Revista GRIFFO
Edição 30
DESMATAMENTO. CONTRA O INIMIGO COMUM, O PARÁ FAZ DIFERENTE: UM PACTO.
R$ 12,00
ISSN 1809-466X
Editora Círios
Ano 7 Número 30 2012 R$ 12,00 5,00
O programa Municípios Verdes, lançado pelo Governo do Pará em maio deste PROGRAMA ano, já cumpriu o seu primeiro objetivo: unir a maioria dos municípios num pacto contra o desmatamento. Quase 90 dos 143 municípios aderiram ao programa, até agora. E logo começam a colher resultados, porque é preciso controlar o desmatamento, regularizar as atividades produtivas, fazer o reflorestamento e dinamizar a economia sustentável, entre outras medidas, para ter direito a vantagens fiscais e creditícias. O modelo já atraiu a atenção de todo o país. E é bom que assim seja, pois a Amazônia é um patrimônio do Brasil inteiro, e até mais, da humanidade. A meta é ambiciosa: reduzir o desmatamento a menos de 35km2 por ano, até chegar a zero. A ideia caiu em terra fértil. Agora é só cuidar.
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UM PACTO PELO PARÁ, UM PACTO PELA AMAZÔNIA.
ENERGIA SUSTENTÁVEL PARA TODOS A DÉCADA DA BIODIVERSIDADE ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE COOPERATIVAS, A CONSTRUÇÃO COLETIVA
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Aqui também.
2011
Meio ambiente 0DLV GR TXH UHư RUHVWDU D (OHWUREUDV (OHWURQRUWH UHFXSHUD DV ư RUHVWDV FRP HVS¨FLHV QDWLYDV GD UHJL¢R 3DUD LVVR GHVGH PDQW¨P R EDQFR GH JHUPRSODVPD RQGH HVW JXDUGDGR R PDWHULDO JHQ¨WLFR GH GLYHUVDV HVS¨FLHV GD $PD]³QLD SHUPLWLQGR DVVLP D VXD UHSURGX¦¢R $O¨P GH GRDGDV SDUD HVFRODV H SUHIHLWXUDV DV PXGDV V¢R XVDGDV QRV 3ODQRV GH 5HFXSHUD¦¢R GH UHDV 'HJUDGDGDV 1R HQWRUQR GR ODJR GD 8VLQD +LGUHO¨WULFD 7XFXUX¬ SRU H[HPSOR M IRUDP UHFXSHUDGRV PDLV GH GD UHD LPSDFWDGD
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Inovação e gestão da excelência $ (OHWUREUDV (OHWURQRUWH WHYH XP DQR GH PXLWDV FRQTXLVWDV D SULPHLUD HPSUHVD GR VHWRU HO¨WULFR QR PXQGR D UHFHEHU R 3U©PLR ,QWHUQDFLRQDO GH 0DQXWHQ¦¢R 730 FRQFHGLGR SHOR -DSDQ ,QVWLWXWH RI 3ODQW 0DLQWHQDQFH (VW WDPE¨P SHOD WHUFHLUD YH] FRQVHFXWLYD HQWUH DV PDLV LQRYDGRUDV GR %UDVLO QD HGL¦¢R EUDVLOHLUD GR %HVW ,QRYDWWRU SURPRYLGD SHOD 5HYLVWD SRFD H HP WRUQD VH D SULPHLUD HPSUHVD S¹EOLFD GR VHWRU HO¨WULFR D VHU UHFRQKHFLGD FRP R 3U©PLR 1DFLRQDO GH 4XDOLGDGH 8P SDWULP³QLR EUDVLOHLUR UHFRQKHFLGR FRPR (PSUHVD GH &ODVVH 0XQGLDO
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REVISTA AMAZÔNIA 13
Revista
Editora Círios
06 2012 - Ano Internacional de Energia Sustentável Para Todos
O “Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos” começou dia 16/01, em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos) com o triplo objetivo de garantir o acesso à eletricidade para todas as casas, duplicar o peso global da energia renovável e melhorar a eficiência energética antes de 2030...
20 Vencedores recebem
Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social A solenidade de entrega da sexta edição do Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social acontecida em Brasília/DF, contou com a participação de mais de 1000 pessoas – representantes de instituições sociais, jornalistas, funcionários do BB e da Fundação BB...
32 Banco Mundial vai fechar parceria com o Programa Municípios Verdes
O braço financeiro do Banco Mundial, a IFC - International Finance Corporation (ou Corporação Financeira Internacional), será mais uma das parceiras do Programa Estadual Municípios Verdes. O interesse da corporação em investir no programa foi tema de uma reunião, realizada recentemente...
38 Risco de epidemia de dengue na Amazônia
O Ministério da Saúde divulgou, recentemente o Raio X dos riscos de novas epidemias de dengue no Brasil. Para a Amazônia, há motivos para comemorar, mas ainda não é possível esquecer o alerta. A região concentra boa parte dos municípios onde há possibilidade de haver surto da doença...
42 A Conferência do Clima
da ONU em Durban, na África do Sul
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PUBLICAÇÃO Período (janeiro/fevereiro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES Bruna Campos, Camillo Martins Vianna, Gladson Cameli, Fernando Pinhabel Marafão, Flávio Alessandro Serrão Gonçalves, Giselle Saporito, Ivando Severino Diniz, Ivo Barbiero, Juan Quirós, Marcelo Gradella Villalva, Nádia Pontes FOTOGRAFIAS Antônio Silva/Ag. Pará, Arquivo AB3E, Arquivo CNEA, Arquivo OCB, Arquivo Irena, Ateliê de Ideias, Bruno Spada, Chico Batata/Agecom, David Casseb, : Jan Golinski/UNFCCC, josé Cruz/Abr, Koen Olthuis /Waterstudio, Laércio Miranda, Maria Busaydei, Matilde Costa, Ólga Saxen, Patricia Ledoux, Poço Carbono Juruena, Piotr Naskrecki/CI, Rodolfo Oliveira/Ag. Pará, Rondinelli Ribeiro, Rogan Ward, Rudolph Hühn, Trond Larsen, Unati Ngamntwini, Valéria Carvalho e Viviane Brocchardt EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro NOSSA CAPA Rio Branco, formado pela confluência dos rios Tacutu e Uraricoera, a trinta quilômetros a norte de Boa Vista, capital do estado de Roraima. Foto de Jorge Macedo
Com discurso do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, foi declarada aberta a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 17) em Durban, com delegados de mais de 190 paises.
58 2012 – Ano Internacional das Cooperativas
A Assembléia Geral das Nações Unidas proclamou 2012, o Ano Internacional das Cooperativas, como reconhecimento do papel fundamental das Cooperativas na promoção do desenvolvimento sócio-econômico de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, e reconhecendo seu trabalho para a redução da pobreza, geração de emprego e integração social... [12] Energias renováveis: fontes infinitas de calor e eletricidade [18] Energia Sustentável para garantir o futuro da Amazônia e do planeta [26] Belém será sede do VI Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência... [30] Índice de Sustentabilidade Empresarial é termômetro para o investimento responsável [34] 7º Prêmio Brasil Ambiental [40] Amazônia está emitindo cada vez mais gás-estufa [56] Com ajuda do Brasil, G20 vai monitorar via satélite a produção agrícola [64] O novo superintendente da SUFRAMA
Blog da Amazônia
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2012 - Ano Internacional de
ENERGIA SUSTENTÁVEL PARA TODOS ONU lança iniciativa para difundir energia sustentável
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“Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos” começou dia 16/01, em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos) com o triplo objetivo de garantir o acesso à eletricidade para todas as casas, duplicar o peso global da energia renovável e melhorar a eficiência energética antes de 2030. Objetivos incluem garantir o acesso à eletricidade para todas as casas e duplicar o peso global da energia renovável. Durante o discurso de inauguração do World Future Ener-
gy Summit, o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, disse que esta iniciativa é um empenho pessoal que procura lutar contra a desigualdade e defender a “dignidade humana”. Ban manifestou que garantir o acesso à eletricidade é uma forma de combater a pobreza, opinião semelhante à do ministro brasileiro de Minas e Energia, Edison Lobão, para quem a extensão da rede a regiões remotas do país melhorou a situação econômica de 15 milhões de pessoas.
Ban Ki-moon, na segunda sessão da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), disse que esta iniciativa é um empenho pessoal que procura lutar contra a desigualdade e defender a “dignidade humana”
No início do World Future Energy Summit
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O secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, afirmou que o Brasil é um exemplo para os demais países ao adotar uma politica energética voltada para a produção de energias renováveis. A declaração foi feita na abertura da Cúpula Mundial Sobre o Futuro Energético, na semana passada, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Na ocasião, Ban também elogiou o programa Luz para Todos por garantir o acesso a energia elétrica às populações mais pobres. Além do Brasil, o secretário citou a Índia e a China entre os países comprometidos com os dois temas que dominam as discussões do evento. Kandeh Yunkella, responsável pela organização da reunião do grupo de Energia Sustentável para Todos disse que o Brasil é um exemplo a ser seguido por dispor de uma matriz elétrica com mais de 80% de energias renováveis, por ser um líder na produção de biocombustíveis e por haver implementado com êxito o Luz Para Todos, que já levou energia elétrica a mais de 14 milhões de brasileiros. Mais de 100 países estiveram presentes nesse encontro organizado pela ONU com o objetivo de avaliar o futuro da energia no mundo. Além de lideranças governamentais, participaram representantes da indústria de energia, do mundo financeiro e acadêmico. Sultan Al Jaber, presidente da 2ª Sessão da Assembleia IRENA
O desafio de duplicar o peso das energias renováveis no consumo mundial de energia antes de 2030, até alcançar 30%, é difícil, como reconheceu o próprio Ban Ki-moon, embora factível, segundo todos os participantes do fórum. Segundo o comissário europeu de Desenvolvimento, Andris Piebalgs, esta transição custaria cerca de 50 bilhões de euros, algo que para a diretora geral da União Internacional para a Conservação da Natureza, Julia MartonLefèvre, é pouco quando comparado com o preço de importar combustíveis fósseis. Uma das ideias mais recorrentes durante a primeira sessão do congresso é a apontada pelo enviado especial do Banco Mundial para a Mudança Climática, Andrew Steer, que insistiu em que “há financiamento”, mas que os inrevistaamazonia.com.br
Ban Ki-moon, em Abu Dhabi, abre o Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos
Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (IPCC)
vestidores exigem segurança normativa para assumir o risco de investir em energias renováveis. Da mesma maneira, o presidente do Bank of America, Charles Holliday, disse que os bancos investirão em indústrias de energia solar ou eólica em qualquer lugar do mundo que puder obter benefícios com isso. REVISTA AMAZÔNIA 07
O World Future Energy Summit é um congresso convocado anualmente por Masdar
“Os Governos têm que entender os benefícios da estabilidade normativa e econômica”, assinalou o diretor-geral da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), Adnan Amin. O próprio secretário-geral da ONU apelou à colaboração entre o setor público e o privado, que se encarregassem de aprovar as leis adequadas para o fomento das energias renováveis e de seu financiamento e desenvolvimento. Esta transmissão de conhecimento deveria afetar, segundo o primeiro-ministro da Coreia do Sul, Kim Hwang-sik, também a relação entre países desenvolvidos e países emergentes, com o objetivo de compartilhar a experiência em uma “política verde” comum. Outro dos fatores que favorecem os otimistas sobre o
Em uma das sessões plenárias
cumprimento do triplo objetivo do Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos é o compromisso feito pelos países emergentes com as energias renováveis. Apesar disso, para conseguir a transição a economias com baixos níveis de emissão de dióxido de carbono advertiu o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao - é imprescindível a energia nuclear. Wen defendeu o uso pacífico deste tipo de energia e lembrou que seu país combina um forte desenvolvimento das energias renováveis - tanto solar como eólica e hidráulica - com a construção de novas usinas nucleares. Na recepção aos participantes
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Ban manifestou que garantir o acesso à eletricidade é uma forma de combater a pobreza, opinião semelhante à do ministro brasileiro de Minas e Energia, Edison Lobão
Desafio de duplicar o peso das energias renováveis no consumo mundial de energia antes de 2030
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, participou da cúpula como membro do grupo de alto nível de energia sustentável, onde apresentou o programa Luz Para Todos – projeto brasileiro que já levou energia elétrica a mais de 14,5 milhões de pessoas em todo o país, durante a reunião do Grupo de Alto Nível em Energia Sustentável para Todos, da Organização das Nações Unidas, em Abu Dhabi.
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A segunda sessão da Assembleia IRENA teve a participação de cerca de 750 delegados de 73 Estados membros, 50 signatários e estados na adesão, outros 13 Estados não membros, organizações e 70 observadores participaram. Os delegados chegaram a decisões sobre, inter alia: programa de trabalho e orçamento para 2012, o destacamento de pessoal, ética e conflito de interesses, e a Abu Dhabi Fundo para o Desenvolvimento. Definitivamente, o triplo objetivo fixado pelas Nações Unidas para 2030 supõe, em palavras de seu secretário-geral, uma forma de “reduzir a pobreza, oferecer oportunidades a todos, dinamizar a economia e lutar contra a mudança climática”. O World Future Energy Summit é um congresso convocado anualmente por Masdar - uma empresa pública dos Emirados Árabes dedicada à pesquisa e à promoção de energias renováveis - que na edição 2012 recebeu 26 mil visitantes e 600 empresas de todo o mundo. Ban Ki-moon, elogiou o programa Luz para Todos
Masdar, a cidade carbono-zero Masdar City, no Emirado de Abu Dhabi, é um projeto visionário que visa constituir um exemplo de uma cidade sustentável, em termos de materiais e consumo energético, o qual será garantido quase na totalidade por energia solar. A iniciativa irá albergar várias empresas tecnológicas e a Masdar Institute of Science and Technology, uma universidade com investigação de topo em inovação, tecnologias e I&D, desenvolvida em cooperação com o MIT- Massachusetts Institute of Technology e o Imperial College. Assumida como uma “cidade do futuro” que quer beneficiar de experiências bem sucedidas a nível mundial, Masdar conta com a participação da Shell, BP, General Electric e Fiat, entre outras empresas. Que importância tem a criação de uma cidade inteligente e auto-sustentável, como o projeto Masdar, nos Emirados Árabes Unidos? Os Emirados Árabes Unidos (EAU) reconheceram a necessidade de diversificar a base da sua economia, fortemente dependente da exportação dos seus recursos fósseis não renováveis. Além do turismo, construção e serviços financeiros, os EAU apostaram também nas tecnologias limpas, com destaque para as energias renováveis e a eficiência energética. A cidade carbono zero de Masdar é o principal projeto bandeira neste domínio, apesar das dificuldades inerentes a um projeto desta envergadura - erguer do nada uma cidade inteligente e auto-sustentável para cinquenta mil habitantes. A sede da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) que funciona em Abu Dhabi, irá localizar-se em Masdar, cidade que será um importante hub cleantech para o Médio Oriente, Ásia e África. 10 REVISTA AMAZÔNIA
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por
Marcelo Gradella Villalva, Fernando Pinhabel Marafão, Flávio Alessandro Serrão Gonçalves e Ivando Severino Diniz *
Energias renováveis: fontes infinitas de calor e eletricidade
A
s energias renováveis são obtidas de fontes que nunca se esgotam. Exemplos são as energias hidrelétrica, solar, eólica, oceânica, geotérmica e da biomassa. Por outro lado, as não renováveis são baseadas em combustíveis fósseis ou outros recursos minerais que vão se esgotar. Exemplos são o petróleo, o carvão, o gás natural e o urânio, este último empregado nas usinas nucleares. Por maiores que sejam as reservas conhecidas dos recursos não renováveis, é certo que dentro de alguns anos a humanidade não poderá mais contar com a energia
produzida a partir destas fontes. Por isso as fontes renováveis de energia são muito importantes para nossa sobrevivência. Além disso, as fontes renováveis são limpas e não poluem a atmosfera e o meio ambiente. A energia hidrelétrica é uma fonte renovável muito conhecida no Brasil. Quase toda a nossa energia elétrica tem origem nas usinas hidrelétricas, que utilizam a energia potencial da água para produzir eletricidade. Nas usinas hidrelétricas a água de um rio é represada em barragens e depois é escoada por dutos onde existem turbinas. O movimento da água faz girar as pás das
turbinas, que por sua vez acionam geradores elétricos. Como a água dos rios nunca se esgota devido ao ciclo de evaporação e das chuvas, as usinas hidrelétricas são uma fonte inesgotável de eletricidade. A energia do Sol pode ser aproveitada como fonte de calor para aquecimento ou para produção de eletricidade. O calor do sol é captado por coletores solares instalados nos telhados de prédios ou residências para aquecer a água. Nas usinas termossolares o calor é captado por espelhos concentradores, que aquecem um fluido dentro de uma tubulação. Esse fluido quente é levado até O calor do sol é captado por coletores solares instalados nos telhados de prédios ou residências
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uma central geradora que utiliza uma turbina a vapor para acionar um gerador elétrico – desta forma o sol é uma fonte inesgotável de energia elétrica. Outra forma de utilizar a energia do sol para produzir eletricidade é através dos sistemas fotovoltaicos, que utilizam placas solares capazes de converter diretamente a luz solar em eletricidade. As placas fotovoltaicas podem ser usadas nos telhados das residências ou para construir grandes usinas geradoras de eletricidade. A energia eólica, ou dos ventos, pode ser extraída por uma turbina formada por pás, como um catavento, que aciona um gerador elétrico. Em regiões do planeta onde existem ventos constantes a energia eólica é uma fonte inesgotável de eletricidade. Os oceanos também podem ser uma fonte de energia para a humanidade. Na subida das marés um reservatório é enchido e na descida a água é escoada. O movimento da água é usado para acionar um gerador elétrico. Uma segunda forma de extrair a energia do oceano é através de
Em regiões do planeta onde existem ventos constantes a energia eólica é uma fonte inesgotável de eletricidade Usinas hidrelétricas utilizam a energia potencial da água para produzir eletricidade
Nos Oceanos, o movimento da água é usado para acionar gerador elétrico
A biomassa inclui os dejetos agrícolas, como o bagaço de cana, muito usado para produzir eletricidade no Brasil
geradores elétricos instalados nas profundezas do oceano, que capturam a energia do movimento das correntes marítimas. Outra forma de gerar eletricidade com o oceano é através de bóias flutuantes que oscilam com as ondas do mar e capturam a energia desse movimento. O calor do interior da Terra também pode ser usado como fonte para aquecimento ou eletricidade. Em algumas regiões do planeta é possível encontrar temperaturas elevadas a apenas algumas centenas de metros de profundidade. Com tubulações subterrâneas de água é possível extrair o calor e levá-lo até centrais geradoras, que utilizam turbinas a vapor para acionar um gerador de eletricidade.
A biomassa, ou a matéria orgânica, também é uma fonte de energia. A biomassa inclui os dejetos agrícolas, como o bagaço de cana, muito usado para produzir eletricidade no Brasil, os biocombustíveis e todo tipo de material vegetal que pode ser usado como combustível nos motores a combustão ou nas caldeiras para a produção de eletricidade nas usinas termelétricas. A biomassa é uma fonte renovável pois os vegetais empregados como fonte de energia podem ser obtidos através do plantio. Além disso, a biomassa é considerada uma fonte limpa de energia. [*] Docentes e pesquisadores da Unesp, câmpus de Sorocaba
A energia geotérmica é uma fonte limpa e renovável de energia. Com o calor do interior da Terra, é possível extrair o calor e levá-lo até centrais geradoras revistaamazonia.com.br
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Energia
inteligente R
ecentemente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou que, desde março de 2008, foram investidos R$ 2,4 bilhões em 914 projetos de eficiência energética, pelas empresas concessionárias. Este investimento permitiu uma poupança de cerca de 2 TWh/ano de energia elétrica, o que corresponde, aproximadamente, ao consumo anual de uma cidade com mais de um milhão de unidades consumidoras. Os programas de eficiência energética representam pelo menos 0,5% da receita líquida das distribuidoras de energia elétrica, que são aplicados em projetos de eficientização de iluminação pública e semafórica, de aquecimento de água com energia solar, substituindo a utilização de chuveiro elétrico, de troca de eletrodomésticos por modelos energeticamente eficientes, de substituição de lâmpadas por lâmpadas eficientes, entre muitos outros. Este esforço de poupança de energia traduz-se em menores contas de luz e menores necessidades de investimento em expansão do parque gerador. É, assim, um investimento produtivo que beneficia tanto o cliente, como a sociedade, o meio ambiente e, indiretamente, as empresas concessionárias. No mesmo dia em que se souberam os valores consolidados dos Programas de Eficiência Energética, soube-se também que o consumidor brasileiro pagou R$ 63,5 bilhões em tributos e encargos na conta de luz, em 2011. Este valor é um recorde absoluto, segundo o Instituto Acende Brasil. O montante equivale a uma carga tributária de 45,08% sobre tudo o que o setor elétrico arrecada. Ou seja, para cada R$ 100 pagos na conta de luz, em média, R$ 45,08 são impostos e contribuições. Para termos a noção da relevância desta carga tributária, em três anos, a arrecadação cresceu R$ 17,3 bilhões, valor que é comparável ao que o setor elétrico investe por ano em geração, transmissão e distribuição.
Caso de sucesso na instalação destas tecnologias, como se passa atualmente na cidade de Évora, em Portugal. InovCity, a 1ª cidade portuguesa com rede inteligente de energia – passa não só pelos medidores inteligentes (e-boxes), como por terminais de comunicação ligados a vários pontos de transformação da cidade 14 REVISTA AMAZÔNIA
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• A iniciativa Málaga SmartCity (Cidade Inteligente) foi lançada introduzindo um novo modelo de gestão urbana da energia, numa tentativa de melhorar a eficiência energética, reduzir as emissões de CO2 e mudar o consumo para energias renováveis... • Smart Grid: a rede elétrica inteligente. A revolução digital vai mudar nossa forma de consumir, distribuir e produzir energia. Redes elétricas mais inteligentes saem do papel e chegam até nós, não na velocidade da luz, mas vão chegar... • Rede de energia elétrica fica mais inteligente. A tecnologia que permite o acesso à Internet rápida pela tomada, que teve o regulamento aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é somente o primeiro passo de uma revolução que nasce do encontro dos setores de energia, telecomunicações e informática. A rede elétrica está prestes a se tornar mais inteligente, numa tendência chamada smart grid...
Ou seja, se por um lado se contribui para uma redução da conta da luz através da eficiência energética, por outro, a elevada carga tributária que incide na eletricidade asfixia as empresas do setor e o consumidor. Algumas empresas distribuidoras já começaram a desenvolver projetos de redes de distribuição inteligentes (as chamadas smart grids). Estes projetos abrem o caminho para um novo paradigma de distribuição de energia elétrica, com menores custos e maior eficiência, tanto para as empresas como para o cliente. Já existem casos de sucesso na instalação destas tecnologias, como se passa atualmente na cidade de Évora, em Portugal, com o projeto InovCity, e que está sendo replicado na cidade de Aparecida, em São Paulo, pela EDP Bandeirante. No entanto, abrir as portas à era da energia inteligente requer um investimento inicial para a modernização e automação das redes e para a instalação de medição inteligente. Este investimento reformador exige, para além de um enquadramento regulatório específico, espaço para acomodar a respectiva remuneração nas tarifas de eletricidade. Por isso, uma reforma tributária, que se traduza numa redução dos tributos e encargos na conta de luz, com correspondente agravamento de outros impostos, afigura-se como um passo indispensável para a modernização do setor elétrico brasileiro e para a chegada de uma “energia mais inteligente”.
