFIRMADOS Maurício Tolmasquim Presidente EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA

Arnaldo Jardim Deputado Federal CÂMARA DOS DEPUTADOS

Márcio Félix Secretário do Desenvolvimento GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

José Aníbal Secretário de Energia SECRETARIA DE ENERGIA DE SÃO PAULO

Fernando Fialho Diretor Geral AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS

Ariovaldo Rocha Presidente SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL E OFFSHORE

Augusto Mendonça Presidente ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO NAVAL E OFFSHORE

Ricardo Peixoto Presidente PETROGAL

Fernando Siqueira Presidente ASSOCIAÇÃO DOS ENGENHEIROS DA PETROBRAS

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que estimula a produção. “Isso não é uma situação circunstancial.” O ministério avalia que o País manterá a dianteira na produção da carne de frango e carne bovina, e incrementará a produção de carne suína. No total, o país passará da produção atual de 24,6 milhões de toneladas de carne para 31,2 milhões de toneladas na temporada 2020/21 (crescimento de 36,5%). Alguns produtos como leite e milho – cadeias produtivas nas quais Brasil não é líder de vendas - terão incremento significativo nas exportações. A venda de leite deverá crescer 50,5% (atingindo 300 milhões de litros) e a comercialização do milho crescerá em 56,5% (alcançado 14,3 milhões de toneladas). Se o cenário se confirmar, o Brasil terá 12% do mercado de milho; 33,2% do mercado de grão de soja; 49% da participação da carne de frango; 30,1% da carne bovina e 12% da carne suína. O crescimento das exportações será acompanhado da expansão do consumo interno, que continuará sendo o principal destino da produção: 85,4% do milho; 83% da carne bovina; 81% da carne suína; 67% da carne de frango; e 64,7% da soja.

Ameaças O cenário otimista do Mapa poderá ser contrariado, no entanto, se houver nova recessão internacional, se as áreAumento de produção, sobretudo devido ao avanço tecnológico

O crescimento das exportações será acompanhado da expansão do consumo interno

as agrícolas foram afetadas por problemas climáticos ou se houver aumento de protecionismo, diz o coordenador do estudo, José Garcia Gasques. O ministro Rossi esteve na França, participando da reunião do G20 (20 principais economias do planeta) sobre a produção de alimentos. Ele não criticou a política de subsídios da França e dos países europeus. “Reconheço o direito desses países de proteger seu produtores”, disse, porém se empenhou bastante para que haja maior flexibilização quanto aos produtos já importados. Rossi defendeu que o G20 crie instrumentos financeiros para proteger os países pobres da alta das commodities e que também seja criado um estoque mínimo emergencial para essas economias. O ministério prevê aumento na produção de grãos em Matopiba (região situada entre sul do Maranhão, norte do Tocantins, sul do Piauí e noroeste da Bahia, que é

uma das apostas do Ministério da Agricultura como a nova fronteira agrícola do país). O salto será de 13,3 milhões de toneladas de grãos colhidos em 2010 para 16,6 milhões de toneladas no início da próxima década. Em compensação, a área de colheita deve aumentar de 6,4 milhões hectares para 7,5 milhões de hectares.

Tecnologia “A produção crescerá com base na produtividade. O Brasil tem mostrado que é possível elevar a produção sem ampliar o crescimento da área plantada, com investimentos em tecnologia”, destaca Wagner Rossi. “A expansão da área de grãos no país se dará em percentual bem abaixo do seu crescimento histórico”. O ministro afirma que tais estimativas são até modestas, diante dos saltos obtidos pela produção agropecuária nos últimos anos. “As projeções são factíveis, mas devem ser superadas. Temos potencial para isso”. Segundo o estudo, o cultivo de grãos – arroz, feijão, milho, soja em grão e trigo – deve aumentar 23% até a próxima década, com expansão de apenas 9,5% da área plantada. A variação da área cultivada será inferior à média dos últimos dez anos, que foi de 21%. O volume produzido deve superar 175,8 milhões de toneladas em 2021. No ano passado, a safra foi de 142,9 milhões de toneladas. O Brasil deve manter-se como um dos grandes fornecedores de proteína animal no mercado mundial de alimentos. De acordo com Gasques, a produção de carnes de frango, bovina e suína deve aumentar 26,5% até o

Agricultura brasileira vai avançar graças à produtividade

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A produtividade da agricultura empresarial brasileira vai continuar a garantir safras cada vez maiores, mas com uma expansão menor da área plantada até a próxima década. A participação da produção brasileira no comércio exterior deve aumentar ainda mais, ressaltando que o mercado interno mantenha-se como o principal destino dos alimentos produzidos no país. revistaamazonia.com.br


Brasil é grande fornecedor de proteina animal no merdado mundial

início da próxima década. O volume pode superar 31,2 milhões de toneladas. No ano passado, as carnes produzidas no país somaram 24,6 milhões de toneladas. Desses três tipos de carnes produzidas no Brasil, o frango deve se destacar, com perspectivas de aumento de 33,7% nas exportações e de 30% na produção. Apesar de as estimativas do ministério apresentarem forte aumento das exportações dos produtos nacionais, o mercado interno continuará crescendo no ritmo atual, devido ao aumento da renda dos brasileiros. Na safra 2020/2021, 64,7% do cultivo de soja serão destinadas ao mercado interno. Gasques calcula que 85,4% da produção de milho deverão ser consumidos internamente. Quanto à produção de carne de frango, 67% não deverão sair do país. Já em relação à carne bovina, 83% serão também destinadas ao consumo nacional. Da suína, 81% terão o mesmo destino. Mesmo com aumento do consumo interno, a tendência, segundo o estudo, será de aumento da inserção do Brasil no comércio mundial de alimentos. As projeções indicam que a participação da soja grão deve ser de 33,2% nos próximos dez anos. “Carne de frango deve chegar a 49,% e a carne bovina, 30%”, calcula Derli Dossa. Quanto às exportações, depois de algodão, leite e milho serão os produtos brasileiros com maior variação positiva, com ampliação de 50,4% e 56,4%, respectivamente, nas vendas para o mercado internacional.

