Revista REALIZAÇÃO
Ano 8 Nº 36 Janeiro/Fevereiro 2013 ISSN 1809-466X
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Editora Círios
Ano 8 Número 36 2013 R$ 12,00
A Conferência Sustainable Brands Rio 2013 chega ao Brasil com a crença de que, ao estimular o melhor da engenhosidade e inovação do homem, podemos transformar o modelo de se fazer negócios e, com isso, o mundo. Vamos conectar novas ideias e pessoas de diferentes perspectivas e disciplinas em um ambiente colaborativo de aprendizagem e ação. Conheça experiências concretas de empresas nacionais e internacionais sobre como viabilizar tecnologias e negócios transformadores. Sustainable Brands é uma comunidade internacional focada em compreender e alavancar o papel da marca na formação de um futuro próspero. Saiba mais: www.reportsustentabilidade.com.br/sb
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Rio de Janeiro • 8 e 9 de Maio
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DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NA AMAZÔNIA
12 REVISTA AMAZテ年IA
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Revista
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tecnológicas da educação brasileira até 2017
Laboratórios móveis, redes, inteligências colaborativas, geolocalização, aprendizado baseado em jogos, conteúdo aberto. Achou essa lista futurista demais para ser usado em escala nas escolas do Brasil, públicas e privadas? Talvez ela não seja tão inalcançável assim...
13 Educação sem distância em tempo de tecnologias móveis
Estamos caminhando para uma nova fase de convergência e integração das mídias: Tudo começa a integrar-se com tudo, a falar com tudo e com todos. Tudo pode ser divulgado em alguma mídia. Todos podem ser produtores e consumidores de informação...
Durante a abertura oficial da Campus Party 2013, o tradicional grito de “OOOOOO” que corre o tempo todo pelo pavilhão do Anhembi foi substituído por um minuto de silêncio em razão da tragédia em Santa Maria Responsável pela apresentação da abertura, Bruno Souza, presidente Instituto Campus Party Brasil, lembrou que as vítimas eram jovens celebrando suas conquistas, como todos os jovens presentes na Campus...
36 18ª Conferência das
Nações Unidas para o Clima A Conferência das Nações Unidas de Mudança do Clima, em Doha, Qatar, aconteceu no Centro de Convenção Nacional do Qatar, quando Abdullah bin Hamad Al-Attiyah do Qatar, foi eleito Presidente da COP18/CMP 8, em seguida os delegados se reuniram para as reuniões plenária de abertura da COP, a CMP, SBI e SBSTA e uma série de eventos paralelos...
48 Metade da comida
produzida todos os anos vai para o lixo
XPEDIENTE
PUBLICAÇÃO Período (janeiro/fevereiro) Editora Círios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 Belém-Pará-Brasil DIRETOR Rodrigo Barbosa Hühn
FAVOR POR
PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto Hühn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. Hühn
CIC
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18 6ª edição da Campus Party
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ARTICULISTAS/COLABORADORES Ana Gerschenfeld; Bernward Janzing; Brigitte Osterat; Camillo Martins Vianna, José Moran; Marion Hütler; Marisa Soares; Priscila Viudes; Torsten Schäfer FOTOGRAFIAS Adam Carvalho; Aldo Tramis; Antonio Cruz/Abr; Arnould Armands, Berta França; Crhis Artys,; Guarim de Lorena; Ingo Arndt;; Joel Sartere; Jose Cruz/ABr; Lucas Tolentino, ; Marcelo Camargo/ABr; Renata Azevedo; Riso Alvares; Romério Briglia; Rudolph Hühn, Sallie Shatz, Sergio Vale/ SecomAc; Sidney Traynham; Shutterstock e Zilfhes Wartys EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Editora Círios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro NOSSA CAPA Rubens Suruí, estudante de direito e Ivo Suruí, de Gestão Ambiental, em plena selva, na Terra Indígena Sete de Setembro no município Cacoal/RO, com seus Notebook’s. A Educação hi-tech chega à floresta. Internet muda hábitos e melhora a vida no interior da Amazônia. Foto: Acervo Metareila/Kaninde
Cerca de metade da comida produzida no mundo todos os anos vai para o lixo. Um estudo divulgado recentemente revela que 30 a 50% dos alimentos disponíveis não são consumidos, o que se traduz no desperdício de 1,2 mil milhões a dois mil milhões de toneladas de comida...
70 Anfíbios: espécies em
Mais conteúdo verde
Um terço das mais de seis mil espécies conhecidas de anfíbios estão ameaçadas de extinção ou já se extinguiram. Os anfíbios em geral – as rãs, as salamandras e as cecílias – estão realmente em declínio por algum tempo. Poluição, aquecimento global e destruição do habitat em conseqüência do desenvolvimento... [11] O Projeto Xixuaú de Educação na Amazônia [12] Professor norte-americano faz parceria em projeto na educação básica [16] Mudanças climáticas: uma questão de educação [29] Programa de ecoeficiência reduz gastos com água e luz em agências do BB [30] AGROEX aponta caminho para exportação [31] Pesquisa nacional terá investimento de R$ 370 milhões [32] Após 136 anos, o mapa-múndi das espécies animais foi atualizado [35] Presidenta Dilma quer estimular pesquisa e produção na área de biotecnologia [42] Pnuma e FAO lançam campanha para reduzir desperdício de alimentos no mundo [44] Diminuição da biodiversidade cria prejuízos financeiros para a humanidade [46] Brasil detém segunda maior área florestal do planeta [51] Soluções para reduzir a pegada ecológica [54] Exposição Brazilian Nature na Baviera [60] Combate à dengue deve ser reforçado no verão [62] Biofábrica Clones da Amazônia começa a operar em Rio Branco [74] Fungos são ameaça para plantações e biodiversidade [76] Peixes elétricos em Roraima [78] Lembranças da Amazônia brasileira
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06 As 12 tendências
Ano 8 Número 36 2013 R$ 12,00 5,00
DESAFIOS DA EDUCAÇ ÃO AMAZÔNNA IA
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As 12 tendências tecnológicas da educação brasileira até 2017 Estudo divulgado recentemente pelo Horizon Report Brasil aponta potenciais ferramentas tecnológicas a serem usadas na educação no Brasil nos próximos 5 anos Fotos: Guarim de Lorena
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aboratórios móveis, redes, inteligências colaborativas, geolocalização, aprendizado baseado em jogos, conteúdo aberto. Achou essa lista futurista demais para ser usado em escala nas escolas do Brasil, públicas e privadas? Talvez ela não seja tão inalcançável assim. O sistema Firjan reuniu um grupo de 30 especialistas para analisar o estado do uso da tecnologia em práticas no país e fez prognósticos sobre quais ferramentas já estarão sendo usadas em escala em um horizonte de até cinco anos. O estudo “As Perspectivas Tecnológicas para o Ensino Fundamental e Médio Brasileiro de 2012 a 2017: Uma Análise Regional do NMC Report”, divulgado recentemente, identifica 12 tecnologias emergentes que têm potencial para impactar o ensino, além das dez principais tendências e os dez maiores desafios da educação brasileira. Entre as 12 tecnologias apresentadas, quatro foram apontadas entre as que devem começar a fazer parte massivamente das salas de aula em menos de um ano:
Eduardo Eugenio, presidente da FIRJAN, Andrea Marinho, diretora de educação, Merval Pereira e Cristina Lobo, na exposição do Conecta 2012 06 REVISTA AMAZÔNIA
O estudo do Horizon Report Brasil
ambientes colaborativos, aprendizagem baseada em jogos e os dispositivos móveis representados por celulares e tablets; outras quatro estavam entre as que devem começar a ter seu uso mais frequente em dois ou três anos: redes, geolocalização, aplicativos móveis e conteúdo aberto; e mais quatro foram podem ser esperadas em um período de quatro ou cinco anos: inteligência cole-
tiva, laboratórios móveis, ambiente pessoal de aprendizagem e aplicações semânticas. (Alguns desses termos podem ainda não estar claros, por isso o Porvir preparou um infográfico explicativo, confira abaixo). Feito pela primeira vez no Brasil, o estudo insere um capítulo regional ao já tradicional Horizon Report, que anualmente faz previsões sobre o uso da tecnologia no universo educacional. O panorama global permitiu também comparações entre o contexto brasileiro e o internacional. Bruno Gomes, assessor de tecnologias educacionais do Sistema Firjan e participante tanto da pesquisa global quanto da nacional, ressalta alguns pontos em que nós nos distanciamos muito do mundo. “No Brasil, a gente já consegue ver o hardware, as coisas físicas em sala de aula, como o celular e o tablet. Mas falta a internet, então tudo que é feito na nuvem ou depende de uma rede boa e estabilizada vem depois”, diz. Por isso, enquanto nos países ibero-americanos e na pesquisa global a computação em nuvem é uma realidade esperada em um ano, os especialistas brasileiros nem sequer apostaram nela para um panorama de até cinco anos. “Outra curiosidade é que, conteúdo livre, que já está acontecendo no mundo, ainda não vai acontecer no Brasil neste ano. O brasileiro ainda é apegado à autoria”, acrescenta Gomes. Apesar das diferenças, alguns pontos são comuns em todas as partes do mundo, principalmente no que diz respeito aos desafios encontrados. “Formação de professores é um problema para o mundo”, ressalta Gomes. No relatório divulgado durante o evento Conecta 2012, os especialistas destacam também outra relevante coincidência entre o que esperam ver no Brasil e o que está posto no mundo. “Os 30 membros do conselho deste projeto concordaram com o conselho global em relação à tendência mais importante. Eles perceberam as portas se abrindo nas escolas de educação básica no Brasil para modelos de aprendizado híbrido e colaborativo”, afirmam os autores do relatório. revistaamazonia.com.br
Trabalho em grupos: Nesse tipo de ambiente, a interação acontece independente de onde os alunos estejam
Sala de aula do futuro no Conecta 2012
Tecnologias de sala de aula Especialistas indicam 12 ferramentas que estarão nas escolas até 2017
1 ano ou menos – Polarização de dispositivos
Ambientes colaborativos - Espaços online que visam facilitar a colaboração e o trabalho em grupos. Nesse tipo de ambiente, a interação acontece independente de onde os alunos estejam. Aprendizagem baseada em jogos - Interação de jogos nas experiências educacionais; os benefícios têm se comprovado em desenvolvimento cognitivo, colaboração, solução de problemas e pensamento crítico. Celulares - Especialmente quando se fala em smartphones, são o ponto de convergência de muitas tecnologias; permitem acesso a um volume muito
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da FIRJAN, na abertura no Conecta 2012
grande de informações na palma da mão. Tablets - Como os celulares, têm a facilidade da mobilidade e possibilitam aulas dentro e fora da escola. Dispositivos aumentam o leque de recursos pedagógicos Aprendizagem baseada em jogos e os dispositivos móveis representados por celulares e tablets
Salas de aula irão se tornar cada vez mais digitais e interativas revistaamazonia.com.br
2 a 3 anos – Uso dos softwares
Redes - Investimento em banda larga para grandes eventos esportivos e o maior número de smartphones facilitam acesso rápido, barato e fácil a todos os tipos de informação. Geolocalização - Ferramentas recentes permitem a determinação da localização exata de objetos físicos,
Alguns pontos são comuns em todas as partes do mundo REVISTA AMAZÔNIA 07
Na sala de aula do futuro, os alunos não usam caneta e nem lápis
além da combinação com dados sobre outros eventos, objetos ou pessoas. Aplicativos móveis - Nova indústria de desenvolvimento de softwares cria um universo de novas possibilidades educacionais, com compartilhamento de descobertas em tempo real. Conteúdo aberto - Conteúdo disponibilizado gratuitamente, via web, dá acesso não apenas à informação, mas ajuda no desenvolvimento de habilidades de pesquisa, avaliação e interpretação.
4 a 5 anos – Apropriação dos softwares
Inteligência coletiva - Conhecimento existente nas sociedades ou em grandes grupos. Como hoje a produção de conhecimento não é mais um monopólio, várias redes são criadas cotidianamente. Laboratórios móveis - A tecnologia facilitou que pesados equipamentos, antes disponíveis apenas em bons laboratórios de ciências pudessem ser inseridos em simples celulares. Ambiente pessoal de aprendizagem - Formado por uma coleção pessoal de ferramentas montadas para apoiar seu próprio aprendizado; lista é organizada de forma independente e é focada em objetivos individuais Aplicações semânticas - Aplicativos que organizam informações de várias fontes e fazem associações entre elas, apresentando o resultado de forma atraente ao usuário.
Ferramentas montadas para apoiar o aprendizado Mesas touch-screen que podem ser usadas simultaneamente por mais de uma pessoa,nas salas de aula do futuro
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Os dez principais desafios
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s dez desafios classificados como os mais importantes em termos de impacto no ensino/aprendizado nas escolas brasileiras nos próximos cinco anos estão listados aqui, na ordem de importância atribuída a eles pelo conselho. 1) A formação dos professores deveria ser modificada para ser adaptada aos novos estudantes e às novas tecnologias. Os programas de ensino dos professores devem refletir as necessidades dos estudantes dos dias de hoje, que chegam ao ambiente escolar já acostumados a uma cultura de interatividade com o mundo e ideias. As escolas brasileiras não estão atualmente preparadas para tais estudantes e não estão se adaptando tão rápido como poderiam. Os programas de formação inicial de professores precisam in¬tegrar a tecnologia adequadamente com a pedagogia. Os recém-formados devem ter uma mínima compreensão de como as tecnologias comumente utilizadas fora das esco¬las podem ser aplicadas no ensino e no aprendizado. 2) Utilizar a tecnologia não é suficiente, também é necessário modificar as metodologias de ensino. Agora que a informação pode ser acessada a qualquer momento e de qualquer lugar, o papel do professor está mudando. Os professores têm a responsabilidade de guiar os estudantes, de ajudá-los a encontrar os recursos necessários na internet, de avaliar de forma crítica suas escolhas e de utilizar a tecnologia para apoiar seu aprendizado. Novas pedagogias móveis e que envolvam a internet são necessárias e novas ideias, como a Flipped Classroom, devem ser aplicadas. 3) O programa educacional precisa ser reinventado. Grande parte do programa escolar atual disponível nas escolas brasileiras foi desenvolvida para um ambiente de aprendizado do tipo lápis e papel, guiado pelo professor. À medida que os estudantes são cada vez mais capazes de acessar a internet e outras tecnologias fora da escola, espera-se que o acesso na escola seja ainda maior. Atividades interdisciplinares e o aprendizado mais ativo são cada vez mais vistos não apenas como abordagens valiosas, mas também como meios para desenvolver as competências do século 21. O diálogo entre universidades, escolas e partes interessadas, que levaria a uma nova perspectiva nacional, neste momento ainda não estão ocorrendo. 4) Incorporar experiências da vida real no aprendizado nem sempre acontece, e quando acontece, não são valorizadas. Este desafio é importante nas escolas primárias e secundárias, pois ele resulta em falta de envolvimento no aprendizado do lado dos estudantes que estão buscando relações entre suas próprias vidas e suas experiências escolares. O uso de revistaamazonia.com.br
ferramentas tecnológicas que já são familiares aos alunos, o uso de práticas de aprendizado baseadas em projetos que incorporem experiências da vida real e a orientação dos membros da comunidade são algumas práticas que apoiam um envolvimento maior. Práticas como essas podem ajudar a manter os estudantes na escola e prepará-los para uma educação, carreira e cidadania posteriores de uma forma que as práticas tradicionais não estão obtendo sucesso. 5) O Brasil precisa de uma infraestrutura melhor para fazer uma utilização completa da Internet. A falta de banda larga suficiente no Brasil é um grande obstáculo para o acesso a recursos, colaboração online e muitas outras atividades comuns em outras partes do mundo, mas que são pouco conhecidas no Brasil. Embora muitos professores e alunos já possuem dispositivos móveis, tarefas simples como navegar na internet ainda não são comuns em grande parte da nação. Este desafio estimulou as iniciativas governamentais, tais como o Plano Nacional de Banda Larga, para expandir o acesso à banda larga, na esperança de que uma vez que o acesso à internet se torne mais onipresente seja mais provável que as escolas utilizem as tecnologias normalmente utilizadas para o ensino e aprendizado em outras partes do mundo. 6) As métricas apropriadas de avaliação não atendem a emergência de novas formas acadêmicas de autoria, publicação e pesquisa. As abordagens tradicionais para avaliações acadêmicas como as métricas baseadas na citação, por exemplo, são, muitas vezes, difíceis de aplicar à pesquisa que é disseminada ou conduzida através de mídias sociais. Novas formas de análise a aprovação por colegas, tais como a classificação de leitores, inclusão e menção de blogs influentes, marcações, endereços, e retuites estão se originando das ações naturais da comunidade global de educadores, com resultados cada vez mais interessantes e relevantes. Essas formas de colaboração erudita ainda não são bem compreendidas pela corrente vigente de tomadores de decisões acadêmicas e de faculdades, criando uma lacuna entre o que é possível e o que é aceitável. 7) As escolas precisam abraçar a crescente mistura de aprendizado formal e informal. Palestras tradicionais e testes subsequentes ainda são veículos dominantes de aprendizado nas escolas brasileiras. A fim de que os alunos obtenham uma educação completa com experiência de mundo real, eles também devem envolver-se em atividades mais informais dentro da sala de aula como também aprender a aprender fora da sala de aula. A maior parte das escolas não está encorajando os alunos a fazerem isto, nem experimentam arriscar com o aprendizado dos mesmos – mas um novo modelo, REVISTA AMAZÔNIA 09
chamado de “flipped classrom”, está abrindo as portas para novas abordagens. A “flipped classrom” utiliza a abundância de vídeos na internet para permitir que os alunos aprendam novos conceitos e materiais fora da escola, preservando assim o tempo dentro da sala para discussões, colaboração com os colegas de sala, solução de problemas e experimentos. 8) A qualidade do ensino público precisa ser melhorada. Existem muitos obstáculos no caminho da melhoria das escolas em geral no Brasil, incluindo o uso inadequado (ou inapropriado) de fundos disponíveis, a constante necessidade por mais fundos, o adiamento na manutenção da escola, os baixos salários e condições de trabalho inapropriadas para os professores. O sistema de ensino público precisa de uma administração melhor e com mais experiência para abordar estes desafios, pois atualmente muitas decisões são feitas para o ganho político, em vez do ganho educacional. Os tomadores de decisão que conhecem os benefícios da colaboração e como a tecnologia pode ser aplicada para encarar os desafios que as escolas encaram poderiam criar um verdadeiro impacto na qualidade geral das escolas. 9) Muitas atividades relacionadas ao aprendizado e ensino ocorrem fora das salas de aula e, assim, não são
parte das métricas de ensino tradicionais. Os alunos podem explorar o aprendizado de materiais já presentes em muitas situações não relacionadas à escola, como em jogos e programas que eles talvez já possuam em casa, ou através de suas vastas – e sempre disponíveis – redes sociais. As experiências que acontecem dentro e por perto desses locais são difíceis de serem ligadas à sala de aula, pois elas tendem a acontecer por acaso em resposta a uma necessidade imediata por conhecimento, em vez de serem relacionadas a assuntos estudados na escola. 10) Colocar a tecnologia do século 21 em escolas do século 19 é um verdadeiro empreendimento. Os métodos do século 19 mantém uma forte influência sobre as práticas de ensino em muitas escolas do Brasil hoje em dia, da natureza arcaica e industrial de prédios escolares existentes até os antigos modelos de aprendizado e processos neles congregados. As escolas brasileiras estão claramente sofrendo pressão para mudar. Muitos vêem as novas tecnologias e novas ferramentas como o antídoto para um sistema que precisa urgentemente de uma atualização. A tarefa é enorme e as áreas rurais do país são as que precisarão encarar o maior desafio, não apenas em termos de infraestrutura básica de informação e economia, mas também em termos de cultura e expectativas.
Atividade para proporcionar o desenvolvimento do raciocínio através da observação da comparação dos objetos
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O Projeto Xixuaú de Educação na Amazônia Hoje, todas as crianças aprendem a ler e escrever e recebem educação primaria
Uma das prioridades do projeto Xixuaú é a de assegurar uma educação apropriada para as crianças da região
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projeto Xixuaú atua no rio Jauaperi, no extremo sul do estado de Roraima e teve início em 1992, em resposta à tendência de emigração para os centros urbanos por falta de oportunidades, típica da região amazônica. Desde então o projeto tem funcionado como atrativo de presença humana, e atualmente cerca de 20 famílias vivem na área, trabalhando juntas para melhorar sua qualidade de vida, e pela conservação da floresta amazônica e a defesa da cultura tradicional local. Uma das prioridades do projeto Xixuaú é a de assegurar uma educação apropriada para as crianças da região. Este é um grande desafio em toda a Amazônia: os níveis de alfabetização são baixos e bons professores são difíceis de encontrar. E ainda mais difícil é fazê-los permanecer em seus postos, pois muitas escolas possuem
somente um professor em uma sala de aula, e eles frequentemente precisam deixar a escola por semanas até mesmo para buscar seus salários. O projeto abriu duas escolas primárias na região do Jauaperi, uma no Xixuaú e outra em Samaúma (uma comunidade vizinha). A primeira escola primária no Xixuaú foi em seguida substituída por um edifício mais amplo que inclui uma cozinha adjacente. Hoje, todas as crianças aprendem a ler e escrever e recebem educação primaria. A criação de uma escola secundária é um desafio ainda maior: atualmente a única escola secundária no rio Jauaperi fica na comunidade São Pedro, a três horas de barco do Xixuaú. A única alternativa dos pais é mandar para ali seus filhos, apesar dos riscos com a falta de alojamentos e supervisão para adolescentes. Alguns pais mandam seus filhos para cidades como Manaus, se tiverem ali Além da educação, alimentação apropriada para as crianças da região
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amigos ou parentes que os hospedem, apesar de, neste caso, arriscarem a perda de suas raízes e tradições. A instalação de internet via satélite, alimentada com painéis solares, proporcionou a criação de um centro multimídia, fornecendo acesso à rede, uma realidade pouco acessível nas comunidades da Amazônia. Foram chamados diversos voluntários para ensinar informática, para que a comunidade desfrutasse ao máximo esse recurso e superasse o isolamento, comunicando-se com o mundo exterior com sua própria voz. Em 2009, o projeto criou a Cooperativa do Xixuaú (CoopXixuaú). Novas oportunidades econômicas, como ecoturismo de base comunitária, locação cinematográfica e comercialização de produtos florestais foram então introduzidas na região. Site: http://www.amazoniacomunitaria.org/comunidade-xixuau/
A instalação de internet via satélite, alimentada com painéis solares, proporcionou a criação de um centro multimídia, fornecendo acesso à rede, uma realidade pouco acessível nas comunidades da Amazônia
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Professor norte-americano faz parceria em projeto na educação básica Fotos: José Cruz/ABr
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egundo informou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, a presidenta Dilma Rousseff convidou o educador/professor norte-americano Salman Khan a firmar uma parceria na realização de pesquisas pedagógicas no país. O foco principal seria os anos iniciais da educação básica. O professor é fundador da Khan Academy, organização sem fins lucrativos com mais de 3,8 mil videoaulas gratuitas postadas na internet, com 200 milhões de acessos. De acordo com Mercadante, a faixa etária recebe atenção especial do governo com o Pacto Nacional pela Educação na Idade Certa, acordo formal assumido pelos governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municípios para a alfabetização até os 8 anos de idade. “A presidenta apresentou para Khan o pacto. Nada acontece se as pessoas não souberem ler e escrever. Temos grande potencial de uma parceria onde Khan está convidado a estabelecer participação conjunta para a alfabetização dessa faixa etária”. O ministro afirmou que foi reforçada também a parceria com a Fundação Lemann http://www.fundacaolemann. org.br/khanportugues/, responsável pela tradução dos vídeos de Khan e divulgação em 200 escolas no estado São Paulo. A intenção do ministério é levar os vídeos aos professores de escolas públicas em todo o país. Os vídeos apresentam de forma didática conteúdos de física, quíQueremos tornar a educação, não em algo escasso, mas em um direito humano que todas as pessoas possam ter
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Aloizio Mercadante, ministro da Educação, fala com a imprensa após encontro da presidenta Dilma Rousseff com Salman Khan, no Palácio do Planalto
mica, matemática e biologia. De acordo com o ministro, são áreas de deficiência de conhecimento. A intenção é que os vídeos sejam apresentados aos professores para que eles possam melhorar as aulas e, se quiserem, mostrar os vídeos aos alunos. Salman Khan realizou seminário no Ministério da Educação sobre a necessidade de rever o funcionamento do sistema educacional. O professor defende o uso de tecnologias, mas elas não podem atrapalhar o contato entre as pessoas. “O tempo em classe deve ser usado para a interação”, disse em coletiva após reunião com a presidenta. Os vídeos produzidos pela Khan Academy são gratuitos e possuem mais de 6 milhões de acessos mensais. As aulas tratam de diversos assuntos. Além de matemática, física, química e biologia, foram gravadas aulas sobre história e história da arte, ciências da computação e economia. Os vídeos foram traduzidos em dez idiomas, entre eles o português e podem ser acessados no Portal do Professor, no site do Ministério da Educação: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/buscaGeral. html?busca=khan&x=0&y=0
Salman Khan, defendeu o uso da educação digital como forma de democratizar o acesso ao ensino de qualidade. “O conteúdo ao qual o filho dos mais ricos tem acesso pode ser dado aos menos servidos de educação. Queremos tornar a educação, não em algo escasso, mas em um direito humano que todas as pessoas possam ter”, disse. O material deverá integrar o conteúdo dos tablets a serem distribuídos, este ano, pelo Ministério da Educação (MEC) aos professores do ensino médio, informou Mercadante. As aulas podem ser acessadas gratuitamente na internet. “É mais uma opção que o professor tem para ver boas aulas, práticas didáticas exitosas e isso vai enriquecer o repertório dele. Se o professor e a rede municipal ou estadual tiverem interesse de utilizar de uma forma mais intensa, o MEC está disposto a apoiar, não só essa plataforma, mas outras similares”, explicou o ministro. Graduado pelo renomado Instituto de Tecnologia de Massachusets (MIT, sigla em inglês) e com MBA pela Universidade de Harvard, Khan trabalhou no mercado financeiro antes de se tornar conhecido no mundo virtual por postar aulas sobre matemática, física, biologia, química e outras disciplinas, o que o levou a criar uma organização acadêmica. Na avaliação de Khan, ferramentas tecnológicas otimizam o tempo dos professores e contribuem para ampliar o contato entre aluno e professor e estimulam o aprendizado individualizado.