Málaga SmartCity
Primeiro passo de uma revolução que nasce do encontro dos setores de energia, telecomunicações e informática
O projeto InovCity está sendo replicado na cidade de Aparecida, em São Paulo, pela EDP Bandeirante revistaamazonia.com.br
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V Jornada
Científica da AB3E
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V Jornada Científica (JC) em Economia da Energia, foi realizada recentemente, em uma iniciativa da Associação Brasileira de Estudos em Energia (AB3E), capítulo brasileiro da International Association for Energy Economics (IAEE), em parceria com o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), no Rio de Janeiro. As Jornadas Científicas têm como objetivo promover a pesquisa na área de energia, oferecendo a oportunidade de divulgação dos trabalhos realizados pelos participantes entre profissionais do setor, tanto em nível nacional, como internacional. Foram apresentados oito trabalhos desenvolvidos por alunos de pós-graduação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os temas abordaram desde a regulação dos mercados de energia e estratégias de verticalização na indústria do petróleo até a relação entre o desenvolvimento desta e os regimes democráticos. Apesar de terem sido apresentados em português, os trabalhos foram selecionados com base em resumos escritos em inglês, uma vez que a premiação envolve a participação na Conferência Internacional da IAEE, que ocorrerá em Perth, na Austrália, entre os dias 24 e 27 de Junho de 2012. A banca avaliadora foi composta por representantes de agências governamentais e da indústria de energia, a fim de evitar que houvesse favorecimento dos estudantes de pós-graduação por parte de membros da Academia. Participaram como avaliadores Eduardo Luiz Correa, Rafael Pertusier (Petrobras), Giovani Machado (Empresa de Pesquisa Energética) e Maria Fonseca (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis). Debora Yamazaki Lacorte e Renan Pinheiro Silvério apresentaram os trabalhos “Portfolio optimization of new power plants with combinatorial auctions” e “The role of dated brent in the process of price discovery in North Sea crude oil markets: a time varying analysis from 1990 to 2010”, respectivamente, e foram premiados com a participação na 35ª edição da Conferência Internacional da IAEE. Os trabalhos premiados em 2011, bem como as demais apresentações feitas no evento podem ser acessados no nosso link de downloads do evento: http://ab3e.org.br/eventos/files/17. A quinta e a sexta edições da Jornada Científica da AB3E contam com o patrocínio da Shell. A VI Jornada Científica terá como premiação a participação na 36ª Conferência Internacional da IAEE, que ocorrerá na Coreia do Sul em 2013.
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Debora Yamazaki Lacorte apresentando o trabalho premiado “Portfolio optimization of new power plants with combinatorial auctions”
Francisco Ebeling Barros apresenta o trabalho: “Oil, democracy and governability: a very complex narrative”
Gregório da Cruz Araújo apresenta o trabalho: “Long-term scenarios and public policies for the Brazilian Road Sector”
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Foto: João Ramid
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por
Gladson Cameli*
Energia Sustentável para garantir o futuro da Amazônia e do planeta
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á quase 30 anos que o Brasil vem atuando em conservação e uso eficiente de energia, porém, sem um contexto apropriado de política para eficiência energética. O assunto não é novidade no País, haja vista a criação, em meados da década de 80, de dois programas nacionais: o Procel (eletricidade) e o Conpet (derivados de petróleo). Como bem explicou em comentários científicos Gilberto De Martino Jannuzzi, professor associado em sistemas energéticos da Faculdade de Engenharia Mecânica, da Unicamp e diretor-executivo da International Energy Initiative, embora outras iniciativas anteriores tivessem ocorrido, esses dois programas foram a maior expressão do interesse do governo federal e uma manifestação favorável de se estabelecer uma política pública para a área de energia que incorporasse a necessidade de controlar a demanda de energia. Na verdade, achou-se mais razoável aceitar que os principais fatores que motivaram a criação dos programas foram as fortes pressões ambientais internacionais que começaram a pesar sobre o Brasil na época e que foram traduzidas em condicionantes e cláusulas nos empréstimos de bancos e governos ao setor de energia brasileiro. Com exceção de alguns resultados importantes e de algumas iniciativas sérias, sempre existiu muito de marketing e esses programas serviram como álibi conveniente em diversos foros internacionais. Temos que ter a consciência de que muito há que ser feito para que os frutos, pequenos, mas conquistados, possam ter o mínimo de consistência para permanecerem gerando esses frutos. Faço minhas as palavras de Sergio Bajay quando diz que o governo pode gerir os setores elétrico, de petróleo e gás utilizando três instrumentos bem distintos e complementares: (I) formulação de políticas públicas; (II) planejamento, indicativo em alguns casos e determinativo em outros; (III) e regulação. E também sou crente de que como bem disse Bajay, uma atuação eficaz do governo sobre esses setores exige que os instrumentos em questão sejam utilizados de uma forma autônoma entre si, mas fortemente complementar. A existência de diferentes agentes executando esses papéis distintos facilita se atingir esse objetivo. Um exemplo dessa mudança de pensamento e que podemos citar, é a construção de usinas hidrelétricas na Amazônia. A de Santo Antônio, nas cercanias de Porto Velho, capital de Gladson Cameli no gaRondônia, já nasce com três grandes missões: A primeira é binete da Comissão da Amazônia - CAINDR fornecer parte da energia limpa que o Brasil precisará para crescer nas próximas décadas. Em 2014, quando tiver suas 44 turbinas acionadas, a usina deverá produzir energia suficiente para atender 10 milhões de pessoas. Ainda que a região centro-sul do país venha a ser a maior consumidora, a Amazônia também será beneficiada.
Usina hidrelétricas de Santo Antônio, nas cercanias de Porto Velho, capital de Rondônia, na Amazônia. Irá fornecer parte da energia limpa que o Brasil precisará para crescer nas próximas décadas
De acordo com informações governamentais, a usina termelétrica de Porto Velho, que abastece boa parte de Rondônia, consome 1 milhão de litros de óleo por dia. A segunda missão é provar que um megaprojeto de infraestrutura como esse pode ser feito em plena Amazônia, que concentra dois terços do potencial hídrico inexplorado do país e é também o mais rico e vulnerável de seus biomas. Temos que ter a consciência de que nosso futuro depende, exclusivamente, da sustentabilidade dos grandes projetos e o que representam de impacto para as futuras gerações. Nosso compromisso é esse, permanente, de buscar essas alternativas que não permitam que o câncer da degradação da natureza prossiga matando nosso planeta e, em especial, nossa Amazônia.
[*] Deputado Federal. Presidente da Comissão da Amazônia - CAINDR
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Os Vencedores do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social
Vencedores recebem Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social Foto: Bruno Spada, Ólga Saxen; Valéria Carvalho e Ateliê de Ideias, Poço Carbono Juruena/Laércio Miranda, Viviane Brocchardt
A
solenidade de entrega da sexta edição do Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social acontecida em Brasília/DF, contou com a participação de mais de 1000 pessoas – representantes de instituições sociais, jornalistas, funcionários do BB e da Fundação BB, além de representantes dos parceiros do Prêmio, como BNDES, Petrobrás, Unesco, KPMG Auditores Independentes e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Todos os 27 finalistas, das nove categorias, receberam como premiação um vídeo institucional e folders para que possam divulgar seus trabalhos. Já o vencedor de cada categoria recebeu um prêmio no valor de R$ 80 mil para a manutenção e ampliação de seus projetos. O evento foi transmitido ao vivo via internet, além de cobertura especial por meio do Twitter e do Facebook da Fundação. Em sua saudação de abertura, o presidente da Fundação BB, Jorge Streit, destacou 20 REVISTA AMAZÔNIA
a importância da iniciativa e agradeceu o empenho de funcionários e parceiros para que o Prêmio continuasse a ser uma realidade. Jorge reafirmou o compromisso da instituição em promover desenvolvimento sustentável e agradeceu o Banco do Brasil por acreditar e investir em sua missão de transformação social. O ator Paulo Betti,
O ator Paulo Betti, mestre de cerimônia do evento e Robson Rocha, vice-presidente de gestão de Pessoas e Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil
mestre de cerimônia da Solenidade, declarou-se emocionado com o reconhecimento dado a iniciativas tão importantes para o país, e reforçou a homenagem feita aos funcionários da FBB, representados por Rogério Miziara que trabalha no prêmio desde sua primeira edição, em 2001. A edição 2011 do Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social obteve recorde de inscrições, com 1116 projetos. Desde abril diversos profissionais estiveram envolvidos em avaliar e divulgar o Prêmio, que possibilitou, ainda, que 264 tecnologias sociais fossem certificadas. Criado em 2001, o Prêmio acontece a cada dois anos e é uma das principais ferramentas de identificação e reconhecimento de tecnologias sociais em todo o país. Confira a lista de vencedores: revistaamazonia.com.br
Categoria Região Norte - Banco Comunitário Muiraquitã (Santarém/PA)
Por meio de um banco e uma moeda social, o muiraquitã, a comunidade financia iniciativas para a geração de renda, tem acesso a vários cursos profissionalizantes na área de informática e ainda aprende a gerir seus resíduos sólidos com responsabilidade
Resumo da Tecnologia: Banco Comunitário e moeda sociail Muiraquitã, que circula nos bairros de Santarém, foi criado pelo Coletivo Puraqué, e financia microempreendimentos colaborativos, promove consórcio solidário de equipamentos eletrônicos, além de possibilitar a troca de produtos e serviços entre a comunidade.
Lixo transformado em inclusão digital
Com a circulação do muiraquitã, vão surgindo novas oportunidades para a comunidade
Categoria Região Nordeste - Bancos de Sementes Comunitários (Teixeira/Pb) Resumo da Tecnologia: Resgate, multiplicação e preservação de variedades de sementes locais que estavam desaparecendo com a erosão genética. É uma tecnologia social, que, busca dinamizar o processo produtivo dos agricultores(as) por meio do estoque coletivo de sementes e grãos, através de bancos de sementes comunitários. Mutirão de colheita de roça comunitária do banco de sementes da comunidade Flores de Baixo Teixeira PB
Sementes em garrafas
IV Festa da Semente da Paixão
Categoria Centro-Oeste - Construção de Habitação em Assentamentos (Campo Grande/Ms) (Depois) Luzia Queroga Silva
Resumo da Tecnologia: Esta tecnologia permitiu a construção de uma casa de 71,03m2 – sala, cozinha, banheiro, varanda e três quartos, incluindo acabamento (piso, forro, reboco e cobertura de telha cerâmica). por meio do processo de autoconstrução envolvendo famílias beneficiárias da reforma agrária em Mato Grosso do Sul. (Antes) Lúzia Quegora Silva PA Eldorado I Lote 195
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Durante a construção P A Santa Monica SR-16
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Categoria Região Sudeste - Ecos do Bem - Educação Ambiental no Território do Bem (Vitória/Es) Voluntárias terminando a limpeza em ponto sujo, onde por 40 anos os moradores depositaram de maneira inapropriada o lixo. Esse terreno no Morro do Jaburu, deu lugar ao Parque do Bem
Resumo da Tecnologia: Moradores do Território do Bem (Vitória, ES) se organizaram, promoveram educação ambiental, revitalizaram terrenos degradados nas comunidades. Pontos sujos onde se deposita lixo de maneira inapropriada são ameaças para o desenvolvimento local sustentável e riscos para famílias, em áreas de morros. Concentração de moradores, agentes ambientais e voluntários, antes do mutirão (de casa em casa) para a sensibilização e educação ambiental
Categoria Região Sul - Visão de Liberdade Internos produzindo materiais didáticos para crianças com deficiência visual
(Maringá/Pr)
Resumo da Tecnologia: Através de equipamentos e técnicas necessárias para produção de materiais didáticos em braile, os presos da Penitenciária Estadual de Maringá, produzem livros falados e outros materiais para crianças com deficiência visual. Material produzido pelos internos da Penitenciária Estadual de Maringá para crianças com deficiência visual
Deficiente visual utilizando o livro em Braille produzido pelos internos
Categoria Ts na Construção de Políticas Públicas para a Erradicação da Pobreza -Horta Comunitária (Maringá/Pr) A partir da utilização de áreas públicas dentro da cidade
Resumo da Tecnologia: As Hortas Comunitárias se desenvolvem a partir da utilização de áreas públicas dentro da cidade fazendo o seu aproveitamento para a produção de alimentos, através do trabalho voluntário e solidário da comunidade monitorados por uma equipe de técnicos que utiliza o sistema de produção agroecológico.
Hortas Comunitárias com sistema de produção agroecológico 22 REVISTA AMAZÔNIA
Através do trabalho voluntário e solidário da comunidade revistaamazonia.com.br
Participação de Mulheres na Gestao de Ts - Mulheres da Amazônia (Juruena/Mt) Resumo da Tecnologia: Agricultura familiar com diversificação da produção, geração de emprego, alternativas para melhoria na renda das famílias e incentivo as mulheres, que a partir da capacitação tem seu trabalho remunerado, sem discriminação por gênero. Figura numa importante estratégia de proteção da biodiversidade.
Os gostosos biscoitos de castanha
Na sede da AMCA
Categoria Direitos da Criança e do Adolescente e Protagonismo Juvenil - Fazendo Minha História (São Paulo/Sp) Em cada instituição parceira é implantada uma biblioteca com cerca de 150 volumes. Desenvolver o prazer pela leitura é um dos objetivos da tecnologia social. Conhecer e se envolver com as histórias da literatura se revelou um ótimo caminho para levar as crianças e adolescentes a falarem de si, facilitando assim o registro de sua história pessoal
Resumo da Tecnologia: O Fazendo Minha História trabalha com histórias de vida de crianças em abrigos. A TS consiste em implantar uma biblioteca infanto-juvenil no abrigo parceiro, formar educadores, gestores e colaboradores como mediadores de leitura e elaborar albuns com a história de vida de cada criança/adolescente. O trabalho com as crianças e adolescentes é realizado através da parceria com um colaborador voluntário
Cada criança ou adolescente recebe um álbum em branco com muitas páginas, a serem recheadas com suas fotos, desenhos e relatos
Categoria Gestão de Recursos Hídricos - Cisternas nas Escolas (Irece/Ba) Escolas do semiárido agora têm acesso à água para consumo e produção de alimentos
Resumo da Tecnologia: Uso de cisternas de captação de água da chuva para abastecimento humano e produção de alimentos em 43 comunidades escolares rurais de 13 municípios do semiárido baiano, integrando ações de capacitação da comunidade escolar, de educação contextualizada e de segurança alimentar e nutricional. Crianças comemoram a tecnologia social Cisternas nas escolas: água de beber, água de comer e água de educar
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ONU nomeia o brasileiro Bráulio Dias para dirigir Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica
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an Ki-moon anunciou recentemente (20/1) o brasileiro Bráulio Ferreira de Souza Dias como Secretário Executivo do Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD), no nível de Secretário-Geral Adjunto. Dias sucederá Ahmed Djoghlaf, a quem o Secretário-Geral é grato pelo seu empenho continuado e contribuição para a Convenção sobre Diversidade Biológica, na qualidade de Secretário Executivo. Dias traz a esta posição vasta experiência na elaboração de políticas e na coordenação da execução das políticas de biodiversidade, programas e projetos em nível nacional e internacional. Bráulio como Secretário Nacional de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA) do Brasil, Bráulio Dias era diretamente responsável por supervisionar diversos programas interinstitucionais, assim como do trabalho de quatro instituições ligadas ao MMA. Dias, profundamente envolvido com as negociações e a implementação da Convenção sobre Diversidade Biológica desde a sua origem e participou, como membro da Delegação Brasileira, no Comitê Intergovernamental de Negociação da Convenção sobre Diversidade Biológica.
Bráulio Ferreira de Souza Dias, Secretário-Geral Adjunto do Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD)
Anteriormente ele foi membro do Painel Científico e Técnico Consultivo do ‘Global Environment Facility’, VicePresidente da União Internacional de Ciências Biológicas e Coordenador do Comitê Gestor da Rede Interamericana de Informação sobre Biodiversidade. Bráulio Dias é bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília (UnB) e tem experiência como cientista, com PhD em Zoologia pela Universidade de Edimburgo.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, comemorou a nomeação do secretário do MMA para o cargo da ONU dizendo que depois de 20 anos da Conferência da Rio 92 quando a convenção foi instituída, um brasileiro, membro do governo brasileiro assume a convenção. “É uma sinalização não só dos belos resultados que o Brasil tem na diversidade biológica, além de reconhecimento da liderança que o Brasil vem exercendo nos atos ambientais de natureza internacional”, destacou Izabella ao comentar a nomeação do secretário em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.
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Bráulio Souza Dias e Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente revistaamazonia.com.br
ONU iniciou Década da Biodiversidade Não podemos reverter a extinção. Contudo, podemos evitar extinções futuras de outras espécies
Garantir um verdadeiro desenvolvimento sustentável para o crescimento da família humana depende da diversidade biológica, dos bens vitais e dos serviços que ela nos oferece
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an Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas, lançou, meados de dezembro passado, na cidade de Kanazawa, Japão, a “Década da Biodiversidade – 2011 e 2020”. Durante estes anos, a ONU quer implementar planos estratégicos de preservação da natureza e encorajar os governos a desenvolver e comunicar resultados nacionais na implementação do Plano Estratégico para Biodiversidade, com um apelo maior de harmonia entre as pessoas e a Natureza. “Garantir um verdadeiro desenvolvimento sustentável para o crescimento da família humana depende da diversidade biológica, dos bens vitais e dos serviços que ela nos oferece”, disse o Secretário-Geral da ONU, Ban Kimoon, em mensagem lida pelo Subsecretário-Geral para Comunicação e Informação Pública das Nações Unidas, Kiyo Akasaka, na cidade japonesa de Kanazawa. No seu discurso, Akasaka ainda ressaltou que um ecossistema estável é capaz de gerar empregos e que a capacidade humana será testada nessa década. “Não podemos reverter a extinção. Podemos, no entanto, prevenir a extinção futura de outras espécies. Para os próximos dez
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anos nosso comprometimento será de proteger mais de oito milhões de espécies e nossa sabedoria em contribuir com o equilíbrio da vida será posta à prova”, disse o Subsecretário-Geral. “Ainda que sejam os pobres os primeiros a sofrer com a perda da biodiversidade, e de forma mais grave, toda a sociedade vai sentir esta extinção em massa”, disse Kanazawa, acrescentando que ecossistemas estáveis têm a capacidade de criar postos de trabalho. Nas últimas décadas, “as atividades humanas têm causado a extinção de plantas e de animais e um ritmo centenas de vezes mais rápido do que aquilo que seria natural”, acrescentou. O balanço sobre o estado da Biodiversidade do planeta, apresentado em Maio de 2010 pela ONU (“Global Biodiversity Outlook3”), conclui que “zonas húmidas, habitats de gelo marinho, pântanos salgados, recifes de coral, bancos de algas marinhas e de moluscos estão todos a registar graves declínios”. A diversidade genética da agricultura e pecuária continua a decrescer e a abundância de espécies de vertebrados, com base nas populações avaliadas, caiu quase um terço, em média, entre 1970 e 2006.
Kiyo Akasaka, subsecretário-Geral para Comunicação e Informação Pública da ONU Lançamento da Decada das Nações Unidas sobre Biodiversidade no Sudeste Asiático
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Belém será sede do VI Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia A Rede de Núcleos de Inovação Tecnológica da Amazônia Oriental coordenada pelo Museu Goeldi traz o VI Fortec à Belém para discutir um desenvolvimento verde e sustentável na região Fotos: Matilde Costa, Patricia Ledoux
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elém vai sediar o VI Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec) nos próximos 18, 19 e 20 de abril. O tema do VI Fortec “Economia Verde – Negócios Sustentáveis” propõe uma ação de inovação sustentável para a região, com o sentido de amenizar os conflitos sócioambientais na Amazônia, gerados pelo modelo de desenvolvimento de alto impacto ambiental. O evento reunirá profissionais do setor de Inovação Tecnológica, gestores de inovação que atuam no setor empresarial, além de especialistas nacionais e internacionais que compartilharão suas experiências no debate sobre a importância de um desenvolvimento inovador e sustentável.
Sustentabilidade Para a coordenadora, Dra. Maria das Graças Ferraz Bezerra: “A Amazônia é o local sobre o qual vem sendo travado o debate sobre biodiversidade. O que se propõe é que seja o palco”. Sobre as questões ambientais da região, Graça comenta também: “Claro que as questões ambientais e seus impactos negativos perpassarão este debate, não há como fugir, mas o foco é a sustentabilidade”.
O VI Encontro do Fortec, segundo Graça Ferraz, “ propõe uma discussão pro-ativa no sentido de mostrar o que vem sendo feito e o que pode ser feito em futuro próximo para transformar a rica biodiversidade em negócios sustentáveis não apenas para empresas, mas também para as populações tradicionais, a fim de contribuir para a melhoria da vida no planeta”. Expor e discutir conteúdos conceituais e enfoques jurídicos e econômicos, vinculados ao tema Economia Verde – Negócios sustentáveis é o principal objetivo do evento. Além disso, o Fortec propõe informar e capacitar gestores e demais profissionais atuantes da área, com a finalidade de facilitar a relação entre empresários, pesquisadores do setor público, privado e das comunidades locais, identificando linhas de interesse entre esses diferentes atores. A finalidade do Fórum é, também, promover parcerias e composições de arranjos para o estabelecimento de ações de PD&I envolvendo negócios verdes. No Fortec também se produzirá um documento, como resultado concreto do encontro, representativo da ação do Fórum para com o Desenvolvimento Sustentável a ser apresentado durante o Rio+20. Segundo a Coordenadora Executiva do Encontro e Coordenadora do FORTEC na região Norte,Graça Ferraz , o VI Fórum: “Será um evento com a cara da Amazônia e a da região Norte. Iremos discutir a economia verde, negócios e sustentabilidade. É uma oportunidade ímpar para que
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as Instituições, as empresas e comunidades tradicionais se coloquem nesse cenário para discutir os caminhos possíveis para a nossa biodiversidade, especialmente como proteger, preservar e comercializar”.
Fortec Criado em 2006, o Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (Fortec), é um órgão de representação dos responsáveis nas universidades e institutos de pesquisa pelo gerenciamento das políticas de inovação e das atividades relacionadas à propriedade intelectual e à transferência de tecnologia, incluindo-se, neste conceito, os núcleos, agências, escritórios e congêneres. O evento em Belém é uma realização do Fortec Norte/ Rede Namor - coordenados pelo Museu Paraense Emílio Goeldi/MCT/Rede AMOCI (Rede de NIT da Amazônia Ocidental) coordenada pelo INPA/MCT e acontecerá nos próximos 18, 19 e 20 de abril, com local ainda em fase de definição. Reunião do diretório nacional do FORTEC realizada na diretoria do Museu Goeldi, em Belém. No centro, Ruben Dario Sinisterra Milan (UFMG) coordenador nacional do Forum, à esquerda, Graça Ferraz (MPEG) coordenadora do Forum na Região Norte
V Encontro do FORTEC realizado em Salvador/Bahia. Da direita para esquerda: Patricia Ledoux, coordenadora do NIT da Embrapa Amazonia Oriental; Cintia Reis, coordenadora do NIT do CESUPA; Magali Coelho - coordenadora do NIT da UFPa 26 REVISTA AMAZÔNIA
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Estrutura que pode ser instalada em rios ou no mar e abrigar a fauna e a flora locais. Espécie de torre flutuante que pode ser movida de um lado para o outro. Debaixo da água serve de habitat para pequenas criaturas ou até, quando o clima o permite, para recifes de corais
Foto: Koen Olthuis /Waterstudio
O
projeto Sea Tree – Arvore marinha, foi criado pelo arquiteto holandês Koen Olthuis, da empresa Waterstudio. Esta construção deverá ter cerca de 30 metros de altura, a que se juntam oito metros sob a superfície. O Sea Tree pretende funcionar como refúgio de plantas e animais terrestres e marinhos. O sistema pré-fabricado, e semelhante ao utilizado para a construção de plataformas petrolíferas, permite que as plantas tenham contacto com brisas e ventos naturais. Além disso, o edifício pode ser modificado consoante o tamanho médio das plantas do local. A Sea Tree é capaz de reproduzir todo o ecossistema de uma árvore. Por ser dividida em camadas, a estrutura flutuante tem a capacidade de alojar diversas espécies de animais. Tendo como grande objetivo o de servir de
Sea Tree: a árvore que pode salvar a biodiversidade Uma solução “flutuante” 100% para albergar vida selvagem refúgio para plantas, animais marinhos, pássaros e insectos como abelhas, entre outros. Trata-se de uma boa solução contra a poluição das metrópoles e da falta de espaço para a fauna e a flora. Este será o primeiro objeto flutuante 100 por cento construído e projetado para flora e fauna, já que segundo o
arquitecto “quanto mais construímos, mais deslocamos a flora e a fauna”. O custo deste projeto está orçado em 9 milhões de dólares e é possível ver as primeiras Sea Tree ganhar “vida” daqui a dois anos.
