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Revista

Edição 33 ISSN 1809-466X

R$ 12,00

Editora Círios

Ano 7 Número 33 2012 R$ 12,00 5,00

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QUANDO AS SÃO A NATUREZA TAMBÉM A .

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CAIXA. PARCEIRA DA RIO+20.

Nosso futuro depende do que fazemos hoje. Por isso, a CAIXA se orgulha de ter sido parceira da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Lá, foram discutidos temas, práticas e ideias para que o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade caminhem juntos. Um passo fundamental para um futuro melhor para todo o planeta.

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caixa.gov.br SAC CAIXA: 0800 726 0101 (informações, reclamações, sugestões e elogios) Para pessoas com deficiência auditiva ou de fala: 0800 726 2492 Ouvidoria: 0800 725 7474

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Revista

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08 O encerramento da Rio+20

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, encerrou a Rio+20 (Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável) com a adoção oficial do documento “O Futuro que Queremos” pelos países participantes...

36 Cúpula dos Povos A Cúpula dos Povos da Rio+20, aconteceu no Aterro do Flamengo – mesmo local onde ocorreu, há 20 anos, o Fórum Global, evento paralelo à Rio-92. Lá, foram montados cerca de 60 espaços para a realização de atividades de várias redes e movimentos sociais, organizado por mais de 50 Ong’s nacionais e internacionais – um dos maiores eventos paralelos à Rio+20...

42 64ª reunião anual da SBPC Ciência, Cultura e Saberes Tradicionais para Enfrentar a Pobreza foi o tema da 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que aconteceu no período de 22 a 27 de julho, na Universidade Federal do Maranhão. O encontro reuniu cientistas, pesquisadores, representantes dos governos federal, estadual e municipal, representantes das agências de fomento e de pesquisa, professores e estudantes da rede estadual e municipal de todo país...

46 Humanidade 2012 Um “edifício andaime” no Forte de Copacabana, na zona sul do Rio, abrigou debates, exposições e apresentações culturais durante a Rio+20. Um lugar de convivência e reflexão para a população discutir seu futuro, com entrada gratuita...

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XPEDIENTE

PUBLICAÇÃO Período (julho/agosto) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn ARTICULISTAS/COLABORADORES Agnes Firtus, Andrea Ribeiro, Camillo Martins Vianna, Jorge Eduardo Dantas, Lilian Ferreira, Helena Geraldes, João Cristhian e Maria J. Costa FOTOGRAFIAS Acervo Metareila/Kaninde, Antonio Silva/Ag.Pará, Arquivo FIESP e FIRJAN, Claudio Tropez/JRC, Diego Reis/Ascom do MCTI, Elza Fiuza/ Abr, Fabiano Veneza, Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr, Hannah Beineke, Helcio Nagamine, João Ripper, Júlio Cesar Guimarães/UOL, Marcello Casal /Abr,, Marco Antonio Teixeira/UOL, Mirtes Cardozo, Piotr Jaxa, Regina Santos, Roberto Stuckert Filho/PR, Rodolfo Oliveira/ Ag.Pará, Rudolph Hühn, Stucker Filho/PR, Zilfhes Wartys, Westy Bring e WWF-Brasil/J.Egberto EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro

50 Aldeia indígena KariOca na Rio+20

NOSSA CAPA Garças. No Mangal das Garças, em Belém. Foto de Fernando Araujo

Para interligar o conhecimento indígena à tecnologia durante a Rio+20, a aldeia foi montada em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro. A Kari-Oca teve o objetivo de influenciar decisões da Rio+20 em três eixos: “a cultura como parte essencial da economia verde, a soberania alimentar no mundo moderno e a sustentabilidade”, disse Marcos Terena...

Mais conteúdo verde

[12] Líderes da Rio+20 propõem passar das intenções às ações [18] Documento da Rio+20 foi o melhor possível, diz ministra do Meio Ambiente [19] Rio+20 é o maior evento já realizado pela ONU [22] O que mudou no acordo da Rio+20 [24] Mulheres em destaque na Rio+20 [28] Secretário-geral da ONU abre oficialmente a Rio+20 [30] O Pavilhão Brasil [34] No Parque dos Atletas [53] Ban Ki-moon anuncia mais de 100 projetos para duplicar renováveis até 2030 [55] Google Earth lança “mapa cultural” de indígenas da Amazônia [57] Pavilhão da Amazônia exibe ações da SUFRAMA [59] Finep está preparada para apoiar projetos voltados ao desenvolvimento sustentável [60] Conservação em 40 milhões de hectares da Amazônia brasileira [64] Municípios Verdes na Rio+20 [66] O estande do Pará na Rio+20 [68] Parceria inédita entre Acre e o Sabá, na Malásia, é apresentada na Rio+20 [72] Energia Sustentável para Todos [74] Ocas, índios e tablets prepararam a RIO+20 na CAIXA Cultural [78] Amazônia, ciclos de modernidade [82] Festival predatório pós-RIO + 20

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Florestabilidade é o nome do mais novo programa de manejo florestal, lançado pela Fundação Roberto Marinho em parceria com os governos dos Estados do Pará, Amazonas e Acre. O programa foi apresentado no Espaço das Ideias Circulantes do Humanidade 2012, no Forte de Copacabana. O evento, paralelo à conferência Rio+20.

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ISSN 1809-

62 Projeto Florestabilidade

Ano 7 Número 33 2012 R$ 12,00 5,00

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Como toda grande empresa, a Eletrobras Eletronorte tem muitos projetos.

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Enquanto as nações do mundo inteiro se reúnem na Rio +20 em busca de alternativas para o desenvolvimento sustentável, a Eletrobras Eletronorte dá a sua contribuição para construir esse caminho. Com o apoio a 18 unidades de conservação ambiental, a Empresa ajuda na proteção de mais de 5 milhões de hectares com investimentos que já passam de R$ 15 milhões. Em Tucuruí, o Banco de Germoplasma tem mais de 400 espécies de árvores catalogadas e permite a produção de sementes com o DNA da Amazônia. Com espécies nativas, a Empresa está recuperando todas as áreas utilizadas durante as obras e, em Tucuruí, esse índice já chega a 97%. É assim que a Eletrobras Eletronorte contribui hoje para o mundo sustentável que queremos amanhã. 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente.

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O secretário geral da ONU Ban Ki Moon ao lado da presidente Dilma, bateram o martelo juntos para encerrar a Rio+20

O encerramento da Rio+20 Como a Rio92, Rio+20 terá efeito transformador na sociedade atual e futura. Agora, é hora de agir, de trazer concretude às ações Fotos: Fabio Rodrigues Pozzebom/ ABr e Roberto Stuckert Filho/Pr e Rudolph Huhn

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presidente do Brasil, Dilma Rousseff, encerrou a Rio+20 (Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável) com a adoção oficial do documento “O Futuro que Queremos” pelos países participantes. Em seu pronunciamento, Dilma rebateu as críticas sobre a falta de ambição do texto final. “O documento que aprovamos não retrocede em relação às conquistas da Eco 92, não retrocede em relação a Johannesburgo, não retrocede a todos os compromissos assumidos nas demais conferências das Nações Unidas. Ao contrário, o documento avança”, enfatizou a presidente. Ela lembrou que o documento reflete um consenso. “Celebrar conquistas consensuais significa reconhecer que construções coletivas baseadas na difícil arte do diálogo são mais fortes. São essas conquistas que fazem o mundo avançar”, afirmou. “A Rio+20 terá legado intangível de mobilização de uma nova geração em torno de desafios de sustentabilidade.

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Assim como em 1992, terá efeito transformador na sociedade atual e futura”, afirmou a presidente do Brasil, Dilma Rousseff. A Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável terminou com a adoção de um documento de consenso, porém, tido como pouco ambicioso. A participação da sociedade civil e de empresas nas discussões foi destacada pela presidente. “Esta é a conferência mais participativa da história. Foram mais de 1,3 milhões de votos nos Diálogos com a Sociedade Civil – que enviaram recomendações aos chefes de Estado. Foi

uma fórmula inovadora e criativa de dar voz às pessoas”. As críticas ao texto, fechado pelo Brasil, vieram tanto de ONGs e Cúpula dos Povos, quanto de alguns presidentes participantes da Conferência. A falta de metas específicas para o desenvolvimento sustentável e a criação de um fundo para transferência de verbas para a causa foram as principais insatisfações. A comparação com a Rio92 é constante, já que estamos hoje revisitando a conferência de 20 anos atrás. À epóca, a sensação foi de que a Rio92 teria acabado em fracasso, O secretário geral da ONU Ban Ki Moon, o presidente da Assembleia Geral da ONU Nassir Abdulaziz Al-Nasser e a presidente Dilma durante a cerimônia de encerramento da Rio+20

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Na reuniao plenaria da sessao de encerramento da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20

sem nenhum avanço significativo, mas hoje ela é vista como a mais importante conferência da ONU. A Rio92 ampliou a consciência ambiental e criou as Convenções de Biodiversidade, Mudança Climática e Desertificação. A esperança, agora, é que isto se repita com a Rio+20. Dilma ainda disse que, com o documento adotado, “agora, é hora de agir, de trazer concretude às ações”. “Este foi um passo histórico em direção a um mundo mais justo e equânime para que e a pobreza seja erradicada e a natureza protegida. A tríade do desenvolvimento sustentável, ambiental, social e econômico é compatível”. Outro ponto repetido pela presidente foi o respeito à multilateralidade. Segundo a presidente, é necessário respeitar as opiniões de todos. “As construções coletivas baseadas no diálogo são mais fortes porque são de todos. São essas conquistas que fazem o mundo avançar. [O documento final ] é produto do consensos e ambição coletiva”.

O Futuro que Queremos O plano de dez anos para levar a padrões de consumo e padrão mais sustentáveis e o “não retrocesso” em relação aos acordos da Rio92 também foram pontuados pela presidente. Isso porque os países desenvolvidos não queriam escrever claramente no texto o pincípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, criado na conferência há 20 anos. Segundo ele, os países ricos devem arcar com a maioria dos custos ambientais. “Lançamos as bases para uma agenda do século 21. Tomamos decisões importantes. Trouxemos a erradicação da pobreza para o centro do texto em consonância com os direitos ambientais. Criamos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para dar foco aos esforços coletivos. Criamos o fórum de alto nível para coordenar os

trabalhos, assegurando a implementação dos objetivos. O Pnuma – Programa da ONU para o Meio Ambiente sai fortalecido, inclusive em termos financeiros. Também foi definida a criação de um novo indicador de desenvolvimento com critérios socioambientais e a estratégia para negociar um tratado de proteção marinha”, resumiu Dilma, explicando os principais avanços. A presidente anunciou um investimento de US$ 16 milhões em fundos para o desenvolvimento sustentável. A atitude é um sinal do Brasil para estimular os países a contribuírem. A questão do financiamento internacional foi a tônica de toda a conferência que começou no dia 13 de junho. Enquanto os países em desenvolvimento pediram a criação de um fundo de US$ 30 bilhões, os países ricos se recusaram a se comprometer com doações. “Aplaudo em especial os países em desenvolvimento que assumiram compromissos, mesmo com a ausência Presidenta Dilma Rousseff discursa durante cerimônia de encerramento da Rio+20

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“Brasil não impôs acordo final na Rio+20”

Conferência do Clima de Copenhague, em 2009, deixou a André Corrêa do Lago, negociador-chefe da ideia de que os documentos tinham que ser negociados sob delegação brasileira uma pressão brutal, com a presença de chefes de Estado. Na verdade, disse o negociador-chefe da delegação brasileira, André Corrêa do Lago, o Brasil restaurou o processo normal das conferências da Organização das Nações Unidas (ONU), ou seja, fechando o documento final antes da chegada dos líderes. Nenhum país pode impor o que quer que seja, tudo o que foi aprovado, foi por consenso. Ou seja, todos os países têm que estar de acordo. O Brasil propôs um texto, que foi analisado pelas várias áreas. E as pessoas pediram coisas, mudanças. O Brasil ouviu o pedido de todos os países, levou-os em consideração e procurou fazer as alterações que assegurassem que o documento fosse equilibrado. E essa foi a conclusão de todos os países-membros: o documento estava equilibrado e, portanto, podia ser aprovado daquela forma. Há uma coisa muito importante: é evidente que nenhum país está plenamente satisfeito com o documento porque não é um documento de um país apenas, mas reúne a concordância de 193 países. Acho que, daqui a 20 anos, as pessoas vão ficar muito impressionadas com a maneira como essa conferência tocou nos pontos mais importantes sobre os quais precisamos pensar para o futuro, com o estabelecimento muito claro das prioridades. Em primeiro lugar, vem a erradicação da pobreza e, em segundo, a mudança de padrões sustentáveis de produção e consumo. Isso é um sinal de que o mundo concorda com a necessidade de mudarmos nossa forma de desenvolvimento e, por isso, esse é o grande apoio que o documento dá à implementação efetiva do desenvolvimento sustentável. Para isso, criamos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que irão orientar essa mudança. Também aprovamos no Rio o plano de dez anos para os padrões sustentáveis de produção e consumo. “O principal saldo foi fazer com que o desenvolvimento sustentável se transforme em paradigma em todos seus aspectos - social, ambiental e econômico”.

de financiamento. O Brasil fará sua parte com a doação de US$ 6 milhões para o fundo do Pnuma (Programa da ONU para o Meio Ambiente) para ajuda a países em desenvolvimento. Também acordado o investimento de US$ 10 milhões para enfrentar mudanças do clima na África e pequenas ilhas”. A presidente voltou a repetir que a Rio+20 é o ponto de partida das ações e não o “teto” em que elas devem chegar. “Construimos aqui consensos históricos, o que foi possivel naquele momento. É o ponto de partida e não de chegada. As nações chegaram até ali, não significa que os paises não podem ter suas próprias politicas. A partir deste momento, as nações devem avançar. Ninguém pode ficar aquém, todos devem e podem ir além dessa posição. Isso significa que a próxima conferência tem que dar um passo a frente”, afirmou. O documento final da Rio+20 pode ser lido no site www.uncsd2012.org/thefuturewewant.html.

Novidades da Declaração “O Futuro que Queremos” Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) *Em 2015, acaba o prazo fixado pelas dez “Metas do 10 REVISTA AMAZÔNIA

Milênio” propostas pela ONU para promover desenvolvimento ao redor do mundo. Na Rio+20, os países concordaram em adotar, a partir de 2015, novas metas globais para governos progredirem em indicadores sociais, ambientais e econômicos; serão os ODS. Financiamento de ações sustentáveis *Foi um dos pontos de mais difícil negociação. Não houve novos acordos para a transferências de recursos e a criação de um fundo, mas foi reafirmado no documento um compromisso anterior dos países ricos de aplicar 0,7% de seu PIB em assistência oficial para o desenvolvimento em regiões mais pobres do mundo. Até agora, poucos países cumprem esse acordo.

Alternativa ao PIB *No último momento, entrou no texto final um parágrafo (38) reconhecendo que o PIB não deve ser medida de progresso das nações. Os países pedem às Nações Unidas que lancem um programa para a formulação de um novo índice, levando em conta também aspectos socias e ambientais. Governança global para o meio ambiente *É criado, no âmbito da ONU, um fórum político de alto nível para o desenvolvimento sustentável, que vai adotar uma agenda “prática e dinâmica” para a revisão de padrões de produção e consumo. Os países concordaram também em “fortalecer” o Programa das Nações Unidas revistaamazonia.com.br


para o Meio Ambiente (Pnuma) e determinaram que objetivos socioambientais orientem também as atividades de todas as organizações internacionais, como as agências da ONU, a OMC e instituições financeiras. Proteção da biodiversidade dos oceanos *Os Estados se comprometem a cumprir acordos passados para a criação de áreas de reservas oceânicas e a buscar um novo tratado para e proteger recursos naturais em alto mar. O texto também condena a pesca ilegal. Poucos países -- entre eles Estados Unidos, Canadá, Rússia e Veneuela -- se opuseram a um novo tratado, mais amplo e rigoroso. Corrupção *Um parágrafo (266) é dedicado a afirmar que os países vão cooperar para controlar os fluxos financeiros internacionais e combater a corrupção. Ban Ki-moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), discursa na cerimônia de encerramento da Rio+20

Na cerimônia de encerramento da Rio+20

Erradicação da pobreza como objetivo central *A palavra “pobreza” aparece 68 vezes no texto da declaração. Redução da pobreza é apontado como objetivo principal e mais urgente do desenvolvimento sustentável. O termo “economia verde”, também alvo de debates difíceis ao longo da conferência, não foi escrita sozinha, como único meio para atingir o desenvolvimento sustentável, mas sim “economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”. Padrão de Consumo *Por diversas partes no texto há o apelo para o desenvolvimento de novos padrões de consumo e padrão sustentáveis. Estes padrões estão incluídos em um plano de trabalho para os próximos dez anos.

Balanço operacional da Rio+20

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erca de 110 mil pessoas estiveram na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, gerando para a cidade do Rio de Janeiro, um rendimento extra de R$ 274 milhões em hospedagem, transporte e alimentação. Aproximadamente 45 mil pessoas frequentaram o Riocentro, local que sediou a conferência da ONU, e mais de 1 milhão de participantes estiveram nos eventos paralelos, com destaque para a Cúpula dos Povos, no Parque do Flamengo, que reuniu 300 mil pessoas, e para o Espaço Humanidade 2012, no Forte de Copacabana, que teve 210 mil visitantes. De acordo com a prefeitura do Rio, foram registradas 23 manifestações durante o período da conferência, entre os dias 13 e 22, mas oito delas não causaram impacto ao trânsito. O protesto que reuniu maior número de pessoas foi o realizado no dia 20, quando ativistas, indígenas e estudantes ocuparam as avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, no centro da cidade.

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A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) recolheu, entre os dias 13 e 22, um total de 144 toneladas de lixo nos eventos oficiais e paralelos da Rio+20, assim como no Sambódromo e na Quinta da Boa Vista, locais disponibilizados pela prefeitura para acampamentos de participantes da conferência. Desse total, quase um terço (42 toneladas) foi material reciclável, separado por meio de coleta seletiva. A rede hoteleira da cidade registrou uma ocupação de 95% durante a Rio+20, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis. Mais de 130 mil passageiros foram transportados em ônibus especiais dos hotéis da zona sul e da Barra para o Riocentro, nos dias de realização da conferência. Nos finalmentes a presidente Dilma Rousseff disse: “O Brasil se orgulha de ter organizado a mais participativa e democrática conferência na qual tiveram espaço diversas visões e propostas. Buscamos sempre manter um equilíbrio respeitoso entre as posições de todos os países”.

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Líderes da Rio+20 propõem passar das intenções às ações Fotos: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

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Rio+20 continuou em seu segundo dia, com uma chuva de propostas dos chefes de Estado para que a preocupação mundial com o futuro do planeta vá, de uma vez por todas, além das boas intenções. Os representantes de mais de 50 países discursaram e foram ouvidas desde propostas de nacionalização dos recursos naturais até advertências sobre as consequências da mudança climática e pedidos de atenção para a pobreza que aflige milhões de pessoas em todos os continentes. “Deixemos as justificativas e egoísmos de lado e busquemos soluções. Desta vez, todos, absolutamente todos, pagaremos a consequências da mudança climática”, advertiu o presidente cubano, Raúl Castro, em discurso no qual culpou os países industrializados e o modelo neoliberal pelos males da sociedade moderna. Castro ameaçou destruir os arsenais nucleares e promover o desarmamento das nações, porque, em sua opinião, às guerras pelo petróleo suscitadas no Oriente Médio “se acrescentarão outras” no futuro pelo controle da água e “outros recursos em vias de esgotamento”. Os efeitos devastadores da mudança climática também foram destacados pelo primeiro-ministro russo, Dimi-

Dimitri Medvenev, primeiro ministro da Rússia: Todos nós podemos fazer mais 12 REVISTA AMAZÔNIA

Chefes de Estado e de Governo participam da terceira reunião plenária na Rio+20

tri Medvedev, que defendeu que cada país estabeleça “voluntariamente” seu próprio plano contra a mudança climática e divulgue suas metas. “Acreditamos que a economia, a sociedade e a natureza estão vinculadas. Necessitamos um novo modelo de desenvolvimento que possibilite o bem-estar das sociedades sem grandes pressões sobre a natureza”, manifestou. Enquanto os líderes discursavam, centenas de índios de

várias partes do mundo entregavam no Riocentro, sede das reuniões, um documento que reúne suas exigências sobre conservação da natureza, produto de uma semana de debates na aldeia construída a cerca de cinco quilômetros do local. De natureza falou também o presidente do Equador, Rafael Correa, para reivindicar compensações econômicas dos países ricos àqueles que se esforçam para

Evo Morales, que defendeu abertamente a nacionalização dos recursos naturais com o argumento que se deve evitar sua transformação em uma mercadoria revistaamazonia.com.br


O presidente de Cuba, Raúl Castro, discursa durante plenária na Rio+20 e defende o desarmamento para obter soluções para mudanças climáticas

a pobreza, contra a iniquidade, a falta de justiça social e a degradação ecológica”, afirmou por sua vez o líder dominicano Leonel Fernández. Já o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, chamou atenção para a necessidade de tomar “decisões políticas do mais alto nível” para iniciar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma iniciativa de seu país incluída no documento final da Rio+20. O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, afirmou que seu País poderia fazer “mais” pelo desenvolvimento sustentável se os ricos oferecessem tecnologia e financiamento. “O futuro que queremos é um no qual todos tenham espaço para a ecologia, a economia e o desenvolvimento sustentável. Vamos trabalhar em conjunto por esse futuro que desejamos”, defendeu Singh. Dimitri Medvenev, primeiro ministro da Rússia, concla-

preservar o meio ambiente. “Essa compensação serviria para pagar a dívida ecológica dos países ricos”, afirmou Correa, que usou como exemplo a Iniciativa Yasuní-ITT, com a qual o Equador pretende obter fundos internacionais para desenvolver projetos sustentáveis em troca de não explorar uma reserva petrolífera que descobriu na Amazônia. Mais radical foi seu colega boliviano, Evo Morales, que defendeu abertamente a nacionalização dos recursos naturais com o argumento que se deve evitar sua transformação em uma mercadoria. “Os recursos naturais não podem ser negócio de empresas transnacionais, os serviços básicos jamais podem ser negócio privado, nem as telecomunicações, nem a água”, declarou Morales, que assegurou que sua proposta deve ser entendida como uma “forma de recuperar” o patrimônio natural, e por isso é uma “obrigação do Estado”. A pobreza, um dos males que o desenvolvimento sustentável se propõe a reduzir, foi invocada em vários discursos, entre eles os dos líderes de África do Sul, Haiti e República Dominicana. O presidente sul-africano, Jacob Zuma, disse que não se poderá dizer que existe desenvolvimento sustentável ou paz mundial enquanto “as crianças africanas morrerem por fome ou doenças”. Seu colega haitiano, Michel Martelly, reivindicou mais

mou os parceiros dizendo que somente juntos os países podem tornar o mundo mais amigável para as gerações futuras. “A Rússia tem seguido esse caminho, e conseguimos muito no que diz respeito aos objetivos do milênio. Todos nós podemos fazer mais”, declarou o líder.

