Revista
Ano 8 NÂş 38 Maio/Junho 2013
ISSN 1809-466X
R$ 12,00
Editora CĂrios
PLANO AGR�COLA E PECUà RIO 2013/2014. COMEÇAR COM CRÉDITO É MUITO MAIS Fà CIL.
Ano 8 NĂşmero 38 2013 R$ 12,00 5,00
os brasileiros consomem passa pela cadeia produtiva do agronegĂłcio, o que movimenta a economia e garante cerca de 30 milhĂľes de empregos no paĂs. Parte da produção ĂŠ exportada, contribuindo significativamente para a balança comercial. Por isso, investir na agropecuĂĄria ĂŠ investir no Brasil. Com o Plano AgrĂcola e PecuĂĄrio 2013/2014, mais de 5 milhĂľes de propriedades rurais podem contar com crĂŠdito para desenvolver a produção: insumos, equipamentos, irrigação, armazenagem e muito mais. E assim continua o ciclo de crescimento.
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O Brasil ĂŠ um dos lĂderes da agropecuĂĄria no mundo, com recordes de produção a cada ano. Praticamente tudo o que
R$ 136 BILHÕES PARA PLANTAR, COLHER E GARANTIR ABASTECIMENTO. É MELHORIA DE RENDA E MAIS ACESSO AO SEGURO RURAL.
INCENTIVANDO O FLORESCER DO MEIO AMBIENTE
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Hoje é dia de quem nos inspira a buscar energia na natureza. E, mais do que isso, a conviver com ela em harmonia. 19 de abril, Dia do Índio.
H d e n É d p 12 REVISTA AMAZÔNIA
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Há 25 anos, a Eletrobras Eletronorte desenvolve os programas Waimiri Atroari e Parakanã, referências mundiais na promoção da autonomia indígena. É assim que, todos os dias, transformamos desenvolvimento sustentável em energia para o Brasil. 19 de abril, Dia do Índio. revistaamazonia.com.br
REVISTA AMAZÔNIA 13
Revista
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Amazônia defende projeto de desenvolvimento para região Uma missão oficial formada por deputados e senadores visitou na última de abril, instalaçþes militares consideradas estratÊgicas para a defesa e o desenvolvimento da região amazônica...
18 Parå lança campanha contra desmatamento e Cadastro Ambiental Rural
O governador SimĂŁo Jatene assinou recentemente em BelĂŠm, quatro decretos que viabilizam uma sĂŠrie de incentivos a produtores e a municĂpios paraenses que integram o Programa MunicĂpios Verdes...
promete transformar cultura de consumo de energia elĂŠtrica em Parintins
36 10ÂŞ SessĂŁo do FĂłrum
das Naçþes Unidos sobre as Florestas - UNFF10
Na abertura da 10ª sessão da UNFF, em Istambul, na Turquia, a ONU pediu proteção das fontes vitais. Mais de 1,6 bilhão de pessoas no mundo dependem das florestas...
50 LĂder indĂgena Almir SuruĂ ĂŠ premiado como “HerĂłi da Florestaâ€?, pela ONU
XPEDIENTE
PUBLICAĂ‡ĂƒO PerĂodo (maio/junho) Editora CĂrios SS LTDA ISSN 1677-7158 CNPJ 03.890.275/0001-36 Rua Timbiras, 1572-A Fone: (91) 3083-0973 Fone/Fax: (91) 3223-0799 Cel: (91) 9985-7000 www.revistaamazonia.com.br E-mail: amazonia@revistaamazonia.com.br CEP: 66033-800 BelĂŠm-ParĂĄ-Brasil DIRETOR Rodrigo Barbosa HĂźhn
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PRODUTOR E EDITOR Ronaldo Gilberto HĂźhn COMERCIAL Alberto Rocha, Rodrigo B. HĂźhn
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ARTICULISTAS/COLABORADORES Andrew Tarantola, Apolos Neto, Ana Fuchs, Camillo Martins Vianna, Gero Rueter, Google Earth, Jan D. Walter,JosĂŠ Cruz/ Abr, Meirelles, A. A. D, Henrique Nery Cipriani, Mark Garten, Ricardo Garcia, Rogez, H., SĂdia AmbrĂłsio, UN Photo / Metehan Kurt e ValĂŠria Bretas FOTOGRAFIAS Arquivo WWEA, Arthur Lima, Bernard de la Fuente, Claudio Bezerra, Daniel Medeiros, Denis Conrado, Divulgação/ Eletrobras Amazonas Energia, Divulgação IAP, Franz Dejon, Ibama, Ă?gor Pinto - Comus PMB, Jorge Duarte, Kadijah Suleiman, Kate Harris, M Norman, NOAA, Nilton Pires de AraĂşjo, Rudolph HĂźhn, Saulo Coelho, Sidney Oliveira/ Ag. ParĂĄ, SĂłcrates Arantes/Eletronorte, T. Hayden e Zineb Benchekchou EDITORAĂ‡ĂƒO ELETRĂ”NICA Editora CĂrios SS LTDA DESKTOP Mequias Pinheiro NOSSA CAPA Mudas e gotas de orvalho. FotĂłgrafo: Gyro Photography
Almir Narayamoga Surui, lĂder indĂgena da tribo Paiter-Surui, de RondĂ´nia, vencedor do prĂŞmio HerĂłi da Floresta, para a AmĂŠrica Latina e Caribe, pelo trabalho que tem feito em prol de sua comunidade e da proteção da floresta AmazĂ´nica...
68 Como a Aquicultura irĂĄ
Mais conteĂşdo verde
CamarĂľes nĂŁo nascem em ĂĄrvores, como vocĂŞ deve saber. Nem eles, nem sardinhas, nem empanados de peixe do McFish, nem lulas Ă dorĂŞ. Mas nada disso impediu que a demanda humana por frutos do mar crescesse ano apĂłs ano... [14] CAINDR, agora CINDRA, dĂĄ posse a novo presidente [16] AmazĂ´nia reduz desmatamento em mais de 20 mil km² [22] AgĂŞncias da ONU se unem em Ação pela Economia Verde [26] A expansĂŁo mundial da energia eĂłlica [30] Os 40 anos da Embrapa [32] Silvicultura para a AmazĂ´nia [42] Temperaturas globais atuais sĂŁo mais quentes do que nos Ăşltimos 1.400 anos [46] Estudo sugere que Terra pode aquecer mais devagar [48] IBM aposta em nova solução de energia solar com sistema fotovoltaico mais eficiente e barato [54] A cultura de 55 povos indĂgenas [58] Evolução e engajamento de empresas brasileiras com Sustentabilidade [62] VisĂŁo panorâmica da pegada da humanidade vista do espaço [66] Redução de sacolas plĂĄsticas pode diminuir poluição nos mares [73] TendĂŞncias do mercado do açaĂ [76] O AçaĂ na AmazĂ´nia [78] Na Alemanha, paĂses voltam a discutir acordo do clima
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alimentar 9 bilhĂľes de pessoas com fome
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06 Comandante Militar da
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INCENTIV ANDO O F DO MEIO LORESCER AMBIENT E
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Portal AmazĂ´nia
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MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA NO RIO XINGU
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LEVANTAMENTO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS
A NORTE ENERGIA INVESTE NA PRESERVAÇÃO DAS ESPÉCIES DA REGIÃO DO XINGU
05 de junho Dia Mundial do Meio Ambiente
ANACÃ
Comandante Militar da Amazônia defende projeto de desenvolvimento para região Visita de parlamentares às instalações do Exército reforça a necessidade de se pensar num PAC amazônico para responder aos desafios estratégicos por Apolos Neto* Fotos: Apolos Neto
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ma missão oficial formada por deputados e senadores visitou na última de abril, instalações militares consideradas estratégicas para a defesa e o desenvolvimento da região amazônica. Promovida pelo Exército, a viagem contou com representantes da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA). O roteiro começou pela capital do Amazonas, Manaus, onde os parlamentares foram recebidos no Comando Militar da Amazônia (CMA), Lá, eles puderam assistir à palestra do comandante do CMA, general Eduardo Villas Bôas, considerado um dos maiores especialistas sobre o tema. Segundo ele, é preciso entender a dimensão e a variedade dos problemas amazônicos sob o ponto de vista geográfico, ambiental e humano. Villas Bôas destacou que a Amazônia abriga recursos de toda a or-
Comandante Militar da Amazônia (CMA), general Villas Bôas, observa a fronteira do Brasil com a Colômbia e Peru. Narcotráfico avança perigosamente e se aproxima do nosso território. No entanto, o general garante que não há nenhum pé de coca em solo nacional. 06 REVISTA AMAZÔNIA
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Missão de parlamentares na Base Aérea de Brasília posa junto à aeronave que os levou para a Amazônia
Lancha patrulha Guardian, fabricada nos Estados Unidos, durante manobra de apresentação. Quatro modelos estão sendo usados na patrulha de nossas fronteiras
dem, vegetais e minerais, cujo valor é incomensurável. E uma parcela muito pequena é conhecida e tem aproveitamento comercial. “A Amazônia abriga respostas para muitas das grandes ansiedades da humanidade, como as mudanças climáticas, água, energia renovável e produção de alimentos. Em virtude do apelo que Amazônia tem perante a opinião publica mundial, qualquer abordagem tem que ser multidisciplinar”, ensina. Com 23 milhões de habitantes, a Amazônia brasileira representa cerca de 50% do território nacional, o equivalente a 14 países da Europa. O maior ecossistema do planeta está sob os cuidados de 27 mil homens do Exército, distribuídos por 124 organizações militares em 58 localidades. O efetivo é considerado insuficiente e a estimativa é que esse número possa chegar a 40 mil até 2030. Para o general Villas Bôas, o Brasil precisa compreender todo esse potencial para promover a integração revistaamazonia.com.br
regional, tanto com os demais estados quanto países sul-americanos. “Precisamos projetar nossa influência sobre a região. Temos que preservar esse patrimônio por uma questão de responsabilidade perante às futuras gerações e perante o mundo. Por uma questão de interesse econômico legítimo e para não legitimar bandeiras que vêm de fora, que pretendem nos ensinar como devemos cuidar de tudo isso”, explica o general. O projeto de preservação ambiental proposto por Villas Bôas inclui uma visão econômica de desenvolvimento. Ele acredita ser fundamental a oferta de alternativas às populações, para que elas não vivam exclusivamente da natureza de forma predatória. “O que vai proporcionar isso é o desenvolvimento intensivo em determinadas áreas, com energia, comunicações e rodovias, para que esses polos de desenvolvimento possam atrair e fixar as populações”. Ele cita a Zona Franca de Manaus como REVISTA AMAZÔNIA 07
Cacique Raimundo Veloso Vaz concede entrevista dentro da embarcação do Exército. Ao fundo, destaque para a Ponte Rio Negro, que liga Manaus ao município de Iranduba. É a maior ponte fluvial e estaiada do Brasil, com 3,6 quilômetros de extensão
exemplo de iniciativa bem sucedida de desenvolvimento, com a geração de 130 mil empregos diretos e 500 mil indiretos. O plano do general prevê investimentos maciços em ciência e tecnologia e a atribuição de um valor econômico para a floresta em pé, aos mesmos moldes das commodities (soja, ouro, petróleo). Villas Bôas sonha com um plano de desenvolvimento específico e estratégico, uma espécie de PAC para a região amazônica. Até que isso possa se concretizar um dia, o general acredita que a criação de uma agência de coordenação de programas e projetos seja um primeiro passo. “Há muitas iniciativas em relação a Amazônia, tanto governamentais como de iniciativa privada e Ongs. Às vezes há redundância, superposição, áreas que não são cobertas. Daí a importância de que se crie um órgão para exercer esse papel coordenador e integrador”, detalha o general.
Narcotráfico O avanço do narcotráfico na região amazônica é uma
permanente fonte de preocupação e isso ficou claro nas diversas palestras proporcionadas pelo Exército à comitiva de parlamentares. Agora, o foco de atenção se volta para a fronteira sul de Tabatinga (AM), na fronteira com o Peru. No local, foram desenvolvidas variedades de coca adaptadas ao clima quente e úmido da baixa Amazônia. “O comércio da pasta base que vem para o nosso lado é no formato ‘formiga’, difícil de ser combatido. O que faz do Brasil um grande corredor de passagem da droga e o segundo maior consumidor mundial de cocaína. Mas posso assegurar que até hoje não encontramos nenhum pé de coca em nosso lado”, assegurou o comandante do CMA. Segundo dados da Polícia Federal, estima-se que 80% da criminalidade nacional esteja ligada ao tráfico de drogas. Levantamento aponta um número potencial de 2 milhões de viciados em crack no Brasil. “Se cada pessoa consumir uma grama da droga por dia, são duas tonela-
Militares senegaleses Toure e Diallo participam de intercâmbio no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS)
das diárias de cocaína consumidas só para o crack. Veja que a quantidade de coca que transita em nosso país é muito grande. Nós temos que prestar atenção, por que isso contamina nossa juventude. É como se fosse uma metástase que vai se espalhando”, lamenta Villas Bôas. Não só o tráfico de drogas preocupa as autoridades do Exército. Comandante da 16ª Brigada de Infantaria de Selva, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira é o responsável pelo patrulhamento de uma área de 470 mil km2, espalhados por 1.600 quilômetros de fronteira, junto à chamada tríplice fronteira: Brasil, Colômbia e Peru. “É uma área rica em ilícitos transnacionais. O principal é o tráfico de drogas. Mas nós temos o problema da pesca predatória, do desmatamento, o garimpo ilegal, o tráfico de alevinos e vários outros”.
Parlamentares posam para foto junto com animal símbolo do CIGS, a onça pintada 08 REVISTA AMAZÔNIA
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Operação Ágata 7
Comandante do CIGS, coronel Alfredo José Ferreira Dias, segura filhote de onça pintada. Animais chegam ao centro depois de capturadas junto a traficantes de animais silvestres. No local, recebem tratamento e são encaminhadas ao zoológico militar
O Brasil está prestes a realizar a maior operação militar conjunta de sua história, batizada de Operação Ágata 7. Coordenada pelo Ministério da Defesa, ela envolverá o conjunto das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), além de todas as forças policiais e agências governamentais. A mobilização ocupará, simultaneamente, toda a faixa fronteira, estendida por aproximadamente 17 mil quilômetros. “Isso tudo será feito imediatamente antes da Copa das Confederações, o que vai nos proporcionar uma presença maciça do Estado e a possibilidade de treinamento integrado. Isso é bom porque vai nos permitir um aprendizado conjunto. Esperamos que isso se mantenha depois, como uma espécie de legado militar”, torce o general. Villas Bôas espera, entretanto, que a mão repressora do Estado venha acompanhada de ações positivas para os povos amazônicos. “Numa área com tantas carências é importante que a mão repressora do Estado seja acompanhada, paralelamente, com a mão que protege, que estimula, que fomenta, que atende às necessidades da população. Às vezes uma atuação nossa retira a única fonte de sustento de alguém. Embora ilegal, na perspectiva dele, na conjuntura que ele vive, é a única fonte que ele tem. Por isso que é importante essa
visão social, essa visão integrada de todos os órgãos que vão operar”, pondera. O Comandante Militar da Amazônia retornou a Brasília junto com a comitiva de parlamentares, onde participou de uma reunião de trabalho para definir os ajustes finais da Ágata 7. Praticamente toda a estrutura de aeronaves, embarcações e brigadas do Exército serão empregada na operação, considerada a maior mobilização militar mais completa e estruturada do país em todos os tempos. “Não deixa de ser um teste para a Copa de 2014, porque no ano que vem tudo se potencializa. Então, realmente, Comitiva de parlamentares almoça embarcada em barco do Exército
Vista geral do zoológico do CIGS, um dos principais pontos turísticos de Manaus
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reiros de selva, entre eles cerca de aproximadamente 300 estrangeiros. “Eles dão uma importância muito grande para essa escola, porque consideram que é a melhor escola de guerra na selva do mundo”, destaca Dias. O curso dura 9 semanas e é conhecido pelos níveis extremos de exigência física, uma vez que é realizado nos sete campos de instrução mantidos pelo Exército em meio à selva amazônica. A novidade deste ano é a presença de militares senegaleses, que participam de um inédito programa de intercâmbio. “Eles estão aqui realizando o curso com o propósito de adquirir os ensinamentos. E, ao retornar para o Senegal, eles vão participar junto com uma equipe minha, que estará indo lá nos meses de outubro e novembro, plantar a sementinha do curso de guerra na selva. Será a primeira vez que os ensinamentos do CIGS serão compartilhados num outro continente”, explicou Dias. O CIGS também chama a atenDetalhe de combatente 2° Pelotão Especial de Fronteira ção por manter o único zooló(2° PEF). Ao fundo, crianças gico militar de todas as Amérique moram na comunidade cas. O local reúne os principais exemplares da fauna amazônica e serve como um importante ponto turístico de Manaus. Além disso, a unidade representa uma fonte primária de pesquisa e fonte de informação para os militares formados no centro. Bióloga recém-chegada ao CIGS, a aspirante Sinandra Carvalho dos Santos Gomes revela que os ensinamentos adquiridos no zoológico podem salvar vidas. “Você conhece os animais que podem te causar perigo e aqueles que podem te alimentar e socorrer numa situação de risco, de sobrevivência na selva”. Não por acaso, a onça pintada é o símbolo e o mascote do CIGS, animal considerado o mais apto para enfrentar as adversidades da mata fechada, além de exímio nadador. A reportagem da Comissão de Integração Nacional teve a oportunidade de visitar, junto com a comitiva de paré o grande teste da Copa”, resumiu o general Villas Bôas. Está prevista para o mês de maio uma visita da presidente Dilma Rousseff à Tabatinga, por conta do lançamento da Operação Ágata.
Frutas típicas da Amazônia
Guerra na selva A comitiva de deputados e senadores também teve o privilégio de visitar o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS). Localizado em Manaus, a unidade é responsável pela formação de sargentos e oficiais que irão gerenciar os diversos pelotões de fronteira, unidades espalhadas estrategicamente ao longo do limite geográfico com os demais países. São os chamados olhos e ouvidos do Brasil na defesa avançada no território nacional. Comandado pelo coronel Alfredo José Ferreira Dias, o CIGS está prestes a completar 50 anos de existência. Ao longo de toda a história, já formou mais de 5 mil guer10 REVISTA AMAZÔNIA
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lamentares, o 2° Pelotão Especial de Fronteira (2° PEF) de Ipiranga, ponto extremo e isolado da Amazônia brasileira, localizado a apenas 500 metros da Colômbia. É preciso reforçar que isso só foi possível graças ao aparato montado pelo Exército. Ipiranga pertence ao município de Tabatinga, distante cerca de 40 minutos de avião. Lá, fomos recebidos com um entusiasmo gratificante. Logo na chegada, duas dezenas de crianças empunhando pequenas bandeirolas do Brasil não deixavam dúvidas de que era um território nacional, a nossa fronteira mais ocidental. Logo em seguida, uma formatura militar reforçou essa sensação. No semblante de cada soldado, pintado com as cores da selva, sentia-se que ali estavam cidadãos imbuídos de um sentimento pátrio incomum. Seriam eles brasileiros de primeira classe, de primeira grandeza? Algo neles soava maior, mais intenso. Não sei se é possível medir o grau de brasilidade. No entanto, ao entrevistar o soldado Penha, tive a impressão
“O que eu queria que mudasse é que o país amasse a gente assim como eu estou servindo. Eu amo meu país. Eu queria que o Brasil me amasse. Às vezes o próprio país rejeita nós”, desabafou. As histórias de abandono se multiplicam por onde passamos na Amazônia. Como no Hospital de Guarnição de Tabatinga, unidade hospitalar mantida pelo Exército que enfrenta sérias dificuldades. “Eu não tenho neurologista, não tenho oftalmo, não tenho radiologista, não tenho psiquiatra. Eu não tenho muita coisa. Eu trabalho com o básico, que é gineco-obstetrícia, ortopedia, cirurgia geral e pediatria”, revelou o tenente coronel médico José Pires de Carvalho Segundo, administrador da unidade. O hospital atua na região do Alto Solimões, compreendendo nove municípios. É o único polo vértice para este tipo atendimento. Mesmo sentimento de esquecimento vive o cacique Raimundo Veloso Vaz, líder espiritual da comunidade de São
Placa de identificação do 2° Pelotão Especial de Fronteira (2° PEF) de Ipiranga, ponto extremo e isolado da Amazônia brasileira, localizado a apenas 500 metros da Colômbia
João de Tupé, localizada a 25 quilômetros de Manaus. Da etnia txana, seu Raimundo foi originalmente batizado de Kisibi Kumu, ou seja, “símbolo do sol - curandeiro”. Seu Raimundo é muito respeitado pelo Exército e esteve presente num dos roteiros de visita da missão parlamentar. Ele participou da visita ao Centro de Embarcações do Comando Militar da Amzônia (CECMA), onde a comitiva almoçou embarcada num barco tradicional da região. Raimundo ou Kisibi Kumu trabalha com plantas medicinais e rezas tradicionais e diz ter descoberto a cura para várias
2° Pelotão Especial de Fronteira (2° PEF) durante formatura militar de apresentação à comitiva de parlamentares
de que este repórter terá que dar provas mais efetivas de que ama este país. Servindo há cinco anos no 2° PEF, Penha acumula muitas funções: guerreiro da selva, enfermeiro e conselheiro matrimonial. Não só ele, mas todos que ali estão. Explico. É que numa região isolada como essa, o Exército acaba desempenhando uma gama extensa de papéis, que deveriam estar sob a responsabilidade do Estado. Nestes pontos, o Exército representa cultura, segurança, saúde e educação. No caso do soldado Penha, segurança para proteger as fronteiras, saúde para prestar os primeiros socorros e educação para conter os ânimos exaltados dos casais, que volta e meia promovem discussões acaloradas. “Briga de casal é o que mais tem aqui. A cada bebedeira tem um desentendimento e nós temos que ir lá. A única autoridade aqui é o Exército”. Com um sorriso fácil no rosto, Penha só mudou o humor ao revelar sua mais profunda tristeza: o esquecimento. revistaamazonia.com.br
Comandante do CIGS, coronel Alfredo José Ferreira Dias, segura filhote de onça pintada. Animais chegam ao centro depois de capturadas junto a traficantes de animais silvestres. No local, recebem tratamento e são encaminhadas ao zoológico militar
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doenças. “O que o médico não consegue curar a doença de hoje, eu consegui curar a Aids e o câncer”, garantiu o indígena. Apesar de todo o conhecimento, ele ainda não obteve o apoio da Funai para abrir uma casa de cura, o equivalente a um consultório médico para os não índios. Assim é a Amazônia, uma terra cheia de interrogações que merece ao menos uma oportunidade para revelar todos os seus segredos e possibilidades. Há quem diga que o local é o epicentro do Sistema Solar. Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), em Manaus
Foto aérea da chegada 2° Pelotão Especial de Fronteira (2° PEF), a fronteira mais ocidental do Brasil
Providências Diante do volume de informações coletadas na missão parlamentar, o presidente da Comissão de Integração Nacional, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), vai convidar o Comandante Militar da Amazônia (CMA), general Eduardo Villas Bôas, para uma audiência pública
na Câmara. “Gostaríamos que ele dividisse esse valioso conhecimento conosco. Dessa reunião, podemos tirar um documento formal da CINDRA com as propostas do Exército para a Amazônia. No que depender de nós, as políticas públicas elencadas serão priorizadas”, garantiu o parlamentar. Além de integrantes da CINDRA, a missão parlamentar contou com a presença de representantes de outros colegiados. A relação completa de deputados e senadores é a seguinte: senador Paulo Davim (PV-RN), senador Sérgio Souza (PMDB-PR), senadora Vanessa Grazziotin
(PC do B-AM), deputado Augusto Coutinho (DEM-PE), deputada Carmem Zanotto (PPS/SC), deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), deputado Fernando Ferro (PT-PE), deputado Luiz Carlos (PSDB-AP), deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), deputado Pastor Eurico (PSB-PE), deputado Paulo César Quartiero (DEM-RR), deputado Raul Lima (PSD-RR), deputada Rosane Ferreira (PV-RN) e deputado Vanderlei Siraque (PT-SP). [*] Jornalista
Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia (CECMA), em Manaus
Soldado Penha, do 2° Pelotão Especial de Fronteira (2° PEF) desabafa: “O que eu queria que mudasse é que o país amasse a gente assim como eu estou servindo. Eu amo meu país. Eu queria que o Brasil me amasse. Às vezes o próprio país rejeita nós”.