As várias camadas estão pensadas para diversas formas de vida
A base está pensada para albergar vida marinha revistaamazonia.com.br
A luz solar entra pela estrutura e os pássaros podem explorar o espaço à vontade REVISTA AMAZÔNIA 27
Ivo Barbiero *
Nosso negócio é o Brasil cilhos históricos do que a superação da crise do Velho Continente. O Brasil não pode desprezar-se. Hoje, já somos melhores do que os europeus em muitos segmentos, como na decisiva área de Tecnologia da Informação. Além disso, estamos à frente no agronegócio e em energia, incluindo fontes mais limpas e renováveis, como os biocombustíveis e as hidrelétricas. A Europa, com ou sem crise, continuará precisando de alimentos para sua população e insumos para sua indústria, e nós somos grandes fornecedores.
Alicia Bárcena, Secretaria Executiva da CEPAL, apresentando o informe Panorama social da América Latina 2011
fiscal gritante de outros contamina a mesma moeda. Talvez devessem pensar numa uniformidade mais aprofundada, derrubando de modo definitivo suas fronteiras políticas. De imediato, uma das alternativas é a que está sendo aventada por alguns economistas: compra das dívidas das nações mais afetadas pelo Banco Central Europeu, mesmo que seja utilizado para isso dinheiro sem lastro, gerando certa inflação. Isso, porém, não é problema do Brasil. Nosso negócio é priorizar o foco nas soluções internas, acreditando em nosso potencial e capacidade. Estamos diante de uma 12 oportunidade histórica de nos consolidar como grande uma das principais economias mundiais.
Cabe aos europeus encontrar soluções para seus problemas. Suas dificuldades são políticas. Afinal, para a mesma comunidade monetária do Euro, há distintas realidades na gestão do setor público. A despeito da eficácia Gráfico 1 [*] Economista especialista em informação e análise1980-2011 de crédito a e responsabilidade de alguns governos, o desequilíbrio AMÉRICA LATINA: EVOLUCIÓN DE LA POBREZA Y DE LA INDIGENCIA, (En porcentajes y millones de personas) 60
250
50
200
48,4 40
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20
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12,8
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Indigentes
Millones de personas
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nte o temor provocado pela crise fiscal europeia, é pertinente refletir sobre a conclusão de um relatório divulgado no final de novembro pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal): entre 1990 e 2010, a taxa de pobreza na região caiu 17 pontos percentuais, recuando de 48,4% para 31,4% da população. A indigência foi reduzida em 10,3 pontos (de 22,6% para 12,3%). Os dois indicadores situam-se, agora, em seu nível mais baixo nos últimos 20 anos. Os dados desse novo estudo, intitulado “Panorama Social da América Latina 2011”, indicam que os países da região deveriam prestar mais atenção ao seu potencial, dedicar-se a corrigir os problemas que atrapalham suas economias, ampliar ainda mais o processo de inclusão social, desenvolvendo o mercado interno, e temer menos a crise europeia. É preciso romper o paradigma da subserviência, da dependência e do temor de que se o Hemisfério Norte for mal, todo o mundo sucumbirá. Essa reflexão vale de modo mais enfático para o Brasil, que vem promovendo, desde 2003, um expressivo movimento de ascensão socioeconômica das classes de menor renda, que constituiu reserva cambial superior a 300 bilhões de dólares, que tem sistema financeiro sadio e monitorado, na medida exata, pelo poder público, que soube adotar medidas anticíclicas adequadas em 2008 e 2009 e que, a despeito do menor crescimento em 2011, mantém o dinamismo da economia. Assim, vamos priorizar soluções como as reformas tributária, trabalhista e previdenciária, aumentar a segurança jurídica e a pública, melhorar o ensino e a saúde, resgatar o déficit da infraestrutura, enfim, equacionar nossos reais problemas. Nossa economia ganhou alavanca própria. Para ela é muito mais importante vencer esses empe-
Porcentajes
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Pobres no indigentes
1999
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Fuente: Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL), sobre la base de tabulaciones especiales de las encuestas de hogares de los respectivos países. a
CNPq agiliza processos de acesso a recursos da biodiversidade Conselho de Gestão do Patrimônio Genético ampliou o credenciamento do CNPq para emitir autorizações de acesso para pesquisa, bioprospecção e desenvolvimento tecnológico
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solicitação de autorização para o acesso ao patrimônio genético para fins de bioprospecção, pesquisa e exploração comercial já pode ser feita diretamente no site do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq):http://www.cnpq.br/patrimonio_gen/index.htm. O credenciamento do CNPq é de 2009, mas o sistema integrado e automatizado ampliado para bioprospecção e desenvolvimento tecnológico é o primeiro a entrar em operação. Em fase de testes, ele foi desenvolvido com o apoio da Diretoria de Patrimônio Genético do Ministério do Meio Ambiente, para agilizar a análise dos processos. O Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) ampliou o credenciamento do CNPq para emitir autorizações de acesso para pesquisa, bioprospecção e desenvolvimento tecnológico, mas ele não poderá autorizar atividades que envolvam o conhecimento tradicional associado, que deve ser buscada junto ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O novo sistema do CNPq integra a plataforma Carlos Chagas. As informações devem ser fornecidas exclusivamente por meio eletrônico, dispensando o uso de documentos impressos. Com a descentralização, as autorizações de acesso ao patrimônio genético poderão ser obtidas de forma mais eficiente e ágil.
Regularizados A Natura Inovação e Tecnologia de Produtos Ltda é a primeira empresa beneficiada pelo Resolução que definiu normas para regularizar o acesso e compartilhamento dos benefícios oriundos da utilização da biodiversidade e do conhecimento tradicional associado. Ela teve atendidas três solicitações de regularização pendentes para pesquisa e exploração comercial de produtos. As regras asseguram às comunidades envolvidas a participação nos benefícios oriundos da comercialização de produtos desenvolvidos à partir dos recursos genéticos, que são componentes da biodiversidade, e também pelo uso dos conhecimentos tradicionais envolvidos.
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Acesso e compartilhamento dos benefícios oriundos da utilização da biodiversidade e do conhecimento tradicional associado
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Índice de Sustentabilidade Empresarial é termômetro para o investimento responsável
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resce no mundo a convicção de que o mercado de capitais deve se desenvolver à esteira dos investimentos socialmente responsáveis, que não visam apenas o lucro imediato, mas o retorno sustentável de longo prazo para empresas, acionistas e toda a sociedade. Desde 2005, os investidores brasileiros possuem um termômetro eficaz para analisar opções de investimentos sob essa ótica. Trata-se do Índice de Sustentabilidade Empresarial, que mede o retorno de uma carteira teórica de ações com base no conceito internacional Triple Bottom Line (TBL), que avalia, de forma integrada, elementos ambientais, sociais e econômico-financeiros das empresas. O ISE foi criado pela BM&FBOVESPA com a parceria técnica do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) e apoio financeiro do International Finance Corporation (IFC). Além de servir como referência para o investimento socialmente responsável, o ISE também é indutor de boas práticas no meio empresarial brasileiro. “Foi o quarto índice de ações no mundo desenvolvido com esta finalidade e vem ganhando, a cada ano, mais relevância como instrumento financeiro de estímulo à construção de uma sociedade sustentável. O esforço das empresas para integrar o indicador mostra que ele está se tornando um 0188_CAPA_OK.indd
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Carteira do ISE em 2012 Banco do Brasil, Bradesco, Bicbanco, Brf foods, Braskem, Ccr as, Cesp, Cemig, Coelce, Cpfl energia Copel, Copasa, Duratex, Ecorodovias, Eletrobras, Eletropaulo, Embraer, Energias br, Even, Fibria, Aes tiete, Gerdau, Gerdau met, Itausa, Itauunibanco, Light s/a, Natura, Redecard, Santander br, Sabesp, Sul américa, Suzano papel, Tractebel, Tim part s/a, Telemar, Ultrapar, Vale
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por um amplo processo ia, o ISE amadureceu, induzido em para “Em cinco anos de existênc s integrantes que contribu ção, pois são as empresa uição dos colaborativo de participa elaborado a partir da reconstit organização. Este livro, o aperfeiçoamento da sua entrevistas, registra de o de documentos e da realizaçã rial em fatos, do levantamento Empresa bilidade Sustenta o empenho do Índice de s, brasileira s os principais desafios e empresa as cultura entre vimento de uma nova contribuir para o desenvol bilidade.” que privilegiem a sustenta fundamentada em práticas
diferencial importante de valor para um número cada vez maior de companhias”, analisa a diretora de sustentabilidade da BM&FBOVESPA, Sonia Favaretto. A atual carteira, que vigora até o final de 2012, é composta por 51 ações de 38 companhias, representando 18 setores e que somam R$ 961 bilhões em valor de mercado, o equivalente a 43,72% do total do valor das companhias com ações negociadas na BM&FBOVESPA. A nova carteira marcou o ingresso de duas companhias que não constavam em 2011: a CCR e a Ecorodovias, que trouxeram o setor o setor de transportes para o indicador (veja lista completa de empresas no BOX abaixo). “Acreditamos que o ISE está cumprindo de forma eficaz seu papel de promover políticas de sustentabilidade para as empresas. Porém, para ele se tornar referência também para o investidor, é preciso um movimento maior de conscientização da sociedade, de mudança de padrão de comportamento e isso será maturado com o tempo”, avalia Sonia. nte da BM&FBOVESPA Edemir Pinto, Diretor Preside
no Mercado de Capitais ISE – Sustentabilidade
O ISE reflete o retorno de uma carteira composta por ações de empresas com o melhor desempenho nas dimensões que medem a sustentabilidade empresarial
VERSÃO BILÍNGUE PORTUGUÊS
/ INGLÊS
des Adalberto Wodianer Marcon Celso Dobes Bacarji
11/4/10 3:54 PM
ISE foi lançado em 2005 para servir de referência para o investimento responsável no Brasil
Para ajudar a acelerar esse processo, a Bolsa iniciou no final de 2011 a negociação de um fundo de cotas de ações (ETF) baseado apenas nas empresas integrantes do ISE.
Raio-x da carteira • 100 % das companhias possuem compromisso com o desenvolvimento sustentável formalmente inserido em suas estratégias; • 92 % mantêm programa de sensibilização e educação sobre o tema; • 92 % aderiram formal e publicamente a compromissos voluntários amplamente legitimados, relacionados ao desenvolvimento sustentável, comprometendo todas as suas unidades, subsidiárias ou controladas; • 90% possuem Comitê de Sustentabilidade ou de Responsabilidade Empresarial formalmente estabelecido; • 87 % possuem diretoria que se reporta diretamente à alta direção da companhia (primeiro escalão) com atribuição de tratar questões relativas à sustentabilidade. • 84 % buscam identificar os temas mais relevantes relativos à sustentabilidade, por meio de um processo estruturado de verificação de seus impactos econômicos, ambientais e sociais significativos, conduzido com participação das principais partes interessadas; • 100 % publicaram Relatório de Sustentabilidade no último ano; - 90 % utilizam as diretrizes da GRI como referência para a elaboração do relatório. revistaamazonia.com.br
MÉDIAS DIÁRIAS DO VOLUME (R$ MILHÕES) E Nº DE NEGÓCIOS 300.000
3.500
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NEGÓCIOS
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Sonia Favaretto. Diretora de Sustentabilidade da BM&FBOVESPA, acredita que o ISE está cumprindo seu papel de promover políticas de sustentabilidade para as empresas
ISE x IBOVESPA BASE 1.000 = 30/11/2005
Mercado de capitais propõe “Novo Valor” para o Brasil
2.400 2.200
PONTOS
2.000 1.800
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OSC.% NO PERÍODO ISE = + 101,89% IBOVESPA = + 77,82%
1.200
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nov-05 dez-05 jan-06 fev-06 mar-06 abr-06 mai-06 jun-06 jul-06 ago-06 set-06 out-06 nov-06 dez-06 jan-07 fev-07 mar-07 abr-07 mai-07 jun-07 jul-07 ago-07 set-07 out-07 nov-07 dez-07 jan-08 fev-08 mar-08 abr-08 mai-08 jun-08 jul-08 ago-08 set-08 out-08 nov-08 dez-08 jan-09 fev-09 mar-09 abr-09 mai-09 jun-09 jul-09 ago-09 set-09 out-09 nov-09 dez-09 jan-10 fev-10 mar-10 abr-10 mai-10 jun-10 jul-10 ago-10 set-10 out-10 nov-10 dez-10 jan-11 fev-11 mar-11 abr-11 mai-11 jun-11 jul-11 ago-11 set-11 out-11 nov-11 dez-11
1.000
ISE
IBOVESPA
LUCRATIVIDADE DAS AÇÕES ÚLTIMOS 12 MESES (2011) 80,00 73
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60,00 49 49
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40,00
39 37 36 34
30,00
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Outra importante ferramenta de incentivo ao desenvolvimento sustentável é o “Novo Valor BM&FBOVESPA”, programa criado em 2010 que sintetiza os conceitos e as práticas de sustentabilidade sob a ótica da Bolsa enquanto empresa e enquanto agente central do mercado de capitais no Brasil. Dentro do escopo do Novo Valor, recentemente a Bolsa divulgou mais uma ação, o “Relate ou Explique”, voltado a estimular as empresas listadas a divulgar informações relacionadas às dimensões social, ambiental e de governança corporativa, ampliando a transparência para os investidores. Isso quer dizer que a Bolsa passa a recomendar, a partir de 2012, que as empresas indiquem em seu Formulário de Referência (documento obrigatório) se publicam Relatório de Sustentabilidade ou documento similar e onde está disponível. Em caso negativo, devem explicar por que não o fazem. O objetivo da Bolsa com esta iniciativa é disponibilizar ao público este banco de dados relacionado à sustentabilidade das empresas brasileiras de capital aberto na Rio + 20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorrerá no Rio de Janeiro, em julho.
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20,00 16
Saiba mais: www.bmfbovespa.com.br/novo-valor
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Isto permite ao investidor a diversificação dos investimentos, mesmo com a aplicação de pequenas quantias. Ou seja, os investidores pessoa física que estão entrando na Bolsa com poucos recursos e baixo apetite ao risco revistaamazonia.com.br
ROMI3
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TNLP4
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SUZB5
(50,00)
ganharam um novo instrumento que leva em conta a escolha de ações com estratégia nítida de sustentabilidade baseada em critérios de governança, respeito ao meio ambiente e responsabilidade social.
“Novo Valor” foi criado em 2010 para fomentar a sustentabilidade na Bolsa, no mercado de capitais e no meio empresarial REVISTA AMAZÔNIA 31
por
Bruna Campos *
Banco Mundial vai fechar parceria com o Programa
Municípios Verdes Foto: Antônio Silva/Ag. Pará Rodolfo Oliveira/Ag. Pará
O
braço financeiro do Banco Mundial, a IFC - International Finance Corporation (ou Corporação Financeira Internacional), será mais uma das parceiras do Programa Estadual Municípios Verdes. O interesse da corporação em investir no programa foi tema de uma reunião, realizada recentemente entre os diretores da entidade, secretários de Estado e o governador Simão Jatene, no gabinete do Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. Na ocasião, ficou acordado também a assinatura de um memorando de entendimento entre a IFC e o Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará (Ideflor), com o objetivo de auxiliar o órgão paraense a identificar novas áreas de concessão florestal. O diretor da IFC para a América Latina, Paolo Matelli, explicou ao governador que o que atraiu o setor privado do Banco Mundial ao programa, foi o trabalho de sucesso desenvolvido pelo governo do Pará. “Ficamos muito feli-
zes em saber que o governo paraense conseguiu implantar uma política de geração de renda com a preservação do meio ambiente. Isto tem a ver com a nossa estratégia, com o nosso foco, que é promover o investimento sustentável do setor privado dos países em desenvolvimento, ajudando a reduzir a pobreza e a melhorar a qualidade de vida das pessoas”, ressaltou. Para o governador Simão Jatene, a parceria com o IFC é de suma importância para a expansão de mecanismos de premiação e incentivo às boas práticas adotadas pelos municípios que aderirem ao programa, já que, segundo ele, esse é um dos maiores desafios que a iniciativa enfrenta. “A repressão deve existir, mas não pode ser a estratégia do programa. A estratégia é a premiação. Hoje, no Pará, nós temos uma visão clara de onde estamos partindo e aonde queremos chegar. O programa Municípios Verdes não pode ser um projeto de Governo e, sim, da sociedade. É preciso que ela assuma o protagonismo e vocês podem ser nossos parceiros privilegiados para que isso aconteça”, disse.
Redução Durante a reunião, o secretário extraordinário para o pro-
grama Municípios Verdes, Justiniano Neto, expôs aos representantes da IFC os números que demonstram a redução do desmatamento no Pará nos últimos 12 meses após a adesão de mais 90 municípios ao programa. “Nos últimos
Paolo Matelli, da IFC, diz que o setor privado do Banco Mundial acompanha de perto o trabalho desenvolvido pelo Governo do Pará 32 REVISTA AMAZÔNIA
revistaamazonia.com.br
12 meses, o Pará reduziu em 30% o desmatamento, enquanto no mesmo período, essa prática predatória dobrou em estados como Mato Grosso e Rondônia”, enfatizou. O secretário especial de Estado de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção, Sidney Rosa, completou: “O governo conseguiu chegar a um modelo de desenvolvimento sustentável que tem duas premissas: buscar dos
O interesse da IFC em investir no Municípios Verdes foi tema da reunião
Justiniano Neto, secretário extraordinário para o programa Municípios Verdes, expôs aos representantes da IFC os números que demonstram a redução do desmatamento no Pará nos últimos 12 meses após a adesão de mais 90 municípios ao programa
O programa Municípios Verdes não pode ser um projeto de Governo e, sim, da sociedade
atores municipais o desmatamento zero e, ao mesmo tempo, com apoio do Estado, intensificar a produção nas áreas que já estão abertas”, concluiu. Os diretores da IFC assistiram a uma apresentação detalha-
da do Programa Municípios Verdes e em seguida, assinaram o memorando de entendimento com o Ideflor. [*] Secom
Jatene apresenta “Municípios Verdes” à Aliança pelo Clima e Uso da Terra Representantes da Aliança pelo Clima e Uso da Terra (Clua), iniciativa internacional para reduzir os efeitos das mudanças climáticas, foram recebidos pelo governador Simão Jatene em audiência no Comando Geral da Polícia Militar. O diretor geral da iniciativa, Dan Zarin, e a coordenadora no Brasil, Cristiane Fontes, estão visitando o Pará para conhecer o Programa Municípios Verdes, do governo do Estado. A primeira parada da comitiva aconteceu em Paragominas, município do nordeste paraense. Na cidade, acompanhados das autoridades locais, eles conheceram exemplos do uso sustentável dos recursos naturais. “Este é um programa muito importante, que vem dando provas de sua eficácia na redução do desmatamento e no uso sustentável das florestas. Por isso tem despertado a atenção do mundo. É experimento que serve de modelo e que ficamos felizes em colaborar”, afirmou o diretor Dan Zarin. Durante o encontro, Simão Jatene apresentou aos representantes da Aliança as oportunidades do governo e as metas do programa revistaamazonia.com.br
para os próximos anos. Parceira do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) no monitoramento via satélite do desmatamento no Estado, a Aliança deverá ampliar sua participação no programa. O governador Simão Jatene, o diretor geral A Clua é uma iniciativa da iniciativa, Dan Zarin, e a coordenadora no que conta com a colaBrasil, Cristiane Fontes, visitam o Pará para boração das fundações conhecer de perto o Programa Municípios Verdes, com o pesquisador sênior do Imazon, ClimateWorks, David e Adalberto Veríssimo Lucile Packard, Ford e Gordon e Betty Moore. No Brasil, a iniciativa concentra esforços no sentido de reduzir o desmatamento e a degradação florestal, com o aperfeiçoamento de práticas agrícolas. Além da parceria com o Imazon, a Aliança também é parceira de vários institutos que visam o desenvolvimento sustentável da Amazônia. REVISTA AMAZÔNIA 33
por
Giselle Saporito
Todos os premiados do 7º Prêmio Brasil Ambiental
7º Prêmio
Brasil Ambiental Eletrobras Eletronuclear S.A., Petrobras, Fetranspor, Tractebel Energia, Samarco Mineração e Canal Energia foram as empresas premiadas nas sete categorias desta edição do prêmio Foto: Luciana Areas
A
Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio), por meio de seu Comitê de Meio Ambiente, entregou recentemente, no Salão Nobre da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, o 7º Prêmio Brasil Ambiental aos melhores trabalhos inscritos. O evento tem como objetivo estimular ações e reconhecer o mérito de projetos de preservação do meio ambiente. Foram inscritos 37 projetos em sete categorias. O presidente da Amcham Rio, Henrique Rzezinski, deu as boas-vindas aos convidados e participantes do prêmio e o chairman do Comitê de Meio Ambiente da Amcham Rio, Luiz Pimenta, agradeceu a participação dos jurados. O diretor presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, foi o palestrante convidado. Ele destacou a importância da realização do Prêmio Brasil Ambiental e da continuidade da discussão do 34 REVISTA AMAZÔNIA
Henrique Rzezinski, presidente da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro
tema, que este ano foi a Água e sua importância no desenvolvimento sustentável. “Um evento desta natureza sinaliza que a questão ambiental é irreversível no que diz respeito ao mundo globalizado”, disse. Guillo ressaltou a urgência da criação de uma política de uso ordenado da água e disse que a interferência do setor produtivo nos comitês das bacias hidrográficas será decisiva para a criação da uma gestão ambiental dos recursos hídricos.“O setor agrícola tem sido resistente no que diz respeito à cobrança do uso da água e também gestão das bacias hidrográficas. Estou convencido de que a ação do setor produtivo e empresarial é de suma importância para implementação desta política. Há uma grande atenção do mundo para a gestão da água no Brasil e a consolidação de seu uso ordenado pode ser uma referencial para todo o planeta”, concluiu. O evento teve como patrocinadores master a Chevron e a Vale e co-patrocinadores a BG Brasil e Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis – IBP e como apoiadores a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – CNC, Portogalo Suíte Hotel e o Melhor da Vida.com. revistaamazonia.com.br
Vicente Andreu Guillo, diretor presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), em sua palestra no Prêmio Brasil Ambiental
Na categoria Inovação Ambiental a vencedora foi a Petrobras com o projeto Avaliação de Tecnologia visando ao reuso de efluentes de refinaria de petróleo. O troféu foi entregue pelo especialista em Engenharia de Meio Ambiente da UFRJ Ricardo Luiz Barros à engenheira de Meio Ambiente da empresa vencedora Andréa Azevedo Veiga
Na categoria Inventário de Emissões a vencedora foi a Fetranspor com o projeto Biodiesel B20 – o Rio de Janeiro anda na frente. O troféu foi entregue pelo gerente de Tecnologia da Golder Associates Brasil Consultoria e Projetos, Antonio Henrique Araújo Freitas, à coordenadora de Meio Ambiente a empresa, Giselle Ribeiro
Na categoria Texto Jornalístico a vencedora foi o Canal Energia pelo projeto Hidreletricidade: Sustentabilidade e Desenvolvimento. O troféu foi entregue pelo vice-presidente da Amcham Rio, Rafael Motta, à sub-editora, Carolina Medeiros revistaamazonia.com.br
Na categoria Gestão Sustentável a vencedora foi a Eletrobras Eletronuclear S.A. com o projeto Gestão Ambiental e de Resíduos. O troféu foi entregue pela presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, Luiza Cristina Krau de Oliveira, ao gerente de Planejamento Estratégico da empresa, Marcelo Gomes. Na categoria Inovação Ambiental a vencedora foi a Petrobras com o projeto Avaliação de Tecnologia visando ao reuso de efluentes de refinaria de petróleo. O troféu foi entregue pelo especialista em Engenharia de Meio Ambiente da UFRJ Ricardo Luiz Barros à engenheira de Meio Ambiente da empresa vencedora Andréa Azevedo Veiga. Na categoria Inventário de Emissões a vencedora foi a Fetranspor com o projeto Biodiesel B20 – o Rio de Janeiro anda na frente. O troféu foi entregue pelo gerente de Tecnologia da Golder Associates Brasil Consultoria e Projetos, Antonio Henrique Araújo Freitas, à coordenadora de Meio Ambiente a empresa, Giselle Ribeiro. Na categoria Preservação e Manejo de Ecossistemas a vencedora foi a Tractebel Energia com o projeto Conservação da Biodiversidade no Alto Uruguai. O troféu foi entregue pelo chairman do Comitê de Meio Ambiente da Amcham Rio, Luiz Pimenta, ao gerente de Meio Ambiente, José Lourival Magri. Na categoria Responsabilidade Socioambiental a vencedora foi a Samarco Mineração com o projeto Taboa Lagoa – Gestão Compartilhada de Recursos Hídricos. O troféu foi entregue pelo presidente do Instituto Brasil Pnuma, Haroldo Mattos, ao gerente corporativo de Meio Ambiente da empresa, Paulo Cezar de Siqueira Silva. Na categoria Uso Racional de Recursos Hídricos, a vencedora foi a Tractebel Energia pelo projeto Implantação de um Sistema de ciclo fechado para utilização da água na extração de cinzas úmidas do complexo termelétrico Jorge Lacerda. O troféu foi entregue pelo especialista em Recursos Hídricos da Agência Nacional de Águas (ANA) Marcos Freitas ao gerente de Meio Ambiente da empresa, José Lourival Magri. Na categoria Texto Jornalístico a vencedora foi o Canal Energia pelo projeto Hidreletricidade: Sustentabilidade e Desenvolvimento. O troféu foi entregue pelo vice-presidente da Amcham Rio, Rafael Motta, à sub-editora, Carolina Medeiros.