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Educação sem distância em tempo de tecnologias móveis
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stamos caminhando para uma nova fase de convergência e integração das mídias: Tudo começa a integrar-se com tudo, a falar com tudo e com todos. Tudo pode ser divulgado em alguma mídia. Todos podem ser produtores e consumidores de informação. A digitalização traz a multiplicação de possibilidades de escolha, de interação. A mobilidade e a virtualização nos libertam dos espaços e tempos rígidos, previsíveis, determinados. O mundo físico se reproduz em plataformas digitais e todos os serviços começam a poder ser realizados física ou virtualmente. Há um diálogo crescente, muito novo e rico entre o mundo físico e o chamado mundo digital, com suas múltiplas atividades de pesquisa, lazer, de relacionamento e outros serviços e possibilidades de integração entre ambos, que impactam profundamente a educação escolar e as formas de ensinar e aprender a que estamos habituados. As tecnologias digitais móveis desafiam as instituições a sair do ensino tradicional em que o professor é o centro, para uma aprendizagem mais participativa e integrada, com momentos presenciais e outros com atividades a distância, mantendo vínculos pessoais e afetivos, estando juntos virtualmente. Podemos utilizar uma parte do tempo de aprendizagem com outras formas de aulas, mais de orientação a distância. Não precisamos resolver tudo dentro da sala de aula.
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por José Moran*
A obra analisa principalmente as mudanças que as tecnologias trazem para a educação presencial e a distância, em todos os níveis de ensino, sem esquecer o papel que professores e gestores terão que desempenhar nessa revolução
As tecnologias digitais móveis provocam mudanças profundas na educação presencial e a distância. Na presencial, desenraizam o conceito de ensino-aprendizagem
O avanço impressionante de computadores e tablets está personalizando claramente o processo de aprendizagem
localizado e temporalizado. Podemos aprender desde vários lugares, ao mesmo tempo, on e off-line, juntos e separados. Na educação a distância permitem o equilíbrio entre a aprendizagem individual e a colaborativa, de forma que os alunos de qualquer lugar podem aprender em grupo, em rede, da forma mais flexível e adequada para cada aluno. As tecnologias móveis ampliam as possibilidades de aprender juntos tanto do ponto de vista de aprendizagem como comercial. Muitos cursos são ofertados de forma ampla para usuários no mundo inteiro, de forma gratuita. Alguns deles podem ser certificados por instituições de renome. Outros cursos são construídos com a intensa contribuição dos alunos. Partem de uma proposta básica pré-definida, que se amplia na medida em que o curso avança, enriquecendo-a e transformando-a. São inúmeras as iniciativas de compartilhamento, de aprendizagem informal, de recursos abertos, que sinalizam um mundo com cada vez mais opções de aprender para quem tiver interesse e motivação A chegada das tecnologias móveis à sala de aula traz tensões, novas possibilidades e grandes desafios. As próprias palavras “tecnologias móveis” mostram a contradição de utilizá-las em um espaço fixo como a sala de aula: elas são feitas para movimentar-se, para levá-las para qualquer lugar, utilizá-las a qualquer hora e de muitas formas. Como conciliar mobilidade e espaços e tempos previsíveis? Por que precisamos estar sempre juntos para aprender? A escola precisa entender que uma parte cada vez maior da aprendizagem pode ser feita sem estarmos na sala de aula e sem a supervisão direta do professor. Isso assusta, mas é um processo inevitável. Em lugar de ir contra, por que não experimentamos modelos mais flexíveis? Por que obrigar os alunos a ir todos os dias e repetir os mesmos rituais nos mesmos lugares? Não faz mais sentido. A organização industrial da escola em salas, turmas e horários é conveniente para todos – pais, gestores, professores, governantes – menos para os mais diretamente interessados, os alunos. Com as tecnologias atuais a escola pode transformar-se em um conjunto de espaços ricos de aprendizagens REVISTA AMAZÔNIA 13
O mundo físico se reproduz em plataformas digitais e todos os serviços começam a poder ser realizados física ou virtualmente
significativas, presenciais e digitais, que motivem os alunos a prender ativamente, a pesquisar o tempo todo, a serem pró-ativos, a saberem tomar iniciativas, a saber inter-agir.
Integrar mais o ensino presencial e a distância
Educação sem distância A palavra distância remete aos primeiros tempos do ensino por correspondência, quando os alunos recebiam o material pelo correio. Hoje estamos conectados por voz, vídeos, redes sociais. Podemos estar longe e perto, porque estamos conectados. A educação a está impregnada de significados muito controvertidos. Muitos não acreditam que possamos aprender sem um professor na frente, como sempre aconteceu. A educação a distância está modificando todas as formas de ensinar e aprender, inclusive as presenciais, que começam a utilizar cada vez mais metodologias semi-presenciais, flexibilizando a necessidade de presença física, reorganizando os espaços e tempos, as mídias, as linguagens e os processos presenciais e digitais. Ainda há resistências e preconceitos e ainda estamos aprendendo a gerenciar processos complexos de EAD, mas um país do tamanho do Brasil só pode conseguir superar sua defasagem educacional através do uso intensivo de tecnologias em rede, da flexibilização dos tempos e espaços de aprendizagem, da gestão integrada de modelos presenciais e digitais. Regiões como a Amazônia, com comunidades distantes e com infraestrutura de comunicação precária, precisam desesperadamente de soluções educacionais adequadas para educar a toda a sua população ao longo da vida, para que se sintam participantes, protagonistas das suas vidas e tenham acesso a todas as possibilidades de desenvolvimento pessoal, profissional e social de um país que evolui rapidamente como o Brasil. A educação a distância ainda é vista como ensino técnico, de formação de mão de obra qualificada para o trabalho, 14 REVISTA AMAZÔNIA
de educação básica de adultos (EJA). O Brasil entrou no ensino superior a distância há pouco mais de dez anos, enquanto que a maior parte dos países já a pratica há mais de cinquenta. Mesmo assim, mais de um milhão de alunos, quase vinte por cento de todos os alunos de ensino superior, estudam a distância. Há um mercado inexplorado de milhões de adultos que não puderam estudar, quando mais jovens, ou que agora podem fazê-lo ou precisam de um diploma por terem mudado de área profissional ou porque querem melhorar suas vidas. A EAD é ainda pouco reconhecida, apoiada nas instituições superiores. Só dez por cento atua na modalidade a distância. Em muitas, a EAD tem pouco poder, recursos e representatividade organizacional. Muitas áreas de conhecimento, como as da saúde, confundem educação a distância com cursos só pelo computador e se posicionam contra a EAD de uma forma simplista. É possível
ter qualquer curso, em qualquer área, incluso a Medicina com modelos parcialmente a distância. Ninguém imagina um curso na saúde, sem laboratórios e práticas. Mas isso não justifica um veto frontal à EAD. É contraditória a postura da Ordem dos Advogados do Brasil que veta praticamente a graduação a distância num curso que no presencial é oferecido oralmente, com poucos recursos. Por que não pode ser feito a distância, desde que o projeto seja consistente e com bons profissionais?. Há Conselhos Federais de classe, como o de Serviço Social, que criticam a EAD de uma forma generalizada e simplista. Eles têm razão quando criticam cursos a distância sem qualidade, como se fossem puramente a la carte, sem nenhum apoio de bons profissionais, mas afirmam nas entrelinhas que nenhum curso a distância possam equiparar-se aos presenciais. As últimas avaliações desmentem a alegada diferença entre resultados dos alunos de curso presencias e a distância. Em média, os alunos de EAD se saem dois por cento melhor do que no presencial, no Enade, entre 2007 e 2009. Não é um resultado espetacular , mas mostra que é possível preparar alunos com qualidade. A divulgação desses dados de forma mais seguida contribuirá para diminuir o preconceito atual de uma parte da sociedade. Temos problemas no mestrado e doutorado, onde é muito difícil aprovar um programa a distância na Capes, com exceção de dois tímidos mestrados profissionais em universidades públicas.
A educação a distância como opção estratégica Um país gigantesco como o Brasil precisa de muitas mais instituições que ofereçam todas as opções possíveis de cursos a distância, para poucos e para muitos alunos, com modelos mais ao vivo e outros gravados, com mais ou menos tutoria, dependendo do tipo de curso e de aluno. A EAD é cada vez mais complexa, porque está crescendo em todos os campos, atendendo mais pessoas, com modelos diferentes, num cenário de dramáticas mudanças tecnológicas, de mobilidade e de processos. Temos modelos de EAD de alta escalabilidade, com transmissão de aulas por satélite, que se expandem nacional e internacionalmente e atendem cada vez a mais alunos, em mais cidades, perto de onde eles estão. Desenvolvem cursos mais atualizados, com forte interação audiovisual, variedade de oferta e custos reduzidos. Este é o caminho escolhido por alguns grandes grupos e marcas, que detêm mais da metade de toda a demanda. Temos a Educação a distância mais digital, na WEB, com mais apoio a distância e alguns momentos presenciais. Algumas instituições atendem a um público de maior poder aquisitivo e outras a um público de renda mais baixa. Temos também a EAD para atendimento de segmentos específicos, regionais ou temáticos. As instituições atuam em áreas com competência comprovada. Focam públicos definidos. É a opção viável para a maior parte das instituições. revistaamazonia.com.br
Um caminho possível e até agora não bem sucedido é o de participar de consórcios e parcerias. Já foi tentado várias vezes. É importante, mas não fácil de conseguir, depende de sinergia de valores e capacidade de gerenciar diferenças pessoais e institucionais. Só parcerias bem sucedidas podem enfrentar, a médio prazo, os grandes grupos que atuam nacionalmente. O avanço impressionante de computadores e tablets está personalizando claramente o processo de aprendizagem. Não podemos dar o mesmo conteúdo e atividades para todos, no mesmo ritmo. Os alunos querem ser tratados de forma mais individualizada. Caminhamos de uma EAD mais industrial, massiva, de produto pronto, igual para todos, para modelos bem mais flexíveis, que combinam o melhor do percursos individual com momentos de aprendizagem em grupo, de colaboração intensa.As tecnologias WEB 2.0, gratuitas e colaborativas, facilitam a aprendizagem entre colegas, próximos e distantes. Tudo caminha para ser mais aberto, ágil, intuitivo (touchscreen ou telas sensíveis ao toque, como nos tablets). Falta no Brasil melhorar os preços destes equipamentos (essa perspectiva é próxima) e melhorar a banda larga (ainda falta muito).
Tudo caminha para ser mais aberto, ágil, intuitivo (touchscreen ou telas sensíveis ao toque, como nos tablets)
Regiões como a Amazônia, com comunidades distantes e com infraestrutura de comunicação precária, precisam desesperadamente de soluções educacionais adequadas
Integrar mais o ensino presencial e a distância Para que as instituições grandes e pequenas possam continuar no ensino superior, é importante que assumam o mesmo modelo de currículo e oferta no presencial e no EAD. Que elaborem um projeto estratégico único e integrado, que permita a sinergia entre equipes, metodologias, conteúdo, infraestrutura, marketing. O caminho é o da convergência em todos os campos e áreas: prédios (EAD também dentro de unidades presenciais – pólos); integração de plataformas digitais; produção digital de conteúdo integrada (os mesmos materiais para as mesmas disciplinas do mesmo currículo). Isso favorece a mobilidade de alunos e professores. Alunos podem migrar de uma modalidade para outra sem problemas, podem fazer algumas disciplinas comuns – alunos a distância e presenciais cursando disciplinas comuns. Professores podem participar das duas modaO professor José Manuel Moran tem experiência na área de Comunicação e Educação, com ênfase em inovações na educação presencial e a distância
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lidades e ter maior carga docente. Isso permite maior interoperabilidade de processos, pessoas, de produtos e metodologias, com grande escalabilidade, visibilidade e redução de custos. Os alunos poderão escolher o modelo que mais lhes convier, aprenderão mais e as instituições poderão oferecer um ensino de qualidade, moderno e dinâmico, a um custo competitivo. O sistema bi-modal, semi-presencial – parte presencial e parte a distância - se mostra o mais promissor para o ensino nos diversos níveis. Combina o melhor da presença física com situações em que a distância pode ser mais útil, na relação custo-benefício. Nos cursos presenciais poderíamos flexibilizar a relação presencial-digital de forma progressiva. No primeiro ano, as atividades aconteceriam mais na sala de aula. Haveria uma ênfase maior na aprendizagem do uso das tecnologias digitais feito no laboratório até o aluno ter o domínio do virtual e poder fazê-lo a distância. Vale a pena rediscutir o limite de 20% de disciplinas online, imposto pelo MEC. Por que 20 e não 30 ou 50? As instituições poderiam flexibilizar seus currículos até chegar a uma carga horária média de 50% para aulas presenciais e 50% a distância. Cada instituição terá de definir qual é o ponto de equilíbrio entre o presencial e o virtual, de acordo com cada área do conhecimento. Isso porque há disciplinas que necessitam mais da presença física, como as que utilizam laboratório ou interação corporal (dança, teatro etc.). O importante é experimentar várias soluções nos diversos cursos.
Sem esse balanceamento, a educação não conseguirá avançar no ritmo necessário para acompanhar a progressiva complexificação da sociedade e das aceleradas mudanças que todos experimentamos. Em todos os currículos, as disciplinas mais centradas no conteúdo podem ser semi-presenciais. Só as de laboratório, de práticas podem ser mais presenciais e, mesmo essas, podem ser pensadas de forma diferente (laboratórios digitais, integrados, ao menos parcialmente). A conjugação de inovação e redução de custos é poderosa e possível. As instituições que implantam um modelo, que equilibre economia com inovação, serão vencedoras e avançarão muito mais rapidamente do que as que continuem repetindo, ano após ano, o mesmo modelo convencional ultrapassado. Encontramo-nos no meio de muitas mudanças, em uma fase em que temos que repensar a educação como um todo, em todos os níveis e a legislação da educação a distância é bastante detalhista e restritiva. Precisamos ter sensibilidade legal para evitar uma asfixia burocrática numa fase de grandes mudanças, e ao mesmo tempo sinalizar alguns limites para cada momento histórico. Estamos numa área onde conceitos como o de espaço, tempo, presença (física/virtual) são muito mais complexos e que exigem uma atenção redobrada para superar modelos convencionais, que costumam servir como parâmetro para avaliar situações novas. [*] Diretor de Educação a Distância da Universidade Anhanguera – Uniderp e Professor de Novas Tecnologias na USP (aposentado) e-mail moran10@gmail.com
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Mudanças climáticas: uma questão de educação
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edagogos ambientais pesquisam maneiras mais eficientes de transmitir informações ambientais. O tema deve ser abordado em cursos universitários, escolas e na formação de jornalistas. Todo mundo discute as mudanças climáticas. Muitas notícias tratam desse tema, que também é considerado uma das grandes questões da política ambiental desta década. Pelo menos essa é a impressão que ficou após as últimas Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2012, no México, de 2011, na África do Sul, e de 2012, no Catar. Porém, uma pesquisa realizada pela Comissão Europeia revelou que essa impressão não condiz com a realidade. Os resultados indicaram que um quarto dos europeus são céticos com relação às mudanças climáticas. Além disso, quase metade dos entrevistados não se considera bem informado sobre o aquecimento global. “Em geral, há um conhecimento superficial. Quando se trata de um tema específico, a maioria da população sabe pouco sobre o assunto”, conta Udo Kuckartz, professor de Pedagogia da Universidade de Marburg. “Precisamos de novos modelos educacionais para tratar das questões climáticas e abordagens que transformem conhecimentos em atitudes pró-ambientais.”
por Torsten Schäfer Na última década foram criados vários cursos universitários com foco em clima e energia
Da teoria à prática Kuckratz, um dos pesquisadores sobre consciência ambiental mais conhecidos da Alemanha, levanta a seguinte questão: Qual é o método didático mais eficiente para se abordar a mudança climática com o objetivo de gerar ações a favor do meio ambiente? Pedagogos e psicólogos
Educação ambiental na prática: crianças plantam árvores para aprender sobre emissões de dióxido de carbono 16 REVISTA AMAZÔNIA
do mundo inteiro trabalham em pesquisas nessa área. A mudança climática é um novo campo de investigação. A maioria das pesquisas parte do seguinte princípio: descobrir quais são os modelos didáticos utilizados atualmente para tratar dessa questão e quais deles mostram-se eficientes em escolas e cursos de graduação e pós-graduação. Segundo Gerhard de Haan, professor de Pedagogia da Universidade Livre de Berlim (FU Berlin), a maioria dos cursos que abordam a temática é de formação profissional complementar, voltada para adultos. De Haan destaca a eficiência de bolsas para pesquisa, como as concedidas pela Fundação Humboldt a pesquisadores de países emergentes e em desenvolvimento. Através desse programa, os bolsistas podem trabalhar por um ano em projetos energéticos e climáticos em universidades alemãs. “Essas ações são muito eficientes, pois focam em multiplicadores e são voltadas para o lado econômico. Fundações, empresas e governo deveriam oferecer mais bolsas como essa”, diz. Vários grupos de empresas já financiam pesquisadores. “Tem muita coisa acontecendo no momento”, diz Kuckartz. Além disso, há iniciativas governamentais, como na Dinamarca. Por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de Copenhague, em 2009, o governo distribuiu bolsas de estudo para estudantes estrangeiros em áreas como tecnologia eólica, engenharia e química ambiental. revistaamazonia.com.br
Mudanças climáticas e proteção das espécies: novos métodos de ensino
Formação de jornalistas: EUA como modelo
Novos programas de estudo Kuckartz observou que na última década foram criados vários cursos universitários com foco em temas como clima e energia. “Entretanto, a maioria deles é nas áreas de ciências naturais ou administração ambiental. Cursos com conteúdos sociais quase inexistem.” Há também um déficit nas escolas. “Educação ambiental é um tema tratado, principalmente, nas aulas de geografia e não em outras disciplinas, como biologia, política e ciências sociais”, explica De Haan. Além disso, o conteúdo ambiental não faz parte da grade curricular dos cursos de formação dos futuros professores. Posteriormente, os docentes decidem se abordarão ou não o tema em suas aulas. Existem, entretanto, algumas iniciativas regionais. É o caso do programa de formação complementar Coragem para a Sustentabilidade, financiado pela Unesco. Esse
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Udo Kuckartz, professor de Pedagogia da Universidade de Marburg: Em geral, há um conhecimento superficial. Quando se trata de um tema específico, a maioria da população sabe pouco sobre o assunto
projeto foi desenvolvido por um grupo de fundações em parceira com o governo federal alemão e é oferecido aprofessores dos estados de Hessen, Sarre e Renânia-Palatinado. Mas a oferta ainda é pequena. “Apenas 5% das escolas são alcançadas pela iniciativa”, diz Kuckartz.
A falta de conhecimento sobre questões relacionadas ao meio ambiente também atinge outros setores. Os meios de comunicação de massa são os principais fornecedores de informação sobre o clima. No entanto, na Europa faltam disciplinas sobre esse tema nas grades universitárias para os estudantes de jornalismo. Já nos Estados Unidos, há vários cursos de jornalismo ambiental. Também são frequentes os debates especializados sobre o tema. Há ainda atores internacionais relevantes na área, como a Sociedade de Jornalistas Ambientais (SEJ), que foca na questão de como produzir melhores matérias sobre clima e meio ambiente. Porém, o jornalismo europeu parece estar se mexendo, dedicando-se com cada vez mais frequência aos temas clima e sustentabilidade. Grandes eventos deram um novo sentido à temática, como o Global Media Forum da DeutscheWelle de 2010 – voltado à formação de jornalistas sobre as mudanças climáticas.
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Grupo nde do No esta or Banco do Segurad a Mapfre trazs Brasil e as com game l fliperams como Morta ter clássicot e Street Figh Komba
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Fotos: Aldo Tramis; Berta França; Marcelo Camargo/ ABr; Riso Alvares
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urante a abertura oficial da Campus Party 2013, o tradicional grito de “OOOOOO” que corre o tempo todo pelo pavilhão do Anhembi foi substituído por um minuto de silêncio em razão da tragédia em Santa Maria Responsável pela apresentação da abertura, Bruno Souza, presidente Instituto Campus Party Brasil, lembrou que as vítimas eram jovens celebrando suas conquistas, como todos os jovens presentes na Campus. Ghissia Hauser,representante da Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Sul, agradeceu a todas as ações de caridade e de apoio demonstradas. Na sequência Mario Teza, diretor geral do evento agradeceu à presença de todos, em especial dos 8 mil participantes que possibilitam a verdadeira “garagem do Vale do Silício brasileiro” que é Campus Party. Patrocinadores, apoiadores e representantes do governo também subiram ao palco para agradecimentos. Depois foi a vez do ex-astronauta Buzz Aldrin subir ao palco. Aldrin foi o segundo homem a pisar na lua e é destaque desta edição da Campus Party. Antes da conta-
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Robson Pereira, com o boné do “Mario”, um dos brindes distribuídos na feira
Para o estudante de segurança da informação Robson Pereira, a participação no evento lhe proporcionará um importante “amadurecimento profissional”. Experiência que, na opinião do rapaz de 25 anos que foi de Brasília para a Campus, irá servir não só na cidade natal, “mas em qualquer mercado do Brasil”. “O pessoal vai dizer: ‘esse cara sabe o que fala, tem experiência’”, completa. Os interesses de Robson foram as palestras sobre analise de vulnerabilidade de sistemas, criptografia e software livre. “Muita gente tem medo porque acha que usar software livre é difícil. Mas fala isso porque não conhece”, diz ao justificar suas escolha enquanto esperava na fila para receber um quimono, um dos muitos brindes distribuídos na feira.
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Quarto de luxo Dormir em uma barraca pequenininha ou em um quarto com cama e regalias? Uma competição na Campus Party 2013, elegeu um campuseiro para poder usufruir da sua segunda opção: um local “VIP”, apelidado de “Quarto de luxo”. O único porém é que o quarto não tinhA cortinas. Todos podiam ver o que se fazia ali. Algo bem parecido com o “aquário do BBB”. O analista de sistemas Bruno Eugênio, 27, ganhou uma noite no quarto de luxo ( foi o 2º a ganhar), ao participar de uma competição de Street Fighter no estande do Grupo Segurador Banco do Brasil e a Mapfre, responsáveis pela ação. “Mesmo com todo mundo me vendo, preferi dormir aqui que na barraca”, diz o “VIP”. “A gente sempre dorme pouco mesmo”, completou o veterano, já na quarta participação de edições da Campus Party. Apesar de todas as regalias do quarto, como TV 3D com home theater e blu-ray, além do PlayStation 3, Eugênio disse que só usou o local para dormir mesmo. “Tinha que desenvolver com meus amigos”, diz, referindo-se a uma maratona de desenvolvimento de software que ocorreu na arena do evento. Os itens contidos no quarto de luxo – exceto os filmes e jogos – foram leiloados. Teve gente brigando pelo tapetinho de entrada que dizia, como no iPhone, “Slide to unlock”.
gem regressiva de 25 segundos para a abertura oficial do evento, o hacker ativista Aaron Swartz recebeu uma homenagem em forma de um breve vídeo. A edição deste ano da Campus Party é dedicada a ele. Pela primeira vez o evento é dedicado a uma pessoa. Swartz foi encontrado morto no dia 11 de janeiro em seu apartamento e enfrentava um processo por ter baixado artigos acadêmicos do acervo de publicações científicas JSTOR, de dentro do Massachusetts Institue of Technology (MIT). O lema para os próximos dias de evento ficam resumidos nas palavras que Demi Getschko disse no palco: “AproDetalhe de uma oficina de robótica, na Campus Party 2013
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veitem o momento , a oportunidade de seguir em frente no empreendedorismo”. Getschko é diretor presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR e é considerado um dos pais da internet no Brasil. Até durante as filas, o tempo era aproveitado com interação com os demais participantes. A construção da rede de contatos é um dos pontos fortes da Campus. Foi por essa razão que mesmo morando no bairro paulistano da Vila Madalena, João Daniel, de 35 anos , preferiu acampar no Pavilhão do Anhembi, na zona norte. “Assim eu não gasto muito tempo indo e voltando”, disse sobre a economia de tempo, que ele estima
Considerado o guru do software livre, Jon Maddog Hall, diretor executivo da LinuxInternational, na Campus Party 2013
O PagSeguro realizou um concurso de dança com o dispositivo na Campus Party 2013
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Campuseiro utiliza laptop na arena da Campus Party
talentos, um grande espaço de encontro dessa geração Y [jovens nascidos a partir de 1980], jovens talentos, que muitas vezes tem projetos e ideias que ainda não saíram do papel”, explica.