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REVISTA AMAZテ年IA 1
CAINDR, agora CINDRA, dá posse a novo presidente A Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e Amazônia – CINDRA, será presidida pelo deputado Jerônimo Goergen (PP-RS)
O
deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) foi eleito por unanimidade no dia 6 de março para presidir a Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional (CAINDR), em substituição a Wilson Filho (PMDB-PB). Na sessão de posse também foi eleito o vice-presidente da CAINDR, deputado Carlos Magno (PP-RO) e o terceiro vice deputada Janete Capiberibe (PSB/AP) Os cargo de segundo vice permanece vagos até que os partidos indique o titular. O deputado Jerônimo Goergen assumiu o comando da comissão permanente com a proposta de fortalecer o colegiado perante as demais comissões. O primeiro passo foi a aprovação de um projeto de resolução invertendo a nomenclatura da CAINDR. “O batismo Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e Amazônia vai possibilitar a ampliação do espectro de assuntos a serem debatidos. Assim como está passa a impressão que os outros dois temas não têm relevância. Queremos mostrar que a integração e o desenvolvimento também passam pelo norte, nordeste, centro-oeste, sul e sudeste, ou seja, Deputados Jerônimo Goergen e Wilson Filho
CINDRA
Comissão da Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia por todo o Brasil”, explicou o parlamentar. A antiga sigla agora dá lugar á CINDRA. O novo presidente, agora CINDRA, garantiu que a discussão da Amazônia não será colocada em segundo plano. “O objetivo é propor o debate do desenvolvimento para temas pontuais, como telefonia, aviação, biodiesel, os free shops e a questão aduaneira”, exemplificou o parlamentar, que solicitou aos integrantes da comissão uma lista de temas prioritários que servirão de ponto de partida para a agenda de trabalho. Outro desafio será o de ampliar o prestígio da comissão na discussão de projeDeputado Jerônimo Goergen, o presidente da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e Amazônia – CINDRA
tos. “Enquanto a CCJ deliberou sobre um volume de 1800 projetos no período de um ano, a nossa comissão tratou de apenas 12. Esse esvaziamento não será tolerado”, reagiu Jerônimo. Integrante com larga experiência na Comissão da Amazônia, o deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) acredita que é preciso dar mais visibilidade aos trabalhos produzidos no âmbito do colegiado. “Ninguém sabe o que a boca fechada quer. Precisamos dar publicidade aos nossos atos. Acho que falhamos na comunicação com a imprensa. Com maior visibilidade essa comissão será mais respeitada”, admitiu Bentes, que defendeu a presença mais efetiva dos profissionais da imprensa nos debates promovidos pela CAINDR, que se reúne na próxima quarta-feira (13) para fechar o cronograma de 2013. 14 REVISTA AMAZÔNIA
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Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2013
1. Elementos Básicos 1.1. Marca - Descrição A marca da Fundação Banco do Brasil é o conjunto formado pelo termo Fundação composto com o alfabeto Banco do Brasil, e o símbolo BB. A marca é o principal elemento do Sistema de Identidade Visual da Fundação Banco do Brasil. Por razões de proteção dos direitos autorais e estratégia de comunicação, a sua configuração não pode ser alterada. A marca da Fundação Banco do Brasil está apresentada ao lado, em sua variação 3D. A versão central 3D é a de uso preferencial. Sua aplicação é obrigatória em todos os materiais impressos ou produzidos em quadricromia, respeitando os limites de redução. Para materiais impressos em duas cores ou com restrições técnicas de reprodução existem as demais variações da marca.
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Para reprodução da marca, utilizar somente versões autorizadas. Recomenda-se a utilização das artes finais eletrônicas. De modo a evitar reproduções imprecisas, a marca não deve ser composta graficamente, nem reproduzida por scanner ou por cópias xerográficas.
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Amazônia reduz desmatamento em mais de 20 mil km² Segundo o físico Paulo Artaxo, a maior conquista na redução do desmatamento foi de 27 mil km² em 2004, para 6 mil km² em 2011 (INPE) por Valéria Bretas* Fotos: Arthur Lima, Bernard de la Fuente, Ibama
As queimadas são responsáveis pela alta liberação de aerossóis
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Amazônia é um ambiente único onde todos os ecossistemas do planeta estão interligados”, afirma Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP de São Paulo, físico e um dos representantes do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). A Amazônia é hoje o bioma de maior biodiversidade do planeta e conta com 83% de sua vegetação intacta, segundo o professor. Manter esse valor é hoje o principal desafio das políticas públicas do país. O aumento gradativo na concentração de partículas de aerossol na atmosfera gera preocupação à comunidade de cientistas, que busca constantemente maneiras para manter a porcentagem dessa vegetação. A emissão dessas partículas, provenientes das queimadas na região da Amazônia contribuem para as mudanças climáticas não só do território nacional, mas do globo como um todo.
Entenda como os aerossóis interferem nas florestas Segundo pesquisa divulgada pela Revista Brasileira de Geofísica¹, a nuvem é um componente climático fundamental para o balanço radiativo. Quaisquer alterações em sua composição e estrutura, consequência pela mudança no campo dos aerossóis, promovem um abalo de grande proporção nas circulações atmosféricas. O aumento nas partículas dos aerossóis pode significar um aumento de nuvens, e consequentemente na quantidade de água líquida disponível para o mecanismo de solidificação. As queimadas são responsáveis pela alta liberação de aerossóis, estes substanciais no processo de condensação das nuvens. Segundo Artaxo, a fumaça proveniente das queimadas na Amazônia faz com que aconteça esse aumento das partículas de aerossol e gera também um aumento de radiação, incorporando tais efeitos negativos ao clima e à vegetação do ambiente. Além disso, segundo o físico, o excesso de fumaça diminui o processo de fotossíntese no ecossistema.
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De acordo com estudo divulgado pela Revista Brasileira de Meteorologia², o CO2 é absorvido pelas plantas para a formação de componentes orgânicos. Posteriormente, esse gás volta à atmosfera por meio da respiração das mesmas. De dia a vegetação absorve os componentes de CO2 ao mesmo tempo em que libera O2 pelo processo de fotossíntese. De noite, devido ausência de luz, as plantas não realizam a fotossíntese, liberando o gás CO2 na atmosfera novamente. As queimadas na região acarretam a liberação em larga escala de gás carbônico. Artaxo afirma que a Amazônia retira o excesso de CO2 na atmosfera e traz benefícios à vegetação. No entanto, as florestas podem vir a crescer rapidamente devido ao aumento das quantidades de O2 e Metano. Hoje, a região não está preparada para um crescimento desproporcional, pois pode dar consequência à morte da vegetação. “A Amazônia faz serviços ambientais relevantes para retirar o CO2 da atmosfera”, completa Artaxo. O acúmulo de CO2, proveniente das queimadas, além de ser prejudicial à saúde de todos os seres vivos, também contribui para a formação de uma larga camada de gases que impedem a dizimação do calor na terra, ocasionando o fenômeno do aquecimento global, descreve Claúdio Boense, Agente local de Sustentabilidade Socioambiental e Representante do USP Recicla - Instituto de Física de São Carlos. Em palestra no dia 27 de abril de 2009, no Instituto de Física de São Carlos, Osvaldo Stella Martins, engenheiro mecânico, mestre em Planejamento Energético e doutor em Ecologia e Recursos Humanos, afirmou que no Brasil cerca de 60% do gás do efeito estufa vem do desmata-
83% de sua vegetação intacta, segundo o professor
Paulo Artaxo - Professor do Instituto de Física da USP-SP
mento. Isso significa que a politica nacional de mudança climática no Brasil deveria focar-se em como reduzir esse valor, pois a grande maioria desse desmatamento é para implantação de pasto, mas esse pasto não é um pasto saudável – seu processo de queima é por meio de gasolina em gel despejada por aviões. “Se houvesse uma politica ambiental que pudesse converter as áreas já desmatadas em pastos de verdade, plantando boas sementes de capim, a produtividade aumentaria significantemente, pois apesar dos malefícios, as cinzas funcionam como um fertilizante para o solo da região, corrigindo até mesmo o nível de PH desse local. Porém, esse pasto só é produtivo por 2 ou 3 anos”,
afirma Martins. Ainda segundo o engenheiro mecânico, se a ocupação da Amazônia permanecer nos mesmos padrões atuais, em 2050 vamos viver um cenário de cobertura vegetal com mais de 2 milhões de km2 de área desmatada. Segundo Artaxo, não existe nenhuma atividade socioeconômica que não traga desvantagens ambientais. No entanto, existem ações que minimizam as consequências, e a partir disso a população deve agir diretamente. Atualmente, o valor de redução dos gases do efeito estufa é de 70% e a meta estipulada pela comunidade de cientistas para 2020 é de 80%. Hoje o Brasil é o país que mais reduziu as emissões de queimadas no mundo, no entanto, ainda é necessário manter esses valores por meio da inclusão de políticas públicas sustentáveis e ações governamentais, caso contrário a temperatura da terra vai crescer gradativamente e as matas serão destruídas, assim como todo o ecossistema. “Nossa maior conquista foi na redução do desmatamento de 27 mil km² em 2004, para 6 mil km² em 2011, segundo dados do INPE. Essa é a maior redução de emissão de gás do efeito estufa feita no mundo e pretendemos continuar nesse caminho”, completa Artaxo. 1 Estudo da concentração do CO2 atmosférico em área de pastagem na região amazônica - Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102261X2004000300005&script=sci_arttext ² Revista Brasileira de Meteorologia, v.24, n.2, 234-253, 2009
A Amazônia é um ambiente único ...
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Amazônia reduz desmatamento em mais de 20 mil km.indd 17
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Pará lança campanha contra desmatamento e Cadastro Ambiental Rural Fotos: Ígor Pinto - Comus PMB e Sidney Oliveira/Ag. Pará
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Cadastro Ambiental Rural
governador Simão Jatene assinou recentemente em Belém, quatro decretos que viabilizam uma série de incentivos a produtores e a municípios paraenses que integram o Programa Municípios Verdes. Os decretos foram assinados durante o lançamento da Campanha Estadual de Combate ao Desmatamento, no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia. Na ocasião, o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, formalizou a adesão da capital ao programa. Atualmente, 95 dos 144 municípios paraenses fazem parte do “Municípios Verdes”. Um dos decretos diz respeito à simplificação do processo
O Governo do Estado quer saber mais para fazer mais por você. O Pará tem agora o seu Cadastro Ambiental Rural, o CAR, um sistema de Simão Jatene disse que as medidas adotadas pelo identificação de propriedades rurais que governoos visam contribuir para a consolidação do pacto de regularização fundiária dos municípios que integram reúne todos dados do imóvel por uma economia verde o programa. Outro estabelece a obrigatoriedade do Ca- rural: tamanho, áreas de preservação permanente, dastro Ambiental Rural (CAR) para a emissão da Guia de localização geográfica, Transporte Animal (GTA). A partir de agora, o documento direito do proprietário”, destacou o governador. qualificação do proprieé obrigatório para a saída do gado das áreas do Estado. “O O terceiro decreto prioriza ações, investimentos, projetos tário edooutros. cadastro é uma ferramenta extremamente importante, e e programas Estado para os municípios que cumpriinformações, não pode ser visto como um dever, mas sim como um rem asCom metasessas do programa. A quarta ferramenta prorroo Governo do Pará pode ga o prazo para que o Pará implante o Plano de Regulafazer muito por quem rização Ambiental, previsto no Código Florestal. O plano Representantes do Poder produz produz. Pode regularizar as Público e da iniciativa adequará ambientalmente os produtores que desmataprivada participaram do Unidades de Produção ram antes 2008 e aqueles que tiverem terras em áreas lançamento da primeira Familiar (UPF), dar de o licenciamento campanha de combate ao protegidas. “Esse de gestos e decretos objetiva, ambiental, levar crédito, conjunto melhorar a desmatamento, durante em última instância, contribuir para que se solidifique o fazer a regularização a 9ª Reunião do produtividade, Comitê Gestor do PMV e pacto por uma economia verde”, ressaltou Simão Jatene. fundiária possibilitar o acesso a novos mercados. Em todo o Pará, já são mais de 30 milhões de hectares cadastrados e até o final deste ano o cadastro O governador tambémchegará destacou aaimportância da cam30 mil propriedades rurais. panha de combate ao desmatamento, a primeira lançaO CAR também contribui diretamente da por um Estado da Amazônia. “É mais um passo na com a redução do desmatamento e construçãoordenada de uma grande para a utilização dosaliança recur-dos vários setores que compõem a administração pública, e também da própria sos naturais. sociedade civil, dos produtores rurais, Faça o seu CAR, aproveite as muitas das organizações governamentais, na Estado busca pela construção de um vantagensnão que o Governo do desenvolvimento sustentável”, frisou. tem para projeto você edeentre para um dos setores mais rentáveis economia Um dos motes dadacampanha, “Produzir sem desmatar. mundial: a economia verde.
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O governador Simão Jatene assinou decretos para incentivar produtores e municípios a combaterem o desmatamento ilegal e aderirem à regularidade
Comece a olhar pra isso como um bom negócio”, também foi destacado pelo governador. Segundo Jatene, “é possível produzir, ter lucro para a iniciativa privada, ter ganhos para o Poder Público e para a própria sociedade. Tudo isso partindo de um princípio fundamental: que nós precisamos pensar no aqui e agora, mas também no futuro. Sem dúvida alguma, ao pensar no futuro, a questão da sustentabilidade passa ser cada vez mais uma exigência importante”.
Campanha O secretário extraordinário do Programa Municípios Verdes, Justiniano Neto, disse que a campanha tem como material de divulgação. As prefeituras, entidades de classe, organizações não governamentais e a sociedade em geral poderão participar, ajudando na divulgação da campanha e promovendo o fim do desmatamento ilegal e o avanço do CAR.
Zenaldo Coutinho, prefeito de Belém, formalizou a adesão da capital ao programa
objetivo sensibilizar o produtor rural, apontando as desvantagens do desmatamento ilegal e as vantagens da regularidade ambiental. “A questão do desmatamento sempre foi combatida pela ótica da repressão, do comando e controle. Com essa campanha, o Pará inova, não só por ser o primeiro, mas porque parte da sensibilização do produtor, mostrando que regularidade ambiental é sinônima de bons negócios”, destacou. Além de frear o desmatamento, a campanha tem como meta principal promover a adesão dos produtores rurais ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), ferramenta instituída pelo novo Código Florestal (Lei 12.651/2012), que identifica os imóveis rurais, reunindo informações como o tamanho da área, os locais de reserva florestal e os dados do proprietário. Com base nestas informações, Estado e Municípios terão como apoiar o licenciamento e a regularidade ambiental, além de viabilizar a concessão de crédito rural, melhorar a produtividade, iniciar a regularização fundiária e possibilitar o acesso a novos mercados. Para o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas, Mauro Lúcio Costa, é possível ter lucro sem desmatar. “O que a gente precisa é aumentar a produtividade, com o uso de novas tecnologias, tanto na pecuária revistaamazonia.com.br
Justiniano Netto, secretário Extraordinário para a Coordenação do Programa Municípios Verdes
quanto na agricultura. Dessa forma, a gente pode produzir mais em uma área menor”, afirmou. O superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Elielson Silva, que concorda com essa nova visão, ressaltou que, por meio do Programa Terra Legal, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, mais de 200 mil posses serão regularizadas na Amazônia. O lançamento da campanha foi realizado durante a 9ª Reunião do Comitê Gestor do PMV (Coges), e contou com a participação de diversos representantes municipais, entre prefeitos e secretários estaduais, entre eles o secretário Especial de Desenvolvimento e Incentivo à Produção, Sidney Rosa. Órgãos federais, como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o Incra também participaram do evento, assim como os Ministérios Públicos Federal e Estadual. Após a adesão de Belém, o Programa Municípios Verdes chegou a Novo Progresso, município do sudoeste paraense, e à Santarém, municípios que também firmaram o pacto local contra o desmatamento. A campanha, a partir daí, ganhará todo o Estado, por meio de vídeos publicitários, spots de rádio, outdoors, cartazes, site e
Elielson Silva, superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)
Mauro Lúcio Costa, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas REVISTA AMAZÔNIA 19
Tecnologia smart grid promete transformar cultura de consumo de energia elétrica em Parintins por Sídia Ambrósio Fotos: Divulgação/Eletrobras Amazonas Energia
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s consumidores de Parintins (a 379 quilômetros de Manaus) começam a contar com uma nova forma de consumir energia elétrica. É que a Eletrobras vem desenvolvendo, desde 2011 naquele município, o ‘Projeto Parintins’ – uma ação inovadora na região amazônica que reúne o uso integrado de várias tecnologias chama-
a implantação de um novo modelo de rede de distribuição de energia elétrica. Com a novidade, o usuário passa a contar com uma nova cultura no consumo, podendo acompanhar a sua conta de luz a partir de informações coletadas dos medidores inteligentes, que serão disponibilizadas pela distribuidora de energia em um portal na internet. Desta forma, o consumidor terá como controlar seu consumo de forma mais econômica. O Projeto recebe investimento da ordem de R$ 22 milhões, somando a participação das seis empresas do
Instalação de medidor inteligente
das de smart grid (rede inteligente; termo em inglês). Assim como acontece nas grandes metrópoles, o município de Parintins vem recebendo tecnologia de ponta para Religadores
grupo Eletrobras: Eletrobras Distribuição Acre; Eletrobras Amazonas Energia; Eletrobras Distribuição Alagoas; Eletrobras Distribuição Roraima; Eletrobras Distribuição Piauí e Eletrobras Distribuição Rondônia. Em Parintins, o Projeto é executado pela Eletrobras Amazonas Energia. Além da reformulação da rede de distribuição, o Projeto também prevê reduzir, de maneira sustentável, o número de perdas de energia elétrica e promover o aumento da eficiência energética. Isso porque com a implantação do sistema smart grid, um conjunto de conceitos integrados às tecnologias irá promover melhoria na operação e na qualidade da energia ofertada.
ser fonte geradora produzindo energia elétrica (microgeração distribuída) de forma sustentável para o sistema. Essa novidade só será possível porque o ‘Projeto Parintins’ também prevê a instalação de paineis fotovoltaicos (energia solar) nos telhados de algumas casas. Assim, em determinada hora do dia, o consumidor estará gerando energia para o sistema elétrico e receberá créditos em sua conta de luz. O coordenador adjunto do ‘Projeto Parintins’, Marcelo Alcanfor Ximenes, destaca que “é fundamental o desenvolvimento de projetos pilotos, onde se pode usar da experimentação para aprender todos os benefícios que essas tecnologias podem trazer para a concessionária e para o consumidor”. Segundo ele, até o momento foi instalado somente um Medidor Inteligente
Consumidor As tecnologias de smart grid também permitirão a inclusão do consumidor como agente ativo do mercado de energia. Ou seja, além de consumir, ele também pode 20 REVISTA AMAZÔNIA
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Redes inteligentes
painel fotovoltaico na Loja de Atendimento ao Consumidor de Parintins para testes e demonstração. No entanto, o Projeto já lançou o edital para licitação da instalação de sistemas fotovoltaicos em aproximadamente 40 casas, onde os paines serão implantados nos próximos meses.