Hollande defendeu imposto sobre tranções financeiras para subsidiar ações de desenvolvimento sustentável

rigor contra a pobreza, à qual países como o seu estão mais expostos por conta dos efeitos da mudança climática e das catástrofes naturais. “Temos esperança que esta conferência seja o ponto de inflexão para criar um novo paradigma, para lutar contra

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Hillary Clinton na Rio+20 Fotos: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

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s mulheres precisam ser empoderadas”. Foi assim que a secretária de Estado americana, Hilarry Clinton, definiu sua posição sobre a exclusão dos direitos reprodutivos femininos no texto final da Rio+20. “Acolho o movimento das mulheres para expandir as oportunidades para elas. Apesar de o documento final endossar a saúde reprodutiva, para que possamos atingir nossas metas, precisamos assegurar os direitos reprodutivos”, afirmou ao ser aplaudida pela plateia que lotou o auditório do Riocentro, no Rio de Janeiro. O direito ao controle de natalidade e planejamento familiar, com utilização de métodos contraceptivos, foi retirado do documento final, pois desagradava países com forte influência religiosa. Para Hillary, as mulheres precisam adquirir poder para fazer parte das decisões e decidir quando querem ter filhos. “Os Estados Unidos vão continuar trabalhando para que esse direito seja respeitado nos acordos internacionais”, afirmou. Apesar das críticas, ela destacou o trabalho liderado pelo Brasil na busca de um consenso em torno do documento e pediu empenho de todos para se atingir o desenvolvimento sustentável. “Apesar de às vezes discordarmos, concordamos no princípio básico de que precisamos agir. Não podemos mais nos limitar na ortodoxia do passado. Precisamos de parcerias ágeis, voltadas para ação em busca de resultados”, afirmou. Os Estados Unidos foram criticados por diversas nações e entidades, que afirmam que o país impediu avanços importantes no texto, como por exemplo no parágrafo que trata da proteção dos oceanos. “Compreendemos que o desenvolvimento sustentável é a chave do nosso futuro comum, Tanto para sucesso econômico quanto para segurança ambiental. Estados e governos não podem resolver todos os problemas. Por isso, favorecemos parcerias”, afirmou Hillary Clinton.

Hillary Clinton destacou o trabalho liderado pelo Brasil na busca de um consenso em torno do documento e pediu empenho de todos para se atingir o desenvolvimento sustentável

Ao evitar tocar nas envolvendo seu país, ela citou Steve Jobs para destacar que o documento final tem como resultado mais importante o fato de apresentar uma nova forma de pensar. “Não podemos apenas pensar grande, mas pensar diferente”, disse. Hillary também citou a parceria fundamental entre os governos, a sociedade civil e o setor privado. “Nós acreditamos que as soluções para o futuro exigirão de todos, os governos, sim, vamos fazer mais do que a nossa parte criando o caminho para economia verde, para novas tecnologias, mas precisamos usar o setor privado, principalmente as empresas de bens de consumo nesse trabalho”, disse. “Sabemos que seremos julgados, não pelo que falamos, Hillary Clinton participa do lançamento de novo mecanismo de financiamento para a energia limpa EUA-Africa, durante a Rio+20

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Jornalistas acompanham discurso de Hillary Clinton em um telão da sala de imprensa, no Riocentro

mas pelos resultados produzidos, se vamos continuar cumprindo nossas promessas para as gerações futuras”, afirmou. “Por isso tudo, reafirmo meu compromisso pessoal e do presidente Obama de trabalhar junto com todas as nações para garantir o desenvolvimento sustentável”, finalizou. A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que a liderança brasileira permitiu que todos os países se reunissem em torno de um documento final na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Segundo Clinton, a declaração final, que será assinada pelos líderes de 193 países reunidos no Rio de Janeiro, “marca um grande avanço para o desenvolvimento sustentável”. revistaamazonia.com.br


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Nações devem ir além do que está proposto na declaração da Rio+20 Fotos: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

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onstruimos aqui consensos históricos, o que foi possivel naquele momento. É o ponto de partida e não de chegada. As nações chegaram até ali, não significa que os paises não podem ter suas próprias politicas. A partir deste momento, as nações devem avançar. Ninguém pode ficar aquém, todos devem e podem ir além dessa posição. Isso significa que a próxima conferência tem que dar um passo a frente”, afirmou a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, em coletiva de imprensa. A Rio+20, Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, terminou hoje com a adoção do documento chamado “O Futuro que Queremos”. O texto, considerado pouco ambicioso, mas de consenso entre os 193 países, não traz metas para o desenvolvimento sustentável, nem números de financiamento, apenas indica caminhos e intenções. Durante os três dias de discursos oficiais e reunião de chefes de Estado houve muita crítica ao documento tanto por parte da sociedade civil, quanto dos presidentes participantes, porém o rascunho não foi alterado. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon , chegou a dizer estar decepcionado com o texto, mas depois voltou atrás e disse que a Conferência “era um sucesso”. “Eu vejo com normalidade a reação da sociedade civil; o que está acontecendo aqui é um a conferência de países soberanos”, afirmou a presidente ao ressaltar que o mundo vive hoje uma multilateralidade. “Ninguém é responsável pelo atraso de nada. É certo que muitos países estão enfrentando uma conjuntura difícil. Todos os países envolvidos tem que ser responsabilizados. Ninguém aqui pode apontar dedo”. A presidente destacou a dificuldade de fechar acordos sobre financiamento para ações de desenvolvimento sustentável: “Os países tem estágios diferenciados de consciência e de compromisso, mas temos questões que devem avançar. Uma forma de se evoluir é colocar na pauta o financiamento. Os paises desenvolvidos não querem [acordos sobre financiamento com a criação de um fundo], então tem que respeitar quem não quer. Onde estamos é onde chegamos em conjunto”, ressaltou. O negociador-chefe do Brasil, André Corrêa do Lago, 16 REVISTA AMAZÔNIA

que a arbitragem se move para o sul. Essa é a grande lição daqui.” O porta-voz mencionou o Brasil, Índia e África do Sul como atores importantes na tomada de decisões no plano internacional. Os 188 países representados, 105 deles por chefes de Estado, adotaram o documento final sem alterações importantes. A presidente Dilma Rousseff na entrevista coletiva no último dia da Rio+20

também destaca o papel dos países em desenvolvimento na nossa geopolítica internacional. Para ele, a manutenção do princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas” é essencial para grantir que as nações mais pobres cresçam da sua maneira e nao seguindo o modelo dos países ricos. Segundo Lago, é o princípio que permite que os países dêem passos adiantes no desenvolvimento sustentável.

A ONU Nikhil Chandavarkar, porta-voz do secretariado da ONU na Rio+20, afirmou: “É o melhor que se podia esperar”, Chandavarkar classificou o resultado da Rio+20, sem citar diretamente a crise financeira que consome a Europa. Mas as regras do jogo agora também são decididas pelos emergentes – apontou como maior ganho. “Acho

Brasil “É óbvio que o documento não atende a nossa prática. Somos, talvez, o país mais avançado no gasto ambiental, mas não posso medir todos os países com a medida do Brasil. O multilateralismo se respeita. Pode querer diferente, mas se não deu, não pode criticar [o consenso]” “É fácil o Brasil ser soberbo, aqui 47% é energia limpa, nos países da OCDE é 7%. Chegamos no que é possível, o que significa uma plataforma comum, e isso é uma grande conquista da diplomacia brasileira e dos países membros que aceitaram discutir”. O negociadorchefe da delegação brasileira na Rio+20, embaixador André Corrêa do Lago

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Documento da Rio+20 foi o melhor possível, diz ministra do Meio Ambiente

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epresentando o Brasil na plenária de alto nível da Rio+20, a ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira disse que a declaração negociada pelos diplomatas foi a “melhor possível”. “O documento final não atende a todos os desejos do Brasil e não satisfaz muitas pessoas aqui, mas tenho certeza que foi o melhor possível”, disse a ministra em seu discurso. Na plenária, Teixeira lembrou que em 1992 também havia um clima de pessimismo ao final da conferência da ONU no Rio de Janeiro. “Mesmo assim, a Agenda 21 e os princípios do Rio são a fundação do que fazemos hoje. O desenvolvimento sustentável ficou na cabeça e coração de muitas pessoas”, disse Teixeira. “Eu me atrevo a dizer que tivemos sucesso novamente em 2012.” Entre os pontos positivos da declaração, Teixeira citou o foco no combate à pobreza, como havia feito a presidente Dilma na abertura da reunião de cúpula.. “A Rio+20 nos dará a oportunidade de corrigir os piores resultados do modelo econômico dos últimos 200 anos: a desigualdade.” “Sei que a Rio+20 será lembrada como um marco pelo grau de pluralismo, participação e diálogo”, disse a ministra, que ainda afirmou que o encontro será um exemplo para outras conferências da ONU.

Pessimismo A declaração “O futuro que queremos” foi negociada por

por Lilian Ferreira

diplomatas durante o comitê preparatório para a reunião de cúpula da Rio+20, a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável.

Polêmicas do Texto A presidente Dilma, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e até o secretário-geral da ONU, Ban-Ki-Moon, chegaram a dizer que se decepcionaram com alguns pontos da declaração. No dia seguinte, representantes da sociedade civil envolvidos na Conferência prepararam uma carta aos chefes de Estado intitutlada “A Rio+20 que não queremos”, fazendo críticas ao documento da ONU. Para o secretário-geral da ONU, Ban-Ki-Moon, o documento final contendo pacotes amplos, ambiciosos e práticos para o desenvolvimento sustentável, garantindo os três pilares dos nossos objetivos - equidade social, desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental

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Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, e o embaixador Luiz Alberto Figueiredo

Para o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, o documento final da Conferência “traz avanços”. “Aqui, 192 países concordaram em criar os objetivos do desenvolvimento sustentável, com metasque serão verificada e quantificada para todos. Vai haver um indicador de desenvolvimento que vai além do aspecto econômico, leva em conta também os aspectos social e ambiental”, disse o ministro. Os países ricos mostraram má-vontade e deram um mau exemplo nas negociações da Rio+20, disse uma alta fonte da delegação brasileira que participou das discussões sobre o texto final da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável. Na aprovação do documento oficial da Rio+20

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Rio+20 é o maior evento já realizado pela ONU

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om um público quase três vezes maior do que a Rio92, a Rio+20, já é o maior evento da história da organização multilateral. Durante os dez dias do encontro, cerca de 45,4 mil pessoas foram credenciadas, segundo informou a porta-voz da conferência, Pragati Pascale. Ela destacou que, desse total, quase 11 mil foram emitidos para delegações de diversos países, aproximadamente 10 mil para organizações não governamentais e representantes da sociedade civil, mais de 4 mil para profissionais da imprensa e 4,3 mil para contingen-

Pragati Pascale, porta-voz da da conferência, diz que Rio+20 é maior o evento da ONU

Nikhil Chandavarkar, chefe de comunicação da divisão de desenvolvimento sustentável da ONU, diz que a mobilização positiva que o evento gerou, já produziu uma enorme quantidade de ações para o desenvolvimento sustentável revistaamazonia.com.br

te de segurança. Ainda segundo Pragati Pascale, mais de 50 milhões de pessoas acessaram o site da conferência. Somente no twitter em inglês, a hashtag Rio+20 apareceu mais de 1 bilhão de vezes e a plataforma brasileira sobre o evento teve mais de 1 milhão de acessos. “Isso indica a mobilização positiva que o evento gerou, que já produziu uma enorme quantidade de ações para o desenvolvimento sustentável”, disse. A porta-voz da ONU adiantou que, ao longo do evento, foram feitos quase 700 compromissos voluntários “incluindo o assumido por várias entidades de investir US$ 175 bilhões em transporte

sustentável e mais de US$ 50 bilhões no Programa Energia para Todos”. O chefe de comunicação da divisão de desenvolvimento sustentável da ONU, Nikhil Chandavarkar, acrescentou que os números de participação do evento indicam uma maior conscientização popular sobre o desenvolvimento sustentável. “A maioria dos participantes foi da sociedade civil e essa abertura foi reforçada pelos Diálogos Sustentáveis, que atraíram aproximadamente 2 mil pessoas que não estavam credenciadas e também foram admitidas. Nem Rio92, nem Copenhagen foi desse tamanho”, avaliou. REVISTA AMAZÔNIA 19


Todos ganham, todos perdem E m meio a muitas críticas de delegações e organizações não governamentais ao texto aprovado em plenária, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, chefe da delegação brasileira na Rio+20, afirmou ao Estado, ao deixar a sala da conferência, que a negociação foi um “grande êxito” e classificou o documento como “estupendo”. “Foi maravilhoso, todos gostaram do texto e apoiaram. Foi um grande êxito, você deve ter ouvido as palmas.” Ele afirmou que as resistências da delegação da União Europeia, que defendia um documento mais ambicioso, foram contornadas com “muito trabalho, muita negociação e muito esforço, buscando sempre um equilíbrio entre as posições e deu certo”. “Isso é negociação, todos ganham, todos perdem. Encontramos um equilíbrio que foi suficiente para todo mundo”, concluiu o chefe da delegação brasileira. De acordo com Rubens Harry Born, da organização Vitae Civilis, a delegação americana afirmou, nas considerações finais da plenária, que não aceitaria que nenhum ponto do texto negociado fosse aberto. Se algum item fosse modificado, principalmente à mudança em relação ao status do Pnuma, todo o documento teria de ser rediscutido. “É o melhor que conseguimos”, afirmou o secretário-geral da Rio+20, o chinês Sha Zukang, quando questionado se o documento tem força o suficiente para atingir

Gilberto Carvalho, ministrochefe da Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil 20 REVISTA AMAZÔNIA

Para o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, em cima da hora, e Sha Zukang, foi o o melhor que conseguimos

os objetivos aos quais a Conferência da ONU para o Meio Ambiente se propõe. De acordo com Nikhil Chandavarkar, chefe de comunicação do secretariado da ONU para a Rio+20, houve descontentamento de todos os lados. Ele, porém, disse “Habemus papa”, em alusão à famosa frase latina proferida quando um novo pontífice é escolhido – o que leva tempo e é basante esperado, como foi com o documento. Segundo ele, isso significa que provavelmente não se mexerá mais no conteúdo. É assim que ele será encaminhando para os chefes de Estado na cúpula de alto nível, onde então será oficialmente aprovado ou não, o texto final pode ser modificado. O ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que “todos

estão igualmente insatisfeitos”, mas diz entender que este “é o único caminho para o acordo.” O rascunho final do texto da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, foi aprovado em plenário por delegados dos países participantes em meio a duras críticas de entidades de defesa do meio ambiente

Descontentamento Para Marcelo Furtado, secretário-executivo do Greenpeace, o resultado foi “assustador” e traz retrocesso com relação às conquistas de 20 anos atrás. “Perdemos avanços que já tínhamos conquistado. Estamos assassinando o

Estou completamente decepcionada com o documento fechado, resumiu a líder global para a iniciativa de Clima e Energia da ONG WWF, Samantha Smith revistaamazonia.com.br


futuro das próximas gerações”, prevê. O texto final gerou reações pouco positivas entre outras ONGs de defesa do meio ambiente, que consideram o documento fraco e incapaz de estabelecer compromissos concretos.

Para Marcelo Furtado, secretário-executivo do Greenpeace, o resultado foi assustador

Mudanças Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, disse que o último texto negociado, o rascunho zero, pode ser alterado. Segundo ele, as críticas da sociedade civil serão consideradas para análise dos líderes políticos. “Muita água ainda vai rolar. Muita coisa vai acontecer. Os chefes de Estado e Governo não vêm aqui só para assinar. Pode haver mudanças”.

O Rascunho final do texto da Rio+20 Com 49 páginas e 283 parágrafos, o documento “O futuro que queremos”, acordado e que será sancionado ou modificado, por chefes de Estado e ministros, reafirma princípios e compromissos já existentes, mas traz novidades na rota para o desenvolvimento sustentável. Principais pontos: Economia verde O documento classifica a economia verde como “um importante instrumento” para o desenvolvimento sustentável, mas que não deve ser “um conjunto rígido de regras”. Financiamento O texto reconhece a “necessidade de uma significativa mobilização de recursos” para que os países em desenvolvimento possam crescer de forma sustentável. Mas não se diz de onde vem o dinheiro, nem quanto, nem quando. Instituições Será criado um fórum ministerial para o desenvolvimento sustentável, integrado no já existente Conselho Económico e Social das Nações Unidas. O Programa das Nações Unidas para o Ambiente não será transformado numa agência de fato da ONU, mas terá competências reforçadas, participação de todos os países e financiamento estável. Objetivos do desenvolvimento sustentável Serão discutidos através de um processo intergovernamental a ser agora lançado. Todas as referências a prazos, temas e metas concretas foram eliminadas do documento final. Oceanos Há algumas novidades nas pescas e na poluição, como a necessidade de controlo da captura acidental de peixes e do lixo no mar. Também ficou determinado que, dentro de três anos, será tomada uma decisão sobre um eventual novo instrumento internacional para o uso sustentável dos recursos no alto mar. Água O direito humano à água e ao saneamento, que já tinha sido reconhecido mas apenas por maioria dos membros da ONU, foi agora sancionado por todos os países. Padrões de consumo Foi adotado um programa a dez anos destinado a promover padrões de produção e consumo sustentáveis, que a ONU já tentara aprovar, sem sucesso, noutro fórum.

