ISSN 1809-466X
Ano 2 Número 03 2007
R$ 10,00
€ 4,00
CAMPANHA DA FRATERNIDADE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Fraternidade e Amazônia
TURISMO SUSTENTÁVEL NA AMAZÔNIA
Efeitos sobre a biodiversidade
Mercado em ascenção
S
umário
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Expediente
A CF 2007. FRATERNIDADE E AMAZÔNIA
Meio ambiente vai definir crescimento econômico
III FEIRA INTERNACIONAL DA AMAZÔNIA Amazonas fecha o primeiro acordo de remuneração por Serviços Ambientais
MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SEUS EFEITOS SOBRE A BIODIVERSIDADE BRASILEIRA
26 A Consciência Ambiental no Brasil
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MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI. 140 ANOS DE HISTÓRIA
MEDIDAS PARA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...
44 O Robô Ambiental Híbrido
46
DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha Rodrigo B. Hühn
ARTICULISTAS Equipe Ascom-MMA, Camillo Martins Vianna, Celso Freire, Celeste Proença, Celso Santos Elizabeth C. Cavalcante, Joice Santos, Ney Robinson, O Editor, Priscila Mantelatto, Roberto Tavares, Virgílio Viana
CAPA Foto: Ribeirinhos, de João Ramid Cena na Vila Maguari-Flona Tapajós Coleção Amazônia Selva e História Acervo PARATUR EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA
A NOVA SUDAM
DESKTOPING Mequias Pinheiro
53 Os Serviços Ambientais da Floresta
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58
H-BIO DIESEL E O BIODIESEL Uma Nova Amazônia
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PETROBRAS E COMUNIDADES ELABORAM AGENDA 21 LOCAL
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O TURISMO SUSTENTÁVEL NA AMAZÔNIA
66 O Cobre, o Sossego e a CVRD
12 anos
FOTOGRAFIAS Arquivo LBA, Arquivo SUFRAMA, Agecom/AM, Arquivo SUDAM, Arquivo MMA, Arquivo MPEG, Arquivo INPA, Carlos Moiole, Elivaldo Pamplona, Elcimar Neves, Eduardo Góes, Jefferson Rudy, Joana Cordeiro, Maria Kristh, Renata Schmitt
Internacional de Proteção da 36 Congresso Biodiversidade Na Amazônia
38
PUBLICAÇÃO Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil
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ANATEC ASSOCIAÇÃO DE PUBLICAÇÕES
Mensagem do Papa para a Campanha da Fraternidade (p.05) Como evitar o aquecimento global? (p.21) Durma com esse calor (p.23) Conscientização (p.24) AmazonBots. Workshop discutiu robótica em Manaus (p.42) Concerto no Carnegie Hall homenageia a Amazônia (p.49) Ecologia, bom senso e desenvolvimento sustentável (p.51) Certificação, uma alternativa para a manutenção das florestas (p.52) O turismo sustentável na Amazônia (p.68) Feira de Agricultura Familiar (p.71) A Amazônia azul também é nossa (p.74) Amazônia. 500 e tantas risonhas primaveras (p.76)
Mensagem do Papa para a abertura da Campanha da Fraternidade
A
o iniciar o itinerário espiritual da Quaresma, a caminho da Páscoa da ressurreição do Senhor, desejo mais uma vez aderir à Campanha da Fraternidade que, neste ano de 2007, está subordinada ao tema “Fraternidade e Amazônia” e ao lema “Vida e Missão neste chão”. É um tempo em que cada cristão é convidado a refletir de modo particular sobre as várias situações sociais do povo brasileiro que requerem maior fraternidade. A proposta para este ano destina-se a promover a fraternidade efetiva com as populações amazônicas, defendendo e promovendo a vida que se manifesta com tanta exuberância na Amazônia. Por sua vez, esta mesma preocupação se insere no amplo tema da defesa do meio ambiente, para o qual este vasto território constitui um patrimônio comum que, por sua realidade humana, sócio-política, econômica e ambiental, requer especial atenção da Igreja e da sociedade brasileira. Neste contexto, insere-se, porém, de maneira determinante, a ação eclesial dirigida a fomentar um processo de ampla evangelização que estimule a missionariedade e crie condições favoráveis para a descoberta e o crescimento na fé de toda a população amazônica. Em continuidade com os meus Veneráveis predecessores, desejo fazer um preito de gratidão a todos aqueles corajosos missionários, que se consagraram e se consagram, à custa inclusive da própria vida, em levar a fé católica às cidades e aldeias da região; homens e mulheres que, por amor a Deus, entregaram-se de corpo e alma para a extensão do Reino de Deus nesta Terra de Santa Cruz. Com estes auspícios, invoco a proteção do Senhor, para que a sua mão benfazeja se estenda por todo o Brasil e, de modo especial, sobre a Amazônia e sua população espalhada pelas cidades, aldeias e florestas, derramando seus dons de paz e de prosperidade e que, com a sua graça, desperte em cada coração sentimentos de fraternidade e de viva cooperação. Com uma especial Bênção Apostólica. Papa Bento XVI Foto: Carlos Moióli
FRATERNIDADE E AMAZÔNIA
Vida e missão neste chão
A mesa oficial da cerimônia e a imprensa
DA FRAT
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CF 2007
CNBB
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ela primeira vez fora de Brasília, em 43 anos, a Ilha do Combu, na cidade de Belém-Estado do Pará, foi escolhida, pela CNBB, para sediar a abertura da Campanha da Fraternidade, por ser a porta de entrada da região amazônica, tornando-se não somente uma forma simbólica de aproximação do povo brasileiro à região, mas abrindo as portas da Amazônia e carimbando convite oficial para adentrar em uma realidade pouco conhecida. Este ano a Campanha tem como tema “Fraternidade e Amazônia” e lema “Vida e
A CF 2007 Fraternidade e Amazônia Na embarcação que levou autoridades, imprensa e convidados à Ilha do Combu, Dom Orani fala sobre as realidades locais
Claro que a Amazônia era o tema da conversa
missão neste chão!”, e é um convite à sociedade de todo o país e do mundo a uma ação de combate aos problemas socioambientais que atingem a Amazônia. O evento ocorreu na Quarta-feira de Cinzas, dia 21 de fevereiro, com a presença do secretário-geral da CNBB, Dom Odilo Pedro Scherer, o arcebispo de Belém, Dom Orani João Tempesta, o presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, Dom Jayme Chemello, o presidente do Regional Norte 2, Dom Flávio Giovenalle, bispos de outras dioceses e representantes de igrejas cristãs locais. Estiveram também presentes, a governadora do Estado Ana Júlia Carepa, a Ministra do Meio Ambiente Marina Silva, senador José Nery, o secretário Walmir Ortega, do Meio Ambiente, o prefeito de Belém, Duciomar Costa; e os deputados federais Nilson Pinto, Zenaldo Coutinho, Nicias Ribeiro, Paulo Rocha e Zé Geraldo. Um coral de crianças e adolescentes recebeu os convidados. Depois houve apresentações de danças folclóricas, demonstração sobre a produção de açaí e farinha de mandioca, vídeos sobre a CF e história da Amazônia. O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Geraldo Majella Agnelo, não pôde comparecer, mas, em vídeo, pronunciou uma mensagem oficial do Papa Bento XVI para a abertura da CF 2007. Durante a programação houve intervenção direta de Manaus e Porto Velho, respectivamente, com as Regionais N1 e NO da CNBB. Durante coletiva à imprensa, o secretáriogeral da CNBB, Dom Odilo Pedro Scherer, lembrou que o lançamento da Campanha da Fraternidade, na quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma, é um convite para a conversão pessoal e social. O bispo explicou que a escolha de “Fraternidade e Amazônia” para o tema da CF foi uma resposta ao apelo dos povos tradicionais e movimentos que atuam
Trechos do discurso de Dom Odilo Pedro Scherer na abertura da CF 2007
A CF-2007 propõe antes de tudo, que se conheça um pouco melhor o significado da Amazônia para o Brasil e para o mundo; que se tome consciência das situações vividas pelos povos da Amazônia e se faça um grande debate sobre as questões amazônicas”. Disse mais, “A Amazônia, atualmente, está no centro das atenções e dos interesses do mundo, por causa de sua grande floresta tropical, sua rica biodiversidade, seus recursos naturais, as riquezas dos eu subsolo e as imensas extensões de suas terras ainda inexploradas. Muitos interesses econômicos, pequenos e grandes, estão voltados para a Amazônia. Isso D.Odilo Pedro Scherer, Bispo Auxiliar tudo levanta grande preocupação em relação ao futuro dessa Região, em de São Paulo, Secretário-Geral da CNBB relação às relações inadequadas com a Amazônia, que trazem danos graves e mesmo irreversíveis a esse grandepatrimônio,queédospovosqueoocupam,dopovobrasileiromastambémdahumanidadeinteira”. Adiante falou: “Recentemente, ouvimos cientistas e técnicos apresentando um relatório alarmante sobre o processo de aquecimento global de nosso planetaTerra causado pela insensatez do homem na exploração e no uso dos recursos naturais. Se nada for feito para reverter esse processo, corremos o sério risco de destruir a vida naterraedetorná-lainabitável,empoucosséculos”. Disse ainda: “Cuidar da Amazônia, esse rico berço de vida, é tarefa de todos os brasileiros, dos amazônidas e nativos destas terras aos habitantes das metrópoles do Centro-Sul, ou do Nordeste do Brasil. A depredação da Amazônia e de qualquer outro ambiente de vida deveria causar a firme repulsa de todos os brasileiros e seu forte clamor para que as autoridades competentes ponham em ação políticas publicas capazes de conter a destruição e de promover o respeito pelas condições de vida do nossoPlaneta”. Finalizando, o secretário-geral da CNBB disse: “A preocupação da Igreja com o ambiente é inspirada no apreço e no respeito pela obra divina da criação, nos princípios éticos da destinação universal dos bens deste mundo para todos os seres humanos e da fraternidade universal de todas as pessoas e povos. A convivência sustentável requer, portanto, a promoção de uma cultura voltada para o respeito e a promoção do bem comum. A CNBB abre a CF e convida toda a sociedade a participar dela. A missão aqui proposta é de todos. Que Deus abençoe a todos e faça suscitar muitos frutos de vida nestechãodaAmazônia”.
CF 2007 nas bases e que esperam uma vida de paz na região. Disse mais: Queremos o apoio de homens e mulheres de boa vontade para que, em unidade, conscientizem toda a sociedade a fim de que a Amazônia seja o centro das atenções não quando a questão for a exploração exacerbada da biodiversidade, mas quando for a luta pelo bem comum de todos. “Chegou a hora de pensarmos na sustentabilidade em todos os aspectos. Devemos saber usufruir da natureza com inteligência, primando pela qualidade de vida dos povos de hoje e de amanhã. Cuidar da Amazônia é uma tarefa de todos os brasileiros; devemos saber avaliar o que é supérfluo, para que não nos tornemos apenas produtores de lixo e fumaça”, alertou. Dom Odilo, lembrou que ações concretas em outros lugares do Brasil poderão ser feitas em gesto direto e solidário aos povos da Amazônia. Entre as ações concretas estão projetos sociais na Amazônia com construção de fontes de água potável e redes de esgoto. Dom Orani João Tempesta, lembrou que algumas práticas já começaram a funcionar, a exemplo do melhor aproveitamento da água e do lixo na região das ilhas, financiado com recursos da Arquidiocese de Belém. “A Campanha da Fraternidade terá um ano de muitas ações. Primeiramente vamos estudar as principais demandas e, depois, faremos as devidas solicitações ao Fundo Nacional de Solidariedade da CNBB”, observou Dom Orani.
A governadora Ana Júlia e D. Vicente Zico
Dom Odilo Pedro Scherer “Cuidar da Amazônia, esse rico berço de vida, é tarefa de todos os brasileiros”
Depoimentos de
autoridades
O arcebispo metropolitano de Belém, dom Orani João Tempesta afirmou que a Campanha da Fraternidade marca um momento importante do ano para a Igreja. “Ela poderá nos ajudar a estabelecer novos tipos de relacionamentos com a natureza ao nosso redor. A exploração desenfreada e inconseqüente do meio ambiente poderá levar-nos à autodestruição”, ressaltou o prelado. Dom Orani disse ainda que neste tempo em “que precisamos nos converter, também precisamos reaprender com a Amazônia e com os amazônidas a viver em harmonia com o meio ambiente e nos penitenciarmos sobre os males que já causamos”.
A governadora, Dom Odilo e a ministra
Para a governadora Ana Júlia “A Amazônia não é problema, é solução para o Brasil”
A governadora Ana Júlia Carepa em um discurso acalorado, disse que é importante um novo modelo de desenvolvimento para a região. “Esse modelo deve combater os crimes ambientais e os de ordem social. Em pleno século XXI, ainda convivemos com a fome, com o trabalho escravo e com a violação dos direitos humanos na região amazônica”, destacou a governadora. Ana Júlia disse ainda que não vai dar trégua aos exploradores da floresta amazônica. “Não daremos trégua ao desmatamento, à grilagem, e não permitiremos a violência contra trabalhadoresruraisoudefensoresdosdireitoshumanos”. “É o momento de colocar a Amazônia no coração dos próprios amazônidas e de todos os brasileiros, lutando para a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária, voltada exclusivamente para a promoção da pessoa humana”, desse a governadora Ana Júlia, encerrando seu pronunciamento com a frase “a Amazônia não é problema, é solução para o Brasil”.
CF 2007 A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva disse ser “uma sábia decisão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil em escolher a Amazônia como tema de discussão social” e que foi importante o lançamento da Campanha da Fraternidade numa ilha de Belém, porque tem uma grande simbologia.“Talvez para dar um recado ao mundo que tudo está relacionado. Tudo que se fizer repercute no mundotodo”,disseaministra. Marina Silva afirmou ainda que o tema deste ano deve se traduzir em ações que respondam às preocupações da região. “Só agora a Amazônia começa a ter sinais da presença do poder público. Antes, estava completamente abandonada aos desmandos. A Polícia estava a serviço dos grileiros, dos fazendeiros, por exemplo”, afirmou. Aministraressaltaqueéprecisoteraparticipação da sociedade para mudar essa realidade. “Temos de fazer com as pessoas e não para as pessoas, senão vamos fracassar. Temos que saber usar todos de forma conjunta. É precisa aumentar a governançanalegislaçãoambiental”. “Vamos unir forças para transformar realidades, traduzindo nossas aspirações em ações concretas para a melhoria da qualidade de vida do nosso povo e para a preservação da nossa natureza”, afirmou. “Com a CF 2007, dando maior visibilidade às questões amazônicas, é o início a uma nova fase na luta do seu povo. Isso faz o governo assumir cada vez mais as suas responsabilidades quanto às neces-sidades de preservação e investimento naregião”,concluiuaministra. Dom Odilo e o prefeito de Belém Duciomar Costa
O prefeito de Belém, Duciomar Costa ressaltou que a Campanha da Fraternidade vai chamar a atenção do Brasil para a Amazônia. “A região é o ultimo baluarte do mundo. Todos os continentes já acabaram com os seus. Temos que preservar o nosso”, alertou o prefeito. “A maior floresta e a maior quantidade de água doce estão aqui... é uma herança para o mundo inteiro”, completou.
A ministra Marina Silva
Oração da CF-2007 “Deus criador, Pai da família humana, Vós formastes a Amazônia, maravilha da vida, bênção para o Brasil e para o mundo. Despertai em nós o respeito e a admiração pela obra que vossa mão entregou aos nossos cuidados. Ensinai-nos a reconhecer o valor de cada criatura que vive na terra, cruza os ares ou se move nas águas. Perdoai, Senhor, a ganância e o egoísmo destruidor; moderai nossa sede de posse e poder. Que a Amazônia, berço acolhedor de tanta vida, seja também o chão da partilha fraterna, pátria solidária de povos e culturas, casa de muitos irmãos e irmãs. Enviai-nos todos em missão! O Evangelho da vida, luz e graça para o mundo, fazendo-nos discípulos e missionários de Jesus Cristo, indique o caminho da justiça e do amor; e seja anúncio de esperança e de paz para os povos da Amazônia e de todo o Brasil. Amém.”
Diretor Executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PNUMA
ética para seus produtos. Essa é a linha que estamos seguindo", afirmou a ministra. Para o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, João Paulo Capobianco, a questão ambiental ganhou uma importância estratégica no mundo dos negócios. "As conseqüências das mudanças climáticas serão sentidas primeiro pelos mais pobres, mas os ricos sabem que serão atingidos depois. Então todos vão se mobilizar para reduzir os efeitos", disse Capobianco. O pesquisador Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), declarou que os países em desenvolvimento precisam defender seus interesses nos acordos internacionais. "É tão caro para um país em desenvolvimento optar pela preservação ambiental quanto para um país rico mudar sua matriz energética", afirmou o biólogo. "O Brasil tem 80% de matriz elétrica limpa. Isso não vale nada na OMC?", questionou.
Achim Steiner ocupa a mais alta hierarquia ambiental na ONU
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Foto: Jef ferson Rudy MMA
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chim Steiner, diretor-executivo do PNUMA -Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, participou recentemente com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, de um debate na sede do Ibama, sobre o tema "Os Desafios do Desenvolvimento Sustentável e as Respostas do Sistema Multilaterall” e afirmou “Em breve o meio ambiente será a principal variável para definir tanto o crescimento econômico quanto a sua velocidade”. Achim Steiner ocupa a mais alta hierarquia ambiental na ONU. Segundo Steiner, a ascensão do consumo responsável terá grande impacto nesse cenário. "São vários os fatores que Marina Silva presenteia Achim Steiner, com produtos da Amazônia contribuirão para o crescimento econômico de uma nação, e a questão ambiental deixará o plano secundário para assumir um papel fundamental", afirmou o alto executivo da ONU. "Os governos e as empresas precisarão estar atentas a essa mudança de comportamento para conseguirem atingir consumidores no seu mercado interno e também no exterior", disse. De acordo com o diretor-executivo do Pnuma, o Brasil, com suas bem-sucedidas políticas de redução do desmatamento e de biocombustíveis, será um líder natural dos países em desenvolvimento. "O Brasil deverá ajudar outras nações, ainda, com suas experiências de manejo de florestas e desenvolvimento sustentável", afirmou Steiner. "A contribuição do Brasil certamente beneficiará muitos países", disse a ministra Marina Silva. "O mundo está investindo na criação de uma marca O Presidente Lula, na presença da Ministra Marina Silva, recebe Achim Steiner,
Foto: Guilherme Brasil MMA
Meio ambiente vai definir crescimento econômico
III Feira Internacional da Amazônia FIAM 2006 Um balanço mais que positivo
A
SUFRAMA atingiu todos seus objetivos com a realização da III FIAM, de 30 de agosto à 02 de setembro, em Manaus, a bela capital do Amazonas. Flávia Grosso, superintendente da SUFRAMA, e sua equipe, fizeram e aconteceram promovendo a III FIAM, no Brasil e no exterior, se empenhando em identificar potenciais investidores. Os resultados, tanto da Rodada de Negócios como dos contatos feitos diretamente entre compradores e expositores, mostraram que todo o trabalho valeu a pena. A estimativa de negócios fechados a médios e longo prazos na Rodada de Negócios, com 20 empresas âncoras (compradoras) e 182 empresas flutuantes (ofertantes), realizada durante a III FIAM, foi de
US$ 5.500.000,00. Na Feira Internacional da Amazônia, investidores brasileiros e estrangeiros puderam conhecer grandes oportunidades de negócios que o potencial econômico da Amazônia é capaz de oferecer, como sua infra-estrutura, mãosde-obra qualificadas e várias outras vantagens competitivas. Em destaque, a rica biodiversidade e as vantagens competitivas dos nove estados da Amazônia Brasileira: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Roraima, Rondônia e
Flávia Grosso discursa na abertura da III FIAM
Local da III Feira no Centro de convenções
Ministro Furlan Participantes da abertura solene
A III FIAM foi bastante concorrida
O público esteve sempre presente
Um dos principais destaques da III FIAM foi a realização de Rodada de Negócios, evento coordenado pelo SEBRAE com apoio da Agência de Promoção de Exportação do Brasil (APEX) voltada para micro, pequenas, médias e grandes empresas nacionais e estrangeiras. Em sua terceira edição, a FIAM mostrou ao Brasil e ao mundo novas idéias, soluções e oportunidades de negócios na Amazônia. Nos estandes da Feira, produtos industrializados e de alta tecnologia dividiam espaço com bens produzidos a partir de matéria-prima da natureza amazônica. Os encantos dos atrativos turísticos da região também estavam em destaque. A programação contou ainda com uma série de seminários, palestras, workshops e visitas técnicas. Negócios, muitos negócios
Visão Geral da Feira
Tocantins. A FIAM promoveu o potencial econômico da região, inclusive dos produtos industrializados e regionais, feitos com base em matérias-primas locais, assim como atrativos turísticos, visando o desenvolvimento sustentável, estimulando o intercâmbio comercial, cultural, cientifico e tecnológico.
Flávia Grosso foi notável cicerone e anfitriã
A FIAM é uma promoção do Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior (MDIC), organizada por intermédio da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), em parceria com os governos dos Estados da Região Norte. È um evento que faz parte do calendário oficial do governo brasileiro e é uma das maiores vitrine dos produtos e serviços da região amazônica.
Ligue:
3204-8200 3250-5562
Saboreando as maravilhas amazônicas
Flávia Grosso, a superintendente entre os ministros Furlan e Mares Guia e autoridades
Abertura do 110º Encontro de Comércio Exterior pelo ministro Furlan Mares Guia dando dicas sobre o turismo na Amazônia
Alinhada decoração naturalista
Maravilha tecnológica o cérebro comanda a maquina
Estandes de negócios e sustentação Uma das plenárias
Amazonas fecha o primeiro acordo de remuneração por Serviços Ambientais
O
governador Eduardo Braga acertou no último dia 7 de fevereiro em Londres, Inglaterra, o primeiro contrato de remuneração por serviços ambientais do Estado com uma entidade que atua na defesa da preservação do planeta. “É um fato histórico”, disse ele, depois de se reunir com a diretoria da Climate Change Capital, que vai aportar US$ 10 milhões anuais em uma comunidade a ser definida pelo governo, para implantação de projetos de desenvolvimento sustentável. Na reunião com Gareth Hughes e Ben Cotton, dirigentes da Ong, Braga percebeu claramente o quanto entidades e governos dos países desenvolvidos estão satisfeitos com sua política ambiental. “Eles sabem, por monitoramento de satélite ou por informações de outras organizações, que estamos preservando a floresta, seja com arranjos produtivos corretos, dentro do Zona Franca Verde, seja com políticas como a do Pólo Industrial de Manaus, que colabora decisivamente para a preservação”, analisou o governador. Desde que chegou aos Estados Unidos, o governador tem se revezado com o secretário de Desenvolvimento Sustentável, Virgílio Viana, nas exposições em fóruns diferenciados, como o Congresso americano, a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, universidades e sedes de organismos internacionais, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Invariavelmente, os dois têm batido na tecla da remuneração pelos serviços
A receptividade à pregação amazonense foi excelente
ambientes que o Amazonas presta ao mundo, mantendo intacta sua floresta nativa. Nestes fóruns, a receptividade à pregação amazonense tem sido excelente, mas até ontem nenhum acordo na área da remuneração pelos serviços ambientais havia sido fechado. O primeiro foi este com a Climate Chance Capital. “Agora as portas estão efetivamente abertas e podemos celebrar outros acordos semelhantes”, afirmou Braga ao sair da primeira reunião em Londres. O governador do Amazonas se reuniu também com outra Ong, ligada às questões do meioambiente, a Carbon Capital, com o ministro britânico responsável pelo meio-ambiente, Barry Gardner e com o vice-presidente do Parlamento, Nick Hurd. Braga esteve também na Câmara dos Comuns, espécie de Congresso britânico.