Projeto Atualmente, o ‘Projeto Parintins’ conta com importantes parcerias de instituições de pesquisa como: o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) - um dos maiores centros de pesquisa e pólos tecnológicos em telecomunicações e TI (Tecnologia da Informação) do Brasil -, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e o próprio Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel) da Eletrobras. Marcelo Ximenes ressalta que as especificações das tecnologias a serem utilizadas em campo já foram realizadas e, parte delas foi licitada. O destaque vai para o primeiro lote de medidores inteligentes e para a camada de comunicação (rede de acesso e transporte dos dados dos serviços, também chamada de backhaul) que irá permitir o monitoramento das leituras dos medidores inteligentes à distância, a partir de Manaus. “Hoje, o Projeto encontra-se na fase de implantação e testes, mas já estamos trabalhando na conclusão da instalação de 3.500 medidores referentes ao primeiro lote”, assegura o especialista. A próxima fase do ‘Projeto Parintins’ contempla, para o segundo semestre de 2013, a implantação dos sistemas fotovoltaicos. Esses sistemas servirão para a experimentação e estudos sobre o uso de fontes de energia alternativas na microgeração distribuída. “Além disso, estamos preparando as licitações de adaptação dos padrões de entrada dos consumidores (caixa do medidor e demais acessórios da ligação de energia na casa do consumidor) que serão contemplados em um segundo lote de medidores inteligentes. Na sequrevistaamazonia.com.br
“Desenvolver e aplicar tecnologias avançadas para a distribuição de energia elétrica em regiões com características geográficas e climáticas distintas, com temperaturas elevadas e altos índices pluviométricos, é um importante desafio que está sendo vencido pelas distribuidoras do Sistema Eletrobras”, afirmou o diretor de Distribuição da Eletrobras, Marcos Aurelio Madureira da Silva, responsável pelas seis empresas que estão fazendo o investimento no Projeto Parintins, em recente assinatura de Memorando de Entendimento da companhia brasileira com a ONG Regions of Climate Action (R20), presidida por Arnold Schwarzenegger, exgovernador da Califórnia
ência, disponibilizaremos também aos consumidores, um portal na internet e um aplicativo para dispositivos móveis (celulares e tablets) onde eles poderão consultar informações sobre seu histórico de consumo. Isso, com certeza, irá trazer uma perspectiva de que estaremos contribuindo para a mudança dos hábitos de consumo em Parintins”, enfatiza o gerente.
Automação Outro avanço importante que chega junto com uso da tecnologia smart grid é a automação avançada da rede de distribuição, que irá possibilitar a operação do sistema à longa distância, sem a necessidade de presença do operador no local. O ‘Projeto Parintins’ contempla ainda a instalação de 16 religadores (equipamentos que permitem isolar determinado trecho da rede elétrica, minimizando o número de consumidores desligados, em caso de curtos-circuitos e outros) na cidade de Parintins. Desses, três usarão estrutura via cabo ótico para fazer a comunicação com o Centro de Operações. Já os outros 13 terão comunicação via rádio. “A fase atual do projeto é a de aplicar a operação do sistema operando, via rádio, funcionando, pois a operação via cabo óptico já foi implantada e as outras ainda estão de fase de implantação. Quando essa etapa estiver concluída, ela permitirá a reconfiguração da rede de forma mais eficiente, reduzindo consideravelmente os indicadores de freqüência e de interrupção de energia elétrica”, declarou o coordenador do ‘Projeto Parintins’, José Carlos de Medeiros, ao enfatizar que esse tipo de sistema será o mais avançado e o mais inteligente para se operar no futuro. A previsão da Eletrobras é de que o ‘Projeto Parintins’ possa ser concluído no primeiro semestre de 2014. Ao fim do plano, a estatal pretende estabelecer um modelo de referência para as empresas do grupo e para outras que tiverem interesse na utilização do sistema smart grid em suas áreas de concessão. REVISTA AMAZÔNIA 21
Dependência de geração de energia hidrelétrica em florestas na Bacia Amazônica Desmatamento comprometerá geração de energia Fotos: Divulgação / IAP
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ara Claudia M. Sticklera, Michael T. Coeb, Marcos H. Costac, Daniel C. Nepstada, David G. McGrathb, Livia C. P. Diasc, Hermann O. Rodriguesf e Britaldo S. Soares Filho, autores/pesquisadores brasileiros e americanos em recente estudo, – o desmatamento na Floresta Amazônica, mesmo fora da bacia do Xingu, pode afetar a geração de energia em Belo Monte. O desmatamento na região amazônica pode reduzir significativamente a quantidade de energia gerada por usinas hidroelétricas na área, segundo o estudo. Os cientistas dizem que a floresta tem um papel fundamental na formação dos rios que irão fazer girar as turbinas. Se as árvores continuarem a ser derrubadas, a energia produzida por uma das maiores usinas do mundo – a hidroelétrica de Belo Monte, prevista para iniciar suas operações em 2019 – pode ser reduzida em um terço. O estudo foi destaque na publicação científica Proceedings of the National Academy of Sciences. Segundo o professor Marcos Costa, da Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, não se trata de vincular florestas à formação de chuva – uma associação que já foi objeto de vários estudos. “A novidade nesse trabalho foi constatarmos que o desmatamento na Floresta Amazônica como um todo, mesmo fora da bacia do Xingu (onde Belo Monte está sendo construída), pode afetar a geração de energia em Belo Monte”. “E nós quantificamos essa relação”, ele acrescentou. O desmatamento na Floresta Amazônica, mesmo fora da bacia do Xingu, pode afetar a geração de energia em Belo Monte
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Segurança Energética Muitos países em regiões tropicais estão investindo em usinas hidroelétricas para suprir suas demandas de energia. No Brasil, cerca de 45 novas usinas estão em fase de planejamento. Até o presente, acreditava-se que cortar as árvores nas regiões próximas às represas aumentava a quantidade de água fluindo para elas. Em seu estudo, no entanto, a equipe investigou de maneira mais ampla as projeções climáticas para a bacia do Amazonas e não apenas os rios onde as represas estão sendo construídas. Eles concluíram que as florestas tropicais são mais importantes do que se pensava, porque geram a chuva que enche as correntes que, por sua vez, alimentam os rios e as turbinas. “Florestas geram sua própria chuva”, disse Claudia Stickler, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, IPAM, integrante da equipe. “Elas sugam água do solo diariamente e mantêm-se verdes e escuras. A principal razão é que estão sempre injetando umidade na atmosfera, o que no final se transforma em chuva e isso é o que alimenta também esses córregos”, explicou. Os cientistas descobriram que, devido ao índice atual de desmatamento na área, índices pluviométricos são de 6 a 7% mais baixos do que seriam se a região estivesse completamente coberta pela mata. Previsões para 2050 indicam uma possível perda de 40% da floresta, o que significaria menos chuva e entre 35 e 40% menos energia elétrica. O estudo se concentrou em torno da usina de Belo Monte, tida como o terceiro maior projeto de usina hidrelétrica do mundo. Segundo a equipe, se o desmatamento continuar, a obra vai produzir 30% menos energia do que o previsto hoje. “Hoje temos fortes evidências de que a habilidade do Brasil de gerar eletricidade depende da conservação
Cobertura vegetal da Bacia do Xingu (XB) e Bacia Amazônica (AB) com duas classes de cobertura da terra, florestas tropicais perenes e / ou cerrado (verde) e agricultura (amarelo), com menos de seis cenários alternativos (percentagem desmatamento). (A) 0% AB e 20% XB: 0% de AB apuradas, 20% de XB apuradas; (B) 0% AB e 40% XB: 0% de AB apuradas, 40% do XB apuradas, (C) 15% de AB e 20% XB: 15% de AB foi afastada e 20% de XB apagada, (D), 15% de AB e 40% XB: 15% de AB foi afastada e 40% de XB apagada, (E), 40% e 20% de AB XB: 40% de AB foi afastada e 20% de XB apagada, (F), 40% e 40% de AB XB: 40% de AB apuradas, 40% do XB apagada.
Os cientistas dizem que a floresta tem um papel fundamental na formação dos rios que irão fazer girar as turbinas
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Diferença de descarga mensal do Rio Xingu e precipitação resumiu sobre a Bacia do rio Xingu em cenários alternativos de locais Bacia do Xingu (XB)] e regional Bacia Amazônica (AB) cobertura florestal, com efeitos diretos e com ambos os efeitos diretos e indiretos. Estimado médio mensal (A) a alta (em metros cúbicos por segundo) e (B) Precipitação (em metros cúbicos por segundo) gerado em sete cenários alternativos. Diferença percentual na média mensal (C) descarga e (D) precipitação de pleno local e cobertura florestal regionais (cenário de referência: 0% AB e 0% XB) para seis cenários alternativos
da floresta”, disse outro dos autores do estudo, Daniel Nepstad, diretor executivo do programa internacional do IPAM, IPAM-IP. “Esses resultados não são importantes apenas para o Brasil”, explicou. “Florestas podem afetar a produção de energia em áreas tropicais úmidas em toda a Amazônia e também na África e Sudeste Asiático”. Para os pesquisadores, o trabalho mostra que as florestas tropicais não apenas são fundamentais para a biodiversidade e armazenamento de carbono, como também na produção de energia. A equipe elogia as medidas que o Brasil adotou em anos recentes para diminuir o desmatamento, mas diz estar preocupada com a possibilidade de que o desflorestamento tenha voltado a crescer. “No ano passado, o Brasil fez um progresso tremendo na erradicação do desmatamento, reduzindo os índices de desflorestamento a 24% da média histórica. Mas esses números estão começando a crescer novamente e todos deveriam se preocupar”. “Acabar com o desmatamento deveria ser visto como uma questão de segurança energética”.
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Diferença percentual do cenário de referência [0% de desmatamento dentro ou Bacia do Xingu (XB) ou Bacia Amazônica (AB): 0% AB e 0% XB da precipitação média anual (chuva), descarga (descarga), e potencial de geração de energia correspondente (Power) em dois locais desmatamento cenários (20% e 40% do desmatamento da XB desmarcada, respectivamente) e três cenários de desmatamento regionais (0%, 15% e 40% de AB desmarcada, respectivamente), com e sem reações climáticas. (20% XB: 20% do XB apuradas; 40% XB: 40% de XB apuradas; 0% AB: 0% de AB apuradas, 15% AB: 15% de AB apuradas, 40% AB: 40% de AB desmarcado). 24 REVISTA AMAZÔNIA
Diferença de potencial de geração de energia mensal em Belo Usina Monte, no rio Xingu, em cenários alternativos de locais Bacia do Xingu (XB)] e regional Bacia Amazônica (AB)] cobertura florestal, com feedbacks climáticas. (A) A diferença percentual do cenário de referência (0% AB e 0% XB) em potencial de geração de energia média mensal em seis cenários alternativos. (B) A média de potencial de geração de energia mensal, uma porcentagem da capacidade máxima instalada (11.000 MW), sob sete cenários alternativos.
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O Governo do Estado quer saber mais para fazer mais por você.
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O Pará tem agora o seu Cadastro Ambiental Rural, o CAR, um sistema de identificação de propriedades rurais que reúne todos os dados do imóvel rural: tamanho, áreas de e Mais d de s preservação permanente, e õ 30 milh dastrados a localização geográfica, sc hectare odo o Pará. qualificação do proprieem t seu Faça o iental Rural tário e outros. Amb o r t s s a a Com essas informações, d e Ca eit e aprov de ser um o Governo do Pará pode ens vantag r legalizado. fazer muito por quem o produt produz produz. Pode regularizar as Unidades de Produção Familiar (UPF), dar o licenciamento ambiental, levar crédito, melhorar a produtividade, fazer a regularização fundiária e possibilitar o acesso a novos mercados. Em todo o Pará, já são mais de 30 milhões de hectares cadastrados e até o final deste ano o cadastro chegará a 30 mil propriedades rurais. O CAR também contribui diretamente com a redução do desmatamento e para a utilização ordenada dos recursos naturais. Faça o seu CAR, aproveite as muitas vantagens que o Governo do Estado tem para você e entre para um dos setores mais rentáveis da economia mundial: a economia verde.
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A expansão mundial da energia eólica por Gero Rueter e Jan D. Walter* Fotos: Arquivo WWEA e Sócrates Arantes/Eletronorte
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em países já produzem energia mais barata e de menos impacto ambiental. Ásia, América do Norte e Europa Ocidental são mercados em expansão, mas Leste Europeu e América do Sul, incluindo o Brasil, concorrem. Nunca foram construídas tantas unidades de produção de energia eólica no mundo como em 2012, de acordo com um relatório divulgado na semana passada em Bonn, no oeste da Alemanha, pela World Wind Energy Association (WWEA, sigla em inglês para Associação Global de Energia Eólica). A capacidade total das unidades eólicas construídas no ano passado chegou aos 45 gigawatts (GW), enquanto em 2011 havia sido de 40. Segundo Stefan Gsänger, se-
Stefan Gsänger, secretário geral da WWEA
cretário geral da WWEA, a capacidade eólica instalada no planeta somou 282 GW em 2012. O número cobre 3% da demanda mundial de energia. O documento da WWEA ressalta que os investimentos no setor são constantes – no ano passado, recebeu 60 bilhões de euros no mundo todo. Os líderes da expansão são a China e os Estados Unidos. Só no ano passado, os dois países construíram usinas capazes de gerar, juntas, 13 gigawatts. Atualmente, a China tem potencial para gerar 75 gigawatts, sendo a líder de produção de energia eólica no mundo. Os EUA vêm em segundo lugar, com capacidade instalada de 60 gigawatts. A Alemanha ocupa o terceiro lugar, com capacidade instalada de 31 gigawatts.
Novos mercados A expectativa do ministro do Meio Ambiente da AlemaNo Brasil, a energia eólica reúne condições excepcionais para crescer ainda mais
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Para Everaldo Feitosa, presidente da empresa Eólica Tecnologia e vice-presidente da WWEA, o Brasil é o único país do mundo que tem o casamento da natureza: ventos fortes quando a vazão (hidroelétrica) é baixa, por isso o potencial eólico do Brasil é único no mundo nha, Peter Altmaier, é de que a ampliação da capacidade de produzir energia a partir do vento continue no país em 2013 e 2014. O crescimento estimado é de 3 a 5 gigawatts nesse período. O relatório da WWEA indica também que, no Leste Europeu e na América Latina, é nítida a expansão da energia eólica. Na Romênia, Ucrânia, Polônia, Estônia, Brasil e México houve aumento de 40% nos investimentos e na construção de novas unidades dessa eletricidade “verde”. Como motivos para a expansão, Gsänger enumera o preço mais barato, a atenção dos governos aos impactos ambientais e o desejo de “reduzir a dependência de importações de energia com a eletricidade gerada localmente”. Gsänger enxerga duas tendências no crescimento global de energia eólica: em primeiro lugar, as unidades estariam maiores e com mais capacidade de produção. A segunda tendência seria um número maior de sistemas de pequeno porte para abastecer apenas uma casa ou vila. Na Alemanha, haveria uma tendência de construir os chamados “aerogeradores” sobre torres mais altas. As-
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Três quartos da produção de eletricidade vêm das usinas hidrelétricas
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Capacidade eólica instalada no planeta somou 282 GW em 2012
sim, os geradores integrados aos cataventos podem gerar eletricidade a partir de uma corrente de ar mais leve. Com menos vento, a produção continua sendo rentável. Os alemães estão na vanguarda dessa tecnologia que, para Gsänger, “já está sendo adotada em outros países”.
Preços competitivos O secretário-geral da WWEA disse ainda que um quilowatt (KW) de eletricidade gerada a partir da energia eólica custaria entre cinco e dez centavos de euro. Um preço muito competitivo na comparação com outras fontes. “Uma nova usina de carvão, ou nuclear, vai ser bem mais caro do que a de vento, se levarmos em conta todas
as despesas”, analisa Gsänger. Nas próximas duas décadas, de acordo com ele, um aumento de dez vezes na produção de energia eólica é “perfeitamente possível”. Se a demanda mundial por energia ficar no mesmo nível, a energia eólica poderia ser responsável por 30% da eletricidade produzida no mundo, diz o especialista. A Dinamarca foi o primeiro local onde a ideia saiu da teoria. “Houve integração dos vários tipos de energia, o que tem funcionado muito bem. E os dinamarqueses ainda usam a força do ar para aquecimento”, diz Gsänger: a energia eólica que sobra é redirecionada para a rede de calefação urbana. Embora a energia eólica esteja entre as fonte de energia
mais em conta, Gsänger afirma que uma remuneração mínima estabelecida por lei ainda é necessária para financiar novas unidades de produção. Na Turquia, por exemplo, o preço estabelecido por lei fica abaixo daquele que é pago pela energia eólica na bolsa. “Mas essa taxa fixa é importante para que os planejadores de novos parques eólicos consigam empréstimos dos bancos para financiar as novas unidades.” Outra ideia é envolver a comunidade. Na Europa central e do norte, muitos parques eólicos são de propriedade da população local. Gsänger acredita que o envolvimento dos cidadãos é um elemento a mais para a causa ganhar força e aceitação. “Eles sabem que eles também podem ser beneficiados”, afirma.
O potencial de energia eólica é enorme e atrai a atenção de investidores internacionais e locais
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Potencial inexplorado Ainda assim, o setor olha com interesse para o Brasil. Segundo o mais recente relatório da WWEA, a capacidade instalada no país quase triplicou entre 2010 e 2012. Tanto empresas nacionais como internacionais querem participar desse mercado. “Nós temos um projeto para produzir 1,5 gigawatts e vamos levá-lo ao governo”, afirma Feitosa. A energia eólica avança praticamente sem subvenções no Brasil. O único apoio estatal são empréstimos a juros baixos concedidos pelo BNDES. Para o físico Heitor Scalambrini, da Universidade Federal de Pernambuco, as vantagens do mercado brasileiro estão nas boas condições climáticas. Segundo ele, o vento no Nordeste é constante, calmo e tem uma velocidade média ideal para mover turbinas eólicas. Esse potencial foi descoberto recentemente, diz Scalambrini. “Estudos mais antigos afirmavam que as turbinas poderiam ficar a 50 metros de altura. Agora estão sendo construídas torres a 100 metros”, relata. Pesquisas mais recentes, feitas há dois anos, mostram um potencial energético de 350 gigawatts a 100 metros de altura. Isso é três vezes a capacidade que o país tem hoje de produzir energia. Outro detalhe é que a meta de produção eólica do Plano Nacional de Energia foi superada. Em 2007, o objetivo era chegar a 1,4 gigawatts até 2015, e em 2030 a energia eólica responderia por 1% da produção nacional. A previsão foi superada pela realidade: a meta para 2015 foi alcançada já em 2011.
Ainda incipiente, energia eólica avança a passos largos no Brasil Nos últimos dois anos, a produção de energia eólica triplicou no Brasil, e especialistas dizem que o país – e principalmente o Nordeste – reúne condições excepcionais para crescer ainda mais. Com uma extensão de 8 mil quilômetros e ventos constantes, o litoral brasileiro desperta cada vez mais a atenção de empresas de energia, dispostas a suprir as crescentes necessidades energéticas de um dos principais países emergentes do mundo. O potencial é enorme e atrai a atenção de investidores internacionais e locais. “A eólica é a fonte de energia mais barata no Brasil”, afirma o empresário Everaldo Feitosa, presidente da empresa Eólica Tecnologia e vice-presidente da Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA, na sigla em inglês). Também na comparação mundial, nenhuma outra fonte de energia tem custos tão baixos como o uso dos ventos brasileiros, afirma. Mas, por enquanto, a energia eólica ainda engatinha no maior país da América Latina. Três quartos da produção de eletricidade vêm das usinas hidrelétricas. A capacidade instalada de energia eólica é de 2,5 gigawatts (GW), mais ou menos o que apenas um parque eólico produz no Reino Unido. revistaamazonia.com.br
O lado crítico Apesar da euforia, existem também os posicionamentos críticos. Um deles é exatamente de Heitor Scalambrini, que faz parte da Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA) e da Articulação Antinuclear Brasileira (AAB). Muitos parques eólicos, segundo Scalambrini, foram construídos fora da lei. Colega de Heitor na AAB, a pesquisadora Cecília de Mello diz que há relatos de dunas e manguezais comprometidos. “As dunas são filtros de água do mar. Para várias comunidades pesqueiras, o único acesso à água que elas têm é a água das dunas”, explica. Ela conta ainda que muitas hélices ficam sobre as casas e que “as pessoas têm a sensação de viverem debaixo de um avião que nunca pousa”. Feitosa concorda que houve “projetos errados”, mas diz que hoje eles são construídos longe das cidades, sem causar danos. Além disso, as leis brasileiras são muito rigorosas, afirma. Ele acrescenta que o Brasil está num rumo ascendente e vê o país entre os cinco maiores produtores de energia eólica do mundo em 2020.
[*] Em DW.DE
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Soja
Os 40 anos da Embrapa
Fundamental na revolução da pesquisa agropecuária no Brasil, a Embrapa continua investindo na geração de conhecimentos e tecnologias, mantendo uma visão estratégica diante dos desafios do futuro.agropecuária no Brasil, a Embrapa continua investindo na geração de conhecimentos e tecnologias, mantendo uma visão estratégica diante dos desafios do futuro. Fotos: Claudio Bezerra, Jorge Duarte, Nilton Pires de Araújo, Saulo Coelho e Zineb Benchekchou
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riada em 26 de abril de 1973 como principal instrumento na reformulação da pesquisa agropecuária brasileira, a Embrapa foi parte efetiva da revolução agrícola que tornou o Brasil um dos líderes mundiais em tecnologias para agricultura tropical. No Acre, as comemorações começam nessa sexta-feira, na sede da Empresa, com uma cerimônia para os colaboradores. Em maio, serão realizadas sessões solenes na Câmara de Vereadores de Rio Branco e na Assembleia Legislativa. Nessas quatro décadas o País deixou uma situação de insegurança alimentar e passou a ser um dos principais produtores de alimentos do mundo. O crescimento da oferta para o mercado interno superou a curva de crescimento da demanda, provocando uma queda de 50% no valor da cesta básica, entre 1975 e 2011. 30 REVISTA AMAZÔNIA
Essa revolução no campo é fruto do trabalho conjunto da Embrapa, das instituições estaduais de pesquisa e extensão, de universidades e do setor produtivo, que apostou nas tecnologias geradas pela pesquisa. Essas inovações
ajudaram a mudar o cenário brasileiro com incremento de produção, produtividade e impulsionando a competitividade, com sustentabilidade. A produção de grãos, por exemplo, cresceu por volta de 400%, enquanto a área cultivada aumentou cerca de 80%. Em 1972, a safra foi de 30 milhões de toneladas numa área de 28 milhões de hectares. Hoje, a área plantada com grãos no Brasil é da ordem de 50 milhões de hectares e a produção ultrapassou 166 milhões de toneladas. Esses avanços são decorrentes de inovações como o melhoramento genético, que gerou cultivares adaptadas às condições de produção tropicais; a transformação de largas extensões de terras inadequadas à produção, em especial dos cerrados, em solos férteis, aptos para a agricultura, além do desenvolvimento de sistemas de produção e sistemas de produção adaptados às diversas regiões do País, com base em técnicas de adubação – em especial a fixação biológica de nitrogênio –, controle de doenças e pragas, rotação de culturas e recuperação de revistaamazonia.com.br
Vitro. Nelore, nascido em 1994, o primeiro produto gerado totalmente “in vitro”
Campo experimental da Embrapa em Lichinga, Moçambique
pastagens entre outras tecnologias. A adoção de tecnologias na pecuária também proporcionou a modernização do setor, justificando o aumento da produção pelo incremento da produtividade e não pela expansão da área de pastagens. Como resultado, o País ampliou em quatro vezes a produção de carne bovina e triplicou a de carne suína. Pesquisas nas áreas de sanidade animal, genética, reprodução, nutrição, manejo de pastagens e melhoramento genético de forrageiras são alguns exemplos de inovações da pesquisa que geraram impactos diretos no aumento da produtividade na pecuária. O Brasil é atualmente o 3º maior exportador mundial de produtos agropecuários. É também o maior exportador de café, açúcar, suco de laranja, etanol de cana-de açúcar, frango e soja; segundo maior exportador de carne bovina e terceiro maior exportador em algodão.