Projeção regional O relatório da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura aponta Goiás como o estado brasileiro que terá maior aumento da produção de cana-de-açúcar (42,1%). Atualmente, produção é pouco expressiva no estado. São Paulo vai manter-se na próxima década como o maior estado produtor de cana do país. São Paulo seguirá como o maior produtor de cana-de-açúcar do país. A produção do estado deve chegar, no início da próxima década, a 574,4 milhões de toneladas, contra os 441,8 milhões de toneladas no ano passado. O crescimento da produção deve chegar a 30%, quase o mesmo percentual da ampliação da área de cultivo, que deve chegar a 6,7 milhões de hectares. Em 2010, a área ocupada pela cana foi de 5,2 milhões de hectares. Quanto à produção de soja, o estado do Mato Grosso deve manter-se como maior fornecedor do país, de acordo com Gasques. No ano passado, o estado produziu 20,2 milhões de toneladas. O volume deve saltar para 25,7 milhões de toneladas em 2021. revistaamazonia.com.br

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Safra verde: Programa Agricultura de Baixo Carbono – ABC Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

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agricultura sustentável tornou-se um dos principais eixos do Plano Agrícola e Pecuário 2011/2012. Criado em 2010, o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), vai incorporar todos os programas de investimentos voltados à produção eficiente com sustentabilidade. Com isso, o ABC passa a ter R$ 3,15 bilhões na temporada 2011/2012. O Plano Agrícola e Pecuário foi lançado pela presidenta Dilma Rousseff e pelo ministro da Agricultura, Wagner Rossi, recentemente, em Ribeirão Preto, no interior paulista. “É evidente o empenho governamental para o cumprimento dos compromissos voluntários assumidos pelo Brasil por ocasião da COP-15, em Copenhague, e o reconhecimento da contribuição positiva da agropecuária

na mitigação da emissão de gases que provocam o efeito estufa na atmosfera”, diz Rossi. O acesso ao crédito também ficará mais fácil. Produtores e cooperativas poderão contratar até R$ 1 milhão por beneficiário. A taxa de juros do Programa ABC é de 5,5% ao ano, a menor fixada para o crédito rural destinado à agricultura empresarial. O prazo (até 15 anos) e a carência (até 8 anos) variam conforme a tecnologia. Dos R$ 3,15 bilhões, R$ 850 milhões são liberados via Banco do Brasil e o restante, via BNDES. Rossi explica que o Programa Agricultura de Baixo Carbono engloba agora o Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas (Propflora) e Programa de Estímulo à Produção Agropecuária Sustentável (Produsa). “Estamos dando passos largos para tornar a agricultura e a pecuária brasileira como uma das mais inovadoras do mundo”, comenta o ministro. Ele lembra que as linhas de crédito irão financiar a recuperação de áreas e de pastagens degradadas, implantação e ampliação de sistemas de integração lavourapecuária-floresta, correção e adubação de solos, plantio

e manutenção de florestas comerciais, adoção da agricultura orgânica, agricultura de precisão, recomposição de áreas de preservação permanente ou de reserva legal. “Tratam-se de tecnologias reconhecidamente eficientes para ampliar a produtividade por unidade de área e reduzir a emissão dos gases de efeito estufa”, destaca.

Presidenta Dilma Rousseff, ladeada pelo vicepresidente Michel Temer e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, junto com os ministros Helena Chagas (Comunicação Social), Wagner Rossi (Agricultura) e Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário) no lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2011/2012

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Ações do Programa ABC Programa Agrícola de Baixo Carbono Plantio direto na palha A técnica dispensa o revolvimento do solo e evita erosão com a semeadura direta na palha da cultura anterior. Além disso, protege o solo, reduz o uso de água, aumenta a produtividade da lavoura e diminui despesas com maquinário e combustível. O objetivo é ampliar os atuais 25 milhões de hectares para 33 milhões de hectares. Esse acréscimo permitira a redução da emissão de 16 a 20 milhões de toneladas de CO2 equivalentes.

Recuperação de áreas degradadas O governo quer transformar as terras empobrecidas em áreas produtivas para a produção de alimentos, fibras, carne e florestas. A estimativa é recuperar 15 milhões de hectares e reduzir entre 83 e 104 milhões de toneladas de CO2 equivalentes.

a utilização do sistema em 4 milhões de hectares e evitar que entre 18 e 22 milhões de toneladas de CO2 equivalentes sejam liberadas.

Plantio de florestas comerciais O plantio de eucalipto e de pinus proporciona renda futura para o produtor e reduz a emissão de carbono por meio de captura e emissão de oxigênio pelas árvores. O governo espera aumentar a área de 6 milhões de hectares para 9 milhões de hectares.

em matéria orgânica para as culturas, o que permite a redução do custo de produção e melhora a fertilidade do solo. O Programa ABC pretende incrementar o método na produção de 5,5 milhões de hectares e reduzir a emissão de 10 milhões de toneladas de CO2 equivalentes.

Tratamento de resíduos animais A iniciativa aproveita os dejetos de suínos e de outros animais para a produção de energia (gás) e de composto orgânico. Outro benefício é a possibilidade de certificados de redução de emissão de gases, emitidos por mercados compradores. O objetivo é tratar 4,4 milhões de metros cúbicos de resíduos da suinocultura e outras atividades, deixando de lançar 6,9 milhões de toneladas de CO2 equivalentes na atmosfera.