Haroldo Mattos, presidente do Instituto Brasil Pnuma, entregou o troféu ao gerente corporativo de Meio Ambiente da Samarco Mineração, Paulo Cezar de Siqueira Silva, pelo projeto Taboa Lagoa – Gestão Compartilhada de Recursos Hídricos, categoria Responsabilidade Socioambiental
Luiz Pimenta, chairman do Comitê de Meio Ambiente da Câmara de Comércio Americana do Rio, realizador do evento
Na categoria Gestão Sustentável a vencedora foi a Eletrobras Eletronuclear S.A. com o projeto Gestão Ambiental e de Resíduos. O troféu foi entregue pela presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, Luiza Cristina Krau de Oliveira, ao gerente de Planejamento Estratégico da empresa, Marcelo Gomes.
Na categoria Preservação e Manejo de Ecossistemas a vencedora foi a Tractebel Energia com o projeto Conservação da Biodiversidade no Alto Uruguai. O troféu foi entregue pelo chairman do Comitê de Meio Ambiente da Amcham Rio, Luiz Pimenta, ao gerente de Meio Ambiente, José Lourival Magri (centro)
Na categoria Uso Racional de Recursos Hídricos, a vencedora foi a Tractebel Energia pelo projeto Implantação de um Sistema de ciclo fechado para utilização da água na extração de cinzas úmidas do complexo termelétrico Jorge Lacerda. O troféu foi entregue pelo especialista em Recursos Hídricos da Agência Nacional de Águas (ANA) Marcos Freitas ao gerente de Meio Ambiente da empresa, José Lourival Magri REVISTA AMAZÔNIA 35
por
Juan Quirós *
Sustentabilidade faz bem para o planeta e o bolso
A
cerca de seis meses da realização da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, é fundamental que governos e a sociedade mobilizem-se e se debrucem sobre o tema, considerando ser o evento uma grande oportunidade
de se conter a tempo as consequências do efeito estufa, resgatar a qualidade ambiental e equacionar o abastecimento de água e a segurança alimentar. A humanidade está atrasada na agenda de sua sobrevivência, considerados os pífios resultados de iniciativas como o Tratado de Quioto e a Agenda 21, documento basilar da Rio 92. Em todo esse contexto, é fundamental o engajamento das empresas, que, independentemente das decisões governamentais, podem fazer muito. Felizmente, observa-se no universo corporativo dos mercados emergentes que cresce o número de organizações preocupadas com a questão e que muitas delas estão se beneficiando de iniciativas que aliam progresso ao desenvolvimento sustentável, mantendo práticas ambientais sensatas e crescimento social e econômico responsável. Em nosso país, o conceito emergiu com força na década de 1990. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), 46% das empresas entrevistadas afirmam que têm políticas de sustentaSustentabilidade é tudo sobre como fazer e as melhores decisões para se chegar a um planeta melhor
36 REVISTA AMAZÔNIA
O compromisso com a sustentabilidade não pode mais ser adiado
bilidade e 37% possuem um departamento específico dedicado ao assunto. Contudo, os números mostram que o conceito ainda não está devidamente incorporado na totalidade das organizações: é estratégico para 32%, pontual para 30%, informal para 23%, existente, mas não aplicado em 11% e inexistente em 4%. Como se observa, temos muito a avançar. Uma contribuição relevante no sentido de sensibilizar as empresas e a sociedade quanto à importância das práticas sustentáveis é a disseminação ampla de suas vantagens. Exemplos inequívocos desses benefícios encontram-se nas chamadas construções sustentáveis, caracterizadas pela presença de painéis de energia solar; captação da chuva, dispositivo de redução do consumo e reúso da água; utilização de matérias novos recicláveis, que possam ser usados nas reformas; fonte de energia eólica; filtros e sensores de dióxido de carbono, melhorando a qualidade do ar interno; aproveitamento de ventilação e iluminação naturais; paisagismo com espécies nativas; e mínima ocupação do solo, favorecendo a permeabilidade. Edificações com tais características propiciam economia de 30% de energia e até 50% de água, além de redução de até 60% na geração de resíduos sólidos e 35% de dióxido de carbono. Além dos benefícios ambientais e impactos positivos na qualidade da vida dos funcionários das empresas ou moradores de edifícios residenciais, esses avanços na concepção arquitetônica fazem muito bem ao bolso dos proprietários. No caso de prédios comerciais, obtêm-se, em média, acréscimo de 10% a 20% por metro quadrado no aluguel e 3,5% na
ocupação. No caso de prédios residenciais, é de 14% a sobrevalorização. O avanço dos conceitos de sustentabilidade na arquitetura e construção suscita enormes oportunidades no tocante ao desenvolvimento de produtos, materiais, serviços e tecnologia. Implica, porém, os desafios de estimular todo esse movimento nos sistemas produtivos e incentivar a pesquisa e inovação. O compromisso com a sustentabilidade não pode mais ser adiado. Se na Rio 92 a situação do Planeta era de alerta, na Rio+20, é de emergência. Mais do que nunca, as empresas devem ser agentes de desenvolvimento e o poder público, instrumento de transformação.
[*] Presidente do Grupo Advento e vice da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e da ABDIB (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base) revistaamazonia.com.br
Chegou a hora de premiar os projetos e iniciativas que procuram soluções sustentáveis para o nosso país. Esse é o grande objetivo do Green Project Awards Brasil.
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Juntos pelo Brasil. Este é o tema da primeira edição do Green Project Awards Brasil. Porque Sustentabilidade é mais do que o meio ambiente. Porque apenas todos juntos conseguiremos assegurar um bom futuro. Faça parte do movimento que reúne toda a sociedade brasileira rumo ao Desenvolvimento Sustentável. Porque o Brasil somos todos nós. Inscrições abertas até 30 de março de 2012 Mais informações em www.gpabrasil.com.br
ORGANIZAÇÃO
Secretaria-Geral da Presidência da República
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REVISTA AMAZÔNIA 1
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Risco de epidemia de dengue na Amazônia As únicas capitais brasileiras com risco de epidemia estão na região: Rio Branco, Porto Velho e Cuiabá. Foto: Chico Batata / AGECOM
O
Ministério da Saúde divulgou, recentemente o Raio X dos riscos de novas epidemias de dengue no Brasil. Para a Amazônia, há motivos para comemorar, mas ainda não é possível esquecer o alerta. A região concentra boa parte dos municípios onde há possibilidade de haver surto da doença. Os dados fazem parte do Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (Liraa). Ministro Alexandre Padilha, governador Omar Aziz, prefeito Amazonino Mendes e a senadora Vanessa Grazziotin, em recente reunião em Manaus
O Estado onde a situação parece mais grave na região é o Acre, que concentra cinco municípios com risco de epidemia: Brasiléia, Epitaciolândia, Porto Acre, Rio Branco e Senador Guiomard. Nessas cidades e em todas as outras em alerta para surto, mais de 3,9% dos imóveis apresentaram larvas do mosquito. O índice considerado satisfatório é inferior a 1%. Além do Acre, aparecem na lista também Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima. Considerando somente as capitais Rio Branco, Cuiabá e Porto Velho, cerca de 1,3 milhão de pessoas vivem em áreas de risco de epidemia de dengue. Entre as boas notícias da Liraa está a saída do Amazonas do temor de surto. Também não são listados Maranhão,
Amapá e Tocantins. Entretanto, há situação de alerta – sem risco de epidemia – entre as capitais Belém, com índice de infestação de 2,2%; e São Luís, com 1,6%. O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, lembrou que o período de maior concentração dos casos de dengue é entre janeiro e maio. A campanha de combate à doença no verão 2011/2012,
Recentemente o governador Omar Aziz estendeu as ações de prevenção do mutirão de limpeza, realizado em Manaus, em parceria com a Prefeitura, para os nove municípios com maior risco de transmissão da doença.
MA COM ESC
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Ações de combate a dengue em Manaus
segundo ele, terá como foco hábitos simples que ajudam a combater os focos do mosquito. “A campanha é permanente, mas há momentos em que é preciso chamar a atenção das pessoas”, disse. “Não precisa tecnologia nem comprar nada para combater a dengue. Temos que desmistificar: são medidas simples que cada família pode fazer”, disse, ao citar a limpeza de caixas d’água e o não acúmulo de lixo. Ao todo, o Ministério monitorou 561 municípios brasileiros. Destes, 236 estão em alerta para a doença e 277 apresentam índices considerados satisfatórios. O mapeamento foi feito entre outubro e novembro, em parceria com as secretarias municipais de Saúde. No ano passado, 427 cidades foram mapeadas no Liraa. A partir de 2012, de acordo com o ministério, o estudo será feito três vezes ao ano e não mais anualmente.
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REVISTA AMAZÔNIA 39
O documento estima que a biomassa da Amazônia contém 100 bilhões de toneladas de carbono – o equivalente a mais de 10 anos de mundial emissões de combustíveis fósseis
Amazônia está emitindo cada vez mais gás-estufa
A
Amazônia é importante para absorver gás carbônico e ajudar a combater o aquecimento global? O estudo mais recente sobre essa questão, que atormenta cientistas há décadas, aponta que ainda há dúvidas sobre se a região é mesmo um “sorvedouro” de carbono. Mas o trabalho conclui que o desmatamento e o aquecimento global estão gradualmente levando a região a se tornar mais uma fonte dos gases de efeito estufa do que um ralo para absorvê-los. “Não sabemos de onde partimos, mas sabemos para onde estamos indo”, disse Eric Davidson, cientista do Centro de Pesquisas de Woods Hole (EUA), que coordenou o trabalho. “A mudança talvez seja de um sorvedouro de carbono forte para um sorvedouro fraco ou de uma fonte pequena de carbono para uma um pouco maior, talvez até cruzando essa barreira. Ainda não temos como estimar o fluxo líquido de carbono para toda a bacia Amazônica.” O estudo dos cienisas Eric A.Davidson, Alessandro C.deAraujo, Paulo Artaxo, Jennifer K.Balch, I.Foster Brown, Mercedes M.C.Bustamante, Michael T.Coe1, Ruth S.DeFries, Michael Keller, Marcos Longo, J.William Munger,Wilfrid Schroeder, Britaldo S.Soares Filho, Carlos M.Souza Jr e Steven C.Wofsy, liderado por Davidson, publicado rece40 REVISTA AMAZÔNIA
nemente na revista “Nature”, foi um balanço dos quase 20 anos de pesquisas do LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), o maior projeto de pesquisa em ecologia e geociências da região. Mesmo sem uma resposta detalhada sobre essa questão estratégica, cientistas comemoram o fato de que os dados da iniciativa têm ajudado nas políticas de preservação da floresta. “O LBA mostrou que em um período de forte estresse climático, como as secas de 2005 e 2010, a floresta se torna uma pequena fonte de carbono”, diz Paulo Artaxo, geofísico da USP, também autor do estudo. “Isso é importante porque a Amazônia tem em sua biomassa um reservatório de carbono equivalente a quase dez anos da queima mundial de combustíveis fósseis. Qualquer alteração nesse regime é significativa do ponto de vista da mudança climática.” Uma das conclusões que o LBA permitiu tirar é que, apesar de a Amazônia ser robusta o suficiente para suportar fatores individuais de estresse -secas, desmatamento e queimadas, entre outros-, a floresta pode não suportar todos ao mesmo tempo. “Há sinais de uma transição para um regime dominado por perturbações”, dizem Artaxo, Davidson e outros autores do trabalho.
Monitoramento Segundo o pesquisador brasileiro, um dos problemas em responder a questões complexas sobre o comportamento da floresta diante da mudança climática é que, apesar de ser o maior projeto de pesquisa na região, o LBA não é grande o suficiente. “Temos 13 torres de fluxo [instrumentos para estudos atmosféricos] hoje em 5,5 milhões de km2. Seria um engano achar que 13 pontos de medida seriam capazes de representar uma área continental do tamanho da Amazônia”, diz Artaxo. “O país precisa ampliar esse sistema para monitorar não só a Amazônia, mas também outros biomas, como o cerrado e o Pantanal.” A Bacia Amazônica, tradicionalmente considerado um baluarte contra o aquecimento global, pode ser tornar um contribuinte líquido de dióxido de carbono (CO2) como resultado do desmatamento
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Percentage deviation from mean flood area
a
1.75
05 1.57 0 75 5 1.2
40 La Niña years
30
El Niño years Non-ENSO years
20 10 0 –10 –20 –30 –40 1938
1948
1958
1968
1978
b 160
75 50 1.00
1998
La Niña years El Niño years Non-ENSO years
140
75 1. 0. 0.75
1988
(103 km2)
120
5
1.70 0.5 5
100
0.2
80 60 40
Forest
J M M J S N J M M J S N J M M J S N J M M J S N J M M J S N
1988
Cerrado Pasture/cropland Other
Gradiente climáticas em toda a bacia amazônica. Figura principal, o hidrológico da bacia amazônica é demarcada por linha azul; isopleths de precipitação média diária durante os três meses mais secos do ano 97 (em mm; linhas brancas) são recobertos em quatro classes de cobertura da terra (tecla no canto inferior esquerdo). Estes isopleths são apresentados apenas para áreas com no Brasil, devido à falta de dados adequados em outros lugares. A seta enfatiza a tendência de contínua condições de chuva no noroeste de longa e pronunciada estação seca no sudeste, que inclui Cerrado (savana / floresta). As fronteiras nacionais são demarcadas por linhas pretas quebrada.
a
1989
1990 Month and year
1991
1992
Decadal e variação sazonal na área de inundação. O registro de longo prazo de simular a variação anual em Dinter desvio percentual da área de inundação média (a) ilustram mostrar os eventos ENSO são sobrepostas ao longo de um ciclo de 28 anos de precipitação fases de alta e baixa 100. Recorrentes padrões sazonais de área inundada (103km2) por cinco anos selecionados (b) são sobrepor dover a variação inter anual. Barras de riscas, La Nina anos; bares pontilhado, El Nino anos; barras sólidas, não ENSO anos
b Major towns
Planned railway
Hydroelectric power plant in operation
Railway Gas/oil pipeline
Hydroelectric power plant under construction
Risk of fire Low
High
Major rivers Paved roads Roads to be paved
Planned hydroelectric power plant
Planned roads
60° W 7
60° W
6
0°
0°
4 3
8
2 5
10° S
10° S
9 70° W
1
50° W
50° W 70° W
10
National boundary Forest
Deforested
Non-forest
Protected areas
The Amazon basin today and future fire risks. a, Protected areas and major planned infrastructure. b, The risk of fire by 205096 under business-as-usual deforestation and climate change scenarios24. The numbers in a indicate the following cities: 1, Cuiabá; 2, PortoVelho; 3, Manaus; 4, Belém; 5, Rio Branco; 6, Paramaribo; 7, Georgetown; 8, Iquitos; 9, Puerto Maldonado; 10, Santa Cruz de la Sierra. revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZÔNIA 41
A Conferência do Clima da ONU em Durban, na África do Sul
Durante a plenária de abertura
Foto: Jan Golinski/UNFCCC, Rogan Ward, Rudolph Hühn e Unati Ngamntwini
C
om discurso do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, foi declarada aberta a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 17) em Durban, com delegados de mais de 190 paises . Zuma destacou os dois principais pontos a serem definidos: o funcionamento do “fundo verde”, por meio do qual os países ricos deverão ajudar os pobres a enfrentarem o aquecimento global, e um segundo período do Protocolo de Kyoto, acordo pelo qual países desenvolvidos se comprometem a reduzir suas emissões de gases-estufa, que expira em 2012. “Com uma liderança competente, nada é impossível aqui em Durban”, disse o presidente sul-africano. Apesar do tom moderado, o líder lembrou a todos as consequências desastrosas das mudanças climáticas previstas para muitos países em desenvolvimento. “A agricultura em vários países africanos pode cair até 50% até 2050, o que pode causar sérios problemas de fome”, disse. Christiana Figueres, secretária-executiva da ONU para mudanças climáticas, mostrou confiança na liderança sul-africana rumo a avanços na COP 17: “A África do Sul mostrou com o fim do Apartheid (regime de segregação racial) que é um exemplo nas negociações para melhorar a vida das pessoas”. Assim como Zuma, ela destacou que
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“uma solução para o Protocolo Kyoto é fundamental”. A presidência da COP 17 ficou a cargo da sul-africana Maite Nkoana-Mashabane. Mais do que buscar um avanço nas negociações, a COP
será importante para evitar um retrocesso: o Protocolo de Kyoto, único acordo existente segundo o qual a maioria dos países desenvolvidos (os Estados Unidos, segundo maior emissor, não participam porque não ratificaram internamente o acordo) têm metas de redução das emissões, expira em 2012 e, se não for estendido, não haverá nada em seu lugar. Atualmente, o maior emissor de gases-estufa do mundo é a China, mas ela resiste em se comprometer com metas de corte enquanto os EUA não o fizerem. Rússia, Japão e Canadá, por sua vez, alegam não ver sentido em assumir novo compromisso enquanto os maiores poluidores não o fazem. A União Europeia representa o maior bloco de países ricos dispostos a negociar algum compromisso. A conferência de Durban, no entanto, acontece num momento conturbado, em que a salvação da economia parece mais urgente que a do clima.
O Japão voltou a anunciar em Durban, que não participará de um segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto (a primeira fase acaba em 2012). Mas diz que não deixará de fazer parte do tratado e continuará reduzindo suas emissões. Os japoneses defendem um único tratado com valor jurídico que inclua todos os maiores emissores, como os EUA e a China, que hoje não têm metas obrigatórias de corte de emissões em Kyoto. Após a tragédia de Fukushima, o país pretende reduzir a dependência em energia nuclear - que não provoca emissões de gases-estufa.
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Cinco países geram metade dos gases-estufa; Brasil é o 6º emissor Mais da metade de todas as emissões de carbono liberadas na atmosfera são geradas por apenas cinco países. O Brasil aparece na sexta posição, segundo um ranking publicado na durante a COP-17. China, Estados Unidos, Índia, Rússia e Japão lideram a lista, seguidos de Brasil, Alemanha, Canadá, México e Irã. Os primeiros dez países são responsáveis por dois terços das emissões globais, acrescentou o documento, compilado pela empresa radicada no Reino Unido, Maplecroft, especializada em análise de risco. Três dos seis maiores emissores são gigantes emergentes que demandam energia e desenvolvem suas economias a uma velocidade vertiginosa. A China, que superou os Estados Unidos alguns anos atrás no topo da lista, produziu 9.441 megatoneladas de CO2– equivalente (CO2e), uma medida que combina dióxido de carbono (CO2) com outros gases aprisionadores de calor, como metano e óxido nitroso. O método de cálculo utilizado combinou números de 2009 para o consumo de energia com números estimados para 2010. A maioria das emissões dos países é de dióxido de carbono, graças à enorme demanda de energia. O uso de energias renováveis está aumentando, mas continua pequeno em comparação com o de combustíveis fósseis. A Índia produziu 2.272,45 megatoneladas de CO2e, parte significativa de metano gerado na agricultura. “Embora o uso per capita de energia na China e na Índia seja relativamente baixo, a demanda em geral é muito grande”, explicou Chris Laws, analista da Maplecroft. “Quando combinado com o alto uso de carvão e outros combustíveis fósseis, isto resulta em grandes emissões nos dois países”, acrescentou. A produção brasileira, de 1.144 megatoneladas derivados do uso energético, seria significativamente maior se o desmatamento fosse levado em conta. Entre as economias avançadas, os Estados Unidos – o primeiro país em emissões per capita entre as grandes potências – produziram 6.539 megatoneladas de CO2. A Rússia, com 1.963 megatoneladas, ficou em quarto. Suas emissões caíram após a derrocada da União Soviética, mas espera-se que subam. No Japão, onde a geração é de 1.203 megatoneladas de CO2e, os temores de segurança com relação à energia nuclear levaram a uma maior dependência em combustíveis fósseis, e um pico em emissões de carbono, disse Laws. Ele destacou, no entanto, que o governo japonês anunciou sua intenção de preencher a lacuna energética com fontes renováveis. “É improvável que a tendência de aumento das emissões de gases efeito estufa seja mitigada em médio e longo prazos”, relatou por e-mail. O índice dos 176 países, com base nos níveis anuais de emissões de gases de efeito estufa, combina dados sobre as emissões de CO2 de uso energético e emissões de gases não CO2. Os dados vieram de várias fontes, entre elas a EPA (Agência de Proteção Ambiental) dos Estados Unidos.
Jacob Zuma, Presidente anfitrião lembra do prejuízo das mudanças climáticas à agricultura
A crise econômica também deve prejudicar outra grande meta da COP 17, que é normatizar o funcionamento do “fundo verde”, um mecanismo de financiamento de ações de redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas nos países pobres. A ideia é que haja US$ 100 bilhões ao ano disponíveis até 2020, mas não se sabe até agora exatamente quem vai colocar a mão no bolso para levar a proposta adiante. O Brasil aposta suas fichas numa renovação do Protocolo de Kyoto. O negociador brasileiro embaixador André Corrêa do Lago alerta que “há praticamente um consenso de que nunca mais vai se conseguir um acordo total”. Daí a importância de não se deixar morrer este. Corrêa do Lago ressalta que desde a assinatura do protocolo, em 1997, havia a determinação de que o primeiro período de compromisso seria revisto entre 2008 e 2012. “Nenhum país quer sair de Kyoto pra fazer mais do que faria em Kyoto. Todo mundo quer fazer menos”, comentou o diplomata brasileiro na última semana, em Brasília. Os países emergentes, como o Brasil, defendem que as nações ricas, que emitiram mais gases-estufa durante décadas, devem assumir metas mais rígidas, e usam a pobreza que parte de suas populações enfrentam como argumento de que devem ter maior margem de emissões, para poderem se desenvolver. É o que nas negociações reiteradamente chamam de “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”.
Brasil adverte para “grande desastre” se protocolo de Kyoto não for renovado
Se o Protocolo de Kyoto, que expira no fim de 2012, não for renovado nesta COP17, será “um grande desastre”
Virgílio Viana, superintendente geral da FAS, concede entrevista para Thomas Haus, da rádio pública da Suíça - interessado sobre a visão do Brasil sobre as negociações
FAS na COP17 revistaamazonia.com.br
A Fundação Amazonas Sustentável (FAS), esteve presente com uma equipe de cinco pessoas na COP 17, onde foi considerada fonte de repercussão sobre os temas da COP REVISTA AMAZÔNIA 43 e também sobre o Código Florestal brasileiro.