Estrutura A Embrapa é constituída por 47 Unidades Descentralizadas de Pesquisa e Serviço, além de 15 Unidades Centrais. Ela também coordena e integra o Sistema Nacional de Amostras in vitro
Pesquisa Agropecuária (SNPA), constituído pelas Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas), por universidades e institutos de pesquisa de âmbito federal ou estadual e organizações, públicas e privadas, vinculadas à atividade de pesquisa agropecuária. A força da Embrapa também está em sua estrutura, sendo destaque entre as empresas públicas pela equipe altamente qualificada. São 9.795 empregados dos quais 2427 são pesquisadores, 81% deles com doutorado. O orçamento da Empresa em 2012 foi de R$ 2,33 bilhões. No âmbito internacional, a Empresa desenvolve 49 projetos de cooperação técnica com a América Latina e Caribe, contemplando 18 países, e 51 projetos de cooperação com 9 países da África. Em termos de cooperação científica, destacam-se os Laboratórios Virtuais da Embrapa no exterior (Labex), um arranjo inovador que permite o intercâmbio de conhecimento entre pesquisadores da Embrapa e cientistas das principais instituições mundiais de pesquisa. Atualmente, a Empresa conta com Labex em operação nos Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Coreia e China. Ainda em 2013, entrará em operação um novo Labex, sediado no Japão.
Cultura Tecidos
Cultivar de café conilon da Embrapa é a primeira do Brasil a receber Certificado de Proteção
Aula em Campo Experimental da Embrapa revistaamazonia.com.br
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Silvicultura para a Amazônia por Daniel Scheschkewitz* Fotos: Daniel Medeiros, Denis Conrado, Embrapa Rondonia, Kadijah Suleiman
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população mundial aumenta ano após ano, o que resulta em maior demanda por alimentos, fibras e energia. Em muitos países, como o Brasil, não só cresce o número de habitantes como, também, o poder aquisitivo das pessoas, que consomem cada vez mais produtos essenciais e supérfluos. Assim, é natural que a demanda por matérias-primas cresça aceleradamente. Dentre essas matérias-primas, está a madeira, presente em todos os lares, ruas e comércios, na forma de móveis, papel e até mesmo no aço. Antigamente, a madeira era obtida somente das florestas nativas, dado o baixo consumo e a abundância de florestas, especialmente no Brasil. Ainda hoje, as florestas nativas são de grande importância para o suprimento
Cultivo de teca (Espigão D’Oeste-RO)
Toras de eucalipto
de madeira. Porém, mesmo no período colonial, já se reconhecia a possibilidade de escassez de algumas espécies, como o mogno, o guanandi e o pau-brasil, ditas “madeiras de lei”, por terem sua exploração controlada pelo reinado português. Por abranger regiões de alta densidade demográfica, a Mata Atlântica era a principal fonte de madeira para os brasileiros. Entretanto, à medida que a demanda por produtos madeireiros crescia, a floresta se extinguia. Per32 REVISTA AMAZÔNIA
cebendo que essa exploração não se sustentaria, pioneiros, como o engenheiro agrônomo Navarro de Andrade, introduziram os eucaliptos (espécies nativas da Austrália) no Brasil e implantaram povoamentos florestais, no início do século XX, com o intuito principal de produzir dormentes para estradas de ferro. Foi um marco para a silvicultura, ou seja, o cultivo de árvores, no Brasil. Atualmente, a silvicultura responde por mais de 70% da produção de madeira no país (segundo levantamento do
IBGE), sendo os principais produtos a celulose, o carvão e a lenha. Contudo, isso não vale para a região Norte, onde a Floresta Amazônica ainda supre a maior parte da demanda por produtos madeireiros e não-madeireiros. Esse quadro também deve se reverter a longo prazo, visto que o desmatamento na Amazônia é combatido com intensidade cada vez maior e o manejo florestal sustentável, embora importante, não pode assegurar o suprimento de madeira no ritmo de crescimento da demanda, especialmente para fins energéticos. Alguns estados da região Norte, como o Amapá, Roraima, Tocantins e o Pará possuem consideráveis extensões de florestas plantadas, dada a existência de siderúrgicas e fábricas de celulose na região. Já no Amazonas, no Acre e em Rondônia, as áreas ainda são pequenas, mas crescentes. A princípio, o principal produto das florestas plantadas destes estados deve ser a lenha, para o abastecimento de caldeiras de cerâmicas, frigoríficos, graníferas e termelétricas, além de fornos de panificadoras e restaurantes. Não obstante, a crescente demanda por madeira para fins energéticos, o plantio de árvores para produção de madeira serrada, tratada e painéis de madeira, nos estados da região Norte, também pode ser uma alternativa economicamente viável, podendo-se trabalhar em sinergia com o manejo florestal sustentável. Afinal, serrarias, marcenarias e fábricas painéis de madeira, geralmente, podem beneficiar tanto madeiras nativas quanto exóticas. revistaamazonia.com.br
Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale)
Espécies cultivadas Em se falando de espécies florestais para cultivo, atualmente, os eucaliptos são os mais cultivados, ocupando mais de 6,5 milhões de hectares no Brasil (74% do total de florestas plantadas), segundo a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf). Com exceção de Roraima, onde a acácia-mangium parece ser preponderante, nos demais estados da região Norte os eucaliptos também são as principais espécies cultivadas. A preferência pelos eucaliptos se explica por sua elevada produtividade, plasticidade (podem ser cultivados em diversas condições edafoclimáticas), multiplicidade de uso (lenha, celulose e madeira serrada, por exemplo), disponibilidade de material genético e aceitação no mercado. Apesar de ser a segunda essência mais cultivada no Brasil, os plantios de pinos na região Norte são tímidos, provavelmente devido à baixa demanda por celulose de fibra longa, madeira e resina pelas fábricas da região. Ainda com relação às espécies exóticas, uma espécie que tem sido cada vez mais plantada na Amazônia Legal é a teca (Tectona grandis), conhecida por sua madeira nobre, de alto valor de mercado. Já grandes extensões de acácia-mangium existem basicamente em Roraima.
A acácia-mangium, assim como os eucaliptos, é relativamente rústica e presta-se para a produção de lenha, celulose, madeira serrada e mel. Também é fixadora de nitrogênio atmosférico, sendo bastante empregada em recuperação de áreas degradadas. Porém, não há disponibilidade de materiais melhorados e sua aceitação no mercado regional não é tão alta. Com relação às espécies nativas, para produção de madeira, apenas o Schizolobium parahyba var. amazonicum, conhecido como paricá ou bandarra, possui considerável área plantada (cerca de 85 mil hectares), concentrada em Tocantis e no Pará. A espécie possui rápido crescimento e seu principal uso é a fabricação de laminados. Sementes bandarra
Ipê (Handroanthus spp.)
A Floresta Amazônica possui uma grande diversidade de espécies nativas com potencial para produção de madeira, como o pau-de-balsa (Ochroma pyramidale), a sumaúma (Ceiba pentandra), o taxi-branco (Sclerolobium paniculatum), o ipê (Handroanthus spp.) e o tauari (Couratari spp.). Domesticar essas espécies é fundamental para garantir a perpetuidade do setor florestal, pois pode evitar o esgotamento das árvores de remanescentes florestais e garantir o suprimento de produtos diversificados, tanto para o mercado interno quanto para exportação. Nesse sentido, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) busca elaborar um portfólio de silvicultura de espécies nativas. O objetivo é facilitar o gerenciamento de projetos de pesquisa e canalizar esforços para solucionar os principais problemas que envolvem a domesticação dessas espécies, valorizando a biodiversidade brasileira. O plantio de espécies nativas, no entanto, não compete com o de exóticas. O fomento da silvicultura como um todo pode beneficiar a região Norte, aumentando sua participação num mercado que movimenta mais de 50 bilhões de reais por ano. [*] Pesquisador da Embrapa Rondônia
Sumaúma (Ceiba pentandra)
Taxi-branco (Sclerolobium paniculatum) revistaamazonia.com.br
Tauari (Couratari spp.) REVISTA AMAZÔNIA 33
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10ª Sessão do Fórum das Nações Unidos sobre as Florestas - UNFF10 Basílica de Santa Sofia, Istambul, Turquia, uma grande maravilha arquitetônica que data do Império Bizantino
Fotos: Franz Dejon, Rudolph Hühn
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a abertura da 10ª sessão da UNFF, em Istambul, na Turquia, a ONU pediu proteção das fontes vitais. Mais de 1,6 bilhão de pessoas no mundo dependem
das florestas. O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais afirmou que os serviços fornecidos pelas florestas continuam sendo subestimados, desvalorizados e super explorados. Wu Hongbo fez a declaração nesta segunda-feira, durante a abertura do 10° Fórum sobre as Florestas, em Istambul, na Turquia. O representante da ONU lembrou que o desmatamento continua ocorrendo, para que a terra seja usada para agricultura ou outros fins, sem que haja planejamento. Segundo ele, as consequências são ambientais, sociais e econômicas.
Impactos De acordo com Wu Hongbo, há provas de que tais impactos dificilmente ficam dentro das fronteiras nacionais, notando que frequetemente, as consequências são além-fronteiras. O subsecretário-geral pediu mais esforços, a nível regional e global, a favor das florestas. Segundo as Nações Unidas, 1,6 bilhão de pessoas, incluindo milhares de comunidades indígenas, dependem A Mesquita Azul, ao entardecer
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das florestas como meio de subsistência. As florestas também são fonte de água limpa e ajudam a regular a quantidade de carbono na atmosfera. Mais de 3 bilhões dependem da madeira para cozinhar e se aquecerem. Ainda na abertura da UNFF10, a Organização das Nações
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Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), demonstrou que os produtos florestais contribuem com cerca de 468 bilhões de dólares por ano para a economia global. Segundo a ONU, as florestas empregam atualmente 60 milhões de pessoas no setor formal e reduzem a vulne-
Na abertura das plenárias. Jan McAlpine, Diretora Geral da UNFF; Wu Hongbo, Sub-Secretário-Geral para Assuntos Econômicos e Sociais; HE Veysel Eroglu, Co-Presidente do Segmento Ministerial e Ministro de Assuntos Florestais e da Água, da Turquia, Mario Ruales Carranza, Equador, UNFF10 Presidente e Vice-Presidente do Segmento Ministerial; Jennifer de Laurentis, Secretaria da UNFF, e Néstor Osorio, presidente do Conselho Económico e Social (ECOSOC) e Representante Permanente da Colômbia na ONU
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Jan McAlpine, Diretora Geral da UNFF, apresentou o Relatório do Secretário-Geral das Florestas e do Desenvolvimento Económico e do Relatório do Secretário-Geral sobre as Conclusões e Recomendações para os grandes desafios de Florestas e Desenvolvimento Econômico
Mario Ruales Carranza, Equador, Presidente da UNFF10 e CoPresidente do Segmento Ministerial
rabilidade das famílias, aumentando sua capacidade de subsistência e de resistir a eventos climáticos. O presidente do Fórum, Mario Ruales Carranza, do Equador, disse que a comunidade global tem reconhecido amplamente as funções sociais, culturais e ambientais das florestas, mas que o valor desses ecossistemas para a economia ainda não é reconhecido como deveria. “O que é menos reconhecido, mas igualmente importante, é que as exportações do setor madeireiro foram avaliadas em 246 bilhões de dólares em 2011. Este é apenas um vislumbre do verdadeiro valor das florestas em termos das grandes contribuições financeiras e não financeiras desses ecossistemas para as economias locais, nacionais e globais”, disse Carranza aos representantes no fórum. Também em sua abertura, o fórum pediu pela ação em todos os níveis para promoção da saúde das florestas, que cobrem quase um terço do mundo e fornecem uma variedade incalculável de benefícios sociais, econômicos e ambientais.
1,6 bilhão de pessoas dependem das florestas para subsistência Cerca de 1,6 bilhão de pessoas — incluindo mais de 2 mil culturas indígenas — dependem das florestas para sua subsistência. Tais ecossistemas são também a fonte de três quartos da água doce, ajudam a regular o impacto das tempestades e inundações e armazenam carbono da atmosfera. Além disso, mais de 3 bilhões de pessoas dependem da lenha das florestas para cozinhar e se aquecer. 38 REVISTA AMAZÔNIA
Sustentabilidade O Fórum sobre Florestas foi estabelecido no ano 2000, como plataforma de desenvolvimento de políticas e de cooperação internacional. O objetivo é promover a sustentabilidade das matas, além de reforçar o compromis-
so político em torno dos recursos. A UNFF10, com o tema “Florestas para o Desenvolvimento Econômico”, mostrou que a estimativa é de que mais de 13 milhões de hectares de florestas são perdidos por ano, uma área equivalente ao tamanho da Inglaterra. Jovens engajados com as questões ambientais são premiados na UNFF10 revistaamazonia.com.br
Na Mesa Redonda: Rio+20, e agenda pós-2015 da ONU sobre desenvolvimento de florestas. Hossein MoeiniMeybodi, Secretaria da UNFF; Wu Hongbo, Sub-Secretário-Geral para Assuntos Econômicos e Sociais, Jean-Pierre Thébault, Embaixador do Meio Ambiente, Ministério dos Negócios Estrangeiros da França; Mario Ruales Carranza, Equador, Presidente da UNFF10 e Co-Presidente do Segmento Ministerial; HE Luiz Alberto Figueiredo Machado, Subsecretário-Geral do Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia, Ministério das Relações Exteriores, Brasil; Sangeeta Sharma, Secretaria UNFF
Peter Holmgren, Diretor-Geral do Centro Internacional de Pesquisa Florestal; Naoko Ishii, CEO e presidente, Global Environment Facility (GEF), Bráulio Ferreira de Souza Dias, Secretário Executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), e Eduardo Rojas-Briales, Diretor-Geral Adjunto da FAO Thiago Medeiros da Cunha, do Ministério das Relações Exteriores, do Brasil
A Organização das Nações Unidas (ONU) premiou jovens engajados com as questões ambientais durante a décima sessão do Fórum das Nações Unidas sobre as Florestas (UNFF10), realizada em Istambul, na segunda semana de abril. Conheça alguns: *Elio Alonso Vasquez, de 19 anos, nascido em Arequipa, no Peru, se mudou para Noruega para estudar. Foi lá que ele visitou uma floresta pela primeira vez e tirou a inspiração para o seu filme, intitulado Sinta-se como uma montanha. A obra conta a história de como ele passou a apreciar as florestas, com um foco especial em como elas são importantes para os povos indígenas no Peru. “Depois de estar na floresta, pensei em todos os anos que vivi no Peru e não me importava com ela”, afirmou . O curta relata um protesto de indígenas na área de Bagua, na Amazônia, contra a exploração dos recursos naturais de suas terras, que foi reprimido pela polícia e acabou com a morte de 33 pessoas, em junho de 2009. Vasquez aponta a desigualdade como o principal problerevistaamazonia.com.br
ma dos índios. “Nós não pensamos neles como parte da nação. Não queremos acreditar que eles fazem parte do grupo, que possuem os mesmos direitos. Estamos mais concentrados no Facebook, nos smartphones e na tecnologia. Não nos sentimos conectados com a natureza. Se não nos identificamos com alguma coisa, não vamos nos mobilizar para protegê-la. O objetivo deste filme é incentivar os jovens do Peru a pensar sobre esta questão, para reagir e fazer alguma coisa”, destacou.
*Sébastien Pins, de 22 anos, sempre foi fascinado pelos mistérios da natureza graças à influência de sua mãe. Nascido e criado na Bélgica, o universitário já recebeu diversos prêmios por toda a Europa. Com oito anos, ele escreveu e dirigiu a sua primeira cena de teatro e, aos 20, tornou-se um pirotécnico profissional. Seu filme premiado é intitulado de Ma Forêt (Minha Floresta) e retrata a incursão de uma criança pela floresta e a sua fascinação com tudo o que encontra lá. O curta foi reconhecido também pelas lindas imagens. “Meu objetivo ao fazer o filme era comover muitas pessoas usando o recurso da criança, para convencer os espectadores da importância das florestas. Muitos jovens não estão muito preocupados com as florestas, e se eu não consigo convencê-los com uma conversa, então vou tentar com filmes que emocionam”, afirmou. *Paul Rosolie, norte-americano de 25 anos, se interessou por florestas quando ainda era menino, morando em Nova Jersey. Porém, ele descobriu que não existiam muitas delas por perto. “Eu estava muito curioso e ansioso para sair e conhecer o mundo, então, quando eu tinha 18 anos, viajei para o lugar dos meus sonhos — a Amazônia ocidental, no Peru — e de lá me envolvi imediatamente na luta da comunidade local para proteger sua floresta”, contou. Ao trabalhar com as comunidades indígenas para proteger suas florestas através do ecoturismo responsável, Paul passou mais de sete anos com pessoas que sabem
Jan McAlpine, Diretora da UNFF, apresentou relatório sobre o Fundo Fiduciário do Fórum
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Invisível, como “o cinema ambiental na sua mais crua e inovadora forma”.
Participantes querem melhor manejo de terras secas
tudo sobre floresta. Embora ele tenha se especializado na Amazônia ocidental, seu trabalho também o levou a Bornéu, Índia e Brasil. Na Amazônia, ele viajou para dentro da mata com caçadores, documentando o comércio de espécies em extinção no mercado negro, estudou sobre anacondas gigantes e explorou um ecossistema ainda não documentado, Tradicional banda militar no espetáculo “Mehter” otomano
UNFF 10, em Istambul, termina com Ceremônia Flamboyant
Do Grupo Ad Hoc de Peritos em Financiamento de Floresta (AHEG) Co-Presidentes Jan Heino, Finlândia e Paulino Franco de Carvalho, Brasil
conhecido como “floresta flutuante”. O atual foco de Paul é contar histórias. Um dos jurados do concurso de curtas da ONU descreveu o seu filme sobre a vida selvagem na Amazônia, intitulado Um Mundo
Os participantes do Fórum sobre Florestas da ONU ressaltaram a importância das terras secas no combate à pobreza e à mudança climática. As florestas secas são as que perdem suas folhas durante alguns períodos do ano. Segundo as Nações Unidas, essas florestas cobrem cerca de 40% da superfície terrestre e são importantes santuários da biodiversidade. Seus ecossistemas fornecem combustível, madeira para construção, medicamentos e ervas.
Falta de Investimentos A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, afirma que com manejo adequado, as árvores em terras secas podem combater a desertificação e ajudar a aliviar a pobreza, já que milhões de pessoas vivem ao redor desses ecossistemas. A FAO também lembrou os desafios do desmatamento e degradação, que ocorrem por conta do uso indevido da terra, governança e políticas precárias e falta de investimento no manejo sustentável das florestas secas. Ekrem Yazici, representante da agência da ONU, destacou que milhões de hectares de terras secas precisam ser restaurados. As árvores ajudam a estabilizar solos, reduzir a erosão dos ventos e das águas e a manter nutrientes nos solos.
Ma Forêt (Minha Floresta), retrata a incursão de uma criança pela floresta
Es Fa Paul estudou sobre anacondas gigantes e explorou um ecossistema ainda não documentado 40 REVISTA AMAZÔNIA
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Ru Te lin
Heróis Florestas – do Brasil, Ruanda, Tailândia, Turquia e os Estados Unidos com os vencedores do Festival Internacional de Cinema sobre Floresta – da Bélgica, Peru, África do Sul, Reino Unido e os Estados Unidos, e os vencedores da competição de Fotografia, oriundos da Indonésia, Itália, Espanha, Turquia e Ucrânia
“O Global Forest Watch 2.0, que será lançado no próximo mês, não poderia vir em um momento mais oportuno”, disse o Subsecretário-Geral para Assuntos Econômicos e Sociais, Wu Hongbo. “Para atingirmos uma gestão sustentável das florestas, é essencial o fácil acesso a dados e a informações que sejam atuais e de confiança, bem como o monitoramento e a avaliação de intervenções eficazes”.
Fórum sobre Florestas da ONU em Istambul termina com Cerimônia Flamboyant
O ‘Global Forest Watch 2.0‘ — sistema de monitoramento de florestas independente, interativo e em tempo real — combina a tecnologia de satélite e o compartilhamento de dados em mídias sociais em todo o mundo, fornecendo informações importantes para o melhor controle das florestas. O programa foi desenvolvido pelo Instituto World Resources e uma série de parceiros — incluindo o Google, a Universidade de Maryland (EUA) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) – e exposto aos participantes na atual sessão do Fórum das Nações Unidas em Istambul, na Turquia.