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O que mudou no acordo da Rio+20 Como era

Como ficou

Desde o início das negociações não havia uma definição exata do termo. Os países desenvolvidos tendem a focar na eficiência energética, na criação de empregos e no aumento da competitividade, enquanto os países em desenvolvimento destacam a necessidade de erradicação da pobreza e promoção da igualdade

O texto classifica a economia verde como uma das mais importantes ferramentas disponíveis para alcançar o desenvolvimento sustentável. E determina que a economia verde não deve ser uma série de regras rígidas e que deve depender das condições de cada país

ERRADICAÇÃO DA POBREZA

O documento inicial incluía a expressão “extrema” quando falava da erradicação da pobreza

A defesa da erradicação da pobreza está presente no documento, mas sem o adjetivo, ao qual os Estados Unidos se opunham

FONTES DE RECURSOS

O G-77 (grupo dos países menos desenvolvidos) propôs a criação de um fundo de US$ 30 bilhões para financiar ações de sustentabilidade

A proposta ficou de fora. Está prevista a criação de um comitê para discutir o financiamento, com previsão de conclusão para 2014

Garantia da provisão de cobertura universal de saúde

A cobertura universal de saúde foi mantida no documento, mas apontada como importante e não mais como uma garantia

MULHER

O documento mencionava os direitos reprodutivos das mulheres

O novo texto descartou a menção, que para alguns países se referia ao direito de aborto

PNUMA

Proposta de transformação do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) em uma agência independente da ONU

O status de agência não foi incluído no documento, mas o papel do Pnuma foi fortalecido, ao pedir que a Assembléia da ONU “adote uma resolução fortalecendo e ampliando o Pnuma”

MUDANÇAS CLIMATICAS

Estabelecia que o acesso à energia sustentável para todos deveria ocorrer até 2030 e também planejava dobrar a velocidade de melhoria na eficiência energética e dobrar a fatia de energia sustentável na matriz energética mundial

Foi incluída a proposta de se levar energia sustentável para todos, mas sem prazos nem metas

OCEANOS

A proteção à biodiversidade foi retirada no último minuto das negociações, por pressão de EUA, Venezuela, Canadá, Japão e Rússia. Mas foram mantidas as restrições aos subsídios

Proteção da biodiversidade em alto-mar, em águas internacionais, que não pertencem à jurisdição de qualquer país, e medidas de restrição ao subsídio da atividade pesqueira

FLORESTAS

O documento considerava a preservação das florestas e o combate ao desmatamento como um dos meios para se chegar ao desenvolvimento sustentável. Acreditavase que, por essa avaliação, governos nacionais e entidades internacionais estabeleceriam ações concretas pelo reflorestamento

Hoje o texto apenas reconhece a importância de se conversar sobre as florestas, sem estabelecer em que fóruns isso pode acontecer. Não há qualquer menção à restauração de áreas verdes degradadas

PAPEL DAS EMPRESAS

O documento encorajava a obrigatoriedade de relatórios de sustentabilidade de empresas

O texto passou a “considerar louvável” a prática

ECONOMIA VERDE

SAÚDE

Abaixo lista com propostas de ONGs, cientistas e delegações, que circulou pelos corredores da Rio+20. Segundo os mesmos, ela traria resultados bem mais efetivos: 1) “Promoveremos a educação como forma de erradicar a pobreza. Retiraremos da miséria, até 2030, 1,5 bilhão de pessoas que vivem com menos de US$ 1,25”. 2) “Reconhecemos o direito da mulher à informação e à liberdade, incluindo o acesso a serviços de saúde reprodutiva.” 3) “Decidimos universalizar, até 2030, o acesso à energia. Vamos dobrar os níveis de eficiência e a produção de renováveis.” 4) “Vamos restaurar, até 2020, 150 milhões de hectares de florestas desmatadas.” 5) “Acabaremos, até 2050, com todos os subsídios para os combustíveis fósseis.” 6) “Protegeremos os oceanos, o alto-mar, e evitaremos a poluição por plástico.” 7) “Garantimos o fornecimento de água para todas as pessoas, por meio da proteção da biodiversidade e dos recursos hídricos.” 8) “Criaremos o PIB Verde, calculando os efeitos econômicos e os impactos sociais e ambientais de nossas vidas.” 9) “Alteraremos os nossos padrões insustentáveis de consumo e produção.” 10)“Todos os países financiarão as ações, na base de US$ 1 por tonelada de C02 emitida. Considerando responsabilidades comuns, porém diferenciadas.” 22 REVISTA AMAZÔNIA

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O PARÁ COLOCOU DE PÉ O MAIOR PROGRAMA CONTRA O DESMATAMENTO. MUNICÍPIOS QUE ADERIRAM AO PROGRAMA

PROGRAMA

O Programa Municípios Verdes, do Governo do Pará, foi lançado há apenas um ano e já contabiliza importantes avanços. Nada menos que 91 dos 144 municípios aderiram e partiram para ações práticas. Controle do desmatamento, incentivo à regularização das atividades produtivas, reflorestamento, economia sustentável. O modelo nasceu em Paragominas e foi responsável por uma mudança radical no ambiente do município. E atraiu a atenção do Brasil, sendo premiado até no exterior. O programa está tirando o Pará da liderança no desmatamento e ajudando a Amazônia a reduzir a área devastada. É o começo, mas já dá para respirar melhor. revistaamazonia.com.br

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Mulheres em destaque na Rio+20 Fotos: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

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ichelle Bachelet, subsecretária-geral e diretora executiva da ONU Mulheres, disse que a Rio+20, deveria encorajar ações específicas para reduzir a pobreza entre as mulheres e seus impactos sobre o meio ambiente. Para ela, os líderes mundiais precisam adotar medidas práticas que permitam o acesso das mulheres a posições de liderança em políticas ligadas tanto à área social, quanto à econômica e ambiental. Bachelet ressaltou que a agenda pautada na promoção da igualdade de gênero é fundamental para o desenvolvimento sustentável. “Para que as mulheres sejam de fato incluídas nas economias e possam contribuir e se beneficiar das escolhas que o desenvolvimento sustentável permite, são necessárias medidas para acabar com a violência e a discriminação, além da remoção de barreiras para que elas tenham acesso à terra e ao crédito”, disse. A exclusão social das mulheres não apenas as fere, mas fere a todos nós. Para o bem desta e das futuras gerações, precisamos desenvolver a inteligência e a a capacidade de toda a humanidade”, enfatizou. A ex-primeira ministra da Noruega e enviada especial do secretário-geral das Nações Unidas para mudanças cli-

Marcela Temer (segunda à direita), mulher do vice-presidente, Michel Temer, participa de encontro com primeiras-damas

A ex-primeira-ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, criadora do conceito de desenvolvimento sustentável, escuta a conferência de Michele Bachelet, ex-presidente do Chile e Diretora Executiva da Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres)

A primeira-ministra da Dinamarca, Helle ThorningSchmidt,defendeu a adoção de uma economia verde como solução para a crise mundial

Martina Bianchini (esq.), presidente da Força-Tarefa para Economia Verde da ICC, e Louise Kantrow (dir.), representante Permanente da CIC nas Nações Unidas Xuxa e crianças entregaram à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a “Carta das Crianças para a Terra”

A ex-presidente da Irlanda, Mary Robinson, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso

Hillary disse que governos não podem resolver tudo sozinhos 24 REVISTA AMAZÔNIA

máticas, Gro Harlem, também enfatizou que o papel das mulheres é fundamental para os três pilares do desenvolvimento sustentável – social, econômico e ambiental. Ela argumentou que em seu país o valor gerado pelo trabalho das mulheres é mais alto do que o total da receita do setor de petróleo. “Os países que têm maior equidade de gênero e igualdade de oportunidades são os que têm também as melhores performances econômicas. Devemos todos perceber o enorme potencial não explorado de mães, avós, esposas e meninas que estão esperando para contribuir para um futuro melhor”, afirmou. Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda, que também ocupou o cargo de alta comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), disse que o modelo que ela defende inclui compromissos dos líderes mundiais como o empoderamento das mulheres e investimentos em fontes de energia limpa.”O debate sobre energia é crucial para o desenvolvimento sustentável. O comprometimento com esse tema pode significar menos impactos sobre a biodiversidade e interromper os riscos provocados pelas mudanças climáticas”. “Compreendo que, no meio de uma crise, os países têm diferentes preocupações. Não podemos ignorar o momento financeiro, mas não é uma boa ideia recuar (em relação aos compromissos). Fazer o certo em relação ao desenvolvimento sustentável também pode fazer com que as economias voltem a crescer”, disse a ex-presidente.

Presidentes mulheres se encontram no evento “The Future Women Want” revistaamazonia.com.br


CEBDS lança o Visão Brasil 2050 na Rio+20 Fotos: ElzaFiúza/ABr

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Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) lançou na Rio+20, o documento Visão Brasil 2050, uma nova agenda de negócios para o País, que foi elaborado em discussões realizadas com 74 das maiores empresas brasileiras, associadas à entidade. Com esse texto, o conselho, formado por mais de 70 grandes empresas nacionais, quer criar um roteiro para que, em até 38 anos, as empresas contribuam para que o Brasil tenha um desenvolvimento sustentável em três aspectos: social, econômico e ambiental. Para Mariana Grossi, presidente do CEBDS, o documento é mais uma prova da relevância que as empresas têm na discussão ambiental. Não há a menor dúvida de que as empresas viveram uma grande transformação nos últimos 20 anos e hoje têm papel fundamental no debate da sustentabilidade. O fim da Rio+20 prova isso: como os governos tinham que buscar um consenso, o texto final foi muito básico, apenas o piso das discussões. Mas o grande destaque No estande do CEBDS

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da Rio+20 foram as cidades, a empresa e a sociedade - disse Mariana, que defende uma maior participação da sociedade civil, com destaque para as empresas, nas discussões principais da ONU. O documento é dividido em nove temas (Valores e Comportamento; Desenvolvimento Humano; Economia; Biodiversidade e Florestas; Agricultura e Pecuária; Energia e Eletricidade; Edificações e Ambiente Construído; Mobilidade; e Materiais e Resíduos), todos eles com metas e planos gerais para 2050 e outros mais específicos para 2020. O documento é a versão local do “Vision 2050”, elaborado globalmente pelo Conselho Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD, na sigla em inglês). Entre as principais iniciativas do texto, estão a cobrança por emissões de carbono e os incentivos para empresas e setores que poluam menos: Sabemos que a situação fiscal dos governos é limitada, mas há espaço para novos incentivos e, principal mente, para o redirecionamento de outros. O recente incentivo à venda de carros, por exemplo, pode ter uma visão sustentável - disse a presidente do CEBDS. Para Franklin Feder, presidente da Alcoa Brasil e integrante do CEBDS, o documento lançado, também tem forte peso político e educacional: A partir do lançamento do Visão Brasil 2050, nenhuma empresa pode alegar que não há um direcionamento. Com o documento, já temos um norte, uma referência para alcançarmos o desenvolvimento sustentável. David Canassa, executivo do Grupo Votorantim, que também integra o conselho, lembra que o documento brasileiro indica desafios próprios para o Brasil, como o combate à pobreza e à corrupção.

Durante o lançamento do Visão Brasil

Mariana Grossi, presidente do do CEBDS, diz que o documento é mais uma prova da relevância que as empresas têm na discussão ambiental Franklin Feder, CEO da Alcoa, com Rodrigo Hühn e nossa Amazônia, no estande do CEBDS

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Rio terá Centro Mundial de Desenvolvimento Sustentável Instituição se chamará Rio+ e tem o objetivo de identificar parceiros para programas de promoção da sustentabilidade

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cidade do Rio de Janeiro abrigará o Centro Mundial de Desenvolvimento Sustentável Rio+, uma iniciativa conjunta do governo brasileiro e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O anúncio foi feito em entrevista coletiva pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e pela diretora do Pnud, Helen Clark, no marco da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). O Brasil considera a criação do centro como um dos “grandes legados concretos” da Rio+20, segundo Izabella, que assinalou a participação da sociedade civil, das universidades e do empresariado na iniciativa. Segundo a ministra, o centro irá trazer um novo jeito de agir e de atuar politicamente, contando com a inclusão de ONGs da sociedade civil e da ciência no processo.

Durante o anúncio feito pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e pela diretora do Pnud, Helen Clark

Clark, por sua vez, citou a presidente Dilma Rousseff, para quem “crescer, incluir e proteger ao mesmo tempo só é possível com o desenvolvimento verdadeiramente sustentável”.

O Rio+ será instalado temporariamente na Coppe/UFRJ, na Ilha do Fundão

EXPRESSO VAMOS + LONGE POR VOCÊ ! 26 REVISTA AMAZÔNIA

O Centro Rio+ “nasce com a missão de ser um ponto de referência para a promoção de um dos debates que definem este século: a integração entre as dimensões econômica, social e ambiental do desenvolvimento sustentável”, assinalou em comunicado o Ministério das Relações Exteriores. O Pnud destacou em comunicado que o Centro Rio+ “facilitará a investigação, a troca de conhecimentos e promoverá o debate internacional sobre desenvolvimento sustentável”. A instituição contará igualmente com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) do Brasil. O Rio+ será instalado temporariamente na Coppe/UFRJ, na Ilha do Fundão, na zona norte da cidade, mas a prefeitura carioca definirá nos próximos meses um espaço para sua instalação definitiva.

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A mesa oficial da abertura da Rio+20

Secretário-geral da ONU abre oficialmente a Rio+20 Dilma Rousseff, Ban Ki moon e Sha Zukang, participam da primeira Reunião Plenária da Rio+20

Fotos: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr e Roberto Stuckert Filho/PR

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secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, ao abrir oficialmente a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, no Riocentro, lamentou os poucos avanços na área ambiental desde a Rio92, mas parabenizou a presidência do Brasil pelos resultados das negociações na Rio+20. Segundo ele, durante a conferência, o mundo terá uma “segunda chance”. “É um prazer estar no Brasil mais uma vez em um evento que vai mudar o mundo 20 anos depois da Eco92. Nesse período o progresso foi muito lento, por isso precisamos do empenho de todos”. “Estamos diante de um acordo histórico, não vamos perder essa oportunidade. O mundo está nos observando para ver se seremos capazes de fazer as mudanças”, disse. Ban Ki-moon também ressaltou que a Rio+20 não é o fim de um processo, mas apenas o começo dele.”Está na hora de pensarmos globalmente e localmente. Estamos

lutando contra o relógio”, alertou. Ainda durante a cerimônia, Dilma Rousseff foi eleita a presidenta da conferência. Em seguida, ela fez um breve discurso de agradecimento, deu boas vindas aos participantes e abriu os trabalhos. Em um pronunciamento rápido, Dilma destacou a importância da reunião. “Não tenho dúvida de que es-

taremos a altura do desafio global que nos apresenta”, afirmou ao agradecer o apoio das nações ao trabalho feito pelo Brasil para finalizar o documento da Rio+20, com todas as propostas de desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. A presidente ressaltou Ela acrescentou que “o futuro das próximas gerações aguarda nossas decisões”. Líderes posam para foto oficial na conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável

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Em seu pronunciamento oficial de abertura protocolar da cúpula dos líderes da ONU na Rio+20, Dilma criticou os países desenvolvidos, que, segundo ela, não cumpriram as promessas feitas há 20 anos, durante a Eco-92 (também conhecida como Cúpula da Terra), entre as quais a de ajudar financeiramente as nações mais pobres e a redução das emissões de gases. “Sabemos que o custo da inação é maior do que o das medidas necessárias”, disse. “O futuro que queremos não se construirá por si mesmo, será preciso mudanças profundas em nossas atitudes”, acrescentou. A presidente também afirmou que os países ricos “ficaram mais ricos”, deixando “uma pesada carga para os países em desenvolvimento”. O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, foi na mesma linha. Segundo ele, “não se pode limitar o ritmo de crescimento dos

“Seres humanos são o centro das discussões, a erradicação da pobreza é um princípio indissolúvel do desenvolvimento, junto com o ambiental e reformas estruturais capazes de tirar multidões de pessoas que vivem na pobreza e exclusão”, explicou ao citar o lema brasileiro para o desenvolvimento sustentável: “crescer, incluir e proteger”. Além de Dilma, o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, assumiu a vice-presidência da

Cerca de 100 pessoas realizaram protesto silencioso dentro do Riocentro, antes da abertura dos debates entre os chefes de Estado na Rio+20

Dilma criticou os países desenvolvidos

A presidenta Dilma Rousseff e os ministros do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, e das Relações Internacionais, Antonio Patriota, participam da primeira reunião plenária da Rio+20

conferência e presidência da primeira plenária. “Estamos diante de um novo caminho que a comunidade internacional escolheu, talvez o único caminho que dispomos se quisermos um mundo de crescimento econômico, social

CENTRAL DE ATENDIMENTO:

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países”, em referência à tentativa dos países desenvolvidos de impor medidas que venham a frear o ritmo de crescimento da economia chinesa. Como Dilma, ele defendeu o conceito de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, estabelecido na Eco-92, pelo qual os ricos deveriam contribuir mais para o desenvolvimento sustentável do que os países em desenvolvimento. Jiabao, entretanto, cujo país é duramente criticado pela emissão de poluentes, da grandeza de nações desenvolvidas, destacou que a China é um “grande país em desenvolvimento pronto para assumir suas responsabilidades”. O primeiro-ministro chinês também aproveitou para anunciar um fundo de US$ 6 milhões (R$ 12 milhões) para a capacitação de funcionários de países em desenvolvimento em temas relacionados ao meio ambiente.

(91) 3204-8200

e ambiental. Legatários da herança de 1992, os líderes se reúnem hoje para reafirmar esse compromisso”, disse ao destacar que o Rio de Janeiro recebe todos com “enorme alegria e com os olhos no futuro”.

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O Pavilhão Brasil no Riocentro

O Pavilhão

Brasil

Estrutura reúne destaques da evolução do desenvolvimento sustentável no Brasil desde a Conferência Rio-92 Fotos: Diego Reis/Ascom do MCTI; Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

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presidente Dilma Rousseff , ao inaugurar o Pavilhão Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20 deu as boas-vindas aos representantes de outros países e disse que todos, sem exceção, seriam bem recebidos na cidade, ela falou sobre o desafio das nações de crescer sem agredir o planeta.

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“Nós não concordamos que o respeito ao meio ambiente só se dê em momentos de economia forte. Sobretudo em momentos de crise precisamos ter consciência de que não existe crescimento que não seja sustentável. Vinte anos depois da primeira Conferência, temos de dar outra partida naquele processo. Queremos provar que o mundo que consideramos possível ainda precisa de um alerta”, disse. A presidente afirmou ainda que o Brasil “tem clareza que a inclusão social é um elemento crucial de qualquer política econômica em qualquer tempo”. E reforçou que “os três patamares do País são: incluir, conservar e crescer”.

“Meio ambiente não é adereço. Queremos mostrar durante a Rio+20 que tornamos isso possível”, declarou. “Não consideramos que o respeito ao meio ambiente só se dá em fase de expansão do ciclo econômico. Pelo contrário, um posicionamento pró-crescimento, de preservar e conservar, é intrínseco à concepção de desenvolvimento, sobretudo diante das crises.” A presidente acrescentou que os compromissos apresentados durante a Rio+20 foram assumidos “voluntariamente”. “Consideramos que a sustentabilidade é um dos eixos centrais da nossa convicção de desenvolvimento.” revistaamazonia.com.br


A presidente Dilma Rousseff , ao inaugurar o Pavilhão Brasil

Na inauguração do Pavilhão Brasil

Detalhes Sob uma concepção sustentável, o Pavilhão, com área de 4 mil m² e foi projetado pelo designer e curador Marcello Dantas. Foi construído com contêineres reaproveitáveis, reunidos em torno de uma arena central com quatro

arquibancadas para um total de 120 pessoas. Nessa estrutura, está a mostra multimídia que inclui vídeos e instalações interativas. Reunindo destaques da evolução do desenvolvimento sustentável no Brasil desde a Conferência Rio-92 e apontando desafios para os próximos anos. A exposição foi organizada em cinco eixos temáticos: Inovação e Produção Agrícola Sustentável; Inclusão So-

Apresentação folclórica durante inauguração do pavilhão Brasil

cial e Cidadania; Energia e Infraestrutura; Turismo, Grandes Eventos e Cultura; e Meio Ambiente. No espaço que circunda o Pavilhão: quatro áreas de exposição de programas de inovação, tecnologia sustentável e inclusão social, como os programas Minha Casa, Minha Vida, Água Doce e Cultivando Água Boa.

Entre o prefeito e governador do Rio, a presidenta com Sha Zukang, o secretário-geral da ONU para a Rio+20 DESP A CHAMOS P/ T

ODO BRASIL

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Brasil e ONU celebram 20º aniversário da Rio-92 Collor chama de covardia ausência de chefes de Estado na Rio+20

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senador Fernando Collor em discurso durante a cerimônia em homenagem à Rio – 92, criticou a ausência de alguns chefes de Estado na Rio+20. “Eu acho uma covardia a ausência de alguns líderes que anunciaram que não vão vir. Essa conferência trata do futuro da humanidade”, disse o ex-presidente ao participar de um evento em celebração aos 20 anos da Eco92, a primeira conferência da ONU realizada no Rio de Janeiro. Ao falar com jornalistas, Collor fez referência aos líderes dos Estados Unidos, Barack Obama, da Alemanha, Angela Merkel, e do Reino Unido, David Cameron, que já confirmaram que não virão ao Rio de Janeiro para participar da reunião dos chefes de Estado, que acontece na próxima semana. Collor também fez um discurso durante a cerimônia, no Riocentro, pois comandava o País quando a Eco92 foi realizada. Após receber elogios do ministro Antonio Patriota e de representantes da ONU, ele disse que espera que haja consenso das nações sobre a promoção do desenvolvimento sustentável. “A agenda da Eco92 foi muito ambiciosa. O nosso desejo, pelo que vejo é a vontade do governo brasileiro, é que possamos manter o elevado nível das nossas ambições na Rio+20. Não podemos retroagir”. Ele ainda demostrou otimismo quanto aos rumos da negociação. “Tenho certeza que alcançaremos o consenso Maurice Strong, secretário-geral da Eco 92, foi homenageado na cerimônia de comemoração aos 20 anos da Eco-92

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Durante a cerimônia

necessário para que possamos oferecer ao planeta um comunicado final que esteja a altura das expectativas da comunidade mundial”, completou o ex-presidente. Patriota e Sha destacaram o espírito de solidariedade como o propulsor das mudanças necessárias para alcançar o desenvolvimento sustentável. Collor pediu que o documento final da Rio+20 envie uma mensagem clara para evitar retrocesso.

A cerimônia contou com a participação do Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota; da Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira; do Secretário-Geral da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), Sha Zukang; o Secretário-Geral da Rio-92, Maurice Strong; e o ex-Presidente e Senador Fernando Collor de Melo.