Um grupo de pessoas participaram do evento “Walk the Future” nas ruas de Durban. Segundo os seus organizadores, a faixa azul simboliza a subida do nível médio dos oceanos e o desafio das alterações climáticas
e brasileiro, afirmou a jornalistas que alguns trechos da lei trazem, sim, razões para preocupação com o futuro das florestas. Mas ponderou que a lei foi aprovada num processo democrático. “Às vezes para mim é desconcertante nestas conferências internacionais que debates nacionais controversos num parlamento democrático sejam interpretadas de formas diferentes em países diferentes. Por que o debate no congresso dos EUA?” “Se as pessoas querem julgar o Brasil, que o julguem pelo que ele fez. Redução recorde nas emissões por desmatamento no último período de relato. O Brasil provavelmente é o maior ator de mitigação no planeta nos últimos 24 meses, excedendo as ações dos países industrializados. Esse é o ponto de partida.” Steiner afirmou ainda que há iniciativas dentro do próprio Brasil para reverter o dano causado pela reforma. “Há uma petição de 1 milhão de assinaturas questio-
para o multilateralismo, advertiu o chefe da delegação do Brasil, o embaixador André Correa do Lago. “Se não alcançamos o segundo período de compromisso de Kyoto vamos ter uma situação literalmente dramática para as negociações multilaterais”, afirmou Correa do Lago.
Brasil defende acordo global para reduzir emissões após 2020
Milhares marcharam contra mudanças climáticas
Ministra defende prorrogação do Protocolo de Quioto
Manifestantes foram à sede da COP-17, em Durban, para entregar documento aos organizadores Milhares de pessoas marcharam rumo à sede da COP-17 em Durban para exigir aos líderes das negociações ações mais decididas contra as mudanças climáticas. Segundo os organizadores, foram cerca de 20 mil pessoas. Nas estimativas da polícia, os manifestantes não passaram de seis mil. Grupos de ecologistas, sindicatos, organizações religiosas e defensoras dos direitos civis convocaram a manifestação contra o aquecimento global. A marcha, que contou com representantes de organizações como Greenpeace, World Wildlife Fund (WWF) y Oxfam, partiu da Universidade Tecnológica de Durban, e transcorreu de forma pacífica até o centro de conferências de Durban, local das negociações oficiais. Os manifestantes entregaram um memorando com as demandas por uma “justiça climática” aos responsáveis pela COP-17.
Ninguém fez tanto quanto Brasil no clima, diz subsecretário da ONU O secretário-executivo do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Ambiente) e subsecretário-geral da ONU, Achim Steiner, disse que o Brasil não deve ser criticado agora pelas mudanças no Código Florestal, porque nenhum país no planeta fez mais do que o Brasil para combater emissões de carbono nos últimos dois anos. A aprovação da reforma do código no plenário do Senado, causou uma avalanche de críticas internacionais de ambientalistas e opôs as ONGs à ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Steiner, nascido no Rio Grande do Sul e cidadão alemão 44 REVISTA AMAZÔNIA
Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, disse em discurso que o Brasil defende a criação de um novo regime de emissões de gases de efeito estufa com obrigações de redução para todos os países a partir de 2020. “O Brasil trabalha com afinco para a adoção de um segundo período de compromisso para o Protocolo de Quioto e o fortalecimento da implementação da convenção [da ONU] no curto, médio e longo prazos. Se todos trabalharmos juntos, poderemos negociar o mais cedo possível um novo instrumento legalmente vinculante sobre a convenção, baseado nas recomendações da ciência, que inclua todos os países para o período imediatamente pós 2020”, disse a ministra. Izabella Teixeira destacou a urgência de se chegar a um novo acordo para o clima na Conferência de Durban, para que não se crie uma lacuna entre o Protocolo de Quioto e futuros compromissos, o que deixaria os países sem obrigações de redução de emissões no período. “O Protocolo de Quioto é nosso bem maior para assegurar um forte regime de mudança do clima. Durban é nossa última oportunidade de evitar essa lacuna. Além da continuidade de Quioto, a ministra defendeu a implementação e o fortalecimento de outros instrumentos de gestão climática global, como fundos para financiar ações de mitigação e adaptação, além de parcerias para transferência de tecnologia. “A implementação dessas instituições fortalecerá o regime internacional sobre mudança do clima, permitindo ação imediata para tratamento do problema”, avaliou. No discurso, a ministra disse ainda que as ações brasileiras de redução de emissões estão “estreitamente integradas à política de inclusão social e erradicação da pobreza” e citou o uso de energia solar em casas do Programa Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Verde. Segundo Izabella, no combate ao desmatamento – a maior fonte de emissões do Brasil – , o objetivo é reduzir em 80% o desmatamento até 2020 em relação à média de desmatamento entre 1996 e 2005. Em 2011, o país atingiu uma redução de 66%, o menor índice de desmatamento desde que o sistema de monitoramento foi criado, em 1988. “A urgência dos desafios impostos pela mudança do clima requer que incrementemos ações tanto em mitigação quanto em adaptação, orientadas pela ciência e pela equidade”, disse a ministra. revistaamazonia.com.br
Durante reunião do grupo de contatos AWG-LCA
nando se algumas provisões do código são mesmo do interesse da manutenção futura das florestas do Brasil. Segundo, há alguns apelos à presidente para que ela vete alguns itens”, afirmou. “Vamos ver antes o que o processo democrático nos reserva, porque o código ainda não foi promulgado.”
Ativistas protestam no último dia Liderados pelo Greenpeace, manifestantes criticam lentidão em negociações pelo meio ambiente, eles fizeram uma manifestação ruidosa no último dia da COP-17. Liderados pelo Greenpeace, os manifestantes criticaram a lentidão das negociações e a atuação dos Estados Unidos. O protesto ocorreu nos corredores próximos à principal reunião plenária do encontro. O presidente americano, Barack Obama, foi alvo de duras acusações “Você disse que queria salvar o planeta. Onde está agora?”, gritou o líder do Greenpeace, o sul-africano Kumi Naidoo, que chegou a ser retirado do local. Naidoo também pediu a Obama que não atendesse as demandas de grandes empresas consumidores de combustíveis fósseis, mas, sim, o povo. Cantando músicas sul-africanas, os ativistas acabaram cercados pela segurança das Nações Unidas. Uma hora hora e meia após início dos protestos os manifestantes foram expulsos do local.
mentar as chances de um acordo. Já na madrugada do último sábado, a presidência da conferência, a cargo da África do Sul, seguia apresentando minutas aos 28 ministros que negociam em nome dos 195 países presentes na conferência, que oficialmente deveria ter terminado na sexta-feira. As duas minutas finais foram debatidas em uma sessão plenária na manhã deste sábado. Os principais empecilhos eram a negociação de um segundo período do Protocolo de Kyoto, o único tratado vigente sobre corte de gases do efeito estufa, e o futuro de um acordo global de caráter vinculativo. A União Europeia, apoiada por 120 países africanos, os Estados insulares mais ameaçados do Pacífico e do Caribe e os países menos desenvolvidos, exigiam um acordo
global juridicamente “vinculativo” de corte de emissões que entre em vigor até 2020, em troca de um segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. Rússia, Canadá e Japão anunciaram que não assinarão um segundo Protocolo de Kyoto, um acordo ratificado por 37 nações industrializadas mas não pelos Estados Unidos. China e EUA, os dois principais emissores de gases do efeito estufa, levantaram durante as duas semanas de negociações em Durban a hipótese de apoiarem um acordo juridicamente vinculativo sobre redução de gases, uma postura compartilhada pela Índia, que reivindica seu direito a desenvolver sua economia. A UE “queria um acordo em Durban, mas não a qualquer preço”, declarava o enviado do Parlamento Europeu à cúpula, o alemão Jo Leinen, que considerou que “o êxito ou o fracasso (da cúpula) estavam nas mãos de EUA, China e Índia”. A ONG Friends of the Earth criticou em nota o “baixo nível de ambição” das minutas apresentadas até aquele momento e disse que “os países desenvolvidos têm a obrigação legal e moral de aceitar um segundo período do Protocolo de Kyoto”. Ciclistas pedalam para gerar energia que abastece luzes de árvore baobá, em Durban
COP 17 é prorrogada por falta de consenso Após duas semanas de negociações infrutíferas, a COP17 (Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas) de Durban (África do Sul) teve de ser prorrogada para auJovens delegados ocupam COP 17, clamando para um resultado forte em Durban
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Decisão histórica: EUA e China comprometem-se a cortar gases estufa em pacto global
Após quase ser suspenso por falta de quórum, encontro terminou com prorrogação do Protocolo de Kyoto e roteiro para acordo global com meta de redução para todos os países após 2020 Um dos principais e inéditos resultados da Conferência do Clima, COP-17, foi o estabelecimento do grupo de trabalho da Plataforma de Durban, que vai desenvolver um “protocolo”, “instrumento legal” ou “resultado acordado com força legal” de comprometimento de todos os países para cortar as emissões de gases do efeito estufa. É a primeira vez que EUA e China concordam com um acordo legal neste sentido, que deve ser implementado em 2020. REVISTA AMAZÔNIA 45
A Índia e a União Europeia concordaram no último momento, com a mudança no texto, que trocou o fraco termo “resultado legal” que estava nos documentos anteriores por “resultado acordado com força legal”, que exige um comprometimento maior. O Fundo Verde e a prorrogação do Protocolo de Kyoto também foram aprovados. Para a ministra do meio ambiete do Brasil, Izabella Teixeira, o resultado da COP-17 é histórico por fazer com que todos os países se comprometam. O documento “nota com grave preocupação” a lacuna significativa entre as promessas de corte nas emissões dos gases estufa dos países até 2020 e o que deveria ser feito para se ter uma chance de conter o aquecimento global a 2°C ou 1.5°C acima dos níveis pré-industriais. O negociador chefe do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, disse que até 2020 os países desenvolvidos já terão atingido seu pico de emissões se os EUA começarem agora a reduzir as suas. Já os países emergentes ainda têm um tempo maior para continuar com grande lançamento de gases. O documento diz que os trabalhos devem ser completados o mais cedo possível, mas não depois de 2015, para que o marco legal seja adotado na COP-21. O grupo ainda começará a funcionar no primeiro semestre de 2012 e levará em conta o relatório do IPCC, que irá revisar os resultados das ações de corte de emissão no clima. O resultado final também deve incluir adaptação às mudanças climáticas, financiamento, transferência de tecnologia, desenvolvimento e capacitação nos países pobres. Ficou de fora do texto um ponto crucial para os países em desenvolvimento: o princípio das “responsabilidades comuns, mas diferenciadas, de acordo com as respectivas capacidades”, ou seja, países desenvolvidos que poluíram mais ao longo dos anos teriam maiores metas. Segundo o negociador dos EUA, Todd Stern, o resultado foi “muito bom” e “balanceado”, já que ele é contra ter maiores metas do que a China, por exemplo. Para o embaixador brasileiro isto é um ponto de vista. Para ele, como o texto estará sob a Convenção do Clima, os países já são divididos em dois grupos, por isso não há a necessidade de destacar isso no documento da Plataforma de Durban. Ativistas do Greenpeace protestam contra desmate na Amazônia
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O Comboio do Clima é saudado por Dancers Zulu
Momento histórico: Solução brasileira “salvou” reunião do clima de fracasso O pomo da discórdia era uma nova versão do texto final a ser adotado pela convenção do clima, mais precisamente a descrição do valor legal dele: a nova versão que continha a expressão “resultado legal” no lugar de “instrumento legal” - como aparecera em versões anteriores. Passava de 1h da madrugada e o cansaço de três noites em claro pesava, quando o embaixador, negociadorchefe do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, Sugeriu: “instrumento com força legal”. De volta à plenária, item a item, a agenda foi aprovada, sem sinal das tensões presenciadas havia pouco. A explicação? Na dúvida entre “resultado legal” e “inPela continuidade do Protocolo de Kyoto
strumento legal”, o embaixador Figueiredo saiu-se com “instrumento com força legal”.
Essencial para países pobres, Fundo do Clima sai do papel O Fundo Verde, que visa destinar até 100 bilhões de dólares ao ano até 2020 para combater as mudanças climáticas em países pobres, foi operacionalizado para começar a funcionar já em 2012. O dinheiro inicial para constituição do fundo vem da Coreia. Como os países não querem um “fundo vazio”, também houve o empenho em angariar financiamentos antes de seu lançamento. O financiamento deve ser dividido de forma balanceada para a redução das emissões dos gases do efeito estufa e para a adaptação às mudanças climáticas. O Brasil já disse que se compromete a colocar verbas do Fundo Amazônia para ajudar os países mais pobres. Alemanha e Dinamarca promeram 55 milhões de euros, mas a crise econômica está dificultando a mobilização de verbas para o clima.
Pontos centrais do acordo Os temas centrais discutidos nas duas semanas de Conferência do Clima, em Durban, foram a prorrogação do Protocolo de Kyoto para 2015. A prorrogação de Kyoto foi atrelada ao comprometimento de todos os países com a assinatura de um “protocolo”, “instrumento legal” ou “resultado acordado com Milhares de pessoas marcharam rumo à sede da COP-17 em Durban
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Aqui, o embaixador Luiz Figueiredo e Chris Huhne, ainda estavam se desentendendo
força legal” de redução nas emissões do gases do efeito estufa a partir de 2020. “É uma decisão histórica, todo mundo junto comprometido após 2020”, disse a ministra do meio ambiente Izabella Teixeira. O negociador da delegação brasileira, embaixador Luiz Alberto Figueiredo disse que esta é uma “nova era para o clima”. O acordo fechado em Durban “é robusto” e traz alívio aos países que participam das negociações em torno da redução dos efeitos do aquecimento global. O Fundo Verde, que visa destinar até 100 bilhões de dólares ao ano até 2020 para combater as mudanças climáticas em países pobres, também foi operacionalizado para começar a funcionar. Para Carlos Rittl, coordenador da Campanha de Clima do WWF, a proposta foi bem estruturada, “mas falta recheio”, ou seja, as metas dos países desenvolvidos e o dinheiro do financiamento. O valor exato para cada país ainda não foi atribuido e
está atrelado à revisão em 2015, quando sai o relatório do IPCC, que irá indicar se as medidas adotadas até então são eficientes para combater as mudanças climáticas. O texto conta com as promessas feitas em Copenhague, COP-15, de corte de pelo menos 20% para cada país. A UE diz que pode mover sua oferta para até 30%. Porém, diz que toma nota da intenção de transformar as promessas em valores quantificados precisos de redução. A negociadora venezuelana, Claudia Salerno, reagiu ao texto: “Este segundo período de comprometimento não tem comprometimento. As metas não vão resolver o problema e ainda estão escritas como uma intenção”. Os países signatários correspondem a menos de 20% do total de emissões do mundo.
Presença decisiva A sugestão do embaixador Luiz Alberto Figueiredo foi tão decisiva para o fechamento do acordo que o ministro
Embaixador Luiz Alberto Figueiredo, negociador chefe do Brasil, dando a dica salvadora da COP 17
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Ativistas ambientais pintadas na marcha de protesto como parte de um Dia Global de Ação para exigir um acordo justo mudança climática, em Durban
ONG da juventude em protesto
Natalidade versus sustentabilidade Estrela em Durban, a primatologista britânica Jane Goodall falou da importância do planejamento familiar para a preservação das florestas. “Se a população continuar crescendo, aumentarão as áreas de agricultura e as florestas perecerão.” Em seu instituto, na Tanzânia, Jane mantém um programa gratuito de planejamento familiar.
Achim Steiner, secretário-executivo do PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Ambiente e subsecretário-geral da ONU, disse que o Brasil não deve ser criticado REVISTA AMAZÔNIA 47
britânico de Energia e Clima, Chris Huhne, com quem Figueiredo havia se desentendido durante boa parte da conferência, acabou elogiando o brasileiro. “Luiz é um advogado criativo e um grande parceiro nas negociações. O Brasil, por sua vez, que tem um histórico de conquistas incrível, está sendo cada vez mais projetado no âmbito internacional”, dise Huhne, em coletiva.
Dilma avalia COP 17 positivamente
Apesar de criticado por ambientalistas, o resultado da 17ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-17), em Durban, África do Sul, foi bem avaliado pela presidenta Dilma Rousseff. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, Dilma disse ter ficado “satisfeita com o resultado da conferência e, em especial, com o desempenho do país durante as negociações”. Representantes de 194 países concordaram, durante as negociações terminadas, em renovar o Protocolo de Quioto para pelo menos até 2017, e iniciar um processo com força legal, visando a um novo pacto global sobre o clima. O documento aprovado prevê o início das negociações já no ano que vem. Durante as reuniões, foi instituída a estrutura do Fundo Verde do Clima, criado para financiar ações de combate às mudanças climáticas. No entanto, o número de países participantes do novo protocolo foi reduzido, com a saída da Rússia, do Japão e do Canadá. De acordo com o Palácio do Planalto, a renovação do protocolo dará “fôlego para que as negociações não parem”.
A presidente da COP-17 A chanceler sul-africana Maite Nkoana-Mashabane, afirmou que foram tomados “passos cruciais” em direção à cidadania global. “O que conseguimos atingir terá um papel central em salvar o mundo de amanhã.” Ela presidiu a mais longa Conferência do Clima da história. Foi elogiada por manter a transparência.
Ban Ki-moon elogia acordo sobre o clima
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou de “acordo significativo” o mapa do caminho adotado em Durban para avançar a um acordo em 2015 para lutar contra o aquecimento global. Ban Ki-moon, avaliou positivamente a série de decisões batizadas como “plataforma de Durban” adotada pelas 194 partes que compareceram à convenção sobre a muO arcebispo emérito Desmond Tutu entrega memorial à Christiana Figueres, na presença de Maite Nkoana-Mashabane, a presidente da COP17
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Christiana Figueres, Secretária Executiva da UNFCCC, recebe uma cópia do Diálogo Inter-Religioso sobre Mudança Climática de líderes religiosos Márcia Soares, Fundo Vale, destacou que é inteiramente possível para reforçar os mecanismos de REDD
União Europeia (UE) com os países em desenvolvimento e os pequenos Estados insulares – os mais ameaçados pelas mudanças climáticas. Para Röttgen, também os grandes emissores de gases do efeito estufa vão se sentir comprometidos com as decisões tomadas em Durban. A chamada Plataforma de Durban visa reduzir as emissões de gases do efeito estufa nas próximas décadas para restringir o aumento da temperatura global a no máximo dois graus Celsius até o final do século – mantida a situação atual, a expectativa é de um aumento de até quatro graus.
Organizações ambientais insatisfeitas dança climática em Durban”,. “Esta plataforma vai guiar os esforços mundiais para tratar as causas e o impacto da mudança climática”, acrescentou. “A plataforma de Durban representa um acordo significativo que define a forma como a comunidade internacional vai abordar a mudança climática nos próximos anos”, declarou. As negociações que entraram pelas últimas duas madrugadas em Durban terminaram neste domingo com a aprovação de um mapa do caminho para um acordo em 2015 que englobe pela primeira vez todos os países na luta contra o aquecimento global.
“Os resultados são decepcionantes, frustrantes e reveladores”, declarou a copresidente do Partido Verde Claudia Roth. Segundo ela, a cúpula mais longa da história não ofereceu nenhum freio às emissões de CO2 e teriam faltado compromissos concretos. “Não se conseguiu conter o aquecimento global dentro do limite de dois graus Celsius. Isso é, sem dúvida, uma fatalidade para todos nós.” Posição parecida demonstrou a presidente da Comissão de Meio Ambiente do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), Eva-Bulling-Schröter. Ela classificou o
Grande e inovador sucesso para a proteção do clima Norbert Röttgen, ministro alemão do Meio Ambiente, considerou o resultado da COP 17como “um grande e inovador sucesso para a proteção do clima”. Segundo ele, o acordo foi alcançado graças à união da
Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace (centro) e outros são escoltados para fora do centro da conferência Conferência de imprensa Aliança Internacional dos Povos Indígenas e Tribais
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Eva-Bulling-Schröter, presidente da Comissão de Meio Ambiente do Bundestag
Ban Ki-moon, chamou de acordo significativo
resultado como vergonhoso. Ela afirmou que o caminho planejado para o acordo de 2020 não será suficiente para frear o aquecimento global. “O nível máximo das emissões precisa ser revertido até 2017 a fim de se alcançar o objetivo de dois graus Celsius”, argumentou.
O Greenpeace, que participou como observador em Durban, chamou o resultado de um retrocesso para a proteção do clima. “Teria sido melhor que a conferência não tivesse chegado a nenhum acordo e que as negociações fossem continuadas no próximo ano até que um resultado realmente bom fosse alcançado”, afirmou o especialista em meio ambiente Martin Kaiser. Segundo ele, ficou em aberto quanto os maiores países planejam reduzir suas emissões de CO2 no próximo ano. O caminho para novo acordo internacional em 2015, que sucederá Kyoto, também não é convicente, afirmou Kaiser. “Com este mapa do caminho, bloqueadores como os EUA, mas também grandes países emergentes, como a China e a Índia, poderão fugir de suas responsabilidades.”
O embaixador Luiz Alberto Figueiredo, negociador chefe da delegação do Brasil, e a ministra do meio ambiente do Brasil, Izabella Teixeira (à esquerda) conversam com a secretária-executiva da conferência Christiana Figueres
da USP (FEA/USP), concorda. “No ano passado, a Price Waterhouse calculou que, para evitarmos o aumento da temperatura, cada unidade monetária teria de ser produzida com 4,7% menos carbono que no ano anterior ao longo dos próximos 50 anos. Se você não atinge o que deveria, a cada ano a taxa de redução de emissões terá de ser maior.”
COP 17 adiou problema, dizem especialistas
Para o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Philip Fearnside, é bastante grave que não haja um acordo vinculante para antes de 2020. “O que estava sendo discutido era, pelo menos, honrar os compromissos assumidos em Copenhague, na COP-15. Se não fizermos nada até 2020, vai ficar muito mais difícil atingir metas futuras”, avalia. Ricardo Abramovay, professor da área de sociologia econômica da Faculdade de Economia e Administração
A ministra de Meio Ambiente brasileira, Izabella Teixeira, discursou no penúltimo dia da COP-17 em Durban Ativistas ambientais protestam fora da COP 17, em Durban, África do Sul
Interior da sede da COP-17 em Durban Plenária do grupo de contatos AWG-LCA para discutir documento amálgama do MDL, o Fundo de Adaptação, LULUCF, finanças, abordagens de mercado, adaptação e uma visão compartilhada
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Maite Nkoana-Mashabane, a presidente da COP17/CMP7 recebe uma ovação de pé Delegados reunidos para resolver as questões pendentes Juan Carlos Jintiach, Coordenador da Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA)
Fearnside chama atenção para a Amazônia. “É preciso restringir a quantidade de emissões a, pelo menos, 400 partes por milhão em volume (ppmv). O número mais citado hoje é 450 ppmv. Com esse número, a Amazônia vai sofrer com secas e queimadas.” Osvaldo Stella, pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), diz que a reunião tem um saldo bom: ter derrubado o paradigma dos países do Anexo 1 (industrializados). “É positivo que todos os países tenham de se comprometer com metas obrigatórias depois de 2020, mas o acordo ficou muito aquém do necessário, sobretudo a prorrogação do Protocolo de Kyoto. Antes, os países do chamado anexo 1 representavam 30% das emissões globais. Com a saída de Japão, Rússia e Canadá, esse porcentual caiu para 15%”, afirma.