Fixação biológica de nitrogênio A técnica visa desenvolver microorganismos/bactérias para captar o nitrogênio existente no ar e transformá-lo

O objetivo é ampliar os atuais 25 milhões de hectares para 33 milhões de hectares

Integração lavourapecuária-floresta O sistema busca alternar pastagem com agricultura e floresta em uma mesma área. Isso recupera o solo, incrementa a renda e gera empregos. A meta é aumentar

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Rio Global Green Business promove a Economia Verde Bright Green Cities teve grande êxito e contou com a presença de 25 países e empresas cujo faturamento soma mais de 400bilhões de dólares anuais

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endências mundiais, oportunidades de negócios e inúmeras propostas e iniciativas públicas e privadas para viabilizar a Economia Verde marcaram a primeira edição do Bright Green Cities - BGC- Rio Global Green Business, que se realizou em junho, “, na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), com grande sucesso. Organizado pelo EUBRA - Conselho Euro-Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável, o Bright Green Cities contou com a presença de cerca de 2.000 participantes, 400 entidades e empresas e 25 países num grande encontro entre gestores públicos, grupos financeiros, empresas de tecnologia limpa e infraestrutura. O evento reuniu algumas das empresas e instituições mais influentes nas áreas de energia limpa e tecnologia, financiamento e investimento, sociedade e gestão pública, além de diversas autoridades como: Carlos Minc, Secretário do Meio Ambiente do Rio de Janeiro; Eduardo Paes, Prefeito do Rio de Janeiro; Camilo Capiberibe, Governador do Amapá; Jorge Chediek, Embaixador da ONU no Brasil; Corrado Clini Diretor do Ministério do Meio Ambiente da Itália; Gherardo La Francesca, Embaixador da Itália no Brasil; Rodrigo Abreu, Presidente da Cisco no Brasil; Mario Garnero, Presidente da Brasilinvest; Rogério Tavares, Superintendente da Caixa Econômica Federal e vários executivos de empresas do Brasil, China, Holanda, Inglaterra, EUA, Suíça e representantes governamentais de 25 países. Um ponto alto foi a apresentação do Bright Green Book, “Livro Verde do Século 21”, que contém 100 casos de destaque em Economia Verde nos diferentes continentes, onde o uso de tecnologia limpa está dinamizando os setores de finanças, planejamento urbano e desenvol-

vimento local. Esse trabalho foi realizado em conjunto com a Agência Brasileira de Investimentos Climáticos, em parceria com a ONU-Habitat, o Governo do Rio de Janeiro, a Prefeitura do Rio de Janeiro, o Fórum das Américas e o Ministério das Relações Exteriores, entre outros, e demandou ampla pesquisa, levando em consideração a importância do avanço tecnológico e seus impactos na preservação do meio ambiente. Segundo Robson Oliveira, sociólogo e presidente do EUBRA, “a ideia é promover as iniciativas que estão construindo a economia verde em nosso planeta, apontando o caminho para uma estratégia possível de desenvolvimento, com planejamento energético e gestão urbana sustentáveis. A economia verde é a forma mais eficiente para responder ao desafio que se impõe hoje para a humanidade de expansão

sustentável, comprometida com a redução nos impactos ambientais e sociais”. Ao todo, foram examinados cerca de 350 casos em diversos países, onde o uso de tecnologia limpa está dinamizando os setores de finanças, planejamento urbano e desenvolvimento local. O Brasil responde por 51 casos desse total, demonstrando iniciativas diferenciadas como o desenvolvimento do papel sulfite ecológico, óleos essenciais, projetos de tecnologia de sustentabilidade na Amazônia, sistemas agroflorestais, biocombustíveis, criação do plástico verde, implantação da primeira usina de energia solar comercial no Brasil, fruticultura irrigada, manejo florestal sustentável, utilização de energias renováveis, medicamentos biológicos, frutas liofilizadas, entre outros. Durante o BGC, o presidente do EUBRA, Robson Oliveira, entregou uma edição especial do Bright Green Book para os representantes dos casos selecionados. O livro já pode ser acessado no site www.brightgreencities.com e em outros sites parceiros para consulta ou download gratuito. Para o representante da ONU no Brasil, Jorge Chediek, as experiências em economia verde apresentadas no Rio Global Green Business, mostram que é possível casar desenvolvimento e sustentabilidade: “O Brasil, sobretudo o Rio de Janeiro, tem a possibilidade de mostrar ao mundo de que é possível crescer e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente”. Na cerimônia de encerramento, o presidente do EUBRA agradeceu a todos que acreditaram nesse projeto e convidou os presentes para um novo encontro durante a Rio+20, que será em junho de 2012, e estará focado na promoção de empresas inteligentes e da economia

Apresentação do Bright Green Book durante o Rio Global Green Business (esq. p/ dir) Robson Oliveira – presidente EUBRA, Jorge Chediek – Embaixador da ONU, Gherardo La Francesca – Embaixador da Itália, Alain Grimardi – Diretor Geral ONU-Habitat, Carlos Minc – Sec Est. de Meio Ambiente do RJ, Camilo Capiberibe – Governdor Amapá, Stélio Amarante – Prefeitura Rio de Janeiro, Mario Garnero – Presidente Brasilinvest 70 REVISTA AMAZÔNIA

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verde, através do Bright Green Book – Rio+20. Nesse evento, denominado: Green Economy Rio+20, “o EUBRA terá um espaço de 12.000 m2, coordenado e organizado por um grande grupo internacional especializado e será um momento único, onde praticamente todos os construtores da economia verde no planeta estarão representado o evento”, concluiu Robson Oliveira, satisfeito com o resultado.

Jorge Chediak embaixador da ONU

Amapá foi destaque na Rio Global Green Business O interesse em saber como o Amapá consegue manter a floresta com cerca de 80% preservada, proporcionou lugar de destaque para o governador do Estado Camilo Capiberibe, ao participar do debate “Os desafios e oportunidades dos governos regionais na transição para a economia verde”. Para o governador, o Amapá pode contribuir e muito com a chamada economia verde. Mas, é importante o Estado receber compensações. “Nós estamos fazendo a nossa parte, mas o Estado precisa se desenvolver”, disse o governador, ao sugerir aos países desenvolvidos que investem no crédito de carbono, que possam investir no Amapá. O ex-governador da Toscana, Claudio Mastini, convidou o governador do Amapá para liderar fóruns de discussões no Brasil, com vistas as questões locais para um encontro que deve acontecer ainda este ano, em Genebra, com prefeitos e governadores da Europa, em preparação ao Rio + 20, que acontece no ano que vem.