Reunião com a diretoria da Climate Change Capital
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O governador Eduardo Braga e o secretário de Desenvolvimento Sustentável, Virgílio Viana em Londres
Mudanças climáticas e sobre a biodiversidade
Apresentamos somente os relacionados com a região amazônica
O
Ministério do Meio Ambiente (MMA) apresentou dia 27/02, os resultados de oito projetos preliminares de pesquisa sobre Mudanças Climáticas e seus Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira. No conjunto, os estudos analisaram o perfil evolutivo do clima no País e desenharam possíveis cenários do clima nos próximos 100 anos (de 2010 a 2100). Os pesquisadores avaliaram ainda os efeitos da elevação do nível do mar na costa brasileira e identificaram indicadores para aferir com maior sensibilidade as mudanças climáticas. Os resultados foram anunciados em entrevista coletiva da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, do secretário do Biodiversidade e Florestas do MMA, João Paulo Capobianco, e dos pesquisadores responsáveis pelos estudos. Desenvolvidas de 2004 a 2006, as pesquisas foram selecionadas pelo MMA por meio de cartas-consulta, em atendimento à
Os estudos
determinação da Conabio. Precaução - As conclusões devem ser vistas como indicadores, não como fatos consumados. Por vários motivos. O primeiro deles é que as pesquisas são os primeiros de um processo que o MMA pretende tornar contínuo e permanente. Tanto mais segura será uma análise quanto mais estudos forem feitos ao longo do tempo. Em segundo lugar, as metodologias utilizadas nas pesquisas (nas atuais e nas do futuro) apresentam alguns resultados divergentes - logo, não permitem 100% de certeza. Outras variáveis devem ser levadas em conta, como a possibilidade de os países adotarem políticas ambientais mais saudáveis que hoje; é necessário considerar ainda a ocorrência radical de fenômenos naturais (sem ação do homem) capazes de anular as previsões atuais.
Projeções de aumento de temperatura por região
1) Mudanças Climáticas e seus Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira :: Instituição Executora: Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC)/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). :: Coordenador: Prof. José Marengo. A primeira parte desse estudo analisa o comportamento da água e a temperatura do ar ao longo do século passado. A segunda parte oferece ao leitor projeções do clima no Brasil em três faixas temporais de trinta anos cada - de 2010 a 2040, deste ano a 2070 e daí a 2100. Os prognósticos foram obtidos a partir da análise de ciclos hídricos e da temperatura em regiões econômica, ecológica e socialmente importantes: Amazônia, Pantanal, Nordeste e Bacia do ParanáPrata (esta representativa do Sul-sudeste). Amazônia e Pantanal apresentam alto grau de vulnerabilidade à mudança de clima. O semi-árido do Nordeste é a região onde a população é a mais sensível à mudança de clima. Já a bacia do ParanáPrata foi escolhida por sua posição de destaque na produção agropecuária e na geração de energia hidrelétrica para grandes cidades do sudeste da América do Sul. Metodologias - Na elaboração do estudo, foram utilizados cincos metodologias, além de considerados quatro itens: chuva, temperatura, vazão de rios e extremos climáticos, como secas e chuvas intensas. Na análise dos dados, o pesquisador utilizou dois cenários extremos: o totalmente pessimista (A2) e o absolutamente otimista (B2). No primeiro, considera-se que nada será feito para impedir o avanço do aquecimento; no segundo, o contrário: tudo será feito para melhorar o quadro.
Amazônia +5,3ºC (pessimista) +3,0ºC (otimista) Nordeste +4,0ºC (pessimista) +2,2ºC (otimista) Pantanal +4,6ºC (pessimista) +3,4ºC (otimista) Sul-Bacia do Prata +3,5ºC (pessimista) +2,3ºC (otimista)
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seus efeitos brasileira Temperatura e chuvas no século XX
No Brasil, a temperatura média aumentou aproximadamente 0,75 ºC no século XX, considerando a temperatura média anual de 24,9 ºC, aferida entre 1961 e 1990. O ano mais quente no País foi o de 1998 (aumento de até 0,95 ºC em relação a 24,9 ºC). O aumento da chuva no Sul do Brasil foi consistente, mais acentuado no inverno e, depois, no verão. No Nordeste e na Amazônia, não houve aumento ou redução de chuvas.
Vazão dos rios no século XX As pesquisas indicam aumento da vazão entre 2 e 30% na bacia do Rio Paraná. Na Amazônia, Pantanal e Nordeste, não foi verificada tendência de períodos maiores de secas ou de chuva. Não houve alterações importantes nas vazões dos rios da Amazônia e da bacia do rio São Francisco. Algumas vazões (Amazônia, Sul do Brasil, Norte do Nordeste) têm alta correlação com anomalias de temperatura de superfície do mar nos oceanos Pacífico e Atlântico Tropical. Isto sugere ser possível uma associação entre vazões extremas e o El Niño ou o aquecimento no Atlântico Norte Tropical, como foi o caso de 1998, quando houve reduções nas vazões em Manaus e Óbidos e nos níveis baixos do Rio Solimões, durante a seca de 2005.
Ministério do Meio Ambiente analisa estudos preliminares sobre mudanças climáticas e efeitos sobre a biodiversidade no Brasil. Min.Marina Silva e técnicos. Foto: Jefferson Rudy/MMA
Elevação do nível do mar
Na costa brasileira, observou-se tendência de aumento do nível do mar da ordem de 40 centímetros/século ou quatro milímetros/ano. Cidades litorâneas e 25% da população brasileira, cerca de 42 milhões de pessoas que vivem na zona costeira, podem ser afetadas pela elevação do oceano Atlântico. A elevação do nível do mar pode chegar a meio metro ao longo do século XXI. A cidade do Rio de Janeiro é uma das mais vulneráveis. Estudos do Inpe, a partir de imagens do satélite Landsat, simularam a enchente que ocorreria na Ilha de Marajó, partindo aumento do nível do mar. Com dois metros de elevação, 28% de seu território pode desaparecer. Caso o aumento chegue a 6 metros, 36% da ilha pode ser inundada. Temperatura subiria até 4ºC no Brasil e 8ºC na Amazônia No Brasil, o aumento da temperatura média no ar pode chegar até 4ºC acima da média climatológica em 2100, em relação à temperatura média aferida de 1961 a 1990. Na Amazônia, o aquecimento pode chegar, no cenário mais pessimista, a 8 ºC.
Redução de chuva na Amazônia e no Nordeste A probabilidade de maior redução de chuva pode afetar a Amazônia e o Nordeste. No Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste, permaneceriam estáveis nos níveis atuais, embora o volume da precipitação possa ser mais intenso.
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Variações nos extremos do clima Existem incertezas nas tendências de variabilidade de extremos de clima no Brasil (exceto na região Sul), por causa da falta de informação confiável de longo prazo ou do acesso restrito a este tipo de informação para grandes regiões, como a Amazônia. As projeções de extremos para a segunda metade do século XXI mostram em geral aumentos nos e x t r e m o s d e temperatura, como noites mais quentes, ondas de calor, e nos indicadores de eventos extremos de chuva.
O fenômeno da "Aridização" Simulações do balanço hídrico nas regiões do Brasil sugerem, no cenário de maiores emissões de gases de efeito estufa, tendência de extensão da deficiência hídrica (estiagem) por praticamente todo o ano no Nordeste, apontando para maior "aridização" da região semi-árida até final do Século XXI. Para a Amazônia, o período de excesso de água atual, durante a estação chuvosa, pode se reduzir significativamente em climas futuros mais quentes, associados a um aumento de temperatura e de evaporação e a uma diminuição das chuvas. Num cenário pessimista, o estudo sugere que o Nordeste se transformaria de semiárido em árido até finais do século XXI. O balanço hídrico realizado com as médias dos valores dos modelos não chega a este
extremo, mas sugere que a estação chuvosa seria mais fraca e os déficits de umidade no solo seriam maiores no futuro. Na Amazônia, o estudo sugere que a deficiência de água na estação seca seria pouco maior que no clima do presente devido a uma redução das chuvas durante a estação chuvosa.
Conseqüências gerais A mudança climática poderá alterar a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas. Pode haver a perda de biodiversidade e de recursos naturais, ainda mais quando se acrescenta às mudanças climáticas os efeitos das alterações da cobertura de vegetação, especialmente desmatamentos. Outros efeitos: alterações das rotas migratórias e mudanças nos padrões reprodutivos das espécies. Teme-se que a capacidade de absorção de carbono das florestas tropicais, sensíveis à mudança climáticas, diminua com o tempo, e que estas deixem de funcionar como eliminadoras de carbono e passem a ser fonte de emissão deste gás. No pior cenário, a Amazônia pode virar Cerrado até final do século XXI devido ao aumento na concentração de gases de efeito estufa. Os recifes de corais são especialmente vulneráveis às mudanças na temperatura da água; calcula-se que um aumento entre 3ºC e 4ºC causaria sua morte.
Doenças A mudança climática pode causar aumento do risco de incidência de doenças como malária, dengue, febre amarela e encefalite. Tais doenças teriam condições mais favoráveis para se expandir num planeta mais quente, em parte porque os insetos que as carregam (caso da malária e da dengue) teriam mais facilidade para se reproduzir. Aumentaria ainda o risco de contrair, por meio da água, salmonelose, cólera e outras doenças. Doenças respiratórias também poderiam ser mais comuns, como conseqüência de um possível aumento na incidência de incêndios na floresta e na vegetação da Amazônia e Cerrado, devido à redução de chuva.
Além disso, teme-se que pessoas morram como conseqüência das ondas de calor, especialmente crianças e idosos. A queda da produtividade agrária também pode agravar a desnutrição, que hoje já afeta 800 milhões de pessoas globalmente.
Grandes cidades sentirão mais o aquecimento Em todas as grandes cidades, o aquecimento também deve exacerbar o problema das ilhas de calor, no qual prédios e asfalto retêm muito mais radiação térmica que áreas não-urbanas.
Acesso à água As mudanças climáticas ameaçam intensificar as dificuldades de acesso à água. A combinação das alterações do clima, escassez de chuva associada a altas temperaturas e altas taxas de evaporação, pode levar a uma crise nos recursos hídricos. Os mais vulneráveis seriam os agricultores pobres de subsistência na área do semi-árido do Nordeste (polígono da seca), região semi-árida de 940 mil km2 que abrange nove estados do Nordeste e enfrenta problema crônico de falta de água.
Efeito estufa O efeito estufa é um fenômeno natural: parte do calor da energia solar que atinge o planeta é aqui retida por gases que se acumulam na atmosfera parte desse calor é liberado para o espaço. Mas a concentração na atmosfera de alguns desses gases, especialmente gás carbônico, aumentou muito no século XX, em virtude do intenso e crescente uso de combustíveis derivados do petróleo, gás e carvão; do desmatamento; do aumento de resíduos orgânicos nas cidades ou nas atividades agropecuárias; no uso de substâncias e gases em processos industriais e equipamentos. Todos esses itens conduzem a uma intensificação do efeito estufa; são as causas principais do aquecimento observadas nos últimos 100 anos. Esses gases (gás carbônico, metano, dióxido de enxofre etc.) permanecem na atmosfera por décadas, o que significa que, se as emissões fossem zeradas, o planeta continuaria aquecendo e o clima continuaria sofrendo transformações por muito tempo, ainda que numa taxa menor.
Quioto Para enfrentar o problema de aquecimento global e lidar com esses problemas, mais de 150 países assinaram a Convenção das Nações sobre Mudanças Climáticas em 1992, e o Protocolo de Quioto em dezembro de 1997. O Protocolo só entrou em vigor em fevereiro de 2005, ainda que não tenha sido ratificado pelos Estados Unidos e pela Austrália. No Brasil, dois grandes fatores contribuem com as causas: o desmatamento da Amazônia e da Mata Atlântica, o aumento das queimadas, o uso de combustíveis especialmente derivados do petróleo ou carvão mineral. Os acordos internacionais deixam claro que os países devem assumir compromissos que tentem promover o desenvolvimento sustentável, reduzindo e evitando o desmatamento; recuperando áreas degradadas; o uso de forma mais eficiente da energia disponível e ampliando o uso de energia renovável, como solar e eólica. Os oito estudos analisaram o perfil evolutivo do clima no País e desenharam possíveis cenários do clima nos próximos 100 anos (de 2010 a 2100). Os pesquisadores avaliaram ainda os efeitos da elevação do nível do mar na costa brasileira e identificaram indicadores para aferir com maior sensibilidade as mudanças climáticas. Eles foram solicitados para orientar o governo na definição de políticas públicas que sejam capazes de enfrentar a questão do aquecimento e de outras mudanças climáticas.
Carlos Nobre, Ministra Marina Silva, Muriel Saragoussi, João Paulo Capobianco e Cláudio Langone, em reunião do Grupo de Assessoria Internacional - IAG. Foto: Guilherme Brasil/MMA.
A ministra Marina Silva com João Paulo Capobianco e Paulo Kageyama Foto: Jefferson Rudy/MMA.
20
Como evitar o
Aquecimento
global?
O QUE FAZER
AO COMPRAR Carne
Pergunte sobre a origem do produto Cerca de 70% das áreas desmatadas são para abertura de novas pastagens
Madeira Procure sempre o selo FSC É a garantia de que a madeira foi retirada corretamente
TRANSPORTE Prefira o transporte público. Além de ser menos poluente, você evitará parte do estresse do dia-a-dia Use bicicleta ou caminhe sempre que possível Para viagens curtas a trabalho ou de turismo, prefira o ônibus
Carro Faça sempre uma revisão Um carro que funciona corretamente consome menos combustível e emite menos gases causadores do efeito estufa Os pneus bem calibrados evitam um consumo excessivo de gasolina Ao comprar, dê preferência aos veículos flex e que sejam mais econômicos Se puder, abasteça com álcool e não com gasolina
EM CASA
NabasedoProf.Pardal...: Nas últimas décadas, meia dúzia de cientistas criou formas grandes e futuristas de lutar contra o aquecimentoglobal: Construir guarda-sóis na órbita para esfriar o planeta. Alterar as nuvens para fazê-las refletir mais luz devoltaaoespaço. Tratar os oceanos para que absorvam mais gasesdeefeitoestufa. Suas propostas foram relegadas às margens da ciência do clima. As agências do governo recusavamse a patrocinar seus estudos. Ambientalistas e cientistas diziam que o foco deveria ser, em primeiro lugar,nareduçãodaemissãodegasesdeefeitoestufa edoaquecimentoglobal. Mas agora, em grande reversão, alguns dos cientistas mais proeminentes do mundo dizem que as
propostas merecem atenção, diante das crescentes preocupaçõescomoaquecimentoglobal.
Quaisassoluções...: A solução é a criar um novo modo de pensar a matriz energética global. Isto é, direcionar os esforços de pesquisanãoparaabuscadenovospoçosdepetróleo, mas sim para a busca de energias renováveis como a biomassa, solar, eólica e outras. As decisões de investimento em energia renovável são a melhor forma de minorar o aquecimento global. As empresas precisam desenvolver então, projetos em energias renováveis, eficiência energética, eficiência em transporteeprevençãodepoluiçãoereciclagem.
Medidasmais“pénochão”...:
Vamos fazer como o passarinho que queria apagaroincêndionaselva... 21
Procure sempre comprar aparelhos eficientes em consumo de eletricidade Desligue as luzes dos ambientes não utilizados Retire das tomadas os aparelhos em stand-by Instale painéis solares para aquecer a água Substitua as lâmpadas da casa por lâmpadas fluorescentes compactas Desligue o chuveiro quando estiver se ensaboando
NO TRABALHO Verifique se as luzes estão desligadas ao sair Mantenha os aparelhos de ar condicionado a 25º C Verifique se os aparelhos de ar condicionado estão na sombra. Eles consomem 5% menos se não estiverem no sol
E PRINCIPALMENTE Evitar queimadas Plantar árvores
o a c a z i t n e i c s n o C
{Por}
C
eleste Proença
Poema amazônico
Óh homens irracionais Não matem a minha Amazônia A minha farmácia verde, os meus remédios caseiros minha Andiroba tão pura meus pés de Tambatajá; meu belo Capim Marinho minha Cidreira encantada do chá gostoso, que faz a gente acalmar, feliz amando o seu bem-amado vestidinha de luar...
Deixem que a floresta cante embalada pelo vento ninando o seu pensamento mergulhando em preamar. Não cortem os açaizeiros, tão belos, tão altaneiros, farfalhando, alegremente para a sesta refrescar-se... E até o Boto Cor de Rosa que nadava, marombando, caboclinhas espiando para levá-las, manhoso lá bem para o fundo do mar Avionou para a França não gosta mais de Açaí e vive cantarolando u-lá-lá ma cherie... Estrangeiro de outro mundo vocês não sabem o que é isso vocês não têm a ternura que é o olhar Vitórias-Régias se desnudando ao luar. Não sabem o que é ouvir Cavaquinho namorando em chorinhos, relembrando tanta saudade sem fim... 24
Vão embora para suas terras vão tirar neve das ruas vão cuidar dos furacões que estrangulam a natureza arrastando multidões! Minha Amazônia é sagrada encantadora, poranga, é indomável e audaz. Tem cheiro de raça alegre lembra gente poderosa misticismo secular. E aí é que está a beleza Desta terra dadivosa Quando a cabocla manhosa, olhos verdes, bronzeada riso de Cunhã formosa sacode o corpo moreno num desafio ao sereno cantando brasilidade Batendo os pés com vontade mostrando que é nota mil! Impondo ao povo, encantado num carimbó enfezado, num Síria pavulagem que a Amazônia - é Brasil!
Você em harmonia
Essências Colônias Sabonetes Cheiro-do-Pará
com a
Amazônia
Trav. Frutuoso Guimarães, 270 Comércio Fone (91) 3241 3726, Fax: 3212-4700 orionperfumaria@yahoo.com.br
A
PESQUISA
cons ciĂŞncia ambiental
no
Brasil
26
Samyra Crespo coordenadora da pesquisa O que o Brasileiro pensa sobre Biodiversidade
Minista Marina Silva observa a apresentação dos resultados da pesquisa
A
conscientização do brasileiro em relação ao Meio Ambiente aumentou 30% nos últimos 15 anos. É o que revela pesquisa divulgada, pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em parceria com o Instituto de Estudos da Religião (Iser). Essa expansão ocorreu de modo pouco diferenciado em todas as regiões e se distribuiu, homogeneamente, em todos os grupos populacionais. A pesquisa foi realizada, pelo Instituto Vox Populi, para ouvir a opinião da população sobre várias questões relativas à Biodiversidade. Ela faz parte da série histórica (1992, 1997, 2001) que o Ministério do Meio Ambiente e o Iser, organização não-governamental sediada no Rio de Janeiro, realizam com o objetivo de monitorar o crescimento da consciência ambiental no país e de acompanhar as oscilações de opinião sobre temas chave da agenda ambiental. Houve um crescimento no número de pessoas que hoje são capazes de identificar problemas ambientais no país. Além disso, esse crescimento se deu em todas as regiões, em todos os grupos de populações, o que é considerado uma vitória do ambientalismo brasileiro e das instituições que tem se dedicado ao tratamento desse tema.
Para a ministra do Meio Ambiente Marina Silva esse tipo de pesquisa, com uma série histórica, serve como ferramenta importante para que se possa ter uma orientação balizadora das políticas públicas. “É um dado muito positivo o fato de ter aumentado significativamente a conscientização dos brasileiros em relação ao Meio Ambiente e sua proteção, e isso faz a diferença, até porque, esse crescimento é muito significativo de 2002 para cá”, destaca Marina. O estudo mostra que também cresceu o número de brasileiros que não consideram exagerada a preocupação com o meio ambiente (42% em 97; 46% em 2001 e 49% em 2006). O que é visto pela coordenadora da pesquisa Samyra Crespo, diretora executiva do Iser, como um outro ponto importante do trabalho. O estudo também mostrou o domínio, por parte da população, de conceitos relativamente complexos - como efeito estufa e biodiversidade - e sua crescente preocupação com a ameaça aos principais biomas brasileiros. Os brasileiros elegeram como principais problemas ecológicos do país o desmatamento e a poluição de rios, lagos e lagoas (65%), mostrando um crescimento nessa preocupação em relação aos estudos anteriores onde a média era de 48%. Outro ponto de destaque é que as questões relativas à biodiversidade são entendidas pelos brasileiros como questões da “agenda verde”, sinônimo de
27
proteção de fauna e flora. No entanto, de acordo com a pesquisa, o aumento da consciência ainda não é acompanhado de um aumento considerável nas atitudes e comportamentos pró-meio ambiente, sendo que o perfil do cidadão mais preocupado com o meio ambiente é ainda o de alta escolaridade, de alta renda e morador de centros urbanos. Embora a pesquisa de 2006 tenha como foco as questões relacionadas à Biodiversidade, ela traz um extenso painel sobre a opinião, conhecimento e atitude dos brasileiros perante um amplo leque de temas como o nível de informação sobre meio ambiente, eleição de problemas prioritários, avaliação das organizações que têm por missão proteger o meio ambiente, conhecimento sobre biodiversidade e hábitos de consumo sustentáveis ou ecologicamente responsáveis. Além do painel com a população maior de 16 anos, abrangendo as 5 regiões, foi realizada pelo Iser uma pesquisa qualitativa, sobre os mesmos temas, com 130 lideranças, em 6 setores: cientistas, empresários, ambientalistas, movimentos sociais, gestores e técnicos de agências de meio ambiente e parlamentares.
Destruição de florestas é considerado problema grave por 98% da população Avaliar a percepção e a consciência da população brasileira sobre temas ambientais foi o principal objetivo da pesquisa nacional da opinião pública "O que os brasileiros pensam sobre a biodiversidade?", realizada pelo Instituto Vox Populi e coordenada pelo ISER (Instituto de
Elementos que compõem a biodiversidade
Problemas ambientais que afetam uma grande parte do mundo hoje Out/2001
2006
Desmatamento de florestas
51%
Poluição do ar
54%
70%
Poluição de rios, lagos e outras fontes de água
55%
69%
77%
34%
Aumento do volume de lixo
55%
36%
Diminuição da camada de ozônio Poluição de mares
52% 52%
32% 29%
Extinção de espécies de animais e plantas
43%
23%
Mudanças do clima
43% 31%
Poluição produzida por pesticidas e fertilizantes Desaparecimento de populações tradicionais como indígenas e quilombolas Chuva ácida
9%
13%
Desertificação
7%
11%
19%
2.000
Base: Entrevistados que responderam à pergunta. Soma: Fecha em mais de 100% porque cada entrevistado poderia dar várias respostas
Nordeste
Centro-Oeste
Sul/Sudeste
Desmatamento de florestas/queimadas
86
65
61
63
Poluição/ contaminação de rios/ lagos/ mar/ praias
44
43
31
44
Poluição/ contaminação do ar
27
27
28
33
Matança de animais/ animais em extinção
21
12
16
11
Camada de ozônio
10
14
9
8
Falta de chuvas/ seca/ esgotamento de reservas
4
10
4
6
Problema da saúde
4
6
9
4
Falta de coleta de lixo/ limpeza das ruas/ lixo
4
5
3
7
Uso de venenos/ agrotóxicos
3
2
6
6
Enchentes/ inundações
3
2
8
4
Degradação dos solos
5
3
4
4
Tráfico de animais/ criação em cativeiros
4
4
2
2
Descaso do povo/ falta de educação/ falta de respeito
0
-
1
2
Falta de rede de esgoto/ saneamento básico
0
2
1
1
Outros com menos de 1%
3
1
3
4
Nenhum
-
3
1
0
Não sabe/Não opinou
9 444
445
447
864
Elementos que fazem parte do meio ambiente Jan/1997
Out/2001
2006
Água
59%
69%
70%
79%
Matas
61%
69%
73%
77%
Rios
56%
67%
Ar
53%
64%
58%
Animais
Campos/sítios/fazendas
40%
Mares
39%
37%
27%
19%
18%
Favelas
BASE
23% 21% 19% 14% 3%
0%
6% 3.650
25% 22%
16%
0%
10%
Não sabe/Não opinou
24%
18%
15%
0%
Nenhum destes/outros
38%
29% 24%
20%
22%
Cidades
40%
30%
27%
20%
Planetas
52%
49%
38%
33%
Indígenas
52%
36%
53%
24%
Energia
67% 66%
50%
44%
28%
Minerais
68%
59%
58%
45%
Homens e mulheres
75%
72% 58%
66%
47%
Solo/terra
1%
4% 2.000
Base: Entrevistados que responderam à pergunta. Soma: Fecha em mais de 100% porque cada entrevistado poderia dar várias respostas
2.000
70%
Água
62%
Solo/terra
60%
Rios
59% 52% 46%
Homens e mulheres
36% 17% 3%
Nenhum destes/Outros 2% 855
Base: Entrevistados que já ouviram falar de biodiversidade. Soma: Fecha em mais de 100% porque cada entrevistado poderia dar várias respostas
Base: Entrevistados que responderam à pergunta. Soma: Fecha em mais de 100% porque cada entrevistado poderia dar várias respostas
Jan/1992
Florestas
BASE
13
15
13
BASE
70%
Não sabe/Não opinou
REGIÃO Norte
Animais
Cidades
Principal problema ambiental do Brasil %
72%
Mares
2.000
BASE
Plantas
Ar
4%
11%
Não sabe/não opinou/nenhum deles/outros
%
2.000
Estudos da Religião), quando se celebrava o Dia Mundial da Biodiversidade. Em 14 anos de estudos comparativos (iniciados em 1992), o painel de 2006 apresentou um forte crescimento do nível de informação e consciência ambiental, mas, paradoxalmente, a disposição em participar ativamente da solução dos problemas não aumentou na mesma proporção. A pesquisa é uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o WWF-Brasil, o Funbio (Fundo Nacional para a Biodiversidade) e a Natura. A destruição das florestas foi apontada como "muito grave para o Brasil" por 76% dos 2.200 entrevistados (com mais de 16 anos, de áreas urbanas e rurais). Quanto esse percentual é somado aos que avaliaram o problema como "grave", ele sobe para 98%. Desmatamento e queimadas aparecem como o principal problema ambiental do Brasil, com 65% das citações, seguidos de poluição/contaminação de rios, lagos e lagoas, com 43%. Entre os biomas mais ameaçados, surgem Amazônia (38) e Mata Atlântica (18%). "Os novos resultados mostram que há um aumento gradativo de conscientização da população. E a maior conscientização deverá resultar num maior comprometimento e na compreensão de que os problemas estão interrelacionados: por exemplo, o desmatamento numa região aparentemente distante pode ter impacto sobre o regime de chuvas nas grandes cidades", diz Denise Hamú, secretária-geral do
Principal problema ambiental do Brasil GÊNERO
IDADE
ESCOLARIDADE
Masc.