O embaixador Luiz Alberto Figueiredo, erecebe os parabéns de Ban Ki-moon
Ban Ki-moon, Secretário Geral da ONU, Jacob Zuma, presidente da África do Sul e Maite Nkoana-Mashabane, Presidenta da COP 17
A Plataforma de Durban
É o nome do conjunto de acordos obtidos na 17ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-17), em Durban. O documento determina uma segunda fase para o Protocolo de Kyoto, estabelece o mecanismo que deve reger o Fundo Verde para o Clima e traça um roteiro para um novo acordo global. Instrumento com força de lei, aprovado em Durban, África do Sul, prevê obrigatoriedade de metas de redução de gases estufa para 2020. Protocolo de Kyoto é adiado por, no mínimo, mais quatro anos e Fundo Verde do Clima é aprovado. Pela primeira vez, desde a criação da Conferência do Clima, os países desenvolvidos se comprometeram em adotar metas de redução de emissões de gases efeito estufa. Em 2015 será firmado novo acordo global, um instrumento com força legal, em que elas se tornam obrigatórias a partir de 2020. revistaamazonia.com.br 50 REVISTA AMAZÔNIA
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A recomposição da floresta vai fazer com que a Amazônia, a partir de 2015, possa se transformar em um centro de absorção de carbono
Transformar áreas desmatadas da Amazônia em um grande instrumento de sequestro de carbono Foto: José Cruz/ABr
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Gilberto Câmara, presidente do Inpe, os ministros de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e o presidente do Ibama, Curt Trennepohl
erca de 20% de toda a área já desmatada na Amazônia são ocupadas por vegetação secundária, áreas que se encontram em processo de regeneração avançado ou que tiveram florestas plantadas com espécies exóticas, de acordo com levantamento feito pelo Inpe e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). De acordo com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, essas áreas poderão ser utilizadas como sumidouros de carbono, porque funcionam como absorvedoras de dióxido de carbono, principal gás de efeito estufa.
CO2, dióxido de carbono, o principal gás do efeito estufa
Transformar a Amazônia em um grande instrumento de sequestro de carbono, mudando totalmente o balanço brasileiro de emissões
A concentração de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera da Terra, em conseqüência das atividades econômicas, vem aumentando significativamente desde a revolução industrial. O gás carbônico (CO2 ) é um dos mais importantes GEE. As emissões de gás carbônico no mundo nas últimas décadas vêm crescendo acentuadamente de uma forma alarmante. De acordo com o Inventário Brasileiro sobre GEE, no Brasil as queimadas e desmatamentos respondem por 75% das emissões de CO2 , enquanto a utilização de combustíveis pela indústria e transporte responde por 25% (MARCOVITCH, 2006). As previsões do IPCC (Intergovernanmental Panel on Climate Change), são de que o aumento da concentração dos GEE na atmosfera pode elevar a temperatura média no planeta Terra entre 1,4% e 5,8% nos próximos 100 anos. A previsão de impactos econômicos e socioambientais decorrentes do aquecimento global indicam que todas as regiões e os países do mundo serão afetados. Dai, as áreas desmatadas da Amazônia, poderão, serum grande instrumento de sequestro de carbono, tornando-as parte da solução do problema.
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O MDL e as áreas desmatadas Cerca de 20% de toda a área já desmatada na Amazônia são ocupadas por vegetação secundária, áreas que se encontram em processo de regeneração avançado… Àrea desmatada na Amazônia
Reflorestamento com seringueiras na Amazônia
“Se aumentarmos a fiscalização, e aumentarmos a produtividade da pecuária, que ocupa 62% das áreas desmatadas, poderíamos, sem desmatar mais, transformar a Amazônia em um grande instrumento de sequestro de carbono, mudando totalmente o balanço brasileiro de emissões”, avaliou. O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, calcula que essa mudança do papel da Amazônia no cenário brasileiro de emissões de gases de efeito estufa deve ocorrer nos próximos anos. “A recomposição da floresta, junto com as medidas do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que prevê meta contínua de redução do desmatamento, vai fazer com que a Amazônia, a partir de 2015, possa se transformar em um centro de absorção de carbono”, disse ele.
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Na Conferência de Kyoto, em 1997, por iniciativa da delegação brasileira, foi criado um instrumento denominado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), pelo qual os países industrializados poderão investir em projetos de países em desenvolvimento que promovam, por exemplo, o seqüestro de carbono da atmosfera, contabilizando tal fato como uma redução líquida de suas emissões. Isso inclui desde projetos de reflorestamentos de áreas degradadas em florestas tropicais (plantas em crescimento removem carbono da atmosfera, transformando-o em biomassa vegetal) até a substituição de usinas termelétricas para as de gás natural, que emitem uma quantidade menor de carbono . Com este mecanismo, através de projetos de redução e fixação de carbono, poderão ser emitidos certificados de redução de emisão que serão transformados em bônus ou títulos negociáveis. Em países com altos níveis de emissão de CO2, as empresas destes países poderão negociar com as empresas de países com baixos níveis de emissão. Estas empresas estão localizadas na Europa, nos Estados Unidos e no Japão. As plantas fixam a maior parte do volume de carbono que circula na natureza. Por isso, as atividades de plantio têm o maior potencial para fixar este elemento, tanto em maior quantidade quanto por mais tempo. Os reflorestamentos, além de contribuírem com o seqüestro de carbono, geram subprodutos, como frutos, sementes, folhas e seivas, utilizados para subsistência e atividade comercial. O Brasil é o país no mundo com o maior potencial de implementação de projetos de reflorestamento, devido às suas condições climáticas e de solo. Diversas variedades e tipos de espécies de madeira podem servir para o reflorestamento, como as seringueiras, no Estado de São Paulo e na região Amazônica, gerando como subproduto a borracha natural. Além disso, outros projetos com plantas odoríferas da Amazônia são viáveis, produzindo a matéria-prima para perfumes. O eucalipto, que, devido às boas condições climáticas do Brasil, apresenta rápido desenvolvimento e uma maior e mais rápida captação e fixação de gás carbônico, também é um exemplo das possibilidades do projeto. Dentro de poucos anos, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo será uma importante fonte de capital de investimento. O Brasil é o país com maior potencial de implementação de projetos devido à quantidade e à qualidade da florestas. E, em se tratando de “Seqüestro de Carbono”, os reflorestamentos serão alvo de maior interesse, mostrando eficiência na captação e fixação de gás carbônico. Visando o desenvolvimento sustentável, projetos do MDL beneficiarão tanto o meio ambiente como a população e a economia.
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II Congresso Nacional de Educação Ambiental & IV Encontro Nordestino de Biogeografia Caminhos para a Conservação da Biodiversidade
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Durante o II CNEA e o IV ENBio evidenciou-se a importância dos eventos acadêmico-científicos para formação profissional maior conscientização da sociedade sobre os problemas emergentes e suas soluções
a realização do II Congresso Nacional de Educação Ambiental & IV Encontro Nordestino de Biogeografia, evidenciou-se a importância dos eventos acadêmicocientíficos para formação profissional maior conscientização da sociedade sobre os problemas emergentes e suas soluções. Mesmo havendo um descompasso entre a organização e realização dos eventos e os órgãos privados de apoio às iniciativas para proteção do meio ambiente, o II CNEA e o IV ENBio propiciaram mobilização e participação de um grande número de pessoas, uma maior conscientização e efeitos multiplicadores sobre os atuais problemas ambientais no Brasil e no Mundo. Centenas de trabalhos acadêmicos e científicos apresentados registraram o elevado nível da pesquisa no País, bem como os resultados alcançados. A temática geral do Evento “Educação Ambiental: caminhos para a conservação da sociobiodiversidade”, proporcionou a sinergia dos temas transversais multidisciplinares, sobretudo no tocante ao desenvolvimento com sustentabilidade econômica e social. Os eventos simultâneos mobilizaram milhares de pessoas pertencentes ao meio acadêmico e demais setores da sociedade civil através das redes sociais, reunindo durante o colóquio 1800 participantes, entre congressistas inscritos, comissão organizadora e convidados. No Livro Eletrônico “Educação Ambiental: responsabilidade na conservação da sociobiodiversidade”, como resultado 54 REVISTA AMAZÔNIA
material, intelectual e científico dos Eventos, reuniu 830 trabalhos completos e ilustrados, em sua maioria elaborados por profissionais e acadêmicos de pós-graduação. Participaram do II CNEA 60 convidados, entre conferencistas, palestrantes, coordenadores de GT´s e docentes dos 12 mini-cursos oferecidos, nos quais inscreveram-se 500 congressistas.
Resultados Alcançados: Criação da home-page: www.cnea.com.br, contendo todas as informações sobre o Evento, bem como resultados alcançados, e o Livro Eletrônico do II CNEA, com ISBN, intitulado “Educação Ambiental: responsabilidade na conservação da sociobiodiversidade. (04 volumes). Giovanni Seabra e Ivo Thadeu Mendonça (Orgs.). Disponível no site do Evento.
Publicação do livro impresso “Educação Ambiental: uma ecologia de riscos, desafios e resistência”. Giovanni Seabra (org.). João Pessoa: Editora Universitária – UFPB, 2011. ISBN: 978-85-7745-873-8 (Distribuído para todos os congressistas durante o Evento, o livro contêm 18 artigos selecionados). Participação ativa de 1800 congressistas, entre pesquisadores, professores, estudantes e profissionais. O Evento compreendeu palestras, conferências, mesas redondas, minicursos, e espaços de diálogos, bem como a publicação dos trabalhos e palestras em forma de artigos nos livros Impresso e Eletrônico. Ampla divulgação das dissertações e teses, concluídas e em andamento, durante o Congresso, através do Site www.cnea.com.br.e nos produtos editoriais. Na Programação do II CNEA estavam previstas 04 Conferências Individuais, 12 mesas redondas com quatro componentes cada uma, 10 oficinas e 30 ambientes para destinados aos grupos de trabalhos (Espaços de Diálogos Aplicados), como também 02 apresentações culturais. Durante o evento ficou acertada a realização da Conferência da Terra: Fórum Internacional do Meio Ambiente 2012, ser realizada no próximo mês de novembro em João Pessoa, Paraíba. O livro “Educação Ambiental: uma ecologia de riscos, desafios e resistência”, foi distribuído para todos os congressistas durante o evento
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Jovem cientista brasileira ganha prêmio “Green Talents” 2011 Projeto de prevenção de descarte de resíduos sólidos é contemplado, por pesquisa em sustentabilidade
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om um projeto de resíduos sólidos, descarte e reciclagem, a jovem cientista brasileira Drª. Ana Paula Bortoleto foi contemplada com o prêmio “Green Talents” 2011. Em sua pesquisa ela compara a prevenção do descarte de resíduos sólidos entre a população de São Paulo e a da cidade de Sheffield, na Inglaterra. O Ministério da Educação e Pesquisa Alemão pretende chamar a atenção junto à cientistas, empresas e políticos alemães, no seu segundo programa de patrocínio “Pesquisa em desenvolvimento sustentável” para as mudanças climáticas, escassez de água, perdas na biodiversidade e falta de matérias-primas. Alcançar a sustentabilidade, contudo, é uma tarefa global. Programas como o “Green Talents” ajudam a promovera pluralidade cultural e a criatividade que encorajam o desenvolvimento de soluções globais. “É por isso que nós tentamos intensificar as trocas globais entre jovens pesquisadores na área de meio ambiente e sustenta-
Ana Paula Bortoleto foi premiada por seu atual trabalho de pesquisa com o foco em sustentabilidade
bilidade”, explica o Secretário Estadual do Parlamento do Ministério Federal de Educação e Pesquisa Alemão (BMBF),Thomas Rachel, membro do Bundestag Alemão, durante a cerimônia de premiação,em Berlim realizada em dezembro de 2011. Esse foi o 3º ano em que o BMBF organiza a competição internacional, o que evidência a atividade excepcional de jovens cientistas no campo do desenvolvimento sustentável. Neste ano, 331 jovens pesquisadores, de 58 diferentes países, se inscreveram no concurso. A vencedora do Brasil, Dra. Ana Paula Bortoleto, PhD em Engenharia Ambiental, foi premiada por seu atual trabalho de pesquisa na Universidadede Sheffield. “A semana de fóruns me proporcionou uma oportunidade singular de me familiarizar com projetos pioneiros em diversasá-
reas da tecnologia, e de me relacionar com especialistas alemães e jovens cientistas”,afirma. No total, 31cientistas brasileiros se inscreveram na competição deste ano. Agora, o Brasil já contabiliza seis “Green Talents” premiados. No próximo ano, os premiados poderão permanecer na Alemanha por vários meses para desenvolver suas pesquisas. A intenção é aprofundar o intercâmbio global no campo das pesquisas sobre sustentabilidade.
Premiados Green Talents 2011 revistaamazonia.com.br
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por
Nádia Pontes
Com ajuda do Brasil, G20 vai monitorar via satélite a produção agrícola
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rojeto GEO GLAM está em fase final de elaboração e vai criar uma base de dados sobre a produção agrícola mundial: onde estão os cultivos, o que está sendo plantado e a previsão de colheita. Desde ano passado, ano em que o planeta alcançou a marca dos 7 bilhões de habitantes, a preocupação com os estoques de alimentos e preço das commodities agrícolas virou prioridade para o G20 (grupo das 20 maiores economias). “A transparência nos mercados agrícolas e a segurança alimentar estão no centro das prioridades da presidência francesa”, afirma o bloco. Para monitorar as safras e melhorar a informação sobre a oferta de alimentos em escala global, o G20 vai contar com imagens de satélite. O projeto chamado de GEO GLAM está em fase final de elaboração e vai criar uma base única de dados sobre a produção agrícola mundial: onde estão os cultivos, o que está sendo plantado e a previsão de colheita. A iniciativa tem participação brasileira. “Estamos trabalhando para criar um sistema comum, para que todos os países possam acessar informação de forma mais transparente. Vamos aumentar a qualidade da informação sobre produção agrícola usando as imagens de satélite”, explicou João Soares, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Atualmente, Soares é consultor no Grupo de Observação da Terra (GEO, na sigla em inglês), que coordena o projeto criado pelo G20.
Acesso claro, informação limpa Os cultivos de soja, milho, trigo e arroz, commodities agrícolas de alto consumo e impacto no mercado internacional, estão no centro do GEO GLAM. “Seu objetivo é fortalecer a informação e a transparência nos mercados agrícolas e, assim, dar uma base mais sólida para as ex-
Serão usadas imagens de satélites de vários países
pectativas dos governos e dos operadores econômicos, num contexto de alta volatilidade nos preços dos alimentos”, justifica o Ministério francês da Agricultura. Segundo informações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o preço das commodities agrícolas subiu, em média, 60% nos últimos anos. O Brasil, por um lado, lucrou com esse cenário: o país é um dos maiores exportadores de grãos do mundo e, em 2012, deve superar os norte-americanos como maior exportador de soja. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) ressalta a importância da clareza dos dados. “A instabilidade do mercado é exacerbada pela falta de informação precisa sobre a situação de abastecimento internacional e demanda”, disse Ekaterina Krivonos, responsável pelo Escritório Regional para América Latina e Caribe na área de Comércio e Marketing da FAO. Soares, que trabalha no projeto há 11 meses, diz que o Brasil tem exemplo a dar no que diz respeito ao acesso livre de informações: “O Brasil foi pioneiro na liberação das imagens por satélite. Isso está fazendo escola na comunidade internacional. Depois de nós, os EUA também resolveram abrir os dados do satélite Landsat, assim como a agência espacial europeia”. Qualquer pessoa pode, por exemplo, acessar as imagens que o Inpe colhe sobre o desmatamento na Amazônia.
Unidos mantêm um programa semelhante, assim como a União Europeia. A FAO tem um sistema voltado a países com risco de fome. O GEO GLAM vai usar imagens de satélites que estão em órbita, operados por países como Japão, Índia e Estados Unidos, além de outros que ainda serão lançados, como o CBERS-3, que passa a funcionar em 2012, numa parceria do Brasil com a China. O GEO GLAM é uma das iniciativas adotadas pelo G20 para tentar controlar a volatilidade de preços dos produtos agrícolas. A outra é o Sistema de Informação sobre Mercados Agrícolas (AMIS) que vai reunir, além da produção, dados sobre estoques e consumo. Além do Brasil, participam do projeto a FAO, a Organização Mundial de Meteorologia e outros onze países. “Não se espera que o monitoramento global da agricultura, um dia, possa deixar de existir. Porque a questão de alimentos vai ficar cada vez mais importante. Imaginando-se que a população mundial vá passar de 7 bilhões para 9 bilhões em 40 anos, será preciso dobrar a produção de alimentos”, comentou Soares.
Observação do espaço
O GEO GLAM é uma das iniciativas adotadas pelo G20 para tentar controlar a volatilidade de preços dos produtos agrícolas 56 REVISTA AMAZÔNIA
Alguns países do G20 já monitoram a produção agrícola global por conta própria, mas os dados nem sempre são disponibilizados de forma clara. A China, por exemplo, usa imagens de satélites para observar as 26 nações responsáveis por 80% da produção mundial. Os Estados
Agricultura monitorada do espaço por satélites para potencializar produção revistaamazonia.com.br
Rio+20 será marco na história, segundo a Unesco
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diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Irina Bokova, disse recentemente, que a Conferência Rio+20, programada para ocorrer entre 13 e 22 de junho, no Rio de Janeiro, será um marco histórico mundial. A diretora-geral acrescentou ainda que o resultado da Rio+20 será de grande “importância” para o meio ambiente global nos próximos dez anos. “Rio+20 deve ser lembrada como um marco (histórico). É o início de uma transição global verde. Essa é a visão da Unesco que orienta nosso trabalho no desenvolvimento de ações nas áreas de educação, ciências, cultura, informação e comunicação para um futuro mais sustentável”, disse Bokova. Segundo a diretora-geral, a conferência oferecerá ao mundo a “oportunidade única” de avançar na construção de uma agenda global para o desenvolvimento sustentável. De acordo com Irina Bokova, todos devem se esforçar na elaboração das propostas e na execução das ações – países desenvolvidos e em desenvolvimento. Bokova disse ainda que a falta de diálogo entre os líderes políticos e gestores contribui para acentuar a “grave degradação dos recursos naturais do mundo”. Irina Bokova, diretorageral da Unesco, destacou importância da Rio+20
Pelo menos cem presidentes da República e primeiros-ministros são esperados na Rio+20, além de 50 mil credenciados. Os demais números referentes às pessoas que trabalharão no evento – direta e indiretamente – e visitantes ainda estão sendo calculados. A Rio+20 ocorre duas décadas depois de outra conferência que marcou época, a Rio 92. O objetivo agora é definir um modelo internacional para os próximos 20 anos com base na preservação do meio ambiente, mas com o foco na melhoria da condição de vida a partir da erradicação da pobreza, por meio de programas sociais, da economia verde e do desenvolvimento sustentável para uma governança mundial. A conferência conta com o apoio e o comando da Organização das Nações Unidas (ONU). O secretário-geral do encontro é o diplomata chinês Sha Zukang. Porém, a presidenta da conferência é Dilma Rousseff.
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Ano Internacional das Cooperativas
“Não se pode mais conceber um projeto de desenvolvimento independente das pessoas às quais ele se destina. A visão meramente instrumental do desenvolvimento precisa ceder lugar a uma visão mais humana que conceda primazia às pessoas e à construção coletiva. Quando isso ocorrer, o papel construtivo, constitutivo e criativo da cultura dos povos, certamente dará uma contribuição mais relevante em direção a uma Economia com face mais humana”. J. Werthein
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Assembléia Geral das Nações Unidas proclamou 2012, o Ano Internacional das Cooperativas, como reconhecimento do papel fundamental das Cooperativas na promoção do desenvolvimento sócio-econômico de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, e reconhecendo seu trabalho para a redução da pobreza, geração de emprego e integração social. Com este propósito, a Assembléia Geral da ONU apela para a comunidade internacional a fim de que medidas sejam tomadas para a criação de um ambiente favorável e capacitante para o fomento à instalação de cooperativas objetivando a promoção da conscientização dos povos em relação às importantes contribuições das cooperativas para a geração de empregos e para a consequente melhoria qualitativa de vida dos povos.
No site oficial da ONU para o Ano Internacional do Cooperativismo ( http://social.un.org/coopsyear/ ) consta demonstração expressiva de apoio ao segmento, com base no entendimento de que “As cooperativas representam um forte exemplo para a comunidade internacional de que é possível alcançarmos simultaneamente desenvolvimento econômico e responsabilidade social”. Para a celebração e implementação na liderança dos trabalhos relativos ao Ano Internacional das Cooperativas – 2012, as Nações Unidas destacaram, dentre outros, os seguintes parceiros: FAO, UNESCO, ACI, WFP (World Food Programme) e UNCDF (United Nations Capital Developmente Fund).
As Cooperativas, enquanto Empresas Sociais Econômicas e de Ajuda Mútua, desempenham globalmente importante papel no apoio ao Desenvolvimento Sustentável, à Erradicação e Prevenção da Pobreza, à Consolidação dos Meios de Subsistência em Áreas Urbanas e Rurais e ao alcance dos Objetivos do Milênio. O Setor Cooperativo em nível mundial conta com cerca de 800 milhões de membros em mais de cem países e estima-se que seja responsável por mais de 100 milhões de postos de trabalho em todo o mundo. A força e o alcance das cooperativas revelam-se de inúmeras formas, e à guisa de exemplo, citamos dois: As Cooperativas Agrícolas são responsáveis por cerca de 99% da produção de leite na Noruega, Nova Zelândia e Estados Unidos e por 50% da agricultura no Brasil; 71% Cooperativas oferecem perspectivas de que os pequenos agricultores não seria capaz de atingir individualmente
Dentre os objetivos do Ano Internacional das Cooperativas, destacam-se: • Aumentar a consciência pública sobre as cooperativas e suas contribuições para o desenvolvimento socioeconômico e para a realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. • Promover a formação e o crescimento das cooperativas. • Incentivar os governos a estabelecer políticas, leis e regulamentos propícios para a formação, crescimento e estabilidade das cooperativas. A conquista do Ano Internacional das Cooperativas é inédita e recebida com grande orgulho, já que esta é a primeira vez na história que um ano será dedicado ao setor cooperativista. 58 REVISTA AMAZÔNIA
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Reconhecer o trabalho para a redução da pobreza, geração de emprego e integração social Irina Bokova – Diretora Geral da UNESCO e a nossa presidenta Dilma Rousseff
das pescas da Coréia são asseguradas pela Cooperativa. Mundialmente, as Cooperativas Elétricas desempenham um papel primordial nas áreas rurais. Em Bangladesh, as Cooperativas Elétricas Rurais servem a 28 milhões de pessoas; nos Estados Unidos 900 Cooperativas Elétricas Rurais servem 37 milhões de pessoas e detêm quase metade das linhas de distribuição de energia em todo o país. As Nações Unidas reconhecem a definição de Cooperativa como aquela elaborada e praticada pela Aliança Internacional de Cooperativas - ACI: “uma associação autônoma, de pessoas unidas voluntariamente para alcançar as aspirações de suas necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, através de uma ação democraticamente controlada”.