Alguns dos casos selecionados:

Camilo Capiberibe governador do Amapá, na abertura do evento

CYAN da AmBev, em parceria com a Sabesp. Depois de o consumidor abrir a conta, o histórico de consumo junto a concessionária de água e a sua média de consumo vira a sua meta. Só de cumprir essa meta nos próximos meses, você já ganha pontos. Se conseguir reduzir ainda mais o seu consumo, seus pontos aumentam proporcionalmente. Os pontos acumulados valem descontos em diversas empresas. Impacto: Uma forma inteligente e criativa de incentivar e promover e o consumo consciente de água pela população Plástico Verde A empresa conseguiu desenvolver a partir do álcool da cana-de-açúcar e não do petróleo o polietileno verde, também chamado de plástico verde ou orgânico, o qual pode ter as mais diversas aplicações: sacolas de supermercados, frascos de produtos de higiene e beleza, embalagens de alimentos e até tanques de combustível. Hoje é a líder global nesse segmento de biopolímeros.

Rodrigo Abreu - Presidente Cisco na abertura do Smart Connected Communities

Plano Nacional de Combate às Mudanças Climáticas O Brasil elaborou Plano com metas bem definidas para combater as mudanças climáticas. Redução de emissões de GEE´s (Gases de Efeito Estufa) em território nacional em torno de 36,1 % a 38,9% até o ano de 2020. Aumento do uso de etanol na próxima década à substituição de geladeiras ineficientes e a duplicação da área de floresta plantada no País, entre outras ações. Impacto: A grande vantagem ambiental é que cada tonelada produzida do chamado “plástico verde” seqüestra até 2,5 toneladas de dióxido de carbono do ar a partir da absorção feita pela cana-de-açúcar. Corrado Clini do Ministério de Meio Ambiente da Itália

Impacto: Com esse plano define claramente sua estratégia de atuação com relação às mudanças climáticas, sendo bem aceito pela comunidade internacional, mostrando o compromisso brasileiro apesar de ter umas das matrizes energéticas mais limpas do mundo.

Carro elétrico S18 O S18 é o primeiro carro elétrico da empresa, é capaz de viajar quase 150 Km com velocidade máxima de 120 Km/h. Leva 6 horas pra ser carregado numa tomada normal de 220 V, ou 30 minutos para ter 80% da carga no modo de carregamento rápido.

Consumo consciente de água O Banco CYAN é mais uma iniciativa do Movimento revistaamazonia.com.br

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no bioma amazônico envolvendo diretamente milhares de pessoas, e ajudando a preservar/conservar a Amazônia brasileira e sua biodiversidade.

Corrado Clini, Gherardo La Francesca e Mario Garnero

Impacto: Por ser um veículo exclusivamente elétrico não tem emissões, e zero de poluição, pronto para uso em centros urbanos. Sendo que o governo chinês pretende ter uma grande frota destes veículos por toda china nos próximos 5 anos. A cidade mais verde da Europa Essa conclusão foi baseada em um estudo único feito pela Siemens de sustentabilidade ambiental das 30 maiores cidades em 30 países europeus apresentado durante a Conferência de Mudança Climática da ONU COP 15.

No evento “21 RG”, abordando os desafios dos governos regionais para fazer com que a economia e meio ambiente comecem a caminhar juntos para o desenvolvimento no século XXI. O governo do Pará participou apresentando as melhores oportunidades de desenvolvimento no Estado sob o tema “Um Brasil chamado Amazônia”, descrevendo as oportunidades de desenvolvimento sustentável da Amazônia – forma de pensar a economia e desenvolvimento criando grandes oportunidades, movimentando as finanças globais, gerando milhões de empregos, e ainda produzindo impacto positivo na sociedade e no ambiente. Eliana Zacca - Faepa – Governo do Pará durante apresentação no RG 21

Impacto: Copenhagen caminha para ser a primeira capital mundial com CO2 neutralizado. Para tanto esta construindo mais parques eólicos, e promovendo incentivos a infra-estrutura para ter carros movidos a hidrogênio ou eletricidade. Desenvolvimento de projetos de tecnologia e de sustentabilidade na Amazônia O Fundo Amazônia foi criado em Agosto de 2008, com o objetivo central de promover projetos para a prevenção e o combate ao desmatamento e também para a conservação e o uso sustentável das florestas no bioma amazônico. Impacto: A existência de um fundo como esse possibilitou a implantação de dezenas de programas/projetos

Lançamento do livro Um Brasil Chamado Nordeste: Robson Oliveira – presidente EUBRA, Jarbas Albuquerque – Assessor Especial AMUPE, Ricardo Correa – Presidente IDCorp, Paulo Arruda – Procurador AMUPE Stand Amapá

Lounge da Holanda

Turbina eólica de última geração no stand da empresa italiana Pramac 72 REVISTA AMAZÔNIA

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Florestas absorvem um terço do CO2 da atmosfera Investigador Josep Canadell acredita que é possível obter ganhos econômicos com uma melhor gestão das florestas

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investigador Josep Canadell afirma que as florestas absorvem um terço de dióxido de carbono (CO2) que se encontra na atmosfera, oriundo da queima de combustíveis fósseis. “Se amanhã suspendermos a desflorestação, as florestas existentes e aquelas que estão em estado de reconstituição vão absorver metade das emissões de combustíveis fósseis”, afiançou Canadell. As florestas do planeta absorvem 2,4 mil milhões de toneladas de carbono por ano. Este estudo é o primeiro a utilizar dados de vários tipos de florestas: boreais, tropicais e das regiões temperadas.

A desflorestação é responsável pela emissão de 2,9 mil milhões de toneladas por ano, ou seja, 26 por cento do total das emissões. Apenas as emissões de combustíveis fósseis atingem mais 8 mil milhões de toneladas por ano. Os dados relativos ao período compreendido entre 1990

e 2007 foram reunidos durante dois anos por uma equipe internacional de investigadores especialistas no estudo do aquecimento global. Conseguiram mostrar pela primeira vez que nas regiões tropicais o volume de carbono emitido devido à desflorestação foi contrabalançado pelo absorvido pelas florestas primárias intactas, tendo no fi-

Josep Canadell, diretor executivo do Global Carbon Project e investigador do CSIRO 74 REVISTA AMAZÔNIA

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Monitorando o ar da floresta

nal um balanço de carbono quase nulo. As florestas em regeneração, onde a agricultura foi abandonada também contribuíram significativamente para a absorção. Para Canadell há duas conclusões a tirar deste estudo: “As florestas não são apenas grandes reservatórios de carbono, pois também absorvem activamente o CO2 produzido pelas actividades humanas, assumindo cada vez mais a dianteira para uma estratégia de protecção do clima”. Mostra-se igualmente que é “possível obter ganhos económicos com uma melhor gestão das florestas, aproveitando principalmente benefícios com a redução da desflorestação”. O investigador sublinha o aspecto financeiro do mercado do carbono e as compensações previstas no programa «Redd-Plus» (Redução de Emissões por Desflorestação e Degradação Florestal). Esse mecanismo foi adoptado na conferência da ONU sobre o clima, em Cancun (México), no final de 2010. Tem como objectivo estimular os países onde existem florestas tropicais a administrá-las de forma durável, obtendo compensações financeiras.