Na 10 ª sessão do UNFF, em Istambul, a primeira fora da sede da ONU de Nova York, decorreu com a presença de ministros de cento e noventa e sete países, foram discutidos o futuro das florestas do mundo e as precauções para a proteção das florestas. UNFF completou sua 10 ª sessão, com uma cerimônia extravagante. Diplomatas assistiram a tradicional banda militar espetáculo “Mehter” otomano antes do descerramento da bandeira oficial da ONU encerrando a cerimônia. No discurso de encerramento, UNWFF Diretor Geral Jan Mc Alpine expressou sua satisfação pelo 10º Fórum, realizado em Istambul. Ele disse que o Fórum fez o seu trabalho com sucesso e, graças ao profissionalismo dos
organizadores turcos eles tiveram grande eficiência. “A Turquia organizou uma reunião muito importante. Lidamos com diferentes temas e debatemos sobre questões como o desenvolvimento dos países e como fazer o melhor uso das florestas. Tomamos decisões cruciais. Discutimos a sustentabilidade do manejo das florestas. O Governo turco entende esta questão melhor do que em outros países. Aqui, os laços entre as florestas e fontes de água são questões muito sensíveis na Turquia. A fonte de medicamentos é em florestas e os desastres naturais, por vezes, afetam a Turquia. Este não é apenas um tema de interesse para a Turquia, mas para o mundo inteiro. Eu posso afirmar com satisfação que dois primeiros-ministros, um vice-presidente, e mais de 50 ministros participaram do nosso encontro em Istambul. Realizamos sessões altamente importantes. Istambul realmente está no coração de um acordo global. Todos nós precisamos de florestas “, disse Jan McAlpine, Diretora Geral da UNFF. O descerramento da bandeira oficial da ONU encerrou a UNFF 10
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Aquecimento no século 20 ainda é atribuído pelos cientistas à ação humana
Temperaturas globais atuais são mais quentes do que nos últimos 1.400 anos Segundo variabilidade da temperatura em escala continental
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século 20 teve as maiores médias de temperaturas registradas em 1,4 mil anos, segundo uma pesquisa climática da PAGES 2k Consortium, que envolveu 78 cientistas de universidades em 24 países, investigando as mudanças de temperatura na escala regional durante os últimos dois milénios. O levantamento reconstituiu as temperaturas dos últimos 2 mil anos em sete regiões continentais do planeta Para mapear as temperaturas no período, os pesquisadores usaram dados de 511 registros regionais – a maioria deles consistia na análise dos anéis de crescimento de árvores. Amostras de pólen, recifes de coral, núcleos de 42 REVISTA AMAZÔNIA
A reconstrução fornece uma representação de alta resolução de padrões de temperatura nos períodos mais quentes romanas e medievais, mas também mostra as fases frias que ocorreram durante o período de migração e mais tarde na Pequena Idade do Gelo revistaamazonia.com.br
gelo, estalagmites e sedimentos em lagos e mares, além de registros históricos oficiais, também foram utilizados na pesquisa. Os cientistas afirmam que o aquecimento global, que começou no fim do século 19, reverteu uma longa tendência de resfriamento em todo o planeta, pontuada por períodos de aquecimento em regiões especificas. “O mais impressionante sobre o aumento repentino da temperatura média global no século 20 é que ela acontece após uma tendência de resfriamento que durou mais de um milênio”, disse um dos autores do estudo, o professor Steven Phipps, do Centro de Excelência em Ciência Climática da Universidade de New South Wales, na Austrália. “A pesquisa mostra que em somente um século a Terra reverteu 1,4 mil anos de resfriamento.”
Sem explicação natural
O MWP e a LIA Os dois principais resultados são uma confirmação de que as temperaturas globais de superfície atuais são mais quentes do que em qualquer momento nos últimos 1.400 anos, como mostrado na Figura abaixo, e que, enquanto o Período Quente Medieval (MWP) e pequena Idade do Gelo (LIA) são eventos claramente visíveis na sua reconstrução, não foram globalmente sincronizada. Reconstruções de temperatura a) Anteriormente publicado Hemisfério Norte 30 anos-médios relativos ao período de referência 1961-1990. b) Padronizados temperaturas de 30 anos de média média em todas as regiões em escala continental sete. Símbolos azuis são área médias ponderados e não ponderados barras mostram os percentual 25 e 75 para ilustrar a variabilidade entre as regiões; caixas pretas abertas são medianas não ponderados. A linha vermelha é a temperatura global anual de 30 anos de média 1961-1990, visualmente para corresponder aos valores padronizados no período instrumental.
O estudo, que foi iniciado em 2006, revelou ainda que períodos como o Aquecimento Medieval – que atingiu a Europa por volta do ano 950 – e a Pequena Idade do Gelo, período de resfriamento que se seguiu, não afetaram simultaneamente todo o globo terrestre. Esses fenômenos seriam explicados principalmente por ciclos naturais na órbita da Terra e pela influência de atividade vulcânica e solar. No entanto, fenômenos naturais não explicam o aumento da temperatura global no século 20, de acordo com os pesquisadores. A reconstituição do ambiente climático aproximado dos últimos dois milênios mostrou que o período entre 1971 O projeto International Past Global Changes (PAGES), realiza esforços pesquisa sobre dinâmicas ambientais e climáticas com base em informações do passado
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Reconstrução da temperatura Os tipos de dados de temperatura usados de cada região em escala continental são ilustrados na figura abaixo. As caixas mostra as sete regiões em escala continental utilizados no estudo. Os gráficos de pizza representam a fração de tipos de dados utilizadas para cada reconstrução regional. O Ártico, Europa e Antártida reconstruções de temperatura abrangem cerca de 2.000 anos; Da Ásia, América do Sul e Austrália reconstruções cobrem os últimos 1.000-1.200 anos
Trinta anos de temperaturas médias relativas para as sete regiões continental, dispostos verticalmente de norte a sul
e 2000 foi mais quente do que qualquer outro em cerca de 1,4 mil anos em todo o planeta. Os pesquisadores afirmam que reconstrução das médias de cada área cobriu períodos diferentes dentro dos 2 mil anos, a depender da disponibilidade de dados. Em regiões como o continente africano, por exemplo, a escassez de registros não permitiu determinar as mudanças de temperatura de longo prazo. O estudo foi coordenado pelo projeto International Past Global Changes (PAGES), que realiza esforços internacionais de pesquisa sobre dinâmicas ambientais e climáticas com base em informações do passado.
Pesquisa usou análise de anéis de árvores e outros registros do clima do passado
Resumo das tendências de longo prazo nos registros de nível local individuais 44 REVISTA AMAZÔNIA
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Concentração de CO2 na atmosfera atinge nível histórico
O
s níveis de dióxido de carbono na atmosfera superaram as 400 partes por milhão (ppm) pela primeira vez na história da Humanidade, anunciaram na sexta-feira 10/05), especialistas em monitoramento climático, indicando uma concentração recorde de gases de efeito estufa. Segundo climatologistas americanos, este limite simbólico deveria servir como um alerta por uma ação que comece a reverter os danos causados ao meio ambiente pelas atividades humanas e o forte uso de combustíveis fósseis. A Terra nunca viu estes níveis de CO2 em milhões de anos, muito antes do aparecimento do homem, afirmou Bob Ward, diretor de política e comunicações no Instituto de Pesquisas Grantham sobre Mudanças Climáticas e Meio Ambiente na Escola de Economia e Ciência Política de Londres. “Estamos criando um clima pré-histórico no qual as sociedades humanas enfrentarão riscos enormes e potencialmente catastróficos”, disse Ward. “Somente reduzindo urgentemente as emissões globais será possível reduzir os níveis de dióxido de carbono e evitar as consequências de retroceder o relógio climático”, acrescentou. Dados demonstrando que a média diária de CO2 sobre o Oceano Pacífico foi de 400,03 ppm em 9 de maio foram postados na internet pelo centro de monitoramento da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) em Mauna Loa, Havaí. Um outro monitoramento no Instituto Scripps de Oceanografia em San Diego, na Califórnia, inicialmente regis-
trou seus dados de 9 de maio mostrando que o dióxido de carbono atmosférico tinha alcançado 399,73 ppm, mas depois revisou este dado para 400,08 ppm. A diferença resumiu-se às áreas com mesmo fuso horário: a NOAA se baseou no relógio de horário universal (UTC) e o Scripps, no horário local do Havaí. Quando o Scripps ajustou suas medições com o UTC, ele concordou com a NOAA em que a barreira de 400 ppm tinha sido rompida. Michael Mann, diretor do Centro de Ciências do Sistema Terrestre, da Universidade Penn State, disse que a principal preocupação é a velocidade com que as concentraInfográfico do aumento das emissões de CO2
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Os níveis de dióxido de carbono na atmosfera superaram as 400 partes por milhão (ppm) pela primeira vez na história da Humanidade
ções de CO2 estão aumentando. “Não há precedentes na História da Terra para uma elevação tão abrupta das concentrações de gases de efeito estufa”, afirmou à AFP Mann, autor de dois livros sobre mudanças climáticas. “Embora as coisas vivas possam se adaptar às lentas mudanças que ocorrem ao longo de dezenas de milhões de anos, não há razões para acreditar que elas - e nós - poderemos nos adaptar a mudanças que ocorrem um milhão de anos mais rápido do que as taxas naturais de mudanças”, emendou. Mann disse que os cientistas acreditam que o CO2 chegou aos níveis atuais pela última vez há mais de 10 milhões de anos, na metade do Período Mioceno. Na época, as temperaturas globais eram mais elevadas, o gelo era esparso e o nível do mar era dezenas de metros mais alto do que hoje. “A natureza levou centenas de milhões de anos para mudar as concentrações de CO2 através de processos naturais tais como o sepultamento natural de carbono ou as erupções vulcânicas”, disse Mann. “O que estamos fazendo é desenterrando isso. Mas não ao longo de 100 milhões de anos. Nós desenterramos e queimamos numa escala de tempo de cem anos, um milhão de vezes mais rápido”, concluiu. REVISTA AMAZÔNIA 45
Estudo sugere que Terra pode aquecer mais devagar
R
itmo de aumento da temperatura pode ser menor nas próximas décadas, mas termômetros chegarão a níveis elevados a longo prazo. A Terra poderá aquecer a um ritmo menor do que se previa no médio prazo, mas ainda assim atingirá níveis elevados a longo prazo, conclui um estudo publicado na revista Nature Geoscience. O estudo, envolvendo 17 cientistas de oito países, faz novas projeções sobre o que poderá acontecer no futuro, levando em conta os dados mais recentes sobre o aquecimento global. Depois de uma forte subida desde a década de 1970, a curva de crescimento da temperatura média global tem estado num patamar mais estável na última década. Ainda assim, segundo a Organização Meteorológica Mundial, todos os 12 anos entre 2001 e 2012 estão entre os 13 mais quentes desde cerca de 1850, data a partir da qual há registos fiáveis. Partindo dos dados atuais e também dos últimos 40 anos, os investigadores avaliaram um cenário hipotético no futuro, associado à duplicação da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, em relação aos níveis pré-industriais. Neste tipo de exercício, comum em estudos sobre as alterações climáticas, procura-se determinar a chamada “temperatura de equilíbrio” – ou seja, a do momento em que o termômetro teoricamente pára de subir, algo que só ocorre muito depois da concentração de CO2 ter estabilizado. Mas também se determina uma tempera-
por Ricardo Garcia
Sem medidas mais eficazes de controle, CO2 na atmosfera pode duplicar até meados deste século
tura intermédia, no instante em que a concentração de CO2 chega ao dobro – o que dá uma visão mais clara do ritmo de aceleração no curto e médio prazo. Quando a concentração de CO2 chegar a 550 partes por milhão – contra os 275 da era pré-industrial –, o termômetro global terá subido entre 0,9 e 2,0 graus Celsius, com um valor mais provável de 1,3 graus, acima da média de há um século e meio. No longo prazo, também ao ritmo da última década, a temperatura subiria 1,2 a 3,9 graus. Segundo o estudo, os valores para o momento intermédio estão abaixo dos cenários mais gravosos que estão sendo obtidos por uma série de experiências com modelos climáticos que têm vindo a ser desenvolvidas nos últimos anos, num projeto internacional conhecido pela sigla CMIP5 (Coupled Model Intercomparison Project Phase 5). Para o prazo mais longo, os valores tendem, no entanto, a aproximar-se, embora haja ainda muitas incertezas. “O possível aquecimento a longo prazo, após a estabili-
zação [do CO2], permanece bastante incerto, mas para a maior parte das decisões políticas, a resposta nos próximos 50 a 100 anos é o que interessa”, afirma o autor principal do estudo, Alexander Otto, da Universidade de Oxford. Um dos co-autores, Jochem Marotzke, do Instituto Max Planck para a Meteorologia, em Hamburgo, completa que não se deve dar um valor interpretativo excessivo a uma única década, dado o que se sabe e não se sabe sobre a variabilidade natural climática. “Na década passada, o mundo como um todo continuou a aquecer, mas o aquecimento ocorreu muito mais abaixo da superfície dos oceanos do que à superfície”, acrescenta. Os resultados deste estudo surgem num momento em
Cientistas dizem que a recente desaceleração na taxa de aquecimento global vai levar a aumentos de temperatura mais baixas no curto prazo
que o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, das Nações Unidas, está finalizando a sua quinta avaliação do que se sabe sobre o presente e o futuro do clima na Terra. As conclusões serão apresentadas em Setembro e levarão em conta os cenários do CMIP5. O último relatório do painel climático da ONU, divulgado em 2007, previa que uma duplicação da concentração de CO2 aumentaria a temperatura global em 1,9 a 4,4 graus Celsius. O nível de CO2 na atmosfera ultrapassou, este mês, a fasquia das 400 partes por milhão (ppm). Sem medidas mais eficazes para conter o aumento, a concentração pode chegar aos 550 ppm em meados deste século. Elipses representam contornos de probabilidade de 66% que encerram regiões de confiança bidimensionais; pontos Bestfit de probabilidade máxima são indicados por círculos, e as linhas grossas e finas curvas representam 17-83% e 5-95% de intervalos de confiança da probabilidade unidimensional resultante perfil no ECS (ou TCR), respectivamente.
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Seja Amigo da Natureza hoje e sempre. Desde 1962, a Yamada realiza ações que protegem o meio ambiente. Hoje, mais de 10 novas lojas sustentáveis são responsáveis por poupar energia, água e reduzir consideravelmente a emissão de CO2 na natureza. A Yamada também realiza o projeto Pense Verde que, junto aos clientes, conseguiu plantar mais de 43.000 mudas no Pará e tem como meta para o final de 2013 atingir 70.000 novas árvores.
Alguns resultados de ações socioambientais realizadas pelo Grupo Y. Yamada: milhões de m2 de Floresta Amazônica preservada nas Fazendas Yamada.*
*Dados referentes aos númros atingidos até o final de 2012
40 400 45 13
mil kg de CO2
deixaram de ser emitidos na natureza através das ações socioambientais.*
mil m3 de litros d’água/ano
são economizados, o que poderia abastecer o equivalente a 2.500 casas populares por um mês.*
milhões de kwh/ano
economizados, suficientes para abastecer 296 mil casas populares por 30 dias.*
5 de junho. Dia Mundial do Meio Ambiente. Faça o bem hoje e todos os dias.
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IBM aposta em nova solução de energia solar com sistema fotovoltaico mais eficiente e barato Sistema será capaz de converter 80 por cento da energia solar absorvida, equivalente a 2.000 sóis
O
s cientistas dos Laboratórios da IBM em Zurique, Suíça, anunciaram na data em que se celebrava o Dia Mundial da Terra, uma parceria com outras entidades para o desenvolvimento de um sistema fotovoltaico mais acessível e capaz de concentrar em si, em média, o poder de 2000 sóis, com uma eficiência que permitirá absorver e converter 80 por cento da radiação em energia útil. Este sistema pode ser construído em qualquer lugar do Planeta para oferecer energia sustentável, água potável e ar fresco, a um custo três vezes menor do que os sistemas atuais. O projeto, a três anos, terá um custo total de 2,4 milhões de dólares, valor este que foi concedido pela Comissão para a Tecnologia e Inovação, na Suíça, a uma equipe de investigação composta por cientistas da IBM Research, da Airlight Energy (fornecedor de tecnologia solar), da ETH Zurich (formação na área das energias renováveis) e do Instituto de Micro e Nanotecnologia (MNT) para desenvolver um Sistema de Alta Concentração Fotovoltaica e Térmica (HCPVT) mais económico.
Sistema Fotovoltaico de Alta Concentração Térmica – HCPVT
O protótipo com o prato parabólico composto de vários espelhos e ligado a um sistema de seguimento do sol
Com base num estudo realizado pela European Solar Thermal Electricity Association (ESTELA) e pela Greenpeace Internacional, seriam necessários apenas 2 por cento da área total do deserto do Saara para fornecer a 48 REVISTA AMAZÔNIA
eletricidade necessária ao mundo inteiro (Concentrating Solar Power: Outlook 2009). No entanto, as tecnologias de energia solar atualmente existentes no mercado são ainda demasiado caras e lentas para o conseguirem. revistaamazonia.com.br
Idealmente, o sistema de arrefecimento iria permitir que os chips de operacionar a 2000 vezes a intensidade dos raios do sol, mas reivindicações IBM podem ainda proporcionar uma temperatura segura de até 5000 vezes a concentração
Águas residuais aquecida do sistema HCVPT é desviada para um sistema de dessalinização, onde se vaporiza e purifica água salgada
Atualmente, o protótipo do sistema HCPVT está sendo testado em um laboratório de pesquisa da IBM em Zurique
Individualmente, cada chip mede apenas 1 cm x 1 cm e pode gerar uma média de 200250 watts durante um período de oito horas em um dia ensolarado
O HCPVT O protótipo do sistema utiliza um grande dispositivo parabólico, composto por múltiplos espelhos, que consegue posicionar-se mediante o melhor ângulo de acordo com a posição do Sol. A tecnologia segue o movimento do Sol e concentra a luz em um ponto central. Uma vez alinhado, os raios do Sol refletem nos espelhos para vários receptores, conseguindo converter 200-250 watts de energia, em média, ao longo de um dia típico de oito horas numa região que habitualmente recebe Sol. Os painéis usados pela IBM conseguem aproveitar a
A maior parte da luz solar que atinge o prato é refletida e focado em centenas de tripla junção fichas fotovoltaicos, todos equipados com receptores de refrigeração de microcanais líquidos revistaamazonia.com.br
energia de três comprimentos de onda diferentes. Esse é considerado o grande diferencial do sistema, pois os modelos tradicionais aproveitam apenas a radiação da luz visível. Além disso, o sistema teria eficiência de 80% na geração de eletricidade. O HCPVT retira o sal e gera água potável ao usar água
do mar para o resfriamento. Isso porque ao circular pelos painéis solares, a água sobe a 90º e passa por membranas capazes de remover o sal. A IBM acredita que uma grande instalação de antenas em uma região árida poderia produzir água suficiente para acabar com a sede de uma pequena cidade.
A equipe de pesquisadores afirma que este projeto custará menos de 250 dólares, para cada metro quadrado de área de abertura e produzir energia a um preço de menos de 0,10 dólares, por quilowatt-hora (kWh) REVISTA AMAZÔNIA 49
Líder indígena Almir Suruí é premiado como “Herói da Floresta”, pela ONU Almir Narayamoga Surui, líder indígena da tribo Paiter-Surui, de Rondônia, vencedor do prêmio Herói da Floresta, para a América Latina e Caribe, pelo trabalho que tem feito em prol de sua comunidade e da proteção da floresta Amazônica. Fotos: UN Photo / Metehan Kurt, Mark Garten e Google Earth
A
Almir Surui com uma de suas condecorações
Almir Narayamoga Suruí recebe da ONU o Prêmio Herói da Floresta do jurado Daniel Shaw da União Internacional para a Conservação da Natureza em uma cerimônia em Istambul
Almir com equipe do Google na Terra Indígena Sete de Setembro
premiação ocorreu durante a 10ª sessão do Fórum sobre Florestas das Nações Unidas, em Istambul, na Turquia. O líder dos índios Paiter-Suruí é famoso por criar iniciativas que visam proteger a floresta e incentivar o desenvolvimento sustentável na Terra Indígena Sete de Setembro, onde vive O indígena brasileiro conseguiu negociar com o governo a construção de escolas e postos de saúde para o povo Surui. Com o Banco Mundial, Almir Narayamoga conquistou a reforma de um programa de desenvolvimento, para que grupos indígenas pudessem ser beneficiados. Em Istambul, o líder indígena explicou a jornalistas que
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sua comunidade começou a sofrer extinção após o primeiro contato com não-indígenas, ainda em 1968. “Meu povo foi reduzido de 5.000 para 292 pessoas. Então, quando me tornei, aos 17 anos, líder do povo Surui, eu comecei a diagnosticar como eu poderia buscar soluções [para problemas] enfrentados pelo meu povo.” O “Herói da Floresta” também criou um plano de 50 anos para a conservação em larga escala da Amazônia. “Um instrumento importante é diálogo, consciência, respeito e valor da cultura e da floresta. Não estou dizendo que a floresta tem que ser intocável, mas tem que ser usada com responsabilidade, com respeito e com estratégia.” Almir Surui, lembra que a preservação é importante porque as florestas trazem equilíbrio climático. Almir foi lider do Projeto de Carbono Florestal Suruí (PCFS), o primeiro projeto de REDD+ proposto em Terras Indígenas no Brasil, que consiste na proteção da terra indígena (TI)
O cacique Almir Narayamoga Surui
A floresta nos ensina coisas, dá-nos a nossa comida e medicamentos. Ela fornece materiais para a nossa vida espiritual. Todas estas coisas, a floresta oferece para nós, ela é parte de nossas vidas
O líder Almir Suruí, já foi eleito pela revista norte-americana “Fast Company” uma das 100 pessoas mais criativas do mundo, com seu laptop na floresta revistaamazonia.com.br
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Almir Surui, líder dos índios PaiterSuruí
Sete de Setembro, localizada entre os Estados de Rondônia e Mato Grosso.O projeto Carbono Suruí, é consagrado como a primeira ação indígena de REDD+ do Brasil. O líder Surui conseguiu uma parceria com o Google Earth para que os indígenas aprendessem a usar a tecnologia digital e, assim, monitorar e mapear a floresta onde vivem. Os índios receberam smartphones para mapear a floresta e denunciar a exploração da madeira em seu território. Por meio de fotos e vídeos feitos pelos Paiter-Surui, o Google elaborou um mapa cultural com a história desse povo e a biodiversidade encontrada em sua reserva de 600 000 hectares. A iniciativa, que durou cinco anos, resultou em um projeto mais amplo: o uso sustentável dos recursos naturais da área na qual vivem pelas próximas cinco décadas. Os outros quatro eleitos como Heróis da Floresta pela ONU são: - Rose Mukankomeje, de Ruanda (África); - Preecha Siri, da Tailândia (Ásia); - Hayrettin Karaca, da Turquia (Europa) e - Ariel Lugo, dos EUA (América do Norte).