Para proclamar 2012, o Ano Internacional das Cooperativas, a ONU: Reconheceu que as cooperativas, em suas diversas formas, promovem a melhor participação possível no desenvolvimento social e econômico de todas as pessoas, inclusive as mulheres, jovens, idosos, pessoas incapacitadas e indígenas, estão se tornando um fator maior de desenvolvimento econômico e social e contribuem para a erradicação da pobreza. Reconheceu também, a importante contribuição e o potencial de todas as formas de cooperativas na avaliação da Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social, da 4ª Conferência Mundial sobre as Mulheres e a segunda Conferência sobre Assentamentos Humanos (Habitat II), inclusive a sua revisão quinquenal, a Cúpula Mundial da Alimentação, a Segunda Assembléia Mundial sobre Idosos, a Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável e a Cúpula Mundial 2005. Nota, com apreço, o papel potencial do desenvolvimento das cooperativas na melhoria das condições sociais e econômicas da população indígena e comunidades rurais. revistaamazonia.com.br
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O Cooperativismo serve como testemunho de um modelo econômico mais comprometido socialmente e ainda, conforme o 7º princípio do cooperativismo, deixa claro que “as cooperativas trabalham para o Desenvolvimento Sustentável das comunidades onde estão inseridas”. Ou seja, existe uma grande preocupação no sentido de fazer com que os objetivos coletivos se sobreponham aos interesses individuais. (leia também o documento: “Os Princípios da Aliança Cooperativa Internacional – ACI”). Compete aos membros do Programa das Escolas Associadas da UNESCO – PEA, o desenvolvimento de ações educacionais que venham propiciar a construção de uma nova mentalidade nesta geração de crianças e jovens que ora educamos, para que os princípios e valores do cooperativismo sejam perfeitamente internalizados e se constituam em realidade na sua vida adulta. Torna-se, portanto, imprescindível para todos nós, o reconhecimento da notável oportunidade de aprimoramento do trabalho educacional que o Ano Internacional das Cooperativas oferece. Desta forma, cumpre-nos empenhar os nossos melhores esforços construtivos, constitutivos e criativos no sentido de contextualizar e significar o processo ensino-aprendizagem que flui a partir dos seguintes pressupostos: • O repúdio intransigente à desigualdade e à exclusão social; • o estabelecimento de uma forte relação de solidariedade que garanta a subsistência digna para todos e ultrapasse a tendência ao individualismo, promovendo o discernimento e a cooperação entre as pessoas; • o desenvolvimento do espírito empreendedor que possibilite o rompimento do círculo vicioso da pobreza; • o aprofundamento da compreensão verdadeira; para além da visão simplificadora e conformista dos problemas sociais, que obstacularizam a promoção humana na medida em que lhe sonega minimamente qualquer apoio financeiro que conduza à prosperidade; • o conhecimento e o reconhecimento de nossos pontos fortes e de nossas fraquezas enquanto Nação, que permita a construção de mentalidades realísticas capazes de assumir ações concretas condizentes à solução ou mitigação dos problemas ora existentes. Segundo Irina Bokova – Diretora Geral da UNESCO, “nos dias de hoje, investir na formação integral de crianças e jovens, significa prepará-los para o “Novo Humanismo do Século XXI”, o que representa direcionar a ação educacional para o desenvolvimento humano sustentável, promovendo o fortalecimento do ser humano, com ênfase especial às questões com que se depara na atualidade, tais como: HIV/AIDS, solução de conflitos, degradação ambiental, desastres ecológicos, dentre outros...” A Educação tem a função de prover os valores, atitudes, capacidades e condutas essenciais para que o ser humano possa confrontar os desafios de sua existência. * O Dia Internacional das Cooperativas é anualmente, no primeiro sábado de julho. 60 REVISTA AMAZÔNIA
OCB e o Ano Internacional das Cooperativas “Em meados de dezembro p.p, o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, ressaltou a importância do movimento cooperativista para o desenvolvimento socioeconômico mundial durante a solenidade de lançamento do Ano Internacional das Cooperativas no Brasil. Freitas também destacou que a iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), de declarar 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas, abrirá novas portas para o segmento. “Teremos a oportunidade de sensibilizar o governo e a sociedade do papel que tem o cooperativismo na geração de trabalho e renda, e na consequente redução das desigualdades sociais. Nossa intenção é fomentar a criação de novas políticas públicas voltadas ao segmento, que incentivem a sua expansão e consolidação como alternativa socioeconômica sustentável”, disse. Em seguida, o superintendente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Renato Nobile, chamou a atenção do público para os indicadores do cooperativismo no Brasil e no mundo. “Já conquistamos um espaço importante e hoje nossa participação na economia do país é realmente expressiva. Tanto é assim que respondemos por praticamente 6% do PIB. No campo, cerca de 50% de tudo que é produzido internamente passa de alguma forma por uma cooperativa. E mundialmente, mobilizamos 1 bilhão de pessoas”, comentou. Representando o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho, o secretário-executivo da pasta, José Carlos Vaz, enfatizou que a comemoração do Ano 2012 levará a população a resgatar e fortalecer o espírito da solidariedade. “Temos que solidificar as instituições e os movimentos que resgatam o melhor do homem. Para isso, reforço aqui o compromisso do ministério em promover ações e projetos que fortaleçam as cooperativas brasileiras, em especial, as agropecuárias”, comentou Vaz, se referindo ao setor como caminho para o desenvolvimento da agricultura nacional. E finalizou: “em 2012, estaremos sempre ao lado do movimento cooperativista”. Já o presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), senador Waldemir Moka, destacou o cooperativismo como alternativa para a geração e distribuição justa de riquezas no mundo. Ele também enfatizou o comprometimento dos integrantes da Frencoop para o desenvolvimento do setor. “Trabalhamos com esse único objetivo e temos conquistado vitórias importantes. Recentemente, aprovamos no Senado Federal uma proposição que permite o acesso das cooperativas de crédito aos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Da mesma forma, buscamos a aprovação do novo Código Florestal ainda este ano. Mesmo sem conseguir isso, ratifico que estaremos ainda mais unidos no sentido de obter uma legislação ambiental realmente coerente com a realidade do nosso país”, disse. O evento, que reuniu cerca de 200 pessoas, entre líderes do setor, representantes do governo federal, parlamentares e integrantes de entidade parceiras, foi realizado na sede da OCB, em Brasília (DF).
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2012 foi escolhido pela ONU para ser o Ano Internacional das Cooperativas. Nada mais justo, já que o cooperativismo é um movimento que gera qualidade de vida para cerca de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo. O sistema cooperativista brasileiro faz parte desta iniciativa e vai promover uma série de ações por todo o país para informar à sociedade os benefícios do setor. Se você acredita no ideal da cooperação, cole sua foto no espaço marcado neste anúncio. Afinal, você também pode ser mais cooperativo.
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por
Roberto Rodrigues * É bom lembrar que existem cooperativas em todos os países, e o número total de seus associados é próximo a 1 bilhão de pessoas
Ano do cooperativismo A cooperativa oferece ao seu cooperado serviços que lhe permitam evoluir economicamente
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cooperativismo brasileiro vem crescendo bastante, impulsionado pelo firme timão da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), órgão de cúpula do
movimento. Muita gente acha que esse poderoso instrumento de organização econômica da sociedade seja exclusivamente agrícola, o que é um engano. Os números são notáveis e mostram como o movimento se expandiu na área urbana. Há dez anos, o Brasil tinha 5.903 cooperativas, das quais 1.411 eram rurais, com 831.654 associados. Cerca de 2.067 eram urbanas, com 2.493.197 associados. No último levantamento da OCB, de dezembro de 2010, as cooperativas urbanas já eram 2.953, com 3.816.026 associados, e as agrícolas eram 1.548, com 943.054 associados. As cooperativas urbanas atuam nas áreas de consumo, educação, habitação, infraestrutura, produção, saúde, transporte, turismo e especial (para pessoas com deficiência). E, além das rurais e urbanas, existem as cooperativas de 62 REVISTA AMAZÔNIA
crédito, em número de 1.064, com mais de 4 milhões de associados, a grande maioria urbanos, embora a área rural ainda tenha maior poder econômico. Também as cooperativas de trabalho, 1.024 no total, são majoritariamente urbanas, com seus 217 mil associados, mas algumas funcionam no campo também. O número das que são apenas agropecuárias cresceu 35% nestes dez anos, e as exclusivamente urbanas, 42%. Mas o número de associados destas aumentou 53%, enquanto o das agropecuárias, só 13%. A principal característica das sociedades cooperativas está em sua finalidade de oferecer aos seus cooperados melhores condições econômicas e sociais
É claro que a urbanização crescente do Brasil tem muito a ver com isso, mas não é o único fator responsável. Uma cooperativa precisa de três condições básicas para se desenvolver de maneira positiva: em primeiro lugar, precisa ser necessária. Não adianta querer criar uma cooperativa de qualquer tipo se ela não for sentida, pelos futuros cooperados, como uma necessidade, capaz de responder às pressões econômicas a que estão submetidos. Cooperativismo é um movimento de base, tem que crescer de baixo para cima, não pode ser imposto. Em segundo lugar, precisa ser viável economicamente: cooperativa é uma empresa, com a diferença de que o lucro não é o fim em si; ela é o instrumento da doutrina cooperativista que objetiva “corrigir o social através do econômico”. Portanto, a cooperativa oferece ao seu cooperado -de qualquer ramo- serviços que lhe permitam evoluir economicamente e, por conseguinte, acessar novos níveis sociais. Mas, mesmo assim, é uma empresa – com seu viés social, é claro – , tem que ser eficiente e lucrativa. revistaamazonia.com.br
O Dia Internacional do Cooperativismo, instituído em 1923 no Congresso da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), é comemorado no primeiro sábado de julho de cada ano, dia da confraternização de todos os povos ligados pelo cooperativismo.
Por isso tudo, criar uma cooperativa sem nenhum capital é vê-la nascer morta. E, por fim, é preciso que haja espírito associativo, com liderança capaz de conduzir o processo. Ora, a rápida urbanização do país trouxe para as cidades demandas estruturais, tendo em vista melhorar a renda dos cidadãos. Estes se organizaram então em cooperativas de trabalho, de consumo, de saúde, de educação, de habitação, de crédito etc., e o movimento ganhou uma dimensão tão espetacular quanto a que aconteceu em outros países do mundo pelas mesmas razões. Tudo isso foi potencializado pelo vigoroso processo de globalização da economia que produziu exclusão social e concentração da riqueza, dois inimigos mortais da democracia e da paz. Os excluídos se agruparam em cooperativas e com isso também mitigaram a concentração, transformando-se em bastiões aliados dos governos democráticos pela sustentação da paz. Aqui e no mundo todo. É bom lembrar que existem cooperativas em todos os países, e o número total de seus associados é próximo a 1 bilhão de pessoas. Se cada qual tiver três agregados, são 4 bilhões de terráqueos ligados direta ou indiretamente ao cooperativismo, constituindo o mais gigantesco contingente humano em defesa da democracia e da paz universal. Não é por outra razão que a ONU declarou 2012 como o Ano Internacional do Cooperativismo. E pela mesma razão esse extraordinário movimento bem que merece o Prêmio Nobel da Paz. [*] Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho do Agronegócio da FIESP e professor de Economia Rural da Unesp-Jaboticabal. Foi ministro da Agricultura no governo Lula
“Cooperativas Constroem um Mundo Melhor” Esse é o slogan escolhido oficialmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o Ano Internacional das Cooperativas, neste 2012. O Diretor Geral da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Charles Gould, disse que o slogan transmite uma imagem de modelo baseado em valores, e que ambos os aspectos de desenvolvimento econômico e social das cooperativas coincidem com os princípios cooperativos. A ACI, segundo Gould, espera que um maior nível de reconhecimento público promova o surgimento de novas cooperativas e fomente um ambiente legislativo e regulatório favorável ao crescimento e desenvolvimento do cooperativismo no mundo. revistaamazonia.com.br
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O novo superintendente
A mesa oficial da solenidade
da SUFRAMA Foto: Hudson Fonseca / SUFRAMA
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m solenidade realizada recentemente no auditório da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), o bacharel em Direito e ex-subsecretário de Estado da Fazenda do Amazonas, Thomaz Nogueira, foi empossado pelo ministro interino do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira, como novo superintendente da SUFRAMA, tornando-se o o 19º dirigente na história de quase 45 anos da autarquia. A cerimônia contou com a participação expressiva de autoridades, incluindo representantes dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, membros da bancada federal do Amazonas, embaixadores, empresários e dirigentes de entidades de classe, entre outros. Bastante emocionado e em alguns momentos não conseguindo conter as lágrimas, Nogueira direcionou as primeiras palavras de seu discurso à ex-superintendente Flávia Grosso, cujo nome recebeu uma longa salva de palmas como reconhecimento aos seus oito anos de liderança à frente da instituição. O novo superintendente agradeceu também a confiança depositada em seu nome, especialmente por parte do governador do Estado 64 REVISTA AMAZÔNIA
do Amazonas, Omar Aziz, e da presidenta Dilma Rousseff, e prometeu seriedade e absoluta transparência na condução de suas tarefas. “Tenho clara a relevância social e econômica do cargo que assumo. Buscaremos abrir cada vez mais a SUFRAMA ao diálogo com a sociedade para que possamos, juntos, consolidar a dinamização e o fortalecimento do modelo Zona Franca de Manaus”, afirmou. Nogueira também fez questão de destacar a importância Alessandro Teixeira, ministro interino do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e Thomaz Nogueira, o novo superintendente da SUFRAMA
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de novos investimentos em infraestrutura como forma de ampliar a competitividade do Polo Industrial de Manaus, a necessidade de adequação da ZFM às vocações naturais da região – destacando o fortalecimento do Centro de Biotecnologia da Amazônia como diretriz crítica nesse processo – e disse ainda, ao abordar a questão dos recursos da autarquia contingenciados pelo Governo Federal, que a SUFRAMA precisa ter as condições necessárias para aprimorar o seu papel de agência de desenvolvimento regional em sua área de atuação. “Acre, Amapá, Amazonas, Roraima e Rondônia têm direito a uma ação mais eficaz da SUFRAMA”, pontuou Nogueira. Por fim, o novo superintendente disse que a certeza do compromisso do Governo Federal com o modelo Zona Franca de Manaus e com a região foi o principal fator que fez com que ele aceitasse o desafio de comandar a SUFRAMA. Tal compromisso foi enfatizado no discurso do ministro interino do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, que salientou novamente a importância da Zona Franca de Manaus e da região para o desenvolvimento do país. “O Governo Federal em momento algum tem dúvidas sobre a consistência ou o êxito do modelo ZFM. A nossa meta é fortalecê-lo para que os índices de geração de emprego e renda sejam potencializados e a região como um todo possa se desenvolver cada vez mais”, disse Teixeira, que também buscou reconhecer o trabalho feito pela ex-superintendente Flávia Grosso. “O excelente trabalho realizado pela ex-superintendente, no que tange principalmente à atração de investimentos e à ampliação do Polo Industrial de Manaus, tem que ter continuidade agora na gestão do superintendente Thomaz Nogueira. O modelo precisa evoluir e ser modernizado e essa é uma das principais missões do novo superintendente”, disse Teixeira. O superintendente adjunto de Projetos da SUFRAMA, Oldemar Ianck, que dirigiu interinamente a superintendência da autarquia ao longo dos últimos três meses, lembrou os robustos indicadores do Polo Industrial de Manaus – geração de aproximadamente 500 mil empregos diretos e indiretos e faturamento de aproximadamente US$ 36 bilhões em 2010, dentre outros – e
O discurso de Thomaz Nogueira, o novo superintendente da SUFRAMA, com o auditório da Superintendência da Zona Franca de Manaus lotado
Omar Aziz disse que o novo superintendente conta com o apoio da classe política regional para alcançar um objetivo em comum: o desenvolvimento do modelo Zona Franca de Manaus
desejou sucesso ao novo superintendente no período de transição da administração. “Temos a sensação de que o modelo já consolidou muitas conquistas, mas que diversas outras estão no caminho e precisam ser efetivadas. Reforçamos os votos de pleno êxito à nova gestão que se inicia e que nela possam ser ampliados os benefícios sociais, ambientais e econômicos desse modelo para a região e para o Estado brasileiro”, afirmou Ianck. O governador do Estado do Amazonas, Omar Aziz, fez reO governador do Estado do Amazonas, Omar Aziz, parabeniza Thomaz Nogueira
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ferências sobre a competência demonstrada por Thomaz Nogueira enquanto técnico da Secretaria de Estado da Fazenda e disse que o novo superintendente conta com o apoio da classe política regional para alcançar um objetivo em comum: o desenvolvimento do modelo Zona Franca de Manaus. “É um momento de grande alegria, mas também de muita responsabilidade. Me tranquilizo porque o ministro interino do MDIC, Alessandro Teixeira, mostrou-se solidário a questões colocadas como urgentes para o Estado do Amazonas, dentre as quais a proteção aos produtores de juta e malva no Interior, a prorrogação do período de implantação do sistema Ginga nos televisores e a atração de novos setores produtivos para o PIM, e isso mostra mais uma vez o compromisso do Governo Federal com o modelo ZFM”, afirmou Aziz. Na condição de representante dos Estados que compõem a área de atuação da SUFRAMA (Acre, Rondônia, Roraima, Amazonas e os municípios de Macapá e Santana, no Estado do Amapá), o governador do Estado de Roraima, José de Anchieta Júnior, afirmou não ter dúvidas de que a escolha de Thomaz Nogueira se mostrará alvissareira. “Pela emoção das palavras ditas e pela competência já demonstrada, o novo superintendente tem o nosso voto de confiança. Precisamos batalhar, agora, para que haja o descontingenciamento dos recursos necessários ao desenvolvimento dos Estados Amazônicos”, disse Anchieta. REVISTA AMAZÔNIA 65
Fórum Econômico Mundial
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om muito frio e neve, começou o 42º Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, onde a crise da dívida na zona do euro foi um dos principais temas da abertura, cujo tema deste ano foi: “A grande transformação: elaborando novos modelos”. 2,6 mil líderes políticos (entre eles, 40 chefes de governo e de Estado), econômicos, estudiosos e representantes da sociedade civil discutiram saídas para a crise da dívida e conjuntural. Klaus Schwab, criador do fórum, afirmou que o encontro é uma espécie de “sanatório para o mundo”. “O capitalismo, em sua forma atual, não cabe mais no mundo em nossa volta. Falhamos em tirar lições com a crise financeira em 2009. Uma transformação global é urgentemente necessária e é preciso começar a estabelecer
novamente um senso global de responsabilidade social”, afirmou Schwab. Na abertura do Fórum, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, reforçou sua posição contrária à ampliação do fundo europeu permanente de resgate para tentar ajudar os países afetados pela crise da dívida na zona do euro. Merkel defendeu que não é preciso dobrar, nem mesmo triplicar, o montante previsto para o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF) para ajudar os Estados do bloco europeu mais afetados pela crise. Que não faz promessas “que não pode cumprir. Merkel ressaltou que muitos acreditam que a Alemanha, por apresentar uma economia especialmente forte, poderia suportar a pressão de um maior repasse de recursos ao fundo. “Na Alemanha não falamos que não queremos ser soli-
dários. Mas o que não queremos é uma situação em que prometemos alguma coisa e que no final não podemos cumprir”, afirmou a chanceler federal. Merkel garantiu que dirigirá todos os seus esforços para salvar a moeda única e o bloco. E conclamou a Europa a trabalhar junta para encontrar saídas para os problemas vividos atualmente no continente. “Tão importante quanto medidas de austeridade são medidas estruturais que levem à criação de mais emprego. É muito importante que a gente tenha fôlego para deixar as reformar fazerem efeito e não termos que voltar no meio do caminho”, afirmou Merkel. Os copresidentes do Fórum de Davos de 2012 destacaram na entrevista coletiva de abertura que a prioridade atual
Petrobras entre as mais sustentáveis do mundo Pelo terceiro ano consecutivo a Petrobras integra o Global 100, ranking anual das 100 empresas mais sustentáveis do mundo, elaborado pela revista canadense Corporate Knights. O anúncio foi feito durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos. A Petrobras subiu sete posições em relação ao ano passado e alcançou a 81ª posição do ranking, figurando mais uma vez entre as três
empresas brasileiras da lista, junto com Natura e Bradesco. O Global 100 avaliou 3500 empresas de 22 países e de todos os setores da economia. Foram avaliados critérios como gestão energética, emissões de gases do efeito estufa, recursos hídricos, resíduos, inovação, segurança, transparência, entre outros. Criado em 2005, o ranking é divulgado todos os anos no Fórum Econômico Mundial.
José Sergio Gabrielli de Azevedo, presidente da Petrobras, no WFM, na sessão plenária “The Great Transformation - Shaping New Models”
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e para os próximos dez anos é a criação de empregos. Eles lembraram que o desemprego serviu de motivação, entre outras, para as recentes tensões no norte da África. Por conta disso, o executivo-chefe do banco americano Citigroup, Vikram Pandit, ressaltou o planejamento de nos próximos dez anos a América Latina criar 40 milhões de novos empregos e os Estados Unidos 20 milhões. O executivo-chefe da multinacional britânica de alimentação Unilever, Paul Polman, lembrou a triste estatística de que diariamente “1 bilhão de pessoas vai dormir com fome”. Essa situação exige aumento da oferta de alimentos em 70% até 2020, quantia necessária para alimentar a população mundial, revelou Polman. O diretor da empresa cinematográfica mexicana Cinépolis, Alejandro Ramírez, declarou que a segurança alimentar será um de assuntos abordados pelos chefes de Estado e de Governo na reunião do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os principais emergentes) deste ano, que ocorrerá em junho em Los Cabos (Baixa Califórnia Sul). Ramírez assinalou que algumas economias emergentes da Ásia, América Latina e da África Subsaariana têm taxas de crescimento “decentes”, mas que esse desempenho corre riscos pela estagnação das economias industrializadas. Pandit considerou que é importante criar um sistema financeiro que inclua cada vez mais pessoas já que atualmente 2,5 bilhões não têm conta bancária. O ano de 2012 se apresenta aos analistas reunidos na cidade suíça de Davos como período de transformações depois que o sistema capitalista tenha sofrido a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial, que abalou a confiança do setor financeiro. - Os bancos devem servir aos clientes e não a eles mesmos.
Para Klaus Schwab, criador e presidente do fórum, transformação é ‘urgentemente necessária
tivas ao estímulo para o crescimento econômico e a melhoria da qualidade de vida dominarão as discussões da Conferência Rio+20, no Rio de Janeiro. Patriota ressaltou que em um mundo multiétnico e que as questões nucleares estão no topo das discussões, esses temas devem ocupar um lugar de destaque.
Patriota faz campanha pela Rio+20 Antonio Patriota, ministro das Relações Exteriores, aproveitou todas as oportunidades que teve para mencionar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. A cinco meses da conferência, o governo brasileiro intensifica a campanha para que a Rio+20 seja o maior evento mundial sobre preservação ambiental, desenMerkel garantiu esforços para salvar o euro e reforçou sua posição contrária à ampliação do fundo europeu
Brasil Outlook O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e o secretário executivo do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo, Alexandre Teixeira, participaram do painel denominado Brasil Outlook, mediado pelo jornalista John Defterios, da emissora norte-americana CNN. O mediador perguntou a Patriota se o Brasil está pronto para assumir parte da liderança que é exercida pelos Estados Unidos e por alguns países que sofrem os impactos da crise econômica internacional. O chanceler respondeu
que os Estados Unidos se mantêm na liderança, assim como outros países. Porém, Patriota acrescentou que o Brasil tem conquistado seu espaço no cenário internacional pelos esforços feitos para conciliar o crescimento sustentável com os programas de inclusão social e respeito ao meio ambiente. Segundo o chanceler, essa liderança é natural pelo empenho dos brasileiros. O ministro lembrou ainda que a associação de ações relaMinistro Antonio de Aguiar Patriota durante a sessão Brazil Outlook, do FSM, em Davos na Suiça
volvimento sustentável e economia verde, definindo um novo padrão para o setor. Esses esforços ganharam o apoio do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, que é um dos anfitriões da conferência ao lado do Brasil. Ki-moon secretário-geral da ONU, disse estar bastante entusiasmado com a Rio+20, e ao discursar em Davos, disse que a esperança dele é ver os muitos líderes que participarão da conferência no Rio anunciando compromissos para estimular o desenvolvimento de energias sustentáveis. “Ao trabalharmos juntos, dedicando nossas energias e recursos para a nossa causa comum, temos a chance hoje de promover [um futuro melhor] para as gerações que virão. Podemos criar o futuro que queremos “, disse Ki-moon.
BID elogia modelo de desenvolvimento econômico do Brasil O presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Luís Moreno, elogiou os resultados positivos obtidos nos últimos anos no país. Segundo os participantes do evento, o modelo brasileiro de crescimento associado ao desenvolvido social é destaque no cenário internacional. revistaamazonia.com.br
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Fórum de Davos termina em clima de otimismo cauteloso “Otimismo cauteloso” foi a palavra de ordem dos banqueiros que participaram da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, encerrada em Davos (Suíça). Embora tenham persistido as conversas sobre o risco de fragmentação da zona do euro, poucos esperam que isso venha a acontecer, pelo menos no curto prazo. Para os banqueiros, muita gente ainda está subestimando a oferta do Banco Central Europeu (BCE), de oferecer crédito ilimitado aos bancos por três anos. Segundo um deles, essa política é parte relaxamento quantitativo da política monetária e parte recapitalização dos bancos “pela porta dos fundos”, por meio de estímulos ao crescimento dos lucros. O banqueiro acrescentou que ao remover do cenário a perspectiva de uma crise bancária sistêmica, o BCE comprou tempo para a zona do euro.