Collor, Patriota e Sha Zukang

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Rio+C40

Prefeitos das 59 maiores cidades do planeta fecham acordo Fotos: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

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s prefeitos das maiores cidades do mundo se comprometeram a reduzir as emissões de gases do efeito estufa em mais de 1 bilhão de toneladas até 2030. Segundo os prefeitos, essa quantidade é o equivalente ao total de gases do efeito estufa produzido pelas nações do Brasil e do México pelos próximos 18 anos. As cidades do C40 também se comprometeram a reduzir em cerca de 400 milhões de toneladas as emissões de gases poluentes até 2020. “Seria muito cômodo se apenas ficássemos esperando os chefes de Estado resolverem tudo sozinhos. Temos que fazer nossa parte também”, disse o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Além de Paes, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, também participou do evento que anunciu o compromisso. O acordo entre os prefeitos foi feito em parceria com o Banco Mundial, que irá financiar os projetos das megacidades. Os resíduos sólidos serão o principal foco do acordo. O gás metano, produzido pelo lixo, é 20 vezes mais perigoso para aquecimento global do que o gás carbônico. A C40 é uma entidade que reúne 59 prefeitos das maiores cidades do planeta, com o objetivo de trocar experiências para o combate e adaptação às mudanças climáticas. Cerca de 20 prefeitos vieram participar do evento durante a Rio+20, Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, que vai até o dia 22 de junho, no Rio.

O prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab

O C40 acredita que, com a união dos prefeitos das maiores e mais importantes cidades do planeta, será mais fácil encontrar soluções para problemas urgentes, como o manejo do lixo e o transporte. Problemas das cidades Os desafios mais comuns enfrentados pelas cidades incluem trânsito, falta de fundos para prover serviços básicos, a falta de habitação adequada e infraestrutura em declínio. Metade da humanidade – 3,5 bilhões de pessoas – vivem hoje em cidades. Até 2030, quase 60% da população mundial viverá em áreas urbanas. As cidades ocupam apenas 2% de toda a terra do planeta, mas respondem por 60% a 80% do consumo de energia e por 75% das emissões de carbono. Os prefeitos de Heldelberg, Eckart Wuerzner, o prefeito de Johannesburgo, Mpho Franklyn Tau, de Seul, Won Soon Park, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, o prefeito de Lagos, Babatunde Fashola, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, no Forte de Copacabana

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Bill Clinton é aplaudido por sua mensagem aos Prefeitos na Rio+C40

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, de São Paulo, Gilberto Kassab, de Nova York, Michael Bloomberg (ao centro da foto, ao lado de Paes) e mais os prefeitos de Joanesburgo, Seul e Buenos Aires, na abertura do evento do Rio+C40: Megacity Mayors Talking Action on Climate Change

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No Parque dos Atletas Fotos: Rudolph Hühn

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A Agência barco da CAIXA no Parque dos Atletas

uem quisesse saber sobre desenvolvimento sustentável de maneira divertida, inovadora e interativa tinha um grande leque de opções nos 44 pavilhões do Parque dos Atletas, na Barra da Tijuca, um dos espaços da Rio+20. No local, havia exposições de 31 países, 16 empresas, 17 estados e 18 cidades brasileiras, 18 Agências do Sistema ONU, órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e 15 Organizações Governamentais nacionais e internacionais. As atividades destinavam-se a adultos e crianças. A diversão era garantida no espaço da Eletrobrás e de Furnas, em que se experimentavam diversas formas de geração limpa e renovável de energia. No simulador 5D, o visitante recebe informação por e se divertia com alguns pequenos sustos ao receber respingos de água e rajadas de vento.

Organização de Novas Energias, Tecnologia e Desenvolvimento do Japão mostra maquete de uma cidade “verde” no Parque dos Atletas

O índio Saba, do povo Manchineri (Acre), conversa com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota

Diversidade de povos marca os corredores da Rio+20 Rodrigo e a Amazônia e o pirarucú no estande do Instituto Mamirauá 34 REVISTA AMAZÔNIA

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Uma maquete inteligente no Pavilhão do Qatar simulava as mudanças climáticas em um bairro central da capital do país, Doha, que está sendo revitalizada. Inteligente também era a produção de móveis feita a partir do plástico, no espaço da Braskem. Uma Usina de Reciclagem foi criada no local para mostrar aos visitantes como é produzida a madeira de plástico e a montagem de móveis nesse material. O carro elétrico dos Correios e toda a linha de produção de bolsas e almofadas confeccionadas a partir da reciclagem dos malotes dos carteiros chamavam a atenção do público. O ônibus híbrido de hidrogênio, com tração elétrica e tecnologia brasileira desenvolvida em parceria com a Coppe/UFRJ, convidava o público a passear

no Riocentro. Alimentação saudável era outro tema do evento, apresentado em livro sobre culinária vegana orgânica. Para os deficientes visuais, são apresentadas publicações importantes em Braille, como a Constituição do Brasil.

A Amazônia no estande de Mamirauá

A Amazônia no estande do INPA

A Amazônia no estande do Museu Paraense Emílio Goeldi

No PNUMA, também fez sucesso

Na Natura... Na sala de leitura do estande do Ministério da Cultura

No estande do Ministério da Cultura, a Amazônia foi distribuida revistaamazonia.com.br

A Amazônia no seu Banco REVISTA AMAZÔNIA 35


Cúpula dos Povos Fotos: Marcello Casal Jr/ABr; Júlio Cesar Guimarães/UOL; Claudio Tropez/JRC; Rudolph Hühn

Ban Ki Moon, secretário geral da ONU, ao lado de Iara Pietrovsky, representante oficial da Cúpula dos Povos

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Cúpula dos Povos da Rio+20, aconteceu no Aterro do Flamengo – mesmo local onde ocorreu, há 20 anos, o Fórum Global, evento paralelo à Rio-92. Lá, foram montados cerca de 60 espaços para a realização de atividades de várias redes e movimentos sociais, organizado por mais de 50 Ong’s nacionais e internacionais – um dos maiores eventos paralelos à Rio+20, a Cúpula quis mostrar a mobilização da sociedade civil e as iniciativas de sucesso realizadas na área de sustentabilidade. Eram mais de 1.800 lideranças, representantes de povos e organizações indígenas presentes, APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (COIAB, APOINME, ARPINSUL, ARPINSUDESTE, povos indígenas do Mato Grosso do Sul e ATY GUASU), COICA – Coordenadora de Organizações Indígenas da Bacia Amazônica, CAOI – Coordenadora Andina de Organizações Indígenas, CICA – Conselho Indígena da América Central, e CCNAGUA – Conselho Continental da Nação Guarani e representantes de outras partes do mundo, no IX Acampamento Terra Livre, por ocasião da Cúpula dos Povos. Manifestante de Pedra Azul (MG), na abertura da Cúpula dos Povos

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Gilberto Carvalho, ministrochefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, fala na abertura dos debates da Arena Socioambiental na Cúpula dos Povos

As árvores queimadas no Aterro do Flamengo

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Segundo a articulação da Cúpula, cerca de 50 mil pessoas, dos grupos sociais que participavam da Cúpula dos Povos, foram às ruas e conseguiram realizar a maior manifestação da Rio+20. O protesto transformou a avenida Rio Branco, uma das mais importantes do centro do Rio de Janeiro, num caldeirão de reivindicações com ares de carnaval fora de época. Os manifestantes estrangeiros, claro, se divertiram. “Os brasileiros são muito divertidos. Nem num protesto sério são capazes de perder a alegria. É bom que seja assim para não haver confrontos com a polícia”, disse Kelly Clark, canadense que se uniu à manifestação. Quem não gostou foram os motoristas.

Cúpula dos Povos, sempre com muitos participantes

Protesto do caveira segurando um globo durante a Cúpula dos Povos As ministras do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, na abertura dos debates da Arena Socioambiental na Cúpula dos Povos

Durante plenária internacional de organizações não governamentais realizada na Cúpula dos Povos, a diretora executiva da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), Vera Masagão, disse: “A sociedade civil organizada está cobrando que os Estados liderem uma transição mais radical para um novo modelo de desenvolvimento que não seja baseado no modelo consumismo-produtivismo, que já tem indícios de que é insustentável.” A única empresa patrocinadora da cúpula é a CAIXA

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Uma das presenças mais marcantes na Rio+20, foi do cacique Raoni, que ficou famoso durante a Eco-92. Ele pediu a união e luta de seus povos A Oração da mata…

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O BB na Cúpula dos Povos

Um dos destaques foi a Rede Brasileira da Carta da Terra, organizado pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade, com a presença da ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e do teólogo Leonardo Boff. Representantes do Greenpeace também participaram da campanha Desmatamento Zero, com objetivo de recolher 1,4 milhão de

A CAIXA na Cúpula O Marajó na dos Povos Cúpula dos Povos

assinaturas e assim submeter ao Congresso Nacional um projeto de lei sobre o assunto, de forma similar àquele que gerou o Ficha Limpa. O espaço contou com um anfiteatro ao ar livre, com capacidade para 800 pessoas, onde ocorreram alguns dos eventos mais importantes da Cúpula durante o dia.

Vegetarianos fizeram uma manifestação durante a Rio+20

Ativistas da Marcha dos Povos lotam a Avenida Rio Branco

Na Marcha dos Povos um boneco representando a presidente Dilma Rousseff

Manifestantes tiram a roupa na a Marcha dos Povos, durante protesto quereuniu 80 mil pessoas na maior manifestação de rua organizada da Rio+20

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No estande do Ecomuseu da Amazônia e Redes de Educação Ambiental da Amazônia, montado na Cúpula dos Povos

Os Correios

Na tenda da plenária de Avaliação Socioambiental dos últimos 20 ano

À noite, o local se transformava em palco para apresentações musicais e de poesia. As atividades culturais ocorreram também em pequenos palcos e no “Caminho das Artes”, onde foram realizadas exposições ao ar livre qualquer artista podia se participar.

Na pista de aeromodelismo próxima à Marina da Glória, ocorreram as plenárias e a Assembleia dos Povos, desenvolvida com intuito de gerar acordos políticos entre os diversos movimentos sociais e articular estratégias de mobilização.

Indígenas, hippies e ONGs aproveitaram para expor suas criações no gramado do Aterro do Flamengo

Jovens e representantes de entidades civis de todo o mundo fazem manifestação para pressionar líderes mundiais para evitar fracasso da Rio+20

Lúcia Ortiz, da organização Amigos da Terra Internacional, ressaltou que os participantes da Cúpula dos Povos têm plena consciência de que, em parte, “derrotaram os poderosos ao enfraquecer a agenda da economia verde e mudar a correlação de forças, ao chamar a atenção para a necessidade de que a voz povo venha a ser escutada, e não só a das grandes corporações”.

Manifestação indígena ocupava o Riocentro quando o ministro Gilberto Carvalho chegou para negociar

Ativistas levam bandeira gigante do Brasil e boneco representando Dilma Rousseff revistaamazonia.com.br

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Mario Mantovani, da Fundação SOS Mata Atlântica, esculachando o Código Florestal

Índios xavantes receberam apoio do Greenpeace

A Marcha dos Povos na avenida Rio Branco Índios vendem artesanatos e se atualizazam na internet, na Cúpula dos Povos

Os Pataxós fazem uma passeata pela Cúpula dos Povos Índios se abraçam durante Cúpula dos Povos

O encerramento da Cúpula dos Povos “Nós aprofundamos a discussão, o que a Rio+20 não fez porque os chefes de Estado apenas assinaram um documento. Terminamos a Cúpula dos Povos com pelo menos três bandeiras que foram esquecidas pelos chefes mundiais: conceitos de agroecologia, a defesa dos territórios dos povos tradicionais e os direitos das mulheres”, disse Darci Frigo, integrante do comitê de conciliação e que participou de reunião com o secretário geral da ONU Ban ki-moon. Os movimentos sociais que estiveram discutindo no Aterro do Flamengo alternativas para a Rio+20 fizeram uma caminhada até os arcos da Lapa, no centro do Rio de Janeiro, protesto que serviu como encerramento oficial para a Cúpula dos Povos. Ainda leram o teor da carta da reunião “em defesa de justiça social e ambiental, em defesa dos bens comuns e contra a mercantilização da vida”, segundo o documento. A principal crítica da Cúpula dos Povos é contra a economia verde, tema de grande controvérsia também na Rio+20. “É uma maneira de esverdear uma economia baseada no petróleo e grande poluidora do meio ambiente”, afirmou Frigo. “O que nos preocupa é que o documento final da Rio+20 não traça metas e compromissos claros e é visto como um primeiro passo. Isso mostra que não foi feito avanço nenhum desde a Rio 92.” 40 REVISTA AMAZÔNIA

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Mulheres fizeram passeata contra capitalismo e a economia verde

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ilhares de pessoas, na maioria mulheres, se reuniram no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), localizado no Parque do Flamengo, em um protesto contra a economia verde (e sim pela “economia solidária e feminista”), tema em discussão na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e também contra a exploração feminina e a lógica do capitalismo. Outro grupo de manifestantes saiu do Sambódromo em direção ao centro. A chegada da passeata das mulheres tumultuou o já complicado trânsito nas principais vias da cidade. Com o apoio de vários movimentos sociais do país, as manifestantes percorreram a avenida Rio Branco, uma das principais vias do centro da capital fluminense, até chegar na Cúpula dos Povos. Nenhum incidente foi registrado. “Viemos pelo direito à natureza e o direito a nossos corMulheres cantam “Meu corpo é meu” durante a marcha pelo direito das mulheres

Ativistas tiram a roupa durante protesto pelos direitos femininos durante a Rio+20

pos”, disse a colombiana Catalina Rebollo, da Compañía de Teatro Flor de la Tierra Lilas e ativista feminista. Catalina, que estava acompanhada de 10 pessoas, todas fantasiadas de panteras, disse que o que chamou “sociedade capitalista-consumista” faz com que “a mulher acabe sendo uma mercadoria”. Os grupos de manifestantes levavam cartazes nas quais se leem mensagens como “Salário igual para trabalho igual”, “Não ao patriarcado nem à economia verde” e “Sim à economia solidária e feminista”. A economia verde, um dos eixos da Rio+20, mas os movimentos sociais que participavam da Cúpula dos Povos rejeitavam a iniciativa por considerarem que conduz à “mercantilização da natureza”. Marcha das Mulheres na Cúpula dos Povos

Uma mulher escreve slogans em outra na preparação para a marcha Mulheres do mundo todo protestaram na Rio+20 pelos direitos femininos

Mulheres tiram a roupa em protesto contra o capitalismo

Mulheres se reuniram no MAM, em um protesto contra a economia verde

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64ª reunião anual da SBPC por Sansão Hortegal Fotos: Antonio Cruz/ ABr e Diniz Costa

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iência, Cultura e Saberes Tradicionais para Enfrentar a Pobreza foi o tema da 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que aconteceu no período de 22 a 27 de julho, na Universidade Federal do Maranhão. O encontro reuniu cientistas, pesquisadores, representantes dos governos federal, estadual e municipal, representantes das agências de fomento e de pesquisa, professores e estudantes da rede estadual e municipal de todo país. A solenidade de abertura do evento contou com um público de aproximadamente três mil pessoas de diversas áreas do conhecimento, em que os vários representantes presentes à cerimônia exaltaram a ciência e a tecnologia, além da cidade de São Luís, que completa este ano seus 400 anos de fundação, no dia 08 de setembro. O Ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, por exemplo, enfatizou que é membro da SBPC e relatou o prazer de estar presente na 64ª edição do evento. “Estou

muito satisfeito e acredito que o Brasil precisa muito da ciência e da tecnologia para se consolidar como um país desenvolvido”, ressaltou. Para a presidenta da SBPC, Helena Nader, a presença de todos só aumentou a riqueza arquitetônica e cultural de São Luís, que sediou a SBPC. “É com muita alegria e orgulho que abrimos mais uma edição da SBPC, que aconteceu graças ao apoio das agências de fomento à pesquisa, dos Governos Municipal, Estadual e Federal, e é uma honra estarmos nesta cidade com um rico acervo arquitetônico e 400 anos de história para comemorar”, finaliza Helena Nader. A felicidade de sediar a 64ª SBPC também esteve presente nas palavras do Reitor da UFMA, Natalino Salgado, que agradeceu a presença de todos e destacou a importância da SBPC para a Universidade e para a cidade de São Luís, que chega ao seu quarto centenário de existência. “Este é um marco para a UFMA, porque é o momento em que a Universidade se consolida como Cidade Universitária”, destacou o reitor que ressaltou a importância do tema do evento, que traz os saberes tradicionais e a cultura como campos de pesquisas científicas.

Homenagem Na oportunidade de homenagear o primeiro ministro de ciência e tecnologia do país, o maranhense Renato Archer, por sua atuação na área de pesquisa científica e tecnológica, a coordenação local da SBPC entregou a Júlio Archer, irmão do ex-ministro, uma placa em homenagem ao grande incentivador da ciência e tecnologia. A honraria foi entregue pelo vice-reitor da UFMA, Antonio Oliveira. Além desta comenda, o Ministro Marco Antonio Raupp entregou também, ao dirigente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Fernando José Freire, o prêmio “José Reis, de Divulgação Científica e Tecnológica”, na categoria Instituição e Veículo de Comunicação 2012. O prêmio, que já está em sua 32ª edição, foi entregue pela primeira vez à Fundaj.

SBPC Jovem Uma vasta área voltada para ciência e tecnologia atraiu aproximadamente cinco mil pessoas que visitaram os mais variados stands que traziam inovação e experimenAutoridades participam da abertura da 64ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência SBPC

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Presidente da SBPC Helena Nader

Natalino Salgado, Reitor da UFMA

Vice reitor Antonio Oliveira entrega placa ao irmão de Renato Acher ao lado do reitor Natalino Salgado

tos ainda não vistos pela comunidade. Durante as exposições da SBPC Jovem, o prêmio Nobel de Química 2011, Dan Schetman, que também esteve presente durante todo o encontro, visitou as exposições e demonstrou a felicidade em compartilhar dos saberes científicos com a sociedade. Ele visitou o Núcleo de Estudos da Vila Embratel (NEVE), localizado em uma comunidade próximo à UFMA, que possui cerca de 600 moradores, e, de forma cativante, afirmou que a educação precisar evoluir, que é necessário incentivar os jovens a produzirem, a criarem ciência. Além das experiências, o público pôde desfrutar das

apresentações do Circo da Ciência que trouxe ao conhecimento dos participantes, projetos de pesquisa e extensão, como o de Recuperação dos Manguezais, coordenado pela professora Flávia Mochel, que foi um dos mais visitados. “O público interagiu de forma efetiva. É importante que as universidades mostrem para os mais jovens o que está sendo feito dentro de seus laboratórios. A SBPC Jovem aliada ao Circo da Ciência incentivou as pessoas a conhecerem melhor o que é ciência. Desse modo, podemos concluir que a SBPC está cumprindo o seu papel de popularizador da ciência”, afirmou a coordenadora do Circo da Ciência, Eliana Aves. A SBPC Jovem é realizada desde 1993 e nasceu da necessidade de aproximar a ciência e a escola. Na 64ª SBPC, o espaço Jovem trouxe uma programação com diversas atividades que objetivaram proporcionar o desenvolvimento científico e cultural aos jovens, estudantes das escolas públicas e privadas do ensino básico, médio ou técnico. Com o tema “Trilhando saberes e sabores”, a SBPC Jovem promoveu um intercâmbio de conhecimen-

Participantes da SBPC durante a seção de posteres.

Ministro Raupp, reitor Natalino Salgado e a secretaria de Ciencia e Tecnologia do Estado em visita a Expot&C

Palestra do Ministro Marco Antonio Raupp lota o auditório do Centro Pedgagógio Paulo Freire

Dan Schetman no Neve

Na abertura da 64ª reunião da SBPC, professores e funcionários das universidades federais em greve, protestaram reivindicando melhorias salariais

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Governadora Roseana assina documento no Fórum Nacional Consecti e Confap, visando fortalecer a representatividade das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa, por meio do Confap, perante a Capes

Governadora Roseana e ministro Antônio Raupp abrem debate sobre ciência, tecnologia e inovação na SBPC

tos por meio de oficinas, minicursos, ciclo de palestras, exposições e mostras de vídeos.

SBPC Cultural Para valorizar a cultura maranhense e comemorar o quarto centenário de São Luís, a 64ª edição recebeu grandes atrações locais, como as Caixeiras do Divino Espírito Santo de Alcântara que fizeram o sucesso na abertura do encontro, além de danças como o bumba meu boi, tambor de crioula, cacuriá e artistas maranhenses que agitaram as noites do evento com músicas que lembram a cultura local. A SBPC Cultural é um dos focos centrais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a qual propõe atividades culturais com um espaço especial para os cinco dias da reunião da SBPC em São Luís. Privilegiando a expressão regional, a reunião trouxe em um espaço voltado para essas atrações, diversas atividades que incluíram shows, apresentações e manifestações locais. Para os participantes da 64ª SBPC, foi uma oportunidade de entrar em contato com a cena cultural do Estado em um momento em que este se encontra aquecido devido às festividades pelo quarto centenário de São Luís.