Fem.
16 a 24 anos
68
62
69
74
65
53
51
67
73
76
65
45
41
43
45
41
41
32
41
50
53
43
Poluição/ contaminação do ar
30
31
33
34
32
24
21
34
36
36
31
Matança de animais/ animais em extinção
13
12
19
9
12
11
11
12
14
13
13
Camada de ozônio
11
9
11
13
8
9
7
8
12
16
10
7
7
9
6
7
6
9
5
7
5
7
5
6
5
7
7
4
4
9
6
8
6
Problema da saúde
5
5
5
5
5
3
4
4
6
3
5
Uso de venenos/ agrotóxicos
4
5
4
4
5
5
4
5
5
5
5
Degradação dos solos
4
4
4
4
4
4
3
3
4
9
4
Enchentes/ inundações
3
5
4
4
3
4
1
3
6
6
4
Tráfico de animais/ criação em cativeiros
3
2
4
3
3
1
2
2
4
3
3
Descaso do povo/ falta de educação/ falta de respeito
2
1
1
1
2
2
1
2
1
2
1
Falta de rede de esgoto/ saneamento básico
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
Outros com menos de 1%
4
3
3
3
5
3
3
4
3
5
3
Nenhum
1
1
1
1
1
1
2
1
0
-
1
Não sabe/Não opinou
12
14
9
8
13
19
25
11
6
2
13
% Desmatamento de florestas/ queimadas Poluição/ contaminação de rios/ lagos/ mar/ praias
Falta de chuvas/ seca/ esgotamento de reservas Falta de coleta de lixo/ limpeza das ruas/ lixo
BASE
956
1.044
25 a 34 anos
35 a 49 anos
50 anos ou mais
Até primário
Ginásio
Colegial
Superior e mais
479
441
557
523
660
Base: Entrevistados que responderam à pergunta. Soma: Fecha em mais de 100% porque cada entrevistado poderia dar até 3 respostas
Conseqüências dos danos ao meio ambiente no local onde mora Out/2001
Jan/1997 Clima cada vez mais quente
21%
Aumento das inundações
19%
20%
30%
10%
28%
16%
15%
Diminuição da vegetação (flora)
31%
17%
22%
Solos cada vez mais pobres
35%
31%
15%
Aumento de doenças de pele
36%
26%
27%
Cada vez menos chuva
37%
22%
32%
Rios e mares cada vez mais contaminados
43%
25%
33%
Aumento da quantidade de insetos e pragas
43%
34%
27%
Aumento da poluição do ar
57%
40%
34%
Aumento de doenças respiratórias
2006
27% 27%
Diminuição dos peixes nos rios e oceanos 14%
Diminuição de animais (fauna)
17%
Aumento de doenças intestinais
13%
24%
11%
22%
18%
21%
Colheitas cada vez menores e de pior qualidade
22% 18%
Deslizamento das encostas dos morros 8%
11%
Nenhuma destas/outras
5%
4%
Não sabe/Não opinou BASE
4%
2.000
Base: Entrevistados que responderam à pergunta. Soma: Fecha em mais de 100% porque cada entrevistado poderia dar várias respostas
29
1% 2.000
2.000
425
717
198
TOTAL
2.000
WWF-Brasil. Mudanças climáticas, que em 2001 apareciam como "problema que afeta grande parte do mundo" para apenas 23% dos entrevistados, hoje já chegam a 43%. O problema é considerado grave ou muito grave por 76% dos brasileiros. A pesquisa de 2006 foi focada na biodiversidade, mas apresenta um extenso painel sobre opinião, conhecimento e atitude da população brasileira perante temas correlatos. Sobre o conceito de biodiversidade, ele é conhecido por 43% dos entrevistados. Entre esses, o nível de familiaridade chega a 84% entre pessoas com nível superior. Curiosamente, apesar de 4 dos 10 principais problemas dos bairros apontados pelos participantes serem ambientais - falta de saneamento, falta de coleta de lixo, falta de tratamento de água e
Problemas ambientais e ecológicos mais graves do país 1º Lugar %
3º Lugar
2º Lugar
Casos
%
Casos
%
Soma
Casos
%
Desmatamento de florestas/queimadas
40
803
24
338
18
158
Poluição/ contaminação de rios/ lagos/ mar/ praias
14
273
29
407
20
172
Poluição/ contaminação do ar
11
224
16
222
19
166
Matança de animais/ animais em extinção
4
72
7
103
9
76
Camada de ozônio
4
70
5
68
7
59
65 43 31 13 10 7
Falta de chuvas/ seca/ esgotamento de reservas
2
49
3
48
5
43
Falta de coleta de lixo/ limpeza das ruas/ lixo
2
42
2
26
6
51
6
Problema da saúde
2
36
2
33
3
26
5
Uso de venenos/ agrotóxicos
1
28
2
32
4
33
5
Enchentes/ inundações
2
44
1
14
2
17
4
Degradação dos solos
1
23
2
30
3
26
4
Tráfico de animais/ criação em cativeiros
1
17
2
21
2
18
3
Descaso do povo/ falta de educação/ falta de respeito
1
15
0
6
1
6
1
Falta de rede de esgoto/ saneamento básico
0
2
1
12
1
8
1
Poluição sonora/ visual
0
2
1
8
0
3
1
Violência
0
6
0
4
0
2
1
Poluição das fábricas/ indústrias
0
0
-
-
0
2 0
Poluição (palavra isolada)
-
-
0
0
0
2 0
Outros com menos de 1
1
15
1
10
1
12
2
Nenhum
1
22
-
-
-
-
1
255
-
-
-
Não sabe/Não opinou
13 BASE
2.000
-
1.381
13
878
2.000
Base: Entrevistados que responderam à pergunta. Soma: Fecha em mais de 100% porque cada entrevistado poderia dar até 3 respostas
2%
2%
1%
2%
1%
1%
Não ouviu falar
3%
Não sabe/Não opinou 1%
4%
1% 16% 42%
52%
56%
51%
53%
59%
54% 64%
64% 77%
84% 58% 47%
43%
48%
46%
39%
45% 35%
33%
30
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Co
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io ár rim ép At
ou os an
50
maior renda e à residência em cidades de maior porte. No global, também não faz diferença no padrão de respostas, as variáveis de gênero e religião. Nas questões específicas sobre “biodiversidade” – pesquisa de 2006, surpreendeu o domínio do
m ais
s no
s
9a a4
35
a3 25
Base: 2.000
4a no
4a no
Total
s
19%
a2
Considerando o período de 1992 a 2006 - abrangido pelos quatro estudos da série histórica - podemos afirmar que cresceu significativamente a consciência ambiental no Brasil. Essa expansão e crescimento ocorre de modo pouco diferenciado em todas as regiões e se distribui homogeneamente em todos os grupos populacionais – destacando-se somente aqueles que apresentam maior escolaridade, associada à
Já ouviu falar
16
Principais Conclusões do Estudo
Conhecimento da Biodiversidade
Ma sc ul in o Fe m in in o
enchentes - eles não são assim identificados. "Há uma percepção fragmentada: as pessoas associam questões ambientais à proteção de florestas e espécies, sem se dar conta da gravidade de problemas igualmente ambientais com que convivem diariamente", diz Denise Hamú. Apesar de o desemprego ser uma das principais preocupações dos entrevistados, se pudessem escolher, 77% afirmaram que não estariam dispostos a conviver com mais poluição, mesmo que isso trouxesse mais empregos. Em 2001, o percentual era de 69%.
conceito por parte expressiva da população bem como sobre o repertório de temas relacionados. Percebe-se também que meio ambiente é ainda para os brasileiros sinônimo de “fauna e flora” e que o conceito engloba predominantemente os elementos reconhecidos como “naturais”,
Motivos de escolha dos biomas 2006
Norte %
Nordeste %
CentroOeste %
Sul/ Sudeste %
Por haver desmatamento/queimadas/destruição
22%
29
23
15
22
Por ser uma área importante para a nossa sobrevivência
21%
22
22
18
21
Para preservar a vegetação/patrimônio em floresta
19%
13
17
16
20
Pela biodiversidade da região
18%
22
16
17
19
Para preservar os animais
8%
5
9
13
7
Por ser próxima do lugar onde mora
6%
15
4
15
4
Por ser fonte de oxigênio
5%
2
5
3
6
Por ser uma região pouco ajudada/população pobre
5%
1
6
4
5
Por ser uma área bonita/ turística
4%
4
3
5
4
Para preservar a água/reservas de água
3%
2
4
4
3
Por ser uma região afetada pela seca
3%
1
7
2
2
Para a sobrevivência da região
2%
2
2
2
1
Para combater o contrabando de animais/criminalidade
1%
1
1
0
1
Outros com menos de 1%
2%
1
1
2
2
Não opinou
3%
3
2
2
3
382
313
368
673
1.535
BASE Base: Entrevistados que responderam à pergunta. Soma: Fecha em mais de 100% porque cada entrevistado poderia dar até 2 respostas
excluindo os seres humanos. Complementar a essa conclusão é a constatação de que “biodiversidade” ou mesmo “meio ambiente” como conceitos unificadores e complexos ainda precisam ser melhor entendidos, bem como suas correlações com o cotidiano e ações das pessoas. Finalmente, o crescimento da consciência – espantoso e animador – não é acompanhado na mesma medida de comportamentos que indiquem mudanças significativas de hábitos ou atitudes. Cresceu a consciência ambiental no Brasil, mas “meio ambiente” ainda é expressão pouco usada quando os brasileiros se referem espontaneamente aos principais problemas do país.
O que as pessoas estariam dispostas a fazer no cotidiano para proteger o meio ambiente Out/01 (Base: 2.000) Separar o lixo de sua casa deixando papéis, vidros, plástico, latas e restos de alimentos separados para serem reaproveitados
2006 (Base: 2.000) 78%
68%
Eliminar o desperdício de água
65%
62%
Reduzir o consumo de energia elétrica na sua casa
51%
57%
Participar um domingo por mês de um mutirão de reflorestamento ou limpeza de rios e córregos
20%
17%
Reduzir o consumo de gás na sua casa
21%
16%
Participar de campanhas de boicote a produtos de empresas que poluem o meio ambiente
15%
16%
Pagar mais caro por frutas, verduras e legumes cultivadas sem produtos químicos
6%
10%
Comprar eletrodomésticos mais caros desde que consumam menos energia
5%
8%
Pagar um imposto que seria usado para despoluir rios atingidos por esgotos
7%
7%
Contribuir em dinheiro para organizações que cuidam do meio ambiente
5%
4%
Adquirir animais silvestres se eles forem certificados pelo IBAMA
3% 1%
Nenhuma destas
1% 31%
Não sabe/Não opinou BASE Base: Entrevistados que responderam à pergunta. Soma: Fecha em mais de 100% porque cada entrevistado poderia dar várias respostas
31
1% 2.000
2.000
Museu Paraense Emílio Goeldi
140 anos de história Rocinha (pavilhão de exposições domingos soares ferreira), prédio símbolo do museu
Uma das premiações recebidas pelo Museu na Europa, pela excelência em trabalho científico
I
magine que você está passeando pelas Soares Ferreira Pena, incentivado pela expedição ruas de Belém. De repente, alguém lhe científica do suíço Louis Agassiz no ano anterior, pergunta “onde fica o Museu?” Quem não cria a Associação Philomática, juntamente com é da cidade, provavelmente diria “qual outros pesquisadores. museu?” Mas, para quem mora em Belém, O objetivo da Associação na época era já sabe que se trata do Museu Paraense estudar o homem indígena amazônico. Emílio Goeldi. Ainda assim, outras áreas de O Museu Goeldi, carinhosamente conhecimento relacionadas à região conhecido pelos belenenses como também se tornaram objeto de “Museu”, completa 140 anos em estudo da nova entidade, como a 2006. Vamos conhecer um pouco geografia, geologia etc. mais da história de um dos locais Isso aconteceu no período da mais agradáveis da cidade. belle èpoque de Belém, quando a O começo - A história do Museu riqueza gerada pelo comércio da Goeldi começa no dia 6 de outubro borracha fez a cidade enriquecer de 1866. Foi nesse dia que o econômica e culturalmente, Emílio Goeldi naturalista mineiro Domingos tornando-a conhecida como a “Paris 32
da Amazônia”. Nesse contexto, a Associação tinha total apoio do presidente da província do Pará na época, o General Couto de Magalhães, já que ele era naturalista e etnólogo. Tanto que a primeira reunião da Associação aconteceu no Palácio do Governo. Somente no ano de 1870 é que a Associação Philomática muda seu nome para Museu Paraense de Ethnografia e História Natural. No ano seguinte, o Museu Paraense torna-se oficialmente órgão da província.
MAS COMO O MUSEU PARAENSE VIRIA SE CHAMAR MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI? A era Goeldi - Após um começo promissor para a ciência na Amazônia, o Museu Paraense já estava oficialmente desativado no final do século XIX, devido um decreto imperial. Entretanto, com a proclamação da república em 1889 e com o interesse do novo regime em desenvolver o estudo científico na região, o Museu Paraense ganhou um novo fôlego. Foi em 1894 que o pesquisador que hoje dá nome
ao Museu, o naturalista suíço Emílio Goeldi, assumiu como diretor, contratado pelo então governador do Pará, Lauro Sodré. Goeldi implanta um zoológico e horto botânico que destacariam espécimes genuinamente regionais. Abrigado inicialmente no prédio onde hoje funciona a Academia Paraense de Letras, o espaço que o Museu Paraense ocupava ainda não era suficiente para as pretensões de um Jardim Botânico. Desse modo, no ano seguinte, Emílio Goeldi solicita ao governador a aquisição de um novo local para a crescente instituição. Lauro Sodré atende ao pedido do pesquisador e adquire a “Rocinha” (também conhecidas como sítio ou chácara) do Coronel Silva Santos, onde o Museu está sediado até hoje. Na época, a Rocinha localizava-se na periferia de Belém. Hoje, está no centro da cidade. Em 1897, o espaço do Museu Paraense foi ampliado, com a desapropriação de terrenos do seu entorno (hoje o PZB conta com 5,4 hectares). A partir daí, as obras para implantação do Parque Zoobotânico tem início, com a construção de viveiros, tanques etc. No setor de flora, o botânico Jacques Huber foi o responsável pela aquisição de espécies da flora para a coleção do Parque. A beleza dos ambientes do PZB na época da floração das plantas e a diversidade da flora amazônica podem ser vistas ainda hoje pelo público, graças ao seu trabalho. A população local aderiu à instituição. No início do século XIX, pessoas de diversas classes sociais fazem fila no Museu Paraense para ver diversos espécimes de fauna e flora amazônicas, hábito Funcionários do museu paraense, durante a administração de Emílio Goeldi - Exp. Reencontros
que permanece até hoje entre os belenenses. Aos 1917, aos 58 anos. poucos, são inauguradas também várias outras O Museu Goeldi hoje - Atualmente, o atrações como o Aquário, o Lago da Vitória Régia e Museu Emílio Goeldi conta com três “bases o viveiro das Aves Brejeiras. físicas”: o Parque Zoobotânico (PZB), o Campus Com atrações inauguradas constantemente, o de Pesquisa e a Estação Científica Ferreira Museu Paraense atingiu em 1900 a Penna (ECFPn). impressionante marca de noventa mil visitantes O Parque Zoobotânico é a porta de entrada do por mês, superando com folga a média de MPEG e, sem dúvida, o espaço mais conhecido visitação dos outros dois mais importantes do Museu. Nele é possível observar a fauna e museus brasileiros - o Museu Nacional e o Museu flora amazônica nos mais diversos ambientes, de Zoologia (SP). O número equivalia dizer que como a vitória-régia, a onça-pintada, o peixe100 % da população da cidade freqüentavam o boi, o macaco-aranha etc., além de exposições Museu Goeldi. Uma média impressionante para ao longo do ano, tudo isso no centro da cidade. É qualquer parte do mundo - e até hoje o Museu possível ainda visitar o Aquário (o mais antigo Goeldi se mantém acima dos padrões de aquário público do Brasil) e o prédio da Rocinha visitação. (onde são montadas diversas exposições). Ainda no período de administração de Emílio Goeldi foram constituídas as quatro áreas de pesquisa do Museu Paraense , que perduram até hoje: Botânica, Zoologia, Ciências Humanas e Ciências da Terra e Ecologia. Na área de Ciências H u m a n a s , o M u s e u Urnas funerárias indígenas Paraense foi a primeira Exposição Reencontros instituição do país a se Além disso, o PZB é o principal espaço de preocupar com o estudo da antropologia, voltada realização de atividades de educação ambiental principalmente para o homem amazônico. para os estudantes de várias escolas de Belém. Emílio Goeldi dirigiu o Museu Paraense entre os O campus de pesquisa do Museu Goeldi fica anos de 1894 a 1907. Foram treze anos a frente localizado na Avenida Perimetral, próximo ao da primeira instituição do país preocupada em Núcleo Pedagógico Integrado (NPI/UFPA). Nele estudar a Amazônia. estão concentradas as atividades científicas do Após deixar a direção do Museu, Emílio Goeldi Museu, onde se realizam pesquisas nas mais retornou para a Suíça, onde viria a falecer em diversas áreas de conhecimento. Lá estão as Coordenações de Botânica, Zoologia, Ciências da Terra e Ecologia e Ciências Humanas, além de outros espaços importantes como o Herbário (onde estão armazenadas amostras de plantas da Amazônia), a coleção fotográfica (constituída por 1500 negativos de vidro do século XIX), a Biblioteca do Museu Goeldi e as diversas coleções científicas. A Estação Científica Ferreira Penna é a mais recente base física do Museu Goeldi. Fundada em 1993, está localizada na Floresta Nacional de Caxiuanã, em frente a Ilha do Marajó. A Estação Científica serve como base para pesquisadores brasileiros e estrangeiros interessados em desenvolver estudos sobre a biodiversidade amazônica. Para isso, conta com toda a infra-estrutura necessária: alojamentos, refeitórios, laboratórios etc. Além disso a ECFPn funciona como espaço de treinamento para jovens pesquisadores,
33
Pesquisa botânica na floresta nacional de caxiuanã, área da estação científica ferreira penna
analistas ambientais, técnicos de pesquisa e agente comunitários etc. Todos os anos, a Estação do Goeldi promove a Gincana de Caxiuanã, que reúne estudantes das diversas escolas que atendem as comunidades ribeirinhas dos municípios próximos à Estação, em atividades esportivas e de educação ambiental. 140 anos de história- Contar o início da ciência nacional na Amazônia, através da vida daquele que hoje dá nome ao Museu Goeldi. Esse é o desafio da exposição Reencontros: Emílio Goeldi e o Museu Paraense, que está aberta à visitação no prédio da Rocinha, no Parque Zoobotânico. A exposição, que inicia o ciclo de comemorações Atividade de educação ambiental clube do pesquisado mirim
Emílio Goeldi consolidou um projeto arrojado e contemporâneo de museu nas portas da região amazônica. Reencontros tem previsão para permanecer aberta ao público por, pelo menos, dois anos. Do início ao fim, o visitante se sentirá viajando pela história do então Museu Paraense de Etnographia e História Natural. Logo na entrada da exposição, o público é convidado a conhecer a história do diretor que consolidou o Museu Paraense: Emílio Goeldi. O visitante poderá observar em uma espécie de “linha do tempo” toda a trajetória de Goeldi, desde seu nascimento até sua morte, em 1914.
Seguindo adiante, é possível conhecer como o Museu Paraense se tornou a mais produtiva instituição científica nacional de sua época, recebendo reconhecimentos da comunidade científica internacional e prêmios em Londres, Itália e nos Estados Unidos. O sucesso do naturalista se deve a montagem de uma fantástica equipe de pesquisadores, o apoio irrestrito dos governadores do Estado do Pará (Lauro Sodré, Antonio Lemos e Augusto Montenegro), a conquista da elite e do apreço popular com atrações diversificadas do Parque Zoobotânico. Organizar uma das primeiras instituições de pesquisa do Brasil não é tarefa para uma única pessoa. Assim, Reencontros tem uma parte dedicada a outras pessoas que auxiliaram Emílio Goeldi na consolidação do Museu Paraense. Entre eles, estão o botânico Jacques Huber e a ornintóloga Emília Snethlage. Passando por depoimentos de diversas personalidades da época, como Lauro Sodré, Governador do Pará na época, e Franz Steindachner, intendente do Imperial Museu de História Natural de Viena, o visitante chega a parte da exposição dedicada às coleções do Museu Paraense. Será possível observar os primeiros espécimes coletados das coleções botânica e zoológica, alguns coletados pelo próprio Goeldi. Uma atração à parte são os exemplares de duas outras coleções. A etnográfica apresenta objetos rituais e do dia-a-dia de etnias indígenas e quilombolas, algumas já extintas na região amazônica. Adiante, a coleção arqueológica traz ao público vestígios dos primeiros habitantes da Amazônia, como as seculares urnas funerárias indígenas.
Parque Zoobotânico do MPEG funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 17h ingressos: R$3,00 (Parque e Exposição), R$2,00 (somente Parque), R$1,00 (meia-entrada para estudantes) visite o site do MPEG: www.museu-goeldi.br
dos 140 anos do Museu Paraense Emílio Goeldi, destaca o período em que o naturalista suíço
Um dos caminhos do parque na época de florescimento de ipê
Escavação arqueológica em canaã dos carajás, onde o museu desenvolve um projeto de educação patri
Fotos: Gilmar Nascimento
Marco Zero do Equador
O
Museu Sacaca
Amapá é bonito por natureza. É a terra da pororoca. Lugar onde a Linha do Equador faz esquina com o Rio Amazonas. É o Estado mais bem preservado do Brasil. Aqui a Amazônia tem futuro, porque estamos cuidando bem dela no presente. Aqui a cultura também tem muito valor. O Amapá tem a Fortaleza de São José de Macapá, maior e mais bem preservada fortificação portuguesa construida no Brasil. E ela ficou ainda mais bonita depois
Parque do Forte
Casa do Artesão
da inauguração do Parque do Forte, o novo cartão postal amapaense. A gente cuida bem da nossa história, porque é assim que se constrói o futuro. E o melhor de tudo é que o Amapá tem os amapaenses, essa gente alegre, trabalhadora, hospitaleira e feliz. Uma gente que sente cada vez mais orgulho de viver nessa terra bonita e que espera de braços abertos a sua visita. Venha conhecer o Amapá. A terra da gente. A terra do futuro.