Rainey Reitman defende liberdade e ensina como se proteger na Internet
em duas horas diárias, além da possibilidade de participar de atividades fora da agenda oficial. “A gente acaba fazendo muita coisa, até de madrugada. Tem competição
um dos pontos mais importantes da Campus, segundo a gerente de conteúdos do evento, Carolina De Marchi. “A Campus Party acaba sendo um grande caldeirão de
A diretora da Electronic Frontier Foundation (EFF) mostrou que ativistas ao redor do mundo usam email, chat e messenger para falar com suas fontes, mas estes meios de comunicação podem ser monitorados por governos. Reitman garante que a ameaça a privacidade isto acontece até mesmo nos Estados Unidos. A ativista mostrou algumas fotos que comprovariam que a empresa AT&T colaborou com o governo para criar um programa para capturar e guardar todos os dados de navegação dos usuários sem autorização. “O processo é parecido com o Rainey Reitman, diretora de ativismo da Electronic Frontier Foundation (EFF), fala sobre censura e vigilância na internet
No estande da Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo)
de jogos e o pessoal acaba fazendo festa do lado de fora. Sempre tem alguma coisa interessante”. Daniel trabalha com pesquisa em mídias digitais. Apesar de servir à diversão, a interação também foi
O artista plástico Alexandre Ferreira, 38, exibe criatividade na Campus Party 2013. Ele é o campuseiro responsável pelo robô acima, que funciona como um computador. A peça reproduz um personagem do desenho japonês ‘’Gundam’’. Ferreira diz que investiu mais de R$ 40 mil e 3.000 horas para construir a máquina que tem 3 metros revistaamazonia.com.br
Marco Civil da Internet foi tema de debate O projeto de Marco Civil da Internet irá ajudar a garantir os direitos dos usuários da rede, na avaliação de especialistas que participaram de debate sobre o tema na Campus Party. “O marco civil pretende preservar esse ambiente de colaboração, de inovação, de desenvolvimento da internet brasileira”, ressaltou o professor da Fundação Getulio Vargas, Carlos Affonso Pereira de Souza. A nova legislação pretende, segundo Souza, unificar as normas sobre danos e violações na internet. “O Brasil não tem uma lei específica sobre direitos na internet. Então, isso gera situações hoje em que os tribunais são chamados a decidir sobre danos que ocorrem na internet. E você tem decisões das mais diversas”, explica. “O marco civil uniformiza o tratamento dessas questões tendo por base os direitos fundamentais, especialmente preservando a liberdade de expressão”, completa. Entre os principais pontos do projeto está a proteção da privacidade dos usuários. “Cada vez mais existem ameaças em relação aos seus dados serem divulgados, comercializados, mal usados, ou simplesmente serem garimpados para saber o que você gosta de fazer”, pontua o diretorpresidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Demi Getschko, acrescentando que a proposta atual impõe limites ao uso de dados pessoais. Além disso, Getschko destaca que a nova legislação garantirá que um conteúdo postado na rede só será retirado após procedimento legal, caso seja ilegal. “Se você puder, simplesmente acionando o provedor, eliminar conteúdos da rede, se não tem nada de errado, você está na verdade censurando a rede, diminuindo a riqueza dela”, diz . REVISTA AMAZÔNIA 21
Em vários estandes da área de exposições da Campus Party, que tem entrada gratuita, era possível jogar em fliperamas, simuladores e consoles – antigos, como o Atari – ou novos, como o Kinect
dos hackers, que instalam um programa malware disfarçado de outro programa, que pode inclusive até transformar o microfone ou a webcam para monitoração remota, além de copiar suas mensagens e acessar detalhes sobre suas chamadas eletrônicas.” A ativista do EFF também falou sobre a censura de redes sociais na China, que ocorre de forma sutil. “Você pode imaginar que o povo Chinês ficaria chateado por não acessar o Facebook ou Twitter, mas o governo estimula o uso de sites similares, que são monitorados por profissionais que retiram qualquer conteúdo considerado impróprio.” Reitman diz que a empresa americana Cisco vende equipamentos para o governo da China, mas não admite que adapta estes aparelhos a pedido do governo. “A mesmas tecnologias que são usadas para desenvolvimento e evolução da tecnologia são usadas para censura e vigilância de cidadãos. Mas não adianta falar dos problemas sem apresentar as soluções. O software livre tem um incrível papel para impedir a censura na web. Quero falar sobre quatro ferramentas que já estão disponíveis, e podem ajudar a preservar a sua privacidade online” O TOR foi criado pelo Marinha dos Estados Unidos para proteger suas transmissões, mas hoje em dia pode ser usado por qualquer pessoa. Se alguém tem um blog político ou controverso, em um país com uma legislação que persegue este tipo de pessoa, o governo pode descobrir onde esta pessoa mora, e fazer vigilância. Quando ativistas usam o Tor, impedem que sejam localizados. Ao terminar, Rainey deixou um recado para os brasileiros. “Os usuários de Internet do Brasil precisam se envolver com o Marco Civil. Aprendi com o tempo que quando as pessoas estão dispostas a colaborarem para lutar de volta, isto pode fazer toda a diferença. O Brasil precisa de uma organização como a EFF, que lute pela direito a pri-
Réplica do homem de ferro, feita por Alexandre Ferreira
Tinha iniciado...
vacidade na internet. Precisamos de mais pessoas para trabalhar aqui no Brasil. Os brasileiros precisam lutar pela sua própria liberdade”, concluiu Em sua fala, ela deixou a dica de 4 programas que podem ajudar os usuários a se proteger, para evitar que grandes corporações rastreiem todos os seus passos online. *Navegador TOR, para navegar sem ser rastreado; *Pidgin e/ou Adium, que são clientes de mensagens instantâneas que possuem troca de mensagens encriptadas;
Campus Party: Kit de sobrevivência nerd tem salgadinho, energético, pelúcia e itens curiosos
No Intel Extreme Masters, campeonato de videogame que reúne os melhores jogadores do mundo ( Corta do Japones pra frente) 22 REVISTA AMAZÔNIA
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Raspberry Pi pesa 45 gramas Na 6ª Campus Party a conexão foi de 30 gigabits por segundo (Gbps)
Banca de livros sobre tecnologia na zona de exposição da Campus Party. Qualquer um dos títulos custa R$ 10
*HTTPS Everywhere, plugin para Firefox/Chrome que torna toda as suas conexões encriptadas; *TOS-Back, que monta um histórico de todas as alterações nos termos de uso de diversos sites
O término A sexta edição da Campus Party Brasil, terminou como a mais profissional, bem organizada e empreendedora das edições do evento no Brasil. Mark Surman, diretor da Mozilla defendeu a ideia de uma internet livre e com tecnologias produzidas pelos usuários, a quem chamou de webmakers
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Computador de US$ 35 que vai levar tecnologia a todos, foi tema de palestra na Campus Party É o Raspberry Pi pesa 45 gramas, cabe na palma da mão e faz muitas das coisas que um computador normal faz. O Aparelho foi criado com o objetivo de estimular uma nova geração de programadores já vendeu mais de um milhão de unidades Com ele, é possível criar planilhas, jogar games, editar textos ou até controlar o processo de fermentação da cerveja. O minicomputador já teve 1 milhão de unidades vendidas um ano após seu lançamento. O preço é um dos principais apelos do produto, que praticamente não passa de um circuito impresso com chips. A versão mais simples, com 256 megabytes (MB) de memória RAM, custa US$ 25. A mais avançada, com 512 MB e ponto de conexão à internet, sai por US$ 35. No Brasil, porém, o equipamento é vendido por R$ 170, mais o frete. O sucesso é da Raspberry Pi Foundation, organização sem fins lucrativos nascida no laboratório de computação da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. O minicomputador é pensado, sobretudo, para crianças. A razão disso está na percepção dos criadores do equipamento de que os jovens estão, cada vez mais, menos habilidosos no quesito programação. “Ao contrário dos garotos de 1990, que chegavam ao curso de ciência da computação já com a programação como um hobby, os dos anos 2000 têm apenas alguma experiência com webdesign”, diz a página da organização na internet. É por isso que o maior uso do computador tem sido nas escolas, principalmente na Inglaterra, onde a associação está baseada e parcerias com empresas tendem a ser mais frequentes. Ontem, o Google anunciou que distribuirá 15 mil Raspberry Pis a escolas no Reino Unido, com a esperança de estimular a criação de uma nova geração de cientistas da computação. No Brasil, por enquanto, há poucos usuários do Raspberry Pi. Um deles é Fernando Masanori Ashikaga, professor do curso de análise e desenvolvimento de sistemas da Faculdade de Tecnologia de São José dos Campos, que usa o minicomputador como ferramenta de trabalho. Em vez de notebook, ele leva o Raspberry Pi e o conecta a um projetor. O equipamento tem portas USB, entrada para o cabo da internet e pode ser conectado à TV e a um teclado. Para funcionar, basta ligá-lo na tomada. Além de uso pessoal, o Raspberry Pi de Ashikaga serve como inspiração para os estudantes que estão aprendendo a escrever códigos. “Eles podem ver por dentro como tudo funciona. E o fato de o computador ser pequeno faz a pessoa perder o medo de entender programação.” Para o professor, a simplicidade do Raspberry, ante a complexidade de um Mac, diminui a resistência dos alunos e colabora para reduzir um problema do mercado: “O pessoal está se afastando da computação. Faltam profissionais”. O Raspberry Pi também pode ser fonte de lucro. Há casos de aplicações comerciais baseadas no computador que atraem a atenção de governos e empresas. Na Colômbia, um garoto desenvolveu um sistema de casa automatizada controlada pelo celular. No Brasil, o estudante Alejandro Mesias empregou o equipamento na área agrícola. Com a aplicação desenvolvida por ele, um fazendeiro de Amparo, interior paulista, consegue ver se o solo precisa de fertilizantes. REVISTA AMAZÔNIA 23
Os palestrantes Cris Guerra, Guilherme Gustavo Cury, Jacqueline Lafloufa, Marina Santa Helena e Luca Marini durante a palestra A caça às bruxas aos blogueiros de moda
Apesar do esforço em transformar seu evento num grande polo de inovação, a Futura Networks, empresa que organiza o evento e poderá ser comprada pela Telefônica, principal patrocinadora da Campus, manteve na programação espaço para defensores do software livre e da privacidade na web, dois temas em baixa com a ascensão da Apple, Google e Facebook, companhias que dominam o cenário tecnológico exercendo a antítese das teses defendidas na Campus, como as soluções fechadas e proprietárias da Apple e o avanço despudorado sobre os dados dos usuários, promovido por Google e Facebook. Por exemplo, o diretor da Mozilla Mark Surman defendeu a ideia de uma internet livre e com tecnologias produzidas pelos usuários, a quem chamou de ´webmakers´. Para Surman, será possível resistir aos protocolos fechados e influenciar o mercado como o browser Firefox fez nos últimos anos, até perder relevância para o Chrome. Surman também propõe enfrentar o duopólio iOS/Android com um improvável sistema operacional da própria Mozilla, o Firefox OS. Antes, a ativista da Eletronic Frontier Foundation, Rainey Reitman, defendeu o uso de tecnologias abertas e de
criptografia, como HTTPS, TOR e Pigdon (solução que encripta os dados dos usuários) para proteger as pessoas comuns de terem suas informações espionadas por governos e corporações. Rainey disparou contra os países que censuram a web, como China e Irã, mas lembrou que estas nações usam equipamentos da americana Cisco para filtrar conteúdo na web. Os discursos de Rainey e Surman e sua convocação à luta pela liberdade na internet lembra um ativismo que anda meio envergonhado e sem espaço fora de eventos acadêmicos ou debates como os promovidos na Campus Party. Ao mesmo tempo em que se manteve fiel à tradição de expor conteúdos em defesa do usuário e da liberdade na web, a Campus Party profissionalizou sua organização a ponto de evitar vexames como os registrados em 2012, 2011 e 2010, quando faltou energia elétrica, tempestades derrubaram instalações e até a conexão à web caia. Longe da perfeição, a Campus 2013 falhou na higiene (ratos circulavam pelo Anhembi) e não conseguiu repetir o acordo feito em 2012, que assegurou transporte gratuito do metrô Tietê para o Anhembi. Apesar desses tropeços, de longe, a edição de 2013 foi melhor organizada que nos anos anteriores, em que as queixas dos campuseiros sobre calor, banheiros ruins e alimentação insuficiente inundaram a web. Também foram raras as queixas de furtos em 2013. A sexta edição da Campus aprofundou ainda tendência já apontada nos últimos dois anos, valorizando o em-
Oficina de aerografia, customizando objetos
preendedorismo. Debates, palestras e hackatons discutiram mais que nos anos anteriores as oportunidades do mercado digital Brasil e como montar sua startup. O viés empreendedor foi tamanho que o Sebrae montou um espaço no evento para descobrir talentos e orientar candidatos a empresários. Salim Ismail, diretor da Singularity University, conhecida como “a universidade da Nasa”, por sua ligação com a agência espacial americana, fez coro à tese do empreendedorismo digital. Para Ismail, nunca foi tão fácil empreender, uma vez que há fundos de financiamento disponíveis e muita informação disponível na web para quem deseja criar uma empresa própria. No último dia de debates na Campus, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, visitou o evento para confirmar a segunda edição do evento no Recife, que acontecerá em julho. Menor que a versão paulista, a Campus pernambucana é a única no Brasil fora de São Paulo.
Games ensinam mais rápido que qualquer outra mídia, diz criador da Atari Nolan Bushnell, criador da Atari e atualmente pesquisador de soluções em games, falou sobre a revolução Nolan Bushnell, fundador da Atari, dndo palestra na que os jogos digitais podem realizar na educação durante sua palestra na Campus Party. Campus Party Bushnell afirmou que o uso de jogos faz com que conteúdos educacionais sejam apreendidos até dez vezes mais rápido pelos estudantes em comparação ao uso de métodos tradicionais de ensino, como um professor falando para uma sala de alunos. Ele usou como exemplo a experiência de uma escola que adotou o software de ensino de idiomas Brainrush para envolver seus alunos. “As crianças que usaram o software aprenderam dez vezes mais rápido que as outras que recorriam somente a livros”, explicou. “Os jogos são máquinas de felicidade, quem não gosta de passar de uma fase ou superar um desafio?”, completou. Para Bushnell, o cenário provável para professores e alunos no futuro será a combinação de um software didático, um hardware barato, redes robustas e ciência cerebral. “Essa combinação, aliada a entusiasmo, criatividade e otimismo dos educadores será a chave do sucesso para sistemas de ensino”, defendeu. Durante a palestra, Bushnell lembrou do tempo em que foi chefe do mítico fundador da Apple. “Eu tive um grande amigo e funcionário chamado Steve Jobs. Ele me ofereceu um terço da Apple Computers por 15 mil dólares. E eu disse que não”, contou. Bushnell revelou que Jobs era um de seus mais aplicados funcionários. “Sabe qual era o segredo do Steve Jobs? Ele era muito, muito, muito trabalhador”. Para Bushnell, a Apple Computers deu certo porque apostou em software, enquanto a Atari, já comprada pela Warner nos anos 90, apostou apenas em hardware. Ele ainda revelou que quando criou o Atari 2600, um dos primeiros e mais populares consoles caseiros, imaginou que ele não teria tantos jogos. “Nomeamos o Atari de 2600 porque pensávamos que ele teria, no máximo, 26 jogos”. Um ano depois de seu lançamento, o Atari 2600 já tinha mais de 350 games.
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Participe do debate virtual Sustentabilidade Ambiental para o Mundo que Queremos: dos ODMs para o Pós-2015
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Grupo de Trabalho da ONU para a Agenda de Desenvolvimento Pós 2015 apontou a sustentabilidade ambiental como um das dimensões principais que deve influenciar as políticas de desenvolvimento para depois de 2015 – em conjunto com o desenvolvimento social, a economia inclusiva e promoção da paz e segurança. Com base nos resultados alcançados na Rio+20, há o consenso de que a sustentabilidade ambiental é um componente essencial para chegarmos ao futuro que queremos. Para isso, foi lançado o debate virtual Sustentabilidade Ambiental para o Mundo que Queremos – Dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) para o Pós-2015. Você pode participar e ajudar a definir como a sustentabilidade pautará o desenvolvimento. O debate integra primeira fase de uma consulta global que quer estabelecer um olhar mais amplo sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e discutir novas ideias e experiências sobre a sustentabilidade ambiental. Esta primeira parte, dura quatro semanas, usa como base 90 tópicos de discussão e oferece a oportunidade para pessoas de todo o mundo ajudarem a apontar as prioridades. Os organizadores da consulta recomendam a quem quiser colaborar que leia o documento-base com informações que podem auxiliar na formulação das sugestões. É possível dar a sua contribuição em português ou em outro idioma de sua escolha.
O cronograma de debate é o seguinte: Semana 1: Sucessos, Desafios e Lacunas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) e do ODM 7 – Qualidade de Vida e Respeito ao Meio Ambiente 1 – O que podemos aproveitar do ODM 7 para estabelecer uma nova agenda de desenvolvimento Pós-2015? 2 – Como esta agenda pode ajudar a superar as lacunas existentes entre a sustentabilidade ambiental e os ODMs como um todo? Semana 2: Desafios para o Desenvolvimento para um Mundo em Mudança 1 – Quais tendências mundiais e incertezas podem influenciar como a sustentabilidade ambiental é percebida na agenda de desenvolvimento para os próximos 10-30 anos? 2 – Que elementos devem ser incorporados à agenda Pós-2015 para que ela se torne ambientalmente sustentável? Como incorportar as características do um mundo em desenvolvimento constante e os desafios da ordem econômica, social e ambiental? Semana 3: Enquadrando a Sustentabilidade Ambiental no Desenvolvimento Pós-2015 1 – Após a Rio+20, quais barreiras e atalhos ficaram estabelecidos para a sustentabilidade ambiental? 2 – Com base nos ODMs e nos resultados da Rio+20, é possível conceber um quadro conceitual para o desenvolvimento da agenda Pós 2015 e impulsionar a transição para um futuro sustentável? Quais as características essenciais desse quadro? Semana 4: Consensos e Divergências 1 – Quais as áreas de consenso? E onde é necessário um diálogo mais abrangente? 26 REVISTA AMAZÔNIA
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Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) 2013 O índice de ações da nova carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) 2013 da BM&F Bovespa, reúne papéis de empresas com boas práticas socioambientais e de governança corporativa.
O
ISE é uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas listadas na BM&FBovespa sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. Também amplia o entendimento sobre empresas e grupos comprometidos com a sustentabilidade, diferenciando-os em termos de qualidade, nível de compromisso com o desenvolvimento sustentável, equidade, transparência e prestação de contas, natureza do produto, além do desempenho empresarial nas dimensões econômico-financeira, social, ambiental e de mudanças climáticas. A mais recente carteira do ISE foi anunciada recentemente e vigora de 07 de janeiro de 2013 a 03 de janeiro de 2013. A oitava carteira do ISE reúne 51 ações de 37 com-
Das 37 empresas da carteira atual, 35 foram selecionadas também para a nova. E duas companhias ingressaram: Telefônica e WEG, esta última trazendo para o ISE o setor de Máquinas e Equipamentos/Motores, Compressores. Foram convidadas para participar da nova carteira as 183 companhias que detinham as 200 ações mais líquidas da Bolsa em dezembro de 2011. Destas, 45 empresas se inscreveram para participar do processo concorrendo ao ingresso na carteira e 5 na qualidade de treineiras, buscando se preparar para os próximos anos. Em constante evolução, o processo do ISE passou a contar, a partir de 2012, com a auditoria e Asseguração da KPMG, o que contribui para conferir ainda mais credibilidade aos seus procedimentos.
Raio X da carteira 2013
panhias, que representam 16 setores e somam R$ 1,07 trilhão em valor de mercado, o equivalente a 44,81% do total do valor das companhias com ações negociadas na BM&FBOVESPA.
- 100% das companhias possuem compromisso com o desenvolvimento sustentável formalmente inserido na estratégia; - 100% das empresas publicam este compromisso na área de livre acesso do website; - 97% mantêm programa de sensibilização e educação sobre o tema;
Carteira 2013 AES Tietê ** Banco do Brasil ** Bicbanco ** Bradesco Braskem
BRF Cemig * Cesp Copasa Copel
CPFL Coelce ** CCR ** Duratex Eletropaulo **
EDP ** Even Eletrobras * Ecorodovias Fibria
Gerdau Gerdau MET Itaú Unibanco Itaúsa Light *
*Empresas que autorizaram a publicação de suas respostas em 2012
- 92% aderiram formal e publicamente a compromissos voluntários amplamente legitimados, relacionados ao desenvolvimento sustentável, comprometendo todas as suas unidades, subsidiárias ou controladas; - 100% publicaram Relatório de Sustentabilidade no último ano; - 92% utilizam as diretrizes da GRI como referência para a elaboração do relatório; - Em 78% dos casos o relatório é parte integrante do principal relatório corporativo; - Em 86% dos casos existe envolvimento direto dos administradores da companhia na definição do Relatório de Sustentabilidade.
Vale é a única mineradora no ISE da Bovespa 2013
A Vale esta integrando em 2013, pelo terceiro ano conserevistaamazonia.com.br
Natura ** OI Sabesp Santander Suzano
SulAmérica * Telefônica TIM Tractebel Ultrapar
Vale * WEG *
**Empresas que autorizaram a publicação de suas respostas em 2012 e 201
O ISE
cutivo, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da Bovespa. Para a Vale, a primeira mineradora a ingressar no ISE, o processo de seleção do ISE se tornou uma ferramenta de aprimoramento na gestão dos temas relacionados à sustentabilidade. Neste sentido, um dos recentes avanços da empresa foi a aprovação de sua Política de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas que estabeleceu uma meta de reduzir em 5% suas emissões de gases do efeito estufa projetadas para 2020.
O Conselho do ISE é presidido pela BM&FBOVESPA. Além da Bolsa, é composto pelas seguintes entidades: Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE), Instituto dos Auditores Independentes do Brasil(IBRACON), Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, International Finance Corporation (IFC), Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e Ministério do Meio Ambiente. REVISTA AMAZÔNIA 27
Patentes cresceram 6,3% no Brasil em 2012
O
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) registrou um aumento de 6,3% nas patentes solicitadas, por brasileiros e estrangeiros, entre 2011 e 2012, passando de 31.765 para 33.780 pedidos, segundo balanço provisório divulgado em janeiro. Essa foi a terceira alta anual consecutiva desde 2009, quando houve uma queda nos depósitos ocasionada pela crise financeira mundial. De acordo com o INPI, a elevação no ano passado pode ser atribuída à intensificação na atividade de inovação no País, tanto por empresas, instituições de ensino superior e institutos de pesquisa nacionais, como por centros de pesquisa estrangeiros atraídos para o Brasil. Em 2011, os depósitos de patentes cresceram 12,9%; em 2010, a alta foi de 8,4%. Entre 2009 e 2008, o INPI registrou uma queda de 3,3%, decorrente da crise global. Nos últimos dez anos, o volume de patentes requeridas passou de 20.230 para 33.780, um incremento de 67%. No Brasil, a proporção de patentes de não residentes tem crescido desde a última década, de acordo com dados do INPI. Apesar de o Instituto não ter divulgado o detalhamento do volume de depósitos do ano passado, em 2011 os pedidos de não residentes representaram 75,6% do total. Há dez anos, os requerentes de fora do Brasil eram 65,6% do total.