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Amir Surui sendo entrevistado
Os índios da tribo de Almir Suruí, do povo pater suruí, vivem na Terra Indígena Sete de Setembro, localizada entre os municípios de Cacoal e Espigão D’Oeste, em Rondônia, que avança até o município de Rondolândia, no vizinho Mato Grosso
Almir Surui, lembra que a preservação é importante porque as florestas trazem equilíbrio climático
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A cada ano, o Banco da Amazônia acelera mais o movimento de transformação da região e os números são impressionantes: R$43 bilhões aplicados no desenvolvimento sustentável da região, sendo R$30 bilhões nos últimos 5 anos. Isto significa mais renda a milhares de famílias com os 584 mil empregos gerados, mais aquecimento no mercado com os R$25 bilhões de estímulo à produção e mais desenvolvimento com o incremento de R$13 bilhões no PIB. Tudo isso só em 2012. E assim, realizando um sonho de cada vez, o Banco cresce junto com a Amazônia e seu povo.
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A cultura de 55 povos indígenas Censo 2010: população indígena é de 896,9 mil, tem 305 etnias e fala 274 idiomas Fotos: José Cruz/ABr
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om a exposição Mundo em Movimento Saberes Tradicionais e Novas Tecnologias, no Memorial dos Povos Indígenas foi comemorado o Dia do Índio, sendo mostrado trabalhos artesanais e objetos de 55 etnias, além do lançamento do folder Brasil Indígena, do catálogo Iny e de uma apresentação cultural dos iny/kararás do Tocantins. Segundo a gerente do memorial, Tânia Primo, a exposição trata do registro e da documentação das línguas indígenas em extinção. “Antes que a gente perca esse patrimônio material riquíssimo de crenças, rezas, do saber fazer indígena, dos rituais, a gente precisa resgatar isso Na abertura da mostra “Arte Karajá – Iny Bededyynana”, com a produção da cultura material do povo Karajá
Marta Azevedo, presidenta da Fundação Nacional do Índio Funai, participa da apresentação cultural de danças e cantos tradicionais pelos Karajá vindos das aldeias Hãwalò (Santa Isabel do Morro) e Btõir (Fontoura) especialmente para o lançamento do folder “O Brasil Indígena”
antes que se perca totalmente”. Para Iwraru, cacique da Tribo Karajá da Ilha do Bananal (TO), a data é importante para valorização da cultura indígena. “É importante a gente mostrar nossa cultura, nosso canto. Estamos aqui para divulgar nossa cultura, através da dança e da música. Karajá gosta mesmo de brincar, de cantar, de dançar”. O coral do Centro Universitário de Brasília prestou uma homenagem aos povos indígenas com a música Cunhatai Porá, de Geraldo Espíndola. “Viemos para mostrar nosso carinho e admiração pela cultura indígena, preparamos essa música no início do ano pensando no Dia do Índio. Viemos de coração”, disse o maestro Gutemberg Amaral. Durante o evento, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou o folder Brasil Indígena. Visualizar etnias indígenas espalhados por todo o Brasil, saber que os povos Tikúna e Guarani-Kaiowá são os mais numerosos, além de constatar que após tanto tempo de 54 REVISTA AMAZÔNIA
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Durante apresentação cultural de danças e cantos tradicionais pelos Karajá
colonização ainda são faladas 200 línguas diferentes do português nas aldeias. Essas são algumas informações do material. Elaborado com base em dados já divulgados do Censo 2010, a publicação, de duas páginas, traz um retrato dos 896 mil índios do país, de 305 etnias, falantes de 274 línguas. Com fotos, mapas e gráficos simples, revela a diversidade, o número de índios por estado e as condições de vida deles. Em geral, os índios permanecem vivendo em aldeias rurais (63,8%). Um contingente de 80 mil estão em situação fundiária irregular. Nas terras legalmente demarcadas pelo Estado brasileiro, com natalidade mais alta, está a maioria dos índios, 490 mil. “Enquanto 84,4% da população nacional reside em centros urbanos, o percentual de índios na mesma situação é 36,2%, revelando, assim, estreito vínculo com a terra”, atesta. A publicação reforça que a população indígena cresceu de 294 mil para 734 mil entre 1991 – quando o IBGE começou a recensear esta população – e 2010 – quando incluiu perguntas específicas como a língua e etnia indígena. O aumento, segundo o órgão, não se deve apenas à natalidade, mas “as pessoas que se reconheceram como indígenas, principalmente nas áreas urbanas”.
Para Iwraru, cacique da Tribo Karajá da Ilha do Bananal (TO), a data é importante para valorização da cultura indígena. “É importante a gente mostrar nossa cultura, nosso canto. Estamos aqui para divulgar nossa cultura, através da dança e da música. O Karajá gosta mesmo de brincar, de cantar, de dançar” O secretário de Cultura do Distrito Federal, Hamilton Pereira, e a presidenta da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta Azevedo, participam da abertura da mostra “Arte Karajá – Iny Bededyynana”
Trabalhos artesanais e objetos de 55 etnias…
Segundo Tânia Primo, a exposição trata do registro e da documentação das línguas indígenas em extinção. “Antes que a gente perca esse patrimônio material riquíssimo de crenças, rezas, do saber fazer indígena, dos rituais, a gente precisa resgatar isso antes que se perca totalmente”. revistaamazonia.com.br
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O folder O Brasil Indígena do IBGE
laborado com base em dados já divulgados do Censo 2010, a publicação, de duas páginas, traz um retrato dos 896 mil índios do país, de 305 etnias, falantes de 274 línguas. Com fotos, mapas e gráficos simples, revela a diversidade, o número de índios por estado e as condições de vida deles. Algumas informações do material: Visualizar etnias indígenas espalhados por todo o Brasil, saber que os povos Tikúna e Guarani Kaiowá são os mais numerosos, além de constatar que após tanto tempo de colonização ainda são faladas 200 línguas diferentes do português nas aldeias.. Em geral, os índios permanecem vivendo em aldeias rurais (63,8%). Um contingente de 80 mil estão em situação fundiária irregular. Nas terras legalmente demarcadas pelo Estado brasileiro, com natalidade mais alta, está a maioria dos índios, 490 mil. “Enquanto 84,4% da população nacional reside em centros urbanos, o percentual de índios na mesma situação é 36,2%, revelando, assim, estreito vínculo com a terra”, atesta. A publicação reforça que a população indígena cresceu de 294 mil para 734 mil entre 1991 – quando o IBGE começou a recensear esta população – e 2010 – quando incluiu perguntas específicas como a língua e etnia indígena. O aumento, segundo o órgão, não se deve apenas à natalidade, mas “as pessoas que se reconheceram como indígenas, principalmente nas áreas urbanas”.
A presidenta da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta Azevedo, lança o folder “O Brasil Indígena”, com a divulgação de dados demográficos da população indígena sistematizados pelo censo do IBGE/2010
Texto introdutório do folder
No Memorial dos Povos Indígenas
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Índice de sustentabilidade é um estimulo às melhores práticas entre as empresas listadas na BM&FBOVESPA
O
mercado brasileiro de capitais oferece ferramentas que tem como objetivo promover o desenvolvimento sustentável das empresas e, como consequência, da sociedade como um todo. Uma delas é o Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&FBOVESPA (ISE). Os índices da bolsa brasileira são indicadores de desempenho que mostram a valorização de um determinado conjunto de ações ao longo do tempo. Estas ações podem ser divididas por setores específicos da economia; pela liquidez, por critérios de governança corporativa ou sustentáveis. Dentre os 23 índices da bolsa brasileira, o ISE, lançado em 2005, se destaca por sua busca em criar um ambiente de investimento compatível com as demandas de desenvolvimento sustentável da sociedade e estimular a responsabilidade ética das corporações. O ISE funciona como uma ferramenta para análise da performance das empresas listadas na BM&FBOVESPA sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. Sua criação teve um impacto no desenvolvimento da sustentabilidade no Brasil, criando consciência junto às empresas listadas, particularmente no que se refere à necessidade da adoção de boas práticas. O desenho metodológico do ISE é de responsabilidade do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVCes) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP). As empresas candidatas a compor o Índice precisam estar entre as 200 com ações mais líquidas da BM&FBOVESPA e tem de responder a um questionário elaborado pelo GVCes. Ao longo do ano, são promovidos diversos workshops e consultas públicas para aprofundar a interlocução com a sociedade civil na definição da metodologia do Índice. A participação no processo do ISE é voluntária e demonstra o comprometimento da empresa com as questões de sustentabilidade, consideradas cada vez mais importantes no mundo corporativo. O questionário se baseia no conceito do “triple bottom line” (TBL), que envolve elementos ambientais, sociais e econômico-financeiros. A esses princípios do TBL foram acrescidas mais quatro revistaamazonia.com.br
No lançamento do ISE 2013
dimensões: Geral (que considera, por exemplo, a posição da empresa perante acordos globais); Natureza do Produto (que identifica se o produto da empresa acarreta danos e riscos à saúde dos consumidores, entre outros itens); Governança Corporativa (que analisa, entre outros aspectos, a estrutura e gestão do Conselho de Administração) e Mudanças Climáticas (que avalia como a empresa considera as emissões de Gases de Efeito Estufa). Para integrar a carteira do ISE, a companhia precisa apresentar desempenho satisfatório em todas as dimensões do questionário e enviar documentos comprobatórios para algumas respostas do questionário. A oitava carteira do ISE, que está vigorando em 2013, reúne 51 ações de 37 companhias. Elas representam 16 setores e somam R$ 1,07 trilhão em valor de mercado, o equivalente a 44,81% do total do valor das companhias com ações negociadas na BM&FBOVESPA (em
26/11/2012). O número de empresas que autorizaram a abertura das respostas do questionário de seleção foi de 14 do total de 37 que compõe a nova carteira (no ano anterior, oito companhias de 38 liberaram a publicação). A carteira do ISE para o ano de 2014 será anunciada no final do mês de novembro deste ano. O processo conta, desde 2012, com a auditoria e Asseguração da KPMG, o que contribui para conferir ainda mais credibilidade aos seus procedimentos. Para o período de 2011 a 2015, o Conselho do ISE definiu importantes objetivos estratégicos: ampliar a abertura de informações ao mercado; aumentar a participação das empresas no processo de seleção; aumentar o volume de recursos investidos e produtos atrelados ao ISE e torná-lo um benchmark de investimentos; fortalecer os canais de comunicação e diálogo com as partes interessadas; e trabalhar pelo aperfeiçoamento do escopo e processos de elaboração do questionário.
Para saber mais sobre o ISE acesse: www.isebvmf.com.br
A oitava carteira do ISE, que está vigorando em 2013, reúne 51 ações de 37 companhias
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Empresas não conseguem resolver todos os problemas sozinhas
Evolução e engajamento de empresas brasileiras com Sustentabilidade Pesquisa da Fundação Dom Cabral analisa o estágio da sustentabilidade nas empresas brasileiras e as principais dificuldades para exercê-la N
A
Fundação Dom Cabral, 8ª melhor escola de negócios do mundo segundo o ranking de educação executiva 2012 do jornal Financial Times, realizou, por meio do seu Núcleo Petrobras de Sustentabilidade, o estudo “Estágio da Sustentabilidade das Empresas Brasileiras”, que revela o nível de desenvolvimento da sustentabilidade nas corporações nacionais. Realizada com 172 empresas de vários setores da economia, com um público formado por diretores e gerentes em sua maioria, esse trabalho teve como objetivo avaliar a gestão empresarial considerando diversos aspectos relacionados à sustentabilidade. Com essa análise, é possível visualizar a situação atual da sustentabilidade nas empresas brasileiras, identificando os aspectos nos quais já há certo desenvolvimento e aqueles que ainda precisam ser aprimorados. A pesquisa revela que o nível de engajamento das empresas com o tema supera o mero atendimento da legislação, e que elas ainda encontram dificuldades para exercer a sustentabilidade com plenitude. O estudo classificou as empresas em cinco graus de evolução da sustentabilidade, que vão desde o nível mais elementar, quando a sustentabilidade é esporádica e os programas não são elaborados, até o nível mais avança-
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do, ‘transformador’, quando a sustentabilidade se torna o negócio da empresa e provoca mudanças no mercado. “As empresas brasileiras encontram-se, em média, no nível engajado, o segundo estágio de desenvolvimento corporativo, no qual se preocupam com o tema não só pela obrigação legal e social, mas também pela redução do impacto negativo de suas atividades e por uma futura melhora na sua reputação”, revela Rafael Tello, professor e pesquisador do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral e um dos responsáveis pela pesquisa. A pesquisa mostra que, ainda hoje, há uma clara discrepância entre o discurso e a ação de sustentabilidade nas organizações. Para 87% dos respondentes, as empresas que divulgam ações de sustentabilidade não estão realmente comprometidas com o tema. Apesar de o Brasil dispor de exemplos mundiais na área de sustentabilidade, as empresas, no geral, estão apenas um estágio acima do nível mais elementar, de simples busca por cumprimento da legislação. “E só chegaram a nesse nível devido à pressão da sociedade e de governos, à existência de empresas que são referência em sustentabilidade no mercado e devido aos profissionais conscientes nas organizações sobre a importância do tema”, destaca Tello.
Estágio da ade Sustentabilid as das Empres Brasileiras 2012
obras de Núcleo Petr ade Sustentabilid s . FDC . 2012 s Brasileira das Empresa entabilidade Estágio da Sust
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Segundo a pesquisa, muitos são os dilemas que impedem as empresas de alcançar estágios mais avançados de sustentabilidade. Mesmo com objetivos corporativos de sustentabilidade e profissionais dedicados ao tema, ainda são incipientes as metas para equipes e profissionais. “Sem o desdobramento adequado dos objetivos corporativos para os colaboradores não há engajamento, nem compromisso, nem motivação”, conclui. revistaamazonia.com.br
Na pesquisa, foi utilizado o termo sustentabilidade por ser mais familiar ao empresariado brasileiro, em comparação à cidadania corporativa. Em uma perspectiva ampla, a cidadania corporativa pode ser definida como sinônimo da sustentabilidade, isto é, a busca por atividades e processos corporativos com resultados ambientais, econômicos e sociais equilibrados para todas as partes interessadas da organização.
Descrição das características das organizações em cada um dos estágios considerados Em uma avaliação global, as empresas brasileiras estão no estágio denominado na pesquisa como Engajado
TRANSFORMADOR
INTEGRADO Conceito de sustentabilidade
ENGAJADO
INOVADOR Estrutura
Intenção Estratégica Transparência Capacidade de resposta
ELEMENTAR
Relacionamento com Stakeholders Liderança
ESTÁGIOS DE SUSTENTABILIDADE FIGURA 4: Estágio de cada aspecto de sustentabilidade avaliado. Fonte: Elaborada pelos autores
Estágio 1 – Elementar A sustentabilidade é esporádica e os programas não são elaborados. Empresas nesse estágio são reativas, atuando de acordo com as obrigações previstas em lei. Estágio 2 – Engajado Nesse estágio, a liderança possui uma atuação que leva em consideração alguns aspectos da sustentabilidade, e modifica o papel da empresa na sociedade, indo além da legislação. Com isso, o gestor visa a manutenção e melhoria da reputação da organização. Estágio 3 – Inovador Quando ocorre o aumento da percepção da sustentabilidade corporativa, ampliando o escopo a questões sociais e ambientais, as empresas passam para o estágio inovador. Nesse estágio, as empresas possuem uma visão mais amrevistaamazonia.com.br
Com essa análise, é possível visualizar a situação atual da sustentabilidade nas empresas brasileiras
pla da sustentabilidade, e os líderes tomam frente do processo, coordenando assim as atividades referentes ao tema. Estágio 4 – Integrado Três características marcam as empresas presentes nesse estágio: liderança à frente dos processos de sustentabilidade; uma visão inclusiva de sustentabilidade e uma estrutura integrada para lidar com os temas, articulando sistemas e processos. Estágio 5 – Transformador Nesse estágio, a empresa coloca a sustentabilidade como parte central de seu modelo de negócios, adapta seus produtos de maneira a gerar mercados inclusivos e possui ativismo social e ambiental. O desafio desse estágio é a criação de novos mercados, nos quais a sustentabilidade e os negócios se fundem. Empresas nesse estágio operam em parceria intensa com ONGs, governo e outras empresas com o objetivo de resolver problemas e transformar o mundo em um lugar melhor (MIRVIS, GOOGINS, 2006). As empresas inovadoras buscam a coerência das atividades da sustentabilidade com as outras áreas da organização
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Como as empresas brasileiras podem avançar na gestão da sustentabilidade? ELEMENTAR
ENGAJADO
Credibilidade
INOVADOR
Capacidade
“Gatilhos” do desenvolvimento
INTEGRADO
Coerência
TRANSFORMADOR
Comprometimento
Fonte: MIRVIS; GOOGINS, 2006.
Em cada estágio de sustentabilidade existem “gatilhos” que mostram o desenvolvimento das organizações. Em um estágio elementar, o que marca a evolução das empresas é o ganho de credibilidade, enquanto no estágio engajado, o principal desafio é a criação de capacidades internas para a solução de questões ambientais e sociais. Já as empresas inovadoras buscam a coerência das atividades da sustentabilidade com as outras áreas da or-
ganização, enquanto o estágio integrador possui como meta garantir o comprometimento efetivo de todos na organização (MIRVIS; GOOGINS, 2006).
Sobre a Fundação Dom Cabral A Fundação Dom Cabral é uma escola de negócios brasileira que há 36 anos tem a missão de contribuir para o
desenvolvimento sustentável da sociedade, por meio da educação, capacitação e desenvolvimento de executivos, empresários e gestores públicos. Circulam anualmente pelos seus programas abertos, fechados, de parcerias e de pós-graduação (especialização, MBA e mestrado) cerca de 35 mil executivos de empresas e organizações de pequeno, médio e grande porte do Brasil e de vários países. No campo social, a FDC desenvolve iniciativas de desenvolvimento, capacitação e consolidação de projetos, líderes e organizações sociais, contribuindo para o fortalecimento e o alcance dos resultados pretendidos por essas entidades. Em 2012, a FDC foi classificada como a 8ª melhor escola de negócios do mundo, segundo o Ranking da Educação Executiva 2012 do jornal inglês Financial Times, mantendo-se entre as dez melhores posições nos últimos três anos. Conquistou também, pelo terceiro ano consecutivo, a primeira colocação no ranking das melhores escolas de educação executiva da América Latina, realizado anualmente pela revista AmericaEconomia.
Alguns dados da pesquisa A pesquisa observou, por exemplo, como as Lideranças das empresas se posicionam frente à promoção da sustentabilidade, uma vez que seu apoio é fundamental para a eficácia e a eficiência das iniciativas internas direcionadas ao tema. Metade das empresas não conta com o apoio da liderança (CEO ou Conselho) às suas iniciativas, o que indica que ainda há um longo caminho a ser percorrido para o pleno desenvolvimento da sustentabilidade corporativa no Brasil. Na avaliação da Estratégia das empresas frente à sustentabilidade, a pesquisa indica que ela é motivada pela possibilidade de ganhos de reputação e imagem, atendimento das expectativas dos clientes e obtenção de vantagens competitivas. Ela é executada principalmente por meio da oferta de produtos e serviços sustentáveis, especialmente visando à maior eficiência energética. Na área da Transparência, cerca de 60% das empresas já reportam suas iniciativas de sustentabilidade. No entanto, o percentual cai quando se trata de mensuração de impactos socioambientais das atividades corporativas e dos programas específicos, o que compromete a quantidade e a qualidade dos dados apontados nos seus relatórios de sustentabilidade. Na dimensão Capacidade de Resposta, mais de 66% das empresas confirmaram ter metas e objetivos relacionados à responsabilidade ambiental, a produtos 60 REVISTA AMAZÔNIA
e serviços sustentáveis e à educação de colaboradores. No entanto, 51% dos respondentes não souberam indicar iniciativas priorizadas pela empresa no ano de 2011. Os respondentes também defendem fortemente maior presença corporativa no debate público sobre temas como mudanças climáticas e desigualdade social. Na avaliação das Relações com Stakeholders, aproximadamente metade das empresas atua em parceria com clientes, ONGs e governo, indicando relações construtivas com estes stakeholders. Destacaram-se ações de apoio ao desenvolvimento das comunidades, por meio de contratação e capacitação de habitantes locais; e a oferta de seguro saúde e de capacitação para desenvolvimento profissional. A iniciativa mais recorrente nas empresas, apontada por 82% dos entrevistados, é a redução de custos através de melhorias na eficiência do uso de materiais. Motivação para parcerias: Interrogadas sobre as três principais motivações para a realização de parcerias para a sustentabilidade, 67% dos respondentes afirmam que a obtenção de benefícios financeiros ao identificar oportunidades de inovação é a principal motivação, seguido da melhoria na reputação trazida com a sustentabilidade, com 66% de respostas, e a percepção de que as empresas não conseguem resolver todos os problemas sozinhas (48% das empresas). revistaamazonia.com.br
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Visão panorâmica da pegada da humanidade vista do espaço Fotos de satélite tiradas a 600 quilômetros de altura mostram a forma assustadora como a humanidade está mudando cidades e paisagens em todo o mundo – em algumas vezes não naturais, formas, por vezes fascinantes. por Ana Fuchs
Florestas artificiais Muito verde, mas pouca natureza. Imagens nítidas de satélite mostram quanto o ser humano já modificou a Terra. Aqui são plantações de reflorestamento, próximo a Christchurch, Nova Zelândia. As sombras e as tonalidades de verde permitem reconhecer as diferentes idades das plantas.