Congresso Internacional de Proteção Jurídica da
BIODIVERSIDADE na Amazônia
CARTA AMAZÔNICA DA BIODIVERSIDADE
o
s participantes do Congresso Internacional de Proteção Jurídica da Biodiversidade na Amazônia, reunidos na cidade de Macapá, capital do Estado do Amapá, na Amazônia, Brasil, no período de 11 a 14 de junho de 2006, conscientes do valor intrínseco da diversidade biológica e dos valores ecológico, genético, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético da diversidade biológica e de seus componentes e de sua importância para a evolução e para a manutenção dos sistemas necessários à vida da biosfera, conforme consta no preâmbulo da Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada por ocasião da ECO-1992, aprovaram o presente documento, denominado Carta Amazônica da Biodiversidade, e resolveram:
1. Orientar o reconhecimento formal do homem, como o elemento mais importante da natureza, especialmente do caboco, das comunidades locais e populações indígenas com estilos de vida tradicionais, detentores do conhecimento tradicional do ambiente em que vivem e deles dependentes; 2. Reconhecer e difundir a supra nacionalidade da Amazônia, em uma visão geopolítica, a envolver os
países participantes da Floresta Amazônica, dos recursos existentes para esse fim reservados, Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, especificamente para região; Venezuela, Guiana, Suriname e a França, 9. Pugnar pela implantação de formas nomeadamente da Guiana Francesa, território alternativas de linhas e cadeias produtivas com formador da Pan-Amazônia; base na ciência e na tecnologia, objetivando 3. A conscientização, de forma massificada, da preservar, conservar e recuperar os recursos importância e da problemática envolvendo a naturais da Amazônia, carentes de um novo biodiversidade e o potencial genético da modelo de exploração e utilização; Amazônia; 10. Propugnar pela compatibilização dos 4. O incentivo às comunidades amazônicas para interesses das comunidades amazônicas e o que promovam a sua participação nos cursos desenvolvimento sustentável; oficiais formais até atingirem o nível superior, 11. Incentivar e fomentar o associativismo, inclusive de pós-graduação, de forma especialmente o cooperativismo, como forma de sistemática, a envolver a problemática desenvolvimento econômico e social da região amazônica no âmbito agrário (fundiário), amazônica; indígena e minerária, com o objetivo de aproveitar 12. Controlar e fiscalizar, por meio do Estado, os a experiência tradicional no processo de projetos que envolvam pesquisa, investimento e desenvolvimento sustentável da Amazônia; registro de patentes, especialmente na 5. O desenvolvimento da educação ambiental, de Amazônia; forma aberta e informal à comunidade 13. Definir a correta aplicação das legislações amazônica; específicas destinadas à Amazônia; 6. A educação ambiental visando à capacitação 14. Sugerir que as autorizações para futuras científica, técnica e institucional necessárias ao explorações dos recursos naturais na Amazônia planejamento e implementação exijam correspondentes garantias e execuções da ação governamental; de projetos sociais. 7. A formação de uma Terra dos Tucujus (Macapá-Amapá), em mentalidade jurídica, VENEZUELA 14 de junho de 2006 consciente da urgente GUIANA p r o t e ç ã o d a SURINAME biodiversidade, COLÔMBIA necessária a mais justa aplicação da lei, evitando- EQUADOR se assim a degradação do ambiente e a biopirataria; PERU 8. Estabelecer como prioridade BRASIL para a Amazônia o combate a biopirataria, assim como a destinação
Pan-Amazônia
36
BOLÍVIA
Congresso Internacional de Proteção Jurídica da
BIODIVERSIDADE na Amazônia
Desembargador Gilberto Pinheiro o grande responsável pela realização do Congresso
Proposta de anteprojeto de convenção bilateral Franco-brasileira sobre biodiversidade e desenvolvimento sustentável da Amazônia
O
s participantes no Congresso Internacional de Proteção Jurídica da Biodiversidade na Amazônia, reunidos em Macapá (Amapá Amazônia - Brasil) de 11 a 14 de Junho de 2006: - conscientes da necessidade de proteger de forma mais ativa as riquezas naturais e culturais da Amazônia; - preocupados com as ameaças que continuam a pesar sobre a biodiversidade na Amazônia;
1. empreender um anteprojeto de convenção bilateral franco-brasileira sobre a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável da Amazônia. 2. confiar esse trabalho a um grupo de juristas brasileiros e franceses, magistrados e professores de Direito, sob a direção conjunta do Desembargador Gilberto Pinheiro e do Professor Michel Prieur, com o concurso das seguintes entidades: - Centre International de Droit Comparé de l'Environnement (membro de IUCN); - CRIDEAU de Universidade de Limoges; - Instituto O Direito por um Planeta Verde; - Comissão de Direito Ambiental da IUCN.
- desejosos de ver aplicadas, de forma rigorosa, as Convenções internacionais de Direito Ambiental, em particular as Convenções de Ramsar sobre as Zonas úmidas e do Rio de Janeiro, sobre a diversidade biológica; - almejando que todas as zonas fronteiriças da Amazônia partilhadas entre dois ou mais Estados, e especialmente na fronteira franco-brasileira, sejam objeto de uma atenção especial.
DECIDEM:
3. propugnar que, no espírito da Convenção de Aarhus sobre a Informação e a Participação do Público nos Processos de Decisão em Matéria de Ambiente, este anteprojeto permita a participação mais ampla possível das populações indígenas e locais, bem como das diferentes administrações e autoridades, regionais como locais, das universidades e centros de investigação assim como das associações de defesa do ambiente da Guiana Francesa e do Estado do Amapá; 4. propor que o anteprojeto seja enviado no menor espaço de tempo possível aos
37
Governos do Brasil e da França, a fim de propiciar as necessárias negociações diplomáticas deste novo instrumento jurídico de cooperação transfronteiriça sobre a proteção do ambiente; 5. envidar esforços para que o Estado do Amapá, a Região da Guiana Francesa e as coletividades locais fronteiriças de ambos os países sejam associados, de forma estreita, a todo o processo de elaboração e conseqüente implementação deste acordo bilateral transfronteiriço sobre a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável na Amazônia.
Medidas para promoção
do desenvolvimento
sustentável na Amazônia
R
ecentemente o Governo lançou um pacote de medidas para garantir o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Foram inúmeras ações, de diferentes ministérios, com o objetivo de fortalecer a economia da região a partir do uso adequado da floresta. “O meio ambiente sempre foi tratado como se fosse um instrumento que atrapalhasse o desenvolvimento. O dia de hoje prova que, ao invés de atrapalharem, o Ministério do Meio Ambiente e Ibama estão aí para dizer como fazer as coisas de forma correta”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em solenidade no Palácio do Planalto. No evento, o Plano BR-163 Sustentável foi apresentado. Composto por 54 prioridades, definidas a partir de inúmeras consultas públicas, o plano é resultado do trabalho conjunto de 21 ministérios. Ele é a principal referência do Plano Amazônia Sustentável (PAS). “Vamos encaminhar as obras da BR-163 para marcar o novo paradigma de desenvolvimento na região”, disse a ministra Marina Silva. O plano foi instituído para garantir o desenvolvimento na área de influência da BR163, que liga Cuiabá , no Mato Grosso, a Santarém, no Pará, uma das regiões de maior
potencial econômico, diversidade cultural e biológica da Amazônia. Essa também é uma área onde o desmatamento se apresenta de forma mais crítica. Com a iniciativa, o governo associa pela primeira vez o asfaltamento de uma rodovia a uma série de medidas de inclusão social, ordenamento fundiário e gestão ambiental. Mais de 50 ações do plano já foram executadas na região e agora ele é consolidado com o início das obras de melhoria do tráfego e reforma de pontes. O primeiro Distrito Florestal Sustentável, no oeste do Pará, também foi anunciado. A data marca o início da sua implementação. O distrito prevê a inserção de novas tecnologias na atividade florestal para atrair mais investimentos para a região e a criação de políticas fiscais e creditícias. Também foram criadas quatro Unidades de Conservação, três delas na Amazônia, e nomeados os membros da Comissão de Gestão de Florestas Públicas. O pacote de medidas ainda incluiu a transformação da Comissão Coordenadora do Programa Nacional de Florestas (Conaflor) em Comissão Nacional de Florestas para adaptá-la à Lei de Gestão de Florestas Públicas. Duas instruções normativas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que
regulamentam as posses de terras públicas federais de até 100 hectares e de até 500 hectares na Amazônia Legal, foram formalizadas. Todas as medidas anunciadas tem o objetivo de mudar o modelo de desenvolvimento na Amazônia. O que moverá o desenvolvimento não será mais a exploração predatória da floresta, cujo resultado inevitável é o esgotamento de recursos naturais. O desenvolvimento passará a ser conseqüência do uso sustentável da floresta. A extração da madeira respeitará normas de manejo e corte e será beneficiada na própria Amazônia, fortalecendo a economia local. Para cuidar da floresta, as comunidades que vivem na área receberão incentivos, cursos de capacitação técnica para o manejo e serão beneficiadas com melhorias na infra-estrutura.
Plano BR-163 Sustentável O plano da BR-163 é um modelo de planejamento com participação e sustentabilidade. O plano prevê que a estrada será asfaltada com regularização fundiária, para evitar a grilagem de terras, com ordenamento territorial e com a criação de unidades de conservação, para impedir que o desmatamento avance ainda mais sobre a floresta. Criado com objetivo de reduzir os impactos sociais e ambientais negativos que a pavimentação da rodovia pode causar na região, o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável para a Área de Influência da Rodovia BR-163 (Cuiabá- Santarém) tem o objetivo de fortalecer políticas de gestão, associadas à criação e implementação de áreas protegidas, à Cerimônia de Instalação da Comissão Coordenadora do Programa Nacional de Florestas - CONAFLOR
Distrito Florestal Sustentável O Distrito Florestal Sustentável abrange mais de 16 milhões de hectares, sendo cerca de cinco os
em qual
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VASOS EM DIVERSAS CORES, TAMANHOS E FORMATOS
índices de desmatamento. Em dezembro de 2005 foi concedida licença prévia pelo Ibama autorizando a obra. A licença atesta a viabilidade ambiental a trechos que totalizam 873 quilômetros de extensão: da divisa entre Mato Grosso e Pará até Rurópolis (PA), perfazendo 784 quilômetros, e da divisa do Mato Grosso e Pará até Guaratã (MT), com aproximadamente 56 quilômetros. A licença também inclui um trecho da rodovia BR 230, no Pará, entre o entroncamento da BR 163 e o município de Miritituba, no mesmo estado.
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A pavimentação possibilitará a integração dessa região ao resto do país, trazendo desenvolvimento regional, dando atendimento às populações marginais, possibilitando o escoamento da produção agrícola e gerando emprego. A obra está orçada em R$ 1,1 bilhão. O processo de planejamento para construção da estrada começou em julho de 2005 sob a c o o r d e n a ç ã o d o G r u p o d e Tr a b a l h o Interministerial (GTI) instituído pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Envolveu diversos ministérios e o compromisso de realizar audiências públicas. O objetivo era assegurar que, pela primeira vez na história, uma rodovia fosse implementada evitando a repetição de um processo conhecido na região, em que a abertura de estradas tem impacto direto no aumento dos
Ent r egam
viabilização de oportunidades econômicas em bases sustentáveis e à consolidação de políticas de monitoramento e controle ambiental para coibir a degradação dos recursos naturais. A BR-163 tem 1.765 km, sendo que cerca de 800 km são asfaltados. Aproximadamente 2 milhões de pessoas vivem na área de influência da estrada. Na região são encontrados os biomas do Cerrado e da Floresta Amazônica e três bacias hidrográficas (Teles Pires/Tapajós, Xingu e Amazonas). A área tem riquezas naturais abundantes, das quais dependem populações tradicionais, urbanas, agricultores familiares e mais de 30 povos indígenas. No Centro-Norte do Mato Grosso também encontra-se um dos pólos agrícolas mais produtivos do país, com destaque para a produção de soja.
nísio
ARTESANATO
O Fascínio da Arte em Cerâmica
PROCESSO DE PRODUÇÃO
Trav. Soledade, 740 - Icoarací Fone/Fax: (91) 3227-0127
milhões de hectares de florestas sob manejo florestal. O distrito possibilitará a criação de até cem mil novos empregos diretos, gerará uma produção anual entre 4 e 6 milhões de metros cúbicos de toras e poderá gerar entre 200 e 800 MW de energia. Tudo isso sem agredir a floresta. Ele reúne ações dos ministérios do Meio Ambiente, da Agricultura, do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, de Ciência e Tecnologia, de Minas e Energia, e da Fazenda.
Comissão de Gestão de Florestas Públicas Criada com a lei 11.284/06, que regulamenta a gestão de florestas públicas, a comissão é um órgão consultivo do Serviço Florestal Brasileiro. Ela tem por finalidade assessorar, avaliar e propor diretrizes para a gestão de florestas e ainda manifestar-se sobre o Plano Anual de Outorga Florestal. O decreto presidencial institui a comissão, que será formada por 24 membros, divididos entre representantes de sete ministérios, órgãos de governo e sociedade civil.
Comissão Nacional de Florestas Por meio de um decreto presidencial, a Comissão Coordenadora do Programa Nacional de Florestas (Conaflor) foi transformada em Comissão Nacional de Florestas, adequando-se ao novo marco regulatório, a Lei de Gestão de Florestas Públicas. Ela também passa a incorporar, como novo integrante, o Ministério de Relações Exteriores. A comissão foi criada com o decreto 4.864, de 24 de outubro de 2003. Ela é formada por 37 membros, que se reúnem desde 2004. A Conaflor formulou as diretrizes do Plano Nacional de
Florestas (PNF) e desenvolveu a proposta da Lei de Gestão de Florestas Públicas.
Unidades de Conservação O governo federal criou quatro novas Unidades de Conservação (UC's). As reservas extrativistas Terra GrandePracauúba, Rio Iriri e o Parque Nacional do Juruena situam-se na Amazônia. A Reserva Extrativista de Canavieiras está localizada na Bahia. Com isso, a Amazônia Legal alcança a marca de 48,3 milhões de hectares protegidos. Entre 2003 e 2006, a Amazônia ganhou 17,6 milhões de hectares de UC's. Desde o início do governo do presidente Lula já foram criadas ou ampliadas 54 UC's, sendo quatro em 2003, 11 em 2004, 21 em 2005 e 18 em 2006 (incluíndo as anunciadas nesta segunda-feira). As UC's são áreas protegidas e podem ser de uso sustentável, como as reservas extrativistas, ou de proteção integral, como é o caso dos parques nacionais. As reservas extrativistas (Resex) fornecem recursos naturais para as populações tradicionais, que vivem do extrativismo, da agricultura de subsistência ou criação de animais de pequeno porte. Elas são criadas para proteger os meios de vida e a cultura dessas populações e para assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da área. A criação de resex pode gerar empregos e renda e ainda inibir a grilagem de terras. Localizada entre os municípios de Curralinho e São Sebastião da Boa Vista, na Ilha do Marajó, no Pará, a Resex Terra Grande-Pracuúba tem
Trecho atual da rodovia BR-163
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194.695,18 hectares. E a Reserva Extrativista Rio Iriri, com área de 398.938 hectares, está situada em Altamira, também no Pará. O Parque Nacional do Juruena, com 1.957.000 hectares, se estende pelo extremo sudoeste do Amazonas e norte do Mato Grosso. Trechos dos rios Juruena, Tapajós, Bararati, Sucunduri e São Tomé cortam o parque. Apesar do excelente estado de conservação da região, esta área corre o risco de ser fortemente degradada pela expansão da fronteira agrícola, pela atividade madeireira, pela grilagem de terras e pelos garimpos. É o quarto maior parque nacional do país.
Instruções Normativas O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) formalizou as instruções normativas que regulamentam as posses agrárias das terras públicas federais até 100 hectares e até 500 hectares na Amazônia Legal. A assinatura das duas Instruções Normativas (IN's) ocorreu durante a solenidade no Palácio do Planalto. O presidente do Incra, Rolf Hackbart, assinou documentos, que regulamentam a antiga "MP do Bem" (atual Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005) no tocante às ações fundiárias (Artigo 118, parágrafo 2º B).
Robô Ambiental Híbrido sendo testado em campo
AmazonBots
Workshop discutiu robótica em Manaus Fotos: Renata Schmitt
C
“
onseguimos gerar novas soluções e incorporar mais perspectivas aos nossos projetos". Com essa afirmação, o pesquisador Roberto Tavares comemorou o encerramento do II Workshop AmazonBots, que coordenou entre os últimos dias 1 e 4 de agosto em Manaus e Iranduba. Realizado por iniciativa do Projeto Cognitus, o evento analisou a viabilidade técnica e financeira das novas tecnologias que poderão levar sensores e atuadores a locais remotos da
Amazônia, para registrar e interpretar os sinais oriundos da flora e fauna. Especialistas em peixes elétricos, r o b ó t i c a , eletroeletrônica, semiótica, processamento e
O Workshop Amazonbots reuniu especialistas de importantes instituições como a NASA, o Inpa, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras - Cenpes e o CenPRA. análise de sinais, informática e modelagem ambiental estiveram reunidos no II Workshop AmazonBots e um intenso intercâmbio de informações foi promovido. Entre os temas debatidos estava o desenvolvimento de robôs que poderão
Robô Ambiental Híbrido sendo testado em campo
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CENPES
Dr. José Antônio Alves Gomes, chefe do Laboratório de Fisiologia Comportamental do Inpa, é o responsável pelo desenvolvimento de um método capaz de captar o "idioma" de poraquês por meio de sinais elétricos
Alves Gomes, chefe do Laboratório de F i s i o l o g i a Comportamental do Inpa, é o responsável pelo desenvolvimento de um método capaz de captar o "idioma" de poraquês por meio de sinais elétricos. Segundo ele, a equipe optou por levar para a floresta a mesma metodologia de captura empregada em seu laboratório. Usando detectores de campos elétricos, que permitem identificar a espécie, a quantidade
Trabalhos em campo nos arredores da Pousada Amazônia também compuseram a programação
Sensores ajudam a captar o idioma de poraquês por meio de sinais elétricos
e a localização exata dos poraquês dentro da água, lança-se uma rede para apanhá-los, para que sejam, então, colocados em sacos plásticos com água a baixa temperatura. Uma vez identificada a quantidade e a localização exata dos poraquês dentro da Depois disso, vão para água, lança-se uma rede para apanhá-los aquários identificados onde são realizadas análises com sistemas de auxiliar os cientistas, como o Robô Ambiental aquisição de dados. Híbrido, com sistemas de coleta de dados e - As atividades foram bem sucedidas e divertidas locomoção adaptáveis; o Varuna (robô-cobra), também. O sensor se mostrou um equipamento que permite um deslocamento mais fácil; e o muito eficiente, até mesmo quando utilizado por Porakê, robô que possui um sistema de pessoas que nunca tiveram uma experiência monitoramento permanente da descarga de desse tipo. Todos ficaram bastante animados por peixes-elétricos, que funcionam como terem capturado o seu primeiro peixe-elétrico, biossensores. Também foram apresentados disse José Antonio. robôs subaquáticos e em forma de dirigíveis Além dos debates sobre as técnicas utilizadas, o aéreos. workshop gerou idéias que estão agora sendo Uma outra novidade que compôs a programação compiladas. Entre elas, se destaca a foi o trabalho em campo nos arredores da incorporação do conhecimento semiótico aos Pousada Amazônia, em Iranduba. José Antônio 43
O nome AmazonBots foi criado para denominar a linha de pesquisa sobre robótica do projeto Cognitus (Ferramentas Cognitivas para Amazônia), que se propõe a criar novos conceitos e tecnologias em monitoramento ambiental para entender os fenômenos complexos da região. projetos e a identificação de áreas de atuação conjunta, que irão gerar novas linhas de pesquisa e agilizar a atuação dos vários projetos do Cognitus, dentro de uma ação que visa à obtenção de sistemas de conhecimento da Amazônia de aplicação imediata. Esta maior capacidade de interpretação dos sinais da natureza permite um aumento na eficiência de detecção dos problemas que por ventura venham a ocorrer, tais como um derramamento de petróleo. Quanto mais cedo pudermos detectar estes eventos, mas rápido poderemos agir, completou Tavares.
Roberto Tavares e Aristides Pavani com o Kwata Picture
{Por}
N
ey Robinson
O Robô Ambiental Hibrido
D
entro de no máximo dois anos a Amazônia contará com a colaboração de exóticos fiscais da natureza: os robôs. É o tempo previsto para que o trabalho de monitoramento ambiental - hoje realizado por pesquisadores da região - ganhe o reforço de aproximadamente cem deles, espalhados ao longo de 420 km, às margens do rio Solimões. A iniciativa faz parte do plano de monitoramento do gasoduto CoariManaus, que está em fase de construção e deverá ser concluído em março de 2008. Tais robôs também operarão no trecho de transporte fluvial do Rio Solimões, por onde o óleo produzido em Urucu é levado a Manaus. Com essa tecnologia, a Petrobras ampliará a sua capacidade de monitorar a região, identificando, com
mais exatidão, a ocorrência ambientais em pontos atualmente inacessíveis por meios convencionais. A idéia surgiu em dezembro de 2004, durante uma excursão de pesquisadores da Petrobras
Ney Robinson e o Robô Ambiental Híbrido
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integrantes do projeto Cognitus - o braço tecnológico do projeto Piatam (Potenciais Riscos Ambientais da Indústria do Petróleo e Gás na Amazônia) - à região. Diante de um cenário de vegetação flutuante, florestas inundadas e correntezas, o chefe do Laboratório de Robótica da Tecnologia Submarina do Cenpes, Ney Robinson, vislumbrou ali uma necessidade. Logo, foi iniciado o desenvolvimento do primeiro protótipo do Robô Ambiental Híbrido - um veículo que pudesse se deslocar nos mais diferentes cenários e estender a atuação de pesquisadores e pessoal envolvido nas atividades da PETROBRAS, na Amazônia Brasileira. O projeto final resultará em uma máquina de aproximadamente 2,5 m de comprimento, 300 kg, dotada de estrutura de fibra de vidro e
policarbonato, quatro rodas/propulsores especiais para deslocamento em diferentes terrenos, duas câmeras de TV acopladas para visualizar os ecossistemas, GPS de posição 3D (latitude, longitude e altitude) e um manipulador (espécie de “braço” eletrônico) para coleta de informações. Além disso, os robôs serão capazes de medir os parâmetros físico-químicos da água, e também recolher e analisar, à distância, larvas de mosquitos. Com o objetivo de minimizar o impacto de sua presença na floresta, os pesquisadores adotaram
Centro Associado: BELÉM (91) 3266-8727 ANANINDEUA (91) 3234-3338 CASTANHAL (91) 3711-7851 BARCARENA (91) 3754-2759
uma bateria elétrica recarregável movida à energia solar, bem como vem estudando a utilização de células de combustível a hidrogênio. O robô ambiental híbrido tanto poderá ser tripulado como operado à distancia por controle remoto, a partir de uma espécie de laboratório flutuante, ou “caverna virtual”, equipados com câmeras de vídeo. Dali será possível visualizar imagens da floresta em terceira dimensão. A idéia é fazer com que o pesquisador sinta-se imerso em seu objeto de estudo e tenha uma visão mais precisa do que está acontecendo, além de
interagir com a população ribeirinha, mesmo à distância. Além do tipo ambiental híbrido, há no momento outros robôs em fase de teste A partir dos dados fornecidos pelos equipamentos, os técnicos poderão avaliar o melhor procedimento de contingência a ser adotado, diante de um derramamento de óleo. A eles deverá se somar outro robô, o Poraquê ou peixe-elétrico, ainda em fase de concepção. Por enquanto, o único testado em campo foi o robô ambiental híbrido, nos tamanhos pequeno e médio - versões mais ágeis e leves, que não podem ser tripuladas. Os resultados foram excelentes, confirmando as expectativas dos técnicos. O que falta agora, segundo eles, é fazer desse robô um produto operacional. Para tanto, a Petrobras esta buscando competências e interessados, junto às empresas do Pólo Industrial de Manaus de forma a,sob licença, torná-las aptas a executar reparos ou mesmo vir a fabricar os equipamentos na própria região. A Petrobras já entrou com três pedidos de patentes para esse veículo. Foi confirmado que não há, no mundo, nada semelhante a ele. Algo parecido, só nos projetos espaciais onde, de acordo com um técnico que participou do nosso grupo de estudos, o cenário de aplicação da nossa atividade é ainda mais complexo que os explorados, por exemplo, em Marte ou na Lua. Pelo que se sabe, lá há apenas areia e pedra. Aqui, temos areia, pedra, água, lama, plantas, raízes, jacarés,...