O mapa ao lado mostra as áreas do mundo que têm as mudanças experimentadas na cobertura florestal. As regiões vermelhas do mapa mostram uma perda líquida de florestas, as regiões verde escuro mostram um ganho líquido de floresta, e as regiões luz verde representa a cobertura florestal atual revistaamazonia.com.br

Aumento mundial da densidade florestal Florestas em muitas regiões do mundo estão se tornando maiores sumidouros de carbono graças à maior densidade, aumentando portanto, significativamente, o armazenamento de carbono. As florestas são como cidades - elas podem crescer tanto se espalhando e/ou tornando-se mais densas. O grande papel da densidade significa a conservação não só da área de floresta densa, mas também a gestão, as florestas mais saudáveis pode reduzir emissão de carbono.

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Ministros de meio ambiente de 35 países estiveram reunidos no Petersberg Climate Dialogue II Chanceler Angela Merkel, verificar metas climáticas necessárias e e construir uma ponte entre “agir e negociar”

II Petersberg Climate Dialogue

Norbert Roettgen, ministro do Meio Ambiente na abertura do Diálogo Clima Petersberg, em Berlim

tratados na COP-17, como o segundo período do Protocolo de Quioto (que estará em vigor até 2012), a operacionalização de acordos já existentes e as estratégias visando à transição para uma economia mais ecológica. A Ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella Teixeira também participou do evento. A primeira reunião de Petersberg ocorreu em maio de 2010, em Bonn, a partir de uma iniciativa política da Chanceler Angela Merkel durante a Conferência de Copenhague em 2009. Com a presidência da União Europeia e do G8 em 2007 a Alemanha já tinha assumido um papel de liderança internacional na política climática. O diálogo de Petersberg foi criado para apoiar as negociações internacionais sobre o clima e construir uma ponte entre “agir e negociar”.

Nos últimos anos, os gastos da Alemanha nas energias renováveis, eficiência energética e projetos de água em países em desenvolvimento continua. Os investimentos aumentaram de 470 milhões em 2005 para 1 bilhão de euros em 2010. Ativista do Greenpeace protesta fora do local do II Diálogo Clima Petersberg, em Berlim

Norbert Roettgen ministro do Meio Ambiente alemão e Maite Nkoana-Mashabane, da África do Sul de Relações Internacionais e Cooperação Foto: Thomas Röth

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convite do Ministro Federal do Ambiente, Norbert Röttgen, e do Ministro das Relações Exteriores da África do Sul, Maite Nkoana-Mashabane, ministros de meio ambiente de 35 países estiveram reunidos entre os dias 2 e 4 de julho no Petersberg Climate Dialogue II – Rising to the Climate Change, encontro preparatório para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-17) que acontecerá em Durban, na África do Sul. O evento promoveu a discussão sobre os temas que serão

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Rio Ambiente debateu Política de Resíduos Foto: Antonio Batalha, Guarim de Lorena

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sétima edição do fórum de sustentabilidade Rio Ambiente 2011 do Sistema FIRJAN, articulado com o apoio do Instituto de Macromoléculas da UFRJ e do Instituto de Química da Uerj, reuniu 800 profissionais da indústria, da universidade, do governo e da sociedade civil, com 20 palestrantes e debatedores. Além dos tradicionais fóruns de debates e da exposição de empresas de tecnologias e soluções ambientais, o público pôde participar de oficinas oferecidas por especialistas e por uma visita do Programa Troca Ambiental, além de palestras técnicas. O público trouxe para os debates informações que havia aprendido nas oficinas e nas palestras técnicas”, destacou Ivan Mello e Silva, especialista em meio ambiente do Sistema FIRJAN e coordenador do evento. Na abertura, o presidente do Conselho Empresarial de Meio Ambiente do Sistema FIRJAN, Isaac Plachta, justificou a importância de discutir a gestão dos resíduos sólidos com os vários atores envolvidos na cadeia da reciclagem. “A complexidade do tema pode ser percebida pelo tempo que discutimos o assunto na Câmara para construirmos uma proposta viável para o País. Muitos pontos precisarão de regulamentação específica e não podemos nos esquivar dessa discussão”, explicou. O superintendente de Políticas de Saneamento da SecreJorge Hargrave, pesquisador do Ipea

taria do Ambiente, Victor Zveibil, apontou o andamento das ações do estado do Rio para o atendimento à Política de Resíduos. Zveibil destacou a importância de se implantar uma estrutura para a logística reversa, onde uma das etapas seria a instalação de postos de recolhimento de resíduos.

Mobilização pela economia verde O Rio Ambiente teve como palestrante convidada Samyra Crespo, secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente. Samyra falou sobre as oportunidades associadas à realização, em 2012, da Rio+20, a conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável. A expectativa é de que se alcancem 40 mil participantes nos eventos paralelos, entre governo, academia, mídia e sociedade civil, incluindo o setor produtivo, por seu engajamento cada vez maior na sustentabilidade. “A Rio+20 será o ápice da grande mobilização da sociedade civil internacional pela celebração da esperança nas questões socioambientais”, destacou a secretária. O desenvolvimento sustentável no contexto da erradicação da pobreza é a temática central da conferência. Com ela, outro assunto estará, na opinião de Samyra, no centro das atenções: o consumo consciente. O grande desafio é traçar estratégias de comunicação para engajar o consumidor na redução do desperdício, que é parte da solução para a questão dos resíduos sólidos. Samyra destacou que não se trata de impedir o crescimento econômico. O País pode e deve manter seu objetivo de crescer e distribuir renda, aliando o consumo com

Na abertura, Isaac Plachta, presidente do Conselho Empresarial de Meio Ambiente do Sistema FIRJAN

qualidade e consciência. “Consumo e descarte responsáveis são o desafio para o qual estamos convocando os engajados na Rio+20”, explicou. Ela lembrou que, neste sentido, é preciso atentar à Política Nacional de Resíduos, repensando questões como o design dos produtos, por exemplo. A secretária reforçou que este não é um desafio apenas da indústria, mas do varejo e da sociedade: “mesmo que todas as empresas já tivessem seus planos de logística reversa prontos, o consumidor ainda não está educado para isto. É preciso um esforço conjunto”.