Plantações no deserto “Wadi” ou “uadi” é o nome que se dá ao leito seco de um rio no norte da África, Oriente Médio e partes da Espanha. No entanto, ainda se podem ver algumas manchas verdes no Wadi al-Sahba, na Arábia Saudita. Elas funcionam como oásis no meio do deserto. Nos campos de irrigação é cultivada ração para animais. 62 REVISTA AMAZÔNIA
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Campos espelhados gigantes Milhares de espelhos refletem a radiação solar para o topo das duas torres de captação Planta 10 e Planta 20, em Sevilha, Espanha. As temperaturas resultantes, de quase mil graus, é que geram energia elétrica. Cada espelho tem a metade do tamanho de um campo de tênis.
Mar de flores amarelas Em meados de maio, a paisagem de Lübeck, no norte da Alemanha, fica amarela: é quando florescem os campos de colza. A planta é cultivada em especial para a extração de óleo comestível. Porém, cada vez mais, também para produção de combustível para motores, o assim chamado biodiesel.
Ecossistema natural encolhe A floresta tropical da província de Sarawak, na Malásia, é uma das maiores do mundo. Geralmente os rios são o único caminho até o interior da região. Por enquanto, pois, para obter mais espaço para campos e plantações, grandes extensões foram desmatadas.
Lagos coloridos Os gigantescos campos aráveis próximos de Beaumont, Austrália, estão repletos de lagos salinos. As cores são produzidas por algas e pelos diferentes graus de salinidade do solo. A alta salinidade dificulta o cultivo para os agricultores.
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Cidade planejada para ricos A localidade de Weston, EUA, foi projetada na prancheta arquitetônica e construída através de aterros na região pantanosa da Flórida, formando ilhas. A maioria de seus 66 mil habitantes é alto assalariado e vive na vizinhança imediata da natureza virgem dos Everglades.
Reciclagem questionável No estaleiro de sucata em Chittagong, Bangladesh, a movimentação é constante. Tanques e navios cargueiros esperam para ser desmontados. Os trabalhadores colocam diariamente sua saúde em risco, pois aqui não se dá grande valor à segurança no trabalho nem à proteção do meio ambiente.
Ouro líquido Em cada colina da província espanhola de Jaén enfileiram-se oliveiras: 50 milhões, ao todo. Embora o azeite mais conhecido venha da Itália, nesta plantação, a maior do mundo, são produzidos cerca de 600 mil litros de óleo virgem por ano.
Luxo no Estado do deserto No emirado árabe do Qatar constroemse imóveis de luxo, com seus portos próprios. As ilhas-vilas, erguidas artificialmente, parecem formar um colar de pérolas.
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Verdes paisagens em terraço O Planalto de Loess, na China, é vasto. Como sua terra amarelo-acinzentada é excelente para o cultivo de arroz, há séculos os habitantes a dividiram em numerosos terraços. Aqui, o cereal ainda é cultivado em penoso trabalho braçal ou com a ajuda de animais de tração
Duas toneladas de diamantes por ano A maior mina de diamantes do mundo, em termos de extensão, fica em Botswana, África do Sul. Minerais conferem o tom azul à rocha. Desde 1971 se extraem diamantes aqui, e calcula-se que a exploração ainda possa continuar por quase 50 anos.
Pegadas brutais O livro “Human footprint” (Pegada humana), da agência de fotos de satélite emoVision mostra a forma drástica como o ser humano tem interferido na natureza, alterando o próprio planeta. Como nesta foto de Veneza, Itália.
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Redução de sacolas plásticas pode diminuir poluição nos mares
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las costumam ser usadas por poucas horas, mas podem demorar até 500 anos para se decompor. Risco para os oceanos é alto, e especialistas defendem um banimento total das sacolas plásticas gratuitas. Muitos banhistas conhecem a sensação de estar nadando na praia e, de repente, ter uma sacola plástica enrolada em sua perna. O incidente não é fruto do acaso, mas sim, segundo especialistas, consequência das entre 100 e 150 milhões de toneladas de lixo que estão espalhadas pelos oceanos. E o volume, alertam, está aumentando – só de plástico são cerca de 6,5 milhões de toneladas por ano. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), aproximadamente 13 mil partículas de plástico boiam por quilômetro quadrado de oceano. Em meados de abril, a ONG Grupo para Proteção do Meio Ambiente e da Natureza – Bund, entregou o manifesto “Oceano sem plástico” ao ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Peter Altmaier. O grupo pede a redução de 50% do lixo nos mares europeus até 2020. Especialmente problemáticas são as sacolas e embalagens de plástico, que podem demorar até 500 anos para se decompor. Quando pequenas,
Sacolas plásticas levam séculos para se decompor
Pedaços de plástico encontrados no estomago de uma tartaruga
muitas vezes elas não conseguem ser filtradas nas estações de tratamento de esgoto. A maior parte do lixo no oceano – cerca de 80% – é jogada diretamente de áreas costeiras. O lixo depositado em aterros sanitários à céu aberto, como os de Inglaterra e Holanda, podem ir parar em rios e, dessa maneira, ser conduzido até os oceanos, explica Nadja Ziebarth, especialista em proteção marinha do Bund. A pesca também produz lixo. Por exemplo, quando redes são descartadas no mar. As consequências para os animais são drásticas. “Eles não enxergam o lixo na água, acabam ficando embaraçados, podem se machucar gravemente e até morrer”, conta Ziebarth.
Peixes confundem plástico com alimento Partículas de lixo muito pequenas podem ser confundidas com comida. “Os animais comem esse lixo, mas não conseguem digeri-lo. Ele permanece no estômago e, nos casos mais graves, esses seres vivos podem morrer de fome “, conta a especialista. Essa poluição pode atingir também os seres humanos. O plástico no estômago de peixes gera substâncias tóxicas, que acabarão contaminando as refeições. “Essas substâncias estão presentes na cadeia alimentar marinha”, 66 REVISTA AMAZÔNIA
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Poluição marítima também afeta os seres humanos, diz Ziebarth
afirma Kim Detloff, do alemão Grupo de Proteção da Natureza (Nabu). Na Alemanha, a agência federal de meio ambiente e orO plástico no estômago de peixes gera substâncias tóxicas, que acabarão contaminando as refeições
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Em necropsia realizada pelo TAMAR, encontraram redes e restos de plásticos
ganizações não governamentais propuseram proibir que lojas disponibilizem sacolas plásticas de graça para seus consumidores. A grande maioria dos supermercados no país já adota a medida. O Partido Verde sugeriu um valor de 0,22 euro por sacola. Em muitos países a proibição já existe. Na Irlanda, por exemplo, onde a sacola é vendida por 0,90 euro, o consumo diminuiu para 18 sacolas ao ano por pessoa. No Quênia e em Uganda, sacolas finas foram proibidas, e as permitidas custam caro. Em outros países da África, como Ruanda e Tanzânia, há sete anos as sacolas não estão mais disponíveis nas lojas, assim como em Bangladesh e Butão. Para o Nabu, somente essa medida não é suficiente para resolver o problema. “Nós precisamos reduzir o consumo de plástico – o que começa com os produtos que podem ser reutilizados e consertados – e, principalmente, reduzir as embalagens plásticas”, afirma Detloff. Segundo o especialista, a reciclagem e a gestão dos resíduos também precisam ser melhoradas.
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Como a Aquicultura irá alimentar 9 bilhões de pessoas com fome por Andrew Tarantola Fotos: B Healley, M Norman, NOAA, T. Hayden
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amarões não nascem em árvores, como você deve saber. Nem eles, nem sardinhas, nem empanados de peixe do McFish, nem lulas à dorê. Mas nada disso impediu que a demanda humana por frutos do mar crescesse ano após ano. Como resultado, estima-se que 85% dos estoques de peixe oceânicos estão completamente explorados ou sendo sobrepescados. Mas uma antiga forma de cultivo aquático, que atualmente movimenta US$ 60 bilhões por ano, pode ter a chave para proteger tanto as populações de peixes quanto seu restaurante japonês favorito. A pesca convencional está enfrentando uma crise de
abastecimento. Não apenas os pescadores estão tirando menos peixes do mar, mas também os pescados estão muito menores do que os que se costumava pegar há algumas décadas. Além disso, métodos de pesca em grandes áreas para capturar os peixes desejados — palangre e redes de arrasto, por exemplo — frequentemente enredam e matam outros peixes e mamíferos, conhecidos como capturas acessórias, ou causam danos a habitats delicados. Mesmo com muitos países tendo regulamentado de maneira estrita a quantidade, a época e as espécies que podem ser retiradas por temporada, grande parte da pesca ainda é tratada essencialmente com um recurso não-renovável. Mas isto está mudando graças à aquicultura. Esta prática é a revolução agrícola para os métodos caçadores-coletores da indústria da pesca. Ao invés de mandar frotas
de barcos oceano afora em busca de presas selvagens, os peixes são criados em ambientes fechados e controlados (ou ao menos monitorados). De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a aquicultura “é entendida como o cultivo de organismos aquáticos, incluindo peixes, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas. Cultivo implica em algumas formas de intervenção no processo de criação para aumentar a produção, como estocagem, alimentação, proteção dos predadores etc.” Estamos domesticando peixes e fazendo um ótimo trabalho, como mostram os dados: a produção anual de peixes cultivados está quase ultrapassando os pescados selvagens. A indústria norte-americana da aquicultura produz sozinha mais de um bilhão de dólares de frutos do mar por ano. Mas, ao contrário do que você pode pensar, não foram os americanos que inventamos isso.
Em buraco, igual a esse, na antiga paisagem vulcânica, em Gunditjmara, perto do que é agora Victoria, indígenas começaram a criar enguias 68 REVISTA AMAZÔNIA
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Segundo a FAO, entende-se a aquicultura como o cultivo de organismos aquáticos, incluindo peixes, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas: Submersível gaiola na superfície para limpeza e inspecção
Vista do interior de uma gaiola de aquicultura no Havaí, perto da superfície
alga, foram intencionalmente cultivados para colheita. Californianos colheram e gerenciaram o abastecimento de algas durante a Primeira Guerra Mundial assim como fizeram com outros recursos durante o conflito. Estes esforços foram modestos, no melhor dos julgamentos, sendo mais frequentemente apenas um jeito de manter peixes normalmente pescados na vida selvagem prontos para comer do que um sistema de agricultura
Peixes nascidos, criados e controlados por humanos, em ambientes fechados
No passado A aquicultura apareceu no mínimo no ano 6000 a.C., quando os povos indígenas Gunditjmara que viviam próximos ao que é hoje Victoria, na Austrália, começaram a criar enguias num pedaço de várzeas vulcânicas de 101 km² controlado por canais e barragens. Os chineses criavam carpas para fins alimentares em lagos formados por inundações desde 2500 a.C. Os romanos criavam peixes em grandes lagoas, desde os primeiros monastérios cristãos até a Idade Média. A queda nos custos de transporte e o aumento das velocidades tornaram possível trazer peixes frescos para terra e reduziram a demanda por aquicultura em meados do século XIX. Mesmo assim, a pesquisa continuou, tanto comerciais quanto experimentais, foram abertas por revistaamazonia.com.br
toda a extensão dos EUA e Canadá durante aquela época, incluindo a Woods Hole, que funcionou de 1885 até a década de 1950, e a Dildo Island, em Newfoundland, que era a mais avançada quando foi aberta, em 1889, produzindo e liberando no Atlântico Norte 200 milhões de bacalhaus por ano. Mesmo plantas aquáticas, como diversos tipos de
Kamapchi, primo do atum REVISTA AMAZÔNIA 69
reservatórios de água doce ao longo da Costa do Golfo, assim como a maioria das espécies, exceto os salmões, que crescem em tanques de água doce e então são transferidos para água salgada para atingirem a maturidade. Caranguejos, abalones, ostras, amêijoas, mexilhões e até mesmo jacarés e tartarugas são produzidos em grandes sistemas de aquicultura ao longo do país. Plantas aquáticas destinadas a restauração de pântanos e algas como a spirulina, que é usada em suplementos nutricionais e comida para peixes, também são regularmente cultivadas. Mundialmente, as quatro espécies mais criadas são, em ordem: carpa, salmão, tilápia e bagre. O atum não está nesta lista devido ao tamanho massivo da espécie, aos requisitos alimentares e ao fato de que ninguém conseguia fazê-los reproduzir em cativeiro até 2009 — pescarias no Mediterrâneo costumavam capturá-los ainda jovens no mar e trazê-los para a costa para maturarem.
Fazendo limpeza e controle dos tanques
totalmente doméstico, como os desenvolvidos para galinhas ou gado. Na verdade, apenas 3% das 443 espécies marítimas cultivadas em 2007 foram domesticadas antes do século XX, e 106 delas passaram a ser controladas apenas na década passada.
Peixe fora d’água Hoje, entretanto, os EUA são o segundo maior importador de frutos do mar no mundo e um dos maiores exportadores. A aquicultura norte-americana cria peixes de espécies como salmão, tilápia, robalo, esturjão, walleye, bagre e perca amarela, assim como peixes de pesca esportiva, como a truta-arco-íris, e outros usados como isca, como o lambari. Os bagres formam o maior setor da aquicultura dos EUA, chegando a 40% de todas as vendas. Eles são criados tipicamente em grandes
O salmão é cultivado em tanques de água doce, em seguida, transferidos para água salgada para crescer
Mesmo sendo mais eficiente que a pesca convencional, este método tem seus inconvenientes. Pegue o salmão do Alasca, por exemplo. Como parte do programa de incubadoras do estado, as ovas de salmões artificialmente fertilizados são cultivadas e alimentadas com comida de peixe em pó até que os salmões jovens estejam grandes o suficiente para passar para gaiolas no mar, que mantém o salmão dentro e os predadores fora. Estes tanques enormes podem ter até 30 metros de largura e conter até 10 milhões de litros d’água, o suficiente para comportar 90 mil peixes. Assim que eles estão grandes o suficiente para competir com os salmões selvagens, são liberados no oceano, retornando para desovar na incubadora depois de dois até seis anos, dependendo do tipo.
Isto é ruim para você?
Kampachi Farm, das Kona Fazendas Água Azul 70 REVISTA AMAZÔNIA
Muitas dessas incubadores de água doce são do tipo “fluxo-completo”, que precisa de um abastecimento intensivo de água corrente para retirar dejetos — até revistaamazonia.com.br
A revolução da piscicultura nas Kampachi Farm
Controlando temperatura da água e ...
100 toneladas para cada quilo de salmões jovens. Os peixes precisam também de uma grande quantidade de alimento — esta comida consiste tipicamente em peixes selvagens e resíduos. Em média, são necessários três quilos de peixes selvagens para produzir um quilo de salmão (o que é totalmente o oposto do que desejamos). Além disso, os currais de água salgada fazem muito pouco para evitar que lixo, doenças e parasitas se espalhem da população de salmões para o ambiente ao redor. E se o cercado fica numa área com fluxo de água insuficiente, metais pesados tóxicos irão se acumular no fundo do mar e destruir o ambiente local. Estas toxinas também se acumulam nos salmões em concentrações muito mais altas que nos peixes selvagens. Um estudo de 2004 encontrou quantias consideráveis de contaminantes organoclorados em salmões cultivados que, se ingeridos durante longos períodos, poderiam se acumular em níveis perigosos para humanos. Por outro lado, os mesmos peixes crescidos em aquicultura também tinham entre duas e três vezes mais ácidos de ômega-3, então temos um trade-off aqui. Como explica Steven Schwager, professor associado de estatísticas biológicas e biologia computacional da Universidade Cornell, Para um sujeito de meia idade que teve um problema na coronária e não quer ter outro, os riscos dos poluentes são os menores, e os benefícios do ômega-3 são muito maiores, ultrapassando de longe os riscos. Mas para pessoas jovens — e elas têm riscos de acumular durante a vida estas substâncias cancerígenas — ou mulheres grávidas — com riscos de deficiências de nascimento ou redução de QI e outros tipos de dano ao feto —, os riscos são grandes o bastante para superar os benefícios. Atuns criados em cativeiro frequentemente têm menores concentrações de mercúrio, graças a sua dieta. O atum selvagem como peixes que comem plâncton que absorvem mercúrio da atmosfera e rapidamente acumulam metal, o atum cultivado é alimentado com uma dieta de produtos plantados, como grãos e soja. Eles, portanto, acumulam alguma algum mercúrio, apesar da dieta, e frequentemente tem níveis de PCB e dioxina, devido aos cercados estarem situados no oceano. revistaamazonia.com.br
Os Kamapchi, primo do atum, sendo rebocados
O futuro é agora Para resolver estas questões, os sistemas de aquicultura recirculantes (também conhecidos como RAS, do inglês recirculating aquaculture systems) foram inventados. Como o nome diz, cada criadouro limpa e reutiliza uma certa quantidade de água num cativeiro fechado (pen-
se em peixes hidropônicos). Este sistema permite aos produtores um controle muito maior sobre o ambiente da incubadora, sem precisar de abastecimento de água doce. O RAS pode ficar em praticamente qualquer lugar, além de produzir peixes anualmente, em vez de a cada temporada. Outros peixes carnívoros, como bacalhau e atum, podem ser produzidos assim também, ao menos teoricamente.
Cada incubadora limpa e reutiliza um abastecimento de água
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Além disso, espécies maiores, como o kampachi, primo do atum-amarelo, pode ser em breve criado no oceano aberto, levado para tanques enormes usando vasos, de maneira que os resíduos sejam distribuídos numa área muito maior e causem danos menores ao ambiente. Kampachi Farm, a sucessora ideológica da Kona Blue Water Farms, que foi fundada em 2001 por uma dupla de biólogos marinhos, já está fazendo isso. “O objetivo geral desses esforços é reduzir os danos causados pelo homem nos mares, por meio de um relacionamento melhor com nossos alimentos retirados do oceano”, diz Neil Sims, co-fundador e co-CEO da Kampachi Farms. “A operação da Kona Blue realizou avanços tremendos na produção de peixes marinhos. Nós cultivamos quase 500 toneladas de kona kampachi por ano, sem impactos mensuráveis no ambiente além da área cercada.”
Me vê mais um espetinho de camarão! (Ou não) O cultivo comercial de camarões, por outro lado, enfrenta uma barreira genética. Mais de 75% do camarão do mundo é produzido na Ásia, especificamente na Tailândia e na China. Os outros 25% vêm principalmente da América do Sul, tendo o Brasil como maior produtor. Apenas duas espécies, o camarão-de-patas-brancas e o camarão-tigre-gigante, constituem 80% do que é criado comercialmente. Duas monstruosas monoculturas de camarão são feitas em menos de meia dúzia de países podem ser facilmente devastadas por um surto de uma doença viral, bacteriana ou fúngica, assim como quase aconteceu com a banana Cavendish. Ops, deixa pra lá, já aconteceu isso. Mais de uma vez. E, considerando que
Carcinicultura comercial, por outro lado, enfrenta um obstáculo de genética.
os EUA importam 80% do camarão consumido anualmente, algo em torno de US$ 3,5 bilhões, a morte em massa dos camarões vietnamitas seria difícil de engolir (ou não). Para prevenir que doenças se espalhem na aquicultura americana, a Agência de Proteção Ambiental (EPA), o Programa de Pesca da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), o Departamento de Agricultura (USDA) o Serviço de Peixes e Vida Selvagem (USFWS), o Corpo de Engenheiros das Forças Armadas (ACOE) e as agências ambientais estaduais providenciam colaborativamente fiscalização e regulação no que diz respeito à qualidade da água e à proteção do ambiente. O Serviço de Inspeção da Saúde Animal e Vegetal (APHIS) do Departamento de Agricultura é encarregado especificamente de fiscalizar as condições de plantas e animas. Então, enquanto a aquicultura não é a solução final ideal
para nossa demanda por frutos do mar, é atualmente uma das melhores e únicas formas de fazermos isso. Porque não é tão fácil assim de voltarmos para as práticas de pesca industrial do século passado — simplesmente não há peixes suficientes no mar para isso.
Turbinas de arejamento em fazenda de camarão de água doce
Muitos manguezais costeiros foram convertidos em fazendas de camarão, como este, na Tailândia 72 REVISTA AMAZÔNIA
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Tendências do mercado do açaí Antes dos anos 2000
por Meirelles, A. A. D. 1; Rogez, H. 1 A tendência do mercado é de melhor conhecer os benefícios e a funcionalidade do açaí
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açaí foi por muito tempo uma bebida Ocorreu um aumento no consumo da bebida do açaí, consumida principalmente pelas classes pois a partir dos anos 1996-1997 começaram a ser mais populares e humildes no estado feitas pesquisas sobre o valor nutricional do açaí e desdo Pará, quase não existindo relatos na cobriu-se na Faculdade de Engenharia de Alimentos da imprensa local sobre o açaí até a década de 1970. Nas UFPA que o açaí era muito rico em antioxidantes, perdécadas de 1970, 1980 e 1990 ocorreu um crescimento mitindo ajudar o consumidor na prevenção de doenças do consumo da bebida do açaí dentro da capital para- cardiovasculares e outras doenças crônico-degeneratiense e nas cidades do interior, pois houve as instalações vas; além disso, o alto teor em fibras permite aumentar das primeiras maquinas batedoras de açaí, o uso de agua o consumo de fibras diário, pois o brasileiro costuma filtrada nos anos de 1980 nos pontos de venda de açaí, consumir apenas 10g ao dia, enquanto a recomendae uma distribuição mais regular do produto. Com isso ocorreu um aumento do Processo de consumo de açaí pelas classes A e B. Até despolpamento do açaí o final dos anos 90, não existia o consumo da bebida do açaí fora do estado do Pará, havendo somente alguns relatos de consumo nos estados do Acre, Amapá, Amazonas e Maranhão, principalmente ligado a produção do fruto açaiaçu (Euterpe precatoria) do baixo até o alto-Amazonas, e do fruto de juçara (Euterpe edulis) no Maranhão. revistaamazonia.com.br
ção é de 30g no mínimo ao dia. A partir disso, matérias foram publicadas em jornais e revistas nacionais de grande tiragem. Essas reportagens começaram a chamar a atenção sobre o açaí em outros estados do território brasileiro. Paralelamente, atletas lutadores paraenses ganharam varias lutas, no Rio de Janeiro, nos anos de 1997 a 1999. Eles atribuíram ter tanta energia para ganhar as lutas, devido ao consumo do açaí. A partir disso, o açaí deixou de ser um produto genuinamente amazônico e passou a ser consumido de forma autárquica pelos habitantes da região amazônica.