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A nova SUDAM
Diário Oficial da União publicou, no último dia 3 de janeiro a Lei Complementar nº124, que institui a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia - SUDAM e estabelece sua composição, natureza jurídica, objetivos, área de competência e instrumentos de ação. Além disso, a lei dispõe sobre o Fundo de Desenvolvimento da Amazônia FDA, alterando a Medida Provisória n o 2.157-5, de 24 de agosto de 2001 e revogando a Lei Complementar n o 67, de 13 de junho de 1991. A diminuição das desigualdades sociais e regionais é prevista na no artigo 3º da Constituição Federal de 88 e, com a medida, o presidente Luís Inácio Lula da Silva deu cumprimento a um compromisso assumido em sua campanha pelo primeiro mandato, de restabelecer os mecanismos de desenvolvimento regional. A Nova Sudam será sucessora da Agência de Desenvolvimento da Amazônia - ADA, mas terá natureza de autarquia especial, com autonomia administrativa e financeira, e integrará o Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal. Permanecerá vinculada ao Ministério da Integração Nacional - MI, e manterá a área de atuação da agência que substitui, que abrange os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Tocantins, Pará e do Maranhão na sua porção a oeste do Meridiano 44º, incluindo-se os Estados e Municípios que venham a ser criados, posteriormente, por desmembramento de Estados e municípios situados na área. Sua finalidade é a promoção do desenvolvimento includente e sustentável dessa área e a integração competitiva da base produtiva regional na economia nacional e internacional.
A Amazônia vista do satélite (A área de atuação da Sudam abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão)
Como uma instituição politicamente fortalecida, a nova autarquia terá ampliada sua competência, podendo definir objetivos e metas econômicas e sociais para o desenvolvimento sustentável da região, formular planos e propor diretrizes para o desenvolvimento, propor diretrizes para definir a regionalização da política industrial, considerando as potencialidades e as especificidades de sua área de atuação. Dando ênfase ao caráter prioritário e estratégico, de natureza supra-estadual ou subregional, a instituição poderá, ainda, articular e propor programas e ações perante os ministérios setoriais para o desenvolvimento regional, além de atuar como articuladora de ações dos órgãos públicos e fomentadora da cooperação de forças sociais representativas. Fortalecendo sua missão de planejamento, o governo federal incluiu a nova Sudam no Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, com o
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objetivo de promover a diferenciação regional das políticas públicas nacionais. Ela desempenhará esse papel em articulação com o MI, assessorando o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão na elaboração do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do Orçamento Geral da União, em relação aos projetos e atividades previstas na sua área de atuação. Os investimentos públicos e privados nas áreas de infra-estrutura econômica e social, a capacitação de recursos humanos, a inovação e difusão tecnológica, as políticas sociais e culturais e as iniciativas de desenvolvimento subregional serão estimuladas, pela administração de incentivos e benefícios fiscais, de investimentos privados prioritários, a atividades produtivas e as iniciativas de desenvolvimento sub-regional. Paralelamente a isso, ela vai também coordenar programas de
O CONSELHO DELIBERATIVO
extensão e gestão rural, assistência técnica e financeira internacional em sua área de atuação e estimular a obtenção de patentes e coibir que o patrimônio da biodiversidade seja pesquisado, apropriado e patenteado em detrimento dos interesses da região e do País. Numa permanente articulação com os ministérios competentes, avaliará as prioridades e os critérios de aplicação dos recursos dos fundos de desenvolvimento e dos fundos setoriais na sua área de atuação, em especial aqueles vinculados ao desenvolvimento científico e tecnológico. Para fazer frente a sua missão, a nova Sudam dispõe de instrumentos como os planos regionais de desenvolvimento plurianuais e anuais, articulados com os planos federais, estaduais e locais, o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte FNO, o Fundo de Desenvolvimento da Amazônia - FDA, os programas de incentivos e benefícios fiscais e financeiros entre outros. As receitas de que dispõe são as dotações orçamentárias consignadas no Orçamento Geral da União, as transferências do FDA, que equivalem a 2% (dois por cento) do valor de cada liberação de recursos, os resultados de aplicações financeiras de seus recursos entre outros.
Fortalecida pela ampliação da participação de várias instituições da sociedade, as deliberações da Nova Sudam serão tomadas por um Conselho Deliberativo, uma Diretoria Colegiada, a ProcuradoriaGeral, vinculada à AdvocaciaGeral da União, Auditoria-Geral e a grande novidade que é a instituição de uma OuvidoriaGeral. Reunindo trimestralmente e presidido pelo ministro da Integração Nacional, quando não estiver presente o presidente da República, o
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A sessão de aprovação da nova SUDAM
Conselho Deliberativo será integrado pelos governadores dos nove Estados da Amazônia Legal, ministros designados pelo presidente da República, até o número de nove, três representantes dos municípios de sua área de
Investimentos
s investimentos feitos pela Sudam virão do Orçamento da União, de incentivos fiscais, dos fundos constitucionais de financiamento e dos fundos de desenvolvimento. Em 2007, estão disponíveis R$ 8,9 bilhões provenientes dos Fundos de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), Constitucional d e Fi n a n c i a m e n to d o N o rd e s te ( F N E ) , d e Desenvolvimento da Amazônia (FDA) e do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO). A liberação de recursos dependerá de análise de riscos dos projetos que será realizada pelo Banco da Amazônia.
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atuação, escolhidos na forma a ser definida em ato do Poder Executivo, três representantes da classe empresarial e três representantes da classe dos trabalhadores, que também serão indicados de forma a ser definida em ato do Poder Executivo. Além deles participam o superintendente da Sudam, o presidente do Banco da Amazônia. Poderão ainda ser convidados a participar de reuniões do Conselho, sem direito a voto, dirigentes de órgãos, entidades e empresas da administração pública. Em cumprimento a garantia constitucional de participação popular, o Conselho Deliberativo vai promover a gestão participativa das múltiplas dimensões da questão regional, criando comitês, permanentes ou provisórios. Estabelecer as diretrizes de ação e propor projeto de lei que instituirá o plano e os programas regionais de desenvolvimento, a serem encaminhados ao Congresso Nacional, e acompanhar e avaliar a execução dos planos e programas regionais e aprovar programas de financiamento do FNO e diretrizes e prioridades para as aplicações de recursos no âmbito do FDA são algumas das competências do conselho. Os Comitês de Gestão serão constituídos de representantes do governo e da sociedade e funcionarão como instrumento de formulação, supervisão e controle, por parte dos cidadãos e de suas instituições representativas, dos planos e políticas públicas para a região.
plano por meio de relatórios anuais, aprovados pelo Conselho Deliberativo e encaminhados ao Congresso Nacional, Quanto ao FDA, que será gerido pela Sudam, tem a finalidade de assegurar recursos para a realização de investimentos em infra-estrutura e serviços públicos e em empreendimentos
produtivos com grande capacidade germinativa de negócios e de atividades produtivas. Suas prioridades serão definidas pelo Conselho Deliberativo que disporá, ainda, sobre os critérios para o estabelecimento da contrapartida dos Estados e dos municípios nos investimentos, sendo que de cada parcela de recursos liberados, 1,5% será destinado para custear pesquisa, desenvolvimento e tecnologia de interesse do desenvolvimento regional. Seus recursos serão oriundos do Tesouro Nacional correspondentes às dotações que lhe foram consignadas no orçamento anual, de resultados de aplicações financeiras à sua conta, do produto da alienação de valores mobiliários, dividendos de ações e outros a ele vinculados e de transferências financeiras de outros fundos destinados ao apoio de programas e projetos de desenvolvimento regional que contemplem a área de jurisdição da Sudam, entre outros. O Banco da Amazônia fica mantido como agente operador o Banco da Amazônia S.A. juntamente com outras instituições financeiras oficiais federais. Ele deverá fiscalizar os projetos sob sua condução e atestar sua regularidade, além de propor a liberação de recursos financeiros para os projetos em implantação sob sua responsabilidade.
PLANO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA O Plano Regional de Desenvolvimento da Amazônia - PDRA, será elaborado em consonância com a Política Nacional de Desenvolvimento Regional - PNDR, e compreenderá programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas de desenvolvimento econômico e social da Amazônia, com identificação das respectivas fontes de financiamento. Terá vigência de quatro anos, sendo revisado anualmente e tramitando juntamente com o Plano Plurianual - PPA. À Sudam caberá a avaliação do cumprimento do
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João Carlos Martins ia iniciar sua apresentação no Carnegie Hall
Concerto no Carnegie Hall homenageia a Amazônia
O
primeiro concerto do ano de 2007, no Carnegie Hall, em Nova York, uma das mais importantes casas de espetáculo do mundo, no dia 06 de janeiro, foi uma homenagem à Amazônia. O maestro brasileiro João Carlos Martins apresentou com a sua orquestra de Câmara Bachiana, com 27 músicos também brasileiros, o concerto “Amazon Forever”. João Carlos, que foi o maior intérprete de Bach como pianista, virou maestro aos 64 anos, depois de perder os movimentos das duas mãos. O concerto, além de fazer o trabalho de
ARPA
conscientizar o novaiorquino sobre a questão amazônica, também levou a mensagem do ARPA - Áreas Protegidas da Amazônia - o maior e mais importante programa de conservação de florestas do planeta. Em 10 anos, o ARPA vai proteger 50 milhões de hectares, na forma de unidades de conservação (um campo de futebol tem um hectare). O ARPA tem uma engenharia financeira única que garante um gerenciamento ágil no atendimento das necessidades das unidades e das equipes que trabalham na região. O programa está em funcionamento há 3 anos e já atingiu a cota de 18 milhões de hectares protegidos.
O Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), supervisionado pelo Ministério do Meio Ambiente, pretende investir este ano R$ 30 milhões na preservação da floresta amazônica. Para captar esta quantia, são realizados eventos como o concerto promovido recentemente no Carnegie Hall em Nova Iorque, com a Orquestra Bachiana de Câmara. Todo dinheiro é repassado ao governo, mas para a ONG Fundo Brasileiro para Biodiversidade. Porém, o recurso é aplicado de acordo com o que foi decidido em conjunto com o governo. O Boticário e a Natura já doaram U$$ 1 milhão (cerca de R$ 2,1 milhões) cada um.
O Carnegie Hall - New York
Doações O Fundo também recebe verba da ONG WWF, que capta doações de vários países, como os Estados Unidos; do KFW, banco alemão de fomento que financia projetos de meio ambiente, e do Fundo para o Meio Ambiente Global (GEF), por meio do Banco Mundial. No total, o Arpa já arrecadou U$$ 80 milhões, sendo U$$ 18 milhões provenientes do governo federal e dos doadores; U$$ 30 milhões do GEF; U$$ 16 milhões do WWF, e U$$ 14 milhões do KFW.
A seleta platéia no Carnegie Hall New York aplaudiu de pé
Proteção à Floresta Proteger pelo menos 50 milhões de hectares da floresta, com a manutenção de unidades de conservação existentes e a criação de mais unidades de conservação existentes e a criação de mais unidades, é o principal objetivo do Programa Áreas Protegidas da Amazônia, que tem duração de dez anos, com investimento estimado em U$ 400 milhões (R$ 858,9 milhões). A meta de criação de unidades de conservação (18 milhões de hectares) para o período entre 2002 e 2006 foi ultrapassada, chegando a 20 milhões de hectares.
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No final a entrevista
{Por}
A
loisio Vasconcelos
Ecologia, bom senso e desenvolvimento sustentável
A
s restrições impostas aos projetos hidrelétricos da região amazônica estão a exigir, das partes envolvidas, uma reflexão mais aprofundada sobre a importância de empreendimentos cujo retorno social transcende a simples geração e transmissão de energia para áreas carentes de atividades produtivas. É que além de melhorar as condições de vida das populações beneficiadas e reforçar a ocupação de nossas fronteiras, a construção das usinas de Belo Monte, no Pará, e do Complexo do Rio Madeira, em Rondônia, tem um outro papel estratégico a cumprir no processo de desenvolvimento sinalizado por nossos indicadores econômicos. Nossos ambientalistas, empresas do setor e órgãos reguladores devem, assim, levar em conta algumas evidências quando se debruçam sobre o tema. É sempre bom lembrar que apenas 24% do potencial hidrelétrico brasileiro foi explorado e não podemos, em hipótese alguma, apesar dos inegáveis avanços na busca de fontes alternativas, abrir mão deste manancial. O outro termo desta equação dispõe que um crescimento do PIB da ordem de 4%, ao ano, acarretará uma demanda de energia elétrica da ordem de 6%. É imprescindível, portanto, que os rituais e
procedimentos burocráticos relacionados a estes projetos estratégicos tramitem numa rapidez condizente com sua importância. Uma análise equilibrada da questão não pode deixar de considerar também duas outras premissas. Uma delas sustenta ser absolutamente necessário achar caminhos para minimizar os impactos ambientais dos projetos hidrelétricos. A outra dispõe que todas as fontes de energia trazem impactos, umas mais, outras menos. Como as duas são conseqüentes e verdadeiras, resta uma certeza: o tema em questão deve ser objeto de uma análise objetiva e o realismo deve pairar acima das paixões, por mais bem intencionadas que elas sejam. Responsável pela realização dos estudos destes dois empreendimentos, a Eletrobrás tem uma longa tradição no que diz respeito a desenvolver suas atividades à luz dos princípios do desenvolvimento sustentável. A usina de Belo Monte, capaz de gerar quase 12 mil megawatts no rio Xingu, no estado do Pará, vem sendo estudada há vinte anos e é um bom exemplo: a inundação 2 de 1.230 Km prevista no antigo projeto foi 2 reduzida para 440 Km , dos quais 200 Km2 correspondem às cheias normais anualmente verificadas no Xingu. Além disso, a área a ser
Mapa de Localização de Belo Monte
Aloisio Vasconcelos, ex-presidente da Eletrobras
alagada não vai atingir terras indígenas que anteriormente seriam comprometidas. Este projeto, no entanto, está parado porque ações judiciais vêm retardando a realização dos necessários estudos ambientais. Com capacidade a ser instalada de 6.500 MW, as usinas de Santo Antonio e Jirau que compõem o Complexo do Rio Madeira, em Rondônia também não saíram do papel. Aguardava-se para o primeiro semestre a liberação das licenças, mas o IBAMA fez novas exigências a Furnas, o que pode colocar em risco a presença destes empreendimentos no leilão previsto para o fim do ano. Além da produção de energia, o projeto prevê não só o desenvolvimento sustentável da região, mas a integração e a melhoria de vida das populações dos estados de Mato Grosso,
Complexo do Rio Madeira
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Cartografia geológica da totalidade da bacia hidrográfica do rio Madeira, na porção WNW de Rondônia, limitando-se a oeste com os estados do Acre e Amazonas e na porção sul-sudoeste com a Bolívia
empreendimentos, aliás, são a marca registrada da Eletrobrás, já que, em alguns casos, como os de Itaipu e Tucuruí, os benefícios levados às populações locais contribuem para sua própria sobrevivência. Nenhuma outra empresa pública vem perseguindo com tanta persistência a chamada sustentabilidade empresarial e o acalentado desenvolvimento sustentável dela decorrente. Ainda em 1986, a empresa publicou o Manual de Estudos de Efeitos Ambientais dos Sistemas Elétricos e o Iº Plano Diretor de Meio Ambiente, embrião do que hoje é a Política Ambiental do grupo Eletrobrás. De acordo com um velho axioma, a verdade nunca
está nos extremos. Aquilo que chamamos de realidade está em constante transformação, muda com o passar do tempo e é permanentemente construída à luz das transformações por que a sociedade passa. Os conceitos da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentado foram elaborados ao longo de décadas e passaram por esse processo até se transformarem em nossas mais caras utopias. O confronto de idéias, assim, é saudável, mas deve ser pautado pelo bom senso e pela eterna busca da humanização das relações entre pessoas e instituições. Que venham as soluções! O Brasil está esperando. Hidelétrica de Tucurui
Roraima, Acre e Amazonas - dos quais os três últimos não estão interligados ao sistema e são abastecidos com energia a partir de combustível fóssil. O empreendimento prevê também o aproveitamento múltiplo do rio, com a ampliação da navegação e o conseqüente incremento da agroindústria e do eco-turismo e a integração das redes fluviais entre Bolívia, Brasil e Peru. Projetos sociais atrelados a grandes
Um bom plano é tudo que precisamos pra preservar nosso maior bem!
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{Por}
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riscila Mantelatto
A
Certificação, uma alternativa para manutenção das florestas
certificação representa uma alternativa à exploração convencional das florestas. Seu objetivo é garantir que a matériaprima ou produto florestal seja extraído e utilizado adequadamente, cumprindo uma série de exigências ambientais e sociais. Para conquistar a certificação, a empresa ou a comunidade deve cumprir normas que incluem redução de danos durante a extração, respeito à legislação trabalhista, proteção à fauna, respeito às áreas de preservação permanente, bom relacionamento com a região onde o empreendimento está inserido, entre outras. As normas para a certificação de florestas são estabelecidas pelo Conselho de Manejo Florestal FSC (Forest Sterwardship Council), organização mundial, que promove o uso responsável das florestas em todo o mundo. Atualmente, a certificação FSC é a que possui maior credibilidade e reconhecimento no mundo, com 875 florestas certificadas em 76 países, o que representa cerca de 84 milhões de hectares, quase três vezes a área do estado de São Paulo. O Brasil, que é líder na certificação FSC entre os países em desenvolvimento, possui mais de 5 milhões de hectares certificados, ou seja, aproximadamente 6% da área certificada pelo sistema FSC no mundo, o que demonstra o potencial de crescimento da certificação no País.
Para os próximos anos, a expectativa do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) é que a busca por um adicional sustentável à produção, propicie um aumento na procura pela certificação florestal, trazendo ao mercado interno uma vasta gama de produtos com o selo FSC. Para conhecer a variedade de produtos certificados já disponível no Brasil, acesse o site do Imaflora (www.imaflora.org) e confira na sessão Empreendimentos Certificados a relação 52
de empresas que investem nesse diferencial socioambiental. Contato: Coord. Comunicação Imaflora Fone: (19) 3414-4015 R. 230 priscila@imaflora.org O Imaflora Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola é uma organização, sem fins lucrativos, criada em 1995, para promover o desenvolvimento sustentável. O Instituto acredita que estimulando boas práticas de produção florestal e agrícola poderá promover a conservação ambiental e o bem estar social.
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V
irgílio Viana
Os serviços ambientais da floresta
O
humanidade: produzem água para chuva, último relatório do Painel Internacional conservam a biodiversidade e armazenam gás sobre Mudanças Climáticas, publicado carbônico. no início de fevereiro mostra uma quadro Não há dúvida de que conservar a floresta é bom alarmante. Se nada for feito para diminuir os para a microeconomia do seringueiro, indígena, impactos ambientais das atividades humanas, caboclo, ribeirinho, colono e fazendeiro, desde teremos sérias conseqüências sociais e que esse possa fazer o manejo florestal de uso econômicas. São necessárias ações concretas e múltiplo. Ao fazer o manejo florestal, o produtor urgentes. combina o ganho da madeira e o dos produtos A mudança do clima global apresenta riscos e florestais não madeireiros. Falta a essa oportunidades. Um dos maiores riscos é o contabilidade incluir os serviços ambientais, aumento da freqüência de eventos climáticos como conservação de extremos: grandes secas estoques de carbono, e cheias, vendavais etc. conservação dos A grande oportunidade recursos hídricos e da que surge é a relação biodiversidade. Estes entre gás carbônico e as serviços, especialmente florestas. Para atenuar a o armazenamento de gás mudança do clima é carbônico, começam a necessário reduzir a ter um valor monetário. produção de fumaça que O Governo do Estado do contenha gás carbônico. Amazonas, por meio da Isto significa diminuir as Nossas florestas prestam serviços para a queimadas e o uso de humanidade: produzem água para chuva, conservam a SDS, vem trabalhando biodiversidade e armazenam gás carbônico neste assunto desde derivados de petróleo. Já 2003. Este trabalho tem recebido crescente existem mecanismos para pagar pelo reconhecimento nacional e internacional. A atual reflorestamento em áreas desmatadas antes de viagem da equipe do Governo do Estado, sob a 1990, como parte do Protocolo de Quioto. liderança do governador Eduardo Braga, começa Atualmente está surgindo um novo instrumento, a colher resultados promissores. Recebemos uma chamado de “pagamento de serviços forte manifestação de interesse em colaborar ambientais”. Em poucas palavras, isto que dizer com a “Iniciativa Amazonas para a Mudança que nossas florestas prestam serviços para a 53
Climática Global” do Banco Mundial, Banco Interamericano, as principais organizações não governamentais e várias instituições de pesquisa do Brasil e do exterior. Estamos na vanguarda do pensamento e da formulação de políticas públicas ligadas ao desmatamento evitado e aos serviços Virgílio Viana
ambientais. Mais ainda, estaremos recebendo um pagamento pelos serviços ambientais prestados por nossas florestas para todo o Planeta e contribuindo para a conservação da Amazônia. Trata-se de uma oportunidade histórica. Com isto esperamos construir um novo horizonte para a conservação de nossas florestas e a melhoria da qualidade de vida para nossas populações ribeirinhas, caboclas e indígenas. Isto é parte do planejamento estratégico do Programa Zona Franca Verde. *Virgílio Viana é secretário do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas
H-Bio Diesel eo
Biodiesel R
O H-Bio não se confunde com o programa de biodiesel, os dois combustíveis são diferentes e complementares
HBIO x Biodiesel A diferença entre os dois: O HBIO é um processo em que o óleo vegetal é introduzido juntamente com o diesel em uma unidade de hidrotratamento dentro da própria refinaria. O pr oduto que sai é um diesel de alta pur eza e qualidade. O Biodiesel é um composto feito em usinas próprias, onde o óleo vegetal passa por um processo químico juntamente com etanol ou metanol, chamado transesterificação.
ecentemente, foi lançado o Programa H-Bio Diesel, um novo tipo de óleo diesel inédito no mundo - produzido a partir de mistura de óleo de soja ou de outros óleos vegetais com petróleo que será refinado a partir de dezembro deste ano. A produção começa em três usinas da Petrobrás: Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, e Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul. A previsão é de que o País consiga reduzir as importações de óleo diesel em cerca 250 milhões de litros por ano que equivalem a 15% das importações de diesel e que custam ao Brasil US$ 145 milhões ao ano. O investimento no projeto é de US$ 38 milhões nesta primeira fase. A partir de 2008, a Petrobrás pretende estender a produção para outras duas refinarias. “Este biodiesel hidrogenado, o H-Bio, abre perspectiva extremamente interessante para a produção de alta escala do combustível de origem vegetal e animal”, disse Requião. O H-Bio foi desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (Cenpes) da Petrobrás nos últimos 18 meses, e não se confunde com o programa de biodiesel, que já vem sendo desenvolvido pelos governos federal e estadual desde 2003. Os dois combustíveis são diferentes e complementares.