ExpoT&C Vários stands, em um local com mais de seis mil metros quadrados, fizeram da SBPC um espaço tecnológico e científico, como o próprio nome já diz, uma exposição em que atraiu cerca de dez mil participantes de todas as áreas dos saberes, reunindo em um único lugar130 No auditório da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) lotado, Dan Schechtman encanta a plateia ao contar a trajetória da descoberta dos quasicristais

instituições de pesquisas de ciência e tecnologia e 800 expositores, em que cada local visitado deu ênfase a um novo conhecimento. Na tentativa de unir tecnologia e sustentabilidade, a ExpoT&C trouxe à tona vários projetos sustentáveis, a exemplo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que utilizou iluminação com lâmpadas LED no seu stand. Esse tipo de iluminação traz como principais benefícios a eficiência energética e a redução de emissões de carbono, além de poder criar uma economia de energia de até 85 por cento para as prefeituras e uma economia média de 40 por cento nas contas públicas. As conclusões do estudo sobre a utilização das lâmpadas LED foi marcante na SBPC, como, também, a casa de plástico e do algodão colorido, que utiliza o Plasterit em sua composição – plástico renovável que substitui o compensado de madeiras frequentemente utilizado nas construções civis. O aperfeiçoamento do uso desse material possibilitou o surgimento do Ecohotel, em Guaramiranga, no Ceará, um hotel ecologicamente correto que foi construído de acordo com as normas padrões de sustentabilidade. Atrelado a esses saberes tradicionais e para dirimir a escassez da água, tendo em vista que boa parte dela é desperdiçada, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) apresentou o chuveiro elétrico híbrido, que funciona a gás e aquecimento solar. O chuveiro possui um controle remoto usado para programar a temperatura e o tempo do banho, sendo que a cada três minutos o sistema emite um sinal sonoro de aviso. Com a utilização deste sistema, é possível ter acesso às informações como o consumo e a vazão de água durante o banho. O uso do chuveiro elétrico híbrido proporciona, para o consumidor, uma

Pavilhão da ExpoT&C na 64ª reunião anual da SBPC

Estande da NUCLEP na SBPC 2012

economia de energia e água. Além destes, muitos outros projetos, que visam solucionar problemas sociais e contribuir para um país mais sustentável, foram apresentados a toda sociedade brasileira, que esteve presente no encontro e pôde desfrutar destas tecnologias. A ExpoT&C é uma das maiores mostras da SBPC que reúne ciência, tecnologia e inovação, com a participação de expositores de universidades, institutos de pesquisa, agências de fomento, entidades governamentais e outras organizações interessadas em apresentar novas tecnologias, produtos e serviços. A ExpoT&C é, sem dúvida, uma excelente oportunidade para divulgação de produtos e serviços, socialização e compartilhamento de tecnologias.

Balanço Em cinco dias de encontro não foi possível expor tudo e, esse “gostinho de quero mais”, vai ficar na memória do Maranhão, da UFMA e de todos que estiveram presentes. Ao todo, foram 11.912 inscritos, 4.009 trabalhos, 960 pôsteres, 55 mesas-redondas, 48 conferências, 46 minicursos e 700 cidades de todos os estados, e todos esses quantitativos foram suficientes para atrair aproximadamente 25 mil pessoas que circulavam pela Cidade Universitária, recebendo de cada pesquisador um legado

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Álvaro Prata, secretário nacional de Desenvovimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia, fala no lançamento do estudo, análise e proposições sobre as incubadoras de empresas no Brasil

José Raimundo, presidente da Agência Espacial Brasileira - AEB, fala durante mesa redonda com tema, benefícios econômicos e sociais da Base de Alcântara no Maranhão

No encerramento da SBPC

No pavilhão da ExpoT&C, a professora Alessandra Gomes Guimarães, de Tefé, expõe sua invenção, um café da castanha do coco do Tucumã

Laboratório Nacional de Astrofísica, no pavilhão da ExpoT&C Jovens cientistas do IFMA na SBPC

científico e inovador. A Universidade se orgulha de ter sediado este grande encontro e, segundo o Reitor Natalino Salgado, a realização desta reunião no Maranhão demonstra o compromisso e o êxito desta SBPC, com uma instituição comprometida com o progresso de um país desenvolvido e socialmente justo. “Na nossa avaliação, todos os setores funcionaram a contento”, disse. Desta mesma felicidade e com o sentimento de dever

cumprido, a Presidente da SBPC, Helena Náder, compartilhou que a 64ª Reunião foi abraçada por esta cidade e que o Reitor da Universidade Federal do Maranhão chamou para si a incumbência de coordenar o maior encontro da América Latina e do Caribe. “Acredito que o empenho de todos foi importantíssimo para o sucesso do evento”, declarou. Em 2013, segundo a diretoria nacional da SBPC, a 65ª Reunião Anual, será realizada em Recife, Pernambuco.

Estudantes da Universidade Federal do Maranhão visitam exposições da SBPC Jovem

Oficinas de Nós e Voltas e ministradas palestras sobre “Como Ingressar na Marinha” e “Segurança da Navegação revistaamazonia.com.br

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Humanidade 2012 O espaço de convivência Humanidade 2012, no Forte de Copacabana

Fotos: Arquivo Fiesp e Firjan; Fabiano Veneza, Helcio Nagamine, Rudolph Hühn

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m “edifício andaime” no Forte de Copacabana, na zona sul do Rio, abrigou debates, exposições e apresentações culturais durante a Rio+20. Um lugar de convivência e reflexão para a população discutir seu futuro, com entrada gratuita. Quase 200 pessoas, entre empresários, autoridades, ambientalistas, parlamentares acionaram ao mesmo tempo um botão vermelho, no espaço denominado Catedral, montado no Forte de Copacabana, na capital fluminense, para colocar no prumo um pêndulo com o objetivo de criar, pela primeira vez, uma ideia conjunta de humanidade. A solenidade abriu oficialmente o evento Humanidade 2012, que ocorreu em paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. O Humanidade 2012, pretendeu recolocar o homem no centro do universo. Para isso, sublinhou a necessidade de que sejam feitas ações em conjunto, como a que abriu o evento oficialmente “reunindo todas as nacionalidades, tendências, concepções filosóficas, políticas, religiosas em um único centro”. “É preciso preservar o meio ambiente. Mais uma vez, o homem está no centro dessas preocupações”.

Humanidade 2012, um espaço que ofereceu encontros, seminários e oficinas sobre desenvolvimento sustentável, com a Biblioteca formada por sugestões de grandes personalidades

Para o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, o Humanidade 2012 visa a conciliar, por meio de exposições, debates, oficinas e seminários, o desenvolvimento e a preservação, o crescimento econômico e a natureza, a intervenção do homem e o respeito ao meio ambiente. O presidente da Fiesp, Paulo Skaff, disse que o Brasil Eliezer Batista é homenageado no Humanidade 2012

tem muitos exemplos para dar em termos de desenvolvimento sustentável. Um deles é a predominância da energia hidrelétrica na matriz energética nacional, que emite “100 vezes menos do que o gás, do que o carvão. Enquanto na matriz energética no mundo 17%, em média, são hidrelétricas, no Brasil, são 84%. Então, nós temos exemplo para dar na geração de energia”. Pessoas que passavam pela Praia de Copacabana deixavam mensagens sobre os oceanos em uma folha de papel com 150 metros, o Poema Gigante

Na abertura do Humanidade 2012 46 REVISTA AMAZÔNIA

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No espaço Humanidade 2012, o empresário Eike Batista expos as iniciativas socioambientais de seu polo de empresas - que sua empresa desenvolve 170 projetos socioambientais - diz que investe R$ 150 milhões apenas no norte fluminense. No Rio, o empresário doa R$ 20 milhões anuais para o sistema de unidades de polícia pacificadora (UPP) implantado em várias favelas antes dominadas pelo tráfico de drogas.

No espaço de convivência Humanidade 2012

O empresário lembrou que além de respeito ao meio ambiente, a sustentabilidade significa o equilíbrio entre a economia e a área social. “Crescimento sustentável é o respeito ao meio ambiente, mas também a busca do equilíbrio com desenvolvimento econômico e social, dando oportunidade às pessoas”. Tudo isso, disse, vai ser falado no espaço Humanidade 2012, ressaltou o presidente da Fiesp. revistaamazonia.com.br

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Durante a solenidade, foi prestado um tributo ao ex-ministro de Minas e Energia, Eliezer Batista, considerado um dos precursores em relação à preocupação com o meio ambiente. Batista foi um dos responsáveis pela criação da lei de incentivo fiscal ao plantio e reflorestamento no país e presidiu a mineradora Vale, antes da privatização, quando a empresa era denominada Companhia Vale do Rio Doce. O Humanidade 2012 era composto por 16 ambientes temáticos, todos estão, literalmente, “pendurados” em duas enormes estruturas de andaimes, com seis andares cada. Cenografia e iluminação são de encher os olhos: sala com imagens em 3D, sala com feixes de laser; outra é um cubo de espelhos dentro da qual flutuam cubinhos coloridos com nomes de pessoas (parece uma constelação), uma gaiola em que notas de dinheiro de vários países voam ao sabor do vento (para criticar o capital especulativo volátil?), fora vídeos com depoimentos de artistas e intelectuais falando sobre a história e cultura

Paulo Skaff, presidente da Fiesp, com nosso diretor Rodrigo Hühn, adorou a Amazônia e sua distribuição no Humanidade 2012

No espaço Brasil contemporaneo

Espaço do Conhecimento, um dos espaços criados por Bia Lessa para o Humanidade 2012

brasileiras. Uma das mais impressionantes instalações: a Capela Espaço da Humanidade, uma biblioteca com 10.000 títulos selecionados por 120 personalidades brasileiras. O Humanidade 2012, foi mantido pelas federações das indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e de São Paulo (Fiesp) e pela prefeitura carioca.

A Amazônia estava lá...

Projeção da sala O Brasil e Suas Potencialidades

Filas de até 2 horas para as visitas

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Economia deve valorizar os recursos naturais, diz representante da ONU para mudanças climáticas Christiana Figueres, secretária executiva da Cúpula das Mudanças Climáticas da ONU – UNFCCC

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hristiana Figueres, secretária executiva da Cúpula das Mudanças Climáticas da ONU – UNFCCC, disse que o mundo não pode mais se dar ao luxo de ter um sistema econômico que não valorize os recursos naturais. Figueres participou do Rio/Clima (Rio Climate Challenge), que busca soluções para as mudanças climáticas. A proposta de dar um valor econômico aos “serviços prestados” pelos recursos naturais foi uma das sugestões do Rio/Clima. “As ciências econômicas precisam mudar sua

visão e passar a ver os recursos naturais como algo onde está o valor para os próximos 50 anos. Se não transformarmos isso no centro da nossa estrutura econômica, nós não vamos resolver o problema”, disse. O Rio/Clima, que reuniu especialistas de 14 países, também propôs que o conceito de Produto Interno Bruto (PIB), que hoje mede a riqueza de uma nação com base apenas na soma de bens e de serviços produzidos, seja transformado para medir também o grau de sustentabilidade de um país.

Os deputados Sarney filho e Aspásia Camargo no Rio Climate Challenge

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Índios do Alto Xingu trabalhando na montagem da aldeia Kari Oca

Índios do Alto Xingu e a maquete da aldeia Kari-Oca

Aldeia indígena Kari-Oca na Rio+20 “Cerimônia do Fogo” marcou o encontro entre varias etnias indígenas brasileiras e americanas na Rio+20

Fotos: Claudio Tropez/JRC; Marcello Casal Jr/ABr e Marco Antonio Teixeira/UOL; Rudolph Hühn

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ara interligar o conhecimento indígena à tecnologia durante a Rio+20, a aldeia foi montada em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro. A Kari-Oca teve o objetivo de influenciar decisões da Rio+20 em três eixos: “a cultura como parte essencial da economia verde, a soberania alimentar no mundo moderno e a sustentabilidade”, disse Marcos Terena. Kari-Oca, significa na língua tupi-guarani “casa de branco” e era a expressão que os índios usavam para se referir às cidades dos colonizadores portugueses. Ainda na Cerimônia do Fogo

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Fogo Sagrado Centenas de indígenas procedentes de três continentes se reuniram para acender um “fogo sagrado” e dar início aos dez dias de atividades na Rio+20. Quatro índios acenderam o fogo ao entardecer, em um clarão da floresta, diante dezenas de presentes que tocavam música com flautas e maracás. O líder maia Tata Pedro Cruz, procedente da Guatemala, afirmou que o fogo sagrado significa “o espírito de Jau (deus) que está em cada pessoa” e representa uma “mensagem de amor, de unidade e de irmandade”. O chefe sioux Phil Jane, natural do Canadá, afirmou que “hoje é o dia do cumprimento das profecias” no qual os povos que acreditam na proteção da natureza “vão se levantar com um só coração”.

Os participantes fumaram um cachimbo da paz, cantaram vários hinos dedicados à terra-mãe e à união dos povos, e um dos participantes chorou junto ao fogo sagrado para homenagear os indígenas que morreram vítimas do homem branco. Na oportunidade Marcos Terena explicou que o objetivo do encontro foi apresentar aos governantes que vão participar da Rio+20 sua visão para a erradicação da pobreza no mundo e para proteger o meio ambiente. Os indígenas reivindicaram que o desenvolvimento sustentável inclua também “o pilar cultural” e o respeito aos povos originais. Os índios organizaram uma série de debates, assembleias e oficinas para abordar seus principais problemas. As reivindicações foram entregues aos representantes da ONU. Entre as tendas da aldeia Kari-oca, estava a cabana da revistaamazonia.com.br


Em Jacarepaguá, onde índios do mundo inteiro estavam acampados na Kari-oca Acendendo o “fogo sagrado”, fumando o cachimbo da paz e entoando hinos, deram início as atividades na Rio+20

Tudo é documentado

Indiozinhos da tribo Paresi na aldeia Kari-Oca

sabedoria, onde foram realizadas assembleias e debates, e a “cabana eletrônica”, onde houve oficinas de internet e de programas de edição fotográfica e de vídeo para os diferentes povos. Marcos Terena, líder indígena, idealizador da Kari-Oca, ao abrir o encontro para “A Carta Indígena da Kari-Oca

2012”, que reúniu 400 índios de 14 etnias brasileiras, e 20 representantes de tribos dos Estados Unidos, do Canadá, Japão, México e da Guatemala, disse: “OBrasil precisa ter uma política verdadeiramente indigenista, que dê poder aos índios, em cargos de comando no governo, principalmente na Fundação Nacional do Índio (Funai)”.

Índios na internet na aldeia Kari-Oca

Na Colônia Juliano Moreira

Na Aldeia indígena KariOca, na Rio+20

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Indias Pataxó nos Jogos Verdes

Garota indígena com trajes típicos na abertura dos Jogos Verdes

Índios Terena dançam em volta da bandeira do Brasil durante a cerimônia de abertura dos jogos

Índio Xavante corre com um tronco de árvore de 150 kg

Kayapós nos Jogos Verdes Indígenas na Kari-Oca Durante os Jogos Verdes

Participaram da Kari-Oca índios das etnias Kayapó, Karajá, Assurini, Xavante, Xerente, Guarani Kaiowá, Pataxó, Terena, Javaé, Bororo Boe, Kamayurá, Pareci, Manoki e Guarani.

Aprendendo usar um arco e flecha na aldeia Kari-Oca

Jogos Verdes A competição esportiva foi disputada entre diversas tribos em várias modalidades tradicionais dos índios brasileiros como tiro com arco, jogo da corda e lançamento de lança. O futebol é o único esporte nos jogos que não é de origem indígena.

Morte de índio cancela ritual

Atleta indígena se prepara para participar da cerimônia oficial de abertura dos Jogos Verdes

A cerimônia espiritual de encerramento das atividades da Aldeia Kari-Oca, que aconteceria, foi cancelada deNa Aldeia Kari-Oca, durante a Rio+20

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pois que o índio da tribo ka- rajá, Ismael Kuhamama, de 48 anos, dormia numa rede quando sofreu infarto fulminante. Ele dava aulas de português em sua aldeia, já havia passado mal na quinta- feira e chegou a ser medicado no posto montado na aldeia. Pajés de diferentes et¬nias, que iam “guardar” na terra o fogo sagrado aceso no início da conferência, deixaram a cidade logo após a notícia. revistaamazonia.com.br


Ban Ki-moon anuncia mais de 100 projetos para duplicar renováveis até 2030

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ais de 100 governos, empresas e até bandas de música já responderam ao desafio da ONU para, até 2030, tornar os sistemas energéticos mundiais mais acessíveis, eficientes e limpos, disse Ban Ki-moon na conferência Rio+20. O secretário-geral da ONU apresentou a Energia Sustentável para Todos como um dos melhores exemplos de mobilização mundial, numa conferência criticada pela falta de vontade política. Estratégias nacionais, financiamento e campanhas já estão no terreno em mais de 50 países – como o Gana, Quénia, Estados Unidos, Brasil, Uruguai e Moçambique – e outras tantas empresas, organizações não governamentais e bandas de música. A iniciativa foi lançada em Setembro de 2011 e pretende, até 2030, garantir o acesso universal a serviços modernos de energia, duplicar o ritmo global de melhoria da eficiência energética e duplicar a fatia das renováveis no bolo energético mundial. Hoje, 1,3 mil milhões de pessoas não têm electricidade nas suas casas nem para trabalhar, estima a Agência Internacional de Energia. Gana foi um dos primeiros a assinarem esta iniciativa e já fez um plano de ação energético nacional. Os Estados Unidos prometeram dois mil milhões de dólares em empréstimos e garantias e o Brasil 4300 milhões de dólares para garantir o acesso universal à energia a nível nacional até 2014. Além disso, empresários e investidores do setor

por Helena Geraldes

Ban Ki-moon considera Energia Sustentável para Todos como um poderoso modelo para o futuro

privado comprometeram-se com mais de 50 mil milhões de dólares para cumprir as metas até 2030. A Microsoft quer ser uma empresa zero emissões de di-

óxido de carbono e a Renault-Nissan Alliance vai investir cerca de cinco mil milhões para comercializar veículos “limpos” a preços mais acessíveis. Segundo a ONU, membros da banda Linkin Park lançaram uma campanha para incentivar os líderes mundiais na Rio+20 a acabar com os problemas de acesso à energia no mundo. “Conseguir energia sustentável para todos não só é possível como também é necessário; é o fio condutor que une desenvolvimento, inclusão social e protecção do Ambiente”, disse Ban Ki-moon. “A Energia Sustentável para Todos é um poderoso modelo para o futuro.” Conseguir energia sustentável para todos não só é possível como também é necessário; é o fio condutor que une desenvolvimento, inclusão social e protecção do Ambiente”, disse Ban Ki-moon

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Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável

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Rio +20 foi precedida pelo fórum “Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável”, realizado no Riocentro. Participaram deste evento 70 representantes da sociedade civil, de várias partes do mundo. Eles representaram o setor privado, a comunidade científica e a juventude, entre outros. “Os diálogos foram um espaço aberto, pelo governo brasileiro e pelas Nações Unidas, para uma discussão franca, inovadora e de visibilidade sobre temas prioritários da agenda internacional relacionada ao desenvolvimento sustentável”, explicou o embaixador brasileiro André Corrêa do Lago, diretor do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty. Ele afirmou ainda que governos nacionais e agências das Nações Unidas não participarão das mesas deste fórum. Os dez painéis abordaram os seguintes temas: desemprego; trabalho decente e migrações; florestas; segurança alimentar e nutricional; energia sustentável; água; cidades sustentáveis e inovação; oceanos; desenvolvimento sustentável como resposta às crises econômicas e financeiras; e ao combate à pobreza.

Plataforma digital permitia participação popular I

Outras recomendações aprovadas na quarta plenária dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável são incluir danos ambientais no Produto Nacional Bruto (PNB) e eliminar progressivamente os subsídios danosos e promover mecanismos fiscais verdes

eventos, o MRE implementou uma plataforma digital que teve versões em inglês, português espanhol e francês. O acesso podia ser feito pelo site: https://www.riodialogues.org/login. Essa sem duvida alguma foi um dos grandes sucessos da Rio+20. Durante meses a população mundial pode votar nas

propostas que serão debatidas durante os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, parte importante da Rio+20. Os internautas puderam votar em 10 propostas dentro de cada um dos 10 temas que serão discutidos durante o evento. Veja as mais votadas:

Para permitir o amplo envolvimento do público nos Gro Harlem Brundtland, exprimeira-ministra da Noruega, criadora do conceito de desenvolvimento sustentável

Rubens Ricupero, ex-ministro, participou da quarta plenária dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável

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Google Earth lança “mapa cultural” de indígenas da Amazônia

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Google colocou em seu serviço de mapas a etnia indígena Suruí, que habita no coração da Amazônia brasileira, e lançou neste uma plataforma que mostra os traços culturais desta comunidade ameaçada pelo desmatamento. Representantes do Google e indígenas suruí apresentaram o projeto - o primeiro desse tipo - durante o fórum empresarial paralelo à conferência Rio+20. “Isso é algo único, representa toda uma nova etapa para o Google”, explicou à imprensa Rebeca Moore, engenheira do Google Earth e líder do projeto. “É uma grande emoção mostrar nossa cultura ao mundo”, celebro cacique Amir, chefe dos Suruís. Na imagem animada do Google Earth, é possível ver um pequeno ponto no território brasileiro: é a tribo Suruí, que habita uma extensão de 240 mil hectares no Estado amazônico de Rondônia (noroeste), com 1,3 mil integrantes. O aplicativo contém imagem em 3D da selva onde vivem, assim como narrações animadas de suas tradições e costumes. O território suruí está cercado por uma área bastante desmatada e, segundo o Chefe Amir, suas terras são ameaçadas por madeireiros ilegais. Por isso, em 2007, viajou para a Califórnia, onde estabeleceu uma associação com o Google para registrar a realidade da zona. “É uma ferramenta de trabalho que estamos utilizando para fazer denúncias. Temos uma equipe de monitoração”, explicou. Esta equipe é formada por jovens indígenas, que com seus smartphones, registram a região. O aplicativo está disponível no Google Earth, apesar de ainda não estar integrado à plataforma. Segundo Moore,

Com o tradicional cocar de de penas multi-coloridas, e seu notebook , chefe Almir elogiou o projeto do Google revistaamazonia.com.br

O aplicativo contém imagem em 3D da selva onde vivem, assim como narrações animadas de suas tradições e costumes

a empresa espera repetir a experiência com outras duas etnias vizinhas ao suruís, assim como com outras populações aborígenes do Canadá e Nova Zelândia.