O FSM foi acompanhado por protestos
Encerramento do Fórum Econômico Mundial Com muitas vozes pedindo uma participação maior da Alemanha na crise de endividamento, o Fórum Econômico Mundial se encerrou em Davos, na Suíça. Uma maior proteção para evitar a expansão da crise foi exigida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e por Estados poderosos fora da zona do euro. Isso significa: mais dinheiro dos contribuintes alemães. O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, alertou que a Europa deve reconquistar a confiança. Essa situação confusa deve ter um fim, disse Zoellick. No entanto, a chefe alemã de governo, Angela Merkel, e seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, rebateram todas as exigências por um aumento do volume do fundo de resgate permanente na União Europeia.
Davos 2012: fragilidade financeira e protestos
América Latina é um “oásis” de estabilidade e crescimento No contexto de incerteza que domina a atual crise econômico-financeira internacional, a América Latina foi identificada como um “oásis” de estabilidade, crescimento e oportunidades durante o FEM. O pessimismo justifica-se com a falta de soluções para o problema da dívida soberana da zona do euro, a lentidão de recuperação dos Estados Unidos e a desaceleração do crescimento dos países emergentes, enquanto o otimismo aumenta do lado dos países latino-americanos. Presidentes e ministros dessa região do globo tiveram de cumprir agendas bastante apertadas, devido às reuniões sucessivas com responsáveis de multinacionais e de grandes empresas. “Francamente, não tivemos tempo para mais nada, a não ser reuniões, receber empresários e investidores interessados nos setores mineral e energético da Colômbia”, disse o ministro colombiano da Energia e Minas, Mauricio Cárdenas. Nesse sentido, esta edição de Davos foi bastante diferente das anteriores, em que o “apetite” estava direcionado para os grandes países emergentes, em particular China e Índia que, este ano, assumiram mais nitidamente o seu 68 REVISTA AMAZÔNIA
Onde estão os outros 699990 bilhões de líderes?
novo papel de países investidores também à procura de oportunidades de negócio na América Latina. Os governos tentam igualmente aproveitar o Fórum de Davos para ajudar as suas empresas a fazer negócios no estrangeiro. Segundo vários políticos e empresários, ao contrário
do que acontecia no ano passado, o interesse na América Latina permite aos investidores escolher os investimentos que melhor correspondem aos critérios de responsabilidade ecológica e social dos seus governos, particularmente na indústria de minérios e de recursos não renováveis. revistaamazonia.com.br
Competitividade, Sustentabilidade e Oportunidades Agenda Temática • Biomassa florestal no Brasil e participação mundial na oferta de energia
• Aprimoramento da governança corporativa, para o enfrentamento das crises locais ou globais e desafios na internacionalização de empresas brasileiras • Oportunidades de negócios florestais no Brasil
• Código Florestal, agricultura familiar e sustentabilidade
• Projeto Reflorestar: A experiência do Espírito Santo
• Insegurança jurídica e os investimentos estrangeiros no agronegócio brasileiro
• Defesa comercial e a indústria mundial de celulose e papel
• Expansão e modernização do setor florestal brasileiro. Novos negócios e inovação.
• Políticas consistentes de proteção ao câmbio
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• Experiências bem sucedidas com a certificação florestal e a comercialização de créditos de carbono. Recursos florestais e cadeia de valor.
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por
Helena Geraldes
NASA prevê maior aquecimento da Terra nos próximos anos
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aquecimento global abrandou recentemente, e isto tem alimentado as visões cépticas quanto às alterações climáticas. Mas um relatório da NASA diz agora que isso é apenas temporário e que as temperaturas vão subir mais nos próximos anos. O ano passado acabou por ser o nono mais quente desde 1880, o início aproximado dos registos sistemáticos de temperaturas. Em 2011, as temperaturas médias à superfície foram 0,51ºC mais altas do que os valores médios do período base 1951-1980. Além disso, nove dos dez anos mais quentes ocorreram no século XXI, com excepção de 1998, segundo um relatório do Instituto Goddard para Estudos Espaciais, da agência espacial norteamericana (NASA), divulgado esta semana. Já em Novembro, e com os dados disponíveis na altura, a Organização Meteorológica Mundial tinha revelado que,
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Há muitas partes que interagem no sistema terrestre
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El Niño
Média zonal de calor ganho do sol (linha vermelha) e perdeu para o espaço pela radiação infravermelha emitida (linha verde). Imagem de Lyndon Pesquisa Faculdade Estadual de Meteorologia curso por Nolan Atkins
em 2011, os termómetros estiveram 0,41ºC acima da média de 1961-1990. Mas ainda que o planeta tenha ficado mais quente, o aumento das temperaturas abrandou nos últimos três anos. A NASA explica este fenómeno com a influência do “La Niña” – um arrefecimento periódico das águas do Oceano Pacífico que afeta as temperaturas globais – e com o ciclo de radiação do Sol. Na verdade, nos últimos anos tem chegado menos energia do Sol à superfície terrestre, resultando num efeito de arrefecimento. Acontece que as variáveis estão prestes a mudar, segundo a NASA. “Apesar de os gráficos atuais sugerirem um abrandamento do aquecimento global, este aparente abrandamento poderá desaparecer dentro de alguns anos”, escreve a NASA no relatório. “Em especial precisamos ver de que forma as temperaturas aumentarão em resposta ao próximo fenómeno ‘El Niño’ – o oposto do ‘La Niña’ – e ao novo ciclo de radiação solar, que muda a cada dez ou doze anos”, acrescenta o relatório. Segundo os cálculos da agência norte-americana, “há muitas probabilidades de entrarmos num fenômeno ‘El Niño’ na segunda metade de 2012, ou o mais tardar dentro de dois ou três anos”. Quanto ao Sol, a sua influência “vai mudar rapidamente para um efeito de aquecimento nos próximos três a cinco anos”. revistaamazonia.com.br
Oceanos influenciam fortemente clima atual da Terra O oceano dirige a circulação atmosférica através do aquecimento da atmosfera, principalmente nos trópicos. A maioria da luz solar absorvida pela Terra é absorvida na parte superior do oceano tropical. A atmosfera não absorve muita luz solar. Ele é muito transparente. Pense em um dia frio de inverno, de sol, na sua escola. Durante todo o dia, o sol brilha do lado de fora, mas o ar permanece frio. Mas se você usar um casaco preto fora e ficar fora do vento, o sol vai aquecer rapidamente o seu casaco. A luz solar passa através do ar e aquece a superfície do oceano, assim como aquece a superfície do seu casaco. Maior parte dos oceanos é um profundo azul-marinho, quase negra. Absorve 98% da radiação solar quando o sol está alto no céu. REVISTA AMAZÔNIA 71
Guiana Francesa lança Soyuz pela 1ª vez
As naves Soyuz voam desde 1966, mas foi a primeira vez que ela foi lançada de fora do território da ex-União Soviética
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m foguete russo Soyuz foi lançado recentemente, da Guiana Francesa, numa nova parceria entre Ocidente e Oriente para redefinir a concorrência comercial no espaço. As naves Soyuz voam desde 1966, e são mais antigas até mesmo que os primeiros mísseis balísticos intercontinentais da Guerra Fria. Mas esta é a primeira vez que ela será lançada de fora do território da ex-União Soviética. A bordo da nave viajam os dois primeiros satélites europeus da rede europeia de geolocalização Galileo. No final da década, quando estiver plenamente operacional, esse sistema dará autonomia aos europeus em relação ao sistema GPS, que é norte-americano. 72 REVISTA AMAZÔNIA
A Rússia diz que também já concluiu um sistema semelhante. O lançamento ocorreu após anos de adiamentos e problemas orçamentários envolvendo o Galileo, além de quase uma década de discussões desde que França e Rússia firmaram a cooperação nos lançamentos das naves Soyuz, em 2003. O foguete russo foi adaptado para permitir que a empresa europeia de lançamentos Arianespace, que opera o “mamute” Ariane-5, levasse para órbita uma carga considerada média, de 3,2 toneladas. A Rússia deve receber dezenas de milhões de dólares por cada lançamento, dinheiro que ajudará a financiar suas atividades espaciais. Ao mesmo tempo, a presença dos foguetes russos na base espacial europeia
de Kourou, perto do Equador, ajudará a Arianespace a reduzir custos. Ao invés de construir um novo foguete, a Europa decidiu erguer uma plataforma de lançamento de US$ 467 milhões (cerca de R$ 825,5 milhões) para o Soyuz na base da Guiana Francesa, de onde já lança seus foguetes da família Ariane. A França cobriu mais de 80% dos custos de construção e todos os 70 milhões de euros em custos adicionais. Em troca, a Roscomos (agência espacial russa receberá dezenas de milhões de euros por cada foguete que for construído e enviado ao Centro Espacial Samara. A missão deve redesenhar a competição comercial no espaço. revistaamazonia.com.br
Satélites Galileo IOV em orbita
Na plataforma de lançamento em Kourou, na Guiana Francesa
Foguete Soyuz parte da Guiana Francesa com os dois satélites
A constelação Galileo O lançamento do foguete, o primeiro de um Soyuz a partir do Centro Espacial Europeu de Kourou, teve como missão colocar em órbita os dois primeiros satélites dos 30 que completarão a constelação Galileu, o sistema de navegação europeu que deve concorrer com o americano GPS a partir de 2014. O Galileo é provavelmente o programa mais ambicioso da história aeroespacial europeia e se presume que é o único de sua espécie sob controle civil. Os sócios europeus defendem as vantagens do Galileo não só em matéria de gestão de transporte (aumento da segurança, agilização das operações, redução dos congestionamentos e a deterioração do meio ambiente), mas também em serviços para agricultura, pesca, saúde e na luta contra a imigração ilegal. revistaamazonia.com.br
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Descobertas mais de 40 novas espécies nas florestas do Suriname Espécies que os cientistas acreditam ser novas para a ciência
Pesquisando e evitando as arraias Fotos: Trond Larsen; Piotr Naskrecki/ Conservation International e Piotr Naskrecki
A
Conservação Internacional – que celebra os seus 25 anos este mês – com uma equipe de buscas de novas espécies, a locais remotos, durante três semanas, de Agosto a Setembro de 2010, com seus investigadores, exploraram três locais ao longo dos rios Kutari e Supaliwini, perto da localidade de Kwamalasumutu, no Suriname, os cientistas, indígenas e estudantes catalogaram no total 1.300 seres vivos, e a descoberta de 46 novas espécies na floresta amazônica. A equipe agora está trabalhando para confirmar qual dessas criaturas estranhas e maravilhosas recém-descobertas, precisam ser confirmadas cientificamente. A diversidade abrangeu plantas, peixes, répteis e anfíbios, pássaros, formigas, cigarras, libélulas, besouros e mamíferos. Incluindo oito peixes de água doce, um sapo arbóreo (que passa a maior parte da sua vida em árvores) e dezenas de novos insetos. O estudo coletivo envolveu 53 cientistas, membros do povo indígena Tiriyó e estudantes. O projeto de três semanas fez parte do Programa Internacional de Conservação de Avaliação em curso Rápida (RAP), que está em andamento há mais de 20 anos.
Uma grande equipe de cientistas da Conservação Internacional e simpatizantes fizeram esta aventura possível 74 REVISTA AMAZÔNIA
O acampamento revistaamazonia.com.br
Mulheres de Fibras
A Vila de Kwamalasamutu no Suriname
Entre os achados está o sapo cowboy (Hypsiboas sp.), um anfíbio com franjas brancas ao longo das suas patas e uma estrutura semelhante a um esporão no “calcanhar” e um gafanhoto verde com uma coloração brilhante, durante uma saída de campo noturna no rio Koetari. O grande besouro cornudo (Coprophanaeus lancifer) tem o tamanho de uma tangerina e pesa mais de seis gramas. Este animal, de cor metálica e púrpura, tem um corno na cabeça que usa como arma contra outros besouros Outra descoberta foi o peixe-gato (Pseudacanthicus sp.), coberto de espinhos para se proteger das piranhas, estava prestes a ser comido como um snack por um dos guias locais quando os cientistas repararam que esta era uma espécie ainda desconhecida e o preservaram como um espécime. Encontraram também, o sapo Pac-Man (Ceratophrys cornuta), predador voraz que consegue comer presas quase do seu tamanho, incluindo aves, ratos e outros anfíbios. Na verdade, “um cientista que estudava aves com a ajuda de coleiras radiotransmissoras encontrou uma ave e respectivo dispositivo no estômago do sapo”, segundo a Conservation International. Trond Larsen, explicou porque esta área do Suriname foi tão especial: “quando voamos na área (…) não vemos uma única estrada, apenas floresta contínua”, para explicar porque esta área do Suriname é tão especial. ´”É
um dos poucos locais do mundo onde se pode encontrar natureza neste estado selvagem.” Segundo Larsen, os ambientalistas tendem a focar-se em lugares que já estão em perigo e a tomar lugares como este como garantidos. “Mas a menos que nos concentremos nele agora, não vai estar aqui por muito tempo.”“A nossa equipa teve o privilégio de explorar uma das
Trond Larsen, diretor do Programa Internacional de Conservação de Avaliação em curso Rápida (RAP), da Conservação Internacional, é um ecologista tropical, pesquisador pós-doutorado da Universidade de Princeton Barco através de trechos rasos…
Para chegar a cada local de pesquisa, a equipe de buscas novas espécies no Suriname - viajando em canoas, muitas vezes, carregando ou descarregando os barcos e empurrá-los manualmente através de trechos rasos. Foi arriscado, mas os pesquisadores evitaram as arraias no Rio Sipaliwini
O plano é tornar esta área numa pequena reserva natural revistaamazonia.com.br
Às margens do Rio Sipaliwini REVISTA AMAZÔNIA 75
A espécie “Thecadactylus rapicauda”, que não possui pálpebras
O escaravelho “Coprophanaeus lancifer” é a maior espécie na região neotropical
últimas áreas de natureza selvagem virgens do mundo”, disse Trond, cientista e diretor do programa RAP (Rapid Assessment Program) da Conservation International, com sede em Washington. Desde 1990 que o RAP faz expedições de curta duração para conhecer a biodiversidade de uma área e conseguir dados que irão basear as políticas de conservação O plano é tornar esta área numa pequena reserva natural. Desta forma poderia ser salvaguardada a vida selvagem nativa, assegurar a caça sustentável dos indígenas assim como encorajar o ecoturismo. A pesquisa está publica no boletim “Bulletin of Biological Assessment”, que pertence à própria Conservação Internacional. Gafanhoto “Copiphora longicauda”, observado durante pesquisa da Conservação Internacional no sudoeste do Suriname
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As fêmeas da aranha “Micrathena cyanospina” possuem espinhos Besouros da espécie “Cyrtonota lateralis”
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O besouro de folha “Stilodes Sedecimmaculata” vive somente no escudo das Guianas
Atualmente, há 1,9 milhões de espécies descritas pela ciência – ainda que o número real da biodiversidade do planeta seja muito maior –, com a descoberta, em média, de 50 novas espécies de animais, plantas e outros seres vivos todos os dias, segundo uma contabilidade feita pelo Instituto Internacional para a Exploração de Espécies, da Universidade do Arizona. Em dez anos (2000-2009), foram descritas 176.311 espécies novas para a ciência. Metade (88.598) eram insetos. A seguir vêm as plantas (13% ou 23.604 espécies) e aracnídeos (7% ou 12.751 espécies), como aranhas e escorpiões. Lagarta “Eudesmia sp.” em foto em que está coberta de orvalho Escaravelho “Trichillum pauliani” é coberto com cerdas
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por
Camillo Martins Vianna *
Curiosidades do reino das Amazonas III A floresta está acabando Será que adianta bradar? Tem muita gente agredindo Porém vamos continuar a lutar.
A floresta está acabando
Com muita tristeza O que passo a relatar Vem muita gente de todos os cantos Ajudar a devastar. A motosserra funciona Dia e noite Zunindo sem parar Derrubando tudo que encontrar. Quando a chuva levanta O fogo começa a se alastrar Reduzindo a cinzas O que deveria ficar. Os barulhentos teco-tecos Trabalham dia e noite Jogando o agente laranja Para tudo exterminar. Quem conhece a terroada É capaz de se assustar Seca tudo nos campos marajoaras Dizimando fauna e flora de lá. Os peixes desaparecem Trazendo fome ao lugar Bois e búfalos Não conseguem escapar
Búfalo preto e rosilho Entram na devastação
A devastação é enorme Chegando à beira do rio.
O tabocal quando arde Lembra campo de batalha Com muita gente atirando Até a rebolada acabar.
Por aqui por estas bandas A biopirataria funciona pra valer Parece reunião de bandidos Que planejam o que fazer.
O que está acontecendo Nunca ninguém viu
É casa da mãe Joana Cada um metendo a mão
Jogando o agente laranja
Os sabedores de Brasília Botam a boca no mundo Dizendo que tudo vai melhorar É uma questão de esperar. Não dá pra se calcular Menos com menos dá mais São as árvores que vão sobrar Nessa conta singular. A fumaceira é tamanha Que até aviões de carreira Não conseguem decolar Qualquer que seja o lugar. Os jebristas danam-se a atacar Entrando logo em ação 78 REVISTA AMAZÔNIA
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Até se empanturrar Levando tudo que puder afanar. No barco São Gregório Vale à pena viajar Mesmo com a baía encrespada É possível atravessar. Inventaram novidade Nem dá pra acreditar O chegante logo enrica Com a venda de boi pirata. O gado veio de longe Orelhudo de sinal e marca É o maior devastador Que se pode encontrar.
A motosserra funciona dia e noite
Os sulistas chegados de Roraima Proibidos de arroz plantar Estão agora no Marajó Para devastação continuar. Lázaro Lazareno Legítimo de Braga Era o pau de fogo Que veio d’além mar. Como boca de sino Que os lusitanos ao chegar Chamavam de mata índios Quando estes não sabiam atirar A marreca e o pato do mato Estão quase se acabando Pois a matança desenfreada Já começou a frutificar. Em Taciateua A chuva de cabeceira Chega para alagar Metendo no fundo o rio do lugar. O mapinguari Que tem olho na barriga Espanta todo mundo Pela catinga das fezes que tem.
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A marreca e o pato do mato, estão quase se acabando
Pássaro grande e bonito É o gavião tesoura Voando bem alto Pra fêmea encontrar.
Em Altazes, no Amazonas Sapinho conhecido como raspa-cuia De madrugadinha Se põe de novo a cantar.
Jia bem pequenina Basta chover um pouquinho E ela se põe a cantar No atoleiro que fica ela vai continuar.
No campo marajoara No beiral da casa grande O vento começa a zunir Agradando os que quiserem dormir. [*] Sobrames. Sopren
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REVISTA AMAZテ年IA 1
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REVISTA AMAZÔNIA 1
11/30/11 5:24 PM
por
Tabajara Moreno
Menção Honrosa Rio Negro premia cientistas por trabalhos sobre a Amazônia A condecoração é oferecida a cientistas brasileiros ou estrangeiros em reconhecimento a importância e contribuição de suas obras para o avanço da ciência, tecnologia e inovação
C
om trabalhos científicos fundamentais ao desenvolvimento da pesquisa sobre a região amazônica, a farmacéutica-bioquímica Maria de Nazaré Góes, o geógrafo Aziz Ab’Saber e o físico Marco Antônio Raupp foram os contemplados, este ano, com a Menção Honrosa Rio Negro, dada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI). “Não há dúvida alguma da contribuição do trabalho desses três cientistas para o Brasil e, mais especialmente, para o avanço da ciência na Amazônia. É papel do Inpa fazer esse reconhecimento pelo conjunto da obra dessas pessoas que se dedicaram tanto e que construíram informações que hoje são a base sobre a qual nós avançamos com as pesquisas”, ressaltou o diretor do Inpa, Adalberto Val, que abriu a cerimônia de entrega de Menção Honrosa, realizada na última sexta-feira (25). Emocionada com o recebimento da Menção, Maria de Nazaré Góes relembrou a sua trajetória de vida profissional, as dificuldades enfrentadas para a criação do Inpa e o desenvolvimento dos primeiros estudos no Instituto. “Em qualquer época, o campo da pesquisa é sempre muito dificil porque as instituições financeiras poucas vezes destinam dinheiro para investir nisso. Hoje, o Inpa é uma instituição estabelecida e com um nome consolidado, mas foi um trabalho árduo no início por causa das dificuldades financeiras, falta de verba para projetos e poucos pesquisadores”, disse. A pesquisadora amazonense foi uma das primeiras a atuar no Inpa, ainda na década de 1950. Trabalhou no Instituto durante 38 anos. Publicou mais de 40 trabalhos científicos em periódicos nacionais e internacionais, principalmente na área de hidrometeorologia. Até pela
A condecoração é oferecida a cientistas brasileiros ou estrangeiros em reconhecimento a importância e contribuição de suas obras para o avanço da ciência, tecnologia e inovação
dificuldade de obtenção de recursos para pesquisa no Brasil, acabou atuando em trabalhos realizados em parceria com instituições estrangeiras como a Universidade de Washington, o Instituto de Hidrologia da Inglaterra e a Agência Internacional de Energia Atômica da Áustria. Também condecorado com a Menção Honrosa Rio Negro, o geógrafo Aziz Ab’Saber é uma das principais referências em assuntos relacionados ao meio ambiente e aos impactos ambientais. Ab’Saber tem entre seus trabalhos mais importantes um estudo sobre o clima e a ecologia da Amazônia brasileira, publicado em 1982. Professor
Um dos homenageados das noite o geográfo e professor universitário Aziz Nacib Ab´Saber
Composição da mesa com a participação de representantes da Fapeam, Ufam, CMA (Comando Militar da Amazônia) e diretoria do INPA
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emérito da Universidade de São Paulo (USP), o geógrafo de 78 anos de vida relembrou dos tempos em que esteve em Manaus e ponderou que é preciso mais criatividade por parte dos cientistas brasileiros para explorar novos horizontes da pesquisa na região amazônica. Outro homenageado da noite foi o físico Marco Antônio Raupp, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB). Hoje Ministro da Ciência e Tecnologia, Raupp é PhD em Matemática pela Universidade de Chicago e possui livredocência pela USP. Ele já atuou como pesquisador e diretor no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), além de presidir outras instituições de pesquisa brasileiras. Foi na gestão de Raupp que Manaus foi escolhida para sediar o encontro da SPBC, em 2009. Raupp não pode comparecer ao evento, mas mandou representante.
Escolha dos agraciados A definição dos nomes a serem condecorados com a Menção Honrosa Rio Negro é feito por indicação dos membros do conselho diretor do Inpa, formado pelos responsáveis pelas coordenações de pesquisa do Instituto. Seis nomes são indicados para avaliação do Conselho Técnico Científico do Inpa. “A contribuição do trabalho deles é tão marcante que não houve como não agraciá-los”, comentou Val. A Menção Honrosa Rio Negro foi criada em 2008 pelo Inpa e já premiou nove personalidades, entre pesquisadores e agentes políticos por sua contribuição ao desenvolvimento da pesquisa na Amazônia. “No Brasil, a gente reconhece pouco a obra dos nossos cientistas e, por isso, é um orgulho muito grande ter conseguido criar e estar mantendo a Menção com tanto sucesso”, disse o diretor.
O homenageado Marcos Antonio Raupp mandou o representante José Monserrat Filho
Agraciada a farmacêuticabioquímica Maria de Nazaré Góes Ribeiro, 38 anos dedicados aorevistaamazonia.com.br trabalho no INPA
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O programa Municípios Verdes, lançado pelo Governo do Pará em maio deste PROGRAMA ano, já cumpriu o seu primeiro objetivo: unir a maioria dos municípios num pacto contra o desmatamento. Quase 90 dos 143 municípios aderiram ao programa, até agora. E logo começam a colher resultados, porque é preciso controlar o desmatamento, regularizar as atividades produtivas, fazer o reflorestamento e dinamizar a economia sustentável, entre outras medidas, para ter direito a vantagens fiscais e creditícias. O modelo já atraiu a atenção de todo o país. E é bom que assim seja, pois a Amazônia é um patrimônio do Brasil inteiro, e até mais, da humanidade. A meta é ambiciosa: reduzir o desmatamento a menos de 35km2 por ano, até chegar a zero. A ideia caiu em terra fértil. Agora é só cuidar.
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