A expansão do mercado local para o mercado nacional A partir dos anos 2000, o estado do Pará passou a exportar o suco de açaí, tendo em vista que os frutos são altamente perecíveis e não poderiam ser comercializados a nível nacional. O suco congelado começou a ser exportado em uma quantidade inicial de 2000 toneladas no ano de 2000 para superar a marca de 100.000 toneladas em 2012. Paralelamente a isso, em termos de exporREVISTA AMAZÔNIA 73
Bebida do açaí depois do despolpamento
tações do pais, a primeira exportação foi registrada no ano de 2000 com apenas 100 toneladas passando para a quantidade de 10.000 toneladas em 2007 e alcançando 25.000 toneladas em 2012. O paraense não ficou por fora desse modismo, tendo em vista que o próprio consumidor paraense consumiu o dobrou de açaí entre o começo e o fim da década, passando de 120.000 toneladas para 240.000 toneladas, ou seja, a oferta de frutos aumentou também por parte dos produtores e como sabemos o preço do açaí aumentou de forma substancial, tendo em vista que a oferta de frutos foi menor que o aumento da demanda. Assim, podemos lembrar-nos de comprar açaí médio ao preço de um real no ano de 2000, na época da safra, enquanto nos dias de hoje dificilmente se compra um açaí médio por menos de sete reais o litro. Esta internacionalização do mercado foi acompanhada de profundas mudanças na cadeia de comercialização dos frutos e na qualidade dos produtos. Estas mudanças eram necessárias devido à falta de higiene na manipulação dos alimentos, a carga microbiana presente no açaí era muito alta, ocorrendo uma presença recorrente de coliformes fecais ou outros microrganismos potencialmente patogênicos. Assim, padrões de identidade e qualidade foram definidos junto ao Ministério da Agricultura (MAPA) em 1997, revisados em 2000, para servir de referência na qualidade mínima exigível para um açaí fino,
médio ou grosso. A carga microbiana pode ser reduzida profundamente através do processo de pasteurização do suco pelas indústrias, esta prática leva a uma destruição total dos patogênicos e aumenta a vida de prateleira do açaí, tornado o produto compatível a normas internacionais em pratica nos EUA, Japão, Europa e Israel, por ordem decrescente dos seus volumes importados. Várias pesquisas foram feitas a partir da última década no sentido de verificar, as reais propriedades do açaí, verificando a influência na saúde humana e também desenvolver vários produtos, com a intenção de melhor valorizar o fruto. Assim, no ano de 2000 apenas 1 artigo científico era publicado, enquanto no ano de 2012 foram publicados 42 artigos científicos a nível internacional relacionados ao fruto do açaí. Paralelamente, a cadeia de comercialização do açaí quebrou vários paradigmas, por exemplo, foi iniciada a substituição do uso de paneiros tradicionais, de fibra vegetal por paneiros de plásticos, feitos pelas mesmas famílias de artesãs, mas que são mais fáceis de higienizar e são 10 vezes mais duradouros. A higiene dentro de barcos que transportam os frutos aumentou, oficinas de boas práticas foram realizadas junto com os atores que participam da cadeia do açaí, isso foi importante para que
Concentração dos antioxidantes (antocianinas) do açaí
acontecesse o progressivo atendimento da segurança alimentar aos consumidores, consolidando dessa forma o mercado do açaí como um todo. A partir de 2006, aconteceram relatos indubitáveis de
Fruto do açaí com ausência de caroço
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do almoço, um hábito rotineiro na vida do paraense. Hoje uma tendência no mercado externo é uma procura por um açaí mais light, pois ele potencializa as principais características do açaí (antioxidantes, fibras, proteínas e menos quantidades de gorduras). Por isso, hoje se encontra no mercado dos Estados Unidos, vários produtos clarificados, purificados e desidratados, apresentando um baixo valor calórico e um alto teor de antioxidantes. A tendência do mercado é de melhor conhecer os benefícios e a funcionalidade do açaí, buscando a prevenção de doenças crônico-degenerativas, como as doenças cardiovasculares e o câncer. Por isso os próximos anos irão ser de extrema importância nas pesquisas relacionadas ao fruto do açaí e os seus produtos.
O suco de Açai já está sendo produzido e comercializado por industrias japonêsas
transmissão da doença de Chagas pelo consumo do açaí, isso determinou a entrada em uma 3ª fase de comercialização, visando uma nova melhoria da qualidade da bebida e do fruto.
Novas tendências do mercado do açaí A doença de Chagas através do consumo de açaí indevidamente processado contamina cerca de 80 pessoas por ano no único Estado do Pará, ela é uma doença crônica, necessitando de tratamento médico contínuo até o fim da vida na maioria dos casos. Estudos realizados por nós apontaram que os frutos de açaí entram em fermentação espontânea, quando armazenados em paneiros nas horas que seguem a coleta. Foi apontado que são formadas substâncias atípicas pelo fruto nesta fermentação, liberados para a atmosfera e sendo reconhecidas pelos barbeiros, como atrativos, pois são feromônios. Após somente 3 a 8h da coleta, os barbeiros são assim atraídos pelo fruto. Essa descoberta permitiu implantar Boas Práticas de Fabricação (BPF) com a contribuição da EMATER, SEBRAE e SESPA, sendo recomendado por exemplo, cobrir os paneiros, mas sem deixar em um ambiente abafado para o fruto, tampar os porões dos barcos para evitar o contato Consumidor que aprecia a bebida, pode voltar a consumir açaí sossegado…
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Palestra com produtores e batedores de açaí
direto entre o meio externo e interno, etc. Segundo decreto publicado no dia 05/01/2012, pelo governador Simão Jatene, o branqueamento dos frutos é obrigatório nos pequenos estabelecimentos, sendo cobrado até a próxima safra (2013); o processo consiste em mergulhar os frutos em água quente a 80°C durante 10s. A Companhia de Energia Elétrica Paraense junto ao INMETRO, SAGRI e outros órgãos desenvolveram um equipamento barato, aproximadamente dois mil reais, que é muito eficiente para efetuar o branqueamento. Linhas de crédito foram abertas pelo governo estadual para que os batedores de açaí pudessem comprar o equipamento. Ao lado do trabalho deles, é fundamental que as indústrias processadoras pasteurizem o suco de açaí a 90°C durante 30s. Nos dois casos, estes tratamentos permitem que o Trypanossoma cruzi, responsável pela doença de Chagas, seja destruído, e proporcionando outras vantagens, como: destruição de outros microrganismos patógenos presentes no suco do açaí , maior conservação desse produto e dos antioxidantes nele presente. Com isso o consumidor que aprecia a bebida, pode voltar a consumir açaí sossegado e voltar a ter a sua sesta depois
Frutos do açaí embalados a vácuo [*] (1) CVACBA, Centro de Valorização Agroalimentar de Compostos Bioativos da Amazônia, & Faculdade de Engenharia de Alimentos (UFPA), Av. Perimetral s/n, 66.095-780, Belém-PA, Brasil. REVISTA AMAZÔNIA 75
O Açaí na Amazônia
O
uso de produtos tendo como base o açaí vem apresentando grande expansão não só no Brasil como também em países situados em outros continentes como Europa e Ásia, mas o destaque maior está na América do Norte , onde os Estados Unidos se tornaram o maior comprador internacional desse fruto genuinamente amazônico. O açaí, que um dia era vendido em pequenas cuias e considerado alimento das classes mas pobres e residentes na periferia, antigamente chamada de subúrbio, sofreu um processo de transformação impressionante e agora é amplamente utilizado por diferentes camadas sociais servido como alimento, energético, produto odontológico, antioxidante e outros mais. No entanto, dentro das nossas fronteiras regionais, observando-se como esse saboroso produto é “estranhamente” apreciado pelos novos paladares principalmente quando a polpa é misturada com ingredientes inaceitáveis para os hábitos e tradições locais. Senão, vejamos: por estas bandas, quando servido, principalmente às crianças, existe uma série de restrições por parte de seus pais porque pode “ofender” a saúde. A molecada sempre dá um jeitinho de furar o cerco doméstico e se delicia a valer. Para alguns, principalmente idosos, o açaí tomado à noite poderia fazer mal e, misturar com certas frutas, como manga, por exemplo, nem pensar, pois poderia causar sérios problemas e haveria sempre alguém para contar um caso verídico para confirmar o fato.
por Camillo Martins Vianna O açaí, que um dia era vendido em pequenas cuias e considerado alimento das classes mas pobres…
No município de Ponta de Pedras, situado na grande Ilha do Marajó, foi possível coletar, nesse particular, o sugestivo nome de viúva que a população nativa dá ao açaí misturado com leite. Raras vezes, por ser antiga tradição, na região do Baixo Tocantins, a cuia de açaí com farinha e sem açúcar, é tomada substituindo o café da manhã, enquanto que nas demais refeições -almoço e jantar - participa assiduamente acompanhado de jabá (carne seca), peixe frito, camarão e outros alimentos, dependendo muito da região do estado onde é consumido. É muito comum entre os mais idosos o uso do açaí puba -
deixado intencionalmente de um dia para o outro-, cuja característica principal é apresentar o sabor ligeiramente azedo, mesmo assim, é bastante apreciado. Na cidade de Belém onde um contingente expressivo de moradores é oriundo de diferentes regiões do estado, o açaí também é consumido de diversas maneiras. Na maioria das vezes é servido apenas no almoço, associado ao prato principal ou servido posteriormente como sobremesa, com farinha de tapioca, farinha d’água, com ou sem açúcar e gelo. O uso do açaí acompanhado dos mesmos ingredientes também é muito comum no jantar, variando conforme agrado de cada um. Como evidente sinal de mudanças dos tempos, as tradicionais amassadeiras de açaí que no passado utilizavam as próprias mãos para obter o vinho da fruta, foram substituídas pelos chamados batedores artesanais, um verdadeiro exército de mais de 5.000 integrantes, somente Bandeira vermelha anunciando o açai
O uso do açaí acompanhado de vários ingredientes também é muito comum no jantar, variando conforme agrado de cada um 76 REVISTA AMAZÔNIA
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na capital, composto basicamente por homens, que processam o fruto com o emprego de máquinas elétricas especialmente fabricadas para realizar o despolpamento do fruto. Estão se espalhando rapidamente em todo estado do Pará os chamados Festivais do Açaí sendo que um dos primeiros ocorreu no município de São Sebastião da Boa Vista, na Ilha do Marajó. Na ocasião, foram realizadas interessantes disputas entre os participantes, como por exemplo, identificar aquele que apanhasse um cacho de açaí e descesse do alto do açaizero no menor tempo e também, uma competição cujo vencedor era o corredor que com uma cuia de açaí sobre a cabeça derramasse o mínimo possível ao longo de um determinado percurso. Hábito, outrora bastante comum, era feito após a “amassação” dos frutos, os caroços eram amontoados perto da casa, aí ficando por longo período até apodrecer, passando a ser denominado de saioca ou terra de açaí, material largamente utilizado como adubo nas plantas ornamentais domésticas. Nos locais de comercialização do açaí era comum a colocação em frente de praticamente todas as bancas, de uma pequena bandeira de cor vermelho vivo, anun-
Tradicionais amassadeiras de açaí que no passado utilizavam as próprias mãos para obter o vinho da fruta
Polpa de açaí misturada com ingredientes inaceitáveis para os hábitos e tradições locais
ciando aos consumidores que, há poucas horas do horário do almoço, tinha começado a venda do precioso líquido. Dada a importância socioeconômica que a cultura apresenta para a região, associada à crescente demanda local, provocada essencialmente pelo hábito alimentar da população, estão sendo realizados na região estudos de melhoramento genético do açaizeiro visando obter plantas mais produtivas, que inicem a produção mais cedo e que tenham períodos mais prolongados de safra, entre outras características importantes.
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No Baixo Tocantins, a cuia de açaí com farinha e sem açúcar, é tomada substituindo o café da manhã
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Uma vista do plenário na abertura da reunião da UNFCCC em Bonn
Na Alemanha, países voltam a discutir acordo do clima, na Conferência sobre Mudança Climática da ONU
A
reunião de Bonn começou com apelo de chefe das negociações sobre aumento das emissões de CO2. Objetivo do encontro era abrir caminho para acordo que, até 2020, pois terá que substituir Protocolo de Kyoto. Representantes de mais de 170 países estavam em Bonn, na Alemanha, para uma nova rodada de negociações que pretendiam discutir o chamado acordo do clima. As conversas foram as primeiras desde a reunião do Qatar, em dezembro passado, e têm como objetivo abrir caminho para um novo tratado – a ser concluído até 2015 e aplicado em 2020, quando expira o Protocolo de Kyoto. No discurso de abertura, Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), chamou a atenção para um dado que considerou preocupante. As emissões de CO2, segundo ela, já são 399 partes por milhão (ppm), quando o tolerável seria de até 450.
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“Estamos prestes a cruzar a marca dos 400. Essa é uma reunião de urgência”, declarou Figueres. “O desafio de vocês é claro: vocês têm que ser fiéis à convenção, vocês têm que se mobilizar.” O encontro em Bonn teve cerca de mil participantes inscritos. A reunião incluiu uma agenda extensa de palestras sobre redução dos gases de efeito estufa, gestão correta das florestas e da terra. Os interessados, antes, também podiam encaminhar propostas para serem colocadas em pauta no evento, que é mais um esforço de entendimento entre os maiores poluidores do planeta. Na semana anterior ao início da UNFCCC em BONN, a agência de notícias Reuters divulgou dados compilados que apontam uma redução de 0,7% em 2011 na emissão de gases poluentes por parte das nações mais industrializadas. “Para os Estados Unidos, foi apenas a mudança do carvão para o gás nas usinas elétricas”, afirmou Steffen Kall-
bekken, diretor de pesquisas do Centro para Pesquisas Internacionais Climáticas e Ambientais, de Oslo. “No caso da Europa, foi por causa da atividade econômica fraca”. Os números, no entanto, não amenizam a importância do novo debate. Países emergentes, como Índia, Brasil e China, elevaram os níveis de poluição nos últimos anos, ainda segundo o levantamento da Reuters. Até 2015, junto com os outros membros signatários da ONU, eles terão que definir um acordo para reduzirem as emissões. A expectativa é de que o documento entre em vigor cinco anos depois. Ainda na semana anterior, a Universidade de San Diego afirmou que a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera poderá ficar acima das 400 partes por milhão (ppm) em boa parte do Hemisfério Norte já em maio deste ano. Será a primeira vez em mais de três milhões de anos que a barreira dos 400ppm será ultrapassada. revistaamazonia.com.br
M CO ES
Christiana Figueres, a secretário executiva da UNFCCC e os Co-Presidentes da ADP, Jayant Mauskar e Harald Dovland com os membros da Secretaria, no encerramento do encontro
Se a concentração de CO2 continuar a subindo na taxa atual, ficará impossível manter o aumento das temperaturas abaixo dos 2oC, o recomendado para se evitar as piores consequências das mudanças climáticas.
delta do rio Níger e a diminuição acelerada do lago Chade têm provocado crises econômicas e alimentares que forçam os homens mais jovens a buscarem novas formas de se sustentar, incluindo o banditismo.
A urgência
Participação do Brasil
O tom de urgência era compartilhado pelas nações menos desenvolvidas, conhecidas como LDCs. Em Bonn, elas reafirmaram seu compromisso de adotar metas obrigatórias para reduzir as emissões se isso facilitar as negociações. Um mês antes dessa reunião em Bonn, o grupo, que reúne 49 nações, anunciou que espera liderar pelo exemplo e adotar uma postura proativa. Ilustrando a situação crítica que os países mais vulneráveis já vivem, a Nigéria tinha afirmado recentemente que o impacto das mudanças climáticas na produção de alimentos é o principal fator por trás da crescente onda de insegurança no país. O avanço da desertificação, a subida do nível do mar no
O embaixador André Aranha Corrêa do Lago, chefe do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty, afir-
MANAUS JÁ PODE CONTAR COM AS VANTAGENS DE UM ESCRITÓRIO COMPARTILHADO.
mou aos membros signatários da UNFCCC que a União tem investido pesado no combate ao desmatamento na Amazônia. “Conseguimos reduzir o desmatamento em 83% de 2005 até 2012, o que significa que as nossas emissões de CO2 também caíram. Não podemos, no entanto, nos descuidar”, disse. Corrêa do Lago acredita que essa fase de “diálogo” entre os diplomatas é essencial para o próximo passo: as negociações.
ONU encerra reunião sobre acordo do clima, com pedido de esforço
Embaixador André Aranha Corrêa do Lago, chefe do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty, em Bonn
Negociações foram produtivas, mas nenhum país está fazendo o suficiente para mitigar as mudanças climáticas Em uma coletiva de imprensa, a presidente da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC), Christiana Figueres, declarou que a rodada de
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Durante o workshop sobre as oportunidades de adaptação e mitigação relacionadas ao uso da terra
André Corrêa do Lago, Brasil, intervém durante o workshop
negociações climáticas em Bonn, na Alemanha, foi marcada por um tom positivo. “O espírito de colaboração entre as nações foi bastante forte e as conversas foram produtivas. Os delegados estiveram muito focados, e em diversas áreas das negociações vimos avanços”, afirmou. Os representantes de 195 países, reunidos durante toda essa semana, debateram principalmente o conteúdo do novo acordo climático internacional, que deve estar pronto em 2015 para entrar em vigor em 2020. Para Figueres, o principal desafio está sendo acelerar as negociações. “É preciso que o processo de debate alcance a urgência que é necessária segundo os estudos científicos. Nenhum país, no momento, possui ações de adaptação e mitigação no nível que seria necessário para lidar com as mudanças climáticas.” Dois exemplos de por que as negociações deveriam ser mais velozes foram dados recentemente. No dia anterior, a Organização Meteorológica Mundial afirmou que 2012 foi o nono ano mais quente desde que as medições 80 REVISTA AMAZÔNIA
começaram, em 1850, e o 27o ano consecutivo com temperaturas acima da média entre 1961 e 1990. Alguns dias antes a Universidade de San Diego apontou que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera deverá ultrapassar a marca de 400ppm em maio.
Resultados práticos No relatório de conclusão dos trabalhos em início de
maio, a UNFCCC comunicou que os mais de mil participantes inscritos descobriram e definiram formas de despoluir o meio ambiente e, principalmente, viabilizar alternativas sustentáveis de produção de energia. Na pauta também esteve o manejo correto da terra. Os embaixadores e representantes de organizações internacionais se comprometeram a seguir com o processo de mudança de conduta de forma transparente. O docu-
Na apresentação de Rene Orellana, da Bolívia, que discutiu entrega de mitigação e adaptação de resultados através de ações sobre uso da terra revistaamazonia.com.br
mico para o acordo de 2015. Isso significa que o tratado poderá ser alterado posteriormente se a realidade mundial assim exigir. O Protocolo de Quioto é um exemplo dos problemas que podem surgir quando não há muita margem para mudanças no texto. Quioto não obriga as nações em desenvolvimento a terem metas de redução de emissões, mas no decorrer dos anos os grandes emergentes, como China, índia e Brasil, passaram a ter emissões significativas e deveriam ter metas. Outro consenso que começa a surgir é a unificação de métricas para os compromissos climáticos dos diferentes países. O objetivo é facilitar a medição qualitativa das ações de cada nação e assim conseguir comparar de forma correta quem está contribuindo de verdade. Ainda não foram apresentados detalhes sobre essas métricas. Mas, nesse sentido, Figueres destacou o lançamento da
Christiana Figueres, secretária-executiva da UNFCCC, no discurso de abertura, chamou para um dado preocupante: As emissões de CO2, segundo ela, já são 399 partes por milhão (ppm)
Mary Robinson, da Fundação Justiça Climática, discutiu as perspectivas sobre equidade e o capital próprio
mento ressalta a urgência de envolver a sociedade civil no problema. “Eu acho que estamos progredindo, estamos ficando mais focados”, declarou Christiana Figueres. “Em junho temos que passar para um outro nível de argumento”, que já seria o início de elaboração de parcerias e desenvolvimento de políticas públicas. O Brasil estará nessa outra fase, sem perder de vista a Conferência do Clima de 2014, com previsão para ser realizada na América Latina, mas ainda sem local exato. O acordo que os países estão buscando até 2015 vai substituir o Protocolo de Kyoto, que expira em 2020.
No workshop “oportunidades de desenvolvimento de baixa emissão”
Ron Benioff, diretor de parceria Global LEDS, discutiu o desenvolvimento de baixa emissão em todo o mundo
uma compilação atualizada de todas as Ações Nacionais Apropriadas de Mitigação (NAMAs, em inglês) que 55 países em desenvolvimento pretendem implementar. Elas devem começar em novembro, na Conferência do Clima (COP 19), em Varsóvia, na Polônia em novembro. Antes será realizada outra temporada de reuniões preparatórias também em Bonn, só que um pouco mais longa, de 3 a 14 de junho. Já se sabe também que a COP 20 será na América Latina e o país sede deverá ser decidido em junho ou no máximo durante a COP 19. Durante a apresentação de Dolf Geilen, diretor da IRENA
Avanços Apesar de ainda não terem sido apresentados oficialmente os documentos finais da rodada de negociação em Bonn, a presidente do UNFCCC adiantou alguns dos possíveis avanços. Parece certo que os países optarão por um caráter dinârevistaamazonia.com.br
Dolf Geilen, diretor da IRENA Centro de Inovação e Tecnologia, discutiu as oportunidades de implantação de energia renovável
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