Victor Zveibil, superintendente de Políticas de Saneamento da Secretaria do Ambiente, destacou a importância de se implantar uma estrutura para a logística reversa 78 REVISTA AMAZÔNIA

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A sétima edição do Rio Ambiente 2011 teve 20 palestrantes e debatedores

Reciclagem no Brasil tem potencial de R$ 8 bilhões Se todo resíduo reciclável hoje encaminhado para aterros e lixões nas cidades brasileiras fosse destinado à reciclagem, o País lucraria R$ 8 bilhões. É o que defende o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em seu estudo “Pagamento por Serviços Ambientais Urbanos para Gestão de Resíduos Sólidos”. Um dos responsáveis pelo trabalho, o pesquisador Jorge Hargrave, mencionou a dificuldade de obtenção de informações sobre a gestão dos resíduos urbanos no Brasil. “As diferentes realidades dos estados não permitem uma generalização. O acesso a dados de importação de produtos é frágil, tornando complexa a tarefa de propor uma meta de reciclagem a uma geração de resíduos que não está bem definida”, explicou. O trabalho do Ipea traçou um diagnóstico dos benefícios econômicos gerados pela reciclagem de resíduos urbanos – aço, alumínio, papel e papelão, plástico e vidro – que correspondem, por exemplo, à menor compra de matéria-prima e energia e ao custo evitado da coleta regular e da disposição de resíduos. Hoje, esse benefício circula entre R$ 1,3 bilhão e R$ 3,2 bilhões. No entanto, o Brasil pode alcançar R$ 8 bilhões se adotar melhores estratégias de reciclagem. “Além disso, há os benefícios ambientais, que são imensuráveis, como a redução da

poluição e a conservação da biodiversidade”, lembrou Hargrave. A partir do estudo, o Ipea propôs instrumentos econômicos de estímulo à reciclagem, como o pagamento por produtividade, para aumentar a renda dos catadores, e o crédito cooperativo, para estimular a organização e formalização das cooperativas.

Gestão de resíduos e logística reversa A gestão de resíduos é um problema crônico e transnacional segundo Gustavo Kelly, gerente jurídico do Sistema FIRJAN, muitas vezes agravado pela falta de controle ambiental. Enfatizando que todos são responsáveis pelo descarte de resíduos, ele destacou a necessidade de ações individuais, que começam pela noção de responsabilidade sobre os resíduos. Guilherme Queiroz, pesquisador do Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea), concorda que sem a participação do consumidor, a Política de Resíduos não se concretiza. Ele apontou que o aumento da reciclagem contribui para a redução do aquecimento global, na medida em que diminui o gasto de energia. No aterro, pontuou Queiroz, um material como o plástico acaba contribuindo para as emissões. Há movimentação do poder público e do setor privado pela instalação de aterros mais eficientes e com aprovei-

Samyra Crespo, secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente

tamento do biogás para a geração de energia. É o caso do recém-instalado Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica, como lembrou Ângela Fonti, presidente da Comlurb. Fonti afirmou que a Prefeitura do Rio de Janeiro e o BNDES têm projetos de ampliação da coleta seletiva, onde o investimento pode chegar a R$ 50 milhões. Projetos de inovação tecnológica na gestão de resíduos também têm conquistado financiamento não-reembolsável de agências de fomento no estado do Rio. Fabiano Gallindo, especialista em Projetos Tecnológicos do Sistema FIRJAN, apresentou casos de sucesso como o de uma empresa fluminense de coleta de óleo lubrificante e o da reciclagem de resíduos industriais do setor de moda íntima de Nova Friburgo. O especialista em Meio Ambiente do Sistema FIRJAN, Jorge Peron, lembrou que a preocupação com a logística reversa é crescente, devido a fatores como o alto custo de destinação e disposição final, a mudança do perfil do lixo urbano e a globalização dos mercados. Ganhará cada vez mais importância, tornando-se área de atuação na gestão empresarial futura. “A Indústria deve reorganizar os seus Sistemas de Gestão Ambiental aproveitando essas oportunidades”, afirmou.

Durante o Rio Ambiente 2011 revistaamazonia.com.br

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Ecogerma 2011 de olho no futuro das megacidades Frente ao aumento da população urbana do País, especialistas propõem soluções sustentáveis para megacidades durante o evento Foto: Câmara Brasil-Alemanha / Agência Imagem

No Painel – Construção Sustentável(Aspectos técnicos da construção sustentável): Palestrante: Adriana Camargo Brito, Pesquisadora do Laboratório de Conforto Ambiental e Sustentabilidade Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT)