O cacique Almir Surui, índios da tribo de Rondônia, com Rebecca Moore, do Google Earth, comemoram parceria garantindo que os 248 mil hectares dos paiter-surui conste do mapa REVISTA AMAZÔNIA 55


Carta da Amazônia Brasileira é entregue à ONU e ao governo brasileiro na Rio+20 Amazônica há mais de 20 anos. “Hoje, efetivamente está sendo colocado para o mundo inteiro os anseios que a Amazônia espera há mais de 20 anos. A carta veio para mostrar que juntos, os governadores da Amazônia estão unidos para encontrar o próprio rumo em busca da sustentabilidade”.

Fotos: Rodolfo Oliveira/Ag. Pará

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Carta da Amazônia Brasileira - elaborada pelos governadores dos estados que compõem a Amazônia Legal - foi apresentada na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, durante o encontro intitulado “Construindo Juntos o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia”. Estiveram presentes no evento o governador do Amapá, Camilo Capiberibe; o governador de Rondônia, Confúcio Maoura; o governador de Roraima, José de Anchieta e o vice-governador de Mato Grosso, Chico Daltro. O documento denominado “Pacto do Desenvolvimento Sustentável na Amazônia” contém 456 artigos e foi entregue oficialmente pelos governadores ao secretário executivo da ONU para a Rio +20, Brince La Londe, e para a ministra das Relações Internacionais, Ideli Salvatti. “Este documento representa a voz da Amazônia. Irei entregar esta carta para todos os estados membros da ONU e com certeza ela será disseminada para o mundo inteiro”, disse o representante da ONU. Para a ministra, o documento é fundamental para a inclusão e a integração da Amazônia Brasileira nas principais discussões ambientais do planeta. “Todos os pontos que estão contidos nessa carta são fundamentais para que possamos juntos lutar pela dignidade e inclusão das pessoas que vivem na Amazônia”, enfatizou. O representante dos povos indígenas da Amazônia, Almir Surui, também esteve presente no evento e falou em nome

José de Anchieta, governador de Roraima, entregou a Carta da Amazônia à ministra das Relações Internacionais, Ideli Salvatti 56 REVISTA AMAZÔNIA

Alguns pontos da Carta para a Amazônia

Camilo Capiberibe, governador do Amapá, entregou a Carta da Amazônia a Brince La Londe, secretário executivo da ONU para a Rio+20 A mesa oficial quando a Carta da Amazônia Brasileira foi apresentada na Rio+20

das tribos existentes na região. “Gostaria de parabenizar todos os governadores que contribuíram com essa carta, que na verdade é um grande pacto pela Amazônia. Esse documento é capaz de mostrar para o mundo que é possível sim valorizar a nossa cultura e a nossa floresta em pé. Com isso seremos capazes de construir um mundo mais sustentável e mais justo”, declarou o índio. O secretario de estado de Meio Ambiente, José Alberto Colares, que acompanhou o evento da plateia, afirmou que a entrega da carta representa os anseios da região

Os governadores da Amazônia afirmam que o desenvolvimento sustentável é o modelo de desenvolvimento que deve satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades. Para isso, deve se basear na inclusão e justiça social, na organização do trabalho decente e associado, na geração de trabalho e renda, na responsabilidade socioambiental e na equidade de gênero, identidade racial, etnia, geração, credo e cultura. Esse modelo deve partir necessariamente de uma economia baseada no uso sustentável dos recursos naturais, que considere a valorização do patrimônio ambiental e o respeito à diversidade sociocultural, considerando as diferenças locais e regionais e as particularidades territoriais. O desenvolvimento sustentável deve resultar em equidade social, erradicação da pobreza e reduzir significativamente os impactos e riscos sociais e ambientais e a demanda sobre recursos escassos dos ecossistemas e da sociedade, priorizando assim o uso sustentável da diversidade amazônica. A economia verde deve ser amplamente debatida junto aos diversos segmentos populares com esclarecimentos dos conceitos. Os signatários do documento reconhecem que há limites na capacidade de suporte dos ecossistemas que não devem ser ultrapassados; e que, em certos casos, esses limites já foram ou estão muito próximos de serem ultrapassados. Frente a este cenário, reconhecem que é necessário conhecer e respeitar esses limites, estabelecendo metas baseadas no conhecimento científico e tradicional e implementando políticas públicas que visem à preservação, à conservação ou a restauração dos ecossistemas. revistaamazonia.com.br


Pavilhão da Amazônia exibe ações da SUFRAMA

A

ções da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) voltadas para o desenvolvimento sustentável foram apresentadas no Pavilhão da Amazônia Brasileira, espaço integrado pelos nove Estados que compõem essa região do País. Através de mídias digitais, o trabalho da Superintendência foi veiculado nas áreas comuns de exibição do Pavilhão e também no estande do Estado do Amazonas, com a divulgação do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), que está sob administração da SUFRAMA, e do estudo realizado pela autarquia, em parceria com a Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA), sobre o Plano Diretor de Gestão de Resíduos Sólidos, que está em desenvolvimento junto às indústrias do Polo Industrial de Manaus (PIM). No estande do Amazonas, os vídeos foram apresentados com o auxílio de um software de controle à distância, similar ao utilizado em videogames de última geração. A tecnologia permitia que o usuário controlasse a mídia através do movimento das mãos. A SUFRAMA teve programadas outras ações de divulgação de suas atividades, como a realização de palestras em diferentes locais da Rio+20, entre eles o Pavilhão Brasil, no Parque dos Atletas, e no estande da Confederação Nacional das Indústrias, no Píer Mauá.

No estande do Amazonas dentro do Pavilhão da Amazônia Brasileira, ajudando a divulgar ações da SUFRAMA

Os senadores Eduardo Braga, e Sérgio Souza, entre a secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Nádia Ferreira e Thomaz Nogueira, superintendente da SUFRAMA, no Pavilhão da Amazônia Brasileira

Visibilidade internacional O Pavilhão da Amazônia Brasileira estava situado Cousteau, filho do lendário Jacques Cousteau no Parque dos Atletas, em frente ao Riocentro, pal- Jean-Michel entre o senador Eduardo Braga, Nádia Ferreira e equipe, co dos grandes eventos internacionais programa- frente ao estande do Amazonas dos pela Organização das Nações Unidas (ONU). No local, representantes de diversos Estados brasileiros vilhões onde ocorreram, além de palestras sobre vários de diversas tecnologias e iniciativas ambientalmente e de países de todo o mundo estavam reunidos em pa- temas que tratam sobre sustentabilidade, exposições sustentáveis. Visitantes podiam controlar a apresentação do vídeo utilizando a tecnologia à distância

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No Painel sobre o desenvolvimento sustentável da Amazônia, participaram como palestrantes, o senador Eduardo Braga, o superintendente da SUFRAMA, Thomaz Nogueira, o superintendente geral da FAS, Virgílio Viana, e o diretor regional do Senai-AM, Aldemurpe Barros

Thomaz Nogueira e José Nagib, visitando a Panasonic no Pavilhão do Japão

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Pop Ciência na Rio+20 Mapa georreferenciado foi apresentado por jovens na Rio+20

U

m grupo de alunos do ensino médio de escolas públicas do Rio apresentou durante o Pop Ciência, evento paralelo à Rio+20, um mapa georreferenciado. O mapa cruza dados sociais com coordenadas geográficas, apontando problemas socioambientais diagnosticados nas comunidades onde vivem os estudantes: Maré, Manguinhos e Jacaré, todas na zona norte da cidade. O trabalho foi desenvolvido em parceria com jovens de Moçambique, na África, por meio do CenaRios – versão em português para Science Centers Engagement and the Rio Summit. Trata-se de um desafio internacional lançado pela Associação de Centros de Ciência e Tecnologia, organização internacional sem fins lucrativos que reúne 600 instituições de várias nacionalidades a centros de pesquisa de 12 países. Esses centros convocaram repre-

Estudantes de Escola Pública visitando o Mapa

Marco Antonio Raupp, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, no estande do Observatório Nacional do Espaço Popularização da Ciência

Jovens no Espaço Popularização da Ciência

sentantes da juventude para desenvolver projetos sobre desafios globais e os impactos locais. No Brasil, o único participante é o grupo carioca, vinculado ao Museu da

Vida da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os resultados dos projetos, cujos temas são acesso à água potável e alternativas sustentáveis de consumo de energia e saúde, serão apresentados por meio de videoconferência com a participação de todos os jovens contemplados pelo CEnaRios. No Armazém 4 da Zona Portuária do Rio de Janeiro, mais de 50 instituições estavam presentes desenvolvendo atividades sobre sustentabilidade, produção de energia, diminuição da pobreza, meio ambiente etc. O evento foi criado pelo Grupo de Trabalho Popularização da Ciência na Rio+20, do qual participam o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Instituto Brasileiro de Museus e a Fiocruz, entre outros.

No stand do Instituto Brasileiro de Ciência e Tecnologia (IBICT)

É fundamental relacionar as atividades escolares com a prática, disse Raupp no Espaço Popularização da Ciência 58 REVISTA AMAZÔNIA

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Finep está preparada para apoiar projetos voltados ao desenvolvimento sustentável Fotos: Diego Reis/Ascom do MCTI

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ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, anunciou o Programa Brasil Sustentável, com R$ 2 bilhões a serem aplicados no desenvolvimento de produtos, processos e serviços inovadores ligados ao conceito de sustentabilidade. O anúncio foi no auditório da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI) instalado no Armazém 3 do Píer Mauá, Rio de Janeiro. Nos últimos cinco anos, mais de 500 projetos voltados para a sustentabilidade foram apoiados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), totalizando R$ 4,3 bilhões, ou o equivalente a US$ 2,2 bilhões. “Para mim, isso representa muito, porque a Finep não financia nem apoia projetos de expansão, modernização ou exportação mas, exclusivamente, projetos de desenvolvimento tecnológico, seja de empresas, universidades ou institutos de pesquisa públicos e privados”, disse o presidente da Finep, Glauco Arbix, ao abrir, no Rio, encontro do Grupo de Trabalho sobre Mudança Climática (CCTF), criado pelo ex-líder da União Soviética Mikhail Gorbachev. O evento ocorre paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Arbix declarouque, este ano, a demanda de centros de

Marco Antonio Raupp, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação e Glauco Arbix, presidente da Finep

pesquisa e empresas por recursos da Finep está crescendo de forma “exponencial” e vai crescer mais do que os investimentos disponíveis da agência de inovação do MCTI. Segundo ele, a Finep estará pronta para apoiar projetos novos que ajudem a mitigar os efeitos das mudanças climáticas no planeta. Para Arbix, os resultados da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio92, foram positivos. E chamou a atenção para a necessidade de não haver um retrocesso, mas de dar passos rumo

a ter um futuro melhor. A Rio+20 cria condições mais favoráveis para isso, porque há uma nova consciência global em relação aos problemas que afetam a humanidade, manifestou. Ele disse ainda que a atual crise econômica mundial cria dificuldades para que uma série de países assuma posições mais firmes. Arbix criticou a reticência de algumas lideranças mundiais em iniciar já “ações que são possíveis e que devem ser feitas hoje para tornar o futuro melhor”.

Durante a Expo Brasil Sustentável

Na inauguração do espaço da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI), no Armazém 3 revistaamazonia.com.br

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Conservação em 40 milhões de hectares da Amazônia brasileira

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arantir a conservação da biodiversidade e ecossistemas da Amazônia e o uso sustentável de seus recursos. Esse é o objetivo maior da iniciativa Compromisso com a Amazônia – Arpa para a Vida, lançada oficialmente pelo WWF-Brasil, Funbio, Fundação Gordon e Betty Moore, Linden Trust for Conservation, Ministério do Meio Ambiente (MMA) e ICMBio na Rio +20. A iniciativa visa captar recursos para o financiamento permanente da proteção de 10% da Amazônia brasileira, o equivalente a 40 milhões de hectares. A idéia é que a proteção ocorra por meio da implementação de unidades de conservação em dois terços da área englobada pelo Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). O Arpa é o maior programa de conservação da biodiversidade em florestas tropicais do mundo e hoje apoia 95 unidades de conservação (UCs) com resultados significativos na contenção do desmatamento e melhoria da gestão de UCs. O coordenador do Programa Amazônia do WWF-Brasil, Mauro Armelin, lembrou que na última década o Brasil avançou bastante na criação de unidades de conservação, mas como inclusive apontaram estudos do WWF-Brasil em parceria com o ICMBio, é preciso investir na implementação dessas áreas. Isto significa garantir que essas UCs de fato protejam a biodiversidade e ecossistemas e promovam o uso sustentável dos recursos naturais (no caso das unidades de conservação de uso sustentável).

Financiamento De acordo com cálculos estimados pelos parceiros do Compromisso com a Amazônia, para alcançar o objetivo do projeto são necessários US$ 250 milhões durante o período de 2012 a 2019 e US$ 35 milhões por ano nos anos seguintes, até 2050. A meta é arrecadar entre US$ 100 e 200 milhões de agências bilaterais, multilaterais, doadores privados, dentro e fora do Brasil, além do Fundo Amazônia. Este valor deve ir para um “Fundo de Transição” que terá governança público-privada, e será utilizado ao longo de 25 a 30 anos, com o intuito de possibilitar desembolsos iniciais elevados. O restante do valor estimado necessário será proveniente de mecanismos inovadores de financiamento (tais como compensação ambiental e fundo de água), dos orçamentos do governo e do atual Fundo de Áreas Protegidas (FAP). 60 REVISTA AMAZÔNIA

Representantes da Fundação Moore, Linden Trust, WWF-Brasil, Funbio e Ministério do Meio Ambiente assinam protocolo de Compromisso com a Amazônia.

Compromisso Os representantes das instituições envolvidas na iniciativa WWF-Brasil, Fundação Gordon e Betty Moore, Linden Trust for Conservation, Funbio e Ministério do Meio Ambiente (MMA) assinaram um termo afirmando seu comprometimento com a iniciativa durante o evento. O secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, Roberto Cavalcanti, representou o Ministério no evento e levou o termo de compromisso já assinado pela Ministra Izabella Teixeira. Cavalcanti ressaltou a importância do Arpa para o Ministério e garantiu a continuidade da dedicação ao programa. Os representantes de outras instituições parceiras do Arpa como o BNDES, KfW – Banco de desenvolvimento Alemão, Banco Mundial e Global Environmental Facility (GEF) também estiveram presentes no evento e se mostraram entusiasmadas com a iniciativa para financiar o Arpa. “A importância do Arpa é inequívoca. É o mais importante projeto do Fundo Amazônia e esse esforço de captação contará certamente com a contribuição do Fundo Amazônia”, afirmou Guilherme Accyoli, do Banco Nacional para o Desenvolvimento (BNDES) Já o representante do Linden Trust, Roger Ullman, ressaltou que o Linden Trust for Conservation tem levado sua experiência no setor financeiro privado para a área ambiental e nesta iniciativa pretende usar seu conhecimento para levantar os recursos necessários para o Arpa.

Pelo desenvolvimento sustentável Para a secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito, a iniciativa pode ser um elemento fundamental

para a elaboração de uma visão nacional para a Amazônia que contemple conservação dos ecossistemas e desenvolvimento social e econômico. “Estamos falando em conservação da biodiversidade, mas também numa melhora na qualidade de vida das pessoas da região que, com a implementação das UCs, têm acesso a projetos de geração de renda e a empregos, sentem menor pressão dos conflitos fundiários, além de terem preservados os recursos naturais dos quais dependem para viver”, afirmou Maria Cecília.

Resultados do Arpa Durante o evento também foram apresentados os resultados da primeira fase do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) e lançada a segunda edição de publicação com esses resultados: Arpa – um novo caminho para a conservação da Amazônia. Ao apoiar a expansão e consolidação do sistema de unidades de conservação na Amazônia brasileira, o Arpa contribui substancialmente para a prevenção do desmatamento: a quase totalidade (97%) das UCs beneficiadas pelo programa manteve o desmatamento abaixo do nível considerado perigoso, ou seja, não ultrapassou o limiar de 10% da área da unidade. A grande maioria delas (92%) conseguiu limitar a perda florestal a 5% ou menos da área. Sendo assim, o programa é fundamental para evitar a emissão de gases de efeito estufa. O programa também protege uma amostra considerável da biodiversidade do Brasil. Em apenas 39 unidades de conservação apoiadas pelo programa, foram encontradas mais de oito mil espécies de plantas e animais, das quais 107 estão ameaçadas de extinção. No que diz respeito à efetividade de gestão das unidades de conservação, as UCs apoiadas pelo Arpa tiveram sua eficiência de gestão avaliadas em 56%, enquanto as que não são apoiadas pelo programa apontam uma média de 43%. O programa é uma parceria entre o Governo Federal do Brasil, Ministério do Meio Ambiente, Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Governos Estaduais da Amazônia Brasileira: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Pará e Tocantins, WWF-Brasil, Cooperação Brasil – Alemanha, GIZ, KfW, Banco Mundial, GEF, Funbio, Fundo Amazônia e BNDES. revistaamazonia.com.br


O Fundo Amazônia e o BNDES

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Fundo Amazônia, criado em 2008 para promover projetos de prevenção e combate ao desmatamento e para conservação e uso sustentável das florestas, apresenta até o momento 30 projetos aprovados. Isso representa R$ 500 milhões em investimentos e R$ 303 milhões em financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), gestor do fundo. Do total de projetos aprovados, 21 estão contratados, atingindo valor de R$ 440,6 milhões em investimentos e R$ 260 milhões em financiamentos. Até agora, foram liberados pelo BNDES R$ 89,3 milhões. O Fundo Amazônia foi mostrado aos estrangeiros que participaram, este mês, da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, no estande do BNDES no Parque dos Atletas.