Petrobrás responderá por 85% da produção de biodiesel
A Petrobrás prevê produzir 855 mil metros cúbicos/ano de Biodiesel até 2011. Tal volume corresponde a 85% do necessário para atender a mistura de 2% ao diesel (1 milhão de metros cúbicos/ano), obrigatória a partir de 2008. A estatal decidiu investir em três unidades de processamento de biodiesel no semi-árido: em Montes Claros (norte de MG), em Cadeias (BA) e em Quixadá (CE). As fábricas atenderão o consumo do Nordeste, e os investimentos previstos são de US$ 60 milhões. As três unidades entrarão em operação no final de 2007 e usarão como matéria-prima óleos de algodão, dendê e mamona. Serão as primeiras da estatal a produzir em escala comercial, que possui hoje duas unidades-piloto no Rio Grande do Norte. A Petrobrás estuda ainda construir mais nove unidades de processamento do biocombustível: duas no RS, duas no PR, uma em SP, uma em MS, duas em MT e uma no AM. Segundo Ildo Sauer, diretor de gás e energia da Petrobrás, a idéia é usar a produção da agricultura familiar no Nordeste e no Sul. "É um modelo diferente do Proálcool, que concentrou renda e no qual a produção ficou na mão dos grandes agricultores", afirmou. O executivo ressalta que a Petrobrás não investirá nem em plantio de grãos nem em produção de óleo e focará sua atuação só na conversão de óleo vegetal em biodiesel. Filtragem
BR Distribuidora
quer consolidar o biodiesel em 2007
D
Maria das Graças Foster, presidente da BR Distribuidora
epois de levar biodiesel a 3.822 postos da rede em pouco mais de oito meses, comercializando com volume que chega a 475 milhões de litros/mês, a BR Distribuidora quer consolidar o combustível em 2007, como produto rentável na carteira da empresa, mesmo que a mistura de 2% do biodiesel ao diesel comum só seja obrigatória a partir do próximo ano. A BR planeja oferecer biodiesel em toda a rede já em julho. Uma das principais estratégias da BR para este ano, visando o futuro do mercado, é fidelizar os produtores junto à companhia, já que a partir de 2008 as vendas serão feitas de forma direta entre distribuidoras e produtores, sem leilões. A BR Distribuidora está investindo firme para competir neste novo mercado. A subsidiária da Petrobrás realiza reuniões para avaliar as ações na chamada Sala de Monitoriamento do Biodiesel. Atualmente, 43,5% de todo volume de diesel comercializado pela BR contém a mistura de 2% de biodiesel, o chamado B2. “Nossa equipe reúne-se diariamente e, pelo menos duas vezes por mês, a presidência participa. Até chegar ao modelo de distribuição que temos, foi bastante complicado por exigir muitos estudos e trabalhos. A idéia atual em relação ao biodiesel é ter forte zelo em relação à qualidade de como ele chega até às pessoas. O foco principal é esse, já que é um produto novo”, disse a presidente da BR Distribuidora, Maria das Graças Foster. Para isso, a BR criou conjunto de especificações para garantir que a qualidade do produto que chega às bombas seja o melhor possível. Quando o biodiesel é entregue nas bases da BR, o combustível passa por minuciosa verificação. Para garantir se o produto entregue estava dentro dos padrões corretos, criamos padrões-específicos para atestar a qualidade do biodiesel, afirmou o gerente-executivo de Operações da distribuidora, Heitor Miranda. 55
Biodiesel a partir de batata-doce no Tocantins
Agricultores familiares das cidades de Palmas e Puim (TO) irão participar de um projeto de produção de biodiesel por meio da batata-doce. Cem famílias serão capacitadas pela Universidade de Tocantins para fazer a produção do combustível. A tecnologia foi desenvolvida pela Universidade Federal de Tocantins em parceria com o Instituto Ecológica e será financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela Eletronorte. O convênio já foi assinado. Segundo o reitor da universidade, Alan Barbiero, pesquisadores da instituição fizeram vários cruzamentos genéticos com espécies diferentes do tubérculo até conseguir uma que fosse resistente a pragas e pudesse ser usada para a produção do biodiesel e como álcool químico, usado na produção de remédios, e os resíduos da produção podem ser usados como ração animal. Para que os agricultores familiares aprendam a beneficiar o tubérculo e transformá-lo em biodiesel, a universidade, o Instituto Ecológica e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae) darão orientação. "Eles serão treinados na parte de produção industrial, porque cuidar da batata eles já sabem. Agora, precisam saber a usar uma caldeira, precisam aprender a fazer a prensa da batata para extrair o líquido que vai levar o álcool", explicou. Durante dois anos, a universidade e as instituições parceiras vão monitorar o trabalho dos agricultores e avaliar a evolução das comunidades. Nesse tempo a usina será gerida por um comitê formado por Eletronorte, Instituto Ecológica, Universidade Federal de Tocantins, Sebrae, Secretaria Estadual de Agricultura e prefeituras de Palmas e Puim. A previsão é transferir a usina aos agricultores familiares ao fim desse tempo.
Cemig investe em biodiesel para gerar energia elétrica
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) investe numa pesquisa para produzir eletricidade a partir do biodiesel. Técnicos da companhia acreditam que esta poderá ser uma alternativa para a geração de energia descentralizada e renovável em comunidades carentes e isoladas. Os testes serão feitos prioritariamente com biodiesel produzido a partir de oleaginosas comuns no Estado, como pinhão manso e mamona. Mas serão testadas também outras três opções: soja, girassol e nabo forrageiro. A unidade-piloto de produção de biodiesel terá capacidade para 3 mil litros por dia. A produção inicial será de 1 mil litros por dia. A geração de eletricidade será feita através de microturbinas e moters estacionários de combustão interna. Testes laboratoriais vão demonstrar qual é a capacidade de geração energética a partir do biodiesel, tendo como parâmetros o rendimento, o custo e a disponibilidade da matéria-prima. Até o fim do ano, a Cemig deverá concluir as análises das oleaginosas, a montagem do laboratório de certificação e da unidade-piloto de produção de biodiesel. A partir de 2007, os técnicos envolvidos no projeto vão trabalhar nas análises da geração energética e nas correções do processo que se fizerem necessárias. Segundo o superintendente de tecnologia e alternativas energéticas, José Henrique Diniz, a idéia é transferir a tecnologia para setores produtivos interessados. A propriedade sobre as tecnologias será dividida na proporção de 66,6% para a Cemig e 33,3% para o CETEC, um centro de tecnologia parceiro da estatal no projeto. Diniz afirmou que a geração energética a partir do biodiesel contribui para a universalização do acesso à energia, a criação de emprego e renda e poderá ser um importante instrumento de desenvolvimento para regiões remotas. Em paralelo ao desenvolvimento da pesquisa, a superintendência já trabalha num projeto para geração de 100 quilowatts de energia numa localidade remota, a partir da geração de biodiesel em pequena escala. 56
No Acre, a Fundação de Ciência e Tecnologia do Acre (Funtac), está iniciando estudos para a produção de Biodiesel através de Buritis
As Oleaginosas da
Amazônia e o Biodiesel
C
om o objetivo de aprofundar as discussões sobre a produção de biocombustíveis no país e o uso de culturas da Amazônia nesse processo, a Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) do Ministério do Meio Ambiente promoveu em Brasília, o seminário Experiências Amazônicas com Oleaginosas noAuditório da Eletronorte. De acordo com a gerente do Núcleo de Energia da SQA, Vânia Ribeiro, o modelo que o governo federal está desenvolvendo para os biocombustíveis aponta o uso do dendê como uma das culturas a serem exploradas na Amazônia. "A idéia do seminário foi avaliar os modelos que já estão sendo usados e tentar compatibilizá-los com a manutenção da biodiversidade, além de procurar por outras alternativas a essa cultura, como o buriti e o babaçu", explicou. Apresentaram estudos sobre oleaginosas e as potencialidades das espécies amazônicas para geração de energia e renda em comunidades isoladas a Eletronorte, a Embrapa e a Secretaria de Produção Rural do Estado do Amazonas e a Universidade doAmazonas.
Últimas Notícias
Biocombustíveis
Sobre o biodiesel O biodiesel, ou seja, óleo virgem derivado de algumas espécies de plantas, apresentam vantagens muito interessantes, como a possibilidade real de substituir quase todos os derivados do petróleo sem modificação nos motores, eliminando a dependência do petróleo. Além de ser naturalmente menos poluente, o biodiesel reduz as emissões poluentes dos derivados de petróleo. As plantas mais utilizadas atualmente para produção do biodiesel são a soja, a colza, o pinhão manso, a mamona, o dendê, o girassol e a macaúba. As mais produtivas são o dendê e a macaúba, confirmando a potencialidade das palmeiras. A política brasileira prevê o incentivo à produção da mamona no Nordeste e no Bioma Caatinga como um todo; do dendê no Norte eAmazônia; e da soja no Cerrado, Sul e Sudeste.
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Para incentivar a produção de biocombustíveis e promover a diversificação da matriz energética no Brasil e em outros países, os governos brasileiro e americano firmaram um memorando de cooperação durante a visita de George Bush ao Brasil. O acordo prevê investimentos no desenvolvimento de tecnologias para a fabricação de biocombustíveis, o estabelecimento de um padrão global na sua produção e a transferência de tecnologia para outros países. A intenção do governo federal é expandir o mercado de fontes de energia baratas e sustentáveis e ainda estimular a geração de riqueza e emprego nas regiões produtoras. O memorando é, sem dúvida, uma resposta ao grande desafio energético do século
Biodiesel A legislação brasileira estabelece que até 2013 todo o diesel vendido aos consumidores deverá ter uma adição mínima de 5% de biodiesel, meta que pode ser antecipada para 2010. Para tanto, o BNDES oferece um programa de financiamento especial com condições mais facilitadas que hoje já somam R$ 89 milhões em projetos para produção de 300 milhões de litros por ano. Já os bancos do Brasil, do Nordeste e da Amazônia financiam a agricultura familiar que cultiva matéria-prima para a produção do biodiesel. O BB liberou, por exemplo, R$ 13,5 milhões para o Piauí - o que vai garantir o plantio de 24 mil hectares nesta próxima safra beneficiando oito mil famílias.
Uma nova
Amazônia O LBA possui uma rede de torres de medições micrometeorológicas instalada na Amazônia que busca compreender o funcionamento da Bacia Amazônica como uma entidade regional com relação aos fluxos de energia, água, carbono e nutrientes
As descobertas do programa brasileiro de pesquisas que revolucionou o conhecimento sobre a floresta tropical
A
s queimadas na Amazônia reduzem as chuvas no Rio Grande do Sul e em Buenos Aires. Há provas que o desflorestamento aumenta de fato o efeito estufa. A fumaça das queimadas pode reduzir em até 60% a radiação solar de que as plantas precisam. Jatos de ar vindos da Amazônia podem levar esta fumaça até os pulmões dos paulistas. A expansão das plantações e pastos já afeta a qualidade das águas de rios amazônicos de porte médio. Quando os agricultores queimam as matas tropicais é liberado tanto ozônio, que plantações de soja a centenas de quilômetros podem perder até 50% de suas sementes. Reservas florestais comunitárias ajudam a retardar o retalhamento de meios ambientes na
Amazônia. É possível ensinar sertanejos e seringueiros a ler imagens de satélite e dados de GPS para usar melhor os recursos da floresta. Há modos de revitalizar 200 milhões de hectares abandonados na Amazônia depois que as monoculturas esgotaram os nutrientes do solo. Se um único grupo de cientistas tivesse feito todas estas descobertas, eles seriam famosos, certo? Errado. Todas estas descobertas aconteceram, de fato, dentro do mesmo projeto científico, mas praticamente ele ainda é um desconhecido para a imensa maioria dos brasileiros. Isso, apesar de ser um dos maiores programas mundiais de ciência na área ambiental, de ser liderado pelo Brasil, de contar com 1700 cientistas (cerca de 1000 brasileiros), de formar - até 2006 - quase 400 mestres e doutores, de ter revolucionado quase tudo que (não) se sabia sobre a maior floresta tropical do planeta, enfim, de ser a maior iniciativa científica, já feita, para entender como a Amazônia funciona. Na verdade o LBA - sigla pela qual é conhecido o Experimento de Grande Escala da BiosferaAtmosfera na Amazônia - existe desde 1998. É um
imenso programa de pesquisas, proposto pelo Brasil e viabilizado por acordos internacionais. O LBA é coordenado cientificamente pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA (com sede em Manaus - AM), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o qual financia as pesquisas por meio das agências de fomento brasileiras (CNPq, Fapesp, Finep, etc); da NASA (órgão americano de pesquisa espacial) e da National Science Foundation, dos EUA; da Comissão Européia; do Instituto Interamericano de Pesquisas sobre Mudanças Globais; de países da Bacia Amazônica (Venezuela, Peru, Bolívia, Colômbia e Equador); de outras instituições americanas e de oito países europeus.
Um risco global: a floresta ameaçada Mas afinal de contas, por que o LBA foi criado? Por que reunir tantos recursos, equipamentos e cérebros para estudar a Amazônia? Para uma boa resposta é preciso lembrar que a maior floresta tropical do planeta cobre 7 milhões de
Estudos de solo
quilômetros quadrados, no território de 9 países (dois terços da floresta estão em território brasileiro). Nessa área, onde vivem 24 milhões de pessoas, encontra-se, entre outras riquezas, a maior reserva de água doce da Terra (recurso que, segundo algumas previsões, pode tornar-se tão estratégico no século XXI, quanto foi o petróleo no século XX). Mas há mais: os fenômenos físicoquímicos que acontecem na Amazônia são de tal ordem que podem afetar a atmosfera e o clima em todo o globo. Desde os anos 70, quando se acelerou a ocupação econômica e a transformação forçada do território amazônico, condições naturais inalteradas há séculos, começaram a mudar, em ritmo crescente. A princípio foram poucos os que se deram conta da dimensão do que começava a ocorrer: alguns cientistas, os primeiros ambientalistas, poucos jornalistas e artistas, políticos mais sensíveis. Hoje, governos, instituições e a comunidade acadêmica mundial acreditam, unânimes, que os processos naturais da Amazônia têm importância estratégica. E mais: que seu desequilíbrio pode ter conseqüências imprevisíveis. As perguntas difíceis Existiam, portanto, e ainda existem, razões de sobra para buscar respostas a duas p e r g u n t a s , fundamentais e complexas. Primeira: como funciona a Amazônia, como um sistema regional, em relação aos ciclos de água, energia, carbono,
Estudo integrado ligando o seqüestro de carbono pela floresta à hidrologia e aos ciclos biogeoquímicos de nutrientes
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Imagens do satélite CBERS-2 de área desmatada em Acrelândia/AC
gases do efeito estufa e nutrientes? Segunda: como as mudanças de uso da terra e do clima podem afetar o funcionamento físico, químico e biológico dos ecossistemas amazônicos? Essas duas perguntas, assim formuladas, se tornaram as Questões Científicas do LBA.
Imagens do satélite CBERS-2 de área desmatada ao longo da Transacreana/AC
Química da Água; Química Atmosférica; Mudanças do Uso da Terra e da Cobertura Vegetal; e Dimensões Humanas das Mudanças Ambientais. Só que as descobertas em cada uma destas sete áreas tem de ser relacionadas (os cientistas chamam isso de interdisciplinarida de). A abordagem
Imagem de laboratório e equipamentos utilizados pelo LBA
Isso quer dizer que a principal tarefa do LBA é decifrar um intrincado enigma: as multicomplexas interações entre a Amazônia e as condições da atmosfera e do clima, seja na escala regional, seja na mundial. Os cientistas se fazem perguntas difíceis: como funciona essa região? Como as mudanças no uso da terra afetam o clima local e global? Como as alterações do clima influem no funcionamento da floresta e na sua sustentabilidade? Para responder melhor, os cientistas dividiram o Programa LBA em sete áreas de pesquisa: Física do Clima (água e energia); Armazenamento e Trocas de Carbono; Ciclos Biogeoquímicos; Hidrologia de Superfície e
conjunta tem um alvo: respostas científicas para o desenvolvimento sustentável da complexa região amazônica. Ou seja: como fazer a Amazônia progredir e como sustentar sua população com qualidade de vida, sem destruí-la. Em outras palavras: como criar uma alternativa ao processo econômico hegemônico, que destrói a mata pelos lucros do curto prazo - das commodities agrícolas à exportação da madeira
Equipamento para amostragem da água de chuvas para estudos de deposição úmida (determinação da acidez, de substâncias e elementos presentes na água de chuva)
Equipamento para estudos da qualidade do ar mediante fotometria solar (UFAC)
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: Imagens do satélite CBERS-2 de área desmatada ao longo da Transacreana/AC
de lei - e despreza os riscos de longo prazo.
As respostas inquietantes Mas o que o LBA tem de fato descoberto, para poder ajudar as populações amazônicas, e mesmo um desenvolvimento mais equilibrado do país (sem falar da preservação do meio ambiente mundial - para humanos, vegetais e animais)? A lista é grande, mas existem alguns destaques. Entre muitas outras descobertas do LBA com
Imagens do satélite CBERS-2 de área desmatada ao longo da Transacreana/AC
potencial de beneficiar direta ou indiretamente a Amazônia, podem-se citar como exemplos: 1. cientistas do LBA provaram que os desflorestamentos e as queimadas aceleram o efeito estufa; podem reduzir a radiação solar utilizada na fotossíntese em até 60%, devido à fumaça; alteram o mecanismo da formação de nuvens e podem diminuir chuvas na Amazônia e em outras partes do país ou mesmo do continente;
2. graças ao LBA foi explicado como os aerossóis (micro partículas emitidas por plantas, queimadas ou outras fontes, ao redor das quais o vapor de água se condensa) funcionam para nuclear (formar) as nuvens de chuva e absorver a radiação solar; 3. cientistas coordenados pelo professor doutor José Antonio Marengo Orsini, do Centro de
Equipamento para monitoramento da qualidade por aetalometria e nefelometria (UFAC)
Escritório Central do Programa LBA em Manaus/AM, localizado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
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Tempestade sobre a Fl+oresta Amazônica
Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) reuniram fortes evidências da relação entre a formação de nuvens na Amazônia e a ocorrência de chuvas no Sudeste e Sul do Brasil e na Bacia do Prata. Entre outras experiências, eles lançaram em 2003 cerca de 700 balões no céu da Amazônia, cada um deles carregando sensores. Os resultados mostraram as trajetórias dos chamados "jatos de baixos níveis" da América do Sul, que podem ser comparados a "rios voadores" que carregam a umidade do norte para o sul do continente. Só que quando os jatos encontram, no lugar da floresta, a fumaça das queimadas, ela também é carregada para as demais regiões, em detrimento da umidade (e das chuvas); 4. outro grupo, liderado pelos professores Paulo Artaxo (do Instituto de Física da USP) e J. F. Luizão (do INPA, o Instituto de Pesquisas da Amazônia), mediu o aumento de produção de ozônio nas queimadas. Em Rondônia, concentrações de ozônio já atingiram até 100 partes por bilhão, medidas comparáveis às de áreas urbanas como São Paulo. O pior é que nesta concentração o ozônio é fitotóxico: danifica a floresta não queimada e plantações (especialmente de soja) que podem estar a centenas de quilômetros, causando grande perda de sementes (no caso da soja, até 50% das sementes podem ser perdidas);
5. algumas pesquisas mostraram também que a substituição da floresta por pastagens, plantações e cidades já causa impactos até em rios de porte médio, como o Ji-Paraná, em Roraima e que há sinais de alterações mesmo nos grandes rios; 6. outros estudos concluíram que o famoso “inferno verde” é um mito, ou seja, a floresta não cresce por igual: as taxas de crescimento da mata variam regionalmente dentro da Amazônia, governadas principalmente pela fertilidade do solo e a duração do período seco do ano, ou seja, a Amazônia oriental (perto dos Andes) é bem diferente da Amazônia costeira, só para dar um exemplo; 7. uma surpresa: já estão acontecendo chuvas ácidas na Amazônia (sobre áreas desflorestadas), devido à grande liberação do nitrogênio da vegetação para o ar, durante as queimadas, causando, com isso, a deposição de muita amônia no solo e na vegetação; 8. uma esperança: o professor doutor Flávio Luizão e sua equipe mostraram que áreas abandonadas ou degradadas depois de serem usadas como pastagens ou plantações (na Amazônia há 200 milhões de hectares nestas condições), podem ser recuperadas e voltar a ser produtivas e ecossistêmicas, por meio de cultivos sem queima e da adoção dos Sistemas Agroflorestais (um tipo de exploração do terreno 62
que combina a agricultura com o plantio de árvores e outras espécies de valor econômico); 9. um alerta: no LBA foi constatado que a construção de estradas (muitas delas ilegais) e a extração seletiva de madeira podem favorecer a chegada dos incêndios florestais a áreas antes livres de fogo, num processo de retroalimentação que leva a novos incêndios nos anos seguintes e à destruição da floresta; 10. em compensação, os cientistas do LBA também desenvolveram sistemas avançados de detecção de desflorestamentos e queimadas por satélite, que flagram a extensão e o impacto da extração seletiva de madeira e a construção de estradas ilegais, em tempo quase real, o que permitiria ações quase instantâneas de fiscalização e controle; 11. outro grupo de cientistas, liderado por Mateus Batistella (da Embrapa Monitoramento por Satélite) e Emilio F. Moran (da Indiana University), constatou que reservas florestais comunitárias podem retardar o retalhamento da floresta amazônica, isto é, que as matas comunitárias, manejadas por seringueiros, são importantes para preservar a cobertura vegetal; 12. no Acre, o grupo coordenado por Irving Foster Brown (do Woods Hole Research Center e da Universidade Federal do estado) ensina os sertanejos a usar satélites e GPS (sistema de geoposicionamento global) para planejar o uso da terra e medir danos ambientais, numa ação
Técnicos do LBA em treinamento para manutenção das torres instrumentadas do LBA
A Amazônia é um patrimônio inestimável, com funções que garantem equilíbrio ambiental para todo o Brasil, quiçá para o planeta inteiro. O LBA mostra como a ciência pode ajudar a manter esse patrimônio e suas funções e, ao mesmo tempo, criar formas viáveis e inteligentes de usar a floresta em benefício das comunidades humanas.
Queimada na Amazônia
inédita de capacitação de comunidades rurais, que também beneficia o programa nacional de ensino médio indígena, e se estende a toda a região limítrofe de Brasil, Peru e Bolívia; 13. trabalhando com simulações de computador, os professores Britaldo Silveira Soares-Filho, da Universidade Federal de Minas Gerais, e Daniel Nepstad, do Woods Hole Research Center, do IPAM, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, e da Universidade Federal do Pará, desenvolveram uma proposta alternativa para preservar a Amazônia da destruição intensiva. A floresta, que sem qualquer controle pode perder 2,2 milhões de quilômetros quadrados até 2050 e ameaçar de extinção de 382 espécies animais, também poderia ter o desflorestamento dos próximos 40 anos limitado a não mais que 900 mil quilômetros quadrados, se forem adotadas as recomendações de políticas públicas deste estudo e, principalmente, um novo mecanismo de compensação financeira, aos países em desenvolvimento, pela preservação da mata, com a conseqüente não liberação, na atmosfera, de bilhões de toneladas de dióxido de carbono.
O sonho do LBA Para realizar estas e outras pesquisas o LBA fez um inédito aporte de equipamentos às instituições científicas amazônicas: laboratório de alta precisão para coletar amostras de solos, gases, vegetais e água; uma rede de torres instrumentadas na floresta, no cerrado, nas pastagens e nas plantações; sensores móveis em balões atmosféricos, barcos e aviões; radares; satélites e o uso intensivo do GPS (sistema de posicionamento geográfico).
Mais que isso, foram instalados dezenas de novos sítios instrumentados de pesquisa, centenas de jovens cientistas foram formados ou estão em formação (até o final de 2006 vão ser 400 mestres e doutores) e foi criado o Sistema de Informações e Dados do LBA, o LBA-DIS, com acesso público via CPTEC/INPE e INPA. Toda a ciência amazônica passou por um processo de amadurecimento e atualização com o LBA. Uma das consequências mais positivas do LBA foi a abertura de cursos inéditos de graduação e pósgraduação na Amazônia. Na graduação surgiram os cursos de Física Ambiental na Universidade Federal do Pará, em Santarém; de Engenharia Ambiental na Federal de Rondônia, em Ji-Paraná; de Meteorologia Tropical na Universidade do Estado da Amazônia, em Manaus. Em pósgraduação podem citar-se os cursos de Ciências Ambientais da Federal do Pará, em Belém; de Física e Meio Ambiente da Federal de Mato Grosso, em Cuiabá; de Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Federal de Rondônia, em Porto Velho (RO); e de Clima e Ambiente na estadual da Amazônia, em Manaus. Ou seja, foi implantada uma rede de formação de especialistas de alto nível na região amazônica. Agora, a meta do Programa é continuar as pesquisas e consolidar as bases para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. O grande beneficiado do Programa é o Brasil, onde todos os dados do LBA ficam armazenados. Esses dados podem influir nas políticas públicas e em novas leis, que ajudem a manter a qualidade das águas, a biodiversidade e os ecossistemas amazônicos. O grande desafio é conciliar a preservação da natureza com as necessidades sociais da região.