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Congresso Ecogerma 2011 reuniu especialistas em meio ambiente, gestores públicos, empresas, estudantes e até mesmo pessoas comuns para um debate de suma importância: o futuro das megacidades brasileiras, no Club Transatlântico, em São Paulo (SP). Com promoção da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK, na sigla em alemão), o evento o contou com 40 palestrantes e oito painéis, que tiveram o objetivo de endereçar aos principais gargalos ambientais das megacidades, destacando, principalmente soluções em urbanismo e gestão de recursos hídricos. “Nestes dois dias, debatemos problemas, vimos cases interessantes, discutimos alternativas, caminhos e soluções para os problemas das nossas megacidades. Também foi possível conferir a contribuição positiva da Alemanha, país líder em tecnologias sustentáveis, para a solução dos problemas ambientais da atualidade”, afirma o diretor de meio ambiente da AHK, Ricardo Rose. Já na abertura do evento, várias apresentações justificaram a importância das megacidades. Até 2030, 60% da população mundial vai viver em grandes conglomerados urbanos, situação que representa um imenso desafio para questões como infraestrutura, fornecimento de energia, mobilidade, abastecimento de água e destinação e tratamento de resíduos sólidos. No Brasil, a situação não será diferente. Segundo dados disponibilizados pelo Ministério do Meio Ambiente,

apresentados pelo secretário nacional de Meio Ambiente Nabil Bonduki, 85% da população brasileira já vivem em megacidades, concentradas em um espaço territorial que corresponde a 5% do território nacional. Nesse contexto, aliar os conceitos de sustentabilidade às construções urbanas torna-se fundamental para garantir não só a preservação do meio ambiente como também o bem-estar dos cidadãos. Esse foi justamente o desafio que o painel Construções Sustentáveis, realizado durante o evento, propôs-se a endereçar. A diretora executiva da ONG Green Building Council Brazil, Maria Clara Coracini, iniciou sua apresentação ressaltando que a construção civil consome 40% dos recursos naturais globais. “Daí a importância da necessidade de engajamento do setor, na construção de edificações que racionalizem a utilização de recursos naturais”, disse. Segundo ela, muitos avanços já foram conquistados no campo da construção em termos de sustentabilidade.

Em primeiro lugar, ela cita a elaboração de normativas técnicas que permitem determinar o quão sustentável uma construção é. Ela destaca as certificações Aqua e Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), de origem americana. Há ainda os selos Sustentax e Procel Edifica, ambos brasileiros. “Em média, uma construção sustentável apresenta consumo de água entre 30% e 50% menor em relação a uma habitação convencional. E o uso de energia cai cerca de 30% na mesma comparação”, destaca a especialista. Nos próximos meses, começará a ser implantada no País a certificação alemã para construções sustentáveis DGNB. A informação é do engenheiro Jörg Spangenberg, que chefia o escritório da Werner Sobek em São Paulo, empresa de engenharia, design e sustentabilidade, também presente ao evento. “Trata-se de um sistema unificado de certificação que torna a sustentabilidade mensurável”, explicou. Segundo Spangenberg, o selo alemão já é usado em alguns países europeus, na China e na Tailândia e considera todo o ciclo de vida das edificações – do conceito ao planejamento, da construção ao uso, até a demolição. Vencedores da Edição Especial Prêmio von Martius – Da esquerda para direita: Projeto: Tecnologia Duplo Combustível para Veículos Pesados - Flexibilidade de Escolha entre Óleo Diesel e Biodiesel Puro, Gian Gomes Marques Engenheiro de produto MAN. Projeto: Recicle Milhões de Vidas – Transforma Lixo em Vidas , Ricardo Manoel Pereira - Diretor Institucional e Diná Monteiro Lessa - Diretora Executiva, Instituto Recicle. Projeto: PET - a garrafa que se transformou em resina, Marcelo Leonessa, Diretor Industrial do Complexo de Tintas e Vernizes da BASF, Weber Porto, Presidente Evonik e Câmara Brasil Alemanha

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No Painel – Água (Tratamento de esgoto descentralizado): Palestrante: Jaime A. Cardona, Coordenador de P&D BDZ e Pesquisador visitante da UFZ

Ele afirma que técnicos da companhia têm estudado, por exemplo, a viabilização da utilização das águas do lago Paranoá, que margeia a cidade e hoje recebe 100% do esgoto tratado de Brasília. “É claro que serão necessários novos investimentos para tornar o lago o principal reservatório de água da cidade, mas o futuro de Brasília será a utilização de água reutilizada”, diz.

Recursos hídricos em foco Outro destaque da Ecogerma 2011, agora no campo da gestão de recursos hídricos, foi a apresentação dos técnicos pesquisadores brasileiros e alemães que integram o Projeto Água DF. Eles estiveram no Congresso Ecogerma 2011 para apresentar um balanço de suas mais recentes iniciativas. O Projeto Água DF foi criado em 2009 a partir da celebração de um acordo de cooperação científica entre instituições brasileiras e alemãs. Incluem-se na lista as universidades de Brasília e Dresden, o Instituto Humboldt, o Centro de Pesquisas do Meio Ambiente da Alemanha e a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal. O desafio do projeto é garantir o abastecimento de água de Brasília, que abriga uma população de 2,5 milhões de habitantes, vive marcada pelo crescimento urbano desordenado e está localizada em uma das regiões de menor disponibilidade hídrica do Brasil, com períodos de seca de até quatro meses por ano. Desde o início do projeto, seus pesquisadores têm se debruçado sobre o problema da escassez de água no Distrito Federal, tendo em mente dois objetivos principais: elaborar uma radiografia da oferta hídrica da região e também um planejamento estratégico para garantir o fornecimento no futuro. Esses dois levantamentos devem ficar prontos dentro de dois anos. “Brasília pode se orgulhar de ser uma das poucas cidades do País que trata 100% de seu esgoto e fornece água tratada a toda a população. Isso é muito bom. No entanto a cidade e seus arredores vêm sofrendo grandes interferências que podem comprometer os mananciais remanescentes e o abastecimento futuro”, afirma Detlef Hans-Gert Walde, pesquisador do projeto. Dentre as interferências apontadas por Walde estão a frenética urbanização de Brasília e das cidades de seu entorno, que tem, inclusive, levado risco de contaminação ao maior reservatório da região. Há ainda os efeitos das mudanças climáticas que já começam a ser sentidos no Distrito Federal, afetando os regimes de chuva da região. Ele também cita a intensa atividade agropecuária nos arredores, que tem comprometido os mananciais ainda revistaamazonia.com.br

No Painel – Residuos(Aproveitamento energético de resíduos orgânicos): Palestrante: Carlo Vendrix, Gerente de Projetos Küttner do Brasil

Prêmio “Ecogerma-von Martius”

não utilizados, essenciais para garantir o abastecimento de água no futuro. Diante de um cenário em que se conta com menor oferta hídrica numa região, os pesquisadores do Projeto Água DF têm pelo menos um consenso até o momento. O abastecimento futuro na região passa por três pilares estratégicos: a economia do recurso, a viabilização de novas fontes hídricas e a ampliação do tratamento de água e esgoto. Klaus Neder, engenheiro-civil da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal, responsável pelo fornecimento de água e tratamento de esgoto da região, afirma que a companhia tem conquistado bons resultados com uma série de investimentos objetivando economia e redução da demanda por água. “Nos últimos 20 anos, a população de Brasília aumentou em 50%, enquanto que a demanda por água cresceu somente 30”, afirma. “Entendemos que diminuir a demanda é um ponto relevante na sustentabilidade do sistema, mas talvez o reúso da água existente tenha no futuro um papel cada vez mais relevante no abastecimento.”