O diretor da Área de Meio Ambiente do BNDES, Guilherme Lacerda, lembrou, que os recursos do Fundo Amazônia resultam de acordo firmado com o governo da Noruega, “que escolheu o Brasil para destinar uma parte grande de recursos daquele país para projetos que preservem, aumentem o monitoramento e o fortalecimento de atividades extrativas adequadas em toda a Amazônia Legal.” Esse é o maior fundo do BNDES ligado ao meio ambiente. O programa foi iniciado entre 2008 e 2009 “e agora já engrenou”, salientou Lacerda. Além de projetos diretamente ligados à preservação do meio ambiente, são financiadas entidades que apresentem projetos estruturantes para geração de renda e novos padrões de desenvolvimento. O incentivo à agricultura orgânica é um dos Durante o evento “Fundo Amazônia: construindo a sua história”

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campos incentivados. Um dos projetos beneficiários dos recursos desembolsados pelo BNDES é o Fundo Kaiapó de Conservação de Terras Indígenas, do Fundo Brasileiro para Biodiversidade (Funbio). O projeto foi contratado em novembro de 2011, no valor de R$ 16,9 milhões em financiamento, dos quais R$ 7,2 já foram liberados. Outro projeto do BNDES na área de meio ambiente, apresentado na Rio+20 é o Fundo Clima. Segundo o responsável pela área, Guilherme Lacerda, a instituição está “insatisfeita” com a demanda para acessar os recursos disponíveis do fundo Clima, lançado no início deste ano. Até agora, foi registrada a entrada de apenas um projeto. “Precisamos aumentar essa difusão para os setores potenciais que podem tomar os empréstimos”. Lacerda destacou que o fundo “tem recursos com taxas de juros atrativas, condições favoráveis, para projetos que atuem na perspectiva da redução de emissões de carbono e projetos inovadores, com mais eficiência, que reduzam a desertificação”. Os recursos do Fundo Clima são originários de parte dos royalties de direitos especiais da atividade petrolífera no país, incluindo extração, industrialização e beneficiamento do petróleo. Os recursos são administrados pelo Tesouro Nacional e repassados ao Ministério do Meio Ambiente, que efetuou uma parceria com o BNDES para criação do Fundo Clima. No primeiro momento, os recursos disponíveis no Fundo

O Fundo Amazônia foi mostrado aos estrangeiros na Rio+20, no estande do BNDES no Parque dos Atletas

Clima alcançam R$ 560 milhões. “Isso pode ser ampliado, porque tem um crescimento desse funding [origem de recursos], desses recursos originários dos royalties.” O BNDES está, no momento, revendo as taxas de financiamento do Fundo Clima, para tornar o programa mais atrativo. As taxas de juros variam hoje de 2,5% ao ano, com prazo de pagamento até 25 anos, a 9%, em casos de projetos de risco de crédito mais elevado. A perspectiva é que esses percentuais “fiquem 1 ou 2 pontos percentuais abaixo das outras taxas”, segundo Lacerda Ele ressaltou também outro programa administrado pelo BNDES, o Fundo da Mata Atlântica, com projetos que visam apoiar a recomposição da Mata Atlântica em reservas de preservação natural. O BNDES está preparando uma segunda rodada desse fundo, cuja carteira hoje soma 20 projetos, no valor de R$ 55 milhões em financiamentos do banco. Direcionado a centros de pesquisa e universidades, o BNDES tem ainda o Fundo Tecnológico (Funtec) que destina recursos não reembolsáveis a várias áreas, inclusive a de meio ambiente, visando ao desenvolvimento de soluções nanotecnológicas e/ou biotecnológicas para tratamento de resíduos, efluentes, águas e solos contaminados. A carteira do Funtec conta com 20 projetos ligados à sustentabilidade, no valor de R$ 60 milhões. REVISTA AMAZÔNIA 61


José Roberto Marinho, presidente da Fundação Roberto Marinho, apresentou o Florestabilidade

Projeto Florestabilidade Fotos: Rodolfo Oliveira/Ag. Pará

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lorestabilidade é o nome do mais novo programa de manejo florestal, lançado pela Fundação Roberto Marinho em parceria com os governos dos Estados do Pará, Amazonas e Acre. O programa foi apresentado no Espaço das Ideias Circulantes do Humanidade 2012, no Forte de Copacabana. O evento, paralelo à conferência Rio+20, contou com a presença do governador do Pará, Simão Jatene, do governador do Amazonas, Omar Aziz, do presidente da Fundação Roberto Marinho, José Roberto Marinho, do O governador do Pará Simão Jatene e o presidente da Fundação Roberto Marinho, jornalista José Roberto Marinho

Sidney Rosa, secretário especial de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção. assinou com o presidente da FRM o acordo que formaliza a parceria da Fundação com o governo paraense 62 REVISTA AMAZÔNIA

diretor executivo do Fundo Vale, Ricardo Piquet, e do diretor geral do Serviço Florestal Brasileiro, Antônio Carlos, líderes empresariais e empreendedores sociais ligados a empresas, associações e governos, além de economistas, sociólogos, filósofos e acadêmicos de vários países. Durante o evento, o secretário de Estado de Educação do Pará, Cláudio Ribeiro, e o secretário especial de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção, Sidney Rosa, assinaram com o presidente da Fundação Roberto Marinho o acordo que formaliza a parceria da fundação com o governo paraense. A implementação do projeto mobilizará 85 municípios

nos três Estados (Pará, amazonas e Acre), atingindo mais de 180 mil alunos, a partir do mês de agosto. O material pedagógico divulgado será composto de 15 programas de vídeo, livro do professor, planos de aula, jogos e um website interativo, que vai conectar os participantes do projeto com oportunidades de estudos e de trabalho com manejo florestal. No Pará, o programa atenderá, inicialmente, 52 municípios, nas regiões nordeste, sudeste, Arquipélago do Marajó e Região Metropolitana de Belém. Participarão 2 mil professores da rede básica e 100 extensionistas, revistaamazonia.com.br


As medidas permitem determinado uso dos recursos disponíveis com o mínimo de impacto ambiental

O Programa Estadual Municípios Verdes, é um exemplo que deveria ser levado a todos os estados brasileiros, disse Andrea Margit, gerente de Meio Ambiente da Fundação Roberto Marinho

que prestarão assistência técnica a comunidades rurais e extrativistas. A Fundo Vale (da Vale) e a Fundação Roberto Marinho, com o apoio do Serviço Florestal Brasileiro, lançaram o projeto Florestabilidade. Com a ideia de mostrar a importância econômica, ambiental e social do manejo florestal no país, que tem a maior área de floresta contínua do mundo – a Amazônia. Despertar vocações para carreiras em manejo florestal, difundir o uso sustentável das florestas e oferecer recursos pedagógicos para professores e técnicos extensionistas da Amazônia. Esses são os principais objetivos do projeto ‘Florestabilidade: Educação para o Manejo Florestal’. O manejo florestal consiste em englobar técnicas que dão prioridade à sustentabilidade sem prejuízo aos ecossistemas. Na prática, as medidas permitem determinado

Com o manejo florestal dando prioridade à sustentabilidade, incentiva a produção de castanha-doBrasil, a do Pará, na Flona Tapajós revistaamazonia.com.br

uso dos recursos disponíveis com o mínimo de impacto ambiental O projeto nasceu da necessidade de se propagar as vantagens econômicas, sociais e ambientais do manejo florestal num país que possui a maior área contínua de florestas tropicais do mundo, a Amazônia. Estima-se que 75% das florestas da região estejam em áreas públicas, ou seja, locais onde é grande a demanda pela aplicação da Lei 11.284, de março de 2006, que descentraliza a gestão florestal do país, permite o acesso gratuito das comunidades locais aos recursos florestais e a introdução do sistema de concessão como uma alternativa para o uso sustentável das florestas. Para desenvolver a ‘florestabilidade’ – um jeito consciente de interagir com a floresta – o projeto levará o manejo florestal para as escolas da educação básica. Utilizando a metodologia do Telecurso, o conteúdo será aplicado em

parceria com as secretarias de educação dos estados do Pará, Acre e Amazonas, a partir de oficinas de formação de professores. Nos próximos dois anos, serão envolvidos cerca de 2.500 professores. Os recursos pedagógicos incluem 15 teleaulas de 15 minutos cada, livro do professor, planos de aula, jogos, e um website interativo que vai conectar os participantes do projeto com oportunidades de estudos e de trabalho em manejo florestal. A metodologia e os materiais pedagógicos também podem apoiar o trabalho de assistência técnica às comunidades da Amazônia. No estado do Pará, 100 extensionistas serão convidados a aderir ao Florestabilidade, utilizando o conteúdo durante suas interações com as comunidades rurais e extrativistas na região. A implementação do projeto na Amazônia se inicia em julho de 2012. Para o governador Simão Jatene, o Programa Florestabilidade será extremamente importante para a construção de um novo cenário na Amazônia. “Não existe chance de nenhum programa ter sucesso se não houver parcerias. Com certeza esta nova parceria firmada trará frutos mais do que positivos para o caminho que estamos querendo chegar, que é o desmatamento zero”, enfatizou.

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Municípios Verdes na Rio + 20 Fotos: Antônio Silva e Rodolfo Oliveira/Ag. Pará

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urante a Rio + 20, o Programa Municípios Verdes inaugurou também uma série de parcerias, dentre elas, com a Fundação Roberto Marinho – através do projeto Florestabilidade: Educação para o Manejo Florestal, que irá capacitar comunidades e produtores rurais para o bom uso da floresta. A parceria com o Programa Cidades Sustentáveis levará as ações de sustentabilidade também para as áreas urbanas dos municípios paraenses, uma vez que o PMV se concentra mais na área rural onde ocorrem os desmatamentos e exploração ilegal de madeira. Roberto Marinho disse “O programa Municípios Verdes me encanta, porque ele consegue reunir atores locais, governo e sociedade civil em prol de um único objetivo, que é o desmatamento zero. Nós fazemos questão de divulgar e incentivar em nossa emissora práticas sustentáveis e bem sucedidas como essas”.

Simão Jatene destacou a importância das parcerias, como a do Banco do Brasil, para o pleno êxito do Programa Municípios Verdes

Banco do Brasil adere ao Programa Municípios Verdes O Banco do Brasil, uma das maiores instituições bancárias com atuação na Amazônia na área de financiamento de crédito rural, aderiu ao Programa Municípios Verdes, lançado pelo Governo do Pará. A formalização da parceria aconteceu no auditório do estande do Banco do Brasil, no Parque dos Atletas, um dos espaços da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Com a adesão, o Banco do Brasil se compromete a conceder crédito aos produtores que obedecerem às regras do Bard Vegard Solhjell, ministro do meio ambiente da Noruega, e Johny Underi, vice-presidente executivo de bauxita e alumínio da Hydro, novos parceiros do Programa Municípios Verdes

Justiniano Neto, secretário extraordinário do programa Municípios Verdes

programa e priorizar a análise dos projetos de produtores com regularidade ambiental. “O Programa Municípios Verdes só tem a ganhar com essa nova parceria. Ganha porque hoje, quando o produtor rural faz um projeto,

demora muito para conseguir a regularização, e agora terá prioridade e poderá fomentar a atividade sustentável. O produtor colocará crédito (dinheiro) no banco em atividades que farão bem ao meio ambiente”, explicou o secretário extraordinário do Programa Municípios Verdes, Justiniano Netto. O governador Simão Jatene agradeceu a parceria firmada com o banco. “A participação do BB enriquece profundamente o programa. É impossível um programa ter sucesso se for entendido apenas como programa de governo, ou de iniciativa privada. Para dar certo, ele tem necessariamente que ser um programa que capitalize os interesses de toda a sociedade, e é exatamente isso que o programa vem conseguindo conquistar”, afirmou o governador paraense. Para o vice-presidente do Banco do Brasil, ao fazer parte do programa a instituição passa a cumprir cada vez mais com uma de suas maiores metas, que é o comprometimento com a responsabilidade social. “Somar esforços para preservar nosso planeta é essencial para as futuras gerações. O BB sempre será parceiro dos projetos de desenvolvimento socioeconômico que têm como objetivo a preservação das riquezas do nosso país”, ressaltou César Borges.

BVRio Uma cooperação entre o governo do Pará e a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRio) valorizará os ativos florestais dos produtores rurais paraenses que possuem regularidade ambiental, inserindo-os no novíssimo mercado lançado pela bolsa carioca. O Banco do Brasil e o Banco da Amazônia – dois dos maiores bancos com atuação na Amazônia no financiamento do crédito rural – aderem ao Programa Mu-

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Municípios Verdes, explicou que ainda no segundo semestre deste ano, o Governo do Pará pretende criar uma política de REDD que possa incentivar pequenos produtores a adotar o projeto e, consequentemente, incentivar a redução do desmatamento. “O projeto de REDD atua como componente acessório, por exemplo, você tem uma determinada área onde é feito o manejo ou extrativismo do açaí. Nesta área de mata preservada pode ser feito projeto de REDD porque como ela estará protegida, não poderá ser desmatada, portanto não emitirá poluição e não emitirá gases de carbono de efeito estufa”.

O governador Simão Jatene e o vice-presidente do Banco do Brasil, César Borges, assinam a adesão da instituição bancária ao Programa Municípios Verde

nicípios Verdes, comprometendo-se a somente conceder crédito aos produtores que obedecerem as regras do programa e, ao mesmo tempo, dar prioridade na análise dos projetos dos produtores com regularidade ambiental.

do Pará, representantes de empresas e organizações ambientais que buscam medidas de combate ao desmatamento no Brasil. Justiniano Netto, o secretário extraordinário do Programa

Municípios Verdes Ainda durante o Florestabilidade, a experiência bem-sucedida do Programa Municípios Verdes foi apresentada ao público durante a exibição de um vídeo. O prefeito de Paragominas, Adnan Demacki, expôs os resultados positivos obtidos com a implantação, em caráter inédito no Pará e no Brasil, do programa e principalmente por ter conseguido sair da lista negra dos municípios que mais desmatavam na Amazônia. “Paragominas provou que é possível desenvolver, ter atividades sustentáveis e viver com dignidade sem destruir o verde”, O PEMV também foi exposto para os membros do Fórum da Amazônia Sustentável, no Teatro Maria Clara Machado. Na pauta do evento, o desempenho do programa e os resultados alcançados com incentivo ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), redução do desmatamento e o incentivo à melhoria da produção no Estado do Pará.

Francy Nava, coordenadora de projetos da 33 Forest Capital, empresa responsável pelo primeiro projeto de REDD aprovado no Brasil

Desmatamento discutido na Rio +20

A organização R20 (Regions of Climate Action), criada pelo exgovernador da Califórnia (Estados Unidos), Arnold Schwarzenegger, assinou um memorando de investimentos com o Governo do Pará, por meio do Programa Municípios Verdes

A construção de uma política dos projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal (REDD) no Pará foi tema de um encontro que reuniu, no auditório Amazônia, onde está situado o estande

Governador Simão Jatene, o vicepresidente do Banco do Brasil, César Borges (e), e o superintendente Estadual do BB, Tarcísio Hübner revistaamazonia.com.br

Abdias Júnior, presidente do Banco da Amazônia, e Justiniano Netto, secretário extraordinário do PMV REVISTA AMAZÔNIA 65


O estande do Pará na Rio+20 Fotos: Rodolfo Oliveira/Ag. Pará

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O estande do Pará foi todo confeccionado em fibra de miriti

Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro e embaixador das Organizações das Nações Unidas (ONU) para o Desenvolvimento Industrial apreciou as coisas do Pará

estande do Pará, instalado no Estande da Amazônia, onde estão representados todos os Estados da Amazônia Legal, mostrou as riquezas e as iniciativas sustentáveis aplicadas no Estado do Pará. Com o auxílio de ferramentas tecnológicas, os visitantes também conheceram detalhes sobre o Programa Municípios Verdes. A ideia foi mostrar o estande do Pará altamente sustentável. Por isso, eram disponibilizadas todas as informações, curiosidades e as iniciativas sustentáveis do Estado em tablets, e não em folhetos, como normalmente acontece. Além disso, o local também foi todo ornamentado com fibra de miriti, trabalho que traz a assinatura de um artesão de Abaetetuba, atendido pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater). 66 REVISTA AMAZÔNIA

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Simão Jatene no estande do Pará, instalado no Pavilhão Brasil, Estande da Amazônia, dentro do Parque dos Atletas

A decoração chamava atenção de todos os visitantes

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O cheiro do Pará foi outro sucesso

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Parceria inédita entre Acre e o Sabá, na Rio+20 por Jorge Eduardo Dantas metas e ações”, afirmou. O diretor do Departamento Florestal do Sabá, Datuk Sam Mannan, afirmou: “Historicamente, temos mais de 3 milhões de hectares de florestas devastadas em nosso Estado. Erramos feio, mas estamos tentando consertar isso. Ainda temos 53% de nossas florestas intactas, ao contrário de diversos outros países, que acabaram com sua cobertura florestal”, disse.

Fotos: WWF-Brasil / J. Egberto

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omo parte dos eventos da Rio+20, o WWF lançou no Riocentro, a publicação “Uma forma diferente de fazer negócios: primeiros passos na construção da Economia Verde no Acre, Brasil, e em Sabá, na Malásia”. O livro traz um breve relato sobre os resultados da conservação das florestas feitas no Acre e no Sabá – obtidos por meio de um intercâmbio entre os atores sociais dos dois Estados. Intercâmbio esse apoiado pelo WWF-Brasil, WWF-Malásia e WWF UK. Tanto no Acre quanto no Sabá, o WWF-Brasil apóia o manejo adequado dos recursos florestais. Produtos como madeira, borracha e castanha são utilizados como fonte de renda para diversas comunidades, ao mesmo tempo em que existe a busca pela conservação da biodiversidade e pela melhoria da qualidade de vida dos comunitários. As florestas tropicais brasileiras e malaias têm uma história comum em torno de um mesmo produto florestal: a borracha. Há mais de cem anos, a borracha nativa da Amazônia foi levada para a Malásia, causando o colapso da indústria da borracha amazônica. Mas hoje ambas buscam garantir o fornecimento de produtos florestais ao invés de optar somente pelas práticas agropecuárias.

Apoio ao trabalho sustentável Informações da Secretaria Estadual de Florestas do Acre mostram que o manejo florestal feito a partir de parcerias como essa – mas que envolvem também comunidades,

Habitar, produzir, preservar

Maria Cecília Wey de Brito, Secretária-geral do WWF-Brasil, no lançamento da publicação “Uma forma diferente de fazer negócios: primeiros passos na construção da Economia Verde no Acre, Brasil; e em Sabá, na Malásia”

empresas e outras organizações não governamentais – tem aumentado o valor da renda média de famílias acreanas que vivem do extrativismo. Nos últimos anos, rendas médias situadas entre R$ 1,2 mil e R$ 3 mil foram elevadas para R$ 4 e R$ 6,5 mil por meio do uso adequado da floresta. Nos últimos 10 anos, o desmatamento no Acre foi reduzido às menores taxas dos últimos 24 anos e o crescimento composto do Produto Interno Bruto do Estado bate a casa dos 71,1%.

Mostrando ações concretas

O governador do Acre, Tião Viana, afirmou que o desenvolvimento sustentável no Acre é algo que já existe há vinte anos e que vem atravessando gerações. “Conhecemos e definimos nosso território, fizemos o arcabouço jurídico e hoje temos para mostrar ao Brasil e ao mundo um modelo que mostra que é possível habitar, produzir e preservar. E isso voltado a vários recursos, da água à floresta”, contou o chefe do Executivo. “Precisamos ampliar essas atividades. Precisamos abrir os mercados aos nossos produtos, como o açaí, a pupunha, o cupuaçu e os nossos peixes. Mas sinto que os organismos internacionais estão esperando resultados, eles não querem ser responsáveis por este processo”, reclamou. O senador e ex-governador Jorge Viana disse que os Estados do Acre e do Sabá estão há muito tempo discutindo algo que a ECO-92 e a Rio+20 ainda tentam materializar. “Temos aqui duas experiências reais de transição para uma economia verde. São caminhos bastante avançados que, no caso do Acre, queremos aprofundar: como usar melhor as florestas”, afirmou o parlamentar. Tião Viana, governador do Acre, com Rodrigo Hühn e a Amazônia

A secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Britto, afirmou que ao contrário do que vem ocorrendo na Rio+20, este trabalho mostra ações concretas e não apenas reafirmações e declarações genéricas. “Não precisamos de palavras, mas de metas claras e objetivas. Existe um trabalho a ser feito e precisamos que as instituições vão lá e o façam. Para garantir água, energia e alimentos para todos, é preciso ter O livro traz um breve relato sobre os resultados da conservação das florestas feitas nos Estados do Acre e do Sabá 68 REVISTA AMAZÔNIA

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Espetáculo de luz, som e energia ilumina os Arcos da Lapa , na Rio+20 Projeções no Arcos da Lapa, um cartão postal do Rio de Janeiro, viraram tela de cinema em um evento paralelo à Rio+20

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s Arcos da Lapa foram palco do espetáculo de luz, som e energia “Energia na Lapa”, patrocinado pela Eletrobras. O show, chamado videomapping e produzido pela Cinevídeo, fazia parte dos eventos em comemoração aos 50 anos da Eletrobras. Projetado numa tela de oito metros de altura e 15 de largura e utilizando tecnologias 4D, de última geração, o filme mostrou a relação entre a energia elétrica e o cotidiano das pessoas. O gerente de Patrocínio da Eletrobras, Alexandre Benjamim, ressaltou a oportunidade de passar a mensagem

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da Eletrobras no momento em que a empresa comemora o seu cinquentenário, durante a realização da Rio+20. “É importante reforçarmos a imagem da Eletrobras como uma empresa que atua com responsabilidade social, ambiental, de forma sustentável e que apoia a cultura e o esporte”, disse Benjamim. Ao final das apresentações, catadores de cooperativas de coleta seletiva parceiras da Eletrobras fizeram a coleta do lixo reciclável produzido durante o evento, reforçando o compromisso sustentável da empresa para com a sociedade.

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EPE apresentou na Rio+20 vantagens da matriz energética brasileira

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Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apresentou na Rio+20, para mostrar ao mundo as vantagens da matriz energética brasileira, especialmente em relação à baixa emissão de gás carbônico (CO2). Maurício Tomalsquim, presidente da EPE,disse que “Cerca de 87% da energia elétrica gerada no Brasil provem de fontes renováveis, sendo a maior participação da hidreletricidade, com 81% da geração. Nos próximos anos essa fonte permanecerá como elemento-chave da estratégia da expansão da oferta de energia elétrica no País”. Segundo a EPE, o Brasil é a sexta economia do mundo e está em 18º lugar no ranking das nações quanto às emissões de gases de efeito estufa provenientes da produção e do uso da energia. “O Brasil é um exemplo de

Valter Cardeal, diretor de Engenharia da Eletrobras, falou sobre as sobre as usinas hidrelétricas brasileiras no painel Energias Renováveis para o Desenvolvimento Sustentável, realizado no Humanidade 2012

Mauricio Tolmasquim, presidente da EPE, aproveitou a Rio+20 para reforçar a importância das hidrelétricas. Não só como fonte renovável, mas como fator de desenvolvimento regional.

país que conseguiu se desenvolver com baixo conteúdo de carbono. Nossa matriz energética é um exemplo para o mundo”, ressaltou Maurício Tolmasquim. Os dados da EPE mostram também que, para cada quilowatt-hora produzido no país, são emitidos 64 gramas de gás carbônico, enquanto a média mundial é de 500 gramas. Isso porque 88% da energia gerada no Brasil provêm de fontes renováveis como a hidreletricidade, a energia eólica e a biomassa. O percentual mundial está em 19%. Cada brasileiro emite cerca de 1,8 toneladas de gás carbônico com a geração de energia elétrica, enquanto a média mundial é superior a 4 toneladas. Nos Estados 70 REVISTA AMAZÔNIA

Unidos, são produzidas 16,9 toneladas de CO2 por habitante na geração de energia. Para a produção de US$ 1 de Produto Interno Bruto (PIB) é emitido 0,16 quilo de gás carbônico no Brasil, que é a metade da média mundial, de 0,33 quilos. Na Rússia, esse indicador é 0,73. Atualmente, graças ao uso do etanol, o país emite um terço a menos de gás carbônico do que emitiria se usasse apenas combustíveis fósseis nos veículos individuais. A meta é que, com o aumento do uso de etanol, em 2020 a redução chegue a 54%. A estimativa da EPE é que, em 2020, o etanol poderá atender a mais da metade da demanda energética da frota de veículos leves do país. “Esses dados mostram

que o Brasil está em uma situação muito boa em comparação com o resto do mundo no que diz respeito às emissões [de gás carbônico], mas o mais interessante é que as projeções para 2020 indicam que vamos poder crescer mantendo essa tendência de matriz de baixo carbono”, diz Tolmasquim. O presidente da EPE no lançamento da cartilha sobre energia renovável no Humanidade 2012

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Energias Renováveis bre a destinação da energia a ser gerada por Belo Monte. “70% da energia já está vendida para 27 concessionárias de distribuição, em 17 estados. 10% vão para a Vale e Sinobras, que são acionistas da Norte Energia, e 20% poderão ser vendidas no mercado livre de acordo com as regras da ANEEL”, explicou o diretor.