Crescimento global Dados sobre 2011 divulgados em dezembro pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) mostram
Patentes devem ser vistas como oportunidade de negócio
que os pedidos de patentes globais cresceram 7,8% em relação a 2010. Pela primeira vez, o Escritório Estatal de Propriedade Intelectual da China (SIPO, na sigla em inglês) ultrapassou os Estados Unidos em depósito de patentes, se tornando o maior do mundo. Segundo a OMPI, em cem anos, apenas três agências de patentes ocuparam a primeira posição: Alemanha, Japão e Estados Unidos. O ano de 2011 foi o primeiro também em que os pedidos de patentes ultrapassaram a marca de dois milhões, totalizando 2,14 milhões de depósitos, sendo 63,4% deles feitos por residentes. Em 1995, esse número era de apenas 1,05 milhão de pedidos. O incremento deveu-se, De acordo com o INPI, a elevação no ano passado pode ser atribuída à intensificação na atividade de inovação no País
principalmente, aos depósitos da China e dos EUA. Somente entre 2009 e 2011, o SIPO respondeu por 72,1% do crescimento das patentes mundiais, enquanto o USPTO contribuiu com 16,2%. “A contribuição da China para o crescimento total nos depósitos aumentou nos últimos anos, enquanto a dos demais grandes escritórios diminuiu. Isso reflete a mudança na geografia dos pedidos de patentes dos EUA e da Europa para a China”, explica a OMPI no relatório publicado em dezembro. Entre os 20 maiores escritórios de patentes, o da China foi o que obteve a maior alta, de 34,6% em 2011, comparado com o ano anterior. Na sequência aparecem o de Hong Kong, com 15,3%, e da África do Sul, com 13,5%. Apesar de a maioria das grandes agências nacionais de patentes terem observado aumento nos pedidos, os depósitos foram inferiores aos registrados no pico anterior à crise de 2008, destaca a OMPI. O levantamento da OMPI mostra que houve uma elevação de 9,7% nas patentes concedidas nos 125 escritórios nacionais e regionais do mundo, totalizando 996,8 mil patentes outorgadas.
Patente Uma patente é a concessão pública, conferida pelo Estado que garante ao titular a exclusividade de explorar comercialmente sua criação. Para registrar uma patente no Brasil é necessário recorrer ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), que solicita uma série de documentos e protocola os pedidos que são analisados em 60 dias. Depois disso, caso aprovado o pedido passa por uma série de análises técnicas. O processo todo costuma demorar 5 anos e meio.
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Programa de ecoeficiência reduz gastos com água e luz em agências do BB
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projeto-piloto Agência Ecoeficiente do Banco do Brasil, que aplica conceitos e soluções práticas de sustentabilidade na instalação de pontos de atendimento, reduziu pela metade o consumo específico de água e energia da agência Bairro Pirituba, em São Paulo, a primeira a adotar o modelo. Inaugurada há um ano, a primeira agência ecoeficiente do BB, apresenta economia de consumo 46% abaixo da média nacional para as faturas de energia elétrica. Já o gasto médio com água ficou 50% abaixo do padrão nacional: 25 litros/pessoa/dia, ante os 50 litros/pessoa/dia na média do país. A agência Pirituba foi também a primeira do país a receber a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (Leed). O BB ampliou o programa para a agência Messejana, em Fortaleza (Ceará), já em processo de certificação pelo Leed. Criada em 1998, a certificação Leed é considerada a principal certificação internacional voltada para construções sustentáveis e mede o desempenho ambiental de design, construção e manutenção de edifícios, por meio de pontuação. O Programa Ecoeficiência do BB adota técnicas de climati-
Agência com implementação de um conjunto de soluções de sustentabilidade ambiental e eficiência energética
zação dos ambientes nas agências (localização otimizada do edifício em relação às variáveis do clima para melhor aproveitamento da ventilação natural, telhado verde, jardim interno, paredes com tijolos de solo-cimento, isolamento térmico etc) e a geração alternativa de energia elétrica por meio de células fotovoltaicas, captação de água da chuva e utilização de água de reuso, além de utilização de material de menor impacto ambiental nas obras, coleta
seletiva e vestiários para funcionários que utilizam bicicletas no trajeto casa-trabalho. A construção dos prédios das agências do BB é precedida de estudos que indiquem a redução do impacto ambiental da obra. O projeto busca preservar a vegetação do terreno e as árvores de grande porte existentes, incluindo-as nas arquiteturas prediais, além da compensação ambiental exigida legalmente para cada árvore deslocada.
Programa Ecoeficiência do BB A preocupação com o meio ambiente tornou-se uma tendência mundial. As empresas têm buscado a implementação de sistemas de gestão ambiental empresarial como forma de reduzir custos operacionais e o impacto ambiental das suas atividades. A implantação de um sistema de gestão ambiental é o objetivo do Programa de Ecoeficiência no BB. Como parte da política de responsabilidade socioambiental que integra a Agenda 21 do Banco do Brasil, a implantação desse sistema prevê, em sua fase inicial, o mapeamento sistematizado do consumo e do descarte, além da correta destinação de resíduos, voltada para a reutilização e reciclagem de materiais. Haverá, também, revisão da política de compras e dos contratos de prestação de serviços. Um dos grandes desafios do Programa de Ecoeficiência é construir uma metodologia de referência que permita a implantação da gestão ambiental nas diversas localidades onde o Banco está presente. O Programa de Ecoeficiência do BB está baseado na “política dos 3Rs”: • Reduzir o consumo de recursos, fazendo mais com menos, poupando água, energia elétrica, papel e matérias-primas; • Reutilizar os recursos, utilizando frente e verso do papel, por exemplo; • Reciclar ou destinar à reciclagem o que pode ser reaproveitado, como papel, plástico, vidro, metal. Essa política requer mudanças nos hábitos e comportamentos que fazem parte do cotidiano das pessoas que atuam na empresa. Por este motivo, um dos pilares do programa é a ação de educação, que envolve o treinamento dos funcionários e a sensibilização de terceirizados e contratados para temas relacionados à gestão ambiental. Tais conceitos são importantes para a participação qualificada na implantação do sistema, que contará, ainda, com uma política de comunicação visando a mudança de atitude face ao consumo de recursos ambientais. O BB pretende, com a implementação do programa Ecoeficiência, reduzir o impacto ambiental ocasionado pelas suas atividades, por meio da indução de processos produtivos mais eficientes e contribuir para a sustentabilidade do desenvolvimento brasileiro. revistaamazonia.com.br
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AGROEX aponta caminho para exportação Segundo Coordenador-Geral de Sustentabilidade Ambiental do Mapa, durante evento, a Sustentabilidade é tratada como oportunidade para alcance de mercados mais exigentes
O
AGROEX ou Seminário do Agronegócio para Exportação é um evento voltado para produtores rurais, sindicatos rurais, associações, cooperativas, agroindústrias, distribuidores e instituições de apoio ao agronegócio em seus variados fins. Realizado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), pode acontecer em qualquer município brasileiro, bastando para isso uma solicitação formal feita em geral por uma entidade de governo local. De acordo com Renato Brito, que é Coordenador-Geral de Sustentabilidade Ambiental e Chefe-Adjunto da AGE (Assessoria de Gestão Estratégica) do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), o pedido é incluído no calendário do Seminário, que é muito disputado, mas sempre consegue atender as regiões. “É bom que o município tenha apoio dos sindicatos rurais, universidades, associações comerciais, para que o evento tenha sucesso de divulgação e consiga levar informação ao maior número de pessoas”, aconselha Brito. O objetivo do AGROEX é incentivar a exportação de produtos brasileiros. “Há grandes oportunidades lá fora Mercado das exportações brasileiras do agronegócio de 2012
“As pessoas que participam do AGROEX, geralmente, ficam muito satisfeitas. Temos relatos de casos de produtores que começam a se interessar pelo assunto e vão buscar mais informações, outros resolvem participar das missões comerciais do MAPA para fazerem contatos, e outros ainda, que já exportam, acabam buscando novos mercados”, conta o responsável pela pasta de Sustentabilidade Ambiental do Mapa. e nem sempre elas são percebidas. Por isso, levamos a todas as regiões do Brasil especialistas em exportação que mostram de forma simples e clara como atingir o mercado externo”, informa o Coordenador. Durante o Seminário, os participantes aprendem sobre exportação e ainda têm a oportunidade de ouvirem casos de produtores de sua própria região que já exportam. Em geral, o evento acontece em apenas um dia. Os principais temas abordados são: oportunidades e desafios do agronegócio brasileiro; como os produtores e cooperativas podem organizar grupos para exportarem em conjunto; o passo a passo para exportar; os requisitos dos compradores internacionais; os casos de sucesso, dentre outros.
Sustentabilidade: a porta para mercados mais exigentes Durante o AGROEX, a Sustentabilidade é tratada como mais uma oportunidade para que o produtor rural, cooperativas e empresas possam abrir mercados mais exigentes. “Os mercados internacionais de ponta querem produtos sustentáveis, e o que a Assessoria de Gestão Estratégica, por meio da pasta de Sustentabilidade Ambiental, e a Secretaria de Relações Internacionais do Mapa estão fazendo é mostrar como se pode garantir isso”, diz Brito. Segundo o Chefe-Adjunto da AGE, para atingir esses nichos, o produto tem que ser bom e atender às exigências específicas do mercado para o qual se exporta. “Em alguns casos, é preciso modificar embalagem, forma de produção, fazer tratamento específico e até mesmo buscar certificações. Há muitas oportunidades no mercado internacional. É preciso saber aproveitá-las, afinal, o agronegócio brasileiro é um sucesso”, afirma Brito.
De acordo com Renato Brito, o objetivo do AGROEX é incentivar a exportação de produtos brasileiros 30 REVISTA AMAZÔNIA
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Pesquisa nacional terá investimento de R$370 milhões
Objetivo é expandir a infraestrutura do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
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Agência Brasileira da Inovação lançou edital voltado para implantação, modernização, ampliação, recuperação e manutenção da infraestrutura física de pesquisa nacional. A chamada oferece R$ 370 milhões em recursos não reembolsáveis, originários do Fundo de Infraestrutura (CT-Infra), as instituições públicas de ensino superior ou de pesquisa. Desse montante, R$ 70 milhões serão destinados a subprojetos dos campi regionais de universidades federais – aqueles fora do município em que se situa a sede da instituição de ensino. O objetivo da Chamada Pública do MCTI/Finep e CT-Infra 01/2013: http://download.finep.gov.br/chamadas/ ct_infra/editais/EDITAL_CTINFRA2013.pdf, é a expansão da infraestrutura do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, e deve ser acompanhada de de estímulo à distribuição territorial mais equânime da pesquisa brasileira, incluindo a fixação de doutores em campi regionais da pesquisa. Assim, do total de recursos, pelo menos 40% deverão ser aplicados nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste
Dos R$370, R$ 70 milhões serão destinados a subprojetos dos campi regionais de universidades federais – aqueles fora do município em que se situa a sede da instituição de ensino
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Formulário para apresentação de propostas esta disponível no site da Finep desde o dia 19/02
e nas regiões de abrangência da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Cada órgão executor poderá participar em apenas uma proposta, com até dez subprojetos. Para as instituições com
até 100 doutores, o valor máximo que poderá ser solicitado é R$ 2 milhões. Para aquelas com mais de 100 doutores, o valor máximo a ser solicitado deverá corresponder ao número de pesquisadores doutores multiplicado por R$ 20 mil, com o limite de R$ 20 milhões. O valor global mínimo solicitado em cada proposta é R$ 1 milhão. As instituições privadas sem fins lucrativos deverão ter, no mínimo, três anos de existência. A previsão é que o formulário para apresentação de propostas esteja disponível no site da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) no dia 19 de fevereiro. As propostas devem ser enviadas até o dia 16 de maio. Os subprojetos podem abranger equipamentos e instalações de pesquisa multiusuários, infraestrutura de pesquisa institucional (biblioteca, biotério, etc.), bem como serviços de manutenção de equipamentos. O CT-Infra é um dos 15 fundos setoriais alocados no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
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Após 136 anos, o mapamúndi das espécies animais foi atualizado O mapa utilizado desde 1876 para estudar a biodiversidade dos vertebrados à face da Terra foi recentemente atualizado. Agora há um novo mapa, que integra a árvore genética das espécies.
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ma equipe internacional de investigadores, entre os quais um especialista português de biodiversidade, combinou os dados evolutivos e geográficos – coligidos ao longo de 20 anos sobre 21.037 espécies de vertebrados – e produziu um mapa “moderno” da distribuição geográfica de todos os mamíferos não-marinhos, dos anfíbios e das aves atualmente conhecidos. O novo mapa, atualiza e “corrige” o mapa utilizado até
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por Ana Gerschenfeld aqui pelos especialistas como base para os estudos da biodiversidade animal no nosso planeta. Um mapa que data de... 1876 e cujo autor foi o naturalista britânico Alfred Russel Wallace, co-descobridor, independentemente de Charles Darwin, da teoria da selecção natural das espécies. Os autores da atualização confirmaram agora, no novo mapa, que existem muitas semelhanças com o mapa do século XIX. Mas, graças à massa de informação genética
hoje disponível, revelaram também diferenças que podem ser essenciais para a concepção de futuros programas de conservação das espécies. “Wallace era um naturalista extraordinário”, disse Miguel Araújo, professor da cátedra de Biodiversidade Rui Nabeiro do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) na Universidade de Évora – e co-autor do trabalho. “Viajou pelo mundo inteiro e verificou que, em cada região, existiam espécies diferentes, de
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aspecto diferente.” Porém, Wallace apenas dispunha de informação sobre um número limitado de espécies, na maioria mamíferos, que tinha visto no terreno durante as suas viagens ou cuja existência conhecia através de amigos e colegas. Ora, essa situação é hoje radicalmente diferente: “Nos últimos anos, tem-se estado a reconstruir os mapas biogeográficos dos mamíferos, dos anfíbios e das aves”, explica Miguel Araújo. “Toda esta informação [sobre a distribuição das espécies] é muito recente.” E por outro lado, Wallace também “não tinha a árvore da vida, embora ela já estivesse, de forma qualitativa, por trás da sua classificação”, salienta o cientista. “Nós tivemos agora em conta as filogenias todas”, incluindo uma nova árvore genética das aves, que a equipe apresentou juntamente com o seu artigo.
Os reinos e a linha de Wallace Com base nas suas observações, Wallace, considerado o “pai” da biogeografia, tinha dividido o mundo em seis grandes “reinos”. O novo mapa vem acrescentar cinco novos reinos, que podem ainda ser subdivididos em 20 regiões menores. “Os reinos fornecem uma informação muito prática, muito clara, da origem evolutiva comum das espécies”, diz ainda Miguel Araújo. Porém, conforme o tipo de aplicação, pode ser precisa a distribuição mais fina em regiões. Novidades? “Wallace pensava que Madagáscar estava ligada à África”, refere o cientista, “mas segundo nós é um reino perfeitamente independente”. E mais: “A origem
O mapa moderno do mundo dos vertebrados. Os pesquisadores combinaram as informações sobre a distribuição e as relações evolutivas de mais de 20.000 espécies de anfíbios, aves e mamíferos para identificar 11 grandes reinos mundiais. As cores dos reinos refletem a singularidade dos animais encontrados dentro de então. Reinos com cores semelhantes contêm espécies muito semelhantes e aqueles com cores diferentes contêm espécies muito diferentes
evolutiva de Madagáscar é mais próxima da Índia do que da África.” O resultado bate certo com o que se sabe da tectónica das placas: Madagáscar separou-se da Índia e não de África. Outra diferença em relação ao velho mapa é o fato de o Norte de África unir-se agora num único reino com a Península Arábica (num conjunto designado reino saro-arábico), quando até aqui estava incluído no reino paleárctico, que engloba a Eurásia. Também foi possível
Para referência, este é o mapa original de Alfred Russel Wallace revistaamazonia.com.br
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distinguir, a sul do paleárctico, um reino sino-japonês. E quanto à Nova Zelândia, passou a pertencer ao mesmo reino que a Austrália, o que não era o caso até aqui. Ao mesmo tempo, o reino australiano original ficou partido em dois: australiano e oceânico (este último incluindo a Nova Guiné e as ilhas do Pacífico). “Madagáscar é um caso especial”, explica ainda o cientista. “Se tivéssemos de atribuir medalhas, a de ouro iria para a Austrália, que é a região mais individualizada do planeta e a que tem a fauna mais diferente; a de prata iria para Madagáscar e a de bronze para a América Latina, que permaneceu muito isolada e longe dos grandes fluxos de migração.” As novas características biogeográficas agora reveladas deverão ter implicações importantes ao nível dos programas de conservação das espécies. “Se Madagáscar estivesse ligada à África, a sua prioridade em termos de conservação seria menor”, exemplifica Miguel Araújo. Mas com uma fauna única no mundo, trata-se de algo “mais universal” e a sua prioridade no panorama da biodiversidade passa logo para outro patamar. Uma outra questão que o novo mapa poderá agora vir resolver diz respeito àquilo que hoje é conhecido como “linha de Wallace” – um obstáculo à dispersão das espécies animais que, segundo teorizou aquele naturalista, marcaria uma separação entre as faunas do seu reino oriental (que inclui o subcontinente indiano e o Sudeste asiático) e o da Austrália. Wallace colocara essa fronteira natural no estreito de Macáçar, entre Bornéu e a ilha indonésia de Celebes. “Tem havido um grande debate sobre onde passa a linha”, diz Miguel Araújo, acrescentando terem agora confirmado que está essencialmente muito perto da localização atribuída por Wallace. Será que os especialistas de biodiversidade vão já passar a utilizar o novo mapa? Para Miguel Araújo, não há dúvidas de que, a partir de agora, “o mapa de Wallace está desatualizado”. O novo mapa será, entretanto, colocado à disposição da comunidade internacional, em particular através do Google Earth.
Centenas de milhares de registros A tecnologia moderna como seqüenciamento de DNA e uma compilação enorme de centenas de milhares de registros de distribuição de mamíferos, aves e anfíbios em todo o mundo, tornou possível para produzir o mapa: “O mapa fornece informações de base importante para a pesquisa ecológica e evolutiva futuro. Ele também tem um significado importante na conservação luz da crise da biodiversidade on-going e mudança do ambiental global. Considerando os planejadores de conservação têm sido a identificação de áreas prioritárias baseadas na singularidade de espécies encontradas em uma dado lugar, podemos agora começar a definir as prioridades de conservação com base em milhões de anos de história 34 REVISTA AMAZÔNIA
Wallace, seu mapa e o atual
Alfred Russel Wallace, considerado o “pai da biogeografia” e creditado de forma independente descobridor da evolução por seleção natural, junto com Charles Darwin. Aqui ele é retratado inspecionando dois globos, representando seu próprio mapa global biogeográfica de 1876 (superior) e a versão atualizada moderna deste mapa (inferior).
evolutiva, “diz o Dr. Jean-Philippe Lessard, outro co-autor, a partir do centro de Copenhague, que atualmente está baseado na McGill University, Canadá . O autor sênior Carsten Rahbek, diretor do Centro de Macroecologia, Evolução e Clima acrescenta:. “Apesar
dos incríveis avanços da ciência natural, ainda estamos lutando para entender as leis básicas que regem a vida no planeta Esta descrição holística do mundo natural que nós fornecemos pode ser uma nova pedra angular da biologia fundamental.” revistaamazonia.com.br
A presidenta Dilma Rousseff comanda reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, na qual participam os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, das Comunicações, Paulo Bernardo, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, além de autoridades e especialistas do setor
Presidenta Dilma quer estimular pesquisa e produção na área de biotecnologia Fotos: Antonio Cruz/ABr
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presidenta Dilma Rousseff pediu ao Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia proposta para a criação de um programa destinado a incentivar pesquisa e produção na área de biotecnologia. Segundo o ministro de Ciência, Tecnologia e Informação, Marco Antonio Raupp, que dirigiu a reunião do conselho, a presidenta participou e sugeriu que a pauta deste ano seja concentrada em setores importantes para o desenvolvimento da tecnologia e da indústria. “Ela sugeriu a criação de um programa de biotecnologia a ser desenvolvido de forma organizada pelos ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação”, disse Raupp. Além da biotecnologia, a presidenta Dilma quer um projeto de laboratórios de uso aberto. “Ela foi incisiva ao pedir para mim e para o ministro Aloizio Mercadante a apresentação de proposta de laboratório aberto, para uso da comunidade acadêmica e empresarial”, disse Raupp. O ministro disse que será desenvolvido também um programa voltado para a expansão dos laboratórios tradi-
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cionais, para apoiar as universidades federais. “O sistema federal universitário está se expandindo e precisamos equipar laboratórios, para que as universidades sejam apenas um ‘escolão’, com os estudantes aprendendo somente na base de giz e fala. Eles têm que aprender fazendo experimentos, usando laboratórios”.
A presidenta Dilma Rousseff e o ministro de Ciência, Tecnologia e Informação, Marco Antonio Raupp, na reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia
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18ª Conferência das Nações Unidas para o Clima – COP18 Fotos: Arnould Armands, Crhis Artys, Lucas Tolentino, Rudolph Hühn, Sallie Shatz, Sidney Traynham
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Conferência das Nações Unidas de Mudança do Clima, em Doha, Qatar, aconteceu no Centro de Convenção Nacional do Qatar, quando Abdullah bin Hamad Al-Attiyah do Qatar, foi eleito Presidente da COP18/CMP 8, em seguida os delegados se reuniram para as reuniões plenária de abertura da COP, a CMP, SBI e SBSTA e uma série de eventos paralelos. Maite Nkoana-Mashabane, presidente COP 7 17/CMP e ministra de Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, que ocorreu em Durban há um ano, passou a presidencia para Abdullah bin Hamad Al-Attiyah do Qatar. Maite mencionou os principais objetivos conseguidos, a decisão sobre a continuação do Protocolo de Quioto, o lançamento do Fundo Climático Verde, e acima de tudo o estabelecimento de um roteiro para um novo acordo. “Estamos todos aqui sabendo que o nosso futuro depende do nosso trabalho aqui e está ligado à nossa sobrevivência. Contem comigo.” Na cerimônia de abertura, o presidente da COP 18, Abdullah Bin Hamad Al-Atttiyah, ex-ministro da energia do Catar, disse que “o fenômeno da mudança climática é um desafio comum para a humanidade” e que a conferência é uma “oportunidade de ouro, e devemos usá-la”.
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Ban Ki-moon pede compromisso O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que espera um “compromisso firme” dos quase 190 países presentes na conferência do clima para alcançar um acordo, em particular no que diz respeito a Kyoto 2 e à ajuda financeira aos países do sul. As recentes secas no Brasil, na Ucrânia e na Índia também foram mencionadas pelo secretário-geral da ONU em discurso. Na ocasião, a ONU classificou de “crise” a situação atual das alterações bruscas do clima enfrentadas pelo mundo. “Conto realmente com um esforço de sua parte”, afirmou
Ban às delegações em um discurso. “Temos uma responsabilidade. Uma responsabilidade moral, e vocês, ministros e dirigentes, têm uma responsabilidade política com as gerações futuras”, completou. Segundo Ban Ki-moon, ninguém “deve se iludir”, pois o aquecimento global é uma ameaça a todos, à economia, à segurança e ao bem-estar das crianças e das gerações futuras. Ele lembrou que cerca de 1,5 bilhão de pessoas são afetadas pela degradação do solo. E as geleiras estão derretendo a níveis jamais vistos. Ao mencionar o furacão Sandy, que atingiu Manhattan e outras áreas da costa nordeste americana, o secretário-geral da ONU lembrou que houve enchentes também
Christiana Figueres , secretária-executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC), Abdullah bin Hamad Al-Attiyah, presidente da COP18/CMP 8 e Maite NkoanaMashabane, presidente COP 7 17/CMP e ministra de Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul
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A mesa de abertura da COP18/CMP 8
em Pequim, em Moçambique, na Colômbia e na Austrália, entre outros países.
Brasil, Ucrânia e Índia No discurso, Ki-moon lembrou também a seca no Brasil, na Ucrânia e na Índia que dizimou grande parte das colheitas globais. Para as Nações Unidas, nenhum país está livre dos efeitos das mudanças climáticas, seja ele rico ou pobre. Ao afirmar que as emissões de dióxido de carbono (CO²) estão nos níveis mais altos, o secretário-geral da ONU ressaltou que o mundo está em uma luta contra o tempo para permanecer abaixo da marca de 2°C, conforme acordado com a comunidade científica internacional e governo dos países. Para ele, o mundo tem a responsabilidade de gerar resultados concretos em Doha, por meio de um acordo ambicioso para depois de 2015. Ele defendeu a continuação do Protocolo de Kyoto, que prevê o limite das emissões de gases,
Abdullah bin Hamad Al-Attiyah, presidente da COP 18/CMP 8, saúda os participantes durante a cerimônia de abertura
e avanços em longo prazo para financiar o combate às mudanças climáticas, além de outras propostas.