Atividade de corte de madeira na Amazônia
Torre instrumentada para medição de fluxo na região de Santarém
63
{Por}
E
lizabeth C. Cavalcante
Petrobras e comunidades elaboram agenda 21 local
P
ara promover o desenvolvimento sustentável das comunidades de baixa inclusão social em áreas de influência direta ou indireta de suas instalações industriais, a Petrobras criou o programa "De Olho no Ambiente", com investimento de R$ 4,5 milhões. O programa, iniciado em 2004, está presente em cerca de 300 comunidades de 23 estados do país. O trabalho visa construir e elaborar a Agenda 21 Local, por meio de ações estratégicas dirigidas às
questões prioritárias para o desenvolvimento sustentável, levando em consideração a análise das vulnerabilidades e potencialidades de sua base econômica, social, cultural e ambiental. O "De Olho no Ambiente" está alinhado com as ações propostas às políticas ambientais e de responsabilidade social da Petrobras e conta com a parceria institucional dos Ministérios do Meio Ambiente e das Cidades, além de representantes do Terceiro Setor. Organizações nãogovernamentais (ONG´s) aplicarão questionários 64
junto às comunidades escolhidas, que servirão como base para elaborar os diagnósticos comunitários. O resultado da pesquisa indicará as necessidades das populações mais carentes, em cerca de 100 mil moradias, distribuídas nos 23 estados. A finalização do projeto está agendada para o mês de outubro deste ano. "A partir desta ação, os envolvidos no processo realizam debates para identificar e implementar ações que visem o desenvolvimento sustentável local. Este trabalho prevê que cada comunidade
Amazonas Em Manaus, as duas unidades da Petrobras: Refinaria Isaac Sabbá (Reman) e Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Petrobras na Bacia do Solimões (UN-BSOL) estão responsáveis pela coordenação local. A Refinaria coordena o projeto nas comunidades adjacentes de Mauazinho, Vila da Felicidade, Lagoa Verde, Colônia Oliveira Machado e Educandos, além do município de Presidente Figueiredo e a comunidade de Vila Lira, município de Coari. A UN-BSOL auxiliará o trabalho em três bairros de Coari: União, Urucu e Pêra; e nas comunidades Lauro Sondé, Nova Esperança II e Santa Luzia do Buiuçuzinho; e no município de Carauari, nos bairros Ramalho, Morumbir, Luz, Memória e na comunidade Lago do Futuro. Na Região Sul o projeto está em fase de conclusão dos questionários. E, nas demais regiões, há um processo de implantação das ações.
passe a perceber, de forma mais apurada, o ambiente em que vive, incentivando-os a diagnosticar seus problemas e estabelecer soluções de modo coletivo, propiciando a reflexão sobre o exercício da cidadania, estimulando a responsabilidade socioambiental, buscando autonomia em suas ações e colaborando para a melhoria da qualidade de vida", explica Dozin Ramos Filhos, gerente Nacional do programa "De Olho no Ambiente". (*) A autora é jornalista
Ocobre
o Sossego e D
a CVRD
o uso em fios e cabos à construção civil, indústria naval e química. Nestes e em muitos outros segmentos, a utilização do cobre é fundamental. Aliás, o metal está intimamente ligado à nossa existência, por ser um elemento essencial à vida. Para se ter uma idéia, o corpo humano precisa de cobre para ter maior resistência, melhor desenvolvimento cerebral e perfeito funcionamento do coração e do fígado. O cobre foi o primeiro metal a ser utilizado pelo homem, por volta do ano de 13.000 a.C. Usado inicialmente como substituto da pedra nas ferramentas de trabalho, armas e objetos de decoração, o metal transformou-se numa descoberta que contribuiu para a história da evolução humana pela sua resistência. Hoje, aproximadamente 45% do consumo anual de cobre, no mundo, são destinados para fabricação de material condutor (fios e cabos). O cobre também é utilizado em tubos de condensadores e encanamentos, eletroímãs, motores elétricos,
Aplicações A aplicação por excelência do cobre é como material condutor (fios e cabos), destinação de aproximadamente 45% do consumo anual de cobre. Outros usos são: Tubos de condensadores e encanamentos; Eletroimãs; Motores elétricos; Interruptores e relés, tubos de vácuo e magnetrons de fornos microondas; Se tende ao uso do cobre em
interruptores, cunhagem de moedas (com o níquel), esculturas, estátuas, construção de sinos, e usos ornamentais em ligas com zinco (latão), estanho (bronzes) e prata (jóias), entre outros. As reservas mundiais de cobre, medidas e indicadas, atingem atualmente cerca de 607 milhões de toneladas de metal contido. Mais de 40% dessas reservas estão localizadas no Chile (27%) e nos Estados Unidos (15%). Também possuem produção representativa do minério os países da Polônia (6%), Zâmbia (6%), Rússia (5%) e Peru (4%). Os maiores exportadores são o Chile e a
circuitos integrados em substituição ao alumínio, de menor condutividade; Cunhagem de moedas (com o níquel), esculturas, estátuas , construção de sinos , e usos ornamentais em ligas com zinco (latão), estanho (bronzes) e prata (jóias) e Lentes de cristal de cobre empregadas em radiologia para a detecção de pequenos tumores. O sulfato de cobre II é um composto de cobre de grande importância industrial, sendo empregado na agricultura, na purificação da água e como conservante da madeira. 66
Indonésia, que, em conjunto, representam 56% das exportações mundiais de concentrado que se destinam em grande parte ao mercado asiático, em especial ao Japão e China. O Japão, que não possui reservas de cobre, é o maior importador mundial de concentrado, o que possibilita sua performance como terceiro maior produtor mundial de cobre refinado. Sossego - A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) descobriu o cobre na região de Carajás em 1976. Na localidade existem cerca de 1478 milhões de toneladas lavráveis e o primeiro projeto de cobre operado pela empresa é o Sossego, situado no município de Canaã dos Carajás, sudeste do Pará. Descoberta em 1997, a mina do Sossego foi construída em 2002 e o primeiro embarque aconteceu em junho de 2004, o que representa um tempo recorde na implantação de um projeto de cobre. Essa inauguração inseriu a Vale no mercado mundial deste minério, tornando-a uma das maiores mineradoras diversificadas das Américas. O primeiro embarque foi de 16,5 mil toneladas de concentrado de cobre e teve
como destino a empresa alemã Norddeuschte Affinerie, um tradicional produtor europeu de produtos de cobre. O Sossego é composto por dois corpos minerais - Sossego e Sequeirinho - com reservas provadas e prováveis de 244,7 milhões de toneladas de minério de cobre. O teor de cobre é estimado em 1%. A mina do Sossego produz 140 mil toneladas por ano de cobre contido. A usina tem capacidade para processar 1.840 toneladas de minério por hora. Com o Sossego, são gerados cerca de 500 empregos diretos e 1500 indiretos na região. “O empreendimento do cobre trouxe importantes mudanças para Canaã, tanto no âmbito econômico como no social. Proporcionou aumento na atividade comercial, geração de negócios, empregos diretos e indiretos, instalação de postos bancários, melhorias na área de saúde, educação, cultura, lazer, programas de formação profissional e melhorias na infra-estrutura do município, gerando qualidade de
vida”, ressalta Paulo Godoy, gerente de Plantas Piloto da CVRD, no Sossego. Empresa com excelência ambiental, a Vale está atenta para as melhores práticas , pautadas na legislação e normas vigentes. Com suas ações ambientais, a Vale preserva integralmente cerca de dois milhões de hectares de áreas de mata nativa, no Pará. Mais cobre - Além do Sossego, a Vale pretende investir na implantação de outros projetos de cobre no Pará, como o 118 (Canaã), Salobo (Marabá), Alemão (Parauapebas) e Cristalino
Principais fontes de cobre O cobre está presente nos alimentos ricos em minerais como batata, feijão, ervilha, trigo, pêssego, passas, e até no chocolate. Alguns alimentos são particularmente ricos em cobre, entre eles as castanhas (especialmente a castanha-do-pará e a castanha de caju), sementes (especialmente as de papoula e girassol), grão-de-bico, fígado e ostras. Alimentos naturais, tais como, cereais, carne e peixe, geralmente contêm cobre suficiente para fornecer até 50% das necessidades diárias de uma alimentação equilibrada. A água potável é outra fonte de cobre já que ele é um elemento natural encontrado na terra.
(Curionópolis). Todos esses projetos, em pleno funcionamento, irão produzir mais de 700 mil toneladas de cobre por ano. “O investimento nesses projetos reforça a posição da Vale na indústria do cobre, destaca Paulo Godoy, da CVRD.
Provincia mineral de Carajás Localização da mina do Sossego no município de Canaã dos Carajás, ao sul da mina de ferro de N4, em Carajás
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O turismo sustentável na Amazônia
D
ois estudos sobre a oferta e o mercado do turismo sustentável da Amazônia foram apresentados durante areunião entre a equipe do Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal (Proecotur) e oGrupo Técnico de Coordenação do Ecoturismo na Amazônia. Um consórcio de empresas elaborou o estudo. A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) analisou o mercado interno e a IPK International analisou o mercado externo. Ambas trabalharam sob a coordenação técnica da Ruschmann Consulting. Operadores turísticos, autoridades e especialistas nacionais e internacionais também foram consultados durante a elaboração do estudo. O Estudo de Mercado do Turismo Sustentável para a Amazônia Legal revela que a região pode atrair até 3 milhões de turistas por ano. A demanda efetiva do Brasil é de 6 milhões de turistas. Atualmente, apenas 0,05% dos turistas estrangeiros que viajam pelo mundo escolhem a Amazônia como destino. O estudo indica que os Estados Unidos, a Alemanha, a França, a China e o Japão são os alvos preferenciais para o turismo sustentável da região. Destaca ainda que a
O governo quer transformar a região amazônica brasileira em importante pólo turístico nacional e internacional Teatro Amazonas - Amazonas
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Foto: Guilherme Brasil/MMA
que atendam a procura por alta qualidade e sejam atraentes e apropriados a cada mercado. Na reunião também foi apresentado o Diagnóstico da Oferta Turística Efetiva e Potencial da Região Amazônica. Ao mesmo tempo em que analisa a oferta de turismo, o diagnóstico apresenta um perfil da infraestrutura disponível e dos serviços oferecidos. Também identifica as potencialidades turísticas da região e avalia os principais atrativos em seus aspectos qualitativos, quantitativos e geográficos. Aponta também as principais fragilidades da região, relativas aos aspectos da gestão pública e privada, infraestrutura e serviços. Os dois estudos precedem a elaboração da
Gilney Viana, Sec. de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável do MMA na apresentação do Estudo de Mercado do Turismo Sustentável da Amazônia.
Durante a apresentação do Estudo
Estratégia de Desenvolvimento do Turismo Sustentável para a Amazônia Legal. Com ela, termina a primeira fase do Proecotur, implementado pela Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do ministério, por meio de um contrato de empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Essa Estratégia orientará as decisões dos ministérios do Meio Ambiente e do Turismo e dos estados da região na definição de investimentos de curto, Ver-o-Peso - Pará
Amazônia é sua "própria marca". O interesse pela região, segundo o estudo, é maior no mercado internacional. A Amazônia pode se tornar um destino ainda mais atraente aos olhos dos turistas estrangeiros se a viagem associar também visitas ao resto do Brasil e a outros países da América Latina. A criação de um ambiente sustentável para o novo turista não exige investimentos em grandes obras, mas em estratégias inteligentes para o transporte, conforme indica o estudo. Além disso, as melhorias em infraestrutura e na oferta de serviços devem levar em conta tecnologias ambientalmente corretas, qualidade e acessibilidade. Também é necessário criar produtos sustentáveis
De acordo com os dados obtidos, existe hoje um potencial considerável de demanda mundial para a Amazônia, porém, atualmente, há um interesse limitado tanto do mercado doméstico como do mercado turístico internacional, refletido nas estatísticas de viagens de lazer para a região. É preciso criar rotas que combinem com fácil acesso e, principalmente, aproveitar o fato de a Amazônia ser sua própria marca, desvinculada até do Brasil, criando e mantendo uma imagem positiva da região. A Amazônia brasileira possui recursos naturais e culturais de qualidade, condições de implantação de uma boa infra-estrutura, inclusive com a utilização de tecnologias limpas (o que garante mais um diferencial de mercado), e pode se tornar um dos destinos mais sofisticados do mundo, competitivo no mercado nacional e internacional.
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Recentemente, na Feira de Berlin, ministros e autoridades em turismo dos paises membros da Organização de Cooperação Amazônia - OTCA , propuseram e discutiram formas de divulgar a região amazônica como roteiro de turismo sustentável. A OTCA pretende lançar o ano de 2009 como o Ano Destino Anazônia e já começou a discutir estratégias para dar maior visibilidade à nossa região amazônica em todo o mundo.
médio e longo prazos. Os investimentos marcam a próxima fase do programa, que será coordenada pelo Ministério do Turismo. O objetivo do Proecotur é viabilizar o turismo na Amazônia como alternativa para o desenvolvimento sustentável da região. O Grupo Técnico de Coordenação do Ecoturismo na Amazônia assessora o Proecotur. Ele é composto por representantes dos governos estaduais da região, do governo federal e de organizações da sociedade civil. Técnicos dos ministérios do Meio Ambiente e do Turismo também participaram da reunião.
Fortaleza de São José - Amapá
Vocação para o desenvolvimento egundo Allan Milhomens, coordenador geral do programa no Ministério do Meio Ambiente, a Amazônia brasileira tem vocação para o desenvolvimento de um estilo próprio de ecoturismo e essa pode ser a estratégia correta para a preservação da região, já que o turismo atribui valor à natureza e pode ajudar a evitar, deste modo, a sua destruição. O turismo na Amazônia deve aproveitar a demanda mundial por destinos de natureza conservada, e culturalmente ricos, e se estruturar para um desenvolvimento diferente do turismo de massa, focando-se, ao contrário, em nichos de mercado. O Ministério do Meio Ambiente tem papel garantido na segunda fase do Proecotur, que será focada na estruturação da atividade turística na Amazônia. O órgão vai responder prioritariamente pela questão da sustentabilidade ambiental da atividade, pela discussão em torno dos indicadores de sustentabilidade ambiental, pelo fortalecimento dos órgãos estaduais de meio ambiente, pelo ordenamento das atividades de uso público em unidades de conservação e no apoio ao desenvolvimento de projetos de base comunitária desenvolvidos dentro e no entorno dessas unidades de conservação.
S
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Feira de Agricultura Familiar mostra força do setor
e supera expectativa
O
Ministério do Desenvolvimento Agrário alcançou um recorde de expositores na III Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária, realizada recentemente em Brasília. Foram 520 empreendimentos. Na abertura da Feira, foi lançado o Plano Safra de Agricultura Familiar 2006-2007. A agricultura familiar é responsável por 40% da produção agropecuária nacional e por 77% da população empregada no campo. A feira teve também uma oportunidade aos produtores para que eles comercializem sua produção, através das Rodadas de Negócios, em uma parceria do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), cuja idéia foi criar um ambiente favorável para a aproximação de mercado s e a geração de negócios. Exemplo: a aproximação de restaurantes e supermercados, dos principais fornecedores da agricultura familiar. A Rodada de Negócios foi um grande sucesso. O coordenador do Programa de Agroindústria do MDA, José Adelmar Batista, disse foram movimentados
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Cachaças atraem o público
A Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária é um espaço de promoção para expositores de todo o Brasil divulgarem e comercializarem seus produtos, inclusive os de agroindústrias familiares e de artesanato. São produtos oriundos de agricultores familiares, pescadores artesanais, mulheres trabalhadoras rurais, assentados da reforma agrária, extrativistas, aqüicultores, quilombolas e indígenas. Neste ano, foram 520 expositores de todo o Brasil, ante os 277 em 2004 e os 486 em 2005. A Feira aconteceu no Pavilhão ExpoBrasília, no Parque da Cidade, em Brasília.
Goiabada com pimenta foi uma das curiosidades gostosas da Feira
Rosângela de Faria e sua cortina confeccionada com caroços de açaí: sucesso de vendas atestou vitalidade do artesanato paraense
cerca de mais de R$ 10 milhões com a comercialização de produtos nos estandes e com a Rodada de Negócios. A primeira versão da feira, realizada em 2004, movimentou cerca de R$ 4 milhões, e em 2005, esse número chegou a R$ 8 milhões. Outra novidade deste ano foram os protótipos de agroindústrias familiares, onde o público conferiu o processo produtivo da matéria-prima até o produto final. Estiveram expostos modelos de agroindústrias de castanha de baru, do município de Formosa (GO), castanha do caju de Serra do Mel (RN), pó de guaraná de Alta Floresta (MT), e erva-mate de Novo Barreiro (RS). A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) 72
Boi do Seu Teodoro do DF Mônica ficou satisfeita com os negócios na feira
também teve um estande, junto aos protótipos, expondo sua tecnologia para agroindústrias familiares, como o processamento de alimentos e a classificação de sementes. Para o coordenador da Feira, José Batista, o evento foi uma excelente oportunidade para os produtores familiares e assentados com dificuldades de comercialização. “O mais importante é que na Feira o produtor teve um espaço garantido para divulgar e apresentar o seu produto para o público em geral e mostrar que ele é tão bom como os produtos das grandes marcas”, avalia José Batista. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que promoveu o evento, custeou a viagem, o transporte dos produtos desde a capital de seus estados de origem, a hospedagem dos expositores e inclusive a embalagem utilizada nas vendas.
Quadrilha do DF Pequenos Caipiras
*N.E: Esse tipo de Feira deveria ser implantado em todos os Estados da Amazônia
O músico Antônio Nóbrega despertou emoção entre o público com seu frevo e sua dança acrobática
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A Amazônia
azul também
é nossa
O
almirante Armando Vidigal, co-autor do livro “Amazônia Azul, o mar que nos pertence”, alertou sobre o perigo que o País está correndo ao não proteger a Amazônia azul. Ele explicou que, em 1982, a Convenção Internacional do Mar, conhecida também como Convenção da Jamaica, estabeleceu uma faixa de 12 milhas marítimas a partir da costa como pertencente ao território brasileiro, o que equivale a 3 milhões 600 mil km2, a maior bacia hidrográfica do Brasil. Dentro desta área a Convenção criou a Zona Econômica Exclusiva à qual a nação tem direito exclusivo para exploração das riquezas vivas e não vivas. Apesar de o Brasil possuir este território marítimo com grande potencial econômico, o Governo Federal não vem dando atenção à região, a deixando vulnerável aos interesses estrangeiros. O alerta foi dado em entrevista ao programa “Debate Brasil”, produzido pela AEPET. Vidigal disse que, quando houve o estabelecimento desse território marítimo, o
Congresso aprovou um imposto de 2% sobre a prospecção de petróleo para ser investido na marinha de guerra para proteção da Amazônia azul. O valor arrecado, no entanto, está sendo desviado para o contingenciamento do superávit primário e o pagamento dos juros da dívida brasileira. “O mar não tem muros. A única forma de dissuasão é a presença física da marinha brasileira”, disse o almirante, que escreveu o livro com mais sete militares e dois civis, sendo uma mulher. Além do que já foi estabelecido pela Convenção Internacional do Mar, o Brasil vem pleiteando junto à ONU para adquirir mais 900 mil quilômetros quadrados, sendo provável ganhar 800 mil deles, o que levará o País a ter mais de 4 milhões de quilômetros quadrados. “Essa área gigantesca é rica em petróleo, gás e pesca. Não havendo a fiscalização, grupos estrangeiros agirão livremente no País”, advertiu. Na plataforma continental há também minerais riquíssimos nos solos e subsolos marítimos. Segundo o almirante Vidigal, um dos grandes problemas do futuro estará concentrado no setor energético. “O mar apresenta fabulosa fonte de energia. Você tem a variação da maré que gera energia, há a energia da onda, a energia gradiente térmica porque o mar apresenta temperaturas diferentes, além da energia proveniente das correntes marítimas. É um potencial gigantesco”. Além disso, o mar tem hidrogênio pesado que serve para a fusão nuclear. “Por todos estas razões, temos que defender o mar brasileiro”, 74
alertou. Ele disse enumerou os imensos recursos econômicos provenientes do mar, como a pesca, o turismo marítimo e os esportes marítimos. “Se fizéssemos investimentos neste setor, criaríamos milhares de empregos”, acrescentou. O almirante disse que o mar já teve a sua importância para a sociedade brasileira. Segundo ele, em 1910 o Brasil já teve a 5ª esquadra do mundo. Vidigal acredita que a falta de informação sobre a Amazônia azul é que está deixando a sociedade apática sobre os perigos da falta de ocupação do seu território marítimo pela Marinha brasileira. Entre os entraves, além da presença de embarcações estrangeiras pescando em terras brasileiras, há a ameaça de algum tipo de terrorismo, principalmente para atingir as plataformas de petróleo no Brasil. “Isso traria enormes prejuízos para a economia brasileira”. Ele disse que hoje é difícil identificar o inimigo; por esta razão, a ocupação física é a maneira de dissuadir qualquer tentativa de agressão. “Está crescendo também a pirataria. Muitos navios estão sendo saqueados. Temos que dizer que a Amazônia azul é nossa”, acrescentou.
Vidigal disse que o Congresso e o novo governo deveriam se preocupar com o assunto. Ele sugeriu que fosse formada uma coordenação para políticas sobre o mar. `Praticamente todos os ministérios têm alguma relação com o mar, mas não temos qualquer autoridade que coordene essas ações no mar. O Conselho Nacional para o Gerenciamento do Mar, reunindo todos os ministérios e subordinado diretamente à Presidência da República, poderia resolver esse impasse. Ele deveria estabelecer objetivos e prazos como, por exemplo, estipular que até 2020 o Brasil deva ter navios que participem de 30% do comércio internacional`, sugeriu. Para o
almirante, em carga geral já não existe presença da marinha mercante brasileira por causa do desenvolvimento da lógica neoliberal imposta ao Brasil. “Quando veio a globalização, os empresários brasileiros ficaram seduzidos pela possibilidade de fretes mais baratos. No início, o custo é mais barato, mas no momento em que eles tiverem o mercado brasileiro nas mãos, o custo do frete ficará mais alto”. Segundo o almirante, a Marinha deve cooperar na defesa dos interesses do Brasil no mar, uma vez que Constituição estabelece como dever das Forças Armadas a manutenção da ordem e da lei, como o combate à pesca predatória. “No subsolo do mar há módulos polimetálicos, que são minerais riquíssimos. Não podemos abrir desses recursos estratégicos”, acrescentou.
COMO DEFENDER UMA ÁREA TÃO GRANDE? A Marinha do Brasil, apesar da carência de recursos, desempenha um brilhante papel na manutenção da soberania nacional, seja através suas Forças Distritais, responsáveis pelas tarefas de guarda costeira , seja por meio da manutenção de sua frota de combate adestrada para o emprego nas áreas de interesse do país.
A Amazônia Azul
O território marítimo brasileiro tem cerca de 3,6 milhões de km². O Brasil está pleiteando, junto à ONU, um acréscimo de 900 mil km² a essa área, em pontos onde a Plataforma Continental vai além das 200 milhas náuticas (370 km). Caso aceita a proposta brasileira, as águas jurisdicionais brasileiras somarão quase 4,5 milhões de km². Uma área maior do que a Amazônia verde. Uma Amazônia em pleno mar.
O mar é fundamental para o desenvolvimento e a sobrevivência das nações Desde épocas mais remotas, mares e oceanos são usados como via de transporte e como fonte de recursos biológicos. O desenvolvimento da tecnologia marinha permitiu a descoberta nas águas, no solo e no subsolo marinhos de recursos naturais de importância capital para a humanidade. A descoberta de tais recursos fez aumentar a necessidade de delimitar os espaços marítimos em relação aos quais os Estados costeiros exercem soberania e jurisdição.
75
{Por}
C
amillo M. Vianna
E
stá ocorrendo espécie de novo descobrimento da Amazônia mesmo sob devastação, incineração, poluição, saque e destruição do desconhecido e imenso patrimônio do outrora Paraíso Perdido euclidiano. Poderosas máquinas rodoviárias estão reduzindo a cacos sítios arqueológicos. O roubo de peças além de documentos da nossa História, assim como exemplares da fauna e da flora e por ai a fora vem ocorrendo impunemente. Vale a pena dar bosquejo, mais ou menos pela rama, na história da região. Comecemos, portanto, pelo princípio.