Fotos: Regina Santos

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Eletrobras promeveu, como parte da programação da Rio+20, a rodada de palestras “Energias Renováveis”, no Parque dos Atletas. Foram apresentadas experiências de vários países na geração de energia renovável: hidrelétrica, eólica, solar, biomassa e biogás. A geração hidrelétrica foi representada no evento pelo projeto da Usina Hidrelétrica Belo Monte. O diretor de Relações Institucionais da Norte Energia, João dos Reis Pimentel, fez a exibição de um vídeo apresentando Belo Monte e em seguida ressaltou alguns dados do empreendimento, como o andamento das obras

Estande da Norte Energia no Parque dos Atletas

de construção da Usina, que está com 11% de execução. O diretor explicou aos presentes que a primeira turbina de Belo Monte entrará em operação em fevereiro de 2015 e que em fevereiro de 2019 todas as 24 turbinas da Usina estarão em funcionamento. Quando pronta, Belo Monte terá a capacidade instalada de 11.233,1 MW, com 4.571 MW de energia firme. Pimentel também falou so-

Participantes da Arena Socioambiental discutiram acesso à energia e Belo Monte

O estande da Norte Energia O estande da Norte Energia no Parque dos Atletas, um dos espaços da Rio+20, que mais atraiu visitantes e convidados de vários países em busca de informações sobre a Usina Hidrelétrica Belo Monte. A maquete eletrônica do Sítio Pimental e imagens gigantes do projeto e da obra deu uma dimensão dessa que será a terceira maior hidrelétrica do mundo. O estande da Norte Energia ficava ao lado do espaço multimídia da Eletrobrás onde, diariamente, se realizavam palestras e debates sobre energia e sustentabilidade.

Carlos Nascimento, presidente da Norte Energia, falando sobre a composição socioambiental do entorno de Belo Monte Edison Lobão, Ministro de Minas e Energia, José da Costa, presidente da Eletrobras, Carlos Nascimento, presidente da Norte Energia e João Pimentel, Diretor de Relações Institucionais, com moradores de Altamira no estande da Norte Energia na Rio+20

Presidente da Norte Energia e Ministra do Meio Ambiente com moradores de Altamira na abertura da Rio+20 revistaamazonia.com.br

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Energia Sustentável para Todos Fotos: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

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tema Energia Sustentável para Todos reuniu dez debatedores, brasileiros e estrangeiros, entre acadêmicos, empresários e representantes de Organizações Não-Governamentais. Do encontro, saíram três recomendações que foram apresentadas aos Chefes de Estado e de Governo durante o Segmento de Alto Nível da Rio+20. Estabelecer metas ambiciosas para avançar o uso de energias renováveis. Esta foi a proposta eleita pelos cerca de dois mil membros da sociedade civil presentes no Riocentro. Tomar medidas concretas para eliminar subsídios a combustíveis fósseis foi a recomendação eleita pelas votações realizadas pela Internet, encerradas no dia 15 de junho. Os debatedores, por sua vez, estabeleceram uma nova recomendação: incrementar investimentos e vontade política para garantir acesso universal, igualitário e barato a serviços de energia sustentável para todos até 2030. O acesso universal à energia foi considerado o maior desafio no mundo de hoje. Além da acessibilidade, os participantes destacaram a importância de investimentos em eficiência energética, assim como em energia renovável. “A indústria da energia renovável movimenta anualmente US$ 257 bilhões e gera cinco milhões de empregos. Hoje, 17% da energia consumida no mundo

Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável sobre Energia Sustentável para todos

Durante o diálogo sobre Energia Sustentável para Todos

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é renovável”, destacou a secretária-executiva da empresa austríaca REN21, Christine Lins. O diretor da COPPE-UFRJ e secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, lembrou que o debate sobre os subsídios para os combustíveis fósseis deve considerar o objetivo do consumo. “Se é para colocar gasolina em carro particular, eu sou contra. Mas, se é para gás de cozinha – mais eficiente que lenha do desmatamento – sou a favor.” Nesta mesma linha, o colombiano José Antonio Vargas Lleras, vice-presidente do Conselho Mundial de Energia (WEC) para América Latina e Caribe, destacou o investimento anual entre US$ 400 bilhões e US$ 600 bilhões em combustíveis fósseis. “Apenas 5% ou 6% desses recursos seriam suficientes para universalizar o acesso à energia”. revistaamazonia.com.br


Abaixo, três infográficos, uma para cada um dos três objetivos da Energia Sustentável para Todos: Assegurar o acesso universal a serviços energéticos modernos; O dobro da taxa global de melhoria da eficiência energética; Dobrar a quota das energias renováveis no cabaz energético global.

Os representantes do continente africano destacaram essa importância. A secretária-executiva do International Network on Gender and Sustainable Energy, Sheila Oparaocha, sinalizou a existência de 1,4 bilhão de pessoas no mundo que não têm acesso a energia. Com a mesma revistaamazonia.com.br

preocupação o CEO da Eskom, Brian Dames, destacou a meta de acesso universal à energia até 2030. “Precisamos de soluções integradas, reunindo governo, setor privado e a população.” A diretora do The Climate Group para a região da Grande

China, Changhua Wu, mostrou-se otimista com os avanços alcançados nos últimos 20 anos no setor energético. Segundo ela, a Rio+20 é uma oportunidade importante para que a comunidade mundial troque informações na busca de inovações para a eficiência energética. REVISTA AMAZÔNIA 73


Crianças da etnia Krikati, sul do Maranhão

Ocas, índios e tablets prepararam a RIO+20 na CAIXA Cultural Exposição multimídia da Rio+20 usa arte e tecnologia para mostrar cultura indígena Fotos: Hannah Beineke, Joao Ripper e Piotr Jaxa

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ma nova abordagem da cultura dos povos indígenas brasileiros, em que as tradicionais ocas convivem com a moderna tecnologia dos tablets e ipads, foi a proposta de uma exposição apresentada recentemente, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro. Parte da programação cultural 74 REVISTA AMAZÔNIA

Alvaro Tukano um dos idealizadores do projeto

da Rio+20, a mostra Séculos Indígenas no Brasil proporciona ao visitante o passeio por uma imensa estrutura, em formato de cobra, na qual nove ambientes oferecem uma visão crítica da realidade dos índios brasileiros. “O grande diferencial da exposição é a presença dos próprios indígenas, que fazem parte da equipe que revistaamazonia.com.br


Corpo da grande cobra que abriga a exposição

Esse tronco simboliza o respeito aos mortos

concebeu o projeto, executou a montagem e que, principalmente, estará recepcionando o público”, destaca o cineasta e produtor cultural Frank Coe, coordenador-geral da mostra. Dentro da estrutura cenográfica, feita com bambus, palhas, troncos, junco e argila, o visitante pode acompanhar a cronologia histórica dos primeiros habitantes

do Brasil, com imagens rupestres, mapas e gravuras de época. Também podem ver e manusear objetos do artesanato de várias etnias indígenas. Fotos, filmes, vídeos, telas de LCD e tablets para consulta do público também fazem parte dessa exposição multimídia. “Os povos indígenas no Brasil de hoje reivindicam o acesso à tecnologia e a nossa exposição tenta mostrar

esse casamento possível dos conhecimentos tradicionais, da sabedoria milenar dos índios com a tecnologia de ponta”, observa o coordenador da mostra.

Yanto Laitano e Maria Albers em performance na abertura da Exposição Séculos Indigenas

Um dos ambientes do “corpo da cobra” que ocupa uma área de mais de 450 metros quadrados é um cinema onde são exibidos fragmentos dos documentários Maira, de Darcy Ribeiro: um Deus Mortal? e Lutzenberger: For Ever Gaia, além do filme Reflexões do Curumin. “Darcy e Lutzenberger são personalidades que marcaram tanto o movimento indigenista como a causa ambientalista no Brasil”, diz Coe. Segundo ele, nos depoimentos de Darcy Ribeiro e do ambientalista José Lutzenberger e também nos de lideranças indígenas como Álvaro Tukano e Ailton Krenak, o público é convidado a uma reflexão sobre as questões que são o eixo de discussão da Rio+20. “A sabedoria dos povos indígenas e a forma deles de se organizarem e viver têm muito a nos ensinar e a apontar caminhos alternativos aos que hoje estão nos levando a uma situação de insustentabilidade”. Alunos de escola publica de São Gonçalo visitam a Exposição e sao guiados por monitores indígenas como Lula Tukano revistaamazonia.com.br

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Alvaro Tukano manuseia o Ipad com vídeos documentários na Geodésica instalada no foyer da CAIXA Cultural durante a abertura da mostra

Séculos Indígenas no Brasil ficou em cartaz até 30 de junho e teve na sua programação vários eventos paralelos, como performances musicais e de dança, lançamento de livros e recepção a lideranças indígenas nacionais e internacionais que virão para a Rio+20. Essas atividades foram realizadas em uma grande instalação de bambus, montada no foyer da Caixa Cultural.

Projeto Séculos Indígenas no Brasil No dia 12 de junho de 1992, em Berlim, capital da Alemanha, dava-se o encontro a partir do qual viria a ser desenvolvido um projeto pioneiro de registro da riqueza e diversidade das culturas e da espiritualidade indígena no Brasil. A ocasião uniu as intenções éticas e estéticas do cineasta Frank Coe e a experiência política e espiritual do líder indígena Álvaro Tukano, a partir de uma intenção comum: oferecer à opinião pública uma visão crítica da

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Acervo de arte indígena da Exposição Séculos Indígenas no Brasil - IV Edição

realidade dos povos indígenas no Brasil, privilegiando a iniciativa de seus próprios protagonistas. A atmosfera que os animava era a mesma que, no Rio de Janeiro, abrigava a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio-92. A exposição “Séculos Indígenas no Brasil” contou com o apoio do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS-UnB); da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura; da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação; e patrocínio da Caixa Econômica Federal e Governo Federal. As três primeiras edições da exposição aconteceram em Porto Alegre (RS) e no Rio de Janeiro (RJ), em 2005, e em Brasília, em 2011. revistaamazonia.com.br

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Amazônia, ciclos de modernidade O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro – CCBB Rio, no clima da Rio+20, inaugurou a exposição Amazônia, ciclos de modernidade. Com curadoria de Paulo Herkenhoff, a mostra apresenta, num percurso visual inédito, a história da modernidade na região amazônica. Cerca de 300 obras, desde o século XVIII até os dias atuais divididas nos períodos do Iluminismo; do Ciclo da Borracha (1860 – 1910); do Modernismo; e da Contemporaneidade, ocupam o primeiro andar além da rotunda, no térreo da instituição. A exposição se desenvolve como um fluxo de ideias e de linguagens. O conceito curatorial apresenta em amplo espectro a cultura visual da Amazônia, sua arte e determinadas particularidades antropológicas. São mil m2 ocupados por fotografias, pinturas, aquarelas, desenhos, esculturas, objetos, vídeos e documentos raros. Na rotunda, uma instalação de arte popular criada por artesãos de Parintins mostra uma grande árvore onde se encontram animais da região amazônica (incluindo vários em extinção), arbustos do açaí e do guaraná. Essa alegoria aliada à literatura amazônica (Macunaíma, de Mário de Andrade, Cobra Norato, de Raul Bopp, e Martim Cererê, de Cassiano Ricardo) e a ensinamentos da ecologia servem de tema para o projeto educativo. O título da exposição no banner da fachada do CCBB é uma criação de Emmanuel Nassar, um dos mais importantes artistas brasileiros, nascido em Belém. Éder Oliveira, um jovem artista do Pará que faz da pintura mural sua expressão artística, fez um site specific na fachada do CCBB. A primeira sala da exposição trata do estranhamento que é se aventurar na floresta. O visitante é recebido numa sala escurecida em uma cena que o índio Ymá Nhandehetama discorre serenamente sobre a condição indígena hoje no Brasil. Uma pintura de Emmanuel Nas-

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sar e uma escultura de Frans Krajcberg apontam para as aflições da natureza amazônica, uma imagem de Serra Pelada de Sebastião Salgado fixam o imaginário da cena bíblica monumental da exploração do ouro, enquanto uma fotografia de Berna Reale expõe o corpo em estado metafórico da exploração do trabalho e das relações de subalternidade na região. O imaginário amazônico, com seus fantasmas construídos sobre a natureza está numa pintura de Flávio-Shiró e na escultura de Maria Martins. O vídeo de Rodrigo Braga, artista nascido em Manaus, é uma reiteração do grito primal que, sem escuta, não

chega a constituir a diferença e a própria linguagem, situando o visitante num estado de estranhamento. A segunda sala trata da Catequese e da antropofagia. O sermão do Padre Antonio Vieira para os jesuítas antes de adentrarem a selva está escrito em uma das paredes desta pequena sala. Objetos variados como uma urna yanomami, um ostensório, uma gravura do Padre Vieira, um Mapa do sec. XVII, um desenho original de Antonio Landi, a obra “Sermoens“ de Armando Queiroz, a pintura “Em Segredo” de Adriana Varejão e a escultura “Razão e Loucura” de Cildo Meireles compõem o discurso desta sala.

Na árvore localizada na rotunda também podem ser vistos animais da região amazônica, incluindo vários em extinção revistaamazonia.com.br


A exposição ‘Amazônia, ciclos de modernidade’ conta a história da modernidade na região. Na rotunda, uma instalação de arte popular criada por artesãos de Parintins mostra uma grande árvore

No 1º cofre, o filme “Mater Dolorosain memorian. Da criação e sobrevivência das formas“ de Roberto Evangelista, artista de Manaus. Na Sala do Iluminismo são mostradas cerca de 100 obras do acervo da Fundação Biblioteca Nacional. Mapas raros, desenhos originais de Alexandre Rodrigues Ferreira e Antonio Landi, além de maquetes do Museu Naval e obras de arte de Adriana Varejão e Marcone Moreira. A Cabanagem, uma guerra histórica do Pará, é lembrada pelos vídeos “Mar Dulce Barroco” e “252” de Armando Queiroz, pelas pinturas do Museu de Arte de Belém e da obra “Facas de meu pai” da artista Lise Lobato, do Marajó. No espaço do 2º cofre, reunindo várias gerações de fotógrafos, é apresentada uma rapsódia de habitantes da revistaamazonia.com.br

A turma de Parintins que elaborou a cenografia com Junior Shall e Maria Clara Rodrigues

Amazônia onde tanto se veem uma estética própria, mas também a ideia de uma imobilidade social. Uma visão crítica e sutil através dos olhares de fotógrafos de várias gerações como Felipe Augusto Fidanza (fotógrafo da vi-

rada do séc. XIX para XX), Pierre Verger, Marcel Gautherot e contemporâneos como Luiz Braga, Elza Lima e Walda Marques. As questões científicas, industriais, do colonialismo, do neocolonialismo, da escravidão e dos seringais serão abordados na sala do Ciclo da Borracha. O público perceberá a importância da borracha no desenvolvimento tecnológico do Ocidente – o que significa o desenvolvimento do automóvel e do avião, bem como, a crise em torno da borracha no Brasil que provocou miséria na região mais ao norte da Amazônia. A sala reservada para o Museu Paraense Emílio Goeldi (Museu Goeldi) mostra a transição para uma Amazônia moderna, sob o impacto do evolucionismo e de outras REVISTA AMAZÔNIA 79


A primeira sala da exposição mostra o estranhamento que é se aventurar na floresta

Visitantes apreciam a exposição

teorias (nova ciência) e também da Antropologia na constituição do saber. O espectador fica diante de uma ciência sobre a Amazônia e feita na Amazônia. Já na fase seguinte, a modernidade e o modernimo se cruzam e a relação que a região tem com o importante movimento cultural é apresentada através das obras de artistas e intelectuais como Anita Malfati, Vicente do Rego Monteiro, Giussepe Righini, Teodoro Braga, Raul

Bopp, Cassiano Ricardo, entre outros. Após percorrer os diversos momentos históricos o espectador encerra a visita na sala da contemporaneidade. Esta sala apresenta entre diversos suportes artísticos, pintura , fotografias e objetos, vídeos de artistas, slide shows e vídeos com depoimentos de escritores e intelectuais, onde se percebe o caleidoscópio complexo das preocupações com a Amazônia no mundo contemporâ-

O índio Ymá Nhandehetama falando a respeito da condição indígena atual no Brasil

neo. Neste momento extremo de conclusão o convite é sempre para pensar. Amazônia, ciclos de modernidade apresenta o acervo de importantes instituições brasileiras, tais como Fundação Biblioteca Nacional, Museu Paraense Emilio Goeldi, Museu de Arte de Belém, Museu Histórico do Pará, Museu da Universidade Federal do Pará, Casa das 11 janelas, 80 REVISTA AMAZÔNIA

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Fotografia de Elza Lima. Sem título

Fotografias, pinturas, desenhos, esculturas, objetos e vídeos de artistas originários da Amazônia

Fotografia da paraense Berna Reale, retratada deitada nua enquanto urubus devoram pedaços de carne espalhados sobre seu corpo, no Ver-oPeso, em Belém

Fundação Elias Mansour do Governo do Acre, Palácios do Governo de São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu Naval, Museu do índio, Instituto Moreira Sales, Fundação Roberto Marinho e coleções particulares. A exposição depois do CCBB Rio, onde fica até o dia 22 de julho, segue para o CCBB Brasília onde será apresentada entre os dias 13 de agosto e 23 de setembro de 2012. Paulo Herkenhoff, curador da exposição e Emmanuel Nassar, criador do título da exposição no banner da fachada do CCBB e abrindo essa matéria revistaamazonia.com.br

Bernard Micaud, adido cultural do consulado francês, Paulo Herkenhoff, curador da exposição e Emilio Kalil, secretário de cultura do Rio REVISTA AMAZÔNIA 81


Festival predatório pós-RIO + 20 por Camillo Vianna* Na Amazônia a devastação está tão terrível que não dá pra avaliar Nunca se viu coisa igual em qualquer outro lugar parece casa da Mãe Joana que é preciso ter coragem para poder acreditar Derrubam o pai derruba a mãe não sobra ninguém da família que fique sem derrubar No sul do Pará havia grande lote de floresta que apenas só 10% ficou sem derrubar

Todo mundo fazia fogueira

A violência está liberada e não tem como parar o pau canta em todo canto é bater e bater pra matar A zoada da motosserra não para de azucrinar pois dia e noite ninguém consegue parar

Na chamada Terra do Meio é de assustar mais de 3 mil cabeças não tinham mais como se alimentar A fumaceira era fácil de encontrar todo mundo fazia fogueira para o mais rápido possível com a floresta acabar Enormes carretas carregadas de toras tiradas da mata sem ninguém controlar

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Ainda se usa muita lenha entre o pessoal ribeirinho e lavrador tudo isso queima muito e ajuda a floresta findar

É uma barulheira infernal que ninguém consegue contar são milhares e milhares que parecem nunca parar

Existe outra novidade que é muito fácil de encontrar os saqueadores de florestas que atacam sem cessar A floresta está se acabando...

Está havendo competição em tudo que é lugar para avaliar quem derruba mais tem até juiz para avaliar A devastação é inclemente não tem nada a respeitar vão derrubando tudo que possam encontrar não tendo ninguém pra proteger e a floresta vai acabar

A corrupção ganha terreno e tão cedo não vai acabar tem gente muito graúda explorando o que dá

Entre a o material predador vale a pena relacionar o correntão barulhento que o pessoal nunca param de usar O contrabando bamburra Muita gente a transitar principalmente com drogas, armas e munições A citação acima é apenas para iniciar a prostituição funciona dia e noite seja na beira das estradas nas balsas ou em outro qualquer lugar

São cada vez mais ativos e ninguém consegue parar escolhem as madeiras mais nobres para então saquear Não são ladrões vagabundos que afanam aqui e acolá é gente que veio de fora que tem muito dinheiro pra gastar A floresta está se acabando basta saber calcular vinte ou trinta porcento da mata já desapareceu do lugar A esperança de preservar a floresta é cada vez mais mais remota com pouca gente para lutar. (*) SOPREN/SOBRAMES

Toras tiradas da mata

Os ribeirinhos passando fome pois nem tem como se alimentar a fauna está acabando nem roçado podem botar revistaamazonia.com.br


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Revista

Edição 33 ISSN 1809-466X

R$ 12,00

Editora Círios

Ano 7 Número 33 2012 R$ 12,00 5,00

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