Reta final da COP-18 vai do grito às lágrimas “Por favor, chega de desculpas e atrasos. Abram os olhos para a dura realidade que nós enfrentamos. Se não for agora, quando será? Se não formos nós, quem será?”, Uma visão do plenário durante a cerimônia de abertura da COP 18
apelou Naderev “Yeb” Saño na última plenária de discussões sobre a extensão do Protocolo de Kyoto. A atitude do até então discreto diplomata filipino chamou tanta atenção. E gerou, além de uma enxurrada de lágrimas pelos corredores, muitas palmas por onde ele passou. A atitude dramática de Saño, cujo país acabava de ser atingido por um grande tufão que deixou mais de 500 mortos e centenas de desabrigados, será suficiente para promover alguma mudança de rumo efetiva? Era a indagação geral… Enquanto isso o negociador-chefe do Brasil, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, passou praticamente todos os dia finais, em discussões ministeriais para acertar a extensão do Protocolo de Kyoto, considerado o principal objetivo da conferência. As decisões sobre o período de vigência e o grau de comprometimento dos países também eram empurrados para o último dia. Nesse cenário, as principais ONGs presentes em Doha fizeram um apelo conjunto contra a falta de ação concreta dos negociadores. “Ao andar pelos corredores deste evento, não se percebe um senso de urgência. Não se transparece que o aquecimento global é uma realidade que está afetando a vida de milhões de pessoas em todo o mundo”, disse Wael Hmaidan, da Can (Climate Action Network), em um tom exaltado que foi comum a muitos delegados e membros da sociedade civil.
“Sem Kyoto, vira um cenário de faroeste” “Sem Kyoto, vira um cenário de faroeste, um mundo sem regras, em que tudo seria voluntário. E isso, todos nós sabemos, não vai resolver o problema do clima”. A frase, do embaixador André Corrêa do Lago, negociador-chefe do Brasil na rodada de Doha, no Qatar, resume porque é importante manter vivo um acordo internacional que, até agora, reduziu pouco as emissões de gases-estufa revistaamazonia.com.br
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Jovens vão às ruas de Doha
Uma escultura de aranha domina o lobby no Qatar National Convention Centre e faz um ponto de encontro natural para delegados Sua Santidade Shri Shri Soham Baba, da Missão Baba Soham holística sobre Mudança do Clima
globais. “Nenhum pais rico deixa de entrar em Kyoto para fazer mais. Quem não entra em Kyoto é porque quer reduzir menos suas emissões”, continua. Manter Kyoto é essencial ao Brasil. Assim como fechar o acordo de florestas, conhecido por Redd (o mecanismo de redução de emissões de desmatamento e degradação), de forma que não seja uma decisão discriminatória a países florestais. “O Brasil acha totalmente inadequado ser mais difícil obter dinheiro para reduzir emissões de florestas do que para outros setores”, diz o embaixador.
Nesta entrevista em Doha, André do Lago explica porque há desconfiança entre os países em desenvolvimento com o compromisso das nações ricas de terem entregue, no prazo de três anos, US$ 30 bilhões para enfrentar os problemas de curto prazo. Diz, também, como iniciam as discussões para o acordo global de 2020, que terá que ser fechado em 2015. A CEBDS esteve presente na COP18/CMP8, com delegação composta pela diretora-executiva do CEBDS, Lia Lombardi, o assessor técnico do CEBDS Fernando Malta, além de representantes da Votorantim, Banco do Brasil, Itaú, Cemig, Ecofrotas, EDP e Braskem.
Estudo do PIK Durante a COP18, cientistas do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático (PIK, na sigla em inglês) alertaram que “não é possível negociar com a natureza” e que os líderes mundiais precisam assumir propostas ambiciosas rapidamente.
Pela primeira vez no país árabe, ocorreu um feito histórico - uma marcha de protesto. Estudantes, ONGs e um recém-criado movimento árabe jovem andaram por 1,3 km pela avenida Al Corniche, uma das regiões mais suntuosas da capital, cercada de um lado pelo Golfo Pérsico e do outro por arranhas-céus modernosos. Apesar de discreta, com apenas cerca de mil participantes e pouca audiência ao redor - afinal por ali os habitantes passam só de carro, com exceção do trabalhadores da construção civil que erguiam mais um prédio - os manifestantes puderam dizer o que querem num país não-democrático e agitaram a morna primeira semana da conferência. Ao longo de uma hora e meia, os manifestantes alertaram para a urgência do problema com frases como: “Líderes árabes, é hora de liderar”; “Sua ação é a nossa sobrevivência”; “Ação climática agora”; “Nosso futuro está suas mãos”; “Menos conversa, mais ação”; “Ajam agora por justiça climática”; “Dinheiro para o clima”; “Um novo mundo é possível”. Ao final da marcha, Fahad Bin Mohammed Alattiya, porta-voz do governo na conferência, falou aos participantes e disse esperar que eles sejam ouvidos pelos delegados.
Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em plenária da COP 18
Abdullah bin Hamad Al-Attiyah, presidente da COP 18, Faisal Al Suwaidi e HH Sheikha Moza bint Nasser, ambos da Qatar Foundation, Ban Ki Moon, secretário-geral da ONU, Christiana Figueres, chefe da UNFCCC e Hans Joachim Schellnhuber, diretor do PIK, na assinatura do memorando
Durante a mesa redonda ADP 38 REVISTA AMAZÔNIA
O estudo do PIK mostrou que a taxa de aumento do nível do mar nas últimas décadas é maior que a prevista pelas últimas previsões da convenção. Ao avaliar projeções climáticas no período de 1990 a 2011, os cientistas do Instituto alertaram que os oceanos estão subindo 60% revistaamazonia.com.br
mais rápido do que as últimas estimativas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). A notícia coloca em alerta milhões de pessoas que podem ser afetadas diretamente por essa alteração, principalmente comunidades que vivem em áreas costeiras e em megacidades como Tóquio (Japão), vulneráveis ao maior risco de tempestades, erosão e enchentes que podem inundar cidades inteiras. Na oportunidade, foi assinada parceria entre a Fundação Qatar para a Educação, Ciência e Desenvolvimento da Comunidade e o Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático, na Alemanha. É um memorando de entendimento que foi assinado por Faisal Al Suwai-
Uma vista no horizonte em Doha
Durante a COP 18
Desafios da COP-19
Protesto de jovens nas ruas de Doha, ocorreu pela primeira vez durante a Cop 18. O protesto foi organizado por uma coalizão de jovens ambientalistas, a Democracy Now! “Árabes, hora de liderar”
di, presidente de pesquisa e desenvolvimento da Qatar Foundation e Professor Hans Joachim Schellnhuber, diretor-fundador do Instituto Potsdam.
Noruega dará US$ 180 mi ao Brasil por conservação da Amazônia O governo da Noruega anunciou na na COP-18, a liberação de 1 bilhão de coroas norueguesas (cerca de US$ 180 milhões) para a preservação da Amazônia. O anúncio foi feito após uma reunião da Ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, e de seu colega norueguês, Bard Vegar Solhiel. Segundo a ministra, o dinheiro será entregue ao BNDES. A verba da Noruega faz parte de um acordo bilateral assinado em 2008 que prevê a liberação de financiamento
A Juventude e suas demandas
de US$ 1 bilhão até 2015, em repasses anuais condicionados aos bons resultados brasileiros na conservação da floresta amazônica. O repasse atual é referente à taxa de desmatamento do período entre julho de 2010 e junho de 2011, que ficou em 6.418 quilômetros quadrados, o que representou o terceiro recorde de consecutivo de redução do desmatamento. Embora ainda sejam estimativas, os números mais recentes do governo sobre a perda de cobertura florestal na Amazônia, que foram estimados pelo sistema Prodes Uma visão da sessão plenária de balanço informal
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Varsóvia deve receber, no final de 2013, mais uma etapa de negociações sobre o aquecimento global. A COP-19 deve buscar a definição de um trilho claro para os compromissos financeiros antes de 2020, quando deve vigorar o novo acordo global. Os chamados “bunkers” (setores altamente poluidores, como aviação e navegação) devem ser endereçados em 2013 de forma mais concreta. A operacionalização do Fundo Verde de Clima não pode passar de 2013. A COP-19 deve também perseguir as metas de mitigação necessárias para que as emissões dos gases de efeito estufa comecem a declinar de 2015 data-limite, segundo os cientistas, para manter a temperatura terrestre em limites suportáveis. Consultas em relação aos Planos Nacionais de Mitigação devem ser conduzidas para favorecer a implementação e tornar operacionais os mecanismos tecnológicos de 2013 em diante. REVISTA AMAZÔNIA 39
No lançamento do calendário da ONU Convenções Rio para 2013
do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em 4.656 para o intervalo entre julho de 2011 e junho de 2012, já animaram os noruegueses. O repasse das verbas é feito somente após os resultados consolidados do governo, que em geral saem em meados do ano seguinte ao anúncio da estimativa. Com o dinheiro anunciado agora, de acordo com representantes do Ministério do Meio Ambiente, o total repassado chegou a cerca de US$ 600 milhões. O dinheiro repassado irá para o Fundo da Amazônia, uma iniciativa do governo federal para financiar projetos de conservação no bioma. Os resultados do fundo têm sido apresentados como trunfo pelo governo brasileiro nas negociações climáticas em Doha e foram mencionados também na primeira vez que a chefe da delegação brasileira se dirigiu à plenária no evento.
Os finalmentes da COP18 ONU prolonga Quioto, mas adia outras decisões Após longa negociação, participantes da cúpula em Doha chegam a acordo, em que 37 países prometem continuar reduzindo liberação de gases de efeito estufa, CO2, até 2020. Juntos, estes países respondem por aproximadamente 15% das emissões de todo o mundo. Não foi definida, contudo, a dimensão de tal redução. O Protocolo de Quioto para o combate as alterações climáticas vai vigorar por mais oito anos, embora sem compromissos de alguns dos maiores poluidores mundiais. A ONU prolonga Quioto, mas adia outras decisões
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Durante o Business Day, Myles Allen, fez uma palestra sobre o GHG e o Ciclo do Carbono
Raquel Kleber, da Federação Luterana Mundial (FLM), fala com o embaixador André Corrêa do Lago, chefe da delegação do do Brasil na cúpula do clima COP18 em Doha
Ban Ki-moon pede compromisso
decisão foi tomada no final de mais uma conferência climática das Nações Unidas, que por pouco não fracassou e acabou por adiar outras questões controversas. A extensão do Protocolo de Quioto faz parte de um pacote de decisões adotado em Doha, depois de um dia suplementar de negociações, além das duas semanas previstas. Quioto é o único tratado internacional que obriga as nações desenvolvidas a reduzirem as suas emissões de gases que aquecem o planeta. Mas o protocolo vigora apenas até ao final de 2012. Um segundo período de cumprimento vigorará entre 1 de Janeiro de 2013 e 31 de Dezembro de 2020, incluindo novas metas de redução. Da lista dos países desenvolvidos que assumem este compromisso, no entanto, não farão parte alguns dos que mais contribuem para as emissões globais de gases com efeito de estufa. O Canadá abandonou o Protocolo de Quioto recentemente. Os Estados Unidos já tinham deixado Quioto em 2001. O Japão, a Rússia e a Nova Zelândia continuam parte do protocolo, mas não assumirão qualquer compromisso vinculativo de redução de emissões nesta segunda fase do tratado.
O embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado com Abdullah bin Hamad Al-Attiyah, presidente da COP 18
André Aranha Corrêa do Lago, Brasil (esquerda), e ADP copresidentes Harald Dovland e Jayant Moreshwar Mauskar
No barco restam a Austrália, a União Europeia e mais alguns países do continente europeu que, juntos, não somam senão 15% das emissões mundiais. A própria emenda ao protocolo, adotada em Doha, reconhece que é pouco e estabelece que as metas do novo período de cumprimento de Quioto devem ser revistas em 2014. Até lá, as Nações Unidas esperam ter já delineado o esqueleto de um novo tratado internacional climático, que envolva de alguma forma o controlo das emissões de todos os países, e não apenas do mundo desenvolvido. Na prática, grandes emissores globais de CO2, como a China, a Índia e o Brasil, terão de assumir algum tipo de compromisso. revistaamazonia.com.br
Este novo tratado deverá ser aprovado em 2015, para vigorar a partir de 2020. As Nações Unidas esperam, entretanto, reforçar as negociações nos próximos anos, com a presença directa de líderes mundiais na conferência climática de 2014 – segundo anunciou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em Doha. Ficar tudo mais ou menos em suspenso até que haja um novo acordo global em 2020 é uma das preocupações da ONU, de alguns governos e de organizações não-governamentais. Mas, sobre isto, a conferência de Doha apenas decidiu remeter para 2013 a avaliação de ações possíveis para reduzir as causas das alterações climáticas antes do novo acordo. A questão do financiamento aos países pobres também mereceu decisões pouco concretas, apesar de, pela primeira vez, ter-se aberto a porta à compensação por “perdas e danos” devido aos efeitos do aquecimento global. Os países em desenvolvimento queriam também que a promessa de 100.000 milhões de dólares anuais de ajudas a partir de 2020 começasse a ser concretizada desde já, com um aumento progressivo do financiamento até chegar àquela marca. A ideia de metas intermédias concretas, no entanto, não obteve consenso em Doha. O texto final do encontro foi aprovado sem o consentimento da delegação russa. Os países em desenvolvimento continuaram a cobrar dos países desenvolvidos recursos para o combate das mudanças climáticas. O novo período para o Protocolo de Quioto começou a valer em 1.º de janeiro de 2013, com menos participantes e novas metas. Países da União Europeia, por exemplo, se comprometaram a reduzir em 20% as suas emissões. No caso do bloco, pode chegar a 30%. O texto prevê que, em 2014, será feita uma revisão desse valores.
Christiana Figueres e Izabella Teixeira
Izabella Teixeira defendeu em Doha a adoção do segundo período do Protocolo de Kyoto
Ação das ONGs pedindo metas ambiciosas
Promessas vagas
O embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado com Ban Ki Moon, secretáriogeral da ONU
“A proteção climática em Doha deixa a desejar. As resoluções fracas da conferência não representam uma contribuição para frear o aquecimento global”, reclamou Hubert Weiger, presidente da Federação para Meio Ambiente e Proteção Ambiental da Alemanha (BUND). Ele argumenta que os anúncios, que considera vagos, e a intenção de disponibilizar “muito poucos recursos financeiros” não contribuirão para manter o aquecimento global abaixo dos dois graus. Apesar das críticas, a comissária de clima da UE, Connie Hedegaard, declarou que o “pacote de Doha” é um “passo essencial” para a proteção ambiental no futuro.
Ban Ki-moon com os representantes do BASIC - Brasil, África do Sul, Índia e China
Connie Hedegaard, Comissária Européia para o Clima, Artur Runge-Metzger, da UE, e Luiz Alberto Figueiredo Machado, Brasil
Círculo de jovens para o equilíbrio de género
Participantes Abdulaziz Bin Ahmed Al-Malki, presidente do Comitê Executivo Organizador da COP18/CMP8 Doha, descrevendo a vasta escala do evento, disse que 194 países compareceram. Havia cerca de 16 mil participantes, incluindo 6.868 delegados e 5.829 observadores. revistaamazonia.com.br
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Pnuma e FAO lançam campanha para reduzir desperdício de alimentos no mundo
Cerca de um terço dos alimentos produzidos no mundo perde-se ou é desperdiçado durante os processos de produção e venda.
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s Nações Unidas lançaram recentemente, uma campanha para “reduzir drasticamente” o desperdício anual de 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos, baseada na ideia de que atitudes simples como programar refeições ou desvalorizar datas de validade fazem a diferença. Com o tema “Pensar. Comer. Preservar. Diga não ao desperdício”, a campanha é uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – FAO. Cerca de um terço dos alimentos produzidos no mundo perde-se ou é desperdiçado durante os processos de produção e venda, um desperdício equivalente a mil milhões de dólares, de acordo com dados da FAO. Se a perda de alimentos ocorre principalmente na colheita, processamento e distribuição, o desperdício acontece ao nível do comércio e do consumo, estima a FAO. Por isso, a campanha “visa especialmente o desperdício ao nível dos consumidores, dos comerciantes e da restauração e hotelaria”, adiantam as Nações Unidas. “Num mundo com uma população de 7000 milhões de pessoas, e que deve chegar aos 9000 milhões até 2050, o desperdício de alimentos não faz sentido, seja do ponto de vista económico, ambiental ou ético”, afirma o diretor executivo da PNUMA, Achim Steiner.
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“Além das perdas na produção, são desperdiçados também recursos como água, terras cultiváveis, fatores de produção agrícola e tempo de trabalho [...]. Para termos um mundo verdadeiramente sustentável, temos de transformar a maneira como produzimos e consumimos os nossos alimentos”, acrescenta Steiner. Por seu lado, o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, mosta-se otimista quanto aos resultados da campanha. “Juntos vamos conseguir inverter esta tendência inaceitável e melhorar as nossas vidas”, diz. “Nas regiões industrializadas, quase metade do desperdício alimentar – cerca de 300 milhões de toneladas por ano – ocorre porque os produtores, os vendedores e os consumidores descartam alimentos que ainda estão próprios para o
consumo. Esta quantidade é superior a toda a produção alimentar na África Subsaariana, e suficiente para alimentar as 870 milhões de pessoas que passam fome no mundo”, explica. Nos países em desenvolvimento, cerca de 95% das perdas e desperdícios são involuntárias, estima a FAO, e ocorrem principalmente devido às limitações financeiras, técnicas e de gestão das colheitas.
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O sistema global de alimentos tem profundas implicações para o meio ambiente e produzir mais alimentos do que é consumido apenas agrava as pressões, alguns dos que se seguem: - Mais de 20 por cento de todas as terras cultivadas, 30 por cento das florestas e 10 por cento das pastagens irão sofrer degradação; - Globalmente 9 por cento dos recursos de água doce são retirados, 70 por cento deste para agricultura de regadio; - Agricultura e mudanças do uso da terra como o desmatamento contribui para mais de 30 por cento do total de emissões globais de gases de efeito estufa; - Globalmente, as contas do sistema agro-alimentares para quase 30 por cento do usuário final de energia disponível; - Gestão de sobre pesca contribuem para a diminuição do número de peixes, cerca de 30 por cento das populações de peixes marinhos são agora considerados sobre explorados.
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Nos países desenvolvidos, o desperdício é mais significativo no processamento e venda, quando grandes quantidades de alimentos são descartadas devido a práticas ineficientes, por estarem fora dos padrões e pela confusão gerada pelos prazos de validade. Na Europa, América do Norte e Oceânia, o desperdício de alimentos per capita varia entre os 95 e os 115 quilos por ano, enquanto na África Subsaariana e no Sudeste Asiático são deitados fora entre 6 a 11 quilos anualmente. A campanha incluirá diversas iniciativas em todo o mundo, que serão reunidas e partilhadas através do portal online www.thinkeatsave.org. O site divulga ainda dicas para consumidores e vendedores e funciona como uma plataforma para a partilha de
Cerca de um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado
ideias entre diferentes campanhas e organizações. A campanha é uma consequência da conferência Rio+20, na qual chefes de Estado e governos aprovaram o lançamento de uma série de iniciativas para incentivar a produção e o consumo sustentáveis. Segundo a FAO, cerca de 95 por cento da perda de alimentos e resíduos em países em desenvolvimento são perdas não intencionais nas fases iniciais da cadeia de abastecimento alimentar, devido a limitações financeiras, técnicas e de gestão em técnicas de colheita, armazenamento e instalações de refrigeração em condições climáticas difíceis, infra-estrutura; embalagem e sistemas de comercialização. REVISTA AMAZÔNIA 43
Diminuição da biodiversidade cria prejuízos financeiros para a humanidade Com a extinção de espécies, desaparecem também o valor econômico por elas gerado e inúmeras possibilidades inexploradas para o tratamento e a cura de doenças.
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tartaruga-de-couro vive na costa do Suriname, pode chegar a dois metros e meio de comprimento e pesar até 700 quilos – ela é a maior espécie de tartaruga marinha do mundo. Mas o extraordinário tamanho e peso não oferecem nenhuma proteção diante das ameaças das mudanças climáticas. A reprodução dessas tartarugas gigantes é muito sensível ao aumento da temperatura: se a areia onde ela coloca seus ovos estiver muito quente, nascerão mais fêmeas. Assim, haverá um desequilíbrio na próxima temporada de acasalamento. Além disso, se o nível do mar aumentar, muitos locais adequados para a reprodução serão perdidos. Diante de tudo isso, a população dessas tartarugas está ameaçada. Esse réptil gigante é um dos muitos animais que fazem parte da lista vermelha de espécies ameaAmérica do Sul é o continente com a maior a biodiversidade do mundo
por Marion Hütler
Infográfico das espécies ameaçadas da Lista Vermelha da IUCN
çadas de extinção, elaborada pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês). Segundo especialistas, se nada for feito para proteger as tartarugas-de-couro, que existem há 65 milhões de anos, eles desaparecerão em poucos anos.
Mudanças climáticas e biodiversidade Segundo as Nações Unidas, um aumento de até dois graus na temperatura média do planeta implica que uma em cada cinco espécies correrá risco de extinção – a Terra está diante da maior ameaça de extinção em massa desde o desaparecimento dos dinossauros. 44 REVISTA AMAZÔNIA
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A contribuição do aquecimento global para a extinção de animais é tema de amplos debates entre os cientistas. Muitos afirmam que a ameaça de extinção resulta da combinação de diversos fatores, como a poluição – que aumenta os efeitos das mudanças climáticas – ou a caça. A especialista Wendy Foden, da IUCN, diz que as mudanças climáticas já afetam a vida de muitas espécies, por exemplo alterando os seus hábitos migratórios. “É possível encontrar animais onde eles nunca haviam estado antes”, diz Foden. “Algumas espécies estão migrando para regiões mais frias. Na América do Sul, isso significa mais ao sul, ou para as montanhas.”
Foden usa o exemplo do peixe-palhaço para explicar o efeito dessa mudança na vida marítima
Nemo, o embaixador dos defensores do clima Já os habitantes dos mares têm poucas chances de escapar: o aumento da quantidade de dióxido de carbono no ar modifica o pH da água do mar, um processo que altera o habitat de inúmeras espécies. Foden usa o exemplo do peixe-palhaço para explicar o efeito dessa mudança na vida marítima. “O dióxido de carbono deixa a água do mar mais ácida e com isso o peixe-palhaço perde seu olfato.” Esse sentido auxilia os peixes a distinguir substâncias ao seu redor. Os alevinos se orientam dessa maneira para encontrar um recife seguro. Agora os especialistas do IUCN querem utilizar a popularidade do peixe-palhaço para conscientizar as pessoas sobre os efeitos das mudanças climáticas. “Todo mundo conhece o peixe-palhaço do filme Procurando Nemo”, diz Foden.
Perdas para a humanidade A perda da biodiversidade afeta também o ser humano. Numa pesquisa realizada na Alemanha, dois terços dos entrevistados responderam que a redução da variedade
de espécies afetaria sua vida, mas que esse efeito seria observado, principalmente, nas suas horas de lazer e em atividades na natureza. Na verdade, os efeitos são bem mais amplos. A iniciativa Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade (TEEB, na sigla em inglês), lançada pela Alemanha e pela Comissão Europeia, procura calcular o valor financeiro dos ecossistemas. Ela afirma, por exemplo, que o serviço de polinização feito pelos insetos vale cerca de 110 bilhões de euros. Porém, o estudo do TEEB não é capaz de determinar com precisão os custos da perda de diversidade, simplesmente porque muitas espécies nunca foram identificadas.