Amazô
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risonhas primaveras
Adelante! Por Deus, por Carlos V, por Francisco Pizarro, o Grande Capitão e, naturalmente, arriba Espanha! Assim estimulado, o outro Pizarro, o Gonzalo e seus homens, buscavam o País da Canela e o Eldorado do Reino do Paititi. Destruindo homens e aldeias, os Conquistadores avançam sempre, até chegar a uma singular situação de opção: continuar, pela glória de Deus, de Carlos V, de Francisco e da Espanha, ou voltar para Quito, igualmente, pela honra da Espanha, de Francisco Pizarro, de Carlos V e de Deus. A decisão ficou nas mãos de Deus e outro Francisco, o Orellana, recebeu a incumbência de buscar provimento, mais adiante. De novo, por Deus, pela Espanha, por Carlos V, por Francisco, o Pizarro, e por Francisco, o Orellana e... adelante! Arriba Espanha! A pequena coorte, a duras penas, adentrava cada vez mais até confrontar-se em peleja ribeirinha, com mulheres guerreiras, as icamiabas ou amazonas que, ao contrário daquelas da Capadócia, possuíam também a mama direita e não montavam em garanhões fogosos. Este o ponto de partida p a r a a denominação, Vicente Yanez Pinzon primeiro para o Rio depois para a Terrae Plus Ignota ou Reino das Amazonas. Informações, às vezes conflitantes, dão conta que Vicente Yanez Pinzon, em Janeiro de 1500 e seu primo Diego De Lepe, um mês depois, chegaram ao estuário do Rio das Almazinhas, do Padre Antônio Vieira, antecedendo o achamento do País dos Papagaios, por Pedro Álvares Cabral, em que pese a prioridade do navegador lusitano Duarte Pacheco que andou bordejando a Costa Norte, incluindo a Ilha Grande de Marajó ou M'baraió, em dezembro de 1498, conforme pesquisa documental recente. Mais adiante, 1541/42, o expedicionário espanhol Orellana, desgarrado da expedição de Pizarro que atravessava terríveis dificuldades, e Pedro Alvares Cabral agora sob a proteção de Nuestra Señora la Virgem Negra de Guadalupe La M o r e n i t a Padroeira dos Conquistadores, a partir das nascentes do Louco Perdulário euclidiano, percorreu, até a foz, o também chamado
Adamastor dos Rios ou a Glória do Planeta, de Elisée Reclus, o que valeu ao navegador espanhol o título de Adelantado, pela Coroa Espanhola. Segue-se a luta armada entre portugueses e corsários europeus, instalados em fortificações ou naus predadoras; a linha de Tordesilhas, a Cidade das Maravilhas, ou mais precisamente, dos Maravi, escravos libertos do Trombetas; a cata às drogas do sertão; as gamboas reais da Costa Atlântica ou da Ilha Grande de Marajó, também denominada Ovo na Boca da Cobra ou do Dragão, no caso, Rio das Águas Portentosas, em que pese, igualmente, o esbarramento do Rio Pará, na imensa ilha flúvio-oceânica. As águas do Rio Mar correm e o tempo flui; o Descobrimento, a Conquista, a Ocupação e a fase contemporânea da integração; a classificação botânica de Hiléia Frondosa de Humboldt e Griezeback; a extrema física caracterizada pela ocorrência do gênero Hévea, de acordo com a abalizada classificação de Adolf Ducke, amazonólogo e botânico; a extravagante classificação de Amazônia Legal, de forte implicação política, partidária, ou não; a Grande Cuenca Amazônica, para abranger a brasileira, a venezuelana, a peruana, a colombiana, a boliviana e os resíduos coloniais das guianas, inglesa, francesa e holandesa que devem ser incluídas no bojo da conceituação de PanAmazônia. Singular espada de Dâmocles pende sobre nossa cabeça: “... a Amazônia não é assunto para
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Carta universal de Juan de la Cosa, maestre y proprietario de la nao Santa Maria - 1500. É a mais antiga obra cartográfica existente, em que aparece o Continente Americano, com os conhecimentos geográficos da época
escritores medíocres”, conforme se lê em Legendas e Águas Fortes, do estilista vernacular Péricles Moraes. A alternativa é, ao sabor da temeridade, tentar caracterizar a Amazônia brasileira, cujos pontos maiores de referência são aqui dispostos, sem obedecer a nenhuma ordem prioritária. O gigantismo territorial, variável com o ufanismo de cada qual, desde 25%, no parâmetro menor, até 65% de toda a terra brasílica, no parâmetro maior; a dispersão populacional, que em profunda dependência histórica, obedece a disposição de rosário, em núcleos de barranco de beira e de margem, que somente agora, com o chamado surto das rodovias, assim denominado pelo botânico paraense Paulo Cavalcante, em especial as todas poderosas BRs, cujo cruzamento de duas
delas, a Belém-Brasília e a Transamazônica, formam a Grande Cruz Rodoviária ou Cruz Médici, de entusiasmados louvaminheiros contemporâneos. O homem amazônico está sendo empurrado para o centro e para ermo, caracterizando, gradualmente, a rodo-dependência do ribeirinho; a rarefação populacional, em termos de grandiosidade hileiana, contrasta com os núcleos urbanos e rurais, densamente povoados, que devem ser incluídos no acervo da antiga Província Botânica ou dos Naturalistas e dos Ecologistas; o distanciamento administrativo, remoto ou atual, pesa ainda como entrave, naquilo que se convencionou denominar desenvolvimento sustentável, questionável pela desconexão entre a programação ideal e a possibilidade real exeqüível. Considerada a Castália do Folclore, a poluição de informações válidas ou não, interferem na desinformação sobre o caos amazônico, área de coleta, por vezes, de pesquisadores sérios e renomados. Grande parte do acervo do Tesouro Tropical encontra-se dispersa pelo mundo ou em escassos repositórios regionais, predominando, em termos de consumo, pretensas informações que são trombeteadas aos quatro cantos do planeta, com características de verdades verdadeiras. A presença militar, em época lusitana, encontrou representantes ingleses, franceses, holandeses, irlandeses e o cinturão de bastiões portugueses, estratégica e primorosamente situados, que garantiram para Mãe-Pátria, a integridade do também denominado Continente Amazônico, com referência especial ao super - bandeirante Pedro Teixeira que, como resultante de sua empreitada pela Amazônia Oriental, recebeu, por encomenda, 300 casais de índios, e a Aldeia de Faustino, de
acordo com doutos pareceres. Os sucessores contemporâneos do pessoal fardado, colônias militares, batalhões de fronteiras, batalhões de engenharia de construção, corvetas fluviais e a Força Aérea, esta um dos tripés do complexo missionário-índioFAB, dão o perfil hodierno, a partir de estruturas logísticas na ocupação do igualmente chamado Paraíso dos Ambientalistas ou Cemitério dos Acangapeuas, como resultante da formidável e pouco conhecida epopéia da cearencização. Mesinhando, sarjando, batizando e preando, os missionários chegados nos primeiros tempos e mais tarde exilados pelo Marquês de Pombal, representam relevância na formação social, cultural, comercial, religiosa e humana, debatendo-se agora em espécie de confrontação com os evangélicos, ambos com instrumentos de evangelização mais sofisticados - colégios, estações de rádio emissão, TVs e embarcações - e em pequenos grupos populacionais - lugar, colocação, sítio, colônia, acampamento e comunidades - começam a apresentar templos, das mais variadas ramificações protestantes, ao lado da Capela, da Casa Paroquial, do Centro
Comunitário e do campo de futebol. Os terreiros do que sobrou da cultura africana começam a vir à tona com impetuosidade maior que nos quilombos rurais - mais de trezentos só no Pará - e daí para os núcleos urbanos, como resultante do putirum racial mater, que deu origem ao amazônida hodierno. O Olimpo Silvestre de Deuses e Homens da antiga Simphonia Elástica, umas das quarenta e tantas denominações de gênero Hévea, a árvore que chora da senhora Vicky Baum, do Boto, da Cobra Grande, da Matinta Perêra, do Lobisomem, da Curupira, do Uirapuru e o mais, da Terra da Assombração, encravou em cada um dos seus filhos, um duende silvestre de difícil erradicação cultural, que interfere, de algum modo, nos cismares do amazônida atual,
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afeito à pororoca, à manga de chuva, ao rabo-demaré e ao repiquete. O descompasso climático da atualidade, com a água tufando ou enxugando em áreas extensas em toda a Teia Hídrica, faz incluir, nas solicitações de benesses a padroeiros, a chuva revificadora do inverno pluvioso, nos Reinos da Cobra Grande, do Jabuti, da Tartaruga e outros mais. O extrativismo ou neo-extrativismo, como os mestre sabedores queiram apelidar, é característica primordial do relacionamento ambiental, representado pela agricultura nômade, predatória e incendiária - conceituação de Virgílio Libonati da Ex-Faculdade de Ciências Agrárias do Pará - bisonha evidenciação da violenta implantação, através de incentivos fiscais de gigantescos projetos de pecuária e exploração madeireira. Precedido, todos eles, pelo cerimonial medieval da incineração de milhões de hectares de mata virgem, particularmente no Sul e Sudeste e agora no Oeste do Pará e em outras lonjuras amazônicas, repetindo, no século atômico, a Santa Inquisição de Torquemada. O correntão e a moto-serra em escalada inquietante, substituíram o machado de pedra dos primitivos ameríndios e os terçados de herança européia. O timbó e o cunambi dos antigos moradores e dos ribeirinhos pescadores, em lugares diversificados, foram substituídos pela agressão maciça à fauna e à flora pelo agente laranja, sobra de guerra de enfrentamento em distâncias longínquas, no Extremo Oriente. Igarapés, lagos, furos, os rios de salga, de ouro, de pesca e as casas de castanha, compunham o intrincado Aranhol Fluvial do Gigantesco Patrimônio da Humanidade como querem os entregacionistas alienígenas ou não, faziam parte de gigantesco e diversificado acervo culturológico. A zarabatana, a azagaia, o 44 papo amarelo da Winchester, o 128 rabo de galo da Solinger, a
motoserra da Sthil, o arpão, o mundé e o arrasto motorizado na Costa e no Estuário, em inconcebível predação, o desperdício do pescado, os doutores de raiz, os mezinheiros e ervateiros da feira do Ver-o-Peso em Belém; Oswaldo Cruz, enfrentando o que denominou de duende silvestre, o Plasmodium falciparum que devastou e continua devastando centenas de vidas humanas na construção da Estrada de Ferro MadeiraMamoré; Alfredo Augusto da Mata, cientista de alto coturno e primeiro Diretor do Instituto de Pesquisa da Amazônia - INPA - núcleo de linha de frente na busca do conhecimento; Arthur Vianna e Jayme Aben-Athar, de igual conceituação científica e cultural dentro de rígidos padrões, acadêmicos, sendo o último considerado um dos gênios amazônicos; Samuel Benchimol, amazonólogo de alta estirpe, juntamente com Rubens da Silveira Brito; José Alfinito, com magnífica folha de serviços prestados à brasilidade da Amazônia o que inclui a preservação da majestosa tartaruga fluvial da região; as febres negras, o maculo, a síndrome hemorrágica de Altamira, a Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará - celeiro de mentalidades culturais no campo da Medicina e mesmo fora dela; a República do Cunani, empreitada francesa abortada por Cabralzinho, graças à interferência do Barão do Rio Branco, o mesmo diplomata que desfez o sonho alienígena anglo-americano do The Bolivian Sindicate of New York City in North América, que deu como resultante o atual Estado do Acre, compromisso entre o governo brasileiro e o da Bolívia, que resultou na construção, na Amazônia Ocidental, da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, o mais representativo marco de desconhecimento sobre o também chamado Reino da Fantasia; o Museu Emílio Goeldi primoroso baluarte mais que centenário na busca do conhecimento da potencialidade cultural hileiana. As tentativas de descaracterização da nacionalidade; o Instituto Internacional da Hiléia; a Academia de Ciências de Washington; o Grande Lago Amazônico do Senhor Hermam Khan, do Instituto Hudson; o suspeito conceito de Patrimônio da Humanidade, incluindo a exarcebação da tentativa já em andamento em todo o chamado primeiro Mundo; a recomendação dos dirigentes dos chamados 7 Grandes, na realidade 8, incluindo a Rússia, para ocupação
armada da Grande Região Norte, assim como a recomendação do 1º Simpósio Mundial sobre Divergências Interétnicas na América do Sul e o “desfrute do território amazônico pelas grandes civilizações européias, cujas áreas naturais estejam reduzidas a limites críticos” (Genebra, 1981), reunião do CIMI. A explosão gomiférica e a perda da hegemonia da borracha a partir do plantio, em Londres, no Museu de Kew, de sementes originárias do Rio Tapajós e outros fluentes do Amazonas, áreas de abrangência da Hévea brasiliensis e daí para as colônias do Oriente; a chegada de nordestinos tangidos pela seca e pela fome; a criação da colônia de Clevelândia, espécie de campo de extermínio; a colonização da zona bragantina paraense por colonos franceses e espanhóis; a Companhia Nipônica para receber migrantes do Sol Nascente no Amazonas e Pará; a recente ocupação de áreas extensas por centro-sulistas ávidos pelos incentivos fiscais e pelos bens da natureza, com forte tendência divisionista; a introdução da juta trazida pelos nipônicos, nas várzeas do Amazonas e do Pará, e da pimenta-doreino em agricultura intensiva; a transferência do cacau para a Bahia e a tentativa do retorno dessa cultura na Transamazônica; a experiência frustrada da colonização, em Santarém, no Baixo Amazonas, de sulistas egressos da Guerra da Secessão dos Estados Unidos; a agressão e o saque, em Belém, aos originários ou descendentes do chamado Eixo, durante a 2ª Grande Guerra Mundial; os campos de concentração em Tomé-Açú, no Pará e Parintins, no Amazonas, de escasso conhecimento por parte dos historiadores; as Bases norte-americanas cedidas pelo governo brasileiro, em Belém e Amapá, sendo que em Igarapé-Açú, no Pará,e no atual município do Amapá, no Estado de igual nome, existiram duas Bases para pequenos dirigíveis denominados blimps, para 80
patrulhamento da Costa Norte, juntamente com os aviões Catalina da FAB. A cessão dessas Bases deveria ser por 100 anos, assim como as demais existentes no país, não fora interferência de chefe militar respeitado, o Brigadeiro Eduardo Gomes, de acordo com informações que somente agora estão vindo à tona. O processo histórico da integração da que já foi aquinhoada com o epíteto de Região Predestinada, passa por agrovilas, agrópolis, rurópolis em fantasiosa experiência de colonização, alardeada e trombeteada aos quatro pontos do planeta; as cidades de apoio às construções das superodovias, como Miritituba, no Rio Tapajós e Cachoeira Porteira, no Trombetas; as cidades de mineração como Porto Trombetas e Serra dos Carajás, todas no Pará, entre outras; a chegada de novo tipo de migrantes, gaúchos, paulistas, mineiros, capixabas, paranaenses e goianos possuídos de intenso furor predatório e a nova leva de desafortunados do Maranhão, Piauí e Ceará; o automóvel e a motocicleta como instrumentos de ruptura da antiga sociedade amazônica e da construção da nova; o bombardeio de emissoras estrangeiras no vazio amazônico como a Voz de Tirana, da maoísta Albânia, da Europa Oriental; a Voz de Havana igualmente em língua portuguesa e a poderosa Voz da América, todas discrepando da Voz do Brasil que também alcançava as pequenas comunidades amazônicas e que transmitia apenas amenidades; ocasionalmente, alguma TV como a de Caracas alcançava os ermos remotos do País das Amazonas; a partir dos anos 60,
sucedendo a expansão das rádios, a televisão vem ocupando espaço cada vez mais abrangente, interferindo nos hábitos, usos e costumes, descaracterizando a cultura do igualmente denominado Inferno Verde, como foi aquinhoado pelo escritor Alberto Rangel. O rádio de pilha, o transistor, as antenas parabólicas, a internet como condição de status social; a atividade comunitária em escala crescente, os helicópteros, os grande aviões de carreira que deixam rastro duplo de vapor nos céus do Olimpo Tropical, o avião teco-teco, a igarité, o casco, a voadeira, a rabeta, o gaiola, o vaticano, o motor da linha, a balsa, a chata e o empurrador, substituíram as embarcações veleiras o cabeça quente, trocado pelo cabeça branca do motor Yamaha. O garimpo a céu aberto; Serra Pelada e a bomba bico-jato que destrói barrancos e vidas; o problema de posse e ocupação de terra, ultrapassando ponto crítico, em ritmo acelerado com o envolvimento dos missionários da Teologia da Libertação; os super enclaves de mineração e o conflito com os índios; a colonização desordenada e descontrolada, que deveria ser apoiada por super estrutura de desenvolvimento; o Banco da Amazônia S.A, criado no pós-guerra com a denominação de Banco da Borracha para tentar a recuperação da hegemonia da produção do látex natural perdida para os ingleses na segunda década do século passado e que sofreu desvio de rota e que vem retomando suas finalidades; a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia de prognóstico duvidoso quanto as suas possibilidades o que acabou se concretizando com sua total desativação. Arrola-se ainda, a presença da Universidade e sua contribuição ao desenvolvimento cultural e social, em que pesem os terríveis óbices com que se depara; a explosão dos centros urbanos e corolários de problemas daí resultante; a contestação rural armada em Marabá e no Araguaia; as migrações internas sob a pressão do
boi, do minério, das madeireiras, com realces para os gigantescos enclaves de mineração - Vale do Rio Doce e suas subsidiárias - com escasso retorno para o bem estar do homem amazônico; as super hidrelétricas com finalidade precípua de exportar energia, uma delas considerada verdadeiro fracasso - a de Balbina, no Estado do Amazonas. A mudança de usos e costumes; o carimbó multiracial de brancos, negros e índios, o marabaixo amapaense, a desfeiteira, o cavalo manco, o gambá e o sahiré, do Tapajós e a incursão recente da música pop e todas as outras variantes de origem alienígena; a agressão ambiental em escala nunca vista; a queima da floresta e os saques às espécies nobres; o cavalo de Átila e o boi do imposto de renda; as infrutíferas e predadoras tentativas de integração da Amazônia; as questionáveis reservas extrativistas; os santuários ecológicos e a reserva florestal pioneira do Acre, criada em 1912, cujo o destino é ignorado; o brutal choque cultural com a Zona Franca de Manaus; os problemas de fronteira, o que inclui a Operação Cobra na extrema com a Colômbia; reservas indígenas e remanescentes quilombos; o Pico Phelpes, ou Pico da Neblina de prioridade questionada, quanto à identificação, por venezuelanos e brasileiros; os centros tradicionais de cultura e o intercâmbio nacional e internacional; as perspectivas de futuro; a Amazônia como área de cobiça internacional e a biopirataria; o isolamento político e administrativo mais que secular e o desprezível endocolonialismo; as infrutíferas tentativas de integração ao restante do território nacional. Análise superficial ou o profundo desconhecimento científico, ainda faz acreditar ser a Grande Ínsula Amazônica o Maior Complexo Patogênico Tropical apesar de pesquisada por satélites de detecção, por alienígenas do Norte; navios-laboratórios como o Alpha Helíx de igual bandeira norte-americana, em recente incursão ao Rio Negro estudou, classificou e coletou o que
bem quis e entendeu, dando prosseguimento ao saque organizado, disciplinado e continuado, sucedendo expedições de pessoas, algumas vezes chegadas como missionários de Deus. Uma espécie de obscurantismo cobre ainda a Caixa de Pandora do Novo Mundo, submetida agora, e ao que parece, ao embate final, espécie de Armagedon, deixando encravados em seu seio extensões ultra-nacionais de exageradas proporções, a começar na década de 20 do século passado, com a instalação, no Tapajós, do que seria império de industrial americano, a Cia. Ford Industrial do Brasil, para a experiência precursora da heveicultura, verdadeiro enclave, por 50 anos, da poderosa nação do Norte em Fordlandia. Especialistas da Universidade Federal do Pará, em recente reunião organizado pelo Congresso Internacional Israelita da Sociosfera na Amazônia (CISA) consideraram, ainda em estudos finais a existência do aqüífero Alter do Chão, no Tapajós, que poderá ser superior ao aqüífero Guarani, até agora considerado o maior do mundo. Desde priscas eras - de D. João e D. Miguel Charuto - escarafunchadores de coisas estão procurando dar uma encontrada de rastros de civilizações antigas, a começar pelos fenícios ou mais para traz, quem sabe? Parece, tão somente parece, que o pessoal já está topando com algumas dessas tais coisas. Muito recentemente, arqueólogos do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá, estão coordenando pesquisas no sítio que parece ser o maior observatório astronômico conhecido no Brasil pré-colonial, que segundo os autores poderá enterrar, definitivamente, a idéia de que a Amazônia nunca abrigou sociedades desenvolvidas. E tem mais, foram achados no Vale do Rio Negro restos de cidades que poderiam possuir mais de três mil moradores, resultando, como hipótese de trabalho, ser possível aceitar que não foram os dos Andes que desceram para a região mas sim os amazonidas é que subiram para lá. O ancestral do atual intruso impertinente euclidiano teria chegado a partir da remota quarta migração de caráter africano, através de veredas congeladas do Estreito de Bering, ou flutuando em toscas jangadas de toras de madeiras, ou ainda, impulsionados por escravos galeses de lonjuras distantes, de acordo com pareceres autorizados. O estigma de toda uma geração deve ser responsabilizado pela destruição de todo um patrimônio do povo brasileiro, e aí poder-se-á dizer ou não, por Deus, pela Pátria e adiante! O problema é saber para onde, ou será necessária nova Revolução Cabana? (*) Da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores-SOBRAMES e Sociedade de Preservação aos Recursos Naturais e Culturais da Amazônia-SOPREN
UE Q RÁ E S
? DE A D ER V É
PARA FICARMOS INDIGNADOS!!!! (Observem abaixo a página de um livro de geografia adotado nos EUA) por Celso Santos
AGORA LEIAM A TRADUÇÃO DESTE TEXTO ABSURDO QUE ESTÁ AO LADO DO MAPA Uma introdução à Geografia Em uma seção ao norte da América do Sul, uma extensão de terra com mais de 3.000 milhas quadradas. 3.5-5 - A PRIMEIRA RESERVA INTERNACIONAL DA FLORESTA AMAZÔNICA “Desde meados dos anos 80 a mais importante floresta do mundo passou a ser responsabilidade dos Estados Unidos e das Nações Unidas. É chamada PRINFA (A PRIMEIRA RESERVA INTERNACIONAL DA FLORESTA AMAZÔNICA), e sua fundação se deu pelo fato de a Amazônia estar localizada na América do Sul, uma das regiões mais pobres do mundo e cercada por países irresponsáveis, cruéis e autoritários. Fazia parte de oito países diferentes e estranhos, os quais, em sua maioria, são reinos da violência, do tráfego de drogas, da ignorância, e de um povo sem inteligência e primitivo. A criação da PRINFA foi apoiada por todas as nações do G-23 e foi realmente uma missão especial para nosso país e um presente para o mundo todo visto que a posse destas terras tão valiosas nas mãos de povos e países tão primitivos condenariam os pulmões do mundo ao desaparecimento e à total destruição em poucos anos.” (Texto à direita da borboleta) “Podemos considerar que esta área tem a maior biodiversidade do planeta, com uma grande quantidade de espécimes de todos os tipos de animais e vegetais. O valor desta área é incalculável, mas o planeta pode estar certo de que os Estados Unidos não permitirão que estes países Latino Americanos explorem e destruam esta verdadeira propriedade de toda a humanidade. PRINFA é como um parque internacional, com severas regras para exploração.”
A notícia... No dia 24/05/06 o jornal "Estadão” publicou sem destaque nenhum, e em três minúsculas linhas, a denúncia gravíssima de uma brasileira residente nos EUA. “Os livros de geografia de lá, estão mostrando o mapa do Brasil amputado, sem o Amazonas e o Pantanal. Eles estão ensinando nas escolas, que estas áreas são internacionais, ou seja, em outras palavras, eles estão preparando a opinião pública deles, para dentro de alguns anos se apoderarem de nosso território com legitimidade. Nós somos brasileiros e, no mínimo, temos de nos indignar com esta afronta.
Será que é verdade??? 82