Premiar iniciativas sustentáveis de destaque no cenário nacional, estimulando a realização de projetos que contribuam para a preservação do meio ambiente são os objetivos centrais do novo “Prêmio Ecogerma-von Martius”, que deverá ser entregue a partir de 2012. O novo prêmio, em formato atualizado, dá continuidade à trajetória bem-sucedida de 11 anos do Prêmio von Martius. Criado em 2000, o Prêmio von Martius (homenagem ao explorador e botânico alemão Carl Friedrich Philipp von Martius) tornou-se uma das mais importantes homenagens do País, reconhecendo projetos indutores do desenvolvimento socioeconômico e cultural alinhados ao conceito de sustentabilidade. “Sentimos a necessidade de uma atualização na proposta porque houve muitas mudanças no mercado ambiental. O conceito de sustentabilidade foi ampliado, cresceu a preocupação com as mudanças climáticas e todo o conhecimento envolvendo questões ambientais evoluiu. As bases do novo prêmio são um reflexo disso”, declara Eckart-Michael Pohl, diretor de comunicação da AHK.

No Painel – Água (Eficiência energética em ETE´s e ETA´s): Palestrante: Christoph Platzer, Rotária do Brasil REVISTA AMAZÔNIA 81


Camillo M. Vianna*

Amazônia: devastação programada

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or esta época quadrilhas estão alvoroçadas, quer as juninas ou joaninas, quer as que de um jeito ou de outro, estão saqueando o Grande Patrimônio Natural da Humanidade. Cada qual a seu modo, elas vem caprichando da melhor maneira possível, para dar conta do seu recado. Aquelas de tradição, preparam-se a duras penas para dar continuidade aos hábitos, usos e costumes, em verdadeira luta campal aberta contra os meios de comunicação de massa, que de maneira brutal e perseverante, vem desmontando as raízes do nosso amazonário. Não há dúvida que, em escala crescente, começa a haver reação razoavelmente organizada contra esse estado de coisas e, a Sociedade de Preservação aos Recursos Naturais e Culturais da Amazônia, envolvida há mais de quarenta anos com problemas ambientais e culturais, tem muito a ver com isso tudo, em que pese a solene rejeição por parte de alguns setores. Esse trabalho solitário, que vem sendo levado a remo e a vara, está tocando a procissão para frente, como se costuma dizer. Mesmo à revelia de tais senhores feudais, o que já foi levado a cabo pela SOPREN, não pode ser pura e simplesmente deixado de lado, principalmente pelo simples fato de ser a precursora da atuação em setores que todos acreditavam, de pés juntos e pela luz divina, não ser possível haver interrelação entre preservação e cultura, como também com o fato de atuar sempre em esforço associado e nunca isoladamente. De um jeito ou de outro, os devastadores culturais estão encontrando reação em todos os quadrantes da região que já foi denominada de Castália do Folclore. Ao contrario dos quadrilheiros, mercenários, trambiqueiros e toda a fauna cabocla ou alienígena que está estropiando a Terra da Promissão Tropical.

Lagoa Azul, formada num grande buraco com dezenas de metros de profundidade, de onde se extraiu manganês. Serra do Navio, Amapá

O tal processo de Integração da Amazônia Brasileira, está sendo processado a ferro e fogo, com violentação, desperdício e desrespeito aos mais elementares direitos humanos e de preservação do ambiente natural. Exemplo mais significativo pode ser encontrado no atual Estado do Amapá, onde há quase 50 anos atua, impunemente, a toda poderosa ICOMI multinacional de primeira linha, agora acobertada por uma espécie de camuflagem nativa e que dentro de um complexo de outras predadoras, igualmente alienígenas, continua a pintar e bordar, à moda da casa, deixando para o antigo território apenas percentual irrisório de impostos, resultante de milhares de milhares de toneladas de manganês exportado ao longo de décadas e devidamente armazenado nos EstaAnna Linhares

por

Equipe de pesquisa do IPHAN na Lagoa Azul. Serra do Navio, Amapá, 2006 82 REVISTA AMAZÔNIA

dos Unidos da América do Norte. Tal como acontece com as quadrilhas de brincantes festivos, onde estes mudam de par a cada desenvolvimento da brincadeira, a coisa começou a mudar, lá na terra do Cabralzinho, quando em recente encontro ambientalista desses que estão pululando com impetuosidade de pororoca em todo o território nacional, verdadeira rebelião aconteceu, quando foi questionada, dura e tenazmente, a interferência danosa - e o saque - da agora denominada CAEMI, aliás, financiadora do Seminário preservacionista, caracterizando tomada de posição na defesa do nosso patrimônio que vem sendo espoliado miseravelmente e sem nenhuma contrapartida de importância social e humana. O exemplo amapaense precisa ter continuidade, uma vez que há séculos deixamos de ser capitania hereditária e, apesar da insistência e da impertinência de oriundos de outras plagas nacionais, não aceitamos ser colônia do próprio Brasil. Outra novidade: temos uma pequena África do Sul em plena Amazônia brasileira, nada mais nada menos que na Serra do Navio da poderosa ICOMI, onde a comunidade, tal qual aquela dos cafundós do Judas africano, está dividida em três camadas rigorosamente separadas uma da outra e que são primárias, intermediária e estafe. **A partir de crônica publicada em jul/1989 no jornal P.Q.P de responsabilidade do Comendador” Raimundo Mário Sobral. (*) SOBRAMES / SOPREN revistaamazonia.com.br


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