Novos remédios Cerca de 1,9 milhão de espécies estão catalogadas – apenas uma pequena parte do total existente. Especialistas estimam que cerca de cem espécies são extintas por ano. Como a função delas no ecossistema é desconhecida, os cientistas não podem calcular os efeitos de
Cerca de 6% dos medicamentos descobertos nos últimos dez anos foram desenvolvidos a partir de substâncias naturais
A maior tartaruga marinha do mundo – na lista vermelha revistaamazonia.com.br
seu desaparecimento. A equipe da pesquisadora alemã Gudrun Mernitz isolou mais de cem substâncias de microorganismos do mar. Agora, o potencial delas para medicamentos está sendo pesquisado. “Algumas delas podem ser úteis para o tratamento de diversos tipos de câncer”, diz a bióloga. Cerca de 6% dos medicamentos descobertos nos últimos dez anos foram desenvolvidos a partir de substâncias naturais, diz Rolf Hömke, da VFA, uma associação de pesquisa da indústria farmacêutica. Essas substâncias podem vir de qualquer lugar, por exemplo do intestino de um percevejo. Assim, o Triatoma Infestans, conhecido no Brasil como barbeiro, originou um novo remédio para vítimas de enfarte. A biodiversidade esconde inúmeras possibilidades para a medicina. REVISTA AMAZÔNIA 45
Brasil detém segunda maior área florestal do planeta País tem 516 milhões de hectares de florestas, o equivalente a 60,7% do território nacional
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Brasil tem 516 milhões de hectares de florestas, o equivalente a 60,7% do território nacional, ficando atrás apenas da Rússia. A informação consta da pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (Pevs), divulgada) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse total de 516 milhões de hectares de florestas é composto por áreas destinadas a reservas extrativistas e de desenvolvimento sustentável, terras indígenas, áreas de proteção dos recursos hídricos e do solo, de conservação da biodiversidade em unidades de conservação federais e estaduais, de produção madeireira e não madeireira em florestas nacionais e estaduais e florestas plantadas, de proteção ambiental e áreas ocupadas com florestas. Norte e Nordeste, à frente no extrativismo
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Silvicultura Segundo o estudo, em 2011, a produção florestal brasileira somou R$ 18,1 bilhões. Desse total, 72,6% de participação da silvicultura (estabelecimento, desenvolvimento e reprodução de florestas), em um total de R$ 13,1 bilhões. A outra parcela, 27,4%, corresponde à extração vegetal (exploração dos recursos vegetais nativos), que somou R$ 5 bilhões. Silvicultura é a atividade de regeneração e melhoramentos, seja naturais ou artificiais, das florestas, de forma a satisfazer as necessidades do mercado e, ao mesmo tempo, manter e fazer uso racional desse tipo de vegetação. É crescente a participação da silvicultura na produção madeireira nacional. De um total de 139.969.520 m³ produzidos de madeira em tora, 89.9 % são oriundos das florestas plantadas e apenas 10,1% do extrativismo vegetal. Das 5 478 973 toneladas de carvão vegetal, 75,3% foram produzidos pela silvicultura e 24,7% pela extração vegetal. Na produção de lenha, entretanto, o extrativismo vegetal colaborou com 42,1%, de um total de 89 315 636 m³, contra 57,9% da silvicultura. A participação de quatro produtos madeireiros - carvão vegetal, lenha, madeira em tora para papel e celulose e madeira em tora para outros fins - somando R$ 13 bilhões, detém quase a totalidade do valor apresentado pela silvicultura. Os três produtos não madeireiros (folhas de eucalipto, resina e cascas de acácia negra) somam R$ 151,8 milhões. O valor da produção da madeira em tora da silvicultura somou mais de R$ 8,8 bilhões, divididos quase equitativamente entre a produção para papel e celulose e a destinada a outros fins. A produção de madeira em tora destinada para papel e celulose contribuiu com 60,3% no total obtido pela silvicultura, processo em que todos os produtos madeireiros obtiveram crescimento, destacando-se o carvão vegetal (19,7%).
Norte e Nordeste, à frente no extrativismo; Sul e Sudeste, na silvicultura Um balanço regional da produção florestal do país mostra que a concentração de produtos é diferenciada, conforme o processo produtivo: a região Sul se destaca com dois produtos não madeireiros da extração vegetal: erva-mate (99,8%) e pinhão (97,9%). As demais produções do extrativismo vegetal se concentram nos estados da região Norte – principalmente açaí (94%) e castanha-do-pará (94,7%) – e região Nordeste - amêndoas de babaçu (99,6%), fibras de piaçava (96,77) e pó cerifico de carnaúba (100%). Já na silvicultura, o predomínio fica com as regiões Sul e Sudeste, tanto para os madeireiros quanto para os não madeireiros, estes, assim distribuídos: folhas de eucalipto (89,0%) e resina (59,2%) no Sudeste e casca de revistaamazonia.com.br
Castanha do Pará
2011, contra 3 256 toneladas em 2010), onde se localiza também o maior produtor municipal, Codajás. Todavia, a liderança na produção coube ao Pará (109.345 toneladas), que abriga 12 dos 20 maiores municípios produtores (oito são amazonenses), que juntos são responsáveis por 71,4% da produção nacional.
Castanha-dopará
acácia negra no Sul, com 100% dessa produção oriunda do Rio Grande do Sul. A região Sul responde também por 33,6% da produção de resina. Quanto aos madeireiros da silvicultura, o Sudeste se destaca na produção de carvão vegetal (84,0%) e de madeira para papel e celulose (38,7%). O Sul fica em primeiro lugar na produção de lenha (69,1%) e de madeira em tora para outros fins que não papel e celulose (65,4%).
Açaí cresce 73,1% em 2011 A produção de fruto do açaí, em 2011 (215.381 toneladas), cresceu 73,1% em relação ao ano de 2010, com aumento em quase todos os estados produtores, à exceção da Bahia e do Tocantins. O crescimento mais expressivo ocorreu no Amazonas (89.480 toneladas em
A produção de castanha-do-pará, em 2011, 4,4% superior à de 2010, apresenta-se como resultado da grande procura pelo produto, principalmente por empresas ligadas ao comércio exterior. O principal estado produtor foi o Amazonas (14.661 toneladas), seguido de perto pelo Acre (14.035 toneladas) e, em maior distância, pelo Pará (7.192 toneladas) Os 20 maiores produtores no ranking dos municípios - sete do Amazonas, sete do Acre, quatro do Pará e dois de Rondônia – respondem por 74,3% da produção nacional. O primeiro lugar é do amazonense Beruri, que produziu 6.100 toneladas.
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Brasil ocupa lugar de destaque por possuir a segunda maior extensão florestal do planeta, ficando atrás apenas da Rússia. Segundo os dados do Serviço Florestal Brasileiro - SFB, são 516 milhões de hectares de florestas, o que equivale a 60,7% do Território Nacional. Este montante é composto por áreas destinadas a reservas extrativistas; reservas de desenvolvimento sustentável; terras indígenas; áreas de proteção dos recursos hídricos e do solo; de conservação da biodiversidade em unidades de conservação federais e estaduais; áreas de produção madeireira e não madeireira em florestas nacionais e estaduais e florestas plantadas; áreas de proteção ambiental e principalmente áreas ocupadas com florestas, que, segundo as funções definidas como prioritárias pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO), são de uso desconhecido ou indefinido (ONU..., 2011). A publicação completa da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) – 2011 pode ser acessada pelo link: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pevs/2011/default.shtm
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Metade da comida produzida todos os anos vai para o lixo Aumento da população mundial, que deverá chegar aos 9,5 mil milhões em 2075, faz temer um agravamento do problema.
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por Marisa Soares
erca de metade da comida produzida no mundo todos os anos vai para o lixo. Um estudo divulgado recentemente revela que 30 a 50% dos alimentos disponíveis não são consumidos, o que se traduz no desperdício de 1,2 mil milhões a dois mil milhões de toneladas de comida. E o problema tende a agravar-se. O documento intitulado Global Food; Waste not, Want not (Alimentos Globais; Não Desperdice, Não Queira), elaborado pelo Institution of Mechanical Engineers, uma organização do Reino Unido que representa engenheiros industriais, aponta motivos para o desperdício: condições inadequadas de armazenamento e transporte, adoção de prazos de validade demasiado apertados, ou promoções que encorajam os consumidores a comprar em excesso. Outro problema é a preferência dos supermercados por alimentos “perfeitos” em termos de formato, cor e tamanho. O estudo refere que 30% das frutas e legumes plantados no Reino Unido não chegam a ser colhidos, por causa da aparência. Os números apurados pela instituição estão em linha com os dados da FAO (Food and Agriculture Organization, das Nações Unidas), segundo os quais os países
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industrializados jogam fora um terço da comida disponível, todos os anos. Isto equivale a 1,3 mil milhões de toneladas, segundo a FAO, suficientes para alimentar as 868 milhões de pessoas que todos os dias vão dormir com fome. O estudo agora divulgado lembra que as previsões da ONU apontam para um aumento da população mundial até 2075, de três mil milhões de pessoas. Nesse ano, haverá 9,5 mil milhões de bocas para alimentar. “A quantidade de comida desperdiçada no mundo é assombrosa. Esta comida poderia ser usada para alimentar a crescente população mundial, além dos que estão passando fome”, informou o diretor do departamento de Energia e Ambiente da organização, Tim Fox. O desperdício de alimentos envolve também o gasto desnecessário dos recursos usados na sua produção,
Muita fruta e legumes acabam no lixo por causa da aparência revistaamazonia.com.br
Volume de água necessário Gênero alimentício Apple Banana Beef Beer Bio-diesel Bread Butter Cabbage Cheese Chicken meat Chocolate Egg Milk Olives Pasta (dry) Pork Potatoes Pizza Rice Sheep Meat Tea Tomato Wine Cotton
Quantidade 1 kg 1 kg 1 kg 1 x 250ml glass 1 litro 1 kg 1 kg 1 kg 1 kg 1 kg 1 kg 1 1 x 250ml glass 1 kg 1 kg 1 kg 1 kg 1 unit 1 kg 1 kg 1 x 250ml cup 1 kg 1 x 250ml glass 1 250g
como a água, os terrenos, a energia. O documento conclui que cerca de 550 mil milhões de metros cúbicos de água são usados anualmente na produção de alimentos que vão para o lixo. E as previsões não são animadoras: o consumo de água no mundo chegará aos 13 biliões de metros cúbicos por ano em 2050, devido ao crescimento da procura de
Consumo de Água 822 litros 790 litros 15,415 litros 74 litros 11,397 litros 1,608 litros 5,553 litros 237 litros 3,178 litros 4,325 litros 17,196 litros 196 litros 255 litros 3,025 litros 1,239 litros 5,988 litros 287 litros 1,239 litros 2,497 litros 10,412 litros 27 litros 214 litros 109 litros 2,495 litros
alimentos – sobretudo de carne, que exige mais água do que os vegetais no processo de produção. Este valor representa até 3,5 vezes o total de água consumido atualmente. Por isso, os autores do documento recomendam que sejam tomadas medidas urgentes para inverter este cenário. REVISTA AMAZÔNIA 49
Alimentos com maior teor de vitaminas e nutrientes estão sendo produzidos no Brasil
O feijão, a batata-doce e o arroz já fazem parte dos produtos biofortificados, desenvolvidos para suprir, principalmente, a população mais pobre
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lguns alimentos estão sendo enriquecidos nutricionalmente para combater a desnutrição, principalmente na população mais pobre do Brasil. A Empresa Brasileira de pesquisa Agropecuária (Embrapa) está desenvolvendo o feijão com o dobro de ferro, batata-doce alaranjada com muita vitamina A e o arroz polido com altos teores de zinco, conhecidos como alimentos biofortificados. A técnica proporciona o melhoramento por meio da seleção das sementes que apresentam características desejáveis de micronutrientes e não usa a manipulação genética, o que significa que não são alimentos transgênicos. A pesquisa começou há cerca de dez anos, sob a coordenação da engenheira de alimentos da Embrapa Marilia Nucci. “Nós estamos desenvolvendo cultivos agrícolas com maiores teores de ferro, zinco e pró-vitamina A. Começamos trabalhando com mandioca, feijão e milho. Depois fomos adicionando outros alimentos, como o feijão caupi (variedade resistente à seca), batata-doce, trigo e abóbora. Estamos buscando alimentos básicos, consumidos em grande quantidade pela população mais carente.”
Alimentos biofortificados ajudam a prevenir problemas de saúde
Destino dos alimentos A Embrapa dispõe de uma quantidade de sementes para o plantio das safras. A distribuição é feita por meio de pedidos diretos, que podem ser feitos por prefeituras ou escolas, podendo ser utilizados nos programas de merenda escolar. O foco do projeto é a Região Nordeste. Testes foram feitos nos estados do Maranhão, de Sergipe e do Piauí, onde também é processada a multiplicação das sementes. O feijão teve os teores elevados de 50 gramas para 90 gramas de ferro por quilo. A mandioca, que praticamente
não tem betacaroteno, passou para nove microgramas por grama. A batata-doce teve o betacaroteno elevado de 10 microgramas por grama para 115 microgramas por grama. O arroz teve o teor de zinco acrescido de 12 para 18 microgramas por quilo. “A batata-doce que nós lançamos é cor de abóbora. Ela tem a mesma quantidade de pró-vitamina A que a cenoura. O gosto é muito bom e está agradando principalmente as crianças”, disse Marilia Nucci.
Alimentos biofortificados A Embrapa faz parte de uma aliança internacional para desenvolver alimentos biofortificados, mas a propriedade intelectual do que for desenvolvido no Brasil pertencerá à empresa. No País, já são cerca de 1,2 mil famílias plantando alimentos biofortificados, com expectativa de se chegar a 15 mil nos próximos três anos. Em 2014, a Embrapa pretende desenvolver um teste de impacto nutricional com a população para medir os resultados dos alimentos biofortificados em comparação aos convencionais. Atualmente a empresa desenvolve sete variedades agrícolas: abóbora, arroz, batata-doce, feijão, feijão caupi, mandioca e milho.
O Brasil está conseguindo colocar na merenda escolar de alguns municípios alimentos mais ricos em vitamina A, ferro e zinco. Os resultados obtidos são exemplos para projetos similares conduzidos na América Latina, África e Ásia. A experiência foi relatada recentemente durante a II Conferência Global para Pesquisa e Desenvolvimento da Agricultura (GCARD2), realizada em Punta del Este, Uruguai. O evento reuniu especialistas para discutir o futuro da agricultura, as inovações em pesquisa e desenvolvimento e o envolvimento de pequenos agricultores. De acordo com Marília Nutti, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro/RJ) e líder da Rede BioFORT (www.biofort.com.br), as parcerias entre prefeituras, escolas e produtores cria uma comunidade de benefícios mútuos. “A integração de alimentos biofortificados na merenda escolar é o futuro das melhores práticas em agricultura”, afirma.
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Soluções para reduzir a pegada ecológica por Ariana Galindo Gonzáles
A luta contra o aquecimento global
Troque as lâmpadas
Economize água e energia
Dê uma folga para o carro!
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Gases de efeito estufa são emitidos através da produção e consumo de energia, mas também através de processos menos óbvios, como a produção de alimentos. O dióxido de carbono (CO2) é o principal poluidor. Todas essas emissões têm consequências para o aquecimento global. Então, como as pessoas e os governos podem reduzir suas emissões?
Uma das maneiras mais fáceis de reduzir sua pegada ecológica individual é identificar as cinco lâmpadas mais usadas da casa e substituí-las por outras que consumam menos energia. As novas lâmpadas tendem a durar de 10 a 50 vezes mais, o que significa também economia. Mas não se esqueça de desligar as luzes quando sair!
A água é usada diariamente em diversas atividades e é chave para a nossa sobrevivência. Mas há outro motivo para cuidar do seu consumo individual de água: uma grande quantidade de energia é necessária para bombear, tratar e aquecer a água que chega em sua casa, e isso aumenta a quantidade de gases de efeito estufa na atmosfera. Assim, conservando água, conserva-se também energia. Deixar o carro em casa pelo menos dois dias por semana pode reduzir suas emissões individuais em até duas toneladas por ano. Ao utilizar o carro, tente conduzi-lo de maneira eficiente também. Vá devagar com os pedais do acelerador e do freio, evite acelerar muito e não carregue itens inúteis no porta-malas, já que o peso extra aumenta o consumo de combustível – e a poluição. REVISTA AMAZÔNIA 51
À procura de um carro novo?
Por que não optar por um carro híbrido ou elétrico? Embora especialistas afirmem que os carros elétricos reduzem de forma acentuada as emissões de gases de efeito estufa, o público alemão e em geral, ainda reluta em adotar a ideia.
Infraestrutura eficiente
Além de soluções individuais, os governos municipais, estaduais e federal também têm um papel fundamental na redução das emissões de gases de efeito estufa. Nas grandes cidades, eficientes sistemas de transporte público e a otimização de edificações antigas podem ter um grande impacto sobre as emissões de gases de efeito estufa.
Edifícios verdes
Consuma produtos locais
Menos CO2, mais empregos
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Prédios são responsáveis por um terço de todas as emissões mundiais de gases do efeito estufa. Edifícios reformados podem produzir sua própria energia através de painéis solares, além de reduzir as emissões com o uso eficiente de luz, janelas, água e sistemas de aquecimento e refrigeração. No futuro, a produção de cimento também precisa evoluir para reduzir o impacto da indústria da construção.
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Outra forma de reduzir a emissão de gases de efeito estufa é consumir alimentos produzidos perto de onde você mora. Isso porque os alimentos importados têm uma pegada ecológica enorme. Além disso, reduzir o consumo de carne também poupa o meio ambiente. Um pessoa carnívora emite por ano 1,5 tonelada de gases poluentes, principalmente metano, a mais do que alguém que não come carne. Já existem parques eólicos em toda a Alemanha, e o país produz também uma quantidade surpreendente de energia proveniente de painéis solares. Biomassa, resíduos biodegradáveis e hidrelétricas também fazem parte do mix de energias renováveis. A geração de empregos é um bônus do boom da indústria de energia verde: mais de 350 mil pessoas trabalham no setor em todo o país.
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Pagar para conservar?
A ideia de pagar países em desenvolvimento ricos em combustíveis fósseis para não explorar esses recursos naturais está se tornando popular em todo o mundo. A atitude não só ajuda a preservar ecossistemas únicos: as árvores mantidas em pé absorvem o dióxido de carbono na atmosfera. O governo equatoriano espera que a região de Yasuní possa ser utilizada de tal maneira.
Esperança para o futuro
Com a exploração de Yasuní, o governo equatoriano teria acesso a recursos gigantescos da extração de petróleo. Ao mesmo tempo, isso poderia significar a destruição da valiosa flora e fauna da região, além da desintegração de dois grupos indígenas. Para reduzir as emissões dos gases do efeito estufa precisamos mudar nosso estilo de vida e preservar o lugar em que vivemos para as gerações futuras.
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EDIÇÃO DO
PRÊMIO FIESP DE MÉRITO AMBIENTAL 2013
Inscrições até 18 de março revistaamazonia.com.br
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Exposição Brazilian Nature na Baviera
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ela quinta vez na Alemanha desde 2008, a mostra Brazilian Nature - Mystery and Destiny foi apresentada na Biblioteca da Universidade Católica de Eichstätt-Ingolstadt, em Eichstätt, no estado da Baviera. Resultado de uma parceria entre a Fapesp e o Museu Botânico de Berlim, a exposição mostra o trabalho de documentação feito por Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), reunido na obra Flora brasiliensis, que 171 anos depois da publicação de seu primeiro volume permanece como o mais completo levantamento da flora brasileira. O trabalho do naturalista alemão deu origem também ao projeto Flora Brasiliensis On-line e Revisitada, que inclui
a atualização da nomenclatura utilizada no trabalho original de Martius e a inclusão de espécies descritas depois de sua publicação, com novas informações e ilustrações recentes. A exposição apresenta também uma comparação das imagens produzidas no século 19 com fotografias atuais de plantas e biomas, além de retratar alguns dos resultados de pesquisas realizadas no âmbito do projeto Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo e do programa Biota-Fapesp, que reúne pesquisas sobre caracterização, conservação, recuperação e uso da biodiversidade do Estado de São Paulo. Concebida com base nos dados provenientes desses três projetos, a exposição é composta por 37 painéis, com re-
Litografias históricas e fotografia atual de uma planta típica dos cerrados do Brasil central. Ilustração: Kielmeyera coriacea Mart. et Zucc. (Guttiferae) (à esq.: Nova genera et species plantarum, Martius (1824), vol. I, tab. 70; à dir: Fl. bras. vol. XII, pars I, tab. 59). Foto: Kielmeyera coriacea Mart. et Zucc. (Guttiferae) – São Paulo (V. Bittrich).
Litografia publicada na Flora brasiliensise fotografia atual. Ilustração: Melocactus violaceus Pfeiff. (Cactaceae) (Fl. bras. vol. IV, pars II, tab. 48). Foto: Melocactus ernestii Vaupel (Cactaceae) – Bahia (V. Bittrich). 54 REVISTA AMAZÔNIA
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Paisagem da Amazônia: litografia publicada na Flora brasiliensise fotografia atual. Ilustração: Mata inundável no Pará, Amazônia oriental (Fl.Bras. vol. I, tab. 40). Foto: Mata inundável próximo a Manaus, Amazônia Central, na época da enchente dos rios (V.Bittrich).
produções de imagens e ilustrações e textos explicativos. Desde 2008, a mostra já foi vista em Berlim, Bremen, Leipizig e, em fevereiro deste ano, no Museu da Universidade de Heidelberg. Na América do Norte, a exposição já circulou por Toronto (Canadá), Washington, Cambridge e Onça Pintada Panthera onca Foto: F. Colombini
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Paisagem da Mata Atlântica: litografia publicada na Flora brasiliensis e fotografia atual. Ilustração: Mata na Serra dos Órgãos, Rio de Janeiro (Fl. bras. vol. I, tab. 6). Foto: Trilha na mata no sudeste de São Paulo (C.A. Joly).
Morgantown (Estados Unidos) e está programada para ser exibida também na Espanha, nas cidades de Salamanca e Madri.
Exposição resultante de pesquisas O projeto Flora Brasiliensis On-line e Revisitada, que corresponde à primeira parte da exposição, representa uma continuidade do trabalho de Martius, que teve seu último volume publicado em 1906, depois da morte do autor. Em 2006, o projeto disponibilizou na internet a versão integral da obra de Martius, com 10.207 páginas com os textos das descrições das quase 23 mil espécies e as quase 4 mil ilustrações. O Flora Brasiliensis On-line e Revisitada inclui a atualização da nomenclatura utilizada no trabalho original de Martius e a inclusão de espécies descritas depois de sua publicação, com novas informações e ilustrações recentes. O trabalho foi financiado por uma
parceria entre Fapesp, Fundação Vitae e Natura Cosméticos e executado pelo Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria), pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pelo Jardim Botânico de Missouri, nos Estados Unidos. O Flora Brasiliensis On-line está disponível em http://florabrasiliensis.cria.org.br.
Bromeliaceae – Aechmea gracilis Lindm. Foto: S.E. Martins REVISTA AMAZÔNIA 55
Brazilian Nature - Mystery and Destiny
Flora catalogada pelo naturalista alemão é vista junto a trabalhos de pesquisadores brasileiros na Baviera
O Brasil exibe uma das mais ricas diversidades do mundo em ambientes naturais e espécies de plantas e animais. São seis grandes biomas – Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal e Pampa – originalmente distribuídos nos 8,5 milhões de quilômetros quadrados do país, e mais de 8 mil quilômetros de costa. Isto permite que o Brasil abrigue entre 15% e 20% da biodiversidade do planeta.
A segunda parte da exposição remete ao projeto Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, iniciado em 1993 e que listou cerca de 8 mil espécies de fanerógamas, como são chamadas as plantas com flores, que representam 80% da flora paulista. A. Psittacanthus sp. (Loranthaceae): flor. B. Liana (Menispermaceae) em mata de terra firme, Manaus, Amazônia Central. C. Ochroma pyramidale (Cav. Ex Lam.) Urb. (Malvaceae s.l.): flor. D. Clusia candelabrum Planch. & Triana (Guttiferae): flores masculinas. Fotos: V. Bittrich 56 REVISTA AMAZÔNIA
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O projeto reuniu mais de 200 pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Unicamp, dos institutos Botânico, Florestal e Agronômico e do Departamento de Parques e Áreas Verdes da cidade de São Paulo. Também contribuíram pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de outros estados brasileiros e de outros países. O terceiro elemento da exposição ultrapassa os limites da botânica e aborda a biodiversidade de forma mais geral, correspondendo ao programa BIOTA-FAPESP, que resultou na identificação e descrição de 500 novas espécies de
Flora do Estado de São Paulo. Manettia - espécie nova, coletada pelo projeto “Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo”. Foto: G. Shepherd
A. Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum. (Rubiaceae): flores. B. Psychotria nuda (Cham. & Schltdl.) Wawra (Rubiaceae): flores. C. Chusquea oligophylla Rupr. (Poaceae): inflorescência. D. Cirrhaea dependens London (Orchidaceae): planta em flor. E. Dalechampia sp. (Euphorbiaceae): inflorescência com brácteas vistosas. F. Asterostigma lividum (Lodd.) Engl. (Araceae): inflorescência. G. Mucuna urens (L.) Medik. (Leguminosae, Papilionoideae): inflorescência. Fotos: A, D, E, F, G: V. Bittrich; B: I. & M. Sazima; C: G. Shepherd.
A. Líquen Cora glabrata (Spreng.) M. P. Marcelli B. Sapinho pingo-de-ouro Brachycephalus ephippium O. Marques C. Jequitibá-rosa Cariniana legalis (Mart.) N. M. Ivanauskas D. Araçaripoca Pteroglossus bailloni A. M. Sugieda E. Urubu-rei Sarcoramphus papa J. Sabino F. Tamanduá-de-colete
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Tamandua tetradactyla A. M. Sugieda G. Virgínia bromélia Nidularium sp C. A. Joly H. Iguana Iguana iguana J. Sabino I. Macaco-prego Cebus apella J. Sabino J. Maria Faceira Syrigma sibilatrix J. Sabino K. Veado campeiro Ozotoceros bezoarticus J. Sabino REVISTA AMAZÔNIA 57
A. Dichorisandra leonii Aona & M.C.E. Amaral, sp. nov. ined. B. Dichorisandra pendula Aona & M.C.E. Amaral, sp. nov. ined. Ilustrações: R. Lupo, Fotos: V. Bittrich Flora do Estado de São Paulo, A. Bromeliaceae – Quesnelia humilis Mez. B. Bromeliaceae – Quesnelia arvensis (Vell.) Mez Fotos: A. M.G.L. Wanderley, B. S.E. Martins
A. Erythroxylum tortuosum Mart. (Erythroxylaceae): ramo com flores. B. Andira humilis Mart. ex Benth. (Leguminosae, Papilionoideae): árvore com tronco subterrâneo, com apenas raminhos e flores na superfície. C. Caryocar brasiliense Cambess. (Caryocaraceae): ramo com flores. D. Caryocar brasiliense Cambess. (Caryocaraceae): ramo com frutos. E. Ouratea floribunda Engl. (Ochnaceae): ramo com flores. F. Ouratea sp. (Ochnaceae): frutos. G. Esterhazya splendida J.C. Mikan (Orobanchaceae s.l.): ramo com flores. Fotos: V. Bittrich
plantas e animais e no registro de informações sobre mais de 12 mil espécies e bancos de dados com o conteúdo de 35 coleções biológicas. Os resultados do programa BIOTA-FAPESP têm sido aplicados como instrumento de preservação ambiental no Estado de São Paulo. A exposição, que conta com o apoio do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade Católica de Eichstätt-Ingolstadt foi aberta pelo reitor da univesidade, Dr. Richard Schenk, poderá ser visitada pelo público até 8 de fevereiro de 2013. [*] Com informações da Agência Fapesp
Muriqui - Brachyteles arachnoides Macaco da Mata Atlântica brasileira. Foto: Miguel Boyayan
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A produtividade da CAINDR aumentou 150% na gestão de Wilson Filho
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a história do Congresso Nacional, Wilson Filho é o parlamentar mais jovem a assumir a presidência de uma Comissão Permanente e, apesar de ser o seu primeiro mandato o deputado tem mostrado disposição política e inovadora em prol do fortalecimento das regiões mais necessitadas do Brasil. A gestão de Wilson Filho à frente da CAINDR iniciou em 7 de Março de 2012, neste período o número de projetos em análise era minímo. O parlamentar Wilson Filho empenhado com o trabalho sabia que era possível aumentar a produção da Comissão, mesmo sendo um ano eleitoral. O deputado focou nesta ideia e, requereu a presidência da Câmara dos Deputados que despachasse à CAINDR todos os projetos que eram de competência das temáticas trabalhadas pela Comissão. Atualmente estão em andamento cerca de 350 projetos, isto significa um aumento de 150% na produtividade da CAINDR e posiciona a Comissão como uma das que possuem maior número de proposições sendo avaliadas. Os dados divulgados no relatório de atividades em 2012 mostram que a Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional está tendo amplo desempenho. Só neste ano, foram aprovados 94 requerimentos, 20 projetos foram deliberados e outros estão em tramitação. No comparativo entre as atividades realizadas pela CAINDR em 2011 e as desempenhadas em 2012 constam aumento no número de reuniões deliberativas que passou de 11 para 15, já o número de seminários promovidos aumentou em 4 vezes. Este trabalho abrangente realizado em 2012 pela Comissão é reconhecido na Câmara dos Deputados através da
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mesa diretora e também pela secretaria da Casa. Em 06 de novembro a CAINDR fez um importante seminário com o Tema: “VI Simpósio Amazônia: Desenvolvimento Regional Sustentável (Regiões Norte e Nordeste)”, onde foram apresentadas novas alternativas para o desenvolvimento sustentável, crescimento econômico e redução da pobreza nas regiões Norte e Nordeste. A partir das propostas colocadas no VI Simpósio, a Consultoria Legislativa da Casa está elaborando documento para que seja encaminhado à Presidência da República. Estes dados servirão como base para a implantação de ações estruturantes em auxílio às regiões mais carentes do Brasil. Em 2012, a CAINDR promoveu, entre outras importantes ações, 9 audiências públicas que abordaram os seguintes temas: “A situação da Aviação na Amazônia Legal e na Região Nordeste”; “Propostas para A Rio + 20: Economia Verde
Wilson Filho com o embaixador Luiz Alberto Figueiredo
e Erradicação da Pobreza na Amazônia e no Nordeste”; “Discussão da PEC nº 556/02 que dá nova redação ao art.54 do ato das disposições constitucionais transitórias da constituição federal, concedendo aos seringueiros ‘ soldados da Borracha’ os mesmos direitos concedidos aos ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial”; “Medida provisória 2186-16/2011: Legislação de Acesso a Recursos Genéticos”; “Constantes queixas de consumidores, relativas à prestação de serviços das operadoras de telecomunicação”; “Os Termos do Acordo Firmado entre a COOMIGASP e a COLOSSUS para a Lavra de Minérios em Curionópolis-PA”; “Conflitos rurais e exploração de madeira no estado do Amazonas”; “Relações de Trabalho e o Impacto social das Demissões da JARI CELULOSE S/A,
O deputado Wilson Filho (PMDB/PB) com apenas 22 anos foi eleito presidente da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional – CAINDR
nas comunidades do Vale do Jari”; “A Reestruturação dos órgãos de Desenvolvimento Agrário do Brasil e a situação das Unidades do INCRA”. As realizações de atividades contínuas por parte da Comissão resultaram em 2012, a organização de 5 seminários que discutiram assuntos, como exemplo: “Efeitos da Seca”; “Telefonia Móvel e Inclusão Digital”; “Gerenciamento Costeiro na Região Norte: Sustentabilidade Ambiental na Zona Costeira e Marinha”; “O enfrentamento às Drogas”; “Educação, Ciência e Tecnologia na Amazônia”, e o “VI Simpósio Amazônia: Desenvolvimento Regional Sustentável (Regiões Norte e Nordeste)”. Na gestão do deputado Wilson Filho, a CAINDR desenvolve ações que tem como propósito a integração nacional e trata de assuntos que competem as atribuições do Ministério da Integração Nacional, ultrapassando fronteiras. Hoje, a Comissão segue para a implantação de políticas públicas que irão trazer o desenvolvimento regional para o norte, nordeste, sudeste, sul e centro oeste. O objetivo do deputado Wilson Filho como presidente da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional foi promover ações que visam o desenvolvimento sustentável; incentivos e integração de regiões; planos nacionais e regionais de ordenação do território e de organização política e administrativa; desenvolvimento econômico e social; assuntos de interesse federal nos Municípios, Estados, Territórios e no Distrito Federal; política de combate às calamidades; migrações internas e outras atividades que resultem na integração e no desenvolvimento de todo o Brasil. REVISTA AMAZÔNIA 59
Combate à dengue deve ser reforçado no verão Nessa época do ano, os índices de dengue aumentam devido às chuvas e umidade que facilitam os abrigos do mosquito transmissor, o Aedes aegypti
C
aracterísticas climáticas típicas do verão, são sinal de alerta para a transmissão da dengue no País. O período de chuvas intensas e de maior umidade exige reforço dos cuidados de prevenção por parte dos gestores municipais e também da própria população, explica o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho. Este ano a Campanha Nacional de Combate à Dengue 2012/2013 tem como slogan Dengue É Fácil Combater, Só Não Pode Esquecer. A campanha tem por objetivo, na primeira fase, que se estende até o final deste mês, mobilizar a população a adotar medidas simples de prevenção. Na segunda fase, que começa a partir de janeiro, o foco é no reconhecimento dos sinais e sintomas da doença e as principais medidas que devem ser adotadas pelas pessoas em caso de suspeita de dengue. O último Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), do Ministério da Saúde, mostra que 77 cidades brasileiras estão em situação de risco para a dengue. Dessas, em dez, a situação de risco prevalece desde 2011. Os dados do ministério revelam que, na Região Norte, as principais causas de criadouros do mosquito são a deficiência no abastecimento de água e na coleta do lixo. No Nordeste, o abastecimento de água aparece como o principal problema. No Sudeste, os depósitos domiciliares provocam o aumento da circulação do mosquito. No Sul, o alerta é para o lixo. Na Região Centro-Oeste, abastecimento de água, depósitos domiciliares e lixo representam praticamente o mesmo percentual no agravamento de criadouros. Giovanini Coelho lembrou que pesquisas recentes demonstram que o brasileiro se sente bem informado em relação à doença e às medidas de prevenção. O grande desafio, segundo ele, é transformar esse conhecimento em mudança de comportamento. “É fácil prevenir a dengue, mas é importante que a população efetivamente adote mudanças de comportamento por meio de ações que ela conhece muito bem”, explicou. Segundo o coordenador, municípios que enfrentam problemas com abastecimento de água devem focar em 60 REVISTA AMAZÔNIA
estratégias como tampar caixas d’água e desobstruir calhas. As cidades com criadouros em depósitos domiciliares precisam observar as vistorias das casas, assim como a colocação de areia nos vasos de planta e a eliminação
de recipientes que podem acumular água, como garrafas plásticas e pneus. Já os gestores que registram problemas com lixo precisam melhorar os serviços de limpeza urbana e conscientizar a população em relação ao desrevistaamazonia.com.br
Todo cuidado é muito pouco!
carte de resíduos em terrenos baldios, por exemplo. “O Sistema Único de Saúde (SUS) tem milhares de agentes de saúde treinados para fazer o trabalho de assessoria, supervisão e visita aos domicílios. É fundamental
que os gestores municipais tenham essa ação como uma prioridade. É importante que as visitas sejam feitas regulamente, que o poder local articule ações intersetoriais, particularmente voltadas para a manutenção da limpeza ur-
bana. Esse conjunto de medidas que envolve a participação da população e a ação do Poder Público são fundamentais para passarmos por esse verão com uma menor quantidade de dengue possível”, concluiu o coordenador.
Como eliminar os focos • Limpar e vedar os reservatórios e caixas d`água; •Retirar os recipientes que possam acumular água, como pneus, baldes, latas e pratos e vasos de plantas, mantendoos protegidos das chuvas; • Limpar as calhas; •Colocar areia nos pratos e vasos de plantas; •Só cultivar plantas em areia; •Não permitir acúmulo de água por uma semana em lajes; •Manter vasos sanitários e outras estruturas que possam acumular água, fechados ou vedados. E NÃO ESQUEÇA Se você tiver Febre, Dores de Cabeça, pelo corpo ou nos olhos, tonteiras e desânimo. Pode ser Dengue! Procure sua Unidade de Saúde e beba bastante líquido! ATENÇÃO: Dores abdominais, vômitos persistentes, pele pálida e fria, sangramentos, sonolência, agitação e confusão mental, são sinais de casos graves de Dengue. Procure imediatamente a unidade de saúde mais próxima. revistaamazonia.com.br
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Biofábrica Clones da Amazônia começa a operar em Rio Branco por Priscila Viudes*
Fotos: Sérgio Vale/ Secom AC
P
roduzir mudas in vitro em larga escala, livres de doenças e pragas e com alta qualidade genética. Essa é a função de uma biofábrica e o Acre já tem um empreendimento como este, trata-se da Biofábrica Clones da Amazônia, inaugurada em meados de dezembro p.p. A iniciativa é do Governo do Acre e conta com o apoio técnico da Embrapa Acre, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Inicialmente, serão produzidas mudas de banana e abacaxi para atender às políticas de incentivo a fruticultura no Estado, mas segundo o secretario de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), Edavaldo Magalhães a
Biofábrica terá capacidade para gerar 1 milhão de mudas 62 REVISTA AMAZÔNIA
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Para o secretario de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), Edvaldo Magalhães a ideia é produzir também, numa segunda etapa, mudas de espécies florestais
ideia é produzir também, numa segunda etapa, mudas de espécies florestais. “É uma tecnologia de ponta que nós estamos trazendo para o Estado para atender a meta de aumentar a área plantada de banana e abacaxi”, afirma. Por meio de um convênio de cooperação técnica, profissionais da Embrapa deram suporte técnico ao Governo do Estado para elaborar um projeto que foi enviado para o Fundo Amazônia, administrado pelo BNDES, que disponibilizou 2 milhões e meio de reais para a instalação da biofábrica. A estrutura conta com equipamentos de ponta, como o Biorreator de Imersão Temporária, aparelho automatizado que utiliza meio de cultura líquido e possibilita maior controle e precisão nas condições de
Judson Valentim, discursa na inauguração revistaamazonia.com.br
cultivo in vitro, além de acelerar a taxa de crescimento do material produzido, gerando mudas mais uniformes no final do processo. “Na Amazônia, não existe uma biofábrica desse porte, com capacidade para produzir um milhão de mudas ao ano, quando estiver em pleno funcionamento”, afirma a pesquisadora da Embrapa Acre, Andrea Raposo. Os oito profissionais contratados para atuar na Biofábrica foram capacitados durante seis meses no Laboratório de Morfogênese e Biologia Molecular da Embrapa Acre. “As plantas são produzidas por meio de um sistema de clonagem, pelo uso de técnicas especializadas, em que a partir de um fragmento das plantas matrizes podem ser obtidas milhares de cópias. Todas essas técnicas
foram repassadas para a equipe da Biofábrica, que nos acompanhou na Embrapa Acre nesses últimos meses”, diz Raposo.
Multiplicação A produção de mudas pode ocorrer pela propagação via sementes, pela propagação vegetativa convencional ou pela propagação vegetativa em laboratório (in vitro), técnica também conhecida como micropropagação, que será adotada na biofábrica. “Pelo método convencional, é possível se obter cerca de 12 mudas a partir de uma planta da bananeira, em um ano, com a micropropagação consegue-se produzir cerca de 300 novas mudas a partir de um único pedaço da planta matriz, fato que alavanca a cadeia produtiva em um curto espaço de tempo”, afirma Raposo. Além dessa vantagem, a micropropagação possibilita a produção de mudas com alta qualidade genética de variedades recomendadas pela pesquisa científica. “São plantas com bom rendimento e livres de doenças. A produção da biofábrica Clones da Floresta terá condições de atender a demanda por mudas do Acre e de outros estados”, afirma o chefe geral da Embrapa Acre, Judson Valentim. No primeiro ano de funcionamento, a biofábrica deve fechar 2013 com cerca de 500 mil mudas, que serão destinadas a custo zero, para as famílias cadastradas nos programas de agricultura familiar do Governo do Estado. [*] Embrapa Acre
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Energia do subsolo é usada para climatizar edifícios modernos
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rédios modernos aproveitam cada vez mais o calor do subsolo, rios ou canalização, para aquecer ou resfriar ambientes. Especialistas veem nessa tecnologia um grande potencial para abastecer casas com energia renovável. O subsolo esconde muito potencial energético: na crosta terrestre a temperatura aumenta, em média, 3ºC a cada 100 metros de profundidade. E, com isso, diversas possibilidades de utilização dessa energia são abertas na Alemanha, onde há uma mudança de curso da política energética. Mas até mesmo fora das fronteiras alemãs a energia geotérmica oferece um grande potencial: um estudo do Centro Aeroespacial Alemão (DLR, na sigla em alemão), elaborado a pedido do Greenpeace, calcula que o potencial da geotermia supera em muitas vezes o atual consumo energético no mundo.
Climatização de edifícios Sem muito esforço, as diferenças de temperatura da terra podem ser utilizadas para climatizar edifícios. Há poucos metros abaixo da superfície terrestre, a temperatura é quase constante e se aproxima da temperatura média anual de cada lugar – o que na Alemanha seria em torno de 6ºC a 10ºC.
por Bernward Janzing
Enterrados, canos vão transportar ar quente e frio para climatizar edifícios
Assim surge uma possibilidade de produção de ar quente no inverno e de ar frio no verão: o ar fresco de edifícios passa previamente por uma tubulação colocada no subsolo. Dessa forma, o ar será aquecido pela terra no inverno e resfriado no verão. Tal ideia já é utilizada há alguns anos em prédios modernos, e já é suficiente para a climatização usada durante o verão em zonas climáticas temperadas. O subsolo esconde muito potencial energético: na crosta terrestre a temperatura aumenta, em média, 3ºC a cada 100 metros de profundidade
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O Instituto Fraunhofer de Sistemas de Energia Solar (ISE, na sigla em alemão), em Freiburg, é um exemplo. Antes de entrar nos escritórios do instituto, o ar externo é transportado por tubulações de plástico que estão enterradas a seis metros de profundidade.
Energia geotérmica de profundidade Na utilização de energia geotérmica há duas variantes: a utilização do calor da superfície terrestre ou de profundidade. Na Alemanha, a chamada geotermia de profundidade utiliza o calor da terra abaixo de 400 metros. Através de temperaturas acima de 100ºC, é possível aquecer prédios ou também produzir energia elétrica. Ao contrário da geotermia de profundidade, o calor próximo da superfície terrestre muitas vezes não é suficiente para aquecer um edifício e, portanto, é preciso uma bomba de calor para aumentar a temperatura. Na Alemanha são aquecidos dessa forma mais de 200 mil edifícios e, anualmente, outros 20 mil são incluídos nessa lista. A bomba de calor trabalha de forma similar a um refrigerador, que resfria o interior e aquece a parte externa traseira. De forma parecida, retira-se parte do calor da terra com a ajuda de tubulações de água, enquanto que, revistaamazonia.com.br
Maior central geotérmica da Europa se localiza na Toscana
ao mesmo tempo, a água para o aquecimento de espaços internos é aquecida – comparável à parte de trás de uma geladeira. Porém, essas bombas de calor precisam muitas vezes de energia elétrica. Combinadas com um sistema de calefação por piso radiante, elas atingem um chamado coeficiente de desempenho (COP, em inglês) entre três e quatro. O COP é usado como método para definir a eficiência energética da bomba de calor. Isso significa que, com o uso de um quilowatt-hora de energia, podem ser produzidos de três até quatro quilowatts-hora de calor.
Energia retirada da canalização de dejetos O calor também pode ser retirado do sistema de canalização de dejetos, que é relativamente quente. “Essa produção de energia é rentável para a calefação de edifícios, principalmente se considerarmos o preço crescente da energia”, explicou Olaf Westerhoff, especialista em energia da prefeitura de Konstanz. A referida prefeitura construiu um permutador de calor de 90 metros de comprimento num duto de dejetos, aquecendo assim três novas residências multifamiliares.
Dessa maneira, a fornecedora de energia quer retirar 900 mil quilowatts-hora de calor por ano da tubulação de esgoto – isso corresponde ao potencial energético de 90 mil litros de óleo para aquecimento. De acordo com informações de Westerhoff, compensa aproveitar o esgoto principalmente em grandes cidades e nas proximidades de indústrias com águas residuais quentes. Cidades como Berlim e Munique, na Alemanha; Paris e Dijon, na França; e Copenhague, na Dinamarca, já possuem esses tipos de instalações no subsolo. Instalações em outras cidades europeias já estão em planejamento. A energia também é retirada da canalização de dejetos, em diversas cidades da Europa
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Sistemas de energia ainda estão longe de ser sustentáveis Alerta o relatório do Conselho Mundial de Energia Relatório Trilema de Energia Mundial do WEC de 2012, apresentado na COP18
O
Índice de Sustentabilidade Energética anual do Conselho Mundial de Energia (WEC) revela que a maioria dos 90 países avaliados ainda está longe de alcançar completamente a sustentabilidade dos sistemas de energia. Lançado na COP-18 em Doha, o Índice é parte do relatório Trilema de Energia Mundial do WEC de 2012, “É hora de ser realista – a defesa de uma política energética sustentável”, que classifica os países segundo o seu clima e desempenho energético. Considera-se que a maioria dos países ainda não conseguiu equilibrar as pressões conflitantes do que o WEC chama de ‘trilema da energia’. O estudo também entrevistou a comunidade líder global no setor do WEC sobre o que eles esperam dos formuladores de políticas a fim de levar energia sustentável aos 7 bilhões de pessoas do mundo. Para Joan MacNaughton, Diretor Executivo do estudo: “Em última análise, essa é a comunidade de negócios que melhor compreende o que funciona na prática e quem tomará as cruciais decisões de investimento. Agora estamos pedindo aos governantes para estudar este relatório e se comprometer com a comunidade de negócios a fim de elaborar políticas claras, transparentes e coerentes que gerarão os resultados esperados.” As recomendações dos líderes do setor serão agora compartilhadas com a comunidade de elaboradores de políticas e executivos do WEC com recomendações conjuntas para um sistema de energia mais sustentável a ser apresentado no Congresso Mundial de Energia em 2013, na Coreia do Sul. Para Mark Robson, Sócio da Oliver Wyman e parceiro do projeto no estudo: “Há uma enorme carência de investimentos privados em projetos de baixo nível de carbono e em infra-estrutura
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energética. Essa carência pode ser preenchida, mas nesse exato momento é uma oportunidade perdida. Nosso relatório deixa claro que o setor espera que os elaboradores de políticas busquem garantias de que seus investimentos não se tornarão anti-econômicos devido às mudanças políticas. Portanto, os elaboradores de políticas devem criar políticas que permaneçam estáveis ao longo do tempo e possam ser associadas a outras políticas.”
Ao analisar 22 diferentes indicadores, o Índice de Sustentabilidade Energética do WEC considera que os 10 melhores destaques de 2012 são Suécia, Suíça, Canadá, Noruega, Finlândia, Nova Zelândia, Japão, França e Áustria, respectivamente. Contudo, mesmo os melhores destaques enfrentam desafios, e à medida que os países passam pelas etapas de desenvolvimento, eles podem se empenhar em áreas específicas. Segundo Pierre Gadonneix, Presidente do Os Sistemas Sustentáveis WEC: “Todos os países enfrentam desafios de Energia da WEC foram em sua transição para sistemas elétricos apresentados em Doha mais seguros, ambientalmente favoráveis e equitativos. Se quisermos ter alguma chance de oferecer energia sustentável para todos, precisamos enfrentar a realidade.” O relatório podem ser baixados em: http:// www.worldenergy.org/documents/ world_energy_trilemma_2012__executive_summary__final.pdf revistaamazonia.com.br
Cientistas criam luz a partir do vácuo
P
ela primeira vez, pesquisadores comprovam uma propriedade da mecânica quântica prevista há mais de 40 anos e criam luz a partir do vácuo. No experimento, realizado na Universidade de Tecnologia Chalmers, na Suécia, os chamados fótons “virtuais” foram rebatidos em uma estrutura vibrando a uma velocidade altíssima – 25% da velocidade da luz. O experimento, cujos resultados foram publicados na Nature, já havia sido previsto nos anos 70 e faz parte das teorias da mecânica quântica – a área da ciência que explica, pelo menos de forma teórica, o funcionamento de partículas no universo. De forma simples, é possível dizer que a mecânica comum não se plica às estruturas ínfimas como fótons, elétrons e prótons. Uma das bases da mecânica quântica é o princípio de que o vácuo não é vazio. Ele está repleto de partículas que mudam constantemente do estado de “existência” e “não existência”. Elas parecem existir por um breve momento e então desaparecem; por isso, recebem o nome de “partículas virtuais”. O feito da equipe liderada pelo professor Christopher
Criam luz a partir do vácuo
Wilson foi justamente fazer os fótons do vácuo deixarem seu estado virtual e se tornarem fótons reais - ou seja, luz. A teoria dizia que isso poderia aconteceria se os fótons virtuais quicassem em um espelho que se movesse quase tão rápido como a velocidade da luz. Ninguém, no entanto, havia conseguido observar o chamado Efeito
Casimir – até agora. Uma vez que mover um espelho à velocidade próxima à da Luz seria impossível, os pesquisadores adaptaram o experimento. O espelho, na verdade, é um componente eletrônico quântico chamado SQUID (Superconducting quantum interference device), extremamente sensível a campos magnéticos. Ao mudar a direção desse campo bilhões de vezes por segundo, os cientistas conseguiram fazer o “espelho” vibrar a 25% da velocidade da luz. Tamanha vibração transferiu energia cinética (energia do movimento) aos fótons virtuais, o que os fez se materializar em pares. Essa radiação tinha as mesmas propriedades previstas pelas teorias quânticas. A energia liberada pelo equipamento só foi suficiente porque os fótons não possuem massa, o que significa que precisam de pouca energia para saírem do estado virtual. A princípio, este mesmo experimento poderia materializar outras partículas, como prótons, mas a quantidade necessária de energia seria enorme. Os resultados da pesquisa sueca poderiam ser usados na criação de computadores quânticos, mas seu grande valor é ajudar os cientistas a compreender melhor as leis básicas dos fenômenos físicos.
Crédito: Philip Krantz, Chalmers
Primeira observação do Efeito Casimir Dinâmico. Um espelho que se move rapidamente que transforma os fótons virtuais em reais é a primeira evidência experimental do efeito Casimir dinâmico. revistaamazonia.com.br
Em experimentos, como na foto acima, os cientistas da Universidade de Tecnologia Chalmers, os fótons virtuais saltam fora um “espelho” que vibra a uma velocidade que é quase tão alto quanto a velocidade da luz. O espelho redondo na foto é um símbolo, é o componente eletrônico quantum (referido como um SQUID), que atua como um espelho. Isso faz com que os fótons reais apareçam (empares) no vácuo. REVISTA AMAZÔNIA 67
Computador recria o que cérebro enxergou Reconstruindo experiências visuais de atividade cerebral evocado por filmes naturais
U
ma pesquisa com incrível potencial de transformar ficção científica em realidade foi publicada ontem na Current Biology: um programa de computador que consegue reconstruir imagens vistas pelo cérebro. A equipe liderada pelo professor Jack Gallant e seu aluno de pós-doutorado Shinji Nishimoto, da Universidade de Berkley, criou uma tecnologia que mistura ressonância magnética e simulação de computador para decodificar e reconstruir as experiências visuais das pessoas – no caso, assistir a trailers no Youtube. Por enquanto, a tecnologia só pode reconstruir clipes que as pessoas já viram, mas abre caminho para reprodução de coisas na nossa cabeça que outros nunca veem- como sonhos e memórias. A pesquisa também teria um enorme potencial para auxiliar pessoas com dificuldades de comunicação (por exemplo, aquelas que sofreram um derrame ou que estão em coma).
Tecnologia Anteriormente, os pesquisadores já haviam gravado a atividade cerebral do córtex visual quando uma pessoa via fotos em preto e branco. Eles então criaram um modelo computacional que permitia prever para qual
foto a pessoa estava olhando, baseado nos sinais de seu cérebro. Desta vez, os pesquisadores deram um passo além e decodificaram os sinais cerebrais gerados por filmes. Para isso, dois dos autores do estudo serviram de cobaia e ficaram parados dentro do scanner MRI por horas, enUm caminho para reprodução de coisas na nossa cabeça que outros nunca veem- como sonhos e memórias
Imagens de grande potencial de utilização no estudo do cérebro
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A
B
1 sec
C
D
Reconstruction Accuracy
Presented movies Highest posterior movies (MAP)
3rd highest
5th highest
0.3 0.2 0.1 0
S1
S2 Subject
S3
MAP reconstruction AHP reconstruction Chance level (p=0.01)
Reconstructed movies (AHP)
Reconstruções de Filmes Natural de sinais BOLD
B
A
C
Prediction accuracy
+ V3A
V1 V2
V3B
V3B
V3
0
0 0 10 Space (deg)
0.4 0
+
0 24 Temporal freq. (Hz)
angle V3A
G
0.8
100
0.4 10 0 0 0 0.4 0.8 C: Directional motion model (Prediction accuracy)
10 0 10 0 Space (deg)
I eccentricity
1.6 0.4 0
0 24 Temporal freq. (Hz) speed
J
V3B V1 V2
Multifocal mapping
Motion-energy model
1.6
selectivity
Space (deg)
10
Spatial freq. (cycles/deg)
0 0 0.4 0.8 B: Nondirectional motion model (Prediction accuracy)
Directional motion model
Spatial freq. (cycles/deg)
10
B: Nondirectional motion model (Prediction accuracy)
0.4
Space (deg)
A: Static model (Prediction accuracy)
0.8
Number of voxels
E
H
V3
Nondirectional motion model
D
F
V3B
V3
Static model
V3A
V1 V2
Number of voxels
0.0 0.5 1.0 V1 V2 V3A
quanto assistiam a dois conjuntos separados de clipes do YouTube. No computador, o cérebro foi dividido em pequenos cubos tridimensionais chamados de pixels volumétricos, ou voxels. O programa criou então um modelo para cada voxel que descreve como as informações de forma e de movimento do filme são mapeadas pelo cérebro. A atividade cerebral gravada enquanto as pessoas assistiam ao primeiro conjunto de clipes foi dada a um programa que aprendeu, segundo a segundo, a associar os padrões visuais nos filmes à atividade cerebral correspondente. Já a atividade do segundo conjunto de clipes foi usada para testar o algoritmo. Os pesquisadores alimentaram o programa com 18 milhões de segundos de vídeos aleatórios do YouTube para que ele que previsse a atividade cerebral que cada um deles provavelmente traria ao sujeito. Finalmente, o programa comparou a atividade medida com as imagens e reconstruiu 100 clipes que seriam os mais parecidos ao que a pessoa provavelmente havia visto. A reconstrução das imagens internas do cérebro, embora ainda não perfeita, abre caminho para uma série de possibilidades: descobrir o que se passa na mente de pessoas que não podem se comunicar verbalmente, criar uma interface cérebro máquina para pessoas com paralisia guiarem computadores com a mente ou até mesmo ler a mente à distância – esta última, no entanto, estaria ainda bem longe de acontecer.
V3 11 deg
0
4 >8 degree/s
Pesquisadores deram um passo além e decodificaram os sinais cerebrais gerados por filmes revistaamazonia.com.br
O Movimento Direcional Energia Captura Modelo Informação movimento
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Anfíbios: espécies em extinção Onde foram parar os anfíbios?
U
por Brigitte Osterat
m terço das mais de seis mil espécies conhecidas de anfíbios estão ameaçadas de extinção ou já se extinguiram. Os anfíbios em geral – as rãs, as salamandras e as cecílias – estão realmente em declínio por algum tempo. Poluição, aquecimento global e destruição do habitat em conseqüência do desenvol-
vimento. As rãs, em particular, foram quem mais sofreram com isso, e estima-se que perderam 170 espécies apenas nos últimos 10 anos, com outras 1.900 em situação de ameaça, que é um degrau abaixo da designação de perigo de extinção (o que significa extinção iminente). Mas apenas parte da destruição é artificial. Um fungo identificado na última década parece estar
acelerando exponencialmente a morte da população mundial de rãs. Muitos anfíbios são mortos por atropelamento. Durante a primavera, enquanto as temperaturas noturnas não baixam dos 6°C, os sapos migram para a desova. No caminho, precisam atravessar algumas estradas.
Sapo-dourado Esta espécie já não existe mais: o sapo-dourado foi descoberto em meados dos anos de 1960 e habitava as florestas da Costa Rica, na América Central. Em 1989, esta espécie de sapo foi vista pela última vez.
Atelopus Ameaçado de extinção, este tipo de sapo é venenoso. Nos últimos 10 anos, sua população caiu 80%. O principal problema é um tipo de fungo que ataca sua pele. Por isso, populações inteiras do animal estão desaparecendo.
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Salamandra Além de sapos e rãs, também as salamandras estão ameaçadas. Esta salamandra-de-fogo, no entanto, ainda não está em extinção porque vive espalhada por quase toda a Europa. Mesmo assim, sua população está diminuindo.
Axolote Esta espécie de salamandra passa a vida em estado larval, conservando brânquias para respirar também na fase adulta. Seus membros e alguns órgãos se regeneram. No México, seu país de origem, está ameaçado de extinção.
Um anuro Este é um Nasikabatrachus sahyadrensis, uma espécie de anfíbio anuro (sem cauda) natural do sudeste da Índia. Descoberto apenas em 2003, também ele está ameaçado de extinção já que seu habitat é muito restrito. Até hoje, apenas 135 exemplares da espécie foram observados. Destes, apenas três eram fêmeas.
Barbourula Este anfíbio anuro não tem pulmões ou brânqueas. Ele absorve o oxigênio exclusivamente pela pele. Cientistas identificaram esta espécie em 1978 em um rio na ilha de Bornéu, na Ásia. As principais causas de sua extinção são a destruição do habitat natural e os resíduos de mercúrio, restante das minas de ouro, despejados nos rios.
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Rã Anfíbios possuem uma pele permeável, por meio da qual também absorvem oxigênio. Porém, esta vantagem os torna sensíveis às toxinas. Pesticidas, metais pesados e mesmo fertilizantes prejudicam muito a saúde dos animais.
Rã-verde Os anfíbios estão perdendo seus habitats. Florestas tropicais ricas em espécies estão desaparecendo muito rapidamente. Na Europa, está cada vez mais difícil para os sapos e para as rãs encontrarem áreas propícias para a desova, já que cada vez mais áreas úmidas são drenadas e lagoas são fechadas.
Rã-dos-bosques Rana Arvalis: no período de reprodução, os machos desta espécie ficam azuis. Este tipo de anfíbio vive na Europa, na China e na região da extinta União Soviética. Sofrem principalmente com a destruição e contaminação de lagos, normalmente usados para a reprodução. Na Suíça, esta espécie já desapareceu.
Rã-touro-americana Nem todas as espécies de sapos estão em extinção. A população da rã-touro-americana está aumentando, fato que não agrada aos ambientalistas. Em muitos locais, este tipo de sapo é tido como praga por comer outros sapos. A espécie é até mesmo caçada em prol do equilíbrio ambiental.
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Rã asiática Com frequência, os cientistas descobrem novas espécies de anfíbios, como esta rã encontrada pela primeira vez na Índia em 1999. Ela vive debaixo de folhas, em florestas tropicais.
Sapinho Este anfíbio mede apenas de sete a oito milímetros. O Paedophryne amauensis é considerado o menor vertebrado do mundo. Pesquisadores o descobriram em 2009 em Papua-Nova Guiné. O animal emite sons como os dos insetos.
Reapareceu Embora seja um fato raro, o Hyperolius nimbae, tido durante vários anos como extinto, foi redescoberto em 2010. Infelizmente isso não acontece com a maioria das espécies consideradas extintas.
Hyperolius nimbae
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Fungos são ameaça para plantações e biodiversidade Fotos: Joel Sartore
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uito resistentes e geralmente virulentos, os fungos não só destroem culturas, mas também florestas e centenas de espécies animais e constituem, portanto, uma ameaça crescente para a segurança alimentar e a biodiversidade, alertam os pesquisadores. Segundo o estudo, as “doenças fúngicas” provocam a cada ano a destruição de pelo menos 125 milhões de toneladas das cinco principais plantações: arroz, milho, trigo, batata e soja Sem os estragos provocados por fungos de todos os tipos, poderíamos alimentar mais de 600 milhões de pessoas, ressaltam os pesquisadores britânicos e americanos. De acordo com seus cálculos, estas doenças fúngicas representam um déficit de 60 bilhões de dólares por ano apenas para as culturas de arroz, trigo e milho. Além da agricultura, a brusone do arroz, a mancha foliar do trigo e a ferrugem do milho afetam também todo o ecossistema global. Novos tipos de fungos também se multiplicam com facilidade em uma variedade de espécies animais, o que ameaça de extinção mais de 500 espécies de anfíbios, abelhas, tartarugas e até mesmo corais. Na América do Norte, a “síndrome do nariz branco”, uma doença causada pelo fungo Geomyces destructans, matou desde 2006 cerca de 6,7 milhões de morcegos em 16 estados dos Estados Unidos e quatro províncias canadenses. Uma bênção para os insetos de que os morcegos se alimentam e que passam a ter carta branca para atacar colheitas e humanos. “O aumento alarmante da destruição de plantas e animais causada por novos tipos de doenças fúngicas mostra que estamos indo a toda velocidade em direção a um mundo onde o ‘podre’ é o grande vencedor”, acredita o Dr. 74 REVISTA AMAZÔNIA
Capa Fungos são ameaça para plantações e biodiversidade
Matthew Fisher, da Escola de Saúde Pública do Imperial College, em Londres. Segundo o estudo liderado pelo Dr. Fisher, quando a doença infecciosa erradica uma espécie, vegetal ou animal, em 70% dos casos há uma nova espécie de fungo por trás. Alguns fungos realmente não devem nada às bactérias ou vírus, com taxas de mortalidade que podem chegar aos 100%. Ao contrário das bactérias, os fungos também são capazes de sobreviver por muito tempo fora de seu hospedeiro, o que lhes permite uma propagação por grandes distâncias. “Os fungos constituem a maior parte de biomassa viva do ar, cada respiração humana contém em média entre um e dez esporos”, revela o estudo. A história está repleta de exemplos da devastação cau-
Uma ameaça crescente para a segurança alimentar e a biodiversidade, alertam os pesquisadores
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As infecções fúngicas têm causado danos generalizados nas lavouras e declínios dramáticos nas populações de anfíbios e espécies de morcegos Os fungos também são capazes de sobreviver por muito tempo fora de seu hospedeiro, o que lhes permite uma propagação por grandes distâncias
sada por um pequeno foco de fungos: a Grande Fome na Irlanda em 1845 causada por mofo, a castanha americana dizimada por um fungo asiático e ainda as caixas de madeira italiana que trouxeram o polypore do pinho para os Estados Unidos. O crescimento do comércio e transporte agravou esta tendência e os autores do estudo alertam para controles mais rígidos em escala global para controla a propagação. As mudanças climáticas teriam algum papel neste cenário, já que os fungos gostam de calor e umidade? Os parâmetros são tão complexos que uma causa e efeito ainda não foi formalmente estabelecida. É certo, no entanto, que as doenças fúngicas têm um impacto sobre o clima: entre 230 e 580 megatoneladas de CO2 são lançados na atmosfera, em vez de serem absorvidas pelas árvores destruídas por fungos, calcula o estudo.
Um estudo internacional com participação da universidade espanhola advertiu que as mudanças climáticas provocam alterações nestes tapetes e que os ecossistemas polares poderão ser completamente modificados Tapete de cianobactérias da Antártida com formações chamadas conophyton, que podem medir alguns centímetros de altura
Os fungos destroem pelo menos 125 milhões de toneladas das principais plantações e ameaçam de extinção mais de 500 espécies de anfíbios, abelhas, tartarugas e até mesmo corais. revistaamazonia.com.br
Morcego com “síndrome do nariz branco”, doença causada pelo fungo Geomyces destructans que já matou cerca de 6,7 milhões de morcegos em 16 estados dos Estados Unidos e quatro províncias canadenses desde 2006 REVISTA AMAZÔNIA 75
Sarapós (Gymnotiformes)
Peixes elétricos em Roraima Fotos: Adam Carvalho, Renata Azevedo, Romério Briglia
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m meados de novembro foi realizada uma expedição do projeto “Peixes Elétricos em Unidades de Conservação” por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e analistas ambientais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no Parque Nacional Serra da Mocidade em Roraima. Nessa expedição consistiu na coleta, gravação e análise das descargas elétricas dos peixes conhecidos como sarapós (Gymnotiformes), parentes do temido poraquê (Electrophorus electricus). Os pesquisadores conseguiram gravar as descargas de 249 peixes elétricos, que se somam as outras 191 descargas gravadas na expedição realizada em 2011, o que ampliou a base de dados, permitindo um melhor refinamento nas análises da fauna de peixes elétricos local.
“Detector de peixes elétricos” O pesquisador do ICMBio, Sylvio Romério Briglia, conta que, nos últimos anos, este grupo de peixes tem se esta76 REVISTA AMAZÔNIA
Gravação das descargas elétricas de um sarapó
belecido como um modelo importante para estudos de biodiversidade em ambientes aquáticos na Amazônia e em estudos filogeográficos, além de estar sendo testado como elemento central em estudos de biomonitoramen-
to de qualidade de água. “Uma parte curiosa do projeto é o uso de um ‘detector de peixes elétricos’, que consiste em uma haste com um par de eletrodos conectados a um circuito eletrônico, que amrevistaamazonia.com.br
No Parque Nacional Serra da Mocidade, em Roraima
À procura de peixes elétricos com um detector
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plifica o sinal do peixe e o transmite em forma de som para um alto-falante, permitindo a sua localização exata, mesmo quando escondido no substrato ou enterrado na areia, comportamento comum nesse grupo”, explicou Briglia. Após serem coletados, os sarapós tiveram suas descargas elétricas gravadas, o que permitiu uma série de análises e comparações sobre as diferentes espécies encontradas, além de possibilitar um maior conhecimento sobre os ambientes aquáticos do Parque Nacional Serra da Mocidade, visando seu monitoramento e sua conservação. A atividade teve o apoio da diretoria de conservação da biodiversidade do ICMBio (DIBIO). [*] Com informações do ICMBio
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Lembranças da Amazônia brasileira por Camillo Martins Vianna * A seringueira já foi nossa Mas não soubemos preservar Ela só existia por aqui E em nenhum outro lugar
Seringueira, Hevea brasiliensis
Metendo trator em cima Do que puder derrubar Fazendo grande esforço Para a floresta terminar Como grande novidade Devastando com furor Estão arrasando a mata ciliar Para o “boi pirata” colocar O pirarucu foi atrás Só para variar Agora só se encontra em açude E mesmo assim tem que procurar Outras coisas estão indo embora Sem ninguém reclamar Vamos ficar com quase nada E não adianta lamentar Os bichos de água doce estão levando sumiço Sem ninguém justificar É coisa do “cabuloso” Ou de quem ficou no seu lugar A gurijuba é famosa Na contra costa do mar Mas é muito mais falada Nas beiradas do Amapá Zunindo o dia inteiro Nos garimpos do Tapajós Os aviões parecem nunca parar Voando daqui pra li e de lá pra cá A bandeira Jolly Roger voltou a tremular Na imensa Amazônia azul Com a caveira e os ossos Cada um no seu lugar Lá embaixo na Serra Pelada Sem poder levantar 78 REVISTA AMAZÔNIA
O helicóptero caído e esbagaçado Não pode mais voar O correntão vai arrastando O que puder encontrar Acabando com a floresta Ou o que tiver no lugar Na costa do nosso mar A beira começa a desbarrancar Está caindo aos poucos Já dá para notar
Até o pessoal das Farc Deu para cruzar a fronteira Para fazer uns maus feitos Na nossa banda de cá Tem mais coisa errada na fronteira Nossos hermanos peruanos Estão levando nossa madeira Para lavrar do lado de lá Tem gente jogando bomba Só para despescar revistaamazonia.com.br
Pirarucu, Arapaima gigas
Boi pirata
O desperdício é imenso Que não dá nem pra contar
Garimpos do Tapajós
A guariba está roncando No grelo da imbaúba Levando na garupa O filhote pra sustentar O açaí está tuíra Na hora de derrubar Basta o poraquê dar um choque Pra ele se alimentar
As embarcações perderam as velas E os motores de cabeça branca Ficaram no seu lugar Por que os cabeças quentes deixaram de navegar
A ponte pênsil sobre o rio Parimé Perto da Pedra Pintada Os índios estando por perto Não deixam ninguém passar
O matupiri jitinho Não dá pra engordar Se fossem seis ou sete Dava para tentear
A mídia alardeou de fora a fora Para quem quisesse saber A floresta esta levando à breca E caminha pra acabar Raio, corisco e trovão No Tapajós é o que mais dá É o que os entendidos afiançam Sem ninguém contestar Uma lapada de cachaça Dá para encarar Se for de Abaeté e Igarapé Miri Aí que vai refrescar [*] SOPREN/SOBRAMES
Açaí
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Política Nacional sobre Mudança do Clima
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m janeiro de 2010, logo após a Conferência de Copenhague sobre as Alterações Climáticas, a COP15, o Brasil notificou as partes da CQNUMC sobre as ações de mitigação voluntárias, apropriadas para o país, que ele tomaria para alcançar uma redução de 36,1% a 38.9% nas emissões de gás do efeito estufa projetadas para 2020. As metas voluntárias foram incluídas na Política Nacional sobre Mudança do Clima, a nova legislação adotada pelo Brasil no final de 2009 para garantir que os desenvolvimentos econômico e social fossem compatíveis com a contribuição para a proteção do sistema climático global. Sob esta legislação os governos federal, estaduais e municipais estão autorizados a implementar ações de mitigação e de adaptação. Para alcançar as metas nacionais voluntárias de redução de emissão de gases do efeito estufa, a Política Nacional sobre Mudança do Clima exige o desenvolvimento de
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Ações de mitigação voluntárias, apropriadas para o país, que ele tomaria para alcançar uma redução de 36,1% a 38.9% nas emissões de gás do efeito estufa projetadas para 2020
Discutindo a política nacional sobre o clima
planos de mitigação específicos para frear as emissões nos setores florestal, siderúrgico, agrícola, energético, industrial, de transporte e de mineração brasileiros. Um plano de adaptação para o sistema de saúde também teria que ser desenvolvido.
Destaques adicionais da política climática nacional incluem iniciativas para conservar e apoiar a recuperação de biomas nacionais, consolidar e expandir as áreas de proteção (especialmente na Amazônia), aumentar a eficiência energética e continuar expandindo o fornecimento de fontes de energia renováveis. Estas ações são implementadas principalmente através do Plano Nacional sobre Mudança do Clima lançado em 2008 e apoiado pelo Fundo Nacional para Mudanças Climáticas, o Fundo Amazônia e outras fontes orçamentárias nacionais. O plano é revisado e atualizado a cada quatro anos. Abaixo as metas de redução voluntárias: http://www.brasil.gov.br/cop18/mudanca-climatica/ politica-nacional-sobre-mudanca-do-clima revistaamazonia.com.br
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29 DE SETEMBRO A 3 DE OUTUBRO Início das inscrições e submissão dos resumos: 04/02/2013
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Estudo diz que todos os países devem fazer esforços pelo clima
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inda que os países industrializados deixem de emitir gases com efeito estufa em 2030, os países em desenvolvimento também devem reduzir suas emissões para conter o aquecimento global a +2º C, afirma um estudo assinado pelo economista britânico Nicholas Stern. O estudo reconhece a “desigualdade profunda” entre os países ricos, que “construíram seu crescimento utilizando combustíveis fósseis”, e “os países pobres, que serão particularmente atingidos pelas mudanças climáticas”. Mas este princípio, defendido pelos países emergentes para não serem submetidos às mesmas exigências que os países do norte quanto à luta contra o aquecimento global, não deve “bloquear o progresso” neste campo, afirma Nicholas Stern, autor de um relatório referencial sobre o custo das mudanças climáticas. No momento, os esforços da comunidade internacional são “perigosamente lentos”, afirmam preocupados Stern e outros dois economistas, Mattia Romani e James Rydge, que advertem que, no ritmo atual, “o nível de risco é imenso”. “As mudanças climáticas que podem ocorrer irão muito além do que o homem moderno já conheceu”, dizem. O estudo foi publicado pelo Grantham Research Institute on Climate Change and the Environment e pelo Centre for Climate Chance Economics and Policy, no âmbito das negociações sobre a
Nicholas Stern entrega à Christiana Figueres o estudo preocupante 82 REVISTA AMAZÔNIA
Perspectivas para as emissões globais (CO2) em 2020 e 2030 com base nas atuais ambições, metas e planos
luta contra as mudanças climáticas, em Doha. Estas negociações conduzidas pela ONU devem culminar em 2015 com um acordo global, que comprometa todos os países na luta contra as mudanças climáticas, e não apenas os países industrializados, como é o caso do Protocolo de Kyoto, cujo parágrafo II deve ser assinado em Doha. Segundo o estudo, para ter uma oportunidade “razoável” de evitar um aquecimento de +2º C, marca para além da qual os cientistas acreditam que o sistema climático
pode se acelerar, seria preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa de 50 bilhões de toneladas por ano a 35 bilhões de toneladas em 2030. “Com base nas ações lançadas atualmente, os países em desenvolvimento devem emitir 37-38 bilhões de toneladas em 2030, enquanto as emissões dos países ricos seriam de 11-14 bilhões de toneladas”, ou seja, dois terços do total contra um terço em 1990, segundo o estudo. Os autores afirmam: “a aritmética para chegar a +2º C é muito clara: os países em desenvolvimento deverão fazer um maior esforço, inclusive se os países desenvolvidos reduzirem suas emissões a zero em 2030”. “Atualmente, a China representa 25% das emissões de gases de efeito estufa no mundo, contra os 17% dos Estados Unidos e 11% para a União Europeia”. Em seu conjunto, a comunidade internacional “atua como se as mudanças fossem muito difíceis e caras, e como se esperar não fosse um problema”, afirmam os autores, que também criticam “a rigidez do processo de negociações na ONU e a atitude de alguns dos participantes”. O estudo, no entanto, ressalta “os fortes sinais de atividade e criatividade em todo o mundo”. “Acelerar o ritmo das mudanças em direção a uma economia com baixos níveis de carbono é, ao mesmo tempo, factível e crucial, e, com os incentivos adequados, uma transformação rápida é possível, inclusive em setores como a energia, que requerem muitos capitais”. revistaamazonia.com.br
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Tributos e encargos sobre a eletricidade: eficiência econômica e social
2
Energia, comunidades locais e povos tradicionais: participação e inclusão
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